Deixa Eu Falar Novembro2011

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Deixa eu falar! 34

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Deixa eu falar

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    Deixa eu

    falar!

    Rede Nacional Primeira InfnciaSecretaria Executiva/OMEP

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    Reimpresso e Distribuio Ministrio da Educao - MEC

    Secretaria de Educao Bsica - SEB Diretoria de Currculos e Educao Integral - DICEI Coordenao Geral de Educao Infantil - COEDI

    Tiragem: 130.000 exemplares

    Voc pode:

    Copiar, distribuir, exibir e executar a obra.

    Sob as seguintes condies:

    Atribuio. Voc deve dar crdito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante.

    Uso No-Comercial. Voc no pode utilizar esta obra com finalidades comerciais.

    Vedada a Criao de Obras Derivadas. Voc no pode alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta.

    Para cada novo uso ou distribuio, voc deve deixar claro para outros os termos da licena desta obra.

    Qualquer uma destas condies podem ser renunciadas, desde que Voc obtenha permisso do autor.

    Nada nesta licena prejudica ou restringe os direitos morais dos autores.

    Apoio

    Realizao

    Braslia, 2011

    CECIP

    Produo

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    Prezado(a) senhor(a),Sua Instituio est recebendo exemplar do li-vro Deixa eu Falar.Esta publicao de uso coletivo e tem como principal objetivo estimular e favorecer o im-portante e necessrio dilogo com as crianas.A criana sujeito, que nas interaes, brin-cadeiras, relaes e prticas cotidianas que vivencia, constri sua identidade pessoal e co-letiva, brinca, imagina, aprende, observa, ex-perimenta, questiona e constri sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (Resoluo CEB/CNE n 5/2009).Podem elas participar da formulao das po-lticas pblicas? Quando e quanto escut-las? Como colocar suas vontades, desejos, necessida-des na balana em que pesamos as demandas, elegemos as prioridades, decidimos as aes vol-tadas ao seu atendimento? Como tornar seus pensamentos, percepes e sentimentos matria do nosso cotidiano fazer pedaggico?A Rede Nacional Primeira Infncia RNPI

    aceitou o desafio de incluir as crianas como sujeitos e co-autoras do Plano Nacional pela Primeira Infncia PNPI, e promoveu um processo de escuta de crianas de trs, quatro, cinco e seis anos de idade. Em seguida, trans-formou as expresses de suas mltiplas lingua-gens em objetivos e aes daquele Plano. Dessa interao resultou o Deixa eu Falar.Pais e professores constataram que a leitura do Deixa eu Falar desperta nas crianas um vivo interesse e o desejo de tambm elas falarem dos mais diversos assuntos que habitam ou transi-tam por suas vivncias dirias. O poeta Ma-noel de Barros descreveu essa verdade:

    Crianasem pleno uso da poesiafuncionavam sem apertar o boto.

    Ao ouvir as falas registradas, as crianas co-meam a expressar o que sentem, pensam e vivem sobre aqueles mesmos temas. Assim, o livro vai se reconstruindo, se transformando, adquirindo co-autorias. Seu contedo e forma-

    Barros, Manoel. Poesia Completa, Leya, 2010, pg. 155.

    Apresentao

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    to tornam-se instrumento potencializador da interao criana-adulto.Os profissionais da educao infantil podero colher frutos pedaggicos dessa publicao. Lendo-a para as crianas, criam momentos de escuta e produo de outros Deixa eu Fa-lar, em cada turma, em cada estabelecimento de educao infantil. Assim, podero surgir milhares de livros pequenos no tamanho, grandes no significado - feitos pelas crianas, na diversidade de vida e cultura em todo o Brasil.

    O Ministrio da Educao MEC, por in-termdio da Secretaria de Educao Bsica, na condio de membro da Rede Nacional Primeira Infncia RNPI, ao divulgar esta publicao, pretende contribuir com os estabe-lecimentos de educao infantil no sentido de incentivar novas prticas educativas compro-metidas com os direitos da criana, e que bus-quem articular suas experincias e saberes com o conhecimento cultural, artstico, ambiental, cientfico e tecnolgico, de modo a promover o seu desenvolvimento integral.

    Ministrio da Educao - Secretaria de Educao Bsica / Rede Nacional Primeira Infncia

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    Eu falava e a professora escrevia.

