Diagrama de Sequência Simone Sawasaki Tanaka [email protected].
DEMONSTRAÇÕES Kaoru TANAKA DE LIRA Universidade … · ... na área de pesquisa educacional, ......
-
Upload
truongliem -
Category
Documents
-
view
220 -
download
0
Transcript of DEMONSTRAÇÕES Kaoru TANAKA DE LIRA Universidade … · ... na área de pesquisa educacional, ......
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
8
DEMONSTRAÇÕES DEMOGRÁFICAS
Kaoru TANAKA DE LIRA
Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
RESUMO
O incipiente Curso de Letras – Língua e Literatura Japonesa da Universidade Federal do
Amazonas – UFAM recebeu, em 2011, a primeira turma de graduandos com dezoito alunos. À
primeira vista, a criação de um curso de licenciatura em língua e literatura japonesa na região
Norte pode causar espanto, porém a cidade tem um contexto particular. A Região Amazônica,
além de ter recebido um grande contingente de imigrantes no século XX, atualmente possui
trinta e duas empresas japonesas instaladas no Polo Industrial de Manaus, fato que ocasiona a
estadia de um número significante de empresários e funcionários japoneses. Consequentemente,
há uma considerável oferta de emprego para aqueles que têm conhecimento de língua japonesa.
O presente trabalho foi realizado com dois objetivos: O primeiro é registrar por meio de relatos
o início do curso, os articuladores e os bastidores que tornaram possível a implantação da
graduação em língua e literatura japonesa. Tais relatos foram colhidos a partir de entrevistas
com docentes e representantes da sociedade presentes no momento da criação. O segundo ponto
é descrever o perfil dos discentes que vêm em busca de formação na língua, suprindo a
necessidade de conhecer o perfil geral dos estudantes. Assim, os dados foram coletados por
meio de um questionário composto de cinco partes: dados gerais, objetivo do ingresso no curso,
dados acadêmicos, experiência no Japão e experiência anterior de estudo da língua japonesa.
Nesse viés, será apresentada aqui somente uma parte da análise dos dados de 87 respondentes
como o fato de que, diferente do que possa imaginar, apenas 14% dos discentes têm ascendência
japonesa. Também o fato de mais da metade (66%) terem tido experiência em sala de aula de
língua japonesa antes de ingressarem no Curso. Portanto, espera-se que os resultados obtidos
possam contribuir para uma melhor adequação do Curso em evidência, servindo de base para
pesquisas relacionadas à motivação e às estratégias de ensino-aprendizagem específicas da
língua japonesa que, por sua vez, complementarão as informações colhidas neste levantamento.
Palavras-Chave: Demografia do curso; Letras – Japonês; UFAM.
1. INTRODUÇÃO1
Bernadete Gatti (2004) realizou um levantamento das pesquisas em educação
feitas no Brasil nas últimas três décadas utilizando abordagens qualitativas e detectou
que, na área de pesquisa educacional, salvo análises de dados de avaliações de
1 Os resultados desta pesquisa só foram possíveis com o apoio técnico dos bolsistas Jean Carlos
Teixeira Ferreira; Beatriz Augusta de Souza Coelho; Caroline dos Santos Ferreira; Fernanda
Garcia Praia Santos e Rebecca Abensur Bastos.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
9
rendimento escolar realizadas em alguns sistemas educacionais, poucos estudos
empregam metodologias quantitativas.
Nesse sentido, autora prossegue esclarecendo que “há problemas educacionais
que para sua contextualização e compreensão necessitam ser qualificados através de
dados quantitativos” (GATTI, 2004, p. 13). Analisando as publicações, a área de ensino
de língua estrangeira, especificamente a área de ensino de língua japonesa no país, não é
uma exceção. Salvo pesquisas realizadas pela Fundação Japão, que faz um
levantamento sobre instituições de ensino de língua japonesa, o número de professores e
de alunos (THE JAPAN FOUDATION, 2015), são escassas as pesquisas quantitativas
que relatam o perfil dos estudantes da língua no país. Uma das poucas pesquisas que
traçam o perfil dos estudantes de japonês foi feita por Nakata (2008). No livro História
do ensino da língua japonesa no Brasil, a autora relata os resultados obtidos por meio
da aplicação de um questionário com intuito de fazer um levantamento do perfil dos
estudantes da língua no ano 2000. Na investigação, participaram 376 estabelecimentos
de ensino que oferecem cursos livres, em sua maioria, localizado no estado de São
Paulo. Dessa maneira, constata-se que há a necessidade de realizar levantamentos
similares para estudantes de cursos universitários, uma vez que há oito2 universidades
que oferecem o curso no país.
