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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral PPGEM DETERMINAÇÃO DA CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA EM SOLOS UTILIZANDO BOMBA DE FLUXO Autora: LUCIANA PORTUGAL MENEZES Orientador: Prof. Dr. WALDYR LOPES DE OLIVEIRA FILHO Ouro Preto/MG. Setembro de 2013. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Mineral, do Departamento de Engenharia de Minas, da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mineral. Área de Concentração: Lavra de Minas.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto

Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM

DETERMINAÇÃO DA CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA EM

SOLOS UTILIZANDO BOMBA DE FLUXO

Autora: LUCIANA PORTUGAL MENEZES

Orientador: Prof. Dr. WALDYR LOPES DE OLIVEIRA FILHO

Ouro Preto/MG.

Setembro de 2013.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mineral, do

Departamento de Engenharia de Minas, da

Escola de Minas da Universidade Federal de

Ouro Preto, como parte integrante dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mineral.

Área de Concentração:

Lavra de Minas.

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Dedicatória

Dedico esta dissertação aos

meus pais, Gilberto e Maria de

Fátima. Pessoas que me

mostraram a importância da

busca pelo conhecimento.

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Agradecimentos

Aos meus irmãos, Eduardo e Fabiana, por sempre estarem ao meu lado, e a Luísa

pelas alegrias e risadas. .

À Universidade Federal de Ouro Preto e ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mineral, PPGEM, pela oportunidade ao ensino público e pelos

conhecimentos recebidos.

À Capes por conceder a bolsa de estudos e pelo incentivo à pesquisa.

Ao professor e orientador Dr. Waldyr Lopes que além de me incentivar a fazer o

mestrado, me deu toda confiança e dedicação para realizá-lo. Agradeço também pelo

grande aprendizado que obtive durante esses anos de academia. Muito obrigada!

À professora Dra. Christianne Lyra Nogueira pela atenção e carinho em todos os

momentos que precisei e aos demais professores do PPGEM pelos ensinamentos.

Ao professor Cláudio Henrique de Carvalho Silva da UFV pelas aulas de laboratório

e pela ajuda incondicional na realização dos ensaios laboratoriais.

Ao graduando em Engenharia Ary Carlos Nogueira pela dedicação em ajudar a

montar a estrutura necessária para a realização dos ensaios no laboratório.

À graduanda em Engenharia Karine Coutinho pela ajuda na realização dos ensaios.

À minha amiga de mestrado Maíra Reis por dividir este momento e por me ajudar

sempre que precisei.

Ao Lucas por participar dessa etapa comigo e pela disposição em ajudar.

À Pâmella por dividir comigo todo esse tempo e torná-lo muito mais feliz.

À Flaviana que mesmo de longe me fez companhia diária e até mesmo me ajudou

no desenvolvimento deste trabalho.

À República Feitiço, principalmente às atuais moradoras, pelo carinho de sempre.

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Resumo

Esta pesquisa introduz no Brasil um procedimento de ensaio alternativo para

determinação da curva de retenção de água em solos utilizando a bomba de fluxo. A

técnica preconiza estágios de retirada/injeção de água num corpo de prova triaxial até

que se atinjam níveis de sucção de interesse, seguido de estágios de equilíbrio

hidráulico de sucções e teor de umidade volumétrica. O sistema de ensaio é constituído

de: uma bomba de fluxo, um transdutor diferencial de pressão, uma célula triaxial, uma

unidade de aquisição de dados, uma placa de controle do ensaio e um programa

supervisório. O programa tem um algoritmo que permite a seleção dos níveis de sucção

desejados (pontos da curva de retenção) e controla a equalização da distribuição de teor

de umidade volumétrica e de sucção dentro do corpo de prova.

O trabalho foi realizado com uma amostra de sinter feed, concentrado de minério de

ferro, definido com uma areia siltosa com pedregulhos, densidade real dos grãos de

4,97, índices de vazios máximo e mínimo, 1,02 e 0,71, respectivamente, com o corpo de

prova moldado com índice de vazios 0,90.

Os resultados experimentais cobrem uma ampla faixa de sucções nos processos de

drenagem e de infiltração de um mesmo corpo de prova, com claro comportamento

histerético, tendo sido realizados ajustes matemáticos segundo os modelos conhecidos

de van Genuchten (1980) e Brooks & Corey (1964) com muito boa aderência.

A avaliação geral é de que o método de obtenção da curva de retenção usando a

bomba de fluxo tal como apresentado é muito conveniente, completamente automático,

e produz resultados de uma forma rápida e fácil. Outros aspectos de destaque são a

obtenção da curva de retenção completa (drenagem e infiltração) a partir do mesmo

corpo de prova, que é formado ou preparado, saturado, submetido a tensões efetivas,

como em procedimentos comuns a ensaios triaxiais. Todas essas caraterísticas fazem

com que esta técnica seja muito promissora.

Palavras chave: curva retenção de água no solo, bomba de fluxo, fluxo não saturado,

funções constitutivas hidráulicas, ensaio de laboratório.

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Abstract

This research introduces in Brazil a procedure of an alternative test to determine soil

water retention curve using the flow pump. The technique prescribes stages of water

withdrawal/injection from/into a triaxial test specimen until it reaches suction levels of

interest followed by stages of hydraulic balance of suction and volumetric water

content. The test system is composed by: a flow pump, a differential pressure

transducer, a triaxial cell, a data acquisition system, a control board and a control

software. The program has an algorithm that allows to define the desired suction targets

(soil water retention curve points) and also controls volumetric water content and

suction equalizations inside the specimen.

This research was performed with a sinter feed sample a concentrated of iron ore,

defined as a silty sand with gravel, with specific gravity of soil solids of 4.97, maximum

and minimum void ratio of 1.02 and 0.71, respectively and a test specimen with void

ratio of 0.90.

The experimental test results cover a wide range of suction values spread over

drainage and infiltration processes, with a fair hysteretic behavior, and very good fitting

of well known mathematical models such as van Genuchten (1980) and Brooks &

Corey (1964).

The overall assessment is that the method of obtaining the retention curve using the

pump flow, as presented, is very convenient, fully automatic and produces fast and easy

results. Other relevant aspects are to obtain a complete retention curve (drainage and

infiltration) for the same specimen, that could be reconstituted or prepared, saturated,

and subjected to effective stress, as in common triaxial tests proceedings. All these

features make the technique very promising.

Keywords: soil water retention curve, flow pump, unsaturated flow, hydraulic

constitutive functions, laboratory testing.

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Sumário

Capítulo 1 ........................................................................................................................ 1

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos e relevâncias ..................................................................................... 2

1.2 Estrutura da dissertação .................................................................................... 3

Capítulo 2 ........................................................................................................................ 4

2. Revisão bibliográfica .................................................................................................... 4

2.1 Equação governadora de fluxo de água líquida em meio não saturado ............ 4

2.2 Sucção ............................................................................................................... 9

2.3 Curva de retenção de água no solo ................................................................. 13

Histerese ................................................................................................... 14 2.3.1

Métodos experimentais ............................................................................ 17 2.3.2

Modelos matemáticos .............................................................................. 18 2.3.3

Banco de dados ........................................................................................ 19 2.3.4

2.4 Condutividade hidráulica ................................................................................ 21

2.5 Técnicas de obtenção da curva de retenção de água no solo usando a bomba

de fluxo ....................................................................................................................... 22

Técnica denominada de “Suction Drop Measurement” ........................... 23 2.5.1

Técnica denominada de “Maintained Suction Measurement” ................. 29 2.5.2

2.6 Curvas de retenção de água da literatura ........................................................ 35

Capítulo 3 ........................................................................................................................ 39

3. Materiais e métodos .................................................................................................... 39

3.1 Material usado nos ensaios ............................................................................. 39

3.2 Caracterização das amostras ........................................................................... 39

Granulometria .......................................................................................... 39 3.2.1

Densidade real dos grãos ......................................................................... 42 3.2.2

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Índice de vazios máximo e mínimo ......................................................... 42 3.2.3

3.3 Preparação dos corpos de prova para ensaio .................................................. 42

3.4 Saturação do corpo de prova ........................................................................... 43

3.5 Permeabilidade saturada ................................................................................. 45

3.6 Ensaio da curva de retenção ............................................................................ 45

Equipamento e sistema de automação ..................................................... 47 3.6.1

Rotina de ensaio ....................................................................................... 49 3.6.2

Manipulação e análise dos dados experimentais ..................................... 50 3.6.3

Velocidade de ensaio: testes .................................................................... 51 3.6.4

Capítulo 4 ........................................................................................................................ 53

4. Resultados e discussões .............................................................................................. 53

4.1 Ensaio da curva de retenção ............................................................................ 53

4.2 Ajustes matemáticos da curva de retenção ..................................................... 56

4.3 Curva de retenção obtida em banco de dados ................................................. 60

Capítulo 5 ........................................................................................................................ 64

5. Conclusões e recomendações ...................................................................................... 64

5.1 Principais conclusões ...................................................................................... 64

5.2 Recomendações .............................................................................................. 65

Capítulo 6 ........................................................................................................................ 67

6. Referências bibliográficas ........................................................................................... 67

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Lista de figuras

Figura 2.1: Elemento infinitesimal de um de solo e fluxo de água...................................5

Figura 2.2: Variação de sucção em um perfil de solo...................................... ............... 12

Figura 2.3: Curvas típicas de retenção de água para três tipos de solos......................... 14

Figura 2.4: Curva de retenção de água no solo com efeito da histerese ......................... 15

Figura 2.5: (a) Heterogeneidade da distribuição dos poros; (b) Ocorrência de bolha de ar

aprisionado ...................................................................................................................... 16

Figura 2.6: Curvas de drenagem e infiltração sucessivas. .............................................. 16

Figura 2.7: Relação entre a condutividade hidráulica e a sucção no solo ...................... 21

Figura 2.8: Esquema experimental usado na técnica “Suction Drop Measurement ....... 24

Figura 2.9: Perfil da variação de poropressão relativa no corpo de prova a partir de

diferentes velocidades usadas no ensaio. (a) velocidade de ensaio maior que a ideal no

modo de drenagem; (b) velocidade de ensaio ideal ou mais baixa; (c) velocidade de

ensaio maior que a ideal no modo de infusão ................................................................. 26

Figura 2.10: Resultado direto do ensaio usando a técnica Suction Drop Measurement. 28

Figura 2.11: Resultados de ensaios de curva de retenção de água numa amostra de areia

usando velocidades diferentes, mas indicando mesma curva de retenção. ..................... 29

Figura 2.12: Sistema de bomba de fluxo para obtenção da curva de retenção. .............. 30

Figura 2.13: Estágios do ensaio (esquemático) para obter a curva de retenção usando a

técnica de “Maintained Suction Measurement” ............................................................. 32

Figura 2.14: Detalhe do estágio de equilíbrio (esquemático) durante o ensaio para obter

a curva de retenção usando a técnica de “Maintained Suction Measurement” .............. 32

Figura 2.15: Gráfico que relaciona o volume de água drenado ou introduzido no corpo

de prova durante as etapas do ensaio. ............................................................................. 33

Figura 2.16: Curva sucção versus teor de umidade volumétrico acumulado ................. 34

Figura 2.17: Curva de retenção obtida pela técnica “Maintained Suction Measurement”

........................................................................................................................................ 35

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Figura 2.18: Curvas granulométricas de diferentes concentrados de minérios de ferro

(pellet e sinter feed) ........................................................................................................ 36

Figura 2.19: Curvas de retenção de água de difrentes concentrados de minérios de ferro.

