depois da tempestade - maya banks (talionis)

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Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 1 Maya Banks Depois da Tempestade KGI 8 Kelly Group Internacional (KGI): Um negócio de super soldados de elite, ultra secreto. Qualificações: alta inteligência, corpo forte, formação militar. Missão: Resgate de vítimas de sequestro/reféns. Coleta de informações. Executar trabalhos que o governo americano não pode... Ao longo dos anos, Donovan Kelly lutou incansavelmente por justiça. Mulheres e crianças sempre tiveram um lugar especial em seu coração. Trabalhando lado a lado com seus irmãos, Donovan testemunhou em primeira mão o quanto isso custava — fisicamente, mentalmente e emocionalmente — para seus entes queridos, e para as vidas inocentes apanhadas no fogo cruzado. O que ele nunca esperou é que sua próxima missão acontecesse bem na grama de sua casa ou que essa missão tomasse um rumo muito pessoal. O pitoresco Lago Kentucky é o lugar perfeito para uma alma em busca de um porto seguro. Uma bela estranha chegou — desesperada, ofegante e fugindo de um passado obscuro que perseguia a ela e aos irmãos mais novos que ela jurou proteger. Donovan agora deve recorrer a todos os recursos à sua disposição, se ele quiser salvar a mulher e as crianças que poderão ser o seu destino.

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Maya Banks

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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 1

Maya Banks

Depois da Tempestade KGI 8

Kelly Group Internacional (KGI): Um negócio de super soldados de elite, ultra secreto.

Qualificações: alta inteligência, corpo forte, formação militar. Missão: Resgate de vítimas de sequestro/reféns. Coleta de informações. Executar trabalhos que o

governo americano não pode...

Ao longo dos anos, Donovan Kelly lutou incansavelmente por justiça. Mulheres e crianças sempre tiveram um lugar especial em seu coração. Trabalhando lado a lado com seus irmãos, Donovan

testemunhou em primeira mão o quanto isso custava — fisicamente, mentalmente e emocionalmente — para seus entes queridos, e para as vidas inocentes apanhadas no fogo

cruzado. O que ele nunca esperou é que sua próxima missão acontecesse bem na grama de sua casa ou que essa missão tomasse um rumo muito pessoal.

O pitoresco Lago Kentucky é o lugar perfeito para uma alma em busca de um porto seguro. Uma bela estranha chegou — desesperada, ofegante e fugindo de um passado obscuro que perseguia a

ela e aos irmãos mais novos que ela jurou proteger. Donovan agora deve recorrer a todos os recursos à sua disposição, se ele quiser salvar a mulher e as crianças que poderão ser o seu destino.

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Traduzido e Revisado do Inglês

Envio do arquivo e Formatação: Δίκη Revisão Inicial:

Val – Capítulo 01 ao Capítulo 19 Kimie – Do capítulo 20 ao Epílogo

Revisão Final:

Kimie – Capítulo 01 ao Capítulo 19 Val – Do capítulo 20 ao Epílogo

Capa: Élica Talionis

Para todos que esperaram pacientemente que a história de Donovan fosse contada. Espero que tenha sido tudo o que vocês esperavam, e que a espera tenha valido a pena.

Maya Banks

Comentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das Revisoras

Comentário da Revisora Kimie: A tão esperada estória do Donovan. Ele que sempre teve um

fraco por mulheres e crianças com problemas, agora se vê diante de um caso que tem tudo isso, uma mulher e duas crianças fugindo de algo que as aterroriza e provoca em Donovan o desejo de ajudar e algo mais que vai mudar sua vida completamente. Ele encontra o que seus irmãos já encontraram, uma família, um amor... Rusty tem um papel importante nesta estória e sua relação com Sean mostra alguma evolução. A família Kelly está aumentando, novos bebês estão a caminho...

Comentário da Revisora Val: Essa estória foi diferente, foi mais família. Foi mais suave na

ação, embora mais tensa no tema. Ela se passou quase que completamente no complexo e não

houve grandes confrontos. A parte mais violenta aconteceu inesperadamente envolvendo um

personagem improvável.

O livro não é sobre sexo, embora também tenha seus momentos sensuais. Ele é

principalmente sobre o amor entre a família, até onde cada pessoa iria por amor, o que cada

pessoa faria para proteger quem ela ama. Eu já considerava a KGI uma família linda, mas a Eve e os irmãos dela são mais lindos ainda.

Ela é procurada pela polícia por tirar os irmãos das garras de um pai abusivo. E eles são eternamente gratos a ela por isso. Eles se cuidam, se protegem e se amam tanto que é impossível não se comover. A Eve largou faculdade e uma vida confortável para fugir com eles, por que o padrasto é muito influente e nem a polícia acredita que ele seja capaz de espancar a esposa e

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abusar da filha de 4 anos. O Travis tem apenas 15 anos, mas é tão protetor, tão disposto a fazer o que é certo, tão grato a sua irmã, por ter desistido de uma vida segura longe de um monstro, para viver fugindo e se arriscando ao cuidar deles, que se torna um personagem admirável e responsável, apesar de ser tão jovem. E a Cammie, ahh a Cammie é uma princesinha linda e apaixonante. Eu me encantei pela menininha de 4 aninhos, doce, meiga, vulnerável e tão apegada a seu irmão e irmã. Todas as vezes que ela aparecia eu sentia uma vontade imensa de que ela fosse real para que eu pudesse pegá-la no colo e a consolar. Eu conheci um lado do Donovan ainda não mostrado nos livros anteriores. Um anseio em ter sua própria família, em se estabilizar e ter o que seus irmãos já têm.

Todos os integrantes da família Kelly aparecem muito e vemos um desenvolvimento intenso na vida de cada um. A Rusty é parte da estória, ela se identifica com os problemas de Travis, principalmente por que ele tem a mesma idade que ela tinha quando conheceu Marlene Kelly e ela mudou sua vida. Devido a isso, ela faz tudo para ajuda-los, e mostra que se transformou em uma mulher compassiva e leal. É muito bom ler sobre o quanto ela amadureceu e o quanto o convívio com os Kellys fez bem a ela. E sua estória já começa a se desenvolver e parece que será muito terna.

Eu acho que a Maya só pecou na correria com que tudo aconteceu. Acho que o plano de resgate dessa vez foi fraquíssimo, mas isso não atrapalhou a beleza da estória, o fato de que uma família unida e afetuosa é comovente.

Dessa vez, quero dedicar o trabalho de minha revisão a Christina Cruz por que foi ela quem indicou essa série no grupo, e me instigou a ler e revisar as estórias que até hoje me emocionam. Obrigada pela indicação e por sempre retribuir com uma opinião tão positiva a respeito de meu trabalho.

Capítulo 1

Rusty suspirou e perguntou-se novamente se tinha feito a coisa certa ao contratar o garoto

em tempo parcial. Eles não precisavam de ajuda na loja. Frank se mantinha ocupado, apesar das

objeções da família sobre exagerar depois de seu ataque cardíaco alguns anos antes. Rusty

ajudava quando estava de férias da faculdade, e havia número suficiente de Kellys dispostos a

largar tudo e ajudar a qualquer momento que eles fossem necessários.

E, no entanto... Ela não foi capaz de recusar o garoto. Talvez fosse o desespero silencioso em

seus olhos. Era um olhar e um sentimento com os quais estava bem familiarizada.

— Mas, pela graça de Deus, — e dos Kellys — não estou mais, — ela murmurou, um meio

sorriso levantando seus lábios.

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Havia pouca dúvida de que ela ainda estaria em um trailer caindo aos pedaços, vivendo com

sua merda de padrasto, com uma mão na frente e outra atrás, se Marlene Kelly não tivesse

tomado Rusty e a colocado em sua casa. Oh, ela não estaria ainda com o padrasto. Ela teria fugido.

Eventualmente. E provavelmente estaria nas ruas em algum lugar. Prostituindo-se para sobreviver.

Um arrepio tomou conta dela enquanto memórias a longo tempo reprimidas rastejavam

para a superfície. Memórias dolorosas e humilhantes. Marlene Kelly era uma santa. Um anjo entre

os anjos. Rusty agradecia a Deus por ela e Frank todos os dias.

Por causa deles, ela estava na universidade. Ela se formaria no período de um ano! Com um

diploma! Ela tinha uma vida. Perspectivas! Todas as coisas que nunca imaginou ter. Mas a melhor

parte de tudo isso?

Ela tinha uma família. Uma enorme família honesta e bondosa, leal, ferozmente amorosa.

Ela era uma Kelly. Marlene e Frank até mesmo contrataram um advogado para que Rusty pudesse

mudar seu nome legalmente. Ela reemitiu uma nova certidão de nascimento e cartão do seguro

social e tudo mais. Rusty Kelly.

Oh, seu primeiro nome soava brega e horrível com o sobrenome Kelly. Mas, antes, ela tinha

um nome perfeitamente normal e mundano, Barnes, antes de mudá-lo legalmente. Marlene

queria adotá-la, mesmo que Rusty já fosse legalmente adulta. Ela não queria nada que fizesse

Rusty ter a sensação de que ela não era verdadeiramente uma parte do clã Kelly.

Mas não era necessário. Só de saber que era amada e aceita por todos os Kellys, inclusive

pelos irmãos fodões, ranzinzas e super protetores, era suficiente para Rusty. Poder ir para a escola

e ser conhecida como Rusty Kelly ainda a confundia, e, às vezes, lembrar-se disso a pegava

desprevenida e ela beirava precariamente às lágrimas. E ela jurara nunca mais chorar. Ela deixou

aquela vida para trás. Toda a dor e constrangimento que viveu durante os primeiros quinze anos

de sua existência.

Isso se acabou no momento em que a ternura de Marlene envolveu-a no manto do nome

Kelly.

Rusty suspirou enquanto olhava para o corredor em direção a Travis Hanson — se é que esse

era mesmo seu nome verdadeiro — e perguntou-se novamente no que ela tinha se metido.

Ele era da mesma idade que Rusty tinha quando ela arrombou a casa dos Kelly querendo

nada mais do que algo para comer. Ele tinha a mesma escuridão nos olhos. A mesma tristeza. Mas

o pior de tudo... O medo.

Como se sentisse seu escrutínio, Travis olhou para cima de onde ele estava estocando as

prateleiras, e seu mal-estar foi registrado. O pobre garoto era absolutamente inepto em impedir

que suas emoções fossem transmitidas em todo o rosto. Isso demonstrava que ele não tinha

experiência, e o que quer que fosse que o trouxera para esta loja e colocara o medo em seus olhos

era recente.

— Tem alguma coisa errada? — Ele perguntou em voz baixa.

Ele poderia ter quinze anos — foi o que ele disse a ela, mas aparentava ser muito mais velho.

Ele era muito mais alto do que a maioria dos meninos de quinze anos. Musculoso. Encorpado. Não

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era tão desengonçado como tantos outros meninos de sua idade. Ele envelheceu rapidamente.

Cresceu. Era velho para sua idade.

Era algo que Rusty definitivamente poderia perceber porque ela foi forçada a crescer

quando tinha apenas dez anos. Por falar nisso, quando ela verdadeiramente foi criança?

— Nada, — Rusty disse alegremente, esperando que não estivesse sendo tão óbvia quanto o

garoto sobre suas desconfianças. — Estava pensando que depois de terminar aquela prateleira

poderíamos almoçar. Há uma lanchonete apenas algumas portas abaixo. Está com fome?

O arregalar instantâneo de seus olhos lhe disse que ele estava realmente com fome.

Perguntou-se quando teria sido sua última boa refeição. Mas não queria perguntar por que ele

provavelmente fugiria.

— Eu, uh, deixei a minha carteira em casa, — ele gaguejou. — Mas eu posso pagá-la

amanhã. Quer dizer, se você quiser que eu vá com você.

Rusty fez uma careta. Frank não abria a loja de ferragens aos domingos. Essa era o dia da

igreja e da família. Mas Travis não precisava saber que Frank teria um ataque se qualquer um de

seus funcionários trabalhasse no domingo. Rusty já havia decidido que ela pagaria o garoto de seu

próprio bolso, se fosse preciso.

— Conferimos o estoque aos domingos, — ela disse, esperando que Deus a perdoasse por

essa mentira descarada. — A loja não estará aberta, mas eu definitivamente poderia utilizar sua

ajuda por algumas horas na parte da manhã, se você puder vir.

O alívio lavou os olhos dele e seus ombros caíram.

— Claro. Sem problemas. Posso entrar as oito e ficar o tempo que você precisar de mim.

Rusty correu o risco e olhou a reação dele de perto.

— Sua mãe não se importaria com isso? Quero dizer, a maioria das pessoas por aqui vai à

igreja e passa o domingo com a família. Eu odiaria perder um bom funcionário porque sua mãe

ficou chateada por que você trabalhou.

A expressão dele tornou-se tensa, os olhos impassíveis, mas eles piscaram uma vez quando

ele respondeu.

— Eu não tenho mãe. Minha irmã cuida de mim e de minha irmã mais nova. Eu gosto de

ajudar. Eve... Quero dizer ela... Trabalha demais. Ela não vai se importar se eu trabalhar algumas

horas. Nós poderíamos precisar do dinheiro.

Rusty guardou aquele pedaço de informação e rapidamente seguiu em frente. Travis estava

extremamente desconfortável e ela não queria correr o risco de que ele fugisse. Não que ela

soubesse por que se importava com isso. Inferno, provavelmente seria melhor se o garoto não

ficasse muito tempo porque quando Frank descobrisse o que Rusty fizera, ele provavelmente se

perguntaria se ela enlouquecera.

— Ok, então. O que você gostaria de comer? Eles têm um ótimo sanduíche de pão grelhado.

Mas também servem um hambúrguer semelhante ao do McDonalds. Um menino de seu tamanho

provavelmente precisa de proteína.

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Travis sorriu. Apenas um breve sorriso que apagou algumas das sombras em seus olhos. Mas

ele desapareceu com a mesma rapidez, deixando um garoto muito velho para sua idade olhando

para ela.

— Sanduíche do McDonalds?

Ela riu.

— Sim. É uma coisa boa, no entanto. É como meus irmãos chamam um bom hambúrguer

com muita gordura e queijo. Caseiro. Não a porcaria processada que é vendido em restaurantes

fast-food. Por aqui, a comida caseira é uma questão de orgulho. O que você acha de um bom

sanduíche de bacon e queijo? E é o meu deleite. É o mínimo que posso fazer para agradecer por

tirar tanto trabalho dos meus ombros.

— Isso soa muito bom, — ele admitiu. — E obrigado, Rusty. Por tudo. Isso significa muito

para mim e minhas irmãs.

Era tão tentador agarrá-lo e apertar. Abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem. Mas ela resistiu,

porque sabia que quando ela tinha a idade dele, tal atitude iria assustá-la. Rusty demorou muito

tempo para perceber que nem todos no mundo tinham intenção de machucá-la. E que o amor era

incondicional e dado livremente. Sem amarras. Sem repercussões.

Mas seu coração doeu por ele. Ela sabia como era sentir medo. Passar fome. Ter demasiada

responsabilidade sendo tão jovem. Ela agradecia a Deus por Marlene e Frank Kelly. Agradecia a

Deus por todos eles.

— Ei, não se estresse, garoto. Como eu disse, se não fosse você, eu teria que conferir o

estoque. Frank insiste em fazer isso, apesar de tudo. Ele teve um ataque cardíaco há alguns anos e

sua esposa fica atrás dele para que ele se esforce menos. Mas ele é teimoso como uma mula do

Missouri, e por isso, tentamos nos certificar que ele não exagere. Você está me fazendo um

grande favor.

Ele sorriu e em seguida, voltou para retirar as ferramentas da caixa que estava no chão,

cuidadosamente organizando-as em seus respectivos lugares.

Com um suspiro, Rusty virou-se e olhou para o relógio. Frank não deveria aparecer até as

duas. Foi necessária muita discussão da parte dela para convencê-lo de que ela era perfeitamente

capaz de gerenciar a loja até que ele viesse trabalhar das duas às seis. Até lá, ela teria alimentado

o garoto, pagado seu salário e o enviado para casa, e Frank não descobriria. Era o que ela

esperava.

Quando voltou para frente da loja, foi atrás do balcão para pegar sua bolsa. Se fosse cumprir

o horário, ela só sairia mais tarde. Ela não gostava de deixar o garoto, mas a caixa registradora

estava trancada e ela trancaria a porta ao sair e colocaria a plaquinha de fechado. Ela estaria de

volta em um flash.

Depois de telefonar fazendo o pedido dos sanduíches, ela ergueu a bolsa por cima do ombro

e se dirigiu para a porta depois de falar a Travis que estaria de volta em cinco minutos. Quase

colidiu com um corpo masculino no caminho para fora e parou, mal conseguindo reprimir a

maldição que subiu aos seus lábios. Marlene estava sempre tentando torná-la uma dama.

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Mas quando viu quem quase a atropelou, prontamente se arrependeu de ter reprimido o

palavrão.

Sean Cameron ficou na frente dela, o olhar se estreitando enquanto a olhava.

— O que foi agora, Sean? — Ela perguntou, exasperada. O policial sempre a pressionava da

maneira errada.

— Quem é o novo funcionário? — Sean exigiu saber — Frank não disse nada sobre a

contratação de alguém novo.

Rusty suspirou. Não havia nada de novo sobre Sean respirando no seu pescoço. A vida em

uma pequena cidade definitivamente tinha suas desvantagens. O garoto não estava aqui nem há

duas horas e o super policial já estava aqui para vê-lo.

— Eu não sabia que você tinha um segundo emprego como gerente de RH de Frank, — disse

ela secamente.

A carranca dele se aprofundou. Não que isso fosse algo novo para ela. Sean vivia a

desaprovando. Era como se ele só estivesse esperando que ela estragasse tudo para que ele

pudesse colocá-la para fora da cidade e fora da vida dos Kellys.

— Pare com isso, Rusty.

Ela fez uma careta para ele, sua paciência estalando.

— Sério, Sean? Você não pode ser um pouco mais original, com seus insultos? Nós nos

conhecemos há quanto tempo agora? Cinco anos? E, no entanto, essa é a sua resposta padrão a

qualquer momento que estamos perto um do outro. "Pare com isso, Rusty."

Ela balançou a cabeça.

— Agora, se me der licença, tenho o almoço para pegar e depois tenho trabalho a fazer.

Tenho certeza de que você tem algo mais importante para fazer do que ficar espiando sobre meu

ombro a cada minuto do dia.

Sean fez uma careta em resposta.

— Quem é o garoto, Rusty?

— Se você quer me interrogar, então terá que vir comigo pegar o almoço para mim e "o

garoto", como você chamou-o. — Ela se referia a ele como o garoto também, mas não tão

pejorativamente como Sean dissera.

E, em seguida, outro pensamento lhe ocorreu. Um que a fez trancar a porta enquanto

empurrava Sean ao passar pela porta. Ela virou a chave, garantindo que ele não iria entrar,

enquanto ela estivesse fora, e então se virou, dedo para cima enquanto o apontava para Sean.

— E você fique longe do garoto. Entendeu? Ele não é da sua conta. Você não falará com ele

e certamente não o interrogará. Eu posso aguentar a sua encheção de saco. Deus sabe que eu lido

com isso há anos. Mas deixe-o em paz ou juro por Deus que vou tornar sua vida miserável.

Os olhos de Sean piscaram, e por um momento ela pensou ter visto arrependimento real.

— Qual é a história dele? — Sean perguntou calmamente.

Rusty decolou na direção da lanchonete, sabendo que Sean iria acompanhá-la. Ele era

teimoso demais para simplesmente deixar as coisas assim. Ele queria ouvir a história de vida do

garoto antes de recuar.

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— Ele é um garoto que precisa desesperadamente de um emprego e de dinheiro, — disse

ela, enquanto caminhavam pela calçada.

— E deixe-me adivinhar. Frank não sabe que você o contratou, — disse Sean.

Rusty assentiu. Sean praguejou ao seu lado.

Rusty parou na porta da loja de sanduíche e olhou fixamente para Sean. Ela sempre se sentiu

inferior ao lado dele, mas, na verdade, a força latente de sua desaprovação poderia pesar até

mesmo em uma pessoa maior.

— Não, ele não sabe. Ainda, — ela emendou. — Não tenho a intenção de esconder isso dele.

Ao contrário do que você pode pensar, eu amo Frank e Marlene. Eu nunca faria nada para

machucá-los. Ele chegou hoje. Está com fome e sem dinheiro, e tem irmãs para sustentar. E não se

preocupe, Sean. Estou pagando-o por fora, com o meu próprio dinheiro. Não que seja muito. Mas

acho que alguma coisa vai ser melhor do que nada, e é um trabalho seguro. Pelo menos aqui eu

posso dar uma olhada nele.

Os olhos de Sean suavizaram, e por um momento ele permaneceu em silêncio.

— Olha, Sean, — Rusty disse, odiando como ela parecia suplicante. Como precisava de sua

maldita aprovação. Ela respirou fundo antes de continuar. — Ele sou eu quando eu tinha essa

idade. Ele é o que eu poderia ser se não fosse por Frank e Marlene e o resto dos Kellys. Ele precisa

de ajuda e eu posso ajudá-lo. Assim como ninguém me ajudou, até que os Kellys estiveram

dispostos a fazê-lo. Então recue, certo? Eu sei que o irrita pedir que confie em mim, mas você acha

que consegue afastar o seu desagrado pessoal por mim o suficiente para me dar uma chance

aqui? Eu não sou estúpida. Posso ajudar esse garoto e vou fazê-lo com ou sem a sua bênção.

Algo muito parecido com pesar brilhou no olhar firme de Sean.

— Eu não desgosto de você, — disse ele em voz baixa.

Ela bufou.

— Só tome cuidado — alertou. — Não estou dizendo isso para te chatear, mas droga, Rusty.

Tenha cuidado. O que você sequer sabe sobre ele? Eu não gosto de você ficar sozinha com ele na

loja. E se ele tentar roubá-la? Ou te machucar?

Ela riu.

— O dia que eu não puder me defender de um garoto de quinze anos, é o dia de eu ir para a

minha sepultura. Eu sou resistente, Sean. Eu tive que ser, crescendo do jeito que cresci. Nos

últimos anos, convivendo com os Kellys, posso ter amolecido, mas ainda estou por minha conta na

faculdade, e acredite em mim quando digo que a faculdade não é uma moleza. Eu tenho aulas de

autodefesa. Posso cuidar de mim mesma.

Os olhos de Sean se estreitaram.

— Que diabos isso significa? O que aconteceu na escola? Alguém mexeu com você?

Ela revirou os olhos.

— Nada que eu não possa resolver sozinha.

Ele passou a mão pelo cabelo curto e soltou a respiração.

— Droga, Rusty. Será que a mataria pedir ajuda? Só uma vez?

Ela piscou surpresa.

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— E o que aconteceria se eu o tivesse procurado pedindo ajuda?

— Eu a ajudaria, — disse ele em voz baixa. — Você acha que eu odeio você, mas isso não é

verdade, Rusty, e se você alguma vez realmente baixasse sua guarda perto de mim, perceberia

que eu só quero ter certeza que você está segura.

Ela não tinha ideia do que dizer sobre isso.

— Eu vou embora, — disse Sean. — Mas estarei de olho no garoto. Se você tiver qualquer

problema, me chame. Se você sequer pensar que haverá problemas, me chame. E se precisar de

alguma coisa, me avise. Se o garoto estiver metido em problemas, me avise. Pode haver uma

maneira de ajudá-lo.

Ela estava tão surpresa que não conseguia fazer nada mais do que assentir com a cabeça.

Quando Sean se afastou, ela o olhou, completamente confusa.

Na verdade, ele agiu como se ele... Se importasse.

Capítulo 2

Eve ergueu os olhos do sofá esfarrapado e desgastado onde Cammie finalmente estava

dormindo, deitada no colo de Eve quando Travis entrou pela porta do trailer de um quarto que

alugaram.

— Ela está melhor? — Travis perguntou ansiosamente enquanto caminhava até o sofá.

Eve passou a mão sobre a testa de Cammie, um movimento que repetira várias vezes ao

longo das últimas horas.

— A febre abaixou um pouco, — disse Eve em voz baixa. — Estou tão preocupada. Não

podemos levá-la ao hospital ou até mesmo ao médico. É muito arriscado. Mas não estou

conseguindo fazer a febre abaixar, não importa o que eu faça.

A expressão de Travis escureceu com a mesma preocupação e fadiga que Eve sentia. Então

ele enfiou a mão no bolso e tirou três notas de vinte dólares.

— Eu sei que não é muito, — disse ele. — Mas eu irei amanhã de manhã por algumas horas

também. A senhora que me contratou é muito boa. Ela até me comprou o almoço.

Eve pegou o dinheiro, lágrimas queimando-lhe as pálpebras. Engoliu em seco, determinada a

manter-se forte e não permitir que Travis visse como estava assustada e preocupada. Mas ele

sabia.

— Eu odeio que você tenha que trabalhar! — Ela disse ferozmente. — Assim que Cammie

estiver melhor, eu vou encontrar um trabalho. Prometo.

As narinas de Travis inflaram.

— Não! Cammie precisa de você. Eu vou fazer o que puder. Se eu não conseguir trabalhar

horas suficientes na loja de ferragens, encontrarei outra coisa. Não quero que você se preocupe,

Evie. Eu vou cuidar de nós. Eu juro.

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Eve deu um tapinha no espaço no sofá ao lado dela e, em seguida, passou um braço em

torno de seu irmão mais novo, quando ele se sentou.

— Eu te amo. Nós vamos passar por isso, Trav. Eu prometo. Vamos encontrar uma maneira

de ficar juntos e em segurança.

Ele a abraçou também, segurando e apertando, oferecendo-lhe o conforto que ela lhe

ofereceu.

— Vamos conseguir, Evie. Nunca mais teremos que voltar para aquele bastardo. Eu vou

proteger você e Cammie. Não vou deixá-lo te machucar novamente.

Eve envolveu seu rosto com as mãos em concha, sentindo as leves cerdas do primeiro

crescimento de barba no queixo. Ele era tão jovem. Muito jovem para ser sobrecarregado com

tanta responsabilidade. Ela era quem deveria cuidar de Travis e Cammie. Nunca deveria tê-los

deixado com o pai deles. Foi uma decisão da qual iria se arrepender pelo resto de sua vida, mesmo

que, na época, ela não tivesse outra escolha. Mas graças a Deus, ela conseguiu tirá-los de lá. Antes

que Walt Breckenridge pudesse colocar em prática suas fantasias doentes.

Foi ruim o suficiente que ele tentasse assediar Eve depois que sua mãe morreu, mas quando

ele voltou a atenção para Cammie... A doce e querida Cammie, de somente quatro anos de idade.

Eve estremeceu, o coração doendo, náuseas rolando em seu estômago enquanto imaginava o pai

de Cammie tentando molestá-la.

Ela desejou tê-lo matado. Desejou ter encontrado uma maneira de matá-lo. Teria ido com

prazer para a cadeia pelo resto de sua vida se isso significasse que Cammie e Travis estariam

seguros. Eles tiveram sorte de escapar com vida. Mas Eve não era tola. Walt não iria desistir tão

facilmente.

Ela já era uma mulher procurada. Walt a acusara de sequestro e pintou Eve como uma

pessoa emocionalmente instável que precisava de supervisão constante e tratamento psiquiátrico.

Ninguém acreditaria em Eve. Porque Walt era rico. Ele exercia uma grande quantidade de poder e

influência. Ele tinha conexões de longo alcance que garantiram que conseguisse fugir das

acusações de assassinato. Ele havia conseguido fugir das acusações de assassinato.

Dover, Tennessee, parecia uma vida longe de onde eles fugiram da Costa Oeste. Era uma

cidade pequena e tranquila situada perto do Lago Kentucky. Foi aqui que ela se refugiou depois de

fugir pelos últimos meses. Não tinha intenção de ficar por tanto tempo, mas Cammie estava

doente e precisavam de dinheiro. E um plano. Aonde ir em seguida. O que fazer. Como sobreviver.

Não podia se dar ao luxo de baixar a guarda nem por um minuto. Não importa o quanto aqui

parecia seguro, isolado e fora do caminho, ela não poderia depender de não ser encontrada aqui.

O que significava que precisavam manter-se em movimento.

Isso não era jeito de viver. Não era a vida que queria para seus irmãos. Ela queria o melhor

para eles. Queria que Cammie tivesse todas as coisas que uma garotinha normal de quatro anos

deveria ter. E Travis... Ele precisava estar na escola. Ele se destacava. Tinha boas notas. Era um

atleta nato. Poderia facilmente obter uma bolsa de estudos por conhecimento acadêmico ou

esportivo. Mas isso agora era impossível. Ela não poderia colocá-lo na escola, e não tinha as

ferramentas ou o conhecimento para educá-lo.

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Um dia. Era uma promessa que ela fazia diariamente. Um dia eles teriam uma existência

normal e Travis teria a educação que merecia e Cammie iria crescer como uma criança feliz, segura

por não ter que se preocupar que seu próprio pai abusasse dela.

— Evie, você está bem?

A pergunta preocupada de Travis sacudiu-a de seus pensamentos. Ela olhou para cima para

ver que ele estava olhando-a fixamente. Era óbvio que ele disse alguma coisa antes que ela tivesse

se perdido, afundada tão profundamente em seus pensamentos. Ela forçou um sorriso e acenou

com a cabeça.

— Estou bem, Trav. E o dinheiro vai ajudar. Preciso comprar mais remédios para Cammie e

precisamos de comida. Assim que ela estiver melhor, eu me sentirei mais confortável deixando-a

com você para que eu possa trabalhar. Eu não quero você trabalhando tanto. Você precisa se

expor o mínimo possível.

— É você quem está sendo procurada! — Travis disse ferozmente. — É você quem deve ficar

fora de vista. Eles não iriam me prender. Só iriam tentar me fazer voltar para aquele imbecil. Se

eles a pegarem, você irá para a cadeia. Eu não vou deixar isso acontecer!

Ela sorriu de novo, acariciando a mão sobre o rosto quente e seco de Cammie. Cammie

mexeu um pouco e, em seguida, abriu os olhos turvos e desfocados pela febre.

— Trav? — Ela chamou, sonolenta.

Toda a expressão de Travis se suavizou.

— Estou aqui. Como está se sentindo?

— Melhor agora que você e Evie estão aqui. Eu não gosto quando você vai embora.

Eve e Travis trocaram olhares arrasados. Cammie estava morrendo de medo de ser separada

de Eve e Travis. Partiu o coração de Eve que esta criança tinha tanto a temer na vida. Que alguém

que deveria ter cuidado absolutamente dela a traiu da pior maneira.

— Eu tive que trabalhar, — Travis disse em um tom suave. — Precisamos de dinheiro para

que possamos comprar os medicamentos que a farão sentir-se melhor. E comida! Como é que

uma refeição quente soa para você? Talvez um pouco de sopa?

Cammie torceu o nariz.

— Estou cansada de sopa.

O peito de Eve apertou. Sopa era tudo o que podiam pagar. Eles sobreviviam com alimentos

baratos. Miojo. Sopas em lata. Sanduíche de pão com carne.

— Deixe-me contar a vocês! — Travis disse, inclinando-se sobre Eve para que Cammie

pudesse vê-lo melhor. — Eu irei trabalhar de novo amanhã e tem uma lanchonete realmente

ótima apenas algumas portas abaixo. Se você estiver sentindo-se bem para uma refeição sólida, eu

trarei um hambúrguer para você amanhã. Eles são muito bons. Eu comi um hoje.

O rosto de Cammie se iluminou.

— Parece gostoso. Obrigada, Trav.

— Por nada. Agora eu quero que você descanse para ficar melhor, okay?

Cammie assentiu com a cabeça e fechou os olhos, aconchegando-se mais firmemente no

colo de Eve.

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— Você quer que eu saia para comprar o remédio para ela? — Travis perguntou em voz

baixa.

— Sim. Precisamos de paracetamol e ibuprofeno. Estou alternando entre os dois. E ela

precisa de alguma coisa para a tosse. Talvez um xarope. Traga um genérico. Qualquer um que seja

mais barato. Temos comida suficiente para durar até amanhã. Depois que você voltar do trabalho,

sairei rapidinho para comer alguma coisa enquanto você fica com Cammie. Por enquanto, é só

pegar o remédio na farmácia e voltar logo.

Travis assentiu e, em seguida, apertou a mão de Eve.

— Vai ficar tudo bem, Evie.

Ela apertou de volta, rezando com todo seu coração que ele estivesse certo.

— Eu sei que vai.

Capítulo 3

Donovan Kelly olhou para loja de ferragens de seu pai enquanto passava por ela. Era um

hábito que todos os seus irmãos tinham de dar uma olhada quando estavam na área apenas para

se certificar que tudo estava como deveria ser.

Ele freou fortemente quando viu o jipe de Rusty estacionado em frente à loja. Executando

um rápido retorno, ele voltou e estacionou ao lado do carro dela. Uma placa de fechado estava

para cima, mas a luz estava acesa no interior.

Frank Kelly nunca trabalhava aos domingos. As pessoas que trabalhavam para eles também

não. Por que diabos Rusty estaria aqui? Ela não fora à igreja esta manhã. Não que ele mesmo fosse

muitas vezes. Mas ele deixava sua mãe arrastá-lo quando não estava em missões da KGI e as

coisas estavam tranquilas em casa.

Uma ocorrência muito rara. Havia sempre alguma coisa acontecendo. Mas depois de

completar a última missão, duas semanas antes com a nova equipe composta por Nathan, Joe,

Swanny, Skylar e Zane, — ou Edge, como era chamado quando era lutador de MMA — nada de

novo aconteceu.

A nova equipe estava trabalhando muito bem. Melhor do que Donovan poderia ter

esperado, levando-se em conta o tempo que a equipe havia ficado junta. Com os outros dois

líderes de equipe agora casados, bem domesticados e desfrutando da paternidade, a nova equipe

assumiu o trabalho, enquanto as outras duas realizaram menos missões.

Ele saiu da caminhonete, mas antes que pudesse ir a pé até a porta, Rusty correu ao seu

encontro. Ele franziu o cenho para a expressão dela. Ela parecia... Culpada. E, embora no começo,

ele e seus irmãos tivessem reservas sobre Rusty, ela provou a si mesma desde então. Tornara-se

uma jovem responsável que estava indo bem na faculdade e era extremamente leal a seus pais.

Ela era, na verdade, um membro absoluto da família Kelly.

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— O que aconteceu? — Donovan perguntou, olhando para além da porta que estava

entreaberta. — Meu pai nunca abre aos domingos. Há algum problema? Você precisa de ajuda

com alguma coisa?

Rusty fez uma careta, respirou fundo e, em seguida, olhou na direção da loja de ferragens.

— Olha, podemos conversar um minuto aqui? De preferência, no fim da rua?

As sobrancelhas de Donovan franziram pela nota ansiosa em sua voz.

— Claro.

— Deixe-me avisar Travis, okay?

As sobrancelhas de Donovan dispararam para cima.

— Travis? Quem diabos é Travis? É seu namorado? E se for, o que diabos vocês estão

fazendo na loja do meu pai em um domingo?

Ela suspirou e balançou a cabeça.

— Só me dê um segundo e eu vou explicar.

Antes que ele pudesse argumentar mais, ela correu de volta e desapareceu pela porta da

loja. Alguns segundos depois, ela voltou para fora, fechou a porta atrás de si e, em seguida,

caminhou na direção de Donovan.

Ela fez-lhe sinal em direção à loja de sanduíche de duas portas e ele a seguiu, perguntando o

que diabos ela estava fazendo agora. Eles não tiveram nenhum problema com Rusty desde o

colegial. Ela estava apenas a um ano de se formar na faculdade e não podia imaginá-la estragando

tudo agora.

Ela parou e, em seguida, virou-se, observando a área como se estivesse preocupada que

alguém pudesse ouvir o que estava prestes a dizer.

Ela enfiou as mãos nos bolsos e suspirou novamente.

— Eu ia ligar para Nathan, mas você está aqui agora, então talvez...

Ela parou, hesitando. Fazia sentido que se ela tivesse um problema ela chamaria Nathan. De

todos os irmãos Kelly, ela era mais próxima a ele, porque ele foi quem a aceitou mais facilmente

desde o início. Mas, desde então, ele e todos os seus irmãos deixaram claro que ela era da família

e que eles cuidavam da família. Ela deveria ser capaz de chamar qualquer um deles. Não apenas

Nathan.

— Rusty, se você precisar de ajuda, você pode chamar qualquer um de nós. Você sabe disso,

não é?

Ela assentiu com a cabeça.

— Eu... Eu só não sabia como lidar com isso e Nathan é menos provável de ficar louco

comigo.

— Merda! O que você fez agora?

— Eu não fiz nada! — Ela disse, indignada. — Bem, não exatamente.

— O que significa "não exatamente"? — Ele perguntou secamente.

Ela olhou por cima do ombro de novo e, em seguida, levantou os ombros com resignação.

— Eu meio que contratei alguém para trabalhar em tempo parcial na loja de ferragens.

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— Meio que contratou? Ou você contratou ou não. E por que eu não sei nada sobre isso?

Falei com meu pai mais cedo e tenho certeza que ele teria mencionado. Então, a minha próxima

pergunta é, será que o pai sabe sobre este novo funcionário?

— Não, — ela murmurou. — Eu não cheguei a dizer a ele ainda. Mas não estava planejando

esconder isso dele! Acabei de contratar o garoto ontem. Eu vou pagá-lo do meu próprio bolso, se

Frank não quiser contratá-lo.

Donovan estudou Rusty atentamente.

— Você disse garoto. E parece muito apaixonada por esse garoto. Importa-se de me contar

toda a história?

— Eu ia ligar para Nathan. Eu disse isso. Quero segui-lo depois que ele for para casa.

Donovan piscou.

— Você quer fazer o quê?

— Ele está em algum tipo de problema, Van. Eu posso ver isso. Você não entende. É como

olhar para mim quando eu tinha essa idade. Ele está assustado, com fome e precisa de dinheiro.

Ele disse que não tem pais. Apenas duas irmãs pelas quais ele se sente responsável. É um inferno

de muita responsabilidade para um garoto de quinze anos. Estou preocupada com ele. Eu queria

dar uma olhada em sua família. Certificar-me que ele não está em perigo. Mas não sou estúpida.

Não estava planejando ir sozinha. Iria pedir a Nathan para ir comigo. E agora você está aqui... —

ela terminou sem jeito.

— E você quer que eu siga esse garoto com você para onde ele vive. E depois? Bastará dizer:

“Oh, oi”! Só queria ter certeza que não estavam te acorrentando em um porão?

Ela balançou a cabeça, mas seus ombros tinham relaxado e um sorriso flertou nos cantos de

seus lábios.

— Eu não cheguei tão longe no meu plano ainda. Estava esperando que Nathan tivesse uma

ideia. Eu não posso explicar isso, Van. Estou muito preocupada com esse garoto e eu só o conheci

ontem. Você gostaria dele. Ele é quieto. Muito respeitoso e é, obviamente, protetor com suas

irmãs. Eu só quero ver se há algo que eu possa fazer para ajudar.

O coração de Donovan suavizou com a seriedade em seus olhos e o discurso apaixonado. E o

inferno era que ele tinha uma enorme fraqueza com mulheres e crianças. Especialmente crianças.

Comia seu intestino pensar em um rapaz de quinze anos, vivendo precariamente, trabalhando em

tempo parcial em uma loja de ferragens para sustentar duas irmãs. Onde diabos estavam seus

pais?

— Eu vou com você, — ele finalmente disse. — Mas, Rusty, você vai fazer do meu jeito e vai

ouvir tudo o que eu disser. Entendeu? O que significa que ficará atrás de mim em todos os

momentos, e se eu disser para você se abaixar ou correr, então é melhor você fazer exatamente

isso. Nós não temos nenhuma ideia para que tipo de situação estamos nos encaminhando, então

espero que você preste atenção.

Ela assentiu com a cabeça vigorosamente.

— Há outra coisa, Van. E eu não sei como fazê-lo sem ser intrometida.

— Você? Intrometida? — Ele zombou.

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Ela revirou os olhos, mas riu.

— Okay, sim, eu posso ser intrometida. Mas é por uma boa causa! O garoto está com fome.

E se ele está com fome eu só posso supor que suas irmãs estão tão famintas quanto ele. Comprei-

lhe um hambúrguer para o almoço ontem e ele o devorou em cerca de três mordidas. Então, hoje

eu comprei outro hambúrguer para ele, mas ele não o comeu. Ele não queria que eu soubesse que

não tinha comido. Escondeu-se e o guardou. Meu palpite é que ele o levará para casa para suas

irmãs comerem. E isso me mata, Van. Eu já senti tanta fome assim. Foi por isso que eu invadi a

casa de seus pais. Eu estava morrendo de fome e teria arriscado ser presa apenas para ter algo

para comer. Eu não quero que isso aconteça com esse garoto. Eu quero dar comida a eles. Eu

tenho que fazer alguma coisa. Não posso ficar de braços cruzados, sabendo o que eu sei e vendo o

que vejo e não fazer nada.

Donovan atirou o braço ao redor de seus ombros e puxou-a em seu peito para um abraço.

— Você é uma boa menina, Rusty.

Ela lhe deu uma cotovelada.

— Eu não sou mais uma menina!

Ele riu.

— Não, você não é. Você é uma mocinha agora. Eu me esqueço disso, às vezes. Difícil de

acreditar que tantos anos se passaram desde que você foi adotada no clã Kelly.

— Foram os melhores anos, — ela disse suavemente.

— Okay, então aqui está o que eu proponho. Seguiremos o garoto até a casa dele. Veremos

qual é sua situação. Então, poderemos descobrir como conseguir o que eles precisam. Eu posso

fazer algumas verificações sobre ele e as irmãs.

— Obrigada, Van. Isso significa muito para mim.

— Não tem problema. Só me faça um favor, okay? No futuro, me ligue ou ligue para alguém

antes de tomar uma decisão como esta. Pode ter dado certo dessa vez e o garoto não lhe fez

nenhum mal, mas não há nenhuma garantia que da próxima vez não será diferente. Eu não quero

que você se machuque, Rusty. Você pode sempre me chamar ou qualquer outra pessoa na família.

Ela sorriu.

— Ter tantos irmãos mais velhos é legal, sabe?

Ele revirou os olhos.

— Eu acho que ter irmãos mais velhos é um pé no saco!

— Isso é porque Sam e Garrett são malas sem alças, — ela disse com uma risada.

— É verdade. Okay, a que horas você definiu que o garoto irá sair do serviço? E eu não vejo

um carro então suponho que ele vive perto o suficiente para vir a pé?

— Eu não tenho ideia. Ele não preencheu exatamente um requerimento oficial, então eu

não sei o endereço. E não, ele não tem um carro e ninguém o deixa aqui ou o busca. Não sei quão

longe ele mora, mas definitivamente ele vai para casa caminhando.

— Pode ser difícil segui-lo sem ele saber, se ele estiver a pé, — disse Donovan em dúvida.

Rusty fez uma careta.

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— Sim, ele olha os arredores. É por isso que eu sei que ele está assustado e em algum tipo

de problema. Quero dizer, a maioria das crianças anda distraída. Especialmente em uma cidade

pequena como esta. Andam como se não tivessem nenhuma preocupação no mundo. Esse

garoto? Ele anda como se esperasse que alguém saltasse em cima dele a cada esquina. Ele é muito

cauteloso. Constantemente olhando ao redor.

— Você está observando este garoto bem de perto.

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim. Eu venho tentando descobrir como me aproximar dele. Tenho pensado muito sobre

como fazer isso. Gostaria apenas de pedir-lhe para ser honesto comigo, mas isso iria assustá-lo. Eu

sei como é, já passei por isso. Se alguém tivesse me abordado assim, eu teria ido embora em um

segundo. Eu não confiava em ninguém e imagino que ele também não confie.

— Eu sei que você teve uma vida difícil, — Donovan disse suavemente. — É muito

impressionante que você esteja querendo ajudar este menino.

Suas bochechas ficaram rosa, mas os olhos brilhavam de felicidade pelo elogio.

— Eu preciso voltar para que ele não fique impaciente. Se você pudesse ficar por aqui, eu

planejo deixá-lo trabalhar por mais meia hora. Vou pagá-lo em dinheiro e intencionalmente

entregarei vinte dólares a menos. Ele não vai dizer nada. Eu sei muito bem disso. Ele aceitará o

que eu der e será grato. Mas isso vai nos dar uma desculpa para segui-lo até sua casa. Eu poderei

dizer que o paguei a menos por engano e nós poderemos verificar suas condições de vida.

Donovan deu um sorriso triste.

— Você tem uma mente rápida, garota. Eu juro que poderia assumir a direção da KGI e,

provavelmente, dominar o mundo um dia.

Ela sorriu descaradamente.

— Eu não recusaria um trabalho de nerd da tecnologia com vocês. Então eu poderia brincar

com o Hoss.

Donovan fez uma careta.

— O Hoss é meu. Ninguém toca nele, exceto eu. Além disso, não vou deixar você em

nenhum lugar perto dos nossos computadores. Você os invadiria em trinta segundos.

— Eu não posso fazer nada se as minhas habilidades de tecnologia são superiores às suas, —

ela disse com altivez.

— Oh, meu Deus! — ele murmurou. — Que ego infernal você tem! Eu sou o nerd da família

Kelly, muito obrigado. Um nerd tão gostoso e inteligente que as mulheres são incapazes de

resistir.

Rusty caiu na gargalhada.

— E você fala sobre o meu ego?

Ele sorriu e, em seguida, empurrou-a para a loja de ferragens.

— Vá cuidar do garoto. Eu vou estacionar um quarteirão abaixo e verei quando ele sair. Se

você vier rapidamente para minha caminhonete, podemos segui-lo e ver o que acontece.

— Obrigada, Van. Você é o melhor!

— Espero que você lembre-se disso, — ele disse secamente.

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Ela correu acenando para ele e Donovan voltou para a caminhonete para movê-la mais para

baixo na rua. Não conseguia acreditar que tinha acabado de ser amarrado a esta loucura, mas

também sabia que não podia simplesmente olhar para o outro lado e fingir ignorância. Se esse

garoto realmente estava com problemas e precisava de ajuda, ele não podia ignorar isso. Odiava

pensar em qualquer criança carregando tanta responsabilidade em uma idade tão jovem e, pior,

passando fome.

Suas instituições de caridade eram focadas em ajudar crianças desfavorecidas, crianças

desabrigadas e famintas, e a maior parte de seu apoio financeiro eram destinados a abrigos para

mulheres vítimas de abuso. Ele era cofundador de uma instituição que apoiava e ajudava

financeiramente as mulheres que saíam de relacionamentos abusivos. Sua família sequer sabia

sobre isso. Não que eles se oporiam de alguma forma. Os Kellys como um todo contribuíam muito

financeiramente e aceitavam missões que ajudavam mulheres e crianças, sem receber um centavo

em troca.

Ele só não queria fazer um estardalhaço sobre sua fundação, de modo que a fundou e a

estabeleceu com duas mulheres que supervisionavam as operações do dia a dia e o consultavam

quando encontravam uma mulher que precisava de mais do que apenas ajuda financeira. Nesses

casos, a KGI assumia a missão se fosse para resgatar um menino sequestrado ou para tirar uma

mulher de uma situação insalubre. Eles financiavam sua nova vida e davam-lhe a oportunidade de

começar de novo em um lugar onde elas se sentiriam seguras.

Seus irmãos sabiam de sua fraqueza quando se tratava de aceitar missões que envolviam

crianças ou mulheres, e ficavam mais do que felizes em dar assistência em qualquer forma que

pudessem. Eles não estavam nem aí para o seu ponto fraco, mas eram tão determinados quanto

Donovan em resolver as injustiças contra as vítimas.

Inferno, as esposas Kelly eram sobreviventes e muito corajosas. Seus irmãos eram filhos da

puta de sorte, assim como os líderes de equipe, Rio e Steele. Todos eles conheceram suas

mulheres em situações menos que ideais, mas apaixonaram-se intensa e rapidamente e Donovan

invejava a conexão que tinham com as esposas. Ele queria isso. Um dia. Mas não estava com

pressa. Aconteceria quando tivesse que acontecer. Mas ele queria sua própria família. Uma

esposa. Filhos. Ser parte maior em uma família que fosse só dele.

Por enquanto, interpretava o tio coruja para Charlotte, a filha de seu irmão mais velho, e

para os gêmeos de Ethan. E agora Rio tinha uma filha de treze anos e Steele era o mais novo

orgulhoso papai de uma menina. O mundo estava mudando ao seu redor e ele ainda estava

aparentemente parado. A mesma rotina. O mesmo trabalho. Todos os dias.

Não podia queixar-se de sua vida amorosa. Ele fazia sexo. Mas não estava à procura de

emoções baratas ou transar apenas para colocar as mãos em um traseiro. Ele respeitava as

mulheres demais para ter transas sem sentido de uma noite. Como resultado, seus

relacionamentos eram poucos e distantes entre si, e ele não saía fodendo com incontáveis

mulheres. E estava bem com isso. Quando chegasse o dia em que conheceria a sua mulher, queria

ser capaz de dizer-lhe que ele não tinha sido um homem promíscuo. Queria que ela soubesse que

ela era especial. Quanto a isso, queria que fosse especial para ele também.

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Talvez isso fizesse dele um homem à moda antiga ou puritano. Ele realmente não dava à

mínima. Seus pais o criaram para ser respeitoso, não só com os outros, mas acima de tudo consigo

mesmo. Se ele não conseguia respeitar a si mesmo, como poderia esperar o respeito dos outros?

Quinze minutos depois que desceu a rua, viu o garoto que Rusty contratou saindo da loja de

ferragens. Ela não estava errada. Esse garoto checava seus arredores. Na verdade, ele chamava

mais atenção para si mesmo, porque estava sendo tão cauteloso. Ele caminhava lentamente, com

a cabeça girando de lado a lado e, em seguida, por cima do ombro em uma rotação regular.

Ele era um grande garoto. Alto e musculoso, mas magro. Ele tinha a aparência que disse a

Donovan que estava provavelmente desnutrido. Seu rosto era magro e a expressão era sombria.

Ele pegou velocidade no final do quarteirão enquanto atravessava a rua.

Droga. Se Rusty não se apressasse, iriam perdê-lo.

Quando ele decidiu decolar atrás do garoto sozinho, Rusty se apressou e correu em direção

à caminhonete. Ela deslizou para o banco do passageiro e Donovan recuou.

— Você está certa sobre ele ser cauteloso, — Donovan murmurou enquanto desacelerava

para manter uma distância discreta atrás do garoto. — Ele é muito óbvio sobre isso, no entanto.

Se um policial o vir vão pegá-lo devido ao fato de que parece que ele tem algo a esconder.

Rusty assentiu e fez uma careta.

— Sim, eu sei. Mas eu dificilmente poderei dizer a ele para agir de forma mais casual, sabe?

— Sim. Eu sei.

Eles dirigiram-se lentamente por alguns minutos e Donovan praguejou.

— Inferno, o quão longe esse garoto caminha para ir e voltar do trabalho?

Rusty parecia tão infeliz quanto Donovan.

— Eu não sei, mas já caminhou o que, um quilômetro até agora?

— Quase dois, — Donovan disse severamente.

— Ele está virando na estrada de cascalho à frente, — Rusty disse, inclinando-se no assento.

— Espero que ele não tenha nos visto e esteja querendo nos dispensar.

— Vamos passar por ele como se estivéssemos seguindo em frente e, em seguida, daremos

a volta, — disse Donovan.

Ele acelerou e passaram a estrada que o garoto virou. Olharam e viram o garoto andando, de

costas para a estrada. Donovan subiu uma rua e, em seguida, fez meia-volta e voltou para a

estrada.

— Droga! — Rusty disse quando viraram. — Não estou vendo-o agora!

Donovan acelerou na estrada, levantando poeira atrás deles.

— Olhe! Lá está ele. — Rusty disse, apontando para a direita.

Donovan continuou, passando pelo trailer caindo aos pedaços e fez outra volta. Quando

parou na calçada, se é que poderia chamar o barranco no quintal de calçada — Rusty ficou tensa, a

expressão triste enquanto observava o trailer onde o garoto vivia.

Ele estendeu a mão para apertar a dela.

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— Isto era eu quando tinha a idade dele, — Rusty sussurrou. — Deus, me deixa doente

pensar nele vivendo aqui com duas irmãs. Não é suficientemente grande para uma pessoa, muito

menos três.

Donovan fez uma careta e acenou em concordância.

O pátio estava cheio e necessitando urgentemente de uma limpeza. Mas esse era o menor

dos problemas. Havia uma lona azul sobre uma metade do teto do trailer. Faltava cobertura em

outros lugares. O rodapé estava faltando. Uma janela estava quebrada e um dos degraus que

levava até a porta estava faltando.

O trailer sequer parecia habitável. A coisa já deveria ter sido condenada.

Ele desligou o motor e, em seguida, olhou para Rusty.

— Lembre-se do que eu disse. Você fica atrás de mim até que eu esteja certo de que é

seguro. Eu vou bater e ver o que acontece. Quando e somente quando eu disser que está tudo

bem, você pode contar a sua história de tê-lo pago a menos. Eu quero entrar para poder avaliar a

situação, sozinho.

Rusty assentiu.

— Vamos antes que eles se assustem com a gente, apenas estacionados, aqui assim. Eles

provavelmente estão morrendo de medo, pela forma como o garoto estava agindo.

Donovan abriu a porta e saiu. Ele não estava carregando uma arma, o que era incomum.

Mas ele não contava com a necessidade de uma hoje. Agora desejava que tivesse mantido uma na

caminhonete em todos os momentos.

Fez sinal para Rusty ficar atrás dele enquanto cuidadosamente subiam os degraus frágeis.

Não havia porta de tela e quando ele bateu, a porta balançou como se apenas pouca força

poderia derrubá-la. Inferno, seria brincadeira de criança entrar neste lugar.

Esperou vários segundos antes de, finalmente, a porta abrir uma mínima polegada e ele se

viu olhando para os olhos dourados mais surpreendentes que já viu.

— Posso ajudá-lo? — A mulher perguntou.

Ele ficou momentaneamente sem palavras. Rusty mencionou irmãs. Mas esta era uma

mulher adulta. Não tão velha. Vinte e poucos anos foi o seu palpite.

Mas o que apertou suas vísceras foi que refletido em seus lindos olhos alagados com

reflexos de âmbar e ouro havia um medo gritante.

Capítulo 4

— Meu nome é Donovan Kelly, senhora — Donovan se apressou a dizer, querendo aliviar o

terror nos olhos dela. O medo dela havia colocado nós em seu estômago e tudo o que ele podia

fazer para não entrar intempestivamente, assumir o controle para não exigir saber o que diabos a

estava assustando tanto.

Ele conteve-se por pouco. Mas seu radar estava apitando como um alarme incessante.

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Ela estaria em um relacionamento abusivo? Mas não, Rusty disse que o garoto contou que

só vivia com suas irmãs. Esta mulher estaria abusando do garoto? Seu estômago deu um nó de

novo. Não, não poderia ser isso. O medo nos olhos dela não era de se descoberta — de seu abuso

ou dos outros. Havia algo muito mais escuro do que isso, algo que seu olho foi treinado para pegar

devido aos muitos anos que ele salvou tantas mulheres de situações horríveis.

— O que você quer? — Ela perguntou com uma voz muito suave para ser chamada de

contundente. As palavras dela eram vacilantes, como se ela mal estivesse suportando a vontade

de virar e fugir. Sua mão agarrou o batente da porta em ruínas até que as pontas e os nós dos

dedos estavam esticados e sem uma gota de sangue.

Ele engoliu em seco, porque, que diabos ele deveria dizer sobre isso? Que ele queria saber

que merda a amedrontava? O que ela estava escondendo? Que ele só queria ajudar?

Rusty salvou-o da luta em se decidir, empurrando-se para frente, colocando-se na frente de

Donovan — exatamente o que ele disse a ela para não fazer.

— Desculpe-nos por vir sem avisar, — Rusty disse, mantendo a voz suave e não ameaçadora.

— Mas eu paguei Travis a menos pelo trabalho de hoje. Eu me senti horrível quando percebi isso.

Ele trabalhou duro e tem sido uma benção tê-lo na loja. Eu trouxe o dinheiro para ele.

Havia uma sugestão de alívio que sombreou brevemente os olhos da jovem antes que

apreensão rastejasse para dentro novamente. Quase como se ela tivesse se lembrado de não

acreditar nas aparências. Essas lições eram aprendidas da maneira mais difícil, e Donovan estava

convencido de que essa era de fato uma mulher que aprendeu dura e rapidamente que o mundo

não era um bom lugar.

E então Travis apareceu na porta, quase empurrando a mulher para trás dele enquanto

enfrentava Rusty e Donovan. Ele enviou a Donovan um olhar desconfiado, mas logo mudou seu

foco para Rusty, como se quisesse se apressar e acabar com a coisa toda para que ele e sua irmã

pudessem recuar para trás das portas fechadas.

Mas Rusty não seria colocada de lado. Donovan teve que dar o braço a torcer. Ela era feroz

quando colocava alguma coisa na cabeça.

— Podemos entrar? — Rusty perguntou. — Não vai demorar mais que um minuto. Além do

dinheiro que lhe devo, percebi que não tinha discutido seu horário de trabalho além deste fim de

semana, e eu gostaria que você trabalhasse algumas horas todos os dias, se estiver interessado. Se

pudéssemos entrar e conversar alguns minutos, então poderíamos resolver tudo e pararíamos de

incomodá-los.

Ela sorriu quando disse isso, quase enganando Donovan com a inocência de seu pedido.

Travis entrou em pânico, com um olhar de cervo em frente aos faróis enquanto olhava por

cima do ombro e depois voltava o olhar para Rusty e, finalmente, enfrentando Donovan

cautelosamente.

Rusty deu um passo para frente, mesmo que o garoto estivesse, obviamente, torturado pela

indecisão, como se ela estivesse confiante de que o seu pedido normal, seria atendido. Ela já

estava entrando antes que Donovan pudesse agarrá-la. Droga, eles não tinham ideia do que havia

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dentro daquela casa ou porque os ocupantes estavam com tanto medo. Ele não queria que Rusty

— ou ele — fossem apanhados no meio de uma situação perigosa.

Travis deu um passo atrás e enviou um olhar de desculpas para o interior. Para a irmã?

Alguém mais?

Mas Donovan não lhe deu a chance de mudar de ideia. Ele seguiu em frente, mantendo-se

nos calcanhares de Rusty, caso precisasse empurrá-la para baixo rapidamente e cobri-la.

A primeira coisa que ele viu foi uma criança muito jovem — uma menina — amontoada em

um sofá esfarrapado e cheio de buracos, uma caixa de viagem da lanchonete da rua da loja de

ferragens pousada no colo.

Sua boca estava manchada de ketchup e maionese e as mãos cheias do hambúrguer que

Travis deve ter levado para casa. Aquele que Rusty comprou para ele e disse a Donovan que Travis

não queria que ela soubesse que ele não comeu. Agora ambos sabiam por quê. Ele trouxe para

casa, para sua irmã, apenas um bebê, porque ela estava provavelmente morrendo de fome.

Donovan foi tomado pela raiva quando seu olhar varreu a sala, se é que poderia chamá-la

assim. Eles estavam vivendo na miséria absoluta. Não que o interior estivesse bagunçado ou mal

cuidado, como se fossem vagabundos que descartavam lixo ou comida no chão. Na verdade, o que

havia era limpo e bem ordenado. Mas a condição do trailer era deplorável.

Em pelo menos quatro lugares no chão, onde ele podia ver, havia tigelas de plástico,

presumivelmente para pegar vazamentos no teto caindo aos pedaços. Tinha chovido duas noites

antes. Ele se encolheu ao imaginá-los vivendo aqui. Sem proteção contra os elementos.

Foi então que também percebeu como o interior era quente. Quente, abafado. Sem ar-

condicionado. As janelas, tal como eram, as que não estavam quebradas, estavam escancaradas

para permitir que o ar flutuasse para dentro.

Levou cada grama de controle e treinamento para manter sua expressão impassível e não

deixar libertar toda a força de sua reação ao que era jogado em seu rosto.

— Existe um problema...? — A irmã mais velha começou, a voz suave, mas misturada com

medo e hesitação.

No minuto em que Rusty tinha invadido a casa, Donovan atrás dela, a irmã mais velha de

Travis imediatamente foi para o sofá, colocando-se entre a menina, — ela não poderia ter mais do

que três ou quatro anos — e Rusty e Donovan.

Embora tentasse parecer calma e equilibrada, era óbvio que ela estava preparada para lutar

ou fugir a qualquer momento. Como se tivesse muita experiência em... Ambos.

— Não há nenhum problema, — Rusty disse alegremente. — Como eu disse a Travis, eu

queria entregar o dinheiro que acidentalmente paguei errado pelas horas que ele trabalhou hoje,

mas também queria verificar com ele para que pudéssemos organizar os horários para ele

trabalhar na próxima semana. Quer dizer, se ele estiver disposto.

Travis e sua irmã trocaram olhares rápidos e preocupados.

Donovan pigarreou, determinado a adicionar seus próprios comentários.

— Talvez fosse melhor se você se apresentasse — e a mim também — para que ela saiba

para quem seu irmão está trabalhando, — Donovan sugeriu enfaticamente.

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A mão de Rusty se levantou.

— Oh, é claro. Que rude de minha parte! — Ela caminhou até onde a irmã de Travis estava

sentada e estendeu a mão. — Eu sou Rusty Kelly.

A mulher timidamente pegou a mão de Rusty, mas permaneceu em silêncio. O olhar de

Donovan se estreitou.

Rusty virou na direção de Donovan.

— Esse é o meu irmão mais velho, Donovan Kelly. Bem, um deles, — ela acrescentou com

um sorriso. — Há muitos de nós Kellys! Seis irmãos mais velhos, se você pode acreditar. Para não

mencionar todos os outros membros da família não oficiais que Mamãe Kelly adotou ao longo dos

anos.

Donovan não culpava o olhar de absoluto espanto da mulher. Ele balançou a cabeça pela

exuberância de Rusty. Ela estava exagerando um pouco no esforço de vamos ser legais e

amigáveis. E isso não estava funcionando para relaxar nenhum dos ocupantes da sala. Na verdade,

eles pareciam ainda menos à vontade.

A garotinha agarrou a mão de sua irmã mais velha e se escondeu mais firmemente atrás

dela, os olhos arregalados enquanto limpava a boca com as costas da outra mão.

— Quem são eles, Evie? — Ela sussurrou. — O que eles querem?

Evie. Bem, pelo menos eles estavam chegando a algum lugar.

Donovan deu um passo adiante, arriscando que — Evie — virasse as costas e fugisse, a

criança transportada por cima do ombro. Ele estendeu a mão, mas não tão energicamente quanto

Rusty. Simplesmente manteve-a no ar esperando que ela a tomasse. Se é que ela o faria.

— Fico feliz em conhecê-la, Evie, — disse ele gentilmente.

Depois de um longo momento, ela deslizou os dedos finos sobre a palma da mão dele e uma

sensação elétrica serpenteou por seu braço e ombro. Seu toque era um choque que ele não

esperava. Nem ela, a julgar pela forma como rapidamente puxou a mão para trás, olhando para

ele com ainda mais confusão nublando aqueles olhos cor de âmbar líquido.

A mulher era bonita. Assustada. Assombrada. Sombras penduradas nela como molduras.

Mas ela era impressionante. Era muito magra. Era óbvio que eles estavam lutando para

sobreviver, e ainda assim a sua fragilidade apenas a deixava mais bonita. Ele estava hipnotizado

por aqueles olhos. Poderia simplesmente ficar lá e olhar para eles, escolhendo todas as diferentes

manchas de ouro e castanho.

— É Eve, — ela disse com a voz rouca. — Meu nome é esse. Cammie e Trav me chamam de

Evie. É o apelido carinhoso que me deram.

Donovan se ajoelhou no tapete esfarrapado em frente ao sofá e sorriu calorosamente para a

criança.

— Você deve ser Cammie. Bonito nome para uma mocinha muito bonita.

Ela parecia confusa e amontoou-se mais ferozmente nas costas de Evie. Eve estendeu a mão

por cima do ombro para pegar a de Cammie que tinha rastejado em direção ao pescoço de Eve.

— Está tudo bem Cammie, — ela sussurrou. — Ele não vai te machucar.

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Mesmo quando ela emitiu a promessa, virou-se apressadamente, olhando suplicante para os

olhos de Donovan como se implorando para não torná-la uma mentirosa. Porra, mas o deixava

doente que essas duas mulheres e seu irmão tivessem sido condicionados a esperar a maldade

dos outros. E não apenas dos outros, mas principalmente dos homens.

Cammie estava nervosa, sim, quando Rusty se moveu na direção dela. Mas quando Donovan

a abordou, a criança havia entrado em pânico, subiu e se escondeu nas costas da irmã.

Ele queria exigir saber o que diabos as feriu, quem lhes ensinou a sentir a dor e o medo e de

quem diabos estavam fugindo. Então queria desmontar o filho da puta com as próprias mãos, e a

próxima coisa que queria era garantir que nada jamais iria prejudicar esta família tão humilde

novamente.

Que loucura era essa?

Cinco minutos em sua presença, e ele estava pronto para correr para eles, assumir suas vidas

e fazer-lhes promessas que ele não tinha direito de fazer. E nenhuma garantia de que poderia até

mesmo cumpri-las uma vez que não tinha a menor ideia do que estavam enfrentando.

— Não, querida, — Donovan disse gentilmente, utilizando concentração absoluta para não

ceder à fúria fomentando dentro dele. — Eu nunca vou te machucar. Nunca. Você pode ter

certeza disso. Eu gostaria de ajudá-la. E a seu irmão e irmã. Gostaria de ser amigo de vocês.

Os olhos de Cammie e Eve se arregalaram. Cammie parecia incerta, enquanto Eve congelou.

Nem um único tremor passou por seu corpo. Era como se ela tivesse se transformado em gelo.

Podia senti-la olhando para ele, perfurando buracos através dele como se tentando descobrir

quem e o que ele era. Se era uma ameaça. Se estava dizendo a verdade.

Porra, ele nunca se sentiu tão impotente em sua vida. Ele era um homem de ação. Ele não

era de perder tempo nem de brincadeiras. Nunca hesitou quando se tratava de alguém que

precisa de ajuda. E ainda assim sabia que não podia fazer isso aqui. Esta era uma situação delicada

com a qual teria que lidar como se caminhasse por um campo minado que poderia explodir na

cara dele a qualquer momento.

— Não tenho nenhum amigo, — Cammie murmurou. — Evie diz que não é seguro.

— Cammie, shhh, — disse Eve, virando-se rapidamente para calar a criança. Voltou-se para

Donovan, um sorriso fraco vacilando em seu rosto. — Cammie tem uma imaginação muito ativa. A

maioria das crianças de quatro anos tem, você sabe.

Ela tinha quase a mesma idade de sua sobrinha, Charlotte. Charlotte, que foi cercada por

uma enorme família amorosa. Charlotte, que nunca teve que se preocupar de onde viria sua

próxima refeição. Ou se teria uma refeição. Charlotte, que tinha tios e tias amorosos. Avós para

mimá-la. E toda uma organização de agentes militares fodões que começariam uma maldita

guerra para protegê-la.

Esta criança era a antítese completa de sua sobrinha e da vida dela e isso partiu o coração de

Donovan.

Rusty limpou a garganta e inseriu-se na conversa para aliviar o súbito constrangimento

provocado pela confissão de Cammie.

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— Como eu ia dizendo, Travis e Eve, eu posso empregar Travis por algumas horas todos os

dias da semana, e é claro que ele é bem-vindo no próximo fim de semana também. Estou

absolutamente flexível, de modo que o que funcionar para você estará bom para mim.

Desconforto atravessou o rosto de Eve, e então ela olhou para baixo, vergonha e

constrangimento piscando em seus olhos antes de serem escondidos da vista.

— Obrigada, — ela disse calmamente. — Mas eu não pretendo que ele trabalhe por muito

tempo. Só até Cammie ficar melhor e eu puder deixá-la. Eu não sei se as coisas vão funcionar aqui,

então odiaria que você dependesse de Travis quando planejamos que ele tenha um emprego

temporário.

— E por que não funcionariam? — Donovan perguntou com cuidado.

Seus olhos tornaram-se blindados, a mancha dourada escurecendo enquanto sua expressão

tornava-se indecifrável. Ela encolheu os ombros descuidadamente.

— Não há garantias. Nunca. Pode ou não pode funcionar que fiquemos aqui. Tenho que me

preparar para a realidade.

— E se isso não funcionar? — Donovan desafiou. — E então?

— Nós seguiremos em frente, — ela disse simplesmente.

Ela disse com tanta naturalidade que Donovan sabia que isso não era novidade para eles.

Não tinha ideia de quanto tempo eles estavam fugindo nem o quanto estavam longe. Mas se

mudarem em curto prazo, e muitas vezes, não era nem um pouco estranho para eles.

Ele pensou em toda uma série de coisas malucas. Coisas que fariam seus irmãos pensarem

que ele tinha perdido sua maldita cabeça. Talvez ele tivesse. Precisava ir com calma. Dar um passo

atrás, respirar fundo e ganhar alguma perspectiva antes que fizesse algo realmente louco como

arrastar cada um deles para fora deste depósito de lixo e mudá-los para sua casa, muito vazia e

nova em folha, que acabou de construir poucas semanas antes.

Era uma casa construída com uma grande família em mente. A família que ele sabia que um

dia iria querer que fosse sua. Embora não tivesse planos imediatos. Nenhuma mulher específica

em mente. Ninguém à espera. Ninguém que ao menos considerasse. Ele não permitiu que

ninguém chegasse tão perto.

Mas isso não quer dizer que ele não sabia o que queria. Algum dia. Ele sempre soube. Uma

esposa. Crianças. Uma casa cheia de crianças. Barulhentas, indisciplinadas. Muito parecidas com

sua própria educação em uma casa cheia de irmãos, dois mais velhos e três mais jovens.

Ele queria essa vida para si mesmo. Queria levar sua infância para a vida adulta.

Proporcionar o lar estável, aconchegante e amoroso para seus próprios filhos, que Frank e

Marlene Kelly proporcionaram para ele e seus irmãos. Ele não queria nada mais do que voltar para

casa, para sua própria esposa depois de ficar afastado em uma missão. Ser bem recebido de volta,

com um sorriso doce e amoroso. Ser cercado por seus filhos. Seus filhos. Uma parte de si mesmo.

Seu sangue.

Mas, por enquanto a casa estava vazia. Um símbolo de suas esperanças para o futuro.

Separada das outras casas onde seus irmãos viviam no complexo Kelly, cercados por um forte

esquema de segurança. A realidade de suas vidas e as escolhas da carreira que fizeram.

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Vazia, exceto pelo essencial. Ele sempre soube que, quando ele se estabelecesse, queria que

sua mulher a decorasse. Colocasse seu selo feminino sobre o mobiliário, a decoração das paredes.

Ele ansiava pelas bugigangas femininas com babados e brigar para usar a pia do banheiro e discutir

sobre deixar a tampa do vaso abaixada.

Todas as coisas que seus irmãos reclamavam bem-humorados, eram as coisas pelas quais

Donovan ansiava. Oh, não que qualquer um de seus irmãos verdadeiramente reclamasse de suas

esposas. Eles estavam completamente felizes e satisfeitos, completamente apaixonados. Estavam

completamente derrotados. Acabados. Eles encontraram suas outras metades. As mulheres que

os completavam. Ele os invejava com cada respiração em seu corpo, assim como ignorava as

provocações sobre ele e Joe serem os únicos que não foram fisgados ainda.

Ele aperfeiçoou a atitude descontraída e relaxada e não se metia na vida dos outros. Para

todos os outros, ele estava contente com sua vida. Não tentando ativamente mudar isso. Mas seu

estômago apertava cada vez que via os irmãos com suas esposas. Com os filhos. Com suas

cunhadas, sua sobrinha e sobrinhos.

Um dia... Um dia, ele não parava de dizer. Tudo isso seria dele. Exatamente o que seus

irmãos tinham. Mas aquele dia não havia chegado e os anos foram passando. Desvanecendo um

no outro. As crianças crescendo. Mais crianças a caminho. Sua família foi crescendo ao redor dele

aos trancos e barrancos, e ele continuava imutável, o único inalterado.

Cristo, ele estava bem em seus trinta anos. Sam tinha quarenta! Donovan não estava tão

para trás!

Balançou a cabeça, forçando seus pensamentos de volta ao presente. Para a gravidade

extrema da situação diante dele. Porque ele tinha que fazer alguma coisa. Não havia nenhuma

maneira no inferno que ele ficaria de lado e permitiria que isto continuasse sem solução.

Mais uma vez, Rusty os salvou do silêncio constrangedor que havia caído sobre a sala

minúscula.

— Bem, ele é bem-vindo para o trabalho, desde que ele queira. Ele é uma boa ajuda, e isso é

difícil de encontrar, — Rusty disse com entusiasmo.

Mas enquanto ela disse as palavras, cautela e reserva fixaram-se nos olhos de Eve em um

escudo impenetrável. Ela já estava se retirando, recuando como se quisesse que Rusty e Donovan

fossem embora neste exato minuto.

Rusty continuou implacavelmente, como se não tomasse conhecimento da recusa silenciosa

de Eve ou do aperto dos lábios de Travis.

— Apenas se prepare para vir amanhã como de costume. Combinaremos o resto depois, —

Rusty disse. — E se houver alguma coisa que possamos fazer para ajudar, por favor, nos avise.

Teríamos o maior prazer em fazer o que quer que vocês precisem.

Havia calor na voz de Rusty, e Donovan teve que reconhecer. Seu aparente esquecimento

para a tensão no ambiente e o calor em sua voz relaxou Travis e até mesmo Eve. Até certo ponto.

Donovan duvidou que a mulher alguma vez abaixasse totalmente a guarda. Era evidente que

ela tinha muito prática em aperfeiçoar esse escudo. O que só o fez mais determinado a rompê-lo.

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Ele queria saber seus segredos. O que a deixou com medo. E também queria saber... Dela. Em um

nível mais íntimo.

Isso o chocou pra caramba. Quase balançou para trás em seus calcanhares sobre essa

revelação.

Mulheres em perigo não era novidade para Donovan. Nunca houve nenhuma cujas

circunstâncias não o tivessem enfurecido. Ele sentiu empatia para com todas e por cada vítima

que a KGI havia resgatado ou ajudou de alguma forma.

Mas ele nunca tinha sentido... Isso. O que quer que esse inferno fosse. Suas emoções

sempre estiveram envolvidas. Seus irmãos também sabiam disso. Eles sabiam que as mulheres e

as crianças eram sua criptonita. Nenhum segredo aí. Mas isso? Era algo totalmente diferente que

não tinha nada a ver com Eve ser uma mulher em fuga. Era algo mais profundo e de repente ele

sabia que estava em alguma merda.

Porque esta não era uma mulher que ele poderia simplesmente convidar para sair. Ter uma

boa conversa, boa comida, talvez um beijo de boa noite com a esperança de um segundo encontro

e talvez mais no departamento de beijos. Não era uma mulher a ser lentamente cortejada até o

momento em que a levasse para a cama e fizesse amor com ela a noite toda e acordasse na

manhã seguinte sabendo que ele tinha algo especial em seus braços.

Foda!

Não havia outra palavra que descrevesse mais adequadamente toda essa situação. A

situação estava fodida e ele também.

— Eu não gostaria de impor, — Eve disse com uma voz rouca que enviou um arrepio na

espinha de Donovan. — Agradeço sua oferta. Você foi muito gentil com Travis, com todos nós.

Mas temos o que precisamos.

Ela não tinha dito tudo o que precisamos. Havia uma enorme diferença entre ter o que ela

precisava e tudo o que ela precisava.

Rusty fez uma careta e Donovan viu a percepção de que não poderiam pressionar mais.

Ainda não. Mas Donovan não estava desistindo. Ele estava em uma missão agora, e quando focava

em um objetivo, ele nunca recuava. Eve não percebeu isso ainda, mas ela querendo ou não, ele

iria ajudar. Ele só tinha que decidir como cuidar disso.

Capítulo 5

Eve soltou um enorme suspiro de alívio enquanto observava pela janela Rusty e Donovan se

afastarem. Então ela virou-se para Travis, que estava na frente do sofá onde Cammie estava

sentada, os olhos embaralhados com a confusão e o medo.

Deus, Eve odiava esse medo. A eviscerava que sua irmãzinha em tão tenra idade tivesse

aprendido que a própria pessoa na qual ela deveria mais ser capaz de confiar provou ser um

monstro. Nenhuma criança deveria conhecer o medo em uma idade tão jovem. Isso fazia Eve ter

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vontade de chorar, mas não podia ceder a seu desespero. Pelo menos não na frente de Cammie e

Travis. Eles dependiam dela. Eles precisavam dela. Precisavam que ela fosse forte. Que não

demonstrasse medo ou incerteza. Se isso a matava, ela engoliria tudo de volta e apresentaria uma

fachada corajosa para seus irmãos.

— Como eles sabiam onde morávamos? — Eve perguntou suavemente a Travis.

Culpa surgiu nos olhos de Travis e ela correu para frente, tocando seu ombro, tendo que

ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo. Tão alto e forte. Um homem muito antes do tempo.

Como Cammie, ele ainda deveria ser uma criança, com a inocência de uma criança e sem o

conhecimento que agora tinham como veneno.

— Trav, está tudo bem, — ela assegurou.

Ele balançou a cabeça.

— Não, Evie, não está. Eu não fui cuidadoso o suficiente. Eles devem ter me seguido desde a

loja de ferragens. Eu vi uma caminhonete me seguindo, mas não queria chamar atenção ao correr.

Eu tinha... Eu esperava que fosse apenas algum morador indo na mesma direção, e quando me

virei na nossa rua, parei para olhar para trás, mas eles seguiram em frente. Eles devem ter voltado.

Sinto muito.

Ela o puxou para um abraço.

— Eles parecem agradáveis. Vieram até aqui para lhe pagar o que lhe deviam e para

combinar as horas que você poderia ir trabalhar. Tenho certeza que eles não querem nos fazer

nenhum mal.

A mentira passou facilmente por seus lábios. Sim, eles pareciam bons. Normais. Mas as

aparências podem ser enganadoras, como ela bem sabia. Seu padrasto era o retrato do normal e

saudável. Rico. Bem conectado. Um filantropo. Envolvido na política local. Nada que sugerisse o

que havia por baixo do exterior suave e polido. Isso a deixava doente.

— Você quer que eu saia de lá? — Ele perguntou ansiosamente. — Talvez eu devesse tentar

em outro lugar. Parecia bom demais para ser verdade. Ela paga em dinheiro. Não fez nenhuma

pergunta. Ela foi muito boa e eu baixei a guarda.

— Não. Eu acho que seria ainda mais suspeito se de repente você não aparecesse,

especialmente por que eles vieram aqui e foram tão bons. Eles se perguntariam por que você saiu.

E outro empregador não seria tão complacente. Você teve sorte. A maioria não pagaria por

debaixo dos panos. E é apenas temporário. Só mais alguns dias até que Cammie esteja bem o

suficiente para ficar com você para que eu possa trabalhar.

— Eu não me importo — disse ele ferozmente. — Você fez tanto por nós. Isso é o mínimo

que posso fazer. Eu não vou deixar você trabalhar até a morte como você tem feito. Não é justo.

Você deveria ter uma vida, Evie. Você é jovem e bonita e agora está sobrecarregada com duas

crianças para cuidar quando deveria ter sua própria família.

— Vocês são a minha família! — Ela disse ferozmente. — Eu amo você e Cammie. Eu não

quero ter nenhuma outra. Eu odeio o que tivemos que fazer. Odeio ter que nos mudar e esconder.

Você e Cammie deveriam ter uma infância e não serem forçados a crescer. Você é um

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adolescente, Trav. Deveria estar na escola com outros garotos da sua idade. Praticando esportes.

Divertindo-se. Isso não é justo!

— Evie?

O suave sussurro de Cammie fez ela e Travis virarem e Eve se arrependeu instantaneamente

de ter essa conversa na frente dela.

— Vamos ficar bem, não é?

Eve correu para o sofá e sentou-se, puxando Cammie em seus braços e abraçando-a com

força. Acariciou seus cachos loiros e deu um beijo em sua doce cabeça.

— Claro que vamos, querida. Não quero que você se preocupe. Prometa-me.

Cammie se afastou e deu um sorriso hesitante e, em seguida, olhou para Travis.

— Vamos estar juntos sempre, não é?

Travis sentou-se do outro lado e Cammie passou os braços em torno de ambas, Eve e

Cammie.

— É isso aí, irmãzinha. Somos uma família. Assim como Evie disse. Nós vamos ficar bem. Ele

nunca vai nos encontrar. Ninguém nunca vai nos machucar de novo.

O coração de Eve doía pela ternura e determinação na voz de Travis. Ela engoliu o nó de

emoção e piscou pela picada repentina de lágrimas. E saboreou a sensação dos irmãos em seus

braços. Como se pudesse protegê-los do mundo. Droga, ela faria o que estivesse em seu poder

para garantir o bem-estar deles. Tudo o que tivesse que fazer. Não havia limites para o seu amor

ou os sacrifícios que faria para mantê-los seguros.

Ela virou o rosto em direção a Travis.

— Ainda esta semana, okay? Se você puder trabalhar essa semana, então Cammie estará

melhor e eu vou encontrar trabalho. Algo durante o dia para que eu não precise ficar fora durante

a noite. Podemos jantar juntos. Como uma família.

— Estou me sentindo melhor, Evie, — Cammie disse em uma voz solene.

Eve acariciou a mão pelo cabelo de Cammie e depois beijou sua testa, deixando os lábios ali

por um longo momento. Contra a pele, que ainda estava quente, com febre.

— Eu sei que você está, querida. Mas você precisa descansar mais alguns dias. Não há razão

para correr agora, não é? Amanhã vou fazer algumas compras de supermercado e pode ter

certeza que comprarei um presente especial para você.

Os olhos de Cammie se iluminaram.

— Um presente? Adoro presentes!

Eve sorriu. Que menina não adora? Havia um brechó não muito longe da loja de ferragens

onde Travis trabalhou. Iria cedo, antes que Travis fosse para o trabalho, e veria o que conseguiria

encontrar. Cammie necessitava de algumas camisetas e shorts. Algo fresquinho, uma vez que não

tinham ar condicionado e a temperatura já estava bastante quente, apesar da precocidade do

verão.

— Isso lhe dará algo pelo qual esperar, — disse Eve, apertando Cammie contra o corpo mais

uma vez.

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Eles tiveram pouco pelo que esperar nos últimos meses. Às vezes, parecia que estavam

fugindo há anos. Que esta era a vida deles, que sempre tiveram. Era difícil para Eve se lembrar

como era uma vida normal. Quando ela não tinha o peso do mundo em seus ombros e saboreava

o medo a cada respiração.

— Estou com sono, Evie, — Cammie murmurou, abafando um bocejo com a mão ainda suja

do hambúrguer que tinha devorado.

Travis sorriu.

— Vamos. Vou levá-la para a cama e colocá-la para dormir. Isso parece bom para você?

Em resposta, Cammie se desvencilhou dos braços de Eve e ergueu os dois braços para Travis

pegá-la. Ele balançou-a facilmente e levou-a para o único quarto, que Cammie e Eve

compartilhavam, com Travis dormindo no sofá.

Quando eles deixaram a sala de estar, Eve escondeu o rosto entre as mãos, entregando-se

brevemente ao desespero esmagador que pairava sobre ela como uma nuvem de chuva negra.

Oh Deus, o que iriam fazer? Não podiam correr para sempre. Não podiam escapar do

passado. E não saber quando ou por quanto tempo estava criando um buraco em seu estômago.

Ela precisava ficar saudável para Cammie e Travis. Eles dependiam dela. Ela era a única constante

em suas vidas que fora transformada completamente de cabeça para baixo.

Traição.

Amargura a assaltou. Ódio. Ela nunca teria pensado ser capaz de um ódio tão intenso. Mas

estava lá. Vivo e insidioso. Ela nunca contemplou cometer um crime. Mas sabia que poderia matar

Walt absolutamente sem remorso. Passaria alegremente o resto de sua vida na prisão se isso

significasse que Cammie e Travis estariam seguros e teriam uma vida.

Mas, por agora eles precisavam dela. Ela não podia deixá-los. Tudo o que tivesse que fazer

para garantir o bem-estar deles, ela faria. Mesmo que isso significasse passar o resto de sua vida

fugindo e sempre olhando por cima do ombro.

Capítulo 6

Donovan levou Rusty de volta para a loja de ferragens para que ela pudesse pegar seu jipe.

Quando ela saiu, ele a chamou.

— Você está indo para a casa da mamãe?

Rusty revirou os olhos.

— Claro. Os domingos são os dias do almoço em família na casa da Mamãe Kelly, mas ela fez

esse parecer importante. Quero dizer, mais importante do que o habitual. Ela deixou bem claro

que todos deveriam estar presentes, sem desculpas permitidas.

Donovan riu.

— Sim, não há dúvida de que ela tem algo na manga. O que é, ninguém sabe. Vou segui-la e

chegaremos juntos. Tenho certeza que todos os outros já estarão lá.

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— Vou contar a eles. — Rusty disse suavemente. — Nunca tive a intenção de manter

escondido deles. Espero que você saiba disso.

— Eu sei, querida. E não se preocupe. Eu te darei cobertura.

Calor brilhou em seus olhos e seu sorriso aumentou, tornando suas feições bonitas ainda

mais lindas. Ela realmente se transformou em uma bela jovem. Donovan estava orgulhoso dela, e

lamentou o fato de que nem ele nem seus irmãos diziam isso a ela o suficiente. Mamãe e papai,

no entanto, demonstravam seu orgulho regularmente.

— Estou orgulhoso de você, Rusty. Sei que eu não te digo isso tanto quanto deveria. Mas

você tem uma boa cabeça em seus ombros. Nunca deixe ninguém dizer o contrário. E mais do que

isso, você tem um bom coração. Você vai ser irresistível para a população masculina, o que é uma

porcaria, porque isso significa que eu e meus irmãos teremos que chutar muitos traseiros.

Rusty riu, mas sua alegria foi transmitida por todo o rosto.

— Isso vai ser muito mais chato para mim do que para vocês! Um irmão fodão é suficiente.

Mas seis irmãos fodões respirando no pescoço de um pobre homem? Vai ser um milagre se eu

conseguir um para ficar e sofrer o escrutínio.

Donovan riu.

— Como se isso fosse impedi-la. Eu ouço sobre seus namorados.

Ela ergueu as sobrancelhas em falso horror.

— Que namorados?

Donovan bufou.

— Você sabe muito bem que Mamãe diverte todos nós com histórias sobre seus encontros.

Inferno, estou surpreso que ela não nos pediu para fazer verificações de antecedentes sobre os

caras que você sai na faculdade.

Rusty revirou os olhos.

— Oh, Deus, não plante essa sugestão na cabeça dela. Ela faria totalmente!

— Não é uma má ideia. Vale a pena ser cuidadosa, Rusty. Você está a várias horas de

distância de sua família. Uma garota em uma grande universidade nunca perde por ser muito

cuidadosa, sabe?

Rusty inclinou-se, com a mão na porta.

— Eu tenho muito cuidado, Van. Eu estive perto de vocês o suficiente para saber que tipo de

idiotas habita a terra. Sei que vocês tentam tomar cuidado para não falar demais sobre suas

missões, mas já escutei o suficiente para saber o que existe lá fora. Sou cuidadosa e todos vocês já

me ensinaram a cuidar de mim. Nathan e Joe tomaram a responsabilidade de me dar aulas de

autodefesa. Até Garrett se envolveu e não me largou até que eu consegui derrubá-lo. Fiquei

dolorida por uma semana!

— Fico feliz em saber que meus irmãos têm um pouco de bom senso em suas cabeças duras,

— disse ele com um sorriso. — Agora vamos sair daqui antes de incorrer na ira de Mamãe Kelly.

Você sabe como ela pode ser implacável quando se trata de faltar em suas refeições em família.

Rusty olhou para o relógio e depois gemeu.

— Oh, meu Deus, estamos muito atrasados!

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Com isso, ela deu tchau e bateu a porta, em seguida, correu para seu jipe e entrou. Donovan

sorriu e se afastou, Rusty colada em seu para-choque.

Sim, almoços de família eram os melhores. Mas o atraso não era aceitável no mundo de

Marlene Kelly. Ela queria que todos os seus pintinhos presentes, e, bem, seus pintinhos

respeitavam as regras dela.

Enquanto Donovan dirigia para a casa de seus pais, seu humor esmaeceu quando pensou em

Eve e seus irmãos e a miséria em que viviam. Suas mãos apertaram no volante enquanto

contemplava o que diabos ele poderia fazer sobre isso. Precisava de mais informações. Até se

perguntou se aqueles eram seus nomes reais, e se fossem, eles não estavam fazendo um trabalho

muito bom em cobrir seus rastros. E isso o preocupava. Porque se eles estavam fugindo, e era

óbvio que era o que estavam fazendo, então, em algum momento, o que quer que eles estivessem

fugindo iria apanhá-los.

Se isso acontecesse, ele esperava como o inferno que fosse aqui e não depois que eles se

mudassem e desaparecessem. Se tudo o que estava perseguindo-os os apanhasse, então ele

queria que fosse aqui, onde poderia protegê-los.

Ele balançou a cabeça. Não que a raiva sobre qualquer mulher ou criança em tal situação

fosse nova para ele ou até mesmo uma surpresa, mas sua reação pessoal a esta mulher — Eve —

bem, ele não tinha certeza do que fazer sobre isso.

Havia alguma coisa sobre ela. Aqueles olhos. No momento em que ela abriu a porta do

trailer em ruínas e ele vislumbrou aqueles belos olhos dourados expressivos foi como levar um

soco no estômago. Quanto mais ele a olhava, mais o nó cresceu em seu estômago. Nunca se

sentiu tão desamparado em sua vida, e desamparo não era uma emoção que ele confrontava

frequentemente.

Ele era um cara que assumia o controle das coisas. Ele entrava em ação. Não era um

observador passivo de qualquer irregularidade. Especialmente quando envolvia mulheres e

crianças. E ainda assim ele teve que jogar com calma. Ficar ali e fingir um leve interesse. Teve que

forçar-se a recuar e não pressionar e assustá-la ainda mais.

Porque ele sabia. Sabia que se tivesse feito qualquer movimento, ela teria fugido e ele nunca

mais a veria.

Quanto mais ponderava sobre a situação, mais sabia que tinha de reunir o máximo de

informações que podia sobre ela, e teria que ser malditamente discreto sobre isso. E isso o

frustrava infinitamente. Não era o que ele estava acostumado. Ele resolvia os problemas. Era

quem ele era. Era o que a KGI era. Era o que eles representavam.

E agora ele estava indo contra todos os seus instintos profundamente arraigados. Estava

indo embora. Fingindo que o que ele viu não importava.

O inferno que não importava!

Havia um jeito. Sempre havia um jeito. Ele não era o nerd desta organização para nada.

Claro, ele tinha músculos, mas também tinha um cérebro. Ele poderia chutar traseiros como

qualquer um deles, mas o seu melhor talento era a inteligência e capacidade de resolver

problemas. Ele podia fazer mágica com computadores e tecnologia. Mas nada disso iria fazer-lhe

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nenhum bem se não pudesse chegar perto o suficiente dela para entendê-la. E esse seria o maior

desafio de todos.

Como ele e Rusty suspeitaram, foram os últimos do clã Kelly a chegar. O quintal na frente da

casa de seus pais parecia um estacionamento de carros usados com todos os veículos espalhados.

No momento em que Rusty saiu, Marlene já estava na varanda, um olhar de desespero no rosto.

— Vocês estão atrasados! — Ela gritou desnecessariamente. — Eu atrasei o almoço em meia

hora esperando que vocês aparecessem.

— Eu sei, eu sei, — Rusty disse enquanto corria em direção aos degraus. — Sinto muito.

Marlene Kelly olhou para Donovan, que se aproximou em um ritmo mais lento. Ele estava

com sua melhor expressão de cachorrinho arrependido, porque era uma expressão que sua mãe

não podia resistir. A julgar pelo olhar resignado que ela lhe deu, ela bem sabia que estava sendo

manipulada.

Ele deu um beijo em sua bochecha depois que subiu os degraus.

— Desculpe mamãe. Nós vamos explicar mais tarde.

A expressão dela tornou-se imediatamente preocupada e ela olhou rapidamente entre ele e

Rusty.

— Tem alguma coisa errada? Está tudo bem?

— Você se preocupa demais, Mamãe, — Donovan repreendeu. — Está tudo bem. Vamos

explicar depois do almoço que você atrasou por meia hora. Não há necessidade de fazer com que

todos esperem para comer quando estão provavelmente espumando pela boca para saborear sua

comida.

Ela o olhou.

— Você é tão fala mansa. Sabe como apelar para o meu ego para safar-se do problema. Mas

tudo bem. Vamos comer. Isso vai esperar, mas não pense que vou esquecer! Vamos ter essa

conversa antes de você sair.

Donovan riu.

— Claro. Será que eu aguento manter segredo?

— Sim!

Rusty riu e os três entraram na casa, e Donovan foi imediatamente assaltado pelo cheiro de

lar. Conversas distantes. Risos. Risada de uma criança. Chegar a casa nunca mudava. Toda vez que

ele entrava na casa de seus pais, imediatamente ficava em paz. Só hoje, ele não estava tão

apaziguado como geralmente ficava porque seus pensamentos ainda estavam ocupados por Eve,

Travis e Cammie, que não tinham isso. Família. Essa sensação de inabalável lealdade e amor

incondicional.

Ele teve sorte. Maldita sorte. E isso fez seu peito apertar ao pensar que apenas a alguns

quilômetros de distância havia um trailer caindo aos pedaços, cheio de pessoas vulneráveis que

estavam desesperadamente necessitadas.

E, de fato, sua mãe tinha algo na manga. Algo mais do que a habitual reunião de família aos

domingos, quando os horários permitiam e nenhum de seus irmãos estava fora em missões.

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Era evidente no sorriso secreto que ela jogou ao seu pai enquanto todos almoçavam em

torno da enorme mesa de carvalho onde novos assentos foram adicionados ao longo dos anos à

medida que a família havia se expandido para além do seu tamanho original.

Agora, com todas as esposas e netos, a mesa era enorme no comprimento, mas sua mãe era

determinada que todos fossem capazes de sentarem-se nela. Não havia mesa separada para as

crianças. Todo mundo tinha um lugar onde ela poderia olhar e ver todos os seus filhos e netos em

um relance.

Sua mãe estava bastante eriçada com antecipação, o que significava que ela tinha uma

surpresa para todos. Ele só queria saber o que diabos era isso.

Excitação estava no ar. Permeou todo o almoço. Seus irmãos e esposas sorriam e a conversa

estava animada. Sarah e Garrett estavam colados firmemente um ao outro, Sarah dando ao

grande homem um sorriso que provavelmente derreteu Garrett da cabeça aos pés.

Sophie estava radiante sentada entre o marido e a filha, Charlotte. Sam a tocava muitas

vezes. Apenas uma roçar com a mão. Ou enlaçava o braço em torno das costas de sua cadeira e a

puxava para perto enquanto comiam e riam.

Joe não parecia afetado pelo amor e intimidade que era tão evidente entre todos os seus

irmãos e as mulheres que eles amavam. Mas Donovan tinha inveja. Ele queria isso para si mesmo.

Joe era mais jovem do que Donovan e seus irmãos mais velhos. Apesar de Nathan, seu irmão

gêmeo, que se casou com Shea, Joe não mostrava sinais de querer fazer o mesmo. Ele estava na

casa dos trinta agora. Nathan tinha trinta quando ele e Shea se conheceram de uma forma muito

pouco convencional.

Donovan balançou a cabeça. Ainda era difícil acreditar que Shea tinha aquelas habilidades

extraordinárias. Que ela salvou seu irmão. Mais do que isso, ela tomou a sua tortura e sua dor. As

absorveu e tornou suas. Donovan não conseguia entender uma mulher que seria tão generosa

com alguém que ela sequer conhecia. Apenas um estranho para o qual ela estendeu a mão ao

longo dos milhares de quilômetros que os separavam.

Esse vínculo entre eles foi forte e duradouro. Durou até que Nathan a encontrasse. E ainda

estava presente. Inquebrável.

E ainda assim a família a tratava como tratavam todas as cunhadas e enteadas.

Normalmente. Aparentemente alheios ao fato de que ela tinha telepatia e compartilhava um

caminho mental tanto com Nathan quanto com Joe. Que eles podiam falar através de suas mentes

de uma forma muito mais íntima.

Donovan também invejava isso. Desejava compartilhar esse tipo de vínculo com uma mulher

que ele amasse e que o amasse também.

— Você parece preocupado hoje, cara, — Ethan murmurou ao seu lado.

Ethan e Rachel sentaram-se à direita de Donovan, enquanto Rusty tomou o lugar à

esquerda. Talvez porque ela queria o seu apoio uma vez que anunciasse para a família o que ela

fez. E haveria um inferno de um monte de perguntas.

Os gêmeos estavam dormindo em seus berços a apenas alguns metros de distância, de

modo que, se despertassem, alguém iria lá instantaneamente. E qualquer um dos membros da

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família iria precipitar-se, com a mamadeira pronta para ajudar a alimentá-los. Sua família sempre

foi assim. Sempre lá. Oferecendo amor incondicional e apoio inabalável.

Donovan balançou a cabeça.

— Vamos chegar a isso mais tarde. Mamãe tem algo na manga. Ela está prestes a sair da

cadeira. Acho que em breve ela não será capaz de suportar mais um minuto e vamos descobrir por

que ela nos reuniu hoje.

Ethan sorriu.

— Você notou também, hein?

— É meio difícil não notar, — Donovan disse secamente. — Ela está se mexendo com

impaciência. Só Deus sabe o que ela inventou agora. Acho que todos nós devemos nos preparar

para o impacto.

Ethan sorriu mesmo enquanto deslizava o braço em torno de Rachel e a puxava para o seu

lado. Rachel enviou um sorriso na direção de Donovan, e Donovan ficou maravilhado com a alegria

em seus olhos. Olhos que uma vez estiveram escurecidos por sombras permanentes. O

conhecimento do passado. Tudo o que ela sofreu. Finalmente. Finalmente, ela deu um passo para

a luz. Ela estava feliz. Era amada. Mas acima de tudo, estava inteira novamente.

Donovan sorriu para ela, permitindo que todo o amor que sentia por ela enchesse seu

coração. Ethan era um sortudo filho da puta por obter a segunda chance que conseguiu. Ele

estivera muito perto de perder Rachel, algo que assombraria Ethan e toda a família para sempre.

— Você está linda, querida, — ele disse carinhosamente. — É difícil de acreditar que você

deu à luz há pouco tempo.

Um rubor subiu em seu rosto, mas ela olhou para ele com amor e carinho.

— Tem quase um ano! Dá pra acreditar? Juro que os gêmeos estão crescendo aos trancos e

barrancos. Eu não consigo acompanhá-los hoje em dia. Mason está fazendo o melhor para

alcançar Ian no departamento “aprender a andar”, e que Deus me ajude quando ambos se

soltarem.

Uma dor se acomodou no peito de Donovan. Sim, o tempo estava voando. As crianças

crescendo. Era difícil saborear estes momentos quando eles passavam tão rapidamente.

— Você está bem hoje? — Rachel perguntou em voz baixa para que não fosse ouvida pelos

outros. Mas, então, o resto da conversa era alto e estridente. Pelo menos três conversas

diferentes estavam em curso na mesa enquanto todos gracejavam, riam e brincavam, então era

duvidoso que ouvissem o que Rachel dissesse.

Donovan sorriu.

— Sim, querida. Eu estou bem. Só pensando em uma coisa. Vou falar sobre isso mais tarde.

Talvez eu precise de sua ajuda com alguma coisa.

Preocupação imediatamente escureceu os olhos de Ethan e Rachel.

— Você sabe que tudo o que tem a fazer é pedir — disse Rachel.

Ethan assentiu em concordância enquanto ambos olhavam fixamente para Donovan.