Seguindo o pensamento anterior, a presente pesquisa surgiu da necessidade de
conhecer o perfil dos estudantes universitários que optam pelo Curso de Letras – Língua
e Literatura Japonesa (doravante Curso de Letras – Japonês), na Universidade Federal
do Amazonas – UFAM. É esperado que as informações obtidas do perfil, assim como as
necessidades específicas do público que o compõe, contribuam para a melhoria do curso.
Ultimamente, os olhos dos atuantes na área de ensino de língua japonesa têm se
voltado para o Amazonas pelo crescente número de pessoas que buscam aprender a
língua tanto na universidade quanto nas escolas que oferecem o ensino de japonês.
Enquanto se ouve que o interesse pela língua japonesa, em outras localidades, tem
diminuído, em Manaus não se observa o mesmo fenômeno. Segundo Brasil de Sá e
22 A saber: Universidade de São Paulo - USP (1964); Universidade Federal do Rio Janeiro –
UFRJ (1979); Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1986); Universidade
Estadual Paulista – UNESP (1992); Universidade de Brasília – UnB (1997); Universidade
Estadual do Rio de Janeiro – UERJ (2003); Universidade Federal do Paraná – UFPR (2009) e
Universidade Federal do Amazonas – UFAM (2011) (MUKAI, JOKO e PEREIRA, 2012, p.
117)(BRASIL DE SÁ e NISHIKIDO, 2012, p. 139).
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
10
Nishikido (2012), além da UFAM, dez outras instituições ensinam a língua em comento,
totalizando mais de mil e duzentos estudantes no estado (p.138). Umas das instituições
em destaque é a Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental – Nippaku. Os
cursos oferecidos por esta Associação, desde 2008, têm entre 600 a 700 alunos
matriculados semestralmente (BRASIL DE SÁ e NISHIKIDO, 2012).
Outro destaque é o anúncio do governador do Estado, José Melo, evidenciando
a abertura da escola bilíngue português – japonês de tempo integral voltada para alunos
do nível fundamental. Segundo o site de notícias Acrítica, a Escola Estadual Djalma
Batista, onde o projeto está sendo implantado, está sendo reformada e entrará em
funcionamento em 2016 (PEREIRA, 2015).
Portanto, o presente artigo tem o intuito de deixar os registros dos primeiros
passos do curso da oitava universidade federal a oferecer a licenciatura de Letras –
Japonês por meio de relatos de docentes e representantes da sociedade presentes no
momento de abertura do curso. Também traçar o perfil dos discentes que buscam a
formação na língua japonesa, atendendo a necessidade de conhecer o perfil dos
estudantes. Quem são os alunos vinculados ao curso? O que buscam? Os dados foram
coletados por meio de um questionário com perguntas sobre os objetivos do ingresso no
Curso e também experiências anteriores de estudar a língua.
2. CRIAÇÃO DO CURSO DE LETRAS – JAPONÊS NA UFAM
A UFAM iniciou oferecendo aulas de língua japonesa no projeto de extensão
chamado Centro de Estudos de Línguas – CEL, em 2009. Segundo afirmações de Linda
Midori Tsuji Nishikido, responsável pelo curso de japonês no CEL, as aulas ocorriam
aos sábados no turno matutino, inicialmente, com a oferta de uma turma.
O Curso de licenciatura em Letras – Japonês na UFAM foi aprovado em agosto
de 20103, vinculado ao Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras - DLLE.
Segundo relatórios feitos pela professora Michele Eduarda Brasil de Sá, as aulas
tiveram início no dia 20 de fevereiro de 2011, com 18 alunos matriculados. O Curso
3 Aprovação na Reunião Departamental do dia 13 de agosto de 2015 e Resolução nº 051/2010 do dia 31
de agosto de 2010.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
11
realizou a aula inaugural no dia 14 de abril de 2011 e contou com a presença da reitora4
e representantes da Nippaku e da Associação Koutaku do Amazonas.
No entanto, até a inauguração, várias foram as articulações para consolidar a
implantação do mais novo Curso de Letras no Norte do país. Segundo Ken Nishikido
(comunicação pessoal), presidente da Nippaku, a ideia da criação do curso teve início
em 1998, na vigência do cônsul geral do Japão em Manaus, Ken’ichi Kobayashi5 .
