Desenvolvimento motor atípico
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Uma Análise do Processo de Desenvolvimento
Motor Atípico.
Introdução
O que vamos ver a seguir é uma apresentação de observações clínicas de algumas
disfunções observadas no desenvolvimento motor atípico.
A compreensão do desenvolvimento motor atípico surge a partir de um profundo
conhecimento do desenvolvimento motor típico. Em muitas situações, o desenvolvimento motor
atípico inicia-se com o mesmo processo observado no desenvolvimento motor típico.
Entretanto, no processo atípico muitos dos componentes típicos não se desenvolvem e/ou se
encontram mal alinhados. Devido a estes componentes ausentes ou mal alinhados, o bebê
precisa aprender a compensar para ser funcional. Estas compensações frequentemente
tomam a forma de discrepâncias qualitativas e/ou movimentos primitivos prolongados que logo
tornam-se patológicos se não forem modificados pelo desenvolvimento de movimentos típicos
mais avançados.
O desenvolvimento de compensações e outras disfunções adicionais frequentemente
dependem da extensão da lesão neurológica do bebê/criança, de seu cognitivo e motivação.
As compensações também dependem de como o bebê é manuseado e do tipo e qualidade da
intervenção terapêutica que ele recebe.
Problemas iniciais de movimento frequentemente se apresentam como movimentos de pobre
qualidade. Portanto, é difícil fazer um diagnóstico definitivo do problema uma vez que estes
movimentos de pobre qualidade podem ser sutis e alternados com movimentos de boa
qualidade e, desta forma, requerem experiência para serem detectados. A proposta desta
monografia é auxiliar o leitor a identificar as características destes movimentos atípicos a fim de
planejar e monitorar os programas de intervenção.
Padrões de movimentos com pobre “qualidade” podem alterar o alinhamento articular e
subsequentemente levar a movimentos adaptativos adicionais. Princípios de cinesiologia
podem ser aplicados para identificar a “qualidade” dos componentes de movimentos.
Por exemplo, durante a realização de exercícios abdominais como na atividade de passar
para sentado, a manutenção da coluna retificada sem a inclinação anterior da pelve minimiza a
substituição da atividade dos músculos abdominais pela atividade dos músculos flexores de
quadril.
A mesma “qualidade” é necessária no desenvolvimento motor típico. Compare a coluna
lombar dos dois bebês abaixo (veja descrição sobre fixação mais tarde no texto).
Os próximos dois bebês demonstram outros exemplos de ”qualidade” cinesiológica durante a
transferência de peso em prono.
Os dois bebês a seguir demonstram outro exemplo de “qualidade” cinesiológica quando rolam
de supino para lado.
Cada um dos bebês das fotos “B” demonstra uma qualidade atípica de movimento. Se estes
bebês movimentam-se com estes padrões somente ocasionalmente, não haverá
consequências a longo prazo. Entretanto, se estes bebês continuam a se movimentar com
estes padrões de qualidade atípica e não usam outros padrões de movimento de qualidade
típica, eles apresentarão um processo de desenvolvimento motor atípico.
Os bebes nas fotos B demonstram disfunções no controle motor, na ação sinérgica
dos músculos e no alinhamento articular. Veja Tabela 1 para exemplos de disfunções primárias
que podem levar a compensações.
Tabela I – Disfunções Primárias e suas compensações
Disfunções Primárias Compensações
Bebê 1B Ausência de controle abdominal
Aumento da extensão de coluna lombar
Controle da pelve fixando-se com os flexores de quadril
Bebê 2B Ausência do alongamento excêntrico dos músculos do lado que sustentam o peso
Maior alongamento dos músculos do tronco inferior
Diminuição da amplitude de movimento de adução e extensão de quadril
Diminuição da amplitude de movimento entre escápula e úmero
Manutenção da postura de batráquio (frog legged) de tal
forma que não aconteça a transferência de peso (COM) Movimenta a caixa torácica como uma unidade sobre uma pelve fixa
Bebê 3B Ausência do equilíbrio sinérgico entre os flexores e extensores de tronco
Diminuição da mobilidade dos flexores laterais da coluna
Uso excessivo dos músculos extensores de tronco
Disfunções primárias (frequentemente observadas como movimentos de pobre “qualidade”)
fazem com que os bebês, para serem funcionais, desenvolvam estratégias de movimentos
compensatórios. Estas compensações frequentemente levam a consequências motoras
atípicas adicionais. A combinação de disfunções, compensações e consequências
frequentemente levam a alterações teciduais e articulares, deformidades e incapacidades e a
disfunções adicionais.
De acordo com Sahrmann6(p4) “ ... a repetição de movimentos e a manutenção de posturas
alteram as características teciduais que podem, eventualmente, alterar os padrões de
movimentos e levar às disfunções.”
Para que o tratamento seja eficaz e efetivo, é importante entender e identificar as disfunções
primárias e suas compensações. Frequentemente as compensações são mais óbvias que os
problemas originais. Entretanto, para alcançar melhores resultados, o tratamento deve abordar
tanto o problema original quanto as suas compensações.
De acordo com Sahrmann, 6(p15) ” A chave para diagnosticar e intervir de maneira efetiva é a
identificação de todas as disfunções que estão contribuindo para uma síndrome específica de
disfunção de movimento.”
HISTÓRIA DO NDT PARA BEBÊS
Mary Quinton, fisioterapeuta e Dra. Elsbeth Kong, pediatra, foram pioneiras no tratamento de
bebês em Bern, na Suíça. Elas trabalharam com bebês com alterações no desenvolvimento ou
no movimento, assim como também com crianças mais velhas com paralisia cerebral. Os
muitos anos de experiência clínica as capacitaram a identificar precocemente problemas sutis
na qualidade dos padrões de movimento que eventualmente podem levar aos principais
problemas observados em crianças com paralisia cerebral (E. Kong, M. Quinton, notas não
publicadas, 1976, 1978).
A equipe Suíça identificou importantes bloqueios no processo de desenvolvimento motor que
fazem com que os bebês comecem a usar estratégias de movimentos compensatórios para
realizar movimentos funcionais. Estas compensações contribuem para a progressão do
desenvolvimento motor atípico.
As informações apresentadas nesta monografia são baseadas nas informações obtidas
durante o período que trabalhei com Sra. Quinton, Dra. Kong e outras fisioterapeutas no
Zentrum fur Cerebrale Bewegungsstorungen, em Bern, Suíca (E. Kong, M. Quinton, notas não
publicadas, 1976, 1978). Também é baseada na minha experiência clínica de muitos anos.
Kong e Quinton relatam que o processo de desenvolvimento atípico inicia-se com um
“problema primário”, frequentemente relacionado a um movimento de qualidade anormal.
Devido a este problema motor primário, o bebê, para se movimentar desenvolve
“compensações”. O uso contínuo destes movimentos compensatórios leva a “padrões
habituais”. O uso de padrões habituais de movimentos compensatórios ao invés do uso de
padrões típicos de movimento resulta em “deformidades” e estas levam a “cirurgias”. Os
objetivos são impedir “maus” hábitos e diminuir ou impedir o desenvolvimento deformidades e,
consequentemente, cirurgias (E. Kong, M. Quinton, notas não publicadas 1976, 1978).
Quando a atual terminologia é usada, o processo de desenvolvimento motor atípico pode ser
descrito como “disfunções primárias” que levam a “disfunções secundárias”. O uso contínuo de
movimentos atípicos (disfunções) para realização de atividades funcionais leva ao uso
antecipatório destes padrões (feedfoward). Isto leva a deformidades e cirurgias (Tabela II).
Tabela II – Processo do Desenvolvimento Motor Atípico
Terminologia Suíça Terminologia Atual Comportamento Motor
Problema original ou primitivo ↓
Disfunção Primária ↓
Comportamento apresentado como resultado direto da patofisiologia do SNC
Compensações ↓
Disfunção Secundária ↓
Comportamentos que não são decorrentes diretamente da
patofisiologia do SNC
Padrões habituais ↓
Feedforward (movimentos antecipatórios) ↓
Antecipação dos movimentos necessários
Deformidades ↓
Deformidades ↓
Cirurgias Cirurgias
Feedfoward se refere à antecipação dos requerimentos posturais para permanecer estável
e/ou se movimentar9 (p166), 16.
O objetivo da identificação e tratamento precoce é intervir antes que os padrões habituais
(feedforward-movimentos antecipatórios) se desenvolvam e antes que os movimentos atípicos
se tornem “normais” para o bebê e seus cuidadores. O manuseio dos cuidadores também
contribui para os padrões habituais e feedforward.
Tabela III Possíveis sinais de alerta que podem ser observados em cada uma das
categorias
Terminologia Atual Sinais de Alerta
Disfunções Primárias ↓
Músculos muito ativos Músculos pouco ativos Articulações mal alinhadas
Disfunções Secundárias ↓
Sobre uso de músculos Pouco uso de músculos
Mal alinhamento articular em cascata
Feedforward (movimentos antecipatórios) ↓
Uso ativo como citado acima para a realização de funções
Deformidades ↓
Deformidades devido ao mau alinhamento articular
Cirurgias ↓
Correção dos desequilíbrios musculares Correção do mau alinhamento articular
COMO O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ATIPÍCO SE INÍCIA?
O processo de desenvolvimento atípico geralmente se inicia devido à presença de uma lesão
no sistema nervoso central (SNC). A localização e extensão da lesão determinam a habilidade
e a motivação do bebê em aprender e a se movimentar. A localização e a extensão da lesão
também determinam as disfunções que o bebê apresenta e sua habilidade de desenvolver
movimentos compensatórios. Bebes com pequenas lesões no SNC desenvolvem as
compensações mais cedo e mais rapidamente. Ao contrário, bebês com lesões mais graves
sempre terão competências limitadas para o desenvolvimento de compensações17.