— Eu sei. E aprecio isso. Não sou eu, então não se preocupe. Vou explicar tudo depois que

Mamãe nos disser o que ela tem em mente.

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Nesse momento, a mesa acalmou e Donovan voltou sua atenção para onde o pai levantou a

mão. Ele ficava maravilhado com o fato de que seu pai impunha respeito absoluto na família.

Seus irmãos se transformaram em homens. Tinham suas próprias famílias. E, no entanto,

Frank Kelly ainda era o patriarca. Quando ele tinha algo a dizer, seus filhos ouviam. Ele inspirava

respeito absoluto, e cada Kelly respeitava quando se tratava de seu pai ou sua mãe.

— Sua mãe tem algo que ela quer compartilhar com todos vocês, — disse ele com a voz

grave. — É por isso que ela queria todos aqui hoje. Todos vocês, — ele disse enfaticamente,

olhando a mesa para onde Sean Cameron e Swanny estavam sentados. Ambos adotados por sua

esposa para o rebanho Kelly. Assim como Rusty foi.

Todos os olhos se voltaram na direção de sua mãe, esperando. Alguns preocupados, alguns

apenas curiosos. Era evidente pela expressão e o sorriso arrebatando seus lábios que o que ela iria

compartilhar não era ruim. Portanto, não havia necessidade de se preocupar.

Marlene Kelly olhou para o marido e, em seguida, levantou a mão acima da mesa para

agarrar a de seu marido que descansava perto do prato. Ela a apertou e enviou-lhe um sorriso

amoroso que fez doer o peito de Donovan. Tantos anos passados juntos. Enfrentando tantas

provações. E o amor deles ainda era sólido. Firme. Era uma constante em todas as suas vidas e

havia moldado a vida de cada pessoa com a qual Marlene e Frank já entraram em contato.

— Seu pai e eu queríamos dar-lhes a notícia pessoalmente. Eu sei que todos vocês queriam

que nos mudássemos para o complexo, e eu resistia. É que eu adoro esta casa. É onde os meus

filhos foram criados. É aonde meus netos vêm visitar a avó e o avô. Fizemos memórias nesta casa

e isso não é algo que eu vou querer perder um dia.

Ela fez uma pausa, como se para deixar suas palavras caírem sobre os membros da família

reunida.

— Mas também sabemos que vocês se preocupam. E com razão. Esta família tem passado

por tanta coisa nos últimos anos. E o seu pai e eu não queremos adicionar nada ao fardo de vocês.

Não queremos que vocês se preocupem quando precisam se concentrar em suas próprias famílias.

Ela respirou fundo, e desta vez Frank apertou-lhe a mão e sorriu tranquilizador.

— Então decidimos fazê-lo. Vamos mudar para o complexo no terreno que Sam reservou

para nós, embora Deus saiba que ele provavelmente já desistiu de nós. Mas estamos em contato

com um arquiteto. Ele veio aqui e fez os projetos dessa casa para que possamos reproduzi-la

dentro do complexo.

Houve uma enxurrada de comentários de imediato, de todos os membros da família. Frank

levantou a mão pedindo silêncio e todos se calaram imediatamente.

— Deixe sua mãe terminar. É importante para ela.

Marlene sorriu.

— Eu quero tudo exatamente igual. E eu sei que é bobagem ter uma casa tão grande quando

somos só eu e seu pai. Estamos ficando mais velhos e vocês poderiam pensar que gostaríamos de

fazer uma casa menor na nossa idade. Mas nós queremos esta casa. Queremos que cada pequena

coisa seja a mesma. Queremos uma casa para onde nossos filhos possam vir. Mesmo apenas para

visitar. Manteremos cada quarto individual. Assim, todos vocês, rapazes terão seus quartos. É

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importante para nós dois que tenhamos a casa onde construímos tantas lembranças, mas que

vocês, tenham a casa em que cresceram. Um lugar para se reunir no Natal e relembrar. Queremos

que os nossos netos tenham as mesmas lembranças do lugar que seus pais cresceram. Nós

queremos que vocês tenham a sua casa.

Lágrimas brilharam em seus olhos, e quando Donovan fez uma varredura rápida da mesa,

podia ver que seus irmãos e esposas estavam igualmente afetados. A emoção era uma espessa

nuvem sobre a mesa, mas em cada olhar, havia um alívio esmagador.

Alívio por que seus pais estariam a salvo. Que estariam dentro do complexo onde seriam

protegidos.

Um furor imediato entrou em erupção, e seus irmãos e esposas levantaram-se para abraçar

Marlene e Frank. Os olhos de Sam estavam suspeitosamente brilhantes e a mandíbula estava

firmemente apertada. De todos os irmãos, Sam era o mais preocupado e mais convencido de que

sua mãe e seu pai deveriam se mudar para o complexo. O alívio era gritante nos olhos de todos os

irmãos.

Quando as coisas se acalmaram e todos tomaram seus assentos mais uma vez, Marlene

olhou diretamente para Joe e Swanny. Os dois homens compartilhavam a casa onde Donovan

viveu nos últimos anos. Uma casa que ele compartilhou com Sam e Garrett antes de seus irmãos

encontrarem as mulheres com as quais se casaram.

Aquela casa era no lago, mas fora do complexo. Donovan acabara de terminar sua própria

casa no complexo, mas Joe não começou a construir a dele. Seu pedaço de terra estava vazio e ele

se contentou em viver na casa desocupada por seus irmãos. Swanny se mudou para lá até que

encontrasse o seu próprio lugar. Ele era um membro da equipe de Joe e Nathan e, como os outros

membros da equipe, ele mudou-se para perto do complexo e das instalações de treinamento.

— E quando você está planejando iniciar a construção de sua casa, meu jovem? — Marlene

perguntou com a voz severa.

Joe riu.

— Ah, qual é, Mamãe! Dá um tempo. Eu não tenho nenhuma necessidade de construir uma

casa ainda. Swanny e eu estamos bem na cabana. E não tenha nenhuma ideia sobre me juntar

com alguma garota bonita com a qual você quer que eu me case. Eu vou construir a minha casa.

Um dia. Mas ainda não estou pronto. Vou me preocupar com isso quando e se, eu encontrar a

Srta. Certa e quiser sossegar.

Marlene deixou escapar um humph, mas ela sorriu.

— Bem, pelo menos você está finalmente pensando um pouco sobre o futuro e em se

estabelecer. Esta é a primeira vez que realmente reconheceu que haverá um dia.

Joe gemeu e os outros desataram a rir enquanto uma rodada de gozações se seguiu

imediatamente.

— Nós temos algumas notícias também, — Sophie disse com uma voz suave.

Todos olharam em sua direção, percebendo o suave brilho de Sophie e a alegria em seus

olhos. Marlene prendeu a respiração e colocou a mão sobre a boca em antecipação.

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Sam sorriu amorosamente para a esposa e colocou o braço em volta dela, apertando seus

ombros. Não havia como confundir a alegria nos olhos de seu irmão enquanto ele oferecia

encorajamento para Sophie.

— Vamos ter outro bebê, — Sophie anunciou. — Daqui a sete meses.

A sala irrompeu em exclamações e parabéns, e uma rodada de abraços loucos se seguiu.

Charlotte bateu palmas e pulou animadamente em seu assento.

— Eu vou ter uma irmã! — Ela proclamou.

— Ou um irmão, — Sam a corrigiu, a diversão brilhando em seus olhos.

Charlotte balançou a cabeça enfaticamente.

— Nós já temos os meninos. Tia Rachel tem dois! Eu quero uma irmã.

Sophie riu e abraçou a filha.

— Não importa o que teremos, você vai amá-lo ou amá-la. Eu prometo.

Charlotte não parecia convencida, mas ela não discutiu.

— Um, pessoal, há algo que Garrett e eu queremos compartilhar com vocês também, —

Sarah disse baixinho de seu lugar na mesa.

Todos os olhos se voltaram em sua direção e ela corou loucamente, quase mergulhando

atrás dos ombros largos de Garrett. Garrett sorriu com indulgência e passou o braço em volta dela,

puxando-a para a curva de seu ombro.

— Nós não queremos roubar o momento de ninguém, — Sarah continuou hesitante. — Mas,

à luz de tudo o mais, parecia a ocasião perfeita.

— Claro! — Marlene exclamou.

Houve uma rodada imediata de incentivo do resto do quadro. O nó no estômago de

Donovan aumentou quando ele percebeu a riqueza de felicidade presente na mesa. Não era

preciso ser um cientista para descobrir a novidade de seu outro irmão e isso só solidificou o desejo

na alma de Donovan para ter o que seus irmãos tinham.

— Vamos ter um bebê também, — Sarah disse timidamente. — Perto de quando Sophie e

Sam tiverem o deles. Eu fui ao médico sexta-feira e ele acha que eu estou com cerca de seis

semanas, talvez por isso, logo após Sophie tiver o dela.

— Oh, isso é maravilhoso! — Exclamou Marlene, as lágrimas brilhando em seus olhos.

Ela enxugou-as quando se levantou e correu para abraçar Sarah.

— Oh, minha querida. Você fez uma velha muito feliz hoje. Vocês todos fizeram. Eu não

posso acreditar que vou ser abençoada com mais dois netos!

Outra rodada de parabéns começou e abraços mais loucos se seguiram. Rusty olhou para

Donovan, mal-estar presente em seus olhos. Ele sabia exatamente o que ela estava pensando.

Que ela não devia dizer nada para não estragar o momento. Mas ele balançou a cabeça e olhou

diretamente para ela. Seu pai precisava saber. Sua família precisava saber. Então poderiam

debater a situação depois que soubessem tudo que havia para saber. E Donovan poderia deixar

claro onde ele estava. Que ele planejava fazer o que fosse necessário para ajudar Eve e seus

irmãos.

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A família Kelly como uma frente unida era uma força assustadora e da natureza. Uma força

contra a qual Eve não teria esperança de resistir. Eles a cobririam com tanto amor, compreensão e

apoio que ela nunca teria que se preocupar em sentir fome de novo. E com o tempo, ela saberia,

sem sombra de dúvida, que o que quer que fosse que ela temia, ela não teria que temer por mais

tempo. Os Kellys — Donovan — iriam protegê-la. Não importa o que acontecesse.

— Isso é melhor do que o Natal, — Joe disse com um sorriso. — Acho que não vejo a família

unida e feliz assim desde o primeiro Natal que Rachel voltou para casa.

Houve muitas respostas para a sua proclamação. O olhar de Ethan, embora feliz, foi

momentaneamente ofuscado pela lembrança de tudo o que ele perdera e milagrosamente

recuperou. Apenas uma breve sombra, que foi finalmente apagada com o tempo e o

conhecimento que Rachel estava de volta e que ele não iria perdê-la novamente.

— Esta família passou por muita coisa, — Frank disse gravemente. — Mas nós somos Kellys,

e acima de tudo, os Kellys prevalecem. Nós superamos. Nada vai nos derrubar, enquanto

permanecermos uma família forte e unida.

— Hooyah, — Ethan murmurou, o que precipitou imediatamente gemidos e provocações

bem-humoradas de seus irmãos que não foram da marinha.

— Eu odeio ser a desmancha prazeres de tantas boas notícias, — Rusty começou hesitante.

No momento em que falou, cada cabeça virou em sua direção. Marlene imediatamente

olhou entre Donovan e Rusty como se lembrando que eles chegaram tarde, juntos. E que Donovan

dissera a ela que contaria o que estava acontecendo mais tarde.

Donovan estendeu a mão para apertar a de Rusty debaixo da mesa. Apenas um lembrete de

que ele estava aqui e que a apoiaria.

Ela olhou com gratidão para ele, mas continuou. Ela não colocaria o fardo sobre ele. Não

disse que ela e Donovan tinham algo a dizer. Ela tomou a responsabilidade para si mesma.

Assumiu-a completamente. Donovan a respeitava por isso. Ele estava muito orgulhoso dela.

— Eu contratei alguém em horário parcial na loja de ferragens.

Houve sobrancelhas levantadas por todos os lados, e Frank imediatamente parecia confuso.

Mas Donovan teve que dar crédito a seus irmãos. Eles não lançaram mil perguntas imediatamente,

nem interrogaram Rusty ou perguntaram o que diabos ela estava pensando.

— Quando isso aconteceu? — Frank perguntou em um tom confuso.

Rusty engoliu em seco e olhou para Donovan, pedindo apoio silencioso. Ele assentiu e

encorajou-a a continuar. Ele interviria quando fosse a hora certa. Por enquanto ela precisava dar

os detalhes.

— Ele é um garoto, — ela disse calmamente. — Quinze anos de idade. Ele está com...

Problemas.

Quando a mesa entrou em erupção em perguntas e carrancas — a resposta habitual dos

Kelly para quem precisava, ela levantou a mão e eles se aquietaram.

Ela respirou profundamente.

— Ele está com fome. Eu sei como é isso. Como eu disse a Van, ele poderia ser eu, ele sou eu

— nessa idade. Desesperado. Ele é um bom garoto, no entanto. Eu sei que vocês vão pensar que

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estou louca. Ou ingênua. Mas eu sei que ele é um bom garoto. Ele é quieto. E trabalhador. Tem

duas irmãs que ele está tentando apoiar e alimentar. E oh meu Deus, pessoal. O lugar onde eles

estão vivendo! Dá-me vontade de chorar por eles.

A expressão de Marlene imediatamente ficou feroz.

— Que idade tem as irmãs dele? Onde estão seus pais? Por que você não veio a nós

imediatamente? Você tinha que saber que estaríamos dispostos a ajudá-los.

Rusty assentiu.

— Eu sei. Eu sei. Aconteceu ontem. Ele entrou e perguntou se precisávamos de ajuda. E eu

sei que eu não deveria ter feito isso sem pedir, mas eu estava com medo que ele saísse e nunca

mais voltasse se eu lhe dissesse que teria que ver. Então tomei a decisão e o coloquei para

trabalhar. Paguei-o em dinheiro do meu próprio bolso.

Os irmãos de Donovan fizeram uma careta. Não em desaprovação a Rusty. Eles haviam

conseguido passar essa fase. Mas havia preocupação em seus olhos. Não só pela criança que Rusty

ajudou, mas por Rusty e pelo medo de que ela pudesse ser prejudicada.

— Eu fui à loja hoje — disse Donovan, falando pela primeira vez.

Rusty enviou-lhe um olhar agradecido por assumir. A mesa inteira ficou em silêncio

enquanto esperavam que Donovan continuasse.

— É por isso que Rusty e eu estávamos atrasados. Eu passei de carro pela loja de ferragens e

vi o jipe de Rusty estacionado. Como era domingo fui verificar o que ela estava fazendo lá. O

garoto estava trabalhando e Rusty disse que ele estava com fome e queria segui-lo para casa e

verificar sua situação. Ver se ele estava com problemas em casa e que tipo de condições de vida

ele tinha.

Houve uma rodada de objeções enquanto seus irmãos expressaram desaprovação sobre

Rusty entrar em uma situação às cegas. Uma onde ela poderia ser facilmente ferida ou morta.

Donovan levantou a mão.

— Eu fui com ela. Seguimos o garoto até em casa. É ruim, — disse ele depois de uma pausa.

Ele sabia que não conseguiria esconder suas emoções dos outros. Não seria possível manter sua

expressão impassível. Eles viram sua reação e ficaram em silêncio e pensativos, carrancas

vincando suas sobrancelhas.

— Ele tem uma irmã mais velha. Parece ter vinte e poucos anos. E uma irmã muito mais

jovem. Da idade de Charlotte. Eles estão vivendo com uma mão na frente e outra atrás na miséria

completa. É horrível. Eu não consegui tolerar isso. Eu odiei deixá-los lá.

— E por que deixou? — Garrett perguntou curioso.

A mesma pergunta estava nos olhos de todos os irmãos. Eles conheciam muito bem sua

propensão para entrar e fazer o que precisava ser feito. Sua suavidade com as mulheres e crianças

carentes. Ele provavelmente os confundiu a respeito de porque ele teria se afastado.

— Porque eles estão em apuros, — Donovan disse calmamente. — O péssimo tipo de

problema que não tem nada a ver com ser muito pobre e não ter nada para comer. Eles estão

fugindo de alguma coisa e fugindo desesperadamente. Estão morrendo de medo, vivendo cada

momento com receio de serem descobertos.

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— Porra! — Sam murmurou, ganhando um olhar de reprimenda instantâneo da mãe sobre

seu linguajar na mesa de jantar.

— O que você vai fazer? — Garrett perguntou em voz baixa.

Porque era uma conclusão inevitável aos olhos de seu irmão que Donovan agiria. Ele

simplesmente não se afastaria e permitiria que uma situação como esta continuasse.

— O garoto — Travis — tem quinze anos. A menorzinha — Cammie — está doente. Meu

palpite é que Eve está ficando com ela enquanto Travis encontrou um trabalho só para colocar

comida na mesa e comprar remédios para ela.

— Oh meu Senhor, — Marlene sussurrou, a voz dolorida com piedade. — Temos que fazer

alguma coisa, Donovan. Não podemos ficar de braços cruzados e deixar que eles passem fome e

fiquem desamparados.

Donovan sorriu para a concordância em ajudar em todas as faces de sua família.

— Não, mãe, eu não pretendo. Mas Rusty queria que você soubesse o que ela fez e por quê.

E eu a apoio sobre isso. Eu pagarei o salário de Travis com prazer do meu bolso. Ela vai deixá-lo

trabalhar esta semana, sempre que ele quiser. Eles precisam desesperadamente de dinheiro. Mas

temos que ter cuidado como lidamos com isso. Se pressionarmos, eles vão perceber e fugir. Eu vi o

desespero e medo em seus olhos. Temos que lidar com muito cuidado.

— Não há necessidade de você pagar o salário dele, — Frank disse. — Terei prazer em

contratar o garoto. Se o que Rusty diz é verdade e ele é um bom trabalhador, eu poderia usá-lo na

loja. E de bom grado iria contratá-lo e pagá-lo em dinheiro como ela vem fazendo.

— Só tome cuidado, — Rusty avisou. — Não o questione. Eu tenho sido muito cuidadosa

para não pressioná-lo. Ele está com medo e vai fugir. Eu já fui assim uma vez. Eu sei o que ele está

pensando. Ele não confia em ninguém. Ele foi condicionado a esperar o pior das pessoas. Como

Van disse, temos que ter muito cuidado com tudo o que fazemos, porque eles vão fugir. Eve disse

isso quando estávamos na casa deles. Eu hesito em chamar aquilo de casa. É um trailer horrível,

degradado, com vazamentos, em ruínas.

— O que você quer que façamos? — Rachel perguntou baixinho.

Todas as cunhadas de Donovan olharam para ele e Rusty, a mesma pergunta queimando em

seus olhos. Como elas poderiam ajudar? Ele adorava que todos eles tivessem corações do

tamanho do Texas e que fariam qualquer coisa para ajudar alguém em necessidade.

Seus irmãos poderia administrar uma super organização dedicada a ajudar aqueles em

perigo, mas suas cunhadas eram guerreiras em seu próprio direito e tão formidáveis quanto a KGI.

— Por enquanto, nada — disse Donovan. — Preciso descobrir tudo que puder sobre eles e

sua situação. Tentar descobrir do que estão fugindo. Travis vai continuar a trabalhar na loja de

ferragens, e eu pretendo ir até lá e levar comida e outros suprimentos. Espero conhecê-los mais

para que eles confiem em mim. Se todo o clã Kelly descer sobre eles, só iremos oprimi-los, e, como

disse Rusty, eles vão fugir.

Sua mãe não parecia feliz com a decisão, mas ela assentiu em concordância.

— Eles precisam de nossa ajuda, — Donovan acrescentou, a voz sombria com determinação.

— E eu vou ajudá-los.

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Os irmãos sorriram tristemente em sua direção.

— Não esperaríamos nada menos, — Sam disse.

Capítulo 7

Donovan sabia que não levaria muito tempo para ser encurralado por seus irmãos uma vez

que o furor do almoço tivesse acalmado e todos tivessem se levantado da mesa e ajudado com a

limpeza. Donovan tinha escorregado propositadamente para o convés dos fundos e esperou que

seus irmãos o seguissem. Ele os conhecia muito bem para pensar que eles simplesmente

deixariam o assunto para lá e não o questionariam intensamente sobre Eve e seu irmão e irmã.

Ele estava no convés olhando para o quintal. Um lugar onde as memórias foram construídas

ao longo das décadas. Ele sorriu, lembrando-se dos muitos churrascos. Brincando com seus

irmãos. A formatura de Rusty, quando Nathan parecia ter saído de sua concha depois da prisão

horrível no Oriente Médio. Isso ainda congelava o sangue de Donovan, o quanto chegaram perto

de perder o irmão mais novo.

Se não fosse por Shea... Donovan balançou a cabeça. No churrasco de Rusty, ele e Nathan

haviam lutado amigavelmente, como nos velhos tempos, e Donovan ficou tão aliviado que estava

vendo o velho Nathan e não a concha que seu irmão mais novo tinha retornado, quebrado e

mudado. E, em seguida, Nathan surtou. Fechou-se e saiu correndo da casa de seus pais como se os

cães do inferno estivessem beliscando seus calcanhares. Tudo porque Shea finalmente fizera

contato novamente. Ela estava com problemas, e Nathan moveu céus e terra para chegar até ela.

E agora os dois estavam em casa, onde pertenciam. Casados. Felizes. Apaixonados. Assim

como todos os seus irmãos mais velhos e os dois mais jovens.

Ele sorriu com tristeza. Mamãe provocou Joe na mesa sobre se estabelecer, mas sabia que

ele estava na lista dela também. Ele era mais velho do que Joe e na mente de sua mãe, ele deveria

ser o próximo.

Seus pensamentos flutuaram mais uma vez para Eve. Qual seria a sua história? Quantos anos

ela teria? Ela tinha um olhar que não demonstrava a idade. Ela poderia ter entre 20 a 30. Parecia

jovem, mas quando ele olhou em seus olhos, viu uma mulher muito mais velha. Viu o

conhecimento adquirido em anos de experiência. Lições aprendidas da maneira mais difícil. E ele

viu o medo. Era o que ele mais odiava. Que esta mulher estivesse lutando para se manter inteira,

que tivesse tanta responsabilidade. Irmãos menores para cuidar, quando ela não conseguia sequer

cuidar de si mesma.

Ele queria entrar em sua casa, mesmo sem ser convidado e exigir respostas. Queria saber de

tudo. Do que ela estava fugindo. E então queria mover o mesmo céu e terra que Nathan movera

para ajudar Shea.

Ele tinha a casa. Tinha o espaço para Eve e os irmãos. Ele os queria lá. Ele percebeu isso. Por

mais louco que parecesse, ele não queria nada mais do que mudá-los para o complexo, debaixo do

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seu teto, onde sabia que estariam protegidos. Onde ele poderia ganhar a confiança deles e

esperar fazê-los se abrir sobre o que estava assustando-os tanto.

E ele sabia que não gostariam de suas respostas — se é que eles a dariam. Ele sabia que era

ruim. O fato de uma menina de quatro anos, praticamente um bebê, olhasse para ele com terror e

com conhecimento de todas as coisas ruins do mundo, algo que nenhuma criança de quatro anos

deveria estar familiarizada — disse-lhe tudo o que ele precisava saber.

Seus dedos se fecharam em punhos apertados. Impotente. Sentia-se tão malditamente

impotente e odiava isso. Odiava saber que não podia simplesmente lidar com isso como se fosse

uma missão, agir, remover a ameaça e garantir a segurança de Eve e daquelas preciosas crianças.

Ele tinha que ter muito cuidado e ir devagar, e isso o devorava.

— Você está escorregando, meu velho, — Sam disse secamente atrás dele. — Sequer nos

ouviu vindo para fora.

Donovan virou-se para ver Sam e Garrett em pé, estudando-o. Eles sabiam que algo estava

em sua mente e que essa coisa com Eve o estava incomodando. Eles podiam lê-lo como um livro.

Sempre foram capazes de fazer isso. Mas, então, Donovan não era alguém que protegia os

pensamentos ou emoções. Ele nunca tentou.

— Só estou pensando, — Donovan respondeu.

Garrett acenou com a cabeça.

— Sim, isso é óbvio.

— Ei, parabéns para vocês dois, — disse Donovan. — Não acredito que os dois estão

fornecendo mais sobrinhos e sobrinhas. Como está Sarah? Ela está aceitando isso bem?

Sam e Garrett amoleceram, seus rostos duros repentinamente se enchendo de amor com a

menção das esposas e suas gestações.

— Ela está feliz, — Garrett disse suavemente. — Nós dois estamos. Eu me preocupava que

seria muito cedo. Mas ela queria um filho, e bem, eu sempre quis ter uma casa cheia. Mas eu

esperaria indefinidamente se fosse isso que ela quisesse.

— Eu acho que todos nós sabemos como eu estou, — Sam disse divertido. — Sophie e eu

começamos a tentar logo após os bebês de Rachel nascerem. Não tenho certeza se esse vai ser o

último ou não. Vou deixar para Sophie resolver. Cada criança é uma bênção, e eu terei tantos

quantos ela quiser e serei grato por cada um.

Garrett acenou com a cabeça.

— Sarah e eu temos que alcançá-los. Sam já está no segundo. Rachel deu gêmeos a Ethan.

Inferno, estou surpreso que Nathan e Shea ainda não começaram a pensar em crianças ainda.

Donovan sorriu.

— Eles ainda são jovens e passaram pelo inferno. É provavelmente inteligente que esperem.

Eles ainda têm muito que trabalhar. E têm todo o tempo do mundo. Shea é jovem. E inferno,

Nathan também. Eles ainda têm alguns anos antes de chegar ao local onde Sam estava quando

teve o primeiro filho.

— Não me lembre da minha idade, — Sam disse com um grunhido. — Chegar aos quarenta é

uma merda. Eu me sinto como um velhote agora.

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Garrett e Donovan riram.

Sam voltou seu olhar severo para Donovan quando o riso parou.

— Agora, o que é isso sobre esse garoto que Rusty contratou e suas irmãs? Você disse que

era ruim. Também disse que eles estão fugindo de alguma coisa. O que precisamos saber aqui e o

que podemos fazer para ajudar?

Donovan suspirou e passou a mão asperamente pelo cabelo curto.

— O inferno é que, eu não sei! Nunca me senti tão malditamente impotente em minha vida.

Garrett franziu a testa e deu um passo adiante.

— Eu vi você trabalhando com mulheres e crianças em perigo muitas vezes, Van. Mas isso é

diferente. Você está diferente. O que está acontecendo aqui? Precisamos de toda a verdade. Não

a versão aguada que você deu a Mamãe e o resto da família na mesa.

— Rusty está certa. Eles estão em apuros. Eu só não sei do que estão fugindo, — Donovan

respondeu. — Eles precisam do dinheiro que Travis está trazendo. Ele anda como se esperasse que

alguém saltasse sobre ele e o atacasse a qualquer momento. Está sempre olhando por cima do

ombro. Ele é tão óbvio sobre isso que me faz estremecer. Alguém o identificaria em um minuto.

Sam fez um som de nojo e raiva.

— O que você pretende fazer?

Donovan levantou os ombros e, em seguida, deixou-os cair.

— Esse é o problema. Eu não sei e isso me irrita. Não posso tratar isso como uma missão.

Entrar, chutar alguns traseiros e pegar nomes. Acabar com o problema agora e ir embora sabendo

que fiz a diferença e as pessoas seguirão em frente e viverão suas vidas. Esta mulher está

morrendo de medo. Seus irmãos estão assustados. Foi como levar um soco nas bolas ver uma

menina de quatro anos olhando para mim como se eu fosse um monstro.

— Droga! — Garrett disse suavemente. — Isso é uma merda, cara. Tem que haver algo que

possamos fazer.

— Ah, eu vou fazer alguma coisa, — Donovan disse, a promessa suave acomodando-se sobre

seus irmãos. — Tenho que descobrir uma maneira de chegar perto deles. Fazê-los confiar em mim.

Vou começar levando comida e avaliando a situação mais a fundo. E então, se Cammie ainda

estiver doente, eu quero levar Maren, para que ela a examine.

— É esse o nome da garotinha? — Sam perguntou. — Cammie?

Donovan assentiu.

— Sim. Ela é da idade de Charlotte. Lembra-me muito dela. Mas onde Charlotte é uma

criança normal e feliz sem nenhuma preocupação no mundo e uma família inteira atrás dela para

amá-la e protegê-la, Cammie tem Travis e Eve e isso é tudo que ela tem.

— Tenho certeza que Maren adoraria ajudar, — disse Garrett. — Boa ideia chamá-la e trazê-

la. Não é como se ela não fizesse consultas caseiras agora que ela assumiu o consultório de Doc

Campbell.

— Ela está tornando isso muito mais fácil e Doc voltou para tirar um pouco da carga de

pacientes enquanto ela esteve em licença maternidade, mas ela ainda vê alguns pacientes. Steele

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fica respirando no seu pescoço tentando fazê-la trabalhar menos, — disse Sam, a diversão

engrossando sua voz.

Donovan e Garrett riram. Era engraçado como o inferno ver o líder da equipe tão envolvido

com a esposa e a filha. Steele com um bebê era uma visão que ninguém na KGI jamais imaginou

ver. Mas era hilário ver o homem de gelo completamente na palma da mão da Dra. Maren Scofield

— agora Maren Steele — e a filha deles, Olivia.

— Steele não vai gostar de deixar Maren ir sozinha, — Garrett avisou. — Se ele ficar sabendo

da situação, não há nenhuma maneira no inferno que ele irá deixá-la ir sem ele, e se Eve e seus

irmãos virem Steele, ele vai assustá-los ainda mais.

Donovan fez uma careta.

— Sim, eu sei. Eu poderia usar sua ajuda para persuadi-lo a manter a bunda dele em casa e

me deixar ir com Maren. Eu já fui lá, então acho que eles ficariam mais à vontade comigo e com

Maren. Mas se Steele vier, sim, isso não é uma boa ideia.

— Vou colocar um fone de ouvido nela e assegurar Steele que você estará com ela e

preparado para qualquer coisa. Mas eu preciso da situação, Van. Preciso saber sobre tudo em que

ela estará entrando, porque Steele vai querer saber e eu não posso simplesmente não dizer nada a

ele e pedir para confiar em nós. Você o conhece. Ele joga por suas próprias malditas regras e é

muito protetor com Maren e Olivia.

— Não há perigo dentro daquele trailer, — murmurou Donovan. — É um pedaço de merda

onde nenhum ser humano deveria estar vivendo. Cammie tem quatro anos. Travis tem quinze,

mas ele é um bom garoto. Sério. Determinado a cuidar das irmãs. E Eve... Acho que ela tem vinte e

poucos anos, mas é difícil saber. Ela tem uma aparência que não dá para definir a idade. Poderia

ter vinte ou trinta ou qualquer idade entre essas. Linda. Mas assustada até a morte.

As sobrancelhas de Garrett e Sam franziram enquanto olhavam para seu irmão mais novo.

Donovan se mexeu desconfortavelmente sob a análise, sabendo que provavelmente falara

demais. Ou talvez fosse seu tom ou expressão o que o denunciou. Foda-se tudo. A última coisa

que ele precisava era de um sermão sobre ficar muito envolvido emocionalmente. Mais do que o

normal, pelo menos.

— O que esta mulher significa para você, Van? — Sam perguntou em voz baixa.

— Ela está com problemas e precisa de ajuda, — disse Donovan, evitando a pergunta. — Isso

é o que ela significa para mim. Algum idiota fez aquela menininha ter medo dos homens. Uma

parte de mim não quer nem imaginar ao que todos eles foram submetidos, e nos deparamos com

um monte de merda horrível em nossa linha de trabalho. Neste ponto, você pensaria que

tínhamos visto tudo, e ainda encontro-me surpreendido cada vez que me deparo com algum

babaca que abusa de mulheres ou crianças.

Garrett fez uma careta de simpatia.

— Eu te entendo, cara. Mas o dia em que nos tornarmos imunes a isso será o dia que

precisaremos nos desligar do trabalho. Isso tem que significar algo para nós ou não poderíamos

fazer o que fazemos. Nós não estamos fodendo com robôs sem empatia ou emoções. Cada missão

significa alguma coisa.

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— Cada missão é pessoal, — Sam disse, repetindo uma declaração que fizera muitas vezes

no passado. — Apenas algumas são mais pessoais do que outras.

— E esta é uma delas, — Donovan disse suavemente. — Eu não posso explicar, mas, sim,

isso é muito pessoal para mim e eu não vou olhar para o outro lado.

Sam colocou a mão no ombro de Donovan e apertou.

— Você sabe que tem o nosso apoio.

Donovan sorriu.

— Sim, nunca duvidei disso. Nunca duvidarei. Vou ligar para Maren. Você liga para Steele.

Faça-o ficar tranquilo. Eu sei que isso vai matar o controlador surtado que existe nele, mas

explique a situação. Diga a ele que eu nunca colocaria Maren em uma situação perigosa e que eu

lhe darei cobertura em cada segundo que estivermos lá.

— Farei isso, — disse Sam. — Mas Van? Estou provavelmente perdendo meu tempo dizendo

isso, mas não deixe que suas emoções prevaleçam sobre o bom senso. Se você sentir que está

indo muito fundo, recue e deixe um de nós assumir. Seríamos mais objetivos e você sabe que

faríamos o trabalho.

— Ninguém fará isso, além de mim, — Donovan disse, com a voz mais forte do que

pretendia. — Ela é minha. Eles são meus. E eu protejo o que é meu.

Capítulo 8

Eve parou ao lado do sofá onde Cammie dormia e roçou a mão levemente sobre a têmpora

dela, franzindo a testa quando ainda sentiu a evidência de febre. Fechou os olhos quando retirou a

mão, não querendo acordar a criança e caminhou em direção à pequena área da cozinha no trailer

quente e abafado.

Encheu um copo de água da torneira, sem se incomodar com o gelo das velhas forminhas no

congelador. Elas estavam sendo poupadas para Cammie. Eve usou-as nas bebidas que deu a

Cammie, mas também para esfriar seu corpo, quando a febre ficava muito alta.

Se não pagassem a conta de energia elétrica e de água em breve, ficariam sem ambas. Sem a

eletricidade eles poderiam ficar. Não era como se tivessem ar condicionado para aliviá-los. Estar

na escuridão não a incomodava. O calor sim.

E estava quente hoje. Sem brisa passando através das janelas para dar algum alívio. Ela

gastou preciosos fundos em um ventilador no brechó e apontou-o para o sofá para que Cammie

tivesse algum alívio do calor e talvez ajudasse na redução da febre, mas ainda estava abafado,

mesmo que ainda não fosse meio-dia. E se cortassem a eletricidade, perderiam a pequena medida

de alívio que o ventilador fornecia.

Mais uma coisa com a qual se preocupar. Como se ela já não tivesse o suficiente apenas

tentando fornecer comida para eles comerem.

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Fez um balanço das parcas compras que fizera antes de Travis ir trabalhar na loja de

ferragens. Ela esticou o dinheiro o quanto podia, comprando apenas o que era necessário.

Alimentos. O ventilador para Cammie. E mais medicamentos. Mesmo comprando o genérico, ela

estremeceu com os preços.

Enquanto estivera fora, parou em uma pequena loja de café não muito longe de onde Travis

trabalhava e passou alguns minutos preciosos na Internet. À procura de algum sinal de que Walt

estava por perto. Por novas informações. Quais eram as últimas acusações que ele estava atirando

em sua direção.

Tudo o que ela fizera estava renovando seu pânico absoluto enquanto verificava as notícias

nos jornais locais da Califórnia e via que até mesmo algumas lojas maiores de notícias em grandes

cidades na Califórnia focavam nisso — interesses humanos — histórias de uma mulher

perturbada, emocionalmente instável que sequestrou os dois filhos de um homem rico e

respeitado.

Eve queria colocar o punho através da tela do computador. Mentiras. Tudo isso era mentira.

Mas quem acreditaria nela? Quem acreditaria que Walt era o monstro e não ela? Que ele era o pai

sádico, abusivo, em vez do homem coruja, preocupado e aflito que ele retratou para o resto do

mundo. Ele enganou a todos que importavam. Só ela, Travis e Cammie sabiam a verdade.

A mãe de Eve soubera a verdade, e ela pagou por isso com a própria vida. Eve nunca poderia

provar, mas ela sabia, sabia que Walt matou sua mãe. Não era uma suposição. Ela tinha certeza. E

Travis também. Eles mantiveram segredo de Cammie. Era algo que ela nunca precisava saber. Ela

tinha o suficiente para temer de seu pai, sem saber que ele matou a mãe deles. Mas Eve e Travis

sabiam e viveram com o conhecimento disso todos os dias. Se eles um dia voltassem, estariam

voltando para o inferno.

Eve seria trancafiada, se não na cadeia, em algum hospital psiquiátrico, onde a

transformariam em um vegetal. E Travis e Cammie seriam devolvidos a um homem que iria

destruí-los.

Era só uma questão de tempo antes que a notícia fosse levada mais longe do que na

Califórnia. Talvez já tivesse. Walt tinha as conexões, e era evidente que estava fazendo tudo em

seu poder para que a mídia levasse a história longe. Assim, não haveria lugar para Eve se

esconder. Nenhum buraco profundo o suficiente. Nenhum canto distante o suficiente fora do

caminho para escapar de seu alcance.

Um Alerta Amber1 já havia sido emitido para Travis e Cammie. O rosto de Eve foi estampado

em muitos outdoors como uma mulher que raptara crianças. Ela foi listada como altamente

instável e deveria ser abordada com cautela, já que poderia estar armada e perigosa.

Isso era ridículo. Ela nunca tinha segurado uma arma em suas mãos. Não saberia como usá-

la. Havia muitas coisas das quais se arrependia. Uma, era pensar, como muitas pessoas faziam,

1 É um sistema de notificação implementado em vários países desde 1996. É transmitido por diversos meios como televisão, rádio, sms, correio eletrônico, entre outros. Seu nome faz referência a Amber Hagerman, uma menina que foi sequestrada e dias depois foi localizada sem vida.

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que ela nunca teria necessidade de se auto proteger. Que nunca seria tocada por situações

violentas. Ou que precisaria se defender da violência.

Ela foi uma tola ingênua e agora Travis e Cammie estavam pagando o preço por sua

ignorância.

Seu primeiro instinto foi se esconder atrás da feliz ignorância. Não buscar informações ou

lembrar-se do que ela estava fugindo. Mas isso seria o cúmulo da estupidez. Não podia se dar ao

luxo de fingir ignorância cega ou acreditar por um minuto que estava segura. Escondida. Fora do

alcance de Walt.

Então precisava manter estreita vigilância e monitorar as notícias e outras informações

sobre a busca de Walt, tanto privada como na mídia. Era a busca privada que a assustava mais.

Não que ambas as vias não fossem assustadoras. Mas era até onde um homem como Walt iria

fora da lei, que enviava calafrios serpenteando por sua coluna e agarrava sua garganta em um

aperto paralisante que tirava seu fôlego.

Ela ficou tensa, sacudida de seus pensamentos arrepiantes pelo som de um veículo do lado

de fora da porta do trailer. Suor eclodiu em sua testa, e seu olhar voou para Cammie, que ainda

estava dormindo no sofá.

Oh Deus. E se ele estivesse aqui? E se ele a encontrou? Não havia nenhum lugar para ela

correr. Não havia escapatória. Ela não tinha nenhum veículo. O que ela comprou com quase todas

as suas reservas de dinheiro — com um nome falso — de uma concessionária decadente que

cobrou três vezes mais do que o pedaço de merda valia havia quebrado quando estavam saindo

para Dover.

Ela, Travis e Cammie o abandonaram, sabendo que não tinham dinheiro ou meios para

consertá-lo, e eles caminharam. Foi assim que vieram para Dover. Por necessidade. Não por

escolha.

Com o restante do dinheiro disponível, Eve alugou o trailer e pagou os depósitos necessários

para que os serviços das concessionárias fossem ligados.

Até que fosse capaz de trabalhar e economizar dinheiro suficiente para financiar a fuga para

o próximo lugar, estavam solidamente presos aqui.

Ela correu para o sofá, entrando em ação pelo som de uma porta se fechando. Enrolou os

braços por baixo de Cammie e voou para o quarto. Cammie agitou-se, um protesto sonolento

formando em seus lábios.

— Shhhh, Cammie, — Eve a acalmou. — Fique quietinha, querida. Tem alguém aqui.

Cammie ficou quieta instantaneamente, enrijecendo nos braços de Eve. Eve amaldiçoou o

fato de que Cammie estava bem familiarizada com a necessidade de se esconder. De ficar quieta.

Em alerta constante.

— Esconda-se debaixo da cama, — Eve sussurrou, colocando-a no chão enquanto emitia o

comando. — Não saia, Cammie. Não importa o que você ouça. Fique aqui e se esconda. Não faça

um único som. Prometa.

— Eu prometo, — Cammie sussurrou em resposta.

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Eve empurrou a criança debaixo da cama de casal e, em seguida, ajeitou a saia esfarrapada

da cama para esconder a evidência de que alguém estava escondido por baixo. Se alguma coisa

acontecesse com Eve — se Walt a tivesse encontrado, talvez pudesse convencê-lo de que Travis e

Cammie não estavam com ela. Que ela deixou-os em outro lugar. Separando-os para que, se Eve

fosse presa, ou pior, descoberta pelo próprio Walt, talvez, apenas talvez, Cammie permaneceria

oculta e desconhecida até que Travis chegasse.

Uma batida soou na distância e o coração de Eve bateu com mais força. Ela sussurrou uma

oração urgente, enquanto levantava-se trêmula. Por favor, por favor, não deixe que seja a polícia.

Ou pior, Walt. Era uma prova do quanto ela temia seu padrasto, já que realmente preferia ser

confrontada pela polícia a pelo próprio Walt.

Por um momento, considerou ignorar a batida. Não havia um veículo estacionado do lado de

fora para indicar que alguém estava em casa. Ela não conhecia ninguém aqui. Certamente no reino

das possibilidades, devido a hora do dia, poderia assumir que quem vivia aqui estava no trabalho.

A menos que eles soubessem de alguma coisa. A menos que soubessem muito bem que ela

estava aqui. Que este era o lugar para onde ela fugiu e se escondeu até agora.

Outra batida soou. Mais forte desta vez. Uma batida que lhe disse que quem quer que fosse

não iria embora.

Firmando os ombros, determinada a não deixar ninguém ver seu medo, caminhou

lentamente até a porta. Não havia um olho mágico. Ela tinha sorte de ter uma porta, levando-se

em consideração a condição do resto do trailer. Não havia forma de ver quem estava do outro

lado, sem revelar a si mesma, olhando para fora da pequena janela na sala de estar.

Mas ela espiou de qualquer maneira, querendo saber ao menos o que estaria enfrentando.

Se havia carros de polícia do lado de fora.

Franzindo a testa, viu a mesma caminhonete que estivera lá no dia anterior. Donovan Kelly.

Ele viera com Rusty Kelly, a jovem que contratou Travis. O que ele poderia querer?

Sentindo apenas uma margem de alívio, foi até a porta e abriu-a com cautela, apesar de isso

ser ridículo, porque se o homem quisesse entrar, havia pouco que ela poderia fazer. Como se ela

pudesse impedir que ele empurrasse a porta.

— Eve?

O chamado suave de Donovan deslizou sobre suas orelhas, picando sua nuca. Seu pulso

acelerou quando ela encontrou seu olhar.

— É Donovan Kelly. Nós nos conhecemos ontem, — ele disse desnecessariamente.

Ela assentiu com a cabeça, não confiando em si mesma para falar. Ainda estava lidando com

o medo avassalador que experimentou quando ouviu a movimentação do veículo subindo.

Respirou profundamente pelas narinas, desejando que sua pulsação diminuísse o ritmo rápido nas

têmporas. Não seria surpresa se ela fosse capaz de ver seu coração batendo contra a camiseta

fina.

— Posso entrar?

Ela agarrou a porta mais firmemente e olhou para ele, que tinha sacolas plásticas

penduradas nas duas mãos.

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— Por que você está aqui? — Ela finalmente conseguiu perguntar. — Não é uma boa hora.

— Eu trouxe algumas coisas que você, Cammie e Travis necessitam, — disse ele, baixando a

cabeça para as sacolas cheias.

Ela olhou com espanto para ele, perturbada pela visita inesperada, mas muito mais pela

determinação que viu em seus olhos.

— Eve, eu estou aqui para ajudá-la, — ele disse gentilmente. — Deixe-me entrar para que eu

possa descarregar os mantimentos.

Ele falou muito baixinho, mas havia uma linha definida de comando em seu tom. Seu aperto

na porta diminuiu, e então ela se lembrou de Cammie. Escondida debaixo da cama no outro

quarto. O que ele pensaria se a tivesse visto?

— Cammie está dormindo, — ela desabafou. — Não quero perturbá-la.

Donovan assentiu, mesmo quando se empurrou para frente, não lhe dando outra escolha

senão soltar a porta. Quando ele entrou, seu olhar foi para o sofá onde Cammie estivera

descansando apenas momentos antes. O ventilador ainda estava zumbindo e o pânico afundou na

espinha de Eve.

— Ela deve ter ido ao banheiro. Eu só vou ver como ela está, enquanto você... — Ela se

interrompeu, apontando para as sacolas que ele segurava.

— Demore o tempo que precisar — Donovan disse em uma voz tranquila. — Posso fazer o

meu caminho em torno de sua cozinha muito bem.

Eve fugiu em direção ao quarto, fechando a porta firmemente atrás dela. Apenas no caso de

que ele tivesse todas as ideias loucas de segui-la. Correu para a cama e ajoelhou-se, levantando a

saia esfarrapada da cama para espreitar por baixo.

— Cammie, — ela chamou baixinho. — Venha querida. Eu preciso que você se apresse.

Cammie imediatamente foi em direção a Eve, e Eve envolveu-a em seus braços, pegando-a e

se apressando na direção do banheiro, para que pelo menos, se Donovan entrasse sem ser

convidado, pareceria que Cammie tinha de fato apenas ido ao banheiro.

Os olhos de Cammie eram enormes em seu rostinho, um rosto que estava congelado pelo

medo.

— Está tudo bem, Cammie. É só Donovan Kelly. Você se lembra dele, não é? Ele veio com a

mulher que contratou Travis ontem. Ele é bom. Ele disse que queria ser seu amigo.

Cammie assentiu lentamente, mas ainda tinha um olhar cauteloso e reservado que fez o

peito de Eve doer.

Eve levou-a para a sala de estar e colocou-a no sofá para que o ventilador soprasse sobre sua

pele corada. Para sua surpresa, Donovan apareceu ao seu lado, a expressão preocupada quando

viu a aparência de Cammie.

Cammie recuou, com os olhos arregalados de medo. Eve desejou que ela conseguisse

controlá-lo, mas como uma criança de quatro anos controlaria seu medo? Era completamente

revelador. Qualquer pessoa com olhos poderia ver que a criança tinha muito a temer.

Donovan deu um passo cauteloso para trás, mas virou-se para Eve, a expressão séria e

determinada. Ela sentia como se tivesse acabado de pisar em um lamaçal, permitindo-lhe acesso

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ao trailer, mas, afinal, ela realmente conseguiria tê-lo mantido do lado de fora? Ele não parecia um

homem que aceitava um não como resposta. Nunca.

— Ela não está melhor, — ele disse severamente. — Ela ainda está com febre?

Eve assentiu, os ombros caídos. Ela se dirigiu automaticamente para Cammie, colocando

uma mão reconfortante em seu ombro e apertando como se para dizer a ela que estaria tudo

bem. Que Eve morreria antes de permitir que alguém a machucasse.

— Ela precisa de um médico, — Donovan disse sem rodeios. — Provavelmente precisa ficar

no hospital. Há quanto tempo ela está doente?

Eve apertou o botão do pânico novamente.

— Eu não posso pagar um médico. Ou um hospital. — Para não falar da exposição causada

por uma internação. — Estou dando soro e medicamentos nos horários determinados. Eles estão

mantendo a febre sob controle. Bem, depois do primeiro dia.

— Venha para a cozinha comigo, — murmurou Donovan. — Tranquilize Cammie que você

não vai estar longe. Devemos discutir isso longe dela.

Os olhos de Eve se alargaram por sua percepção. Então ela olhou para Cammie,

atormentada pela indecisão.

— Eve, — Donovan chamou.

Eve fechou os olhos e, em seguida, inclinou-se para roçar um beijo na testa de Cammie.

— Eu só estou indo para a cozinha. Donovan trouxe comida. Você não gostaria de algo

especial?

Lentamente Cammie assentiu, mas continuou lançando seu olhar de soslaio para Donovan,

sombras assombrando seus olhos jovens.

Eve girou e fez com que Donovan passasse à sua frente para que ela ficasse entre ele e

Cammie em todos os momentos. Ele fez um rápido trabalho arrumando as compras, embora

tenha deixado vários artigos para fora na pequena bancada. Sprite. Sopas. Algumas fatias de pão.

Acetaminofeno e ibuprofeno, bem como várias garrafas de Pedialyte, um fluido destinado a

corrigir o desequilíbrio de eletrólito.

Parece que ele pensou em tudo.

— Eu não posso pagar um médico, — ela sussurrou ferozmente. — Ela vai ficar bem. Eu vou

ficar com ela monitorando a febre em todos os momentos.

Donovan colocou sua mão sobre a dela, onde descansava na bancada. Um choque quente

correu até seu braço. Calmante. Isso a confundiu, porque ela tinha tudo a temer deste homem, e

ainda assim algo tão simples como o toque dele acalmou um pouco do pânico e histeria furiosos

crescendo em sua mente.

— Eu tenho uma amiga — uma verdadeira e íntima amiga — que é médica. Você gostaria

dela. O nome dela é Maren. Ela é casada com outro grande amigo meu. Ela está em licença

maternidade e só agora está retornando as consultas. Ela rotineiramente faz atendimentos

domiciliares, e também atende pacientes carentes gratuitamente. E Eve, você está precisando.

Cammie está precisando. Eu gostaria de trazê-la amanhã para examinar Cammie. Estou

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preocupado. Ela parece ser uma garotinha muito doente, e embora eu tenha certeza que você

está fazendo absolutamente o melhor que pode, às vezes não é suficiente.

Ela cedeu, baixando a cabeça, porque ele estava certo. Não era algo que ela poderia

esconder muito bem. Só precisava olhar para ela, para onde ela vivia, para saber que estava em

necessidade desesperadora. E Cammie realmente precisava de um médico. Eve ficou com ela a

noite toda, preocupada, doente com a indecisão se deveria arriscar levá-la para a sala de

emergência. Mas como teria chegado lá? Estava basicamente presa aqui. Sem acesso a qualquer

coisa que não estava em uma curta distância.

Donovan levantou a mão, curvando os dedos delicadamente em torno da dela. Ela tentou se

afastar, mas ele apertou ainda mais, dando-lhe um aperto de mão suave. Seu aperto não era

doloroso. Nem um pouco. Ele não estava tentando machucá-la, mas tampouco pretendia soltá-la.

— Nós não iremos prejudicá-la, Eve. Ninguém vai. Vou trazer Maren na primeira hora

amanhã para que ela possa fazer uma avaliação sobre Cammie. Ela provavelmente precisa de mais

do que os medicamentos vendidos sem receita que você está lhe dando.

Ela fechou os olhos, levando a mão livre a sua têmpora latejante. Mais medicamentos.

Prescrição de medicamentos. Sem plano de saúde. Não havia forma de pagar por eles. E

antibióticos não eram baratos!

— Eve, — Donovan disse, a voz quase um sussurro. — Olhe para mim.

Eve ergueu o olhar para os olhos dele e viu — sentiu — calor. Bondade. E outra coisa

completamente diferente que ela não conseguia entender. Ele a olhava de forma estranha. Como

se ela fosse alguém importante. Para ele.

— Eu vou conseguir a ajuda que você precisa. A ajuda que Cammie e Travis precisam.

Os joelhos de Eve enfraqueceram e ela quase caiu. Ela tropeçou e apoiou a mão livre na

bancada enquanto o aperto de Donovan se intensificava em sua outra mão como se para

estabilizá-la.

E se ele a denunciasse aos serviços de proteção à criança? Em seu lugar, Eve certamente o

denunciaria. Este não era lugar para uma criança, e era igualmente óbvio que Eve não estava

proporcionando um lar para Cammie. Ele estaria bem dentro de seus direitos em relatar suas

descobertas às autoridades, e então eles viriam e tirariam Cammie e Travis dela. E,

eventualmente, os devolveria ao pai deles, quando descobrissem quem eles eram. E Eve? Ela seria

punida pelo que tinha feito. Por tomar medidas desesperadas para proteger sua família. Ela

simplesmente não podia ser separada deles e deixá-los à mercê de Walt. Ela não suportava pensar

nisso.

— O que quer que você esteja pensando, pare! — disse Donovan. — Eu não sei o que está

passando pela sua cabeça agora, mas Eve, você pode confiar em mim. Eu percebi que você não

confia em ninguém. Isso é muito evidente. Também é igualmente evidente que você está em

algum tipo de problema. Você não tem nada a temer de mim. Ou de Maren. Nós só queremos

ajudar.

— Eu não sei o que fazer, — Eve sussurrou, olhando desesperadamente na direção de

Cammie.

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Foi a coisa errada a fazer, e ela praguejou ao ver que transmitira o seu medo para que a irmã

pudesse ver.

Cammie imediatamente começou a chorar. Não em voz alta. Não. Cammie aprendeu a ficar

quieta o tempo todo. Lágrimas grandes e silenciosas escorriam pelo seu rosto, e os ombros

magros tremiam. Lágrimas picaram as pálpebras de Eve enquanto seu coração se partia em mil

pedaços.

Ela se separou de Donovan, e desta vez ele a soltou. Ela voou até o sofá e se ajoelhou,

puxando Cammie em seus braços.

— Por favor, não se preocupe, querida, — Eve a acalmou. — Ele só quer ajudar. Ele quer

trazer um médico para examiná-la e fazê-la se sentir melhor. Isso não seria maravilhoso?

Mesmo enquanto ela dizia isso, sabia que assim que Travis chegasse à casa do trabalho, eles

embalariam seus poucos pertences e, a maior quantidade de alimentos que Donovan trouxera

quanto conseguiriam transportar, e no momento em que Donovan aparecesse com sua amiga

médica amanhã, eles estariam muito longe.

Estavam muito expostos aqui. Primeiro, a mulher que havia contratado Travis e agora o

irmão dela. Ele queria trazer um médico e só Deus sabia o que mais. E se fosse tudo uma farsa? E

se os policiais aparecessem em sua porta amanhã?

Eles precisavam de anonimato. Precisavam de um lugar onde não chamariam atenção. Onde

seriam apenas mais uma família pobre, lutando entre muitas.

Havia abrigos em cidades maiores. Talvez até Memphis, se conseguissem chegar tão longe.

Tinha que haver uma maneira para eles obterem o abrigo que necessitavam até que Eve pudesse

encontrar um emprego estável o suficiente para reforçar suas finanças. Ela e Trav poderiam

trabalhar em horários diferentes, para quem um estivesse sempre com Cammie, enquanto o outro

trabalhava.

— O que ele trouxe para comer? — Cammie sussurrou.

Sua pergunta quase fez Eve desmoronar.

— Eu trouxe um monte de coisas deliciosas que a minha sobrinha, que é da sua idade,

garantiu-me que são as melhores coisas do mundo! — Donovan disse alegremente.

Eve virou a cabeça para ver que Donovan as seguiu.

— Mas eu acho que talvez devêssemos ter calma com seu estômago. Pelo menos até que

você esteja se sentindo um pouco melhor. O que você acha de sanduíche de queijo grelhado, sopa

quente e um Sprite?

Os olhos de Cammie iluminaram.

— Eu adoro sanduíches de queijo grelhado!

— Considere-o feito, — disse Donovan, realizando um arco exagerado que provocou uma

risadinha em Cammie.

Eve assistiu com espanto enquanto Cammie relaxava sob a força da natureza que era

Donovan Kelly. O homem era bom demais para ser verdade, e Eve aprendeu da maneira mais

difícil que o que parecia ser muito bom para ser verdade era exatamente isso. Uma fachada.

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— Se importa se eu roubar Eve um momento para que ela possa me ajudar a preparar o

almoço? — Donovan perguntou.

Cammie lentamente balançou a cabeça, a mão indo automaticamente para a boca. Ela

deslizou o polegar para dentro, um hábito que só recentemente adotara. Resultado do estresse

pelo qual todos passaram.

Donovan envolveu o cotovelo de Eve, guiando-a para longe do sofá e de volta para a

pequena cozinha. Ele assumiu como se essa fosse de fato sua própria cozinha. Ela ficou de pé com

dificuldade, vendo como ele habilmente preparava a refeição, incluindo até mesmo um cupcake

em um prato de papel separado para a sobremesa de Cammie.

— Por que está fazendo isso? — Ela perguntou em voz baixa. — Você não me conhece —

não nos conhece. Por que você está ajudando a resolver problemas de completos estranhos?

Sua cabeça virou-se e, pela primeira vez, ela pegou um brilho de raiva em seus olhos verdes.

— O que você quer que eu faça, Eve? Feche os olhos para as pessoas que precisam

desesperadamente de ajuda? Ou ignore o fato de que você está morrendo de medo e estão

fugindo de algo ou alguém? Não fique tão atordoada. Não é difícil de descobrir. E se eu posso vê-

lo, você não acha que todo mundo pode? Apenas os outros poderão não oferecer nenhum perigo

para você como eu. Entendo que você não confia em ninguém. Acredite em mim, eu entendo. Mas

vou fazer tudo ao meu alcance para mudar isso. Existem pessoas boas no mundo. Estou tentando

convencê-la de que eu sou uma delas.

— Pode ser perigoso para você, — ela desabafou.

Foi o mais próximo a um reconhecimento de que ele já sabia que ela poderia dar.

Um pouco da raiva esmaeceu em seus olhos, e mais uma vez ela viu aquele vislumbre que

lhe dizia que ela não era apenas alguém necessitado que ele estivesse ajudando. E isso a

confundiu.

— E quanto a você, deixe-me decidir o que eu considero perigoso? Você diz que eu não sei

nada sobre você, mas, Eve, você não sabe nada sobre mim. Ainda. E acredite em mim quando eu

digo que não vou deixar nada acontecer com você, Cammie e Travis.

O pior disso tudo, naquele momento, é que ele falou com tanta convicção que ela

encontrou-se acreditando nele, quando não deveria acreditar ou confiar em ninguém.

— Agora aqui está o que eu quero que você faça, — disse Donovan quando empurrou um

dos dois pratos que preparou sobre o balcão para ela. — Eu quero que você vá sentar-se com

Cammie e coma. Você está precisando tanto de uma refeição quanto ela.

— E o que você vai fazer? — Ela perguntou em voz baixa.

— Vou terminar de guardar as coisas que eu trouxe e certificar-me de que a geladeira está

abastecida. Depois vou fazer uma lista de tudo o mais que você precisa para que, quando eu vier

com Maren amanhã, eu possa trazê-los.

Capítulo 9

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Donovan precisou de toda sua força de vontade para sair do trailer de Eve e caminhar até

sua caminhonete como se ele tivesse acabado de sair de alguma missão de boa vizinhança para

sua mãe. Ele estava fervendo por dentro, e não conseguia nem identificar o alvo exato de sua

raiva.

Ver Eve e Cammie olharem para ele como se ele fosse um monstro e elas estivessem

esperando o pior virou seu estômago. E Cammie. Deus. Ele não podia imaginá-la sem ver Charlotte

e não podia imaginar sua sobrinha na mesma situação.

Ele — todos na KGI — tomavam muitas coisas como certas. Não deveriam. Muita coisa

aconteceu ao longo dos anos para que eles soubessem muito bem para não tomar um único

momento com suas famílias como garantido. E ainda assim era muito fácil esquecer as

circunstâncias nas quais os outros viviam. Apesar do fato de que eles viam o pior do mundo

diariamente.

Quando ele foi embora, pegou seu celular para ligar para Sam para ver se ele contatara

Maren e Steele, mas principalmente Maren. Porque Steele poderia discutir o quanto quisesse, mas

se Maren queria fazer alguma coisa, Steele não tinha a menor chance. Steele apenas garantiria

que ela não estava entrando em uma situação perigosa, e depois do que Donovan testemunhou,

ele sabia que não havia nada a temer sobre Maren ir examinar Cammie. Seja qual for o perigo, não

era proveniente de Eve. Não, o que diabos era aquilo que colocou o terror nos corações de Eve e

de sua pequena família estava lá fora à espreita e à espera de uma oportunidade para atacar. Uma

oportunidade que, se Donovan tivesse qualquer controle sobre isso, nunca iria se apresentar.

Após Sam confirmar que Maren estava dentro e que Steele tinha sido assegurado de que

todas as bases foram cobertas, tanto quanto a segurança de Maren, Donovan desligou e dirigiu em

direção ao complexo, com Eve diretamente em sua mente.

Ele ativou o código para abrir o portão e esperou que se abrisse, permitindo-lhe entrada. A

rede de segurança apertada ao redor do complexo lembrou-o da realidade de sua vida. Da vida de

sua família. Era um mal necessário, do qual todos eles estavam bem conscientes. Mas isso trouxe

para o primeiro plano que nunca levariam uma vida normal. Tinham consciência de que, a

qualquer momento, os inimigos poderiam atacá-los, em seu ponto mais vulnerável. Suas esposas,

mães, pais, irmãos, irmãs, sobrinhos e sobrinhas.

Donovan se perguntou, no passado, assim como tinha certeza que todos os seus irmãos

também se perguntaram, especialmente quando sua família estivera em perigo, se valeu a pena.

Se o que eles fizeram valeu a pena o risco para os seus entes queridos. Contudo, no final do dia, a

resposta era sempre a mesma. Sim. Eles poderiam não ser capazes de resolver todos os males do

mundo, mas poderiam muito bem torná-lo um lugar melhor, uma missão de cada vez. Para cada

criminoso que derrubavam, para cada criança que resgatavam, por cada refém que libertaram,

eles fizeram a diferença.

Talvez essa resposta fosse diferente se eles já tivessem perdido algum membro de sua

família para os inimigos que acumularam ao longo dos anos, desde o início da KGI. Mas, por

enquanto, ainda estavam absolutamente dedicados a corrigir erros e derrubar o mal no mundo.

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Enquanto estacionava, ficou surpreso ao ver o SUV de Steele em frente à sua casa. Não que

isso devesse chocá-lo. Steele iria querer uma contabilidade de primeira mão sobre a situação na

qual sua esposa estava entrando.

Mas, então, a porta do passageiro se abriu e Donovan viu Maren sair para a luz do sol, um

sorriso iluminando suas feições quando ela olhou para Donovan. Um momento depois, Steele saiu

do lado do motorista, a expressão não tão calorosa quanto a de Maren. Donovan suspirou e saiu

do veículo. Poderia muito bem enfrentar o leão agora.

— Olá, Van, — Maren o cumprimentou. E então ela abriu a porta do passageiro e se abaixou,

um segundo depois reaparecendo com a filha.

O sorriso de Donovan foi instantâneo. Tudo bem, ele era um bobo total quando se tratava

de bebês. Processem-no.

— Ei, querida, — disse, enquanto caminhava em direção a onde Maren estava com o bebê.

— Eu juro que essa menina se torna maior a cada vez que a vejo.

Maren sorriu.

— Isso é porque eu sou um restaurante fast-food que funciona vinte e quatro horas por dia,

sete dias na semana. Claramente ela herdou o apetite do pai, porque eu juro que eu nunca

consigo alimentá-la o suficiente.

Steele grunhiu e, em seguida, estendeu a mão para o bebê, habilmente embalando-a em

seus braços. Donovan balançou a cabeça. Ele ainda não tinha se acostumado a ver Steele com uma

criança. A visão ainda provocava diversão, e se fosse honesto, também lhe inspirava inveja.

— Então, qual é a situação? — Steele perguntou sem rodeios.

— Por que não vocês não entram e saem desse calor? — Donovan ofereceu. — Eu tenho um

pouco de chá gelado na geladeira e posso oferecer a Maren uma xícara de seu chá quente

favorito. Então, vamos conversar.

— Não planejamos ficar muito tempo, — Steele respondeu. — O tempo deverá ficar ruim

esta noite, e nesse caso não quero que Maren ou Olivia estejam fora.

Donovan fez uma careta.

— Mau tempo? Sobre o que estamos falando?

Maren revirou os olhos.

— Steele tornou-se um meteorologista regular em seu tempo livre. Está convencido que

uma tempestade está se aproximando.

Steele lançou-lhe um olhar.

— Vale a pena estar ciente dos riscos potenciais.

Donovan subiu os degraus para sua casa e abriu a porta, gesticulando para que Maren e

Steele entrassem.

— Então? O boletim meteorológico... — Donovan consultou.

— Graves trovoadas. Fortes nuvens isoladas. A parte ocidental inteira do estado estará sob

vigilância durante a noite.

Donovan soltou a respiração. Droga. Tudo o que ele conseguiu imaginar era a primeira vez

que entrou no trailer de Eve e viu as bacias espalhadas pelo chão para pegar as goteiras. Eles

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passariam apertados esta noite e com Cammie doente, a última coisa que ela precisava era que

chovesse no interior da casa.

— Sentem-se, — murmurou Donovan. — Vou pegar o chá de Maren. Importa-se se eu

esquentar a água e colocar o sachê?

Maren sorriu.

— Não... Com as minhas mãos cheias com uma criança sempre morrendo de fome, aprendi a

arte de uma bebida rápida.

Donovan arrastou-se até a cozinha e colocou água em uma caneca de café antes de deslizá-

la no micro-ondas. Enquanto esperava o tempo decorrer, encheu dois copos com gelo e pegou a

jarra de chá na geladeira.

Quando o micro-ondas apitou, puxou a caneca quente e deixou cair o saquinho de chá

dentro dela. Lembrando que ela gostava de açúcar, colocou a quantidade certa e mexeu

rapidamente. Equilibrando um dos copos de chá entre o braço e peito, pegou a caneca e o outro

copo e voltou para a sala de estar.

— Como é que você ainda está solteiro? — Maren brincou quando pegou a xícara oferecida.

— Adoro homens que me mimam.

Steele grunhiu novamente e lançou-lhe um olhar perplexo. Donovan riu porque era

amplamente conhecido que Steele mimava completamente tanto a esposa quanto a filha.

Steele pegou o copo da mão de Donovan, mas não bebeu. Ele se inclinou para frente,

colocando o copo sobre a mesa de café e olhou com expectativa para Donovan.

— É ruim, — murmurou Donovan.

A expressão de Steele imediatamente ficou sombria.

— Que porra é essa? Sam disse que era seguro.

Donovan balançou a cabeça.

— Não foi o que eu quis dizer. É seguro para Maren. Eu não iria trazê-la para uma situação

que a colocasse em risco. Você sabe disso.

— Então o que diabos você quer dizer? — Steele perguntou.

— Steele.

A voz suave de Maren imediatamente fez o líder da equipe se calar. Se a situação não fosse

tão grave, Donovan certamente o provocaria sobre isso.

— Não muito longe daqui, uma jovem mulher está vivendo em um trailer caindo aos

pedaços, um verdadeiro pedaço de merda com seus dois irmãos mais novos. Cammie, a irmã de

quatro anos, está doente. Travis, o irmão de quinze, está trabalhando em tempo parcial na loja de

ferramentas para colocar comida na mesa, e Eve... Está tentando mantê-los juntos.

Steele franziu o cenho.

— Eles estão fugindo de alguma coisa, — Donovan continuou. —Estão todos morrendo de

medo.

— Que porra! — Steele murmurou.

— O quanto Cammie está doente? — Maren perguntou, os olhos se estreitando em

concentração.

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Steele pegou o bebê, habilmente pegando-a dos braços de Maren enquanto ela se sentava

na ponta da poltrona, o olhar treinado em Donovan.

— Eu não sei, — Donovan admitiu. — É por isso que eu queria que você fosse comigo para

ver como ela está. Eu diria que ela está doente há vários dias. As condições de vida deles são

deploráveis. Eles não têm o suficiente para comer. Levei mantimentos hoje, mas o teto do trailer,

— se é que se pode chamar assim — tem vazamentos em uma centena de lugares diferentes, e

com toda a chuva que tivemos na semana passada, acho que pode ter contribuído para piorar a

condição de Cammie.

Maren fez uma careta, os olhos brilhando de simpatia e preocupação.

— É claro que eu vou.

— Eu vou com você, — disse Steele.

Donovan balançou a cabeça.

— De jeito nenhum, Steele. Eu sei que irrita sua bunda controladora ter que ficar afastado,

mas se você for, garanto que não vamos chegar a lugar nenhum com eles. Para não falar que

provavelmente irão fugir. Quando eu digo que a Eve está tentando mantê-lo juntos, quero dizer

que ela praticamente não está conseguindo. Ela estava assustada o suficiente apenas comigo lá. Se

você aparecer...

— Ele está certo, — Maren disse, olhando incisivamente na direção de seu marido. — Você

vai assustar a pobre mulher.

Steele franziu o cenho.

— Maren não está em perigo, — disse Donovan. — As únicas pessoas que vivem há são Eve,

Travis e Cammie. Travis é um bom garoto. Assumindo muitas responsabilidades, mas você não

tem nada a temer dele. Eu estarei com Maren o tempo todo. De jeito nenhum iria deixá-la entrar

em uma situação onde não estou absolutamente certo de que ela estaria segura.

Os lábios de Steele se apertaram, mas ele não discutiu a questão.

— Além disso, preciso que você tome conta de Olivia, — Maren disse, divertida.

O olhar de Steele caiu automaticamente sobre a filha, e sua expressão se suavizou. Seu rosto

perdeu as linhas duras que pareciam eternamente gravadas em sua pele, e seus olhos iluminaram-

se com amor.

— Estou confiando em você com a minha vida, — disse Steele enquanto levantava o olhar

para Donovan.

Essas palavras ecoaram meses antes, quando Donovan puxara Maren dos destroços do

helicóptero enquanto Steele havia esperado impotente.

— Eu sei, — Donovan disse calmamente. — Eu vou cuidar dela. Prometo.

Steele assentiu e, em seguida, olhou na direção de Maren.

— Você está pronta? A pequena está quase pronta para a sesta.

Maren riu.

— O que significa que ela vai comer no caminho de casa primeiro. — Ela balançou a cabeça.

— Eu juro que essa garota come mais do que Steele.

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— A que horas você a quer aqui amanhã? — Steele perguntou quando se levantou,

aconchegando a filha na dobra do braço. — Vou trazê-la aqui e esperar por vocês até voltarem.

Maren revirou os olhos.

— Porque Deus me perdoe se eu dirigir.

Steele deu de ombros.

— Eu preciso falar com Sam.

Maren balançou a cabeça, um olhar rápido trocado pelo casal. Donovan levantou uma

sobrancelha.

— Tudo bem?

— Sim. Eu sei que você ficou com minha equipe, Van, e eles não poderiam estar em

melhores mãos, mas estou pronto para voltar. Maren e eu conversamos sobre isso e é hora. Seu

consultório está estabelecido e ela voltará a atender seus pacientes, e é hora de eu voltar para a

minha equipe antes que eles se esqueçam de a quem pertencem.

Donovan riu.

— Como se isso fosse acontecer. Eu vou sentir falta deles. Foi ótimo trabalhar com eles ao

longo dos últimos meses. Mas eu sei que ficarão felizes em receber seu líder de equipe de volta.

Donovan caminhou até a SUV de Steele com eles. Steele voltou-se para Donovan, a

expressão séria.

— Informe Sam sobre o tempo, okay? Deve ficar ruim. Não sei se ele está de olho na

previsão do tempo ou não.

Donovan fez uma careta.

— Informarei. Tenham cuidado também.

Maren revirou os olhos.

— Oh, vamos passar a noite no porão, sem dúvida. Depois que o bebê nasceu, Steele criou

um quarto lá embaixo, e quando existe uma pequena chance de tempestades severas, é onde

dormimos.

Steele grunhiu.

— Não perco nada sendo muito cuidadoso. Sou um tipo de cara que tenta fugir das situações

desconfortáveis.

— Você tem razão, — disse Donovan. — Veja vocês pela manhã.

Donovan observou enquanto se afastavam e depois olhou em todo o caminho para onde as

casas de seus irmãos estavam. Estavam todos separados por vários hectares e Nathan estava

ainda mais longe, situado em uma encosta com vista para o lago. As coisas estavam tranquilas.

Nenhuma missão atual. Eles não foram sequer treinar hoje.

A nova equipe treinara exaustivamente ao longo dos últimos meses e Sam deu uma folga

para todos eles, um precursor para deixá-los por conta própria.

Skylar e Edge se mudaram para perto do complexo enquanto Swanny ainda vivia com Joe na

velha cabana de Sam a uma curta distância. Skylar e Edge passavam muito tempo na casa de Joe e

Swanny. Era bom para eles se relacionarem. Construir camaradagem e formar a base de uma

equipe sólida.

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Imersão completa. Eles passaram todos os dias juntos nos últimos meses, mas agora chegou

a hora de dar uma pausa antes de partirem para missões com a nova equipe e deixá-los confiantes

para cumpri-la.

Era difícil para Donovan. Ele admitia isso. Ele tinha fé completa em todas as equipes, mas

isso não queria dizer que não se preocupava. Nathan e Joe eram seus irmãos mais novos. Eles

sempre seriam seus irmãos mais novos, o que significava que seu instinto era protegê-los, eles

precisando disso ou não.

E a verdade era que Nathan, Joe e Swanny passaram por um inferno. Nathan e Swanny mais

do que todos, mas Joe também não teve uma vida fácil. Donovan preocupava-se que eles talvez

não estivessem prontos.

Mas ele, Sam e Garrett concordaram. Eles eram sólidos. Era hora.

Portanto, a próxima missão seria comandada por Nathan e Joe, com a atuação da equipe de

Steele como suporte. Agora que Steele estava voltando à ação, as coisas voltariam ao normal e

Donovan poderia se afastar um pouco e não ter uma participação tão ativa nas missões.

Não que ele alguma vez tivesse simplesmente recuado e se mantido fora de ação. Sam e

Garrett tomaram mais que uma posição gerencial ao longo do último ano. Eles coordenaram,

planejaram, convocavam as equipes conforme necessário, mas ficaram um passo atrás.

Ambos tinham esposas e agora ambos estavam esperando novas adições à família. Sua

lealdade pertencia, primeiro a suas esposas e depois a KGI. De todos os irmãos Kelly, Donovan e

Joe eram os mais envolvidos, embora Nathan tivesse participado quando a nova equipe se

formou.

As coisas estavam indo... Bem. Ele fez uma careta, não querendo agourar nenhum deles,

mas as coisas estavam definitivamente tranquilas no fronte. Todos estavam... Felizes. Eles

sobreviveram a muitos revezes e saíram mais fortes.

Até mesmo os líderes de equipe estavam se estabelecendo. Donovan sinceramente nunca

pensou que veria o dia em que Rio e Steele positivamente exsudassem domesticidade. E, no

entanto ambos estavam casados, tinham filhas e já não estavam comendo, dormindo e bebendo

somente pela KGI.

Todos voltaram os olhos para ele, jurando que ele seria o próximo. E não era que ele não

quisesse isso. De todos os seus irmãos, ele provavelmente era o menos resistente ao casamento e

à família. Ele só não tinha encontrado a mulher certa ainda.

Quando se casasse, ele sabia que sua esposa e filhos teriam direito a cento e dez por cento

de sua lealdade. E ele ainda não tinha encontrado uma mulher que o fez reordenar suas

prioridades.

Estudou seu telefone celular por um momento e, em seguida, empurrou-o de volta no bolso,

decidindo ir direto a casa de Sam para dar-lhe as informações sobre o tempo e o retorno de

Steele.

Capítulo 10

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Eve estava esperando ansiosamente do lado de dentro da porta enquanto Travis caminhava

até o trailer. Assim que ele entrou, seus olhos encontraram os de Eve e a preocupação

instantaneamente inundou seus olhos.

— O que foi, Evie?

Ela colocou a mão no braço dele, na tentativa de acalmá-lo, mas não conseguiria fazer isso

muito bem quando sabia que teriam que fugir. Mais uma vez.

— Precisamos ir embora — ela disse em voz baixa.

Alarme brilhou no rosto dele.

— O que aconteceu? Ele nos encontrou?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Pelo menos eu acho que não. É só que... — Ela soltou a respiração e, em seguida,

olhou na direção de Cammie. — Nós precisamos ir. Ganhamos a atenção de muita gente aqui.

Donovan esteve aqui hoje e planeja trazer uma médica para ver Cammie amanhã. Eu não quero

correr o risco.

A tristeza entorpeceu os olhos de Travis.

— Eu gostei daqui. Eu esperava...

— Eu sei, — ela sussurrou. — Eu esperava também. Será melhor no próximo lugar, Trav.

Era o que ela dizia todas as vezes que juntavam suas coisas e fugiam, e ambos sabiam que

era uma mentira. Nunca seria melhor até que Walt não fosse mais uma ameaça.

Travis tirou várias notas dobradas e as entregou para Eve.

— Espero que isso nos ajude.

Eve pegou o dinheiro e, em seguida, abraçou Travis, puxando o corpo magro em seus braços.

— Obrigada, Trav. Você é um cara incrível. Donovan trouxe mantimentos quando veio hoje.

Vamos arrumar tudo o que pudermos levar conosco. Não podemos nos dar ao luxo de deixá-los

para trás.

Travis hesitou e depois se afastou, os olhos perturbados.

— Evie, você acha que estamos fazendo a coisa certa indo embora? Talvez... Talvez eles só

queiram ajudar.

— Eu quero acreditar nisso. Mas não posso colocar você e Cammie em risco ao confiar nas

pessoas erradas. E embora eles possam não ser um perigo para nós, corremos muitos riscos,

expondo-nos a ainda mais pessoas aqui. Quanto menos pessoas souberem de nós, mais seguros

estaremos.

Travis assentiu.

— Eu entendo. Quando você quer sair?

Eve olhou novamente para onde Cammie estava dormindo no sofá.

— Depois que escurecer, eu acho.

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— Há algumas nuvens muito escuras à distância, — disse Travis. — Está completamente

negro, a oeste. Talvez seja melhor esperar até que a tempestade passe antes de acordamos

Cammie.

Eve assentiu em concordância.

— Sim. Vamos empacotar o que pudermos e deixar Cammie descansar durante o tempo que

ela for capaz. Depois que a tempestade passar, sairemos.

— Você já pensou para onde? — Travis perguntou em voz baixa.

Desamparo agarrou Eve enquanto contemplava a pergunta de Travis.

— Sim e não, — ela disse honestamente. — Eu pensei que talvez pudéssemos nos dirigir

para o sul. Ou talvez a oeste em direção a Jackson. Com o dinheiro que você trouxe, possivelmente

conseguiremos pagar pelas passagens de ônibus para o próximo estado, pelo menos, mas

precisarei ver a tabela de preços. Poderíamos tomar o ônibus para o Mississipi, para uma cidade

maior. Acho que cometemos um erro aqui. Paramos em uma cidade muito pequena para não

chamar atenção. Em uma cidade maior, nos misturamos melhor com as pessoas e talvez até

mesmo sejamos capazes de conseguir um hotel barato. Eu posso pegar um emprego de garçonete

e você pode ficar em casa com Cammie. Esperemos que ela esteja se sentindo melhor até lá.

— E se ela não estiver? — Travis perguntou com medo.

Eve respirou fundo. Ela não pensou nessa possibilidade. Não adiantava se antecipar aos

problemas.

— Ela estará, — Eve disse com uma voz determinada.

— Diga-me o que você quer que eu faça e eu vou começar, — disse Travis.

— Tire as duas malas de viagem do armário e coloque o máximo de comida possível, tudo o

que não é perecível em uma e coloque as roupas na outra. Cammie não precisa de muito. Apenas

as roupas de dormir e alguns shorts e uma camiseta. Vou pegar uma ou duas mudas de roupa para

colocar com o que você arrumar.

Travis assentiu e, em seguida, caminhou calmamente pela sala em direção ao quarto, onde

as malas estavam guardadas. Eve seguiu atrás e parou na cômoda frágil e abriu a gaveta de cima

onde as joias de sua mãe descansavam em uma caixa rasgada.

Pesar e tristeza arrastaram-se em seu peito quando ela enfrentou o inevitável. Não queria se

desfazer das únicas coisas que ela, Travis e Cammie tinham da mãe deles. Ela queria mantê-las

para Travis e Cammie. Mas eles precisavam do dinheiro mais do que precisavam da lembrança.

Não queria correr o risco de penhorá-los agora, guardando-as para um último recurso. Era muito

arriscado. Casas de penhores exigiam documentos de identidade. Mas o tempo acabou e esta era

sua única opção agora.

As joias não trariam muito, embora fossem de boa qualidade e caras quando foram

compradas. Mas casas de penhores não pagavam sequer uma fração do valor de varejo. As poucas

centenas de dólares que poderia esperar conseguir pela venda teriam que ser esticadas para

fornecer um lugar para eles viverem. Esperando que os alimentos que Donovan trouxera mais

cedo durassem por algum tempo, se comessem com moderação.

— Ela gostaria que você o usasse, Evie, — disse Travis.

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Ela se virou para ver Travis olhando para ela e para a caixa em sua mão.

— Eu sei, — ela sussurrou. — Mas eu queria guardá-las para você e Cammie. É tudo que nos

resta dela.

Travis sacudiu a cabeça.

— Não. Temos nossas memórias. Boas lembranças. Ela era uma ótima mãe. Você é muito

parecida com ela, Evie. Você se parece com ela e tem o coração tão bom quanto o dela. Ela ficaria

muito orgulhosa de você por fazer o que tem feito para proteger eu e Cammie.

Eve sentiu-se culpada pelo breve surto de raiva contra o qual teve que lutar. Ela estava

irritada e triste com a decisão de sua mãe de permanecer com um marido que ela sabia ser um

perigo para seus filhos. Sua mãe sabia, e ainda assim nunca tentou se separar. Tirar Travis e

Cammie fora do alcance dele.

Eve tinha visto a verdade sobre Walt, soube o tipo de homem que ele era, e nunca teria tido

contato com sua mãe ou Walt — Walt não teria permitido — se não fosse pelo telefonema de

Travis a Eve. Seu pedido de ajuda e suas suspeitas a respeito de Walt e suas intenções em relação

a Cammie. Suspeitas que Eve levou muito a sério, porque ela sabia.

Ela deveria ter tido mais tempo para desenvolver um plano, pensado melhor na fuga. Mas

estava muito desesperada para remover Cammie de uma situação perigosa para perder tempo

formulando um plano melhor. E por isso, eles ainda estavam fugindo.

— Vamos parar em Memphis por tempo suficiente para penhorá-las — disse ela. — Então,

vamos tomar outro ônibus no Mississipi. Vamos precisar de um lugar para viver. Em algum lugar

que Cammie não esteja exposta como está agora. Ela precisa melhorar. Ter boa comida e um lugar

seco para dormir.

Como se programado, pingos de chuva soaram no telhado de zinco e Eve olhou para cima,

fazendo uma careta.

— Vou acabar de fazer as malas, Trav. Você vai se certificar que Cammie permaneça seca,

okay?

Travis saiu do pequeno quarto e foi ver a irmã enquanto Eve terminava de encher as malas

com os pertences deles.

Quando ela terminou, arrastou a mala cheia para a sala e, em seguida, pegou a vazia e foi

para a cozinha e começou a guardar a comida que Donovan trouxera. O telhado já tinha começado

a vazar e pequenas poças estavam se formando no chão. Esperava que a chuva não durasse muito

tempo e que pudessem sair o mais rápido possível.

Um grande estrondo soou, sacudindo todo o trailer. Cammie soltou um grito assustado e Eve

se encolheu. Seu olhar voou para onde Travis estava segurando Cammie no sofá, com os braços

em volta dela para protegê-la dos vazamentos. Mais dois relâmpagos iluminaram o interior escuro

do trailer antes de o trovão soar novamente.

— Eu estou com medo, Evie, — Cammie disse com uma voz vacilante.

Seu polegar deslizou para a boca enquanto Travis a confortava.

— Vai ficar tudo bem, querida, — disse Eve com um sorriso. — Trav não vai deixar nada te

machucar.

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Trovoadas certamente não eram nada de novo. As duas semanas inteiras em que viveram

aqui, tiveram muitas tempestades à tarde. No momento em que o trailer secava de uma

tempestade, outra começava, fazendo o interior ficar mofado, frio e úmido devido ao mofo e

bolor.

Precisavam encontrar um lugar melhor para viver. Pelo bem estar de Cammie. Ela nunca iria

melhorar nestas condições de vida. Isso só endureceu a determinação de Eve em penhorar as joias

de sua mãe, para que pudessem pagar melhores acomodações. Era o que ela deveria ter feito

desde o início. Somente o medo da descoberta a impediu desse ato desesperado.

Mas agora percebeu que deveria ter penhorado muito mais cedo. Quando ainda estavam na

Costa Oeste. Dessa forma, não haveria nada apontando Walt — ou a polícia — em sua direção.

Vivendo e aprendendo. Não era como se ela fosse uma especialista em ser fugitiva. Ela penhoraria

as joias em Memphis e, em seguida, mudariam para o Mississipi tão rápido quanto possível e tão

longe quanto possível do Tennessee.

Terminou de arrumar a comida, colocando todo o possível dentro da mala. Então pegou uma

das garrafas de Pedialyte e um dos lanches que deixara de fora para Cammie.

Sentou-se ao lado de Travis, que estava com Cammie empoleirada em seu colo e aninhada

contra o peito.

— Você está com fome? — Eve perguntou. — Você provavelmente deve tentar obter alguns

fluidos e talvez algo para comer antes de sairmos.

O polegar de Cammie deslizou mais em sua boca e ela olhou para Eve com os olhos

arregalados.

— Para onde estamos indo, Evie?

Eve deslizou uma mão reconfortante pela perna de Cammie quando ela estendeu a garrafa.

Travis agarrou-a das mãos de Eve e colocou-a nos lábios de Cammie para ela beber.

— Eu acho que para Jackson. Podemos levar alguns dias para chegar lá, mas uma vez lá,

podemos comprar bilhetes de ônibus para Memphis. Quando chegarmos a Memphis, vou vender

as joias da mamãe, para que possamos pagar um lugar melhor para viver e bilhetes de ônibus para

o próximo lugar. Os próximos dias serão os mais difíceis, mas se ficarmos juntos, poderemos fazer

qualquer coisa.

Travis sorriu pela declaração de Eve, e até mesmo Cammie assentiu solenemente. Eve sorriu

também e, em seguida, estendeu a mão com a palma para baixo, na frente de Travis e Cammie.

Travis deslizou sua mão sobre a de Eve e Cammie colocou a mão livre por cima. Então Eve colocou

a mão sobre a de Cammie, imprensando a dela e a de Travis entre a de Eve. Era um gesto de

solidariedade que se tornou familiar a eles nos últimos tempos. Eve havia começado como uma

forma de tranquilizar Cammie que eles eram uma família e que Eve nunca iria deixá-los.

— Juntos. — Travis disse calmamente.

— Juntos. — Cammie disse em uma voz fervorosa. — Vamos estar sempre juntos, não

vamos, Evie?

Eve pegou Cammie, puxando o corpo quente em seus braços. Ela abraçou-a, apertando-a.

— Sim, querida. Nós sempre estaremos juntos. Eu prometo-lhe isso.

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Era difícil prometer a sua irmã mais nova algo que Eve não tinha como controlar. Mas se a

intenção contava para alguma coisa, então eles ficariam juntos para sempre. Seguros. Longe do

pai dela.

— Eu quero que vocês me prometam uma coisa, — disse Eve com uma voz grave. Ela olhou

para Travis e, em seguida, para Cammie. — Eu quero que os dois me prometam.

— Qualquer coisa, — disse Travis.

Cammie acenou em concordância.

As palavras fizeram um nó na garganta de Eve. Ela não queria nem contemplar o que estava

prestes a dizer, mas tinha que ser considerado. E queria ter certeza de que Travis e Cammie

saberiam o que fazer se o pior acontecesse.

— Se algo acontecer comigo...

Cammie imediatamente enrijeceu nos braços de Eve, e Eve fechou os olhos, arrependida por

perturbar sua irmãzinha. Mas ela não podia deixar de se preparar para o pior cenário. A vida de

Cammie e Travis dependia disso.

— Ouça-me, querida. Se algo acontecer comigo. Se a polícia me encontrar ou se o seu pai

nos descobrir, você tem que me prometer que irá com Travis e fará o que ele lhe disser.

Seu olhar se levantou para Travis e viu o tormento em seus olhos. A certeza de que o que ela

estava dizendo poderia muito bem se tornar realidade.

— Se algo acontecer comigo, você pegará Cammie e fugirá. Fique em movimento. Não se

preocupe comigo.

— Eu não posso fazer isso, Evie, — Travis disse com voz rouca. — Você nunca nos deixou.

Não podemos deixá-la.

Eve balançou a cabeça enfaticamente.

— Prometa-me, Trav. Você tem que proteger Cammie. E a si mesmo. Isso significa mantê-la

longe de Walt. Custe o que custar, você a manterá segura e continuará fugindo.

Travis fechou os olhos e inclinou a cabeça, resignado.

— Eu prometo.

Sentindo-se apenas marginalmente melhor agora que ela tinha a promessa, pegou Cammie

em seus braços e tomou a bebida da mão de Travis para fazer Cammie beber mais.

— Você deve comer alguma coisa também, — ela disse baixinho para Travis. — Deixei o

suficiente sobre o balcão para fazer sanduíches. Há até refrigerante na geladeira, graças a

Donovan. Coma agora, enquanto temos tempo. Podemos não ter esse luxo ao longo dos próximos

dias.

Ainda assim, Travis hesitou. Partia o coração de Eve que muitas vezes ele passasse fome e

necessidade porque colocava as necessidades de Cammie — e de Eve — acima das dele. Ele, de

todos eles, necessitava de refeições regulares. No ano passado, ele teve um enorme surto de

crescimento, passando de uma altura média de um metro e sessenta e sete para quase um metro

e oitenta e dois. E era óbvio que ele estava desnutrido. O corpo alto e esguio mostrava sua

magreza. Com alimentação adequada, ele seria um homem de ombros largos e muito mais forte.

Era difícil imaginá-lo como um adulto, mas na verdade, ele foi forçado a crescer e amadurecer

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muito rápido. Ele tinha conhecimento e experiência do mal no mundo que a maioria dos adultos

nunca sabia.

Mesmo que fosse a última coisa que Eve fizesse, ela iria garantir que eles tivessem um bom

lugar para viver, ou pelo menos um lugar adequado, e comida para que Travis e Cammie

comessem regularmente. Mesmo que isso significasse ficar sem ela.

— Coma, — Eve disse suavemente. — Não há espaço para levar tudo isso de qualquer

maneira. Não há sentido em jogar no lixo. Coma o quanto você conseguir, porque como eu disse,

estaremos viajando pelos próximos dias, e teremos que comer quando pudermos e com

moderação, para que a comida dure tanto quanto possível, antes de termos que comprar mais.

— Você quer alguma coisa? — Travis perguntou quando se levantou.

Eve começou a sacudir a cabeça. O pensamento de comida a deixava enjoada quando seus

pensamentos estavam em tumulto sobre o que enfrentariam nos próximos dias. Mas também

sabia que não conseguiria convencer Travis de sua necessidade de comer se ela mesma se

recusasse a fazê-lo.

Ela forçou um sorriso na direção de Travis.

— Isso seria bom. Apenas me faça um sanduíche. Há duas latas de refrigerante na geladeira

que eu não consegui colocar na mala. Por que não bebemos antes de irmos embora?

Ainda havia o suficiente de um menino em Travis para que ele ficasse feliz pela oferta que

lhe foi feita. Seu coração doía com a ideia de que algo tão simples como um sanduíche e uma lata

de refrigerante fosse um luxo muitas vezes negado a eles.

— O que você quer no seu sanduíche? — Travis perguntou quando se dirigiu para a cozinha.

— Oh, um pouco de tudo, — disse Eve com um sorriso. — Podemos também fazer um

banquete esta noite, já que não podemos levar o resto da comida com a gente. Cammie, e quanto

a você, querida? Está se sentindo bem para comer alguma coisa além dos biscoitos que está

mordiscando?

— Posso comer outro sanduíche de queijo grelhado? — Cammie perguntou falando ao redor

do dedinho em sua boca.

— Pode apostar! — Travis disse com um sorriso indulgente. — Eu vou aquecer a panela

enquanto faço meu sanduíche e o de Evie. Então, todos nós vamos comer juntos no sofá e esperar

a tempestade passar. Isso parece bom?

Cammie assentiu vigorosamente.

— Trav, certifique-se de comer bastante, — Eve lembrou. — Não perca essa oportunidade,

você precisa comer bem.

Ele sorriu.

— Você não precisa me convencer. Estou morrendo de fome!

Eve se sentou de novo, saboreando o breve momento de normalidade. Era fácil fingir que

eles não estavam em um trailer caindo aos pedaços vivendo com uma mão na frente e outra atrás,

com o medo constante de serem descobertos. Pelo espaço de poucos minutos roubados,

poderiam ser uma típica família desfrutando algo tão simples como uma refeição juntos.

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Eve confiou este momento na memória, sabendo que os próximos dias trariam incerteza e

turbulência. E ela orou para ser forte, não apenas para sobreviver, mas para ser forte para seus

irmãos. Eles precisavam dela. Ela era a única constante em suas vidas e eles eram as únicas

constantes na dela.

Capítulo 11

Eve despertou do sono e entrou em pânico quando percebeu que adormecera no sofá

depois de comer. Travis estava deitado sobre o braço, a cabeça tombada para o lado. Cammie

estava aninhada nos braços de Eve enrolada no corpo dela.

Ela ergueu o relógio, mas não conseguiu ver as horas na escuridão. Pelo menos ainda estava

escuro e não dormiu a noite toda. Esforçou-se para ouvir os sons de chuva, mas estava muito

calmo. Estava quase estranhamente silencioso. Nenhum som de sapos ou grilos que normalmente

permeavam a noite.

O ar estava denso, a umidade tão espessa que era difícil respirar. Ela mudou de posição,

tentando obter uma visão melhor do relógio. Cammie agitou-se em seus braços e Eve

cuidadosamente deitou-a de lado antes de alcançar o braço de Travis.

— Trav. Trav, — ela chamou um pouco mais alto. — Temos que nos levantar e nos arrumar

para sair. Parou de chover e eu não sei por quanto tempo dormimos.

Depois de comerem, eles relaxaram, ouvindo a chuva bater contra o teto de zinco e o vento

sacudindo as janelas do trailer. Percebendo que a tempestade não era apenas um breve

aguaceiro, Eve sugeriu que tentassem dormir um pouco. Mas ela não tinha a intenção de dormir.

Queria que Cammie e Travis descansassem para a viagem que fariam, para os longos dias de

caminhada, mas queria limitar esse descanso a uma hora, no máximo.

Travis agitou-se e, em seguida, sentou-se imediatamente, a mão indo para Eve.

— Desculpe, Evie. Eu não deveria ter caído no sono assim, — ele disse, em um tom pesaroso.

— Shhh, você precisava, — ela disse. — Mas se você puder me ajudar com Cammie,

podemos estar a caminho. Ela precisa dos sapatos, shorts e camiseta que você preparou para ela.

Travis se levantou e estendeu a mão para Cammie, que ainda estava meio dormindo. Ela

murmurou um protesto sonolento, mas agarrou-se ao pescoço de Travis enquanto a levava para o

quarto para arrumá-la.

Eve levantou-se, afastando o véu pesado de fadiga enquanto se preparava mentalmente

para o que estava por vir. Não importa que estivessem levando esta vida pelos últimos meses,

ainda não estava acostumada a isso. Ainda não conseguia afastar o medo que a incerteza trazia.

Estava lidando com algo perigoso e não sabia como lidar com isso, mas afinal, quem sabia?

Ela se esticou e, em seguida, fez uma rápida verificação para se certificar de que não

estavam esquecendo alguma coisa importante. As joias de sua mãe estavam seguras na mala. A

carteira de Eve com seu precioso montante em dinheiro estava no balcão, e ela empurrou-a na

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mochila, onde também iria colocar bebidas para Cammie e alguns dos lanches embalados

individualmente que Donovan trouxera.

O rosto de Donovan brilhou em sua mente, fazendo-a parar. Indecisão piscou e ela

empurrou-a para longe. Não podia se dar ao luxo de mudar de ideia. Agora não.

Mas e se ele realmente só quisesse ajudar? Ela estaria causando um prejuízo enorme a

Cammie e Travis por não ficar e permitir que Donovan trouxesse um médico para Cammie?

Aqueles intensos olhos verdes. Olhos que viram demais. Que sondaram profundamente

dentro de sua mente. Ele era um homem que fez Eve se sentir segura, e talvez fosse isso o que

mais a assustou. Porque um engano, apenas um, e Cammie e Travis pagariam o preço por sua

estupidez. Era melhor não confiar em ninguém, — um mantra que ela abraçou quando fugiram da

Califórnia, — do que correr o risco de confiar na pessoa errada.

Mas, ainda assim, não conseguia tirar Donovan Kelly de sua mente. Ele agarrou-se

tenazmente, recusando-se a ceder. Ele era bonito, não havia dúvida sobre isso. Mas não era a sua

capacidade de atração física que a intrigava. Embora definitivamente não lhe faltasse beleza física.

O homem era sólido da cabeça aos pés.

Ele não era muito alto. Certamente mais alto que ela, mas ele não pairava sobre ela

também. Mas o que lhe faltava em altura, ele certamente compensava em outras áreas. Seu peito

era enorme e os braços inchados com músculos. Era evidente que ele permanecia fisicamente em

forma.

Mas talvez o que mais lhe chamou a atenção foi simplesmente a maneira como ele olhou

para ela. Como se ele se... Importasse. Como se de alguma forma a sua ligação fosse mais pessoal

do que a de alguém ajudando outro ser humano necessitado.

Talvez fosse fantasioso de sua parte. Okay, era exatamente isso e isso a tornava uma idiota

flamejante por até mesmo insistir em tal possibilidade. Mas uma vez que tomava conta, não

conseguia livrar-se desse sentimento. Era uma sensação agradável. Quente e reconfortante. Como

ele.

E ele foi maravilhoso com Cammie. Teria sido fácil para um homem como ele assustar

Cammie, e ainda assim ele fizera um enorme esforço para não assustá-la. Ele foi extremamente

gentil com ela — e com Eve.

Em outra vida, Eve teria a confiança e liberdade, para agir diante de tal atração. Ela não era

muito ousada, mas também não era uma mulher tímida receosa de falar o que pensava. Nunca foi

daquelas que aderia aos costumes sociais desatualizados. Tal como deveria ser o homem quem

convida a mulher para sair. Se ela conhecesse um homem no qual estivesse interessada, nunca

hesitaria em tomar a iniciativa. Alguns homens gostavam disso. Outros? Nem tanto. Azar deles.

Mas agora? Essa Eve já não existia. Talvez um dia ela a trouxesse de volta. Mas, por agora,

namoro e relacionamentos estavam na parte inferior das prioridades de Eve. Ela tinha uma família

para proteger e criar. Ela tinha que ficar um passo à frente de Walt. Talvez nunca tivesse uma vida

normal novamente, mas se isso acontecesse por que ela garantiria que Travis e Cammie tivessem

uma vida de qualidade, livre dos abusos de Walt, então ela ficaria feliz em desistir de qualquer

esperança que tivesse de um futuro.

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Além disso, que homem estaria disposto a assumir uma família já pronta como a dela? De

jeito nenhum ela desistiria de Travis ou Cammie. Então, mesmo se ela estivesse em uma posição

de ter um relacionamento normal com alguém, era duvidoso que algum homem estaria disposto a

criar um adolescente e uma menina de quatro anos.

Saindo desses pensamentos — era um desperdício monumental e ridículo de tempo

considerar o seu futuro quando ele era absolutamente incerto e mudava de um dia para outro, —

ela pegou a mochila e, em seguida, empurrou as duas malas até a porta para que estivessem

prontos para sair quando Travis voltasse com Cammie.