    Todo mundo falou.

    Tinha menino que queria coisas demais.

    Mas assim mesmo a professora anotou.

    Cada dia falamos de uma coisa diferente. Eu falei um pouco de cada coisa. Eu falei que gosto muito de brincar.

    O que mais quero um lugar para brincar.

    E a professora anotou tudo que eu tambm quero.

    Quando ela parava de escrever eu falava; pe a, tia. A ela escrevia.

    Falei, falei e falei. E eu quero muitas coisas que no tenho. Est tudo dito aqui.

    Fiz um desenho para colocar no livrinho e escrevi Amanda porque o meu nome. Escrevi sozinha.

    Foi bom escrever esse livro.

    Eu gostei de escrever este livro.

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    A voz de quem tem opinies sobre tudo. Falando livremente, entre uma brincadeira e outra, entre um desenho e uma colagem, crianas contam suas histrias e dizem quem so. O Plano Nacional da Primeira Infncia refora o que as crianas pensam e sentem.

    Famlia e Comunidade

    preciso construir novas prticas sociais com as famlias, de carter coletivo, participativo e solidrio, que envolvam instituies, associaes e movimentos da comunidade.

    Eu sou assim, sei la, de muitos jeitos.

    ,

    Eu gosto da minha casa. Tem muito espao. Eu posso brincar em todo lugar... Eu queria brincar com o meu pai. Ele no pode. Ele trabalha muito para ganhar dinheiro.

    Eu gosto muito da minha casa. Tem minha famlia. Mas eu no posso brincar l fora. Minha av diz que perigoso e que eu posso pegar uma doena no ralo que corre a gua suja.

    Eu moro l em cima, no morro. Eu no fico cansado de subir. Eu vou pulando e contando os degraus. Ah, tambm eu inventei uma brincadeira de pular de dois em dois. A minha me que fica muito cansada. Eu no gosto quando ela fica cansada. Ela fica triste.

    Todo mundo precisa ter casa seno vai morar embaixo da ponte, vai ficar doente.

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    Famlia estar junto.

    noite, meu pai leva a gente para ver a lua e depois a gente vai dormir.

    Falta paz e alegria em casa, todo dia sai briga.

    Me... eu quero colo... me d colo...eu quero colo.

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    Depois voc l de novo? Eu gosto de ouvir a histria muitas vezes. Eu gosto de contar a histria s olhando a figura. Eu no conto

    sempre igual. Eu invento. Mas, se voc l, tem que ser igual.

    considerada bsica aquela educao que toda pessoa precisa ter para integrar-se na dinmica da sociedade atual e realizar seu potencial humano.

    Educao Eu no sei por que preciso estudar. Voc sabe?

    Como que vocs sabem escrever o meu nome?

    Gosto da sala, de contar histrias, gosto de brincar, gosto de estudar, de escrever. Gosto da professora.

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    Presso Consumista Um dia, eu fui no shopping com a minha me e com a minha irm. Eu queria comprar um boneco igual do meu amigo da escola. Minha me disse que no tinha dinheiro. Minha irm falou para ela pagar com o carto de crdito. No pode porque tem que pagar depois. Se no tem dinheiro meu pai briga com a minha me. Eu choro muito quando meu pai briga com a minha me.

    O PNPI considera de fundamental importncia uma capacitao diferenciada dos profissionais de sade, por meio da formao e educao continuada, preparando-os para lidar com a complexidade dos vrios aspectos envolvidos na ateno criana e sua famlia.

    Desenvolver aes visando reduo da desnutrio crnica e da desnutrio aguda em reas de maior vulnerabilidade.

    Sade Olha...olha.. isso muito importante. Quando a gente no quer comer, alguma coisa estranha aconteceu, na escola ou na rua.

    Sade o que est dentro de ns. Se est doente, no sai de casa, s sai para o hospital.

    Para no dar dor de cabea, no pode comer coisa podre.

    Onde tem rato e inseto tem doena e precisa acabar.

    Precisa comer bem, dormir, descansar, se agasalhar, tomar banho, escovar os dentes, no ficar de p no cho, brincar no sol e ter a casa limpa, sem rato e mosquito, porque doena de rato deixa a gente sem respirar.

    Criana no pode ficar sem comida. Se no comer fica branco, amarelo, roxo.

