DESENVOLVIMENTO MOTORR Introdução à Antropometria
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UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Desporto
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Introdução à AntropometriaIntrodução à AntropometriaIntrodução à AntropometriaIntrodução à Antropometria
Sumário
Introdução à antropometria (pontos de referência antropométrica; atitude antropométrica; eixos e planos; instrumentarium; dimensões corporais: comprimentos, medida de massa, pregas de adiposidade subcutânea, diâmetros e perímetros).
2º Ano Aulas Práticas
Docentes Responsáveis
Prof. Doutor Rui Garganta
Prof. Doutor André Seabra
Índice I. Introdução 3
II. Conceitos básicos 3
III. Pontos de referência antropométrica 4
IV. Atitude antropométrica 6
V. Eixos e planos 7
VI. Instrumentarium 8
VII. Dimensões corporais em antropometria 9
7.1. Pregas de adiposidade subcutânea (SKF) 9
7.2. Diâmetros 15
7.3. Perímetros 18
7.4. Comprimentos 25
7.5. Medidas “massa”
VIII. Ficha de avaliação morfo-funcional 25
IX. Referências bibliográficas 27
I. Introdução
A Antropometria é um domínio bastante antigo de aplicação das Ciências Biológicas,
concretamente da Antropologia Física.
• A preocupação do homem em determinar e entender aspectos da sua morfologia externa,
concretamente tudo o que se refere às suas dimensões e proporções corporais perde-se na noite do
tempo.
• Foram elaborados diferentes protocolos internacionais de avaliação e/ou de medição, de que
destacamos os do International Biological Programme, e o do International Working Group
on Kinanthropometry (Esta dispersão protocolar coloca problemas de comparação nalguns
procedimentos utilizados - por exemplo, só para o índice anca-cintura, “waist to hip ratio”, são
sugeridos mais de 14 procedimentos de medição).
• Por outro lado, existem inúmeros instrumentos de medição, variando fundamentalmente em
função do construtor (só para medir as pregas de adiposidade subcutânea existem cerca de 6 tipos
distintos de adipómetros).
• Diferentes metodologias (materiais e protocolares) arrastam consigo problemas de comparação
da informação obtida em diferentes estudos.
• É neste contexto que se torna fundamental a estandardização internacional.
II. Conceitos básicos
Antropologia Física - Ciência que estuda o homem no seu enquadramento com um dado habitat.
Estuda a nossa diversidade morfológia, funcional e étnica.
Antropometria - Ramo das ciências biológicas que tem por finalidade o estudo dos caractéres
mensuráveis da morfologia humana.
Com o advento das grande competições desportivas internacionais e J.O. as preocupações dos
treinadores e investigadores centrou-se em dois aspectos :
1. identificar traços e características morfológicas e funcionais de atletas de alto nível;
2. Estudar os meios e métodos de treino mais adequados à aquisição e manutenção de um nível
elevado de rendimento desportivo.
A Antropometria começou assim a ser utilizada como um fim em si mesmo!!!
A preocupação em ultrapassar a simples descrição dos dados antropométricos levou ao
aparecimento da
CINEANTROPOMETRIA - do inglês Kinanthropometry:
Kines - movimento
Anthropo - homem no sentido lato
Metry - medida.
(Ross, 1980) formula o seu âmbito e alcance do seguinte modo:
É a aplicação da medida para o estudo do tamanho humano, da sua forma, proporção,
composição, maturação e função grossa.
O seu objectivo é o estudo e compreensão do crescimento humano no contexto do exercício, do
rendimento e da nutrição.
III. Pontos de referência antropométrica
Vertex - ponto superior da cabeça, no plano mediano (plano sagital).
Acromio - ponto do acrómio que mais se projecta lateralmente.
Olecrâneo - ponto médio do cotovelo.
Dactilio - ponto mais distal do dedo médio, com as mãos e os dedos em extensão.
Midaxilar - linha média que se prolonga por baixo da axila
Infraesternal ou Xifoideu - na base do apêndice xifoide e no plano médio (ponto xifoideano).
Omphalion - no umbigo.
Supracristal ou Iliocristal - ponto que corresponde à maior projecção externa da crista ilíaca.
Côndilo humeral - ponto mais saliente do côndilo humeral
Côndilo femural - ponto mais saliente do côndilo femural
Figura 1 - Pontos de referência antropométrica.
IV. Atitude antropométrica
É tomada na posição de pé, cabeça e olhos dirigidos para a frente, membros superiores
lateralmente pendentes, mãos e os dedos em extensão completa e apoiados sobre as faces externas
das coxas. Pés descalços, unidos pelos calcanhares e afastados à frente num ângulo de 30° (Figura
2).
Figura 2 – Atitude antropométrica.
VI. Instrumentarium
• Antropómetro;
• Compasso de pontas redondas;
• Compasso de pontas direitas (craveira de Martin);
• Fita métrica;
• Adipómetro (10 g/mm2).
