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Universidade do Vale do Paraba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
MARIA ANGLICA BORGES DA SILVA ZAGO
DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEO PARA O SUPORTE CRANIANO MAYFIELD PARA USO EM POSIO
CIRRGICA PRONA
So Jos dos Campos, SP 2005
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia,
como complementao dos crditos necessrios
para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia
Biomdica.
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MARIA ANGLICA BORGES DA SILVA ZAGO
DESENVOLVIMENTO DE RECURSO DE PROTEO PARA O SUPORTE CRANIANO MAYFIELD PARA USO EM POSIO
CIRRGICA PRONA
Orientadora:Prof. Dra. MARIA BELN SALAZAR POSSO
So Jos dos Campos, SP 2005
Dissertao de Mestrado apresentado ao
Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia,
como complementao dos crditos necessrios
para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia
Biomdica.
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SALMO 139
Homenagem ao Deus Onisciente
Iahweh, tu me sondas e conheces: Conheces o meu sentar e o meu levantar, De longe penetras o meu pensamento; Examinas o meu andar e o meu deitar,
Meus caminhos todos so familiares a ti.
A palavra ainda no me chegou lngua, E tu, Iahweh, j a conheces inteira.
Tu me envolves por trs e pela frente,
E sobre mim colocas a tua mo. um saber maravilhoso, e me ultrapassa,
alto demais: no posso atingi-lo!
Para onde ir, longe do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presena?
Se subo aos cus, tu l ests; Se me deito no Xeol, a te encontro.
Se tomo as asas da alvorada
Para habitar nos limites do mar, Mesmo l tua mo que me conduz, e tua mo direita que me sustenta.
Se eu dissesse: Ao menos a treva me cubra,
E a noite seja um cinto ao meu redor mesmo a treva no treva para ti, tanto a noite como o dia iluminam.
Sim! Pois tu formaste os meus rins,
Tu me teceste no seio materno. Eu te celebro por tanto prodgio,
E me maravilho com as tuas maravilhas!
Conhecias at o fundo do meu ser: Meus ossos no te foram escondidos
Quando eu era feito, em segredo, Tecido na terra mais profunda.
Teus olhos viam o meu embrio. No teu livro esto todos inscritos
Os dias que foram fixados
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E cada um deles nele figura. Mas, a mim, que difceis so teus projetos,
Deus meu, como sua soma grande! Se os conto... so mais numerosos que a areia !
E, se termino, ainda estou contigo!
Ah! Deus, se matasse o mpio... Homens sanguinrios, afastai-vos de mim!
Eles falam de ti com ironia, Menosprezando os teus projetos!
No odiaria os que te odeiam, IahWeh? No detestaria os que se revoltam contra ti?
Eu os odeio com dio implacvel! Eu os tenho como meus inimigos!
Sonda-me, Deus, e conhece o meu corao! Prova-me, e conhece minhas preocupaes!
V se no ando por um caminho fatal E conduze-me pelo caminho eterno.
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DEDICATRIA
Aos Meus Pais, que sempre apoiaram incentivaram e estiveram presentes em todas as etapas galgadas.
Aos Meus irmos, Irms, Cunhadas (o) e Sobrinhos (a), que me acompanharam e sempre me fortaleceram.
Ao Meu Querido Esposo Adalberto, por me compreender e apoiar nos dias de ausncia, nervosismo e ansiedade, o amor o combustvel que impulsiona os justos
de maneira sensata e prazerosa.
Aos Meus Filhos Henrique, Rafael e Esther, a existncia de vocs motivo de minha felicidade.
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Agradecimentos
A Deus...Que fonte de luz e amor.
Ao Professor Dr. Baptista Gargione Filho, Magnfico Reitor da Universidade do Vale do
Paraba UniVap, pelo inestimvel apoio ao crescimento profissional e pessoal dos
docentes.
Ao diretor do IP&D, Prof. Dr. Marcos Tadeu Pacheco, por incentivar a pesquisa e o
desenvolvimento dos trabalhos as reas da sade.
Ao diretor da Faculdade de Cincias da Sade, Prof. Dr. Renato Amaro Zngaro, pelo
seu dinamismo e incentivar a pesquisa.
A Prof. Dr Maria Beln Salazar Posso, pelo carinho, orientao, pacincia por sua
dedicao e contribuio fundamental na execuo desta pesquisa .
Ao neurocirurgio Dr Roberto Roja Franco, por ter disponibilizado o equipamento para
realizao desta pesquisa.
Ao Prof. Dr Anselmo Ilkiu, pela orientao na diagramao do esquema dos moldes.
A Prof. MSc. Ana Lcia Gargione Galvo de Sant'Anna, pelo carinho, incentivo, pela
oportunidade e compreenso sempre constantes.
A Prof. Ana de Lourdes Crrea, pelo companheirismo, incentivo e pacincia em todos
os momentos.
A Prof. MSc Vnia Maria de Arajo Giaretta, pela ajuda, disponibilidade, pelo
carinho, incentivo e por acreditar em mim o tempo todo.
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A Prof. Ana Lcia Costa, companheirismo em todos os momentos na realizao deste
trabalho.
A prof. Ivany Baptista de Carvalho pela amizade, ajuda, compreenso e apoio nesta
caminhada.
A todos os professores e colegas do Curso de Enfermagem da UNIVAP que me
proporcionaram confiana e companheirismo, tendo o privilegio de compartilhar e
acreditar no meu trabalho, estes sempre ficaro em minha memria.
Aos Pacientes da neurocirurgia Hospital Universitrio de Taubat (HUT), a lembrana
da marca, sinal que denominava dor me estimularam a pesquisar em todos os
momentos.
Rosangela Regis Cavalcanti Taranger, Coordenadora das Bibliotecas da UniVap, pela
reviso final das citaes e referncias.
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RESUMO
A colocao do paciente na posio cirrgica responsabilidade da equipe cirrgica,
determina ateno direta da equipe de enfermagem, assistncia esta que deve ser global
e ao mesmo tempo individualizada, frente s repercusses que dele podem advir. Ao
posicionar o paciente, a equipe cirrgica deve considerar, o local do procedimento
cirrgico, o acesso facilitado para o cirurgio, acesso e necessidades do anestesiologista.
Utilizando-se o avano tecnolgico por meio de mesas cirrgicas com equipamentos e
acessrios que protejam o paciente durante a cirurgia paciente.Uma das competncias
do enfermeiro prover recursos de proteo e acessrios adicionais que sejam efetivos,
maleveis, de fcil manipulao, uso, disponibilidade e baixo custo, elaborado para se
ajustarem s diferentes estruturas anatmicas dos pacientes e deste modo, manter s
funes fisiolgicas, prevenir complicaes e facilitar o acesso operatrio.Todos os
dispositivos de proteo devem evitar dor formao de lcera por presso ou outra leso
da pele, para que no se tornem mais uma fonte de riscos na colocao do paciente em
posio cirrgica. Observando que muitas vezes adaptaes nos acessrios utilizados
provocam prejuzo no perodo ps-operatrio o objetivo desta pesquisa propor o
desenvolvimento de um recurso de proteo para o acessrio cirrgico suporte craniano
Mayfield (tipo ferradura), usado na posio cirrgica prona/ventral, malevel e de baixo
custo. Foi confeccionado um recurso de proteo txtil e vegetal para o suporte craniano
Mayfield tipo ferradura. O resultado revelou um recurso de fcil aquisio confeco,
desinfeco, baixo custo com a pretenso de oferecer ao enfermeiro de centro cirrgico
condies de executar com mais efetividade e eficincia suas funes assistenciais,
principalmente em instituies de sade cuja realidade financeira restrita
Palavra-Chave: Dor ps-operatria, posio prona, recurso de proteo, enfermeiro.
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ABSTRACT
The patient's placement in the surgical position is responsibility of the surgical team, it
determine direct attention of the male nurse team, attendance this that should be global
and attn the same team individualized, front to the repercussions that can occur of him.
When positioning the patient, the surgical team it should consider, the place of the
surgical procedure, the access facilitated goes the surgeon, access and needs of the
anesthesiology, privacy of the being used the technological progress through surgical
tables with equipments and accessories that protect the patient during the surgery. Of
the male nurse competences is to provide protection resources and additional
accessories that plows effective, malleable, of easy manipulation, use, readiness and low
cost, elaborated goes if they adjust the patients' ace different anatomical structures and
this way, to maintain to the physiologic functions, to prevent complications and to
facilitate the surgical access. The protection devices should avoid pain ulcer formation it
goes pressure or other lesion of the skin, it goes they don't become one source of risks in
the patient's placement in surgical position it lives. Observing that the lot of teams
adaptations in the used accessories provoke damage in the postoperative period the
objective of this research it is to propose the development of the protection resource
goes the accessory surgical cranial support Mayfield (type horseshoe), used in the prone
position surgical, malleable and of low cost. The resource of textile and vegetable
protection was made goes the cranial support Mayfield type horseshoe. The result
revealed the resource of easy acquisition making, disinfection, low cost with the
pretension of offering to the male nurse of center surgical conditions of executing with
effectiveness and your efficiency functions, mainly in institutions of health whose
financial reality is restricted lives.
Key word: postoperative Pain, prone position, protection resource and nursing.
