Desenvolvimento de argamassa para perfuracao utilizando residuo de polimento de porcelanato
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
TESE DE DOUTORADO
DESENVOLVIMENTO DE ARGAMASSA PARA
RESTAURAO UTILIZANDO RESDUO DO
POLIMENTO DO PORCELANATO
Silvia Becher Breitenbach
Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli
Co-Orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do nascimento
Tese n. 126/PPGCEM
Julho de 2013
Natal - RN
-
SILVIA BECHER BREITENBACH
DESENVOLVIMENTO DE ARGAMASSA PARA
RESTAURAO UTILIZANDO RESDUO DO
POLIMENTO DO PORCELANATO
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao
em Cincia e Engenharia de Materiais - rea de
concentrao Cermica - da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como pr-requisito para a
obteno do ttulo de Doutora em Cincia e
Engenharia de Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli.
Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do
Nascimento.
Natal
2013
-
Catalogao da Publicao na Fonte. IFBA/Biblioteca Central Raul Seixas.
B835 Breitenbach, Silvia Becher.
Desenvolvimento de argamassa para restaurao utilizando resduo do polimento do
porcelanato / Silvia Becher Breitenbach.- Natal, RN: Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, 2013.
180 f.:il.
Tese (Doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Cincias Exatas e da Terra. Programa
de Ps-Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli.
Co-Orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento.
1. Argamassa. 2. Resduo do polimento do porcelanato. 3. Edifcios histricos -
Conservao e restaurao. I. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Materiais. II.
Ttulo.
CDU 666.971.3
-
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Cincias Exatas e da Terra
Programa de Ps-Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais
TERMO DE APROVAO
SILVIA BECHER BREITENBACH
DESENVOLVIMENTO DE ARGAMASSA PARA
RESTAURAO UTILIZANDO RESDUO DO POLIMENTO
DO PORCELANATO
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincias e Engenharia de
Materiais PPGCEM da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito
parcial para obteno do grau de
DOUTORA EM CINCIAS E ENGENHARIA DE MATERIAIS
Tendo sido aprovada em sua forma final.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli Orientador e Presidente da Banca (UFRN)
Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento Examinador interno (UFRN)
Prof. Dr. Jlio Cezar de Oliveira Freitas Examinador Externo ao Programa (UFRN)
Prof. Dr. Daniel Arajo de Macedo Examinador Externo (UFPB)
Prof. Dr. Adriano Silva Fortes Examinador Externo (IFBA)
Natal, julho de 2013.
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Aos meus queridos filhos,
Gustavo, Guilherme e Luiza,
por tudo que representam na minha vida.
Esta uma conquista nossa!
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AGRADECIMENTOS
Acima de tudo a Deus, que mais uma vez esteve ao meu lado em todos os
momentos.
Aos meus filhos pelo amor, compreenso, incentivo e incondicional apoio em todos
os momentos.
A Paulo Vieira de Mello que de forma especial e carinhosa dedicou seu tempo e
ateno a mim, apoiando sempre no que foi preciso.
Ao Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli pela orientao, convivncia,
ensinamentos, aprendizado e amizade.
Ao Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento, Coordenador do Programa de Ps-
Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais, pela presteza, incentivo e apoio durante a
realizao do programa experimental.
Aos professores doutores Daniel Arajo de Macedo, Adriano Silva Fortes e Rubens
Maribondo do Nascimento, membros da banca de exame de qualificao, pela leitura
exaustiva e atenta do trabalho e pelas crticas e sugestes apresentadas.
A CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior pelo
financiamento desta pesquisa.
Aos professores doutores Dulce Maria de Arajo Melo docente da UFRN, Edilberto
Borja docente do IFRN e Rodrigo Estevan docente do IFBA pelo apoio a realizao dos
ensaios desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Paulo Alysson de Souza, coordenador do Laboratrio de Materiais de
Construo Civil da UFRN pelo apoio durante a realizao do programa experimental.
Ao Sr. Francisco de Assis Braz e Sandro Ricardo da Silva Andrade tcnicos do
Laboratrio de Materiais de Construo Civil da UFRN, pela presteza e apoio.
Ao bolsista Bruno Guida Gouveia pelo apoio durante a realizao dos ensaios de
caracterizao.
Ao bolsista Rodolfo Luiz Bezerra de Araujo Medeiros pelo apoio nas anlises por
DRX e a Henrique Augusto Medeiros de Sousa pelo apoio durante a realizao dos ensaios
mecnicos.
Ao Prof. Dr. Antnio Carlos Pereira Santos docente do IFBA e Ismael Torquato
Queiroz e Silva da Secretaria do PPGCEM/UFRN pela dedicao e ateno a todos ns
doutorandos.
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Cermica Eliane Empreendimentos, na pessoa do Sr. Ramon Pereira e de
Manuela Gallato Bitencourt pelo fornecimento do resduo do polimento do porcelanato.
indstria Carbomil S/A pelo fornecimento da cal.
A todos os meus professores, futuros colegas, pelas contribuies, pelo interesse e
interlocuo, que alm de terem se tornado grandes amigos, fizeram com que eu continuasse e
chegasse at onde cheguei.
Agradeo a todos os meus amigos e colegas de trabalho que de alguma maneira
ajudaram para esta realizao.
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O Novo Mundo no mais este lado do Atlntico, nem ser tampouco o outro lado do Pacfico. O Novo Mundo
no est mais esquerda ou direita, mas acima de ns;
precisamos elevar o esprito para alcan-lo, pois no
mais uma questo de espao, mas de tempo, de evoluo,
e de maturidade. O Novo Mundo agora a Nova Era e
cabe ao conhecimento e a inteligncia retomar o
comando.
Arq. Lcio Costa.
(O Novo Humanismo Cientfico e Tecnolgico, 1961).
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RESUMO
Os revestimentos argamassados so elementos fundamentais em alvenaria estruturada, pois
desempenham um papel importante na proteo de alvenarias e encontram-se particularmente
expostos a aes agressivas responsveis pela sua degradao ao longo do tempo. A
importncia dos revestimentos de parede vem sendo alvo de discusso e anlise no mbito da
conservao e reabilitao de prdios antigos. Por vezes, so removidos e substitudos por
solues inadequadas, do ponto de vista construtivo ou arquitetnico. Os revestimentos mais
utilizados em paredes de edifcios antigos baseiam-se em argamassas tradicionais de cal
area (cal hidratada em p CH-I). O presente estudo tem como objetivo a formulao de
novas argamassas base de cal area e agregado fino, com vistas a contribuir para o
melhor domnio da conservao e restauro de argamassa de revestimento de edifcios
antigos. Foi utilizado resduo do polimento de porcelanato como agregado fino, em
substituio ao agregado mido (areia), em porcentagens de 05 a 30% em massa. Foi feita uma
completa avaliao das propriedades das argamassas no estado fresco e no estado endurecido
comparando o desempenho das mesmas com uma argamassa de referncia. O resduo utilizado
foi caracterizado quanto massa especfica, massa unitria, granulometria a laser, microscopia
eletrnica de varredura, difratometria de raios-X e fluorescncia de raios-X. Foram produzidas
7 formulaes, sendo 6 com resduo e 1 formulao comumente usada, que serviu de
referncia. Nas formulaes das argamassas de cal area adotou-se um trao volumtrico
(1:3), com o ligante constante, e se fez variar a relao gua/aglomerante, bem como agregado
mido e resduo. Para avaliao das argamassas no estado fresco, procedeu-se a
anlise da consistncia, densidade de massa aparente, reteno de gua e teor de ar
incorporado. J no estado endurecido foram realizados os ensaios de densidade de massa
aparente, reteno de gua, mdulo de elasticidade, resistncia trao na flexo,
resistncia compresso, absoro de gua por capilaridade, aderncia trao, retrao e
resistncia a sais, por meio de ensaios de cristalizao com recursos de soluo de cloreto,
nitrato e sulfato todos de sdio, em corpos de prova prismticos aos 90 dias de idade,
alm das anlises micro estruturais das argamassas. Com base nos resultados possvel
verificar que a argamassa com teor de 10% de resduo e a de referncia apresentam
retrao livre mais estvel, mais prxima da neutralidade. A composio de 10% apresenta
melhor comportamento face ao da cristalizao de sais. A argamassa formulada com 15%
de resduo obteve melhor densidade aparente no estado fresco, menor teor de ar incorporado
e elevada capacidade de reteno de gua desenvolvendo boa trabalhabilidade. A substituio
de 20% de resduo gera um aproveitamento satisfatrio quanto resistncia
compresso, trao na flexo e maior aderncia base. Portanto, podemos verificar que as
argamassas com 10, 15 e 20% de resduo evidenciam, a princpio, boa adequao como
revestimento, possibilitando assim um resultado final compatvel com a durabilidade,
trabalhabilidade e aderncia desenvolvendo um material com melhor desempenho para
reparar ou substituir argamassas existentes em edifcios antigos.
Palavras chave: Cal. Resduo do Polimento do Porcelanato. Argamassa de Revestimento.
