Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente...

36
Quando há cem anos a secção orien- tal do Liceu Passos Manuel foi criada nos claustros do Mosteiro de São Vi- cente de Fora, tornando-se pouco tem- po depois autónoma com o nome de Liceu Central de Gil Vicente, ninguém terá pensado que se celebraria, um dia, o seu centenário. O lema escolhido para o liceu, Enten- dey minha verdade 1 , acompanhou-o ao longo dos tempos e foi, por isso, o pre- ferido para as celebrações desta efe- méride. Entendey minha verdade. E qual se- ria a verdade de Gil Vicente? O que foi que nos transmiu de tão importante? Talvez a intemporalidade de uma ver- dade nascida da análise perspicaz que lhe permiu fazer uma críca minucio- sa da sociedade do século XVI? Talvez que, na realidade, seja mais fácil “corrigir os costumes, sorrindo”? Talvez que a cultura seja indispensável ao crescimento individual? Talvez que tu- do isto seja possível apenas com o do- mínio da língua e um trabalho mecu- loso com as palavras? Acredito que este tem sido o trabalho que ao longo deste século se tem feito neste espaço eminentemente humanis- ta, de relações duradouras, de aprendi- zagens, de razão e emoção, de constru- ção parlhada de saberes: o trabalho com a palavra que torna os nossos jo- vens mais fortes, mais ousados, mais cu- riosos, mais seguros e sobretudo livres. E é com a(s) palavra(s) que se fazem os textos que, ano após ano, publicamos na Babel, sempre com o mesmo prazer, o mesmo entusiasmo e sobretudo um enorme orgulho em acompanharmos o crescimento dos alunos. Há cem anos nasceu uma escola. Hoje festejamos a sua longa vida. Amanhã outros recordar-se-ão dos que, antes de si, ajudaram a transmir a essência do saber. Entendey minha verdade – a de Gil Vicente, ou a do Liceu Gil Vicente? 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 Maria do Rosário Pinto Coordenadora do Departamento Curricular de Línguas EDITORIAL escola gil vicente | agrupamento de escolas gil vicente Revista de Línguas Publicação Plurilingue Número 12 maio de 2015 BABEL SUMÁRIO Editorial 1 Textos em Português: Narravas curtas Narrava de 1ª pessoa Ensaios descrivos Textos exposivos Cartas à língua portuguesa Poemas 2 Textos em Francês: Fan de... Je me présente La pub, ça me plaît! Pub vacances Blog de mode Voyage d’étude - Géographie Visite au Musée Arpad Szenes- –Vieira da Silva Concours d’écriture Les 100 ans du Lycée Gil Vi- cente 9 Textos em Inglês/Francês: Gil Vicente - My first memo- ries/Mes premières mémoires Gil Vicente - My school rou- ne/Mon quodien scolaire Gil Vicente - My school in the future/Mon lycée dans l’avenir Gil Vicente - The students – Who we are What makes a good school? To be ignorant of the past is to remain a child Meet a young volunteer We care about human rights - 10º VAS Proverbs and sayings - 10º VAS 20 Vencedores do Concurso Literário Fazedores de Histórias 30 Departamento Curricular de Línguas DESTAQUE Vencedores do Concurso Literá- rio Fazedores de Histórias

Transcript of Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente...

Page 1: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

Quando há cem anos a secção orien-

tal do Liceu Passos Manuel foi criada

nos claustros do Mosteiro de São Vi-

cente de Fora, tornando-se pouco tem-

po depois autónoma com o nome de

Liceu Central de Gil Vicente, ninguém

terá pensado que se celebraria, um dia,

o seu centenário.

O lema escolhido para o liceu, Enten-

dey minha verdade1, acompanhou-o ao

longo dos tempos e foi, por isso, o pre-

ferido para as celebrações desta efe-

méride.

Entendey minha verdade. E qual se-

ria a verdade de Gil Vicente? O que foi

que nos transmitiu de tão importante?

Talvez a intemporalidade de uma ver-

dade nascida da análise perspicaz que

lhe permitiu fazer uma crítica minucio-

sa da sociedade do século XVI? Talvez

que, na realidade, seja mais fácil

“corrigir os costumes, sorrindo”? Talvez

que a cultura seja indispensável ao

crescimento individual? Talvez que tu-

do isto seja possível apenas com o do-

mínio da língua e um trabalho meticu-

loso com as palavras?

Acredito que este tem sido o trabalho

que ao longo deste século se tem feito

neste espaço eminentemente humanis-

ta, de relações duradouras, de aprendi-

zagens, de razão e emoção, de constru-

ção partilhada de saberes: o trabalho

com a palavra que torna os nossos jo-

vens mais fortes, mais ousados, mais cu-

riosos, mais seguros e sobretudo livres.

E é com a(s) palavra(s) que se fazem

os textos que, ano após ano, publicamos

na Babel, sempre com o mesmo prazer, o

mesmo entusiasmo e sobretudo um

enorme orgulho em acompanharmos o

crescimento dos alunos.

Há cem anos nasceu uma escola. Hoje

festejamos a sua longa vida. Amanhã

outros recordar-se-ão dos que, antes de

si, ajudaram a transmitir a essência do

saber. Entendey minha verdade – a de Gil

Vicente, ou a do Liceu Gil Vicente?

1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531

Maria do Rosário Pinto

Coordenadora do

Departamento Curricular de Línguas

EDITORIAL

escola gil vicente | agrupamento de escolas gil vicente

Revista de Línguas

Publicação Plurilingue

Número 12

maio de 2015

BABEL

SUMÁRIO Editorial 1

Textos em Português: Narrativas curtas

Narrativa de 1ª pessoa

Ensaios descritivos

Textos expositivos

Cartas à língua portuguesa

Poemas

2

Textos em Francês: Fan de...

Je me présente

La pub, ça me plaît!

Pub vacances

Blog de mode

Voyage d’étude - Géographie

Visite au Musée Arpad Szenes-

–Vieira da Silva

Concours d’écriture

Les 100 ans du Lycée Gil Vi-

cente

9

Textos em Inglês/Francês: Gil Vicente - My first memo-

ries/Mes premières mémoires

Gil Vicente - My school rou-

tine/Mon quotidien scolaire

Gil Vicente - My school in the

future/Mon lycée dans l’avenir

Gil Vicente - The students –

Who we are

What makes a good school?

To be ignorant of the past is to

remain a child

Meet a young volunteer

We care about human rights -

10º VAS

Proverbs and sayings - 10º VAS

20

Vencedores do Concurso

Literário Fazedores de

Histórias

30

Departamento Curricular de

Línguas

DESTAQUE

Vencedores do Concurso Literá-rio Fazedores de Histórias

Page 2: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

Dia a dia a gaivota evoluia e o gato também

reparava que todos os dias ela estava com mais

vontade de conseguir.

Um dia a gaivota ia de novo tentar voar e o

que aconteceu é que ela começa a bater as asas

enquanto corria, depois saltou e bateu as asas

com tanta força que começou a voar.

O gato ficou tão contente que, quando ela

regressou, lhe fez uma festa.

Gonçalo Cardoso, nº 14, 7º 6ª

[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]

B A B E L

assim, ele sentia-se nervoso.

Até que um dia, subiram até ao telhado do prédio mais alto da cidade

e Zorbas disse para a gaivota:

- Não te esqueças, atiras-te e assim que chegares ao chão, começas a

bater as asas.

- Ok. – disse a gaivota, confiante.

Ela atirou-se e, assim que chegou perto do chão, começou a bater as

asas.

Tinha conseguido!

Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]

Texto 1

Passados alguns meses, a gaivota já era adulta e queria deixar de viver

com Zorbas e com os seus amigos. Só havia um pequeno problema, ela não

sabia voar! E Zorbas também não, pois era um gato e os gatos não sabem

voar.

- Que hei de eu fazer, Colonello? Eu não sei voar, e a gaivota já quer

aprender a voar! - disse Zorbas.

- Porque é que não contratas alguém?

- Não posso, prometi que era eu!

Zorbas leu bastantes livros e ambos ensaiaram muito mas, mesmo

Página 2 B A B E L

C o m o é q u e o g a t o Z o r b a s t e r á e n s i n a d o a g a i v o t a a v o a r ?

N A R R A T I V A S C U R T A S desaparecido! Foi então que o Sargento começou a farejar, farejar, fare-

jar... e de repente começou a correr em direção a uma gruta ao fundo da

praia. O Francisco e o Diogo foram atrás. Para sua surpresa dentro da gruta

estavam os seus pertences e muitas outras coisas. Ouviram um barulho e

esconderam-se atrás de uma rocha: eram os ladrões!!! O Sargento saltou

para a frente da gruta e mostrou os seus dentes de uma forma feroz. Foi

quando o Francisco aproveitou para chamar a polícia. Quando esta chegou

prendeu os ladrões. Mas o Sargento não parava de saltar de alegria pois,

afinal os polícias eram seus velhos companheiros... Sim, porque afinal o

Sargento era um deles, era um velho cão polícia!

Matilde Froes, nº 16, 5º 1ª

[Supervisão: Dr.ª Ana Cristina Tavares]

A Aventura dos Três

Numa tarde, dois jovens escuteiros foram acampar para a Praia das

Maçãs. Quando já tinham montado a tenda foram passear para conhecer

melhor o lugar. Quando se aperceberam estavam perdidos.

Ouviram então um latido vindo de trás das dunas. Era um cão, um

pouco velhote mas com um ar amigável e brincalhão que também parecia

andar perdido. No pescoço trazia uma medalha com o seu nome: Sargento.

O Sargento e os escuteiros, o Francisco e o Diogo, formaram logo nesse

momento uma equipa. Depois de tanta brincadeira até se esqueceram que

estavam perdidos! Quando deram por si, estavam novamente perto da

tenda.

Mas algo estava errado, a tenda estava aberta e as suas coisas tinham

onde ela pudesse bater as asas e planar.

Quando chegaram à praia (cheia de gente, por sinal), encontraram

uma duna perfeita, a gaivota subiu lá para cima e Zorbas deu-lhe algumas

indicações: ela deveria bater as asas fortemente mas, ao mesmo tempo,

graciosamente. Depois de muito cair de bico no chão e de retirar o excesso

de areia, a gaivotinha começou a bater as asas desajeitadamente e ia subin-

do, depois começou a planar, chocando com muitas coisas, mas conseguiu

manter-se no ar. Estava finalmente a voar!

Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]

Texto 2

Era verão, estava um dia ensolarado e toda a gente parecia divertir-se.

Bem, toda a gente, não. Na verdade, um gato grande, preto e gordo, estava

nervoso, pois iria ensinar - ou tentar - uma gaivota a voar.

O gato (chamado Zorbas) pensava em como poderia ensinar uma gai-

vota a voar. Já tinha visto muitas aves a voar, mas nunca tinha pensado em

ensinar uma ave a fazer o mesmo.

Zorbas deu um longo miado chamando a gaivota, que apareceu a cor-

rer, caindo algumas vezes no chão. A gaivota já sabia para onde iriam. Iriam

para a praia mais próxima. Talvez lá encontrassem uma duna de areia de

Zorbas foi buscar um saco, amarrou-o nas asas da gaivota e disse:

- Lança-te para a frente e bate as asas, depois deixa-te planar. O saco

vai ajudar a moderar a intensidade do vento.

Ela assim o fez e conseguiu.

Zorbas disse então:

- Na vida é preciso arriscar, cair e saber levantar. Só assim, nos é permi-

tido olhar para o horizonte mais além e alcançar os nossos sonhos.

Soraia Pinto, nº 19, 7º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]

Texto 3

Passado uma semana, Zorbas resolveu ensinar a pequena gaivota a

voar (sem ajuda de qualquer outra ave).

Foi ter com a pequena gaivota e disse-lhe:

- Querida, chegou a hora de fazer aquilo que tinha prometido a tua

mãe... Ensinar-te a voar.

Zorbas levou a gaivota nas costas, para cima de um rochedo.

Assim que chegaram, a pequena gaivota olhou para baixo e o medo

apoderou-se dela.

- Mamã tira-me daqui! Por favor!!!

Texto 4

Depois da pequena gaivota nascer, Zorbas pôs mãos à obra. Foi logo

estudar como é que se voava e ensinou à gaivota algumas coisas. Ela foi

aprendendo mas mesmo assim não conseguia voar. Zorbas estava triste.

- Nunca vou conseguir ensiná-la a voar - disse Zorbas.

A gaivota que ouviu respondeu:

- Claro que vais, tu és capaz de tudo, se quiseres.

O gato, mais alegrado, voltou ao trabalho para explicar à gaivota como

se voava. Construiu até umas asas com madeira e pano mas, como era de

esperar, ela acabou estatelada no chão.

Fonte: google.imagens

Page 3: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 3 B A B E L

- Estás errado. Em

igualdade, vivemos

bem e trabalhamos em

prol uns dos outros. –

continuou Bola de

Neve.

- Um dia ainda

haverá privilégios só

para os porcos, vais

ver! – exclamou Napo-

leão.

Finda a discussão,

foram-se os dois embo-

ra da casa e, naquela

noite, Napoleão come-

çou planear o seu golpe

contra a igualdade.

João Carita, nº 12, 8º 1ª

[Supervisão: Dr.ª Maria

João Queiroga]

Napoleão estava numa das reuniões convocadas por Bola de Ne-

ve, às quais raramente assistia, e ouviu o seu companheiro defender a

igualdade entre os animais e a pronunciar-se contra uma política de

privilégios, mais favorável a Napoleão.

Depois da reunião, Bola de Neve foi para o seu humilde recanto na

quinta, enquanto Napoleão se dirigiu para a antiga mansão do Sr. Reis,

agora proibida. Uns minutos depois, Bola de Neve ouviu um ruído e

levantou-se para ver o que se passava. Era um som agudo, como o

ranger de uma porta, irritante para os ouvidos. Viu Napoleão a entrar

na mansão e seguiu-o secreta e sorrateiramente para não ser ouvido.

Ao entrar na mansão, Bola de Neve observou a sala: era grande,

com troféus de animais, boa e cara mobília, que o Sr. Reis comprara

com os lucros da quinta; mas tinha tudo um ar pesado de soberania.

Sentado numa poltrona, viu Napoleão a deliciar-se com a comida que

pertencera ao Sr. Reis: geleias e bebidas alcoólicas, proibidas pelos

Sete Mandamentos do Reino Animal.

- Napoleão, não devias entrar aqui! É proibido! – exclamou Bola de

Neve.

- Nós, porcos, mais inteligentes do que os outros animais, devía-

mos ter privilégios, como dormir aqui, em camas suaves, ter acesso a

comida e a bebida de boa qualidade! – respondeu Napoleão.

A p r o p ó s i t o d e A Q u i n t a d o s A n i m a i s , d e G e o r g e O r w e l l

N A R R A T I V A S C U R T A S

Vinde provar o ferro da minha espada!

- Meu amo, estais bem? – perguntou Sancho.

- Estou melhor que nunca! Perdemos uma batalha, mas a guerra

não está perdida! Inimigos não faltam! Que não nos falte a nós a cora-

gem de os vencer.

E foi assim que terminou mais uma terrível batalha do valoroso D.

Quixote e do seu criado Sancho Pança. Novos inimigos os esperavam

na sua longa caminhada. Unidos por uma especial amizade, seguiram

viagem. De um lado, a firmeza e a coragem de quem quer ver o que

não se vê, e do outro, uma boa dose de realismo.

Bárbara Santos, nº 3, 8º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

As ovelhas

Estava uma manhã radiosa quando D. Quixote e Sancho Pança

acordaram. Na véspera, tinham enfrentado moinhos de vento e esta-

vam agora preparados para seguir viagem. Puseram-se a caminho e ao

fim de alguns minutos chegaram a um prado onde se via, ao fundo, um

rebanho.

D. Quixote exclamou:

- Parece que temos companhia, meu caro Sancho! Quem havia de

dizer que íamos encontrar aqui um tão bom número de soldados! Faz-

-te às armas, meu fiel Sancho, porque hoje a peleja vai ser dura.

- Mas… onde estão os soldados, meu amo? A única coisa que vejo

é um rebanho de ovelhas.

- Não sejas tolo. Aqueles soldados têm uns casacos grossos de

inverno e festejam aos gritos.

- Mas, senhor… O que pensa serem soldados são, na verdade,

ovelhas! Os casacos grossos são o seu pelo e os gritos são o seu balido!

- Meu bom Sancho, não sabes o que dizes! Mas eu perdoo-te.

Os soldados, com os seus fartos casacos, as suas pernas magras e

vozes finas, até tinham umas caras simpáticas, mas as suas atitudes

eram ameaçadoras. Já as ovelhas, umas pretas e outras brancas, con-

forme a sua raça, nada mais faziam do que balir.

D. Quixote, com a espada em riste, avançou a galope sobre os

soldados. Sancho Pança, logo atrás do seu amo, no passo picado do

seu burro, tentava evitar uma catástrofe. As ovelhas fugiam em ondas.

D. Quixote desenhava círculos uns atrás dos outros. De repente, proje-

tado pelo seu cavalo, caiu com estrondo no solo. Reergueu-se e gritou:

- Estais a fugir, seus covardes?! Afinal onde está a vossa coragem?

