DESENHOS DE FORMAS ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO · Em linhas gerais, três tipos de...

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DESENHOS DE FORMAS ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO Elizeth Neves Cardoso Soares 2016

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DESENHOS DE FORMAS ESTRUTURAIS

EM EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO

Elizeth Neves Cardoso Soares

2016

Em linhas gerais, três tipos de desenhos devem compor

o projeto estrutural de um edifício em concreto armado,

a saber:

• Planta de cargas e locação dos pilares

• Desenhos das formas estruturais

• Desenhos das armações

A planta de cargas e de locação dos pilares

geralmente é o primeiro desenho de um projeto

estrutural.

As informações desse desenho, juntamente com as

oriundas das sondagens do terreno, permitirão a

escolha do tipo de fundação (sapata, estaca,

tubulão, etc.) mais adequada à obra.

A planta de cargas e de locação dos pilares

A planta de cargas e de locação dos pilares é um

desenho relativamente simples, que apresenta dois

tipos de informações:

a) Seções dos pilares locados em relação a dois eixos

de referência do terreno (em geral o alinhamento e uma

das divisas).

b) Todas as cargas que serão transmitidas aos

elementos de fundação (sapatas, estacas, tubulões,

etc.) e, posteriormente, à camada resistente do solo.

Somente após a definição do tipo de fundação a ser

empregada pode-se dar início à execução do primeiro

desenho do projeto estrutural necessário ao início da

obra – Desenho de Formas da Fundação.

DESENHOS PARA EXECUÇÃO DAS FORMAS

ESTRUTURAIS

O desenho para execução de formas de um

pavimento é composto por uma planta da estrutura

que sustenta aquele pavimento, isto é, o conjunto de

pilares, vigas e lajes.

Neste desenho, os detalhes informados devem definir

perfeitamente os elementos estruturais por meio de

suas dimensões e por sua localização em relação a

eixos ou linhas de referência importantes.

Dessa forma, devem ser feitos tantos cortes e/ou

elevações quantos forem necessários para a perfeita

definição dos elementos estruturais em

representação.

Um desenho de formas deve ser executado em

escala 1:50 ou em outra escala comumente usada no

meio técnico, desde que a clareza do desenho não

seja prejudicada.

Para cada pavimento ou “nível estrutural” existirá um

desenho para a execução de formas.

Em um edifício usual em concreto armado, os

desenhos a serem executados são os seguintes:

Formas das Fundações, Formas do Pavimento Tipo;

Formas da Cobertura, Formas do Piso da Casa de

Máquina e do Barrilete;

Formas do Reservatório Elevado, etc.

REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS NO

DESENHO DE FORMAS

Pilares

Os pilares são representados no desenho de forma em

corte, ou seja, representa-se a seção transversal do

pilar com as respectivas dimensões para o pavimento

em questão.

REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS NO

DESENHO DE FORMAS

Pilares

Em geral, especialmente em edifícios de poucos

pavimentos, costuma-se manter a mesma seção dos

pilares até a cobertura. Entretanto, existem situações

em que as dimensões da seção do pilar variam de um

pavimento para outro.

REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS NO

DESENHO DE FORMAS

Pilares

Além disso, podem existir pilares que têm início

(nascem) no pavimento em representação ou pilares

que são interrompidos (morrem) nesse pavimento.

Assim, convém estipular uma notação para a

representação dos pilares em tais situações. Uma

notação usual é a indicada na figura 4.

Deve-se notar que, na representação da figura 4,

parte da seção do pilar P1 é interrompida (morre) no

pavimento e o restante do pilar continua acima do

referido pavimento.

Vigas

No desenho de formas, as vigas são representadas

em planta, devendo-se fornecer informações tais

como as dimensões da seção transversal (largura e

a altura) e o comprimento das mesmas.

Informações e detalhes construtivos adicionais

devem ser representados por meio de cortes na

própria planta ou em separado.

Na planta de formas estruturais, as vigas são

observadas de baixo para cima e são representadas

no desenho por meio de duas linhas espaçadas de

sua largura ao longo do comprimento da mesma.

Tais linhas representam as arestas visíveis e as

arestas invisíveis, (com o observador olhando de

baixo para cima). As arestas visíveis são

representadas por linhas cheias e as invisíveis por

linhas tracejadas.

No caso de vigas invertidas, pode-se ter a

representação por linha cheia (aresta visível) e linha

tracejada (aresta invisível), conforme a figura 5.

Lajes

As lajes em um desenho de formas estão

praticamente definidas após a representação dos

pilares e das vigas.

O único cuidado a ser tomado diz respeito a

representação de rebaixos, superelevações, ou

aberturas existentes nas lajes.

Os rebaixos e as superelevações acontecem quando

o nível de uma laje não coincide com o nível adotado

para o desenho de formas, o qual corresponde,

geralmente, ao nível da maioria das lajes

representadas no desenho de formas.

Um exemplo da representação de rebaixos nos

desenhos de formas está ilustrado na figura 6.

Nessa figura, a laje L2 está rebaixada 25 cm em

relação ao nível das outras lajes.

As aberturas de lajes são representadas por duas

linhas que ligam os vértices da abertura, conforme

indica a figura 7.

Escadas

A escada geralmente não é representada no desenho

de formas do pavimento a qual ela pertence.

Um desenho especial deve ser feito, em folha à parte

e em escala maior que a escala do desenho de

formas, para a representação da escada.

No desenho de formas do pavimentos, no lugar

reservado para a colocação da escada, faz-se a

representação de uma abertura na forma, tal como

ilustrado anteriormente na figura 7.

