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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS
LISNIA BEATRIS SCHRAMMEL
DESTINO: A LITERATURA JUVENIL
ESCALAS: NARRATIVA DE VIAGEM E JORNADA DO HERI
Porto Alegre
2009
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LISNIA BEATRIS SCHRAMMEL
DESTINO: A LITERATURA JUVENIL
ESCALAS: NARRATIVA DE VIAGEM E JORNADA DO HERI
Dissertao apresentada como requisito
para obteno do grau de Mestre em Teoria
da Literatura pelo Programa de Ps-
Graduao em Letras, da Pontifcia
Universidade Catlica do Rio Grande do
Sul.
Orientadora: Dr. Maria Tereza Amodeo
Porto Alegre
2009
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3
Para Juliana, por ter acompanhado esta
extraordinria viagem.
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores, por terem, com seu saber, me ajudado a ver.
professora orientadora Maria Tereza Amodeo, pela humanidade e amizade com que me
guiou nessa jornada.
Aos colegas que, ao longo deste percurso, tornaram-se tambm amigos.
Aos amigos que sentaram ao meu lado neste trajeto: amigos amigos, amigos irmos, amigos
colegas, amigos paixes, amigos...
Ao v Samuel e suas infinitas lies de leitura: a cadeira de palha azul, o livro sempre aberto
e as conversas de gente grande.
CAPES, pelo pagamento do bilhete de passagem.
Agradeo ainda a todos aqueles que cruzaram comigo neste caminho, vocs tambm foram
fundamentais para esta viagem!
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Caminante, son tus huellas
El camino y nada ms;
Caminante, no hay camino
Se hace camino al andar
Al andar se hace camino,
Y al volver la vista atrs
Se ve la senda que nunca
Se h de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
Sino estelas en la mar.
Antnio Machado
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RESUMO
O estudo busca reconhecer as especificidades da narrativa de viagem, assinalando
semelhanas entre tais narrativas na literatura juvenil, escritas em diferentes perodos
histricos. Para isso, avalia-se a presena de um percurso padro do deslocamento dos
protagonistas que empreendem a viagem. No que se refere aos aspectos tericos, Bakhtin
criou uma tipologia histrica do romance fundamentada nos princpios estruturais da imagem
do heri principal. O romance de viagem um dos tipos classificados pelo terico, sendo
caracterizado pelo heri que se move no espao para que o romancista possa mostrar a
diversidade do mundo. Estudos contemporneos sobre o tema apontam para uma abordagem
mais ampla, na qual considerada tambm a trajetria do protagonista. A presente pesquisa,
ao enfatizar o sujeito da viagem, busca nos estudos de Campbell, Mller e Pearson os
pressupostos para analisar a trajetria do heri. Atravs da metodologia descritiva e aplicada,
o estudo analisa obras consideradas significativas tanto em relao ao tema, como ao perodo
histrico em que foram escritas. Estudar as narrativas de viagem constitui-se numa
possibilidade de elevar o status da literatura juvenil e reconhecer as especificidades do leitor
adolescente. O estudo pretende contribuir com as Teorias Crticas da Literatura, ampliando a
compreenso e a valorizao do texto literrio destinado ao leitor jovem.
PALAVRAS-CHAVE: literatura juvenil, narrativas de viagem, trajetria do heri, formao
do leitor
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ABSTRACT
This present research tries to recognize the specificities of travel literature, highliting
the similarities between this narratives in the young-adult literature, wich were written in
different historical periods. This investigation establishes the existence of an ideal route to the
main characters have their trip. In theory, Bakhtin made up a historical typology of the novel
based in structural principles of the main hero image. The travel literature is one of the
theoretical typology described, being distinguished by the hero, who moves himself in the
space to make the writer show the world diversity. Nowadays, some studies about the theme
indicate a deeper approach, which is considered, also, the main character trajectory. This
research, in order to emphasize the traveler, searches in Campbell, Muller and Pearsons
studies the assumptions to analyze the hero trajectory Through the descriptive and aplicative
methodology, this study analyzes literary works that are considered meaningful, as much
related to the story theme as the historical written period. To study Young-adult travel
literature we have to consider the possibility to improve the young-adult literature status and
recognize the special needs and particularities of a teenager reader. This study intends to
contribute to the Theories of Critical Literature by increasing the comprehension and
valorization of the literary texts addressed to Young Readers.
