desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

135

Transcript of desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

Page 1: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...
Page 2: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Divisão Biblioteca Central do ITA/CTA Silva, Alex Sandro de Araújo Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes para turbinas a Gás / Alex Sandro de Araújo. São José dos Campos, 2006. 133f. Tese de mestrado – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, Área de Sistemas Aeroespaciais e Mecatrônica–Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2006. Orientador: Dr. Eng. Mec. Jefferson de Oliveira Gomes. 1. CAD/CAM. 2. Fresamento 5-eixos. 3. Manufatura de Componentes de Turbinas a Gás. I. Centro Técnico

Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica. II. Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes de turbinas a Gás / Alex Sandro de Araújo Silva

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SILVA, Alex Sandro de Araújo. Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes para turbinas a Gás. 2006. 133f. Tese de mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Alex Sandro de Araújo Silva TÍTULO DO TRABALHO: Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes para Turbinas a Gás TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese de Mestrado/ 2006 É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta tese e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a sua autorização (do autor). ___________________________ Alex Sandro de Araújo Silva Pr. Mal. Eduardo Gomes, 50. Vila das Acácias CTA-HTO Q.302 São José dos Campos - SP 12228-900

Page 3: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

DESENVOLVIMENTO INTEGRADO CAD/CAM DE

COMPONENTES PARA TURBINAS A GÁS

Alex Sandro de Araújo Silva Composição da Banca Examinadora: Prof. Dr. Luís Gonzaga Trabasso Presidente-ITAProf. Dr. Jefferson de Oliveira Gomes Orientador-ITAProf. Dr. Miguel Ângelo Menezes ITAProf. Dr. Cristiano Vasconcellos Ferreira CIMATEC-BAProf. Dr. Osiris Canciglieri Junior PUC-PR

ITA

Page 4: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

iii

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Vera Lucia de Araújo Silva e Raimundo Nonato

da Silva, minha avô Tereza Machado da Silva e Francisco Ferreira de Araújo (Em Memória),

Minhas Irmãs Izabel Cristina de Araújo Silva e Sônia Regina de Araújo Silva e especialmente

a minha linda noiva Fernanda Cinthia Diniz Teixeira.

Obrigado Deus por essa oportunidade!

Alex Sandro de Araújo Silva

Dezembro 2005.

Page 5: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

iv

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer ao meu orientador e amigo professor

Jefferson de Oliveira Gomes, “expert” em tecnologia de usinagem e em sistemas produtivos,

por sua ajuda e orientação na execução do trabalho aqui apresentado.

As empresas membras da AIM em especial a UGS do Brasil, Siemens, Tecno-How e

Sandvik por seu suporte técnico que tornaram possível o presente trabalho.

Agradeço ao Everton por comandar uma máquina-ferramenta, como a Hermle C600

U, com extrema maestria em nossos ensaios, ao Wilson por suas idéias no desenvolvimento

de dispositivos de fixação e habilidade para fabricá-los. E também a todos os amigos do

laboratório Marcelo, Daniel, Oswaldo, Aluno PET (Gustavo) e Guilherme que contribuíram

de uma forma ou de outra para o termino desse sonho “ser mestre”.

FABRIC OF LIFE I want to say something to all of you Who have become a part Of the fabric of my life The color and texture Which you have brought into My being Have become a song And I want to sing it forever. There is a energy in us Which makes things happen When the paths of other persons Touch ours And we have to be there And let it happen When the time of our particular sunset comes Our things, our accomplishment Won’t really matter A great deal. But the clarity and care With which we have loved others Will speak with vitality Of the great gift of life We have been for each other Anonymous

Page 6: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

v

RESUMO

O trabalho aqui apresentado propõe um método para a utilização da cadeia CAD/CAM

no fresamento 5-eixos de componentes de turbinas a gás. O método procura integrar as etapas

CAD, CAM do processo de fabricação de componentes de turbinas a gás. O método aborda

desde a modelagem dos componentes, evitando algumas características impróprias ao

fresamento 5-eixos, passando pela simulação das trajetórias e pós-processamento e por fim

fabricação dos componentes.

A partir desse trabalho algumas informações importantes referentes à cadeia

CAD/CAM puderam ser levantadas. De maneira geral, a abordagem da cadeia CAD/CAM

para o fresamento 5-eixos deve considerar etapas anteriores ao da programação CAM, como a

etapa CAD da cadeia, onde as geometrias são definidas, e posteriores, neste caso, simulação

das trajetórias de ferramenta e pós-processamento do código CN.

Ainda, foram feitas análises relacionadas aos tipos de interpolação que estão

disponíveis para o fresamento de geometrias complexas. Essa análise é também apresentada

no trabalho fazendo parte das contribuições que esse trabalho se propõe a dar.

Os resultados são extremamente práticos e se propõem a serem utilizados de imediato

na indústria. Eles vão desde restrições a modelagem de geometrias para o fresamento 5-eixos

até informações referentes a uso de interpolações complexas no âmbito de fresamento de

superfícies complexas. Procurou-se dar informações pertinentes ao fresamento 5-eixos em

todas as etapas da cadeia CAD/CAM para esse processo de fabricação.

Page 7: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

vi

ABSTRACT

This work proposes a method for the application of CAD/CAM chain in the 5-axes

machining of gas turbine components. The method aims to integrate the CAD and CAM

stages of the manufacturing process of gas turbine components. The method approaches the

component modeling, the tool path simulation and pos-processing, and the component

manufacture.

Particularly, in the case of component modeling, it prevents the occurrence of

improper features in the 5-axes machining.

This work raised important information about CAD/CAM chain. Generally, in the case

of 5-axes machining, the complete CAD/CAM chain must be considered. It includes stages

previous to the CAM programming, such as the CAD stage of the chain, which defines the

geometry of the components. It also includes activities posterior to the CAM programming,

such as tool path simulation and NC code pos-processing.

Analyses related to interpolation types had been performed and are among the

important contributions of this work. Particularly, this work presents the results obtained for

complex geometries machining.

The results of this thesis are practical and can be directly applied to industry. They

comprehend from the specification of geometry restrictions for 5-axes machining, to the

proposal of guidelines for the application of complex interpolations in the context of free form

surface machining. The thesis intended to approach and give contributions in all stages of

CAD/CAM chain for the case of 5-axes machining.

Page 8: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

vii

SUMÁRIO

1 Introdução.................................................................................................................. 15

1.1 Histórico e motivação................................................................................................ 15

1.2 Escopo do trabalho..................................................................................................... 16

1.3 Contribuições............................................................................................................. 17

1.4 Estrutura do trabalho.................................................................................................. 17

2 Revisão bibliográfica................................................................................................. 18

2.1 Sistemas CAD/CAM.................................................................................................. 18

2.1.1 Histórico dos Sistemas CAD/CAM.................................................................... 18

2.1.2 Modelagem de superfícies complexas............................................................... 25

2.1.3 Modelagem de sólidos....................................................................................... 33

2.1.4 Geração de trajetória de ferramenta.................................................................... 38

2.1.5 Simulação e verificação de trajetórias................................................................ 45

2.1.6 Pós-processamento para fresamento 5-eixos...................................................... 50

2.2 Influências sob o fresamento 5-eixos......................................................................... 53

2.2.1 Características de uma máquina ferramenta 5-eixos.......................................... 54

2.2.2 Fixação da peça................................................................................................... 59

2.2.3 Condições de contato da ferramenta................................................................... 61

3 Materiais e métodos................................................................................................... 70

3.1 Materiais de ensaio..................................................................................................... 70

3.2 Máquina-ferramenta................................................................................................... 71

3.3 Ferramentas de corte.................................................................................................. 72

3.4 Software CAD/CAM.................................................................................................. 73

3.5 Equipamentos auxiliares............................................................................................ 74

3.6 Método utilizado nos ensaios..................................................................................... 75

3.6.1 Procedimento para análise de geometrias (IGES, PARASOLID)...................... 79

3.6.2 Procedimento para remodelagem para fresamento 5-eixos................................ 83

3.6.3 Procedimento programação CAM de componentes........................................... 84

3.6.4 Procedimento para criação de simulador de máquina-ferramenta...................... 87

3.6.5 Procedimento para medição dos percursos da ferramenta de corte.................... 91

3.6.6 Pós-processamento dos programas..................................................................... 93

3.6.7 Procedimento para fabricação dos componentes................................................ 94

3.6.8 Procedimentos para medição de forma e acabamento da superfície usinada..... 95

Page 9: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

viii

4 Análise dos resultados................................................................................................ 99

4.1 Análise de geometrias importadas (IGES, PARASOLID)........................................ 99

4.2 Análise da remodelagem de geometrias 3D para fresamento 5-eixos....................... 106

4.3 Análise das medições dos percursos da ferramenta de corte em tempo real............. 107

4.4 Analise do simulador 3D da máquina-ferramenta..................................................... 112

4.5 Análise do processo de fabricação das superfícies.................................................... 114

4.6 Análise das medições das superfícies Usinadas......................................................... 115

5 Conclusões e sugestões para trabalhos futuros.......................................................... 121

5.1 Conclusões.................................................................................................................. 121

5.2 Sugestões..................................................................................................................... 124

Referências bibliográficas................................................................................................. 125

Page 10: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Computador Whirlwind sendo testado no MIT em 1951................................. 19

Figura 2.2: Exemplo da linguagem APT............................................................................. 20

Figura 2.3: Trecho de um arquivo CL (Cutter Location).................................................... 21

Figura 2.5: Trecho de código ISSO (código G) de 1970..................................................... 21

Figura 2.6: Sólido gerado a partir de operação de revolução.............................................. 26

Figura 2.7: Curva de Bézier e seus pontos de controle....................................................... 27

Figura 2.8: Polinômios de Bernstein com a ordem no intervalo de 0 a 2............................ 28

Figura 2.9: Exemplo de B-Spline pontos de controle e nós (knots).................................... 28

Figura 2.10: Cônica descrita por uma curva NURBS e seus pontos de controle................ 30

Figura 2.11: Seções Cônicas (circulo, elipse, parábola, hipérbole)..................................... 31

Figura 2.12: (a) NURBS descontínua, problemática para modelagem de superfícies

(b) Gráfico de curvatura da NURBS mostrando sua descontinuidade................................ 32

Figura 2.13: Representação ambígua de um objeto em representação wireframe.............. 34

Figura 2.14: UG NX 3, exemplo de sólido e árvore booleana............................................ 35

Figura 2.15: Geração de trajetória segundo o método isoparamétrico................................ 39

Figura 2.16: Pá de turbina Hidráulica fabricada por fresamento 5-eixos............................ 42

Figura 2.17: Eixos rotativos usados para posicionamento (desbaste em 3+2 eixos)........... 43

Figura 2.18:Operação de desbaste do tipo Z-level.............................................................. 44

Figura 2.19: Vetores normais são referencias para inclinação da ferramenta..................... 45

Figura 2.20: Verificação de trajetória com a retirada dinâmica de material....................... 46

Figura 2.21: Verificação de trajetória sem a retirada dinâmica de material........................ 47

Figura 2.22: Simulação de máquina-ferramenta................................................................. 49

Figura 2.23: Classificação de máquinas-ferramenta 5-eixos............................................... 52

Figura 2.24: Influências sobre o fresamento 5-eixos........................................................... 53

Figura 2.25: a) Máquina-ferramenta 3-eixos XYZ

b) Máquina-ferramenta 5-eixos XYZ no fuso e AC na mesa.............................................. 55

Figura 2.26: Volume gerado pelo movimento 5-eixos da ferramenta................................. 56

Figura 2.27: Aproximação 2D da trajetória 3D da ferramenta de corte.............................. 57

Figura 2.28:Inclinação do cabeçote no fresamento de estampo.......................................... 61

Figura 2.29: Ferramenta de corte admitida como uma viga engastada............................... 63

Figura 2.30: Ferramenta de corte e seus modos de vibração.............................................. 64

Page 11: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

x

Figura 2.31: Rugosidade teórica (Rth) na direção transversal ao avanço............................ 64

Figura 2.32: Rugosidade teórica (Rth) na direção longitudinal ao avanço.......................... 65

Figura 2.33: Comportamento da rugosidade real................................................................ 67

Figura 2.34: Características geométricas no fresamento 5-eixos........................................ 69

Figura 3.1: Máquina-ferramenta utilizada nos ensaios........................................................ 71

Figura 3.2: Módulos do UG NX3, Modeling, Manufacturing, IS&V e PostBuilder…….. 73

Figura 3.3: Rugosímetro utilizado nas medições de rugosidade das superfícies................ 74

Figura 3.4: Equipamento utilizado para medição de peça................................................... 75

Figura 3.5: Método aplicado aos ensaios............................................................................ 76

Figura 3.6: Impelidor de turbina a gás escolhido para o estudo.......................................... 79

Figura 3.7: Modelo do impelidor escolhido para os testes.................................................. 80

Figura 3.8: Superfícies utilizadas para avaliação de geração de trajetória.......................... 81

Figura 3.9: Inclinação da ferramenta de com relação a normal a superfície....................... 82

Figura 3.10: Analise Gaussiana (Curvatura Gaussiana) de superfícies............................... 83

Figura 3.11: Desbaste da geometria.................................................................................... 85

Figura 3.12: Estratégia para acabamento das superfícies.................................................... 87

Figura 3.13: Características geométricas da máquina-ferramenta...................................... 88

Figura 3.14: Modelo CAD da maquina ferramenta simulada............................................. 89

Figura 3.15: Sistema para aquisição de dados em tempo real do CNC............................... 91

Figura 3.16: Tolerância (intol/outol) para programação CAM........................................... 92

Figura 3.17: Teste de interpolação de trajetória de ferramenta........................................... 92

Figura 3.18: Dispositivo de fixação para a fabricação do componente............................... 94

Figura 3.19: Direção das medições de rugosidade realizadas na peça................................ 95

Figura 3.20: Montagem em bancada para medição de rugosidade..................................... 96

Figura 3.21: Inspeção da geometria estudada no trabalho.................................................. 97

Figura 4.1: Procedimento de modelagem das pás de um compressor................................. 99

Figura 4.2: Parametrização original e superfície após operações booleana (trimming)...... 100

Figura 4.3: Geração de trajetória de ferramenta na superfície............................................ 100

Figura 4.4: Superfícies utilizadas para avaliação de geração de trajetória.......................... 101

Figura 4.5: Trajetórias gerada para superfície com complexidade de borda 1.................... 102

Figura 4.6: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e β 15º....... 103

Figura 4.7: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e β 45º....... 103

Figura 4.8: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e α 15º....... 104

Page 12: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

xi

Figura 4.9: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e α 45º....... 104

Figura 4.10: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 3................... 105

Figura 4.11: Analise Gaussiana após remodelagem............................................................ 106

Figura 4.12: Descontinuidade na superfície de proteção..................................................... 107

Figura 4.13: Velocidade para fz = 0,1 mm/z e tol.CAM de 0,025 mm............................... 108

Figura 4.14: (a) Interpolação linear, (b) Interpolação Circular, (c) Interpolação

Polinomial............................................................................................................................ 109

Figura 4.15: Tempo X Tolerância CAM para: (a) Linear (b) Circular e (c) Polinomial..... 110

Figura 4.16: Velocidade para fz = 0,3mm/z para as interpolações: (a) Linear (b) Circular

(c) Polinomial...................................................................................................................... 111

Figura 4.17: Simulação de processo de fresamento 5-eixos................................................ 113

Figura 4.18: Perfis das pás submetidas a operações de acabamento................................... 114

Figura 4.19: Rugosidade da superfície de sucção para o maior Rz..................................... 116

Figura 4.20: Rugosidade da superfície de pressão para o maior Rz.................................... 117

Figura 4.21: Rugosidade da superfície de sucção para o menor Rz.................................... 118

Figura 4.22: Rugosidade da superfície de pressão para o menor Rz................................... 119

Figura 4.23: Erro de forma encontrado nas medições feitas............................................... 120

Page 13: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Comparativo entre modelagem de superfícies e modelagem de sólidos........... 38

Tabela 2.2: Características do corte discordante e concordante.......................................... 68

Tabela 3.1: Liga de alumínio classe 7000 propriedades mecânicas e composição química 70

Tabela 3.2: Ferramentas utilizadas na fabricação do componente....................................... 72

Tabela 3.3: Parâmetros utilizados para geração das trajetórias............................................ 82

Tabela 3.4: Parâmetros de corte utilizados na fabricação do componente.......................... 86

Tabela 3.5: Matriz de teste para os ensaios de interpolações............................................... 92

Tabela 3.6: parâmetros utilizados no rugosímetro............................................................... 97

Page 14: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS β – (Inclinação da ferramenta na direção paralela a direção de avanço)

σ – Desvio padrão

α – Inclinação da ferramenta na direção transversal a direção de avanço)

ae – Profundidade de corte radial

ap – Profundidade de corte axial

APT – Automatically Programmed Tools

CAD – Computer Aided Design

CAM – Computer Aided Machining

CL – Cutter Location

CTA – Comando – Geral de Tecnologia Aeroespacial

DIN – Deutsches Institut für Normung

fz – Avanço por faca ou gume cortante

GKS – Graphical Kernel System

GUI – Graphic User Interface

HSM – High Speed Machining

IGES – Initial Graphics Exchange Specifications

ISO – International Organization for Standardization

ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica

KBM – Knowledge Based Machining

NC – Numerical Control

NURBS – Nonunifome Rational B-Spline

OpenGL – Open Graphics Library

PCs – Personnel Computers

PLM – Product Life-Cycle Management

Page 15: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

xiv

Rth – Rugosidade teoria na direção transversal ao avanço da ferramenta

Rthf – Rugosidade teórica na direção de avanço da ferramenta

SGI – Silicon

vc – Velocidade de corte

WIMP – Window Icon Menu Pointer

Page 16: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

15

1 Introdução

Neste capítulo é introduzido o assunto fresamento 5-eixos de componentes de turbinas a

gás e são apresentados os elementos motivadores do presente trabalho. Em seguida, os

objetivos gerais e específicos são delineados, bem como as contribuições que se pretende

prover.

1.1 Histórico e motivação

Projetos de turbinas a gás no CTA (Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial)

nasceram praticamente junto com o próprio CTA. Entretanto, desenvolvimentos nessa área

somente tomaram proporções consideráveis na década de 70, com a criação de um programa

de pesquisa dedicado a essa área. O CTA dava os seus primeiros passos para

desenvolvimentos significativos [1].

O CTA conta com um moderno laboratório especialmente dedicado a turbinas a gás

(Centro El Passo de referência em Turbinas a Gás), com uma bancada de testes para turbinas e

uma câmara para testes de combustão. Estes laboratórios se dedicam ao projeto e

desenvolvimento de pequenas turbinas a gás [2].

Com o advento da indústria aeroespacial, centenas de turbinas a gás foram importadas.

No entanto, a indústria de manufatura local não foi impulsionada nesse mesmo compasso.

Esse fato serve de motivação para o desenvolvimento dessa tese, bem como, a de fornecer

opções a matriz energética nacional possibilitando a fabricação desses componentes no país a

custos menores. Assim, pode-se deslumbrar o uso desses sistemas por uma parcela maior da

sociedade possa desfrutar de mais essa opção de fornecimento de energia. Além dessas

motivações, existe toda uma estrutura montada no Centro de Competência em Manufatura

(CCM) que possibilita a fabricação dos componentes mais complexos de turbinas a gás.

Page 17: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

16

1.2 Escopo do trabalho

O objeto desta tese é o desenvolvimento de um método de utilização da tecnologia Five

Axes Machining (fresamento 5-eixos) na fabricação de componentes de turbinas a gás.

Procura-se com esse método assegurar um melhor uso desta tecnologia na fabricação deste

tipo de componentes. Dentro desse contexto os objetivos desse trabalho foram delineados e

são apresentados a seguir:

1. Definir um método integrado para modelagem em CAD (Computer Aided Design) e

fabricação em CAM (Computer Aided Manufacturing) para geometrias complexas

(free–form surfaces) encontradas em componentes de turbinas a gás. Procurou–se com

isso integrar sistemas CAD/CAM através de boas práticas de modelagem e troca de

informação entre sistemas das superfícies encontradas nesses componentes;

2. Definir e avaliar variáveis CAD/CAM para fresamento 5–eixos;

3. Avaliar a simulação cinemática da máquina–ferramenta no processo de fresamento 5–

eixos. Nesta etapa, objetivou-se definir um modelo cinemático para a máquina–

ferramenta do estudo, com a justificativa de prevenir colisões e avaliar o processo de

pós–processamento;

4. Avaliar diferentes interpolações de trajetória de ferramenta numa máquina–ferramenta

de construção conhecida. Nesta etapa, objetivou–se obter informações a respeito dos

movimentos dos eixos da máquina–ferramenta, adquirindo informações a respeito do

deslocamento e a velocidade dos eixos da máquina-ferramenta;

5. Avaliar os resultados da aplicação do método a partir da qualidade das superfícies de

pressão e sucção de compressores utilizando diferentes parâmetros de corte, através de

técnicas conhecidas para análise de superfícies de engenharia.

Page 18: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

17

1.3 Contribuições

A contribuição esperada deste trabalho atinge a indústria nacional. Foram Mostradas

algumas nuances do fresamento 5-eixos que não são observadas e por vezes ignoradas quando

se esta utilizando fresamento 3-eixos.

Ainda como contribuição é apresentado um método para utilização das tecnologias CAD

(Computer Aided Design), CAM (Computer Aided Manufacturing) e Five Axes Machining

(fresamento 5-eixos) de forma condizente com os apelos produtivos que se vê na literatura.

