Desenvolvendo competências para o empreendedorismo de base … · 2008. 5. 12. · Desenvolvendo...

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Desenvolvendo competências para o empreendedorismo de base tecnológica na Embrapa Informática Agropecuária BAMBINI, M.D. 1 ,MENDES, C.I.C. 2 , HANASHIRO, M.M. 3 , OLIVEIRA, D. R. M. S. 4 , PEREIRA, G. L. 5 1. Introdução O objetivo deste trabalho é relatar a primeira experiência da Embrapa Informática Agropecuária 6 , unidade descentralizada de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa 7 , no desenvolvimento de competências empreendedoras de seus pesquisadores e técnicos, culminando na elaboração de quatro Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica - EVTEs para incubação de empresas de base tecnológica. Esta ação se insere no Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferência de Tecnologia (Proeta), criado pela Embrapa com o objetivo de viabilizar um mecanismo sustentável para incubação de empresas voltadas para o agronegócio. O processo de capacitação dos pesquisadores e técnicos foi realizado no âmbito de um projeto desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 8 e com aporte financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP 9 , em atendimento ao edital do Programa Nacional de Incubadoras – PNI. Este projeto, desenvolvido no período de janeiro de 2006 a abril de 2007, teve como principal objetivo a elaboração de EVTEs visando estimular a criação de empresas de base tecnológica para transferência dos resultados das atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas pelas instituições parceiras. O Instituto de Inovação 10 foi a empresa de consultoria contratada para este trabalho, contribuindo com sua experiência na área de gestão da inovação. A metodologia aplicada contou com cinco etapas: Sensibilização (realização de seminários abertos ao corpo de pesquisadores e técnicos sobre inovação e transferência de tecnologia); Treinamento Embate (voltado para o empreendedorismo de base tecnológica); 1 Martha Delphino Bambini, Embrapa Informática Agropecuária, [email protected] , (19) 37895832 2 Cássia Isabel Costa Mendes , Embrapa Informática Agropecuária, [email protected] , (19) 37895799 3 Marcelo Mikio Hanashiro , Embrapa Informática Agropecuária, [email protected] , (19) 37895729 4 Deise Rocha Martins dos Santos Oliveira, Embrapa Informática Agropecuária, [email protected] , (19) 37895741 5 Guilherme Luiz Pereira, Instituto de Inovação, [email protected] , (19) 32890353 6 http://www.cnptia.embrapa.br 7 http://www.embrapa.br 8 http://www.unicamp.br 9 http://www.finep.gov.br 10 http://www.institutoinovacao.com.br

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  • Desenvolvendo competências para o empreendedorismo de base tecnológica na

    Embrapa Informática Agropecuária

    BAMBINI, M.D.1,MENDES, C.I.C.

    2 , HANASHIRO, M.M.

    3, OLIVEIRA, D. R. M. S.

    4 , PEREIRA, G. L.

    5

    1. Introdução

    O objetivo deste trabalho é relatar a primeira experiência da Embrapa Informática

    Agropecuária6, unidade descentralizada de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa

    Agropecuária – Embrapa7, no desenvolvimento de competências empreendedoras de seus

    pesquisadores e técnicos, culminando na elaboração de quatro Estudos de Viabilidade

    Técnica e Econômica - EVTEs para incubação de empresas de base tecnológica. Esta ação

    se insere no Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base

    Tecnológica Agropecuária e à Transferência de Tecnologia (Proeta), criado pela Embrapa

    com o objetivo de viabilizar um mecanismo sustentável para incubação de empresas

    voltadas para o agronegócio.

    O processo de capacitação dos pesquisadores e técnicos foi realizado no âmbito de

    um projeto desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual de Campinas –

    UNICAMP8 e com aporte financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP9, em

    atendimento ao edital do Programa Nacional de Incubadoras – PNI. Este projeto,

    desenvolvido no período de janeiro de 2006 a abril de 2007, teve como principal objetivo a

    elaboração de EVTEs visando estimular a criação de empresas de base tecnológica para

    transferência dos resultados das atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas pelas

    instituições parceiras. O Instituto de Inovação10 foi a empresa de consultoria contratada para

    este trabalho, contribuindo com sua experiência na área de gestão da inovação. A

    metodologia aplicada contou com cinco etapas: Sensibilização (realização de seminários

    abertos ao corpo de pesquisadores e técnicos sobre inovação e transferência de

    tecnologia); Treinamento Embate (voltado para o empreendedorismo de base tecnológica);

    1 Martha Delphino Bambini, Embrapa Informática Agropecuária, [email protected] , (19) 37895832 2 Cássia Isabel Costa Mendes , Embrapa Informática Agropecuária, [email protected], (19) 37895799 3 Marcelo Mikio Hanashiro , Embrapa Informática Agropecuária, [email protected], (19) 37895729 4 Deise Rocha Martins dos Santos Oliveira, Embrapa Informática Agropecuária, [email protected], (19) 37895741 5 Guilherme Luiz Pereira, Instituto de Inovação, [email protected], (19) 32890353 6 http://www.cnptia.embrapa.br 7 http://www.embrapa.br 8 http://www.unicamp.br 9 http://www.finep.gov.br 10 http://www.institutoinovacao.com.br

  • Diligência da Inovação®11 (análise do potencial mercadológico de tecnologias envolvendo

    sua caracterização, prova de conceito, estudo de mercado e análise de viabilidade

    econômica); Definição do Modelo de Negócios e Estruturação do Plano de Negócios.

