Descanso Merecido

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C M Y K C M Y K A-20 A-20 Saber viver Editora: Ana Paula Macedo [email protected] 3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155 20 CORREIO BRAZILIENSE Brasília, terça-feira, 8 de setembro de 2009 Boa noite também é complicado. Ela acorda vá- rias vezes durante a noite, o que dificul- ta o descanso. “Eu não tenho aquele so- no reparador, acordo normalmente muito estressada e passo o dia todo agressiva e mal-humorada”, admite. Roberta já tentou tirar um cochilo du- rante o dia para atenuar o cansaço, mas a estratégia só piorou a situação. “Quan- do eu durmo de dia, mesmo que seja só meia hora, não consigo adormecer à noite de forma nenhuma”, completa. Para ela, a dificuldade de dormir es- tá ligada ao estresse no trabalho. “Eu fi- co preocupada com o que preciso fazer, e isso acaba trazendo dificuldades para relaxar.” Mesmo sem procurar um mé- dico, ela encontrou a sua maneira de atenuar os sintomas da insônia. “Antes de dormir, eu procuro ler um pouco, is- so me ajuda a me acalmar e a ter uma noite mais tranquila”, acredita. Espécie de contraponto da insônia, a narcolepsia é outro problema que me- rece atenção e cuidados médicos, prin- cipalmente pelos riscos que traz. Nela, o paciente não consegue controlar o so- no, que pode vir a qualquer momento do dia. O sintoma mais comum é a so- nolência diurna excessiva, que deixa o paciente em perigo durante a realização de tarefas que exigem concentração, como dirigir, causando dificuldades no trabalho, na escola ou em casa. Surgindo em geral na adolescência, a doença muitas vezes vem acompanha- da de incompreensão da família e é des- conhecida até mesmo por médicos. Por ser causada pelo défice de uma subs- tância chamada orexina no hipotálamo — região do cérebro responsável pelo controle do metabolismo — o controle da doença, que não tem cura, é feito por meio do uso de medicamentos. Pernas inquietas A pedagoga Luzmar Melo, 46 anos, sabe bem o que é uma noite mal dormi- da. Os sintomas eram sempre os mes- mos: cansaço, mau humor, sonolência. Depois de procurar um especialista e passar por uma bateria de exames, veio o diagnóstico: síndrome das pernas in- quietas, problema que atinge 5% de to- da a população mundial e se caracteriza pela movimentação involuntária dos membros inferiores durante o sono. “É como se eu tivesse levado uma surra durante a noite. Acordo com as pernas doloridas, muitas vezes até o edredon já foi chutado para longe”, afirma. Luzmar conta que dormir acompa- nhada é um problema. “Quem dorme comigo sofre, porque eu me movimento a noite toda, principalmente quanto eu estou estressada.” Sem causa definida, o controle da síndrome é feito com medi- camentos e hábitos que favoreçam o so- no, como não consumir álcool e cafeína, principalmente durante a noite. A práti- ca de atividades relaxantes antes de dor- mir também trazem bons resultados. Descanso merecido Dormir bem é fundamental para uma vida tranquila. Hoje, existem tratamentos para a maioria dos problemas que impedem uma boa noite de sono N ada melhor do que começar o dia depois de uma boa noite de sono. Dormir ajuda o cére- bro a funcionar melhor, previ- ne problemas cardíacos e melhora o as- pecto da pele, entre outros benefícios. É também durante o sono que o orga- nismo repõe as forças físicas e mentais. Por isso, desordens no sono podem re- sultar em problemas como queda no rendimento, mau humor e, em alguns casos, problemas respiratórios. Não existe uma quantidade ideal de horas de sono. Algumas pessoas podem se sentir bem após quatro horas, outras necessitam de nove ou 10 para real- mente descansarem. Além disso, é im- portante estar atento à qualidade do sono. Para uma noite reparadora, é pre- ciso que ele ocorra em um lugar con- fortável, com temperatura amena, poucos ruídos e sem interrupções. De acordo com o neurologista e es- pecialista em medicina do sono da Universidade de Brasília (UnB) Nonato Rodrigues, mais da metade da popula- ção mundial tem algum tipo de trans- torno relacionado ao sono. Apneia, in- sônia, narcolepsia e outras síndromes podem prejudicar vários aspectos da vida do paciente. “Quando você não consegue dormir, você tem uma baixa considerável na qualidade de vida. Não é exagero dizer que quem dorme mal vive mal”, comenta. O problema mais recorrente, que chega a atingir 51% da população é a apneia. Seu tipo mais comum é a obs- trutiva, que bloqueia a passagem de ar para os pulmões. “O problema está di- retamente ligado