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    Exposio Mdia

    gostoso ver tev!!!

    Se ficar sem comer a barriga fica roncando, pode at ficar doente e morrer; mas se ficar sem televiso no acontece nada.

    Na TV tem filme de polcia.

    Novela meu pai no gosta; ele gosta de futebol.

    No Jornal, passa que o nibus bate - deixa eu falar... - um monte de carro bate, depois vem polcia, depois jornal, depois novela.

    O que passa na TV: desenho, jornal, novela, Pica Pau, Ti ti ti, governador, candidato, jogo, cinema, vdeo, DVD, novela da mame, carro, policia, vampiro, os Mutantes, pessoas...

    Cidade e Meio Ambiente

    gua vira enchente que arrasta tudo, pessoas e coisas. Precisa reciclar, mas eu no sei.

    Eu adoro subir em rvore.

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    Capacitar e qualificar a famlia, bem como os cuidadores de crianas da rede social extrafamiliar, observando e favorecendo a construo de vnculos afetivos com a me, sua figura substituta, o pai, a famlia e a rede social.

    Criana sujeito ativo, no objeto de aes; indivduo nico, com rosto e identidade; infncia valor em si mesmo, hoje, no apenas algo em que se investe pensando no amanh.

    Violncias Todo mundo j viu uma briga. S pode brincar na rua com a mame perto, porque perigoso. A polcia d medo, porque ela fortona. Os ladres do medo. O ladro corre e pega o dinheiro. Meu pai bateu na minha me e eu fiquei com medo.

    Quando meu pai bate na minha me, ela fala: home, home. Ele muito bravo! Meu pai me bate porque eu fao teimosia. Quando faz coisa errada o pai bate. A mame briga e bate de cinta. De cinto eu no gosto. Minha me bate porque peguei comida. Meu pai quebrou meu dedinho, teve que enrolar; mas eu gosto dele assim mesmo.

    Cidadania

    Eu estava feliz porque estava cheio de segurana. Estava cheio de segurana porque os meus amigos estavam ali.

    Fui para o Piau e minha v me enterrou na areia. Meus tios brincam comigo.

    Ns temos sonhos.

    Eu queria um beijo.

    Queremos comer, brincar, ficar grande, trabalhar, estudar e ir para a faculdade, ter identidade e carteira de motorista, CPF e outros documentos. Assim, o nosso mundo ser mais feliz, para ns e para nossos amigos. E tambm quando a gente tiver filhos, eles tambm vo poder viver felizes.

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    Diversidade Meu irmo pretinho e ele chora quando algum machuca ele.

    Eu gosto dos meus amigos, qualquer um deles.

    Eu tenho um amigo grande que usa muleta.

    A Maria Eduarda usa culos e eu gosto dela. Meu irmo tambm usa culos. O mdico mandou porque tem problema de vista.

    Graziela pretinha e no tem amiga, s brinca com minha prima. Ela triste.

    Criar, nos dois primeiros anos do Plano Nacional da Primeira Infncia, editais especficos de incentivo cultura, que estimulem, em lugares de baixo poder aquisitivo, projetos de trabalhos em arte para e com as crianas, bem como ampliem o acesso cultura e o conhecimento das crianas sobre os lugares e costumes do pas.

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    Eu brinco porque me deixa feliz.

    Fazendo amigos Quando eu brinco fico feliz. Um

    dia eu estava brincado de bola. Eu adoro bola. A eu chamei meus amigos. S podiam trs. A gente jogava com a mo e depois com o p. E, de repente, um outro garoto se meteu no meio do jogo. Eu queria brigar. O jogo era meu. Puxa... a bola era minha. Mas, o jogo foi ficando engraado e, ento, a gente

    foi deixando ele ficar... a gente

    ganhou um amigo.

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    Lugar para brincar Eu brinco no p da escada e na creche. legal brincar l na escada, porque encontro meus amigos. S que os carrinhos caem. Eu queria um lugar grande para fazer minha pista.

    Minha casa no tem quintal, mas eu desenhei um quintalzinho para poder brincar.