........................................................................................................................................ 36

Figura 2.20: Curvas granulométricas do sinter feed por diferentes métodos. ................ 37

Figura 2.21: Curva de retenção de água do sinter feed obtida pelo método do papel

filtro. ............................................................................................................................... 37

Figura 2.22: Curvas granulométricas de concentrado de minérios de ferro diferentes. . 38

Figura 2.23: Curvas de retenção de água de concentrado de minérios de ferro diferentes.

........................................................................................................................................ 38

Figura 3.1: Curva granulométrica (peneiramento e granulômetro a laser) da amostra

global. ............................................................................................................................. 41

Figura 3.2: Curva granulométrica (peneiramento e granulômetro a laser) do corpo de

prova do ensaio da curva de retenção. ............................................................................ 41

Figura 3.3: Moldes para materiais siltosos (A) e arenosos (B). ...................................... 43

Figura 3.4: Gráfico da variação da poropressão durante o teste do Parâmetro B. .......... 44

Figura 3.5: Curva obtida no ensaio de permeabilidade saturada usando a bomba de

fluxo. ............................................................................................................................... 45

Figura 3.6: Aparato usado no ensaio para obter a curva de retenção de água no solo. .. 46

Figura 3.7: (a) Bomba de fluxo da Harvard Apparatus Company e (b) CâmaraTriaxial

Humboldt®. ..................................................................................................................... 47

Figura 3.8: Placas usadas na aquisição de dados e no controle do ensaio. ..................... 48

Figura 3.9: Imagem vista na tela do computador do programa de controle (VI). .......... 49

Figura 3.10: Ensaio em que a vazão da bomba era menor que o ksat do corpo de prova.

........................................................................................................................................ 52

Figura 4.1: Gráfico de sucção versus tempo obtido diretamente no ensaio. .................. 54

Figura 4.2: Volume acumulativo de fluxo de água no corpo de prova durante o ensaio.

........................................................................................................................................ 55

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Figura 4.3: Variação do teor de umidade volumétrico em relação à sucção no corpo de

prova. .............................................................................................................................. 55

Figura 4.4: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) por

regressão. ........................................................................................................................ 56

Figura 4.5: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980)

estabelecendo valores de teor de umidade volumétrico saturado e residual. .................. 57

Figura 4.6: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) por

regressão considerando n’ e m parâmetros independentes. ............................................ 58

Figura 4.7: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980)

estabelecendo valores de teor de umidade volumétrico saturado e residual considerando

n’ e m parâmetros independentes. ................................................................................... 58

Figura 4.8: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de Brooks e Corey (1994). . 59

Figura 4.9: Comparação das curvas de retenção de água no solo obtida em laboratório e

no banco de dados Rosetta. ............................................................................................. 61

Figura 4.10: Comparação das curvas de retenção de água no solo obtida em laboratório

e no banco de dados Rosetta. .......................................................................................... 63

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Lista de tabelas

Tabela 2.1: Técnicas de medição de sucção matricial .................................................... 18

Tabela 2.2: Equações dos modelos matemáticos para previsão da curva de retenção ... 19

Tabela 4.1: Relação dos índices físicos da amostra estudada ......................................... 62

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Lista de símbolos

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto.

MWin – vazão de água (em massa) que entra no elemento.

MWout – vazão de água (em massa) que sai no elemento.

Mw – massa de água do elemento.

– densidade da água.

v – velocidade aparente do fluxo.

k – condutividade hidráulica.

i – gradiente hidráulico.

h – carga hidráulica total.

dL – espaço percorrido pelo fluxo.

S – grau de saturação.

θ – teor de umidade volumétrico.

n – porosidade.

u – sucção mátrica em unidades de pressão.

sucção mátrica em unidades de carga hidráulica

ua – pressão do ar.

a – carga hidráulica de pressão do ar.

uw – pressão de água.

w – carga hidráulica de pressão de água.

h – carga total.

z – carga de elevação.

C( ) – capacidade de umidade específica.

k( ) – função condutividade hidráulica.

( ) – curva de retenção de água no solo.

– sucção total.

R – constante universal dos gases.

T – temperatura absoluta (K).

– volume específico da água ou o inverso da densidade da água, isto é, 1/ .

– massa molar de vapor de água.

– pressão parcial de vapor de água no solo.

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– pressão de saturação de vapor de água no solo ao longo da superfície de água

a mesma temperatura.

γw – peso específico da água.

r – umidade volumétrica residual.

( ) – curva de retenção de água no solo.

– grau de saturação específico.

– grau de saturação residual.

– parâmetro dos modelos de Brooks e Corey (1964), van Genuchten (1980) e

Fredlund e Xing (1994).

– parâmetro de Brooks e Corey (1964).

n' – parâmetro dos modelos de van Genuchten (1980) e Fredlund e Xing (1994).

m – parâmetro dos modelos de van Genuchten (1980) e Fredlund e Xing (1994).

BDNSat – Banco de Dados de Solos Não Saturados.

B – parâmetro de poropressão de Skempton.

So = grau de saturação inicial, usualmente 1 (saturado).

Q = vazão da bomba de fluxo.

Δt = tempo de operação acumulado.

V = volume total do corpo de prova.

ksat – permeabilidade saturada.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

NBR – Norma Brasileira.

DEMIN – Departamento de Engenharia de Minas.

Gs – densidade real dos grãos.

emax – índices de vazios máximo.

emin – índices de vazios mínimo.

– mudança na poropressão.

– variação da pressão confinamento.

VI – Virtual Instrument.

SWRC – Soil Water Retention Curve.

R2 – coeficiente de determinação.

33kPa – teor de umidade volumétrico na sucção de 33 kPa.

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Capítulo 1

1. INTRODUÇÃO

Os conceitos da Mecânica dos Solos Clássica surgiram ao final do século XVIII e

foram desenvolvidos para a compreensão de problemas de engenharia com solos

saturados ou solos secos, ou seja, baseados em modelos de sistemas bifásicos solo-água

(partícula sólidas e vazios cheios d´água) ou solo-ar, respectivamente (DAS, 2007). Ao

se utilizar estes conceitos para a interpretação de problemas de fluxo em condições não

saturadas, muito frequentes na área agronômica e mais recentemente na geotécnica,

percebeu-se que os mesmos não apresentam o comportamento dos sistemas multifásicos

solo-ar-água com a mesma consistência, dando espaço para o surgimento da Mecânica

dos Solos Não Saturados, objeto hoje de intensos estudos (SOARES, 2005).

A compreensão de fluxo em meios porosos não saturados ocorre através da equação

governadora do fenômeno expressa na forma sugerida por Richards (FREEZE e

CHERRY, 1979), explicitada posteriormente. Para a resolução desta equação é

necessária a determinação das funções constitutivas hidráulicas dos solos, que são as

curvas de retenção de água no solo e a função condutividade hidráulica. A curva de

retenção de água no solo é a relação entre a sucção matricial (a diferença entre a pressão

de ar e a pressão da água nos poros) e o teor de umidade volumétrico do solo. A outra

função constitutiva hidráulica, a função condutividade hidráulica, estabelece a relação

entre sucção matricial e a permeabilidade do solo. Ambas as curvas podem ser obtidas

diretamente através de experimentos, principalmente a curva de retenção, ou por

métodos indiretos e modelagem matemática. Segundo Marinho (2005), modelos

preditivos das curvas características têm avançado significativamente, necessitando de

parâmetros adequados e de comprovação com casos práticos.

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As curvas de retenção de água no solo estudadas neste trabalho são obtidas

experimentalmente através de ensaios de sucção com o auxílio de uma bomba de fluxo.

Neste método, a bomba controla com precisão o fluxo de água que entra e sai das

amostras de solo para determinação do grau de saturação e através de um transdutor

diferencial de pressão mede-se a sucção na amostra de solo (MANNA et al., 1993).

Entende-se que a obtenção da curva de retenção em laboratório com uso da bomba

de fluxo é inovadora e de muito apelo frente às técnicas atuais existentes para solos. Sua

viabilidade e potencialidade já foram demonstradas por vários pesquisadores (Aiban &

Znidarcic, 1989; Manna et al., 1993; Ray e Morris, 1995; Hwang, 2002; Lu et al., 2006;

Lee, 2011), e também por Botelho (2001), no Brasil. Entretanto, há ainda necessidade

de mais pesquisa para aperfeiçoar procedimentos e se estabelecer como prática de

engenharia.

1.1 Objetivos e relevâncias

Os procedimentos usuais para determinação das funções constitutivas hidráulicas

dos solos são custosos e muito demorados (FREDLUND e RAHARDJO, 1993;

BENSON e GRIBB, 1997; MARINHO, 2000). A técnica da bomba de fluxo, ainda que

apresente certa sofisticação experimental, reduz em muito o tempo de ensaio para

obtenção das propriedades e por isso pode ser vista com muita potencialidade.

O uso da bomba para obtenção de outras funções do material, principalmente

aquelas associadas a estudos de adensamento a grandes deformações é conhecido no

Brasil, como relatam Silva (1999), Botelho (2001), Silva (2008), Lima (2009), e, em

especial, os trabalhos do Laboratório de Resíduos de Mineração da Universidade

Federal de Ouro Preto, UFOP, como demostrado em Menezes (2010) e Oliveira Filho e

Menezes (2012). Esse conhecimento teórico e prático existente facilita a extensão do

uso da bomba na aplicação desejada neste projeto.

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O objetivo desta pesquisa foi implantar uma estrutura (sistema) para obter a curva

de retenção de água no solo utilizando a bomba de fluxo a partir da metodologia criada

por Lee (2011). Busca-se ainda servir para a difusão dessa tecnologia no Brasil e, como

estudo de caso, verificar sua aplicabilidade para um concentrado de minério de ferro,

material de características granulares.

1.2 Estrutura da dissertação

A introdução ao conceito de fluxo em meio não saturado no solo e suas relações

constitutivas foram feitas inicialmente no Capítulo 1. Ainda nesse Capítulo, são

apresentados objetivos e a estruturação deste trabalho.

A revisão bibliográfica é focada nos aspectos básicos dos estudos de fluxo não

saturado, com ênfase nas técnicas de ensaio para obtenção de propriedades do solo,

principalmente aquela envolvendo a bomba de fluxo. Ela é apresentada no Capítulo 2.

No Capítulo 3 são apresentadas as características do material usado nos ensaios e o

método utilizado para obter a curva de retenção de água no solo no Laboratório de

Resíduos de Mineração da UFOP.

No Capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos no ensaio. As conclusões no

Capítulo 5 e as referências bibliográficas no Capítulo 6 fecham o trabalho.

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4

Capítulo 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os problemas mais comuns encontrados na engenharia envolvendo solos não

saturados têm relação a fluxo. Segundo Moncada (2008), os primeiros estudos de fluxo

de água líquida em solo não saturado foram realizados por Buckingham (1907), que

estudou altura capilar e drenagem em coluna de solo, relacionando tipo de solo e

distribuições granulométrica e de poros com a altura capilar e a retenção de água.

Para caracterizar o fenômeno de fluxo de água líquida em solos não saturados é

primordial o conhecimento das duas funções constitutivas hidráulicas dos materiais: a

curva de retenção de água no solo e a função condutividade hidráulica. Nesta revisão

são repassados aspectos básicos dos estudos de fluxo não saturado, com ênfase nas

técnicas de ensaio para obtenção da curva de retenção, principalmente aquela

envolvendo a bomba de fluxo.

2.1 Equação governadora de fluxo de água líquida em meio não saturado

A Figura 2.1 ilustra um elemento de solo de volume infinitesimal (dV=dxdydz)

submetido a um processo de fluxo de um fluido, que no caso pode ser a água. De acordo

com a equação da continuidade, a vazão de água (em massa) que entra no elemento,

MWin, é igual a vazão de água que sai do elemento, MWout, mais a variação (perda ou

ganho) de massa de água do elemento, Mw, durante o processo de fluxo transiente,

como mostra a Equação (2.1).

(2.1)

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5

Figura 2.1: Elemento infinitesimal de um de solo e fluxo de água.

(modificado Hwang, 2002)

A vazão mássica de água que entra no elemento, MWin, e a vazão mássica de água

que sai do elemento, MWout, podem ser expressas na direção x de acordo com as

Equações (2.2) e (2.3), respectivamente.

(2.2)

[

( ) ] (2.3)

Onde:

= densidade da água.

= velocidade aparente do fluxo na direção x.

Considerando as vazões mássicas de água que entra e sai nas três direções do

elemento de solo, podem ser escritas as Equações (2.4) e (2.5).

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6

(2.4)

(2.5)

Fazendo o balanço de massas da água que entra e sai do elemento, subtraindo-se a

Equação (2.5) da Equação (2.4), tem-se a Equação (2.6).

(2.6)

Considerando agora as Equações (2.6) e (2.3), obtém-se a Equação (2.7) de balanço

geral.

[

]

(2.7)

Prosseguindo na derivação da equação governadora, deve-se invocar a lei de Darcy

que descreve a velocidade aparente, v, como uma função da condutividade hidráulica, k,

e do gradiente hidráulico, i, isto é, a relação entre a variação da carga total, dh, em

determinado espaço percorrido pelo fluxo, dL. A Equação (2.8) mostra a lei de Darcy na

sua forma generalizada, expressa na direção x.

(2.8)

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7

Donde, tomando-se a primeira derivada, e considerando o meio homogêneo e

isotrópico em relação à k, tem-se a Equação (2.9).

(

)

(2.9)

Substituindo a Equação (2.9), e similares nas três direções, na Equação (2.7), obtém-

se a Equação (2.10).

[

]

(2.10)

Em estudos de fluxo em solos não saturados, os índices físicos que melhor

descrevem a quantidade de água presente no solo são o grau de saturação, S, e o teor de

umidade volumétrico, θ. Assim, a taxa de variação mássica do lado direito da Equação

(2.10) pode ser substituída pela a Equação (2.11).

( )

(2.11)

onde o teor de umidade volumétrico, θ, é igual a Sn, sendo n a porosidade do solo, e

invariável.

O que resulta na Equação (2.12).

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8

[

]

( )

(2.12)

A Equação (2.12) é a Equação Geral do Fluxo em solo homogêneo e com isotropia

de permeabilidade.

No caso de fluxo não saturado em solos, sabe-se da dependência da condutividade

hidráulica e do teor de umidade volumétrico em relação à sucção mátrica (u, em

unidades de pressão, ou em carga hidráulica), expressa como a diferença entre a

pressão do ar (ua, ou a carga hidráulica de pressão do ar, a) e a pressão da água (uw, ou

a carga hidráulica de pressão da água, w) presente nos vazios do solo. Assim, a

Equação (2.12) assume o aspecto da Equação (2.13) no caso de fluxo transiente não

saturado.

( ) [

]

(2.13)

Um último desenvolvimento da equação de fluxo não saturado é possível

expressando a carga hidráulica total, h, em função de suas componentes, como mostra a

Equação (2.14).

(2.14)

onde z é a carga de elevação.

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9

Levando-se em consideração a Equação (2.14), a equação de fluxo não saturado na

sua forma mais geral se torna a Equação de Richards (2.15).

[ ( )

]

[ ( )

]

[ ( ) (

)] ( )

(2.15)

sendo C( ) a capacidade de umidade específica, definida na chamada curva de retenção

( versus ) pela Equação (2.16) (FREEZE e CHERRY, 1979).

( )

(2.16)

Sendo o teor de umidade volumétrico uma função da sucção presente no solo, logo a

condutividade hidráulica também é uma função do teor de umidade volumétrico.

As duas funções que aparecem na Equação de Richards, função condutividade

hidráulica, k( ), e a curva de retenção de água no solo, ( ), são as funções

constitutivas hidráulicas dos materiais necessárias para a resolução da equação.

2.2 Sucção

Segundo Fredlund e Rahardjo (1993), o entendimento sobre a sucção no solo

começou a ser desenvolvido no início dos anos de 1900 e continuou sendo estudado por

muitos pesquisadores (Buckingham, 1907; Gadner e Widtsoe, 1921; Richards, 1928;

Schofield, 1935; Edlefsen e Anderson, 1943; Childs e Collis-George, 1948; Bolt e

Miller, 1958; Corey e Kemper, 1961; Corey et al., 1967).

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10

A natureza da sucção pode ser explicada de duas formas que se complementam:

como pressão imposta nos poros de água de um solo não saturado para absorção de mais

água e como energia necessária para remover moléculas de água dos poros de um

material (MARINHO, 2000).

Segundo Lee e Wray (1995), sucção no solo é basicamente a quantidade de energia

associada à capacidade de o solo reter água nos poros. Para retirar essa água retida nos

poros deve-se aplicar uma energia que contraponha a força de retenção no solo. Essa

energia aplicada por unidade de volume de água é chamada de sucção no solo.

A sucção do solo é basicamente dividida em duas componentes:

Sucção matricial: pressão de água negativa criada no solo devido forças

capilares e de adsorção. Ela está relacionada diretamente com a estrutura do

solo.

Sucção osmótica: sucção decorrente da presença de sais dissolvidos no

soluto.

De acordo com Fredlund e Rahardjo (1993), Aitchison (1965) demonstrou no

simpósio de mecânica dos solos “Moisture Equilibria and Moisture Change in Soils”,

que quantitativamente a definição de sucção no solo e seus componentes estão no

contexto da termodinâmica e pode ser expresso pela Equação (2.17), que relaciona a

sucção total no solo e a pressão parcial de vapor de água no solo.

(

) (2.17)

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11

onde:

= sucção no solo ou sucção total (kPa).

R = constante universal dos gases.

T = temperatura absoluta (K).

= volume específico da água ou o inverso da densidade da água, isto é, 1/ .

= massa molar de vapor de água.

= pressão parcial de vapor de água no solo.

= pressão de saturação de vapor de água no solo ao longo da superfície de água a

mesma temperatura.

Tomando uma temperatura de 20°C como referência, tem-se que a sucção total no

solo se relaciona apenas à razão , chamada de humidade relativa, como mostra a

Equação (2.18).

(

) (2.18)

Segundo Lopes (2006), Edil et al. (1981) comprovaram através de ensaios triaxiais

com sucção controlada que apenas a sucção matricial afeta o comportamento do solo

não saturado. De acordo com Fredlund (1979), isso se deve porque a sucção osmótica

teria valores desprezíveis nessas condições.

Em solos onde há baixos valores de sucção, em geral solos arenosos e siltosos, o

mecanismo responsável pela ascensão e retenção de água é a capilaridade, governada

pela estrutura das partículas e dos vazios, assim como pela distribuição dos vazios

(MONCADA, 2008).

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12

A sucção matricial nos poros do solo varia de acordo com alguns fatores intrínsecos

a ele, como mineralogia, granulometria, índice de vazios e grau de saturação, mas

também com as condições ambientais como clima e nível d´água freático, NA. A Figura

2.2 mostra a variação da sucção em um perfil de solo de acordo com o meio que se

encontra.

Figura 2.2: Variação de sucção em um perfil de solo.

(modificado Fredlund e Rahardjo, 1993)

Nas camadas de solo que estão abaixo do nível freático, ou seja, onde o solo está

totalmente saturado, a pressão da água no solo é positiva (tomando como referência

pressão atmosférica) e calculada multiplicando o peso específico da água, γw, pela carga

de pressão (altura de coluna d’água). Na região das partes do solo acima do nível

freático, também chamada de zona vadosa, a pressão da água no solo é negativa e

calculada da mesma forma. Neste caso, utilizando o conceito de sucção, pode-se dizer

que acima do nível freático a sucção aumentaria em direção à superfície. Não havendo

fluxo, a distribuição de carga de pressão seria hidrostática. Caso haja influência de

evaporação, a sucção pode atingir valores muito elevados. A sucção comum nos estratos

de solo superficiais pode ser atenuada ou eliminada por um evento de infiltração ou

inundação.

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13

Em termos de saturação do solo na zona vadosa e também relacionado com o nível

de sucção, acima do nível d’água até certa altura, há uma região de solo que é saturada

devido à generalização do fenômeno da capilaridade em todos os vazios do solo,

chamada de franja capilar.

2.3 Curva de retenção de água no solo

A curva de retenção de água no solo é necessária para definir as condições que

potencialmente podem provocar o processo de fluxo em um meio poroso não saturado

(LEE, 2011). A curva de retenção descreve a relação entre a sucção matricial no solo

(expressa em termos de carga ou pressão) e o teor de umidade volumétrico, θ, ou o grau

de saturação do solo, S.

A Figura 2.3 ilustra esquematicamente curvas de retenção solo-água de três tipos de

solo com granulometrias distintas. No geral, o aumento da sucção (ou a redução da

pressão da água) reduz o teor de umidade volumétrica. A resposta diferenciada que se

observa nas três curvas se deve a capacidade de cada tipo de solo reter água nos poros,

sendo a argila com maior capacidade de retenção de água e a areia com menor

capacidade.

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14

Figura 2.3: Curvas típicas de retenção de água para três tipos de solos.

(modificado SEEP/W, 2012)

Histerese 2.3.1

As curvas de retenção de água obtidas através de ensaios laboratoriais são feitas em

duas etapas, a de drenagem e a de infiltração de água, gerando um fenômeno chamado

histerese que é a não superposição das duas curvas. O efeito histerético é normalmente

aumentado devido à presença de ar aprisionado no solo ou devido a fenômenos de

expansão e contração do solo (BOTELHO, 2001). A Figura 2.4 ilustra o fenômeno da

histerese nas curvas de retenção de água no solo limites de drenagem e infiltração.