Restaurao
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ABSTRACT
The coatings mortars are essential elements of building structures because they execute an
important role in protecting walls and are particularly exposed to aggressive action
responsible for its degradation over time. The importance of wall coverings has been the
subject of discussion and analysis in the conservation and rehabilitation of old buildings. Are
sometimes removed and replaced with inappropriate solutions of constructive point of view or
architecture. The most commonly used coatings on walls of old buildings is based on
traditional hydraulic lime mortars. The present study aims at the formulation of new lime-
based mortars and aerial fine aggregate, in order to contribute to a better field of conservation
and restoration mortar coating of old buildings. Residue was used for polishing porcelain as
fine aggregate, replacing the aggregate (sand), in percentages 05-30% by mass. We conducted
a thorough evaluation of the mortar properties in fresh and hardened state by comparing the
performance of the same with a reference mortar. The residue used was characterized as the
density, bulk density, and particle size laser, scanning electron microscopy, X-ray diffraction
and X-ray fluorescence. Formulations were produced 7, 6 with residue and one commonly
used formulation, which served as a reference. In the formulations of lime mortars air
(hydrated lime powder CH-I) has been adopted a stroke volume (1:3) with constant binder,
was varied and the water / binder and aggregate and waste. For evaluation of mortars fresh,
proceeded to consistency analysis, specific gravity, water retention and air content embedded.
In the hardened state assays were performed in specific gravity, water retention, modulus of
elasticity, tensile strength in bending, compressive strength, water absorption by capillary
action, adhesion, tensile strength, resistance to shrinkage and salts by of crystallization trials
with resources chloride solution, nitrate and sulfate all sodium in prismatic at 90 days of age,
in addition to the micro structural analysis of mortars. Based on the results we can see that the
mortar formulated with 10% content of waste and the reference free retraction feature more
stable closer to neutrality. The composition of 10% was obtained better performance against
the action of the salt crystallization. The mortar with 15% residue obtained better density,
lower air content embedded and high capacity for water retention developing good
workability. The replacement of 20% of waste generates a satisfactory utilization of
resistance to compression, flexion and traction grip the base. And, finally, it can be seen
that the mortar with 10, 15 and 20% residual show, in principle, good suitability as coatings,
thus enabling a final result consistent with durability, workability and aesthetics developing
therefore a material with better performance to repair or replace existing mortars in old
buildings
Keywords: Lime. Polishing of Porcelain Residue. Mortar Coating. Restoration.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 (a e b) Descolamentos de revestimento em fachadas de casares do sc. VIII. Pelourinho, Salvador, BA (Foto da autora). ............................................................................. 21
Figura 1.2 Foto cedida por Eliane S.A. Revestimentos Cermicos. Material resultante no processo de polimento do porcelanato reaproveitado como matria-prima na produo de
massa. ....................................................................................................................................... 23
Figura 2.1 Antiga caieira de conchas dos Sambaquis de Santa Catarina (Laguna, SC)........ 27
Figura 2.2 - Moagem manual de p de tijolo. .......................................................................... 29
Figura 2.3 - Testes com argamassas. ........................................................................................ 29
Figura 2.4 Peneiramento do p de tijolo (So Miguel das Misses, RS). ............................. 30
Figura 2.5 Perda de coeso e eroso em argamassa recente de cal hidratada com gordura (VEIGA, 2003). ........................................................................................................................ 34
Figura 2.6 MEV de amostras de argamassas. ........................................................................ 35
Figura 3.1 - Ciclo da cal (GUIMARES, 1998). ..................................................................... 40
Figura 3.2 Abrasivos magnesianos sintticos utilizados para polimento. (ISABRASIVI, 2003). ........................................................................................................................................ 71
Figura 3.3 Foto da polidora, linha porcelanato, cedida pela Cermica Eliane Empreendimentos. .................................................................................................................... 72
Figura 3.4- Padro de difrao de raios X do resduo do polimento de porcelanato
(MARQUES et al., 2007). ........................................................................................................ 73
Figura 3.5 - Distribuio do tamanho de partculas do resduo do polimento de porcelanato
adaptado (MARQUES et al., 2007).......................................................................................... 74
Figura 3.6 Micrografia do resduo do polimento do porcelanato eltrons secundrio adaptado (SANTOS, 2008)....................................................................................................... 74
Figura 4.1 (a, b, c e d) Aplicao das argamassas em alvenaria de blocos cermicos. ......... 77
Figura 4.2 - Fluxograma da metodologia adotada. ................................................................... 78
Figura 4.3 - Aparelho medidor de ar incorporado argamassa (foto da autora)...................... 90
Figura 4.4 - Moldagem dos corpos de prova (foto da autora). ................................................. 90
Figura 4.5 Armazenamento dos corpos de prova (foto da autora). ....................................... 91
-
Figura 4.6 Determinao do tempo que a onda ultrassnica percorre o corpo de prova 4x4x16cm. ................................................................................................................................ 93
Figura 4.7a - Relgio comparador utilizado para leitura da retrao em argamassas. ............. 94
Figura 4.7b Corpos de prova para ensaio de retrao............................................................ 94
Figura 4.8 Ensaio de resistncia trao na flexo antes e depois da ruptura do corpo de prova. ........................................................................................................................................ 96
Figura 4.9 Corpo de prova durante o ensaio de resistncia compresso. ........................... 96
Figura 4.10 Corpos de prova em ensaio de absoro de gua (foto da autora). .................... 97
Figura 4.11a sais de cloreto de sdio..................................................................................... 98
Figura 4.11b sais de nitrato de sdio. .................................................................................... 98
Figura 4.11c sais de sulfato de sdio. .................................................................................... 98
Figura 4.12 (a, b, c) Aplicao das argamassas..................................................................... 98
Figura 4.13 (a, b) Colagem das pastilhas............................................................................... 99
Figura 4.14 Equipamento utilizado para ensaio de aderncia das argamassas......................99
Figura 5.1 Curva granulomtrica da areia: % retida acumulada. ........................................ 106
Figura 5.2 Curva granulomtrica da areia: % passante. ...................................................... 106
Figura 5.3 Dimetro das partculas x Porcentagem acumulada do RPP. ............................ 109
Figura 5.4 Distribuio granulomtrica acumulada da cal CH1. ........................................ 110
Figura 5.5 Micrografia eletrnica de varredura do resduo do polimento do porcelanato eltrons secundrios................................................................................................................ 110
Figura 5.6 Difratograma de raios-X do RPP (1: SiO2 - Quartzo 2: 3Al2 O3 .2SiO2 - Mulita e 3: SiC Carbeto de silcio)......................................................................................................... 111
Figura 5.7 Difratograma de raios-X da cal CH1. ................................................................ 112
Figura 5.8 Argamassa de cal e areia. ................................................................................... 114
Figura 5.9 Argamassa de cal e areia com resduo do polimento do porcelanato. ............... 114
Figura 5.10 Correlao do teor de resduo com o ndice de consistncia das argamassas. . 115
Figura 5.11 Correlao do teor de resduo com a reteno de gua das argamassas. ......... 118
Figura 5.12 Correlao do teor de resduo com densidade de massa das argamassas. ....... 120
-
Figura 5.13 Correlao do teor de resduo com o teor de ar incorporado. .......................... 122
Figura 5.14 Correlao entre o ndice de consistncia e a reteno de gua das argamassas. ................................................................................................................................................ 123
Figura 5.15 Correlao entre densidade de massa aparente e o teor de ar aprisionado das argamassas. ............................................................................................................................. 124
Figura 5.16 Correlao do teor de resduo com a densidade de massa aparente das argamassas. ............................................................................................................................. 126
Figura 5.17 Correlao do teor de resduos com o mdulo de elasticidade das argamassas..... ................................................................................................................................................ 128
Figura 5.18 Correlao entre a resistncia trao na flexo com teor de resduos das argamassas, aos 90 dias de idade............................................................................................ 132
Figura 5.19 Correlao entre a resistncia compresso com teor de resduos das argamassas, aos 90 dias de idade............................................................................................ 133
Figura 5.20 Correlao entre o mdulo de elasticidade e resistncia compresso das argamassas, aos 90 dias de idade............................................................................................ 133
Figura 5.21 Correlao do teor de resduos com a absoro de gua por capilaridade (t = 10 minutos) das argamassas. ....................................................................................................... 136
Figura 5.22 Correlao do teor de resduos com a absoro de gua por capilaridade (t = 90 minutos) das argamassas. ....................................................................................................... 136
Figura 5.23 Evoluo do incremento de sais submetido absoro dgua com cloreto de sdio, por capilaridade............................................................................................................ 138
Figura 5.24 Evoluo do incremento de sais submetido absoro dgua com nitrato de sdio, por capilaridade............................................................................................................ 139
Figura 5.25 Evoluo dos percentuais do peso seco dos corpos de prova submetidos absoro dgua com sulfato de sdio, por capilaridade. ....................................................... 140
Figura 5.26 (a, b) Deteriorao na zona das arestas dos corpos de prova base de cal,areia e resduo pelas guas sulfatadas no oitavo ciclo. ...................................................................... 142
Figura 5.27 (a, b) Deteriorao na zona das arestas dos corpos de prova base de cal, areia e resduo aps uma sobrecarga de sais de cloreto de sdio no oitavo ciclo. ............................. 143
Figura 5.28 (a, b) Deteriorao na zona das arestas dos corpos de prova base de cal, areia e resduo aps uma sobrecarga de sais de nitrato de sdio no stimo ciclo. ............................. 143
Figura 5.29 Relgio comparador utilizado no ensaio de retrao por secagem. ................. 144
Figura 5.30 Evoluo da retrao linear das argamassas. ................................................... 146