A p r o p ó s i t o d e D . Q u i x o t e d e l a M a n c h a , d e C e r v a n t e s

Fonte: google.imagens

Fon

te:

goo

gle.

imag

ens

Page 4: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

N A R R A T I V A D E 1 . ª P E S S O A

B A B E L Página 4 B A B E L

essa ilusão. As chamas tinham ocupado na verdade a casa de André

Juliano. Os bombeiros chegaram finalmente, e entre eles vinha mestre

Poupa, o herói bombeiro que entre tantos incêndios que havia comba-

tido e a que tinha sobrevivido era capaz de actos que até os mais atléti-

cos considerariam sobrenaturais, esta sim é a definição de herói: é

aquele que, com as mesmas bases que o homem comum, consegue ir

além de todos os outros.

Os vizinhos que ainda não se haviam apercebido do incêndio co-

meçaram a vir para a rua para observar o desenrolar deste aconteci-

mento desastroso que, mesmo depois de extinto, deixará pequenas

brasas na memória dos espectadores. Entre eles estava Chico Biló, cuja

expressão facial dava a entender que o grande mestre Poupa estava

morto.

Mestre Poupa avançou e chamou André Juliano, também o chamei

e André Juliano dobrou-se e escondeu a face nas mãos papudas.

- Vá lá salvar o velho, disse a mestre Poupa. Então este avançou

contra o fumo que saía da casa e desapareceu, os bombeiros tentavam

domar as chamas que pareciam ter vida, a sua luminosidade demons-

trava o seu vigor.

A velha que eu tinha visto no elétrico estava como que receosa e

curiosa ao fundo da rua a observar o incêndio. Comecei a caminhar

para ir falar com ela, mas os vizinhos começaram a gritar quando viram

os bombeiros transportar uma velha na estreita cama de ferro e o pai

de André Juliano, ambos mortos. Fiquei transtornado e quase a cho-

rar, a contrastar com a minha tristeza ouviam-se as chamas a enruga-

rem a madeira e faziam-na estalar. O cheiro a pinho era o dos que mais

predominava na atmosfera e poderia até ser de madeira a ser queima-

da numa festa um num churrasco, porém tratava-se apenas deste

holocausto que era tudo menos alegre e que o cântico das chamas

teimava em contrariar.

No meio dos gritos dos vizinhos, e das chamas, lembrei-me de que

ia falar com a velha e voltei a olhar para onde ela estava e estava exac-

tamente igual como se fosse uma estátua. Quando já me chegava par-

to dela para lhe falar, ouvi novamente os vizinhos a gritar e só rezei

para que quem viesse a seguir não fosse mestre Poupa, no entanto foi

quem os bombeiros trouxeram já morto para o exterior, fiquei tão

triste, a minha avó não dizia nada apenas observava agora já não o

incêndio, pois o seu olhar e pensamento tinham-se concentrado na

velha que tanto me intrigava. Avancei, passei mesmo em frente à

porta de entrada do edifício em chamas e o fumo instalou-se na minha

garganta como uma lapa numa pedra, o incêndio extinguiu-se, e como

em todos os fogos desde pequenas fogueiras até incêndios florestais

quando se extinguem produzem um enorme fumo branco que neste

caso se pôs entre mim e a velha e quando se dissipou esta havia desa-

parecido. A nuvem de fumo que de certo modo salvou a velha era o

último suspiro em sentido figurado daquele incêndio que devorou

aqueles três.

Henrique Sousa, nº 14, 10º C

[Supervisão: Dr. Nuno Soares]

Embora os meteorologistas tivessem dito que aquele dia iria ser

quente, no interior da igreja, sentia-se uma clima ameno. Quando saí

da igreja, andei poucos metros ao longo da Avenida Almirante Reis e

entrei na estação de metro dos Anjos. Saí na estação do Martim Moniz,

onde passeei até escurecer. Já era noite, corri até ao Hotel Mundial

onde estava parado um elétrico da carreira vinte e oito e perguntei ao

maquinista se este iria seguir de volta para a Almirante Reis ou se ia

para a Estrela. - Para a Estrela, disse-me, avancei até à paragem onde

aguardei cerca de sete minutos. Observava os pombos que por ali

passavam, que, com o cinzento do seu corpo, marca já de nascença

que passava de geração em geração, contrastava com o branco dos

edifícios à minha frente, construídos no tempo em que eu considerava

que os cães eram da minha altura mas que ainda estão por vender, vai-

se lá saber porquê.

O elétrico avançou do Hotel Mundial até à paragem onde eu e

outras tantas pessoas entraram, e milagrosamente havia lugares dispo-

níveis, não havia crianças de colo aos berros a gritar: mãe quero leite,

bolachas, tenho sede, entre tantos outros defeitos que eles têm sem-

pre tendência a apontar aos pais; não existiam os velhos que ocupam

os lugares todos do elétrico todos os dias e que nem vão a lado ne-

nhum, não, esta viagem era uma que acontecia muito raramente, em

que os passageiros podiam descansar. Ia uma velha no elétrico que se

assemelhava às bruxas dos contos infantis e que, como olhava para

mim de um modo estranho, eu fiz uma figa e repeti três vezes ‘leva o

que deixas’ não fosse esta por artes mágicas desconhecidas rogar-me

uma maldição.

O elétrico prosseguia a sua viagem sempre a parar a cada cinquen-

ta metros que avançava, porque existiam sempre condutores que deci-

diam parar os automóveis em cima da linha do elétrico, deveriam estes

julgar que os elétricos eram apenas para lazer dos turistas, no entanto

enganavam-se, nós, os pobres que não tínhamos possibilidades de

pagar automóveis, tínhamos de nos locomover neste transporte que já

havia chegado ao seu centésimo aniversário.

Quando saí do elétrico, avancei até à casa da minha avó, mas esta

estava à porta com uma expressão mista entre indignação e medo,

estava tão mergulhada nos seus pensamentos que só me viu quando já

estava ao seu lado.

- É fogo!, disse-me, e desceu a calçada do Menino de Deus até ao

cruzamento com a Rua dos Cegos. Espreitou, no entanto nem uma

única chama se via, apenas o fumo que ascendia aos céus no pátio

Dom Fradique, que a qualquer homem que conhecesse as passagens

bíblicas daria a entender que Deus parecia estar a gostar daquele holo-

causto, pois o fumo de Abel também ascendeu aos céus quando o

Senhor aceitou com bom grado as suas ofertas.

Decidimos avançar mais alguns metros e vimos que o incêndio não

se localizava no pátio Dom Fradique, pois embora o fumo subisse desse

lugar - que já havia visto tantas gerações e que agora não via nenhuma

porque já todas partiram e não existiram nenhumas para voltar a habi-

tá-lo - na verdade era empurrado pelo vento nessa direcção criando

N a r r a t i va d e 1 ª p e s s oa , i nc l u i n d o o m ot i v o d o f o g o d e « M e s t r e P o u pa B o m b e i r o », d e O F o g o e a s C i n z a s , d e Ma n u e l d a F o n s e c a

Page 5: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 5 B A B E L

E N S A I O S D E S C R I T I V O S Ela tinha vários cães, uns pequenos, outros grandes. Era louca por

animais. Mas era ainda uma loucura maior quando ela os levava lá

à escola... Toda a gente queria pegar neles e fazer festinhas.

Nós tínhamos o nosso grupo de amigos. E sabem que mais?

O André também fazia parte desse grupo. Quando estávamos

todos juntos, éramos umas bombas atómicas. Toda a gente repa-

rava em nós. O André e a Marta tinham o mesmo tom de pele. Era

incrível!

Mas as pessoas crescem, seguem novos rumos e afastam-se.

O grupo desfez-se e cada um de nós fez outros amigos. No entan-

to, guardá-los-ei para sempre na minha memória.

Catarina Grilo, nº 4, 8º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

Eu sempre gostei da escola, de fazer amizades novas, de

aprender mais e melhor. Mas digamos que eu gostava ainda mais

do meu colega André…

Ele era alto, demasiado alto para a sua idade, parecia uma

girafa. O seu cabelo era loiro como os raios do sol e via-se que era

sedoso e macio. A sua pele era morena, o que encantava qualquer

um. Os seus lábios eram tão carnudos e vermelhos que mais pare-

ciam uma cereja já madura. Os olhos eram grandes e de um casta-

nho esverdeado. Ele era uma caixinha de surpresas…

A Marta era, sem dúvida, uma das minhas melhores amigas.

O seu cabelo era de meter inveja! Era preto, forte e muito compri-

do. O seu narizinho era do tamanho de um amendoim. Era boche-

chuda e cheiinha, mas era lindíssima, de uma beleza inexplicável.

pouco se importava com isso.

Eu e a Tânia éramos mais próximas. Claro que também gosta-

va da Catarina, sem dúvida alguma, mas eu conhecia a Tânia há

mais tempo. A Tânia era simpática, amiga de todos, inteligente e

divertida. A Catarina era mais esgrouviada e maluca, mas no bom

sentido. Fazia-me rir e foi assim que ficámos amigas.

Durante o intervalo, íamos sempre para o pátio correr feitas

três baratas tontas, e jogávamos à apanhada e a outros jogos.

Éramos amicíssimas! Ficámos amigas para sempre.

Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

A escola do 1º Ciclo onde eu andei era grande, tinha dois

andares e várias salas. Os miúdos, e eu também, parecíamos bara-

tas tontas, sempre a correr de um lado para o outro. Eu era a mais

nova, tinha poucos amigos, mas estes já bastavam (mais vale só

que mal acompanhado...).

Tinha duas amigas que eram bastante responsáveis e solidá-

rias. Eram mais velhas do que eu e muito mais extrovertidas. Uma

era a Tânia e a outra era a Catarina. A Tânia era magra, baixa,

tinha o cabelo liso e ondulado, louro e de um brilho reluzente. A

Catarina era um pouco rechonchuda (como eu), mas com as ma-

çãs do rosto mais bochechudas do que as minhas; o cabelo dela

era curto e encaracolado, louro, e estava sempre em pé, mas ela

T E X T O S E X P O S I T I V O S

Na cena do Fidalgo do Auto da Barca do Inferno, apresentam-

-se três personagens: o Diabo e o Anjo, que simbolizam o mal e o

bem, respetivamente, e um Fidalgo vaidoso e egocêntrico, acom-

panhado pelo moço obediente, que carrega consigo uma cadeira

“d’espaldas”. As personagens encontram-se no cais de embarque,

onde o Fidalgo, após morrer, se prepara para entrar numa das

barcas.

Para tentar convencer o Anjo a embarcar na barca do Paraíso,

o nobre defende-se, referindo que é “fidalgo de solar”, que tem

uma mulher que reza por si e uma amante que se quer suicidar.

Porém, o Anjo e o Diabo acusam-no de tirania sobre o povo, da

vida de prazeres que vivera e da sua vaidade.

O passageiro, contrariado, acaba por embarcar na barca do

Diabo e, com esta condenação, Gil Vicente faz uma crítica ao mo-

do como a Nobreza exercia a sua autoridade e também às infideli-

dades tão características na Corte.

Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

A p r o p ó s i t o d a c e n a “ O F i d a l g o ” , d o A u t o d a B a r c a d o I n f e r n o , d e G i l V i c e n t e

Na obra Auto da Barca do Inferno, composta por Gil Vicente,

encontramos, relativamente à cena do Fidalgo, três personagens:

o próprio Fidalgo (usando uma capa e trazendo uma cadeira

“d’espaldas“), o Diabo e o Anjo. Estas três personagens encon-

tram-se na margem de um rio onde estão presentes duas barcas.

Nesta cena, o Anjo e o Diabo julgam o Fidalgo com base nos

pecados cometidos por esta personagem em vida. As duas forças

espirituais acusam o Fidalgo de vaidade, de exercer tirania sobre o

povo e de levar uma vida cheia de prazeres. O Fidalgo protesta,

afirmando que tem uma amante que se quer suicidar, uma mulher

que reza por si e que provém de uma família nobre e antiga.

No final, o Anjo não aceita o Fidalgo na sua barca e, assim, ele

dirige-se para a barca do Diabo.

Com esta cena, Gil Vicente faz uma crítica a Nobreza, princi-

palmente à forma como esta classe exercia a sua autoridade sobre

os mais desfavorecidos.

Luís Carvalho, nº 11, 9º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

Page 6: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 6 B A B E L

T E X T O S E X P O S I T I V O S A p r o p ó s i t o d a c e n a “ O F i d a l g o ” , d o A u t o d a B a r c a d o I n f e r n o , d e G i l V i c e n t e

Na cena “O Fidalgo”, da peça Auto da Barca do Inferno, estão

presentes um nobre, que demonstra ser vaidoso, arrogante e

presunçoso, o Diabo, que evidencia ser sarcástico, e o Anjo, que,

tal como o nome indica, demonstra a sua serenidade. Esta cena

decorre na margem de um rio, onde estão duas barcas: uma des-

locar-se-á ao Inferno e a outra ao Paraíso.

O Fidalgo é acusado de vaidade, de ter exercido tirania sobre

o povo e de ter levado uma vida de prazeres.Perante estas acu-

sações, o Fidalgo defende-se, argumentando que a sua amante se

quer suicidar e que a sua mulher reza por si. Defende-se ainda

com o seu estatuto social, o que demonstra que o Fidalgo se acha-

va superior aos outros.

Como consequência dos pecados cometidos ao longo da sua

vida, a personagem é condenada ao Inferno. A crítica que Gil Vi-

cente pretende fazer é à Nobreza e ao modo como esta classe

social exercia a sua autoridade.

Sara Alves, nº 20, 9º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

O Fidalgo, o Diabo e o Anjo são as três personagens que parti-

cipam nesta cena. O Fidalgo encontra-se na margem de um rio,

enquanto o Diabo e o Anjo estão nas suas respetivas barcas. A

personagem a ser julgada é vaidosa, arrogante, ingénua, presun-

çosa e exerce tirania sobre as pessoas que a rodeiam. O Diabo

gosta de gozar com as pessoas, é persistente e recorre bastante

ao uso da ironia e do sarcasmo. O Anjo é exatamente o oposto:

calmo e justo são duas das suas características.

A acusação que o Diabo utiliza contra o Fidalgo é o facto de

este ter vivido uma vida de prazeres. Já o Anjo acusa-o de ter

exercido tirania sobre o povo e de ter sido bastante vaidoso du-

rante a sua vida. Para se defender destas acusações, o Fidalgo

afirma que a sua amante se quer suicidar e que a sua mulher reza

por si; utiliza também o seu elevado estatuto social como defesa.

O destino do Fidalgo acaba por ser o Inferno e a crítica que o

autor pretende fazer com esta condenação é direcionada à Nobre-

za e ao modo como esta classe exercia a sua autoridade sobre os

mais fracos.

Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

Fonte: google.imagens

A propósito da representação do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente, pela Associação Cultural Kids

No dia 6 de janeiro, todas as turmas do 9º ano da nossa

escola visitaram o colégio Pedro Arrupe para assistirem à repre-

sentação da peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, ence-

nada por António Feio.

Eu, pessoalmente, gostei da peça, achei-a engraçada, juvenil,

interessante. Não conheço completamente a obra, mas considero

uma ótima ideia ver a peça antes de a analisarmos na aula; é uma

espécie de introdução à leitura e à compreensão do texto vicenti-

no.

Penso que os atores desempenharam bem o seu papel, mos-

traram paixão ao fazê-lo e nunca se enganaram. O cenário, a meu

ver, era simples, fácil e rápido de mudar. Os figurinos não eram

muito luxuosos, mas eram elaborados, ou seja, notava-se que foi

preciso trabalho para os executar.

Com o Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente faz uma crítica à

sociedade da época. O dramaturgo critica a forma de viver das

pessoas, apresentando-nos vários tipos sociais e várias profissões

ou ocupações. As personagens, depois de mortas, deparam-se

com duas barcas: a do Inferno e a do Céu. Como pecaram em vida,

tiveram de partir na barca do Diabo, com destino ao Inferno.

Gostei da peça, da encenação, do cenário, dos figurinos e da

obra, a qual estou ansiosa para começar a estudar.

Sofia Salvador, nº 21, 9º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

Page 7: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

C A RTA S À L Í N G UA P O RT U G U ESA

B A B E L Página 7 B A B E L

ber palavras como “Sim”, “Mãe” e tantas outras. Estavas comigo

aí e estás comigo agora.

Obrigada por me ajudares a perceber o que dizem os poetas,

os professores e até os senhores do talho; obrigada pelos vários

dialetos que nunca me deixam aborrecida; obrigada pelos provér-

bios bons que tens para oferecer.

Desculpa pelas abreviaturas nos mails e mensagens; desculpa

por quando não estudo para a tua disciplina; desculpa quando

recorro ao inglês no meio de frases em português.

Língua Portuguesa, és a maior!

Um abraço apertado,

Carlota Cardoso, nº 3, 12º C

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Lisboa, 24 de setembro de 2014

Querida Língua Portuguesa,

Passaste por muito desde que nasceste, filha do latim. Neste

momento és grande e há tanta gente que te fala e se perde nas

tuas conjunções, metáforas e sinónimos. Eu sou uma dessas pes-

soas, e por isso te escrevo hoje esta carta.