A curva de retenção de água no estágio de drenagem inicia quando o corpo de prova

está totalmente saturado (com o teor de umidade volumétrico saturado, sat, igual ao

valor da porosidade da amostra) e valor de sucção nula. Já no final da etapa de

infiltração, o teor de umidade volumétrico na sucção nula, s, apresenta um valor menor

que o sat, e o solo não se apresenta saturado.

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15

Figura 2.4: Curva de retenção de água no solo com efeito da histerese.

(modificado Fredlund e Rahardjo, 1993)

A Figura 2.5 ilustra possibilidades de arranjo dos poros do solo que causam o efeito

histerético. A Figura 2.5a mostra a geometria não uniforme dos poros intercomunicados

e a Figura 2.5b mostra a ocorrência de bolha de ar aprisionado.

A Figura 2.6 mostra a histerese causada por duas curvas limites de retenção de água

no solo. Entre as curvas limites, há curvas que caracterizam fenômenos de drenagem e

infiltração sucessivos. Isso mostra que dependendo do estado inicial da amostra, a curva

de retenção de água obtida em ensaios não será a curva limite de retenção em nenhuma

das duas etapas, ou seja, não percorrem o mesmo caminho das curvas de retenção de

água limites (HUANG et al., 2004).

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16

Figura 2.5: (a) Heterogeneidade da distribuição dos poros; (b) Ocorrência de bolha de ar

aprisionado.

(modificado Lee, 2011)

Figura 2.6: Curvas de drenagem e infiltração sucessivas.

(modificado Huang et al., 2004)

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17

Métodos experimentais 2.3.2

As curvas de retenção de água no solo podem ser obtidas experimentalmente de

várias formas com medições em campo ou em laboratório, focando principalmente a

medida da sucção matricial. De acordo com Lu e Likos (2004) as principais formas são:

Tensiômetro: a medida da pressão negativa da água é feita de forma direta.

Técnica de translação de eixos: permite emular o efeito da sucção por meio

da elevação da pressão do ar, entendendo a definição de sucção matricial

como sendo a diferença entre a pressão do ar, ua, e a pressão da água, uw. A

câmara de Richard ou placa de pressão é usada para obtenção da curva de

retenção por esta técnica (HILF, 1956).

Sensores de condutividade elétrica ou térmica: usados para medir

indiretamente a sucção capilar por meio de variação de condutividade

elétrica ou térmica no meio poroso não saturado.

Técnica do papel filtro com ou sem contato com o solo: sob sucção certa

quantidade de água é transferida do solo para o papel filtro. Tendo a

calibração do papel, pode-se estimar a curva de retenção do solo a partir da

umidade nele absorvida.

A Tabela 2.1 mostra as técnicas de medição de sucção matricial no solo e autores

que pesquisaram sobre cada técnica.

Além das técnicas tradicionais, ensaios alternativos para determinação da curva de

retenção surgiram com os trabalhos de Znidarcic et al. (1991), Manna et al. (1993),

Wildenschild et al. (1997), Hwang (2002) e Lee (2011), que usam procedimentos

baseados na bomba de fluxo.

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18

Tabela 2.1: Técnicas de medição de sucção matricial

TÉCNICAS LABORATÓRIO/

CAMPO REFERÊNCIAS

Tensiômetro Laboratório e campo Cassel e Klute (1986);

Stannard (1992)

Técnica de translação de

eixos Laboratório

Hilf (1956); Bocking e

Fredlund (1980)

Sensores de condutividade

elétrica ou térmica Laboratório e campo

Phene et al. (1971a, 1971b);

Fredlund e Wong (1989)

Método do papel filtro com

contato Laboratório e campo Hounton et al. (1994)

A bomba de fluxo é usada para estabelecer um fluxo de água numa amostra de solo

a uma vazão controlada, criando um regime de percolação transiente ou permanente. O

equipamento opera tanto no modo de extração como de injeção de fluido (LU et al.,

2006). Além do conhecimento da vazão exata do fluxo, a introdução de um transdutor

diferencial de pressão possibilita a medição da diferença de pressão no corpo de prova e

assim obter os dados básicos que podem ser utilizados para determinação da curva de

retenção de água.

A principal vantagem da técnica da bomba de fluxo para obter as curvas de retenção

de água no solo sobre as outras técnicas é a sua rapidez para a obtenção dos dados

experimentais de forma contínua. Podem ser mencionados ainda os benefícios da

obtenção da curva completa (curvas limites de drenagem e infiltração) com o mesmo

corpo de prova e um menor esforço laboratorial.

Modelos matemáticos 2.3.3

A partir dos dados obtidos nos ensaios para determinar a curva de retenção de água

no solo, vários autores fizeram regressões numéricas para se chegar a um modelo

matemático que melhor represente esta relação. Os modelos de Brooks e Corey (1964),

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19

van Genuchten (1980) e Fredlund e Xing (1994) são exemplos de modelos matemáticos

importantes, que foram estudados neste trabalho. A Tabela 2.2 mostra as equações

usadas nesses modelos.

Tabela 2.2: Equações dos modelos matemáticos para previsão da curva de retenção

MODELOS EQUAÇÕES PARÂMETROS DEFINIÇÕES

Brooks e Corey

(1964)

( )

– umidade

volumétrica

saturada.

– umidade

volumétrica residual.

sucção.

van Genuchten

(1980)

( )

[ ( ) ]

– umidade

volumétrica

saturada.

– umidade

volumétrica residual.

h – carga de pressão.

Fredlund e

Xing (1994) [

[ ⁄ ] ]

– umidade

volumétrica

saturada.

sucção.

Nos modelos matemáticos mostrados na Tabela 2.2, na etapa de infiltração, o valor

do teor de umidade volumétrico na sucção nula, s, é menor que sat como visto no item

3.2.1 e o solo não está saturado.

Banco de dados 2.3.4

Obter as curvas características de um solo requer muito tempo e trabalho. Em

estudos preliminares de fluxo não saturado, o uso de banco de dados de curvas

experimentais tem sido uma forma de iniciar alguns projetos ou estudos de fluxo. Um

exemplo de banco de dados é o Rosetta (SCHAAP et al., 2001), usado por Gonçalves

(2012), que é um programa livre que faz previsões das funções características usando o

modelo de van Genuchten (1980) a partir da classificação textural ou granulometria,

densidade do solo e/ou um ou dois pontos da curva de retenção de água. As 2134

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20

amostras contidas no programa são principalmente de solos sedimentares de regiões de

clima temperado (GONÇALVES, 2012).

Gonçalves (2012) concluiu em seu trabalho que a previsão feita pelo banco de dados

Rosetta (SCHAAP et al., 2001) para solos com teor de finos maior que 30% não geram

parâmetros confiáveis. Isso ocorre porque as partículas finas preenchem os vazios do

solo, diminuindo significativamente o valor da permeabilidade do solo, valor este

importante para estimar a curva de retenção de água no solo, e consequentemente

alterando as características hidráulicas do material.

Outro banco de dados conhecido é o SoilVision® produzido pela SoilVision Systems

Ltd. que contêm informações de mais de 6000 solos de 33 países. A estimativa das

curvas características do solo é feita a partir da curva granulométrica, densidade dos

grãos, porosidade do solo, além de resultados de ensaios edométricos e triaxiais

(SOILVISION, 2004).

O Banco de Dados de Solos Não Saturados, BDNSat, desenvolvido por Silva (2005)

tem informações sobre 150 solos do Brasil. Além da curva de retenção de água no solo,

são fornecidas também informações adicionais, como localização e profundidade de

amostragem, índices físicos, limites de Atterberg, características granulométricas e de

compactação e a referência bibliográfica de origem dos dados.

Numa avaliação geral, pode-se dizer que os bancos de dados disponíveis ainda não

englobam todos os tipos de solos, principalmente os tropicais, e ainda há o problema da

confiabilidade dos resultados.

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21

2.4 Condutividade hidráulica

A outra relação constitutiva necessária para modelar o fluxo em solos não saturados

é a função entre a condutividade hidráulica não saturada do solo e a sucção. A Figura

2.7 mostra o comportamento deste tipo de função.

Figura 2.7: Relação entre a condutividade hidráulica e a sucção no solo.

(modificado Lu e Likos, 2004)

A função condutividade hidráulica pode ser definida diretamente por resultados

experimentais e modelos matemáticos ajustados aos resultados de ensaios, mas

comumente esta abordagem não é usada pelas dificuldades da realização desses

experimentos em termos de custo e tempo.

Os ensaios de laboratório para obter a função condutividade hidráulica se dividem

em técnicas de regime permanente, que incluem o método de carga constante, de fluxo

constante e o método da centrífuga, e técnicas de regime transiente, por exemplo, o

método do infiltrômetro. Benson e Gribb (1997) mostram com detalhes as técnicas de

ensaio de laboratório para obter a função condutividade hidráulica.

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22

Devido a dificuldade de execução destes ensaios, o que se pratica geralmente é a

obtenção desta relação a partir de estimativas com base em outras relações constitutivas

ou propriedades obtidas de forma mais rotineira, mais comumente a curva de retenção

de água no solo (MUALEM, 1976; van GENUCHTEN, 1980). Os modelos

matemáticos mais usados nesta estimativa são os de Brook e Corey (1964), van

Genuchten (1980) e Fredlund e Xing (1994). Todos eles usam parâmetros dos seus

modelos de curva de retenção (item 2.3.3).

A determinação da função condutividade hidráulica não saturada pode ser feita

ainda utilizando métodos de estimativa de parâmetros em testes de laboratório de fluxo

não saturado transientes. Nesse método de solução inversa, modela-se o teste de fluxo

com um programa de fluxo não saturado onde as variáveis de fluxo e a curva de

retenção são conhecidas, assim como as condições de contorno e iniciais, e são feitas

avaliações entre relações entre a função condutividade hidráulica e a curva de sucção do

solo (HWANG, 2002; LEE, 2011).

Lee (2011) obteve a função condutividade hidráulica em testes com a bomba de

fluxo de fluxo analisados com programas de elementos finitos UNSAT-H e PEST com

entrada de dados usando parâmetros obtidos pela curva de retenção de água (λ no

modelo de Brooks e Corey e α e n’ no modelo de van Genuchten). Segundo Lee (2011),

estes modelos matemáticos ainda não se adequam para todo o tipo de solo, sugerindo

para futuros trabalhos que sejam elaborados modelos matemáticos que gerem curvas

mais fidedignas para vários tipos de solos.

2.5 Técnicas de obtenção da curva de retenção de água no solo usando a

bomba de fluxo

Znidarcic et al. (1991) foram os primeiros a propor o uso da bomba de fluxo como

instrumento para obtenção da curva de retenção de água no solo em laboratório. Essa

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23

técnica foi depois aprimorada no trabalho de Manna et al. (1993). Hwang (2002)

revisitou a técnica com novos desenvolvimentos. O mais recente trabalho encontrado na

literatura sobre o uso da bomba de fluxo para a obtenção de curvas características foi o

de Lee (2011).