    Os resultados deste projeto evidenciam a relevância da participação do pesquisador

    no desenvolvimento de estudos e planos de negócios de base essencialmente tecnológica.

    A postura intra-empreendedora dos pesquisadores-inventores é o ponto de partida para

    potencializar a identificação e aproveitamento de novas oportunidades de negócios a partir

    das tecnologias produzidas por instituições de pesquisa científica.

    2 . Revisão de Literatura

    2.1 Panorama das competências do pesquisador brasileiro

    Fleury e Fleury (2001) definem competência como “um saber agir responsável e

    reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades,

    que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo” (p.21).

    Saber agir, segundo os autores, envolve saber o que e por que faz. Saber julgar,

    escolher, decidir. Mobilizar implica na mobilização de recursos humanos, financeiros e

    materiais criando sinergia. Comunicar se refere à compreensão, processamento e

    transmissão de informações e conhecimentos, assegurando-se de que os receptores

    tenham entendido a mensagem. Saber aprender envolve: trabalhar o conhecimento e a

    experiência, rever modelos mentais, saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento de

    outros. O comprometimento com os objetivos da organização e o engajamento para com

    eles são fundamentais. O “saber assumir responsabilidades” se refere à atitude responsável,

    assumindo riscos e conseqüências de suas ações, sendo por isso, reconhecido. A visão

    estratégica reflete o entendimento do negócio da organização, de seu ambiente,

    identificando oportunidades e alternativas.

    Zarifian (2001), por sua vez, diferencia cinco tipos de competências profissionais:

    o Sobre processos: conhecimento do processo global de trabalho de forma

    profunda;

    o Técnicas: conhecimento específico;

    o Sobre a organização: conhecer parâmetros de funcionamento da organização;

    o De serviço: conhecer os impactos que o desenvolvimento de suas atividades

    profissionais e o produto final terão para seus destinatários (avaliação de

    utilidade);

    o Competências sociais: saber ser (traços de personalidade e aptidões) e

    11 Marca registrada pelo Instituto de Inovação.

  • comportamentos e atitudes. Manifesta-se em três campos: autonomia, tomada

    de responsabilidade e comunicação.

    O precursor da utilização do conceito de competências na área organizacional foi

    David McClelland. O conceito introduzido por este autor implica um fluxo causal no qual as

    características pessoais (motivações, traços, auto-conceito e conhecimento) embasam a

    intenção do indivíduo, que parte para a ação, observável em comportamentos e habilidades.

    Da ação obtém-se um resultado, traduzido pelo desempenho profissional.

    Indivíduos que atuam em ciência, tecnologia e inovação são essencialmente

    trabalhadores do conhecimento. Na sociedade da informação, o trabalhador aplica sua

    iniciativa e inteligência, desenvolve sua capacidade de abstração com base em suas

    experiências profissionais, obtendo a re-tradução destas experiências em formalizações

    conceituais (Zarifian, 2003).

    As atividades de Iniciação Científica, vivenciadas antes da conclusão do ensino

    superior, representam, em geral, o primeiro contato do indivíduo com a pesquisa científica.

    Velho (2001) afirma que “desde a emergência da ciência moderna no período da revolução

    científica, a formação de pessoas para desempenhar atividades de investigação é feita por

    outros pesquisadores, através de uma relação do tipo mestre e aprendiz” (p. 1)

    Gleiser em seu depoimento à CBPF (2005) acrescenta que teoricamente, na ciência,

    não existe uma estrutura hierárquica. Verifica-se uma relação horizontal e democrática que

    vigora apenas depois da conclusão do doutorado. Este autor defende que a interação

    pessoal é muito importante para ser bem sucedido na ciência. Assim, após a conclusão dos

    estudos formais (doutoramento) o pesquisador deveria ser um mentor dos que estão

    começando.

    Segundo Bell (2005), o mentor é um professor, um guia, um sábio e, sobretudo, uma

    pessoa que age para melhorar sua habilidade, de maneira compassiva e integral, tendo em

    vista o aprendiz. Com esta interação mentor-aprendiz, o futuro cientista desenvolve suas

    competências em fazer ciência, escrever e pesquisar. E, principalmente, aprende a fazer as

    perguntas certas.