Um momento depois, Travis voltou com Cammie vestida e calçada. Eve inclinou-se para

certificar se os laços estavam seguros e que ela estaria confortável para a longa caminhada pela

frente. Quando Cammie se cansasse ou não se sentisse bem o suficiente para andar, Eve e Travis

se revezariam carregando-a nas costas.

Embora certamente estivessem acostumados a andar grandes distâncias e transportar

Cammie, o pensamento ainda fazia Eve fazer careta. Mas tinha que ser feito, e quanto mais tempo

permanecessem aqui adiando o inevitável, mais tempo levaria para chegar à estação de ônibus. E

talvez não tivessem que percorrer todo o caminho para Jackson. Clarksville estava mais perto. A

base do exército estava lá, por isso certamente haveria uma garagem de ônibus.

Ela suspirou, atormentada pela indecisão. Como poderia saber qual escolha seria certa? Ela

não teve tempo para planejar. A visita de Donovan e sua proposta de retorno com a médica a

fizeram entrar em pânico. Talvez devesse ter deixado a médica vir, descobrir o quanto o estado de

Cammie era grave e, em seguida, fugir rapidamente.

Ela levantou a mão trêmula até a têmpora e massageou enquanto tentava ordenar seus

pensamentos dispersos.

— Evie?

A voz preocupada de Travis rompeu sua frustração.

— Você está bem?

Eve assentiu com a cabeça e tentou um sorriso tranquilizador para ele e Cammie.

— Eu só estava pensando. Jackson está tão longe. Talvez fosse melhor se fôssemos para

Clarksville e pegássemos um ônibus de lá. Isso nos coloca mais longe de Memphis, mas irá

diminuir nosso tempo de caminhada consideravelmente.

Ela olhou para Cammie enquanto falava, percebendo que era a coisa certa a fazer. Cammie

não precisa ficar fora em só Deus sabia que tipo de clima, no calor e exposta, por mais tempo do

que o absolutamente necessário.

— Eu estava olhando no mapa no trabalho mais cedo, — disse Travis. — Se formos para

Clarksville, então talvez devêssemos considerar ir para o norte em Kentucky, em vez do sul para

Mississipi. E você poderia penhorar as joias em Clarksville em vez de esperar. Eles provavelmente

têm várias casas de penhores, já que é uma cidade de base militar, certo?

Aqui estavam, prontos para sair na calada da noite, e não tinham sequer um sólido plano de

ataque. O cansaço soprou sobre Eve, apesar do fato de que tinha acabado de dormir por algumas

horas.

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— Eu acho que você está certo, Trav. O que disse faz sentido. E quanto mais formos para o

norte, mais frio estará. O Mississipi no auge do verão deve ser maravilhoso.

Eles não estavam acostumados com o calor e a umidade do sul. Estavam acostumados a um

clima muito mais frio com muito menos umidade do que aqui. Cammie sofreu mesmo antes de

adoecer.

— Talvez eu possa até mesmo encontrar trabalho em Clarksville apenas por um dia ou dois

antes de seguir em frente, — Travis sugeriu. — Seria bom economizar o dinheiro que temos.

— Vamos ver — disse Eve. — Por enquanto, vamos apenas seguir em frente e cruzar as

outras pontes quando chegarmos lá.

Cammie deslizou sua mão na de Eve e apertou. Lágrimas queimaram as pálpebras de Eve

quando ela olhou para a doce menina que estava lhe oferecendo tranquilidade. Deveria ser Eve

quem confortaria seus irmãos, e em vez disso, eles estavam tentando tranquilizá-la.

Eve apertou a mão dela e sorriu.

— Vamos começar a nossa próxima grande aventura?

Travis pegou a mochila de Eve e fechou a mão em torno do punho de uma das malas. Eve

soltou a mão de Cammie e depois a estendeu para a outra mala, abriu a porta e saiu para a noite.

Um vento forte soprou imediatamente o rosto de Eve, assustando-a com sua ferocidade.

Havia gotas de chuva misturadas com o vento, e picavam sua pele, provocando arrepios. Droga.

Ela pensou que a chuva havia terminado.

— Será que devemos esperar a chuva parar? — Travis perguntou com uma voz preocupada.

Eve caminhou pelo quintal, virando o rosto para olhar para o céu. Houve um uivo lúgubre

que a perturbou. O silêncio que a incomodara antes foi reforçado.

— Não, vamos agora, — Eve disse. — Já é madrugada, e quero estar fora das principais

estradas antes que fique claro.

Travis assentiu e fechou a porta atrás de si.

— Pronta? — Eve perguntou a Cammie em um tom leve.

— Pronta. — Cammie disse resolutamente.

Eles começaram a caminhar pelo pátio em direção à estrada. A profunda vala na frente do

trailer borbulhava com o escoamento. A água corria através do grande bueiro que servia como

passeio e rodava seguindo seu curso.

Estavam na estrada quando o vento repentinamente aumentou e quase carregou Eve. Seu

aperto aumentou em torno da mão de Cammie exatamente quando um rugido soou.

O medo apertou o estômago de Eve e ela hesitou, olhando para o trailer, que balançava com

a força do vento.

— Talvez devêssemos...

Ela nunca chegou a concluir o pensamento.

Detritos começaram a atingi-los. Granizo do tamanho de moedas de um centavo começou a

bater no chão e neles, e o rugido tornou-se tão alto que quase ensurdeceu Eve.

Cammie gritou quando a força do vento quase arrancou sua mão do aperto de Eve.

— Temos que encontrar cobertura! — Travis gritou. — Eu acho que é um furacão!

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Oh Deus. Oh Deus. Oh Deus. O trailer não era abrigo para um furacão. Era o último lugar

onde eles deveriam estar.

— O bueiro! — Eve gritou. — Entrem no bueiro e fiquem deitados no chão!

Ela empurrou Cammie para frente e voltou para pegar a mão de Travis para puxá-lo. Um

galho de árvore explodiu entre eles, jogando Travis a vários metros de distância.

— Travis!

Eve tropeçou em direção a ele, dividida entre a necessidade de proteger Cammie e seu

desejo de se certificar que Travis conseguiria. Para seu horror, o vento arrastou Cammie sem

piedade e Evie precisou de toda sua força para continuar segurando o pulso dela.

— Coloque Cammie no bueiro! — Travis gritou.

— Não! Eu não vou deixar você, Trav!

— Evie, coloque Cammie no bueiro! Vá!

Eve olhou arrasada quando mais um galho bateu diretamente na lateral do corpo de Travis,

mandando-o para o chão.

— Trav! — Cammie gritou.

Foi o grito histérico de Cammie que colocou Eve em ação. Ela girou, rapidamente puxando

Cammie em seus braços. A adrenalina deu-lhe força quando ela mergulhou no bueiro, carregando

o peso de Cammie por todo o caminho. Elas bateram no chão, assim que um galho caiu sobre elas,

acertando Eve diretamente nas costas.

Toda a respiração foi batida dolorosamente para fora de seus pulmões, deixando-a com falta

de ar. Seus olhos se encheram de lágrimas e coçavam enquanto granizo e chuva atingiam seu

rosto. Cammie se contorcia sob seu peso, e ela temia que ela estivesse sendo sufocada pelo peso

de Eve.

Empurrou-se para cima, sendo atrapalhada pelo galho pesado, ela se arrastou em direção à

vala, determinada a colocar Cammie em segurança para que pudesse voltar para Travis. Quando

ganhou equilíbrio, pegou Cammie no colo mais uma vez. Estava quase lá quando pisou em um

buraco.

Seu tornozelo falhou, torcendo dolorosamente, e ela ficou de joelhos, ofegando de dor.

Droga. Ela estava tão perto. Não iria desistir agora. Eles sobreviveram a coisas piores. De jeito

nenhum iria deixar um maldito tornado derrubá-los agora.

Usando o que restava de suas forças, conseguiu empurrar Cammie no bueiro. A água corria

em volta delas, puxando seus corpos. Se ficasse um pouco mais profundo, elas seriam levadas.

— Ouça-me, Cammie, — Eve gritou acima do barulho. O vento assobiando através do túnel

junto com a água correndo tornou quase impossível ser ouvida. — Vou posicioná-la no meio do

bueiro. Apoie-se em qualquer coisa que você conseguir e não se mova! Eu tenho que voltar para

buscar Trav.

Cammie choramingou, mas assentiu com a cabeça, com os dedos bem agarrados na camisa

encharcada de Eve. Eve teve que usar toda sua determinação para soltar as mãos de Cammie e

deixá-la sozinha naquele bueiro mesmo que por alguns instantes. Ela estava aterrorizada de medo

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de perder Cammie. Estava aterrorizada com medo de perder Travis. Não era uma opção. Ela

morreria antes de deixar isso acontecer.

Ela beijou uma das mãos de Cammie e depois segurou-lhe o rostinho em suas mãos.

— Fique aqui e não se mova, — ordenou. — Estarei de volta em um minuto.

Tropeçando, percorreu o caminho para fora do bueiro, aliviada que o nível da água se

mantinha inalterado. Seu corpo inteiro estava pesado enquanto caminhava até a vala. O vento

batia nela sem piedade. Ela foi atingida por pedras, pequenos galhos e outros detritos. Algo bateu

na lateral de seu corpo, arrancando um grito de dor. Ela caiu com força, ficando com o rosto cheio

de lama.

Levou um momento para perceber que o que havia batido nela era a porta do trailer. Ela

olhou na direção do reboque e para seu horror viu que ele simplesmente não estava mais lá.

Nenhuma parte dele estava lá. Ele simplesmente desaparecera levado pelo tornado.

Um gosto metálico e quente encheu sua boca. Sangue. Ela limpou os lábios com as costas da

mão, removendo um pouco da lama e sangue.

— Travis! — Ela gritou.

Uma mão firme agarrou seu pulso, puxando-a para ficar de pé.

— Estou aqui, Evie. Agora vamos. Temos que entrar no bueiro com Cammie.

Estava tão aliviada que quase desmaiou no local. Fazendo uma careta quando colocou o

peso sobre o tornozelo torcido, se inclinou contra Travis e voltou em direção ao bueiro.

O vento soprava violentamente ao seu redor, transformando as coisas mais comuns em

armas mortais. Seu cabelo estalava violentamente contra o rosto, cortando a pele. Era como se o

céu tivesse cedido e fizesse chover sobre eles em todas as direções possíveis. E então, para seu

espanto, seu corpo inteiro levantou no ar, antes de ser batido para baixo, separando ela e Travis.

— Evie! — Travis gritou.

— Fique com Cammie, — ela falou entre os dentes. — Você tem que protegê-la, Travis. Não

se preocupe comigo.

— Não vou deixar você! — Ele rugiu.

— Droga, Trav! Você me fez te deixar. Agora faça o mesmo! Eu vou conseguir. Você é mais

forte do que eu. Você tem que chegar a Cammie e certificar-se que ela não seja carregada pelo

vento ou a água. Vá até lá e não saia até que eu volte para vocês. Estamos entendidos?

Com um grunhido frustrado, Travis se arrastou em direção ao bueiro e Eve se levantou

novamente, lutando contra a força do vento e o peso dos detritos chovendo sobre ela. Assim que

ficou de pé mais uma vez, o vento jogou-a para longe, levantando-a vários metros no ar. Ele jogou-

a de lado como lixo descartado. Ela desembarcou a metros do bueiro, a dor fragmentando-se

através de seu corpo. Estava quase inconsciente, mas o único pensamento que martelava através

dela tão forte como o vento era que não tinha nenhuma esperança de conseguir sair do bueiro.

Os ventos eram muito fortes, a força muito grande. Sua força se foi. Ela ficou lá como uma

boneca quebrada, cada respiração mais dolorosa do que a última. Podia sentir os ventos ficando

mais fracos. O rugido se desvaneceu a um pulsar maçante. O tornado passou por eles em questão

de segundos e continuou avançando e espalhando seu caminho destrutivo.

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Seu último pensamento consciente foi que precisava chegar até Travis e Cammie. Tudo o

que eles tinham se foi. Levado pela tempestade. Lágrimas de frustração e dor lotaram seus olhos.

Ela não iria desistir. Nada no mundo a faria chorar derrotada.

Suas pálpebras fecharam lentamente. Ela tentou afastar o véu da inconsciência. Precisava ir

até Cammie e Travis. Mas a escuridão tomou conta dela, puxando-a em seu abraço confortável.

Capítulo 12

Donovan estava na sala de guerra no complexo da KGI, as palmas das mãos na superfície

plana, enquanto meticulosamente fazia uma verificação de todos os sistemas. Sua primeira

prioridade era certificar-se que sua família estava a salvo, mas colado a isso estava assegurar que

os geradores fizessem o que deveriam fazer em caso de uma falha de energia.

O sofisticado sistema foi projetado de modo que quando a energia falhasse, dentro de um

décimo de segundo, os geradores iriam ligar e não ocorreria nenhum comprometimento a

segurança. Eles foram testados muitas vezes, mas nunca enfrentaram uma situação em tempo

real. Até agora.

O tornado atravessou Dover, derrubando linhas de energia e destruindo casas e tudo o mais

em seu caminho. Seus irmãos, esposas e filhos abrigaram-se nos porões, algo que todas as casas

dentro do complexo tinham.

Eles tiveram um enorme esforço na concepção de um complexo que fosse seguro, não só do

ataque humano, mas dos elementos também. Estavam muito longe no interior para se

preocuparem com furacões, mas tornados eram ameaças muito reais.

Apenas alguns anos antes, tornados devastaram Jackson e Clarksville, e, em seguida, quando

Clarksville ainda estava se recuperando, foram atingidos por mais um. Nem mesmo Nashville

provara-se impermeável às tempestades assassinas.

A principal preocupação de Donovan fora que uma tempestade iria comprometer suas

medidas de segurança e tornar possível uma violação quando estivessem mais vulneráveis. Ele

ficou satisfeito ao ver que a cara tecnologia na qual não poupou nenhuma despesa parecia estar

fazendo seu trabalho.

— Tudo que foi verificado está okay? — Joe perguntou.

Donovan olhou para seu irmão, que estava junto a Swanny. Sua primeira convocação foi

para Joe, uma vez que ele vivia fora do complexo. Então ele ligou para seus pais, frenético de

preocupação se eles tinham resistido ao furacão. À exceção de uma árvore caída na propriedade e

algumas telhas faltantes, eles estavam bem. Os irmãos de Donovan iriam para a casa dos pais tão

logo o dia clareasse e pudessem avaliar qualquer dano que seu pai não fora capaz de ver.

Um por um, os outros membros da família Kelly estendida foram verificados, e todos

estavam bem. Graças a Deus.

— Sim, tudo está okay. Meus bebês fizeram o seu trabalho, — ele disse com um sorriso.

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Joe revirou os olhos.

— Você precisa sair mais, cara. Você está desenvolvendo uma relação muito próxima com a

sua tecnologia.

— Puxe o serviço de meteorologia, com o mapa da tempestade, Swanny. Eu quero ver o

caminho que o tornado tomou.

Swanny inclinou-se em um dos computadores e poucos momentos depois, as telas na frente

de Donovan se iluminaram e mostraram vários pontos da trajetória do tornado.

Donovan estudou-o cuidadosamente e sua respiração parou quando viu o caminho exato

que a tempestade tomara. Um nó se formou em seu estômago e seus dedos se fecharam em

punhos apertados.

— Porra, — ele sussurrou.

— O que foi? — Joe perguntou bruscamente.

— Nós temos que ir, — Donovan falou entre os dentes. — Preciso de você e Swanny.

— O que está acontecendo? — Joe exigiu saber. — Fale com a gente, cara.

— Eve, — disse ele. — Deus. Eu sequer pensei. Eu nunca deveria ter deixado que eles

ficassem lá hoje à noite. Eu sabia que a porra do tempo estaria ruim e sabia que aquele maldito

trailer onde eles estão vivendo não fornecia proteção contra os elementos de qualquer natureza. E

Cammie está doente. Droga, eu devia tê-los arrastado de lá mais cedo.

— Você não está fazendo nenhum sentido, — Swanny disse com a voz calma.

O punho de Donovan desceu na bancada com uma pancada.

— Eles estavam bem no caminho do tornado. Aquele trailer nunca teria sobrevivido nem

contra uma tempestade mais fraca, muito menos a um F32 como este. Temos que chegar lá.

Espero que não seja tarde demais. Se eles estiverem mortos nunca vou me perdoar.

— Merda, — Joe murmurou. — Vamos. Swanny e eu estamos com você. Devemos chamar

os outros?

Donovan balançou a cabeça.

— Talvez Sean, embora ele provavelmente esteja até as orelhas com todas as outras vítimas.

Os outros precisam ficar com suas próprias famílias. Vamos ver com o que estamos lidando

quando chegarmos lá. Se precisarmos de ajuda, os chamaremos. Agora temos que chegar lá e

verificar se eles estão bem.

— Vamos embora, — Swanny disse brevemente.

Donovan saiu correndo para a caminhonete. Joe ficou no banco do passageiro e Swanny

entrou na cabine extra. Ele rugiu para fora do complexo, vasculhando o céu a procura de qualquer

sinal na madrugada iminente. Estava clareando em direção ao leste e dentro de trinta minutos

teriam luz suficiente para ver com o que estavam lidando.

2 F3 – É a Escala Fujita, que mede a intensidade dos tornados, batizada com esse nome em homenagem ao falecido cientista de tornados Dr. Ted Fujita. Os tornados são medidos pela intensidade dos estragos que causam, e não pelo tamanho físico, pois o tamanho não é necessariamente uma indicação de sua ferocidade. Tornados grandes podem ser fracos e tornados pequenos podem ser violentos, Nesse caso, o tornado F3 tem ventos com velocidade entre 253 e 333 km/h. Árvores pesadas são levantadas com raiz e tudo, paredes e telhados de edifícios sólidos são arrancados como palitos. É um tornado severo.

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— Existem lanternas aí atrás, Swanny. Sob o assento. Puxe-as para fora e verifique se estão

funcionando. Vai clarear em breve, mas chegaremos lá em dez minutos e vamos precisar delas.

— Okay, — Swanny disse.

Houve ruídos na parte de trás e poucos momentos depois Swanny disse:

— Achei. São quatro.

Ele entregou duas para Joe e manteve as outras.

— Cuidado, cara, — Joe murmurou. — Mantenha-se na estrada. Nós não seremos de

nenhuma ajuda para eles se você enrolar a caminhonete em torno de uma árvore.

Donovan abrandou no acelerador, sabendo que seu irmão estava certo. Mas isso não acabou

com a urgência que tinha de chegar a Eve e seus irmãos. Porra, ele nunca deveria ter se afastado.

Sabia que era a coisa errada a fazer, mas consolou-se com o fato de que ele e Maren retornariam

na manhã seguinte. Ele só esperava que sua hesitação não custasse a vida deles.

— Cristo, que bagunça! — Donovan disse enquanto se esquivava de uma árvore caída.

O caminho todo, não viu nenhum sinal de iluminação em qualquer uma das casas por onde

passavam. Mas também não viu destruição completa ou algo que reforçasse suas esperanças de

que o trailer não foi destruído.

Mas quanto mais se aproximava da estrada onde o trailer de Eve estava, pior o dano era.

Copas das árvores arrancadas. Detritos em todos os lugares. Assim que ele se virou para a rua

dela, soube que seria ruim. A primeira casa, bem, já não era mais uma casa. Só a base

permaneceu. E estranhamente, o mobiliário ainda estava onde estivera dentro da casa. Mas as

paredes e o telhado foram embora. Esperava como o inferno que não tivesse ninguém dentro

quando a tempestade os atingiu ou que, pelo menos, tivessem um porão onde se abrigarem.

— O resto de sua equipe deu notícias, Joe?

Mal-estar tomou conta dele. Skylar e Edge moravam juntos em uma casa que

compartilhavam o aluguel, mas Donovan não tinha ideia se eles tinham um porão. Nathan, Joe e

Swanny ajudaram os companheiros de equipe a se mudarem, mas Donovan nunca foi à casa deles,

um fato que agora lamentava.

— Sim, eles estão bem. O tornado não os atingiu. Quase não choveu onde eles moram, —

disse Joe.

— Steele deu notícias? — Swanny perguntou.

— Sim. Ele, Maren e o bebê estão bem. Maren reclamou com ele sobre dormirem no porão,

mas suponho que ela não vai mais se queixar no futuro.

Donovan freou fortemente, desviando de uma vala, maldições borbulhando de seus lábios.

Porra, essa passou perto.

— Puta merda, isso foi quase um acidente, — Joe suspirou.

Uma árvore enorme estava deitada transversalmente sobre a estrada, impedindo a

passagem de veículos. Não havia jeito de contorná-la ou passar por cima. Teriam que ir o resto do

caminho a pé.

— Vamos, — disse ele severamente.

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Pegando a lanterna e seu kit médico do banco, saiu e partiu em um ritmo acelerado, subindo

sobre a árvore caída e iluminado o caminho com a luz da lanterna.

Havia destroços em todos os lugares. Galhos, telhas, até mesmo uma porta destroçada. E

uma mala?!

— Pegue aquela mala, Joe, — Donovan instruiu.

— Está cheia, — Joe disse enquanto a levantava.

— Coloque-a para o lado onde possamos encontrá-la. Tenho certeza de que ela pertence a

alguém por esta estrada.

Donovan começou a correr, virando a esquina onde o trailer de Eve estava localizado. O céu

estava começando a clarear apenas o suficiente para que conseguisse ver onde ficava o trailer. Ou

melhor, onde costumava ficar.

Ele prendeu a respiração.

— Oh, não. Deus não.

Ele se foi. A área deprimida de grama onde o trailer ficava era a única indicação de que ele

um dia estivera lá.

— Eve! — Ele gritou com voz rouca enquanto corria para frente. — Eve! Onde você está?

Você está aqui? Você está bem?

— Puta merda! — Swanny disse em reverência. — Parece que uma bomba explodiu.

— Espalhem-se! — Donovan estalou, não querendo ouvir o tom fatalista nas palavras de

Swanny. Ele não iria pensar que Eve, Travis e Cammie poderiam estar mortos. Eles tinham que ter

sobrevivido. Donovan não poderia viver consigo mesmo com o sangue deles em suas mãos. —

Olhem em todos os lugares e eu quero dizer em todos os lugares. Se não encontrá-los em um

curto espaço de tempo, vou chamar reforços. Vou colocar todos aqui procurando até encontrá-los.

Eles se espalharam, cada um indo a uma direção diferente. O trailer era cercado por bosques

em três lados, e além de toda a terra e cascalho havia outra casa. Estranhamente, parecia estar

intocada, mas na verdade, não havia nenhuma regra ou definição para o caminho de um tornado.

Inferno, ele testemunharam tornados que mergulharam, arrancaram uma casa, depois levantaram

e deixaram as outras ao lado intactas. Bastardos volúveis, imprevisíveis e exigentes.

Donovan tropeçou em um galho deitado em frente à entrada que passava por cima de um

bueiro e quase caiu sobre um joelho. Estava se levantando, ajustando a lanterna para iluminar na

direção onde o trailer costumava estar quando ouviu um soluço baixinho.

Ele congelou, esforçando-se para escutar o som mais uma vez. Ele não o imaginou.

— Eve? Cammie? Travis? É Donovan Kelly. Vocês podem me ouvir?

— Encontrou alguma coisa, Van? — Swanny perguntou a vários metros de distância.

Donovan levantou a mão para silenciar Swanny. Mas ele não ouviu mais nada.

— Eu ouvi alguma coisa. — disse Donovan. — Eu não imaginei.

Joe correu e, em seguida, olhou para a vala onde a água praticamente já escoava para fora.

Então seu olhar cintilou para o bueiro onde eles estavam de pé.

Ele e Joe devem ter tido a mesma ideia ao mesmo tempo. Ambos desceram pela vala, Joe

segurando a lanterna para iluminar o caminho de Donovan.

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— Eve! — Donovan gritou. — Onde você está? Estou aqui para ajudá-los.

Ele agachou-se na entrada do bueiro e examinou o interior. Definitivamente grande o

suficiente para que as pessoas se encaixassem. Agarrou a lanterna de Joe, que era maior e

iluminou o lado de dentro.

A luz pegou dois pares de olhos arregalados. Travis estava encolhido dentro do bueiro, os

braços firmemente em torno de Cammie. Ambos olharam para Donovan, medo e choque evidente

em seus olhares.

— Travis, vocês estão bem? — Donovan perguntou.

Ele começou a avançar sobre as mãos e joelhos, esbravejando para Joe manter a luz

iluminando sobre Travis e Cammie.

Ele os alcançou em questão de segundos, e então percebeu que Eve não estava com eles.

— Onde está Eve? — Perguntou Donovan.

Lágrimas brilharam nos olhos de Travis.

— Eu não sei, — ele ofegou.

Cammie começou a chorar e Travis passou a mão através de seu cabelo sujo e emaranhado.

— Vamos. Precisamos tirá-los daqui, — disse Donovan, o coração batendo disparado

enquanto ponderava o destino de Eve.

Estendeu a mão para Cammie, mas ela não abandonou o aperto sobre o irmão.

— Deixe-me levá-la, querida — disse Donovan suavemente. — Eu sei que você está com

medo, mas estou aqui para ajudar você e seu irmão.

— Eu quero Evie, — ela choramingou.

As lágrimas brilhavam em seus olhos e então deslizaram pelo rostinho sujo. Seu polegar

deslizou entre os lábios e Donovan cuidadosamente puxou-o para longe, para que ela não levasse

sujeira e só Deus sabia o que mais em sua boca.

— Onde está sua irmã, querida? Eu preciso encontrá-la, para que possamos ter certeza de

que ela está bem.

— Ela foi apanhada na tempestade, — Travis falou com a voz sufocada. — Ela voltou para

me buscar depois de colocar Cammie no bueiro. Eu fui derrubado por um galho e ela voltou por

mim, mas nos separamos. Algo bateu nela e ela me disse que eu tinha que chegar até Cammie e

protegê-la. Para não deixar Cammie sozinha. Mas, oh Deus, eu deixei Evie.

A última palavra veio como um soluço e o coração de Donovan caiu pelo garoto. Ele colocou

a mão no ombro de Travis e apertou.

— Você fez bem, filho. Você tinha que proteger Cammie. Ela é só uma garotinha e não teria

conseguido se proteger sozinha. Eu sei que você não queria deixar Eve, mas é o que você tinha

que fazer. Agora vamos tirar você e Cammie desta vala e colocá-los na minha caminhonete, onde

poderão se aquecer e secar um pouco. Vou procurar por Eve. Eu não vou desistir até encontrá-la.

Eu prometo a vocês.

— Não devemos confiar em ninguém, — Travis sussurrou.

Mesmo quando ele disse isso, Donovan podia ver o olhar melancólico nos olhos do garoto. O

desejo de, por apenas alguns momentos, poder se apoiar em outra pessoa.

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— Ouça-me, Travis, — Donovan disse com a voz grave. — Você e suas irmãs precisam de

ajuda. Cammie está doente. Eve pode estar ferida. Você está ferido. Eu entendo que você está

com medo. E entendo que você não me conhece. Mas eu só quero ajudar você e suas irmãs. Eu

juro. Agora você precisa nos deixar tirá-los daqui, e depois eu preciso encontrar Eve.

Donovan pegou Cammie novamente e desta vez Travis a soltou, mas seus olhos rastreavam

todos os movimentos de Donovan. Donovan embalou Cammie em seus braços e virou-se, com a

intenção de entregá-la para Joe. No momento em que Joe estendeu a mão para ela, Cammie

soltou um grito e mergulhou no peito de Donovan, seu pequeno corpo tremendo enquanto

soluços brotavam em sua garganta.

— Shhh, querida, — Donovan a acalmou. — Eu não vou deixá-la. Eu vou tirar você daqui.

Okay?

— 'Kay, — ela disse com a voz vacilante.

O rosto de Joe se encheu de compaixão, o olhar fixo na preciosa garotinha nos braços de seu

irmão.

— Certifique-se de que Travis está bem e que consegue ficar de pé, — Donovan disse

enquanto passava por seu irmão.

Ele quase caiu tentando endireitar-se, mantendo Cammie firmemente contra o peito. A lama

e detritos tornavam perigoso andar. Swanny estava lá para firmá-lo, mas ele teve o cuidado de

não tocar Cammie no processo.

Donovan virou-se, à espera que Travis saísse do bueiro. Ele se moveu lentamente, o rosto

expressando uma careta de dor, segurando a lateral do corpo e tentando não deixar que os outros

vissem seu desconforto, mas falhou miseravelmente.

— Onde você está machucado, filho? — Donovan perguntou quando Travis estava ao lado

dele mais uma vez.

— Não é ruim, — Travis disse com a voz firme. — Temos que encontrar Evie. Ela estava

machucada e eu tive que deixá-la.

Lágrimas sufocaram sua voz e ameaçaram chapinhar sobre as bordas dos olhos torturados.

Swanny colocou a mão no ombro de Travis e o rapaz olhou desconfiado para ele.

— Vamos encontrá-la, Travis, — Swanny assegurou. — Agora o que eu quero que você faça é

voltar para a caminhonete de Donovan comigo para que você possa segurar Cammie enquanto

procuramos.

Travis começou a protestar, mas Donovan o interrompeu.

— Cammie precisa de você. Ela está com muito medo e precisa de um rosto familiar com ela.

Ela não precisa ficar aqui fora. Ela está doente. Joe é meu irmão, e Swanny trabalha conosco. Eles

são os melhores. Vamos encontrar Eve. Eu juro.

Finalmente Travis assentiu com a cabeça.

— Vou enviar Swanny com você e Cammie para a caminhonete, tudo bem? — Donovan

perguntou.

Travis assentiu, mas Cammie enrijeceu nos braços de Donovan e para sua surpresa jogou os

braços ao redor do pescoço dele e o agarrou como se para salvar sua preciosa vida.

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— Eu quero você, — ela disse melancolicamente.

Donovan deu um beijo em seu cabelo emaranhado.

— Não quer que eu encontre Eve? Ela não conhece Joe ou Swanny. Eu não quero que ela se

assuste. Você não gostaria que fosse eu quem a encontrasse?

Cammie pareceu considerar isso por um momento, o polegar deslizando firmemente de

volta na boca. Em seguida, balançou a cabeça lentamente, mas seu olhar estava travado com

cautela em Swanny, observando a cicatriz irregular que cobria metade de seu rosto.

— Não sou tão mau quanto pareço, querida, — Swanny disse com um meio sorriso. —

Algumas pessoas más fizeram isso comigo e é por isso que não queremos que nenhuma pessoa

ruim pegue você ou seu irmão e irmã. Nós vamos ter certeza de que isso não aconteça, certo?

— Dói? — Cammie desabafou.

Swanny chegou timidamente perto dela, tirando-a do colo de Donovan. Cammie estava

tremendo, mas ela não pronunciou nenhum protesto quando foi transferida do colo de Donovan

para o de Swanny.

— Não, querida, não dói mais. Agora vamos. Vamos levar Travis para a caminhonete. Ele

está machucado também. E vai se sentir muito melhor assim que você e ele estiverem seguros.

— Trav vai ficar bem?

Swanny assentiu e injetou uma nota alegre em sua voz.

— Certamente. Em um ou dois dias ele vai estar muito bem.

— Você consegue caminhar? — Joe perguntou a Travis.

Travis assentiu resolutamente.

— Vocês só precisam encontrar Eve. Ela está lá fora em algum lugar. Eu não vou deixá-la.

Joe colocou a mão em seu ombro e empurrou-o na direção em que Swanny estava indo com

Cammie.

— Vamos encontrá-la.

Assim que Swanny desapareceu no caminho para onde a caminhonete de Donovan estava

estacionada, Donovan virou-se para Joe.

— Espalhe-se. Não deixe uma polegada de solo descoberto.

— Graças a Deus está começando a ficar claro, — Joe murmurou. —Vamos precisar de toda

a ajuda que pudermos conseguir.

Donovan assentiu.

— Se não a encontrarmos imediatamente, vou chamar os outros.

— Podemos acabar recuperando um corpo, Van, — Joe disse calmamente.

— Ela está viva! — Donovan disse ferozmente. — Ela é uma lutadora. Eu não consigo

imaginá-la desistindo tão facilmente.

Joe parecia que queria discutir, mas talvez tenha visto a resolução no rosto de seu irmão. Ele

deu de ombros e, em seguida, foi na direção oposta, a lanterna saltando sobre cada centímetro do

chão.

— Eve! — Donovan chamou. — Eve, você pode me ouvir?

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Joe ecoou o chamado, gritando o nome de Eve enquanto procurava na área imediata ao

redor de onde o trailer costumava ficar. Donovan procurava entre os escombros do trailer. Metal

retorcido do telhado. Pedaços de paredes. Vidro das janelas quebradas. Pedaços de carpete.

Cortinas.

Sua lanterna saltou sobre o colchão da cama quando viu um lado dele levantado do chão.

Ele não estava apoiado no chão como o outro lado. Sua pulsação disparou e ele caiu de joelhos,

levantando o canto do colchão encharcado.

— Joe! — Ele gritou. — Aqui. Preciso de sua ajuda!

Joe correu e abaixou-se ao lado de seu irmão. Juntos levantaram o colchão pesado e o

jogaram para o lado. Lá embaixo, enrolada em uma bola de proteção, estava Eve.

— Puta merda! — Joe murmurou.

Com as mãos trêmulas, Donovan a tocou para sentir a pulsação em seu pescoço. Estava tão

aliviado em encontrar a pulsação fraca e irregular que quase a perdeu. Ele precisava se controlar.

Seu irmão pensaria que ele enlouquecera, mas, afinal, todos os seus irmãos já sabiam que ele não

sabia o que fazer com Eve e os irmãos dela.

— Eve. Eve, — ele disse em um tom mais alto. — Desperte querida. Eu preciso ver o quanto

você está ferida.

— Eu devia chamar uma ambulância, — Joe disse severamente. — Travis está ferido

também. Ele pode ter quebrado algumas costelas.

Donovan sacudiu a cabeça, e Joe olhou para ele com surpresa.

— Não. Eu não posso fazer isso. Eu não vou trair a confiança deles.

— Que porra é essa, cara? Eles precisam de cuidados médicos!

Donovan teimosamente resistiu enquanto acariciava o rosto de Eve, tentando despertá-la da

inconsciência.

— Eles não têm dinheiro, nem meios para irem a um hospital. Por isso que eu iria trazer

Maren hoje para examinar Cammie. E estão morrendo de medo. Eu não sei de quem. Ainda. Mas

vou descobrir. E quando o fizer, então poderemos enfrentar qualquer que seja o inferno que os

manteve fugindo por só Deus sabe quanto tempo.

— Então o que diabos vamos fazer? — Joe perguntou, exasperado.

— Temos uma enfermaria no complexo. Sam acabou de adquirir equipamentos de raios-X

para Maren no mês passado. Está funcionando e podemos chamar Maren para vir e examinar

todos eles.

— E se eles precisarem de uma tomografia computadorizada ou algo mais complexo? — Joe

insistiu.

— Então vamos cruzar essa ponte quando chegarmos a ela, — Donovan disse calmamente.

— Agora me ajude a levantar Eve. Precisamos não balançá-la mais do que o necessário. Não tenho

um colar cervical comigo, então teremos que ser muito cuidadosos, caso ela tenha uma lesão na

coluna ou alguma hemorragia interna.

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Capítulo 13

Eve nadou até a consciência, a mente confusa, os pensamentos cheios de pânico e dor.

Sentiu-se ser arrastada para cima, e por um momento pensou que estava sob o domínio do

tornado. Mais uma vez.

— Não! — Ela protestou, lutando, embora soubesse que era inútil. Ela não tinha poder

contra a força da tempestade.

— Shhh, Eve, sou eu, Donovan. Você vai ficar bem. Estou com você agora.

A voz suave acabou com seu pânico e ela se acalmou. Mas, então, Travis e Cammie vieram

gritando para a superfície. Seus olhos se abriram para ver o rosto de Donovan delineado pela luz

pálida da aurora. Havia determinação e preocupação gravadas em suas belas feições. Como ele

chegou aqui? Onde ela estava?

— Travis. Cammie, — ela ofegou. Oh Deus. Onde estavam? Ela os teria perdido para a

tempestade?

O aperto de Donovan se intensificou ao redor dela, e ela percebeu que ele estava

carregando-a. Mas para onde?

— Eles estão bem, Eve. Meu irmão está com eles em minha caminhonete. Vamos levá-los

para um lugar onde vocês poderão receber os cuidados de que necessitam.

— Não, — ela sussurrou. — Por favor. Não podemos. Deixe-me ir. Temos que ir. Oh Deus,

minha mala. Onde ela está?

Donovan franziu a testa e parou de andar, ainda embalando-a contra o peito. Então, com um

aceno de cabeça, recomeçou de novo, murmurando alguma coisa baixinho que ela não conseguiu

decifrar.

Encontrou-se sendo colocada com cuidado na cabine extra de uma caminhonete. Para seu

alívio, Travis e Cammie estavam ao seu lado.

— Apoie-se em mim, Evie, — disse Travis, a preocupação evidente em sua voz.

Ela caiu com gratidão no ombro de seu irmão, e ele passou o braço livre ao redor dela. O

outro estava enrolado firmemente em torno de Cammie. Eve abriu os olhos para ver tanto Travis

quanto Cammie olhando ansiosamente para ela.

— Estou bem, — ela disse rapidamente, não querendo assustá-los ainda mais do que já

estavam. — E vocês?

— Tudo bem, — Travis disse rapidamente.

— Ele não está bem, — Donovan disse sem rodeios.

Eve levantou o olhar para ver Donovan em pé na porta. Ela olhou novamente para Travis,

observando a palidez de sua pele.

— O que está errado? — Ela exigiu saber.

Travis corou, não parecendo feliz que Donovan o contradisse.

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— Ele está machucado, — Donovan explicou. — Pode ter algumas costelas quebradas. Vou

levar todos vocês para a minha casa. Temos uma enfermaria no local, e a médica que te falei

ontem irá lá para examiná-los.

Seu tom não admitia discussão e suas feições estavam firmes como pedra.

— A minha mala — ela disse com a voz trêmula. — Preciso da minha mala. Todas as nossas

coisas estão lá.

Donovan virou-se para um dos outros homens que estavam do lado de fora da caminhonete,

e um momento depois levantou uma mala encharcada.

— Isso é seu?

O alívio a bateu duro. Era a mala que continha suas roupas e as joias de sua mãe. A comida

que não poderiam ficar sem. Mas as joias representavam a sua única esperança de manter-se nas

próximas semanas.

E agora que sofreram mais um revés, quem sabia quando seriam capazes de seguir em

frente?

— Sim, — ela murmurou.

Donovan não parecia feliz com esse fato, mas ele permaneceu em silêncio. Jogou a mala em

cima da traseira da caminhonete e, em seguida, entregou as chaves a um dos homens que

estavam atrás dele.

— Você dirige e deixe Swanny ficar com a espingarda. Eu vou ficar aqui com Eve.

O homem pegou as chaves com um aceno de cabeça e deu a volta para o lado do motorista.

O outro homem entrou no banco do passageiro, e foi então que Eve viu a cicatriz profunda que

enrugava todo o lado de uma bochecha. Ela fez uma careta de simpatia. Ele obviamente tivera

uma lesão grave.

— Deslize perto de Travis, para que você possa sentar-se confortavelmente, — Donovan

disse em um tom suave. — Cammie, querida, você pode sentar no meu colo para que não

machuque as costelas de seu irmão?

— Ela está bem, — Travis disse apressadamente.

— Você está sentindo dor, — Donovan disse calmamente. — Não há necessidade. Eu posso

segurar Cammie.

Ele estendeu a mão para ela e para a surpresa de Eve, ela foi por vontade própria,

arrastando as pernas sobre o colo de Eve quando Donovan a levantou. Ele a acomodou no colo e,

em seguida, estendeu a mão para encaixar com cuidado o cinto de segurança de Eve. Em seguida,

encaixou o dele, certificando-se que Cammie estava presa em seu peito.

— Quem são eles? — Eve perguntou em voz baixa enquanto olhava para o motorista e

passageiro.

— O que está dirigindo é meu irmão Joe. Swanny é o outro. Você pode confiar neles, Eve.

Se fosse assim tão fácil. Ela não podia se dar ao luxo de confiar em ninguém. Mas manteve-

se em silêncio sobre isso. Não havia sentido em discutir. Ela tinha que descobrir uma maneira de

sair da sua confusão atual. Toda a sua ideia de evitar Donovan e a médica foi um épico e enorme

fracasso. Agora ainda mais pessoas sabiam dela e de seus irmãos. Era difícil impedir que o

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desespero a esmagasse. Quanto tempo antes de serem descobertos? Estarem expostos a tanta

gente era como uma bomba-relógio. Ela não podia contar com a sorte para sempre. Mais cedo ou

mais tarde, Walt iria encontrá-los.

— Por que você estava indo embora, Eve? — Donovan perguntou em voz baixa.

Ela virou a cabeça para ele, certa de que a culpa estava rebocada por todo seu rosto. Nunca

tinha sido hábil em esconder seus sentimentos.

— Era hora de ir — disse simplesmente.

Um leve franzido apertou os lábios dele.

— Eu iria levar uma médica para ver Cammie. Por que você iria sair antes que ela fosse

examinada?

Seus ombros caíram e ela baixou o olhar, mas ainda podia os olhos dele a perfurando. Podia

sentir o peso de seu olhar e do julgamento por trás dele. Ele achava que ela era uma idiota. Que

ela não queria que sua irmã tivesse ajuda.

— Quanto mais pessoas nos formos expostos, maior o risco, — ela disse baixinho para não

ser ouvida pelos ocupantes do banco da frente. — Eu não posso arriscar Cammie e Travis dessa

forma. Eu não vou arriscar.

Donovan suspirou e, em seguida, surpreendeu-a ao pegar sua mão. Ele entrelaçou os dedos

com os dela e apertou. Calor viajou todo o caminho até seu braço e peito. Seu toque era

reconfortante. Como a luz do sol em um dia frio. A fez pensar coisas malucas. Pior, a fez ter

esperança.

— Ouça-me, Eve. E ouça bem. Eu vou ajudá-la. Eu vou proteger você, Cammie e Travis.

Nenhum se, e ou mas sobre isso. Eu sei que você não confia em mim. Ainda. Mas eu vou te provar

que nem todas as pessoas no mundo estão aqui para te pegar.

— Você não entende! — Disse Eve, levantando a voz enquanto ficava mais chateada. —

Você está se arriscando muito ao se envolver. E eu nunca poderia me perdoar se ajudar-me lhe

causasse problemas. Eu sei que você provavelmente acha que estou exagerando, mas Donovan,

eu não estou! Você não pode corrigir isso para nós. Ninguém pode.

Sua voz terminou em um soluço derrotado. Só de ouvir as palavras fatalistas trouxe de volta

o desespero de sua situação. Ela arrastou a mão da de Donovan e enterrou o rosto nas duas

palmas das mãos.

Ela odiava se quebrar na frente de Cammie e Travis. Eles precisavam que ela fosse forte, que

fosse sua rocha. Mas ela ficou muito tempo escondendo as rachaduras e agora todo o medo, todo

pensamento desolador veio à tona.

— Não chore, Evie.

A voz doce e preocupada de Cammie filtrou-se através dos soluços silenciosos de Eve. O

braço de Travis envolveu Eve, abraçando-a com força. Então Cammie empurrou-se para frente,

envolvendo os braços delgados em volta do pescoço de Eve e apertando.

— Eu te amo, — Cammie sussurrou em seu ouvido.

— Oh, querida, eu também te amo, — Eve sufocou, envergonhada de sua explosão.

— Ele disse que iria nos ajudar, — Travis sussurrou. — Talvez devêssemos...

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Ele parou e olhou para Donovan com a incerteza nos olhos.

— Talvez devêssemos deixar...

— Seu irmão é um homem inteligente, — disse Donovan.

Eve levantou a cabeça e olhou para o doce rosto de Cammie e, em seguida, para seu irmão

ao vê-lo olhando fixamente para ela, determinação brilhando em seus olhos castanhos.

— Ouça-o, Eve, — Donovan solicitou. — Vocês três precisam de ajuda. Você não pode

continuar fugindo irregularmente. Em algum momento você terá que tomar uma posição. Pare de

correr e enfrente seja o que for de frente. Eu vou te ajudar se você deixar.

— Mas você não sabe o que você está enfrentando, — ela sussurrou. — Deus, você não acha

que eu gostaria de ter ajuda? Você acha que eu quero este tipo de vida para Cammie e Trav? Eu

faria qualquer coisa no mundo para dar-lhes o tipo de vida que eles têm direito. Eles merecem

mais do que isso. Melhor do que eu posso fornecer.

— Você está fazendo muito bem, — Travis disse ferozmente. — Você fez tudo para nos

proteger Evie. Você fala sobre como a nossa vida deve ser, mas e a sua própria vida? Você não

merece isso. Você nunca mereceu isso. Você deveria ter uma vida também e não ficar sentindo

medo de ir para a cadeia por minha causa e de Cammie.

Eve olhou aflita para ele, para o que ele disse para os outros ouvirem. Pesar imediatamente

nublou seus olhos e ele baixou o olhar.

— Sinto muito, Evie. Eu não deveria ter dito nada.

— Seja o que for, eu posso ajudar, — disse Donovan, aparentemente sem se abalar com a

admissão de Travis. — Há muita coisa que você não entende sobre mim e as conexões que eu

tenho. Ajudar as pessoas é o que eu e meus irmãos e as nossas equipes fazem.

Eve olhou para ele com perplexidade.

— Você está certo, eu não entendo.

Donovan tocou seu rosto, acariciando-o com os dedos suaves. Traçou uma linha descendo a

curva da mandíbula, carinho e compaixão em seus olhos.

— Apenas me dê uma chance, Eve. Isso é tudo que estou pedindo. Agora o que você precisa

é de atenção médica. Um lugar para dormir, onde você não tenha que se preocupar se vai chover.

Alimentos para comer. E você precisa se sentir segura. Eu posso fazer todas essas coisas para você,

se você me der uma chance. Eu não espero que acredite em mim de uma hora para outra. Mas,

por agora, confie em mim. Okay?

Chocada com o quanto ele fez parecer simples, tudo o que ela podia fazer era assentir sem

palavras. Satisfação esquentou seus olhos e ele tirou a mão, deixando-a sentindo-se desprovida de

seu toque. Enquanto ele estava tocando-a, ela se sentia segura, por mais insano que parecia. Mas

ela absolutamente acreditava neste homem quando ele lhe disse que ninguém iria machucá-la ou

ao seu irmão e irmã. Só esperava não se arrepender de sua decisão. E que Cammie e Travis não

pagassem por seus erros.

Alguns minutos depois, pararam em um enorme portão. Joe estendeu a mão para apertar

um botão e o portão começou a se abrir. Travis e Cammie olhavam com admiração enquanto se

dirigiam para dentro da área cercada.

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Parecia uma zona de combate ou, no mínimo, uma base militar de alta segurança. Havia uma

pista de pouso e um hangar que abrigava dois jatos. Havia também um helicóptero parado sobre o

heliporto. À direita havia um campo de tiro e a esquerda, um grande edifício sem janelas.

Então havia casas que pontilhavam a paisagem. Havia cinco casas espalhadas, todas

alinhadas perto dos penhascos que davam para o lago. Eve olhou inquieta para Travis enquanto

trocavam olhares com os olhos arregalados. E se tivessem saltado da frigideira direto para o fogo?

Ela os teria levado para uma prisão da qual não havia como escapar? Não podia imaginar que

poderiam simplesmente sair de uma fortaleza tão fortificada.

— Que lugar é esse? — Eve sussurrou.

— Lar, — Donovan respondeu. — Nosso lar.

Ela enviou-lhe um olhar perplexo.

— Lar? Quem no mundo vive em um lugar como este?

— Nós vivemos, — Joe disse com um sorriso divertido.

Ela olhou para cima para vê-lo olhando para ela pelo espelho retrovisor.

— Bem, eu não, pelo menos não ainda, — ele continuou. — Swanny e eu ainda dormimos na

antiga casa que meu irmão mais velho morava, vou construir uma casa aqui em breve.

Donovan resmungou sua concordância.

— Eu estou tão perdida, — Eve murmurou. — Quem são vocês?

— Somos pessoas que ajudam outras pessoas com problemas, — Swanny disse, girando em

seu assento para olhar para Eve e seus irmãos. Sua expressão era séria, mas os olhos eram suaves

e amigáveis, contrariando o olhar severo que lhe era dado pela cicatriz que marcava todo um lado

de seu rosto.

Suas palavras deveriam ter tranquilizado Eve. Porque ela e seus irmãos definitivamente

estavam com problemas e definitivamente precisavam de ajuda. Mas as palavras não a

tranquilizaram. Só a deixaram mais nervosa sobre o homem no qual ela colocou sua confiança e a

dos seus irmãos.

Como se sentisse sua inquietação, Donovan pegou a mão dela novamente, enrolando os

dedos em torno dela. Calor familiar se espalhou por seu braço. Ela amava seu toque. Era algo ao

qual poderia se tornar viciada. Apenas um breve momento, quando sentia que tudo estava bem e

que Walt não existia. Era um pensamento estúpido e que poderia levá-la a morte, se ela não saísse

dessa.

Não havia nenhum porto seguro de Walt. Nunca haveria. Ela tinha que se lembrar disso.

— Vai ficar tudo bem, Eve. Eu juro.

A promessa silenciosa sacudiu-a profundamente. Ele parecia absoluto. Como alguém poderia

fazer tal promessa? Especialmente quando eles não tinham ideia do que havia contra ela?

Pela primeira vez, a confiança de Eve vacilou. A confiança de que sua situação era

desesperadora. Donovan a fez acreditar — a fez querer acreditar — que ele poderia protegê-la e

manter seu irmão e irmã seguros. Ela era uma tola por ter caído nessa? Mas seria uma tola ainda

maior por afastar um presente tão grande? Estaria prejudicando Cammie e Travis por não, pelo

menos, ver onde isso os levava?

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Ela olhou ansiosamente para Travis, procurando qualquer sinal de que ele compartilhava

seus mesmos medos. Mas o que ela viu a deixou sem fôlego e tomou a decisão por ela. Esperança.

Ela viu a esperança nos olhos de seu irmão. Viu o mesmo brilho nos olhos de Cammie. Um olhar de

reverência, como se Donovan fosse um cavaleiro de armadura brilhante, um salvador dos meses

de desespero e preocupação constante de que seu passado iria alcançá-los. E lá estava o fato de

que Cammie, que tinha pavor de todos os homens, estava enrolada com confiança contra o peito

de Donovan, a cabeça apoiada logo abaixo do queixo dele.

— Tudo bem, — ela sussurrou, a simples palavra presa na garganta.

Oh, Deus, não me deixe estar tomando a decisão errada.

Satisfação brilhava nos olhos de Donovan. Seus dedos envolveram ao redor dos dela

enquanto ele lhes deu um aperto.

A caminhonete parou em uma grande casa que parecia nova em folha. Tudo era brilhante, a

tinta fresca, a paisagem imaculada. Não havia nenhuma evidência aqui que um tornado mortal

atravessara apenas algumas horas antes. O único sinal era de dois galhos de árvores caídos no

canto da casa e alguns galhos menores espalhados.

Joe pulou para fora da caminhonete e Swanny também. Donovan entregou Cammie para

Swanny após assegurá-la que a pegaria de volta assim que ajudasse Eve a sair.

A porta se abriu do lado de Travis, e Joe o ajudou a sair da caminhonete, instruindo-o a

apoiar-se nele e a descer devagar. Então Donovan pegou Eve cuidadosamente ajudando-a a se

levantar. Ele continuou segurando o braço dela, seu toque dolorosamente suave, até ter certeza

que ela poderia ficar sozinha.

Cammie não protestou quando Swanny a segurou, mas no minuto em que Donovan chegou

perto dela, ela pulou em seus braços, envolvendo-os em volta de seu pescoço, os dedos cavando

em sua pele com a força de seu aperto.

Donovan começou a caminhar, embalando-a bem perto do peito. Swanny chegou ao lado de

Eve, oferecendo-lhe o braço. Quando ela tropeçou, mais por causa da confusão do que por não ter

a capacidade de andar por conta própria, o braço de Swanny rapidamente enrolou em volta dela,

ancorando-a ao seu lado.

— Vamos bem devagar, — Swanny disse em um tom baixo. — Vamos levá-la para dentro e

deixá-la confortável até Maren chegar aqui.

Levou um momento para lembrar quem era Maren. Donovan dissera que o nome de sua

amiga médica era Maren. Aquela que ele queria trazer para examinar Cammie.

Sua marcha estava hesitante e para crédito de Swanny ele não a apressou. Ele ficou com ela

a cada passo do caminho, o ritmo comedido enquanto a ajudava a ir para a casa.

Travis e Joe passaram à frente dela, e ela se preocupou por que a dor vincou o rosto de

Travis no momento em que ele saiu da caminhonete e começou a caminhar. E se ele estivesse

gravemente ferido? Um hospital estava fora de questão, mas se fosse uma escolha entre ele

receber os cuidados de que precisava ou não, ela não teria escolha a não ser arriscar uma viagem

para o atendimento de emergência e uma possível internação.

— Você vai desmaiar se não acalmar a respiração, — Swanny murmurou.

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Ela engoliu em seco e inalou uma respiração calmante, exalando pelo nariz, em um esforço

para obter controle. Não adiantava assumir o pior cenário. Uma médica iria examiná-la. Então eles

pensariam no que fazer.

Mas ainda assim, ela sussurrou uma oração urgente para que nenhum de seus ferimentos

fosse grave e que a doença de Cammie não fosse ruim o suficiente para exigir hospitalização.

Entraram no hall, em seguida, em uma sala de estar espaçosa, que parecia desprovida de

mobiliário. Havia apenas um pequeno sofá, uma poltrona e uma enorme televisão na parede

distante. Não havia mesas, nada nas paredes. E cheirava a tinta fresca.

Donovan colocou Cammie no sofá enquanto Joe guiava Travis até a poltrona. Em seguida,

Donovan virou-se para Eve.

— Bem vinda ao lar, — ele disse suavemente.

Capítulo 14

Donovan esperou até que Eve estivesse sentada confortavelmente no sofá de couro, e então

se inclinou e depositou Cammie ao lado dela, mas avisou-a em voz baixa para não subir em seu

colo para não machucá-la. Eve parecia que iria protestar e até mesmo pegar Cammie, mas

Donovan balançou a cabeça.

— Ela está bem ao seu lado, Eve. Você precisa cuidar de si mesma. Deixe Travis e Cammie

para mim e os outros. Eu vou chamar Maren agora, então ela poderá vir. Ela estava planejando

estar aqui nesta manhã de qualquer maneira, mas a tempestade pode tê-la atrasado um pouco.

Eu preciso saber se eles sofreram algum dano e se ela ainda pode vir.

— E se ela não puder? — Eve perguntou, incapaz de manter a preocupação longe de sua voz.

Donovan deslizou a mão sobre a dela, apertando tranquilizadoramente.

— Ela poderá. Se ela se atrasar, então eu farei o que puder para me certificar de que vocês

fiquem confortáveis. Eu atuo como médico da equipe quando Maren não está por perto. Eu sei

lidar com equipamentos médicos.

Ela ainda estava perplexa com o que ela e seus irmãos haviam entrado.

— Vocês são militares ou algo assim?

Donovan sorriu enquanto Joe gargalhava.

— Não mais. Mas todos nós fomos. Eu estive na Marinha. Joe e Swanny estiveram no

exército. Meus outros irmãos serviram em vários ramos. Só não estivemos na força aérea.

— E ainda assim você vive em algum tipo de... Complexo, — Eve disse.

— É um mal necessário, — Donovan disse calmamente. — Fizemos muitos inimigos ao longo

dos anos. Queremos ter certeza que nossas famílias estão protegidas.

Eve olhou para ele alarmada, e Donovan praguejou baixinho. Agora não era o melhor

momento para contar a ela sobre a KGI e os perigos do que ele e seus irmãos faziam. Não queria

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mentir para ela, mas ela não precisava de nenhum estresse adicional. Não até que chegasse a um

acordo com ela e seus irmãos sobre ficar aqui. E confiar nele.

— Será que algum de vocês gostaria de algo para comer? — Swanny interrompeu enquanto

olhava para Travis sentado na poltrona e, em seguida, para Cammie sentada encolhida contra Eve.

Enquanto falava, ele se inclinou sobre Cammie e colocou a mão sobre a testa dela e, em seguida,

fez uma careta. — Ela está com febre. Você tem ibuprofeno, Van?

— Eles precisam comer, — Eve interrompeu, seu tom não permitindo nenhum argumento.

— Nós comemos ontem à noite, mas eles precisam comer de novo. Especialmente Cammie. Ela

não tem comido bem desde que ficou doente.

— Eu quero um sanduíche de queijo grelhado, — Cammie murmurou ao redor do polegar. —

Donovan fez um delicioso para mim antes.

Swanny sorriu, a cicatriz se estendendo por seu rosto enquanto olhava carinhosamente para

a menina.

— Eu acho que posso lidar com isso. — Então ele voltou seus olhos para Eve, prendendo-a

com seu olhar. — E quanto a você? Você precisa comer também.

— Sim, ela precisa, — Travis disse com firmeza. — Ela não comeu como eu e Cammie ontem

à noite. Estava ocupada demais se preocupando para onde iríamos.

Donovan franziu o cenho, mas isso era algo que ele resolveria mais tarde. Agora queria que

todos se sentissem à vontade em sua casa. A casa deles. Pelo menos por enquanto.

— Eu comerei o que você fizer para eles, — ela disse calmamente. — E Cammie realmente

precisa de mais ibuprofeno. Sua última dose foi ontem, antes de adormecer.

— Vou ajudar Swanny a arranjar um pouco de comida na cozinha e vamos buscar o remédio,

— Joe ofereceu.

— Tenho algum ibuprofeno líquido no gabinete, — Donovan disse a seu irmão quando Joe e

Swanny começaram a ir para a cozinha. — Eu o mantenho a mão para quando o de Charlotte

acaba.

— Quem é Charlotte? — Cammie perguntou.

Donovan sorriu para ela.

— É minha sobrinha. Ela me lembra muito de você, na verdade. Vocês têm quase a mesma

idade. Você vai conhecê-la. Gostaria disso?

Cammie assentiu vigorosamente.

— Ela tem bonecas para brincar?

O coração de Donovan doeu quando olhou para o olhar esperançoso no rosto de Cammie.

As coisas que Charlotte tinha como certas eram coisas sobre as quais esta criança não sabia nada.

Algo tão simples como uma boneca ou brinquedos para brincar. Charlotte era mimada por todas

as suas tias e tios, para não mencionar a sua própria mãe e pai. Quem mimava Cammie? Era óbvio

que Eve e Travis estavam ocupados demais tentando colocar comida na mesa para se preocupar

com coisas como brinquedos.

— Na verdade, eu tenho um pouco dos brinquedos de Charlotte aqui para quando ela me

visita. Eu tomo conta dela de vez em quando, então mantenho as coisas aqui para ela brincar. Ela

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não vai se importar se você brincar com eles também. Que tal depois que você comer, eu vejo o

que posso encontrar?

Cammie assentiu solenemente.

— Eu gostaria disso.

— Agora, se vocês me desculparem por apenas alguns minutos, eu preciso ligar para Maren.

Joe e Swanny estão arrumando alguma coisa para vocês comerem e eu preciso conseguir algumas

roupas para todos vocês se trocarem. Travis, tenho algumas roupas que provavelmente servirão

em você. Elas podem ficar um pouco grandes, mas somos quase da mesma altura. Será que uma

calça de agasalho e uma camiseta ficariam bem?

Travis assentiu.

Em seguida, Donovan voltou sua atenção para Eve.

— Uma das minhas cunhadas irá trazer algo para você usar, mas até lá, você pode usar uma

calça de agasalho e uma das minhas camisas. Você precisa tirar essas roupas molhadas. Tenho

algumas mudas de roupa de Charlotte e alguns de seus pijamas. Vou mostrar-lhe o quarto onde

irão ficar assim vocês poderão se trocar.

Eve parecia que ter sido golpeada, mas Donovan não lhe deu tempo para refletir sobre o

fato de que ele havia presumido que ela ficaria aqui. Se ele lhe desse tempo, ela provavelmente

fugiria como um coelho assustado. E isso não iria acontecer. Então, embora pudesse parecer que

ele era um idiota flamejante, ele iria tomar as decisões e mantê-la fora de equilíbrio.

Agindo como se ela já tivesse concordado com seu plano, ele pegou Cammie e depois

estendeu a mão livre para ajudar Eve a ficar de pé. Ele a olhou de perto procurando sinais de dor,

franzindo a testa quando ela fez uma careta enquanto lutava para levantar-se do sofá. Ele colocou

uma mão em suas costas, estabilizando-a e pairando perto enquanto a guiava em direção a um

dos quartos de hóspedes.

— A casa tem cinco quartos, — ele explicou enquanto entravam no quarto ao lado do dele.

— Mas eu só comprei camas para três até agora. Você e Cammie podem compartilhar este e

Travis pode ficar no fundo do corredor. Cammie provavelmente se sentiria melhor se ficasse com

você.

Enquanto observava Eve olhar para o quarto — e para a cama — ele não perdeu o olhar

ansioso que ela lançou em direção à cama Queen-size. O que mais o surpreendeu foi o desejo

rápido que o dominou. O pensamento de que o que ele realmente queria era ela em sua cama.

Seu quarto. Seu espaço. Em seus braços.

Ele balançou a cabeça consternado. De onde diabos viera isso? Ela era uma missão. Como

tantas outras. Nunca antes ele teve uma reação emocional tão forte. Sim, suas emoções estavam

sempre envolvidas, mas não em um nível tão pessoal. Talvez ele estivesse ficando louco.

Mas o pensamento permaneceu. A fantasia de ter Eve em sua cama, ele enrolado

solidamente ao redor dela, uma barreira para o mundo exterior e tudo o que tentava prejudicá-la.

Como era fácil escorregar para a fantasia de que essa era a sua família. Que pertenciam a

ele. Que Eve lhe pertencia. Sua mulher.

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Uau. Ele precisava sair dessa, rápido e conseguir controlar seus pensamentos instáveis. A

última coisa que Eve precisava era ser pega de surpresa por seu desejo. Ela era frágil e estava

quase explodindo. Inferno, talvez ela já estivesse. Ela estava prestes a fugir. Dele. E isso o

devorava. Que ela não confiava nele. Ele não podia levar para o lado pessoal. Ela não confiava em

ninguém. E ele não podia culpá-la por isso. Ela tinha um irmão e uma irmã para proteger, e no

lugar dela, ele também não confiaria em ninguém.

O que a fazia diferente de qualquer outra mulher em necessidade? Era uma pergunta que

ele não conseguia responder imediatamente. Ele sabia que suas emoções sempre se envolveram,

que ele nunca se manteve como um observador passivo em nenhuma situação onde uma mulher

ou criança estavam em perigo. Mas nunca a este ponto. Ele nunca teve pensamentos loucos, como

querer que ela se mudasse para a casa dele. Que se tornasse... Dele.

Ele nunca quis colocar sua marca pessoal de posse em outra mulher. E com Eve? E não era

apenas com Eve. Ele já olhava para os irmãos dela como se fossem... Dele. Assim como pensava

que Eve era dele.

E Deus ajudasse o homem que tentasse levá-los para longe de Donovan.

Nenhuma das retribuições que realizaram no passado sequer chegaria perto do caos que

Donovan iria causar se alguém viesse atrás do que ele considerava dele.

— Se você esperar aqui, vou pegar algumas roupas para você e Cammie. Há uma grande

banheira de imersão no banheiro, bem como um chuveiro. Achei que você e Cammie pudessem se

limpar e vestir roupas secas, enquanto esperam Maren chegar.

— Obrigada, — Eve disse com uma voz suave.

Seus olhos ainda estavam nublados com preocupação, mas ela não parecia tão apavorada

quanto antes. Donovan tomou isso como um sinal positivo e um passo na direção certa, pelo

menos.

Donovan acariciou o rosto de Eve, incapaz de impedir-se de tocá-la.

— Vai ficar tudo bem, Eve. Você vai ver. Agora você e Cammie irão se trocar com roupas

mais confortáveis. Quando vocês saírem, Joe e Swanny terão terminado o lanche. Podemos comer

na sala de estar. Eu estou indo ver como Travis está e certificar-me que ele tem o que precisa. Se

precisar de ajuda, me chame, okay? Não tente fazer muitas coisas, sozinha.

Ela corou, mas assentiu. Então, para surpresa de Donovan, Cammie se jogou em seus braços,

de onde ela estava ajoelhada em cima da cama. Ele pegou-a nos braços e abraçou-a também, com

o coração amolecendo enquanto segurava a pequena menina de encontro ao peito.

Finalmente afastando-se, ele deixou o quarto, fechando a porta atrás de si. Travis ainda

estava na sala de estar quando Donovan reentrou e ele tentou empurrar-se da cadeira, com o

rosto em uma careta de dor.

— Calma, filho, — Donovan disse enquanto corria para ajudá-lo. —Não tente fazer demais

sozinho. Você provavelmente tem algumas costelas quebradas. Um movimento errado e poderia

perfurar um pulmão.

Travis empalideceu ao ouvir essas palavras e caiu contra Donovan.

— Eu não posso me dar ao luxo de ser ferido, senhor. Minhas irmãs dependem de mim.

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Donovan apertou seus braços ao redor dos ombros do rapaz.

— Ouça-me, Travis. Você é um garoto. E eu não estou dizendo isso para desmerecer

qualquer coisa que você tenha feito para suas irmãs. Admiro a sua coragem e determinação. Mas

todo mundo precisa de ajuda em algum momento da vida. Você não pode manter o ritmo que

está mantendo. E eu vou me certificar de que isso termina aqui. Agora eu quero que você vá para

o quarto, tome um banho, mas tenha cuidado. Vou colocar as roupas em cima da cama e, quando

estiver pronto, venha para a sala de estar para que você possa comer. A médica vai dar uma

olhada em você e depois resolveremos o que fazer. Mas a coisa que você precisa saber é que eu

estou aqui agora, e eu não vou deixar nada acontecer com você ou suas irmãs. Entendeu?

Travis relaxou, cansaço evidente em seus traços desenhados. Então ele simplesmente

assentiu e Donovan ajudou-o a ir para o quarto, mostrando o banheiro, as toalhas e onde ele iria

colocar as roupas para Travis se trocar.

Donovan saiu, pegando o telefone quando entrou na cozinha, onde Joe e Swanny estavam

preparando sanduíches e sopas.

— Você não estava errado sobre eles, — Joe disse calmamente.

Donovan balançou a cabeça.

— Eu sei.

— O que você vai fazer, Van? — Swanny perguntou.

— Tudo o que for necessário, — Donovan disse, sua voz tão sombria quanto seus

pensamentos.

Ele colocou o telefone no ouvido depois que discou o número de Steele e esperou.

— Vocês estão bem após a tempestade? — Steele perguntou por meio de saudação.

— Sim, está tudo bem aqui? E vocês?

— Sim. Aqui não foi muito intenso. Apenas ventos fortes e um pouco de granizo. Você ainda

precisa de Maren esta manhã?

Donovan hesitou.

— Sim, mas houve uma mudança de planos. O tornado dizimou o trailer de Eve. Eu, Joe e

Swanny fomos até lá porque eu estava morrendo de medo que eles estivessem mortos. Encontrei

as crianças em um bueiro e Eve a vários metros de distância presa sob um colchão. Eles estão

feridos e Cammie está doente. Gostaria que Maren viesse examiná-los.

Steele praguejou.

— Isso é uma merda, cara. Onde vocês estão agora?

— Na minha casa. Estão todos aqui. Preciso que Maren venha o mais rápido que puder.

Travis está terrivelmente ferido. Estou preocupado que ele tenha quebrados as costelas. Eve está

ferida também, mas eu não tenho certeza do quanto. Ela está em choque e com muito medo. E

depois há Cammie, que já estava doente o suficiente antes de passar uma noite na tempestade.

— Eu vou levá-la o mais breve possível, — Steele disse rapidamente.

— Obrigado, — murmurou Donovan, mas Steele já desligara.

— Eles virão? — Joe perguntou enquanto colocava outro sanduíche de queijo grelhado no

prato.

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— Sim, estão a caminho agora.

— Já pensou sobre o que você vai fazer depois que Maren examiná-los? – Swanny

perguntou. — E se eles precisarem ir para o hospital?

Donovan balançou a cabeça.

— Essa vai ser a nossa última opção. Temos os meios para cuidar deles aqui. Maren pode

fazer seu diagnóstico e prescrever todos os medicamentos e cuidados que eles precisam e eu

cuidarei deles aqui.

— Então, eles vão ficar? — Joe murmurou.

Donovan olhou para Joe.

— Você tem um lugar melhor para eles irem?

Ele balançou a cabeça.

— Sim, eles vão ficar, — Donovan disse resolutamente. — Até eu descobrir do que diabos

eles estão fugindo e eliminar a ameaça para eles, eles não irão a lugar algum.

Capítulo 15

Donovan insistiu em segurar Cammie enquanto comiam, apesar do fato de que Eve

ofereceu-se para segurá-la. Donovan havia balançado a cabeça em tom de censura e apenas disse

para que ela — e Travis — comessem.

Cammie amontoou o sanduíche de queijo grelhado na boca, comendo com mais apetite do

que fazia há dias, fato pelo qual Eve era grata. Uma rápida olhada em Travis disse a ela que ele

estava devorando sua comida também. Swanny colocara um prato de sanduíches e uma tigela de

sopa e copos de chá doce e gelado para cada um.

Era a primeira vez em mais do que Eve se lembrava de que desfrutava de algo tão simples

como uma refeição sem preocupação de descoberta iminente. Na noite anterior, quando

comeram enquanto se preparavam para fugir de novo, foi o mais próximo que tiveram de alguns

momentos de paz. Mas pesando sobre ela, apesar de sua tentativa de exibir uma fachada corajosa

para Cammie e Travis, havia o conhecimento de que mais uma vez eles estavam correndo em

direção ao desconhecido. Agora eles estavam aqui, onde quer que aqui fosse. Por mais que ela

temesse submeter-se e a seu irmão e irmã ao forte esquema de segurança do complexo de

Donovan, pelo menos ali ninguém conseguiria entrar.

Esse tipo de garantia era inestimável.

— Você não está comendo, — Swanny disse, censura suave em sua voz.

Eve olhou com culpa para cima para ver o homem quieto observando-a, pensativo. Ela teve

a impressão de que ele não falava muito. Ele era alguém que se misturava no fundo, mesmo que

parecesse um fodão total. A cicatriz só contribuía para essa aparência. O que ou quem colocou

essa marca lá? Ela estremeceu ao pensar na violência que ele sofreu no passado. Poderia ser o

resultado de um acidente. Mas algo lhe dizia que não era o caso. Esses homens, todos eles, eram

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combatentes. Ex-militares, como Donovan explicou. E agora eles protegiam as pessoas? O que

exatamente isso significa? Era uma pergunta que ela queria desesperadamente a resposta, mas

não quis perguntar agora. Não na frente dos outros. Esta questão foi reservada para quando ela e

Donovan estivessem sozinhos.

— Eu não tenho muito apetite, — ela admitiu.

— E é igualmente claro que você já perdeu muitas refeições, — Joe disse intencionalmente.

— Coma, Eve. Nada vai te machucar aqui. Você tem que ficar forte para si mesma e seus irmãos.

Sabendo que ele estava certo, ela fez um esforço para comer mais do alimento que Swanny

havia preparado. E estava delicioso. Não tinha sabor de alimento enlatado. Era um gosto rico e

saboroso e aqueceu-a de dentro para fora. Saboreou cada mordida e verificou ocasionalmente

para ver que Travis e Cammie também estavam comendo. Eles estavam. Muito mais do que ela,

então ela tentou se recuperar. Era importante que todos comessem e recuperassem suas forças,

porque assim que estivessem capazes, teriam que ir embora. Já estavam aqui há muito tempo e

isso a fazia se contorcer. Sentir-se indefesa. Não poderiam fugir para sempre. Ela reconhecia isso.

Sabia que era a verdade. Mas podia pelo menos ganhar mais tempo. Fugir de um lugar para outro

até que ela pudesse descobrir o que fazer. Como enfrentar Walt e o futuro.

A campainha tocou e Eve congelou imediatamente. Travis deixou cair o sanduíche que

estava mordendo — seu terceiro — no prato e olhou nervosamente na direção de Eve. Cammie

afundou nos braços de Donovan, ignorando o sanduíche quase terminado com o qual Donovan

estivera alimentando-a, com os olhos arregalados e amedrontados.

Suas reações não passaram despercebidas pelos outros. Os lábios de Swanny se enrugaram

em uma carranca sombria e Joe parecia... Irritado. Não com eles. Ele parecia irritado com o medo

deles. Com o que eles temiam.

— Abra a porta, Joe, — Donovan disse calmamente. — Devem ser Steele e Maren. Leve-os

para a sala. Quando Eve, Cammie e Travis terminarem de comer, Maren poderá examiná-los.

Apesar de isso ter sido dito para Joe, Eve sabia que a última frase era dirigida a ela e seus

irmãos. Um comando para que terminassem de comer e a garantia de que não havia nada a

temer. Se fosse assim tão simples.

Joe se levantou e voltou um momento depois com uma mulher loira e sorridente, óculos

empoleirados no nariz, os cabelos puxados para trás em um rabo de cavalo arrumado. Em seus

calcanhares estava um homem alto com a aparência completamente feroz segurando um... Bebê.

De alguma forma, os dois pareciam incongruentes, mas, Donovan lhe dissera que Maren tivera

uma filha recentemente e que estava em licença maternidade. Este deveria ser o seu marido. O

homem que Donovan dissera que era seu amigo. Mas agora ela percebeu que esse homem

deveria trabalhar com Donovan e os outros, porque ele gritava fodão da cabeça aos pés.

Donovan não se moveu do seu lugar no sofá, onde Cammie estava fazendo o seu melhor

para se enterrar debaixo dele.

— Obrigado por ter vindo, Maren. Precisamos de você, — disse Donovan por meio de

saudação.

— Olá, — Maren disse em uma voz calorosa enquanto olhava para os ocupantes da sala.

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Ela se virou para o homem que segurava o bebê.

— Eu sou Maren e este é meu marido, Steele, e nossa filha, Olivia.

Joe fez um gesto para Eve.

— Esta é Eve e este é seu irmão, Travis e sua irmã mais nova, Cammie.

— Olá, — Eve conseguiu balbuciar ao redor do nó na garganta.

— Sorria, Steele, — Maren advertiu. — Você está assustando as crianças!

Steele revirou os olhos, mas ofereceu um sorriso sincero, primeiro a Eve e depois para

Travis. Quando seu olhar brilhou sobre Cammie agarrada ao pescoço de Donovan, sua expressão

se suavizou e compaixão genuína encheu seus olhos.

— Você está em boas mãos, — ele disse com a voz rouca. — Van vai cuidar bem de você e

minha esposa é médica, a melhor. Ela vai fazê-los se sentirem melhor.

Maren sorriu, colorindo as bochechas pelo elogio do marido. Mas então sua expressão se

tornou séria.

— Com quem começamos?

Donovan levantou-se, erguendo Cammie com ele e, em seguida, voltando-se para depositá-

la no colo de Swanny. Cammie não parecia assustada, mas também não protestou. Mas ela não se

agarrou a Swanny como fez com Donovan. Ela olhou para ele por baixo dos cílios, examinando-o

com cautela. Parecia fascinada com a cicatriz em seu rosto, em seguida, para a surpresa de Eve,

estendeu a mão para tocar a pele enrugada.

— Um homem mau te machucou?

Swanny sorriu, o calor entrando em seus olhos.

— Sim, querida. Mas quer saber? Donovan e a KGI cuidaram dele. Os homens maus não irão

machucar ninguém novamente.

— Meu pai machucou Evie, — Cammie disse calmamente. — Você pode cuidar dele para

que ele nunca mais a machuque novamente?

— Cammie! — Eve a repreendeu, chocada com a declaração da criança.

Mas ninguém na sala perdeu seu comentário. A expressão de Donovan ficou feroz, e a raiva

cresceu nos olhos de Joe e Steele. Até mesmo Swanny estava carrancudo agora, mas como se

percebendo que iria assustar Cammie, esforçou-se para controlar sua reação.

— Ninguém vai machucar Eve. Ou você e Travis, — Swanny suavemente emendou. — Você

tem a minha garantia, pequenina.

— 'Kay, — disse Cammie, reclinando-se um pouco mais no peito de Swanny. Swanny parecia

encantado que a menina estava sendo calorosa com ele e colocou seus grandes braços em volta

dela, ancorando-a mais firmemente contra o peito. Era uma mensagem silenciosa para ela e para

Eve e Travis, que ele estava sendo totalmente sério em seu compromisso de vê-los em segurança.

— Você precisa começar com Travis, — disse Donovan. — Você vai precisar do equipamento

de raios-X na enfermaria. Estou preocupado que ele tenha quebrado as costelas. Podemos ir de

carro. Eu não quero nenhum deles andando depois do que passaram. Eu não quero correr o risco

de feri-los ainda mais.

Maren acenou em concordância.

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— O que mais estou tratando aqui? Você sabe? Já fez uma avaliação?

Eve apreciou a abordagem alegre, mas séria e profissional de Maren. Ela estava claramente

agindo como uma médica. Inteligência brilhava em seus olhos azuis, mas o que Eve mais gostou foi

de suas maneiras suaves. Ela não chegou fazendo exigências ou latindo ordens.

— Não, — disse Donovan. — Não tivemos tempo. Minha prioridade era trazê-los aqui para

que pudessem ser avaliados. Travis e Cammie estavam em um bueiro quando os encontramos.

Eve ficou presa na tempestade tentando salvar Travis e a encontramos presa debaixo de um

colchão.

— O colchão provavelmente salvou sua vida, — Maren murmurou.

Eve sentiu o sangue ser drenado de seu rosto. Ela não tinha pensado nisso. Estava muito

tomada pelo terror do momento e depois ficou muito aliviada por sobreviver a uma tempestade

tão mortal. Mas Maren estava certa. Se o colchão não a tivesse atingido e a mantido presa por

baixo, ela provavelmente estaria morta.

— Bem, vamos chegar a ela, em seguida, — Maren declarou. — Vou examinar Travis e fazer

o raio-X e depois veremos.

Donovan não fez nenhum movimento para recuperar Cammie dos braços de Swanny.

Cammie parecia que iria protestar até que Donovan colocou a mão em sua bochecha.

— Eu preciso que você deixe Swanny levá-la, querida. Preciso ajudar sua irmã. Pode ser?

Eve teria falado, mas como se sentisse que ela faria exatamente isso, Donovan silenciou-a

com um olhar.

— 'Kay, — disse Cammie, deslizando o dedo de volta a boca.

— Eu vou cuidar bem de você, — Swanny disse em um tom sério.

Cammie esboçou um meio sorriso e recostou-se contra o peito de Swanny. Lágrimas ardiam

nos olhos de Eve. Todos eles eram tão... Agradáveis. Tão gentis e compreensivos com eles. As

pessoas simplesmente não faziam o que essas pessoas estavam fazendo. Saindo de seus caminhos

por completos estranhos. Ter uma participação tão pessoal em seu bem-estar. Isso espantava Eve

e a deixou incapaz de compreender essa generosidade e bondade.

— Steele, você pode ajudar Joe com Travis? — Donovan perguntou quando se inclinou sobre

o sofá onde Eve estava. — Ele está sentindo muita dor e seria bom se não agravasse ainda mais

seus ferimentos.

Entregando o bebê para Maren, Steele moveu-se para outro lado de Travis e ele e Joe

ajudaram Travis a se levantar.

— Apoie-se em mim, — Joe disse gentilmente. — Steele e eu vamos suportar o seu peso.

Então Donovan virou o foco de volta para Eve. Ele estendeu a mão para baixo, mas ao

mesmo tempo moveu seu outro braço atrás das costas dela e suavemente puxou-a para frente até

que ela estivesse à beira do sofá.

— Eu estou realmente bem, — ela disse calmamente. — Minha cabeça está doendo e tenho

certeza que tenho hematomas em lugares que eu sequer conhecia, mas nada parece quebrado ou

muito gravemente ferido.

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— Você está em choque, — Donovan disse sem rodeios. — Eu estaria mais surpreso se você

já estivesse sentindo muita dor. Mas quando a reação aparecer, você vai saber. Agora, deixe-me

ajudá-la e não discuta.

Ela reconheceu que ele tinha razão e permitiu que a ajudasse a se levantar. O braço forte

veio em torno de sua cintura, ancorando-a firmemente ao lado dele. E Deus, isso era tão bom.

Apoiar-se neste homem e em sua força. Era como ser sustentada por uma pedra imóvel. Naquele

momento, ela sabia que nada poderia machucá-la. Donovan não permitiria. Era uma hipótese

louca, mas ela não tinha intenção de pensar de forma diferente. Ela — todos eles — precisavam de

um momento em que se sentissem seguros e protegidos.

Moveram-se lentamente em direção à porta, Swanny liderando o caminho segurando

Cammie. Travis, com a ajuda de Joe e Steele, saiu depois de Swanny e Maren, segurando o bebê,

caminhou do outro lado de Eve, pairando perto dela como se preocupasse que Eve poderia cair

com o rosto no chão. Ela parecia tão ruim assim? Não se sentia tão terrível. Mas talvez Donovan

estivesse certo. Quando a adrenalina diminuísse, talvez ela fosse começar a gritar por

misericórdia.

Ela apertou os lábios, determinada que, não importa o que acontecesse, ela permaneceria

estoica para Travis e Cammie. Eles estavam com medo suficiente sem ela acrescentando mais

coisas às suas preocupações. E a verdade era que ela estava muito mais preocupada com eles.

Travis estava se movendo lentamente, fazendo uma careta a cada passo. E Cammie ainda estava

com febre e era duvidoso que uma noite na chuva a ajudasse a melhorar.

— Travis vai ficar bem? — Eve sussurrou enquanto Steele e Joe o ajudavam a sentar no

banco de trás de um SUV que ela adivinhou que deveria pertencer a Maren e Steele.

— Ele vai ficar bem, Eve. Estou mais preocupado com você no momento. Você vai ver que

temos praticamente um maldito mini hospital aqui no complexo. Sam, meu irmão mais velho,

equipou-o da cabeça aos pés com tudo que Maren poderia precisar para tratar nossas equipes.

Os olhos dela se arregalaram.

— Eles se machucam com tanta frequência?

Donovan cuidadosamente colocou-a no banco da frente da sua caminhonete enquanto

Swanny subia na parte de trás com Cammie. Joe entrou com Travis, e Maren e Steele subiram na

frente, então os dois veículos estavam seguindo para a enfermaria.

Somente quando Donovan deslizou atrás do volante que ele respondeu à pergunta de Eve.

Ele a olhou com uma expressão séria quando ligou a ignição.

— Eu te contei o que nós fazemos. Eu sei que você não compreende plenamente o alcance

do que eu faço — o que fazemos — mas nosso trabalho é ajudar as pessoas que precisam de

ajuda. Proteger as pessoas. É um trabalho perigoso e sim, sofremos lesões ao longo do tempo.

Maren tinha um consultório rural na Costa Rica. Antes disso, ela trabalhou na África. Usávamos

seu consultório sempre que estávamos próximos, mas agora que ela se mudou para cá e está

vivendo aqui com Steele, nós a contratamos como nossa médica, além dos pacientes que ela

atende no setor privado.

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— Você já foi gravemente ferido? — Ela perguntou em tom ansioso. Certamente, ela não

conhecia Donovan, mas o pensamento dele ser ferido a incomodava. A incomodava muito.

Ele sorriu.

— Nada muito sério. Todos nós sofremos um ferimento de bala ou dois. Nada que já tenha

me colocado fora de ação por um longo tempo. Dois dos meus irmãos tiveram ferimentos de bala

mais graves. Deixou-os fora de ação por um tempo e em recuperação. Eles não ficaram muito

felizes com isso também.

Ela estremeceu.

— Como você pode ser tão indiferente sobre isso? Você faz levar um tiro parecer tão...

Normal.

Ele deu de ombros.

— Como eu disse. Ossos do ofício. Estamos todos muito conscientes dos riscos que corremos

quando vamos a uma missão. Se não estivermos preparados para essa possibilidade, então não

estaríamos fazendo nosso trabalho muito bem.

— Não são muitas as pessoas que arriscam suas vidas por um estranho, — ela murmurou.

— Nós o fazemos, — ele disse simplesmente.

Ele dirigiu pelo complexo na direção que vieram e parou ao lado do prédio que Eve notou

quando chegaram. Aquele sem janelas que pareciam um enorme bloco de concreto. O que ela não

viu na época era que havia um prédio menor logo atrás. Este tinha janelas na frente. Seria a

enfermaria que Donovan mencionou?

Ela ficou admirada que eles tivessem instalações tão sofisticadas e autossuficientes.

Aeródromos, hangares, um helicóptero, campo de tiro. E uma clínica médica.

— O que é aquela construção? — Ela perguntou, apontando para o edifício sem janelas.

— A sala de guerra. — Disse Donovan.

Ela ficou boquiaberta.

— Sala de guerra?

— É onde planejamos nossas missões. Abriga nossas comunicações, computadores, toda a

tecnologia que desempenha um papel no nosso negócio. Isso — e eu — são os cérebros nesta

operação, — disse ele com um sorriso.

— Ele é o nosso nerd residente, — Swanny disse, falando pela primeira vez desde que

deixaram a casa de Donovan.

— Parece que você faz um pouco de tudo, — Eve murmurou. —Médico, nerd em eletrônica,

fodão e ex-militar? Há algo que você não possa fazer?

Ele fingiu considerar o assunto por um momento, e então seu sorriso se alargou.

— Não.

— Muito humilde também, — Swanny disse secamente.

Eve não conseguiu reprimir a leve risada que lhe escapou. Donovan parou em seu caminho

quando começava a sair do lado do motorista.

— Você tem um sorriso lindo, Eve.

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Ela não tinha ideia do que dizer sobre isso. Imediatamente ficou séria, porque realmente,

que direito ela tinha de estar sorrindo quando seu irmão e irmã estavam feridos e doentes?

— Eu não disse isso para você parar, — Donovan disse quando apareceu em sua porta.

— Eu não tenho muitos motivos para sorrir, — ela respondeu baixinho quando ele a ajudou

a sair do veículo.

— E eu pretendo corrigir isso.

Sua boca se abriu, mas ele ignorou a reação dela e começou a caminhar em passos lentos e

comedidos até a porta, onde Joe e Steele já tinham levado Travis. Swanny seguiu atrás

rapidamente, levando Cammie.

— Eu quero estar com Travis, — Eve disse ansiosamente. — Preciso certificar-me que ele

está bem.

Donovan deslizou a mão pelo seu braço, espalhando calor em seu rastro.

— Ele vai ficar bem, Eve. Eu vou colocar você e Cammie na outra sala de exame para que

você fique com ela quando Maren examiná-la.

— Sim, é claro, — disse Eve apressadamente. — Eu não quis dizer que estaria deixando

Cammie. Eu apenas pensei que todos nós poderíamos estar na mesma sala.

Donovan levou-a para uma pequena sala de exame e colocou-a em uma cadeira. Então se

virou para Swanny e tomou Cammie de seus braços e colocou-a no final da maca de exame

acolchoada.

— As salas são pequenas e há apenas duas. Maren vai precisar de uma delas para colocar o

raio-X portátil. Joe e Steele estarão com ele, e assim que ela terminar com Travis ela vai te falar

como ele está. Eu prometo.

Eve assentiu, mas a ansiedade a estava comendo viva. Travis tentava duramente esconder

sua dor dela. Ela sabia que ele não queria que ela se preocupasse. Mas ela viu o quanto era difícil

para ele até mesmo ficar de pé.

A espera parecia interminável. E então, finalmente Maren entrou na sala, um sorriso

tranquilizador no rosto.

Eve se levantou, ganhando uma careta de reprovação de Donovan, que chegou para

estabilizá-la quando ela cambaleou.

— Como ele está? — Ela perguntou ansiosamente.

— Ele realmente tem algumas costelas quebradas, mas são nas partes mais baixas do corpo

e não fizeram nenhum dano aos pulmões ou outros órgãos internos. A pulsação dele está boa e

ele não está exibindo sinais de hemorragia interna, mas Donovan terá de manter estreita vigilância

sobre ele nos próximos dias. Vou examiná-lo diariamente até ficar satisfeita que esteja se

recuperando bem.

— Isso é tudo? — Eve perguntou, com medo de que houvesse mais.

— Apenas alguns inchaços, contusões e arranhões. Ele é muito sortudo. Vocês todos são.

Um tornado não é algo desprezível. Você fez certo, levando-os para dentro daquele bueiro, mas

você também deveria ter ficado lá, — Maren a repreendeu.

— Eles são mais importantes, — Eve disse ferozmente.

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Donovan tocou em seu braço, esfregando o dedo levemente acima de sua pele até o ombro.

— Você é importante também, Eve.

— Agora, que tal eu dar uma olhada em você, mocinha? — Maren disse para Cammie em um

tom alegre.

Cammie olhou timidamente para Maren e depois para Donovan para reassegurar-se. Como

Donovan ganhara a confiança de Cammie rapidamente! Era algo que ainda chocava Eve. Cammie

foi até mesmo receptiva com Swanny. Ela estava grata a Swanny e Donovan, e, bem, a todos eles

por provar a Cammie que nem todos os homens deveriam ser temidos. Ela só rezava para que essa

fé não fosse equivocada. Isso esmagaria Cammie e cimentaria seu medo de todos os homens.

— Eu estarei bem aqui, querida. E Eve também. Maren não vai te machucar. Ela só quer

ajudá-la a se sentir melhor.

Cammie balançou a cabeça lentamente e virou os olhos arregalados para Maren. Maren

sorriu calorosamente para ela e, em seguida, começou a examiná-la. Às vezes Maren franzia a

testa enquanto ouvia os sons da respiração de Cammie. Em seguida, tomou sua pulsação e

temperatura, examinou a garganta e apalpou os nódulos linfáticos.

Quando ela terminou, Eve se sentou ansiosamente para frente, esperando pelo diagnóstico

de Maren.

— Está garotinha está muito doente, — Maren disse sem rodeios. — Normalmente eu a

colocaria no hospital, no soro e tomando antibióticos, mas sei que não é uma opção para você. Eu

vou começar colocando-a no soro aqui e Donovan poderá administrar os remédios em casa até eu

ver uma melhoria em sua condição.

— O quanto ela está doente? — Eve sussurrou. — O que há de errado com ela?

— Ela tem início de pneumonia. Quero fazer uma radiografia do tórax para confirmar minha

suspeita, mas seus sons respiratórios estão difíceis e ela está fazendo ruídos quando respira. Se

não for tratada, ela pode piorar.

Embora Maren não dissesse isso na frente de Cammie, para não assustá-la, Eve entendeu o

que ela deixou de dizer. Cammie poderia morrer.

Eve escondeu o rosto entre as mãos, enquanto soluços brotavam de sua garganta. Os braços

de Donovan a envolveram, puxando-a para ele. Ele agachou-se no chão ao lado da cadeira de Eve

e segurou-a, embalando-a para trás e para frente.

— Eu tentei, — Eve sufocou. — Eu tentei tanto e não foi suficiente. A culpa é minha que ela

esteja tão doente. Eu deveria ter feito mais, mas eu não consegui. Vocês não entendem! Ele teria

encontrado a gente e eu não posso deixar isso acontecer. Não posso deixar ela e Travis voltarem

para ele. Não importa o que aconteça comigo, eu não posso decepcioná-los.

— Shhh, Eve — Donovan disse gentilmente. — Você tem um peso muito grande sobre seus

ombros. Você é apenas uma pessoa. Você fez o melhor que podia. Ninguém pode culpá-la por

isso. Você cuidou muito bem de Cammie e Travis, mas é hora de deixar alguém cuidar de você.

Ela balançou a cabeça.

— Eles são o que importa. Não eu. Eles têm a vida inteira pela frente, — ela soluçou. — Eu

não vou deixá-lo estragar isso para eles.

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— Eve, eu preciso examiná-la agora, — Maren disse em um tom suave.

Eve ergueu a cabeça.

— Eu estou bem. Realmente. Travis e Cammie são os que precisavam de ajuda.

— Sou eu quem vai determinar isso, — Maren disse com firmeza. — Sua cabeça ainda está

sangrando de um ferimento e eu preciso ver com o que estou lidando.

Maren levantou a mão em perplexidade e, em seguida, olhou para os dedos quando eles

saíram com manchas de sangue nas pontas. Donovan ajudou-a a ficar de pé e, em seguida, pegou

Cammie para que Eve pudesse tomar seu lugar na mesa de exame.

— Você se lembra de tudo que aconteceu durante a tempestade? — Maren perguntou

enquanto sondava no cabelo de Eve. — Você pode me dizer onde dói?

Seu corpo inteiro doía. Sentia-se como um hematoma gigante. Donovan estava certo sobre

uma coisa. Agora que a reação se instalou, ela sentia cada parte de seu corpo e ele estava gritando

em protesto.

— Foi tudo um borrão, — Eve disse. — Eu estava tentando fazer com que Cammie e Travis

ficassem em segurança. Travis foi atingido por um enorme galho e eu tive que deixá-lo para

colocar Cammie no bueiro. Quando eu saí, fui jogada ao chão e, em seguida, Travis estava lá. Mas

o vento me pegou. E eu fiz Travis me deixar para voltar para Cammie. Não me lembro de muito

mais.

— Donovan, você pode sair para que eu possa fazer uma avaliação mais completa de Eve? —

Maren perguntou calmamente. — Por que você não leva Cammie para ver Travis? Joe e Steele

estão com ele. Eu já enfaixei as costelas dele e dei-lhe algo para a dor.

— Apenas certifique-se que você dará algo a Eve também, — Donovan disse com a voz

firme.

Os lábios de Maren levantaram em um meio sorriso.

— Eu cuido disso, Donovan. Agora xô.

Após Donovan sair, Maren voltou para Eve.

— Pode se despir para mim? Eu quero examinar todas as suas extremidades e seu abdômen

também. Dependendo do que encontrar, precisarei fazer raios-X em você também. Você tem um

galo na cabeça. Eu preferiria fazer uma tomografia, mas não tenho essa capacidade aqui.

Eve lentamente despiu-se, com Maren segurando em seu braço para apoiá-la. Quando

terminou, reclinou-se sobre a mesa de exames e Maren fez uma avaliação rápida, ocasionalmente

perguntando a Eve se uma área doía.

Depois de vários minutos, Maren ajudou Eve a sentar-se e, em seguida, a vestir suas roupas.

— A minha única preocupação é o quanto o seu ferimento na cabeça é sério, — disse Maren.

— Você tem extensos hematomas, mas eu não acho que tenha quebrado nada. Mas você vai ter

que ficar em repouso por vários dias. Todos vocês. E eu estou falando sério, Eve. Repouso

completo. Eu não quero que você levante sequer um dedo.

— Mas eu não posso! — Eve protestou. — Nós estávamos indo embora. Eu não posso ficar.

Eu já fiquei aqui por muito tempo. Tenho que manter-me em movimento ou ele vai nos encontrar.

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Eu sei que ele não vai desistir até nos encontrar. Você não entende do que ele é capaz. O que ele

já fez e vai fazer de novo.

Desamparo a agarrou, oprimindo-a até que ela queria chorar desesperada. Como alguém

poderia compreender a enormidade da sua situação? Que se Walt os encontrasse, Eve seria

afastada deles e depois Cammie — e Travis — estariam sozinhos, e ele desabafaria sua raiva e

aumentaria seu controle sobre eles.

— Você irá ficar, Eve.

Eve se virou para ver Donovan de pé na porta, agora aberta, firme determinação trancada

em seu rosto.

— Não tenho nenhum lugar para ficar, — Eve sussurrou. — O trailer foi destruído. Não

temos nada. Tudo que tenho está na mala que você encontrou. É tudo o que tenho para nos

apoiar e não é o suficiente!

A expressão de Donovan era determinada, os lábios desenhados em uma linha apertada,

enquanto olhava para ela sem piscar.

— Isso não é verdade, Eve. Você tem a mim. Você tem a KGI. Você, Cammie e Travis vão ficar

comigo.

Capítulo 16

Donovan observou enquanto a cor fugia do rosto de Eve. Ela abraçou o próprio corpo na

mesa de exames, o pânico evidente em seus olhos.

— Não podemos, — Eve protestou. — Você não entende.

Donovan balançou a cabeça.

— Eu estou realmente cansado de ouvir você não entende. O que eu entendo é que você e

seus irmãos precisam de ajuda. Vocês precisam de um lugar para ficar. Precisam de comida para

comer. Mas o que vocês mais precisam é o conhecimento de que estão seguros e que ninguém

lhes fará mal. Eu entendo seus medos e reservas, Eve. Eu entendo. Acredite em mim. Mas a sua

resposta não é a solução real para o problema e se você parasse e pensasse por um minuto

saberia que eu estou certo.

Ele continuou, falando sobre o protesto já se formando nos lábios dela.

— Você não pode continuar fugindo. Isso não é jeito de nenhum de vocês viverem. E se no

próximo lugar que vocês pousarem não houver o que você tem aqui? Pessoas que se preocupam

com vocês. Pessoas que irão protegê-los.

— Você não me conhece, — Eve sussurrou. — Como poderia cuidar de mim ou Cammie e

Travis? O que você sugere é uma loucura! As pessoas simplesmente não levam estranhos para a

casa deles. Também não fazem promessas quando não têm ideia do que estão enfrentando.

— Você está certa. Eu não sei. Ainda. Mas você vai me dizer. É uma conversa que você e eu

teremos em breve. Mas agora, a minha prioridade é oferecer todo o cuidado que vocês precisam e

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certificar-me que descansem e se recuperem de seus ferimentos, e curar Cammie de sua doença.

Você não pode brincar com isso, Eve. Cammie é uma menina que está muito doente. Você tem

que pensar nela e o que é melhor, não só para Cammie, mas para si mesma e Travis.

— Ela é tudo o que eu penso, — Eve disse ferozmente. — É nela que eu penso em cada

minuto do dia.

Donovan aproximou-se de Eve, pegando sua mão, curvando os dedos em torno dela. Sua

mão tremia na dele e ele esfregou o polegar sobre os nós dos dedos, tentando acalmar um pouco

da ansiedade saindo dela em ondas. Por um momento, ela agarrou sua mão, quase como se

quisesse desesperadamente o conforto que ele oferecia. Ele tomou isso como um sinal positivo de

que ele estava finalmente chegando até ela.

— Eu nunca pensei, nem por um momento, que ela não estivesse em primeiro lugar em seus

pensamentos ou que ela não era sua prioridade. Se eu dei a entender isso, peço desculpas. Tudo o

que eu estou dizendo é que você precisa de ajuda e eu vou ajudá-la. Eu não vou aceitar um ‘não’

como resposta.

Eve olhou para ele com espanto. Então olhou para Maren, desconfortável por que Maren

estava a par desta conversa.

— Eve, — Maren começou suavemente. — Eu não quero me intrometer, nem ofendê-la.

Mas eu concordo com Donovan. Como médica e como alguém que tem uma ligação muito

próxima com a KGI e a família Kelly. Cammie está muito doente e precisa receber a medicação

fornecida através do soro. Ela não vai melhorar do dia para a noite. Vai levar tempo. E Travis não

está em condições de ir a qualquer lugar, exceto para a cama, onde poderá descansar e se

recuperar. Eu sei que você fez o melhor que pôde, mas todo mundo precisa de ajuda em algum

momento. Eu sei por que certamente eu precisei. E a KGI me ajudou. Assim como eles podem

ajudá-la. Deixe isso nas mãos de quem já fez isso. Em mais de uma ocasião, — ela acrescentou

com um sorriso triste. — Donovan e a KGI são os melhores. E você precisa do melhor. Cammie e

Travis merecem o melhor também. Eu seria terrivelmente negligente como uma profissional da

área médica se permitisse que você fosse a qualquer lugar em sua condição atual.

Donovan lançou-lhe um olhar agradecido. O que Maren dissera marcou pontos com Eve.

