Dejetos Na Propriedade Rural
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MANEJO E APROVEITAMENTO DE DEJETOS MANEJO E APROVEITAMENTO DE DEJETOS EM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE LEITEEM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE LEITE
PROCESSO DE TRATAMENTO, REUSO EPROCESSO DE TRATAMENTO, REUSO EDESTINO FINALDESTINO FINAL
Segundo Francisco Cecílio Viana (UFMG), os produtores devem estar
atentos com suas atitudes para permanecer de forma competitiva
no mercado, produzindo de forma sustentável. "Estão entre as
exigências esperadas para a produção de leite: o controle rigoroso
da qualidade e do gasto de água nos processos produtivos da
agropecuária; a destinação ambientalmente correta dos resíduos
produzidos na fazenda de leite ou o seu aproveitamento em bases
sustentáveis e processos de produção que levem em consideração o
conforto animal, as medidas de proteção e de conservação do
ambiente”.
A PROBLEMÁTICA DOS DEJETOS
Um dos maiores problemas em confinamento de bovinos de leite é a
quantidade de dejetos produzidos diariamente numa área reduzida.
A contaminação do solo, lagos e rios pelos resíduos animais, a
infiltração de águas residuárias no lençol freático e o
desenvolvimento de moscas e gases malcheirosos são alguns dos
problemas de poluição ambiental provocados pelos dejetos animais.
Em 1897, a cidade de Melbourne na Austrália, implantou a fazenda
Werribbee para descartar e tratar seus esgotos através do plantio
de forrageiras, destinadas à pastagens de ovinos e bovinos. Este
empreendimento bem sucedido ainda está em funcionamento e
atualmente irriga 10.000 ha com efluente do maior sistema de
lagoas de estabilização do mundo.
PRINCIPIOS DO TRATAMENTO DE ELFUENTES
Efluentes são geralmente produtos líquidos ou gasosos produzidos
por indústrias ou resultante dos esgotos domésticos urbanos, que
são lançados no meio ambiente. Podem ser tratados ou não
tratados. Cabe aos órgãos ambientais a determinação e a
fiscalização dos parâmetros e limites de emissão de efluentes
industriais, agrícolas e domésticos. As exigências da legislação
ambiental levaram as empresas a buscar soluções para tornar
seus processos mais eficazes. É cada vez mais frequente o uso de
sistemas de tratamento de efluentes visando a reutilização de
insumos (água por exemplo, etc.), minimizando o descarte para o
meio ambiente.
Os dejetos produzidos por um sistema de produção de leite podem
se tornar um sério problema ambiental, econômico e até mesmo
legal se não forem corretamente manejados.
As estações de tratamento consistem de uma série de processos
físicos, químicos e biológicos.
Aspectos legais, ambientais do manejo de dejetos
Caracterização do efluente gerado pelo sistema Gado Puro
(Embrapa Gado de leite Juiz de Fora):
DBO5 (5dias, 20oC)= 4.024;
Sólidos Totais (ST)= 62.110;
Nitrogênio Kjeldahl Total (NKT)= 1.672;
Fósforo Total= 305.
Resolução CONAMA 357
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
A Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG N.º 1, de 05 de Maio de
2008, em seu capitulo 5 (artigo 19 ao 32) , estabelece os parâmetros e
valores máximos admissíveis para substâncias químicas no lançamento de
efluentes em corpos hídricos emitidos por qualquer fonte poluidora em
Minas Gerais, bem como para as condições dessas emissões (temperatura,
pH etc.). O número de parâmetros considerados por essa deliberação chega
a 42.
Quantidade de dejetos produzida em um sistema de produção hipotético
Uma vaca leiteira (peso médio de 400 kg) produz, diariamente, em
excretas o equivalente a 28-32 kg de fezes, estando a produção de
fezes + urina na faixa de 38 – 50 kg.
MAS O QUE NÓS PRODUTORES DE LEITE FAREMOS ???????
É uma oportunidade para o produtor de leite, a utilização dos dejetos gerados na produção de leite.
Atualmente seria um desperdício se fossemos pensar em lançar nos córregos ou rios o nosso BIOFERTILIZANTE.
Origem do esterco
NP2O5 % na
MSK2O
Galinha 2,5-5,4 3,02-8,06 1,86-2,19
Galinha sem cama
3,48 2,00 1,04
Frango com cama 3,38 3,02 1,95
Bovino de corte 1,80-3,70 0,96-2,36 0,74-3,01
Bovino de leite 1,84-5,60 1,00-2,34 0,69-5,06
Suínos 2,00-4,50 0,92-3,62 1,90-4,22
Equinos 1,75-1,82 0,57-3,30 0,75-1,81
Ovinos 1,60-4,00 1,31-2,06 0,53-3,45
Conteúdo mais comumente encontrados de nutrientes nos estercos.
Adaptado de KIEHL (1985).
Animal
Componentes Bovinos EquinosOvino
sSuínos
Kg/cabeça/ano
Água 13.145 5.785 541 1.324
Matéria seca 2.039 1.715 199 176
Total 15.184 7.500 740 1.500
N 78,9 58 6,7 7,5
P2O5 20,6 23 4,3 5,3
K2O 93,6 40 6,2 5,7
CaO+MgO 35,9 30 8,8 3,0
Quantidades de esterco e de nutrientes produzidas por um animal no decorrer de um ano.
Adaptado de KIEHL (1985).
Medidas de Poluição
Uma medida da poluição de um efluente pode ser dada pela DBO.
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio é a quantidade de
oxigênio dissolvido, consumido na incubação de um efluente, por
determinado tempo. É uma reação entre os microrganismos
presentes na amostra a 20°C por 5 dias na ausência de luz.