    Bariani (1998) cita Simão (1994) ao abordar atitudes, habilidades e conhecimentos

    apreendidos durante o processo de Iniciação Científica. As atitudes destacadas são:

    “curiosidade diante dos fenômenos e fatos observados, supostos, inferidos; flexibilidade de

    idéias ao fazer suposições a respeito deles; disposição para embasar as próprias opiniões;

    persistência na busca de possíveis respostas às questões; responsabilidade e

    disponibilidade no cumprimento de tarefas; assiduidade e pontualidade (...); colaboração

    (...); cuidado no uso de equipamentos; engajamento na rotina do grupo, buscando

    eventualmente melhorá-la”. Como habilidade, destaca-se a desenvoltura em tarefas

    consideradas mecânicas e concretas e em situações novas e abstratas, envolvendo

  • indagações, comparações, sínteses e conclusões. No que se refere ao conhecimento, pode-

    se citar domínio conceitual do projeto de pesquisa e compreensão da literatura relacionada

    ao seu tema de estudo.

    Bariani (1998) destaca ainda algumas características do pesquisador, referenciando-

    se em diversos autores. Evidenciam-se: interesse, curiosidade intelectual, criatividade,

    perseverança no trabalho, integridade intelectual, independência cognitiva, auto-disciplina, e

    reflexão no tratamento das questões sob estudo.

    Algumas características pessoais do cientista foram extraídas a partir dos

    depoimentos de expoentes na pesquisa em Física, brasileiros e estrangeiros, publicados

    pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF, 2005). Elas são descritas no Quadro 2.

    Outro estudo consultado (Ribeiro,1997) relaciona-se às práticas profissionais de

    pesquisadores atuando na Empresa Pública de Pesquisa Agropecuária – Embrapa

    caracterizando o perfil de um pesquisador “reflexivo”. Para a autora, o ato reflexivo é uma

    maneira de ser e estar na profissão.

    Este profissional reflexivo é capaz de pensar, analisar, investigar e mudar práticas,

    com o intuito de promover o desenvolvimento de um pensamento ou ação. Diante de

    ambientes de mudanças e incertezas, mobiliza seus recursos intelectuais (conceitos,

    teorias, técnicas, etc) para avaliar contextos, diagnosticar situações, definir hipóteses e

    estratégias.

    As pesquisas de Ribeiro (1997) identificaram 5 campos de competências:

    o Competências de interação e éticas: disposição para interagir com parceiros

    internos e externos, cooperação, colaboração e espírito de equipe,

    relacionamento e interação com parceiros, condutas e comportamentos.

    o Competências de reflexão: percepções sobre as várias experiências

    profissionais, atualização e aquisição de conhecimentos, reflexões sobre o

    contexto externo subjacente à atividade profissional.

    o Competência de elaboração e proposição: elaboração de metodologias de

    trabalho, criatividade na execução das atividades profissionais, postura

    proativa e empreendedora.

    o Competência de cidadania: compromisso profissional para com a sociedade.

    o Competência de ensino e aprendizagem: fator de reflexão sobre a prática

    profissional.

    As competências identificadas na pesquisa de Ribeiro (1997) estão bastante alinhadas

    com as experiências e depoimentos dos pesquisadores entrevistados pelo Centro Brasileiro

    de Pesquisas Físicas (2005), conforme indica o Quadro 2.

    Considerando os cinco tipos de competências identificados por Zarifian (2001),

    verificou-se, pela comparação dos estudos de Ribeiro (1997), Bariani (1998) e pelos

  • depoimentos relatados em CBPF (2005) uma predominância de dois tipos de competências:

    técnicas, relativas a aquisição de conhecimento específico, e sociais: relativas ao “saber ser”

    (traços de personalidade e aptidões) e comportamentos e atitudes.

    Quadro 2 – Quadro comparativo das competências selecionadas pelos autores

    Ribeiro (1997) Bariani (1998) Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (2005)

    Interesse Dedicação, interesse, entusiasmo Atualização e aquisição de

    conhecimentos Curiosidade intelectual Integridade intelectual

    Curiosidade, vontade de explorar o desafio intelectual

    Criatividade Criatividade Capacidade de explorar o mundo, “ver o o que os outros não viram”

    Perseverança no trabalho Auto-disciplina

    Perseverança, trabalhar duro por longas horas, dedicação aos estudos.

    Independência cognitiva Reflexão Reflexão Reflexão, questionamento sobre o

    mundo,

    Flexibilidade de idéias Enxergar possibilidades não vistas. Colaboração Colaboração

    Espírito de equipe Engajamento e melhoria da rotina do grupo

    Ser um “eterno aprendiz” Fonte: autoria própria.

    As competências relativas a processos (conhecimento do processo global de trabalho

    de forma profunda), sobre a organização (conhecer parâmetros de funcionamento da

    organização) e de serviço (conhecer os impactos que o desenvolvimento de suas

    atividades profissionais e avaliar a utilidade e impacto que o produto final terá para seus

    destinatários) pouco aparecem na comparação dos três trabalhos.