Figura 5.3.1 Formas de ruptura da argamassa. .................................................................... 147
-
Figura 5.32 Processo de execuo do ensaio de arrancamento das pastilhas...................... 147
Figura 5.33 Aspecto dos 06 corpos de prova aps arrancamento da argamassa A/10/RPP, considerando o revestimento aplicado diretamente ao substrato sem chapisco. .................... 148
Figura 5.34 Aspecto dos 06 corpos de prova aps arrancamento da argamassa A/20/RPP, considerando o revestimento aplicado diretamente ao substrato sem chapisco. .................... 149
Figura 5.35 Correlao entre o teor de resduo com aderncia trao das argamassas. ... 151
Figura 5.36 Micrografia do trao A/0 de referncia Eltrons secundrios....................... 154
Figura 5.37 Micrografia do trao A/10/RPP Eltrons secundrios. ................................. 155
Figura 5.38 Micrografia do trao A/20/RPP Eltrons secundrios. ................................. 156
Figura 5.39 Difratogramas de raios-X das argamassas A/0/Ref. A/10/RPP e A/20/RPP. .. 158
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LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Nomenclatura da cal area................................................................................... 38
Tabela 3.2 Tipos de cales virgem e hidratadas brasileiras (GUIMARES, 1998). .............. 41
Tabela 3.3 Exigncias fsicas da cal hidratada nacional NBR 7175 (1992).......................... 41
Tabela 3.4 Exigncias qumicas da cal hidratada segundo a NBR 7175 (1992). .................. 41
Tabela 3.5 Classificao de argamassas de assentamento e revestimento de paredes e tetos segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005). .................................................................................... 55
Tabela 3.6 Limites de resistncia de aderncia trao para emboo e camada nica segundo a norma NBR 13749 (ABNT, 1996). ......................................................................... 55
Tabela 3.7 Classificao das argamassas segundo EN 998-1. .............................................. 63
Tabela 3.8 Composio qumica (% em massa) do resduo do polimento de porcelanato. .. 73
Tabela 4.1 Formulao das argamassas................................................................................. 77
Tabela 4.2 Dosagem de materiais para o preenchimento do cone Ensaio de Consistncia.83
Tabela 4.3 Converso dos traos das argamassas. ................................................................ 84
Tabela 4.4 Relao gua/aglomerante, gua/materiais secos, aglomerante/materiais secos e ndice de consistncia. .............................................................................................................. 85
Tabela 4.5 Exigncias mecnicas e reolgicas para argamassas........................................... 95
Tabela 5.1 Massa unitria ( ) do agregado mido no estado solto e seco......................... 102
Tabela 5.2 Massa Unitria ( ) do resduo do polimento do porcelanato (RPP). ............... 102
Tabela 5.3 Massa Unitria ( ) da cal. ................................................................................ 103
Tabela 5.4 Resumo dos resultados da Massa especfica e unitria dos materiais de partida. ... ................................................................................................................................................ 104
Tabela 5.5 Granulometria do agregado mido. ................................................................... 105
Tabela 5.6 Caracterizao fsica do agregado utilizado na pesquisa................................... 107
Tabela 5.7 Granulometria a laser do RPP (dimetro em m). ............................................ 108
Tabela 5.8 Distribuio granulomtrica da cal CH1. ................................................ 109
Tabela 5.9 Fluorescncia de raios-X do RPP. ..................................................................... 111
Tabela 5.10 Composio qumica (% em massa) da cal CH1............................................. 113
-
Tabela 5.11 Consistncia por espalhamento........................................................................ 114
Tabela 5.12 Reteno de gua das argamassas (%)............................................................. 116
Tabela 5.13 Classificao das argamassas segundo a NBR 13281. .................................... 117
Tabela 5.14 Densidade de massa das argamassas............................................................... 118
Tabela 5.15 Classificao das argamassas quanto a densidade de massa segundo a NBR 13281. ..................................................................................................................................... 119
Tabela 5.16 Teor de ar incorporado das argamassas. .......................................................... 120
Tabela 5.17 Resumo do comportamento das novas argamassas no estado fludo. ............. 122
Tabela 5.18 Densidade de massa aparente das argamassas no estado endurecido. ............. 125
Tabela 5.19 Classificao das argamassas segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005)............. 125
Tabela 5.20 Mdulo de elasticidade das argamassas. ......................................................... 127
Tabela 5.21 Resistncia trao na flexo das argamassas, desvio padro, coeficiente de variao e variao entre a resistncia trao na flexo das argamassas com resduos e
argamassa de referncia.......................................................................................................... 129
Tabela 5.22 Classificao das argamassas segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005)............. 129
Tabela 5.23 Resistncia compresso, coeficiente de variao e variao da resistncia trao na flexo entre as argamassas com resduos e argamassa de referncia...................... 130
Tabela 5.24 Classificao das argamassas segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005)............. 130
Tabelas 5.25 Absoro de gua por capilaridade t = 10 minutos, coeficiente de variao e Variao entre a absoro de gua por capilaridade aos 10 minutos das argamassas com
resduos e argamassa de referncia......................................................................................... 134
Tabela 5.26 Absoro de gua por capilaridade t = 90 minutos com desvio padro, coeficiente de variao e Variao entre a absoro de gua por capilaridade aos 90 minutos
das argamassas com resduos e argamassa de referncia....................................................... 134
Tabela 5.27 Classificao das argamassas segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005)............. 135
Tabela 5.28 Variao de massa aps secagem da ao de sais de cloreto de sdio (%). .... 138
Tabela 5.29 Variao de massa aps secagem da ao de sais de nitrato de sdio (%)...... 139
Tabela 5.30 Variao de massa aps secagem da ao de sais de sulfato de sdio (%). .... 140
Tabela 5.31 Mdia da retrao linear das argamassas estudadas 24 horas aps a desmoldagem seguindo-se com 5, 7, 14, 21 e 28 dias............................................................ 144
-
Tabela 5.32 Resistncia de aderncia trao (arrancamento). .......................................... 146
Tabela 5.33 Condies da seo de ruptura dos 06 corpos de prova com 10% de RPP. .... 148
Tabela 5.34 Condies da seo de ruptura dos seis corpos de prova da argamassa A/20/RPP. ............................................................................................................................... 149
Tabela 5.35 Classificao das argamassas segundo EN 998-1. .......................................... 150
Tabela 5.36 Classificao das argamassas segundo a ABNT NBR 13281:2005. ............... 150
Tabela 5.37 Resumo do comportamento das argamassas no estado endurecido. .............. 152
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 19
2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................ 26 2.1 INTRODUO CAL..................................................................................................... 26 2.2 UTILIZAES DE RESDUOS MINERAIS E ADITIVOS ORGNICOS EM
ARGAMASSAS BASE DE CAL E AREIA........................................................................ 29
2.2.1 Argamassa de cal area e p de telha ou de tijolo ...................................................... 29
2.2.2 Argamassas de cal area com pozolanas naturais e artificiais .................................. 30
2.2.3 Argamassa de cal area e cinza de casca de arroz...................................................... 32
2.2.4 Argamassa de cal area e metacaulim ......................................................................... 32
2.2.5 Aditivos orgnicos ......................................................................................................... 33
3 REFERENCIAL TERICO .............................................................................................. 37 3.1 ARGAMASSA DE REVESTIMENTO ............................................................................. 37
3.1.1 Funes do revestimento de argamassa....................................................................... 37
3.1.2 Materiais constituintes da argamassa mista ............................................................... 38
3.1.3 Produo e ciclo da cal area ........................................................................................ 38
3.1.4 Carbonatao endurecimento ................................................................................... 39 3.1.5 Cal virgem e cal hidratada............................................................................................ 42 3.2 AGREGADOS MIDOS................................................................................................... 43
3.2.1 Caracterizao do agregado mido ............................................................................. 44
3.2.2 Funo dos agregados midos ...................................................................................... 45
3.2.3 Classificao dos agregados midos ............................................................................ 46 3.3 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS ......................................................................... 46
3.3.1 Consistncia.................................................................................................................... 46
3.3.2 Trabalhabilidade ........................................................................................................... 47
3.3.3 Coeso e tixotropia ........................................................................................................ 48
3.3.4 Plasticidade .................................................................................................................... 48
3.3.5 Reteno de gua ........................................................................................................... 48
3.3.6 Adeso inicial ................................................................................................................. 49
3.3.7 Aderncia no estado endurecido .................................................................................. 49
3.3.8 Elasticidade .................................................................................................................... 50 3.4 CLASSIFICAO DAS ARGAMASSAS ....................................................................... 52
3.4.1 Argamassa de cal ........................................................................................................... 52
3.4.2 Argamassa de cimento................................................................................................... 52
3.4.3 Argamassa mista............................................................................................................ 53 3.5 DOSAGEM DAS ARGAMASSAS ................................................................................... 53 3.6 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS .................................................................. 54
3.6.1 Classificao segundo NBR 13281................................................................................ 54 3.7 CLASSIFICAO DOS REVESTIMENTOS .................................................................. 56
3.7.1 Emboo ........................................................................................................................... 56
3.7.2 Reboco ............................................................................................................................ 56
3.7.3 Massa nica .................................................................................................................... 56