DESIGNAÇÃO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

NAS FORMAS

É usual obedecer a simbologia a seguir para a

designação dos elementos estruturais representados

nas formas.

A designação deve ser seguida pelo respectivo

número de ordem do elemento (numeração) e

também da indicação de suas dimensões (espessura

das lajes, dimensões das seções transversais de

vigas e pilares, etc).

No desenho de formas do pavimentos, no lugar

reservado para a colocação da escada, faz-se a

representação de uma abertura na forma, tal como

ilustrado anteriormente na figura 7.

NUMERAÇÃO E INDICAÇÃO DAS DIMENSÕES DOS

ELEMENTOS

Numeração e indicação das espessuras das lajes

Juntamente com a designação (símbolo) de cada laje

indica-se o seu número de ordem.

A numeração das lajes normalmente é feita partindo-se

do canto superior esquerdo até atingir o canto inferior

direito.

Ou seja, a numeração é feita da esquerda para a direita,

de cima para baixo.

Imediatamente abaixo da designação e numeração

da laje deve-se indicar obrigatoriamente a espessura

da mesma.

O conjunto designação, numeração e indicação das

espessuras deve ser posicionado, sempre que

possível, próximo do centro da laje (ver exemplo da

figura 3).

Numeração e indicação das dimensões das vigas

Juntamente com a designação de cada viga indica-se

o seu número de ordem.

A numeração das vigas é feita de maneira

semelhante às lajes, ou seja, as vigas são numeradas

da esquerda para a direita, de cima para baixo.

A numeração inicia-se pelas vigas dispostas

horizontalmente (em planta), partindo-se do canto

superior esquerdo e prosseguindo-se por

alinhamentos sucessivos até atingir o canto inferior

direito.

numeram-se as vigas dispostas verticalmente,

partindo-se do canto inferior esquerdo e

prosseguindo-se por fileiras sucessivas até atingir o

canto superior direito.

Deve-se indicar, juntamente a designação e a

numeração, as dimensões da seção transversal da

viga.

O conjunto designação, numeração e indicação das

dimensões geralmente é posicionado na parte

superior das linhas de representação das vigas no

desenho de formas (ver exemplo da figura 3).

Quando alguma das dimensões da seção se alterar

ao longo do comprimento da viga, nova indicação

deve ser feita.

Numeração e indicação das dimensões dos pilares

Juntamente com a designação de cada pilar indica-se

o seu número de ordem.

A numeração dos pilares é feita de maneira

semelhante às lajes e às vigas.

A numeração dos pilares deve ser feita partindo-se do

canto superior esquerdo do desenho para a direita,

em linhas sucessivas.

Deve-se indicar, juntamente a designação e a

numeração, as dimensões da seção transversal do

pilar.

No caso de variação destas dimensões no pavimento,

deve-se indicar as dimensões antigas e as novas do

pilar.

O conjunto designação, numeração e indicação das

dimensões de cada pilar deve ser colocado em baixo

e à direita da representação deste pilar no desenho

de formas (ver exemplo da figura 3).

CORTES FEITOS NOS DESENHOS DE FORMAS

Os cortes verticais feitos na planta de formas são

necessários para mostrar detalhes que não podem

ser mostrados em planta, tais como os níveis das

lajes (rebaixos e superelevações), aberturas

horizontais em vigas, etc, contribuindo para a maior

clareza do desenho.

É comum apresentar dois cortes na forma, um

transversal e outro longitudinal. Para formas simples,

muitas vezes um só corte pode ser suficiente.

Os referidos cortes verticais são representados na

próprio local do desenho onde o corte é feito.

Desse modo, os cortes verticais são rebatidos no

plano horizontal do pavimento em questão,

respeitando-se a convenção de que o observador vê

o desenho de frente ou pela direita (ver exemplo da

figura 3).

DEMAIS INFORMAÇÕES IMPORTANTES NAS

PRANCHAS DO PROJETO

Nível

O nível de referência utilizado em todos os projetos

dos subsistemas do edifício deve ser único para

evitar equívocos no canteiro de obras.

A referência adotada no levantamento plani-

altimétrico precisa ser a mesma utilizada nos ensaios

de sondagem geológica, no projeto de arquitetura, de

estrutura e assim por diante.

Essa prática, apesar de óbvia, às vezes não é

adotada.

Eixos e cotas acumuladas

Pelo menos dois eixos ortogonais precisam ser

definidos de comum acordo entre o projetista da

estrutura e o arquiteto.

Com eles serão locados na obra os gabaritos, as

fundações, a estrutura e a alvenaria.

Dentre os critérios para estabelecer os eixos

destacam-se: a ausência de alvenarias ou pilares

coincidentes com a projeção dos eixos e o

paralelismo às direções principais do projeto.

Por isso, muitas vezes, os eixos estão localizados em

corredores. Auxilia bastante a execução no canteiro o

fato das cotas e distâncias no projeto de estrutura

serem fornecidas acumuladas em relação a estes

eixos, além de evitar a propagação de erros.

Especificação das cargas permanentes e acidentais

É fundamental que os parâmetros que foram

utilizados no cálculo pelo projetista da estrutura

estejam representados no projeto.

Só assim, a construtora poderá executar a obra

segundo idealizado pelo projetista, respeitando as

espessuras das alvenarias e revestimentos previstas

no carregamento permanente.

As cargas permanentes e acidentais devem ser

explicitadas em todas as folhas de fôrmas do projeto.

Devem, ainda, constar nos projetos os locais e as

massas (ou densidades com espessuras) de

carregamentos especiais como enchimentos, jardins,

equipamentos, e assim por diante.