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a.3) Efeito bioenergético: pode-se admitir que as radiações laser proporcionam às
células, tecidos e organismos, em conjunto, uma energia válida e que estimula, em
todos os níveis, o trofismo, normalizando as deficiências e equilibrando as
desigualdades.
b) Efeitos secundários ou indiretos: estímulo à microcirculação e estímulo ao
trofismo celular.
b.1) Estímulo à microcirculação - em circunstâncias normais, o esfíncter pré-capilar
funciona de forma periódica, ativando ou cessando o funcionamento da
microcirculação. Parece que a radiação laser tem uma ação indireta sobre o
esfíncter pré-capilar, por meio de mediadores químicos, paralisando-o e produzindo
sua abertura constante e, portanto, determinando um estímulo à microcirculação,
pela liberação de histamina.
b.2) Estímulo ao trofismo celular: a aplicação de laser de baixa intensidade promove
aumento da produção de ATP, com aumento da velocidade de mitose. Há aumento
da neoformação vascular e da multiplicação celular.
Com a evolução dos equipamentos de laser de baixa intensidade, a
dosimetria energética é calculada em função do tempo de aplicação. Genovese
(2000) menciona os valores de densidade energética (Tabela 1). Essas indicações
referem-se à unidade de superfície irradiada, e não à totalidade de densidade
energética aplicada ao paciente em função da patologia.
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Tabela 1 - Valores de densidade energética do LBI em função do efeito
Tipo de Efeito Densidade Energética
efeito antiálgico 2 a 4 J/cm²
efeito antiinflamatório 1 a 3 J/cm²
efeito regenerativo 3 a 6 J/cm²
efeito circulatório 1 a 3 J/cm²
Relata ainda que quando há necessidade de efeito antiinflamatório, o
cálculo da densidade energética deve ser baseado em função das modalidades de
inflamação (GENOVESE, 2000) (Tabela 2).
Tabela 2 - Densidade energética do LBI em função da inflamação
Estágio de Inflamação Densidade energética
Inflamação aguda doses baixas de 1 a 3 J/cm²
Inflamação subaguda doses médias de 3 a 4 J/cm²
Inflamação crônica doses altas de 5 a 7 J/cm²
Genovese (2000) afirmou que essas indicações dosimétricas devem ser
consideradas a título de orientação, pois é o cirurgião-dentista quem deverá
determinar, variar ou alternar as doses de aplicação em função da resposta do
paciente/ou do tipo da lesão. Entretanto, o autor aconselhou não ultrapassar a
dosimetria energética de 12J/cm² por unidade de superfície, já que se pode produzir
um efeito inibidor. O número de sessões realizadas com aplicações de laser de
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baixa intensidade é variável em função da patologia. No entanto, se depois de
algumas sessões não forem observadas melhora das condições clínicas, é
aconselhável optar por outra modalidade terapêutica.
Bensadoun et al. (1999) afirmaram que o uso do laser de hélio-neônio de
baixa energia parece ser uma técnica simples e atraumática para prevenção e
tratamento da mucosite de várias origens. Os autores notaram uma significativa
diminuição da dor e descrevem que a terapia a laser é capaz de reduzir a
severidade e duração da mucosite oral causada pela radioterapia e que o laser tem
um grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos
efeitos indesejáveis da radioterapia.
Migliorati et al. (2001), em estudo piloto realizado no Hospital Sírio Libanês –
São Paulo realizou uma pesquisa para avaliar a eficácia da terapia a LASER de
baixa intensidade, com comprimento de onda de 780nm, para o controle da dor
associada à mucosite oral em onze pacientes que se submeteram a transplante de
medula óssea. A severidade da mucosite foi graduada pela tabela da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e a dor foi medida com o uso da escala visual analógica
(EVA). A maioria dos pacientes associou a aplicação diária do laser como
satisfatória para ao alívio da dor e não se verificou presença de infecções ou
sangramento, apesar das altas doses de quimioterapia recebidas.
Azevedo, Magalhães e Dias (2003) descreveram que, em relação às
contra-indicações, o laser não deve ser aplicado em pacientes que fazem uso de
medicações fotossensíveis, para que sejam evitadas interações indesejáveis.
Também não recomendam a sua utilização em pacientes debilitados, em virtude da
baixa energia celular dificultar a absorção de luz benéfica. Referem, ainda, que
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outros tipos de complicações podem ser decorrentes de negligência em relação às
normas de segurança.
Sandoval et al. (2003) em estudo prospectivo em pacientes submetidos
a radio, quimio ou radioquimioterapia com mucosite oral e tratados com laser de
baixa potência, constataram alívio imediato da dor na maioria dos casos, relatando
uma boa aceitação desse método pelos pacientes.
Rubenstein, Peterson e Schubert (2004) observaram que, nos últimos
anos, vêm se acumulando evidências clínicas de que o uso do laser de baixa
potência pode reduzir a dor e a inflamação causadas pela mucosite.
Catão (2004) recomendou a laserterapia na prevenção e tratamento da
mucosite oral, podendo ser aplicada isoladamente ou em associação a tratamento
medicamentoso, proporcionando alívio da dor, conforto ao paciente, controle da
inflamação, manutenção da integridade da mucosa bucal e melhora da reparação
tecidual.
Kühn et al. (2005), em estudo comparativo realizado em cinqüenta
pacientes submetidos a radioterapia e quimioterapia, com laser de baixa potência e
com comprimentos de onda de 685nm e 830nm , concluíram que o laser de 830nm
mostrou superioridade terapêutica quando comparado com o laser de 685nm.
Genot e Klastersky (2005), em estudo de revisão da literatura,
confirmaram as evidências de que o laser de baixa potência pode reduzir o grau de
severidade da mucosite oral induzida pela radio ou quimioterapia, embora sejam
necessários mais pesquisas no campo da prevenção.