KEYWORDS: Young-adult literature, travel literature, hero trajectory, the readers
formation
8
ITINERRIO
1 ARRANJOS DE VIAGEM ..................................................................... 10
2 O HOMEM, AS NARRATIVAS E AS VIAGENS: A BAGAGEM
NECESSRIA ..........................................................................................
15
3 PERCURSOS E VIAJANTES: CAMINHOS J TRILHADOS ....... 30
3.1 VIAGENS SOLITRIAS: ULISSES, GULLIVER E EDWARD
TULANE ....................................................................................................
32
3.1.1 O Regresso do Grande Heri .................................................................. 34
3.1.2 As Viagens de um Nufrago .................................................................... 38
3.1.3 O Percurso das Grandes Descobertas .................................................... 45
3.2 VIAGENS GUIADAS: TELMACO, AXEL E MARCELO .................. 50
3.2.1 Procura do Heri .................................................................................. 52
3.2.2 Em Busca de um Centro .......................................................................... 54
3.2.3 O Jovem Contemporneo e suas Viagens .............................................. 61
3.3 SOBRE OS VIAJANTES DE ONTEM E DE HOJE ................................
64
4 CAMINHOS EM ABERTO: A LITERATURA JUVENIL ................ 68
5 LTIMA PARADA ................................................................................. 75
EPLOGO ................................................................................................. 78
REFERNCIAS ....................................................................................... 79
APNDICE A ........................................................................................... 83
9
APNDICE B ........................................................................................... 86
APNDICE C ........................................................................................... 106
APNDICE D ........................................................................................... 116
10
ARRANJOS DE VIAGEM
Que haver de mais belo que um caminho? o smbolo
e a imagem da vida ativa e variada. (...)
Cada pessoa ento deveria falar de suas estradas, de
seus entroncamentos, de seus bancos.
Bachelard
A rea da literatura oferece aos seus pesquisadores um campo de temas variados e
interessantes. Um deles refere-se ao territrio destinado ao leitor em formao. As pesquisas
nessa rea tm promovido amplos debates e publicaes, levantando diversas questes todas
muito pertinentes que exigem aprofundamento, tanto no que se refere narrativa, quanto
lrica.
O presente estudo volta-se s narrativas da literatura juvenil que desenvolvem o tema
da viagem em diferentes perodos da Histria. Para isso, foram recuperados fundamentos
tericos relacionados narrativa literria em geral, mais especificamente, literatura de
viagem. Foram tambm recuperados os aspectos da literatura infantil que particularizam as
obras destinadas ao leitor jovem. esse referencial que conduz o estudo para a trajetria da
personagem principal, do heri que empreende a viagem. Pretende-se, dessa forma,
estabelecer um esquema padro que explicite categorias recorrentes.
O incio de uma literatura infanto-juvenil remonta ao final do sculo XVII, com a
adaptao de histrias populares por Charles Perrault. Perodo em que a sociedade ensaiava
um olhar diferenciado para a infncia. Passados trs sculos, Marisa Lajolo identifica algumas
caractersticas que marcaram tal literatura atravs dos tempos e continuam vigorando, quais
sejam: sua dependncia de movimentos de modernizao social, seu compromisso educativo
e o esforo de adaptao ao seu pblico. (LAJOLO, 1987, p. 56)
Atualmente, percebe-se um novo movimento no sentido de diferenciar a literatura
infantil da juvenil. Trata-se de uma tendncia que acompanha os processos econmicos,
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polticos e sociais, no mbito do avano tecnolgico. As produes culturais e sociais
convergem para o pblico adolescente, o qual representa um centro muito expressivo.
Uma leitura em relao a esse fenmeno permite dizer que aquilo que o sculo XVIII
representou para a concepo de infncia, o sculo XX foi para a adole