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Caminho do golO mar de torcedores holandeses na avenida Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre, simboliza uma ideia que deu certo. O trajeto criado pela prefeitura, bloqueando o trânsito de veículos do Centro Histórico da cidade até o Estádio Beira-Rio, foi uma al-ternativa que funcionou tão bem que até mereceu o reconhecimento da FIFA. O “Ca-minho do gol” deverá ser criado nas próximas edições da Copa do Mundo. No dia do jogo contra a Austrália, milhares de turistas seguiram a pé, na maior festa, alheios ao fato de que diversos empreendimentos planejados para garantir mobilidade urbana na Capital não ficaram prontos a tempo para o campeonato mundial.
Páginas 18 a 21
PuBlICAçãO dA AssOCIAçãO dE ARquItEtOs dE INtERIOREs dO BRAsIl/Rs
#68ANO 13 | Jul/AGO/sEt | 2014
P R O F I S S Ã OO singular trabalho de
Shigeru Ban, vencedor do Pritzker Price Architecture 2014
Páginas 8 a 10
d e t a l h eA valorização da madeira natural
pelo setor de mobiliárioPáginas 4 a 7
N O R M AABNT amplia área de atuação dos
arquitetos e urbanistasPáginas 16 e 17
P R O J E T OMirante do Dmae: a contribuição
do escritório MooMAA para a arquitetura de Porto Alegre
Páginas 12 a 15
FOTO: lucianO lanes / divulgaçãO PmPa
Arq. e urb. Silvia BarakatPresidenTe aai Brasil/rs - 2014-2015
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sImpossível não falar de Copa do Mundo. Com
o maior campeonato de futebol do mundo
sendo realizado no Brasil – e tendo sido ele o
provocador de importantes transformações
na cidade – o assunto torna-se pauta obriga-
tória do AAI em revista. Especialmente agora,
neste momento que nos permite refletir sobre
os resultados obtidos, sobre os ganhos para
a Capital e para os gaúchos. Em relação à or-
ganização, rendeu ao prefeito de Porto Ale-
gre uma medalha de reconhecimento da FIFA.
O Caminho do Gol foi a iniciativa mais elogia-
da pelo presidente da entidade, Joseph Blat-
ter, que já pensa até em estabelecer algo se-
melhante em futuras Copas do Mundo, em ou-
tros países. Do Centro Histórico ao estádio
Beira-Rio, ruas foram bloqueadas ao trânsito
de veículos para dar passagem aos milhares
de torcedores que se dirigiam aos jogos. O
que tratamos aqui nesta edição do AAI em
revista é sobre o legado que o evento espor-
tivo deixa para nós, gaúchos, em termos de
infra-estrutura. De todos os projetos planeja-
dos pela administração pública, principalmen-
te para garantir melhor mobilidade urbana,
muitos não foram concluídos e são bastante
questionados. Convidamos especialistas no
assunto para debater a questão para que vo-
cê, leitor, possa fazer a sua análise e chegar
as suas próprias conclusões. Boa leitura.
COnFERênCIA nACIOnAla aai Brasil/rs esteve participando da i confe-rência nacional de arquitetura e urbanismo rea-lizada pelo cau/Br em Fortaleza (ce), entre os dias 22 e 25 de abril. estiveram presentes a pre-sidente da entidade, silvia Barakat, e as diretoras maria Bernadete sinhorelli, conselheira do cau/rs, e gislaine saibro, conselheira do cau/Br.
REunIãO-AlMOçOa expansão do shopping igua-temi, em Porto alegre, foi o te-ma da reunião-almoço de maio, apresentado pelo arq. e urb. Jo-sé de Barros lima, autor do pro-jeto. com 35 anos de mercado, o profissional é experiente em projetos de grande porte.
ParceirOs aai Brasil/rs
2014
estas empresas garantiram participação nos eventos e projetos da aai Brasil/rs.
aPOiO ediTOrial exclusivO
DIRETORIA - GEsTãO 2014/2015 PREsIDênCIA arq. e urb. silvia monteiro Barakat VICE-PREsIDênCIA arq. e urb. cármen lila gonçalves Pires DIR. DE ExERCíCIO PROFIssIOnAl arq. e urb. Flávia Bastiani DIR. DE RElAçõEs ACADêMICAs arq. e urb. maria Bernadete sinhorelli e arq. e urb. elisabeth sant’anna DIR. DE COMunICAçãO / RElACIOnAMEnTO arq. e urb. ana Paula Bardini DIR. DE MARKETInG arq. e urb. andres luiz Fonseca rodrigues DIR. DE ORGAnIzAçãO DE EVEnTOs arq. e urb. cezar etienne machado de araújo DIR. FInAnCEIRA / TEsOuRARIA arq. e urb. gislaine saibro
JORnAlIsTA REsPOnsÁVElletícia Wilson (reg. 8.757)[email protected]
COlABORAçãOTatiana gappmayer (reg. 8.888)
COnsElHO EDITORIAlarq. e urb. gislaine saibro
letícia Wilson
COMERCIAlIzAçãOProjetato assessoria e comunicação
51 3239.2273 - 51 [email protected]
EDIçãO GRÁFICAevaldo Tiburski | Tiba
rua sport club são José, 67/407Porto alegre/rsceP 91030-510Fone 51 3228.8519www.aaibrasilrs.com.br
conceitos e opiniões emitidos por entrevistados e colaboradores não refletem, necessariamente, a opinião da revista e de seus editores. não publicamos matérias pagas. Todos os direitos são reservados. Publicação trimestral, com distribuição dirigida a arquitetos e urbanistas, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da aai Brasil/rs.
RECIClAGEM PROFIssIOnAlcom o tema “gestão dos escritórios de arquitetura e urbanismo”, a aai Brasil/rs realizou, em junho, a terceira edição da reciclagem, uma das iniciativas do Programa de atualização e valorização Profissional. destaque para a participação de affonso Henrique lima de mesquita Barros, gradua-do em ciências contábeis e mestrando em desenvolvimento empresarial.
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O sEtOR dE MOBIlIáRIO vOltA Os OlHOs NOvAMENtE PARA O usO dA MAdEIRA E dE MAtéRIAs-PRIMAs sustENtávEIs
retorno ao naturalO que antes era desperdício, resultado da ação
do homem ou do tempo na natureza, nas mãos
de artistas como o polonês radicado no Brasil
Frans Krajcberg e do designer gaúcho Hugo Fran-
ça transforma-se em obra de arte. As queimadas
e os desmatamentos na Amazônia e no Mato Gros-
so, por exemplo, influenciaram o trabalho de Krajc-
berg, sendo retratados em fotografias e escultu-
ras feitas de cipós, troncos e raízes calcinadas.
Já os resíduos urbanos e florestais – árvores con-
denadas – são os materiais utilizados por França
para a criação de suas esculturas mobiliárias. A
preocupação ambiental presente há anos nas pe-
ças desses profissionais e a valorização do natu-
ral em suas trajetórias começam, agora, a ganhar
mais importância tanto para o segmento move-
leiro no Brasil como para os consumidores.