Estudo realizado para avaliação da efetividade do laser InGaAIP, com
comprimento de onda de 685nm, para prevenção da xerostomia e mucosite oral em
pacientes portadores de neoplasia maligna de cabeça e pescoço, mostrou que os
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pacientes que foram submetidos à associação de radioterapia e laser apresentaram
uma incidência de xerostomia, mucosite oral e dor significativamente menor quando
comparados ao grupo de radioterapia sem laser (LOPES; MAS JUNIOR; ZANGARO,
2006).
Bensadoun et al. (2006) afirmaram que a mucosite é reconhecida como
o fator principal nas limitações do tratamento dos pacientes portadores de câncer de
cabeça e pescoço, onde a prevenção e o tratamento da mucosite são fundamentais
na melhora da qualidade de vida e do controle da doença. Afirmam que muitos
tratamentos tópicos e sistêmicos são realizados, mas poucos têm mostrado
significativa eficácia. Os autores acreditam que a evolução das técnicas de
radioterapia e o emprego da laserterapia podem ter um impacto importante no
campo da oncologia, assim como na prevenção da mucosite.
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3 PROPOSIÇÃO
O objetivo do presente estudo foi avaliar a aplicação do laser de baixa
potência no tratamento da mucosite oral, aplicado isoladamente ou associado ao
uso de antimicrobiano tópico (clorexidina gel 0,2%), em pacientes portadores de
neoplasia maligna de cabeça e pescoço, após serem submetidos à radioterapia.
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4 MÉTODO
4.1 ASPECTOS ÉTICOS
Após a aprovação do projeto pelos Comitês de Ética em Pesquisa da
Universidade de Taubaté (Protocolo CEP/UNITAU no 0251/07) e do Instituto de
Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho (CEP/ICAVC), foram selecionados 14
pacientes portadores de neoplasia maligna de cabeça e pescoço.
Os pacientes foram atendidos no Setor de Radioterapia do Instituto de
Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, São Paulo – SP. Todos os participantes ou
seus responsáveis legais assinaram um termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, de acordo com os princípios enunciados na Declaração de Helsinque,
Finlândia (1964) – ratificada em Edimburgo (2000), expressa nas Resoluções nº
196/96 e nº251/97 do CNS/MS – Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos
(BRASIL 1996, 1997).
O pesquisador responsável orientou os pacientes sobre os objetivos do
estudo, os procedimentos a serem adotados, assim como os riscos envolvidos.
Os pacientes foram informados de que todo material de pesquisa contido
neste estudo será considerado confidencial. Essas informações poderão ser
reveladas, se necessário, a critério do pesquisador responsável ou do Centro de
Ensino e Pesquisa (CEPE).
4.2 SELEÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS
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Quatorze pacientes portadores de neoplasia maligna da região de
cabeça e pescoço, com indicação de tratamento radio e/ou radioquimioterápico,
foram selecionados e alocados em dois grupos de tratamento:
Grupo I (n=8) – LASER
Grupo II (n=6) – LASER + Clorexidina 0,2% / (Perioxidin® gel)
Grupo I : Nesse grupo, seis pacientes foram submetidos à radioterapia
e dois pacientes foram tratados com radio e quimioterapia associados.
Grupo II : No grupo II, quatro pacientes foram submetidos à radioterapia
exclusiva e dois pacientes receberam tratamento com associação de radio e
quimioterapia. Nesse grupo, os pacientes foram orientados a usar o Perioxidin®, na
forma de gel, três vezes ao dia, com início a partir da primeira sessão de laserterapia
até o final do tratamento clínico.
4.2.1 Critérios de inclusão
Pacientes de ambos os sexos, maiores de dezoito anos, submetidos a
tratamento antineoplásico com radio e radioquimioterapia.
4.2.2 Critérios de exclusão
Gestantes, pacientes menores de dezoito anos e pacientes submetidos
a tratamento quimioterápico exclusivo.
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4.3 PREPARAÇÃO DOS VOLUNTÁRIOS
Foi realizada avaliação clínica, incluíndo anamnese minuciosa, exame
clínico intra-oral e preparo odontológico profilático, previamente ao tratamento
antineoplásico. Os pacientes foram acompanhados durante todo o tratamento
radioterápico, sendo orientados sobre a importância da manutenção de higiene oral
adequada, cuidados gerais relativos à hidratação corporal e dieta balanceada. Os
pacientes receberam informação sobre os procedimentos de uso do laser de baixa
potência e orientação sobre a necessidade de uso de proteção ocular, de acordo
com as normas internacionais de segurança.
4.4 PROTOCOLO DE TRATAMENTO
4.4.1Saliva artificial
Após a primeira sessão de radioterapia, todos os pacientes foram instruídos
a usar saliva artificial (Tabela 3), para controle de xerostomia, em virtude de possível
redução do fluxo salivar durante o tratamento radioterápico. Sua aplicação foi
preconizada na posologia de três vezes ao dia, ou mais, ou conforme necessidade
individual (BORAKS, 2001).
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Tabela 3 – Fórmula da Saliva Artificial (adaptada de BORAKS, 2001)
Saliva Artificial, para 1000 ml de saliva/900 ml de água destilada
cloreto de sódio 674,0mg
cloreto de potássio 960,0mg
cloreto de magnésio hexidratado 40,8mg
cloreto de cálcio dihidratado 106,8mg
fosfato de potássio hidrogenado 274,0mg
metil-p-hidroxibenzoato 10,0mg
propil-p-dihidroxibenzoato 100,0mg
carboxi metil celulose de sódio 8,0g
sorbitol 70% 24,0g
4.4.2 Laser
Para o protocolo de profilaxia da mucosite oral, em ambos os grupos de
estudo, Grupos I e II, foi utilizado um equipamento de laser baixa intensidade, com
comprimento de onda na faixa de 660nm, luz visível, vermelho, em meio ativo de
GaAlAs, potência de 30 mW de emissão contínua (Tabela 4).