Reconhecimento acomodou-se nos olhos de Eve enquanto Maren dava sua opinião sem rodeios. O

reconhecimento de que Maren — e — Donovan estavam certos.

Os ombros de Eve cederam e ela fechou os olhos. Quando os reabriu, eles estavam

molhados com um brilho de lágrimas. O peito de Donovan apertou. Ele odiava ver qualquer

mulher em perigo, mas Eve não era qualquer mulher. Não para ele. Ele não podia explicar

completamente sua reação a ela, mas era um inferno de muito mais longe do que ela ser uma

mulher necessitada. Ele tinha se deparado com muitos delas através dos anos consecutivos na KGI

e nunca se permitiu esse tipo de... Atração. Emocional e física. Não era nem mesmo que ele não

tivesse permitido. Simplesmente nunca existiu. Nenhuma das outras mulheres o fez sentir o que

ele sentia por Eve.

Ele já considerava Eve — e seus irmãos — dele. Sua... Família.

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Ele já conseguia imaginar como seria ter este precioso grupo de pessoas como se fossem

dele. Ele sentia uma proteção feroz por Cammie e Travis que estava acima de sua reação usual

para crianças com problemas. Cada missão era pessoal para ele, mas está aqui? Era algo

totalmente diferente e ele se recusava a deixar sua família seguir em direção ao desconhecido.

Onde poderiam ser feridos ou mortos, ou só Deus sabe mais o quê. Não era uma opção.

Ele amarraria Eve em sua cama e sentar-se-ia sobre ela, antes de permitir que fossem

embora.

E se isso não era um maldito sinal ele não sabia o que era.

Ele zombou de seus irmãos e líderes de equipe pela superproteção e ferocidade quando se

tratava de suas mulheres, mas ali estava ele, na mesma posição, sentindo-se exatamente como

eles se sentiam quando se tratava das mulheres que amavam.

Amava?

Inferno, ele não estava apaixonado por Eve. Era como ela disse. Donovan não sabia nada

sobre ela. Mas sabia o suficiente para perceber que ela iria significar muito para ele. Ela e os

irmãos já significavam. Mas para que isso acontecesse, ela teria que permanecer aqui. Sob a sua

proteção para que ele pudesse ver exatamente onde as coisas iriam levá-los.

Isso não iria acabar. Não amanhã ou no próximo ano. Agora ele só precisava convencê-los de

sua posição nas vidas deles daqui para frente. E isso não seria uma tarefa fácil. Mas ele não seria

dissuadido por sua resistência. Ele era tão teimoso quanto seus irmãos quando se tratava de algo

que ele queria. Eve aprenderia isso em breve.

— Eu preciso te levar para casa, — Donovan disse gentilmente. — Todos vocês. Travis

precisa de descanso. Cammie precisa de repouso e medicação. E você também.

Ele se virou para Maren, sem esperar pela concordância de Eve. Ela aceitando ou não, as

coisas seriam feitas do jeito dele a partir de agora. Isso provavelmente fazia dele um grande idiota,

pressionar esta mulher quando ela estava infinitamente frágil e à beira da ruptura. Mas ele usaria

isso para sua vantagem e não sofreria um pingo de remorso por garantir que eles estariam em

segurança e receberiam os cuidados necessários. Não importa o que fosse necessário. Ele não

pouparia recursos disponíveis em sua busca para garantir o bem-estar deles. E para isso eles

ficariam exatamente onde pertenciam. Com ele.

— Prescreva-lhe uma receita de medicação para dor. Provavelmente ela precisa de uma

injeção, mas eu prefiro esperar até que ela esteja acomodada em casa. Eu vou ter muito trabalho

tentando colocar Travis e Cammie na cama do jeito que eles estão.

Maren assentiu e pegou o bloco de receitas e escreveu várias linhas sobre ele. Em seguida,

entregou a Donovan.

— Eu prescrevi para você, mas não há nenhum registro de seus nomes na farmácia, — disse

ela. — Coloquei remédios para Travis e Cammie também. Vou colocá-la no soro agora e pegar os

sacos de antibióticos e soro fisiológico para você levar para casa. Se tiver qualquer problema, não

hesite em me chamar. Vou visitá-los todas as tardes se estiver tudo bem para você, mas ligarei

antes de ir para que estejam me esperando.

Donovan puxou Maren para um abraço.

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— Obrigado, querida. Eu realmente sou muito grato por tudo que você faz para nós. Não sei

se falamos isso o suficiente, mas eu não sei o que faria sem você.

Maren sorriu quando se afastou.

— Vocês fizeram muito mais por mim do que eu posso retribuir. Eu devo minha vida e a de

Olivia a KGI. A de Steele também. Eu nunca vou esquecer isso. Você sabe que eu estarei feliz em

ajudar de qualquer maneira que eu puder. Tudo que você tem a fazer é chamar, okay?

Donovan deu-lhe outro abraço carinhoso e, em seguida, voltou para Eve enquanto Maren

entrava na outra sala para pedir que Swanny voltasse com Cammie.

Sabendo que Eve gostaria de estar ao lado de Cammie quando Maren a colocasse no soro,

ele posicionou-a na cabeceira da mesa de exames e, em seguida, estava ao lado dela, com o braço

enrolado firmemente em torno de sua pequena cintura.

Ele podia sentir sua magreza. Ela era preciosa e frágil em seus braços e ele intensificou seu

aperto sobre ela, mais para sua própria paz de espírito do que para a dela, embora ele quisesse

que ela não tivesse dúvidas da rede de apoio que estava cerrando fileiras em torno dela.

Swanny carregou Cammie para a sala e os olhos dela brilharam quando viram Donovan e

Eve. Alívio obscureceu os olhos assombrados da menina e ela estendeu os braços ansiosamente

para Donovan. Donovan soltou Eve tempo suficiente para tomar Cammie de Swanny e deitá-la

sobre a mesa para que ela ficasse perto dele e de Eve.

Eve roçou a palma da mão pela testa febril de Cammie e depois se inclinou para beijar sua

têmpora.

— Vai ficar tudo bem, querida — disse Eve em um tom reconfortante. — Maren vai inserir

uma agulha em seu braço. Apenas uma picadinha. Estarei aqui o tempo todo.

— E Donovan? — Cammie murmurou ao redor do polegar em sua boca.

Donovan sorriu e acrescentou sua própria mão no braço dela, apertando

tranquilizadoramente.

— Eu também, querida. Eve e eu não iremos a lugar nenhum. E depois, você vai voltar para a

minha casa, assim poderá descansar muito e ganhará todos os sanduíches de queijo grelhado que

conseguir comer.

Cammie sorriu e o fôlego de Eve ficou preso em um soluço. Donovan retirou os braços

debaixo de Cammie e o deslizou de volta ao redor da cintura de Eve, apresentando uma frente

unida para Cammie. Para que ela soubesse que eles não iriam deixá-la sozinha.

Maren preparou o cateter e o saco com o soro e o antibiótico. Depois de esfregar o braço de

Cammie e prender uma borracha elástica sobre a área que pretendia perfurar, ela falou com

Cammie em tons suaves e reconfortantes.

— Só uma pequena picadinha, mas preciso que você seja corajosa e fique bem quietinha,

tudo bem, Cammie?

Cammie assentiu solenemente, mas ficou tensa quando Maren acomodou a agulha contra

sua pele. Os olhos dela se arregalaram de medo e o pânico inundou seu rosto.

— Vai acabar em apenas um momento, — Eve murmurou. — Seja uma menina corajosa.

Maren vai ser suave.

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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 104

Maren habilmente inseriu a agulha, sondando a procura da veia. Cammie soltou um grito de

surpresa, mas para seu crédito, ela não se afastou. Felizmente ela encontrou a veia em uma picada

e a expressão de Cammie aliviou.

Swanny estava do outro lado de Cammie, logo acima onde Maren trabalhava, colocando a

mão sobre a testa de Cammie enquanto acariciava seus cabelos.

— Você está indo muito bem, — Swanny disse.

Maren rapidamente conectou o acesso ao soro, travou-o para que ficasse seguro e, em

seguida, ajustou o fluxo de fluido. Depois, enganchou o suporte para que a medicação fluísse para

a linha junto com o soro fisiológico.

— Tudo pronto, — ela anunciou com um sorriso para Cammie. —Você é uma campeã,

Cammie.

Cammie sorriu pelo elogio de Maren.

— Não doeu tanto quanto eu pensava que doeria.

— Isso é porque Maren é muito boa no que faz, — disse Donovan. — Agora está tudo feito e

podemos voltar para casa e levá-la para a cama.

Cammie parecia encantada com essa declaração. Então ela olhou timidamente para

Donovan, claramente querendo dizer alguma coisa, mas estava insegura. Seu polegar remexeu-se

na boca.

— O que foi, querida? — Donovan perguntou em um tom suave. — Você pode me perguntar

qualquer coisa. Não me importo.

— Eu poderia ter um travesseiro de penas?

Eve pareceu ferida pelo simples pedido de Cammie, fechando os olhos brevemente para

mascarar sua tristeza.

— Eles são os meus favoritos, — Cammie disse ao redor do polegar. — Evie disse que

compraria um para mim quando tivesse dinheiro.

O coração de Donovan apertou.

— Eu não tenho nenhum nos quartos de hóspedes, mas também adoro travesseiros de

penas e tenho quatro na minha cama, então tenho certeza que posso dar um para você. Vai dar

para você esperar até eu conseguir outro para você. O que acha?

Cammie assentiu, os olhos brilhando de alegria.

— Certifique-se de manter o saco acima da cabeça dela, enquanto estiver dirigindo, em

seguida, acomode-o sobre a cama. Você tem um suporte em sua casa ou preciso enviar um com

Joe e Swanny? — Maren perguntou, interrompendo a conversa.

— Vou pegar um, — Swanny ofereceu. — Joe e Steele precisarão ajudar Travis a entrar na

caminhonete.

Donovan soltou Eve e inclinou-se para colher Cammie em seus braços. Ele enviou a Swanny

um olhar que lhe disse para ajudar Eve enquanto Donovan carregava Cammie e os sacos de soro.

Uma vez que todos estavam nos veículos novamente, Donovan dirigiu rapidamente para

casa. Steele e Joe colocaram Travis na cama no quarto que Donovan havia destinado para uso dele

e, em seguida, Donovan colocou Cammie na cama no quarto que ela iria compartilhar com Eve.

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Swanny trouxe o suporte para Donovan pendurar o saco de soro, em seguida, Donovan empurrou

as prescrições para Swanny.

— Vá à farmácia e peça para manipular esses medicamentos e espere por eles. Diga-lhes que

precisamos com urgência. Jimmy me conhece então vai fazê-los rapidamente. Mas ele também é

curioso e vai querer saber o que há de errado comigo, uma vez que está tudo em meu nome. Não

comente nada.

Swanny assentiu.

— Tudo bem. Você quer que eu ajude no jantar esta noite? Eu não me importo e buscar os

medicamentos não vai demorar muito. Deixe-me fazer uma verificação rápida do que você tem na

despensa e se precisar, comprarei alguma coisa enquanto estiver fora.

— Eu gostaria disso, — disse Donovan, agradecido.

Após Swanny se afastar, Donovan virou-se para Eve.

— Minhas cunhadas estão juntando algumas roupas para você e para Cammie. Joe vai trazer

o que Travis precisa, mas, por agora, o que vocês mais precisam é de descanso. Travis já está

dormindo, graças à injeção que Maren lhe deu para a dor, então ele está confortável e você não

precisa se preocupar com ele. Vai demorar uma hora ou mais para Swanny voltar com os remédios

prescritos por Maren e tudo o que ele precisa pegar, então vou aplicar-lhe uma injeção, logo que

você for para a cama com Cammie e depois não quero ver ou ouvir uma palavra sua até o jantar.

Eve abriu a boca para protestar, mas Donovan a silenciou.

— Não discuta, Eve. Todos vocês estão exaustos e feridos. Cammie já está quase dormindo,

mas ela está ansiosa, porque está preocupada com você. A melhor coisa que você pode fazer por

vocês duas é rastejar para a cama com ela para que durmam um pouco.

Eve suspirou, mas assentiu em concordância.

— Vou dar-lhe uma das minhas camisetas. Você pode vesti-la quando eu sair e, em seguida,

vá para a cama. Eu não vou ver nada. Não faz sentido vestir a calça do moletom. Vou lhe dar cinco

minutos e depois voltarei para aplicar a injeção para a dor. Ela vai ajudá-la a relaxar e dormir.

Não esperando para saber se ela concordou ou não, ele caminhou até o quarto e pegou uma

camiseta que provavelmente bateria nos joelhos dela. Embora ele não fosse tão alto quanto seus

irmãos, tinha o peito largo e a camisa ficaria pendurada largamente no corpo de Eve e a cobriria

com modéstia.

A ideia dela usando sua camisa lhe dava uma sensação absurda de satisfação.

Ele voltou e enfiou a camisa nas mãos de Eve. Cammie estava lutando para permanecer

acordada e Donovan sabia que assim que Eve se arrastasse ao lado dela, a menina apagaria como

uma luz.

— Cinco minutos Eve. Então voltarei para aplicar-lhe a injeção.

Sem esperar por uma resposta, ele saiu do quarto e foi para a sala onde os outros estavam

reunidos.

— Podemos fazer alguma coisa? — Joe perguntou.

Donovan assentiu.

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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 106

— Depois que você sair e conseguir as roupas para Travis, preciso que passe na casa de Sam

e pegue as roupas que Sophie e Shea estão juntando para Cammie e Eve. Shea é a mais próxima

ao tamanho de Eve, então ela deixará algumas roupas na casa de Sam, e Sophie está juntando

algumas das roupas de Charlotte para Cammie. Eu não tenho nenhuma ideia de quais são os

tamanhos de seus calçados, mas vamos resolver isso em um momento posterior. Eles não vão

precisar de sapatos tão cedo, de qualquer maneira, porque eles não sairão de casa.

— Não tem problema, cara, — disse Joe. — Eu resolvo isso.

Donovan olhou para Steele e Maren e para o bebê nos braços de Steele.

— Obrigado por ter vindo tão rápido, Maren. Eu realmente estou muito agradecido.

— Há mais alguma coisa que possamos fazer? — Steele perguntou incisivamente. E Donovan

sabia que ele não estava se referindo à ajuda médica.

Donovan balançou a cabeça.

— Depois que eles estiverem dormindo, eu gostaria de conversar com todos para que

possamos discutir um plano de ação. Eu gostaria que Sean viesse também. Se você quiser ficar,

para que não tenha que dirigir de volta para sua casa e, em seguida, voltar novamente, sinta-se

em casa. Swanny irá preparar o jantar para todos quando ele voltar.

Steele assentiu.

— Preciso ligar para minha equipe para isso?

Donovan pensou por um momento e depois balançou a cabeça.

— Ainda não. Até que, pelo menos, saibamos o que estamos enfrentando. A equipe de

Nathan e Joe pode lidar com as coisas por agora. É perfeito para eles e todos estão aqui perto.

Não faz sentido chamar sua equipe e a de Rio. Eu vou ter que informar os meus irmãos e não

pretendo contar a mesma história mais de uma vez. Então vou esperar que todos estejam aqui

antes de dizer o que tenho em mente.

Swanny e Joe saíram para fazer suas respectivas tarefas e Donovan pediu licença para ir

cuidar de Eve. Quando entrou no quarto, Eve já tinha rastejado para debaixo das cobertas com

Cammie, que estava aconchegada no corpo de Eve.

Era uma visão tão cativante que por um momento tudo que Donovan podia fazer era olhar.

Para o que poderia ser seu. Para o que ele já considerava seu. Ficou impressionado com o acerto

de tudo. Mas também sabia que não podia se dar ao luxo de se distrair com a fantasia. Em algum

lugar lá fora, um monstro se escondia. À espera de uma oportunidade para atacar. Sua família.

O inferno que isso iria acontecer.

Ele destampou a seringa que Maren havia preparado e, em seguida, aproximou-se da cama.

Deslizou para a beirada, a coxa descansando contra o corpo de Eve.

— Eu preciso aplicar na parte inferior, — explicou. — Tudo que você tem a fazer é puxar a

camisa e abaixar o elástico da calcinha. Você pode permanecer coberta. Só vai demorar um

minuto e, em seguida, você vai se sentir muito melhor.

— Obrigada, — disse Eve, quase em um sussurro. — Eu não acho que já disse isso, não

corretamente. Mas obrigada. Eu não tenho ideia de por que você está tendo tantos problemas por

pessoas que você nem conhece, mas eu nunca poderei esperar retribuir sua bondade, Donovan. O

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que você tem feito por Cammie e Travis. E por mim. Eu não sei por que, não consigo sequer

compreender, mas dou graças a Deus por você estar aqui. Por estarmos aqui.

Ele sorriu e deslizou o dedo pela curva de sua bochecha, ferozmente satisfeito que ela

parecia finalmente aceitar sua ajuda.

— Você é mais do que bem-vinda, Eve. Mas se acostume com isso, porque eu não vou a

lugar nenhum e nem você.

Ele cuidadosamente empurrou a camiseta enorme para cima para descobrir sua cintura fina

e a curva suave de sua bunda. Foi pura tentação acariciar a pele tão suave quanto a de um bebê,

mas se concentrou na calcinha deslizando para baixo o suficiente para descobrir o local onde

aplicaria a injeção.

— Apenas uma picadinha, — ele advertiu, em seguida, empurrou a agulha em sua carne.

Ela ficou tensa por um momento e então endureceu ainda mais.

— Ai, — ela resmungou. — A medicação dói mais que a agulhada.

Donovan riu.

— É assim mesmo que acontece. Mas você vai sentir os efeitos a qualquer segundo. Quero

que você relaxe e durma um pouco. Eu acordarei você e Cammie para o jantar. Desta vez será algo

melhor do que sanduíches de queijo grelhado e sopa. Swanny ofereceu sua experiência culinária e

eu tenho que dizer, o cara sabe cozinhar.

Ela sorriu, os olhos já embotando com os efeitos da medicação.

— Parece agradável. E Donovan? Obrigada mais uma vez. Nunca serei capaz de pagar sua

bondade.

Ele se curvou para beijar sua testa e ela ficou completamente imóvel sob seus lábios.

— Você vai, Eve. Confie em mim, você vai. Só não de uma maneira que você provavelmente

esperaria.

Com essa declaração enigmática, ele retirou-se, vendo que Cammie já caíra no sono nos

braços de Eve. Ele verificou o soro, certificando-se que estava seguro e que o líquido estava

fluindo corretamente.

— Durma bem, Eve. E saiba que você está segura, — ele murmurou antes de sair do quarto,

fechando a porta atrás de si.

Capítulo 17

Uma hora depois, Donovan estava na sala de estar onde os seus irmãos, Sam, Garrett, Joe e

Nathan se reuniram junto com o resto da equipe de Nathan e Joe: Swanny, Skylar e Edge. Sean

Cameron estava presente também. Donovan queria que ele viesse para que ele pudesse

discretamente fazer uma verificação sobre Eve e descobrir possíveis problemas com a lei. Steele e

Maren permaneceram, embora Maren estivesse na cozinha para amamentar Olivia em privado.

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Ele precisava de informações de Eve antes que pudesse tomar qualquer grande decisão, mas

não podia esperar até chegar a hora que ela confiasse nele o bastante para se abrir. Esperava que

isso acontecesse mais tarde hoje à noite, quando ele e Eve finalmente estivessem sozinhos. Mas,

por enquanto, precisava de todos no ponto, porque algo ou alguém estava atrás de Eve. Seu medo

não era falsificado. O terror nos olhos dos irmãos não era fingimento.

— Então com o que estamos tratando aqui, Van? — Sam falou, quebrando o silêncio pesado

na sala.

— Eu não sei exatamente, — Donovan disse severamente. — Mas preciso descobrir rápido.

Vou tentar fazer Eve falar comigo hoje à noite. Ela não confia facilmente, mas pretendo convencê-

la. Fazê-la concordar em ficar aqui foi um grande passo na direção certa.

Ele olhou para Sean, que estava encostado na parede, mãos enfiadas nos bolsos do

uniforme. Ele acabou de entrar de folga e não foi em casa ainda. Donovan sabia que ele

provavelmente estava cansado, mas Sean não hesitou em vir quando Donovan lhe pediu.

— Sean, preciso que você faça algumas pesquisas muito discretas sobre Eve, Cammie e

Travis também. Eu não tenho certeza que eles estão usando seus nomes reais, mas Hanson é o

nome que Travis deu. Veja o que você pode desenterrar sobre alguém combinando suas

descrições, mas eu não preciso que ninguém saiba sobre isso. Conte-me qualquer coisa que você

encontrar, independente do que descobrir.

O olhar de Sean se estreitou.

— O que exatamente você espera encontrar?

— Eu não sei, — Donovan disse honestamente. — O que eu sei é que eles estão fugindo e

com medo de alguém. Cammie tem pavor de homens. Ela mencionou que seu “pai” machucou

Eve. Não o pai de Eve, mas o de Cammie. Então, eu estou pensando se Cammie e Travis são meios-

irmãos de Eve e compartilham a mãe, ou talvez Eve seja uma tia ou parente. Eu só preciso de tudo

o que você puder encontrar sem deixar vestígios de que esteve procurando.

Sean assentiu.

— Vou fazer o que puder.

Donovan ampliou o olhar para incluir os outros.

— Eu preciso de todos vocês nisso. Quero reforçar a segurança em torno do complexo. Fazer

observações regulares. Também quero ficar de olho na cidade atento a qualquer forasteiro.

Alguém novo ou fazendo perguntas que demonstrem que estão procurando por Eve, Cammie ou

Travis.

— Posso dar uma olhada nos alertas Amber, — Sean disse baixinho. — Se eles fugiram, é

possível que tenham sido dados como desaparecidos.

O que não foi dito foi o fato de que Eve poderia muito bem ter sido rotulada como

sequestradora e um perigo para as crianças. Donovan sabia que isso era mentira, mas isso não

significava que não poderia ser o que estivesse lá fora.

Donovan acenou em concordância.

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— Apenas certifique-se que você trará toda a informação e não falará uma palavra a

ninguém. Eu sei que estou pedindo para você trabalhar fora dos livros sobre isso e se você não se

sentir confortável fazendo algo que possa comprometer o seu trabalho, eu entenderei.

Sean fez um som de escárnio.

— Se você acredita nela, então eu também acredito, Van. Confio em seu julgamento. Eu não

irei acenar bandeiras vermelhas quando desenterrar o que posso encontrar. Você vai ser o

primeiro a receber qualquer informação que eu descobrir.

— Agradeço, cara, — Donovan disse calmamente.

Em seguida, ele voltou sua atenção para Steele.

— Até que eu saiba exatamente com o que estou lidando, você e sua equipe estão fora.

Nathan e Joe podem lidar com isso. Esta é a nossa própria casa. Nós não iremos permitir que

algum idiota entre e ameace Eve e aquelas crianças. Mas ao mesmo tempo eu quero garantir que

nossa família estará protegida e vigiaremos nossas costas em todos os momentos. O que significa

que as mulheres precisam estar cientes dos perigos potenciais e garantir que não saiam sozinhas.

Donovan dirigiu a última frase para seus irmãos.

Sam e Garrett assentiram sua concordância, expressões sombrias em seus rostos.

— Enquanto eles estiverem aqui, dentro deste complexo, nada poderá machucá-los, — disse

Donovan. — Foi o que aconteceu uma vez com Shea. Nós nunca vamos cometer esse erro

novamente. E eu tenho a intenção de garantir que Eve não irá a lugar nenhum que possa colocar a

ela, Cammie ou Travis em perigo.

Os outros manifestaram sua concordância.

— Vamos comer, — disse Donovan, encerrando o tópico atual. — Swanny preparou o jantar.

Vou deixar Eve dormir mais um pouco antes de acordá-la para comer... E conversar.

Enquanto os outros seguiram para a cozinha, Donovan caminhou pelo corredor até o quarto

de Eve e espiou lá dentro. Seu coração amoleceu quando viu Cammie aninhada nos braços de Eve.

Ambas estavam dormindo. Ele ficou olhando por mais um momento antes de se retirar em

silêncio, a imagem ainda vibrante em sua mente.

Os outros estavam na cozinha, com pratos e garfos esquartejando a lasanha de Swanny.

Donovan resgatou o suficiente para Eve e seus irmãos comerem mais tarde, colocando os pratos

no forno para que ficassem quentes.

Sean foi o primeiro a sair, dizendo que estava indo para casa dormir um pouco e que iria

fazer algumas pesquisas na manhã seguinte e informaria a Donovan. Um por um, a equipe de

Nathan e Joe saiu também, seguida rapidamente por Steele e Maren, que prometeram voltar no

dia seguinte para examinar Eve, Cammie e Travis novamente.

Donovan fechou a porta depois que eles saíram e se virou para ver Sam e Garrett em pé a

uma curta distância. Ele conhecia aquele olhar que seus dois irmãos estavam exibindo. Ele

suspirou e fez um gesto na direção do sofá da sala de estar.

— Se eu vou levar um sermão dos meus irmãos mais velhos, pelo menos, quero estar

confortável, — Donovan disse secamente.

Nem Sam nem Garrett refutaram o sermão, então Donovan soube que ele estava certo.

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— Então, qual é o problema? — Donovan perguntou.

Sam passou a mão pelo cabelo e trocou olhares com Garrett. Quase como se estivessem

decidindo quem falaria primeiro.

— Apenas desembuchem! — Donovan disse impaciente. — É óbvio que vocês têm algo em

mente, além do que já foi discutido.

— Estou preocupado — nós estamos preocupados, — Sam alterou. — Eu acho que estamos

preocupados que isso seja algum tipo de realização de desejo de sua parte.

Donovan recuou, surpreso.

— Que diabos isso quer dizer?

Garrett remexeu-se e, em seguida, enfiou as mãos nos bolsos.

— Olha, cara, de todos nós, você sempre foi o mais caseiro. Você sempre foi aquele que

queria uma esposa e uma família grande. Nós ficamos surpresos pra caralho por que você não foi

o primeiro a se casar e ter uma casa cheia de crianças.

— Estamos apenas preocupados que você veja Eve e os irmãos dela como um atalho. — Sam

interrompeu. — Uma família já pronta. Nós apenas queremos ter certeza que você sabe no que

está se metendo. Você não sabe nada sobre Eve, ou sua situação. E você não sabe nada sobre o

que pode estar trazendo para a nossa porta ou o perigo que você pode estar colocando as nossas

famílias, as nossas mulheres e nossas crianças.

A raiva ferveu e entrou em ebulição no peito de Donovan. Ele flexionou os dedos, finalmente

fechando-o em punhos apertados em um esforço para conter-se. A última coisa que queria era

fazer ou dizer algo no calor do momento, do qual se arrependeria.

— Eu nunca faria nada para colocar em risco nenhuma das minhas cunhadas ou meus

sobrinhos ou alguém da família, e vocês sabem muito bem disso! — Donovan fervilhava. — Eu

daria minha vida por eles sem pensar um segundo. E se vocês me conhecessem tão bem, deveriam

saber que eu nunca fecharia os olhos para qualquer mulher ou criança tão desesperadamente

necessitadas de ajuda.

— É nesse ponto que queremos chegar, — Garrett disse calmamente. — Você sempre teve

uma enorme queda por mulheres e crianças. Especialmente crianças. Não queremos vê-lo se

apegar e, em seguida, eles serem tirados de você. Você não tem ideia sobre a mãe ou o pai deles,

ou se a própria Eve é o perigo para Cammie e Travis.

Donovan lutou para manter a calma. Ele entendia as preocupações dos seus irmãos.

Realmente entendia. Mas ainda assim o irritou e, a julgar pelos olhares nos rostos de seus irmãos,

eles sabiam que ele estava irritado.

— Você sabe que sempre terá nosso apoio, — disse Sam. — Nós não somos imunes a Eve ou

seus irmãos. Apenas não queremos ver você se machucar. Estamos preocupados que você está se

tornando muito envolvido emocionalmente, e você tem que parar com isso. Tratá-los como

qualquer outra missão. Ajudá-la e a seus irmãos, mas manter uma distância e manter o seu

coração fora disso.

— Sarah era para ser apenas uma missão! — Donovan os desafiou. — Lembra-se da rapidez

com que se tornou pessoal para você? E você, Sam. Você se envolveu com Sophie, enquanto

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estava em uma missão e a última coisa que você deveria ter feito era transar com uma mulher

quando estávamos no encalço de Mouton. Algum de vocês lamenta isso agora? Olhe para o que

vocês têm. Esposas. Filhos. E estão esperando outros filhos. Como vocês podem saber que Eve não

é a pessoa certa para mim? Vocês me negariam a mesma chance de felicidade que vocês

receberam enquanto estavam em uma "missão"?

Desconforto arrastou-se no rosto de Sam, e Garrett se encolheu.

— Eu sei que Eve não é apenas uma maldita missão. Eu sei disso. Eu também sei que temos

que resolver muitas coisas. Tenho que ganhar a confiança dela para que eu possa estar preparado

para enfrentar o que ela está fugindo. Eu não acredito nem por um minuto que ela é uma

criminosa. Ela é apenas uma mulher desesperada fazendo o que for preciso para proteger sua

família. Todos nós não faríamos o mesmo? Custe o que custar. Assim como vocês fazem por suas

próprias famílias. Por suas esposas. Por seus filhos.

— Você já está olhando para Eve, Cammie e Travis como se eles fossem seus! — Garrett

apontou. — Nós só não queremos ver você se machucar, cara.

— Eu só quero o que vocês dois já têm, — Donovan disse, a voz abaixando e tremendo

levemente com emoção. — E talvez Eve seja essa pessoa. Talvez não. Mas eu não vou ignorar o

que eu sinto quando olho para ela só porque não tenho todas as peças do quebra-cabeça ainda.

Assim como nenhum de vocês se afastou de suas esposas na época que elas eram apenas uma

missão. Apenas alguém em apuros.

— Entendemos seu ponto de vista, — Sam disse numa voz relutante. — Saiba que estamos

ao seu lado e que se você tem sentimentos por Eve, além daqueles por alguém em necessidade,

então vamos considerar a família dela como um de nós. Faremos tudo o que pudermos para

ajudar. De jeito nenhum permitiremos que qualquer dano chegue até Cammie e Travis. Ou Eve.

Mas quero que você entre nisso com os olhos abertos. Você estaria assumindo um adolescente e

uma criança de quatro anos e isso não vai ser fácil.

Donovan riu, um pouco da tensão aliviando de seus ombros.

— Não foi o que Mamãe fez com Rusty? Travis não é o garoto agressivo e defensivo que

Rusty era, não que ela não tivesse bons motivos para ser. Travis é um bom garoto. Assustado, mas

determinado a proteger suas irmãs. Ele não deveria ter nenhuma preocupação no mundo na sua

idade, mas em vez disso ele está desistindo de sua infância e se tornando um homem muito antes

do tempo. Eu ficaria orgulhoso de considerá-lo meu filho, apesar de que eu não sou velho o

suficiente para ser pai dele.

Sam e Garrett riram, relaxando suas posições rígidas.

— Sim, bem, você teria que ter começado muito cedo, para ser pai de um garoto de quinze

anos, quando você não era muito mais velho do que ele, — disse Garrett.

Donovan suspirou.

— Alguns dias eu me sinto muito mais velho. Todos nós vimos mais coisas em nossas jovens

vidas do que uma dúzia de pessoas nunca verão ou experimentarão. Essas merdas envelhecem a

pessoa. É hora de eu começar a pensar em me estabelecer e ter minha própria família. O tempo

está passando por mim e eu estou parado. Eu amo a KGI. Eu não teria qualquer outro trabalho.

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Mas não quero que ela se torne a minha vida inteira. Eu quero o que vocês têm. Uma esposa para

a qual voltar. Crianças para encher minha casa. Eu quero uma razão para viver e uma razão para

voltar de cada missão.

Sam e Garrett trocaram olhares rápidos e preocupados. Donovan sabia que ele parecia

cansado e que não estavam acostumados a ouvir esse tipo de merda pesada dele. Mas ele

realmente estava cansado. Estava pronto para a mudança. Estava pronto para a vida parar de

passar por ele enquanto ele ficava à margem, vivendo para cada missão sem nada para vir para

casa depois.

— Não olhem para mim desse jeito, — Donovan disse secamente. — Como se fosse hora de

romper a camisa de força e lançar-me para longe. Eu sou adulto. Eu posso cuidar de mim mesmo e

tenho a maldita certeza que não preciso de vocês interferindo na minha vida amorosa. Vocês

estão ficando muito à frente de si mesmos, de qualquer maneira. Ao contrário do que vocês

podem acreditar, eu não estou mergulhando de forma imprudente em uma situação sem

examinar todos os ângulos primeiro. Mas quando eu digo isso, sei que vão entender o que quero

dizer, porque foi assim para vocês quando encontraram Sophie e Sarah. Quando eu olho para Eve,

eu vejo algo mais do que uma mulher em perigo. Eu vejo alguém que é diferente de qualquer

outra missão que eu trabalhei. Eu posso não saber aonde isso vai me levar ainda, mas isso não vai

me impedir de seguir esse caminho.

— Eu entendo, — Garrett disse suavemente. — Foi assim para mim com Sarah. Mas eu vou

lembrá-lo de que você me perturbou sobre ficar muito envolvido emocionalmente. Você estava

preocupado comigo e até se ofereceu para assumir a missão, porque pensou que eu estava

ficando louco. Eu só estou retribuindo o favor aqui.

Donovan sorriu.

— Agradeço a preocupação fraternal, mas estou bem com isso. Okay? Agora, se vocês dois

vão ficar em casa com suas esposas, então eu posso tentar descobrir como fazer Eve confiar em

mim o suficiente para compartilhar o problema no qual ela está.

Sam levantou as mãos em sinal de rendição simulada.

— Okay, okay, o sermão acabou. Não vamos falar sobre isso de novo. Juro. Apenas observe

suas costas e saiba que estaremos observando também. Não é necessário dizer que tudo o que

você precisar, nós vamos fazer.

Donovan levantou do sofá e sorriu para seus irmãos.

— Eu sei que vai ser difícil para Garrett manter a boca fechada.

— Foda-se, — Garrett resmungou.

— Hmm, e agora eu tenho material de chantagem. Saia da linha e eu contarei a Sarah que

você está soltando palavrões novamente.

Garrett olhou para Donovan, enquanto Sam caía na gargalhada. Donovan acompanhou seus

irmãos em direção à porta, ansioso para que eles fossem embora. Eve e os outros dormiram por

várias horas e estariam com fome em breve. Ele queria alguns momentos a sós com Eve para que

talvez ela se abrisse para ele.

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Capítulo 18

Donovan estava aquecendo os pratos de lasanha e preparando uma bandeja para que ele

pudesse levar comida para todos na cama, quando olhou para cima e viu Eve de pé na porta da

cozinha.

Ele ficou ridiculamente encantado com a imagem. A camiseta dele batia nos joelhos dela, as

pernas esguias e pés descalços visíveis. Cabelos despenteados e olhos caídos com os restos de

sono, com a mão apoiada na moldura da porta enquanto ela olhava nervosamente em sua

direção. Ele gostava dela em seu espaço. Como se ela pertencesse aqui. Com ele. Ele tranquilizou

seus irmãos, mas vê-la aqui e agora só solidificou sua sensação de... Posse. Foi isso que seus

irmãos sentiram quando conheceram suas esposas? Eles teriam sabido desde o primeiro momento

que eram elas? Ele sabia que Garrett perdeu a cabeça a partir do momento que ele viu Sarah.

E sim, como Garrett disse, Donovan o advertiu sobre isso. Pelo bem de Garrett. Mas agora

ele entendeu. Ele entendia de uma maneira que não entendia antes. E ele sabia, assim como

Garrett soubera, que o futuro de Eve estava inexoravelmente amarrado com o dele. E ele aceitou

isso. Na verdade, ele não aceitaria nenhuma outra possibilidade. Mas também sabia que não seria

fácil. Mas, então, não tinha sido fácil para qualquer um de seus irmãos ou líderes de equipe. E

bem, nada bom era fácil.

— Venha, — ele convidou, indicando a mesa. Ele sabia que ela estava desconfortável vestida

apenas com sua camisa, mas ele estava determinado a agir normalmente, como se ela não

estivesse ali, usando apenas uma calcinha transparente e a camiseta enorme dele. — Eu estava

aquecendo a comida para levá-la na cama, mas se você quiser, pode comer comigo na mesa, e

depois acordaremos Travis e Cammie para comer. A não ser que eles já estejam acordados?

Ele sabia que ela teria ido verificar Travis, e também sabia que ela não teria deixado Cammie

sozinha no quarto, se ela estivesse acordada. Embora tivesse intenção de levar seu jantar na cama,

agora ele aproveitaria a oportunidade para jantar com ela, sozinho, na cozinha. Eles precisavam

resolver isso. E ele precisava saber se ela confiava nele o suficiente para se abrir com ele.

— Não, eles ainda estão dormindo, — ela disse, em voz baixa, enquanto se movia em

direção à mesa.

Desconforto era evidente na maneira como ela se mantinha, a hesitação em seus olhos ao

vê-lo, de pé desajeitadamente ao lado de uma cadeira, perto da mesa. E ela foi rápida para

esconder as pernas atrás da mesa, como se a imagem de suas pernas nuas já não estivessem

gravadas a fogo em sua memória.

Ele pegou um prato de lasanha, assim que acabou de sair do forno, e colocou-o em frente a

ela.

— O que você gostaria de beber? Tenho chá, limonada e uma variedade de refrigerantes.

Enquanto falava, ele puxou a cadeira para ela e fez sinal para que se sentasse. Quando ela se

abaixou, ele pegou seu cotovelo, certificando-se de que ela não sofria efeitos da medicação que

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ele lhe administrou mais cedo. Ela ficou completamente imóvel ao seu toque e, em seguida, olhou

para ele por baixo de seus longos cílios.

Ela tinha que sentir isso também. Esta ligação elétrica entre eles. De jeito nenhum ela

poderia não ter consciência disso. Para reforçar a sensação, ele acariciou a pele logo acima do

cotovelo com os dedos. Foi um gesto destinado a confortá-la, mas o calor da pele queimou sua

mão e seu braço.

— Chá seria bom, — ela murmurou.

— Vou pegar um copo e um garfo para que você possa comer.

Ele empurrou o prato para que ficasse diretamente em frente a ela e, em seguida, foi buscar

a bebida, garfos para ambos e o prato que ele deixou dentro do micro-ondas, enquanto trazia o

dela para a mesa.

Um momento depois, ele retornou, deslizando o copo sobre a mesa antes de sentar-se em

diagonal a onde ela estava sentada na cabeceira.

— Não está se sentindo bem para comer? — Ele perguntou quando ela não começou a

comer imediatamente. — O medicamento a deixou enjoada? Tenho medicação que vai melhorar o

seu estômago e aliviar a náusea se você precisar.

Ela balançou a cabeça.

— Não. Estou bem. Estava apenas apreciando o cheiro. Parece delicioso.

Ela pegou o garfo e delicadamente cortou um pedaço de lasanha. Ele a olhou enquanto

comia, viu o garfo desaparecer em sua boca e fantasiou sobre beijar aquela boca. Então ele

sacudiu a cabeça e enfiou o garfo no próprio alimento. Ele não era nem um pouco sutil enquanto a

observava. Ele não marcaria nenhum ponto em sua tentativa de fazê-la confiar nele olhando-a de

soslaio como um velho rabugento que queria tirar sua calcinha.

Ele deu-lhe um momento para comer, não querendo chateá-la, possivelmente fazer com que

ela não terminasse a refeição. Pela aparência dela e pelo que ele já viu no trailer, ele sabia que ela

já perdeu demasiadas refeições.

Foi só quando ela diminuiu a velocidade e, finalmente, acomodou o garfo com um suspiro,

apenas alguns minutos depois, que ele abaixou o próprio garfo e estendeu a mão para deslizar

sobre a dela.

Ela ficou tensa, mas não puxou a mão, o que lhe deu grande satisfação. Mas seu olhar se

levantou, procurando informações dele com aquele olhar silencioso.

— Eve, nós precisamos conversar — ele disse gentilmente.

Ela ficou tensa, mas não desviou o olhar, em vez disso, encarou-o bravamente, resignação

escrita nas linhas de seu rosto. Ele odiava aquele olhar. Tão derrotado. Confiar nele não era

admitir a derrota, e ele não queria que ela o olhasse como se tivesse fracassado em proteger seus

irmãos.

— Eu não sei o quanto eu posso te dizer, — ela sussurrou.

Ele intensificou o aperto na mão dela, acariciando seus dedos com o polegar.

— Você pode me dizer qualquer coisa. Tudo. Eu preciso saber tudo, para saber o que nós

estamos enfrentando.

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Seus olhos se estreitaram, confusos, e ela olhou para ele com espanto total.

— Você disse nós?

A confusão em sua voz o machucou. É claro que a confundia que ele incluiu-se em seus

problemas. Bem, era melhor ela se acostumasse com isso, porque ele estava inserindo-se.

Ela balançou a cabeça como se para limpar os sentidos.

— Você não está enfrentando nada, Donovan. Eu estou. Eu não posso envolvê-lo nos meus

problemas. Não é justo. Você não me conhece. Não conhece Travis ou Cammie e não sabe o que o

pai deles é capaz de fazer.

Bem, eles estavam chegando a algum lugar, pelo menos. Com essas palavras, ela confirmou

a declaração de Cammie que foi o pai de Cammie quem machucou Eve e que provavelmente fizera

algo para machucar as crianças. Algo ruim o suficiente para fazer Eve fugir, sacrificar tudo em sua

tentativa de mantê-los seguros. Isso também confirmou sua suspeita de que Eve, Travis e Cammie

não compartilhavam o mesmo pai. Então, o laço de sangue que tinham era com a mãe. A menos

que Eve tivesse mentido sobre Cammie e Travis serem seus irmãos, algo que ele não acreditava.

Ele viu o amor por eles brilhando em seus olhos. Viu como ela era ferozmente protetora deles.

— O que ele fez? — Donovan perguntou, tentando manter a raiva afastada de seu tom. Ela

precisava de gentileza e compreensão. Ela não precisava de sua raiva.

Desta vez, seu olhar e cabeça abaixaram enquanto ela olhava para o colo. Ele pegou seus

dedos para que pudesse enrolar os dele ao redor dos dela e puxou suavemente para obter a sua

atenção mais uma vez.

— Eve, você pode confiar em mim.

Ela olhou nos olhos dele, esperança mexendo nas profundezas dos seus. Com a mesma

rapidez, essa esperança se apagou e seu olhar esmaeceu, vencendo a breve luz que brilhou apenas

alguns segundos antes.

— Por favor, não leve a mal, Donovan. Você foi muito gentil. Mas eu não posso me dar ao

luxo de confiar em ninguém. Há muita coisa em jogo. Só é preciso uma decisão errada da minha

parte, um movimento errado, e Travis e Cammie sofrerão como resultado.

— E você não?

Ela corou, a cor subindo rapidamente até sua garganta e rosto.

— Eu não importo. Eles sim. Eles são tão jovens. Inocentes. Têm a vida inteira pela frente e

Travis já se sacrificou tanto. Eu quero que eles tenham uma vida normal. Quero que sejam felizes e

fiquem seguros. Eu só quero que eles fiquem seguros.

Sua voz doía com emoção. Refletia tanta necessidade e desejo que o fazia doer.

Havia tanta coisa errada — e certa — sobre sua afirmação, que ele teve que tomar alguns

momentos para descobrir qual assunto ele queria abordar primeiro.

— Você é importante, Eve, — disse ele, assumindo a parte mais importante de sua

declaração. — Nunca pense que você não é. Sim, o seu irmão e irmã devem ter todas essas coisas

que você mencionou. Mas você também. Você é jovem. Tem a vida inteira pela frente. Quantos

anos você tem, afinal?

— Vinte e quatro, — ela murmurou.

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Donovan suspirou. Não muito mais velha do que Rusty, e ainda assim, de outras maneiras,

provavelmente um inferno de muito mais velha. Embora Rusty definitivamente não tivesse uma

infância muito boa, esses dias ficaram para trás agora. Ela tinha uma vida e uma família. Ela

poderia ter o mundo agora, porque ninguém em volta dela jamais iria deixá-la cair. Ele queria isso

para Eve. O conhecimento e a confiança que vinham de saber que ela estava a salvo.

— Eu te contei um pouco sobre mim. Minha família. O que meus irmãos e eu fazemos. Você

viu onde e como vivemos. Nós ajudamos pessoas como você todos os dias. Eu poderia entretê-la

com situações horríveis e impossíveis das quais ajudamos as pessoas a saírem, mas eu não quero

que você sequer contemple alguns desses cenários. Porque, se nada mais, você está a salvo agora.

E está segura aqui.

A respiração dela ficou presa na garganta e ela ficou tão quieta que ele podia ver a pulsação

em seu pescoço. Ela olhou para ele, os olhos arregalados e tão cheios da esperança que ela

extinguiu mais cedo que era como levar um soco no estômago. Ele podia perceber que ela estava

travando uma guerra interna para acabar com todas as guerras. Seus dentes afundaram no lábio

inferior e ela deu-lhe outro olhar cheio de consternação.

Ele deveria aproveitar sua vantagem agora e pressioná-la firmemente. Ela estava oscilando e

ele poderia facilmente pegá-la. Mas não queria sua confiança dessa forma. Queria que ela a desse

livremente. Não sabia por que isso era tão importante para ele, mas era assim.

— Você faz isso parecer tão fácil, — ela murmurou. — E Deus, eu gostaria que fosse. Como

se ao contar para você e ao aceitar a sua ajuda, faria tudo ficar bem.

Seu aperto intensificou em torno da mão dela, pegando-a para mantê-la firmemente em

suas mãos. Uma mensagem silenciosa que tudo ficaria bem. Incapaz de resistir e rezando para que

não estivesse cometendo um grande erro, ele levou sua mão à boca e deu um beijo na suavidade

da palma.

Seus olhos se arregalaram, o choque da sensação registrando em cada parte dela assim

como fizera com ele. Estavam ambos sentados lá, congelados em silêncio, olhando um para o

outro, a consciência fluindo como uma corrente de eletricidade entre eles.

Ele nunca foi tomado por um desejo tão forte de beijar uma mulher antes. Com qualquer

outra mulher, se ele sentisse isso tão fortemente, já a teria tomados em seus braços, sua boca na

dela — e todas as outras partes do corpo dela que conseguisse colocar a boca! Conter-se nunca

lhe custou tanto quanto estava custando aqui neste momento. Era uma dor que nunca tinha

experimentado, e esperava ardentemente que não tivesse que experimentar por muito mais

tempo.

— É muito fácil, — disse ele, o tom inabalável enquanto falava. Estava envolvido em

convicção. A mesma convicção com a qual ele queria que ela comesse, dormisse e respirasse. —

Eu sei que vai levar tempo para que você possa confiar em mim, Eve. Tudo o que posso fazer é te

mostrar — provar — que as minhas palavras não são apenas isso. Palavras ditas para fazer você se

sentir melhor. Eu não estou sendo arrogante. Estou dizendo uma verdade absoluta. Meus irmãos e

eu, todos da KGI — iremos proteger você, Cammie e Travis. Com ou sem você compartilhando o

que é que estaremos enfrentando. Certamente, vai fazer o meu trabalho, e o deles, um inferno de

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muito mais fácil se você me disser o que eu preciso saber, — e eu preciso saber tudo, mas

independentemente disso, eu não vou deixar nada acontecer com você ou sua família.

Ela respirou fundo e, em seguida, prendeu a respiração quando olhou para ele. Ele podia ver

as rodas girando furiosamente em sua mente. A indecisão estava escrita por todo o rosto, mas ele

também viu o momento em que ela capitulou e a aceitação foi registrada. Ele quase apertou a

mão dela, mas manteve-se sob controle, não querendo deixar sua euforia ou sensação de vitória

ser transmitida. Não faria nada para prejudicar os primeiros fios de confiança que estavam

começando a se formar. Muito parecido com as teias de uma aranha sendo tecidas. Mas nada tão

sinistro. Não, os movimentos do roçar inicial de sua confiança eram uma coisa linda. Algo que ele

nunca esqueceria e nunca tomaria por certo, porque ele sabia o quanto lhe custou.

— Eu não tenho certeza que você vai acreditar em mim, — ela disse com um desamparo que

ele odiava ouvir.

— Tente, — disse ele, tomando cuidado para não oferecer garantia cega, porque então ela

não acreditaria nele.

Ela suspirou e fechou os olhos, retirando a mão. Ele a soltou, querendo que ela fosse capaz

de se recompor e reunir a coragem necessária para confiar nele.

Ela enfiou as mãos no colo, envolvendo uma na outra, e outra vez, respirou profundamente.

— Você se sentiria mais confortável na sala de estar? — Ele perguntou.

Ele a queria em um lugar e posição em que poderia tocá-la. Oferecer incentivo. E então, sem

esperar pela sua resposta, ele se levantou e estendeu a mão para ela.

Ela deslizou seus dedos macios sobre a palma da mão dele e, em seguida, agarrou sua mão

quando ele puxou-a para uma posição ereta. Talvez ela precisasse de mais alguns momentos para

pensar em como queria apresentar a sua história. Donovan iria esperar o tempo necessário e não

a pressionaria para se apressar.

Ela puxou a camiseta conscientemente, certificando-se que cobria o máximo possível,

enquanto ele a levava para a sala. Ele sentou-se no sofá, tomando a posição ao lado dela. Ele não

se aglomerou imediatamente em seu espaço. Ela estava agitada o suficiente sem ele adicionando

mais intimidade. Pelo menos ainda não. Isso viria mais tarde. Ele a abraçaria, faria o que fosse

necessário para confortar e tranquilizá-la.

Uma de suas mãos se agitou em sua testa e por um momento ela massageou

distraidamente, as narinas dilatadas pelas respirações profundas que ela estava tomando. Em

seguida, ela fechou os olhos novamente, como se reforçando sua pouca coragem, e quando os

reabriu, a resolução brilhava neles.

Ela se virou para ele, puxando a perna até dobrá-la debaixo da camisa que usava. Por um

momento ela apertou o tornozelo, a ansiedade refletindo no cenho de sua testa.

— Cammie e Travis são meus meios-irmãos, — ela começou. — Minha mãe se casou com o

pai deles, quando eu era jovem. No começo eu não passava muito tempo com eles. Quero dizer,

ela não tinha a minha guarda, e durante muito tempo eu me perguntei se ela não me queria. Foi

só depois que eu percebi que ela estava me protegendo.

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A sobrancelha de Donovan foi para cima, mas ele teve o cuidado de permanecer em silêncio

e não interromper.

— Ela teve Travis quando eu tinha nove anos e Cammie vários anos depois. Eu pensei... Eu

pensei que ela não teria mais filhos. Mas Walt — meu padrasto — queria uma filha e ele insistiu

que minha mãe lhe desse uma. Eu ainda me lembro de suas discussões, — ela disse com um

estremecimento, como se a memória ainda queimasse brilhantemente em sua mente.

— Eu tinha dezenove anos e estava visitando-os. Eu não via muito a minha mãe.

Especialmente depois que Travis nasceu.

Donovan franziu a testa e a interrompeu para fazer a pergunta que queimava sua língua.

— Eu suponho que você estava com seu pai, já que não estava vivendo com sua mãe. Então,

onde estava ele e onde ele está agora?

Eve corou e ele lamentou interrompê-la, algo que prometeu a si mesmo que não faria.

— Meu pai nos deixou quando eu era muito jovem para lembrar-me dele. A irmã da minha

mãe — minha tia — me levou quando Walt se recusou a deixar-me viver com eles.

— Que cretino! — Murmurou Donovan.

— Ele me fez um favor, — Eve disse ironicamente. — Eu não sabia disso na época, mas agora

eu sou grata por ele ter se recusado a me aceitar e me considerar como filha.

Donovan ficou tenso, sabendo que o que ela ainda tinha a dizer não era bom. Mas ele já

estava bastante consciente de que nada sobre a situação de Eve era bom.

— Vá em frente, — ele encorajou, sem querer que ela desistisse de falar com sua

interrupção.

Ela suspirou.

— De qualquer forma, eu me lembro de ouvi-los discutir. Minha mãe achava que ela era

muito velha para ter outro filho. A gravidez de Travis fora muito difícil para ela e já havia uma

lacuna tão grande entre o meu nascimento e o de Travis, e agora ela estava considerando ter uma

filha e um filho pré-adolescente. Ela não queria começar tudo de novo e eu não posso culpá-la por

isso. Walt lhe disse que ela estava sendo egoísta e estava pensando somente em si mesma. Ela,

então, lembrou-lhe que ele já tinha uma filha. Eu.

A voz de Eve tornou-se instável, e ela estremeceu visivelmente, e isso lhe disse muito bem o

que ela achava de ser considerada filha de seu padrasto.

— Eu estava visitando-os. Uma das raras vezes em que eu podia ver minha mãe. Eles

estavam discutindo no quarto, que era no piso principal da casa, enquanto todos os outros

quartos eram no andar de cima. E quando ela falou de mim, que ele tinha uma filha, ele disse a ela

que eu não era o sangue dele e que ele queria uma filha que fosse dele. Que não havia nenhuma

maneira de ele considerar os restos de outro homem como seu filho.

Mesmo que fosse evidente que Eve não tinha nenhum desejo de ser considerada filha do

homem, ainda havia dor em sua voz em como Walt friamente a dispensou. Como se ela não fosse

boa o suficiente. O quando Eve se sentiu abandonada? Seu pai biológico não a quis. Ela não tinha

permissão para ver ou estar com sua própria mãe. Foi levada por uma tia e rejeitada pelo

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padrasto. Donovan ficou furioso por ela ter sofrido tanta dor. E muito mais determinado a garantir

que ela não sofresse mais.

— Eu falei sobre isso com minha mãe no dia seguinte, quando fiquei alguns minutos sozinha

com ela. Era raro que Walt me deixasse ficar perto dela sem ele presente. Era quase como se ele

tivesse medo que eu tentasse jogá-la contra ele. Eu disse a ela o que eu tinha ouvido. Não a parte

sobre ele não me considerar uma filha, mas perguntei se ela teria outro filho.

Os lábios de Eve se viraram para baixo e lágrimas reuniram-se em seus olhos.

— Eu nunca esquecerei como ela parecia resignada. E você tem que entender. Minha mãe

amava a mim e a Travis. Não era que ela não queria ter filhos. Mas os médicos aconselharam-na a

não engravidar novamente após Trav. Era muito difícil uma gravidez para ela e eu sabia que Walt

sabia disso. Irritou-me que ele poderia chamá-la de egoísta quando o que ele estava pedindo a ela

para fazer era um risco para a sua saúde.

— E o que ela disse? — Donovan perguntou gentilmente.

— Ela disse que não tinha escolha, que era o que ele queria, e como ela poderia negar-lhe o

desejo de ter outro filho? Eu disse a ela que era egoísmo da parte dele pedir a ela para ter outro

filho. E ela se estressou. Não que ela tenha se alterado ou discutido comigo. Mas eu me lembro do

pânico total que entrou em sua expressão. Ela ficou muito quieta, como se estivesse com medo de

que seríamos ouvidas mesmo que Walt tivesse levado Travis ao supermercado. Mas ela era assim.

Sempre em guarda, como se esperasse que ele invadisse o quarto a qualquer momento.

Donovan assentiu, mas manteve silêncio. Ela estava relembrando agora, e as palavras foram

caindo para fora, quase como se ela estivesse, pela primeira vez, descarregando uma carga feroz.

E provavelmente era a primeira vez que ela falava com outra pessoa sobre isso.

— Então eu perguntei se ela estava feliz. Realmente feliz. E perguntei se ela tinha

considerado deixar Walt. Que eu a ajudaria. Que eu sairia da escola. Conseguiria um emprego.

Faria tudo o que pudesse para ajudá-la. E ela realmente entrou em pânico. Eu acho que eu nunca a

vi com tanto medo. Quero dizer, ela era sempre reservada ao lado de Walt. Até mesmo tímida. Ela

era o que eu chamaria de totalmente submissa. O que ele dizia era o que valia. Sempre. Mas

quando eu disse tudo isso, ela me fez prometer que eu nunca iria falar isso de novo. Ela foi tão

enfática! Ela me fez prometer que nunca diria nada a Walt sobre isso. Em seguida, disse que se ele

soubesse, ele nunca me deixaria vê-la novamente.

— Agora eu já tinha uma boa ideia do quanto ele era controlador, mas eu sinceramente

pensei que era uma coisa de ego. Que ele não queria nenhuma lembrança do fato de que minha

mãe foi casada antes. Mas era mais profundo do que isso, e isso me assustou. Ela me agarrou

pelos ombros e me disse que me amava e que nunca queria não ser capaz de me ver e que eu não

fizesse mais parte da vida dela. Ela disse que se ter outro filho garantiria essa opção para ela,

então ela teria sem reservas. Comecei a perceber então como meu padrasto conseguiu fazê-la

concordar em ter outro filho. Ele a ameaçou. Comigo. Isso me deixou doente.

Donovan fez uma careta para a tristeza e raiva em sua voz. Ele colocou a mão em seu ombro,

apertando levemente, um lembrete de que ele estava aqui e que ela estava segura. Que seu

padrasto não poderia prejudicá-la agora.

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— Eu tive que prometer a ela, mesmo que me enojasse ter que jurar que eu não iria falar

por ela. Que eu não iria ajudá-la e nunca mencionaria o tratamento de Walt ou suas exigências

descabidas. Mas ela estava tão chateada. Tão amedrontada que eu não podia fazer mais nada.

— Então, ela ficou grávida de Cammie, — Donovan disse suavemente.

Eve assentiu com a cabeça, incapaz de falar por um momento, enquanto as lágrimas davam

um nó na sua garganta. Depois de um minuto ou dois, ela limpou a garganta e continuou.

— Walt ficou emocionado com a gravidez da minha mãe, e por um tempo, ele foi bom. Até

mesmo generoso. Ele permitiu-me ver minha mãe mais vezes. Até mesmo se ofereceu para me

ajudar na faculdade, algo que ele nunca ofereceu antes. Eu não queria aceitar. Eu não queria nada

dele, mas, novamente, minha mãe me pediu para manter a paz. Para não balançar o barco. Ela

estava mais feliz do que eu já a tinha visto. Ela parecia brilhar. Sua gravidez estava progredindo

bem e, para o crédito de Walt, não que ele merecesse algum credito, — ela disse ferozmente, —

ele a tratava muito bem. Fazia com que ela descansasse, que não levantasse um dedo. Ele

empregou uma equipe completa e eles lhe davam tudo nas mãos. Era como se Walt tivesse feito

uma lobotomia ou algo assim. Ele era um homem diferente, ou pelo menos essa era a fachada que

ele exibia. Então eu capitulei. Permiti que Walt se aproximasse e tomasse conta da minha vida.

Mais tarde, percebi que era apenas a sua maneira de controlar não só a minha mãe e Travis, mas a

mim também. E eu sabia. Quer dizer, eu não era uma completa idiota. Eu sabia que não deveria

permitir que ele tomasse qualquer decisão sobre a minha vida ou me deixar em dívida com ele de

qualquer maneira. Mas eu estava disposta a fazer qualquer coisa pela minha mãe. Eu queria que

ela fosse feliz, mesmo que eu soubesse no fundo do meu coração que ela nunca seria

verdadeiramente feliz com um homem como Walt. Eu não poderia dizer-lhe que não, quando era

óbvio que qualquer recusa a Walt traria a sua ira não só em mim, mas em minha mãe e meu irmão

também. Ele teria me cortado da vida de minha mãe. Eu não seria autorizada a vê-la ou Travis e

certamente não o novo bebê.

— Você provavelmente estava certa. — Donovan disse calmamente.

— Isso só me fez mal, — Eve sufocou, lágrimas ainda correndo nos cantos dos olhos.

Era óbvio que ela estava se segurando muito firmemente para manter o controle e poderia

quebrar a qualquer momento. Donovan estava preparado. Ele a abraçaria. A deixaria chorar. Tudo

o que ela precisava, porque não era provável que ela se permitisse mostrar qualquer fraqueza na

frente de seu irmão e irmã. Ela não iria querer deixá-los com mais medo do que já estavam.

Eve limpou o canto do olho, a mandíbula apertada enquanto tinha um breve momento para

reunir a compostura antes de continuar sua história.

— Depois que Cammie nasceu, eu fui autorizada a vê-los com mais frequência do que no

passado. Quando Walt começou a pagar pela minha educação, ele escolheu a faculdade. Ele

escolheu tudo. Até mesmo programou minhas aulas. Eu odiava. Eu odiava como ele controlava

todos os aspectos da minha vida. Ele me comprou um apartamento mais perto de onde ele e

minha mãe moravam. Tudo o que eu tinha estava no nome dele. Tudo. O carro que eu dirigia. E na

superfície parecia um padrasto sendo generoso. Assumindo uma filha que não era sua

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responsabilidade. Ele gostava de parecer bom quando convinha a seus propósitos. Tudo o que ele

fazia era cuidadosamente orquestrado.

— Embora eu não fosse um membro real da família, — e ele sempre se assegurava de ser

muito claro sobre o meu papel na "família" — no papel parecia que ele tinha me tomado como

"dele". O acesso a minha mãe, Travis e Cammie era rigorosamente controlado. Eu nunca poderia

simplesmente aparecer. Ele me disse quando eu poderia estar lá, e se eu me atrasasse sequer um

minuto, — ele estipulava o horário exato que eu deveria estar lá — ele me punia, deixando-me

muito mais tempo sem vê-los novamente. Minha vida estava fora de controle, ou melhor, estava

ainda mais firmemente sob o controle dele, e eu não via uma saída. Havia muito em jogo. Eu sabia

que tudo estava errado, mas Deus, eu não sabia o que fazer! Se eu recusasse, minha mãe sofreria.

Eu seria cortada da vida dela e só Deus sabia o que ele faria com ela ou Travis e Cammie como

resultado.

Ela respirou fundo, a tensão evidente em sua testa. Donovan sabia que chegariam ao ponto

onde as coisas pioraram e ela estava valentemente tentando manter as emoções sob controle.

— Até então, eu realmente não acreditava que Walt era fisicamente abusivo. Verbalmente e

emocionalmente? Sim. Eu não tinha ilusões de que ele não era um maníaco por controle e que

manipulava todos ao seu redor. Por mais ingênuo que pareça, eu nunca tinha suspeitado de abuso

físico — nunca houve provas. Até que Cammie tivesse três anos. A minha mãe mudou. Eu não

quero dizer que ela era a mãe que tinha me criado, a mulher que ela foi antes de se casar com

Walt. Ela era mais suave. Seu casamento com Walt a mudou. Ela perdeu o brilho, a felicidade em

seus olhos, e raramente sorria como costumava fazer.

— Mas então eu comecei a notar hematomas. Oh, ela sempre tinha uma desculpa. Todas as

mulheres abusadas têm desculpas prontas quando não querem que as pessoas saibam que estão

sendo abusadas? Mas as desculpas continuaram aumentando e eu sabia que ele a estava

machucando fisicamente. Eu não podia ficar parada e deixar isso acontecer. Eu tentei falar com

minha mãe sobre isso, mas ela imediatamente fez com que eu me calasse. Ela ficou com aquele

olhar aterrorizado no rosto e me implorou para nunca mais falar sobre isso novamente.

— E eu não podia fazer isso, — ela sussurrou dolorosamente.

Ela fechou os olhos, as lágrimas finalmente escorrendo pelo rosto, deixando rastros gritantes

no rosto pálido. Donovan queria tocá-la. Queria envolver seus braços em volta dela e abraçá-la,

enquanto ela sofria. Mas ele sabia que ela não tinha terminado. Não por um longo momento.

Havia ainda um inferno de muitas coisas que aconteceram para levá-los até o ponto onde estavam

agora. Desesperada. Fugindo. Assustada pra caramba.

— Eu fui à polícia e contei que Walt estava abusando de minha mãe. Eu não podia ficar de

braços cruzados e permitir que esse monstro machucasse minha mãe. Percebi que, se ele abusava

dela, o que me garantia que ele também não estava abusando de Travis e Cammie?

O medo pegou Donovan.

— O que aconteceu então?

Ela ergueu o olhar cheio de lágrimas para o dele.

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— Walt ficou furioso. Claro que a polícia simplesmente foi à casa deles e questionou tanto a

minha mãe quanto Walt. Ambos negaram qualquer coisa e Walt inventou uma história ridícula

sobre como as contusões apareceram. A polícia foi embora. Afinal, eles não poderiam prender

Walt quando minha mãe negou que ele estava abusando dela.

Donovan soltou um suspiro reprimido, sabendo muito bem como as coisas funcionavam. Ele

viu muitos casos na vida real. Sabia exatamente como o sistema de justiça era injusto às vezes. Se

a mãe de Eve tinha se recusado a prestar queixa, as mãos da polícia estavam amarradas.

— Walt me confrontou, — Eve disse. — Ele raramente conversava diretamente comigo, a

menos que fosse para emitir uma ordem. Eu era amplamente ignorada. Não fazia parte da família.

Travis e Cammie eram até mesmo proibidos de dizer o meu nome na casa de Walt. Eu era

considerada uma serva, como uma empregada de Walt, e era tratada como tal.

— Ele te machucou? — Donovan exigiu saber, sua voz fria enquanto raiva fomentava e se

agitava em suas veias.

— Ele me ameaçou, — ela disse hesitante. — Ele estava furioso. Disse que era melhor eu

calar a boca e cuidar da minha vida, ou eu nunca mais veria minha mãe novamente. Ele ameaçou

me expulsar do meu apartamento, tirar todo o seu apoio financeiro. Não que eu me preocupasse

com nada disso. Uma das condições do seu apoio, que ele basicamente forçou em cima de mim

através de minha mãe e seus apelos pela paz, foi que eu não trabalhasse. Ele não queria que eu

tivesse meios para me sustentar. Ele queria que eu ficasse solidamente na mão dele, assim como

minha mãe e seus filhos. Então, ele me disse que não só me colocaria para fora e retiraria todo o

seu apoio financeiro, o que significava nenhuma escola também, mas que ele se certificaria de que

não haveria nenhum lugar que me contrataria.

— Eu fiquei entorpecida. Eu não me importava com o que acontecesse comigo. Mas me fez

mal saber que ele estava batendo em minha mãe e eu deveria ceder a suas ameaças e continuar

como se eu não soubesse o que estava acontecendo por trás das portas fechadas naquela casa.

Ela fechou os olhos enquanto mais lágrimas caíram silenciosamente por suas bochechas.

— Ele batia nela para se vingar de mim. Ele admitiu isso quando eu a vi na próxima vez.

Quando eu vi o que ele fez com ela, ele ficou lá e me disse que era culpa minha. Que eu tinha feito

isso com ela. Que se eu tivesse mantido minha boca fechada e cuidasse dos meus problemas isso

não teria acontecido. E ele fez e disse tudo isso bem na frente da minha mãe. Culpou-me,

enquanto ela estava lá, hematomas no rosto e no pescoço. A mão dela estava inchada e

machucada. Eu acho que ele quebrou vários de seus dedos, mas é claro que ele não fez nada para

ajudá-la. Não a levou a um médico. Não engessou. E eu tive que assistir a minha mãe ficar lá, os

olhos sem brilho, toda a vida tirada diretamente dela, enquanto ele me culpava pelo fato de que

ela estava com dor. Eu nunca vou esquecer o jeito que ela olhou para mim. Não com culpa, mas

implorando. Ela estava me implorando para deixá-lo fazer o que quisesse. Não fazê-lo ficar com

raiva de novo.

— Deus! — Donovan suspirou. — Sinto muito, querida. Você sabe que não foi culpa sua,

certo?

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Ela hesitou apenas o tempo suficiente para Donovan perceber que não importa o que ela

dissesse, ela culpava a si mesma. Isso o enfureceu. Ele respirou firmemente porque queria

explodir e essa era a última coisa que ela precisava.

— Eu sei de quem era a culpa — ela disse em um tom pouco convincente. — Não era minha

e certamente não era da minha mãe. Acho que ele pensou que eu deixaria isso pra lá. Que ele a

intimidaria — e a mim — a aceitar tudo. Mas isso só me deixou muito mais determinada. Eu

estava furiosa. Eu nunca estive tão cheia de raiva na minha vida. Eu juro por Deus que poderia tê-

lo matado naquele momento. Se eu tivesse qualquer tipo de arma, eu o teria matado no local e

alegremente ido para a prisão se isso significasse que a minha mãe, Travis e Cammie finalmente

estariam seguros e livres dele.

Donovan teve uma boa ideia de onde este isso estava levando.

— Você voltou para a polícia, não é?

Ela assentiu com a cabeça atordoada, os olhos vidrados, o olhar vago e distante. Tanta dor

lotava aqueles lindos olhos cor de âmbar. E culpa. Isso foi o que rasgou Donovan em pedaços. A

culpa e tristeza em sua expressão.

— Fui direto para a polícia. Contei a eles tudo o que tinha acontecido. Como ele controlava

todos ao seu redor. Até onde ele ia para subjugar todos sob a sua autoridade. Contei que ele

admitiu na minha cara que tinha batido nela. Que ele disse que era minha culpa. Eu implorei a eles

para irem imediatamente. Para procurar contusões em minha mãe e fazer algo sobre isso. Eu disse

a eles que não havia maneira de saber se ele abusou de Travis e Cammie, que todos eles tinham

tanto medo dele que não se atreveriam a ir contra suas ordens.

— E eles acreditam em você? Eles investigaram? — Donovan perguntou.

— Eu não sei se eles acreditaram em mim. Eu acho que pensaram que eu era uma mulher

histérica. Mas sim, eles me levaram com eles quando foram para a casa de Walt. O que aconteceu

em seguida... — Ela balançou a cabeça, a descrença ainda evidente em suas feições. — Eu não

tinha ideia de como ele estava preparado para algo assim. Quando penso em toda a antecipação

com a qual ele deve ter planejado isso, eu simplesmente fiquei chocada. Quer dizer, eu sabia que

ele era um idiota controlador. Sabia que ele tinha dinheiro e poder. Mas eu nunca imaginei o quão

longe ele iria para me desacreditar. Quanto tempo ele deve ter planejado para colocar em

movimento o que ele fez. Parecia tão improvável, e mesmo assim ele fez isso acontecer.

— O que ele fez? — Donovan perguntou, pavor centralizando em seu peito.

Ela enviou-lhe um olhar cheio de perplexidade.

— Quando a polícia apareceu, Walt realmente parecia triste. De repente, ele adotou a

aparência de um "pai" preocupado. Ele parecia agoniado, por mais risível que pareça. Ele disse aos

policiais que eu tinha um histórico de doença mental e delírios paranoicos. Que ele não queria me

internar, porque tinha esperanças de que eu pudesse levar uma vida normal. Disse que ele sempre

me considerou sua filha, mesmo que eu não fosse do seu sangue. Que ele pagava minha escola.

Pagava minhas despesas. Que me comprou um apartamento. Isso tudo parece suspeito como o

inferno e um lixo, certo? Só que ele produziu registros médicos documentando um longo histórico

de doenças mentais e uma lista de medicamentos que eu me recusei a tomar. E isto veio de um

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hospital respeitável, especializado em saúde mental. Ele tinha uma carta de um psiquiatra

conhecido! Eu estava tão perplexa que nem sabia o que dizer. Walt estava sendo encantador.

Disse que sua esposa era propensa a acidentes, e com uma criança, quem poderia culpá-la? Que

Cammie era uma menina ativa de três anos que mantinha a minha mãe ocupada e que os

machucados eram de uma queda da escada tentando impedir Cammie de tomar um tombo. Ele

tinha a polícia comendo na palma de sua mão, e me fez parecer uma lunática maluca sem os

remédios. Havia simpatia e admiração sinceras por Walt nos olhos dos policiais. Como se ele fosse

uma pessoa tão boa por aceitar a filha do casamento anterior de sua esposa e dar-me os cuidados

que eu precisava. Eu queria vomitar porque ele cobriu-se tão bem que até eu teria acreditado.

Havia todo um processo médico falso sobre mim que remontava a quando eu era apenas uma

criança, que levava a acreditar que eu estive dentro e fora destas instituições por anos. Então é

claro que a polícia acreditou na palavra dele e, em seguida, todos foram severos comigo sobre

fazer falsas denúncias policiais e desperdiçar recursos do departamento, quando a polícia tinha

questões muito mais importantes e reais para atender.

— Filho da puta! — Donovan falou entre os dentes.

Sim, certamente o bastardo cobrira cada um de seus passos. Ele tinha planejado tudo,

inclusive desacreditar Eve na mente de todas as pessoas. Seu padrasto era um oponente

formidável, mas Donovan jurou aqui e agora que o idiota seria derrubado e Donovan iria

aproveitar cada minuto. Ele queria que Walt sofresse tanto quanto tinha feito Eve sofrer.

— Em seguida, ele executou cada ameaça que emitiu anteriormente, — Eve disse

calmamente. — Ele retirou todo o apoio financeiro. Despejou-me do meu apartamento. Tudo que

eu tinha eram as roupas do corpo e dinheiro suficiente para comer por alguns dias. Eu descobri

rapidamente o quão longe seu alcance se estendia quando tentei candidatar-me a empregos. Eu

teria aceitado qualquer coisa. Eu não era exigente. Meu próximo plano era contratar um

investigador para construir um caso contra Walt e eu precisava de dinheiro para isso. Mas

ninguém iria me contratar. Era como se houvesse uma bandeira vermelha gigante pairando sobre

o meu nome. Só quando saí da área próxima a onde ele residia e procurei emprego em outro lugar

que eu finalmente consegui encontrar um emprego de garçonete. O salário era uma merda. As

gorjetas miseráveis. Mas foi o suficiente para alugar um apartamento de um quarto em uma parte

horrível da cidade.

— Walt excluiu-me inteiramente. Recusou-se a permitir-me ver a mamãe, Travis ou Cammie.

Disse que não queria que eles fossem influenciados por minhas más decisões contínuas. Que, se

no futuro eu provasse que aprendi minha lição, ele iria reconsiderar, mas teria que haver uma

série de mudanças, o que significava que eu teria que submeter-me a estar sob o seu polegar. Um

robô para atuar como programado.

— Imbecil! — Donovan rosnou. — Ele te machucou, Eve? Alguma vez ele machucou Travis e

Cammie?

— Eu vou chegar a isso — ela disse em voz baixa.

Donovan praguejou baixinho, mas violentamente.

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— Ele me manteve longe deles, completamente isolada por meses. Nenhuma ligação. Se eu

ligava, não era autorizada a falar com nenhum deles. Eles não eram autorizados a me ligar. Eu

trabalhava, economizando cada centavo que eu podia. Eu mal comia. Cada dólar era precioso e eu

sabia que precisaria de dinheiro para construir um caso contra Walt e expor o bastardo pelo que

ele era. Mas eu também sabia que eu estava diante de um homem poderoso e rico que tinha

ligações intermináveis e que não ia ser fácil. Mas eu estava impulsionada. Recusei-me a desistir e

permitir que minha mãe e meus irmãos sofressem por mais tempo.

— Você é uma pessoa muito leal e corajosa — disse Donovan, tocando-lhe o rosto com as

costas dos dedos.

Ela balançou a cabeça.

— Não, — ela sussurrou. — Eu não sou. Se eu fosse, eu nunca teria deixado isso durar tanto

tempo. Eu não teria desistido. Minha mãe ainda estaria viva.

Lágrimas haviam engrossado sua voz e brilharam em seu rosto pálido. Antes que ele pudesse

corrigir sua crença, ela seguiu em frente, aparentemente necessitando contar tudo e terminar com

isso, como se estivesse arrancando um curativo em vez de retirá-lo lentamente.

— E depois ela morreu, — ela disse, um soluço brotou de sua garganta. — E eu sabia. Eu

sabia que ele a matou. Eu não estava sendo paranoica ou delirante. Eu sei que o filho da puta a

matou. Quem sabe por quê? Talvez ela finalmente reuniu coragem e ameaçou ir embora. Talvez

ela tentou ir embora. Ela nunca teria deixado Travis e Cammie lá sob os cuidados dele. Ela os teria

levado. Provavelmente teria me pedido ajuda. Ela sabia que eu a ajudaria. Deus sabe que eu

ofereci várias vezes.

— Jesus, — murmurou Donovan. E ainda havia mais. Muito mais.

— Eu fiquei chocada que ele me permitiu ir ao funeral dela. Ele agiu... Conciliador. Ele me

pediu para vir depois da visitação. A primeira vez que eu tinha permissão para entrar em sua casa

desde aquele terrível dia em que eu fui com a polícia. Ele disse que Travis e Cammie precisavam de

mim. Que ele precisava de mim. Eu não me importava com o que ele queria ou precisava. Eu

estava preocupada apenas com Travis e Cammie, e queria vê-los com meus próprios olhos. Queria

ver se ele estava machucando-os, se ele já os machucou. Eu precisava saber. Eu tinha que vê-los

para que eu pudesse prometer-lhes que eu os tiraria de lá o mais rápido que pudesse.

— Travis e Cammie estavam compreensivelmente quietos. Em estado de choque. Cammie

estava pálida e estranhamente sem lágrimas o tempo todo. Era como se ela não tivesse ideia do

que estava acontecendo. Talvez ela não tivesse aceitado que nossa mãe tinha ido embora. Eu só

me lembro do quanto a casa estava quieta e silenciosa. Como estava sinistra. Eu estava com medo

até mesmo de estar lá, porque era uma casa cheia do... Mal. A presença dele estava em toda

parte. Sua marca estava em cada peça de mobiliário, obras de arte. Nada de minha mãe. Nada de

seus toques pessoais. A casa inteira gritava Walt e sua influência. E, em seguida...

Ela estremeceu e ficou em silêncio, visivelmente lutando com sua raiva e tristeza. Quando

ela continuou em silêncio, a testa franzida, os lábios desenhados em linhas finas e brancas, ele se

inclinou para frente, sentindo que ela precisava de mais do que os breves toques que ele estava

oferecendo.

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Cuidadosamente, avaliando sua reação a qualquer sinal de protesto, ele a puxou para seus

braços. Depois de hesitar apenas um momento, ela prontamente enterrou o rosto em seu peito.

Ele ancorou-a contra ele, segurando-a com força, os braços completamente em volta dela. Ele

deitou a bochecha contra seu cabelo sedoso e respirou seu aroma.

Ela era tão suave e quente em seus braços e infinitamente frágil. Mas tão preciosa... Ele

daria qualquer coisa no mundo para matar seus dragões e os demônios que assombravam seus

sonhos — e sua realidade.

— E depois, Eve? — Ele murmurou contra seu cabelo. Ele precisava saber o resto. E ela

precisava se livrar do veneno que a inflamou por tanto tempo.

Ela estremeceu novamente em seus braços e ficou tensa, como se estivesse tentando

controlar os soluços que aumentavam. Ela já teria chorado? Pelo menos uma vez? Ou estivera

muito determinada a apresentar uma fachada corajosa para Travis e Cammie?

— Ele me chamou em seu escritório. Era uma sala estritamente fora dos limites para todos.

Minha mãe. Travis. Cammie. Ninguém, exceto ele, tinha permissão para entrar. Exceto colegas de

trabalho ou amigos que ele convidava, mas minha mãe nunca pisou lá dentro e nem meu irmão e

irmã.

— Eu me lembro de estar tão pouco à vontade. Fiquei arrasada pela perda de minha mãe. Eu

estava amarga e zangada e convencida de que eu estava de frente para o assassino. Estava

preocupada com o que iria acontecer com Travis e Cammie. Se um dia eu seria autorizada a vê-los

novamente, agora que minha mãe, minha única ligação com eles, tinha ido embora.

— Eu odiava a sensação de que eu estava à sua mercê. Eu odiava... A ele. Eu nunca odiei

ninguém. Eu nunca me senti violenta contra outro ser humano, e, no entanto, se eu tivesse uma

arma na minha mão naquele momento eu o teria matado.

— Por que ele a chamou no escritório dele? — Donovan perguntou suavemente.

Ela estremeceu em seus braços e, em seguida, ficou completamente imóvel. Pavor

preencheu Donovan por sua hesitação. Obrigou-se a afrouxar seu aperto em torno dela, porque

suas emoções estavam em tumulto e sua raiva e frustração estavam se instalando. A última coisa

que ele queria era machucá-la inadvertidamente. Marcar sua pele bonita. Deixava-o fisicamente

doente pensar que sua mão causou dor em uma mulher.

— Ele queria... Ele queria que eu... Oh Deus, Donovan, isso é doente.

Lágrimas embeberam sua camisa, o tecido úmido agarrando em sua pele. Ele passou a mão

nos cabelos dela, murmurando palavras de conforto, perto de seu ouvido.

— Ele queria que, para todos os efeitos práticos, eu substituísse minha mãe.

Sua voz estava tão cheia de horror que cada palavra saía estrangulada como se a revoltasse

até mesmo dizê-las em voz alta.

Donovan ficou imóvel enquanto a declaração dela penetrava mais e mais em sua mente. Isso

poderia significar um monte de coisas, mas sabia que a intenção de seu padrasto era doente e

torcida.

— Ele me t-tocou. De uma maneira que nunca tinha me tocado antes. Na verdade, ele tinha

sempre o cuidado de manter distância. Eu não era tratada como da família. Como um de seus

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filhos, como Travis e Cammie. Ele sempre foi tão impessoal comigo. E, no entanto, por vezes, eu

podia senti-lo olhando para mim e isso me deixava tão desconfortável. Eu odiava quando ele

olhava para mim, porque eu me sentia... Imunda.

Ele apertou um beijo na lateral de sua cabeça, sobre os fios macios de seu cabelo, apertando

a mandíbula em frustração por que ele tinha que ficar sentado aqui impotente, incapaz de fazer

qualquer coisa, exceto ouvir enquanto ela derramava o horror que ela sofreu por tantos meses.

Eve disse que queria matar seu padrasto, mas Donovan queria o mesmo. Ele não sofreria

nenhum remorso, e ele ainda não sabia toda a história. Uma história que iria ficar muito pior.

— Ele me disse que se eu quisesse manter contato com Travis e Cammie, eu faria

exatamente como ele queria. Que eu me mudaria para a casa e para a cama dele. Que eu agiria

como sua amante, porque ele nunca se casaria comigo. Nunca me daria essa honra, como se eu

consideraria tal coisa! E se eu cumprisse todos os seus desejos, ele perdoaria os meus pecados

passados e me permitiria agir como mãe e irmã de Travis e Cammie. Mas se eu resistisse, se

negasse qualquer coisa que ele quisesse, ele se certificaria de que eu nunca veria o meu irmão e

minha irmã de novo e que, além disso, ele garantiria que eu não teria nada. E, em seguida...

Sua voz foi sumindo e soluços sacudiam seus ombros. Ele segurou-a com mais força,

beijando seu cabelo, acariciando suas costas e esfregando em um movimento circular, tentando

oferecer o conforto que ela tanto necessitava.

— Ele me disse para ficar de joelhos e dar prazer a ele. Que se ele ficasse satisfeito com o

meu esforço, permitiria que eu ficasse em sua casa. Mas ele queria me lembrar de que se eu

desobedecesse sequer uma vez, ele me puniria e me faria arrepender de ter nascido.

— Filho da puta! — Donovan praguejou. — Diga-me que você não fez isso.

Eve afastou-se dele, os olhos atingidos e feridos.

— Claro que não. Como eu poderia? Ele matou a minha mãe! Ele me enojava. Eu prefiro não

ter nada a aceitar o que ele estava oferecendo.

Donovan segurou seu rosto.

— Shh, querida Eve. Eu não estou nervoso com você. Nunca com você. Estou furioso com a

forma como ele tentou manipulá-la.

— Ele ficou f-f-furioso quando eu lhe disse para ir para o inferno, — ela ofegou. — Ele me

bateu. Foi um golpe frio e calculado, que eu sabia que ele tinha dispensado muitas vezes antes.

Em minha mãe. Dividiu meu lábio e depois jogou um lenço de papel para mim e me disse que era

melhor que eu não deixasse cair nenhuma gota de sangue em seu tapete. Então, disse-me para

sair e nunca mais voltar. Que eu nunca mais veria Travis e Cammie novamente e que ele iria me

arruinar. O que havia para arruinar? Eu não tinha nada. Ele tinha providenciado isso. Tudo que eu

tinha era o meu orgulho. Minha autoconfiança. E eu não lhe permitiria levar isso também.

Donovan se inclinou e beijou-lhe a testa, o mais próximo que ele viria a beijar realmente

seus lábios. Ela fechou os olhos e apoiou-se em sua boca, a respiração escapando em longos

suspiros.

— Como, então, você escapou com Travis e Cammie? — Donovan perguntou, finalmente

juntando as peças. Mas o que ela disse em seguida o fez perceber que havia muito mais.

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— Travis me ligou, — Eve disse calmamente. — Apenas algumas semanas depois que Walt

me jogou para fora de casa. Eu não tinha ideia do que ele disse para Travis e Cammie. Mas tinha

certeza que ele os envenenou contra mim. Mas, então, Travis ligou e ele sabia. Ele sabia que eu

não tinha simplesmente abandonado a ele e Cammie. Ele me pediu para ajudá-los. Ele estava

preocupado com Cammie. Oh Deus, Donovan. Travis disse que Walt estava agindo estranhamente

com Cammie. Insistindo que ela dormisse com ele à noite. Tocando-a de forma inadequada. Travis

estava com medo de que se eles permanecessem lá por mais tempo ele iria machucá-la. Continuar

a machucá-la.

Maldições explodiram da boca de Donovan enquanto a raiva inchava fora de controle em

seu peito. Não deveria tê-lo surpreendido. Nada deveria tê-lo surpreendido após Eve relatar o

quanto Walt era um idiota absoluto. Mas ele não estava preparado para o fato de que o padrasto

dela teria molestado a única filha. Teria sido por isso que ele estava tão inflexível sobre a mãe de

Eve dar-lhe uma filha?

Ele queria caçar o filho da puta e matá-lo com as próprias mãos. Fúria chiava em suas veias,

até que tudo o que poderia fazer era ficar sentado ali, segurando e reconfortando Eve, quando

queria despedaçar o homem que fez tanto mal a três pessoas inocentes. Quatro, contando a mãe

de Eve. Ele não desacreditava da avaliação de Eve que Walt matou sua mulher. Donovan poderia

muito bem acreditar.

— Eu disse a Travis que faria tudo o que eu pudesse. Que iríamos fugir. Juntos. Que eu

nunca deixaria nem ele nem Cammie. Que eu não os teria deixado, mas Walt tinha me jogado para

fora de casa e proibido de entrar em contato. Mais tarde descobri que uma das empregadas

ajudou Travis. Ela sabia que as intenções de Walt estavam voltadas para Cammie e ela emprestou

seu próprio telefone para Travis me ligar, e com a ajuda da empregada, eles se esgueiraram para

fora de casa à noite, após Walt ter ido para a cama. O marido dela levou Travis e Cammie para me

encontrar em um supermercado local. E ele nos deu sua caminhonete. Fiquei espantada com a sua

generosidade, mas ele só me disse que ele e a esposa, a empregada doméstica na casa de Walt,

tinham uma filha e eles nunca permitiriam que alguém a machucasse como Walt estava tentando

machucar Cammie. Então pegamos a caminhonete dele e fugimos. Mantivemos esse veículo até

que eu fui capaz de trocá-lo por outro diferente. Eu dei um nome falso em um local que não

estava exatamente preocupado em conferir os documentos. Eu estava preocupada que Walt

descobrisse quem nos ajudou e que seria muito fácil para ele nos encontrar, se continuássemos a

usar a caminhonete do marido da empregada.

— Então, partimos no outro carro e dirigimos o mais longe que conseguimos. O carro

quebrou fora de Dover, e foi assim que viemos parar aqui. Eu tinha dinheiro suficiente dos

empregos temporários que acumulei ao longo do caminho para alugar o trailer. Eu sabia que

precisava ficar o tempo necessário para acumular dinheiro suficiente para dar o nosso próximo

passo. Mas, então, Cammie ficou doente e eu não poderia deixá-la, então Travis conseguiu o

emprego na loja de ferragens.

— Você estava planejando fugir novamente ontem à noite, — Donovan disse gentilmente.

Eve corou, afastando-se dele para olhar para o colo.

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— Sim. Pensei que estávamos chamando muita atenção. Não estou dizendo que não somos

gratos por tudo o que você e sua irmã fizeram por nós. Mas então havia a médica que você disse

que iria trazer. Quanto mais pessoas nós fôssemos expostos, mais provável seria que fôssemos

encontrados. Íamos a pé para Clarksville, onde eu poderia penhorar as joias da minha mãe, e

depois pegar um ônibus em Kentucky. Para uma cidade maior. Meu erro foi parar em uma cidade

tão pequena. Nós precisávamos ir para algum lugar maior. Onde poderíamos nos misturar e não

chamar muita atenção para nós mesmos.

— Espero ter dissuadido você dessa noção agora.

Ela olhou para ele, a confusão ainda brilhante em seus olhos.

— Eu simplesmente não entendo você, Donovan, — ela disse, impotente. — Eu não entendo

nenhum de vocês. Por quê? Por que você iria ajudar alguém que você nem conhece? Você age

como se você... Se importasse.

Donovan prendeu a respiração, sabendo que o que ele tinha a dizer poderia muito bem

assustá-la pra caramba. Que ela poderia fugir na primeira oportunidade, não que ele planejava

dar-lhe uma oportunidade de fugir. Mas ele não podia mentir para ela também. Ela nunca

confiaria nele, se ele não fosse completamente honesto com ela. Então, ele assumiu um risco

enorme e deixou a verdade sair.

— Eu me importo, Eve. Eu me importo muito.

Capítulo 19

Eve olhou em choque para Donovan. Não havia engano na sua expressão. Seus olhos eram

sérios. Descaradamente honestos e... Sinceros. Ele definitivamente se importava. Mas ela tinha

uma impressão ridícula que isso não era se importar com alguém em apuros. Como ele se

preocupasse com um trabalho que estava fazendo. Ele não dissera que ele e seus irmãos

ajudavam pessoas como ela o tempo todo? Que loucura era ela interpretar mais que isso? Supor

que ele tinha sentimentos que iam além do normal? Como se ela, de alguma forma, fosse

importante para ele? Que ele estava atraído por ela?

E ela estava atraída por ele? Ou isso era alguma coisa louca entre salvador e vítima

acontecendo? Ela se apaixonando pelo primeiro cara que expressou preocupação e parecia se

importar com ela?

Ela precisava de um exame de cabeça, porque estava ficando louca.

Queria perguntar-lhe o quanto ele se importava, mas fazer isso só iria fazê-la sentir uma

inevitável decepção. Ela precisava ser objetiva. Olhar para ele como alguém que poderia ajudá-la e

Cammie e Travis. E eles precisavam de ajuda. Desesperadamente. Ela seria uma tola por recusar a

ajuda dele?

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Sim. A resposta era simples. Cammie e Travis mereciam qualquer coisa que ela poderia

fornecer para eles. Era óbvio que ela não poderia fazê-lo por conta própria. Não mais. Ela — eles

— precisavam de Donovan Kelly.

— Diga-me, Eve. Tenho alguma chance de fazer você confiar em mim? E se pedir sua

confiança é muito, você vai pelo menos aceitar a ajuda que estou oferecendo? Você pode me dar

sua palavra de que vai parar de fugir e dar a mim — a meus irmãos — a oportunidade de ajudá-la?

Lentamente, ela assentiu com a cabeça, mas não tinha certeza de qual parte ela concordou.

Talvez com tudo. Talvez ela já confiasse nele. Caso contrário, ela estaria aqui? Não que tivesse

muita escolha no assunto, mas ela não tinha lutado. Não tinha sequer tentado ignorar seu auxílio.

Satisfação queimou brilhantemente nos olhos de Donovan e seus ombros pareceram ceder.

De alívio? Ele estendeu a mão, tocando seu rosto com as pontas dos dedos, e ela estremeceu com

o calor de seu toque. Ela estava carente de afeto. De ter alguém a tocando de uma maneira tão

íntima. Walt havia tocado, sim, mas cada parte dela tinha murchado. Ela encolheu-se para longe

de seu toque, não o querendo perto dela. Nem de Cammie. Deus. Náuseas ainda subiam em seu

estômago toda vez que ela imaginava aquela menina preciosa nas mãos de um monstro.

Graças a Deus Travis a chamou. Graças a Deus pela empregada que estava disposta a ajudá-

los. Se não fosse por ela, Cammie e Travis ainda estariam sob o controle de Walt. A própria Eve

estaria sob seu controle. Ela estremeceu com o que poderia ter sido. O que já poderia ter sido.

Ela questionou Travis e até mesmo Cammie, embora muito suave e vagamente. Não queria

traumatizar Cammie, mas precisava saber a extensão do que Walt fizera com ela. Se ele já a tinha

tocado, ou, Deus a livre, tivesse ido ainda mais longe. Que tipo de homem doente e pervertido

poderia fazer uma coisa dessas com a própria filha?

Fazer tais insinuações em direção a Eve era uma coisa. Era uma atitude doentia, sim, mas

não era o mesmo que forçar suas atenções na própria filha de quatro anos de idade. Ele nunca fez

segredo de seu desgosto por Eve e o fato de que ela era a filha do casamento anterior de sua

esposa. O que tornava difícil para Eve entender por que Walt repentinamente fizera propostas

sexuais para ela. Talvez isso sempre estivesse lá. Talvez tenha sido por isso que ele tomou tais

medidas para controlar cada aspecto da vida de Eve. Talvez ele sempre tenha planejado se livrar

da esposa assim que ela lhe desse a filha que ele queria. O que fez Eve se perguntar por que ele

queria outra criança. Para que ele tivesse o seu próprio brinquedo? Uma válvula de escape para

seus desejos doentios?

Ela não podia sequer pensar sobre isso ainda, porque a deixava doente até a alma.

— O que você está pensando, querida?

A voz suave de Donovan quebrou o horror de seus pensamentos e a trouxe de volta à

realidade. Ela piscou, encontrando seu olhar. Ele estava olhando pensativamente para ela, com o

cenho franzido, como se estivesse tentando ver dentro de sua mente e saber o que ela estava

pensando.

— Nele, — ela balbuciou, lutando contra a onda de repulsa, que até mesmo falar dele

causava. Ela não tinha coragem de dizer o nome dele. Como se, dizendo, ele seria conjurado e

apareceria de pé na sala com ela.

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Ele acariciou sua bochecha, envolvendo seu queixo com um aperto suave.

— Eu não quero que você pense nele mais. Ele não pode feri-la aqui. Eu não vou permitir

que ele chegue perto de você ou de seu irmão e irmã.

Ela assentiu, mas o horror ainda tinha que desaparecer. Ao contar tudo para Donovan, a

primeira vez que ela falava dessa cadeia de eventos para qualquer pessoa, as memórias

queimaram brilhantes em sua mente. O luto por ter perdido a mãe brotou em sua alma e

ameaçou dominá-la. Meses de fuga, de ter medo de que a qualquer momento Walt os encontraria

e os levaria de volta, bateu nela até que um cansaço profundo até os ossos a cobriu, sufocou-a até

que ela mal podia respirar.

— Você precisa descansar, — Donovan disse gentilmente. — E eu preciso levar um pouco de

comida para Travis e Cammie. Quer me ajudar a despertá-los e ver se eles estão prontos para

comer? Achei que você poderia sentar com Cammie enquanto ela come, e eu levo a comida para

Travis e dou a ele mais uma dose de medicação para a dor depois que ele comer.

Ela assentiu com a cabeça, ansiosa para se concentrar em qualquer coisa, exceto o que

consumia seus pensamentos. Queria ver Cammie e Travis mais uma vez, para tranquilizar-se que

eles estavam aqui. Seguros. Cuidados. Obtendo os alimentos e medicamentos que tanto

precisavam.

Donovan levantou, abaixando a mão para ajudar Eve a se levantar.

— E quanto a você? — Ele perguntou incisivamente. — Ainda está sentindo dor?

Ela corou, querendo negar, mas sua expressão já a tinha entregado.

Ele franziu o cenho para ela, mas não disse nada quando a guiou em direção à cozinha.

Quando chegaram lá, ele aqueceu dois pratos de lasanha e depois preparou dois copos de chá.

Justamente quando ela pensou que, talvez, ele fosse ignorar sua admissão silenciosa, ele voltou

com a bandeja na mão.

— Depois de Cammie e Travis terem comido, eu lhe darei outra dose de medicação para a

dor e você vai dormir. Gostaria de saber quando foi a última vez que você teve uma noite inteira

de descanso.

Ela baixou o olhar cheio de culpa.

— Era o que eu pensava — disse ele severamente. — Vamos. Vamos verificar Travis e

alimentá-lo e então vou levá-la ao quarto de Cammie para que você possa ajudá-la a comer.

Apesar de suas mãos estarem cheias, ele caminhou ao seu lado, dando-lhe sua força, mas

ele não a tocou. Não precisava. Simplesmente estar lá era suficiente. Ele combinou seu ritmo com

o dela, muito menor, e ela olhou para baixo, percebendo que ainda estava vestida com apenas a

roupa de baixo e a camisa dele.

Quando chegaram ao quarto Travis, ela abriu a porta, ansiosa para ver como ele estava. Se

ainda estava sentindo dor. E oferecer-lhe a garantia de que eles estavam a salvo. Ela havia

transmitido suas dúvidas para ele. Ele percebeu seu desconforto quando entraram neste lugar.

Agora ela queria assegurar-lhe que ela tinha escolhido sabiamente. Ela tinha certeza disso.

Travis ainda estava dormindo e ela odiava acordá-lo, mas sabia que ele precisava comer e

provavelmente precisava de mais medicação para dor. Sua testa estava enrugada mesmo durante

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o sono, com a expressão tensa, como se estivesse realmente sentindo dor. Ela o tocou, passando a

mão suavemente em sua testa.

Ele se mexeu sob seu toque e abriu os olhos que estavam muito nublados com sono e restos

de fadiga e dor.

— Ei, — ela sussurrou. — Como está se sentindo?

— Estou bem, — ele disse rapidamente. Mas quando tentou se mover e sentar-se, ele fez

uma careta e rapidamente se acomodou contra os travesseiros.

— Não tente se mover, — Donovan advertiu. — Basta ficar quieto. Trouxe-lhe algo para

comer. Eve e eu vamos ajudá-lo a se sentar para que você possa comer. Então eu vou dar-lhe

outra dose de medicação para a dor para que você possa descansar.

Travis olhou entre Eve e Donovan e, em seguida, percebeu que ela estava usando apenas

uma camisa. Seus olhos se arregalaram e Eve corou. Donovan ignorou o intercâmbio e acomodou

a bandeja com os pratos na mesa de cabeceira. Em seguida, inclinou-se sobre Travis enquanto Eve

chegou do outro lado e o ajudaram a levantar-se, Travis fazendo uma careta quando colocaram

travesseiros atrás dele para apoiá-lo.

— Com fome? — Donovan perguntou.

— Faminto, — Travis admitiu. — Cheira bem, seja lá o que for.

Eve sorriu.

— Então coma. Vou ver como Cammie está e vou tentar fazê-la comer também.

— Ela está bem? — Travis perguntou rapidamente, os olhos escurecendo com preocupação.

— Ela está bem, — Eve o assegurou. — Está dormindo. Como você. Ela está tomando os

medicamentos que precisa. Em um ou dois dias ela estará melhor.

— E você, Evie? — Travis perguntou, levantando o olhar para o dela. — Você conseguiu

dormir? Ainda está sentindo dor?

— Não se preocupe com a sua irmã, — Donovan disse rapidamente enquanto colocava a

bandeja na frente de Travis. — Ela descansou um pouco e está prestes a descansar um pouco mais

assim que verificarmos Cammie. Eu vou dar uma injeção para a dor em vocês dois e quero que

todos tenham uma boa noite de sono.

— Sim, senhor, — Travis disse em voz baixa.

Donovan sorriu para ele e entregou-lhe um garfo.

— Ataque. Eu estou indo ver Cammie com Eve e quando eu voltar eu aplicarei a injeção. Isso

lhe dará tempo para comer antes de apagar novamente.

Travis ergueu o olhar para Donovan, sinceridade brilhando em seus olhos.

— Obrigado pelo que você está fazendo, Sr. Kelly. Por minhas irmãs. Estou muito

agradecido.

