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DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL “A Familia de S. João De Deus ao serviço da Hospitalidade” PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012-2018 Ordem Hospitaleira de San JOãO de Deus Fatima, 22 outubro – 9 novembro 2012

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DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL

“A Familia de S. João De Deus ao serviço da Hospitalidade”

PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012-2018

Ordem Hospitaleira de San JOãO de Deus

Fatima, 22 outubro – 9 novembro 2012

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APRESENTAÇÃO

De 22 de outubro a 9 de novembro de 2012, a Ordem celebrou em Fátima (Portugal) o seu LXVIII

Capítulo Geral, sob o lema "A Família de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade". Foram

130, os participantes: 79 Irmãos e 20 Colaboradores participaram por direito; os restantes eram

pessoas convidaram, além da equipa da Secretaria e dos intérpretes. Merece destaque o facto de,

pela primeira vez, os Colaboradores terem participado por direito no Capítulo Geral, nos termos

do artigo n.º 120 dos nossos Estatutos Gerais: um por cada Província, Vice-província e Delegação

Geral.

Realizado na terra natal do nosso Fundador, S. João de Deus, no Santuário de Nossa Senhora de

Fátima, o Capítulo foi uma maravilhosa experiência de fraternidade, universalidade e

hospitalidade, manifestada de forma significativa na preparação e no acolhimento que nos foi

dispensado pelos Irmãos e Colaboradores da Província de Portugal, aos quais uma vez mais

agradecemos cordialmente.

Um aspeto significativo do Capítulo foi o facto de nele terem participado, como convidados, os

Pequenos Irmãos do Bom Pastor. Trata-se de uma congregação fundada pelo Ir. Mathias Barrett,

um ex-Irmão de S. João de Deus, que está presente em vários países, principalmente no Canadá e

nos Estados Unidos. Tendo solicitado a sua fusão com a Ordem, o Capítulo Geral acolheu com

muita alegria este pedido e, ao mesmo tempo, decidiu abrir o processo para a fusão. Vivemos

momentos muito emocionantes nesse sentido e cinco Pequenos Irmãos do Bom Pastor

participaram na nossa assembleia capitular.

As Declarações que agora apresentamos recolhem os documentos e os momentos fundamentais

vividas durante o Capítulo Geral, bem como outros documentos sobre a programação do Governo

Geral para o novo mandato de seis anos:

Discurso de abertura do Capítulo, pelo Superior Geral.

Instrumentum laboris do Capítulo Geral.

Documento dos Jovens Hospitaleiros ao Capítulo Geral.

Declaração dos Colaboradores participantes no Capítulo Geral.

Linhas de ação e Prioridades para o novo sexénio.

Discurso de encerramento do Capítulo, pelo novo Superior Geral.

Programação do sexénio 2012-2018.

Todos estes documentos e declarações recolhem o resultado do Capítulo Geral nas suas diferentes

fases: preparação, realização e projeção de futuro. Convido todas as Províncias, Vice-província e

Delegações Gerais, bem como todos os Irmãos e Colaboradores e toda a Família de S. João de

Deus, a estudá-los cuidadosamente. Neles se projetam as ideias e as linhas de futuro da nossa

Instituição. Devem servir ao mesmo tempo de referência para a vida de toda a Ordem, assim como

para a preparação, desenvolvimento e programação dos próximos Capítulos Provinciais, que se

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realizarão em 2014 e, finalmente, para os próximos seis anos. De particular relevância neste

sentido é o Documento Final, intitulado "Linhas de ação e prioridades para o novo sexénio".

Pareceu-nos apropriado incluir neste documento de Declarações o Instrumentum laboris, isto é, o

documento de trabalho do Capítulo, pois, em geral, foi muito apreciado pelos membros do

Capítulo e recolhe muitas ideias e propostas que podem ser válidas e úteis para toda a Ordem. De

facto, muitas das linhas de ação e prioridades para o novo sexénio são inspiradas por esse

documento.

Um momento estimulante e muito importante para o Capítulo foi a presença do grupo de Jovens

Hospitaleiros, Irmãos e Colaboradores. Incluímos a comunicação por eles apresentada, assim

como a que foi elaborada pelo grupo de Colaboradores que participaram e apresentaram o seu

testemunho, o seu compromisso e a sua fidelidade relativamente à Ordem e ao seu futuro.

Desejo agradecer a todos os Irmãos e Colaboradores que participaram na fase de preparação do

Capítulo Geral, através de encontros e reuniões dos Grupos de Hospitalidade que, por sugestão do

Superior Geral, Ir. Donatus Forkan, se encontraram para estudar o Instrumentum laboris e

apresentar as suas ideias e propostas ao Capítulo. Dessa forma, o acontecimento vivido em Fátima

foi apoiado e sustentado por toda a Família Hospitaleira de S. João de Deus.

Começamos um novo sexénio que nos levará até ao ano de 2018. A realidade da vida social,

económica, eclesial e religiosa apresenta-nos novos desafios que temos de enfrentar. Devemos

enfrentá-los com determinação, esperança e coragem. A fidelidade e o chamamento do Senhor e

da Igreja a continuar a manter viva a Hospitalidade de São João de Deus no mundo, é a prioridade

essencial que temos de ter presente e de tornar possível todos os dias com o compromisso de

todos aqueles que formam a Família de S. João de Deus. Para isso, não nos faltará a ajuda e o

apoio de Deus, de Nossa Senhora do Patrocínio e do nosso Fundador, S. João de Deus.

Ir. Jesús Etayo

Superior Geral

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“A FAMÍLIA DE SÃO JOÃO DE DEUS AO

SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”

DISCURSO DE ABERTURA E RELATÓRIO AO

LXVIII CAPÍTULO GERAL

Ir. Donatus Forkan, O.H.

Superior Geral

1. Preâmbulo

É para mim um grande prazer e um privilégio saudar cada um de vós, vindos de todo o mundo

até aqui para participar no LXVIII Capítulo Geral da nossa Ordem. Quer aqui estejamos por direito,

em virtude do ofício que desempenhamos, quer por eleição ou por convite, esta nossa presença é

uma expressão de colegialidade e da responsabilidade que temos de avaliar, orientar e proteger a

missão da nossa Instituição.1

Gostaria de dirigir uma calorosa e fraterna saudação especial de boas-vindas aos Irmãos da

Congregação dos Irmãozinhos do Bom Pastor [Congregation of the Little Brothers of the Good

Shepherd], que nos acompanharão ao longo do Capítulo. Temos connosco o Ir. Justin Howson,

Superior Geral, e os Conselheiros Gerais: Ir. Alphonsus Brown, Ir. Raphael Mieszala, Ir. Richard

Macphee e Ir. Charles Searson. Após um período de discernimento, no seu Capítulo Geral

realizado em junho deste ano, decidiram por unanimidade prosseguir com um processo que, no

final, conduzirá à fusão com a nossa Ordem. Estamos agora num processo que terminará, após um

período de três anos, com a plena integração quando os Irmãos, individualmente, derem por fim o

seu parecer favorável a esta decisão histórica. Em anexo a este relatório, podem ler um breve

historial da Congregação dos Pequenos Irmãos do Bom Pastor.2

Estamos reunidos em Capítulo numa altura em que o mundo, a Igreja e a nossa Ordem

enfrentam desafios sem precedentes. Estamos a atravessar um período de crise da fé, da cultura,

da economia, da vocação, da liderança e da confiança na autoridade, como nunca antes aconteceu

numa escala global, até hoje. Como consequência, as pessoas perderam a esperança, a orientação

e um sentido da presença de Deus nas suas vidas. A própria Igreja tornou-se demasiado tímida e

tão politicamente correta que receia exprimir claramente o seu pensamento sobre questões que

afetam a vida da sociedade. Parece ter dificuldade em encontrar uma linguagem para falar às

pessoas de hoje sobre o Deus de Jesus e a realidade das suas vidas. Porque alguns membros da

Igreja falharam gravemente ficando envolvidos no escândalo de abusos; pela falta de integridade

de alguns dos seus líderes, a Igreja perdeu credibilidade e tornou-se agora, em consequência

1 Const. 82.

2 Ver Apêndice, 1.

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disso, irrelevante na vida de muitas pessoas. Também nós, como Igreja que somos, como

religiosos, tornámo-nos irrelevantes em muitas partes do mundo.

É inteiramente adequado, portanto, reunirmo-nos aqui, em Fátima, junto do Santuário da Nossa

Mãe Santíssima, para procurar o seu conselho maternal e pedir a sua intercessão pela nossa Igreja,

para o nosso mundo e para a nossa Ordem, neste momento histórico, um momento cheio de

dificuldades e desafios. Foi aqui, em Fátima, que Nossa Senhora apareceu a três crianças – Lúcia

dos Santos e seus primos Jacinta e Francisco Marto – a 13 de maio de 1917, e várias outras vezes

nos seis meses seguintes.

Oremos: Maria, nossa mãe celestial e Rainha de hospitalidade, nós, teus filhos,

colocamos sob os teus cuidados as nossas apreensões e preocupações pelo nosso

mundo, pela nossa Igreja e pela nossa Família Hospitaleira. Pedimos-te que intercedas

por nós, para que durante estes dias de Capítulo, como fizeste tu, também as nossas

mentes e os nossos corações estejam abertos à agradável presença do Espírito Santo

que orienta as nossas deliberações, os nossos colóquios e as nossas resoluções.

Estamos reunidos aqui, em Portugal, como uma família – a Família de São João de Deus. É bom

lembrar que a primeira vez que João voltou a Montemor-o-Novo, depois de muitos anos de exílio

em Espanha, o seu regresso a casa tingiu-se de tristeza misturada com sentimentos de culpa e

remorso. Foi uma experiência muito triste para João que, sem dúvida, o fez chegar a um ponto em

que começou a colocar-se questões muito sérias sobre a sua vida. Começou a ver-se a si mesmo e

ao mundo de uma forma diferente e nova. Dado que somos a Família de João de Deus e João está

presente aqui connosco, podemos considerar esta ocasião como um segundo regresso de João à

sua casa! Assim, esta é uma ocasião feliz e alegre, para João e para nós! Temos muito a

compartilhar com João, a celebrar juntamente com ele e, com ele, planificar o futuro da sua

Família e a obra que ele nos legou.

Então, oremos: Irmão João, pedimos-te que permaneças junto de nós durante estes

dias de Capítulo enquanto avaliamos o que fizemos nos últimos anos. Pelo que foi feito

bem, estejamos verdadeiramente gratos. Pedimos perdão pelas vezes que não

conseguimos viver segundo as expectativas que tinhas sobre nós e pelas vezes que não

conseguimos ser Hospitalidade para os outros da maneira que nos mostraste. Durante

este tempo, juntos, ajuda-nos a manter a missão, as necessidades da Igreja e as

necessidades dos doentes pobres, dos nossos irmãos e irmãs necessitados, à frente do

nosso pensamento, da nossa oração e da nossa planificação para o futuro.

2. Palavras de agradecimento

Muito trabalho foi dedicado à preparação do Capítulo, a nível local, aqui, em Portugal, ao nível da

Cúria Geral e no mundo inteiro, em todas as Províncias. Quero agradecer a cada um e a todos

aqueles que estiveram envolvidos neste trabalho altamente desafiador, mas necessário e muito

importante. Os membros da Comissão Internacional merecem uma menção especial pelo

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trabalho realizado na preparação do Instrumentum Laboris, que servirá de base para os nossos

debates, ajudando a manter-nos centrados em determinados temas e questões importantes que o

Capítulo precisa de discutir, discernir, ponderar, relativamente aos quais deverá depois concordar

sobre um plano de ação que indicará a direção ou servirá de orientação para o futuro. A Província

Portuguesa, o Superior Provincial, Ir. José Augusto Gaspar Louro, e a sua equipa, fizeram um

excelente trabalho a nível local, pelo que agradeço sinceramente a todos eles. À medida que o

Capítulo entra no seu ritmo, o importante papel dos facilitadores, oradores, secretários e

intérpretes tornar-se-á evidente: agradeço antecipadamente a cada um por se tornar disponível

para servir desta maneira.

Finalmente, desejo neste momento agradecer aos membros do Conselho Geral, incluindo os do

Conselho Alargado, que partilharam o trabalho de governar, animar e guiar a nossa Ordem nos

últimos seis anos. Vivemos um período da história que continua a fazer parte de uma mudança de

época e de crises na sociedade, na Igreja e na nossa Ordem, com consequências graves para a

nossa Ordem e a sua missão que não deixarão de afetar as nossas vidas nos próximos anos e de

influenciar o modo de viver e exercer o nosso ministério no futuro.

Além dos relatórios escritos que serão apresentados ao Capítulo pelos Conselheiros Gerais e

outros relatores, vamos mostrar um vídeo, intitulado Caminhar com São João de Deus pelo

caminho da renovação que traça a história da renovação na Ordem nos últimos 50 anos, ou seja,

desde o Concílio Vaticano II. Apesar das óbvias limitações devido à grande variedade e

profundidade do tema, à notável distribuição geográfica em todo o mundo em muitas realidades

diferentes, temos no entanto demonstrado como a Hospitalidade à maneira de João de Deus está

a ser vivida nos dias de hoje. O vídeo mostra também por quem está a ser exercida a missão da

Ordem e algumas das novas expressões de hospitalidade que estão a mudar a vida das pessoas.

Necessariamente, vão surgir dúvidas acerca do futuro, por exemplo: Como garantir que os

ministérios dos Hospitaleiros de S. João do Deus continuem a ser ministérios da Igreja? O

colaborador é corresponsável com o Irmão pela missão: quais as consequências em termos de

seleção e formação dos Hospitaleiros, quer religiosos quer leigos? Num cenário tão vasto e em tão

rápida mudança, qual o papel do Irmão? Como preparar os Hospitaleiros para compreender e

assumir as suas respetivas funções, para trabalhar em harmonia como parceiros na missão numa

situação de constantes mudanças?

3. Ministério de serviço

No início do nosso mandato, em 2006, o Definitório Geral passou uma semana em Granada, na

presença de São João de Deus, para rezar, refletir e concordar um programa para o nosso trabalho

nos seis anos seguintes. Todos os anos seguintes, exceto um, reunimo-nos em janeiro numa

comunidade da Ordem, nalgum lugar na Europa, para conhecermos de perto a realidade da

respetiva Província. Considerámos também que era importante passar algum tempo juntos para

orar e avaliar o trabalho por nós realizado ao longo do ano que terminara e programar o do

próximo que tínhamos pela frente.

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Cada Conselheiro ficou responsável por uma área de responsabilidade e sobre ela irá apresentar

um relatório ao Capítulo. Este ano, voltámos novamente a Granada para estar com João de Deus e

dar-lhe graças. Fizemos uma avaliação do nosso ministério de serviço a nível do Governo Geral e

analisámos este importante evento eclesial, o nosso Capítulo Geral, além de outros assuntos que

mereceram a nossa atenção naquela altura.

O Definitório Geral reconheceu a importância de estarmos conscientes daquilo que está a

acontecer na realidade concreta das Províncias e também de termos uma visão informada sobre

essa realidade, assim como acompanhar e apoiar as Províncias em momentos difíceis. A partir

destas considerações, o Definitório Geral convidou os seguintes seis colaboradores a serem

membros de um Conselho Geral Alargado:

Rina Monteverdi, da Província Lombardo-Véneta;

Deidre Reece, da Província da Europa Ocidental;

Susana Queiroga, da Província Portuguesa;

George Kammerlocher, da Província Francesa;

Adolf Inzinger, da Província Austríaca, e

Xavier Pomés, da Província de Aragão.

A presença de colaboradores no Conselho Geral foi uma grande ajuda, por exemplo, na América

Latina, o trabalho do Dr. Pomes foi extremamente útil e muitíssimo importante. Muitas Províncias

constituíram desde então um Conselho Provincial Alargado segundo o exemplo e pelas mesmas

razões do Governo Geral.

No início do nosso mandato instituímos também seis comissões, e outras duas foram criadas para

a preparação do Capítulo Geral especial de 2009 e deste Capítulo Geral de 2012.3

4. Atividades do sexénio 2006-2012

Obviamente, não é possível fornecer todos os detalhes do que aconteceu em cada situação, nos

últimos seis anos. O que me proponho fazer, portanto, e o mesmo farão os Conselheiros Gerais,

com os seus relatórios, é destacar determinados eventos que consideramos terem mais

importância. Na sessão aberta, os membros do Conselho Geral e eu próprio estaremos à

disposição para esclarecer pontos e responder às perguntas que qualquer membro do Capítulo

nos queira colocar. O vídeo integra o relatório no sentido dos esforços envidados para apresentar

uma visão panorâmica audiovisual global da Ordem no mundo. Juntamente com os relatórios

escritos, o vídeo fornecerá ao Capítulo um retrato o mais completo possível da Ordem e da sua

missão, hoje. Num certo sentido, contudo, é como olhar para uma sala cheia de gente pelo buraco

da fechadura; a visão de cada um encontra-se limitada pelo tempo e pelo espaço. No entanto,

temos intenção de sermos o mais possível transparentes e responsáveis.

3 Ver Apêndice 2 com lista das comissões e suas funções.

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O Capítulo Geral extraordinário de 2009

O Capítulo Geral extraordinário foi um grande evento eclesial e da Ordem. Foi celebrado em

Guadalajara, no México, de 9 a 21 de novembro de 2009. O tema desse Capítulo foi: “Na Igreja e

no mundo ao serviço da Hospitalidade – Ler o futuro através dos olhos de Deus.” A maioria de vós

esteve presente nesse Capítulo Geral extraordinário. Parece-me útil, contudo, recordar algumas

resoluções então aprovadas:

O Capítulo foi convocado para aprovar a revisão dos Estatutos Gerais da Ordem Hospitaleira,

preparada por uma Comissão Internacional. A atualização e revisão dos nossos Estatutos Gerais

foram consideradas necessárias para os tornar mais flexíveis numa época de mudança, adaptando-os

às necessidades do apostolado e à vida dos Irmãos.

Os Estatutos Gerais revistos foram aprovados conforme foram apresentados pelo Presidente da

Comissão, Ir. Jesus Etayo, com algumas alterações. Uma decisão verdadeiramente histórica foi a

aprovação por parte do Capítulo de uma secção dos Estatutos dedicada aos colaboradores, intitulada

“Os Colaboradores na Ordem”. Este foi o reconhecimento do papel insubstituível que os

colaboradores desempenham na realidade de hoje para darmos continuidade ao trabalho quotidiano

de S. João do Deus. E não apenas isso, pois muitos colaboradores detêm agora grandes

responsabilidades quanto à realização da missão da Hospitalidade. Ao passo que sucessivos Capítulos

Gerais reconheceram e afirmaram o papel indispensável que os colaboradores desempenham na

missão da Ordem, pela primeira vez foram incluídos nos nossos Estatutos Gerais artigos relacionados

especificamente com os colaboradores.4 A inserção do segundo capítulo nos Estatutos, intitulado “Os

Colaboradores na Ordem, “apresenta uma nova visão da Ordem, como Família de S. João Deus, na

qual acolhemos a possibilidade de partilhar o nosso carisma, a nossa espiritualidade e a missão,

reconhecendo os seus dons e talentos”.5

Hospitalidade baseada na responsabilidade

Uma resolução importante do Capítulo extraordinário diz respeito à Hospitalidade baseada na

responsabilidade para todos aqueles que vêm aos nossos centros, especialmente as crianças. A

resolução tem por objetivo a prestação de serviços de qualidade aos utentes de todas as idades e

condições, num ambiente seguro, de acordo com o carisma da hospitalidade, as tradições da

Ordem e o exemplo de São João de Deus. A finalidade da existência de um protocolo desta

natureza consiste em garantir que todas as pessoas que se dirigem aos serviços da Ordem são

assistidas num ambiente de confiança e segurança.

O capítulo suscitou uma discussão muito interessante e abrangente sobre o assunto, após uma

apresentação do Dr. Patrick Walsh. Emergiu que algumas Províncias já tinham protocolos e

procedimentos que obedeciam às diretrizes estabelecidas pelas Conferências Episcopais e

Conferências de Religiosos, pela legislação civil e pelas leis laborais dos respetivos países. Noutras

partes da Ordem, porém, não existiam procedimentos nem protocolos dessa natureza.

4 Donatus Forkan, Superior Geral, Discurso de encerramento do Capítulo.

5 Estatutos Gerais, 20b.

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Após o Capítulo, o Governo Geral confiou à Comissão Geral de Bioética a tarefa da elaboração de

políticas e procedimentos de acordo com a resolução do Capítulo. A Comissão trabalhou durante

um ano na preparação de um protocolo que definiu orientações para a elaboração de políticas

para cuidar e proteger as crianças, assim como adultos vulneráveis e idosos contra abusos de

qualquer espécie – de ordem sexual, física, psicológica, moral e espiritual – nos serviços e centros

da Ordem Hospitaleira. Destina-se também a proteger todos os que trabalham nos nossos centros

e serviços.

Mais tarde, um protocolo intitulado «Hospitalidade baseada na responsabilidade»,

frequentemente referido sob a designação de «Protocolo de abuso», foi publicado no nosso sítio

na Internet. Uma cópia foi enviada a todos os Provinciais da Ordem, no dia 2 de dezembro de

2011, com uma carta do Superior Geral. Para auxiliar as Províncias na elaboração de políticas e

procedimentos próprios, foi anexado, como exemplo, um documento da Província da Europa

Ocidental, intitulado “Políticas e procedimentos para gerir acusações de alegados casos de abuso

contra membros do pessoal,6 incluindo, obviamente, também os Irmãos.

O Ano da Família de São João de Deus

A celebração do Ano da Família de São João de Deus foi aprovada pelo Capítulo Geral

extraordinário com grande entusiasmo e a sua primeira celebração decorreu desde o dia 8 de

março de 2011 até à mesma data do ano seguinte, com duas finalidades: em primeiro lugar,

promover o estilo de vida do Irmão de São João de Deus como uma opção válida para qualquer

jovem no momento de decidir o seu projeto de vida futura; em segundo lugar, mostrar que todos

os Hospitaleiros – Irmãos e colaboradores, em conjunto, unidos na mesma missão – formam a

Família de São João de Deus.

O conceito de Família libertou novas energias, alargou os horizontes de possibilidades para a

missão e gerou um novo sentido de pertença nos seguidores de João de Deus. Graças às atividades

em que as pessoas se envolveram ao longo desse ano, tenho a sensação de que há agora uma

maior consciência da natureza da Ordem e da sua missão de hospitalidade em todo o mundo.

Além disso, acredito que as pessoas consideram hoje muito atraente a ideia de uma família e

João-de-Deus-hospitalidade. A ideia de “família” evoca imediatamente algo mais do que simples

relações funcionais ou uma mera convergência de interesses. A família é, por natureza, uma

comunidade baseada na confiança mútua, no apoio recíproco e num sincero respeito. Numa

família autêntica não predomina o mais forte; pelo contrário, os seus membros mais fracos, devido

precisamente à sua própria fraqueza, são os mais bem acolhidos e servidos”.7

Na minha opinião, essas características, e outras, conforme disse o Papa João Paulo II, definem a

Família de São João de Deus, como eu a entendo: uma Comunidade onde existe confiança mútua,

apoio, generosidade, abertura, respeito sincero, hospitalidade e unidade na missão. Todas estas

caraterísticas ligam-se muito bem com a atitude que João de Deus tinha no seu relacionamento

6 Carta circular de 2 de dezembro de 2010 (N. Prot. PG. 113/2010).

7 João Paulo II, Discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, 5 de outubro de 1995.

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com Angulo e as outras pessoas que partilharam com ele a sua vida e o seu ministério.8 O conceito

de família denota abertura, acolhimento, uma atitude sem preconceitos e um pluralismo com um

profundo sentido de comunidade e de comunhão. As pessoas identificam-se imediatamente e

exprimem um sentimento de pertença à Família de São João de Deus. Há uma sensação de se

estar em casa, mesmo quanto os seus membros pertencem a diferentes tradições de fé. Os

cristãos, alguns dos quais podem estar a experimentar dificuldades com a Igreja hierárquica, e

pessoas que não aderem a qualquer tradição de fé particular, sentem que são aceites na família de

São João de Deus e que a sua contribuição para a missão é valorizada e apreciada. Além disso, ser

evangelizadores e, portanto, a coisa certa a fazer, ser acolhedores e atrativos para aqueles que

partilham a nossa filosofia e os nossos valores, abre imensas possibilidades para a missão. Uma

frase usada por São Paulo e que S. João de Deus tornou própria encoraja-nesse sentido, “ E não

nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido.”9

5. Outras atividades

Os Capítulos Provinciais de 2007 e 2010 foram realizados em conformidade com as Constituições

e os Estatutos Gerais da Ordem. Presidi pessoalmente a todos os Capítulos de 2007, assistido

pelos Conselheiros Gerais com responsabilidade pelas respetivas Província, mas a presidência dos

Capítulos de 2010 foi partilhada entre os Conselheiros e eu. Pode-se dizer que os Capítulos foram

bem preparados e realizados de forma séria, mas fraterna e cordial. A ajuda exterior, disponível

em quase todos os casos, assegurou o bom funcionamento dos Capítulos. Na maioria dos

Capítulos, mais uma vez, registou-se a participação de um número cada vez maior de

colaboradores na parte relativa à missão da Ordem. Isso garantiu uma análise aprofundada da

situação na Província e nos centros, em termos de missão, da situação económica, com metas

reais e alcançáveis concordadas para o período seguinte.

A visita canónica geral a toda a Ordem também foi realizada durante o período de seis anos, por

mim ou por um Conselheiro Geral responsável pela respetiva Região. Em todos os casos o

Visitador foi calorosamente recebido e teve toda a cooperação a nível das Províncias, das

comunidades e dos centros. Geralmente, o Visitador efetuou uma visita de cortesia às autoridades

civis e religiosas locais para reforçar as relações e o diálogo. Tais visitas foram muito apreciadas

por todos os interessados e consideradas como um elemento importante da visita.

Durante o sexénio, conforme planeado, realizámos dois encontros com os superiores maiores, os

vice-provinciais, os delegados gerais e provinciais e os delegados provinciais: isso foi importante

para consolidar um sentido de colegialidade, partilhar experiências, identificar questões e desafios

comuns e, quando possível, encontrar respostas de comum acordo.

No mundo globalizado em que vivemos, as conferências regionais assumiram uma importância

acrescida. Além do papel de liderança que os colaboradores desempenham na prestação de

8 FORKAN, Donatus, Superior Geral, Carta circular, 27 de maio de 2012 (n. Prot PG-062-2012).

9 Gl 6,9.

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serviços da Ordem, em todas as regiões, o valor do encontro pessoal em tais reuniões nunca será

suficientemente enfatizado. Em termos de formação, É importante criar laços pessoais e

desenvolver um sentido de pertença à Família de São João de Deus.

As Conferências Regionais foram realizadas em duas ocasiões: para a Europa, em Los Molinos

(Espanha), e na Irlanda; para a América, em Guadalajara (México) e em Luján (Argentina); para a

África, ambas em Age-Nyive (Togo); para a região da Ásia-Pacífico, no Vietname e na Índia. As

conferências foram bem preparadas e bem-sucedidas em termos de aumento da motivação e

criação de laços com um sentido de pertença à mesma Família de S. João de Deus.

6. Formação dos Hospitaleiros

A formação é sempre uma preocupação e, portanto, um elemento importante em tudo o que é

realizado na Cúria Geral. Dado que os colaboradores são agora corresponsáveis com os Irmãos

pela missão da Ordem, o Capítulo Geral realizado em Roma, em 2006, incentivou cada Província a

criar uma Escola de Hospitalidade para dar aos colaboradores a necessária formação e preparação

para que possam identificar-se com S. João do Deus, a cuja obra dão continuidade. O estudo da

história da Ordem Hospitaleira, fundada por João, bem como da filosofia e dos valores que

sustentam a missão da hospitalidade, são uma preparação essencial para garantir a integridade da

missão de hospitalidade no futuro.

O Governo Geral organizou a primeira Escola de Hospitalidade internacional em Granada, em

2009. Os Irmãos e colaboradores com mais tempo de serviço de toda a Ordem participaram num

curso, que durou cinco dias, depois do qual fizeram uma avaliação muito positiva do mesmo.

Em resposta a solicitações das Províncias, o Governo Geral criou uma Comissão Internacional

para elaborar um manual que servisse de guia para a formação dos colaboradores. Esse manual foi

publicado em 2012, com o título: A Formação dos Colaboradores: Guia para a Formação na

Filosofia e nos Valores da Ordem. Espera-se que este tão esperado manual ajude as Províncias a

organizar cursos e ações de formação para os colaboradores e, nalgumas fases de tais ações,

participarão certamente também alguns Irmãos jovens, sublinhando os critérios fundamentais e

os valores que motivam todos os Hospitaleiros na realização da missão da hospitalidade à maneira

de São João de Deus.

Como forma de ajudar na preparação para a profissão solene,10 foram realizados quatro cursos.

Partindo da convicção de que a formação recebida durante o noviciado é absolutamente

insuficiente como preparação de um Irmão para o seu futuro ministério como Hospitaleiro de São

João de Deus, foi construída e inaugurada uma casa de formação em Nairobi, no Quénia, em 2008.

Também as outras Regiões deveriam considerar esta realidade tendo em conta a necessidade e a

urgência da questão. Em Nairobi, até hoje, dezanove Irmãos da África concluíram o curso de

teologia, com dois anos de duração, e curso de espiritualidade, na Universidade de Taganza, dos

Carmelitas; outros oito Irmãos encontram-se a frequentar o segundo ano e sete estão no primeiro

10

Para mais detalhes, ver o Relatório do Ir. Jesús Etayo.

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ano. Atualmente, os Irmãos vivem numa casa alugada. A Cúria Geral adquiriu um terreno na região

e está em construção uma casa comunitária, com 25 quartos e os equipamentos habituais de que

de uma comunidade religiosa necessita.

7. Caminho da renovação

O processo de renovação em curso ocupou um lugar central no trabalho do Governo Geral. Para

promover esse processo escrevi uma série de Cartas circulares, a principal das quais tinha por

título: “O rosto mutável da Ordem”, ou “O rosto da Ordem em mudança”. Escrevi também cartas

circulares dirigidas só aos Irmãos sobre o tema da renovação e uma série de outras cartas.11

Além das Cartas circulares, a Cúria Geral organizou diversos cursos e eventos, nomeadamente:

No início do nosso mandato, um encontro das três comunidades de Roma para delinear o

programa para o nosso mandato e explicar algumas das mudanças que estavam a ser

implementadas, por exemplo, o Ir. Jesus Etayo, Conselheiro Geral, ficaria com a

responsabilidade sobre as três comunidades e trabalharia com os superiores locais na

animação da vida dos Irmãos; o Ir. Rudolf Knopp, Conselheiro Geral, além de ser Vice-

Presidente executivo do Hospital da Ilha Tiberina, ficaria responsável pelos colaboradores

que dependem diretamente da Cúria Geral. A fundamentação para a nomeação de um

diretor leigo do Hospital de São João Calibita, na ilha Tiberina, foi apresentada nesse

encontro. Dado que era a primeira vez que se realizava essa consulta, foi necessário dar

algumas explicações aos Irmãos.

Um curso para formadores, em todas as quatro Regiões – África, América, Europa e Ásia-

Pacífico – organizado pela Cúria Geral.

Um curso para os Provinciais da Europa sobre a renovação da vida do Irmão de São João de

Deus, realizado na Cúria Geral, em março de 2011;

Uma conferência internacional sobre a Pastoral, organizada por uma Comissão

Internacional e realizada em Roma, em novembro de 2011.

Um curso sobre patrocínio (“sponsorização”), organizado na Cúria Geral para Irmãos e

colaboradores de toda a Europa, em 2011, tendo em vista a formação de uma pessoa

jurídica pública (PJP).

Um curso sobre a promoção das vocações na Europa, realizado em janeiro de 2012, na

Cúria Geral.

Em março de 2012, um encontro exploratório de dois dias na Cúria Geral, com o Definitório

Geral dos Pequenos Irmãos do Bom Pastor e a Ordem Hospitaleira de S. João do Deus.

Um encontro de dois dias de 30 jovens Hospitaleiros para preparar uma Declaração para

este Capítulo Geral, realizado na Cúria Geral, em abril de 2012.

11

Ver lista de Cartas circulares e temas, como apêndice 3.

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13

Além de quanto referido até aqui, o Superior Geral e os membros do Conselho Geral

apresentaram comunicações sobre o tema da renovação e outras questões relevantes nas

Conferências Regionais e nas outras reuniões de Irmãos e colaboradores organizadas pelas

Províncias.

8. Comunicação, partilha de informação e tecnologia (CIT)

Foram disponibilizados métodos modernos de comunicação, aproveitados para facilitar e

melhorar a partilha de informação e a comunicação entre a Cúria Geral e a Família de São João de

Deus em todo o mundo e entre as pessoas.

Um vídeo acompanhou a Circular sobre a renovação, intitulado; “O Rosto mutável da

Ordem”.

Um outro vídeo sobre a Família de São João de Deus foi lançado em 2011.

Foram publicados na plataforma YouTube diversos vídeos, nomeadamente, sobre o Ano do

voluntariado na Europa e o Ano da Família de São João de Deus.

Foi produzido o vídeo para este Capítulo, “Caminhando com S. João de Deus no caminho da

renovação”.

O programa Skype foi amplamente utilizado para uma comunicação mais personalizada;

O sítio da Cúria Geral na Internet foi regularmente atualizado, publicando eventos atuais e

importantes, bem como e informações de caráter local e internacional.

Durante o sexénio, além das Cartas circulares do Superior Geral, a Cúria Geral publicou os

seguintes documentos:

Novos Estatutos Gerais – 2010.

Protocolo sobre Abusos – 2010.

Ética de João de Deus – 2012.

Carta de Identidade: Manual do Utilizador – 2012.

A Pastoral segundo São João de Deus – 2012.

Formação dos Colaboradores – 2012.

Gestão Carismática – 2012.

Revisão dos capítulos 4 e 5 da Carta de Identidade – 2012.

9. Comunidades dependentes do Governo Geral

A Comunidade e o Hospital da Ilha Tiberina, a Comunidade da Farmácia do Vaticano e a

Comunidade na Cúria Geral dependem diretamente do Superior Geral. Todas elas são

“comunidades internacionais”, com toda a riqueza e os desafios que isso implica. O Ir. Jesus Etayo,

segundo Conselheiro Geral, foi designado para colaborar com os respetivos Superiores na

animação e formação contínua das três comunidades. Foram realizados retiros mensais, foi feita a

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visita canónica geral às três comunidades e aos serviços delas dependentes e foram regularmente

implementados programas de formação permanente. Os dias de festa, jubileus, profissões e

outros eventos dos Irmãos foram comemorados em conjunto na Cúria Geral. O retiro anual é da

responsabilidade de cada Irmão, individualmente, e muitos organizaram-se para realizar os seus

exercícios espirituais quando regressavam às suas Províncias para passar férias; alguns outros

optaram por participar no retiro organizado pela Província Lombardo-Véneta.

COMUNIDADE DA ILHA TIBERINA E HOSPITAL DE S. JOÃO CALIBITA.12

O Superior Geral é o presidente do Hospital de S. João Calibita e o Ir. Rudolf Knopp, primeiro

Conselheiro Geral, é o vice-presidente executivo. De acordo com a prática comum na Ordem

atualmente, logo depois do Capítulo Geral de 2006 foi tomada a decisão de nomear um diretor

leigo para o Hospital da Ilha do Tibre. Foi uma decisão importante, embora difícil, pois durante

mais de 400 anos da sua história o hospital teve sempre um Irmão como responsável.

Esta foi uma decisão muito importante, por três motivos:

Em primeiro lugar, a política da Ordem prevê a nomeação da pessoa melhor preparada

para dirigir e orientar os nossos ministérios hospitaleiros, quer se trate de um Irmão,

quer de um colaborador.

Em segundo lugar, esta nomeação permitiu que o Superior se dedicasse à tarefa de

animador da Comunidade, além de desempenhar outras funções dentro do mesmo

Hospital. O atual Superior, Ir. Benigno Ramos, que vem da Província Castelhana, por

exemplo, é responsável pelo Serviço de Bioética e Assistência Pastoral no Hospital,

trabalhando muito de perto com o Diretor, Dr. Carlo M. Cellucci, apoiando-o.

Em terceiro lugar, no espírito do Concílio Vaticano II, partilha-se a responsabilidade

pela missão da Ordem com um leigo ao mais alto nível.

Um relatório separado sobre o Hospital da Ilha Tiberina foi elaborado pelo Ir. Rudolf e pelo Dr.

Carlo Cellucci, diretor do Hospital. Gostaria apenas de reconhecer aqui o árduo trabalho realizado

com diligência e serenidade pelo Ir. Rudolf, pelo Dr. Cellucci e pelo Ir. Benigno e sua equipa

durante a crise económica em curso. Deve-se à sua atitude e trabalho em equipa o facto de o

Hospital ter continuado a funcionar.

Infelizmente, como todos nós aqui presentes sabemos muito bem, esta é uma história que está a

ser repetida em toda a Europa e no mundo. Lamentavelmente, alguns hospitais tiveram de

encerrar e, noutros lugares, tornou-se necessário reduzir serviços e despedir colaboradores. E é

graças a todos os interessados e ao seu sentido do dever e de sacrifício que outros serviços não

foram suprimidos, o que teria implicado o despedimento de colaboradores. É com grande tristeza

que se toma a decisão inevitável de fechar um hospital ou reduzir serviços. Tal decisão pode ser

nalgumas circunstâncias a única opção possível a fim de se continuar a prestar um serviço aos

12

Para uma informação mais detalhada remete-se para o relatório apresentado ao Capítulo pelo Diretor do Hospital. Dr. Carlo M. Cellucci.

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pobres e aos doentes, mas o drama do desemprego que se segue, com o seu impacto desastroso

sobre as famílias, faz com que esta seja sempre uma decisão muito dolorosa.

