DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃOOs sistemas de informação, em geral, são utilizados...
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DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO
FEA/USP – EAD-0658
Prof. ANTONIO GERALDO DA ROCHA VIDAL
2010
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FEA/USP – EAD-0658 – Desenvolvimento de Sistemas de Informação
Prof. Antonio Geraldo da Rocha Vidal
II
SUMÁRIO
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ........................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 1 A NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO ......................................................................................................... 1 O CONCEITO DE SISTEMA ...................................................................................................................... 2
Introdução ....................................................................................................................................... 2 A Empresa como um Sistema ........................................................................................................... 4
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ................................................................................................................... 5 Conceitos Básicos............................................................................................................................ 5 Sistemas de Informação Operacionais ............................................................................................. 6 Sistemas de Informação Gerenciais ................................................................................................. 7 Requisitos de um Sistema de Informação .......................................................................................... 7 Componentes de um Sistema de Informação ..................................................................................... 8
ANÁLISE DE PROCESSOS E INFORMAÇÕES ................................................................................. 9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 9 A Organização por Processos .......................................................................................................... 9
DEFINIÇÃO DE PROCESSO .................................................................................................................... 11 ANÁLISE DE PROCESSOS DE NEGÓCIO .................................................................................................. 12
Entendimento do Negócio .............................................................................................................. 12 Problemas com Processos ............................................................................................................. 13 Fases da Análise de um Processo de Negócio................................................................................. 13 Características dos Processos Analisados ...................................................................................... 14
ANÁLISE DE INFORMAÇÕES ................................................................................................................. 15 Introdução ..................................................................................................................................... 15 Necessidades de Informação .......................................................................................................... 16 Definição de Classes de Dados ...................................................................................................... 20 Definição dos Requisitos de um Sistema de Informação .................................................................. 22
BASES DE DADOS................................................................................................................................ 23 Introdução ..................................................................................................................................... 23 Estrutura de uma Base de Dados ................................................................................................... 24 Chave Primária ou Identificadora .................................................................................................. 25 Índices de Acesso........................................................................................................................... 26 Projeto de Bases de Dados ............................................................................................................ 27
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ........................................................... 29
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 29 Etapa 1 Definição dos Processos .............................................................................................. 29 Etapa 2 Modelagem de Processos - BPM .................................................................................. 29 Etapa 3 Modelagem de Dados - RDM ....................................................................................... 30 Etapa 4 Modelagem das Regras de Negócio ............................................................................. 30 Etapa 5 Definição dos Módulos do Sistema .............................................................................. 30
MODELO DE PROCESSOS - BPM .................................................................................................... 31
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 31 INTRODUÇÃO AO BPMN ..................................................................................................................... 32 SÍMBOLOS DO BPMN .......................................................................................................................... 41
Eventos ......................................................................................................................................... 41
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III
Eventos Intermediários .................................................................................................................. 41 Objetos de Conexão ....................................................................................................................... 45 Artefatos........................................................................................................................................ 45 Atividades ..................................................................................................................................... 46
MODELO DE DADOS - RDM ............................................................................................................. 49
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 49 Relacionamentos Um-para-Um ...................................................................................................... 51 Relacionamentos Um-para-Muitos ................................................................................................. 54 Relacionamentos Muitos-para-Muitos ............................................................................................ 55 Conjuntos de Relacionamentos ...................................................................................................... 56 Variação no Tempo ....................................................................................................................... 59 O Modelo Relacional de Dados (RDM - Relational Data Model) .................................................... 60 Modelagem dos Dados................................................................................................................... 60 Dados-chave ................................................................................................................................. 64 Múltiplas Chaves ........................................................................................................................... 65
NORMALIZAÇÃO DE TABELAS ............................................................................................................. 66 Introdução ..................................................................................................................................... 66
MODELAGEM DAS REGRAS DO NEGÓCIO ................................................................................. 73
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 73 LÓGICA ESTRUTURADA ....................................................................................................................... 73 TABELAS DE DECISÃO ......................................................................................................................... 74
Exemplo de Tabela de Decição ...................................................................................................... 74 ÁRVORES DE DECISÃO ........................................................................................................................ 74 DIAGRAMAS DE TRANSIÇÃO DE ESTADOS ............................................................................................ 75
RECURSOS DO SISTEMA ................................................................................................................. 76
UTILIZAÇÃO DE ÍNDICES ..................................................................................................................... 76 DESEMPENHO DO SISTEMA .................................................................................................................. 77 MÓDULOS DO SISTEMA ....................................................................................................................... 78 DIAGRAMA HIERÁRQUICO DO SISTEMA ............................................................................................... 79 ESPECIFICAÇÃO DE MÓDULOS DO SISTEMA .......................................................................................... 79
Introdução ..................................................................................................................................... 79 Implementação por Uma Pessoa .................................................................................................... 80 Implementação por Várias Pessoas ................................................................................................ 80 Diálogo Sistema x Usuário ............................................................................................................ 81 Exemplo de Especificação de Módulo ............................................................................................ 82
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 86
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FEA/USP – EAD-658 – Desenvolvimento de Sistemas de Informação
Prof. Antonio Geraldo da Rocha Vidal
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Sistemas de Informação
Introdução
Ao procurar um número de telefone, conferir seu saldo bancário, escrever um relatório,
cuidar da velocidade do seu carro etc., você está processando dados.
O resultado de suas atividades de processamento de dados é a informação, que você usa
para conduzir suas atividades. Quanto melhor informado você estiver, mais facilmente
alcançará seus objetivos.
Ao menos três grandes motivos combinados tornam o processamento de dados e a
obtenção de informações tão importante nas organizações:
A competitividade crescente.
A administração científica.
A tecnologia da informação.
A globalização da economia, a competitividade e o constante crescimento das empresas,
ao mesmo tempo e na mesma proporção em que afasta os administradores de alto nível da
supervisão mais direta das operações, tende a tornar cada vez mais crítico o recurso
informação e, conseqüentemente torna necessário o uso das tecnologias de informação e
comunicação (TIC).
A Necessidade de Informação
Imagine-se flutuando em um lugar completamente escuro e silencioso. Não há odores,
não existe a sensação de calor ou frio. O ar está parado, ou seja, você não sente sensação
alguma. Certamente você se sentiria mal e não saberia exatamente o que fazer. O que está
faltando? Informação! Você precisa ver, ouvir e cheirar, enfim sentir o seu lugar.
Assim como o seu corpo depende de ar, água e alimentos para sobreviver, você depende
de informação. E não apenas para sobreviver, mas para alcançar seus objetivos: aprender,
divertir-se, ajudar os outros, amar, trabalhar, se afirmar na sociedade e administrar
empresas.
A informação, portanto, possui importância fundamental para todos nós, individual e
coletivamente, isto é, para as pessoas, famílias, clubes, comércio, escolas, indústrias,
governo e organizações de qualquer natureza.
A sobrevivência e o sucesso das organizações criadas pelo homem dependem
fundamentalmente da informação. Sem ela estarão a esmo no escuro e não poderão ser
administradas.
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O Conceito de Sistema
Introdução
Um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos ligados entre si por
cadeias de relações de modo a constituir um todo organizado que visa o alcance de
determinado objetivo.
A palavra sistema envolve, de fato, amplo espectro de idéias. Pode-se pensar em sistema
solar, ou no corpo humano como um sistema. Diariamente deparamo-nos com sistemas
de transporte, sistemas de comunicação, sistemas biológicos, sistemas financeiros,
sistemas de informação etc.
Considera-se sistema um conjunto de elementos interdependentes, ou partes que
interagem formando um todo unitário e complexo que possui um objetivo. No entanto, é
preciso distinguir sistemas fechados, como as máquinas, um relógio etc., dos sistemas
abertos, como os sociais e biológicos: o homem, a sociedade, a empresa e a informação.
Os sistemas abertos envolvem a idéia de que determinadas entradas são introduzidas no
sistema e que, após processadas, geram certas saídas. Com efeito, a empresa vale-se de
recursos materiais, humanos, tecnológicos, financeiros e informações, de cujo
processamento resulta produtos e/ou serviços a serem fornecidos ao mercado.
Elementos do Sistema Empresa
Cada um destes elementos, por sua vez também pode ser visto como um subsistema.
Teremos, então, uma hierarquia de sistemas e subsistemas (ou níveis).
