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Tiragem: 22206 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 4 Cores: Cor Área: 26,16 x 35,71 cm² Corte: 1 de 5 ID: 31512204 19-08-2010 DESTAQUE DESTAQUE CRISE POLÍTICA E ORÇAMENTO DO ESTADO Empresários não acreditam em crise Os partidos devem entender-se e aprovar o Orçamento do Estado. Viver em duodécimos seria grave e Mónica Silvares e Elisabete Felismino [email protected] Viver sem Orçamento do Estado, num regime de duodécimos, é um cenário extremo que os em- presários rejeitam. A gravidade dos problemas do país, a necessi- dade de fomentar o crescimento económico e travar a escalada do desemprego, devem ser razões de sobra para que os partidos políti- cos se entendam e o Governo go- verne. O momento não é para eleições antecipadas. A estabili- dade deve ser a prioridade. Estas são as principais ideias defendidas pelos empresários ouvidos pelo Diário Económico. Com o PSD a ameaçar não aprovar o Orçamento do Estado, caso o Governo insista em não reduzir despesa e opte por au- mentar a carga fiscal através da redução dos benefícios fiscais, e o Executivo a mandar recados de que não aceita “ultimatos”, os empresários falam na necessi- dade de estabilidade e de garan- tir a confiança dos agentes eco- nómicos. “Numa altura de crise, a estabilidade é um elemento crucial para a retoma. Se não existir perde-se aquele que é hoje o principal ingrediente de conquista da confiança”, subli- nha Diogo Vaz Guedes. O admi- nistrador da Privado Holding alerta que, caso se instale mais uma crise política, “dificilmente os empresários tomarão deci- sões importantes para o país”. Luís Filipe Pereira sublinha que “os partidos políticos têm de se entender no curto prazo para que o país não fique desgovernado durante tanto tempo”. O presi- dente executivo da Efacec admite que se Portugal tiver de viver num regime de duodécimos, isso po- derá ser “um ‘handicap’” para a empresa, já que “a sua actividade tem a ver com a electricidade e com a energia”. Mas o empresá- rio, que já participou em diversos governos PSD, nomeadamente como ministro da Saúde de Durão Barroso, põe o problema em pers- pectiva. “Só um terço da activi- dade da Efacec é feita em Portu- gal. A maior parte é lá fora”. Já o presidente da Amorim Tu- rismo prefere nem sequer equa- cionar essa possibilidade. “Não vai acontecer. O OE vai ser viabi- lizado”, garante Jorge Armindo, acrescentando que caso isso acontecesse era o fim da “coope- ração entre PS e PSD”. “Passaría- mos a viver em instabilidade”. “Não pode ser essa a via, até por- que se começa a sentir, ainda que de forma bastante ténue, melho- rias. Mesmo nos nossos hotéis já sentimos isso, pelo que o pior que pode acontecer é andarmos com a casa desarrumada”, afirma. “Acredito que Passos Coelho é bastante responsável e penso que o PS e o próprio Sócrates terão que fazer algumas cedências”, acrescenta. “Faço votos que haja profissio- nalismo e que a carga fiscal, que já está nos limites e a prejudicar a economia, não seja mexida e que se opte por cortar despesa.”, diz também Alberto da Ponte. O pre- sidente executivo da Sociedade Central de Cervejas defende que, “tal como nas empresas, é sempre necessário um orçamento com cabeça tronco e membros”, por isso, “não é desejável viver com duodécimos”. “Faço votos que haja um acordo e que se evite o aumento da carga da carga fis- cal”, remata Alberto da Ponte. Mira Amaral também defende o entendimento, mas alerta que, para as “empresas, é bom que se habituem a que exista alguma turbulência política e que te- nham consciência que o Estado paizinho não as vai ajudar”. O presidente do Banco BIC, que também já foi ministro da Indús- tria de Cavaco Silva, diz que no caso concreto do seu banco “a retoma europeia e alguma me- lhoria da situação em Luanda são aspectos bem mais importantes que o Orçamento”. E Mira Ama- ral lembra: “Vivendo em duodé- cimos temos uma certeza, a des- pesa pública não aumenta. É ób- vio que também não desce, mas a verdade é que com orçamento também não desce”. EMPRESÁRIOS ALERTAM PARA A GRAVIDADE DE VIVER EM REGIME DE DUODÉCIMOS Diogo Vaz Guedes Adm. Privado Holding “Cabe aos partidos encontrar soluções para o país. À volta da mesa tudo se resolve. Usar a bomba atómica (convocar eleições antecipadas) para resolver problemas de bom senso é péssima ideia.” Luís Filipe Pereira CEO Efacec “Os partidos têm que se entender para que o país não fique desgovernado durante tanto tempo. Portugal é uma economia que cresce pouco, com desemprego altíssimo é preciso tomar decisões e governar.” Mira Amaral Pres. Banco BIC Portugal “Para o país era bom que existisse entendimento, mas vivendo em duodécimos temos uma certeza que a despesa pública não aumenta. É óbvio que também não desce, mas com o OE também não.” Pedro Gonçalves CEO da Soares da Costa ´Viver num regime de duodécimos é um sinal do menor normal funcionamento do Estado e da situação política portuguesa. Não será um bom sinal numa óptica dos compromissos externos que assumimos.” Alberto da Ponte CEO Central de Cervejas “Não é desejável viver com duodécimos. É sempre necessário ter um orçamento com cabeça tronco e membros. Faço votos que haja profissionalismo e que a carga fiscal não seja mexida.” E tv Canal 200 da ZON Acompanhe este tema no canal 200 da ZON e veja as declarações dos empresários na íntegra no site do Diário Económico www.economico.pt João Paulo Dias João Paulo Dias Paula Nunes Bruno Barbosa Paulo Figueiredo