A COMUNIDADE DA FARMÁCIA DO VATICANO

OUTROS SERVIÇOS PRESTADOS À SANTA SÉ

Tal como acontece com as outras duas comunidades em Roma, também esta comunidade é

formada por Irmãos de diversas partes da Ordem. Superior da Comunidade e diretor da Farmácia

é o Ir. Raphael Cenizo Ramirez, da Província da Andaluzia. A Ordem, juntamente com o

Governatorato do Vaticano, administra e dirige a Farmácia do Vaticano. Trata-se de uma farmácia

extraordinariamente procurada, que atende diariamente mais de 2000 utentes. Graças aos

serviços prestados, a Ordem tem a este respeito uma reputação muito boa no Vaticano, em Roma

e no mundo. A razão deste último pormenor é o facto de muitos Núncios apostólicos manterem

contatos com a Farmácia quando visitam Roma e também noutras ocasiões. Ao todo, mais de 80

funcionários – Irmãos e colaboradores – estão ao serviço da Farmácia. Além da farmácia, os

Irmãos fazem parte da equipa de primeiros socorros durante as audiências públicas do Santo

Padre. Um dos Irmãos integra também uma equipa mais especializada que está ao serviço do

Santo Padre.

O Ir. James Buitrago, da Província Colombiana, foi recentemente nomeado para trabalhar no

Conselho Pontifício da Pastoral da Saúde, no Vaticano. Agradecemos ao Ir. James e à Província

Colombiana a disponibilidade demonstrada e o sacrifício implícito nesta decisão. A nomeação do

Ir. James para trabalhar no Vaticano é outra expressão da disponibilidade e vontade da Ordem

para servir a Igreja e, em particular, a Santa Sé, de todas as formas possíveis.

A COMUNIDADE DA SAGRADA FAMÍLIA E DO HOSPITAL DE NAZARÉ

A Cúria Geral, as Províncias Lombardo-Véneta e Polaca são solidariamente responsáveis pela

Fundação Nazaré. O Hospital da Sagrada Família é gerido pela Província Lombardo-Véneta.

Existem duas comunidades religiosas que trabalham no Hospital – as Irmãs da Caridade (Holy Child

Mary) e os Irmãos de São João de Deus da Província Polaca. O diretor do Hospital é um

colaborador da Itália, o Dr. Giuseppe Fraizzoli.

Pelo conhecimento que temos da situação no Médio Oriente, pode-se apreciar a importância do

Hospital da Sagrada Família, em Nazaré. Como lugar de contacto e encontro entre os diversos

grupos da região, é um testemunho vivo daquilo que constitui o núcleo da mensagem de Jesus.

Claramente, o carisma da hospitalidade, tal como ela é expressa todos os dias no Hospital é um

maravilhoso exemplo de ecumenismo, de reconciliação e de pluralismo. Poder-se-ia dizer que é

promotor de paz através da prática médica. A hospitalidade vivida desta forma é a imagem de

marca da mensagem cristã.

Gostaria de agradecer aos membros das comunidades de Irmãs, Irmãos e colaboradores, bem

como às Províncias Polaca e Lombardo-Véneta, pelo testemunho que dão de Cristo e do seu

ministério de cura na terra santificada pela sua presença, pelo seu ministério e pela sua morte e

ressurreição.

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UM TRABALHO BEM FEITO

Quatro Irmãos de São João de Deus regressaram às suas respetivas Províncias neste sexénio,

depois de servirem a Ordem e/ou a Santa Sé durante muitos anos. O primeiro foi o Ir. Fabian

Hynes, diretor da Farmácia do Vaticano durante mais de meio século. Fabian trabalhou durante

seis pontificados e desenvolveu os serviços prestados pela Farmácia desde quando ela era uma

espécie de “drogaria” de uma pequena cidade até se tornar numa das farmácias mais prestigiadas

e modernas do mundo.

O segundo Irmão a regressar à sua Província de Aragão foi Mons. José Luís Redrado, após 25 anos

de serviço como Secretário do Conselho Pontifício para Pastoral da Saúde. Chamado a Roma pelo

ex-Superior Geral, Ir. Pierluigi Marchesi, o Ir. José Luís trabalhou em estreita colaboração com o

Cardeal Angelini no desenvolvimento dos serviços do Dicastério que se estende atualmente a todo

o mundo católico, ajudando a preparar a celebração do Dia Mundial do Doente, conferências

internacionais de grande impacto, no Vaticano, além de uma grande variedade de outras

atividades. Mons. José Luís terminou o seu serviço nesse cargo no dia 19 de março de 2011 e

atualmente é capelão no Hospital da Ordem, em Saragoça (Espanha), em cuja Comunidade se

integrou.

O terceiro Irmão que voltou à sua Província, em 2006, foi o Ir. Félix Lizaso, também da Província

de Aragão, que serviu durante muitos anos a Ordem, como Postulador Geral. Profundamente

convicto da santidade da vida de muitos Irmãos, defendeu as suas causas com determinação, o

que levou muitos deles a serem beatificados ou canonizados durante o seu mandato como

Postulador. Recordo a beatificação e canonização dos Irmãos Ricardo Pampuri, Bento Menni e a

canonização dos Beatos João Grande e João de Ávila, que foi diretor espiritual de São João de

Deus. Setenta e dois Irmãos espanhóis e colombianos mártires, assim como os Irmãos Olallo

Valdés e Eustáquio Kugler, também foram beatificados. Antes de terminar o seu mandato, o Ir.

Felix apresentou à Congregação para as Causas dos Santos a Positio (documentação) de outros 24

Irmãos martirizados em Espanha, e também eles serão beatificados em outubro de 2013.

Também o Ir. Geminiano Corradini, da Província Lombardo-Véneta, que exerceu o seu serviço

como Superior e diretor respetivamente da Comunidade da Ilha Tiberina e do Hospital de São João

Calibita, regressou à sua Província. O Ir. Geminiano foi o primeiro a exercer o cargo de Superior da

Ilha Tiberina sem ser diretor. Isso foi muito importante quando o Dr. Cellucci foi nomeado

primeiro diretor leigo do Hospital. O Ir. Geminiano assumiu a nova forma de exercer o seu cargo

com grande sensibilidade e, pela forma como o fez, deu um testemunho claro do que é a essência

da vocação do Irmão de São João de Deus: disponibilidade e flexibilidade, tendo sempre a missão

global como ponto central de tudo o que fazemos como Irmãos. O Ir. Geminiano regressou à sua

Província em 2010.

Quero agradecer a todos os Irmãos cujos nomes referi, pela sua dedicação altruísta aos mais altos

ideais da vocação do Irmão de São João de Deus. Dado que os Irmãos de São João de Deus não vão

para a reforma, desejo a cada um deles um ministério agradável e cheio de significado, que

continuem a gozar de boa saúde e tenham paz interior.

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CHAMADOS PARA A CASA DO PAI

As nossas comunidades em Roma sofreram a perda de três Hospitaleiros nos últimos anos.

A morte chegou pacificamente ao Hospital da Ilha Tiberina, no dia 29 de julho de 2010, levando

consigo o Ir. Massimino ZERBI, após uma longa luta contra o cancro. O Ir. Massimino, sacerdote da

Ordem, pertencia à Província Lombardo-Véneto. Ele fez parte da Comunidade da Ilha Tiberina

durante muitos anos e trabalhou como capelão no Hospital. A sua boa disposição hospitaleira e

gentil significava que fosse procurado como confessor pelos doentes e por outros. Que possa

descansar na paz de Cristo.

O Ir. Michelangelo Mucci faleceu no dia 15 de setembro de 2011, após breve doença e pouco

tempo depois de ter celebrado as bodas de prata da sua profissão religiosa. Obviamente, a morte

do Ir. Michelangelo causou uma grande tristeza na sua família e nos membros da Província da

América Latina Meridional – especialmente no seu país, a Argentina. Este Irmão trabalhou no

Hospital da Ilha Tiberina durante vários anos antes de ser transferido para a Comunidade da

Farmácia do Vaticano, onde se encontrava quando veio a falecer. Rezemos para que o Ir.

Michelangelo viva agora na felicidade do céu.

Ficámos igualmente tristes com a morte prematura do Dr. Gian Carlo Carucci, diretor da

Farmácia do Vaticano, que faleceu na véspera do Natal de 2010. Gian Carlo tinha trabalhado

durante muitos anos na Farmácia do Vaticano com o Ir. Fabian e foi nomeado diretor quando o Ir.

Fabian regressou à sua Província. O Dr. Carucci deixou a sua esposa e dois filhos, um dos quais

trabalha também na Farmácia do Vaticano.

Um outro colaborador que faleceu em 2010 foi o Sr. Maurizio Mancini, que era a “voz da

hospitalidade” para muitos em todo o mundo, pois trabalhou na receção da Cúria Geral durante

muitos anos. Era uma pessoa gentil e gostava muito de desporto. Também ele deixou a sua esposa

e dois filhos.

Senhor, nós Vos agradecemos a vida, os dons e a dedicação que estes três Hospitaleiros

deram à obra de São João de Deus. Que eles possam agora receber a justa recompensa

pelo seu trabalho e a felicidade eterna convosco, no céu. Amém.

10. Reestruturação da Ordem

Com o passar do tempo, o aumento da atividade dos Hospitaleiros e a diminuição do número de

Irmãos nalgumas regiões do mundo onde a Ordem está presente, foi considerada necessária uma

reestruturação de algumas entidades. Uma proposta neste sentido, apresentada no Capítulo Geral

de 2006, foi muito debatida em vários Capítulos e encontros. O objetivo da reestruturação era o

de fornecer um suporte às pequenas comunidades e reforçar os laços de amizade entre os

colaboradores numa perspetiva mais abrangente de Família de São João de Deus.

A Europa foi o cenário que testemunhou a alteração das fronteiras de alguns países após as duas

Guerras Mundiais. Essa nova configuração dos estados implicou muitas vezes a separação de

algumas comunidades das suas Províncias ou, noutros casos, deixou-as isoladas e em situações

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muito difíceis. Houve perseguição, supressão de obras e comunidades nossas e alguns Irmãos

desapareceram, outros morreram em campos de concentração e na prisão e, além disso, outros

foram forçados a viver isolados, separados das suas comunidades. Depois da II Guerra Mundial e,

por fim, após a queda do comunismo na Europa do Leste, os Irmãos começaram a reagrupar-se e a

formar comunidades e, progressivamente, a reconquistar ou reclamar alguns dos hospitais que

haviam sido confiscados sob diferentes regimes. As Províncias europeias da “Europa livre”

continuaram a apoiar as comunidades nesses tempos e situações difíceis, de diversas maneiras,

mas de forma secreta.

Compreensivelmente, não foi fácil a decisão tomada por Comunidades e alguns Irmãos

individualmente de entrar num processo que implicaria o desaparecimento das próprias Províncias

ou Delegações, passando a fazer parte de uma outra. No entanto, após uma ponderada reflexão

sobre a realidade da situação e com o olhar virado para o futuro, todos os Irmão sem exceção

estiveram envolvidos neste processo. Foi uma experiência humilhante ver homens que já tinham

sofrido tanto colocar a Ordem e a sua missão acima dos seus próprios sentimentos pessoais. O

amor dessas pessoas pela Ordem e o seu profundo desejo de a ver continuar a contribuir

ativamente para a ação evangelizadora da Igreja fizeram com que, em todos os casos, o resultado

fosse uma experiência positiva.

As entidades reestruturadas foram as seguintes – unindo-se a uma Província já existente ou

constituindo uma Província:

A Delegação Geral da Renânia uniu-se à Província da Baviera.

As comunidades da Boémia-Morávia uniram-se à Província Austríaca.

A Delegação Geral da Silésia uniu-se à Província Polaca;

A Delegação Provincial do Japão (Província da Baviera) uniu-se à Província Coreana.

As Províncias da Irlanda e do Reino Unido agruparam-se para formar a nova Província da

Europa Ocidental de São João de Deus [The West European Province of Saint John of God],

que está presente em diferentes jurisdições – Irlanda, Reino Unido, Malawi, New Jersey, e

estabeleceram uma relação de geminação com a Zâmbia Central.

As comunidades e obras da Ordem na África formaram uma só Província, com cinco

Delegações provinciais. Esta organização, porém, não vingou e o Definitório Geral criou

duas novas entidades: a Província de S. Agostinho, que compreende as comunidades e

obras apostólicas presentes no Gana, Libéria, Quénia, Serra Leoa, Camarões, Moçambique,

Senegal e Zâmbia, e a Vice-Província de S. Ricardo Pampuri, abrangendo as comunidades e

obras apostólicas no Benim e no Togo.

Existe um Noviciado Interprovincial no Togo.

Como já disse, um recente desenvolvimento é a abertura de uma nova casa de formação

Interprovincial em Nairobi, no Quénia.

Devido a certas dificuldades que estão a ser sentidas pela Província do México e América

Central, o Definitório Geral, para acompanhar mais de perto a realidade e dar apoio à

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liderança, tomou a decisão de alterar o estatuto desta entidade, transformando a Província

numa Delegação Geral. O novo Delegado Geral, Ir. Adolfo Alalula, pertence à Província da

América Latina Setentrional.

Foi aprovado um Noviciado único para toda a América Latina, situado na Colômbia.

A pedido da Província Portuguesa, foi aberto um Noviciado no Brasil para os candidatos

provenientes do Brasil, de Portugal e de Timor-Leste.

Em fevereiro deste ano (2012), a Província Francesa transferiu oficialmente a Comunidade

de Pamplemous, na Ilha Maurício, e os seus serviços para a Província da Índia. A Província

Francesa tinha aberto um Lar de Idosos na ilha, há 30 anos.

11. Formação de uma Pessoa Jurídica Pública (PJP)

Uma ocasião memorável para a Ordem foi a aprovação, em 6 de julho de 2012, pela Congregação

para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica do pedido apresentado

pelo Superior Geral, solicitando que os serviços de S. João do Deus pertencentes à Província da

Europa Ocidental fossem constituídos numa nova Pessoa jurídica pública (PJP) no âmbito da Igreja.

O novo Diretor executivo do Grupo (CEO) destes serviços, ou ministérios, hospitaleiros de São João

de Deus é um colaborador de longa data, o senhor John Pepper. A nomeação de um colaborador

para o mais alto cargo de responsabilidade desta instituição da nossa Ordem representa uma

viragem na nossa história. O senhor Pepper responde aos membros de uma nova entidade, o

Conselho Alargado de Província, que é nomeado pelo Superior Geral e pelo seu Conselho. Não se

trata, na minha opinião, de nenhum acidente de percurso nem de uma reação ao cenário em

mudança relativamente à vida dos Irmãos, mas, antes, do resultado do processo de renovação no

qual, sob a orientação do Espírito Santo, a Ordem e a Província se comprometeram há quase 50

anos. A atribuição aos leigos de um papel proeminente de liderança com responsabilidade pela

missão da Igreja foi uma das indicações do Concílio Vaticano II, cabendo obviamente a sua

concretização nas diferentes situações à liderança da Igreja e aos institutos religiosos, procurando

interpretar os sinais dos tempos.

A visão do Concílio Vaticano para o povo de Deus pode ser extraída dos seus vários documentos –

por exemplo, Lumen Gentium, Gaudium et Spes, e os documentos pós-conciliares Christifideles

Laici e Vita Consecrata – nos quais os religiosos são incentivados a partilhar o seu carisma com os

leigos. Foi tomada a decisão de formar uma PJP (depois de também terem sido consideradas

outras opções) para garantir que a missão apostólica da Hospitalidade segundo o estilo de São

João de Deus continue no futuro a ser uma obra da Igreja. Esta decisão terá obviamente

consequências para as gerações futuras, não apenas para a Ordem Hospitaleira de S. João do

Deus, mas igualmente para a Igreja em si.

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12. Geminação e cooperação internacional

A geminação e outras formas de cooperação entre centros e serviços da Ordem na Europa com

serviços similares dos países em desenvolvimento é um processo contínuo reciprocamente

enriquecedor e uma admirável expressão de Hospitalidade. Esta forma de assistência fornece

segurança, educação, formação permanente e apoio moral nalgumas situações verdadeiramente

difíceis. Embora a Europa esteja a enfrentar restrições económicas, desemprego e outros desafios

sem precedentes relacionados com a dura realidade financeira atual, é importante encontrar uma

maneira de continuar a apoiar os Irmãos na África e noutros locais que também enfrentam

grandes necessidades.

13. É necessário prosseguir com uma séria reestruturação

O processo de reestruturação deve continuar, pois as nossas comunidades religiosas continuam a

diminuir em número e tamanho, ao mesmo tempo que continua a aumentar a média etária dos

Irmãos. Há Províncias que precisam agora de trabalhar no sentido de fusão ou de algum tipo de

agrupamento. A Ordem é conhecida em todos os países onde estamos presentes, mas a divisão

que temos em Províncias religiosas é algo que só tem sentido para os Irmãos. Os responsáveis

políticos e de governo e a própria sociedade civil, em geral, não entendem e não têm interesse

nenhum em ouvir falar das nossas divisões e estruturas internas. Esta forma de organização é um

vestígio de uma época em que viajar era difícil, até mesmo perigoso, quando as comunicações

eram extremamente lentas e praticamente nunca havia mudanças.

No mundo de hoje, não é possível continuar a manter uma estrutura ultrapassada ao mesmo

tempo que nos esforçamos por apostar no crescimento, em exercermos influência e na

integridade da missão à luz da nossa tradição hospitaleira. No interesse da missão e do futuro da

Ordem, precisamos de maximizar as nossas forças, de unir as nossas energias e a experiência

enquanto ainda temos tempo para exercer algum controle sobre o nosso destino. Caso contrário,

os eventos irão superar-nos, as decisões sobre a nossa vida e a nossa atividade serão tomadas por

outros que podem não estar interessados na Igreja nem na sua missão de evangelização.

Corremos o risco, que é muito real, de nos tornarmos irrelevantes e de os nossos serviços se

tornarem obsoletos. Na realidade, a Igreja e os religiosos já são vistos como irrelevantes nalguns

países.

É necessário, por conseguinte, prestar muita atenção para discernir o tipo de estrutura mais

adequada para nós, que esteja em sintonia com a era atual da comunicação social, na qual a

comunicação é instantânea, as viagens são fáceis e as pessoas exigem, esperam e têm direito a um

serviço de qualidade. Já não é evangélico argumentar: “Mas… sempre fizemos desta forma!”

Temos de ser criativos e usar a imaginação relativamente à forma como queremos ser governados

e ao tipo de estrutura capaz de garantir, na medida em que isso está ao nosso alcance, que o

carisma da hospitalidade, tal como foi vivido por João de Deus e por nós no passado, continua a

fazer parte do ministério de cura da Igreja e a ser um instrumento de evangelização.

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14. Momentos de grande alegria

As beatificações de dois nossos Irmãos – Olallo Valdés, em 2008, e Eustáquio Kugler, em 2009 –

foram momentos de intensa renovação espiritual e alegria para os membros da Família de São

João de Deus em todo o mundo. Como acontece com cada beatificação e canonização, a destes

dois Irmãos de São João de Deus foi uma bênção maravilhosa para a Igreja local e universal, bem

como para a nossa Ordem. Ambos os Irmãos, pela sua fidelidade a Cristo, à Igreja e à sua vocação

como Irmãos Hospitaleiros, em situações muito diferentes, mas todas extremamente difíceis, são

modelos e servem de inspiração para nós. Todos aqueles que tiveram o privilégio de participar

nessas cerimónias de beatificação, hão de conservar a sua memória como um tesouro para o resto

da sua vida.

Penso que é inteiramente oportuno agradecer ao Postulador Geral, Ir. Felix Lizaso, pelo seu

esforço incansável em promover as causas desses dois Irmãos. O Ir. Felix recebeu também a

colaboração preciosa do Prof. Luisandro Canestrini, membro agregado da Ordem. As Províncias

que acolheram as cerimónias de beatificação – México/América Central e Baviera, respetivamente

– fizeram um trabalho excelente, em colaboração com a Igreja local e as autoridades civis, na

preparação e organização de eventos que decorreram por ocasião das cerimónias de beatificação

propriamente ditas.

Além do que já referi, teremos a alegria de testemunhar a beatificação do Ir. Maurício Iñiguez de

Herédia e 23 seus companheiros, em outubro de 2013. Estes Irmãos, como os 71 Irmãos

beatificados em 1992, foram martirizados durante a guerra civil espanhola. Deste último grupo de

mártires, 23 são de Espanha e um é de Cuba. Gostaria mais uma vez de reconhecer o trabalho do

Ir. Felix que, antes de terminar o ofício de Postulador, preparou e apresentou à Congregação dos

Santos a Positio, ou seja, documentação relativa a estes Irmãos.

Entretanto, o atual Postulador Geral, Ir. Elia Tribaldi, deu continuidade ao processo para a

beatificação dos mártires espanhóis. Juntamente com o Assistente do Postulador, senhor Denis

Moran, o Ir. Elia trabalhou na preparação e promoção da causa do Irmão William Gagnon,

membro da Província do Canadá, que morreu no Vietname, onde trabalhou como missionário

durante muitos anos. É uma graça ulterior para a Ordem, especialmente para as Províncias do

Canadá e do Vietname, que a Positio sobre as virtudes heroicas do Ir. William seja entregue aos

consultores teológicos no primeiro semestre de 2014. A causa do Ir. Fortunatus Thanhauser, da

Província Indiana, que introduziu a Ordem na Índia e é o fundador das Irmãs da Caridade de São

João de Deus, está na fase inicial e é ativamente promovida pelo Ir. Elia e pelas Irmãs.

Estas importantes etapas para o reconhecimento oficial da santidade de muitos dos nossos Irmãos

são mais uma confirmação do poder da hospitalidade de São João de Deus para conduzir à

santidade pessoal, testemunhando aquilo que é essencial na mensagem do Evangelho.

Um outro momento histórico e feliz foi o dia 16 de abril de 2007. Nessa data, o Hospital

ORIGINÁRIO de S. João do Deus, em Granada, foi oficialmente devolvido à Ordem durante uma

cerimónia que decorreu na Biblioteca do Hospital. Um grande número de autoridades civis e

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22

religiosas marcaram presença no evento que mereceu uma ampla cobertura por parte dos meios

de comunicação.

O Hospital estava em construção quando João do Deus morreu. Dado que João foi muito

provavelmente pelo menos consultado, se é que não fez mesmo parte da “Comissão executiva”,

parece-me legítimo supor que em termos de planta e estrutura, João terá intervindo com algumas

indicações. Neste sentido, pode-se dizer que os valores e a filosofia de João de Deus fazem parte

dos alicerces do Hospital de Granada.

O Santo Padre, Papa Bento XVI visitou, no dia 20 de agosto de 2011, no Instituto de San José, que

pertence à Ordem, nos arredores de Madrid, durante a Jornada Mundial da Juventude. Foi um

encontro único entre o Santo Padre e um grupo de pessoas assistidas pelos serviços Hospitaleiros.

No discurso aí proferido, o Santo Padre afirmou que a presença de pessoas com deficiência

“desperta nos nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que nos abre à

salvação”.13

Durante o encontro, foi um estudante de 20 anos, com deficiência auditiva profunda, quem dirigiu

palavras de saudação ao Santo Padre. E recordou que, ao nascer, não se esperava que ele

sobrevivesse, mas o amor e os esforços constantes dos seus pais foram essenciais para garantir

um futuro para ele.

O Superior da Comunidade, Ir. Rafael Martinez Martinez, um colaborador e eu próprio demos as

boas-vindas à chegada do Santo Padre. Ao concluir a cerimónia, Bento XVI assinou o Livro de

visitas. Tive o prazer de oferecer ao Santo Padre um exemplar da obra sobre a Herança artística e

cultural da Ordem associada à figura de S. João de Deus.14 O Santo Padre disse-me que S. João de

Deus foi um dos grandes santos da Igreja Católica.

15. Fundações recentes

Apesar da redução do número de Irmãos, as Províncias têm excogitado formas novas e

imaginativas para sustentar projetos em novos lugares ou para levar, pela primeira vez, a

hospitalidade de João do Deus a novas terras. Vou referir algumas:

Fundação Millennium, na China. O Capítulo Geral do ano 2000, realizado em Granada,

decidiu comemorar o Grande Jubileu fazendo uma fundação na China. A Província da

Coreia aceitou assumir a responsabilidade de levar a cabo a primeira fundação da Ordem

na China nos tempos modernos e abriu um hospital para doentes terminais, com cancro. O

Hospício de Yanbian foi inaugurado com a entrada do primeiro doente, no dia 7 de

fevereiro de 2006.

Posteriormente, a Ordem recebeu um pedido do governo local de Yangzi, na província de

Jilin, para abrir uma unidade de cuidados de saúde e tratamento de pessoas com a doença

13

O discurso integral encontra-se em anexo – Apêndice 4. 14

Publicado em 2006, pela Cúria Geral.

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de Alzheimer. Este projeto pôde ser concretizado graças a uma resposta generosa das

Províncias ao apelo anual do Superior Geral e a uma recolha de fundos efetuada pelo

Hospital da Ilha Tiberina, em Roma. A estrutura, que dispõe de 23 lugares, foi inaugurada

no início deste ano, está cheia, e há já futuros utentes em lista de espera. A universidade

local envia os seus alunos para formação em cuidados paliativos neste centro, que é

considerado de excelência.

Irmãos da Coreia e do Vietname e duas Irmãs da Coreia formam a presença religiosa da

Ordem na China: dão um testemunho silencioso, mas muito vivo e poderoso, daquilo que

constitui o núcleo da mensagem do Evangelho através da fidelidade à sua consagração

religiosa e ao compromisso assumido com a missão de Hospitalidade que vivem segundo o

estilo e o espírito de São João de Deus.

A Ordem voltou à Croácia depois de uma ausência de quase cem anos, com a abertura de

um moderno hospital psiquiátrico e uma unidade de cuidados paliativos. A iniciativa é da

Província Lombardo-Véneta, que destinou dois dos seus Irmãos para trabalharem no

Hospital, auxiliados por algumas religiosas locais.

A Província Portuguesa abriu uma missão em Timor-Leste, onde uma nova clínica

psiquiátrica foi inaugurada em 2011. Os dois Irmãos missionários recebem uma

colaboração maravilhosa de voluntários de Portugal. Realizam também um programa para

pessoas com tuberculose e estão envolvidos noutras iniciativas e atividades de carater

social. O Ir. Vítor Lameiras foi recentemente homenageado pelo governo português, que

lhe conferiu a ordem do mérito em reconhecimento pelos serviços prestados ao povo de

Timor-Leste.

Os dois primeiros noviços de Timor-Leste fizeram a sua primeira profissão religiosa, a 2 de

fevereiro de 2012, e encontram-se agora em Díli, a capital, continuando a sua formação.

Há alguns noviços de Timor-Leste no Noviciado, no Brasil, e vários postulantes e candidatos

prosseguem a sua formação religiosa em Timor-Leste.

A Província Francesa fez uma fundação em Madagáscar e está atualmente em curso a

construção de uma clínica psiquiátrica moderna. Os primeiros noviços deste país fizeram a

sua primeira profissão religiosa, em fevereiro de 2012. Alguns noviços e vários postulantes

e candidatos encontram-se em formação.

O Escritório da Ordem junto das instituições europeias, em Bruxelas, não sendo

propriamente uma Fundação, no sentido usual da palavra utilizada pela Ordem, é uma

novidade muito significativa. O Ir. Rudolf fornecerá mais detalhes no seu relatório sobre

este projeto.

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16. Reflexão

a) Em termos de missão

Tendo experimentado a vida da Ordem, em geral, nos últimos seis anos, percorrendo as

Províncias em diferentes situações, especialmente durante as visitas canónicas, os capítulos, as

visitas fraternas e as conferências regionais, e tendo em conta as informações recebidas das

Províncias, além dos contactos regulares com os Superiores Provinciais e, pessoalmente, com os

Irmãos, bem como, ocasionalmente, com alguns colaboradores, desejo agora apresentar a minha

avaliação do estado da Ordem neste momento.

Julgo que todos concordarão comigo, tendo em conta este relatório relativamente breve e a partir

do próprio conhecimento que cada um tem da Ordem, que existe uma sensação de intensa

atividade nos cinco continentes em que a Ordem se encontra. O número de pessoas pobres,

doentes e necessitadas que são assistidas numa grande variedade de formas continua a

aumentar.15 Mesmo com toda a diligência exercida pelos serviços do Economato Geral que, com a

colaboração das Províncias, tem a responsabilidade de recolher e publicar as estatísticas, elas dão-

nos apenas uma representação limitada do volume de atividades realizadas por toda a Ordem;

mas, mesmo tendo em conta apenas as estatísticas, o resultado é impressionante! É fantástico

observar a criatividade e a sinergia com que se procuram novas formas de expressão da

hospitalidade à maneira de S. João de Deus! Transparecem a identificação estreita e a

compreensão do carisma da hospitalidade por parte dos membros da Família de São João de Deus.

Daí resultam uma sensibilidade excecional pelas necessidades das pessoas e uma vontade de

responder de maneira semelhante a João de Deus às suas necessidades. Considero que essa é a

chave para compreender a razão por que, nos últimos anos, se verificou uma grande expansão de

serviços, com um aumento na variedade de programas, modelos de cuidados e de outras formas

de procurar responder às necessidades das pessoas.

A obra de São João de Deus continua em ritmo acelerado, em geral – pois, como em qualquer

outra situação da vida, há exceções – e pode-se dizer que os nossos hospitais nunca tiveram uma

taxa de ocupação tão alta. Os nossos lares para idosos e pessoas necessitadas têm listas de espera,

todos os lugares das nossas oficinas de trabalho são frequentados por pessoas com deficiência,

continuam a ser implementados os programas individualizados para pessoas com deficiência,

funcionam os albergues noturnos, são servidas “refeições sobre rodas” (ou seja, refeições

entregues aos lares de pessoas frágeis e idosas, e a outras pessoas necessitadas, geralmente por

voluntários, incluindo também alguns Irmãos), existem supermercados especiais para ajudar

famílias em necessidade, programas para imigrantes, programas de segurança alimentar… e a lista

poderia continuar. Na minha opinião, todo este incremento de atividades, ou seja, de serviços,

programas e ajuda de todo o tipo oferecidos a pessoas pobres e necessitadas, é fruto do processo

de renovação.

Anos de busca e reflexão sobre quem somos, como instituto religioso de Irmãos na Igreja,

procurando uma nova forma de compreender a nossa missão no mundo no final do séc. XX e início

15

Ver estatísticas mais recentes – Apêndice 5.

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do séc. XXI, fez-nos voltar atrás, seguindo as indicações do Concílio Vaticano II, até às calçadas,

ruas e praças de Granada, onde nos encontrámos novamente com o Pai dos pobres, João Cidade.

É verdade que, para muitos dos seguidores de João, essa foi uma peregrinação virtual; mas, para

todos os que participaram no processo, o resultado foi a redescoberta de João de Deus, do

homem e da sua missão. Por outras palavras, começámos a ver João sob uma luz diferente.

Acabámos também por compreender e apreciar o dom da hospitalidade que João recebeu de

Deus para a sua Igreja e o seu povo. Esta nova realidade representou uma viragem que orientou e

moldou a forma como a hospitalidade começou a ser expressa em todas as situações em que a

Ordem está presente. Começámos a falar de uma “nova hospitalidade”. A expressão “nova

evangelização”, da qual derivou a ideia de “nova hospitalidade”, foi popularizada na Encíclica do

Papa Paulo VI, A evangelização no mundo moderno, e retomada pelo Papa João Paulo II, na sua

Encíclica Redemptoris Missio.16

Do mesmo modo que a evangelização, também a hospitalidade joandeína, em sentido mais

amplo, não é nova, mas a maneira na qual ela começou a ser expressa expandiu-se a partir da

década de 1980 do séc. XX até às fronteiras dos países onde a Ordem estava presente, e continua

a difundir-se ainda hoje. Depois de séculos nos quais serviu suficientemente bem para nos vermos

como homens chamados a atuar em hospitais, a Ordem está a redescobrir a realidade essencial,

isto é, que a nossa vocação não se limita a ser uma vocação para cuidar dos doentes, mas é uma

vocação para responder ao sofrimento humano, seja qual for a forma em que ele se manifeste.17

A Hospitalidade começou a ser expressa numa grande variedade de maneiras como resposta a

novas necessidades médicas e sociais ainda sem resposta, e os novos conhecimentos científicos

que surgiram mudaram a forma como certas condições sociais e clínicas começaram a ser

compreendidas e tratadas. O que daí resultou em termos de atualização, de refinamento de

programas e prestação de novos serviços pode ser considerado, com razão, radical, comparado

com a maneira como a hospitalidade foi vivida e se manifestou durante mais de 400 anos. Em

tudo isto, João foi a nossa inspiração, a bússola e o guia – por outras palavras, a nossa “estrela

polar”. Claramente, tudo isto é obra do Espírito Santo.

b) Em termos da vida dos Irmãos

Esta mudança na compreensão da missão da Ordem teve enormes implicações na vida dos

Irmãos. Foi um desafio, revitalizante e, ao mesmo tempo, desconcertante para alguns. Mas nós

confiamos no Espírito que nos conduz e orienta. Como disse o Beato Papa João Paulo II, sempre

que o Espírito intervém, deixa as pessoas atónitas. Ele provoca eventos de surpreendente

novidade; muda radicalmente as pessoas e a história.18 Guiados, portanto, pelo Espírito, o

processo de renovação fez-nos sair de uma estrutura de tipo monástico e entrar no mundo do

sofrimento de uma forma nunca antes experimentada. Começámos a redefinir o nosso lugar na

16

Retomando o tema da «Nova evangelização» do Papa João Paulo II na Redemptoris Missio, 1990.12.07. 17

Ir. Brian O'Donnell, Superior Geral, ao Capítulo Provincial (irlandês) de 1989. 18

João Paulo II, 30 de maio de 1998, vigília de Pentecostes.

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Igreja como religiosos apostólicos ativos no meio da humanidade que sofre. As Constituições de

1927 declaravam: “Cuidamos dos doentes do sexo masculino nos nossos próprios hospitais ou

naqueles que nos forem confiados”.19 O serviço às pessoas que sofrem é prestado gratuitamente

pelos Irmãos como resultado da sua consagração religiosa em hospitalidade, imitando Jesus que

se entregou por nós,20 que é também um sinal claro da vida consagrada como dom.

Impelidos pelo amor de Deus,21 verificou-se uma mudança de paradigma que nos fez sair dos

espaços do meio hospitalar de mosteiro e entrar, por assim dizer, no mercado de sofrimento. Os

muros que nos separavam dos campos mais vastos do sofrimento, da dor e das necessidades,

foram derrubados. Encontramo-nos no meio de um mundo, um mundo globalizado, de

marginalização, estigmatização, medo, pobreza desesperada e dominado por uma sensação de

falta de confiança que suscitou, a partir da Ordem, uma resposta segundo o estilo de João de

Deus. A nossa Família hospitaleira não foi apanhada desprevenida e, claramente, a razão que

permitiu à Ordem ser capaz de responder como respondeu foram a intuição e a visão dos seus

líderes, envolvendo os colaboradores.22

Várias coisas foram, porém, acontecendo ao mesmo tempo

a) O número de pessoas assistidas aumentou enormemente e mudou também o lugar onde

elas se encontram; nem todos acorriam aos nossos hospitais e centros apresentando as

suas doenças, deficiências ou outras necessidades. Os Irmãos começaram a mover-se fora

das instituições, numa abordagem que foi “pioneira” nos países em desenvolvimento

graças aos nossos Irmãos missionários. Surgiram novas fundações com uma tendência

inerente para procurar as pessoas que se sentiam perdidas e que podiam, ou não, aceder

aos sistemas governamentais de saúde, onde eles existiam. Os Irmãos compreenderam

então que podiam não só prestar serviços móveis ou realizar consultas externas em

ambulatórios a pessoas doentes e necessitadas, mas deixaram-se também envolver em

programas de prevenção e iniciativas nos cuidados de saúde que foram, e são, “pioneiros”.

Em muitos casos, desenvolveram programas de proteção de mães e crianças, programas

de segurança de caráter alimentar e no âmbito da nutrição, e isto para mencionar apenas

alguns.

b) A fim de podermos acompanhar a nova forma de expressar a hospitalidade que foi

evoluindo, verificou-se um aumento enorme do número de colaboradores. Gradualmente,

os colaboradores começaram a assumir a responsabilidade pelos serviços e

implementaram novos programas.

c) Uma consequência inevitável de tudo isto foi a seguinte: ainda que o número de jovens

candidatos a entrar na nossa Ordem se tivesse mantido constante nos valores de antes do

Concílio Vaticano II e durante o período de pico das vocações da década de 1960, não teria

19

Constituições de 1927, cap. 1.1. 20

Ef 5, 2. 21

2Cor 5, 14. 22

Carta de Identidade, 1, 1.

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havido mesmo assim Irmãos suficientes para continuar a administrar e gerir os nossos

centros e serviços como tínhamos feito antes. Esta consideração é essencial para analisar o

papel do Irmão, hoje e no futuro.

Não só aumentou o número de pessoas que procuram assistência, mas a maneira como a

Ordem se abriu a outras áreas de necessidade implicou que a complexidade dos serviços

prestados necessitasse de profissionais altamente qualificados e eficazes. A exigência de

proporcionar nos dias de hoje às pessoas cuidados de saúde e uma assistência social ao

nível das melhores práticas é algo que é exigido pelo próprio carisma da hospitalidade. É

importante em termos da nossa missão que os serviços fornecidos aos utentes dos nossos

centros sejam de alta qualidade e sejam prestados segundo o espírito e a forma de São

João de Deus.

Infelizmente, em certos lugares os serviços prestados não correspondem ao elevado nível

previsto e exigido pela hospitalidade joandeína. Em algumas situações existem fatores

atenuantes, como a falta de recursos e/ou de pessoal profissionalmente qualificado.

