DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE … · crescimento considerado relativamente rápido, com...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE
CANAFÍSTULA SOB DIFERENTES SUBSTRATOS
THAIS MARCELA DUARTE DE SIQUEIRA
CUIABÁ-MT
2018
THAIS MARCELA DUARTE DE SIQUEIRA
DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE
CANAFÍSTULA SOB DIFERENTES SUBSTRATOS
Orientador: Profª. Drª. Walcylene Lacerda Matos Pereira
Scaramuzza
Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho de Curso do Departamento de Engenharia Florestal, Faculdade de Engenharia Florestal – Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal.
CUIABÁ-MT
2018
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Ana e Wirton, pelo amor, apoio e confiança que sempre
depositaram em mim, sempre acreditando na minha capacidade. Tudo
que tenho e sou agradeço a vocês. E quero dizer que essa conquista não
é minha, é nossa! Muito obrigada por tudo!
Ao meu irmão, Thiago, que mesmo longe sempre torceu e acreditou no
meu sucesso.
A professora Walcylene L. M. P. Scaramuzza pela atenção e
disponibilidade na orientação deste trabalho.
Ao Prof. Dr. José Fernando Scaramuzza e MSc Mariana Pinto Coelho de
Oliveira, pela participação na examinadora.
Ao meu namorado, João Vitor, por sempre estar ao meu lado, por sempre
tentar fazer o melhor por nós, pela atenção e apoio durante a graduação
(minha eterna dupla de trabalho).
Aos meus familiares e amigos, aos que estão perto ou longe, que de
alguma forma contribuíram com essa conquista.
A todos os professores que me orientaram durante à vida escolar e
acadêmica.
v
SÚMARIO
RESUMO........... ...................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS .............................................................................. viii
1.INTRODUÇÃO ........................................................................................ 9
2.REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 11
2.1 Características da canafístula ............................................................ 11
2.2. Substrato na qualidade de mudas .................................................... 13
2.2.1. Esterco bovino ............................................................................... 14
2.2.2. Esterco aviário ............................................................................... 15
2.2.3. Farinha de osso ............................................................................. 16
2.2.4. Húmus de minhoca ........................................................................ 16
2.3. Fertilização na qualidade de mudas ................................................. 17
2.4. Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas .......................... 18
3.MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 19
3.1. Local do experimento e espécie vegetal utilizada .......................... 19
3.2. Delineamento experimental e tratamentos ..................................... 19
3.3. Superação de dormência das sementes ........................................ 19
3.4. Componentes para formulação dos substratos .............................. 20
3.5. Instalação e monitoramento do experimento ................................. 21
3.6. Variáveis analisadas ...................................................................... 22
3.7. Análise dos resultados ................................................................... 23
4.RESULTADO E DISCUSSÃO .............................................................. 24
4.1. Número de folhas - NF ................................................................... 25
4.2. Altura da parte aérea - H ................................................................ 26
4.3. Diâmetro do colo - DC .................................................................... 27
vi
4.4. Massa seca da parte aérea – MSPA .............................................. 28
4.5. Massa seca da raiz – MSR ............................................................ 29
4.6. Massa seca total – MST ................................................................. 30
4.7. Relação altura por diâmetro – H/DC .............................................. 31
4.8. Relação massa seca da parte aérea por massa seca da raiz –
MSPA/MSR .................................................................................... 33
4.9. Índice de Qualidade de Dickson - IQD ........................................... 33
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS.. ................................................................ 35
6.REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ....................................................... 36
vii
RESUMO
SIQUEIRA, T. M. D. Desenvolvimento vegetativo de mudas de canafístula sob diferentes substratos. 2018. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. Orientador: Profa Dra. Walcylene Lacerda Matos Pereira Scaramuzza. Baseado na importância do substrato e a necessidade de conhecimentos sobre a produção de mudas nativas, objetivou-se neste estudo avaliar o desenvolvimento vegetativo de mudas de canafístula (Peltophorum dubium) sob diferentes substratos. As mudas foram produzidas em casa de vegetação da Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá. Utilizou-se um delineamento em blocos inteiramente casualizados, com sete tratamentos e cinco repetições, totalizando 35 mudas. As mudas foram produzidas em sacos plásticos com capacidade de 5 kg. O solo utilizado no experimento é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico. Os tratamentos consistiram em solo (T1); solo + calagem (55%) (T2); solo + calagem + NPK (50-600-50 mg/dm3) (T3); solo + calagem + esterco aviário (30%) (T4); solo + calagem + esterco bovino (30%) (T5); solo + calagem + húmus de minhoca (30%) (T6); solo + calagem + farinha de osso (600 mg/dm3) (T7). Aos 90 dias, após a instalação do experimento, foram avaliadas as características morfológicas como: número de folhas; altura da parte aérea; diâmetro do colo; relação altura/diâmetro; relação massa seca da parte aérea/massa seca da raiz e o Índice de Qualidade de Dickson. Após avaliar todas as características acima mencionadas, foi possível constatar que os tratamentos que continham adubação NPK (T3) e húmus de minhoca (T6), foram os que mais se destacaram em todas as características avaliadas, como sendo os melhores tratamentos para a produção de mudas de Peltophorum dubium. Por outro lado, os tratamentos compostos por esterco aviário (T4), esterco bovino (T5) e farinha de osso prejudicaram o desenvolvimento, resultando na morte das mudas. Pode-se então concluir que os substratos contendo NPK e húmus de minhoca são mais recomendados para produção de mudas de Peltophorum dubium. Palavras-chave: Peltophorum dubium; húmus de minhoca; esterco bovino