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Page 1: DESTAQUE CRISE POLÍTICA E ORÇAMENTO DO ESTADO · existir perde-se aquele que ... antecipadas, dizem os empresários. Nem o Governo nem o PSD ... tivo da Soares da Costa precisa:

Tiragem: 22206

País: Portugal

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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Corte: 1 de 5ID: 31512204 19-08-2010DESTAQUEDESTAQUE CRISE POLÍTICA E ORÇAMENTO DO ESTADO

Empresários não acreditam em criseOs partidos devem entender-se e aprovar o Orçamento do Estado. Viver em duodécimos seria grave eMónica Silvarese Elisabete [email protected]

Viver sem Orçamento do Estado,num regime de duodécimos, éum cenário extremo que os em-presários rejeitam. A gravidadedos problemas do país, a necessi-dade de fomentar o crescimentoeconómico e travar a escalada dodesemprego, devem ser razões desobra para que os partidos políti-cos se entendam e o Governo go-verne. O momento não é paraeleições antecipadas. A estabili-dade deve ser a prioridade. Estassãoasprincipais ideiasdefendidaspelos empresários ouvidos peloDiárioEconómico.

Com o PSD a ameaçar nãoaprovar o Orçamento do Estado,caso o Governo insista em nãoreduzir despesa e opte por au-mentar a carga fiscal através daredução dos benefícios fiscais, eo Executivo amandar recados deque não aceita “ultimatos”, osempresários falam na necessi-dade de estabilidade e de garan-

tir a confiança dos agentes eco-nómicos. “Numa altura de crise,a estabilidade é um elementocrucial para a retoma. Se nãoexistir perde-se aquele que éhoje o principal ingrediente deconquista da confiança”, subli-nha Diogo Vaz Guedes. O admi-nistrador da Privado Holdingalerta que, caso se instale maisuma crise política, “dificilmenteos empresários tomarão deci-sões importantes para o país”.