Noutros lugares, porém, parece haver uma falta de visão ou de uma verdadeira paixão

pelos direitos e pela dignidade da pessoa assistida. E isso nem sempre acontece devido a

carência de recursos, mas sim à falta daquele espírito pioneiro que S. João do Deus e

muitos seus seguidores demonstraram, com sacrifício, ao longo dos séculos. Não

precisamos de reinventar a roda; o que quero dizer com isto é que dificilmente haverá uma

área de cuidados de saúde ou de necessidades sociais para as quais a Ordem não tenha

desenvolvido competências específicas nalgum lugar do mundo. Por isso, é importante, e

não é usual, procurar ajuda, o que pode ser feito sob a forma de geminações, promovendo

a troca de ideias, investindo na educação e formação, tanto dos Hospitaleiros de primeira

linha como dos que desempenham cargos de liderança. Há lugares onde existem condições

semelhantes às que deram ao Ir. Pierluigi Marchesi a motivação para escrever o

documento que se tornou entretanto célebre, publicado no dia 8 de março de 1981,

intitulado Humanização.

d) Naturalmente, uma outra realidade é a contínua diminuição do número de homens que

queiram unir-se à nossa Ordem. As nossas comunidades têm menos membros e a média

etária continua a aumentar. Isto tem consequências óbvias na forma como oramos e na

vida fraterna da Comunidade, assim como também no papel dos Irmãos no ministério.

17. Algumas conclusões

O cenário que acabo de descrever precisa de ser compreendido para nos abrirmos ao futuro com

um sentido de missão. Afastar-nos do modelo de “hospital mosteiro” e da maneira de pensar e de

nos vermos, tendo a “regra” como epicentro das nossas vidas, e passando a considerar-nos em

“missão”, foi um grande avanço na compreensão de nós mesmos como religiosos apostólicos. Ao

mesmo tempo, precisamos ainda de recuperar o sentido da nossa vida religiosa e de reformulá-la,

como um chamamento à santidade, à intimidade com Deus, estando ao serviço dos nossos irmãos

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que sofrem. É por isso que precisamos de começar a ver-nos numa era pós-Vaticano II, com tudo o

que isso implica em termos do nosso lugar como Irmãos religiosos na Igreja, do nosso papel de

moldarmos o novo rosto da Ordem, da formação dos Irmãos de hoje e de amanhã para serem

protagonistas, líderes na definição do futuro, e não para se porem de lado ou serem meros

seguidores. Há uma escassez de liderança religiosa na Igreja que tenha visão, sonhos e paixão. Até

certo ponto, isso também se reflete na nossa Ordem.

Esta mudança na nossa compreensão e na maneira de viver e ajuda serve mais uma vez a recordar

que a vida consagrada não é apenas um projeto humano, mas um dom gratuito do Espírito, que

será sempre uma parte importante da vida da Igreja. Com dois mil institutos religiosos e mais de

um milhão de homens e mulheres consagrados e totalmente empenhados no seguimento radical

de Cristo, não é de admirar que a Igreja valorize tanto a vida religiosa, a qual representa um

recurso poderoso de que a Igreja dispõe para colocar ao serviço do Reino. Há uma unidade

intrínseca entre as dimensões carismática e hierárquica da Igreja. No entanto, ao passo que tanto

o carisma como a dimensão hierárquica são dons do Espírito Santo à Igreja, é necessário que haja

uma tensão saudável entre os dois.

Na minha Carta circular dirigida aos Irmãos, afirmei que algo novo está a surgir em termos de vida

religiosa apostólica. Está a emergir uma nova forma de vida religiosa ministerial, que é não-

monástica.23 Esta é uma questão complexa e não há uma orientação clara nem acordo entre os

teólogos e a hierarquia da Igreja relativamente ao desfecho desta nova situação. Mas todos

concordam que haverá menos religiosos, que eles terão menos visibilidade quee serão mais

velhos. Para mim, a renovação em curso é a chave para o futuro e o futuro não é a simples

continuação do passado, mas sim o surgir de algo novo. Neste momento, está nascendo uma nova

maneira de viver a vida religiosa. A fim de permitir que o novo possa emergir, temos a abandonar

muitas formas de pensar, sentir e agir que marcaram o passado. À semelhança de alguns

mamíferos, que se desfazem da própria pele para que uma nova pele fresca possa surgir, assim

também nós devemos pôr de parte as velhas formas monásticas de vida para permitir que surja a

nova vida religiosa ministerial. No passado, vivíamos totalmente a forma monástica de vida, mas

também vivíamos plenamente a forma apostólica de vida ativa.24

O imperativo contido no dom da hospitalidade

A este respeito, meus caríssimos Irmãos, quero falar claramente – tenho a responsabilidade de

falar claramente, mesmo que seja difícil. O que quero afirmar aqui é por amor ao extraordinário

dom da hospitalidade que Deus dá à sua Igreja e à sociedade por meio da nossa Ordem. Faço-o

plenamente consciente das dificuldades que existem em determinadas situações devido aos

recursos limitados, especialmente quando se é dependente de governos locais ou centrais que

nem sempre dão o mesmo valor que nós damos às pessoas a quem servimos. Essa é a luta que os

Hospitaleiros sempre travaram ao longo dos séculos e que irá continuar enquanto existirem

23

Ir.ª Sandra M. Schneiders (teóloga americana), O passado e o futuro da vida religiosa ministerial. 24

Ver Carta Circular de 27 de maio de 2012.

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seguidores de João que sejam fiéis à sua visão. O meu único desejo aqui é ver o carisma da

hospitalidade ser vivido à maneira de João de Deus e de tantos Hospitaleiros, ao longo dos

séculos, para que os mais pobres, os doentes e os nossos irmãos e irmãs necessitados possam

apreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo por eles,25

através da sua experiência de hospitalidade segundo o estilo de São João de Deus que eles

receberam. Quando refletimos sobre a jornada de João, em Granada, e vemos o que aconteceu

quando João se tornou hospitalidade para os outros à maneira do bom Samaritano: toda a cidade

se transformou, deixando de ser egoísta, violenta e polarizada, e tornando-se num tipo de

comunidade que cuida dos seus membros mais fracos.

Às vezes, precisamos de ser mais assertivos

Conhecendo o poder do carisma da hospitalidade para transformar individualmente os

Hospitaleiros, como se evidencia pela vida e morte dos nossos Irmãos Santos e Beatos e pelo

ambiente onde ele é vivido, por exemplo, em Granada, mas também hoje em muitas partes do

mundo onde a hospitalidade João do Deus é vivida com entusiasmo, paixão, criatividade e amor

pelos membros da Família de São João de Deus, sinto uma grande pena ao ver que nalgumas

partes há oportunidades que são desperdiçadas. Não digo que isso aconteça voluntariamente,

mas talvez por falta de atenção, de reflexão, de assumir riscos, de desafiar a status quo e talvez

por faltar aquela paixão que dá origem a uma determinação capaz de defender, com sacrifício e a

todo o custo, os direitos das pessoas pobres e marginalizadas.

Por vezes, temos de nos tornar impopulares e incómodos por falarmos em nome dos pobres;

somos chamados a ser a voz dos que não têm voz, mesmo quando isso implica pormos em risco a

nossa reputação e, por vezes, até a nossa vida. Na maioria dos casos, as pessoas desesperadas

gritam por socorro, mas ninguém as escuta. Algumas recusam-se a ouvi-las temendo que o que

ouvem imponha exigências às quais não estão dispostas a responder. Do mesmo modo que as

autoridades judaicas quando Estêvão proclamava a palavra de Deus, elas fecharam os ouvidos

com as mãos.26 Às vezes, deixaram esfriar o seu coração. E, contudo, “a presença de pessoas que

sofrem desperta frequentemente nos nossos corações endurecidos uma ternura que nos abre à

salvação”,27 afirmou o Santo Padre durante a sua visita ao nosso Instituto, em Madrid.

A hospitalidade exige não só que sejamos defensores, mas também que procuremos fazer com as

pessoas ouçam – que as molestemos para que elas façam aquilo que a sua responsabilidade cristã

ou humana as obriga a fazer, especialmente os políticos, os líderes da Igreja e os governos. “A

verdadeira medida da humanidade”, afirma o Papa Bento XVI, “é essencialmente determinada em

relação ao sofrimento e à pessoa que sofre... Uma sociedade incapaz de aceitar os seus membros

que sofrem e que não consegue ajudar a partilhar o seu sofrimento e a apoiá-los interiormente,

25

Ef 3,18. 26

Ver Act 2, 9-11. 27

Papa Bento XVI, Jornadas Mundiais da Juventude, Madrid, 20 de agosto de 2011.

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através de “compaixão”, é uma sociedade cruel e desumana”.28 Acho que, por natureza, como

Irmãos, somos algo relutantes em falar, preferimos recorrer a vias diplomáticas, manter boas

relações com as autoridades locais… e não há dúvida que, no passado, essa atitude funcionou em

muitos casos.

Mas… que dizer de hoje? Quando chegam os cortes, os primeiros a sofrer são os pobres, os

menos favorecidos e as pessoas que alguns consideram de pouco valor ou menos válidas para a

sociedade. Basta pegar num jornal qualquer de hoje e não faltam exemplos disto. Recordo-me de

ler lido recentemente sobre um casal de idosos que tinham de apoiar os seus filhos e os filhos dos

seus filhos que estavam desempregados. Às vezes, temos que fazer também nós como fez João de

Deus com o corpo do homem morto que encontrou na rua Horno de la Marina: levar o sofrimento

dos pobres ao conhecimento de todos aqueles que têm recursos e autoridade para tomarem

decisões, e repetir-lhes as palavras de João de Deus: “você tem tanta responsabilidade como eu”

para com estas pessoas. Por isso, vamos trabalhar juntos para lhes dar a sua dignidade e a

esperança num futuro melhor. Deixamo-nos acomodar, tornamo-nos tão submissos e tímidos

quando se trata de erguer a voz em defesa dos direitos dos pobres e dos marginalizados?

Tornamo-nos politicamente corretos de forma exagerada? Peço desculpa se alguém julga neste

momento que estou a falar da sua situação particular: não é minha intenção causar embaraço a

ninguém, especialmente àqueles – e são muitos – que se encontram em situações desesperadas e

procuram com grande esforço ser verdadeiros filhos e filhas de João de Deus.

Gostaria de acrescentar agora que há outras razões válidas que explicam por que alguns dos

nossos hospitais bem geridos estão em crise. Há influências externas que afetam negativamente

as nossas instituições. A crise económica globalizada, para referir apenas a mais grave e atual, está

a ter efeitos devastadores sobre muitas instituições de saúde e sociais geridas por religiosos,

incluindo a nossa. Como escrevi na minha recente Carta circular, “Não neguemos o nosso apoio a

quantos dirigem e administram os nossos centros nestes tempos difíceis e incertos. Todos

devemos trabalhar juntos para garantir que a obra de João de Deus continua mesmo se for

necessário fazer cortes e com limitações em determinados serviços. Em muitos aspetos, esta crise

não tem precedentes; por isso, é importante que todos estejamos dispostos a fazer os sacrifícios

necessários para salvaguardar a qualidade dos serviços prestados aos utentes e garantir os postos

de trabalho”.29

Exige-se um novo pensamento com imaginação

Como disse acima, até há cerca de 40 anos, atuávamos num ambiente compacto, independente,

quase autónomo, ou seja, no “Hospital mosteiro”, prestando serviços relativamente simples, mas

valiosos, às pessoas doentes e pobres. Os Irmãos detinham todo o controle e realizava um serviço

fantástico, com muito sacrifício pessoal, que aceitavam voluntariamente como parte da sua

vocação que os fazia Irmãos de São João de Deus. E, mesmo nesse contexto, os Irmãos foram

28

Bento XVI, Spe Salvi, 38. 29

Carta circular de 30 de julho de 2012, Preâmbulo.

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pioneiros em muitas áreas da saúde e da assistência social. Eis porque a Ordem é tão estimada em

muitos países.

Relativamente à missão, realizámos uma mudança radical nos lugares em que exercemos o nosso

ministério, quanto ao tipo de serviços prestados, com um fenomenal aumento do número de

pessoas pobres, doentes e necessitados que deles beneficiam. Não só mudámos nós, mas também

mudou a maneira como o hospital moderno é gerido. Estamos a viver numa sociedade altamente

competitiva, onde o hospital, sendo governado por equipas, se tornou uma indústria

financeiramente lucrativa altamente especializada. O futuro dos serviços de saúde, segundo o Dr.

Crosby, diretor da American Hospital Association, é a “obtenção de serviços de saúde por menos

compradores mais amplamente organizados”. O hospital moderno é um estrutura bem gerida e de

alta tecnologia. Tendo em conta esta realidade, como podemos nós ter impacto social nas áreas

da saúde e da assistência social?

Deixando de lado, por enquanto, a questão de saber se a Ordem tem ou não futuro como gestora

de grandes e complexos hospitais neste tipo de ambiente – esta é uma questão destinada a

continuar a ser objeto de debate – a resposta seria, provavelmente, negativa Todos os indicadores

apontam para o facto de os religiosos não estarem envolvidos na gestão de grandes instituições,

pelo menos não da mesma forma que o fizeram no passado. Já há religiosos que estão a entregar,

ou a vender, as suas grandes instituições a outros organismos ou entidades.

Como disse antes, em vez de vender os nossos centros ou de os entregar a outras entidades, a

nossa Ordem optou por constituir as suas obras apostólicas de uma Província, a Província de S.

João do Deus da Europa Ocidental, numa entidade de direito público (Pessoa Jurídica Pública),

chamada “Ministérios Hospitaleiros de S. João do Deus”. Esta entidade tem a aprovação do

Definitório Geral e da Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida

apostólica. As cinquenta e três obras e ministérios que agora fazem parte da nova PJP pertenciam

antes à Província de S. João de Deus da Europa Ocidental. Na correspondência relativa à

aprovação, a Congregação afirma: “Este pedido foi preparado com visão de futuro e cuidado. É

evidente, com base nos estatutos e outros documentos, que a Ordem, como entidade participante,

pretende manter uma relação positiva e de colaboração com os membros que vão assumir as

responsabilidades canônicas pelos ministérios hospitaleiros de S. João do Deus, para a prossecução

da missão de Jesus Cristo na Igreja, ajudando os doentes e os necessitados, optando

preferencialmente pelos mais pobres.30

Futuramente, outras Províncias poderão desejar integrar esta recém-criada PJP ou criar o seu

próprio tipo de estrutura para garantir a continuação da obra de São João de Deus como

ministério da Igreja no futuro. Obviamente, essas “novas” estruturas deverão obter a aprovação

do Definitório Geral e, dependendo da respetiva tipologia, da Congregação para os Religiosos. A

Província da Oceânia, por exemplo, já aderiu a uma existente Pessoa Jurídica Pública, criada pelas

Irmãs de São João de Deus.

30

Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica, Carta de apresentação da aprovação, 20 de julho de 2012.

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32

Em geral, pode-se afirmar que, independentemente das mudanças estruturais ou do estilo de vida

que venham a ocorrer nos próximos anos, os religiosos vão continuar a estar do lado dos pobres,

envolvidos em questões de justiça, em temas sociais e comunitários, na proteção do ambiente,

trabalhando com os pobres e os marginalizados, e defendendo-os. Os religiosos vão fazer isso a

título individual, como comunidades, a nível intercongregacional e, obviamente, com os leigos e

outras pessoas de boa vontade que partilhem as suas ideias.

18. É necessária uma mudança radical

A menos que haja uma mudança radical e filial na estrutura de gestão, uma mudança na

mentalidade de alguns Irmãos, uma mudança de atitude em relação à modernidade e uma

renovada paixão pela missão, pela obra de São João de Deus, se não houver tudo isso, a Ordem

deixará de estar presente nalguns países daqui a pouco tempo.

Gostaria de citar uma passagem de um livro escrito por uma socióloga sobre modernidade e

mudança, que me parece pertinente para a situação em que nos encontramos hoje.

“A experiência da modernidade atravessa as fronteiras nacionais. Independentemente

de onde ela ocorre, a modernização tem certas consequências inevitáveis. Viver numa

sociedade moderna significa viver num mundo em constante mudança, em que as

forças da modernidade dissolveram antigas formas de vida social (comunitárias),

alteraram noções tradicionais de trabalho, minaram hierarquias sociais, produziram

novos espaços sociais e transformaram as mundividências, os sons e até o próprio

sabor da vida quotidiana. A modernização produz também a sua própria resposta. As

sociedades em vias de rápida modernização têm inevitavelmente os seus críticos:

pessoas que, por uma variedade de razões, se opõem à miríade de alterações que

acompanham esse processo. Rejeitando o presente, estas pessoas recusam os tempos

modernos, refugiam-se muitas vezes num passado idealizado, sonhando com aquilo

que consideram ser uma maneira de viver mais simples e mais pura”.31 As afirmações

desta citação parecem-me relevantes para a situação em que nos encontramos

atualmente.

A menos que nos empenhemos seriamente no aggiornamento pedido pelo Concílio Vaticano II,

a decisão de mudar não nos pertencerá a nós: serão os outros a tomá-la por nós. Por isso, este

Capítulo Geral deve assumir uma mudança radical na forma como a Ordem é estruturada e

governada. Não pode ser uma ocupação, um negócio, como de costume; estamos numa realidade

caótica, totalmente secularizada, onde Deus, a religião e os religiosos estão a tornar-se cada vez

mais irrelevantes e, em alguns lugares, marginalizados. Velhos hábitos, velhas atitudes, a mesma

velha linguagem não provocarão a mudança radical que o Concílio Vaticano II pediu e que o

trabalho de evangelização exige de nós hoje. Qual vai ser a nossa?

31

DELANEY, Jeane, St. Olaf and Carleton Colleges, Making Sense of Modernity: Changing Attitudes toward the Immigrant and the Gaucho in Turn-of-the-Century Argentina.

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33

19. Moldar um futuro diferente

É óbvio que os tempos em que vivemos atualmente não têm precedentes em termos de

mudanças e desafios. Encontramo-nos a viver depois do Concílio Vaticano II: quando ele se

realizou, os Hospitaleiros atuais, na sua maioria, ainda não tinham nascido ou eram muito jovens.

Não tinham experimentado o sentido de “autossuficiência”, em termos de grandes comunidades

capazes de gerir os nossos hospitais e centros. Atualmente, os Irmãos são poucos, com idades

avançadas e pouca visibilidade social. Há o perigo, especialmente para os jovens envolvidos em

ativismo, de um enfraquecimento do sentido de comunidade e da vida espiritual. Um estilo de

vida que não esteja solidamente alicerçado numa profunda vida de oração acabará

inevitavelmente por provocar uma “anemia evangélica” ou falta de fervor evangélico.32

Os nossos ministérios estão a ser prosseguidos hoje no espírito e na forma de São João de Deus

pelos nossos colaboradores. Trabalhámos arduamente para que isso acontecesse; onde podemos

verificar que isso acontece, alegramo-nos e sentimo-nos felizes por isso. Visitemos qualquer um

dos nossos hospitais, centros, escolas especiais, albergues noturnos, lares para idosos e veremos

que em todos eles os colaboradores, talvez alguns Irmãos já com bastante idade ou porventura

nenhum, é que são os protagonistas. E tudo é realizado na forma e no espírito de São João de

Deus.

O papel dos Irmãos

Mas qual é, então, o papel do Irmão? – perguntam muitos. Como já disse, o número de religiosos

continuará a diminuir, alguns institutos religiosos irão desaparecer, outros irão renovar-se e ser

relançados com o fervor do fundador. E continuam a surgir novos institutos e outros movimentos

leigos dentro da Igreja. Para encontrar a resposta à pergunta – qual é o papel da vida religiosa,

hoje e no futuro? –, precisamos de retornar à Sagrada Escritura, precisamos de voltar à Palavra de

Deus, precisamos de voltar a Jesus. A nossa vocação como Irmãos religiosos consiste em dar

testemunho e partilhar a experiência de Deus com os outros. As pessoas precisam de ouvir, estão

sedentas de conhecer o Deus de Jesus. É este o dom que temos para compartilhar.

Mas, para termos algo que valha a pena partilhar com os outros, é necessário primeiro que nós

mesmos sejamos homens de oração, homens habituados a passar tempo com Deus em oração,

como Jesus e João de Deus nos mostraram. Os Irmãos precisam de mostrar fervor, intensidade na

oração, radicalidade evangélica e serviço missionário intenso.33 Somos chamados a ser um novo

tipo de Igreja, verdadeiramente centrada na visão radical e perturbadora de Jesus... É esta a única

maneira de garantir um futuro de esperança.34 Deixemo-nos encorajar pelas palavras que o Papa

Bento XVI dirigiu aos Irmãos e às pessoas que se dedicam à assistência aos doentes e aos

32

Mons. Ricardo Ezzati, Arcebispo de Santiago do Chile, Discurso à 79ª Assembleia semestral da União de Superiores Gerais, Roma, 23 de maio de 2012.

33 Ibidem.

34 PINTO, Philip, CFC, Conference Papers, Conferência dos Religiosos da Irlanda (CORI), Comunicação de 7 de maio de

2011.

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34

necessitados, ao afirmar: “as vossas vidas e o vosso serviço comprometido proclamam a grandeza

à qual todo o ser humano é chamado: mostrar compaixão e preocupação amorosa perante os que

sofrem, como fez o próprio Deus. No vosso nobre trabalho, ouvimos um eco das palavras

encontradas no evangelho: «Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus

irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40)”.35

Nisto consiste a nossa vocação: demonstrar um novo modelo de Igreja, uma igreja que seja uma

comunidade e cujos membros estejam em comunhão uns com os outros e em comunhão com o

mundo e com tudo o que nele existe. Julgo que, no futuro, os Irmãos não estarão em cargos

administrativos ou de gestão, mas irão desempenhar o papel de assessores, conselheiros,

orientadores, companheiros dos colaboradores aos quais caberá desempenhar o papel principal

de liderança principal. Sendo uma parceria, seremos co-missionários; é isto que define o

relacionamento dentro da Família de S. João do Deus. Os Irmãos estarão disponíveis para os

colaboradores que têm responsabilidades em áreas específicas, por exemplo, na educação, na

formação permanente dos colaboradores, e disponíveis para servir em situações onde é

importante a presença de um Irmão. Acima de tudo, todos os Irmãos irão dar testemunho de

Cristo compassivo ao lado do irmão e irmã que está a sofrer por qualquer motivo. Será este por

excelência o lugar e será esta a vocação profética do Irmão de São João de Deus. Seguindo o

exemplo do nosso fundador, o Irmão deveria manifestar uma grande alegria, ser atencioso para

com os irmãos e irmãs mais desfavorecidos e sós, com preferência pelos mais fracos, expressando

a infinita misericórdia de Deus, com palavras de esperança tranquilizadoras.36

A aresta de corte

O nosso lugar em termos de missão na Igreja, como Irmãos de São João de Deus, não é no

centro, mas, sim, na vanguarda, na periferia, na interface com a humanidade em todas as suas

complexidades, disfuncionalidades e crueldades. O lugar do Irmão de João de Deus atual é no meio

da humanidade que sofre. Muitos religiosos têm de procurar estes irmãos e irmãs; e nem

precisamos de o fazer, pois muitos deles vêm ter connosco. Encontrámo-los todos os dias nas salas

de espera dos hospitais, nos centros e serviços ou na Comunidade, ou na comunidade mais vasta,

quando nos abrimos às pessoas nas suas próprias casas, em albergues noturnos, nos centros para

imigrantes, nos serviços que distribuem refeições aos pobres, e assim por diante.

Ocasionalmente, ouvimos perguntar: que irá o Irmão fazer, se não tiver um cargo de chefia? Penso

que Castro nos dá a resposta, dizendo-nos algo sobre o qual convém que todos nós reflitamos. Ele

afirma: “Ocupava-se todo o dia em diversas obras de caridade, e, à noite, quando regressava a

casa, por mais cansado que viesse, nunca se recolhia sem primeiro visitar todos os enfermos, um

por um, e sem lhes perguntar como tinham passado, como estavam, de que precisavam, e, com

palavras muito amoráveis, confortava-os, espiritual e corporalmente”.37 Quando estes Irmãos e

35

Bento XVI, Discurso no Instituto de San José, Madrid, agosto de 2012. 36

Ver Santo Agostinho, Carta 95, 1 – PL 33, 351-352. 37

CASTRO, Francisco de, História da vida e obras de S. João de Deus, Braga 1982, XIV, 2.

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35

irmãs a sofrer se dirigem a nós, quem encontram? Um outro Jesus, uma pessoa como João de

Deus? Vejo possibilidades maravilhosas para novas iniciativas em termos de ministério, não

necessariamente de natureza institucional. Existem muitos exemplos de Irmãos que já estão a

tomar iniciativas para estarem com os pobres e oferecerem hospitalidade a uma comunidade mais

vasta. É necessário incentivar estas iniciativas e, se houver uma integração adequada dos

colaboradores na missão, isso liberta os Irmãos para fazerem outras coisas além das que já referi –

por exemplo, para se dedicarem a tempo inteiro à promoção do nosso modo de vida na Igreja, de

que há uma necessidade muito grande.

Algo belo para partilhar

Nos dias de hoje, as pessoas precisam de experimentar a hospitalidade à maneira de João de

Deus. Como podemos partilhar isso com outras pessoas de uma forma nova? Os jovens de hoje

estão ansiosos e têm sede de espiritualidade. Acho que a espiritualidade hospitaleira à maneira de

S. João do Deus ajudaria a preencher um vazio que muitos sentem nas suas vidas. Como fazer com

que este “tesouro” esteja disponível para os jovens e os menos jovens de hoje? Isso pode servir

como um fórum para uma “nova evangelização”. Em termos de promoção do nosso modo de vida

como Irmãos religiosos na Igreja, afigura-se que as formas do passado estão ultrapassadas quando

selecionamos o melhor, o mais brilhante e o mais comprometido de um laicado católico forte para

a vida religiosa e para o sacerdócio. Um primeiro passo na promoção de vocações nos dias de hoje

pareceria ser a evangelização e, a partir dela, alguns sentir-se-ão chamados para o seguimento

radical de Cristo, como Irmãos de João de Deus.

20. Conclusão

Referi-me a uma grande quantidade de assuntos e temas, cheios de significado, com tantos

motivos para uma celebração alegre. Destaquei também áreas onde vejo a necessidade de uma

renovação mais profunda, oportunidades de crescimento com a expansão da sagrada missão da

hospitalidade que nos foi confiada. Partilhei também algumas preocupações que sinto devido a

uma insuficiente perceção que observei na maneira como a missão ou a obra de São João de Deus

está a ser realizada. Não estou a imputar culpas, mas sim a apelar à ajuda no sentido de um novo

pensamento criativo, de novas estruturas que irão proteger e relançar a missão da hospitalidade

no futuro. A parábola de odres novos para vinho novo aplica-se aqui; caso contrário, o vinho novo

que é a hospitalidade de João de Deus perder-se-á para as gerações futuras,38 o que seria uma

perda verdadeiramente grande para a Igreja e para a humanidade que sofre.

Foram seis anos intensos, de muita atividade, mas também um período muito agradável na minha

vida. Não consigo encontrar palavras para expressar o grande privilégio que foi para mim ser

chamado a servir a Ordem como Superior Geral. Lembro-me de como me senti inadequado e

pobre no momento da minha eleição, há seis anos, e ainda hoje sinto o mesmo, perante tão alta

escolha e tamanha responsabilidade. Com essa perceção, desde o início coloquei o meu

generalato sob a proteção e a orientação de Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho, e do nosso

38

Ver Mt 9, 14-17; Mac 2, 21-22; Lc 5, 33-39.

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36

Pai, S. João de Deus. Senti a sua presença constante junto de mim e senti-me seguro de que eles o

iriam proteger e que as coisas iriam funcionar da melhor forma relativamente à missão da Ordem,

ou em termos pessoais, mesmo se as minhas limitações eram evidentes. Questões que eu era

incapaz de resolver ou me sentia impreparado, acabavam por encontrar a melhor solução. Tive

total confiança na presença e na orientação do Espírito Santo em todos os aspetos da minha vida e

do meu ministério. Passei a primeira hora de cada dia em oração. Sei muito bem que esta é a

única maneira em que posso estar aberto ao que o Espírito de Deus quer de mim durante o dia

que acaba de começar. Com esta confiança, sabia que, independentemente da gravidade e

importância de cada desafio, o Espírito Santo me iria orientar e ajudar em tudo, e nunca me

abandonou – que o seu nome possa ser sempre louvado e glorificado.

Temos uma equipa muito trabalhadora e cheia de boa vontade na Cúria Geral – os Conselheiros

Gerais e os colaboradores dos diferentes escritórios da Cúria, desempenharam um papel

indispensável no sentido de garantir que a Ordem fosse servida da melhor maneira possível.

Aos Superiores das três comunidades, Ir. Innocenzo Fornaciari, Ir. Benigno Ramos Rodriguez e Ir.

Rafael Cenizo Ramirez, bem como às comunidades da Cúria Geral, da Ilha Tiberina e do Vaticano,

desejo manifestar os meus sinceros agradecimentos. Ao Dr. Carlo M. Cellucci, diretor do Hospital

da Ilha Tiberina e à sua equipa, um sincero muito obrigado pela sua dedicação, visão e

empenhamento – especialmente nos últimos tempos em que o hospital enfrenta tantos desafios.

Mais uma vez, dirijo uma palavra especial de apreço e agradecimento aos membros da equipa da

Cúria, sem a ajuda dos quais bem pouco se poderia fazer: ao Secretário Geral, Ir. José Maria

Chavarri; ao meu secretário pessoal, Ir. Gian Carlo, ao senhor Klaus Mutschlechner, à senhora

Silvia Farina, ao Ir. Moses Martin, ao senhor Pedro Cacciarelli, à senhora Chiara Donati, ao senhor

Augusto Fabbroni e ao senhor Marco Ceccarini – todos trabalharam muito, verdadeiramente. E

não posso deixar de agradecer ao pessoal da nossa ótima e paciente agência, que fielmente serve

a Ordem com tão grande diligência e amor.

As minhas sinceras desculpas pelas minhas falhas, que são muitas, e pelas quais peço perdão se,

involuntariamente, ofendi ou magoei alguém, de qualquer maneira. Peço também perdão se não

consegui cumprir o mandato que me foi confiado no Capítulo Geral de 2006 para o melhor

benefício da Ordem. Assumo totalmente a responsabilidade pelas decisões tomadas e pelo modo

como foi conduzido nos últimos seis anos o trabalho de animação da Ordem. Se alguém ficou

desiludido porque não consegui guiar a nossa Ordem com maior clareza e precisão no caminho da

renovação, de acordo com o espírito e os ensinamentos do Concílio Vaticano II, peço desculpa.

Agradeço a Deus todos os dias e rezo pelos maravilhosos Hospitaleiros que, diariamente, em

todo o mundo, dão continuidade à obra de São João de Deus com grande empenho, apoiados por

dezenas de milhares de benfeitores e amigos. Da mesma forma, e especialmente, peço

diariamente nas minhas orações que todos aqueles que se encontram algum centro ou serviço de

São João de Deus experimentem, através da forma como são servidos por seguidores de João, o

grande amor que Deus tem por eles e que essa experiência lhes dê coragem, esperança e seja um

catalisador para a mudança nas suas vidas, de acordo com o plano que Deus tem para cada um.

Mais uma vez, obrigado pelo privilégio de servir a nossa amada Ordem desta forma.

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37

Apêndice 1

A Congregação dos Irmãozinhos do Bom Pastor

(Little Brothers of the Good Shepherd – LBGS)

Alguns fatos históricos

Apresento aqui algumas breves informações relacionadas com a Congregação e remeto aqueles

que desejarem mais informações para o site da Congregação: www.lbgs.org. A Congregação dos

Irmãozinhos do Bom Pastor (LBGS) é um Instituto de Irmãos religiosos de direito pontifício, cujos

membros professam os votos canónicos, públicos, de castidade, pobreza e obediência. Os Irmãos

vivem em comunidade, e administram e gerem uma variedade de serviços sociais e ministérios

relacionados com a saúde destinados aos pobres e necessitados nos Estados Unidos, Canadá,

Inglaterra, Irlanda e Haiti.

O fundador da Congregação: Irmão Mathias Barrett

A Congregação foi fundada em 19 de janeiro de 1951, em Albuquerque, no estado americano do

Novo México, pelo Ir. Mathias Barrett, um antigo Irmão de S. João do Deus que pertencia à

Província Irlandesa. O Irmão Matthias, figura carismática, encontrava-se em missão nos EUA,

tendo ido da Província Irlandesa, quando se sentiu chamado a servir as pessoas mais pobres e

abandonadas de uma forma que não estava prevista na nossa legislação naquele tempo. Com

alguma relutância, o Ir. Matthias pediu dispensa dos votos religiosos a fim de traduzir em prática a

sua visão daquela forma de exercer o ministério. Mesmo tendo sido dispensado de seus votos

como Irmão de São João de Deus, o Ir. Mathias continuou a ser sempre um verdadeiro filho e

seguidor de São João de Deus. E levou fielmente a cabo o seu sonho e a sua visão de servir os mais

pobres de entre os pobres da sociedade.

A inspiração original do Irmão Matthias era servir Jesus Cristo na pessoa dos pobres,

desamparados e de quem precisasse de ajuda. Esta visão continua a motivar todos aqueles que

partilham a vida, a missão e o ministério dos Irmãos do Bom Pastor. O espírito e o carisma dos

Irmãozinhos do Bom Pastor são idênticos aos da Ordem Hospitaleira de S. João do Deus. Os Irmãos

na Congregação são 27 e têm formas de apostolado a “prosperar” por toda a América do Norte,

em Haiti, na Irlanda e na Inglaterra, financeiramente ativos graças a uma boa gestão, ao apoio do

governo, subsídios e à ajuda de benfeitores. Os Irmãos são auxiliados no seu ministério por um

grande número de colaboradores e voluntários.

Laços estreitos

Houve sempre uma estreita relação fraterna entre os Irmãos do Bom Pastor e os Irmãos

Hospitaleiros de S. João do Deus nos Estados Unidos e, especialmente, no Canadá. A Congregação

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foi afiliada à Ordem em 2008 e, desde então, os contatos têm-se intensificado entre os membros

de ambos os institutos. Posteriormente, o Superior Geral da Congregação, Ir. Justin Howson,

abordou o Ir. Donatus, Superior Geral, sobre a possibilidade de desenvolver laços mais próximos

com a nossa Ordem. Os contactos intensificaram-se ao longo dos anos e, ao olharem para a sua

realidade presente e futura como pequena congregação, colocou-se a questão da possível “fusão”,

ou agrupamento, dos Irmãozinhos do Bom Pastor com a Hospitalários de São João de Deus.

Os Conselhos Gerais de ambos os institutos decidiram intensificar os contactos entre os Irmãos do

Bom Pastor e os Irmãos de São João de Deus. Alguns nossos Irmãos participaram na assembleia

geral da Congregação, em 2011. No passado mês de novembro, alguns membros do Definitório

Geral dos Irmãozinhos do Bom Pastor e representantes do nosso Definitório Geral, entre os quais,

eu próprio, realizaram uma reunião de dois dias, em Dublin. Partilhámos informações e ouvimos a

apresentação, por um membro do Conselho Geral, da experiência das Irmãs Hospitaleiras do

Sagrado Coração de Jesus com as Irmãs de Santo Agostinho, quando estas pediram para se unirem

com as Irmãs Hospitaleiras e do processo que conduziu à respetiva fusão.

Houve depois uma reunião exploratória de dois dias, na Cúria Geral, em Roma, em março deste

ano, entre os Definitórios Gerais de ambos os institutos. Nessa reunião participaram também

representantes da Província da Europa Ocidental e a Ir.ª Mary Wright, da Congregação para os

Institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica. Esse encontro teve caráter

informativo e foi muito útil para todos os participantes.

Próximas etapas do processo

Posteriormente, os Irmãozinhos do Bom Pastor realizaram o seu Capítulo Geral, em junho de 2012,

e aprovaram uma resolução, por unanimidade, no sentido de iniciarem um processo que

conduziria à “fusão” com a Ordem Hospitaleira de São João de Deus. Alguns Irmãos da nossa

Ordem participaram nesse Capítulo dos Irmãozinhos do Bom Pastor, como convidados, e

mantiveram conversações relacionadas com a nossa Ordem. O Secretário Geral, Ir. José Maria

Chavarri, que representava o Superior Geral, respondeu a diversas questões relacionadas com o

direito canónico, os votos, etc., colocadas por alguns membros do Capítulo. No dia 12 de agosto

de 2012, todos os Irmãozinhos do Bom Pastor (por unanimidade) assinaram um documento a

declarar a própria vontade de se juntarem à Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.

Consulta

Conforme prescrito pelo direito da Igreja, foi realizada uma “consulta” aos Superiores Maiores da

Ordem e houve aprovação unânime para prosseguir com o processo.

Após este capítulo, será constituída uma Comissão mista para elaborar um programa de alguns

anos, que permitirá apoiar e facilitar a "plena integração" dos Irmãozinhos do Bom Pastor na nossa

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Ordem. Para mais informações, podem falar diretamente com os Irmãozinhos do Bom Pastor

presentes neste nosso Capítulo ou consultar o já referido site: www.lbgs.org.

Preparado por

Ir. Donatus Forkan, O.H.

Superior Geral

Apêndice 1 [Continuação]

Irmãozinhos do Bom Pastor – Estatísticas 1. Número de Irmãos professos: 29

Noviços: 1 Associados: 1 (Postulante)

2. Pessoal: Funcionários/Voluntários Ministérios do Bom Pastor

Toronto, Canadá Funcionários: 78 Voluntários: 8.000 Centros do Bom Pastor

Hamilton, Canadá: Funcionários: 215 Voluntários: 4.325 Centros do Bom Pastor sem fins de lucro Funcionários: 175 Voluntários: 2 Centros do Bom Pastor: Funcionários: 110 Voluntários: 0 Centro do Bom Pastor de Hamilton, Canadá: Funcionários: 9 Voluntários: 12 Albuquerque, Novo México – E.U.A.