Embora seja a lesão no SNC seja a patologia que inicia o processo do desenvolvimento motor
atípico, ela não é o foco desta monografia. Esta monografia tem como objetivo a observação
clínica dos componentes do desenvolvimento motor atípico (disfunções primárias e
secundárias) e das limitações funcionais (limitações na atividade).
De acordo com Kong (notas não publicadas, 1978), bebês com distúrbios de movimento são
frequentemente caracterizados pela ausência de equilíbrio entre os músculos axiais (tronco)
flexores e extensores. Estes bebês podem apresentar forte extensão ou hipotonia.
No desenvolvimento motor típico, a extensão axial antigravitacional emerge anteriormente à
flexão axial antigravitacional4. No desenvolvimento motor atípico (a) a extensão
antigravitacional do tronco torna-se muito forte uma vez que os componentes flexores axiais
(tronco) antigravitacionais ou não se desenvolvem ou não se desenvolvem de uma maneira
eficiente para contrabalançar a extensão (forte extensão) ou (b) a extensão axial
antigravitacional não se desenvolve (hipotonia) ( Kong. E, notas não publicadas, 1978).
Bebês que apresentam forte desequilíbrio na atividade da musculatura extensora
desenvolvem um tônus atípico nos músculos extensores uma vez que estes músculos
encontram-se sempre ativados e nunca são alongados ou equilibrados pela ação dos músculos
flexores axiais
Bebês com hipotonia (baixo tônus postural) apresentam dificuldades em realizar tanto a
extensão quanto a flexão axial antigravitacional. Embora o bebê apresente dificuldade em
realizar a extensão axial antigravitacional, ele pode desenvolver forte extensão axial se ele
permanecer em supino por longos períodos de tempo. Em supino, ele aprende a rolar com
extensão (Bebê C). Consequentemente, a musculatura axial extensora desenvolve força
muscular, mas diferente da força de extensão antigravitacional que é desenvolvida na
posição prona. Subsequentemente, à medida que o bebê vai ficando mais velho, mesmo que
ele inicialmente tenha apresentado hipotonia, ele desenvolve forte padrão extensor (Cuidado:
se um bebê com hipotonia é colocado sentado sem um adequado alinhamento, ele pode ficar
muito fletido uma vez que não consegue vencer a força da gravidade.)
Bebês com hipotonia e fraqueza ou inatividade dos músculos extensores de tronco tem
dificuldades em estabilizar seu tronco e corpo para que a cabeça e extremidades possam se
movimentar. Bebês com extensão de tronco forte e não equilibrada também apresentam
dificuldade em estabilizar seu tronco e corpo para realizar movimentos dissociados de cabeça
e extremidades. A estabilidade sinérgica normal dos músculos do tronco necessária para os
movimentos de dissociação de cabeça e extremidade não se desenvolve.
“Durante o movimento das extremidades, a contração isométrica ótima dos
músculos do tronco é necessária para estabilizar apropriadamente as inserções proximais dos
músculos dos membros” 6(p52).
No desenvolvimento motor típico, padrões de “fixação” precedem a estabilidade sinérgica
normal dos músculos do tronco. Padrões de “fixação” são muito comuns no desenvolvimento
motor típico e durante a aquisição de novas habilidades. Eles são utilizados até que outras
atividades musculares sinérgicas se desenvolvam. Exemplos de padrões de fixação
observados no desenvolvimento motor típico são:
• Elevação do ombro para auxiliar no controle de cabeça, quando a criança inicia o
sentar ou quando puxada para sentar
•Adução escapular para proporcionar estabilidade de tronco quando a criança inicia o
sentar e ficar de pé e andar
•Flexão de quadril/inclinação anterior da pelve para estabilizar a pelve no início da
aquisição das posturas quadrúpede (quatro apoios) e de pé
A fixação, também conhecida como “limitar os graus de liberdade” 18, impede o movimento
daquele segmento. Limitar os graus de liberdade – fixação – é uma etapa normal durante a
aquisição de uma habilidade. A fixação é observada no desenvolvimento motor típico e durante
a aquisição típica de uma habilidade. Entretanto, no desenvolvimento motor típico e na
aquisição típica de uma habilidade motora, a fixação é uma das etapas do processo de
maturação dos movimentos. A fixação é usada somente até que as atividades sinérgicas
musculares adequadas para estabilizar o corpo encontrem-se desenvolvidas19,20(p19).
No desenvolvimento motor atípico, os bebês podem alcançar a estabilidade inicial do tronco
usando padrões de fixação. Entretanto, devido às disfunções, eles não desenvolvem ou não
adquirem outras opções para estabelecer a estabilidade.
Bebês com problemas de movimentos usam, consistentemente, de padrões de fixação para
alcançar a estabilidade e não desenvolvem o controle sinérgico normal no tronco. Embora a
fixação possa inicialmente beneficiar a tarefa, ela interfere no processo típico de ganho de
mobilidade e estabilidade simultaneamente. Uma vez que a fixação é um padrão mais
frequentemente utilizado e se torna dominante, ela passa a fazer parte do controle postural
antecipatório (“feedfoward”) e, subsequentemente, bloqueia o processo de desenvolvimento
motor típico.
Áreas específicas de padrões de fixações não equilibradas durante o desenvolvimento inicial
encontram-se descritas nesta monografia. Estes padrões de fixação contribuem para o
desenvolvimento de movimentos de pobre qualidade e para o desenvolvimento motor atípico.
Estas áreas incluem controle de cabeça/ pescoço, controle de ombro/membros superiores e
controle de pelve/membros inferiores. O controle de tronco será discutido nos movimentos de
cada uma destas partes do corpo.
DESENVOLVIMENTO ATÍPICO DAS REGIÕES DO CORPO:
CONTROLE DE CABEÇA E PESCOÇO.
Esta discussão será dividida em duas seções:
• Hiperextensão de pescoço.
• Assimetria de cabeça e pescoço.
HIPEREXTENSÃO DE PESCOÇO
Típico
No desenvolvimento motor típico, o recém-nascido pode elevar e virar a sua cabeça contra a
gravidade em prono. Em supino, o bebê pode trazer a cabeça na linha média e mantê-la por
um breve período de tempo13. A flexão simétrica da cabeça com a sustentação do chin tuck*
(flexão capital - queixo encostado no tronco superior), não é tipicamente observada antes dos
terceiro ou quarto mês de idade.
*usaremos a nomenclatura “chin-tuck” no texto em português (we will use the same
terminology, “chin-tuck” in the portuguese version)
Da mesma forma, a elevação da cabeça em prono, antes do terceiro ou quarto mês de idade
é geralmente acompanhada de assimetria e hiperextensão de pescoço. Por volta dos quatro
meses de idade, o bebê consegue manter a cabeça na linha média durante o apoio e descarga
de peso nos antebraços4. A cabeça e pescoço podem ser mantidos em simetria quando o bebê
tiver desenvolvido o equilíbrio entre os músculos flexores e extensores da cabeça e pescoço.
A ação combinada e recíproca dos músculos extensores e flexores de cabeça e pescoço é
necessária para o desenvolvimento típico do controle de cabeça. (Veja Desenvolvimento Motor
Típico (DMT) Figuras 3.1, 3.2, 4.1, 4.2 e 4.2b).
Atipíco
No desenvolvimento motor atípico, nem os músculos extensores de cabeça/pescoço nem os
músculos flexores de cabeça/pescoço adquirem simetria de forma ativa. Consequentemente, o
bebê não consegue trazer e manter a sua cabeça na linha média, realizar o chin- tuck em
supino e/ou sustentar o peso nos antebraços quando em prono. Parece ser especialmente
difícil para o bebê fletir a cabeça e o pescoço.
O bebê usa de um forte padrão extensor assimétrico de cabeça e pescoço para iniciar os
movimentos em todas as posições (supino, prono, sentado e de pé). Ele não apresenta a
capacidade de fazer o chin-tuck (flexão capital) durante a elevação da cabeça.
Crianças mais velhas com paralisia cerebral continuam a usar o padrão de hiperextensão
assimétrica de cabeça e pescoço para elevar a cabeça (DMA Figura 1).
Compensações
Se o bebê não apresenta um equilíbrio entre os músculos flexores e extensores de pescoço,
ele utilizará de estratégias compensatórias para estabilizar a sua cabeça. A compensação mais
comum usada para estabilizar a cabeça e pescoço é a elevação dos ombros (escápula). A
elevação da cintura escapular estabiliza a cabeça, mas impede os movimentos típicos de
cabeça/pescoço e exacerba a hiperextensão de pescoço (Figura DMA 2).
Se for possível realizar a depressão escapular, a perda do controle da flexão antigravitacional
torna-se evidente (Figura DMA 3). Frequentemente os músculos que fazem a elevação da
cintura escapular encontram-se encurtados e não podem ser alongados (ao se fazer a
depressão) manualmente. Se não se consegue realizar a depressão da escápula
manualmente, a criança também será incapaz de realizá-la ativamente. Será necessário
terapia específica para possibilitar que a criança consiga realizar a depressão escapular e
simultaneamente desenvolver o controle cabeça pescoço. Se o bebê ou a criança usa a
elevação dos ombros para compensar o pobre controle de cabeça por um extenso período de
tempo, muitos componentes adicionais serão envolvidos (Veja, “Compensações” abaixo).
EXPERIÊNCIA
Eleve seus ombros e sinta a hiperextensão de pescoço. Note que a hiperextensão de pescoço
aumenta a cifose torácica.
Também observe que, quando você não consegue ver o pescoço posteriormente, ele encontra-
se hiperextendido.