Para França, estamos caminhando, no País, pa-
ra uma tendência de reconhecimento dos móveis
desenvolvidos a partir de matérias-primas sus-
tentáveis. “Mas, é sempre um trabalho de formi-
chAiSe longue tuwAlole, de hugo frAnçA
guinha. vejo esse retorno com a procura cada
vez maior por minhas peças para locais públicos”,
comenta. No entanto, ele ainda percebe olhares
diferentes. segundo o designer, os americanos
se surpreendem mais com seus elementos mo-
numentais e ricos em texturas, buracos e formas,
enquanto que os brasileiros são mais acostuma-
dos com as florestas tropicais e tal grandiosida-
de não está tão distante de sua realidade.
O professor coordenador do laboratório de
Modelos e Protótipos da Escola de Indústria Cria-
tiva da unisinos, Giulio Federico Palmitessa, tam-
bém vê um crescimento forte no emprego co-
mercial da madeira após anos de acabamentos
em MdF e melaminas. “Notamos um esforço por
parte dos projetistas e das empresas em usar di-
ferentes tipos de essências naturais”, afirma Pal-
mitessa, designer com graduação e mestrado no
Instituto Politécnico de Milão. Ele atribui esse mo-
vimento a diversos fatores, entre eles a demanda
dos clientes que se interessam por materiais na-
turais e que sejam resultantes de processos de
produção sustentáveis. dessa forma, várias com-
panhias do setor de mobiliário estão investindo
em procedimentos que contemplam a aplicação
de madeiras naturais.
A madeira como matéria-prima oferece muitas
possibilidades de criação, como indica o profes-
sor da unisinos, pois é um organismo vivo que
reage de distintas maneiras, conforme sua utili-
zação e o processo de transformação escolhido.
“Contudo, no Brasil, ainda se encontram meios de
produção, na maior parte dos casos, semi-indus-
triais, que limitam a atuação dos projetistas e afe-
tam a qualidade dos produtos finais”, pondera.
de acordo com Palmitessa, passarem-se 186 anos
desde a primeira grande invenção industrial de
Michael thonet – que em 1830 idealizou uma má-
quina para fabri-
car móveis em
madeira natural
curvada – e, infe-
lizmente, há poucas
empresas que foram mais
adiante, com métodos produ-
tivos para séries usando sistemas
a controle numéricos.
DEsAFIOs DOs ElEMEnTOs DA nATuREzAdentro dessa perspectiva mais natural, outros ma-
teriais estão sendo empregados nas peças de
mobiliário. Além das madeiras naturais e maciças
de reflorestamento, existem as de demolição (que
não possuem necessariamente um selo de certi-
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ficação ambiental ou de reflorestamento, mas que
ganham nova vida ao serem reaproveitadas) e as
lâminas de madeira natural, procuradas para a
produção de “conchas” de cadeiras e poltronas,
através de prensagem a quente. O supervisor de
Educação e tecnologia do senai/Cetemo (Cen-
tro tecnológico do Mobiliário, em Bento Gonçal-
ves/Rs), Renato Bernardi, acrescenta que aço
inox, acrílico, vidro e granito vêm sendo combi-
nados com a madeira na elaboração dos móveis.
quanto ao emprego do bambu no desenvolvi-
mento das peças, tanto Bernardi quanto Palmi-
tessa salientam a complexidade de lidar com es-
se recurso, devido aos seus custos elevados de
produção, alto desperdício na fase de industria-
lização, pouca oferta de matéria-prima de boa
qualidade e a facilidade de obtenção de outros
elementos para substituí-lo. “Há oito anos traba-
lhei com o sZFA – shenzhen Furniture Associa-
tion, na China, para a criação de uma linha de
mobiliário popular em bambu. Infelizmente, mes-
mo com os implantes fabris chineses e o baixo
custo de mão de obra, não conseguimos chegar
a um preço interessante para o consumidor”, re-
lata Palmitessa. A cultura de longa data de países
asiáticos no processamento desse material, ex-
plica o supervisor do senai/Cetemo, está ligada
ao fato dessa planta ser uma das poucas alterna-
tivas que eles têm para a produção de móveis e
para a construção civil.
chAiSe cAmBorim, de hugo frAnçA
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O fortalecimento da tendência de peças de
mobiliário e acabamentos naturais e feitos a par-
tir de recursos sustentáveis passa pelo investi-
mento que as companhias e os designers farão
em processos inovadores no Brasil, acredita o
professor da unisinos. “Para mudar os paradig-
mas da madeira natural, precisamos desafiar a
cadeia e apostar em novas tecnologias de reflo-
restamento, transformação e acabamento, sem
esquecer do melhor processo de inovação: o pen-
samento projetual”, argumenta. visão também
defendida pelo designer Hugo França. Em sua
opinião, o caminho para a utilização responsável
dos materiais é uma das funções principais do
design. “Estamos em contato direto com maté-
rias-primas e técnicas que atendem aos mais di-
ferentes meios de produção. Podemos e devemos
assumir a responsabilidade de sermos exemplo
do uso consciente dos recursos e tecnologias”,
destaca. O desafio, aponta França, é sempre abrir
os olhos das pessoas para reconhecerem e prio-
rizarem esse tipo de serviço. O artista analisa que
essa conscientização já começa a ser possível
com as obras de móveis públicos que tem feito
em locais como o Parque Ibirapuera, Parque Bur-
le Marx e largo do Arouche, em são Paulo. “As
pessoas interagem com a peça e se sentem pró-
ximas dela por poderem tocá-la”, avalia.
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HUGO FRANÇA E SUA MATÉRIA-PRIMA: “A IdEIA dO dESENHO SURGE A PARTIR dO MATERIAl. É ElE qUE ME
INSTIGA, qUE ESTIMUlA MEU OlHAR E MEU RAcIOcíNIO”
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O PROCEssO CRIAtIvO dE HuGO FRANçA E suA INsPIRAçãO NA NAtuREZA
do desperdício à arte
AAi em revista – desde o final dos anos 1980, o senhor desenvolve escul-turas mobiliárias empregando resíduos florestais e urbanos. o que o le-vou a trabalhar com esse tipo de material?hugo frança – tudo começou com a preocupação. quando morei em tran-
coso, assisti ao final da grande devastação da Mata Atlântica no sul da Ba-
hia. Era tão absurdo! Eu vi a quantidade de resíduos que as queimadas e
extrações irresponsáveis deixaram pra trás e entendi que aquilo também
era um recurso, talvez um meio eficaz de falar sobre a importância do uso
consciente do que a natureza oferece. Em trancoso, conheci também as
canoas utilizadas pelos índios Pataxós. Foi ali que descobri as propriedades
do pequi, minha principal matéria-prima de trabalho. Essa madeira é oleo-
sa, o que a torna mais resistente à água (por isso viravam canoas) e traz
muito mais durabilidade para minhas criações, que ficam livres de cupins.
AAi em revista – como surge a inspiração para o desenvolvimento dos móveis?hugo frança – O que me inspira são as árvores; cada novo tronco ou raiz
é uma nova história. Não costumo fazer projetos antes de analisar a madei-
ra com que vou trabalhar. A ideia do desenho surge a partir do material. é
ele que me instiga, que estimula meu olhar e meu raciocínio. As peças de
que mais gosto são aquelas em que consigo um equilíbrio, em que a escul-
tura e a função estão tão integradas que não se possa focar demais em um
aspecto ou outro. Procuro criar, digamos, novas maneiras de funcionalida-
de. Busco propor uma nova percepção sobre o uso e outra forma de inte-
ração entre as pessoas e o mobiliário.
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sHIGERu BAN, vENCEdOR dO PRItZKER ARCHItECtuRE PRIZE 2014, IMPRIMIRá sEus INIGuAlávEIs tRAçOs EM PROJEtOs NO BRAsIl: AMAZôNIA é sEu dEstINO
O que fazer com tonelas de madeira apreen-
dida na Amazônia pelo Ibama? Fruto do des-
matamento ilegal, o material deixará de ser
leiloado para tornar-se matéria-prima para a
execução de projetos que serão desenvolvi-
dos pelo arquiteto japonês shigeru Ban, ven-
cedor do Pritzker Architecture Prize 2014. A
conquista da maior honraria da arquitetura
mundial, no entanto, não foi a motivação do
Ministério do Meio Ambiente para firmar es-
sa parceria com o profissional. As tratativas
já vinham sendo feitas há dois anos, desde
quando shigeru Ban esteve no Brasil para a
Rio + 20. No ano passado ele retornou ao País
e esteve na região amazônica para avaliar as
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“naked house”, em SAitAmA, no jApão. projetAdA no Ano 2000, tem eStruturA de mAdeirA e pAredeS duplAS com folhAS de pláStico reforçAdo com fiBrA de pApelão corrugAdo, de um lAdo, e tecido de nylon de outro. entre elAS, cordAS de polietileno expAndido pArA iSolAmento térmico. oS “quArtoS” eStão em grAndeS cuBoS com rodízioS. “eSSA cASA é reSultAdo dA minhA viSão AgrAdável e flexível de eStAr”, diz Shigeru BAn
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possibilidades construtivas. A ideia do governo
brasileiro é construir escolas para a comunidade,
torres de observação e postos para visitantes e
pesquisadores nos parques nacionais. O arquite-
to e urbanista Bernardo Jacobsen está cogitado
para integrar o time de Ban no Brasil. Ele já co-
nhece bem o trabalho do colega japonês, que o
convidou para fazer parte de sua equipe em Pa-
ris, na França, em 2005. No ano seguinte, shige-
ru Ban o chamou para morar em tóquio, no Ja-
pão, onde fica o seu escritório-sede, e lá ele per-
maneceu por um ano. A empresa também possui
escritório em Nova Iorque, nos Estados unidos.
Aos 56 anos, shigeru Ban é um ícone da arqui-
tetura mundial, tanto pela criatividade e pela ino-
vação de seus projetos, quanto pelo trabalho hu-
manitário que realiza em diversos países. duran-
te vinte anos, ele viajou para regiões onde ocor-
reram desastres naturais e guerras civis para tra-
balhar com os cidadãos locais, voluntários e es-
tudantes, para projetar e construir residências
dignas e de baixo custo, abrigos simples, reciclá-
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O centre pompidou-metz,
nA frAnçA (2010)
o prédio e o detAlhe dA eStruturA de mAdeirA dA Sede dA tAmediA em zurique, nA SuíçA (2013)
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ãO veis e abrigos comunitários para as vítimas. “Re-
ceber este prêmio é uma grande honra e, com
isso, devo ser cuidadoso.... vejo este prêmio co-
mo um incentivo para eu continuar o que estou
fazendo”, disse ele aos realizadores do Pritzker
Architecture Prize.
O diferencial da sua arquitetura está na busca
incessante pela leveza, pela valorização da luz e
da ventilação naturais e pelo conforto. de resi-
dências a sedes de empresas, de museus a abri-
gos temporários, ele utiliza-se de elementos sim-
ples e abre mão da tecnologia a favor da enge-
nhosidade. Madeira e papel são suas principais
matérias-primas. As estruturas que ergue com
tubos de papelão recicláveis (paper log) são uma
marca da sua singularidade. shigeru Ban é uma
força da natureza, como classificou o presidente
do júri do Nobel da Arquitetura mundial, lord Pa-
lumbo, de “olho infalível e sensibilidade aguda”. o pAvilhão do jApão nA expo 2000 hAnnover, nA AlemAnhA
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paper log houSe, em Bhuj, nA índiA (2001)
A conStrução do ABrigo de emergênciA, tAmBém com paper log, em porto príncipe, no hAiti (2010), coordenAdA por Shigeru BAn
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FOTO sHigeru Ban arcHiTecTs/divulgaçãO
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AO PlANEJAREM O MIRANtE dO dMAE, Os tItulAREs dO EsCRItóRIO MOOMAA CRIARAM uM íCONE ARquItEtôNICO dE
usO PúBlICO EM PORtO AlEGRE
valorização da paisagem
13
O crescimento das cidades e da demanda por
serviços para atender a sua população, também
em elevação, aumenta a discussão sobre como
realizar obras de grande porte, integrando as no-
vas edificações ao seu entorno, preservando a
paisagem e estabelecendo um diálogo com os
moradores.
Nesse cenário, Porto Alegre ganhou, em mar-
ço deste ano, um bom exemplo de como uma
construção de infraestrutura necessária à região
foi transformada em um ambiente adequado pa-
ra apreciar o famoso pôr do sol no lago Guaíba:
o Mirante do dMAE – departamento Municipal
de água e Esgoto. Instalada a 20 metros de al-
tura (correspondendo ao oitavo andar de um edi-
fício), a estrutura faz parte do complexo arquite-
tônico da Estação de Bombeamento de Esgoto
Cristal (EBE), na Zona sul da Capital.
A EBE Cristal, que compõem o Projeto Inte-
grado socioambiental (Pisa), irá ampliar a capa-
cidade de tratamento dos esgotos da cidade de
27% para cerca de 80%. Articulado às chaminés
de equilíbrio (duas torres de 26 metros e uma de
12 metros de altura, de base circular e com diâ-
metro de sete metros) e formando um conjunto
com a Casa de Bombas, o Mirante permite uma
vista de mais de 270 graus do Guaíba. A estru-
tura está em harmonia com as tribunas do Joc-
key Club do Rio Grande do sul, localizadas nas
imediações, em uma abordagem que remete ao
modelo construtivo do movimento moderno.
desenvolvido pelos arquitetos e urbanistas
Moacyr Moojen Marques e sergio Moacir Marques,
do escritório MooMAA, o projeto representou o
Brasil na vIII Bienal Iberoamericana de Arquitetu-
ra e urbanismo de 2012, em Cádiz (Espanha), além
de ter sido selecionado, entre 95 iniciativas, como
uma das dez melhores obras realizadas no País.
Para os profissionais, um dos principais desa-
fios foi fazer arquitetura em um contexto normal-
mente ausente de atenção às questões de quali-
dade formal e visual, morfologia urbana e rele-
vância da paisagem, como o da infraestrutura.
Outra barreira foi a de acertar a solução técnica-
construtiva e estrutural pretendida na concepção
arquitetônica às limitações de orçamento e sis-
temas construtivos disponíveis.