LuísFilipePereira sublinhaque“os partidos políticos têm de seentender no curto prazo para queo país não fique desgovernadodurante tanto tempo”. O presi-dente executivo da Efacec admiteque sePortugal tiverdevivernumregime de duodécimos, isso po-derá ser “um ‘handicap’” para aempresa, já que “a sua actividadetem a ver com a electricidade ecom a energia”. Mas o empresá-rio, que já participou em diversosgovernos PSD, nomeadamentecomoministro da SaúdedeDurãoBarroso,põeoproblemaempers-pectiva. “Só um terço da activi-

dade da Efacec é feita em Portu-gal.Amaiorparte é lá fora”.

Já opresidentedaAmorimTu-rismo prefere nem sequer equa-cionar essa possibilidade. “Nãovai acontecer.OOEvai ser viabi-lizado”, garante Jorge Armindo,acrescentando que caso issoacontecesse era o fim da “coope-ração entre PS ePSD”. “Passaría-mos a viver em instabilidade”.“Não pode ser essa a via, até por-que se começa a sentir, ainda quede forma bastante ténue, melho-rias. Mesmo nos nossos hotéis jásentimos isso, pelo que o pior quepode acontecer é andarmos coma casa desarrumada”, afirma.“Acredito que Passos Coelho ébastante responsável e penso queo PS e o próprio Sócrates terãoque fazer algumas cedências”,acrescenta.

“Façovotos quehaja profissio-nalismoequeacarga fiscal, que jáestá nos limites e a prejudicar aeconomia, não seja mexida e quese opte por cortar despesa.”, diztambémAlberto da Ponte. O pre-sidente executivo da Sociedade

Central de Cervejas defende que,“tal comonasempresas, é semprenecessário um orçamento comcabeça tronco e membros”, porisso, “não é desejável viver comduodécimos”. “Faço votos quehaja um acordo e que se evite oaumento da carga da carga fis-cal”, remataAlbertodaPonte.

Mira Amaral também defendeo entendimento, mas alerta que,para as “empresas, é bom que sehabituem a que exista algumaturbulência política e que te-nham consciência que o Estadopaizinho não as vai ajudar”. Opresidente do Banco BIC, quetambém já foiministro da Indús-tria de Cavaco Silva, diz que nocaso concreto do seu banco “aretoma europeia e alguma me-lhoria da situação emLuanda sãoaspectos bem mais importantesque o Orçamento”. E Mira Ama-ral lembra: “Vivendo em duodé-cimos temos uma certeza, a des-pesa pública não aumenta. É ób-vio que também não desce, masa verdade é que com orçamentotambémnãodesce”.

EMPRESÁRIOS ALERTAM PARA A GRAVIDADE DE VIVER EM REGIME DE DUODÉCIMOS

Diogo Vaz GuedesAdm. Privado Holding

“Cabe aos partidos encontrarsoluções para o país. À volta damesa tudo se resolve. Usar abomba atómica (convocareleições antecipadas) pararesolver problemas de bomsenso é péssima ideia.”

Luís Filipe PereiraCEO Efacec

“Os partidos têm que seentender para que o país nãofique desgovernado durantetanto tempo. Portugal é umaeconomia que cresce pouco, comdesemprego altíssimo é precisotomar decisões e governar.”

Mira AmaralPres. Banco BIC Portugal

“Para o país era bom queexistisse entendimento, masvivendo em duodécimos temosuma certeza que a despesapública não aumenta. É óbvioque também não desce, mascom o OE também não.”

Pedro GonçalvesCEO da Soares da Costa

´Viver num regime deduodécimos é um sinal do menornormal funcionamento do Estadoe da situação política portuguesa.Não será um bom sinal numaóptica dos compromissosexternos que assumimos.”

Alberto da PonteCEO Central de Cervejas

“Não é desejável viver comduodécimos. É semprenecessário ter um orçamentocom cabeça tronco e membros.Faço votos que hajaprofissionalismo e que a cargafiscal não seja mexida.”

EtvCanal 200da ZON

Acompanhe este tema nocanal 200 da ZON e vejaas declarações dosempresários na íntegra nosite do Diário Económicowww.economico.pt

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A Comissão Europeia estáatenta à instabilidade política.