3.7.4 Chapisco ......................................................................................................................... 57 3.8 CARACTERSTICAS DAS ARGAMASSAS DE SUBSTITUIO PARA REBOCOS DE EDIFCIOS ANTIGOS ...................................................................................................... 57
3.8.1 Caractersticas dos rebocos antigos ............................................................................. 57
3.8.2 Exigncias funcionais gerais dos rebocos .................................................................... 58
3.8.3 Requisitos dos rebocos de restaurao ........................................................................ 60
-
3.9 ALGUNS FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NO SURGIMENTO DE
FISSURAS NO REVESTIMENTO DE ARGAMASSA......................................................... 63
3.9.1 Falta de aderncia do revestimento ............................................................................. 63
3.9.2 Retrao.......................................................................................................................... 66 3.10 SAIS SOLVEIS ............................................................................................................. 68
3.10.1 Caractersticas gerais .................................................................................................. 68
3.10.2 Mecanismos de degradao ........................................................................................ 68
3.10.3 Cristalizao de sais solveis ...................................................................................... 69
3.10.4 Hidratao de sais........................................................................................................ 70 3.11 RESDUO DO POLIMENTO DO PORCELANATO ..................................................... 70
3.11.1 Definio ....................................................................................................................... 70
3.11.2 Obteno e caractersticas .......................................................................................... 71
3.11.3 Utilizao em argamassa de cal .................................................................................. 75
4 PROGRAMA EXPERIMENTAL ..................................................................................... 76 4.1 DEFINIO DOS TRAOS DAS ARGAMASSAS.......................................................... 76 4.2 FORMULAO DAS ARGAMASSAS............................................................................77
4.3 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS DE PARTIDA............................................... 79
4.3.1 Determinao da massa unitria ( ) dos materiais de partida: agregado mido,
resduo do polimento do porcelanato e cal. Os materiais foram utilizados no ensaio, no
estado solto e seco, fundamentado na NBR 7251 ................................................................. 79
4.3.2 Determinao da massa especfica do agregado mido, do resduo e da cal, por
meio do frasco de Chapman .................................................................................................. 79
4.3.3 Determinao da composio granulomtrica............................................................ 80
4.3.4 Caracterizao da cal .................................................................................................... 80
4.3.5 Caracterizao do agregado mido ............................................................................. 81
4.3.6 Caracterizao do resduo do polimento do porcelanato .......................................... 81
4.3.7 gua de amassamento ................................................................................................... 82 4.4 CONVERSO DE TRAO EM VOLUME PARA MASSA ........................................... 82 4.5 PREPARO DAS ARGAMASSAS ..................................................................................... 84
4.6 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO........................... 85
4.6.1 Consistncia e trabalhabilidade ................................................................................... 85
4.6.2 Reteno de gua ........................................................................................................... 86
4.6.3 Densidade de massa aparente ou volmica ................................................................. 88
4.6.4 Teor de ar incorporado ................................................................................................. 89 4.7 PREPARAO E ARMAZENAGEM DOS CORPOS DE PROVA ............................... 90 4.8 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO ................ 91
4.8.1 Densidade de massa aparente ....................................................................................... 91
4.8.2 Mdulo de elasticidade dinmico ................................................................................. 92
4.8.3 Variao dimensional (retrao linear) ....................................................................... 93
4.8.4 Resistncia trao na flexo e compresso ............................................................ 95
4.8.5 Absoro de gua por capilaridade ............................................................................. 96
4.8.6 Resistncia aos sais ........................................................................................................ 97
4.8.7 Determinao da resistncia de aderncia trao (Ensaio de arrancamento) ...... 98 4.9 ANLISE MICROESTRUTURAL POR MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA (MEV)........................................................................................................... 100
4.10 ANLISES POR DIFRAO DE RAIOS X (DRX) E FLUORESCNCIA DE RAIOS X (FRX) .................................................................................................................. 100
5 RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................................... 102 5.1 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS DE PARTIDA ............................................. 102
5.1.1 Massa unitria ou aparente ........................................................................................ 102
5.1.2 Massa especfica ou real .............................................................................................. 103
-
5.1.3 Massa especfica RPP ............................................................................................... 103 5.1.4 Massa especfica CAL .............................................................................................. 104 5.1.5 Granulometria do agregado mido ........................................................................... 105
5.1.6 Granulometria laser ................................................................................................. 108 5.1.6.1 Resduo do polimento do porcelanato ........................................................................ 108 5.1.6.2 Cal .............................................................................................................................. 109
5.1.7 Microscopia eletrnica de varredura......................................................................... 110 5.1.7.1 Resduo do polimento do porcelanato ........................................................................ 110
5.1.8 Difratometria de raios-X e fluorescncia de raios-X ................................................ 111 5.1.8.1 Resduo do polimento do porcelanato ........................................................................ 111 5.8.1.2 Cal .............................................................................................................................. 112
5.2 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO......................... 113
5.2.1 Execuo do sistema..................................................................................................... 113
5.2.2 ndice de consistncia trabalhabilidade.................................................................. 113 5.2.3 Reteno de gua ......................................................................................................... 116
5.2.4 Densidade de massa no estado fresco......................................................................... 118
5.2.5 Teor de ar incorporado ............................................................................................... 120 5.3 CARACTERIZAO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO .............. 124
5.3.1 Funcionalidade do sistema.......................................................................................... 124
5.3.2 Densidade de massa aparente no estado endurecido................................................ 125
5.3.3 Mdulo de elasticidade ................................................................................................ 127
5.3.4 Resistncia trao na flexo e resistncia a compresso das argamassas ........... 128
5.3.5 Absoro de gua por capilaridade ........................................................................... 133
5.3.6 Resistncia aos sais ...................................................................................................... 137
5.3.7 Variao dimensional ou retrao das argamassas no estado endurecido ............ 143
5.3.8 Resistncia de aderncia trao .............................................................................. 146
5.3.9 Anlise microestrutural .............................................................................................. 153
5.3.10 Anlise por difratometria de raios-X e fluorescncia de raios-X .......................... 155
6 CONCLUSES.................................................................................................................. 158 6.1 CONTRIBUIO ORIGINAL PARA O CONHECIMENTO ....................................... 161 6.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................................ 162
REFERNCIAS ................................................................................................................... 163
APNDICE A TABELAS .................................................................................................176
-
19
1 INTRODUO
A cal foi um dos materiais mais importantes na construo e preservao das alvenarias
tradicionais ao longo de centenas de anos. No entanto, o progressivo desaparecimento dos
meios tradicionais de produo desse material e da mo de obra com conhecimento e
habilidade tcnica, somado s facilidades que o uso do cimento trouxe ao mercado, contribuiu
para que a cal fosse sendo substituda pelo cimento. Ainda que se reconheam as vantagens da
cal como material compatvel e historicamente confivel, e mesmo com os avanos tcnicos
realizados nos ltimos anos, seu uso ainda limitado devido falta de conhecimento
tcnico (KANAN, 2008).
Com o objetivo de evitar intervenes radicais, perdas e danos s valiosas estruturas
patrimoniais temos assistido a um interesse crescente na investigao de materiais compatveis
conservao e restaurao de edificaes histricas.
O problema da degradao e potencial restaurao das argamassas de emboo e
rebocos, especialmente em edifcios histricos, tm chamado pouca ateno de pesquisadores
no campo dos materiais de construo. A importncia cultural, arquitetnica, social e
econmica na recuperao de construes histricas est muito clara em alguns pases do
hemisfrio norte, onde se d muito valor a prpria herana construtiva. Infelizmente no
Brasil ainda vivemos distantes dessa realidade.
Como consequncia dessa falta de interesse na investigao do problema, muitas
vezes a consolidao e restaurao das construes histricas, em especial dos rebocos,
terminam por aumentar a sua degradao, aps um perodo inicial de aparente melhora. No
entanto, notam-se algumas mudanas nessa realidade, pois nos ltimos anos a preservao e a
conservao de edifcios histricos comeam a ter certa importncia em nosso pas.
Segundo Scartezini e Carasek (2003), as pesquisas sobre materiais e tecnologias
mais adequadas realidade dos nossos edifcios histricos precisam ser mais aprofundadas. Tal
fato agravado, muitas vezes, pela inexistncia de alguns materiais oferecidos pelo comrcio e
o desconhecimento de processos construtivos utilizados antigamente, embora a eficcia desses
elementos possa ser ainda comprovada. Por sua vez tambm, o uso de produtos e tcnicas
inadequadas de conservao e restauro resultam, quase sempre, em danos ainda maiores aos
edifcios histricos.
Considerando que em trabalhos de restaurao deve-se evitar a utilizao de cimento
Portland, pois as propriedades mecnicas so incompatveis com a alvenaria, podendo vir a
-
20
provocar descolamento do revestimento.