    Observa-se que a postura empreendedora é uma competência citada por Ribeiro

    (1997) mas não está presente no trabalho dos outros autores estudados. De maneira geral,

    pode-se considerar a existência de uma lacuna em competências cuja abordagem está

    voltada para a obtenção de resultados, utilidade e impactos da atividade realizada. Este tipo

    de competência é essencial para o desenvolvimento de novos negócios e

    empreendimentos.

    Apesar de envolver generalizações baseadas em trabalhos descritivos do perfil

    cognitivo do pesquisador, esta análise comparativa indica as competências mais

    demandadas na prática profissional de pesquisa científica. Com certeza, poderão ser

    encontradas diferenças individuais, caso a caso, dependendo da personalidade e do

    contexto de atuação de cada cientista, bem como de sua experiência prévia.

    2.2 Características do Pesquisador-empreendedor

    Empreender, do francês entreprendre, significa assumir riscos, começar algo novo

    (Chiavenato, 2005). O empreendedor, segundo este autor, é aquele que inicia ou opera um

    negócio para realizar uma idéia ou projeto pessoal, assumindo riscos e inovando sempre.

  • Suas três características básicas são: necessidade de realização, disposição para assumir

    riscos e autoconfiança.

    Desta forma, pesquisadores, gestores e colaboradores de um empreendimento de

    base tecnológica necessitam ter consciência dos desafios associados à geração de

    inovações. Mesmo uma tecnologia com alto potencial inovador pode gerar um negócio mal-

    sucedido (Instituto, 2008) se os gestores não possuírem as competências empreendedoras.

    As principais causas de insucessos nos negócios, conforme Chiavenato (2005),

    referem-se a fatores econômicos provocados por inabilidade do empreendedor, falta de

    experiência no ramo de atuação ou por dificuldades de gerenciamento. Outro componente

    importante são perdas de mercado ou lucros reduzidos advindos de inexperiência dos

    gestores. As dificuldades logísticas (estoque insuficiente, localização inadequada) bem

    como fraca competitividade podem resultar em vendas insuficientes para a manutenção do

    negócio. A gestão de despesas é outro fator de destaque, podendo gerar dívidas e

    encargos.

    O autor cita o trabalho de McClelland para descrever as principais características do

    empreendedor bem sucedido: iniciativa e busca de oportunidades; perseverança;

    comprometimento; busca de qualidade e eficiência; coragem para assumir riscos

    (calculados); fixação de metas objetivas; detalhamento de planos e controles; capacidade de

    persuasão; capacidade de estabelecer redes pessoais; independência; autonomia;

    autocontrole. Estas características ou competências devem ser dominadas de forma

    equilibrada entre os colaboradores do empreendimento para constituir uma equipe

    harmoniosa.

    Uma proposta para o desenvolvimento de competências empreendedoras junto ao

    corpo de pesquisadores das Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação torna-se

    relevante à medida em que se busca formas inovadoras de transferência de tecnologia

    visando a apropriação dos resultados da pesquisa científica pela sociedade.

    2.3 Incubação de Empresas de Base Tecnológica

    Uma empresa de base tecnológica está fundamentada em seu capital humano e

    social, geralmente instrumentais (Brush et al., 2002). Estes capitais são utilizados para

    alavancar as demais necessidades do negócio, transformando e organizando os ativos

    iniciais em recursos organizacionais únicos. A dificuldade, porém, ainda é transportar a idéia

    inicial para a realidade, principalmente quando se trata da criação de novos bens ou

    serviços.

    A existência de um ambiente de incubação de empresas é ser um grande catalisador

    para o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio, de base tecnológica ou não.

  • Porém, ele não constitui, sozinho, a chave para o sucesso de um empreendimento. Este

    caminho, que o empreendedor deve traçar para atingir suas metas, é caracterizado pelo

    processo de transformação de uma idéia em uma realidade, processo este repleto de

    barreiras e tentativas múltiplas (Katz, 1993).

    No mundo inteiro, a relação entre os centros de conhecimento, empresas e governo

    formam a base dos sistemas de inovação e desenvolvimento de oportunidades tecnológicas.

    A alta incerteza associada aos processos de desenvolvimento das empresas de base

    tecnológica e o dinâmico ambiente de mudanças da economia moderna constituem fontes

    de risco ao planejamento de negócios e, portanto, se faz necessário o uso de ferramentas e

    técnicas que foquem na minimização destes riscos e no foco das oportunidades (Quadros,

    2004). Portanto, tornam-se cada vez mais necessários os estudos de viabilidade técnica e

    econômica e o desenvolvimento de planos de negócios muito bem estruturados.

    No Brasil, o governo, em geral, garante subsídios, através de agências de fomento,

    para a implantação de projetos de prospecção e análise das oportunidades tecnológicas.

