DETERMINAÇÃO DE FIBRAS EM ALIMENTOS
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS
DISCIPLINA DE ANÁLISE DE ALIMENTOS
DETERMINAÇÃO DE FIBRAS EM ALIMENTOS
Profa. Rosana Aparecida da Silva Buzanello
AULA 6
INTRODUÇÃO
Definição de Fibra:
Codex Alimentarius Comission (2008):
“Qualquer material comestível de origem vegetal que não seja hidrolisado pelas
enzimas endógenas do trato digestivo humano, determinado segundo o método
985.29 da AOAC 15 ed de 1990 (método enzimático gravimétrico) ou edição mais
atual.”
American Association of Cereal Chemists (AACC) – 2000:
“A fibra alimentar é a parte comestível das plantas ou carboidratos análogos que são
resistentes à digestão e absorção no intestino delgado de humanos com fermentação
completa ou parcial no intestino grosso. A fibra alimentar inclui polissacarídeos,
oligossacarídeos, lignina, e substâncias associadas à planta.”
INTRODUÇÃO
Definição de Fibra:
Brasil (Portaria nº 41, 14/01/1998, MS):
Fibra alimentar é constituída de polímeros de carboidratos com dez ou mais unidades
monoméricas, que não são hidrolisadas pelas enzimas endógenas no intestino
delgado e que podem pertencer a três categorias:
polímeros de carboidratos comestíveis que ocorrem naturalmente nos alimentos na forma
como são consumidos;
polímeros de carboidratos obtidos de material cru por meio físico, químico ou enzimático e
que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana, de acordo com
evidências científicas propostas e aceitas por autoridades competentes;
polímeros de carboidratos sintéticos que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico
sobre a saúde humana, de acordo com evidências científicas propostas e aceitas por
autoridades competentes.”
INTRODUÇÃO
Definição de Fibra:
A fibra alimentar (FA) não é uma única substância, mas ela é composta,
principalmente, de polissacarídeos interligados entre si formando uma
rede tridimensional e com a presença de outras substâncias como
proteínas de parede celular, lignina, compostos fenólicos, fitatos,
oxalatos e outros.
INTRODUÇÃO
Classificação
De acordo com a composição química:
Polissacarídeos
Lignina Lignina
É uma molécula tridimensional amorfa observada nas plantas
terrestres, em associação com a celulose na parede celular, de
natureza polimérica e tridimensional, com finalidade de conferir
rigidez, impermeabilidade e resistência contra ataques biológicos
aos tecidos vegetais.
INTRODUÇÃO
Classificação
De acordo com a solubilidade em água/ função na célula:
Fonte: Food Ingredients (2008)
INTRODUÇÃO
Terminologia
Fibra bruta: inclui materiais que não são digeríveis pelos organismos humano e
animal e são insolúveis em ácido e base diluídos em condições específicas.
Fibra alimentar: a aceita pela legislação vigente.
INTRODUÇÃO
Exemplos de fibras
e suas fontes
Fonte: Purgatto, (2004)
IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE
Para informar sobre o valor nutricional e compor a Informação Nutricional
nos rótulos dos produtos alimentícios.
IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE
Avaliação do processo tecnológico.
Exemplo: avaliar a eficiência da moagem e refinação de farinhas.
Verificar a ocorrência de fraudes e adulterações.
Exemplo: presença de cascas em nozes moídas, sementes em frutas
processadas, serragem em alimentos, avaliação nutritiva em rações.
MÉTODOS DE ANÁLISE
Gravimétricos
Fibra bruta
Fibra detergente neutro (NDF) e fibra detergente ácido (ADF)
Fibra detergente neutro modificado
Enzímico-gravimétricos
Enzímico-químicos
Por espectrofotometria
Por cromatografia à gás
Por cromatografia líquida de alta eficiência
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra bruta
Conhecido também como método de Weende.
Determina celulose, algo de lignina e pentosanas.
Princípio:
É o material resultante da diferença entre o resíduo seco, obtido após a
digestão da amostra com H2SO4 1,25% e NaOH 1,25%, sob condições
específicas, e o teor de cinzas resultante da incineração do resíduo.
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Amostra finamente moída e desengordurada
Refluxo sob fervura com H2SO4 1,25%/ 30’
Filtrar e lavar com água fervente até
neutralização da acidez
Refluxo sob fervura com NaOH 1,25%/ 30’
Filtrar, secar em estufa (pesar), incinerar em mufla, esfriar e pesar
Cuidado
1
Cuidado
2Cuidado
3
Fibra bruta
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra bruta
Aplicações:
Avaliação nutritiva de rações;
Eficiência na moagem e refinação de farinhas;
Verificação de maturação de frutas e vegetais;
Adulterações.
Limitações
Não representa a fibra alimentar;
Não representa a digestão no organismo;
Perda de: 20 a 50% de celulose; 50 a 90% de lignina, 100% de pectinas e cerca
de 75% de hemicelulose.
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra por detergente (Método de Van Soest, 1994)
Como as maiores perdas de fibras são ocasionadas pela ação da base, esta
etapa foi abolida nestas metodologias.