Os potenciais danos causados pelas argamassas de cimento so decorrentes de sua
porosidade, inferior das argamassas base de cal, e maior impermeabilidade, o que
provoca maior reteno de umidade nas paredes. Outro aspecto sua maior rigidez, que causa
excessiva resistncia e aderncia junto aos materiais do substrato e de contato da estrutura.
Esse comportamento pode causar danos aos materiais mais porosos dos sistemas construtivos
antigos tais como arenitos, calcrios, tijolos artesanais, adobes e taipas, e dificuldades para que
sejam retirados ou mantidos posteriormente sem causar mais leses s estruturas antigas. E,
ainda, tais materiais podem alterar as caractersticas de comportamento das alvenarias quando
introduzidos excessivamente, ou aplicados como argamassas fluidas na sua consolidao
(WEBER, 1996).
Alm disso, sabido que as argamassas de cimento apresentam um aspecto final
muito diferente das argamassas antigas, em termos, por exemplo, da textura da superfcie, do
modo como refletem a luz, e por conter na sua composio sais solveis que so transportados
para o interior das paredes onde se cristalizam, contribuindo para a sua degradao. Tem-se
verificado que tambm outras caractersticas so desfavorveis, como uma rigidez excessiva e
uma capacidade limitada de permitir a secagem da parede (VEIGA, 2003).
No Brasi, os estudos sobre novos materiais e tecnologias construtivas referentes
recuperao ainda so escassos. Em funo disto ainda so empregadas argamassas
tradicionais base de cal, pois a utilizao de revestimentos comuns, base de cimento, tem-
se mostrado ineficaz, apresentando diversas manifestaes patolgicas devido
incompatibilidade qumica, fsica e mecnica entre os materiais.
Dentre os problemas mais frequentes que surgem nestes edifcios, aqueles ligados
aos elementos de alvenaria e, em especial, ao seu revestimento, so os mais visveis. Este
revestimento, que compreende o reboco e respectiva pintura, muito afetado pelos fenmenos
decorrentes da umidade que, algumas vezes, pode conter um determinado teor de salinidade,
sendo frequente a ocorrncia de patologias dos mesmos, o que ocasiona prejuzos aos diversos
setores envolvidos. Nas figuras 1.1 e 1.2 podem ser observados dois casos que tiveram
descolamento de revestimento e esto para serem restaurados, com a aplicao de uma nova
argamassa de revestimento, que seja compatvel com a existente.
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21
(a) (b)
Figura 1.1 (a e b) Descolamentos de revestimento em fachadas de casares do sc. III. Pelourinho, Salvador, BA (Foto da
autora).
Entre todas essas propriedades fsicas dos materiais base de cal, a estrutura dos
poros exerce um papel importante favorvel na conservao das estruturas antigas, j que
incide no comportamento higroscpico e no eventual mecanismo de desgaste, por diversos
fatores como: sais solveis (presso de cristalizao dos sais precipitados), biodeteriorao,
entre outros. A porosidade controla tambm o contedo de gua, a penetrao do ar na
estrutura da argamassa e, portanto, na velocidade de carbonatao do hidrxido de clcio
(VAN BALEN et al., 1994).
No mbito de obras de restauro de edifcios histricos, tem-se assistido a um
crescente interesse pela aplicao de tecnologias e materiais para revestimentos de edifcios
antigos, em substituio dos originais. As solues usadas enquadram-se, normalmente, nos
seguintes tipos: argamassas de cimento, argamassas de cal hidrulica natural; argamassas
de cal hidrulica artificial; argamassas de cal area e cimento; argamassas de cal area;
argamassas de cal area aditivada com pozolanas, p de tijolo e outros aditivos minerais
ou ainda com gordura. Sabe-se que antigamente as propriedades destes materiais eram
modificadas com adio de produtos orgnicos, com o objetivo de melhorar algumas de
suas caractersticas, como veremos no prximo captulo estado da arte.
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22
Estudo realizado por Santos (2008), a respeito da utilizao do resduo do polimento
do porcelanato e resduo de pedreira de rocha calcria em argamassas cimentcias comprovam
que quanto maior a relao resduo/cimento menor ser o mdulo de elasticidade das mesmas,
por outro lado mostram que quanto maior o teor de resduo presente na mistura menor ser o
desempenho mecnico das argamassas.
No Brasil, ainda no surgiram pesquisas publicadas sobre a utilizao do resduo do
polimento do porcelanato em argamassas para revestimentos, base de cal, para uso em
restaurao. Por este motivo, torna-se relevante o desenvolvimento desta pesquisa.
Segundo Bernardin et al., (2006), o resduo constitudo por uma mistura de
material cermico oriundo do polimento do porcelanato e material abrasivo desprendido
durante o processo. O material abrasivo utilizado durante o polimento geralmente composto
por partculas de diamante ou carbeto de silcio aglomerados por cimentos base de cloretos
magnesianos.
O que evidencia que o resduo constitudo basicamente por material cermico,
entretanto ele descartado diretamente em aterros, apesar do seu potencial como matria-
prima cermica alternativa.
O porcelanato polido requer uma etapa de polimento durante sua produo a fim de
nivelar, retirar riscos e dar brilho a superfcie do produto final. No entanto, essa etapa do
processamento gera grande quantidade de resduo, particularmente com o aumento de
produo que vem ocorrendo nos ltimos anos. O que origina um novo custo aos
produtores do setor, que necessitam gerenciar e descartar adequadamente esse resduo.
A deposio de resduos industriais em aterros alm dos elevados custos econmicos
pode trazer inmeros problemas ambientais, como contaminao do solo, do lenol fretico e
agresso a vegetao presente no local. Nesse sentido a re-utilizao e a reciclagem so as
solues mais indicadas para o manejo da grande maioria dos resduos industriais, tal como o
resduo do polimento do porcelanato, (Figura 1.2).
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23
Figura 1.2 Foto cedida por Eliane S.A. Revestimentos Cermicos. Material resultante no processo de polimento do porcelanato reaproveitado como matria-prima na produo de massa.
Do mesmo modo, o consumo de agregado mido para concreto e argamassa, no
Brasil, em torno de 210 milhes de toneladas por ano. Segundo Almeida (2000), atualmente
grande parte do agregado mido natural (areia) extrada de leitos de rios, provocando a
retirada da cobertura vegetal e a degradao dos cursos dgua, causando grande impacto ao
meio ambiente.
rgos responsveis pela fiscalizao do meio ambiente, como o IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis), vm coibindo esta prtica,
pois o Cdigo Florestal considera como reas de preservao permanente as florestas e
demais vegetaes naturais situadas ao longo dos rios. Com isso, a areia que abastece a
construo civil vem, cada vez mais, de regies mais afastadas, ocasionando um aumento no
preo do produto.
Desta forma, surge necessidade de se buscar alternativas viveis para o
abastecimento de areia para o setor da construo civil e para substituio das areias extradas
dos rios, que possam melhorar o desempenho das argamassas e que por sua vez possam trazer
reduo de custos significativos na produo das argamassas de cal, sem comprometer o
desempenho das mesmas.
Os avanos que se realizam, continuamente sobre o domnio dos materiais so
pensados, essencialmente, para a aplicao direta a novas concepes. Com isso tendem a
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24
beneficiar, tambm, as tcnicas de restauro das construes antigas, pois alm do valor
patrimonial que representam, ocupam uma rea significativa em muitos centros histricos e
urbanos, frequentemente em mau estado de conservao, pelo que urge proceder sua
requalificao com intervenes adequadas.
Assim, o presente estudo tem como objetivo geral a formulao de novas
argamassas base de cal area (cal hidratada em p) e agregado fino (resduo do polimento
do porcelanato- RPP), a fim de contribuir para o incremento do conhecimento cientfico no
domnio da conservao e restaurao de edifcios antigos substituindo, em percentuais de 5%
a 30% em massa, o agregado mido (areia), pelo agregado fino com diferentes razes
gua/ligante, em que se adotou um trao volumtrico constante (1:3), que se enquadra no
estudo das caractersticas das argamassas de cal area por parte de alguns pesquisadores, tanto
nacionais como internacionais, que consideram este tipo de argamassa como soluo adequada
para argamassas de substituio em edifcios antigos.
Os objetivos especficos referem-se aos ensaios pertinentes s duas etapas do
sistema argamassado: a primeira corresponde ao sistema fludo das argamassas no estado
fresco, ou seja, execuo do servio. proporcional s propriedades de consistncia,
trabalhabilidade, melhor adeso, plasticidade e capacidade de reter gua, mantendo sua
consistncia, mesmo quando sujeita solicitaes que provoquem perda de gua por
evaporao, suco do substrato ou pela prpria carbonatao da cal. Para tanto se faz
necessrio anlise atravs dos ensaios de consistncia, densidade de massa aparente, teor de
ar incorporado e reteno de gua.
A segunda etapa abrange o sistema rgido ou endurecido das argamassas. Representa
a funcionalidade do sistema. Sendo necessrio caracterizar as novas argamassas no estado
endurecido atravs de ensaios fsicos e mecnicos, que demonstrem ter um mnimo de
resistncia, para no esfarelar, um baixo mdulo para quando sofrer tenses, no fissurar e boa
aderncia ao substrato, para que no apresente o fenmeno de descolamento, to presente nos
edifcios antigos. Todos os ensaios so realizados em corpos de prova prismticos aos 90 dias
de idade.