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - LOCAIS IDENTIFICADOS DE OCORRÊNCIA NATURAL DA CANAFÍSTULA (Peltophorum dubium) NO BRASIL. ............................... 11
FIGURA 2 - (A) EXEMPLAR DA ÁRVORE; (B) FOLHAS E FLORES; (C) FRUTO; (D) SEMENTES; (E) CASCA. FONTE: ADAPTADO DE XAVIER (2016). ..................................................................................................... 12
FIGURA 3 – TRATAMENTOS T4: SOLO + CALAGEM + ESTERCO AVIÁRIO (30%); T5: SOLO + CALAGEM + ESTERCO BOVINO (30%); T7: SOLO + CALAGEM + FARINHA DE OSSO (30%). ........................... 24
FIGURA 4 - MÉDIAS DO NÚMERO DE FOLHAS DE Peltophorum dubium. .................................................................................................... 25
FIGURA 5 - MÉDIAS DA ALTURA DE Peltophorum dubium. ................. 26
FIGURA 6 - MÉDIAS DO DIÂMETRO DO COLO DE Peltophorum dubium. ................................................................................................................. 27
FIGURA 7 - MÉDIAS DA MASSA SECA DA PARTE AÉREA DE Peltophorum dubium. ............................................................................... 29
FIGURA 8 - MÉDIAS DA MASSA SECA DA RAÍZ DE Peltophorum dubium. .................................................................................................... 30
FIGURA 9 - MÉDIAS DA MASSA SECA TOTAL DE Peltophorum dubium. ................................................................................................................. 31
FIGURA 10 - MÉDIAS DA RELAÇÃO ALTURA POR DIÂMETRO DE Peltophorum dubium. ............................................................................... 32
FIGURA 11 - MÉDIAS DA RELAÇÃO MASSA SECA DA PARTE AÉREA POR MASSA SECA DA RAIZ DE Peltophorum dubium. ......................... 33
FIGURA 12 - MÉDIAS DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE DICKSON DE Peltophorum dubium. ............................................................................... 34
9
1. INTRODUÇÃO
Em 2012, foi sancionada a Lei nº 12.651/2012 (alterada pela
Lei nº 12.727/2012) que muda os critérios para a proteção da
vegetação nativa. A nova legislação criou instrumentos que pretendem
mapear, monitorar e a restaurar Áreas de Preservação Permanente –
APP’s e Reserva Legal - RLs. Obrigando os proprietários de propriedades
que apresentarem passivos ambientais a recomporem, mediante plantio
de espécies preferencialmente nativas (BRASIL, 2012).
Além das mudanças na legislação brasileira, a crescente
preocupação ambiental de todos os segmentos da sociedade tem
estimulado diversos setores, principalmente os relacionados à instalação
de projetos florestais. Considerando essa situação, é provável que ocorra
um relevante aumento na demanda por mudas de espécies nativas
mostrando a necessidade de expandir os estudos sobre a produção de
mudas com baixo custo e boa qualidade.
Em face disso, a fase de produção de mudas é de extrema
importância em projetos florestais pois é a boa qualidade da muda que
garante a maior sobrevivência no campo e diminui a necessidade do
replantio.
Um conjunto de fatores influencia a qualidade das mudas,
como o ambiente de produção, a disponibilidade de água, o tipo de
recipiente, sendo de fundamental importância o substrato utilizado. Esse é
o meio que fornece suporte estrutural as mudas, devendo apresentar
características físicas e químicas que promovam a retenção de umidade,
disponibilidade de nutrientes, atendendo as exigências de cada espécie
(CUNHA et al., 2006).
Sendo comum na produção de mudas a utilização de terra de
subsolo e substratos comerciais, porém é difícil que apenas um material
contenha todas as características indispensáveis para as mudas, sendo
necessária a formulação do substrato com diferentes materiais, visando
obter um substrato com propriedades favoráveis ao crescimento das
mudas.
10
São exemplos de materiais utilizados na composição de
misturas de substratos: esterco, farinha de osso, húmus, vegetal, tortas,
bagaços, serragem, vermiculita, areia, espuma fenólica, isopor, etc.
Devendo-se considerar no momento da escolha, que a proporção de cada
material seja variável em função de suas características, do custo e da
disponibilidade desses materiais.
Baseado no aumento da demanda por mudas de espécies
nativas e a necessidade do conhecimento em procedimentos
relacionados com a sua produção, este trabalho foi desenvolvido com o
objetivo de avaliar o desenvolvimento vegetativo de mudas de canafístula
(Peltophorum dubium) sob diferentes substratos.
11
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Características da canafístula
Peltophorum dubium é conhecida dentre seus diversos nomes
vulgares como canafístula, angico-amarelo e ibirá, sendo uma espécie da
família das leguminosas (Fabaceae) e subfamília Caesalpinioideae
(CARVALHO, 2002).
É uma espécie nativa, secundária, mas apresenta algumas
características de pioneira, sendo frequentemente encontrada na Floresta
Estacional Semidecidual, na formação de capoeiras, em clareiras e
bordas de matas. Em florestas nativas há presença de poucos indivíduos,
porém são sempre de grande porte e quase sempre ocupando o dossel
na floresta primária (LORENZI, 2002). Com ocorrência desde a região da
Paraíba até o Rio Grande do Sul (Figura 1), e em países como Argentina
e Paraguai (CARVALHO, 2003).
FIGURA 1 - LOCAIS IDENTIFICADOS DE OCORRÊNCIA NATURAL DA CANAFÍSTULA (Peltophorum dubium) NO BRASIL. Fonte: CARVALHO (2003).
