Desafios metodológicos para a aferição de efeitos do racismo sobre a saúde em estudos...
Transcript of Desafios metodológicos para a aferição de efeitos do racismo sobre a saúde em estudos...
Desafios metodológicos para a aferição de efeitos do racismo
sobre a saúde em estudos populacionais
Eduardo FaersteinInstituto de Medicina Social – Uerj
Abrasco 2006
Proporção (%) ignorada do campo raça/cor em declarações de óbitos e de nascidos vivos.
Brasil, 1996-2001
Fonte: SIM e SINASCAno
-
20
40
60
80
100
1996 1997 1998 1999 2000 2001
%
Obitos - Brasil
Nascidos Vivos - Brasil
Torres C. [People of African descent in the region of the Americas and health equity] Rev Panam Salud Publica. 2002 May-Jun;11(5-6):471-9
(Programa de Politicas Publicas y Salud, Division de Salud y Desarrollo Humano, Organizacion Panamericana de la Salud, Washington, D.C., USA.)
Desigualdades étnico-raciais de saúde: razões?
Características GenéticasFatores Culturais
Evidências:
desigualdades sócio-econômicas ao longo da vida = uma das explicações fundamentais
3,096 civil servants atUniversity campuses in Rio de Janeiro, participants of the Pró-Saúde Study (91% eligible population)
age 22-69 yrs, mean 42 yrs
56% females
48% Afro-descendants
Faerstein et al, Recife 2004
Características socioeconômicas TARDIAS (%)
segundo raça. Estudo Pró-Saúde, 1999
1925
6
15
32
53
12
35 37
55
11
37
0
10
20
30
40
50
60
Escolaridade < 8 anos
TrabalhadoresManuais
Tercilinferior de
renda familiarper capita
S/ carro oucasa própria
%
Brancos (n=1674)Pardos (n=981)Pretos (n=560)
Faerstein et al, Recife 2004
354242
35
53
6663
5358
7673
61
0102030405060708090
100
Educação
do pai
< 8 anos
Educação
da mãe
< 8 anos
“Pobre”/
”muito pobre”
aos 12 anos
Início
trabalho
< 18 anos
%
Brancos (n=1674)
Pardos (n=981)Pretos (n=560)
Características socioeconômicas PRECOCES (%)
segundo raça. Estudo Pró-Saúde, 1999
Beta(*) P
Modelo 3 – Ajustado para idade + IMC aos 20 anos
Preto 0,16
0,001
Pardo 0,12 0,002
Modelo 4 – Modelo 3 + altura, educação do pai, educação da mãe, idade em que começou a trabalhar, renda familiar aos 12 anos
Preto 0,14 0,001
Pardo 0,12 0,004
Modelo 5 – Modelo 4 + educação, ocupação, renda, posse de casa ou carro
Preto 0,11 0,013
Pardo 0,07 0,076
Fonte: Chor D, Faerstein E, Kaplan GA, Lynch JW, Lopes CS.Association of weight change with ethnicity and lifecourse socioeconomic position among Brazilian civil servants. Int J Epidemiol. 2004; 33(1):100-6.
Associação entre raça/etnia e mudança de peso (kg/ano) desde os 20 anos de idade, em mulheres (n=1.129).
Estudo Pró-Saúde, 1999-2001
(*) coeficiente de regressão linear múltipla
Papel da posição sócio-econômica nasdesigualdades raciais de diabetes mellitus.
Inglaterra, 1999
Nazroo JY, AJPH 2003
Diabetes diagnosticada
African Pakistan or Bangladeshi
Caribean
Não controlado por padrão de vidaControlado por padrão de vida
Como a discriminação racial contribui para desigualdades raciais de saúde?