Tabela 4 – Especificações do equipamento de Laser de baixa potência (LBI)
Quanto ao risco (Anvisa) Classe II (médio risco) Tipo de emissão CW (emissão contínua)
Área de saída do laser (ponta da caneta) 0,03 cm²
Diâmetro (fibra/saída do laser) 2 mm Emissor de Luz laser - InGaAIP (660 nm - vermelho) Potência óptica do Laser 30 mW
Comprimento de onde de luz 660 nm +/-10 nm
Registro M.S. Anvisa nº 80022400015
Fabricante Kondortech Equipamentos Odontológicos Ltda.
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Figura 5 - Foto do equipamento LBI utilizado no estudo
Figura 6 - Demonstração da aplicação do LBI (Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, 2008)
4.5 FASE CLÍNICA
4.5.1 Tratamento profilático
As aplicações foram realizadas três vezes por semana, com dosagem
profilática estabelecida em 4,0J/cm², em varredura, com abrangência de toda a
mucosa oral.
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4.5.2 Tratamento terapêutico
Os pacientes que desenvolveram quadro de mucosite oral, em ambos
os grupos de estudo, I e II, durante o protocolo profilático, foram tratados com
laserterapia, em protocolo terapêutico, com aplicação de dosagem de 8J/cm², nas
respectivas áreas comprometidas pela mucosite oral. Todos os pacientes tiveram
seguimento clínico a partir do início da terapêutica antineoplásica até a conclusão do
tratamento médico ou da remissão total das lesões bucais, envolvendo controle pós-
radioterapia.
4.6 AVALIAÇÃO DA MUCOSITE ORAL
A avaliação da mucosite foi realizada através do exame clínico, sendo
adotado o método preconizado pela Organização Mundial da Saúde / World Health
Organization (1979), o qual tem como parâmetro os sinais e sintomas da mucosite
oral (Tabela 5).
Tabela 5 – Escala para avaliação da severidade dos sinais e sintomas da mucosite oral OMS
(adaptada de World Health Organization, 1979)
Severidade Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4
Sinais
e
Sintomas
Sem
alteração
Dor com
eritema
Eritema, úlcera,
possível ingestão
de alimentos
sólidos
Úlcera,
somente
ingestão de
líquidos
Incapacidade
de ingestão por
via oral
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4.7 AVALIAÇÃO DA DOR DURANTE O TRATAMENTO DA RADIOMUCOSITE
Nos pacientes com quadro de mucosite foi utilizada uma escala visual
analógica (EVA) para mensuração da dor, segundo o Instituto Nacional do Câncer
(BRASIL, 2008) (Figura 7). Essa escala consiste na identificação visual da dor, onde
o paciente classifica de zero a dez, os valores compatíveis com a sintomatologia
dolorosa da seguinte forma:
a) Dor leve ( 0 -1- 2 e 3 )
b) Dor moderada ( 4 - 5 e 6 )
c) Dor intensa ( 7- 8 - 9 e 10 )
Figura 7- Escala Visual Analógica (EVA) EVA- traduzida de McCaffery e Pasero (1999), p.67.
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4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados referentes à aplicação das escalas de severidade dos sinais e
sintomas da mucosite oral e da dor foram analisados pelo teste de Mann-Whitney,
para comparação das variáveis entre os Grupos I e II.
Os resultados foram considerados estatisticamente significativos ao nível
de 5% (p< 0,05).
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5 RESULTADOS
Na Tabela 6, são descritos os valores médios referentes a aplicação das
escalas de avaliação do grau de mucosite oral (OMS) e da dor (EVA), para cada
indivíduo do grupo I (laser) e do grupo II ( laser + Perioxidin®).
A análise geral dos dados obtidos para comparação dos valores médios
do grau de severidade dos sinais e sintomas da mucosite oral (OMS) e dos padrões
de dor (EVA), incluindo todos os sujeitos de pesquisa, indica que os valores obtidos
Grupo I - Laser Pacientes Mucosite Dor
1 1,25±0,89 0,75±0,71 2 0,75±0,71 1,25±2,31 3 1,67±0,82 1,17±1,17 4 0,38±0,52 2,50±2,73 5 1,63±1,41 3,75±3,49 6 0,00±0,00 0,00±0,00 7 2,29±1,80 4,29±3,40 8 1,13±0,64 1,00±0,82
Grupo II – Laser + Perioxidin®
Pacientes Mucosite Dor 1 1,14±1,07 1,00±1,15 2 1,00±0,93 1,13±1,36 3 0,88±0,99 2,25±3,15 4 1,29±0,95 2,57±2,44 5 0,80±0,84 1,20±1,30 6 0,60±0,55 3,00±2,83
Tabela 6 – Médias e desvios-padrão do grau de mucosite e de dor de cada indivíduo nos grupos I e II
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não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos I (laser ) e II
(laser + Perioxidin®) (Tabela 7).