12
A canafístula tem sua forma biológica descrita como uma
espécie heliófila, caducifólia, de crescimento rápido, com tolerância ao
clima frio, podendo atingir 40 m de altura e 120 cm de DAP. Apresenta
tronco cilíndrico, a casca externa rugosa, provida de pequenas fissuras
longitudinais (Figura 2E). A copa é ampla e umbeliforme (Figura 2A), com
folhas compostas bipinadas com cerca de 25 cm de largura por 50 cm de
comprimento (Figura 2B), com flores amarelo-vivas ou alaranjadas (Figura
2B), ramificação dicotômica cimosa e sistema sexual hermafrodita
(CARVALHO, 2003). O fruto é do tipo vagem (Figura 2C), indeiscente,
geralmente com uma ou duas sementes (Figura 2D), com dispersão
anemocórica (REITZ et al., 1978).
A espécie é muito utilizada como tutora de espécies
secundárias clímax, para sombreamento e quebra-vento em pastagens
(CARVALHO, 2003), em projetos de recuperação de áreas degradadas,
áreas de preservação permanente, em projetos paisagísticos e
ornamentais, na indústria de móveis, construção civil, na produção de
lenha e energia, sendo viável para a indústria de papel e ainda pode ser
utilizada como planta medicinal na forma de chá, devido a presença de
taninos (LORENZI, 2002).
FIGURA 2 - (A) EXEMPLAR DA ÁRVORE; (B) FOLHAS E FLORES; (C) FRUTO; (D) SEMENTES; (E) CASCA. Fonte: ADAPTADO DE XAVIER (2016).
13
Em relação ao crescimento e produção, quando comparado
com outras espécies florestais nativas, a canafístula apresenta um
crescimento considerado relativamente rápido, com produtividade máxima
registrada de 19,60 m3 ha-1 ano-1 (BERTOLINI, 2015).
No setor madeireiro a canafístula foi classificada como uma
das 15 árvores de valor com maior densidade e ainda como uma entre as
oito de maior classe de valor para a madeira serrada da floresta
estacional decidual do Alto Uruguai (RUCHEL, 2003).
Devido a essas potencialidades, o conhecimento dos aspectos
nutricionais da espécie e o tipo de substrato para a geração de mudas de
qualidade e menor custo se fazem necessário, porém poucos estudos são
encontrados quanto à exigência nutricional da canafístula (BERTOLINI,
2015).
Em estudo realizado por Venturin et al. (1999), a canafístula
apresentou elevada exigência nutricional, constatando a sua limitação no
crescimento pela falta de P, N, S e Ca, seguidos pela falta de Mg, K, B e
Zn, sendo que a falta de K, Ca e Mg também afetou a absorção de S.
Souza et al. (2012) avaliaram o efeito de doses combinadas de
N e P na eficiência nutricional nas mudas de canafístula, utilizando
Latossolo Vermelho Distroférrico, com quatro doses de N (0; 20,82; 41,64;
e 62,46 mg kg-1 de N) e quatro doses de P (0; 41,72; 83,72; e 125,16 mg
kg-1 de P2O5). Os autores observaram que as maiores doses de N e P
ofereceram maiores acúmulos de macro nutrientes para a planta como
um todo e, para os micronutrientes, este mesmo fato foi detectado
somente com as doses de P, concluindo que a espécie requer grande
quantidade de N, mas que utilizou de forma mais eficiente o P.
2.2. Substrato na qualidade de mudas
De acordo com Ferreira et al. (2009) a produção de mudas em
condições adequadas proporciona melhor crescimento inicial em campo,
colaborando para o aumento da homogeneidade, sanidade e redução da
mortalidade do plantio. Com a produção influenciada por fatores internos
14
de qualidade da semente e fatores externos, em que o substrato é o fator
externo mais relevante (NOMURA et al., 2008; BORTOLINI et al., 2012).
O substrato é o meio em que as raízes se desenvolvem para
fornecer o suporte estrutural à parte aérea das mudas, assim como suprir
as necessidades de água, oxigênio e nutrientes (VALLONE, 2006). Um
substrato de qualidade apresenta como principais características:
homogeneidade, baixa densidade, alta porosidade, boa capacidade de
retenção de água, alta capacidade de troca catiônica, boa agregação das
partículas nas raízes, isentos de sementes indesejáveis, pragas e
organismos patogênicos, ser de fácil manipulação, ser abundante e
economicamente viável (GOMES e SILVA 2004).
Outra característica importante é o pH do substrato, devido ao
efeito deste sobre a disponibilidade de nutrientes à planta. Como os
valores de pH variam entre os substratos, é necessário a correção por
meio da calagem, visando atender as necessidades nutricionais das
plantas (KAMPF, 2005).
Como é difícil encontrar um material que possua todas as
características necessárias ao desenvolvimento das mudas, procuram-se
substratos formados pela mistura de diferentes materiais (WAGNER
JÚNIOR et al. 2006). Esses materiais podem ter diversas origens, como:
animal (ex: esterco, farinha de osso, húmus, etc), vegetal (ex: tortas,
bagaços, serragem, etc), mineral (ex: vermiculita, areia, etc) e artificial (ex:
espuma fenólica, isopor, etc) (CAETANO, 2016).
2.2.1. Esterco bovino
O esterco animal é uma das principais fontes de adubos
orgânicos devido à sua composição, disponibilidade relativa e benefícios
da aplicação (MARQUES, 2006). Este adubo possui características
próprias de composição, variando em função da espécie, idade e manejo
(MALAVOLTA et al.,2002).
O esterco bovino aumenta a capacidade de troca catiônica,
capacidade de retenção de água, à porosidade do solo e agregação do
15
substrato (PRESTES, 2007), constituindo um dos produtos mais rico em
fibras e com interações benéficas com microrganismos do solo.