Considerando que a cristalizao de sais solveis uma das principais causas de
destruio dos materiais porosos, originando a degradao dos rebocos de argamassas de cal
area, tem-se, tambm, como objetivos especficos analisar o comportamento das novas
argamassas formuladas face cristalizao de sais, por meio de ensaios de cristalizao com
recursos de soluo de cloreto, nitrato e sulfato todos de sdio, como tambm, avaliar a
influncia do resduo do polimento do porcelanato nas propriedades e microestrutura das
argamassas.
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25
Do mesmo modo tem-se o propsito, nesse estudo, de substituir parte do
agregado mido pelo resduo do porcelanato fazendo-se uso de propores adequadas, de
maneira a obter revestimentos de qualidade e durabilidade.
Portanto, espera-se que o comportamento destas novas argamassas se enquadre no
campo de aplicao pretendido e que com a melhoria das suas caractersticas fsicas e
mecnicas revelem um acrscimo de durabilidade relativamente s argamassas de cal para
revestimento, dando deste modo um contributo para a melhoria das tcnicas e materiais de
restauro arquitetnico e simultaneamente, a minimizao de problemas ambientais, com o
aproveitamento do resduo fino do porcelanato.
Por ltimo, pretende-se, tambm, sensibilizar e conscientizar a comunidade tcnica
e poltica para realizao de programas governamentais voltados para a necessidade de
preservar o patrimnio cultural edificado, com respeito pelo valor que representa.
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26
2 ESTADO DA ARTE
Neste captulo, apresentada uma abordagem acerca dos trabalhos relativos ao estudo das
argamassas de revestimentos base de cal e agregado mido (areia) com adio ou
substituio de resduos minerais e aditivos orgnicos, para uso em restaurao de edifcios
histricos, que apresentam diferentes comportamentos do material nas diversa situaes de
fluxo, muito deles descritos nas propriedades das argamassas no estado fresco e no estado
endurecido.
2.1 INTRODUO CAL
A cal como aglutinante bsico de vrios tipos de argamassas foi extensivamente
utilizada no passado em uma variedade de funes que iam desde a proteo at a decorao,
mas o progressivo desaparecimento desse material e da experincia prtica de trabalhar com
ele tem trazido dificuldades s obras de restaurao. Somam-se, ainda, os problemas de
inadequao da maioria dos materiais disponveis no mercado. Se as alvenarias tradicionais
de pedra, tijolo, taipa ou a vedao de estruturas no forem conservadas com materiais
compatveis, e se estiverem expostas ao do tempo, ocorrer deteriorao mais acelerada.
Portanto os revestimentos base de cal so recomendados porque mantm as caractersticas
dos edifcios antigos, no alteram seu comportamento, esteticamente se harmonizam muito
bem com as alvenarias tradicionais, pela plasticidade, o que favorece seu uso em obras de
restaurao, alm de serem primordiais na conservao e manuteno peridica das alvenarias
tradicionais devido s suas propriedades e comportamento (VAN BALEN & VAN GEMERT,
1994).
No Brasil, utilizou-se cal obtida atravs da queima de conchas e mariscos, desde os
primeiros tempos de colonizao, nas argamassas e revestimentos das construes da cidade
de Salvador da Bahia, fortificaes e casarios ao longo do territrio brasileiro. Mais tarde,
fabricou-se, tambm, cal de calcrios ou dolomitos ainda de forma tradicional, bem como
foram importados aglomerantes hidrulicos, at que, no sculo XX surge a indstria da cal e
do cimento e desaparecem as antigas caieiras, conforme Figura 2.1.
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27
Figura 2.1 Antiga caieira de conchas dos Sambaquis de Santa Catarina (Laguna, SC).
Muitas argamassas tm sido pesquisadas para revestimentos de edifcios antigos,
em substituio dos originais. As solues usadas enquadram-se, normalmente, nos seguintes
tipos: Argamassas de cimento Portland, Argamassas de cal hidrulica natural; Argamassas de
cal hidrulica artificial; Argamassas de cal area e cimento Portland; Argamassas de
cal area; Argamassas de cal area aditivada com pozolanas, p de tijolo e outros aditivos
minerais ou ainda com gordura; argamassas pr-doseadas; argamassas de ligantes
especiais (VEIGA, 2003).
Algumas destas argamassas tm inconvenientes bem conhecidos. As argamassas de
cimento Portland, por exemplo, apresentam um aspecto final muito diferente das argamassas
antigas, em termos da textura da superfcie e do modo como refletem a luz. Alm disso, sabe-
se que contm na sua composio sais solveis que so transportados para o interior das
paredes e l cristalizam, contribuindo para a sua degradao. Tem-se verificado que tambm
outras caractersticas so desfavorveis, tornando-as funcionalmente incompatveis com a
generalidade das paredes antigas, tais como uma rigidez excessiva e uma capacidade limitada
de permitir a secagem da parede (TEUTONICO et al.., 1994).
O cimento em argamassas base de cal area mostrou-se negativo em projetos de
pesquisa com argamassas experimentais, tal como os resultados da pesquisa do Teutonico et
al, 1994). Nessa pesquisa, os resultados mostraram que o cimento atua negativamente no
processo de carbonatao, interferindo na cura dessas argamassas. Mas, na prtica, se observa
que o cimento em pequenas quantidades tem sido recomendado, pois, segundo os
pesquisadores, ajuda a aumentar ou facilitar a pega e a diminuir a tendncia s fissuras iniciais
por contrao do material.
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28
Por outro lado, as argamassas de cal area, de composio mais prxima das
argamassas antigas, portanto mais capazes de assegurar uma compatibilidade esttica e
funcional com os materiais pr-existentes, tm apresentado problemas de durabilidade,
principalmente quando expostas chuva e, ainda mais, ao gelo. No entanto, chegaram at aos
nossos dias argamassas de cal com centenas e, at, milhares de anos, que se apresentam com
resistncia e coeso superiores a muitas argamassas atuais e mesmo com capacidades de
impermeabilizao superiores. As argamassas bastardas, intermdias entre estes dois extremos
(s de cimento e s de cal) procuram melhorar algumas caractersticas sem trazer os piores
inconvenientes (VEIGA, 2003).
Segundo Veiga (2005), as vantagens de se usar materiais base de cal dizem
respeito ao fato de que envelhecem sem provocar danos, apresentam boa porosidade e
permeabilidade, resistncia mecnica, inrcia trmica e durabilidade, quando bem feitos e
mantidos. Devido ao grande volume de poros grandes, secam rpido, no retm umidade e
deixam a parede respirar, o que impede a condensao da umidade nos ambientes, bem como
a desagregao das alvenarias pela cristalizao dos sais no interior da parede (ocorrer na
superfcie, onde podero ser retirados a seco).
As argamassas com pozolanas e com outros aditivos, minerais ou orgnicos,
procuram recuperar tcnicas antigas e melhorar os desempenhos destas argamassas. No
entanto, muito h a aprender sobre os aditivos a usar e os campos de aplicao prprios de
cada uma. Por exemplo, a utilizao indiscriminada da cal apagada com uma gordura tem
conduzido, inevitavelmente, a maus resultados, em determinadas circunstncias, a par de
alguns casos de sucesso (VELOSA, 2002).
As argamassas pr-doseadas (confeccionadas em fbrica e disponveis no mercado
nacional) tm composies muito variadas, e, em consequncia, caractersticas e
comportamentos diversificados, pelo que tero sempre que ser avaliadas caso a caso. As
argamassas executadas com ligantes especiais, por exemplo, com cimentos com baixos teores
de sais solveis, tm caractersticas prprias para determinados casos especficos e destinam-
se, normalmente, a juntas e no tanto a rebocos, devido a diferenas de aspecto significativas
(RODRIGUES, 2004).
Salienta-se ainda que estas solues, apropriadas para a recuperao de rebocos em
edifcios histricos, so de amplo interesse, no s para o tratamento de imveis antigos,
como para toda construo contempornea, uma vez que o seu custo poder ser menor que o
da argamassa utilizada atualmente nas construes.
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29
A seguir, encontra-se o estado da arte dos principais resduos minerais e orgnicos
utilizados na confeco de argamassas base de cal e areia para restaurao de edifcios
histricos.
2.2 UTILIZAO DE RESDUOS MINERAIS E ADITIVOS ORGNICOS EM
ARGAMASSAS BASE DE CAL E AREIA
2.2.1 Argamassa de cal area e p de telha ou de tijolo
Estudos como o de Smeaton Project do English Heritage citados por Teutonico, McCaig,
Burns, e Ashurst (1994) sugerem que o p de tijolo ou de telha traz benefcios porque
favorece o aumento da porosidade na argamassa, e ajuda na pega e na cura final, e,
dessa forma, melhora a capacidade de resistncia aos sais. Agregados pozolnicos como o p
de tijolo podem ento resultar em material mais resistente aos problemas de umidade e sais,
pois, alm dos aspectos positivos de um material poroso, podem ainda conter slica e alumina
reativa, nos gros inferiores a 0,075mm, conferindo propriedades hidrulicas argamassa de
cal. De acordo com as Figuras 2.2, 2.3 e 2.4 pode se ver as misturas base de p de tijolo e cal
que foram utilizadas para recuperao e reintegrao de ncleos e partes de alvenarias de pedra
e tijolo, bem como adobes, nas obras de restauro de So Miguel das Misses, RS.