Tabela 7 – Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de mucosite e dor para os grupos I (laser) e II (laser + Perioxidin®)
Mucosite Dor
Grupo I (Laser) 1,13 ± 0,74 1,83 ± 1,51
Grupo II (Laser +
Perioxidin®)
0,95 ± 0,24 1,85 ± 0,85
p Valor 0,6434 0,8456
Teste Mann-Whitney
A comparação da distribuição dos valores médios (média e desvio
padrão) entre os diferentes grupos, em relação aos valores da mucosite oral durante
8 semanas, não foram estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de mucosite em função dos grupos e tempos observados
1ª.Sem 2ª.Sem 3ª.Sem 4ª.Sem 5ª.Sem 6ª.Sem 7ª.Sem 8ª.Sem
Grupo I
(Laser)
0,00
±0,00
0,50
±0,75
0,87
±0,83
1,25
±1,03
1,85
±1,21
1,85
±1,34
2,00
±1,26
1,60
±0,89
Grupo II
(Laser +
Perioxidin®)
0,00
±0,00
0,16
±0,40
1,00
±0,89
1,66
±0,51
0,83
±0,98
1,75
±0,50
1,50
±0,57
2,00
±0,49
p valor NA 0,4343 0,7123 0,4112 0,1934 0,8234 0,2435 0,9123
NA – Não aplicável. Teste Mann-Whitney
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A comparação da distribuição dos valores médios (média e desvio
padrão) entre os diferentes grupos, em relação aos valores da dor durante oito
semanas, não foram estatisticamente significantes (p>0,05) (Tabela 9).
Tabela 9 - Distribuição dos valores médios (média ± desvio padrão) do grau de dor em função dos grupos e tempos observados
1ª.Sem 2ª.Sem 3ª.Sem 4ª.Sem 5ª.Sem 6ª.Sem 7ª.Sem 8ª.Sem
Grupo I
(Laser)
0,00
±0,00
0,37
±0,74
1,00
±1,30
1,50
±2,13
2,85
±3,38
4,42
±2,87
3,33
±3,14
4,00
±2,16
Grupo III
(Laser +
Perioxidin®)
0,00
±0,00
0,83
±2,04
2,50
±2,51
2,33
±1,86
1,16
±1,94
3,25
±1,70
2,50
±3,10
4,50
±2,12
p valor NA 0,1934 0,2192 0,2312 0,1129 0,4302 0,4101 0,8192
NA – Não aplicável. Teste Mann-Whitney
O comportamento do grupo I (laser), ao longo do tempo (oito semanas),
em relação a mucosite oral, mostra um desenvolvimento progressivo das lesões a
partir da primeira até a quinta semana. Observa-se, então, remissão da mucosite
oral a partir da sétima semana até o final do tratamento (Figura 8).
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Figura 8 – Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo I (laser)
No grupo I (laser), a distribuição dos valores médios dos valores da dor,
ao longo do tempo (Figura 9), evidencia um aumento contínuo do processo álgico,
atingindo nível máximo na sexta semana, ocorrendo declínio até a sétima semana.
Ocorre nova exacerbação do processo da dor, progredindo até a oitava semana.
Figura 9 - Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo I (laser)
![Page 19: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/19.jpg)
59
A distribuição dos valores médios do grau de mucosite oral no grupo II
(laser + Perioxidin®), ao longo do tempo, mostra um processo de evolução crescente
da mucosite a partir da segunda semana, atingindo um pico máximo na quarta
semana (Figura 10). Observa-se um declínio no período entre a quarta e quinta
semana. Ocorre um aumento da incidência das lesões, atingindo seu ponto máximo
na sexta semana. A seguir, ocorre remissão e nova exacerbação do quadro clínico.
Figura 10 – Distribuição dos valores médios do grau de mucosite no grupo II (laser + Perioxidin®)
O comportamento do grupo II (laser + Perioxidin®), ao longo do tempo,
em relação à mensuração da dor, os valores médios do grau de dor indicam um
aumento progressivo da sintomatologia dolorosa até a terceira semana, ocorrendo
um declínio até a quinta semana. Houve um aumento da dor na sexta semana, na
sétima semana houve uma regressão dos sintomas e aumentou novamente na
oitava semana (Figura 11).
![Page 20: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/20.jpg)
60
Figura 11 - Distribuição dos valores médios do grau de dor no grupo II (laser + Perioxidin®)
A análise individual dos resultados referentes ao grau de mucosite oral e
mensuração da dor nos diferentes grupos estudados, estão representados nas
Tabelas 10 e 11.
Grau de Mucosite
Pacientes 1a semana
2a semana
3a semana
4a semana
5a semana
6a semana
7a semana
8a semana
1 0 0 1 2 2 2 2 1
2 0 1 1 0 0 1 1 2
3 0 2 2 2 2 2
4 0 0 0 0 1 0 1 1
5 0 0 0 2 2 3 3 3
6 0 0 0 0
7 0 0 2 2 4 4 4
8 0 1 1 2 2 1 1 1
Tabela 10 – Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes do grupo I (laser), durante oito semanas
![Page 21: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/21.jpg)
61
Grau de Dor
Pacientes 1a semana
2a semana
3a semana
4a semana
5a semana
6a semana
7a semana
8a semana
1 0 1 1 0 0 2 1 1
2 0 0 0 0 0 5 0 5
3 0 2 3 1 0 1
4 0 0 0 0 6 5 5 4
5 0 0 0 3 5 8 8 6
6 0 0 0 0
7 0 0 3 6 8 8 5
8 0 0 1 2 1 2 1
Tabela 11 – Análise individual do grau de mucosite e de dor nos pacientes do grupo II (laser + Perioxidin®), durante oito semanas
Grau de Mucosite
Pacientes 1a semana
2a semana
3a semana
4a semana
5a semana
6a semana
7a semana
8a semana
1 0 0 2 2 0 2 2
2 0 0 0 2 2 1 1 2
3 0 0 0 1 0 2 2 2
4 0 0 2 2 2 2 1
5 0 0 1 2 1
6 0 1 1 1 0
Grau de dor
Pacientes 1a semana
2a semana
3a semana
4a semana
5a semana
6a semana
7a semana
8a semana
1 0 0 2 3 0 1 1
2 0 0 0 0 1 3 2 3
3 0 0 0 0 0 5 7 6
4 0 0 5 4 5 4 0
5 0 0 2 3 1
6 0 5 6 4 0
![Page 22: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/22.jpg)
62
6 DISCUSSÃO
As neoplasias malignas da cavidade oral, em sua grande maioria, são
constituídas pelos carcinomas espinocelulares, com uma incidência de 90 a 96%
dos casos (TOMMASI, 2002). Essa patologia requer uma ação terapêutica
multidisciplinar, onde é primordial a integração de diversas especialidades da área
da saúde, com o objetivo de promover uma completa abordagem do paciente,
empregando recursos preventivos, curativos e de suporte local e sistêmico.