VII. Dimensões corporais em antropometria
Pregas de adiposidade subcutânea / Diâmetros / Perímetros / Comprimentos /Medidas de
massa
7.1. Pregas de adiposidade subcutânea (SKF)
As medições são realizadas com o sujeito de pé e em posição antropométrica, excepto as pregas
de adiposidade crural e geminal.
Todas as medições são efectuadas do lado direito do indivíduo (excepto a abdominal que é do
lado esquerdo)
• Marcar o sujeito, sobretudo nos locais relativos às SKF
• Mão não dominante em forma de pinça (dedos polegar e indicador)
• A pega é feita ± 2 cm acima do local de referência
• O adipómetro penetra cerca de 1 cm na prega de adiposidade (dobra)
• Durante a medição não retirar a mão que segura a prega de adiposidade
• Escala do adipómetro voltada para o avaliador, formando um ângulo de 90 graus com a prega
• Realizar 2 ou 3 medições, desde que a réplica não ultrapasse o limite do erro considerado
7.1.1. Peitoral
Definição
• no homem - é medida a meia distância entre a prega axilar anterior e o mamilo direito,
• na mulher - é medida um pouco mais acima (dois terços da referida distância).
Prega oblíqua para dentro e para baixo.
Técnica - é medida com o indivíduo de pé e com os
membros superiores pendentes e relaxados.
Aparelho – adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 3 - Local de medição da prega peitoral.
7.1.2. Tricipital
Definição - é medida na face posterior do braço, sobre a sua linha média, a meia distância entre
os pontos acromial e o olecrâneo. Prega vertical.
Técnica - é medida com o indivíduo de pé e com os membros superiores pendentes e relaxados.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 4 - Prega tricipital.
7.1.3. Bicipital
Definição - é medida na face anterior do braço, sobre a sua linha média, no prolongamento da
prega tricipital. Prega vertical.
Técnica - é medida com o indivíduo de pé e com os membros superiores pendentes e relaxados.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 5 - Prega bicipital.
7.1.4. Subescapular
Definição - é medida imediatamente abaixo do vértice inferior da omoplata. Prega oblíqua para
fora e para baixo.
Técnica - é medida com o indivíduo de pé e com os membros superiores pendentes e relaxados.
Para localizar o ponto de medição devemos palpar a omoplata e caminhar no sentido de
identificar o vértice inferior da omoplata. Em alguns sujeitos especialmente obesos é necessário
puxar o membro superior direito à rectaguarda para se identificar este local.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 6 - Prega subescapular.
7.1.5. Ilíaca
Definição - é medida na zona da crista ilíaca no ponto midaxilar. Prega horizontal.
Técnica - é medida com o indivíduo de pé e com os membros superiores pendentes e relaxados.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 8 – Prega ilíaca.
Figura 7 - Prega ilíaca.
7.1.6. Abdominal
Definição - é medida 5 cm no prolongamento lateral do umbigo (omphalion). Prega vertical.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 8 - Prega abdominal.
7.1.7. Crural
Definição - é medida na face anterior da coxa, sobre a linha média, ao nível da maior
circunferência. Prega vertical.
Técnica - indivíduo sentado, a coxa e perna formam um ângulo de 90°.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 10 – Prega crural.
Figura 9 - Prega crural.
7.1.8. Geminal
Definição - é medida ao nível da maior circunferência da perna sobre a face interna. Prega
vertical.
Técnica - tal como para a prega crural, o indivíduo deve estar sentado com a coxa e perna a
formar um ângulo de 90°.
Aparelho - adipómetro
Precisão - 2mm
Figura 10 - Prega geminal.
Peitoral
Abdominal
Crural
Geminal
Subescapular
Tricipital
Ilíaca
Figura 11 – Pregas de adiposidade subcutânea.
7.2. Diâmetros
7.2.1. Bicôndilo-humeral
Definição - é medido entre os dois pontos mais salientes dos côndilos humerais.
Técnica - o membro superior deve estar flectido de forma a que: (1) braço e tronco façam um
ângulo de 90 ° (2) braço e antebraço façam um ângulo de 90 °.
Aparelho - compasso de pontas redondas
Precisão - ±2mm
Figura 12 - Diâmetro bicôndilo-humeral.
7.2.2. Bicôndilo-femural
Definição - é medido entre os dois pontos mais salientes dos côndilos femurais.
Técnica - o indivíduo deve estar sentado, a coxa e perna devem fazer um ângulo de 90°.
Aparelho - compasso de pontas redondas
Precisão - 1 a 2 mm
Figura 13 – Diâmetro bicôndilo-femural.
7.2.3. Palmar transversal
Definição - é medido entre as extremidades dos dedos polegar e do mínimo. Os dedos são
colocados em extensão máxima.
Aparelho - compasso de pontas direitas (craveira de Martin)
Figura 14 - Diâmetro palmar transversal.
7.2.4. Palmar longitudinal
Definição - é medido entre a 3ª prega do pulso e o dactílio.
Aparelho - compasso de pontas direitas (craveira de Martin)
Figura 15 - Diâmetro palmar longitudinal.
Bicôndilo femural
Bicôndilo umeral
Biacromial
Bicristal
Figura 16 – Diâmetros.