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Elementos do Subsistema de Produção
As relações entre os componentes podem representar as mais variadas interações entre os
elementos, tais como autoridade, comunicação, precedência temporal, precedência
operacional, proximidade etc.
As características inerentes a todos os sistemas são:
Objetivo: a proposta fundamental de existência de qualquer sistema.
Componentes: partes do sistema que funcionam juntas para alcançar o objetivo.
Estrutura: a relação existente entre os componentes, definindo a fronteira
entre o sistema e seu ambiente.
Comportamento: a maneira como o sistema reage ao seu ambiente.
Ciclo Vital: nascimento, evolução, desgaste, obsolescência, envelhecimento,
substituição, reparo e "morte" do sistema.
Uma grande contribuição da teoria de sistemas foi a de estudar as interações do ambiente
com a empresa e como adaptá-la de modo eficiente às suas contingências.
O ambiente do sistema empresa do exemplo anterior contém os seguintes elementos:
Clientes
Fornecedores de matéria-prima
Mercado de mão-de-obra
Concorrentes
Fornecedores de recursos financeiros
Governo
Tecnologia
Etc.
Obviamente, uma empresa não pode ignorar as suas interações com estes elementos.
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A Empresa como um Sistema
As empresas, portanto, devem ser estudadas como sistemas abertos e, para efeito deste
estudo, é conveniente subdividir o sistema empresa em subsistemas, alguns dos quais
podem ser apenas conceituais, isto é, sem existência física, mas apenas para uma melhor
compreensão do fenômeno.
Assim, podemos identificar nas empresas um subsistema de produção, cujas operações
resultam nos objetivos da empresa (fabricação de produtos ou prestação de serviços), um
subsistema de administração, cuja função é assegurar o eficaz funcionamento da
produção e um subsistema de informação, cuja função é captar, armazenar e fornecer as
informações necessárias para a empresa atingir eficazmente seus objetivos.
Ao considerarmos a empresa como um sistema, devemos nela identificar suas
características básicas, ou seja, objetivo, componentes, estrutura, comportamento e ciclo
vital.
Um objetivo típico das empresas é elevar o poder aquisitivo de seus proprietários através
de operações lucrativas. Este é um objetivo fundamental, de longo prazo, e estratégico em
sua natureza. Os objetivos de prazos mais curtos incluem os táticos, como aumento das
vendas de um determinado produto, redução de horas extras de funcionários e
aperfeiçoamento da manutenção de equipamentos. Existem objetivos operacionais
(rotineiros), tais como possuir o número adequado de funcionários para atendimento de
clientes, descobrir a causa do atraso na entrega de uma mercadoria, efetuar a venda de um
produto, fabricar um produto, manter o controle de estoques atualizado etc.
Os indivíduos de uma empresa são geralmente agrupados em subsistemas, com atividades
especializadas denominadas funções. Estes subsistemas são os componentes principais
de uma empresa. Algumas funções encontradas com maior freqüência incluem vendas,
compras, finanças, contabilidade, produção, recursos humanos, informática etc.
A estrutura de uma empresa é a maneira como autoridade e responsabilidades são
distribuídas entre os funcionários e administradores de seus componentes.
O comportamento das empresas é determinado por seus processos de negócio, que são
seqüências específicas de atividades a serem desenvolvidas em conseqüência da política
da empresa e da busca de seus objetivos. Os processos orientam os funcionários em como
efetuar as tarefas que cada componente da empresa requer.
Finalmente, o ciclo vital, que pode ser facilmente percebido através do surgimento de
novas empresas, sua evolução, crescimento e suas mudanças; e também através do
desaparecimento de empresas antigas e obsoletas.
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Sistemas de Informação
Conceitos Básicos
Há muitas formas de se conceituar informação, dependendo do ângulo de observação e
do campo de conhecimento em estudo. Do ponto de vista mais específico de sistemas de
informação pode-se examiná-lo a partir do entendimento da informação como o resultado
do tratamento de dados. Entende-se neste caso um dado como um item elementar de
informação (um conjunto de idéias ou fatos expressos através de letras, dígitos ou outros
símbolos) que, tomado isoladamente, não transmite nenhum conhecimento, ou seja, não
possui significado intrínseco.
Partindo-se do conceito acima, pode-se definir informação como o resultado de fatos e
idéias relevantes, ou seja, dados, que foram transformados (processados) numa forma
inteligível para quem os recebe, e tem valor (utilidade) real ou aparente para a tomada de
decisões presentes ou futuras.
Dentro desse conceito de informação, um sistema de informação é um componente do
sistema organizacional, constituído por uma rede espalhada pela empresa inteira e
utilizada por todos os seus componentes. Seu propósito é obter informações dentro e fora
da empresa, torná-las disponíveis para os outros componentes, quando necessitarem, e
apresentar as informações exigidas pelos que estão fora.
Os sistemas de informação, em geral, são utilizados para orientar a tomada de decisão
dentro de processos de negócio, em três níveis diferentes na administração de uma
empresa: o operacional, o tático (ou gerencial) e o estratégico. O nível operacional
envolve decisões pelas quais o administrador consegue que atividades específicas sejam
executadas de modo eficaz e eficiente. Já o nível tático envolve decisões pelas quais o
administrador assegura que os recursos são obtidos e usados de modo eficaz e eficiente
para que os objetivos da empresa sejam atingidos. Finalmente, o nível estratégico envolve
as decisões ligadas à definição ou mudança dos objetivos da empresa, identificação dos
recursos que deverão ser usados para atingir estes objetivos e políticas para aquisição e
uso destes recursos.
As decisões envolvidas nestes três níveis também podem ser divididas em três tipos,
conforme a necessidade de uso de intuição e criatividade ou de raciocínio lógico:
decisões estruturadas, decisões semi-estruturadas e decisões não-estruturadas.
As decisões estruturadas são, em geral, repetitivas (rotineiras). O tomador de decisão tem,
neste caso, paradigmas bastante precisos que lhe prescrevem quais as informações
necessárias e como utilizá-las no processo de decisão. Existem critérios objetivos para
medir a qualidade da decisão tomada e os seus resultados.
Já as decisões não-estruturadas são, em geral, únicas. O tomador de decisão está diante de
um problema novo para o qual não há experiência anterior que indique quais são as
informações relevantes, tampouco existe um consenso sobre um processo racional que
deve ser seguido na tomada de decisão. É difícil reconhecer uma decisão bem tomada.
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Por fim, as decisões semi-estruturadas são as que possuem componentes estruturados e
não-estruturados. Pela sua natureza e apoiando-se na própria experiência, o tomador de
decisões procura transformar decisões não-estruturadas em estruturadas, já que deste
modo se torna mais fácil decidir ou então delegar o processo de tomada de decisão.
Estas duas classificações permitem uma caracterização bastante útil dos processos de
decisão e dos sistemas de informação resultantes. Observa-se que as decisões não-
estruturadas são mais freqüentes nos altos escalões da empresa, envolvidos com
planejamento estratégico, ao passo que no nível operacional predominam as decisões
estruturadas (por delegação dos níveis hierárquicos superiores).
Este processo de tomada de decisão dos administradores cria fluxos de informação entre
os diversos componentes da empresa. As informações estratégicas, táticas e operacionais
fluem em geral para cima e para baixo dos níveis de gerência da empresa. Outras
informações e ações criam fluxos laterais de um componente operacional da empresa
para outro. E ainda outras informações e ações criam fluxos entre as partes individuais
dentro dos componentes da empresa.
Qualquer sistema de informação empresarial, como o de contabilidade ou o de recursos
humanos, possui o mesmo comportamento: captar e transportar os dados ao longo da
estrutura da empresa (componentes da empresa) até o processamento, isto é, a aplicação
das regras do negócio e, a partir daí, produzir informações que desencadeiam outros
fluxos de informação dentro da empresa. Portanto, um sistema de informação integra-se
na empresa, em função de sua estrutura, sua política, seus processos, suas pessoas e o tipo
de decisão para a qual servirá de base.
Em vista disso, os sistemas de informação podem ser classificados em dois grandes
grupos:
Operacionais: Sistemas de Informação de Apoio às Operações
Gerenciais: Sistemas de Informação de Apoio à Gestão
Sistemas de Informação Operacionais
No nível operacional (do processo do negócio), os sistemas de informação são em geral
condicionados pela tecnologia da empresa e pela organização do seu processo produtivo.
Os sistemas de apoio às operações são tipicamente sistemas armazenadores de dados e
processadores de transações, ou seja, são redes de procedimentos rotineiros que servem
para o registro e processamento das transações correntes. Dentro desta categoria podemos
identificar como sendo típicos os de contabilidade, folha de pagamento, controle de
estoques, faturamento de vendas, e o financeiro (contas a receber e a pagar). Os sistemas
que se voltam para decisões referentes às operações envolvem o registro de muitos dados
e a integração e agregação de muitas transações, tais como planejamento de vendas,
controle da produção, controle de custos, controle de qualidade e contabilidade.
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Sistemas de Informação Gerenciais
No nível gerencial, os sistemas de apoio à gestão, ou sistemas de informações gerenciais,
não são orientados para o processamento de transações rotineiras, mas existem para
auxiliar nos processos decisórios de planejamento e controle. Por essa razão, tais sistemas
devem ser flexíveis e podem ter uma assistemática freqüência de uso. Incluem sistemas
de previsão de vendas, de análises financeiras, orçamentos, isto é, sistemas voltados, de
modo geral, para o planejamento e controle das operações da organização. Os sistemas de
informação gerenciais, porém, são mais difíceis de serem construídos e avaliados, porque
suportam decisões nos níveis superiores da hierarquia das empresas. O modo de tomar
decisões é bastante variável e a sua avaliação é muito subjetiva, com forte dependência
do estilo do tomador de decisões.
Estes fatos indicam a necessidade de metodologias distintas para o desenvolvimento,
seleção e implantação de sistemas de informação operacionais e gerenciais, pois os
sistemas de informação devem ser estudados à luz dos processos transacionais ou
decisórios aos quais devem servir. Das peculiaridades destes processos pode-se, então,
derivar suas características mais adequadas.
Requisitos de um Sistema de Informação
Um sistema de informações eficaz deve satisfazer os seguintes requisitos básicos:
Produzir as informações realmente necessárias, confiáveis, em tempo hábil e com custo condizente, atendendo aos requisitos de processos de negócio operacionais e
gerenciais a que tais informações devem suprir.
Assegurar o atendimento dos objetivos da organização, de maneira direta, simples e eficiente.
Integrar-se à estrutura da organização e promover a execução de processos de negócio e apoiar a coordenação das diferentes unidades organizacionais (departamentos,
divisões e diretorias) por ele interligadas.
Ter um fluxo de procedimentos (internos e externos) racional, integrado, rápido e de menor custo possível.
Contar com dispositivos de controle interno que garantam a confiabilidade das informações de saída e adequada proteção aos dados controlados pelo sistema.
Ser fácil, simples, seguro e rápido em sua utilização.
As tecnologia de informação e comunicação (TIC), pela sua capacidade de armazenar
considerável volume de dados e de processá-los a grandes velocidades, pelos recursos
que oferece para aumentar a confiabilidade da informação e pelas possibilidades que
introduz de retenção, recuperação, pesquisa e transmissão de informações e comunicação
entre pessoas, devem ser aplicadas na implementação de sistemas de informação de alta
qualidade. Porém, a simples introdução de recursos de TIC nos sistemas de informação
de uma empresa, não representa uma garantia de solução de seus problemas. Por si só, a
TIC não assegura que a empresa passe a contar com sistemas de alta qualidade. Ao
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mesmo tempo, porém, sem o seu emprego, certas necessidades e benefícios objetivados
no planejamento dos sistemas de informação empresariais não são factíveis, e até mesmo
pode não ser possível encontrar soluções viáveis para determinados problemas ou
processos de negócio.
A crescente competitividade e o constante crescimento das organizações, ao mesmo
tempo e na mesma proporção em que afasta seus dirigentes da supervisão mais direta das
operações, tende a tornar cada vez mais crítico o recurso da informação e,
conseqüentemente, necessário e cada vez mais intenso o uso das tecnologias da
informação e comunicação nas empresas.
No contexto atual, é imprescindível que as organizações apliquem a TIC em seus
sistemas de informação, com o risco de se não o fizerem tornarem-se menos
competitivas, menos ágeis e até mesmo não sobreviverem.
Componentes de um Sistema de Informação
Em um sistema de informação que utiliza os recursos da TIC, existem cinco componentes
essenciais: hardware, software, dados, processos e usuários. Estes, por sua vez, estão
inseridos num contexto mais amplo, de aplicação numa empresa ou organização, com o
objetivo de produzir determinados produtos ou serviços.
Hardware: composto pelos equipamentos de informática utilizados pelo sistema,
como computadores, impressoras, leitores óticos, mouse etc., e pelos recursos de
comunicação (redes) que os conectam entre si, como modems, linhas, cabos,
concentradores, roteadores, switchs etc.
Software: composto pelos sistemas operacionais e diversos programas aplicativos de
computador que fornecem instruções específicas sobre as tarefas que o hardware deve
executar regras (operações de decisão e cálculo) e gerar a informação desejada.
Processos: compostos por conjuntos organizados e seqüenciais de atividades ou
tarefas a serem executadas que definem como os negócios da empresa ou organização
devem ser conduzidos, e que decisões precisam ser tomadas.
Dados: compostos por fatos e idéias relevantes que registrados e processados de
forma adequada permitem gerar a informação necessária para os processos de
negócio.
Usuários: compostos pelas pessoas que realizam as tarefas e atividades inerentes aos
processos de negócio e pelas pessoas que solicitam e utilizam informações para a sua
execução e o gerenciamento da organização.
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Análise de Processos e Informações
Introdução
A dinâmica imposta por uma economia estável e globalizada coloca os sistemas de
informação como diferencial competitivo para a sobrevivência das empresas no mercado.
A compreensão das necessidades do negócio, transformando-os em requisitos sistêmicos
transformou-se no grande desafio para os administradores conseguirem manter o seu
negócio competitivo e permitir a exploração ou a descoberta de novas oportunidades.
As empresas têm sentido cada vez mais a necessidade de compreender os mecanismos
que conduzem a empresa, como meio de garantir que a tomada de decisões seja feita de
maneira ágil e com mínimo de risco. A habilidade de modelar os seus processos,
permitindo que a organização conheça detalhadamente suas áreas de negócio, facilita
quaisquer esforços visando melhoria de desempenho, seja do ponto de vista monetário,
quantitativo, ou qualitativo, além de possibilitar o uso inteligente da TIC na busca do
sucesso organizacional.
O cenário de negócios atual exige das organizações:
Flexibilidade para mudanças;
Ação rápida;
Conhecimento dos processos que conduzem o negócio;
Utilização de inovações tecnológicas.
A Organização por Processos
Uma organização pode ser vista como um grande processo que recebe insumos,
informações e recursos do ambiente, os processa e os devolve ao ambiente na forma de
produtos e serviços. O processo organização também pode ser visto como um conjunto de
processos menores, operacionais e gerenciais, que se desdobram em etapas, e que por sua
vez se subdividem em atividades e estas em tarefas que devem ser executadas pelas
pessoas para o alcance dos objetivos.
As pessoas que atuam na organização podem ser fontes de processos e/ou participantes de
processos. Normalmente é mais conveniente avaliar processos do que avaliar pessoas,
pois a avaliação de processos reforça o caráter sistêmico e complementar do conjunto de
pessoas.
O desempenho dos processos de uma organização deve ser avaliado sistematicamente, de
forma a se poder avaliar adequadamente o desempenho da organização como um todo.
As melhorias de desempenho a serem alcançadas precisam ser quantificadas e para isso é
necessário comparar padrões desejados de desempenho e indicadores de desempenho
para cada processo da organização.
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Em princípio sempre é possível melhorar processos, mas para isso é necessário:
Modelar os processos de modo a atender eficazmente os objetivos da organização;
Direcionar os processos da organização ao atendimento dos clientes – internos e/ou externos;
Utilizar recursos, ferramentas e inovação para aumentar a eficiência de processos;
Capacitar as pessoas a fazerem certo desde a primeira vez;
Conhecer como cada tarefa, executada por cada pessoa, se insere no processo global da organização.
Os benefícios que podem ser obtidos da modelagem de processos de negócio
compreendem, entre outros:
Melhoria da satisfação do cliente (interno e/ou externo);
Melhoria da produtividade (redução de tempos e custos);
Melhoria da qualidade (de produtos e serviços);
Avaliação sistemática de desempenho (medição do desempenho);
Melhoria da comunicação interdepartamental;
Utilização eficaz de novas tecnologias;
Aumento da competitividade da empresa;
Melhoria do relacionamento interno e externo entre clientes e fornecedores.