ao tamanho da cir- cunferência do pescoço. O excesso de gordura na região tende a comprimir os canais respiratórios, levando à dificul- dade de respiração”, explica Rodrigues. Por causar um sono de baixa qualidade, a doença faz com que a pessoa se sinta cansada no dia seguinte, mesmo tendo dormido por muitas horas. O tratamen- to é feito, na maioria dos casos, com a utilização de um aparelho acoplado ao rosto que cria uma pressão para a en- trada de ar no sistema respiratório. Insônia Outro problema muito comum en- tre os brasileiros é a insônia. Estima-se que, no país, 20 milhões de pessoas se- jam vítimas do transtorno, caracteriza- do pela dificuldade de adormecer ou de manter o sono durante toda a noite. As causas podem estar relacionadas a desordens hormonais, ao uso de medi- camentos e ao estresse. De acordo com Rodrigues, no entanto, muitas vezes o mal é causado por questões sociais e psicológicas. “Em alguns casos, o pa- ciente usa a noite para pensar em como resolver seus problemas e não percebe que a falta de sono pode gerar ainda mais problemas”, diz o médico. Nesses casos, o tratamento pode aliar terapia e o uso de medicamentos calmantes. O universitário Élios Monteiro, 22 anos, era uma vítima da insônia. “Eu sim- plesmente não dormia, passava a noite toda tentando pegar no sono e, quando conseguia, não descansava. Passava o dia estressado”, conta. O resultado eram do- res no corpo, cansaço e sonolência cons- tantes. A situação começou a preocupar quando ele cochilou enquanto dirigia, depois de uma noite mal dormida. “Eu consegui acordar antes que houvesse al- gum acidente, mas poderia ter aconteci- do algo grave”, diz. O estudante procurou ajuda e se submeteu a um tratamento homeopático. “Desde o meio do ano não tive mais problemas. Agora, consigo dor- mir bem e não tenho mais sonolência durante o dia”, comemora. O sono da supervisora de eventos Roberta Fernandes Viana, 27 anos, A supervisora de eventos Roberta: ela admite que noites mal dormidas pensando nos problemas que precisa resolver geram mau humor e agressividade durante o dia Vítima da insônia, o universitário Élios, 22 anos, procurou ajuda depois que cochilou ao volante: “Agora, consigo dormir bem” Confira as dicas dos especialistas para dormir mais e com mais qualidade Durma no mesmo horário Os ciclos de sono são regidos por um “relógio” cerebral. Acordar e dormir sempre na mesma hora ajuda o corpo a sincronizar esse relógio. Se você tem dificuldade para dormir, siga um horário regular, inclusive nos fins de semana. Evite a cafeína A substância é um poderoso estimulante que pode mantê-lo acordado. Os alimentos que a contêm (chás, refrigerantes, café) permanecem em seu corpo em média de três a cinco horas, mas podem afetar algumas pessoas por até 12 horas. Evite-os pelo menos seis horas antes de ir para a cama. Não beba álcool Muita gente associa o consumo de álcool com efeitos sedativos. Apesar de ser uma substância relaxante, ele aumenta as interrupções do sono. O resultado é uma noite pouco reparadora. Regule a alimentação Evite comidas pesadas (massas, frituras) e restrinja o consumo de líquidos perto da hora de dormir. Assim, você não terá de levantar várias vezes para ir ao banheiro. Ir para a cama com fome também pode dificultar o sono. Por isso, o mais aconselhável é fazer uma refeição moderada e nutritiva duas horas antes de deitar. Exercite-se Em geral, o exercício ajuda a adormecer e descansar melhor. Entretanto, se feito imediatamente antes de se deitar, dificulta o início do sono, pois a temperatura do corpo fica alta. O ideal é exercitar-se no máximo três horas antes de ir para a cama. Realize atividades relaxantes Uma atividade rotineira relaxante antes de ir dormir pode ajudá-lo a ter um sono com mais qualidade. Tente tomar um banho morno, ler, ou escutar música relaxante. Para quem está estressado, pode ser útil aprender técnicas de respiração e relaxamento. Procure um ambiente adequado A maioria das pessoas dorme melhor em ambientes frescos, quietos e escuros. Cheque seu quarto para ver se certos ruídos e distrações não podem atrapalhar o seu sono. Evite ambientes muito secos ou úmidos, quentes ou frios demais, ou com ruídos de computador e de televisão. Assegure-se de que seu colchão é confortável e firme. Bruno Peres/CB/D.A Press Valério Ayres/Esp. CB/D.A Press Quando você não consegue dormir, você tem uma baixa considerável na qualidade de vida. Não é exagero dizer que quem dorme mal vive mal Nonato Rodrigues, neurologista e especialista em medicina do sono