Margarida Peixotoe Mónica [email protected]

Enquanto PS e PSD aproveitamos meses de Verão para esgri-mir argumentos sobre estraté-gias orçamentais, sem se inibi-rem de falar em eleições ante-cipadas quando o calor da dis-cussão aumenta, há um par deolhos que segue os movimen-tos a partir de Bruxelas. OlliRehn, o comissário para os As-suntos Económicos, está aacompanhar o debate portu-guês com toda a atenção e es-pera que o acordo entre os doispartidos seja alcançado rapi-damente, adiantou o porta-voz do comissário, ao DiárioEconómico.

“A Comissão segue de pertoo actual debate orçamental emPortugal”, sublinhou AmadeuAltafaj Tardio. A Comissão“espera um acordo o mais rá-pido possível, que contribuapara garantir a sustentabilida-de das finanças públicas por-tuguesas, no âmbito dos com-promissos assumidos por Por-tugal com os seus parceiros daUnião Europeia”, frisou Tar-dio, acrescentando, porém,que Bruxelas “respeita o deba-te político interno e não vaicertamente interferir”.

As metas estabelecidas nãosão fáceis de alcançar. Depoisde ter deixado derrapar o défi-ce para 9,4% em 2009, o Exe-cutivo terá agora que reduzir odesequilíbrio para menos de3% até 2013. Teixeira dos San-tos quer chegar à meta um anoantes, mas para isso terá decorrer mais depressa.

Só em 2010, tem de cortar3,4 mil milhões de euros aodéfice, se quiser cumprir o ob-jectivo de 7,3%. No próximoano, o corte será ainda maior:4,7 mil milhões de euros paradeixar o buraco orçamental em4,6% do PIB. E é aqui que ainstabilidade política potenciaas probabilidades de fracasso.

Uma das medidas previstaspara 2011, e de que o Governonão quer abrir mão, é a intro-dução de limites mais aperta-dos aos benefícios e deduçõesfiscais, mas esta é uma das al-terações que tem provocadoum azedume cada vez maiornas relações entre o primei-ro-ministro e Pedro PassosCoelho, líder do PSD (verpágs. 6 e 7).

O Executivo não se cansa derepetir que a medida estava jáprevista no pacote de cortesadicionais ao Programa de Es-

orçamentalpoderia prejudicar a economia nacional.

PONTOS-CHAVE A gravidade dos problemas dopaís deve ser razão de sobra

para que os partidos políticos seentendam e o Governo governe. Omomento não é para eleiçõesantecipadas, dizem os empresários.

Nem o Governo nem o PSDquerem perder a face no difícil

processo negocial subjacente aoOrçamento do Estado do próximoano. Será um documento austero edifícil de negociar.

O PSD juntou-se ontem aoCDS para pedir a

reavaliação da entrada emvigor do código contributivo,prevista para Janeiro de 2011.

Bruxelas pede acordorápido entre PS e PSD

CORTE NO DÉFICE

4,7 mil milhõesEste é o valor que o Executivoterá de cortar ao défice em 2011,mesmo admitindo que a metadeste ano é alcançada.

4,6%É este o objectivo estabelecidopelo Governo, tanto internamentecomo para Bruxelas, para odéfice orçamental no próximoano.

META

PALAVRA-CHAVE

DuodécimosQuando a aprovação doOrçamento do Estado sofrealgum atraso, a lei prevê que asregras estabelecidas noOrçamento que acaba de seextinguir sejam prorrogadas. Istosignifica que as regras semantêm, tanto para as receitas,como para as despesas, e que oserviços estão autorizados agastar o valor correspondente aum doze avos por mês do totalde despesa permitido no anoanterior, para cada rubrica. É aesta forma de gestão que sechama regime de duodécimos.Este ano não foi a primeira vezque o Orçamento foi geridodesta forma. O mesmo atraso játinha acontecido em 2000, nogoverno de Guterres, e pelomenos em 1996, 1992, 1986,1985 e 1983. M.P.