No trabalho desenvolvido por Vieira et al. (2009), avaliando o
crescimento de mudas de Trema micranta em diferentes composições de
substratos orgânicos, foi observado que o uso de esterco bovino e terra
de subsolo como substrato melhorava o crescimento e desenvolvimento
das mudas quando o substrato apresentava 40% de esterco bovino.
No entanto, em pesquisa realizada com a palmeira real
(Archantophoenix alexandrae) e Pupunha (Bactris gasipaes), sob o uso
de diferentes substratos, concluiu-se que na produção de mudas a
proporção de 25% de esterco bovino com 75% de solo ou 65% de solo e
10% de areia é a proporção mais indicada para as espécies (MARTINS
FILHO et al., 2007).
2.2.2. Esterco aviário O esterco aviário é uma ótima fonte de nutrientes, possuindo
alta concentração mesmo que em pequenas quantidades, isso porque as
rações de aves são concentradas e, em função do baixo aproveitamento
dos animais, geram dejetos com alta concentração de elementos
(KONZEN e ALVARENGA, 2005).
Os substratos enriquecidos com esterco aviário, além do alto
índice de elementos com disponibilização rápida, apresentam a
capacidade de retenção e absorção de água, devido aos coloides da
matéria orgânica, que proporcionam aeração as raízes e isenção de
patógenos (MAZZUCHELLI, 2014).
Lucena et al. (2004), avaliando o desenvolvimento de mudas
de cássia (Cassia siamea) e tamboril (Enterolobium maximum Ducke) em
diferentes composições de substrato, observaram melhor desempenho
das mudas com uso de esterco de minhoca e esterco aviário,
respectivamente.
Caçador (2011), avaliando mudas de sombreiro (Clitoria
fairchildiana Howard), utilizando como substratos esterco bovino, esterco
aviário, adubo químico e substrato comercial, concluiu que a melhor
16
composição de substrato para tal espécie é a de 20% areia + 40% de solo
+ 40% de esterco curtido de aves.
2.2.3. Farinha de osso
A farinha de osso é proveniente do abate de animais,
principalmente bovinos, sendo um dos mais tradicionais fertilizantes
fosfatados insolúveis em água, porem solúvel em ácidos fracos como o
ácido cítrico e citrato neutro de amônio (CAVALLARO JÚNIOR, 2006).
Uma das referências mais antigas sobre a composição química
da farinha de osso é de Amaral (1910), em que o autor relatou que esse
adubo possuía ação lenta, duradoura e com efeitos perceptíveis mesmo
depois de quatro a cinco anos.
Além das características próprias do adubo, a velocidade de
disponibilização do fósforo para as plantas depende do tipo de solo no
qual é aplicado e da capacidade de extração de fósforo pela planta
(CAVALLARO JÚNIOR, 2006).
2.2.4. Húmus de minhoca
O húmus de minhoca é resultado do processo digestivo das
minhocas, no qual as minhocas ingerem nutrientes e defecam na
superfície, como resultado ocorre a produção de material mais
estabilizado, com carbono na forma humificada (AQUINO, 2005).
De acordo com Antoniolli et al. (2002), este material consiste
em um produto estável e homogêneo, de coloração escura, inodoro de
textura leve e rico em nutrientes, capaz de elevar a fertilidade do solo,
promovendo mudanças positivas nos atributos físicos e biológicos (VITTI,
2006), inclusive no crescimento de plantas.
Anevan (2009), ao testar diferentes componentes de substrato
para a produção de mudas de eucalipto, verificou que a altura e diâmetro
das plantas foram maiores com o húmus de minhoca que os demais
substratos, definindo-se como o melhor para o desenvolvimento de
mudas de eucalipto.
17
Em pesquisa desenvolvida por Góes (2011), utilizando
proporções crescentes de húmus de minhoca (0%; 25%; 50%; 75% e
100%) como substrato para produção de mudas de tamarindeiro
(Tamarindus indica L.), foi constatado que o aumento da proporção de
húmus de minhoca promoveu o crescimento das mudas.
2.3. Fertilização na qualidade de mudas
Os efeitos benéficos da adição de elementos minerais, para
melhorar o crescimento da planta são conhecidos há muito tempo, e são
aqueles que atendem aos três critérios de essencialidade (SORREANO,
2006):
• O elemento é essencial quando a planta não consegue completar
seu ciclo de vida na sua ausência;
• O elemento tem função específica e não pode ser substituído;
• O elemento deve estar diretamente envolvido no metabolismo da
planta, fazendo parte de um constituinte essencial.
O suprimento inadequado de um elemento essencial ocasiona
distúrbio nutricional manifestando-se por sintomas de deficiência
característicos, sendo que espécies florestais têm deficiências nutricionais
diferenciadas (SORREANO, 2006).
Vieira et al. (2013), observaram influência de diferentes doses
de fertilizante no crescimento em altura e diâmetro de mudas de
Schizolobium amazonicum em que os maiores resultados foram obtidos
com a dose de 80 g/kg de N, 100 g/kg de P e, 100 g/kg de K.
Gonçalves et al. (2014), estudando mudas de jacarandá-da-
bahia (Dalbergia nigra) recomendam doses iguais ou superiores a 600
mg/dm-3 de P e 200 mg/dm-3 de N. Quanto a dose de K, como as mudas
mostraram-se poucos exigentes recomendou-se a menor dose testada
(50 mg/dm-3) em Latossolo Vermelho-amarelo.
18
2.4. Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas
De acordo com Bortolini et al. (2012), mudas com boa
qualidade aumentam a porcentagem de sobrevivência no campo evitando
assim o replantio de mudas e diminuindo os custos da implantação
florestal.
