Determinismo biológico e geográfico (03/04/2012)

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Determinismo biológico Os antropólogos constatam a partir de seus estudos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais Felix Keesing: “não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais”

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Antropologia e educação I - Aula 03/04/2012Teses e antíteses sobre os determinismos e a Antropologia.

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Determinismo biológico

Os antropólogos constatam a partir de seus estudos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais

Felix Keesing: “não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais”

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Reunião UNESCO -1950

“Os dados científicos não confirmam a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias constituíriam um fator de importância primordial entre as causas das diferenças que se manifestam entre as culturas (…) essas diferenças se explicam antes de tudo pela história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel prependerante na evolução do homem são sua faculdade de aprender e sua plasticidade”.

“... não foi provada a validade da tese segundo a qual os grupos humanos diferen uns dos outros pelos traços psicologicamente inatos, quer se trate de inteligência ou temperamento. As pesquisas científicas revelam que o nível das aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos”.

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A espécie humana se diferencia através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente.

Atividades atribuidas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra

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O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação.

Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.

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Determinismo geográfico

Considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural.

Estas teorias foram desenvolvidas principalmente por geógrafos no final do Século XIX e no início do Século XX e ganharam uma grande popularidade.

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Desde a Antigüidade, foram comuns as tentativas de explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das variações dos ambientes físicos:

Marcus V. Pollio, arquiteto romano, S.I A.C.:

“Os povos do sul têm uma intelegiência aguda, devido à raridade da atmosfera e ao calor; enquanto os das nações do Norte, tendo se desenvolvido numa atmosfera densa e esfriados pelos vapores dos ares carregados, têm uma inteligência preguiçosa”.

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Jean Bodin, filósofo francês do século XVI:

Teoria de que os povos do norte têm como líquido dominante da vida o fleuma, enquanto os do sul são dominados pela bilis negra.

Em decorrência disto, os nórdicos são fieis, leais aos governantes, cruéis e pouco interessados sexualmente; enquanto os do sul são maliciosos, engenhosos, abertos, orientados para as ciências.

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Hungtington: Civilization and climate, 1915:

formula uma relação entre latitude e centros de civilização, considerando o clima como fator importante na dinâmica do progresso.

A partir de 1920, antropólogos como Boas, Wissler e Kroeber, entre outros, refutaram este tipo de determinismo e demonstraram que existe uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais.

É possível existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.

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Exemplos:

Lapões e Esquimos: ambiente geográfico semelhante: calota polar norte; flora e fauna semelhante

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Lapões: norte da Europa

Casas: tendas de peles de rena

Criadores de rena

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Esquimós: norte de América

Casas formadas de blocos de neve

Vivem da caça de mamíferos

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A aparente pobreza glacial não impede que os esquimós tenham uma desenvolvida arte de esculturas em pedra-sabão e nem que resolvam os seus conflitos com uma sofisticada competição de canções entre os competidores

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Índios do sudoeste norte-americano

Grupo Pueblo: aldeões, economia agrícola baseada no milho

Os Navajo: antes coleta de castanha e caça; atualmente pastoreadores de ovinos

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Parque Nacional do Xingu

Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá: se dedicam à pesca e caça de aves

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Kayabi: preferem os mamíferos de grande porte, como a anta, o veado, o caitutu etc.

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Os três exemplos mostram que não é possível admitir a idéia do determinismo geográfico.

A posição da antropologia moderna é que a “cultura age seletivamente”, e não casualmente, sobre seu meio ambiente.

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As diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas através das diversidades somatológicas ou mesológicas.

Os determinismos geográficos e biológicos não explicam a diversidade dos seres humanos.

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A cultura diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica

Confúcio: “A natureza dos homens é a mesma, são seus hábitos que os mantêm separados”.

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A grande qualidade da espécie humana é romper com suas próprias limitações.

O ser humano difere dos outros animais por ser o único que possui cultura.