Os tratamentos propostos para abordagem das neoplasias malignas de
cabeça e pescoço podem associar a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia,
porém, independente do tipo de recurso terapêutico utilizado, poderão sobrevir
complicações na cavidade oral, onde cerca de 50% dos pacientes desenvolvem
reações adversas decorrentes dos efeitos tóxicos da radioterapia, quimioterapia ou
da associação de ambos. A associação entre a radioterapia e quimioterapia provoca
um aumento da severidade do quadro clínico, em virtude da ação de efeitos
potencializadores e sinérgicos (PARISE JUNIOR, 2000).
Embora reversível, a mucosite oral é responsável por um intenso
quadro álgico, com desenvolvimento de extensas úlceras, podendo constituir porta
de entrada para processos infecciosos locais e sistêmicos, que podem ser
agravados pela xerostomia e/ou hipossalivação (BENSADOUN et al., 2001;
BORAKS, 2001; TOMMASI, 2002). A dificuldade de ingestão alimentar provoca
déficit ponderal, diminui a qualidade de vida e aumenta o grau de comprometimento
orgânico em indivíduos já debilitados pela doença de base. Nos casos mais severos,
a mucosite oral pode levar à necessidade de internação hospitalar para suporte
nutricional, controle da dor e de infecções, com geração de altos custos de
![Page 23: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/23.jpg)
63
tratamento. Em situações extremas, o tratamento do câncer precisa ser
interrompido, envolvendo a piora do quadro geral do paciente (BERGER; KILROY,
2001).
O manejo terapêutico da mucosite oral decorrente da radio e/ou
quimioterapia tem se constituído em um grande desafio para os pesquisadores.
Muitos protocolos de tratamento foram desenvolvidos, porém sem apresentarem
resultados satisfatórios e efetivos, apenas com atuação paliativa.
Do ponto de vista médico e odontológico, ainda permanecem
desconhecidos os mecanismos das bases fisiopatológicas da etiologia da mucosite
oral radio e/ou quimioinduzida. Anthony et al. (2006) afirmaram que a resposta da
mucosa bucal do paciente submetido a tratamento antineoplásico parece ser
controlada por fatores gerais (gênero, raça, doença de base) e fatores teciduais
específicos (tipo epitelial, sistema endócrino intrínseco, meio local microbiano e
função) e acreditam que a interação desses elementos, associada ao caráter
genético, freqüentemente imprime o risco, curso e severidade da injúria da mucosa.
Singh, Scully e Joyston-Bechal (1996) consideraram, como fator
agravante do quadro da mucosite, a ocorrência de infecções orais, onde a quebra
da homeostase seria responsável pelo aumento da colonização por fungos e
bactérias Gram-negativas. Boraks (1999), também relata como efeito colateral
indesejável da radioterapia, o aumento significativo da microbiota bucal, notando-se
o desenvolvimento excessivo de bactérias como Streptococcus spp, Lactobacillus
spp, Candida spp entre outros.
O uso da clorexidina na mucosa bucal, em forma de gel, foi sugerido
por Epstein, Silverman Junior e Paggiarino (2001) com a finalidade de promover a
redução de Streptococcus mutans e Lactobacillus spp, em pacientes tratados por
![Page 24: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/24.jpg)
64
radioterapia, pelo fato da clorexidina ter demonstrado possuir um largo espectro de
atividade antimicrobiana com uso tópico. Da mesma forma, Scully e Epstein (1996)
também a relataram a indicação de uso tópico do gluconato de clorexidina, como
recurso terapêutico, no controle e redução de microorganismos como S.mutans e
Lactobacillus. No entanto, embora a clorexidina possua uma atuação no controle e
diminuição da colonização bacteriana da mucosa bucal e os autores atestem seu
valor clínico, as propriedades antimicrobianas da clorexidina não parecem possuir
uma ação benéfica em pacientes que recebem RT e QT (LIONEL et al.,2006).
Os manuais de orientação clínica publicados, segundo a orientação de
grupos de estudo da mucosite oral como o Multinational Association of Supportive
Care in Cancer / International Society for Oral Oncology (2005), não recomendam a
utilização da clorexidina, em função da determinação de alguns efeitos colaterais
que incluem a inflamação, desconforto bucal, alteração do paladar e pigmentação
dental (RUBENSTEIN; PETERSON; SCHUBERT, 2004). Apesar de existirem
opiniões conflitantes e inconclusivas quanto ao uso desse antimicrobiano, Lionel et
al. (2006) relataram que a explicação para o insucesso de alguns tratamentos
preventivos pode estar relacionada a mecanismos fisiopatológicos da mucosite oral,
ainda não totalmente elucidados.
Com base nos estudos clínicos, fica evidente a necessidade de uma
atuação medicamentosa, nos casos de infecções locais, sendo indicado o uso de
agentes antimicrobianos tópicos e sistêmicos, assim como a necessidade da
instituição de medidas preventivas de higiene e controle bucal. Sendo assim, essa
pesquisa utilizou a clorexidina (Perioxidin® gel 0,2%) para avaliar sua eficácia na
prevenção e controle da microbiota bucal e verificar se esse antimicrobiano
![Page 25: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/25.jpg)
65
ofereceria um efeito potencializador em atuação conjunta com o laser de baixa
potência.