Centros de Saúde Camillus House Miami, Flórida (EUA) Funcionários: 135 Voluntários 4.600 Centro de Saúde Casa S. Camilo Funcionários: 50 Voluntários: 0 Quinta do Bom Pastor de Momence (EUA) Funcionários: 160 Voluntários: 290

Total: Funcionários 932 Voluntários: 17.229 3 . Endereços das residências comunitárias e dos Centros Albuquerque Novo México

Villa Mathias – 901 Brothger Mathias Place – NW Albuquerque, New Mexico 87102

Good Shepherd Centre – 218 Iron Street – Albuquerque, New Mexico 87102

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Haiti

Sheepfold of the Good Shepherd – Demas 48, Rue Merisier et Ortolan 10 – Port-au-

PRINCE, P.O. Box 13490

Hamilton, Ontário

Harbinson House – 26 Grant Avenue – Hamilton, Ontario L8N 2X5

Brother Holiday Home – 2892 North Shore Drive – Dunville, Ontário

Good Shepherd Centre, Administrative Offices – 143 Wentworth Street – South Hamilton,

Ontario L8N 2Z1

Development Office – 10 Dekaware Street – Hamilton Ontario

Good Shepherd Family Centre – 143 WentworthStreet – South Hamilton, Ontário L8N 2Z1

Emmanuel House – 90 Stinson Street – Hamilton, Ontário L8N 1S2

Good Shepherd Mens Centre – 135 Mary Street – P.O. Box 1003 – Hamilton, Ontário L8n

3RI

Martha House – 30 Pearl Street North – Hamilton, Ontário L8R 2y8

Mary’s Place – 30 Peral Street North – Hamilton, Ontário L8r 2y8

Outreach Services for Women and Children – 30 Peral Street North – Hamilton, Ontário,

L8R 2y8

Brennan House – 614 Kings Street East – Hamilton, Ontário,L8n 1E2

Emmanuel Place (Good Shepherd Non Profit Houses) – 35 Akin Avenue, Hamilton, Ontário

L8M 3M8

Good Shepherd Works – 35 Akin Avenue – Hamilton, Ontário L8M 3M8

Good Shepherd Family Services – 120 Cannon Street – Hamilton, Ontário L8H 5W8

Taylors Apartments – Locke Street – South Hamilton, Ontário L8R 2B2

Mathias Place – 369 Main Street West – Hamilton, Ontario,L8P 1k3

Ken Sobel Apartments – 500 MacNab Street North 1st Floor – Hamilton, Ontário,L8L 1L8

Barrett Centre for Crisis Support – 126-128 Emerld Street – South Hamilton Ontário L8X2S8

H.O.M.E.S. Program – 18 West Avenue – South Hamilton, Ontário L8L 5B8

Mc Cinnty House – 131 Catherine Street – North Hamilton, Ontário L8R 115

Angela’s Place Support Housing for young Parents – 320 Tragina Avenue – North Hamilton,

Ontário.

MIAMI (EUA)

Visitation House – 680 N.E. 52nd Street – Miami, Florida 33137

Camillus House/Camillus Health Concern Clinic – 336 N.W. – 5th Street Miami – Florida

33128

Good Shepherd Manor – 4129 North State Route 1-17 – P.O. Box 260 – Momence, Illinois,

60954

Community Development Office – Good Shepherd Manor – 4129 North State Route 1-17

P.O. Box 736

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TORONTO – Canadá

Somerville House – 57 Winchester Street – Toronto, Ontário, MAX IA8

Good Shepherd Centre – 412 Queen Street East – Toronto, M5A IT3

Good Shepherds Cares – 146 Parliament Street – Toronto, Ontario, M5A 4H5 2ZIydenham

Street Street Toronto, Ontário

Barrett House – 35-37 Sydenham Street – Toronto, Ontário M%A 4H5

St. Joseph’s Residence, Brother Jospeh Dooley Apartments, 4th Floor – 10 Tracy Street –

Toronto, Ontário MsA 4 P2

Good Shepherd Non Profit Home Br Joseph Dooley Aparts – 10 Tracy Street – Toronto,

Ontario M5 A 4P

Good Shepherd Non Profit Homes – Macneil House – 205 Gerrard Street East – Toronto,

Ontário M5A 2E7

Good Shepherd Non-Profit Homes – H.O.S.T. Project Team, Suite 315 – 550 Queens Street

– East Toronto, Ontario MSA IV2

Inglaterra

Wolverhampton (Inglaterra)

Montini House – 2 Richmond Rd – Wolverhampton – West Midlands WV£ 9HY

Irlanda

Good Shepherd Parochial House – Keenagh, Ballina, Co Mayo – Irlanda

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Apêndice 2

Comissões

Comissão para a revisão dos Estatutos Gerais

O LXVI Capítulo Geral de 2006 aprovou uma proposta para que os Estatutos Gerais da Ordem

fossem revistos. O Definitório Geral formou uma Comissão internacional para realizar este

trabalho. O esboço dos “Estatutos Gerais revistos” foi aprovado pelo Definitório Geral e

apresentado ao Capítulo Geral Extraordinário de 2009 para aprovação.

Membros da Comissão:

Ir. Jesús Etayo – Presidente.

Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário

Ir. Rudolf Knopp

Ir. Vincent Kochamkunel

Ir. Victor Martín

Ir. Fintan Brennan

Ir. Alain-Samuel Jeancler

Ir. Hubert Matusiewicz

Ir. Salvino Zanon.

Comissão Geral de Bioética

No LXVI Capítulo Geral, celebrado em outubro de 2006, em Roma, a Ordem Hospitaleira

considerou necessário continuar a incentivar com maior convicção a atenção à Bioética em todas

as suas obras, tendo consciência da importância e da necessidade de formar Irmãos e

colaboradores nesta matéria, a fim de poder responder adequadamente às questões éticas que

nos são colocadas, cada vez mais frequentemente e com maior complexidade. Para isso, a Ordem

aprovou a criação de uma Comissão Geral de Bioética (CGB) para promover a sensibilidades ética

dos nossos Irmãos e colaboradores, nomeadamente através da formação, além de favorecer a

criação de Comissões de Bioética e de nos comprometermos ativamente para aconselhar e

coordenar, a nível geral, todas as questões com ela relacionadas. Especificamente é esta a tarefa

confiada pelo Capítulo que constitui a missão e o objetivo fundamental da CGB.

Membros da Comissão:

Ir. Jesus Etayo – Presidente.

Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário.

Ir. Elia Tripaldi

Ir. John Conway

Ir. Andres Sene

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Sra. Anna Plunkett

Dr. Maria Teresa Iannone

Dr. Thomas Binsak

Dr. Salvino Leone

Dr. Juergen Wallner

Dra. Silvia Oger.

Comissão Geral de Pastoral da Saúde

A Comissão Geral de Pastoral da saúde foi instituída para cumprir a decisão do Capítulo Geral de

2006, no sentido de incentivar e promover a evangelização e a pastoral em toda a Ordem segundo

as novas exigências da hospitalidade. A Comissão elaborou um Instrumentum Laboris para o

Encontro internacional da pastoral da Ordem, realizado em Roma, de 7 a 12 de novembro de

2011.

Membros da Comissão:

Ir. Elia Tripaldi – Presidente.

Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário.

Ir. Jesús Etayo

Ir. Benigno Ramos

Sra. Maureen McCabe

Sr. Gianni Cervellera

Sr. Ulrich Doblinger.

Comissão Europa

A Comissão foi instituída para a Animação da Região Europa, com os seguintes objetivos: Processo

de renovação; Livro de Formação dos Colaboradores; Definição dos Valores orientadores da

Ordem; Gestão carismática; Colaboração na investigação; Comissões interprovinciais; Pastoral;

Vocação e formação inicial; Pastoral da saúde e Bioética.

Membros da Comissão:

Ir. Rudolf Knopp – Presidente

Ir. Jesus Etayo

Ir. José Maria Bermejo, Madrid / Ir. Julian Sanchez Bravo, Sevilha (Espanha) Ir. Krzystof Fronczak, Varsóvia / Ir. Eugeniusz Kret, Varsóvia (Polónia)

Ir. Giampietro Luzzato, Milão

Ir. Laurence Kearns, Irlanda.

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o Subcomissão – «Manual Formação dos Colaboradores»

A Comissão tem tarefa da preparação do Livro de Formação dos Colaboradores da Ordem

Hospitaleira de São João de Deus.

Membros da Comissão:

Ir. José M. Bermejo/Ir. Julián Sánchez – Presidente

Ir. Paul-Marie Taufana

Dra. Giovanna D’Ari

Sra. Bridget Doogan

Dr. José María Galán

Dr. Julio Vielva

Ir. Eugeniuzs Kret.

o Subcomissão «Gestão carismática»

A tarefa desta subcomissão consiste em desenvolver um instrumento de pesquisa para medir a

presença ou ausência de centros de administração carismática na Ordem. Um pedido nesse

sentido foi apresentado ao Capítulo Geral de 2006.

Membros da Comissão:

Ir. Rudolf Knopp, Cúria Geral, Presidente

Ir. Michel Angelo Varona, Espanha / Província de Castela

Ir. Kristijan Sinkovic, Itália / Província Lombarda-Véneta

Dr. Marek Krobicki, Polónia / Província Polaca

Sra. Jane Mcevoy, Irlanda / Província Irlandesa

Dr. Gerhard Rey, Alemanha.

o Subcomissão «Renovação dos Irmãos» – Europa

Foi constituída com as seguintes finalidades:

Incentivar e promover a renovação da vida dos Irmãos e das comunidades da Ordem nas Províncias europeias, seguindo as indicações do Concílio Vaticano II e os documentos fundamentais da Ordem.

Estabelecer o modelo e as linhas de orientação para o desenvolvimento e implementação deste processo de renovação na Europa, a nível provincial ou interprovincial.

Membros da Comissão:

Ir. Jesús Etayo – Presidente

Ir. Pascual Piles

Ir. Massimo Villa

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Ir. Finnian Gallagher

Ir. Eduard Bauer.

Comissão «Manual do Utilizador» (Users Handbook)

Foi constituída para elaborar um documento que intitulámos “Manual do Utilizador”, para

facilitar a aplicação, no plano prático, da Carta de Identidade da Ordem.

Membros da Comissão:

Ir. Gian Carlo Lapic – Coordenador

Ir. Rudolf Knopp

Ir. Jesús Etayo

Dr. Carlo Maria Cellucci

Dr. Giovanna D’Ari,

Dr. Gianni Cervellera.

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Apêndice 3

CARTAS E CIRCLULARES DO SUPERIOR GERAL

Ir. Donatus Forkan, O.H.

2006

Sede sempre hospitaleiros – Roma, 10 de novembro de 2006

Festa do Patrocínio da Virgem Maria – Dublin, 18 de novembro de 2006

Mensagem de Natal – Roma, 1 de dezembro de 2006

Convocação dos Capítulos Provinciais – Roma, 8 de dezembro de 2006.

2007

S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2007

Páscoa 2007 – Roma, 8 de abril de 2007

África – Para todos os Irmãos – Província de Nossa Senhora da Misericórdia Delegação Geral

de S. Ricardo Pampuri; S. Bento Menni; Comunidade de São João de Deus, Mzuzu – Roma, 26

de abril de 2007

Festa de Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho – Para todos: Superiores Provinciais, Vice-

Provinciais, Delegados Gerais e Provinciais – Roma, 26 de abril de 2007

Festa de São Pedro e São Paulo – 29 de junho de 2007

Um ano depois do Capítulo Geral de 2006 – Bogotá, 10 de outubro de 2007

II centenário do nascimento de Frei João Maria Alfieri, 37.º Superior Geral da Ordem

Hospitaleira de São João de Deus (1807-1888)

Festa do Patrocínio da Bem-aventurada Virgem Maria – Roma, 17 de novembro de 2007

Natal de 2007 - Roma, 10 de dezembro de 2007.

2008

Carta pastoral para toda a Ordem – Roma, 8 de fevereiro de 2008

Apelo anual do Superior Geral – Roma, 23 de fevereiro de 2008

Festa de S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2008

Páscoa de 2008 – 23 de março de 2008

Beatificação do Ir. Ollalo Valdés – 2 de maio de 2008

Para toda a Ordem – Roma, 1 de agosto de 2008

Carta circular – Roma, 1 de novembro de 2008

A Virgem Maria, Padroeira da Ordem Hospitaleira de São João de Deus – Roma, 15 de

novembro de 2008

Natal de 2008 – 15 de Dezembro 2008.

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2009

Desta de S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2009

Apelo anual do Superior Geral – Roma, 8 de março de 2009

Páscoa de 2009 – 12 de bril 2009

Beatificação do Ir. Eustáquio Kugler – Roma, 29 de abril de 2009

Unificação das Províncias de Áustria e Boémia-Morávia – 25 de maio 2009

Festa da Natividade da Virgem Maria – Roma, 8 de setembro de 2009

Missões: para toda a Ordem – Roma, 18 de outubro de 2009

Festa da Bem-aventurada Virgem Maria, padroeira da Ordem Hospitaleira de São João de

Deus – Roma, 21 de novembro de 2009

Mensagem de Natal de 2009.

2010

Valores da Ordem – 11 de fevereiro de 2010

Apelo anual do Superior Geral – Roma, 8 de março de 2010

Festa de São João de Deus – Roma. 8 de março de 2010

Páscoa de 2010 – Roma, 4 de abril de 2010

Festa de Pentecostes – Roma, 23 de maio de 2010

Festa da Assunção de Nossa Senhora ao céu – Roma, 15 de agosto de 2010

Assembleia de Superiores Maiores: Conclusão – Roma, 2 de novembro de 2010

Festa do Patrocínio da Virgem Maria – Roma, 20 de novembro de 2010

Protocolo sobre abuso – 2 de dezembro de 2010

Natal de 2010 – Roma, 15 de dezembro de 2010.

2011

Festa de São João de Deus – Roma, 8 de março de 2011

Páscoa – Roma, 24 de abril de 2011

Festa de Pentecostes – Roma, 12 de junho de 2011

Capítulo Geral, daqui a um ano – Roma, 25 de outubro de 2011

Festa do Patrocínio da Bem-aventurada Virgem Maria – Roma, 19 de novembro de 2011

Natal – Roma, 15 de dezembro de 2011

México: uma nova estrutura – Roma, 28 de dezembro de 2011.

2012

Apelo anual do Superior Geral – 8 de março de 2012

Ano da Família de São João de Deus – Granada, 28 de Janeiro de 2012

Páscoa – Roma, 8 de abril de 2012

Festa de Pentecostes de 2012 – Roma, 27 de maio de 2012

Alguns assuntos importantes: comunicação – 30 de julho., 2012.

Carta aberta à Família Hospitaleira antes do Capítulo Geral – de setembro de 2012.

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Apêndice 4

VIAGEM APOSTÓLICA A MADRID POR OCASIÃO DA XXVI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

18-21 DE AGOSTO DE 2011

VISITA À FUNDAÇÃO INSTITUTO SÃO JOSÉ

SAUDAÇÃO DO PAPA BENTO XVI

Madrid, Sábado 20 de Agosto de 2011

Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid,

Queridos Irmãos no Episcopado,

Queridos sacerdotes e religiosos

da Ordem Hospitaleira de São João de Deus,

Distintas Autoridades,

Queridos jovens, familiares e

voluntários aqui presentes!

De coração vos agradeço a amável saudação e o cordial acolhimento que me dispensastes.

Nesta noite, antes da Vigília de oração com os jovens de todo o mundo que vieram a Madrid para

participar nesta Jornada Mundial da Juventude, temos a ocasião de passar alguns momentos

juntos e poder-vos assim manifestar a solidariedade e o apreço do Papa por cada um de vós, pelas

vossas famílias e por todas as pessoa que vos acompanham e cuidam nesta Fundação do Instituto

São José.

A juventude, como recordei outras vezes, é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a

riqueza e plenitude das suas potencialidades, incitando à busca de metas mais altas que dêem

sentido à mesma. Por isso, quando o sofrimento assoma ao horizonte duma vida jovem, ficamos

desconcertados e talvez nos interroguemos: Poderá a vida continuar a ser grande, quando irrompe

nela o sofrimento? A este respeito, escrevi na minha encíclica sobre a esperança cristã: «A

grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem

sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir,

mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo

interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Spe salvi, 38). Estas palavras reflectem uma

larga tradição de humanidade que brota da oferta que Cristo faz de Si mesmo na Cruz por nós e

pela nossa redenção. Jesus e, seguindo os seus passos, a sua Mãe Dolorosa e os santos são as

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testemunhas que nos ensinam a viver o drama do sofrimento para o nosso bem e a salvação do

mundo.

Estas testemunhas falam-nos, antes de mais nada, da dignidade de cada vida humana, criada à

imagem de Deus. Nenhuma aflição é capaz de apagar esta efígie divina gravada no mais fundo do

homem. E não só: desde que o Filho de Deus quis abraçar livremente a dor e a morte, a imagem

de Deus é-nos oferecida também no rosto de quem padece. Esta predilecção especial do Senhor

por quem sofre leva-nos a contemplar o outro com olhos puros, para lhe dar, além das coisas

exteriores que precisa, aquele olhar de amor que necessita. Mas isso, só é possível realizá-lo como

fruto de um encontro pessoal com Cristo. Bem conscientes disto sois vós, religiosos, familiares,

profissionais da saúde e voluntários que viveis e trabalhais diariamente com estes jovens. A vossa

vida e dedicação proclamam a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e

acompanhar quem sofre, como o fez o próprio Deus. E, no vosso maravilhoso trabalho, ressoam

também estas palavras evangélicas: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais

pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

Por outro lado, vós sois também testemunhas do bem imenso que constitui a vida destes jovens

para quem está ao seu lado e para a humanidade inteira. De maneira misteriosa mas muito real, a

sua presença suscita em nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que nos

abre à salvação. Sem dúvida, a vida destes jovens muda o coração dos homens e, por isso, damos

graças ao Senhor por tê-los conhecido.

Queridos amigos, a nossa sociedade – onde demasiadas vezes se põe em dúvida a dignidade

inestimável da vida, de cada vida – precisa de vós: vós contribuís decididamente para edificar a

civilização do amor. Mais ainda, sois protagonistas desta civilização. E, como filhos da Igreja,

ofereceis ao Senhor as vossas vidas, com as suas penas e as suas alegrias, colaborando com Ele e

entrando, de algum modo, «a fazer parte do tesouro de compaixão de que o género humano

necessita» (Spe salvi, 40).

Com íntimo afecto e por intercessão de São José, de São João de Deus e de São Bento Menni,

confio-vos de todo o coração a Deus nosso Senhor: Seja Ele a vossa força e o vosso prémio. Como

sinal do seu amor, concedo-vos, a vós e a todos os vossos familiares e amigos, a Bênção

Apostólica. Muito obrigado

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Apêndice 5

Atividades assistenciais da Ordem em 2011

O levantamento estatístico das atividades assistenciais da Ordem pode-se considerar completo,

embora ainda não definitivo, pois até ao fim de julho alguns centros ainda não tinham preenchido

o questionário, não obstante repetidas solicitações para que o fizessem. Consequentemente,

procedeu-se a um processamento rápido dos dados, mas não foi possível fazer uma verificação

rigorosa dos dados inseridos.

Num total de 334 estruturas presentes na Ordem, os dados elaborados referem-se aos 302

centros que forneceram informações.

A atividade hospitaleira é desenvolvida por 79 estruturas que registam um total de 15.259

lugares-cama, com quase 1 milhão de utentes.

Nas 46 estruturas relativas aos Serviços para pessoas com perturbações mentais foram referidos

9.774 lugares-cama, com 39.152 assistidos.

Nas 65 estruturas dos Serviços para pessoas com deficiência, o número de camas disponíveis

indicado é de 4.963 unidades, permitindo a assistência a 28.985 pessoas.

Nas 40 estruturas relativas aos Serviços para idosos, o número total de camas foi de 2.883 e as

pessoas assistidas foram 4.178.

Nas 32 estruturas dos Serviços socioassistenciais existiram 1.836 lugares-cama, distribuídos por

pessoas com dificuldades económicas (1.458), menores com dificuldades comportamentais /

familiares (43), pessoas com problemas de dependência (138) e casas de férias (197). O número

total de assistidos foi de 82.000.

A atividade global realizada pela Ordem, ou seja, o número total de presenças e/ou prestações

(dias de internamento, prestações de ambulatório e fornecimento de serviços heterogéneos, tais

como a distribuição de produtos farmacêuticos e de ervanária, distribuição de refeições, etc.),

aponta para um total de 25.812.611 unidades.

Todos os dias, portanto, os operadores da Ordem Hospitaleira de São João de Deus entram em

contato com mais de 70 mil pessoas, embora de modo muito diversificado (desde a assistência

médica especializada, ao fornecimento de refeições, à distribuição de medicamentos).

Os trabalhadores com contrato de trabalho e consultores (excluindo os serviços prestados por

empresas externas), atingem globalmente o número de 49.430 unidades.

Os nossos trabalhadores e funcionários são auxiliados por um número muito consistente de

voluntários, que atingem o número de 7.006 unidades, 3.833 dos quais são voluntários dos Irmãos

de S. João de Deus e 3.173 pertencentes a outras associações de voluntariado.

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INSTRUMENTUM LABORIS

LXVIII CAPÍTULO GERAL

“A Família de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade”

Fátima, 22 outubro – 9 novembro de 2012

DOCUMENTO DE TRABALHO

“O Capítulo Geral é a forma mais profunda de comunhão no carisma

da Ordem, e é o momento em que se manifesta de modo especial a colegialidade

Tem a suprema autoridade dentro da Ordem e é, por isso, o principal

responsável pela orientação do nosso Instituto na realização da missão que lhe

foi confiada pelo Espírito Santo na Igreja”.

(Constituições da Ordem, 82a)

APRESENTAÇÃO

O presente documento foi elaborado pela Comissão Preparatória do Capítulo Geral e aprovado

pelo Definitório Geral, como documento de trabalho para o próximo Capítulo. Procura captar a

realidade da Ordem e as suas ansiedades perante o futuro, manifestadas ao longo dos últimos

anos nos diferentes encontros regionais e internacionais, bem como nos documentos e reflexões

da Igreja e da Ordem. O tema A Família de S. João de Deus funciona como fio condutor ao longo

do texto, tentando aprofundar, clarificar e procurar novos horizontes para o futuro. Este

documento não se destina a ser aprovado no Capítulo; o seu objetivo consiste em facilitar a

reflexão e o trabalho do mesmo. Servirá também para o estudo e a preparação do Capítulo por

parte de toda a Família de S. João de Deus, a partir do qual ela poderá participar nele e fazer-lhe

chegar as suas ideias e propostas, através dos membros que nele tomarem parte.

O texto divide-se em duas grandes secções que recolhem as diversas áreas sobre as quais o

Capítulo irá refletir e discernir. Cada uma delas consta de três partes, a saber: 1) Definição do

tema; 2) Propostas ao Capítulo; 3) Documentos de apoio para estudo e aprofundamento do tema.

A. Identidade da Família de S. João de Deus

A.1. Família de S. João de Deus

A.2. Estrutura da Família de S. João de Deus

A.3. Identidade dos Irmãos

A.4. Identidade dos Colaboradores

A.5. Pastoral vocacional e formação dos Irmãos

A.6. Formação dos Colaboradores

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B. Missão da Família de S. João de Deus

B.1. Identidade e missão dos Centros da Ordem

B.2. Gestão carismática

B.3. Sustentabilidade económica dos Centros, Províncias e Regiões da Ordem

B.4. Colaboração ad intra e ad extra (Networking).

A.

IDENTIDADE DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS

A.1.

FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS

I. Definição

A obra de S. João de Deus foi realizada ao longo da história pelos Irmãos e Colaboradores,

certamente em proporções diferentes segundo os tempos. Todos sabem que nos últimos 40 anos

a participação dos Colaboradores na missão da Ordem aumentou notavelmente, de tal forma que

falamos de Irmãos e Colaboradores unidos na missão.

Isso fez com que, de maneira informal, falássemos esporadicamente entre nós de Família. Apesar

disso, nos últimos anos, este conceito foi ganhando espaço na Ordem e, inclusivamente, pouco a

pouco, passou a fazer parte dos nossos documentos.

Por fim, os Estatutos Gerais de 2009 deram uma primeira definição da Família Hospitaleira de S.

João de Deus, indicando diversos modos de vinculação à mesma, nos seguintes termos:

“Promovemos a visão da Ordem como “família hospitaleira de S. João de Deus” e acolhemos, como

dom do espírito nos nossos tempos, a possibilidade de compartilhar o nosso carisma, a

espiritualidade e a missão com os colaboradores, reconhecendo as suas qualidades e os seus

talentos” (EG 20), …sabendo que “os Colaboradores podem estar vinculados ao carisma, à

espiritualidade e à missão da Ordem por um ou vários destes níveis: através do seu trabalho

profissional bem feito; através da sua adesão à missão da Ordem, a partir dos seus valores

humanos e/ou convicções religiosas; através do seu compromisso de fé católica (EG 22).

Hoje não existe um conceito nem um tipo unívoco de família, quer do ponto de vista cultural, quer

social ou jurídico. Seguindo as palavras de João Paulo II, poderíamos dizer que a Família de S. João

de Deus se caracteriza por ser uma comunidade na qual existem confiança e apoio recíprocos,

generosidade, abertura, respeito autêntico, hospitalidade, e na qual todos são corresponsáveis

pela missão.

Aquilo que nos dá identidade e nos une como Família na missão, que é única, é o lugar central que

ocupam S. João de Deus e o carisma da Hospitalidade que ele recebeu de Deus e transmitiu aos

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seus seguidores. João foi transformado para assumir o semblante do Deus da Hospitalidade, o

Bom Samaritano, até encarnar em si próprio a Hospitalidade.

Nesta Família, os Irmãos ocupam um lugar fundamental como pessoas que dedicam a sua vida de

forma radical ao serviço da Hospitalidade e assumem especialmente a responsabilidade de

guardar e desenvolver o dom recebido e de o transmitir aos Colaboradores.

Com o conceito de “Família de S. João de Deus” queremos promover uma abertura para acolher os

Colaboradores que desejam estar mais profundamente unidos a nós para partilharem o nosso

carisma, a nossa espiritualidade e a nossa missão segundo o estilo de S. João de Deus.

Julgamos que este é o modo mais atual e eficaz para se continuar a promover no futuro a missão

da Igreja através da hospitalidade, de acordo com o Evangelho e o carisma fundacional de S. João

de Deus, tendo em conta o Concilio Vaticano II, os ensinamentos e as exortações dos Papas, assim

como dos nossos Capítulos Gerais, dos nossos Superiores Maiores e também os que derivam da

nossa própria experiência.

De facto, a Ordem está atualmente a realizar a missão com uma extensão maior que nunca, graças

à participação e aos contributos do conjunto da Família de S. João de Deus, que apreciamos e

celebramos, agradecendo ao Senhor pelo facto de o dom da hospitalidade, iniciada por S. João de

Deus, continuar vivo. Neste mesmo sentido e de acordo com o nosso Fundador, as pessoas

assistidas nas nossas obras apostólicas, com a sua presença também fazem parte da Família de S.

João de Deus.

Fazer parte da Família de S. João de Deus tem para nós um duplo significado: em sentido amplo,

todos os Colaboradores podem fazer parte dela, partilhando o espírito e a missão do projeto

hospitaleiro de S. João de Deus. Por outro lado, a Família deverá pensar em configurar-se e

consolidar-se através das estruturas mais convenientes que determinem os critérios de adesão

pessoal e pertença â mesma, assim como os compromissos, os direitos e os deveres de cada um

dos seus membros.

II. Propostas ao Capítulo

Acreditamos que o Capítulo Geral deveria dar um impulso à Família de S. João de Deus, ajudando a

clarificar e definir a sua identidade e os critérios de pertença à nossa Família, bem outros aspetos,

tanto a nível funcional como jurídico. Para isso, propomos quanto segue:

1. A Ordem, constituída canonicamente, está aberta a partilhar o carisma, a missão e a

espiritualidade com os Colaboradores, de diversos modos e com diferentes compromissos,

incluindo o que se manifesta através de um voto ou promessa. Sente-se igualmente chamada

a promover e impulsionar a Família Hospitaleira de S. João de Deus, da qual é a base e o

centro aglutinador.

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2. A missão e a obra desenvolvidas pela Ordem são realizadas pela Família Hospitaleira de S.

João de Deus, constituída pelos Irmãos e pelos Colaboradores. A ela podem pertencer todos

os Colaboradores e pessoas de boa vontade, homens e mulheres que, como seguidores de S.

João de Deus se sintam corresponsáveis, juntamente com os Irmãos, pela missão.

3. Independentemente do ponto anterior, cada um vive a partir da sua identidade própria, isto

é, os Irmãos como religiosos, consagrados na hospitalidade, e os Colaboradores como leigos,

de acordo com a sua consagração batismal. Existem Colaboradores que podem fazer parte da

nossa Família partindo de outras motivações não exclusivamente cristãs ou religiosas.

4. Os centros e serviços assistenciais da Ordem serão administrados pela Família Hospitaleira de

S. João de Deus, podendo haver centros geridos apenas por religiosos e/ou centros geridos

apenas por Colaboradores, membros da mesma Família.

III. Documentos

1. Vita Consecrata, 1996, nº 54 2. João Paulo II, Mensagem à Assembleia Geral das Nações Unidas, 5 de outubro de 1995. 3. Estatutos Gerais da Ordem, 2009, artigos 20-22. 4. Irmãos e Colaboradores, unidos para servir e promover a vida, 1992, nº 122-123. 5. Carta de Identidade da Ordem, 1999, 3.1.7. 6. Caminho de Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da Ordem, 2004,

nº 33. 7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, 3.1; 3.5.1.

A.2

ESTRUTURA DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS

I. Definição

A Família de S. João de Deus corresponde a uma visão da Ordem que abrange tanto os Irmãos

como os Colaboradores na promoção da missão de Hospitalidade.

Trata-se de uma estrutura na qual se apoia o carisma do Fundador, o qual, desde o início da sua

obra, quis partilhar com outras pessoas a sua missão, envolvendo-as nela ativamente.

Nesta Família estabelecem-se laços e um sentido de pertença que resultam do carisma da

Hospitalidade de S. João de Deus, um dom no qual podem participar os nossos Colaboradores, os

quais podem igualmente partilhar a nossa espiritualidade e a nossa missão.

A RAZÃO DE SER desta Família de S. João de Deus é a MISSÃO, para a qual a nova visão da Ordem

como Família pressupõe um conceito mais amplo relativamente à forma canónica que a define,

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isto é, inclui todas as pessoas que, embora com diferentes estatutos, participam na missão da

Ordem, sem esquecer as pessoas assistidas e as suas famílias.

Não desejamos dar uma definição ajustada ou redutora desta Família, no entanto, devemos

encontrar as modalidades para que sejam escutadas as vozes de todos aqueles que fazem parte

dela, de maneira que tudo isso possa contribuir para a missão de Hospitalidade que nos une, isto

é, o serviço às pessoas às quais prestamos cuidados e assistência: os doentes e todas as pessoas

que se encontram numa situação de necessidade.

O modo e o nível de participação na Família são diferentes: os Irmãos são o núcleo propulsor, em

virtude da sua consagração, ao passo que os Colaboradores estão vinculados a ela em diferentes

graus.

Falando concretamente das formas que a estrutura da Família de S. João de Deus pode assumir,

devemos precisar que estas se concretizam nos dias de hoje, ou que poderiam concretizar-se no

futuro, em dos níveis, a saber:

1. Ao nível dos Centros e Serviços

A razão de ser das nossas estruturas é a missão que nos foi confiada pela Igreja, ou seja, a

evangelização através da Hospitalidade. Considerando este ponto fundamental, devemos pensar

como garantir que a estrutura dos nossos Centros e Serviços continue a assumir fielmente a

missão.

A nossa Ordem tem já uma experiencia neste campo, e continua a mantê-la, uma vez que

considera que em determinadas circunstâncias a forma meramente canónica já não é a mais

adequada. Exemplos concretos são as Fundações, as SARL (sociedades anónimas de

responsabilidade limitada) e as Associações.

2. Ao nível da Família na sua globalidade

A Família de S. João de Deus deseja encontrar uma estrutura que acolha a todos os seus membros

e defina a sua identidade e o seu papel, assim como os seus direitos e deveres. Neste sentido,

propomos alguns exemplos concretos:

a) PJP (Pessoa Jurídica Pública). É uma forma canónica aprovada pela Igreja, que permite dar

continuidade à missão da Ordem criando uma estrutura diferente, na qual podem participar

todos os membros da Família. Pode realizar-se em associação com outras instituições (por ex.,

a Província da Oceânia), ou como uma Instituição única (por ex., a Província da Europa

Ocidental). No último caso, pode-se prever que o Superior Geral e o seu Conselho mantenham

a capacidade decisória na PJP.

b) Movimento ou Associação. Falamos dos Colaboradores que desejam unir-se à Família de S.

João de Deus de uma forma mais próxima, tendo em vista levar por diante e promover a

missão da hospitalidade, segundo os valores e a filosofia da Ordem Hospitaleira.

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O Movimento da Hospitalidade de S. João de Deus é uma realidade que acolhe aqueles que

aderem aos valores que animam a Ordem, e não só os que pertencem à fé cristã. Pode assumir

uma forma canónica ou civil, conforme as circunstâncias. Terá que contar com um Estatuto (ou

Regulamento) que defina as suas finalidades, as formas de participação, os direitos e deveres e

o modo de se relacionar com a Ordem.

Existem exemplos concretos noutras Ordens e Congregações, como por exemplo os Cavaleiros

de Malta, os Franciscanos, os Salesianos ou os Focolarinos.

II. Propostas ao Capítulo

Apresentamos ao Capítulo Geral as seguintes propostas tendo em vista promover novas estruturas

que deem suporte à Família de S. João de Deus.

1. Para que os Colaboradores possam participar de forma mais comprometida e, assim,

consolidar a Família Hospitaleira de S. João de Deus, promovem-se em todas as Províncias da

Ordem associações, movimentos ou outros tipos de organizações, que devem ser

reconhecidos pela Ordem e pela Igreja, e, se necessário, pelas autoridades civis.

1.a Estas associações, ou movimentos, terão que fundamentar-se no carisma e na

espiritualidade de S. João de Deus, tendo como único objetivo promover e prosseguir a

missão evangelizadora da hospitalidade, segundo o estilo do Fundador. Terão que estar

vinculados à Ordem na forma e segundo o modo que se estabeleça.

1.b Tais entes devem definir os critérios de adesão pessoal, pertença e compromisso, assim

como os deveres e os direitos dos seus membros.

1.c O Governo Geral nomeará uma Comissão para elaborar um projeto básico de Estatutos

para a Família Hospitaleira de S. João de Deus, isto é, para estas novas entidades e a

forma de elas se relacionarem com a Ordem.

2. Estruturar um órgão que permita às diferentes partes que compõem a Família de S. João de

Deus fazer sentir a sua voz e confluir nas linhas programáticas que no futuro terão de orientar

a missão de Hospitalidade. Como se pode organizar? Será organizado a nível das Províncias

(como primeiro nível de animação) ou pelo Governo Geral (a nível de toda a Ordem)? Ou

contará com ambos os níveis?

3. Vista a considerável autonomia da qual gozam atualmente as Províncias da Ordem, e

considerando a situação mundial contingente na qual os nossos Centros e Serviços se tornam

cada vez mais complexos e, por conseguinte, requerem uma maior intervenção por parte da

Cúria Geral, poderíamos prever a hipótese de estabelecer um tipo de relações diferentes

entre esta e as Províncias, reconhecendo uma maior capacidade de ação à Curia Geral.

4. Pelo que diz respeito ao papel dos Irmãos na estrutura da Família, cabe-lhes a tarefa de a

orientar com competência, dedicação e visão de futuro, garantindo que todos os objetivos por

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ela traçados para si mesma estejam em sintonia com os valores da Ordem e, por conseguinte,

em coerência com a consecução do objetivo fundamental, que consiste na evangelização

através da misericórdia, da caridade e da hospitalidade. Por outras palavras, devem ter a

capacidade de animar a realidade em que vivem e realizam a missão.

Na estrutura da Família de S. João de Deus, o papel dos Irmãos é transversal, isto é, eles

devem ser pontos de referência, capazes de escutar, mas também de orientar as perspetivas

que partilham com os Colaboradores.

5. Quanto ao papel dos Colaboradores, através do seu trabalho profissional, bem feito e

realizado com competência, estes devem testemunhar os valores da Ordem. O seu trabalho

no âmbito do Centro ou da estrutura deve ser valorizado, porque podem dar um grande

contributo à Família, mesmo que tenham uma bagagem diferente sob os pontos de vista

cultural, religioso ou espiritual.

Na estrutura da Família de S. João de Deus, o papel dos Colaboradores consiste em oferecer o

melhor serviço possível aos doentes e a quantos se encontram em situações de necessidade,

contribuindo assim para a missão evangelizadora da Ordem e para o diálogo intercultural e

inter-religioso.

6. Considerar a possibilidade de o novo Governo Geral decidir que o lugar de residência dos

Conselheiros Gerais coincida com o das áreas de responsabilidade que lhes forem confiadas.

7. Definir os critérios, necessidades e metodologias quando for oportuno fundir Províncias.

III. Documentos

1) Vita consecrata, 1996. Nº 54. 2) Partir de Cristo, 2002. Nº 31. 3) Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos. 22, 90. 4) Declarações do LXVI Capítulo Geral, Roma 2006, IV, 2, C. 5) Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992. Nº 63,122,123. 6) Carta de Identidade da Ordem, 1999. 3.1.7; 5.3.2.5. 7) Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, cap. 3.

A.3

IDENTIDADE DOS IRMÃOS

1. Definição

Somos uma Ordem religiosa de Irmãos chamados a encorajar, favorecer e criar laços de

fraternidade (cf. EG 1). A definição do carisma segundo as nossas Constituições indica o aspeto

central de nossa identidade como religiosos hospitaleiros: “…em virtude deste dom [a

hospitalidade], somos consagrados pela ação do Espírito Santo, que nos torna participantes, de

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maneira singular, do amor misericordioso do Pai. Esta experiência transmite-nos atitudes de

benevolência e de dedicação, torna-nos capazes de cumprir a missão de anunciar e realizar o Reino

de Deus entre os pobres e os doentes; transforma a nossa existência e faz com que, através da

nossa vida, se torne manifesto o amor especial do Pai pelos mais fracos, que nós procuramos

salvar segundo o estilo de Jesus” (Const. 2b).

A construção desta identidade fundamenta-se em três pilares: consagração, comunidade, missão.

a) Somos consagrados em Hospitalidade:

Somos chamados a ser protagonistas do anúncio do Reino a partir da nossa consagração vital à

Igreja: “…o motivo da nossa existência na Igreja é viver e manifestar o carisma da hospitalidade

segundo o estilo de S. João de Deus…” (Const. 1), “...com a profissão pública dos votos de

castidade, pobreza, obediência e hospitalidade” (Const 5c).