Donovan colocou a mão no ombro de Travis e apertou.

— Você é bem-vindo, filho. Agora me chame de Donovan. O único Sr. Kelly por aqui é o meu

pai. Ouvir você me chamar assim me faz sentir um velhote.

Travis sorriu e relaxou, diminuindo a tensão de seu rosto. Ele pegou o garfo e afundou com

entusiasmo na comida. Eve podia ouvir seu estômago roncando e deu graças mais uma vez que

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eles estavam a salvo, sob um telhado que não tinha vazamentos e que Travis tinha o que comer e

estava recebendo os cuidados que precisava.

Ela inclinou-se e roçou os lábios na testa de Travis.

— Eu vou estar de volta mais tarde para ver como você está, okay? Estou no final do

corredor, se precisar de mim. Eu te amo.

— Eu também te amo, — Travis resmungou com a boca cheia de lasanha.

Ela sorriu e se virou para seguir Donovan para fora do quarto.

Quando chegaram ao quarto que dividia com Cammie, ela entrou, seu coração amolecendo

quando viu Cammie ainda dormindo, a bolsa de soro ainda pingando continuamente dentro do

tubo. Doía o coração ver a menina com uma agulha no braço e um tubo conduzindo

medicamentos, mas também sabia que isso era necessário. Que se Maren não tivesse agido tão

rapidamente, Cammie poderia ter piorado muito.

— Vou deixar você despertá-la, — Donovan disse calmamente. — Vou ficar para trás até que

ela esteja consciente e orientada. Quando você sentá-la eu acomodarei a bandeja em frente a ela.

Eve foi para a cabeceira de Cammie e deslizou sobre a cama ao lado dela. Tocou sua testa

febril, ternura assaltando-a.

— Cammie? Cammie, querida, você pode acordar para mim? Eu trouxe uma coisa para

comer. Você está com fome?

Cammie despertou, piscando sonolenta enquanto parecia confusa. Então seu olhar pousou

em Eve e ela relaxou.

— Eu tive um sonho ruim, — ela murmurou, deslizando o dedo dentro da boca.

Eve se inclinou para beijar sua testa e passou a mão pelos cabelos despenteados.

— Sinto muito, querida. Mas você sabe que nada pode feri-la aqui, não é? Foi apenas um

sonho.

— Ele estava lá, — Cammie disse em voz baixa, ainda chupando o polegar. — Ele estava

aqui. Acordei e ele estava em pé ao lado da cama, do jeito que ele costumava fazer. Isso me

assustou, Evie. Você promete que ele não vai nos encontrar aqui?

A expressão de Donovan ficou completamente sombria, enquanto ouvia Cammie. Eve trocou

olhares impotentes com ele. Agora que Donovan sabia de tudo, ele poderia ler nas entrelinhas.

Sabia a que Cammie estava se referindo quando disse que seu pai a observou dormindo. Que ele

agiu de forma inadequada com ela. Eve só não sabia a extensão. Talvez ela nunca soubesse. E isso

a matava. Ela não queria lembrar Cammie dos medos do passado. Não queria trazer de volta

aqueles terrores. Mas, ao mesmo tempo, Cammie precisava falar com alguém. Ela precisava tirar

isso de dentro dela ou as feridas iriam apodrecer e deixá-las sem solução iria causar-lhe problemas

também na vida adulta.

Donovan deu um passo para frente, pela primeira vez, inserindo-se na conversa. Os olhos de

Cammie piscaram e ela se agarrou a ele, o alívio iluminando sua expressão.

Ele sentou-se no outro lado de Cammie, posicionando a bandeja com cuidado na frente dela.

Ele pegou a mão que não estava com soro e fechou os dedos em torno de sua palma.

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— Ouça-me, querida. Você, Eve e Travis estão seguros aqui. Eu não vou deixar que seu pai

venha aqui. Okay? Eve contou-me tudo o que aconteceu. Seu pai é uma pessoa ruim e eu não vou

deixá-lo assustá-la nunca mais. Agora, o que eu gostaria que você fizesse é comer. Swanny fez um

jantar especial só para você. Você acha que está pronta para isso?

— Ele fez sanduíche de queijo grelhado? — Cammie murmurou ao redor do dedo.

Donovan deu-lhe um sorriso indulgente.

— Não exatamente. Mas é como uma espécie de queijo grelhado. Só que melhor. Juro! Tem

muito queijo gostoso. E macarrão. Vamos fazer um acordo. Experimente a lasanha e se você não

gostar, eu farei um sanduíche de queijo grelhado para você.

Cammie sorriu.

— 'Kay.

Ele empurrou a bandeja em sua direção e Eve pegou o garfo, cortando a lasanha em

pequenos pedaços. Cammie olhou ansiosamente para o macarrão, queijo e molho de carne e

abriu a boca quando Eve espetou um pedaço e levou aos seus lábios.

Cammie mastigou, com a expressão pensativa, e então presenteou Donovan com um largo

sorriso.

— Bom? — Ele perguntou.

— Gostoso, — Cammie respondeu, ansiosa pelo próximo pedaço.

Eve a alimentou, Cammie comeu tão rápido quanto Eve conseguia levar o garfo à boca dela.

Ela comeu mais do que Eve comera, e Eve sorriu enquanto Cammie batia os lábios

apreciativamente quando comeu o último pedaço.

— Isso estava bom, Sr. Donovan.

Donovan bagunçou o cabelo dela com carinho.

— E o que você acha de me chamar de Van? É assim que a minha família e amigos me

chamam e eu gostaria muito que você me considerasse família.

Cammie parecia encantada, e então ela ficou séria e baixou o olhar.

— Ei, pequenininha. Qual o motivo desse olhar? — Donovan perguntou.

— Eu queria que você fosse meu pai, — ela disse melancolicamente.

O coração de Eve deu uma guinada e um nó se formou em sua garganta. Lágrimas entupiram

seus olhos e ela desviou o olhar para que ninguém visse.

Donovan se inclinou e deu um beijo suave sobre a testa de Cammie.

— Eu gostaria muito disso. Quem sabe? Talvez um dia isso aconteça.

A mandíbula de Eve caiu e ela virou com uma careta de desaprovação para Donovan, nem

mesmo tentando esconder seu descontentamento com a sua declaração. A última coisa que ela

queria era dar falsas esperanças a Cammie. Mas Donovan devolveu o olhar de Eve normalmente.

Quase desafiadoramente. Como se dissesse que ele quis dizer isso e que cabia a Eve decidir o que

aconteceria.

Louca. Ela estava absolutamente perdendo a cabeça. As pessoas não forjavam conexões tão

rapidamente e certamente não nas circunstâncias que haviam empurrado Donovan e Eve juntos.

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Ela precisava manter a objetividade e não acomodar a si mesma ou Cammie e Travis a um

desgosto inevitável. Eles passaram por muita coisa, sem acrescentar mais sofrimento.

— Estou cheia, Van, — disse Cammie, a boca esticada em um enorme bocejo.

Donovan sorriu e olhou para as bolsas de soro.

— Preciso mudar a bolsa de soro. Está quase vazia. E depois darei uma injeção para dor em

sua irmã. Por que você não se aconchega a ela e a abraça no caso de a injeção doer? Você pode

fazê-la se sentir melhor. Então vou deixar vocês duas dormirem. Eu farei um bom café da manhã

para vocês e se você for realmente uma boa menina, vou servi-la na cama.

Cammie sorriu de deleite.

— Posso comer panquecas? Eu adoro panquecas, — ela disse melancolicamente. — Com

muita manteiga e xarope.

— Existe alguma outra maneira de comê-las? — Donovan perguntou com falso horror. Ele

beijou a testa dela de novo e bagunçou seu cabelo e, em seguida, saiu do quarto só para voltar um

momento depois com outro saco de fluido para soro.

Depois de trocá-lo e voltar a conectar a linha na bolsa, tirou uma seringa e destampou-a.

— Suba e se acomode confortavelmente com Cammie, — Donovan a instruiu. — Vou aplicar

em seu quadril direito desta vez.

Eve subiu na cama e entrou debaixo das cobertas e Cammie prontamente se aconchegou em

seus braços, quente e tão preciosa contra o peito de Eve. Ela apertou um pouco mais forte do que

o necessário, mas era tão bom ter Cammie ao lado dela. Em um lugar seguro, sem medo de serem

descobertas.

Ela deixou Donovan puxar sua camisa. Não era como se ele já não tivesse visto suas pernas

ou sua bunda. Mas ele teve o cuidado de puxar a lateral da calcinha para baixo apenas para

descobrir o local da injeção. Eve fechou os olhos e Cammie se aproximou para fazer carinho em

seu rosto.

— Vai ficar tudo bem, Evie, — Cammie disse em uma voz solene. —Van vai fazer tudo ficar

melhor.

Diante disso Eve abriu os olhos e sorriu.

— Eu sei que ele vai, querida.

A agulha deslizou em sua carne e Eve fez uma pequena careta quando o medicamento foi

injetado. No momento em que Donovan ajeitou a roupa e colocou as cobertas ao seu redor e de

Cammie, ela já estava sentindo os efeitos da droga. Seus olhos se agitaram sonolentos e o

zumbido agradável da medicação substituiu a dor viciosa em sua cabeça.

Donovan se inclinou para baixo, e para sua surpresa, ele a beijou suavemente nos lábios.

Nada prolongado. Mas era íntimo do mesmo jeito. Um rápido roçar. Ele não deixou seus lábios nos

dela por muito tempo, mas Eve sentiu-os lá por muito tempo depois de ele ter retirado com um

rouco.

— Boa noite.

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— Durmam bem, minhas meninas, — disse ele, uma nota possessiva em sua voz. E como foi

bom quando ele disse — minhas meninas. — Isso deixou Eve melancólica. A fez pensar como seria

se elas fossem suas meninas. Se pertencessem a ele.

— Vou fazer o café da manhã para vocês, e Maren estará aqui para examiná-los antes do

almoço.

— Boa noite, Van, — Cammie disse sonolenta. — Te amo.

Os olhos de Eve se arregalaram em choque, e ela olhou rapidamente para Donovan para

avaliar sua reação. Será que ele se assustaria com a declaração? Isso tinha saído do nada. Eve

nunca teria imaginado essas palavras vindas dos lábios de Cammie. Oh, ela era uma menina

afetuosa e adorável, mas ela aprendeu a ter reservas em uma idade muito jovem. Embora fosse

abertamente amorosa com Eve e Travis, ela nunca foi calorosa com estranhos do jeito que ela era

com Donovan. E Eve esperava que isso não quebrasse o coração de Cammie quando chegasse a

hora de eles seguirem em frente.

Mas Donovan não pareceu importar-se nem um pouco. Todo o seu rosto se suavizou e um

sorriso gentil curvou sua boca para cima. Ele passou a mão pelo cabelo de Cammie e, em seguida,

deu um beijo em sua testa.

— Eu também te amo, querida. Agora descanse um pouco, okay? Você vai se sentir melhor

amanhã.

— Promete? — Cammie perguntou em torno de outro bocejo de quebrar a mandíbula.

Donovan sorriu.

— Prometo.

Capítulo 20

Os sonhos de Eve eram atormentados com uma miríade de flashes do passado. E do

presente. Eles rodavam juntos em um fluxo interminável de horror.

O tornado a tinha em suas garras novamente, mas em vez de Donovan levantar o colchão

que salvara sua vida e a protegera contra danos adicionais, Walt estava ali, seu olhar triunfante.

Eu a peguei finalmente, Eve. E desta vez você não vai me escapar.

Ela acordou com um susto, suor gotejando em sua testa. Endireitou-se na cama, com a pele

úmida e fria. Um frio se instalou profundamente em seu corpo até que os ossos doíam.

Ela olhou para Cammie, que ainda estava dormindo profundamente. Eve não conseguiria

voltar a dormir agora. Ela olhou para a janela para ver a sombra mais tênue do amanhecer

suavizando o céu.

Com um suspiro, deslizou para fora da cama e foi ao banheiro para jogar água no rosto.

Deixou a água correr até que o vapor subiu, querendo de alguma maneira aquecer-se. Molhou a

toalha várias vezes, limpando o rosto e o pescoço antes de voltar para o quarto.

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Após um momento de hesitação, ela foi até o armário onde Donovan colocara as roupas que

suas cunhadas enviaram. Selecionando uma calça jeans e uma camiseta simples, vestiu-se e saiu

para o corredor, certificando-se de que não fizesse ruídos no caminho para a sala de estar.

Ela não sabia para onde estava indo ou por que, mas não queria voltar para a cama e arriscar

relembrar-se dos pesadelos. Já era ruim o suficiente ter falado sobre Walt e ter revivido o horror

da morte da mãe e o comportamento subsequente de Walt, mas agora ele estava invadindo seu

sono também.

Ela foi até a grande janela que dava para o lago à distância. O amanhecer era bonito sobre a

água, pintando uma lavanda suave para combinar com o céu. Não havia sequer uma ondulação na

água, nem vento para perturbar a imagem imaculada vista pelo vidro da janela, que se espalhava

para o horizonte distante.

Este era um... Lugar tranquilo. Parecia incongruente considerar uma verdadeira fortaleza

construída com o único propósito de proporcionar segurança — uma realidade de Donovan e de

sua família — como vida pacífica, e ainda assim, tudo sobre a visão trouxe-lhe uma sensação de

calma. Algo que ela precisava desesperadamente agora.

Mãos quentes deslizaram de seus braços até os ombros, assustando-a. Ela virou-se para ver

Donovan de pé, usando shorts curto e uma camiseta puída. Estava descalço e por algum motivo a

imagem a cativou.

— Desculpe se eu a assustei — disse Donovan. — O que você está fazendo acordada? Não

consegue dormir? Tudo bem?

Ela suspirou.

— Eu dormi. Pesadelos. Falar sobre isso trouxe tudo de volta. Eu sonhei com a tempestade,

mas você não foi o único que me encontrou. Walt também. Eu não quis voltar a dormir, porque

não queria ter outro pesadelo.

Ele puxou-a em seus braços e a abraçou com força. Seu corpo era tão bom contra o dela.

Sólido. E, muito firme e forte. Ela suspirou e não fez nada para resistir a seu abraço. Ele parecia...

Certo.

— Sinto muito que você teve pesadelos. Você poderia ter-me procurado, sabe? Eu não

quero que você tenha medo de nada, querida.

Ele a afastou para que pudesse olhar para seus olhos. O olhar se concentrou no dela e a

cabeça abaixou. Ela teve a suspeita mais estranha de que ele iria beijá-la. E de repente era o que

ela queria mais do que qualquer coisa.

Ela não estava errada.

Lentamente, com infinita ternura, ele pressionou a boca contra a dela em um deslizar

quente e doce que causou arrepios em sua espinha.

Foi um choque para todo o corpo dela. Calor se espalhou rapidamente através de seu corpo.

Cada terminação nervosa formigava e veio à vida. Os seios ficaram pesados e doloridos. Os

mamilos se apertaram e ela inclinou-se instintivamente para ele, querendo, precisando de mais.

Ele lambeu os lábios dela, persuadindo-a a abri-los. Com um suspiro, ela os abriu,

permitindo-lhe entrada. Imediatamente a língua invadiu, mergulhando fundo e quente sobre a

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dela. Ele aprofundou o beijo, roubando sua respiração, segurando-a, saboreando-a antes de

retroceder para que ela inalasse e engolisse a essência dele. Foi um beijo diferente de qualquer

um que ela já experimentou.

Era pura magia.

Ela deslizou as mãos até o peito largo, de modo que as palmas das mãos foram descansar

um pouco abaixo dos ombros. Ele ficou tenso quase como se estivesse esperando ela afastá-lo.

Mas ela se inclinou para ele, com um suspiro, deixando as pontas dos dedos enfiar em sua pele

através da fina camada da camiseta.

Ele tornou-se mais vigoroso, como se estivesse esperando para ver se ela protestava. Como

se ela pudesse. Ela nunca experimentou tal despertar. Não podia imaginar como podia estar se

sentindo dessa maneira quando toda a sua vida fora abalada. Mas, no espaço de poucos

momentos roubados, todas as suas preocupações se afastaram sob a carícia reconfortante da

língua dele.

As mãos deslizaram pelas costas dela e, em seguida, para baixo, moldando os contornos de

seu traseiro. Então, ele levantou uma mão, apertou-a contra o cóccix antes de levantar a outra

para o cabelo. Seus dedos torceram, enrolando os fios em torno dos dedos quando ele

aprofundou o beijo, engolindo-a inteira.

Ela não tinha ideia da passagem do tempo. Eles poderiam ter ficado ali se beijando por uma

hora ou um minuto. Era como se o tempo tivesse parado e a única coisa que existia fosse os dois,

nesta sala, os lábios fundidos em um fluxo quente.

Ela suspirou em sua boca, faminta por ar, mas mais faminta por seu toque. Ela queria mais.

Precisava de mais. Ela precisava... Dele.

— Donovan?

Ele afrouxou o controle sobre seu cabelo, deixando a mão cair. Ele afastou-a, mas apenas os

mais básicos centímetros para que pudesse olhar para seus olhos. Seus corpos ainda estavam

pressionados firmemente juntos e ela podia sentir a evidência de sua excitação, rígida e

estendendo contra sua barriga.

Ela estremeceu novamente, frio correndo através de sua pele, cada pelo minúsculo

esticando sobre a extremidade, na esteira das sensações intensas por ele evocadas.

Ele passou a mão carinhosamente em seu rosto, empurrando para trás os cabelos

despenteados.

— O que foi querida?

— O que estamos fazendo aqui? — Ela sussurrou. — O que está acontecendo?

Ele sorriu com ternura para ela, os olhos quentes e nivelados com... Excitação.

— O que Eu estou fazendo é beijar você e o que está acontecendo é que eu estou gostando

muito e muito, e espero que você também esteja.

Ela corou, as bochechas ficando quentes na declaração contundente.

— Isto é uma loucura, — protestou ela. — Não podemos fazer... Isto. A última coisa que eu

deveria estar pensando é em... Relacionamento.

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Ela quase se engasgou quando disse a palavra, porque era presunçoso de sua parte supor

que ele queria algo mais do que sexo. Mas ele não agia como alguém que queria uma transa

rápida. Como ela já notara, ele agia como se ele se importasse. E se ele estava tão ansioso por

sexo, já não teria se insinuado para ela? Antes do furacão, é claro, porque faria dele um jumento

assediá-la quando ela tinha um ferimento na cabeça e estava aterrorizada.

Sua cabeça estava girando, muito parecido como se ela houvesse sofrido uma lesão grave na

cabeça. Não havia nem mesmo nada abertamente sexual ou... Desesperado... No beijo dele. Tinha

sido... Romântico. Terno. Até mesmo delicado. Um beijo poderia ser considerado delicado?

Obviamente que sim, porque o dele definitivamente o qualificava.

— Quer dizer, eu sou um trabalho para você, certo? Você não deve manter a objetividade?

Certamente você não sai por aí beijando todas as suas clientes do sexo feminino.

E o pior era o ciúme que a agarrou sobre o pensamento dele beijando outra mulher em

perigo. Será que ele tinha um complexo de cavaleiro branco? Uma mulher em necessidade era sua

criptonita?

Ele riu com isso, os olhos ficando ainda mais quentes quando olhou para ela.

— Querida, se não fosse por misturar negócios com prazer, nenhum dos meus irmãos se

casaria.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

— O que você quer dizer com isso?

— Isso significa que cada um dos meus irmãos conheceu suas esposas durante uma missão.

Balas voando, explosões, perseguições de carro, naufrágios, bandidos. Você nomeia, eles

experimentaram. Eu diria que a nossa situação é tranquila em comparação.

Havia riso em sua voz, e ela se viu sorrindo. Apesar da gravidade absoluta da situação, ele

falava levemente.

— Nenhum dos meus irmãos encontrou uma bela garota de cidade pequena, namorou, ficou

noivo e se casou. Bem, exceto Ethan, e ele e Rachel mais do que compensaram o namoro um

pouco chato com muito drama após o fato, — disse ele com a voz sombria.

Ela franziu a testa na súbita mudança de comportamento.

— O que aconteceu?

— É uma longa história, — disse Donovan. — Rachel é professora, e ela foi numa missão

humanitária para a América do Sul em junho, depois que a escola terminou. Seu avião caiu a

caminho de casa, e pensava-se que ela morreu. Não houve sobreviventes. Pensamos que estava

morta por um ano inteiro, quando na verdade ela estava sendo mantida em cativeiro por um

cartel de drogas e a viciaram em drogas para controlá-la.

Os olhos de Eve arregalaram em choque.

— Oh, meu Deus! Você está falando sério? E como vocês descobriram? E como a

recuperaram?

— Fomos e chutamos alguns traseiros do cartel, — Donovan disse sem rodeios. — Nós a

trouxemos de volta para casa, mas sua recuperação não foi rápida. Eles tiveram alguns momentos

difíceis. Ela perdeu a maior parte da memória por causa das drogas que a forçaram a usar. Ela

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ainda não a recuperou completamente, mas o suficiente para se lembrar de muitas coisas ruins

que aconteceram antes de ela sair naquela viagem. Ela e Ethan tiveram um caminho acidentado

de volta, mas eles são fortes, ela é forte. Ela é um inferno de uma sobrevivente. Ela teve gêmeos

há um ano.

— Uau, — Eve murmurou. — Você não estava brincando quando disse que você e seus

irmãos chutam alguns traseiros a sério. Eliminaram um cartel de drogas? Parece algo saído de um

filme.

Os lábios de Donovan se curvaram.

— Isso é apenas a cereja no topo do bolo, honey3. O resto dos meus irmãos, todos

conheceram suas esposas em circunstâncias menos que ideais. Então, talvez agora você possa ver

que a maneira como você e eu nos conhecemos não me incomoda nem um pouco.

A respiração de Eve falhou e ela olhou para ele, sem saber o que dizer. O que ela poderia

dizer? Ela deixou escapar a primeira coisa que lhe veio à mente.

— Mas você não me conhece. Quero dizer, acabamos de nos conhecer. Como você pode

pensar que você quer... Algo... De mim? O que eu, eventualmente, tenho a te oferecer, além de

uma dor de cabeça gigante? Parece-me que você está dando tudo e estou tomando tudo e não

dando nada em troca.

Ele empurrou o queixo dela para cima com os dedos suaves.

— Isso não é verdade. Você me deu algo muito precioso, de fato. Sua confiança, Eve. E eu sei

o que isso custa para você. Então acredite em mim quando digo que eu sei o presente que você

me deu. A confiança de uma mulher é o dom mais precioso que ela pode dar a um homem. A

crença na capacidade de mantê-la segura e protegê-la de todo o mal.

Ele abaixou a cabeça de novo, não tão hesitante ou tão lento como ele foi apenas momentos

antes. Ele roçou os lábios nos dela, mas rapidamente fundiu a boca na dela, acariciando quente e

úmido com a língua. Desta vez, ela não hesitou também. Ela encontrou seu avanço, provando-o,

em vez de permitir que ele fizesse toda a exploração.

Ela respirou profundamente, saboreando o perfume masculino picante que se agarrava a

ele. Não era colônia ou loção pós-barba. Era apenas... Ele. Ela suspirou em sua boca, apreciando o

simples prazer de estar em seus braços.

Era fácil esquecer tudo, menos este homem. Fácil esquecer o mundo ao seu redor. O perigo

que ela e seus irmãos enfrentavam. A ameaça muito real de Walt e quão longe seu alcance

estendia. Aqui parecia a um milhão de quilômetros da realidade. Esta era uma realidade que ela

preferia muito mais.

Era errado da parte dela querer esquecer? Só por um pouco de tempo?

— Só para que você saiba, — Donovan murmurou contra sua boca. — Vou ser lento com

você. Mas minha ideia de lento e de outra pessoa é provavelmente muito diferente. Então,

considere-se avisada. Quando eu quero algo, eu vou atrás disso. E eu jogo para ganhar. Esperei

muito tempo por isto, por você! E eu não vou perder um único minuto em ver onde isso nos

levará. Eu pretendo totalmente ter você na minha cama, permanentemente. E em breve.

3 Apelido carinhoso, querida, doçura.

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O pulso dela acelerou, batendo violentamente em suas veias enquanto ela processava a

promessa solene. Ele não soara nem um pouco inseguro de si mesmo. Não, ele proferiu essas

palavras com absoluta confiança. Ela lambeu os lábios, a boca subitamente seca.

— E sobre Travis e Cammie? — Ela perguntou em voz baixa.

Donovan lançou um olhar de perplexidade genuína.

— O que tem eles?

Ela limpou a garganta.

— Se nós... Se você... Se nós fizermos isso, onde isso deixa Travis e Cammie? Eu nunca os

deixaria, Donovan. Eu nunca os abandonaria. E há tanta coisa por resolver. Eu sou, para todos os

efeitos práticos, uma sequestradora.

Bastou dizer as palavras para enviar uma nova onda de terror percorrendo seu corpo. Ela

estremeceu contra Donovan, as mãos tremendo.

— Mesmo se você não se importar de tê-los... Aqui... Com a gente... Não é como se nós

pudéssemos apenas pegar e brincar de casinha. Eu sou uma criminosa. Eu poderia ir para prisão

pelo que eu fiz.

Donovan levantou a mão e, em seguida, pressionou gentilmente um dedo nos lábios dela

para calá-la.

— Ouça-me, Eve. Claro que você não vai abandonar Travis e Cammie. Eu nunca esperaria

que você fizesse tal coisa. Você é um pacote. E eu quero o pacote inteiro. Quanto a você ser uma

criminosa e ir para a cadeia? Isso não vai acontecer. Nós vamos encontrar uma maneira de acabar

com seu padrasto. E quando isso acontecer, você, Travis, Cammie e eu vamos ser uma família.

Ela não tinha absolutamente nada a dizer sobre isso. Ela nem sabia como responder a uma

declaração como essa. Para tal aceitação cega. Deixava-a perplexa que ele a identificasse como

alguém com quem queria um futuro quando ele a conhecia há apenas poucos dias. E que ele

aceitaria a bagagem que a maioria dos homens nunca aceitaria.

E o jeito que ele disse família incutiu uma onda tão feroz de saudade dentro dela que ela

sofreu com isso. Ela queria isso. Deus, ela queria muito. Que Travis e Cammie estivessem seguros e

felizes. Que eles tivessem todas as coisas normais que uma criança de quatro anos de idade, e um

adolescente tinham. E seus próprios filhos. Era tudo o que sempre sonhou. Uma turbulenta família

grande e feliz. Ela queria abraçar a promessa solene em seu coração e nunca soltar. Mas parecia

tão... Impossível. Tudo isso.

Ela olhou para ele em confusão por causa de tudo isso, ainda havia um enorme ponto de

interrogação. Como ela se sentia sobre ele?

Capítulo 21

Tendo persuadido Eve a voltar para a cama para que ela pudesse descansar

confortavelmente com Cammie, Donovan retirou-se para a cozinha para providenciar as

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panquecas. Mas não iria prepará-las ainda. Queria que Travis, Cammie e Eve dormissem tanto

tempo quanto pudessem antes de perturbá-los para o café da manhã.

Ele soube o momento em que Sean entrou no portão principal do complexo. Um alerta foi

acionado e os monitores de vídeo na cozinha ampliaram no veículo, fazendo uma varredura de

retina do motorista e confirmando a identidade de Sean.

Alguns momentos depois, Sean bateu na porta da cozinha e Donovan fez-lhe sinal para

entrar. A cabeça de Donovan se ergueu quando o alerta soou novamente e viu o jipe de Rusty

atravessando o portão, fazendo uma pausa enquanto olhava para a câmera para a verificação de

retina.

Sean fez uma careta.

— O que Rusty está fazendo fora tão cedo?

Donovan encolheu os ombros.

— Acho que vamos descobrir em breve.

Sean permaneceu em silêncio até Rusty chegar até a porta de Donovan. Donovan a

encontrou e puxou-a para um abraço rápido.

— Ei, garota. O que a traz tão cedo esta manhã?

Sua expressão era tão perturbada, que imediatamente o colocou e a Sean, em guarda. Sean

olhou fixamente para ela, o olhar sondando.

— Por que você está aqui? — Rusty perguntou a Sean, uma nota defensiva em sua voz.

— Eu tenho informações sobre Eve, — Sean disse brevemente.

— Eu também, — Rusty disse com uma voz sombria. — Mas eu gostaria de ouvir o que você

tem a dizer.

— Eu não acho que seja uma boa ideia, — Sean respondeu. — Você precisa ficar de fora

dessa, Rusty. Eu não quero que você se envolva. Você pode se machucar.

Ela revirou os olhos.

— Você não desembucha, eu não falo. E eu acho que você vai se interessar em saber que

alguém estava bisbilhotando a loja de ferragens, esta manhã.

Sean imediatamente ficou atento, assim como Donovan. Ele se virou para Rusty, sua

expressão não tolerando nenhum argumento.

— Me Diga, — ele ordenou.

Rusty suspirou.

— Um cara entrou na loja de ferragens esta manhã. Bem suave. Casual. Dirigia um carro

caro. Eu tenho o número da placa para que você possa procurá-la. — disse a Sean.

Sean acenou com aprovação, relutante respeito em seus olhos quando ele olhou para Rusty.

— O que ele disse? — Donovan perguntou. — O que você disse a ele?

— Estou começando a dizer, — Rusty disse. — Ele parecia completamente fora do lugar.

Vestido com vestimenta de grife, sabe? Parecia caro. Nenhum fio de cabelo fora do lugar. Parecia

estiloso, estilo de salão, quero dizer. E ele tinha produto suficiente para tirar algumas camadas do

ozônio.

Donovan fervia com impaciência enquanto esperava ela chegar ao ponto.

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— Ele perguntou ocasionalmente, se eu tinha visto uma mulher e dois filhos, um

adolescente e uma de quatro anos de idade. Chamou pelos nomes. Chamou Travis e Cammie pelo

nome. Disse que era o pai deles e que ele estava profundamente preocupado. Que Eve era

instável e um perigo não só para si, mas para os outros, e que ele temia o que aconteceria se ela

não fosse internada e retomasse sua medicação em breve. Disse que ele foi informado que Travis

foi visto na loja de ferragens.

Donovan fez uma careta. Porra. Não era o que ele queria ouvir. Ele passou a mão pelo

cabelo e fez uma careta.

— Eu não poderia negar que eu vi Travis ou ele saberia que eu estava mentindo — disse

Rusty. — Então eu disse-lhe que sim, um garoto correspondendo à descrição de Travis veio vários

dias antes. Queria pegar um pouco de dinheiro extra então eu o contratei por alguns dias, paguei

e, em seguida, ele se foi. Eu disse que ele não apareceu para o trabalho e que eu não o via em dias

então eu assumi que ele seguiu em frente. Eu até disse ao cara que ele mencionou irmãs porque

mais uma vez, eu não queria que esse cara desconfiasse que eu estivesse escondendo alguma

coisa. Eu pensei que se eu fosse honesta, eu não lhe daria qualquer razão para suspeitar que

estivéssemos ajudando Eve, Travis e Cammie e que talvez ele acreditasse na história que eles já

haviam deixado a área.

— Você foi inteligente, Rusty — disse Donovan.

Sean assentiu.

— Você fez a coisa certa. Mas eu duvido que eu precise pesquisar a placa para descobrir

quem ele é. Depois do que eu desenterrei, é bastante óbvio que é ele.

— O que você achou? — Rusty perguntou, uma nota ansiosa em sua voz.

Sean hesitou.

— Prefiro não envolvê-la, Rusty. Eu odeio que você até conversou com esse cara. Você

deveria ter me chamado no minuto em que ele apareceu. E se ele te machucasse? Ou se não

tivesse comprado a sua história? Ficar sozinha com ele na loja foi tolice. Se fizer isso de novo eu

vou curtir o seu traseiro.

Rusty bufou seu desagrado.

— Não sou uma criança, Sean. Eu posso lidar com isso. E eu quero saber em que tipo de

problema eles estão envolvidos. Eu gosto muito de Travis.

Sean olhou para Donovan, e Donovan concordou que ele deveria liberar o que ele tinha

encontrado na frente de Rusty. Ela precisava saber com o que estavam lidando, especialmente se

esse idiota já fora à loja de ferragens. Ele iria falar com seu pai hoje e se certificar que um de seus

irmãos estivesse lá na loja e que Sean fizesse rondas regulares, e sob nenhuma circunstância Rusty

iria trabalhar na loja sozinha.

— Não é bom, Van, — disse Sean. — Ela é procurada por sequestro. Ela foi relatada como

altamente instável. Uma história de doença mental e acredita-se que ela seja um perigo para ela

mesma e para Travis e Cammie. O pai veio a público e parece que ele tem um monte para puxar.

Ele interpreta o pai de luto muito bem. Ele perdeu a esposa tragicamente e agora perdeu os filhos

para uma mulher perturbada.

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— Que monte de merda! — Donovan disse furiosamente.

— Você já conseguiu a verdadeira história? — Perguntou Sean, erguendo a sobrancelha com

a reação de Donovan.

— Sim, eu consegui, — Donovan disse entre dentes. — Eve acha que ele matou a mãe e eu

concordo com ela, com base em tudo o que ela me disse. Ele é um babaca abusivo controlador e

estava começando a assediar Cammie antes de Eve chegar e ela e Travis a tirarem de seu alcance.

— Filho da puta! — Sean xingou. — Eu gostaria de atirar naquele filho da puta!

— Eu também! — Rusty disse sombriamente.

Sean apontou o dedo para Rusty.

— Você fica de fora. Entendeu? Deixe isso para nós, Rusty. Não se envolva.

— Seja como for, — ela murmurou. — Eu ainda gostaria de chutá-lo nas bolas.

— Então o que você vai fazer? — Sean perguntou. — O que você quer que eu faça?

Donovan suspirou.

— Como se eu soubesse. Ainda. Eu tenho que falar com meus irmãos sobre isso. Ele estar

aqui, muda tudo. Se ele sabe que eles estavam aqui, então ele está muito mais perto do rastro

deles do que Eve pensava. Ele pode ou não pode acreditar que eles já partiram, mas pelo menos

se ele descobriu onde eles estavam vivendo, o trailer está destruído para que ele não possa pensar

que eles teriam permanecido aqui. Inferno, ele pode até pensar que eles foram mortos.

— Então, ele pode ficar por mais tempo, — disse Sean. — Se ele está preocupado que eles

foram feridos ou mortos na tempestade, ele irá percorrer os hospitais locais e provavelmente vai

acionar a polícia local e do condado. Você sabe que eu não trairia o fato de que eu sei onde eles

estão, mas não posso dizer o mesmo dos outros oficiais. Você sabe que eu não vou informá-los,

mas se outros oficiais descobrirem informações sobre Eve, então provavelmente agirão de acordo

com essas informações. Se isso acontecer, você tem um problema.

Donovan assentiu.

— Obrigado, Sean. Eu não gosto de você arriscar o seu trabalho por mim.

— O dia que eu começar a me aliar com idiotas abusivos e delatar mulheres inocentes, em

nome do dever será o dia em que pendurarei o crachá, — Sean disse, seu tom sério. — Se o meu

trabalho um dia me obrigar a devolver uma menina de quatro anos de idade, para um pai abusivo,

então é um trabalho que eu não quero mais.

Houve breve admiração nos olhos de Rusty enquanto olhava o jeito de Sean. Mas foi

rapidamente apagado por um olhar de indiferença enquanto ouvia o intercâmbio entre os dois

homens.

— Eu vou embora. — Rusty disse. — Me certifiquei que ninguém me seguiu até aqui, apenas

no caso de você se preocupar que eu corri direto para cá depois que o cara apareceu. Eu esperei

algumas horas. Ele se apresentou assim que a loja abriu e eu joguei com calma e não saí até mais

tarde na parte da manhã.

— Eu não quero você de volta lá, — disse Donovan sério. — Eu não quero você na presença

deste idiota novamente. Volte para a casa da Mamãe e do Papai agora. Eu vou falar com o meu pai

ainda hoje e informá-lo do que está acontecendo.

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— Vou partir também, — disse Sean. — Eu só queria que você soubesse o que descobri para

que você pudesse estar em guarda. Vai ser importante manter Eve e os irmãos sob sigilo apertado

e evitar que apareçam em público.

Donovan assentiu.

— Obrigado, Sean. E obrigado, Rusty. Eu falarei com vocês dois mais tarde.

Rusty saiu da casa de Donovan, Sean em seus calcanhares. Ela estacionara ao lado do carro

patrulha de Sean, e ela parou na frente de ambos, voltando-se para enfrentá-lo.

Ele parou perto, quando ela se virou para ele e deu um passo para trás quando ela o olhou.

— Qual é o seu problema comigo, Sean? Por que você ainda me vê como uma criança

estúpida com mais ornamento do que cérebro?

Ele piscou, surpreso, e então seus olhos se estreitaram.

— Eu não tenho um problema com você, Rusty. Eu só não quero você em perigo.

Ela revirou os olhos.

— Você ainda me trata como se eu fosse uma garota sem noção. Eu não sou idiota. Eu posso

cuidar de mim mesma. Eu não enfrentei o cara quando ele entrou e fiquei calma e depois vim

direto contar o que aconteceu a Donovan.

Sean rosnou em frustração.

— Eu não a vejo como uma criança.

Antes que ela pudesse reagir, antes que ela pudesse pensar sobre o que ele estava fazendo,

ele puxou-a bruscamente em seus braços. Ela caiu contra seu peito, ao mesmo tempo em que a

boca caía sobre a dela.

Não foi um beijo suave. Estava cheio de uma infinidade de coisas que ela podia sentir.

Frustração. Raiva. Desejo. Luxúria. Necessidade.

No início, ela ficou tensa, pega completamente de surpresa pelo fato de que Sean Cameron,

um homem que nunca fez segredo de sua antipatia por ela, estava beijando-a. E não apenas

beijando-a, mas devastando completamente a boca dela.

Uau, mas o homem sabia beijar!

Ela se derreteu em seus braços, abrindo a boca enquanto aprofundava o beijo. A língua dele

lambeu avidamente sobre seus lábios e, em seguida, entrou em sua boca, mergulhando

profundamente enquanto provavam um ao outro.

Puta merda! Sean Cameron estava beijando-a! Sua mente ficou confusa. Ela estava completa

e totalmente incapaz de pensar. Em qualquer resposta. Tudo o que podia fazer era vergar em seus

braços, apoiada por sua fortaleza enquanto ele dava um inferno de um beijo nela.

E então, tão rapidamente como ele perdeu o controle, ele se afastou xingando vividamente

enquanto a colocava afastada no comprimento do braço.

— Maldição! — Ele pronunciou. — Isso não deveria ter acontecido. Sinto muito, Rusty. Eu

não deveria ter feito isso. Eu não tinha o direito. Isso não vai acontecer novamente.

Antes que ela pudesse recolher seus pensamentos dispersos, ele caminhou até o carro de

patrulha, batendo o Stetson que ela achava tão sexy na cabeça, entrou e fechou a porta antes de

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rugir para fora do pátio de Donovan. Ela ficou ali, entorpecida, observando enquanto ele

desaparecia no caminho em direção ao portão.

Ele a beijou.

Ela levantou a mão trêmula aos lábios inchados, ainda sentindo a marca da boca na dela.

Ele a beijou. Era um pensamento que se mantinha dando voltas e voltas em sua mente. Sean

Cameron a beijou.

Por quê?

E por que diabos ela deixou?

Capítulo 22

Donovan examinou os ocupantes de sua cozinha com profunda satisfação. Travis queria sair

da cama, já agitado e inquieto por ter passado tanto tempo deitado. Mesmo Cammie estava

ansiosa para se levantar, e assim ele a colocou à mesa da sala de jantar com o suporte do soro ao

lado dela para que ela pudesse se sentar e comer com todos os outros.

Eve se sentou entre eles, o rosto iluminado de alegria e alívio. Donovan levou tudo bem,

amando o jeito como eles pareciam em sua casa. Sua família. Eles eram dele. Ele já tomou essa

decisão e não havia como voltar atrás para ele. Ele só esperava como o inferno que Eve estivesse a

bordo.

Ele sabia que ela estava atraída por ele, que ela retribuía pelo menos alguns de seus

sentimentos. Também sabia que as coisas aconteceram em um ritmo turbilhão que esperava que

não tivesse dominado Eve. Ele foi honesto em que ele seria lento, mas tinha sido igualmente

honesto em que lento para outra pessoa e lento para ele eram coisas muito diferentes.

Ele estava exibindo extrema paciência, porque o que seus instintos gritavam para ele fazer

desde o primeiro momento em que pôs os olhos em Eve foi reivindicá-la. Levá-la para sua cama,

possuí-la, marcá-la como sua, e nunca soltá-la.

Logo, no entanto. Muito em breve. Hoje à noite, se ele conseguisse. Queria fazer amor com

ela. Cimentar a relação que estava crescendo, tal como era. Queria que ela soubesse como ele se

sentia sobre ela, e as palavras não iriam levá-lo tão longe. Ele queria mostrar a ela.

— Okay, a comida está pronta, — declarou ele, carregando uma pilha de panquecas quentes

à mesa.

Ele colocou-a no meio e garfou panquecas para Travis e Cammie e depois colocou três no

prato de Eve. Quando seus olhos se arregalaram e ela balançou a cabeça automaticamente,

negando que ela poderia comer tanto, ele a ignorou e emitiu uma diretiva dura.

— Coma, — disse ele. — Você precisa se recuperar. Depois de tudo que você fez.

Mas ele não precisava ter medo de que Travis e Cammie sofreriam qualquer hesitação.

Travis apreciou sua pilha com gosto. Donovan se inclinou para ajudar Cammie, cortando as

panquecas em quadrados arrumados antes de encharcá-los em calda. Ela sorriu de alegria para ele

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e, em seguida, pegou o garfo com a mão que não estava ligada ao soro e começou a colocar os

pedaços na boca.

Eve parecia encantada e inspirada pelo entusiasmo dos irmãos e logo seguiu o exemplo,

engolindo uma boa parte do seu próprio prato. Donovan recostou-se, comendo, mas

principalmente observando e apreciando a visão de sua família desfrutando uma refeição juntos.

Sim, isso era certo. Não importa o aviso de seus irmãos, - entendia a preocupação deles - Eve

era certa para ele. Sentia isso em seus ossos. Sabia que seus irmãos souberam no momento em

que conheceram suas esposas que elas eram únicas. Talvez Sam fosse mais relutante do que os

outros, mas todos eles sabiam, e talvez Donovan nunca tivesse realmente apreciado o alcance ou

a profundidade dos sentimentos deles, o conhecimento de que aquela mulher era única para eles.

Mas ele entendia agora porque ele se sentia da mesma maneira, e se seus irmãos sentiram sequer

um décimo da intensidade que Donovan experimentava quando ele olhava ou pensava em Eve,

então ele bem compreendida o ímpeto de possuir suas mulheres. Ele só não seria tão teimoso

quanto Sam e não iria perder tempo tentando negar o que ele agora sabia que seria o seu destino.

— Isso está muito bom, Sr. Van, — Cammie disse com a voz doce. — Obrigada por fazer o

café da manhã para nós.

— De nada, querida — Donovan disse, sorrindo por ela anexar Senhor ao seu nome. — Mas

isso conta como o almoço. A manhã está acabada agora. Mas pense sobre o que você gostaria

para o jantar. Eu tenho uma despensa muito bem abastecida e você quer saber? Se eu não tiver os

ingredientes na mão para fazer o que você quiser, eu vou me certificar de obter. Soa como um

negócio?

Cammie assentiu vigorosamente, com a boca cheia de panquecas.

— Eu realmente gostaria de algumas costeletas de porco fritas, — Travis disse

melancolicamente. — Evie faz as melhores costeletas de porco e purê de batatas com molho, mas

faz muito tempo desde que nós pudemos nos dar ao luxo de tê-los.

Então ele corou, cor invadindo seu rosto quando percebeu tudo o que dissera.

Donovan se inclinou para frente, dando a Travis um sorriso suave e tranquilizador.

— Isso soa como um jantar perfeito para mim. Mas eu não acho que Eve deveria enfrentar a

cozinha ainda. Eu não posso torná-las tão boas quanto ela faz, mas eu vou fazer o meu melhor.

— Oh, eu não me importo, — Eve protestou. — Você fez tanto por nós, Donovan. Não me

importo de cozinhar para nós. É o mínimo que posso fazer.

Donovan balançou a cabeça com firmeza. Não que a ideia de Eve em sua cozinha

preparando uma refeição para todos não fosse uma perspectiva muito atraente. Mas eles tinham

muito tempo para chegar a isso. Por enquanto ele só queria mimar e estragar todos eles.

— Você precisa descansar. Eu posso lidar com o jantar. Eu só quero que você fique sentada e

não faça nada e se recupere. É o que eu quero que todos vocês façam.

— Ele está certo, Evie, — Travis interrompeu, seu tom tão resoluto quanto Donovan. — Você

não deve cozinhar agora. Você tomou conta de nós por muito tempo. É hora de alguém cuidar de

você.

— Bravo, — Donovan suavemente concordou. — Muito bem dito, Travis.

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Eve corou, mas o prazer brilhava em seus olhos quando ela olhou para Donovan e depois

para Travis.

— Você vai cuidar de nós a partir de agora? — Perguntou Cammie.

Embora a pergunta fosse feita inocentemente, Donovan podia ver a ansiedade nos olhos da

menina. Como se ela temesse que Donovan se voltasse contra eles e os mandasse embora.

Mesmo Travis olhou para Donovan, pergunta clara em seus olhos. Havia uma sombra lá

como se temesse o mesmo, que ele se perguntava se essa era uma situação temporária e se

Donovan faria mal a Eve.

Donovan pegou a mão de Cammie, dando-lhe um aperto tranquilizador. Mas ele incluiu

tanto Eve e Travis em sua declaração. Ele queria que todos entendessem exatamente onde ele

estava.

— Eu vou cuidar de todos vocês a partir de agora. E eu estou feliz que você tocou nesse

assunto porque há algo que eu queria muito conversar com você e Travis.

Os olhos de Cammie se arregalaram e até mesmo Travis pareceu surpreso. Mas, então, um

olhar cauteloso entrou nos olhos de Travis, como se temesse o pior.

— Eu gosto muito de Eve e quero que ela fique comigo. Para sempre, — disse ele, não

medindo suas palavras.

Ele queria que Eve o ouvisse dizer isso quando não estivessem apenas os dois ou ela poderia

pensar que ele estava falando no calor do momento e dizendo coisas que ele realmente não

queria dizer. Ao declarar suas intenções na frente do irmão e irmã dela, ela iria perceber,

esperava, que ele era totalmente sério e comprometido para fazer este trabalho.

— Mas eu quero que vocês também fiquem. Eu quero que sejamos uma... Família, — disse

ele, avaliando a reação deles à sua declaração.

Travis pareceu surpreso e aliviado. Cammie parecia encantada.

— Quer dizer que... — Travis perguntou com voz rouca. — Você quer que todos nós

fiquemos com você?

— Sim, eu quero, — Donovan disse calmamente. — Eu sei que eu não sou seu pai

verdadeiro, mas eu gostaria muito de ser um pai para os dois. Eu ficaria orgulhoso de chamá-los

de meus e eu sempre os amarei e protegerei.

— Eu não gosto do meu verdadeiro pai, — disse Cammie tristemente. — Ele me assusta. Ele

não é uma pessoa boa, Van. Eu quero que você seja meu pai.

O coração de Donovan derreteu um pouco mais e se ele já não estivesse solidamente

apaixonado pela menina, isso teria selado o seu destino.

— Você não tem que se preocupar mais com o seu verdadeiro pai, Cammie. Eu vou cuidar de

você, de seu irmão e de Eve. Quero que sejamos uma família. Uma família de verdade. E o que

você não percebe é que eu tenho uma família muito grande e todos eles também te amarão. Você

vai ter avós. Muitos tios, tias e primos. Eu já te falei sobre Charlotte. Ela é da sua idade. E há mais

bebês a caminho, — acrescentou com um sorriso. — Meus irmãos Sam e Garrett estão esperando

novos bebês no início do próximo ano.

— Eu amo bebês! — Cammie exclamou, batendo palmas de alegria.

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Donovan voltou seu olhar para Eve, que havia permanecido em silêncio durante tudo isso.

— E quanto a você, Eve? — Ele perguntou baixinho. — O que você quer?

Ao mesmo tempo, Travis e Cammie se viraram, olhares suplicantes em Eve, como se

estivessem com medo que ela fosse pôr fim em tudo. Foi manipulador de Donovan ter abordado o

assunto com Travis e Cammie presentes, mas ele não estava tentando manipular suas emoções.

Ele só queria que ela soubesse que ele era totalmente sincero. Esperava que ela o conhecesse

bem o suficiente, ou pelo menos percebesse o suficiente sobre seu caráter para saber que ele não

traria Travis e Cammie a isso a não ser que ele estivesse sendo absolutamente sério. Ele não

correria o risco de feri-los se não tivesse certeza de seus sentimentos e intenções.

— Eu quero que você seja feliz, Evie, — Travis disse em voz baixa e grave. — Você desistiu de

muito por mim e Cammie. Ele te machucou. Eu sei disso. Eu também sei o que ele tentou fazer

com você. E eu sei o quanto você arriscou para afastar a mim e Cammie dele. Então, se é isso que

você quer, você tem a minha bênção. Eu não quero que você desista de sua vida por minha causa

e Cammie.

Lágrimas se reuniram nos olhos de Eve. Por um momento, ela permaneceu em silêncio,

claramente dominada por tudo o que havia sido dito. Cammie parecia preocupada quando Eve

não respondeu de imediato. Ela levantou-se e subiu no colo de Eve, colocando a mão livre sobre o

rosto de Eve.

Ela acariciou delicadamente, enxugando as lágrimas que deslizaram pelo rosto de Eve.

— Não chore Evie, — Cammie disse em uma voz solene. — Van diz que vai cuidar de nós.

Tudo vai ficar bem, não vai, Van?

— Absolutamente, querida, — disse ele gravemente, mas ele estava olhando para Eve o

tempo todo que ele reforçou sua promessa.

Eve abraçou Cammie ferozmente, e então ela pegou a mão de Travis e a apertou. Os três

apresentavam uma imagem frágil, mas também havia determinação. Eles eram uma unidade. Uma

sólida unidade familiar inquebrável, da qual Donovan queria ser uma parte.

Lentamente, Donovan estendeu a mão para Travis e, em seguida, estendeu a outra mão

para Eve, ligando-os todos juntos.

— Somos uma família, — disse Donovan. — Daqui para frente, vocês podem contar comigo

para qualquer coisa. Se alguma coisa os assustar, eu espero que vocês venham a mim. Se vocês

tiverem alguma dúvida ou apenas precisarem de alguém para conversar, estarei sempre aqui.

Temos muito a resolver. Há muitas coisas que têm de ser abordadas e resolvidas. Mas nós vamos

chegar lá. Juntos.

— Eu gostaria disso, — Eve disse suavemente, pela primeira vez, reconhecendo e aceitando

abertamente o que Donovan pediu a ela.

Travis pareceu aliviado. Cammie soltou um grito de prazer e, em seguida, lançou-se do colo

de Eve nos braços de Donovan, forçando-o a soltar as mãos de Eve e Travis. Ele riu quando ela

colocou os braços em volta dele e apertou-o com força.

— Eu te amo, — Cammie sussurrou próximo ao ouvido de Donovan.

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Por um momento, ele fechou os olhos, um nó se formando em sua garganta, que o tornava

incapaz de responder. Ele ficou lá, saboreando a doçura do amor incondicional de uma criança, e

prometeu então que ele sempre corresponderia a esse amor. Que nem mesmo os filhos que ele e

Eve um dia teriam substituiriam Cammie ou Travis em seu amor e carinho. Para ele, eles seriam

sempre os seus primeiros filhos e teriam um lugar nesse sentido em seu coração.

— Eu também te amo querida. Eu quero que você lembre-se sempre disso, okay?

Cammie assentiu contra seu pescoço e, em seguida, enterrou mais profundamente em seu

peito. Ela bocejou amplamente e ficou mole contra ele. Ele a mexeu em seus braços para que

pudesse abraçá-la de forma mais segura e, em seguida, voltou a atenção para Eve e Travis.

— O que vamos fazer? — Travis perguntou em voz baixa. — Sobre ele, quero dizer. Ele vai

manter-se atrás de Eve. Ele vai querer puni-la pelo que ela fez. Não podemos deixar que isso

aconteça, Van. Ele vai matá-la. Assim como ele matou...

Travis parou e rapidamente desviou o olhar, mas não antes de Donovan ver o brilho de

lágrimas nos olhos dele. Os olhos de Eve ficaram arregalados, com lágrimas súbitas, com a menção

da mãe deles.

Isso fez o coração de Donovan doer por saber que Travis estava bem consciente de como sua

mãe morreu. Que ele teve que enfrentar o fato de que seu próprio pai eliminou a pessoa mais

importante na vida de Travis.

— Eu não quero que você se preocupe com ele, — Donovan disse com firmeza. — O que eu

quero que você faça é se concentrar em ficar melhor e cuidar de suas irmãs. Meus irmãos e eu

vamos cuidar do seu pai e garantir que ele não seja mais uma ameaça para qualquer um de vocês.

Você pode confiar nisso?

Lentamente Travis assentiu.

— Agora, esta senhora aqui está quase dormindo em mim, então eu vou deitá-la e, em

seguida, talvez você precise considerar ter um pouco de descanso também. Como está a sua dor?

Você precisa de mais medicação?

Travis sacudiu a cabeça e, em seguida, hesitou por um momento. Ele olhou para Eve e

depois de volta para Donovan antes de falar novamente.

— Por que você não coloca Cammie comigo? Ela vai ficar bem e está acostumada a dormir

comigo ou Evie. Eu sei que Evie precisa descansar também.

Donovan mal controlou sua surpresa. Ele poderia jurar que Travis estava preparando o

caminho para Donovan ter tempo a sós com Eve organizando para Cammie dormir com ele e, a

julgar pelo fluxo repentino de cor no rosto de Eve, ela suspeitava o mesmo.

Ainda assim, Donovan não ia olhar na boca de um cavalo de presente4. Ele e Eve precisavam

de tempo sozinhos. Não apenas para fazer amor, o que Donovan tinha toda a intenção de fazer,

mas para serem capazes de discutir as coisas que chateavam Cammie e não eram para ela ouvir.

— Se você tem certeza... — disse Donovan.

Travis assentiu.

4 Ditado popular, “não olhar os dentes de cavalo dado”, refere-se a não questionar ou criticar o que é lhe dado de presente.

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— E eu estou bem. Por agora, quero dizer. Eu posso precisar de mais medicação esta noite.

Incomoda-me mais quando estou deitado e é difícil para dormir.

Donovan fez uma careta.

— Você deveria ter dito algo na noite passada. Não há razão para que você sofra

desnecessariamente. Eu poderia ter-lhe dado uma injeção para que você pudesse descansar

melhor.

— Está tudo bem, — disse Travis. — Eu vou ficar bem. Vou deitar-me com Cammie e agora

ela pode dormir comigo esta noite, depois do jantar. Eu estou ansiando por aquelas costeletas de

porco.

Donovan sorriu.

— Okay, então vamos levar você e Cammie para a cama.

Antes que pudesse se mover, uma batida soou na porta da cozinha. Uma vez que o sistema

de vigilância não tinha alertado, ele sabia que deveria ser um de seus irmãos ou suas cunhadas.

Olhando para cima, viu Garrett através da parte de vidro da porta.

Merda. Garrett pode ser muito intimidante. A última coisa que ele queria era seu irmão

assustando Cammie e Eve.

Com um suspiro, levantou-se e transferiu Cammie para o assento onde ele estava sentado.

— É apenas o meu irmão Garrett, — explicou ele para aliviar a expressão de alarme no rosto

de Eve. — Você vai vê-lo muito. Bem, e todos. Sam e Sophie vão querer trazer Charlotte para

conhecê-la, Cammie.

Cammie sorriu timidamente e enfiou o dedo na boca.

Donovan foi até a porta, irritado com a interrupção. Mas ele deveria ter esperado por isso.

Garrett, sendo Garrett, gostaria de ver por si mesmo em que Donovan tinha se envolvido. O

melhor era terminar logo com isso e então Garrett iria recuar. De jeito nenhum Garrett olharia

para Eve, Travis e Cammie e continuaria alertando Donovan sobre eles.

Garrett podia ser o mais mal-humorado e resmungão dos irmãos Kelly, mas ele também era

um molenga completo quando se tratava das pessoas que amava. E Donovan não tinha dúvida de

que ele adoraria Eve e seus irmãos à primeira vista.

Para sua surpresa, quando ele abriu a porta, Garrett estava segurando uma assadeira

coberta de papel alumínio.

A sobrancelha de Donovan arqueou.

— A que devo o prazer desta visita inesperada? — A ênfase no inesperado não foi perdida

por Garrett, mas ele ignorou o ataque de Donovan e abriu caminho para dentro.

— Eu trouxe uma panela com caramelo num-nums5. Pensei que Cammie iria gostar. São os

favoritos de Charlotte e ela está sempre implorando para o tio Garrett fazer-lhe algum, — Garrett

disse com diversão. — Além disso, minha esposa me informou que não há uma mulher viva que

pode resistir a bons caramelos achocolatados.

Donovan sorriu e pegou a assadeira.

5 Som de hum-hum ao apreciar algo muito saboroso.

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— Entre. Acabamos de terminar um café da manhã tardio. Todo mundo está na mesa. Vou

apresentá-lo. Então Garrett? Tente não assustá-los muito.

Garrett adotou uma expressão de pura inocência.

— Eu? Eu sou o cara legal, lembra?

Donovan bufou.

— Tanto faz. Basta estar em seu melhor comportamento. Eles são... Eles são da família

agora, Garrett. Eu disse-lhes isso. Eu disse isso a Cammie e Travis. Que não somente eles são a

minha família, mas que a minha família é a deles também. Eu já os informei de quantos tios, tias e

primos têm, para não mencionar Mamãe e papai.

— E como é que eles aceitaram isso? — Garrett perguntou em voz baixa.

Donovan suspirou e olhou na direção da sala de jantar para se certificar que não eram

ouvidos.

— Eles foram esmagados, cara. E se você pudesse ter visto a esperança e o desejo em seus

olhos. Isso quase me matou. Eles estavam com medo de eu deixá-los ir, e que qualquer ajuda que

eu estava dando a eles fosse temporária.

Garrett fez uma careta.

— Espero que os tenha dissuadido dessa noção.

— Ah, sim, eu os dissuadi. Eu os informei em termos muito claros que eu não iria a lugar

algum e nem eles. E que não só eles me têm ao lado, mas todos vocês também.

Garrett acenou com a cabeça.

— Ótimo. Agora venha me apresentar para sua família.

Por essas palavras, Garrett dizia a Donovan que ele aceitou a situação. Que Donovan tinha

seu total apoio. Donovan sabia que Garrett não iria resistir, mas ouvi-lo ainda lhe deu um enorme

alívio.

Sim, seus irmãos mais velhos se preocupavam com ele e eles ainda puxavam a rotina mamãe

galinha de vez em quando, mas quando chegava a hora, eles estavam ao seu lado cem por cento.

Assim como todos os Kellys. Não havia outra família no mundo como eles, e Donovan não estava

dizendo isso só porque eles eram seus.

Os Kellys formavam um grupo de pessoas fieis, amorosas, motivadas e Donovan não os

trocaria por nada.

Ele e Garrett voltaram para a mesa onde os outros se sentaram e Cammie estava agora

empoleirada no colo de Eve, seu nervosismo difundido sobre a sala inteira. Assim que os olhos de

Garrett iluminaram na menina, todo o seu rosto se suavizou.

Garrett era rude. Mal-humorado e uma bunda dura completa, mas ele era um filho da puta

leal. Leal da cabeça aos pés e ele sacrificaria sua vida por qualquer um de seus entes queridos.

Inferno, ele levou um tiro por Sophie. E ele faria isso de novo por qualquer uma de suas cunhadas.

— Gente, eu quero que vocês conheçam meu irmão mais velho Garrett. Garrett, esta é Eve e

sua irmã, Cammie, e seu irmão, Travis.

Travis se levantou apressadamente, fazendo uma careta por que se levantou rápido demais.

Mas ele se endireitou e solenemente estendeu a mão para Garrett.

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— É um prazer conhecê-lo, senhor. Nós ouvimos muito sobre você.

Garrett olhou para o adolescente, respeito brilhando em seus olhos. Ele pegou a mão

estendida de Travis e sacudiu-a.

— Estou feliz em conhecê-lo também, filho. Eu já ouvi muito sobre você também. Donovan

está muito orgulhoso de você pela maneira como cuidou de suas irmãs. Muitos homens adultos

não têm a integridade que você demonstrou.

Travis corou, prazer evidente em sua expressão sobre o elogio de Garrett. Então Garrett

voltou sua atenção para Eve e Cammie, o sorriso caloroso e acolhedor.

— Ei, pequena. Estou feliz em conhecê-la. Eu tenho outra sobrinha da sua idade. Charlotte.

Eu acho que vocês duas vão se tornar grandes amigas.

Era Eve que parecia imensamente satisfeita pelo fato de Garrett chamar Cammie de sua

sobrinha. Ela percebeu aceitação e mesmo agora, um brilho de lágrimas brilhava em seus olhos.

Ela olhou rapidamente para longe, como se para se recompor e não tornar-se demasiado

emocional. Mas Garrett não perdeu isso.

— Trouxe um agrado especial para você, Cammie, — Garrett disse, mantendo seu tom leve,

mas manteve o olhar em Eve.

Cammie animou-se, com um sorriso tímido surgindo em torno do polegar. Sua mão deslizou

para longe, permitindo que a ponta do polegar descansasse em seus lábios.

— O que é isso?

Ele estendeu a mão para a forma que Donovan estava segurando e arrancou a folha de

alumínio.

— Caramelos num-nums. Eu não sei exatamente como eles são chamados, mas eles têm

esse nome de mim, porque quando você os come tudo o que pode dizer é num-num-num porque

eles são tão bons.

Cammie riu timidamente e estendeu a mão para um dos pedaços. Garrett baixou a assadeira

para que ela pudesse pegar facilmente, e depois ofereceu a Travis antes de colocá-la na frente de

Eve.

— Estou muito feliz em conhecê-la também, Eve, — Garrett disse calmamente. — E eu

quero que você saiba, embora eu tenho certeza que Donovan já te disse, mas eu quero que você

ouça de mim. Primeiro, eu e meus irmãos e toda a nossa organização, bem como toda a nossa

família vão fazer tudo o que pudermos para ajudá-la e nos certificar que nada nunca atinja você ou

seu irmão e irmã novamente. E em segundo lugar, bem-vinda à família.

Eve perdeu a batalha para conter as lágrimas. Elas escorriam pelo seu rosto e ela secou-as

conscientemente. Travis estendeu a mão para pegar Cammie, mas Donovan interveio, pegando-a

antes que Travis pudesse ferir-se, levantando-a.

Garrett, em seguida, inclinou-se e envolveu Eve em um abraço forte. Ela hesitou no início,

mas depois se levantou e devolveu o abraço de Garrett. Ele sorriu quando se afastou e, em

seguida, bateu nas costas de Donovan.

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— Você é um sortudo filho de uma arma6, Van. Não posso dizer o mesmo para eles, por

ficarem presos com um nerd como você, mas você certamente teve sorte com eles.

Donovan revirou os olhos.

— Quantas vezes tenho que dizer? Gênios de computadores são quentes.

Eve riu, mas acenou com a cabeça vigorosamente.

— Inteligência é muito atraente em um homem.

Garrett se juntou em sua risada, e então ele bagunçou o cabelo dela com carinho. Agindo

como um irmão mais velho. E Eve embebeu-se, amando cada minuto disso. Seus olhos brilhavam

de felicidade.

— Vou deixar vocês. Eu só queria aparecer e apresentar-me. Fique atento, mano. Eu

esperaria visitas semelhantes do resto do clã, só para você saber. As esposas estão todas

esperando pelo menos ver a mulher que conseguiu você, e é claro que elas vão querer dar o seu

selo de aprovação. Você sabe o quanto elas ficaram protetoras com você e Joe já que são os dois

únicos solteiros. E eu acho que agora será apenas Joe.

Donovan olhou para Eve, aguardando sua reação ao que Garrett falou do relacionamento

dele e Eve como se fosse um negócio feito. Um fato consumado. Suas bochechas estavam coradas,

mas ela não parecia envergonhada. Ela parecia... Feliz. Um fato que deixou Donovan ainda mais

feliz.

Sua aceitação era o único obstáculo em seu relacionamento. Por mais ridículo que isso

soasse, dado o fato de que ela era uma criminosa procurada e ela e seus irmãos estavam fugindo

de um idiota abusivo, mas essas coisas podiam ser superadas. Sua aceitação não podia ser

forçada. Ela tinha que dá-la livremente e por sua própria vontade, não importa como Donovan

desejava que ele pudesse querer que fosse.

— Vamos. Eu vou levá-lo para fora, — disse Donovan, ansioso para ter sua família para si

novamente. Ele não estava pronto para compartilhá-los com o resto da família. Ainda não. Isso

viria. E ele definitivamente queria apresentá-los para a sua grande família barulhenta e amorosa.

Mas, por enquanto ele só queria escondê-los e saborear o brilho de algo tão novo e muito

precioso.

Garrett disse suas despedidas e depois se dirigiu para a porta, Donovan em seus calcanhares.

Quando estavam lá fora, Garrett virou-se para Donovan, a expressão séria.

— Ela é bonita, cara. E você está certo. Muito frágil. Cristo, eu olho para ela e me irrita que

algum imbecil colocou as mãos sobre ela.

— É pior, — disse Donovan, a raiva borbulhando em seu peito. — Ele estava querendo

colocar as mãos em Cammie quando Eve interveio e os tirou de lá.

— Que porra é essa? — Garrett rugiu. — Jesus Cristo, ela é um bebê! E o próprio pai estava

tentando molestá-la? Ele foi bem sucedido? Vou pegar o filho da puta eu mesmo. Sobre o meu

cadáver, ele nunca vai chegar perto de Eve ou Cammie novamente.

Donovan balançou a cabeça.

6 Em inglês, son of a gun, expressão americana que significa ele é o cara.

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— Eu não sei. Eve acha que ele não conseguiu. Ela questionou Cammie, embora vagamente

e muito gentilmente. Ela não quer magoá-la ou plantar sugestões. Mas Travis foi quem chamou

Eve. É uma longa história e vou compartilhar com você e os outros quando eu tiver uma chance.

Mas ele era um bastardo controlador que tinha todos ao seu redor na palma da mão e, quando

Eve contrariou esse controle, ele a puniu e tornou a vida dela miserável. E quando matou a mãe de

Eve, ele esperou que Eve voltasse para casa e tomasse o lugar da mãe em sua cama.

— O bastardo, — Garrett rosnou. — Eu gostaria de dois minutos a sós com ele. Eu tiraria as

bolas dele e o sufocaria com elas.

— Sim, me fale sobre isso, — disse Donovan. — Você vai ter que esperar na fila. Eu pretendo

ficar com ele primeiro.

— Eu estava falando sério sobre o resto da família, Van. Todos querem conhecer Eve,

Cammie e Travis. Eles estão preocupados com você, mas acho que uma vez que a conheçam, essas

preocupações irão evaporar. Eu sei por que eles fizeram isso comigo. Eu não posso dizer que o

culpo agora. Eu não conheço ninguém que poderá olhá-los e não ter a reação que você teve. Eles

são bons garotos. Especialmente Travis. Ele age como um inferno de muito mais de quinze anos.

— Ganhe-me um pouco de tempo, cara. Okay? Dê-me hoje, pelo menos. Maren estará aqui

em pouco tempo para examinar todos eles e trará mais uma bolsa de soro para Cammie, então as

coisas vão ser agitadas hoje e eu realmente gostaria de algum tempo com eles e deixá-los

acomodarem-se antes de a família aparecer.

Garrett assentiu com a cabeça.

— Vou chamá-los e explicar. Uma vez que eu contar a eles que eu conheci Eve e as crianças,

eles ficarão um pouco apaziguados até que possam verificar por si mesmos.

— Há outra coisa, — disse Donovan. — O padrasto de Eve já apareceu na loja de ferragens.

Rusty saiu mais cedo para me dizer que ele estava bisbilhotando, fazendo perguntas. Ele sabe que

Travis esteve lá, então Rusty sequer tentou mentir para ele. Ela jogou bem e fez o que deveria

fazer. Ela admitiu que ele trabalhou lá alguns dias. Ela estava consciente de tudo, exceto onde eles

estão agora, então ele não iria ficar desconfiado ou suspeitar que ela estivesse mentindo para ele

ou tentando esconder algo. Mas você precisa passar a informação. Eu não quero Rusty nessa loja

sozinha mais. Nem quero meu pai lá sozinho também. Sean está ciente da situação e ele vai

arranjar rondas e vai verificar periodicamente. Mas até que tudo isso seja resolvido, eu me sentiria

um inferno de muito melhor se você pudesse conseguir com Sam e mandar um dos nossos ou da

equipe de Nathan e Joe para estar na loja de ferragens em todos os momentos.

A expressão de Garrett tornou-se trovejante.

— O pequeno filho da puta já está aqui? Como diabos ele os encontrou tão rápido?

— Ele tem muito dinheiro e recursos, para não mencionar as conexões. Sean fez algumas

investigações. Eve é procurada por sequestro e o padrasto criou registros médicos documentando

sua suposta história de doença mental. Ele é metódico. Eu tenho que dar isso a ele. Ele fez isso

para que tivesse a prova de que ela é instável e um perigo não só para si, mas para qualquer

pessoa que entre em contato com ela.

— Filho da puta. Isso é péssimo, cara. Alguma ideia do que você vai fazer?

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Donovan balançou a cabeça.

— Não, ainda não. Estou levando um dia de cada vez e por pior que possa parecer, agora

meu foco está em levá-la para minha cama e fazê-la perceber que este é o negócio real. Ela tem

que confiar em mim antes que eu possa fazer qualquer coisa para ajudá-la. Tenho medo que ela

fuja, então quero ter a maldita certeza que ela está nesta comigo tão profundamente quanto eu

estou.

Garrett assentiu com a cabeça.

— Faz sentido. Eu faria a mesma coisa.

Donovan riu.

— Eu sei que você faria. Inferno, você fez.

— Sim. E não sofro um pingo de remorso. Isso me fez conseguir o que eu queria. Sarah. As

únicas coisas que lamento é não ter estado com ela um inferno de muito mais cedo e ela descobrir

o que ela descobriu do jeito que ela fez.

— Funcionou. Isso é tudo o que importa. E agora você está casado com um bebê a caminho.

O rosto de Garrett dividiu-se em um sorriso pateta, idiota. Todo o seu rosto se iluminou e

alegria refletiu em seus olhos azuis. Ele parecia um garoto que tinha acabado de ganhar

exatamente o que queria no Natal.

— Você vê agora por que eu queria o que você e os outros têm? — Donovan perguntou

suavemente. — Pense em como você se sente sobre o fato de que a mulher que você ama está

grávida de seu filho e que ela está na sua cama todas as noites, e ela está lá esperando toda vez

que você volta para casa de uma missão.

— Sim, eu entendo. Eu só não quero que você... Acomode-se. Não quero que você salte na

primeira oportunidade, porque estava com medo de que nunca iria acontecer para você. Eu -

todos nós só queremos que você seja feliz.

— Eu entendo, mas Garrett, eu não vou me acomodar. Eve é a escolhida. Isso não aconteceu

para mim até agora, porque eu estava esperando por ela. Ela é tudo e eu não posso explicar mais

do que isso. Eu não posso explicar mais do que você poderia por que você deu uma olhada em

Sarah e soube que ela era a pessoa certa, por Nathan saber desde o início que Shea era para ele.

Como Sam sabia que Sophie era dele e ansiou por ela como um imbecil durante meses antes de

tirá-la do lago. Ele era um inferno de muito mais teimoso do que o resto de vocês e ele resistiu

mais, mesmo indo tão longe a ponto de não confiar em Sophie quando ela apareceu implorando

por ajuda. Eu não vou por esse caminho. Eve é a mulher certa para mim e eu não vou lutar com

isso de jeito nenhum. Inferno, eu quero muito isso. Eu quero... Ela.

Garrett sorriu e, em seguida, bateu os punhos com Donovan.

—Oorah7, cara. Oorah.

Donovan sorriu.

— Claro que sim, oorah! Nada dessa besteira de hooyah8.

7 Grito de batalha dos marines norte-americanos. 8 Grito de guerra dos Seals.

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— Okay, volte para sua família. Vou correr agora e não se preocupe. Eu vou chamar os cães e

dizer-lhes para dar-lhe algum espaço. Eu vou enchê-los com o máximo que eu puder pelo pouco

que tenho observado, mas só sei que Mamãe vai estar ainda mais determinada para encontrar Eve

e seus mais recentes netos na hora que eu disser que você é sério sobre Eve.

Donovan acenou, sentindo uma emoção ridícula sobre o fato de que Garrett dissera voltar

para a sua família. Inferno sim, sua família. Sua. E ele nunca desistiria deles sem um inferno de

uma briga. Uma maldita briga. Ele respiraria o seu último suspiro antes mesmo de permitir que

eles lhe fossem tirados.

Capítulo 23

Donovan discretamente olhou para Travis e Cammie, que estavam dormindo

profundamente. Ele foi tomado com a imagem dos dois aconchegados, Cammie abraçada ao lado

de Travis, o braço jogado confiante sobre a barriga dele.

A cabeça dela descansava sobre a dele e estava aninhada sob seu ombro. A cabeça de Travis

estava virada para o lado para que o queixo estivesse a uma mera polegada acima dos cachos

desgrenhados de Cammie.

Maren e Steele chegaram; então Maren pudera examinar Travis, Cammie e Eve. Ela ajustou

a medicação do soro de Cammie e estava convencida de que ela parecia estar fazendo um bom

progresso e a temperatura já não estava subindo. Travis ainda estava sentindo dor e desconforto,

embora ele tentasse esconder. Maren insistiu em lhe dar outra injeção e, em seguida, disse a

Donovan que ele poderia mudar para medicação oral para dor durante a recuperação.

Ela atestou que a saúde de Eve estava bem depois de examinar a cabeça e questionar Eve

longamente sobre seus sintomas.

Depois disso Maren e Steele partiram, e Maren havia dito que não voltaria a menos que

Donovan pensasse ser necessário. E que depois da última carga de antibióticos, Donovan poderia

interromper o soro de Cammie e monitorar seu progresso.

Uma vez que Maren e Steele partiram, Donovan, Eve, Travis e Cammie descansaram na sala

de estar assistindo filmes, até que ficou evidente que Travis e Cammie estavam prontos para a

cama. Garrett, evidentemente, mantivera sua palavra sobre fazer o resto da família se retirar,

porque ninguém mais apareceu para uma visita, fato pelo qual Donovan era grato. Ele saboreou

cada momento da noite a sós com Eve e seus irmãos. Ele previa muitas mais noites como esta.

Donovan estava na porta, observando-os por mais um momento, orgulhoso pela visão de

sua família. Seus filhos. Claro, esta não era a maneira como muitos homens queriam começar um

relacionamento. Com uma família pronta. Assumir uma criança de quatro anos e um adolescente

não seria fácil. Mas Donovan se apaixonou por todos eles e previa o dia em que poderia chamá-los

oficialmente de seus e dar-lhes o seu nome.

Cammie e Travis Kelly. Ele gostou do som disso. Testou-o tranquilamente em seus lábios.

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Eve Kelly soou ainda melhor. Ele estava se antecipando de uma maneira enorme. Eles

tinham um longo caminho a percorrer antes que pudessem pensar em casamento. Mas isso não

significava que não estava pensando sobre o dia em que ele tornaria tudo oficial.

Em seus olhos, eles já eram dele. E aos olhos de sua família, eles eram um deles. Mas ele

queria que o mundo soubesse disso. E isso não poderia acontecer até que toda e qualquer ameaça

contra eles fosse eliminada.

Ele passou com relutância pela porta, fechando-a silenciosamente atrás dele, e então

caminhou pelo corredor até onde Eve estava. Hoje à noite ele iria fazer amor com ela. Iria fazê-la

sua, e estava louco para fazer isso acontecer. Ansiava por segurá-la em seus braços, enquanto

fazia amor com ela. Vê-la desmoronar debaixo dele, seus olhos sobre ele, unidos da maneira mais

íntima que duas pessoas poderiam estar.

Ele não iria apressá-la se ela não estivesse pronta, mas esperava muito que ela o quisesse a

metade do tanto que ele a queria. Esperaria para sempre se fosse necessário, mas cada parte de

sua alma orava para que ela estivesse pronta.

Quando chegou à porta dela, ele bateu de leve, para ouvir sua convocação. Quando ouviu

seu chamado, ele empurrou para dentro, com o olhar em busca dela automaticamente.

Ela estava sentada na cama, vestida com um pijama que uma de suas cunhadas enviou com

o restante da roupa que reuniram para ela. Ele as agradeceria pessoalmente pela generosidade e

vontade de ajudar um estranho, mas agora todo o seu foco estava em Eve e passar o tempo com

ela sozinho, sem distrações externas.

Ela encontrou seu olhar, e cor inundou suas bochechas. Ele era tão óbvio? Ela parecia

adorável, sentando-se contra os travesseiros, joelhos dobrados e braços em volta das pernas. Mas

ele não viu nenhuma evidência que lhe dissesse que ela não estava aberta para o que ele

planejava.

Ele caminhou até a cama e sentou-se ao lado de seu quadril, deslocando-a suavemente,

apenas o suficiente para que ele pudesse pousar na beirada do colchão. Em seguida, pegou a mão

dela, puxando-a para seus lábios para um beijo em cada um de seus dedos.

— Quero fazer amor com você, Eve, — disse ele sem rodeios.

Havia provavelmente melhores maneiras de seduzir uma mulher, mas ele era um tipo brusco

e direto de cara e isso não ia mudar nunca. Além disso, ela sabia o que ele queria. Ele certamente

teria sido claro o suficiente, por isso não havia necessidade de tolos jogos tímidos.

— Você vai deixar? — Ele perguntou baixinho.

As pupilas dela dilataram e sua cor se intensificou ainda mais. Ela lambeu os lábios

nervosamente, e ele quase gemeu em voz alta.

— Eu não tenho muita... Experiência, — ela sussurrou. — Não quero que você se

decepcione.

O coração dele deu uma guinada na incerteza escrita no rosto dela.

— Querida, você me decepcionar não é possível. Eu só preciso saber uma coisa e apenas

uma coisa. Você me quer tanto quanto eu te quero? Você quer fazer amor comigo esta noite?

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Lentamente, ela assentiu com a cabeça, uma expressão adoravelmente tímida florescendo

em suas feições delicadas. Ela era, em uma palavra, linda. E ela era dele. Ele teve que reprimir o

desejo de tomá-la em seus braços, colocá-la de costas e mergulhar tão fundo quanto podia em seu

corpo. Mas restringiu seu homem das cavernas interior e obrigou-se a se conter.

Cuidadosamente ele soltou os braços dela que estavam envolvendo as pernas e puxou-a

para frente até que ela estava em seus braços. Estavam face a face, a boca apenas uma polegada

de distância. Ele podia sentir cada sopro de ar que escapava com suas respirações. Elas eram

curtas e agitadas e a pulsação estava disparada, vibrando como uma borboleta em seu pescoço.

Ele foi apreendido pela vontade de beijá-la diretamente sobre esse ponto de pulsação no pescoço,

e então, fez exatamente isso.

Ela emitiu um suspiro agudo e depois derreteu em seu abraço, o corpo solto indo contra o

seu. Ele podia sentir o batimento cardíaco dela em seu peito, sentia cada uma de suas curvas, a

marca dos mamilos contra ele.

Doce. Tão incrivelmente doce. Ela tinha gosto suave, feminina e totalmente perfeita. Ele

estava segurando a perfeição - cada um dos sonhos que ele já teve - aqui em seus braços. Nenhum

momento nunca seria mais perfeito do que esta noite. A primeira vez que fariam amor. A primeira

expressão do seu amor crescente. Ele mostrando-lhe sem palavras - o que as palavras não

poderiam expressar - tudo o que ela significava para ele e tudo o que ela iria significar.

Ele lambeu sobre a pulsação em seu pescoço e, em seguida, beijou-a novamente, movendo-

se para cima da orelha. Puxou o lóbulo suavemente entre os dentes e mordeu antes de acalmá-lo

com a língua. Então, traçou o contorno de sua orelha e o escudo interno sensível, sacudindo a

língua até que ela estava se contorcendo contra ele.

— Eu quero despi-la, querida. Quero ver o seu lindo corpo. Vou saborear cada segundo de

hoje à noite. Quero que seja perfeito para você, para nós. Nunca vou esquecer esta noite. Significa

mais para mim do que você jamais poderia saber ou entender que você está entregando-se a mim.

Que está confiando em mim, não só com você, mas com Travis e Cammie também.

— Eu não vou esquecer também, — disse Eve com a voz rouca, cheia de desejo.

Ela se afastou e levantou a mão para o rosto dele, colocando-a no queixo enquanto olhava

nos olhos dele com tanto calor que suas entranhas torceram e enrolaram.

— Eu quero despi-lo também, — ela disse com a voz tímida. — Eu quero ver você e te tocar.

Dessa vez foi ele quem gemeu.

— Você está me matando, querida. Eu quero isso também. Acredite em mim, eu quero que

você me toque mais do que quero respirar.

Ela sorriu e, em seguida, levantou a boca para a dele e beijou-o. Foi a primeira vez que ela

fez o primeiro movimento, e ele saboreou a sensação dela explorando sua boca. Dela tomando a

iniciativa. Ele era um prisioneiro disposto a qualquer coisa que ela quisesse fazer com ele.

— Que tal se despirmos um ao outro? — Ele murmurou quando ela finalmente se afastou. —

Mas eu quero despi-la primeiro. Eu quero você nua quando você me despir para que eu possa

apreciar a vista.

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Ela riu, o som quente e vibrante em seus ouvidos. Deus, ela era linda quando sorria. Era

como um soco no estômago cada vez que o rosto se iluminava, e ele prometeu que faria tudo em

seu poder para garantir que ela sorrisse para o resto da vida. Que ela teria sempre um motivo para

sorrir.

Ele se levantou da cama e pegou a mão dela para puxá-la para ficar ao lado dele. Então,

lentamente, com reverência, começou a despi-la, tomando seu tempo com cada peça de roupa.

Quando revelou os seios, ele prendeu a respiração enquanto olhava para os montes

rechonchudos. Seus mamilos estavam enrugados e se projetavam para frente, como se

implorando por seu toque. Sua boca. Ah, sim, ele estava morrendo de vontade de prová-los.

Ela hesitou, levantando os braços como se para cobrir-se, mas ele segurou-lhe as mãos e

cuidadosamente abaixou-os.

— Não se esconda de mim, querida. Você é tão linda. Você tira meu fôlego. Nunca se

esconda de mim. Você é bonita demais para isso.

Ela sorriu e seus braços se afrouxaram contra as laterais do corpo e, em seguida, estendeu a

mão para a cintura da calça do pijama, empurrando-as sobre os quadris para cair no chão. Ela saiu

dela e chutou para fora, de pé diante dele, com apenas a calcinha.

Ela apresentava uma visão deliciosa. Tão delicada e arredondada em todos os lugares certos.

Ela era magra, provavelmente de sua realidade forçada ao longo dos últimos meses, mas ainda era

cheia de curvas nos quadris e seios.

Ele se virou para o lado, enquanto deslizava a calcinha para baixo, expondo sua parte

traseira, globos gêmeos que imploravam para que suas mãos os envolvessem. E ele o faria. Ele os

espalmaria enquanto deslizaria dentro dela, arqueando-a para cima, para recebê-lo com mais

facilidade. O suor escorria na testa quando ele foi bombardeado pelas imagens de deslizar em sua

delicada vagina.

Não mais capaz de resistir ao impulso de tocá-la, passou as mãos pelo corpo dela,

acariciando e afagando, saboreando cada toque.

Arrepios levantaram e pontilharam sua carne e ela tremeu quando ele segurou os seios,

empurrando-os para cima, para seu olhar ávido.

— Eu estava morrendo para provar você, — ele murmurou enquanto abaixava a cabeça para

chupar uma crista enrugada em sua boca.

Ela tentou agarrar seus ombros, as unhas cavando em sua carne enquanto ela se esforçava

para cima, encontrando sua boca. Seu corpo inteiro ficou tenso e um gemido escapou de seus

lábios. Sorrindo de satisfação, ele se moveu para o outro mamilo, lambendo levemente em golpes

repetidos antes de sugá-lo entre os lábios, exercendo mais pressão do que no primeiro.

Ela suspirou de novo e as unhas pressionaram com mais força em sua pele.

— Está gostando, querida?

— Sim, — ela suspirou. — Tão bom Donovan. Eu sinto que eu sempre esperei por você.

Ele levantou a cabeça para olhar em seus olhos, querendo que ela soubesse o quanto ele

estava falando sério.

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— Eu esperei toda a minha vida por você, Eve. Por isto. Por você. Por este momento. Você é

minha e nunca vou te deixar. Espero que você esteja preparada para isso.

Os olhos dela ficaram suaves em resposta, com... Amor? Será que ele poderia esperar isso

tão cedo? Ele não estava esperando por isso. Não tão rapidamente. Mas ele queria. Queria com

todo o seu coração. O dia em que ela desse a ele estas palavras seria um dia que ele nunca

esqueceria. Mas até que ela as falasse, essa coisa entre eles não seria sólida. Não seria

permanente. Quando ela o fizesse, ele iria saber que ela seria verdadeiramente sua em todos os

sentidos da palavra.

— Eu quero, — ela disse baixinho, com a voz cheia de emoção. — Eu quero isso. Eu quero

você. Eu quero... Tudo.

— Vou lhe dar tudo o que você poderia querer ou precisar e muito mais, querida. Nunca

duvide disso. Eu quero que você vá para a cama à noite sabendo que eu sempre estarei aqui, e

quero que acorde de manhã com o mesmo conhecimento. Eu não quero que um minuto passe

sem que saiba exatamente quem e o que você é para mim.

— Faça amor comigo, — ela sussurrou. — Por favor, Donovan. Eu preciso tanto de você.

Deixe-me despir você para que possamos fazer amor juntos. Eu nunca quis algo mais do que quero

isso.

Seu coração estava prestes a estourar direto para fora do peito. Seu pau estava lutando

contra o jeans com tanta força que provavelmente teria a marca do zíper durante dias, se não

semanas! Preferiria estar rodeado por sua suavidade aveludada do que preso no denim áspero da

calça.

— Eu sei que você disse que queria me despir, querida, mas por que você não me deixa fazê-

lo para que possamos entrar em coisas mais importantes. Como eu tocando cada parte do seu

corpo. Eu beijando cada parte de você. Eu dentro de você tão profundamente que me sentirei no

centro do seu corpo.

A respiração dela suspendeu e suas pupilas queimaram em reação. Um arrepio de corpo

inteiro ultrapassou-a, franzindo os mamilos em esferas ainda mais apertadas. Ele tomou sua

reação como resposta suficiente e rapidamente despojou-se da camisa, jeans e roupa íntima.

Quando voltou sua atenção para ela, ela estava olhando avidamente para sua ereção.

Ele olhou para baixo, seguindo o olhar dela, e fez uma careta. Não é à toa que ela estava tão

curiosa. Ele estava exibindo o maior pau duro de todos, ele estava se esforçando para cima e

estava tão apertado que a cabeça estava quase roxa. Estava pronto para explodir e não tinha

chegado nem perto da vagina dela ainda.

Quando a olhou novamente e viu-a lamber os lábios, ele quase gozou. Estendeu a mão e

apertou a cabeça entre os dedos para evitar a libertação iminente. Jesus, seria um milagre se ele

estivesse dentro dela antes de gozar em todos os lugares.

— Só me dê um minuto, querida, — disse com a voz rouca. — Você é tão sensual que estou

pronto para gozar e sequer a penetrei ainda. Eu quero fazer isto bom para nós, e não acabar na

hora que eu empurrar dentro de você.

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Ela sorriu, o prazer entrando naqueles lindos olhos cor de âmbar-dourado. As manchas

douradas brilharam ainda mais em seu estado de excitação, fazendo-os cintilar na luz suave

lançada pela lâmpada de cabeceira.

— Eu me sinto sensual sabendo que você reage a mim desse jeito — disse ela timidamente.

— Eu nunca tive um cara olhando para mim do jeito que você olha. Eu gosto.

— Vou rasgar as bolas do homem que sequer olhar para você do jeito que eu estou olhando,

— ele rosnou.

Ela sorriu novamente e, em seguida, se arrastou para a cama, deitando de costas contra os

travesseiros, um convite silencioso nos olhos. Ele não precisava de mais incentivo do que isso.

Pensando sobre as outras mulheres com quem dormiu, ele poderia dizer honestamente que

simplesmente se deitou com elas. Não que suas parceiras não receberam o seu respeito e

consideração absoluta, mas ele ficou com elas sabendo que não havia envolvimento emocional.

Nada nem perto da maneira como ele se sentia em relação a Eve. Esta era, na sua essência, a

primeira vez que fazia amor com uma mulher.

Ele tratou todas as mulheres com maior respeito. Nunca faria qualquer coisa para fazê-las

sentirem-se baratas ou usadas quando teve relações sexuais com elas. Mas elas, como ele,

conheciam o placar desde o início. Ele até namorou a mesma mulher por um período de tempo,

mas elas sempre foram relações divertidas. Nada pesado. Nada que envolvesse o seu coração no

grau que Eve envolvia.

Não era que ele tinha alguma coisa contra um relacionamento ou até mesmo casamento. Ele

queria essas coisas. Nunca fora contra a ideia. Na verdade, ele iria longe a ponto de dizer que

ativamente procurava pela sua mulher. Mas nenhuma delas jamais havia falado com seu coração.

Não mexeram com sua alma. E ele sabia que vendo como seus irmãos eram com as esposas, que

as mulheres com quem ele esteve não eram aquela única. Esperou pacientemente, sabendo que

sua alma gêmea existia. Em algum lugar lá fora, esperando como ele. Ele só tinha que encontrá-la.

E finalmente a encontrou. Ela estava aqui. Em sua casa, em sua cama, em seus braços. E ele estava

prestes a fazer amor com ela pela primeira vez.

— Por que você está me encarando? — Ela sussurrou, a preocupação entrando em seus

olhos.

Ele recriminou-se por um momento. Mesmo que fosse para cimentar em sua mente a

importância desta noite.

— Eu só queria saborear este momento, — ele disse honestamente. — Isto é especial para

mim, Eve. Você é especial para mim. Eu apenas quero que seja certo. Não quero me apressar.

Quero absorver tudo e lembrar-me para sempre. Quarenta anos, a partir de agora, e eu ainda me

lembrarei do jeito que você está esta noite. Como você é linda. O quanto cada parte de você é

macia, quente e muito doce.

Lágrimas brilhavam em seus olhos e ela engoliu visivelmente enquanto olhava para ele de

forma quase indefesa.

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— Como você pode dizer coisas tão bonitas para mim? Você diz que em 40 anos vai se

lembrar de como eu parecia e como eu me sentia. Mas você sabe o que vou lembrar? Vou me

lembrar das coisas que você me disse e vou usufruí-las para sempre.

Ele sorriu enquanto se arrastava para a cama para posicionar o corpo sobre o dela. Em

seguida, inclinou-se para beijá-la, seus corpos engrenando, moldando perfeitamente juntos.

— Eu acho que nós dois sempre nos lembraremos desta noite, — disse ele.

— Sim, — ela sussurrou. — Agora, faça amor comigo, Donovan. Não me faça esperar. Eu te

quero muito. Estou queimando de desejo. Estou ansiando.

Ele deslizou a boca até o queixo dela, beijando um caminho para baixo de seu corpo para os

seios. Lambeu e chupou os picos tensos, acariciando-a em um frenesi antes de se mover ainda

mais baixo, pressionando beijos suaves no vale dos seios e sobre a barriga plana até o umbigo.

Ele brincou com a área sensível, apreciando os arrepios que estremeciam o corpo dela

enquanto lambia o recuo superficial.

— Abra as pernas para mim, querida. Eu quero provar você.

Tremendo, ela separou as coxas amplamente para que ele pudesse posicionar o corpo entre

suas pernas. Ele acomodou-se, com a cabeça um pouco acima do trecho macio de pelos que

protegiam sua feminilidade.

Usando os dedos, ele separou suas dobras, já escorregadias com a excitação. Inalou

profundamente, sentindo seu aroma e saboreando-o. Então, espalhando-a mais amplamente,

abaixou a cabeça ainda mais e passou a língua sobre seu clitóris.

Ela se arqueou, as mãos voando para a cabeça dele, cavando em seu cabelo curto enquanto

ele circulava a raiz tensa com a língua. Ele estalou a ponta sobre o clitóris repetidamente, depois

chupou suavemente, exercendo uma pressão constante.

Ela se retorceu debaixo dele, ofegando seu nome enquanto ele a trazia para mais perto da

borda. Ela estava molhada, escorregadia e quente debaixo de sua língua. Ele a devorava,

perdendo-se em sua essência feminina. Isto era dele. Ela era dele.

Ele continuou a lambê-la, sugando e sondando sua entrada com a língua. Ele a queria louca

por ele. Desesperada pela necessidade. Querendo que ela acomodasse facilmente seu tamanho.

Ela era uma mulher pequena, delicada, as feições e estrutura óssea delicadas. A última coisa que

ele queria fazer era machucá-la.

— Donovan, por favor — ela implorou. — Eu sei que você quer que dure. Eu entendo que

você quer que seja bom, mas eu quero você dentro de mim. Quero gozar com você dentro de

mim. Eu preciso de você agora. Estou tão perto. Posso sentir isso! É impressionante. Sinto que

estou prestes a explodir em um milhão de pedaços minúsculos.

Sua voz era quase um soluço. A vagina apertava e apertava, ficando mais úmida enquanto

ele esbanjava atenção em suas partes mais sensíveis. Seu apelo enviou outra onda de excitação

através de seu corpo, o pau já vazando pré-ejaculação.

Sim, ele queria que durasse, mas também sabia que isso não iria acontecer. Essa primeira

vez não seria perfeita, mas eles teriam muitas outras vezes para fazer tão lento quanto queriam.

Agora ele tinha que tê-la. Precisava estar dentro dela ou iriam gozar antes de ele chegar lá.

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— Dê-me um segundo, querida, — ele murmurou. — Preciso pegar um preservativo.

— Depressa, — ela insistiu.

Ele rolou de cima dela e para fora da cama, se atrapalhou com a gaveta do criado mudo.

Pegou um dos pacotes de alumínio e rasgou-o. Rolou o preservativo, quase gozando com apenas a

pressão de sua mão.

— Para baixo, garoto, — ele murmurou. — Você gostará muito mais dela do que da minha

mão.

Eve riu, e ele olhou para cima para ver que ela ouviu seu murmúrio. Alegria brilhava em seus

olhos e ela estendeu a mão, um convite para voltar para ela. Como se ele precisasse de algum

convite.

— Tem certeza de que está pronta para mim? — Ele perguntou enquanto separava as coxas

dela e se estabelecia confortavelmente entre suas pernas.

Ela se mexeu, levantando os quadris para ele.

— Sim!

Ele abaixou o corpo ainda mais, chegando até a se espalhar suavemente para a entrada dela.

Posicionou a cabeça na entrada e, em seguida, tirou a mão, colocando as duas nos dois lados do

corpo de Eve.

Fechando os olhos, ele começou a empurrar para frente. Cerrou os dentes e suor irrompeu

em sua testa. De jeito nenhum ele poderia tomá-la lenta e facilmente. Ele estava morrendo de

vontade de entrar dentro dela.

Empurrou para frente, impulsionando em seu corpo em um movimento. Ela gritou, o som

congelando-o. Várias coisas registraram tudo de uma vez. O grito não era de prazer. Era um som

de dor. Ela era primorosamente apertada em torno dele. Muito apertada. O corpo dela estava

protestando a sua entrada com tudo o que tinha. E ele registrou uma sensação de ruptura, havia

sentido uma parte de ela recuar com sua entrada.

Olhou para ela em estado de choque, vendo em sua expressão, os olhos assustados e o olhar

fugaz de dor. Então, olhou para baixo enquanto lentamente se retirava e via a mancha de sangue

sobre o preservativo.

Ela era virgem e ele se enfiou nela com toda a delicadeza de um touro no cio.

Capítulo 24

— Donovan?

Ele a olhou para vê-la olhando para ele com olhos arregalados e temerosos. Seu nome saíra

trêmulo e cheio de apreensão. Sua incerteza quase o matou. Ela estava preocupada que tivesse

feito algo errado quando era ele quem ferrou completamente.

Cuidando para permanecer perfeitamente imóvel e não empurrar nem pressioná-la mais, ele

passou a mão pelo cabelo dela e, em seguida, acariciou sua bochecha.

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— Ah inferno, honey, por que você não me disse? — Ele perguntou gentilmente.

— Eu n-não p-pensei, — ela gaguejou. — Eu juro, Donovan. Eu estava tão envolvida no

momento que sequer ocorreu-me dizer-lhe. Quero dizer, eu pensei nisso antes, mas estava

nervosa e não sabia como lhe dizer. Eu tinha medo que você não me quisesse, se soubesse, mas

eu juro que eu ia dizer. E depois eu estava tão envolvida. Eu queria tanto. Eu queria que você

fizesse amor comigo. Eu não estava tentando enganá-lo. Eu juro! Você tem que acreditar em mim.

Sua ansiedade fez Donovan ficar suave em todas as partes de seu corpo, exceto a parte que

ainda estava penetrando-a, embora fosse extremamente cuidadoso para não causar-lhe mais

desconforto. Ele correu para tranquilizá-la, pois não queria que ela tomasse qualquer culpa pelo

que aconteceu, pela forma como aconteceu. Estava tão envolvido quanto ela. E o medo em seus

olhos estava desfazendo-o. Ele não podia deixá-la pensar por um segundo que ele estava, de

alguma forma, com raiva dela. Deus, com raiva? Como poderia estar quando ela tinha acabado de

lhe dar algo infinitamente precioso?

Gentilmente a silenciou com os lábios, beijando-a com ternura, absorvendo o momento, o

conhecimento de que ele era seu primeiro amante. Ele foi esmagado. Nunca dera grande

importância à virgindade. Ele não era tão homem das cavernas assim, e nunca esteve com uma

virgem. Nunca pensou em como seria a experiência de uma mulher confiando nele para sua

primeira vez. Que ele fosse o primeiro de Eve o assustou. Ele sentia muitas coisas, indescritíveis,

mas raiva? Isso nunca.

— Não estou com raiva de você, Eve. Muito pelo contrário. Estou esmagado pelo presente

que você me deu. Primeiro a sua confiança e agora sua virgindade. Eu só desejaria saber para que

eu pudesse ter feito melhor para você. Eu morreria antes de causar-lhe um pingo de dor. Eu teria

ido mais lento. Teria sido mais gentil. Teria a beijado, tocado e abraçado a noite toda. Teria

tornado perfeito para você.

Ela estendeu a mão para ele, emoldurando seu rosto em suas mãos pequenas, o toque como

veludo contra sua pele. Ele se aninhou em sua palma, lamento escoando de sua própria alma.

— Você não sabe, Donovan? Foi perfeito. Você está tornando-o perfeito, — ela corrigiu com

um sorriso gentil. — Nunca seria mais perfeito do que com você. A primeira vez presumivelmente

deveria doer. Mas não foi ruim. Surpreendeu-me mais do que doeu. Como eu disse, eu estava tão

envolvida e você me fez sentir tão bem que, quando aconteceu, me assustou porque eu não

estava esperando por isso. Eu não estava pensando que eu era virgem e que iria doer. Tudo o que

eu estava pensando era que, se eu não tivesse você dentro de mim eu morreria.

— Querida Eve. Tão generosa e doce.

Ele a beijou novamente, incapaz de resistir à tentação de seus lábios inchados pela paixão.

Ele se afastou, a respiração vindo em jorros irregulares. Ele estava pulsando dentro dela. Estava

usando todo o controle que possuía para não empurrar para dentro dela novamente, perder-se

em seu calor acetinado.