Para saber como as mudas estão reagindo as variações de
adubação são realizadas mensurações de parâmetros morfológicos, que
são determinados física ou visualmente, tais como: altura da parte aérea,
diâmetro do colo, massa seca da parte aérea, massa seca da raiz e
massa seca total, que são os parâmetros mais utilizados na determinação
da qualidade das mudas (FONSECA, 2000; BINOTTO, 2007).
No estudo realizado por Gomes et al. (2002), a altura
apresentou uma contribuição relativa de 32,34% para avalição das mudas
de Eucalyptus grandis aos 90 dias e 43,98% para a relação altura/peso da
parte área mostrando-se dessa forma um parâmetro importante para
avaliar a qualidade de mudas.
Outro importante parâmetro é o diâmetro do colo que, segundo
Carneiro (1995), tem grande correlação com a taxa de sobrevivência no
campo. Segundo Gomes e Paiva (2004) o diâmetro do colo, combinado
com altura ou sozinho é uma das melhores características para a
avaliação de mudas, concluindo que quanto maior o diâmetro, melhor
será o equilíbrio do crescimento com a parte aérea.
A massa seca das mudas indica a rusticidade da muda, quanto
maior, mais rustificada será (GOMES e PAIVA, 2004). De acordo com
Gomes et al. (2002), a massa seca total contribuiu com 43,39% para a
avaliação da qualidade de mudas de Eucalyptus grandis aos 120 dias,
seguido da massa seca aérea com 28,60% e da raiz com 11,78%.
Outra característica importante é o Índice de Qualidade de
Dickson considerado um confiável indicador de qualidade de mudas, pois
considera todos os parâmetros supracitados, fazendo um balanceamento
entre a massa seca total e as relações entre os parâmetros morfológicos
(MELO JUNIOR, 2013).
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3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local do experimento e espécie vegetal
O experimento foi realizado na casa de vegetação da
Faculdade de Agronomia e Zootecnia-FAAZ da Universidade Federal de
Mato Grosso-UFMT, Campus Cuiabá, entre os meses de novembro de
2017 e janeiro de 2018. A espécie florestal nativa em estudo foi a
Peltophorum dubium, com aquisição das sementes no comércio Caiçara
Comércio de Sementes LTDA, com procedência de Penápolis-SP.
3.2. Delineamento experimental e tratamentos
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
inteiramente casualizados, com 07 tratamentos e 05 repetições,
totalizando 35 unidades experimentais. Utilizando-se sacos plásticos com
4 kg de substrato. Os tratamentos utilizados foram:
T1 – Solo;
T2 – Solo + calagem (55%);
T3 – Solo + calagem + NPK (50-600-50 mg/dm3);
T4 – Solo + calagem + esterco aviário (30%);
T5 – Solo + calagem + esterco bovino (30%);
T6 – Solo + calagem + húmus de minhoca comercial (30%);
T7 – Solo + calagem + farinha de osso (600 mg/dm3).
3.3. Superação de dormência das sementes
As sementes de canafístula foram submersas em ácido
sulfúrico concentrado (98%) por 15 minutos, e, a seguir, lavadas em água
corrente e desinfestadas com hipoclorito de sódio (2%) (DUTRA et al.
2013).
20
3.4. Componentes para formulação dos substratos
O solo utilizado foi classificado como Latossolo Vermelho
Distrófico (EMBRAPA, 2013), coletado no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus São Vicente, na
profundidade de 0-20 cm. As análises química e física do solo foram
realizadas pela Agroanálise Laboratórios Integrados, localizada em
Cuiabá-MT, cujos resultados encontram-se na Tabela 1.
TABELA 1 - PROPRIEDADES QUÍMICAS E FÍSICAS DO SOLO UTILIZADO NO EXPERIMENTO.
A farinha de osso foi cedida pelo Laboratório de Fertilidade do
Solo da Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT). O esterco bovino, aviário, curtidos, foram
adquiridos no comércio local, com suas composições química obtidas
através de tabelas com concentrações médias de nutrientes (Tabela 2).
TABELA 2 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS MATERIAIS UTILIZADOS NO EXPERIMENTO.
Material N P2O5 K2O Ca Mg S
%
Esterco aviário 3,2 3,5 2,5 4 0,8 -
Esterco bovino 1,5 1,4 1,5 0,8 0,5 -
Farinha de osso
7,1 8,5 0,2 12,4 0,1 0,3
Fonte: CQFS-RS/SC (2004).
pH P K Ca Mg Al H M.O. V
água CaCl2 mg/dm3 cmolc/dm3 g/dm3 %
5,9 5,1 2,8 41,5 1,4 0,5 0 2,2 12,8 47,8
SB CTC Ca/Mg Ca/K Mg/K Areia Silte Argila
cmolc/dm3 g/kg
2,0 4,3 2,4 12,9 5,3 340 146 514
21
O húmus de minhoca foi adquirido no comércio local e sua
composição química foi obtida de acordo com o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - MAPA (2007) (Tabela 3).
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO HÚMUS DE MINHOCA.
3.5. Instalação e monitoramento do experimento
O solo foi previamente seco ao ar e peneirado em malha de
2 mm, posteriormente foi realizada a calagem com a aplicação de 0,62 g
de calcário dolomítico por saco plástico, visando elevar a saturação de
bases para 55%, conforme recomendação de Freitas (2013). Em seguida
foram adicionados 500 mL de água por saco, para favorecer a reação do
calcário.
Após 15 dias da calagem, os estercos bovino e aviário foram
peneirados em malha de 2 mm, em seguida foram pesados, assim como
o húmus de minhoca e a farinha de osso na proporção de 30% seguindo
a recomendação de Szareski et al. (2015).
A farinha de osso foi aplicada de forma localizada na proporção
de 2:1, e os demais substratos foram misturados manualmente ao solo,
nas proporções estipuladas anteriormente.