Consequências
A elevação dos ombros (escápula) pode estabilizar a cabeça, mas quando constantemente
utilizada, leva a muitas consequências. Ela interfere no desenvolvimento do controle de cabeça
nos três planos, das reações de equilíbrio, do controle motor visual e oral e no desenvolvimento
Formatado: Não Realce
da cintura escapular e membros superiores. A elevação dos ombros na postura sentada
também contribui para o desenvolvimento da cifose torácica.
A elevação escapular para proporcionar a estabilidade da cabeça na posição sentada é um
padrão de fixação que aumenta a hiperextensão de pescoço e, portanto:
Impede o desenvolvimento do equilíbrio entre as musculaturas extensoras e flexoras da
cabeça e pescoço
Impede as reações de retificação da cabeça/pescoço. Isto irá causar problemas de
equilíbrio
Impede que a cabeça vire para olhar em diferentes direções
Limita ou impede o desenvolvimento da visão inferior (olhar para baixo). Isto irá
contribuir para muitos problemas visuais.
Leva a uma postura de boca aberta. Isto levará a muitos problemas motores orais,
especialmente a sialorréia.
A elevação escapular na posição sentada leva a graves consequências para o
desenvolvimento da escápula e membros superiores. Quando a elevação escapular é utilizada
para estabilidade de cabeça, ela dificulta a mobilidade típica da escápula. Portanto, o
desenvolvimento típico e o uso dos membros superiores serão inibidos. Veja Controle de
escápula e membros superiores na seção abaixo.
A elevação dos ombros na posição sentada traz graves consequências para a coluna e,
consequentemente, para o desenvolvimento e alinhamento do tronco. A elevação escapular é
compensada pela flexão torácica e lombar. Isto leva a uma cifose torácica. Subsequentemente,
o alinhamento pélvico e o desenvolvimento e uso dos membros inferiores também serão
afetados.
EXPERIÊNCIA
Sentado, eleve seus ombros e os mantenha elevados enquanto você tenta movimentar sua
cabeça, olhos, boca, tronco e braços.
Observe como a sua coluna torácica flexiona.
Observe que, se você se inclina para o lado enquanto mantem seus ombros elevados, você
não consegue retificar lateralmente sua cabeça.
Tratamento
O tratamento das compensações e consequências deve, necessariamente, iniciar com o
tratamento das disfunções primárias. O tratamento sempre deve ser direcionado a um objetivo
funcional. O objetivo deve ser importante e significativo para o bebê ou criança e seus
cuidadores.
O alinhamento e controle de cabeça e pescoço devem ser trabalhados em todas as posições
e estão sempre relacionados com o alinhamento e controle de tronco e pelve.
O tratamento deve ser direcionado a:
Alongamento dos músculos extensores de cabeça e pescoço enquanto os músculos
flexores de cabeça e pescoço são simultaneamente ativados. Em bebês mais jovens,
isto pode ser feito em supino. Tome cuidado para não flexionar demais a coluna
torácica do bebê na posição supina. A flexão da coluna torácica irá aumentar a
hiperextensão do pescoço.
Diminuição da elevação escapular através do movimento ativo de depressão escapular.
Isto é pode ser alcançado quando se realiza o alcance acima da cabeça.
Aumento da extensão torácica. Frequentemente, este é o primeiro passo caso o bebê
ou criança tenham ficado sentado por um longo período de tempo.
Alinhamento do tronco e pelve em neutro na posição sentado.
Aumento ou melhora da mobilidade de cintura escapular e o uso típico dos membros
superiores.
Sentado, trabalho para favorecer o chin-tuck através do alinhamento do tronco e pelve
e aumento do controle ativo da cabeça nos três planos de movimento (sagital, frontal e
transverso). Controle oro-mandibular específico, se necessário, deverá ser sempre
iniciado após a correção do alinhamento da pelve, tronco e cabeça.
Estimulação do acompanhamento visual binocular em todas as direções.
ASIMETRIA DE CABEÇA E PESCOÇO
Típico
No desenvolvimento motor típico, o bebê recém-nascido consegue trazer, brevemente, a
cabeça na linha média. Por volta do terceiro-quarto mês de idade, o bebê consegue trazer e
manter a cabeça de maneira simétrica na linha média com chin-tuck ativo. A orientação da
cabeça na linha média requer o uso simétrico e bilateral dos músculos da cabeça e pescoço, o
que é especialmente importante em supino. A orientação da cabeça na linha média diminui a
possibilidade de estimulação do reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA).
A orientação da cabeça na linha média associada ao chin-tuck ativo possibilita a convergência
visual, o olhar para baixo e os movimentos simétricos das extremidades. A orientação da
cabeça na linha média também possibilita que as mãos toquem uma na outra (mãos juntas) e
no o corpo, o que proporciona o desenvolvimento da percepção corporal. (veja DMT Figura
3.2.)
A orientação da cabeça na linha média e o movimento subsequente da cabeça nos três
planos de movimento em todas as posições, contribuem para o desenvolvimento da mobilidade
normal da coluna e pelve.
Atípico
Se o bebê não desenvolve ação muscular bilateral e simétrica dos músculos flexores e
extensores de cabeça e pescoço, ele não será capaz de trazer ou manter sua cabeça na linha
média. Consequentemente, os movimentos do bebê serão dominados por movimentos
assimétricos (Figura DMA 4). O bebê pode começar a usar o RTCA para função. Se este
padrão se tornar funcional, se tornará difícil de ser modificado. Ele deve ser modificado em
atividades funcionais que incluam simetria e rotação da cabeça e tronco para ambos os lados.
A rotação deve incluir ambas as extremidades trabalhando juntas e cabeça e olhos
direcionados para a atividade.
Compensações
O bebê que é dominado pela postura assimétrica de cabeça fará o alcance com um dos
membros superiores (alcance unilateral). O bebê apresentará dificuldades em usar os
membros superiores de maneira simétrica e bilateral. O bebê também utilizará movimentos
oculares para cima e para as laterais ou movimentos oculares não coordenados, uma vez que
ele não teve oportunidade de experimentar a convergência visual e a coordenação visual
motora que se desenvolvem com a orientação da cabeça na linha média e o tchin-tuck ativo.
A constante posição da cabeça para um dos lados leva a coluna a rodar na mesma direção. A
rotação da coluna, consequentemente, faz com que o bebê transfira seu peso para aquela
direção. Isto é descrito como “transferência de peso para o lado da face”. Subsequentemente ,
a coluna apresenta uma posição de maior extensão e flexão lateral (Figura DMA 4.)
Consequências
Existem muitas consequências relacionadas a uma postura assimétrica de cabeça. Uma
assimetria de cabeça persistente pode contribuir para:
Desenvolvimento atípico do controle motor ocular, visão e percepção
Disfunções oro-motoras
Desenvolvimento atípico dos membros superiores
Diminuição da percepção corporal
Escoliose
Deslocamento ou sub-luxação de quadril
Se a cabeça do bebê é constantemente mantida em uma postura assimétrica, o bebê irá
apresentar pobre controle e uso bilateral simétrico dos membros superiores (Figura DMA 4).
Isto irá levar a compensações e problemas adicionais nos membros superiores. Se o bebê não
consegue trazer as mãos juntas ao corpo, ele apresentará menor ou pobre percepção corporal,
uma vez que as mãos terão oportunidades limitadas de explorar o corpo, ou seja, mão com
mão, mãos no corpo, mãos nos joelhos e mãos nos pés. O bebê também poderá perder a
oportunidade de explorar o típico movimento de mãos na boca, o que poderá interferir no
desenvolvimento oro-motor.
Uma postura assimétrica da cabeça irá contribuir para um pobre controle motor ocular e,
portanto, levar a um pobre acompanhamento visual e a uma pobre percepção visual.
Se o bebê usa constantemente a rotação assimétrica de cabeça e pescoço, ele irá somente
olhar para o braço e mão do lado da face. Ele irá ignorar o outro braço e mão. Portanto, a
postura assimétrica da cabeça irá contribuir para problemas no uso deste membro superior e o
uso bilateral dos membros superiores.
A rotação da cabeça contribui para a rotação torácica, rotação lombar e rotação pélvica. Se a
cabeça encontra-se constantemente rodada para o lado e a coluna faz rotação, estende e flete
lateralmente na mesma direção, estas são condições primárias para o desenvolvimento da
escoliose (Figura DMA 5).
Se a cabeça encontra-se constantemente virada em uma direção e raramente ou nunca roda
para o lado oposto, a coluna e pelve fazem rotação e o fêmur acompanha a pelve. A rotação da
pelve coloca a perna do lado oposto à face em uma posição sem apoio e, consequentemente a
gravidade vai levar o fêmur a rodar internamente e aduzir. Subsequentemente, o quadril do
lado oposto à face encontra-se em uma posição ótima para a sub luxação ou deslocamento
(Figura DMA 5 e 6). A postura assimétrica também contribui para a postura “em ventania” dos
membros inferiores (Figura DMA 6).
EXPERIÊNCIA
Sentado, rode sua cabeça para um lado. Observe como você consegue monitorar visualmente
seu braço de um lado e como você não tem percepção visual do braço oposto. Se isto ocorre
precocemente no desenvolvimento, pode ocorrer a negligência de um braço.
Em supino, rode e estenda sua cabeça para um lado de tal forma que você role para o lado.
Observe como a perna de cima cai em adução e rotação interna.
Tratamento
O tratamento das compensações e consequências deve ser iniciado com o tratamento do
problema original. Portanto, o tratamento deve incluir o seguinte:
Aumentar a mobilidade de cabeça, pescoço e coluna
Melhorar o equilíbrio flexo-extensor da cabeça e tronco
Melhorar a orientação na linha média da cabeça e tronco de forma ativa
Estimular a posição prona com sustentação ativa de peso nos membros superiores e
estimular o uso destes. Os cotovelos devem estar à frente dos ombros.
A posição supina deve ser evitada.