— Eu poderia ter feito melhor, — ele gentilmente corrigiu. — Poderia ter doído, mas eu

poderia ter feito doer menos por não tomá-la tão duro com o primeiro impulso. Eu estava muito

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excitado e queria você tão desesperadamente. Mas eu posso fazê-lo melhor daqui para frente. E

eu vou, Eve. Confie em mim para fazer isso direito.

— Eu confio em você, — ela sussurrou. — Por favor, não pare. Não deixe que isto arruíne

esta noite para nós. Eu quero você. Preciso de você. Não dói mais, Donovan. Por favor, não pare.

Ele soltou um gemido torturado.

— Não estou parando, querida. Não acho que seja possível. Mas vou torná-lo agradável,

lento e excitá-la novamente. Okay?

Ela agitou-se inquieta debaixo dele e ele cerrou os dentes, a mandíbula dolorosamente

apertada enquanto lutava para não gozar.

— Eu estou com você, Donovan, — ela disse suavemente. — Eu estou bem. Realmente.

Ainda assim, ele cuidadosamente retirou-se, observando o rosto dela, a procura de qualquer

sinal de desconforto. Em seguida, deslizou a mão entre eles, acariciando seu clitóris, observando

quando ela apertava enquanto o prazer voava o caminho através de seu corpo.

Ele se inclinou para baixo, mudando de posição para que a cabeça dele estivesse em seus

seios. Usando a mão livre, acariciou um dos seios, apertando, provocando o mamilo até que ficou

duro mais uma vez. Em seguida, chupou suavemente, persuadindo cada um a um pico rígido

enquanto continuava a acariciar sua carne acetinada com a mão entre as pernas dela.

— Donovan! — Ela gritou, arqueando as costas para fora da cama.

— Você está perto, querida? Está prestes a gozar?

— Sim!

Cuidadosamente, ele encaixou-se de volta na entrada de sua vagina, sondando

delicadamente até que a cabeça escorregou no interior. Os olhos dela se arregalaram, mas

nenhuma dor registrava em sua expressão. Enquanto empurrava mais para dentro, uma polegada

agonizante de cada vez, uma névoa sonhadora entrou em seus olhos e ela sorriu. Então ela fechou

os olhos e arqueou para ele mais uma vez.

— Enrole as pernas em volta de mim, — ele instruiu. — E se segure em mim. Pegue meus

ombros, querida. Eu não vou demorar e quero ter certeza de que você está comigo.

— Eu estou, — disse ela, sem fôlego. — Estou muito perto.

Ela cumpriu com o seu pedido, envolvendo as pernas em volta da cintura dele e prendendo

os tornozelos logo acima da bunda. Ele segurou-a por trás, assim como imaginou fazer, inclinando-

a em um ângulo que o fez penetrá-la mais fácil.

Então deslizou para dentro dela, todo o caminho até as bolas pressionarem contra sua

bunda. Ela ofegou. Ele ofegou. Ele não tinha certeza de qual dos dois gemeu mais alto. Os olhos

dela se arregalaram e os dedos cravaram nos ombros dele, as pernas apertaram as laterais,

apertando como tornos ao seu redor.

Ele se afastou e parou por um breve momento antes de mergulhar fundo novamente, o

olhar nunca a deixando, procurando saber se estava machucando-a.

Mas ela não deu nenhuma indicação de que estava passando por nada, que não o mais doce

dos prazeres. Ela emitia sons suaves e femininos de apreciação enquanto ele empurrava nela

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repetidamente. Ela combinava com seu ritmo e se moviam em uníssono em uma música tão

antiga quanto o tempo.

Ele deslizou suas mãos pelo corpo dela, reunindo-a em seus braços, segurando-a com força

para que apenas seus quadris se movessem, arqueando para dentro e para fora dela. Seus seios

estavam planos contra o peito dele, as respirações se misturando. Beijou-a, queimando sua boca,

devorando-a enquanto seu orgasmo aumentava, ameaçando cegá-lo com a luxúria.

— Oh! — Ela exclamou, a vagina quente e úmida em torno dele, banhando-o em seu doce

calor.

— É isso aí, querida. Goze para mim. Eu quero que você chegue lá antes de eu gozar.

— Eu quero você comigo, — ela disse, sem fôlego. — Eu quero que a gente vá junto.

— Quão perto você está?

— Se você não parar, eu estou perto!

Ele selou a boca na dela e deslizou a língua bem no fundo, enquanto plantava-se

profundamente em seu corpo. Ele foi duro, perdendo todo o senso de si mesmo. De tempo. De

lugar. Havia apenas Eve. Linda, inocente Eve.

Ele a amava e sabia que a amava. Não havia negação. Nem argumento de que ela era a

única. Ela era sua. Completamente sua. E ele nunca a deixaria ir.

Ela começou a tremer incontrolavelmente. As pernas tremiam em torno de sua cintura e

seus dedos se agitaram sobre os ombros dele. Sua respiração acelerou até que ela estava ofegante

a cada estocada. E então ela soltou um grito longo, engolido pela boca dele enquanto respiravam

o mesmo ar.

E então ele a seguiu, caindo duro e rápido, em um espiral rapidamente fora de controle.

Tudo turvou em torno dele. O som de pele encontrando pele foi registrado à distância e, em

seguida, a sua libertação fervia de sua virilha, pulsou até seu pau e explodiu em um frenesi,

jorrando dentro da camisinha.

Depois de um momento ele se tornou consciente de Eve beijando-o. Sua mandíbula, então o

pescoço, em seguida, até a orelha. Murmurando palavras doces em seu ouvido. Acariciando seus

ombros, onde momentos antes ela enfiou as unhas, esfregando sua pele.

Suas pernas afrouxaram, espalharam-se abertas e descansando contra o colchão enquanto

ele estava deitado entre elas, descansando profundamente dentro de seu corpo. Estava cobrindo-

a completamente, todo o seu peso caindo sobre ela. Mas ela parecia contente em estar lá. Ela

tinha uma expressão sonhadora, enquanto continuava suas carícias ternas.

Ela levantou uma mão para corrê-la sobre o cabelo dele e, em seguida, envolveu seu queixo

na palma da mão macia. Ele cobriu a boca com a sua, querendo saboreá-la novamente.

Ambos estavam respirando com dificuldade, e infelizmente ele se moveu para cima, para

que ela não suportasse o peso por mais tempo. Rolou para o lado e, em seguida, para longe dela o

tempo suficiente para descartar o preservativo. Em seguida, rolou para trás e a pegou em seus

braços. Beijou o topo de sua cabeça, segurando-a tão perto dele quanto poderia.

— Você está bem? — Ele perguntou.

Ela assentiu com a cabeça, batendo o topo da cabeça contra o queixo dele.

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— Muito bem.

Ele sorriu.

— Eu vou voltar, certo? Só vou correr para o banheiro para pegar um pano para te limpar.

Ele podia sentir seu rubor e o sorriso alargou. Ela era tão adoravelmente tímida.

Relutantemente, separou-se dela e correu para o banheiro para pegar uma toalha quente.

Voltou alguns minutos depois e gentilmente limpou o sangue de entre as coxas dela. Jogou a

toalha no chão a vários metros e voltou para a cama, logo puxando Eve de volta em seus braços.

Ela se aconchegou em seus braços e soltou um suspiro de satisfação que sentiu todo o

caminho até os dedos dos pés. Mas era ele quem estava contente. Ele nunca poderia se lembrar

de se sentir tão satisfeito como estava bem aqui e agora, a sua mulher nos braços, quente, macia

e saciada de sua vida amorosa. Nunca seria melhor do que isso.

E então ele imaginou-os daqui a dez anos. Com os seus próprios filhos. Uma enorme família

em torno deles. Mais sobrinhas, sobrinhos. Amor, bons tempos. Risos. Vinte anos a partir de

agora. Para sempre. Sim, seria melhor. Todos os dias com ela seriam melhores do que o anterior.

Ele acariciou seus cabelos, afastando os cachos de seu rosto. Então, segurou seu queixo e

inclinou a cabeça para cima, para que ela pudesse vê-lo. Ele podia olhar para ela para sempre. Não

importa quanto tempo passasse, achava que nunca iria se cansar de vê-la em sua cama, com os

cabelos despenteados de fazer amor, um olhar sonolento, satisfeito em seus belos olhos.

— Eu não quero nunca ouvir de você mais uma vez que eu faço tudo de dar e você faz tudo

de tomar e que você não está me dando nada. Porque o que você deu para mim é mais precioso

do que qualquer coisa que eu recebi. Não consigo nem descrever o que significa eu ser o seu

primeiro amante. Significa muito, Eve. Significa tudo. Sempre vou valorizar o presente da sua

virgindade, e sempre cuidarei de você.

A umidade brilhava em seus olhos, tornando os reflexos dourados vibrantes e elétricos na

luz.

— E, Eve? Só para você saber. Talvez eu tenha sido o primeiro, mas garanto que eu vou ser o

último também.

Ela arregalou os olhos, enquanto ele a beijava novamente. Durante vários segundos, ele

saqueou sua boca, saboreando, apreciando o momento. Quando se afastou, seus olhos estavam

vidrados de desejo e necessidade.

Ela colocou a mão em seu peito, os dedos descansando sobre o coração.

— Você não pode pretender isso, Donovan.

Ele arqueou uma sobrancelha e olhou desafiadoramente para ela.

— Não posso? Eu não acho que você perceba, mas você selou seu destino no momento em

que me deu sua confiança. E agora que você me deu você de presente, sua virgindade... É algo que

eu sempre estimarei. Ser o seu primeiro. E sim, pretendo ser o último homem que faça amor com

você.

— Como você pode saber disso? — Ela sussurrou.

Ele beijou seu nariz e sorriu para ela.

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— Porque você é minha. E eu sou muito possessivo com o que considero meu. E você é

minha, Eve. Você, Cammie e Travis todos me pertencem. Somos uma família. Você está presa

comigo, e espero muito que esteja sentindo metade do que eu estou sentindo agora.

Eve prendeu a respiração, nem mesmo percebendo que estava segurando-a até que ficou

com a cabeça leve. Ela respirou profundamente, superada por tudo o que ele disse. Ele era tão...

Sincero. Sério. Ela poderia acreditar nele? Estava louca por querer acreditar nele? E deveria dizer a

ele o que ela mal começou a considerar?

Ele foi honesto com ela. Simples. Sem restrições. Nenhum jogo. Ela tinha que fazer o mesmo

para ele.

— Eu acho que eu poderia me apaixonar por você, Donovan, — ela disse em um sussurro,

ele teve de se inclinar para frente para ouvir. — É uma loucura. Eu não deveria estar falando

assim. Eu nem deveria estar pensando isso. Não posso estar considerando a noção de amor e

relacionamento, o futuro, quando minha vida está em crise total.

Ele ergueu o queixo dela novamente até que ela estava olhando em seus olhos implacáveis.

— É melhor você estar pensando muito bem em seu futuro, comigo, porque eu já estou

ansiando para quando tivermos nossos próprios filhos. Para a vida que eu pretendo ter. Com você.

Travis e Cammie serão sempre partes do nosso coração e da nossa família. Eu já os considero

meus filhos. Mas eu quero crianças, com você, para encher nossa casa. Muitas crianças, amor e

alegria, e quero que você me dê essas crianças. Quero ver Travis e Cammie graduados no ensino

médio e na faculdade, casados e tendo suas próprias famílias. Quero envelhecer com você e

assistir nossos netos crescerem, amados e protegidos, assim como tenho a intenção de protegê-la,

Travis, Cammie e qualquer criança que você e eu tenhamos juntos. Nossa família, Eve. A nossa

família.

Ela não conseguia mais segurar as lágrimas. Elas espirravam sobre os cantos de seus olhos e

deslizavam silenciosamente pelo rosto, colidindo com os dedos dele enquanto acariciava seu

rosto.

— Quando você diz essas coisas, eu acredito em você. Eu quero acreditar em você, mas

estou com medo. Tenho tanto medo de que tudo será arrebatado. Tenho medo de ser feliz,

porque eu não poderia suportar se tudo fosse tirado. Eu não quero perder você.

Donovan beijou as lágrimas, removendo delicadamente todos os vestígios de umidade nas

bochechas. Então sorriu ternamente para ela enquanto continuava a acariciar seus cabelos e o

rosto.

— Nós temos todo o tempo do mundo para eu convencê-la de que eu não vou a lugar

nenhum e nem você. Vamos enfrentar o seu — nosso — problema de cabeça erguida. Juntos. Eu

sempre vou estar ao seu lado e ao lado de Travis e Cammie.

Capítulo 25

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Eve se aconchegou no abraço de Donovan e emitiu um suspiro de satisfação. Estavam

sentados no sofá desfrutando de uma noite perfeitamente normal assistindo filmes com Travis e

Cammie.

O soro de Cammie foi interrompido mais cedo naquele dia, quando Maren veio para os

exames diários. Travis não estava tomando medicação para a dor, e a irritação e dor que ele vinha

experimentando estava diminuindo muito.

Donovan fez o jantar mais cedo para eles e se sentaram em volta da mesa, rindo e agindo

como uma... Família.

A ameaça de Walt que pairava sobre Eve por tanto tempo tinha diminuído. Era fácil esquecer

que existia perigo. Que ele estava lá fora à espreita, aguardando a chance de atacar. Mas aqui,

isolada na casa de Donovan, por trás dos muros do complexo, Eve se sentia segura. Travis e

Cammie se sentiam seguros. Eles sorriram e relaxaram pela primeira vez desde que fugiram da

casa do pai deles.

Isso fez o coração de Eve doer por tudo o que poderia ser. Por tudo o que ela queria. Ela

nunca imaginou que teria tudo o que tinha agora na palma de suas mãos. Ela se acovardou na

noite anterior. Fora tão oprimida pela profundidade de seus sentimentos por ele que tomou o

caminho mais fácil e disse que ela poderia ver-se apaixonando por Donovan.

Era uma mentira. Ela o amava. Mas parecia muito cedo. Ele agia como se ele se importasse

com ela. Talvez até mesmo a amasse. Mas ele não disse as palavras. Nem ela. Ela tinha medo de

dizê-las prosaicamente. Muito preocupada que ele não acreditaria nela, que ela estava muito

presa no momento e teria dito essas palavras, sem realmente querer dizer.

Ela diria? Examinou seus sentimentos, eles fazendo amor, até que sua cabeça tinha girado.

Não importa o quanto ela tentasse discutir a ideia de amar Donovan tão cedo, seu coração se

manteve firme e disse-lhe, em termos inequívocos que o amava. E, no entanto ela ainda hesitava,

com receio de dar voz ao sentimento por medo de que ele não a amasse. Que ele também foi

levado pelo momento. Por tudo.

Tudo parecia bom demais para ser verdade, e ela se viu antecipando outra rejeição. Estava

apenas esperando tudo cair e que tudo fosse levado em um piscar de olhos.

O braço de Donovan apertou ao redor dela e ele beijou o topo de sua cabeça. Ele tocou-a e

beijou-a muitas vezes. Tranquilizou-a, sendo amoroso e afetuoso, quase como se percebesse seus

medos de que tudo desaparecesse.

— Você está quieta esta noite, — ele murmurou perto de seu ouvido.

Eve olhou para o chão, onde Travis estava deitado no tapete, Cammie aninhada contra ele,

enquanto os dois estavam absorvidos no filme.

— Eu estou apenas desfrutando, — ela disse simplesmente.

— Desfrutando o que? — Perguntou Donovan.

Ela inclinou a cabeça para ele, encontrando o seu olhar.

— Você. Eu. Nós. Vai levar tempo para eu me acostumar com isso, Donovan. Tenho tanto

medo que a qualquer momento tudo vá desaparecer.

Ele sorriu carinhosamente para ela e, em seguida, capturou seus lábios em um beijo suave.

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— Eu não vou a lugar nenhum, Eve. Estou aqui para o longo prazo. Entendo seus medos, mas

com o tempo eles vão desaparecer. Com o tempo você vai perceber que eu irei ficar com você,

Travis e Cammie. Todos vocês me pertencem. Mas eu também pertenço a vocês. Ninguém nunca

vai ter poder sobre mim como vocês têm. Nem a minha família. Nem a KGI. Vocês vêm em

primeiro lugar.

Calor infiltrou em seu coração, acalmando a dor que se instalara com a ideia de perdê-lo. Era

tudo bom demais para ser verdade.

— Eu não sei o que fiz para merecer você, — ela sussurrou. — Mas eu agradeço a Deus que

você me encontrou, nos encontrou.

Ele riu.

— E eu queria saber o que eu fiz para merecer você, Travis e Cammie. Acho que vamos ser

gratos juntos.

Cammie se levantou de onde estava deitada no chão ao lado de Travis e se arrastou para o

sofá, inserindo-se entre Donovan e Eve. Ela emitiu um bocejo sonolento e, então, prontamente

aconchegou-se na lateral de Donovan.

Eve observou como o rosto dele se suavizou e transformou enquanto ele olhava para a

menina em seus braços. Ele acariciou os cachos dela e Eve duvidou que ele sequer percebesse

como ele parecia agora. Seu olhar tão cheio de amor. A surpreendia que este homem poderia tão

facilmente abrir seu coração para crianças que não eram dele. Mas, então, ele deixou claro que já

os considerava seus.

Ela olhou para ver a cabeça de Travis apoiada na palma da mão, e ele já não estava vendo o

filme. Ele estava observando Eve, Cammie e Donovan. Havia tanta esperança e contentamento

nos olhos de seu irmão que Eve sabia que ela tinha tomado a decisão certa para todos eles.

— Como está se sentindo, Travis? — Donovan perguntou, vendo o adolescente olhando-os.

Havia uma nota de preocupação paternal em seu tom que formou um nó na garganta de

Eve. Travis não estava indiferente também.

— Estou bem, senhor. Eu aprecio sua preocupação. O que você tem feito por mim, por nós.

Eu nunca vou esquecer.

Donovan sorriu para o adolescente.

— Pode parar de me chamar de senhor. Somos uma família. Você pode me chamar de

Donovan ou Van.

— Posso te chamar de papai? — Cammie interrompeu.

Eve olhou, surpresa ao vê-la acordada. Ela estava quase dormindo, aconchegada firmemente

contra a lateral de Donovan. Agora, ela olhava para Donovan com timidez e anseio.

Donovan deu um beijo por cima de sua cabeça.

— Gostaria disso, Pumpkin9.

Cammie torceu o nariz.

— Você me chama de muitos nomes diferentes. Como assim?

Donovan riu.

9 É uma expressão carinhosa que significa querida.

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— Isso é porque você é bonita como um botão de flor. E eu a chamo de apelidos carinhosos.

Você verá que na minha família, chamamos todas as mulheres que amamos por apelidos

carinhosos. Você vai se acostumar com isso. Significa apenas que amamos você.

— Oh, — Cammie disse, parecendo encantada.

Eve assimilou o óbvio prazer de Cammie, e uma pitada de pressentimento tomou conta.

Seria devastador para Cammie e Travis se isso não desse certo. Ela tinha razão para adiar, para não

ser arrastada para longe e dizer coisas sem cuidado. Ela tinha mais do que a si mesma para pensar

nesta situação. Ela tinha Travis e Cammie e ainda havia a ameaça muito real de seu padrasto.

Não importavam as garantias de Donovan de que ele iria cuidar do assunto, ninguém estava

acima da lei, e Eve certamente quebrou a lei. Ela sequestrou seus irmãos. Oh, não fora sequestro.

Ela os salvou. Mas sem provas, com a evidência sólida que Walt possuía detalhando sua

instabilidade mental, ela cometeu um crime, e o crime não ficava impune.

E se ela for punida, Travis e Cammie seriam punidos ainda mais. Eles iriam voltar para o pai e

para o mal que ele planejava desencadear em ambos.

Um calafrio tomou conta dela só de pensar nessa doce e inocente bebê nas mãos de um

monstro doente e torcido.

— Eve?

A voz preocupada de Donovan quebrou através de seus pensamentos sombrios, e ela virou-

se para vê-lo olhando-a com atenção, preocupação refletida em seus olhos verdes.

— Qual é o problema, querida?

Ela balançou a cabeça.

— Eu só estava pensando. Sobre... Ele. Sobre o que eu fiz. Sou uma criminosa aos olhos da

lei. Você e eu podemos saber- pensar -diferente, mas não é. Eu poderia ir para a cadeia. Ou para

uma instituição mental e eles seriam deixados à mercê dele.

Ela parou, não querendo dar voz a seus muitos medos. Não queria que Cammie e Travis

compartilhassem esses medos. Queria para eles o conhecimento absoluto de que estavam seguros

e protegidos de todo o mal no mundo.

— Venha aqui, — Donovan disse com a voz suave, puxando-a para descansar contra Cammie

para que Cammie estivesse firmemente imprensada entre eles.

Ele colocou o braço em volta dela, dando-lhe um aperto reconfortante. Então, se inclinou

para beijá-la na têmpora, deixando seus lábios lá por um longo momento.

— Eu não quero que você nem mesmo pense sobre ele. A única coisa que eu quero é que

você pense em mim. Na nossa vida juntos. Quantos filhos você quer. Deixe tudo para mim. Eu não

vou deixa-lo te machucar novamente, Eve. E nunca vou permitir que Cammie fique a um metro

perto dele.

— Eu quero que você me prometa uma coisa, Donovan, — ela disse, olhando seriamente

para ele. Queria que ele soubesse o quanto estava falando sério sobre isso.

— O que foi, querida?

Seu tom era preocupado, mas ele manteve a voz baixa, para que não fossem ouvidos sobre o

filme que Travis e Cammie se concentravam mais uma vez.

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— Se algo acontecer comigo...

Ela balançou a cabeça quando Donovan imediatamente começou a protestar. Levantou o

dedo para colocar sobre os lábios dele, incutindo firmeza em seu olhar.

Seus lábios apertaram-se debaixo do dedo dela, mas ele permaneceu em silêncio, enquanto

esperava para ouvir o resto.

— Se a polícia me prender. Se de alguma forma ele me encontrar e levar-nos, levar todos

nós. Não importa o que aconteça comigo, eu quero que você jure para mim que você vai lutar por

Cammie e Travis. Que vai fazer o que tiver que fazer, a fim de arrancá-los das mãos dele

novamente. Se eu não estiver presa e ele não garantir que joguem a chave fora, ele

provavelmente vai internar-me no manicômio. Ele tem tanta evidência apoiando a minha

chamada doença mental. É possível. Tudo é possível no mundo dele. Mas jure-me que você vai

protegê-los. Eles vão precisar de você, Donovan. Se não tiverem a mim, eles vão precisar de você,

e da proteção de sua família.

Donovan não estava feliz. Na verdade, ele parecia... Chateado. Havia raiva em seus olhos e

ele simplesmente balançou a cabeça.

— Você não entende, não é? Eu não vou simplesmente jogar as minhas mãos para o alto se

algo acontecer com você. Eu vou lutar com cada respiração minha, não só por Cammie e Travis,

mas por você também, Eve. Eu nunca te deixaria a mercê dele. Nunca.

— Obrigada, — ela sussurrou.

— Agora você está me irritando, — disse ele sombriamente. — Não me agradeça por fazer o

que é certo. Proteger o que é meu. Você tem direito a isso. E nunca haverá um momento que você

não tenha esse direito.

Ela fechou os olhos e apoiou a cabeça em seu ombro. Deus, ela amava esse homem. Não

importa se era cedo demais. Não importa se estava sendo imprudente por permitir-se se envolver

em um relacionamento, quando estava fugindo de um assassino.

Ela queria isso. Queria com todas as suas forças. E maldito seja quem dissesse ou pensasse

de forma diferente.

Foram interrompidos pelo toque da campainha. Cammie endureceu, ficando totalmente

desperta, e Travis se ergueu, os olhos arregalados e cautelosos.

— Ei, — Donovan os repreendeu suavemente. — Está tudo bem, pessoal. Lembram-se do

forte esquema de segurança que temos aqui? Se minha campainha toca e eu não fui alertado que

alguém está vindo, então quem está na porta é alguém que vive aqui. Ninguém pode acessar este

lugar sem que eu saiba.

— Quem é? — Cammie perguntou ansiosamente.

Donovan sorriu.

— É provável que seja um dos meus irmãos ou talvez até mesmo uma ou mais das esposas

deles. Eles querem muito conhecer você.

— 'Kay, — disse Cammie.

Travis apressou a se erguer nervosamente enquanto Donovan levantava-se para ir para a

porta da frente. Eve não podia ver de seu ângulo quem estava lá quando Donovan abriu a porta.

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Ele ficou falando por um momento e, em seguida, virou-se para caminhar de volta para a sala, um

grupo de pessoas seguindo-o de perto.

Havia quatro mulheres, duas segurando crianças, uma segurando a mão de uma menina de

cabelos loiros que parecia ter a idade de Cammie. E todos elas exibiam sorrisos acolhedores.

Eve apressou-se a ficar de pé enquanto esperava Donovan fazer as apresentações. O carinho

com que ele considerava as outras mulheres era evidente em todos os aspectos de sua expressão.

Cammie até mesmo saiu do sofá, olhando com curiosidade para a outra menina. Travis ficou

ao lado, pouco à vontade. Ele limpou as mãos na calça em um gesto que disse a Eve, que estava

tão nervoso quanto ela sobre o encontro com a família de Donovan.

Estas eram as cunhadas que Garrett mencionara. Ele disse que elas gostariam de vir e

verificar Eve elas mesmas. Dar-lhe o selo de aprovação delas. O que foi que Garrett dissera? Que

elas eram todas protetoras com os dois irmãos Kelly solteiros e que gostariam de ver em primeira

mão, se Eve era boa o suficiente para Donovan.

Ugh. Sem pressão! Não, nem um pouco. Era tudo o que Eve podia fazer para não correr da

sala de estar e barricar-se no quarto.

Embora ela e Donovan tivessem feito amor no quarto que ele dera a Eve, o que ela

inicialmente compartilhara com Cammie, ele deixou claro na manhã seguinte que ele a queria em

sua cama. Em seu quarto.

Hoje à noite, ela iria partilhar o quarto com ele. Dormiriam pela primeira vez na cama dele.

Ele disse muito naturalmente que nenhuma outra mulher havia compartilhado sua cama na casa.

Não nesta casa. Ele disse que, quando construiu esta casa, não tinha a intenção de levar qualquer

mulher lá se ele não estivesse certo de que ela era a única.

O que o fato de que ele insistiu que Eve e seus irmãos morassem com ele depois de

encontrar Eve em apenas duas ocasiões dizia sobre ele?

Claro, ele disse que tudo acontecia muito rápido em sua família. Que ele e todos os seus

irmãos não perdiam tempo, uma vez que conheciam a mulher com quem se casariam. Mas falar

sobre isso em abstrato e experimentar a velocidade da luz em que ela e o relacionamento com

Donovan progredira eram duas coisas muito diferentes.

— Eve?

Mais uma vez, Donovan a pegou no meio de seus pensamentos retrógrados. Um hábito que

ela tinha de quebrar era ausentar-se em momentos importantes. Ela estremeceu e imediatamente

focou sua atenção em Donovan e no grupo de mulheres, todas olhando ansiosamente para ela.

— Olá, — ela disse com uma voz rouca que esperava não traísse seu nervosismo.

— Senhoras, eu quero que vocês conheçam uma mulher muito especial. Eve. Também quero

que conheçam o irmão de Eve, Travis, e sua irmã mais nova, Cammie.

Ele olhou para a menina de cabelo loiro segurando a mão da que devia ser sua mãe, dada a

forte semelhança.

— Charlotte, Cammie é da sua idade. Tenho certeza que ela adoraria ter uma nova amiga

para brincar. Você se importaria de partilhar alguns dos seus brinquedos com ela?

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Charlotte sorriu, exibindo nenhuma pitada de timidez. Aqui estava uma menina confiante,

com a certeza de que era adorada e mimada além da razão e que sua família nunca permitiria que

nada de ruim lhe acontecesse.

O coração de Eve doía porque ela queria o mesmo para Cammie. E talvez agora ela

finalmente tivesse a mesma segurança e inocência que Charlotte possuía. Não, ela nunca seria tão

inocente como Charlotte, mas esperava que ela superasse seu passado e que ele não iria segui-la

até a idade adulta. Se Eve tivesse algo a ver com isso, Cammie nunca mais conheceria o medo e a

incerteza que atormentaram os primeiros quatro anos de sua vida.

Charlotte foi imediatamente para onde Cammie estava logo atrás de Donovan. O tempo

todo que Donovan fez as apresentações, Cammie tinha se aproximado, finalmente deslizando a

mão na muito maior de Donovan.

Seu polegar automaticamente foi para a boca enquanto ela olhava timidamente para

Charlotte.

— Oi, Cammie, — Charlotte gorjeou. — Vamos ser melhores amigas. E minha mãe diz que

você vai ser minha prima!

Cammie sorriu, sendo instantaneamente calorosa com a outra criança, e como não poderia?

Ninguém poderia olhar para Charlotte e não ser conquistada instantaneamente.

Donovan voltou sua atenção para Eve, apontando-a para frente para ficar ao lado dele. Ele

passou o braço em volta da cintura dela e olhou para suas cunhadas.

— Eve, estas são minhas cunhadas Sophie, ela é mãe de Charlotte; Rachel é casada com

Ethan e os meninos gêmeos são dela. Você já conheceu Garrett. Esta é a esposa dele, Sarah. Ela

está esperando seu primeiro filho em oito ou mais meses. Sophie também está grávida de seu

segundo filho e é esperado para pouco antes de Sarah. E por último, mas não menos importante,

há Shea, a esposa de Nathan. Ele é o mais novo dos meus irmãos.

Os olhos de Eve se arregalaram quando ela olhou para a mulher pequena que Donovan

apresentou como Shea.

— Estou muito feliz em conhecer todas vocês, — disse Eve com sinceridade. — Donovan

falou tanto sobre vocês que eu sinto como se eu já as conhecesse.

— Estamos muito satisfeitas por finalmente conhecê-la, Eve, — Rachel disse calmamente.

De todas as mulheres, ela parecia a mais silenciosa. Bem, e Sarah parecia ser mais tímida

também. Enquanto Sophie e Shea pareciam mais extrovertidas. Mas depois de ouvir sobre tudo o

que Rachel sofrera, Eve não poderia culpá-la por ser mais suave. Como deveria ser infernal

suportar um ano inteiro em cativeiro e não ser capaz de se lembrar da família ou do próprio

marido.

Depois de ouvir Donovan descrever como todos os irmãos haviam encontrado suas mulheres

em situação menos que ideal Eve estudou-as de perto agora, comparando a imagem que ela

construíra em sua mente com a realidade delas de pé a poucos metros de distância.

Ela não tinha certeza do que estava esperando, mas as mulheres pareciam perfeitamente

normais. Apenas mulheres comuns, mesmo que tivessem sofrido eventos extraordinários. Isso lhe

deu esperança para sua própria vida e como ela poderia ser normal uma vez que a ameaça para

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ela e seus irmãos fosse eliminada. Ela só rezava para que a confiança de Donovan de que ele e

seus irmãos poderiam lidar com qualquer situação fosse verdade.

— Donovan é muito importante para todos nós, — Sophie interrompeu. — nós perdemos a

esperança de ele encontrar uma mulher com quem se estabelecesse e tivesse a ninhada de filhos

que ele sempre quis. Então, estamos muito contentes de conhecer a mulher que o derrubou. Ao

lado de Maren, você tem a nossa maior admiração.

Eve inclinou a cabeça, sem saber o que a última frase significava.

Sarah riu, falando pela primeira vez.

— Maren derrubou o homem de gelo. Steele. Ele é um dos líderes da equipe KGI. Fodão

total e completo. Nunca pensei que veria o dia em que ele cairia de cabeça por uma mulher, muito

menos estar carregando um bebê!

— Oh, — disse Eve, franzindo a testa um pouco enquanto pensava em quando ela conheceu

Maren e Steele.

Ela não tinha prestado muita atenção em Steele, mas supôs que podia entender o que ela

queria dizer. Ele parecia intimidante e assustador. Uma mulher deveria ser muito especial para

trazer para fora seu lado terno. Supondo que ele sequer tinha um. Talvez Maren também fosse

uma fodona e se igualasse a Steele.

— Nós também queríamos ver o que mais você precisava, — disse Sophie. — Reunimos

algumas roupas, mas não tivemos mais notícias e gostaríamos de conseguir o que você precisar,

bem como o que Travis e Cammie precisam. Ela e Charlotte são aproximadamente do mesmo

tamanho, mas eu não quero que ela só pegue roupas de segunda mão. Se Donovan deixá-la fora

de sua vista por algumas horas, poderíamos levá-la às compras para que você possa encontrar

roupas para todos vocês.

Donovan franziu o cenho.

— Não vai acontecer, querida. Eu sei que vocês tem boas intenções, mas não há nenhuma

maneira no inferno de eu deixar Eve fora da minha vista ou fora da minha proteção, e eu, com

maldita certeza, não quero que vocês se arrisquem a sair em público com ela. Não só os meus

irmãos chutariam a minha bunda, mas também nunca iria permitir.

As mulheres olharam cabisbaixas e Donovan imediatamente sacudiu a cabeça.

— Não façam esses olhos de cachorrinho. Especialmente você, Rachel. Sei que você está

acostumada a lançar esses lindos olhos para mim e eu faço praticamente tudo para impedi-la de

fazer beicinho, mas isso é um assunto sério. O risco é muito grande.

— Mas ela precisa de coisas, Van! — Sophie protestou. — Você não pode mantê-la sob sete

chaves para sempre!

Eve sufocou um sorriso com a forma como as mulheres estavam veementes em sua defesa.

Mas ela concordava com Donovan. Além disso, não tinha vontade de deixar a segurança do

complexo. O mundo lá fora não podia tocá-la aqui e ela estava feliz com isso.

— É por isso que as compras on-line foram inventadas, — Donovan disse com um sorriso. —

Vou liberar vocês meninas com meu cartão de crédito e vocês podem ir para a cidade.

Shea se iluminou com isso.

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— Ah, eu sou a rainha das compras pela Internet. Odeio ir ao shopping ou até mesmo a loja,

porque nunca sei quando vou pegar pensamentos aleatórios de alguém, e pode ser esmagador

quando estou tentando fazer compras e começo a ouvir algo que alguém não quer que o mundo

saiba.

Ela estremeceu delicadamente e as outras mulheres a olharam com simpatia. Eve olhou para

ela, completamente perplexa. Os olhos de Shea se arregalaram quando ela olhou de volta para

Eve.

— Você não sabe, não é? — Shea perguntou.

— Saber o que? — Eve perguntou, sentindo-se como se estivesse perdendo uma grande

peça de um quebra-cabeça que todo mundo já tinha reunido.

— Eu não tinha contado a ela, — Donovan falou.

Shea agitou a mão com desdém.

— Vamos contar-lhe amanhã, quando você vier. Eu posso indicar alguns dos meus sites

favoritos. Somos quase do mesmo tamanho, então definitivamente posso te conectar. Basta dizer

a palavra e vamos comandar um dos muitos computadores de Van.

As outras riram com a menção de computadores, e Donovan revirou os olhos.

— Obrigada, — disse Eve com sinceridade. — Eu realmente aprecio tudo o que vocês estão

fazendo. Travis, Cammie e eu... Bem, não sei nem o que dizer.

— Travis estava na escola? — Rachel perguntou hesitante.

Ela correu na frente de Eve para poder responder.

— Quer dizer, eu sei que vocês passaram por momentos difíceis e se mudaram muito. Eu

não sei quais são seus planos para ele, mas eu ficaria feliz em ajudá-lo com os estudos para que

quando as coisas se acalmarem, ele possa se matricular na escola aqui.

Os olhos de Travis brilharam, mas ele permaneceu em silêncio, quase como se estivesse com

medo de expressar uma opinião.

— Obrigada, — disse Eve novamente, emoção atando sua garganta. — Ele não deve ter

perdido muito. Ele adora a escola. Ele se destaca. Sempre teve boas notas. E é um atleta muito

bom.

Eve olhou para baixo, não querendo que os outros vissem a dor que ela tinha certeza que

era evidente em seus olhos.

— Ele deveria estar na escola com a oportunidade de praticar esportes, sair com as crianças

de sua idade. Fazer amigos e ter uma vida normal.

— Eu não me arrependo de nada, Evie, — Travis disse em um tom calmo. — Você fez o que

tinha que fazer. Eu sempre serei grato pelos riscos que você enfrentou por se sacrificar tanto por

mim.

— O que você acha Travis? — Donovan falou. — Gostaria que Rachel o ajudasse a

acompanhar seus estudos? Talvez este outono você possa se inscrever aqui na escola. Rachel

ensina no ensino fundamental e é amiga de muitos dos professores do ensino médio. Eu sei que

eles estariam dispostos a trabalhar com você para chegar até o nível dos outros alunos.

— Eu gostaria muito, — Travis disse, sua voz sincera.

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Rachel sorriu.

— Então está resolvido. Sem pressa, no entanto. Nós ainda temos o resto do verão, e você

precisa se concentrar mais em ficar melhor. Quando estiver acomodado mais confortável e à

vontade, então poderei vir aqui alguns dias por semana ou você será bem-vindo em minha casa.

Eu moro logo do outro lado do caminho.

— Obrigado — disse Travis.

— Você é da família agora, — Sophie disse com firmeza. — Todos vocês. E como eu tenho

certeza que Donovan já lhe disse várias vezes, levamos a família muito a sério. Vamos ficar juntos.

Porque juntos, não há uma força no mundo que possa levantar-se contra a família Kelly e a KGI.

Eve conteve as lágrimas, decidida a parar de desmoronar com as coisas mais simples. Mas,

por um momento, ela não conseguia falar. Travis foi igualmente afetado, abaixando o olhar, para

que ninguém pudesse ver a emoção brilhando em seus olhos.

— Por que você não vem amanhã à tarde, Eve? — Shea convidou. — Vamos nos reunir na

casa de Sophie. Ela tem a maior casa. Sem dúvida, porque Sam quer muito mais crianças.

O resto das mulheres riu e Sophie revirou os olhos.

— Nathan e eu moramos em uma casa menor, — Shea explicou. — É realmente aberta.

Além do quarto, o resto é basicamente uma grande sala. Ele não suporta espaços fechados desde

seu cativeiro.

O tom ficou mais baixo, e dor inundou brevemente seus olhos. Então, ela ficou em silêncio

por um momento antes de sorrir.

Sophie revirou os olhos.

— Ela está se comunicando com Nathan. Ele deve ter percebido sua angústia e deve estar

exigindo saber o que diabos está errado e se ela precisava dele.

Shea corou, mas não refutou a afirmação de Sophie. Eve ficou totalmente perplexa com tudo

isso. Comunicando?

— De qualquer forma, — Sarah interrompeu, continuando de onde Shea parou. — Por que

você não vem e nós vamos passar o tempo, tomar um pouco de vinho. Bem, você, Rachel e Shea

podem tomar vinho. Sophie e eu vamos ficar com o chá. Traga Cammie e Travis também, se ele

não se importar de sair com as meninas. Charlotte e Cammie podem brincar. Charlotte tem

toneladas de brinquedos que ela ficaria mais do que feliz em compartilhar.

— Eu tenho Barbies, — Charlotte anunciou.

Charlotte pegou a mão de Cammie, a que ela tinha em sua boca, e puxou-a para longe,

entrelaçando os dedos firmemente nos de Cammie.

— Você pode brincar com as minhas Barbies. Eu não me importo, — Charlotte disse

solenemente. — Eu tenho um monte de bonecas também. E eu tenho bonecas soldado! Meu tio

Garrett comprou para mim.

Sarah fechou os olhos e balançou a cabeça.

— Somente Garrett iria comprar figuras completas de ação com camuflagem e rifles de

assalto para a sobrinha.

Todos riram e Donovan deu risada.

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— Hey, nunca é demais iniciá-los mais cedo. Talvez Cece vá crescer e comandar a KGI

quando Sam se desligar, — Donovan disse, divertido.

Sophie lançou-lhe um olhar sombrio.

— Morda sua língua, Van. Não plante nenhuma ideia na mente de Charlotte. A menina já

quer que o tio Garrett a leve para o campo de tiro para que ela possa disparar a arma dele. Deus

nos ajude. Fiz Sam obter um armário de armas com um cadeado de combinação, para que ela

nunca tenha ideias.

— Está tudo bem com o que eles fazem? Seus maridos, quero dizer, — Eve desabafou.

A expressão das mulheres se suavizou. Donovan ficou em silêncio, observando Eve.

Rachel estendeu a mão e apertou a de Eve.

— Eu não vou te dizer que eu não vivo com medo quando Ethan sai em uma missão, apesar

de ele reduzir muito desde que os gêmeos nasceram. Mas eu também sei que ele irá a outras mais

cedo ou mais tarde. Mas o que eles fazem... Vale a pena. Eu sei em primeira mão. Se não fosse por

eles e o que são capazes de fazer, os recursos que têm, eu não estaria aqui hoje. Eu não estaria

viva.

Emoção envolveu a voz de Rachel e Donovan a puxou para o seu lado, beijando sua têmpora

após dar-lhe um abraço.

— Todas nós temos medo de que algo possa acontecer com os nossos maridos, — Sarah

disse honestamente. — Mas, como diz Rachel, o que eles fazem, é nobre. Eles ajudam tantas

pessoas. Eles derrubam muita gente do mal. Desmontam operações inteiras. O mundo é um lugar

melhor por quem eles são e o que fazem. Então, eu posso viver com isso. Posso viver com meu

marido arriscando sua vida porque é isso que ele é, e eu não iria mudá-lo. Ele não seria o mesmo

Garrett que eu conheço e amo se ele fosse um trabalhador de escritório qualquer, das nove as

cinco em algum lugar.

Sophie e Shea também assentiram em concordância.

— Eles nos ajudaram, — Sophie disse calmamente. — Cada uma de nós. Foi assim que nos

conhecemos e nos apaixonamos por eles. E cada solteiro deles, não apenas os Kellys, mas os

líderes de equipe e os membros da KGI também arriscariam a vida por qualquer uma de nós. Sem

perguntas. Sem hesitação. Esse tipo de altruísmo, esse tipo de amor e lealdade, não tem preço.

Eve assentiu com a cabeça, animada por suas palavras apaixonadas. Ela ainda não tinha

experimentado a dimensão completa do trabalho de Donovan. Mas ele deu a entender. Ela viu a

realidade da forma como eles viviam. Ninguém vivia atrás de uma rede de segurança de alta

tecnologia, a menos que se justificasse, a menos que houvesse um perigo muito real para eles.

Seu relacionamento e o de Donovan era tão novo. Ainda crescendo e se aprofundando.

Ainda tinham um longo caminho a percorrer. Muito a descobrir sobre o outro, e a deixava

desconfortável imaginar perdê-lo depois de encontrar tal milagre.

— Você nos terá quando os caras estiverem fora, — Shea disse, tomando a mão de Rachel e

apertando. — Nós cerramos fileiras quando eles saem em uma missão. E é raro quando todos eles

se vão, ao mesmo tempo. Sam tem uma regra sobre todos os irmãos estarem em uma missão.

Claro que ao longo dos anos, tem havido exceções. Mas, quando possível, alguns ficam para trás

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de modo que não estejamos sozinhas. E nós ficamos juntas. Nós não somos apenas cunhadas.

Somos amigas. E gostaríamos de ser suas amigas também, Eve. Donovan significa muito para

todos nós, e estamos muito felizes que ele encontrou a mulher que vai fazê-lo feliz.

Eve não perdeu o aviso sutil na voz de Shea ou a concordância espelhada nos rostos das

outras mulheres. Aceitaram-na, mas também estavam avisando-a para não quebrar o coração de

Donovan.

— Obrigada, — disse Eve novamente. — Eu me sinto muito feliz por ter encontrado

Donovan. Por ter encontrado todos vocês. Significa o mundo para mim que estejam todos tão

receptivos a Travis e Cammie. Eles são minha família. Até agora, a minha única família. Eu quero

que eles tenham uma vida melhor do que eu posso fornecer-lhes. Eles merecem mais do que eu

posso dar.

— Isso não é verdade, — Travis disse ferozmente.

Eve o silenciou com um sorriso gentil.

— É verdade, Trav. Nós não seríamos capazes de fugir para sempre. Nós precisávamos... De

ajuda. E agora nós temos isso.

Donovan colocou seu outro braço em volta de Eve e a puxou para mais perto, roçando um

beijo sobre sua testa.

— Sim, você tem querida. Você tem todos nós. Eu quero que você se lembre disso a

qualquer momento em que ficar com medo ou preocupada. Há um inferno de muitos de nós que

vão estar aqui por você. Sem perguntas. Sem condições.

— Então temos um encontro amanhã? — Sarah perguntou. — Momento garotas e um

encontro de brincar para Charlotte e Cammie — Ela virou-se para Travis. — E quanto a você?

Gostaria de vir?

Travis pareceu incerto. Ele olhou para Eve e, em seguida, para Donovan, como se pedindo

ajuda.

Donovan riu.

— Que tal Travis e eu passarmos um tempo com os rapazes e deixar as meninas fazerem

suas coisas?

Travis pareceu aliviado e assentiu em concordância.

Rachel revirou os olhos.

— Isso significa que os maridos provavelmente vão se envolver, e não há como dizer o que

eles vão traçar quando não estivermos por perto.

— Nós? — Donovan perguntou inocentemente. — Não faríamos tal coisa.

Sophie bufou.

— Seja como for, Van. Okay, temos que ir embora rápido. Nós só queríamos parar e dizer

Olá a Eve e nos apresentarmos. Não podíamos deixar Garrett continuar sendo presunçoso que ele

foi o único a conhecê-los, além de Joe.

— Foi muito bom conhecê-las, — Eve disse com sinceridade. — Estou ansiosa para amanhã.

Todas as mulheres se despediram e Charlotte deu a Cammie um grande abraço antes de

correr de volta para a mãe para pegar sua mão.

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— Você senhoras tenham cuidado ao voltarem, — Donovan advertiu.

— Oh meu Deus, Van. É uma caminhada de dois minutos pelo gramado! — Sarah disse. —

Estou certa de que podemos ir tão longe, sem qualquer contratempo.

— Só quero ter certeza que minhas meninas estão cuidadas, — Donovan disse com um

sorriso.

Todas elas sopraram-lhe beijos, disseram um último adeus a Eve, Travis e Cammie e

desapareceram pela porta da frente.

Quando Donovan voltou, após acompanhá-las até a porta, derrubou Eve no sofá com ele.

Cammie prontamente se arrastou de volta entre eles e retomou a sua posição, se aconchegando

ao lado de Donovan.

— Bem? O que você achou das esposas? — Ele perguntou.

— Eu gostei delas, — Eve respondeu. — Elas são agradáveis.

Donovan assentiu.

— São as melhores. Não há melhores mulheres em qualquer lugar. Ferozes. Lutadoras. Leais

até os ossos. Elas vão ser boas amigas para você, Eve.

— Espero que sim — disse Eve melancolicamente. — Mas Donovan, o que dizer de Shea? O

que foi aquilo? Sua comunicação com Nathan. — Ela balançou a cabeça em confusão.

Donovan riu.

— É uma longa história, que eu vou ter que contar algum dia. A versão condensada é que

Shea é uma empata telepática. Ela e Nathan podem se comunicar telepaticamente. Eu sei que

parece loucura, mas Shea e sua irmã Grace têm habilidades extraordinárias.

— Uau! — Eve murmurou. — Vocês certamente não levam vidas chatas.

Cammie bocejou e Travis caminhou até o sofá, baixando seus braços para pegá-la.

— Pronta para a cama? — Travis perguntou a Cammie. — Eu vou deitá-la e me deitar. Estou

muito cansado.

Cammie ergueu os braços para Travis pegá-la, mas Donovan levantou-se, erguendo-a nos

próprios braços.

— Você não deveria levá-la, no entanto, — Donovan advertiu. — Vou levá-la para o seu

quarto e colocá-la na cama. Você pode deitar com ela depois.

Eve os viu partir, uma dor florescendo em seu peito enquanto observava Donovan conduzir

Travis e Cammie para a cama. Assim como um pai com o dever de colocá-los para dormir. O futuro

passou diante de seus olhos. Donovan colocando seus próprios filhos para dormir. Noites

aconchegantes no sofá assistindo filmes e simplesmente estando... Juntos.

Ela fechou os olhos, saboreando a sensação maravilhosa que a esperança para o futuro

trouxe consigo. Não importa o quanto fosse improvável, ela iria gostar de tal futuro. Ele ainda não

parou a bobina instantânea de esperança que aqueceu suas veias. E considerou brevemente que

poderia estar se comprometendo - e a Cammie e Travis - a uma dor muito pior do que a infligida

por seu padrasto.

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Capítulo 26

Eve assistiu Donovan avançar determinado de volta para a sala de estar, um olhar contente

fixo no rosto, como se tivesse encontrado prazer na simples tarefa de colocar Cammie na cama

com Travis. Ele incutiu uma onda feroz de desejo profundo em seu interior, em lugares que ela

não pensava em muito tempo. Ele deu isso a ela. Esperança para o melhor. Para o futuro. O futuro

deles.

Enquanto se aproximava, ele não se sentou no sofá com ela como ela poderia ter esperado.

Ao contrário, ele se deteve onde estava aninhada confortavelmente e simplesmente estendeu a

mão para ela, a palma para cima, convidando-a a segurar. Os olhos eram quentes com carinho. Ela

gostava de pensar que era amor. Mas sabia que era muito cedo para isso, mesmo quando se

reconhecia solidamente apaixonada por ele. Mas ela sabia, ou melhor, esperava que ele se

importasse com ela. Ele disse isso. Não era como se ela estivesse fantasiando. Era só que a ideia

de assumir algo a levaria para a inevitável devastação.

— Eu não sei quanto a você, — ele disse enquanto ela deslizava a mão sobre a dele. — Mas

eu estou pronto para a cama.

Ela sorriu para ele.

— Você está cansado? Isso é muito ruim.

Ele deu-lhe um olhar que enviou um tremor através de sua barriga e até os seios, os mamilos

formando picos tensos. Mas ele também parecia satisfeito com sua jovialidade. E ela supunha que

isso o agradaria uma vez que ela não tinha sido exatamente uma bola de risos desde que se

conheceram. Mas ele estava mudando isso. Ele estava mudando-a. Um dia de cada vez. Uma hora

por vez. Cada minuto que passava com ele, ela guardava profundamente.

— Eu não disse nada sobre estar cansado. Só que eu estava pronto para ir para a cama. Com

você. O sono, no entanto, não está na agenda. Pelo menos não de imediato. Mas, mais tarde —

Ele deu um sorriso preguiçoso, os olhos brilhando com um propósito. — Oh, sim.

Um tremor delicado dançou sobre sua pele enquanto ela o deixava puxá-la para ficar de pé.

Ela deslizou contra o corpo dele, aninhando-se debaixo de seu braço. Sua força vibrou contra ela,

quente e reconfortante. Deixou escapar um suspiro de satisfação quando ele virou-a para o

quarto.

— Não está nervosa, não é? — Ele perguntou quando entraram no quarto. Ele teria sentido

sua hesitação? Aqueles pequenos nervos trêmulos sobre ela?

Ele fechou a porta silenciosamente atrás de si, proporcionando uma barreira entre eles e o

resto do mundo.

Ela balançou a cabeça e, em seguida, assentiu antes de sacudi-la mais uma vez.

Ele riu.

— Decisiva esta noite, não é?

— Isso é novo para mim, — ela desabafou.

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O sorriso dele se tornou tão quente como seus olhos e ele girou-a de modo que estavam

frente a frente, com a cabeça abaixada, seus dedos erguendo o queixo dela até encontrar seu

olhar.

— Eu sei que é, querida. Não sou propenso a esquecer do que você me deu na noite

passada. Que eu fui o seu primeiro amante. É um presente que vou guardar para sempre.

Ela corou, as bochechas ficando quentes sob o calor de seu olhar.

— Você está sensível hoje? — Ele perguntou gentilmente.

Suas bochechas inflamaram com o calor ainda mais, e ela abaixou a cabeça, puxando de seu

alcance.

Ele riu suavemente e cutucou o queixo dela de volta com um toque macio.

— Eu não perguntei para envergonhá-la. Eu só quero saber se você está pronta para o que

eu planejei.

Ela sorriu, repentinamente tímida enquanto seus pensamentos eram transmitidos no olhar

ardente.

— Eu vou sofrer com isso.

— Ah, que grande sacrifício, — disse ele, diversão piscando em seus olhos verdes. — Vou me

esforçar para não fazê-la sofrer demais.

— Oh, eu tenho certeza que você se esforçará, — ela disse, sem fôlego.

Então, o olhar dele ficou mais sério.

— Você está muito sensível, querida? Há outras maneiras de dar prazer a você, que não

requeiram a penetração.

Uau, mas ela tinha que acabar com este interminável corar cada vez que falavam

intimamente. Mas ele parecia encantado com sua timidez, o sorriso dele tão suave quanto as

palavras.

— Eu estou bem, Donovan. Verdadeiramente. E se doer muito, nós podemos parar, não

podemos?

— Certamente. Não vou fazer nada que te machuque, Eve. Nunca.

Enquanto dizia a última palavra, ele se aproximou, o calor do corpo envolvendo-a em seu

casulo macio. Passou um dedo por sua bochecha, acariciando, provocando arrepios na espinha.

Apenas seu toque. Algo tão simples como o leve toque de seus dedos e ela estava tremendo com

a necessidade. Será que seria sempre assim? Ela sempre precisaria dele, o desejaria como

desejava neste exato momento?

Talvez isso só fosse aumentar com o tempo. Se assim fosse, então ela certamente tinha

muito a antecipar. E então percebeu que pela primeira vez estava realmente pensando no futuro

em termos otimistas. Como se não tivesse aquele medo muito real de Walt, da polícia e da

realidade de ser uma criminosa procurada.

Donovan fez isso por ela. Ele deu-lhe esperança. Deu-lhe a confiança de que o seu futuro

não estava definido. Estava de fato indeciso. Poderia ser o que ela queria que fosse. E ela queria

que seu futuro fosse ficar com Donovan.

Um suspiro escapou e ele se afastou, olhando fixamente em seus olhos.

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— O que você está pensando, querida?

Ela sorriu, permitindo que a felicidade derramasse sobre suas feições.

— No futuro.

— Ah, pensamentos felizes, então, eu espero?

— Os melhores, — ela sussurrou.

Os olhos dele brilhavam de satisfação.

— Então que tal tornar esses pensamentos ainda mais felizes? Eu quero despir você. Quero

fazer amor com você mais uma vez, Eve. E hoje à noite quero que seja agradável e lento. Como eu

deveria ter feito na noite passada. Deixe-me fazer com que seja bom para você, querida. Deixe-me

dar-lhe a experiência que eu deveria ter-lhe dado na noite passada.

— Oh, Donovan, — ela suspirou. — Você não sabe? A noite passada foi perfeita. A noite

mais perfeita da minha vida. Você não pode torná-la melhor. Não é possível. A primeira vez

acontece somente uma vez, e a minha foi mais do que eu poderia ter imaginado.

Seus olhos se estreitaram e ela olhou para ele em questionamento. — Me diga que você não

se preocupou com isso o dia todo.

Para sua surpresa, ele parecia um pouco envergonhado e o desconforto registrava-se em

seus olhos.

— Isso pode ter me ocorrido algumas vezes, — ele murmurou.

Ela riu.

— Meu Deus, Donovan. Você tem que parar com a culpa por ter deflorado uma virgem. Você

não me machucou. Eu gostei muito de fazer amor com você. E se você acha que não poderá fazer

amor comigo esta noite, pode mudar de ideia.

Ele relaxou, com um sorriso encantador curvando sua boca.

— Longe de mim negar algo a minha senhora.

— Bem, — disse ela com voz rouca. — Agora, se tiramos isso do caminho, há a questão de

nós dois ainda estarmos vestidos. Pensa que pode fazer algo sobre isso?

— O último a ficar nu é a mulher do padre10, — ele desafiou.

— Isso não é justo, — ela gaguejou quando ele começou a arrancar a camisa. — As mulheres

têm muito mais para tirar do que os homens!

— Menos conversa mais despir, — disse ele enquanto começava a descer seu jeans pelas

pernas grossas.

Ela apressadamente arrancou a camisa sobre a cabeça, mexendo com as alças do sutiã ao

mesmo tempo em que estendia a mão para o zíper da calça jeans. Ela ainda não tinha saído do

denim antes de ele estar em pé na frente dela, nu, de braços cruzados sobre o peito, em

impaciência fingida.

Ela balançou a cabeça.

— Eu acho que você vai ter que me ajudar.

10 É um dito popular que funciona mais ou menos assim: São mulheres a caça de homens, onde tem menos homens do que mulheres e um dos homens é um Padre, ou seja, ele não pode casar, é casto. Então, a medida que as mulheres forem chegando vão arrumando seus pares. A última mulher que chegar só encontrará o Padre disponível, isto é, ela ficará sem par, uma vez que o Padre não pode casar, nem relacionar-se sexualmente.

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Ele deu um suspiro exagerado.

— Eu acho que posso fazer esse sacrifício.

Ela revirou os olhos quando ele a virou para soltar o sutiã. Mas não havia impaciência em

seus movimentos. Seus dedos trabalharam lentamente enquanto ele o tirava, puxando-o para

frente para deslizar as alças pelo resto do caminho para baixo dos braços. Então a virou de costas,

pegando suas mãos para que ela pudesse sair de uma perna da calça jeans que ainda permanecia

em torno do tornozelo. Depois reverentemente puxou a calcinha para baixo e deixou-a cair no

chão.

— Assim está melhor. — O olhar dele varreu para cima e para baixo de seu corpo nu. —

Muito, muito melhor, — ele murmurou enquanto inclinava a cabeça para beijá-la.

Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço, puxando-o mais perto para suas bocas se

fundirem. Não tinha certeza de quem suspirou. Talvez os dois. Mas houve uma troca áspera de ar.

Podia sentir o gosto dele em sua língua. Inalou seu cheiro, segurando e saboreando-o, antes de

finalmente soltá-lo por um breve momento antes de inalar tudo de novo.

Ele empurrou-a lentamente em direção à cama, braços tão solidamente ao seu redor como

os dela estavam envolvidos em torno dele. Era quase como dançar. Uma emoção decadente, lenta

e sedutora. Movendo-se sensualmente, sem pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo.

Ela não queria lento e sem pressa. Ela o queria com uma ferocidade que até agora era

completamente estranha para ela. Nunca tinha sentido desejo tão intenso. Agora que sua

sexualidade foi despertada, agora que ele lhe mostrou o quanto isso poderia ser bom. Intocada

pelas memórias da depravação de Walt. Ela saboreava a espiral de desejo que sussurrava através

de seu corpo, tornando-se mais urgente a cada segundo que passava.

Ele começou a deslizá-la para a cama, mas ela o puxou com ela, surpreendendo-o com a sua

força quando caiu em cima dela.

Pousaram com um salto suave, ele em cima dela, seus corpos entrelaçados, carne sobre

carne. Ela amava o contraste entre eles. As linhas duras contra as dela, muito mais suaves. Ele era

musculoso onde ela era suave. Seu corpo embalou-o, moldado a ele como se sempre tivessem se

pertencido. Duas peças interligadas do quebra-cabeça, finalmente juntas.

Ela esfregou a perna para cima e para baixo por sua coxa, quase ronronando de prazer com a

simples decadência de tocá-lo. De ser capaz de explorar seu corpo de guerreiro.

— Eu tinha toda a intenção de levar as coisas devagar e docemente, — disse ele com a voz

entrecortada. — Mas Eve, o que você faz comigo! Você me deixa louco!

— Eu quero você louco, — ela sussurrou pouco antes de afundar os dentes no lóbulo da

orelha dele e mordiscar de brincadeira. — Quero você tão louco por mim que esqueça tudo sobre

ir devagar. Quero duro e rápido, Donovan. Eu quero você.

Ele gemeu e beijou o caminho para a lateral do pescoço dela, mordiscando como ela tinha

feito, arrancando um suspiro dela com cada arranhão de seus dentes. Ele foi ainda mais abaixo,

até que chegou aos seios. Os mamilos estavam dolorosamente eretos. Implorando por sua boca,

sua língua e, sim, os dentes.

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— Donovan, por favor — ela implorou. — Estou a ponto de rastejar para fora da minha pele!

Eu preciso de você dentro de mim ou eu vou gozar agora.

Ele deslizou os dedos entre as pernas dela, testando e delicadamente sondando como se

para se assegurar de que tudo o que ela dizia era verdade. Sentiu a maciez em seus dedos, sentiu a

facilidade com que deslizou dentro de seu corpo e de volta novamente. Ela sabia que estava

pronta, mais do que pronta para ele. E se ela não o tivesse em breve, iria tomar o assunto em suas

próprias mãos e o violentar até que ele implorasse por misericórdia.

Não era ruim como ideia futura, mas ela iria esperar outra noite. Talvez até amanhã. Quando

não estivesse tão no limite que o mais leve toque iria mandá-la além. Agora só queria ser fodida

duro e rápido. Nenhuma outra maneira resolveria.

— Estou com você, querida — ele a acalmou. — Eu vou cuidar de você.

Ela assentiu em concordância, a mandíbula apertada, esticada enquanto resistia ao orgasmo

que se construiu e inchou dentro dela. Ele cuidadosamente separou suas coxas e ela quase gemeu

de impaciência. Decidindo a tomá-lo, ela abriu as pernas e rodeou-as em torno das costas dele,

instando-o para mais perto.

— Para o inferno com isso, — murmurou Donovan. — Eu não posso segurar por mais tempo

também.

— Finalmente, — ela suspirou.

Ele sorriu e, em seguida, posicionou-se entre as pernas abertas, guiando sua ereção até a

entrada de sua vagina. E então gemeu, deixando cair a testa na dela.

— Droga. — A insatisfação era evidente em sua voz.

Os olhos dela se abriram em alarme.

— O que foi?

— Esqueci a camisinha, — ele resmungou. — Merda. Dê-me um segundo, querida. Não se

mova um centímetro.

Ela sorriu quando ele mexeu apressadamente na cama e abriu a gaveta do criado mudo para

pegar um preservativo. Em dois segundos, ele enrolou o preservativo sobre a ereção rígida e

estava de volta em cima dela.

— Enrole suas pernas em volta de mim de novo, — disse ele. — Assim como antes.

Ela ansiosamente fez como ele instruiu e, em seguida, colocou os braços ao redor do

pescoço dele, ancorando-o em seu corpo enquanto ele cuidadosamente empurrava dentro dela.

Que deliciosa tortura. Polegada por polegada deliciosa, ele a consumia. Empurrando,

esticando, até que estava totalmente dentro, o corpo pressionado firmemente contra o dela.

Ela abaixou o braço, colocando o queixo dele na palma da mão. Estava rígido sob seu toque.

Dentes cerrados enquanto suor gotejava na testa.

— Por que você está nos torturando tanto, Donovan? — Ela perguntou em voz baixa. — Eu

sei o que está custando-lhe. E a mim. Não tenha medo de me machucar. Eu quero isso. Eu quero

você.

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Com um gemido agonizante, ele retirou-se e, em seguida, balançou para frente, plantando-

se com força profundamente dentro dela. Ela ofegou com a plenitude, dominada, abalada. Prazer

estilhaçando através de seu corpo, penetrante, forte e ainda assim belo.

Ele empurrou de novo, mais forte, mais profundo. Ele arqueou sobre ela, empurrando

novamente, deslizando dentro dela com facilidade, mesmo quando seu corpo se agarrou a ele

como um punho ganancioso.

Seus olhos vidrados, sua visão escurecendo enquanto o êxtase brilhava como um inferno. A

tensão enrolou, baixa e quase viciosa em sua barriga. Mas era uma sensação deliciosa. Um pouco

de dor que levou ao prazer mais alucinante que ela já experimentara em sua vida.

— Estou te machucando? — Donovan perguntou, a voz rouca e trêmula com sua própria

paixão.

— Não, sim, Deus não. Eu não sei. Mas, por favor, não pare. Estou tão perto, Donovan. Tão

perto!

— Estou com você, querida — ele disse enquanto bombeava nela novamente, balançando os

dois, a cama balançando com seus movimentos. — Vamos passar por isso juntos.

— Sim, — ela sussurrou. — Juntos.

Ela fechou os olhos, arqueando para cima, para ele, mais perto dele. Derretendo contra seu

corpo, mesmo quando o agarrou, sua âncora na violenta e repentina tempestade. O tornado a que

ela sobreviveu não tinha nada a ver com este. Ela perdeu todo o senso de si mesma. De tudo ao

seu redor, ou mesmo de onde estavam. Tudo o que podia fazer era sentir. E ela nunca queria

perder esse momento. Esta sensação. Sabia que nunca sentiria exatamente o mesmo que agora.

Seria diferente. Talvez melhor no futuro. Mas nunca assim.

E então ela se soltou de suas restrições. Simplesmente flutuou para longe, sem peso, uma

névoa sonhadora ultrapassando-a. Era como estar embriagada. Drogada. Tudo em um só. Mas se

houvesse uma droga que imitava isso, não haveria esperança para ela. Todo mundo seria viciado,

fazendo tudo o que podia para conseguir sua próxima dose. E ela estaria ali na fila.

Depois de um momento, um minuto, uma hora, não tinha ideia de quanto tempo, tornou-se

ciente do peso de Donovan pressionando-a contra o colchão. A respiração pesada contra seu

pescoço. O sentimento de leveza, saciedade em seus membros. O vazio em sua mente. E a enorme

sensação de acerto.

Paz.

Quanto tempo fazia desde que ela realmente sentiu paz? Franziu a testa enquanto tentava

reunir a energia mental para lembrar-se de quando já se sentiu assim... Segura. Amada. Ela já se

sentiu assim?

— Para o que você está balançando a cabeça, amor?

A pergunta gentil de Donovan trouxe seu foco de volta para o presente e ela o encontrou

olhando-a nos olhos, ele próprio pensativo enquanto a estudava.

Ela sorriu.

— Nada. Absolutamente nada. Eu só estava sendo fantasiosa e um pouco boba. E quem

poderia me culpar depois... Disso. Eu nem sei como chamar. Certamente não há palavras

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suficientes no idioma inglês ou qualquer outro idioma, para esse assunto, para descrever

adequadamente o que nós acabamos de ter.

Havia uma nota de melancolia, que até mesmo ela ouviu. As feições de Donovan suavizaram,

os olhos ficando ternos e muito quentes. Ele acariciou um dedo sobre sua bochecha, seu peso

ainda cobrindo-a, quente e muito reconfortante.

— Eu acho que foi maravilhoso, — ele disse simplesmente.

Ela assentiu em concordância e, em seguida, ele se levantou e retirou-se dela. Ela

estremeceu no momento em que ele a deixou para descartar o preservativo. Ela já perdeu o seu

calor. Seu toque. O vazio a deixou ansiosa mesmo com a distância curta.

Soltou um suspiro audível de alívio quando ele voltou, deslizando na cama ao seu lado e

organizando os cobertores em torno deles quando a puxou para seus braços. Aconchegou-se ao

lado dele e apoiou a cabeça em seu ombro.

Ele beijou o topo de sua cabeça, um beijo carinhoso que a deixou tonta. Eles apenas

sentiam-se... Confortáveis. Como se fossem amantes durante anos. Eles... Encaixavam-se. Eles

simplesmente se encaixavam.

Ela bocejou amplamente e deixou as pálpebras se fecharem enquanto ele acariciava a mão

para cima e para baixo em seu braço.

— Durma querida, — disse ele. — Aqui em meus braços e saiba que você está segura. Se

você sonhar hoje à noite, sonhe só comigo.

E ela o fez. Pela primeira noite em muitos e longos anos, ela dormiu livre da preocupação

constante e dos pesadelos. Lá, nos braços de Donovan, ela sonhou com a mais maravilhosa das

coisas.

Amor.

Capítulo 27

Donovan não dormiu na noite anterior, apesar do fato de que ele estava muito satisfeito e

contente. Fazer amor com Eve foi satisfatório em um nível emocional que nunca experimentara

antes. E ainda assim ele permaneceu acordado, preocupado e pensativo. Nas primeiras horas da

madrugada, pouco antes de finalmente cair no sono, com ela enrolada em seus braços, surgiu um

plano.

Agora tudo o que ele tinha a fazer era agir. E para isso era necessária a presença de seus

irmãos. A equipe de Nathan e Joe. Ele considerou brevemente chamar Steele e sua equipe, mas

Steele tinha o suficiente para se preocupar com uma esposa e a filha. Além disso, já haviam

decidido que as equipes de Nathan e Joe assumiriam as missões regularmente agora. Talvez até

mesmo funcionasse como a linha de frente com as equipes de Rio e Steele atuando mais como

apoio.

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Nenhum líder da equipe provavelmente ficaria feliz com essa avaliação, mas também não

discutiriam, porque eles tinham esposas e filhos nos quais focar agora. O resto das equipes

provavelmente também não ficariam tão contentes quanto os líderes por sentar e permitir que

outra equipe assumisse a folga deles.

Havia também o fato de que seria necessário mais tempo para trazer as outras equipes, e

Donovan não tinha o luxo do tempo. Não quando o padrasto de Eve já estava perto. Confiava na

equipe de Nathan e Joe e confiava em seus irmãos. Eles eram mais do que capazes de executar

perfeitamente o que Donovan tinha em mente.

Ele levantou-se cedo, não querendo perturbar Eve. Fez seus telefonemas na cozinha falando

baixo para que os outros não ouvissem. E então fez outra chamada. A mais importante. Ele jogou a

isca. Agora, tudo o que tinha a fazer era esperar que o alvo caísse em seu colo.

Capítulo 28

Quando Eve acordou, Donovan já tinha saído, mas afinal, ela demorou demais. Ele era

madrugador e não parecia o tipo que ficava na cama toda a manhã. Até mesmo o pensamento era

muito atraente para ela. Passar a manhã aconchegada nos braços dele? O paraíso.

Ela se esticou, sorrindo para a ligeira pontada de desconforto que a fez conhecedora de seu

corpo. Eles fizeram amor duas vezes, a segunda por iniciativa dela. Bem, mas a primeira também.

Ela estava impaciente e não queria deixá-lo torturá-la lentamente como ele planejara. A segunda

não foi mais devagar nem mais lenta do que a primeira, e ela estava sentindo os efeitos esta

manhã.

Não que ela admitisse isso para ele. Se ela sequer desse a entender que estava sensível,

como ele colocou, ele provavelmente não iria tocá-la hoje à noite e ela não teria nada disso.

Bocejou amplamente e ficou ali por mais um momento antes de finalmente empurrar-se

para fora da cama e para o chuveiro. Olhou para o relógio de cabeceira e moveu-se mais

rapidamente em direção ao banheiro. Ela e Cammie supostamente deveriam ir com as “cunhadas”

fazer compras.

Uma ocorrência perfeitamente comum. Certamente nada demais, mas ela se viu ansiando

por isto. Isso sinalizava liberdade. Normalidade. E ela queria essas coisas acima de tudo. Também

queria um lugar dentro das fileiras da família Kelly. Ela invejava as esposas com cada respiração

pelo que elas tinham. O que ela mesma queria.

Como devia ser maravilhoso fazer parte dessa família? Leal. Coesa. Todos pareciam gostar

um do outro. Será que eles nunca brigavam? Discutiam? Ficavam irritados e bravos no calor do

momento?

Ela balançou a cabeça enquanto entrava no chuveiro e deixava a água realizar a sua magia.

Alguns minutos depois, arrumou o cabelo molhado e se vestiu. Ela não tinha nenhuma

maquiagem e nunca lamentou o fato. Até agora. Queria mostrar o seu melhor para as outras

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mulheres. Era uma coisa feminina. Ninguém gostava de ser comparada a uma mulher muito mais

bonita. Mas, então, ela não notou se as outras mulheres usavam muito em termos de maquiagem.

Sarah usava maquiagem leve. Sophie usava o que parecia rímel e gloss suave. Ela não podia evocar

a memória se Shea e Rachel usavam.

Então ela riu do puro ridículo dela ponderando se as cunhadas de Donovan usaram

maquiagem para conhecê-la.

Ah, bem, talvez ela pudesse pedir o que precisava hoje. Odiava a ideia de que estava

contando com Donovan para suprir suas necessidades, de Cammie e de Travis. Mas ela era

pragmática o suficiente para saber que ela não tinha como pagar por nada. Donovan insistiu em

que usasse o cartão de crédito dele para o que ela queria. Não iria comprar muito. Apenas as

necessidades. Haveria tempo de sobra depois. Quando tivesse certeza do que era o

relacionamento deles e o que seria.

Por agora? Ela estava feliz. E isso era o suficiente. Cammie e Travis estavam felizes. Seguros.

Protegidos. Blindados. Era tudo o que ela já tinha a pedir. Era o suficiente.

Caminhou pelo corredor, olhando para o quarto onde Cammie e Travis dormiram só para

encontrar a cama vazia. Aparentemente, Eve foi a única vagabunda esta manhã. Todo mundo

estava de pé e, provavelmente, na cozinha.

Foi à busca dos outros e de fato encontrou-os na cozinha. Cammie e Travis estavam

sentados à mesa rindo. Sorrisos largos em cada rosto, os olhos brilhando de felicidade. Era uma

visão que tirou o fôlego de Eve.

Donovan estava na cozinha. Ele vestia um avental e parecia assustadoramente doméstico

para um homem forte do jeito que ele era. O avental era completamente incongruente com o que

Eve sabia que ele era. Um total fodão.

— Ah, a Bela Adormecida acordou, — Donovan disse, sorrindo quando olhou para cima e viu

Eve de pé na porta.

Eve sorriu de volta e, em seguida, foi distraída pelo grito de Cammie.

— Eve!

Ela caminhou até onde sua irmã estava sentada à mesa, quase pulando de excitação. Que

diferença poucos dias fez em sua saúde. Ela estava de volta ao normal. Seu rosto já não carregava

a tensão da doença. Seus olhos não eram tão assombrados. Ela parecia e agia exatamente como

uma criança de quatro anos de idade deveria agir. Feliz e despreocupada.

Lágrimas queimaram os cantos dos olhos de Eve e ela rapidamente piscou para afastá-las,

não querendo perturbar Cammie ou Travis. Não quando não havia absolutamente nada de errado.

Na verdade, tudo estava exatamente... Certo.

Olhou para cima para ver Donovan discretamente apontando-lhe para vir para ele. Depois

de roçar um beijo na testa de Cammie e despentear o cabelo de Travis em seu caminho, ela foi até

a cozinha, onde Donovan estava fazendo panquecas e bacon na chapa.

— Você vai deixá-los mimados, — disse Eve com diversão.

— Não, — Donovan refutou. — Além disso, eu gosto de mimá-los.

Ela sorriu, encantada com suas palavras e ações.

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Ele baixou a voz, virando para que Cammie e Travis não os ouvissem.

— Eu sei que eu disse que eu iria manter Travis comigo hoje para que você e Cammie

pudessem sair para visitar minhas cunhadas e ter o momento de garotas, mas eu preciso que ele

vá com vocês, depois de tudo.

A testa de Eve enrugou em preocupação quando viu a seriedade de seu tom.

— Tudo está bem?

Ele tocou em seu braço, apertando levemente para assegurá-la.

— Está tudo bem. É que os meus irmãos e uma das equipes se reunirão aqui comigo hoje

para falar sobre sua situação. Eu prefiro que Travis não ouça. Não quero perturbá-lo.

Eve franziu a testa, olhando para seus irmãos e depois de volta para Donovan.

— Eu entendo que não querem perturbar Cammie e Travis, mas eu não deveria estar aqui

quando você discute o seu plano de ação? Isso envolve diretamente a mim, Eve. Eu quero saber o

que você planejou.

Ele a puxou para seus braços, inclinando a cabeça para trás para que ela pudesse olhar para

ele. Seus braços estavam firmemente em torno da cintura dela, ancorando-a ao seu corpo.

— Eu quero que você coloque tudo para fora de sua mente. Não quero que você se

preocupe com nada. A única coisa que eu quero que você se concentre é em ter um dia divertido

com as minhas cunhadas e comprar o que você, Cammie e Travis precisam. Deixe isso para mim,

Eve. Não quero você preocupada com isso. Okay?

Ela queria discutir, mas sabia que ele tinha razão. Embora soubesse que o seu comando para

ela manter a mente fora disso era inútil. Como ela poderia pensar em outra coisa? Travis e

Cammie precisavam que ela fosse forte. Eles precisavam que ela não demonstrasse medo e

mostrasse confiança na capacidade de Donovan para lidar com Walt e qualquer outra complicação

que surgisse. Mas, ao mesmo tempo, essa fé cega a deixava desconfortável. Mesmo que soubesse

que podia confiar em Donovan. Ela confiava nele. Mas tinha pavor de seu padrasto e seu controle.

Seu alcance. Sua influência e poder. E a irritava não ser, de alguma forma, uma parte em qualquer

plano que Donovan tenha elaborado. Conhecimento era poder. Incerteza apenas criava mais

medo, e ela viveu com medo por muito tempo.

Donovan deu um beijo na testa dela.

— Confie em mim, Eve. Deixe-me lidar com isso. Eu não vou deixa-lo machucar você, Travis

ou Cammie. Especialmente Cammie.

Ela suspirou com relutância, mas acenou em concordância.

— Você vai me dizer depois? — Ela perguntou em voz baixa. — Mais tarde?

Ele olhou fixamente em seus olhos, os dele brilhando com sinceridade.

— Claro, Eve. Eu não vou esconder nada de você. Sem segredos. Eu quero que você confie

em mim. Você pode fazer isso?

Ela assentiu com a cabeça novamente e a expressão dele aliviou.

— Agora, volte para a mesa e coloque um sorriso para seus irmãos. Não lhes dê qualquer

razão para duvidar de você, ou de mim. Quero que vocês tenham um bom dia. Você e eles vão

adorar a minha família, assim como eles já adoram vocês.

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— Tudo bem, — ela sussurrou enquanto se afastava.

— Eve, — Donovan chamou suavemente quando ela começou a caminhar de volta para a

mesa.

Ela parou, voltando-se para olhar para ele.

— Vai ficar tudo bem. Eu sei que estou pedindo muito, mas confie em mim.

Mais uma vez ela balançou a cabeça e, em seguida, virou-se para seu irmão e irmã.

O café da manhã foi agradável enquanto Cammie mantinha um fluxo constante de conversas

sobre sua emoção em ir para a casa de Charlotte e brincar com os brinquedos dela.

Travis não expressou desapontamento com o fato de que agora ele iria acompanhar suas

irmãs. O entusiasmo de Cammie era contagiante, e Eve podia ver o prazer de Travis com a alegria

dela. Estavam todos tão acostumados a ficar sozinhos, a depender exclusivamente um do outro,

que era desconcertante e ainda assim agradável que agora tinham outros nos quais podiam

confiar e com quem socializar.

Travis parecia tão ansioso quanto Cammie para a visita, mesmo sendo o único homem entre

as mulheres. Talvez porque ele seria o único homem. Ela sorriu por causa disso e percebeu que se

as coisas dessem certo, ele poderia fazer todas as coisas normais que adolescentes faziam. Ir para

a escola. Cobiçar as meninas. Ela encolheu-se com a ideia, mas seu irmão era um rapaz muito

bonito. E seria ainda mais bonito quando engordasse e recuperasse o peso que perdeu ao longo

dos últimos meses.

Após o café da manhã, Donovan andou com eles até a casa de Sophie, uma grande cabana

de madeira que se projetava contra o lago, assim como as outras residências que abrigavam os

irmãos dele e as esposas. Já estava quente, mas a brisa do lago era refrescante e tinha os

ingredientes de um belo dia de verão. Era fácil esquecer que poucos dias antes um furacão

devastou a área.

Aqui na bolha isolada criada pelos Kellys, o mundo lá fora era todo um universo diferente.

As mulheres já estavam reunidas na casa de Sophie, com exceção de Rachel, que tinha

telefonado dizendo que estava atrasada, porque teve que trocar os gêmeos. Sophie, rindo,

informou a Eve que os meninos de Rachel faziam tudo junto, e como resultado, deixavam Rachel e

Ethan arrebentados.

Donovan beijou Eve, fazendo-a corar de vergonha porque ele fez isso bem na frente de suas

cunhadas. Em seguida, ele abraçou Cammie e disse a Travis em um tom sério que cuidassem das

mulheres.

Mas as cunhadas de Donovan não pareceram incomodadas com o fato de que ele beijou

Eve. Na verdade todas elas pareciam encantadas, sorrisos presunçosos.

Alguns momentos depois as mulheres estavam sentadas na espaçosa sala de estar de

conceito aberto, dois laptops abertos, e Rachel entrou, parecendo aflita enquanto lutava com duas

crianças se contorcendo, uma em cada quadril. A sacola de fraldas estava pendurada atravessada

no corpo e apoiada na frente dela para que não ficasse no caminho dos bebês, mas era evidente

que ela estava prestes a perder o controle sobre um ou ambos.

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Travis correu para frente, alcançando um dos gêmeos. Rachel grata, abandonou um, e Eve

observou fascinada como Travis aconchegou o bebê em seus braços. Mas o bebê, Mason? Não

estava querendo nada disso. Ele se esforçou para cima nas mãos de Travis e estendeu a mão para

o rosto dele, os dedos sujos arranhando a boca sorridente do rapaz.

— Sinto muito, — Rachel disse em um tom ofendido. — Ele tem uma obsessão com a boca

das pessoas.

Travis riu.

— Não tem problema. Estou acostumado com crianças.

E sim, ele estava, desde que ele tinha sido o cuidador primário de Cammie por tanto tempo.

Mesmo quando a mãe de Eve estava viva, geralmente era Travis que tinha nos ombros a

responsabilidade de sua irmã mais nova. Travis estava ocupado demais se preocupando com sua

mãe para sobrecarregá-la com Cammie, e então ele a protegeu tanto quanto possível. Ele assumiu

demasiada responsabilidade para uma idade muito jovem. Era um fato que entristeceu Eve, mas

não havia nada a fazer por agora. O que foi feito foi feito. Mas no futuro...

Ela apertou o cerco contra os seus pensamentos retrógrados, determinada a não dar voz à

esperança avassaladora que borbulhava que Travis teria um futuro melhor. Um onde ele seria

capaz de ser o que ele era. Um adolescente sem responsabilidades esforçando-se para tirar boas

notas e se manter longe de problemas. Não que ela jamais esperasse qualquer problema naquele

trimestre. Ele era muito sólido. Muito responsável.

Ele era um bom garoto, não, um homem. Ele era um adulto antes do tempo, mas se Eve

conseguisse, ele reencontraria a sua infância de agora em diante.

— Parece que você está a milhões de quilômetros de distância, Eve, — Shea disse em uma

voz calma.

O olhar de Eve se virou para onde Travis estava agora, do outro lado da sala ajudando Rachel

a descarregar suas coisas e brincar com os dois meninos, agora que eles estavam fora do colo da

mãe.

— Desculpe, — disse ela em voz baixa. — Eu só estava pensando.

Seu olhar passou de Travis para onde Cammie se sentou em um canto da sala, obviamente,

designado como área para brincar. Ela e Charlotte tagarelavam como duas gralhas e agiam como

se fossem amigas há muito perdidas. Isso enviou calor através do coração de Eve, que seu irmão e

irmã encontraram aceitação nesta enorme família amorosa.

— Seja o que for, não poderia ter sido agradável, — Sarah arriscou.

Sophie se inclinou para frente, com uma expressão de preocupação.

— Tem alguma coisa te incomodando, Eve? Você pode falar com a gente, você sabe. Não

vamos trair a sua confiança.

Eve sorriu. Fiéis, todas elas. E grandes crentes na confiança. E a coisa era, Eve absolutamente

acreditava que eram de confiança. Havia algo sobre toda a família que a inspirava a acreditar nelas

e em suas intenções.

— É que Donovan trouxe Travis com Cammie e eu afinal de contas, porque ele iria se reunir

com seus irmãos e uma de suas equipes para discutir... Sobre mim. Minha situação, quero dizer. E

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apesar de ser grata que completos estranhos estarem dispostos a ajudar, eu queria, - necessito -

saber o que eles estão planejando. O que estão decidindo.

Sarah assentiu com compreensão. Shea estendeu a mão para apertar a de Eve.

— Isso é perfeitamente compreensível, — disse Shea. — Eu queria ser incluída em qualquer

conversa que lidasse com o meu futuro também!

Sophie fez um som de desgosto.

— Típicos homens. Ou melhor, os típicos homens Kelly. Eles são bons, mas o seu lema é

cercar suas mulheres em plástico-bolha e assumir todas e quaisquer ameaças no lugar delas. Se

fizessem do jeito deles, nós sempre permaneceríamos na ignorância de tudo o que poderia

prejudicar-nos. E eu os amo por isso, mas ainda assim é irritante.

Sarah riu.

— Isso resume Garrett em poucas palavras.

Shea revirou os olhos.

— Então, por que você não volta lá e exige ouvir?

Os olhos de Eve arregalaram.

— Oh, eu não poderia.

— Por que não? — Sophie desafiou, um feroz e determinado brilho em seus olhos. —

Cammie e Travis podem ficar com a gente. Eu sei que você não quer preocupá-los, mas é

igualmente óbvio que você está doente de preocupação e não vai se sentir melhor até que saiba o

que está acontecendo. Entendo que Donovan está tentando protegê-la. Mas ele não entende que

não saber é pior do que ser confrontado com qual é o plano.

Eve balançou a cabeça lentamente.

— Sim. É isso mesmo.

— Então vá, — Sarah encorajou calmamente. — Vamos ficar aqui com Cammie e Travis.

Você pode nos informar quando tivermos a luz verde para levá-los de volta.

— Mas vocês organizaram isso para mim, para nós, — Eve disse. — Foi legal da parte de

vocês, e Cammie e Travis precisam de coisas. Vestuário.

— Você também precisa, — Sophie apontou suavemente. — Mas deixe isso para nós. Nós

somos as rainhas de compras pela Internet, lembra-se?

Shea deu uma cotovelada em Sophie.

— Esse é meu título, muito obrigada.

Sarah riu.

— De qualquer forma, vamos cuidar do que é essencial. Temos os tamanhos. Shea e Sophie

têm excelentes gostos em roupas. E vamos nos certificar de encontrar o que Cammie e Travis

precisam.

Eve vacilou na beira da indecisão. Mas o encorajamento e bênção que encontrou nos olhos

da outra mulher deu-lhe a coragem de fazê-lo.

— Tudo bem, — ela suspirou, empurrando-se para cima de seu poleiro no sofá. — Irei. Eu só

espero não deixá-lo com raiva de mim.

Sarah colocou a mão no braço de Eve e apertou levemente.

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— Eve, eu entendo que você não teve muita razão para colocar sua fé na espécie masculina.

Mas, acredite em mim quando eu digo isso. Donovan pode não gostar que você queira saber o que

está acontecendo. Mas ele vai entender, mesmo quando seus instintos primitivos gritarem com

ele para transportá-la de volta para sua caverna pelos cabelos, bater no peito e murmurar minha

mulher e envolvê-la no plástico-bolha que Sophie mencionou.

Shea e Sophie caíram na gargalhada. Mesmo Eve teve que rir com a imagem que Sarah

pintou.

— Mas meu ponto é, Donovan não faria mal a um fio de cabelo em sua cabeça, nem iria

machucá-la emocionalmente. Ele simplesmente não está conectado dessa forma. De todos os

homens Kelly, ele tem o maior, mais suave coração quando se trata de mulheres e crianças. Ele

cortaria o braço direito antes mesmo de intencionalmente ferir você.

Eve sorriu.

— Obrigada. Eu precisava ouvir isso, eu acho. Eu me sinto como uma tola. Eu não sou

normalmente. Eu enfrentei o meu padrasto, apesar de que no fim, me fez pouco bem. Não sou

uma mulher que só deixa as coisas acontecerem, mas os últimos meses me ensinaram muito sobre

autopreservação.

— Então vá, — Sophie incentivou. — Vamos manter o forte aqui e explicar tudo para Rachel,

se ela se liberar dos demônios gêmeos. Juro que eu não sei como uma mulher tão doce deu à luz a

desova de Satanás. A culpa deve ser de Ethan.

Isso fez todas rirem, e em seguida, veio a resposta seca de Rachel.

— Eu ouvi isso.

Eve silenciosamente agradeceu-lhes e, em seguida, dirigiu-se para a porta, olhando

rapidamente para trás para garantir que Travis e Cammie não notaram sua partida. Sophie

acenou, apontando para Travis e Cammie para assegurar a Eve que eles seriam cuidados.

Respirando fundo e erguendo os ombros, ela passou pela extensa área cultivada atrás dos

muros do complexo. O sol estava quente em sua pele, e ela inalou o ar com cheiro doce de

madressilva. Os Kellys tinham esculpido o seu próprio pequeno pedaço do céu. Não importa que

fosse um complexo de alta segurança. Eles o tornaram um lar. Ele parecia acolhedor.

Se ela olhasse para além dos campos de treinamento, área de tiro, a pista de pouso, o

heliporto e o austero edifício de pedra que era chamado de sala de guerra, o resto parecia um

bairro tranquilo de casas recém-construídas. Cada uma em sua própria maneira com impressão

digital pessoal única de cada ocupante.

Duas das casas eram cabanas de madeira, mas a casa de Nathan e Shea era uma pitoresca e

pequena construção com aparência de casa de campo. Mais distante dos outros e cercada por

árvores frondosas e arbustos floridos. Era como se eles tivessem se separado dos outros,

enquanto ainda estavam firmemente imersos nas barreiras de proteção para o mundo exterior.

Ironicamente, a casa de Donovan era algo que ela teria escolhido para si mesma se tivesse

tido a capacidade de construir a casa dos seus sonhos. Não era tão rústica na aparência como as

cabanas ocupadas pelos dois irmãos. Era mais aparência sulista, com persianas nas janelas e um

alpendre que abrangia toda a frente e envolvia em torno dos dois lados. Havia um balanço

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suspenso no teto, no lado direito e havia vasos de flores e cestas suspensas, repletas de cores

vibrantes.

Parecia acolhedora e convidativa. Não era apenas uma casa. Era um lar. O interior ainda era

austero e desprovido de coisas que normalmente pontilhavam uma casa. Enfeites. Molduras.

Lembranças. Mobiliário confortável. Então, ele mencionou que ela foi concluída recentemente.

Talvez ele simplesmente não tivesse tido tempo para ver os detalhes mais íntimos que tornaria

sua casa um lar. Ou talvez estivesse esperando a mulher certa para colocar o seu próprio selo na

casa dele.

Recriminou-se mentalmente mais uma vez sobre a direção de seus pensamentos. Quando

será que aprenderia a não se antecipar? Ela conhecia o homem por um tempo muito curto e já

estava planejando como decorar a casa deles, a casa dele.

Com um sacudir de cabeça, caminhou até a porta da cozinha. Donovan e seus irmãos

provavelmente estavam na sala e ela não queria entrar assim no meio de tudo isso. E estavam

todos presentes e contabilizados, a julgar pelo número de veículos estacionados em frente.

Não, ela entraria pela cozinha e deslizaria pelo caminho para a sala de estar. E iria inserir-se

em qualquer plano que Donovan estivesse elaborando.

Calmamente abriu a porta da cozinha e entrou, tomando cuidado para não fazer barulho

quando a fechou atrás de si. Ao longe, ouviu o murmúrio de conversa e fez uma pausa, reunindo

coragem para invadir descaradamente a sessão de planejamento.

— Idiota, — ela murmurou.

Ela certamente não tivera quaisquer problemas quando marchou para a delegacia de polícia,

não uma, mas duas vezes, e exigiu uma ação em nome de sua mãe. Ela enfrentou Walt uma e

outra vez, mesmo que o resultado fosse punição rápida. Mas ela não havia permitido que a

detivesse. Por que estava sendo covarde agora?

Porque estava apaixonada por ele e não queria fazer nada para deixá-lo irritado com ela.

Era um motivo ridículo, e se esse era o caminho para que as coisas funcionassem no

relacionamento deles daqui para frente, ela precisava seriamente de um chute na cabeça. Não

ficaria na ponta dos pés pela vida preocupando-se com tudo que fizesse que o irritaria.

Tendo repreendido sua tolice, partiu em direção à sala de estar, os murmúrios cada vez mais

altos, enquanto ela se aproximava.

Mas o que ela ouviu quando se aproximou a deteve em seu trajeto.

— Nós ligaremos e marcaremos um encontro com Walt, — disse Donovan, presumivelmente

para os ocupantes da sala. — Balançaremos Eve na frente dele. Esperemos que a sua necessidade

de vingança seja tal que ele aceitará levá-la e não se concentrará em Cammie e Travis. Eu amo

essas crianças e o bastardo não conseguirá colocar as mãos sobre elas nunca mais.

A boca de Eve se abriu e ela balançou a cabeça, certa de que não ouvira corretamente. Seu

coração batia forte e se repreendeu imediatamente por tirar conclusões precipitadas.

Obviamente, ela não ouviu direito. Marcharia para lá e chegaria ao fundo disto imediatamente.

Então colocaria sua idiotice para descansar.

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Mas, ainda assim, uma mão gelada apertou o seu coração com as próximas palavras de

Donovan, uma sensação oleosa e doentia serpenteava pelo caminho através de suas veias.

— Ela é altamente instável. Um perigo para si mesma e aquelas crianças. Walt irá satisfazer-

se com ela. Tenho certeza disso. Ele, obviamente, é um maníaco por controle e tem um ego do

tamanho do Texas. Ele vai querer puni-la por desafiá-lo e desmantelar seus planos.

— E o que você pretende dizer a Cammie e Travis sobre tudo isso? — Alguém perguntou. Ela

não conseguia identificar a voz. Talvez fosse alguém que ela ainda não conhecia.

— Eles não vão saber, — Donovan cortou. — Eles nunca saberão. Não há necessidade. Eu

vou cuidar deles. Eles são meus agora e eu morrerei antes mesmo de permitir que o dano chegue

a eles. Física ou mentalmente.

Eve ficou ali atordoada pela conversa se desdobrando a apenas alguns metros de distância.

Não. Não! Não podia ser. Náuseas brotaram, afiadas e esmagadoras em seu estômago. A bílis

subiu em sua garganta quando ela rapidamente se afastou, querendo apenas estar longe de tanta

dor. Cada palavra, como uma faca, cortando-a em pedaços pequenos, até não sobrar nada.

Nenhum coração. Nenhuma alma. Nada.

Mãos trêmulas, ela conseguiu correr de volta pela porta da cozinha, sugando bocados de ar

fresco. O interior estava sufocante. Ela parou de respirar no momento em que ouviu as frias e

cruéis palavras de Donovan.

Ele não podia estar falando sério. Não podia! Ele acabaria entregando-a para seu padrasto

depois de tudo que ela lhe disse? Depois de tudo o que ela tinha compartilhado?

Mas ela ouviu. Mesmo depois de negar a si mesma, ela ouviu corretamente. As palavras não

poderiam ter sido mais claras. Não era de admirar que ele não a quisesse, Travis ou Cammie aqui.

Ele não iria querer que qualquer um deles ouvisse o que ele estava tramando atualmente com os

irmãos. A equipe dele. As pessoas que ela achava que eram tão amáveis e generosas. As pessoas

com que ela pensou ter encontrado um futuro. Um lar.

Ela correu de volta para a casa de Sophie, tomando a rota mais longa, menos direta, para

que não passasse na frente da casa de Donovan. Assim, ninguém iria vê-la de dentro.

Suas lágrimas ameaçaram cair. Ainda não. Ela estava muito entorpecida. Muito arrasada.

Mas em breve. Ela sabia que viriam. Como não poderiam?

Oh Deus. Oh Deus. O que deveria fazer? Sentia-se como o pior tipo de idiota por ignorar suas

dúvidas. Por não confiar em seus instintos quando gritaram com ela para que largasse tudo,

corresse e continuasse fugindo. Ela foi confiante, idiota e ingênua. E ela sabia melhor. Ela sabia!

E ela ainda foi contra tudo o que sentiu que fosse a escolha certa. Ela não confiou em seus

instintos e, em vez disso confiou nele. Quando prometeu não cometer o erro de confiar nas

pessoas erradas. Sabia que isso só iria levar a um desastre, e estava certa!

As palavras das cunhadas dele flutuaram de volta para ela. As mesmas palavras que ouvira

de outras pessoas desde que chegou a este lugar. Donovan tinha fraqueza por mulheres e

crianças. Mas especialmente crianças. A declaração foi sempre qualificada por esse adendo.

Especialmente crianças.

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Ele não estava apaixonado por ela. Ele não se importava com ela. Ele amava Cammie e

Travis. Ele se preocupava com eles. Ele queria proteger a eles. Eve era apenas a bagagem extra.

Ele queria uma família. Crianças. Mas ele não a queria. E isso doeu mais do que ela deveria

ter permitido que doesse.

Lágrimas queimaram onde antes estivera entorpecida demais para sentir, para absorver o

choque rápido de dor e devastação que varreu sobre ela enquanto Donovan calmamente tramava

sua queda. Como facilmente ela caíra em suas mãos. Fácil. Tão fácil. Tinha-lhe dado tudo. Ela

própria. Sua confiança. Sua virgindade.

Seu amor.

E tudo o que ele queria dela eram as crianças.

Ela fechou os olhos quando alcançou a porta da casa de Sophie, muito desfeita para

simplesmente entrar e fingir que nada tinha acontecido. Que seu mundo não tinha saído do eixo e

deixou destruição em seu rastro.

Ela pensou sobre cada encontro com Donovan. Era sempre sobre as crianças. Sua

preocupação fora para eles em primeiro lugar. Eve era apenas dano colateral. Alguém com quem

ele tinha de lidar a fim de garantir o futuro de Cammie e Travis.

O que ela deveria fazer?

Seu primeiro pensamento foi fugir. Pegar Cammie e Travis e fugir para tão longe e tão rápido

quanto podia e nunca parar de novo. Nunca confiar em outra alma. Mas...

Ela inclinou a cabeça, tentando obter o controle de suas emoções turbulentas. Eles não

podiam vê-la assim. Eles saberiam. Cammie e Travis saberiam. E não podia deixá-los descobrir o

que ela ouviu.

O mas era que Cammie e Travis estavam em melhor situação aqui com ele. Não importa que

tipo de bastardo ele fora com ela, por sacrificá-la por seus irmãos. Não era isso o que ela estava

disposta a fazer? Tudo o que tivesse que fazer para garantir o futuro deles, ela estava disposta a

fazer. Mesmo que isso significasse sacrificar a si mesma.

Mas ela não podia, - não iria - voltar humildemente para Walt. Ela não se deixaria ser

entregue como um cordeiro sacrificial. Donovan protegeria Cammie e Travis. Ele pode ter traído a

confiança dela, mas ela sabia que ele não trairia a deles. Havia convicção em sua voz quando ele

falou a seus irmãos. Não havia razão para ele mentir quando ela não estava lá para ouvir. A

verdade soou em suas palavras. Ele amava Cammie e Travis. E ele não iria permitir que Walt os

levasse embora. Talvez ela fosse estúpida por acreditar em qualquer coisa boa dele, mas

acreditava sinceramente que das duas opções, Walt ou Donovan, Donovan era a melhor escolha

para seu irmão e irmã.

Mas ela não era a escolha de Donovan.

Mágoa brotou em seu coração, quase a sufocando enquanto um nó crescia na garganta.

Não podia ficar aqui. Ela tinha que partir. Mas como iria fazer isso? Quando Donovan

planejava entregá-la calmamente ao padrasto dela? Quanto tempo ela teria que se antecipar com

um plano de ação?

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E Deus, como poderia dizer adeus a sua única família? Para as duas pessoas que mais amava

no mundo, e as duas únicas pessoas que a amavam? Como poderia deixá-los com um homem que

tão insensivelmente mentiu e manipulou uma mulher que estava em seu momento mais

vulnerável?

O menor dos dois males. Era como ela tinha de olhar para o assunto. Ela sabia que Walt iria

abusar deles. Não importa o que Donovan fez para ela, não importa o quanto ele jogou com ela,

ela sabia que no fundo ele não era capaz de machucar Cammie ou Travis.

Apenas ela.

