DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEÇÃO PARA O … recursos crânio.pdf · É um saber...

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Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento MARIA ANGÉLICA BORGES DA SILVA ZAGO DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEÇÃO PARA O SUPORTE CRANIANO MAYFIELD PARA USO EM POSIÇÃO CIRÚRGICA PRONA São José dos Campos, SP 2005 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica.

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  • Universidade do Vale do Paraba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    MARIA ANGLICA BORGES DA SILVA ZAGO

    DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEO PARA O SUPORTE CRANIANO MAYFIELD PARA USO EM POSIO

    CIRRGICA PRONA

    So Jos dos Campos, SP 2005

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia,

    como complementao dos crditos necessrios

    para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia

    Biomdica.

  • MARIA ANGLICA BORGES DA SILVA ZAGO

    DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEO PARA O SUPORTE CRANIANO MAYFIELD PARA USO EM POSIO

    CIRRGICA PRONA

    Orientadora:Prof. Dra. MARIA BELN SALAZAR POSSO

    So Jos dos Campos, SP 2005

    Dissertao de Mestrado apresentado ao

    Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia,

    como complementao dos crditos necessrios

    para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia

    Biomdica.

  • SALMO 139

    Homenagem ao Deus Onisciente

    Iahweh, tu me sondas e conheces: Conheces o meu sentar e o meu levantar, De longe penetras o meu pensamento; Examinas o meu andar e o meu deitar,

    Meus caminhos todos so familiares a ti.

    A palavra ainda no me chegou lngua, E tu, Iahweh, j a conheces inteira.

    Tu me envolves por trs e pela frente,

    E sobre mim colocas a tua mo. um saber maravilhoso, e me ultrapassa,

    alto demais: no posso atingi-lo!

    Para onde ir, longe do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presena?

    Se subo aos cus, tu l ests; Se me deito no Xeol, a te encontro.

    Se tomo as asas da alvorada

    Para habitar nos limites do mar, Mesmo l tua mo que me conduz, e tua mo direita que me sustenta.

    Se eu dissesse: Ao menos a treva me cubra,

    E a noite seja um cinto ao meu redor mesmo a treva no treva para ti, tanto a noite como o dia iluminam.

    Sim! Pois tu formaste os meus rins,

    Tu me teceste no seio materno. Eu te celebro por tanto prodgio,

    E me maravilho com as tuas maravilhas!

    Conhecias at o fundo do meu ser: Meus ossos no te foram escondidos

    Quando eu era feito, em segredo, Tecido na terra mais profunda.

    Teus olhos viam o meu embrio. No teu livro esto todos inscritos

    Os dias que foram fixados

  • E cada um deles nele figura. Mas, a mim, que difceis so teus projetos,

    Deus meu, como sua soma grande! Se os conto... so mais numerosos que a areia !

    E, se termino, ainda estou contigo!

    Ah! Deus, se matasse o mpio... Homens sanguinrios, afastai-vos de mim!

    Eles falam de ti com ironia, Menosprezando os teus projetos!

    No odiaria os que te odeiam, IahWeh? No detestaria os que se revoltam contra ti?

    Eu os odeio com dio implacvel! Eu os tenho como meus inimigos!

    Sonda-me, Deus, e conhece o meu corao! Prova-me, e conhece minhas preocupaes!

    V se no ando por um caminho fatal E conduze-me pelo caminho eterno.

  • DEDICATRIA

    Aos Meus Pais, que sempre apoiaram incentivaram e estiveram presentes em todas as etapas galgadas.

    Aos Meus irmos, Irms, Cunhadas (o) e Sobrinhos (a), que me acompanharam e sempre me fortaleceram.

    Ao Meu Querido Esposo Adalberto, por me compreender e apoiar nos dias de ausncia, nervosismo e ansiedade, o amor o combustvel que impulsiona os justos

    de maneira sensata e prazerosa.

    Aos Meus Filhos Henrique, Rafael e Esther, a existncia de vocs motivo de minha felicidade.

  • Agradecimentos

    A Deus...Que fonte de luz e amor.

    Ao Professor Dr. Baptista Gargione Filho, Magnfico Reitor da Universidade do Vale do

    Paraba UniVap, pelo inestimvel apoio ao crescimento profissional e pessoal dos

    docentes.

    Ao diretor do IP&D, Prof. Dr. Marcos Tadeu Pacheco, por incentivar a pesquisa e o

    desenvolvimento dos trabalhos as reas da sade.

    Ao diretor da Faculdade de Cincias da Sade, Prof. Dr. Renato Amaro Zngaro, pelo

    seu dinamismo e incentivar a pesquisa.

    A Prof. Dr Maria Beln Salazar Posso, pelo carinho, orientao, pacincia por sua

    dedicao e contribuio fundamental na execuo desta pesquisa .

    Ao neurocirurgio Dr Roberto Roja Franco, por ter disponibilizado o equipamento para

    realizao desta pesquisa.

    Ao Prof. Dr Anselmo Ilkiu, pela orientao na diagramao do esquema dos moldes.

    A Prof. MSc. Ana Lcia Gargione Galvo de Sant'Anna, pelo carinho, incentivo, pela

    oportunidade e compreenso sempre constantes.

    A Prof. Ana de Lourdes Crrea, pelo companheirismo, incentivo e pacincia em todos

    os momentos.

    A Prof. MSc Vnia Maria de Arajo Giaretta, pela ajuda, disponibilidade, pelo

    carinho, incentivo e por acreditar em mim o tempo todo.

  • A Prof. Ana Lcia Costa, companheirismo em todos os momentos na realizao deste

    trabalho.

    A prof. Ivany Baptista de Carvalho pela amizade, ajuda, compreenso e apoio nesta

    caminhada.

    A todos os professores e colegas do Curso de Enfermagem da UNIVAP que me

    proporcionaram confiana e companheirismo, tendo o privilegio de compartilhar e

    acreditar no meu trabalho, estes sempre ficaro em minha memria.

    Aos Pacientes da neurocirurgia Hospital Universitrio de Taubat (HUT), a lembrana

    da marca, sinal que denominava dor me estimularam a pesquisar em todos os

    momentos.

    Rosangela Regis Cavalcanti Taranger, Coordenadora das Bibliotecas da UniVap, pela

    reviso final das citaes e referncias.

  • RESUMO

    A colocao do paciente na posio cirrgica responsabilidade da equipe cirrgica,

    determina ateno direta da equipe de enfermagem, assistncia esta que deve ser global

    e ao mesmo tempo individualizada, frente s repercusses que dele podem advir. Ao

    posicionar o paciente, a equipe cirrgica deve considerar, o local do procedimento

    cirrgico, o acesso facilitado para o cirurgio, acesso e necessidades do anestesiologista.

    Utilizando-se o avano tecnolgico por meio de mesas cirrgicas com equipamentos e

    acessrios que protejam o paciente durante a cirurgia paciente.Uma das competncias

    do enfermeiro prover recursos de proteo e acessrios adicionais que sejam efetivos,

    maleveis, de fcil manipulao, uso, disponibilidade e baixo custo, elaborado para se

    ajustarem s diferentes estruturas anatmicas dos pacientes e deste modo, manter s

    funes fisiolgicas, prevenir complicaes e facilitar o acesso operatrio.Todos os

    dispositivos de proteo devem evitar dor formao de lcera por presso ou outra leso

    da pele, para que no se tornem mais uma fonte de riscos na colocao do paciente em

    posio cirrgica. Observando que muitas vezes adaptaes nos acessrios utilizados

    provocam prejuzo no perodo ps-operatrio o objetivo desta pesquisa propor o

    desenvolvimento de um recurso de proteo para o acessrio cirrgico suporte craniano

    Mayfield (tipo ferradura), usado na posio cirrgica prona/ventral, malevel e de baixo

    custo. Foi confeccionado um recurso de proteo txtil e vegetal para o suporte craniano

    Mayfield tipo ferradura. O resultado revelou um recurso de fcil aquisio confeco,

    desinfeco, baixo custo com a pretenso de oferecer ao enfermeiro de centro cirrgico

    condies de executar com mais efetividade e eficincia suas funes assistenciais,

    principalmente em instituies de sade cuja realidade financeira restrita

    Palavra-Chave: Dor ps-operatria, posio prona, recurso de proteo, enfermeiro.

  • ABSTRACT

    The patient's placement in the surgical position is responsibility of the surgical team, it

    determine direct attention of the male nurse team, attendance this that should be global

    and attn the same team individualized, front to the repercussions that can occur of him.

    When positioning the patient, the surgical team it should consider, the place of the

    surgical procedure, the access facilitated goes the surgeon, access and needs of the

    anesthesiology, privacy of the being used the technological progress through surgical

    tables with equipments and accessories that protect the patient during the surgery. Of

    the male nurse competences is to provide protection resources and additional

    accessories that plows effective, malleable, of easy manipulation, use, readiness and low

    cost, elaborated goes if they adjust the patients' ace different anatomical structures and

    this way, to maintain to the physiologic functions, to prevent complications and to

    facilitate the surgical access. The protection devices should avoid pain ulcer formation it

    goes pressure or other lesion of the skin, it goes they don't become one source of risks in

    the patient's placement in surgical position it lives. Observing that the lot of teams

    adaptations in the used accessories provoke damage in the postoperative period the

    objective of this research it is to propose the development of the protection resource

    goes the accessory surgical cranial support Mayfield (type horseshoe), used in the prone

    position surgical, malleable and of low cost. The resource of textile and vegetable

    protection was made goes the cranial support Mayfield type horseshoe. The result

    revealed the resource of easy acquisition making, disinfection, low cost with the

    pretension of offering to the male nurse of center surgical conditions of executing with

    effectiveness and your efficiency functions, mainly in institutions of health whose

    financial reality is restricted lives.

    Key word: postoperative Pain, prone position, protection resource and nursing.

