Desemprego sobe mais entre aqueles que fizeram faculdade...

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1 Boletim 906/2016 – Ano VIII – 19/01/2016 Desemprego sobe mais entre aqueles que fizeram faculdade, segundo IBGE Melhor "poder de escolha", retorno ao mercado de trabalho por causa da crise e má qualidade de algumas universidades do País estão entre os motivos para piora do índice de emprego em 2015 São Paulo - Entre 2012 e 2015, o número de brasileiros com diploma universitário que não encontra emprego cresceu 65,3%, variação superior à registrada em todas as outras faixas de instrução no mesmo período. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem o "poder de escolha" que possuem os brasileiros de diferentes classes sociais, explicou Cimar Azeredo, coordenador da PNAD. "Pessoas de baixa renda que perdem o emprego tendem a retornar ao mercado de trabalho, inclusive à informalidade, mais rapidamente, por ter maior necessidade de trabalhar", disse o especialista. "Quem tem maior poder aquisitivo,

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Boletim 906/2016 – Ano VIII – 19/01/2016

Desemprego sobe mais entre aqueles que fizeram facu ldade, segundo IBGE Melhor "poder de escolha", retorno ao mercado de tr abalho por causa da crise e má qualidade de algumas universidades do País estão entre os motivo s para piora do índice de emprego em 2015

São Paulo - Entre 2012 e 2015, o número de brasileiros com diploma universitário que não encontra emprego cresceu 65,3%, variação superior à registrada em todas as outras faixas de instrução no mesmo período.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem o "poder de escolha" que possuem os brasileiros de diferentes classes sociais, explicou Cimar Azeredo, coordenador da PNAD. "Pessoas de baixa renda que perdem o emprego tendem a retornar ao mercado de trabalho, inclusive à informalidade, mais rapidamente, por ter maior necessidade de trabalhar", disse o especialista. "Quem tem maior poder aquisitivo,

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ou faz parte de família com maior renda, pode procurar emprego por mais tempo", concluiu.

A chegada da crise econômica brasileira também trouxe de volta a busca por oportunidades de trabalho de alguns brasileiros que antes faziam cursos de especialização. Segundo Azeredo, pessoas que cursavam, por exemplo, mestrado ou doutorado, agora estão retornando ao mercado para melhorar a renda da família.

Por outro lado, o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antônio Carlos Alves dos Santos criticou a qualidade do ensino superior no País. "Nós temos um aumento do número de alunos cursando faculdades, mas muitos deles estão em escolas ruins e não conseguem emprego por causa disso", analisa.

De acordo com o professor, mesmo quando a economia do País estava em um momento melhor, empresas optavam por não contratar alguns profissionais diplomados por causa da formação de má qualidade dos postulantes. "É o caso da engenharia, por exemplo: houve um aumento do número de alunos que frequentaram instituições de nível baixo mas, depois, não encontraram trabalho, ainda que na época houvesse oferta de vagas."

Com o crescimento de 65,3% em três anos, o número de brasileiros com ensino superior que não encontra emprego chegou a 787 mil no terceiro trimestre do ano passado. Em igual período de 2012, eram 476 mil.

E o avanço do desemprego também foi alto entre aqueles que não completaram o ensino superior (59,8%). Para as outras faixas de instrução foram registrados aumentos menores: ensino médio completo (32,2%) e incompleto (24,3%), ensino fundamental completo (26,4%) e incompleto (22,9%), e sem instrução (4,2%).

Entretanto, mesmo com a elevação, os desempregados que contam com ensino superior completo representam apenas 8,8% de todos os brasileiros que não encontram trabalho. A maioria das faixas de instrução alcança taxas maiores: ensino fundamental incompleto (22,6%) e completo (11,5%), ensino médio completo (11,5%) e incompleto (35,9%). Completam o grupo de pessoas sem emprego aqueles que contam com ensino superior incompleto (6,5%) e os sem instrução (3,3%).

Cortes

Adriano Gomes, professor de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), destacou que também estão acontecendo "cortes de vagas mais qualificadas, algo característico de momentos de crise em que as empresas estão cortando gastos". Segundo ele, o aumento do número de profissionais qualificados que

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não estão em serviço prejudica a produtividade do País. "A retirada dos trabalhadores com maior conhecimento reduz a qualidade do trabalho realizado."