Porém, somente na vigência do cônsul geral Susumu Segawa 6 , em 2006, houve
negociações para que o curso pudesse ter início. Ainda de acordo com Ken Nishikido, o
curso era um sonho não só de filhos de Koutakusei7, mas também da comunidade nikkei
local. Para concretizar esta ideia, havia a necessidade de envolver o governo do Japão,
bem como alguém da Universidade. Ao saber do desejo da comunidade, o Cônsul
Segawa iniciou as negociações convidando o reitor Hidemberg8 e o vice-reitor Gerson
Suguiyama Nakagima à residência oficial para tratarem da possibilidade da implantação
do curso, o que foi fundamental para a criação da graduação mencionada.
Outro fator destacado pelo presidente da Nippaku e também por Linda
Nishikido, foi a presença da professora Michele Eduarda Brasil de Sá. Tal fator
impulsionou a implantação do curso. A professora em destaque é docente da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, com habilitação em língua japonesa pela
mesma universidade e esteve lotada provisoriamente no Departamento de Língua e
Literatura Portuguesa - DLLP, de 2007 a 2013. Os fatores e as condições acima
descritos possibilitaram o início do Curso de Licenciatura em língua japonesa.
3. O CURSO
4 Márcia Perales Mendes Silva: Reitora da UFAM desde 2009 (História da UFAM). 5 Ken’ichi Kobayashi - Cônsul Geral do Consulado Geral do Japão em Manaus entre 1998 e 1999. 6 Susumu Segawa - Cônsul Geral do Consulado Geral do Japão em Manaus entre 2005 e 2008. 7 Koutakusei é um termo que se refere aos alunos da Kokushikan Koutou Takushoku Gakkou
(Escola Superior de Colonização de Kokushikan), na abreviação, Koutaku. Eram jovens
treinados para liderar a colonização japonesa na região da Amazônia, a partir do Instituto Vila
Amazônia, fundado em 21 de outubro de 1930 numa localidade situada às margens do Rio
Amazonas, atualmente conhecida como Parintins, famosa nacional e internamente pelo Festival
Folclórico do Boi-Bumbá (OI, CÉLIA ABE, 2012). 8 Professor Doutor Hidemberg Ordozgoith da Frota, reitor da UFAM entre 2001 e 2009.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
12
A graduação em Letras - Língua e Literatura Japonesa é de quatro anos e meio
e requer a integralização de 145 créditos, totalizando uma carga horária de 2840 horas
entre disciplinas obrigatórias, optativas e atividades acadêmicas-científicas-culturais
sendo, as aulas, oferecido no período noturno.
O curso foi iniciado em 2011 tendo em seu corpo docente apenas a professora
Michele, formada em Letras – Japonês, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. A
docente encontrava-se lotada na UFAM no início do Curso. Posteriormente, por meio
de uma seleção simplificada, em agosto do mesmo ano, passaram a fazer parte do
quadro os professores temporários Bruno Minoru Nishikido e Linda Midori Tsuji
Nishikido, permanecendo até o fim de março de 2013.
Atualmente, o corpo docente do Curso de Letras – Japonês é composto por
cinco professores efetivos9 selecionados em dois concursos. O primeiro concurso foi
realizado em abril de 201310, no qual foram selecionados quatro professores e a quinta
vaga11 foi preenchida em fevereiro de 2015.
4. METODOLOGIA
O atual levantamento é uma pesquisa quantitativa. Inicialmente, foram feitas
análises a partir de informações sobre os alunos matriculados no Curso de Letras –
Língua e Literatura Japonesa, dados esses oferecidos pela própria universidade e
acessados no dia 16 de maio de 2015. Dos dados mencionados, foram analisadas a idade,
o sexo, a forma de ingresso de 151 pessoas que se matricularam no curso ao longo de
quatro anos e que compõem as cinco primeiras turmas do curso.
Posteriormente, foram coletadas informações complementares por meio da
aplicação de um questionário aos discentes composto de cinco grandes partes (Anexo).
