Desenferrujando a Caixa Preta

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Desenferrujando a caixa preta Faz tempo que não dou vida às palavras e realmente não sei o porquê. Ando devorando muitas folhas e vestindo muitas personagens, mas parece que algo em mim não quer se deixar ser usado. A tristeza é poeta renomada e não ando comprando seus romances, vez ou outra apenas dou uma espiada em suas prateleiras. Resolvi então escrever por mim mesmo. Na verdade eu deveria estar dormindo, coisa que não devia ser apreciada na madrugada. Esta última me seduz tão docemente e me incita pensamentos profundos e amargos. Contudo, continuo achando que meus neurônios estão pregando peças comigo e não me permitem cuspir o que penso. Na verdade uma peneira do tamanho do sol está bem na frente do teclado. Credo. Como é difícil escrever assim. Na verdade, eu já usei muito “na verdade” e a verdade é que não tenho absolutamente nenhuma certeza do que é verdade ou não. Sei que um copo é real e posso pegá-lo e segurá-lo, mas se o arremesso contra a parede e o quebro ele deixa de existir, então que certeza temos do que nos cerca, do que respiramos? Inconscientemente[ou não] juntamos tijolos que a mídia nos dá e reforçamos com barro que nossos amigos regurgitam. E assim conseguimos construir um grande labirinto no nosso “eu”, delimitando ainda mais a linha entre o que somos e o que deixamos transparecer. Acho que essa é minha grande peneira. Certa vez uma sábia jovem me disse que devíamos fazer o que nosso coração desejasse, os caminhos e modos é que não são explícitos e como seres de sociedade que somos isso fico mais implícito ainda. É. Nossa mente é como uma fita cassete que teve o conteúdo exposto e emaranhado por uma criança, sabemos o que nela contem, mas não sabemos ao certo como começar a organizar. Assim como esse texto. Não há início, meio ou fim, é apenas um montante de letras que nosso cérebro consegue decodificar e o de alguns consegue decifrar. Isso não é um artigo de autoajuda muito menos de lição de moral e assim como antes havia informado, muitas palavras se

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Voltar a escrever nem sempre é algo fácil. Para mim é um prazer.

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Desenferrujando a caixa preta

Faz tempo que no dou vida s palavras e realmente no sei o porqu. Ando devorando muitas folhas e vestindo muitas personagens, mas parece que algo em mim no quer se deixar ser usado. A tristeza poeta renomada e no ando comprando seus romances, vez ou outra apenas dou uma espiada em suas prateleiras. Resolvi ento escrever por mim mesmo. Na verdade eu deveria estar dormindo, coisa que no devia ser apreciada na madrugada. Esta ltima me seduz to docemente e me incita pensamentos profundos e amargos. Contudo, continuo achando que meus neurnios esto pregando peas comigo e no me permitem cuspir o que penso. Na verdade uma peneira do tamanho do sol est bem na frente do teclado. Credo. Como difcil escrever assim.Na verdade, eu j usei muito na verdade e a verdade que no tenho absolutamente nenhuma certeza do que verdade ou no. Sei que um copo real e posso peg-lo e segur-lo, mas se o arremesso contra a parede e o quebro ele deixa de existir, ento que certeza temos do que nos cerca, do que respiramos? Inconscientemente[ou no] juntamos tijolos que a mdia nos d e reforamos com barro que nossos amigos regurgitam. E assim conseguimos construir um grande labirinto no nosso eu, delimitando ainda mais a linha entre o que somos e o que deixamos transparecer. Acho que essa minha grande peneira. Certa vez uma sbia jovem me disse que devamos fazer o que nosso corao desejasse, os caminhos e modos que no so explcitos e como seres de sociedade que somos isso fico mais implcito ainda.. Nossa mente como uma fita cassete que teve o contedo exposto e emaranhado por uma criana, sabemos o que nela contem, mas no sabemos ao certo como comear a organizar. Assim como esse texto. No h incio, meio ou fim, apenas um montante de letras que nosso crebro consegue decodificar e o de alguns consegue decifrar. Isso no um artigo de autoajuda muito menos de lio de moral e assim como antes havia informado, muitas palavras se perderam no meio do caminho. H quem consiga preencher esses vazios gramticos ou at mesmo ir alm e juntar as peas do enigmtico, do que est alm dos nossos olhos. Sempre que escrevo as oraes costumas causar verges na minha pele, levando consigo parte de mim. um alvio. uma larva a menos na minha massa cinzenta. Viu? Acabei de me livrar de uma, ou ser que te passei outra?