Se o bebê tem 6 meses de idade ou menos, estimule, na posição supino, a flexão simétrica
com alongamento dos extensores de tronco. Inclua:
Com as mãos, alcance os joelhos enquanto olha para estes
Com as mãos, alcance os pés. Tenha certeza que a pelve esteja elevada
Sentado:
Alinhe a pelve e o tronco em neutro
Facilite a transferência lateral de peso que inclua o movimento a partir de uma pelve
alinhada. Inclua movimentos de alcance com os membros superiores. Faça o
movimento em ambas as direções
Alinhe e controle a rotação de tronco em ambas as direções enquanto realiza o
alcance usando ambos os membros superiores
Além disso, uso simétrico dos membros superiores, exploração corporal e
convergência e acompanhamento visual devem ser facilitados.
O objetivo do tratamento precoce é impedir a sub-luxação e deslocamento do quadril. Mas se
o quadril já se encontra deslocado, este deve ser tratado cirurgicamente. Toda criança deve ser
monitorada por um ortopedista.
Se a criança apresenta um quadril deslocado que foi tratado cirurgicamente, deve-se observar
continuamente o alinhamento e mobilidade de cabeça, pescoço e tronco. Lembre-se de que o
quadril pode ter sido deslocado como consequência da postura assimétrica da cabeça e
subsequente rotação e assimetria da coluna. Trate a disfunção primária ou o quadril poderá se
deslocar novamente.
DESENVOLVIMENTO ATÍPICO NAS REGIÕES CORPORAIS
CONTROLE DE CINTURA ESCAPULAR E MEMBROS SUPERIORES
Típico
No desenvolvimento motor típico, o desenvolvimento do controle de cintura escapular e
membros superiores estão intimamente relacionados ao alinhamento de tronco e o
desenvolvimento da mobilidade e controle muscular. No início do desenvolvimento, as
escápulas do bebê encontram-se frequentemente elevadas, aduzidas, rodadas para baixo e
inclinadas à frente (Figura DMT 0.1). Isto leva à extensão, adução e rotação interna do úmero.
Isto é especialmente observado em prono. Por volta do quinto mês de vida, o bebê já
desenvolveu maior controle dos músculos escapulares em prono e supino e consegue fazer a
depressão, adução, rotação para cima e inclinação das escápulas para trás. O controle dos
músculos escapulares ocorre simultaneamente com o maior controle dos músculos do úmero.
Por volta do quinto mês de idade, o bebê consegue, em prono, realizar a flexão dos ombros
acima da cabeça e alcançar e, em supino, alcançar os joelhos e pés com as mãos. (Ver DMN
Figura 4.3, Figura 5.1, Figura 6.1 e Figura 6.3).
Em prono, por volta do quarto mês, o bebê pode assumir e manter o suporte de peso nos
antebraços; aos seis meses, ele consegue sustentar o peso com os braços estendidos e, aos
cinco meses, realizar a transferência lateral de peso nos antebraços. Estas atividades
requerem estabilidade das escápulas no tronco, alongamento dos músculos entre escápula e
úmero e dissociação escápulo-umeral. A dissociação e controle seletivo de cotovelo, punho e
mão continuam à medida que o bebê pratica movimentos com as mãos em diferentes posições
e realiza a preensão em uma grande variedade de objetos.
Sentado e de pé, o bebê aprende a mover os braços contra a gravidade. O controle dos
membros superiores nas posturas sentado e de pé está intimamente relacionado ao
alinhamento e controle do bebê em relação a sua base de suporte – a pelve na postura
sentado e os pés na postura de pé. O desenvolvimento do controle dos membros superiores é
dependente também do controle e alinhamento do tronco.
Atípico
No desenvolvimento motor atípico, a estabilidade escapular não se desenvolve. As escápulas
do bebê frequentemente permanecem elevadas, aduzidas, rodadas para baixo e inclinadas à
frente. O bebê tem dificuldade em controlar suas escápulas em relação ao tórax.
Portanto, a sustentação de peso nos antebraços e a sustentação de peso nas mãos com os
cotovelos estendidos são difíceis ou mesmo impossíveis. Quando o bebê tenta sustentar seu
peso nos antebraços, as escápulas ficam aladas porque elas não se encontram estabilizadas
no tórax. A ausência de estabilidade escapular impede o desenvolvimento independente e
dissociado de movimentos umerais, como a completa rotação externa, flexão e adução
horizontal. Os músculos entre a escápula e úmero não se encontram alongados e a
dissociação escápulo-umeral não se desenvolve. Isto dificulta o controle seletivo de cada uma
das articulações dos membros superiores.
Se o bebê tem dificuldade no controle escápulo-umeral e nos movimentos escápulo-umerais
em prono e supino, estes problemas estarão agravados nas posições sentado e de pé. A
adução escapular é frequentemente usada para reforçar a estabilidade torácica nas posições
sentada e de pé. Se a adução escapular é necessária para a estabilidade de tronco, as
escápulas e, consequentemente, os úmeros, não estão livres para serem usados para controlar
o posicionamento do cotovelo, punho e mão.
Compensações
Se o bebê perde a estabilidade dinâmica das escápulas no tórax, a sustentação de peso nos
antebraços fica difícil. Portanto, em prono, o bebê pode compensar usando uma extensão
primitiva prolongada, na qual a adução escapular é usada para reforçar a extensão da coluna
(figura DMA 7). Esta postura impede a flexão, rotação externa e adução horizontal do úmero.
Se o bebê não sustenta peso nos braços, o estímulo proprioceptivo sobre estes fica limitado.
Isto pode contribuir para a instabilidade articular dos ombros.
Bebês que não sustentam peso nos antebraços não irão progredir para a sustentação de
peso nas mãos com os braços estendidos e para a transferência lateral de peso sobre os
antebraços. Bebês que não realizam a transferência de peso de uma maneira típica,
frequentemente tentam realizar a transferência de peso com extensão de cabeça, adução
escapular e extensão total do corpo (Figura DMA 8).
Em outra situação, o bebê pode compensar a perda da estabilidade escapular estabilizando
seus úmeros próximos do seu corpo, ajudando a alcançar suporte adicional para a extensão de
tronco (Figura DMA 9). Ambas estas compensações inibem o desenvolvimento, uso e a
mobilidade de cintura escapular e membros superiores.
EXPERIÊNCIA
Deite em prono com seus braços posicionados de maneira similar à Figura DMA 7. Quando
você aduz suas escápulas com rotação para baixo, observe como sua cabeça e pescoço
hiperextendem. Mantenha esta postura de membros superiores e tente realizar a transferência
lateral de peso. Perceba como sua extensão de tronco aumenta. Se você continuar nesta
postura, sua boca irá abrir e você poderá ter dificuldade em deglutir sua saliva e pode até
apresentar sialorréia. Assuma a posição dos membros superiores como na Figura DMA 9.
Observe como sua cabeça e pescoço permanecem hiperextendidos. Tente mover-se para
frente mantendo os braços nesta posição. A progressão para frente é difícil; portanto o rolar
será mais funcional.
Na posição prona, gradualmente abduza seus ombros e movimente seus braços à frente de tal
forma que seus cotovelos fiquem alinhados com seus ombros. Observe como sua cabeça e
pescoço começam a fletir e assumir uma posição mais confortável. Agora assuma a postura de
sustentação de peso nos antebraços de forma ativa com seus cotovelos levemente à frente de
seus ombros. Mantenha a adução escapular ativa e observe como os movimentos de sua
cabeça ficam mais livres.
Consequências
A instabilidade escapular e o encurtamento dos músculos e ligamentos entre escápula e
úmero inibem o desenvolvimento típico dos membros superiores. A ausência de adequada
estabilidade e mobilidade de cintura escapular requer movimentos compensatórios no tronco,
cotovelos, punhos e mãos no movimento de trazer as mãos em direção a um objeto.
A instabilidade escapular e o encurtamento dos músculos e ligamentos entre escápula e
úmero impedem que o bebê realize a sustentação de peso nos antebraços na posição prono e,
consequentemente, impedem o bebê de realizar a transferência para quatro apoios e
engatinhar (Figura DMA 10). O controle escapular insuficiente interfere no desenvolvimento
típico e no uso dos membros superiores para realização da extensão protetora, do alcance
coordenado e das habilidades de preensão e manipulação.
Sentado, a adução escapular é inicialmente usada para reforçar a extensão torácica. A
adução escapular pode ser observada tanto no desenvolvimento motor típico quanto no
desenvolvimento motor atípico. No desenvolvimento motor típico, a adução escapular não é
necessária por um longo período de tempo e, com o desenvolvimento da extensão torácica
ativa, os movimentos da escápula encontram-se livres e dissociados do tronco.
No desenvolvimento motor atípico, a extensão torácica não se desenvolve. Portanto, o bebê,
quando sentado, continua a usar a adução escapular bilateral para compensar a pobre
extensão torácica (Figura DMA 11). Consequentemente, os movimentos da escápula e
membros superiores encontram-se limitados e o bebê fará compensações para usar as mãos.
Sentado, o bebê geralmente compensa flexionando ainda mais a coluna torácica. Quando a
flexão torácica aumenta, a escápula protrai e abduz. Esta compensação de flexão torácica
permite que as mãos do bebê alcancem a mesa (Figura DMA 12).
EXPERIÊNCIA
Sente em uma cadeira próxima a uma mesa e faça a adução de suas escápulas. Observe
como a adução escapular aumenta sua extensão torácica.
Incline posteriormente sua pelve e flexione a sua coluna torácica enquanto mantém as
escápulas aduzidas. Observe como sua escápula move em direção à abdução à medida que
seu tronco fica mais fletido.
À medida que você flexiona seu tronco, suas mãos se aproximam da mesa. Observe como
seus punhos fletem e desviam na direção ulnar. Se você mantém esta postura de flexão de
tronco, observe como fica difícil usar suas mãos.