1.4 Estrutura do trabalho

O presente trabalho apresenta a seguinte estrutura:

Capitulo 2: Será feita uma revisão bibliográfica a respeito do assunto CAD/CAM/CNC

com a justificativa de contextualiza o trabalho numa realidade industrial existente.

Capitulo 3: Neste Capitulo, são definidos os experimentos realizados no trabalho. Além

disso, são descritos também os equipamentos, instrumentos e insumos utilizados durante os

ensaios.

Capitulo 4: Neste Capítulo, os resultados obtidos nos experimentos são analisados e

discutidos.

Capitulo 5: Neste Capítulo, são feitas a conclusões a cerca do trabalho e também são

feitas sugestões para outros trabalhos que complementem a presente tese.

Page 19: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

18

2 Revisão bibliográfica

O presente capítulo destina–se a descrever a fazer uma revisão bibliográfica, a respeito

das variáveis envolvidas no processo de fabricação com sistemas CAD/CAM aplicadas ao

fresamento 5–eixos.

2.1 Sistemas CAD/CAM

Nas subseções seguintes procura-se, primeiramente dar ao leitor uma contextualização

histórica (a longos das décadas) a cerca das tecnologias CAD e CAM. Por fim é feita uma

revisão teórica a cerca do assunto que vai desde dos dois principais metodos de modelagem

para obtenção de geometrias para a engenharia, modelagem de superficies complexas (free

form modeling) e a modelagem de sólidos (solid modeling), passando pela geração de

trajetorias de ferramentas e pós-processamento, até a verificaçao e simulação da trajetória

criada.

2.1.1 Histórico dos Sistemas CAD/CAM

A evolução da computação gráfica está diretamente relacionada à evolução dos

computadores, tendo em vista que as técnicas utilizadas se aperfeiçoaram basicamente

sustentadas pelo avanço do hardware e pelo conseqüente aumento da capacidade

computacional.

Nos anos 50, a Força Aérea Americana financiou um projeto no MIT (Massachusetts

Institute of Technology) para o desenvolvimento do Computador Whirlwind. Como

conseqüência desse projeto, outros desenvolvimentos no Laboratório de Servomecanismos do

MIT foram financiados. Um desses projetos era o desenvolvimento de sistemas

computacionais que hoje se conhece como Controle Numérico ou CN (Figura 2.1).

Inicialmente, o controle numérico desenvolvido servia apenas para explorar e testar o

computador Whirlwind. Essa pesquisa inicial levou a um projeto bem maior sobre o tema

Page 20: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

19

controle numérico para fresamento 5–eixos de peças complexas, encontradas em aeronaves da

época [3]. Em 1956 a empresa japonesa FANUC, hoje GE FANUC (junção da GENERAL

ELETRIC com a FANUC Co. japonesa) foi a primeira empresa civil a desenvolver um

controle numérico fora de pesquisas militares [4].

Figura 2.1: Computador Whirlwind sendo testado no MIT em 1951 [5].

Nesta época, cada máquina–ferramenta desenvolvida recebia uma solução diferente para

a adaptação ao comando numérico, o que implicava no desenvolvimento de componentes e

programação dedicada, ficando evidente a necessidade de uma padronização e da criação de

uma linguagem que permitisse a troca de informações entre os diversos ramos da indústria

[6].

A partir de 1958, através dos estudos realizados pela EIA (Electronic Industries

Association), e das decisões tomadas neste fórum, houve a possibilidade da padronização do

formato de entrada, conforme padrão RS–244 (Resolution Standard), regulamentado em 1961

e, mais tarde, em 1967, modificado pela RS–244a (DIN 66016). A instrução EIA RS–358

regulamenta a codificação adotada pela linguagem ISO [7].

Page 21: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

20

Na década de 60, a computação gráfica avançou a partir de um programa de desenho, o

Sketchpad, um sistema gráfico de comunicação homem–máquina criado por Ivan Sutherland

[8]. O Sketchpad propunha uma forma de interação muito semelhante à interface WIMP

(Window–Icon–Menu–Pointer). Usando uma caneta ótica, o Sketchpad permitiu que se

obtivessem formas simples na tela do computador, podendo salva–las e até reusá-las

novamente. Ainda hoje, muitos padrões de interface gráfica têm o Sketchpad como base [5].

Também nessa época, começaram aparecer projetos de pesquisas e produtos comerciais

para desenho auxiliado por computador CAD (Computer Aided Design), e de auxílio à

fabricação de produtos da indústria automobilística e aeroespacial, CAM (Computer Aided

Manufacturing) [5].

Nessa mesma década, os software CAM eram caracterizados pela programação manual.

Nos sistemas prevalecia à utilização da linguagem APT (Automatically Programmed Tools)

para a descrição simbólica das geometrias, ferramentas, e procedimentos para o corte, numa

maneira independente da máquina-ferramenta (Figura 2.2) [3].

Figura 2.2: Exem

... 5 PARTNO ELBOW FCGG 6 MULTAX ... 14 CUTTER/0 15 TOLER/.001 … 18 CIR=CIRCLE/0,0,(S/2) 19 LI=LINE/(POINT/X,0), ATANGL, -(Y/(2*(Z-1))) 20 ST) P4(A)=POINT/CIR, ATANGL,ANG 21 P2(A)=POINT/INTOF, LI, (LINE/P4(A), ATANGL,90)… 39 STC=TABCYL/NOZ, SPLINE, PT(1, THRU, 73) 40 INDIRP/PT(1) 41 GO/ON, STC 42 GORGT/STC, ON, (LL=LINE/P1(73), ATANGL, 90) … 82 CALL/POC1, PT=.02, DT=.03, CT=.03, FNCUT=0

plo da linguagem APT. [3].

Page 22: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

21

Outras linguagens como Prompt (Automatic Programming of Machine Tool), Adapt

(Air Force Developed APT ou Adaptation of APT), Compact II, Action, entre outras, foram

desenvolvidas a partir da idéia da simplificação dos comandos e das terminologias utilizadas

na programação APT [9]. Numa fase posterior era gerado o posicionamento das ferramentas

(CL–Cutter Location file) para a especificação numérica da trajetória da ferramenta (tool

path) e dados de controle da máquina–ferramenta, ainda preservando a independência da

máquina–ferramenta (Figura 2.3) [3].

$$ PART PROGRAM CUTTER/0 SPINDLE/ON GOTO/3.145, -2.678, 4.006 PPRINT PART IS FINISHED

Figura 2.3: Trecho de um arquivo CL (Cutter Location) [3].

Numa fase final acontece o pós–processamento do código G (linguagem ISO), que

especificava os eixos de movimentação de uma máquina–ferramenta (Figura 2.4) [3].

G-CODE STATEMENT N010 G90 G92 X0 Y0 Z0 N020 S1000 M8 M3 N030 G0 X1.735 Y-4.608 N040 G1 G91 Z-.5 F5.0 N050 G0 Z.5 N060 X0 Y0 M9 M5

Figura 2.4: Trecho de código ISO de 1970 (código G) [3].

Até próximo dos anos 70 o termo CAD nada mais era do que um aplicativo drafting que

servia para criar desenhos 2D. Até que em 1972 foi desenvolvido por engenheiros da Renault,

entre eles o francês Pierre Bézier o sistema CAD UNISURF [10].

Page 23: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

22

Atualmente, o termo CAD é tido como uma forma de automação que ajuda projetistas a

preparar modelos 3D e desenhos 2D, especificações, gerar listas de componentes, e outras

tarefas relacionadas a atividades de projeto. A tecnologia CAD é utilizada para uma larga

variedade de produtos de diversas áreas, tais como, arquitetura, eletrônica, aeroespacial,

naval, e engenharia automotiva [11].

Similarmente, o termo CAM é uma forma de automação onde computadores comunicam

instruções de trabalho diretamente a um sistema de manufatura. A tecnologia evoluiu das

máquinas-ferramenta numericamente controladas dos anos 1950, que era feita a partir de um

conjunto codificado instruções codificadas numa fita. Hoje um único computador pode

controlar várias máquinas-ferramenta movendo o produto de maquina em maquina até os

processos de manufatura está completo [11].

Os sistemas CAD/CAM foram desenvolvidos inicialmente, antes do UNISURF, por

matemáticos que não estavam familiarizados com superfícies auxiliares de transição (raios de

canto, chanfros, etc.), onde nos sistemas, essas superfícies eram esquecidas ou mesmo

ignoradas. A forma final de um capô de carro era feita artesanalmente, na qual todos os cantos

e chanfros eram acertados manualmente [10].

GOURAUD em 1971 desenvolveu um novo método de coloração de faces 3D (Gouraud

Shading Method) [12]. No ano de 1972 foi criado um novo algoritmo de cálculo de

visibilidade de superfícies 3D, usando técnicas de ordenação por NEWELL e SANCHA [13].

Este novo algoritmo se destacava por ser extremamente simples, conseqüentemente, ocupava

pouca memória nos discos rígidos, além de ser rápido.

Em 1973 foi desenvolvida na Xerox PARC (Palo Alto Research Center), a primeira

matriz de pixels com 8 bits por pixel [14]. Foi ainda realizada a primeira conferência

SIGGRAPH (Conferencia Internacional em Computação Gráfica e técnicas Interativas) [15].

Page 24: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

23

No ano de 1974 foi desenvolvido por Catmull um novo método de visibilidade e

coloração de faces (z-buffer) [16].

Em 1975, Phong desenvolveu um método de coloração de faces 3D capaz de reproduzir

efeitos direcionais de iluminação (reflexões simples) [17]. No mesmo ano, Mandelbrot

desenvolveu a teoria dos fractais [18].

No final da década de 70, em 1977, surgiu a primeira biblioteca gráfica de programação

GKS (Graphical Kernel System) [19]. A biblioteca GKS é um padrão de visualização em 2D;

nela não está incluída a modelagem de elementos 3D [20].

Nos anos 80, viu–se a introdução de sistemas com interfaces gráficas, desaparecendo a

caneta luminosa e as telas vetoriais, dando lugar aos mouses e as matrizes de pixels. Neste

cenário, o hardware e o software eram comprados no mesmo pacote [3].

Em 1982, a SGI (Silicon Graphic Incorporated) foi criada, empresa especializada em

equipamentos para computação gráfica, que liderou mais tarde a criação da biblioteca gráfica

OpenGL. OpenGL é definida como "um programa de interface para hardware gráfico". Se

Pode pensar o OpenGL como uma biblioteca de rotinas gráficas e de modelagem, bi (2D) e

tridimensional (3D). Usando OpenGL é possível criar gráficos 3D com uma qualidade visual

próxima da alcançada com o algoritmo ray tracer. Também no mesmo ano, a SUN, introduziu

o conceito de estação gráfica em rede [5].

Entre 1983 e 1984, com a criação do Macintosh pela Apple, aconteceu a introdução da

GUI (Graphic User Interface), assim tem-se o início de tudo que se conhece hoje em termos

de interface com o usuário [5]. Iniciou-se o emprego de modelos digitais na concepção e

manufatura de produtos. Ainda em 1984 foi desenvolvido um método de síntese de imagem

baseado em teorias de transporte de calor, o qual foi chamado de radiosidade, método que é

resolvido de forma progressiva através de técnicas interativas de resolução de sistemas de

equações lineares. Em 1987 surgiu o primeiro sistema CAD/CAM integrado e chamado

Page 25: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

24

EUCLID, software da empresa MATRA DATAVISION, de origem francesa. Ele foi a

primeira plataforma CAD compatível a estações SUN SOLARIS [21].

Ao final dos anos 90, o barateamento do hardware envolvido com as soluções

CAD/CAM fez com essa tecnologia pudesse ser adotada por empresas médias. As indústrias

automobilística e aeroespacial deixaram de ser as que exclusivamente usavam essa tecnologia

[22]. Os PCs baseados na plataforma INTEL tornaram-se o padrão para ambos os aplicativos

CAD e CAM. A migração do “2D” para o “3D” acelerou bastante durante esse período. As

geometrias 3D se tornaram muito comuns em todo o mundo tecnológico. O uso de sólidos

tornou–se difundido, e os software CAM aceitaram o uso dessa definição. Para os sistemas

CAM, os anos 90 mostraram a introdução de re–usinagem automáticas de regiões onde havia

material deixado por uma operação anterior sem a necessidade de gerar a usinagem para toda

peça [23].

Máquinas–ferramenta HSC (High Speed Cutting) que suportavam rotações de 20000

rpm ou mais e comandos CN para atender essas máquinas foram desenvolvidos nos últimos

anos. Consideráveis características foram introduzidas nessa época, tal como o uso de

NURBS no código CN e a conseqüente suavização na transição entre blocos de programas

CN. Essas mudanças nos sistemas CAD/CAM eram efetivamente necessárias para suportar as

mudanças acontecidas em todo o hardware envolvido no processo [23].

Em fevereiro de 2004 a empresa americana de consultoria CIMdata referiu–se aos anos

2000 como a era das Empresas Virtuais, que se baseiam em tecnologias digitais. Muitas

corporações estão migrando para ambientes totalmente sem papel. Existe toda uma

expectativa para que todo o desenvolvimento de um produto seja executado e acompanhado

através de modelos digitais desses processos. A CIMdata considera manufatura digital ou

virtual como sendo uma tecnologia emergente e o elemento chave do gerenciamento do ciclo

de vida do produto. Muitas companhias estão estendendo suas soluções PLM (Product Life

Page 26: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

25

Cycle Management) a abordar a engenharia de manufatura, incluindo funções de

planejamento de processos e engenharia de produto e outros elementos do ciclo de vida do

produto. Segundo CHRISTMAN a “questão CAM” está sendo tratada nos anos 2000 da

seguinte forma [23]:

• Operabilidade e forte parceria entre produtos de empresas distintas de software,

permitindo co–existência numa solução integrada.

• O uso de funcionalidades orientadas graficamente, voltadas para todas as aplicações

dos software CAM.

• Software específicos para determinadas aplicações têm sido criados, tentando alcançar

determinados usuários (fresamento 5–eixos, softwares para programação na própria

máquina–ferramenta).

• Uso de modelos híbridos utilizando sólidos e superfícies para obter as vantagens que

ambos podem oferecer.

• O ressurgimento do fresamento 5–eixos de posicionamento (fresamento 3+2) e o

fresamento 5–eixos simultâneos como uma técnica de custo aceitável em consideração

a sua produtividade.

• A introdução de software CAM com filosofia KBM (Knowledge Based Machining) ou

softwares baseados no conhecimento do processo de usinagem, a partir de

personalizações (custumizations) feitas no software pelo próprio usuário ou empresas

especializadas.

2.1.2 Modelagem de superfícies complexas

A modelagem de produtos com geometria complexa pode ser feita com várias técnicas.

Estas podem ser divididas em dois grandes grupos, as que necessitam de dados de entradas

como por exemplos dados de digitalização (fitting techniques) e as que não necessitam de

nenhum conhecimento prévio do que se quer modelar (ab initio techniques) [20]. Para o

Page 27: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

26

primeiro grupo podem-se citar as curvas e superfícies do tipo spline e para o segundo as

curvas e superfícies de Bézier e B-splines.

Mesmo com a variedade de técnicas existentes para a modelagem de geometrias

complexas ainda se encontra casos onde os projetistas não às utilizam preferindo o uso de

geometrias como retas e cônicas. Como conseqüência dessa prática, pode–se obter modelos

tridimensionais com suas superfícies descontinuas. Essas descontinuidades são prejudiciais a

etapas posteriores do desenvolvimento do produto, tais como, analise através de elementos

finitos e a própria fabricação das superfícies.

A Figura 2.5 mostra descontinuidades numa das superfícies do sólido de revolução

gerado a partir do perfil também mostrado na figura. A descontinuidade é ocasionada pelas

curvas geratrizes do perfil serem elementos geométricos distintos (duas linhas e um arco).

Figura 2.5: Sólido gerado a partir de operação de revolução.

A geometria mostrada na Figura 2.5 é tipicamente encontrada em componentes de

turbinas a gás, cubo (hub de um impelidor). Devido a exigências de fabricação do

componente faz–se necessário o uso de uma única e contínua superfície para a geometria

mostrada em substituição ás três existentes no modelo (superfície funcional única). O que

aconteceu com esse modelo é que a condição de continuidade foi imposta as curvas geratrizes

essa condição não e satisfeita para a superfície de revolução gerada.

Page 28: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

27

A troca de informação entre os vários sistemas CAD/CAM existentes é realizada, muitas

vezes, no formato de superfícies 3D. Desde 1983, o formato IGES (Initial Graphics Exchange

Standard) é frequentemente utilizado para troca de informações entre vários sistemas

CAD/CAM existentes [20]. As curvas e superfícies B-Spline racionais são o padrão utilizado

para representação de geometrias 2D e 3D. Isso explica, em parte, o uso de NURBS (Non-

Uniform Rational B-Splines) para modelagem de formas complexas com o passar dos anos.

Além disso, disso existem outras vantagens relacionadas ao o uso de NURBS na modelagem

de superfícies complexas [24]:

• Oferece uma forma canônica para a representação de formas analíticas e complexas

(free form);

• Fornece a flexibilidade para a modelagem de uma larga variedade de formas;

• Podem ser encontrados por algoritmos numericamente estáveis e precisos;

• Oferece boa interpretação geométrica e poderosas ferramentas geométricas;

• São generalizações das representações de curvas e superfícies B-Spline não

racionais, Bézier racionais e Bézier não-racionais [25].

As curvas racionais de Bézier são definidas por polígonos de controle um exemplo pode

ser visto na Figura 2.6.

Figura 2.6: Curva de Bézier e seus pontos de controle [26].

Page 29: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

28

( )( )∑

∑=

== n

i iri

n

i iiri

wtB

PwtBC

0 ,

0 , Eq. 2.1

Onde r é a ordem, são os polinômios de Bernstein (Eq. 2.2). Na Figura 2.7 são

mostrados os polinômios de Bernstein com a ordem do polinômio no intervalo de 0 a 2. Na

Figura 2.6 são mostrados ainda os pontos de controle , e pesos do ponto dos controle

[26].

( )tB ri,

iP iw

)(, )1(

)!(!!)( rir

ri ttrir

itB −−−

= Eq. 2.2

Figura 2.7: Polinômios de Bernstein com a ordem do polinômio no intervalo de 0 a 2 [27].

Do ponto de vista matemático, uma curva gerada a partir dos vértices de um polígono de

controle é dependente de algum método de interpolação ou aproximação para estabelecer a

relação entre a curva e o polígono de controle. Esse método de interpolação é definido quando

se escolhe a função base. No caso da curva de Bézier a função base utilizada são os

polinômios de Bernstein. Uma curva B- Spline que é mostrada na Figura 2.8 é a generalização

das curvas de Bézier [26].

Figura 2.8: Exemplo de B-Spline, pontos de controle e nós (knots).[26].

Page 30: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

29

Considere que um vetor conhecido como vetor nodal (knot vetor) seja definido como

segue:

},...,,{ 21 mtttT = Eq. 2.3

onde T é uma seqüência de números não decrescente com [ ]1,0∈it e definem os pontos

de controle . nPPP ,...,, 10

Define-se como grau p o seguinte argumento matemático:

1−−= nmp Eq. 2.4

onde m é o numero de nós e n é numero de pontos de controle.

Define-se a função base como:

( )

( ) ( ) ( )tNtttttN

tttttN

ContrárioCasotttttse

tN

pipiipi

ii

iiiii

1,11,0,

110, 0

e 1

−+−+

++

−−

+−−

=

⎩⎨⎧ <<≤

= Eq. 2.5

A curva B–Spline (Base Splines), portanto é da forma:

( ) ( )∑=

=n

ipii tNPtC

0,

Eq. 2.6

Entretanto, uma das falhas desse equacionamento matemático é a necessidade de

informações extras para definição de formas relativamente simples [24]. Por exemplo, para se

definir um circulo precisasse do centro do circulo e de seu raio ou diâmetro, entretanto, se

uma B-Spline é utilizada para definir um circulo são utilizados 4 pontos de controle (Figura

2.9). Uma curva NURBS é definida por quatro entidades matemáticas: grau, pontos de

controle, nós (knots), e uma regra de avaliação.

Page 31: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

30

Figura 2.9: Cônica descrita por uma curva NURBS e seus pontos de controle.

O grau ( p ) é um número inteiro positivo, que é usualmente 1, 2, 3 ou 5. Linhas e poli–

linhas tem usualmente grau 1, círculos NURBS têm grau 2, e a maioria das curvas de forma

complexa tem grau 3 ou 5. Algumas vezes os termos linear, quadrática, cúbica, e quíntica são

usados para descrever os graus dessas curvas. Linear significa grau 1, quadrática significa

grau 2, cúbica significa grau 3, e quíntica significa grau 5. A ordem de uma curva NURBS é

um numero positivo igual a (p+1). É possível aumentar o grau de uma curva NURBS e não

mudar a sua forma, mas, o mesmo, não acontece quando se reduz o grau [20].

O número dos pontos de controle é pelo menos (p+1) pontos. Uma das formas mais

fáceis de mudar a forma de uma curva NURBS é mover seus pontos de controle. Os pontos de

controle têm um número associado a cada um deles chamado peso. Com poucas exceções, os

pesos são números positivos. Quando os pontos de controle têm o mesmo peso (usualmente

1), a curva é chamada de não–racional, de outra forma, a curva é chamada racional. Na

prática, a maioria das curvas NURBS são não–racionais. Poucas curvas NURBS são sempre

racionais, por exemplo, seções cônicas (círculos, elipses, hipérbole e parábolas) (Figura 2.10)

[29].