Adversidade socioeconômica
Segregação – eg maior exposição a
substâncias tóxicas
Assistência à saúde inadequada
Percepção de discriminação racial
Experiência de discriminação racial: associações com
desfechos de saúde- Revisão de 138 estudos empíricos
(Paradies IJE 2006) - 10 últimos anos = 95%- EUA = 86%- Seccionais = 76%- Falta de instrumentos com
propriedades psicométricas conhecidas
- Associações mais consistentes – inversas, com saúde mental
- Associações mais fracas e/ou inconsistentes com auto-avaliação do estado de saúde e desfechos relacionados à saúde física, eg hipertensão arterial, baixo peso ao nascer
Race and perceived racism, education, and hypertension among
Brazilian civil servants
Eduardo Faerstein*, Dora Chor**, Guilherme L. Werneck*, Claudia S. Lopes*,
John W. Lynch***, George A. Kaplan***
* Institute of Social Medicine, Rio de Janeiro State University, Brazil
** National School of Public Health, Oswaldo Cruz Foundation, Brazil
*** Center for Social Epidemiology and Population Health,University of Michigan School of Public Health
Perceived history of lifetime unfair treatment/discrimination:
Five domains: work, neighborhood, school, public places, police
If ever, perceived motivation of last episode: race, gender, religion, disability, sexual orientation, social class, political activism, age, physical appearance
Timing of last episode
Test-retest reliability (n=92; overall discrimination): Kappa 0.85 (0.72-0.98)
Race/perceived racism and hypertension by education Pró-Saúde Study, Rio de Janeiro, Brazil, 1999-2001
1.21.4
1.2
1.72.0
3.0
0,1
1
10
Elementary or less High School College or more
OR
Ref:Whites
AFRO: PERCEIVED RACISM NO AFRO: PERCEIVED RACISM YESSER - 2004
1.21.4
1.2
1.72.0
3.0
0,1
1
10
Elementary or less High School College or more
OR
Ref:Whites
AFRO: PERCEIVED RACISM NO AFRO: PERCEIVED RACISM YESSER - 2004
Race/perceived racism and hypertension by education Pró-Saúde Study, Rio de Janeiro, Brazil, 1999-2001
1.21.4
1.2
1.72.0
3.0
0,1
1
10
Elementary or less High School College or more
OR
Ref:Whites
AFRO: PERCEIVED RACISM NO AFRO: PERCEIVED RACISM YES
Race/perceived racism and hypertension by education Pró-Saúde Study, Rio de Janeiro, Brazil, 1999-2001
SER - 2004
Low SE trajectories(mediate, potentiate?)
RACISM HT
Chronic psychosocial stress(e.g. allostatic load?)
Proximal determinants:
constrained lifestyle, poor medical care
SER - 2004
?
Racismo nos serviços de saúde brasileiros?
Barros et al. Ethnicity and infant death in Southern Brazil. A birth cohort study. IJE 2001;30:1001-8
Leal et al. Racial, sociodemographic, and prenatal and childbirth care inequalities in Brazil, 1999-2001. Rev. Saúde Pública., São Paulo, v. 39, n. 1, 2005.
Cabrat et al. Influence of the patient's race on the dentist's decision to extract or retain a decayed tooth. Community Dent Oral Epidemiol. 2005;33(6):461-6.
Desafios
Investigação de associações com mais desfechos, em diferentes etapas da sua historia natural
Diversas formas de aferição de raça/etnia: classificação por observador, auto-classificação, pergunta aberta e fechada
Controle estatistico para PSE? (nao comparabilidade, interação aditiva)
Discriminação – maior detalhamento, eg inclusive formas de lidar com discriminação (coping); percepções “contextuais”
Avanços metodológicos - gráficos acíclicos, equações estruturais
Brasil:
inclusão do tema em estudos prospectivos já em andamento ou em preparação
adaptação transcultural de alguma das escalas existentes com agregação de bloco especifico ou elaboração de bloco brasileiro a ser agregado
Racismo interage, de modo diverso e em diversos graus, com a pobreza e a exclusão social, dominação neocolonial, intolerância religiosa e com outras formas de discriminação
Importância crescente na morbidade e mortalidade?
Melhor entendimento sobre as relações entre racismo e saúde = rua de mão dupla:
melhor entendimento sobre a sociedade humana e suas iniqüidades
melhor entendimento dos mecanismos fundamentais de produção de doença