Veja Figuras DMA 19 e 20.
Tratamento
Problemas de cintura escapular estão geralmente associados a problemas de cabeça,
pescoço e coluna torácica. Portanto, problemas na cabeça, pescoço, coluna torácica e cintura
escapular devem ser abordados simultaneamente.
Pobre controle de cabeça é compensado pela elevação escapular
Fixação com elevação de escápula limita os movimentos escapulares
A elevação da escápula promove a flexão torácica
A flexão torácica é compensada pela adução escapular
Sentado, a flexão torácica aumenta pelos efeitos da força da gravidade e pelo desejo
de trazer as mãos para a superfície da mesa
Todo o tratamento de cintura escapular e membros superiores deve ser abordado dentro de
um contexto funcional. O tratamento deve incluir movimentos, posições e transições
adequados à idade do bebê ou criança, ou seja, prono, supino, sentado e de pé.
Os objetivos de tratamento devem incluir:
Aumentar a extensão torácica ativa
Aumentar a mobilidade escápulo-umeral de forma ativa, especialmente durante o
alcance em todas as direções
Aumentar a estabilidade dinâmica da escápula. A estabilidade dinâmica da escápula
requer um tronco dinâmico e bem alinhado
Aumentar os movimentos ativos e dissociados de úmero como a rotação externa,
flexão e adução horizontal durante atividades de alcance.
Trabalhe na descarga, sustentação e transferência de peso nos membros superiores.
Isto pode ser realizado nas atividades de escalada e não somente em prono ou na
posição de quatro apoios.
De acordo com Sahrmann 6(p.4), “Uma vez que o tronco proporciona o suporte para os
membros e suas inserções musculares, seu alinhamento afeta todos os outros segmentos
corporais ... O alinhamento não adequado da cabeça, coluna cervical e cintura escapular não
pode ser corrigido sem que se corrija o alinhamento de tronco e cintura pélvica.”
DESENVOLVIMENTO ATÍPICO EM REGIÕES CORPORAIS
CONTROLE DA PELVE E DOS MEMBROS INFERIORES
Esta discussão será apresentada em duas seções:
BAIXO TÔNUS: INCLINAÇÃO ANTERIOR DA PELVE
ALTO TÔNUS: INCLINAÇÃO POSTERIOR DA PELVE
BAIXO TÔNUS: INCLINAÇÃO ANTERIOR DA PELVE
Típico
No desenvolvimento motor típico, por volta do terceiro ao quarto mês de idade, o bebê
começa a brincar fazendo ativamente movimentos de inclinação anterior e posterior de pelve
em prono e supino. Movimentos simultâneos de membros inferiores acompanham os
movimentos da pelve. Os membros inferiores flexionam-se com a inclinação anterior da pelve e
os membros inferiores estendem-se com a inclinação posterior da pelve. Estes movimentos
iniciais da pelve e membros inferiores são movimentos no plano sagital.
A inclinação anterior da pelve é realizada com extensão lombar e flexão bilateral, abdução e
rotação externa de quadril (DMT Figura 4.2b). Os joelhos fletem e os tornozelos fazem a dorsi-
flexão. Esta é a posição de “frog-legged” ou, pernas de batráquio. Esta posição ocorre tanto em
prono quanto em supino.
Em prono, a inclinação posterior da pelve é realizada com atividade abdominal que leva a
uma discreta flexão lombar e dá início à ativação da extensão e adução de quadril (DMT
Figura 6.1). Os joelhos estendem e os tornozelos fazem flexão plantar. Em supino, os bebês
realizam a inclinação posterior da pelve contraindo os músculos abdominais e flexionando e
aduzindo os quadris (DMT Figura 4.3).
A prática e a alternância ativa entre inclinação anterior e posterior de pelve associada aos
movimentos de membros inferiores ajudam o bebê a desenvolver mobilidade e controle nas
articulações, isto é, coluna lombar, pelve, quadris, joelhos e tornozelos.
Os bebês de cinco meses de idade praticam movimentos da pelve no plano frontal quando
transferem seu peso lateralmente e respondem com as reações de retificação lateral. As
reações de retificação lateral incluem a flexão lateral de cabeça, coluna e pelve afastando-se
do lado que sustenta o peso. O lado que sustenta o peso alonga-se e o lado que não sustenta
peso fica lateralmente flexionado. Os movimentos da pelve são acompanhados pelos
movimentos dos membros inferiores. O quadril que está sustentando peso estende, aduz e
roda internamente (observe que o quadril roda internamente a partir de uma postura de
repouso de rotação externa). Ele roda internamente para neutro. O joelho estende e o
tornozelo faz flexão plantar. A perna que não sustenta peso responde com as reações de
retificação lateral que incluem flexão, abdução e rotação externa de quadril, flexão de joelho e
dorso-flexão de tornozelo. As pernas movimentam-se em direções opostas, resultando na
dissociação dos membros. (Veja DMT Figura 5.2.)
Atípico
No desenvolvimento motor atípico, os movimentos alternados de pelve e quadris não são
observados. Em supino, a inclinação anterior da pelve com flexão, abdução e rotação externa
de quadril nunca é equilibrada pelos componentes flexores antigravitacionais (DMA Figura 13).
Os abdominais não ativam suficientemente para inclinar a pelve posteriormente ou para
equilibrar e alongar os extensores lombares. Os movimentos de flexão e adução de quadril
contra a gravidade não se desenvolvem para equilibrar e alongar os abdutores de quadril.
Subsequentemente, o bebê não desenvolve o controle normal de tronco inferior/pelve. A
ausência do controle de tronco inferior/pelve impede o bebê de praticar a transferência lateral
de peso e, portanto, interfere no desenvolvimento das reações de equilíbrio típicas.
A posição de frog legged é um problema original (como descrito acima) e é também uma
compensação (como descrito abaixo). A posição de frog-legged bloqueia os movimentos do
centro de massa (COM). Se o COM não se movimenta, o peso não é transferido. Se o peso
não é transferido, as reações de retificação lateral não serão necessárias.
A manutenção da inclinação anterior da pelve interfere na ativação da musculatura abdominal.
A fraqueza dos músculos abdominais no bebê em desenvolvimento influencia em como o bebê
aprende a controlar seu COM. O COM pode ser controlado pela atividade muscular ou pelas
posições. A ausência de controle dos músculos abdominais força o bebê a controlar seu COM
através de posturas. A posição de frog legged compensa a perda do controle dos músculos
próximos ao COM e impede o bebê de se movimentar.
Outra dica para identificar que a ativação abdominal não está adequada para equilibrar a
extensão da coluna lombar e a inclinação anterior da pelve é a posição elevada e alada da
caixa torácica (DMA Figura 13). As costelas inferiores encontram-se aladas lateralmente e
anteriormente.
Esta ausência de equilíbrio é muito similar àquela observada na cabeça e pescoço. A
ausência do desenvolvimento da flexão antigravitacional na cabeça e pescoço tem uma grande
influência no desenvolvimento típico da flexão antigravitacional no tronco. E a ausência do
desenvolvimento da flexão antigravitacional no tronco (os abdominais) afeta o desenvolvimento
do controle adequado de cabeça e pescoço.
Compensações: Prono
A ausência do controle abdominal e do controle de tronco inferior/pelve leva o bebê a assumir
a postura compensatória de frog legged para controlar ou impedir a transferência lateral de
peso em prono. Isto impede o bebê de cair para os lados quando ele tenta realizar o alcance
em prono (DMA Figura14).
Consequências: Prono
São numerosas as consequências e as compensações da inclinação anterior da pelve. O bebê
que continua a usar a posição de frog legged para estabilidade em prono aumenta a
mobilidade do quadril em flexão, abdução e rotação externa, mas diminui a mobilidade do
quadril em extensão, adução e rotação interna. A inclinação anterior do quadril e a extensão
lombar tornam-se fortes e dominantes.
Quando o bebê tenta fazer a transferência de peso em prono, a pelve não se movimenta.
Portanto, o COM não se desloca e o peso do bebê não é transferido. O movimento é alcançado
pelo movimento da caixa torácica e não pelo movimento da pelve (DMA Figura 15). Sem a
atividade da musculatura abdominal, o movimento da caixa torácica cria uma região de
hipermobilidade entre a décima segunda vértebra torácica e a primeira lombar (T12- L1). Esta é
uma região comum de deformidade em crianças mais velhas portadoras de paralisia cerebral.
Se a pelve não se movimenta, o lado que sustenta o peso não é alongado. Movimentos da
caixa torácica resultam na flexão lateral do lado que sustenta o peso ao invés de alongá-lo
(compare DMA Figura 15 com DMT Figura 6.2). Se as posições da pelve e quadril nunca se
modificam, as outras articulações dos membros inferiores também não se modificam da
maneira adequada. Portanto, o desenvolvimento motor típico dos membros inferiores não é
observado e, consequentemente ocorre a emergência de padrões atípicos de desenvolvimento
motor nos membros inferiores.
A hipermobilidade entre T12-L1 e a perda do controle dos músculos abdominais criam um
padrão/processo atípico de transferência de peso. Este ponto de mobilidade excessiva
continuará a ser usado e se tornará mais evidente em outras posições ou nas transições como
de ajoelhado para semi-ajoelhado e andar.
EXPERIÊNCIA
Cuidado ao assumir esta posição.
Em prono, na posição de sustentação de peso nos antebraços, coloque suas pernas na
posição de frog legged, ou seja, flexão, abdução e rotação externa de quadril e flexão de
joelho. Se você não consegue assumir a posição de frog legged totalmente com a flexão de
joelhos, faça a abdução e rotação de quadril com os joelhos estendidos e com flexão dorsal
dos tornozelos. Observe a forte extensão lombar.