Page 32: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

31

Hipérboles

Parábola

Círculo

Hipérboles Elipse

Figura 2.10: Seções Cônicas (circulo, elipse, parábola, hipérbole) [30].

O vetor nodal tem a mesma definição encontrada em curvas B–Splines. Esse vetor deve

satisfazer várias exigências. A forma padrão para assegurar que estas exigências sejam

satisfeitas, é limitar o número de valores duplicados no vetor nodal a menor ou igual ao grau p

da curva. O número de vezes que um componente do vetor nodal é duplicado é chamado

multiplicidade. Um nó é dito ser de multiplicidade completa se ele é repetido n vezes e

simples se o nó é repetido uma vez [29].

Por exemplo, se uma curva NURBS de grau 3 com 7 pontos de controle tem o vetor

nodal na forma 0, 0, 0, 1, 2, 3, 4, 4, 4, o vetor nodal é uniforme. Já o vetor 0, 0, 0, 1, 2, 5, 5, 6,

6, 6 é não-uniforme. As letras N e U em NURBS significam Não-Uniforme (non-uniform) e

indicam que o vetor nodal numa curva NURBS é permitido ser não-uniforme. Valores

duplicados no meio desse vetor fazem com que uma curva NURBS seja menos suave. Um

vetor nodal que tenha multiplicidade completa nos seus valores intermediários significa existir

um ponto na curva que pode ter uma descontinuidade geométrica (corner). O que ocasiona

problemas na geração de superfícies (Figura 2.11) [29].

Page 33: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

32

Figura 2.11: (a) NURBS descontínua, problemática para modelagem de superfícies. (b) Gráfico de curvatura da NURBS evidenciando sua descontinuidade.

Por essa razão alguns projetistas gostam de adicionar e remover nós e então ajustar os

pontos de controle para criar curvas suaves. Uma vez que o numero de nós m é igual a (n+p-

1), onde n é o numero de pontos de controle, quando se adiciona nós também se adiciona

pontos de controle e vice-versa. Nós (knots) podem ser adicionados sem mudar a forma da

curva NURBS original. No entanto, quando se removem nós, se altera a forma original da

curva [29].

A equação de uma curva recebe um número e atribui a um ponto. A equação de uma

curva NURBS é uma equação, que envolve o grau, pontos de controle, e nós (Eq. 2.6).

( ) ( )( )∑

∑=

== n

i iri

n

i iiri

wtN

PwtNtC

0 ,

0 , Eq. 2.7

onde r é a ordem da NURBS, são as funções base B-spline, são os pontos de

controle, e é o peso do ponto de controle [25]. De forma similar, para uma superfície B-

Spline não-uniforme de grau (r, q) tem-se:

riN , iP

iw iP

( )( ) ( )( ) ( )∑ ∑

∑ ∑= =

= == m

i

n

j jiqjri

m

i

n

j jijiqjri

wvNuN

PwvNuNvuS

0 0 ,,,

0 0 ,,,,,

Eq. 2.8

Page 34: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

33

onde e são as funções base B-spline, são os pontos de controle, e é o

peso do ponto [31].

riN , qiN , jiP, jiw ,

jiP,

2.1.3 Modelagem de sólidos

Desde sua introdução a mais de uma década, os sistemas CAD/CAM que usam

modelagem sólida estão cada vez mais populares. No início essa tecnologia era encontrada

apenas nas grandes corporações aeroespaciais e automobilísticas. Segundo FARIN, quando a

modelagem sólida tornar-se totalmente aceita, ela será hábil a incorporar superfícies e curvas

complexas (free-form curves and surfaces) [10]. Nota-se que FARIN estava correto

principalmente, pelo que se pode presenciar atualmente nos sistemas CAD/CAM[10].

Como um campo de estudo, área do conhecimento, etc., pode-se dizer que a modelagem

sólida é um ponto de convergência de varias outras áreas em desenvolvimento como por

exemplo, sistemas para desenho 2D (drafting), sistemas para modelagem de superfícies

complexas (free-form surfaces) [32].

Os primeiros esforços para automatizar os sistemas drafting resultaram em sistemas de

modelagem wireframe. Eles são considerados a primeira contribuição para criação de

sistemas com modelagem de sólido. Nesses sistemas (wireframes) somente as arestas, e

vértices dos objetos são representados. Essa é de certa forma uma representação natural,

assumindo–se que o objetivo é gerar linhas de desenho de um projeto de engenharia,

projetadas em certas direções (gerar vistas ortográficas de um objeto 3D). Infelizmente,

podem existir ambigüidades na interpretação nessa forma de representação [32]. Um simples

exemplo dessas ambigüidades é mostrado na Figura 2.12.

Page 35: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

34

Representação de sólidos através de

wireframe

Representação de sólido através de

rendering

Figura 2.12: Representação ambígua de um objeto em representação wireframe.

A Figura 2.12 mostra um bloco com um furo chanfrado que passa através do centro.

Não é possível deduzir através de uma representação em wireframe qual a direção do furo,

desde que ele aparentar ter as três direções principais. Por conta dessas ambigüidades,

wireframe não é a representação preferida para objetos 3D. Por outro lado, os objetos

representados ocupam pouco espaço de memória podendo ser acessados rapidamente.

Wireframe constituem uma forma de visualização satisfatória em muitas situações, e pode

fornecer rápidas informações ao projetista. Por essa razão, muitos sistemas ainda oferecem a

possibilidade de gerar visualizações em wireframe [32].

Baseados na modelagem sólida, algorítmos podem ser desenvolvidos para algumas

aplicações tais como, obtenção de massa e peso de componentes, centro de gravidade,

momento de inércia, analises com o método dos elementos finitos, compilação de tecnologia

de grupo e planejamento de processos [33].

Page 36: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

35

A integração CAD/CAM está diretamente relacionada à cooperação e colaboração entre

essas duas tecnologias presentes no ciclo de vida de um produto. Essa integração é

extremamente beneficiada com o uso de modelagem sólida. Um modelo sólido pode ser

carregado num ambiente CAM e rapidamente analisado através de algoritmos de

reconhecimento de características (features) [33]. Há sistemas que mesmo depois de

carregado, o modelo não perde sua ligação com o ambiente de origem (CAD). Essa tecnologia

possibilita a rápida atualização de programas CN [34].

As duas formas mais usadas para representação de sólidos são CSG (Construtive Solid

Geometry) e B-rep (Boundary Representation). Na representação CSG, o sólido é uma árvore

booleana constituída de objetos primitivos (cilindros, cones, esferas e blocos) e operadores

booleanos (Figura 2.13). Na representação B-rep, um sólido é modelado através das

superfícies que o delimita. Desta maneira o sólido é matematicamente representado

explicitamente [33].

Figura 2.13: UG NX 3, exemplo de sólido e árvore booleana.

Page 37: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

36

As duas formulações podem ser utilizadas em ambientes CAM. Entretanto, um sólido

em CSG é implicitamente definido; isto é, sua forma não é conhecida sem as operações

booleanas associadas. Um sólido representado em B-Rep é explicitamente definido; suas

geometrias primitivas, isto é, faces, arestas e vértices são interpretadas como informações de

baixo nível (informações muito especificas) e não podem ser utilizadas no desenvolvimento

de algumas aplicações, tais como planejamento de processos que utilizam algoritmos de

reconhecimento de características (features) [33].

A modelagem B-rep possui algumas vantagens sobre a CGS, principalmente no tocante

a versatilidade na geração de modelos complexos e na velocidade de verificação de relações

topológicas. Isto acontece devido à maneira como o método registra as informações do

modelo, armazenando os parâmetros das arestas e faces de forma explícita [35].

Os métodos de modelagem sólida CSG e B-rep são frequentemente combinados para

gerar modelos 3D. Cada um desses métodos possui suas limitações, geometrias de difícil

modelagem podem ser geradas mais facilmente usando a combinação de ambos os métodos.

A maioria dos sistemas modeladores de sólido de grande porte utiliza tanto o método CSG

quanto o B-rep [35].

Na literatura, uma característica (feature) é considerada como uma informação de alto

nível apropriada para o desenvolvimento de planejamento automático de processos que pode

ser diretamente ligada a um sistema CAD [36]. As Features podem ser pensadas como formas

primitivas de engenharia com relevância a alguma tarefa de engenharia [35]. O significado

técnico de uma feature pode envolver a função para qual ela foi criada, como ela pode ser

produzida, que ações a sua presença deve desencadear, que formas de fabricá-las estão

disponíveis, etc.

A modelagem por features com os anos vem ganhando espaço principalmente no

desenvolvimento de componentes mecânicos. O método permite criar entidades geométricas

Page 38: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

37

simples tais como furos, chanfros, rasgos, etc. A modelagem por features é baseada na idéia

de se modelar utilizando blocos de construção (building blocks) [37]. Ao invés de se usar

formas analíticas como paralelepípedos, cilindros, esferas e cones como geometria primitiva,

o usuário cria modelos do produto usando geometria primitiva de maior nível, portanto, mais

relevantes para sua aplicação específica. Esta abordagem faz com que os sistemas de

modelagem sólida fiquem mais fáceis de serem utilizados. Entretanto, o conjunto fixo de

features oferecido pelos atuais modeladores ainda é limitado fazendo com que as

possibilidades do projetista sejam escassas. Essa limitação mostra que as features devem ser

adaptáveis aos usuários e que as bibliotecas de features devam ser extensíveis.

Muitas pesquisas têm sido feitas na extração de características de usinagem (machining

features) a partir dos contornos de um modelo ou a partir das características (features) de uma

peça e a transformação das características de usinagem num processo de usinagem usando

regras definidas em processo baseado no conhecimento. Entretanto, a integração baseada na

associação ao nível de características (features)-operações não é eficiente como ao nível de

peça-processo onde uma peça é diretamente associada com operações de usinagem, e a

parâmetros de usinagem [37][38].

GAO (2004) propôs um método para extração de características (features) de

usinagem[39]. Segundo ele uma feature é um meio de informação na integração

CAD/CAPP/CAM. Existem diferentes pontos de vistas do que seja uma feature. A do

projetista CAD que tem uma feature como uma característica de forma relacionada à função

do componente, à intenção de projeto ou à metodologia para construção do modelo. A do

programador CAM que considera uma feature uma forma geométrica associada a distintas

operações de usinagem.

A modelagem sólida paramétrica permite que se criem modelos de produtos com

dimensões parametrizadas. As dimensões podem ser ligadas através de expressões

Page 39: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

38

matemáticas. Ligações bidirecionais entre o modelo e o dimensionamento permitem a

regeneração automática de modelos depois de mudanças dos parâmetros e atualização

automática das dimensões relacionadas. Os sistemas CAD paramétricos que não provêem esta

bi-direcionalidade, devido à complexidade envolvida penalizam o projetista. Este tem que

pensar na estruturação das ligações dimensionais antecipadamente, sem o que, a alteração do

modelo pode implicar em que ele seja refeito [35].

Nos últimos anos, o número de usuários de modelagem sólida vem aumentando e esses

usuários vêm encontrando algumas dificuldades. Principalmente no que se refere às

limitações em algumas áreas de geração de superfícies complexas. Essas dificuldades fazem

com que os sistemas cada vez mais, estejam incorporando módulos para modelagem de

superfícies complexas (Free Form Modeling) [40].

A Tabela 2.1 faz uma síntese das seguintes vantagens da modelagem de superfícies

sobre a modelagem de sólidos e vice-versa [40].

Tabela 2.1: Comparativo entre modelagem de superfícies e modelagem de sólidos.

Modelagem de superfícies Modelagem de sólidos Mais flexível na modelagem de geometrias complexas (manipulação dos pontos de controle)

Fácil de Aprender/usar

Capacidade de modelagem interativa Parametrização e associabilidade dos modelos

Rápida criação e atualização de componentes complexos

Rápida criação e atualização de montagens (assemblies)

Excelente para criação estética e ergonômica de modelos complexos

Excelente para criação de modelos funcionais

2.1.4 Geração de trajetória de ferramenta

O fresamento de componentes de turbinas á gás que envolve superfícies complexas

necessita de fresamento em 5-eixos. Essa necessidade é justificada pelo aumento significativo

Page 40: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

39

de eficiência do processo a partir dessa técnica com o uso de poucas, se não uma, fixação, e

melhores condições de contato da ferramenta de corte e a peça. Entretanto, os sistemas CAM

que possuem módulos para fresamento 5-eixos têm a sua geração de trajetória de ferramenta,

ainda muito dependentes do nível de conhecimento e da interação do usuário. Uma das

desafiadoras tarefas encontradas na literatura é a geração de trajetórias de ferramentas, livres

de erros, sem a interferência e a experiência do programador CAM [41][42][43][44]. Para a

geração de trajetória de ferramentas vários métodos têm sido desenvolvidos [45][46]. Os

métodos comumente usados podem ser classificados como:

• Métodos iso-paramétricos [47][48][49];

• Métodos iso-planares ou cartesianos [50][51][52];

• Métodos com altura de cristas constante (iso-scallop) [53][54][55][56].

Devido à complexidade geométrica das superfícies dos componentes aqui tratados é

difícil obter uma trajetória de ferramenta ótima. Os métodos tradicionais (iso-paramétricos,

iso-planares e iso-scallop) iniciam a determinação da trajetória a partir das bordas da

superfície. A trajetória adjacente à última é determinada baseada nesta e assim por diante

(figura 2.14).

Desta maneira, contanto que uma borda inicial seja selecionada, toda a trajetória da

ferramenta é quase que totalmente determinada. Apesar de que os métodos tradicionais

considerem a geometria da superfície localmente durante a geração da trajetória, essa

consideração é limitada a uma verificação de invasão da superfície pela ferramenta

[57][58][41].

Page 41: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

40

Figura 2.14: Geração de trajetória segundo o método isoparamétrico.

Dois critérios são geralmente usados para avaliar as estratégias de corte implementadas

nos sistemas CAM. O primeiro preocupa-se com a validade da estratégia e o segundo com a

eficiência [48].

[59] sugeriu que a trajetória ótima no fresamento 5-eixos são as que são paralelas às

bordas mais longas de uma superfície. MARCINIAK e KRUTH analisaram as direções de

corte conjuntamente as propriedades geométricas de superfícies [60][61]. Eles concluíram que

a direção ótima de corte acompanha a maior profundidade radial de corte (ae), quando a

trajetória da ferramenta se alinha à curvatura principal de uma superfície. SARMA mostrou

que trajetórias adjacentes não são paralelas umas as outras em superfícies complexas [62]. O

passo lateral (ae) entre duas trajetórias adjacentes não é necessariamente igual.

O método isoparamétrico para a geração de trajetória leva a vantagem da representação

paramétrica da superfície e é o método de geração mais frequentemente utilizado. Mantendo-

Page 42: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

41

se um dos parâmetros constantes, as curvas isoparamétricas são formadas e empregadas para a

geração da trajetória de ferramenta [49].

As trajetórias de ferramenta isoparamétricas são frequentemente mais densas em

algumas regiões das superfícies do que outras devido à transformação não uniforme entre o

espaço paramétrico 2D e Euclidiano [48]. Isso resulta numa distribuição de altura de crista

não-uniforme na superfície usinada e tempo de usinagem não otimizado devido aos passes

redundantes [63].

No processo CAD/CAM, um objeto sólido é freqüentemente representado por uma

combinação de duas ou mais entidades geométricas genéricas. Desta forma, superfícies

parametrizadas predefinidas, usualmente estão sujeitas as operações booleanas de trimagem

(trimming) ou alargamento (extending). Usualmente, as curvas de intersecção que são

resultado das operações booleanas mencionadas (trimming) não coincidem com as curvas

isoparamétricas originais. Como resultado, as curvas iso–paramétricas originais não estão

mais adaptada às bordas. Consequentemente, quando as superfícies são submetidas a

processos de geração de trajetória de ferramenta essa trajetória pode não ser satisfatória [64].

Portanto, a tarefa de reparametrizar superfícies trimadas (trimmed surfaces) é de

fundamental importância se essas superfícies estão numa cadeia CAD/CAM. O método de

interpolações algébricas ou interpolação bilinear (Coons method) [10][20] e o método de

Laplace [64][65] são os dois principais métodos existentes, o primeiro por sua simplicidade e

o segundo por resolver alguns problemas do primeiro. Em ambos os métodos, o domínio

paramétrico 2D da superfície trimada é reparametrizado num novo domínio paramétrico 2D

unitário. Depois trajetórias de ferramentas são geradas de acordo com o novo conjunto de

parametrização.

Em teoria, as estratégias principais para fresamento de superfícies complexas em 5-eixos

podem ser classificadas em fresamento de topo (com a ponta da ferramenta) e fresamento

Page 43: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

42

periférico (com a periferia da ferramenta). Em geral, o primeiro utiliza ferramentas de topo

toroidal (topo reto com raio) no fresamento de grandes superfícies, como as pás de turbinas

hidráulicas (Figura 2.15). O segundo, usa ferramentas cilíndricas e utiliza a periferia da

ferramenta para o corte. Esse tipo tem uma grande aplicação no fresamento de componentes

médios e pequenos, entretanto mais complexos, tais como, componentes de turbinas a gás

[66].

Figura 2.15: Pá de turbina Hidráulica fabricada por fresamento 5-eixos [67].

As operações de desbaste definem os processos que possuem as maiores taxas de

remoção de material (Q) do bloco inicial no fresamento de impelidores, essas operações

definem uma pré–forma dos componentes. Um aumento nas taxas de remoção no desbaste

aumenta consideravelmente a eficiência de fabricação componente em sua totalidade. Essas

operações podem influenciar não só no tempo mais também na precisão do impelidor nas

operações de acabamento. Para tanto, o material residual presente nas superfícies depois do

desbaste afetarão o acabamento final das superfícies [68].

Além disso, as superfícies deixadas pelo desbaste influenciam na vida das ferramentas.

Se for deixado sobremetal excessivamente nas superfícies, podem ser necessárias operações

Page 44: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

43

de semi–acabamento para evitar danos às ferramentas no acabamento e deixar as superfícies

com uma camada de sobremetal constate [68].

Efetivamente, não se tem implementações de rotinas para fresamento de desbaste em 5-

eixos simultâneos na maioria dos sistemas CAM [54]. O usual é a utilização de fresamento de

posicionamento (fresamento 3+2), neste caso, a ferramenta de corte permanece com a mesma

orientação durante a operação, os eixos rotativos são usados somente para o posicionamento

da ferramenta com relação a peça de forma a se ter o melhor acesso ao volume de material

que vai ser retirado (Figura 2.16) [69].

Figura 2.16: Eixos rotativos usados para posicionamento (desbaste em 3+2 eixos) [69].

Existem muitas estratégias para fresamento de superfícies em 3-eixos, comuns a maioria

dos sistemas CAM e que são usadas também no fresamento 3+2. Numa rápida observação dos

sistemas CAM presentes no mercado pode-se ver que cada desenvolvedor fornece soluções

semelhantes para fresamento em 3+2–eixos [70]. O fresamento por níveis (Z-level), bastante

Page 45: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

44

comum na maioria dos sistemas, consiste na geração dos contornos criados a partir da

intersecção de planos com a superfície que será fabricada (Figura 2.17). Utiliza-se essa

estratégia em operações de desbaste (3+2) visto que a profundidade de corte para cada passe é

constate fazendo com que a operação seja mais estável (sem sobrecarga na ferramenta de

corte). Para operações de acabamento essa estratégia é menos desejável porque a geometria

dos “degraus” deixados pelos passes pode variar consideravelmente fazendo com que sejam

necessárias operações de polimento.

Figura 2.17:Operação de desbaste do tipo Z-level.

A grande aplicação hoje para o fresamento 5-eixos simultâneos está nas operações de

acabamento que são caracterizadas pela pequena quantidade de material retirada da peça e que

necessitam de condições de contato entre a ferramenta e a superfície de trabalho constante.

O método de Sturz ou da ferramenta inclinada é o método preferido dos

desenvolvedores de aplicações para fresamento 5-eixos. Isso se deve a sua simplicidade

computacional relativa aos demais métodos desenvolvidos até então. Nesse método a

ferramenta é inclinada num ângulo arbitrário com respeito a normal superfície que está sendo

usinada (Figura 2.18) [70].

A grande dificuldade encontrada no método de Sturz é no uso de ferramentas de topo

reto e topo reto com raio ou toroidais. Se o ângulo de inclinação da ferramenta for pequeno,

Page 46: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

45

invasões podem acontecer devido à curvatura da superfície. Entretanto, se o ângulo de

inclinação for grande as cristas de fresamento se tornam maiores. Isto faz com que o método

dependa bastante da experiência do programador. Para resolver esses problemas alguns

métodos foram propostos na literatura. Em GRAY podem ser encontradas informações a

respeito desses novos métodos para geração da trajetória da ferramenta em 5-eixos [70].

Como os métodos multipontos, eixo principal e eixo principal modificado. Entretanto, esses

métodos têm limitações em sua implementação nos sistemas em virtude da falta de robustez e

complexidade de implementação nos sistemas CAD/CAM [70][71].

Figura 2.18: Vetores normais são referencias para inclinação da ferramenta

2.1.5 Simulação e verificação de trajetórias

O conceito de manufatura virtual emprega as últimas tecnologias computacionais para

reproduzir graficamente os processos de manufatura, incluindo máquinas-ferramenta CNC e

operações associadas. As ferramentas para simular o processo de usinagem e verificar a

precisão do processo, antes mesmo que essa ordem de serviço esteja na máquina-ferramenta, é

o tema desse sub-capítulo.