1) Dados gerais - data de nascimento, sexo, estado civil e ascendência japonesa; 2)
Objetivo do ingresso no curso - uso e necessidade da língua-alvo no cotidiano; 3) Dados
acadêmicos - tipo de estabelecimento em que cursaram o ensino médio e cursos
universitários complementares; 4) Experiência no Japão e 5) Conhecimento prévio da
9 A saber: Ernesto Atsushi Sambuichi; Cacio José Ferreira; Cristina Rosoga Sambuichi; Kaoru
Tanaka de Lira Ferreira e Ruchia Uchigasaki. 10 Concurso Público para a Carreira do Magistério Superior sob o Edital nº 040, de 04/12/2012. 11 Concurso Público para a Carreira do Magistério Superior sob o Edital nº 066, de 28/11/2014.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
13
língua. A coleta dos dados por meio do questionário foi feita durante as aulas com a
colaboração dos professores. O período de aplicação variou dependendo do ano de
ingresso. Para as três turmas iniciais, no mês setembro de 2013; para discentes com
ingresso em 2014 e 2015, o questionário foi aplicado em maio de 2014 e em junho de
2015, respectivamente. Aos estudantes foram explicados os objetivos da pesquisa, bem
como o caráter confidencial dos dados fornecidos. Os alunos foram livres para escolher
participar ou não da pesquisa. E em média, os participantes levaram de 15 a 20 minutos
para responderem o mesmo.
5. RESULTADOS
5.1 DADOS DOS INGRESSANTES
Segundo os registros oferecidos pela universidade, desde o início do curso, 151
pessoas que ingressaram no Curso de Letras – Japonês, dos quais 31 discentes
ingressaram no curso em 2011, 29 em 2012, 30 em 2013, 29 em 2014 e 32 em 2015.
Dentre os 151 ingressantes, 13 foram jubilados12 e 18 são desistentes (dados acessados
em 16 de maio de 2015). Assim, na data da análise, 120 estudantes mantinham vínculo
com curso da UFAM.
Dos 151 alunos ingressantes, 54% (n=82) são do sexo feminino e 46% (n=69)
do sexo masculino e têm entre 17 a 67 anos de idade13. Apesar da média aritmética da
idade ser de 28 anos, pouco menos da metade dos ingressantes (49%) tem menos de 25
anos de idade. A maior fatia dos alunos (29%) tem entre 20 a 24 anos.
12 Todos os 13 alunos foram jubilados por não efetivarem matrícula em mais de 04 (quatro)
períodos (critério 2). Decisão prevista no inciso II do Art. 75 do Regimento Geral da UFAM. 13 A idade dos alunos foi calculada no dia 30 de julho de 2015 a partir da data de nascimento.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
14
Figura 1: Faixa etária dos ingressantes
A grande maioria dos discentes, 72% (n=109) ingressou na universidade pelo
SiSU – Sistema de Seleção Unificada, ou seja, eles ingressaram realizando a prova do
Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM14. Outros 27% (n=40) ingressaram pelo
Processo Seletivo Contínuo – PSC15 e 1% (n=2) pelo Processo Seletivo Extramacro –
PSE. Os dois alunos que ingressaram pelo PSE são da modalidade Portadores de
Diploma Superior.
5.2 PERFIL DOS INFORMANTES
A seguir, será apresentada uma parte da análise do questionário aplicado à
amostra de 87 discentes. Dos informantes, 55% (n=48) são do sexo feminino e 45%
(n=39) do sexo masculino.
A proporção de estudantes com idade entre 17 a 24 anos aumenta para 65%, e a
média aritmética cai para 26 anos, conforme a tabela.
Faixa etária % n
17-19 30% 26
14 É o critério de seleção usado na universidade para o preenchimento de 50% das vagas nos
cursos de graduação atualmente. Os demais 50% das vagas são disponibilizadas para o Processo
Seletivo Contínuo - PSC (Perguntas frequentes sobre a UFAM, 2014). 15 O PSE é ofertado dependendo da disponibilidade de vagas. Nesse processo, há três
modalidades de ingresso: Reopção - que é o processo de transferência do estudante da UFAM
de um curso para outro, dentro da mesma área de conhecimento; Portador de Diploma - o
portador de Diploma de Curso Superior poderá candidatar-se a outro curso da mesma área de
estudos de sua graduação; Transferência Facultativa - é forma de Ingresso do estudante oriundo
de outras Instituições de Ensino Superior (Perguntas frequentes sobre a UFAM, 2014).
