Desenvolvimento Do Homem

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segunda-feira, 4 de junho de 2012 Hereditariedade vs Meio - Qual o mais influente A hereditariedade e o meio não são realidades independentes. São dois pólos de uma Realidade – o indivíduo – que interagem determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a inteligência, a afectividade… INFLUÊNCIAS HEREDITÁRIAS O património genético do indivíduo define-se na sua singularidade morfológica, fisiologia, sexual (ser homem ou mulher). Na determinação do temperamento estão as variações individuais do organismo, concretamente a constituição física e o funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino, que são em grande parte hereditários. O estudo dos gémeos – um dos métodos usados para analisar o papel da hereditariedade – demonstrou que, na generalidade, é nas características da personalidade que a semelhança é menor, em comparação com as semelhanças físicas e intelectuais. “O padrão genético estabelecido no momento da concepção influencia as características dapersonalidade que uma pessoa desenvolverá. De forma muito óbvia, o dano encefálico herdado ou osdefeitos de nascença podem ter influência pronunciada sobre o comportamento da pessoa. Além disso,os factores somáticos (orgânicos) como altura, peso (…), o funcionamento dos orgãos dos sentidos eoutros podem afectar o desenvolvimento da personalidade. “ WITTIG, A., Psicologia Geral, McGraw-Hill, 1981, p.7 (adapt.) Nós herdamos um conjunto de genes provenientes dos nossos progenitores. Designamos por genótipo o património hereditário com que fomos dotados. Contudo, as características de um indivíduo não dependem apenas do código genético que recebem aquando da sua concepção – ele sofre a influência do meio ambiente. Designamos por fenótipo todas as características fisiológicas e psicológicas que um indivíduo apresenta. O fenótipo corresponde à “aparência” do indivíduo, ao conjunto de traços que resulta da interacção entre genótipo e o meio. O fenótipo é o resultado da acção concertada de dois factores: – A informação genética – A influência do meio;

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Hereditariedade vs Meio - Qual o mais influente

A hereditariedade e o meio não são realidades independentes. São dois pólos de uma Realidade – o indivíduo – que interagem determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a inteligência, a afectividade…INFLUÊNCIAS HEREDITÁRIASO património genético do indivíduo define-se na sua singularidade morfológica, fisiologia, sexual (ser homem ou mulher). Na determinação do temperamento estão as variações individuais do organismo, concretamente a constituição física e o funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino, que são em grande parte hereditários.O estudo dos gémeos – um dos métodos usados para analisar o papel da hereditariedade – demonstrou que, na generalidade, é nas características da personalidade que a semelhança é menor, em comparação com as semelhanças físicas e intelectuais.“O padrão genético estabelecido no momento da concepção influencia as características dapersonalidade que uma pessoa desenvolverá. De forma muito óbvia, o dano encefálico herdado ou osdefeitos de nascença podem ter influência pronunciada sobre o comportamento da pessoa. Além disso,os factores somáticos (orgânicos) como altura, peso (…), o funcionamento dos orgãos dos sentidos eoutros podem afectar o desenvolvimento da personalidade. “ WITTIG, A., Psicologia Geral, McGraw-Hill, 1981, p.7 (adapt.)Nós herdamos um conjunto de genes provenientes dos nossos progenitores. Designamos por genótipo o património hereditário com que fomos dotados. Contudo, as características de um indivíduo não dependem apenas do código genético que recebem aquando da sua concepção – ele sofre a influência do meio ambiente. Designamos por fenótipo todas as características fisiológicas e psicológicas que um indivíduo apresenta. O fenótipo corresponde à “aparência” do indivíduo, ao conjunto de traços que resulta da interacção entre genótipo e o meio.O fenótipo é o resultado da acção concertada de dois factores:– A informação genética– A influência do meio;O genótipo pode contribuir para a possibilidade de desenvolver membros longos e grande massa muscular. Contudo, a sub-nutrição ou a falta de exercício impedirão o desenvolvimento das capacidades atléticas.MEIO SOCIALO meio social – família, grupos e cultura a que se pertence – desempenha um papel determinante na construção da personalidade. A personalidade forma-se num processo interactivo com os sistemas de vida que a envolvem: a família, a escola, o grupo de pares, o trabalho, a comunidade… Uma personalidade é marcada por todo o processo de socialização em que a família, sobretudo nos primeiros anos, assume um papel muito importante, pelas características e qualidade das relações existentes e pelos estilos educativos.O tipo de ambiente e o tipo de clima vivenciados (gratificante, hostil, violento, harmonioso) também influenciam a personalidade. As investigações ecossistémicas e antropológicas têm enriquecido o estudo da relação pessoa/contexto de vida.“Os psicólogos têm procurado determinar o efeito relativo da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento da personalidade. Em geral, parece que quanto mais próximo é o relacionamento de duas pessoas, tanto mais provável é que as características da sua personalidade sejam as mesmas. Entretanto, esta tendência é