A inspiração veio, segundo sergio Marques, ao
tentar tornar um equipamento de tratamento do
sistema de esgoto da cidade em um espaço pú-
blico utilizável, como, por exemplo, a Hidráulica
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o viSuAl do por do Sol do guAíBA foi A motivAção pArA o projeto do mirAnte. o fechAmento em vidro permite umA viSão de 270 grAuS do entorno
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do Moinhos de vento, também do dMAE. “A ideia foi agregar ao empreendimen-
to um local de visitação, destinado à divulgação de informações sobre o meio am-
biente e o Pisa”, ressalta. Essa proposta foi viabilizada com a definição de duas
salas gêmeas, uma no térreo e outra flutuando no nível superior, sendo o próprio
lago Guaíba a última imagem dessa exposição. No alto, o Mirante é coberto e
aberto ao exterior, com ventilação natural permanente devido ao espaçamento
entre os vidros. O seu volume, explicam os arquitetos, está apoiado na estrutura
da escada (que é ancorada em vigas metálicas que travam todo o conjunto nas
torres) e suspenso por peças metálicas verticais dispostas no topo das torres.
Para alcançar a textura final da EBE, os idealizados do projeto precisaram con-
vencer os responsáveis pela concretização da Estação e a Prefeitura de Porto Ale-
gre a deixarem o concreto aparente. Com o complexo, erguido em uma área de
3.362m2 e com uma área construída de 1.150m2, os arquitetos e urbanistas Moacyr
Moojen Marques e sergio Moacir Marques tinham como desejo principal recupe-
rar certa tradição de qualidade arquitetônica e construtiva das edificações, assim
como de significado da obra pública, o que já foi uma marca no Estado.
As visitas ao Mirante, locali-
zado na Avenida diário de No-
tícias, 760, estão vinculadas a
ações de educação ambiental.
Ao chegar, o visitante é convi-
dado a assistir um vídeo sobre
o funcionamento da EBE e ou-
tras informações ligadas ao meio
ambiente. são permitidas tur-
mas de, no máximo, 20 pessoas
no espaço ao mesmo tempo. Os
horários de visitação são das 14h
às 19h, de terças-feiras a domin-
gos, deve ser feito um agenda-
mento prévio pelo site www.por-
toalegre.rs.gov.br/dmae. Outras
informações: (51) 3289-9727.
AncorAdA em vigAS metálicAS que trAvAm todo o conjunto nAS torreS, A eStruturA dA eScAdA SuStentA o volume do mirAnte, A 20 metroS de AlturA
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Reserva técnica volta à pauta
No segundo evento promovido pela AAI
Brasil/Rs sobre Reserva técnica foram con-
vidados, além de empresários do setor, tam-
bém os presidentes das entidades IAB, As-
BEA e sAERGs, e o coordenador da Co-
missão de ética e disciplina do CAu/Rs,
Marcelo Petrucci Maia. Essa iniciativa dá con-
tinuidade ao encontro realizado em março,
entre a diretoria da AAI Brasil/Rs e lojistas
para discutir a questão ética envolvida no
pagamento e recebimento de comissões
pela especificação de produtos ou pela con-
tratação de serviços de terceiros. O assun-
to, polêmico, vem sendo tratado de forma
transparente pela Associação, no intuito de
esclarecimento e debate sobre a questão,
explicitamente considerada falta de ética
profissional pelo CAu. segundo Marcelo,
que explicou como o tema está sendo tra-
tado pelo Conselho gaúcho, será realizado
um seminário estadual sobre ética em no-
vembro e, entre outros temas, a prática da
Rt será debatida. O dirigente aproveitou a
oportunidade e convidou todos os lojistas
presentes, enfatizando que é preciso envol-
ver toda a sociedade nessa discussão.
nova norma da ABnT amplia mercadoCom a publicação da NBR 16280:2014, em vi-
gor desde o dia 18 de abril, a Associação Brasi-
leira de Normas técnicas (ABNt) passou a suge-
rir a comprovação da atuação de um responsável
técnico na reforma de imóveis. O proprietário do
apartamento, por exemplo, tem de apresentar,
ao síndico do condomínio, um projeto, assinado
por um arquiteto e urbanista ou por um enge-
nheiro, incluindo a informação sobre os materiais
que serão utilizados, a quantidade e a duração
da obra. A exigência é para a derrubada de uma
parede, troca de piso, instalação de gesso, subs-
tituição de canos, entre outros reparos.
“A medida vai ampliar a área de atuação dos
arquitetos e urbanistas e traz mais segurança pa-
ra quem está atuando em arquitetura de interio-
res, que inclui reformas”, acredita a arq. e urb.
silvia Barakat, presidente da AAI Brasil/Rs.
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AAI em revista – arquitetos 2015A edição especial da AAI em revista já está sen-
do produzida, mas ainda é possível reservar par-
ticipação até agosto. O anuário da AAI Brasil/Rs,
lançado em dezembro, apresenta trabalhos de
arquitetura de interiores de profissionais associa-
dos. A publicação conta com versão impressa e
digital. Confira quem já garantiu seu espaço na
12ª edição da AAI em revista - arquitetos: Ales-
sandra Alves e daniela Zoppas, Beatriz Cherubini
e Bebel Grazziotin, Cristiana Brodt Bersano, Gis-
laine saibro, laline Bittencourt, Marcelo John, Ma-
ria Cristina Jaeger Zimmermann, Paula Araújo Ri-
beiro lino e tania Bertolucci delduque de souza.
COnCuRsOA novidade dessa edição é a realização do con-
curso “Melhores trabalhos de Arquitetura de In-
teriores” dentre os projetos apresentados na pu-
blicação por aqueles associados que manifesta-
ram interesse em participar da premiação, a ex-
ceção dos realizados em mostras de arquitetura.
do total de inscritos, 15 serão selecionados para
a segunda etapa, quando um júri elegerá cinco
para apresentação no seminário que será realiza-
do pela AAI Brasil/Rs em outubro. Esses traba-
lhos serão expostos em imagens aos participantes
do evento, sem a identificação dos autores, para
que possam votar nos seus preferidos. três traba-
lhos serão premiados e o primeiro colocado con-
quistará a capa da AAI em revista - arquitetos 2015.
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APEsAR dA dERROtA dO BRAsIl PARA A AlEMANHA, EssA é A sENsAçãO dE quEM EsPERAvA MAIs dO quE GOls NA COPA dO MuNdO. “tAlvEZ sEJA PRudENtE AFIRMAR quE A PRINCIPAl HERANçA dA COPA sEJA A CONstAtAçãO dA NECEssIdAdE dE FORMAs MAIs EFICIENtEs E EFEtIvAs dE GEstãO PúBlICA, quE POssAM CONCREtIZAR As PROMEssAs E GARANtIR A CREdIBIlIdAdE NAs dECIsõEs quE AFEtAM tOdA A POPulAçãO”, dIZ A ARq. E uRB. ANA ROsA Cé, PROFEssORA dA PuCRs, MEstRE EM dEsENHO uRBANO
O anúncio do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 – ocorrido em outubro de
2007 – gerou a expectativa nas possíveis cidades-sedes de ter em mãos a oportunidade,
e os investimentos, para a realização de obras necessárias para qualificar as infraestrutu-
ras locais. Em Porto Alegre, uma das capitais que recebeu jogos do torneio, a perspectiva
da população era ver sair do papel uma série de projetos essenciais para melhorar a mo-
bilidade urbana. Nesse contexto, a Prefeitura Municipal definiu 14 iniciativas prioritárias,
envolvendo desde a duplicação de vias, construção de viadutos até a implantação do BRt
(Bus Rapid Transit), totalizando em mais de R$ 880 milhões o aporte previsto para a con-
cretização dessas ações – muitas delas amparadas pelo Programa de Aceleração do Cres-
crisTine rOcHOl/PmPa
19
cimento (PAC). Contudo, passados quase sete
anos e com o fim do mundial, o que ficou de he-
rança foram empreendimentos inacabados e que
não privilegiam um olhar de desenvolvimento a
longo prazo para a cidade.
Na visão do presidente do Instituto de Arqui-
tetos do Brasil no Rio Grande do sul (IAB-Rs),
tiago Holzmann da silva, Porto Alegre está um
“caos” atualmente. “são obras paradas, mal pla-
nejadas e projetadas, improvisações, falta de re-
cursos e outros problemas típicos que ocorrem
quando as decisões políticas prevalecem sobre
as técnicas e quando a sociedade não participa
das resoluções sobre seu futuro”, descreve. Ele
cita como exemplo disso o atraso dos trabalhos
viários, o acesso “vergonhoso” ao Aeroporto In-
ternacional salgado Filho, a interrupção das obras
na Avenida tronco (que precisa de planejamento
e solução adequada para os moradores da re-
gião) e os corredores do BRt que estão pela me-
tade. “Além disso, o projeto do metrô continua
parado e o processo que se desenha é equivo-
cado, pois o negócio com a obra e com a explo-
ração da linha está muito à frente dos benefícios
sociais e urbanos”, reforça.
O viaduto da Rua Pinheiro Borda – inaugurado
no dia 7 de junho deste ano –, e a duplicação da
Avenida Edvaldo Pereira Paiva, fundamentais pa-
ra o acesso ao Estádio Beira-Rio (onde ocorre-
ram as partidas), assim como o viaduto da Ave-
nida Júlio de Castilhos, são o legado da Copa
efetivamente concluídos até agora. No entanto,
tiago silva avalia que os projetos são inadequa-
dos, porque favorecem, mais uma vez, o automó-
vel privado a um custo ambiental e urbano altís-
simo, com redução da área do parque do Gasô-
metro e com o corte de centenas de árvores. O
que se vê hoje na cidade são muitos canteiros de
obras e desvios viários incorporados ao dia a dia
dos porto-alegrenses, sem perspectivas imedia-
tas de finalização, acrescenta a professora da Fa-
culdade de Arquitetura e urbanismo da PuCRs
e mestre em desenho urbano, Ana Rosa s. Cé.
“No mesmo ritmo, o transporte público aguarda
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no viAduto pinheiro BordA, AceSSo Ao eStádio BeirA-rio pelA zonA Sul, o trânSito foi liBerAdo cinco diAS AnteS dA ABerturA dA copA. o viAduto dA AvenidA júlio de cAStilhoS, inAugurAdo no diA 12 de junho, integrA AS oBrAS do “complexo dA rodoviáriA”
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nA fifA fAn feSt, reAlizAdA no AnfiteAtro pôr do Sol, milhAreS de torcedoreS ASSiStirAm Ao jogo BrASil x AlemAnhA, no diA 8 de julho. deStruído o Sonho dA conquiStA do hexA, é horA de encArAr A reAlidAde SoBre o legAdo dA copA pArA o pAíS
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21
os BRts circulando pelas vias em implantação
nos eixos principais da malha urbana e a rede ci-
cloviária requer mais extensão e continuidade de
percursos”, pondera. Ana Rosa analisa que a gran-
de oportunidade para qualificação do município
parece ter sido reduzida ao mínimo para que o
evento pudesse acontecer no estádio Beira-Rio
e em seu entorno. A professora observa, ainda,
que o Mundial ocorreu dentro de estádios gran-
diosos, cenários pontuais construídos com vulto-
sos investimentos públicos e privados. Enquanto
isso, espaços públicos deficientes e equipamen-
tos urbanos reduzidos permanecem na mesma
situação de descaso. “tampouco o olhar foi diri-
gido às áreas urbanas degradadas e negligencia-
das, ao expressivo contingente vulnerável ou até
ao possível resgate do pedestre como protago-
nista da cidade. Pífios avanços nesse momento
histórico!”, lamenta.
DuPlA FORTE PARA O FuTuROMobilidade urbana e planejamento são os refor-
ços necessários para colocar a capital gaúcha
no rumo certo. A principal lição que fica após a
passagem da Copa, nas avaliações de Ana Rosa
s. Cé e tiago Holzmann da silva, é a de discutir
um conceito para Porto Alegre. “Falta um proje-
to de cidade para a capital”, assinala o presiden-
te do IAB-Rs. Para a professora da PuCRs, o
município ficou refém de um sistema de plane-
jamento atrelado a um modelo matemático de
índices e taxas versus lotes e associado ao volu-
me edificado. Esse padrão foi adotado em de-
trimento de estudos físico-espaciais de desenho
urbano, com visão de suas diferentes escalas:
cidade/bairro/rua.
O professor da Faculdade de Arquitetura da
uFRGs, coordenador do Núcleo de tecnologia
urbana da universidade e do laboratório para
simulação e Modelagem em Arquitetura e urba-
nismo da instituição (simmlab), Benamy turkie-
nicz, frisa que não há estratégias de mobilidade
urbana associadas a de sistemas de transportes
para a indução de ações de transformação do
solo. “Porto Alegre é uma cidade com mais de
500 km2. Isso implica que a otimização dos re-
cursos empregados em obras e iniciativas deve-
ria ter como princípio a noção de compacidade
urbana que é oposta à tendência hoje observada
de dispersão da malha urbana”, relata.
Para ele, faltam táticas que aliem o setor eco-
nômico ao planejamento territorial. “A cidade não
possui uma filosofia de desenvolvimento urbano
na qual fiquem claros os objetivos e as metas a
serem alcançados”, afirma turkienicz. Essas es-
tratégias são cruciais, na sua opinião, no momen-
to em que se depara com dados que indicam que
a população porto-alegrense não apresenta si-
nais de ampliação nem o município se mostra
atrativo. “No final da década de 1990, fizemos um
estudo na uFRGs que indicava a bacia do arroio
dilúvio, em especial a Avenida Ipiranga, como um
dos principais eixos para o incremento cientifico
e tecnológico do Estado. Identificamos o poten-
cial para a criação de um forte cluster de servi-
ços vinculados à saúde”, lembra.
Ao longo dos últimos anos, ocorreu o fortale-
cimento das atividades cientificas e tecnológicas
nessa localidade através, por exemplo, do tec-
noPuc e da expansão de complexos hospitalares
como o do Hospital são lucas, Mãe de deus e
Ernesto dornelles. No entanto, o investimento pú-
blico na região restringiu-se à construção da III
Perimetral, prevista desde a década de 1950. “O
caso da bacia do dilúvio é emblemático quanto
à ausência de planejamento estratégico para Por-
to Alegre.” turkienicz pondera que a falta de vi-
são tática possa ser resultado do enfraquecimen-
to dos órgãos de planejamento urbano tanto da
Região Metropolitana quanto da Capital ou, ain-
da, à falta de perspectiva das lideranças políticas
que vincularam o crescimento econômico da ci-
dade aos negócios imobiliários e a verticalização
de alguns de seus bairros.