30
44
2623
7 85 5
0 2 1
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69
Faixa etária
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
15
20-24 35% 30
25-29 10% 9
30-34 9% 8
35-39 2% 2
40-44 5% 4
45-49 4% 3
50-54 2% 2
55-59 0% -
60-64 2% 2
65-69 1% 1
Tabela 1: Faixa etária dos discentes
Dentre eles, 60% (n=52) declaram como profissão estudante, enquanto 37%
(n=32) afirmaram ter outras profissões e 3% (n=3) não responderam. Quanto ao estado
civil, 75% (n=65) são solteiros, 16% (n=14) declararam ser casados e 9% (n=8)
marcaram o item outros, onde constam divorciados, viúvos e união estável.
Dos 87 discentes que responderam a enquete, 14% (n=12) têm ascendência
japonesa, enquanto outros 86% declaram não terem. Outras duas pessoas afirmaram ter
o japonês como língua materna.
5.3 OBJETIVO DO INGRESSO NO CURSO
Ao serem perguntados por que decidiram cursar Letras – Língua e Literatura
Japonesa, 33% responderam que a escolha foi por gostarem da língua e da cultura
japonesa. Outros 22%, marcaram a opção “Tem interesse em trabalhar na área de
tradução”, seguidos por 13% que “Tem interesse em lecionar” e igualmente 13% em “É
um diferencial no currículo”. Apenas 5% optaram por “Necessita da língua japonesa
para o trabalho”. Outros 3% das respostas foram marcados em “Necessita da língua
japonesa no dia a dia”; “A concorrência do curso é/era baixa” e “Tem interesse em um
diploma universitário independente do curso”. A questão foi de múltiplas escolhas e foi
dada a opção de marcarem até três itens e a porcentagem apresentada é o somatório de
todos os itens marcados, conforme a tabela abaixo.
10. Por que escolheu o Curso de Letras-Japonês? %
Gosta da língua e da cultura japonesa. 32%
Tem interesse em trabalhar na área de tradução. 22%
Tem interesse em lecionar. 13%
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
16
É um diferencial no currículo. 13%
Necessita da língua japonesa para o trabalho. 5%
Outros. 5%
Necessita da língua japonesa no dia a dia. 3%
A concorrência do curso é/era baixa. 3%
Tem interesse em um diploma universitário independente do curso. 3%
Tabela 2: Motivo da escolha do Curso de Letras -Japonês
Dos 57 informantes que declaram trabalhar no momento da aplicação os
questionários, 23% (n=13) informaram que precisam da língua japonesa no ambiente de
trabalho e os outros 37%% (n=21) responderam que o conhecimento da língua japonesa
seria desejável. Os 40% (n=23) restantes assinalaram não precisar da língua.
Ao fim dessa seção, foram perguntados se desejariam trabalhar com algo
relacionado à língua japonesa após a formatura. Com exceção de 3 pessoas, os 84
discentes responderam positivamente.
5.4 DADOS ACADÊMICOS
Quanto ao tipo de estabelecimento cursado no Ensino Médio, a maioria (64%,
n=56) fez o estudo em escolas públicas. Outros 21% (n=18) estudaram em escola
particular. Dos 15% restantes, 9% (n=8) estudaram, a maior parte do tempo, em escolas
públicas e 6% (n=5) a maior parte em escolas particulares.
Quando perguntados se fizeram ou fazem outro curso superior, 37% (n=32)
responderam afirmativamente.
Figura 2: Curso superior concomitante
37%
63%
Curso superior concomitante
Sim
Não
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
17
Foi perguntado aos estudantes também sobre tempo diário dedicado aos
estudos pelos discentes. Os resultados foram como mostra o quadro a seguir.
Horas diárias de estudo % N
Menos de 1 hora 25% 22
1-2 horas 31% 27
2-3 horas 25% 22
Mais de 3 horas 19% 16
Tabela 3: Horas diárias de estudo
5.5 EXPERIÊNCIA NO PAÍS E DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA
Quanto à experiência no país da língua alvo, apenas 8% dos entrevistados já
estiveram no Japão.
Ao serem questionados, sobre a oportunidade de usar a língua japonesa no dia-
a-dia, 35% (n=30) dos discentes disseram ter oportunidade de usar a língua-alvo no
cotidiano, contra 64% (n=56) que relataram não ter. Não responderam a pergunta, o 1%
restante.
Quanto ao conhecimento da língua, mais da metade, 66% (n=56), declaram já
terem estudado a língua antes de ingressar no curso da UFAM. Em sequência, foi
incluída a pergunta “Por quanto tempo estudou antes de ingressar no Curso de Letras?”.