  • Sumrio

    Consideraes Iniciais 17

    Justificativa ... 18

    1. Introduo 20

    1.1Decbito ventral ou posio prona 27

    1.2 Camadas da pele 24

    1.3 Foras de presso exercida no posicionamento cirrgico 30

    1.3.1 Gravidade 30

    1.3.2 Frico 30

    1.3.3 Foras mtuas 30

    1.4 Dor 30

    2.Objetivo 35

    3. Material e Mtodo 36

    3.1 Material 36

    3.2 Descrevendo o Material 37

    3.2.1 Suporte de Crnio tipo Mayfield 37

    3.2.2 Ao 39

    3.2.3 Fibras Txteis Naturais e Sintticas 40

    3.2.3.1 A Fibra de Algodo 39

    3.2..3.2 Fibra Txtil Sinttica 32

    3.2.3.3 Alpiste (Phalaris canariensis) 43

    3.3 Confeco do RPSCME. 44

    3. 4 Pr-teste 49

    3.4.1 Procedimentos ticos 49

    3.4.2 Local da Pesquisa 50

    3.4.3 Tipo de pesquisa 50

    3.4.3 Tipo de Pesquisa 50

    3.4.4 Operacionalizao da Aplicao do Instrumento utilizado no Pr-

    teste 50

    3.4.4.1 Instrumento de coleta 50

    3.4.4.2 Populao de Estudo 51

  • 3.4.4.3 Operacionalizao da Coleta 52

    4 . Resultados 54

    4.1 Caractersticas Gerais do RPSCME 54

    4.2 O Custo do RPSCME 54

    4.3 RPSCME Concludo e pronto para uso 55

    4.4 Resultados do Pr-Teste 56

    5. Concluso 68

    6. Consideraes Finais 69

    7. Perspectivas Futuras 73

    Referncias Bibliogrficas 74

    Apndice A 81

    Apndice B 83

    Apndice C 84

    Anexo A 85

    Anexo B 86

    Anexo C 87

  • Lista de Tabelas

    Tabela 1. Caracterizao dos Voluntrios segundo a idade, sexo, escolaridade e cor da

    pele. So Jos dos Campos, 2005---------------------------------------------------------------56

    Tabela 2. Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Femininos

    durante o uso de RPSCMC e RPSCME. So Jos dos Campos, 2005 ------------------60

    Tabela 3. Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Masculinos

    durante o uso de RPSCMC e RPSCME. So Jos dos Campos, 2005 ------------------61

  • Lista de Figuras

    Figura 1 - Corte Histopatolgico da pele (Garcia, 2002). 28

    Figura 2 -Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000). 31

    Figura 3 - Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000). 31

    Figura 4 -Mesa cirrgica com Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield

    Convencional (Acervo Pessoal 2004) 37

    Figura 5 - Adaptador giratrio e encaixe adaptvel mesa cirrgica

    (Acervo pessoal, 2004) 38

    Figura 6 - Extensor para a fixao do suporte craniano (Acervo Pessoal 2004) 38

    Figura 7 - Apoio para cabea em forma de ferradura (Acervo Pessoal 2004) 39

    Figura 8 -Phalaris Canariensis.FONTE: Peris; Stbing; Figueirola, (1996) 44

    Figura 9 - Apoio para cabea em forma de ferradura. (Acervo pessoal, 2004) 44

    Figura10-Esquema da parte superior, lmina esquerda com enchimento 2 peas.

    Medidas em milmetro (Acervo pessoal, 2004) 45

    Figura 11- Recurso de proteo da lmina esquerda com enchimento.Viso

    superior. (Acervo Pessoal 2004) 46

    Figura 12 - Esquema da parte inferior 2 peas (Acervo Pessoal, 2004) 46

    Figura 13 - Recurso de proteo suporte de crnio viso inferior. (Acervo Pessoal,

    2004) 47

    Figura 14 - Esquema da parte superior da lmina direita com enchimento - 2 peas.

    (Acervo pessoal, 2004) 47

    Figura 15 - Recurso de proteo da lmina direita com enchimento. Viso superior.

    (Acervo Pessoal, 2004) 48

    Figura 16 - Recurso de proteo direito e esquerdo confeccionado em tecido de

    algodo, sem cobertura de PVC. (Acervo pessoal, 2004) 48

    Figura 17- Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental

    finalizado.(Acervo pessoal, 2004) 49

    Figura 18-Voluntrio em posio prona/ventral com o RPSCME. (Acervo pessoal,

    2004) 51

    Figura 19 - Custo do material utilizado na manufatura do RPSCME. So Jos

    dos Campos, 2005. 55

  • Figura 20- RPSCME finalizado e colocado sobre o acessrio na mesa cirrgica,

    (Acervo pessoal, 2004) 55

    Figura 21 - Distribuio dos voluntrios femininos de acordo com o seu IMC

    So Jos dos Campos, 2005. 58

    Figura 22 - Distribuio dos voluntrios masculinos de acordo com o seu IMC.

    So Jos dos Campos, 2005. 59

    Figura 23 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na

    posio prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME, nos voluntrios do sexo

    feminino. So Jos dos Campos,2005. N=06. 63

    Figura 24 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na

    posio prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME,nos voluntrios do sexo

    masculino. So Jos dos Campos,2005. N=06. 66

  • 17

    1. Consideraes gerais

    As novas tecnologias em uso no Pas nas ltimas dcadas incrementaram os

    procedimentos anestsicocirrgicos, favorecendo a assistncia ao paciente com mais

    segurana no perodo perioperatrio, o qual exige, de um modo geral, ateno mais

    direta da equipe de enfermagem.

    Tambm, essa evoluo tecnolgica, clere e dinmica gera a necessidade da

    educao permanente do enfermeiro, em especial o de Centro Cirrgico (CC), que deve

    estar atualizado e atento s alteraes que provocam na assistncia ao paciente

    cirrgico.

    Essa assertiva encontrou eco nas palavras de Padilha (1998) quando afirma que a

    segurana do cliente assegurada por uma assistncia de enfermagem praticada por

    enfermeiros qualificados, atualizados e capacitados cientificamente mediante uma

    educao continuada, alm da conscientizao para o controle e valorizao de eventos

    adversos que possam e/ou tenham ocorrido.

    Acreditando na necessidade de inter-relao, integrao e interao entre os

    diversos sistemas que compem o macro-sistema hospitalar, despertada pelas

    afirmaes de Avelar; Jouclas (1989), durante meu desempenho assistencial como

    enfermeira, desde seu incio, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de Unidade de

    Cirurgia Geral, sempre tive a preocupao de interagir com a enfermeira de CC com o

    objetivo de prestar uma assistncia de enfermagem individualizada ao cliente sob nossa

    responsabilidade.

    Nessa ocasio, ao receber os pacientes no ps-operatrio imediato e identificar

    os problemas inerentes ao ato anestsico-cirrgico, j chamava minha ateno queles

    advindos do posicionamento cirrgico, o que me levou a desenvolver com a enfermeira

    do CC um processo interativo no sentido de ambas encontrarem solues que

    minimizassem o desconforto, dores e toda sintomatologia causada pela posio

    cirrgica no trans-operatrio.

  • 18

    Especificamente a posio prona trazia-nos muita preocupao, pelas queixas

    expressadas pelos pacientes quanto s dores, paresias, parestesias e ardor, facial.

    Apesar do tempo de cirurgia ser varivel, era constante, alm do relato, a

    presena de sinais provenientes deste posicionamento tais como: edema periorbital,

    hiperemia na regio zigomtica e frontal, algumas vezes at escoriao, que se

    prolongavam at o quinto dia de ps-operatrio (P. O.).

    No transoperatrio de cirurgias cujo posicionamento fosse a pronao do corpo,

    preocupava-nos os sintomas e sinais apresentados pelos pacientes no ps-operatrio de

    cirurgias neurolgicas e ortopdicas, ou outras, em que permaneciam longos perodos

    nesta posio. Assim, tentamos ambas, desenvolver alguns coxins e outras protees

    para o suporte metlico craniano usado na posio prona ou ventral. Entretanto, como

    aqueles j comercializados, nenhum a satisfazia plenamente.

    Toda essa problemtica veio tona quando da freqncia ao Curso de Ps-

    Graduao em Bioengenharia do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da

    Universidade do Vale do Paraba (IP&D-UniVap), cuja exigncia prvia foi a

    apresentao de um projeto de pesquisa, surgindo oportunidade de propor um recurso

    de proteo facial para a posio prona.

    Justificativa

    A experincia adquirida durante a vivncia profissional na unidade cirrgica

    motivou o interesse da autora em pesquisar os recursos de proteo utilizados na posio

    prona para minimizar os problemas relatados pelos pacientes no ps-operatrio

    neurolgico, ortopdico que fazem uso de tal posio.

    Acrescida a essa problemtica, observou-se a inexistncia de padronizao de

    materiais e equipamentos usados no posicionamento cirrgico. Isto bem salientado por

    alguns autores como por exemplo Palazzo (2000) quando destaca a escassez de tais

    materiais em vrias instituies hospitalares.

  • 19

    A busca de dados bibliogrficos nacionais e internacionais sobre o assunto,

    motivou ainda mais esta pesquisadora a desenvolver a proposta do trabalho, pois julgou

    procedente uma vez que raros eram os trabalhos especficos sobre o assunto.

    Sendo assim, neste trabalho, buscou-se propor um recurso de proteo para o

    suporte craniano que seja malevel, de fcil uso, e de baixo custo e ainda subsidie a

    qualidade da assistncia de enfermagem visando o conforto e a diminuio de

    complicaes ps-operatrias para pacientes submetido s cirurgias que necessitem da

    posio prona ou ventral, com este tipo de suporte.

  • 20

    1. Introduo

    A Homeostase e hemodinmica so processos inerentes fisiologia humana.

    Quando o organismo sofre uma agresso fsica, fisiolgica, psquica, entre outras ocorre

    um desequilbrio, advindo sinais e sintomas tpicos das aes recebidas.

    O ato anestsico- cirrgico exige, assistncia de enfermagem global e ao mesmo

    tempo individualizada, frente s repercusses que dele podem advir. O enfermeiro deve,

    ento segundo Lacerda (1992) estar atento assistncia de enfermagem nesse tipo de

    procedimento peculiar, para perceber as possveis complicaes conseqentes a ele.

    Conjugando tudo isto se faz necessrio em uma interveno cirrgica, uma

    assistncia de enfermagem individualizada e criativa. Segundo Gatto (1995), desde os

    anos 50 h uma busca de identidade profissional pelo enfermeiro no mbito nacional e

    internacional, porm, identifica a enfermagem como ativa participante do cuidar do

    paciente, em todos os nveis da assistncia sade.

    Essa assistncia foi sistematizada pelo modelo conceitual proposto por

    Castellanos; Jouclas (1990) denominada Sistematizao da Assistncia de Enfermagem

    Peri-operatria (SAEP), com o objetivo de personalizar e melhorar a qualidade da

    assistncia nas fases pr, intra e ps-operatrios imediatos.

    Estas fases segundo Castellanos; Jouclas (1990) e Palazzo (2000) so

    identificadas como, fase pr-operatria, trans ou intra-operatria recuperao anestsica

    e ps-operatria imediata. Cujas atividades recomendadas pela Sociedade Brasileira de

    Enfermeiros de Centro Cirrgico, Recuperao Ps-Anestsico e Centro de Material e

    Esterilizao, (SOBECC, 2003) so reproduzidas a seguir: Perodo pr-operatrio

    imediato: compreende desde a vspera da cirurgia (24 horas) at o momento em que o

    paciente recebido no CC.

    Perodo transoperatrio: compreende desde o momento em que o

    paciente recebido no CC at o momento de seu encaminhamento para a sala de ps-

  • 21

    recuperao anestsica (SRA). Perodo intra-operatrio: compreende desde o incio at

    o final da anestesia. Perodo de recuperao ps-anestsica: compreende desde o

    momento da alta do paciente da sala de operaes at a sua alta da recuperao ps-

    anestsica (RPA).Perodo de ps-operatrio imediato compreende desde a alta do

    paciente da RPA at as primeiras 48 horas ps-cirurgia.