Para o futuro, Santos disse acreditar que alguns dos diplomados serão incorporados ao mercado de trabalho quando a crise arrefecer, mas "pessoas com formação ruim" vão seguir com dificuldade para encontrar emprego. "Ainda terão problemas, mesmo quando a economia estiver em um momento melhor."

Desemprego

A última divulgação da Pnad mensal, realizada pelo IBGE na sexta-feira passada, mostrou que o desemprego alcançou os 9% no trimestre encerrado em outubro do ano passado.

O número de brasileiros que estão procurando trabalho chegou a 9,1 milhões, alta de 5,3% (mais 455 mil pessoas) em relação ao trimestre de maio a julho e aumento de 38,3% (mais 2,5 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2014.

Já o rendimento médio recebido pelos brasileiros por mês ficou em R$ 1.895. A quantia é um pouco inferior à registrada no trimestre encerrado em julho de 2015 (R$ 1.907) e à dos três meses concluídos em outubro de 2014 (R$ 1.914).

Renato Ghelfi

CNI: pequeno industrial começa 2016 com confiança e m baixa

São Paulo - A confiança dos pequenos empresários atingiu o pior nível em janeiro, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de pequeno porte passou de 35 pontos em dezembro para 35,1.

Nas indústrias de médio porte, o Icei ficou em 35,5 pontos e nas grandes chegou a 37,6 pontos. Nenhum dos três grupos avaliados pela CNI ficou acima de 50 pontos, que indica confiança do setor. O Icei geral alcançou 36,5 pontos em janeiro contra 44,4 pontos um ano antes. O índice está abaixo dos 50 pontos desde abril de 2014.

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No mesmo mês do ano passado, a avaliação dos empresários já era negativa, reflexo da demanda fraca e da incerteza quanto ao cenário econômico. Em janeiro de 2015, o nível de confiança dos industriais de pequeno porte (43,6) ficou acima do apurado nas médias (42,9), mas ainda abaixo das grandes indústrias (45,5).

O indicador da CNI é composto pela avaliação dos industriais quanto a situação da economia brasileira e da própria empresa. Os entrevistados mensuram a confiança em relação ao momento atual - com base nos últimos seis meses - e as expectativas para os seis meses seguintes.

Na avaliação sobre o momento atual, os resultados são piores, com 27,6 pontos frente a 35,7 pontos apurados em janeiro do ano passado.

Já o componente de expectativas caiu para 40,9 pontos em janeiro deste ano contra 48,7 pontos em 2015.

Setores

De acordo com a CNI, o índice de confiança do setor farmacêutico (43,2) foi o mais alto na pesquisa de janeiro, seguido pelos setores de fumo (42,2) e bebidas (41,2). Já os industriais dos setores de outros equipamentos de transporte (28,6), informática, eletrônicos e ópticos (31,5) e veículos automotores (31,6) tiveram os piores resultados.

Jéssica Kruckenfellner

Indústria automotiva

- Metalúrgicos da General Motors cruzaram os braços nesta segunda-feira (18). Os trabalhadores da planta de São José dos Campos (SP) decidiram paralisar as atividades para aguardar uma nova rodada de negociação entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos da Região, que discutem um aumento no pagamento da segunda parcela da participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2015. / Da Redação

A Renault teve alta de 3,3% nas vendas globais no ano passado. A montadora francesa afirmou que novos modelos ajudaram a companhia a obter parcela maior do mercado em meio à recuperação na demanda da Europa. As vendas da companhia somaram 2,8

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milhões de carros e comerciais leves, um recorde para o grupo e que veio a um ritmo mais que duas vezes acima da taxa de expansão do mercado global, de 1,6%. Em 2016, a empresa quer ampliar vendas em todas as regiões onde opera, com as expectativas para o mercado global apontando para alta de 1% a 2%. / Agências

A Volkswagen vai enfrentar processos de acionistas por fraude em testes de poluentes. Dezenas de investidores nos EUA e Reino Unido pretendem processar a montadora em um tribunal alemão, buscando compensação pela derrocada de suas ações devido ao maior escândalo da história da WV. A montadora não comentou o assunto./ Reuters

Produtividade da construção cresce menos no País qu e no resto do mundo Entre 2010 e 2013, quando o mercado imobiliário tev e forte avanço, o Brasil não elevou significativamente a representatividade do setor. A gora, com a crise, cenário fica mais desafiador

São Paulo - O bom momento da construção civil - sentido entre os anos 2010 e 2013 - não foram o bastante para elevar de maneira substancial a produtividade do segmento no País. Agora, em época de menos pujança econômica, o sonho de ficar mais próximo dos índices europeus e norte-americano se torna ainda mais distante. "A produtividade da construção é um fator vital para a retomada do crescimento econômico brasileiro", argumenta o vice-presidente do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP), Francisco Vasconcellos.