Nesse ponto, devemos justificar a indicação de uso da saliva artificial na
fase de preparação dos pacientes. Segundo Boraks (2001), as mudanças
qualitativas dos componentes da saliva total ocorrem por alterações causadas pelo
próprio tumor, radioterapia, doenças sistêmicas, medicamentos, assim como a
inflamação da mucosa. Como a saliva tem papel fundamental na manutenção da
integridade da mucosa irradiada, pois possui fatores antimicrobianos, lisosima e
anticorpos, a ocorrência de hipossalivação e xerostomia presentes em quase todos
os pacientes, contribui para o desequilíbrio microbiano do ecossistema bucal.
Embora a saliva artificial não contenha elementos orgânicos, julgamos sua utilização
importante como fator coadjuvante na lubrificação da mucosa oral e diminuição do
desconforto causado pela xerostomia. Além disso, é de extrema importância
ressaltar a necessidade de acompanhamento constante do paciente durante o
tratamento antineoplásico, observando e orientando sobre os aspectos relativos aos
cuidados de higiene oral, esclarecendo suas dúvidas, diminuindo suas angústias e
fazendo com que o ele se torne colaborativo, com o objetivo de se obter bons
resultados terapêuticos.
Deve ser mencionado que a escolha do equipamento do LBI, no
espectro de luz visível, vermelho, foi feita em consenso com os estudos publicados
na literatura, para a terapêutica da mucosite oral (BENSADOUN et al.,1999; LOPES;
MAS JUNIOR; ZANGARO, 2006; SANDOVAL et al., 2003), mas também devemos
salientar que estudos realizados com LBI, luz invisível, infra-vermelho, têm
alcançado resultados positivos no controle da dor e da inflamação, inclusive
demonstrando superioridade em alguns protocolos realizados (KÜHN et al., 2005).
![Page 26: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/26.jpg)
66
Esses dados indicam clara indicação de realização de novas pesquisas, para
estabelecimento de um protocolo padronizado.
A análise dos dados coletados nesse estudo (n=14), mostra na Tabela
6, os valores das médias e desvios-padrão de cada indivíduo dos grupos I e II,
referentes à avaliação da evolução do grau de mucosite e da dor durante o
transcorrer do tratamento radioterápico. Quando analisamos as médias do grau de
mucosite e da dor de cada indivíduo, nos diferentes grupos, podemos notar que o
grau de mucosite variou de zero a dois na escala da OMS. Esta característica clínica
pode ser atribuída ao uso e ação do laser durante o período de radioterapia. Diante
desses dados, não podemos afirmar que a utilização do laser tenha impedido o
aparecimento da mucosite, no entanto, ele pode ter contribuído na inibição da
evolução ou progressão das lesões. Em relação à mensuração da dor, os valores
obtidos mostram que o grau da dor variou de zero a quatro na escala EVA, em
ambos os grupos. Visto que a escala de dor (EVA) tem uma graduação de zero a
dez, podemos inferir que houve um controle da dor e um importante efeito do laser
sobre a analgesia. Esses dados são coerentes com as observações clínicas, onde
se constatou que, mesmo aqueles pacientes que desenvolveram mucosite com
graus de zero a três (OMS), referiram melhora da dor com as aplicações do laser
(LBI), conseguindo realizar o tratamento antineoplásico sem necessidade de se
submeterem a procedimentos invasivos, internação hospitalar, uso de narcóticos e
mantendo ingestão de dieta via oral.
A observação clínica mostrou que o uso do antimicrobiano (Perioxidin®
gel 0,2%), em relação à proposta desse estudo, não apresentou efetividade no
sentido de promover um possível efeito sinérgico quando usado em associação ao
laser (LBI), evitando o aparecimento das lesões da mucosite oral ou modificando a
![Page 27: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/27.jpg)
67
microbiota bucal. Os pacientes apresentaram Candidíase oral, com necessidade da
administração de medicação antifúngica, na proporção de quatro pacientes para o
grupo I (Laser), com n=8 e de três pacientes para o grupo II (Laser+Perioxidin®),
com n=6.
A análise geral dos resultados estatísticos obtidos para comparação
entre os valores médios do grau de severidade dos sinais e sintomas da mucosite
oral e dos padrões de dor incluindo todos os sujeitos de pesquisa revela que não
foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos I (Laser) e II
(Laser+Perioxidin®), onde podemos inferir que o laser em associação ao
antimicrobiano, usado nessa concentração, não apresentou um efeito de atuação
representativo (Tabela 7). O desvio-padrão encontrado, embora alto, é sugestivo da
necessidade de aumento do número de sujeitos de pesquisa, porém vale afirmar
que, em alguns casos, o paciente foi avaliado em graduação nível quatro, na escala
de da OMS, pelo fato de ter submetido a colocação de sonda naso-gástrica, por
indicação de seu estado geral, pelos efeitos decorrentes da quimioterapia e não em
função da presença de lesões na mucosa oral.
Entretanto, quando os valores médios do grau de mucosite oral são
analisados, durante as oito semanas de tratamento (Figura 7), no grupo I (Laser),
verificamos que os indivíduos apresentaram quadro de mucosite oral a partir da
primeira semana, com desenvolvimento progressivo das lesões até a quinta
semana. No entanto, não podemos dissociar a possível ação preventiva da
aplicação do laser de baixa potência na inibição da mucosite oral no início do
tratamento antineoplásico. Além disso, verificou-se remissão da mucosite após a
sétima semana, quando as doses de radiação já se encontram em seus níveis
![Page 28: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/28.jpg)
68
máximos. Esses dados podem ser interpretados como uma ação direta do laser no
processo de reparação tecidual.
