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Projeto de Combate a Dengue: educabilidades possíveis a partir do enfoque doença. Nome(s) do(s) bolsista(s): Adriana Henriques Elpes, Daniane Melo, Erika Araújo, Gislene Martins, Letícia Alves, Lucia Maria de Souza Fagundes. Nome(s) do(s) Supervisor(s): Alyssandra Oliveira Braga. Nome(s) do(s) Coordenador(res): Cláudia Avellar Freitas, Paulo Henrique Dias Menezes, [email protected]; [email protected] Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF Resumo O presente trabalho tem como objetivo relatar a intervenção pedagógica realizada sob a perspectiva da educação em ciências para os anos iniciais do ensino fundamental, tendo como conceito construir conhecimentos a priori em uma escola pública da rede municipal, na cidade de Juiz de Fora, acerca de assuntos relativamente ativos na comunidade a qual a escola está inserida. Através do Programa Institucional da Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o acesso à sala de aula foi possível, permitindo assim a atuação e prosseguimento do projeto denominado “Combate a Dengue”, visto que esta doença se alastrou de maneira significativa na cidade de Juiz de Fora e a prevenção era o fator determinante para reduzir o número de casos encontrados. Neste contexto, o trabalho sobre a dengue possibilitou diversas veredas enriquecedoras para atrair a atenção dos alunos e através da vasta temática sobre doenças, o projeto rompeu os muros escolares na busca pelo verdadeiro papel da escola na sociedade: a reflexão dos cidadãos sobre como construirmos um mundo que queremos viver. Palavras-chave: Ensino de ciências; Combate a dengue; Reflexão. Introdução Nos últimos anos, o Brasil tem apresentado um aumento rigoroso de casos e óbitos causados pela dengue. Segundo dados estatísticos da Organização Pan-Americana da Saúde (Pan American Health Organization – PAHO), no ano de 2012, o Brasil apresentou 70.489 casos e em 2013, apresentou 204.650 notificações.

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Projeto de Combate a Dengue: educabilidades possíveis a partir do enfoque

doença.

Nome(s) do(s) bolsista(s): Adriana Henriques Elpes, Daniane Melo, Erika Araújo, Gislene Martins, Letícia Alves, Lucia Maria de Souza Fagundes.

Nome(s) do(s) Supervisor(s): Alyssandra Oliveira Braga.Nome(s) do(s) Coordenador(res): Cláudia Avellar Freitas, Paulo Henrique Dias Menezes,[email protected]; [email protected]

Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo relatar a intervenção pedagógica realizada sob a perspectiva da educação em ciências para os anos iniciais do ensino fundamental, tendo como conceito construir conhecimentos a priori em uma escola pública da rede municipal, na cidade de Juiz de Fora, acerca de assuntos relativamente ativos na comunidade a qual a escola está inserida. Através do Programa Institucional da Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o acesso à sala de aula foi possível, permitindo assim a atuação e prosseguimento do projeto denominado “Combate a Dengue”, visto que esta doença se alastrou de maneira significativa na cidade de Juiz de Fora e a prevenção era o fator determinante para reduzir o número de casos encontrados. Neste contexto, o trabalho sobre a dengue possibilitou diversas veredas enriquecedoras para atrair a atenção dos alunos e através da vasta temática sobre doenças, o projeto rompeu os muros escolares na busca pelo verdadeiro papel da escola na sociedade: a reflexão dos cidadãos sobre como construirmos um mundo que queremos viver.

Palavras-chave: Ensino de ciências; Combate a dengue; Reflexão.

Introdução

Nos últimos anos, o Brasil tem apresentado um aumento rigoroso de casos e óbitos

causados pela dengue. Segundo dados estatísticos da Organização Pan-Americana da

Saúde (Pan American Health Organization – PAHO), no ano de 2012, o Brasil apresentou

70.489 casos e em 2013, apresentou 204.650 notificações.

Considerando a proliferação do Aedes Aegypti, que alcança a fase adulta entre sete a dez

dias e observando também que sua reprodução depende de ambientes facilmente

propícios, é notório pontuar que esta doença está cada vez mais constante em nosso país

e, visto que a ferramenta principal para a erradicação da doença é a prevenção, iniciou-se

a estrutura de um projeto que tivesse como objetivo fim, primeiramente, apresentar como

prevenir a sociedade desta doença.