As técnicas elaboradas por Hwang (2002) e Lee (2011) se diferenciam pela forma

de manter o corpo de prova em equilíbrio hidráulico durante o ensaio, além de umas

poucas diferenças na montagem dos aparatos usados nos ensaios (McCARTNEY e

ZNIDARCIC, 2010).

Técnica denominada de “Suction Drop Measurement” 2.5.1

A técnica denominada “Suction Drop Measurement” é elaborada por Hwang (2002)

para obter a curva de retenção de água no solo, usando translação de eixos para medir a

sucção no solo. O equipamento utilizado compõe-se de uma célula triaxial modificada

(com base, pedestal, cabeçote e câmara), um sistema de aplicação de pressão e vácuo

com medidores, um transdutor diferencial de pressão, além de uma bomba de fluxo. A

Figura 2.8 ilustra o esquema do arranjo experimental usado nos ensaios.

O ensaio para a obtenção da curva de retenção em amostras reconstituídas inicia-se

com a preparação do corpo de prova em técnica comum a ensaios triaxiais. Se o

material a ser ensaiado for siltoso, o corpo de prova é formado usando um molde

cilíndrico bipartido montado no pedestal da célula triaxial e compactado até atingir o

índice de vazios desejado. No caso de material arenoso, ou seja, não coesivo, o corpo de

prova é preparado utilizando um molde especial encamisado com uma membrana de

látex que lhe adere por aplicação de vácuo. Forma-se o corpo de prova dentro do molde

com o índice de vazios desejado segundo uma técnica de compactação e depois se

aplica vácuo no topo do corpo de prova para que ela adquira certa coesão e permita a

desmoldagem.

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24

Figura 2.8: Esquema experimental usado na técnica “Suction Drop Measurement”.

(modificado Hwang, 2002)

Na câmara triaxial, o corpo de prova é colocado sobre uma pedra cerâmica fina

saturada de certo valor de entrada de ar, que se apoia sobre o pedestal da célula dotado

de uma pedra porosa também saturada. A pedra cerâmica tem diâmetro um pouco maior

do que o corpo de prova para que se evite a passagem de ar do corpo de prova para o

sistema de medida, que precisa de continuidade hidráulica e saturação. No topo do

corpo de prova, é colocada uma pedra porosa grossa filtrante e sobre a mesma o

cabeçote comum de ensaios triaxiais. A câmara triaxial é então fechada e preenchida

com água destilada, como seu fluido de confinamento.

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25

Segue-se então a saturação do corpo de prova que pode ser obtida por percolação de

água entre a base e o topo e completada por contrapressão. A certificação da

poropressão pode ser feita por meio do teste do parâmetro B de poropressão de

Skempton, explicado posteriormente.

O ensaio para obtenção da curva de retenção (ciclo de drenagem) inicia-se retirando

água do corpo de prova a uma taxa constante pela sua base com o auxílio da bomba de

fluxo, causando um fluxo descendente no corpo de prova. Sem reposição de água no

topo do corpo de prova, começa a surgir sucção dentro do corpo de prova que aumenta

com o tempo. A sucção é medida por meio do transdutor diferencial de pressão como a

diferença entre a pressão do ar, ua, reinante no topo do corpo de prova, constante ao

longo de todo ensaio e igual a contrapressão usada na saturação, e a pressão da água, uw,

na base do corpo de prova. Um sistema de aquisição de dados registra a variação da

sucção durante o ensaio.

Além do registro da sucção durante o ensaio, a quantidade água presente no corpo

de prova pode ser determinada conhecendo-se a vazão da bomba e os tempos em que

esta fica operando. A Equação (2.20) permite calcular o grau de saturação médio a

qualquer tempo durante o ensaio com esta última informação. No modo de remoção de

água o sinal na equação é negativo, e positivo no caso de infusão.

(2.20)

onde:

S = grau de saturação.

So = grau de saturação inicial, usualmente 1 (saturado).

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26

Q = vazão da bomba de fluxo.

Δt = tempo de operação acumulado.

n = porosidade.

V = volume total do corpo de prova.

Neste ensaio, consideramos que o volume total do corpo de prova não varia durante

todo o ensaio.

Uma das dificuldades do ensaio é garantir que a distribuição de sucção seja

homogênea em toda altura do corpo de prova. A Figura 2.9 mostra um esquema feito

por Hwang (2002), que ilustra a variação de sucção pelo corpo de prova usando

diferentes velocidades de fluxo.

Figura 2.9: Perfil da variação de poropressão relativa no corpo de prova a partir de diferentes

velocidades usadas no ensaio. (a) velocidade de ensaio maior que a ideal no modo de drenagem; (b)

velocidade de ensaio ideal ou mais baixa; (c) velocidade de ensaio maior que a ideal no modo de

infusão.

(modificado Hwang, 2002)

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27

A velocidade ideal de ensaio seria aquela igual ou inferior ao valor da condutividade

hidráulica não saturada correspondente a determinado grau de saturação (ou de sucção),

o que produziria uma distribuição uniforme do grau de saturação ao longo da altura do

corpo de prova, como mostra a Figura 2.9b. O problema é que essa velocidade não é

conhecida (e se ajusta a cada momento) e velocidades muito baixas tornariam o ensaio

muito demorado.

No modo de remoção, aplicando uma velocidade de fluxo maior que a ideal, a parte

inferior do corpo de prova apresenta maior valor de sucção relativamente a outras partes

do corpo de prova, como ilustra a Figura 2.9a. No modo de infusão, uma velocidade de

fluxo maior que a ideal causa efeito oposto (Figura 2.9c). O ensaio explora essas

velocidades de fluxo maiores como se verá a seguir, o que torna a técnica atraente pela

redução do tempo de ensaio, muito inferior ao necessário em técnicas convencionais

(papel filtro, placa de pressão, por exemplo).

A velocidade de fluxo maior que a ideal faz com que o grau de saturação

determinado a cada instante seja do corpo de prova como um todo (portanto, médio) e

para um nível de sucção apenas da base. Para solucionar o problema da distribuição não

uniforme do grau de saturação e de sucção, a técnica de Hwang (2002) determina que a

bomba deva ser desligada após a sucção atingir determinado valor, para que o corpo de

prova entre em equilíbrio em termos de sucção e teor de umidade. Com isso, a sucção

dentro do corpo de prova declina gradualmente na base e aumenta no topo; quando

cessa a variação, atinge-se o equilíbrio dentro do corpo de prova e um ponto da curva de

retenção é obtido. O processo repete-se algumas vezes até a definição da parte de

drenagem da curva de retenção. A Figura 2.10 mostra a utilização desta técnica.

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28

Figura 2.10: Resultado direto do ensaio usando a técnica Suction Drop Measurement.

(modificado Hwang, 2002)

Terminado o processo de drenagem de água do corpo de prova, a direção de fluxo

da bomba é invertida e inicia um fluxo ascendente dentro da amostra. O ensaio é feito

da mesma forma que no processo de drenagem da amostra, fazendo-se as paradas da

bomba para uniformização (equalização) da distribuição do grau de saturação e de

sucção, definindo pontos na parte de infiltração da curva de retenção.

A mudança de direção de fluxo gera a histerese na curva de retenção de água no

solo, como foi explicado anteriormente e mostrado na Figura 2.4.

Com esta técnica, Hwang (2002) provou também que mesmo variando a velocidade

de fluxo na bomba os resultados da curva de retenção seriam únicos, como mostra a

Figura 2.11. Assim, não há uma velocidade única para produzir os resultados de ensaio

que permitam obter a curva de retenção.

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29

Figura 2.11: Resultados de ensaios de curva de retenção de água numa amostra de areia usando

velocidades diferentes, mas indicando mesma curva de retenção.

(modificado Hwang, 2002)

Técnica denominada de “Maintained Suction Measurement” 2.5.2

Lee (2011) revisitou a técnica de Hwang (2002) e propôs modificações no ensaio. O

sistema de bomba de fluxo utilizado por Lee (2011), ilustrado na Figura 2.12, chamado

de “Maintained Suction Measurement”, sofreu apenas algumas modificações em

relação ao esquema usado por Hwang (2002). Nesta nova técnica, a preparação do

corpo de prova e os procedimentos de saturação também são semelhantes aos de Hwang

(2002) para determinação da curva de retenção. É na rotina de ensaio, mais

especificamente no equilíbrio hidráulico que eles se diferenciam como se verá a seguir.

O ensaio com a bomba de fluxo é dividido também em estágios de retirada de água

(ciclo de drenagem) ou de infusão (ciclo de infiltração) seguidos de estágios de

equilíbrio onde ocorre a uniformização do corpo de prova em termos de sucção e teor de

umidade.

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30

Figura 2.12: Sistema de bomba de fluxo para obtenção da curva de retenção.

(modificado Lee, 2011)

Nos estágios de retirada há um aumento contínuo da sucção na amostra. Quando a

sucção atinge um valor alvo (de um ponto na curva de retenção) a bomba é parada e a

sucção decai até atingir um valor limite. De acordo com McCartney e Znidarcic (2010),

a diferença entre estes dois valores deve ser de 1 kPa para maior precisão. Atingido o

valor limite, a bomba é religada o que faz elevar novamente a sucção até que esta atinja

o mesmo valor alvo, quando então é novamente parada. Esse processo é repetido

inúmeras vezes, marcando assim o estágio de equilíbrio, até que certo tempo limite para

o decaimento da sucção seja atingido, no caso 5000 segundos.

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31

Concluído o estágio de equilíbrio, a bomba volta a funcionar no modo (estágio) de

retirada de água, aumentando a sucção no tempo até que se atinja nova sucção alvo,

quando então novo estágio de equilíbrio é iniciado. O procedimento é repetido para

várias sucções alvo. A última sucção alvo em equilíbrio será o primeiro estágio do

caminho inverso da curva de retenção, agora com a bomba no modo de infusão (ciclo de

infiltração). As etapas do ensaio se sucedem em estágios de infusão de água no corpo de

prova e de equilíbrio. Na fase de infusão, a sucção diminui à medida que água é

introduzida no corpo de prova. Na fase de equilíbrio deste modo, a sucção aumenta

quando se desliga a bomba, situação oposta a que ocorre no equilíbrio do modo de

remoção de água.

Os valores alvo de sucção são definidos na faixa de interesse do ciclo de drenagem e

usualmente repetidos na parte de infiltração do ensaio. As Figuras 2.13 e 2.14 ilustram

as etapas do ensaio elaborado por Lee (2011) para obter a curva de retenção de água no

solo.

Na Figura 2.13, a sucção aumenta (estágios 1 e 3) ou decresce (estágios 5 e 7)

devido a retirada ou infusão de água usando a bomba de fluxo para atingir o valor alvo

de sucção. No estágio de sucção em equilíbrio, a bomba de fluxo após atingir o valor

alvo é desligada e quando atinge o valor limite ela é novamente acionada. Isso ocorre

por várias vezes até que ocorra o equilíbrio hidráulico por todo o corpo de prova

(estágios 2, 4 e 6).