    Descobrindo a magia da vida...simples assim Ento, vou pegar essa bacia com a gua e com o sabo para fazer uma mgica para voc. Presta ateno. Mistura, mistura, mergulha, mexe para um lado, mexe para o outro lado, joga um p de pirlimpimpim, mais um pouco. Agora fecha o olho.... espera...espera... Olha! As bolhas esto crescendo, e mais e mais...mgica pronta. A espuma apareceu.... Eu tambm misturo o shampoo e o creme da minha me e a outra mgica. E tambm tem as coisas na cozinha que eu uso para fazer minhas mgicas. Mas sempre tem que jogar o p de pirlimpimpim.

    Garantir que a ludicidade esteja sempre presente nas relaes e aes educacionais, tanto na sua dimenso de cuidado quanto de educao, de modo que o processo educacional ocorra de forma prazerosa, considerando educao e cuidado como aspectos de uma mesma e nica realidade e superando o velho conceito de que a creche existe para cuidar da criana e a pr-escola para ensinar.

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    At onde vai o poder Eu e minha me fomos para a casa de praia de um amigo dela. Comeou a chover e eu fiquei nervoso. Fiquei

    falando sem parar para minha me que eu queria ir na praia. Ela disse: torce e pede para a chuva parar. E a, depois de um tempo parou. Eu gostei da brincadeira. E pedi para chover de novo. E no que choveu! E a tentei mais uma vez. Deu certo. J que estava dando tudo muito certo, pedi para chover gua quente. ... a no deu.

    Ensinando outras formas de fazer Toda vez que eu saio da sala, minha professora pede para eu entrar no trenzinho. A eu pedi para ela para eu ir de a p. Eu no gosto mais de andar de trenzinho.

    Incentivar o ldico como inesgotvel e fluente contedo de aprendizagem da criana sobre si mesma, sobre a cultura e sobre as formas de relao com os outros.

    Lendo de outro jeito Eu no sei ler as letras, mas sei fazer pilhas de livro, tirar e colocar na estante vrias vezes; sei sentar nos livros e consigo carregar na bolsa.

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    Eu quero falar... ei! eu quero falar... Eu quero falar!!! Um dia eu estava brincando de soltar

    pipa. Minha pipa estava l no alto. Meus amigos tambm tinham uma pipa. Cada um tinha a sua. A gente estava cruzando as pipas e estava muito legal. E a minha me me chamou para ir comer. Eu disse que queria ir depois, porque estava fingindo de soltar pipa

    com os meus amigos. Ela no deixou. Falou que eu no estava fazendo nada e era para ir jantar... Como ela no viu a minha pipa invisvel???

    A gente tem vergonha de falar. Caraca, isso muito difcil. medo de falar coisa que no se deve falar. Falar bobeira, xingar.

    s vezes quando a gente fica

    nervoso fala palavro. As palavras ficam voando em cima da nossa

    cabea. meio maluco e tambm a gente se esquece de muitas coisas. s vezes, uma pessoa est com raiva e no tem jeito de conversar.

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    No Centro Cultural da Criana, situa do no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, as crianas de 4 a 1O anos so protagonistas, que vivem na prtica o exerccio de seus direitos e deveres. Em cada sala, elas discutiram as regras de convivncia, criadas por elas mesmas, at chegarem a um acordo que todos respeitassem. Cada sala produziu seu prprio quadro, em que as regrasforam escritas e ilustradas pelas crianas. Mais tarde, verificou-se que a grande maioria das regras so

    consenso entre as crianas. Um aprendizado de cidadania que as influenciar pelo resto de suas vidas.

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    L na escola, quando a gente faz bobeira, vai conversar com a diretora. Eu no falo. S posso escutar. Ela fala, fala, fala o tempo todo. Eu peo desculpa para o meu amigo e vou para a sala.

    Baguna jogar e quebrar brinquedos. Tambm quebrar o vidro do armrio quebrado. Minha av ficou muito brava. Criana no pode ficar com raiva.

    Eu sei que pode escrever o que a gente pensa. Pode, no ?

    A pessoa manda na pessoa que .

    Pode deixar, eu sei. Pode

    acreditar em mim. Eu sei.

    Incluir nos cursos de formao os meios que possibilitem aos adultos, em especial os profissionais da educao infantil, reviver a brincadeira em si prprios. Criar laboratrios do brincar, visando ao resgate e vivncia ldica dos adultos que atuam com crianas de at 6 anos.