E isso doía. Deus, doía mais do que queria admitir para si mesma. Ela o amava. E ele ferrou

totalmente esse amor. Toda aquela besteira florida sobre valorizar seu presente da virgindade.

Como ele deve ter rido sobre sua ingenuidade. Mas não, mesmo em sua raiva e devastação, ela

realmente não acreditava que ele teve algum verdadeiro prazer em traí-la. Ele era cruel, sim.

Perfeitamente capaz de fazer o que fosse necessário para alcançar seu objetivo. Ela era uma

missão e ele deixou claro que quando ele assumia uma missão, ele ganhava.

Ele ganhou, tudo bem. Ele ganhou o que queria. As crianças. Sua própria família. Ele só não

queria que ela fosse uma parte dessa família.

E agora ela tinha que entrar nesta casa e fingir para a família dele, uma família que

acreditara tolamente que ela faria parte, que seu coração não estava quebrando em mil pedaços

irregulares.

Capítulo 29

— Eve! Por que você está de volta tão rapidamente? — Sophie perguntou com voz

espantada quando Eve entrou na sala de estar.

Foram necessárias todas as partículas de força que Eve possuía para se recompor o

suficiente para caminhar calmamente para a sala de estar de Sophie e agir como se nada estivesse

errado.

Eve afundou no sofá antes de suas pernas cederem ou traísse o tremor incontrolável. Reuniu

o que esperava ser um sorriso um pouco triste e envergonhado.

— Eu não poderia fazer isso, — ela mentiu. — Eu prometi confiar nele. Ele me disse que iria

me contar o plano, uma vez que estivermos sozinhos. Mais tarde. Eu quero dar essa chance a ele.

E então ela se perguntou se ele tinha planos de lhe dizer qualquer coisa. Ou ele mentiria?

Talvez tivesse sido um mal-entendido e ele explicaria tudo mais tarde.

Não seja estúpida.

Ela já estava tentando justificar as palavras dele. Ela tinha que sair disso, pensar e agir

rapidamente. Depressa.

— Onde você foi, Evie? — Travis perguntou, com o cenho franzido. — Eu a procurei e você

tinha saído.

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— Eu só precisava de um pouco de ar fresco, — ela disse a segunda mentira. — Minha

cabeça estava doendo. Talvez eu tenha exagerado ou talvez não esteja curada do galo na minha

cuca como eu pensei que estava.

Ela odiava mentir, mas precisava criar uma desculpa para não compartilhar a cama de

Donovan hoje à noite. Ela não conseguiria fazer isso. Não podia fazer amor com ele sabendo o que

ele fez, o que ele ia fazer.

E não era uma mentira completa. Sua cabeça estava latejante. Mas não da lesão.

— Eu entendo, — Sarah disse baixinho para que Travis não pudesse ouvir. — Ele vai dizer-

lhe, Eve. Donovan é um cara franco.

As outras concordaram e foi tudo o que Eve podia fazer para não gritar com elas. Para não

dizer-lhes que tudo era uma mentira. Que elas eram uma mentira. A família que ela achava que

era tudo o que ela queria era nada mais do que uma mentira.

— Sua cabeça realmente deve estar doendo — disse Rachel astutamente. — Eu posso ver a

tensão em seus olhos.

— Sim, — Eve admitiu.

Shea se sentou ao lado de Eve e apertou-lhe a mão com força.

— Eu sei que você está preocupada, Eve, mas, por favor, não fique. Tudo vai ficar bem.

Confie nisso. Esta família tem enfrentado as piores situações que você pode imaginar. E nós

sempre saímos vitoriosos.

Ah, sim, Eve poderia muito bem acreditar nisso. Cruel. Astuto. Donovan era definitivamente

um homem que era vitorioso quando definia um objetivo. Olha para a facilidade com que ele a

manipulou.

— Prefiro voltar para... — Ela quase disse casa, Mas a casa de Donovan não era sua casa. —

Prefiro voltar para a casa de Donovan e tomar algo para a dor de cabeça. Você poderia ligar com

antecedência para mim, Sophie? Eu não quero interromper. Certamente eles tiveram tempo

suficiente até agora. Basta avisá-lo que eu não estava me sentindo bem e que Cammie, Travis e eu

estamos voltando.

— Talvez fosse melhor se eles ficarem, — Rachel murmurou. — Vamos ficar alertas a eles e

você precisa de tempo para conversar com Donovan, então ele poderá diminuir seus temores.

Já abalada pelo que ela descobriu, não foi difícil para a imaginação de Eve criar cenários

ainda piores. Seria uma armadilha? As cunhadas de Donovan estavam nisso com ele? Será que

eles planejavam separá-los para que Eve fosse um alvo muito mais fácil?

O suor escorria na sua testa e a cabeça começou a latejar ainda mais violentamente.

— Não! — ela disse com veemência, e, em seguida, lamentou a explosão forte.

As outras mulheres olharam para ela com preocupação. Falsa? Ou era real? Eve não sabia

mais o que era real. E não podia se dar ao luxo de supor por mais tempo.

— Não, — ela disse em um tom mais suave, menos desafiador. — Eles vão comigo.

Tomamos o suficiente do seu dia. Talvez outro dia. Quando tudo... Isso... — Ela quase engasgou

com as palavras. —... Tiver terminado possamos nos encontrar novamente.

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— Vamos esperar ansiosas, — Sophie disse em um tom resoluto. — E Eve, não será por

muito tempo. Uma vez que eles formam um plano, sua realização é rápida. Donovan não quer

nada mais do que vocês quatro livres de preocupação e medo. Ele quer uma vida com vocês.

Eve quase implorou para ela parar. Para acabar com a tortura que era atualmente

duradoura. Cada palavra, cada mentira que atravessava seus lábios apenas torcia a faca ainda mais

fundo em seu coração.

Em vez disso, ela se levantou, orgulhosa de como estava firme em seus pés. Foi até onde

Cammie ainda estava brincando com Charlotte e estendeu a mão para baixo.

— É hora de ir, querida. Você pode ajudar Charlotte a juntar os brinquedos?

Cammie pareceu desapontada, mas ela não discutiu. Travis se aproximou e começou a

ajudar as duas meninas a arrumar os brinquedos que arrastaram para fora da caixa de madeira no

canto.

— Vou ligar para Donovan agora, — disse Sophie.

Eve dirigiu um sorriso forçado em sua direção.

— Obrigada. Vejo vocês mais tarde.

Depois de um coro de despedidas e Cammie abraçando cada uma das mulheres e Charlotte

—duas vezes — Eve saiu pela porta com Travis e Cammie bem atrás dela.

— Está tudo bem, Evie? — Travis perguntou ansiosamente. — Sua cabeça está doendo

muito?

Desta vez, o sorriso de Eve era genuíno e ela olhou para o irmão, dor cortando seu peito com

o pensamento de ser separada dele.

— Só um pouco, — disse ela. — Mas tenho certeza que vou estar muito melhor quando

voltarmos para c-casa de Donovan, — ela emendou.

Cammie deslizou sua mão na de Eve enquanto percorriam o caminho de volta para a casa de

Donovan.

— Eu gosto de Cece, — Cammie disse enquanto ela pulava feliz, o rabo de cavalo pulando

com seus movimentos.

Eve sorriu para ela.

— Eu fico feliz por isso.

— Vou poder brincar com ela de novo?

Os olhos de Cammie se encheram de ansiedade enquanto ela olhava para Eve.

Desta vez, ela não teria que mentir.

— Sim, querida. Você vai poder ver Charlotte muito mais.

— Vamos ser primas, — Cammie disse com orgulho. — Foi o que a mãe dela disse enquanto

você estava fora.

Mais uma vez a torção em seu peito, lhe roubando o fôlego.

Quando se aproximaram da casa, Eve viu vários veículos saindo do pátio de Donovan. Ou

eles tinham terminado ou o telefonema de Sophie interrompeu uma discussão mais aprofundada.

Não seria bom para Eve estar presente enquanto eles planejavam sua morte.

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Donovan saiu na frente, preocupação gravada em sua testa enquanto olhava para sua

aproximação. Sophie teria dito a ele, é claro. Que ela teve uma dor de cabeça e estava... Abatida.

Eve suspirou, reforçando-se para as horas que se seguiriam. Teria que fingir que nada estava

errado. Uma dor de cabeça simples. E uma dor de cabeça que remédio nenhum podia corrigir.

— Eve, o que há de errado, querida? — Donovan perguntou enquanto descia os degraus

para alcançá-los.

Cammie prontamente ergueu os braços para Donovan pegá-la e ele concordou, mas

posicionou-a no quadril, o olhar ainda firmemente dirigido a Eve, como se estivesse tentando tirar

os pensamentos diretamente para fora de sua cabeça.

— Apenas uma dor de cabeça, — disse ela. — Eu pensei que estava melhor. Talvez eu

exagerei.

Culpa entrou em seus olhos e ela percebeu que ele estava provavelmente se culpando pelas

duas noites de amor, logo após sua lesão.

— Entre e fique à vontade, — disse ele, apressando-a em direção à porta, Cammie ainda

empoleirada em seu quadril. — Vou te dar algo para a dor de cabeça. Está muito ruim? A visão

está turva? Náuseas ou tontura?

Ele estava deixando-a tonta com todas as perguntas e deprimida que ele conseguia

expressar uma preocupação tão meticulosa.

— Não. Eu estou bem. Realmente, — ela murmurou enquanto entravam.

Uma explosão de ar frio bateu nela e ela vacilou precariamente por um momento, incapaz

de evitar sua reação.

Ao lado dela Donovan murmurou uma maldição, e deixou Cammie deslizar de suas mãos

para ficar ao lado dele.

— Vá com Travis, querida, — ele disse a Cammie. — Eu preciso cuidar de Eve.

Cammie enviou um olhar preocupado a Eve, mas depois Travis entrou e pegou a mão dela.

— Quer um lanche? — Ele perguntou alegremente. — Vamos arranjar alguma coisa na

cozinha.

Cammie rapidamente se esqueceu de Eve e animou-se consideravelmente ao ouvir a palavra

lanche.

Donovan a conduziu até o sofá, a sentou e, em seguida, levantou os pés dela, retirando os

sapatos de lona, um dos que suas cunhadas forneceram. Ele puxou o pufe e apoiou os pés dela

para cima e, em seguida, deslizou para o sofá ao lado dela, levantando seu queixo com os dedos

para que ele pudesse olhar em seus olhos.

— Você parece cansada, — disse ele. — Quão ruim é a dor de cabeça, Eve?

Estava piorando o tempo todo. Ela não tinha que fingir muito.

— Será que comer ajuda? — Ele perguntou. — Você não comeu muito no café da manhã.

A ideia de colocar qualquer coisa em seu estômago turvo só fez o tumulto piorar. Ela

balançou a cabeça.

— Deixe-me sentar aqui no sofá por um tempo, — disse ela. — Eu vou ficar bem.

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Ele não parecia convencido, e indecisão acumulou em seu rosto. Mas, finalmente, ele

aceitou. Colocou-a deitada e posicionou um travesseiro sob a cabeça dela antes de recuperar uma

manta de um dos armários e colocá-la ao seu redor.

— Descanse um pouco, — ele murmurou antes de beijá-la na testa. — Eu cuidarei de Travis

e Cammie enquanto você dorme.

Ela fechou os olhos, sabendo que o sono não viria. Ela não o queria. Tinha muito a ponderar

e precisava ser deixada sozinha para traçar seu curso de ação. Talvez não fosse hoje o dia em que

ele planejava se desfazer dela. Mas amanhã? Como ela poderia saber?

Capítulo 30

Donovan esperou preocupado. Alguma coisa estava incomodando Eve. Ele tinha certeza

disso. Quando ela voltou da casa de Sophie estava apática, e as linhas de dor estavam gravadas em

seu rosto. Ele queria chamar Maren, mas Eve insistiu que não precisava. Ele tentou dar-lhe uma

injeção, mas ela recusou isso também.

Até ligou para Sophie novamente, exigindo saber o que aconteceu enquanto ela estava lá,

mas Sophie lhe disse apenas o que ela relatou quando ligou da primeira vez. Que Eve não estava

se sentindo bem e queria voltar para a casa de Donovan.

Ela ficou deitada no sofá a maior parte da tarde e à noite, embora ele não soubesse se ela

realmente dormia. Suas feições estavam muito tensas para ele acreditar que ela adormeceu. Ou

isso ou o seu sono foi fraturado com pesadelos.

Ele despertou-a, querendo que ela jantasse com ele, Cammie e Travis, mas ela recusou-se a

isso também. Então ela permaneceu no sofá enquanto ele teve um jantar tranquilo com as

crianças e ele acalmou Cammie quando ela perguntou o que havia de errado com Eve.

Mas ele não conseguia se acalmar.

Depois do jantar, ele colocou Cammie na cama com Travis e, em seguida, voltou para a sala

de estar para Eve.

— É hora de dormir, — disse ele com uma voz suave enquanto se sentava na beira do sofá

perto da cabeça dela. — Você acha que conseguirá dormir?

Ela parecia... Infeliz. E isso o incomodava. Mas ela balançou a cabeça e permitiu-lhe ajudá-la

a se levantar. Ele guiou-a para o quarto, e ela ficou tensa quando ele se dirigiu para a cama. Será

que ela achava que ele gostaria de fazer amor com ela? Será que achava que ele tão insensível que

iria colocar seus desejos e necessidades acima dos dela?

— Eve, você não está se sentindo bem, — disse ele gentilmente. — Eu só quero abraça-la

para que você se sentia melhor.

Ela relaxou um pouco, mas ele ainda podia sentir a rigidez de seu corpo enquanto a colocava

na cama. Tomando apenas o tempo para tirar a camisa e calça jeans, ele se arrastou para a cama

ao lado dela, alcançando-a automaticamente.

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Durante muito tempo ela ficou lá, quieta, mas ele sabia que ela não dormia. Ela se deitou na

dobra do braço dele, a cabeça apoiada em seu ombro. Mas ela olhava cegamente para o teto e

não relaxou.

Depois de duas horas, em que nenhum dos dois dormiu, ele finalmente virou-se para ela.

— Você não está descansando, — disse ele em voz baixa. — Você não está dormindo. Deixe-

me dar-lhe uma injeção, Eve. Você está com dor e não é necessário. O medicamento vai te ajudar

a dormir e tirar a dor.

Ele poderia jurar que as lágrimas brilharam em seus olhos, mas o baixo fluxo de luz do

banheiro não era o suficiente para ele ter certeza.

Sem esperar uma resposta, ele se levantou e foi até o banheiro, onde mantinha um dos kits

médicos. Preparou uma seringa e, em seguida, voltou para o quarto, onde ela não se moveu do

lugar onde a deixou.

Ela obedientemente rolou, apresentando o quadril, e uma vez que ele injetou o

medicamento, ela rolou para trás, puxando as cobertas sobre o corpo em um gesto quase

defensivo. Ele descartou a seringa e, em seguida, se arrastou de volta para a cama, a preocupação

por ela o chateando incansavelmente.

Ela relaxou um pouco enquanto a medicação tomava conta e ele a puxou para mais perto

dele, pressionando os lábios em sua testa úmida.

O que quer que estivesse preocupando-a, ele chegaria ao fundo disso amanhã. Mas então

amanhã também seria o dia em que ele arranjou o encontro com o padrasto dela. Isso tinha que

ser feito e tirado do caminho. Só então ele poderia seguir em frente com ela e provar que estava

segura. Que ele nunca permitiria que alguém a machucasse ou a seus irmãos, nem ninguém nunca

os levaria embora.

E então lhe ocorreu que, apesar de toda a sua preocupação mais cedo e por sua relutância

em deixá-lo para discutir o plano com os seus irmãos e a KGI, ela não perguntou sobre isso. Depois

de garantir a sua promessa de que ele iria contar-lhe tudo, ela não tocou no assunto uma vez

sequer.

Ele franziu o cenho na escuridão. Era com isso que ela estava se preocupando? Ou será que

ela simplesmente esqueceu, uma vez que a dor de cabeça havia tomado conta? Ou a dor de

cabeça foi o resultado de seu estresse e preocupação?

Amanhã. Amanhã ele contaria tudo a ela. Assim que o padrasto estivesse fora de cena para

sempre.

Capítulo 31

Eve foi acordada por Donovan agitando-a gentilmente. Suas pálpebras se abriram e ela

piscou para afastar os resquícios da névoa induzida pelo medicamento de sua visão. Ela não queria

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a injeção, mas reconheceu a futilidade de tentar dormir quando estava tão envolvida com sua

angústia. Ela precisava de uma cabeça clara para hoje.

— Como você está se sentindo? — Donovan perguntou, preocupado.

Ela enviou-lhe um sorriso pálido.

— Melhor.

Ela sabia que ele não acreditava nela, e não era tão boa atriz. Ele parecia relutante, mas

também sombrio e determinado. Era a determinação que a assustava. Como se, apesar de todas

as dúvidas, ele estivesse determinado a ir em frente com seu plano. Será que ela vislumbrava um

brilho de consciência naqueles olhos? Aparentemente, não o suficiente para ele adivinhar as suas

intenções.

— Eu tenho que sair por um tempo, — disse ele. — Mas estarei de volta em breve. Rusty

está vindo para ficar com você até eu voltar.

Ela não perguntou para onde ele ia. Não precisava. Medo batia um ritmo constante em seu

peito. A pulsação batia violentamente nas têmporas e ela podia sentir a dor de cabeça voltar e

com ela o desapontamento que a encheu ontem até tarde da noite.

— Tudo bem, — disse em voz baixa, o coração rompendo com cada respiração.

Ele se inclinou e beijou sua testa, deixando os lábios ali por um longo momento.

— Isso vai acabar logo, querida. Eu prometo.

Com isso, ele se afastou e se levantou da cama, caminhando em direção à porta.

Ela esperou apenas alguns momentos antes de se levantar para olhar pela janela enquanto

ele dirigia para fora do complexo. Depois se virou rapidamente para longe e foi para seu quarto

embalar suas coisas. Apenas o suficiente para carregar em uma mochila. Algumas mudas de roupa.

O pouco dinheiro que ela tinha de antes. As joias de sua mãe.

Então, foi até a cozinha, sabendo que Rusty iria aparecer em breve. Procurou papel e uma

caneta e escreveu apressadamente uma nota para Travis e Cammie. Quando terminou, com os

olhos ardendo de lágrimas, dobrou-a e foi para o quarto deles, onde ainda estavam dormindo.

Ela não ficou lá olhando para eles por muito tempo. Era muito doloroso e não queria que

eles despertassem até que ela estivesse fora. Depois de um adeus silencioso que rasgou o seu

coração direto para fora do peito, apoiou a nota na cômoda de Travis, onde ele iria vê-la, e, em

seguida, foi pegar uma das armas de Donovan que ele mantinha em uma gaveta ao lado da cama.

Capítulo 32

Rusty entrou no pátio e estacionou seu jipe ao lado da caminhonete de Donovan,

exatamente quando ele estava caminhando para fora da porta. Ele parecia sombrio e

determinado. Sua nuca arrepiou porque ela conhecia aquele olhar. Seja qual for a merda que

aconteceria hoje, era pesada.

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Não que Donovan tivesse oferecido algo na forma de informação. Ele só disse que precisava

que ela viesse e ficasse com Eve, enquanto ele cuidava dos negócios.

Rusty teve pena do coitado que Donovan tinha intenção de cuidar. Embora nenhum de seus

irmãos fosse excessivamente descritivo em seus relatos das missões que faziam, ela recolheu o

suficiente, e inferno, ela tinha olhos, sabia que um homem Kelly em uma missão era uma coisa

muito assustadora de se ver.

— Obrigado por ter vindo, Rusty, — disse Donovan. — Espero que sejam apenas algumas

horas, mas vou manter contato. Não quero que Eve se preocupe, por isso, se você puder mantê-la

ocupada e distraída eu agradeceria. Ela não estava se sentindo bem ontem. Eu acho que o estresse

está perturbando-a. Ela teve dor de cabeça e eu tive que dar-lhe uma injeção para que ela pudesse

dormir na noite passada. Deixei-a na cama, por isso não a perturbe. Eu quero que ela... Descanse.

Rusty podia ver a preocupação muito real refletida nos olhos de Donovan. Estendeu a mão

para apertar o ombro dele. Era estranho estar oferecendo-lhe conforto, uma vez que geralmente

era ele quem confortava e tranquilizava a família Kelly. Mas ele parecia precisar, e apesar de

mencionar o fato de que teve que dar uma injeção em Eve para ajudá-la a dormir, ele próprio não

parecia ter dormido.

— Eu vou cuidar das coisas aqui, — ela o assegurou. — Agora vá chutar alguns traseiros para

que Eve e os irmãos possam seguir com suas vidas.

Não, ele não ofereceria qualquer informação sobre quem e como seria sua missão hoje, mas

ela não era idiota. Ela sabia que tinha tudo a ver com o padrasto de Eve e que Donovan estaria

fazendo seu movimento em pouco tempo. Ela só desejava que pudesse estar lá para ver o chute

no traseiro seguinte.

O canto da boca de Donovan levantou em um arremedo de um sorriso, mas sua expressão

era séria e o olhar focado. Determinado. Ele não reconheceu sua declaração de que seria o

padrasto de Eve quem ele estaria cuidando, mas tampouco a refutou.

Ele bagunçou o cabelo dela e, em seguida, sem mais uma palavra, caminhou até a

caminhonete, entrou e rugiu estrada abaixo em direção à entrada principal do complexo. Rusty

assistiu até que ele desapareceu, uma nuvem de poeira levantando à sua passagem.

Eles realmente deviam considerar a pavimentação das estradas dentro do complexo.

Ela acenou com a mão na frente do rosto para limpar a nuvem de poeira que se voltara para

a casa, e, em seguida, virou-se e dirigiu-se para a porta da frente, entrando silenciosamente.

Mas quando entrou no interior da sala, ela parou em seu trajeto, olhando em estado de

choque a visão a sua frente.

Eve, com a expressão tão sombria e determinada quanto Donovan, estava a poucos metros

de distância segurando uma das pistolas de Donovan. E estava apontada diretamente para Rusty.

— Que diabos? — Rusty exigiu, raiva surgindo, suas palavras batendo no silêncio.

— Você vai me tirar deste complexo, — disse Eve com calma.

— Para que diabos?

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Havia genuína perplexidade na pergunta de Rusty. Que diabo estava acontecendo aqui? Ela

se sentia como se tivesse pisado em um universo alternativo. Teria todo o mundo enlouquecido

com ela?

— O motivo não é importante, — disse Eve, com a voz como gelo.

Seus olhos eram frios, a expressão inescrutável. Mas a arma nunca vacilou na sua mão, e isso

deixou Rusty muito nervosa.

— Um, Eve? Só para você saber, a pistola não tem trava de segurança.

Se ela pareceu nervosa, era porque ela estava. Estava apavorada pra caramba. E Rusty não

se assustava facilmente. Mas estar na frente de uma arma carregada apontada? Sim, isso a

assustava.

— Então é melhor você ter certeza que meu dedo não tem razão para puxar acidentalmente

o gatilho, — disse Eve em um tom ainda mais gelado.

Puta merda. O mundo enlouquecera. Rusty balançou a cabeça, certa de que entrou em um

sonho bizarro.

— Eu não entendo, — Rusty disse calmamente, tentando demorar. Mas como? Donovan

provavelmente ficaria fora por horas. Seus outros irmãos estariam todos com ele, como também a

equipe de Nathan e Joe com toda a probabilidade. Não havia ninguém para ajudá-la. Ninguém

para acalmar a situação. Rusty estava nela, e se ela não conseguisse fazer Eve ver a razão

rapidamente, essa seria uma situação irreparavelmente confusa.

Sem mencionar que Donovan pegaria sua bunda se ela permitisse que Eve saísse das

instalações. Com o padrasto dela ainda um imprevisível, não era seguro para Eve sair dos limites

do complexo de alta segurança. Certamente ela tinha que perceber isso.

— Tudo o que você precisa entender é que, se você não fizer exatamente o que eu disser,

vou puxar o gatilho, — disse Eve com uma voz fria que Rusty não reconheceu.

Eve era uma das mais mulheres mais gentil e de fala suave que Rusty já conhecera. Isso era

tão fora do personagem para ela que Rusty nem sabia por onde começar. Mas o que ela fizesse,

teria que fazer rápido antes que resultasse em morte. A morte dela.

— Eu sou mentalmente instável, lembre-se — Eve provocou. — Um perigo para eu mesma e

para os outros. Certamente você sabe disso. Está em todos os noticiários.

— Mentira! — Rusty estalou. — Onde estão Travis e Cammie?

Sua resposta pareceu surpreender Eve.

— Eles ficarão aqui, — disse Eve, com a voz embargada pela emoção, pela primeira vez,

desde que Rusty entrou pela porta da frente.

Aqui estava uma fraqueza que Rusty poderia explorar.

— Você simplesmente os deixaria para trás? — Ela perguntou, incrédula. — Se fizer isso,

você não é a pessoa que eu pensei que fosse, Eve.

Dor flutuou nos olhos de Eve. E mágoa. Devastação honesta e bondade. Era tão claro como

se Eve usasse um sinal na testa.

— Eu posso te ajudar, — Rusty disse em voz baixa, que esperava que fosse suave e

convincente. — Só me diga o que está acontecendo. Você tem que saber que vou fazer tudo que

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puder para ajudar. Posso chamar Donovan. Ele vai resolver isso. Seja o que for, Eve. Isso pode ser

resolvido. É o que os meus irmãos fazem.

— Não minta! — Eve exigiu, fúria envolvendo a explosão. — Não minta como todos

mentiram. Pelo menos seja honesta. Isso seria uma novidade, certamente.

Rusty enviou-lhe um olhar de confusão genuína. Ela não tinha ideia do que desencadeou

esta loucura, mas o que quer que fosse, não era bom. Só tinha de olhar para Eve para saber que

esta era uma mulher se aproximando de seu ponto de ruptura. Era só uma questão de tempo até

que ela explodisse. A menos que Rusty fosse capaz de chegar a algo rápido, tudo isso iria ladeira

abaixo muito rápido. Inferno, ele já foi.

— Você realmente deixaria Cammie e Travis? — Rusty perguntou de novo,

propositadamente fazendo seu tom suave e sem acusação.

Dor lascou através dos olhos de Eve. Inferno, doía em Rusty ver a agonia muito real na

expressão de Eve.

— Dos dois, o pai ou Donovan, quem você prefere que fique com Cammie e Travis? Eu sei

que Walt vai machucá-los. Não importa que Donovan me traiu, não acho que ele realmente seja

capaz de ferir as crianças. Ele se preocupa com elas profundamente. Eu, nem tanto, já que ele

pretende me entregar para o meu padrasto. O cordeiro sacrificial, por assim dizer, para que ele

possa proteger Cammie e Travis.

Rusty não poderia ficar mais chocada se Eve puxasse o gatilho e atirasse onde ela estava. Sua

boca se abriu enquanto olhava para Eve. Foi então que percebeu que Eve acreditava em cada

palavra que saía de sua boca. De alguma forma, ela ganhou a crença de que Donovan a traiu ou a

trairia. Como diabos Rusty iria convencê-la do contrário? Aliás, o que ela realmente sabia da

situação?

Donovan não compartilhou muito sobre Eve, ou seus sentimentos, aliás. Ele havia sido

extremamente possessivo com Cammie e Travis e, Rusty pensava, com Eve também. Ela estava tão

terrivelmente errada sobre um homem que chamava de irmão?

De jeito nenhum. O que significava que Eve teve alguma informação fodida. A pergunta era,

como ela chegou a uma conclusão tão ridícula?

Eve deu um passo para frente, com os olhos mais uma vez brilhando com determinação. Ela

ergueu a arma mais alto, apontando diretamente para o peito de Rusty. Um calafrio serpenteou

pela espinha de Rusty. Ela era boa em ler as pessoas. Era uma habilidade que a ajudou e salvou

seu traseiro em mais de uma ocasião.

E agora ela absolutamente acreditava que Eve quis dizer cada palavra do que estava

dizendo. Esta era uma mulher desesperada, fazendo escolhas desesperadas. Ela estava com a

arma para provar isso.

Merda, merda, merda. Que diabos Rusty deveria fazer?

Ela não tinha escolha. Precisava fazer como Eve pediu, ou melhor, exigiu. Era muito

arriscado. E se Eve apertasse o gatilho um pouco demais em seu esforço para convencer Rusty de

que falava sério? Mesmo que Eve não tivesse intenção de atirar em Rusty, ela poderia muito bem

fazê-lo por acidente.

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— Onde você quer que eu te leve? — Rusty perguntou derrotada.

Não houve triunfo no olhar de Eve. No sentido da vitória. Ela apenas parecia... Triste.

— Para a loja de ferragens. Eu vou deixá-la lá, mas vou precisar de seu jipe. Desculpe. Eu não

tenho escolha, — Eve disse em voz baixa.

Querido Deus, ela estava lá apontando uma arma para Rusty e ameaçando atirar, a menos

que Rusty cooperasse, e no momento seguinte estava se desculpando pelo fato de que planejava

roubar o veículo de Rusty.

Eve envolveu uma camisa sobre a mão que segurava a arma e, em seguida, fez sinal para

Rusty andar para fora da casa de volta para o jipe.

Quando chegaram do lado de fora, Eve instruiu Rusty a ir à frente, enquanto ela subia na

parte traseira e se reclinava no banco para que ninguém visse a cabeça dela. Mas ela inclinou a

arma para que ficasse apontada para o lado da cabeça de Rusty. Rusty teria de ser extremamente

cuidadosa, evitando os quebra-molas, porque certamente não iria queria que a arma

descarregasse acidentalmente.

— Certifique-se de não fazer nada para alertar qualquer pessoa quando deixarmos o portão,

— Eve disse em voz baixa, que estava cheia de propósito. — Eu sei que exames de retina são

realizados logo ao entrar, mas que tudo que você tem a fazer para sair é teclar o código chave de

seu veículo, por isso não há necessidade de descer a janela ou até mesmo fazer uma pausa. Se

você fizer isso, eu atiro. É simples assim.

Simples assim? Jesus. Rusty estava começando a se perguntar se os relatórios estavam

certos e Eve era mentalmente instável. Porque as pessoas normais não empunhavam uma arma e

faziam ameaças.

Mas uma pessoa desesperada fazia.

E tudo o que tinha levado Eve para seu atual nível de desespero tinha que ser ruim. Rusty

não era tola. Ela sabia que Eve tinha fortes sentimentos por Donovan. Mas também sabia que ela

não estava tão confiante sobre sua aceitação na família Kelly ainda. E quem poderia culpá-la? Sua

vida fora uma merda. A vida de Travis e Cammie também fora uma merda. Rusty foi rápida em

condenar Eve por abandonar os irmãos, mas era na verdade um gesto altruísta da parte de Eve.

Rusty viu a dor que inundara os olhos de Eve com a menção de deixá-los para trás. Esse tipo de

dor não podia ser falsificado. E ainda assim ela iria deixá-los. Com Donovan. Donovan, que ela

estava convencida de que os protegeria do padrasto dela.

A pergunta era: por que Eve não confiava em Donovan para protegê-la também? O que foi

que ela disse? Que Donovan a traiu?

Havia tantas perguntas para as quais Rusty queria respostas que sua cabeça estava girando.

E ela não tinha ideia de como obter essas respostas de uma mulher desesperada apontando uma

arma para sua cabeça.

Esta era uma hora em que ela desejava que Sean realmente seguisse sua rotina de vigiá-la e

estivesse ao redor. Rusty podia não ter a certeza do policial ou suas intenções. E aquele beijo tinha

certamente dado uma interpretação diferente sobre as coisas. Mas ela sabia que Sean era um

maldito bom policial com um coração muito carinhoso. Quantas vezes ele cedeu para os Kellys?

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Quantas vezes ele fez coisas que poderiam pôr em risco sua reputação e carreira na aplicação da

lei, a fim de fazer a coisa certa?

Sim, ela poderia usar Sean agora. Ele tinha a cabeça no lugar e era leal até os ossos. Ele

poderia persuadir Eve. Ela tinha certeza disso. Ele certamente acalmou Rachel em mais de uma

ocasião em que ela estava se sentindo vulnerável e perigosamente perto de um colapso nervoso.

A quebra de realidade de Eve certamente qualificava neste caso. Rusty não acreditava por

um momento que a mulher era louca ou mentalmente instável. Emocionalmente instável no

momento? Inferno, sim. Ela aparentemente foi atirada num inferno enganada pelo inesperado.

Rusty só queria saber o que diabos aconteceu naquela casa para fazer Eve recorrer a medidas tão

desesperadas.

Rusty fez o que Eve exigiu. Digitou o código e acelerou através dos portões para que as

câmeras só pegassem Rusty no jipe. Até murmurou uma advertência para Eve ficar tão abaixada

quanto pudesse. Inferno, ela era praticamente cúmplice da mulher. Talvez fosse ela quem estava

louca.

Mas ela queria ajudar, porra. E queria ganhar tempo para descobrir o que diabos estava

acontecendo na cabeça de Eve.

O trajeto para a loja de ferragens foi curto. Não estaria aberta ainda, um fato que podia

funcionar a seu favor, porque um, ela deveria estar com Eve na casa de Donovan, e dois, alguém a

notaria tão cedo e poderia questioná-la. Uma das vantagens de se viver em uma cidade pequena.

Todo mundo estava em sua grade e no seu negócio, e não seria surpresa para ela se um cidadão

preocupado chamasse Sean ou um dos Kellys para que eles soubessem que alguém estava na loja

de ferragens antes da abertura.

Ela só podia esperar.

— Estacione atrás, — Eve instruiu, como se tivesse lido os pensamentos de Rusty sobre

alguém perceber que elas estavam na loja tão cedo. — Eu não quero o jipe à vista, nem quero que

alguém me veja entrar nele.

Rusty fez o que ela mandou e deu a volta para área de carregamento, onde os caminhões de

entrega paravam à entrada para descarregar o estoque.

— Qual exatamente é o seu plano, Eve? — Rusty perguntou curiosa. — Quero dizer, você só

vai me deixar aqui?

As duas mulheres saíram, mas não antes de Rusty ver a careta de Eve e seu olhar de

arrependimento. Ela estava quase desconsolada enquanto conduzia Rusty para o interior, com

uma arma e, em seguida, instruiu-a a encontrar uma corda.

— Vou ter que amarrá-la e deixá-la atrás da registradora. Alguém vai encontrá-la em breve.

Você não terá que ficar lá por muito tempo. Mas eu não posso ter você alertando ninguém antes

de eu ter tempo para ficar o mais longe possível daqui.

Rusty derrubou um dos rolos de corda, escolhendo o tipo mais macio, que não era tão

abrasivo. Se iria ter uma temporada amarrada atrás da caixa registradora, pelo menos queria estar

o mais confortável possível.

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Ela se virou para Eve, lançando um olhar desconfiado para a arma em sua mão. Ela

condenava o fato de que as câmeras de vigilância filmariam tudo. Só mais problemas para Eve,

que já era uma criminosa procurada. Encolheu-se sabendo que havia pouco a ser feito neste

momento. Estava tudo lá em detalhes vívidos.

Por que diabos estava simpatizando com uma mulher segurando uma arma para ela?

Precisava ter sua própria cabeça examinada.

— Esvazie a registradora e pegue a bolsa de dinheiro do cofre, — Eve disse calmamente. — E

diga ao seu pai que eu sinto muito. Na verdade eu lamento. Eu não o conheci, mas ele é,

obviamente, um bom homem e não merece isso de mim. Mas eu não tenho escolha. Eu tenho que

sobreviver. Não vou voltar para o meu padrasto. Eu faria qualquer coisa no mundo para manter

Cammie e Travis seguros, mas Donovan irá protegê-los. Eu não vou ser o cordeiro sacrificial. Eu

não iria sobreviver a um dia depois que voltasse as mãos dele.

Rusty se moveu lentamente em direção a caixa registradora, abriu-a, ao mesmo tempo em

que se abaixou e abriu o cofre que continha as reservas de caixa. Dinheiro que deveria levar ao

banco esta manhã, quando ela viesse abrir a loja. Isso dizia que ela não tinha escrúpulos em dá-lo

a Eve. Havia algo em seu desespero silencioso e o fato de que ela continuava pedindo desculpas

por fazer isso a Rusty.

Seus irmãos diriam que seu coração estava muito mole e que ela não tinha senso de

autopreservação. Não era nada disso. Ela viu uma mulher completa e totalmente devastada

lutando para manter sua sanidade intacta. E para sobreviver. Porque tudo o que ela pensava, era

que estava convencida de que seria entregue ao padrasto.

Ela não tinha todas as peças do quebra-cabeça ainda, mas ouviu o suficiente de Eve para

perceber que ela acreditava que Donovan iria entregá-la ao padrasto. E manter Cammie e Travis.

Jesus, mas esta era uma bagunça completa.

Ela enfiou o dinheiro da registradora dentro do saco segurando a outra caixa e, em seguida,

cuidadosamente deslizou ao longo do balcão para Eve. E depois Eve, lamento fervendo em seus

olhos, fez um gesto para Rusty se sentar para que ela pudesse amarrá-la.

— Eve? Posso perguntar-lhe o que aconteceu? O que é isso tudo? Eu não vou brigar com

você. Você pode falar enquanto você me amarra. Mas eu mereço isso, você não acha? Eu ajudei

Travis. Eu gosto muito dele. Ele era eu quando eu tinha essa idade. Estou preocupada com ele, e

com você.

As feições de Eve ficaram tensas, raiva substituindo o arrependimento.

— Donovan tem uma fraqueza por mulheres e crianças, mas especialmente crianças, — ela

citou. Eram palavras que Rusty ouvira muitas vezes ao longo dos anos. Eram frequentemente ditas

sobre Donovan. — Neste caso, ele tem uma fraqueza por Cammie e Travis. Ele os ama. Eu acredito

nisso ou não iria deixá-los com ele, onde sei que eles estão mais seguros. Ele vai protegê-los.

Ela não disse que a fraqueza de Donovan apenas se estendia aos irmãos de Eve e não a ela, e

Rusty sabia que isso era absolutamente falso. Mas como fazer Eve enxergar isso? Que diabos deu

errado? Como ela pudera entender tão mal o irmão de Rusty? Ela não podia ver que o homem

estava apaixonado não apenas por Cammie e Travis, mas por Eve também?

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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 212

— É o que todo mundo diz, o que todos sabem, — Eve continuou antes que Rusty pudesse

protestar. — As crianças são sua fraqueza. Seu "calcanhar de Aquiles”. E eu era apenas o meio, o

dano colateral, para ele conseguir o que realmente queria. Crianças. Uma família. Uma família que

não me inclui.

Ela parou de falar, dor sufocando suas palavras, e Rusty podia vê-la lutando contra as

lágrimas com cada respiração.

— Isso é loucura! Donovan certamente a protegeria também! — Rusty disse ferozmente. —

Se você lhe desse a chance. Não são apenas aquelas crianças que ele quer, Eve. Ele quer você

também!

Eve levantou a mão depois de garantir o nó em torno dos tornozelos de Rusty.

— Não! Apenas não. Você só vai defendê-lo, e as ações dele são indefensáveis. Você iria ficar

do lado dele. Eu espero isso de você. Ele é sua família, seu irmão. Eu não sou. Sei onde se encontra

a sua lealdade e não está, não deveria estar, comigo.

— Besteira — Rusty estalou. — Eu vou ajudá-la. Tudo o que você precisar, Eve. Vamos

resolver isso. Deixe-me ajudá-la se você não vai deixar Donovan fazer isso. Mas você partir assim

não é a resposta e você sabe disso! Você está assustada. Você não quer me machucar. Tenho

certeza que não quer atirar em mim. Você fica se desculpando, por amor a Cristo. Criminosa

endurecida você não é, e certamente não é mentalmente instável. Isso é besteira e eu não

acredito nisso nem por um minuto.

A expressão de Eve ficou triste e a raiva a deixou enquanto olhava pensativamente para

Rusty.

— Mesmo que eu pensasse que eu poderia confiar em você, eu não poderia, não confiaria.

Isso a colocaria em perigo. Você está certa, Rusty. Você foi gentil com Travis e eu sempre serei

grata por isso. Você tem um bom coração, mas eu não posso deixá-la me ajudar. É muito perigoso.

Meu padrasto iria matá-la sem pensar. E como eu disse, a sua lealdade pertence a sua família. Não

a mim.

— Isso é besteira — Rusty repetiu, frustração apertando sua mandíbula até que seus dentes

doíam. — Não importa o que você pensa que sabe, de jeito nenhum Donovan iria traí-la como

você está dizendo que ele fez. De jeito nenhum! O que posso dizer para fazer você acreditar nisso?

Se não vai acreditar nele, pelo menos vai acreditar em mim? Você tem que confiar em alguém,

Eve. Ninguém pode fazer isso sozinha. Todos nós precisamos de alguém em algum momento.

Deus, eu aprendi essa lição da maneira mais difícil, e graças a Deus os Kellys foram teimosos

demais para me deixar jogar a bondade deles de volta em seus rostos.

Eve sorriu levemente enquanto enrolava a corda em volta dos pulsos de Rusty, amarrando

as mãos atrás das costas. Rusty esticou o pescoço, olhando para Eve, procurando qualquer sinal de

que ela estava conseguindo convencê-la. Deus, ela não podia deixar Eve sair por aquela porta e

seguir em direção a só Deus sabia que tipo de inferno que a aguardava.

— Desejava que Donovan fosse tão admirável quanto você em sua lealdade, — ela disse com

tristeza. — Donovan é apenas leal a sua causa e seus interesses. E, neste caso, o seu interesse está

no meu irmão e irmã. Ele é implacável. Ah, sim, ele é totalmente implacável quando se trata de

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proteger o que considera seu. Eu poderia admirar isso, se não fossem destinadas a mim e às

minhas custas. Essa é a única razão pela qual estou deixando Cammie e Travis com ele. Eu não

posso protegê-los. Deus, eu desejaria que eu pudesse. Eu faria tudo o que pudesse para garantir a

segurança e o bem-estar deles. Mas eu não posso. Você está certa de que todo mundo precisa de

alguém. E Travis e Cammie precisam dele. Eu sei que ele se preocupa com eles e que vai protegê-

los de Walt. Mesmo que ele me sacrifique no processo. E isso dói, mas é pelo menos um alívio que

ele está disposto e capaz, a cuidar deles quando eu não posso.

Ela ficou em silêncio um longo momento enquanto terminava de prender os laços em torno

das mãos e pés de Rusty. Em seguida, ela se levantou, pegando o saco de dinheiro em cima do

balcão.

Rusty estava tentando processar o discurso apaixonado de Eve. A convicção e resignação em

suas palavras. Ela não conseguia entender que inferno Donovan fez para conduzir Eve a tal ato

altruísta e desesperado. Eve estava totalmente convencida de que seria entregue ao padrasto pela

única pessoa que ela se permitiu confiar. Rusty não podia sequer imaginar a dor que Eve estava

experimentando. Verdade ou não, Eve acreditava de todo o coração, e o coração de Rusty se

partiu por esta mulher frágil que já sofreu tanto em sua vida. Isso foi, Rusty acreditava, a gota

d'água. Eve parecia totalmente derrotada. Desesperada. E resignada a um destino incerto.

— Me faça um favor, Rusty, — Eve disse com uma voz rouca misturada com lágrimas e atada

com emoção. Por um momento, ela permaneceu em silêncio, obviamente lutando com as palavras

que queria dizer. — Não deixe que Cammie e Travis esqueçam o quanto eu os amo. Nunca permita

que eles pensem que eu os deixei de bom grado. Certifique-se de que eles estão felizes e amados.

Essa é a maneira que você poderia me ajudar.

Lágrimas queimaram os olhos de Rusty enquanto Eve caminhava em direção à parte de trás

da loja. Nunca havia se sentido tão impotente. Nem mesmo quando ela era uma adolescente mal-

humorada, desesperada por sua próxima refeição e com medo de até onde teria que ir apenas

para sobreviver.

Eve estava totalmente devastada. Ela estava quebrada, derrotada e saiu com o peso do

mundo sobre os ombros. Acreditava, absolutamente acreditava, que Donovan a traiu.

Ele a teria traído? Uma sensação de desconforto se arrastou até a coluna de Rusty. Ela sabia

muito bem que Donovan podia ser cruel, como Eve acabara de dizer. Mas o quanto? Será que ele

realmente planejou sacrificar Eve, a fim de garantir a segurança de Cammie e Travis?

Ela sacudiu-se dos pensamentos e recostou-se, esticando as pernas atadas para cima em

direção ao botão que acionava um alarme silencioso. Agora não era o momento para refletir sobre

os “ses”. Não importa o que Donovan fez ou o que Eve pensava que ele fez, Rusty tinha de obter

ajuda e rápido. Não podia deixar Eve adentrar nas mãos de um monstro.

Só rezava para que Donovan já tivesse tomado conta do assunto e que o padrasto de Eve

não fosse mais uma ameaça. Porque agora Eve estava sozinha e vulnerável, e pior, ela pensava

que fora traída pelo homem em quem colocou toda a sua fé.

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Capítulo 33

Walt Breckenridge assistiu com satisfação presunçosa enquanto Eve saía pela parte de trás

da loja de ferragens e deslizou atrás do volante do jipe em que ela e a outra mulher haviam

chegado.

Ele sabia que a pequena cadela havia mentido sobre seu envolvimento com os filhos e Eve.

Ele não engolira a história boba sobre Travis trabalhar alguns dias e, em seguida, desaparecer. E

agora, Donovan Kelly arrogantemente exigia uma reunião com Walt em que ele planejava discutir

se entregava Eve para ele em troca de Walt afastar-se de Travis e Cammie.

Kelly o alimentou com uma história boba sobre como ele temia pela segurança de Travis e

Cammie. Que ele estava bem ciente da história da doença mental de Eve, que ela piorou e ele

temia, assim como Walt, que ela fosse um perigo, não só para si, mas para os outros.

Ele jogou o cartão da simpatia e comiseração com Walt sobre seus problemas com Eve e

expressou o pesar pela perda de sua esposa, agravada quando Eve saiu do fundo do poço e

sequestrou seus filhos e como ele devia estar desesperado para recuperá-los.

E sim, ele lhe ofereceu Eve, alegando que queria que ela conseguisse a ajuda que ela

precisava de seu padrasto carinhoso e que uma vez que ele estivesse certo de que Eve era cuidada

e ele soubesse que era seguro para as crianças voltarem, eles se encontrariam e ele mandaria

Travis e Cammie voltar para casa com Walt.

Lixo total e absoluto.

Será que eles pensavam que ele era um tolo? Ele pesquisou os Kellys e sua organização

benfeitora, a KGI.

Era uma armadilha, sem dúvida inspirada por mentiras e acusações de Eve. Ele não cairia

nessa e agora Eve, a cadela estúpida, caíra direto em seu colo. Ela estava tornando as coisas muito

mais fáceis do que ele mesmo imaginava. Mas ela nunca fora inteligente. Estúpida. Obstinada, mas

não inteligente. Certamente não era páreo para o seu intelecto superior. E agora ele a pegaria.

Agora ele teria o que mais queria, vingança. Ele a faria pagar por tudo o que ela fez. Ele a

internaria no manicômio e garantiria que ninguém jamais acreditasse em suas acusações

ultrajantes. Então, e somente então, ele receberia seus filhos de volta dos Kellys. Ele tinha muito

mais poder do que jamais sonhara ter. Dinheiro comprava muitos privilégios. E certamente

comprava proteção.

Eve não teria nenhuma dessas coisas, e no momento em que ele terminasse com ela, ela iria

querer nunca ter cruzado seu caminho. E ele iria ouvir um pedido de desculpas daqueles lábios,

logo antes de ela os envolver em torno de seu pênis.

Satisfeito que, por enquanto, Cammie e Travis iriam esperar, ele entrou em seu carro, o foco

em seu objetivo imediato. Eve. Uma agitação invadiu suas veias com o pensamento dela em sua

misericórdia absoluta. Ele desfrutaria de cada momento único. Eve? Bem, ele duvidava que ela

fosse gostar tanto quanto ele. Mas ela não importava. Ela nunca importou.

Ele queria que ela sofresse.

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Ele não seria tão calmo com ela como ele foi com a mãe pateticamente fraca. Sua morte fora

muito fácil. Nenhum desafio. Eve, por outro lado, provou ser um desafio maior do que ele

imaginava. Ele a subestimou uma vez. Não iria cometer o mesmo erro novamente.

Não iria matá-la, porque, como com a mãe, isso seria muito fácil. Ele queria que ela pagasse.

E pagar ela iria. Queria que ele fosse aquele que ela visse quando fechasse os olhos. Com quem ela

sonhava. E saber que não havia escapatória. Que o destino dela estava solidamente em suas mãos.

Com um sorriso satisfeito, ele saiu da área que forneceu cobertura para o veículo de aluguel

que não poderia ser rastreado até ele, e saiu atrás do jipe.

Ela estava sendo cuidadosa. Nenhum excesso de velocidade. Não, ela não gostaria de

chamar a atenção indevida para si ou correr o risco de ser parada pela polícia, o que não caberia

nos planos dele. Ele não tinha nenhum desejo de envolver a lei. Aqui não. Não onde ele não tinha

influência e poder.

Um acidente. Um veículo abandonado. Pareceria como se ela o destruiu e, em seguida,

fugiu. E então ele se encontraria com Donovan Kelly e jogaria pelas regras de Donovan. Por

enquanto. Depois que Eve fosse cuidada e estivesse em um lugar onde não seria descoberta, não

houvesse nenhum registro dela, ele retornaria para seus filhos.

Eve simplesmente desapareceria. Outra pessoa perdida no sistema. Um desaparecimento

inexplicável atribuído ao fato de que ela estava fugindo e era mentalmente doente. Os Kellys

provavelmente iriam investigar, mas nem mesmo eles seriam bem sucedidos em descobrir o

paradeiro dela.

E com ela fora de cena para sempre, não havia nada para impedir Walt de recuperar seus

filhos.

Travis também iria pagar a sua parte em ajudar Eve, mas ele seria pego pelo calcanhar com a

ameaça a Cammie. Ele não faria nada que pudesse causar-lhe dano. Nisso, ele e Eve eram iguais.

Um produto de sua fraca e negligente mãe. Mas Cammie era mais jovem e mais facilmente

moldável ao que Walt queria. E quando Travis fosse mais velho e menos controlável, bem, a

tragédia atingiria a família Breckenridge mais uma vez. Travis iria sucumbir à mesma doença

mental com que Eve fora diagnosticada. Uma característica hereditária infeliz passada a eles pela

mãe. E então ele e Cammie estariam sozinhos, e ele a moldaria na filha perfeita.

Capítulo 34

Rusty soltou um enorme suspiro de alívio quando ouviu um barulho vindo da parte traseira

da loja. A polícia teria respondido ao alarme que ela acionou, embora eles não fossem

simplesmente entrar na frente da loja, sem saber em que estavam se metendo.

— Eu estou aqui em cima — ela gritou. — Está limpo. Aqui é Rusty Kelly. Meu pai, Frank

Kelly, é dono desta loja. Estou amarrada atrás da registradora. Estou sozinha aqui.

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Ela sabia que não iriam levá-la ao pé da letra, porque, pelo que todos eles sabiam era ela

que tinha uma arma em sua cabeça e estava sendo forçada a chamá-los. Mas talvez fosse acelerar

o processo um pouco se eles pelo menos soubessem onde ela estava.

Lutou para se endireitar para que pudesse, pelo menos, enfiar-se até uma posição ereta para

que vissem que ela estava sozinha quando entrassem na área de vendas. Poderia encostar-se ao

balcão se ela conseguisse chegar lá!

Demorou consideravelmente se contorcendo e dobrando a perna para alcançar seu objetivo,

mas finalmente conseguiu içar-se, quase caindo, assim que ficou de pé. Armou-se de lado para o

balcão aparar a sua queda e estremeceu quando a beirada bateu em cheio nas costelas.

Respirando profundamente para se firmar, ela gritou novamente.

— Estou aqui e só. Estou de pé atrás da registradora.

Alguns momentos depois, Sean apareceu de trás. Ele cortou o canto acentuadamente, sua

arma levantada. Rapidamente olhou na direção de Rusty e ela viu um lampejo de alívio em seus

olhos antes que ele rapidamente fizesse uma varredura completa da área, arma ainda erguida e

agarrada firmemente na mão.

Evidentemente satisfeito que não havia perigo, ele caminhou atrás do balcão, fúria

registrando em seus olhos quando viu que ela estava de pés e mãos atados.

— Que porra é essa? — Ele rosnou. — Que diabos aconteceu, Rusty? Você se machucou?

Aquele filho da puta te machucou?

— Estou bem, — Rusty disse em uma voz calma. — Mas, Sean, preciso que você se apresse.

Eve está em um perigo terrível.

A testa de Sean franziu mesmo quando ele começou a arrancar as cordas que prendiam os

pulsos dela. Assim que as mãos estavam livres, ele ajoelhou-se e desamarrou as pernas enquanto

ela esfregava, sentindo de volta seus dedos dormentes.

Quando terminou, ele agarrou seus ombros, forçando-a a olhar diretamente para ele.

— O que aconteceu? Quero saber tudo, e não deixe faltar uma única palavra.

Ele fez uma pausa e olhou mais para ela.

— Você tem certeza que está tudo bem? Porra, Rusty. Você me assustou muito, porra!

Pensei...

Interrompeu-se com um aceno de cabeça. Como se ele tivesse falado demais ou acabaria

falando.

— É uma longa história, e só temos tempo para a versão abreviada, mas sim, eu estou bem.

Ela não me machucou.

— Ela? — Sean perguntou incrédulo.

— Eve, — Rusty murmurou, encolhendo-se com antecedência para a explosão que

certamente seguiria.

Os olhos de Sean escureceram com fúria.

— Você está me dizendo que Eve amarrou você e a deixou na loja? Como? E por quê?

Então seu olhar iluminou na caixa registradora ainda aberta e, em seguida, para o cofre que

estava aberto.

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— Não, — disse ele, balançando a cabeça. — De jeito nenhum. Ela roubou você?

— Na mira de uma arma, — Rusty murmurou.

Sean ficou pálido. Por um momento, Rusty se preocupou que ele poderia fazer algo louco

como cair no chão. Seus joelhos se dobraram e, em seguida, ele estendeu a mão para tocá-la

novamente. Passou a mão leve como pluma sobre o rosto dela, as pontas dos dedos suavemente

roçando sua bochecha.

Então ele fechou os olhos e quando os reabriu, seu olhar era assombrado e cheio de tristeza.

— Isso vai matar Van, — disse ele em voz baixa.

Rusty soltou a respiração.

— Há muita coisa que você não sabe. Inferno, que eu não sei, aliás. Mas temos que entrar

em contato com Donovan agora. Ele vai ficar louco quando ouvir esta história. Sei que ele ia lidar

com o padrasto de Eve hoje e espero o inferno que ele já tenha feito tudo o que pretendia fazer,

porque se não, Eve está em muito perigo.

O olhar de Sean se estreitou.

— Você parece muito preocupada com uma mulher que segurava uma arma para você

enquanto roubava todo o dinheiro da loja.

— É complicado, — Rusty disse com um suspiro.

— Então descomplique e me conte toda a história.

Ela deu-lhe um rápido resumo, condensando os eventos da manhã, começando com quando

entrou na casa de Donovan e encontrou Eve apontando uma arma para ela. Mas quando chegou

ao fim, ela fez uma pausa e agarrou o braço de Sean.

— Ela acha que ele a traiu, Sean. Não tenho ideia de onde diabos ela tirou essa ideia, mas

você não a viu. Você não a ouviu. E ela continuou pedindo desculpas, pelo amor de Deus! Por tirar

o meu jipe. Por roubar dinheiro de um homem que ela ainda não tinha conhecido.

— Ei, espere. Volte um minuto. Eve acha que Donovan iria entregá-la ao padrasto?

Ele parecia tão horrorizado quanto Rusty se sentiu quando ouviu as acusações de Eve.

— Ela acredita nisso, — Rusty disse calmamente. — Deus, Sean. Eu sofri por ela. Ela ficou

arrasada. Completamente derrotada. Ela o ama e ainda assim ela acha, - ela sabe - que ele a traiu.

— Isso é loucura, — Sean refutou.

— Para você e para mim, sim. Mas Sean, ela absolutamente acredita. Eu não sei o que

aconteceu para fazê-la pensar isso, mas eu vi a convicção em seus olhos. Ouvi em sua voz. Ela foi

destruída, e estava ainda mais destruída por estar deixando Travis e Cammie para trás. E ainda

assim ela confiava que Donovan iria protegê-los. Ela pensa que ela era apenas o meio de Donovan

receber o que ele realmente queria. Crianças. Uma família. Uma que não a incluía. Estou dizendo a

você, Sean. Se você pudesse ter visto e a ouvido, não estaria chateado com o que ela fez. Eu sabia

que ela não tinha intenção de atirar em mim. Eu estava mais preocupada que ela o fizesse

acidentalmente. Eu me ofereci para ajudá-la. Eu queria ajudá-la. Porque eu não suportava olhar

nos olhos dela e ver tanta dor que me tirou o fôlego. E você sabe o que ela disse?

— O que? — Sean perguntou gentilmente.

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Rusty ainda não tinha tomado conhecimento de que ele a puxou para mais perto dele e que

mesmo agora sua mão estava acariciando acima e abaixo em suas costas em um gesto de

conforto. Ela teve a ideia ridícula de que ela iria gostar se ele a puxasse para seus braços. Mas

sacudiu-se daquele momento de insanidade e reorientou para o assunto em questão.

— Ela disse que não podia, que não iria me envolver, porque era muito perigoso e ela não

queria que nada acontecesse comigo. Quando perguntei por que ela estava deixando o irmão e a

irmã, ela perguntou-me que dos dois, o padrasto ou Donovan, com quem eu preferiria que eles

estivessem? Que ela sabia que o padrasto iria machucá-los, mas ela não acreditava por um

momento que Donovan faria qualquer coisa, além de amá-los e protegê-los, mesmo que ela não

fosse incluída. Droga, Sean. Ela foi embora porque achou que Donovan iria trabalhar em um

acordo. Eve pelas crianças, e ela era apenas o dano colateral. Ela acredita nisso, com todo o seu

coração. E isso quebra o meu.

Desta vez, Sean a puxou em seus braços e abraçou-a delicadamente. Ela podia sentir sua

respiração contra o cabelo e fechou os olhos, saboreando o calor e conforto de seu corpo.

— Isso vai destruir Donovan, — Sean disse com uma voz sombria. — Há quanto tempo ela

foi embora, Rusty? Quanto de vantagem ela tem?

— Eu bati o alarme no momento em que ela me deixou. Você chegou aqui em cerca de cinco

minutos, eu diria que ela não teve muito de vantagem.

— Okay, então aqui está o que eu quero que você faça. Entre em contato com Donovan.

Descubra como contar a ele. Vou colocar um BOLO11 para o seu jipe e Eve e obter tudo que eu

puder sobre o caso para localizá-la o mais rápido possível.

— Obrigada, Sean, — ela disse suavemente.

Sua testa enrugou em confusão enquanto ela se afastava.

— Pelo quê? Por fazer o meu trabalho?

Ela balançou a cabeça.

— Por não tirar conclusões precipitadas quando descobriu o que Eve fez e por procurar por

ela em vez de obter um mandado para sua prisão.

Seus olhos se estreitaram.

— Você acha tão pouco de mim, Rusty?

Ela balançou a cabeça ainda mais inflexível.

— Não. Mas você é um policial, Sean. Seu dever seria prendê-la por um crime que ela, de

fato, cometeu. Sequestro. Assalto à mão armada. Tenho certeza de que há uma dúzia de outras

acusações que não estou sequer considerando. Outro policial não teria me ouvido e não teria

apenas aceitado o que eu disse como um fato. E teria aderido à letra da lei e a prenderiam assim

que ela fosse localizada. Você não vai fazer isso. Não até que tenha todos os fatos.

Capítulo 35

11 BOLO – Be On (the) Look Out — Estar atento a algo.

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— Eu não gosto disso, — Donovan disse severamente, enquanto observava Walt

Breckenridge se afastar de carro. Ele virou-se para os irmãos, procurando a avaliação deles. Não

pareciam mais felizes do que ele.

Tinha sido muito fácil. E Walt usara aquele sorriso presunçoso e superior e Donovan poderia

jurar que o homem estava rindo de todos eles. Ele era tão arrogante ou Donovan não conseguiu

um enorme pedaço do quebra-cabeça que faltava?

— Eu preciso ir para casa. Isso me preocupa. Eu quero fazer muita questão que Eve, Cammie

e Travis estejam seguros. Eve não estava bem quando eu a deixei, e eu esperava levar uma boa

notícia para ela hoje, para que ela não tivesse motivo para se preocupar, e agora eu não sei o que

diabos dizer a ela.

— Vamos pegá-lo, — Garrett prometeu. — Ele vai se ferrar e vamos pregar o rabo dele na

parede.

— E até lá temos que manter um olhar cuidadoso em Eve e seus irmãos, porque eu não

confio que o bastardo não vá tentar agarrá-los. Ele é muito arrogante. Ele é muito autoconfiante.

Ele acha que é intocável. Por nós. Pela lei. Qualquer um. E o imbecil provavelmente tem pelo

menos alguns policiais no bolso. Até a cadeia, se eu tivesse de adivinhar. É por isso que Eve nunca

conseguiu ajuda em nenhum lugar, quando ela foi à polícia.

— Toda a situação é um chute nas bolas, — Joe disse com uma carranca.

Ninguém de sua equipe parecia se sentir diferente.

— Ele odeia as mulheres, — Skylar observou.

Os outros se viraram para ela com surpresa.

— Eu não diria que você está errada, mas o que te faz dizer isso? — Joe perguntou a sua

companheira de equipe.

— Foi muito, muito óbvio, — Edge rosnou. — Ele estava chateado por Skylar estar aqui. Que

ela tivesse uma posição de poder. E não gostou que ela pudesse chutar o traseiro dele se ela

quisesse.

Um vislumbre de um sorriso curvou os lábios de Skylar.

— Isso resume tudo. Ele olhou para mim de cima para baixo daquela maneira superior e

quando eu não me intimidei, isso o irritou. Quando ele descobriu que eu não estava intimidada

por ele, o deixou ainda mais irritado. Ele sente que as mulheres são inferiores. A esposa dele. Eve.

Provavelmente Cammie também, embora ele tenha uma fixação com ela que não se estendeu a

esposa ou a Eve.

— Você parece uma psiquiatra, — Nathan murmurou.

Donovan sorriu. Sim, Nathan tinha problemas com a psicanálise. Havia muita gente

querendo pegar sua mente distante quando ele voltou para casa depois de meses de cativeiro e

tortura.

— Eu era psicóloga plena, — Skylar disse alegremente. — Sam sabe.

Nathan encarou seu irmão como se fosse uma traição dele contratar uma mulher para a

equipe de Nathan, que tinha uma licenciatura em psicologia.

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Sam riu.

— Eu não a contratei por causa de seu curso de psicologia. Contratei-a por sua habilidade de

chutar alguns traseiros seriamente.

— E ela pode fazer isso, — Edge defendeu.

Skylar enviou-lhe um olhar penetrante que sugeria que ela não precisava dele para defendê-

la. Os dois haviam se tornado amigos próximos, agora que se alojaram juntos. Donovan pensava

que era um excelente exemplo de estranho casal. Edge era uma montanha de homem musculoso,

tatuado, tranquilo, mas como Swanny, quando ele falava, os outros prestavam atenção.

Skylar era a sua completa antítese. Brilhante, animada. Ela tinha uma personalidade

ensolarada. Se não fosse pelo fato de que Donovan sabia em primeira mão da sua capacidade de

chutar a bunda de um homem, mesmo que ele tivesse o dobro do tamanho dela, ele a teria

chamado de alegre. Mas de alguma forma uma mulher que podia derrubar um homem em menos

de dois segundos e fazê-lo implorar por misericórdia não se qualificava como alegre.

Uma líder de torcida poderia ser uma Rambo-ette12? Porque se assim for, Skylar merecia

essa alcunha. Embora ela pudesse se sentir insultada ao saber que Donovan estava comparando-a

a uma líder de torcida. Não era um insulto, mas algumas mulheres levavam como tal. Líderes de

torcida eram realmente ótimas atletas. Elas tinham que ser para realizar as façanhas que

conseguiam.

— Então, o que vamos fazer sobre Breckenridge? — Sam perguntou, trazendo o tema de

volta para o que era mais importante. A segurança da família de Donovan.

— Ele foi muito cuidadoso em fazer qualquer coisa que possa ser percebida como um

acordo. Eve pelas crianças, — Ethan disse. — Juro que ele sabe que estávamos tentando enganá-

lo. Ele não comprou o pequeno cidadão preocupado, mas por outro lado, um pai legítimo em

perigo não teria sido tão calmo sobre concordar que Eve precisava de ajuda antes que as crianças

fossem autorizadas a voltar para casa. Que tipo de pai concorda com isso? Se fosse para valer, ele

teria ido à polícia antes e nossa bunda teria a marca de seus crachás durante uma semana.

— Exatamente, — Donovan confirmou. — Ele não quer o envolvimento da polícia. Mas ele

não fará ou dirá qualquer coisa para incriminar-se. Ele nos agradeceu por nossa preocupação e,

em seguida, concordou que obter a ajuda que Eve precisava era a primeira prioridade. Isso é

besteira. Como pai, a sua primeira preocupação deveria ter sido se certificar que seus filhos

estavam bem. Ele deveria ter exigido vê-los. E depois concordaria em fazer qualquer merda que

queríamos para que ele pudesse levá-los de volta. Ao contrário, ele sai com essa besteira "Vou

estar em contato"? Como se precisasse de tempo para pensar sobre isso?

12

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— O mais provável é que ele precise de tempo para descobrir um plano para obter tanto Eve

quantos os filhos. Punir Eve. Receber as crianças de volta sob seu polegar. Eve também, aliás, —

Garrett murmurou.

— O inferno que isso irá acontecer? — Donovan rosnou.

— Então, qual é o plano? — Perguntou Skylar.

Donovan olhou para Nathan e Joe e, em seguida, para seus companheiros de equipe,

Swanny, Edge e Skylar.

— Eu o quero sob vigilância 24 horas por dia, 7 dias por semana. Não quero que ele mije sem

nosso conhecimento. Telefonemas monitorados, grampos, dispositivos de rastreamento. Todos os

nossos recursos. E eu quero isso para ontem. Encontrem o filho da puta e certifiquem-se que

estejamos tão em cima dele que ele poderá sentir o que Eu comi no café da manhã.

— Acho que devemos nos encontrar na casa da Mamãe, — disse Sam.

— Por que diabos? — Ethan perguntou.

— Por que o complexo está seguro. Mamãe e Papai ainda vivem fora. Eu quero deixar claro

que eles sabem a situação e que eles estão protegidos. Até que eles se mudem para dentro do

complexo, serão um alvo para qualquer pessoa que queira nos atacar. Podemos nos encontrar lá e

traçar o nosso próximo passo. Nem mesmo alguém tão arrogante como Walt tentaria fazer um

movimento em uma casa cheia de policiais e a KGI. Mas você pode apostar que ele já está

tentando descobrir nossas fraquezas. E Mamãe e Papai são os pontos mais fracos, porque nós

faríamos qualquer coisa para evitar que os danos cheguem a eles. Então, sim, vamos nos

encontrar lá, certificar que há uma abundância de proteção. A equipe de Nathan e Joe pode se

concentrar em Breckenridge.

— Concordo com Sam, — disse Donovan. — Vou pegar Eve, Cammie e Travis. Sam, você

acha que Soph se importaria se Cammie ficasse com ela? Travis é velho o suficiente e ele merece

saber o que está acontecendo e o que estamos enfrentando. Cammie, no entanto, é muito jovem

para entender e eu não a quero assustada. Precisamos explicar tudo para Eve e Travis. Prometi a

Eve que eu diria a ela o que foi decidido ontem, mas ela não estava se sentindo bem. Ela está

começando a perder o controle. O estresse e o medo estão cobrando seu preço e isso me irrita.

Sam franziu a testa como se apenas lembrando que as esposas estavam no complexo,

sozinhas. Alta segurança ou não, ele não gostava da ideia e, a julgar pelos olhares nos rostos dos

irmãos de Donovan, eles chegaram a mesma conclusão.

— Vou chamar Steele, Cole e PJ. Peça-lhes para ficar com as mulheres dentro do complexo,

— Sam disse. — Se Dolphin, Baker e Renshaw estiverem próximos, eles podem vir também, mas

eu sei que Cole e PJ podem estar lá em meia hora.

— Boa ideia, — Garrett disse com a voz sombria. — Eu não gosto de deixá-las sozinhas, mas

não as quero misturadas neste clusterfuck13. Já é ruim o suficiente que Mamãe e Papai vão estar

no meio de tudo isso.

— Assim que os mudarmos para o complexo, todos nós poderemos respirar mais fácil, —

Ethan comentou.

13 Termo militar para operação em que muitas coisas dão errado.

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Os outros assentiram em concordância.

— Você pode deixar Rusty junto também, — Nathan disse, divertido. — Ela tem um

interesse pessoal nisso e vai encontrar uma maneira de vir, nós deixando ou não. Ela não vai ficar

parada com as esposas sob sete chaves.

Donovan riu.

— Sim, eu vou deixá-la vir também. Ela gosta de Eve e Travis. E eles gostam dela. Hoje vai ser

bastante estressante. Rusty pode proporcionar uma distração para eles, se nada mais.

Joe bufou.

— Como se você tivesse escolha.

— Vamos andando, — Nathan disse com sua voz de comando.

Donovan estava orgulhoso do longo caminho que Nathan havia percorrido. Ele amadureceu

mais rápido do que deveria. Quando ele ainda estava no exército, em uma série de maneiras, ele e

Joe eram como crianças arrogantes. Mas, então, Nathan fora capturado e listado como MIA14,

enquanto Joe recebeu um tiro que quebrou sua perna.

Foi no final de sua turnê, pouco antes de eles se desligarem e ir trabalhar com os irmãos na

KGI. Houve momentos em que Donovan se perguntou se eles nunca conseguiriam Nathan de

volta. Verdadeiramente de volta.

Mas ali estava ele. Ele e Joe, os dois. Comandando sua própria equipe, e em muito boa

aparência. Assumindo. Rio e Steele eram difíceis de seguir, mas Nathan e Joe em breve dariam a

ambos os líderes de equipe um funcionamento para seu dinheiro.

— Ninguém mais atende seus malditos telefones?

Donovan se virou para ver Sean Cameron entrar a passos largos no restaurante onde

combinaram de se encontrar com Walt Breckenridge. O olhar no rosto de Sean fez o sangue de

Donovan correr frio em suas veias. Seus irmãos ficaram atentos, todos eles tensos e prontos para

explodir em ação.

— Temos grandes problemas, — Sean disse laconicamente. — Vocês cuidaram de

Breckenridge? Ele está fora de ação?

— Não, — disse Donovan cuidadosamente, o medo batendo nele diretamente no intestino.

— Nem um pouco. Qual é o problema?

— Eve é o problema, — Sean falou seco. — Ela apontou uma arma para Rusty quando ela

chegou à sua casa. Obrigou-a a levá-la do complexo para a loja de ferragens, onde fez Rusty

esvaziar a registradora e o cofre. Então, amarrou-a e deixou-a atrás do balcão e levou o jipe de

Rusty. Ah, e deixou Travis e Cammie na sua casa.

Capítulo 36

14 Missing In Action. Desaparecido Em Ação.

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Travis leu a carta que Eve deixou sobre a cômoda em descrença absoluta. Suas mãos

tremiam violentamente e deu graças a Deus por Cammie ainda estar dormindo. O que eles iriam

fazer? Eve os deixou. Ele não acreditou nem por um minuto que ela insensivelmente os

abandonou. Também não acreditou nas mentiras que ela escreveu, que eles estavam em melhor

situação com Donovan e que ela não queria que se preocupassem com ela.

Era um adeus. O tom definitivo – e a tristeza - das palavras na nota incutiam tristeza doendo

em seu coração. Ele estava com medo por ela. E se seu pai a encontrasse? E se ele já a tivesse

encontrado? O pensamento enviou um frio até os ossos através de seu corpo.

Aqui, ela estava protegida. Donovan não permitiria que nada acontecesse com ela. O que

aconteceu para fazê-la fugir sozinha?

Ele sabia que ela estava protegendo a ele e Cammie, exatamente como ela sempre fez. Mas

por que partir? Não fazia sentido. O que a levara a esse ato de desespero? O que ela sabia que ele

não sabia? O que ela não lhe disse?

Rusty estourou através da porta logo em seguida, o olhar indo para a cama. Então ela fez

uma careta quando compreendeu a expressão de Travis e a nota que ele tinha na mão.

— Você sabe, — ela murmurou.

— O que você sabe? — Travis exigiu. — Você sabe onde ela está, Rusty?

Rusty suspirou.

— Não, eu sinto muito, eu não sei. Mas nós vamos encontrá-la, Travis. Juro que vamos

encontrá-la. Sean está informando Donovan. Acredite em mim quando eu digo que os meus

irmãos em uma missão é um espetáculo assustador.

— Eu não entendo, — disse Travis, permitindo que a frustração vazasse no tom. Ele mal

estava conseguindo mantê-la sob controle. Ele estava com medo. Mais assustado do que quando

eram apenas os três em fuga, sempre olhando por cima dos ombros e preocupados que seriam

descobertos a qualquer momento.

Mas eles estavam juntos. E agora Eve estava onde somente Deus sabia, e ele e Cammie

apenas deveriam ficar aqui com Donovan e ter uma vida feliz quando Eve não estava ao lado

deles.

Para o inferno com isso. Se isso era o que os comprava segurança, então ele não queria. Ele

preferia correr todos os riscos - com Eve - com sua família intacta, mesmo que isso significasse

fugir para o resto de suas vidas.

Rusty colocou a mão em seu ombro, como se estivesse sentindo a turbulência de seus

pensamentos.

— Vamos encontrá-la, Travis.

Ele olhou friamente para ela, exatamente quando Cammie se mexeu e chamou baixinho.

— Trav?

Travis olhou fixamente para Rusty, dizendo-lhe sem palavras para não contar a Cammie o

que estava acontecendo. Se Travis conseguisse, Cammie nunca saberia. Eve seria encontrada.

Desculpas seriam dadas para sua ausência. Mas ela não saberia que a irmã os deixou aos cuidados

de Donovan e fugiu.

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Travis ainda não entendia nada disso. Ele estava doente até a alma e condenava Walt

Breckenridge com cada respiração em seu corpo. Sentia-se mal que ele fosse do sangue de seu

pai. Que compartilhasse esse vínculo. Como ele poderia ter vindo de um monstro, e o que isso o

tornava?

Não, ele nunca seria como ele. Ele morreria primeiro. Nunca iria ferir os outros como o pai

ferira.

Travis foi até a cama, assim que o telefone celular de Rusty tocou. Quando ela atendeu, seus

olhos se arregalaram de surpresa. Em seguida, ela apenas disse:

— Okay, vamos estar prontos.

Travis pegou Cammie, olhando para Rusty em silencioso questionamento.

— Nathan e Swanny estão a caminho para nos pegar, — Rusty explicou calmamente. — Você

se lembra deles. — Então seu olhar se desviou na direção de Cammie e depois voltou para Travis

em comunicação silenciosa.

Por mais que frustrava Travis não exigir informações, para saber o que diabos estava

acontecendo e se sua irmã foi encontrada, ele não iria traumatizar Cammie assim.

Rusty andou e sorriu para Cammie.

— O que você acha de eu ajudá-la a se vestir? Nathan e Swanny estão a caminho para nos

pegar e vamos para a casa dos meus pais. Seus avós, — disse ela, ressaltando que eles devem ser

considerados avó e avô de Travis e Cammie.

Lágrimas queimaram nos olhos de Travis, porque eles não eram sua família. Eve era. Sem

ela, ele não tinha vínculos. Ninguém que o amava incondicionalmente e que sacrificou tudo por

ele.

Cammie pareceu animada com a declaração de Rusty, e então ela se iluminou quando um

pensamento súbito lhe ocorreu.

— Cece estará lá?

Rusty deu de ombros, sorrindo.

— Não tenho certeza, mas é perfeitamente possível que a família inteira estará lá.

Então, como se apenas agora percebesse que Eve não fora mencionada, a emoção de

Cammie esmaeceu.

— Onde está Evie? Ela não vai estar lá também?

O polegar deslizou automaticamente em sua boca enquanto ela olhava ansiosamente entre

Travis e Rusty.

— Donovan irá levá-la, — Travis disse resolutamente. — Agora vamos ajudar Rusty a te

vestir para que possamos ir ver os nossos avós.

— Você poderia repetir isso para mim novamente? — Donovan perguntou em um tom letal.

Seus olhos estavam perfurando o jovem xerife substituto, que não parecia mais feliz em

relatar as notícias do que Donovan estava de recebê-las.

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Os irmãos de Donovan e todos os membros da equipe ficaram sérios com aquele olhar de,

que porra é essa? E, em seguida, suas expressões se transformaram em simpatia. Estavam todos

olhando para ele como se ele tivesse acabado de participar do jogo de O otário final.

Foda-se isso. De jeito nenhum. Não havia como Eve poder ter feito o que Sean acabou de

acusar.

— Você me ouviu, — Sean disse, cansado. — O inferno disso é, Rusty jura que Eve estava

convencida de que você a traiu. Rusty estava seriamente chateada e frustrada porque queria

ajudar, e Eve disse a ela que a lealdade dela pertencia a sua família. Não a ela. E que, além disso,

Eve não queria colocar Rusty em perigo. Sem falar que ela pediu desculpas por ter que levar o jipe

de Rusty, por amarrá-la e por tirar dinheiro de um homem que ela não tinha sequer conhecido.

Não soa exatamente como um criminoso endurecido, não é?

A mão de Donovan espalmou na parte de trás do pescoço e ele fechou os olhos.

— Jesus Cristo. Ela pensa que eu a traí? Onde ela está agora, Sean? Diga-me que você sabe

alguma coisa. Qualquer coisa.

— Há quanto tempo? — Garrett disse entre dentes. — Quando tudo isso aconteceu, Sean?

Donovan virou-se, surpreso. Garrett estava irritado, tudo bem, mas não parecia ser dirigido a

Eve. Na verdade, nenhum de seus irmãos, ou o resto da equipe de Nathan e Joe pareciam...

Preocupados.

— Bem mais de uma hora, — Sean disse, a expressão sombria. — Eu respondi ao alarme que

Rusty acionou, me certificando que ela estava bem e depois a mandei para a casa de Donovan

para que Travis e Cammie não ficassem sozinhos. Eu imediatamente coloquei um alerta BOLO no

jipe de Rusty e Eve. Eu não a listei como alguém a ser presa. Relatei como um desaparecimento

suspeito.

Donovan sabia exatamente a que Garrett estava se referindo com a sua pergunta. O mesmo

conhecimento estava refletido nos olhos de cada pessoa na sala.

O filho da puta presunçoso já a tinha capturado. Foi por isso que ele não agiu como se desse

a mínima quando se reuniu com Donovan e os irmãos. O desgraçado já a tinha presa e ele achava

que tinha todas as cartas. Ele fingiu inocência e, afinal de contas, ele tinha um álibi bastante bom.

Ele estava lá com Donovan, agindo no melhor interesse de sua família, — quando na verdade ele

tinha Eve o tempo todo.

— Calma, — Sam murmurou, erguendo a mão para Donovan.

Donovan não tinha percebido que ele fechara os punhos. Seus joelhos ficaram como geleia e

teve de agarrar a mão estendida de Sam para não cair.

— Ele a pegou, — Donovan disse com voz rouca, desnecessariamente. — Eu tenho que

alcançar Travis e Cammie. Isso vai matá-los. Querido Deus. Eu fiz isso com ela? Como ela poderia

pensar que a traí?

Ele não podia controlar a total perplexidade em sua voz. Em um nível ele percebeu que

deveria estar furioso. Que ela ameaçou Rusty. Roubou Rusty e seu pai. Que ela colocou-se em um

risco tão grande. Mas ele não conseguiu sentir nada mais que a horrível dor do medo. E temer que

ele fosse perdê-la.

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— Eu prefiro reunir todos e encontrar-nos na casa de Mamãe e Papai dentro de uma hora,

— disse Sam. — Sean, você pode obter todos os homens que pode dispensar para isso? Preciso

que você estenda esse BOLO para Walt Breckenridge. Não podemos deixá-lo sair do estado. Alerte

a patrulha do estado da Califórnia, a da cidade e da polícia do condado, onde o desgraçado vive.

Eu não me importo o que diabos você tenha que dizer a eles. Apenas consiga isso.

Donovan balançou a cabeça, ainda incapaz de formar uma frase coerente. Ele simplesmente

não conseguia compreender tudo. Ela pensava que ele a traiu, e ainda assim ela deixou Cammie e

Travis com ele. Ele sabia muito bem até onde ela iria para proteger os irmãos. Ela pensava o pior

dele e ainda assim confiava a ele as duas pessoas que ela mais amava no mundo.

Era incompreensível.

— Vamos rodar, cara. Eu acho que você não deveria dirigir. Você vai para a casa de Mamãe,

assim poderá atualizá-los e estar lá quando todo mundo começar a chegar. Vou levar Rusty e as

crianças para lá, — disse Nathan.

Então ele se virou para Skylar.

— Você vai comigo. Swanny, você também. Cammie está familiarizada com Swanny e eu não

acho que ela se sentiria ameaçada por Skylar. Edge, você iria assustá-la muito. Você e Joe

recolham as esposas. Tente não assustá-las mais do que o necessário e diga-lhes que tudo vai ser

explicado quando todos nós nos encontrarmos na casa de Mamãe. Não há necessidade de

requentar isso mais de uma vez.

— Vamos, Van, — Ethan disse calmamente. — Vamos para a casa de Mamãe para que

possamos colocar nossas cabeças juntas e descobrir o que diabos está acontecendo. Você vai se

sentir um pouco melhor quando souber que, pelo menos, Travis e Cammie estão seguros.

Capítulo 37

O clima era sombrio e tenso na casa de Frank e Marlene. No momento em que Nathan e

Swanny chegaram com Rusty, Travis e Cammie, as crianças foram levadas por Marlene, que

prontamente sentou-os na cozinha para alimentá-los, juntamente com Charlotte, que chegou

alguns momentos antes.

Sean entrou, o último a chegar, e Donovan soube quando viu o rosto do xerife substituto,

que não era bom.

— Encontramos o jipe de Rusty, — Sean disse severamente. — Destruído na 79, na saída da

cidade. Pela aparência dele, ela foi atingida na traseira e foi empurrada para a vala. A porta do

passageiro estava aberta. Os Air bags não foram acionados. A bolsa ainda estava lá com o dinheiro

da loja de ferragens, algumas joias e não muito mais.

— Que diabos você disse a ela, Donovan? — Rusty quase gritou.

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Os outros olharam para ela com surpresa. Donovan foi pego de surpresa pela raiva e tristeza

em sua voz. Ele entendia isso, mas não tinha certeza de por que foi dirigida a ele. Certamente ela,

como Eve, não podia acreditar que ele, de alguma forma traíra Eve.

— Você não a viu ou ouviu. Eu vi, — Rusty fervia. — Ela pensava, não, ela sabia que estavam

entregando-a nas mãos do padrasto. Uma troca de pessoas. Ela disse que era apenas o meio para

você conseguir o que realmente queria. Crianças. Uma família que não a incluía. Ela citou o que

muitos de nós dissemos ao longo dos anos. Você tem uma fraqueza por mulheres e crianças, mas

especialmente crianças. Ela acredita que você queria as crianças e não a ela e que estava

oferecendo-a ao padrasto. E ainda assim ela deixou Travis e Cammie aos seus cuidados, porque

acreditava que não importa o que aconteça a ela, você realmente os amava e se preocupa com

eles e que os protegeria com sua vida.

— Onde diabos ela iria ter uma ideia como essa? — Donovan explodiu. — Porra! Eu não faria

algo assim e, certamente, você não pode acreditar.

— Eu não sei o que acreditar, — Rusty disse, lágrimas entupindo sua voz. — Tudo o que eu

sabia era que eu estava diante de uma mulher desesperada, apavorada e arrasada que acreditava

até a alma que ela foi traída pela pessoa em quem ela confiava. Você.

Donovan não podia sequer formar uma resposta. Ele estava totalmente espantado. Primeiro,

que Eve pudesse pensar tal coisa, e segundo, que um membro de sua própria família fosse pensar,

sequer por um momento, que ele faria algo tão desprezível.

— Donovan?

Perto de seu ponto de explodir, Donovan virou para o chamado suave de Sophie. Seus olhos

estavam vermelhos e úmidos. Todas as mulheres estavam presentes e profundamente chateadas

com a situação. Mas pelo menos não havia nenhuma acusação em seus olhos. Só tristeza e

preocupação.

— Eu acho que posso saber o que aconteceu — disse ela em voz dolorosa. — Ontem,

quando você a enviou e as crianças até a minha casa. Quando nós deveríamos fazer compras e

você e seus irmãos foram se reunir na sua casa para falar sobre a situação de Eve.

— Sim, eu me lembro, — disse Donovan, impaciente para ela chegar ao ponto.

— Ela estava preocupada e incomodada com o fato de que você não a deixou ficar. Ela

pensou que deveria ser incluída nas decisões sobre o futuro dela. Eu, - nós - compreendemos.

Sabíamos que, se estivéssemos nessa situação nós não iríamos – não conseguiríamos - apenas

ficar de lado e deixar que nossos destinos fossem decididos por outros. Gostaríamos de, pelo

menos, querer saber o que iria acontecer, mesmo que não diretamente envolvidas. A incerteza é

horrível. Foi horrível para Eve. Ela não tinha controle sobre sua vida há longo tempo. Ela queria

pelo menos uma aparência de controle de escolha, especialmente quando se tratava de seu irmão

e irmã, por quem ela faria qualquer coisa. Mesmo em situação de risco para si mesma. Nós a

incentivamos a ir lá e dizer o que ela estava sentindo. No início, ela não queria, porque não queria

que parecesse que ela não confiava em você. Dissemos a ela que você entenderia. Que você podia

não gostar, mas que não ficaria zangado com ela.

O intestino de Donovan apertou e seu medo aumentou.

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— Então, ela decidiu se aproximar por trás, só que ela não demorou e, quando voltou,

estava visivelmente chateada. Ela tentou despistar e quando perguntei por que ela voltou tão

cedo, ela nos disse que mudou de ideia. Que não queria que você pensasse que ela não confiava

em você e que você prometera dizer-lhe mais tarde, de qualquer maneira.

— Meu Deus, — Donovan sussurrou com voz rouca. — Ela deve ter ouvido. É a única

explicação. Ela deve ter vindo através da cozinha e ouviu pedaços da nossa conversa. Fora de

contexto, alguns trechos soam mal. Mas era um plano, porra! Era para ser uma armadilha. Eu

nunca tive qualquer intenção de entregar Eve àquele bastardo.

— Porra! — Disse Garrett.

Era uma prova da gravidade da situação que ele não ganhou instantaneamente uma

reprimenda de sua esposa pelo palavrão.

Donovan afundou no sofá, enterrando o rosto nas mãos. O bastardo estava com ela. E ela

pensava que Donovan estava preparado para entregá-la. Ela pensava que ele não a queria. Que

não a amava. Que ele queria Travis e Cammie, mas não a ela. E mesmo depois de saber – de

pensar - isso, ela ainda os deixou sob seus cuidados, porque sabia o que o padrasto faria a eles.

Deus, o que ele faria com ela.

E agora, ela estava nas mãos dele. Desgosto apertou sua garganta, sufocando-o quando ele

tentou expressar seus medos. Sua fúria e desamparo. Então ele sentou-se ali, as mãos trêmulas

enquanto raiva e tristeza disputavam igual controle de suas emoções.

— Como ela podia acreditar? — Ele finalmente conseguiu falar. — Não importa o que ela

ouviu, como ela poderia pensar isso? Eu a amo, porra! Como ela podia não saber?

— Você disse a ela? — Rachel perguntou baixinho. — Donovan, você tem que entender a

situação dela. Ponha de lado a raiva e a dor por um momento e imagine-se no lugar dela. Ela não

era capaz de confiar em ninguém. Ela não era capaz de se dar ao luxo. Você sabe como foi difícil

para você chegar até ela. Quão delicadamente você teve que lidar com a situação. Como foi difícil

convencê-la a concordar em colocar ela e os irmãos em suas mãos. Para entrar na casa dela. Eu só

posso imaginar a tortura em que ela se colocou, se perguntando se estava tomando a decisão

certa. E agora, ela acredita no pior. Que ela fez a escolha errada. Eu não posso nem começar a

imaginar seu sentimento de traição. Ela te ama, Van. Eu sei disso. Todos nós sabemos disso. Só

precisamos olhar para ela para saber que, apesar de todos os medos ou reservas que ela

apresentava, ela te ama, e o amor a tornou uma pessoa muito medrosa. Eu sei por experiência

própria que o amor pode piorar as coisas. Faz a dor piorar quando uma possível traição está na

mistura.

Donovan ficou momentaneamente perplexo quanto pensou sobre as muitas conversas sobre

o futuro. O futuro deles juntos. Muito do que Rachel disse fazia sentido. Ele viu o desconforto e

dor cintilar brevemente através dos olhos de Ethan pela defesa apaixonada de Rachel de Eve. Sim,

ele e Rachel sabiam em primeira mão como o amor pode às vezes ser torcido em algo feio e negro.

A ideia de que Eve estava sentindo agora, até mesmo um décimo do que Rachel descreveu

eviscerava-o até a alma. Ele poderia colocar-se no lugar de Eve e considerar o que ela ouvira e o

que ela estava experimentando agora, e isso rasgava seu coração. Ele nunca quis isso para ela.

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Nunca quis que ela experimentasse o tipo de dor que ela já experimentara em sua jovem vida. E o

fato de que ele era atualmente a fonte de sua agonia o desfez. Completa e totalmente o desfez.

— Eu não disse as palavras, eu estava com medo de avançar muito forte, muito depressa,

mas ela deveria saber. Como não poderia? Eu nunca fui assim com outra mulher. E essa besteira

de ter uma fraqueza por mulheres e crianças. Isso não quer dizer que ela era um caso de pena

para mim. Eu queria passar o resto da minha maldita vida com ela! Se eu nunca ouvir aquelas

palavras malditas novamente será muito em breve. Eve não é uma missão. Eu sei muito bem a

diferença entre querer e precisar ajudar uma mulher em uma situação desesperadora e saber no

fundo da minha alma que ela é tudo para mim.

— Donovan, você precisa se colocar no lugar dela, — Shea disse, repetindo as palavras de

Rachel. — Lembre-se da vida dela. Lembre-se que ela nunca foi capaz de confiar em ninguém, e

que de mais a mais ela foi traída pelas próprias pessoas que juraram protegê-la. Agora imagine o

quanto foi devastador para ela ouvir o que ouviu e achar que você a descartaria tão

insensivelmente.

— Eu a vi, — Rusty disse categoricamente. — O resto de vocês pode especular sobre como

ela pode ter se sentido, mas nenhum de vocês viu o que eu vi. O que eu ouvi. Ela estava quebrada,

derrubada e totalmente sem esperança. Eu vi os olhos dela e ela sabia. Ela aceitou o seu destino,

mas ela sendo quem é, não iria cair sem lutar. Ela levantou-se uma e outra vez, mesmo quando foi

ignorada em cada turno, cada vez que ela tentou obter ajuda para a mãe, para Travis e Cammie. E

ainda assim ela nunca desistiu. Mas agora? Eu a vi se render bem na minha frente e ainda assim,

ela ainda estava determinada que ela não seria, em suas palavras, um cordeiro sacrificial. Que,

enquanto Travis e Cammie fossem cuidados, não importa o que acontecesse com ela, mas não iria

aceitar humildemente o plano de Donovan.

— Jesus! — disse Donovan, dor agarrando suas entranhas e torcendo violentamente. — Ele

está com ela. Ele a machucou antes. Ele tentou... — Ele não conseguia sequer terminar a

declaração, ficou em silêncio, enquanto tentava manter a compostura.

— Ele quer vingança. Ele quer que ela sofra. Porra, ele está com as mãos sobre ela agora. Ela

está resistindo só Deus sabe a que tipo de inferno enquanto estamos aqui sentados e falando

sobre o os ses e porquês. Isso é besteira. É hora de dispensar a análise e ir derrubar esse filho da

puta.

— Vamos encontrá-la, — Sam disse com firmeza.

— Claro que sim, vamos trazer sua garota de volta, Van, — Garrett destacou.

Um fluxo de concordância circulou a sala.

Donovan levantou seu olhar, determinação gravada em todas as facetas de seu rosto. Ele

não iria considerar qualquer outra opção. Não importa o que acontecesse, ele teria Eve de volta.

Sim, ele queria ter filhos, uma família, mas ele queria aquelas coisas com Eve. Sem ela, ele não

tinha nada. Como ele poderia ser feliz com Travis e Cammie, quando Eve não seria um membro

dessa unidade familiar? Ela era o coração e a alma de sua família. Sua família. Sem ela, nenhum

deles, ele, Travis ou Cammie, nunca seriam um todo.

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— Sim, eu vou trazê-la de volta, — ele disse em um tom que sabia surpreendeu seus irmãos.

Cada missão significava algo para Donovan. Sim, ele tinha uma fraqueza por mulheres e crianças,

embora estivesse farto de ter isso jogado em sua cara, de isso ser usado para ferir a mulher que

ele amava, como se de alguma forma, ela fosse relegada a ser apenas mais uma mulher em

necessidade. Ninguém especial, quando ela era o próprio ar que ele respirava.

— E quando eu a trouxer, eu nunca vou deixá-la ir novamente. Nunca vou deixá-la passar um

só dia sem que ela saiba que significa o mundo para mim. Que ela é meu mundo, Droga!

— Van, meu Deus, Van!

Todos se viraram para ver Marlene em pé na porta da sala de estar torcendo as mãos. À

distância, Cammie estava chorando e a voz preocupada de Charlotte estava subindo enquanto

tentava confortar Cammie.

— O que foi, Mamãe? — Ethan perguntou bruscamente.

— Travis. Ele se foi, — Marlene disse dolorosamente. — Ele pediu licença para ir ao

banheiro. Ele se foi faz muito tempo, mas ele estava chateado antes. Eu pensei que ele estava

envergonhado e só precisasse de tempo para se recompor. Quando me dei conta de quanto

tempo havia passado, fiquei preocupada, então fui procura-lo e ele tinha ido embora. Ele deve ter

escorregado na parte de trás ou por uma das janelas. Eu realmente não sei! Eu estava prestando

atenção nas meninas e tentando mantê-las ocupadas.

Donovan fechou os olhos, o pesadelo apenas ficando mais horrível a cada segundo que

passava. Sua família estava sendo destruída na frente de seus olhos e ele era incapaz de fazer

qualquer coisa, exceto observar isso acontecer.

Foda-se isso. Eve, Travis e Cammie pertenciam a ele, e ele certamente não os deixaria ir. Ele

iria atrás de Walt Breckenridge e o puniria severamente. Legal ou ilegalmente. Não importava, de

um jeito ou outro, desde que o trabalho fosse feito.

Algumas coisas eram feitas por baixo dos panos. Era uma realidade do que eles faziam. Eles

não eram nem certos ou errados, mas em algum lugar fodido no meio. Mas no final do dia, eles

viviam com as suas escolhas e continuavam a fazer o trabalho.

Para salvar a sua preciosa família de um monstro como Walt Breckenridge? Ele jogaria sujo.

Lutaria sujo. E o derrubaria com qualquer meio necessário. Mentiria, enganaria e roubaria para

receber de volta a família que ele reivindicou como sua.

Capítulo 38

— Esta situação fica mais fodida a cada minuto, — disse Sean.

— O que foi agora? — Donovan perguntou.

Estavam em modo de espera e prontos, traçando o plano de ação, e Donovan estava

frustrado pra caramba que fosse tão lento para chegar a informação de que precisava. Nem

mesmo suas habilidades de nerd de computador estavam ajudando no momento, mas, afinal, esta

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não era uma missão regular. Ele sabia que não estava com a cabeça no lugar e estava tremendo

como uma folha enquanto tentava passar por esse momento.

A equipe de Nathan e Joe estava em espera e aguardando o comando de movimento.

Donovan e seus irmãos, depois de assegurar que a família estava bem cuidada por Steele e sua

equipe, estavam no modo carregar e partir. Mas eles não podiam agir muito bem sem informação

precisa.

Até agora, Sean fora uma fonte bem maior de informação. Informações que muito

necessitavam.

Estavam na sala de guerra, onde se situava o centro de comando e suficiente tecnologia, que

competia com uma agência governamental, e vasculhavam toda a vida de Walt Breckenridge. Suas

finanças, residências, qualquer coisa que pudessem levá-los para onde ele iria, agora que ele

estava com Eve.

— Breckenridge voou uma hora atrás de Camden em seu Learjet, o que significa que ele tem

um baita de um salto sobre nós, mesmo com a gente usando os jatos KGI.

— Merda! — Donovan explodiu. — Planos de voo? Destino?

— Há mais, — Sean disse severamente, e Donovan não gostou do que viu nos olhos do xerife

substituto.

— Jesus! — Sam murmurou

— Acabei de conseguir isso no departamento de polícia de Henry County. Eu ia colocar o

BOLO tanto para Eve quanto para Travis. Travis sequestrou um avião de Henry County. Podemos

alcançá-lo, se saltarmos num dos jatos Kelly, no entanto, aqui está a parte interessante.

— Fale logo, porra! — Donovan fervilhava. — Já perdemos tempo demais!

— O piloto apresentou planos de voo para Oregon.

A testa de Donovan franziu. Deus, mas sua cabeça doía como uma filha da puta. Oregon? O

que diabos havia no Oregon? A menos...

— Ele sabe algo que nós não sabemos, — disse Donovan. — Um dos esconderijos de Walt.

Walt pode ter apresentado planos de voo para a Califórnia, mas ele sabia que o rastrearíamos.

Aposto dez contra um, que o filho da puta vai para o Oregon e que Travis conhece ou pelo menos

tem a mínima boa ideia de onde ele vai agora que ele está com Eve.

— Você sabe onde no Oregon? — Perguntou Garrett. — Ou estaremos voando às cegas

aqui?

Sean fez uma careta.

— Um pouco dos dois. Tudo o que sei é que eles estavam voando para Wasco, Oregon. Há

várias pequenas pistas de pouso e não sabemos qual, para não falar que não podemos voar um

avião do tamanho do jato Kelly em uma delas. Não é longe de Portland. Você pode chegar lá, mas

a partir daí terão que fazer o trabalho braçal, se separarem e cobrirem o máximo território

possível.

— Nossa melhor aposta é entrar no ar e descobrir onde o fodido do Breckenridge tem um

lugar lá, — Donovan falou. — Estamos perdendo tempo, tempo que Eve não tem, sentados aqui

com nossos polegares para cima de nossas bundas especulando. Nós vamos fazer a nossa busca no

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ar. E porra, eu vou ter que pedir um favor para Resnick. Eu preciso de um histórico cheio de

Breckenridge. Resnick tem melhor acesso à informação do que nós.

— Eu concordo, — Sam disse com firmeza. — Vamos dar o fora daqui. Nathan, você pilota?

Nathan lhe lançou um olhar que sugeria que era uma pergunta idiota.

— Então vamos colocar essa porra no ar, — disse Donovan. — Vamos descobrir isso em

tempo real. Quanto mais tempo Eve ficar nas mãos daquele desgraçado, pior ela vai ficar. Só posso

rezar para o filho da puta não a ferir ou matá-la antes de chegarmos a ela.

— Poupe-se, cara, — Ethan disse calmamente. — Não faz bem a você ou a ela torturar-se

com as possibilidades. Concentre-se em consegui-la de volta e trazê-la para onde ela pertence. Se

você começar a considerar os piores cenários, você vai perder a sua sanidade mental, e ela precisa

que você tenha a cabeça limpa e equilibrada. Essas crianças precisam de você. Eve precisa de você.

Agora junte tudo e vamos colocar essa porra no ar.