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32

Figura 2.13: Estágios do ensaio (esquemático) para obter a curva de retenção usando a técnica de

“Maintained Suction Measurement”.

(modificado Lee, 2011)

Figura 2.14: Detalhe do estágio de equilíbrio (esquemático) durante o ensaio para obter a curva de

retenção usando a técnica de “Maintained Suction Measurement”.

(modificado McCartney e Znidarcic, 2010)

Além do monitoramento das sucções durante o ensaio, outros resultados

experimentais estão relacionados com a variação do grau de saturação do corpo de

prova. Na Figura 2.15 mostra-se o gráfico do volume de água drenado ou introduzido

no corpo de prova durante as etapas do ensaio.

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33

Figura 2.15: Gráfico que relaciona o volume de água drenado ou introduzido no corpo de prova

durante as etapas do ensaio.

(modificado Lee, 2011)

A velocidade de Darcy (aparente) para realizar o ensaio, tanto no estágio de

drenagem quanto no de infusão, deve ser ligeiramente superior à condutividade

hidráulica saturada do corpo de prova, ksat. Se a velocidade for menor, o ensaio durará

mais. Se a velocidade for muito maior, então haverá um impacto na precisão para

atingir a sucção alvo e a sucção limite.

A interpretação do ensaio para obter a curva de retenção é relativamente simples. O

valor de sucção é aquele de cada estágio de equilíbrio, e o correspondente grau de

saturação ou teor de umidade volumétrica é obtido a partir do volume acumulado de

água retirado ou colocado no corpo de prova e usando a Equação 2.20. Assim,

combinando os resultados de ensaio (Figura 2.13 e Figura 2.15) pode ser produzida a

curva sucção versus o teor de umidade volumétrico acumulado mostrado na Figura

2.16. Os pontos circulados correspondem aos pontos desejados da curva de retenção.

Neste ensaio, considerou-se o volume de vazios (ou volume total) do corpo de prova

constante (sem variação volumétrica).

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34

Figura 2.16: Curva sucção versus teor de umidade volumétrico acumulado.

(modificado Lee, 2011)

Obtidos os pontos experimentais da curva de retenção, estes então podem ser

ajustados por quaisquer modelos matemáticos para análises dos problemas de fluxo,

como aqueles indicados no item 2.3.2. A Figura 2.17 mostra os resultados de uma curva

de retenção obtida pela técnica de “Maintained Suction Measurement” e o ajuste da

curva segundo o modelo de Brooks e Corey (1964).

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35

Figura 2.17: Curva de retenção obtida pela técnica “Maintained Suction Measurement”.

(modificado Lee, 2011)

2.6 Curvas de retenção de água da literatura

Nesta seção faz-se um apanhado da literatura sobre curvas de retenção de materiais

granulares que se assemelham ao material de estudo usado nesta pesquisa, o sinter feed,

um tipo de concentrado de minério de ferro.

No trabalho de Abrão et al. (2001), ele comparou três tipos de minério de ferro de

acordo com a sua granulometria. As Figuras 2.18 e 2.19 mostram as curvas

granulométricas das amostras de minério de ferro e a curva retenção de água de cada

tipo, respectivamente. O método de ensaio consiste basicamente em aplicar sucção a

uma amostra de minério ligada a um recipiente com água, e após o equilíbrio,

determinar sua umidade. Os valores de sucção para pressões baixas foram conseguidos

pela simples diferença de altura entre a amostra e o recipiente com água. Para pressões

maiores, utiliza-se um equipamento especial que imprime uma pressão através de ar

comprimido (placa de pressão). Este método de obter a curva de retenção é explicado

em Marinho (2000).

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36

Figura 2.18: Curvas granulométricas de diferentes concentrados de minérios de ferro (pellet e sinter

feed) (modificado Abrão et al., 2001)

Figura 2.19: Curvas de retenção de água de difrentes concentrados de minérios de ferro.

(modificado Abrão et al., 2001)

Gardoni et al. (2010) obtiveram curvas de retenção de água de sinter feed para

estudo sobre redução de umidade usando geossintéticos. A Figura 2.20 e a Figura 2.21

mostram curvas granulométricas e curvas de retenção obtidas pelo método do papel

filtro.

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37

Figura 2.20: Curvas granulométricas do sinter feed por diferentes métodos.

(modificado Gardoni et al., 2010)

Figura 2.21: Curva de retenção de água do sinter feed obtida pelo método do papel filtro.

(modificado Gardoni et al., 2010)

No trabalho de Marinho (2005), ele comparou as curvas de retenção de três tipos de

minério de ferro de acordo com a sua granulometria. As Figuras 2.22 e 2.23 mostram as

curvas granulométricas dos concentrados de minérios de ferro e a curva retenção de

água de cada um, respectivamente.

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Figura 2.22: Curvas granulométricas de concentrado de minérios de ferro diferentes.

(Marinho, 2005)

Figura 2.23: Curvas de retenção de água de concentrado de minérios de ferro diferentes.

(Marinho, 2005)

Comparando os gráficos das Figuras 2.22 e 2.23, pode-se observar que os minérios

com maior pressão de entrada de ar são aqueles com menores tamanhos de grãos,

comprovando a consistência dos resultados.

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39

Capítulo 3

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa busca estabelecer procedimento experimental para obtenção de curvas

de retenção de solos utilizando a bomba de fluxo. Faz-se uso de recursos laboratoriais

que foram implantados ou que se achavam disponíveis no Laboratório de Resíduos de

Mineração do Departamento de Engenharia de Minas da UFOP. Dentre os recursos

disponíveis destacam-se uma bomba de fluxo, sistemas de pressão e de vácuo, câmara

triaxial, sistema de aquisição de dados, e material de pesquisa.

3.1 Material usado nos ensaios

O material usado para a realização dos ensaios foi um sinter feed, tipo de

concentrado de minério de ferro. A técnica de amostragem usada foi de

responsabilidade da empresa fornecedora do material.

3.2 Caracterização das amostras

Os trabalhos laboratoriais iniciaram-se com a caracterização das amostras,

realizando-se os ensaios de granulometria, densidade real dos grãos, e determinação dos

índices de vazios máximo e mínimo.

Granulometria 3.2.1

Na obtenção da curva granulométrica da amostra foram usados dois métodos: para o

material grosso executou-se o peneiramento tal como estabelecido pela norma da

Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, Norma Brasileira, NBR, 7181/1984,

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40

e para o material passante na peneira #200 (0,075mm) foi usado o granulômetro a laser

CILAS do Laboratório de Propriedades Interfaciais do Departamento de Engenharia de

Minas, DEMIN, da UFOP. Para a fração fina das amostras, não foi utilizado o método

da sedimentação estabelecido na norma citada, pois como os minerais que contém ferro

são muito densos comparados com outras partículas sólidas eventualmente presentes, o

ensaio de sedimentação poderia gerar resultados não muito confiáveis devido à rapidez

da sedimentação das partículas ferrosas.

Como o peneiramento gera a relação entre o tamanho das partículas pela massa e o

granulômetro a laser pelo volume, deve-se fazer uma compatibilidade entre os dois

métodos para que haja uma equivalência entre os diâmetros. Isso é feito obtendo um

fator de correção dividindo o valor dos dois diâmetros extremos da faixa que sobrepõe a

mesma porcentagem de volume passante (LIMA, 2012).

A Figura 3.1 mostra a curva granulométrica da amostra estudada e as frações de solo

segundo a ABNT. Esta amostra de sinter feed apresentou 43,73% de fração pedregulho,

40,19% de areia, 13,05% de silte e 3,03% de argila.

O material usado nos ensaios de permeabilidade saturada e da curva de retenção de

água no solo foi cortado na peneira #4 (4,8mm), pois as dimensões do corpo de prova

são pequenas (72 x 40 mm, diâmetro/altura) e as amostras poderiam não ficar

representativas. O corte feito eliminou em média 25% da amostra original e não foi

realizado nenhum tipo de compensação em massa. Com esse corte, a curva

granulométrica ficou com o formato da Figura 3.2.

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41

Figura 3.1: Curva granulométrica (peneiramento e granulômetro a laser) da amostra global.

Figura 3.2: Curva granulométrica (peneiramento e granulômetro a laser) do corpo de prova do

ensaio da curva de retenção.

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42

Com o corte na peneira #4 (4,8mm), a amostra não variou muito na fração argilosa e

teve um acréscimo de aproximadamente 13% na fração silte.

Densidade real dos grãos 3.2.2

A densidade real dos grãos, Gs, foi obtida por meio do picnômetro a gás hélio do

Laboratório de Propriedades Interfaciais do DEMIN/UFOP. O resultado obtido no

ensaio foi Gs igual a 4,97.

Índice de vazios máximo e mínimo 3.2.3

As determinações dos índices de vazios máximo, emax, e mínimo, emin, foram

realizadas seguindo as normas ABNT NBR 12051/1991 e ABNT NBR 12004/1990,

respectivamente. Os resultados obtidos para a amostra em estudo foram emax igual a

1,02, e emin igual a 0,71.

Como as normas citadas são para materiais não coesivos que tenham no máximo

12% de material passante na peneira de #200 (0,075mm) e a amostra usada neste estudo

não se encaixa nesse critério, os resultados obtidos nos ensaios foram apenas usados

como referências para o índice de vazio do corpo de prova do ensaio da curva de

retenção de água, que foi de 0,90 (item 3.3).

3.3 Preparação dos corpos de prova para ensaio

O corpo de prova utilizado para obter a curva de retenção é preparado a partir de

material seco passante na peneira #4 (4,8 mm) devido às dimensões dos moldes e da

câmera triaxial, e sua granulometria foi mostrada na Figura 3.2. Pelo seu caráter

arenoso, não coesivo, o corpo de prova é moldado seguindo as orientações de Hwang

(2002) explicadas no item 2.3.1, com o índice de vazios (adotado) de 0,90, e densidade

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43

de 2,62 g/cm3. A Figura 3.3 ilustra os moldes construídos para formação de corpos de

prova siltosos e arenosos, respectivamente.

Figura 3.3: Moldes para materiais siltosos (A) e arenosos (B).

3.4 Saturação do corpo de prova

A saturação inicial do corpo de prova é obtida por percolação de água entre a sua

base e o seu topo. Aplicando-se vácuo na parte superior do corpo de prova, gera-se

fluxo ascendente e assim se promove a elevação do grau de saturação. Após a

percolação de água, alguns volumes de vazios como sugere Head (1986), a saturação é

completada usando-se a técnica de contrapressão, elevando-se a pressão interna e da

câmera mantendo-se a tensão efetiva desejada para o corpo de prova. No ensaio foi

usado a contrapressão de 300 kPa.

Para comprovar a saturação do corpo de prova, o teste do parâmetro B pode ser

realizado usando a Equação (2.19).