Page 47: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

46

Sem simulação, as trajetórias de ferramentas são testadas repetidamente nas máquinas-

ferramenta. Conseqüentemente, os pequenos erros são por vezes não detectados e ignorados e

só percebido em estágios avançados da Cadeia CAD/CAM/CNC [72].

A verificação CN simula o processo de remoção de material em varias operações de

usinagem com o objetivo de detectar erros na programação (Figura 2.19). A simulação da

máquina-ferramenta representa graficamente os movimentos dos componentes da máquina

quando uma programa NC é executado para detectar possíveis colisões [73].

Figura 2.19: Verificação de trajetória com a retirada dinâmica de material (UG NX3).

Nota-se que a simulação mostrada na Figura 2.19 é, para o caso de fresamento 5-eixos,

limitada em virtude de não considerar os componentes da máquina-ferramenta.

Encontram-se na literatura relacionada à manufatura virtual algumas referências aos

termos pós-processamento reverso e otimização CN. Os softwares desse gênero,

respectivamente interpretam e simulam os códigos CN escritos para uma ampla variedade de

controles CNC e particularmente, ajustam as velocidades de avanço e velocidades de corte

para reduzir os tempos de usinagem e maximizar o tempo útil de utilização de máquina

[74][75].

Page 48: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

47

Avanços recentes na tecnologia dos computadores pessoais e as tecnologias gráficas

3D permitem uma adesão cada vez maior dessas soluções pela indústria de manufatura. Essas

soluções estão aptas a detectar e evitar invasões (Gouges) nas peças, erros de programas e

colisões de componentes da máquina-ferramenta [72].

a) Verificação CN

Os softwares de verificação CN simulam graficamente o processo de remoção de

material pela continua atualização da forma sólida gerada quando a ferramenta move-se ao

longo de sua trajetória para produzir a peça final. Os softwares aceitam tanto código ISO (

código G) como APT-CL (Cutter Location) ou outro arquivo de trajetória CAM como entrada

e simulam o processo de usinagem como um todo (Figura 2.20) [74].

.

Figura 2.20: Verificação de trajetória de ferramenta sem a retirada dinâmica de material (UG NX3).

Pode-se citar como benefícios a detecção de erros de programas CN ainda na fase CAM

da Cadeia CAD/CAM/CNC, como colisões e invasões, eliminação de operações em vazio,

que consomem tempo de máquina, reduzindo assim as peças refugadas e os custos totais [75].

Um bom Simulador CN deve fornecer uma animação 3D renderizada (rendering),

devido aos movimentos da ferramenta, e gerar uma peça virtual usinada através da simulação

Page 49: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

48

e suportar a verificação automática, comparando o modelo virtual criado pela simulação e o

modelo CAD original [76].

As pesquisas na simulação e verificação geométrica de trajetórias CN podem ser

divididas em métodos baseados em visualização, em sólidos e vetores discretos. Cada método

tem suas vantagens e desvantagens em termos de velocidade computacional, precisão de

representação e a funcionalidade de fazer inspeções numericamente.

O método baseado em visualizações geralmente utiliza dispositivos gráficos como um

“z-buffer”, que graficamente verifica os resultados de corte, para verificar a usinagem em

outra vista, é necessário refazer o cálculo de simulação. Também não é numericamente

simples inspecionar os resultados da usinagem.

Conceitualmente, o método baseado em sólidos pode ser um excelente candidato para

uma verificação bem precisa com uma inspeção numérica possível, mas ele requer uma carga

computacional pesada.

O método baseado em vetores ou modelo de vetores discretos (DVM-Discrete Vector

Model) representa a peça sendo usinada como um conjunto de pontos e vetores direção, onde

as direções são geralmente os vetores normais nos correspondentes pontos nas superfícies

[77]. Os métodos “z-map” [78][79] ou “dexel” [80][81] podem ser vistos como casos

especiais de DVM, onde todos os vetores direção estão apontados ao longo da direção z de

um sistema de coordenadas cartesiano.

b) Simulação de máquina-ferramenta

Os softwares de simulação de máquinas-ferramenta usam tecnologia gráfica 3D para

modelar e animar uma máquina-ferramenta no computador. O software processa entradas

como código ISO (código G) e APT/CL e simula todos os movimentos dos componentes da

máquina-ferramenta, incluindo, eixos, cabeçotes e ferramentas, para detectar colisões entre

quaisquer componentes estáticos ou em movimento (Figura 2.21) [73][80].

Page 50: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

49

Os maiores benefícios são de verificação de possíveis colisões entre todos os

componentes da máquina-ferramenta, incluindo cabeçotes, eixos, paletes e mesas, de previsão

das operações de usinagem, pela simulação de movimentos de todos os componentes da

máquina-ferramenta, dando estimativas de tempo para as operações, o que auxilia no

planejamento da produção e validação de novas configurações de pós-processadores.

[80][81].

Figura 2.21: Simulação de máquina-ferramenta.

c) Otimização CN

Os softwares de otimização NC analisam os programas NC para ajustar as velocidades

de avanço e de corte , e conseqüentemente os esforços que atuam no processo,

reduzindo assim os tempos de usinagem [81].

fv cv

Os softwares analisam os parâmetros de corte tais como profundidade axial de corte (ap),

profundidade radial de corte (ae), volume de material removido (Q), área de contato da

ferramenta e tamanho das ferramentas para determinar as velocidades ótimas de trabalho.

Page 51: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

50

Pode-se citar os ganhos produtivos como programas CN mais eficientes e redução

substancial do tempo total de usinagem, consequentemente a melhor utilização do tempo de

máquina-ferramenta disponível.

Um sistema CAM sempre usa a mesma velocidade de avanço para toda uma operação,

consequentemente a força de usinagem não é a mesma em diferentes condições de contato da

ferramenta, ou seja, a ferramenta de corte trabalha sob intensa flutuação de carga mecânica

[82].

Assim, a otimização CN baseada em simulação física, em contraste com a simulação

geométrica fornece melhor controle sob o processo de usinagem, especialmente a processos

onde o corte é intermitente. Os parâmetros de corte, tais como, profundidade axial de corte

(ap) e profundidade axial de corte (ae) mudam com a posição da ferramenta [83].

A otimização CN deve considerar o caminho da ferramenta (tool path) e os parâmetros

de usinagem ao mesmo tempo, especialmente quando se trata de usinagem de superfícies

complexas. Alguns trabalhos foram desenvolvidos no sentido de propor uma trajetória de

ferramenta com uma estratégia de avanços adaptativos aos esforços encontrados numa

usinagem [84][85][86].

2.1.6 Pós-processamento para fresamento 5-eixos

O fresamento de superfícies complexas com mais de 3-eixos precisa de sistemas

CAD/CAM para determinação de dados de localização e orientação da ferramenta de corte.

Considerando que esses dados são determinados com respeito ao sistema de coordenadas da

peça WCS (Work Coodinate System), faz-se necessário a conversão desses dados para o MCS

(Machine Coodinate System), sistema de coordenadas da máquina-ferramenta, através de um

processo conhecido como pós-processamento CN.

A grande maioria dos sistemas CAD/CAM disponibiliza ao usuário os pós-

processadores para os diversos tipos de máquinas 5-eixos. Essa tarefa pode ser efetuada

Page 52: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

51

através de uma série de transformações entre os sistemas de coordenadas nos elementos da

máquina, que são similares a braços de robôs [87].

Segundo SAKAMOTO e INASAKI as máquinas-ferramenta 5-eixos comerciais estão

classificadas em três grupos (Figura 2.22) [88]. As máquinas tipo (a) tem o fuso com três

graus de liberdade (GL) nas direções X, Y, Z e a mesa com dois graus de liberdade (GL) com

relação aos eixos rotativos A e C. Esse tipo de máquina-ferramenta é conhecida como a mais

econômica, devido que ela pode realizar os cinco GL só pela adição do mecanismo da mesa

numa maquina-ferramenta de 3-eixos. A maior vantagem dessa máquina-ferramenta sobre as

demais esta relacionada à carga suportada pelo fuso que menor que as demais, já que não é

necessário que fuso gire. Entretanto, peças pesadas não se adequam a esse tipo de maquina

devido ao grande torque necessário para rotacionar as mesas.

As máquinas-ferramenta do tipo (b) têm o fuso com cinco GL, três de translação e dois

de rotação. A maior vantagem desse tipo é que peças pesadas podem ser processadas, desde

que a máquina-ferramenta não precisa orientar a peça, mas sim o fuso.

As máquinas-ferramenta do tipo (c) têm o fuso com quatro GL, três de translação e um

de rotação, e um GL de rotação na mesa.

Page 53: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

52

Figura 2.22: Classificação de máquinas-ferramenta 5-eixos [88].

LEE e SHE [89] (1997) derivaram equações analíticas de cinemática inversa para a

geração de dados NC dos modelos de SAKAMOTO e INASAKI, e SUH et al desenvolveram

um programa para movimentos simultâneos de máquinas-ferramenta 5-eixos[88][90].

KRUTH e KELWAIS desenvolveram um programa que simulava o código NC gerado via

pós-processamento e modificava os dados CL (Cutter Location) [91].

A aplicação de mecanismos paralelos como essência da construção de uma máquina-

ferramenta é o novo conceito no projeto de centros de usinagem multi-eixos. O projeto

original de uma máquina-ferramenta de cinemática paralela surgiu da plataforma de

STEWART [92]. A plataforma de Stewart foi projetada para ser um simulador de vôo e foi

largamente aceita na indústria.

Page 54: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

53

Comparando as máquinas-ferramentas seriais convencionais com uma máquina-

ferramenta de articulações paralelas, esta tem muitos vantagens, tais como, forças de corte

superiores que podem ser aplicadas nesse tipo de máquina-ferramenta. Sistemas mais rígidos

e estáveis são geralmente obtidos com o uso de mecanismos de cadeia fechada. Maior

precisão pode ser obtida, já que os erros de posição em cada eixo de movimentação não são

acumulados. O custo pode ser reduzido e maiores velocidades de avanço com maiores

acelerações podem ser obtidas [93][94].

A indústria tem dado bastante atenção ao desenvolvimento de máquinas-ferramenta de

cinemática paralela. Elas são consideradas como sendo uma das principais tendências no

desenvolvimento de máquinas-ferramenta. Entretanto, a aplicação real de mecanismos de

cinemática paralela em máquinas-ferramenta ainda não foram provados em termos de

otimização de eficácia sobre as máquinas-ferramenta tradicionais. Muitas desafios têm ainda

que ser superados e explorados. O pós-processamento é uma dos tópicos essenciais que

devem ser investigados antes que esses mecanismos possam ser usados em máquinas-

ferramenta [95].

2.2 Influências sob o fresamento 5-eixos

As variáveis envolvidas na cadeia CAD/CAM/CNC serão tema desse sub-capítulo com

o objetivo de fornecer informações a respeito das especificidades da cadeia para fresamento 5-

eixos.

Muitas das características do fresamento 3-eixos podem ser consideradas para o

fresamento 5-eixos, como por exemplo: ferramentas de corte para fresamento 3-eixos são

perfeitamente aplicáveis no fresamento 5-eixos. Entretanto, algumas características são

especificas do fresamento 5-eixos. A definição de todas essas características e o

relacionamento entre elas é ilustrada na Figura 2.23.

Page 55: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

54

Figura 2.23: Influências sobre o fresamento 5-eixos.

A precisão de um modelo fresado está relacionada às condições de usinagem,

envolvendo deflexões da ferramenta de corte, vibrações durante o processo de usinagem e

desvios de trajetória causados pela inércia de movimentação dos eixos, agravando-se quando

se com trabalha com altas acelerações e velocidades de avanço [96].

2.2.1 Características de uma máquina ferramenta 5-eixos.

As especificações de projeto para uma máquina-ferramenta segundo BOHEZ podem ser

definidas dos seguintes princípios [97]:

• A cinemática deve fornecer flexibilidade suficiente em orientação e posicionamento

da ferramenta e da peça.

• Orientação e posicionamento com a maior velocidade e precisão possível;

• Rápida troca de peças e ferramentas;

• Segurança para o ambiente e operador;

Page 56: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

55

• A maior taxa possível de remoção de material.

O número de eixos de uma máquina-ferramenta normalmente se refere ao número de

graus de liberdade (GL) ou o número de movimentos independentes controlados nos

barramentos da máquina. A nomenclatura ISO usa um sistema de coordenadas da mão direita,

com o eixo da ferramenta correspondendo ao eixo Z [97].

Uma fresadora 3-eixos tem 3 barramentos lineares X, Y e Z que fazem o

posicionamento ao longo dos eixos, contanto que não se ultrapasse o limite de cada eixo. O

eixo da ferramenta fica fixo durante a usinagem (Figura 2.24-a), o que limita a flexibilidade

da orientação da ferramenta, relativa à peça, resultando, num número grande nº de fixações

para geometrias complexas.

Para aumentar a flexibilidade da orientação entre a ferramenta e a peça, sem a

necessidade de mudança de fixação, mais graus de liberdade devem ser adicionados. Para uma

máquina-ferramenta convencional isso pode ser alcançado adicionando-se eixos rotativos,

diferentemente dos já usuais eixos de translação (Figura 2.24-b) [98].

Figura 2.24: a) Máquina-ferramenta 3-eixos XYZ no fuso. b) Máquina-ferramenta 5-eixos XYZ no fuso e AC na mesa [98].

Quando os eixos rotativos adicionados são paralelos aos eixos de translação a seguinte

nomenclatura é adotada: eixo rotativo paralelo ao eixo de translação X chama-se eixo A, eixo

Page 57: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

56

rotativo paralelo ao eixo de translação Y chama-se eixo B e, finalmente, eixo rotativo paralelo

ao eixo de translação Z chama-se eixo C [97].

Para orientar dois corpos rígidos um em relação ao outro são necessários 6 GL (graus de

liberdade) para cada corpo (ferramenta e peça), ou seja, 12 GL. Contudo, nenhuma translação

ou rotação que mude a orientação relativa é permitida, reduzindo os GL a 6. A distância entre

os corpos é prevista pela trajetória da ferramenta eliminando mais um GL, reduzindo os GL a

um mínimo de 5 GL [97].

O movimento de uma ferramenta de corte durante o fresamento 5-eixos de superfícies

complexas (free form surfaces) gera um volume complexo no espaço (swept volume) (Figura

2.25).

Figura 2.25: Exemplo de volume gerado pelo movimento da ferramenta no fresamento 5-eixos simultâneos (swept volume).

Entretanto, na maioria dos sistemas CAM o erro ao longo da trajetória da ferramenta é

aproximado por um desvio cordal 2D (Figura 2.26), que é a distancia entre a trajetória da

ferramenta necessária para gerar o perfil pretendido na programação e a reta (corda) que liga

dois pontos consecutivos de interpolação da trajetória programada e pós-processada. Para

Page 58: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

57

tanto, se assume que a trajetória entre dois pontos interpolados é um arco (em substituição a

pequena parte do perfil entre esses dois pontos) [99].

Figura 2.26: Aproximação 2D da trajetória 3D da ferramenta de corte.

Indiretamente, define-se a distancia entre dois pontos que serão interpolados a partir do

máximo desvio entre a linha (corda) e o arco assumido (Figura 2.26). Dessa forma, os efeitos

relacionados à orientação da ferramenta de corte não são levados em conta no cálculo dos

desvios de um perfil que se quer usinar em 5-eixos. Portanto, faz-se necessário examinar a

trajetória da ferramenta e verificar possíveis erros relacionados à mudança de orientação da

ferramenta de corte numa determinada máquina-ferramenta [99]. Devido a isso, alguns

comandos numéricos disponibilizam algoritmos especiais para a orientação da ferramenta

utilizando curvas NURBS 3D [100].

Os comandos numéricos são adaptativos e consistem de um sistema que integra no

controle as funções normais do comando numérico, a função de correção de uma série de

variáveis medidas continuamente. Estes comandos são dotados de servomecanismo, que, além

Page 59: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

58

de controlar uma função especifica, fazem a medição, comparando-a com o modelo ideal e

corrigindo-á, se necessário [6].

Os comandos numéricos computadorizados são caracterizados por acessarem

diretamente as redes de comunicação da empresa transferindo para os meios de fabricação

uma variedade de dados. Esses comandos atuais têm capacidade de controlar simultaneamente

até 31 eixos, sendo eles eixos de avanço lineares ou rotativos e eixos árvore (Spindle) [97].

Além disso, conjunto de funções disponíveis nos comandos ainda nas versões padrão é muito

ampla e vem melhorando com o passar dos anos nos comandos modernos, tais como, LOOK

AHEAD, Algoritmo NURBS de interpolação, Interpolação polinomial, Compensação

térmica, etc. [100].

LOOK-AHEAD pode ser encarado como uma memória temporária (buffer) de

informações adicionado à malha de controle CN. Essa característica proporciona ao sistema

leitura antecipada de vários blocos de dados CN antes que sejam executados, Assim ordenasse

a seqüência de movimentos antecipadamente e o tempo de transição entre blocos é

minimizado.

Existem as funções que fazem com que sejam ativadas rotinas que permitem que o

programa CN seja independente dos eixos físicos da máquina-ferramenta. Essas funções

estabelecem um novo sistema de coordenadas a partir da translação ou rotação de um sistema

de coordenadas existentes. Pode-se citar TRANS, ROT, ATRANS e AROT no CNC

SINUMERIK 840D da empresa SIEMENS, ou CYCLE DEF 19.1 no CNC TNC da empresa

HEIDENHAIN.

Além disso, algumas funções permitem programação num sistema de coordenadas

virtual criado durante as operações de fresamento, tais como TRAORI no CNC SINUMERIK

e M128 no CNC HEIDENHAIN. A função TRAORI é usada para calcular pontos

intermediários na interpolação da orientação da ferramenta com a intenção de minimizar o

Page 60: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

59

erro cordal, que é resultado da linerarização entre dois pontos interpolados numa usinagem 5-

eixos. Isso é feito calculando–se a compensação da ferramenta que é a distancia entre base do

suporte até a ponta da ferramenta.

O tempo de processamento de bloco (TPB) também é uma característica importante a se

considerar no fresamento 5 – eixos. Ele é o tempo médio necessário para o controle numérico

processar e enviar informações de comando para o acionamento dos servo-motores, e é uma

característica do CNC [101].

O TPB do comando numérico deve ser menor que o tempo necessário para a ferramenta

percorrer o menor incremento de trajetória descrito por um bloco de comando [101].

2.2.2 Fixação da peça

A fixação de peças contribui de uma forma importante para a segurança e a qualidade do

processo de fabricação. A precisão e a repetibilidade de uma peça estão relacionadas ao

sistema de fixação, tais como, morsas, grampos, etc.[102].

O projeto de dispositivos de fixação é uma importante operação que deve ser

considerada no planejamento de processos de fabricação. Um dispositivo de fixação é um

único componente ou a combinação de componentes para referenciar, prender e suportar uma

peça [103].

Existem vários tipos de dispositivos de fixação, mas de acordo com a forma da peça e

aplicação elas podem ser classificadas em quatro categorias: placas modulares, placas

modulares, morsas e placas para tornos [104].

Tipicamente utilizada em máquinas-ferramenta verticais, uma placa de fixação tem uma

superfície de referência que é paralela à superfície de montagem. Placas modulares inclinadas

têm a superfície de referência perpendicular à superfície de montagem na máquina-

ferramenta. São utilizadas normalmente em máquinas-ferramenta horizontais.

Page 61: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

60

Uma morsa tem um mordente fixo e outro móvel para fixar as peças, podendo ser

empregada tanto em máquinas-ferramenta horizontais quanto em máquinas-ferramenta

verticais. Apesar do fácil uso, as morsas têm restrições de tamanhos [103].

Um sistema de manufatura flexível (FMS - Flexible Manufacturing System) é um

sistema de produção que consiste de um conjunto de máquina numericamente controladas,

idênticas ou complementares, que são conectadas através de um sistema de transporte dos

componentes automatizado (esteiras, pontes rolantes, robôs, etc.) [105].

Considerando um sistema de manufatura em linha, ou seja, uma peça é abastecida na

linha e sai acabada após uma determinada seqüência de processos, se por um acaso toda essa

seqüência for realizada numa única máquina-ferramenta, come é o caso de uma linha transfer,

qualquer percalço de fabricação, tal como, um problema na máquina-ferramenta, numa

ferramenta de corte, etc., será responsável por uma parada de produção [106].

A grande desvantagem do aumento da flexibilidade para a usinagem reside na

diminuição inerente da rigidez de processo. É simples pensar que num sistema transfer

convencional, o tipo de peça fabricada terá um sistema de fixação de peça e de ferramenta de

corte dedicado para cada operação de usinagem, enquanto que no caso de sistemas flexíveis, o

sistema de fixação, por exemplo, deixará de estar dedicado e passará a ser passível de uso

para tamanhos de peças distintas [106].

A geometria de uma peça representa um das principais considerações na seleção do tipo

de dispositivo de fixação a ser usado. A existência de certas características geométricas, tais

como, superfícies paralelas e furos de referência têm um efeito significante na decisão sobre

qual estratégia de fixação será adotada [103].

Uma importante atividade do CAPP (Computer-Aided Process Planing) no que se refere

a usinagem é determinar os esquemas de fixação para cada operação [103].