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Sumrio
Consideraes Iniciais 17
Justificativa ... 18
1. Introduo 20
1.1Decbito ventral ou posio prona 27
1.2 Camadas da pele 24
1.3 Foras de presso exercida no posicionamento cirrgico 30
1.3.1 Gravidade 30
1.3.2 Frico 30
1.3.3 Foras mtuas 30
1.4 Dor 30
2.Objetivo 35
3. Material e Mtodo 36
3.1 Material 36
3.2 Descrevendo o Material 37
3.2.1 Suporte de Crnio tipo Mayfield 37
3.2.2 Ao 39
3.2.3 Fibras Txteis Naturais e Sintticas 40
3.2.3.1 A Fibra de Algodo 39
3.2..3.2 Fibra Txtil Sinttica 32
3.2.3.3 Alpiste (Phalaris canariensis) 43
3.3 Confeco do RPSCME. 44
3. 4 Pr-teste 49
3.4.1 Procedimentos ticos 49
3.4.2 Local da Pesquisa 50
3.4.3 Tipo de pesquisa 50
3.4.3 Tipo de Pesquisa 50
3.4.4 Operacionalizao da Aplicao do Instrumento utilizado no Pr-
teste 50
3.4.4.1 Instrumento de coleta 50
3.4.4.2 Populao de Estudo 51
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3.4.4.3 Operacionalizao da Coleta 52
4 . Resultados 54
4.1 Caractersticas Gerais do RPSCME 54
4.2 O Custo do RPSCME 54
4.3 RPSCME Concludo e pronto para uso 55
4.4 Resultados do Pr-Teste 56
5. Concluso 68
6. Consideraes Finais 69
7. Perspectivas Futuras 73
Referncias Bibliogrficas 74
Apndice A 81
Apndice B 83
Apndice C 84
Anexo A 85
Anexo B 86
Anexo C 87
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Lista de Tabelas
Tabela 1. Caracterizao dos Voluntrios segundo a idade, sexo, escolaridade e cor da
pele. So Jos dos Campos, 2005---------------------------------------------------------------56
Tabela 2. Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Femininos
durante o uso de RPSCMC e RPSCME. So Jos dos Campos, 2005 ------------------60
Tabela 3. Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Masculinos
durante o uso de RPSCMC e RPSCME. So Jos dos Campos, 2005 ------------------61
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Lista de Figuras
Figura 1 - Corte Histopatolgico da pele (Garcia, 2002). 28
Figura 2 -Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000). 31
Figura 3 - Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000). 31
Figura 4 -Mesa cirrgica com Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield
Convencional (Acervo Pessoal 2004) 37
Figura 5 - Adaptador giratrio e encaixe adaptvel mesa cirrgica
(Acervo pessoal, 2004) 38
Figura 6 - Extensor para a fixao do suporte craniano (Acervo Pessoal 2004) 38
Figura 7 - Apoio para cabea em forma de ferradura (Acervo Pessoal 2004) 39
Figura 8 -Phalaris Canariensis.FONTE: Peris; Stbing; Figueirola, (1996) 44
Figura 9 - Apoio para cabea em forma de ferradura. (Acervo pessoal, 2004) 44
Figura10-Esquema da parte superior, lmina esquerda com enchimento 2 peas.
Medidas em milmetro (Acervo pessoal, 2004) 45
Figura 11- Recurso de proteo da lmina esquerda com enchimento.Viso
superior. (Acervo Pessoal 2004) 46
Figura 12 - Esquema da parte inferior 2 peas (Acervo Pessoal, 2004) 46
Figura 13 - Recurso de proteo suporte de crnio viso inferior. (Acervo Pessoal,
2004) 47
Figura 14 - Esquema da parte superior da lmina direita com enchimento - 2 peas.
(Acervo pessoal, 2004) 47
Figura 15 - Recurso de proteo da lmina direita com enchimento. Viso superior.
(Acervo Pessoal, 2004) 48
Figura 16 - Recurso de proteo direito e esquerdo confeccionado em tecido de
algodo, sem cobertura de PVC. (Acervo pessoal, 2004) 48
Figura 17- Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental
finalizado.(Acervo pessoal, 2004) 49
Figura 18-Voluntrio em posio prona/ventral com o RPSCME. (Acervo pessoal,
2004) 51
Figura 19 - Custo do material utilizado na manufatura do RPSCME. So Jos
dos Campos, 2005. 55
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Figura 20- RPSCME finalizado e colocado sobre o acessrio na mesa cirrgica,
(Acervo pessoal, 2004) 55
Figura 21 - Distribuio dos voluntrios femininos de acordo com o seu IMC
So Jos dos Campos, 2005. 58
Figura 22 - Distribuio dos voluntrios masculinos de acordo com o seu IMC.
So Jos dos Campos, 2005. 59
Figura 23 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na
posio prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME, nos voluntrios do sexo
feminino. So Jos dos Campos,2005. N=06. 63
Figura 24 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na
posio prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME,nos voluntrios do sexo
masculino. So Jos dos Campos,2005. N=06. 66
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17
1. Consideraes gerais
As novas tecnologias em uso no Pas nas ltimas dcadas incrementaram os
procedimentos anestsicocirrgicos, favorecendo a assistncia ao paciente com mais
segurana no perodo perioperatrio, o qual exige, de um modo geral, ateno mais
direta da equipe de enfermagem.
Tambm, essa evoluo tecnolgica, clere e dinmica gera a necessidade da
educao permanente do enfermeiro, em especial o de Centro Cirrgico (CC), que deve
estar atualizado e atento s alteraes que provocam na assistncia ao paciente
cirrgico.
Essa assertiva encontrou eco nas palavras de Padilha (1998) quando afirma que a
segurana do cliente assegurada por uma assistncia de enfermagem praticada por
enfermeiros qualificados, atualizados e capacitados cientificamente mediante uma
educao continuada, alm da conscientizao para o controle e valorizao de eventos
adversos que possam e/ou tenham ocorrido.
Acreditando na necessidade de inter-relao, integrao e interao entre os
diversos sistemas que compem o macro-sistema hospitalar, despertada pelas
afirmaes de Avelar; Jouclas (1989), durante meu desempenho assistencial como
enfermeira, desde seu incio, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de Unidade de
Cirurgia Geral, sempre tive a preocupao de interagir com a enfermeira de CC com o
objetivo de prestar uma assistncia de enfermagem individualizada ao cliente sob nossa
responsabilidade.
Nessa ocasio, ao receber os pacientes no ps-operatrio imediato e identificar
os problemas inerentes ao ato anestsico-cirrgico, j chamava minha ateno queles
advindos do posicionamento cirrgico, o que me levou a desenvolver com a enfermeira
do CC um processo interativo no sentido de ambas encontrarem solues que
minimizassem o desconforto, dores e toda sintomatologia causada pela posio
cirrgica no trans-operatrio.
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18
Especificamente a posio prona trazia-nos muita preocupao, pelas queixas
expressadas pelos pacientes quanto s dores, paresias, parestesias e ardor, facial.
Apesar do tempo de cirurgia ser varivel, era constante, alm do relato, a
presena de sinais provenientes deste posicionamento tais como: edema periorbital,
hiperemia na regio zigomtica e frontal, algumas vezes at escoriao, que se
prolongavam at o quinto dia de ps-operatrio (P. O.).
No transoperatrio de cirurgias cujo posicionamento fosse a pronao do corpo,
preocupava-nos os sintomas e sinais apresentados pelos pacientes no ps-operatrio de
cirurgias neurolgicas e ortopdicas, ou outras, em que permaneciam longos perodos
nesta posio. Assim, tentamos ambas, desenvolver alguns coxins e outras protees
para o suporte metlico craniano usado na posio prona ou ventral. Entretanto, como
aqueles j comercializados, nenhum a satisfazia plenamente.
Toda essa problemtica veio tona quando da freqncia ao Curso de Ps-
Graduao em Bioengenharia do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da
Universidade do Vale do Paraba (IP&D-UniVap), cuja exigncia prvia foi a
apresentao de um projeto de pesquisa, surgindo oportunidade de propor um recurso
de proteo facial para a posio prona.
Justificativa
A experincia adquirida durante a vivncia profissional na unidade cirrgica
motivou o interesse da autora em pesquisar os recursos de proteo utilizados na posio
prona para minimizar os problemas relatados pelos pacientes no ps-operatrio
neurolgico, ortopdico que fazem uso de tal posio.
Acrescida a essa problemtica, observou-se a inexistncia de padronizao de
materiais e equipamentos usados no posicionamento cirrgico. Isto bem salientado por
alguns autores como por exemplo Palazzo (2000) quando destaca a escassez de tais
materiais em vrias instituies hospitalares.
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19
A busca de dados bibliogrficos nacionais e internacionais sobre o assunto,
motivou ainda mais esta pesquisadora a desenvolver a proposta do trabalho, pois julgou
procedente uma vez que raros eram os trabalhos especficos sobre o assunto.
Sendo assim, neste trabalho, buscou-se propor um recurso de proteo para o
suporte craniano que seja malevel, de fcil uso, e de baixo custo e ainda subsidie a
qualidade da assistncia de enfermagem visando o conforto e a diminuio de
complicaes ps-operatrias para pacientes submetido s cirurgias que necessitem da
posio prona ou ventral, com este tipo de suporte.
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20
1. Introduo
A Homeostase e hemodinmica so processos inerentes fisiologia humana.
Quando o organismo sofre uma agresso fsica, fisiolgica, psquica, entre outras ocorre
um desequilbrio, advindo sinais e sintomas tpicos das aes recebidas.
O ato anestsico- cirrgico exige, assistncia de enfermagem global e ao mesmo
tempo individualizada, frente s repercusses que dele podem advir. O enfermeiro deve,
ento segundo Lacerda (1992) estar atento assistncia de enfermagem nesse tipo de
procedimento peculiar, para perceber as possveis complicaes conseqentes a ele.
Conjugando tudo isto se faz necessrio em uma interveno cirrgica, uma
assistncia de enfermagem individualizada e criativa. Segundo Gatto (1995), desde os
anos 50 h uma busca de identidade profissional pelo enfermeiro no mbito nacional e
internacional, porm, identifica a enfermagem como ativa participante do cuidar do
paciente, em todos os nveis da assistncia sade.
Essa assistncia foi sistematizada pelo modelo conceitual proposto por
Castellanos; Jouclas (1990) denominada Sistematizao da Assistncia de Enfermagem
Peri-operatria (SAEP), com o objetivo de personalizar e melhorar a qualidade da
assistncia nas fases pr, intra e ps-operatrios imediatos.
Estas fases segundo Castellanos; Jouclas (1990) e Palazzo (2000) so
identificadas como, fase pr-operatria, trans ou intra-operatria recuperao anestsica
e ps-operatria imediata. Cujas atividades recomendadas pela Sociedade Brasileira de
Enfermeiros de Centro Cirrgico, Recuperao Ps-Anestsico e Centro de Material e
Esterilizao, (SOBECC, 2003) so reproduzidas a seguir: Perodo pr-operatrio
imediato: compreende desde a vspera da cirurgia (24 horas) at o momento em que o
paciente recebido no CC.
Perodo transoperatrio: compreende desde o momento em que o
paciente recebido no CC at o momento de seu encaminhamento para a sala de ps-
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21
recuperao anestsica (SRA). Perodo intra-operatrio: compreende desde o incio at
o final da anestesia. Perodo de recuperao ps-anestsica: compreende desde o
momento da alta do paciente da sala de operaes at a sua alta da recuperao ps-
anestsica (RPA).Perodo de ps-operatrio imediato compreende desde a alta do
paciente da RPA at as primeiras 48 horas ps-cirurgia.
No perodo trans ou intra-operatrio o posicionamento do paciente na mesa
cirrgica, uma das atividades primordiais da assistncia de enfermagem que tem o
intuito de manter a segurana e o conforto daquele que se encontra inconsciente, sedado
ou anestesiado. Sendo uma das atividades do profissional da sade evitar complicaes
ou seqelas, ou at mesmo, minimiz-las. A ateno da enfermagem em relao
posio cirrgica torna-se um procedimento essencial, mesmo que muitas vezes s
percebido no ps-operatrio.