A hospitalidade integra e ilumina a nossa vida, sendo o ponto central que nos ajuda a entender,

interpretar e viver a nossa consagração.

Implica a entrega total a Deus e às pessoas doentes e vulneráveis, sendo modelo de entrega e

hospitalidade para toda a Família de S. João de Deus, através da sua espiritualidade e da sua

dedicação por inteiro ao projeto de Hospitalidade iniciado por S. João de Deus.

b) Somos religiosos Irmãos chamados a viver em Comunidade

“A participação no mesmo carisma constitui-nos numa família na qual celebramos a fé, nos

sentimos e vivemos como Irmãos e cumprimos a missão comum de servir os doentes e os

necessitados” (Const. 26c). “A hospitalidade que recebemos como dom empenha-nos a viver a

fraternidade com simplicidade” (Const. 36b).

Todos os Irmãos somos chamados a construir a Comunidade como espaço de comunhão de fé, de

vida fraterna e de vida apostólica, procurando as formas adequadas e tendo em conta a realidade

e o número de Irmãos onde a Ordem se encontra presente. A Comunidade religiosa é o espaço

para viver e manifestar com alegria a nossa identidade, a nossa consagração e o valor evangélico

da fraternidade.

A Comunidade religiosa é o ponto de referência para toda a Família de S. João de Deus, como uma

“central elétrica espiritual” que, com o seu exemplo, irradia os valores do Evangelho da

Hospitalidade e é capaz de irmanar e criar fraternidade. São células de fraternidade e

hospitalidade abertas a partilhar a sua espiritualidade e os seus dons com os outros membros da

Família de S. João de Deus e com as pessoas doentes e necessitadas.

c) Somos testemunhas e profetas da missão da Hospitalidade

As nossas Constituições definem a missão da seguinte forma: “Encorajados pelo dom que

recebemos, consagramo-nos a Deus e dedicamo-nos ao serviço da Igreja na assistência aos

doentes e aos necessitados, com preferência pelos mais pobres. Deste modo, manifestamos que o

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Cristo compassivo e misericordioso do Evangelho permanece vivo entre os homens, e colaboramos

com Ele na sua salvação” (Const 5).

Somos consagrados por inteiro à missão, como testemunhas e profetas, anunciando, praticando e

promovendo a Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus e em comunhão com todos os

que formamos a Família de S. João de Deus.

Nos dias de hoje, os Irmãos e as comunidades continuam a ter, na missão que a Ordem

desempena, uma importância fundamental. É certo que, relativamente a outros tempos,

mudaram as formas concretas, os modos e os papéis. Trata-se de uma exigência do processo de

renovação para o qual continuamos a ser chamados. A força dos Irmãos e das comunidades

consiste atualmente em oferecer uma liderança de hospitalidade, um testemunho de entrega total

e em sermos acompanhantes dos colaboradores, oferecendo-lhes com simplicidade os valores

próprios da nossa espiritualidade e do nosso carisma. Os elementos que identificam e

caracterizam o novo papel do Irmão são os seguintes:

c.1) “Os Irmãos deverão ser guias ético-morais, tornar-se consciência crítica, antecipação criadora

e inovadora, e sinal profético da boa nova para os pobres, os doentes e os necessitados de hoje, de

todas as culturas e religiões” (Carta de Identidade, 3.2.2).

Guias ético-morais: o Guia é aquele que vai à frente, quem conhece o caminho ou, pelo

menos, aquele que o procura com determinação, aquele que vive os valores e a filosofia da

Ordem e o demonstra com o seu exemplo. Aquele que promove e sabe trabalhar em equipa. O

companheiro dos colaboradores. Aquele que está presente nos momentos difíceis para os

outros. É o seu testemunho que o torna líder e guia moral.

Consciência crítica: aquele que observa e demonstra sensibilidade pelos valores da

hospitalidade e, perante isso, é crítico, nunca se contentando com pouco mas, antes,

procurando o máximo. Porém, a sua crítica é construtiva, sendo o primeiro a a dar o exemplo

de trabalho, comprometendo-se nessa busca e mostrando a sua sensibilidade com os factos.

Vela para que a missão corresponda aos valores da Ordem. Sem deixar de ser consciência

crítica, sabe mostrar o seu apoio e proximidade aos que exercem cargos de responsabilidade.

Antecipação criativa e inovadora: é aquele que procura e está aberto às novidades que

melhorem a qualidade assistencial e a hospitalidade em geral. Valoriza o que é antigo, se for

bom, mas não se agarra apenas às tradições. Escuta, dá confiança às novas propostas, procura

e compromete-se com as respostas a dar às novas necessidades, promovendo a humanização

da assistência. Preocupa-se com a sua formação pessoal, pastoral e profissional (integral,

sólida e permanente) e promove a dos outros Irmãos e Colaboradores.

Sinal profético da boa nova para todos: é consequência de tudo quanto se disse acima. É uma

testemunha do que vive, a hospitalidade. É um exemplo. Observa e escuta, pondera e partilha

para procurar o que é melhor. É crítico quando a hospitalidade é traída, mas fá-lo sempre

através do compromisso. Sempre que é procurado, ou quando alguém precisa dele, está

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presente e disponível. Faz tudo para fazer chegar aos doentes, pobres e necessitados o amor, a

misericórdia e a hospitalidade à maneira de João de Deus.

c.2) “O papel do religioso deve ser como o do fermento no pão, dar testemunho vivo do

seguimento radical de Cristo e ser expressão clara do carisma que recebeu, para cuja missão

orienta e dispõe a sua vida” – (Cf. Donatus Forkan, O rostro mutável da Ordem, 3.2.2).

Neste sentido, todos os religiosos têm sempre uma missão a desempenhar na Hospitalidade,

independentemente da idade, da preparação profissional e inclusivamente da doença.

c.3) “Os Irmãos devem construir um tecido comunitário novo, no qual a condição de

“proprietários” das obras fique equilibrado pela função de “animadores”, abrindo-se a uma

partilha mais convicta e coerente com quantos querem unir-se a eles com laços mais estreitos”

(Carta de Identidade 8.2).

O título de propriedade é apenas um meio para a prática da Hospitalidade: não devemos torná-la

num ponto de força. A relação com os membros da Família de S. João de Deus não pode nem deve

ser entendida em termos de luta pelo poder, mas como um apelo a trabalhar em comunhão para

um mesmo fim, a hospitalidade, partindo cada um da própria realidade concreta.

Os Irmãos devem mostrar-se apaixonados pelo projeto de hospitalidade. O papel do Irmão não

deve consistir em primeiro lugar no exercício do poder, mas em animar, em criar influência, em

exercer influência ao seu redor, nos valores e na filosofia da Ordem. A autoridade fundamental

que nós, Irmãos, devemos mostrar perante os outros, especialmente os Colaboradores, é a

autoridade moral, que se consegue e se adquire diariamente mediante o testemunho e o

exemplo, sabendo estar e ser verdadeiros ícones da hospitalidade.

II. Propostas ao Capítulo

A fim de reforçar e projetar a identidade do Irmão de S. João de Deus nos dias de hoje e olhando

para o futuro no âmbito da Família de S. João de Deus, propomos ao Capítulo Geral:

1. Cuidar da vida espiritual dos Irmãos e das Comunidades e promovê-la de acordo com a

espiritualidade da Ordem, como eixo fundamental para alimentar a consagração em

hospitalidade. Para isso, é necessário impulsionar o conhecimento pessoal e comunitário do

documento Caminho da Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da

Ordem, que deverá ser um documento de referência e de avaliação para os Irmãos e para as

Comunidades.

2. Promover e proporcionar espaços comunitários para os Irmãos tendo como objetivo partilhar

a oração, a leitura crente da vida ou a lectio divina, temas de discernimento, revisão de vida e

correção fraterna.

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3. Impulsionar, partindo do projeto comunitário, a criação de espaços para partilhar com a

Família de S. João de Deus a oração, a celebração litúrgica e outros aspetos da vida

comunitária.

4. Rever as atuais estruturas comunitárias, criando novas formas de vida comunitária abertas à

Família Hospitaleira, que garantam um número suficiente de membros e ajudem a fidelizar o

carisma e a promover a Família de S. João de Deus.

5. Cuidar da fraternidade como valor central da nossa missão hospitaleira, da qual todos os

Irmãos somos corresponsáveis, e promovê-la.

6. Definir com os Superiores respetivos o projeto apostólico pessoal, de cada Irmão, e

comunitário, de cada Comunidade, fazendo com que os Irmãos estejam próximos dos doentes

e das pessoas por nós assistidas.

7. Impulsionar, na medida possível, a formação profissional e pastoral de todos os Irmãos para

facilitar o seu compromisso de serviço e animação na missão de Hospitalidade.

8. Formar os Irmãos para desempenharem o novo papel que nos é pedido nos dias de hoje,

especialmente quanto à consciência crítica e à integridade pessoal, para sermos guias morais,

animadores, promotores e acompanhantes da expansão do carisma da Hospitalidade.

9. Elaborar nos Centros e Serviços das Províncias e Delegações projetos concretos nos quais os

Irmãos possam desempenhar o papel para o qual somos chamados nos dias de hoje.

10. Potenciar a presença de alguns Irmãos de cada Província ou Delegação em projetos de

assistência a novas necessidades.

III. Documentos 1. Vita consecrata, 1996, nº 42-47; 54; 60; 72; 83; 85-95. 2. Partir de Cristo, 2002, nº 12-13. 3. A vida fraterna em comunidade, 1994. Especialmente os capítulos 2 e 3. 4. Constituições da Ordem, 1984. Artigos 1; 2; 5; 26; 36. 5. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigo 1. 6. Carta de Identidade da Ordem, 1999. Nº 3.2.2; 8.2. 7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009. Nº 3.2.

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A.4

IDENTIDADE DOS COLABORADORES

I. Definição

A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus está a atravessar momentos de grandes mudanças à

medida que os Irmãos passam da condição de proprietários e gestores dos Centros a adotar a

nova estrutura que se está a desenvolver e que denominamos “Família de S. João de Deus”, em

sintonia com quanto indicam os Estatutos Gerais da Ordem (EG, nº 20).

Esta mudança foi impulsionada por vários fatores, entre os quais destacamos os seguintes:

O apelo dirigido pelo Concilio Vaticano II aos leigos, incentivando-os a porem em ação a

sua fé e a assumirem na Igreja a responsabilidade pela gestão dos bens terrenos.

O apelo dirigido pela Igreja aos Institutos de Vida Consagrada para partilharem com os

leigos o carisma, a missão e a espiritualidade própria.

O desejo da Ordem de assegurar que a missão, o património cultural e espiritual, os valores

e, em geral, a filosofia, são a garantia do futuro.

As exigências do direito civil e do direito canónico para assegurar a continuidade do

governo das instituições relacionadas com a Igreja, como a Ordem Hospitaleira de S. João

de Deus.

Outros fatores que não podemos ignorar também fazem parte das causas das mudanças

mencionadas: a escassez de vocações, a redução do número de Irmãos e o aumento da média das

suas idades, assim como o aumento do número de Colaboradores no desenvolvimento da missão

e nos cargos de direção e gestão.

João de Deus e o Carisma da Hospitalidade que ele recebeu de Deus e legou aos seus seguidores

são aquilo que nos confere a nossa identidade e nos une como membros da Família de S. João de

Deus numa missão comum. Os Irmãos e Colaboradores, como membros dessa Família, são

corresponsáveis pela realização da missão de Hospitalidade.

Por conseguinte, e para além das características pessoais de cada um, o ponto comum que

identifica os Irmãos e Colaboradores como membros da Família de S. João de Deus é a sua

participação na missão e no projeto evangélico de hospitalidade da Ordem de S. João de Deus.

Sem dúvida, existem entre os Colaboradores diversas motivações e modos de participar que

configuram e completam a identidade de cada um, tendo em conta que pertencem a diferentes

culturas e crenças (Cf. Estatutos Gerais, nº 21-22).

a) Aqueles que se vinculam como leigos, partindo do seu compromisso com a fé católica, que

também partilham o dom da hospitalidade e o plasmam a partir da sua identidade e do seu

compromisso com o projeto da Ordem, tanto a nível profissional como humano e cristão.

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“Nos próprios hospitais e casas de saúde católicos, geridos por pessoal religioso, torna-se cada

vez mais numerosa e, por vezes, até total e exclusiva a presença dos fiéis leigos, homens e

mulheres: eles mesmos, médicos, enfermeiros, operadores de saúde, voluntários, são

chamados a tornar-se a imagem viva de Cristo e da Sua Igreja no amor para com os doentes e

os que sofrem” (Christifideles Laici, nº 53).

b) Os que se vinculam a partir de outras crenças religiosas ou com outras motivações humanas e

profissionais. Na medida em que vivem e realizam o serviço às pessoas que assistem com

amor e dedicação, participam do Espírito de S. João de Deus. “Jesus permite-nos descobrir um

modo de comunhão e solidariedade entre os homens, que vai para além da consciência e da

confissão da fé. Em sintonia com o evangelho de S. Mateus (cap. 25, 37-40), …é importante

que continuem abertos a João de Deus, para imitarem o estilo de serviço que ele soube

infundir no hospital e que os seus Irmãos herdaram... Nesta ótica, participam do carisma de

João de Deus, não só como possíveis beneficiários que podem encontrar no testemunho da

sua vida a manifestação da existência de Deus, que se fez próximo do homem para lhe

manifestar o seu amor, mas como colaboradores do projeto evangélico e hospitaleiro de S.

João de Deus na tarefa de tornar o mundo um “lar” em que todas as pessoas se sintam

irmãos. Na realidade, foi nisto que consistiu a obra de Jesus e para este fim se orienta a ação

do Espírito na Igreja” (Cf. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 122-

123, pág. 61/62).

Os Colaboradores oferecem à Família, além do seu trabalho e serviço, as suas qualidades, as suas

atitudes, os seus valores e as suas crenças, que enriquecem o projeto da hospitalidade da Ordem,

o qual é inclusivo e integrador.

II. Propostas ao Capítulo

A fim de impulsionar e consolidar a identidade e a participação dos Colaboradores na Família de S.

João de Deus, propomos à consideração do Capítulo Geral quanto segue:

1. Impulsionar o papel do Colaborador, de modo a ajudá-lo a consolidar a sua identidade dentro

da Família de S. João de Deus, com as seguintes características fundamentais:

Partilhar e promover o carisma e a cultura de hospitalidade da Ordem (valores, princípios,

ética, filosofia).

Partilhar com os Irmãos a responsabilidade pela hospitalidade, sendo testemunhas dela.

Acolher e promover a missão e as características peculiares das obras da Ordem

Hospitaleira com um forte sentido de pertença (aceitá-lo interiormente, sentir-se em

sintonia com ele).

Assumir a animar ativamente o projeto da Ordem (Dirigentes).

Trabalhar com competência técnica (qualidade, excelência), segundo os princípios da

gestão carismática.

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Espírito de grupo e capacidade de trabalho em equipa – capacidade de diálogo e

recetividade ao diálogo com os Irmãos e os demais Colaboradores, baseado na confiança

recíproca e na amizade.

Sentido de justiça, sinceridade e sensibilidade para com o próximo.

Espírito crítico e profético para defender a dignidade humana.

2. Avaliação dos Colaboradores: uma parte importante consiste na avaliação do desempenho.

Todos os Centros deveriam contar com um sistema para proceder à avaliação dos seus

Colaboradores, o que implica o respetivo processo de desenvolvimento e acompanhamento.

Tal avaliação não deveria tomar em consideração apenas o rendimento do Colaborador do

ponto de vista técnico o profissional, mas verificar também se ele atuou de forma coerente

com o facto de ser membro da Família de S. João de Deus, como indicado no ponto 6.1.1 da

Carta de Identidade da Ordem.

3. Encontros internacionais: sugere-se a realização de 2 ou 3 encontros por ano, com a

participação de representantes dos diferentes países ou regiões, tendo por finalidade:

Dialogar e avaliar a forma como os Centros, geridos cada vez mais pelos Colaboradores,

estão a realizar e a promover a Hospitalidade.

Dialogar e partilhar ideias, projetos, investigações e inovações sobre a forma de realizar a

missão de S. João de Deus em todo o mundo.

Este seria um bom método para sustentar a identidade da Família de S. João de Deus. Seria

possível recorrer também às tecnologias de informação e comunicação para facilitar a

realização de tais reuniões.

4. Definitório Geral Ampliado: a constituição do Definitório Geral Ampliado foi um primeiro passo

para a integração e o reconhecimento do papel desempenhado pelos Colaboradores no

Definitório Geral. Deveríamos pensar no modo de aproveitar esta experiência noutros grupos,

tanto a nível regional como provincial.

5. Promover grupos de Irmãos e Colaboradores nas Províncias e Delegações, os quais, livremente

e com a frequência considerada oportuna, se encontrem para orar, refletir sobre a vida e a

missão da Família de S. João de Deus, bem como sobre a forma de a partilharem.

III. Documentos

1. Christifideles laici, 1988. Nº 2; 15; 41; 53. 2. Vita consecrata, 1996. Nº 54. 3. Constituições da Ordem, 1984. Artigos 23ª; 46b; 51e. 4. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Capítulo II. 5. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 1.1; 1.2; 3.1.7; 3.2.2; 7.3.2.2; cap. 8. 6. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992. Capítulos 3 e 4. 7. Forkan, Donatus, O rosto mutável da Ordem, 2009. Pontos 2.3.3; 2.3.5; 3.1; 3.4

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A.5

PASTORAL VOCACIONAL E FORMAÇÃO DOS IRMÃOS

I. PASTORAL VOCACIONAL

1. Definição

Chamamos pastoral vocacional ao conjunto de ações de informação, convite e vivência de

experiências com um ACOMPANHAMENTO formado e apropriado para discernir o “chamamento a

seguir a Jesus, segundo o estilo de S. João de Deus” (LF, 2a) como consagrados.

A Igreja e a Ordem, especialmente nos dias de hoje, chama-nos a promover a vocação para a vida

consagrada em hospitalidade tornando visível o sentido e o significado da mesma, com os meios

necessários e apropriados ao nosso alcance.

Deve-se realizar a partir da pastoral juvenil, com os métodos, nas formas e usando linguagens

adequados às diversas culturas onde a Ordem está presente. Apesar de alguns Irmãos realizarem

de forma mais concreta este serviço para a Ordem, todos os Irmãos e as Comunidades são

chamados a ser membros ativos da pastoral vocacional, com a oração e o testemunho jovial da

nossa vida consagrada.

2. Propostas ao Capítulo

1. Tornar visível o seguimento de Jesus com radicalidade evangélica, através da vida religiosa

hospitaleira, que se deve concretizar na vivência coerente das atitudes de hospitalidade:

acolhimento misericordioso, serviço e compromisso com as causas dos mais necessitados.

2. Adaptar de maneira explícita a cada cultura, as indicações, critérios e afirmações do Libro

de Formação da Ordem relativamente à pastoral vocacional. Para isso, é necessário:

a. Saber claramente qual é a mensagem a transmitir aos Irmãos e aos candidatos. Ser

abertos, inclusivos e não confundir.

b. Dispor de meios e pessoas com tempo e formação para acompanhar.

c. Reforçar a vida dos Irmão e das Comunidades religiosas como melhor testemunho

da alegria da vocação.

d. Favorecer núcleos comunitários hospitaleiros abertos a jovens que queiram

partilhar a sua vida com Irmãos e com Colaboradores.

e. Integrar Colaboradores no trabalho e na promoção da pastoral juvenil vocacional.

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3. Dispor de um plano de pastoral vocacional escrito e que se possa avaliar em termos de

ações e resultados.

4. Incentivar os Colaboradores a assumir o projeto da hospitalidade e os seus valores

informando e partilhando espaços de reflexão, oração e compromisso a partir da fé.

5. Envolver com o exemplo da própria vida toda a Família Hospitaleira na pastoral vocacional,

pois dela depende o futuro da vida consagrada na Ordem e a integração e

corresponsabilidade dos Colaboradores na mesma Família como impulsionadores da

Hospitalidade. Para isso, é necessário criar e fomentar um clima laboral e de compromisso

pessoal que favoreça as vocações dos Colaboradores para a Hospitalidade.

II. FORMAÇÃO DOS IRMÃOS

1. Definição

Entendemos por formação dos Irmãos o processo contínuo de inserção, enriquecimento e

desenvolvimento da personalidade e identidade do Irmão de S. João de Deus, como pessoa crente

e consagrada, procurando alcançar a vivência profunda da vocação hospitaleira, tal como é

proposto pelas nossas Constituições. Trata-se de um processo que nunca termina e abrange

fundamentalmente duas etapas: formação inicial, até à profissão solene, e formação permanente,

até ao fim da vida.

A formação dos Irmãos deve ter em vista manter um tom espiritual e de autoridade moral que

lhes permita serem consciência crítica, fazerem denúncia profética, transmitirem o sentido de

pertença e atitudes evangélicas, tornando-se dessa forma ícones de hospitalidade.

Em grande parte, o futuro da vida dos Irmãos, das Comunidades e da própria Ordem dependem

do seu adequado processo formativo, o qual deve ser, especialmente nos dias de hoje, integral e

sólido em todos os sentidos: pessoal e comunitário, humano e religioso, profissional e pastoral.

2. Propostas ao Capítulo

Insistir para que os Irmãos vivam com profundidade e coerência o processo/itinerário formativo

ao longo da vida, como preparação e desenvolvimento da consagração, seguindo as linhas

propostas no Libro de Formação da Ordem para a formação inicial, permanente e formação de

formadores. Para isso:

1. Viver com harmonia a nossa consagração a Deus e aos Irmãos através da vivência da nossa

missão – experiência de hospitalidade – proximidade às pessoas, contacto com o

sofrimento…, dando-lhe sentido com a personalização da vida de fé e da espiritualidade da

Ordem.

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2. Disponibilizar os meios para que todos os Irmãos mantenham e desenvolvam o sentido da

sua vocação, atualizando os seus compromissos humanos/espirituais e cuidando dos espaços

comunitários, como parte essencial do processo, para criar uma rica personalidade e

identidade de Irmão de S. João de Deus.

3. Identificar o Irmão de S. João de Deus do futuro pela sua coerência evangélica e por uma fé

personalizada firme, capaz de favorecer uma leitura crente da realidade, com uma

personalidade hospitaleira que tenha uma forte sensibilidade em relação às necessidades dos

outros, o que se cultiva com o compromisso fiel e permanente à oração pessoal e

comunitária.

4. Organizar para a formação inicial dos religiosos formas de colaboração entre as Províncias da

Ordem e, nos casos em que for possível, ponderar a possibilidade de aderir a projetos de

formação que prevejam um trabalho partilhado entre vários institutos religiosos (EG 66,68).

5. Realizar em cada Província ou Delegação um programa de formação permanente para os

Irmãos, adaptado segundo as necessidades dos mesmos, de acordo com quanto indicado

pelos Estatutos Gerais da Ordem (EG 89).

6. Manter um esforço permanente na atualização de conhecimentos e experiências de

acompanhamento do sofrimento humano e espiritual das pessoas.

7. Formar para poder dar respostas em âmbitos significativos da missão dos Irmãos: Pastoral da

Saúde, bioética, espaços de assistência com maior vulnerabilidade, humanização da

assistência, atenção ao utente, escola de hospitalidade, transmissão dos valores e identidade

da Ordem…

8. Dispor de um projeto e programa de promoção e atualização de formadores a nível

Interprovincial ou em cada Província, Vice-província ou Delegação.

9. Identificar e formar Colaboradores os quais, juntamente com os Irmãos, se

corresponsabilizem pela formação dos religiosos.

10. Formar Irmãos e Colaboradores para harmonizar as exigências da gestão com a missão

evangelizadora, superando o mais possível as incoerências e ambiguidades, de modo a

favorecer o crescimento recíproco.

III. Documentos

1. Vita Consecrata, 1996. Nº 63-71. 2. Potissimum institutioni. A formação nos Institutos Religiosos, 1990. 3. Constituições da Ordem, 1984. Capítulo IV. 4. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Capítulo IV. 5. Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, 2000. 6. Mion, R. Pesquisa sobre o Estado da Formação na Ordem, 2006

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A.6

FORMAÇÃO DOS COLABORADORES

I. Definição

De acordo com os sinais do nosso tempo, a missão da Ordem está a ser realizada pela “Família de

S. João de Deus”, da qual os Colaboradores são parte essencial. Portanto, a formação dos

Colaboradores é mais importante do que nunca no mundo atual, para assegurar o seu

conhecimento da Ordem, da pessoa de S. João de Deus, dos valores, da cultura e da filosofia em

que se baseia a Ordem e a sua organização. Um dos principais objetivos da formação é a

integração das qualidades profissionais dos Colaboradores com os valores cristãos e de S. João de

Deus que caracterizam a nossa missão na Igreja, dedicada à assistência dos doentes, necessitados

e marginalizados. A formação é algo mais do que mera informação: trata-se de um processo

organizacional integrado que envolve todas as pessoas, de forma holística, que requere a

aprendizagem de novos conhecimentos e a experiência vivencial e da cultura institucional; é um

processo que dura toda a vida. A formação deve promover nos Colaboradores, para além do seu

contrato laboral, a consciência de pertencerem à Família de S. João de Deus e a sua

disponibilidade para trabalhar segundo a filosofia e os valores de S. João de Deus.

O programa de formação tem como objetivo dar a oportunidade aos nossos Colaboradores de:

Refletir sobre a filosofia, os valores e a espiritualidade de S. João de Deus, cultivando-os nas suas próprias vidas.

Estudar a identidade, a missão e os valores da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.

Renovar, cultivar e transmitir às gerações futuras a filosofia, os valores e a espiritualidade da Ordem.

Promover a integridade pessoal e corporativa através do modo de viver os valores, a filosofia e a espiritualidade da Ordem.

Diretrizes para desenvolver estratégias de formação

Embora a palavra “Colaborador” se refira frequentemente aos leigos que trabalham nos Centros e

nos Serviços da Ordem, o termo inclui também os Benfeitores e os Voluntários. Claramente, por

razões práticas, no momento de elaborar estratégias de tipo geral, devemos considerar que a

maioria absoluta das pessoas que irão participar nos programas de formação é constituída por

membros do quadro de pessoal dos nossos Centros. No que diz respeito aos Voluntários, a sua

formação deverá ser integrada, dependendo do tempo de colaboração como Voluntario e do nível

de formação que se deseje alcançar.

O grupo do pessoal inclui vários níveis, dos quais indicamos seguidamente alguns:

Primeiro nível: o Colaborador que deseja simplesmente ser um bom profissional,

compreendendo e respeitando a filosofia e os valores da Ordem.

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Segundo nível: o Colaborador que deseja alcançar uma compreensão mais profunda da

filosofia e dos valores da Ordem, reconhecendo a sua missão no mundo e desejando

participar e empenhar-se mais intensamente nela.

Terceiro nível: o Colaborador que se sente muito identificado com a Ordem, partilhando a

sua filosofia e os seus valores e desejando envolver-se o mais possível na sua missão de

evangelização.

Etapas da formação

As etapas estão relacionadas com o grau de identificação da pessoa com a missão da Ordem.

Primeira etapa: dirigida a todos os Colaboradores quando iniciam o seu trabalho num

Centro da Ordem. Consiste em receber uma iniciação/orientação de base sobre a estrutura

da organização, os valores, a filosofia e a cultura da Ordem.

A segunda fase da primeira etapa é oferecida às pessoas desprovidas de conhecimentos

sobre o cristianismo e sobre as estruturas e normas da Igreja católica.

Segunda etapa: trata-se de impulsionar um processo de formação permanente para os

Colaboradores a partir de um certo tempo de presença na Ordem. Por exemplo, na

Província da Europa Ocidental, esta fase é implementada através de programas de gestão e

supervisão organizados pelo Departamento de Recursos Humanos e pelo Programa

Fundacional do Instituto (Escola) de Hospitalidade.

Terceira etapa: destina-se às pessoas que, através das suas ações e das suas atitudes, se

identificam como pessoas que assumiram a filosofia e os valores da Ordem e demonstram

qualidades de liderança (desempenhando cargos de responsabilidade diretiva na

Instituição).

Programas de formação

A Escola da Hospitalidade, em coordenação com o Departamento de Recursos Humanos da

Província ou Delegação, deverá adotar as estratégias necessárias, de acordo a sua realidade e as

necessidades concretas, tendo em conta o documento da Ordem “Formação Institucional"- Guia

para a elaboração de programas de formação do Colaborador-Trabalhador. À guisa de exemplo,

propomos o seguinte programa:

Primeira etapa:

1. História da Ordem:

2. Vida de S. João de Deus.

3. Missão e valores da Ordem.

Segunda fase da primeira etapa:

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Panorama geral do cristianismo e da Igreja católica, adaptado aos conhecimentos dos parti

cipantes.

Segunda etapa:

1. Desenvolvimento da história de S. João de Deus.

2. Aprofundamento da espiritualidade e dos valores da Ordem.

3. Documentação relevante da Ordem sobre os Colaboradores.

4. A Hospitalidade no mundo.

Terceira etapa:

1. Peregrinação à Granada de S. João de Deus (se não for possível, uma apresentação virtual).

2. Documentação geral da Ordem:

Linhas de ação:

1. Um perfil claro da pessoa joandeína ideal.

2. Articulação de uma cultura ideal de cada Centro e de toda a organização.

3. Reconhecimento de que o ambiente físico e social dos nossos Centros é a primeira fonte

de formação do nosso pessoal.

4. Avaliação periódica das estratégias de formação e exploração de outras opções para

realizar a formação.

5. Uma metodologia que se baseia na transmissão de conceitos e na experiência vivencial da

cultura e da filosofia da instituição.

6. Investimento em recursos para realizar uma formação eficaz na Ordem, a todos os níveis.

7. Supervisão atenta das nossas estratégias para assegurar que todos os aspetos da formação

correspondem à herança que recebemos de S. João de Deus, à nossa visão e missão, assim

como aos valores fundamentais da nossa organização.

8. Enunciação clara dos objetivos de cada “Escola da Hospitalidade”.

II. Propostas ao Capítulo

1. As Províncias e Delegações deverão estabelecer a “Escola da Hospitalidade” como núcleo da

sua formação e como meio para transmitir a cultura, a filosofia e os valores da Ordem.

As Províncias e Delegações devem promover e organizar programas de formação eficazes

através das Escolas da Hospitalidade. Para isso, cada Província e Delegação deverá selecionar

um certo número de pessoas, incluindo alguns jovens hospitaleiros e membros mais velhos ou

reformados, para que participem e assumam responsabilidade nesses programas.

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2. Estabelecer critérios para a formação comum de Irmãos e Colaboradores baseada no

documento “Formação Institucional"- Guia para a elaboração de programas de formação do

Colaborador-Trabalhador e no Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus.

3. Promover programas de formação conjunta para os Colaboradores a nível interprovincial e/ou

regional.

4. Supervisionar, a partir da Cúria Geral, a implementação do documento“Formação

Institucional"- Guia para a elaboração de programas de formação do Colaborador-Trabalhador

.

III. Documentos

1. Christifideles laici, 1988. Nº 57-63 2. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos. 23; 24 3. Carta de Identidade da Ordem, 1999. Capítulo 6. 4. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992. Nº 40 5. Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, 2000. 6. “Formação Institucional"- Guia para a elaboração de programas de formação do Colaborador-

Trabalhador. Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, 2012. 7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, 3.4.2; 3.5.1; 8. IV Conferência Regional de Europa, 2011. Propostas 13 e 14

B.

MISSÃO DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS

B.1

IDENTIDADE E MISSÃO DOS CENTROS DA ORDEM

I. Definição

A identidade da Ordem e de cada um dos seus Centros e Serviços e, portanto, a identidade da

Família Hospitaleira, define-se pela Hospitalidade (cf. Const. 6), a qual é um dom do Espírito

(carisma) que nos leva a configurar-nos com o Cristo compassivo e misericordioso do Evangelho

(Const. 2a)... e mediante o qual mantemos viva no tempo a presença misericordiosa de Jesus de

Nazaré (Const. 2c).

Os princípios que fundamentam e exprimem a nossa identidade encontram-se referidos nos

artigos 48-50 dos Estatutos Gerais da Ordem. O art. 50 afirma que a Hospitalidade é o valor

original e nuclear da Ordem do qual derivam todos os outros, e o Definitório Geral da Ordem, a

partir do valor Hospitalidade, definiu em 2010 os seguintes valores que deles procedem:

qualidade, respeito, responsabilidade e espiritualidade.

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As nossas Obras Apostólicas são e definem-se como Centros confessionais católicos (EG 49a) e a

sua missão é a Hospitalidade, ou seja, evangelizar o mundo da dor e do sofrimento, prestando

uma assistência integral às pessoas assistidas (cf. Carta Identidade, 1.3). Dito de outra maneira, a

missão dos Centros consiste em seguir as pegadas de Jesus Cristo, Bom Samaritano (Lc 10,25), que

passou pelo mundo fazendo o bem a todos (At 10,38) e curando todo tipo de enfermidade e

tristeza (Mt 4,23), exatamente como fez S. João de Deus que se entregou por completo ao serviço

dos pobres e dos doentes (Const. 1). Esta é a nossa forma de ser Igreja e de estar na Igreja.

A missão da Ordem adquire na atualidade uma grande extensão e realiza-se mediante obras

próprias e outras que lhe são confiadas. Do mesmo modo, a missão abrange as pessoas assistidas

nas referidas obras e os seus familiares, e também toda a comunidade social onde se inserem os

Centros, os quais abrem cada vez mais as suas portas à presença neles de representantes sociais

da comunidade nas suas diferentes dimensões.

Um elemento característico da nossa identidade é a fraternidade. Por isso, somos chamados a

estabelecer e renovar os nossos “laços de fraternidade” (cf. Const. 36-40; EG 1; CI 3.1.6; Livro da

Espiritualidade, 105). A comunhão requer uma forte identidade por parte dos membros que a

constituem, sob pena de a fraternidade se tornar um contentor no qual se dilui a responsabilidade

de cada um. Estabelecido este fundamento, pode-se proceder a uma visão saudável do trabalho

em equipa. A fraternidade, antes de se manifestar em formas concretas de ação, é uma dimensão

interior que se nutre da cultura da participação e colaboração.

A identidade das nossas Obras Apostólicas caracteriza-se sobretudo pelo seu modelo de gestão e

pelo seu modelo e estilo assistenciais, ambos orientados para a sua missão, tal como foi por nós

definido. O modelo de gestão torna-se cada vez mais importante dada a complexidade crescente

que em geral se regista nos nossos Centros. O modelo de gestão da Ordem é definido nas suas

grandes linhas pela Carta de Identidade e referido por nós com a expressão gestão carismática.

O modelo assistencial da Ordem deriva da sua missão e fundamenta-se na Hospitalidade, nos

princípios e nos valores que a exprimem. As suas características fundamentais são as seguintes:

um esforço permanente por prestar uma assistência integral e de qualidade, na qual se conjuguem

os melhores meios técnicos ao nosso alcance com a assistência humanizada que toda a pessoa

merece; a pessoa assistida constitui o centro de interesse das nossas obras; a assistência espiritual

e religiosa, o respeito e a defesa da dignidade e dos direitos dos assistidos, especialmente dos

mais vulneráveis; a atenção biográfica e a promoção da ética e da bioética, de acordo com os

princípios da Igreja católica; a assistência, a promoção e o respeito dos nossos Colaboradores; o

trabalho em equipa; a aposta na formação, na docência e na investigação.

A sensibilidade em relação aos mais pobres e aos novos necessitados ocupa um espaço

privilegiado na nossa missão, do qual cada Centro deve cuidar, estando sempre abertos, na

medida do possível, a promover e colaborar em novos programas e projetos que tenham em vista

a assistência às pessoas mais vulneráveis.

A missão da Ordem e dos seus Centros num mundo globalizado promove a colaboração e as

sinergias entre as Províncias e os Centros. De modo especial, impulsiona a cooperação com as

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Províncias e os Centros que atuam em países em desenvolvimento, através da organização,

coordenação e potenciamento adequados de todas as suas entidades.

II. Propostas ao Capítulo

A fim de consolidar a identidade dos Centros da Ordem, promover e impulsionar a missão das

Obras Apostólicas, apresentamos ao Capítulo Geral as seguintes propostas e estratégias:

1. Os Centros da Ordem deverão ter regulamentos ou estatutos, conhecidos por todos, nos quais

se exprima com clareza a sua identidade, a sua missão e os princípios e critérios do modelo e

estilo assistenciais, bem como do modelo de gestão carismática

2. Nos Centros onde não houver uma comunidade religiosa, a identidade e a missão da Família

de S. João de Deus, deverá ser garantida predispondo para isso os instrumentos necessários.

3. Todas as obras apostólicas deverão dispor de um serviço de assistência espiritual e religiosa,

através de pessoas adequadamente formadas, com um plano de ação pastoral em sintonia

com as linhas e os critérios do Documento de Pastoral da Ordem.

4. A formação em ética e bioética deverá ser prosseguida, privilegiando-a em cada um dos nossos

Centros, no qual deverá ser criada uma Comissão de Ética, ou pelo menos um Grupo de

reflexão ética, de acordo com a realidade dos mesmos e em coordenação com a Província.

5. As Províncias e os Centros deverão promover, formar e cuidar do Voluntariado de S. João de

Deus, como forma evangélica e solidária de abrir a nossa Família a novos membros que se

sintam chamados a praticar e a viver a Hospitalidade de S. João de Deus.

6. A Família Hospitaleira de S. João de Deus está sempre aberta a realizar novos projetos e a abrir

centros e serviços, especialmente para as pessoas mais vulneráveis, desde que sejam

necessários e viáveis do ponto de vista evangélico e organizacional, de modo que sejam

garantidas a nossa identidade e missão. Do mesmo modo, estamos dispostos a encerrar

aqueles que não respeitem os critérios indicados.

7. Na medida do possível, as Províncias e os Centros deverão realizar e impulsionar a docência e a

investigação segundo os critérios indicados na nossa Carta de Identidade, como uma forma

atual e necessária de levar por diante a nossa missão evangelizadora, promovendo e estando

sempre abertos ao diálogo entre fé e ciência.