Tratamentos Biológicos
A maior parte dos compostos orgânicos presentes numa água
residual é removida por processos biológicos. São mais econômicos
e menos prejudiciais ao meio ambiente.
O sistema tratamento (Gado Puro) permitiu altas reduções de DBO e
DQO, sendo obtidos valores de (94,36 e 77,92%) (TORRES, 2002).
Controle de Odores
Os efluentes possuem odores ruins devido a presença de compostos
de enxofre presentes nas substâncias orgânicas que depois de
decompostas se transformam em metano CH4 ou outros gases como
H2S (cheiro de ovo podre).
São características do efluente (biofertilizante): ausência de mau-
cheiro; pelo desmembramento dos compostos de enxofre e fixação
do amoníaco; a cor escura; consistência gelatinosa.
Indicadoras do processo humoso adiantado. No esterco líquido
arejado ocorrem processos idênticos aos que ocorrem na
compostagem.
Melhorias nas condições sanitárias da propriedade que maneja corretamente os dejetos
Outro fato importante, observado
na prática, durante vários anos de
operação do sistema de
tratamento biológico aeróbio, foi
a ausência de moscas no interior
e arredores dos tanques de
aeração e das instalações dos
animais “free-stall”,
proporcionando benefícios de
ordem sanitária e estética ao
Sistema Intensivo de Produção de
Leite (SIPL).
O consumo de água para limpeza das instalações pelo sistema de
reciclagem (bombeamento) do esterco líquido tratado sobre os
pisos, foi da ordem de 4.167 litros/dia, ou seja, 35 litros/UA/dia.
CONSUMO DE ÁGUA
Esse reduzido consumo de água foi o maior benefício a economia de
água repercute diretamente em economia e racionalização de
energia. Na maioria dos Sistemas de Produção, em confinamento,
com sistemas de limpeza hidráulica dos pisos, o consumo de água
observado é de 200 a 250 litros/UA/dia.
Dessa forma, o Sistema representa uma economia de água de 82,5 a 86,0%, em relação aos processos que não utilizam a reciclagem da água residuária.
PROCESSO UTILIZADO NA EMBRAPA GADO DE LEITE EM CORONEL PACHECO “GENIZINHA”
Tratador aeróbico
O sistema consta de um tanque em forma de prato de tamanho
variado com uma bomba elétrica instalada na lateral do tratador
aeróbico.
Ela possibilita tanto a introdução do líquido no tanque, quanto sua
aeração, fundamental para evitar mau cheiro e condensação das
partículas sólidas remanescentes (desenvolvido por Ricardo
Encarnação) (1998) na Embrapa Gado de Leite em Coronel Pacheco.
O equipamento é composto por um separador de sólidos e um tanque
de
tratamento aeróbico.
Todo o processo começa com a lavagem do piso e liquidificação do
esterco, que cai numa valeta situada na extremidade inferior e
segue através de canos subterrâneos, para a máquina separadora de
sólidos.
- Uma pequena bomba elétrica leva as fezes misturadas com urina e
água para a máquina separadora de sólidos. Já depurado, o liquido
segue por um cano até o tanque de tratamento, e o sólido cai na
carreta do trator, para transporte até o local adequado.
- Por exemplo, 250 bovinos produzem 12,5 m3 de esterco/dia e,
desse total, apenas 0,5 m3 resulta em material sólido. O tratador
aeróbico consiste de um grande tanque em forma de prato, com 14
metros de diâmetro (tamanho para 250 bovinos).
FERTIRRIGAÇÃO
Fertirrigação é uma técnica de aplicação simultânea de fertilizantes
e água, através de um sistema de irrigação. É uma das maneiras
mais eficientes e econômicas de aplicar fertilizante às plantas,
principalmente em regiões de climas árido e semi-árido, pois
aplicando-se os fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com
maior frequência, é possível manter um teor uniforme de nutrientes
no solo durante o ciclo da cultura, o que aumentará a eficiência do
uso de nutrientes pelas plantas e, consequentemente, a
produtividade.
A reciclagem total do efluente tratado (biofertilizante), no solo,
promove o saneamento ambiental e restitui parte dos nutrientes
consumidos pelas culturas, podendo contribuir significativamente
para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável no sistema
SIPL.A adoção de práticas que a conservem ou que aumentem a sua
quantidade no solo é essencial para se obter altas produtividades.
Os estercos bovinos destacam-se como fonte principal, seja pela
maior disponibilidade, pelo elevado valor fertilizante ou pela alta
necessidade de se promover a reciclagem dos nutrientes no sistema
solo-planta-animal.
Estrumaq : foto de Vanessa Almeida Emater RS.
Uma invenção feita pelo produtor Edemar Macedo, do município de
Vila Maria, está facilitando o trabalho da família na hora de limpar as
instalações do gado de leite. Trata-se da Estrumaq, uma máquina
compacta de um metro de largura por 1,40 m de comprimento, que
tem como maior vantagem a economia de tempo e esforço físico na
hora da limpeza. De acordo com Macedo, a limpeza do estábulo, que
era feita por duas pessoas, levava aproximadamente uma hora e
meia para ser concluída, hoje, com a máquina, pode ser feita em 15
minutos, por apenas uma pessoa.
Princípio do Biodigestor
detalhe do sistema de separação de sólidos (SEPCOM®)
exemplo de biodigestor vinilona+lagoa secundária modelo SANSUY®
exemplo de moto gerador (desenho esquemático).modelo ER-BR Energias Renováveis Ltda
exemplo de moto gerador (foto) modelo ER-BR Energias Renováveis Ltda
OBRIGADO PELA ATENÇÃO
Marcelo Henrique OtenioGestão Ambiental e Recursos Hídricose-mail: [email protected]. (32) 3311 7514