Da mesma forma, quando os valores médios do grau de dor são
analisados, durante as oito semanas de tratamento no grupo I (Laser), constatamos
que a maioria dos pacientes apresentou um quadro doloroso moderado, embora
crescente entre a primeira e sexta semana de tratamento, apresentando graduação
máxima de dor em nível quatro da escala de dor adotada (EVA). Este fato pode
estar associado à ação de analgesia do laser (Figura 9). Os relatos clínicos dos
pacientes, referindo alívio da sintomatologia álgica após aplicação do laser, estão de
acordo com os dados contidos nos trabalhos científicos (BENSADOUN et al., 1999;
CATÃO, 2004; KÜHN et al., 2005; MIGLIORATI et al., 2001).
O comportamento do grupo II (Laser + Perioxidin®) em relação ao
desenvolvimento da mucosite oral, ao longo do tempo, apresenta um processo de
evolução crescente da mucosite a partir da segunda semana, atingindo um pico
máximo na quarta semana (Figura 10), diferente do grupo I (Laser), onde o grau
máximo de aparecimento das lesões ocorreu entre a quinta e sétima semanas.
Observa-se um aumento da incidência das lesões, atingindo seu ponto máximo na
sexta semana, quando há remissão e nova exacerbação do quadro clínico. Isto
poderia significar uma ineficácia do laser, mas um dado clínico deve ser
considerado: alguns pacientes estavam sob tratamento quimioterápico e este fato
pode ser um elemento indicativo de exacerbação das manifestações clínicas da
mucosite e da dor, podendo mascarar uma possível .efetividade de ação do laser.
Portanto, seria justificado propor um estudo com um número maior de indivíduos sob
radioterapia, mas deve-se levar em consideração a dificuldade em se alocar os
indivíduos em grupos homogêneos, porque atualmente, a grande maioria dos
![Page 29: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/29.jpg)
69
tratamentos antineolplásicos, utiliza recursos terapêuticos associados (Cirurgia, RT
e QT), visando uma abordagem completa da patologia de base. Esse é um dado
relevante, pois reflete a atual conduta utilizada pelos serviços de oncologia.
O comportamento do grupo II (Laser + Perioxidin®), ao longo do tempo,
em relação à mensuração da dor, evidencia um padrão de dor oscilatório. Quando
avaliamos a Figura 11, podemos observar que houve um ponto máximo de dor na
oitava semana, o que poderia induzir ao pensamento de uma não atuação
analgésica do laser (LBI). No entanto, devemos ressaltar que as oito semanas
correspondem ao período total do tratamento radioterápico e o nível máximo de dor
atingido encontra-se estabelecido, dentro da escala EVA, em grau máximo quatro, o
que significa dor moderada. Logo, podemos inferir na validade de ação de analgesia
do laser, onde os pacientes apresentam uma resposta clínica satisfatória,
conseguindo se alimentar, sem necessidade de SNG e uso de narcóticos.
Apesar do pequeno número da amostra (n=6), se fizermos breve uma
comparação entre os dois grupos de estudo, poderemos verificar que a ação do
antimicrobiano não produziu interferências no panorama de progressão da mucosite
ao longo do tempo, durante a radioterapia. Além disso, o uso do antimicrobiano
(clorexidina) , na concentração usada (0,2%, em forma de gel), não impediu o
desenvolvimento de candidíase oral e não promoveu potencialização da ação do
laser (LBI).
A observação clínica e os relatos dos pacientes demonstraram uma
nítida efetividade do laser no controle da dor. Um fator de extrema importância está
na constatação da remissão das lesões durante o curso do tratamento radioterápico,
mesmo quando a dosagem atingiu níveis máximos, dentro do planejamento
![Page 30: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/30.jpg)
70
terapêutico. Os dados revelam que os valores obtidos durante a laserterapia,
avaliados pelas escalas de graduação da mucosite (OMS) e da dor EVA),
apresentaram níveis reduzidos, demonstrando que o LBI deve ser considerado como
elemento coadjuvante na estratégia de abordagem terapêutica da mucosite oral.
O trabalho desenvolvido no setor de radioterapia do IAVC ofereceu uma
oportunidade de ampliar os conhecimentos, desenvolver o estudo em total plenitude
e atuar em consonância com a equipe médica, trazendo benefícios imediatos e
diretos para o paciente, validando o conceito da importância da atuação de uma
equipe multidisciplinar no manejo do paciente submetido a tratamento das
neoplasias malignas da região de cabeça e pescoço.
![Page 31: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/31.jpg)
71
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados desse estudo, pode-se concluir que:
� O uso de antimicrobiano tópico (clorexidina 0,2%, gel bioadesivo), associado
à laserterapia, não apresentou efeito sinérgico no tratamento da mucosite
oral.
� A aplicação profilática do laser de baixa potência, na dosagem de 4J/cm²,
não inibiu o aparecimento da mucosite oral.
� Houve remissão da dor e das lesões da mucosite instaladas na mucosa oral,
durante a terapêutica com o laser de baixa intensidade, com a dosagem de 8
J/cm², durante a radioterapia.
� É importante a realização de novas pesquisas no campo da laserterapia, com
o objetivo do estabelecimento de protocolos padronizados.