III. Documentos

1. Deus caritas est, 2005. Nº 20; 21; 25a; 31; 33; 40. 2. Constituições da Ordem, 1984. Artigos: 1; 2; 6; 36-40. 3. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 1; 23-25; 48-50; 53-54. 4. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 1,3; Capítulos 4, 5 e 6. 5. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009. 3.4 e 3.5 6. Forkan, D., Carta circular: “Os valores da Ordem”, 2010

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B.2

GESTÃO CARISMÁTICA

I. Definição

A Ordem baseia a gestão dos seus Centros e Serviços no carisma que lhe foi legado por S. João de

Deus, que designamos com a expressão “carisma da Hospitalidade”.

O conceito subjacente à gestão carismática não é novo para nós. Em definitivo, os fundamentos

daquilo que definimos como nosso carisma são os nossos princípios, os nossos valores e um estilo

próprio que, de forma mais específica, nos caracterizam e que sempre mantivemos connosco. Não

há dúvida que, para passar de um conceito ideal a uma compreensão mais prática do que

entendemos por gestão carismática, devemos adotar algumas definições e pensar em avaliações e

auditorias oficiais. Deste modo, poderemos também comparar a gestão e atuação dos nossos

Centros com outras organizações de tipo social ou de saúde, análogas à nossa, e fazer a distinção.

Os aspetos fundamentais da gestão carismática encontram-se expostos na Carta de Identidade

(5.3) e nos Estatutos Gerais da Ordem (50).

A Comissão Europa da Cúria Geral criou uma subcomissão, formada por Irmãos e Colaboradores,

para desenvolver uma ferramenta de avaliação da gestão carismática que poderá ser utilizada em

todos os Centros e Serviços da Ordem e que se encontra no documento que em breve será

publicada: A Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus: Diretrizes para a

avaliação e o progresso da nossa Missão Apostólica.

Esse documento define a gestão carismática da seguinte forma: “A Ordem Hospitaleira baseia a

gestão das suas Obras Apostólicas no carisma que lhe foi legado por São João de Deus, que

denominamos Carisma da Hospitalidade. Este tipo de gestão caracteriza-se pelo facto de

implementar os princípios e valores fundamentais que derivam do carisma e que consideramos

como o “metavalor” que completa a nossa identidade na Igreja e na sociedade. Este sistema de

princípios e valores fundamenta-se nas Constituições e nos Estatutos Gerais e, em termos práticos,

exprime-se na Carta de Identidade da Ordem. Todas as responsabilidades da gestão nos centros

da Ordem devem ater-se ao mesmo e promover o nosso sistema de princípios e valores”.

Como dissemos acima, o nosso carisma é constituído pelos nossos princípios, valores e estilo

próprio que nos caracterizam e que sempre mantivemos. Do mesmo modo, devemos ter em conta

que, como instituição religiosa que somos, a “gestão” também faz parte do nosso carisma, de

maneira que a “questão carismática” deve e impregnar os nossos estilos de gestão, com todas as

características técnicas que encontramos em qualquer organização, e que, como elas, prosseguem

a “excelência na gestão”, através da denominada “estratégia de melhoria continua”.

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A Ordem Hospitaleira, sendo uma organização corporativa com uma missão a realizar, precisa de

conhecer e aplicar a melhor maneira de implementar e levar por diante a missão, mantendo ao

mesmo tempo as características da sua identidade. Por outras palavras, deve definir o seu estilo

de gestão, um estilo a que chamamos “gestão carismática” e que se define pelo nível de

identidade que caracteriza e integra a gestão ordinária dos nossos Centros.

Em definitivo, gestão carismática significa simplesmente fazer bem as coisas, de forma

significativa, seguindo os princípios que justificam e definem a nossa Instituição e a sua missão.

Assim, podemos dizer que há dois temas que, interrelacionando-se, constituem a essência da

gestão carismática, e que são:

1. As características da identidade da Ordem Hospitaleira.

2. A realização da missão segundo os princípios de excelência na gestão da melhoria

continua.

II. Propostas ao Capítulo

1. Plano estratégico: realizar por parte de todas as Províncias e Delegações um plano estratégico

geral que defina a missão e os objetivos da Província no âmbito da missão geral da Ordem

Hospitaleira de S. João de Deus. Tal plano deve estabelecer metas e objetivos viáveis e

coerentes com a referida missão a realizar dentro de um prazo concreto e deve ser aplicado de

acordo com a capacidade de cada Província para o desenvolver. Ao implementar o plano

estratégico é vital maximizar a comunicação, a participação e o diálogo com o maior número

possível de membros da Família de S. João de Deus, para que colaborem na sua elaboração e o

assumam como próprio quando estiver na sua fase de desenvolvimento.

Um dos objetivos estratégicos deverá referir-se à introdução, desenvolvimento e avaliação da

gestão carismática nos Centros e Serviços da Província.

2. Participação dos utentes dos nossos Centros: os princípios fundamentais que caracterizam os

Centros e Serviços da Ordem centram a nossa atenção na pessoa a quem servimos e referem-

se à nossa obrigação de defender os seus direitos. Nos Estatutos Gerais da Ordem Hospitaleira

de S. João de Deus pode ler-se que “promovemos e defendemos os direitos do doente e do

necessitado, tendo em conta a sua dignidade pessoal” (50).

Um elemento muito importante de alguns Centros e Serviços, em especial dos que são

responsáveis pela assistência clínica e social no âmbito comunitário é o envolvimento cada vez

maior das pessoas que utilizam o Serviço na gestão do mesmo. Exemplos de Centros e Serviços

nos quais se verifica esta tendência são os dedicados a pessoas com deficiência intelectual,

pessoas idosas, crianças doentes, pessoas sem-abrigo e outros. Os exemplos de envolvimento

dos utentes incluem grupos de defesa dos direitos dos utentes, e a participação nas equipas de

gestão, incluindo a participação na seleção do pessoal. Tudo isso de acordo com a realidade e

as possibilidades de cada Centro.

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Também se desenvolveram Conselhos de doentes e familiares nos Hospitais de Agudos, cujo

objetivo é que os doentes e os seus familiares prestem assessoria ao hospital sobre temas que

incluem, embora não apenas, as relações entre os doentes e o Centro, os Conselhos de revisão

do funcionamento do Centro, iniciativas para melhorar a qualidade, bem como a formação do

doente sobre temas de segurança e qualidade.

Considera-se sumamente importante que o Capítulo Geral impulsione o envolvimento dos

utentes na defesa e gestão assistencial dos Centros e Serviços da Ordem, em conformidade

com as leis e normas de cada país, avaliando e verificando o nível de satisfação dos utentes.

3. Colaboradores: cada Centro e Serviço da Ordem deve ter um plano para desenvolver as

competências profissionais dos Colaboradores, o seu desenvolvimento profissional e a sua

integração no Centro ou Serviço, de acordo com a sua visão, missão, filosofia, os valores e o

plano estratégico respetivos,

4. Pessoal diretivo (chefias): concordar os critérios e expectativas mínimas para a nomeação de

Colaboradores como membros das Equipas de Direção ou dos Conselhos de Administração dos

Centros e Serviços da Ordem (Conferência Regional da Europa).

5. Meio ambiente: um dos elementos importantes da gestão carismática refere-se ao meio

ambiente e à forma como nos relacionamos com o mesmo. Os Centros e Serviços da Ordem

devem ter em conta os efeitos das suas ações e decisões, não só no que diz respeito ao próprio

Centro ou Serviço, mas a toda a comunidade, ao meio ambiente e à sociedade em geral.

Um dos objetivos do plano estratégico deve fazer referência à responsabilidade e ao respeito

que cada Centro deve ter relativamente à comunidade, à sociedade e ao meio ambiente.

III. Documentos

1. Constituições da Ordem, 1984. Art. 100 2. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 50; 92a; 162a; Glossário (gestão carismática). 3. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 5.3. 4. A Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus: Diretrizes para a avaliação e o

desenvolvimento da nossa Missão Apostólica (de 2012.

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B.3

SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA DOS CENTROS,

PROVÍNCIAS E REGIÕES – CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL

I. Definição

Não devemos considerar o tema da sustentabilidade unicamente nos seus aspetos económicos,

mas refletir também sobre como os valores da Ordem – hospitalidade, qualidade, respeito,

responsabilidade e espiritualidade – se podem desenvolver de forma sustentável nas nossas obras.

Durante a sua longa historia, a Ordem demostrou saber gerir, embora com grandes esforços,

numerosas obras em beneficio dos doentes, assistidos e necessitados, conseguindo um resultado

económico sustentável. Isto constituía e continua a constituir uma premissa fundamental para o

crescimento da Ordem e a realização do seu carisma.

Devido a uma multiplicidade de fatores sociais, políticos e organizacionais, muitas vezes é assaz

difícil planificar o futuro de uma obra com bases económicas sólidas. Embora o grande esforço

realizado por alguns Irmãos e Colaboradores que foram precursores se tenha revelado

indubitavelmente digno de louvor e indispensável, não se deu prioridade, pelo menos em parte, a

assegurar uma efetiva sustentabilidade a nível estrutural.

Cabem-nos a tarefa e a obrigação de oferecermos aos doentes, aos deficientes e a todas as

pessoas que solicitam a nossa ajuda, os nossos serviços da maneira mais estável e fiável possível.

O mesmo se aplica também aos nossos Colaboradores que, juntamente com as suas famílias,

necessitam de um trabalho garantido.

Devemos ter presente que, atualmente, conseguimos gerir os nossos Centros de maneira

economicamente sustentável apenas nos sistemas de segurança social e de saúde do primeiro, e,

eventualmente, do segundo mundos, graças a subvenções públicas, a seguros e donativos, desde

que haja uma boa gestão.

Portanto, devemos repensar e impulsionar a solidariedade internacional entre os Centros da

Ordem sob uma nova luz (geminações). Este processo pode contribuir, no Centro que oferece o

apoio e no Centro que o recebe, para uma identificação mais profunda dos Colaboradores de

ambos Centros geminados entre si e com a Ordem.

II. Propostas ao Capítulo: Sustentabilidade – Crescimento – Solidariedade

1. Cada Centro tem a sua própria autonomia e é chamado a assegurar a sua independência

económica. A Cúria Provincial pode, de acordo com o Centro, oferecer ajuda a programas e

projetos sociais segundo o espírito da gestão carismática. No caso em que um Centro não

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possa assegurar a própria sustentabilidade, a Cúria Geral ou Provincial decidirá, se e como

manter a sua continuidade.

2. Um instrumento indispensável para alcançar um desenvolvimento sustentável consiste em

definir com exatidão um plano económico-financeiro. O seu fundamento consiste em alcançar

um resultado operativo pelo menos em equilíbrio, garantindo as amortizações e os necessários

investimentos. O plano económico-financeiro deveria prever um período possivelmente longo

(por exemplo, cinco anos). Desta forma, garantem-se ao mesmo tempo a transparência e a

responsabilidade.

3. Assegurando-se uma base como esta, o Centro pode prosseguir o seu próprio crescimento

através da expansão, participação ou aquisição de outros centros numa determinada região,

sempre que isso contribua para melhorar a qualidade da assistência a nível global.

4. Os Centros da Ordem que nos países industrializados conseguem atingir um desenvolvimento

sustentável seguro devem promover a solidariedade através da responsabilidade social

corporativa, tanto com os Centros dos países menos favorecidos como com as necessidades ao

seu redor. Uma premissa fundamental é que tal compromisso não prejudique o Centro na sua

essência e/ou a qualidade dos serviços que oferece.

5. Devemos comprometer-nos a convidar as pessoas à solidariedade e encorajá-las a serem

generosas. Para esse fim, é necessário dirigir-nos diretamente aos potenciais doadores a nível

local.

6. É necessário refletir sobre a forma de instituir um dispositivo geral, ou uma estrutura jurídica,

para angariar fundos a favor de terceiros.

7. As estruturas que se dedicam à recolha de fundos (fundraising) devem ter em conta nos seus

projetos os custos fixos de gestão, no caso em que as administrações públicas ou outras

entidades cubram apenas os investimentos iniciais.

8. A Ordem deve decidir quais os Centros que deseja manter e apoiar de forma duradoura (por

ex., Nazaré, China) e os que devem ser fechados por razões carismáticas e/ou económicas. A

Cúria Geral estabelecerá os critérios para a manutenção dos Centros que não são

autossuficientes.

III. Documentos

1. Constituições da Ordem, 1984. Art. 100. 2. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Nº 52. 3. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 5.3.4.3; 5.3.5.3. 4. IV Conferência Regional da Europa, 2011

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B.4

COLABORAÇÃO AD INTRA E AD EXTRA (NETWORKING)

I. Definição

No Capítulo Geral de 2006 e em todos os encontros das Conferências Regionais dos últimos anos

foram destacadas a conveniência e a necessidade de intensificar a colaboração interna entre as

diferentes entidades da Ordem, assim como com outras instituições – civis e da Igreja (EG 52; 55).

A Ordem no seu conjunto possui ad intra um importante potencial de recursos humanos e

materiais, de conhecimento nos diversos campos da assistência clínica e social, organização e

gestão, assim como nos campos da formação, docência e investigação, fruto da sua experiencia e

do seu rico património espiritual e cultural. Neste mundo globalizado em que vivemos, somos

chamados a globalizar a Hospitalidade, pondo em comum e ao serviço da Ordem em todo o

mundo as potencialidades que a mesma detém (Const. 14c. EG 65; 122).

Nos últimos anos foram dados passos em frente e promovidas iniciativas que confirmam o que

acabamos de dizer: Comissões interprovinciais e regionais, geminações, Escritório para as missões

e a cooperação internacional, Aliança de S. João de Deus para a angariação de fundos (St. John of

God Fundraising Alliance), Escritório da Ordem na Europa, em Bruxelas, encontros sobre temas de

formação, pastoral, bioética, assistência, gestão e cooperação. Tudo isso nos faz ver a importância

de partilhar e trabalhar em comum, para continuarmos a crescer na missão. Por isso, é necessário

intensificar nos próximos anos este modo de colaboração, em todos os níveis da Ordem,

procurando encontrar os modos e a metodologia mais apropriados.

Este modo de ser e de atuar dá-nos também a oportunidade de crescermos como Família de S.

João de Deus, a partir da espiritualidade da hospitalidade e da comunhão. Todos os membros da

nossa Família têm a possibilidade e são chamados a participar ativamente neste projeto de

colaboração, pondo à disposição e partilhando as suas capacidades, o seu tempo e, afinal, a sua

vida ou uma parte dela.

A Ordem possui igualmente uma rica tradição de colaboração ad extra, isto é, com outras

entidades de diversos tipos, quer eclesiais quer civis, com o fim de promover o seu projeto de

hospitalidade ao serviço dos doentes e das pessoas mais vulneráveis. Existe para isso um grande

espaço de colaboração que torna possível a Hospitalidade que recebemos de S. João de Deus

(Const. 48d).

A Igreja convida-nos a colaborar com instituições eclesiais e são contínuos os convites

provenientes do mundo da vida consagrada à colaboração intercongregacional (VC 52), bem como

à colaboração inter-religiosa (Const. 45e; 52, CI 5.3.6.5; 5.3.6.6). Neste campo, a Ordem conta com

experiências muito enriquecedoras, mas este é sem dúvida um campo com muitas possibilidades

para continuar a crescer.

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Com entidades civis e, em muitos lugares, com as administrações públicas de diversos tipos, a

Ordem possui também uma grande experiência que remonta aos primórdios da sua existência. De

facto, isso permitiu-lhe desenvolver e estender a missão. Sem dúvida, é necessário estar vigilantes

e, embora a Ordem seja aberta, em virtude da sua filosofia, deve velar para que em qualquer

acordo de colaboração fiquem salvaguardados os valores e a filosofia da Instituição, conforme

indicado nos Estatutos Gerais (EG 49, 50).

Desta forma, a Família de S. João de Deus torna-se mais permeável e visível no meio da Igreja e da

sociedade a quem serve, com o único objetivo de promover a hospitalidade evangélica de S. João

de Deus, servindo as pessoas necessitadas, afirmando a nossa identidade e estando abertos à

diversidade, especialmente em lugares onde a presença da fé católica é minoritária. Ao mesmo

tempo, a colaboração com outras entidades exige de nós um esforço de transparência, de

formação e testemunho à maneira de S. João de Deus, assim como de disponibilidade para

assumirmos e nos integrarmos em projetos, sobretudo assistenciais, sociais e eclesiais, por mais

difíceis que eles sejam.

II. Propostas ao Capítulo

A fim de continuar a promover a colaboração da Ordem ad intra e ad extra apresentamos ao

Capítulo Geral as seguintes propostas:

1. Impulsionar, a partir da Cúria Geral e das Cúrias Provinciais, uma rede de colaboração e de

alianças (networking) para pôr em comum o património de conhecimentos e experiências da

Ordem em benefício dos diversos grupos de pessoas a quem damos assistência (saúde mental,

hospitais de agudos, idosos, deficientes, etc.). Para isso, continuar a promover a colaboração

interna da Família de S. João de Deus através das Comissões Interprovinciais e/ou Regionais,

estabelecendo programas concretos nos diversos níveis – formação, escola de hospitalidade,

pastoral, bioética, gestão carismática, docência, investigação – bem como noutros temas

concretos e específicos da Família de S. João de Deus.

2. Continuar a desenvolver e a criar geminações entre as Províncias e/ou Centros da Ordem em

todo o mundo, através de contratos de colaboração que promovam o intercâmbio de

conhecimento e recursos humanos e materiais em diversas áreas, tais como a formação, a

gestão, a atividade assistencial, a investigação, a busca de recursos e outros.

3. Continuar a impulsionar o Escritório para as missões e a cooperação internacional e da Aliança

de S. João de Deus para a angariação de fundos (St. John of God Fundraising Alliance),

melhorando a informação, a coordenação e o trabalho em rede dentro da Instituição.

4. Continuar a promover a cooperação internacional e a angariação de fundos (Fundraising) de

forma atualizada e profissional. Para isso, estudar a possibilidade de criar organizações de

cooperação no âmbito provincial, ou do país, ou na região, para se cruzarem depois num

âmbito superior; respeitando a identidade e a legislação respetivas, mas lançando-se numa

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maior universalização da solidariedade, que permita trabalhar os mesmos objetivos,

inclusivamente através de uma plataforma ou federação. Considerando a situação social atual,

este é um meio válido e promovido publicamente para a angariação de fundos em beneficio de

outros, quer a partir de uma estrutura jurídica de fundação, quer de associação.

5. Elaborar anualmente, através do Escritório para as Missões e a Cooperação Internacional

(Cúria Geral), um boletim para a Família de S. João de Deus e para a sociedade em geral,

informando sobre os projetos mais significativos promovidos durante o ano e de todos os

recursos humanos e financeiros que a Ordem no seu conjunto destinou à cooperação

internacional. Para isso, será necessário que todas as Províncias e Organizações da Ordem

enviem pontualmente a informação necessária à Curia Geral.

6. Participar e, se for caso disso, promover a colaboração da Ordem com outras instituições da

Igreja e outros Institutos de vida consagrada nos âmbitos da pastoral, da formação e da

assistência nos âmbitos social e da saúde. Do mesmo modo, impulsionar a colaboração inter-

religiosa e o diálogo ecuménico com outras entidades em projetos que favoreçam a missão da

Ordem.

7. Continuar a estar abertos e impulsionar a colaboração com as administrações públicas e com

outras entidades civis nos diversos âmbitos da nossa missão, salvaguardando sempre a

identidade, a filosofia e os valores da Ordem.

III. Documentos:

1. Catecismo da Igreja Católica, 1992. Nº 1939-1942. 2. Vita consecrata, 1996. Nº 52; 74; 101; 102. 3. Mutuae Relationis, 1978. Nº 18b. 4. Constituições da Ordem, 1984. Artigos 14c; 45e; 48d. 5. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 49; 50; 52; 55; 65; 122. 6. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 4.5.1; 5.3.6.5; 5.3.6.6.

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CONTRIBUIÇÃO DO GRUPO

DE JOVENS IRMÃOS E COLABORADORES

PARA O CAPÍTULO GERAL

Estimados Irmãos e Colaboradores, membros da Família de S. João de Deus convocados para o

LXVIII Capítulo Geral da nossa Ordem Hospitaleira:

A seu tempo, fomos convocados pelo atual Governo Geral para partilhar, debater e elaborar os

nossos projetos, pensamentos, opiniões e propostas tendo em vista o rumo futuro e o caminho de

hospitalidade pelo qual todos possamos continuar a caminhar fazendo assim parte do projeto

hospitaleiro comum.

Com a simplicidade de sermos apenas um grupo de Irmãos e colaboradores no meio dos tantos

outros jovens que hoje se comprometem com o carisma de S. João de Deus, queremos fazer-vos

chegar o fruto do trabalho que realizámos, como resultado, em primeiro lugar, da reflexão de cada

um, individualmente, nos nossos locais de trabalho, e, posteriormente, em conjunto, como grupo

de 30 pessoas, em Roma.

Nestas linhas que vos dirigimos agora e em muitos outros contributos que foram surgindo depois

da primeira redação deste documento, queremos transmitir-vos uma mensagem de esperança e

confiança no futuro deste projeto, que é de S. João de Deus e de todos nós. Acreditamos nele,

acreditamos que a nossa missão tem sentido e atualidade, hoje mais do que nunca. Confiamos no

amor de Deus e na sua misericórdia para connosco e depositamos n’Ele todas as nossas

competências e aspirações.

Recebei-as por aquilo que são: sugestões, ideias, propostas e mesmo sonhos de uma instituição

viva como é a Ordem, com perspetivas de futuro pela mão de S. João de Deus que nos recorda a

todos: "E uma vez que todos tendemos para o mesmo fim, embora cada um pelo seu caminho, é

bom que nos ajudemos uns aos outros."

Assim, radicados na fé do Senhor da misericórdia e pela mão de Maria, a sempre intacta,

propomos quanto segue:

1. Avançar e dar passos em frente em tudo quanto se relaciona com a comunicação

interna e externa partilhada, quer ao nível dos centros quer da vida hospitaleira,

criando e potenciando mecanismos que dominem as tecnologias atuais tendo em vista

um maior sentido de pertença por parte de todos. Além disso, consideramos

especialmente importante promover e impulsionar redes sociais, fóruns e espaços de

encontro entre colaboradores e Irmãos para ajudar a progredir, tanto em termos

profissionais como de vivência do carisma em todas as suas expressões, aproveitando

especialmente as novas tecnologias a partir de ligações concretas no alojadas no site

da Ordem na Internet, para partilhar quer conhecimentos e práticas profissionais quer

questões de vivência comunitária do carisma.

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2. Sugerir e elevar a proposta a celebração e inauguração de um Ano Vocacional

Hospitaleiro ao nível de toda a Ordem e das congregações afins – Irmãs Hospitaleiras e

Irmãs de São João de Deus – como trabalho conjunto de caminho de futuro.

3. Consideramos necessário na nossa cultura atual otimizar os recursos humanos a nível

de organização interna apostando firmemente na unificação de Províncias e/ou

organismos interprovinciais.

4. Continuar a reforçar e/ou criar canais concretos e operacionais para o acolhimento e

escuta das pessoas assistidas nos nossos centros, como elementos integrados e

quotidianos da dinâmica e gestão dos mesmos.

5. Considerando Granada como o lugar de origem das nossas raízes e princípios como

Família, propomos a criação de um centro de formação, aberto na sua composição a

Irmãos e colaboradores, tendo como missão o acolhimento de peregrinos e ser um

centro de formação e de espiritualidade hospitaleiras, com um projeto concreto

elaborado para o efeito. Tal centro de formação ficaria dependente da Cúria Geral.

6. Tornar possível e criar pequenas "células de hospitalidade" concretas, ao nível de

centros ou Províncias, de assistência e serviço às novas formas de pobreza ou em

situações de necessidade e/ou marginalização, que possam ser assistidas em termos

holísticos por Irmãos e colaboradores, motivados e animados pelo estilo de S. João de

Deus. Criar uma Comissão que se ocupe das novas formas de pobreza ou situações de

necessidade e/ou marginalização, propondo soluções para os problemas emergentes.

7. Estabelecer protocolos concretos que facilitem tanto verdadeiras geminações entre os

centros como o intercâmbio de profissionais por períodos de tempo específicos, a fim

de favorecer o enriquecimento pessoal e das equipas, tendo em conta os aspetos

jurídicos necessários.

8. Constituir grupos de pastoral juvenil vocacional nas diferentes áreas da Ordem no

mundo, que se encarreguem, entre outras coisas, de promover e dinamizar as diversas

vocações para a hospitalidade, especialmente para a vida religiosa como Irmãos de S.

João de Deus.

9. Potenciar a formação dos colaboradores na hospitalidade, de modo a ajudá-los a

conhecer e a aprofundar o carisma da hospitalidade e a história da Ordem Hospitaleira

de S. João de Deus.

Confiando que o Espírito Santo vos acompanhe e ilumine durante estes dias nos respetivos

trabalhos, contai com a nossa proximidade, assim como com a nossa oração e com o trabalho

diário de cada um de nós nos nossos lugares de origem.

Fraternalmente gratos,

Fátima, 26 de outubro de 2012.

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MENSAGEM DOS COLABORADORES

QUE PARTICIPARAM NO LXVIII CAPÍTULO GERAL

DA ORDEM HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE DEUS AOS IRMÃOS CAPITULARES

Queridos Irmãos:

Desde há mais de 25 anos que tendes vindo a promover a participação dos Colaboradores na

Missão da Hospitalidade da Ordem, abrindo-nos as portas da vossa Família Religiosa para nos

incluir a todos no vosso próprio âmbito de Missão ao serviço dos doentes e dos necessitados,

como fez S. João de Deus, em Granada, no século XVI.

A aliança com os Colaboradores para servir e promover a vida foi sucessivamente entendida pela

Ordem como colaboração, para nos unirmos numa mesma Missão, até se ir definindo numa

relação mais estreita que denominámos a Família de S. João de Deus, da qual sois o núcleo

inspirador, em virtude da vossa consagração religiosa e do vosso testemunho comprometido.

Convidais-nos a fazer parte desta Família para que, como Colaboradores, incorporemos no serviço

da Hospitalidade, além de um contributo profissional, ou meramente solidário, os princípios e os

valores da Ordem que, depois de os assumirmos dão sentido e enriquecem o nosso trabalho.

Hoje, muitos colaboradores, em várias partes do mundo, sentem-se ligados à Missão de

Hospitalidade a partir de diversas situações pessoais e com diferentes ligações e compromissos.

Desta forma, os Irmãos e Colaboradores realizam o projeto que S. João de Deus faria hoje. Esta

diversidade abrangente, na qual todos temos um espaço para desenvolver a nossa dedicação, é

em si mesma um sinal de Hospitalidade.

Consideramos a crescente corresponsabilidade entre Irmãos e Colaboradores para o serviço do ser

humano mais vulnerável como um sinal de confiança mútua que devemos reconhecer e da qual

beneficiam milhões de pessoas, nos cinco continentes do mundo. Apesar disso, o exercício da

mesma requer a integração de um ser, de uma maneira de sentir e de agir segundo o estilo de S.

João de Deus.

Por isso, consideramos que temos de continuar a reforçar e a aprofundar estes laços de

colaboração e pedimos que continueis a transmitir-nos a maneira de ser de João de Deus,

especialmente nas circunstâncias e lugares onde ainda não assumimos, como desejaríamos, a

responsabilidade para a qual nos convidais.

Gostaríamos que se intensificasse a formação dos Colaboradores nas Escolas de Hospitalidade,

para que o nosso compromisso tenha cada vez mais qualidade carismática e que, além disso,

continuemos juntos a estudar os critérios éticos, científicos, de gestão, pastorais e de

humanização que são hoje necessários para prestar o serviço aos doentes e necessitados.

Pensamos que o presente e o futuro da Ordem estarão garantidos na medida em que formos

capazes de manter esta relação estreita.

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Estamos preocupados com a diminuição do número de vocações para a vida religiosa. Queremos

estar unidos na oração com todos vós para que o Espírito Santo faça surgir novas vocações na

Ordem Hospitaleira. Confiemos todos nas decisões tomadas neste Capítulo Geral relativamente à

Pastoral Vocacional, para que continuemos a ter sempre Irmãos que sejam guias morais.

Contai connosco! Queremos dar continuidade ao projeto de S. João de Deus. Queremos assumir

cada vez com maior decisão a nossa parte de responsabilidade em levar por diante, convosco, as

Obras apostólicas da Ordem, não só de um ponto de vista técnico, em termos de gestão, ou

científico, da assistência, mas também na perspetiva de traduzir em prática os valores da

Hospitalidade.

Ajudai-nos a superar as limitações e oferecei-nos o testemunho de Hospitalidade que nos guie no

sulco traçado por S. João de Deus.

Obrigado por estes dias de oração, de reflexão e de preocupações e sonhos partilhados, em que o

clima de fraternidade que vivemos serviu para reforçar ainda mais os nossos laços. Entre outras

coisas, pudemos viver com entusiasmo e alegria o projeto de fusão com os Pequenos Irmãos do

Bom Pastor. Sem dúvida, o Irmão Matias, outro "louco por amor", e a sua obra serão para nós

uma referência de Hospitalidade.

Obrigado por nos terdes permitido participar na construção de um Projeto de Hospitalidade para o

novo sexénio que em breve iniciaremos. Pensamos que este deve ser um caminho de:

acolhimento indiscriminado a todas as pessoas em necessidade;

internacionalização e solidariedade;

abertura para dentro e para fora;

envolvimento na participação dos jovens, Irmãos e Colaboradores;

consolidação de estruturas de gestão, capazes de enfrentar o futuro ao nível da Cúria

Geral, das Províncias e dos Centros, a partir das respetivas realidades concretas;

complementaridade que permita aos Irmãos e Colaboradores desenvolverem as suas

respetivas funções específicas;

comunhão, para que o projeto de S. João de Deus continue a desenvolver-se e a atrair mais

pessoas ao serviço dos doentes, dos débeis e dos marginalizados.

Oxalá que, a partir da corresponsabilidade, articulemos juntos programas de assistência integral,

tornando-nos transmissores da misericórdia de Deus, especialmente para aqueles que mais

sofrem e mais desesperam.

Obrigado ao Conselho Geral cessante funções, pelo esforço realizado e pelos frutos alcançados.

Exprimimos os nossos melhores votos ao novo Conselho Geral recém-eleito e colocamo-nos à sua

disposição.

A participação no Capítulo revelou-se, sem dúvida, uma experiência muito estimulante e

enriquecedora que nos impulsiona, como Família de S. João de Deus, rumo ao futuro com um

espírito renovado. O nossos agradecimento também à Província de Portugal e ao seu Superior, Ir.

José Augusto, pelo excelente tratamento que nos reservou.

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Que nossa Senhora de Fátima e S. João de Deus sejam intercedam fielmente por nós e nos ajudem

a realizar o nosso sonho compartilhado.

Muito obrigado e um abraço forte e fraterno.

Fátima (Portugal), 2 de novembro de 2012.

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ORDEM HOSPITALEIRA DE SÃO JOÃO DE DEUS

LXVIII CAPÍTULO GERAL

DISCURSO DE ENCERRAMENTO Ir. Jesús Etayo Superior Geral

Fátima, 9 de novembro de 2012

1. Preâmbulo

Caríssimos Irmãos e Colaboradores da Família de S. João de Deus,

Caríssimo Irmão Geral e Irmãos do Bom Pastor:

Chegámos ao fim do nosso LXVIII Capítulo Geral, que celebrámos sob o lema “A família de S. João

de Deus ao serviço da Hospitalidade”, durante três semanas, neste belo lugar de Portugal, junto ao

Santuário de Fátima, centro de peregrinação para tantos crentes do mundo inteiro que desejam

encontrar-se com a Mãe de Deus e com o próprio Deus. Também nós viemos até aqui para pedir a

sua intercessão e a do nosso Pai, S. João de Deus, cuja imagem se ergue majestosa numa das

colunatas do Santuário, como um dos grandes santos do país.

A atmosfera que envolve o Santuário contribuiu para vivermos o nosso Capítulo num clima de fé e

de oração, necessária e fundamental para o bom funcionamento do mesmo. Foi um bom Capítulo,

no qual o Espírito Santo, por nós tantas vezes invocado, se tornou presente, orientando os seus

trabalhos e, sobretudo, orientando o futuro da nossa amada Ordem, que se prepara para

enfrentar com realismo, fé e esperança os desafios que o mundo, a Igreja e as pessoas que sofrem

nos colocam nos dias de hoje.

Quero agradecer a todos os Irmãos capitulares e a toda a Família de S. João de Deus a confiança

que depositaram na minha pessoa para liderar a vida da nossa instituição como Superior Geral.

Alguns fizeram-no a partir do processo eletivo que o Capítulo viveu no tempo de discernimento

destinado a esta finalidade e muitos outros, com expressões de afeto, confiança e proximidade

manifestadas de diversas formas, através de mensagens, chamadas, correio eletrónico ou de viva

voz, aqui mesmo.

Assumo esta eleição com um grande sentimento e sentido de responsabilidade, pois todos

conhecemos as dificuldades, mas, ao mesmo tempo, com um forte sentimento de paz, porque,

como disse, sentimos a presença do Espírito do Senhor, e tenho a certeza de que Ele, que me

escolheu, estará sempre comigo e me guiará pelos caminhos adequados. Assumo a eleição

também como um serviço que o Senhor e a Ordem me pedem, reconhecendo a minha pobreza e

as minhas limitações e estando bem consciente de que preciso do auxílio do Senhor, da inspiração

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permanente de S. João de Deus, nosso Fundador, e da ajuda de todos os Irmãos e Colaboradores

para sermos capazes de realizar a missão que me é confiada.

Agradeço também ao Capítulo pela confiança que depositou em mim na escolha dos Irmãos que,

juntamente comigo, terão a missão de governar a Ordem. Especificamente, agradeço a cada um

deles por terem aceitado partilhar esta responsabilidade comigo. É, sem dúvida, para todos nós

também uma grande honra servir desta forma a nossa Ordem.

2. Fiéis a S. João de Deus

A sua inspiração e proximidade acompanharam-nos durante todo este tempo e tenho a certeza

que ele está satisfeito também com o trabalho realizado e com as orientações que os seus filhos e

a sua Família aprovaram para continuar a tornar realidade o carisma e a missão da Hospitalidade

no nosso mundo, em constante mudança e com diferentes contextos culturais.

A experiência da misericórdia de Deus que ele teve e viveu na sua própria carne produziu no seu

coração uma requintada sensibilidade pelas pessoas que se encontravam em qualquer

necessidade, até ao ponto de ele se identificar com o Cristo pobre, fazendo-se pobre com os

pobres, os doentes e os necessitados. Temos muitos testemunhos dele próprio, ou de quem o

conhecia, que o atestam. Limito-me a citar o seguinte: “Tão pobres e maltratados os vi que me

despedaçaram o coração: nus e cobertos de piolhos, com uns feixes de palha a servir-lhes de cama.

Socorri-os com o que pude, pois ia com pressa para falar com o Mestre Ávila; mas não lhes dei

como eu quisera”.39

Irmãos, hoje acontece a mesma coisa connosco. São tantas as necessidades de todo o tipo que nos

chegam, aumentadas e agravadas hoje em alguns lugares pela crise mundial que atravessamos,

que não conseguimos dar resposta a todas elas. No entanto, à semelhança de João de Deus,

somos chamados a viver em profundidade a experiência da misericórdia, ou da Hospitalidade de

Deus para com cada um de nós, para tornar possível um coração misericordioso, sensível, aberto e

acolhedor em relação a todos, especialmente àqueles que mais sofrem e vivem em necessidade.

Uma sensibilidade que não é sentimental, mas de ordem espiritual, capaz de pôr em movimento

todo o ser ao ponto de sofrer quando não se pode ser ou fazer mais.

O presente e o futuro, do qual às vezes falamos muito, como se tivéssemos dúvidas, passa

fundamentalmente por sermos fiéis ao espírito do nosso Fundador, testemunhando perante o

mundo o amor de Deus cheio de misericórdia e ternura para com todas as pessoas, especialmente

as mais vulneráveis e necessitadas. Vivendo assim, S. João de Deus abriu uma nova via para a

santidade e iniciou sozinho um projeto, criando em muito pouco tempo um movimento de

hospitalidade que chega até aos nossos dias. Trata-se de um projeto de Deus, impressionante, e

que todos nós, os membros da Família de S. João de Deus, somos chamados a viver com

entusiasmo, esperança e determinação.

39

1 DS, 15.

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Quero que S. João de Deus esteja sempre presente na minha vida como guia e inspirador e

especialmente que ilumine todas as decisões que teremos de tomar, mas também para me ajudar

a crescer na experiência do amor misericordioso de Deus e na sensibilidade do coração para com

os Irmãos, os Colaboradores, os doentes e todas as pessoas com quem me encontrar. Convido-vos

também a vós a viver identificados com o espírito e a inspiração de S. João de Deus. “Se

considerássemos como é grande a misericórdia de Deus, nunca deixaríamos de fazer o bem

enquanto pudéssemos, pois, se nós dermos por amor aos pobres o que Ele mesmo nos dá, Ele nos

promete cem por um na Bem-aventurança. Oh, abençoado lucro e usura!”40

3. Ano da Fé e da renovação da Ordem

No dia 11 de outubro de 2011, o Santo Padre Bento XVI proclamou com o Motu Proprio Porta fidei

o Ano da Fé, que teve início a 11 de outubro de 2012, data que assinala o cinquentenário da

abertura do Concílio Vaticano II, e que terminará a 24 de novembro de 2013, solenidade de Nosso

Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

O Ano da Fé representa um convite a uma autêntica e renovada conversão a Deus, único Salvador

do mundo... Esperamos que este Ano suscite em todo o crente a aspiração a professar a fé com

plenitude e renovada convicção, a confiança e esperança... Pela fé, homens e mulheres

consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver na simplicidade evangélica a obediência,

a pobreza e a castidade, sinais concretos da expectativa do Senhor que não tarda em chegar... Pela

fé, homens e mulheres de todas as idades, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida (cf. Ap 7,9;

13,8), confessaram ao longo dos séculos a beleza de seguir o Senhor Jesus onde quer que fossem

chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na vida profissional, na vida pública e

no desempenho dos carismas e ministérios que lhes eram confiados... O Ano da Fé será também

uma boa oportunidade para intensificar o testemunho da caridade... De facto,“a fé sem a caridade

não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e

caridade reclamam-se mutuamente”.41

A Igreja oferece-nos uma grande oportunidade para aprofundarmos e renovarmos a nossa fé, para

crescermos na união com o mistério de Cristo e, finalmente, para que a nossa vida espiritual de

pessoas consagradas e de leigos se fortaleça de modo que nos possamos tornar testemunhas do

amor misericordioso de Deus com simplicidade e paixão evangélica.