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A partir das observações dos números de casos cada vez mais recorrentes na cidade de

Juiz de Fora e da localização da escola em um bairro com números alarmantes de

dengue, começou-se a processar efetivamente a viabilidade do projeto na escola.

A bolsa PIBID, programa desenvolvido pela UFJF, procura alinhar conhecimentos teóricos

e práticos, como também entrelaçar diversas licenciaturas a fim de que todo o processo

seja, de algum modo, um aprendizado pedagógico. Como fundamento para o projeto era

necessário à união das disciplinas de ciências e pedagogia, como forma de amplamente

ensinar a todos, não apenas aos alunos, a ciência envolvida no problema proposto.

Assim, o estudo de ciências nas escolas tornou-se um instrumento valioso para

desenvolver o processo de construção do conhecimento do aluno, destacando o papel

escolar no contexto social, buscando o entendimento dos alunos a priori, para em um

segundo momento, leva-los às famílias.

Sendo assim, o professor é um facilitador do processo de ensino, que no estudo das

ciências nas escolas pode também tornar-se um grande aliado no aumento da qualidade

de vida de seus atores, visto que as ciências envolvem temas de bem-estar social,

prevenção e combate, alimentação, reciclagem e tantos outros assuntos inerentes ao

estudo na sala de aula.

Dentro da escola, os saberes de ciências buscam favorecer o aluno em sua trajetória,

objetivando suas realizações e visando à conscientização de problemas relacionados ao

ser humano e ao meio ambiente circundante, estando assim bem próximo de sua

realidade, o que é de extrema importância para o interesse e efetivo entendimento do

estudo.

Desafiar e conquistar o interesse dos alunos para a grande variedade do ensino das

ciências e envolve-los com o tema com liberdade de expressão, acreditando que a troca

de saberes faça-os sujeitos autônomos de suas produções, tornando-os cidadãos críticos

sobre o mundo, valorizando-os em seu cotidiano escolar e sua vida social, devem ser

sempre as metas que norteiam qualquer projeto pedagógico. Assim, torna-se possível

realizar mudanças em seus ambientes sociais e culturais, acarretando uma gama

inestimável de valores e princípios que serão levados por toda a vida.

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A cultura escolar é diversificada e se apresenta de várias formas. Quando falamos de

alunos, estamos lidando com conhecimentos prévios do sujeito aluno e, portanto, dizer

que o aluno é um sujeito vazio de saber é errôneo, uma vez que suas formas de

conhecimento podem ser adquiridas de várias maneiras através de seus grupos sociais,

os quais envolvem região, família e religião.

Os saberes de ciências naturais na escola tendem a se entrelaçar, aproximando o aluno

do ambiente em que o rodeia e dessa forma, conscientizá-lo para o seu crescimento

pessoal e sua autoestima, de modo a leva-lo ao conhecimento de si próprio como sujeito

digno de saberes.

A educação em ciências naturais é considerada um processo significativo para o sujeito,

pois através da interação aluno/docente, a didática apresentada não pode se ater apenas

a teoria, uma vez que a ciência no ensino fundamental se constrói através das práticas do

cotidiano do aluno, os quais adquirem conhecimentos sobre suas experiências

vivenciadas, fazendo-os refletir com consciência e tornando-os seres construtivos em

busca de seus anseios. Neste aspecto, é possível destacar que o ser humano que se

pretende construir é um ser social, como pontua a teoria de Vygotsky:

"Quando nos referimos ao valor das interações em sala de aula, é importante pensarmos que este referencial não compactua com a ideia de classes socialmente homogêneas, onde uma determinada classe social organiza o sistema educacional de forma a reproduzir seu domínio social e sua visão de mundo. Também não aceitamos a ideia de sala de aula arrumada, onde todos devem ouvir uma só pessoa transmitindo informações que são acumuladas nos cadernos dos alunos de forma a reproduzir em determinado saber eleito como importante e fundamental para a vida de todos." (VYGOTSKY.1896-1934).