Page 62: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

61

O fresamento de posicionamento ou fresamento 3+2 é uma alternativa quando se têm

várias fixações em uma mesma peça. Usualmente trabalha-se com a ferramenta inclinada com

relação às superfícies de trabalho (Figura 2.27) [100]. Nesse tipo de fresamento os eixos

rotativos da máquina-ferramenta são utilizados somente para a orientação da ferramenta

relativa à peça de forma a se ter melhor acesso à regiões da peça e melhores condições de

corte.

Essa forma de trabalho permite ferramentas mais curtas, além eliminar fixações

redundantes, portanto é reduzido o número de fixações [107].

Figura 2.27:Inclinação do cabeçote no fresamento de estampo [100].

2.2.3 Condições de contato da ferramenta

A seguir serão analisadas as condições de contato do topo da ferramenta de corte com o

material da peça, bem como as influências das grandezas geométricas de cada ferramenta e

dos parâmetros de corte em relação à vida da ferramenta, ao acabamento superficial e ao

desvio de forma.

Page 63: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

62

Objetiva-se fundamentar os conhecimentos do processo de fresamento para uma

determinação operação de acabamento com fresa de topo e, desse modo, estabelecer uma

relação entre o raio da ferramenta, a curvatura da superfície usinada e os parâmetros de

usinagem, para otimização da qualidade superficial e diminuição do erro dimensional.

Segundo o Machinability Data Center (1980) a usinagem de um material, no início do

corte, o gume (ferramenta) penetra no material da peça, e este se deforma elástica e

plasticamente. Após ultrapassar a tensão máxima de cisalhamento do material, este começa a

escoar. Em dependência da geometria da cunha de corte, o material deformado passa a formar

um cavaco que desliza sobre a face [108].

Em todos os processos de usinagem, as características do processo, como formação e

saída de cavaco, força de corte, desgaste e acabamento da superfície usinada, são

influenciadas consideravelmente pela geometria da ferramenta. Em decorrência disso, a

geometria da ferramenta deve ser adaptada ao material da peça, ao material da ferramenta e as

condições específicas da máquina-ferramenta [109].

No acabamento, a seleção dos parâmetros de corte, das condições de contato e do

diâmetro da ferramenta deve alcançar a qualidade superficial e de forma requeridas pelo

projeto [110].

As superfícies acabadas dos componentes de turbinas a gás, especialmente superfícies

complexas (free form surfaces), tais como impelidores, superfícies cônicas e esféricas, são

acabadas com ferramentas de topos arredondados. Essas geometrias de topo das ferramentas

produzem superfícies onduladas, que são diretamente dependentes das condições de contato

adotadas [111][47][49].

Em ZANDER (1995) e WARKETIN et. al. (1994) apresentaram técnicas em 5 eixos

para a usinagem de superfícies complexas com fresas de topo toroidal, reduzindo a altura das

cristas produzidas pelo processo[110].

Page 64: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

63

No fresamento em 3 eixos, as linhas de fresamento acompanham o contorno da peça. A

ferramenta de corte estabelece um movimento com diferentes condições de engajamento e

com linhas de fresamento paralelas até a obtenção da medida desejada, o que significa uma

modificação constante dos esforços de corte sobre a ferramenta [110].

No fresamento em 5 eixos, a ferramenta de corte estabelece uma condição de contato,

consequentemente mantém também constante o esforço que atua sobre a ferramenta. Além

disso, existe a possibilidade de se trabalhar com ferramentas com a relação L/D (altura da

ferramenta/diâmetro da ferramenta) menor [107]. Essa relação geométrica é conhecida como

índice de esbeltez de elemento estrutural (ferramenta de corte). Esta relação representa a

medida da flexibilidade de um elemento estrutural [112].

Para se avaliar o erro de forma no fresamento é necessário estudar o desvio da haste da

ferramenta. Este desvio é modelado considerando a ferramenta de corte engastada no fuso

(Figura 2.28) [110].

)(xd

x

Figura 2.28: Ferramenta de corte admitida como uma viga engastada.

A ferramenta também se desloca por vibração da haste. As possíveis causas de vibração

são as condições da máquina-ferramenta, a forma da peça, a fixação da peça na máquina-

ferramenta, a fixação da ferramenta no porta ferramenta e a afiação da ferramenta de corte

[113].

Page 65: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

64

A Figura 2.29 mostra um modelo simplificado de uma ferramenta de corte em elementos

finitos exemplificando os quatro primeiros modos de vibração para uma ferramenta de corte

sob restrições de engastamento no porta ferramenta. Para o primeiro modo de vibração a

ferramenta se desloca no plano XZ, o segundo modo a ferramenta se desloca no plano YZ de

forma semelhante ao primeiro modo de vibração, o terceiro modo a ferramenta se desloca no

plano XZ e o quarto modo a ferramenta se desloca no plano YZ de forma semelhante ao 3º

modo de vibração.

Figura 2.29: Ferramenta de corte e seus modos de vibração.

Segundo ZANDER (1995) a influência da geometria de uma ferramenta de corte sobre a

qualidade superficial na direção transversal ao avanço, pode-se demonstrar pela variação da

rugosidade teórica (Rth) (Figura 2.30) [110].

Page 66: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

65

Figura 2.30: Rugosidade teórica (Rth) na direção transversal ao avanço [110].

Ainda, segundo ZANDER (1995) com o aumento da profundidade de corte radial (ae) e

do ângulo de inclinação entre a haste e a normal da superfície (β), as fresas de topo toroidal e

reto apresentam um comportamento semelhante em relação ao aumento da rugosidade teórica

(Rth). O mesmo resultado não ocorre para a fresa de topo esférico [110].

Devido à característica geométrica do topo esférico da fresa, o ângulo de inclinação

entre a haste e a normal da superfície (β) não influencia na rugosidade teórica (Rth). Todavia,

a influência da profundidade de corte radial (ae) é muito maior, comparada às fresas de topo

reto e toroidal [110][114].

Pode-se também demonstrar a influência da geometria das ferramentas de corte sobre a

qualidade superficial, na direção longitudinal ao avanço, em função da rugosidade teórica

(Rth) (Figura 2.31) [110].

Page 67: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

66

Figura 2.31: Rugosidade teórica (Rth) na direção longitudinal ao avanço [107].

As geometrias circulares dos gumes das fresas de topo esférico e toroidal provocam um

perfil em formato de ondas. Este perfil não sofre influência do ângulo de inclinação entre a

haste e a normal da superfície (β) [110].

Para todos os tipos de topo de ferramentas, na direção longitudinal ao avanço, a

rugosidade teórica (Rth) aumenta proporcionalmente ao avanço por dente (fz). Entretanto, para

ferramentas de topo esférico e toroidal, a influência do avanço por dente (fz) é menos sensível,

devido ao elevado valor do raio de quina rε [110].

Para fresas de topo reto, com o ângulo de inclinação entre a haste e a normal da

superfície (β), produz-se um perfil em formato de dente de serra. O máximo valor de

rugosidade teórica (Rth) é obtido para β=45°. Com a variação do avanço por dente (fz),

estabelece-se uma relação linear com a rugosidade teórica (Rth) [110].

Page 68: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

67

Desse modo, devido à independência do ângulo de inclinação entre a haste e a normal da

superfície (β) e da pequena relação com o avanço por dente (fz), as ferramentas de topo

esférico são mais adequadas para o acabamento em três eixos de superfícies complexas.

A profundidade de corte radial (ae) exerce uma influência significativa na formação da

altura das cristas. Entretanto, em operações com altas velocidades de corte (HSC) é possível o

emprego de pequenas profundidades de corte radiais (ae), com altas velocidades de avanço,

sem prejuízo do tempo de fabricação [110] [114].

Segundo GOMES (2001), a influência do ângulo de inclinação entre a superfície e a

ferramenta, para ferramentas de topo esféricas, sobre rugosidade real é pequena. Entretanto, a

rugosidade real é prejudicada para ângulos de inclinação menores do que 15º, pois a remoção

de cavaco da região de corte é difícil e velocidade de corte na região tende a zero, provocando

esmagamento de material na zona de corte e para ângulos maiores do que 75º, devido à

elevada deflexão da haste da ferramenta [110].

Figura 2.32: Comportamento da rugosidade real [110](GOMES, 2001).

A Tabela 2.2 mostra o corte discordante e concordante. No corte discordante, a

espessura do cavaco é inicialmente é zero e aumenta na direção de revolução da ferramenta

até uma espessura máxima. Nesse caso, a direção de revolução da ferramenta e a direção de

Page 69: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

68

avanço da ferramenta são as mesmas, no caso de uma máquina-ferramenta sem movimentação

de translação na mesa (Tabela 2.2).

Tabela 2.2: Características do corte discordante e concordante [113].

Tipo de corte Corte discordante Corte concordante

Item

Forma do corte

Vida da ferramenta Curta Longa Rigidez da máquina-ferramenta

O corte discordante é indicado para máquinas-ferramenta antigas e já com folgas.

A maquina ferramenta deve ter alta rigidez e não ter folgas.

Teórico ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ⋅

+=

πzfD

fRz

zth

88

2

Superior comparado ao fresamento concordante

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ⋅

−=

πzfD

fRz

zth

88

2

Inferior comparado ao fresamento discordante

Aca

bam

ento

Sup

erfic

ial

Real

Excelente na usinagem com fluido de corte e maquina ferramenta com pouca rigidez e folgas

Excelente em usinagem sem fluido refrigerante e quando a maquina tem boa rigidez e não tem folgas

Forma de cavaco Cavaco é difícil de enrolar. Adesão de cavaco ocorre facilmente

Cavacos enrolam e são quebrados em pequenos pedaços

Esforços de corte

Grande força de avanço, pequena força passiva pequena e força de corte relativamente grande.

Pequena força de avanço, grande força passiva e força de corte relativamente pequena.

No corte concordante, a espessura do cavaco é inicialmente a máxima espessura de

cavaco e decresce na direção de revolução da ferramenta. Nessa situação, a direção de corte e

a direção de avanço da ferramenta são contrárias, no caso de uma máquina-ferramenta sem

movimentação de translação na mesa [113].

Page 70: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

69

Figura 2.33: Características geométricas no fresamento 5-eixos.

As características de contato num ponto qualquer para fresas de topo esférico são

regidas pelas variáveis mostradas na Figura 2.33. Elas são a quantidade de sobremetal, a

profundidade de corte radial (ae), a curvatura da superfície e a inclinação da ferramenta

relativa à superfície fresada.

Page 71: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

70

3 Materiais e métodos

As etapas experimentais deste trabalho, descritas a seguir, foram realizadas no

laboratório CCM (Centro de Competência em Manufatura) da Divisão de Engenharia

Mecânica-Aeronáutica do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Nas subseções

seguintes, primeiro é descrito o que foi utilizado nos experimento e por fim os métodos

utilizados nos experimentos.

3.1 Materiais de ensaio

Para componentes utilizados em turbinas a gás existe uma variedade de materiais a

serem considerados, em virtude dos diferentes níveis de solicitação mecânica e térmica. Os

materiais podem ser desde uma simples liga de alumínio até ligas especiais de níquel

utilizadas em situações, onde os componentes são submetidos a altos níveis de tensão e

temperatura.

Tabela 3.1: Liga de alumínio da classe 7000 propriedades mecânicas e composição química[115].

Propriedades Mecânicas Especificação AA 7475-T61 Dureza Brinell (HB) 148 HB Tensão de Ruptura (σu) 565 MPa Tensão de Escoamento (σu) 490 MPa Modulo de Elasticidade (E) 70,3 GPa Coeficiente de Poisson (ν) 0,33 Modulo de Cisalhamento (G) 27 GPa Densidade (ρ) 2,81 g/cc Composição Química em Percentual Al 88,5-91,5% Ti 0,06% Cr 0,18-0,25% Zn 5,2-6,2% Cu 1,2-1,9% Fe Máx. 0,12% Mg 0,06% Mn 0,1%

Fonte:ASM, 1990 e HOLT, 1996.

Page 72: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

71

A Tabela 3.1mostra algumas propriedades mecânicas e a composição química da liga de

alumínio utilizada nos testes.

Devido à relativa facilidade de obtenção e aos objetivos do trabalho não estarem

relacionados à usinabilidade de um material em especifico a liga de alumínio AA 7475-T6 foi

escolhida.

3.2 Máquina-ferramenta

Utilizou-se como máquina-ferramenta para os ensaios, um centro de usinagem HSC 5-

eixos Hermle C600U. A Figura 3.1 mostra a maquina-ferramenta utilizada nos ensaios desse

trabalho.

Figura 3.1: Máquina-ferramenta utilizada nos ensaios.

As especificações da máquina-ferramenta são as seguintes:

Eixos: X (606 mm)

Y (450 mm)

Z (450 mm)

A (-110º< α<110º)

C (0º<θ<360º);

Page 73: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

72

Rotação Máxima: 16000 rpm;

Potencia: 15kW em 40% de ED (40% do tempo de funcionamento da máquina-

ferramenta pode-se trabalhar utilizando a máxima potencia e rotação);

Comando Numérico: SIEMENS, SINUMERIK 840D;

Avanço rápido (G0): 35000 mm/min;

Máximo avanço programável (G1): 9200 mm/min

3.3 Ferramentas de corte

Utilizou-se para os ensaios ferramentas inteiriças de metal duro. Estas ferramentas

foram montadas em suporte CoroGrip HSK 63. Tanto as ferramentas quanto os suportes são

do fabricante SANDVIK. As ferramentas utilizadas são especificadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Ferramentas utilizadas na fabricação do componente (116).

Operação Desbaste Acabamento Código do fabricante R216.24-16030EAI16G R216.42-12030-AK22G Classe de metal duro 1610 1010 Tipo de Fresa Topo Reto Topo Esférico Número de facas 4 2 Diâmetro Dc (mm) 16 12 Ângulo de hélice 30º 30º Raio de canto rε (mm) 2 6 Tipo de haste Cilíndrica Cilíndrica Comprimento da haste l2(mm) 92 83 Ângulo de Saída 3º 10º30´ Ângulo de incidência 9º 12º apmáx (mm) 16 22

Page 74: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

73

3.4 Software CAD/CAM

Para programação das estratégias estudadas, bem como de todo o estudo das geometrias

geradas para o fresamento utilizou-se a plataforma UG NX3 da empresa UGS Corp. Para

modelagem e avaliação das geometrias foram utilizados os módulos de modelagem de

superfícies e sólidos (Modeling e Shape Studio) [117]. Para programação CAM foi utilizado o

módulo NX CAM. Finalmente, para criação de modelo para simulação da máquina-

ferramenta estudada foram utilizados os módulos ISV (Integrated Simulation and

Verification) [118] do mesmo pacote NX3 e o software PostBuilder. A Figura 3.2 ilustra os

módulos utilizados no trabalho.

Figura 3.2: Módulos do UG NX3, Modeling, Manufacturing IS&V e PostBuilder.

Page 75: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

74

3.5 Equipamentos auxiliares

As medições de rugosidade foram realizadas utilizando um rugosímetro de ferramentaria

(Figura 3.3) com as seguintes características:

Fabricante: Mitutoyo Corportation;

Modelo: SJ-201p;

Método de detecção: Indutância diferencial;

Faixa de medição: 350 µm (-200µm a 150µm);

Material do apalpador: Diamante;

Raio da ponta do apalpador: 5µm;

Força de medição: 4mN.

Figura 3.3: Rugosímetro utilizado nas medições de rugosidade das superfícies.

A fim de coletar pontos nas superfícies estudadas, a peça foi medida num sistema de

inspeção para coleta desses pontos e compara-los ao modelo CAD existente. Esse sistema

utiliza um braço articulado com 6 graus de liberdade e apalpador (probe) de natureza

mecânica com as seguintes especificações:

Fabricante: CIMCORE

Modelo: 3000i Series

Comprimento do Braço: 1,8m

Volume de trabalho: 3m3

Page 76: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

75

Peso: 5,4 kg

Configuração dos eixos: 6 eixos (2-2-2)

Precisão: 0,005mm

A Figura 3.4 mostra o braço sendo utilizado para coleta de pontos na atividade de

medição do componente estudado.

Figura 3.4: Equipamento utilizado para medição de peça.

3.6 Método utilizado nos ensaios

A seguir, é mostrado o método utilizado neste trabalho para a utilização das tecnologias

CAD/CAM/CNC de forma a se ter um uso otimizado das tecnologias envolvidas,

principalmente no que se refere ao fresamento 5-eixos de componentes de turbinas a gás. A

seqüência de atividades desenvolvidas procura reproduzir o que de fato acontece na cadeia

Page 77: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

76

CAD/CAM/CNC para fresamento 5-eixos. Fazendo com que o método adotado não tenha

apenas um embasamento teórico, mas também prático e perfeitamente aplicável como

estratégia produtiva na indústria.

Para tanto, procurou-se percorrer a cadeia CAD/CAM/CNC seguindo a seqüência das

atividades mostradas na Figura 3.5.

INPUT

Figura 3.5: Método aplicado aos ensaios.

O método mostrado na Figura 3.5 propõe que a partir de uma geometria CAD e dados

de projeto de um componente que se quer fabricar com fresamento 5-eixos sejam

Page 78: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

77

desenvolvidas tarefas que garantiram o sucesso da fabricação. Essas tarefas são elucidadas a

seguir:

• Análise das geometrias

A análise das geometrias com ferramentas computacionais é a etapa que garantirá a

consistência do modelo matemático que será utilizado nas etapas posteriores do

desenvolvimento do produto (componentes de turbinas a gás) como exemplo a programação

de máquinas-ferramenta com auxilio de software CAM. Essas análises são a verificações da

curvatura gaussiana e as curvas isoparamétricas das superfícies. Busca-se nessa etapa avaliar

descontinuidades geométricas, parametrização das superfícies e os procedimentos utilizados

para a construção do modelo.

• Remodelagem de geometrias

Feita a análise geométrica das superfícies é possível se ter informações que são úteis

para prevenção de possíveis problemas na geração de trajetórias de ferramenta em 5-eixos

simultâneos. Quando problemas são detectados é feita uma operação de remodelagem do

próprio componente ou a modelagem de geometrias auxiliares com o objetivo de auxiliar a

programação CAM do componente que se quer fabricar.

• Programação CAM

Agora com os problemas que seriam encontrados na geometria CAD já solucionados nas

etapas posteriores (Análise das geometrias e Remodelagem), parti-se para programação CAM

do componente através da escolha das ferramentas, das estratégias e dos parâmetros de corte

que serão utilizadas para o fabrico do componente.

• Simulação 5-eixos

A simulação das estratégias programadas em software CAM é outra tarefa que previne

problemas em etapas posteriores da cadeia CAD/CAM/CNC. Dessa vez problemas que

aconteceriam em processo como colisões entre os componentes da máquina-ferramenta, ou

Page 79: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

78

mesmo problemas com pós-processamento são antecipados evitando re-trabalho do

programador. Este muitas vezes não tem a correta noção dos movimentos desenvolvidos pela

máquina-ferramenta a partir da sua programação após a etapa de pós-processamento. Com

isso aumenta-se o risco de colisão ou mesmo de um processo insatisfatório. Para atender a

necessidade aqui levantada um simulador foi desenvolvido e é utilizado para evitar colisões

durante a fabricação de componentes.

• Escolha da interpolação

A escolha da uma interpolação para processo de fresamento 5-eixos tem a justificativa

de otimizar o tempo de fabricação, tornar os movimentos dos eixos mais suaves e por fim

melhorar o acabamento superficial. Para tanto, um perfeito entendimento de qual interpolação

se deve usar é requerido. Para tanto, alguns ensaios foram feitos de forma adquirir dados para

analise e posterior escolha correta da interpolação utilizada para o processo.

• Pós-processamento NC

Afastada a possibilidade de colisão durante o processo de fabricação, segue-se para o

pós-processamento das operações CAM criadas. O pós-processamento consiste em escrever

numa linguagem que o comando numérico possa interpretar e executar as trajetórias criadas

com os parâmetros de corte utilizados no software CAM utilizado.

• Fabricação do modelo

A fabricação consiste em executar os programas criados através do pós-processamento

das trajetórias. Para tanto é necessário dispositivo de fixação para fixar a peça mesa da

máquina-ferramenta. Também é necessário o preset da peça e das ferramentas que serão

utilizadas durante o processo de fabricação.

• Medição do componente (comparador)

Page 80: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

79

Por fim o modelo CAD e as especificações de projeto são equiparados ao resultado do

processo de fabricação de forma a se verificar se o componente atende aos seus requisitos

funcionais definidos posteriormente.

3.6.1 Procedimento para análise de geometrias (IGES, PARASOLID)

A escolha da geometria utilizada, encontradas em turbina a gás, levou em conta a

complexidade geométrica e suas respectivas necessidades de utilização do fresamento em 5-

eixos. No estudo levou-se em conta a complexidade geométrica dos componentes de turbinas

a gás, e suas respectivas necessidades de utilização do fresamento em 5-eixos simultâneos

para a obtenção de forma e da qualidade da superfície usinada. Para tanto, um impelidor de

compressor radial foi escolhido como geometria teste (Figura 3.6).

Figura 3.6: Impelidor de turbina a gás escolhido para o estudo.

Page 81: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

80

O modelo CAD, cedido pela Divisão de Física do ITA (Figura 3.7), foi modificado de

forma a ter as dimensões para teste na máquina-ferramenta de estudo e manuseio para

medições das características das superfícies fabricadas.