O Ano da Fé é também um apelo a prosseguirmos e aprofundarmos a renovação da nossa vida e

de toda a Família Hospitaleira de S. João de Deus. Trata-se de um processo iniciado há anos, mas

que ainda não terminou e que possivelmente não terá fim, porque a sua essência consiste no

crescimento espiritual constante, a partir da conversão pessoal, a única que torna possível a

verdadeira renovação, a autêntica mudança de atitudes e comportamentos. É a única coisa capaz

de alimentar ideais, de entusiasmar, de apaixonar e de nos afastar de atitudes de apatia, desânimo

e fadiga, e de abrir-nos à esperança.

40

1 DS, 13. 41

Bento XVI, Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Porta Fidei, Roma, 11.10.2011, nº 14.

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Irmãos e Colaboradores, temos pela frente a grande tarefa de continuar a renovar as nossas vidas

e a vida da nossa Instituição. Em continuidade com os anteriores Superiores Gerais e,

especificamente, com o Ir. Donatus Forkan, desejo continuar a promover a renovação da Família

Hospitaleira de S. João de Deus, nas suas formas e sobretudo nos seus conteúdos, em fidelidade

ao Evangelho, ao nosso Fundador, S. João de Deus, à Igreja e às diferentes realidades sociais e

culturais em que nos encontramos inseridos.

4. A Família Hospitaleira de S. João de Deus

O Capítulo Geral analisou e aprovou as linhas fundamentais para continuar a trabalhar sobre a

Família Hospitaleira de S. João de Deus. A visão da Ordem como Família tinha sido aceite e foi

aprovada pela Ordem no Capítulo Geral anterior, realizado em Guadalajara (México), em 2009,

ficando incluída no número 20 dos Estatutos Gerais.

Trata-se de uma visão acertada, que esteve sempre presente entre nós, e que agora queremos

promover e incentivar abrindo as portas a muitíssimas pessoas que diariamente se unem a nós

para realizarmos a missão da Hospitalidade. Formamos, portanto, um grande movimento, unidos

pela figura de S. João de Deus, pela missão, pela espiritualidade e pelo carisma da Hospitalidade,

capaz de gerar uma força evangélica em favor dos doentes, dos pobres e dos necessitados.

Esta maneira de projetar o nosso futuro corresponde à tradição da nossa Ordem e ao apelo que a

Igreja nos faz no sentido de partilharmos o nosso carisma, a nossa missão e a nossa espiritualidade

com os leigos. Eles, como afirmou recentemente Bento XVI, “mais do que meros Colaboradores,

são corresponsáveis pela missão da Igreja e, portanto, pela nossa missão hospitaleira.”42

É verdade, Irmãos e Colaboradores, que temos um longo caminho a percorrer e muitas coisas a

clarificar na vida da nossa Família hospitaleira de S. João de Deus. Vivemos numa época em que as

mudanças ocorrem tão rapidamente que não permitem consolidar as coisas. Mas devemos ver

isso como um processo, um caminho que temos de continuar a percorrer e, certamente, ao

seguirmos por esse caminho, iremos encontrar as soluções e as justas e necessários clarificações.

Desejo agradecer a todos os Colaboradores da nossa Família, pelo seu compromisso com a missão

da Ordem e convidá-los a continuar a identificar-se cada vez mais com os nossos princípios e

valores, para continuarmos a oferecer ao mundo o testemunho da hospitalidade.

Agradeço de modo muito especial a vós, Colaboradores que participastes neste Capítulo Geral,

pelas vossas contribuições, pelo facto de nos terdes dedicado inteiramente o vosso tempo, pelas

vossas declarações de apoio e, especialmente, pelo vosso compromisso, carinho e proximidade

com a Ordem.

5. Uma vida consagrada apaixonado por Cristo, pelos doentes e necessitados

Em S. João de Deus, nos nossos santos e beatos e em muitíssimos Irmãos temos o exemplo claro

de que uma vida consagrada, apaixonada por Cristo e pela humanidade que sofre, é a fonte da 42

Cf. Bento XVI, Mensagem ao Fórum Internacional da Ação Católica, Castel Gandolfo, 10.08.2012.

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renovação, da esperança para a nossa Ordem e da felicidade para cada um dos Irmãos. É também

a fonte e a base fundamental para uma pastoral vocacional renovada.

Muitos deles começaram sozinhos e sem nada, mas a paixão e o poder de Deus levaram-nos a

criar ou a restaurar a Ordem. Eles foram verdadeiras testemunhas e profetas que não passaram

despercebidos, antes pelo contrário.

No final do Capítulo, quero dirigir um apelo a todos os Irmãos para que sejam ousados,

destemidos e corajosos, superando as dificuldades e abrindo-se à esperança. Quero lançar um

apelo a que procuremos a felicidade da nossa vida, entregando-a inteiramente por amor a Cristo

aos pobres, aos doentes e aos necessitados. A vivermos com base numa vida espiritual profunda e

esmerada, uma vida de comunidade fraterna e uma vida apostólica em que todos e cada um dos

Irmãos se sintam protagonistas ativos da hospitalidade, a partir do lugar ou posição que ocupam,

de acordo com a sua idade, o seu estado de saúde e a sua preparação técnica e pastoral.

É necessário reforçar a vida fraterna em comunidade, com criatividade e fidelidade, procurando,

se necessário, novas formas, potenciando a comunidade provincial, interprovincial e regional, mas

garantindo que cada Irmão tenha pelo menos uma comunidade de referência e se sinta membro

dela(s), partilhando aí a vida, a fé, a fraternidade e a missão.

Nestes tempos de crise global, os religiosos e, por conseguinte, nós, os Irmãos, somos chamados a

assumir um estilo de vida coerente com esta realidade. Esta situação deve afetar-nos e deve

notar-se no nosso estilo de vida que deve ser simples e austera, eliminando o supérfluo e

tornando-nos sensíveis e solidários com aqueles que, à nossa volta, passam por necessidades.

Só assim, nós, os Irmãos, podemos realizar uma pastoral vocacional capaz de atrair novas pessoas

para o nosso Instituto, ao verem nele pessoas cheias de entusiasmo e apaixonadas pela sua

vocação. Neste sentido, todos somos chamados a ser membros ativos da pastoral vocacional.

Obviamente, será necessário ao mesmo tempo elaborar planos adequados de pastoral vocacional

juvenil através dos meios de comunicação e das pessoas necessárias, incluindo Irmãos e

Colaboradores.

A formação inicial e a formação permanente são essenciais para o futuro da nossa Ordem, para

transmitir aos novos candidatos a paixão pela vida consagrada hospitaleira e para renovar a de

todos os Irmãos, seja qual for a sua idade. Paralelamente à pastoral vocacional, estes são desafios

de primeira ordem que devemos enfrentar com muita determinação.

6. Estilo de governo

É nosso desejo que o Governo Geral se desenvolva a partir do diálogo e da colegialidade, embora

reconhecendo a responsabilidade e a autoridade que lhe competem e, por vezes, terá de tomar

decisões difíceis.

A animação da Ordem por Regiões é uma boa maneira de promover o diálogo e a participação,

além de ser uma forma adequada para lidar de perto com a realidade de cada Região. Por isso,

iremos continuar a trabalhar por Regiões. Além do Conselho Geral, teremos o Conselho Geral

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Alargado, ou um órgão semelhante, que se reunirá em Roma pelo menos duas vezes por ano, e do

qual farão parte o Ir. Jairo Enrique Urueta, Superior Provincial da Colômbia, como Delegado Geral

para a Região da América Latina, e o Ir. Joseph Smith, da Província da Oceânia, como Delegado

Geral da Região da Ásia-Pacífico e das Províncias de língua inglesa. Ambos residirão nas suas

Províncias, onde farão a animação das respetivas Regiões. Também o Ir. Pascal Ahodegnon,

Conselheiro Geral para a Região da África, passará uma boa parte do tempo na sua Região.

Queremos que o diálogo com os Superiores Provinciais seja um instrumento adequado de

governo. Por isso, além dos contatos pessoais que possamos manter, realizaremos um Encontro

anual com todos os Provinciais para examinar a vida da Ordem, partilhar a vida das Províncias,

apresentar propostas e analisar diferentes situações da Ordem.

Na Família Hospitaleira de S. João de Deus existe um potencial humano rico, constituído por

Irmãos e Colaboradores, com os quais queremos contar para o bom governo da Ordem. Por isso,

modo que solicitaremos a ajuda e a participação concreta de Irmãos e Colaboradores coordenar

algumas áreas da animação e participar em diversos grupos de trabalho que serão organizados a

partir da Cúria Geral ou das Regiões.

Para desenvolver a missão do Governo Geral será necessário também rever a organização da

nossa Cúria Geral, dando seguimento à a proposta de reorganização que foi apresentada ao

Capítulo. Na primeira reunião de Provinciais apresentaremos uma proposta concreta para

apreciação.

7. Irmãos do Bom Pastor

Um verdadeiro presente para este Capítulo e para a Ordem foi a recente notícia de que a

Congregação dos Pequenos Irmãos do Bom Pastor decidiu fundir-se com a nossa Ordem e fazer

parte da nossa Família.

Foram muito importantes e significativos os momentos de apresentação do Fundador e da

Congregação, que verdadeiramente nos impressionou, assim como as palavras e os gestos do

Irmão Geral, Justin Howson.

O nosso Capítulo Geral também se manifestou positivamente para que a fusão se verifique e não

tenho dúvidas de que o Espírito Santo está a incentivar este processo desde que os Pequenos

Irmãos o iniciaram.

Temos muitos pontos em comum, tanto na missão como na espiritualidade, uma vez que o

Fundador dos Pequenos Irmãos, Mathias Barrett, tinha sido um Irmão religioso da Ordem de S.

João de Deus. Assim, estou confiante de que poderemos concluir com êxito o processo que

estamos a encetar. Para isso, já previmos o trabalho de duas comissões formadas por Irmãos de

ambas as instituições, as quais em breve começarão o seu trabalho. Empregaremos o tempo

necessário para que tudo seja feito de forma correta e daremos oportunamente informações

sobre o andamento do processo.

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8. Agradecimento ao Ir. Donatus Forkan

Desejo sinceramente dirigir algumas palavras ao Ir. Donatus Forkan, o nosso Superior Geral nos

últimos seis anos. Desejo agradecer especialmente o seu grande amor à Ordem, manifestado

todos os dias do sexénio mediante uma dedicação e entrega sem limites e, acima de tudo, no

entusiasmo e na paixão com que viveu e vive a sua vida como Irmão de S. João de Deus.

Agradeço-lhe a confiança que depôs em mim enquanto vivemos juntos, um tempo durante o qual

trabalhámos arduamente e sempre com a preocupação de tomar decisões acertadas. Agradeço a

sua convicção e a sua determinação ao guiar os destinos da Ordem com um espírito amigável e

alegre, profundamente hospitaleiro, próprio de um filho de S. João de Deus.

Foram muitas as coisas que aprendi com o Ir. Donatus: a sua simplicidade, a sua amabilidade, a

sua proximidade, a sua profundidade espiritual, a sua abertura e capacidade de compreensão para

com as pessoas de culturas diferentes, a sua disponibilidade para acorrer onde quer que fosse

pedida a sua presença, e muitas outras que poderia continuar a enumerar.

Obrigado, Ir. Donatus: o contributo que deu à Família Hospitaleira de S. João de Deus foi um

impulso muito importante para o presente e o futuro da mesma. Os seus escritos, as suas

reflexões e as suas ideias continuarão a ser de grande valor para todos nós e, naturalmente,

continuaremos a contar com elas e consigo.

Formulo os melhores votos para si no futuro e não tenho a menor dúvida que, com o mesmo

espírito e compromisso de sempre, continuará a servir a nossa amada Ordem e, desde já,

pessoalmente, vou continuar a contar com a sua experiência e proximidade.

Obrigado também aos Irmãos Brian O’Donnell e Pascual Piles, ex-Superiores Gerais da Ordem,

pelo seu apoio, os seus conselhos e a sua proximidade, com que espero poder continuar a contar

no futuro.

9. Agradecimento aos meus Irmãos do Conselho Geral anterior

Quero agradecer muito encarecidamente aos meus Irmãos do Governo e da Cúria Geral do

sexénio que acaba de terminar: aos Irmãos Rudolf Knopp, Vincent Kochamkunnel, Elia Tripaldi,

Robert Chakana e Daniel Márquez, bem como ao Ir. José María Chavarri, Secretário e Procurador

Geral, ao Ir. Gian Carlo Lapic, Secretário pessoal do Superior Geral, ao Ir. Moisés Martin, Diretor do

Departamento para as Missões e a Cooperação Internacional, e ao Ir. Innocenzo Fornaciari,

Superior da Casa da Via della Nocetta.

Vivemos seis anos muito intensos e, em conjunto, unidos ao Ir. Donatus Forkan, procurámos levar

por diante a missão de governo e animação da Ordem. Passámos momentos felizes e partilhámos

também as dificuldades próprias da nossa missão.

Formulo os melhores votos para os Irmãos que vão deixar a Cúria Geral e que regressarão às suas

Províncias e tenho a certeza de que, onde quer que estejam, irão continuar a servir com dedicação

e entusiasmo a Ordem.

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10. Obrigado aos membros do novo Conselho Geral

Quero igualmente agradecer profundamente a disponibilidade e o compromisso dos Irmãos que,

juntamente comigo, compõem o Conselho Geral: os Irmãos Rudolf Knopp, Giampietro Luzzato;

Benigno Ramos e Pascal Ahodegnon. A responsabilidade é grande e o trabalho também o será,

mas assumimo-lo com espírito de serviço e com uma grande esperança, que se fundamenta no

Senhor e em S. João de Deus, que nos hão de guiar todos os dias ao longo destes anos.

Ainda não terminou o Capítulo Geral e, portanto, há ainda muitas coisas para concretizar, mas

quero agradecer também aos Irmãos Joseph Smith e Jairo Enrique Urueta, por terem aceitado a

responsabilidade de partilharem com o Conselho Geral o governo e a animação das Regiões que já

referi. Agradeço também ao Ir. André Sene, do Senegal, que pertence à Província de S. Agostinho,

da África, pela sua disponibilidade em aceitar o cargo de Secretário Geral.

Espero que possamos trabalhar em equipa e num clima de fraternidade e confiança para o bem de

toda a Família Hospitaleira de S. João de Deus.

11. Agradecimentos

Neste momento dos agradecimentos, gostaria de os exprimir a todos aqueles que participaram no

Capítulo Geral, pelo seu apoio, a sua proximidade e pelo intenso trabalho realizado durante estas

três semanas.

Concretamente, e esperando não esquecer ninguém, quero agradecer especialmente à Província

Portuguesa pela preparação e organização do Capítulo: creio que o fizeram de um modo fantástico

e nos deram uma lição prática de hospitalidade, em todos os sentidos. Agradeço ao Ir. José

Augusto Gaspar Louro, Superior Provincial, e à sua equipa: foi uma experiência que não

esqueceremos. Peço-lhe, Ir. José Augusto, que transmita os nossos agradecimentos a todos os

Irmãos e Colaboradores da Província e, de modo especial, aos Superiores e Diretores que nos

acolheram e nos homenagearam com presentes, almoços, jantares e muitas outras coisas. As

visitas aos centros e a outros locais foram muito belas. Obrigado porque todos se desdobraram

em atenções para connosco.

Obrigado à equipa da Cúria Geral que preparou o Capítulo, àqueles que fizeram parte da Comissão

que preparou o Instrumentum laboris e aos que se ocuparam da logística, documentação, etc.,

coordenados pelo Ir. José Maria Chavarri.

Obrigado aos Irmãos que participaram nas diferentes Comissões capitulares: a Comissão central

de coordenação, a Comissão editorial, a Comissão do bem-estar. Obrigado aos moderadores e aos

secretários dos grupos. Todos fizeram um grande esforço para que tudo funcionasse bem.

Obrigado ao Ir. Gian Carlo Lapic pelo serviço que realizou como Secretário do Capítulo e obrigado

à Comissão que supervisionou os trabalhos do Capítulo Geral: foi certamente um trabalho difícil,

mas muito necessário.

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O meu agradecimento especial dirige-se também aos Moderadores do Capítulo – Susana Queiroga

e Gianni Cervellera – que, com a sua simpatia, serenidade, o seu trabalho e a sua sábia direção

fizeram um trabalho magnífico que muito contribuiu para o bom andamento do Capítulo.

Obrigado a todo o grupo de intérpretes, da equipa da senhora Kathlenn Elslander e às senhoras de

língua coreana. Numa assembleia tão universal como esta, a falar tantas línguas diversas, a vossa

colaboração e o vosso trabalho foi fundamental para a realização do Capítulo. Muito obrigado.

Dirijo também o meu agradecimento e apreço à equipe técnica, os senhores João Ascenção,

Alexandre Torres, João Santos e Nuno Barradas.

Um obrigado muito especial também aos membros da Secretaria do Capítulo, que nos apoiaram

permanentemente e fizeram um trabalho magnífico: Silvia Farina, Klaus Mutschlechner e Mário da

Rocha Ávila. Obrigado também ao nosso colaborador Nuno Lopes que, além de ter trabalhado

muito na preparação do Capítulo, foi o nosso enfermeiro para quem precisou de recorrer aos seus

serviços durante a nossa permanência em Fátima.

Agradeço ao Ir. José Maria Chávarri, que preparou o folheto da liturgia, e ao Ir. Gian Carlo Lapic,

que coordenou toda a liturgia. Agradeço igualmente aos sacerdotes e bispos que presidiram à

Eucaristia e aos coros da Província da Irlanda e da Casa de Barcelos, que cantaram muito bem e

animaram a nossa liturgia.

Por fim, obrigado aos funcionários e às Irmãs da Casa que, durante o Capítulo, nos acolheu em

Fátima. Estivemos muito bem e todo o pessoal esteve à nossa disposição, procurando

proporcionar todo o necessário para o bom desenvolvimento do Capítulo e o bem-estar dos

capitulares. Muito obrigado à Ir.ª Maria do Carmo, Superiora da Comunidade.

12. Conclusão

O Capítulo foi uma experiência espiritual de universalidade e hospitalidade. Os desafios são

muitos, mas contamos com a força do Senhor e com a boa disponibilidade de toda a Família

Hospitaleira de São João de Deus. Por isso, tenho a certeza de que podemos enfrentar o futuro

com esperança para que o projeto de Hospitalidade iniciado por S. João de Deus continue vivo e se

vá reforçando, em fidelidade à missão que o Senhor e a Igreja nos confiam.

O Capítulo aprovou um documento de propostas para os próximos seis anos que orientarão a

missão do Governo Geral e de toda a Ordem. Uma grande parte dessas propostas apontam para a

continuação do trabalho que desde há vários anos se tem vindo a realizar, aprofundando-o a partir

delas para alcançar objetivos mais amplos. Outras representam para nós um apelo forte a

trabalhar nalguns temas que consideramos de extrema importância para a nossa instituição.

Não queremos olhar apenas para o nosso interior, pois a nossa missão faz-nos estar sempre

vigilantes para servir e cuidar das pessoas doentes e necessitadas. Nestes tempos de crise, o

Capítulo dirige-nos também um apelo a sermos muito sensíveis às necessidades das pessoas mais

vulneráveis do mundo atual, especialmente à nossa volta.

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A solidariedade para com os mais necessitados e entre as várias Províncias e instituições da Ordem

é uma forma concreta de manifestar a comunhão e a hospitalidade. A este respeito, agradeço a

solidariedade do Capítulo e a generosidade que manifestou respondendo ao apelo lançado para

apoiar um projeto da Ordem em Timor-Leste. Foram recebidos cem mil euros, o que é um bom

resultado e exprime a disponibilidade e a boa saúde que a nossa Família revela em matéria de

cooperação.

Irmãos e Colaboradores, chegámos ao fim do Capítulo e é hora de cada uma regressar às suas

Comunidades e Centros. Desejo-vos a todos uma boa viagem de regresso. Levai convosco a boa

experiência vivida no Capítulo e transmiti-a aos outros Irmãos e Colaboradores. Levai-lhes a

saudação de todo o Capítulo, a minha pessoal e a do novo Conselho Geral. Dizei-lhes que a Ordem

encara o presente e o futuro com esperança e otimismo e recordai-lhes que todos somos

chamados hoje a ser protagonistas na construção e no desenvolvimento diário do projeto de S.

João de Deus. Para isso, conto com todos os membros da nossa querida Família Hospitaleira de S.

João de Deus.

Que o Senhor, Pai misericordioso, Nossa Senhora de Fátima, nossa Mãe, que nos acompanhou

durante todo o Capítulo, o Arcanjo San Rafael, nosso Irmão mais velho, S. João de Deus, nosso

fundador e inspirador, e todos os nossos santos e beatos nos acompanhem, nos protejam, nos

orientem e nos ajudem a todos durante o sexénio que agora começamos. Obrigado.

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PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012-2018

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CARTA DE APRESENTAÇÃO

PARA TODOS OS MEMBROS DA FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE DEUS

Passaram dois meses desde que terminou o LXVIII Capítulo Geral e, durante este tempo, temos

vindo a organizar e preparar o plano de acção do Governo Geral para o novo sexénio, além de

irmos resolvendo os problemas habituais da vida da Ordem à medida que vão surgindo.

Por mandato do Capítulo Geral, nomeámos uma Comissão para a elaboração do Documento Final

do Capítulo, que denominámos 'Linhas de ação e prioridades do LXVIII Capítulo Geral, que foi

depois aprovado pelo Definitório Geral. Agradeço aos membros da Comissão a disponibilidade e o

bom trabalho realizado.

Trata-se de um documento que deverá guiar e orientar a vida da Família Hospitaleira de S. João de

Deus nos próximos anos e constituir a base para a programação do Governo Geral, das Províncias

e de todas as estruturas da Instituição. É um documento que tem em conta os principais desafios

que a Ordem tem de enfrentar nos próximos seis anos e indica as prioridades e as propostas que

nos ajudarão a realizar a nossa missão. Baseando-nos nele, elaborámos a programação do sexénio

que agora apresentamos.

Quero agradecer a todos os membros da Ordem pela confiança que depositaram na minha pessoa

para desempenhar o cargo de Superior Geral. Sei que são muitos os desafios e as dificuldades do

tempo que vivemos, mas assumo-o com entusiasmo, esperança e espírito de serviço à Igreja e à

Ordem. Estou consciente de que só com a ajuda de Deus e de toda a Família Hospitaleira de S.

João de Deus poderei cumprir a missão que me foi confiada. De uma forma mais estreita,

agradeço aos Irmãos que aceitaram fazer parte do Governo Geral, partilhando comigo as

responsabilidades de animação e de governo da Ordem.

1. ESCUTAR O ESPÍRITO DO SENHOR

Neste momento turbulento e de tantas mudanças que o nosso mundo vive sob todos os pontos de

vista, é essencial para começar um novo período na vida da nossa Ordem pôr-nos à escuta do

Espírito a fim de descobrirmos o que o Senhor nos diz e, acima de tudo, aquilo que Ele nos pede

para permanecermos fiéis ao carisma e à missão de S. João de Deus, nosso Fundador.

Nos primeiros capítulos do Livro do Apocalipse, o autor refere aquilo que o Espírito diz às diversas

Igrejas (Ap 2-3). Faz uma avaliação dos aspetos positivos e das áreas de melhoria existentes em

cada uma delas, incentivando-as e orientando-as para que superem o que não está correto aos

olhos do Senhor.

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Queremos começar a partir daqui, escutando o Espírito do Senhor, porque só Ele pode iluminar a

nossa realidade e ajudar-nos a discernir os caminhos que devemos percorrer para sermos fiéis à

missão que nos é confiada. Escutar o Espírito significa fazer uma leitura da vida à luz da fé, da

nossa Família Hospitaleira de S. João de Deus, de cada um dos seus membros e de todas as suas

estruturas. Como dizem alguns, trata-se de fazer uma leitura crente da realidade da nossa vida.

Somente a partir do Espírito é possível renovar o entusiasmo pela vocação e missão, vencendo

rotinas, medos e atitudes passivas que por vezes nos paralisam e nos fazem desanimar. Ele, que é

o criador e regenerador da vida, é também quem nos chama a viver e a renovar todos os dias a

hospitalidade, exatamente como a inspirou S. João de Deus. É Ele que tem as chaves do futuro da

Hospitalidade.

Ouvi-lo, portanto, é um chamamento e uma necessidade. Peço a toda a Ordem que o façamos

permanentemente, que ouçamos a sua voz e a sigamos fielmente, através da oração, da reflexão,

de encontros de hospitalidade e do serviço aos doentes e às pessoas por nós assistidas.

O Capítulo Geral foi uma boa experiência de escuta e presença do Espírito do Senhor que nos

indicou as linhas fundamentais que devemos percorrer nos próximos anos.

2. APROVEITAI TODAS AS OCASIÕES PARA SERDES HOSPITALEIROS

Manter vivo e atual o espírito e a missão da Hospitalidade que herdámos de S. João de Deus é a

prioridade essencial que a nossa instituição e todas as pessoas que a constituem devem manter

sempre. Estamos convictos disso. O sofrimento, a dor e a pobreza são uma realidade que

acompanha a humanidade e que está presente na vida das pessoas de todos os tempos: "porque

os pobres sempre os tereis convosco" (Mt 26, 11). Têm rostos e nomes concretos e para eles

somos chamados como bons samaritanos para manifestarmos que "o Cristo compassivo e

misericordioso do Evangelho permanece vivo entre os homens e colaborarmos desta forma com Ele

na sua salvação" (Const., 5a).

Apesar dos avanços da ciência e das tecnologias, que registaram grandes progressos, embora

estejam distribuídos de forma desigual, as necessidades, o sofrimento, a doença, a fome e a

miséria continuam a atingir com muita força a humanidade nos dias de hoje. Além disso, a crise

mundial que vivemos está a tornar ainda mais grave esta situação, mesmo em países que, até

agora, gozavam de altos níveis de bem-estar.

O amor e a misericórdia de Deus para com todas as pessoas vulneráveis e que sofrem é um dom

permanente que brota da sua própria essência e continua a ser oferecido hoje a todos através da

sua Igreja. A Ordem e toda a Família de S. João de Deus, que fazem parte da Igreja, continuam a

ser chamadas pelo Espírito para mostrar o rosto misericordioso e acolhedor do Senhor, por meio

da Hospitalidade, seguindo o exemplo de S. João de Deus, renovando as formas e os métodos de

lhe dar continuidade, de acordo com as necessidades dos homens e as mulheres do mundo atual.

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A missão da Hospitalidade continua a ser atual e sê-lo-á sempre. Mas vai depender de nós mantê-

la viva e atual de acordo com o espírito e o ideal de S. João de Deus. Ela necessita de ser nova e de

se renovar todos os dias. E isso dependerá apenas da fidelidade à nossa vocação e à nossa missão.

Por isso, temos de ser corajosos e ousados para darmos as respostas apropriadas que Deus quer

para os nossos irmãos doentes, pobres e necessitados.

Isso requer de nós um forte compromisso com a nossa missão. Devemos ser entusiastas e

promotores da hospitalidade, liderando ou acompanhando os projetos nos quais a Ordem realiza a

sua missão e promovendo outros projetos novos que respondam às novas necessidades, mesmo

se nem sempre forem de grande envergadura.

No início deste novo sexénio, gostaria de lançar um apelo a toda a Família Hospitaleira de S. João

de Deus convidando-a a praticar a Hospitalidade. Devemos certamente continuar a refletir sobre a

nossa vida e a nossa missão, mas, acima de tudo, é necessário um compromisso permanente com

a Hospitalidade. Não importa a grandeza nem o número, são sobretudo importantes a visibilidade,

o testemunho e a qualidade da mesma. Sob este aspeto, especialmente nós, os Irmãos, temos que

ser pioneiros e promotores, como convém à nossa vocação. Sem a prática da hospitalidade, a

nossa missão e a nossa vocação perdem força, ficam na sombra e correm o risco de não serem

compreendidas e, portanto, de se perderem.

É esta a razão pela qual escolhi como lema para o meu mandato a expressão de S. Paulo

"Premurosi nell'ospitalità” (Rm 12,13: Aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros).

Pertence à parte exortativa da Carta e, por isso, não se trata apenas de reflexões ou sugestões,

mas de um imperativo, um apelo e um mandato. O significado da expressão italiana (ser diligentes,

atenciosos, na Hospitalidade), que escolhi, confere-lhe um tom mais caloroso, no sentido que

devem brotar do nosso coração uma constante predisposição e sensibilidade para nos

apercebermos das necessidades daqueles que sofrem, para os ajudarmos sem condições e

praticarmos a hospitalidade, muito em sintonia com a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25).

No documento "Linhas de Ação e Prioridades", encontramos orientações e propostas concretas

para realizar a nossa missão de forma renovada e atualizada, praticando a hospitalidade a partir

do compromisso concreto com as pessoas que sofrem, em muitos campos e projetos: gestão

carismática, escolas de hospitalidade, pastoral social e da saúde, bioética, cooperação

internacional, novas formas de pobreza.

3. A FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE SÃO JOÃO DE DEUS

O Espírito do Senhor vem guiando a Ordem desde o Concílio Vaticano II no sentido de ela partilhar

o carisma, a espiritualidade e a missão com as pessoas que colaboram com os Irmãos no seu

projeto de Hospitalidade. Atualmente, são muitos milhares de pessoas – funcionários, voluntários,

benfeitores e amigos – que se sentem identificadas com este projeto, bem como com a

identidade, os valores e princípios da nossa instituição.

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O Capítulo Geral reforça a visão da Ordem como Família Hospitaleira de S. João de Deus, definida

nos Estatutos Gerais de 2009. Juntamente com os Irmãos, também os Colaboradores são

membros ativos e corresponsáveis pela nossa missão. Todos estamos conscientes de que só graças

a eles é possível levar por diante a missão da Ordem, com tão grande expansão e dedicação.

A formação institucional dos Colaboradores, através das Escolas de Hospitalidade, a participação

nas responsabilidades ao nível da gestão, o compromisso com a visão, a missão, os valores e os

princípios de Ordem, e muitos outros âmbitos de ação, são temas sobre os quais se tem vindo a

trabalhar desde há anos e que devem ser intensificados no futuro, procurando sempre níveis mais

elevados de participação e compromisso.

Queremos que a nossa seja uma Família aberta, inclusiva, acolhedora, inspirada pelo carisma de

São João de Deus e ativa na prática da Hospitalidade. Desejamos durante os próximos seis anos

continuar a promovê-la como um processo que nos permita ir crescendo e encontrar formas e

maneiras específicas de a organizar. Além disso, temos também de continuar a pensar e a rever as

estruturas da nossa instituição, a fim de encontrar as mais adequadas para o futuro.

Desejamos que o movimento de Hospitalidade que existe hoje ao redor da figura de São João de

Deus e que torna possível esta Família, não só não se perca, mas que continue vivo e esteja

devidamente organizado. Queremos uma Família na qual as pessoas assistidas nos nossos centros

e as suas Famílias deverão também ocupar um lugar importante.

Resta muito a fazer, mas temos já uma longa tradição e desejo encorajar a todos a fazer este

processo de consolidação no futuro da Família Hospitaleira de S. João de Deus, para que ela possa

continuar a moldar e a garantir no futuro a Hospitalidade segundo o estilo do nosso Fundador.

4. PASTORAL VOCACIONAL, VIDA COMUNITÁRIA E ESPIRITUAL RENOVADA

É prioritário que nós, os Irmãos, vivamos a nossa vocação com entusiasmo e alegria. Que

acreditemos em nós mesmos, baseando-nos no dom de sermos chamados pelo Senhor a viver

como consagrados. Disso depende em grande parte o futuro da nossa vida e da nossa Ordem. É

isso o que esperam de nós a Igreja e todos os outros membros da Família Hospitaleira de S. João

de Deus.

Ser testemunhas da Hospitalidade, consagrando e oferecendo completamente a nossa vida ao

projeto de Deus sobre nós, constitui o núcleo essencial da nossa missão e do nosso papel, que

visa, entre outras coisas, animar e entusiasmar, em particular, aqueles que partilham connosco a

missão e, em geral, a Igreja inteira. Por isso, é importante que nós, os Irmãos, cada um segundo as

suas possibilidades, estejamos próximos dos doentes e dos nossos Colaboradores, que sejamos

criativos e promovamos novos projetos de hospitalidade, mesmo que sejam pequenos, e que, no

mínimo, os animemos e acompanhemos com a nossa presença. Todos os Irmãos, se não existirem

impedimentos de força maior, devem dedicar tempo a estas tarefas, superando a passividade e

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deixando de viver enclausurados ou ficando demasiado distantes daqueles que são os

destinatários da nossa missão. Convido todos os Irmãos a participar, na medida possível, pelo

menos num projeto de serviço e assistência aos doentes mais necessitados, aos mais pobres do

seu ambiente, ou àqueles que estão a ser mais fortemente atingidos pela crise global atual.

Para além das nossas dificuldades e limitações, o Senhor continua a chamar-nos, provavelmente a

partir das debilidades de cada um de nós e da situação atual da nossa instituição, a viver com

alegria a vocação e a missão como Irmãos de S. João de Deus. O nosso Fundador e muitos outros

Irmãos, ao longo da História, são exemplos que nos devem ajudar a renovar a nossa credibilidade

e o nosso compromisso para com a nossa consagração religiosa em hospitalidade.

A primeira condição para que isso seja possível é cultivarmos a nossa vida espiritual, em sintonia

com as nossas Constituições e o Livro da Espiritualidade da Ordem. Na oração pessoal e

comunitária, na leitura diária da Palavra de Deus, na celebração da Eucaristia e dos outros

sacramentos e na leitura da nossa vida à luz da fé, encontraremos o fundamento e a força para

vivermos diariamente a nossa consagração. Sem isso, a nossa vida corre o risco de se tornar estéril

e de cairmos na apatia e no desespero.

A vida em comunidade é um dos pilares da nossa consagração do qual também devemos cuidar e

que temos de renovar. Em muitos lugares, o declínio do número de Irmãos está a conduzir à

formação de comunidades com um número de Irmãos cada vez menor, por vezes mesmo com um

número insuficiente de Irmãos que podem pôr em perigo a própria vocação. Temos de ser

criativos e abertos a novas formas de vida comunitária, mas garantindo sempre as condições

mínimas que facilitem e deem visibilidade à fraternidade. Sei que existem dificuldades, e não são

poucas, especialmente em certos lugares; por isso, convido todos a refletir e a discernir,

escutando o Espírito do Senhor de modo que sejam tomadas as decisões mais acertadas.

Não há dúvida que o futuro depende em grande parte da formação inicial e permanente dos

Irmãos. Temos de dedicar-lhes muitas energias e meios. Temos de superar a fadiga e a falta de

planificação. Precisamos de fortalecer e melhorar a escolha dos nossos formadores para que

orientem e acompanhem corretamente os nossos candidatos, e temos de continuar a promover a

formação ao longo da vida, dado que ela constitui uma das bases da nossa renovação.

Estamos preocupados com a diminuição considerável de novas vocações e devemos dedicar todos

os nossos esforços à promoção vocacional. Todos os Irmãos devem ser os primeiros agentes de

pastoral vocacional mediante o testemunho de uma consagração vivida com entusiasmo e paixão.

Desta forma, e vivendo com os critérios acima referenciados, poderemos propor com garantias a

nossa vocação a outras pessoas. Além disso, será necessária uma planificação adequada em cada

Província, dedicando-lhe os melhores recursos, especialmente humanos. Conforme ficou decidido

no Capítulo Geral, dedicaremos o ano de 2015 à pastoral vocacional hospitaleira.

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No documento "Linhas de Ação e Prioridades". são dadas algumas orientações sobre a vida dos

Irmãos, que todos temos de assumir e com as quais nos devemos comprometer. Os Superiores –

Provinciais e Locais – devem promovê-las a partir da sua responsabilidade, acompanhando e

apoiando os Irmãos mediante a animação, o diálogo e a avaliação. Embora já tenha alguns anos,

continua a ser um válido instrumento de análise, reflexão e formação para todas estas questões o

documento intitulado "Estado de Formação na Ordem", encomendado pela Ordem ao Prof.

Renato Mion, SDB, e à sua equipa, em 2006.

5. OS PEQUENOS IRMÃOS DO BOM PASTOR

Com especial alegria e entusiasmo, o Capítulo Geral acolheu e aceitou o pedido de fusão com a

nossa Ordem apresentado pela Congregação dos Pequenos Irmãos [Irmãozinhos] do Bom Pastor.

Quem participou no Capítulo teve a oportunidade de conhecer mais de perto a Congregação e

vários Irmãos, entre os quais ao Superior Geral, Ir. Justin Howson. Foi um sinal de abertura e

acolhimento da Congregação por parte da Ordem e da Família Hospitaleira de S. João de Deus.

Oportunamente todos irão receber mais informações para poderem conhecer melhor tanto a

Congregação como o processo de fusão que estamos a iniciar e que esperamos tenha a duração

de três anos: para o efeito, já foram constituídas diversas comissões de trabalho.

A Congregação dos Pequenos Irmãos do Bom Pastor foi fundada pelo Ir. Mathias Barrett, que

antes tinha sido Irmão de S. João de Deus, na América do Norte. A sua missão coincide

plenamente com a nossa e é desenvolvida através de vários projetos de ação social. Estou certo de

que chegaremos a uma total integração e compreensão.

Convido toda a Ordem, e também a Congregação dos Irmãozinhos do Bom Pastor, a viverem este

processo com alegria e esperança, pedindo ao Senhor pelo seu bom êxito, sabendo que um

processo desta natureza exige uma grande abertura por parte de todos os membros de ambas as

instituições, um processo no qual todos dão e todos recebem. Por isso, é uma riqueza e um dom

que o Senhor coloca diante de todos nós.