✽GUERRA DE OPINIÕES

Cortar despesa eaumentar receitaApesar de sublinhar que estáapostado em reduzir a despesapública, o PS não abdica dasmedidas do lado da receita paraalcançar a meta orçamentalprometida em Bruxelas. Aliás,o esforço é quase igualde um lado e do outro: do ladoda despesa quer cortaro equivalente a 2% do PIB,através de mais cortes nasprestações sociais e com acontinuação do congelamentosalarial e das admissões. Do ladoda receita, o Executivo querarrecadar mais 1,95% do PIB,através, por exemplo, daintrodução de tectos àsdeduções e benefícios fiscais - oque implica um aumento do IRS.

PS

Cortar a despesa enão subir impostosA grande diferença deestratégia é que Pedro PassosCoelho garante que aconsolidação orçamental podeser toda feita sem ter de voltara aumentar os impostos, sejade forma directa, seja indirecta.Os social-democratas exigemum corte a fundo nas despesasdo conjunto das administraçõespúblicas - ou seja, Estado,mas também fundos e serviçosautónomos e autarquias - erecusam qualquer aumentoda carga fiscal, seja eledirecto ou indirecto. É porisso que não aceitama introdução dos limitesàs deduções e benefícios fiscaisem sede de IRS.

PSD

O problema são os compro-missos que Portugal assumiucom Bruxelas (ver texto ao lado)e o sinal errado que se dá. “É umsinal do menor normal funcio-namento do Estado e da situaçãopolítica portuguesa”, diz PedroGonçalves. O presidente execu-tivo da Soares da Costa precisa:“Não será um bom sinal numaóptica dos compromissos exter-nos que assumimos”.

Para João Miranda, “viver emduodécimos será uma situaçãoterrível”. “Seria impensável, noestado em que está a economia eem que todos estamos a lutarpara que haja retoma que seja aoposição e o Governo, por even-tual falta de bom senso, passeumamensagemde incertezaparaomundo empresarial”, diz o res-ponsável da Frulact. “Viver naincerteza é pior do que irmos ra-pidamente para eleições anteci-padas”, sublinha.Masnestepon-to o empresário está só. Os res-tantes defende que este não é omomento de falar em eleiçõesantecipadas.■

Jorge ArmindoPres. da Amorim Turismo

“Acho que o OE vai ser viabiliza-do. Se a via fosse o regime deduodécimos deixaria de havercooperação entre PS e PSD, pas-saríamos a viver em instabilidade.Não pode ser essa a via porque secomeçam a sentir melhorias.”

João MirandaPresidente da Frulact

“À questão se um regime deduodécimos condiciona ocomportamento das empresastenho que responder que sim.Espero que haja bom sensopolítico para que o Orçamentodo Estado seja aprovado.”

tabilidade e Crescimento (PEC),acordado com o maior partidoda oposição. Mas Passos Coelhoresponde que o acordo era ape-nas para 2010 e garante que nãoaprovará um Orçamento do Es-tado que inclua mais aumentosda carga fiscal.

Se a vontade do Governo foravante, os trabalhadores senti-rão os efeitos deste aumento deIRS logo durante o ano e nãoapenas no acerto de contas de2012. É que a estratégia de Tei-xeira dos Santos é aumentarnovamente as tabelas de re-tenção, por conta dessa dedu-ção a menos no imposto final.Assim, a retenção na fonte au-menta e o Executivo garantelogo mais receita do seu lado.Com esta medida, a equipa dasFinanças quer arrecadar mais453 milhões de euros - o equi-valente a 0,26% do PIB - já nopróximo ano.

E como a lista de iniciativasé longa, e o tempo é escasso,ontem, o Ministério adiantou àLusa que está a preparar umdecreto-lei para implementaroutras seis medidas do PEC, aomesmo tempo que introduzuma penalização para os casosde incumprimento (ver pág. 8).