Em novembro de 2017 realizou-se a semeadura direta, sendo
que cada saco plástico recebeu três sementes, as quais foram enterradas
com cerca de um centímetro de profundidade, depois os sacos foram
irrigados, visando manter a capacidade de campo.
Decorridos 13 dias da semeadura foi efetuada a adubação com
NPK, com as doses recomendadas por Cruz et al. (2011). Foi feita uma
única aplicação localizada de P com 600 mg/dm3 de superfosfato simples
(P2O5 20% P2O5, 10% S e 17% Ca) e aplicação parcelada da solução de
N e K com 50 mg/dm3 de nitrato de amônio (NH4NO3) e cloreto de
pH N P K Ca Mg M.O.
(CaCl2) mg/dm3 cmolc/dm3 g/dm3
6,54 5.8 4.1 5.4 11,0 37,0 159,0
22
potássio (KCl) respectivamente, aplicados a cada 20 dias, totalizando
quatro aplicações de cobertura.
O raleamento das mudas foi realizado depois de 20 dias do
plantio, deixando uma muda com melhor desenvolvimento. Durante o
período de permanência das mudas em casa de vegetação procedeu-se o
rodízio dos sacos dentro do bloco, visando diminuir os efeitos do
ambiente (ex: luminosidade).
3.6. Variáveis analisadas
Transcorridos os 90 dias do plantio, as plantas foram
mensuradas em número de folhas (NF), altura da parte aérea (H) e
diâmetro do colo (DC). Em seguida realizou-se o corte das plantas,
separando-se a parte aérea das raízes, as quais foram lavadas em água
corrente e submetidas à secagem em estufa de circulação forçada de ar a
65°C, até atingir peso constante e, posteriormente, foram pesadas para
determinação de massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da
raiz (MSR).
Com os dados dessas variáveis, foram calculados os índices
morfológicos: relação altura da parte aérea e diâmetro de colo (H/DC),
relação da massa seca da parte aérea e massa seca da raiz (MSPA/MSR)
e o índice de qualidade de Dickson (IQD), calculado pela seguinte
equação (1):
(1)
Em que: MST = massa seca total (g);
H = altura da parte aérea (cm);
DC = diâmetro do colo (mm);
MSPA = massa seca da parte aérea (g);
23
MSR = massa seca da raiz (g).
3.7. Análise dos resultados
Os dados foram avaliados de modo descritivos, pois as mudas
de alguns tratamentos não se desenvolveram impossibilitando, desse
modo, a aplicação de Teste F. Fato esse, descrito no item Resultado e
Discussão.
24
4. RESULTADO E DISCUSSÃO A aplicação da dose de 30% de esterco aviário, esterco bovino
e farinha de osso inibiu o crescimento das plantas, resultando na morte
das mudas de canafístula com 27 dias de experimento (Figura 3).
O efeito adverso da adição de esterco aviário no substrato para
produção de mudas, também foi detectado para mudas de Pouteria
caimito, em que as doses crescentes de cama de frango (0%, 10%, 20%,
30%, 40% e 50%) ocasionaram a diminuição do crescimento a partir da
dose de 30% e morte de plântulas na dosagem mais elevada, obtendo-se
a máxima produção entre 10 e 15% de cama de frango (CARVALHO et
al., 2004).
Em experimento realizado por Pereira et al. (2017), com
produção de mudas de Coffea arabica sob diferentes proporções de
FIGURA 3 – TRATAMENTOS T4: SOLO + CALAGEM + ESTERCO AVIÁRIO (30%); T5: SOLO + CALAGEM + ESTERCO BOVINO (30%); T7: SOLO + CALAGEM + FARINHA DE OSSO (30%).
25
materiais orgânicos no substrato, foi constatado que doses superiores a
17,4% de esterco bovino adicionados ao substrato Bioplant, reduziram o
desenvolvimento das mudas, e doses maiores que 60% causaram a
fitotoxidez com a queda de folhas e morte das mudas.
Portanto, a morte de todas as plantas nos tratamentos com
esterco aviário, bovino e farinha de osso indicaram que as doses
utilizadas neste trabalho foram altas, podendo ter levado à fitotoxidez, fato
pelo qual foi observado baixo desenvolvimento das mudas, caracterizado
pelo amarelecimento e desfolha, seguido por morte. Desse modo, as
variáveis morfológicas avaliadas nesse trabalho não foram coletadas,
para esses tratamentos.
4.1. Número de folhas - NF
O tratamento com NPK e com húmus de minhoca
apresentaram os maiores resultados, com médias de 12,60 e 11,60
folhas, respectivamente (Figura 4).
FIGURA 4 - MÉDIAS DO NÚMERO DE FOLHAS DE
Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
9,40
10,80
12,60
11,60
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
T1 T2 T3 T6
Nú
mer
o d
e Fo
lhas
-N
F
Tratamentos
26
O maior desenvolvimento das mudas observado no tratamento
com NPK, é explicado pelas funções exercidas na planta por cada
nutriente (CAIONE et al., 2012). O N faz parte dos aminoácidos que
juntos constituem as proteínas, que têm função enzimática, isto é,
desempenha diversas funções, como: absorção de minerais. O P faz
parte da ATP, gerado na respiração e fotossíntese, e o K na ativação de
enzimas (MALAVOLTA et al., 2002).
4.2. Altura da parte aérea - H
Na avaliação de crescimento em altura, as mudas de
Peltophorum dubium obtiveram maior valor médio no substrato com NPK
(49,58%) e a menor média no substrato com solo (26,60%), conforme
mostra a Figura 5.
