Desigualdades sociais na cidade fragmentada
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Texto – “ Desigualdade, Fragmentação e Conflitos Sociais” de Thiago Aparecido Trindade.
Neste texto analisa a fragmentação do tecido urbano nas metrópoles de Rio de Janeiro e de São
Paulo, devido à separação das classes sociais, em que as classes ricas habitam no centro da cidade,
fortificadas por muros altos, para que haja segurança, estas têm centros comerciais, fazendo destes
condomínios uma própria cidade dentro da cidade.
Por outro lado as famílias mais desfavorecidas, vêm-se obrigadas a viverem na periferia da
cidade, onde os serviços públicos são meros, para serem usufruídos pela população local.
A população desfavorecida habitam nas favelas, onde têm que conviver com o tráfico de drogas,
mesmo que não façam parte dele. Para a sociedade as pessoas das favelas são “traficantes”, mesmo
sabendo que isto não corresponde a verdade.
Para além de as pessoas das favelas viverem desempregadas e sem condições, não têm as
mínimas condições de se sentirem seguras dentro de casa, tal é o controlo exercido pelos traficantes,
que controlam o território das favelas.
As metrópoles de terceiro mundo evidenciam o que há de mais moderno e avançado no país, mas
também evidencia os piores extremos de pobreza, onde as desigualdades entre classes sociais são
maiores.
Há uma segregação socio espacial, isto é, ricos numa zona e os desfavorecidos noutra. Existindo o
objectivo de dividir a cidade em duas sociedades sociais, de modo a agruparem os ricos em
condomínios fechados e fortificado de modo a haver segurança e os pobres nas favelas de modo a
juntar as classes que apresentam perigo numa só zona.
Mas isto de tentar separar as duas classes (ricos e pobres), só é conseguida em termos de área
geográfica, pois no dia-a-dia, os ricos que moram nos condomínios fortificados, precisam de pessoas
trabalhadoras da outra classe social, para que estas fazem os trabalhos que os ricos precisam, mas
nenhum rico faz uns aos outros, que são os trabalhos domésticos.
Entre esses dois mundos há uma relação tensa e conflituosa, sendo este um dos factores para que
os ricos brasileiros se refugiam do resto, de modo, e ter uma vida moderna, livre de todos os perigos
e afastados das mazelas sociais que atingem as camadas mais empobrecidas da população brasileira.
Para Sousa (2000) para a auto-segregação de classes “seriam necessários uma repressão e um
controle social incrivelmente autoritário para continuar mantendo indefinidamente essas ilhas de
prosperidades e felicidades que são os condomínios exclusivos a salvo de catástrofes em meio a um
oceano de crescentes tensões sociais”.
A cidade deixa de ter espaços de convívio entre os diferentes grupos sociais, por causa dos
mecanismos de segregação que visam a separar os ricos dos pobres, criando enormes obstáculos ao
estado democrático da cidade.
Texto – “ Megacidades – Novas configurações urbanas”
Resultante de uma sociedade activa, aliada a uma tecnologia avançada que permite engendrar
formas usadas e inimagináveis, com o uso de materiais como o betão armado e do aço, permitiu
revolucionar a arquitectura. Fazendo com que o seu desenvolvimento seja em massa e em altura,
resultando uma malha assimétrica e desigual.
Em São Paulo, o impacto resultante da modificação dos princípios de organização espaciais e do
modo de construi sem referências aos padrões existentes, a cidade conecta-se num todo, mas não há
um equilíbrio da ocupação do solo, de tal forma que não há um reconhecimento de uma malha.
Esta malha é instável, não sabendo onde começa e onde acaba.
Na Parte leste de São Paulo, fruto de um período de desinvestimento, surgiram condomínios
habitacionais modernizados que mudaram a escala da cidade e reconfiguração urbanística de toda
região, sendo novos passos de reestruturação do espaço metropolitano. A torre implicaria uma
profunda transformação nos padrões de ocupação social da cidade.
A implantação de vias de trânsito e de novos empreendimentos habitacionais e comerciais
conectaram as periferias ao antigo traçado urbano, fragmentando por completo o tecido da área. A
reorganização do espaço urbano e adapta-lo às exigências da globalização, passa pela remoções das
industrias.
Com a velocidade das transformações no espaço urbano, há demolições de edificações,
principalmente de fábricas, dão origem a estacionamento e o edificado é mais elevado do que o
tecido da cidade, ficando o terreno sem forma determinada e é dominada pela desordem.
Nos vastos intervalos abandonados da megacidade, construem-se favelas e espaços urbanos, que
conflagram uma paisagem de construções modernas, que se misturam com novas práticas urbanas.
Há novas configurações territoriais e sociais em que os mais desfavorecidos vivem fora do núcleo da
cidade, sem terem acesso aos serviços públicos e às novas articulações da economia global.
A implantação de infraestruturas de transporte veio estruturar e expandir a mancha urbana de
São Paulo, sendo que a ocupação de espaços públicos e comércio vieram complementar as zonas
periféricas da cidade ficando estas zonas mais flexíveis e dinâmicas, expandindo-se até o centro da
cidade.