Ainda assim, mesmo que oExecutivo tente escapar ao Or-çamento do Estado e opte porlegislação avulsa para imple-mentar a sua estratégia, emmuitos dos casos terá semprede fazer passar os diplomas naAssembleia da República. Ora,aqui o problema repete-se:sem maioria absoluta, terásempre de conquistar pelo me-nos parte da oposição. ■

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DESTAQUE CRISE POLÍTICA E ORÇAMENTO DO ESTADO

Francisco [email protected]

Augusto Santos Silva, em entre-vista ao Diário Económico, fa-lou da crise política em torno dopróximo Orçamento do Estado:“Da nossa parte não. O PS é oreferencial da estabilidade”.Miguel Macedo, à Lusa, respon-deu: “Não queremos crise polí-tica nenhuma. Se a quiséssemosnão dizíamos, com esta antece-dência, quais são as condições”para o PSD aprovar o Orçamen-to para 2011.

Se esquecermos o tom e o ní-vel da ameaça – deixar o paíssemOrçamento quando o Presi-dente da República não podedissolver o Parlamento e asagências de ‘rating’ e os merca-dos internacionais se mantêm àespreita -, as declarações doministro da Defesa e do líderparlamentar do PSD clarificamo que está por trás deste escalarde desentendimento. Nem oGoverno nem o maior partidoda oposição querem perder aface no difícil processo negocialsubjacente ao Orçamento doEstado do próximo ano. Será umdocumento austero que verá aluz do dia quando os portugue-ses já sentirão na pele o aumen-to generalizado de impostos as-sinado entre José Sócrates e Pe-dro Passos Coelho, na últimaPrimavera.

Os candidatos presiden-ciais estarão em pré-campa-nha, enquanto o primeiro-ministro e o principal candi-dato a sê-lo lutam pela ‘pole-position’ das sondagens comum olho no pós-presidenciais:o momento apontado por to-dos para o país voltar a discu-tir abertamente a necessidade(ou não) de serem realizadaseleições antecipadas.

“Estamos a assistir a um jogonegocial que, normalmente,

decorre nos bastidores mas quepassou para a fase das declara-ções de Verão”, avalia o politó-logo José AdelinoMaltez.

As declarações têm sido in-tensas e subido de tom. PassosCoelho foi à ‘rentrée’ social-de-mocrata, no Pontal, acusar oGoverno de estar em “gestão” elançou a ideia de que, ou JoséSócratesmuda, ou “mais vale” opaís ter eleições antes de 9 deSetembro (hipótese política ematematicamente fora de causadado que faltam apenas 20 diaspara Cavaco Silva ver os seuspoderes reduzidos).

Em entrevista ao DiárioEconómico de ontem, AugustoSantos Silva respondeu e acu-sou Pedro Passos Coelho de fa-zer “um ultimato” a que o Go-verno não cederá. Garantiuainda que uma das condiçõesque o PSD impõe para aprovaro Orçamento do próximo anonão será cumprida. O ministrodas Finanças, Teixeira dosSantos, vai mesmo reduzir acapacidade dedutiva das famí-lias portuguesas já a partir deJaneiro de 2011.

CDS, PCP e Bloco de Esquer-da assistem em silêncio. De Ca-vaco Silva nem uma palavraporque até que o Orçamentoseja aprovado pela Assembleiada República e dê entrada noPalácio de Belém o Presidenteoptará pelo recato.

Já Manuel Alegre, contactadopelo Diário Económico, diz queainda é cedo para regressar àpolítica de primeira linha.

Adelino Maltez antevê o quevirá depois das presidenciais:“Os presidentes da República sódissolvem a Assembleia da Re-pública quanto têm a certeza deque a oposição será Governo de-pois das eleições. Foi assim comMário Soares contra o PS, foi as-sim com Jorge Sampaio contra oPSD”. ■

Confronto entre PSe PSD deve acabar àmesa de negociaçõesNinguém arrisca um chumbo do Orçamento para 2011.PS e PSD esgrimem argumentos mas haverá negociações.