A nossa relação só começou oficialmente em 1998, quando

disse a minha primeira palavra, mas já tinha reparado em ti antes.

Já estavas comigo mesmo antes de eu nascer, quando ouvia as

pessoas a falar lá fora.

Estavas comigo quando nasci e ouvi o médico dizer “Que bela

menina que aqui tem!”. Estavas comigo quando comecei a perce-

C a r t a s à l í n g u a p o r t u g u e s a n o â m b i t o d o d i a e u r o p e u d a s l í n g u a s

Considera-te especial. Podes não estar habituada, o que eu

verdadeiramente lamento e culpo-me em parte por isso, mas

percebo agora que te devo dar o mesmo valor que a Ciência tem

para mim.

Não só me deves acompanhar nesta carta, mas sempre. Espe-

ro que não seja tarde demais. Espero que ainda não tenhas desis-

tido de mim. Espero também que estejas disposta a ensinar-me,

para que possa vir a compreender-te. E, se um dia te tentarem

derrubar ou trocar, vou fazer os possíveis para te manter presen-

te, partilhando tudo o que estiveres disposta a ensinar-me.

Mais do que isto não consigo dizer. Agradeço apenas que me

tenhas dado um minuto da tua atenção, e que aceites o meu pedi-

do de perdão.

Querida Língua Portuguesa ajuda-me a ser melhor.

Patrícia Afonso, nº 21, 12º C

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Lisboa, 24 de setembro de 2014

Querida Língua Portuguesa,

Tenho andado ocupado com a Matemática, mas talvez deva

gastar um bocadinho do meu tempo contigo. Sei que o fazes comi-

go desde o primeiro dia em que me lembro de falar.

Nestes últimos anos sei que me tens sempre acompanhado e

nunca me deixaste. Apesar de te ignorar e de, nos momentos em

que estou mais frio, talvez até mesmo te desprezar, não o faço

por mal.

Pensando bem, acho que não mereces da minha parte uma

carta de amor, mas sim uma carta de perdão.

Escrevo. Pesam-me as palavras e percebo o quão cruel tenho

sido para contigo. Cais no meu esquecimento, tropeço em ti. Sei

que estás magoada, mas quero fazer esta carta contigo ao meu

lado. Deixo que me julgues, mas vou tentar não te dar motivos

para isso. Não haverá “tempos verbais incorretos” ou “erros de

pontuação”. Será apenas como tu gostas.

teu passado, pois eras diferente e não gostei. O que importa é o

futuro, os dias que estão para vir. Prometo que vou tentar não te

magoar e tentar que os outros também não o façam, porque ape-

sar de tudo o teu bem-estar é o mais importante.

Sabes uma coisa? Não te zangues comigo, mas eu conheci

outras línguas. A espanhola, a francesa e a inglesa… Até gostei da

inglesa, mas a verdade é que nenhuma delas é o que tu és, nenhu-

ma dela chega aos teus calcanhares. Só sei usar as tuas expres-

sões. Só consigo ‘’pensar em ti’’ . Só tu és melodia no meu ouvido.

É estranho. Com tantas línguas no mundo porque é que fui logo

apaixonar-me por ti? A isso só tu me sabes responder. A verdade

é que sem ti não saberia o que fazer. Talvez aprendesse outra

língua, mas não seria a mesma coisa. Tu tornaste-me o que sou

hoje. E olha bem no que me tornaste… Numa apaixonada por ti,

que não sabe viver sem ti…

Sara Ferreira, nº 18, 12º LH

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Lisboa, 24 de setembro de 2014

Querida Língua Portuguesa,

Em primeiro lugar, quero pedir-te desculpas. Eu sei que por

vezes te trato mal, dou ‘’pontapés’’ na tua gramática, o que te

deixa bastante embaraçada. Mas eu juro que não é por maldade…

São aquelas coisas do momento que se fazem sem pensar duas

vezes e das quais depois me arrependo.

É verdade que tu és importante para mim, estás sempre co-

migo. Não és só importante para mim, és importante para toda a

gente…

Eu sei que não és só minha, sei disso, ninguém precisa de mo

dizer. Mas sinceramente não me importo e até compreendo… Tu

és o elo de ligação de todos os portugueses e não só. És também

de todos os países nossos irmãos. Quando te conheci já assim era,

é por isso que eu te compreendo e não tenho ciúmes. Conheci--te

quando nasci, apaixonei-me logo que te ouvi. Não quis saber do

Page 8: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

P O E M A S

B A B E L Página 8 B A B E L

Mudança

Como a doçura amarga da vida vivida muda do canto, da esquina, para o canto dos pássaros. Como fomos mudando de mala e de bagagem. Como fomos mudando do Flamengo para a Contemporânea. Como passámos de falcões a beija-flores. Como mudámos a forma de sentir e largámos emoções. Como andávamos de foguete e começámos a usar os binóculos enquanto andamos numa carroça. Como ficaram os limões e os cocos na árvore prontos a colher. Como a mudança passa de mão em mão e de coração em coração.

Beatriz Pinho, nº 10, 7º 6ª

[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]

Quando me sento a escrever versos,

Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,

E os meus pensamentos são todos sensações,

Porque quem ama nunca sabe o que ama.

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

Não me importo com as rimas. Raras vezes

Penso e escrevo como as flores têm cor.

Sinto-me parte das cousas com o tato.

Sempre que penso uma cousa, traio-a,

Uma cousa que é visível existe para se ver,

O tamanho ou a duração não têm importância nenhuma,

São apenas tamanho e duração.

Sei que a pedra é real, e que a planta existe,

Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.

Se a ciência quer ser verdadeira,

Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?

Para mim graças a ter olhos só para ver,

Eu vejo ausência de significação em todas as cousas.

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.

Sou fácil de definir,

Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma

Além disso fui o único poeta da natureza.

O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo?

Tenho escrito bastantes poemas,

E todos os meus poemas são diferentes.

Ângela Correia, nº 2, 12º C

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Poemas com versos de Alberto Caeiro [os alunos foram convidados a fazer poemas à maneira deste poeta com os seus próprios versos]

Fonte: google.imagens

Aceita o Universo Como to deram os deuses. O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso do mundo! Há metafísica bastante em não pensar em nada. Pensar incomoda como andar à chuva. Não sei o que é a Natureza canto-a. Todas as opiniões que há sobre a natureza Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor. Se eu me interrogasse e me espantasse, Não nasciam flores novas nos prados. Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira. Eu amo as flores por serem flores, diretamente. Eu amo as árvores por serem árvores sem o meu pensamento. A realidade não precisa de mim. Sei a verdade e sou feliz.

Carlota Cardoso, nº 3, 12º C [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Não tenho pressa. Pressa para quê?

Agora que sinto o amor

Não quero incluir o tempo no meu esquema.

Tenho escrito bastantes poemas

Cada poema meu diz isto,

Já não sei andar só pelos caminhos.

O amor é uma companhia

Penso em ti, murmuro o teu nome e não sou eu: sou feliz.

Amar é a eterna inocência

Amar é pensar.

Márcia Veiga, nº 16, 12º C

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Page 9: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 9 B A B E L

P O E M A S

Quando é que passará esta noite interna, o universo,

Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito.

Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros

As estrelas pestanejam frio

Impossíveis de contar

Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terra,

E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim,

Quem me dera que houvesse

Um terceiro pra alma, se ela tiver só dois…

Um quarto estado pra alma, se são três o que ela tem

Cada alma é uma escada pra deus

Cada alma é um corredor-universo para Deus,

Boas maneiras da Alma…

Daniela Coelho, nº 6, 12º LH

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

P o e m a s c o m v e r s o s d e Á l v a r o d e C a m p o s [ o s a l u n o s f o r a m c o n v i d a d o s a f a z e r p o e m a s à m a n e i r a d e s t e p o e t a c o m o s s e u s p r ó p r i o s v e r s o s ]

O que há em mim é sobretudo cansaço

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça

Não sei: ao acordar já estava triste

Afinal

Que vida fiz eu da vida?

De nada me serviria sabê-lo

Pois o cansaço fica na mesma

Nunca serei nada

Começo a conhecer-me. Não existo

Quando olho para mim não me percebo

Não sou nada

Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim!

Cansaço…

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade

Falhei em tudo

Estou cansado, é claro

Nunca serei nada

O que há em mim é sobretudo cansaço

Íssimo, íssimo, íssimo…

Sara Ferreira, nº 18, 12º LH

[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]

Fon

te:

goo

gle.

imag

ens

F A N D E . . . Salut à tous! Je vous présente l’actrice et mannequin Sofia

Ribeiro. Sofia est portugaise et elle a 30 ans. Physiquement, Sofia

est grande et mince. Ses cheveux sont longs et bouclés. Elle a les

yeux marron. C’est une jeune femme intelligente et elle est très

belle. Sofia adore porter des robes blanches et des sandales à

talons.

Ana Pereira, nº 2, 7º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]

Bonjour! Je vais vous présenter l’actrice

Rita Pereira. Elle est portugaise et elle a 33 ans.

Physiquement, Rita est de taille moyenne et

mince. Elle a les cheveux longs, lisses et châ-

tains foncés. Ses yeux sont grands et marron.

Rita est une jeune femme sociable et calme.

Habituellement, elle aime porter des robes

noires et des chaussures à talons.

Beatriz Loureiro, nº 3, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] Il s’appelle David Beckham. Il habite en

Angleterre. C’est un footballeur anglais. Il

est de taille moyenne et mince. Il a les

cheveux châtains clairs et courts. Ses yeux

sont marron et ronds. Actuellement, il

porte une moustache et une barbe. Quand

il ne joue pas, il a l’habitude de porter un

costume noir, une chemise blanche et des

chaussures de ville. David Beckham est

sympathique, gentil et généreux.

Bruno Dionísio, nº 5, 7º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]

Bonjour tout le monde! Nous allons vous présenter Kevin Durant. Kevin est un joueur de basketball américain. Il est né le 29 septembre 1988 à Washington, en Amérique. Il a 26 ans. C’est le troisième plus jeune joueur de la NBA. Physiquement, Kevin est grand et fort. Il a les cheveux noirs, courts et frisés. Il aime porter une barbe. C’est un jeune homme gentil et sympa-thique. Habituellement, il porte des baskets et le maillot de son équipe, l’Oklahoma City Thunder.

David Santos, nº 6 e Diogo Santos, nº 7, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]

Page 10: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 10 B A B E L

F A N D E . . . Salut! Je vous présente José Adelino Barceló de Carvalho, plus

connu comme Bonga. Bonga est né le 5 septembre 1943 à Kipiri

en Angola. Il a 72 ans. C’est un célèbre musicien angolais. Il a les

cheveux noirs et frisés. Ses yeux sont grands et marron. Il porte

une moustache et une barbe. C’est un homme grand et un peu

enrobé. Quand il chante, il porte un manteau blanc et un pantalon

noir. Bonga est amusant, gentil et sympathique.

Ruben Afonso, nº 17, 7º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]

Bonjour, je vais vous présenter Ricardo Filipe da Silva Braga. Il

a 28 ans. Il est né le 3 septembre 1986 à Porto, au Portugal. Il a

été considéré comme le meilleur joueur de football en salle portu-

gais. Il a été élu le meilleur joueur du monde en 2010. Ricardo

Braga est le premier et le seul joueur portugais à être distingué

avec ce prix. Il a commencé sa carrière au Gramidense. Il est passé

par d’autres clubs comme le Miramar, le Benfica, le Nagoya, au

Japon, le C.S.K.A à Moscou. Actuellement, il joue à L’Inter Futbol

Sala, en Espagne.

Guilherme Conde, nº 19, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]

J E M E P R É S E N T E

Je m’appelle Inês et j’ai douze ans. J’habite à Lisbonne, au

Portugal, et je suis portugaise. Je suis sympa, courageuse, organi-

sée et amusante, mais je suis un peu bavarde et agressive.

Dans ma famille, il y a ma mère, mon frère, moi, mes hams-

ters et deux poissons rouges. J’adore mon frère parce qu’il est

gentil, il a 15 ans.

Dans ma classe, il y a 20 élèves, 9 filles et 11 garçons. Mon

école est grande et moderne. J’aime la géo et le français parce

que c’est marrant, mais je n’aime pas les maths et l’histoire parce

que c’est ennuyeux.

Je me lève tous les jours à sept heures et demie, après, je

prends le petit déjeuner. Je vais à l’école à huit heures. Puis, je

déjeune à la cantine. Je rentre à deux heures à la maison. Après

les devoirs, je range ma chambre et, plus tard, je dîne avec ma

mère et mon frère. Après le dîner, je me couche à onze heures du

soir.

J’ai des loisirs sportifs, mais je préfère jouer au basket.

Inês Fidalgo, nº 9, 7º 1ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Je m’appelle Laura et j’ai douze ans. Je suis portugaise et

j’habite à Lisbonne. Je suis enthousiaste, communicative et im-

pulsive, mais je suis aussi impatiente et agressive.

Dans ma famille, il y a ma mère, mon père, mon frère, ma

grand-mère et aussi mon chien. Ils sont fantastiques.

J’aime le français et l’anglais parce que c’est intéressant et

amusant. Je n’aime pas les maths parce que c’est difficile. Les

cours commencent à 8h10 chaque jour de la semaine. Je me lève

à 7h00, après, je prends le petit déjeuner, je m’habille et je vais à

l’école. Je rentre à 14h10 et je déjeune à 14h30. Avant le dîner, je

regarde la télé et je me couche à 10h30.

J’aime faire du skate, écouter de la musique et marcher avec

ma famille. Je fais un sport que j’admire: l’équitation.

Au revoir, à bientôt.

Laura Marcelino, nº 12, 7º 1ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Bonjour, je m’appelle Lara et j’ai 12 ans.

Je suis très grande. Je suis un peu bavarde, mais sympa-

thique et gentille.

J’habite avec ma mère, mon père et ma sœur. J’adore mon

père, il est très cool et il parle français avec moi.

Dans l’école, j’ai mes amis. Mes matières préférées sont le

français et l’anglais.

Dans mes temps libres,

j’adore parler anglais, danser,

faire du skate et regarder la télé.

Lara Cândido, nº 21, 7º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Salut. Je m’appelle Muhammad Hussnain Majid. J’ai 14 ans.

Je suis grand et mince. J’ai les cheveux courts et noirs et les yeux

marron. Je suis pakistanais, mais j’habite à Lisbonne, au Portugal,

avec ma famille. Je suis un bon élève à l’école. À l’école, j’aime

l’anglais parce que c’est très important, mais je n’aime pas la

physique-chimie parce que c’est très difficile. Mes loisirs sont

jouer au football, écouter de la musique et regarder la télé. Je

suis sympathique, bavard et gentil. Dans ma famille, il y a mon

père, ma mère, mon frère et moi. Je m’entends très bien avec

mon frère. Il s’appelle Moeez. Il a 8 ans. Son anniversaire est le 23

avril. Il est petit et mince. Il a les cheveux courts et noirs et les

yeux marron. Il est bavard et amusant.

Muhammad Majid, nº 9, 7º 3ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Page 11: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 11 B A B E L

J E M E P R É S E N T E

Bonjour, tout le monde !

Je m’appelle Bárbara et j’ai 12 ans. Je suis portugaise et j’ha-

bite à Lisbonne avec mes parents et mon petit frère. Je suis un

peu bavarde, calme et gentille, mais parfois je suis un peu ja-

louse.

Je suis une bonne élève à l’École Gil Vicente. Mon école est

très grande et belle. Elle a une belle vue sur le Tage et le Pan-

théon National où sont enterrées de grandes personnalités portu-

gaises. Le mercredi après-midi, j’ai des cours d’arts plastiques.

J’aime les arts plastiques parce que c’est très cool et j’adore des-

siner, mais je déteste les maths parce que c’est très dur et en-

nuyeux. Le lundi, le mardi matin et le week-end, je n’ai pas cours.

Pour aller à l’école, je me lève tous les jours à 7h00. Je

prends une douche, je prends mon petit déjeuner et je fais mon

lit. Puis, je vais à l’école. J’ai des cours de 8h10 à 17h30. Je rentre

à la maison à 19h00. Je fais mes devoirs et j’étudie. À 20h30, je

dîne avec ma famille. Je me couche à 22h30. Le week-end, je fais

mon lit, je range ma chambre et je fais le déjeuner.

Ma famille est très cool. Ma mère est très sympathique, mais

parfois elle est sévère. Elle m’aide à faire les devoirs et participe

aux tâches ménagères. Elle fait de merveilleux desserts. Mon

père est très cool. Il fait la cuisine et parfois il fait son lit. Mon

petit frère est très sympathique, mais jaloux. Il met la table.

Dans mes temps libres, j’adore écouter de la musique, faire

du ballet, faire des photos, nager et dessiner. Je n’aime pas jouer

au football et faire du skate.

Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Salut!

Je m’appelle Fatou et je suis portugaise. J’ai douze ans et

mon anniversaire est le 9 juillet.

Je suis grande et mince et j’ai les yeux marron et les cheveux

noirs et courts. Je suis amusante, sympathique et bavarde.

J’adore ma famille et, dans ma famille, il y a mon père, ma mère,

ma sœur et moi. J’aime ma petite sœur parce qu’elle est amu-

sante, intelligente et sympathique.