7.3. Perímetros
7.3.1. Braço tenso
Definição - é medido ao nível da maior circunferência do braço, com o biceps em contracção
estática máxima.
Técnica - braço e antebraço fazem um ângulo de 90 ° (ajudar com o membro superior esquerdo).
Aparelho - fita métrica
Precisão - ± 2 a 3 mm
Figura 17 - Perímetro braço tenso.
7.3.2. Braço relaxado
Definição - no mesmo local de referência do anterior.
Técnica - o membro superior deverá estar pendente e relaxado.
Aparelho - fita métrica
Precisão - ± 2 a 3 mm
Figura 18 - Perímetro braço relaxado.
7.3.3. Toráxico
Definição - é medido por baixo das axilas após uma expiração normal:
• no homem - no plano horizontal da zona mamilar
• na mulher - por baixo dos seios
Técnica - esta medição é efectuada ao nível do ponto de referência mesoesternal. O indivíduo
afasta ligeiramente os membros superiores do tronco para permitir o envolvimento do tórax com
a fita métrica. O sujeito deverá respirar normalmente e a medição deverá ser efectuada no final de
uma expiração normal com os membros superiores pendentes e relaxados.
Aparelho - fita métrica
Precisão - ± 8 mm a 1 cm
Figura 19 - Perímetro toráxico.
7.3.4. Cintura
Definição - É medido no plano horizontal no local mais estreito da cintura, ou na zona onde foi
marcada a PAS ilíaca
Aparelho - fita métrica
Figura 20 - Perímetro cintura.
7.3.5. Anca
Definição - é medido no plano horizontal da zona mais proeminente dos glúteos.
Técnica - o indivíduo deverá estar com os pés juntos e não deverá contrair os glúteos.
Aparelho - fita métrica
Figura 21 - Perímetro anca.
7.3.6. Crural
Definição - é medido ao nível do maior volume da coxa.
Técnica - o indivíduo deve estar com os membros inferiores ligeiramente afastados e com o peso
do corpo repartido pelos dois pés. A fita métrica deve manter-se na horizontal e passar em torno
da coxa no ponto onde existe mais volume (marcação da PAS crural).
Aparelho - fita métrica
Precisão - ± 3 a 4 mm
Figura 22 - Perímetro crural.
7.3.7. Geminal
Definição - é medido ao nível da maior circunferência da perna.
Técnica - o indivíduo deve estar sentado, a coxa e perna devem fazer um ângulo de 90°. A fita
métrica passa em torno da perna procurando a maior circunferência da perna (zona onde foi
marcada a PAS geminal).
Aparelho - fita métrica
Precisão - ± 3 a 4 mm
Figura 23 - Perímetro geminal.
Figura 24 - Perímetros.
Cintura
Toráxico
Crural
Anca
Braço Tenso
Geminal
Braço Relaxado
7.4. Comprimentos
7.4.1. Altura
Definição - é medida entre o vertex e o plano de referência do solo.
Técnica - o peso do sujeito está distribuído por ambos os pés e a cabeça está posicionada no
plano horizontal de Frankfurt. Os membros superiores encontram-se pendentes ao lado do tronco
com as palmas das mãos voltadas para as coxas. O sujeito coloca os calcanhares juntos e a tocar a
base do antropómetro.
Aparelho - antropómetro (móvel ou fixo)
Precisão - a altura pode ter variações diurnas que podem chegar aos 3 cm. A medição deve ser
feita ao mm e o erro é geralmente de 2.5 a 3 mm.
Figura 25 - Altura.
7.4.2. Altura sentado
Definição - é medida entre o vertex e o plano de referência do banco.
Técnica - o indivíduo está sentado num banco que lhe permita ter as pernas pendentes, o tronco
na vertical, as mãos apoiadas sobre as coxas e a cabeça mantida no plano horizontal de Frankfurt.
Aparelho - antropómetro
Precisão - colocam-se os mesmos problemas da posição inicial da altura associado ao risco da existência de báscula da bacia. A leitura deve ser feita ao mm e o erro de 3 a 5 mm.
Figura 26 - Altura sentado.
7.4.3. Comprimento do membro superior
Definição - é medido entre o ponto acromial e o
dactílio.
Aparelho - antropómetro
Figura 27 - Comprimento membro superior.
7.4.4. Comprimento do membro inferior
Definição - estimado pela diferença entre a altura e a altura sentado.
7.5. Peso
• Recomenda-se balanças antropométrica atendendo a que as residenciais não são habitualmente
fiáveis;
• Verificar se a balança está assente numa superfície plana;
• O sujeito deve estar com o mínimo de roupa possível;
• Caso se trate de uma balança analógica (de ponteiros), o avaliador deve estar colocado numa
posição que lhe permita ver o mostrador sem cometer um erro de paralaxe.
Figura 28 - Peso.
VIII. Ficha de avaliação morfo-funcional
IX. Referências Bibliográficas
Lohman, T.G.; Roche, A.F.; Martorell, R. (1988). Anthropometric standardization reference
manual. Champaign, Illinois: Human Kinetics Books.