Figura 2.2 - Moagem manual de p de tijolo. Figura 2.3 - Testes com argamassas.
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Figura 2.4 Peneiramento do p de tijolo (So Miguel das Misses, RS).
Estudos realizados por Branco (2003), a respeito da utilizao de uma argamassa
base de cal com adio de p de tijolo para melhorar as suas caractersticas, principalmente
da resistncia compresso, retrao e absoro por capilaridade comprovaram que
a retrao das argamassas, observadas no prprio molde atravs da verificao dos seus
dimetros antes de cada srie de rompimento, foi inferior em todos os corpos de prova com
adio de p de tijolo. Especificamente, supondo que os moldes tenham todos 50 mm de
dimetro, os corpos de prova com cal apresentaram um dimetro mdio de 48,62 mm,
enquanto aqueles com p de tijolo tiveram um valor de 49,61, representando uma reduo no
seu dimetro de 2,76 % e 0,78 %, respectivamente. O ensaio de absoro de gua por
capilaridade dos corpos de prova foi realizado nos tempos de 1, 2, 5, 10, 15, 30 e 60
minutos. Apresentou a argamassa base de cal com uma absoro 14,6% maior que o corpo
de prova com granulometria do p de tijolo inferior a 0, 075 mm, o que pode estar associado a
reatividade pozolnica do material.
2.2.2 Argamassas de cal area com pozolanas naturais e artificiais
Para o fabrico de argamassas para conservao, similares s histricas, so utilizadas alm das
pozolanas naturais de origem sedimentar (terra diatomcea, moler, gaize etc.) ou de origem
vulcnica (trass, pozolanas dos aores, pozalanas de Santo Anto, pozolanas Italianas, etc.)
algumas pozolanas artificiais, tais como: cinzas volantes, slica de fumo e metacaulim
(VELOSA, 2006).
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Segundo Cames et al. (2003), a utilizao de cinzas volantes benfica em termos
de trabalhabilidade e durabilidade, mas tem algumas desvantagens devido s baixas
resistncias iniciais obtidas. Nas argamassas de cal, as pozolanas naturais, e alguns dos
subprodutos industriais j referidos (cinzas volantes e slica de fumo) quando utilizados em
substituio parcial do ligante, contribuem para um aumento substancial da resistncia e
durabilidade destas argamassas, devido sua elevada reatividade pozolnica.
Este conceito, segundo Velosa (2002), geralmente definido como a capacidade de
formao de compostos hidrulicos a partir da reao com o hidrxido de clcio, em presena
de gua. A utilizao bem sucedida destes subprodutos industriais nas argamassas de cal area
leva a pensar que o resduo de vidro tambm poder ser utilizado com este objetivo, devido
sua composio favorvel, exigindo-se que satisfaa os requisitos bsicos para pozolana de
granulometria inferior a 300 m ativando assim o comportamento pozolnico. Para tal ser
necessrio que a resistncia mecnica destas argamassas seja superior das argamassas de cal
area, mas no excessiva e que a permeabilidade ao vapor de gua seja elevada, mantendo-se
moderada a absoro de gua por capilaridade.
O Laboratrio Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Lisboa, Portugal vem
desenvolvendo estudos para incorporao de materiais com reatividade pozolnica em
argamassas de cal, a fim de promover a utilizao dessas argamassas, que apresentam
compatibilidade fsica e qumica com as argamassas antigas devido sua composio similar
e comportamento mecnico muito diferente das argamassas de cimento, conseguindo-se assim
uma melhoria das suas caractersticas e ainda reduo dos custos devido ao baixo preo da cal
como ligante (COLLEPARDI, 1990).
Em uma Pesquisa realizada por Velosa (2006), o vidro foi modo de forma a
obter a finura desejada, resultando uma superfcie especfica de 3060 cm2/g. Esta superfcie
especfica inferior das pozolanas de origem naturais (3250 cm2/g) e do p de tijolo (3160
cm2/g), mas superior das cinzas volantes (2500 cm
2/g). Este valor elevado pode ser atribudo
forma alongada das suas partculas mais do que sua finura.
Diante disso, os estudos confirmam que o incremento de resduos de vidro em
argamassa de cal area obteve um aumento das resistncias flexo e compresso com
condies de cura em ambiente seco, ou seja, colocao dos moldes numa sala temperatura
de 23 2C e umidade relativa de 50 5% durante 2 dias, seguindo-se desmoldagem e
colocao nas mesmas condies at data de realizao dos ensaios. O coeficiente de
absoro capilar, para as argamassas com resduos de vidro com condies de cura seca, foi o
mais baixo e prximo da argamassa de referncia (cal e areia), o que vai de encontro ao
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pretendido, ou seja, mantm-se a caracterstica favorvel de comportamento gua das
argamassas de cal, conseguindo-se assim obter a compatibilidade fsica.
2.2.3 Argamassa de cal area e cinza de casca de arroz
Estudos de Pinto et al (2007) reportam alguma hidraulicidade a argamassas de cal area com a
influncia da finura de cinza da casca de arroz na reatividade pozolnica, atraves da avaliao
da resistncia mecnica com incorporao de cinza com diferentes granulometrias obtidas por
recurso a moagem e peneirao da cinza comercial, aps remoo das partculas de maior
dimenso que se encontravam mal calcinadas. O incremento da finura da cinza reduziu a
quantidade de gua necessria para atingir a consistncia desejada e os resultados obtidos
apontam para que o incremento da finura da cinza possa ser responsvel pela reduo da
reteno de gua das argamassas.
Os valores da tenso de ruptura a compresso e flexo, bem como da velocidade de
propagao da onda ultrassnica registraram o incremento de resistncia mecnica com o
aumento da sua finura.
2.2.4 Argamassa de cal area e metacaulim
Diante da necessidade de argamassas menos rgidas e com maior permeabilidade ao vapor de
gua, a utilizao de adies pozolnicas em argamassas para restauro tem sido tema de
muitas pesquisas. Alguns trabalhos mostram que argamassas a base cal e pozolana tm
apresentado comportamento e propriedades satisfatrios quando usadas em construes.
Rodrigues (2004) estudou propriedades de argamassas a base de cal e metacaulim para uso
em restaurao de obras histricas.
Nos estudos foram dosados dois tipos de trao em massa de argamassa compostos
com cal/metacaulim/areia, utilizando dois tipos de metacaulim. Verificou-se uma diferena
entre as densidades de massas dos grupos I e II; as argamassas do grupo I, que possuem
proporo 1:1 de cal hidratada e de metacaulim, possuem densidade de massa menor que as
argamassas do grupo II, que possuem uma proporo 1:0,5 de cal hidratada e de metacaulim,
essa diferena funo da maior quantidade de cal hidratada, que possui maior densidade de
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massa, em relao a quantidade de metacaulim, apesar da cal hidratada ter densidade menor.
Entre as argamassas do mesmo grupo, considera-se a diferena no significativa.
2.2.5 Aditivos orgnicos
As argamassas de cal hidratada com gorduras foram utilizadas durante centenas de anos e
com bons resultados. H no muito tempo ressurgiu o interesse por este tipo de argamassa,
quer por razes de interesse histrico quer mesmo por motivos ligados necessidade de uma
construo mais sustentvel.
Os aditivos orgnicos podem estar presentes tanto nas argamassas de cal, quanto
nas tintas base de cal. No passado, foram utilizados compostos orgnicos como, por
exemplo, polissacardeos (mucilagem vegetal), protenas (casena do leite, clara de ovo), leos
animais (peixe etc.), vegetais (linhaa) e gorduras (sebo). Tambm era comum adicionar
fibras vegetais (palha) e de animais (crina, estrume), as quais contribuem nas propriedades das
argamassas, influindo em sua trabalhabilidade e consistncia, no controle das retraes, na
absoro e difuso da umidade e, por fim, na durabilidade e resistncia final das argamassas
s intempries. Ainda se misturavam, como aditivos hidrulicos, materiais pozolnicos que
modificavam a pega, a cura e outras propriedades das argamassas base de cal (VENTOL
et al., 2011).
Desde o meio da dcada de 90 que comercializada em Portugal uma cal com a
designao de cal D.Fradique, que produzida com incorporao de borra de azeite (olena).
Esta cal teria surgido (segundo se pensa) devido s diligncias do arquiteto Quirino da
Fonseca, que tinha sido incumbido de selecionar um ligante para as argamassas a serem
utilizadas nas obras de conservao das muralhas do Castelo de So Jorge, em Lisboa
(STOLZ, 2007).
Stolz (2007) estudou o comportamento de rebocos contendo cal D.Fradique no
revestimento de paredes de pedra e cal, tendo observado que embora os rebocos base de cal
com gorduras (1:3), tenham uma elevada capacidade de impermeabilizao, apresentam por
outro lado baixa resistncia superficial e uma menor resistncia ao arrancamento, que os
restantes dos rebocos base de cal area e cimento (0;5:0,5:3) e cal hidratada (1:3). Pelo fato
que a cal area apresenta maior grau de compactao, conjugado com a presena de gordura,
contribui para retardar o fenmeno da carbonatao e logo o desenvolvimento da resistncia.