Mon école est grande et bien équipée et les cours commen-

cent à 8h10. J’aime les arts parce que c’est intéressant, mais je

n’aime pas les maths parce que c’est difficile.

Pendant la semaine, je vais à l’école, je fais mes devoirs et je

participe à des discussions. Le lundi et le jeudi, j’étudie la mu-

sique. Le week-end, je me repose et, parfois, je me promène avec

ma famille. J’aime bien lire, écrire et dessiner.

Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Fonte: google.imagens

Bonjour, tout le monde.

Je m’appelle Francisco, j’ai douze ans, mon anniversaire est

le 11 avril. Je suis petit et mince, j’ai les cheveux courts, lisses et

marron, et mes yeux sont verts. Je suis amusant, calme, intelli-

gent et travailleur, mais aussi sérieux.

Ma famille est super grande, mais j’habite avec ma mère,

mon père et mon frère. Mon frère s’appelle Victor, il a sept ans.

Son anniversaire est le 9 décembre. Il est amusant, extroverti et il

est parfois paresseux; il est un bon frère.

Mon école est grande et moderne. Elle a une cantine, un

gymnase, deux cours, une bibliothèque, deux terrains de sport…

mon école est fantastique! Le mercredi, le jeudi et le vendredi, je

me lève à sept heures vingt parce que mes cours commencent à

huit heures dix. J’adore les maths, la géographie et les arts plas-

tiques, mais je n’aime pas l’histoire, pourtant, je suis un bon

élève.

J’adore aller au cinéma, jouer à des jeux vidéo, jouer aux

cartes et faire du vélo, mais je n’aime pas faire du skate. J’adore

ma vie.

Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

LA PUB, ÇA ME PLAÎT!

Salomé Gonçalves, nº 21, 8º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Page 12: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 12 B A B E L

L A P U B , Ç A M E P L A Î T !

Maria Helena Correia, nº 13, 8º 4ª [Supervisão Dr.ª Inácia Pereira]

Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª [Supervisão Dr.ª Inácia Pereira]

B L O G D E M O D E Mon style est tranquille. Habituellement je porte des

vêtements confortables. Je n’aime pas porter des vêtements

à la mode, je préfère avoir mon propre style. En été, je porte

des robes, des sandales, des-t-shirts. En hiver, les vêtements

sont plus chauds : les sweats à capuche, les pulls, les panta-

lons, les vestes et des chaussures. Je pense que le plus im-

portant c’est de se sentir bien dans sa peau!

Madalena Pinto, nº 15, 8º 1ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Je n’aime pas la mode. Pour moi, la mode est ridicule, car

on doit avoir la liberté de choisir ses vêtements. Mon style

est très simple et confortable. Je ne me préoccupe jamais

avec les vêtements. En été, je porte un t-shirt, un jean et des

baskets, c’est pratique ! En hiver, je choisis un sweat à ca-

puche, un pantalon et des bottes. Être à la mode, ce n’est

pas pour moi!

Marina Costa, nº 11, 8º 3ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Pour moi, la mode est amusante, parce que nous pou-

vons varier notre propre style. J’aime la mode, mais je suis

décontractée, je n’exagère pas. En été, je porte des shorts,

des tops et des sandales. En hiver, je préfère les jeans, les

leggings avec un sweat ou un anorak. Je chausse toujours

des bottes et, parfois, je mets un bonnet. Je ne suis pas une

fan des robes mais, de temps en temps, je porte une robe.

C’est un peu bizarre!

Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Je pense que la mode n’est pas importante. Les vête-

ments de marque sont chers et, parfois, ils ne sont pas de

bonne qualité. J'aime avoir mon propre style, un style dé-

contracté. Habituellement je porte des jeans, un t-shirt, un

gilet et des tennis. J’adore les accessoires ! Je porte souvent

des bracelets, des colliers, des ceintures et une bague. En

été, je choisis les vêtements les plus légers. En hiver, je pré-

fère les pulls, le bonnet, l’écharpe et les bottes. Je me pro-

tège du froid!

Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Page 13: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 13 B A B E L

V O YA G E D ’ É T U D E - G É O G R A P H I E L e s g r o t t e s d e M i r a d ’ A i r e , l a s o u r c e d e l ’ A l v i e l a , l ’ u s i n e d e R e n o v a

Après le déjeuner, nous sommes partis à l’usine de Reno-

va où nous avons pu voir comment le papier est recyclé et

comment produire toutes sortes de papier qui est utilisé

dans notre hygiène personnelle.

Après nos aventures, nous sommes rentrés dans l’autocar

où nous avons dormi pendant tout le voyage de retour à

Lisbonne.

C’était un voyage d’étude inoubliable!

Vasco Bizarro, nº 22 e Willian Souza, nº 23, 8º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Le 19 mars, à 8:00 du matin, nous sommes partis en auto-

car, en direction des grottes de Mira d’Aire.

Quand nous sommes arrivés, les profs sont allés acheter

les billets pour visiter les grottes. À l’intérieur des grottes,

nous avons pu voir des stalactites, des stalagmites, des co-

lonnes, des galeries souterraines et, bien sûr, les roches.

Ensuite, nous avons vu la source de l’Alviela, certains pe-

tits cours d’eau à faible débit qui traversent quelques plages

et qui s’écoulent vers le Tage.

Après avoir visité les grottes et l’Alviela, nous sommes

partis dans un parc où nous avons déjeuné.

Ensuite, nous avons pu manger ou aller à un magasin de

papier acheter du papier hygiénique et des mouchoirs avec

toutes les couleurs.

Après, nous sommes rentrés à Graça. Pendant le voyage,

nous avons fait beaucoup de bruit, nous avons chanté, par-

lé, joué, cela a été très drôle.

J’ai aimé la visite, parce que… je ne sais pas, c’était une

visite différente, avec toutes les classes, cela a été drôle.

J’ai adoré tout, parce que tout était nouveau, je n’étais ja-

mais allé ni aux grottes, ni à la source de l’Alviela ni à l’usine

de Renova.

C’était une visite inoubliable.

Tatiana Almeida, nº 18 e Pedro Cerqueira, nº 16, 8º 5ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Le 19 mars, nous sommes allés aux Grottes de Mira d’Aire

avec toutes les classes de 8ème, et nous avons eu une visite

guidée. Nous avons vu des roches, des stalagmites et des

stalactites dans les galeries souterraines. Ensuite, nous

sommes allés en autocar à la source de l’Alviela et nous

avons vu un cours d’eau et les berges. Après, notre groupe

est allé aux grottes cachées et nous avons joué.

À l’heure du déjeuner, nous sommes allés au parc et nous

avons déjeuné ensemble, j’ai beaucoup aimé. Notre profes-

seur de Physique-Chimie a donné un chocolat à tout le

monde à la fin.

Après, nous sommes allés à l’usine de Renova et nous

avons vu le recyclage du papier, les bureaux et les machines

en train de travailler. Cela a été très intéressant.

Nous avons fait un voyage d’étude. Nous sommes partis

à huit heures du matin et nous avons voyagé en autocar

avec notre classe et nos professeurs de Géo et de Français.

Nous avons vu les grottes de Mira d’Aire et nous avons fait

une visite guidée dans les galeries souterraines. Nous avons

observé des stalactites et des stalagmites.

L’après-midi, nous sommes allés à la source de l’Alviela et

nous avons pris le déjeuner. Après, nous avons vu une plage

fluviale et une cascade. Nous avons aussi observé le cours

d’eau, l’affluent du Tage.

Ensuite, nous sommes allés à l’usine de Renova. Nous

avons observé le recyclage du papier et la fabrication de

produits divers, comme le papier hygiénique, les serviettes

et les lingettes.

Nous avons aimé la visite parce que nous nous sommes

amusés et nous avons fait des activités. Nous avons préféré

la source de l’Alviela parce qu’elle est très belle et naturelle.

Ana Loreti, nº 1, Neuza Amaral, nº 14 e Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Page 14: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA Cette œuvre d’art était située au centre d’une salle au premier étage du musée Vieira da Silva. Son auteur est An-dy Warhol. Elle est constituée par un groupe de boîtes en bois, peintes à la gouache. Elles ont toutes les mêmes couleurs : le blanc, le bleu, le rouge et un peu de noir. Ces boîtes re-présentent la société de consommation et la culture de masse populaire. L’oeuvre appelle notre attention à cause de son format, sa dimension et sa disposition dans la salle. J’ai adoré cette oeuvre d’art, car elle est vraiment sur-prenante et originale. Elle est un symbole du Pop art, un mouvement artistique des années 50, fortement influencé para la culture américaine.

Ana do Mar, nº 3, 9º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

B A B E L Página 14 B A B E L

‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964)

Cette œuvre de Vieira da Silva est une peinture à l’huile

qui a des formes geométriques juxtaposées telles que le

rectangle, le carré et le cercle.

Il y a des tonalités de bleu et de gris qui sont, à mon avis,

sombres et tristes. Cette obscurité évoque une certaine

nostalgie.

Au centre, je vois un jouet pour un bébé qui contraste

avec la multiplicité de lignes courbes.

Cette peinture ne m’impressionne pas beaucoup, parce

qu’elle passe une image triste. Pourtant le désir d’être en-

fant est aussi présent et, moi, j’aime ça.

Beatriz Cardoso, nº 6, 9º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] ‘Composition’, Vieira da Silva (1936)

Voilà le premier tableau que nous avons vu dans notre visite au musée Arpad Szenes-Vieira da Silva ! C’est une peinture de Vieira da Silva. Dans ce tableau, elle a utili-sé l’huile sur toile. Cette peinture

m’a causé une impression à cause de la gestion de l’espace et de l’idée de profondeur. Il y a des groupes de carrés de différentes tailles et de différentes couleurs. Le jeu de formes et de couleurs multiplie les perspectives de l’œuvre d’art. À mon avis, le tableau est une bibliothèque ou une ville vue d’en haut. J’ai aimé cette toile, parce qu’elle est diffé-rente, originale et elle permet différentes interprétations.

Daniel Fonseca, nº 7, 9º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

‘Amsterdam’, Vieira da Silva (1955)

Little Aloha est une peinture en acrylique de Roy Lichenstein, un artiste du Pop art, un mouvement artistique des années 50/60.

La peinture nous montre une belle femme avec une fleur blanche sur ses cheveux noirs. Ses lèvres sont rouges. Son regard est très séduisant.

Dans cette peinture, l’artiste a utilisé une technique spé-ciale : il a peint la peau de la femme avec des points très petits pour évoquer l’aspect d’une bande dessinée. C’était une technique à la mode dans cette époque.

À mon avis, Little Aloha est une belle peinture avec des couleurs fortes et attirantes.

Sara Cruz, nº 27, 9º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

‘Little Aloha’, Roy Lichenstein (1962)

Page 15: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 15 B A B E L

VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA Le 27 février 2015, je suis allée au Musée Arpad Szenes –

- Vieira da Silva avec ma classe et mes professeurs de fran-

çais, portugais et géographie. Quand nous sommes arrivés

au musée, un homme très sympathique nous a montré le

musée et j’ai vu une peinture très belle qui s’appelle sim-

plement "Peinture". J’ai adoré cette œuvre d’art car il y a

des couleurs froides, vives et lumineuses avec des lignes et

des formes simples. Cette peinture est fantastique. J’ai ado-

ré tout dans cette œuvre d’art et j’ai adoré cette visite

d’étude.

Dullier Correia, nº 9, 9º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Arp

ad Szen

es, P

eintu

re

Le 27 février 2015, mes copains, mes profes-

seurs et moi, nous sommes allés au Musée Ar-

pad Szenes – Vieira da Silva. L’exposition que

j’ai vue s’appelait "Sonnabend | Paris – New

York".

Nous avons pris le métro pour aller au mu-

sée. L’espace était grand et bien organisé. Cer-

taines œuvres étaient abstraites. D’autres

avaient beaucoup de couleurs, mais quelques-

unes étaient très simples et claires.

J’ai aimé l’exposition parce que c’était édu-

catif et ce n’était pas ennuyeux. J’ai aimé le plus

les sculptures avec des objets du quotidien.

Nuno Carvalho, nº 16, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

Le 27 février 2015, je suis allée avec ma classe et mes professeurs de français, portu-gais et géographie au Musée Arpad Szenes – Vieira da Silva. Pour aller au musée, nous sommes allés à Santa Apolónia et nous avons pris le métro, à direction de Rato. Nous sommes allés à un jardin très agréable où nous avons mangé. Pour être hon-nête, je suis habituée à des musées très grands, mais ce musée était petit. Pourtant, l’homme qui nous a montré le musée était très sympathique et il a rendu cette visite très amusante et agréable.

À mon avis, cette visite était merveilleuse et j’ai adoré la sculpture qui représente des marques et qui prouve que les marques ne sont pas tout.

Patrícia Sequeira, nº 18, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964)

Fonte: google.imagens

Fonte: google.imagens

Fon

te:

goo

gle.

imag

ens

Page 16: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…”

Les crayons

Mais à quoi jouent les crayons pendant les récréations ?

Le rouge dessine une souris, le vert un soleil,

Le bleu dessine un radis, le gris une groseille.

Le noir qui n’a pas d’idée fait des gros pâtés.

Voilà les jeux des crayons pendant les récréations.

Corinne Albaut

B A B E L Página 16 B A B E L

1er prix

Mais à quoi jouent les livres pendant les cours?

Les maths parlent français, Le français écrit en anglais,

L’anglais étudie les sciences, Les sciences jouent avec l’histoire,

L’histoire fait de la chimie, La chimie voyage avec la géographie.

Voilà les jeux des livres pendant les cours.

Bárbara Alves, nº 1, Filipa Cortez, nº 7 e Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª

2e prix

Mais que font les cahiers pendant la récré?

Le cahier d’anglais étudie le français, Celui de géographie voyage en Turquie.

Le cahier de musique va à la boutique, Celui de dessin dessine un dauphin.

Le cahier d’histoire garde notre mémoire, Celui de sciences ne fait pas de sens.

Voilà ce que font les cahiers pendant la récré.

João Soares, nº 16 e Laís Borges, nº 17, 7º 1ª

À l a m a n i è r e d e … C o r i n n e A l b a u t

3e prix

Mais à quoi joue le dictionnaire pendant les cours?

Les adjectifs décrivent la neige, Les adverbes dessinent la mer.

Les prépositions écoutent le vent, Les verbes observent les nuages.

Les articles imaginent les étoiles, Les pronoms aiment les noms.

Voilà les jeux du dictionnaire Pendant les cours.

Inês Fidalgo, nº 15 e Laura Marcelino, nº 12, 7º 1ª Corinne Albaut | Fonte: google.imagens

Sept jours sur sept

Sept jours dans la semaine,

pour porter tout ce que j’aime.

Lundi, mon bermuda gris,

mardi, mon pull canari,

mercredi, mon polo fleuri,

jeudi, mon T-shirt kaki,

vendredi, mon jean cramoisi,

samedi, mon jogging bleu nuit,

dimanche, ma casquette blanche.

Chic, des pieds à la tête,

sept jours sur sept!

Corinne Albaut

1er prix

Sept jours dans la semaine.

Pour m’imaginer comme j’aime.

Lundi, millionnaire pour acheter le monde entier,

Mardi, astronaute pour voyager dans la lune,

Mercredi, chanteur pour chanter comme Beyoncé,

Jeudi, agriculteur pour manger mes légumes,

Vendredi, cuisinier pour faire un grand gâteau,

Samedi, invisible pour voir et ne pas être vu,

Dimanche, je suis tout ce que j’aime.

Et voilà mes sept jours sur sept!

Bruna Machado, nº 2, Maria Helena Correia, nº 13 e Rafael Alves, nº 16, 8º 4ª

Corinne Albaut | Fonte: google.imagens

Page 17: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 17 B A B E L

CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…” À l a m a n i è r e d e … C o r i n n e A l b a u t

2e prix

Sept jours dans la semaine,

pour imaginer tout ce que j’aime.

Lundi, la mer pour nager,

Mardi, la montagne pour monter,

Mercredi, les étoiles pour admirer,

Jeudi, la voile pour voyager,

Vendredi, le parc pour me promener,

Samedi, la lune pour observer,

Dimanche, le lit pour dormir.

Content, de la mer à la montagne,

Pendant toute la semaine.

Inês Tavares, nº 11 e João Carita, nº 12, 8º 1ª

3e prix

Sept jours dans la semaine, Pour manger tout ce que j’aime. Lundi, du jambon avec du melon, Mardi, un gâteau, je ne bois pas d’eau, Mercredi, du poulet et un panaché, Jeudi, des champignons, c’est très bon, Vendredi, du poisson avec du citron, Samedi, du riz car c’est très petit, Dimanche, des raisins, mais je ne bois pas de vin. C’est tout ce que je prends Sept jours sur sept.

Jaskaran Singh, nº 12 e Vasco Ferreira, nº 19, 8º 5ª

Mention honorable

Sept jours dans la semaine Pour manger tout ce que j’aime. Lundi, un croissant et c’est parti, Mardi, de la bolognaise à midi, Mercredi, des fraises à la chantilly, Jeudi, pizza avec Amélie, Vendredi, de la salade et des brocolis, Samedi, cinéma, popcorns et Pepsi, Dimanche, du fromage et du jambon en [tranches. Bien alimentés comme des vedettes, Sept jours sur sept!