Como o modelo foi feito em software CAD diferente do software que serviu como

ferramenta para esse trabalho, necessitou-se de uma etapa de exportação de modelo entre

softwares CAD/CAM. Os tipos de arquivos escolhidos foram os clássicos IGES e

PARASOLID, ou seja, foram escolhidos formatos de arquivos que utilizam superfícies e

sólidos como base para construção do modelo. O modelo é mostrado na Figura 3.7, também é

mostrada na figura a nomenclatura das superfícies do componente.

Figura 3.7: Modelo do impelidor escolhido para os testes.

Page 82: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

81

Nessa etapa do trabalho, procurou-se avaliar a influência do procedimento de

modelagem exercida sobre o algoritmo para a reparametrização de superfícies cortadas

(trimmed surfaces). Para tanto, foi feita uma análise do procedimento de modelagem utilizado

para criação do modelo estudado. Buscou–se também verificar a influência que os formatos

de arquivos IGES e PARASOLID exercem na geração de trajetórias de ferramenta. Além

disso, foi utilizada a ferramenta de análise de superfícies curvatura gaussiana com a intenção

de verificar possíveis descontinuidades superficiais.

Para relacionar um possível erro na geração de trajetória ao procedimento de

modelagem (trimming) e não ao processo de exportação das geometrias, foram modeladas

superfícies suaves com três diferentes graus de complexidade de borda (Figura 3.8). Essa

complexidade foi definida por operação de corte (trimming).

Figura 3.8: Superfícies utilizadas para avaliação de geração de trajetória.

Page 83: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

82

Para cada superfície foram geradas trajetórias de ferramenta em 5-eixos utilizando os

parâmetros de geração de trajetória mostrados na Tabela 3.3.

Tabela 3.3: parâmetros utilizados para geração das trajetórias.

β (tilt angle) α (lead angle) 15º 15º 45º 45º

O ângulo α é aquele com relação à normal à superfície e no sentido transversal a

direção de avanço da ferramenta de corte e β é o angulo com relação à normal à superfície e

no sentido de avanço da ferramenta de corte (Figura 3.9).

β+ β−

α+ α−

Figura 3.9: Inclinação da ferramenta de com relação a normal a superfície.

Page 84: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

83

3.6.2 Procedimento para remodelagem para fresamento 5-eixos

A partir da análise gaussiana das superfícies realizou-se a remodelagem de detalhes que

não foram observados durante a etapa inicial de modelagem CAD, por outro projetista, cuja a

modelagem não estava direcionada a fabricação do componente. A Figura 3.10 ilustrar uma

deficiência encontrada no modelo. Nela pode-se ver uma descontinuidade superficial na

superfície do cubo (hub surface). Essa descontinuidade é prejudicial a orientação da

ferramenta de corte no fresamento 5-eixos simultâneos.

Figura 3.10: Analise Gaussiana (Curvatura Gaussiana) em superfícies.

O uso de curvas que sejam continuas é de fundamental importância quando se está

construindo superfícies ou sólidos.

Mudanças abruptas de curvatura, como as mostradas na Figura 3.10, ocasionam

movimentos bruscos no processo de fresamento 5-eixos, comprometendo a estabilidade do

processo. Deve-se então corrigir o modelo para que essa hipótese seja afastada.

Page 85: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

84

As descontinuidades verificadas na análise gaussiana se deviam ao uso de arcos e retas

como geratrizes do sólido analisado. A solução proposta é a substituição desses arcos e retas

por curvas complexas do tipo NURBS.

3.6.3 Procedimento programação CAM de componentes

A partir de uma geometria bem definida buscou-se escolher as ferramentas para o

processo de fresamento. Essas ferramentas são definidas no software CAM de forma a serem

usadas para calcular as trajetórias de ferramentas para a fabricação do componente. As

ferramentas escolhidas são mostradas na subseção 3.3.

Inicialmente, programou-se o desbaste do componente, cada espaço entre as pás foi

tratado como se fosse uma cavidade. A estratégia escolhida para usinagem da cavidade foi a

seguinte:

• Desbaste utilizando a estratégia Z-level (Z constante), os níveis estavam espaçados

de 1mm (ap).

• Entrada da ferramenta no centro da cavidade em hélice com 15º de rampa. Fazendo

com que a profundidade de corte radial seja aproximadamente constante. Assim

evita-se que a ferramenta faça primeiro o contorno externo, que aconteceria com todo

o diâmetro da ferramenta imerso na peça.

Sabe-se que essa estratégia é comumente utilizada para desbaste de cavidades e que

apresenta bons resultados. Na Figura 3.11 é mostrada a estratégia de corte utilizada para a

cavidade em questão.

Page 86: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

85

Figura 3.11: Desbaste da geometria.

As demais cavidades forma desbastadas seguindo a mesma estratégia. A mesa C girou a

peça em 36º e foi executada a mesma estratégia o que caracteriza fresamento 5-eixos de

posicionamento ou fresamento 3+2. E assim, sucessivamente até serem desbastadas todas as

pás do componente.

Para as etapas de acabamento do componente teste foi estabelecida uma matriz de

ensaios com os seguintes parâmetros de corte: profundidade axial de corte (ap), profundidade

radial de corte (ae) e avanço por faca (fz). A tabela é mostrada na Tabela 3.4. A velocidade de

corte vc recomendada pelo fabricante da ferramenta de corte era 1000 mm/min. Entretanto, a

velocidade de corte vc escolhida foi 603 mm/min (16000 RPM) que é a máxima velocidade de

corte alcançada para uma ferramenta de φ 12 mm com a máquina-ferramenta disponível. A

escolha dessa velocidade de corte está relacionada simplesmente a obter a máxima velocidade

de corte para o processo.

Page 87: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

86

Tabela 3.4: Parâmetros de corte utilizados na fabricação do componente.

Parâmetros de corte Combinações ap (mm)

ae (mm)

fz (mm/dente) nº ap

(mm)ae (mm)

fz (mm/dente)

0,1 0,1 0,05 1º 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 2º 0,1 0,1 0,05 3º 0,2 0,1 0,05 4º 0,1 0,1 0,2 5º 0,2 0,1 0,2 6º 0,1 0,2 0,05 7º 0,1 0,2 0,2 8º 0,2 0,2 0,05

Utilizando esses parâmetros de corte foram programadas trajetórias de ferramenta

utilizando os 5-eixos da máquina-ferramenta, simultaneamente (Figura 3.12) para acabamento

das superfícies de pressão e sucção.

Devido à maquina-ferramenta ser altamente rígida e não ter folgas o corte concordante

foi escolhido (KARINO, 1996). As superfícies de sucção e de pressão foram usadas como

superfícies de referência para a inclinação da ferramenta e também. Buscando-se os melhores

valores para rugosidade real e também uma usinagem livre de invasões, procuro-se inclinar a

ferramenta em 70º (α ), com relação à normal à superfície e no sentido transversal a direção

de avanço da ferramenta de corte e 0º ( β ), com relação à normal à superfície e no sentido de

avanço da ferramenta de corte.

Page 88: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

87

Figura 3.12: Estratégia para acabamento das superfícies.

3.6.4 Procedimento para criação de simulador de máquina-ferramenta.

Para o fresamento 5-eixos existe a necessidade de utilização de simuladores realísticos

que levem em conta todo o volume de trabalho da máquina-ferramenta e os dispositivos

instalados, tais como morsas e dispositivos de preset. Entretanto, a máquinas-ferramenta

utilizada nos experimentos, muito menos os dispositivos de fixação e preset não fazem parte

da biblioteca de máquinas-ferramenta do software UG NX. Contudo, no presente trabalho foi

desenvolvido um simulador com as características geométricas da máquina-ferramenta do

laboratório CCM do ITA com todos os dispositivos utilizados pela máquina-ferramenta para

realização do processo de fresamento. As etapas para a criação desse simulador são

apresentadas a seguir:

• Aquisição das características geométricas da maquina-ferramenta estudada; (curso dos

eixos XYZ e posição relativa dos eixos rotativos A e C);

Page 89: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

88

• Adição de dispositivos como o de refrigeração e preset de ferramentas que estão

presentes no volume de trabalho;

• Adição de características cinemáticas com ajuda do módulo Machine Tool Builder do

software UG NX 3;

• Criação de VNC a partir de pós-processador criado para a máquina-ferramenta

simulada;

Inclusão da máquina-ferramenta na Biblioteca de maquinas do UG NX3.

Primeiro, foi feito uma mapeamento de características geométricas da maquina-

ferramenta (Figura 3.13). Essas características incluem as posições relativas dos eixos

rotativos A e C e o volume de trabalho da máquina-ferramenta.

Page 90: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

89

Figura 3.13: Características geométricas da máquina-ferramenta.

Adicionar detalhes dos sistemas auxiliares da máquina-ferramenta foi o escopo da etapa

2 do desenvolvimento do simulador. Os sistemas inclusos foram dispositivo para medição de

ferramenta de corte, sistema de refrigeração, porta ferramentas, etc. (Figura 3.14).

Page 91: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

90

Figura 3.14: Modelo CAD da maquina ferramenta simulada.

Feita a modelagem da máquina-ferramenta, seguiu-se para etapa 3 que foi introduzir ao

modelo geométrico as características cinemáticas da máquina-ferramenta, como por exemplo,

definir a direção dos eixos de translação e dos sentidos de giro, positivo e negativo dos eixos

rotativos ou de orientação da ferramenta.

Na etapa 4 foi criado um VNC (Virtual Numerical Control) que pudesse emular o CN

(Comando Numérico) Siemens 840D com o simulador. Tinha-se como objetivo a criação de

um VNC que obtivesse todas as características do comando.

A última etapa foi adicionar a máquina-ferramenta à biblioteca de máquinas-ferramenta

do UG NX, para que o modelo cinemático de máquina-ferramenta criado fosse utilizado no

modulo de manufatura do UG NX.

Construído o simulador conforme descrito nesta subseção as operações programadas

para a fabricação dos componentes foram simuladas. As operações CAM que até então estão

Page 92: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

91

descritas em formato genérico são transformadas em código NC e simuladas no ambiente

virtual construído.

3.6.5 Procedimento para medição dos percursos da ferramenta de corte

Para a avaliação das características dinâmicas e de interpolações disponíveis no

comando da máquina-ferramenta (SIEMENS 840D), optou-se pela coleta de dados em tempo

real via interface OPI (Operator Panel Interface). Essa porta foi conectada a uma placa PCI

(SIMATIC NET-CP5611 MPI) através de um cabo MPI (Multi-Point Interface) (Figura 3.15).

Assim, grande parte das informações que estão disponíveis na HMI (Human Machine

Interface) se tornaram disponíveis num PC, utilizando um conversor de comunicação CNC-

PC (software NCDDE, que acompanha o pacote MMC Start Up, da empresa SIEMENS).

Figura 3.15: Sistema para aquisição de dados em tempo real do CNC.

Page 93: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

92

A partir desse conversor, já no formato DDE (Dynamic Data Exchange), utilizou-se

uma rotina desenvolvida na plataforma LabVIEW, que pode utilizar esse como entrada para

monitorar e coletar os dados. A rotina disponibiliza e armazena os dados num arquivo de

texto que podem ser levados para análise em outro software (geração de gráficos, planilhas,

etc). A matriz de ensaios utilizada para os ensaios de interpolação está definida na Tabela 3.5.

Tabela 3.5: Matriz de teste para os ensaios de interpolações.

fz (mm/dente) 0,1 (3183mm/min) 0,2 (6366mm/min) 0,3 (9549) Tolerância CAM (mm) 0,025 0,005 0,001 Interpolação Linear Circular Polinomial

Foram mantidas fixas a profundidade de corte lateral (ae), a profundidade de corte axial

(ap), a velocidade de corte (vc). As variáveis ensaiadas foram o avanço por dente (fz), e

tolerância CAM (intol/outol). Foram escolhidas 3 opções de Tolerância CAM e 3 tipos de

interpolação gerando 27 combinações.

A tolerância CAM (intol/outol) é definida como a máxima distancia entre uma reta

definida entre dois pontos consecutivos interpolados na geração de trajetória de ferramenta e o

perfil da peça entre esses pontos (aproximado por um arco) (Figura 3.16).

Figura 3.16: Tolerância (intol/outol) utilizada na programação CAM

Page 94: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

93

A partir dos resultados, procurou-se definir um perfil que caracterizasse a usinagem por

acelerações e desacelerações dos eixos. Esse perfil foi baseado no modelo utilizado para

homologação de máquinas-ferramenta definido pela Associação Alemã de Fabricantes de

Máquinas-Ferramenta (Verein Deutscher Werkzeugmachinenfabriken). O perfil foi dividido

em 27 raias como a mostrada na Figura 3.17.

Figura 3.17: Teste de Interpolação de trajetória de ferramenta .

Apesar do estudo realizado com os tipo de interpolações interpretadas pelo comando

numérico não foi possível a utilização de todos eles para a fabricação de componentes em 5-

eixos simultâneos. A única interpolação para 5-eixos simultâneos no software UG NX é a

interpolação linear. Essa foi a interpolação escolhida para a fabricação do componente devido

a essas restrições encontradas.

3.6.6 Pós-processamento dos programas

O código NC das trajetórias de ferramenta de corte das operações programadas com o

software CAM foram validadas através da simulação do código no simulador criado. Feita a

simulação, é necessária a criação dos programas que serão executados na máquina-

ferramenta. Para tanto, um pós-processador foi desenvolvido com o auxilio do aplicativo

PostBuilder da empresa UGS. Este aplicativo destina-se a criação e edição de pós-

Page 95: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

94

processadores NC. Com as informações adquiridas com a criação do modelo simulador de

máquina-ferramenta também pode-se criar um pós-processador.

Toda a formatação do código NC para o NC Sinumerik 840 D foi dado com o auxilio

desse software desde formado das coordenadas, até informações dadas ao PLC da máquina-

ferramenta como ligar o sistema de refrigeração por exemplo.

A esse pós-processador foi adicionada a função TRAORI que é uma comando usado

para habilitar transformações 5-eixos no NC Sinumerik 840d. Com essa função ativada o NC

passa a ser responsável pela conversão de dados de posição e orientação em movimentos de

máquina.

Em conjunto a função TRAORI, a orientação da ferramenta de corte foi definida a partir

do versor (A3, B3, C3). Dessa forma, o programa gerado pelo pós-processador é independente

da cinemática da máquina-ferramenta utilizada, visto que o pós-processador não fornece

diretamente os movimentos dos eixos rotativos A e C e sim o versor (A3, B3, C3). Este serve

como entrada para o processamento dos reais movimentos das mesas A e C que são definidos

pelo próprio NC.

3.6.7 Procedimento para fabricação dos componentes

Para a execução dos programas na máquina-ferramenta é necessário que a peça esteja

bem fixa a mesa. Em paralelo às atividades CAD/CAM foi desenvolvido um dispositivo de

fixação que serviu para a fixação do componente na mesa C da máquina-ferramenta. O

dispositivo foi construído com componentes cilíndricos de fácil fabricação de forma a fixar a

peça pelo seu centro. Dessa forma se teve acesso a todas as pás do componente numa só

fixação. A Figura 3.18 ilustra o dispositivo criado para a fixação do componente.

Page 96: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

95

Figura 3.18: Dispositivo de fixação para a fabricação do componente.

Fixada a peça realizou-se o preset da peça e das ferramentas que foram utilizadas nas

operações programadas. Feito isso, executou-se o programa com as operações programadas.

Nesse programa estavam todas as operações e seus respectivos parâmetros pré-selecionados

na programação CAM para analise posterior. Assim, obtém-se o componente com o término

das operações realizadas pela máquina-ferramenta com as diversas situações que se quer

estudar.

3.6.8 Procedimentos para medição de forma e acabamento da superfície usinada

Com objetivo de se medir a qualidade superficial das superfícies fresadas em 5-eixos

simultâneos foram feitas medições de rugosidade. As medições foram feitas numa mesma

região de forma que a curvatura da superfície fosse um fator comum para as várias medições,

Page 97: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

96

num total de 20 (10 superfícies de sucção e 10 superfícies de pressão). Devido às

características de curvatura da superfície e ao acesso do instrumento de medição

(rugosímetro) a essas superfícies, optou-se por aproximar a direção de medição por uma

direção próxima à direção transversal ao avanço da ferramenta de corte (Figura 3.19).

Figura 3.19: Direção das medições de rugosidade realizadas na peça.

A Figura 3.20 mostra o esquema de montagem para as medições de rugosidades nas

superfícies que forma usinadas.

Figura 3.20: Montagem em bancada para medição de rugosidade.

Page 98: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

97

Os parâmetros utilizados no equipamento para as medições de rugosidade, conforme

ISO 5436-1: 2000, para medição de rugosidade entre 0,1-2,0. São mostrados na Tabela 3.6:

parâmetros utilizados no rugosímetro.

Tabela 3.6: parâmetros utilizados no rugosímetro.

Parâmetro Parâmetro selecionado

Norma seguida ISO 5436-1:2000

Comprimento de medição l (mm) 0,8

N (número de amostras) 5

Extensão medida lN (mm) 4

Filtro PC50 (Gaussiano)

A digitalização é a primeira etapa do processo de engenharia reversa. Existem duas

formas de capturar pontos de um modelo: a primeira é por contato físico (um componente

físico conhecido como apalpador (probe) toca a geometria e coleta pontos do seu perfil)

(Figura 3.21); a segunda, sem contato físico (recursos ópticos e/ou sensores de luz projetam

feixes de luz sobre a geometria).

Para a avaliação da forma do modelo físico (peça usinada em 5-eixos) e sua comparação

com o modelo CAD utilizou-se a técnica por contato físico.

Através do software de inspeção PowerINSPECT e de um braço de inspeção articulado

da empresa CIMCORE foram coletados pontos de interesse da geometria (pontos nas

superfícies usinadas em 5-eixos). A partir desses pontos foram comparados o modelo CAD e

o modelo físico (Figura 3.21).

Page 99: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

98

Figura 3.21: Inspeção da geometria estudada no trabalho.

Page 100: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

99

4 Análise dos resultados

4.1 Análise de geometrias importadas (IGES, PARASOLID)

Serão analisadas a seguir as superfícies da geometria estudada neste trabalho. Os

resultados são qualitativos devido aos objetivos do trabalho. O desenvolvimento de

algoritmos e estruturas de arquivos não está no escopo desse trabalho.

A pá do impelidor foi propositalmente modelada com dimensões maiores de forma a

ser “cortada” (trimmed) posteriormente em suas dimensões corretas. Dessas operações

resultaram as superfícies de proteção (Shroud surfaces) e as superfícies de sucção e pressão,

que são superfícies trimadas (Figura 4.1).

Figura 4.1: Procedimento de modelagem das pás de um compressor.

Esse procedimento de modelagem acarretou num contorno mais complexo das bordas

nas superfícies de sucção e pressão. A Figura 4.2 mostra a parametrização original de uma das

superfícies de sucção da geometria. Ela permanece após a operação booleana de corte das

superfícies.

Page 101: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

100

Figura 4.2: Parametrização original e superfície após operação booleana (trimming).

Para a reparametrização das superfícies, utilizou–se o método de Coons conforme

mencionado na referencia YANG (2003) e na documentação que acompanha o software UG

NX 3. A trajetória de ferramenta gerada utilizando formato IGES é mostrada na Figura 4.3.

No detalhe são mostrados erros na trajetória que se deve a ineficiência do algorítmo de

reparametrização e resultado das características de borda da superfície trimada.

Figura 4.3: Geração de trajetória de ferramenta na superfície.

Para as geometrias exportadas em formato PARASOLID esse problema não foi

evidenciado. Para confirmar que os erros gerados na trajetória eram de fato oriundos das

Page 102: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

101

operações boolenas efetuadas sob essas superfícies, constatou-se a necessidade de um outro

experimento.

Na Figura 4.3 são mostrados exemplos de trajetórias de ferramenta criadas para as 3

superfícies criadas para esse estudo de geração de trajetória de ferramenta. Nota-se uma

mudança na forma da trajetória mediante a complexidade das bordas geradas pelas operações

de corte (trimming). Na Figura 4.4 é mostrado o que acontece se o grau de complexidade da

operação de trimagem aumenta.

Figura 4.4:Superfícies utilizadas para avaliação de geração de trajetória.

Na Figura 4.5 são mostradas trajetórias de ferramenta para a complexidade de borda 1.

As inclinações escolhidas no sentido do avanço da ferramentaβ (lead) e para as inclinações

escolhidas no sentido transversal ao avanço da ferramentaα (tilt) também são mostradas na

Page 103: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

102

Figura 4.5. Pode-se observar que a superfície foi reparame rizada com sucesso visto que a

trajetória de ferramenta é satisfatória.

t

Figura 4.5: Trajetórias gerada para superfície com complexidade de borda 1.

aves. Portanto, o

process

mesmo com a variação na inclinação da

ferrame

Na verificação da trajetória os movimentos se mostraram bastante su

o de fabricação em 5-eixos para essa superfície se mostra bastante viável em virtude

da qualidade da trajetória de ferramenta obtida.

A forma da trajetória não foi alterada

nta de 30º para ambos os ângulos α e β não alterou em nada a forma da trajetória.

Confirmando a literatura [60] (YANG, 2003), pode-se observar que a medida que se

aumenta a complexidade da borda da superfície, o erro proporcionado na trajetória também

Page 104: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

103

aumenta (Figura 4.6). Percebe-se que para com esse nível de complexidade o algoritmo de

reparametrização deixa de ser eficiente.

Figura 4.6: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e β 15º.