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Segundo Veiga (2003), a utilizao indiscriminada de revestimentos base de cal
hidratada com gordura tem, a par de alguns sucessos, conduzido tambm a maus resultados
(Figura 2.5). Uma explicao para os referidos insucessos pode ser o retardamento da
carbonatao, tpico deste tipo de cal.
Figura 2.5 Perda de coeso e eroso em argamassa recente de cal hidratada com gordura (VEIGA, 2003).
importante saber se diferentes tipos de gorduras, como a de leo de colza cuja
produo est prevista ser iniciada em Portugal a breve prazo, constituindo-se assim como um
aditivo de baixo custo, influenciam diferentemente o comportamento destas argamassas e
quais as gorduras que aperfeioam o desempenho de argamassas para conservao e restaurao
(VIKAN e JUSTNES, 2006).
A capacidade impermeabilizante de argamassas de ligantes hidrulicos por
intermdio de leos vegetais foi j estudada por outros autores, os quais referem que se
podem obter bons desempenhos com percentagens de leo vegetal de apenas 0,5% e tambm
que o leo de colza o leo mais barato, mais ainda que o azeite de oliva (VIKAN e
JUSTNES, 2006).
Segundo pesquisa realizada por Ventol et al. (2011), misturas de cal, areia (usada
como um agregado) e de gua com diferentes componentes orgnicos (polissacardeos,
protenas, cola animal e cidos graxos) foram preparadas segundo mtodos tradicionais
utilizados na Amrica do Sul e Mxico. A relao de Cal / agregado selecionados foi 1:3 em
volume, que a razo mais comum citada na literatura (MALINOWSKI, 1981). As misturas de
argamassa foram preparadas usando a quantidade de gua necessria para obter uma
consistncia normal e uma boa trabalhabilidade (medida pelo teste de consistncia). O peso
percentual dos aditivos foi de 5% em massa.
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Os resultados do teste de resistncia mecnica trao e compresso revelaram que
o resultado mais significativo foi obtido utilizando-se cola animal, quando a resistncia foi
aumentada por um fator de quase 2.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
(a) amostra em branco; (b) casena; (c) cola animal; (d) nopal como p; (e) nopal como mucilagem; e
(f) azeite de oliva. Figura 2.6 MEV de amostras de argamassas (VENTOLA et al. , 2010).
A micrografia da argamassa com azeite de oliva (Fig. 2.6f) consistente com os
resultados da anlise de porosidade, o que mostra ser a amostra com poros de tamanhos
menores. Uma observao interessante que as argamassas contendo um aditivo, cristais
aciculares de aragonita, polimorfo do carbonato de clcio (CaCO3), esto presentes (Fig. 2.6f,
c, d, e), a nica exceo da casena quando foi adicionada (Fig. 2.6b). Neste ltimo caso,
mesmo quando a presena de aragonita foi confirmada por difrao de raios X, a natureza do
cristal no foi acicular, indicando que a casena determina a morfologia do cristal. O
crescimento de cristais aciculares de aragonita (CaCO3), devido utilizao de um aditivo,
pode ajudar a melhorar a consistncia da argamassa e resulta em melhor resistncia
compresso.
Os resultados mais significativos obtidos pela experimentao so os seguintes:
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- A adio de cola animal (um material de proteo) como aditivo aumentou a resistncia
mecnica da argamassa (aps 28 dias, muito provavelmente, a resistncia seria maior com um
tempo mais longo). Isto pode ser importante para usos ocasionais em que a carga pode ser
aplicada ou para novas construes em que a carga incremental aplicada para as
articulaes, enquanto as paredes crescem.
- A frente de carbonatao foi melhorada significativamente pela adio de nopal tanto
como um p e como mucilagem, principalmente material de um polissacardeo. Em muitos
casos de recuperao, este um fator importante para evitar a deteriorao de argamassa aps
a aplicao devido chuva, a eroso ou por outro fator mecnico.
- O uso de azeite (um material gorduroso) como aditivo ajuda a reduzir o sistema de poros
pela metade (em percentagem do volume) e diminuiu o tamanho dos poros. Alm disso, ele
melhora a impermeabilidade da argamassa, o que significa que ele pode ser usado em casos,
por exemplo, quando uma superfcie prova de gua necessria para proteger uma rea
particular da chuva direta. Cola animal tambm reduziu o nmero e o tamanho dos poros,
embora de forma menos significativa.
Pesquisa realizada por Santiago (2011) utiliza o grude da Gurijuba como material
orgnico obtido da bexiga do peixe que leva este nome, tendo sido, possivelmente, utilizado
por sculos na construo artesanal, na regio de Belm, PA. O referido estudo visa analisar a
influncia da adio deste material nas propriedades fsicas e mecnicas de argamassas de cal,
procedimento consagrado pela tradio oral. O grude foi adicionado s argamassas nos teores
de 2% e 5% em relao massa de cal, sendo os seus resultados comparados amostra de
referncia (sem adio). Os resultados obtidos de resistncia trao na flexo e
compresso simples apresentaram que a adio da cola produzida com o grude de gurijuba
aumentou consideravelmente a resistncia mecnica das argamassas de cal, indicando uma
razovel capacidade aglomerante deste material, como, tambm, a presena do referido
aditivo reduziu a porosidade total e capilar das argamassas de cal, o que refletiu na reduo da
absoro de gua total e por capilaridade, o que mostra ser vivel sua utilizao em argamassa
de cal.
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3 REFERENCIAL TERICO
3.1 ARGAMASSA DE REVESTIMENTO
As argamassas, segundo Shichieri et al. (2008), so materiais de construo resultantes da
adio de areia a uma pasta formada por aglomerante (cal ou cimento, por exemplo) e gua.
Nas argamassas, o aglomerante o constituinte ativo da mistura e a areia, alm de ser um
material de enchimento, contribui com a estabilidade volumtrica, reduzindo a retrao na
secagem. Nas argamassas de cal, a presena da areia, alm de oferecer as vantagens
supracitadas, ainda facilita a passagem de anidrido carbnico do ar, que produz a
recarbonatao do hidrxido de clcio.
A NBR 13529 (ABNT, 1995) define a argamassa para revestimento como sendo
uma mistura homognea de agregado(s) mido(s), aglomerante(s) inorgnico(s) e gua,
contendo ou no aditivos ou adies, com propriedades de aderncia e endurecimento. Nesta
mesma norma brasileira so definidos outros termos usuais envolvendo o revestimento
executado base de cimento e cal, ou ambos, quanto ao campo de sua aplicao. Podem-se
encontrar definies como:
- adies: materiais inorgnicos naturais ou industriais finamente divididos, adicionados s
argamassas para modificar as suas propriedades e cuja quantidade levada em considerao
no proporcionamento;
- argamassa de cal: argamassa preparada com cal como nico aglomerante;
- argamassa de cimento: argamassa preparada com cimento como nico aglomerante;
- Revestimento: o recobrimento de uma superfcie lisa ou spera com uma ou mais
camadas sobrepostas de argamassa, em espessura normalmente uniforme, apta a receber um
acabamento final.
3.1.1 Funes do revestimento de argamassa
Segundo Sabbatini (1984), os revestimentos de argamassas tm, em geral, as seguintes
funes:
- proteger as vedaes e a estrutura contra a ao de agentes agressivos e, por conseqncia,
evitar a degradao precoce das mesmas, aumentar a durabilidade e reduzir os custos de
manuteno dos edifcios;
- auxiliar as vedaes a cumprirem com as suas funes, tais como:
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- isolamento termo-acstico, estanqueidade gua e aos gases e segurana ao fogo;
-estticas, de acabamento e aquelas relacionadas com a valorizao da construo ou
determinao do padro do edifcio.
3.1.2 Materiais constituintes da cal area
O principal produto da calcinao das rochas carbonatadas clcicas e clcio-
magnesianas a cal virgem, tambm denominada cal viva. O termo cal virgem o consagrado
na literatura brasileira e nas normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas, para
designar o produto composto predominantemente por xido de clcio e xido de magnsio,
resultantes da calcinao, temperatura de 900 a 1200 C, de calcrios, calcrios
magnesianos e dolomitos. Outro tipo de cal muito comum no mercado a cal hidratada. Ela
composta por um p de cor branca resultante da combinao qumica dos xidos anidros da
cal virgem com a gua e por fim a cal curada. Neste processo, o hidrxido de clcio Ca (OH)2
presente na argamassa hidratada reabsorve o anidrido carbnico presente no ar e se transforma
novamente em carbonato de clcio (CaCO3), conforme a ordem representada na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 Nomenclatura da cal area.
Nome comum Qumico Mineralgico Frmula
Calcrio
Cal virgem ou cal viva
Cal hidratada ou apagada
Cal carbonatada (curada)
carbonato de clcio calcita
xido de clcio
hidrxido de clcio portlandita
carbonato de clcio calcita
CaCO3
CaO
Ca (OH)2
CaCO3
3.1.3 Produo e ciclo da cal are