Beatriz Carvalho, nº 17, Fábio Évora, nº 18, Tatiana Araújo, nº 31 e Tiago Santos, nº 32

À l a m a n i è r e d e … M a u r i c e C a r ê m e

Ce qui est comique

Savez-vous ce qui est comique?

Une oie qui joue de la musique,

Un pou qui parle du Mexique,

Un bœuf retournant l'as de pique,

Un clown qui n'est pas dans un cirque,

Un âne chantant tout un cantique,

Un loir champion olympique.

Mais ce qui est le plus comique,

C'est d'entendre un petit moustique

Répéter son arithmétique.

Maurice Carême

1er prix

Savez-vous ce qui est magnifique?

Un cygne qui mange une figue

Un moustique qui boit une marguerite

Une oie qui fait de la photographie

Un chat qui fait des tours de magie

Un escargot qui fait du cyclisme

Un violoniste qui n’entend pas de la musique

Un mouton dans un piquenique.

Mais ce qui est le plus magnifique,

C’est de voir une personne honnête dans la politique.

Ana Ferreira, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH

2e prix

Savez-vous ce qui est détestable? L’hiver qui tue la belle nature, Le racisme qui sépare les personnes, Les catastrophes naturelles qui détruisent, La colère qu’il y a dans les personnes, Les enfants qui souffrent de l’esclavage, Les guerres qui dévastent l’union d’un peuple, Mais ce qui est le plus détestable, C’est quand il n’y a pas d’Internet, Oh! Que c’est pas chouette!

Cátia Magalhães, nº 6 e Jéssica Cordeiro, nº 10, 10º LH

3e prix

Savez-vous ce qui est magnifique? Une famille classique, Avec un père sympathique Et une mère qui fait de la gymnastique. Une fille antipathique, Qui aime les mathématiques, Un garçon dynamique, Qui est aussi romantique, Une tante très chic, Qui travaille dans une boutique. Enfin, une famille pratique, Où l’amour est automatique.

Madalena Estefani, nº 11 e Maria Sousa, nº 13, 9º 5ª

Maurice Carême

Fonte: google.imagens

Page 18: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

1

La serviette de cuir

Quand je pars

pour le lycée je

porte toujours ma

serviette. Elle con-

tient les livres et

tous les autres ob-

jets dont je me sers

en classe. J’y mets

aussi mon goûter.

Aussitôt que nous entrons dans la classe nous sortons

nos affaires, en plaçant nos crayons et nos gommes sur les

bancs-pupitres. Le livre et le cahier de français y sont aussi.

Les autres livres sont en dessous.

Après la dernière classe, nous serrons tout cela dans la

serviette et nous retournons gaîment chez nous.

- A demain, monsieur le professeur!

- A demain, mes chers enfants!

LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara,Le petit élève de Fran-

çais,Lisbonne, Édition des auteurs

LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE

B A B E L Página 18 B A B E L

L e c t u r e s d ’ h i e r / C r é a t i o n s d ’ a u j o u r d ’ h u i

1

Le sac à dos coloré

Quand je pars pour le lycée, je porte

toujours mon sac à dos coloré. Il con-

tient les livres, les cahiers, les stylos, les

crayons, une calculatrice et tous les

autres objets que j’utilise en classe. J’y

mets aussi mon magazine préféré et

mon portable!

Quand nous entrons dans la salle de

classe, nous mettons nos livres, nos cahiers et notre trousse

sur la table avec un peu de bruit… Parfois, nous y mettons

aussi notre portable, mais les profs ne le permettent pas.

Quand les cours terminent, nous gardons toutes nos

affaires très rapidement dans notre sac à dos et nous sor-

tons de la salle, en courant.

Parfois, nous restons encore dix minutes à la récré pour

parler un peu et pour dire au revoir avant de rentrer à la

maison!

Anna Muninhas, nº 3, Débora Fonseca, nº 10 e Lara Cândido, nº

21, 7º 2ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

2

Mes camarades

Notre classe a vingt-cinq élèves. J’aime tous mes cama-

rades et tous mes professeurs. Ceux-ci parfois me grondent

mais je les aime tout de même. Ils sont bons pour moi.

Le premier de la classe, celui qui attrape toujours de bons

points, est Georges. Il les mérite bien; c’est un écolier mo-

deste et intelligent.

Le dernier de notre classe, au dire de messieurs les pro-

fesseurs, est Jules; il n’a jamais obtenu de note au-dessus

de neuf. Il est toujours inquiet et n’est jamais attentif pen-

dant les leçons.

Le plus grand et le plus fort de toute la classe est Pierre.

C’est un robuste garçon de treize ans, aux larges mains de

campagnard. Dans la cour de récréation, il n’abuse pas de

sa force et protège surtout les plus faibles et les plus déli-

cats.

LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Fran-

çais,Lisbonne, Édition des auteurs

2

Mes camarades

Notre classe a vingt élèves: six garçons et quatorze filles.

Nous sommes bavards, amusants et très sportifs. Les pro-

fesseurs sont compréhensifs, gentils et tolérants. Ils aident

les élèves quand ceux-ci ont des difficultés.

Dans notre classe, il y a beaucoup d’élèves étrangers, de

différentes nationalités: dix népalais, une chinoise et deux

africains. Nous sommes tous amis et nous nous entendons

bien, mais la communication est parfois difficile entre les

élèves portugais et les étrangers.

Les élèves étrangers ont des problèmes avec la langue

portugaise, alors ils n’ont pas les meilleures notes. Comme

ils apprennent le portugais cinq fois par semaine, ils vont

réussir. Les élèves portugais les aident à mieux comprendre

les matières.

Le plus amusant de la classe est Rodrigo. Il est portugais,

mais il essaie de parler népalais avec les élèves de cette

nationalité. Quand il fait ça, c’est vraiment comique!

Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Page 19: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 19 B A B E L

3

Ce que l’on fait en classe Quand les élèves entrent dans la salle de classe ils sou-haitent le bonjour à leur maître. Celui-ci se tient debout, près de la table. Après que tous les élèves sont entrés, le professeur leur fait signe de s’asseoir, en disant: - Asseyez-vous, mes enfants. La leçon commence. Les élèves sont attentifs, car mon-sieur le professeur n’aime pas les garçons distraits. On fait d’abord la lecture; puis le professeur interroge les élèves; le plus souvent on fait aussi des devoirs sur le ta-bleau noir ou sur les cahiers. Ceux qui vont au tableau noir se servent d’un bâton de craie pour y écrire et d’un torchon ou d’une éponge pour effacer. Ils tiennent la craie de leur main droite, le torchon de leur main gauche. Le professeur corrige l’un après l’autre les devoirs de ses élèves.

LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Fran-çais,Lisbonne, Édition des auteurs

LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE L e c t u r e s d ’ h i e r / C r é a t i o n s d ’ a u j o u r d ’ h u i

3

Ce que l’on fait en classe Quand les élèves entrent dans la salle de classe la plu-part souhaitent le bonjour à leur professeur. Celui-ci com-mence à préparer le matériel, parfois l’ordinateur et le pro-jecteur. Il écrit le sommaire pendant que les élèves entrent en discutant sur ce qui s’est passé à la récréation. Entretemps, le professeur leur répète trois ou quatre fois de s’asseoir et de se taire et il essaie de commencer la le-çon. Elle commence finalement. Certains élèves sont atten-tifs, d’autres bavards… Et d’autres, dans la lune!... Parfois, le professeur ne fait pas attention et il essaie de continuer… On fait la lecture, des exercices, et les élèves peuvent parti-ciper s’ils le veulent. On corrige aussi les devoirs sur le ta-bleau blanc (ou gris?). Ceux qui vont au tableau gris se servent d’un feutre pour y écrire et d’une brosse (ou des mains!!) pour effacer. Ils tiennent le feutre de leur main droite ou gauche, et pour effacer ils utilisent la brosse qui n’efface pas et qui joue à cache-cache avec eux. Enfin, ils écoutent la sonnerie et ils courent!

Maria Ferreira, nº 11 e Melissa Silva, nº 13, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

(Projeto J’kiffe le français!)

4

Le bon écolier

L’an passé, cela va sans dire, J’étais petit; mais à présent Que je sais compter, lire, écrire, C’est bien certain que je suis grand. Maintenant je vais à l’école; J’apprends chaque jour ma leçon; Le sac qui pend à mon épaule Dit que je suis un grand garçon. Quand le maître parle, j’écoute, Et je retiens ce qu’il me dit ; Il est content de moi sans doute, Car je vois bien qu’il me sourit. CAUMONT

LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Fran-çais,Lisbonne, Édition des auteurs

4

Le bon écolier L’an passé, cela va sans dire, J’étais vraiment intelligent; Mais à présent, je suis distrait, Je comprends pas ce que je lis, C’est bien certain, j’suis super cool. Maintenant que je sèche les cours, La leçon? Je ne la sais pas! Le sac qui pend à mon épaule, Ça n’existe pas! On dit que je suis le garçon Le plus populaire de l’école. Quand le prof parle, je parle aussi, Quand il est distrait, je m’amuse. Quand il sèche le cours, c’est magique, J’suis super content, c’est parfait!

Dullier Correia, nº 9, Marizette Ribeiro, nº 12

e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]

(Projeto J’kiffe le français!)

Page 20: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE T a b l e a u x p o u r l ’ a p p r e n t i s s a g e d e s l a n g u e s – C r é a t i o n s d ’ a u j o u r d ’ h u i

B A B E L Página 20 B A B E L

Au bord de la mer Tableaux pour l’apprentissage des langues

Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente

L’été dernier, je suis allée avec deux amies à Biarritz, au sud-ouest de la

France. Nous avons voyagé en avion pendant deux heures. Nous sommes res-

tées une semaine dans un camping.

Nous avons visité des monuments: une église et des grottes avec des sculp-

tures en pierre. Nous nous sommes promenées au bord de la mer et dans un

parc naturel. Nous avons pris un bateau, nous avons nagé et nous avons pêché

un grand poisson. Ce jour-là, notre dîner a été délicieux: nous avons mangé du

poisson grillé! Tous les jours, vers six heures de l’après-midi, nous allions aussi

au café.

Ce voyage a été très amusant et nous avons connu une ville très belle!

Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

(Projeto J’kiffe le français!)

À la campagne

Tableaux pour l’apprentissage des langues Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente

JEU - Observe l’illustration et corrige les six erreurs du texte.

C’est samedi après-midi. À la campagne, il fait beau et tout le monde profite du plein air. Trois hommes travaillent, ils coupent le bois. Mais les autres se reposent ou jouent. Six enfants s’amusent à faire une ronde, mais deux garçons tombent par terre. D’autres enfants jouent aux gendarmes et aux voleurs. Ils portent des arcs et des flèches, un tambour, un fusil et une épée. Devant la maison, un garçon joue à la toupie et, à droite, deux hommes boivent du vin. Tout près, une femme prend des photos et deux garçons parlent sur le pont. Au fond, à gauche, un garçon grimpe sur un mur et une fille se balance sur une balançoire. On voit aussi une femme qui cueille des pommes et un homme qui creuse la terre. Au dernier plan, bien au fond, il y a un château et une tente de camping.

Solutions: 1. un garçon tombe par terre / 2. D’autres enfants jouent aux cowboys et aux indiens / 3. deux hommes boivent de la bière / 4. un garçon grimpe à un arbre / 5. une femme qui balaye le sol / 6. un château et un moulin

Dullier Correia, nº 9, Maria Ferreira, nº 11, Marizette Ribeiro, nº 12, Melissa Silva, nº 13 e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª

[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] (Projeto J’kiffe le français!)

GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES “On my first day at school I got lost because I didn’t know where the classroom was. When I entered the classroom I felt very embarrassed because I didn’t know anyone. But soon I started making new friends.”

Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH

“The teachers are the only memories that I have. Some teachers stay in our mind or in our hearts, others don’t. Some are always ready to teach us even if they have had a bad day. Today I regret some mistakes that I made in the past. However, we can learn from our own mistakes and turn them into a lesson. That is what I’m trying to do!”

Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

“Je me rappelle d’un lycée en changement et d’assister aux classes dans des conteneurs. J’ai vu un lycée rempli d’histoires, mais un lycée en transformation pour conti-nuer cette histoire séculaire.”

Marta Alves, nº 18, 10º LH “Avant de venir au lycée, j’étais très enthousiaste et je voudrais commencer l’école le plus rapidement possible. Pour moi, l’école était énorme, et moi, j’étais très petite. Je me rappelle que le premier jour, j’ai joué au cache-cache avec mes amis. Nous nous sentions vraiment heu-reux.”

Raquel Silva, nº 21, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Page 21: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 21 B A B E L

GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES “I remember when I started being part of the school’s orchestra. Despite my great love for mu-sic, the rehearsals were two hours long, just at the end of the day and a bit boring for a ten-year old me . However, all the hard-working hours of prac-tise paid off: it became a big part of my life!”

Sara Gomes, nº 23, 10º LH

“Quand je suis entré, tout était nouveau pour moi. Le lycée était très différent de l’école primaire, il était grand, plus excitant, il y avait une autre dyna-mique. J’ai eu la perception que c’était le début d’une nouvelle étape. Le lycée était en reconstruc-tion, tout était en désordre, il y avait une grande agitation. Mais, moi, je me sentais enthousiasmé.”

Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

GIL VICENTE - MY SCHOOL ROUTINE / MON QUOTIDIEN SCOLAIRE MY SCHOOL ROUTINE

“A school routine that provides you a good learn-ing environment, which allows the students to feel free to learn, to feel safe and to be themselves!”

Andreia Silva, nº 3, 10º LH

“A school which includes all the students and can

deal with all the differences among us every day.

At school we have a lot of Asian kids and many of

them don’t eat meat. In the canteen when they

ask just salad, a few lettuce leaves are put on their

plates… A vegetarian menu would be important

because of the variety of cultures. I think it would

help students from other countries to be integrat-

ed in our routines.”

Ana Ferreira, nº 1, 10º LH

“Teaching the students how to learn, stimulating our natural curiosity and creating the love for knowledge inside every one of us”.

Sara Gomes, nº 23, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

MON QUOTIDIEN SCOLAIRE

“Mon quotidien scolaire n’est pas très désa-gréable. Habituellement je suis avec mes amis et je joue au basket ou au volley avec eux dans nos terrains de sport. Le pire c’est que j’ai beaucoup de contrôles et ça me fatigue. Quand j’ai des de-voirs à faire, je vais à la bibliothèque.”

João Simões, nº 12, 10º LH

“Le quotidien scolaire n’a pas beaucoup changé de-puis que je suis entré au lycée. Je connais les per-sonnes et les espaces, tout devient plus facile. L’école a une bonne ambiance et je pense que tous les élèves, même les étrangers, se sentent bien inté-grés.”

Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH

“Mon quotidien me provoque la saturation. C’est une routine fatigante ! L’ambiance scolaire est tou-jours la même, calme et animée. Parfois il y a des disputes, mais après on s’entend.”

Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

GIL VICENTE - MY SCHOOL IN THE FUTURE / MON LYCÉE DANS L’AVENIR “I imagine my school with lots of new technolo-gies like robots and holograms. There will be new subjects and many extra-curricular activities that we can choose. I also imagine simple things like new ways of teaching and a safer school.”

Andreia Silva, nº 3, 10º LH

“I imagine my school with better conditions, better facilities, more technology, more extra -curricular activities and more space for the stu-dents. The people will be funnier. In the future my school will be the school of dreams of the student in the present.”

Marta Alves, nº 18, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

“Dans le futur, mon lycée aura des installations plus modernes. J'espère que la technologie soit très pré-sente à l'école: qui sait si les classes ne seront pas données par des robots? Je ne sais pas quoi dire, car il est étrange de penser comment sera le monde de nos petits-enfants quand nous sommes encore jeunes.”

Sara Gomes, nº 23, 10º LH “Pour moi, la technologie commandera tout. L’ambiance au lycée sera bien plus moderne. Il y aura, par exemple, des escaliers roulants pour que ce soit plus facile et rapide de monter et de des-cendre. Il y aura aussi des agents de police pour pro-téger les élèves. Mais l’enseignement sera toujours le même...”

Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

Page 22: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 22 B A B E L

GIL VICENTE - MY SCHOOL IN THE FUTURE / MON LYCÉE DANS L’AVENIR “In the future I imagine a better school which will

play a very important role in the community. It

will continue to teach the same values that teach-

es today: freedom, equality, respect for human

Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

“Dans le futur, j’espère que ce lycée continue à

fonctionner avec de bons professeurs et des surveil-

lantes gentilles. Car je veux y revenir et affirmer,

avec fierté, que j’ai fréquenté ce lycée.”

Raquel Silva, nº 21, 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]

GIL VICENTE - THE STUDENTS – WHO WE ARE

te diferentes? As escolas são muito aquilo que os alunos

são, isto no fundo é um microcosmos particular, não é igual

à escola aqui mais próxima, esta escola tem condições mui-

to particulares que advêm da população que ela serve.

Há quanto tempo é diretor desta escola?