Para tanto se faz necessrio conceituar posio. O posicionamento na
classificao das intervenes de enfermagem (NIC), Clooskey; Bulecheek (2004) que
caracterizado pelo movimento deliberado do paciente ou de parte de seu corpo para
conseguir um bem-estar psicofisiolgico. No entanto definem como posicionamento
cirrgico, o movimento de todo ou parte do corpo do paciente que exponha o local
cirrgico e reduza o risco de desconforto e complicaes.
Nesse aspecto uma delas pode resultar da posio cirrgica, condio sine qua
non para um bom desempenho da equipe cirrgica com vistas ao bem-estar do paciente.
Autores como, Chianca (1988), Silva e Silva (2004) afirmam que a posio cirrgica
aquela na qual colocado o indivduo anestesiado para submisso a uma cirurgia.
McEwen (1996), salienta que um procedimento anestsico-cirrgico com o
mnimo de comprometimento antomo-fisiolgico para o paciente depende em grande
parte da posio cirrgica. Destaca, ainda, que de responsabilidade do enfermeiro
fornecer a segurana, o apoio para a alta do paciente da sala de operaes (SO),
minimizando possveis complicaes provocadas pela posio.
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22
Esta assertiva corroborada por, McEwen (1996) e Palazzo (2000) quando
enfatizam que a posio cirrgica exige cuidados relativos anatomia e fisiologia, cujos
princpios no observados podem afetar a posteriori o paciente no seu ps-operatrio
afetando-lhe as necessidades psicobiolgicas Horta, (1979) , manifestadas pela dor,
parestesia, paresias, entre outros sintomas.
O posicionamento cuidadoso e planejado resulta no mximo de segurana para o
paciente e mxima exposio do local da cirurgia, bem como, oferece ao
anestesiologista acesso rea respiratria, circulatria e operatria. responsabilidade
de todos os membros da equipe cirrgica proteger o paciente de traumas durante o
posicionamento. Conseqentemente, todos os membros devem estar envolvidos na
identificao dos possveis riscos e manter a segurana do paciente (MEEKER;
ROTHROCK,1997).
Tendo em vista que este estudo visa a posio prona com uso do suporte
craniano ser considerada a definio de McEwen (1996) associada a da (SOBECC,
2003) que a definem como a tendncia ou inclinao do corpo do paciente em posio
horizontal com a face voltada para baixo e o abdome em contato com o colchonete da
mesa cirrgica permitindo expor rea occipital, coluna cervical, torcica, lombar e
sacrococcgea, podendo tambm ser utilizada para abordagem retal e extremidades
inferiores.
Tambm os autores Pedrosa e Guarnieri (1999) salientam que a posio prona
utilizada para cirurgias por via posterior do corpo colocando-se o paciente na mesa
cirrgica em decbito ventral apoiando com coxins a regio torcica e cristas ilacas,
pois, sobre a mesa cirrgica h um fino colchonete dividido em trs blocos, ou mais,
que fazem a sustentao das principais partes do corpo favorecendo sua flexo e
extenso.
A Associao Brasileira de Normas e Tcnicas (ABNT 1996) em sua norma
brasileira regulamentadora NBR 13576 determinam que os colchonetes sejam de
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23
espuma simples, ou de Poliuretano esponjoso flexvel, com mais ou menos 8 cm de
altura. Encobertos por material de Cloreto de Polivinila (PVC).
Esses colchonetes no so suficientes para evitar o potencial de risco da mesa
cirrgica que deve ser controlado pelo enfermeiro do centro cirrgico com objetivo de
prevenir acidentes, quedas, leses do sistema msculo-esqueltico, leses da pele, perda
de acesso venoso e arterial, comprometimento do sistema respiratrio, complicaes
vasculares e do sistema nervoso perifrico Meeker; Rothrock (1997) McEwen (1996).
Tal complicao proveniente do posicionamento cirrgico, pode ser comum no
s no posicionamento ventral, como nas demais posies e atividades, o enfermeiro em
CC deve considerar os fatores de riscos inerentes s condies fsicas do paciente quais
sejam: a idade, o peso, o uso de medicaes, o estado nutricional e mental, fatores
predisponentes a patologias agudas ou crnicas entre outras.
Ainda, discorrendo sobre a mesa cirrgica, esta de ao inoxidvel ou de fibra
de carbono, composta por um bloco central onde podem ser adaptados outros dois
blocos de sustentao da cabea e membros, protegidos por colchonete. Tambm possui
para atender as diversas necessidades de modificaes do posicionamento cirrgico
equipamentos acessrios tais como: suportes de crnio, ombros e ps, perneiras,
braadeiras, arco para narcose, entre outros, permitindo o posicionamento do paciente,
em flexo e extenso.
Assim, a mesa de cirurgia, bem como seus componentes equipamentos e
acessrios, devem estar em perfeitas condies de uso e funcionamento garantindo sua
finalidade, qualidade assegurando o conforto e a segurana do paciente, facilitando a
tcnica cirrgica. de responsabilidade da enfermagem a verificao da manuteno e
organizao desses equipamentos.
Para boa visualizao da atividade que se vai executar deve-se conhecer e saber
utilizar os equipamentos e acessrios para o posicionamento usando-se coxins,
travesseiros, sacos de areia, de gel perneiras, braadeiras, entre outros. Ao posicionar-se
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24
o paciente, deve-se observar o alinhamento do corpo, ps descruzados, braos e pernas
no hiperextendidos.
Na posio ventral, o paciente deita com o abdome em contato com a superfcie
do colcho da mesa de operao. Um suporte de brao colocado em cada lado da mesa
cirrgica, os braos dos clientes so trazidos e repousados com os cotovelos flexionados
e as mos para baixo. Este movimento feito para evitar a luxao de ombro e danos ao
plexo braquial. Os ps so elevados sobre rolos ou coxins para prevenir sua queda.
Outras reas de presso que requerem ateno especial so proeminncias de face,
orelha, patela e dedos (MEEKER; ROTHROCK , 1997, PALAZZO, 2000, SOBECC,
2003).
1.1 Decbito ventral ou posio prona
As modificaes da posio permitem a abordagem de coluna cervical, dorso,
rea retal e extremidades inferiores. A induo de anestesia realizada com o paciente
na posio dorsal, o qual em seguida, colocado na posio ventral em sincronia de
todos os elementos da equipe cirrgica, principalmente se o paciente estiver entubado.
A postura de decbito ventral ou prona inicialmente de risco quando o paciente
anestesiado virado do decbito dorsal para a posio ventral. Os mecanismos de
compensao normais esto deprimidos, e o paciente no pode se ajustar rapidamente s
mudanas hemodinmicas impostas (MARTIN; WARNER, 1997, PALAZZO, 2000 e
SOBECC,2003).
Estes riscos podem surgir muitas vezes, no ps-operatrio quando no h o
cuidado de se observar s compresso de terminao nervosa, por exemplo, do brao,
afetando o nervo radial, caso se permita que o antebrao caia ou se hiperextenda ao lado
da mesa, da mesma forma os ombros podem ser hiperextendidos, a menos que os
cotovelos estejam fletidos e as palmas das mos viradas para baixo. O retorno venoso
pode estar comprometido, quando da fixao apertada da perna, extremidades inferiores
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25
pendentes ou compresso da veia cava inferior (MEEKER; ROTHROCK 1997,
PALAZZO, 2000 ; SOBECC 2003).
O sistema respiratrio mais vulnervel na posio de decbito ventral, porque o
movimento respiratrio antero-lateral normal restrito e o movimento diafragmtico
normal muito reduzido devido compresso do abdome (MEEKER; ROTHROCK
1997; MCEWEN 1996; PALAZZO 2000).
Por indicao do cirurgio, se o acesso regio occipital ou cervical for
necessrio, a cabea do paciente apoiada em uma estrutura especial. Esta estrutura
pode causar: lcera de presso, edema de face e traumatismo muscular, especialmente
no pescoo. A posio imprpria do paciente durante a cirurgia tambm pode danificar
os nervos perifricos (peroneal, plexo braquial), os olhos e plpebras, (MEEKER;
ROTHROCK 1997; MCEWEN, 1996).
Todos os membros da equipe perioperatria so responsveis por um
posicionamento seguro durante o ato cirrgico. Para isso h necessidade que se tomem
alguns cuidados assegurando uma tima exposio do local a ser operado e prevenindo
complicaes (MCEWEN 1996).
Os materiais e equipamentos de proteo, braadeiras, ombreiras, travesseiros,
perneiras, fixadores de braos e pernas, fixadores de membros, colcho caixa de ovo,
protetores de calcneo e craniofacial, coxim cilndrico, rodilha, manta trmica,
almofadas de silicone, todos acolchoados ou almofadados devem estar em boas
condies e disponveis em quantidade suficiente para o seu uso (MCEWEN, 1996;
SOBECC, 2003).
Assim uma posio cirrgica segura deve considerar aspectos e fatores essenciais
que permitam e mantenham as vias areas e circulatrias livres, membros superiores e
inferiores apoiados, cujos apoios no exeram presso nas terminaes nervosas e em
salincias sseas, ao mesmo tempo, evitando distenso muscular, e ainda favorecer a
adequada colocao de eletrodos.
-
26
Na literatura internacional, as publicaes relacionadas as posies cirrgicas
esto baseadas nos padres determinados pela Association Operating Room Nurses,
(AORN, 2001). Nesta associao, conforme a reviso feita em 2001, foram
determinados os padres e recomendaes bsicas para a assistncia da enfermagem no
perioperatrio quanto ao posicionamento cirrgico.Dessa forma determinam que no
intra-operatrio a assistncia em relao ao posicionamento deve ser iniciada na
transferncia do paciente da maca para a mesa de cirurgia.
O posicionamento cirrgico requer tcnica, assepsia, segurana e organizao do
enfermeiro e da equipe cirrgica no momento da realizao do procedimento,
monitorando o paciente e provendo a integridade dos tecidos ao posicionar o paciente.
Nunca demais insistir que ao posicionar o paciente, o enfermeiro deve alinhar o corpo
do mesmo e avaliar sua condio fsica.
Tal procedimento deve ser feito de maneira segura, levando em considerao os
princpios de anatomia e fisiologia, a tcnica das intervenes realizadas, a manuteno
hemodinmica evitando seqelas e registrando o uso das protees utilizadas,
garantindo a enfermagem a legalidade das atividades executadas.