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C M Y K C M YK

A-20A-20

Saber viver EEddiittoorraa:: Ana Paula Macedo [email protected]

3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155

20 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 8 de setembro de 2009

Boa noite

também é complicado. Ela acorda vá-rias vezes durante a noite, o que dificul-ta o descanso. “Eu não tenho aquele so-no reparador, acordo normalmentemuito estressada e passo o dia todoagressiva e mal-humorada”, admite.Roberta já tentou tirar um cochilo du-rante o dia para atenuar o cansaço, masa estratégia só piorou a situação. “Quan-do eu durmo de dia, mesmo que seja sómeia hora, não consigo adormecer ànoite de forma nenhuma”, completa.

Para ela, a dificuldade de dormir es-tá ligada ao estresse no trabalho. “Eu fi-co preocupada com o que preciso fazer,e isso acaba trazendo dificuldades pararelaxar.” Mesmo sem procurar um mé-dico, ela encontrou a sua maneira deatenuar os sintomas da insônia. “Antesde dormir, eu procuro ler um pouco, is-so me ajuda a me acalmar e a ter umanoite mais tranquila”, acredita.

Espécie de contraponto da insônia, anarcolepsia é outro problema que me-rece atenção e cuidados médicos, prin-cipalmente pelos riscos que traz. Nela, opaciente não consegue controlar o so-no, que pode vir a qualquer momentodo dia. O sintoma mais comum é a so-nolência diurna excessiva, que deixa opaciente em perigo durante a realização

de tarefas que exigem concentração,como dirigir, causando dificuldades notrabalho, na escola ou em casa.

Surgindo em geral na adolescência, adoença muitas vezes vem acompanha-da de incompreensão da família e é des-conhecida até mesmo por médicos. Porser causada pelo défice de uma subs-tância chamada orexina no hipotálamo— região do cérebro responsável pelocontrole do metabolismo — o controle

da doença, que não tem cura, é feito pormeio do uso de medicamentos.

Pernas inquietasA pedagoga Luzmar Melo, 46 anos,

sabe bem o que é uma noite mal dormi-da. Os sintomas eram sempre os mes-mos: cansaço, mau humor, sonolência.Depois de procurar um especialista epassar por uma bateria de exames, veioo diagnóstico: síndrome das pernas in-quietas, problema que atinge 5% de to-da a população mundial e se caracterizapela movimentação involuntária dosmembros inferiores durante o sono. “Écomo se eu tivesse levado uma surradurante a noite. Acordo com as pernasdoloridas, muitas vezes até o edredon jáfoi chutado para longe”, afirma.

Luzmar conta que dormir acompa-nhada é um problema. “Quem dormecomigo sofre, porque eu me movimentoa noite toda, principalmente quanto euestou estressada.” Sem causa definida, ocontrole da síndrome é feito com medi-camentos e hábitos que favoreçam o so-no, como não consumir álcool e cafeína,principalmente durante a noite. A práti-ca de atividades relaxantes antes de dor-mir também trazem bons resultados.

Descanso merecidoDormir bem éfundamental para uma vida tranquila.Hoje, existemtratamentos para amaioria dos problemasque impedem uma boanoite de sono

N ada melhor do que começar odia depois de uma boa noitede sono. Dormir ajuda o cére-bro a funcionar melhor, previ-

ne problemas cardíacos e melhora o as-pecto da pele, entre outros benefícios.É também durante o sono que o orga-nismo repõe as forças físicas e mentais.Por isso, desordens no sono podem re-sultar em problemas como queda norendimento, mau humor e, em algunscasos, problemas respiratórios. Nãoexiste uma quantidade ideal de horasde sono. Algumas pessoas podem sesentir bem após quatro horas, outrasnecessitam de nove ou 10 para real-mente descansarem. Além disso, é im-portante estar atento à qualidade dosono. Para uma noite reparadora, é pre-ciso que ele ocorra em um lugar con-fortável, com temperatura amena,poucos ruídos e sem interrupções.

De acordo com o neurologista e es-pecialista em medicina do sono daUniversidade de Brasília (UnB) NonatoRodrigues, mais da metade da popula-ção mundial tem algum tipo de trans-torno relacionado ao sono. Apneia, in-sônia, narcolepsia e outras síndromespodem prejudicar vários aspectos davida do paciente. “Quando você nãoconsegue dormir, você tem uma baixaconsiderável na qualidade de vida. Nãoé exagero dizer que quem dorme malvive mal”, comenta.

O problema mais recorrente, quechega a atingir 51% da população é aapneia. Seu tipo mais comum é a obs-trutiva, que bloqueia a passagem de arpara os pulmões. “O problema está di-retamente ligado ao tamanho da cir-cunferência do pescoço. O excesso degordura na região tende a comprimir oscanais respiratórios, levando à dificul-dade de respiração”, explica Rodrigues.Por causar um sono de baixa qualidade,a doença faz com que a pessoa se sintacansada no dia seguinte, mesmo tendodormido por muitas horas. O tratamen-to é feito, na maioria dos casos, com autilização de um aparelho acoplado aorosto que cria uma pressão para a en-trada de ar no sistema respiratório.