Desde 2008, mas estas coisas não se devem perpetuar, a

perpetuação das coisas muitas vezes perpetua os nossos

defeitos e as nossas virtudes, a perpetuação não é uma boa

estratégia, devem haver renovações, novas ideias.

Quais são os maiores desafios desta escola, além das bar-

reiras culturais?

Desafios temos vários. Para já temos os desafios desta di-

versidade imensa de alunos e só isso é um desafio enorme.

Depois há assim coisas mais concretas, como por exemplo

no primeiro ciclo não haver as instalações e tecnologias que

a nossa escola tem, com os alunos estrangeiros é complica-

do pois temos poucas ferramentas para aplicar e os alunos

com necessidades especiais são uma população que ainda

tem um peso grande. A ausência de funcionários também é

um dos grandes problemas que enfrentamos, o que depois

também afeta o funcionamento normal da instalação esco-

lar. Serão sempre aqueles eternos desafios, mas que na

verdade temos que fazer todos os possíveis para os ultra-

passarmos.

Ana Patrícia Fernandes, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

O que é que gosta mais nesta escola?

O que é que eu gosto mais? Dos alunos.

Como se costuma dizer os alunos são a base de uma esco-

la.

São a base e a essência da existência da escola, ela existe

pois existem jovens que têm um projecto e que querem dar

asas a esse projecto. É por isso que existe a escola: para

além da questão mais complexa, tem a ver com a organiza-

ção das pessoas em países que se impõem, digamos, às

camadas mais jovens, uma coisa que a gente designa como

ponto de formação. O homem desde que passou, enfim, da

antiguidade para agora, vive em sociedade, e a sociedade

coloca-nos vários desafios e um deles é a da formação, ins-

trução e de educação. Não se aprende só na escola. A esco-

la fundamentalmente deve dar ferramentas aos jovens

para que depois eles possam com elas fazer o seu percurso,

descobrirem coisas que se calhar nunca lhes tinham passa-

do pela cabeça, aprender, isto é, enriquecer o seu conheci-

mento e desenvolver competências. Um dos grandes pa-

péis da escola passa muito pelas aquisições da formação

social, da socialização das pessoas, pois nós temos que

aprender a viver em sociedade. Ora, numa escola com, ima-

ginem, 1100 alunos, há 1100 pessoas diferentes. A varieda-

de é sempre enriquecedora: imaginem que vocês tinham

todos os mesmos interesses, as mesmas características, no

ponto de vista da formação não era enriquecedor. E depois

aparece isto dos professores, não é? O que é que fazem os

professores? Os professores são mais do que pessoas que

vão “acordar” os próprios alunos dos seus interesses, as

suas próprias capacidades, orientá-los, dar-lhes algumas

ferramentas, alguns saberes. Tudo se desenvolve aqui.

Quantas das vezes milhares de jovens entram aqui com

uma expectativa, aqui são abanados de várias maneiras e

depois quando saem daqui já querem coisas completamen-

E n t r e v i s t a a o D r . J o ã o C o r t e s , D i r e t o r d o A g r u p a m e n t o d e E s c o l a s G i l V i c e n t e

No âmbito das comemorações do centenário da Escola Gil Vicente, o Diretor do Agrupamento concedeu, amavelmente,

uma entrevista às alunas Ana Patrícia Ferreira e Sara Gomes da turma LH do 10º ano.

Page 23: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 23 B A B E L

GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE T h I s I s o u r c l a s s

Chemistry or Mathematics: they belong to the Science

course. Our classes compete a lot: will the “C (Science) vs.

LH (Humanities)” ever end?

Here we are! This is our class!

Class 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

We are Portuguese students from a Languages and Hu-

manities course, tenth grade. We are twenty five: seven-

teen girls and eight boys. Some of us come from different

countries, like India, Brazil, Cap Vert and Guinea-Bissau.

Five different continents in our classroom: Europe, Africa

America and Asia. We are aged between fifteen and seven-

teen years old. We even have a set of twins in our class!

We’re all unique in our way: quiet and loud, tall and

short, pale- skinned and dark-skinned, blue-eyed and

brown-eyed, freckled, with braces, straight or afro-haired.

But there’s one thing in common: we all dream. One of us

wants to be a most famous DJ in the world, others want to

become cellists or writers, and there’s even a girl who

wants to be a housewife when she grows up.

We study English, French, History, Geography, Philoso-

phy and Physical Education. We don’t have subjects like

We are Portuguese students, aged between 16 and 18 .

Our school is named Gil Vicente (after the great Portu-

guese playwright). We attend a Science course, 11th grade.

We have to study Math, Biology, Geology, Chemistry, Phys-

ics, English, Portuguese and Philosophy.

We are twenty-eight students, five of us came from Ne-

pal and India. They can’t speak Portuguese yet but they are

learning! They must be very determined.

We are a fun and smart group of students. However, we

differ quite a lot! Some prefer math, others would rather

spend the day questioning the sense of life or…the latest

video games!

Class 11º C

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

Page 24: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 24 B A B E L

GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE T h I s I s o u r c l a s s

sonalities, some of us are very quiet and some are very talk-

ative, some are shy and others are very extroverted, basi-

cally we’re all very different. We are also a multicultural

class, some of us are from different countries like Mozam-

bique, Brazil, India and Russia.

Class 11º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

We are a 11grade class, 23 students, only 7 boys and 16

girls between 16 and 18 years old. Languages and Humani-

ties is our course and we have 7 subjects: Portuguese, Eng-

lish, Geography, History, Math, Philosophy and Physical

Education.

We get along pretty well although we have different per-

WHAT MAKES A GOOD SCHOOL? I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein

A good school gives you a good learning environment. What I want to say is that a school, to be good, needs to allow students to feel free to learn and to be themselves. A good school is a place where we feel safe and secure.

Andreia Silva, nº 3, 10º LH

A good school is an organized school, which is concerned with its community. It should have a good library, good sports facilities and good equipment. A good school pro-motes human rights values.

Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH

A good school is a school free of racism or religious dis-crimination and where the students have pleasure in learn-ing. A good school has teachers that make the students love what they teach and take pleasure in learning.

Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

A good school has music during the breaks, offers extra-curricular activities. In a good school the student associa-tion keeps their promises.

Marta Alves, nº 18, 10º LH

A good school should have a good staff, new technolo-gies, music during the breaks and these should be longer…

Lara Costa, nº 15, 10º LH

A good school must teach the students how to learn. It must stimulate our natural curiosity and create the love for knowledge inside everyone of us. A good school must have enough staff and modern technologies. It must teach im-portant values: equality, knowledge and help students achieve success.

Sara Gomes, nº 23, 10º LH

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

Page 25: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 25 B A B E L

WHAT MAKES A GOOD SCHOOL? I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein

People are the most important. Students, teachers, as-sistants, all the staff are what makes a good school. The relationships between the members are very important. A smile is very important.

André Santos, nº 5, 11º C [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

A good school provides a good integration in the world of work and stimulates our creativity and imagination. In a good school the students feel happy and they are not ashamed of their mistakes.

Vasth Graça, nº 20, 10º VAS [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented

young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures. This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared

speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition.

knowledge lingers on passing through generations, and it

grows more consistent, more refined with every man. Yes,

humanity is old, white-bearded, and wise.

As I’ve said, to be ignorant of the past is to remain a child.

To be ignorant of the others such as us, that came before us

is to remain a child. I assure you that we would do the same

mistakes, only to fall in the same holes as they did, not going

further into this adventure we all long for.

Neo Darwinism taught me one important thing; we

matter not as one, but as a whole. We, whether you like it

or not, are just hollow recipients made to carry this strange

gift of life that was passed on, from generation to genera-

tion, for eras on end. This is important, this gave me a pur-

pose! I want to learn as swiftly as I breathe, gather all the

knowledge I can possibly keep in my mind, to carry a part of

the human legacy, to have a part of all the human history on

my shoulders as you all do.

Children do not know their obligations, and that is ok,

because they will learn them. In this very same way, a per-

son that does not understand the minds and feelings and

discoveries of those who came before him, is destined to

remain nothing but a child, because he will never rise up to

the challenge before him. What challenge? To carry on that

knowledge, add something, anything to it, and pass it on…

I’m sixteen years old. I can only dream about the discov-

eries and sapience that lies ahead along my path, but I can

sleep safe and sound at night knowing that I know enough

history; I know enough lives lived to understand and cherish

our collective future.

José Gustavo Duarte Ferreira, nº 13, 11º C

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

Here is the speech delivered by José Gustavo Duarte Fer-

reira.

The Unity that Comes from Knowledge

To be ignorant of the past is to remain a child. To be igno-

rant of the others like us, that came before us is to remain a

child, for we will do the same mistakes, only to fall in the

same holes as they did, not going further into this adventure

we all longed for.

I do not want to say, think of all those uninspiring, mo-

notonous ideas that people often say about knowledge. My

knowledge, is nothing but a mere sparkle of stardust, on a

vivid planet that orbits endlessly around a fire coated sphere

in this immense galaxy. I can only see as far as where the

horizon is, I can only express myself with the small amount

of words I know, judge within the limits of my ideals. What

would a tinny, ever wandering sparkle of stardust make of

the immense universe around it? It would do nothing but to

imagine other sparkles floating in the vast darkness we all

reside in. I know nothing of this world, and I gasp for air eve-

ry time I understand how fantastic it is.

We humans are really amazing! Think about this: the un-

ending diversity of creatures that exist in this world is aston-

ishing. Reptiles, fish and birds, all dwell in these Great

Plains, deep oceans, and calm blue skies. There are millions

of species, some as small as ants, some as giant as whales,

and despite all this, we humans came to be, we managed to

rule the lands with an iron fist, paving roads, building sky

scrapers. Why? Lions are faster than us. Wolf fangs are

sharper than any of our gazes, and still we endure, because

we’ve grown, because we are intelligent, because our

Page 26: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 26 B A B E L

TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented

young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures. This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared

speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition.

in pointless conflicts, and keep drawing blood, while ignorant of its consequences and of what it did in the past. Will this always be a part of our history, or will we recognize our igno-rance and stop it? Since our country was mentioned, it would be good to use it as a clear example of the human ignorance. In the beginning of the twentieth century, we got rid of the monar-chy, because our society was in shambles. We decided that Portugal would be a republic. Our country remained a mess, due to inefficiency of our presidents. During almost fifty years, we lived under a dictatorship. It didn’t solve anything, it just made everything worse. Now, in the twenty-first cen-tury, we should ask: are we any better? In a way, yes, but it seems we haven’t learnt anything from the past. Instead of getting better, our country seems to be on the bottom of a pit. There are many other examples in which we can testify the ignorance of our ways. We ignore the past, because we think it won’t happen again. But is this correct? It isn’t. Looking away from the past just means making the same mistakes, again and again. How can we grow up if we don’t recognize our errors? In conclusion, if we are ignorant of the past, we are doomed to commit the same mistakes that once broke our society into pieces. And by doing that, we’ll never learn how to solve the problems of our world.

Miguel Graça, nº 20, 10º C

[Supervisão: Dr.ª Isabel Sequeira]

Here is the speech delivered by Miguel Graça.

The Ignorance of Our Ways What is ignorance? Sophocles said once that “ignorance is generally the sister of evil”. What he meant with this is that being ignorant is the door from which our wicked ways prevail. He lived in the fifth century before Christ; yet, today, in 2015, in the twenty-first century, it’s as true as it was when he lived. As humans, we are volatile, self-destructive beings, who already made too many mistakes in the past. Those errors deeply influenced our society. We can find many examples of this in our history. The first one is deep within the economic world, the sphere that makes our world move. In 1929, this pillar of society suffered a blow with the Great Depression. People’s greed for money, for investments in the stock market, led to their own collapse. The creation of new laws for the control of the economy solved the problem. Yet, the next generation, that did not live to see the misery caused by the Great De-pression, craved for power. They revoked the same laws that once saved the economic world. There’s a phrase in the Jewish texts that says “the insatiable greed is one of the sad events that rush to the self-destruction of man.” That same greed led again to a crash in stock market, in 2008, due to the ignorance of the new generations. The second example is tied to the social and political world. In the last century, we fought in two world wars, and that radically changed our society. We vowed to never com-mit the same horrors, to keep the peace among people. There goes the famous saying: “Make love, not war”. How-ever, we are in 2015, and this motto seems to have pro-duced no results. Since the Second World War, we had the Cold War – that could have put us back in a state of chaos – the Portuguese Colonial War, the war in Vietnam, and in more recent days, the war in Ukraine. People keep fighting

My name is Vasth Graça, I´m 18 years old and live in Lisbon.

I am involved in the project Aproximar. I started when I was sixteen. We work with children in

need.

The aim of our project is to make children aware of the importance of values that we are losing

nowadays:

friendship, collaboration, sharing and humbleness. We play games, we talk and listen to the chil-

dren.

I believe we make a difference in these children’s lives.

Vasth Graça , nº 20, 10º VAS | [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

M E E T A Y O U N G V O L U N T E E R

Page 27: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

WE CARE ABOUT HUMAN RIGHTS - 10º VAS

B A B E L Página 27 B A B E L

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

Page 28: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 28 B A B E L

PROVERBS AND SAYINGS - 10º VAS STOP DOMESTIC VIOLENCE

LET’S CHANGE MENTALITIES

Quanto mais me bates mais gosto de ti The more you hit me, the more I love you love

http://www.freewoodpost.com/2012/03/12/santorum-reaches-out-to-women-

with-know-your-place-campaign/

Entre marido e mulher não metas a co-lher

Never get between a man and his wife

There is always a way out

Mais vale só do que mal acompanhado

It is better to be alone than in bad

Longe de vista longe do coração

Out of sight, out of mind

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

A V I S I T T O O U R S C H O O L tures, make new friends and, of course, get a good oppor-

tunity to use the English language.

In the morning, at 9.00, our head teacher welcomed thir-

ty-eight Dutch students and three teachers with a warm

speech in José Saramago library, the old one which con-

tains a valuable book collection.

On the 14April 2015, Titus Brandsma lyceum, a school

from Oss, the Netherlands, visited Escola Gil Vicente. We

got in contact through the eTwinning project European

Schools in a Global World. As our school is celebrating its

100thanniversary,the aim of the project is to present our

school, share its history, learn about other schools in Eu-

rope, differences and similarities, learn about other cul-

Page 29: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 29 B A B E L

A V I S I T T O O U R S C H O O L try and they showed us a video about their school. The

Dutch students sang a popular song!

At 12.30 we had lunch in the school canteen. On that day

the food tasted better than usual. After lunch, the Portu-

guese teachers offered some gifts to the Dutch students

and teachers.

At 2.30p.m.we started our walk through the historic

neighbourhoods. We visited Graça and Alfama, Castelo and

Mouraria (we have strong bonds with our neighbour-

hoods); we ended our visit at Praça do Comércio, Lisbon

downtown. We talked about our culture, Fado, the popular

parades (Marchas Populares) and our history. We walked

through medieval lanes, alleys and from different view-

points we admired the magnificent view of the city. When

we said goodbye, we promised to keep in contact. The

Dutch students and teachers told us how much they had

enjoyed the visit. It was possible thanks to the collaboration

of everyone! We felt proud of our school, our city and our

cultural identity.

In the end, all of us were tired but very happy. Every-

body had collaborated; we shared our culture, learned bout

new things and, the most important, we have made new

friends!

10º LH - Group work

[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]

The Dutch teacher thanked and offered a gift to our

school. Then we started our visit. The teachers involved in

the project and six students representing their classes guid-

ed the Dutch group.

First we went to the laboratories. In the Biology lab, we

watched the students doing an experiment. Then we

showed the sports facilities. After that, we visited the li-

brary/resource centre and we saw the exhibition about the

school´s patron, Gil Vicente, the most important Portu-

guese playwright, his works and epoch. The teacher who is

in charge of the library guided us and gave us all the infor-

mation we needed. After a short break, we went to visit

the museum centre where we could see antique scientific

instruments, maps and other objects. The teacher in charge

of the museum guided us; the same happened to the exhi-

bition about the history of our school along the corridor on

3rd floor.

The Portuguese students from classes 10LH, 11C,LH,GI

and the Dutch students joined together in the amphithea-

tre to get to know each other better, exchange experiences

and learn more about each other’s culture and life. We

asked questions about common stereotypes associated

with the Dutch. It was great fun! We showed them a Pow-

erPoint presentation made by the students about our coun-

Visiting the library

In the Biology lab

The Dutch and the Portuguese students

A short break after lunch

A magnificent view from Portas do Sol viewpoint: This is our city!

Page 30: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 30 B A B E L

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O A - M O D A L I D A D E 2

ções com os outros, que de outra maneira talvez ficassem para

sempre estranhos e desconhecidos.

Mais calmo, Bernardo e os seus companheiros começaram o

ensaio daquela tarde. Ensaiaram, então, o “Auto da Feira” de Gil

Vicente, uma crítica à sociedade renascentista, aos seus valores

mercantilistas e consumistas, o palco onde tudo se podia trocar,

até o bem, a paz e a verdade. Coincidência ou a realidade do pre-

sente?

– “Muitos... presumem saber

as operações dos ...céus,

e ...que morte hão de ...morrer,

e o que há de aconte....cer aos anjos e a Deus.”