![Page 32: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/32.jpg)
72
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77
APÊNDICES
APÊNDICE A - Características dos pacientes atendidos no Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho
Paciente Grupo I Laser
(nº prontuário)
Sexo Diagnóstico Tipo de
Tratamento
Candidíase
Oral
325906 M CEC palato Cirurgia/RT
327876 M CEC base de língua Cirurgia/RT/QT X
327670 M CEC de lábio Cirurgia/RT X
330427 M CA laringe Cirurgia/RT
325784 M CEC de orofaringe Cirurgia/RT X
s/n M CA laringe Cirurgia/RT
332623 M CA orofaringe Cirurgia/RT/QT X
328368 M CA orofaringe Cirurgia/RT
Média de radiação: 60 Gray; RT: radioterapia; QT: quimioterapia; CA: carcinoma; CEC: carcinoma espinocelular; Instalação da mucosite oral: final da 2ª semana / início da 3ª semana de radioterapia
Paciente Grupo II Laser +
Perioxidin®
(nº prontuário)
Sexo Diagnóstico Tipo de
Tratamento
Candidíase
Oral
326450 F CA palato Cirurgia/RT X
326038 M CA base de língua Cirurgia/RT X
325331 M CEC de orofaringe Cirurgia/RT
327324 M CA de língua Cirurgia/RT
327436 M CA de laringe Cirurgia/RT/QT
332870 M CA de orofaringe Cirurgia/RT/QT X
Média de radiação: 60 Gray; RT: radioterapia; QT: quimioterapia; CA: carcinoma; CEC: carcinoma espinocelular; Instalação da mucosite oral: final da 2ª semana / /início da 3ª semana de radioterapia
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APÊNDICE B – Ficha clínica
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ANEXOS
ANEXO A – Termo de consentimento livre esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
TÍTULO: Avaliação da aplicação de LASER de baixa potencia com ou sem a
associação de antimicrobiano em mucosite oral.
PESQUISADORES: C.D. Thais Benedetti Haddad Cappellanes
Prof. Dr. Celso Silva Queiroz
1 INTRODUÇÃO: A mucosite oral constitui um quadro decorrente das complicações
do tratamento das neoplasias malignas em pacientes submetidos à radioterapia. Em
função da gravidade das lesões, compromete a qualidade de vida e muitas vezes,
pode levar a interrupção do tratamento da patologia de base, complicando ainda
mais a condição clinica desses pacientes.
2. PROPÓSITO: Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa clínica
cujo objetivo será avaliar a efetividade do Laser de baixa potência com ou sem a
associação de antimicrobiano no tratamento da mucosite induzida pela radioterapia.
3 DESCRIÇÃO DO ESTUDO: Serão selecionados pacientes com radiomucosite, os
quais serão alocados em 2 grupos de estudo: Grupo I – Laser e Grupo II – Laser +
Clorexidina 0,2%.
4 DESCONFORTO, RISCOS E BENEFÍCIOS ESPERADOS: Todo procedimento ao
qual o paciente será submetido não oferece nenhum tipo de trauma ou desconforto.
O estudo não oferece riscos ao paciente, desde que as normas de segurança para a
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80
utilização do laser sejam monitoradas pelo pesquisador responsável e pelo paciente,
o qual será devidamente instruído. Não haverá nenhum tipo de ressarcimento para o
paciente, no entanto, todos serão tratados devidamente com o intuito de se
restabelecer a condição biológica da cavidade bucal.
5 COMPENSAÇÃO: Remissão da dor, melhora da condição nutricional e da
qualidade de vida do paciente.
6 CONFIDENCIALIDADE DOS REGISTROS: Concordando em participar desta
pesquisa, você permite acesso aos dados obtidos durante o estudo aos
pesquisadores nele envolvidos, aos membros do Comitê de Ética responsáveis pela
análise deste projeto e à possível agência financiadora. Os resultados deste projeto
de pesquisa poderão ser apresentados em congressos ou em publicações, porém
sua identidade não será divulgada.
7 DIREITO DE PARTICIPAR, RECUSAR OU SAIR: Ao participar você concorda em
cooperar com os procedimentos que serão executados e que foram descritos acima,
não abrindo mão dos seus direitos legais ao assinar o termo de consentimento
informado. Sua participação neste estudo é voluntária e você poderá recusar-se a
participar ou interromper sua participação a qualquer momento, sem penalidade ou
perda dos benefícios aos quais tem direito.
8 CONTATOS: Se ainda houver qualquer dúvida sobre o estudo, você poderá
receber mais esclarecimentos falando com:
Prof.: Dr. Celso Silva Queiroz
Aluna: Thaís B H Cappellanes
Departamento de Odontologia – UNITAU
Telefone: (12) 3625 4150 ou 3625 4140
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81
ANEXO B - Consentimento do sujeito de pesquisa
Consentimento do sujeito de pesquisa
Eu,_________________________________________________________________
___________________________________________________________________
nascido em ___/___/___ , na cidade de ________________________, estado ( )
R.G:_____________________ residente em _______________________________
___________________________________________________________________
Desejo participar da pesquisa sobre “Avaliação da aplicação de LASER de baixa
potencia com ou sem a associação de antimicrobiano em mucosite oral”, e autorizo
a liberação dos dados obtidos nesta pesquisa, assim como sua publicação em
revistas científicas especializadas, apresentação em Congressos e Jornadas
Científicas; sem restrições a utilização da documentação fotográfica necessária e
pertinente a essa pesquisa, desde que minha identidade seja preservada.
Declaro que minha participação é voluntária e que fui devidamente esclarecido sobre
os objetivos, metodologia e a realização dessa pesquisa. Confirmo também que
recebi cópia deste termo de consentimento.
_____________________________________
Assinatura
Data: ___/___/___
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82
ANEXO C - Protocolo da aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté
![Page 43: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/43.jpg)
83
ANEXO D- Protocolo da aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho
![Page 44: Defesa Mestrado Unitau - 30 de julho de 2008 fileum grande potencial na combinação de protocolos de tratamento para controle dos efeitos indesejáveis da radioterapia. Migliorati](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022103013/5c5bc97e09d3f240368c638d/html5/thumbnails/44.jpg)
84
ANEXO E – Termo de compromisso com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e Complementares
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85
ANEXO F- Certificado de registro do laser
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86
Anexo G – Registro do Perioxidin / ANVISA
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Autorizo cópia total ou parcial desta obra, apenas
para fins de estudo e pesquisa, sendo
expressamente vedado qualquer tipo de reprodução
para fins comerciais, sem prévia autorização
específica do autor.
Thais Benedetti Haddad Cappellanes
Taubaté, julho de 2008.
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