Na mesma linha o presidente do IAB-Rs salien-
ta que o mais urgente e desafiador daqui para
frente é a atuação do poder público municipal
como mediador de conflitos e de vontades e co-
mo indutor do desenvolvimento integrado que
beneficie a população em geral. “Enquanto a ad-
ministração de Porto Alegre trabalhar para aten-
der aos interesses dos grandes grupos imobiliá-
rios, de transporte e dos shoppings dificilmente
teremos uma cidade melhor para todos”, critica.
Ana Rosa aponta que, para o futuro, anseia por
uma capital viva, cujos espaços possam ser dig-
namente apropriados pela sociedade, mais hu-
mana e esteticamente agradável – com harmonia
entre as edificações e os ambientes abertos.
23
AO COMPlEtAR 40 ANOs dE AtuAçãO, sAERGs lANçA lIvRO COMEMORAtIvO E REFORçA lutA PElA PROMOçãO dOs PROFIssIONAIs E dA ARquItEtuRA GAúCHA
O AAI em revista apresenta a trajetória do
sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio
Grande do sul (saergs) e suas novas bandeiras.
Confira a entrevista realizada com a atual
presidente, arq. e urb. Andréa dos santos e com
o arq. e urb. Bruno Cesar Euphrasio de Mello,
ex-diretor e atual conselheiro fiscal da entidade.
atuação renovada
AAi em revista – nestes 40 anos de SAergS, quais as principais bandeiras que se mantêm?Bruno – O que é sua função principal e
exclusiva: a defesa do arquiteto e urba-
nista na condição de trabalhador assala-
riado. Para o sindicato dos Arquitetos, va-
lorizar a arquitetura e urbanismo é valo-
rizar os profissionais, pagar maiores salá-
rios, garantir os direitos dos profissionais,
ampliar seu mercado de trabalho. Além
disso, o saergs mantém seu compromis-
so político com a melhoria das cidades
para as camadas mais desfavorecidas da
população e pela democratização da ar-
quitetura e urbanismo como oportunida-
de de melhoria da vida dos mais pobres.
Andréa – Nesse sentido, a luta pela refor-
ma urbana e pela assistência técnica gra-
tuita são importantes bandeiras que fa-
zem o saergs acreditar que, como uma
entidade sindical, também tem o compro-
misso com a sociedade e com uma cida-
de melhor para toda a população.
AAi em revista – extrapolando a fun-ção de defesa do Salário mínimo pro-fissional, o Saergs também assumiu lu-tas como Assistência técnica em ha-bitações de interesse Social. essa ban-deira, em especial, vinha sendo ergui-da pelo primeiro presidente do Saergs, o arq. e urb. clóvis ilgenfritz, que che-
gou a deputado federal.Bruno – Não só pelo Clóvis Ilgenfritz da
silva, mas por um grupo de profissionais
que militaram no saergs. Essa ideia foi
gestada no sindicato dos Arquitetos no
final da década de 1970. Chamava- se ini-
cialmente Assistência técnica à Moradia
Econômica. Esta proposta foi apresenta-
da como tese do saergs no CONClAt,
reunião de sindicatos e movimentos so-
ciais urbanos e rurais ocorrido em são
Paulo no início da década de 1980. Isto já
indica como a conquista desta pauta foi
longa e árdua.
Andréa – Após esse período, a luta pela
assistência técnica foi constante. Os sin-
dicatos, junto com a Federação Nacional
dos Arquitetos, realizaram vários debates
através de inúmeros seminários no País e,
em 2008, tivemos a aprovação da lei 11.888
– a lei da Assitência técnica (At). Agora,
nossa luta é fazer com que a lei seja efe-
tivamente implementada, de forma que
as famílias de baixa renda, efetivamente,
tenham assegurado seu direito à At Pú-
blica e gratuita, garantindo uma moradia
de qualidade e de acordo com a realida-
de das famílias.
AAi em revista – quais lutas têm regis-trado mais avanços? e quais são eles?Bruno – As que mais têm avançado são:
a reconquista da credibilidade da enti-
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dade e as ações informativas. O número de pes-
soas que têm feito recolhimento da contribuição
sindical e o número de associados tem crescido
bastante. Isso permitiu que o saergs fizesse im-
portantes campanhas, como as do rádio e as
cartilhas “Contrate um Arquiteto e urbanista” e
“Manual de defesa Pessoal do Jovem Arquiteto
e urbanista”.
Andréa – Ao mesmo tempo, essas campanhas
ajudam, não só no crescimento do sindicato, mas
também a informar a sociedade e buscam a pro-
moção dos arquitetos e urbanistas e da arquite-
tura e urbanismo como um todo.
AAi em revista – onde o Saergs tem obtido me-nos êxito e por quê?Bruno – temos tido menor êxito na contratação
regular dos arquitetos e urbanistas nas empresas
privadas e no atendimento do salário mínimo pro-
fissional nos setores privado e público. Estamos
atentos a essa demanda, mas não há como re-
verter estas situações por decreto. só mesmo
com a união da categoria profissional nas ações
do saergs e com ações informativas sobre os di-
reitos dos arquitetos e urbanistas.
AAi em revista – em relação aos honorários pro-fissionais, ainda há muito que avançar?Bruno – sem dúvida. E isso é mais delicado no
momento atual. Como explicar aos profissionais,
principalmente aos inúmeros recém-formados,
que no momento de maior aquecimento do se-
tor da economia vinculado à construção civil ha-
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ivO
sa
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momento hiStórico: A poSSe dA primeirA diretoriA do SAergS
25
administrações municipais de forma a qualificar
o serviço demonstrando, além das atribuições do
profissional arquiteto e urbanista, que esse pro-
fissional é o responsável pela melhoria das cida-
des por meio de ações de planejamento urbano
e implementação das políticas públicas na área
de urbanismo e de habitação social, além de ou-
tros projetos como o das obras públicas.
AAi em revista – vocês poderiam citar al-guns nomes de arquitetos que foram impor-tantes para a formação e fortalecimento do Saergs naqueles primeiros anos e as suas contribuições?Bruno – um personagem muito importante foi
Clóvis Ilgenfritz da silva. Ele foi presidente da
Associação Profissional de Arquitetos de Porto
Alegre, entidade que antecedeu o saergs. E, de-
pois disso, foi presidente do sindicato durante as
três primeiras gestões. depois que ele atuou no
saergs, participou da criação da Federação Na-
cional dos Arquitetos e urbanistas, foi vereador
da capital gaúcha, deputado federal, foi candi-
dato a cargos eletivos diversas vezes. Ele foi um
ja oferta de salário muito abaixo do mínimo pro-
fissional estabelecido em lei? Como explicar que
os engenheiros, nossos primos próximos de atua-
ção profissional, tenham condições profissionais
melhores que as nossas? A profissão tem perdi-
do credibilidade e reconhecimento. Acabamos
nos apresentando como aqueles profissionais do
luxo, do supérfluo, do inacessível à população.
temos que desconstruir essa noção, demons-
trando que trabalhar com arquitetos e urbanis-
tas é mais econômico e melhor para a obra. é no
projeto que conseguimos antecipar problemas,
custos e etc.
AAi em revista – nessa trajetória de quatro dé-cadas, quais os momentos mais importantes, de grandes conquistas?Bruno – O saergs foi fundado num momento mui-
to duro da política nacional – a ditadura militar.