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    Sade

    Para no ficar doente? Precisa comer direito, leite sem acar, Iogurte, caf.

    preciso remdio para ter sade.

    Precisa tomar vacina para a doena passar. Para no criar bactria dentro da gente, tipo gripe suna. Para no ficar gripado.

    A gente toma vacina para no criar bicho na barriga.

    Meus direitos... meus pedidos.

    Quando a gente t mal e no consegue caminhar tem que ter ambulncia.

    Tem que ter ambulncia tambm para buscar mulher grvida.

    Meu amigo tem p torto e no tem mdico para cuidar.

    Eu fui pro Maranho e minha v morreu. Eu fiquei triste, no tinha ningum no Posto. Chorei bastante.

    Elaborar e colocar em prtica projetos para o desenvolvimento integral da criana, incluindo seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Implementar processos de trabalhos junto as equipes de sade e reas do controle social que permitam o acompanhamento da criana por uma equipe profissional de sade desde seu nascimento at os seis anos de idade, estabelecendo slidos vnculos teraputicos e de pertencimento.

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    Educao Eu preferia no ter que ir mais na escola. A gente aprende com brinquedos, com amigos, com jogos, com a vida.

    Para chegar na minha escola, eu ando muito, muito, muito... Na minha sala, tem criana grande e criana pequena.

    A educao infantil direito de toda criana do nascimento at cinco anos de idade. E obrigatria para as crianas de 4 e 5 anos. Mas, para elas, estar numa instituio de educao infantil deve ser to fascinante, to agradvel, to atrativo, que elas queiram ir, estar e nela permanecer por vontade e gosto. O prazer de conviver e aprender se sobrepe e d sentido ao dever.

    Eu no tenho caderno e nem lpis de cor. Eu peo para minha professora, mas no tem para todo mundo. Falta borracha, para apagar.

    Eu gosto da minha escola arrumadinha e limpinha. Eu quero colocar meu desenho no mural para ficar colorido e bonito.

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    Ajuda minha me a pagar a luz e a gua?

    Ia pedir para o moo fazer uma casa para minha me no pagar aluguel.

    Quando eu crescer vou ficar igual ao meu pai, para eu comprar po para comer.

    Construir formas comunitrias, que respeitem a diversidade cultural, para o enfrentamento dos problemas vividos pelas famlias dos estratos mais baixos de renda, de sorte que as prprias famlias, num processo coordenado de discusso, ajuda e compromisso mtuos, vo criando e ampliando suas possibilidades de participao social, principalmente no que diz respeito ao cuidado e educao de suas crianas.

    Criar espaos ldicos de interatividade, de criatividade, de expresso de desejos e opinies e construo de valores coletivos diversos da lgica vigente e democratizar o acesso a eles. Particular ateno deve ser dada na criao e no acesso e uso desses espaos por crianas com deficincia.

    O Brincar e os Brinquedos

    Se eu ganhar dinheiro, eu vou comprar comida para minha me e minha v.

    Se tivesse dinheiro, ia comprar uma casa grande para minha me.

    Eu queria que minha me ficasse comigo. Ela disse que precisa ganhar dinheiro para pagar as contas.

    Famlia e Comunidade

    No tem nada fora de casa para brincar.

    Queria que tivesse parquinho perto da minha casa. Tem um campinho de jogar bola. Eu e minha amiga subimos na rvore.

    Eu queria um carrinho que desce no escorregador.

    Eu queria um circo para ver palhao. Amo circo de graa.

    Eu queria uma rvore grande para brincar de ser macaquinho.

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    Cidade e Meio Ambiente Perto da minha casa no tem rvore. S longe.

    Falta rvore nas cidades. Parquinho no tem, s na escola.

    Eu brinco na rua, mas minha me no quer.

    Diversidade

    Quem tem

    um amigo

    muito feliz.

    Estabelecer, em todos os Municpios, com a colaborao dos setores responsveis pela educao, sade e assistncia social e de organizaes no-governamentais, programas de orientao e apoio aos pais com filhos entre 0 e 3 anos, oferecendo, inclusive, assistncia financeira, jurdica e de suplementao alimentar nos casos de pobreza, violncia domstica e desagregao familiar extrema.

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    Contribuir para que, at 2022, todas as crianas de at cinco anos, recebam atendimento em perodo integral na educao infantil, prioritariamente aquelas das famlias beneficirias do Programa Bolsa Famlia.