A conclusão sobre a produtividade da construção brasileira foi revelada em uma pesquisa do SindusConSP com a Fundação Getulio Vargas. Segundo os dados apurados, a produtividade da mão de obra nessa indústria soma 20,3% do registrado no mercado norte-americano, por exemplo. Os dados são referentes a 2013.

Quando comparado com 2003, o dado apresenta leve melhora. À época, as construções em terras tupiniquins respondiam por 18,1% do visto nos Estados Unidos. Apesar da leve alta, quando comparado com o desempenho de outros países emergentes, como a China, o dado mostra grande fraqueza. "A elevação vista foi muito inferior à conseguida pela

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China ou pela Índia, que apresentaram crescimento de 108,4% e 62,3%, respectivamente. No Brasil, a elevação foi de 20,6%", revelava o estudo.

Para Vasconcellos, há um longo caminho a ser trilhado por aqui para garantir a elevação da produtividade da construção de modo a reduzir a diferença dos países mais desenvolvidos. "Perdemos em questões logísticas, tributárias, com a instabilidade macroeconômica e de gestão", pontua.

Desafios

De acordo com o levantamento do Sindicato da Construção, as pedras no sapato para que o Brasil não avance como deveria são muitas: estrutura tributária, burocracia, custo do capital e previsibilidade (econômica e regulatória).

Agora, com a deterioração da economia, Vasconcellos sinaliza que o caminho ficará ainda mais árduo para o mercado, já que subir no ranking agora depende ainda mais de esforços e investimento na cadeia como um todo. "A estrutura tributária vigente no País introduz distorção com grandes impactos na produtividade. Mesmo tendo acesso a recursos e pleno domínio da técnica, a empresa poderá não utilizá-los por conta de distorções de natureza fiscal", afirma o SindusCon-SP.

No Brasil, as disputas fiscais entre os estados interferem na localização de plantas e centros de distribuição de materiais de construção. "Com isso, em muitos casos, são introduzidos custos e riscos logísticos desnecessários na tentativa de reduzir o ônus tributário" argumenta Vasconcellos.

Até entre as grandes empresas do ramo, que trabalham com tecnologia mais avançada dentro dos canteiros, o cenário é de desperdício. "Uma construtora no Brasil pode ter acesso a materiais e tecnologias de alta qualidade, mas as ineficiências logísticas e de sua cadeia de fornecedores, especialmente de serviços, causam atrasos, perdas e desperdícios capazes de reduzir a geração de valor por trabalhador empregado", dizia o estudo.

Futuro

A continuar no ritmo atual, o Brasil chegará ao último lugar da lista mundial. Se a produtividade da construção da China se mantiver no patamar dos últimos dez anos, ou seja, crescendo à taxa anual de 7,62%, e o Brasil crescer à taxa de 1,89%, em 2019 a produtividade chinesa já será maior que a brasileira.

Hoje, além de perder para a maioria dos países estudados - só supera a China - a construção no Brasil também tem problemas internamente: a produtividade é inferior à

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média da economia brasileira. Em 2003, a produtividade setorial era 32,5% inferior à média do País. Esse diferencial se manteve, ainda que com oscilações, somando 31,7% em 2013.

Paula Cristina

TST reduz indenização

- O Tribunal Superior do Trabalho reduziu de R$ 90 mil para R$ 15 mil a indenização por danos morais a uma técnica em segurança do trabalho que sofreu intoxicação durante a dedetização de postos de saúde do Grupo Hospitalar Conceição, da rede pública de saúde de Porto Alegre (RS).

O TST considerou elevado o valor arbitrado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região uma vez que o hospital já havia indenizado a trabalhadora em R$ 25 mil.

Na ação, a trabalhadora afirmou que ela e mais 139 empregados foram intoxicados por agente químico numa dedetização em junho 1999. Segundo ela, em muitos locais as atividades não foram suspensas durante os procedimentos, e em outros o reinício se deu com vestígios do inseticida.