InsôniaOutro problema muito comum en-

tre os brasileiros é a insônia. Estima-seque, no país, 20 milhões de pessoas se-jam vítimas do transtorno, caracteriza-do pela dificuldade de adormecer oude manter o sono durante toda a noite.As causas podem estar relacionadas adesordens hormonais, ao uso de medi-camentos e ao estresse. De acordo comRodrigues, no entanto, muitas vezes omal é causado por questões sociais epsicológicas. “Em alguns casos, o pa-ciente usa a noite para pensar em comoresolver seus problemas e não percebeque a falta de sono pode gerar aindamais problemas”, diz o médico. Nessescasos, o tratamento pode aliar terapia eo uso de medicamentos calmantes.

O universitário Élios Monteiro, 22anos, era uma vítima da insônia. “Eu sim-plesmente não dormia, passava a noitetoda tentando pegar no sono e, quandoconseguia, não descansava. Passava o diaestressado”, conta. O resultado eram do-res no corpo, cansaço e sonolência cons-tantes. A situação começou a preocuparquando ele cochilou enquanto dirigia,depois de uma noite mal dormida. “Euconsegui acordar antes que houvesse al-gum acidente, mas poderia ter aconteci-do algo grave”, diz. O estudante procurouajuda e se submeteu a um tratamentohomeopático. “Desde o meio do ano nãotive mais problemas. Agora, consigo dor-mir bem e não tenho mais sonolênciadurante o dia”, comemora.

O sono da supervisora de eventosRoberta Fernandes Viana, 27 anos,

A supervisora de eventos Roberta: ela admite que noites mal dormidas pensando nos problemas que precisa resolver geram mau humor e agressividade durante o dia

Vítima da insônia, o universitário Élios, 22 anos, procurou ajuda depois que cochilou ao volante: “Agora, consigo dormir bem”

Confira as dicas dos especialistaspara dormir mais e com maisqualidade

DDuurrmmaa nnoo mmeessmmoo hhoorráárriiooOs ciclos de sono são regidos por um“relógio” cerebral. Acordar e dormirsempre na mesma hora ajuda o corpo asincronizar esse relógio. Se você temdificuldade para dormir, siga um horárioregular, inclusive nos fins de semana.

EEvviittee aa ccaaffeeíínnaaA substância é um poderoso estimulanteque pode mantê-lo acordado. Osalimentos que a contêm (chás,refrigerantes, café) permanecem em seucorpo em média de três a cinco horas,mas podem afetar algumas pessoas poraté 12 horas. Evite-os pelo menos seishoras antes de ir para a cama.

NNããoo bbeebbaa áállccoooollMuita gente associa o consumo deálcool com efeitos sedativos. Apesar deser uma substância relaxante, eleaumenta as interrupções do sono. Oresultado é uma noite pouco reparadora.

RReegguullee aa aalliimmeennttaaççããooEvite comidas pesadas (massas, frituras)e restrinja o consumo de líquidos pertoda hora de dormir. Assim, você não teráde levantar várias vezes para ir aobanheiro. Ir para a cama com fometambém pode dificultar o sono. Por isso,o mais aconselhável é fazer umarefeição moderada e nutritiva duashoras antes de deitar.

EExxeerrcciittee--sseeEm geral, o exercício ajuda a adormecere descansar melhor. Entretanto, se feitoimediatamente antes de se deitar,dificulta o início do sono, pois atemperatura do corpo fica alta. O ideal éexercitar-se no máximo três horas antesde ir para a cama.

RReeaalliizzee aattiivviiddaaddeess rreellaaxxaanntteessUma atividade rotineira relaxante antesde ir dormir pode ajudá-lo a ter um sonocom mais qualidade. Tente tomar umbanho morno, ler, ou escutar músicarelaxante. Para quem está estressado,pode ser útil aprender técnicas derespiração e relaxamento.

PPrrooccuurree uumm aammbbiieennttee aaddeeqquuaaddooA maioria das pessoas dorme melhorem ambientes frescos, quietos e escuros.Cheque seu quarto para ver se certosruídos e distrações não podematrapalhar o seu sono. Evite ambientesmuito secos ou úmidos, quentes ou friosdemais, ou com ruídos de computador ede televisão. Assegure-se de que seucolchão é confortável e firme.

Bruno Peres/CB/D.A Press

Valério Ayres/Esp. CB/D.A Press

Quando você nãoconsegue dormir, você tem uma baixaconsiderável na qualidade de vida. Não é exagero dizer que quem dorme mal vive mal

Nonato Rodrigues,neurologista e especialista emmedicina do sono