Não era fácil constituir entidade de classe de de-
fesa de trabalhadores nesse período. Os arquite-
tos e urbanistas que participaram desse momen-
to da década de 1970 demonstraram grande co-
ragem e determinação. depois disso, já no início
da década de 1980, o saergs participou de mo-
vimentos de contestação à ditadura, de amplia-
ção da democracia. Enfim, o saergs sempre par-
ticipou de movimentos políticos nacionais e re-
gionais representando a categoria profissional.
Mais recentemente, engajou-se na criação do CAu
e em sua viabilização. Essa foi uma luta de todas
as entidades de arquitetos e urbanistas e o sin-
dicato esteve presente em todo momento.
AAi em revista – e quais foram aqueles mais difíceis?Andréa – As dificuldades são várias ao longo des-
te tempo; a atuação sindical sempre esteve liga-
da a situação política e econômica do País. Assim
em muitos momentos de crise econômica, inú-
meros foram os problemas de condições salariais.
somente com o aquecimento econômico e com
as diversas políticas públicas voltadas ao desen-
volvimento as cidades que o mercado voltou a
reagir. Porém, a busca pela valorização e atendi-
mento das questões salarias, mesmo com signi-
ficativa melhora, continua. Atualmente, nossa maior
dificuldade está na atuação junto ao serviço pú-
blico municipal. Como a maioria dos servidores
municipais não tem vínculo de emprego com ba-
se da Clt, e sim um regime próprio de contrata-
ção – normalmente o estatuto do servidor públi-
co, o saergs não tem como exigir o atendimento
do salário mínimo profissional e, na maioria dos
casos, o salário dos arquitetos e urbanistas do
serviço público é muito aquém do que realmen-
te deve ser pago a esses servidores. Assim, nos-
sa meta é uma importante campanha junto às
“O sAERGs FOI FuNdAdO NuM MOMENtO MuItO duRO dA POlítICA
NACIONAl – A dItAduRA MIlItAR. NãO ERA FáCIl CONstItuIR ENtIdAdE
dE ClAssE dE dEFEsA dE tRABAlHAdOREs NEssE PERíOdO.”
Arq. e urb. Bruno cesar euphrasio de mello
26
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Tr
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a personagem politicamente muito ativo não só
nos temas específicos à categoria, mas os trans-
cendeu. Além dele, outros personagens muito
importantes foram Newton Burmeister, Claudio
Casaccia, José Guilherme Picolli, Hermes de As-
sis Puricelli, dentre outros.
Andréa – Não temos dúvidas que todos os cole-
gas que atuaram junto ao saergs ofereceram im-
portante contribuição para as nossas lutas sindi-
cais em favor dos arquitetos e urbanistas e tam-
bém no fortalecimento da entidade. Reforço que
a sindicato dos Arquitetos nunca perdeu de vis-
ta os colegas que a ajudaram a se consolidar e,
dessa forma, mesmo com as alterações de diri-
gentes, sempre os valores sindicais, as lutas so-
ciais e profissionais, o respeito aos colegas e a
incessante busca pela valorização profissional fo-
ram respeitados.
AAi em revista – A conquista de associados é sempre um problema para as entidades em ge-ral. qual a realidade do Saergs e qual a evolu-ção no quadro de associados registrada nesses 40 anos?Bruno – Houve oscilações importantes. No iní-
cio da entidade, por conta da ditadura, a ade-
são não foi grande. depois, com os movimentos
de abertura política e de diretas Já, o número
de associados cresceu bastante. Na década de
1990, por conta das crises econômicas e de um
desinteresse geral pelas questões políticas – além
da fundação de sindicatos que concorreram com
o nosso – houve estagnação. Nos últimos anos
o número de associados cresceu. E o número
de pessoas que tem procurado o sindicato para
defesa de seus interesses e direitos aumentou
também. Contudo, há muito espaço ainda para
crescimento.
Andréa – um crescimento que desejamos que se
espalhe por todo o Estado. Infelizmente, ainda
hoje, temos o maior número de associados loca-
lizados em Porto Alegre e região metropolitana.
AAi em revista – da realidade atual dos arqui-tetos e urbanistas, quais áreas têm de ser me-lhor trabalhadas, na sua opinião?Andréa – Nosso compromisso está mesmo no
fortalecimento da categoria profissional e em ga-
rantir melhores condições de trabalho, incluindo
a questão salarial, o que sempre será a nossa
prioridade. Entendemos também que, para a me-
lhoria das condições trabalhista e salariais, a pro-
moção da arquitetura e urbanismo frente à so-
ciedade, ao poder púbico e junto aos próprios
arquitetos, é fundamental.
AAi em revista – e, para os próximos anos, quais os planos do Saergs?Andréa – Atualmente, estamos focados em duas
direções: a primeira é a ampliação de nossa base
sindical para todo o Rio Grande do sul. Este ano
iniciamos a criação das delegacias regionais do
saergs. Para tanto, homologamos em Assembleia
o nome de vários colegas que passaram a exer-
cer a principal função de representar o sindicato
no interior do Estado e, também, da região me-
tropolitana de Porto Alegre. Para levar o sindi-
cato para as diversas regiões do Rs, estamos de-
senvolvendo o sAERGs NA EstRAdA, uma pro-
posta de apresentação do sindicato e promoção
da arquitetura e urbanismo. sAERGs NA EstRA-
dA terá como ponto de partida e de chegada a
cidade de Porto Alegre e ocorrerá em outras dez
cidades do Estado. O programa conta com o apoio
e a participação do Conselho de Arquitetura e
urbanismo do Rs – CAu/Rs. A segunda impor-
tante ação planejada para iniciar ainda este ano
é a promoção da arquitetura e urbanismo e dos
“MuItAs dAs POlItICAs PúBlICAs PARA As CIdAdEs EstãO
sOB NOssA REsPONsABIlIdAdE PROFIssIONAl E, POR IssO,
NãO tEMOs duvIdAs dE quANtO O ARquItEtO E uRBANIstA é
REsPONsávEl PElO êxItO dA IMPlEMENtAçãO dElAs.”
Arq. e urb. Andréa dos Santos
27
colegas arquitetos e urbanistas para as adminis-
trações municipais. Muitas das politicas públicas
para as cidades estão sob nossa responsabilida-
de profissional e, por isso, não temos duvidas de
quanto o arquiteto e urbanista é responsável pe-
lo êxito da implementação de tais políticas.
AAi em revista – o Saergs publicará um livro sobre os 40 anos da entidade. conte um pou-co sobre como será o livro e quais os principais tópicos?Bruno – O livro trata da trajetória da entidade. A
ideia é que ele seja obra de referência quando os
arquitetos e urbanistas quiserem acessar um pou-
co da história dessa instituição representativa. O
livro traz a lista das diretorias com todos os pro-
fissionais que delas participaram, notícias sobre
os temas de interesse e os debates travados ao
longo dos anos, os profissionais agraciados com
o prêmio “Arquiteto e urbanista do Ano”, além
de entrevistas com personagens importantes des-
sa história.