Desenvolvimento

Estudos teórico-metodológicos

A etapa dos estudos teórico-metodológicos foi constituída através da leitura de artigos

científicos, dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Ciências Naturais, autores

renomados como Paulo Freire, Jean Piaget e Lev Vygotsky e discussões de textos no

campo da educação, que originou uma compreensão mais ampla que perpassavam o

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tema e a discussão sobre a importância da problematização, com conteúdo emancipatório

na abordagem crítica em educação de ciências. Segundo o PCN de 1997:

“Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta que se propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação de seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação das explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, p.21).

Através desta perspectiva, o Projeto de “Combate à Dengue” foi construído a partir da

problematização apresentada pelos alunos da escola com a finalidade de atender uma

demanda também da comunidade que se encontrava com alto índice da doença e

proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Iniciou-se na sala de aula um questionamento

sobre a doença e suas particularidades, pontuando a falta de entendimento dos alunos a

respeito da dengue.

Deste modo, como primeiro esclarecimento, foram feitas algumas pesquisas acerca do

assunto supracitado de modo a inicia-los ao tema, explicando-os onde e quando surgiu o

mosquito da Dengue, como ele se manifestou e quais as causas para um ambiente de

proliferação. O trabalho foi iniciado, utilizando sempre uma linguagem de acordo com

suas respectivas idades e imagens para elaboração de ideias.

Faz-se necessário destacar que a criança se envolve com uma atividade quando é

despertado em seu consciente um significado substancial que atenda as suas

expectativas e a sua compreensão. Desta forma, para este projeto transcorrer

harmoniosamente, o diálogo facilitador em sala de aula seria o princípio de vários

questionamentos, a fim de que todos alcançassem o entendimento exigido:

“Estamos sempre nos comunicando, pelo menos não verbalmente, e as palavras são quase sempre a parte menos importante. Um suspiro, sorriso ou olhar são formas de comunicação. Até nossos pensamentos são formas de nos comunicarmos conosco, e eles se revelam aos outros pelos nossos olhos, tons de voz, atitudes e movimentos corporais.” (STEVE & FAULKNER, 1995, p. 22).

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O projeto também tencionava proporcionar aos alunos da escola a possibilidade de

participação em um projeto acadêmico de ensino para seu desenvolvimento de cidadãos

atuantes e conscientes nas questões apresentadas, por meio da problematização dessa

temática, assim como Paulo Freire nos direciona:

“(...) a educação sozinha não emancipa ninguém, mas sem ela não há emancipação. A emancipação deve ter por meta sujeitos autodeterminados, livres objetivamente de qualquer tipo de constrangimentos ou mazelas que aprisionam os indivíduos [...] é preciso saber refletir sobre essa realidade, perceber-se como sujeitos históricos que podem se posicionar, emitir opiniões, fazer escolhas, construir rumos para suas vidas”.(FREIRE, 2010 apud GOHN, 2010, pp.58-59).

Considerando a importância de se trabalhar com diferentes áreas de formação docente, a

pedagogia e a biologia se entrelaçaram para trocar informações, tornando assim as

discussões mais complexas e produtivas, principalmente na criação de estratégias para a

elaboração do tema na escola.

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” (PIAGET, Jean. 1896 – 1980).

O projeto de intervenção foi originado em reuniões do grupo PIBID - UFJF para a

construção do estudo do tema e sua efetivação e viabilidade dentro do âmbito escolar e

acadêmico.

A partir das metas apresentadas nas reuniões, desenvolveram-se os seguintes objetivos

para os bolsistas:

Entrelaçar a teoria e prática para o desenvolvimento de estudos em campo;

Adquirir experiências na profissão de docente;

Aproximar alunos acadêmicos da escola e seu cotidiano escolar, tornando-os

capazes de planejar suas práticas pedagógicas;

Planejar e desenvolver projetos pedagógicos dentro dos fundamentos teóricos e

metodológicos em acordo com as necessidades pertinentes do contexto escolar.