    Estas, no entanto, estão na maioria concentradas nas instituições de ensino e pesquisa e

    são aplicadas ou replicadas no setor privado da economia (Harding e Bosma, 2007). No

    país, esta articulação entre as universidades, governo e setor produtivo ainda é modesta

    (Frois e Parreiras, 2007).

    A Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, dentro de um conjunto de ações em

    prol da Inovação, lançou em 2005 o edital Apoio ao Programa Nacional de Incubadoras –

    PNI. Uma de suas linhas estimulava a execução de Estudos de Viabilidade Técnica e

    Econômica de Tecnologias geradas nas Universidades e Centros de Pesquisas, com o

    intuito de avaliá-las sob a ótica de mercado, possibilitando a geração de novas empresas ou

    a transferência destas para o setor produtivo.

    A Embrapa Informática Agropecuária, em parceria com a Universidade Estadual de

    Campinas – UNICAMP , obteve a aprovação de um projeto submetido a este edital com o

    objetivo de elaborar Estudos de Viabilidade Técnica de Empresas de Base Tecnológica –

    EVTEs. Com aporte financeiro da FINEP foi possível contratar uma empresa de consultoria

    especializada em gestão da inovação e tecnologia – Instituto Inovação Ltda. A metodologia

    desenvolvida por esta empresa foi aplicada durante a execução do projeto viabilizando a

    elaboração dos respectivos estudos.

    2.4 Elaboração de Estudos de Viabilidade Técnica de Empresas de Base Tecnológica

    No sentido geral de análise de tecnologias, a experiência da consultoria, investigando

    o potencial de tecnologias geradas nos laboratórios de institutos de pesquisa e ensino,

    constatou que (Inovação, 2008): é possível trabalhar a tecnologia respeitando os valores

    que são caros à comunidade científica na instituição de ensino e pesquisa (tais como

  • autonomia e liberdade para a pesquisa básica que gera o avanço do conhecimento)

    considerando seu potencial valor para uso da sociedade; não se logra benefício algum em

    patentear por patentear já que nem sempre tecnologia patenteada é sinônimo de

    licenciamento.

    Partindo destas constatações e somando-se a experiência com a gestão de empresas

    nascentes (start-up’s) baseadas em novas tecnologias, a empresa de consultoria

    desenvolveu metodologia de investigação e modelagem de tecnologias que ainda se

    encontram no laboratório em estágio de bancada e que normalmente são objetos de

    pedidos de patente. Ao se tratar de investigação do potencial de um projeto, comumente se

    associa diretamente esta análise a um plano de negócios. Este tipo de estudo é utilizado

    para se avaliar projetos de novos produtos ou processos em empresas já constituídas ou, no

    mínimo, para o planejamento de um novo negócio para o qual já se consiga obter as

    variáveis mínimas para a tomada de decisão.

    A metodologia é composta por quatro etapas: treinamento EMBATE –

    Empreendedorismo de Base Tecnológica, Diligência da Inovação®, definição do modelo de

    negócios e estruturação do plano de negócios.

    As etapas descritas foram aplicadas segundo o cronograma constante da Figura 1.

    Figura 1: Cronograma de execução do projeto.

    Fonte: Instituto de Inovação.

    3. Metodologia: Eventos de Capacitação e Aprendizado em Ação

    As atividades de início consistiram de seminários, promovidos na Embrapa Informática

    Agropecuária, visando sensibilizar técnicos e pesquisadores quanto ao contexto atual de

    Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil. Foram abordados temas como a Lei da Inovação,

    conceituação básica sobre inovação, estudos sobre a inovação no Brasil, cases de spin-off,

  • programa de inovação e propriedade intelectual.

    Em seguida foi desenvolvido o Treinamento EMBATE – Empreendedorismo de Base

    Tecnológica, visando nivelar conhecimentos entre todos os participantes, motivando a

    equipe a entender o que é necessário para o sucesso do projeto.

    Utilizou-se de uma metodologia dinâmica e participativa para capacitação dos

    pesquisadores (Relatório, 2007), empreendedores e bolsistas envolvidos no projeto visando

    fornecer embasamento teórico aos participantes das tecnologias em análise.

    O perfil dos envolvidos na atividade empreendedora é um dos fatores críticos para o

    desenvolvimento do negócio, mesmo quando temos uma tecnologia com alto potencial

    inovador. O objetivo deste primeiro passo foi tornar o pesquisador consciente dos desafios

    de transformação da tecnologia em real inovação, despertando o seu perfil empreendedor.

    O treinamento busca a convergência entre os comportamentos desejados de um

    empreendedor e as atividades envolvidas em um processo inovativo (Relatório, 2007),

    conforme a figura 2. Foram abordados os seguintes temas durante o treinamento: o

    empreendedor; características empreendedoras, quebrando padrões, percepção de

    oportunidades, processo de criação e inovação, venda de idéias, análise e oportunidades.

    Figura 2: Treinamento EMBATE

    Fonte: Instituto de Inovação

    A realização do segundo treinamento, Diligência da Inovação®, teve como objetivo

    capacitar os participantes do projeto nos conceitos necessários ao entendimento das

    atividades a serem realizadas na próxima etapa do projeto.

    Foram abordados os seguintes temas: contexto da inovação, pesquisa e inovação em

    instituições de ensino e pesquisa, inovação nas empresas e diligência da inovação. No

    último tema, apresentou-se o objeto da análise, as características e aplicações da diligência,

    o processo de investigação, a coleta de dados e a estrutura de análise, além de um estudo

  • de caso.

    Em seguida, a equipe de consultores iniciou o contato com os pesquisadores para

    conhecimento das tecnologias e primeiras sondagens ao mercado, dando início à etapa

    Diligência da Inovação®.

    A Figura 3 demonstra os passos desta etapa que visa subsidiar a elaboração do plano

    de negócios de base tecnológica. O objetivo é entender qual é o processo produtivo e os

    custos relacionados à produção, o estado da arte relacionado à tecnologia, os produtos e

    serviços potenciais, a identificação preliminar de um mercado alvo, identificação de

    competidores em potencial e a enumeração dos diferenciais competitivos.

    Figura 3 – Diligência da Inovação

    Com estas informações, os consultores podem avaliar de forma mais crítica a

    tecnologia e passar para a elaboração dos estudos de viabilidade técnica e econômica.

    A partir daí foi realizada a terceira etapa do processo: definição do modelo de negócio.

    São mapeadas as possibilidades de atuação da futura empresa a ser incubada, detalhando-

    se a oferta, os processos necessários para obterem-se os resultados esperados, o processo

    produtivo, as considerações sobre a transferência de tecnologia, a propriedade intelectual e

    os investimentos necessários.

    Foi realizado o treinamento Plano de Negócio visando capacitar os envolvidos na

    elaboração de planos de negócios, abordando os seguintes temas: definição de plano de

    negócios, definição do modelo do negócio, análise de mercado, o cliente, estratégia de

    marketing, recursos humanos, plano financeiro e “vendendo o peixe”. De forma análoga, o

    treinamento foi dado imediatamente antes do início das atividades de elaboração dos planos

    de negócio.

    A divisão destas duas últimas etapas foi feita de acordo com a proposta do Instituto

    Inovação, que caracteriza a Diligência da Inovação como uma metodologia que procura

    analisar as variáveis chave para que se identifique o potencial mercadológico de uma

    tecnologia – sendo a base para a elaboração do plano de negócios (Relatório, 2007).

    Após esta primeira análise, a equipe consegue ter uma visão geral do empreendimento

    de forma mais crítica, podendo tomar a decisão pela reavaliação dos objetivos do projeto ou,

  • então, pela continuidade do processo para a elaboração do plano de negócio propriamente

    dito, a última etapa da metodologia.

    A confecção do plano de negócios é orientada por uma das informações que a

    Diligência da Inovação® avalia: o modelo do negócio. A partir deste ponto, são, então,

    elaborados estudos com informações atuais na tentativa de embasar a descrição do

    funcionamento da empresa, da oferta e demanda associadas à oportunidade, dos potenciais

    concorrentes e barreiras de entrada, da dinâmica do mercado, dos resultados financeiros e,

    por fim, uma análise da sensibilidade do conjunto de dados como um todo.

    A aderência do negócio ao mercado é um fator chave para o sucesso de todo o

    projeto, sendo uma etapa essencial da Diligência da Inovação®. Em síntese, a avaliação e

    confecção de um plano de negócio aliadas às outras etapas da metodologia oferecem:

    informações sistematizadas sobre o mercado à pesquisa científica; estudo da cadeia onde a

    inovação se insere; as regras de negócio e seus protagonistas; um documento estruturado

    sob a ótica do mercado; apresentação da tecnologia de forma detalhada, preservando as

    informações confidenciais; estímulo do avanço do conhecimento e criação de oportunidades

    concretas de aplicação da tecnologia; intercâmbio de conhecimento e acesso ao mercado,

    assegurando o princípio da autonomia dos pesquisadores e avalia o processo de proteção à

    propriedade intelectual da tecnologia em conjunto com especialistas.

    O quarto e último treinamento foi de técnicas de apresentação voltadas aos planos de

    negócios desenvolvidos. Neste módulo, os participantes aprenderam como tornar

    apresentações mais eficientes, atingindo o público alvo correto com a mensagem objetiva.

    Este treinamento foi essencial para mostrar aos envolvidos como a comunicação de suas

    idéias pode ajudar no estabelecimento de parcerias ou na conquista de clientes e/ou

    investidores.

    Portanto, em resumo, além de permitir um melhor entendimento do estágio de

    desenvolvimento de uma tecnologia e seu potencial de valor, a Diligência da Inovação®

    fornece os parâmetros necessários para a elaboração do plano de negócios de base

    tecnológica. Os planos de negócios, então, são apresentados em formato de relatório,

    contendo um sumário executivo, a descrição do negócio, a análise da indústria, a análise do

    público-alvo, a análise dos competidores, as estratégias de marketing, as estratégias de

    vendas, o plano operacional, a definição dos recursos humanos, o planejamento financeiro e

    as recomendações para entrada no mercado.

    Ao final do projeto, todas as tecnologias são classificadas de acordo com o seu

    potencial de geração de valor e seu estágio de desenvolvimento, havendo uma relativização

    de todos os projetos sob a ótica do potencial de inovação, ou da aderência da tecnologia ao

    mercado. Esta classificação permite a identificação dos projetos com maior potencial para

    inserção no mercado, dando um suporte na tomada de decisões estratégicas.

  • 4. Resultados

    No projeto em questão, a Embrapa Informática Agropecuária apresentou quatro

    tecnologias para a análise (Relatório, 2007). De forma resumida, as tecnologias são:

    Agência de Informação Embrapa (Agência): ferramenta de organização, tratamento e

    divulgação de informação tecnológica em ambiente web;

    Sistema de Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo): permite aos usuários o

    acesso, via internet, às informações meteorológicas e agrometeorológicas de

    diversos municípios e estados brasileiros;

    Suite de Programas para Análise Estrutural de Proteínas (Sting): conjunto de

    ferramentas para visualizar e analisar estruturas de proteínas (fundamentais nos

    processos vitais dos seres vivos);

    Árvore Hiperbólica: permite visualizar, criar e editar uma estrutura em formato

    arbóreo (com galhos e nós), onde se vislumbra de maneira hierárquica a relação

    entre os diversos temas analisados.

    Como atividades de capacitação envolvidas no processo de elaboração dos EVTEs

    foram realizados inicialmente quatro seminários técnicos (Tabela 1) para sensibilização dos

    pesquisadores e responsáveis pelas quatro tecnologias analisadas.

    Tabela 1 – Seminários Técnicos

    Tema Palestrante/Empresa

    Lei de Inovação: destaques, oportunidades e

    desafios

    Carlos Américo Pacheco

    Instituto de Economia/Unicamp

    Desafios para a Embrapa Sérgio Salles Filho

    Instituto de Geociências/Unicamp

    PROETA: o modelo Embrapa de incubação de

    empresas

    Ana Lúcia Atrasas

    Coordenadora do Proeta/Embrapa

    Propriedade intelectual: pedido de registro de

    programa de computador: princípios básicos

    Rodrigo Guerra e Argemiro Galvão

    Agência de Inovação da Unicamp

    A realização do treinamento EMBATE capacitou 40 pessoas das instituições Embrapa

    Informática Agropecuária, INCAMP (Incubadora da Agência de Inovação da Unicamp) e

    Embrapa Meio Ambiente13 nos conceitos de empreendedorismo de base tecnológica,

    promovendo o nivelamento de conhecimentos entre todos os participantes, já que cerca

    12 13 No âmbito dos EVTEs, também foram analisadas outras tecnologias da Incubadora da Unicamp (Incamp) em parceria com a Agência de Inovação da Unicamp, e da Embrapa Meio Ambiente. Como o presente trabalho objetiva relatar a experiência da Embrapa Informática Agropecuária, nos atemos apenas a este estudo de caso.

    usuario

    Comment: favor levantar os dados sobre número

    de palestras, pessoas treinadas e suas instituições.

  • 80% dos treinandos declararam inicialmente possuir pouco ou nenhum conhecimento sobre

    a temática do curso.

    A avaliação da metodologia do curso efetuada pelos participantes evidenciou alto grau

    de satisfação em relação às metodologias utilizadas. Os comentários efetuados foram

    bastante positivos enfatizando as práticas realizadas e a habilidade do instrutor.

    A realização do treinamento Diligência da Inovação® capacitou as mesmas 40 pessoas

    das instituições participantes do projeto nos conceitos de necessários ao entendimento das

    atividades a serem realizadas na próxima etapa do projeto. Antes do curso, 87% dos

    participantes declararam ter pouco ou nenhum conhecimento inicial do assunto.

    Foram abordados os seguintes temas: contexto da inovação, pesquisa e inovação em

    instituições de ensino e pesquisa, inovação nas empresas e diligência da inovação. No

    último tópico apresentou-se o objeto da análise, as características e aplicações da

    diligência, o processo de investigação, a coleta de dados e a estrutura de análise, além de

    um estudo de caso.

    Os comentários efetuados pelos participantes no formulário de avaliação enfatizaram o

    caráter pragmático do curso, atingindo a meta proposta e revelando sua aplicabilidade nos

    trabalhos da empresa.