Declamou Bernardo, ainda nervoso e a gaguejar, no papel de

Deus do Comércio, Mercúrio.

– Um chá de camomila fazia-te bem – sugeriu finalmente Fran-

cisco – Para acabar de vez com esse nervosismo.

E assim foi. Bernardo acabou por vestir a “máscara”. À noite,

continuava nervoso, era certo, mas tinha ganhado coragem e en-

trou no palco a sentir-se confiante:

– Olá a todos! – disse — Eu sou o Bernardo e eu e os meus

companheiros vamos apresentar o “Auto da Feira” de Gil Vicente.

Deu-se início ao espetáculo:

– “Muitos presumem saber

as operações dos céus,

e que morte hão de morrer,

e o que há de acontecer aos anjos e a Deus.”

Bernardo parecia feliz. Ou, pelo menos, um dos seus “eus” esta-

va certamente feliz - a peça que estreara tinha corrido bem.

Na manhã seguinte, ao ler o jornal “A Gazeta da Cidade” como

sempre fazia, ficou empolgado com a notícia de primeira página.

Lia-se:

“Melhor êxito de bilheteira, melhor espetáculo de 2015: “Auto

da Feira” de Gil Vicente interpretado por Bernardo... ”.

Estava em choque, quase que desmaiava: o contentamento e a

vaidade que sentia eram imensos. Saiu sem escovar os dentes,

tinha muita pressa para encontrar os amigos.

– Leram o jornal? – perguntou-lhes eufórico – Estamos na pri-

meira página!

– Sim, sim. Mas agora de volta ao palco, temos ensaio à nossa

espera. É que as “máscaras”, para serem eficazes, dão muito traba-

lho – avisou Pedro, sempre naquele seu estilo terra-a-terra.

Todos desataram a rir, bem dispostos e orgulhosos do sucesso.

– Vamos lá! – disse Bernardo. É que ele bem sabia o trabalho

que tinha pela frente. Sabia que não podia ficar nervoso a cada

novo papel. Que podia contar enfim com as suas “máscaras”, com

os seus “eus”.

David Peeters, nº 5, 6º 6ª [Revisão: Dr. Rui Pinto]

O Nervoso das Máscaras

Nascia um dia de sol lindo na cidade. Bernardo tinha acabado de

acordar. Estava agora a tomar o pequeno-almoço enquanto lia o

jornal, entretido.

Depois do duche, vestiu-se e correu feliz em direção à sua outra

casa, sempre de portas abertas a quem quisesse entrar, o Teatro.

Era ali, de facto, que Bernardo se sentia em casa, o teatro era a sua

vida. Enquanto ator, tinha já representado vários papéis e usado

inúmeras “máscaras” para compor as suas personagens. Ainda as-

sim, sempre que estreava um novo papel não podia deixar de ficar

nervoso, como se fosse uma nova pele que tinha de vestir, provo-

cando-lhe comichão por todo o corpo. E comichão sobretudo na

cabeça que ficava a pensar pensamentos sem fim, de tal forma que

certas noites nem conseguia dormir.

Ao chegar, cumprimentou André, João, Pedro e Francisco, seus

companheiros naquele e no Grande Palco da Vida.

– Olá, Bernardo – disse João – Estás pronto para a atuação desta

noite?

– Nem por isso – respondeu – Estou muito nervoso.

– Posso ajudar-te? – perguntou André – É que eu sei como: basta

pensares que a peça de hoje é como a própria vida, por vezes uma

tragédia, por vezes uma comédia. Não interpretarás o papel de

“filho” e nem o de “amigo”. Hoje serás “Mercúrio”, para os Roma-

nos o Deus do Comércio, da Venda e do Lucro. Serás o ator princi-

pal.

– Eu sei – disse Bernardo acanhado – é por isso que me sinto tão

mal. Estou realmente nervoso com este novo papel.

– Ora, ora! Todos nós, diariamente e consoante os contextos,

interpretamos diferentes “papeis”, até mesmo os de “comprador” e

“vendedor” – continuou Pedro desdramatizando o nervoso do ami-

go – Gil Vicente sabia-o bem, por isso escreveu o “Auto da Feira”,

para demonstrar que tudo se compra e tudo se vende.

– Sim – disse Bernardo hesitante – tudo se compra, tudo se ven-

de... Mas, não correremos o risco de, usando todas essas máscaras,

deixarmos de ser nós próprios?

– Penso que não – respondeu o amigo – se usares as tuas

“máscaras” na altura certa não cairás no ridículo nem na mentira.

Serás tu próprio e não uma farsa. Não podes é esquecer-te que so-

mos sempre atores, estamos sempre a entrar e a sair de cena. No

fundo, é possível que tenhamos vários “eus”.

– Estás a dizer, portanto, que o meu “eu” só estará completo na

companhia dos seus “eus” – concluiu Bernardo meio a brincar meio

a sério.

– Sim, para concluir, penso que é isso!

Os amigos riram-se com gosto, afinal, todos tínhamos vários

“eus”. E ainda bem que os temos. Pois são esses “eus” que encena-

mos, que nos permitem encontrar a coragem e a confiança quando

estas nos faltam. São esses “eus”, que nos levam a estabelecer rela-

Page 31: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

para ser sincera, a confusão tomou conta de mim. Não espera-

va de todo que ele me fosse contar a história da sua vida, mas

decidi não intervir, e permanecer calada. O seu olhar, que se

encontrava pousado sobre o álbum, acabou por viajar até ao

meu, o que me fez de imediato esboçar um breve sorriso.

- Mais um dia de trabalho. Estava cansado, mesmo cansado.

Ansioso por chegar a casa, mas o meu pai tinha-me pedido para

ir fazer uma última entrega do dia e, por alguma razão, eu acei-

tei. De bicicleta, fui até à morada que me tinha sido indicada,

com a caixa que continha pequenos quadros, e quando cheguei,

pensei que estava enganado. - Uma gargalhada, algo raro no

meu avô, escapou-se-lhe e, por momentos, pude sentir o seu

entusiasmo ao contar tudo aquilo. - A casa era enorme, um

autêntico palácio. Um carro, considerado absolutamente luxuo-

so para a altura, estava estacionado no enorme jardim. Um lago

e uma casa de madeira pertenciam também àquela proprieda-

de e confesso que antes de sair da bicicleta, verifiquei a morada

que tinha sido apontada num papel. Achava estranho terem

encomendado algo ao meu pai, quer dizer, afinal de contas,

tudo o que ele fazia, eram simples quadros e havia pintores

muito melhores, que estariam dispostos a trabalhar para al-

guém assim. Queria despachar-me, então acabei por pousar a

bicicleta no chão, pegando antes na caixa que se encontrava

um pouco mais pesada do que parecia ser. Subi as pequenas

escadas, acabando então por chegar ao alpendre da casa. Não

tive sequer tempo de tocar à campainha, porque, quando es-

tendi a minha mão para o fazer, uma rapariga abriu com algu-

ma dificuldade a pesada porta, deixando assim que um agradá-

vel cheiro a comida preenchesse o ar. Era carne assada, se não

me engano, pelo menos cheirava a isso. Vários risos de pelo

menos quatro raparigas podiam ser ouvidos naquela altura,

mas apenas uma se encontrava à minha frente, a tua avó. - A

minha respiração prendeu-se por pequenos momentos ao ouvir

aquela palavra. Avó. Nunca a conheci e nunca ninguém me ti-

nha explicado o que acontecera, algo que sinceramente me

irritava. Sabia apenas que ela tinha falecido anos antes do meu

nascimento, mas mesmo assim, não sabia ao certo quantos. O

meu olhar cruzou-se com o do meu avô e as nossas expressões

rapidamente se alteraram. Ele sabia que este assunto me deixa-

va meio que irritada, porque sempre que perguntava algo sobre

ela, ignoravam-me.

- Continua, avô. Agora sim, não podes mesmo parar.

- Era muito mais baixa do que eu. Cabelo loiro, não muito

A Encomenda

- Avô, avô!! - A minha voz soou pelo jardim enquanto as mi-

nhas pernas se deslocavam o mais rápido que conseguiam até ao

banco onde ele se encontrava sentado. Era véspera de Natal e o

meu entusiasmo era óbvio, visto que no dia seguinte, ou seja, dia

vinte e cinco de dezembro, seria também a minha data de ani-

versário. Todos os anos acontecia a mesma coisa. A família reu-

nia-se toda na antiga casa - que tinha sido construída na cidade

de Potsdam pelos meus trisavós e que servia de lar ao meu avô

desde que este nascera - para festejarmos o Natal e também o

meu aniversário. Estava prestes a fazer quinze anos e, no ano

anterior, o meu avô tinha-me prometido que, quando os fizesse,

me contava uma história. Sendo curiosa como sou, mesmo já

tendo passado trezentos e sessenta e quatro dias, a promessa

que o meu avô me tinha feito não tinha sido esquecida e, por

isso, estava agora a sentar-me ao seu lado, depois de lhe dar um

abraço bem apertado, matando assim as saudades, para ouvir a

tão esperada história. Depois de finalmente me instalar, pude

reparar que ao colo do meu avô estava um álbum ou, pelo me-

nos, algo que se parecia com isso. Antes que pudesse dizer algo

mais, o meu avô olhou rapidamente para mim com um sorriso

nos lábios.

- Sei que a tua vontade é pegar neste álbum e pedires-me

que comece a contar a história, mas devo dizer que só no final

poderás ver as fotos que este álbum contém, está bem? - A sua

gasta, no entanto bonita voz, soou no seu típico tom baixo. O

meu avô era uma pessoa bastante calma e acho que era por isso

que gostava tanto de estar com ele. Todo o resto da minha famí-

lia passava a vida a falar, num volume que eu sempre considera-

ra alto demais. Era como se o silêncio fosse uma espécie de ame-

aça para eles, e, com o meu avô, nada disto acontecia. Podíamos

simplesmente estar horas um ao lado do outro, calados, que

nunca nos sentiríamos desconfortáveis ou sozinhos. Pessoas

capazes de fazer isto sempre me agradaram bastante e não havia

pessoa no mundo que eu estimasse mais do que o meu avô. De-

pois de deixar que uma pequena gargalhada escapasse pelos

meus lábios, assenti levemente, esperando então que o meu avô

começasse a falar.

- Outono de mil novecentos e trinta e oito, não te sei precisar

o dia, tinha eu os meus dezoito anos. Mais uma, que eu pensava

ser simples e fria tarde em Potsdam, mas que acabou por se

tornar o começo da minha vida como homem que sou hoje. -

Foram estas as primeiras palavras que o meu avô pronunciou e,

B A B E L Página 31 B A B E L

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O C - M O D A L I D A D E 1

Page 32: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 32 B A B E L

- Campos de concentração? - Interroguei, meio baralhada. -

Mas não eram só os judeus que iam para lá?

O silêncio do meu avô fez-me chegar finalmente à conclusão

de que ele era judeu. Bastava um simples olhar para perceber

que ele estava a afirmá-lo de forma silenciosa. Sabia muito bem

o que eram campos de concentração. Eu e o meu pai gostáva-

mos de falar de história e ele sempre me explicou as coisas de

forma aberta, para que eu entendesse. Sinceramente, pensar

que o meu avô poderia ter ido para lá foi algo que me deixou

completamente arrepiada. Nunca percebi o objetivo de Hitler,

quer dizer, perceber, até percebo, mas na minha cabeça, a mal-

dade é algo que não vale a pena. O facto de um homem conse-

guir matar tantas pessoas apenas pela sua escolha religiosa não

me é aceitável.

- Bem, acabei por receber a carta de recrutamento para

combater. Lembro-me que o meu primeiro pensamento foi

"como vou contar isto a Elizabeth?" - Elizabeth. O meu avô pro-

nunciou pela primeira vez o nome da minha avó, que até hoje

nunca soube qual era, até este momento. Tinha vontade de

interromper e começar a expressar o meu ponto de vista, algo

que gosto de fazer, ou então dizer que gostava realmente de a

ter conhecido, ou dizer também que o seu nome era um dos

meus favoritos, mas, ainda assim, a minha curiosidade sobre o

que iria acontecer a seguir impediu-me de o fazer.

- Não contei. Decidi deixar uma carta e arrependo-me disso

até hoje, mas não sei até que ponto não terá sido melhor, de-

testo despedidas. - Comecei a notar o olhar do meu avô a tor-

nar-se mais triste, o que me incomodou, mas quando a história

acabasse, fazia planos de fazer chocolate quente, uma das nos-

sas bebidas de eleição, que sabia que o animava sempre.

- Na noite anterior à minha partida, estive com ela até tarde

e todas as semanas trocávamos cartas um com o outro, en-

quanto eu combatia.

Não sei realmente como me aguentei naquele momento.

Apetecia-me gritar, gritar até ficar sem voz. A vida consegue ser

mesmo má. O meu avô na guerra e a minha avó sozinha a levar

com críticas dos seus pais a toda a hora. Que fantástico, melhor

não podia ficar. Aproximadamente cinco anos depois, a guerra

acabou. O meu avô voltou para casa e tudo voltou a ficar bem,

ou pelo menos eu assim pensei.

- Reencontrámo-nos. Ela estava igual, maravilhosa como

sempre, no entanto, as suas expressões não eram realmente as

melhores. Os pais tinham-na ameaçado que, se ela não deixas-

longo, mas também não muito curto, elegante e bonita. Muito

bonita, na verdade. Nenhum de nós disse uma única palavra

durante o que pareceu ser uma eternidade. Os risos do que eu

suponha serem as suas amigas continuavam a preencher aquele

constrangedor silêncio que se fazia entre nós, até que eu decidi

quebrá-lo. Trocámos poucas palavras e entrei para pousar a cai-

xa onde ela me indicou. Voltámos depois para a porta e acabei

por sair. Desejámos boa noite e, não sei como, consegui convidá-

la para sair comigo. Ela aceitou. A rapariga que vivia rodeada por

luxo aceitou sair com um simples rapaz que fazias as entregas do

pai. - Os meus ouvidos prestavam a máxima atenção a cada pala-

vra que o meu avô pronunciava, enquanto na minha mente, to-

dos aqueles cenários eram montados na perfeição. Era difícil

para mim conseguir criar uma imagem da minha avó, porque

nunca a conheci e até hoje só tinha visto uma foto sua. No en-

tanto, ela já era mais velha e as suas feições não eram as mes-

mas da sua juventude.

Não sei quanto tempo se passou, mas quando menos esperá-

vamos, o meu pai veio chamar-nos para irmos jantar e, por isso,

tivemos de fazer uma pausa. Durante o jantar, a minha mente

viajava pelos vários cenários de todas as aventuras que o meu

avô me tinha contado. O encontro no dia seguinte, as confusões

que a família da minha avó criou por ela andar com um "rapaz

pobre", o pedido de namoro que o meu avô lhe fez numa tarde

fria de inverno, os almoços divertidos, os dias e as noites que

eles passavam juntos e muitas outras coisas. Eu tinha a perfeita

noção de que a parte má, ou, pelo menos, a não tão agradável,

ainda estava por vir. Estava a sentir-me meio ridícula, mas a his-

tória deixava-me ansiosa. É como quando estamos a ver um fil-

me e queremos que duas pessoas fiquem juntas e que corra tu-

do bem, mas, tal como sabemos, isso não vai acontecer, porque

nem nos filmes é assim, muito menos na vida real. Depois do

jantar, que pareceu demorar uma eternidade, eu e o meu avô

fomos para a sala e sentámo-nos os dois num pequeno sofá. Na

minha mão encontrava-se o álbum que o meu avô me tinha ago-

ra dado para eu ver as fotos que eles tiraram juntos. Enquanto

eu passava as várias páginas, o meu avô continuava a contar

tudo o que aconteceu, até chegar finalmente ao ano de mil no-

vecentos e trinta e nove.

- Sabia que brevemente seria chamado. O país tinha entrado

em guerra e eu estava na idade perfeita para ir combater, por-

que essa era também a única forma que eu tinha de fugir aos

campos de concentração.

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O C - M O D A L I D A D E 1

Page 33: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 33 B A B E L

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O C - M O D A L I D A D E 1

da, só queria tentar absorver todas aquelas palavras que ti-

nham sido ditas de forma demasiado rápida. Ouvi a minha mãe

a gritar da cozinha que faltavam dez minutos para a meia-noite

e sabia que brevemente o sossego iria acabar, porque começa-

riam todos a cantar os parabéns e a abrir as prendas. Limitei-

me a soltar um suspiro bem pesado acabando de ver o álbum,

pousando-o sobre uma pequena mesa que se encontrava no

meio da sala.

- Ainda bem que contaste tudo de forma rápida, porque não

me apetecia nada chorar dez minutos antes de fazer anos –

disse, olhando para o meu avô, gargalhando levemente.

- Agora já sabes quem foi a tua avó. Quando a maluqueira

passar, bebemos os dois um chocolate quente com marshmal-

lows, está bem? - Ele sussurrou como se de um segredo se tra-

tasse.

- Nem precisavas de perguntar. É óbvio que está mais do

que bem! - respondi também baixo, vendo depois todo o resto

da família a entrar na sala. O típico cheesecake foi pousado em

cima da mesa, as luzes apagadas e a tão conhecida canção foi

cantada por todos ali presentes. Quando tudo já estava mais

calmo, fui fazer o chocolate quente, ficando na cozinha a beber

com o meu avô aquele líquido com sabor a chocolate.