A trajetória da ferramenta apresenta descontinuidades que geram movimentos bruscos

da ferramenta de corte. As linhas que descrevem visualmente a trajetória dão voltas em cima

delas mesmas, fazendo que o processo de fresamento gerado seja improdutivo já que a

ferramenta de corte passa pela mesma região algumas vezes seguidas.

Figura 4.7: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e β 45º.

Aumentando-se a inclinação da ferramenta de corte verificou-se um aumento do

número de movimentos bruscos e a magnitude deles bem como a improdutividade da

trajetória também aumentou visto que pode ser visto na Figura 4.7, a trajetória dá voltas em

cima dela mesma um número de vezes maior que na Figura 4.6.

Page 105: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

104

Figura 4.8: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e α 15º.

A Figura 4.8 mostra a trajetória gerada para as inclinações de ferramenta no sentido

transversal ao avanço. Pode-se ver comportamento similar ao acontecido com inclinações no

sentido de avanço. A medida que se aumenta a inclinação da ferramenta aumenta-se também a

complexidade da trajetória da ferramenta gerada.

Figura 4.9: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 2 e α 45º.

Essas mesmas conclusões podem ser tiradas com relação ao 3º de complexidade de

borda de superfície Figura 4.10.

Page 106: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

105

Figura 4.10: Trajetória gerada para superfície com complexidade de borda 3.

Page 107: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

106

4.2 Análise da remodelagem de geometrias 3D para fresamento 5-eixos

Com as três curvas do modelo anterior (duas retas e um arco) foi modelada uma spline

única que consequentemente foi base para a criação de uma superfície de revolução suave

(Figura 4.11).

Figura 4.11: Analise Gaussiana após remodelagem.

A superfície foi submetida a uma análise da sua curvatura gaussiana. A variação de

curvatura acontece de forma gradual, não ocorrendo mudanças bruscas de curvatura como

acontecia no modelo original.

A importância dessa transição se dá pela ligação entre a inclinação da ferramenta e os

vetores normais à superfície. Se há transições bruscas de curvatura na superfície,

consequentemente acontecem mudanças bruscas de inclinação da ferramenta de corte. Muitas

vezes isso ocasiona invasão das superfícies, mas pode chegar a ocasionar uma colisão entre

componentes da máquina-ferramenta.

Também foram verificados alguns erros nas operações de corte (trimming) das pás.

Esses erros se caracterizavam por, novamente, terem sido usados arcos e retas para a

definição do contorno, resultando em superfícies de proteção (Shroud surfaces) descontinuas

(Figura 4.12). Essas descontinuidades eram similares as encontrados anteriormente, sendo que

Page 108: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

107

dessa vez as superfícies utilizadas como superfícies de corte (trim surface) é que tinham

descontinuidade ocasionada pelo mesmo motivo anteriormente comentado. Essa

descontinuidade foi consertada da mesma forma que da vez anterior.

Figura 4.12: Descontinuidade na superfície de proteção.

4.3 Análise das medições dos percursos da ferramenta de corte em tempo real

A seguir são apresentadas as análises das trajetórias de ferramenta. Vale ressaltar que

esses resultados caracterizam os equipamentos e peça presentes nos ensaios (CNC, máquina-

ferramenta, sistema CAD/CAM e geometria da peça).

Mantendo-se a tolerância CAM de 0,025 mm e o avanço por dente fz = 0,1 mm/z

(pequeno), e variando-se os tipos de interpolação, o comportamento da velocidade de avanço

vf na trajetória programada é mostrado na Figura 4.13. Verifica-se que existe quase o mesmo

comportamento para as interpolações linear e polinomial. Para trechos do perfil aproximados

por arcos a interpolação circular teve um comportamento melhor, isto é, a velocidade de

avanço programada de 3183 mm/min foi alcançada nesse trecho.

A semelhança entre os perfis de velocidade polinomial e linear para essa situação pode

ser atribuída a tolerância CAM de 0,025 mm que é pequena para geração de polinômios de

grau superior a 1.

Page 109: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

108

Figura 4.13: Velocidade para fz = 0,1mm/z e tol.CAM de 0,025 mm.

A medida que se diminui a tolerância CAM se diminui a capacidade de se gerar arcos

para interpolação circular fazendo com que a interpolação circular se assemelhe à

interpolação linear (Figura 4.14).

Na Figura 4.14 podem ser observadas situações em que a velocidade de avanço ficou

constante em alguns instantes para os tipos de interpolação, chegando a atingir a velocidade

programada de 3183 mm/min utilizando tolerâncias CAM menores. Essa característica é

independente do tipo de interpolação que se estava utilizada.

Para uma velocidade de avanço constante tem-se que a aceleração é zero. Esse

argumento pode ser utilizado para explicar a causa dos melhores desempenhos de trajetórias

com valores de tolerância CAM menores. Para uma tolerância CAM pequena e valores de

avanço por dente fz de 0,1 mm a variação de aceleração foi pequena.

Page 110: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

109

Figura 4.14: (a) Interpolação linear, (b) Interpolação Circular, (c) Interpolação Polinomial.

Page 111: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

110

Figura 4.15: Tempo X Tolerância CAM para: (a) Linear (b) Circular e (c) Polinomial.

Analisando-se o tempo para execução de uma trajetória vê-se que ele diminui com o

aumento da velocidade média de avanço e decréscimo da tolerância CAM. Essa constatação

pode ser feita analisando a Figura 4.15 que é o tempo para percorrer a trajetória programada

como uma função da tolerância CAM utilizada.

Outra informação que pode ser obtida analisando a Figura 4.15 é que o aumento do

avanço por dente fz de 0,1 para 0,3 mm não ocasionou ganhos significativos na velocidade do

Page 112: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

111

processo. Ou seja, o tempo de execução da trajetória não foi significantemente diminuído. Ao

contrário, para a interpolação linear, o aumento do avanço por dente fz fez com que o tempo

de execução se tornasse maior para tolerância CAM de 0,025mm (Figura 4.15(a)).

Figura 4.16: Velocidade para fz = 0,3mm/z para as interpolações: (a) Linear (b) Circular (c) Polinomial.

Page 113: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

112

Analisando a Figura 4.16, vê-se que em nenhum momento a velocidade de avanço

ficou constante isso se deve as altas velocidades de avanço empregadas nessa situação. Para o

avanço por dente fz = 0,3mm/dente, tem-se que apenas a interpolação polinomial chegou

próximo à velocidade de avanço (vf) programada de 9549 mm/min, acontecendo para uma

tolerância CAM de 0,001mm.

4.4 Analise do simulador 3D da máquina-ferramenta.

Apresenta-se nessa subseção os resultados alcançados para o simulador de máquina-

ferramenta desenvolvido para esse trabalho.

Através do simulador construído, se conseguiu prever colisões dos componentes

presentes nas mesas da máquina-ferramenta, bem como realizar análises a respeito das

estratégias de corte utilizadas. Obteve-se uma informação fiel a respeito do volume de

trabalho da máquina-ferramenta nas etapas de programação.

Foi possível a utilização de mais de uma janela (vista) para visualização da simulação

do processo de fresamento 5-eixos. Essa ferramenta auxilia na análise da simulação e na sua

posterior validação (Figura 4.17), ou seja, facilita a visualização de possíveis colisões.

A interface com o programador é fácil, não sendo necessários, por exemplo,

conhecimentos a respeito de como foi construído o simulador. Existe a possibilidade de se

parar a simulação, aumentar e diminuir a velocidade em que ela ocorre. Além disso, pode-se

mudar o ângulo de visão em qualquer uma das janelas de visualização criadas.

Existe a necessidade de um hardware adequado para se ter um bom aproveitamento do

simulador. Um micro computador com 2GB de memória RAM e uma placa de vídeo de 256

MB se mostrou ser uma configuração satisfatória para as tarefas de simulação desse trabalho.

Page 114: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

113

Figura 4.17: Simulação de processo de fresamento 5-eixos.

Além disso, se consegue acompanhar a retirada de material na simulação fazendo com

que esta seja realista. Para essa tarefa é requerido bastante processamento do micro

computador. Comportamento semelhante de processamento teve-se quando se optou por fazer

a verificação automática de colisão.

Por fim, algumas funções especificas do comando SINUMERIK 840D, tais como,

TRANS, ROT, ATRANS, AROT e TRAORI não foram totalmente emuladas no VNC devido

as características desses recursos que não estão disponíveis na biblioteca de comandos do

software utilizado para criação do VNC (Post Builder).

Page 115: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

114

4.5 Análise do processo de fabricação das superfícies

O processo de fabricação foi bem sucedido tendo em vista que não aconteceu

nenhuma colisão ou invasão das superfícies de pressão e de sucção das pás do impelidor.

Entretanto, problemas como vibração das pás foram evidenciados durante o processo, o que

não pode ser previsto no processo de simulação e verificação das estratégias criadas. Essa

vibração foi causada pelo próprio perfil das pás, que era muito esbelto (Figura 4.18).

Figura 4.18: Perfis das pás submetidas a operações de acabamento.

Para solucionar os problemas de vibração, ferramentas positivas e condições de

engajamento melhoradas foram necessárias. Essas condições proporcionaram diminuição da

vibração e conseqüente execução das operações programadas para os ensaios.

Além disso, não se consegui trabalhar com velocidades de avanço vf superiores a

(3200 mm/min) em 5-eixos simultâneos. Nessa situação, verificou-se na HMI (Human

Page 116: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

115

Machine Interface) grande variação da velocidade de avanço o que caracteriza um processo

instável.

Para avanços menores, observaram-se movimentos suaves e contínuos da máquina-

ferramenta. Os eixos de rotação limitaram a velocidade de avanço devido à necessidade de

sincronização entre os eixos de translação e rotação.

Os melhores estratégias no que se refere a movimentação dos eixos se deram quando

se estava utilizando velocidade de avanço vf de 1600 mm/min (fz 0,05mm/dente), essa

velocidade foi alcançado interpolando os 5 eixos da máquina-ferramenta simultaneamente. A

outra velocidade de avanço programada vf de 6400 mm/min (fz 0,2mm/dente) não foi

alcançada. Para este último caso a velocidade de avanço vf oscilou por volta de 3500 mm/min.

4.6 Análise das medições das superfícies Usinadas

As análises das superfícies usinadas mostram desvios de forma e acabamento

superficial satisfatório. Segundo informações colhidas com projetistas desses componentes, o

acabamento superficial deveria ficar com Rz máximo de 5µm. Para todas as medições de

rugosidade os valores de Rz ficaram abaixo desse valor. A Figura 4.19 mostra os perfis de

rugosidade medido para os maiores valores de Rz encontrados para ambas as superfícies de

pressão e sucção.

Além disso, a Figura 4.19 mostra o perfil de rugosidade após o uso do filtro Gaussiano

PC50 que é usado como filtro passa alta. O seu uso é necessário devido a própria curvatura

das superfícies.

Page 117: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

116

Figura 4.19: Rugosidade da superfície de sucção para o maior Rz.

Confirmando a referência ZANDER (1995), para uma ferramenta de corte de topo

esférico a rugosidade no sentido transversal ao avanço da ferramenta é maior para a maior

profundidade de corte radial ae (0,2mm).

Page 118: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

117

Figura 4.20: Rugosidade da superfície de pressão para o maior Rz.

Os menores e valores de Rz encontrados para as superfícies de sucção são mostrados

na figura a seguir (Figura 4.21).

Page 119: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

118

Figura 4.21: Rugosidade da superfície de sucção para o menor Rz.

Os menores valores de Rz para as superfícies de pressão são mostrados na Figura 4.22.

Page 120: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

119

Figura 4.22: Rugosidade da superfície de pressão para o menor Rz .

As análises das medições feitas com auxílio de sistemas de inspeção mostraram que,

para todas as pás, foram obtidos erros de forma dentro das especificações de projeto (Figura

4.23).

Page 121: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

120

Figura 4.23: Erro de forma encontrado nas medições feitas.

O desvio padrão σ dos pontos coletados foi de 0,053mm, o que caracteriza uma

pequena dispersão dos valores coletados em torno da média calculada.

Page 122: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

121

5 Conclusões e sugestões para trabalhos futuros

O presente capítulo tem por fim expor as conclusões a respeito do trabalho e também dar

sugestões para a continuidade de pesquisas a cerca do fresamento 5-eixos e todas as

tecnologias envolvidas nesse processo de manufatura. Procura-se para tanto abordar os

objetivos e os resultados alcançados na obtenção desses objetivos.

5.1 Conclusões

O método proposto para a utilização da tecnologia Five Axes Machining mostra que para

utilização dessa tecnologia e conseqüente obtenção do retorno produtivo e financeiro que

justifica o uso do fresamento 5-eixos é necessário considerar aspectos como a modelagem

CAD, a simulação das operações de fresamento em simuladores de máquina-ferramenta, o

pós-processamento, etc. Alguns destes podem ser irrelevantes quando se está trabalhando com

fresamento 3-eixos, mas para o caso aqui proposto, fresamento 5-eixos, devem ser levados em

consideração ou até mesmo ser dado uma atenção especial.

O fato é que toda tecnologia tem suas limitações e o ganho produtivo esperado está para

aqueles que conseguem lidar como essas limitações e faz o uso das tecnologias de forma

ampla e racional.

Dessa forma, o trabalho aqui apresentado definiu um método integrado para modelagem

em CAD e a programação dos processos de fabricação utilizando a tecnologia CAM para

fresamento 5-eixos. Assim, as limitações da tecnologia CAM são levadas em conta ainda nas

etapas de modelagem CAD. Isso proporcionou maior integração entre as tecnologias CAD e

CAM no sentido que muitos problemas que seriam constatados nas etapas de programação

CAM podem ser evitados desde que nas fases de modelagem CAD essas limitações sejam

conhecidas e evitadas.

Page 123: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

122

Dessa forma, a modelagem gerada com aplicativos CAD foi direcionada a considerar

características do fresamento 5-eixos, tais como, evitar a geração de superfícies descontinuas,

evitar cortes (trim) em superfícies que ocasionem erros na geração de trajetórias de

ferramenta, etc.

Uma desvantagem do método é que se necessita de um maior tempo para o treinamento

de um projetista de forma a ele poder considerar as características envolvidas na manufatura

de superfícies por ele modeladas.

Entretanto, a modelagem satisfatória de geometrias em software CAD faz com se seja

diminuido o tempo de programação de um determinado componente utilizando software

CAM. Isso se deve a não ser necessário o re-trabalho dessas geometrias pelo programador

CAM.

No trabalho, as variáveis identificadas e significativas na cadeia CAD/CAM/CNC para o

fresamento 5-eixos foram discutidas de forma a se verificar a real influência delas na cadeia

CAD/CAM/CNC. Sejam elas, a descontinuidade superficial, as operações booleana que

originam bordas complexas de superfícies, o pós-processamento NC, a complexidade de

movimentos que faz necessária a existência de simuladores realísticos.

Entretanto, variáveis do processo de fresamento, tais como, usinabilidade, vibração,

fixação do componente, ferramentas, etc., foram deixados em segundo plano. Simplificando o

problema, admitiu-se que as escolhas feitas nesses quesitos eram as melhores e essas escolhas

foram baseadas na literatura existente.

A simulação da máquina-ferramenta fez com que fossem analisadas etapas do processo

que aconteceriam no CNC. Com esse recurso, já nas etapas de programação teve-se uma

previsão de qual seriam os movimentos desempenhados pela máquina-ferramenta e regidos

Page 124: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

123

pelo CNC. Com isso foi afastada a possibilidade de colisão dos componentes da máquina-

ferramenta.

Entretanto, o VNC (Virtual Numerical Control) utilizado nesse trabalho não emula

completamente todas as funções do comando SIEMENS Sinumerik 840D. Algumas funções

exclusivas desse comando, tais como, TRAORI, ROT, AROT, TRANS, ATRANS não

puderam ser simuladas. Essas funções devem ser melhor trabalhadas para que a simulação

apresente maior veracidade.

A escolha da melhor interpolação de trajetória deve levar em conta tolerância requerida

no fresamento. No trabalho chegou-se a conclusão de que para tolerâncias pequenas

(0,001mm), caracterizadas para acabamentos, a execução pela máquina-ferramenta foi mais

rápida do que tolerâncias um pouco maiores (0,005mm) para os tipos de interpolação

estudados e na máquina-ferramenta utilizada. Para valores de tolerância grandes (0,025mm), a

geração de arco na interpolação circular é favorecida. Assim, para essa tolerância de trajetória

a melhor escolha de interpolação é a interpolação circular. Para valores de tolerância menores

a geração de arco é prejudicada fazendo que a interpolação circular se torne quase que linear,

ou seja, geração de poucos arcos e muitos segmentos de retas.

Os valores de rugosidade e de desvio de forma das superfícies usinadas atenderam as

especificações de projeto. A melhor escolha de parâmetros para a geração das superfícies de

sucção foi (ap 0,1mm; ae 0,2mm; fz 0,2mm) e para superfícies de pressão foi (ap 0,2mm; ae

0,2mm; fz 0,05mm).

Entretanto, a curvatura das superfícies pode ter influenciado no resultado medido muito

mais do que as medidas tomadas puderam evitar. Isso se deve ao equipamento indicado ser

limitado a medições de rugosidades em superfícies planas ou quase planas. A dificuldade de

acesso entre as pás também foi outro ponto limitante visto que devido a isso a rugosidade no

sentido de avanço da ferramenta de corte não pode ser medida.

Page 125: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

124

A digitalização de pontos do componente apresentada no trabalho pode ser substituída

por técnicas de varredura tridimensionais de forma a se ter um modelo 3D e esse ser

comparado a geometria CAD original.

5.2 Sugestões

Devido as limitações aqui apresentadas e relacionadas à geração de trajetória em

superfícies cortadas (trimmed surfaces), propõem-se que sejam desenvolvidos métodos

alternativos para re-parametrização das superfícies cortadas de forma a otimizar a geração de

trajetórias dos software CAM.

Devido às limitações do simulador aqui criado com relação ao VNC criado, propõem-se

criação de um VNC (Virtual Numerical Control) que simule as características do comando

Siemens 840D aumentando a confiabilidade da simulação. Incluindo também a possibilidade

de interpolação da trajetória de uma ferramenta utilizando NURBS.

Em virtude das limitações encontradas na medição de rugosidade, propõem-se o uso de

outros métodos que realizem medições de rugosidade. Principalmente, medições de

rugosidade em 3D em vez de medições de rugosidade tradicionais em linhas.

Realizar estudos considerando também a variável material, visto que os componentes de

uma turbina a gás, geralmente utilizam metais de usinagem extremamente difícil como ligas

de níquel e titânio.

Page 126: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

125

Referências bibliográficas

1. BARBOSA, J. R. Um programa para desenvolvimento da capacidade nacional de turbinas a gás. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO DO ITA, II, 1996, São José dos Campos. Anais... São José dos Campos, 1996. p. 142-145.

2. BARBOSA, J. R.; MILLIPEDES, P. GEOPHILES – Generation of Power with High Levels of Environmental Frienliness: a technology transfer project between Europe and South America. In: INTERNATIONAL GAS TURBINES & AERO ENGINE CONGRESS & EXHIBITION, 2000, Munich. Proceedings... Munich: ASME, 2000. (ASME PAPER 2000-GT-586)

3. GROSSMAN, D. Opportunities for research on numerical control machining. Communications of the ACM, v. 29, n. 6, jun., 1986.

4. GE FANUC COMPANY. Automation 2004. Disponível em: <http://www.gefanuc.com>. Acesso em: 15 dez. 2004.

5. OSU, A. Critical history of computer graphics and animation. Ohio, Ohio State University, 2004. Disponível em: <http://accad.osu.edu/~waynec/history/timeline.html>. Acesso em: 10 jan. 2005.

6. VANDRESEN, M. Fresamento de cavidades auxiliado por computador, na indústria de moldes para plástico.112f. 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

7. DERFLER JR, F.; FREED, L. Como funcionam as redes. 2.ed. [S.l.]: Quark, 1993.

8. SUTHERLAND, I. E. Sketchpad – A man – machine graphical communication system. SPRING JOINT COMPUTER CONFERENCE, 1963, Detroit. Proceedings... Detroit: [s.n], 1963. (MIT Lincoln Laboratory Technical Report n. 296, January 1963.)

9. KIEF, H. B; WATERS, F. Computer numerical control: a CNC reference guide. Singapura: McGraw Hill, 1992.

10. FARIN, G. Curves and surfaces for computer aided geometric design. 3rd Ed. New York: Academic Press, 1993.

11. ANSWERS CORP. ENCYCLO*DICTION*ALMANAC*APEDIA: ENCICLOPEDIA DIGITAL verbete online disponivel em: <http://www.answers.com/topic/computer-aided-design> acesso em: 1 abr. 2005.

12. ELLAS, H. The good-looking textured light: sourced bouncy fun smart and stretchy page. 2003, Artigo online Disponível em: <http://freespace.virgin.net/ hugo.ellas>. Acesso em: 25 Set. 2005

13. NEWELL, M. G.; NEWELL, R. G.; SANCHA, T. L. A Solution to the hidden-surface problem. In: ASSOCIATION FOR COMPUTING MACHINERY) NATIONAL CONFERENCE, 1972, Arlington. Proceedings... Arlington: ACM, 1972.

Page 127: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

126

14. XEROX. Palo Alto Research Center. PARC History. Palo Alto, 2002. Disponível em: < http://www.parc.xerox.com/about/history/default.html >. Acesso em: 15 jan. 2005.