(2.19)

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44

onde B é o parâmetro de poropressão de Skempton, é a mudança na poropressão do

corpo de prova para uma variação da pressão confinamento na câmara, , em

condições não drenadas. Quando o parâmetro B atinge o valor unitário significa que o

corpo de prova está saturado.

O resultado final do teste do parâmetro B para certificação da saturação do corpo de

prova é mostrado na Figura 3.4. No ensaio elevou-se de 40 kPa a pressão da célula

triaxial (e, portanto, a tensão total do corpo de prova) e a pressão da água intersticial

subiu de mesmo valor.

Figura 3.4: Gráfico da variação da poropressão durante o teste do Parâmetro B.

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45

3.5 Permeabilidade saturada

Antes do ensaio da curva de retenção de água no solo, é comum fazer-se o ensaio de

condutividade hidráulica saturada, ksat, do corpo de prova utilizando o mesmo sistema

de bomba de fluxo. O princípio do ensaio é a aplicação direta da lei de Darcy com a

imposição de uma vazão constante e medida da poropressão gerada pelo fluxo entre o

topo e base do corpo de prova. Essa propriedade, como vista no item 2.5.1, serve como

velocidade de referência para o ensaio da curva de retenção. A Figura 3.5 mostra a

curva gerada no ensaio de ksat. A condutividade hidráulica saturada média para três

vazões diferentes foi de 2,53 x 10-7

m/s, com dispersão muito baixa.

Figura 3.5: Curva obtida no ensaio de permeabilidade saturada usando a bomba de fluxo.

3.6 Ensaio da curva de retenção

A tecnologia experimental implantada para a realização dos ensaios da curva de

retenção vem de uma parceria de pesquisa com a University of Colorado, nos Estados

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Unidos, na pessoa do professor Dobroslav Znidarcic. Tal trabalho de cooperação teve

um precedente no Brasil, com a dissertação de Botelho (2001), que mostrou a

viabilidade do uso da bomba de fluxo para determinação de funções constitutivas de

fluxo em solos, principalmente adensamento, mas também a curva de retenção com a

tecnologia da época (MANNA et al, 1993).

No projeto atual foi investigada a técnica denominada de “Maintained Suction

Measurement” de Lee (2011), buscando-se verificar sua aplicabilidade em produtos da

indústria mineral. Montou-se para tanto uma estrutura necessária para fazer os ensaios

de curva de retenção de água no solo, como mostra a Figura 3.6.

Figura 3.6: Aparato usado no ensaio para obter a curva de retenção de água no solo .

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47

Equipamento e sistema de automação 3.6.1

A bomba de fluxo usada nos experimentos foi o modelo PHD 4400, fabricado pela

Harvard Apparatus Company, e a câmara triaxial da Humboldt® modelo HM-4199B,

ilustradas na Figura 3.7.

Figura 3.7: (a) Bomba de fluxo da Harvard Apparatus Company e (b) CâmaraTriaxial Humboldt

®.

Para medida de sucção foi usado um transdutor diferencial de pressão modelo P55

Compact produzido pela Validyne Engineering conectado a um sistema de aquisição de

dados.

O ensaio da curva de retenção pelo método de Lee (2011) exige certo nível de

automação, que é possível graças à capacidade de comunicação da bomba de fluxo e a

um sistema supervisório desenvolvido especialmente para o LabVIEW 2010 dentro

deste projeto. A bomba possui conector de entrada/saída (I/O), e se construiu uma placa

eletrônica de circuito impresso com relés para interface de envio e comandos, e foi

adquirida uma placa de aquisição de dados, a myDAQ, da National Instruments.

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48

O sistema supervisório implantado, o VI (Virtual Instrument – aplicativo

desenvolvido em LabVIEW), lê o sensor de pressão, grava os dados em um histórico e,

com base na aquisição em tempo real, envia à saída da placa de aquisição comandos

para ligar e desligar a bomba, bem como definir seu sentido (infusão ou retirada de

água). Como o comando da bomba pela I/O disponível se dá por meio de footswitches,

ou seja, é necessário “fechar contatos” para que a bomba receba os comandos de

acionamento e reversão, foi desenvolvido um circuito com dois relés, um para ligar e

desligar a bomba, e um segundo relé para definir o sentido, de modo que o sinal de

saída da placa de aquisição pudesse realizar a comutação do relé, e o relé fizesse o

“papel” de fechar os contatos para controlar a bomba. Dessa forma, tornou-se possível a

interface da placa de aquisição com a bomba, de acordo com a proposta de um controle

liga/desliga (on/off) por histerese em malha fechada, necessário para que o ensaio fosse

realizado com êxito. A Figura 3.8 ilustra as placas usadas para comunicação entre a

bomba e o VI e a Figura 3.9 mostra uma tela do (VI).

Figura 3.8: Placas usadas na aquisição de dados e no controle do ensaio.

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49

Figura 3.9: Imagem vista na tela do computador do programa de controle (VI).

Para que a comunicação entre a bomba e o VI não tivesse nenhuma interferência, a

bomba e o sistema de aquisição de dados foram ligados a no breaks para que qualquer

eventual oscilação de energia ou a falta desta o sistema não entrasse em conflito.

Rotina de ensaio 3.6.2

Para iniciar o ensaio, dois aspectos preliminares devem ser atendidos, como

explicado anteriormente. O primeiro deles é que o corpo de prova e o sistema devem

estar totalmente saturados, certificado pelo teste do parâmetro B. O segundo é a

definição da velocidade de ensaio (vazão da bomba de fluxo) que deve ter como

referência o ksat do corpo de prova.

Com os pré-requisitos acima atendidos, a bomba de fluxo é ligada e inicia-se o

processo de retirada de água do corpo de prova através da base. No início a água

removida serve para drenar a linha (tubulação) entre o topo do corpo de prova e um dos

reservatórios de contrapressão. A remoção completa inclui também a água que preenche

os vazios da pedra porosa que está sobre o corpo de prova. Após a bomba retirar toda a

água contida no sistema de drenagem de topo, qualquer água adicional que sai do

sistema será então do corpo de prova, iniciando propriamente o ensaio da curva de

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50

retenção, com o ar começando a entrar ar nos vazios do corpo de prova. Percebe-se uma

maior resistência ao fluxo pela elevação da medida de sucção pelo transdutor

diferencial.

Seguindo o procedimento de Lee (2011), com a continuidade do ensaio, a retirada

de água do corpo de prova produz aumento gradual na sucção até que se atinjam os

valores alvos, quando então a bomba desliga-se automaticamente para que se inicie o

processo de equilíbrio hidráulico, explicado no item 2.3.2. Na atual implantação a

diferença entre a sucção alvo e a sucção limite foi estabelecida em 2 kPa (e não 1 kPa)

devido a limitações do sistema de controle (relé analógico). As sucções alvo da

instalação atual estão limitadas a quatro pontos da curva na etapa de drenagem. A

inversão para o modo de injeção de água no corpo de prova também é feita

automaticamente e mais quatro pontos da curva no ciclo de infiltração podem ser

obtidos. Os valores da sucção alvo são definidos pelo usuário dentro da faixa de

interesse, observando as limitações do sistema (pressão de entrada de ar da pedra

cerâmica, diafragma do transdutor diferencial, e número de sucções alvo).

Manipulação e análise dos dados experimentais 3.6.3

A manipulação e análise dos resultados para obter os pontos experimentais da curva

de retenção segue praticamente o procedimento de Lee (2011), descrito no item 2.3.2.

O ajuste dos pontos obtidos no ensaio foi feito utilizando o programa Soil Water

Retention Curve (SWRC), versão 3.00 Beta (DOURADO NETO et al., 2001). Nele

pode-se obter a curva de retenção de água no solo a partir de modelos matemáticos de

vários autores.

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51

Depois da seleção do modelo desejado, o programa permite escolher se os

parâmetros de cada modelo serão independentes ou não (quando possível), e para os

teores de umidade volumétrico (saturado ou na sucção nula, caso de infiltração) e

residual impô-los manualmente, fixando seus valores como limites, ou obtê-los através

de regressão.

Os modelos usados neste trabalho foram o de Brooks e Corey (1964), entrando com

os valores limites de teores de umidade volumétrico saturado e residual, e o modelo de

van Genuchten (1980), impondo os valores do teor de umidade volumétrico saturado e

na sucção nula na etapa de infiltração manualmente e o teor de umidade volumétrico

residual por regressão e manualmente. Os parâmetros n’ e m do modelo de van

Genuchten (1980) foram obtidos por regressão de forma dependentes e independentes.

Velocidade de ensaio: testes 3.6.4

O critério para a escolha da vazão da bomba utilizada no ensaio leva em

consideração a permeabilidade saturada do material para otimizar o tempo de ensaio,

fator este que torna essa técnica mais vantajosa em relação às outras, como explicado na

Figura 2.9. A vazão da bomba usada neste ensaio foi de 0,12 ml/min, valor

correspondente ao dobro do ksat do material, determinado antes de iniciar o ensaio da

curva de retenção de água no solo.

Pôde-se observar em alguns testes que usar uma velocidade abaixo ou igual ao valor

do ksat faz com que a sucção do corpo de prova não chegue ao valor limite na primeira

vez que a bomba é desligada, ou seja, o equilíbrio praticamente já existe, e, portanto a

espera de 5000 s seria desnecessária, além de tornar o ensaio mais demorado. A Figura

3.10 mostra um gráfico obtido em um ensaio teste em que a vazão da bomba era menor

que o ksat do corpo de prova e o resultado permite entender que no primeiro estágio o

corpo de prova não precisava passar pelo processo de equalização hidráulica. No estágio

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52

seguinte, vê-se que a equalização acontece, significando que a vazão constante imposta

no ensaio para esses outros níveis de sucção é maior do que a permeabilidade hidráulica

não saturada desses níveis de sucção.

Figura 3.10: Ensaio em que a vazão da bomba era menor que o k sat do corpo de prova.

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53

Capítulo 4

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A obtenção da curva de retenção de água da amostra da pesquisa (sinter feed)

usando a bomba de fluxo é apresentada nesta seção. O ensaio iniciou com o teste do

parâmetro B para certificação da saturação do corpo de prova, seguido da determinação

de ksat como já descrito nos itens 3.4 e 3.5. Uma comparação com resultados da curva de

retenção utilizando banco de dados é também apresentada no final deste capítulo para

discussões.

4.1 Ensaio da curva de retenção

A vazão da bomba de fluxo imposta foi de 0,12 ml/min que corresponde ao dobro

do valor do ksat do corpo de prova. Os valores de sucção alvo foram 20, 40, 70 e 90 kPa,

estabelecidos dentro da faixa de sucções de interesse.

No término do ensaio, as dimensões do corpo de prova permaneceram praticamente

as mesmas das do início do ensaio. Isso permitiu considerar constante o volume de

vazios do corpo de prova para a elaboração dos cálculos para obter os pontos das curvas

(não variação volumétrica).

A Figura 4.1 mostra a curva de desenvolvimento do ensaio em todos os estágios de

equalização, nas etapas de drenagem e infiltração. No final de cada estágio de

equalização foram destacados os pontos da curva de retenção de água obtidos.