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Uma das prioridades do projeto foi o relacionamento entre o cotidiano dos alunos e sua

face científica, de modo a tornar o ensino útil. A atenção dos alunos diante das disciplinas

escolares tornou-se um desafio, como afirma Gasparin:

“(...) que se valorizem a diversidade e a divergência; que se interroguem as certezas e as incertezas, despojando os conteúdos da sua forma naturalizada, pronta imutável. Se cada conteúdo deve ser analisado, compreendido e apreendido dentro de uma totalidade dinâmica, faz-se necessário instituir uma nova forma de trabalho pedagógico que dê conta deste novo desafio para a escola. O ponto de partida do novo método não será a escola, nem a sala de aula, mas a realidade mais ampla. A leitura crítica dessa realidade torna possível apontar um novo pensar e agir pedagógico.” (GASPARIN, 2009, p. 3).

Inserção na Escola

A escola está localizada em um bairro que oferece estrutura de saneamento básico,

contribuindo com a saúde e o bem estar de todos da comunidade. A instituição escolar

participante do projeto Combate a Dengue também atua em outros projetos como autora

e colaboradora. Como exemplo de projetos autônomos, existem em andamento A Maleta

Viajante, O Senhor Alfabeto e A Farmácia Caseira.

A Maleta Viajante é um projeto de interação da escola com os alunos e seus familiares,

focado na alfabetização. Este projeto é compartilhado por todas as séries desde o 1º até o

5º ano, mas cada série tem o conteúdo indicado para os alunos.

O Senhor Alfabeto é um projeto para o 1º ano do Ensino Fundamental, é uma maleta que

contém vários objetos inclusive o boneco que é o personagem principal para as crianças,

uma vez que o senhor Alfabeto tem uma roupa com as letras do alfabeto coloridas e

então o aluno leva-o para casa. Neste projeto, o aluno tem várias atividades, como colar

figuras em um diário, compartilhar com seus familiares os objetos inseridos na maleta, ler

com a ajuda de um adulto os livros, dentre outras atividades.

A Farmácia Caseira é um projeto da escola em que compartilham os alunos e a

comunidade. Neste projeto, todos os alunos participam e também os ajudantes da escola

realizam a elaboração do projeto, ajudando a plantar, a colher, a fabricar e também fazem

um caderno de receitas caseiras, com as respectivas ervas, em uma embalagem pequena

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de plástico, que é grampeada ao lado da receita, como o chá de hortelã, o chã de boldo,

entre outros.

Como é possível observar, a escola é participativa e colaborativa com comunidade, o que

torna uma integração facilitada para a inserção de outros projetos como Combate a

Dengue, que foi acolhido e comtemplado por todos.

Como norte, os objetivos complementares do projeto estavam focados em trabalhar com

o conhecimento prévio dos alunos, professores, funcionários e colaboradores da escola,

visando uma ação em conjunto a fim de demonstrar como o sucesso do projeto estava

dependentemente atrelado ao compromisso de todos os envolvidos visando o bem estar e

a saúde. Assim, também foi interessante ressaltar como o trabalho em conjunto pode ser

facilitador e apresentar aos alunos como a união na busca pelo bem comum pode ser

importante.

Os ambientes da escola envolvida apresentavam uma higiene rígida e todos os locais

estavam sempre cuidados pela administração da escola, como a cozinha, os banheiros, o

pátio e as salas de aula. Dessa forma, a escola sempre pontuou que higiene era

fundamental para um ambiente escolar, o que auxiliou muito para diagnosticar como seria

a forma de reconhecimento do problema da Dengue, já que a rotina dos alunos era rígida

e se tratava de um conjunto de ações que abarcasse o público alvo como seres

conscientes e ativos.

A princípio, o projeto Combate a Dengue teria como foco o público de uma sala de alunos

do 3º ano do ensino fundamental, com idade em torno de 8 a 9 anos, porém, diante do

número de casos ocorridos em todo o bairro, a direção da escola orientou para que o

projeto de combate abrangesse toda a escola, com alunos pertencentes ao 1º até 5º ano,

proporcionando uma integração maior e socialização dos alunos e professores, entre eles

próprios e com o grupo de trabalho, uma vez que era necessário adquirir a confiança de

todos para que o projeto fosse encarado como algo sério e que merecesse a atenção dos

alunos.

Assim, a partir do momento da ascensão do projeto entre as salas, não sendo apenas

uma, o despertar dos alunos para a questão tornou-se maior, deixando de ser um projeto

escolar para se tornar um projeto que o bairro estava necessitando.