No recurso ao TST contra a decisão favorável à trabalhadora, o hospital questionou a condenação por dano moral e o pagamento de pensão mensal vitalícia equivalente a 50% da aposentadoria, afirmando que a técnica não está incapacitada para o trabalho por conta do acidente ocorrido em 1999 e que não ficou comprovado o nexo causal entre o acidente e as doenças. /Agências

(Fonte: DCI dia 19-01-2016).

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Mercado prevê dólar a R$ 4,25 no fim de 2016 O Relatório de Mercado Focus também mostra piora da s expectativas para a inflação e para o PIB deste an o

CÉLIA FROUFE - O ESTADO DE S.PAULO

BRASÍLIA - Após subir quase 50% no ano passado e encerrar levemente abaixo de R$

4,00, a perspectiva do mercado financeiro para o câmbio este ano é de alta para R$ 4,25.

O dado consta do Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 11, pelo

Banco Central. No levantamento anterior, a mediana das estimativas dos analistas

apontava para uma cotação de R$ 4,21 e, no de quatro semanas atrás, de R$ 4,20.

Já para 2017, a mediana das estimativas do mercado aponta para uma cotação de R$

4,23, maior do que a de R$ 4,20 vista na semana passada - um mês antes, já estava

nesse patamar. Para este ano, o câmbio médio passou de R$ 4,13 para R$ 4,14 (estava

em R$ 4,09 há quatro semanas), enquanto que para 2017, essa mesma variável

permaneceu em R$ 4,10 - mesma cotação também de um mês atrás.

As projeções do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano seguem

no terreno negativo, mas as de 2017 mostram alguma expectativa de recuperação, ainda

que não seja tão forte. A mediana das estimativas no Relatório de Mercado Focus ficou em

-2,99% para 2016 ante taxa de -2,95% apontada no levantamento anterior - há quatro

semanas, a aposta era de uma queda menor, de 2,67%. Um ano atrás, os especialistas

consultados pelo BC acreditavam que haveria crescimento este ano, de 1,80%.

Já para 2017, a expectativa é mais otimista, de expansão de 0,86%. Mesmo assim, está

menor do que a taxa mediana de 1,00% calculada na edição anterior. Quatro semanas

atrás, a mediana das projeções de crescimento do PIB no ano que vem também era de

1,00%. Para inflação, a estimativa dos analistas é de uma elevação em 2016. O presidente

do Banco Central, Alexandre Tombini, escreveu em carta aberta ao ministro da Fazenda,

Nelson Barbosa, divulgada na sexta-feira à noite, que conta com uma desinflação ao

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longo deste ano causada, sobretudo, pelos preços administrados e pelo setor de serviços,

em meio a recessão que atravessa o País.

De acordo com o documento divulgado há pouco pelo BC, no entanto, a mediana das

previsões do mercado financeiro para o IPCA de 2016 subiram de 6,87% para 6,93%. Há

um mês, a mediana estava em 6,80%. O objetivo do BC, conforme Tombini reforçou na

carta, é manter a inflação entre o centro (4,5%) e o teto (6,5%) da meta deste ano - o

mercado, pelo Focus, não acredita que isso será possível.

O mercado financeiro não esperava uma inflação anual tão alta no início de um ano desde

2003. Em janeiro de 2003, no primeiro levantamento desse tipo, a taxa prevista para

aquele ano era de 11,23%. No primeiro ano de governo Lula, o IPCA terminou com avanço

de 9,3%, o que levou ao estouro da meta. O grupo dos economistas que mais acertam as

previsões, Top 5 de médio prazo, está mais descrente ainda. Para ele, o IPCA encerrará

este ano em 7,49%. Na semana a anterior, o ponto central entre esses cinco participantes

estava em 7,44% e, quatro semanas atrás, em 7,21%. Esta é a quinta semana consecutiva

em que há alta das estimativas deste grupo.

Na pesquisa geral, a mediana das projeções para o IPCA de 2017 passou foi mantida em

5,20%, também distante do objetivo do BC de levar a inflação para mais perto de 4,50%.

Para o ano que vem, a taxa permaneceu em 5,50% no grupo Top 5 de médio prazo pela

quarta vez seguida.

De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro, o BC

projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo

de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário

de referência e de 4,9% pelo de mercado. (Fonte: Estado de SP dia 19-01-2016).

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