A apresentação deum Orçamento é aúnica lei da exclusivaresponsabilidadedo Governo.

“Da nossa parte nãohaverá crise política.O PS é o referencialda estabilidade”, dizo ministro da Defesa,Augusto Santos Silva.

“Não queremos crisepolítica nenhuma.Se a quiséssemosnão dizíamos comesta antecedênciaquais são ascondições” para oPSD aprovar o OE, dizMiguel Macedo, líderparlamentar do PSD.

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EDUARDO CATROGA

Ex-ministro das Finanças de Cavaco

TRÊS PERGUNTAS A...

“Governo temde ajustar a suaestratégia à do PSD”

Eduardo Catroga diz que asexigências do líder do PSD “sãocorrectas” e que o Governo deve“ajustar a sua estratégia”: menosdívida, menos impostos e maispoupança.

Temos no horizonte uma crisepolítica?A nova liderança do PSD tem sidocoerente. O problema dasfinanças públicas portuguesas sóresolve com uma redução dadespesa do Estado e da cargafiscal que exige aos portugueses

um esforço fiscal acima dospróprios países nórdicos.Qualquer estratégia deconsolidação passará por aqui.

Quem tem a responsabilidadepolítica de encontrar umasolução?Acredito que em termos políticos oGoverno vai ter de ajustar a suaestratégia à estratégia dos partidosque o podem ajudar a viabilizar oOrçamento. Ainda para mais, comoacontece com o PSD, quando asexigências são as correctas.

A apresentação, discussão evotação do próximo OEdecorrerá quando o Presidentenão pode dissolver oParlamento. Que efeito temeste facto?Tenho esperança que aresponsabilidade política,sobretudo do PS, prevaleça e quenão haja uma crise política. Ospolíticos portugueses ainda nãoperceberam o grave problemaque o país tem no financiamentoda sua dívida e o Governo terá deajustar as suas políticas de formaa reduzir a despesa e a alavancara poupança. ■ F.T.

ANTÓNIO COSTA PINTO

Politólogo

TRÊS PERGUNTAS A...

“Mercados e UniãoEuropeia serãodeterminantes”

António Costa Pinto acredita quea “radicalização” dos discursosperderá fôlego com o aproximarda aprovação do Orçamentoporque nem “PS nem PSDquererá sair derrotado”.

Com Governo e PSD aextremarem posições sobre opróximo Orçamento estamosperante o pré-anúncio de umacrise política no Outono?Não creio. Precisamente porque oPresidente não poderá dissolver o

Parlamento, quando ocorrer aapresentação, discussão evotação do Orçamento, é naturalque PS e PSD radicalizem osdiscursos agora.

Exclui por completo uma crisepolítica no Outono, a quatromeses das próximaspresidenciais?Não se pode nunca excluir porquenem sempre a estratégia dospartidos se rege pela “lei” dosinteresses públicos ou daracionalidade. Percebe-se que oproduto final do próximoOrçamento terá um valoracrescentado: nenhum dosprincipais partidos quererá sairderrotado.

Quem serão os grandesprotagonistas destasnegociações?Já falámos dos principaispartidos, mas é preciso nãoesquecermos outros doisprotagonistas: os mercadosinternacionais e a União Europeia.Estes dois protagonistas sãodeterminantes na definição dopróprio Orçamento. ■ F.T.

Antes de anunciar se é ou não candidatopresidencial Cavaco pode ser determinante

na definição do próximo Orçamento.

Nacho Doce/Reuters

João Paulo Dias

Passos Coelho já impôsduas condições para oPSD aprovar o próximo

Orçamento.

Paula Nunes

Infografia:Marta Carvalho | [email protected]

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Comissão Europeiapede acordo políticopara o OrçamentoComissário europeu para os assuntos económicos, Olli Rehn, está atento ao debate orçamentalem Portugal e espera um acordo rápido que garanta a sustentabilidade económica. ➥ P4 A 7

Empresáriose gestoresnão acreditamnuma criseorçamental