Aumento da visibilidade do desempenho;
Trabalho integrado e em equipe.
A relação entre fornecedores e clientes de um processo é definida de forma que cada
atividade, tarefa, processo ou sistema sempre possui um cliente e um fornecedor:
Fornecedor: responsável pelas entradas (recursos e/ou insumos); pode ser interno ou externo à organização.
Cliente: recebe as saídas (resultados, produtos e/ou serviços); pode ser interno ou externo à organização.
Desta forma, a qualidade do produto ou serviço da organização pode ser vista como o
resultado da qualidade dos processos.
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Definição de Processo
Um processo de negócio pode ser definido como um conjunto de atividades e tarefas
estruturadas, seqüenciais e medidas que transforma um ou mais tipos de entrada e cria um
produto ou serviço que tem valor para determinados clientes ou mercados.
Processos eficientes e eficazes possuem as seguintes características:
Repetição: é repetido diversas vezes o longo do tempo;
Estabilidade: é executado sempre da mesma forma;
Previsibilidade: pode ser planejado e controlado;
Mensurabilidade: pode ser medido e ter seu desempenho avaliado com base em critérios e parâmetros pré-definidos;
Documentação: tem todas as atividades e tarefas que o compõem descritas de forma que diferentes pessoas possam executá-las da forma prevista.
Elementos de um processo:
1. Nome do Processo
2. Escopo e Limites
3. Participantes
a. Clientes (internos e/ou externos)
b. Fornecedores (internos e/ou externos)
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4. Requisitos de Entrada e Saída
5. Atividades
a. Tarefas
b. Decisões
6. Indicadores
a. Critérios e parâmetros
b. Medidas
7. Documentação.
Análise de Processos de Negócio
Entendimento do Negócio
Inicialmente deve-se buscar o entendimento do negócio da organização através de:
1. Definição de objetivos da organização;
2. Definição dos produtos e/ou serviços produzidos;
3. Definição de necessidades em relação à produção dos produtos e/ou serviços;
4. Definição dos processos utilizados para a produção dos produtos e/ou serviços e;
5. Definição de parâmetros ou critérios para medir desempenho e qualidade.
Após o entendimento do negócio, a análise dos processos estabelece e detalha a
seqüência de atividades de cada processo que converte uma entrada específica na saída
necessária (resultado), identificando as áreas, pessoas e recursos envolvidos, pontos que
geram impacto negativo sobre o processo.
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Problemas com Processos
São representados como a diferença entre a situação desejada e a situação atual,
geralmente envolvendo medidas de qualidade e desempenho.
Se existem problemas na execução dos processos, eles podem estar relacionados com
falhas na sua definição, inadequação das atividades ou a ocorrência de situações que
conduzam a erros.
Problemas são sinônimos de desperdícios:
a. Eliminar um problema significa eliminar suas causas básicas ou primárias.
b. Administrar um problema significa agir sobre suas causas secundárias.
Identificar um problema significa comparar uma situação real com uma situação desejada
(ideal) e, para que essa comparação seja possível, são necessários no mínimo:
a. Padrão para desempenho do processo;
b. Indicador do desempenho da situação real.
Solucionar um problema (eliminar suas causas básicas) significa comparar a situação
atual do processo (onde ele ocorre) com a situação desejada ou projetada e eliminar a
diferença existente entre elas.
Fases da Análise de um Processo de Negócio
1. Identificação de Processos: a partir do entendimento dos negócios da organização.
2. Construção da Matriz Atividade/Fornecedor/Cliente
a. Detalha os produtos finais e intermediários de cada atividade de um processo
b. Detalha seus fornecedores e clientes internos e externos
c. Detalha as responsabilidades envolvidas
3. Construção do Modelo do Processo de Negócio (BPM – Business Process Model)
a. Diagrama do Processo: define o fluxo de atividades, unidades organizacionais, tarefas, tempos, pessoas e interfaces que compõe o processo.
b. Diagrama de Informações: define o fluxo de informações sobre entidades utilizadas no processo, detalhando seu recebimento, processamento, envio,
registro e interfaces envolvidas.
Resultados da Análise do Processo
Modelo (BPM) do processo atual.
Problemas (pontos de desconexão) identificados.
Análises das causas.
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Propostas para correções e melhorias.
Projeto do Novo Processo
Estabelecer metas de desempenho e qualidade para agregar valor para a organização, tornando-a mais competitiva.
Elaborar a Matriz Cliente/Fornecedor x Atividade do novo processo.
Elaborar o modelo (BPM) do novo processo considerando as correções de erros e melhorias no processo atual.
Avaliar o novo processo (analisar solução de problemas antigos e o surgimento de novos problemas).
Estabelecer um sistema de medição de desempenho
Validar e ajustar o novo processo
Elaborar plano de implantação do novo processo
Elaborar matriz de controle do novo processo:
o Definir recursos e métodos para manter o processo sob condição controlada
o Definir parâmetros de controle, desempenho e qualidade
o Definir faixas estabelecidas para os parâmetros
o Definir responsabilidades pelas ações de controle
Características dos Processos Analisados
1. Vários serviços ou atividades são combinados em um.
2. Os trabalhadores tomam as decisões (equipes autogerenciadas).
3. As etapas do processo são realizadas em uma ordem natural.
4. Os processos podem ter variações.
5. O trabalho é realizado onde faz mais sentido.
6. Verificação e controles são reduzidos e otimizados.
7. A reconciliação e o re-trabalho são minimizados.
8. Um gerente possui um único ponto de contato.
9. Uso de novas tecnologias.
10. Definição clara do que deverá ser informatizado.
11. Visão do todo com responsabilidades bem definidas.
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12. Garantia de informatização de um processo já racionalizado e preparado para usar a TI.
13. Necessidades de suporte de Sistemas de Informação já identificadas (dados, políticas, normas, regras do negócio, procedimentos, recursos, capacitação etc.)
14. Redução do tempo para obtenção da visão global do negócio da organização.
Análise de Informações
Introdução
As organizações de todos os tamanhos gastam seu tempo e recursos executando
processos de negócios complexos. Um processo de negócio consiste em regras e na
execução de muitas atividades no decorrer do tempo. Quem atualmente mantém esses
processos funcionando nas organizações modernas são sistemas de informação.
Um processo de negócio também pode ser visto como uma coleção de regras (milhares)
que definem como o negócio é conduzido ao longo do tempo. Pensar nos processos em
termos de regras permite automatizar as partes mecânicas e estruturadas do negócio.
Exemplo de regras de negócios:
Todas as regras para a compra/venda de um produto.
Todas as regras da contabilidade.
Todas as regras para cálculo de salários.
O papel central dos sistemas de informação empresariais é conduzir os processos de
negócios. Manter um banco de dados para fornecer informações para toda a organização
e coordenar o acesso a elas são tarefas importantes para dar suporte aos processos de
negócios. O “ideal” seria que os processos de negócios pudessem ser totalmente
automatizados.
Um dos princípios da modelagem de processos é a eliminação de esperas. Esperas custam
dinheiro e atrasam o negócio. Na modelagem do processo cada atividade, cada
intervenção ou cada decisão deve ser analisada. Que decisões, análises ou aprovações
podem ser automatizadas? Quais regras de negócio podem ser colocadas num programa
para serem executadas automaticamente pelo computador sem intervenção humana?
O objetivo certamente não é conseguir automação total, mas eliminar a intervenção
humana desnecessária (processamento de informações, análises, decisões, aprovações,
controles etc.) para aumentar a eficiência do processo.
Os sistemas de informação fazem a sua parte, automatizando atividades e decisões
simples e mecânicas, deixando para as pessoas as decisões e atividades que realmente se
beneficiam com as intervenções humanas.
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A obtenção desse ideal torna mais importante do que nunca a aplicação da tecnologia da
informação como agente do processo de negócios.
Necessidades de Informação
Introdução
Para a definição dos sistemas de informação a serem automatizados numa empresa, é
interessante classificar-se as informações necessárias em externas e internas. As
informações externas são aquelas que a empresa troca com o seu meio ambiente (outras
empresas, clientes e governo) e as internas são aquelas trocadas entre suas diversas áreas
e níveis de decisão (contabilidade, pessoal, produção e diretoria).