Mantenha a posição de frog legged e tente fazer o movimento de alcance com um dos braços.
Observe como você flexiona lateralmente seu tronco do lado que sustenta seu peso porque
você não consegue movimentar sua pelve.
Consequências: Quadrúpede
À medida que a criança começa a assumir posturas contra a gravidade sem o controle
abdominal, a fixação com inclinação anterior de pelve torna-se forte para manter o controle no
COM. Na posição de quatro apoios, o bebê ou a criança mantém a lordose com abdução,
rotação externa e flexão de membros inferiores (DMA Figura 16). Ele estabiliza
simultaneamente sua pelve, COM e quadril através da flexão ativa de quadril (ele se fixa
através da flexão de quadril). A fixação torna difícil a prática de transferência de peso em todas
as direções, exceto para trás. Tentativas de transferir o peso para frente e estender o quadril
geralmente resultam na perda da estabilidade (pela perda da fixação) e queda.
Quando o bebê se fixa com os flexores de quadril, fica difícil para ele transferir seu peso
lateralmente para uma perna e engatinhar reciprocamente. Portanto, para se movimentar na
posição quadrúpede enquanto se fixa com os flexores de quadril o bebê irá movimentar as
suas duas pernas juntas, como o engatinhar chamado de engatinhar de coelho (bunny hop).
Se o bebê ou a criança com baixo tônus e inclinação anterior de pelve assume a postura
ajoelhada, a mobilidade acontece ao nível de T12-L1 e não nas articulações do quadril. As
articulações do quadril não se movimentam devido ao padrão de fixação em flexão de quadril.
A nova postura utiliza os mesmos padrões de fixação de lordose lombar, flexão, abdução e
rotação externa de quadril. A criança que usa de um forte padrão de fixação também
apresentará a dorso-flexão (DMA Figura 17). Assim como nos exemplos anteriores, o bebê
não consegue transferir seu peso (COM) lateralmente e, portanto, não pode passar para a
posição semi-ajoelhada.
Consequências: Sentado
A partir da posição de quatro apoios ou ajoelhado, o bebê pode passar para sentado. Uma
vez que o bebê não consegue transferir seu peso lateralmente, o peso é transferido para trás e
o bebê assume a posição de “sentar em W”. A posição de sentar em W modifica a postura do
quadril de rotação externa e abdução para rotação interna e adução (DMA Figura 18). Estas
modificações levam a problemas adicionais de membros inferiores que se tornam evidentes na
postura em pé e andando.
Bebês com baixo tônus podem assentar com flexão, abdução e rotação externa de quadril
(sentar em anel) quando colocados nesta posição. Na posição sentado em anel, os membros
inferiores assumem uma postura similar à posição de frog legged usada em supino e prono. A
posição das pernas proporciona uma base de suporte alargada e uma estabilidade lateral que
impedem o bebê de cair para os lados. Entretanto, esta postura exagera os problemas originais
e as compensações dos membros inferiores. O sentar em anel frequentemente aumenta a
flexão de tronco e, consequentemente, aumenta os problemas nos membros superiores (DMA
Figuras 19 e 20). Quando a coluna torácica está fletida, a escápula não se movimenta em
depressão e rotação superior, o que resulta na flexão limitada de ombro e uso limitado dos
membros superiores (DMA Figura 20).
EXPERIÊNCIA
Tome cuidado para assumir esta postura
Quadrúpede: Na posição de quatro apoios, relaxe seus abdominais de tal forma que você faça
uma lordose lombar. Faça a dorso-flexão de ambos os tornozelos e mantenha esta posição.
Observe como os músculos de sua cintura escapular não se contraem mais para manter suas
escápulas conectadas a sua caixa torácica; seu pescoço hiperextende. Mantendo a lordose
lombar, tente transferir o peso sobre suas mãos para frente e para trás. Será difícil movimentar
para frente sobre suas mãos. Mantendo a postura de lordose lombar, eleve uma de suas mãos
como se fosse engatinhar para frente. Coloque sua mão no chão e tente elevar sua perna
como se fosse engatinhar para frente. Agora, mantendo a lordose, simultaneamente eleve um
braço e a perna oposta como se fosse engatinhar. Observe como cada uma destas ações é
difícil quando você tem uma hiperlordose lombar e os músculos abdominais não estabilizam o
tronco. Esta postura inibe o engatinhar recíproco e promove o engatinhar “como coelho”.
Ajoelhado: De joelhos, assuma uma base de suporte alargada e faça a inclinação anterior da
pelve e a dorso-flexão de tornozelo. Nesta posição, tente passar para a posição de semi-
ajoelhado.
Sentado em W: De ajoelhado ou quadrúpede, cuidadosamente, passe para sentado em W.
Não tente esta postura se você tem problemas nos joelhos. Sentado em W, tente fazer a
rotação de tronco. Observe como o movimento ocorre na junção tóraco-lombar. Observe como
esta posição coloca stress considerável no lado medial dos joelhos.
Consequências: Em pé
Quando bebês com baixo tônus são colocados de pé, geralmente a postura inicial de membros
inferiores é de flexão, abdução e rotação externa de quadril. Inicialmente, os joelhos podem
estender. Os pés encontram-se afastados para criar uma base de suporte alargada (DMA
Figuras 21 e 22). Esta postura torna difícil a transferência lateral de peso para retirar o peso de
uma das pernas. Consequentemente, o andar é difícil.
Bebês que tem motivação para movimentar e tem controle motor suficiente, irão desenvolver
compensações adicionais para proporcionar a estabilidade necessária para transferir o peso e
andar.
Quando de pé sobre uma base de suporte alargada, o peso encontra-se na região medial dos
pés e estes ficam, inicialmente, em pronação (dorso-fletidos, evertidos e abduzidos). A base de
suporte alargada, pés pronados e a fraqueza dos extensores de quadril levam o bebê a se fixar
em flexão de quadril e a trazer seu centro de massa para baixo. Isto frequentemente acontece
quando o bebê tenta agachar (DMA Figura 21). Quando o peso encontra-se na região medial
dos pés e estes estão pronados, o agachamento leva o quadril a fletir, aduzir e rodar
internamente. De pé, a postura do quadril em flexão, abdução e rotação externa é modificada
para flexão de quadril com adução e rotação interna devido à base de suporte.
Estes problemas de membros inferiores tornam-se mais exagerados quando o bebê tenta
andar. A base de suporte alargada e a pronação dos pés levam o quadril a fletir, aduzir e rodar
internamente e os joelhos a fletir e a mover em direção à posição valgo. Quanto maior a flexão
de quadril e joelho, maior a pronação (DMA Figura 24).
Esta postura “crouch” com forte flexão de quadril é muito instável. Extensão ativa de quadril é
necessária para estabilizar o tronco e quadris na postura em pé. Devido à instabilidade, o bebê
ou a criança tentará aumentar a estabilidade fixando-se fortemente com os flexores de quadril.
O bebê ou criança também pode aumentar a estabilidade ao trazer as pernas uma próxima a
outra (adução de quadril). O contato coxa-coxa é um forte padrão de fixação. A flexão dos
artelhos é outro padrão de fixação para aumentar a estabilidade na postura de pé.
Os joelhos tornam-se um ponto de mobilidade que aumenta o valgismo e alonga os
ligamentos mediais.
O bebê ou a criança consegue manter a postura de fixação de membros inferiores estável e
aprender a andar. Para andar, o tronco inclina-se lateralmente de um lado para outro,
geralmente em T12-L1, para retirar o peso de uma perna e leva-la à frente. O tronco inclina-se
alternadamente de um lado para outro. Isto é geralmente descrito como “marcha crouch”.
Contraturas e deformidades nos quadris, joelhos, tornozelos e pés podem se desenvolver
rapidamente pela intensa repetição das compensações acima durante a sustentação de peso e
a marcha. É importante lembrar que estas contraturas e deformidades são o resultado de
compensações que a criança cria ou desenvolve para ser funcional. Elas não fazem parte do
problema original. Isto deve ser lembrado e considerado no tratamento. Os problemas originais
e as compensações devem ser tratados conjuntamente (esta criança iniciou com a posição de
frog legged).
Eventos significativos no problema original foram a manutenção da postura de “frog legged” e
a ausência do desenvolvimento dos músculos abdominais e extensores de quadril nas
posições supino e prono. Quando o bebê foi colocado em pé, a base de suporte alargada e a
pronação dos pés agravaram o problema da perda da estabilidade proximal.
Na posição de sustentação de peso, a pronação dos pés pode contribuir para a “marcha
crouch”. Observe a modificação da postura da criança quando seus pés ficaram alinhados em
neutro com auxílio do gesso seriado (DMA Figura 25).
Além da pronação dos pés, a ausência da extensão ativa de quadris contribui fortemente
para a marcha crouch. Quando os quadris estão fletidos, os músculos rotadores internos
encontram-se muito fortes. A extensão de quadril é necessária para diminuir a ação dos
rotadores internos.
Neumann discute a ação dos rotadores internos do quadril em referência à posição anatômica
do quadril, que é de extensão de quadril.
“De acordo com Neumann, “A partir da posição anatômica, não existe um músculo rotador
interno primário porque nenhum músculo encontra-se em uma posição ótima no plano
horizontal para produzir um torque de rotação interna” 21(p.415) e “com o quadril a
aproximadamente 90 graus de flexão, o potencial do torque de rotação interna dos músculos
rotadores internos aumenta drasticamente” 22(p.490).
EXPERIÊNCIA
Fique em pé sem sapatos. Fique em pé sobre uma ampla base de suporte de forma que seu
peso fique na região medial do pé. Mantenha o peso no lado medial de seu pé e tente elevar
uma perna; tente andar com o peso no lado medial de seus pés. É difícil ficar de pé sobre uma
perna quando os pés encontram-se muito separados e o peso encontra-se no lado medial do
pé.