Ao posicionar o paciente, a equipe cirrgica deve considerar, o local do
procedimento cirrgico, o acesso facilitado para o cirurgio, acesso e necessidades do
anestesiologista, privacidade do paciente, efeitos fisiolgicos durante o posicionamento
do paciente antes e depois de anestesiado e conhecimento das estruturas anatmicas
(Ex.:Sistema neuromuscular, esqueltico, circulatrio, respiratrio e tegumentar).A
colocao do paciente na posio cirrgica responsabilidade da equipe cirrgica.
Uma das competncias do enfermeiro prover recursos de proteo e acessrios
adicionais que sejam efetivos, maleveis, de fcil manipulao, uso, disponibilidade e
baixo custo, elaborado para se ajustarem s diferentes estruturas anatmicas dos
pacientes e deste modo, manter s funes fisiolgicas, prevenir complicaes e facilitar
o acesso operatrio.
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27
Todos os dispositivos de proteo devem desempenhar trs funes: absorver as
foras mtuas, compressivas internas e externas ao organismo humano fonte potencial
para formao de lcera por presso ou outra leso da pele, redistribuir as presses
exercidas pelas proeminncias sseas e pelas superfcies em que o corpo est apoiado,
prevenindo ainda o estiramento, a hiperextenso muscular para no tornarem-se mais
uma fonte de risco na colocao do paciente em posio cirrgica (MARTIN;
WARNER, 1997; MEEKER; ROTHROCK, 1997; PALAZZO, 2000 ; SOBECC, 2003).
A posio cirrgica considerada por McEwen (1996) uma arte para prover
segurana, em todo o ato anestsico cirrgico principalmente na barreira anatmica
natural do maior rgo humano que a pele e que no caso cirrgico o primeiro
sistema a ser afetado, provocado pelas foras de presso sobre ela. .
A pele considerada uma barreira natural s agresses do meio ambiente,
protegendo o organismo contra a perda de gua por evaporao; No adulto, pode chegar
aproximadamente de 1.5 a 1.8m de superfcie e desempenha um papel de interface
entre o meio ambiente externo e interno; portanto, so muitas e complexas as tarefas
vitais que assume (SAMPAIO; RIVITI, 2000)
1.2 Camadas da pele
Anatomicamente a pele formada por trs camadas: a epiderme, a derme ou
crio e a hipoderme e ou tecido celular subcutneo, com grandes variaes em sua
extenso, tornando-se flexvel e elstica ou rgida, dependendo do local em que esteja
inserida (SAMPAIO; RIVITI, 2000; GIARETTA, 2002).
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28
Figura 1 - Corte Histopatolgico da pele (GIARETTA, 2002).
A epiderme a camada mais externa da pele, sendo formada por vrias camadas
de clulas, com a funo de regenerao, ao mesmo tempo funciona como proteo do
organismo, frente contaminao, sua espessura varia de acordo com a regio do corpo
(BASMAJIAN, 1993; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).
A derme caracterizada por uma camada bastante espessa que fornece
resistncia, elasticidade, oxignio e nutrio pele. Tal camada composta por fibras
colagenosas, elsticas, terminaes nervosas, vasos linfticos e sanguneos e ainda por
diversa estruturas especializadas (BASMAJIAN, 1993; SAMPAIO; RIVITTI, 2000;
GIARETTA, 2002; GUYTON, 2002).
A hipoderme, camada mais interna da pele constituda principalmente por
gorduras subcutneas e tendo com funes a regulao trmica e armazenamento de
energia do organismo. Ainda fazem parte da estrutura anatmica da pele, as glndulas
sebceas e sudorparas .
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29
As terminaes nervosas presentes na pele relacionadas com o tato, a
sensibilidade trmica e a dolorosa so originrias de receptores livres e sempre so
mielinizadas, que se enovelam na base dos folculos pilosos e terminam em contato com
as clulas epiteliais especiais, dando origem ao disco de Merkel; nos Corpsculos de
Vater-Pacini localizam-se, nas regies palmares e plantares, e so responsveis pela
sensibilidade e presso que acomete este local (MACHADO, 2000; SAMPAIO;
RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002; GUYTON, 2002).
Os vasos sanguneos cutneos constituem sempre um plexo profundo em
conexo com um superficial, o plexo profundo situa-se na derme subcapilar e
composto essencialmente por capilares. Existem formaes especiais, os glmus,
ligados funcionalmente regulao trmica, e so anastomoses diretas entre arterolas e
vnulas, tornando a pele bem nutrida e oxigenada (BEVILACQUA et al., 1989;
MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).
Os vasos linfticos esto dispostos em alas ao longo da derme papilar
agrupando; se em um plexo linftico subcapilar e passando pela derme, atingem um
plexo linftico profundo localizado na dermo-hipodrmica, onde drenam os lquidos
acumulados nos tecidos nutridos pelos vasos sanguneos (BEVILACQUA et al., 1989;
MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).
Quando ocorre uma disfuno circulatria, linftica e ou neurolgica nos
indivduos, vrios sinais e sintomas aparecem, comprometendo diversas estruturas
orgnicas-teciduais que podem muitas vezes afetar a pele (BEVILACQUA et al., 1989;
MACHADO, 2000; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; GIARETTA, 2002).
importante, que o enfermeiro entenda a anatomia e a fisiologia da pele que o
ajuda a observar melhor as leses possveis inerentes a posio cirrgica (MCWEN, 1996). Devendo utilizar instrumentos como: a observao, a percepo e a habilidade de
detectar problemas planejando a assistncia de enfermagem a fim de prevenir as
disfunes citadas anteriormente, (COMARU; CAMARGO,1971; CAMPEDELLE;
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30
GAIDZNSKI, 1987; CANAVIAL; TOBO, 1999; DEALAY, 2000; SEGOVIA et al.,
2001; GIARETTA, 2002).
1.3 Foras de presso exercida no posicionamento cirrgico
1.3.1 Gravidade
A fora da gravidade exercida no corpo apoiado sobre uma superfcie, que pode
ser uma cama, uma mesa cirrgica ou uma cadeira uma fora que comprime a pele, os
msculos, os ossos, que por sua vez afeta as presses dos capilares.
Por outro lado presso exercida pela superfcie em que este corpo est apoiado
pode, resultar em isquemia tecidual sempre que ultrapasse a presso de 23 a 32 mmHg
dos capilares (MCEWEN, 1996).
1. 3. 2 Frico
A frico acontece quando ocorre constante atrito da pele do paciente com o
equipamento anestsico-cirrgico, adesivos, recursos de proteo improvisada de forma
inadequada, lenis entre outros (SOBECC, 2003).
1. 3. 3 Foras Mtuas
Deve-se ter a ateno voltada para as foras mtuas responsveis em que est
apoiada ao movimento durante o ato anestsico-cirrgico. Especialmente neste estudo
em que o paciente depois de anestesiado na posio supina colocado na prona.
1. 4 Dor
A dor um fenmeno freqente no ps-operatrio, podendo ser decorrente do
posicionamento cirrgico. H necessidade que ela seja avaliada precocemente,
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31
aliviando-a e evitando sofrimento e riscos desnecessrios ao paciente. Hoje j possvel
mensur-la mediante o uso de escalas de visualizao analgica, para que seja mais
compreendida, aliviada e evitada.
Figura 2- Escala Analgica Visual (EVA Frente) (PIMENTA, 2000).
Figura 3- Escala Analgica Visual (EVA -Verso Milimetrado) (PIMENTA, 2000).
Entende-se que dor sempre uma experincia subjetiva e pessoal, no se
conseguindo express-la com fidedignidade. A dor traz um impacto no cotidiano do
indivduo sendo fator limitante, muitas vezes, s aes dirias bsicas. devido dor
que o indivduo pode apresentar insnia, anorexia, confinamento ao leito, reduo das
atividades sociais e de lazer, (PIMENTA, 2000).
Segundo Teixeira (1994) nas sociedades antigas a dor sem causa aparente era
atribuda invaso do corpo por maus espritos e como punio dos pecados pelos
deuses. Acreditava-se que o corao e os vasos sangneos estivessem envolvidos na
apreciao do fenmeno doloroso.
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32
Porm, hoje, segundo Pimenta (2000) a dor foi conceituada pela Associao
Internacional para Estudos da Dor (IASP), como uma experincia sensorial e
emocional desagradvel, associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita
em termos de tais danos. Cada indivduo aprende a utilizar este termo atravs de suas
experincias anteriores.
Dessa definio conclui-se que a relao leso tecidual e dor no so exclusivas
ou diretas, isto , na experincia dolorosa, aspectos sensitivos, emocionais e culturais
esto interligados, impedindo uma dicotomia entre elas. Tais conceitos so a base para a
definio dos domnios e mtodos a serem utilizados na avaliao da dor e na seleo
das estratgias para seu controle.
A dor um mecanismo que ocorre quando qualquer tecido est sendo lesado e
faz com que o indivduo reaja para retirar o estmulo doloroso. Os receptores da dor nos
tecidos so todas terminaes nervosas livres. Eles se encontram em toda parte das
camadas da pele e tambm, em certos tecidos internos, tais como o peristeo, as paredes
arteriais, as superfcies articulares.
A complexidade de fatores que envolvem a experincia dolorosa e sua expresso
advm da ampla representao da dor em estruturas do sistema nervoso central. Os
estmulos que excitam os receptores da dor podem ser: mecnicos, trmicos e qumicos
(TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998; GUYTON, 2002).
Algumas fibras da dor so estimuladas quase que totalmente, por um estresse
mecnico excessivo ou por uma leso mecnica dos tecidos; esses so os chamados
receptores mecanossensveis de dor. Outros so sensveis aos extremos do calor e do
frio, portanto, so chamados de receptores termossensveis de dor. E ainda outros so
sensveis a vrias substncias qumicas e so chamados de receptores quimiossensveis
de dor.
Diferentes substncias qumicas que excitam os receptores quimiossensveis
incluem a bradicina, serotonina, histamina, ons potssio, cidos, prostaglandinas,
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33
acetilcolina e as enzimas proteolticas A liberao das diversas substncias
anteriormente relacionadas, no apenas, estimulam as terminaes nervosas
quimiossensveis, como tambm, reduzem grandemente, o limiar para estimulao,
tanto dos receptores da dor mecanossensveis como termossensveis. (GUYTON, 2002).
Muitas substncias podem causar leses diretas s terminaes nervosas da dor,
especialmente as enzimas proteolticas. Outras substncias como a bradicinina e
algumas prostaglandinas, podem causar estimulao direta das fibras nervosas de dor,
sem necessariamente les-las (TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998; GUYTON, 2002).
A dor pode ser classificada em aguda e crnica. Conforme Teixeira (1994), a dor
aguda descrita como de curta durao, resultante de traumatismo, cirurgia ou doena.