6. PROGRAMAÇÃO

Na programação que apresentamos a seguir incluímos os eventos fundamentais e habituais para o

novo sexénio que interessam a toda a Ordem. Obviamente, haverá outros que iremos indicando,

como, por exemplo, a celebração do centenário da morte de S. Bento Menni, em 2014.

Para nos adaptarmos s indicação dos novos Estatutos Gerais, que implicaram uma mudança

correspondente nas Constituições – realizar os Capítulos Provinciais com periodicidade quadrienal

– as datas para a sua realização foram antecipadas alguns meses, quer em 2014 quer em 2018, a

fim de permitir o máximo tempo possível para a celebração do Capítulo Geral, cuja celebração, por

sua vez, adiámos para janeiro de 2019. Estarei presente em todos os Capítulos Provinciais de 2014

e alguns de 2018 irão ser presididos por Irmãos Conselheiros Gerais.

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Quanto às Visitas Canónicas, serão efetuadas nas datas agendadas. Irei pessoalmente realizar

algumas delas e, nas restantes, estarei presente no seu encerramento. Apesar de as datas estarem

fixadas, os Superiores Provinciais deverão coordenar com o Irmão que efetuar a Visita todos os

detalhes, ficando disponíveis para, em casos pontuais que se justifiquem, revermos e até mesmo

alterarmos algumas delas, se necessário.

Está prevista a realização, todos os anos, exceto no último, de uma Assembleia dos Superiores

Maiores, tendo em vista reforçar a colegialidade na animação e no governo da Ordem e, ao

mesmo tempo, rever, avaliar e promover o plano de ação do Governo Geral.

Para o novo sexénio, agendámos dois Cursos de preparação para profissão solene, nos meses de

setembro e outubro. Pensamos que, prevendo-se a participação de um menor número de Irmãos,

dois sejam suficientes. No entanto, peço a todos os Superiores Provinciais que velem para que,

nos outros anos, os Irmãos que devam fazer a profissão solene tenham o tempo e a preparação

adequados, a nível Provincial, Regional ou Interprovincial.

7. CONCLUSÃO

Termino esta apresentação da programação para o atual sexénio sublinhando alguns pontos que

considero fundamentais e que o documento "Linhas de Ação e Prioridades" desenvolve com maior

amplitude e especificidade. Trata-se daqueles aspetos sobre os quais acredito que o Espírito do

Senhor nos chama com especial atenção. De qualquer forma, como disse, a atitude de escuta do

Espírito para nos mantermos fiéis à nossa vocação e à nossa missão deve ser permanente.

Iniciamos um novo sexénio, um novo período e, portanto, uma nova possibilidade de continuar a

renovar e a dar vida ao projeto da Hospitalidade iniciado por S. João de Deus. Neste sentido, é um

novo Pentecostes que o Senhor nos oferece: aproveitemo-lo, escutemos o seu espírito e atuemos

de acordo com as suas indicações.

Coloco este sexénio nas mãos do Senhor, nosso Pai Deus por meio da Virgem Maria, Nossa

Senhora do Patrocínio, de S. Rafael, nosso Irmão mais velho, de S. João de Deus, nosso Fundador e

dos nossos Irmãos santos e beatos que nos precederam na Hospitalidade. Que eles nos ajudem a

renovar, fortalecer e praticar sempre a Hospitalidade.

Unidos sempre no Senhor e em S. João de Deus,

Ir. Jesus Etayo Superior Geral

Roma, 13 de janeiro de 2013

Festa do Batismo do Senhor.

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LINHAS DE AÇÃO E PRIORIDADES

DO LXVIII CAPÍTULO GERAL

I. INTRODUÇÃO

O LXVIII Capítulo Geral da Ordem realizado em Fátima (Portugal) sob o lema: "A família de S. João

de Deus ao serviço da Hospitalidade", estudou, analisou e projetou a realidade da Ordem perante

o futuro. O Governo Geral, de acordo com o mandato recebido do Capítulo e com a ajuda de uma

Comissão ad hoc, elaborou e aprovou este documento intitulado Linhas de Ação e Prioridades, que

agora apresentamos e que constituirá o plano fundamental de trabalho para a animação do novo

Governo da Ordem.

As Linhas de ação fundamentais emanadas do Capítulo Geral, destinadas a enfrentar os desafios

que a Ordem tem pela frente e a projetar o seu futuro nos próximos anos, são as seguintes:

É ajustada e adequada para a realidade presente e futura da nossa instituição a visão da

Ordem como Família Hospitaleira de S. João de Deus, segundo quanto indicado pelos

Estatutos Gerais da Ordem, e deverá ser entendida como um processo que vá

desenvolvendo progressivamente a sua estrutura e os seus conteúdos.

Constitui uma prioridade manter vivo e atual o carisma e a missão da Ordem, dedicando-se

ao serviço dos pobres, dos doentes e dos necessitados, de acordo com o espírito, os

valores e a filosofia que nos inspirou S. João de Deus. De modo especial, temos de ser

sensíveis às novas situações de pobreza existentes no mundo derivadas da situação de

crise, das desigualdades e situações de injustiça, que têm rostos concretos nas pessoas

mais vulneráveis da nossa sociedade.

É necessário prosseguir o processo de renovação da Ordem, tanto da vida religiosa como

da missão, processo para o qual a Igreja continua a convidar-nos e que foi de modo

especial impulsionado no passado sexénio.

É oportuno continuar a incentivar a vida espiritual e comunitária dos Irmãos, bem como a

formação inicial e permanente dos mesmos, a fim de fortalecer e promover a missão que a

Igreja e a Ordem nos pedem nos dias de hoje. O Capítulo deseja especialmente promover a

vocação para a vida consagrada hospitaleira, destinando a esse fim os recursos humanos e

espirituais necessários. Da mesma forma, considera necessário promover a vocação para a

hospitalidade dos nossos Colaboradores.

É preciso agradecer e valorizar a participação e a presença dos Colaboradores,

especialmente na missão da Ordem, como corresponsáveis por ela. Consideramos

essencial promover a transmissão dos valores e a formação dos Colaboradores, bem como

continuar a desenvolver formas e modelos de corresponsabilidade e participação no

carisma, na missão e na espiritualidade da Ordem.

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É fundamental e necessário para o futuro continuar a pensar e a procurar novas

abordagens relativamente às estruturas da Ordem, a fim de assegurar a sua continuidade,

a sua presença e a sua missão.

II. A FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE SÃO JOÃO DE DEUS

A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, canonicamente reconhecida pela Igreja e constituída

pelos Irmãos, foi-se desenvolvendo ao longo da sua história através da colaboração e do

compromisso de muitas pessoas. Esta realidade fez-nos progredir na conceção da Ordem como

Família Hospitaleira de S. João de Deus. Neste sentido, partilha com Colaboradores o carisma, a

missão e a espiritualidade, de acordo com o número 20 dos Estatutos Gerais da Ordem.43

Em cada realidade da Ordem, segundo a cultura e o contexto próprios, articulam-se diferentes

fórmulas que tornam possível e exprimem a maneira de ser e de viver da Família Hospitaleira de S.

João de Deus.

Como Irmãos, promovemos a visão universal da Família Hospitaleira de S. João de Deus, com todas

as pessoas que se ligam à Ordem e se identificam com os nossos valores e com a filosofia da

Ordem. Existem diferentes graus de vinculação, como estabelece o número 22 dos Estatutos

Gerais.44

A nossa Família – Irmãos e Colaboradores –, definida no nº 21 dos mesmos Estatutos Gerais,45

deseja tomar em particular consideração aqueles que constituem o centro da nossa missão, ou

seja, as pessoas por nós assistidas e os seus familiares.

A Ordem promove a criação de movimentos e associações, regulamentados por estatutos, para os

Colaboradores que partilham o carisma, a espiritualidade e a missão da Ordem.

43

A Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus transcende o âmbito dos Irmãos que professaram na Ordem. Promovemos a visão da Ordem como “Família Hospitaleira de S. João de Deus” e acolhemos, como dom do Espírito nos nossos tempos, a possibilidade de compartilhar o nosso carisma, a espiritualidade e a missão com os Colaboradores, reconhecendo as suas qualidades e os seus talentos.

44 Os Colaboradores podem estar vinculados com o carisma, a espiritualidade e a missão da Ordem por um ou vários

destes níveis: através do seu trabalho profissional bem feito; da sua adesão à missão da Ordem, a partir dos seus valores humanos e/ou convicções religiosas; do seu compromisso de fé católica.

45 Para efeitos dos presentes Estatutos Gerais, os diferentes tipos de Colaboradores na Ordem são:

a) Trabalhadores: pessoas que expressam a sua capacidade de serviço ao próximo nas Obras Apostólicas da Ordem,

com um contrato laboral.

b) Voluntários: pessoas que dedicam parte do seu ser, isto é, do seu tempo, de forma generosa e desinteressada ao serviço da Ordem e das suas Obras Apostólicas.

c) Benfeitores: pessoas que ajudam económica, material e/ou espiritualmente a Ordem.

d) Outros: pessoas que se vinculam de diferentes modos à Ordem, em conformidade com os presentes Estatutos.

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É possível tornar-se membro da Família Hospitaleira de S. João de Deus através de uma adesão

formal, ou informal, partindo do respeito pelas tradições e culturas dos lugares onde a Ordem está

presente.

O Governo Geral incentivará as Províncias a promoverem a criação e o desenvolvimento da Família Hospitaleira S. João de Deus como expressão do compromisso de hospitalidade para com as pessoas doentes e necessitadas.

III. MISSÃO

A Família Hospitaleira de S. João de Deus tem como principal missão oferecer o melhor serviço

possível aos doentes e a quantos se encontram em necessidade, contribuindo assim para a

evangelização e o diálogo intercultural e inter-religioso, através da hospitalidade.

Para levar a cabo esta missão, a Ordem definiu os seguintes valores que a identificam e quer

promover: hospitalidade, qualidade, respeito, responsabilidade e espiritualidade.

No contexto global e plural do nosso mundo, a Ordem aposta em promover a transmissão destes

valores através dos Irmãos e dos Colaboradores, de modo a impregnar com eles o estilo da sua

presença e os seus modelos assistenciais.

Para realizar esta missão, o Capítulo enfatizou a necessidade de continuar a impulsionar e a

desenvolver:

a gestão carismática,

as Escolas de Hospitalidade,

a colaboração ad intra e ad extra (trabalho em rede).

Sublinhou ainda a necessidade de continuar a promover a identidade da missão através das

seguintes prioridades e propostas:

1. Cada Obra Apostólica deve contar com um serviço de assistência espiritual e religiosa,

constituído por pessoas formadas adequadamente. Tal serviço disporá de um plano de

pastoral de acordo com as diretrizes e os critérios do documento de Pastoral da

Ordem.46

2. Reforçar as Comissões de Ética e Bioética, Geral e Provinciais, para que garantam a

formação e uma tomada de decisões adequadas sobre as referidas questões, em toda

a Ordem.

3. Promover a docência e a investigação, em conformidade com os critérios da Carta de

Identidade da Ordem, bem como o trabalho em rede entre as várias Províncias,

Regiões e Obras Apostólicas.

4. Dado que, desde as suas origens, a Ordem fez uma opção preferencial pelos mais

pobres, é prioritário estabelecer novas formas de hospitalidade para responder às

46

A Pastoral segundo o Estilo de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012.

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necessidades decorrentes da atual crise económica e financeira, que gera novas

formas de pobreza.

5. Promover a presença de voluntários e benfeitores nas nossas Obras Apostólicas. Criar

em todas as Províncias, sempre que possível, uma equipa responsável pela promoção

e coordenação do voluntariado.

III.1 Gestão carismática

A gestão nas Obras e Serviços da Ordem baseia-se no carisma e na missão da Hospitalidade de S.

João de Deus.

Trata-se de fazer as coisas bem feitas e de forma significativa, seguindo os princípios que

justificam e definem a nossa instituição e a sua missão

Os Estatutos Gerias e a Carta de Identidade descrevem a missão que lhe foi confiada bem como os

critérios para a realizar adequadamente.

A implementação destes objetivos, que podem parecer algo abstratos, deve ocorrer

concretamente de acordo com os princípios de melhoria contínua e serem verificados através de

avaliações e auditorias.

Desta forma, deveria ser garantida uma evolução sustentável das Obras segundo o espírito de S.

João de Deus.

6. O documento sobre a gestão carismática na Ordem,47 deverá ser implementado nos

diversos serviços assistenciais, tendo em conta a sua realidade e a situação específica e

as diversas culturas. O programa informático de avaliação da gestão carismática pode

ser útil para este fim.

7. Os Irmãos e os Colaboradores devem ser formados e acompanhados na gestão

carismática com base nos principais documentos da Ordem.48

8. Prestar uma atenção especial à voz dos nossos assistidos, a fim de salvaguardar os seus

direitos e melhorar a qualidade da nossa oferta assistencial.

O projeto da Ordem pode ser implementado de forma sustentável em favor dos doentes, das

pessoas portadoras de deficiência e das pessoas necessitadas se houver uma base económica

sólida. 47

Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Guia para a avaliação e melhoria da nossa missão apostólica, Cúria Geral, Roma 2012.

48 Carta de Identidade da Ordem, Cúria Geral, Roma 1999.

Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Guia para a avaliação e melhoria da nossa Missão apostólica, Cúria Geral, Roma 2012.

A Pastoral segundo o estilo de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012. A Formação dos Colaboradores: Guia de Formação na Filosofia e nos Valores da Ordem, Cúria Geral, Roma 2012. FORKAN, D., O Rosto da Ordem em mudança, Carta Circular, Cúria Geral, Roma 2009. LEONE, Salvino, A Ética em S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012.

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9. Para dinamizar a ação evangelizadora e garantir o seu desenvolvimento carismático, as

Províncias e os Centros deverão elaborar um plano estratégico que inclua as linhas de

ação e a cobertura financeira.

10. Antes de abrir uma nova Obra é necessário realizar um estudo de viabilidade,

verificando a respetiva necessidade, bem como os recursos económicos e humanos

disponíveis. Cada Obra deverá elaborar e avaliar um plano financeiro de curto e longo

prazos, para avaliar a viabilidade da mesma.

11. A autonomia económica de algumas Obras sociais que a Ordem mantém em lugares

ou regiões mais desfavorecidos dificilmente pode ser garantida. No entanto, deverá

ser ponderado cuidadosamente o valor do testemunho carismático das mesmas.

12. O Capítulo reafirma o valor da esmola na tradição da Ordem. Por conseguinte,

incentiva as Províncias a promoverem a angariação de fundos com metodologias

atualizadas e solicita a quantos se ocupam dessa tarefa que procedam de forma

transparente e responsável e prestem contas da sua gestão.

III.2 Escolas de Hospitalidade

A formação em Hospitalidade deve levar-nos a uma dinâmica de contínuo crescimento e

aprofundamento dos conceitos, atitudes e comportamentos que nos identificam como pessoas

hospitaleiras.

As Escolas de Hospitalidade têm como objetivo promover a cultura e a formação hospitaleira onde

a Ordem está presente.

Esta formação, que inclui aspetos cognitivos e experienciais, é um espaço comum para os Irmãos e

Colaboradores no qual nos enriquecemos mutuamente e nos encorajamos a prosseguir o

aprofundamento nos valores e princípios49 que derivam da Hospitalidade. Esta formação inclui

elementos teóricos e práticos contidos no documento da Ordem sobre a formação dos

Colaboradores.50

13. Propõe-se efetuar uma avaliação do trabalho realizado pelas atuais Escolas de

Hospitalidade – avaliação da formação, dos programas pedagógicos e da sua aplicação

na prática da missão – bem como promover a sua criação nas Províncias e Delegações

em que ainda não existem.

14. Estudar a viabilidade da criação de um Centro internacional de formação e

espiritualidade, para Irmãos e Colaboradores, por exemplo em Granada, para

promover o objetivo do que se tem feito nas Escolas de Hospitalidade.

49

Cf. Estatutos Gerais, 50.

50 A Formação dos Colaboradores: Guia de Formação na filosofia e nos Valores da Ordem, Cúria Geral, Roma 2012.

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III.3 Colaboração ad intra e ad extra (trabalho em rede)

O Capítulo tomou consciência das possibilidades oferecidas pela possibilidade de partilha e

colaboração como Ordem presente em todos os continentes, para nos ajudarmos mutuamente no

desenvolvimento e promoção do carisma e da missão da Hospitalidade.

O Capítulo sublinhou a importância de continuar a progredir e a promover os encontros e as

Comissões por Regiões – África, América, Ásia-Pacífico e Europa – mantendo ao mesmo tempo a

unidade e a comunhão com toda a Ordem.

O Capítulo propõe os seguintes objetivos prioritários:

15. Melhorar o intercâmbio de conhecimentos e experiências acumulados pela Ordem ao

longo da sua história, através do trabalho em rede e utilizando as novas tecnologias de

comunicação.

16. Promover as geminações entre Obras que realizam atividades semelhantes para

melhorar a missão, as práticas profissionais e a formação.

17. Promover a colaboração com a administração pública, a fim de colaborar na definição

das políticas sociais e de saúde.

18. Solicitar financiamentos às administrações públicas e a outras instituições para realizar

projetos que favoreçam a assistência às pessoas e aos grupos mais desfavorecidos.

19. Favorecer e estimular o intercâmbio de pessoas – Irmãos e Colaboradores – que,

pontualmente ou por um determinado período de tempo, possam apoiar ou colaborar

em projetos de outras Províncias, assim como partilhar conhecimentos e experiências.

20. Caberá ao Governo Geral, através do Departamento para as Missões e a Cooperação

Internacional:

a. promover e coordenar a solidariedade dentro da Ordem;

b. estabelecer fórmulas de colaboração económica viáveis que contribuam para a

sustentabilidade e o desenvolvimento de todas as obras;

c. recolher e publicar informações de todas as ações que forem realizadas ao nível

da Ordem em matéria de cooperação.

IV. IRMÃOS

“O papel dos religiosos consiste em serem levedura no pão, … É necessário que deem

um testemunho vivo do seu seguimento radical de Jesus e manifestem claramente o

dom especial, ou carisma, que receberam, para cuja missão orientam e dispõem a

própria vida”.51

51

FORKAN, Donatus, op. cit., 3.2.2.

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Em virtude do dom recebido e da sua consagração, os Irmãos são depositários do carisma e têm o

dever de o conservar e desenvolver no tempo, transmitindo o espírito de S. João de Deus àqueles

que colaboram com eles.

O Capítulo sublinhou várias vezes ao longo das suas reflexões a necessidade de trabalhar no

próximo sexénio na renovação da vida religiosa e espiritual dos Irmãos, insistindo na importância

da coerência entre vida de oração e vida apostólica.

É, portanto, uma prioridade prestar especial atenção à promoção de novas vocações, à qualidade

da formação inicial e permanente dos Irmãos e a um estilo de vida comunitária renovado,

autêntico e coerente com o que somos chamados a viver.

IV.1 Promoção vocacional

21. Criar uma Comissão de pastoral vocacional, na Cúria Geral e nas diversas Regiões da

Ordem e incentivá-las a trabalhar em rede envolvendo também os Colaboradores nas

reflexões e ações que realizarem.

22. Promover na Ordem um ano dedicado à pastoral vocacional hospitaleira. Para isso,

sugere-se que as Províncias, Delegações e Comunidades colaborem com outras

instituições da Igreja. Deverão dispor dos meios necessários e adotar um estilo de

comunicação adaptado à linguagem de hoje.

23. Insistir na especificidade da vocação do Irmão de S. João de Deus, isto é, a

hospitalidade oferecida aos pobres e aos doentes.

IV.2 Formação inicial e contínua

Toda a nossa formação, inicial e permanente, destina-se a responder às necessidades da nossa

missão e a viver a nossa consagração religiosa, de acordo com quanto a Igreja nos pede nos dias

de hoje.

24. Aplicar, em toda a parte, o documento de formação dos Irmãos,52 adaptando-o às

realidades locais e culturais, bem como às circunstâncias atuais.

25. Integrar nos programas de formação os documentos recentes publicados pela Ordem,

especialmente sobre a Espiritualidade.53 Elaborar para toda a Ordem diretrizes

destinadas a avaliar a formação e a sua assimilação.

26. Garantir um bom nível de formação de formadores, prever a atualização dos mesmos e

realizar encontros regionais e/ou interprovinciais.

52

Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2000.

53 Caminho da Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da Ordem, Cúria Geral, Roma 2004.

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27. Durante o período de votos temporários, ajudar os Irmãos a perseverar na sua vocação

identificando-se cada vez mais com o carisma, a espiritualidade e a missão de S. João

de Deus. Para tal, devem ser disponibilizados os meios humanos e materiais

necessários, insistindo no acompanhamento pessoal.

28. Dar continuidade aos cursos de preparação para a profissão solene ao nível da Ordem.

O Capítulo reafirmou a necessidade imperativa de definir programas de formação permanente nas

Províncias e Regiões, tal como especifica o n.º 89 dos Estatutos Gerais:54

29. Continuar a promover o processo de renovação, insistindo na vida espiritual dos

Irmãos.

30. Organizar oficinas de trabalho (workshops) e encontros para que os Irmãos assimilem

os documentos recentes da Ordem.

IV.3 Vida comunitária e espiritual renovada

À luz da situação atual, o Capítulo reafirmou que os Irmãos e as Comunidades são chamados a

desempenhar um papel fundamental na missão da Ordem e propõe os seguintes objetivos:

31. Velar e promover a vida comunitária de modo que permita a renovação da vida

espiritual dos Irmãos, o fortalecimento da fraternidade, a revisão de vida, a correção

fraterna e o aprofundamento da partilha da vida de fé.

32. Constituir formas alternativas de vida comunitária, incluindo os Colaboradores que se

sintam chamados a viver mais intensamente o carisma e a missão da Ordem, tal como

previsto nos números 26 e 28 dos Estatutos Gerais.55

54

De acordo com o artigo 61 destes Estatutos Gerais, as Províncias devem ter um plano de Formação Permanente. As Comunidades incluirão o programa da Formação Permanente no seu Projeto Comunitário. Cada Irmão realizará de forma responsável e ativa o seu próprio plano de formação, em sintonia com o da

Comunidade e o da Província.

55

Estatutos Gerais, n.º 26: Os Colaboradores que se sintam chamados a uma participação mais ativa no carisma, na espiritualidade e na missão da Ordem juntamente com os Irmãos, podem constituir organizações ou movimentos nas Províncias.

Devem ter estatutos ou regulamentos próprios e protocolos de afiliação, aprovados pelo Definitório Geral, sob proposta do Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho.

O Superior Geral e o seu Conselho coordenem as diversas iniciativas das organizações ou movimentos criados nas Províncias.

Estatutos Gerais, n.º 28: As Províncias podem constituir Comunidades, de forma provisória ou permanente, para compartilhar alguns aspetos da sua vida religiosa hospitaleira com os Colaboradores. O Superior Provincial e o seu Conselho definam as normas que hão de regular tais Comunidades.

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V. PEQUENOS IRMÃOS DO BOM PASTOR

A Ordem de S. João de Deus, no seu LXVIII Capítulo Geral, deu as boas-vindas e aceitou o pedido

dos Pequenos Irmãos do Bom Pastor no sentido de unirem à nossa Ordem.

O Capítulo encoraja todos os membros da Família Hospitaleira S. João de Deus a considerarem a

fusão de ambos os Institutos como algo mutuamente enriquecedor.

O processo de preparação para alcançar a plena união completa deve ser implementado com a

máxima atenção.

VI. PROPOSTAS DIVERSAS

33. Que o próximo Capítulo Geral seja organizado em duas fases distintas: a primeira,

aberta aos Colaboradores e dedicada à missão; a segunda, reservada aos Irmãos, para

abordar os temas da vida religiosa dos mesmos.

34. Para melhorar a animação e o governo da Ordem, o Capítulo solicita ao novo Governo

Geral que, na próxima Assembleia de Superiores Maiores, apresente uma proposta

para a reorganização da Cúria Geral.

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PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012 – 2018

1. CALENDÁRIO DOS CAPÍTULOS PROVINCIAIS: 2014

Janeiro 13. - 19. Capítulo Provincial da Província Austríaca

20. - 26. Capítulo Provincial da Província da Europa Ocidental

27. - 2.02. Capítulo Provincial da Província Indiana

Fevereiro 3. - 9. Capítulo Provincial da Província do Vietname

10. - 16. Capítulo Provincial da Província da Oceânia

17. - 23. Capítulo Provincial da Província da Coreia

24. - 2.03. Capítulo Provincial da Província Lombardo-Veneta

Março 10. - 16. Capítulo Provincial da Província Baviera

17. - 23. Capítulo Provincial da Província Romana

24. - 30. Capítulo Provincial da Província Aragonesa

Abril 31.03. - 6. Capítulo Provincial da Província de Castela

7. - 13. Capítulo Provincial da Província Andaluza

Maio 28.04. - 4. Capítulo Provincial da Província Portuguesa

5. - 11. Capítulo Provincial da Província Polaca

12. - 18. Capítulo Provincial da Província Africana

19. - 25. Capítulo Provincial da Vice-Província do Benim-Togo

26. - 1.06. Capítulo Provincial da Província Francesa

Junho 16. - 22. Capítulo da Delegação do México, Cuba e América Central

23. - 29. Capítulo da Delegação do Canadá

30. - 6.07 Capítulo Provincial da Província dos EUA

Julho 7. - 13. Capítulo Provincial da Província Colombiana

14. - 20. Capítulo Provincial da Província da América Latina Setentrional

21. - 27. Capítulo Provincial da Província da América Latina Meridional

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2. CALENDÁRIO DOS CAPÍTULOS PROVINCIAIS: 2018

Janeiro 15. - 21. Capítulo Provincial da Província de Aragão

Capítulo Provincial da Província Indiana

22. - 28. Capítulo Provincial da Província de Castela

Capítulo Provincial da Província do Vietname

29. - 4.02. Capítulo Provincial da Província da Andaluzia

Capítulo Provincial da Província da Oceânia

Fevereiro 5. - 11. Capítulo Provincial da Província Romana

Capítulo Provincial da Província Coreana

12. - 18. Capítulo Provincial da Província da Baviera

Capítulo Provincial da Província América Latina Meridional

19. - 25. Capítulo Provincial da Província Austríaca

Capítulo Provincial da Província da América Latina Setentrional

26. - 4.03. Capitulo Província da Província da Europa Ocidental

Capítulo Provincial da Província Colombiana

Março 5. - 11. Capitulo Província da Província Lombardo-Véneta

Capítulo da Delegação do México, Cuba e América Central

12. - 18. Capítulo Provincial da Província Polaca

Capítulo Provincial da Província dos EUA

19. - 25. Capítulo Provincial da Província Portuguesa

Capítulo da Delegação do Canadá

Abril 9. - 15. Capítulo Provincial da Província Africana

Capítulo Provincial da Província Francesa

16. - 22. Capítulo da Vice-Província do Benim-Togo

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3. VISITAS CANÓNICAS56

Ano 2013

Ano 2015

Província Colombiana: 12-01-15.02. Encerramento: 16-22.02 Ir. Benigno Ramos

Província da Baviera: 12.01-15.03. Encerramento: 16-22.03 Ir. Rudolf Knopp

Província da Europa Ocidental (Malawi e New Jersey): 27.04-7.06 Ir. Jesús Etayo e Ir. Rudolf Knopp

Província Africana de S. Agostinho: 29.06-30.08. Encerramento: 12-18.10 Ir. Pascal Ahodegnon

Vice-Província Africana de S. Ricardo Pampuri: 01.9-27.09. Encerramento:05-11.10 Ir. Pascal Ahodegnon

Província dos Estados Unidos da América: 07.09-20.09. Ir. Jesús Etayo e Ir. André Sène

Delegação Geral do Canadá: 22.09-27.09. Ir. Jesús Etayo e Ir. André Sène

56

O Superior Geral estará presente no encerramento de todas as Visitas Canónicas que não forem realizadas por ele próprio. Nessas, o encerramento terá lugar no final de cada uma delas, segundo as datas indicadas.

Província Polaca (Nazaré): 18.03-19.05. Encerramento: 20-26.05 Ir. Rudolf Knopp

Província da Coreia (China e Japão): 25.03-28.04. Ir. Jesús Etayo

Província da Andaluzia: 01.04-26.05. Encerramento: 29.05- 2.06 Ir. Benigno Ramos

Província Francesa (Madagáscar): 03.06-21.07. Encerramento: 22-28.07 Ir. Giampietro Luzzato

Província da América Latina Setentrional: 04.11-08.12. Encerramento: 09-15.12 Ir. Benigno Ramos

Província Romana (Delegação Provincial das Filipinas): 04.11-08.12. Encerramento: 18-19.12 Ir. Giampietro Luzzato

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Ano 2016

Cúria Geral, Comunidade da Via della Nocetta: 11-17.04. Ir. Jesús Etayo

Província da Oceânia (Papua Nova-Guiné): 11.04-15.05. Encerramento:16-22.05 Ir. Rudolf Knopp e Ir. Pascal Ahodegnon

Província de Castela: 18.04-05.06. Encerramento: 06-12.06. Ir. Benigno Ramos

Comunidade da Farmácia do Vaticano: 25.04-1.05. Ir. Jesús Etayo

Província Lombardo-Véneta: 2.05-12.06. Encerramento:13-19.06 Ir. Giampietro Luzzato

Delegação do México, Cuba e América Central: 05.09-09.10. Ir. Jesús Etayo

Comunidade da Ilha Tiberina: 26.09-2.10. Encerramento:13-14.10 Ir. Giampietro Luzzato

Ano 2017

Província de Aragão: 16.01-05.03. Ir. Jesús Etayo

Província Austríaca: 27.03-18.06. Encerramento:03-09.07 Ir. Rudolf Knopp

Província da América Latina Meridional: 24.04-21.05. Encerramento:22-28.05 Ir. Benigno Ramos

Província Portuguesa: 24.04-28.05. Encerramento:12-18.06 Ir. Giampietro Luzzato

Delegação Provincial do Brasil: 29.05-11.06. Encerramento:12-18.06 (em Portugal) Ir. Benigno Ramos

Província do Vietname: 29.05-18.06. Encerramento: 19-25.06 Ir. Pascal Ahodegnon

Província Indiana: 04.09-01.10. Encerramento: 02-08.10 Ir. Pascal Ahodegnon

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4. ÁREAS GEOGRÁFICAS DE ANIMAÇÃO

Região Europa:

(Germania, Áustria, Polonia,

Ocidental Europeia): Ir. Rudolf Knopp

(Itália, França): Ir. Giampietro Luzzato

(Espanha, Portugal): Ir. Benigno Ramos

Região África: Ir. Pascal Ahodegnon, Ir. André Sène

Região América Latina: Ir. Jairo E. Urueta, Ir. Benigno Ramos

Região Ásia-Pacífico

e Norteamerica: Ir. Joseph Smith, Ir. Pascal Ahodegnon

5. ÁREAS GEOGRÁFICAS E DE GOVERNO

Vida dos Irmãos, Pastoral Vocacional e Formação: Ir. Benigno Ramos.

Animação das Comunidades da Cúria Geral: Ir. Giampietro Luzzato.

Gestão Carismática, Economato, Património Cultural e Artístico, Estatísticas e Administração, Escolas da Hospitalidade: Ir. Rudolf Knopp.

Hospital da Ilha Tiberina: Ir. Giampietro Luzzato.

Bioética: Ir. José M. Bermejo e Ir. André Sène.

Pastoral social e daa Saúde: Ir. Benigno Ramos e Ir. André Sène.

Postulador Geral: Ir. Elia Tripaldi.

Missões e Cooperação Internacional: Ir. Moisés Martín, Ir. Giampietro Luzzato, Ir. Pascal Ahodegnon.

Comunicação e sítio web da Cúria Geral: Ir. André Sène.

Procurador Geral: Ir. André Sène.

Secretário Geral: Ir. André Sène.

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6. ASSEMBLEIAS DOS SUPERIORES MAIORES

Ano 2013: 14-20 de outubro

Ano 2014: 3-9 de novembro

Ano 2015: 26 de outubro – 1 de novembro

Ano 2016: 24-30 de outubro

Ano 2017: 23-29 de outubro

7. CONFERÊNCIAS REGIONAIS

Ano 2016:

África: 1-7 de fevereiro

Ásia: 15-21 de fevereiro

América: 29 de fevereiro-6 de março

Europa: 14-20 de março

8. LXIX CAPÍTULO GERAL

2019: 14 de janeiro-10 de fevereiro

9. CURSOS DE PREPRAÇÃO PARA A PROFISSÃO SOLENE

2014: 1 de setembro-19 de outubro

2016: 29 de agosto-16 de outubro

10. ANO DAS VOCAÇÕES PARA A HOSPITALIDADE: 2015

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O NOVO GOVERNO DA ORDEM

SUPERIOR GERAL:

Irmão Jesús ETAYO ARRONDO Sac.

Nasceu no dia 26 de maio de 1958, em Fustiñana, Navarra (Espanha), onde recebeu o batismo,

três dias após o seu nascimento, e a confirmação, em junho de 1966.

Vindo da Escola Apostólica de Saragoça, iniciou o Postulantado em setembro de 1974, em Sant Boi

de Llobregat (Barcelona). Entrou para o Noviciado de Carabanchel Alto (Madrid) em setembro de

1975, onde fez a profissão temporária, em 29 de setembro de 1977. Em 12 de outubro de 1983,

emitiu a profissão solene e, em 21 de setembro de 1985, foi ordenado sacerdote, na sua terra

natal.

Formou-se em Enfermagem, em Barcelona, concluindo o curso em 1980. Estudou Teologia,

especializando-se na área da Vida Consagrada, em Zaragoza e Madrid (1980-1988). Em Barcelona,

realizou um curso de pós-graduação em Pastoral da Saúde (2002) e obteve o Mestrado Europeu

de Bioética (2004), no Instituto Borja, de Barcelona, na Universidade Ramón Llull.

Exerceu a hospitalidade como Formador na Escola Apostólica, como responsável pelo Pré-

postulantado, Mestre de Noviços e de Escolásticos. Trabalhou no campo da Pastoral Social e da

Saúde com pessoas afetadas por doenças do foro neurológico, com deficientes psíquicos e idosos,

em Madrid; atuou em realidades da marginalização, no Albergue de Barcelona, e com imigrantes,

em Sant Vicenç del Horts (Barcelona); na área de Saúde Mental, em Sant Boi de Llobregat

(Barcelona) e num dos centros penitenciários de Barcelona.

No serviço de animação e governo da Província foi Conselheiro Provincial, Responsável pelas áreas

de Pastoral Social e da Saúde, Bioética, Voluntariado, Formação, Estilo de vida, em diferentes

períodos, e como Superior Provincial, de 1995 a 2001.

Participou em vários Capítulos Gerais; a 16 de outubro de 2006, no LXVI Capítulo Geral, foi eleito

2º Conselheiro Geral, tendo-lhe sido atribuída a tutela das áreas de Bioética e Formação de

Irmãos, bem como a das Províncias de Espanha, Portugal e França.

No dia 1 novembro de 2012, no LXVIII Capítulo Geral, realizado em Fátima (Portugal), foi eleito

Superior Geral da Ordem.

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DEFINITÓRIO GERAL

Ir. Rudolf KNOPP

Nasceu em Kahl (Alemanha), no dia 18 de Janeiro de 1958, emitiu a profissão temporário no dia 15

de Agosto de 1981 e a solene a 12 de Outubro de 1986. Foi Superior Provincial desde 2001 até

2006. Foi eleito Conselheiro Geral (1º) desde 2006 até 2012; re-eleito em 2012.

Ir. Giampietro LUZZATO

Nasceu em Asolo, Itália, no dia 15 de Junho de 1950, emitiu a profissão temporário no dia 20 de

Outubro de 1968 e a solene a 8 Janeiro 1978. Foi Superior Provincial desde 2007 até 2012.

Ir. Benigno RAMOS RODRIGUEZ, sac.

Nasceu em Manganeses de la Polvorosa (Zamora), Espanha, no dia 27 de Agosto de 1963, emitiu a

profissão temporário no dia 25 de setembro de 1983 e a solene a 1 de Abril de 1989. Ordenado

sacerdote no dia 10 de setembro de 1994. Superior Ilha Tiberina desde 2010.

Ir. Pascal AHODEGNON

Nasceu em Savé (Zou), Benin, no dia 10 Abril de 1971, emitiu a profissão temporário no dia 15 de

Agosto de 1997 e a solene a 25 de maio de 2003.

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CONSELHO GERAL ALARGADO

Ir. Jairo Enrique URUETA, Delegado Regional da América Latina

Nasceu em Barranquilla, Colômbia, no dia 17 de Julho de 1964, emitiu a profissão temporário no

dia 8 de Dezembro de 1995 e a solene a 8 de Dezembro de 2000. Superior Provincial desde 2010.

Ir. Joseph SMITH, Delegado Regional Ásia-Pacífico e Norteamerica

Nasceu em Newcastle, Austrália, no dia 5 Setembro de 1954, emitiu a profissão temporário no dia

31 de Agosto de 1975 e a solene a 6 de Setembro de 1981.

OUTROS CARGOS

PROCURADOR E SECRETÁRIO GERAL

Frater André SÈNE, sac.

Nasceu em Peleo Serere (Senegal) no dia 15 Agosto de 1965. Emitiu a profissão temporário no dia

15 Agosto de 1993 e a solene no dia 7 Agosto de 1999. Ordenado sacerdote no dia 3 Julho de

2004.

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POSTULADOR GENERAL

Frater Elia TRIPALDI, sac. Nasceu em Uggiano Montefusco – Taranto (Itália), no dia 4 de Maio de 1939. Emitiu a profissão temporária no dia 13 de Outubro de 1957 e a solene no dia 13 de Outubro de 1963. Ordenado sacerdote no dia 19 de Dezembro de 1970.

OFÍCIO MISSÕES E COOPERATION INTERNATIONAL

Frater Moisés MARTÍN BOSCA

Nasceu em Valencia (Spanien) no dia 14 Junho de 1957. Emitiu a profissão temporário no dia 29

Septembro de 1979 e a solene no dia 15 de Septembro de 1984.