15. SIGGRAPH (The International Conference on Computer Graphics and Interactive Techniques) 2005. Disponível em: <http://www.siggraph.org/>. Acesso em: 16 jan. 2005

16. McHUGH, M. P. An Interview with Edwin Catmull: co-founder, executive vice president and chief technology officer of pixar animation studios. NETWorker, v. 8, n. 1, oct., 1997. Disponível em : <http://www.usc.edu/isd/pubarchives/ networker/97-98/Sep_Oct_97/innerview-catmull.html> Acesso em: 19 jan. 2005.

17. PHONG, B. T. Illumination for computer generated images. Communication of ACM, v. 18, n.6, june, p.311-317, 1975.

18. O´CONNOR, J. J.; ROBERTSON, E. F. Benoit mandelbrot biography. 1999. Disponível em:<http://www-groups.dcs.st-and.ac.uk/~history/Mathematicians /Mandelbrot.html>. Acesso em: 1 fev. 2005.

19. GALAXI ADVANCED INC. What is GKS (Graphical Kernel Standard).USA, 2002. Disponível em: <http://www.gaeinc.com/gks.htm>. Acesso em: 5 fev. 2005.

20. ROGERS, D. F.; ADAMS, J. A. Mathematical elements for computer graphics. 2nd. Ed. Sigapore: McGraw-Hill, 1990. 661p.

21. OPEN CASCADE S.A.S. Euclid history. Rueil-Malmaison 2000. Artigo on-line. Disponível em: <http://www.opencascade.org/about/profile/history/>, Acesso em: 10 fev. 2005.

22. KONG, L. Et al. A windows: native 3D plastic injection mold design system. Journal of Materials Processing Technlogy, v. 139, p. 81-89

23. CHRISTMAN, A. Evolution of CAM software. 2002. Modern Machine Shop Online, Artigo on-line. Disponível em:. <http://www.mmsonline.com> Acesso em: 11 fev. 2005.

24. PIEGEL, L. A. Rational B-Spline curves and surface for CAD and graphics. In: ROGER, d.f.; EARNSHAW, R. A. State of the art in computer graphics- visualization and modeling. New York: Springer-Verlag,1991. p. 225-269.

25. WEISSTEIN, E. W. NURBS Curve. USA, 1999a. disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/NURBSCurve.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

26. WEISSTEIN, E. W. Bézier Curve. 1999b. Disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/BezierCurve.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

27. WEISSTEIN, E.W. Bernstein Polynomials. USA, 1999c. Disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/BernsteinPolynomials.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

Page 128: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

127

28. WEISSTEIN, E. W. B-Spline. USA, 1999d. Disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/B-Spline.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

29. ROBERT MCNEEL and ASSOCIATES. RHINOCEROS NURBS modeling for Windows, Seattle, 2002. Disponível em: < http://www.rhino3d.com/nurbs.htm >. Acesso em: 12 fev. 2005.

30. WEISSTEIN, E.W. Conic Section. USA, 1999e. Disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/ConicSection.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

31. WEISSTEIN, E. W. NURBS Surface. USA, 1999f. disponível em: <http://mathworld.wolfram.com/NURBSSurface.html>. Acesso em 13 fev. 2005.

32. HOFFMANN, C. M. Geometric and solid Modeling: an introduction. San Mateo: Morgan Kaufmann, 327p.

33. WU, M.C., LIU, C.R. Analysis on machined feature recognition techniques based on B-rep. Computer-Aided Design, v.28, n.8, p.603-616, 1996.

34. LOBATO, R. Making the move to solid-based machining. Ohio, 2003. Disponível em: <http://www.manufacturingcenter.com/tooling/archives/0903/0903solid.asp >. Acesso em: 15 fev. 2005.

35. KERRY, H.T. Planejamento de processo automático para peças paramétricas. 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecanica) – Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos.

36. JOSHI, S.; CHANG, T. C. Graph-based heuristics for recognition of machined feature from a 3D solid model. Computer-Aided Design, v. 20, n. 2, p.58 - 66,1988.

37. HUANG, Z.; TIAN, S.; ZHOU, J. Solving CSG equations for cheking equivalency between two different geometric models. Computer-Aided Design, v.36, p. 975 – 992, 2004.

38. HUANG, Z.; YIP-HOI, D.; ZHOU, J. A graph-based approach for capturing the capability envelope of a machining process. ASME Journal of Manufacture Science and Engeneering, v. 25, n. 2, p. 272 – 288, 2003.

39. GAO, J.; ZHENG, D.T.; GINDY, N. Extraction of machining features for CAD/CAM integration. International Journal of Advanced Manufacture Technology, v. 24, p.572 – 581, 2004.

40. 3T RPD LTD. Surface versus solid Modelling. Berkshire, 2004. Artigo on-line. Disponível em: <http://www.3trpd.co.uk/students/outcome2/surface-vs-solid-modelling.htm>. Acesso em: 1 abr. 2005.

41. CHOI, B. K.; Kim, B.H. Die-cavity pocketing via cutting simulations. Computer-Aided Design, v. 29, n.12, p. 837-846,1997.

42. LI, S.; JERARD, R. B. 5-axis machining scultured surfaces with a flat-end cutter. Computer-Aided Design, v. 26, n. 3, p.165-78, 1994.

Page 129: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

128

43. POTTMANN, H. et al. Geometric criteria for gouge-free three-axis milling of scultured surfaces. ASME Journal of Mechanical Design, v.121, p.241-248, 1999.

44. WOO, T.C. Visibility maps and spherical algorithms. Computer-Aided Design, v.26, n.1, p. 6-16, 1994.

45. DRAGOMATZ, D.; MANN, S. A classified bibliography of literature on NC milling path generation. Computer-Aided Design, v. 29, n. 3, p. 239 – 247, 1997.

46. MARSHALL, S.; GRIFFITHS, J. G. A survey of cutter path construction techniques for miling machines. International Journal of Production Research, v.32, n.12, p. 2861-2877, 1994. BROOMHEAD, M. Generating NC data at the machine tool for the manufacture of free-form surfaces. International Journal Production Research, v.24, n. 1, p. 1-14, 1986.

47. BROOMHEAD, P. EDKINS, M. Gernerating NC data at machine tool for the manufacture of free form surfaces. International Journal of Production Research, v.24, n.1. p.1-14, 1986.

48. ELBER, G.; COHEN, E. Toolpath generation for freeform surface models. Computer-Aided Design, v.26, n.6, p. 490-496, 1994.

49. LOONEY, G. C.; OZSOY, T. M. NC machining of freeform surface. Computer-Aided Design, v. 19, n. 5, p. 85-90, 1987.

50. BOBROW, J. E. NC machine tool path generation from CSG part representation. Computer- Aided Design; v. 17, n. 2, p. 69-76, 1985.

51. HUANG, Y.; OLIVER, J.H. Non-constant parameter NC tool path generation of sculptured surfaces. The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v. 9, p. 281 – 290, 1994.

52. SUH, Y-S.; LEE, K. NC milling tool-path generation for arbitrary pockets defined by scultured surfaces. Computer-Aided Design, v. 22, n. 5, p. 273 – 283, 1990.

53. LEE, Y-S.; CHANG, T. C. Machined surface error analysis for 5-axis machining. International Journal of Production Research, v. 34, n. 1, p.111-135, 1996.

54. LEE, Y-S. Non-isoparametric tool path planning by machining strip evaluation for 5-axis scultured surface machining. Computer-Aided Design, v. 30, n. 7, p. 559-570, 1998.

55. LIN, R-S.; KOREN, Y. Efficient tool-path planning for machining free-form surfaces. Journal of Engineering for Industry, v. 118, n. 1, p. 20-28, 1996.

56. SURESH, K.; YANG, D.C.H. Constant scallop-height machining of free-form surfaces. Journal of Engineering for Industry, v. 116, n. 2, p. 253-259, 1994.

57. DENG, Z.et al. Determination of flat – end cutter orientation in 5 – axis machinining. Manufacture Science and Engineering, ASME, MED-4, p. 73-80, 1996.

Page 130: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

129

58. LEE, Y-S. Mathematical modeling using different endmills and tool placement problems for 4- and 5-axis NC complex surface machining. International Journal of Production Research, v. 36, n.3, p.785-814, 1998.

59. WANG, H.et al. On efficiency of NC tool path planning for face milling operations. Journal of Engineering for Industry, v. 109, n. 4, p. 370 – 376, 1987.

60. MARCINIAK, K. Influence of surface shape on admissible tool positions in 5-axis face milling. Computer-Aided Design, v. 19, n. 5, p. 233-236, 1987.

61. KRUTH, J-P.; KLEWAIS, P. Optimization and dynamic adaptation of the cutter inclination during five-axis milling of sculptured surfaces. Annals of CIRPm, v. 43, n. 1, p. 443-448,1994.

62. SARMA, R.; DUTTA, D. The geometry and generation tool path. In: ASME DESIGN ENGINEERING CONFERENCE, 1996, Irvine. Proceedings... Irvine: ASME, 1996. (96-DETC/DAC-1128)

63. FENG, H.Y.; LI, H. Constant scallop–height tool path generation for three-axis sculptured surface machining. Computer Aided Design, v. 34, p. 647-654, 2002.

64. YANG, D. C. H.; CHUAN, J. J.; OULEE, T. H. Boundary-conformed toolpath generation for trimmed free – form surfaces. Computer-Aided Design, v.35, p. 127-139, 2003.

65. LEHTIMÄKI, R. Elliptic grid generation. American Institute of Aeronautics and Astronautics Jounal, v. 37, n. 6, p. 768-770, 1999.

66. LIU, X.-W. Five-axis NC cylindrical milling of sculptured surfaces. Computer Aided Design, v. 27, n. 12, p. 887-894, 1995.

67. TOSHIBA CORPORATION. Hidraulic turbines. Tokio, 2005.

68. YOUNG, H.-T.et al. A five-axis rough machining approach for a centrifugal impeller. The International Journal of Advanced Manufacture Technology, v. 23, p. 233-239, 2003.

69. TEBIS. 3+2-Axis Roughing, Munich, 2005. Disponível em: <http://www.tebis.com/tebis_neu/index.php3?LNG=en&R1=03&R2=03&R3=03&R4=00>. Acesso em: 13 fev. 2005.

70. GRAY, P.; et. Al. Comparison of 5-axis and 3-axis finish machining of hydroforming die inserts. The International Journal of Advanced Manufacture Technology, v.17, n.8, p. 562-569, 2001.

71. RAO, N.; ISMAIL, F.; BEDI, S. Tool path planning for five-axis machining using the principal axis method. International Journal of Machine Tool Manufacturing, v. 37, n. 7, p. 1025-1040, 1997.

72. CROSSMAN, J. A.; YOON, D. A cutter motion simulation system. Transactions of the SDPS, v. 4, n.1, p. 25-35, 2000.

Page 131: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

130

73. NATHAN, V. The benefits of virtual manufacturing. CNC Machining Magazine, v. 4, n. 12. 2000. Disponível em: <http://www.cncmagazine.com/archive02/ v4i12/v4i12h-CAD.htm>. Acesso em: 1 jun. 2005.

74. JERARD, R.B. et al. Approximate methods for simulation and verification of numerically controlled machining programs. The Visual Computer, n. 5, p. 329-348, 1989.

75. YANG, J.; ABDEL-MALEK, K. Verification of NC machining process using swept volumes. International Journal of Advanced Manufacture Technology, indicar v. 28 e n. 1-2, p. 82-91, 2005.

76. ROY, U.; XU, Y. 3-D object decomposition with extend octre model and its application in geometric simulation of NC machining. Robotics and Computer-integrated Manufacturing, v. 14, p. 317-327, 1998.

77. PARK, J. W.; SHIN, Y. H.; CHUNG, Y. C. Hybrid cutting simulation via discrete vector Computer-Aided design, v. 37, n. 4, p.419-430, 2005.

78. PARK, J. W.; CHUNG Y. C.; CHOI, B. K. Precision shape modeling by z-map model. International Journal Korean S Prec Eng., v. 3, n. 1, p. 49-56, 2003.

79. MAENG, S. R.et al. A z-map update method for linearly moving tools. Computer Aided Design, v.35. n.11 p. 995-1009, 2003.

80. HUANG, Y.; OLIVER, J. H. Integrated simulation, error assessment, and tool path correction for five-axis NC milling. Journal of Manufacturing Systems, v. 14, n. 5, p. 331-341, 1995.

81. INUI, M.; KANEDA, M.; KAKIO, R. Fast simulation of sculptured surface milling with 3-axes NC machine. In: OLLING, G. J.; CHOI, B. K.; JERARD, R. B. (Eds). Machining impossible shapes. Dordecht: Kluwer, 1999. p. 97-108

82. ANDERSON, R.O. Detecting and eliminating collision in NC machining. Computer Aided Design, v. 10, n.4, p.231-217.1978.

83. LI, Z.Z.; ZHANG, Z.H.; SHENG, L. Feedrate optimization for variant milling process based on cutting force prediction. International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v. 24, n. 7, p. 541-552, 2004.

84. FENG, H.Y.; SU, N. Integrated tool path and feed rate optimization for the finishing machining of 3D plane surfaces. International Journal of Machine Tools and Manufacturing, v. 40, n. 11, p. 1157-1572, 2000.

85. LIM, E. M.; MENQ, C. H. Integrated planning for precision machining of complex surfaces: I. Cutting- path and federate optimization. International Journal of Machine Tools and Manufacturing, v. 37, n. 1, p. 61-75, 1997a.

86. LIM, E. M.; MENQ, C. H. Integrated planning for precision machining of complex surfaces: II. Application to the machining of a turbine blade die. International Journal of Machine Tools and Manufacturing, v. 37, n. 1, p. 77-91, 1997b.

Page 132: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

131

87. JUNG, Y.H.; et al. NC Post-processor for 5-axis milling machine of table-rotating/tilting type, Journal of Materials Technology, v. 130-131, p.641-646, 2002.

88. SAKAMOTO, S.; INASAKI, I. Analysis of generation motion for five-axis machining centers. Trans. Jpn. Soc. Mech. Engr. Ser. C 59, n. 561, p. 1553-1559, 1993.

89. LEE, R. S.; SHE, C. H. Developing a postprocessor for three type of five-axis machine tools. International Journal of advanced Manufacturing Technology, v. 13, n. 9, p. 658-665, 1997.

90. SUH, S. H.; LEE, J. J.; KIM, S. K. Multiaxis machine with additional-axis NC system: theory and development. International Journal of advanced Manufacturing Technology, v. 14, n. 12, p. 865-875, 1998

91. KRUTH, J. P.; KELWAIS, P. NC-postprocessing and NC-simulation for five-axis milling operations with automatic collision avoidance. In: INTERNATIONAL MANUFACTURING ENGINEERING COFERENCE, 1996, Storrs. Proceedings... Storrs: IMEC, 1996.

92. STEWART, D. A platform with six degree of freedom. Proceedings of the Institution of Mechanical Engineering, v.180, n.1, p.371-386, 1965.

93. KHOL, R. Machine tool built from mathematics. American Machinist, v.138, n.10, p. 53-55,1994.

94. HONEGGER, M.; CODOUREY, A.; BURDET, E. Adaptive control of the Hexaglide, a 6 DOF parallel manipulator. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ROBOTICS AND AUTOMATION, 1997, Albuquerque. Proceeding... Albuquerque: IEEE, 1997. p. 543-548.

95. CHEN, S. L.; LIU, Y, C. Post-processor development for a six degrees-of-freedom parallel-link machine tool. International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v. 18, p. 254-265, 2001.

96. CHANG, T.C. EXPERT PROCESS PLANING FOR MANUFACTURING, ADDISON-WELEY, NEW YORK, 1990.

97. BOHEZ, E. L. J. Five-axis milling machine tool kinematic chain design and analysis. International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 42, n. 4, p. 505-520, 2002.

98. MASCHINENFABRIK BERTHOLD HERMLE AG. Hermle machines description, Catalogo online, Gosheim, 2005. Disponivel em: <http://www.hermle.de/fs_hermle.php?sprache=en&page=151> , acesso: Fev. 2005.

99. LAI, X. –D. et al. Geometrical error analysis and control for 5-axis machining of large sculptured surfaces. The International Journal of Advanced Manufacture Technology, v. 21, p.110-118, 2003.

100. SIEMENS, Tool and mold making SINUMERIK 810D/840D Manual Edition 04/2004, Erlangen, 2004.

Page 133: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

132

101. SOUZA, A. F. Contribuições ao fresamento de geometrias complexas aplicando a tecnologia de usinagem com altas velocidades. 171f. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos.

102. NEUGEBAUER, R.; WEIDLICH, D.; MAHN, U. Modelling of the clamping mark formation in manufacturing processes with extremely high axial forces, International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 45, n. 3, p.279-284, 2005.

103. GOLOGLU, C. Machine capability and fixturing constraints-imposed automatic machining set-ups generation. Journal of Materials Processing Technology, v. 148, p.83-92, 2003.

104. MENASSA, R. J.; DE VRIES, W. R. Fixture design principles for machining systems. In: DORF, R.C.; KUSIAK A. Handbook of design, manufacturing and automation. New York: Wiley, 1994.

105. CHEN, J. H.; HO, S.Y. A novel approach to production planning of flexible manufacturing systems using an efficient multi-objective genetic algorithm. International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 45, p. 949-957, 2005.

106. BOUDILLON, S.; VAZ, A.; GOMES, J. O. Aspectos desconsiderados para o projeto de linhas flexíveis do ponto de vista de usinagem. [S.l.]: Renault do Brasil, 2002. (Relatorio interno)

107. DELCAM. Five-Axis machining for toolmakers. MODERN MACHINE SHOP ONLINE, Artigo online, 2001. Disponível em: <http://www.mmsonline.com/articles/100106.html> Acesso em: 10 Jul. 2004.

108. GOMES, J. O. Características da usinabilidade de aços inoxidáveis austeníticos SAE 304 e SAE 316 com variação dos parâmetros metalúrgicos. 105f. 1996. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

109. FERRARESI, D. Fundamentos de usinagem dos metais. 5ª.edição, São Paulo, SP, Editora Blücher, 1977, 751f,

110. GOMES, J. O. Fabricação de superfícies de forma livre por fresamento no aço temperado abnt 420, na liga de alumínio amp8000 e na liga de cobre cu-be. 151f. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

111. STEMMER, C. E. Ferramentas de corte II. Florianópolis: UFSC, 1992.

112. HIBBELER, R. C. Mechanics of materials. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1998.

113. KARINO, K. Trouble shooting for cutting. Tokio: Kogyo Chosakai, 1996.

114. TSAO, C.; CHEN, W. Effects of cutting parameters on the scallop size during milling. Process. Materials Processing Technology, v.72, p. 208-213, 1997.

Page 134: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

133

115. ASM INTERNATIONAL. Metals Handbook: properties and selection: nonferrous alloys and special-purpose materials. 10th Ed. Metals Park, 1990. v.2

116. SANDVIK COROMANT. Fabricação de moldes e matrizes com a SANDVIK COROMANT. Sanviken, 2002.

117. UGS. Mechanical free form modelling-student guide: plano-Texas. 2003

118. UGS. ISV-Integrated Simulation and Verification. Documentação Unigraphics NX3: plano – Texas. 2003.

Page 135: desenvolvimento integrado cad/cam de componentes para turbinas ...

FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO

TM

2. DATA

05 de julho de 2006

3. DOCUMENTO N°

CTA/ITA-IEM/TM-011/2006

4. N° DE PÁGINAS

133 5. TÍTULO E SUBTÍTULO: Desenvolvimento Integrado CAD/CAM de Componentes para Turbinas a Gás

6. AUTOR(ES):

Alex Sandro de Araújo Silva 7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES): Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronautica – ITA/IEM

8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

CAD/CAM / Fresamento 5-eixos / Manufatura de Componentes de Turbinas a Gás / Design for 5-Axes Machining 9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Projeto auxiliado por computador; Manufatura auxiliada por computador; Fresagem (usinagem); Componentes; Turbinas a gás; Engenharia mecânica

10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional

ITA, São José dos Campos, 2006, 133 páginas

11. RESUMO:

O trabalho aqui apresentado propõe um método para a utilização da cadeia CAD/CAM no fresamento 5-eixos de componentes de turbinas a gás. O método procura integrar as etapas CAD, CAM do processo de fabricação de componentes de turbinas a gás. O método aborda desde a modelagem dos componentes, evitando algumas características impróprias ao fresamento 5-eixos, passando pela simulação das trajetórias e pós-processamento e por fim fabricação dos componentes.

A partir desse trabalho algumas informações importantes referentes à cadeia CAD/CAM puderam ser levantadas. De maneira geral, a abordagem da cadeia CAD/CAM para o fresamento 5-eixos deve considerar etapas anteriores ao da programação CAM, como a etapa CAD da cadeia, onde as geometrias são definidas, e posteriores, neste caso, simulação das trajetórias de ferramenta programadas e pós-processamento de código NC.

Foram feitas ainda análises relacionadas aos tipos de interpolação que estão disponíveis para o fresamento de geometrias complexas. Essa a análise é também apresentada no trabalho fazendo parte das contribuições que esse trabalho se propõe a dar.

Os resultados por serem extremamente práticos se propõem a serem utilizados de imediato na indústria. Eles vão desde restrições a modelagem de geometrias para o fresamento 5-eixos até informações referentes a uso de interpolações complexas no âmbito de fresamento de superfícies complexas. Procurou-se dar informações pertinentes ao fresamento 5-eixos em todas as etapas da cadeia CAD/CAM para esse processo de fabricação.

12. GRAU DE SIGILO: (X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO