Desenvolvimento e desigualdade em perspectiva histórica · Na medida em que a população se...
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Desenvolvimento socioeconômico: teoria e aplicações
Desenvolvimento e desigualdade em
perspectiva histórica
Aula 1 - Valéria Pero
Padrão de desenvolvimento com altas
taxas de crescimento econômico?
Altas taxas de crescimento?
Até o início do século XVIII, praticamente não houve
crescimento.
Após: crescimento modesto tanto demográfico quanto da
renda. População mundial: cresce a taxas em torno de 0,4% ao
ano e a renda um pouco mais, aumentando a renda per capita.
Século XIX, a partir da Revolução Industrial: forte crescimento.
O crescimento demográfico sobe para 0,6% ao ano e a
economia para 1,5% ao ano, com a renda per capita crescendo
quase 1% ao ano.
Altas taxas de crescimento?
Sim, no século XX!
Taxas de crescimento demográfico de 1,4% ao ano e da renda
mundial de 3%. A renda per capita cresce a 1,6% ao ano entre 1913
e 2012.
Apogeu nas três décadas que se seguiram ao fim da Segunda Guerra
Mundial.
A Europa e os EUA crescem a 3 e 4% ao ano. O crescimento
transformou o mundo.
A população mundial passou de menos de 500 milhões, para mais de
7 bilhões de pessoas, num espaço de três séculos.
Altas taxas de crescimento?
Início de século XXI: taxas de crescimento econômico inferiores a
2% ao ano são consideradas inaceitavelmente baixas.
Parece questão de perspectiva: 1% por um ano pode parecer pouco,
mas se mantido por um longo tempo, é muito.
Efeito do processo de crescimento exponencial, das taxas
cumulativas compostas, durante um longo período de tempo.
O crescimento 1% ao ano, se mantido por 30 anos, o espaço de uma
geração, mais do que dobra a renda dos filhos em relação a de seus
pais.
Baixas taxas de crescimento populacional
Taxa de crescimento demográfico mundial de 0,8% ao ano,
dos últimos três séculos, é suficiente para mais do que dobrar
o número de pessoas no planeta a cada 100 anos.
O crescimento demográfico mundial dos últimos três séculos
já deu início a uma reversão.
A população mundial cresce hoje a taxas muito inferiores
Previsões de que a taxa deve voltar a se estabilizar, ou até
mesmo decrescer, a partir de algum momento da segunda
metade do século XXI.
Sem crescimento demográfico, renda vai
parar de crescer?
Parte do crescimento da renda é decorrente do crescimento demográfico
e seria esperado que, com a população estabilizada, o aumento da renda
ficasse limitado à renda per capita.
Esperado que a renda passe a patamares mais próximos de 2% do que dos
4% ao ano observados no auge do século XX.
O crescimento da renda per capita dos países avançados já foi bem menor
nas duas últimas décadas. Os fatos apontam nesse caminho: a Europa
cresceu 1,6%, os Estados Unidos 1,4% e o Japão apenas 0,7%, ao ano, desde
1990 até hoje.
Na medida em que a população se estabiliza e é atingida a fronteira
tecnológica, o crescimento da renda e da produção vai precisar de avanços
da tecnologia.
Sem crescimento demográfico, renda vai
parar de crescer?
Modelo de Solow-Swan: até que se tenha atingido a fronteira tecnológica, o
crescimento depende da taxa de poupança e de investimento. Mais poupa e
investe, mais se cresce.
Porém, chegando a relação capital/produto de equilíbrio de longo prazo, o
crescimento passa a depender apenas do progresso tecnológico.
Modelo original: crescimento atribuído ao progresso tecnológico é
estimado por resíduo, pela parcela do crescimento que não advém nem do
capital, nem do trabalho.
Estudos posteriores: fatores explicativos do progresso tecnológico, como a
educação - que aumenta o capital humano - e a pesquisa, que permite a
descoberta de novas tecnologias.
Como medir diante das mudanças no
desenvolvimento?
Medição do Produto Interno Bruto é recente: os conceitos e as estatísticas
das Contas Nacionais foram criados no final do anos 30
O conceito de PIB é uma abstração, que procura somar o valor de tudo o
que é produzido e todo serviço prestado comercialmente no país.
Índice da atividade econômica num determinado período, concebido para
medir a produção de bens agrícolas e industriais
Porém, agricultura e a indústria perderam espaço para os serviços. O
dinamismo maior da economia nos serviços, não está mais na produção,
mas sim na concepção.
Como medir diante das mudanças no
desenvolvimento?
Produzir bens é cada dia mais fácil e mais barato.
Contrapartida: aumentam os preços e a importância dos
serviços, especialmente daqueles onde a tecnologia ainda não
pode substituir o homem
Nesse caso ficam mais evidentes as deficiências metodológicas
do conceito de PIB
Mais difícil calcular valor dos serviços prestados...
Um reflexo de que caminhamos para
um problema de escassez relativa
A correlação entre PIB e bem-estar podia fazer sentido no
processo de industrialização.
Esta correlação deixa de ser válida a partir de um nível de
renda e outros fatores passam então a ser tão ou mais
relevantes do que o crescimento da renda.
A correlação perde força à medida que a renda cresce e a
escassez absoluta se reduz.
Aumenta importância da escassez relativa, da desigualdade!
A questão da desigualdade
Capital in the 21st Century (Tomas Piketty); The top 1 percent in international and historial perspective (Alvaredo, Atkinson, Piketty e Saez); The spirit level (Wilkinson e Pickett); Os limintes do possível (Lara Resende)
Parte 2
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Malthus: problema da superpopulação
Young: agrônomo que pesquisou a França entre 1787/88
viu que pobreza poderia levar à revolta política
Malthus argumentou que assistência social aos pobres
deveria acabar para sucumbir a superpopulação ---
predição exagerada pelo medo da elite europeia nos 1790
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Marx: princípio da acumulação infinita – tendência
inexorável do capital a acumular e a se tornar
concentrado em poucas mãos, sem um limite natural a
esse processo
Isso levaria ao fim do capitalismo: taxa de retorno do
capital diminuiria (acabando com engrenagem da
acumulação levando a conflitos entre capitalistas) ou a
participação do capital na renda aumentaria
indefinidamente (que levaria a revolta dos trabalhadores)
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Análise relevante:
Trata da questão da concentração de riqueza na revolução
industrial, que foi sem precedentes na história.
Insight para estudo do século XXI – quando as taxas de
crescimento da população e da produtividade forem
relativamente baixas, a acumulação de riqueza assume
considerável importância, sobretudo se atingir altas
proporções, tornando-se socialmente desestabilizadoras.
Assim, acumulação acaba, mas o nível é suficientemente alto
para desestabilizar. (Alto nível de riqueza atingido nos anos
80/90 nos países ricos da Europa refletem essa lógica
marxiana.)
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Do Marx ao Kuznets, do apocalipse ao conto de fadas
Publicação em 1953 – primeiro trabalho com base de dados
históricos (35 anos) sobre desigualdade
Curva de Kuznets (Bell curve) – diminuição da desigualdade ao
final é no período das guerra (fases do desenvolvimento
econômico - decorrência do processo de mobilidade
intersetorial?)
Principais resultados
1. A história da distribuição de riqueza tem sido sempre
profundamente política e não pode ser reduzida
somente a mecanismos econômicos
2. A dinâmica da distribuição de riqueza revela
mecanismos poderosos levando à convergência e à
divergência. Não há um processo natural e espontâneo
para prevenir forças desestabilizadoras e que geram
desigualdades
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Riqueza = capital K = tudo que possuímos e que pode ser vendido no mercado (líquido de todas as dívidas e exclui K humano)
Europa & Japão - grande retomada de β=K/Y nas décadas recentes:
β=200-300% em 1950-60s → β=500-600% em 2000-10s
i.e. riqueza média K em torno de 2-3 anos da média da renda Y em 1950-1960; em torno de 5-6 anos em 2000-2010
Com β≈600%, se Y≈30 000€ per capita, então K≈180 000€ per capita (atualmente, K ≈ metade imóveis, metade ativos financeiros)
Será que estamos voltando para o β = 600-700% observado nas sociedades baseadas em riqueza dos anos 1800-1900?
O capital na história
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 2010
Va
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na
l ca
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l (%
na
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na
l in
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)
National capital (sum of public and private capital) is worth between 2 and 3 years of national income in Europe in 1950. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c
National capital in Europe, 1870-2010
Germany
France
United Kingdom
Capital nos países ricos
Metamorfose do capital
0%
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1700 1750 1810 1850 1880 1910 1920 1950 1970 1990 2010
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)
National capital is worth about 7 years of national income in Britain in 1700 (including 4 in agricultural land).
Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Capital in Britain, 1700-2010
Net foreign capital
Other domestic capital
Housing
Agricultural land
Metamorfose do capital
0%
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1700 1750 1780 1810 1850 1880 1910 1920 1950 1970 1990 2000 2010
Va
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l (%
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)
National capital is worth almost 7 years of national income in France in 1910 (including 1 invested abroad). Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Capital in France, 1700-2010
Net foreign capital
Other domestic capital
Housing
Agricultural land
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Pensar no longo prazo: β=s/g , sendo s = taxa de poupança, líquida de depreciação e g = taxa de crescimento econômico (população + produtividade)
Com s=10%, g=3%, β≈300%;
mas se s=10%, g=1,5%, β≈600%
Em sociedades com baixa taxa de crescimento econômico, o estoque total de riqueza acumulada no passado torna-se naturalmente muito importante
Aumento da importância do capital está de volta porque o crescimento a baixas taxas está de volta (taxa de crescimento populacional ↓0)
Questão que pode se tornar relavante para o mundo inteiro
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
O crescimento da razão capital/renda β leva também ao
aumento da participação do capital na renda nacional α?
Se o estoque de capital β=6 anos da renda e a taxa média de
retorno do capital é r=5% ao ano, então a participação do
capital na renda nacional é α=r x β=30%
Para que o aumento do β leve também ao aumento da
participação do capital α = r β, depende da elasticidade
substituição σ entre capital K e trabalho L na função de
produção Y=F(K,L)
σ mede a magnitude em que os trabalhadores podem ser
substituídos por máquinas
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Hipótese convencional: função de produção Cobb-Douglas
(σ=1) → conforme aumenta o estoque β↑, o retorno r↓
exatamente na mesma proporção.
Assim, α = r x β não varia → um mundo estável, onde a
divisão entre capital e trabalho é inteiramente definido pela
tecnologia
Se σ>1, então ↓ retorno ao capital r menor que ↑ volume de
capital β, de tal forma que o produto α = r x β ↑
Anos1970s-80s: tanto a razão β quanto a participação
do capital α registraram crescimento
Desigualdade de riqueza
Desigualdade de riqueza
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Com maior crescimento de β, pode-se obter grande aumento em α com uma função de produção F (K, L) com maior grau de substituição dos fatores (por exemplo, se σ = 1,5, em vez de 1)
Talvez seja natural esperar σ ↑ sobre o curso da história: usos cada vez mais diversificados para o capital (máquinas podem substituir os caixas, robôs que podem substituir trabalho dos homens etc), de modo que a participação do capital α ↑ continuamente; não há nenhum mecanismo de correção natural para este fenômeno
Crescimento de β e α pode ser uma coisa boa (poderíamos dedicar mais tempo à cultura, educação, saúde ... em vez de trabalhar para a nossa própria subsistência)
Porém, quem são os proprietários do capital, das máquinas, robôs...?
Principais resultados
Em todos os países europeus (Reino Unido, França...), a
concentração de riqueza foi extremamente elevada nos séculos
XVIII e XIX até 1 ª Guerra Mundial:
10% mais ricos detinham 90% da riqueza agregada
1% mais ricos detinham 60% da riqueza agregada
Sociedade patrimonial clássica (à base de riqueza): uma minoria vive
de sua riqueza, enquanto o resto do população trabalha (Austen,
Balzac)
Hoje concentração de riqueza ainda é muito alto, porém menor:
10% mais ricos com 60-70% da riqueza e para 1% cerca de 20-30%
50% da parte inferior possui quase nada (<5%)
40% da parte média agora possui 20-30% da riqueza agregada
Surgimento de uma classe média patrimonial
Principais resultados
Principal conclusão: não houve queda na concentração de renda antes das Guerras Mundiais; foi apenas devido a choques?
Além de choques, que forças determinam o nível de concentração de riqueza no longo prazo?
Em estado estacionário, concentração de riqueza é uma função crescente de r – g
Com desaceleração do crescimento e aumento da concorrência fiscal para atrair capital, r - g pode aumentar no século XXI e voltar aos níveis do século XIX
Valores futuros de r também dependem da tecnologia (σ> 1?)
Com base em pressupostos plausíveis, a concentração de riqueza pode atingir ou superar níveis recordes do século XIX
Desigualdade de renda
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Share
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r w
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Inequality of total income (labor and capital) has dropped in France during the 20th century, while wage inequality has remained the same. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Income inequality in France, 1910-2010
Share of top incomedecile in total income
Share of top wage decilein total wage bill
Desigualdade de renda
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
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e
Income inequality in the United States, 1910-2010
The top decile share in U.S. national income dropped from 45-50% in the 1910s-1920s to less than 35% in the 1950s (this is the fall
documented by Kuznets); it then rose from less than 35% in the 1970s to 45-50% in the 2000s-2010s. Sources and series: see
piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Desigualdade de renda: Europa e EUA
Imposto sobre renda dos mais ricos
Imposto sobre grandes fortunas herdadas
Conclusões
História da desigualdade de renda e riqueza é política, caótica e imprevisível; envolve identidades nacionais e não se pode prever as reversões do futuro
Marx: com g = 0, β ↑ ∞, r → 0: revolução, guerra
Conclusões menos apocalípticas: com g> 0, pelo menos, temos um estado de equilíbrio β = s / g
Mas com g> 0 e pequeno, este estado de equilíbrio pode envolver alta razão de capital de β e da participação do capital α, bem como a concentração da riqueza extrema, devido à alta r - g
Isso não tem nada a ver com imperfeição de mercado: quanto mais perfeito o mercado de capitais, maior r-g
Solução ideal: imposto progressivo sobre a fortuna em escala global, com base no intercâmbio automático de informações bancárias
Outras soluções envolvem controles autoritários políticos e de capital (China, Rússia ..), ou manter crescimento populacional (norte-americanos), ou inflação, ou alguma mistura de tudo!
Questões
Análise convencional de produtividade marginal: aumento da
desigualdade com base no aumentos da diferença entre o
produto marginal do capital, o que determina a taxa de lucro
(r), e da taxa de crescimento (g).
Uma vez que a propriedade do capital é muito concentrada,
uma taxa de lucro mais elevada ou taxa de crescimento mais
lenta aumenta a desigualdade, pois a renda dos ricos cresce
mais rápido do que a da economia como um todo.
Novidade além de retomar a análise do capital?
Questões
A acumulação de riqueza no capitalismo não se dá com base em critérios
meritocráticos, principal justificativa para diferenças de renda e riqueza.
Ao contrário, uma boa parte da riqueza acumulada é gerada na herança.
Isso é muito importante, pois pouca gente tinha formulado.
Boa parte de quem acumulou renda o fez porque herdou. Isso permite que
eles poupem mais e, desse modo, acumulem mais riqueza financeira ou
material.
Porém, isso não dá dinamismo ao capitalismo, gera um efeito contrário,
promove um certo “apodrecimento”, parasitismo — para usar a
expressão de Piketty.
Estamos caminhando para um capitalismo parasitário?
Questões
Desigualdade intra países está aumentando, porém entre
países está diminuindo no período recente
Estamos de volta à alta desigualdade de riqueza, porém muda a
percepção da sociedade sobre a desigualdade?
Solução de impostos progressivos sobre fortuna (renda e
herança), mesmo se tecnicamente possível, é politicamente
ingênua, dado que o capital cada vez mais controla o processo
político.
Como as instituições podem melhorar esse quadro?
A questão da desigualdade
O debate sobre a desigualdade de renda e seus efeitos sobre a
oportunidade, a mobilidade social e renda ganhou considerável
impulso, em parte por causa da grande recessão e em parte
por causa da disponibilidade de dados de longo prazo, os
dados de renda para o 1% mais ricos com registros
administrativos/fiscais nas nações mais ricas.
Obra do Piketty
Artigo de Alvaredo & Atinkinson & Piketty & Saez:
4 principais fatores para aumento do 1% mais ricos
1. Crescimento da desigualdade herdada
Quando a taxa de retorno do capital for
consistentemente maior que a taxa de crescimento
econômico, é inevitável que a herança (fortuna acumulada
no passado) predomine sobre a poupança (riqueza
acumulada no presente)
Lógica: r > g vai gerar um aumento da importância da
desigualdade gerada no passado, desigualdade herdada
1. Crescimento da desigualdade herdada
Fator determinante para capacidade de transmitir riqueza:
diferença entre a "taxa interna de acumulação" (taxa de
poupança * taxa de retorno líquido de impostos) e a taxa de
crescimento da economia.