Porm, com a cicatrizao do ferimento ou a cura da doena, a dor diminui e
desaparece. Segundo Smeltzer; Bare (2000) a dor aguda tem incio recente e provvel
limite de durao (at 6 meses), relacionando sua causa a uma injria ou doena.
A delimitao tmporo-espacial precisa; h respostas neuro-vegetativas
associadas (elevao da presso arterial), taquicardia, taquipnia, (entre outras);
ansiedade e agitao psico-motora so respostas freqentes e tm a funo biolgica de
alertar o organismo sobre a agresso (TEIXEIRA, 1994; OLIVEIRA, 1998 GUYTON,
2002).
Segundo Smeltzer; Bare (2000) a dor crnica aquela que persiste aps o tempo
razovel para a cura de uma leso ou que est associada a processos patolgicos
crnicos, que causam dor contnua ou recorrente. No tem mais a funo biolgica de
alerta, geralmente no h respostas neuro-vegetativas associadas ao sintoma, mal
delimitada no tempo e no espao, ansiedade e depresso so respostas emocionais
freqentemente associadas ao quadro.
Pimenta (2000) afirma que as respostas fsicas, emocionais e comportamentais
advindas do quadro lgico podem ser atenuadas, acentuadas ou perpetuadas por
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34
variveis biolgicas, psquicas e scio-culturais do indivduo e do meio. Relembrando-
se que a dor um fenmeno que faz parte dos temores dos pacientes cirrgicos.
Assim tendo em vista a subjetividade da dor no se deve negligencia-la, ao
posicionar o paciente no intra-operatrio. Pois o papel do enfermeiro no CC zelar pelo
conforto do mesmo e evitar seqelas ps-operatrias.
Exposta toda essa problemtica este estudo tem como finalidade contribuir para
que os enfermeiros de CC com escasso recurso de proteo sofisticada, em decorrncia
de seu elevado custo, possam prover, tambm posicionamento ventral ou prona, to
confortvel e seguro quanto aqueles.
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2. Objetivo
Propor o desenvolvimento de um recurso de proteo para o acessrio cirrgico -
suporte craniano Mayfield (tipo ferradura), usado na posio cirrgica prona/ventral,
malevel, confortvel, de fcil limpeza e de baixo custo.
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36
3. Material e Mtodo
A preocupao do enfermeiro de CC no est resumida na assistncia de
enfermagem perioperatria ao paciente, mas, tambm na potencialidade dos riscos
biolgicos, mecnicos, fsicos entre outros e do domnio da sofisticada tecnologia
utilizada neste setor. Para tanto, considera, para essa tecnologia, sua acessibilidade,
praticidade, resistncia, segurana, fcil limpeza e desinfeco, relao custo-benefcio
entre outros parmetros, (MEEKER; ROTHROCK, 1997),
Toda essa tecnologia objetiva proporcionar conforto e minimizao de possveis
seqelas ps-operatrias. Neste captulo, tratar-se- das fases do desenvolvimento de
um recurso de proteo txtil-vegetal para o suporte craniano Mayfield na posio
cirrgica prona ou ventral, feito com tecido e preenchido com gros provenientes da
espcie Phalaris canariensis, da Famlia das Graminae, cujas caractersticas sero
explanadas no item 3.2.3.3 da descrio do material.
A posio prona exige recurso de proteo que so variados no mercado
nacional, tanto no custo, como na funo. Assim neste estudo pretendeu-se desenvolver
um recurso que fosse simples, malevel, de baixo custo, portanto, facilmente acessvel e
passvel de limpeza e desinfeco. Dessa forma a descrio de sua confeco seguir a
composio de cada etapa.
3.1 Material
Para obteno do recurso de proteo, que a partir deste momento, receber o
nome de Recurso de Proteo para Suporte de Crnio Mayfield Experimental
(RPSCME), foram utilizados os materiais, abaixo relacionados, cuja descrio
minuciosa visa subsidiar futuras pesquisas ou confeco de outros recursos, com esse
tipo de material:
- 0,20 cm de fibra txtil natural - algodo.
- 0.20 cm de fibra txtil sinttica- Policloreto de Vinila PVC/nome
comercial bagun.
-
37
- 0,15 cm de velcro.
- 480 g de gros de Phalaris canariensis, nome vulgar - alpiste.
3.2 Descrevendo o material
3.2.1 Suporte de Crnio Tipo Mayfield (SCM)
O (SCM) foi utilizado nesta pesquisa por ser utilizado no CC de alguns
hospitais onde esta autora acompanha o estgio supervisionado de alunas do 7 perodo
de um Curso de Enfermagem de uma cidade do interior paulista, para posicionar o
paciente na posio ventral ou prona, com acessrio para apoio da cabea tipo ferradura.
Percebeu-se um desgaste com o tempo e sua proteo original foi destruda (Figura 4)
necessitando, assim, de uma adaptao, para que sua utilizao fosse possvel.
Figura 4 - Mesa cirrgica com Recurso de Proteo Suporte de Crnio
Mayfield Convencional (Acervo Pessoal 2004)
Este suporte forjado em ao inoxidvel, seus acessrios so descritos como:
adaptador giratrio e encaixe adaptvel a qualquer mesa cirrgica (Figura 5), um
extensor (Figura 6), um apoio para cabea em forma de ferradura (Figura 7) para uso
adulto e ou peditrico utilizado na posio dorsal horizontal e posio prona.
-
38
Figura 5 - Adaptador giratrio e encaixe adaptvel mesa cirrgica
(Acervo Pessoal 2004)
Figura 6 - Extensor para a fixao do suporte craniano
(Acervo Pessoal 2004)
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39
Figura 7 - Apoio para cabea em forma de ferradura
(Acervo Pessoal 2004)
3.2.2 Ao
Para entender melhora estrutura de tal suporte, sentiu-se a necessidade de
caracterizar o material do qual foi feito, o ao. Este uma liga metlica composta,
principalmente, de ferro e de pequena quantidade de carbono, de 0,002% at 2,00 cujas
propriedades especficas recaem sobre resistncia e ductilidade, podendo ligar-se ao
cromo, ao nquel e outro elementos. (ARAJO, 1997; DIAS, 1997; PEDROZO, 2003;
SILVA JUNIOR, 2003).
A importncia das propriedades do ao, como: a resistncia ductilidade,
homogeneidade, possibilidade de ser forjado, laminado, estampado, estirado, moldado,
caldeado, soldado, perfurado, rosqueado, ainda, podendo ser modificado por
tratamentos mecnicos, trmicos e qumicos so salientadas por Colpaer (1974),
Pedrozo (2003) e Silva Junior (2003).
-
40
So destacadas a versatilidade do ao na usinagem de chapas, ferramentas, barras
e outras peas fundidas.Tambm oferece a condio de forjamento, que o ao
submetido s conformaes mecnicas pela fora de compresso sobre o material dctil
assumindo as caractersticas de contorno ou perfil do material que deseja obter
(FORJAMENTO, 2003; PEDROZO,2003).
O SCM segundo Garcia e Santos (2000) e Pedrozo (2003), sofreu o
processamento e a aplicao, caractersticas bsicas, que devem ser preenchidas para o
acabamento do produto final. Tais caractersticas envolvem respectivamente, a
facilidade do preenchimento da matriz (forjabilidade); condies adequadas de corte
(usinabilidade); condies de modificaes estrutura resultante de tratamentos e a
resistncia especificada do eixo final apresentado no projeto (resistncia mecnica),
nvel especfico de dureza das partes transmissoras de movimento (resistncia ao
desgaste); resistncia do eixo finalizado em relao ao impacto resultante do
funcionamento (ductilidade).
3.2.3 Fibras Txteis naturais e sintticas
De acordo com sua procedncia a fibra txtil classificada em natural: de
origem animal (seda, l),e vegetal como o linho, ramo juta, sisal e algodo; e de origem
qumica aquela advinda de matrias de origem vegetal ou petroqumica, sendo a
primeira industrializada a partir da celulose encontrada na polpa da madeira recebendo a
denominao de artificiais e das quais se destacam: o rayon, a viscose e o acetato.
Tambm h as fibras txteis procedentes de substncias petroqumicas, chamadas de
sintticas sendo as principais: o polister, a poliamida (nilon) o acrlico, elastano
(lycra) e o polipropileno (OLIVEIRA,2003; PEDROZO,2003).
3.2.3.1 A fibra de algodo
A fibra de algodo descrita por Oliveira (2003), como uma fibra natural, de
origem vegetal, fina, podendo variar de 24 a 38 mm de comprimento, cujo conjunto de
filamentos envolvem a semente do algodoeiro (Gossypium herbaceum, Gossypium
-
41
hirsutum, Gossypium barbadense). So muito cultivadas em regies tropicais essas
plantas malvceas de variadas famlias, vivazes, arbustivas, nativas da sia,
(COUTINHO,1977).
A fiao uma das primeiras atividades humanas, a arte de fiar transforma fibras
txteis em fios, o que varia de acordo com o tipo de fibra utilizado e a qualidade de fio
que se pretende obter. Supe-se que a roda de fiar, o mais antigo equipamento a
substituir o mtodo manual tenha sido inventada na ndia e chegado Europa pelo
Oriente Mdio.
A chamada roda saxnica, adotada no comeo do sculo XVI, desencadeou
uma srie de novas invenes e, um sculo depois, fbricas dotadas de mquinas
aperfeioadas faziam da indstria txtil um dos segmentos mais dinmicos da revoluo
industrial (COUTINHO,1977).
Tecnologicamente aprimorada, a tecelagem hoje representa uma prspera
indstria txtil com emprego de variados produtos advindos de fibras naturais, artificiais
ou sintticas e com mltiplas aplicaes. Portanto, o tecido pode ser definido,
basicamente, como um entrelaamento regular de fios formados por mechas contnuas,
de tramas iguais ou diferentes (PEDROZO, 2003).
Os principais benefcios do algodo em relao s fibras artificiais e sintticas
derivam, principalmente, do conforto, por ser uma planta adepta aos pases tropicais e
por ser biodegradvel. E, ainda que macias, as fibras do algodo oferecem resistncia a
esforos, tolerando fortes traes, sendo, desde os mais longnquo tempos, empregada
na composio de tecidos para diferentes aplicaes (CANTO, 1995; OLIVEIRA, 2002;
PEDROZO, 2003).
Logo, por confiar nas caractersticas de adaptao, suavidade e resistncia do
tecido de algodo, optou-se por utiliz-lo para a elaborao do recurso de proteo em
questo, confeccionando-se pequenas almofadas, preenchidas com alpiste (Phalaris
canariensis), que se adequassem ao SCM e oferecessem, assim, proteo pele do
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42
paciente, quando, por indicao cirrgica, este seja colocado na posio prona com esse
suporte.