    A etapa Diligência da Inovação® foi realizada para as quatro tecnologias selecionadas

    pela Embrapa Informática Agropecuária, sob a orientação dos consultores contratados.

    Essas tecnologias foram caracterizadas em termos de processo e aplicação, foi realizada

    uma prova de conceito que testou as tecnologias em situação real de campo, foi realizado

    um estudo de mercado das tecnologias e, finalizando a diligência, os estudos avaliaram a

    viabilidade dos negócios gerados a partir das tecnologias.

    Os estudos da viabilidade dos negócios consideraram a definição do modelo de

    negócio a ser adotado para comercialização das soluções. Com isso, foi possível calcular as

    principais estruturas de um negócio ou produto criado a partir da tecnologia: receita, custos

    operacionais e investimentos. A etapa considerou o máximo de dados reais possíveis, sem,

    contudo, se perder em um nível de detalhes que o estágio da tecnologia ou do negócio

    ainda não permita. O objetivo foi oferecer uma primeira análise financeira das tecnologias e,

    para duas delas que se mostraram viáveis economicamente, gerar subsídios à elaboração

    do plano de negócio para essas três tecnologias.

    A realização do treinamento Plano de Negócio capacitou, também, 40 pessoas na

    elaboração de um plano de negócios e abordou os seguintes temas: definição de plano de

    negócios, definição do modelo do negócio, análise de mercado, o cliente, estratégia de

    marketing, recursos humanos, plano financeiro e “vendendo o peixe”.

    Com relação ao curso, o índice de satisfação quanto a metodologia também foi bom,

    de maneira geral. Houve críticas quanto ao tempo, considerado reduzido, e quanto a uma

  • expectativa de mais informações relativas ao plano financeiro e à realização de mais

    exercícios práticos.

    Para finalizar o projeto, foi realizado o treinamento Técnicas para Elaboração de

    Apresentações Eficazes que capacitou 40 pessoas. Foram abordados os conceitos de

    apresentações eficazes, o processo de elaboração constituído de briefing, planejamento da

    apresentação, preparação dos slides, formatação e lições aprendidas.

    5. Considerações

    Os resultados dos Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica indicam, por sua qualidade

    e completude, a relevância dos conhecimentos e práticas difundidos dos cursos de

    capacitação, evidenciando o desenvolvimento de habilidades analíticas e negociais por

    parte dos pesquisadores envolvidos nos desenvolvimentos deste estudos. Além dos

    relatórios da análise de viabilidade técnica e econômica de cada uma das tecnologias, é

    importante ressaltar que os resultados que vão além da proposta inicial deste projeto

    trouxeram avanços significativos para as equipes envolvidas. Os participantes indicaram que

    houve um fortalecimento do espírito de equipe e de suas características intra-

    empreendedoras após a realização dos cursos.

    Os trabalhos efetuados pelo grupo de pesquisadores possibilitaram o

    desenvolvimento das competências de serviço descritas por Zarifian (2001) voltadas para

    resultado, advindas da prática de análise da utilidade e da viabilidade econômica dos

    projetos de pesquisa no qual vêm trabalhando nos últimos anos.

    Esta mudança de visão possibilitada pelos treinamentos realizados transformou o olhar

    do pesquisador, voltado para a ciência, em um olhar empreendedor. A interação entre os

    pesquisadores e analistas da Embrapa Informática Agropecuária e os técnicos do Instituto

    de Inovação possibilitou um rico intercâmbio de competências, disciplinas e percepções

    levando o universo empresarial para dentro do cenário de pesquisa e desenvolvimento.

    A experiência desenvolvida neste projeto evidencia a necessidade de desenvolvimento

    do comportamento empreendedor dos pesquisadores uma vez que este é o ponto de

    partida para a potencialização da geração de novas oportunidades de negócio a partir das

    tecnologias de instituições de pesquisa. A dedicação e envolvimento do pesquisador é uma

    questão crítica para a elaboração de um estudo de viabilidade de tecnologias de caráter

    altamente tecnológico .

    O capital humano é um dos principais valores que as instituições devem agregar em

    projetos de incubação de empresas, sendo essencial a interação entre os pesquisadores e

    as práticas de mercado, balizando a realidade das empresas a serem incubadas.

    6. Referências Bibliográficas

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    RELATÓRIO Final de Execução Projeto PNI – Programa Nacional de Incubadoras - EVTE’s de Tecnologias Inovadoras da UNICAMP e Embrapa. Campinas, Instituto de Inovação, 2007 (não publicado).

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    VELHO, L. Formação de Doutores no País e no Exterior: Estratégias Alternativas ou Complementares? Dados. Vol. 44, No 3, Rio de Janeiro, 2001, p. 607-631.

    ZARIFIAN, P. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo, Atlas, 2001, 197p.

    ZARIFIAN, P. O modelo de competência: trajetória histórica, desafios atuais e propostas. São Paulo, Senac São Paulo, 2003. 192p.