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54

Figura 4.1: Gráfico de sucção versus tempo obtido diretamente no ensaio.

A Figura 4.2 mostra a curva de volume acumulativo de água no corpo de prova

durante o ensaio. Conhecendo os instantes em que a bomba fica acionada (nos estágios

de drenagem e infiltração) durante todo o ensaio, podemos calcular o volume de água

drenado ou introduzido no corpo de prova, a partir da vazão de fluxo da bomba de fluxo

usada.

A Figura 4.3 mostra a variação do teor de umidade volumétrico em relação à sucção

no corpo de prova durante o ensaio obtida a partir dos dados básicos do ensaio (Figuras

4.1 e 4.2) e da Equação (2.20).

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55

Figura 4.2: Volume acumulativo de fluxo de água no corpo de prova durante o ensaio.

Figura 4.3: Variação do teor de umidade volumétrico em relação à sucção no corpo de prova.

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56

4.2 Ajustes matemáticos da curva de retenção

A partir dos pontos experimentais da curva de retenção de água no solo obtidos e

mostrados na Figura 4.3, foi feito o ajuste de acordo com os modelos estabelecidos por

Brooks e Corey (1964) e van Genuchten (1980) para a curva de retenção de água no

solo.

O ajuste de van Genuchten (1980) foi feito de duas maneiras: por regressão e

fixando o teor de umidade volumétrico residual, θr, como mostram as Figuras 4.4 e 4.5,

respectivamente. O θr foi estabelecido como o valor do teor de umidade volumétrico

para a sucção de 90 kPa, o maior valor de sucção. Nos dois casos, os valores do teor de

umidade volumétrico saturado, θsat, e o teor de umidade volumétrico na sucção nula na

etapa de infiltração, θs, foram fixados.

Figura 4.4: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) por regressão.

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57

Figura 4.5: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) estabelecendo

valores de teor de umidade volumétrico saturado e residual.

Segundo Lu e Likos (2004), o modelo de van Genuchten (1980) permite que os

parâmetros n’ e m possam ser independentes ou não. Fazendo os ajustes das curvas

considerando estes parâmetros independentes torna o modelo mais flexível (van

GENUCHTEN et al., 1991). As Figuras 4.6 e 4.7 mostram as curvas de retenção por

regressão e fixando o valor de θr, respectivamente, considerando n’ e m independentes.

Nos dois casos, os valores de θsat e θs, foram também fixados.

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Figura 4.6: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) por regressão

considerando n’ e m parâmetros independentes.

Figura 4.7: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de van Genuchten (1980) estabelecendo

valores de teor de umidade volumétrico saturado e residual considerando n’ e m parâmetros

independentes.

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59

Comparando as curvas de retenção de água em relação à forma de estabelecer o

valor de r, por regressão ou manualmente, podemos observar um aumento no valor da

pressão de entrada de ar, ua, quando o r é informado manualmente. Nos gráficos de

ajuste considerando os parâmetros n’ e m dependentes, o valor de ua aumentou de 0,8

kPa para 4 kPa, aproximadamente. No gráfico de ajuste considerando os parâmetros

independentes, o valor de ua aumentou de 0,6 kPa para 1,4 kPa, aproximadamente.

E o coeficiente de determinação, R2, das curvas de ajuste foram maiores

considerando os parâmetros n’ e m independentes, exceto na curva de drenagem feita

por regressão.

A Figura 4.8 mostra o ajuste da curva de retenção de água no solo seguindo o

modelo de Brooks e Corey (1964), entrando-se com os valore limites para θsat, θs e θr.

Figura 4.8: Curva de retenção de água no solo pelo ajuste de Brooks e Corey (1994).

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60

Analisando-se os gráficos e os elevados coeficientes de correlação obtidos nas

regressões dos dados experimentais, fica claro que os modelos matemáticos ajustaram

muito bem aos dados de ensaio.

4.3 Curva de retenção obtida em banco de dados

Neste item deseja-se examinar como seria a estimativa da curva de retenção de água

para amostra (e/ou corpo de prova) estudada neste trabalho utilizando o banco de dados

Rosetta (SCHAAP et al., 2001) e o modelo de van Genuchten (1980).

Inicialmente a previsão foi feita a partir das frações granulométricas do corpo de

prova. Como o corpo de prova usado nos ensaios no laboratório contém uma fração

pedregulho e o programa não permite a entrada dessa fração, esta foi acrescentada na

fração arenosa. A Figura 4.9 mostra a previsão da curva de retenção feita no Rosetta

(SCHAAP et al., 2001) comparada com a curva obtida em laboratório.

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Figura 4.9: Comparação das curvas de retenção de água no solo obtida em laboratório e no banco

de dados Rosetta (SCHAAP et al., 2001).

Comparando as duas curvas de retenção no gráfico, pode-se observar que elas não se

coincidem em nenhum aspecto (teor de umidade volumétrico saturado e residual e

inclinação, que está relacionada com os parâmetros α e n).

Outra possibilidade de input do Rosetta (SCHAAP et al., 2001) é entrar com o valor

da densidade do corpo de prova e o teor de umidade volumétrico na sucção de 33 kPa,

33kPa, além das frações granulométricas. Como o programa aceita valores de densidade

somente até 2,0 g/cm3 e o corpo de prova usado no ensaio de laboratório tem uma

densidade de 2,62 g/cm3 não seria possível fazer uma previsão. Para contornar esse

problema e prosseguir com outra análise, foi fixado o valor de 33kPa do ensaio feito em

laboratório, que foi de 0,31, e buscou-se no banco de dados uma curva de retenção cuja

frações granulométricas mais se aproximasse das do corpo de prova estudado.

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A Tabela 4.1 mostra a relação dos índices físicos usados para obter a curva de

retenção no Rosseta (SCHAAP et al., 2001) e os índice físicos resultantes no ensaio em

laboratório. E a Figura 4.10 mostra o resultado da curva de retenção de água no solo que

melhor se encaixou nesta situação.

Tabela 4.1: Relação dos índices físicos da amostra estudada

ÍNDICES FÍSICOS ROSETTA LABORATÓRIO

% Areia 53,10 78,25*

% Silte 35,90 17,73

% Argila 11,00 4,02

1,64 2,62

0,31 0,31

* Considerando a fração pedregulho.

Comparando as duas curvas de retenção de água no solo da Figura 4.10 percebe-se

que o aumento da fração fina na estimativa feita no Rosetta (SCHAAP et al., 2001) fez

com que o valor de entrada de ar aumentasse em relação ao encontrado no ensaio

laboratorial. Outro problema encontrado na previsão foi que mesmo considerando 33kPa

igual a 0,31, a curva de retenção não passou por este ponto.

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63

Figura 4.10: Comparação das curvas de retenção de água no solo obtida em laboratório e no banco

de dados Rosetta (SCHAAP et al., 2001).

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64

Capítulo 5

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A pesquisa sobre a obtenção curva de retenção de água no solo usando a bomba de

fluxo segundo a técnica conhecida com “Maintained Suction Measurement” foi

concluída com a implantação do sistema de ensaio e a produção de resultados

experimentais para um material particulado areno-siltoso da indústria de mineração

(sinter feed). A técnica preconiza estágios de retirada/injeção de água até que se atinjam

níveis de sucção de interesse seguido de estágios de equilíbrio hidráulico para

homogeneização de sucções e teor de umidade volumétrica dentro do corpo de prova. A

avaliação geral é de que o método é muito conveniente, completamente automático, e

produz resultados de uma forma rápida e fácil, fazendo com que esta técnica seja muito

promissora. Detalha-se a seguir as principais conclusões e sugestões para trabalhos

futuros.

5.1 Principais conclusões

A montagem da estrutura necessária para a realização dos ensaios requer certo

investimento, mas é muito vantajosa, pois os ensaios geram dados necessários para

obter a curva de retenção de água no solo completa (drenagem e infiltração) de um

mesmo corpo de prova, mostrando claramente o fenômeno histerese.

A automação do ensaio é primordial para sua execução. A leitura e armazenamento

das pressões medidas durante o ensaio pelo transdutor diferencial de pressão, a decisão

de ligar ou desligar a bomba nas sucções alvo, e a verificação do tempo de

decaimento/subida na fase de equilíbrio hidráulico são atividades que exigem um

sistema supervisório do ensaio (hardware e software).

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65

A facilidade de formar um corpo de prova que defina as condições desejadas de

ensaio, como porosidade e tensão efetiva, é um grande atrativo do ensaio da curva de

retenção com o uso da bomba de fluxo. Usa-se o que se conhece para preparação,

saturação e ensaio de corpos de prova de ensaios triaxiais.

A possibilidade de obter a permeabilidade saturada, ksat, do mesmo corpo de prova

antes de iniciar o ensaio para obter a curva de retenção utilizando o mesmo sistema de

bomba de fluxo é muito conveniente já que a vazão ideal do ensaio da curva de retenção

a tem como referência. A vazão ideal praticada nos ensaios da curva de retenção

consistiu em valores correspondentes em torno de duas vezes o ksat.

A comparação das curvas de retenção obtidas em laboratório com as previstas no

banco de dados Rosetta (SCHAAP et al., 2001), permitiu concluir que o banco de dados

apresenta limitações para este tipo de material ensaiado.

O grande atrativo da técnica é sem dúvida a duração do teste para obter as duas

curvas de retenção de água no solo, a de drenagem e de infiltração, que se afigura bem

inferior diante as outras tipos de ensaio, algo para o solo ensaiado em torno de 5 dias,

compensando todo o investimento na montagem da estrutura necessária para a

realização do ensaio.

5.2 Recomendações

O ajuste da curva de retenção de água no solo pode ser mais confiável com um

número maior de pontos, algo entre 6 a 10 pontos como sugere Lu e Likos (2004). Para

isso deve-se modificar o atual programa, incluindo mais sucções alvo, isto é, mais

pontos na curva.

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66

A obtenção de curva de retenção para materiais finos (argilosos) exigiria que

houvesse um monitoramento das dimensões do corpo de prova, já que elas podem variar

durante a retirada ou introdução de água (contração e expansão, respectivamente).

A obtenção da função da condutividade hidráulica também é de grande importância

para resoluções de problemas de fluxo em solos não saturados. Assim, sugere-se

explorar o ensaio da curva de retenção para obtenção daquela função característica por

métodos diretos ou de solução do problema inverso.

Um ensaio para obtenção completa da curva de retenção pode levar vários dias.

Seria, portanto muito conveniente poder acompanhar os ensaios à distância. Por isso

sugere-se implantar meios de monitoramento do ensaio em tempo real via internet.

A histerese causada pela não sobreposição das curvas de drenagem e infiltração foi

mostrada nos resultados obtidos nos ensaios, mas estudos devem ser expandidos para

mostrar as curvas secundárias, terciárias e outras possíveis de serem definidas na

alternância de eventos de drenagem e infiltração, situações tão frequentes no campo.

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67

Capítulo 6

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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