Intervenção na Escola

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Partindo das pesquisas que foram elaboradas por bolsistas, iniciaram-se as atividades na

escola, com a participação da coordenadora, bolsistas da UFJF e alunos, abordando o

tema “Combate a Dengue” como forma de prevenção e remediação da doença,

desafiando a todos à conscientização e a reflexão da mesma. Para esse projeto, instituiu-

se um conjunto de esquemas, iniciando-se através de um pequeno questionamento com

os alunos:

O que é a Dengue?

Onde surgiu?

Como se propaga?

Como são os sintomas?

Como detectamos o foco do mosquito?

O que podemos fazer para erradicar a doença?

Com essas questões respondidas, era possível apontar quais eram os saberes e as

dificuldades de conceituação dos alunos, prevendo que o tema era extenso, mas as

perguntas respondidas oralmente se tornavam uma conversa informal, linguisticamente

simples e enriquecedora para os alunos, professores e bolsistas, concebendo assim a

todos uma fonte de conhecimento, tanto para os bolsistas sobre as práticas pedagógicas

quanto para os alunos o assunto comum do projeto.

As atividades foram elaboradas com base na pedagogia da liberdade proposta por Paulo

Freire, objetivando o desenvolvimento de uma consciência crítica por parte dos alunos.

Desta forma, o foco era envolver as crianças, a coordenadora e as bolsistas, aproximando

o conhecimento científico da realidade de sua comunidade, promovendo-as como agentes

ativos do processo de ensino-aprendizagem.

O Projeto Combate a Dengue também buscava promover o aluno como gerador de

conhecimento, capaz de contribuir para o desenvolvimento das atividades trabalhadas em

sala de aula e em outros ambientes sociais, de modo a aprimora-las para a própria vida, o

que especificamente com relação ao objetivo do trabalho era de suma importância para o

sucesso do projeto, consistindo em aprender na sala e ensinar em casa.

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Planejamento de atividades

A prefeitura de Juiz de Fora havia distribuído alguns folders informativos sobre a

prevenção do mosquito e com esses folhetos foi possível trabalha-los como um material

colaborativo a fim de que os alunos tivessem consciência da dimensão do problema na

cidade, não apenas no bairro proposto, como segue abaixo.

As intervenções realizadas nas salas de aula foram organizadas com atividades diversas,

que associavam conceitos, métodos, teorias, problematizações e práticas. Seguindo uma

sequência, elaborou-se um levantamento dos materiais necessários e participantes da

escola para dar início às atividades a serem introduzidas.

Levantamento dos Materias.

Número de

Participantes:

Aproximadamente 280

Publico Alvo: Alunos do Ensino Fundamental e Comunidade.

Local: Sala, pátio, em torno da escola.

Materiais Didáticos: Computador, Cartolinas, Canetas, Lápis de cor,

cola, tesoura, folha A-4.

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As primeiras ideias foram constituídas a partir do pensamento que no ambiente estavam

crianças e que o projeto não poderia ser trabalhado de forma que os alunos ficassem

assustados demasiadamente. Partindo desse pensamento, foi elaborada uma

apresentação em slides na sala de aula para o 3º ano, contando uma pequena história do

mosquito da dengue em uma linguagem simples. Assim, ele foi apresentado para a turma,

usando uma entonação como se o mosquito estivesse falando com eles. O método

utilizado na apresentação era para que se despertasse nos alunos uma compreensão e

interiorização, visando atribuir a eles o papel de defensores/heróis de suas famílias e da

comunidade, procurando promover uma interlocução ativa entre o ensino desenvolvido

em sala de aula e o contexto familiar e social.

Ao longo da semana, foi solicitado aos alunos que eles procurassem na escola algum

foco do mosquito, de modo que se tornassem verdadeiros detetives em busca do

bandido. Sendo a escola muito limpa e devidamente higienizada, nada foi encontrado e foi

possível demonstrar que o inimigo estava do lado de fora da escola e que os alunos

precisavam sair para a busca desse inimigo perigoso.