3.2.3.2 Fibra txtil sinttica
O RPSCME foi recoberto por uma capa confeccionada em fibra txtil sinttica,
para promover a limpeza e desinfeco, no limitar seu uso, pois reutilizvel, baratear
o custo e poder ser largamente empregado em quaisquer tipos de clnicas de cirurgias,
instituies, sejam elas de manuteno pblica ou privada.
Na confeco da capa utilizou-se um material de fibra sinttica conhecido pelo
nome comercial de bagum, elaborado com filme de Policloreto de Vinila (PVC),
nico material plstico que no totalmente originrio do petrleo, apresentando uma
composio qumica de 57% de cloro obtida pelo processo qumico da eletrlise do sal
marinho resultando, tambm, a soda custica e hidrognio e 43% de eteno, este,
originado do petrleo, (CARACTERSTICAS DO PVC,2003; CSAR, 2003;
PEDROSO, 2003).
A obteno do eteno ocorre a partir da destilao do leo cru de petrleo,
chegando-se, ento, a nafta leve pelo processo de rompimento das grandes molculas
em outras menores, denominado de craquelamento cataltico, disso resultando o etano
sob a forma gasosa. Ento, esse etano ao reagir com o cloro (duas macromolculas do
PVC), tambm na forma gasosa, gera o Dicloreto Etano (DCE), (CARACTERSTICAS
DO PVC... 2003).
O DCE formado pela repetio da estrutura monomrica, que submetida
polimerao resulta em Monocloreto de Vinila (MVC), unidade bsica do polmero.
Este se desdobra em vrias ligaes transformando-se em uma macromolcula
conhecida como PVC, um p muito fino e de cor branca, com grande amplitude de
reas de aplicao, desde as domsticas, as de uso pessoal, como a hospitalar, alm de
possuir a propriedade de ser um isolante trmico (SMITH 1998; CARACTERSTICAS
DO PVC... 2003).
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43
3.2.3.3 Alpiste (Phalaris Canarienses)
O alpiste um tipo de gro proveniente da Famlia das Graminae, do Gnero
Phalaris e da espcie canarienses, podendo ser conhecidos pelos nomes vulgares de:
alpista, alpiste, capim alpista e milho alpista. do tipo herbceo atinge altura de
aproximadamente 1 m, cujos talos so ocos e cilndricos e providos de ns, semelhantes
ao bambu ou cana da ndia. Suas folhas, flores e frutos, dispostos em pequenas espigas,
assemelhando-se s do trigo. O fruto tem aspecto brilhoso, , de vrias cores envoltas
com delicada casca lisa (PERIS; STBING; FIGUEIROLA; 1996; ARREDONDO,
2004). A seguir apresentam-se algumas fotos deste gro:
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44
Figura 8 Phalaris Canariensis.FONTE: Peris; Stbing; Figueirola, (1996) Arredondo,
(2004).
3.3 Confeco do RPSCME Trata-se de um recurso para o SCM, este, formado por duas lminas de ao
inoxidvel em forma de ferradura (Figura 9) para servir de apoio cabea, utilizado em
cirurgias que necessitam o posicionamento ventral, como pode ser visualizado na figura
abaixo.
Figura 9 - Apoio para cabea em forma de ferradura.
Acervo pessoal, 2004.
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45
Estas lminas de ao que sustentaro a cabea recebem recurso de proteo para
segurana e conforto do paciente, que no caso deste estudo, o RPSCME
confeccionado em tecido de algodo cru duplo, com as seguintes caractersticas: forma
quadrada dupla com 0,18m de comprimento 0,13m de largura, apresenta costura em
suas laterais e ao centro costura transversal de tal modo que seja formados dois
compartimentos.
Essas dimenses e caractersticas da confeco do coxim sero apresentadas a
seguir pelo projeto desenvolvido para a confeco do recurso de proteo para o SCM,
fornecendo subsdios e diretrizes (molde) para a confeco do recurso proposto,
considerando as necessidades hospitalares e cirrgicas objetivando melhorar a qualidade
da assistncia de enfermagem e conseqentemente evitar possveis seqelas.
Figura 10 - Esquema da parte superior, lmina esquerda com enchimento - 2 peas.
Medidas em milmetro (acervo pessoal, 2004)
A figura 10 mostra o esquema do molde do recurso que cobrir a lmina
esquerda do SCM, confeccionado em tecido de algodo. Essa parte foi projetada mais
longa que a da lmina esquerda que proteger a regio frontal
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46
Figura 11 Recurso de proteo da lmina esquerda com enchimento.
Viso superior. (Acervo pessoal, 2004)
Figura 12 Esquema da parte inferior 2 peas
(Acervo Pessoal, 2004)
A figura 12 mostra o molde de confeco do recurso de proteo que se
posicionar sob a lmina de ao esquerda fornecendo apoio e sustentao impedindo o
deslizamento do tecido.
-
47
Figura 13 Recurso de proteo suporte de crnio viso inferior.
(Acervo Pessoal, 2004)
Figura 14 - Esquema da parte superior da lmina direita com enchimento - 2 peas.
(Acervo pessoal, 2004)
A figura 14 mostra o esquema do molde do recurso que cobrir a lmina direita
do SCM, confeccionado em tecido de algodo.
-
48
Figura 15 Recurso de proteo da lmina direita com enchimento.
Viso superior. (Acervo Pessoal, 2004)
Figura 16 Recurso de proteo direito e esquerdo confeccionado em tecido de
algodo, sem cobertura de PVC .(Acervo pessoal, 2004)
Ou interior do Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield direito foi
preenchido com 190 g de gros de Phalaris canariensis e o esquerdo com 290 g
-
49
recobrindo e mantendo o RPSCME em seu formato original (tipo ferradura) para atingir
o objetivo proposto no estudo.
Figura 17 - Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental
finalizado.(Acervo pessoal, 2004) A Figura 17 identifica o RPSCME protegido por uma cobertura de bagum,
mantendo as extremidades presas por velcro com o objetivo de promover a sua fixao.
3. 4 Pr-teste
3. 4. 1 Procedimentos ticos
Foi encaminhado ao Comit de tica da Universidade do Vale do Paraba
(UNIVAP) o projeto de pesquisa, cumprindo com a exigncia da Comisso Nacional de
tica em Pesquisa (Resoluo CONEP n.196/96) que preserva os direitos e deveres dos
seres humanos em pesquisa que os envolvem.
Assim, a pesquisa foi desenvolvida no 2 semestre de 2004, sendo o pr-teste
realizado aps aprovao do Comit de tica em Pesquisa com o protocolo CEP/
UNIVAP n L 013/2003 (Anexo n3) e aps terem sido esclarecidos em relao
-
50
pesquisa e seus objetivos, bem como, lerem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, concordaram em assin-lo e a participarem do pr-teste. (Anexo 1).
3.4.2 Local da pesquisa
Esta pesquisa foi realizada no Laboratrio de Procedimentos Cirrgicos
aplicados Enfermagem (LPCE), do Curso de Enfermagem (CE), da Faculdade de
Cincias da Sade (FCS) na UNIVAP Campus Urbanova, localizado na regio norte
da cidade de So Jos dos Campos, cuja escolha foi motivada pela facilidade de acesso
dos voluntrios ao LPCE e por, este, reproduzir as caractersticas arquitetnicas
necessrias a qualquer CC hospitalar e por facilitar o livre trnsito dos voluntrios da
pesquisa, fato que poderia no ocorrer em um CC em uma instituio hospitalar externa,
devido tratar-se de um setor fechado (rea restrita).
3.4.3 Tipo da pesquisa
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratria.
3.4.4 Operacionalizao da aplicao do instrumento utilizado no Pr-
teste
3.4.4.1 Instrumento de coleta
Este estudo limitar-se- no 1 momento em confeccionar um RPSCM e test-lo,
quanto promoo de conforto, segurana, sensibilidade ttil e dolorosa. Desta forma,
elaborou-se um instrumento de coleta para realizao do pr-teste, (Apndice A),
composto de 4 partes sendo a primeira relativa caracterizao demogrfica dos
voluntrios (itens 1.1 a 1.8); a segunda parte relacionada ao exame fsico de
enfermagem de Posso (1999), (itens 2.1 a 2.3.2), adaptado s necessidades desta
pesquisa.
-
51
A terceira parte relacionada com o registro do tempo de permanncia e dos
sinais e sintomas relatados pelo voluntrio na posio prona, sinais vitais iniciais e
finais (itens 3, 3.1 a 3.2) (Apndice B) e a quarta refere-se ao esquema do corpo
humano na posio prona, utilizado para reproduzir as alteraes que surgiram na face
do voluntrio (Apndice C).
3.4.4.2 Populao de estudo
Dos 26 convites feitos aos docentes do CE-FCS-UNIVAP e funcionrios da
FCS- UNIVAP, 12 aceitaram participar do pr-teste, divido em 2 etapas. Na primeira
etapa a seqncia ou a ordem de posicionamento dos voluntrios foi mediante sorteio,
conservando a primeira ordem para a segunda etapa ou seja, foram colocados em
envelope papis numerados de 1 a 12 que cada voluntrio retirou um, sendo
posicionado na posio prona de acordo com o nmero sorteado.
Foram posicionados na mesa cirrgica, localizada no LPCE/CE-FCS-
UNIVAP, com SCM utilizando-se o apoio para cabea tipo ferradura e o recurso de
proteo convencional, disponvel, para uso rotineiro e na segunda etapa, aps 24 horas
do primeiro teste, procedeu-se coleta dos dados com o RPSCME.
Figura 18 Voluntrio em posio prona/ventral com o RPSCME.
-
52
3.4.4.3 Operacionalizao da coleta
Aps a caracterizao demogrfica dos voluntrios procedeu-se ao exame fsico
dos mesmos, iniciando-se pela mensurao antropromtrica, clculo de ndice de massa
corporal (IMC), foram submetidos ao exame fsico de Enfermagem proposto por Posso
(1999), modificado. Adotou-se a classificao da cor da pele de Sampaio e Riviti
(2000), tambm, verificando-se sua integridade e a de seus anexos, alm da presena de
alteraes, seguido da aferio dos sinais vitais com esfigmomanmetro marca (Wan
Ross), estetoscpio (Diasyst) e termmetro axilar digital (Microtherm) para mensurar a
extenso das alteraes na face do voluntrio, utilizou-se rgua de 30 cm
Para considerar perfil de sade da populao (Apndice A 2.3), utilizou-se
apenas os dois primeiros itens do critrio de avaliao para a classificao de sade
definida pela American Society Anesthesiology (ASA), apesar, deste, conter seis. No
foram utilizados os demais itens classificatrios, pois caracterizam presena doenas
importantes, os quais se usados, poderiam afetar os resultados deste estudo. A coleta de
dados foi executada nos meses de novembro e dezembro de 2004.