Os resultados foram organizados no quadro que se segue:
Tempo de estudos antes de ingressar no Curso % N
(1) Menos de 6 meses 20% 11
(2) Aproximadamente 6 meses 7% 4
(3) Aproximadamente 1 ano 16% 9
(4) Aproximadamente 1 ano e meio 5% 3
(5) Aproximadamente 2 anos 16% 9
(6) Aproximadamente 2 anos e meio 4% 2
(7) Aproximadamente 3 anos 11% 6
(8) Aproximadamente 3 anos e meio 5% 3
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
18
(9) mais de 4 anos 16% 9
Total 56
Tabela 4: Tempo de estudos antes de ingressar no Curso
Ao serem perguntados sobre onde estudaram japonês antes de ingressar na
UFAM, a maioria, 64% (n=36), respondeu terem estudado nos cursos oferecidos na
Nippaku. Outros 14% (n=8) estudaram sozinhos ou em aula particular e 5% (n=3) na
Escola de Idiomas da Escola Superior de Tecnologia Universidade Estadual do
Amazonas – EST/UEA. Os 17% restantes estão distribuídos em variadas instituições16.
Também foi incluído no questionário se já haviam prestado o Exame de
Proficiência em Língua Japonesa. Apenas 11% (n=10), dos 87 informantes, haviam
feito o exame.
Exame de Proficiência em Língua Japonesa
Sim 11%
Não 89%
Tabela 5: Exame de Proficiência em Língua Japonesa
Aos estudantes foram questionados, se fazem outro curso de língua japonesa no
momento da aplicação do questionário. Dos 87 respondentes, apenas 16% (n=14)
declaram estarem frequentando cursos complementares da língua em questão, dentre os
quais nove estudam nos cursos oferecidos pela Nippaku.
6. CONCLUSÕES PARCIAIS
Ao vislumbrar os resultados obtidos, constata-se que o número de discentes do
sexo feminino no curso é 8% maior que do sexo masculino, a proporção dos
ingressantes é condizente com a amostra de 87 pessoas que responderam ao
questionário. É possível afirmar que um pouco mais da metade dos estudantes
vinculados ao curso tem entre 17 a 24 anos de idade, sendo a maioria solteiros.
16 A saber: Curso de Treinamento no Japão; Colégio Kosmos; Escola de Idiomas Aldair Kimura
Seixas – Parintins; Fundação Muraki; Instituto Brasileiro de Línguas – Recife; Projeto Centro
de Estudos de Línguas – CEL/UFAM; Escola Professora Josephina de Mello – Manaus.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
19
Apesar de pesquisas, como a de Morato (2011), indicarem que são minoria os
estudantes de língua japonesa com ascendência japonesa, há uma crença ainda comum
de que os estudantes vinculados a cursos de língua e literatura japonesa são compostos
de descendentes. Dos 87 alunos que responderam a enquete, 14% (n=12) têm
ascendência japonesa, o que corrobora com as pesquisas supracitadas.
A partir desta pesquisa, foi possível confirmar que a maioria das pessoas busca
o curso porque gosta da língua e da cultura japonesa. Entretanto, surpreende que a
segunda maior porção de pessoas tenha escolhido o curso porque tem interesse em
trabalhar na área de tradução, apesar do ofício da tradução demandar avançado
conhecimento da língua-alvo.
Um dado que chama a atenção é o fato de que 37% dos estudantes fizeram ou
fazem outro curso universitário. Talvez signifique que há uma tendência de que o curso
seja um complemento corroborando com a porcentagem de pessoas que buscam o curso
por gostarem da língua e da cultura japonesa. Contudo, novas pesquisas são necessárias
para confirmar se há uma correlação entre os alunos que procuram o curso por gostarem
da cultura e língua japonesa e os alunos que interpretam o curso como uma formação
secundária e/ou complementar.
Apenas 8% dos discentes tiveram a experiência de visitar o Japão.
Provavelmente, o fato se explique pela maioria dos pesquisados serem jovens e ainda
não possuírem independência financeira. Porém, é preciso fazer mais pesquisas que
averigue tal situação. Talvez em outros cursos universitários de japonês com grande
número de jovens, a situação se repita pelos mesmos motivos.