Informações Externas
Qualquer empresa está inserida num ambiente e, por isso, tem necessidade de se
comunicar com este ambiente. Tipicamente pode-se considerar que o ambiente de uma
empresa é formado por fornecedores, clientes, instituições financeiras, acionistas,
concorrentes, governo e o público em geral.
Fornecedores: todas as empresas se relacionam com fornecedores, com quem
negociam para a aquisição de produtos (matérias-primas) e serviços, ou seja, insumos
necessários ao desenvolvimento de seus negócios. Algumas informações básicas a
respeito dos fornecedores seriam: nome, endereço, telefones, produtos/serviços
ofertados, prazos de entrega, preços e condições de pagamento.
Clientes: são fundamentais a qualquer empresa. São os clientes que geram resultados
para a empresa, sem clientes não há empresa. Algumas informações básicas a respeito
dos clientes seriam: nome, endereço, telefones, produtos/serviços e respectivas
quantidades adquiridas, pagamentos efetuados/a efetuar, pagamentos em atraso,
pedidos efetuados/pendentes, nome do comprador e nome do vendedor.
Instituições Financeiras: para qualquer atividade empresarial são necessários
serviços bancários. Além do aspecto de prestação de serviços (conta corrente,
cobranças e recebimentos), as instituições financeiras têm o papel de financiar
negócios (descontos de duplicatas e empréstimos) e de realizar investimentos
(aplicações financeiras).
Concorrentes: são as empresas que atuam no mesmo ramo de atividade, disputando o
mesmo mercado. A empresa precisa obter informações sobre seus concorrentes, pois
somente assim poderá se situar no mercado (volume de vendas e tipos de produtos),
verificar os lançamentos de novos produtos ou serviços, os pontos de venda que estão
sendo atingidos, a política de preços está sendo praticada e a tecnologia que está
sendo utilizada. Quanto aos concorrentes, é preciso ter informações como quem são,
onde estão localizados, quais os produtos que estão vendendo mais, quanto estão
faturando e que estratégias competitivas estão praticando.
Sócios/Acionistas: são as pessoas que investiram seu capital na empresa, e esperam
um retorno compensatório. Mesmo sendo de capital fechado, como é o caso da
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maioria das pequenas e médias empresas, poderão haver vários acionistas ou sócios
que deverão ser periodicamente informados sobre a situação da empresa e sobre a
divisão dos lucros.
Governo: o governo é um elemento muito importante, principalmente pelo controle
que exerce sobre a atividade das empresas. Assim, é necessário fornecer-lhe uma
série de informações fiscais e sociais que dependem do setor de atuação da empresa,
entre elas: Imposto de Renda (empresa e funcionários), Descontos para a Previdência
Social (empresa e funcionários), FGTS (empresa e funcionários), impostos (ICMS,
ISS, IPI, PIS e FINSOCIAL) e RAIS.
Público em Geral: apesar de não ter um relacionamento direto com o público, cada
vez mais, devido a movimentos ecológicos, controle de poluição e urbanização e
código do consumidor, as empresas são solicitadas a fornecer informações sobre suas
atividades, produtos e serviços, principalmente aquelas que atuam em setores
sensíveis a estes problemas.
Informações Internas
Qualquer empresa, na medida em que se desenvolve, é dividida em áreas funcionais ou
departamentos, para que consiga executar suas atividades de forma mais eficiente. Além
disso, há uma hierarquia de decisões na empresa, que vai dos níveis operacionais
(inferiores) aos gerenciais e estratégicos (superiores). O conceito de níveis de hierarquias,
nos quais o superior determina as ações dos inferiores, não se limita à coordenação de
pessoas, mas estende-se para as demais funções da empresa, e até para outros tipos de
sistemas.
Para as decisões operacionais são necessárias informações sobre processos que se referem
à operação da empresa, como volumes de estoques, produção, vendas e pagamento de
funcionários. Para as decisões gerenciais são necessárias informações para os processos
de planejamento e o controle das operações da empresa, como estatísticas de vendas,
análise da rotatividade dos estoques e análises financeiras. Finalmente, para as decisões
estratégicas são necessárias informações relacionadas à alta direção da empresa, como
processos de avaliação de oportunidades de investimento e de aplicação de novas
tecnologias. O conceito de nível decisório é importante, pois os processos em cada nível,
operacional, gerencial e estratégico, são diferentes, e conseqüentemente as necessidades
de informação são diferentes. Contudo, estes níveis não são estanques. Ao contrário,
interagem entre si, gerando um fluxo de informações dos níveis inferiores para os
superiores e vice-versa.
As áreas funcionais desempenham tarefas específicas ligadas a cada um dos processos
necessários ao alcance dos objetivos da empresa. Para tanto, são necessárias informações
operacionais, gerenciais e estratégicas, que geram um fluxo de informações dentro de
cada área e entre elas, pois o processo global de uma organização corresponde à
integração de processos executados por cada função e uns dependem dos outros.
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A seguir, apresentamos uma lista de processos e atividades, tanto a nível operacional
como gerencial, que inclui a maioria dos processos de negócio e sistemas de informação
de uma empresa industrial típica:
01. Administração Financeira e Contábil
01.1 Contabilidade Geral
01.2 Contabilidade Fiscal
01.3 Contas a Pagar
01.4 Contas a Receber
01.5 Tesouraria
01.6 Controle de importações
01.7 Controle de exportações
01.8 Custos
01.9 Orçamentos
02. Administração de Recursos Humanos
02.1 Folha de pagamentos
02.2 Controle de Férias
02.3 Controle de ponto
02.4 Controle financeiro de pessoal
02.5 Assistência médica
02.6 Administração de salários
02.7 Administração de cargos/funções
02.8 Desenvolvimento/treinamento
02.9 Higiene e segurança do trabalho
02.10 Apoio à assistência social
03. Administração Comercial
03.1 Cotações de preços para clientes
03.2 Administração da carteira de pedidos
03.3 Faturamento
03.4 Estatísticas de vendas
03.5 Expedição
03.6 Cálculo de comissões de vendas
03.7 Administração de transportes
03.8 Informações para clientes
03.9 Assistência técnica
04. Administração da Rede Logística
04.1 Administração interna de vendas
04.2 Administração de filiais
05. Administração de Marketing
05.1 Análises de mercados
05.2 Administração de preços
05.3 Apoio à propaganda
05.4 Planejamento de vendas
06. Planejamento Financeiro
06.1 Projeção do fluxo de caixa
06.2 Análises econômico/financeiras
06.3 Análises de investimentos
06.4 Análises de financiamentos
07. Administração Geral
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07.1 Follow-up administrativo
07.2 Controle de projetos
07.3 Controle de contratos
07.4 Controle de seguros
07.5 Controle de veículos
08. Administração de Compras e Materiais
08.1 Compras nacionais
08.2 Importações
08.3 Recebimento de materiais
08.4 Controle de estoques de matérias-primas
08.5 Controle de obsolescências
08.6 Controle de materiais indiretos
08.7 Controle de estoques materiais de escritório
08.8 Cadastro de fornecedores
09. Pesquisa e Desenvolvimento
09.1 Apoio à pesquisa de produtos
09.2 Apoio ao desenvolvimento de produtos
09.3 Cadastro de informações técnicas
10. Administração da Produção
10.1 Planejamento da produção
10.2 Programação da produção
10.3 Carga de máquinas
10.4 Controle da produção
10.5 Fechamento de ordens de produção
10.6 Controle de produtividade
10.7 Controle de processos
10.8 Controle de serviços externos
10.9 Estatísticas de produção
11. Controle de Qualidade
11.1 Especificações de padrões
11.2 Verificação de qualidade
11.3 Estatísticas de qualidade
12. Manutenção e Ferramentaria
12.1 Planejamento de manutenção preventiva
12.2 Controle de manutenção
12.3 Estatísticas de paradas
12.4 Controles de moldes e dispositivos
12.5 Controle de ferramental
12.6 Metrologia e instrumentos
13. Outros Sistemas Industriais
13.1 Apoio a tempos e métodos
13.2 Projeto de produtos
13.3 Projeto de moldes e ferramentas
Na prática as necessidades de informações externas e internas estão integradas. Por
exemplo, faturamento deve também fazer o controle do ICMS, assim como a folha de
pagamento deve fazer o controle de descontos de Imposto de Renda, Previdenciário e
FGTS. Portanto, as necessidades de informações globais da empresa combinam
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informações externas e internas, e estas devem ser atendidas pelos sistemas de
informação.