Aps o exame fsico os voluntrios foram colocados na posio prona sobre a
mesa cirrgica e a cabea repousada sobre o suporte de crnio Manfyeld utilizando-se o
apoio tipo ferradura e o recurso de proteo convencional (RPSCMC) e o experimental
(RPSCME), orientando-os a permanecer um perodo mximo de 10 minutos nesta
posio e verbalizassem qualquer sintoma sentido a qualquer tempo, porm, no sendo
exigncia a permanncia total destes 10 minutos, se no a suportassem.
Ao trmino do tempo de permanncia o voluntrio foi orientado a sentar-se
lentamente na mesa cirrgica, nesse momento aferiam-se os sinais vitais e as alteraes
faciais, ou seja eritema, sulcos, entre outros. Vale salientar que durante o
posicionamento, tanto com o RPSCMC, como com RPSCME, foram registrados os
sintomas de sensibilidade ttil e dolorosa verbalizados pelo voluntrio.
-
53
Para preservar o anonimato dos voluntrios, foram designados pelos nmeros
de 1 a 12, sendo que sua identificao foi disposta nas tabelas seguindo a seqncia em
que foram sorteados, com o objetivo de facilitar a discusso dos mesmos.
-
54
4 Resultados e Discusso
Este captulo trata dos resultados e discusso apresentados mediante a
descrio do desenvolvimento para a elaborao e confeco do recurso de proteo
proposto para o suporte craniano Mayfield malevel e de baixo custo e dos dados
obtidos na avaliao inicial do Pr-teste.
4.1 Caractersticas gerais do RPSCME
O RPSCME foi desenvolvido a partir de um projeto, esquematizado nas figuras
13 e 15 confeccionado em tecido de algodo, preenchido com alpiste (Phalaris
canariensis) e revestido com fibra txtil sinttica (bagum), para facilitar sua limpeza e
desinfeco, imprimir maior durabilidade ao produto e resistir ao desgaste, devido ao
uso constante e ao contato com os produtos hospitalares, comumente, usados no CC.
A resistncia ao desgaste, aqui caracterizada pela relao existente entre o tipo
de material do preenchimento, e o tipo do material utilizado na confeco do recurso de
proteo proposto, tecido algodo, cujas fibras apresentam boa resistncia a esforos de
trao (CANTO, 1995), com a porcentagem de 80% (480 g) de sua capacidade de
preenchimento permitindo uma maleabilidade e adaptabilidade ao SCM do tipo
ferradura, e com o tipo da linha utilizada (linha de algodo n50) para a confeco para
a sustentao do crnio.
4.2 Custo do RPSCME
Um dos propsitos no desenvolvimento de um recurso de proteo para suporte de crnio Mayfield (acessrio tipo ferradura), era que fosse de custo inferior, tornando
vivel sua aquisio, e principalmente, para ser utilizado em hospitais, cujos recursos
financeiros fossem restritos para investir em recursos mais sofisticados e evitar
improvisaes inadequadas. Assim o custo total do RPSCME foi de R$ 11,85 (onze
reais e oitenta e cinco centavos) conforme se observa na Figura 20, sendo mnimo, se
-
55
confrontado com a maioria dos recursos de proteo e equipamentos hospitalares
utilizados no CC.
Material Quantidade Valor R$
Fibra de algodo 20 cm 2,20
Revestimento bagum 20 cm 1,60
velcro 10 cm 0,25
alpiste 480 g 1,80
Costura do recurso 01 2,00
Costura do revestimento 01 3,00
Linha de algodo n50 01 1,00
Total 11,85
Figura 19 - Custo do material utilizado na manufatura do RPSCME .
So Jos dos Campos, 2005.
4.3 RPSCME concludo e pronto para uso
Aps a costura dos coxins e preenchimento com alpiste e aps a costura do
revestimento, foi acabada a confeco do RPSCME como se observa na figura 20.
Figura 20 - RPSCME finalizado e colocado sobre o
acessrio na mesa cirrgica, So Jos dos Campos, 2005.
-
56
4.4 Resultados do pr-teste
A fim de verificar se o RPSCME atendeu aos objetivos propostos foi realizado
um pr-teste com 12 voluntrios (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12), que aceitaram
participar da pesquisa, sendo colocados na posio prona ou ventral para cirurgia de
craniotomia, aps sua identificao, registro de seus dados demogrficos e do exame
fsico (Apndice A). Na tabela 1 verificam-se as variveis demogrficas dos
voluntrios.
Tabela 1 Caracterizao dos Voluntrios segundo a idade, sexo, escolaridade e cor da
pele. So Jos dos Campos, 2005. N= 12.
Verifica-se na Tabela 1 que os voluntrios esto divididos em 6 homens e 6
mulheres, destaca-se que suas idades variam entre 28 e 60 anos. Sendo que a faixa etria
feminina em mdia foi de 43,3 anos e da masculina 40,5 anos o que representa uma
certa homogeneidade. Quanto escolaridade a maioria do nvel superior fator, que
indica ter sido um facilitador expresso dos sintomas e da probabilidade que sua
percepo e discernimento tenham atribudo s respostas uma credibilidade importante
para a discusso dos resultados obtidos.
O perfil de sade segundo critrio de risco cirrgico da American Society of
Anesthesiology (ASA), Meeker e Rothtrock (1995), apresentado por todos voluntrios
(12, 100%), foi ASA 1. De acordo com McEwen (1996), Armstrong e Bortz (2001),
Voluntrios Idade Sexo Escolaridade Cor da
pele Voluntrios Idade Sexo Escolaridade Cor da
pele 1 49 F Superior Branca 5 28 M Mdio Morena
2 38 F Superior Muito Branca 6 60 M Superior Parda
3 39 F Superior Branca 9 33 M Superior Morena Clara
4 35 F Superior Muito Branca 10 60 M Superior Parda
7 58 F Superior Morena 11 29 M Superior Parda
8 41 F Superior Muito Branca 12 33 M Superior Parda
Media da Idade= 43,3 40,5
-
57
Murphy (2004) para prevenir e minimizar as leses durante o perodo perioperatrio os
enfermeiros devem conhecer as necessidades psicobiolgicas, sensoriais e fisiolgicas
como um indivduo (CASTELLANOS; FERRAZ, 1980); alm de considerar os fatores
de risco pr-existentes, o que pode tornar alguns pacientes mais vulnerveis, exigindo
sua identificao para planejar a assistncia de enfermagem nesse perodo.
A pele dos 12 (100%) (Tabela 1) voluntrios apresentou-se ntegra, fator
positivo, pois uma pele lesada significa uma porta de entrada invaso microbiana,
como bem alertam Campedelli e Gaidznski (1987), Dealey (2002), Giaretta (2002).
Tambm, os 12 (100%) apresentaram caractersticas de turgor, hidratao, colorao
normais geralmente, indicadores de vrias disfunes sistmicas representadas por suas
alteraes,(SAMPAIO; RIVITI, 2000), as quais devem ser observadas pelo enfermeiro
de CC e servir como um sinal de alerta para a efetividade de sua assistncia.
Optou-se pela classificao de Sampaio e Riviti (2000), para a cor de pele por
entender a influncia de suas caractersticas, que esses autores especificam,
principalmente em se tratando da predisposio formao de lcera por presso e
outras alteraes. Particularmente, a posio prona/ventral pode provocar eritemas,
sulcos, edemas, entre outras leses na pele da face do paciente, no trax, nas cristas
ilacas, genitlia masculina e feminina, exigindo o uso, nessas reas, de vrios recursos
de proteo para evitar tais danos (GRALING; COLVIN, 1992, MEEKER;
ROTHTROCK, 1995, MCEWEN, 1996, BLACK ; MATASSARIN-JACOBS 1999,
SOBECC, 2003, MURPHY, 2004).
Os dados apresentados na Tabela 1 evidenciam que 3 (50%) das voluntrias
possuem a cor da pele muito branca e 1 (16,6%) morena; j a cor da pele da populao
masculina , na sua maioria 4 (66%), parda, no se registrando nenhum indivduo com a
cor de pele branca ou muito branca, que so, de acordo com Sampaio e Riviti (2000),
muito sensveis e finas, ao contrrio, das peles morenas clara e escura, parda e negra que
so mais resistentes, porm, apresentam maior dificuldade na deteco de sinais de
hiperemia, eritema, entre outros (CAMPEDELLI; GAIDZNSKI,1987).
-
58
Os dados antropomtricos foram mensurados para classificao do ndice de
Massa Corporal (IMC), com a inteno de avaliar reaes em bitipos diferentes,
acreditando-se que o IMC poderia influenciar nas impresses percebidas pelos
voluntrios. O IMC reconhecido internacionalmente como parmetro que avalia o
estado nutricional e de sade, levando em conta a estatura e o peso do indivduo. Para
calcul-la necessrio conhecer o peso em Kg e dividir o valor do mesmo pelo valor da
estatura elevada ao quadrado (IMC=Peso: pela altura).
De acordo com Young (2001), a classificao do IMC a seguinte: Baixo peso:
abaixo de 19,9. Normal: entre 20,0 e 24,9. Sobrepeso: entre 25,0 e 29,9. Obesidade:
entre 30,0 e 34,9. Obesidade Mrbida: acima de 35,0.
As figuras 21 e 22 apresentam o IMC dos voluntrios de ambos os sexos
estudados no pr-teste.
Figura 21 - Distribuio dos voluntrios femininos de acordo com o seu IMC
So Jos dos Campos, 2005.
1
2
3
4
7
8
29
23
37
22
27
29
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
1
2
3
4
5
6
IMCVOLUNTRIOS
Voluntrios
IMC
-
59
Figura 22 - Distribuio dos voluntrios masculinos de acordo com o seu IMC.
So Jos dos Campos, 2005.
O grfico 21 mostra que o grupo de mulheres voluntrias, composto por 33,3%
(02), com peso normal, 50,0%(03),com sobre-peso 16,6%(1), com obesidade mrbida.
J o grfico 22 evidencia que a maioria 50%(03) dos voluntrios apresenta de IMC
33%(02), com sobre peso e como o grupo feminino apenas 16,6%(01) obeso mrbido.
A literatura nacional e internacional apresenta a relao entre IMC e o risco de
formao de lceras por presso (UPP). Essa relao focalizada no C.C. como um
fator importante que deve ser observado pelo enfermeiro, por ocasio da visita pr-
operatria, para sua possvel preveno, (NAJAS;SACHAS, 1996; SCOTT; MATHEW;
HARRIS; 1992; ARMSTRONG; BORTZ, 2001).