AAi em revista – de quem foi a iniciativa da pu-blicação e quem está envolvido neste projeto? quando e como será o lançamento?Bruno – A iniciativa foi de toda a gestão 2011-2013
do sAERGs, presidida por Cícero Alvarez. Nesse
contexto, o registro da memória do saergs foi
preservado. seus documentos foram higieniza-
dos, catalogados e organizados. Hoje, qualquer
pesquisador ou curioso que quiser investigar qual-
quer assunto relacionado à profissão terá um ar-
quivo acessível para trabalhar. O lançamento es-
tá previsto para o segundo semestre desse ano
de 2014. Estamos finalizando a editoração e a
obra já deve ir para impressão ainda este mês.
Andréa – é um orgulho para nossa gestão poder
fazer o lançamento dessa publicação que é uma
importante referência histórica da militância dos
arquitetos em favor da arquitetura. Por isso mes-
mo é que, na “largada” do sAERGs NA EstRA-
dA, faremos uma festa de lançamento do livro,
como forma também de homenagear todos os
colegas que fazem parte dessa tragetória de lu-
ta, crescimento e maturidade do saergs.
momento hiStórico: A entregA dA cArtA SindicAl, em 1974
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irO “A CROáCIA IMPREssIONA POR suA
dIvERsIdAdE”, dIZ A ARq. E uRB. CARMEN AdEGAs, quE INCluIu O PAís EM sEu RECENtE ROtEIRO PElA EuROPA
cercadode história
Com a meta de visitar os países que tiveram domínio ro-
mano, a arq. e urb. Carmen Adegas partiu de Porto Alegre,
na companhia do marido e de um casal de amigos, rumo à
porção leste da Europa. O grupo uniu-se a outro, maior, em
uma excursão com guia turístico presente durante toda a
viagem. “O idioma é muito difícil”, argumenta Carmen. su-
perado esse desafio, o roteiro só revelou paisagens exube-
rantes, muita história e surpresas agradáveis. “Em Monte-
negro existe uma cidade, Kotor, que é um fiorde. lá, há um
órgão tocado pelas ondas do mar”, maravilha-se a profis-
sional. O passeio ainda incluiu passagem pela Croácia, pela
Bósnia Herzegovina e pela Eslovênia.
A estada na Croácia agradou, e muito, a Carmen. “As
mais belas e preservadas florestas da Europa, as grandes
cachoeiras de água potável que se sucedem, os lagos de
águas cristalinas verdes e azuis. é um país que impressio-
na por sua diversidade”, elenca. A capital, Zagreb, é uma
“sobrevivente” da guerra civil dos anos 1990, quando luta-
va para se tornar independente da Iugoslávia. “Hoje é fácil
o litorAl croAtA ASSemelhA-Se Ao dA coStA gregA, BAStAnte recortAdo e com mAiS de 1.000 ilhAS. em duBrovnik, A impreSSionAnte murAlhA de 2.000 metroS de extenSão que circundA o centro Antigo e emoldurA A modernA mArinA. “duBrovnik é conSiderAdA A pérolA do Adriático”, diz A Arq. e urB. cArmen AdegAS
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29
entender a capital croata. A Cidade Baixa corresponde à
parte moderna, enquanto a Cidade Alta remonta às origens
medievais, fusão de duas vilas inimigas, Kaptol e Gradec”,
explica a arquiteta. No atual bairro de Kaptol estão belas
igrejas e palácios góticos e barrocos, como a Catedral de
santo Estevão, Igreja de são Marcos, e o convento de san-
ta Clara. A cidade que mais sofreu com a guerra, no entan-
to, foi Mostar, na Bósnia. “Ela tornou-se uma cidade-sím-
bolo que lembra que o espírito humano pode vencer, re-
construindo a região e voltando a florescer com mais for-
ça”, afirma Carmen. O exemplo é a Ponte Antiga, sobre o
rio Neretva – considerada Patrimônio Mundial da unesco
em 2005. Erguida pelos Otomanos em 1566, foi destruída
durante a guerra, em 1993. “Ela foi reconstruída com as pe-
dras originais colhidas do rio em 2004”, acrescenta.
HIsTóRIA MIlEnARA cidade croata de Pula tem um dos foros romanos mais
bem conservados do mundo. Foi construído e ampliado en-
tre os anos 20 a.C e 72 d.C, com capacidade para mais de
20.000 espectadores. “Ainda pode-se visitar os subterrâ-
neos onde ficavam os gladiadores e os animais. Possui um
vasto acervo de restos arqueológicos”, enfatiza Carmen. Em
split, a segunda maior cidade da Croácia, depois da capital,
a arquiteta admirou-se diante do Palácio do Imperador dio-
cleciano, construído com pedra branca – um dos edifícios
romanos mais impressionantes do mundo. “O enorme con-
junto palaciano continua a ter importância na vida da cida-
de, pois mais de 3.000 pessoas vivem dentro de seus por-
tais”, enfatiza. lá estão importantes ruínas arqueológicas,
como o templo de Jupiter, a catedral são domingos e o
Mausoléu diocleciano. Em frente, uma moderna marina, com
charmosos cafés e restaurantes de frutos do mar.
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as pAtrimônio dA humAnidAde, A ponte AntigA
é o SímBolo de moStAr, nA BóSniA, e é exemplo do triunfo dA região. nA cidAde croAtA de pulA, eStá um doS foroS romAnoS mAiS Bem conServAdoS do mundo, com cApAcidAde pArA 20 mil eSpectAdoreS. A igrejA São mArcoS, nA croáciA
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ria
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de tecnologia e inovação com sede em Florianópolis (sC),
e desenvolveu a luminária ufficio – que já conquistou o prê-
mio IdEA Brasil, na categoria escritório. Com layout simples
e moderno, a luminária foi criada com pendente de OlEd
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zado em Itajaí (sC), a Movelaria Boá apresen-
ta peças que exploram as técnicas da constru-
ção naval, produzidas pelos mesmos artesãos
que produzem as embarcações. A criação leva
as assinaturas de lorena Kreuger, diretora do
estaleiro Kalmar, juntamente com os designers
José serafim Junior e Mayara Atherino. Mais
informações www.movelariaboa.com.br
claus WeiHermann / divulgaçãO
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A primeira e única Entidade do Brasil exclusivamente de arquitetos e urbanistas que atuam em Arquitetura de Interiores. A Associação de Arquitetos de Interiores do Rio Grande do Sul - AAI-RS
foi criada em 1997, em Porto Alegre/RS; o objetivo é a valorização do exercício profissional, divulgando a produção dos associados e esclarecendo o mercado quanto as particularidades
da atividade. Em 2009, passou a chamar-se AAI Brasil/RS, Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil - Seccional RS, congregando a entidade nacional também fundada no
Estado, a Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil - AAI Brasil.
você ainda não é parte da AAI?
A AAI Brasil/RS promove a troca de experiências entre seu associados, incentiva o aprimoramento profissional, propondo o debate sobre a Arquitetura e Urbanismo;
busca o estabelecimento de procedimentos uniformes para os aspectos principais do exercício profissional, promovendo a valorização da Arquitetura
de Interiores; com outras entidades, sugere ações de para a regulamentação e fiscalização do exercício profissional da Arquitetura de Interiores nos
âmbitos estadual e nacional.
por que participar?
venha para a AAI:
Para saber mais: AAI Brasil/RS www.aaibrasilrs.com.br e 51 3228 8519 Projetato Assessoria [email protected] www.facebook.com/aaibrasilrs twitter: @aaibrasilrs
Arquiteto e urbanista, faça parte deum grupo especial de profissionais!