DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES COLEGIADO DE … · Não é exclusiva da região pirenaica:...
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Consonantismo RomânicoProfa. Liliane Barreiros
(UEFS/PPGLINC-UFBA)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANADEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
COLEGIADO DE LETRAS
Consonantismo Românico
TEXTO:
• ELIA, Silvio. Caracteres gerais das línguas românicas. In:
______. Preparação a Linguística Românica. Rio de
Janeiro: Livro Técnico, 1974.
Profª. Ms. Liliane Lemos Santana Barreiros
Consonantismo Românico
Estudo das transformações sofridas pelas
consoantes latinas ao longo da sua evolução
histórica para as línguas românicas.
Profª. Ms. Liliane Lemos Santana Barreiros
CONSOANTES SIMPLES
Consoantes iniciais
Consoantes mediais (surdas e sonoras)
Consoantes finais
CONSOANTES AGRUPADAS (geminadas)
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As consoantes simples iniciais do latim vulgar
mantiveram-se nas diferentes línguas românicas,
com poucas exceções.
bene > bem gutta > gota
Exceções:
cattu > gato
vessica > bexiga
pallore > bolor
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H- inicial
ASPIRADO no latim clássico e vulgar - talvez por
imitação do grego.
Não há vestígios nas línguas românicas. A sua
conservação na escrita é fruto do espírito tradicionalista
das escolas.
Habere > haver > haber > haver > aver > > avoir > avere > aveaptg esp cat prov fr it rom
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H- inicial
H - inicial em Castelhano (f > h)
facere > hacer
Causa: substrato ibérico, território basco – povos pirineus
Não é exclusiva da região pirenaica: encontra-se em
dialetos românicos do sul da Itália e dialetalmente no
próprio latim. Por esses e outros motivos, essa tese
substratista é questionada por vários romanistas.
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C- inicial
Em latim, a letra C representava sempre o mesmo
fonema /K/, mesmo antes de a, o, u. Diante das vogais
e e i, palatalizou-se.
Em Francês e franco-provençal ocorreu a palatalização
diante de a:
carru > kyarru
O a também evoluiu para e:
fata > fée (fada).
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C- inicial
Fricatização
/ts/ > simplifica para o fonema /s/ - ptg., cat., prov. e fr.
/ts/ > /th/ - esp. (igual ao inglês thing)
Caelu > kelu > cielu > cer > céu > cel > ciel > cielo/ky/ /ts/ it /ts/ rom /s/ ptg. /s/ cat. /s/ fr. /th/ esp.
prov.
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G- inicial
A letra G, em latim, representava um fonema único,
estivesse ela seguida de a, o, u ou de e, i, ao contrário
do português. Esse fonema era /g/, valor que tem em
português quando seguido de o.
Em francês o g- seguido de a também se palatalizou,
tal como vimos para c + a:
gamba > jambe
*galina (por gallina) > geline.
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V- inicial
A letra V latina era simplesmente a forma maiúscula do
u e não a consoante /v/, que o latim não possuía.
Em muitos monumentos de arquitetura neoclássica é
comum encontrarmos um V no lugar de um U:
FORVM ou TEATRO MVNICIPAL
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Consoantes simples mediais:
sonorização das surdas intervocálicas;
România ocidental (sonoriza) > português,
espanhol, catalão, provençal, francês, dialetos
reto-românicos, norte da Itália;
România Oriental (não sonoriza) > romeno,
italiano, parte da Sardenha, sul da Córsega.
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Consoantes simples mediais em Português:
As mediais surdas passam a sonoras:
sapere > saber, vita > vida, facere > fazer
As mediais sonoras têm três destinos:
a) síncope: crudu > cruu > cru, gelare > gear, granu > grão,
lana > lãa > lã, persona > pessõa > pessoa;
b) permanência: paganu > pagão, amare > amar;
c) alteração: dubitare > duvidar (degeneração -b- > -v-).
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Consoantes finais:
Em geral, sofreram apócope, exceto o -s:
Deus > Deus, Marcus > Marcos, amas > amas, debemus > devemos, magis > mais;
o -r permaneceu sofrendo metátese (é a transposição de sons dentro de uma
mesma cadeia sintagmática):
semper > sempre, quattor > quatro, super > sobre;
o -m final, que já era muito débil, tanto no LC quanto no LV, permaneceu na
escrita, como grafema, para indicar a ressonância nasal: cum > com, quem >
quem.
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Grupos consonantais iniciais
Os grupos iniciais terminados em -r se conservam:
cruce > cruz, dracone > dragão, gradu > grau, pratu >
prado;
Os terminados em -l sofrem palatalização:
clave > chave, flamma > chama, pluvia > chuva
ou modificam o -l- para –r:
clavu > cravo, flaccu > fraco, placere > prazer.
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As consoantes latinas podiam ser longas, caso em que
eram grafadas duplamente:
ager (“campo”)
agger (“materiais amontoados, montão de terra”).
Muitas dessas consoantes “geminadas” eram resultantes
de processos de assimilação:
sub + ferre > subferre > sufferre;
ad + captare > adceptare > acceptare;
in + ludere > inludere > illudere etc.
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Grupos consonantais mediais
Na formação dos romances, a distinção entre
consoante simples e consoante dupla se perdeu.
Somente o italiano e o sardo conservam até hoje
consoantes duplas em seus sistemas fonêmicos:
cf. italiano: note (“notas”) e notte (“noite”).
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Grupos consonantais mediais
Alguns grupos consonantais mediais formaram-se pela
síncope de uma consoante medial, no próprio LV, outros já
existiam, sofrendo diversos tipos de evolução. Por exemplo:
a) palatalização (dígrafos -lh- e -ch-):
oc(u)lu > olho, teg(u)la > telha (a par de reg(u)la > regra),
rot(u)la > *rocla > rolha, inflare > inchar;
b) conservação:
membru > membro, nigru > negro, intrare > entrar;
c) alteração:
lacrima > lágrima, duplare > dobrar, lepore > *leb(o)re > lebre.
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Assimilação regressiva
Nos grupos consonantais disjuntos (em sílabas diferentes), do
tipo -ps-, -rs-, a segunda consoante assimilou a primeira:
a) ipse > esse, persicu > pêssego.
Trata-se de um fenômeno que remonta ao próprio Latim Vulgar, pois no
Appendix Probi aparece “persica non pessica”.
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