Resultado esse superior ao encontrado por Caione et al. (2012)
com mudas de Schizolobium amazonicum, em que foram aplicados
isoladamente nitrogênio, fosforo e potássio, e também em conjunto, e
verificaram que a aplicação completa com NPK proporcionou maior
crescimento em altura com 43,12 cm.
FIGURA 5 - MÉDIAS DA ALTURA DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
26,60
33,78
49,58
42,50
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
T1 T2 T3 T6
Alt
ura
-H
(cm
)
Tratamentos
27
De acordo com Favalessa (2011) a altura é tecnicamente
aceita como boa medida de potencial de desempenho das mudas, por
fornecer uma excelente estimativa da predição do crescimento inicial em
campo. Segundo Wendling e Dutra (2010), a altura recomendada para o
plantio em campo é superior a 15 cm. Desta forma, todos os tratamentos
da espécie estudada neste trabalho estão acima da altura recomendada,
com médias de 26,6 cm (solo); 33,78 cm (calagem); 49,58 cm (NPK) e
42,5 cm (húmus de minhoca), ficando aptas para o plantio, porém com
médias muito superiores nos tratamentos que receberam algum material
se comparado ao solo.
4.3. Diâmetro do colo - DC
Avaliando o incremento em diâmetro do colo entre os
tratamentos, o substrato com NPK apresentou o maior diâmetro com a
média de 7,0 mm, os demais tratamentos apresentaram valores inferiores,
havendo uma diferença de 3,8 mm para o menor diâmetro observado com
o tratamento com calagem (Figura 6).
3,80
3,20
7,00
5,80
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
T1 T2 T3 T6
Diâ
met
ro d
o C
olo
-D
C (
mm
)
Tratamentos
FIGURA 6 - MÉDIAS DO DIÂMETRO DO COLO DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
28
De acordo com Gomes e Paiva (2004), o diâmetro do colo é
um importante parâmetro para indicar a capacidade de sobrevivência da
muda no campo e a muda deve apresentar no mínimo 2 mm de diâmetro
do colo para ser considerada apta para o plantio (WENDLING e DUTRA,
2010). Logo, todos os substratos avaliados proporcionaram mudas
habilitadas para o plantio.
Vieira et al. (2013) e Venturin et al. (1999) destacaram a
importância do P no crescimento de mudas de Shizolobium amazonicum
e Peltophorum dubium, respectivamente, principalmente no aumento em
diâmetro do colo, resultados esses que podem justificar a maior média
para o tratamento com NPK, em que a maior dose aplicada foi de P com
600 mg/dm3.
O tratamento com húmus de minhoca apresentou a segunda
maior média da variável analisada (5,8 mm), resultado superior ao
encontrado por Gomes et al. (2010) que trabalhando com o material
húmus de minhoca de forma isolada e em combinação com diferentes
materiais, observou os maiores incrementos em diâmetro do colo de
mudas de Cedrela fissilis, alcançando a média de aproximadamente 4,50
mm.
4.4. Massa seca da parte aérea – MSPA
Assim como para as características altura da parte aérea e
diâmetro do colo, as mudas de Peltophorum dubium produzidas em
substrato composto por NPK e húmus de minhoca apresentaram as
maiores médias em relação a massa seca da parte aérea, com 12,6 g e
8,5 g, respectivamente (Figura 7).
29
A massa seca da parte aérea apesar de ser um método
destrutivo é um importante variável para indicar a rusticidade das mudas
após o plantio (GOMES e PAIVA, 2004). Desse modo, os tratamentos
testemunha e com calagem, que apresentaram os menores valores,
estariam mais susceptíveis as variações do ambiente após o plantio.
Na pesquisa realizada por Cruz et al. (2011), com a mesma
espécie desse trabalho, observando o efeito de doses de macronutrientes
no crescimento e índices de qualidade de mudas, concluíram que os
nutrientes que mais surtiram efeitos foram o P e o N, com maior média de
MSPA de 7,08 g e 6,01 g, respectivamente, recomendando as doses de
540 mg/dm3 de P e 50 mg/dm3 de N, confirmando os resultados
encontrados neste trabalho.
4.5. Massa seca da raiz – MSR
A massa seca da raiz tem sido reconhecida como um dos
melhores parâmetros para estimar a sobrevivência e crescimento das
FIGURA 7 - MÉDIAS DA MASSA SECA DA PARTE AÉREA DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
2,36 2,51
12,55
8,50
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
T1 T2 T3 T6
Mas
sa s
eca
da
par
te á
erea
-M
SPA
(g)
Tratamentos
30
mudas em campo, em que quanto mais abundante o sistema radicular
maior é a sobrevivência (GOMES e PAIVA, 2004).
Os valores médios encontrados para massa seca ficaram entre
0,91 a 3,79 g, com os maiores valores obtidos nos tratamentos com NPK
e húmus de minhoca (Figura 8).
Observando os resultados, a menor média foi obtida pelo
tratamento com calagem, indicando que as condições originais do solo,
sem a realização da calagem, proporcionaram melhores condições para o
desenvolvimento radicular das mudas de canafístula.
No trabalho realizado por Caçador (2011), avaliando diferentes
materiais orgânicos como substrato no crescimento de mudas de Clitoria
fairchildiana observou que o tratamento com NPK promoveu, em média,
um dos maiores valores de massa seca da raiz, resultado análogo ao
observado com a canafístula.
4.6. Massa seca total – MST
1,35
0,91
3,79
2,92
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
T1 T2 T3 T6
Mas
sa s
eca
da
raíz
-M
SR (
g)
Tratamentos
FIGURA 8 - MÉDIAS DA MASSA SECA DA RAÍZ DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA
31
Para a massa seca total, os resultados não diferiram da massa
seca da parte aérea e radicular. As mudas alcançaram valores entre 3,42
a 16,34 g, sendo a maior média encontrada no tratamento com NPK,
seguido pelo tratamento com húmus de minhoca (Figura 9).