Tributação das transferências de renda e de riqueza pode
influenciar na participação dos muito ricos, contribuindo
para a trajetória de queda da participação do top income.
Paralelamente ocorreria o crescimento da "riqueza
popular" dos 99 por cento.
1. Crescimento da desigualdade herdada
No entanto, recentemente, a relação entre a taxa interna
de acumulação dos mais ricos e a taxa de crescimento do
capital foi revertida como resultado dos cortes na
tributação do capital e da queda da taxa de crescimento
econômico
Como resultado, uma série de países estão
testemunhando um retorno da herança como um fator
importante
Crescimento da desigualdade herdada?
2. Condução da política fiscal
Mudança na política fiscal: imposto sobre renda dos mais
ricos tem se movido na direção oposta a de medidas
sobre rendimentos antes dos impostos.
EUA reduziu 47 pontos percentuais o imposto sobre o
rendimento alto e teve um aumento de 10 pontos percentuais
do 1% mais rico na distribuição de renda.
Alemanha, Espanha e Suíça, que não tiveram corte na
tributação, não mostraram aumento na participação dos 1%
mais ricos na riqueza
Evolução dos impostos sobre alta renda está correlacionada
negativamente com as mudanças na concentração de renda
antes dos impostos.
3. Mudança no poder de barganha e na
determinação da remuneração
Visão mais completa do mercado de trabalho, em que
modelo de oferta de trabalho padrão é contrastado com
a possibilidade alternativa de que pode ter havido
mudanças no poder de barganha e uma maior
individualização na determinação da remuneração.
Diminuição dos impostos sobre renda dos mais ricos ter
levado ao desvio das energias gerenciais para aumentar a
sua remuneração às custas do crescimento das empresas
e do emprego.
4. Relação entre rendimentos do
trabalho e do capital
Por fim, um fator ainda pouco estudado é a correlação
entre os rendimentos do trabalho e os rendimentos do
capital, que se tornaram mais intimamente associados nos
Estados Unidos.
Crescimento da desigualdade herdada?
Distribuição conjunta capital e trabalho
Três conclusões:
distribuição conjunta é assimétrica. Em 2000, dos que estão no
topo de 1 por cento dos rendimentos do capital, 61 por cento
estavam no top 20 por cento dos rendimentos do trabalho. No
entanto, dos que estão no topo de 1 por cento dos
rendimentos do trabalho, uma maior proporção de 80 por
cento estavam no top 20 por cento dos rendimentos do
capital.
grau de associação parece forte.
os números para 1980 são menores do que em 2000:
aumentou o grau de associação ao longo do tempo
Distribuição conjunta capital e trabalho
Por que mudou?
Hoje, um diretor executivo pode ser tanto mais bem
pago e mais capaz de acumular riqueza.
Na outra direção, há o efeito da grande riqueza da família
no salário. No passado, a ligação pode ter sido negativa,
ao passo que hoje pode ser socialmente inaceitável viver
puramente de renda.
Conexões entre riqueza / familiares podem fornecer
acesso a emprego de alta renda.
Razões para o aumento do interesse na
questão distributiva
1. Muitos países atingiram níveis de desigualdade só visto
na pré-Segunda Guerra Mundial período, aumentando as
preocupações sobre crescimento econômico inclusivo e
equitativo, bem como sobre a eficácia e o futuro das
políticas sociais.
2. Concentração crescente da renda e da riqueza nas
mãos de poucos coloca sérios desafios para os
fundamentos que garantem o bom funcionamento das
democracias, na medida em que poder econômico gera
poder e influencia política
Razões para aumento do interesse na
questão distributiva
3. Apesar da magnitude da recente crise, problemas
distributivos estão longe de estar no centro do debate
político. Na verdade, as respostas com políticas de
austeridade para limitar intervenção do governo e a
redistribuição, pode exacerbar em vez de reduzir a
concentração de renda
Críticas
Acemoglu & Robinson (institucionalistas)
Busca de leis gerais do capitalismo é equivocada
Ignora as principais forças para bom funcionamento da economia:
a evolução endógena da tecnologia e das instituições
e o equilíbrio político que influencia tecnologia, mas também a forma como
os mercados funcionam e como o ganhos de diferentes arranjos econômicos
são distribuídos. Apesar de sua erudição, ambição e criatividade, Marx foi
desviado por causa de sua desconsideração dessas forças.
Marx pecou por ignorar essas forças... E Piketty também.