Princípio:
É baseado na separação das diversas frações constituintes das fibras por meio de
reagentes específicos, denominados detergentes.
Tipos:
Ácida
Neutra.
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra por detergente ácido (ADF)
Aplicações: em ração animal para determinar celulose e lignina.
1º Amostra seca,
moída e menos
de 2% gordura
2º Refluxo com
H2SO4 0,5M e 20g
CTAB/L /60’
3º Filtrar, lavar
com água quente
e acetonaCTAB = brometo
de cetilmetilamonia
– reagente
catiônico4º Secar e pesar
Separar todos os
componentes
solúveis
Celulose, lignina
(minerais, taninos e
parte da pectina e
hemicelulose)
FDA % (m/m) =
resíduo x100/g da amostra
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra por detergente ácido (ADF)
Considerações:
As amostras não devem apresentar mais de 2% de lipídios.
Amostras com alto teor de amido recomenda-se adicionar enzimas amilolíticas.
Aplicações:
Método oficial para determinação de fibra dietética em grãos de cereais.
Determina celulose, hemicelulose e lignina.
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra por detergente neutro (NDF)
1º Amostra seca e moída
2º Refluxo com solução tampão
SLS (30g/L) contendo borato,
EDTA e 1-etoxietanol, 60’
3º Filtrar, lavar com água
quente e acetona
4º Secar e pesar
5º Incinerar e pesar
SLS = lauril sulfato de sódio
Separar todos os
componentes solúveis
Celulose, lignina, hemicelulose
(insolúvel em detergente neutro),
minerais, proteínas em parte
Por diferença: celulose, lignina,
hemicelulose (insolúvel em
detergente)
MÉTODOS DE ANÁLISE GRAVIMÉTRICOS
Fibra por detergente ácido (ADF) e detergente neutro (NDF)
Características:
Não determina fibras solúveis.
Perde uma parte da hemicelulose insolúvel.
Não solubiliza a proteína totalmente (Ex.: isolado de soja).
Amido não é totalmente removido mesmo na presença de enzimas no método
modificado (Ex.: Leguminosas).
Para obter o valor de hemicelulose, deve-se diminuir NDF de ADF.
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-GRAVIMÉTRICOS
Hidrólise do amido e da proteína com enzimas (puras).
Precipitação da fibra solúvel.
Separação das fibras por filtração ou diálise.
Determinação:
Pesagem dos resíduos insolúveis (estufa a 105 °C)
Determinação das cinzas (525 °C) e proteína (N x 6,25)
Analisa:
Fibra total
Fibra solúvel
Fibra insolúvel
Utilizado:
Tabelas de composição de alimentos
Rotulagem de alimentos
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-GRAVIMÉTRICOS
Fonte: PURGATTO (2004)
Fibra alimentar totalFibra alimentar total,
solúvel e insolúvel
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-GRAVIMÉTRICOS
FAT = (peso do resíduo – proteína – cinzas – branco)/peso amostra
95% E 95%
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-GRAVIMÉTRICOS
Cuidados durante a realização da análise:
Preparo da amostra
Amostras secas e com teor de lipídios inferior a 10%
Tamanho das partículas inferior a 1 mm (ideal 0,3-0,5 mm)
Presença de amido resistente
Não há solubilização total e hidrólise do amido resistente
Proteína residual
Não há remoção completa de proteína
O fator 6,25 é geral
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-GRAVIMÉTRICOS
Cuidados durante a realização da análise:
Precipitação com etanol
Não precipita àqueles com GP menor que 10 e nem polímeros altamente
ramificados
Coprecipitação de reagentes e de ácidos orgânicos
Correção de minerais
Filtração e auxiliar de filtração
Enzimas
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-QUÍMICOS
Consiste:
Separação da fibra dos demais constituintes do alimento;
Hidrólise dos polímeros;
Determinação:
Espectrofotometria
Cromatografia à gás ou líquida.
Exemplos: kits para determinação de inulina/ oligofrutose e para determinação de
amido resistente.
MÉTODOS DE ANÁLISE ENZÍMICO-QUÍMICOS
Fonte: PURGATTO (2004)
Comparação dos valores de fibra em alimentos empregando diferentes metodologias:
REFERÊNCIAS
CARVALHO, H. H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre: UFRGS,
2002.
CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2 ed. Campinas:
UNICAMP, 2003.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas. Métodos químicos e físicos para análise de
alimentos. v. 1, 3 ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 1985.
GOMES, J. C.; OLIVEIRA, G. F. Análises físico-químicas de alimentos. Viçosa: UFV, 2011.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa: UFV,
2009.
GIUNTINI, E. B.; MENEZES, E. W. Fibra alimentar. São Paulo: ILSI Brasil - International Life
Sciences Institute do Brasil, 2011.
Dossie Fibras Alimentares. Food Ingredients, São Paulo, n. 3, p .42-65, 2008.
PURGATTO, E. Análise de fibra alimentar. São Paulo, 2004.