No item referente ao conhecimento prévio da língua japonesa, constatou-se que
mais de 60% dos alunos já tinham estudado a língua. Entretanto, 43% dos que
afirmaram já terem conhecimento, estudaram por 1 ano ou menos. Ainda sobre as
pessoas que já haviam estudado antes de ingressar, 75% frequentaram os cursos
oferecidos na Nippaku confirmando a grande contribuição e influência que a instituição
exerce em prol a difusão do Curso de Letras – Japonês da UFAM.
Por fim, é esperado que além de suscitar pesquisas similares ainda escassas na
área, os resultados possibilitem projeções futuras do Curso em questão, a fim de melhor
se adequar aos estudantes que buscam essa formação.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
20
REFERÊNCIAS
BRASIL DE SÁ, M.; NISHIKIDO, K. O ensino da língua japonesa no Amazonas. Estudos
Japoneses, São Paulo, n. 32, p. 131-141, 2012.
GATTI, B. A. Estudos qualitativos em educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, n.30. 2004.
P.11-30.
MORATO, G. A. D. A. HELB - História do Ensino de Línguas no Brasil. Situando a Língua
Japonesa no Contexto da História do Ensino de Línguas no Brasil, Brasília, Janeiro 2011.
Disponivel em:
<http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=190:situando-a-
lingua-japonesa-no-contexto-da-historia-do-ensino-de-linguas-no-brasil&catid=1111:ano-5-no-
5-12011&Itemid=16>. Acesso em: 10 Outubro 2015.
MUKAI, Y.; JOKO, A. T.; PEREIRA, F. P. A Língua Japonesa no Brasil: refleões e
experiências de ensino e aprendizagem. Campinas, SP: Pontes, 2012.
NAKATA, M. A consciência lingüística dos estudantes adultos de língua japonesa (2001). In:
MORIWAKI, R.; NAKATA, M. História do ensino da língua japonesa no Brasil. Campinas:
UNICAMP, 2008. Cap. Parte II, p. 267.
PEREIRA, H. Governador José Melo discute criação de escola bilíngue em reunião com cônsul
japonês. Acrítica.com, 13 julho 2015. Disponível em:
<http://acritica.uol.com.br/noticias/governador-Jose-Melo-criacao-
bilingue_0_1393060705.html>. Acesso em: 18 julho 2015.
THE JAPAN FOUDATION. Ensino de Língua Japonesa: Escolas e cursos - ensino
fundamental, médio e superior. Fundação Japão. São Paulos, p. 112. 2015.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
21
Anexo: Extrato do questionário17
Questionário - Demografia do curso de letras japonês
Convido-0s(as) a participarem desta enquete sobre a demografia do curso de Letras- Japonês da Universidade Federal do Amazonas. Sua participação é de suma importância para essa pesquisa, pois nos ajudará a traçar melhor o perfil dos alunos do nosso curso. Os dados serão mais uma ferramenta para orientar os docentes em ações mais efetivas no ensino de língua japonesa.
A participação é de caráter voluntário. Além dos dados pessoais, faremos perguntas sobre a sua formação, emprego, conhecimento e experiências com a língua japonesa.
Todas as informações fornecidas são confidenciais e o seu nome ou qualquer outra informação sobre a sua identidade não será utilizada ao reportarmos ou discutirmos as estatísticas desta pesquisa. Planejamos utilizar essas informações para escrever artigos científicos a serem publicados e para apresentações acadêmicas e, sobretudo, para a melhoria do nosso curso de japonês.
Ao responder a este questionário, você estará declarando estar ciente das informações acima e consentindo com o uso dos dados fornecidos, respeitado o anonimato acima referido.
Agradecemos a preciosa colaboração na realização desta pesquisa. Kaoru Tanaka de Lira Ferreira
Dados Gerais
1. Nome:______________________________ Matrícula: ___/______
2. Semestre de ingresso: (1) Primeiro (2) Segundo
3. Sexo: (1) Masculino (2) Feminino
4. Data de nascimento: _______/______ /_______ (idade_______)
5. Profissão: (1) estudante (2) outros: ___________________
6. Estado civil: (1) casado(a) (2) solteiro(a) (3) outros: ___________
7. Língua materna: (1) português (2) japonês (3) outros: _________
8. Nacionalidade: (1) brasileira (2) japonesa (3) dupla nacionalidade
(4) outros: _____________
17 O questionário não será colocado na íntegra, pois o mesmo tem 8 páginas e há limitações de
espaço. Os interessados podem entrar em contato com a autora que disponibilizará documento
completo por e-mail.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
22
9. Você tem alguma ascendência japonesa?
(1) Não (segue para a questão 10) (2) Sim
a) Você é:
(1) Issei (2) Nissei (3) Sansei (4) Yonsei (5) Mestiço (6) Outros
b) Caso a resposta seja 2, 3,4 ou 5 favor informar a ascendência do
pai ( ) e da mãe ( )
Objetivos
10. Por que escolheu o Curso de Letras-Japonês?
(1) Tem interesse em lecionar.