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afectada pelas circunstâncias ambientais. Assim os gémeos idênticos criados juntos têm mais probabilidade de mostrar padrões semelhantes do que os criados separadamente, mas mesmo estes têm mais probabilidade de ser semelhantes do que irmãos que não sejam gémeos.” WITTIGRecentemente, têm sido feitas pesquisas interessantes sobre as causas sociais que estão na base do stress. Investigadores que desenvolveram estudos mais alargados procuraram, para além dos factores sociais, identificar a influência, na maneira de ser e de sentir, de factores sociais, identificar a influência, na maneira de ser e de sentir, de factores geográficos e climáticos (a influência de viver em regiões desérticas, em ilhas, em zonas onde os dias são mais curtos, etc.)Assim podemos concluir que a hereditariedade proporciona potencialidades que precisam de um meio favorável para se desenvolver. Por exemplo, as crianças selvagens criadas entre animais sem contacto humano são incapazes de andar, falar e agir como seres humanos.Cada ser humano tem características próprias, características que os tornam únicos. No entanto, para conseguirmos explicar este facto, temos que ter em conta dois aspectos essenciais: o meio e a hereditariedade. Assim sendo, ao conjunto de características que uma pessoa recebe por hereditariedade dá-se o nome de genótipo e ao conjunto de características que um individuo apresente, resultado da sua hereditariedade e de influência do meio, denominamos fenótipo.Um indivíduo é, ao longo da sua vida, muito influenciado pelo meio. Assim, o meio é constituído por elementos que intervêm no comportamento de cada indivíduo. De realçar, que esta influência é também notória nos nove meses em que a criança está a desenvolver-se – meio intra-uterino –, uma vez que se a mãe se alimenta mal, ingere álcool, é toxicodependente, etc., estes comportamentos inadequados da mãe podem trazer problemas físicos e mentais no desenvolvimento da criança, provocando nesta uma dependência das mesmas substâncias.A genética também tem grande influência nas características de um indivíduo. Referimos sempre a influência nas características físicas (a cor da pele, dos olhos, do cabelo, etc.), porém, a influência genética actua também sobre as estruturas orgânicas – sistema nervoso e endócrino –, que são muito importantes para o comportamento humano.Há quem defenda que o nosso desenvolvimento é influenciado sobretudo pelo meio, ou principalmente pela hereditariedade. Porém, a hereditariedade não pode exprimir-se sem um meio apropriado, assim como o meio não tem qualquer efeito sem o potencial genético. Por isto, afirma-se que a hereditariedade e o meio interagem, determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a inteligência, a afectividade, etc.

Vamos falar de dois casos mundialmente conhecidos, neste caso os jogadores de futebol do Barcelona e Real Madrir, Messi e Cristiano Ronaldo respectivamente. No primeiro caso,vou a no de Messi, já á partida se sabia que ele iria ser um enorme jogador. Desde pequenino se evidenciava em campo com o contacto com a bola, e o seu talento sempre foi inato. Cristiano Ronaldo é um caso de talento como é obvio, mas também de treino intenssivo e uma vontade enorme de ganhar e conseguir alcançar os objectivos. Já quando estava no Sporting era evidenciado um talento mas não se comparava na altura a Messi, de que iria ser um dos melhores jogadores do mundo ou um jogador para a história do futebol, contudo o meio a que pertenceu, a família, amigos, e com o seu trabalho, o seu talento foi-se construindo e é o jogador fabuloso que é hoje, ou seja, está a ver recompensado todo o trabalho e insistência que teve, enquanto que Messi já teria

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esse talento. Mas contudo não nos podemos descuidar do trabalho sabendo que temos talento incomum.