5
6
9
10
11
12
22
22
27
30
32
24
0 10 20 30 40 50
1
2
3
4
5
6
VoluntariosIMC
Voluntarios
IMC
-
60
Outros Autores relacionam o IMC, o estado nutricional e as possveis leses
advindas desses fatores associados ao posicionamento, (Graling, Colvin, 1992,
McEwen, 1996). Deve ser observada a relao existente entre o tipo de pele, isto , sua
cor, sua integridade, como fatores predisponentes s leses conseqentes ao
posicionamento no trans-operatrio, como bem alertam (GRALLING; COLVIN, 1992,
MCEWEN, 1996; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; MURPHY, 2004).
Tabela 2-Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Femininos. So Jos
dos Campos, 2005.
Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Incio Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Fim
V P1 P2 PA
S1
PA
S2
PA
DC1
PA
D2 R1 R2 T1 T2 P1 P2
PA
S1
PA
S2
PA
D1
PA
D2 R1 R2 T1 T2
1 70 136 110 100 80 70 40 32 36,3 36,3 96 148 130 130 80 70 32 32 36,5 36,5 2 80 86 110 120 80 70 24 24 37,2 37,1 92 88 110 110 80 80 16 16 37 37 3 72 72 110 120 80 72 24 24 34,5 36,3 72 60 110 110 80 100 24 12 35,8 35,8 4 80 68 110 100 80 70 20 20 36,5 36,8 80 68 120 120 85 80 20 16 36,8 36,8 7 80 84 120 140 80 90 12 20 35,5 35,1 76 76 130 130 95 85 12 16 35,9 35,9 8 80 74 110 120 70 80 20 16 36,6 36,8 72 88 100 100 70 88 24 16 36,6 36,6
V= Voluntrio RPSCMC (1)= Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Convencional.
RPSCME (2)= Recurso de Proteo Suporte de Crnio Mayfield Experimental. P= Pulso,
PAS=Presso Arterial Sistlica, PAD=Presso Arterial Diastlica,
R=Respirao,T=Temperatura.
Na tabela 2 verifica-se que no incio do pr-teste utilizando-se o RPSCMC a
mdia para o pulso cardaco encontrado para os voluntrios estudados foi 70 batimentos
por minuto (bat/m) e ao trmino 79 bat/min; quando utilizado o RPSCME, no incio do
pr-teste a mdia encontrada foi 86,7 bat/min e ao trmino 88 bat/min.
Com relao presso arterial (PA) na utilizao do RPSCMC no incio do pr-
teste pode-se observar na tabela 2 os valores mdios para PA mxima foi 111,7 mmHg
e a PA mnima 78,3 mmHg e ao trmino PA mxima foi de 116,7mmHg e a PA mnima
77 86,7 110 116,7 78,3 75,3 21,3 22,3 36,4 36,1 81,3 88 116,7 116,7 81,7 83,8 21,3 18 36,4 36,6
-
61
81,7 mmHg. Na utilizao do RPSCME o valor mdio encontrado para a presso
arterial mxima no incio do pr-teste foi 116,7 mmHg e a mdia da PA mnima foi 75,3
mmHg ao trmino a mdia para a PA 116,7 e a mnima 83,8 mmHg.
Vale destacar no entanto que com o uso do RPSCMC as incurses respiratrias
por minuto (irp/min) assumiram valores mximos de 40 e mnimos de 12 irp/min; ainda
observa-se que a respirao apresentou diferena no seu valor inicial e final em 03
voluntrios (1,2,8), interessante salientar que houve aumento das irp/min somente na
voluntria de nmero 8 exposta na tabela 2. Assumindo valores mximos de 20 irp/min
e mnimos de 24 irp/min. Percebemos que durante a utilizao do RPSCME as irp/min
mantiveram-se mais estveis, quatro voluntrias (2,3,4,7) apresentaram diminuio na
irp/min, sendo que a mdia da respirao no incio foi 22,7 irp/min. e ao trmino 18
irp/min (figura 3).
temperatura mdia encontrada no incio do pr-teste com o RPSCMC foi de
36,1 C e ao trmino 36,4 C j com o RPSCME temperatura mdia encontrada no
incio do pr-teste foi 36,4 C e ao trmino 36,6C. Salienta-se que os sinais vitais
sofreram alteraes nos seus valores para ambas as aferies, isto , no incio e trmino
do pr-teste de acordo com a figura 3.
Tabela 3 -Medidas dos Sinais Vitais Iniciais e Finais dos Voluntrios Masculinos. So Jos
dos Campos, 2005.
Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Incio Sinais Vitais RPSCMC (1) E (2) Fim
V PC PE PA
SC
PA
SE PA
DC
PA
DE
R
C
R
E TC TE PC PE
PA
SC
PA
SE
PA
DC
PA
DE
R
C
R
E
TC
TE
5 64 54 100 100 70 60 24 20 36,1 36,5 72 56 120 110 80 70 24 12 36,5 36,0
6 88 72 140 120 80 90 20 16 36,8 36,7 72 66 130 120 70 80 16 16 36,8 36,8
9 84 84 120 140 70 100 16 24 36,1 36,4 88 84 120 120 90 90 24 28 36,3 36,7
10 80 64 130 130 70 60 24 20 36,5 36,7 64 60 140 150 80 70 16 28 36,9 37,0
11 72 54 100 110 80 70 20 24 36,5 35,6 88 64 120 100 80 80 24 16 36,6 36,1
12 76 96 100 110 70 70 16 16 36,2 36,0 88 88 110 110 80 70 20 24 36,3 36,7
77,3 70,7 115 118,3 75 75 20,0 20 36,4 36,3 78,7 69,7 123,3 118,3 80 76,7 20,7 20,7 36,6 36,6
-
62
Com relao aos sinais vitais dos voluntrios do sexo masculino utilizando o
RPSCMC, a mdia para o pulso no incio do pr-teste foi de 77,3 batimentos por minuto
e ao trmino 78,7 batimentos por minuto, j utilizando o RPSCME, a mdia do pulso no
incio do pr-teste foi de 70,7 batimentos por minuto e ao trmino foi de 76,6
batimentos por minuto.
A mdia encontrada para a presso arterial mxima no incio do pr-teste
utilizando o RPSCMC foi de 115 mmHg e a Presso arterial mnima foi de 75 mmHg,
ao trmino a presso arterial mxima foi de 123,3 mmHg.e a mnima 80 mmHg.
Utilizando-se o RPSCME mdia da presso arterial mxima no incio foi 118,3 mmHg
e a mnima 75 mmHg, ao trmino a mdia da presso arterial mxima foi de 118,3 e a
mnima 76,7 mmHg.
Na mesma Tabela 3 a mdia da respirao foi de 24 ir/min no incio do prteste
e ao trmino 20,7 ir/min durante a utilizao do RPSCMC e durante o uso do RPSCME
a mdia da respirao no incio do pr-teste foi 20 e ao trmino 20,7. Quanto
temperatura no incio do pr-teste a mdia foi de 36,4C e ao trmino 36,6 C durante a
utilizao do RPSCMC e durante o uso do RPSCME a mdia da temperatura no incio
do pr-teste foi de 36,3C e ao trmino foi de 36,6C.
Isto justificado, por Graling, Colvin (1992), Meeker; Rothtrock (1995),
McEwen (1996), Martin (1997) Lucckmann e Black e Matassarin-Jacobs (1999),
Smeltzer; Bare (2000) SOBECC (2003), quando afirmam que a posio prona pode
provocar alteraes nas respostas fisiolgicas dos pacientes, principalmente no que se
refere aos sistemas respiratrios e circulatrios, com o aumento da resistncia vascular e
pulmonar pelo peso do corpo sobre o diafragma, dependendo das caractersticas
individuais e condies fsicas de cada voluntrio. Diferentemente da posio supina em
que Giaretta (2000) no aponta em seus resultados alteraes significativas nos valores
dos sinais vitais dos 54 indivduos submetidos a essa posio.
Segundo a Joint Comitioning North American (JCAHO) uma das metas em
segurana na assistncia ao paciente hospitalizado deve ser a identificao de
-
63
procedimentos adequados realizados e a eliminao de mtodos desenvolvidos de
maneira inadequada Murphy (2004), com a finalidade de evitar seqelas e abreviar os
dias de internao.
Figura 23 - Caracterizao dos sintomas manifestados durante a permanncia na posio
prona/ventral com o RPSCMC E O RPSCME, nos voluntrios do sexo feminino. So Jos dos Campos,2005. N =06.
Voluntria Manifestao
Regio
Tempo
RPSCMC
Manifestao
Regio
Tempo
RPSCME
1
Dor face (frontal, Arco
zigomtico E).
Desconforto face (frontal
Arco zigomtico).
1, 7
7
Dor face (frontal
Arco
zigomtico E).
2,4
2 Desconforto face
(Arco zigomtico).
7 Desconforto face
(frontal)
7
3
Dor face (frontal, rbita
ocular e Arco zigomtico).
1,2,3,4
Desconforto face
(frontal)
Dor face (Arco
zigomtico).
1,3,7,9
4
4
Desconforto face (frontal
Arco zigomtico).
Parestesia (frontal Arco
zigomtico).
Dor face (frontal Arco
zigomtico).
3, 6, 10
10
6
Parestesia
( frontal Arco
zigomtico).
5
7 desconforto face (regio
frontal Arco zigomtico).
3,4,5,6,8
8
Desconforto Face (regio
frontal Arco zigomtico).
Dor face (regio frontal
Arco zigomtico).
3, 10
7
Desconforto Face
(regio Arco
zigomtico).
10
-
64
De acordo com a figura 23, 05 (83,3%) das voluntrias referiram desconforto na
face do primeiro ao dcimo minuto e 04 referiram dor utilizando o RPSCMC. No
entanto usando-se o RPSCME observa-se que somente a voluntria nmero 3
apresentou desconforto na face, na regio frontal do primeiro ao nono minuto, na regio
do arco zigomtico manifestou dor aos quatro minutos. J a voluntria de nmero um
apresentou dor na face na mesma regio aos dois e quatro minutos, o que foi muito
diferente quando utilizou o recurso de proteo convencional.
Em relao ao desconforto as voluntrias dois e oito manifestaram-no ao stimo
e dcimo minuto, o que no foi diferente do tempo de manifestao para a segunda e a
oitava voluntria .
Tais manifestaes podem ser observadas pelas expresses colhidas, tanto para o
RPSCME como para o RPSCME de acordo alguns comentrios que foram feitos
durante o uso do RPSCMC:
-Sen