    Enfrentando as Violncias

    No gosto de apanhar porque di.

    Evitando a Exposio Precoce s MdiasDesenvolver campanhas de informao, educao e comunicao para uma alimentao adequada em quantidade e qualidade, promovendo prticas alimentares e estilos de vida saudveis.

    Cidadania Ter uma carteira, ter dinheiro, isso eu quero quando crescer.

    Eu no tenho certido porque minha me no comprou.

    , minha me no comprou

    tambm.

    Eu pedi para minha me comprar a boneca da televiso. Ela disse que no tinha dinheiro. Eu falei para dar um cheque pr-datado.

    Na novela s passa beijao.

    Minha me no me deixa ver umas coisas na TV.

    Nunca fui ao cinema, mas meu pai vai me levar ms que vem.

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    Quando comecei a elaborar esta publicao, em alguns momentos pensei que seria muito difcil, perto do impossvel. Como colocar o Plano Nacional da Primeira Infncia na voz s da criana? O que os adultos vo entender disso?

    Deixei guardado meu lado adulto, resgatei o prazer da infncia e fui em busca de ouvir, me surpreender, me encantar, me entristecer com as histrias fantsticas de uma turma que sabe muito, porque ainda v a vida com a verdade do corao.

    Neste material, outras tantas pessoas, que tambm buscam garantir que a voz e vez das crianas sejam respeitadas, contriburam com informaes e dados valiosos.

    Em alguns trechos as falas foram escritas exatamente como foram expressas. Em outros, como era uma conversa coletiva, as falas esto integradas e misturadas. No podemos esquecer que a singularidade tem sua relevncia; no entanto, precisamos lembrar da unio das semelhanas e diferenas: o todo.

    Nas laterais das pginas foram citados alguns trechos do Plano Nacional Primeira Infncia, que documento poltico e tcnico, elaborado de forma participativa. Uma carta de compromisso tico do Brasil com o desenvolvimento e a felicidade de suas crianas.

    Como foi feita esta publicao?

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    Como vocs devem ter percebido em sua leitura, este no um texto corrido. Tem imagens e emoo em cada palavra. O desafio fazer com

    que cada frase e histria relatada nesta publicao nos ajude a descobrir quais so as infncias que precisamos olhar e cuidar.

    Entendi que, desta vez, ns, os adultos, que vamos fazer esforos, sair dos nossos padres de linguagem e pensamento lgico e para l de concreto, para realmente poder ouvir o que nossas crianas tm a nos dizer.

    Monica Mumme

    Como foi feita esta publicao?

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    A criana inocente, vulnervel e depen-dente. Tambm curiosa, ativa e cheia de esperana. Seu universo deve ser de alegria e paz, de brincadeiras, de aprendizagem e crescimento. Seu futuro deve ser moldado pela harmonia e pela cooperao. Seu de-senvolvimento deve transcorrer medida que amplia suas perspectivas e adquire no-vas experincias. Mas para muitas crianas a realidade da infncia muito diferente.

    ONU Encontro Mundial de Cpula pela Criana, 30 de setembro de 1990

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    Por quem esta publicao foi feita?Realizao

    Vital DidonetCoordenao Geral do Projeto

    Produo Executiva

    Monica MummeCoordenao do Projeto, pesquisa, organizao dos depoimentos e realizao dos grupos focais.

    Claudius CecconProjeto grfico e ilustraes

    AgradecimentosA todas as crianas que participaram desta publicao com seus depoimentos e desenhos.Ao Centro Cultural da Criana (Morro dos Macacos) e Creche UNAP Anchieta (Morro Dona Marta), no Rio de Janeiro; e Creche Santa Luzia (Samambaia), Distrito Federal, pelo apoio aos grupos focais.Ao Ato Cidado, pelos subsdios da escuta de crianas durante a elaborao do Plano Nacional pela Primeira Infncia.

    Maria Lucia Lara e Simone Valadares Facilitao dos grupos focais - RJ

    Ana Rosa Beal, Marina Naves eVilma Maria SantanaFacilitao dos grupos focais - Braslia

    ProduoShirley MartinsDiagramao e editorao eletrnica

    Dinah Frott Reviso

    CECIP

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    JulianaHenriquesRetngulo