Para aumentar sua estabilidade, flexione seus joelhos e aproxime suas coxas enquanto
mantem seus pés afastados. Esta é a postura de “marcha crouch”. Mantenha esta postura de
marcha crouch com o peso na região medial de seus pés e tente andar. Observe como seu
tronco inclina de um lado para outro quando você retira o peso das pernas.
Tratamento
Problemas na pelve e membros inferiores estão associados a problemas no controle e
alinhamento de tronco. Portanto, os problemas de tronco e os problemas de pelve e membros
inferiores devem ser abordados simultaneamente.
Reduza a inclinação anterior da pelve e aumente os movimentos laterais e rotacionais de
tronco e pelve.
Aumente a atividade muscular abdominal de forma ativa com movimentos nos três
planos
Aumente o controle sinérgico estimulando os flexores de tronco junto com os
extensores de tronco. Isto funciona melhor no plano frontal (flexão lateral) e plano
transverso(rotação)
Modifique a postura de frog legged para a posição neutra de alinhamento de membros
inferiores em todas as posições
Aumente a extensão ativa de quadril
Bebês que mantêm a posição de frog legged não conseguem elevar a pelve, e, portanto, não
conseguem transferir seu peso lateralmente.
Portanto:
Estimule a transferência lateral de peso em todas as posições, tendo certeza que todo
lado que está sustentando peso alongue durante a transferência de peso
O lado que não está sustentando peso deve retificar lateralmente
Trabalhe nestes componentes em prono, sentado, quatro apoios, ajoelhado e de pé e
em todas as transições entre estas posturas
Lembre-se de trabalhar nestes componentes dentro de um contexto funcional
Se a criança desenvolveu compensações adicionais na posição de pé, estas compensações
devem ser tratadas assim como os problemas originais:
Estimule a mobilidade e o controle típicos de pelve, quadris, joelhos e tornozelos na
posição de pé
Estimule a transferência de peso nos pés. O bebê deve aprender a transferir o peso em
direção às bordas laterais dos pés
Indique órteses de alinhamento neutro para controlar a base de suporte
Lembre-se de trabalhar nestes componentes dentro de um contexto funcional
HIPERTONIA: INCLINAÇÃO POSTERIOR DA PELVE
Típico
No desenvolvimento típico, o bebê apresenta forte extensão de joelhos no quarto mês. Esta
extensão de joelhos é geralmente acompanhada de extensão e adução de quadril e flexão
plantar de tornozelo (veja DMT Figura 6.1). No desenvolvimento motor típico, esta extensão
sincrônica é equilibrada pela flexão sincrônica das pernas (Veja DMT Figura 6.3). O bebê
evolui da flexão e extensão sincrônicas de ambas as pernas para movimentos alternados de
pernas. Uma perna flexiona e uma estende; as pernas movimentam-se com movimentos
dissociados (veja DMT Figura 5.2). A forte extensão de joelhos é também equilibrada pela
flexão ativa de joelhos em prono.
Atípico
Bebês com hipertonia (forte extensão) apresentam um processo de desenvolvimento motor
atípico que é diferente daquele apresentado pelo bebê de baixo tônus. Desde as idades iniciais
eles demonstram uma extensão de cabeça e pescoço e cintura escapular forte/desequilibrada
acompanhada de forte extensão de quadril, joelho e tornozelo (DMA Figura 26).
Em bebês com tônus alto, a extensão de membros inferiores não é acompanhada pela flexão.
As pernas não se movimentam com movimentos alternados e eles não apresentam
movimentos dissociados. Uma vez que o bebê não pratica a flexão ativa, abdução ou rotação
externa dos membros inferiores, os músculos extensores e adutores nunca são equilibrados ou
alongados. A mobilidade e os movimentos ativos de quadril, joelho e tornozelo encontram-se
limitados e isto leva a encurtamentos e contraturas musculares e articulares.
O rolar exagera esses componentes de extensão (DMA Figura 28).
Compensações
A forte extensão dos membros inferiores em prono e supino leva à extensão da coluna lombar
e ao aumento da extensão de toda a coluna (DMA Figuras 26,27,28 e 29). A ausência dos
movimentos do chutar recíproco em flexão e extensão em supino é acompanhada pela
ausência do uso ativo dos músculos abdominais. Portanto, os músculos abdominais tornam-se
alongados e fracos. Observe a ausência da contração dos músculos abdominais nos bebês
das figuras DMA 26, 27, 28 e 29.
Bebês com forte padrão extensor apresentam grandes limitações nas atividades funcionais.
As atividades funcionais nas posições supino e prono encontram-se geralmente limitadas no
rolar com extensão (DMA Figura 28).
As compensações do bebê que apresenta alto tônus e forte padrão extensor não são
geralmente decorrentes de seu esforço, mas resultado das posições em que ele é colocado.
Devido aos encurtamentos musculares, ele não apresenta os movimentos articulares típicos.
Portanto, ele desenvolve mobilidade nas várias posturas e posições em que é colocado
(especialmente sentado) nas regiões corporais de menor resistência. As consequências
encontram-se descritas na próxima seção.
Consequências
As contraturas articulares são as consequências mais óbvias do alto tônus extensor.
Quando colocado sentado, o bebê com encurtamento nos músculos extensores de quadril
não consegue flexionar totalmente seus quadris. Consequentemente, ele senta sobre seu
sacro e não nas tuberosidades dos ísquios. Subsequentemente, o encurtamento dos
extensores de quadril leva à inclinação posterior da pelve e a flexão lombar e torácica. Para
diminuir a força dos extensores de quadril que se encontram encurtados, o bebê flexiona os
joelhos, diminuindo a tensão dos ísquio-tibiais (DMA Figura 30). Se o bebê permanece nesta
postura fletida por um longo período de tempo, ele começa a se fixar com o músculo reto
abdominal (DMA Figura 31).
Ironicamente, à medida que vai crescendo, o bebê que apresenta forte padrão extensor torna-
se muito fletido devido às compensações que ocorrem na postura sentado. Ele desenvolve
flexão atípica de coluna, inclinação posterior da pelve e flexão de quadris e joelhos.
Subsequentemente, os músculos flexores tornam-se encurtados. Na criança mais velha, a
flexão excessiva parece ser o principal problema. Entretanto, a excessiva flexão é uma
compensação (a criança na Figura DMA 29 é a mesma criança da Figura DMA 30. A criança na
Figura DMA 27 é a mesma criança da Figura DMA 31).
Para a criança que apresenta forte padrão extensor ou forte padrão flexor é difícil e nada
funcional ficar sentado de forma independente ao menos que seja proporcionado mobilidade
pélvica e na articulação de quadril. Entretanto, muitas crianças aprendem a sentar
independentemente usando a postura do sentar em W. Ao sentar em W, a criança consegue
manter a coluna fletida e a pelve inclinada posteriormente. A flexão de joelhos reduz o
encurtamento dos ísquiotibiais. A base de suporte alargada proporciona estabilidade para a
criança, o que possibilita que ela use seus braços. A transferência lateral de peso e a queda
para os lados ficam posicionalmente bloqueadas.
Se a criança com alto tônus tenta engatinhar, ela irá “se arrastar pelos antebraços” (arrastar
como os soldados do exército) porque ele não consegue passar para quatro apoios (DMA
Figura 32). O puxar-se arrastando irá aumentar a extensão da coluna lombar e dos membros
inferiores. Na figura DMA 32, observe que a escápula fica alada quando a criança tenta
alcançar com seu braço direito.
Se a criança consegue passar para a posição quadrúpede, ela irá se deslocar para frente
movendo ambas as pernas simultaneamente, engatinhando como ”coelho”. Esta forma de
deslocamento para frente é utilizada pela criança para compensar a ausência de dissociação
entre os membros inferiores e a pelve e entre os membros inferiores e a ausência da
habilidade de transferir o peso lateral e diagonalmente.
Ficar de pé é difícil para a criança que apresenta um forte padrão extensor devido à flexão
plantar e à pequena base de suporte. Além disso, o quadril estendido, aduzido e rodado
internamente não proporciona um controle dinâmico para que a criança consiga ficar de pé e
andar. A criança não consegue ficar de pé sozinha, não consegue transferir o peso
lateralmente ou fazer a dissociação das pernas para andar. A criança precisa de um total
suporte para ficar de pé (DMA Figura 33).
Tratamento
Problemas na pelve e nos membros inferiores estão associados com problemas no
alinhamento e controle de tronco. Portanto, problemas no tronco e problemas de pelve e
membros inferiores devem ser abordados simultaneamente.
A dissociação dos membros inferiores é fundamental para modificar o padrão extensor
total.
Enfatize a dissociação dos membros inferiores
Carregue o bebê com dissociação de membros inferiores
O tratamento deve incluir atividades que aumentam a mobilidade em todas as articulações.
Músculos encurtados devem ser alongados
Alongar os músculos de forma ativa em posições funcionais e nas transições
Trabalhar em e para contextos funcionais. Desta forma, a criança será capaz de utilizar
a mobilidade articular e o comprimento e força musculares em atividades que são
importantes e significativas para ela.
Alongar em posições e contextos funcionais proporcionará melhores respostas.
Quando a criança encontra-se ativa e dinâmica durante o tratamento, os músculos
daquelas articulações são ativados e fortalecidos.
É importante trabalhar mobilidade e controle em todos os planos de movimento.
Alinhe a criança no plano sagital e ensine o bebê ou a criança a se movimentar com
controle nos planos frontal e transverso
A transferência lateral de peso ativa e controlada com alongamento e ativação dos
músculos do lado que está sustentando peso e a dissociação dos membros inferiores
proporcionarão que o bebê ou a criança realizem as transições com controle.