Com isto abordamos outro caso, o jogador Fabio Paim, ex-jogador da Academia do Sporting. Foi sempre outro predestinado e desde muito novo foi evidenciado e cobiçado por muitos clubes, chagando-se a dizer que seria sem dúvida alguma o melhor jogador de todos os tempos, mesmo acima de Maradona, Péle, etc. Contudo, apesar do talento inato que esse jogador tinha, não teve a melhor direcção, não tinha o apoio seguro da família e os amigos não foram os melhores, principalmente isso, Quando se aborda o assunto "das companhias" (amigos que nos levam por maus caminhos, em que resulta em desconcentração, marginalidade, etc) pode-se dizer que Fabio Paim foi um desses casos. Com muito talento mas com nenhum trabalho, preguiça e um meio nada favorável para a sua progressão, levou a que um dos maiores talentos do mundo ficasse perdido e tenha sido "mais um". Deixamos um documentário sobre este jogador, em que é referenciado que aos 13 anos já tinha a casa mobilada, aos 17 anos recebia para cima de 100 mil euros só em prémios de jogo, e como se gastar mais de 300 mil euros em menos de um ano.

"Recordamos que Paím era visto como um jogador que viria a ser melhor que Cristiano Ronaldo, mas que agora está "na ruína".

Uma frase do próprio Ronaldo é também chamada à primeira página, recordando o dia que o internacional português do Real Madrid disse, sobre Paím: "Se pensam que eu sou bom, é porque nunca o viram jogar".

Esta queda deveu-se muito à irresponsabilidade de Paím - hoje assumida pelo próprio - já que, ao ver o seu protagonismo a subir, e ainda muito jovem, passou a esbanjar dinheiro em grandes quantias, com direito a qualquer carro novo que quisesse, e preferindo a vida nocturna ao futebol."

"in Diário Desportivo"

Quem quer ser FABIO PAIM - Parte 1Quem quer ser FABIO PAIM - Parte 2

Voltando ao assunto base, é importante de realçar, que vários são os exemplos que comprovam a interacção da hereditariedade e o meio. Um dos exemplos mais significativos é a inteligência – o nível intelectual mede-se através de testes de inteligência, que são apresentados sob a forma de Q.I. O Q.I, grau de inteligência, relaciona-se intimamente com o meio. Por exemplo, quando a criança está inserida num ambiente economicamente menos favorável, este é normalmente menos estimulante intelectualmente, daí que a criança tenha um Q.I mais baixo. Contudo, temos também uma situação inversa, dependendo da personalidade de cada um, visto que a mesma situação de pobreza, pode ser um estímulo para atingir um nível cognitivo mais alto que permita uma ascensão social e económica.Existem também estudos que relacionam a inteligência com a afectividade familiar. Por exemplo, verificou-se que crianças que foram adoptadas depois de terem vivido em orfanatos manifestaram um aumento no seu Q.I, precisamente provocado pela afectividade e consequente estímulo.

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Não podemos, contudo, restringir ao meio a influência no desenvolvimento do Q.I em cada criança. A hereditariedade assume também uma importância crucial. O melhor exemplo é o caso dos gémeos homozigóticos. Existem estudos que comprovam que gémeos verdadeiros separados à nascença e criados em meios sócio-económicos diferentes, têm um Q.I. semelhante, bem como, outras características de hereditariedade genética, como sendo o temperamento, os gestos, predisposições intelectuais…É um erro, estabelecermos relações de causa-efeito entre o meio e a hereditariedade na influência do Q.I. ou comportamentos. Trata-se sim, de uma correlação, isto é, meio e hereditariedade interagem em conjunto com a personalidade de cada um. Por exemplo, não podemos firmar categoricamente que um indivíduo com um nível sócio-económico baixo tenha um Q.I. baixo, é provável mas não imperativo.No fundo, meio, hereditariedade e personalidade (experiências pessoais, emoções…) actuam em conjunto na formação da personalidade do indivíduo.Publicada por Psicologia do Desenvolvimento à(s) 07:17 Enviar a mensagem por e-mail Dê a sua opinião! Partilhar no Twitter Partilhar no Facebook Partilhar no Pinterest

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