Porém, como sair dos limites da escola? Primeiramente, foi realizado um pedido aos pais

em forma de bilhete e os alunos levaram para casa um precioso instrumento de

socialização da escola com as famílias, já que alguns pais nunca foram à escola, e assim,

juntamente com a solicitação, os pais e familiares também foram convidados a nos

acompanhar em uma passeata pelo bairro, com dia e horário para a realização,

marcados.

Direcionados pelos bolsistas e pelas professoras, os alunos iniciaram a confecção dos

materias concretos como cartazes, viseiras com ilustração do mosquito Aedes Aegypti, de

modo a transformá-los em mosquitos, muitos apitos e bolas de assoprar com as cores

compatíveis com o projeto, entre outros instrumentos de socialização. Na confecção, toda

escola esteve envolvida e posteriormente, em posse do material, foi realizada uma

passeata nos arredores da escola. Durante a realização do evento, os alunos foram de

porta em porta entregando materiais que explicavam claramente como se precaver do

mosquito da Dengue e também como a prevenção era, de fato, a única solução para o

problema. Para atrair a atenção de todos os moradores próximos, os alunos foram

encarregados a entoar gritos de guerra contra a dengue e assoprar os apitos a fim de que

todos escutassem o chamado importante da escola para com a comunidade.

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O projeto Combate a Dengue alcançou assim seu objetivo primeiro: a redução no número

de casos de Dengue na comunidade a qual a escola estava inserida. Através desta

redução foi possível inferir que outros objetivos também foram ascendidos na medida em

que, para se obter sucesso na prevenção, os alunos precisavam colocar seus

responsáveis conscientizados sobre o risco da doença e como simples cuidados

poderiam modificar a realidade de todos.

Também foi possível observar que os alunos tornaram-se conscientes sobre suas ações

nos períodos em que o projeto esteve presente na escola, mudando hábitos e gerando

novas atitudes como o fato de refletir sobre o lixo, a proliferação do mosquito nos mais

diversos ambientes e também a atenção ao outro, a empatia, de modo a fazê-los

perceber que determinadas atitudes podem ser obstáculos não apenas para os próprios

atuantes, mas também para todos os que estão próximos.

Considerações Finais

Trabalhar com os alunos acerca de questões fundamentalmente importantes para a

comunidade e de efetiva utilidade como o Combate a Dengue foi, a princípio, um grande

desafio, visto que era necessário aproximar o lúdico do real a fim de demonstrar como a

atitude dos alunos em seu dia-a-dia poderia ser de grande importância para o projeto.

Contar também com a participação dos familiares e responsáveis na escola gerou a

reflexão sobre como o apoio familiar é importante nos diversos aspectos em que a

pedagogia está inserida, de modo a fazer com que o conhecimento construído seja

realmente interiorizado, devido à importância que a família pontua ao aluno.

Outra questão relevante para a conclusão satisfatória do projeto foi a participação de

todos os empregados da escola, desde os professores até os cozinheiros e porteiros, de

modo a demonstrar a união da escola e como o ambiente harmonioso, em que todos

estão dispostos a trabalhar por um bem maior, o conhecimento, pode obter êxito.

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Com relação ao alcance das metas elaboradas no projeto, o resultado satisfatório foi

acompanhado por diversos ambientes de modo que outras instituições escolares

solicitassem a apresentação do slide a fim de demonstrar o objetivo do projeto e tentar

obter o mesmo resultado acerca da redução do número de casos na cidade.

A bolsa PIBID, além de possibilitar a união da teoria com a prática docente, também

permite e induz a reflexão sobre a sociedade, de modo a demonstrar como os futuros

professores devem atuar na busca por um mundo melhor a partir da pedagogia ou das

diversas áreas pertinentes ao estudo escolar. Essa anunciada busca precisa estar sempre

renovada a cada dia, de modo a fazer com que os alunos possam sentir e interiorizar este

sentimento de esperança, a fim de realiza-los em suas vidas.

Referências:

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Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Fundamental.1997.

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Epidemiologia. Guia de vigilância epidemiológica. 5 ed. Brasília, 2005.

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<http://www.paho.org/bra/index.php?

option=com_content&view=article&id=3159&Itemid=1> Data de acesso: 15 de Junho de

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