A rotação de tronco, pelve e quadris também facilita os movimentos de transição.
Na postura de pé, avalie os pés.
Indique o uso de órteses para alinhamento neutro dos pés caso o bebê ou criança não
consiga assumir e manter o alinhamento neutro dos pés. A base de suporte influencia o
alinhamento e, portanto, o uso as estruturas superiores, ou seja, todo o seu corpo.
Em pé, estimule movimentos nos três planos de movimento. Andar de lado em volta de
móveis mostra ao bebê como transferir seu centro de massa sobre suas pernas. Este é
um passo importante para o desenvolvimento da marcha.
CONCLUSÃO
Esta monografia apresenta de maneira sistemática observações clínicas do desenvolvimento
motor típico e algumas disfunções e compensações observadas no desenvolvimento motor
atípico. Estas disfunções podem levar a outras compensações e outras conseqüências, de
acordo com a extensão da lesão neurológica e da inteligência e motivação da criança. As
adaptações também dependem de como o bebê é manuseado e do tipo e qualidade da
intervenção terapêutica.
Este olhar clínico, profundo e direcionado para as primeiras disfunções e compensações deve
estar integrado no exame, avaliação e planejamento de tratamento. Terapeutas que tratam
bebês e crianças com suspeita ou com diagnóstico confirmado de desenvolvimento atípico
devem entender sobre posturas e movimentos para proporcionar uma intervenção significativa.
A intervenção e as orientações são os meios de ajudar as crianças e suas famílias a
alcançarem as habilidades funcionais. Terapeutas e famílias inicialmente determinam os
objetivos e desfechos funcionais desejados e então o terapeuta determina a intervenção e as
estratégias apropriadas para alcançar estes resultados. Quanto maior o conhecimento do
terapeuta em relação às posturas e movimentos que fazem parte do desenvolvimento motor,
maiores serão as opções de intervenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRE A AUTORA
Lois Bly, PT, MA, C∕NDT, é Instrutora Coordenadora da Associação do Tratamento
Neuroevolutivo (NDTA) e fisioterapeuta. A Sra. Bly ministra seminários, work-shops e cursos do
Tratamento Neuroevolutivo (NDT) nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Brasil, Argentina,
Chile, Perú, Inglaterra, Irlanda. África do Sul e Hong Kong.
A Sra. Bly recebeu seu certificado no Tratamento Neuroevolutivo pelos Bobaths, em Londres e
recebeu seu Certificado de Instrutora NDT de Mary Quinton e da Dra. Elsbeth Kong, na Suíça.
Ela estudou e trabalhou com a Sra. Quinton e com a Dra. Kong na Suíça.
Ela recebeu seu título de Mestre em Aprendizagem Motora no Teachers College, Columbia
University, na cidade de Nova York. Em 2000, ela recebeu uma condecoração NDTA Award
Excelence. Em 2009, ela recebeu a condecoração APTA Pediatric Section jeanne Fischer
Mentorship Award.
A Sra. Bly é autora da monografia Components of Normal Movement During the First Year of
Life and Abnormal Motor Development (Componentes do Movimento Normal Durante o
Primeiro Ano de Vida e Desenvolvimento Anormal) e dos livros Motor Skill Acquisition in the
First Year e Baby Treatment Based on NDT Principle (Aquisição de Habilidades Motoras no
primeiro Ano de Vida e Tratamento de Bebês Baseado nos Princípios do NDT). Ela é co-autora
do livro Facilitation Techniques Based on NDT Principles (Técnicas de Facilitação baseadas
nos Princípios no NDT) com Allison Whiteside. Mais recentemente, ela publicou The Motor
Skills Checklist (Lista para checar Habilidades Motoras), baseada no livro Aquisições Motoras
no Primeiro Ano de Vida. Isto tudo foi realizado através do poder do Espírito Santo.
FIGURAS
Bebê 1. A está se desenvolvendo tipicamente. Ele está flexionando seus quadris e mantendo
sua coluna lombar apoiada através dos seus músculos abdominais.
Bebê 1.B está apresentando desenvolvimento atípico. Ele está flexionando seus quadris com
os flexores de quadris, mas ele não está usando seus músculos abdominais. Ele está fixando
com os flexores de quadris.
Bebê 2.A demonstra alongamento do lado que está sustentando peso durante a postura
deitado de lado. O alongamento é alcançado com o controle excêntrico dos músculos. O
alongamento excêntrico proporciona uma base de suporte estável para a contração ativa e
antigravitacional dos músculos do lado que não sustenta o peso.
Bebê 2.B não apresenta o alongamento excêntrico do lado que sustenta o peso. Ele
apresenta encurtamento dos músculos entre o fêmur e a pelve, maior alongamento dos
músculos entre a pelve e a caixa torácica e encurtamento dos músculos entre escápula e
úmero. Ele não consegue fazer a transferência de peso e a contração antigravitacional dos
músculos do lado que não está sustentando peso.
Bebê 3.A está se desenvolvendo tipicamente. Ele apresenta alongamento do lado que está
sustentando o peso e flexão lateral do lado que não está sustentando o peso. Ele também
apresenta dissociação dos membros inferiores.
Bebê 3.B está apresentando desenvolvimento atípico. Ele está rolando com extensão e não
está fletindo lateralmente o lado que não está sustentando peso.
Bebê C: Este bebê com hipotonia irá desenvolver forte extensão axial se ele continuar a rolar
com esta forte extensão.
Figura DMA 1: Hiperextensão de pescoço
Figura DMA 2: Elevação dos ombros para estabilizar a cabeça
Figura DMA 3: Ausência do controle de cabeça quando retira-se manualmente a elevação
escapular
Figura DMA 4: A posição assimétrica de cabeça pode estimular o RTCA
Figura DMA 5: A postura assimétrica de cabeça leva à rotação da coluna e da pelve que leva a
pernade cima (esquerda) a rodar internamente e a aduzir.
Figura DMA 6: Posição de “ventania” dos membros inferiores. Esta postura geralmente inicia-se
com a postura assimétrica de cabeça e pescoço associadas à extensão.
Figura DMA 7: Em prono, a persistência da adução escapular inibe a sustentação de peso nos
antebraços.
Figura DMA 8: Adução escapular, extensão de cabeça e extensão total são utilizadas para
transferir o peso na posição prono.
Figura DMA 9: O úmero é mantido próximo ao tronco para facilitar a extensão e elevação do
tronco. Observe as escápulas aladas bilateralmente.
Figura DMA 10: A ausência de um controle escápulo-umeral impede o bebê de fazer a
sustentação de peso nos membros superiores, necessária para a transição para quatro apoios.
Figura DMA 11: O bebê usa a adução escapular para compensar a pobre extensão torácica.
Figura DMA 12: O bebê aumenta a flexão torácica para trazer as mãos para a mesa.
Figura DMA 13: A posição de “frog-legged” aumenta a inclinação anterior da pelve. Observe a
postura elevada da caixa torácica.
Figura DMA 14: A posição de “frog-legged” em prono impede a transferência lateral de peso.
Figura DMA 15: A pelve não se movimenta quando o bebê faz o alcance à frente com um
braço. A caixa torácica se movimenta, mas o lado que sustenta peso não é alongado.
Figura DMA 16: Posição de quatro apoios com inclinação anterior da pelve e fixação nos
flexores de quadril.
Figura DMA 17: Ajoelhado com inclinação anterior da pelve e fixação nos flexores de quadril. A
mobilidade ocorre em T12-L1. Observe a flexão sinérgica de todas as articulações do membro
inferior – flexão de quadril, flexão de joelho e dorso-flexão de tornozelo.
Figura DMA 18: Bebês com baixo tônus fazem transições para sentado em W.
Figura DMA 19: A posição sentado em anel pode aumentar a flexão de tronco.
Figura DMA 20: A flexão de tronco limita os movimentos da escápula e, portanto, limita a flexão
dos ombros.
Figura DMA 21: O bebê com baixo tônus fica de pé com uma base de suporte alargada. Esta
postura dificulta as transferências laterais de peso para elevar um pé.
Figura DMA 22: O bebê de baixo tônus fica em pé sustentando o peso na região medial dos
pés. Os pés ficam pronados: dorso-fletidos, evertidos e abduzidos.
Figura DMA 23: Quando os pés estão pronados, agachar leva à flexão, adução e rotação
interna de quadris.
Figura DMA 24: Uma base de suporte alargada é mantida à medida que o quadril flexiona,
aduz e roda internamente; os joelhos flexionam-se em uma posição de valgo e os pés pronam.
Esta é uma posição estável que possibilita que a criança ande, mas causa muitos outros
problemas.
Figura DMA 25: Compare esta foto com a foto DMA 24. A postura dos pés mudou de pronação
para neutro. Isto modificou o alinhamento dos membros inferiores.
Figura DMA 26: Bebê com uma forte extensão, desde a cabeça até os tornozelos.
Figura DMA 27: Se o bebê não pratica a flexão contra a gravidade, ele nunca irá alongar ou
equilibrar os músculos extensores.
Figura DMA 28: Rolar exagera a forte extensão.
Figura DMA 29: Forte extensão em prono. Ausência de flexão nos membros inferiores.
Observe as escápulas aladas.
Figura DMA 30: A criança com forte extensão em prono apresenta uma flexão compensatória
quando sentado.
Figura DMA 31: O bebê com forte extensão fixa-se com o reto abdominal quando colocado
sentado se ele não faz a flexão na articulação de quadril.
Figura DMA 32: A criança tenta se arrastar. Isto aumenta a extensão lombar e a extensão dos
membros inferiores. Observe a posição alada das escápulas quando ele tenta alcançar com
sua mão direita.
Figura DMA 33: A criança com forte tônus extensor apresenta extensão de quadril, joelho e
tornozelo.