    No perodo trans ou intra-operatrio o posicionamento do paciente na mesa

    cirrgica, uma das atividades primordiais da assistncia de enfermagem que tem o

    intuito de manter a segurana e o conforto daquele que se encontra inconsciente, sedado

    ou anestesiado. Sendo uma das atividades do profissional da sade evitar complicaes

    ou seqelas, ou at mesmo, minimiz-las. A ateno da enfermagem em relao

    posio cirrgica torna-se um procedimento essencial, mesmo que muitas vezes s

    percebido no ps-operatrio.

    Para tanto se faz necessrio conceituar posio. O posicionamento na

    classificao das intervenes de enfermagem (NIC), Clooskey; Bulecheek (2004) que

    caracterizado pelo movimento deliberado do paciente ou de parte de seu corpo para

    conseguir um bem-estar psicofisiolgico. No entanto definem como posicionamento

    cirrgico, o movimento de todo ou parte do corpo do paciente que exponha o local

    cirrgico e reduza o risco de desconforto e complicaes.

    Nesse aspecto uma delas pode resultar da posio cirrgica, condio sine qua

    non para um bom desempenho da equipe cirrgica com vistas ao bem-estar do paciente.

    Autores como, Chianca (1988), Silva e Silva (2004) afirmam que a posio cirrgica

    aquela na qual colocado o indivduo anestesiado para submisso a uma cirurgia.

    McEwen (1996), salienta que um procedimento anestsico-cirrgico com o

    mnimo de comprometimento antomo-fisiolgico para o paciente depende em grande

    parte da posio cirrgica. Destaca, ainda, que de responsabilidade do enfermeiro

    fornecer a segurana, o apoio para a alta do paciente da sala de operaes (SO),

    minimizando possveis complicaes provocadas pela posio.

  • 22

    Esta assertiva corroborada por, McEwen (1996) e Palazzo (2000) quando

    enfatizam que a posio cirrgica exige cuidados relativos anatomia e fisiologia, cujos

    princpios no observados podem afetar a posteriori o paciente no seu ps-operatrio

    afetando-lhe as necessidades psicobiolgicas Horta, (1979) , manifestadas pela dor,

    parestesia, paresias, entre outros sintomas.

    O posicionamento cuidadoso e planejado resulta no mximo de segurana para o

    paciente e mxima exposio do local da cirurgia, bem como, oferece ao

    anestesiologista acesso rea respiratria, circulatria e operatria. responsabilidade

    de todos os membros da equipe cirrgica proteger o paciente de traumas durante o

    posicionamento. Conseqentemente, todos os membros devem estar envolvidos na

    identificao dos possveis riscos e manter a segurana do paciente (MEEKER;

    ROTHROCK,1997).

    Tendo em vista que este estudo visa a posio prona com uso do suporte

    craniano ser considerada a definio de McEwen (1996) associada a da (SOBECC,

    2003) que a definem como a tendncia ou inclinao do corpo do paciente em posio

    horizontal com a face voltada para baixo e o abdome em contato com o colchonete da

    mesa cirrgica permitindo expor rea occipital, coluna cervical, torcica, lombar e

    sacrococcgea, podendo tambm ser utilizada para abordagem retal e extremidades

    inferiores.

    Tambm os autores Pedrosa e Guarnieri (1999) salientam que a posio prona

    utilizada para cirurgias por via posterior do corpo colocando-se o paciente na mesa

    cirrgica em decbito ventral apoiando com coxins a regio torcica e cristas ilacas,

    pois, sobre a mesa cirrgica h um fino colchonete dividido em trs blocos, ou mais,

    que fazem a sustentao das principais partes do corpo favorecendo sua flexo e

    extenso.

    A Associao Brasileira de Normas e Tcnicas (ABNT 1996) em sua norma

    brasileira regulamentadora NBR 13576 determinam que os colchonetes sejam de

  • 23

    espuma simples, ou de Poliuretano esponjoso flexvel, com mais ou menos 8 cm de

    altura. Encobertos por material de Cloreto de Polivinila (PVC).

    Esses colchonetes no so suficientes para evitar o potencial de risco da mesa

    cirrgica que deve ser controlado pelo enfermeiro do centro cirrgico com objetivo de

    prevenir acidentes, quedas, leses do sistema msculo-esqueltico, leses da pele, perda

    de acesso venoso e arterial, comprometimento do sistema respiratrio, complicaes

    vasculares e do sistema nervoso perifrico Meeker; Rothrock (1997) McEwen (1996).

    Tal complicao proveniente do posicionamento cirrgico, pode ser comum no

    s no posicionamento ventral, como nas demais posies e atividades, o enfermeiro em

    CC deve considerar os fatores de riscos inerentes s condies fsicas do paciente quais

    sejam: a idade, o peso, o uso de medicaes, o estado nutricional e mental, fatores

    predisponentes a patologias agudas ou crnicas entre outras.

    Ainda, discorrendo sobre a mesa cirrgica, esta de ao inoxidvel ou de fibra

    de carbono, composta por um bloco central onde podem ser adaptados outros dois

    blocos de sustentao da cabea e membros, protegidos por colchonete. Tambm possui

    para atender as diversas necessidades de modificaes do posicionamento cirrgico

    equipamentos acessrios tais como: suportes de crnio, ombros e ps, perneiras,

    braadeiras, arco para narcose, entre outros, permitindo o posicionamento do paciente,

    em flexo e extenso.

    Assim, a mesa de cirurgia, bem como seus componentes equipamentos e

    acessrios, devem estar em perfeitas condies de uso e funcionamento garantindo sua

    finalidade, qualidade assegurando o conforto e a segurana do paciente, facilitando a

    tcnica cirrgica. de responsabilidade da enfermagem a verificao da manuteno e

    organizao desses equipamentos.

    Para boa visualizao da atividade que se vai executar deve-se conhecer e saber

    utilizar os equipamentos e acessrios para o posicionamento usando-se coxins,

    travesseiros, sacos de areia, de gel perneiras, braadeiras, entre outros. Ao posicionar-se

  • 24

    o paciente, deve-se observar o alinhamento do corpo, ps descruzados, braos e pernas

    no hiperextendidos.

    Na posio ventral, o paciente deita com o abdome em contato com a superfcie

    do colcho da mesa de operao. Um suporte de brao colocado em cada lado da mesa

    cirrgica, os braos dos clientes so trazidos e repousados com os cotovelos flexionados

    e as mos para baixo. Este movimento feito para evitar a luxao de ombro e danos ao

    plexo braquial. Os ps so elevados sobre rolos ou coxins para prevenir sua queda.

    Outras reas de presso que requerem ateno especial so proeminncias de face,

    orelha, patela e dedos (MEEKER; ROTHROCK , 1997, PALAZZO, 2000, SOBECC,

    2003).

    1.1 Decbito ventral ou posio prona

    As modificaes da posio permitem a abordagem de coluna cervical, dorso,

    rea retal e extremidades inferiores. A induo de anestesia realizada com o paciente

    na posio dorsal, o qual em seguida, colocado na posio ventral em sincronia de

    todos os elementos da equipe cirrgica, principalmente se o paciente estiver entubado.

    A postura de decbito ventral ou prona inicialmente de risco quando o paciente

    anestesiado virado do decbito dorsal para a posio ventral. Os mecanismos de

    compensao normais esto deprimidos, e o paciente no pode se ajustar rapidamente s

    mudanas hemodinmicas impostas (MARTIN; WARNER, 1997, PALAZZO, 2000 e

    SOBECC,2003).

    Estes riscos podem surgir muitas vezes, no ps-operatrio quando no h o

    cuidado de se observar s compresso de terminao nervosa, por exemplo, do brao,

    afetando o nervo radial, caso se permita que o antebrao caia ou se hiperextenda ao lado

    da mesa, da mesma forma os ombros podem ser hiperextendidos, a menos que os

    cotovelos estejam fletidos e as palmas das mos viradas para baixo. O retorno venoso

    pode estar comprometido, quando da fixao apertada da perna, extremidades inferiores

  • 25

    pendentes ou compresso da veia cava inferior (MEEKER; ROTHROCK 1997,

    PALAZZO, 2000 ; SOBECC 2003).

    O sistema respiratrio mais vulnervel na posio de decbito ventral, porque o

    movimento respiratrio antero-lateral normal restrito e o movimento diafragmtico

    normal muito reduzido devido compresso do abdome (MEEKER; ROTHROCK

    1997; MCEWEN 1996; PALAZZO 2000).

    Por indicao do cirurgio, se o acesso regio occipital ou cervical for

    necessrio, a cabea do paciente apoiada em uma estrutura especial. Esta estrutura

    pode causar: lcera de presso, edema de face e traumatismo muscular, especialmente

    no pescoo. A posio imprpria do paciente durante a cirurgia tambm pode danificar

    os nervos perifricos (peroneal, plexo braquial), os olhos e plpebras, (MEEKER;

    ROTHROCK 1997; MCEWEN, 1996).

    Todos os membros da equipe perioperatria so responsveis por um

    posicionamento seguro durante o ato cirrgico. Para isso h necessidade que se tomem

    alguns cuidados assegurando uma tima exposio do local a ser operado e prevenindo

    complicaes (MCEWEN 1996).

    Os materiais e equipamentos de proteo, braadeiras, ombreiras, travesseiros,

    perneiras, fixadores de braos e pernas, fixadores de membros, colcho caixa de ovo,

    protetores de calcneo e craniofacial, coxim cilndrico, rodilha, manta trmica,

    almofadas de silicone, todos acolchoados ou almofadados devem estar em boas

    condies e disponveis em quantidade suficiente para o seu uso (MCEWEN, 1996;

    SOBECC, 2003).

    Assim uma posio cirrgica segura deve considerar aspectos e fatores essenciais

    que permitam e mantenham as vias areas e circulatrias livres, membros superiores e

    inferiores apoiados, cujos apoios no exeram presso nas terminaes nervosas e em

    salincias sseas, ao mesmo tempo, evitando distenso muscular, e ainda favorecer a

    adequada colocao de eletrodos.

  • 26

    Na literatura internacional, as publicaes relacionadas as posies cirrgicas

    esto baseadas nos padres determinados pela Association Operating Room Nurses,

    (AORN, 2001). Nesta associao, conforme a reviso feita em 2001, foram

    determinados os padres e recomendaes bsicas para a assistncia da enfermagem no

    perioperatrio quanto ao posicionamento cirrgico.Dessa forma determinam que no

    intra-operatrio a assistncia em relao ao posicionamento deve ser iniciada na

    transferncia do paciente da maca para a mesa de cirurgia.

    O posicionamento cirrgico requer tcnica, assepsia, segurana e organizao do

    enfermeiro e da equipe cirrgica no momento da realizao do procedimento,

    monitorando o paciente e provendo a integridade dos tecidos ao posicionar o paciente.

    Nunca demais insistir que ao posicionar o paciente, o enfermeiro deve alinhar o corpo

    do mesmo e avaliar sua condio fsica.

    Tal procedimento deve ser feito de maneira segura, levando em considerao os

    princpios de anatomia e fisiologia, a tcnica das intervenes realizadas, a manuteno

    hemodinmica evitando seqelas e registrando o uso das protees utilizadas,

    garantindo a enfermagem a legalidade das atividades executadas.

    Ao posicionar o paciente, a equipe cirrgica deve considerar, o local do

    procedimento cirrgico, o acesso facilitado para o cirurgio, acesso e necessidades do

    anestesiologista, privacidade do paciente, efeitos fisiolgicos durante o posicionamento

    do paciente antes e depois de anestesiado e conhecimento das estruturas anatmicas

    (Ex.:Sistema neuromuscular, esqueltico, circulatrio, respiratrio e tegumentar).A

    colocao do paciente na posio cirrgica responsabilidade da equipe cirrgica.

    Uma das competncias do enfermeiro prover recursos de proteo e acessrios

    adicionais que sejam efetivos, maleveis, de fcil manipulao, uso, disponibilidade e

    baixo custo, elaborado para se ajustarem s diferentes estruturas anatmicas dos

    pacientes e deste modo, manter s funes fisiolgicas, prevenir complicaes e facilitar

    o acesso operatrio.

  • 27

    Todos os dispositivos de proteo devem desempenhar trs funes: absorver as

    foras mtuas, compressivas internas e externas ao organismo humano fonte potencial

    para formao de lcera por presso ou outra leso da pele, redistribuir as presses

    exercidas pelas proeminncias sseas e pelas superfcies em que o corpo est apoiado,

    prevenindo ainda o estiramento, a hiperextenso muscular para no tornarem-se mais

    uma fonte de risco na colocao do paciente em posio cirrgica (MARTIN;

    WARNER, 1997; MEEKER; ROTHROCK, 1997; PALAZZO, 2000 ; SOBECC, 2003).

    A posio cirrgica considerada por McEwen (1996) uma arte para prover

    segurana, em todo o ato anestsico cirrgico principalmente na barreira anatmica

    natural do maior rgo humano que a pele e que no caso cirrgico o primeiro

    sistema a ser afetado, provocado pelas foras de presso sobre ela. .

    A pele considerada uma barreira natural s agresses do meio ambiente,

    protegendo o organismo contra a perda de gua por evaporao; No adulto, pode chegar

    aproximadamente de 1.5 a 1.8m de superfcie e desempenha um papel de interface

    entre o meio ambiente externo e interno; portanto, so muitas e complexas as tarefas

    vitais que assume (SAMPAIO; RIVITI, 2000)

    1.2 Camadas da pele

    Anatomicamente a pele formada por trs camadas: a epiderme, a derme ou

    crio e a hipoderme e ou tecido celular subcutneo, com grandes variaes em sua

    extenso, tornando-se flexvel e elstica ou rgida, dependendo do local em que esteja

    inserida (SAMPAIO; RIVITI, 2000; GIARETTA, 2002).

  • 28

    Figura 1 - Corte Histopatolgico da pele (GIARETTA, 2002).

    A epiderme a camada mais externa da pele, sendo formada por vrias camadas

    de clulas, com a funo de regenerao, ao mesmo tempo funciona como proteo do

    organismo, frente contaminao, sua espessura varia de acordo com a regio do corpo

    (BASMAJIAN, 1993; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).

    A derme caracterizada por uma camada bastante espessa que fornece

    resistncia, elasticidade, oxignio e nutrio pele. Tal camada composta por fibras

    colagenosas, elsticas, terminaes nervosas, vasos linfticos e sanguneos e ainda por

    diversa estruturas especializadas (BASMAJIAN, 1993; SAMPAIO; RIVITTI, 2000;

    GIARETTA, 2002; GUYTON, 2002).

    A hipoderme, camada mais interna da pele constituda principalmente por

    gorduras subcutneas e tendo com funes a regulao trmica e armazenamento de

    energia do organismo. Ainda fazem parte da estrutura anatmica da pele, as glndulas

    sebceas e sudorparas .

  • 29

    As terminaes nervosas presentes na pele relacionadas com o tato, a

    sensibilidade trmica e a dolorosa so originrias de receptores livres e sempre so

    mielinizadas, que se enovelam na base dos folculos pilosos e terminam em contato com

    as clulas epiteliais especiais, dando origem ao disco de Merkel; nos Corpsculos de

    Vater-Pacini localizam-se, nas regies palmares e plantares, e so responsveis pela

    sensibilidade e presso que acomete este local (MACHADO, 2000; SAMPAIO;

    RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002; GUYTON, 2002).

    Os vasos sanguneos cutneos constituem sempre um plexo profundo em

    conexo com um superficial, o plexo profundo situa-se na derme subcapilar e

    composto essencialmente por capilares. Existem formaes especiais, os glmus,

    ligados funcionalmente regulao trmica, e so anastomoses diretas entre arterolas e

    vnulas, tornando a pele bem nutrida e oxigenada (BEVILACQUA et al., 1989;

    MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).

    Os vasos linfticos esto dispostos em alas ao longo da derme papilar

    agrupando; se em um plexo linftico subcapilar e passando pela derme, atingem um

    plexo linftico profundo localizado na dermo-hipodrmica, onde drenam os lquidos

    acumulados nos tecidos nutridos pelos vasos sanguneos (BEVILACQUA et al., 1989;

    MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).

    Quando ocorre uma disfuno circulatria, linftica e ou neurolgica nos

    indivduos, vrios sinais e sintomas aparecem, comprometendo diversas estruturas

    orgnicas-teciduais que podem muitas vezes afetar a pele (BEVILACQUA et al., 1989;

    MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).

    importante, que o enfermeiro entenda a anatomia e a fisiologia da pele que o

    ajuda a observar melhor as leses possveis inerentes a posio cirrgica (MCWEN, 1996). Devendo utilizar instrumentos como: a observao, a percepo e a habilidade de

    detectar problemas planejando a assistncia de enfermagem a fim de prevenir as

    disfunes citadas anteriormente, (COMARU; CAMARGO,1971; CAMPEDELLE;

  • 30

    GAIDZNSKI, 1987; CANAVIAL; TOBO, 1999; DEALAY, 2000; SEGOVIA et al.,

    2001; GIARETTA, 2002).

    1.3 Foras de presso exercida no posicionamento cirrgico

    1.3.1 Gravidade

    A fora da gravidade exercida no corpo apoiado sobre uma superfcie, que pode

    ser uma cama, uma mesa cirrgica ou uma cadeira uma fora que comprime a pele, os

    msculos, os ossos, que por sua vez afeta as presses dos capilares.

    Por outro lado presso exercida pela superfcie em que este corpo est apoiado

    pode, resultar em isquemia tecidual sempre que ultrapasse a presso de 23 a 32 mmHg

    dos capilares (MCEWEN, 1996).

    1. 3. 2 Frico

    A frico acontece quando ocorre constante atrito da pele do paciente com o

    equipamento anestsico-cirrgico, adesivos, recursos de proteo improvisada de forma

    inadequada, lenis entre outros (SOBECC, 2003).

    1. 3. 3 Foras Mtuas

    Deve-se ter a ateno voltada para as foras mtuas responsveis em que est

    apoiada ao movimento durante o ato anestsico-cirrgico. Especialmente neste estudo

    em que o paciente depois de anestesiado na posio supina colocado na prona.

    1. 4 Dor

    A dor um fenmeno freqente no ps-operatrio, podendo ser decorrente do

    posicionamento cirrgico. H necessidade que ela seja avaliada precocemente,

  • 31

    aliviando-a e evitando sofrimento e riscos desnecessrios ao paciente. Hoje j possvel

    mensur-la mediante o uso de escalas de visualizao analgica, para que seja mais

    compreendida, aliviada e evitada.

    Figura 2- Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000).

    Figura 3- Escala Analgica Visual (EVA -Verso Milimetrado) (PIMENTA, 2000).

    Entende-se que dor sempre uma experincia subjetiva e pessoal, no se

    conseguindo express-la com fidedignidade. A dor traz um impacto no cotidiano do

    indivduo sendo fator limitante, muitas vezes, s aes dirias bsicas. devido dor

    que o indivduo pode apresentar insnia, anorexia, confinamento ao leito, reduo das

    atividades sociais e de lazer, (PIMENTA, 2000).

    Segundo Teixeira (1994) nas sociedades antigas a dor sem causa aparente era

    atribuda invaso do corpo por maus espritos e como punio dos pecados pelos

    deuses. Acreditava-se que o corao e os vasos sangneos estivessem envolvidos na

    apreciao do fenmeno doloroso.

  • 32

    Porm, hoje, segundo Pimenta (2000) a dor foi conceituada pela Associao

    Internacional para Estudos da Dor (IASP), como uma experincia sensorial e

    emocional desagradvel, associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita

    em termos de tais danos. Cada indivduo aprende a utilizar este termo atravs de suas

    experincias anteriores.

    Dessa definio conclui-se que a relao leso tecidual e dor no so exclusivas

    ou diretas, isto , na experincia dolorosa, aspectos sensitivos, emocionais e culturais

    esto interligados, impedindo uma dicotomia entre elas. Tais conceitos so a base para a

    definio dos domnios e mtodos a serem utilizados na avaliao da dor e na seleo

    das estratgias para seu controle.

    A dor um mecanismo que ocorre quando qualquer tecido est sendo lesado e

    faz com que o indivduo reaja para retirar o estmulo doloroso. Os receptores da dor nos

    tecidos so todas terminaes nervosas livres. Eles se encontram em toda parte das

    camadas da pele e tambm, em certos tecidos internos, tais como o peristeo, as paredes

    arteriais, as superfcies articulares.

    A complexidade de fatores que envolvem a experincia dolorosa e sua expresso

    advm da ampla representao da dor em estruturas do sistema nervoso central. Os

    estmulos que excitam os receptores da dor podem ser: mecnicos, trmicos e qumicos

    (TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998; GUYTON, 2002).

    Algumas fibras da dor so estimuladas quase que totalmente, por um estresse

    mecnico excessivo ou por uma leso mecnica dos tecidos; esses so os chamados

    receptores mecanossensveis de dor. Outros so sensveis aos extremos do calor e do

    frio, portanto, so chamados de receptores termossensveis de dor. E ainda outros so

    sensveis a vrias substncias qumicas e so chamados de receptores quimiossensveis

    de dor.

    Diferentes substncias qumicas que excitam os receptores quimiossensveis

    incluem a bradicina, serotonina, histamina, ons potssio, cidos, prostaglandinas,

  • 33

    acetilcolina e as enzimas proteolticas A liberao das diversas substncias

    anteriormente relacionadas, no apenas, estimulam as terminaes nervosas

    quimiossensveis, como tambm, reduzem grandemente, o limiar para estimulao,

    tanto dos receptores da dor mecanossensveis como termossensveis. (GUYTON, 2002).

    Muitas substncias podem causar leses diretas s terminaes nervosas da dor,

    especialmente as enzimas proteolticas. Outras substncias como a bradicinina e

    algumas prostaglandinas, podem causar estimulao direta das fibras nervosas de dor,

    sem necessariamente les-las (TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998; GUYTON, 2002).

    A dor pode ser classificada em aguda e crnica. Conforme Teixeira (1994), a dor

    aguda descrita como de curta durao, resultante de traumatismo, cirurgia ou doena.

    Porm, com a cicatrizao do ferimento ou a cura da doena, a dor diminui e

    desaparece. Segundo Smeltzer; Bare (2000) a dor aguda tem incio recente e provvel

    limite de durao (at 6 meses), relacionando sua causa a uma injria ou doena.

    A delimitao tmporo-espacial precisa; h respostas neuro-vegetativas

    associadas (elevao da presso arterial), taquicardia, taquipnia, (entre outras);

    ansiedade e agitao psico-motora so respostas freqentes e tm a funo biolgica de

    alertar o organismo sobre a agresso (TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998 GUYTON,

    2002).

    Segundo Smeltzer; Bare (2000) a dor crnica aquela que persiste aps o tempo

    razovel para a cura de uma leso ou que est associada a processos patolgicos

    crnicos, que causam dor contnua ou recorrente. No tem mais a funo biolgica de

    alerta, geralmente no h respostas neuro-vegetativas associadas ao sintoma, mal

    delimitada no tempo e no espao, ansiedade e depresso so respostas emocionais

    freqentemente associadas ao quadro.

    Pimenta (2000) afirma que as respostas fsicas, emocionais e comportamentais

    advindas do quadro lgico podem ser atenuadas, acentuadas ou perpetuadas por

  • 34

    variveis biolgicas, psquicas e scio-culturais do indivduo e do meio. Relembrando-

    se que a dor um fenmeno que faz parte dos temores dos pacientes cirrgicos.

    Assim tendo em vista a subjetividade da dor no se deve negligencia-la, ao

    posicionar o paciente no intra-operatrio. Pois o papel do enfermeiro no CC zelar pelo

    conforto do mesmo e evitar seqelas ps-operatrias.

    Exposta toda essa problemtica este estudo tem como finalidade contribuir para

    que os enfermeiros de CC com escasso recurso de proteo sofisticada, em decorrncia

    de seu elevado custo, possam prover, tambm posicionamento ventral ou prona, to

    confortvel e seguro quanto aqueles.

  • 35

    2. Objetivo

    Propor o desenvolvimento de um recurso de proteo para o acessrio cirrgico -

    suporte craniano Mayfield (tipo ferradura), usado na posio cirrgica prona/ventral,

    malevel, confortvel, de fcil limpeza e de baixo custo.

  • 36

    3. Material e Mtodo

    A preocupao do enfermeiro de CC no est resumida na assistncia de

    enfermagem perioperatria ao paciente, mas, tambm na potencialidade dos riscos

    biolgicos, mecnicos, fsicos entre outros e do domnio da sofisticada tecnologia

    utilizada neste setor. Para tanto, considera, para essa tecnologia, sua acessibilidade,

    praticidade, resistncia, segurana, fcil limpeza e desinfeco, relao custo-benefcio

    entre outros parmetros, (MEEKER; ROTHROCK, 1997),

    Toda essa tecnologia objetiva proporcionar conforto e minimizao de possveis

    seqelas ps-operatrias. Neste captulo, tratar-se- das fases do desenvolvimento de

    um recurso de proteo txtil-vegetal para o suporte craniano Mayfield na posio

    cirrgica prona ou ventral, feito com tecido e preenchido com gros provenientes da

    espcie Phalaris canariensis, da Famlia das Graminae, cujas caractersticas sero

    explanadas no item 3.2.3.3 da descrio do material.

    A posio prona exige recurso de proteo que so variados no mercado

    nacional, tanto no custo, como na funo. Assim neste estudo pretendeu-se desenvolver

    um recurso que fosse simples, malevel, de baixo custo, portanto, facilmente acessvel e

    passvel de limpeza e desinfeco. Dessa forma a descrio de sua confeco seguir a

    composio de cada etapa.

    3.1 Material

    Para obteno do recurso de proteo, que a partir deste momento, receber o

    nome de Recurso de Proteo para Suporte de Crnio Mayfield Experimental

    (RPSCME), foram utilizados os materiais, abaixo relacionados, cuja descrio

    minuciosa visa subsidiar futuras pesquisas ou confeco de outros recursos, com esse

    tipo de material:

    - 0,20 cm de fibra txtil natural - algodo.

    - 0.20 cm de fibra txtil sinttica- Policloreto de Vinila PVC/nome

    comercial bagun.

  • 37

    - 0,15 cm de velcro.

    - 480 g de gros de Phalaris canariensis, nome vulgar - alpiste.

    3.2 Descrevendo o material

    3.2.1 Suporte de Crnio Tipo Mayfield (SCM)

    O (SCM) foi utilizado nesta pesquisa por ser utilizado no CC de alguns

    hospitais onde esta autora acompanha o estgio supervisionado de alunas do 7 perodo

    de um Curso de Enfermagem de uma cidade do interior paulista, para posicionar o

    paciente na posio ventral ou prona, com acessrio para apoio da cabea tipo ferradura.

    Percebeu-se um desgaste com o tempo e sua proteo original foi destruda (Figura 4)

    necessitando, assim, de uma adaptao, para que sua utilizao fosse possvel.

    Figura 4 - Mesa cirrgica com Recurso de Proteo Suporte de Crnio

    Mayfield Convencional (Acervo Pessoal 2004)

    Este suporte forjado em ao inoxidvel, seus acessrios so descritos como:

    adaptador giratrio e encaixe adaptvel a qualquer mesa cirrgica (Figura 5), um

    extensor (Figura 6), um apoio para cabea em forma de ferradura (Figura 7) para uso

    adulto e ou peditrico utilizado na posio dorsal horizontal e posio prona.

  • 38

    Figura 5 - Adaptador giratrio e encaixe adaptvel mesa cirrgica

    (Acervo Pessoal 2004)

    Figura 6 - Extensor para a fixao do suporte craniano

    (Acervo Pessoal 2004)

  • 39

    Figura 7 - Apoio para cabea em forma de ferradura

    (Acervo Pessoal 2004)

    3.2.2 Ao

    Para entender melhora estrutura de tal suporte, sentiu-se a necessidade de

    caracterizar o material do qual foi feito, o ao. Este uma liga metlica composta,

    principalmente, de ferro e de pequena quantidade de carbono, de 0,002% at 2,00 cujas

    propriedades especficas recaem sobre resistncia e ductilidade, podendo ligar-se ao

    cromo, ao nquel e outro elementos. (ARAJO, 1997; DIAS, 1997; PEDROZO, 2003;

    SILVA JUNIOR, 2003).

    A importncia das propriedades do ao, como: a resistncia ductilidade,

    homogeneidade, possibilidade de ser forjado, laminado, estampado, estirado, moldado,

    caldeado, soldado, perfurado, rosqueado, ainda, podendo ser modificado por

    tratamentos mecnicos, trmicos e qumicos so salientadas por Colpaer (1974),

    Pedrozo (2003) e Silva Junior (2003).

  • 40

    So destacadas a versatilidade do ao na usinagem de chapas, ferramentas, barras

    e outras peas fundidas.Tambm oferece a condio de forjamento, que o ao

    submetido s conformaes mecnicas pela fora de compresso sobre o material dctil

    assumindo as caractersticas de contorno ou perfil do material que deseja obter

    (FORJAMENTO, 2003; PEDROZO,2003).

    O SCM segundo Garcia e Santos (2000) e Pedrozo (2003), sofreu o

    processamento e a aplicao, caractersticas bsicas, que devem ser preenchidas para o

    acabamento do produto final. Tais caractersticas envolvem respectivamente, a

    facilidade do preenchimento da matriz (forjabilidade); condies adequadas de corte

    (usinabilidade); condies de modificaes estrutura resultante de tratamentos e a

    resistncia especificada do eixo final apresentado no projeto (resistncia mecnica),

    nvel especfico de dureza das partes transmissoras de movimento (resistncia ao

    desgaste); resistncia do eixo finalizado em relao ao impacto resultante do

    funcionamento (ductilidade).

    3.2.3 Fibras Txteis naturais e sintticas

    De acordo com sua procedncia a fibra txtil classificada em natural: de

    origem animal (seda, l),e vegetal como o linho, ramo juta, sisal e algodo; e de origem

    qumica aquela advinda de matrias de origem vegetal ou petroqumica, sendo a

    primeira industrializada a partir da celulose encontrada na polpa da madeira recebendo a

    denominao de artificiais e das quais se destacam: o rayon, a viscose e o acetato.

    Tambm h as fibras txteis procedentes de substncias petroqumicas, chamadas de

    sintticas sendo as principais: o polister, a poliamida (nilon) o acrlico, elastano

    (lycra) e o polipropileno (OLIVEIRA,2003; PEDROZO,2003).

    3.2.3.1 A fibra de algodo

    A fibra de algodo descrita por Oliveira (2003), como uma fibra natural, de

    origem vegetal, fina, podendo variar de 24 a 38 mm de comprimento, cujo conjunto de

    filamentos envolvem a semente do algodoeiro (Gossypium herbaceum, Gossypium

  • 41

    hirsutum, Gossypium barbadense). So muito cultivadas em regies tropicais essas

    plantas malvceas de variadas famlias, vivazes, arbustivas, nativas da sia,

    (COUTINHO,1977).

    A fiao uma das primeiras atividades humanas, a arte de fiar transforma fibras

    txteis em fios, o que varia de acordo com o tipo de fibra utilizado e a qualidade de fio

    que se pretende obter. Supe-se que a roda de fiar, o mais antigo equipamento a

    substituir o mtodo manual tenha sido inventada na ndia e chegado Europa pelo

    Oriente Mdio.

    A chamada roda saxnica, adotada no comeo do sculo XVI, desencadeou

    uma srie de novas invenes e, um sculo depois, fbricas dotadas de mquinas

    aperfeioadas faziam da indstria txtil um dos segmentos mais dinmicos da revoluo

    industrial (COUTINHO,1977).

    Tecnologicamente aprimorada, a tecelagem hoje representa uma prspera

    indstria txtil com emprego de variados produtos advindos de fibras naturais, artificiais

    ou sintticas e com mltiplas aplicaes. Portanto, o tecido pode ser definido,

    basicamente, como um entrelaamento regular de fios formados por mechas contnuas,

    de tramas iguais ou diferentes (PEDROZO, 2003).

    Os principais benefcios do algodo em relao s fibras artificiais e sintticas

    derivam, principalmente, do conforto, por ser uma planta adepta aos pases tropicais e

    por ser biodegradvel. E, ainda que macias, as fibras do algodo oferecem resistncia a

    esforos, tolerando fortes traes, sendo, desde os mais longnquo tempos, empregada

    na composio de tecidos para diferentes aplicaes (CANTO, 1995; OLIVEIRA, 2002;

    PEDROZO, 2003).

    Logo, por confiar nas caractersticas de adaptao, suavidade e resistncia do

    tecido de algodo, optou-se por utiliz-lo para a elaborao do recurso de proteo em

    questo, confeccionando-se pequenas almofadas, preenchidas com alpiste (Phalaris

    canariensis), que se adequassem ao SCM e oferecessem, assim, proteo pele do

  • 42

    paciente, quando, por indicao cirrgica, este seja colocado na posio prona com esse

    suporte.

    3.2.3.2 Fibra txtil sinttica

    O RPSCME foi recoberto por uma capa confeccionada em fibra txtil sinttica,

    para promover a limpeza e desinfeco, no limitar seu uso, pois reutilizvel, baratear

    o custo e poder ser largamente empregado em quaisquer tipos de clnicas de cirurgias,

    instituies, sejam elas de manuteno pblica ou privada.

    Na confeco da capa utilizou-se um material de fibra sinttica conhecido pelo

    nome comercial de bagum, elaborado com filme de Policloreto de Vinila (PVC),

    nico material plstico que no totalmente originrio do petrleo, apresentando uma

    composio qumica de 57% de cloro obtida pelo processo qumico da eletrlise do sal

    marinho resultando, tambm, a soda custica e hidrognio e 43% de eteno, este,

    originado do petrleo, (CARACTERSTICAS DO PVC,2003; CSAR, 2003;

    PEDROSO, 2003).

    A obteno do eteno ocorre a partir da destilao do leo cru de petrleo,

    chegando-se, ento, a nafta leve pelo processo de rompimento das grandes molculas

    em outras menores, denominado de craquelamento cataltico, disso resultando o etano

    sob a forma gasosa. Ento, esse etano ao reagir com o cloro (duas macromolculas do

    PVC), tambm na forma gasosa, gera o Dicloreto Etano (DCE), (CARACTERSTICAS

    DO PVC... 2003).

    O DCE formado pela repetio da estrutura monomrica, que submetida

    polimerao resulta em Monocloreto de Vinila (MVC), unidade bsica do polmero.

    Este se desdobra em vrias ligaes transformando-se em uma macromolcula

    conhecida como PVC, um p muito fino e de cor branca, com grande amplitude de

    reas de aplicao, desde as domsticas, as de uso pessoal, como a hospitalar, alm de

    possuir a propriedade de ser um isolante trmico (SMITH 1998; CARACTERSTICAS

    DO PVC... 2003).

  • 43

    3.2.3.3 Alpiste (Phalaris Canarienses)

    O alpiste um tipo de gro proveniente da Famlia das Graminae, do Gnero

    Phalaris e da espcie canarienses, podendo ser conhecidos pelos nomes vulgares de:

    alpista, alpiste, capim alpista e milho alpista. do tipo herbceo atinge altura de

    aproximadamente 1 m, cujos talos so ocos e cilndricos e providos de ns, semelhantes

    ao bambu ou cana da ndia. Suas folhas, flores e frutos, dispostos em pequenas espigas,

    assemelhando-se s do trigo. O fruto tem aspecto brilhoso, , de vrias cores envoltas

    com delicada casca lisa (PERIS; STBING; FIGUEIROLA; 1996; ARREDONDO,

    2004). A seguir apresentam-se algumas fotos deste gro:

  • 44

    Figura 8 Phalaris Canariensis.FONTE: Peris; Stbing; Figueirola, (1996) Arredondo,

    (2004).

    3.3 Confeco do RPSCME Trata-se de um recurso para o SCM, este, formado por duas lminas de ao

    inoxidvel em forma de ferradura (Figura 9) para servir de apoio cabea, utilizado em

    cirurgias que necessitam o posicionamento ventral, como pode ser visualizado na figura

    abaixo.

    Figura 9 - Apoio para cabea em forma de ferradura.

    Acervo pessoal, 2004.

  • 45

    Estas lminas de ao que sustentaro a cabea recebem recurso de proteo para

    segurana e conforto do paciente, que no caso deste estudo, o RPSCME

    confeccionado em tecido de algodo cru duplo, com as seguintes caractersticas: forma

    quadrada dupla com 0,18m de comprimento 0,13m de largura, apresenta costura em

    suas laterais e ao centro costura transversal de tal modo que seja formados dois

    compartimentos.

    Essas dimenses e caractersticas da confeco do coxim sero apresentadas a

    seguir pelo projeto desenvolvido para a confeco do recurso de proteo para o SCM,

    fornecendo subsdios e diretrizes (molde) para a confeco do recurso proposto,

    considerando as necessidades hospitalares e cirrgicas objetivando melhorar a qualidade

    da assistncia de enfermagem e conseqentemente evitar possveis seqelas.

    Figura 10 - Esquema da parte superior, lmina esquerda com enchimento - 2 peas.

    Medidas em milmetro (acervo pessoal, 2004)

    A figura 10 mostra o esquema do molde do recurso que cobrir a lmina

    esquerda do SCM, confeccionado em tecido de algodo. Essa parte foi projetada mais

    longa que a da lmina esquerda que proteger a regio frontal

  • 46

    Figura 11 Recurso de proteo da lmina esquerda com enchimento.

    Viso superior. (Acervo pessoal, 2004)

    Figura 12 Esquema da parte inferior 2 peas

    (Acervo Pessoal, 2004)

    A figura 12 mostra o molde de confeco do recurso de proteo que se

    posicionar sob a lmina de ao esquerda fornecendo apoio e sustentao impedindo o

    deslizamento do tecido.

  • 47

    Figura 13 Recurso de proteo suporte de crnio viso inferior.

    (Acervo Pessoal, 2004)

    Figura 14 - Esquema da parte superior da lmina direita com enchimento - 2 peas.

    (Acervo pessoal, 2004)

    A figura 14 mostra o esquema do molde do recurso que cobrir a lmina direita

    do SCM, confeccionado em tecido de algodo.

  • 48

    Figura 15 Recurso de proteo da lmina direita com enchimento.

    Viso superior. (Acervo Pessoal, 2004)

    Figura 16 Recurso de proteo direito e esquerdo confeccionado em tecido de

    algodo, sem cobertura de PVC .(Acervo pessoal, 2004)

    Ou interior do Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield direito foi

    preenchido com 190 g de gros de Phalaris canariensis e o esquerdo com 290 g

  • 49

    recobrindo e mantendo o RPSCME em seu formato original (tipo ferradura) para atingir

    o objetivo proposto no estudo.

    Figura 17 - Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental

    finalizado.(Acervo pessoal, 2004) A Figura 17 identifica o RPSCME protegido por uma cobertura de bagum,

    mantendo as extremidades presas por velcro com o objetivo de promover a sua fixao.

    3. 4 Pr-teste

    3. 4. 1 Procedimentos ticos

    Foi encaminhado ao Comit de tica da Universidade do Vale do Paraba

    (UNIVAP) o projeto de pesquisa, cumprindo com a exigncia da Comisso Nacional de

    tica em Pesquisa (Resoluo CONEP n.196/96) que preserva os direitos e deveres dos

    seres humanos em pesquisa que os envolvem.

    Assim, a pesquisa foi desenvolvida no 2 semestre de 2004, sendo o pr-teste

    realizado aps aprovao do Comit de tica em Pesquisa com o protocolo CEP/

    UNIVAP n L 013/2003 (Anexo n3) e aps terem sido esclarecidos em relao

  • 50

    pesquisa e seus objetivos, bem como, lerem o Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido, concordaram em assin-lo e a participarem do pr-teste. (Anexo 1).

    3.4.2 Local da pesquisa

    Esta pesquisa foi realizada no Laboratrio de Procedimentos Cirrgicos

    aplicados Enfermagem (LPCE), do Curso de Enfermagem (CE), da Faculdade de

    Cincias da Sade (FCS) na UNIVAP Campus Urbanova, localizado na regio norte

    da cidade de So Jos dos Campos, cuja escolha foi motivada pela facilidade de acesso

    dos voluntrios ao LPCE e por, este, reproduzir as caractersticas arquitetnicas

    necessrias a qualquer CC hospitalar e por facilitar o livre trnsito dos voluntrios da

    pesquisa, fato que poderia no ocorrer em um CC em uma instituio hospitalar externa,

    devido tratar-se de um setor fechado (rea restrita).

    3.4.3 Tipo da pesquisa

    Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratria.

    3.4.4 Operacionalizao da aplicao do instrumento utilizado no Pr-

    teste

    3.4.4.1 Instrumento de coleta

    Este estudo limitar-se- no 1 momento em confeccionar um RPSCM e test-lo,

    quanto promoo de conforto, segurana, sensibilidade ttil e dolorosa. Desta forma,

    elaborou-se um instrumento de coleta para realizao do pr-teste, (Apndice A),

    composto de 4 partes sendo a primeira relativa caracterizao demogrfica dos

    voluntrios (itens 1.1 a 1.8); a segunda parte relacionada ao exame fsico de

    enfermagem de Posso (1999), (itens 2.1 a 2.3.2), adaptado s necessidades desta

    pesquisa.

  • 51

    A terceira parte relacionada com o registro do tempo de permanncia e dos

    sinais e sintomas relatados pelo voluntrio na posio prona, sinais vitais iniciais e

    finais (itens 3, 3.1 a 3.2) (Apndice B) e a quarta refere-se ao esquema do corpo

    humano na posio prona, utilizado para reproduzir as alteraes que surgiram na face

    do voluntrio (Apndice C).

    3.4.4.2 Populao de estudo

    Dos 26 convites feitos aos docentes do CE-FCS-UNIVAP e funcionrios da

    FCS- UNIVAP, 12 aceitaram participar do pr-teste, divido em 2 etapas. Na primeira

    etapa a seqncia ou a ordem de posicionamento dos voluntrios foi mediante sorteio,

    conservando a primeira ordem para a segunda etapa ou seja, foram colocados em

    envelope papis numerados de 1 a 12 que cada voluntrio retirou um, sendo

    posicionado na posio prona de acordo com o nmero sorteado.

    Foram posicionados na mesa cirrgica, localizada no LPCE/CE-FCS-

    UNIVAP, com SCM utilizando-se o apoio para cabea tipo ferradura e o recurso de

    proteo convencional, disponvel, para uso rotineiro e na segunda etapa, aps 24 horas

    do primeiro teste, procedeu-se coleta dos dados com o RPSCME.

    Figura 18 Voluntrio em posio prona/ventral com o RPSCME.

  • 52

    3.4.4.3 Operacionalizao da coleta

    Aps a caracterizao demogrfica dos voluntrios procedeu-se ao exame fsico

    dos mesmos, iniciando-se pela mensurao antropromtrica, clculo de ndice de massa

    corporal (IMC), foram submetidos ao exame fsico de Enfermagem proposto por Posso

    (1999), modificado. Adotou-se a classificao da cor da pele de Sampaio e Riviti

    (2000), tambm, verificando-se sua integridade e a de seus anexos, alm da presena de

    alteraes, seguido da aferio dos sinais vitais com esfigmomanmetro marca (Wan

    Ross), estetoscpio (Diasyst) e termmetro axilar digital (Microtherm) para mensurar a

    extenso das alteraes na face do voluntrio, utilizou-se rgua de 30 cm

    Para considerar perfil de sade da populao (Apndice A 2.3), utilizou-se

    apenas os dois primeiros itens do critrio de avaliao para a classificao de sade

    definida pela American Society Anesthesiology (ASA), apesar, deste, conter seis. No

    foram utilizados os demais itens classificatrios, pois caracterizam presena doenas

    importantes, os quais se usados, poderiam afetar os resultados deste estudo. A coleta de

    dados foi executada nos meses de novembro e dezembro de 2004.

    Aps o exame fsico os voluntrios foram colocados na posio prona sobre a

    mesa cirrgica e a cabea repousada sobre o suporte de crnio Manfyeld utilizando-se o

    apoio tipo ferradura e o recurso de proteo convencional (RPSCMC) e o experimental

    (RPSCME), orientando-os a permanecer um perodo mximo de 10 minutos nesta

    posio e verbalizassem qualquer sintoma sentido a qualquer tempo, porm, no sendo

    exigncia a permanncia total destes 10 minutos, se no a suportassem.

    Ao trmino do tempo de permanncia o voluntrio foi orientado a sentar-se

    lentamente na mesa cirrgica, nesse momento aferiam-se os sinais vitais e as alteraes

    faciais, ou seja eritema, sulcos, entre outros. Vale salientar que durante o

    posicionamento, tanto com o RPSCMC, como com RPSCME, foram registrados os

    sintomas de sensibilidade ttil e dolorosa verbalizados pelo voluntrio.

  • 53

    Para preservar o anonimato dos voluntrios, foram designados pelos nmeros

    de 1 a 12, sendo que sua identificao foi disposta nas tabelas seguindo a seqncia em

    que foram sorteados, com o objetivo de facilitar a discusso dos mesmos.

  • 54

    4 Resultados e Discusso

    Este captulo trata dos resultados e discusso apresentados mediante a

    descrio do desenvolvimento para a elaborao e confeco do recurso de proteo

    proposto para o suporte craniano Mayfield malevel e de baixo custo e dos dados

    obtidos na avaliao inicial do Pr-teste.

    4.1 Caractersticas gerais do RPSCME

    O RPSCME foi desenvolvido a partir de um projeto, esquematizado nas figuras

    13 e 15 confeccionado em tecido de algodo, preenchido com alpiste (Phalaris

    canariensis) e revestido com fibra txtil sinttica (bagum), para facilitar sua limpeza e

    desinfeco, imprimir maior durabilidade ao produto e resistir ao desgaste, devido ao

    uso constante e ao contato com os produtos hospitalares, comumente, usados no CC.

    A resistncia ao desgaste, aqui caracterizada pela relao existente entre o tipo

    de material do preenchimento, e o tipo do material utilizado na confeco do recurso de

    proteo proposto, tecido algodo, cujas fibras apresentam boa resistncia a esforos de

    trao (CANTO, 1995), com a porcentagem de 80% (480 g) de sua capacidade de

    preenchimento permitindo uma maleabilidade e adaptabilidade ao SCM do tipo

    ferradura, e com o tipo da linha utilizada (linha de algodo n50) para a confeco para

    a sustentao do crnio.

    4.2 Custo do RPSCME

    Um dos propsitos no desenvolvimento de um recurso de proteo para suporte de crnio Mayfield (acessrio tipo ferradura), era que fosse de custo inferior, tornando

    vivel sua aquisio, e principalmente, para ser utilizado em hospitais, cujos recursos

    financeiros fossem restritos para investir em recursos mais sofisticados e evitar

    improvisaes inadequadas. Assim o custo total do RPSCME foi de R$ 11,85 (onze

    reais e oitenta e cinco centavos) conforme se observa na Figura 20, sendo mnimo, se

  • 55

    confrontado com a maioria dos recursos de proteo e equipamentos hospitalares

    utilizados no CC.

    Material Quantidade Valor R$

    Fibra de algodo 20 cm 2,20

    Revestimento bagum 20 cm 1,60

    velcro 10 cm 0,25

    alpiste 480 g 1,80

    Costura do recurso 01 2,00

    Costura do revestimento 01 3,00

    Linha de algodo n50 01 1,00

    Total 11,85

    Figura 19 - Custo do material utilizado na manufatura do RPSCME .

    So Jos dos Campos, 2005.

    4.3 RPSCME concludo e pronto para uso

    Aps a costura dos coxins e preenchimento com alpiste e aps a costura do

    revestimento, foi acabada a confeco do RPSCME como se observa na figura 20.

    Figura 20 - RPSCME finalizado e colocado sobre o

    acessrio na mesa cirrgica, So Jos dos Campos, 2005.

  • 56

    4.4 Resultados do pr-teste

    A fim de verificar se o RPSCME atendeu aos objetivos propostos foi realizado

    um pr-teste com 12 voluntrios (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12), que aceitaram

    participar da pesquisa, sendo colocados na posio prona ou ventral para cirurgia de

    craniotomia, aps sua identificao, registro de seus dados demogrficos e do exame

    fsico (Apndice A). Na tabela 1 verificam-se as variveis demogrficas dos

    voluntrios.

    Tabela 1 Caracterizao dos Voluntrios segundo a idade, sexo, escolaridade e cor da

    pele. So Jos dos Campos, 2005. N= 12.

    Verifica-se na Tabela 1 que os voluntrios esto divididos em 6 homens e 6

    mulheres, destaca-se que suas idades variam entre 28 e 60 anos. Sendo que a faixa etria

    feminina em mdia foi de 43,3 anos e da masculina 40,5 anos o que representa uma

    certa homogeneidade. Quanto escolaridade a maioria do nvel superior fator, que

    indica ter sido um facilitador expresso dos sintomas e da probabilidade que sua

    percepo e discernimento tenham atribudo s respostas uma credibilidade importante

    para a discusso dos resultados obtidos.

    O perfil de sade segundo critrio de risco cirrgico da American Society of

    Anesthesiology (ASA), Meeker e Rothtrock (1995), apresentado por todos voluntrios

    (12, 100%), foi ASA 1. De acordo com McEwen (1996), Armstrong e Bortz (2001),

    Voluntrios Idade Sexo Escolaridade Cor da

    pele Voluntrios Idade Sexo Escolaridade Cor da

    pele 1 49 F Superior Branca 5 28 M Mdio Morena

    2 38 F Superior Muito Branca 6 60 M Superior Parda

    3 39 F Superior Branca 9 33 M Superior Morena Clara

    4 35 F Superior Muito Branca 10 60 M Superior Parda

    7 58 F Superior Morena 11 29 M Superior Parda

    8 41 F Superior Muito Branca 12 33 M Superior Parda

    Media da Idade= 43,3 40,5

  • 57

    Murphy (2004) para prevenir e minimizar as leses durante o perodo perioperatrio os

    enfermeiros devem conhecer as necessidades psicobiolgicas, sensoriais e fisiolgicas

    como um indivduo (CASTELLANOS; FERRAZ, 1980); alm de considerar os fatores

    de risco pr-existentes, o que pode tornar alguns pacientes mais vulnerveis, exigindo

    sua identificao para planejar a assistncia de enfermagem nesse perodo.

    A pele dos 12 (100%) (Tabela 1) voluntrios apresentou-se ntegra, fator

    positivo, pois uma pele lesada significa uma porta de entrada invaso microbiana,

    como bem alertam Campedelli e Gaidznski (1987), Dealey (2002), Giaretta (2002).

    Tambm, os 12 (100%) apresentaram caractersticas de turgor, hidratao, colorao

    normais geralmente, indicadores de vrias disfunes sistmicas representadas por suas

    alteraes,(SAMPAIO; RIVITI, 2000), as quais devem ser observadas pelo enfermeiro

    de CC e servir como um sinal de alerta para a efetividade de sua assistncia.

    Optou-se pela classificao de Sampaio e Riviti (2000), para a cor de pele por

    entender a influncia de suas caractersticas, que esses autores especificam,

    principalmente em se tratando da predisposio formao de lcera por presso e

    outras alteraes. Particularmente, a posio prona/ventral pode provocar eritemas,

    sulcos, edemas, entre outras leses na pele da face do paciente, no trax, nas cristas

    ilacas, genitlia masculina e feminina, exigindo o uso, nessas reas, de vrios recursos

    de proteo para evitar tais danos (GRALING; COLVIN, 1992, MEEKER;

    ROTHTROCK, 1995, MCEWEN, 1996, BLACK ; MATASSARIN-JACOBS 1999,

    SOBECC, 2003, MURPHY, 2004).

    Os dados apresentados na Tabela 1 evidenciam que 3 (50%) das voluntrias

    possuem a cor da pele muito branca e 1 (16,6%) morena; j a cor da pele da populao

    masculina , na sua maioria 4 (66%), parda, no se registrando nenhum indivduo com a

    cor de pele branca ou muito branca, que so, de acordo com Sampaio e Riviti (2000),

    muito sensveis e finas, ao contrrio, das peles morenas clara e escura, parda e negra que

    so mais resistentes, porm, apresentam maior dificuldade na deteco de sinais de

    hiperemia, eritema, entre outros (CAMPEDELLI; GAIDZNSKI,1987).

  • 58

    Os dados antropomtricos foram mensurados para classificao do ndice de

    Massa Corporal (IMC), com a inteno de avaliar reaes em bitipos diferentes,

    acreditando-se que o IMC poderia influenciar nas impresses percebidas pelos

    voluntrios. O IMC reconhecido internacionalmente como parmetro que avalia o

    estado nutricional e de sade, levando em conta a estatura e o peso do indivduo. Para

    calcul-la necessrio conhecer o peso em Kg e dividir o valor do mesmo pelo valor da

    estatura elevada ao quadrado (IMC=Peso: pela altura).

    De acordo com Young (2001), a classificao do IMC a seguinte: Baixo peso:

    abaixo de 19,9. Normal: entre 20,0 e 24,9. Sobrepeso: entre 25,0 e 29,9. Obesidade:

    entre 30,0 e 34,9. Obesidade Mrbida: acima de 35,0.

    As figuras 21 e 22 apresentam o IMC dos voluntrios de ambos os sexos

    estudados no pr-teste.

    Figura 21 - Distribuio dos voluntrios femininos de acordo com o seu IMC

    So Jos dos Campos, 2005.

    1

    2

    3

    4

    7

    8

    29

    23

    37

    22

    27

    29

    0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    IMCVOLUNTRIOS

    Voluntrios

    IMC

  • 59

    Figura 22 - Distribuio dos voluntrios masculinos de acordo com o seu IMC.

    So Jos dos Campos, 2005.

    O grfico 21 mostra que o grupo de mulheres voluntrias, composto por 33,3%

    (02), com peso normal, 50,0%(03),com sobre-peso 16,6%(1), com obesidade mrbida.

    J o grfico 22 evidencia que a maioria 50%(03) dos voluntrios apresenta de IMC

    33%(02), com sobre peso e como o grupo feminino apenas 16,6%(01) obeso mrbido.

    A literatura nacional e internacional apresenta a relao entre IMC e o risco de

    formao de lceras por presso (UPP). Essa relao focalizada no C.C. como um

    fator importante que deve ser observado pelo enfermeiro, por ocasio da visita pr-

    operatria, para sua possvel preveno, (NAJAS;SACHAS, 1996; SCOTT; MATHEW;

    HARRIS; 1992; ARMSTRONG; BORTZ, 2001).

    5

    6

    9

    10

    11

    12

    22

    22

    27

    30

    32

    24

    0 10 20 30 40 50

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    VoluntariosIMC

    Voluntarios

    IMC

  • 60

    Outros Autores relacionam o IMC, o estado nutricional e as possveis leses

    advindas desses fatores associados ao posicionamento, (Graling, Colvin, 1992,

    McEwen, 1996). Deve ser observada a relao existente entre o tipo de pele, isto , sua

    cor, sua integridade, como fatores predisponentes s leses conseqentes ao

    posicionamento no trans-operatrio, como bem alertam (GRALLING; COLVIN, 1992,

    MCEWEN, 1996; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; MURPHY, 2004).

    Tabela 2-Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Femininos. So Jos

    dos Campos, 2005.

    Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Incio Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Fim

    V P1 P2 PA

    S1

    PA

    S2

    PA

    DC1

    PA

    D2 R1 R2 T1 T2 P1 P2

    PA

    S1

    PA

    S2

    PA

    D1

    PA

    D2 R1 R2 T1 T2

    1 70 136 110 100 80 70 40 32 36,3 36,3 96 148 130 130 80 70 32 32 36,5 36,5 2 80 86 110 120 80 70 24 24 37,2 37,1 92 88 110 110 80 80 16 16 37 37 3 72 72 110 120 80 72 24 24 34,5 36,3 72 60 110 110 80 100 24 12 35,8 35,8 4 80 68 110 100 80 70 20 20 36,5 36,8 80 68 120 120 85 80 20 16 36,8 36,8 7 80 84 120 140 80 90 12 20 35,5 35,1 76 76 130 130 95 85 12 16 35,9 35,9 8 80 74 110 120 70 80 20 16 36,6 36,8 72 88 100 100 70 88 24 16 36,6 36,6

    V= Voluntrio RPSCMC (1)= Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Convencional.

    RPSCME (2)= Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental. P= Pulso,

    PAS=Presso Arterial Sistlica, PAD=Presso Arterial Diastlica,

    R=Respirao,T=Temperatura.

    Na tabela 2 verifica-se que no incio do pr-teste utilizando-se o RPSCMC a

    mdia para o pulso cardaco encontrado para os voluntrios estudados foi 70 batimentos

    por minuto (bat/m) e ao trmino 79 bat/min; quando utilizado o RPSCME, no incio do

    pr-teste a mdia encontrada foi 86,7 bat/min e ao trmino 88 bat/min.

    Com relao presso arterial (PA) na utilizao do RPSCMC no incio do pr-

    teste pode-se observar na tabela 2 os valores mdios para PA mxima foi 111,7 mmHg

    e a PA mnima 78,3 mmHg e ao trmino PA mxima foi de 116,7mmHg e a PA mnima

    77 86,7 110 116,7 78,3 75,3 21,3 22,3 36,4 36,1 81,3 88 116,7 116,7 81,7 83,8 21,3 18 36,4 36,6

  • 61

    81,7 mmHg. Na utilizao do RPSCME o valor mdio encontrado para a presso

    arterial mxima no incio do pr-teste foi 116,7 mmHg e a mdia da PA mnima foi 75,3

    mmHg ao trmino a mdia para a PA 116,7 e a mnima 83,8 mmHg.

    Vale destacar no entanto que com o uso do RPSCMC as incurses respiratrias

    por minuto (irp/min) assumiram valores mximos de 40 e mnimos de 12 irp/min; ainda

    observa-se que a respirao apresentou diferena no seu valor inicial e final em 03

    voluntrios (1,2,8), interessante salientar que houve aumento das irp/min somente na

    voluntria de nmero 8 exposta na tabela 2. Assumindo valores mximos de 20 irp/min

    e mnimos de 24 irp/min. Percebemos que durante a utilizao do RPSCME as irp/min

    mantiveram-se mais estveis, quatro voluntrias (2,3,4,7) apresentaram diminuio na

    irp/min, sendo que a mdia da respirao no incio foi 22,7 irp/min. e ao trmino 18

    irp/min (figura 3).

    temperatura mdia encontrada no incio do pr-teste com o RPSCMC foi de

    36,1 C e ao trmino 36,4 C j com o RPSCME temperatura mdia encontrada no

    incio do pr-teste foi 36,4 C e ao trmino 36,6C. Salienta-se que os sinais vitais

    sofreram alteraes nos seus valores para ambas as aferies, isto , no incio e trmino

    do pr-teste de acordo com a figura 3.

    Tabela 3 -Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Masculinos. So Jos

    dos Campos, 2005.

    Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Incio Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Fim

    V PC PE PA

    SC

    PA

    SE PA

    DC

    PA

    DE

    R

    C

    R

    E TC TE PC PE

    PA

    SC

    PA

    SE

    PA

    DC

    PA

    DE

    R

    C

    R

    E

    TC

    TE

    5 64 54 100 100 70 60 24 20 36,1 36,5 72 56 120 110 80 70 24 12 36,5 36,0

    6 88 72 140 120 80 90 20 16 36,8 36,7 72 66 130 120 70 80 16 16 36,8 36,8

    9 84 84 120 140 70 100 16 24 36,1 36,4 88 84 120 120 90 90 24 28 36,3 36,7

    10 80 64 130 130 70 60 24 20 36,5 36,7 64 60 140 150 80 70 16 28 36,9 37,0

    11 72 54 100 110 80 70 20 24 36,5 35,6 88 64 120 100 80 80 24 16 36,6 36,1

    12 76 96 100 110 70 70 16 16 36,2 36,0 88 88 110 110 80 70 20 24 36,3 36,7

    77,3 70,7 115 118,3 75 75 20,0 20 36,4 36,3 78,7 69,7 123,3 118,3 80 76,7 20,7 20,7 36,6 36,6

  • 62

    Com relao aos sinais vitais dos voluntrios do sexo masculino utilizando o

    RPSCMC, a mdia para o pulso no incio do pr-teste foi de 77,3 batimentos por minuto

    e ao trmino 78,7 batimentos por minuto, j utilizando o RPSCME, a mdia do pulso no

    incio do pr-teste foi de 70,7 batimentos por minuto e ao trmino foi de 76,6

    batimentos por minuto.

    A mdia encontrada para a presso arterial mxima no incio do pr-teste

    utilizando o RPSCMC foi de 115 mmHg e a Presso arterial mnima foi de 75 mmHg,

    ao trmino a presso arterial mxima foi de 123,3 mmHg.e a mnima 80 mmHg.

    Utilizando-se o RPSCME mdia da presso arterial mxima no incio foi 118,3 mmHg

    e a mnima 75 mmHg, ao trmino a mdia da presso arterial mxima foi de 118,3 e a

    mnima 76,7 mmHg.

    Na mesma Tabela 3 a mdia da respirao foi de 24 ir/min no incio do prteste

    e ao trmino 20,7 ir/min durante a utilizao do RPSCMC e durante o uso do RPSCME

    a mdia da respirao no incio do pr-teste foi 20 e ao trmino 20,7. Quanto

    temperatura no incio do pr-teste a mdia foi de 36,4C e ao trmino 36,6 C durante a

    utilizao do RPSCMC e durante o uso do RPSCME a mdia da temperatura no incio

    do pr-teste foi de 36,3C e ao trmino foi de 36,6C.

    Isto justificado, por Graling, Colvin (1992), Meeker; Rothtrock (1995),

    McEwen (1996), Martin (1997) Lucckmann e Black e Matassarin-Jacobs (1999),

    Smeltzer; Bare (2000) SOBECC (2003), quando afirmam que a posio prona pode

    provocar alteraes nas respostas fisiolgicas dos pacientes, principalmente no que se

    refere aos sistemas respiratrios e circulatrios, com o aumento da resistncia vascular e

    pulmonar pelo peso do corpo sobre o diafragma, dependendo das caractersticas

    individuais e condies fsicas de cada voluntrio. Diferentemente da posio supina em

    que Giaretta (2000) no aponta em seus resultados alteraes significativas nos valores

    dos sinais vitais dos 54 indivduos submetidos a essa posio.

    Segundo a Joint Comitioning North American (JCAHO) uma das metas em

    segurana na assistncia ao paciente hospitalizado deve ser a identificao de

  • 63

    procedimentos adequados realizados e a eliminao de mtodos desenvolvidos de

    maneira inadequada Murphy (2004), com a finalidade de evitar seqelas e abreviar os

    dias de internao.

    Figura 23 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na posio

    prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME, nos voluntrios do sexo feminino. So Jos dos Campos,2005. N =06.

    Voluntria Manifestao

    Regio

    Tempo

    RPSCMC

    Manifestao

    Regio

    Tempo

    RPSCME

    1

    Dor face (frontal, Arco

    zigomtico E).

    Desconforto face (frontal

    Arco zigomtico).

    1, 7

    7

    Dor face (frontal

    Arco

    zigomtico E).

    2,4

    2 Desconforto face

    (Arco zigomtico).

    7 Desconforto face

    (frontal)

    7

    3

    Dor face (frontal, rbita

    ocular e Arco zigomtico).

    1,2,3,4

    Desconforto face

    (frontal)

    Dor face (Arco

    zigomtico).

    1,3,7,9

    4

    4

    Desconforto face (frontal

    Arco zigomtico).

    Parestesia (frontal Arco

    zigomtico).

    Dor face (frontal Arco

    zigomtico).

    3, 6, 10

    10

    6

    Parestesia

    ( frontal Arco

    zigomtico).

    5

    7 desconforto face (regio

    frontal Arco zigomtico).

    3,4,5,6,8

    8

    Desconforto Face (regio

    frontal Arco zigomtico).

    Dor face (regio frontal

    Arco zigomtico).

    3, 10

    7

    Desconforto Face

    (regio Arco

    zigomtico).

    10

  • 64

    De acordo com a figura 23, 05 (83,3%) das voluntrias referiram desconforto na

    face do primeiro ao dcimo minuto e 04 referiram dor utilizando o RPSCMC. No

    entanto usando-se o RPSCME observa-se que somente a voluntria nmero 3

    apresentou desconforto na face, na regio frontal do primeiro ao nono minuto, na regio

    do arco zigomtico manifestou dor aos quatro minutos. J a voluntria de nmero um

    apresentou dor na face na mesma regio aos dois e quatro minutos, o que foi muito

    diferente quando utilizou o recurso de proteo convencional.

    Em relao ao desconforto as voluntrias dois e oito manifestaram-no ao stimo

    e dcimo minuto, o que no foi diferente do tempo de manifestao para a segunda e a

    oitava voluntria .

    Tais manifestaes podem ser observadas pelas expresses colhidas, tanto para o

    RPSCME como para o RPSCME de acordo alguns comentrios que foram feitos

    durante o uso do RPSCMC:

    -Sen