Deve-se considerar que, quanto maior for esse valor, melhor
será a qualidade das mudas produzidas (CRUZ, 2006). Portanto, os
tratamentos com NPK e com húmus de minhoca proporcionaram as
mudas com melhor qualidade.
Os melhores resultados encontrados nesta pesquisa para o
tratamento com NPK, confirmam as recomendações propostas por Cruz
et al. (2011), que avaliaram o efeito de macronutrientes na qualidade de
mudas de canafístula, recomendando as doses de NPK (50-600-50), com
base nos dados de MST, que de acordo com o autor é variável que
melhor reflete a produção de mudas.
4.7. Relação altura por diâmetro – H/DC
FIGURA 9 - MÉDIAS DA MASSA SECA TOTAL DE
Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
3,71 3,42
16,34
11,41
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
T1 T2 T3 T6
Mas
sa s
eca
tota
l -M
ST (
g)
Tratamentos
32
Quanto à relação H/DC, a maior média foi observada nas
mudas produzidas no substrato com calagem, os demais tratamentos
apresentaram médias semelhantes (Figura 10).
A relação H/D, segundo carneiro (1995) exprime o equilíbrio de
crescimento das mudas no viveiro, pois une duas variáveis em apenas um
índice. De acordo com mesmo autor, a relação H/D deve encontrar-se
entre os limites de 5,3 até 8,1. Logo, o tratamento com calagem que
apresenta o valor de 10,63 não se enquadra neste limite, indicando que
um desequilíbrio de crescimento, em que as mudas se desenvolveram
melhor em altura (29,9 a 38 cm) do que em diâmetro (3 a 4 mm).
Resultado semelhante foi encontrado para mudas de
Eucalyptus grandis, em que foram encontrados índices entre 10,74 e
13,90, fato relacionado ao maior incremento no crescimento em altura do
que em diâmetro (TRIGUEIRO e GUERRINI, 2003).
Os demais tratamentos manifestaram as médias dentro do
limite de 5,3 a 8,1, indicando que os tratamentos proporcionaram
condições para o crescimento equilibrado das mudas de canafístula.
7,30
10,63
7,13 7,35
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
T1 T2 T3 T6
Rel
ação
alt
ura
e d
iâm
etro
-H
/D
Tratamentos
FIGURA 10 - MÉDIAS DA RELAÇÃO ALTURA POR DIÂMETRO DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA
33
4.8. Relação massa seca da parte aérea por massa seca da
raiz – MSPA/MSR
A relação entre massa seca da parte aérea com a massa seca
das raízes (Figura 11) apresentou maior valor para o tratamento com
NPK, seguido dos tratamentos com calagem, com húmus de minhoca e
testemunha.
Segundo Brissette (1984, citado por CRUZ, 2010), o valor de
2,0 seria a melhor relação de MSPA/MSR de uma mesma planta. De
forma geral, pode-se observar que os valores médios dos tratamentos
variaram de 1,80 até 3,33, encontrando-se acima e abaixo do valor
considerado ideal, permitindo inferir que, por esse índice o tratamento
testemunha alcançou um bom padrão de qualidade de muda.
4.9. Índice de Qualidade de Dickson - IQD
O Índice de Qualidade de Dickson é uma formula balanceada
que inclui as relações entre os parâmetros morfológicos, em que quanto
1,80
3,143,33
2,97
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
T1 T2 T3 T6
MSP
A/M
SR (
g)
Tratamentos
FIGURA 11 - MÉDIAS DA RELAÇÃO MASSA SECA DA PARTE AÉREA POR MASSA SECA DA RAIZ DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
34
maior o IQD, melhor é a qualidade da muda produzida (GOMES, 2001).
Para Gomes e Paiva (2004), o valor mínimo do IDQ é de 0,20, porém tal
recomendação foi baseada na qualidade de mudas de Pseudotsuga
menziessi e Picea abies.
A utilização de NPK e húmus de minhoca proporcionaram
maiores valores de índice de qualidade de Dickson que os demais
tratamentos, obtendo valores médios de 1,56 e 1,11 respectivamente,
valores maiores ao mínimo recomendado, indicando boa qualidade das
mudas de canafístula (Figura 12).
Na pesquisa desenvolvida por Caione et al. (2012), utilizando
substrato fertilizado com NPK, testando esses nutrientes aplicados de
forma isolada e em conjunto, em mudas de Schizolobium amazonicum, o
tratamento completo (NPK) apresentou o maior IQD, desta forma os
resultados apresentados neste estudo corroboram com os resultados
desse trabalho.
0,41
0,25
1,56
1,11
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
T1 T2 T3 T6
Índ
ice
de
Qu
alid
e d
e D
icks
on
-IQ
D
Tratamentos
FIGURA 12 - MÉDIAS DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE DICKSON DE Peltophorum dubium. T1: SOLO; T2: SOLO + CALAGEM; T3: SOLO + NPK; T6: SOLO + HÚMUS DE MINHOCA.
35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• O substrato com NPK (50-600-50 mg/dm3) promoveu os
maiores valores para todas as características analisadas e mostrou-se
mais eficiente, sendo, portanto, o mais recomendado para o
desenvolvimento das mudas de Peltophorum dubium.
• O tratamento que com húmus de minhoca proporcionou um
bom desenvolvimento vegetativo das mudas, portanto é recomendado
seu uso para a produção de mudas de canafistula.
• A dosagem utilizada de esterco bovino, de esterco aviário e
farinha de osso prejudicou o desenvolvimento das mudas de Peltophorum
dubium.
36
6. REFERÊNCIAS BIBIOGRAFICAS
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