Definição de Classes de Dados
Uma classe de dados é uma categoria de dados logicamente relacionados que são
necessários para fornecer informações aos processos de negócio da empresa. Estes dados
devem ser identificados e classificados com o objetivo de determinar:
Exatidão, oportunidade e disponibilidade dos dados que são normalmente utilizados nos processos de negócio.
Classes de dados utilizadas nos sistemas de informações existentes ou a implantar.
Dados atuais e potenciais compartilhados pelos processos de negócio.
Dados criados, controlados e utilizados por cada processo de negócio.
Informações que são necessárias, mas que não estão disponíveis.
Quais são, tendo em vista fatores críticos de sucesso, os sistemas de informação prioritários ou que precisam ser melhorados.
As classes de dados são mais facilmente identificadas se divididas nos quatro tipos,
relacionados a seguir.
Dados Cadastrais
São dados referentes ao registro de entidades e recursos ligados à atividade da empresa.
Por exemplo, dados sobre: clientes, fornecedores, funcionários e produtos.
Dados Transacionais
São os dados referentes a todas as transações efetuadas pelos processos de negócio da
empresa. Por exemplo, dados sobre: compras, vendas, ordens de produção, pagamento a
funcionários, contas a pagar e contas a receber.
Dados de Controle
São extraídos dos dados cadastrais e transacionais para permitir análises sobre o
desempenho da empresa. Geram medidas para controle do desempenho dos processos de
negócio; por exemplo, volumes de vendas por produto, vendedor ou cliente, custo de
produção por produto etc.
Dados de Planejamento
Representam os objetivos ou níveis esperados dos dados cadastrais e do volume de
transações. São obtidos e estudados a partir dos três tipos anteriores; por exemplo,
previsão de vendas por produto, por vendedor ou por cliente.
As necessidades de informação, ou seja, dados a serem processados e informações a
serem geradas devem ser consolidadas e classificadas, de acordo com os processos de
negócio a que darão apoio e com a classe de dados de que fazem parte.
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Dados Cadastrais e Transacionais em Processos de Negócio de uma Empresa Industrial
DADOS CADASTRAIS DADOS TRANSACIONAIS
01. Contas contábeis 01. Lançamentos contábeis
02. Bancos 02. Custos
03. Centros de custos 03. Notas Fiscais/Faturas
04. Funcionários 04. Duplicatas a receber
05. Clientes 05. Processos de exportações
06. Vendedores 06. Consultas de clientes
07. Filiais e escritórios 07. Pedidos de clientes
08. Representantes 08. Pedidos a fornecedores
09. Produtos e acessórios 09. Processos de importações
10. Classes de produtos 10. Notas Fiscais de compras
11. Veículos 11. Títulos a pagar
12. Máquinas e equipamentos 12. Lançamentos bancários
13. Matérias-primas 13. Requisições de mat.primas
14. Produtos Semi-acabados 14. Ordens de produção
15. Materiais indiretos 15. Registros de produção
16. Fornecedores 16. Ordens de manutenção
17. Centros de produção 17. Requisições de ferramenta
18. Padrões de produção 18. Requisições instrumentos
19. Processos de produção 19. Requisições de moldes
20. Projetos e Desenhos 20. Alterações de projeto
21. Especificações e moldes 21. Assistência técnica
22. Ferramentas 22. Manutenções Preventivas
23. Transportadoras 23. Ordens de embarque
24. Concorrentes
Nesta etapa também devem ser estimados os principais volumes de dados cadastrais e
transacionais processados na empresa diariamente, semanalmente ou mensalmente, e seus
incrementos futuros. Essa estimativa servirá como uma das bases para o
dimensionamento do sistema de informação (hardware, software, dados, processos e
usuários) necessário para a empresa.
Os processos e sistemas de informação transacionais são relativamente comuns entre as
empresas, o mesmo acontecendo com os dados cadastrais. Desta forma, pode-se utilizar
uma tabela de referência para consulta quanto aos volumes a serem levantados.
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Definição dos Requisitos de um Sistema de Informação
Introdução
O projeto detalhado de um sistema de informação a ser desenvolvido somente deve
ocorrer após a definição das necessidades de informação da organização ou dos usuários
que irão utilizá-lo.
Tradicionalmente, para a obtenção das definições necessárias para o desenvolvimento de
um sistema de informação, o desenvolvedor deve entrevistar cada usuário da informação,
ou gerente da organização, envolvidos nos processos e áreas que serão afetadas pelo
sistema. Após este trabalho, que poderá demandar considerável tempo, as anotações
coletadas devem ser resumidas num documento de definição de requisitos ou de
especificação do sistema de informação a ser desenvolvido.
Relação de Requisitos do Sistema
Um documento, com a definição dos requisitos de um sistema de informação, deve conter
basicamente:
Processos a serem beneficiados
Dados a serem processados
Informações a serem geradas
Recursos especiais
Processos a Serem Beneficiados
Devem ser relacionados e descritos resumidamente os processos de negócio a serem
beneficiados pelo sistema, isto é, cujas necessidades de informações operacionais e
gerenciais para a execução de suas atividades deverão ser supridas pelo sistema de
informação a ser desenvolvido e implantado.
Dados a Serem Processados
Devem ser relacionados os dados a serem captados, armazenados e processados pelo
sistema para gerar as informações necessárias aos processos. Assim, por exemplo, para o
processo de faturamento de vendas, o cadastro dos clientes deverá conter o código do
cliente, o nome, o endereço, o limite de crédito, a região de venda, condições de
comercialização, o vendedor responsável e o saldo atual do cliente. Para validação, é
fundamental analisar os documentos utilizados pelo sistema de informação atual (manual
ou não), para verificar se todos os dados necessários foram incluídos. Também é
interessante anotar-se o número de posições necessário para cada dado, por exemplo, o
nome do cliente pode ter até 40 letras ou posições e as regras necessárias para verificar a
validade de cada dado, por exemplo, o sexo do funcionário só deve aceitar as letras M ou
F.
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Informações a Serem Geradas
Devem ser relacionadas as consultas desejadas na tela do computador e os relatórios a
serem impressos pelo sistema, de forma a satisfazer as necessidades de informação dos
processos, informando sua freqüência, (diária, semanal, mensal ou anual), seu conteúdo,
ordem de emissão e cálculos necessários para a obtenção das informações.
Regras do Negócio
Deve-se obter com a máxima precisão possível uma descrição das regras, cálculos ou
processamentos especiais que o sistema deve seguir para gerar as informações
necessárias, as facilidades e recursos que deve oferecer e as exceções à regra geral que
poderão ocorrer. Todos os códigos que serão utilizados para classificar clientes, produtos,
funcionários, processos, contas contábeis e transações também devem ser descritos com
detalhes.
Bases de Dados
Introdução
Uma base de dados (ou banco de dados) pode ser definida como um conjunto unificado
de informação que vai ser compartilhado pelas pessoas autorizadas de uma organização.
A função básica de uma base de dados é permitir o armazenamento e a recuperação da
informação necessária para as pessoas da organização tomar decisões, eliminando
redundâncias. Quando coexistem várias cópias de uma mesma informação, é comum
ocorrer discrepâncias entre elas, podendo-se chegar ao extremo de se tornar impossível
determinar qual das diferentes versões é a correta. Em uma base de dados corretamente
projetada não deve existir informação redundante e, portanto, a possibilidade de que se
produzam inconsistências entre os dados é minimizada.
Descentralização
Normalmente, nos microcomputadores, as informações necessárias a uma organização se
distribuem em um conjunto de bases de dados departamentais. Cada uma das bases de
dados contém informações sobre uma determinada área ou função da organização. Uma
delas pode ter sido desenvolvida para armazenar informações da área financeira, outra da
área de pessoal e uma terceira da área de vendas ou produção. O grande problema é que,
nesse caso, o processo de negócio como um todo, que invariavelmente envolve diversas
áreas, não é contemplado pelo sistema.
Centralização
Por outro lado, em computadores de maior porte (servidores), as informações necessárias
a uma organização são armazenadas numa única base de dados corporativa, que contém
informações sobre todas as áreas e funções da organização de forma integrada,
consistente e consolidada. Todos os sistemas de informação da organização compartilham
esta única base de dados. A grande vantagem é que, neste caso, todos os processos de
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negócio da organização podem ser contemplados pelo sistema, independentemente da
área ou função que execute cada atividade.
SGBD
Independentemente da base de dados que será implantada, a função de um Sistema de
Gerenciamento de Base de Dados (SGBD) é a mesma. O SGBD pode ser definido como
sendo o conjunto de recursos de TIC que possibilitará aos usuários o acesso e a utilização
eficiente da base de dados. O SGBD deve se encarregar da comunicação entre o usuário e
a base de dados, proporcionando a este os meios de pesquisar e obter informações,
introduzir novas informações e atualizar as existentes.
Estrutura de uma Base de Dados
Uma base de dados é formada por um conjunto de tabelas de dados que contém a
informação nela armazenada. O conjunto de tabelas ilustrado a seguir pode ser
considerado como pertencente a uma base de dados de compras.
Esta base de dados contém informações de três tipos, ou melhor, sobre três entidades:
Dados sobre produtos (entidade produto), armazenados na tabela de produtos;
Dados sobre fornecedores (entidade fornecedor), armazenados na tabela de fornecedores e;
Dados sobre a origem dos produtos (entidade origem do produto), ou seja, os produtos que são fornecidos por cada fornecedor e vice-versa, armazenados na tabela de origem
dos produtos.
TABELA DE PRODUTOS
Código Nome Unidade
1.01.001 CD-R Caixa com 10
1.01.002 CD-RW Caixa com 10
1.02.001 DVD-R Caixa com 10
2.01.001 Cartucho de Tinta para Impressora Unidade
3.01.001 Papel A4 para impressora. Pacote com 1000 folhas
4.01.001 Microcomputador Unidade
4.02.001 Notebook Unidade
4.02.002 Impressora Unidade
4.02.003 .
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TABELA DE FORNECEDORES
Código Nome Endereço Telefone
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0001 Arapuca Suprimentos Ltda. Rua Intel, 486 666-6666
0002 Infosup Ltda. Rua FoxPro, 70 680-6868
0003 AGV Suprimentos Ltda. Rua Delphi, 60 343-5643
. . . .
. .
.
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.
.
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TABELA DE ORIGEM DOS PRODUTOS
Fornecedor Produto Preço
0001 1.01.001 130,00
0002 1.01.001 11,00
0003 1.01.001 9,00
0002 2.01.001 15,00
0001 3.01.001 40,00
.
.
.
.
.
.
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.
.
As informações relativas a cada uma das entidades de interesse da organização são
armazenadas numa tabela de dados individual. Por sua vez, cada uma destas tabelas é
formada por um conjunto de linhas (ou registros) que descreve, através de colunas (ou
dados), os atributos de cada entidade nela armazenada.
Todos os registros de uma tabela, identificados pelas linhas de cada tabela, possuem o
mesmo formato, ou seja, o mesmo conjunto de colunas de dados ou atributos que
descrevem as entidades.
Os registros ou linhas são formados por um conjunto de dados, armazenados em campos,
identificados pelas colunas das tabelas. Cada registro deve conter o conjunto de dados ou
campos necessários para descrever completamente cada entidade sobre a qual uma
organização necessita armazenar e obter informações.
Chave Primária ou Identificadora
Em uma base de dados, para cada tabela de dados existe pelo menos um arquivo de índice
de acesso que é criado a partir de um atributo (ou campo) ou de um conjunto deles, para
identificar cada registro de forma inequívoca. O conjunto de atributos ou campos
utilizados para gerar este índice é denominado chave primária ou chave identificadora
da tabela. A chave primária é, portanto, aquele atributo, ou conjunto de atributos,
utilizado para distinguir ou identificar de forma única cada registro ou linha dentro de
uma tabela de dados.
Uma chave primária não deve possuir atributos desnecessários para a identificação dos
registros. Considera-se que uma chave primária não contém atributos ou campos
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desnecessários quando, ao se eliminar qualquer um dos que a compõem, a informação
proporcionada pelos restantes não é suficiente para identificar de forma inequívoca cada
registro ou linha da tabela de dados.
No caso da base de dados de compras, exemplificada anteriormente, as chaves primárias
de cada tabela são:
Tabela dos Produtos: código do produto.
Tabela dos Fornecedores: código do fornecedor.
Tabela de Origem dos Produtos: código do fornecedor + código do produto.
Cada chave primária é suficiente para identificar univocamente cada um dos registros das
tabelas da base de dados. Em conseqüência, em cada tabela não deverá haver mais do que
um registro ou linha que possua o mesmo valor para sua chave primária.
Em um SGBD adequadamente projetado deve ser gerado um erro se um usuário tentar
incluir um novo registro cuja chave primária coincida com a de outro registro já existente
na mesma tabela.
Índices de Acesso
Um índice de acesso é um arquivo auxiliar utilizado internamente pelo SGBD para acesso
direto a cada registro da tabela de dados a ele associado. A operação de indexação
(criação do arquivo de índice pelo SGBD) ordena os registros de uma tabela de dados de
acordo com os campos utilizados como chave e incrementa sensivelmente a velocidade
de execução de operações sobre a tabela de dados, principalmente as relacionadas com a
localização de dados em registros. Normalmente, para cada tabela de dados deve haver
um índice cuja chave de indexação seja idêntica à sua chave primária. Este índice é
chamado de índice primário.
Também é possível criar índices para uma tabela de dados utilizando atributos (ou
campos), ou conjuntos de atributos, diferentes dos da chave primária. Este tipo de índice,
chamado de índice secundário, é utilizado para reduzir o tempo necessário para localizar
determinada informação dentro de uma tabela ou para classificar os registros da tabela de
acordo com ordem necessária para a obtenção da informação desejada.
Na figura 03 é ilustrado um exemplo didático simplificado do funcionamento de um
arquivo de índice associado a uma tabela de dados. Normalmente, os registros de uma
tabela de dados não estão ordenados, mas contém todos os dados que descrevem a
entidade nela armazenada. Para acessá-los de forma ordenada, é criado e mantido um
arquivo especial, denominado arquivo de índice, que contém apenas as chaves de
ordenação (ou acesso) e os números dos registros da tabela de dados que as possuem.
Assim, localizando-se uma determinada chave no arquivo de índice, torna-se possível o
acesso direto ao registro da tabela de dados por ela identificado.
Comparando uma tabela de dados a um livro, o processo seria equivalente a localizar o
número da página na qual se encontra um determinado assunto através do índice
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remissivo do livro e, em seguida, abrir o livro na página determinada para ter acesso
direto ao assunto desejado, sem precisar folhear todo o livro até encontrá-lo.
A localização das chaves no arquivo de índice é extremamente rápida, pois normalmente
os SGBDs utilizam uma variação aperfeiçoada da técnica de pesquisa binária, conforme
esquematizado na figura 03. Através desta técnica o arquivo de índice é inicialmente
dividido em duas partes iguais, ou seja, em duas metades. A seguir, como o índice está
ordenado de acordo com a chave de pesquisa, verifica-se se a chave desejada está
localizada na metade superior ou na inferior, comparando-a com o valor da chave central.
Novamente a metade escolhida é dividida ao meio, daí o nome pesquisa binária, pois
sempre se divide o índice em duas partes, e o processo é repetido até que seja localizada a
chave desejada.
Uma vez localizada a chave no arquivo de índice, obtém-se o número do registro da
tabela de dados que a contém e é realizado o acesso direto às informações nele contidas.
Utilizando-se a técnica de acesso binário, o tempo necessário para ser localizada uma
determinada informação numa tabela de dados praticamente independe da quantidade de
registros ou linhas que a mesma possue, o que é essencial para sistemas de informação
empresariais onde normalmente as tabelas de dados armazenam milhares ou milhões de
registros.
Esquema de arquivos de índice e da busca binária numa tabela de dados
Projeto de Bases de Dados
Antes de começarmos a examinar as técnicas para o projeto e desenvolvimento de
sistemas de informação, vamos fixar alguns dos objetivos que se deve alcançar no projeto
e determinar, em particular, qual é o resultado final que se deseja obter para a construção
de uma base de dados para um sistema de informação. Os principais objetivos do projeto
de uma base de dados são:
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Prof. Antonio Geraldo da Rocha Vidal
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Armazenar Toda a Informação Pertinente ao Sistema
Ao se desenvolver um sistema de informação, se supõe que sua base de dados deva
armazenar e manter toda a informação relevante para a organização. Um dos primeiros
passos do projeto deve ser, portanto, determinar as entidades e seus respectivos atributos,
cujos dados deverão ser armazenados na base de dados. Apenas após estas terem sido
identificadas poderemos determinar o número de tabelas de dados necessárias e quais
dados comporão os registros ou linhas de cada uma delas. Num sistema implantado em
computadores de pequeno ou médio porte, deve ser tomada ainda a decisão de dividir a
informação em várias bases de dados distribuídas ou mantê-la em uma só.
Informação Redundante Deve ser Eliminada
As implicações deste objetivo podem não ser evidentes para o desenvolvedor
inexperiente no projeto de bases de dados. A chave de sua importância está na diferença
entre informação duplicada e informação redundante. Em muitos casos é necessário
duplicar dados contidos em tabelas diferentes para que se possa obter a informação
desejada. Isso é especialmente válido quanto forem estabelecidos relacionamentos
(ligações) entre tabelas de dados diferentes para podermos obter informações completas
sobre entidades complexas. Neste caso, se a duplicação for eliminada as informações não
mais poderão ser obtidas. Portanto, a informação é duplicada, porém necessária.
A informação redundante é a informação duplicada desnecessária, ou seja, se for
eliminada não haverá nenhuma perda, pois os relacionamentos ainda poderão ser
estabelecidos e a informação completa obtida. Além disso, uma vez que é desnecessária,
a informação redundante ocupa espaço precioso no disco do computador e, muito pior do
que isso, poderão ser geradas versões diferentes da mesma informação sem que seja
possível saber qual é a versão correta. Nas seções seguintes serão examinadas técnicas
que nos ajudarão a definir o conjunto de dados que deverá estar contido em cada tabela
que formará a base de dados do sistema de informação.
Minimizar o Número de Tabelas
Este objetivo contempla o fato de que, se a divisão das tabelas de dados em outras tabelas
menores pode ser interessante para eliminar certos problemas de atualização e
armazenamento, a existência de um número muito elevado de tabelas na base de dados de
um mesmo sistema pode tornar incomoda e trabalhosa a manutenção de todos eles.
Poderíamos resumir dizendo que não é conveniente que o número de tabelas de uma base
de dados cresça incontrolavelmente.
Normalização das Tabelas
Certos tipos de tabelas de dados são mais propensas do que outras a problemas de
atualização e manutenção. O desenvolvedor que está projetando uma base de dados deve
saber detectar as tabelas que são potencialmente problemáticas para poder normalizá-las.
A normalização de tabelas é basicamente uma técnica de decomposição ou subdivisão de
uma tabela de dados em duas ou mais tabelas menores, através de um procedimento
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específico para determinar a melhor maneira de efetuar o armazenamento dos dados, de
forma a evitar problemas de atualização de dados nas tabelas.
Você provavelmente deve ter percebido que os dois últimos objetivos perseguem
propósitos opostos. Normalmente, o projeto da base de dados de um sistema de
informação é o resultado de um compromisso equilibrado entre ambos, de acordo com as
características do sistema que estiver sendo desenvolvido.
Desenvolvimento de Sistemas de Informação
Introdução
A partir da especificação dos requisitos obtida na fase de levantamento, o projeto para
desenvolvimento de um sistema de informação pode ser dividido nas seguintes etapas:
Etapa 1 Definição dos Processos
Definição e caracterização dos processos de negócio que serão beneficiados pelo sistema
de informação, isto é, cujas atividades serão executadas ou automatizadas com base nas
informações fornecidas pelo sistema. Nesta etapa se define a abrangência do sistema de
informação, através da especificação dos processos de negócio que serão por ele
atendidos.
Uma vez que todos os processos de negócio de uma organização estão relacionados e
trocam informações uns com os outros, dentro do processo global que é a própria
organização, uma tendência natural nesta fase é aumentar demasiadamente a abrangência
do sistema a ser desenvolvido, na tentativa de fazê-lo suprir as necessidades de
informação de todos os processos.
Para não correr este risco considere que assim como existe um processo de negócio
global que corresponde à organização como um todo, existe um sistema de informação
global que atende à organização como um todo. Porém, desenvolver o processo global ou
o sistema de informação global é uma tarefa extremamente complexa. Por esse motivo,
dentro do conceito de sistemas, eles devem ser divididos em partes, subprocessos ou
subsistemas, de forma a tornar mais simples sua análise e desenvolvimento, tomando-se
obviamente o cuidado de não se perder a visão do todo. Desta forma, assim como no caso
dos processos, o sistema de informação de um empresa é composto por diversos
subsistemas (ou módulos) integrados entre si e que são analisados, desenvolvidos e
implementados separadamente, cada um a seu tempo, conforme as necessidades do
negócio.
Etapa 2 Modelagem de Processos - BPM
A primeira etapa do projeto de um sistema de informação é o desenvolvimento de um
conjunto de diagramas denominado Modelo de Processos de Negócio ou BPM (Business
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Process Model) que abrange todos os processos que serão beneficiados pelo sistema. Para
representar o fluxo de atividades e as decisões dos processos o BPM utiliza uma
linguagem gráfica denominada BPMN (Business Process Model Notation) que
estudaremos e utilizaremos a seguir.
Etapa 3 Modelagem de Dados - RDM
A partir do BPM, a segunda etapa consiste na elaboração de uma análise de entidades
cujas informações são necessárias para os negócios e seus relacionamentos, ou seja, na
definição dos objetos de informação de interesse para a organização, cujos dados devem
ser armazenados e relacionados através das tabelas que formarão a base de dados do
sistema. Para ilustrar a estrutura dos dados do sistema, é construído um diagrama
contendo cada entidade identificada e linhas interligando-as, representando o
relacionamento entre elas. Uma das principais vantagens obtidas com a construção deste
diagrama, denominado Modelo Relacional de Dados ou RDM (Relational Data Model) é
o conhecimento do tipo de relacionamento existente entre as entidades ou tabelas que
comporão a base de dados do sistema.
A construção do RDM, que será estudada mais adiante, fornece uma visão de alto nível
das tabelas de dados envolvidas no sistema e ajuda a descobrir os objetos de informação
ou entidades que não foram detectados pelo BPM. Além disso, através do RDM são
definidas as chaves identificadoras ou primárias de cada tabela de dados, bem como suas
chaves estrangeiras, necessárias para estabelecer o relacionamento entre as entidades.
Durante a construção do RDM também é elaborada uma lista detalhada com as
características de todos os dados que serão armazenados em cada tabela que formará a
base de dados do sistema de informação. Os dados deverão ser descritos em termos de
seus nomes completos, nomes código, tipo, tamanho, precisão, domínio (valores válidos),
regras de validação, máscaras de formatação etc., de forma a permitir a implementação
física da base de dados através do SGBD escolhido.
Etapa 4 Modelagem das Regras de Negócio
A partir do modelo de processos do negócio (BPM) e do modelo de dados (RDM), a
terceira etapa consiste na análise das regras de negócio necessárias e que deverão ser
automatizadas pelo sistema de informação, ou seja, na definição das decisões, cálculos e
outros processamentos que traduzam as políticas e as regras que definem a forma como
os processos de negócio devem ser conduzidos.
As regras de definem a condução dos processos de negócio podem ser modeladas através
de várias técnicas, porém, estudaremos apenas as mais utilizadas: Lógica Estruturada,
Tabela de Decisão, Árvore de Decisão e Diagrama de Transição de Estados.
Etapa 5 Definição dos Módulos do Sistema
Na quinta e última etapa do projeto para o desenvolvimento de um sistema de
informação, a partir da análise do BPM e do RDM dividimos o sistema de informação em
módulos, ou seja, em partes que serão desenvolvidos como unidades individuais.
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A definição dos módulos que comporão o sistema de informação é representada em
forma de um diagrama hierárquico (a árvore do sistema) que traduz a hierarquia de
operação ou execução do sistema. Cada módulo, e suas correspondentes operações, será
executado através de listas ou "menus de opções". O diagrama hierárquico de módulos do
sistema deve representar a divisão e a hierarquia dos módulos que comporão o sistema e a
forma como suas operações serão desencadeadas de acordo com as necessidades de
informação dos processos de negócio.
Após a definição da árvore ou diagrama hierárquico do sistema, deve ser elaborada uma