- Avô? - Murmurei, meio receosa sobre se perguntava ou

não o que pretendia.

- Sim, Anne? – Respondeu ele, limpando a boca ao guarda-

napo, enquanto me encarava.

- Como conseguiste ultrapassar tudo isto? - Dei levemente

de ombros, mastigando um marshmallow, tentando parecer

descontraída.

- Acho que ao longo dos anos me fui mentalizando que a

vida é um palco de teatro que não admite ensaios1, querida. -

Respondeu, acabando de beber o seu chocolate quente.

E foi assim. Foi assim que terminou toda aquela história,

que, no meio de muitas outras, se calhar não significa nada.

Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª

[Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

1 Charlie Chaplin

se de estar comigo, eles iriam embora da Alemanha. Bem, como

é óbvio, nenhum de nós cedeu à ameaça que eles tanto pensa-

vam que iria resultar. Dei-lhe uma semana para fazer a mala e

arrecadar a maior quantidade de dinheiro que conseguisse. Dia

sete de junho de mil novecentos e quarenta e cinco, partimos

para Berlim. Arrendámos um apartamento, arranjámos trabalho

e reconstruímos a nossa vida.

- Finalmente algo bom, depois de todo esse tempo! - Não

resisti em dizer, animada com o facto de perceber que tudo esta-

va a melhorar.

- Não deites foguetes antes da festa, Anne. - Disse-me ele,

mostrando-me o seu sorriso, que eu considerava como algo qua-

se sábio. - A situação económica da Alemanha estava um caos e

eu fiquei desempregado. Passámos dificuldades e vivemos assim

até eu arranjar trabalho. Até lá vivemos do ordenado da tua avó

e de algum dinheiro que eu arranjava a consertar eletrodomésti-

cos e carros.

O meu avô fez uma pausa, respirou fundo várias vezes como

se possuísse dentro de si um enorme peso que necessitava de

expulsar ou controlar, para que este não desabasse e o aleijasse.

Nunca fui boa com atos, sempre preferi as palavras e sei que "os

atos contam mais do que as palavras", mas para mim, as pala-

vras são a única forma de eu demonstrar o quanto amo uma

pessoa ou exprimir os meus sentimentos. Sou péssima a dar e a

receber carinhos, nunca sei como reagir, e nunca sei o que fazer,

mas naquele momento não tinha lápis nem folha, e, por isso, a

única maneira que me veio à cabeça de demonstrar ao meu avô

que eu estava ali para ele foi agarrar-lhe na mão e sorrir-lhe de

forma bem carinhosa, para que aquele peso dentro de si, de

algum jeito, não pesasse tanto. Estivemos alguns minutos assim

e à medida que ele ia ficando mais calmo, eu ia largando a sua

mão.

- Em mil novecentos e quarenta e sete, a tua avó engravidou

e teve o teu pai. Foram os anos mais felizes e estáveis da nossa

vida. Dez anos depois foi-lhe diagnosticado cancro e não quero

estar com rodeios. Faleceu quando o teu pai tinha dez anos, e

agora aqui estamos nós.

Eu não queria chorar, não queria sorrir, não queria dizer na-

Page 34: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 34 B A B E L

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O C - M O D A L I D A D E 2

trar na sua sala. – Sim, no intervalo, encontramo-nos junto ao

bar. – A Ana falou alto à medida que caminhava pelo enorme

corredor, atrás do Filipe. Acenei-lhes de volta e bati levemente

à porta da sala 5, a sala onde iria ter a disciplina de Português. –

Entre. – A voz fina da professora ecoou e eu pude abrir final-

mente a porta, revelando então a minha turma nova. Desculpei

-me pelo atraso, uma das coisas que era habitual fazer, e entrei,

dirigindo-me ao meu lugar. Assim que me sentei, retirei os ma-

teriais necessários para a aula. Aproveitei então para olhar em

redor, observar cada cara nova. Cheguei a esta escola há menos

de um mês e ainda não tive a coragem de falar com qualquer

um deles. Nem mesmo com a chata da minha colega do lado,

que não para de falar ‘sozinha’. Acho que ela ainda não perce-

beu que não sou muito de conversas. Bom, espero que perce-

ba, caso contrário, terei de pedir à DT para mudar de lugar. –

Será que me podias emprestar o teu caderno para passar al-

guns apontamentos? – Ela quebrou o silêncio. Confesso que já

estava a demorar. – Claro, toma. – sussurrei, passando-lhe o

meu caderno, sem nunca desviar a minha atenção da professo-

ra, que apontava algo no seu bloco de notas. Fez-se novamente

silêncio na sala. Encostei as minhas costas à cadeira e fitei o

quadro por cerca de dez segundos, os quais devem ter parecido

mais que cinco minutos para a professora, pois só ouvi a sua

chamada de atenção e todos os olhos postos em mim. Pedi

novamente desculpa, desta vez pela minha distração e senti

uma leve cotovelada. – Estás bem? – A voz da miúda irritante

voltou a ouvir-se. Preferi não lhe responder e fingir estar atenta

ao que a professora escrevia no quadro, pois não queria mentir-

lhe em relação à maneira como me sentia hoje. Gostaria de lhe

responder que sim, que realmente estava tudo bem comigo,

mas não estava. Para não a preocupar ou sequer dar-lhe um

motivo para tentar ter uma conversa comigo, preferi não res-

ponder. Permaneci quieta e tentei concentrar-me apenas na

professora e no que esta explicava até ao final da aula. Assim

que tocou, voltei a arrumar as minhas coisas e saí da sala. Tal

como combinado, fui ter com os meus únicos amigos ao bar da

escola.

O tempo passou a correr e neste preciso momento encontro-

-me sentada no autocarro que me irá levar até à paragem perto

de casa. No regresso a casa é costume vir sozinha, pois a Ana e

o Filipe ainda têm aulas e por isso ficam mais tempo na escola.

A esta hora o autocarro vem quase sempre vazio. Quer dizer,

não vem totalmente vazio, pois um senhor já de alguma idade

Breve viagem à memória

‘Como será o dia de hoje?’ – sempre a mesma pergunta, a

pergunta que invadia a minha mente todas as manhãs. E por-

quê? Porque é que eu me dou ao trabalho de me questionar a

mim mesma, em vez de...simplesmente aproveitar e desfrutar do

meu dia? Seria ele bom? Ou talvez mau? Afinal, o que poderá

correr mal? A verdade é que todos temos azares na vida. Mas

quem não começa o dia sem criar uma única expectativa do ‘dia

perfeito’? Sem preocupações, stresses ou qualquer tipo de pro-

blemas?

Hoje acordei sem perceber como me sentia. Não diria que

estou feliz, mas também não me sinto irritada. Talvez…

aborrecida? Hum, não parece. A verdade é que cada dia que

passa tem sido uma verdadeira tristeza. É como se, todos os dias,

cada pessoa, ao levantar-se da sua cama logo pela manhã, colo-

casse uma ‘máscara’ diferente, dependendo de como se sente

no próprio dia. No meu caso, não vejo mais nenhuma máscara

para além da ‘famosa’ máscara da tristeza. Bom, talvez todas as

outras máscaras estejam presentes, mas a verdade é que apenas

consigo esticar o meu braço e apanhar aquela.

‘Mais um dia.’ – pensei assim que me levantei da cama. Custa

tanto ter de acordar cedo, sair do quente da cama e preparar-

mo-nos para a escola, principalmente quando sabemos que tere-

mos de ‘aturar’ gente que não queremos e que, cada dia que

passa, só teremos mais e mais com que nos preocupar. Enfim,

sempre a mesma rotina. Preparo-me para a escola e sigo o meu

caminho em direção à paragem do autocarro onde apanho al-

guns dos meus amigos. – Olá. – murmuro assim que chego perto

deles. É habitual cumprimentá-los com um ‘olá’, pois evito utili-

zar o típico ‘bom dia’, visto que os dias não começam da melhor

forma. – Bom dia. – eles quase que respondem em coro. Esboço

um pequeno sorriso e acabo por me sentar num dos lugares

vazios daquele autocarro. – Vamos chegar atrasados se este au-

tocarro não andar mais depressa. – ouvi o rapaz impaciente di-

zer, enquanto permanecia com o seu olhar fixo no relógio que

trazia no pulso. Olhei para a Ana, a namorada do tal rapaz, cujo

nome era Filipe. Vi-a revirar os olhos umas quantas vezes cada

vez que ouvia os resmungos do seu namorado, ao qual acabava

por esboçar um largo sorriso. Saímos apressadamente do auto-

carro assim que este parou em frente à paragem que se situava a

menos de dois minutos da escola. Demos uma pequena corrida

até à escola, onde entrámos, e seguimos até às respectivas salas.

– Bom, vemo-nos depois então! – O Filipe acenou antes de en-

Page 35: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

B A B E L Página 35 B A B E L

CONCURSO L ITERÁRIO

FAZEDORES DE HISTÓRIAS T E X T O V E N C E D O R | E S C A L Ã O C - M O D A L I D A D E 2

levantar-te e sentar-te quando te apetecer porque as tuas per-

nas não vão permitir tal coisa. Não vais poder ouvir música alta

porque os teus ouvidos não aguentam, ou até mesmo passar

horas a olhar para um desses aparelhos. – Ele apontou para o

telemóvel que se encontrava na minha mão.

Baixei discretamente a cabeça e esbocei um pequeno sorri-

so. – Tenho de sair na próxima paragem, com licença. – Levan-

tei-me lentamente e passei pelo senhor, desejando-lhe um res-

to de boa tarde. – Obrigado, igualmente, jovem. – ouvi-o mur-

murar num tom quase impercetível.

Vários pensamentos invadiram a minha mente assim que me

despedi dele. Desci do autocarro e em alguns minutos já me

encontrava em casa. Não tenho bem a certeza se consegui ou

não dormir nessa noite, pois aqueles pensamentos ecoavam na

minha cabeça. Vários meses se passaram e todos os dias avista-

va aquele velho, sentado no mesmo lugar, que quase parecia

que lhe estava reservado. Tornou-se um hábito entrar no auto-

carro e sentar-me num dos lugares do fundo. Encolhia-me no

banco, colocava os fones e olhava pela janela, pois eu achava

que era uma boa maneira de evitar outra conversa com o ho-

mem.

Cerca de dois meses depois, vim a aperceber-me de que algo

faltava naquele autocarro. O senhor não aparecera mais, tal

como eu não precisei de me encolher mais no banco. O que

teria acontecido? Onde estará ele agora? Questionava-me to-

dos os dias. Tinha de me habituar a esta ausência.

Não demorou muito para que eu percebesse que ele não

voltaria. Por estranho que pareça, senti saudades de me tentar

tornar invisível naquele autocarro. Foi então que relembrei

aquilo que me dissera há uns tempos atrás.

Ainda hoje guardo esta lembrança comigo. Sempre que viajo

de autocarro e vejo um idoso, recordo uma lição que alguém

me tentou dar. Gostaria de poder voltar atrás no tempo e retri-

buir a atenção que me foi dada naquela altura. Embora não

tivesse deixado transparecer, aquelas palavras fizeram-me des-

pertar.

Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª

[Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga]

costuma vir sentado do lado da janela, num dos bancos ao pé da

porta de saída do autocarro. Por incrível que pareça, ele hoje

não está cá. Entretive-me a ouvir música até duas paragens mais

à frente, quando avistei o tal homem de idade entrar. Tentei não

ligar muito ao facto de ele estar cada vez mais próximo de mim.

Ao início, pensei que fosse uma mera impressão, mas com o

passar do tempo apercebi-me de que este se dirigia a mim – Boa

tarde, posso sentar-me aqui ao teu lado? – O olhar dele encon-

trou o meu por momentos e assenti levemente com a minha

cabeça, retirando de seguida os fones dos meus ouvidos. O se-

nhor sentou-se com alguma dificuldade e por fim deixou escapar

um pequeno suspiro. – Sabes o que eu te digo, filha…? Não des-

perdices a tua vida dessa maneira. – Demorei cerca de cinco

segundos para perceber que o senhor acabara de falar comigo. –

O que quer dizer com isso? – Não me contive, por isso acabei por

lhe perguntar. – Eu sei como te sentes. Frequento este autocarro

todas as tardes e não há um dia em que não te vejo por aqui

sozinha, sempre sozinha. – Senti o olhar dele novamente sobre

mim. – Como sabe que me sinto assim? O senhor apenas me

observa todas as tardes, tal como referiu. Não me conhece, nem

me lembro de alguma vez ter falado consigo. – Desviei a minha

atenção para ele. – Eu sei, tens toda a razão. Eu não quis ser

indelicado contigo, de jeito nenhum. Estou apenas a tentar aju-

dar-te, porque sabes uma coisa? Eu já fui jovem como tu e che-

gando a esta idade percebo as oportunidades que desperdicei. O

ser humano deve aproveitar a vida que tem. E não desperdiçá-la

sozinho ou triste com a vida. – Permaneci calada, sem saber o

que lhe responder. Ele continuou: – Todos os dias acompanho

cada sorriso, cada suspiro, cada lágrima de felicidade ou até

mesmo de dor que cada pessoa que costuma viajar neste auto-

carro carrega ou traz consigo. Nunca vejo ninguém assim como

tu...que raramente sorri, mesmo quando vem acompanhada de

amigos. – Permaneci novamente em silêncio após o ouvir falar.

Apesar de aquele homem não me conhecer, ele estava correto.

- Sabes, talvez passes muito tempo da tua vida assim. No futu-

ro, quando tiveres a minha idade e fores bem velhinha, aí não

vais poder aproveitar tanto a vida como agora. Não vais poder

Page 36: Depatamento Cu icula de Línguas escola gil vicente ...agrupamento.aegv.pt/Babel_Numero12DEF-1.pdf · 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 We cae about human ights Maia do Rosáio

BABEL - Publicação Plurilingue do Departamento Curricular de Línguas - Número 12

FICHA TÉCNICA

CONCEÇÃO | EDIÇÃO | ARRANJO GRÁFICO: Maria João Queiroga

SELEÇÃO DE IMAGENS: Professores que colaboraram neste número

COLABORARAM NESTE NÚMERO:

PROFESSORES - Ana Cristina Tavares, Inácia Pereira, Isabel Sequeira, Manuela Nunes, Maria da Paz Vieira, Maria do Rosário Pinto, Maria João Queiroga, Nuno

Soares, Rui Pinto, Teresa Neto, Zelinda Pontes

ALUNOS - Ana do Mar, Ana Ferreira, Ana Loreti, Ana Patrícia Fernandes, Ana Pereira, André Santos, Andreia Silva, Ângela Correia, Anna Muninhas, Bárbara

Alves, Bárbara Santos, Beatriz Cardoso, Beatriz Carvalho, Beatriz Loureiro, Beatriz Pinho, Bruna Machado, Bruno Dionísio, Carlota Cardoso, Carolina Anacleto,

Catarina Grilo, Cátia Magalhães, Cláudia Esteves, Daniel Fonseca, Daniela Coelho, Daniela Santos, David Peeters, David Santos, Débora Fonseca, Dejina Gurung,

Diogo Santos, Dullier Correia, Fábio Évora, Fatou Fall, Filipa Cortez, Francisco Lucas, Gonçalo Cardoso, Henrique Sousa, Inês Fidalgo, Inês Tavares, Jaskaran

Singh, Jéssica Cordeiro, João Carita, João Simões, João Soares, José Gustavo Duarte Ferreira, Laís Borges, Lara Cândido, Lara Costa, Laura Marcelino, Luís Carva-

lho, Madalena Estefani, Madalena Pinto, Márcia Veiga, Maria Ferreira, Maria Helena Correia, Maria Mafalda Sousa, Marina Costa, Marizette Ribeiro, Marta

Alves, Melissa Silva, Miguel Graça, Muhammad Majid, Nadilene Rocha, Neuza Amaral, Nuno Carvalho, Patrícia Afonso, Patrícia Sequeira, Pedro Cerqueira,

Rafael Alves, Raquel Silva, Rasmi Ranabhat, Rita Moreira, Rodrigo Carvalho, Salomé Gonçalves, Sara Alves, Sara Cruz, Sara Ferreira, Sara Gomes, Sofia Salvador,

Soraia Pinto, Tatiana Almeida, Tatiana Araújo, Tiago Santos, Vasco Bizarro, Vasco Ferreira, Vasth Graça, Willian Souza, e alunos das turmas 10º VAS, 10º LH, 11º

C , 11º LH

TIRAGEM A PRETO E BRANCO (FOTOCÓPIA): 20 exemplares PREÇO: 1 € TIRAGEM A CORES: 14 exemplares PREÇO: 5 €

PROPRIEDADE: Escola Gil Vicente | Agrupamento de Escolas Gil Vicente Rua da Verónica, 37 - 1170-384 LISBOA Tel. 21 886 00 41

Fax: 21 886 88 80 E - mail: [email protected] Web: http://www.esec-gil-vicente.rcts.pt

A correção linguística e a revisão dos textos produzidos pelos alunos são da inteira responsabilidade dos respetivos professores.

Página 36 B A B E L

Fonte: google.imagens