(2) Gosta da língua e da cultura japonesa.
(3) A concorrência do curso é/era baixa.
(4) Necessita da língua japonesa no dia a dia.
(5) Necessita da língua japonesa para o trabalho.
(6) Tem interesse em um diploma universitário independente do curso.
(7) Tem interesse em trabalhar na área de tradução.
(8) É um diferencial no currículo.
(9) Outros. (____________________________________________)
11. Você necessita da língua japonesa para o trabalho? (1) Não trabalho (2) Não (2) Sim, seria desejável (3) Sim,
necessariamente
12. Você gostaria de trabalhar com algo relacionado com a língua japonesa depois de se formar? (1) Não (2) Sim ( o quê?
_______________________________)
Dados acadêmicos:
13. Em que tipo de estabelecimento de ensino você fez o curso médio (2º grau)? (1) Todo em escola pública
(2) Maior parte em escola pública.
(3) Todo em escola particular.
(4) Maior parte em escola particular.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
23
(5) Em escola no exterior.
14. Você já fez ou está fazendo outro curso superior?
(1) Não (segue para 15) (2) Sim, fora da UFAM (3) Sim, na UFAM.
Qual o curso?
1º curso __________________ 2º curso __________________
15. Quantas horas por dia você tem para estudar e para revisar o conteúdo em casa?
(1) menos de 1 hora (2) 1-2 horas (3) 2-3 horas (4) mais de 3 horas
16. Marque um x nos materiais a que você tem acesso para auxiliar no aprendizado da língua japonesa. (1) ( ) TV a cabo (2) ( ) DVD (3) ( ) Internet (4) ( ) Literatura (5) ( ) Tocador de mp3computador /tablet (6) ( ) Dicionários (vocabular)Quais?
1. ________________________ 2. ______________________
3. ________________________ 4. ______________________
(7) ( ) Livros didáticos e gramáticas (além dos utilizados na UFAM) Quais?
1. ________________________ 2. _______________________
3. ________________________ 4. _______________________
Experiência no Japão:
17. Já esteve no Japão?
(1) Não (segue para a questão 18) (2) Sim
a) Qual foi o motivo?
(1) Turismo
(2) Estudo/Intercâmbio (_______ anos e _____ meses.)
(Onde? ________________)
(3) Viagem a trabalho
(4) A trabalho (_______ anos e _____ meses.)
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
24
(Onde? ________________)
(5) Outros
b) Quantas vezes? ( vezes)
c) Frequentou a escola de educação formal no Japão?
(1) Não (segue para o item 18)
(2) Sim, (do __________ até _____________, durante _____ anos).
ex.: (do shogakkou 1 nen até chugakkou 2 nen, durante 8 anos)
(3) Sim, escola brasileira no Japão.
(do ______________ até _______________, durante _____ anos).
ex.: # série do # grau até # série do # grau
Experiência de aprendizagem da língua japonesa
18. No seu dia-a-dia, você tem a oportunidade de usar a língua japonesa?
(1) Não. (segue para questão 19) (2) Sim. (Onde?__________,_________)
(Com quem?________________)
19. Você tinha algum conhecimento na língua japonesa ao ingressar neste curso?
(1) Não. (segue para questão 20) (2) Sim.
a) Por quanto tempo estudou antes de ingressar no curso de Letras?
(1) Menos de 6 meses (2) Aproximadamente 6 meses
(3) Aproximadamente 1 ano (4) Aproximadamente 1 ano e meio
(5) Aproximadamente 2 anos (6) Aproximadamente 2 anos e meio
(7) Aproximadamente 3 anos (8) Aproximadamente 3 anos e meio
(9) mais de 4 anos
b) Onde estudou?
(1) Sozinho (2) Aula particular (3) Em uma escola de língua japonesa.
International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
25
(Qual?______________________)
c) Quantas horas semanais? ________horas
d) Quantas vezes por semana estudava?
(1) 1 vez (2) 2 vezes (3) 3 vezes ou mais.