— Há mais uma coisa que você deve saber, — Sean acrescentou calmamente. — Uma das

armas de Frank está faltando no estojo de armas. Travis deve tê-la levado com ele e a usado para

sequestrar o avião. De que outra forma ele teria conseguido que o piloto concordasse em levá-lo

para onde ele está indo? Se, e quando isso tudo estiver resolvido, haverá uma tonelada de

questões legais a serem resolvidas. Eve vai ser acusada por assalto à mão armada, e Travis por

sequestro, além de uma série de outras acusações federais. Você tem um monte de merda

gigante.

Donovan fechou os olhos e esfregou a testa, cansado. Desespero. Todos atos de desespero.

Ele só podia supor que, como Eve, Travis ouviu partes de uma conversa. Inferno, Rusty não fora

exatamente tranquila quando ela pulou na garganta de Donovan. Ele poderia muito bem

acreditar, como o fez Eve, que Donovan os traiu. Ou, talvez, ele soube que o pai tinha Eve e faria

qualquer coisa para salvá-la. Quem sabia mais do que Travis o que o pai era capaz de fazer?

— Porra! Nós teremos que pedir uma tonelada de favores no momento que isto tudo

acabar. Vou acabar devendo um rim e todos vocês também. Nós vamos estar em dívida até os

nossos olhos e você pode apostar que todas as pessoas envolvidas irão cobrar os favores.

— Eu não dou a mínima, — Sam disse, resolução marcando cada palavra. — Nenhum preço

é demasiado alto a pagar para salvar a sua família, Van. Assim como nenhum preço é demasiado

alto a pagar por qualquer um da nossa família. Vamos fazê-lo. Nós sempre fazemos. Agora vamos

conseguir a sua família de volta.

— Cristo, já estamos há horas atrás, — disse Donovan em desgosto. — Os dois têm muita

vantagem e nós estaremos voando às cegas.

— Mais uma razão para não desperdiçar outro único minuto, — Joe interrompeu.

Donovan olhou para seu irmão e sua equipe. Todos a postos. Silenciosos até agora. Mas

havia uma resolução silenciosa em cada um dos seus rostos. Ele estava preocupado que eles não

estivessem prontos, embora eles provaram-se capazes.

— Esta é simplesmente a missão mais importante que vocês participarão, — disse Donovan,

abordando Swanny, Skylar, Edge, Nathan e Joe. — Nada que vocês irão fazer será mais importante

do que o que farão agora. Eu preciso que saibam disso. Vocês também precisam saber que eu

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confio em vocês, estou confiando em vocês. Com as coisas mais importantes da minha vida. Eve e

aquelas crianças, meus filhos.

Cada membro da equipe ficou imediatamente em alerta. Eles reconheceram este importante

passo na sua progressão na KGI. Esta não era apenas qualquer missão. Era a missão. E Donovan

estava confiando-os ter êxito. Ele podia ver a determinação deles. Não, eles não falhariam.

Um pouco do terror horrível que lhe agarrou pelo pescoço pelas últimas horas deslizou. Se

fosse qualquer outra pessoa, um cliente, Donovan seria o primeiro a tranquilizá-los que a KGI era a

melhor e que iria conseguir realizar o trabalho. E agora ele tinha que dizer isso a si mesmo. Colocar

sua confiança na equipe que ele tivera uma mão na formação desde o início. Era hora de deixá-los

ir. E esperar o inferno que eles fossem tão capazes quanto ele acreditava que eram.

— Nós não vamos decepcioná-lo, — Skylar disse suavemente. — Vamos fazer isso, Donovan.

É uma missão, sim. Mas é mais do que isso e todos nós sabemos disso. É pessoal para todos nós. E

vamos conseguir a sua família de volta ou morrer tentando.

Simples assim. Determinação estava gravada nos rostos de cada membro de sua equipe.

Todos colocariam suas vidas em risco por Donovan. Por Eve e Travis.

— Vocês nunca vão saber o que isso significa para mim, — Donovan disse calmamente.

— Vamos chutar alguns traseiros, — Edge rosnou.

— Isso parece um hooyah para mim, — Ethan disse.

Desta vez não houve provocações bem-humoradas de seus irmãos nem dos membros da

Marinha da equipe. Todo mundo recolheu suas malas, seus rifles. Donovan pegou o laptop, Hoss

2, como era chamado. Uma versão mais portátil do Hoss, o computador principal que rodava na

KGI. E então todos se apressaram da sala de guerra e correram duas vezes mais rápido para a

pista, onde o jato já estava abastecido e pronto para a decolagem.

Capítulo 39

A derrota provocava Eve impiedosamente. Tudo terminado. Tudo acabado. Ela estava

acabada. Olhou para seu padrasto, tremendo pela maneira calculada que ele olhava para ela. Não

havia como confundir o desejo em seus olhos. O triunfo. Ele sabia que ganhara e estava

saboreando cada momento da impotência dela.

— Pronta para admitir a derrota, Eve? — Perguntou ironicamente. — Você está pronta para

me dar o que eu quero?

— Vá para o inferno! — Ela disse entre dentes.

Ele a bateu com as costas da mão, fazendo-a cair. Ela caiu no chão enquanto a dor tomava

conta de seu corpo. Ele a chutou, batendo a respiração dela. Agonia lascou através de suas

costelas enquanto ele chutava novamente. Deus, ele a mataria. Ela sabia disso. Até compreendia.

Apenas o pensamento de Travis e Cammie nas mãos dele lhe deu coragem para continuar.

Fez ela querer viver para garantir que eles estariam seguros.

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— Pobre Eve, — ele murmurou enquanto se inclinava para erguê-la rudemente. — Você

sabia que seu amante estava preparado para entregá-la para mim em troca de eu desistir de

Cammie e Travis?

Eve fechou os olhos, a ferida brotando em sua alma. A mágoa muito mais angustiante do

que a dor física que ela sofria nas mãos dele. Esta mágoa ia até o fundo da alma. Seu coração

doeu. Sim, ela sabia do plano de Donovan, mas ouvir isso dos lábios de seu padrasto, obter

confirmação do que ela já sabia, enviou dor para os recessos mais profundos de sua alma.

— Você deve ser péssima na cama, se ele estava tão disposto a desistir de você, — Walt

zombou.

Ele caminhou ao redor dela em um círculo apertado, andando pela sala de estar da cabana

para a qual ele a levou. Seus joelhos vacilaram, mas por pura determinação ela conseguiu manter-

se de pé. Desafiante.

Ele fez uma pausa e deixou um dedo arrastar para baixo da curva de sua bochecha. Ela virou-

se, não querendo que ele a tocasse, e ele emitiu outra bofetada.

Não foi tão dura quanto a última. Ela tropeçou para trás, mas conseguiu recuperar o

equilíbrio antes de bater no chão novamente.

Todo o seu rosto doía. Estava em chamas pelos repetidos abusos. Mas isso ela poderia

manejar. Era só dor. O que ela não poderia enfrentar era ele tocá-la. Ele sendo íntimo com ela.

Náuseas enrolaram em sua barriga e a boca encheu de água. Ela engoliu em seco, reprimindo-as.

Ele não iria quebrá-la. Ele não faria isso!

— Você está preparada para me dar o que eu quero? — Ele perguntou.

O olhar dela estalou para o dele, o fogo em seus olhos.

— Vá para o inferno!

Raiva queimou uma trilha através dos olhos dele, e então seus olhos tornaram-se frios.

— Você não aprende, — disse ele em voz baixa. — Mas você aprenderá, Eve. Vai aprender

que pagará por me desafiar. Eu posso ser um homem paciente. Você vai concordar com o que eu

quero.

— Nunca!

Ele sorriu então, e gelou o sangue de Eve.

— Vamos ver o quão rápido você mudará de ideia quando eu a transformar em um vegetal.

Talvez depois de alguns dias na instituição para a qual você vai, verá o erro de seus caminhos. É

uma honra que eu estou dando a você. Você é uma tola por continuar com essa resistência. Você

não vai ganhar. Eu vou ter você, Eve. E eu vou ter Travis e Cammie.

— Você nunca chegará perto deles, — ela sussurrou. — Ele nunca permitiria isso. Ele vai te

matar.

As sobrancelhas de Walt subiram.

— O amante que tirou vantagem de você? Sua fé nele me surpreende.

— Vá para o inferno.

Seus olhos se estreitaram enquanto fúria avermelhava o rosto dele.

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— Não, Eve, mas você vai. Você está indo direto para o inferno. Antes de eu terminar com

você, você vai acolher minhas atenções. Vai implorar para ficar na minha cama.

— Nunca.

A promessa tranquila caiu entre eles. Ela levantou a cabeça, olhando para ele através dos

olhos doloridos e inchados.

Seus lábios se apertaram e estreitaram, e então ele levantou a mão, apontando para alguém

além dela.

Medo e pânico explodiram em suas veias enquanto outro homem avançava sobre ela, uma

seringa na mão. Ela virou-se, procurando uma fuga. Alguma saída de sua situação.

Walt envolveu a mão no cabelo dela e puxou-a um pouco para cima. Sua respiração soprou

duramente em seu rosto. Os olhos brilhavam com excitação doentia. O bastardo se deliciando

com o que planejava fazer com ela.

O entendimento caiu sobre ela como uma névoa sufocante. Uma vez drogada, ela não tinha

poder. Ele podia fazer o que quisesse, até mesmo estuprá-la, e ela estaria impotente para impedi-

lo.

Ela lutou selvagemente, surpreendendo-o com a sua força. Desespero emprestou mais do

que ela possuía. Ela separou-se e correu para a porta. Estava quase lá quando bateu no chão, dor

alucinante através dela.

O corpo pesado de Walt a prendeu, o peito subindo e descendo com esforço. E então ele riu.

— Eu gosto de uma boa luta, — ele murmurou. — Sua mãe nunca lutou. Ela era muito fraca,

muito mole. Mas você, Eve? Ah, estou ansioso para tê-la na minha cama. Tenho a sensação de que

será sempre uma luta com você.

Ela sentiu a picada de uma agulha. Sentiu o volume de medicação forçado em seu corpo.

Lágrimas queimaram suas pálpebras. Não havia como escapar. Ele podia fazer o que quisesse com

ela.

— Pegue-a e a leve para fora daqui, — Walt disse entre dentes, as palavras aparentemente

vindas de muito longe. — Ela aprenderá logo que ela vai fazer exatamente o que eu quero ou

sofrerá as consequências.

Capítulo 40

Travis andava a passos largos no chão da cabana de seu pai, se perguntando pela centésima

vez se ele estava errado. E se seu pai não veio aqui? E se estivesse a centenas de quilômetros de

distância? E se ele tivesse sido tão arrogante e tão seguro de si que levou Eve de volta para a

Califórnia?

Seu pai não imaginava que Travis sabia deste lugar. Ou que ele tinha os códigos para acessar

o portão e desarmar o sistema de segurança. Não, seu pai o achava um idiota incompetente.

Houve uma época que Travis era amargo sobre o fato. Devastado no início e depois amargo. E

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depois, finalmente renunciou. Percebeu que não se importava mais. Parou de ansiar pela

aprovação do pai quando teve idade suficiente para entender o monstro que ele era.

Ele viu como o pai tratou Eve, que era a pessoa mais doce que Travis conhecia. Eve tinha

mais integridade em seu dedo mindinho do que Walt poderia sonhar. E isso servia para Donovan

também.

Tristeza brotou em seu coração, espalhando-se até que todo o peito doía. Como podia ter

estado tão errado sobre Donovan? Como ele poderia ter feito o que fez a Eve? Como poderia ter

mentido, dizer que queria que eles fossem da família quando o tempo todo ele nunca teve

qualquer intenção de amar e cuidar de Eve? Não importa que ele se importasse com ele e

Cammie. Como Travis poderia ser feliz em uma família que não incluía uma pessoa que o amava

mais do que qualquer um jamais amou ou amaria? Que sacrificou tanto por ele e Cammie?

As acusações que Rusty lançara contra Donovan ainda tocavam nos ouvidos de Travis. Ele

estremeceu, ouvindo-as mais e mais, o choque delas ainda paralisando-o. Respirou

profundamente, afastando sua tristeza.

Ele não decepcionaria Eve. Não quando ela arriscou tudo por ele repetidamente.

Ele congelou quando ouviu o som de uma porta se abrindo. Seu controle apertou sobre a

arma que carregava e a descansou contra a coxa, preparado para fazer o que fosse necessário

para defender-se, mas, mais importante, para tirar Eve do alcance do pai.

Seu pai entrou na sala e piscou surpreso quando viu Travis lá de pé. Em seguida, seus olhos

brilharam e Travis podia vê-lo calculando. Procurando uma desculpa, uma história. Mentira era

sua especialidade. Travis aprendera em uma idade muito jovem e ele poderia detectá-lo a uma

milha de distância.

— Bem, bem, bem, — disse o pai de uma forma arrastada. — Que surpresa. Eu ia perguntar

como você chegou aqui, como você sabia chegar aqui, mas não importa. Isso simplesmente me

poupa o trabalho de conseguir você e Cammie de volta.

— O que você fez com Eve? — Travis perguntou. — Onde ela está? Você a machucou? Você

a matou como matou a minha mãe?

A sobrancelha do pai levantou-se. Não, ele não era seu pai. Ele não poderia se referir a ele

como pai. Ele era Walt Breckenridge. E era um bastardo de primeira ordem.

— Eu não matei sua mãe. Eve fez isso tudo por conta própria. Quanto a onde Eve está, ela

está em um lugar onde poderá obter a ajuda que precisa, obviamente. Ela fez lavagem cerebral

em você e Cammie. O que ela fez, deu-lhe alguma história triste sobre eu abusar de sua mãe e, em

seguida, matá-la?

A mandíbula de Travis apertou e ele levantou a arma para apontá-lo para o pai. Ela balançou

em suas mãos e, apesar de seus esforços para acalmar-se, a arma ainda tremia. Irritou-o que Walt

percebeu e o triunfo brilhou nos olhos dele. Ele não achava que Travis teria coragem de puxar o

gatilho.

— Você matou minha mãe. Você abusou da minha mãe. Você abusou de Cammie, Seu

doente. Você tentou abusar de Eve. Eu não preciso que Eve me dissesse essas coisas. Eu tenho

olhos. Tenho ouvidos. Eu vivia sob o mesmo teto. Você acha que sou idiota? Você acha que eu não

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vi os hematomas? Não ouvi as desculpas esfarrapadas? Agora, o que você fez com Eve? Diga-me

ou eu juro por Deus que atirarei em você.

Os lábios de Walt formaram um sorriso preguiçoso.

— Se você me matar, certamente não vai encontrar nenhuma informação sobre Eve, vai?

Então, parece que estamos em um impasse. Você quer informação que eu não vou dar. E se você

atirar, você nunca vai descobrir.

— O que há de errado com você? — Gritou Travis. — Você é meu pai! E eu sou nada para

você! Por que você nunca se importou? Por que você quer tanto eu e Cammie? Por que você quer

Eve?

Interrompeu-se, a arma tremendo tanto na mão que ele quase a deixou cair.

— Eu sei o que você quer com Cammie, seu bastardo doente! Como você pôde? Ela é um

bebê! E Eve! O que ela já fez, além de se preocupar com mamãe e nós?

— Vocês todos me pertencem, — Walt disse friamente. — Você é meu. E eu não abro mão

do controle sobre o que é meu.

— Isso é tudo o que é para você, não é? Você é um psicopata. É tudo sobre controle. Você

não dá a mínima para mim ou elas. Não dá a mínima para nada, apenas você e o que você pode

controlar. Você é Deus em seu próprio mundo e acha que todo mundo é um peão para fazer o que

quiser, quando quiser.

Walt deu de ombros.

— Pense o que quiser. Isso não muda o fato de que eu estou segurando todas as cartas.

Agora aqui está o que vou fazer. Você pode decidir qual irmã você deseja salvar. Você entra em

contato com o seu precioso Donovan Kelly e faz o que tem que fazer para conseguir trazer

Cammie aqui. Se fizer isso, eu vou dizer-lhe onde Eve está. Se você não fizer? Pode dizer adeus a

sua meia-irmã preciosa. Você nunca vai encontrá-la. Nunca vai saber se ela está viva ou morta.

Cammie é sua irmã de verdade. E como você disse, ela é um bebê. Então você decide, Travis. Mas

o relógio está correndo no meu ultimato. Melhor decidir-se rápido. Mas saiba disso. Vou pegar

Cammie de volta de uma maneira ou de outra. Você agilizar os assuntos me fará mais propício a

dar-lhe informações sobre a fraca, covarde e totalmente inútil da sua meia-irmã que você parece

valorizar tanto.

— Fraca? Covarde? — A boca de Travis se abriu. Estava tão furioso que não conseguia nem

ver direito. As feições de Walt estavam borradas na frente dele e os joelhos quase dobraram.

— Seu filho da puta. Uma pessoa fraca, covarde, inútil não teria enfrentado você. Não teria

se arriscado tanto para tentar tirar a nossa mãe de seu alcance. Uma pessoa fraca teria tomado o

caminho mais fácil e permitido que você controlasse a vida dela como você estava tão

determinado a fazer. Ela teria permanecido em silêncio e deixado você continuar o abuso. Em vez

disso, ela perdeu tudo. Tudo. E ela arriscou tudo para salvar eu e Cammie de você. O único

covarde, fraco, inútil de merda neste quadro é você e estou horrorizado que compartilhamos o

mesmo sangue. Só posso orar a Deus para que eu nunca herde absolutamente nada de você.

Uma faísca de raiva brilhou nos olhos de Walt, a primeira emoção além da calma presunção

que ele exibia.

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— Você não vai falar com seu pai dessa maneira, — ele fervia. — Eu possuo você, rapaz. E,

por Deus, vou dispor de você assim como fiz com a sua desculpa patética de mãe.

Congelado pela admissão, Travis olhou horrorizado para o homem que se chamava seu pai.

Sim, ele sabia que Walt matou a esposa, mas ouvi-lo admitir tão insensivelmente o atordoou.

E foi nesse momento de desatenção que Walt lançou-se a curta distância que separava os

dois. Travis mal teve tempo de apertar o controle sobre a arma quando Walt atacou.

Eles foram se espalhando, Walt em cima, sua mão curvando em torno do pulso de Travis,

apertando até que Travis estava certo que o osso iria quebrar. Seu pai era forte. Muito mais forte

do que Travis teria imaginado. E, neste momento, ele percebeu que Walt iria matá-lo se ele fosse

capaz de arrancar a arma de suas mãos.

Rolaram e Travis bateu com a mão livre, tentando derrubar Walt. Walt agarrou a mão e

torceu-a acima da cabeça, a outra mão fechada em torno do outro pulso de Travis até que a mão

que segurava a arma ficou dormente.

Triunfo brilhava nos olhos de Walt enquanto ele estava deitado em cima de Travis preso no

chão.

— Que história triste isso vai fazer, — disse Walt. — Tomado pela dor da morte da mãe e da

doença mental de sua meia-irmã, o filho tira sua própria vida, sem dúvida, um resultado da mesma

doença mental que tomou conta da mãe e da meia-irmã. Genética, sabe? É muito ruim que eu não

escolhi melhor a minha esposa. Agora seremos só eu e Cammie, e vou angariar simpatia para a

tragédia que se abateu sobre a minha família.

Sabendo que ele agora estava lutando por sua vida, Travis bateu o joelho entre as pernas de

Walt. Um olhar de agonia cobriu o rosto dele e o aperto afrouxou. Apenas o suficiente para Travis

enfiar a arma entre eles.

Percebendo isso, Walt se recuperou e abaixou-se para mais uma vez tentar tirar a arma da

mão de Travis. Mas a mão de Travis estava no gatilho e quando Walt espremeu, a arma disparou.

Walt pulou. Travis sentiu o impacto e por um momento não sabia se ele tinha levado um tiro

ou se Walt tinha. Ele estava muito insensível, muito abalado. Mas será que não doía?

Sentiu a sensação de calor pegajoso de sangue. Sentiu o cheiro. Olhou para baixo para vê-lo

florescer tanto nas dele quanto nas roupas de Walt. Mas quando olhou para cima e encontrou o

olhar atônito de Walt, viu o embaçamento de dor e choque. E ele viu a morte.

Travis o empurrou, desesperado para tirá-lo de cima dele. Empurrou o corpo pesado de lado

e se levantou, em pânico com o sangue cobrindo sua roupa. Em todo o chão. Deus. O peito de

Walt estava coberto com ele.

Oh Deus. Oh Deus. O que ele fez? Ele não tinha a intenção de matá-lo! Só queria ameaçá-lo.

Fazer com que ele dissesse o que fez com Eve. Esfregou as mãos sobre a camisa, mas tudo o que

conseguiu foi esfregar mais sangue em suas mãos.

Oh Deus. O que ele poderia fazer? Estava com problemas o suficiente pelo que já fizera e

agora ele matou o próprio pai! O que Eve faria? E Cammie? Elas precisavam dele. E agora elas

seriam deixadas sozinhas. E ele nem sabia se Eve estava viva! Se ela estivesse, ele não tinha como

encontrá-la agora.

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A porta da frente se abriu e o coração de Travis afundou. Seria a polícia. Eles teriam ouvido o

tiro. Não havia defesa. Ele estava coberto do sangue do pai. Suas impressões digitais na arma.

Mas quando Donovan Kelly irrompeu na sala, com seus irmãos e outros que ele não tinha

ideia de quem eram, em seus calcanhares, Travis começou a chorar.

Donovan e seus irmãos, junto com a equipe de Nathan e Joe, rugiram até a cabana do lado

de fora de Wasco. Era seu último recurso. O único lugar que não procuraram por Walt, e se não

fosse pelo fato de que Resnick viera com eles, ainda estariam perseguindo seus próprios rabos

malditos.

Havia um veículo estacionado em frente e o pulso de Donovan acelerou. O bastardo

arrogante dirigiu até aqui em seu próprio veículo.

Dois malditos dias. Dois dos dias mais longos de sua vida que passaram descobrindo cada

pedra na vida de Walt Breckenridge. Ele cobrou todos os favores que lhe deviam. Resnick estava

trabalhando o tempo todo, puxando cada corda disponível e mais algumas. E a cada hora que

passava, o senso de fatalismo de Donovan cresceu até que ele resignou-se que perdera Eve e,

provavelmente, Travis também.

Eles saíram de armas em punho, e, em seguida, ouviram um tiro.

O medo se apoderou dele e ele descartou cada coisa que sabia sobre cuidado e correu.

Ignorando os gritos furiosos de seus irmãos para esperar até que limpassem a área, Donovan

irrompeu pela porta da frente, mas nada poderia tê-lo preparado para a visão de Travis de pé,

pálido, ensanguentado e, obviamente, em estado de choque. E no chão, deitado em uma poça de

sangue, estava Walt Breckenridge.

O olhar de Travis levantou para Donovan, e então ele começou a chorar. Ainda estava

segurando a arma e estava tremendo como uma folha.

— Puta merda! — Sam suspirou enquanto ele chegava até Donovan.

— Travis, — Donovan disse em um tom suave. — Tudo bem, filho. Eu preciso que você

abaixe a arma antes que se machuque. Pode fazer isso?

Travis olhou para baixo, como se só agora percebesse que ainda estava segurando a arma.

Então, deixou-a cair, os irmãos e os companheiros de equipe de Donovan dispersaram, com medo

que a arma iria descarregar. Quando nada aconteceu, eles lentamente se levantaram e

aproximaram-se cautelosamente de Donovan e Travis.

— O que aconteceu, filho? — Ele perguntou gentilmente.

— E-eu a-atirei nele, — Travis balbuciou. — Eu não queria, Donovan. Oh meu Deus, eu o

matei, mas eu não queria! Eu só queria ameaçá-lo. Fazer com que ele me dissesse o que ele fez

com Eve. Eu não queria matá-lo! Ele pulou em mim e lutamos. Estávamos no chão e ele disse que

iria fazer parecer como se eu tivesse me atingido. Que eu tinha a mesma doença mental que Eve

tem e que com a morte de minha mãe e a perda de Eve, eu agoniado, me matei.

O sangue de Donovan gelou quando Travis disse — a perda de Eve. Mas, por enquanto ele

tinha que colocar isso de lado. Tinha que corrigir isso e rápido.

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— Ouça-me, — Donovan disse com a voz áspera.

Travis pulou com a ferocidade na voz de Donovan, mas Donovan precisava de sua total

atenção.

— Você não atirou em seu pai. Você entendeu? Você não fez isso. Seu pai estava tentando

matá-lo e nós invadimos e um de nós atirou nele. Entendeu o que eu estou dizendo?

Travis piscou e balançou a cabeça.

— Não. Eu não posso deixar você fazer isso. Eu o matei, Donovan. Eu o matei.

— Você não está entendendo, — Garrett disse, vindo para ficar ao lado de Donovan. —

Precisamos que você se controle. Sei que você está chateado. Sei que está em estado de choque.

Mas isso é importante, filho. Diga-me que você está entendendo o que estou dizendo.

Lentamente Travis assentiu.

— Agora, isso aconteceu exatamente como eu disse, — Donovan disse em um tom suave,

em um esforço para acalmar Travis. — Você não teve nada a ver com o tiro que ele levou. Você

nunca viu esta arma. Você não tem uma arma. Você nunca tocou nessa arma.

— Mas minhas impressões digitais... — Travis disse impotente. — O sangue.

Enquanto falava, ele olhou para os lados para ver Skylar limpando a arma e, em seguida,

entregá-la para Sam, que a guardou.

— Dispa-se. — Donovan ordenou.

Enquanto ele emitia o comando, Joe se aproximou e entregou uma farda e uma camiseta

para Donovan.

— Não se mexa. Nem mesmo uma polegada. Dispa-se onde você está. Vamos limpá-lo antes

que você vista outra roupa. Agora se apresse. Não temos muito tempo.

Depois que cuidaram de Travis e o levaram até o sofá para se sentar antes que ele caísse,

Donovan estava sentado em frente a ele para perguntar o que ele estava morrendo de vontade de

saber, desde as palavras de Travis sobre a perda de Eve.

Sua língua estava grossa e inchada na boca. As palavras fizeram um nó na garganta, porque

estava com medo do que iria ouvir. Foi necessária cada grama de autocontrole para não quebrar e

tentar ficar sentado calmamente quando cada parte dele estava gritando que ele perdera Eve para

sempre.

— O que ele quis dizer com a perda de Eve? — Donovan perguntou. — Onde ela está? Ele te

disse alguma coisa?

Lágrimas encheram os olhos de Travis novamente, e ele olhou para cima em tom acusador

para Donovan.

— Como você pôde ter feito isso? Como você pôde traí-la dessa maneira? Ela o amava. Você

disse que queria que todos nós fôssemos uma família. Mas você a trocou por nós? Você

honestamente acha que Cammie e eu poderíamos ser felizes sabendo que estávamos livres,

porque você entregou Eve para o filho da puta? Eu confiei em você. Ela confiou em você.

Donovan se inclinou para frente e agarrou os ombros de Travis, frustrado que não

conseguiam chegar ao cerne da questão. Eve. Precisava saber sobre Eve. Mas também precisava

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tranquilizar Travis que ele nunca traíra Eve, ou Travis provavelmente seria relutante em entregar

qualquer informação onde sua irmã estava em causa.

— Ouça-me, filho. Eu amo a sua irmã. Ela é minha vida. Ela ouviu uma conversa entre eu e

meus irmãos sobre uma armadilha que estávamos montando para o seu pai.

— Não o chame assim, — Travis sufocou. — Nunca o chame assim.

Donovan assentiu.

— Estávamos preparando uma armadilha para Walt. Queríamos que ele achasse que nós

acreditávamos que Eve era realmente doente mental e que estávamos preocupados que ela fosse

um perigo para você e Cammie. Queríamos comprometê-lo. Precisávamos de provas

incriminatórias. Precisávamos de algo. E precisávamos encontrar uma maneira de eliminá-lo. Eve

ouviu a parte que fez parecer que eu iria entregá-la e que tudo o que importava eram você e

Cammie. Mas isso não é verdade, Travis. Quero todos vocês três. Quero me casar com Eve e quero

que nós quatro sejamos uma família. Uma família de verdade.

A esperança brilhava nos olhos de Travis e então eles esmaeceram novamente.

— Mas Rusty disse...

Donovan fez uma careta.

— Rusty estava chateada comigo porque achou que eu traí Eve também. Ela viu Eve. Ela

sabia o que Eve acreditou. E ela sabia que Eve estava devastada por isso. Rusty se preocupa muito

com você, Travis. Eve e Cammie também. Ela tem um coração enorme e estava me repreendendo

pelo que ela achava que eu fiz. Ela estava com raiva porque se sentia impotente e sabia que Eve

estava em perigo.

— Quer dizer que... — Travis sussurrou. — Você quer se casar com Eve? E você quer a mim e

Cammie?

A esperança na voz de Travis partiu o coração de Donovan.

— Quero muito você como meu filho e Cammie como minha filha. Um dia espero ter filhos

com Eve, mas no meu coração, você e Cammie sempre serão meus primeiros filhos.

Travis assentiu lentamente sua aceitação.

— Agora, Travis, ouça-me. Isto é importante. Não podemos nos dar ao luxo de perder mais

tempo. Eu preciso saber se Walt disse algo sobre Eve.

Travis fechou os olhos e, quando os reabriu, a dor brilhando quase enviou Donovan ao

limite.

— Ele não quis me dizer. Ele se recusou. Eu pensei que ele poderia trazê-la aqui. Ele não

sabia que eu sabia sobre este lugar. Mas eu não acho que ele iria voltar para a casa dele. Ele

tentou negociar comigo. Disse que eu tinha que escolher entre a minha irmã de verdade e minha

meia-irmã. Disse que se eu entrasse em contato para agilizar que Cammie fosse devolvida a ele,

ele me daria a informação sobre Eve. Mas se eu não fizesse, ele ia conseguir Cammie de volta de

uma maneira ou outra, e eu nunca saberia o que aconteceu com Eve.

— Eu gostaria de ter sido quem o matou, — Skylar disse sombriamente atrás de Donovan.

— Walt vem sempre aqui? — Perguntou Donovan. — Nós reviramos a casa e não

conseguimos encontrar nada que nos levasse a Eve. Eu investiguei todos os ângulos. Exceto este.

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Um amigo meu veio a nós com uma informação da Agência tributária, que identificou uma de suas

falsas organizações para esta casa.

— Eu não sei quantas vezes, — Travis admitiu. — Eu não saberia sobre isso, mas o ouvi ao

telefone com alguém dando-lhes o endereço e os códigos-chave para desarmar o sistema de

segurança.

— Estranho que ele tomasse tais medidas extremas para uma cabana no meio do nada, —

Joe murmurou.

— Eve disse que Walt tinha fabricado todo um histórico médico documentando sua doença

mental desde tenra idade e que ele tinha um atestado médico. Ela disse que ele produziu a última

vez que ela chamou a polícia para ir a sua casa. Você já viu esses papéis depois disso? —

Perguntou Donovan.

Os olhos de Travis se arregalaram.

— Não. Eu não vi. Você os teria encontrado se procurasse na nossa casa. Mas talvez...

— Eles estejam aqui, — Donovan terminou.

Ele se levantou abruptamente.

— Edge, você e Swanny limpem isso. Tornem isso exatamente como eu disse que aconteceu.

Sam, você tem a arma, certo? Dê-me para que minhas impressões estejam sobre ela. Para

registro, eu atirei no bastardo.

— De jeito nenhum! — Sam disse enfaticamente. — Eu atirei nele. Você tem muito interesse

pessoal nisso.

— Eu não posso deixar você fazer isso, — disse Donovan tão enfaticamente quanto Sam. —

Você tem uma esposa e uma filha e outro filho a caminho. Eu não vou deixar você levar a culpa

por isso, se as coisas ficarem confusas.

— Você tem família também, — Sam apontou. — Vou telefonar para Resnick e fazê-lo

acenar a varinha mágica. O bastardo deve-nos muito e ele sabe disso. Além disso, quando eu

explicar, ele vai cuidar disso. Haverá muita merda de burocracia, mas se eu puder ter sua bunda

aqui fora, ele vai ter as conexões para garantir que pareça uma matança justa.

Sabendo que ele não tinha tempo para discutir, Donovan assentiu.

— O resto de vocês fique comigo, — disse Donovan. — Eu não quero nenhuma pedra

descoberta nesta casa. Tem que haver alguma coisa aqui. É a única opção que nos resta. O relógio

está correndo para Eve, se ainda não expirou. Encontrem algo que nos aponte na direção certa.

Capítulo 41

— Eu sei que isso mata suas bundas controladoras, mas a minha equipe precisa liderar,

entrar e arrebentar, — disse Resnick.

Como sempre, ele tinha um cigarro pendurado na boca, e inalou, depois exalou em

baforadas bruscas e curtas, um sinal de agitação.

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Estavam reunidos do lado de fora de uma propriedade privada de segurança máxima,

apenas trinta quilômetros de onde a casa de Walt perto de Wasco estava localizada. A busca

exaustiva na cabana de Walt foi proveitosa. O bastardo arrogante, não só mantinha o histórico

médico falso que compilara para Eve em um cofre no escritório, mas também tinha um diário

onde cada detalhe dos últimos vinte anos, foi meticulosamente contabilizado.

Donovan não podia acreditar que alguém tão cuidadoso, tão astuto e inteligente como

Breckenridge seria estúpido o suficiente para escrever evidências de seus crimes, mas como Skylar

explicou, ele pensava ser invencível. Intocável. E ele era muito egoísta para não tê-los relatados.

Ele os mantinha escondido para seu próprio prazer. Seu legado, escrito. Coisas que ele tinha

orgulho de ter. A morte da esposa e como foi pateticamente fácil matá-la. Como ele usou simpatia

e admiração para enganar a enteada e sua presunção sobre o fato de que ele controlava toda a

família.

Isso o revoltou e deixou ainda mais temeroso de que ele já tivesse matado Eve e eliminado o

corpo. Ele falava de ter uma reportagem de capa, mas ele parou de ler nesse ponto. Donovan

enlouquecera e seus irmãos não foram capazes de controlá-lo. Até Skylar descobrir os registros

financeiros. Fora dos livros sob uma corporação falsa. E os únicos pagamentos foram feitos a uma

instituição privada fora de Portland, Oregon.

Bingo.

Tinha que ser onde ele escondera Eve. E se ele estava pagando-lhes as quantias de dinheiro

e escondendo, havia algo aqui que não queria que o mundo soubesse.

Sam fez um barulho rude e Donovan apenas olhou com olhos perfurantes através de

Resnick.

— De jeito nenhum eu vou deixar o destino de Eve a você e seus lacaios, — Donovan falou

entre dentes.

As sobrancelhas de Resnick subiram, mas, além de fumar agitadamente – o que ele

frequentemente se permitia - o homem não se irritava. A menos que contassem todo o fiasco com

Shea e Grace. Fora a primeira vez que Donovan viu o homem expressar qualquer tipo de emoção.

Ainda espantado com que, aparentemente, o homem tinha um coração debaixo daquela fachada

arrogante de bonzão.

— Ouça-me, Donovan. Eu já tenho merdas que terei que limpar para você. Não vou

adicionar outra. Se minha equipe entrar, isto cairá sob o título de uma incursão federal. Se você só

aparecer atrás de nós não terá nenhuma responsabilidade no que acontecer. Isso terá que ser

feito dentro da lei. Meus lacaios, como vocês os chamam, são bons e você sabe muito bem disso.

Eles não vão estragar tudo.

— Ele tem razão, Van, — Garrett disse em um tom resignado que mostrava a Donovan que

ele não gostava da situação mais do que Donovan.

— Maldição! — Donovan xingou. — Okay, mas vamos logo. Estamos perdendo tempo.

Tempo que Eve não tem. Eu a quero fora deste inferno.

— Então, vamos tirá-la, — Resnick disse, apontando para o seu líder de equipe.

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— Vamos informá-lo quando estivermos dentro e estiver limpo, — Kyle Phillips disse,

enquanto caminhava para Donovan. — Mas espere pelo meu sinal. Não brinque com isso, Kelly.

Pense com a cabeça e deixe as emoções de fora. Isso precisa ser tratado como algo oficial.

Deixar suas emoções fora disso. Quando seu coração e sua alma estavam neste contínuo

buraco maldito que só Deus sabia como era. Sim, deixe suas emoções fora disso. Como se isso

fosse acontecer.

Sam colocou uma mão preventiva no braço de Donavan quando percebeu como ele estava

perigosamente perto de dizer foda-se e seguir na frente de Kyle Phillips e sua equipe. Ele se livrou

da mão de Sam.

— Eu estou bem. Vou esperar.

Então ele se levantou e se acalmou, esperando, a cada segundo que passava em agonia. Ele

escutou, esticando em direção ao prédio situado em um bosque, isolado do resto do mundo. Todo

o complexo era cercado por um alto muro de pedra com arame farpado enrolado no topo. Era

uma maldita prisão e o arrebentava que sua Eve estava lá dentro. Tratada como um animal. Pior

do que um animal.

Parecia que uma hora tinha passado, e talvez tivesse. Ele não era o único esperando com

impaciência. Seus irmãos e toda a equipe de Nathan e Joe estavam inquietos com agitação.

— Racha minha bunda ter que receber ordens desse imbecil, — Skylar murmurou. — Ele não

é meu maldito patrão.

Sam sorriu ao lado de Donovan.

— Estou gostando muito dela. Eu admito, eu tinha dúvidas quando a contratei, mas eu

queria ver do que ela era capaz. Tenho que admitir, ela é perfeita. Ela tem a aparência de líder de

torcida delicada, inocente, mas ela remove suas bolas sem remorso e depois as empurra por sua

garganta depois que ela quebrou seus joelhos.

Joe bufou, depois de ter ouvido o comentário de Sam.

— Em quem você colocaria seu dinheiro em uma briga de bar? Ela ou PJ?

Donovan revirou os olhos para o comentário juvenil.

Sam fingiu pensar, ou talvez estivesse realmente considerando o cenário ridículo. Garrett riu.

— O meu dinheiro ainda está em P.J. Ela é cruel. E, bem, ela não aceita insultos sem revidar.

Agora, mais do que nunca. Não estou dizendo que é uma coisa ruim. Eu a apoio e sempre apoiarei,

— Garrett acrescentou em tom mais sério. — Sky consegue separar suas emoções e fazer o

trabalho.

— Ela também sabe lutar sujo, — Sam acrescentou. — É por isso que eu gosto dela. Ela é um

bom complemento para a equipe. E este não é o momento nem o lugar para discutir isso, mas

tenho alguém alinhado para a equipe de Rio. Ele perdeu dois homens agora e não pode continuar

operando com um grupo menor. Mas ele tem a palavra final. Posso recomendar, mas é a equipe

dele, e como Steele, ele trabalha do jeito dele. Eu posso assinar seus contracheques, mas

dificilmente posso ser considerado o chefe deles.

Garrett levantou uma sobrancelha.

— Quem é o cara?

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Sam sorriu.

— Não é um homem. É uma mulher. PJ e Skylar trabalharam bem para nós. Eu tenho uma

candidata qualificada que veio altamente recomendada. Eu acho que ela seria uma boa opção

para Rio e sua equipe. Ela é reclusa como eles. Não diz muita coisa, mas pode arrebentar com o

melhor deles. Ela é um tiro certeiro. Poderia derrubá-lo no mano a mano, — ele disse a Garrett,

ignorando o bufo de incredulidade. — Também é perita em explosivos. Especificamente desarmar

bombas. Ela trabalhou no esquadrão antibombas para o Departamento de Polícia de Nova York.

Antes disso, estava no exército, fato que Nathan e Joe devem apreciar. Ela é boa e eu quero que

Rio a examine cuidadosamente. Se eu conseguir arrastá-lo para fora de sua caverna a porra do

tempo suficiente.

— Quanto tempo se passou? — Donovan perguntou, impaciente com a conversa. Ele sabia

que seus irmãos estavam apenas tentando distraí-lo. Tirar sua mente do fato de que, logo abaixo,

o destino de Eve estava na balança. E eles estavam à mercê da porra do Kyle Phillips e sua equipe

Black ops.

E sim, ele tinha que ser justo com o jovem fuzileiro naval. Ele era durão. Mas ele não tinha

um interesse pessoal nisso. Donovan tinha.

E por falar nele, a voz de Kyle veio no comunicador e Donovan cobriu o fone de ouvido para

não perder uma única palavra.

— Está limpo. E Donovan, você precisa entrar aqui. Ala leste. Último quarto. Rápido.

Donovan cambaleou, o coração quase parando. Havia uma grande preocupação atípica na

voz de Kyle. O homem era um robô. Programado para fazer a missão e só a missão. Nenhuma

emoção. Nenhum sentimento. Apenas atingir o objetivo.

— Oh, Deus, — sussurrou Donovan, quando começou a correr, seus irmãos e a equipe

correndo atrás dele.

Ele passou pelas portas, brevemente percebendo que o pessoal estava todo no chão, com as

mãos acima da cabeça, de barriga para baixo. Ele os ignorou e seguiu seu rumo disparando pelo

corredor da ala leste.

Passou pela porta aberta e parou imobilizado com a visão que o recebeu. Lágrimas

queimaram seus olhos, enquanto olhava para Eve. Ou o que costumava ser Eve.

Ela estava contida em uma camisa de força, sentada em uma cadeira no canto olhando

cegamente para fora da pequena janela que dava para o jardim traseiro. Seu cabelo estava uma

imundície. Havia uma contusão no canto da boca e sangue seco debaixo do queixo. Os olhos

estavam ocos e vazios e estava pálida como a morte.

— Eu não consegui fazê-la responder, — Kyle disse em voz baixa de onde ele estava a

poucos metros de Eve. — É como se ela não estivesse aqui. Eu não sei se ela está ausente ou se

foram os medicamentos que a deixaram assim, mas algo não está certo. Eu sequer obtive um

lampejo de resposta. Ela não tem ideia de que eu estou aqui. Ela apenas olha através de mim.

Oh Jesus. Ele não conseguia sequer reunir alívio com o fato de que ela estava viva. Ela podia

estar respirando, mas o quanto restava dela? Ela sobreviveria a isso? Ele teria sua Eve de volta?

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— Eu quero saber que inferno foi feito para ela, — Donovan latiu. — Descubram! Eu quero

quem está no comando aqui agora, e eu não dou a mínima para o que tem que ser feito para fazê-

lo falar.

Donovan caminhou lentamente até onde Eve estava sentada, imóvel como uma estátua, os

olhos fixos em algum ponto distante. Aliás, não parecia que ela estava vendo nada. Ela se retirou

em si mesma, um escudo para a realidade.

Ele se ajoelhou na frente dela e, em seguida, viu as restrições, o fato de que ela era incapaz

de se mover. Furioso, pegou a faca, mas Garrett estava lá e agarrou a mão de Donovan antes que

ele pudesse usá-la.

— Calma, cara, — Garrett disse calmamente. — Você poderá assustá-la se brandir uma faca,

chateado como está. Converse com ela. Vou soltá-la por trás.

Sabendo que seu irmão estava certo, Donovan empurrou a faca de volta para o fecho em

seu cinto, e então estendeu a mão para tocar suavemente o rosto de Eve, esperando por algum

sinal de reconhecimento. Mas ela não reagiu ao seu toque. Também não recuou. Seus olhos

permaneceram vagos. Vazios. Sem vida.

Pânico estava começando a prendê-lo e ele balançou incontrolavelmente. Queria chorar

como um bebê, mas tinha que controlar-se por Eve. Ela não precisava que ele desmoronasse. Ela

precisava que ele fosse forte. Sua rocha. A única coisa sólida em sua existência atual.

Garrett rapidamente a libertou e desembrulhou a camisa de força até que ela estava

finalmente livre. Seus braços pendiam frouxamente nas laterais. Era como se ela estivesse

completamente sem saber que agora estava livre. Seu olhar permaneceu fixo em algum ponto

distante para fora da janela.

— Eve, — disse ele gentilmente. — Eve, querida, sou eu, Donovan. Você está segura agora.

Eu estou com você. Travis e Cammie estão seguros. Seu padrasto está morto, querida. Ele não

pode te machucar mais. Você está livre.

Ela não respondeu e seu medo só aumentou. Ele queria gritar com ela. Agitá-la até que

reagisse. Mas não fez nenhuma dessas coisas, porque ele nunca lhe mostrou qualquer tipo de

violência. Ela precisava de ternura, bondade e ele daria isso a ela e muito mais. Daria o seu amor e

nunca lhe daria alguma razão para duvidar dele novamente.

Joe voltou, quase arrastando um cara vestindo um jaleco. Era óbvio que ele estava assustado

e que Joe colocou o temor de Deus nele. Se isso não fosse o suficiente, Skylar foi imediatamente

para o rosto do homem, e ela parecia muito assustadora. Todas as brincadeiras de líder de torcida

à parte, ela não era uma mulher que parecia inofensiva. Ela tinha morte em seus olhos e piscou

uma lâmina de aparência malvada no rosto do homem.

— Você tem dois segundos para me dizer o que diabos fez com ela, ou eu começarei a

esculpi-lo em pedaços minúsculos. E não vai ser rápido e não vai ser indolor. Eu vou fazer você

sangrar e sofrer, mas você não vai morrer. Só vai desejar ter morrido, — Skylar falou.

O homem ficou mortalmente branco e era óbvio que tudo o que Joe ameaçou parecia

pequeno em comparação com o Skylar acabou de emitir.

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Donovan tinha que admitir, Skylar no modo fodão era impressionante pra caramba. Edge

apenas sorriu, orgulho em seu olhar enquanto observava Skylar em ação. Swanny ficou para trás,

um meio sorriso curvando seus lábios enquanto também observava com interesse.

— Ela não foi machucada. Fisicamente, — ele rapidamente alterou. — Ela foi fortemente

sedada desde a sua chegada. Ela já chegou medicada. Está assim desde que chegou aqui.

Disseram-nos para mantê-la no modo de bloqueio e que ela era uma ameaça de suicídio e que

precisávamos mantê-la em restrições, porque ela tinha tendências violentas e feriu outros que

cuidaram dela no passado.

— Que porra é essa que você deu a ela, e quanto? — Donovan rugiu.

— Posso dar-lhe os registros, — o homem gaguejou. — Tudo está documentado. Sua última

dose foi apenas meia hora atrás e fomos orientados por seu médico para medicá-la quatro vezes

ao dia, e mantê-la em um estado de sedação até que ele a reavaliasse quando ele voltasse.

— Mentira! — Donovan rosnou. — Quem diabos é esse médico que lhe deu ordens? O filho

da puta nunca planejou voltar. Queriam que ela se mantivesse assim.

— Vou dar-lhe cada pedaço de informação que temos, — disse o homem. — Só não

machuquem meus empregados! Eles são inocentes. Eles estão aqui apenas para cuidar de nossos

pacientes.

— E ainda assim você tem tão poucos, — Skylar rosnou. — Esta instituição privada tão

grande e você tem o que, quatro pacientes? Todos, sem dúvida, de famílias abastadas que pagam

um inferno de muito dinheiro para cuidar de seus "problemas". Estou certa?

Culpa brilhou em seus olhos, e Donovan sabia que Skylar fora perfeita em sua avaliação.

— Donovan, — Resnick calmamente falou. — Pegue Eve e a leve para longe daqui. Eu vou

lidar com as coisas aqui. Isso vai cair sob jurisdição federal. Vamos fechá-lo e manipulá-lo através

dos canais apropriados para que este lugar seja desligado e todos os envolvidos sejam presos e

responsabilizados por suas ações. Não há nada para você fazer aqui. Você só vai turvar as águas.

Eu vou fazer muita questão que Travis não seja de alguma forma ligado à morte lamentável de

Breckenridge. Confie em mim para fazer isso. Eu vou fazer a limpa e você, Eve, Travis e a KGI não

serão sequer envolvidos remotamente.

Ele estava pedindo muito e Donovan queimava com a necessidade de vingança. De sangue.

Ele queria castigar cada filho da puta que fora responsável por fazer isso a Eve. Mas Resnick estava

certo. Eve era a sua primeira e única prioridade. Vingança não tinha lugar em suas prioridades

agora.

Fechando os olhos, assentiu em concordância. Em seguida, cuidadosamente embalou Eve

em seus braços, o coração quebrando enquanto ela jazia inerte contra ele, os olhos nunca se

movendo, seu olhar nunca mudando.

Correu para fora da instalação, desejando que pudesse queimá-la até o chão e eliminar

todos nas chamas. Ethan saíra, sem ser notado por Donovan, e estava esperando em uma SUV na

frente.

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— Vá para o aeroporto, para que possamos dar o fora daqui, — Sam disse, colocando a mão

no ombro de Donovan. — O jato está abastecido e pronto para partir. Nathan, Joe e Skylar vão

viajar com você e Ethan. Estaremos atrás de vocês. Leve-a ao avião e vamos voltar para casa.

Capítulo 42

Estavam no ar uma hora mais tarde, e Donovan se sentou segurando Eve, embalando-a em

seus braços. Ele conversava com ela em tons suaves, dizendo-lhe de seu amor por ela, que ela

estava a salvo agora. Que estavam indo para casa. E que Travis e Cammie estavam bem.

No minuto em que chegaram ao aeroporto, Travis ficou perturbado com a condição de Eve.

Aliviado que ela estava viva, mas logo em seguida devastado quando soube ao que ela foi

submetida.

Donovan instruiu Nathan a colocar Travis na cabine com ele como uma distração. Talvez Eve

necessitasse da familiaridade da família. Mas Travis era uma bagunça quente e Donovan se

preocupou que isso só iria piorar as coisas para Eve. Não que ela parecia remotamente ciente de

seus arredores. Mas ele queria, necessitava, deste tempo sozinho com ela, sem ter que consolar

Travis também. Nathan iria cuidar dele.

Joe entrou na área de descanso do jato, enquanto o resto da equipe ficou nas fileiras entre a

cabine e a área que tinha o sofá e as duas poltronas. Ele sentou-se em frente à Donovan e olhou

para seu irmão mais velho, simpatia e compreensão enchendo seus olhos.

— Olha, eu sei que não posso dizer que sei como você se sente, — Joe começou. — Eu nunca

estive apaixonado. Eu sou o único irmão solteiro, por isso não vou insultá-lo, dizendo merda como

eu entendo o que você está passando. Mas eu já vi isso com cada um de vocês. Estive lá quando o

pior aconteceu. Ela vai passar por isso, cara. Ela é forte. Ela é uma lutadora.

— Mas ela acha que eu a traí, — disse Donovan dolorosamente. — Que razão ela tem para

sair dessa, para responder ao homem que crê em seu coração e alma que a traiu, usou e mentiu

para ela? Olhe para ela, cara. Ela se foi. Ela não está aqui. Ela está ausente e eu não sei se é o

remédio que eles forçaram sobre ela ou se ela está apenas ausente, pois a sua realidade não

suporta mais viver.

— Lembre-se de como Shea estava quando a encontramos, — Joe disse gentilmente. —

Lembre-se de como ela estava ausente. Como Nathan estava preocupado de que ele a tinha

perdido. Que ele nunca a recuperaria. Tudo que Shea precisava era de tempo e do amor dele.

Nosso amor. O apoio de sua família. A nossa família. Eve tem isso também. Ela vai chegar lá, Van.

Ela só precisa de você para cercá-la com o seu amor. Ela precisa saber que você a ama e que nunca

iria traí-la. Ela vai sair dessa. Maren já foi chamada e está esperando. Ela vai ver o que foi feito e se

ela precisa de mais do que Maren pode proporcionar. Seja o que for, vamos buscar para ela. Com

você e nossa família por trás dela, e com Cammie e Travis com ela e Walt estando fora de cena, ela

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vai sobreviver a isso. Ela só precisa de tempo. Assim como Shea precisava de tempo. Mas ela vai

chegar lá. Acredito com a minha alma. Eu não gostaria apenas de dizer merda para acalmar você.

— Eu não posso suportar a ideia de ela pensar - de saber - que eu fiz isso com ela, —

Donovan disse com voz rouca. — Eu jamais poderei amar outra mulher do jeito que eu amo Eve.

Ela é tudo para mim, cara. A única. Eu sabia desde o primeiro dia que a conheci. E eu deveria ter

sido mais claro. Deveria ter colocado para fora para ela, mas eu pensei que tinha tempo. Eu fui

arrogante e convencido de que eliminaria Walt, que seria fácil. Que o meu plano de tirá-lo seria

muito fácil. Eu estava tão envolvido com o que eu queria que não considerei qualquer outra

possibilidade, menos a do jeito que eu queria. E Eve pagou por isso. Eu deveria ter sido sincero

com ela desde o início. Estava tentando protegê-la, e ao fazê-lo eu a fiz acreditar que eu a

colocaria em perigo. Toda essa merda sobre a minha fraqueza por mulheres e crianças, e

especialmente as crianças. Jesus, mesmo que eu possa ver o quão ruim parece, o quão ruim soa.

Posso entender por que Eve pensou o que ela pensou, porque toda a minha família recitou estas

palavras contundentes para o mundo ouvir. Como Eve deve ter se sentido cada vez que alguém

marcava no ‘especialmente crianças’, Como se ela fosse uma segunda opção. Não tão importante

quanto as crianças, quando na verdade ela é o coração e a alma de tudo.

— Pare de se torturar, — disse Joe. — Isso não está fazendo você ou ela melhorar. Se poupe,

cara. Embrulhe-a em seu amor e apoio. Traga-a para casa para Cammie e Travis. Ela vai sobreviver

a isso. Nós não aceitaremos qualquer outra opção. E você sabe muito bem que os Kellys são um

grupo tenaz, muito arrogante, teimoso e uma vez que definimos nossas mentes para algo, venha

inferno ou inundação, vamos fazer isso acontecer. Ela é da família. Ela é uma de nós. E não há

nenhuma maneira no inferno de qualquer um de nós desistir dela.

Donovan sorriu, um pouco da agonia suavizando. Só um pouco.

— É um inferno de um momento quando o meu irmão mais novo está chutando minha

bunda estúpida, — murmurou Donovan.

Joe sorriu.

— Estou aproveitando. Isso pode nunca acontecer novamente.

— Obrigado, — Donovan disse sinceramente. — Estou feliz por você e Nathan estarem fora

do exército e trabalhando conosco. Nós não estávamos completos até os dois se unirem. Agora

somos um todo.

Uma sombra passou pelos olhos de Joe, e Donovan sabia que ele estava se lembrando de

quão perto eles chegaram de perder Nathan. Gêmeo de Joe.

— Lembre-se que eu senti o que Shea sentia. Que eu tinha a mesma conexão com ela que

Nathan tinha. Eu vi o que ela viu, senti o que ela sentia. E ela passou por um inferno. Ela foi

torturada e quando a encontramos, ela era uma casca sem vida de nossa antiga Shea. Mas ela deu

a volta por cima assim como Eve fará. Basta dar-lhe tempo. Se tudo o que eles fizeram foi mantê-

la drogada, então isso é algo que pode ser superado.

Donovan passou o dedo gentilmente pela sombra de uma contusão na boca de Eve e o

sangue seco em seu lábio.

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— Alguém bateu nela. E se bateu uma vez, quem pode dizer que não a machucaram de

outras maneiras? Talvez nunca venhamos a saber o que ela sofreu. Mesmo que ela volte, ela pode

nunca se lembrar de tudo o que aconteceu.

— Talvez seja o melhor, — Joe disse calmamente. — Algumas coisas são melhor deixar

esquecidas. Tudo o que ela precisa saber é que ela é amada e está segura. O passado não importa

mais.

Donovan assentiu.

— Você está certo. Eu sei que você está certo. Mas porra, eu quero derramar o sangue de

cada filho da puta que tomou parte em fazer isso com ela. E deixar tudo para Resnick? É a coisa

mais difícil que já tive que fazer na minha vida.

— E a mais altruísta, — disse Joe. — Você partiu, porque isso é o que Eve necessitava. Ela

precisa de você. E então, em vez de se vingar, você veio com ela. Você fez a coisa certa, Van.

Nunca pense o contrário.

Donovan reuniu Eve mais apertado em seus braços, fechando os olhos enquanto

pressionava os lábios na testa dela.

— Volte para mim, — ele sussurrou. — Volte para mim para que eu possa te dizer que eu te

amo. Então, poderei te dizer que eu te amo todos os dias de nossas vidas deste ponto em diante.

Capítulo 43

No momento em que Donovan entrou em sua casa, levando Eve e ladeado por Travis, que

rondava quando saíram do avião, Cammie lançou-se do colo de Sophie, onde estavam sentadas no

sofá e correu para Donovan e Travis.

Travis imediatamente pegou-a, abraçando-a ferozmente, mas o olhar de Cammie estava

fixado em Eve, com os olhos arredondados de medo.

— Evie? — Cammie sussurrou. — O que há de errado com Evie?

Ela olhou para Donovan, lágrimas enchendo seus olhos grandes.

— Ela está bem, querida, — Donovan disse, esperando que Deus perdoasse essa mentira. —

Está apenas dormindo. Ela está muito, muito cansada, e temos de deixá-la descansar.

Maren andou em direção a eles, a testa franzida em preocupação.

— Não aqui, — disse Donovan, em voz baixa. — Vou levá-la para o quarto.

Enquanto falava, ele olhou para Sophie, enviando-lhe uma mensagem silenciosa para distrair

Cammie.

— Fique aqui com Cammie, — Donovan disse a Travis. — Ela precisa de tranquilidade. Eu sei

que você está preocupado com Eve, mas Maren vai examiná-la e eu o avisarei no momento que

alguma coisa mudar.

Travis não parecia feliz com a ordem, mas ele não discutiu. Em vez disso, virou-se com um

sorriso brilhante para Cammie.

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— Senti sua falta pequena. Que tal irmos brincar com Cece e seus brinquedos?

Cammie parecia duvidosa, mas por insistência de Donovan, ela obedeceu e deslizou do colo

de Travis apenas para pegar sua mão e puxá-lo para a área de brincar improvisada que Sophie

construíra para as meninas.

Donovan rapidamente levou Eve para seu quarto e gentilmente colocou-a na cama. Os olhos

dela estavam fechados agora, onde antes permaneceram abertos e vagos. Sem vida. Totalmente

sem vida. Mas agora ela dormia, e ele encontrou mais conforto assim, que, talvez, ela estivesse

em paz por alguns momentos, pelo menos, do que estar acordada e inconsciente, em algum

inferno particular que só ela podia sentir.

Ele ia tirar isso dela em um piscar de olhos. Ele tomaria sua dor, seu sofrimento, sua tristeza

e raiva e arcaria com tudo, se ele simplesmente pudesse tê-la de volta. Inteira. A Eve que ele

conhecia e tinha aprendido a amar mais intensamente do que imaginou algum dia ser capaz de

amar uma mulher.

Ele sabia que o amor existia. Sabia que era uma coisa preciosa. Ele viu como seus irmãos e

líderes de equipe eram com as esposas. Mas será que eles sentiam a emoção consumidora que

Donovan sentia? Poderia o que ele sentia, possivelmente, se comparar com o que seus irmãos

compartilharam com as esposas? Ele achava difícil acreditar, mas supunha que seus irmãos

argumentariam esse ponto. Todos eles assumiriam qualquer coisa que suas esposas sofressem.

Eles morreriam por elas, sem hesitação. Não havia nenhum sacrifício demasiado grande ou

demasiado difícil de fazer para eles.

O amor era uma coisa multifacetada, dolorosa, alegre, satisfatória e assustadora como o

inferno.

Isso o tornou um homem vulnerável. Abriu-o para uma dor e agonia inimaginável. Mas

também o presenteou com algo mais poderoso do que qualquer outra coisa no mundo. O amor de

uma mulher era o presente mais precioso que um homem poderia receber. E Donovan nunca o

menosprezaria. Se ele fosse capaz de conseguir Eve de volta, ganhar sua confiança e seu amor, ele

a valorizaria para sempre. E nunca lhe daria motivo para duvidar dele novamente. Se levasse o

resto de sua vida, ele a compensaria por toda dor que ele lhe causou.

Maren estava lendo os relatórios médicos que pegaram no hospital, sua carranca

aprofundando quanto mais ela lia. Em seguida, ela jogou de lado os papéis com nojo e foi para a

cabeceira de Eve, fazendo uma análise aprofundada. Ela suavemente abriu os olhos de Eve e

iluminou com uma lanterna, verificando as pupilas. Então pegou os sinais vitais, ouviu a

respiração, contando-as em silêncio, os lábios se movendo, o único sinal de que ela estava

contando.

Quando terminou, ela suspirou e virou-se para Donovan.

— Eles a transformaram em um vegetal, — ela disse, com os olhos brilhantes de lágrimas. E

ódio. — Skylar contou-me do diário que foi encontrado na cabana e os registros de Walt, que ele

planejava punir Eve se ela resistisse a seus avanços. Se ela se recusasse a seus planos para ela. De

uma maneira estranha, ele considerava a ideia de forçar-se a ela repugnante. O idiota pensava que

Eve devia se sentir honrada que Walt a quisesse em sua cama, como amante. Então, se ela

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resistisse, e é óbvio que resistiria, ele planejava interná-la no manicômio por um tempo.

Mantendo-a fortemente sedada e então ele iria visitá-la depois que ela tivesse tempo de sair da

medicação e estar lúcida o suficiente para escolher. Continuar existindo como um vegetal, em

restrições. Ou concordar com suas exigências para compartilhar a cama dele e permitir-lhe

controlar todos os aspectos de sua vida.

— Ele estava enlouquecido, — Donovan disse entre dentes. Ele estava fervendo de raiva,

mas ao mesmo tempo estava grato que ela não fora abusada sexualmente. Não que o abuso que

ela sofreu foi de alguma forma melhor. Mas pelo menos ela não tinha sido fisicamente

machucada.

— De certa forma isso é pior do que se ele a tivesse estuprado, — Maren disse em voz baixa,

lendo com precisão os pensamentos de Donovan. — Ele não estuprou o corpo dela, mas estuprou

a mente grandemente. Ele roubou suas escolhas, sua sanidade. Ele a despiu de tudo. A

autoestima, o seu próprio ser. Eu realmente acredito que ela poderia muito bem recuperar-se

mais cedo de um estupro físico do que deste tipo de estupro.

— Ela vai se recuperar? — Donovan perguntou com voz rouca. — O que eles lhe deram,

Maren? Eu preciso da verdade aqui. Não vá com calma. Eu preciso saber. Eles danificaram

permanentemente a mente dela? Ela será normal novamente?

— Sente-se, — Maren disse gentilmente, puxando o braço de Donovan, até que ele se

sentou na cadeira ao lado da cama.

— Eles a mantiveram fortemente drogada, pelo que fui capaz de verificar, e acredite em

mim quando digo que este não era um centro médico legítimo por que os registros são irregulares

e vagos. Deram-lhe drogas psicotrópicas em intervalos regulares. Muito regulares. Quatro vezes

ao dia, e ela já estava drogada quando chegou. Alguns medicamentos como clorpromazina têm

uma meia-vida mais longa, e poderia levar dias para livrar totalmente o seu corpo dos efeitos. Se

tivermos sorte e deram-lhe uma droga com uma meia-vida mais curta, é possível que ela volte

mais cedo. Não há simplesmente nenhuma maneira de saber.

Ela fez uma pausa, como se deixando o diagnóstico ser absorvido. Então continuou, com os

olhos cheios de simpatia quando olhou para Donovan. Pegou a mão dele, apertando-a,

oferecendo conforto.

— Há também o fator de que ela pode não querer voltar. Que talvez ela retirou-se para um

lugar onde não sente nenhuma dor, nem traição.

Donovan se encolheu, e o sangue drenou de seu rosto.

— Eu não digo isto para te magoar, — disse ela. — Mas tem que ser reconhecido. Ela acha

que você a traiu. Acha que você não a ama e que a sua única preocupação é com Travis e Cammie.

De certa forma, as drogas eram provavelmente uma bênção para ela, porque a anestesiaram. Ela

não está sentindo nada. Ela não sabe de nada. Não está consciente de seu entorno e

provavelmente está apreciando isso. Sua mente está protegendo-a da dor e seu medo muito real

do padrasto e do que ele, eventualmente, vai fazer com ela.

— O que posso fazer? — Donovan perguntou impotente.

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Lágrimas queimavam as bordas dos olhos dele. Ele piscou e foi como se esfregasse areia em

seus olhos. Suas emoções estavam em carne viva. Seu coração estava quebrado. Era sua culpa Eve

estar assim. Foi culpa dele que isso tivesse acontecido. Se tivesse feito as coisas de forma

diferente. Se não estivesse tão determinado a protegê-la. Ele cometeu o maior erro de sua vida

por não confiar nela. Ele não merecia a confiança dela, porque não ofereceu a confiança dele em

troca. Ele não queria que ela soubesse coisa alguma de seus planos. Estupidamente, pensou que

poderia resolver o problema sem ela saber e, em seguida, apresentá-lo com um fato consumado e

eles viveriam felizes para sempre.

Ele, o inteligente, o suposto cérebro de toda a operação.

Ele era o maior idiota do mundo. Estava pensando com o coração em vez de usar o seu

maior patrimônio. Não a sua força física. Não a sua formação. Sua inteligência. Sua mente. E Eve

pagou caro por seu fracasso.

— Você não pode se torturar, Van, — Maren disse calmamente. — Isso não faz bem nem a

você nem a ela. Você tem que ser forte por ela. Tem que fazê-la querer voltar. Você precisa

convencê-la de que você a ama, que não traiu. E tem que ser paciente e esperar pelo tempo que

for preciso para que ela queira se arrastar para fora do buraco no qual ela se enterrou. Porque lá,

ela está segura. Nada pode machucá-la. Mas o mundo real? Isso pode destruí-la, e ela bem sabe

disso.

— Então, eu apenas sento aqui e não faço nada? — Donovan disse amargamente.

— Não, — Maren refutou. — Você fala com ela. Cerque-a com a família dela. Você, Travis, e

Cammie. Seja persistente. Não permita que ela rasteje de volta para a casca uma vez que a

medicação comece a perder o efeito e ela se torne mais ciente de seus arredores. Então, mais do

que nunca é quando você tem que pressionar. Porque quando passar o efeito do medicamento e

ela não tiver esse bálsamo, ela vai recuar de outras maneiras. A mente é uma coisa muito

complexa e vai muito longe para proteger-se. Se você permitir, ela vai encontrar uma maneira de

retirar-se mesmo sem a medicação. Então você a cercará com o seu amor. Com o amor de

Cammie e Travis. Apresente uma frente unida. Mostre-lhe que vocês são a família dela. Os quatro.

E não a trate com cuidado, Van. Eu sei que o seu instinto será mimá-la. Você não vai querer

causar-lhe qualquer sofrimento. Você vai recuar ao primeiro sinal de que ela está chateada. Mas

você não pode fazer isso. Você tem que mostrar o seu amor resistente e intimidá-la se for preciso.

— E fazer com que ela me odeie mais do que já odeia, — disse Donovan friamente.

— Não. Você mostrará a ela o quanto você a ama por não deixá-la ir.

Donovan passou a mão pelo cabelo e Maren o abraçou com força.

— Ela passará por isso, Van. Assim como Shea fez. Nathan passou pelo inferno. Perguntou-se

uma centena de vezes durante o tempo em que Shea estava se recuperando, se ele já a tinha

recuperado. Mas o amor o fez. Seu amor. Ele não desistiu, e nem você irá desistir. E, assim como

Shea encontrou seu caminho de volta para Nathan, Eve também irá encontrar o caminho de volta

para você, Travis e Cammie. Com três pessoas que a amam tanto quanto vocês, como não

poderia? Para não falar do resto de nós. Somos uma força a ser reconhecida, como Shea pode

atestar, — ela acrescentou com uma risada. Em seguida, sua expressão tornou-se mais grave. —

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Eu te amo muito, Van. Eu amo todos vocês. Mesmo antes de me casar com Steele, vocês eram a

minha família, apesar de eu ter uma família a quem amo com ferocidade. Estarei aqui se precisar

de mim. Tudo que você tem a fazer é chamar. Não importa a que hora do dia ou da noite. Steele e

eu estaremos aqui. Espero que você saiba disso.

Donovan a abraçou de volta, enterrando o rosto em seu cabelo e apenas segurando-a

enquanto pesar corria por ele. Ela apertou com força, como se soubesse o quanto o controle sobre

suas emoções era tênue.

— Eu também te amo, — Donovan disse roucamente. — E obrigado, Maren. Parece que

você teve uma mão no salvamento de todos os nossos traseiros em um momento ou outro, mas

isso é diferente. Esta é a minha vida. Mais importante do que qualquer missão que já passei ou

passarei.

Ela sorriu e segurou seu queixo enquanto se afastava.

— Seja forte para ela, Van. E resistente. Não a mime. Apenas a ame e esteja lá quando ela

finalmente romper. Porque ela vai quebrar. Vai piorar antes que fique melhor. Quando o efeito do

medicamento passar e ela voltar para a realidade e se lembrar de tudo, ela vai quebrar e você vai

ter que estar aqui para pegar os pedaços e ajudá-la a passar por isso, amá-la e convencê-la desse

amor.

— Obrigado, — disse Donovan novamente.

Maren se afastou e Donovan voltou sua atenção para a cabeceira de Eve, onde ela dormia,

aparentemente tranquila. Mas ele sabia que por baixo de tudo, os pesadelos se escondiam. E o

sono era a única coisa mantendo o inferno sob controle.

Capítulo 44

Eve lutou contra o forte nevoeiro que a envolvia como um cobertor. Era estranho. Ela não se

sentia como... Ela lutou com a palavra para descrever. Mas sentia-se mais leve de alguma forma.

Não parecia que corria lama por suas veias, carregando-a e fazendo-a sentir-se desnorteada e

inconsciente. Onde ela estava?

Lutou com sua memória, tentando juntar tudo o que fazia... Sentido.

Pedaços voltaram para ela como fotos aleatórias piscando em um monitor de vídeo. Walt.

Suas ameaças. E depois nada. Lembrou-se de olhar sem ver de uma pequena janela para um

jardim que precisava muito de cuidados. O sol machucava seus olhos e ela os fechava, só

querendo escapar de sua realidade.

Mas agora? Ela abriu os olhos, intrigada com a dificuldade dessa tarefa, e quando conseguiu,

tudo o que viu era branco. Levou um momento para perceber que estava deitada de costas

olhando para o teto. Em seguida, se deu conta do baixo murmúrio de vozes.

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Eram eles? Estavam voltando para colocá-la de volta no nevoeiro? Tentou convocar um

protesto, não querendo a dormência por mais tempo. A princípio, fora bem-vinda. Mas por quê?

Não conseguia se lembrar do por que ela preferia a sensação de nada.

— Evie? Evie, você está acordada?

Cammie! Querido Deus, pegaram Cammie também?

E então tudo desabou de volta, explodindo em sua mente. Tudo. A traição de Donovan. Walt

forçando seu veículo fora da estrada. A viagem de avião e Walt levando-a para a cabana. Suas

exigências. Suas ameaças. A promessa de que não importa o que acontecesse, ele teria Travis e

Cammie de volta com ou sem a cooperação dela. Ela deixou Travis e Cammie com Donovan,

acreditando plenamente que não importavam seus sentimentos por ela, que ela não importava,

que ele, pelo menos, cuidaria de seus irmãos e que iria protegê-los. E se ela estivesse errada sobre

isso, assim como estivera errada sobre tantas outras coisas?

Precisava se libertar do nevoeiro que lentamente tentava envolvê-la mais uma vez. Ela tinha

que proteger Cammie. Ela faria seja o que for que Walt queria. Se ele só prometesse soltar

Cammie.

Deixou escapar um gemido de angústia e lambeu os lábios, tentando falar, intrigada com o

som estridente que saiu em seu lugar.

— Eu vou fazer, — ela finalmente conseguiu falar. — Vou fazer o que você quiser. Mas você

tem que prometer devolver Cammie. Eu vou ser o que você quiser.

Lágrimas sufocaram suas palavras e percebeu que elas estavam deslizando sem parar pelo

seu rosto. Tudo o que ela fizera fora para nada. Toda a fuga, a preocupação sem fim, os sacrifícios

que ela fez e estava preparada para fazer. Não importa, porque no final Walt vencera, afinal.

E, em seguida, para sua surpresa absoluta, Donovan apareceu, com o rosto logo acima do

dela, e ainda mais desconcertante eram as lágrimas correndo pelo rosto dele, dor e tristeza

inundando os olhos.

Ele tocou seu rosto, tentando enxugar as lágrimas que corriam em um rio sem fim. Ela não

tinha nenhum controle sobre elas. Perdera tudo o que importava. Mas como? Por que ele estava

aqui? Onde ela estava?

— Querida Eve, — ele ofegou. — Meu Deus, Eve. Querida, você está segura. Cammie está

segura. Travis está seguro. Os dois estão aqui e muito ansiosos para vê-la. Gostaria disso? Eles

estão muito preocupados com você. Eu estou preocupado com você.

Ela assentiu ansiosamente, sua habilidade de falar em torno da torrente de lágrimas que

apertavam sua garganta completamente desaparecida.

Cammie rastejou cautelosamente sobre a cama e, em seguida, Travis passou por Donovan,

que ficou para trás para permitir o acesso de Travis a ela. Ela olhou para seu irmão e irmã, e então

ela chorou.

Cammie a abraçou de um lado e Travis abraçou no outro. Seus braços pareciam envoltos em

chumbo, mas ela conseguiu levantá-los e envolvê-los solidamente em torno de seus irmãos,

deleitando-se com a sensação de ambos tão quentes e vivos. Seguros. Donovan disse que estavam

a salvo. Estavam todos a salvo.

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— Não chore, Evie, — Travis disse em uma voz torturada que traiu suas próprias lágrimas. —

Tudo está bem agora. Você está de volta. Você vai ficar bem. Por favor, não chore. Estamos bem.

Todos nós. Walt morreu. Ele não pode mais nos machucar. Ele não pode mais ferir você.

Ela se agarrou desesperadamente a seu irmão e irmã, não querendo soltar no caso de este

ser um produto das drogas que forçaram sobre ela. Era tudo apenas uma manifestação bizarra do

desejo do seu coração? Ela os teria conjurado e tudo era apenas uma alucinação? Um truque da

medicação?

— Vocês são reais — ela ofegou. — Vocês estão aqui. Oh meu Deus, estava tão preocupada.

Pensei... Pensei que ele tinha pegado vocês, — disse, entre lágrimas.

Cammie acariciou sua bochecha e depois limpou mais lágrimas que Eve não conseguia parar.

— Não chore Evie, — Cammie disse, repetindo o apelo de Travis. — Nós podemos ser uma

família agora. Uma família de verdade. Van disse que sim. Ele disse que eu posso chamá-lo de

papai e eu quero. Posso, Evie? Posso chamá-lo de papai e você de mamãe?

— Oh, querida, — Eve sussurrou. — Eu te amo muito, muito. Mas...

Ela fechou os olhos incapaz de expressar o que estava em sua mente. Não podia destruir as

ilusões de Cammie. Seria cruel.

— Cammie, Travis, vocês podem me dar um momento com Eve? Há muita coisa que preciso

explicar para ela. Vão para a sala de estar com Rachel e Sophie. Vocês podem voltar daqui a

pouco. Eu prometo.

Cammie beijou o rosto de Eve e, em seguida, sorriu seu sorriso doce.

— Van vai fazer tudo melhorar. Ele prometeu.

E então ela saltou da cama e Travis pegou a mão dela para levá-la para fora do que Eve

agora percebeu era o quarto de Donovan. Eles estavam na casa dele. No Tennessee. Milhas de

distância de onde ela estava... Ela nem percebeu há quanto tempo estava lá, ou quanto tempo

estava aqui, aliás.

Donovan deslizou em cima da cama, envolvendo sua mão. Ele estava tremendo, ela

percebeu. Ele parecia totalmente desfeito, nada como o calmo e composto homem que sempre

tinha apresentado. Seus olhos estavam assombrados e ele parecia agoniado.

Quanto mais a névoa clareava, ela deu uma olhada melhor para ele e estremeceu com o que

viu. Ele parecia abatido. Como se não tivesse dormido em dias. Estava com a barba por fazer, a

roupa amarrotada. Parecia que estava de ressaca depois de passar por um inferno de uma farra.

— Eu não entendo o que aconteceu — disse ela, impotente. — Como eu cheguei aqui? Por

que estou aqui? Travis disse que Walt estava morto. Como?

Donovan acariciou sua bochecha, quase como se assegurando de que ela estava aqui,

acordada e aparentemente bem. Para um homem que professava não se importar com ela, ele

parecia fraco com alívio de vê-la.

— Há tanta coisa que eu preciso dizer a você, — ele ofegou. — Mas não quero sobrecarregá-

la. Você esteve ausente por três dias. Três dos dias mais longos da minha vida. E se você não está

se sentindo bem, se quiser descansar, então vou esperar. Mas Eve, não posso deixar você sofrer o

equívoco em que está um minuto a mais.

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Ela franziu a testa enquanto lutava para tentar entender suas palavras apaixonadas. Tentou

sentar-se, mas descobriu que não tinha força para fazê-lo. Olhou para baixo em confusão, quase

esperando ainda estar amarrada. Mas não, os braços estavam livres. Segurou o irmão e a irmã em

seus braços, embora o esforço lhe custasse consideravelmente.

Ela queria flutuar no vazio. Queria flutuar no mar do nada onde a realidade não se

intrometia. E agora que sabia que Cammie e Travis estavam a salvo, que Walt não era mais uma

ameaça, apenas queria estar longe da verdade.

Mas espere. Ele disse que não queria que ela sofresse o equívoco em que ela estava. O que

isso significava?

— O que é que você quer, Eve? — Donovan perguntou, a preocupação queimando em seus

olhos.

— Você pode me ajudar a sentar? — Ela perguntou, envergonhada de que não conseguia

realizar esta pequena tarefa.

— Claro. Mas tenha cuidado. Eu não quero que você exagere.

Ele gentilmente levantou a frente com um braço e, em seguida, colocou vários travesseiros

atrás das costas, para que ela estivesse encostada e confortável. Em seguida, deslizou-a de volta e

ela quase suspirou de alívio no conforto das almofadas de penas em torno dela como a nuvem

mais macia.

— Não estou entendendo nada disso, — ela disse, ainda sentindo como se estivesse em

alguma realidade alternativa bizarra. — Você disse... — Ela se interrompeu, com lágrimas

novamente enquanto a tristeza batia diretamente no peito.

Donovan chegou mais perto dela até que seus corpos estavam se tocando, e juntou as mãos

nas dele, inclinando para frente até que suas testas se tocaram de forma íntima.

— Eu nunca te traí, Eve. Você tem que saber disso antes de saber de algo mais. Eu te amo.

Eu te amo com cada parte de mim. Não há uma única parte de mim que não esteja solidamente,

loucamente apaixonada por você. E eu vou viver com pesar pelo que você sofreu como resultado

de ouvir um trecho fora de contexto de uma conversa pelo resto da minha vida.

Ela olhou para ele com espanto, esperança desabrochando apesar de seus esforços para

contê-la.

— Era uma armadilha, — explicou. — Um plano para atrair seu padrasto. Eu fui tão

arrogante. Pensei que eu tinha tudo planejado e ele acabaria caindo no meu colo e eu iria eliminá-

lo e você e eu viveríamos felizes para sempre com Travis e Cammie.

— Mas eu ouvi você dizer que eu era mentalmente instável, que eu era um perigo para

Travis e Cammie e que estava me oferecendo em troca de Travis e Cammie, que Walt queria

vingança e que ele teria que você me entregasse para ele.

Ela mal conseguia articular as palavras enquanto dor, fresca e viva, brilhava em sua mente.

Cada vez mais voltavam a ela enquanto a névoa levantava, obrigando-a a enfrentar a realidade.

Ele fechou os olhos, a testa ainda pressionando a dela. Ela sentiu seu suspiro, a expulsão

suave de respiração em sua boca. Era um som carregado de tristeza e arrependimento. E se ela

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estivesse errada? Se tivesse horrivelmente o interpretado mal? Se tivesse sido rápida demais em

condená-lo? Deveria tê-lo confrontado?

Havia tantos ses que fez sua cabeça girar.

— Era parte do plano. Eu estava trabalhando nos detalhes, — Donovan disse em uma voz

dolorida. — Era o que eu pretendia dizer a Walt. Para vender o fato de que você não era

importante para mim. Que a minha única preocupação era com as crianças. Eu disse a ele que

estava preocupado que você precisava de ajuda psiquiátrica e se beneficiaria de estar sob os

cuidados de um médico. Agi como se eu não soubesse o idiota que ele era, e estava fazendo o

papel de um cidadão preocupado, levando você até ele, assim você receberia a ajuda que

precisava. E eu disse-lhe que uma vez que eu estivesse certo de que você já não era uma ameaça

para eles eu estaria disposto a enviar Travis e Cammie de volta para ele. Eu esperava que ele fosse

se incriminar. Que ficaria enfurecido que eu estava mantendo os filhos dele como reféns para

todos os efeitos práticos. Mas ele já estava com você e, em seguida, reuniu-se comigo e

concordou com cada uma das minhas determinações, e eu sabia que algo estava errado. Ele

estava muito presunçoso. Muito seguro de si. E completamente despreocupado com o fato de que

eu estava mantendo os filhos longe dele. E acontece que eu estava certo, porque ele já tinha você,

e ele saiu direto do nosso encontro e levou você para longe de mim e diretamente para o inferno.

Ele ficou em silêncio, e ela percebeu que ele estava corajosamente tentando recuperar a

compostura. As palavras foram arrancadas dele, sufocadas, instáveis, tão cheias de emoção que

ela não poderia duvidar de sua sinceridade.

— Eu nunca me perdoarei por isso, — sussurrou Donovan. — Por tudo o que você sofreu.

Por fazer você duvidar de mim, mesmo que por um momento. Eu deveria ter dito que te amava.

Deveria ter dito que a queria comigo para sempre, em vez de ser vago e falar sobre ser uma

família. É de admirar que você esteja tão disposta a acreditar no pior, porque eu não te dei motivo

para esperar outra coisa de mim. Mas Eve, você é a minha vida. Meu mundo. Sim, eu amo Travis e

Cammie, e sim, eu quero que sejamos uma família. Mas não sem você. Você é o coração e a alma

desta família: a nossa família. Sem você, nenhum de nós está completo. Nem eu, nem Travis e

nem Cammie. Eu quero essas crianças, Eve. Nunca duvide. Mas eu quero você. Coração e alma.

Corpo e mente. Quero ter filhos com você. Para fornecer irmãos e irmãs para Travis e Cammie.

Quero que sejamos uma família.

— Oh Donovan, — ela sussurrou, tão abalada que o nome dele era tudo que ela podia dizer.

Sua boca encontrou a dela no mais terno dos beijos. Tão gentil e reverente. E muito

amoroso. Como ela poderia ter duvidado? Como poderia não saber? Estivera tão insegura que

estava apenas esperando que tudo desabasse e seu mundo caísse? Estivera tão disposta a não

acreditar que essa bondade e amor existia que apenas esperou, acreditando o tempo todo que

não poderia ser real?

A resposta para todas essas perguntas é sim.

— Sinto muito, — ela ofegou.

Ele levantou a cabeça para envolver seu rosto com as palmas das mãos. Seus olhos eram

ferozes, brilhando com intensidade.

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— Você nunca deve pedir desculpas a mim, Eve. Nunca. Eu não vou aceitar. Eu deveria estar

de joelhos implorando por perdão, e se você me der a chance, vou passar o resto da minha vida

provando que ninguém nunca vai te amar mais do que eu. E nunca vou te dar motivos para se

arrepender de colocar a sua confiança em mim.

Ela não podia sequer formar uma resposta coerente. Havia tanta coisa que queria dizer, mas

sabia que não teria condições de dizer nada. Lágrimas corriam pelo seu rosto, colidindo com as

mãos.

— Por favor, diga-me que são lágrimas de alegria ou mesmo alívio, — Donovan implorou. —

Qualquer coisa, menos tristeza, Eve. Você teve muita tristeza em sua vida e eu só quero que você

seja feliz a partir de agora. E eu quero ser a pessoa que te fará feliz. Eu vou fazer o que for preciso

para fazer você sorrir novamente.

Ela sorriu de volta para ele, trêmula, mas derramou cada gota de alegria que jorrava em sua

alma em seu sorriso para que ele soubesse, para que não tivesse nenhuma dúvida.

Acariciou o rosto dela com as duas mãos, enxugando as lágrimas enquanto sua expressão

tornava-se ainda mais grave.

— Você poderá me amar algum dia, Eve? Eu tenho uma chance de fazer você me amar pelo

menos a metade do quanto eu te amo?

— Oh Deus, Donovan — disse ela asperamente. — Eu amo você. Muito. Eu te amei. Quase

desde o início. Eu sabia na noite em que fizemos amor, a primeira vez, mas eu tinha muito medo

de ter esperança. Preocupei-me que era muito cedo, que eu estava muito presa no momento e

estava com medo de dizer, porque eu não tinha certeza de seus sentimentos. E então, quando eu

ouvi...

— Shhh, — disse ele, alegria e calor e iluminando seus olhos. — Já cobrimos o que você

ouviu e eu quero que você esqueça. Eu sei que você não vai esquecer e que ainda vai te machucar

quando pensar sobre isso, mas quando você pensar, quero que você se lembre de uma coisa. Que

eu te amo e que eu quero que nós tenhamos uma vida longa juntos, cheias de amor, risos e

felicidade. E que eu quero que Travis e Cammie façam parte disso e qualquer outra criança que

você e eu tenhamos. Mas, por enquanto, estou perfeitamente satisfeito com a família que temos.

Mais crianças podem esperar até que Travis e Cammie estejam seguros o suficiente de nosso amor

por eles.

— Você vai me abraçar? — Eve perguntou. — Estou tão cansada, mas estou com tanto medo

de que vou acordar e tudo isso terá sido um sonho. Estou com medo de dormir, porque não quero

perder você, Travis e Cammie.

Donovan virou de lado para ficar aninhado contra ela na cama. Estendeu a mão e puxou as

cobertas sobre os dois, e então envolveu-a com ternura em seu abraço. Deu um beijo em sua testa

e, em seguida, sussurrou algo que Eve poderia jurar que era uma oração. Um agradecimento a

Deus por dar-lhe de volta a sua família.

— Durma, minha querida Eve, — disse, sua voz cheia de amor. — Vou estar aqui quando

você acordar e todas as outras vezes. Você nunca vai estar sozinha novamente.

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Epílogo

Era sexta-feira à noite, e toda a família Kelly estava reunida no estádio de futebol da escola

secundária local. Uma brisa fresca soprava através das barracas, e Donovan enrolou o braço mais

firmemente em torno de Eve para protegê-la do frio.

Uma frente fria estourara na cidade, derrubando as temperaturas de quente a

excepcionalmente frio. Apesar de ser apenas o segundo fim de semana de setembro, o outono já

estava forçando seu caminho, derrubando as temperaturas quentes do verão. Um alívio bem-

vindo ao tempo mais quente do que o normal que este verão trouxe. Um verão que mudou a vida

de Donovan para sempre.

— Lá está Trav!

O grito animado de Cammie fez todo o clã Kelly centrar a sua atenção sobre o campo onde o

time da casa acabava de estourar através do túnel inflável na zona final. As líderes de torcida

forravam cada lado do túnel enquanto os jogadores de futebol corriam para as linhas laterais.

Donovan sorriu enquanto Travis — seu filho — andava a passos largos em direção ao banco

e, em seguida, acabou no meio de muitos jogadores enquanto eles saltavam sobre as costas uns

dos outros, circulando e gritando. Eve agarrou sua mão e apertou.

Ele olhou para sua esposa. Sua esposa. Ele nunca se cansava dessas duas palavras. Minha

esposa. Ainda o dilacerava lembrar o quão perto ele esteve de perdê-la. Não era algo que poderia

sequer pensar, porque ainda tinha o poder de deixá-lo de joelhos.

Ele apertou-a e saboreou a alegria no rosto dela. Seus olhos estavam suspeitosamente

molhados, brilhando com lágrimas. Lágrimas de felicidade. Se ela nunca derramar uma de tristeza

novamente seria muito cedo para ele.

— Ele parece tão crescido, — sussurrou Eve, emoção envolvendo sua voz.

Ele se inclinou para que pudesse ouvi-la acima do barulho.

Travis desvencilhou-se da pilha de jogadores e caminhou ainda mais para baixo da linha

lateral. Então ele se virou, procurando as arquibancadas. Toda a família Kelly se levantou,

aplaudindo e acenando loucamente. O rosto de Travis dividiu em um largo sorriso e ele acenou de

volta, com entusiasmo. Estava impressionado que cada Kelly estivesse assistindo seu jogo. A

aceitação deles o desnorteava e dominava. Mas ele absorveu cada pedacinho dela. Ele e Cammie.

— Eu quero acenar para Trav — Cammie protestou.

Donovan se abaixou e puxou-a até os ombros, e ela quase se sacudiu fora do poleiro

acenando para o irmão.

Todos eles estavam aqui. Cada Kelly estava presente e contabilizado.

Rachel, Ethan e os gêmeos, embora os dois garotos, balançando feixes de pura emoção,

estavam firmemente seguros. Charlotte tinha se encravado entre Cammie e Eve, enquanto

Donovan sentou-se do outro lado de Cammie.

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Garrett e Sarah estavam presentes, assim como Sam e Sophie. As mulheres ostentavam

barrigas de gravidez minúsculas, um fato que deliciava os dois maridos infinitamente. Nathan e

Shea estavam sorrindo e curtindo a noite. Swanny e Joe também estavam lá, assim como Sean. A

única que não viera fora Rusty. Ela odiara perder o primeiro jogo de futebol em casa de Travis,

mas a viagem de volta de Knoxville era longa, e ela tinha aulas na segunda-feira de manhã cedo

para assistir.

Mesmo Skylar e Edge estavam presentes, todos querendo mostrar seu apoio para a família

de Donovan.

A vida era boa.

Enquanto eles se levantavam para o hino nacional e hasteamento da bandeira, a mão de

Donovan encontrou a de Eve e ele apertou, o coração prestes a explodir em seu peito. Quando um

momento de silêncio foi pedido, Donovan murmurou uma prece de agradecimento por sua família

estar a salvo. De volta para onde pertenciam. Era tudo o que ele já pedira. Isto. Estar rodeado por

eles. O amor deles.

Quando retomaram seus lugares, Eve se virou e sorriu para Donovan, alegria iluminando

seus olhos. Tanta coisa aconteceu nos últimos meses. A incerta, sinuosa estrada de Eve de volta

para casa. A preocupação de que ele nunca a teria totalmente de volta, de coração e mente. Mas

ele não deveria ter se preocupado. Sua esposa era resistente, fodona, uma mulher que nunca se

rende. Assim como todas as suas cunhadas. Ela se encaixava tão naturalmente como todas as suas

cunhadas se encaixaram.

— Olhem para o meu neto — disse Marlene, orgulho evidente em sua voz enquanto Travis

tomava o seu lugar no campo.

O sorriso de Eve ampliou, o prazer cruzando o rosto dela com as palavras de Marlene.

As coisas não foram fáceis. Eles tinham muito a superar. Todos eles. Travis lidou - ainda

estava lidando - com a culpa por ter matado o pai, mesmo que o filho da puta merecesse isso e

muito pior. Eve tinha seus próprios problemas para lidar. E os pesadelos de Cammie com o pai

ainda atormentavam seu sono, agravados pelo fato de que Travis e Eve foram, obviamente, tão

incomodados por seus próprios infernos separados.

A menina tinha absorvido todo o tumulto e fez o seu.

Mas apesar de tudo, uma coisa permanecera constante. Donovan não permitia que um

único dia se passasse sem dizer a sua esposa o quanto ele a amava. Nunca deixava um dia passar

sem assegurar a Travis e Cammie que ele os amava e queria muito que fossem uma parte

permanente de sua família e de Eve.

Mesmo agora, ele e Eve estavam perseguindo a adoção legal de ambos. Ele queria que os

filhos levassem seu nome, o nome deles. O nome Kelly e todo o amor e apoio que esse nome

implicava. Mal podia esperar a data do tribunal. Fariam um inferno de um churrasco no quintal no

minuto em que essas crianças fossem legalmente dele. E cada Kelly estaria lá para celebrar o

evento.

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Travis e Cammie já o chamavam de Pai, — um fato que o fez absurdamente feliz. E enquanto

Cammie chamava Eve de — Mãe — na metade do tempo, Travis costumava chamá-la de Eve ou

Evie. E não importava para Eve. Ela estava feliz por ter sua família segura. Inteira.

O sono de Eve era fraturado por pesadelos de vez em quando, e começaram a melhorar nas

últimas semanas. Donovan se assegurava de que ela dormisse em seus braços e que ele estivesse

sempre lá para acordá-la suavemente da agonia daqueles sonhos. Ele fazia amor com ela,

sussurrando seu amor e que ele estaria sempre lá.

Ele ficou muito tempo necessário longe da KGI quando Eve voltou. Não queria deixá-la, nem

mesmo por uma noite. A equipe de Nathan e Joe tomou mais da carga e ele e os irmãos, ficaram

impressionados com os esforços deles.

Até mesmo Rio e Steele ficaram impressionados. A KGI era uma máquina bem lubrificada.

Com três equipes atuando agora ativamente, a organização se expandiu para assumir mais

missões, missões justas. E as cunhadas de Donovan começaram a tomar parte na administração,

não que ele ou seus irmãos jamais iriam permitir-lhes assumir um papel perigoso. Mas elas

ajudavam, dedicando muitas horas para ajudar outras mulheres. Ele estava tão orgulhoso de todas

elas, e, especialmente de Eve por querer ajudar os outros em necessidade. Assim como ela esteve

uma vez em necessidade. Como todas as suas cunhadas estiveram.

Tudo era... Perfeito. Não havia mais espera de algo ruim acontecer. Não havia temores de

que tudo caísse aos pedaços. Sua família estava reunida. A KGI estava florescendo, mesmo com

Donovan em um papel mais administrativo recentemente.

Eventualmente, ele voltaria a tempo integral. Mas não estava com pressa, porque, pela

primeira vez em sua vida, ele tinha algo que tinha prioridade sobre sua carreira.

Por agora? Estava perfeitamente satisfeito em permitir que outros assumissem a liderança

para que ele pudesse passar o tempo com quem mais importava para ele. Eve. E seus filhos.

Puxou Eve para ele, esmagando Cammie e Charlotte entre eles. Abraçou-a e deu um beijo

em sua têmpora.

— Eu te amo, — ele murmurou.

Ela sorriu, seu rosto inteiro se iluminando.

— Eu também te amo, Donovan.

— Olhe para o nosso menino, — disse ele, orgulho refletido em sua voz.

— Eu sei, — disse Eve, seu sorriso tão largo quanto o dele. — Este é o lugar onde ele

pertence. Na escola. Fazendo o que outros adolescentes fazem. Praticando esportes. Não se

preocupando com nada além de tirar boas notas. É o que eu sempre quis para ele.

Donovan sorriu para a melancolia em seu tom e apertou-a de novo, apesar das queixas das

meninas que estavam espremidas.

— Onde ele pertence é conosco, querida. Nós somos uma família agora. E apesar de eu um

dia esperar ter mais filhos com você, em meu coração, Travis e Cammie sempre serão os nossos

primeiros.

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— Eu quero isso também, — ela sussurrou, os olhos brilhando de amor. — Eu quero muitos

filhos, Donovan. Espero que você não se importe. Quero uma casa cheia. Quero dar a eles tudo o

que eu nunca tive. O que Travis e Cammie nunca tiveram até agora.

— Não há queixas de mim, — disse Donovan, a satisfação agarrando-o. — Eu quero tantos

quanto você estiver disposta a ter. Vou avisá-la agora, a imagem de você grávida de um filho meu

é uma coisa muito inebriante. Se eu seguir do meu jeito, você vai estar nada mais que descalça e

grávida pelos próximos dez anos ou mais.

Ela riu, o som quente e vibrante, subindo pelas arquibancadas. Outros membros de sua

família olharam para baixo, sorrisos encantados em seus rostos. Seus olhares estavam cheios de

amor e compreensão. Eles sabiam muito bem a estrada sinuosa que ela viajou para chegar onde

estava agora. E todos estavam tão emocionados e felizes quanto ele pelo quanto ela estava feliz.

Segura. Amada.

Sua mãe olhou para ele, as lágrimas brilhando em seus olhos. Com todo o amor de uma

mãe. Ela disse-lhe, sem palavras, apenas com um olhar, como estava feliz que ele encontrou o

amor de sua vida.

— Eu não sei sobre os próximos dez anos, — disse Eve com cautela, os lábios ainda virados

em um sorriso. — Mas eu não diria não para os próximos cinco anos, pelo menos. Acha que

poderia gerenciar tantos filhos como sua mãe e seu pai fizeram?

— Enquanto você prometer que vai me dar meninas, — disse Donovan, o contentamento

enchendo seu coração enquanto imaginava uma casa cheia de filhas com a beleza e o sorriso de

Eve.

— Estou começando a ver por que vocês construíram um complexo, — disse Eve em

diversão enquanto dirigia seu olhar mais uma vez para o campo de jogo.

A multidão irrompeu em aplausos quando Travis levou a bola para a zona final. Os Kellys

celebraram e Eve foi golpeada nas costas por mais de um dos irmãos de Donovan.

— Esse é o meu garoto! — Donovan gritou, orgulho preenchendo todos os cantos do seu

coração. — O nosso menino, — acrescentou ele, abraçando Eve.

Os olhos de Eve se encheram de lágrimas. Ela parecia tão feliz que poderia explodir.

Enquanto retomavam seus lugares, Donovan a olhou.

— O que você quis dizer sobre o complexo?

Ela riu, os olhos brilhando com malícia.

— Com todas as meninas que você e seus irmãos estão produzindo, ou planejam produzir,

vocês vão necessitar de um complexo de alta segurança para protegê-las de todos os meninos!

A carranca de Donovan foi instantânea.

— Maldição! — Ele rosnou. — De jeito nenhum algum moleque com meleca no nariz vai

rodear minhas filhas.

Eve sorriu e depois se inclinou para o lado de Donovan, emitindo um suspiro de satisfação

quando ele colocou seu braço ao redor dela.

— Estou tão feliz, Donovan, — ela disse com a voz tão baixa, que ele quase não ouviu.

Ele beijou o topo de sua cabeça e apertou-a um pouco mais.

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— Estou feliz que você esteja feliz, querida. Mais do que posso sequer contar. Você significa

o mundo para mim. Você, Travis e Cammie. Espero que saiba disso.

Ela virou-se, inclinando a cabeça para que pudesse olhar em seus olhos.

— Eu sei. Eu te amo muito. Nunca sonhei que eu iria encontrar tanta felicidade. Um lar como

esse.

O anseio em sua voz quase o desfez. Queria tanto envolvê-la em seus braços, levá-la para

casa e fazer amor com ela toda a noite. Mas, por enquanto, contentou-se em estar aqui, com toda

a sua família, vendo seu filho se destacar no campo de futebol.

— Você vai sempre estar em casa comigo. E lar para mim, é onde você estiver. Não importa

onde a vida nos leve, desde que estejamos juntos, é tudo que eu sempre vou pedir.

Ela inclinou-se e beijou-o. Um beijo suave que continha toda a doçura que era ela. Ele

fechou os olhos, saboreando o momento, um dos muitos a vir em suas vidas.

Tudo que ele um dia desejou. Sonhara, queria, ansiava. Estava tudo em seus braços.

Não mais invejava os seus irmãos pelo que tinham, porque Donovan tinha tudo o que ele

poderia esperar. Uma mulher linda, amorosa. Crianças. A esperança de mais no futuro. Era tudo

dele.

Olhou para as arquibancadas onde toda a sua família se reunira para apoiar Travis. Pegou o

olhar de Joe e sorriu maldosamente. Joe revirou os olhos, porque bem sabia o que era aquele

olhar. Com Donovan firmemente enlaçado, Joe era o único irmão Kelly remanescente que ainda

estava solteiro. E isso fazia dele um homem procurado. Sua mãe já o prendeu e apontou que ele

era o único filho a não lhe dar uma nora e netos.

— Nunca, — Joe murmurou.

Donovan apenas sorriu, porque nunca era um tempo muito longo.

Fim

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