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1 Deus não Joga Dados, Joga Xadrez com o Diabo. Lucas de Arcanjo

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Deus não Joga Dados, Joga Xadrez com o

Diabo.

Lucas de Arcanjo

2

Para minha família

3

Sumário

Cap I – O Adversário....................................9

Cap II - A Ciência ou As Torres...................25

Cap III - A Religião ou Os Bispos.................38

Cap IV - A Política ou Os cavalos.................89

Cap V – A Alma Perfeita ou A rainha............97

Cap VI - O Jogo........................................130

Cap VII -―En Passant‖...............................143

CapVIII - O cavalo Joga............................148

Cap IX - O Bispo Joga...............................152

Cap X - O Jogo do Adversário....................160

Cap XI - O Jogo da Rainha........................174

Cap XII - O Jogo do Bispo.........................177

4

Cap XIII - Rainha e o Bispo.......................191

Cap XIV - A Torre, O Bispo e a Rainha.......201

Cap XV - ―Xeque‖.....................................238

Cap XVI - A Batalha..................................258

Cap XVII - O Juízo Final............................299

Cap XVIII - A Estratégia............................303

Cap XIX - ―Xeque Mate‖ — A Ressurreição.322

5

Anatátema:

— Va, je suis satisfait de ton Eternité :

— Tu l‘aspour me punir? — Je l‘ai pour te

maudire.

Trad.:

— Vá, eu estou satisfeito com tua Eternidade:

— Tu a tens para punir-me? — Eu a tenho

para maldizer-te*

___________________//_________________

— Tu descendras alors de ton suberbe trône !

— Quelques justes épars recevront la

couronne

Pour avoir pratiqué ta loi !

— Mais frémissant de rage et chérissant leurs

crimes

Le reste dês humains, roulant dans les abîmes

6

Viendra t‘y maudire avec moi ! — (―Satan)‖

Trad.:

— Tu descerás então de teu soberbo trono!

— Alguns justos, aqui e ali, receberão a coroa

Por terem cumprido tua lei!

— Mas tremendo de raiva e amando teus

crimes!

— O resto dos humanos, rolando nos abismos

Virão juntos comigo, maldizer-te! — (Satã) **

____________________//________________

*-Esquisses infernales (Debuxos infernais)-

Polydore Bounin.

**-Anátema literária lançada por Alfred Le

Poittevin, sec. XVIII.

7

Prólogo

Desde tempos imemoriais o homem

convive com a idéia de uma entidade maligna

que o faz cometer atrocidades com seus

semelhantes, justificando a sua intrínseca

perversidade.

— O que seria hipoteticamente, do homem, se

esta ―Entidade maligna‖ não mais existisse?

— E se este ―ser‖ personificasse, filoso-

ficamente, esta premissa de bondade e justiça

e, ― decidisse‖ que não mais quisesse carregar

esta culpa de estar induzindo o homem a se

corromper e a perder a sua divina

descendência?

— Na realidade seria ele o culpado desta

dualidade (bem e mal) que circunda o homem

em todas as suas mazelas humanas?

8

— Mas ―a priori‖! — Quem seria esta entidade

que trouxera a essência da maldade e a

danação eterna ao nosso mundo?

— Quem é este ser maligno que ronda nossos

sonhos transformando-os em pesadelos?

— Quem é este ―Anjo‖ que se precipitara dos

céus como o Satã, rei do mundo inferior?

9

Cap. I

O Adversário

10

— Então! — Querem saber quem sou?

Sentado em seu enorme trono de ouro,

em seus quase dez metros de altura, ele,

aquele que não tem amor, se declara o mestre

de toda a malignidade:

— Claro! — Com prazer! — Acariciarei vossas

curiosidades sobre minhas feições assus-

tadoras! — Mesmo por que! — Para Piron e

Voltaire, não passo de ―imaginações obscenas,

abomináveis e absurdas‖! — Mas para John

Milton e Lord Byron, sou o símbolo da beleza e

virilidade.

— Então! — Decidam vocês, o que sou!

— Meus olhos são como a pedra ônix! — O

homem que me olhar dentro dos olhos verá o

abismo lhe olhando de volta — Meu corpo não

tem sexo, embora seja o explorador da

sexualidade humana — Minhas asas têm vinte

metros de envergadura, embora seja um ser

11

transcendental que voa em dimensões

celestiais!

— À minha direita, trago minha enorme

espada flamejante de aço esplêndido forjada,

70 x 490 vezes, em minhas intermináveis lutas

celestiais! — Ela já me acompanha há uma

eternidade!

— Meu rosto é perfeito! — Sou a mais amada

obra do Impronunciável! — Meu corpo é

resplandecente embora esteja condenado às

trevas — Meus cabelos são grandes,

encaracolados e transparentes com um

aspecto opaco do pelo de um urso polar, o

que me dá a aparência grosseira de guerreiro

viking.

— Porém, ao transcender ao mundo terreno,

me torno um lindo homem, viril, delicado, de

traços finos e bem contornados — exibindo

classe e estilo, sempre em trajes de seda pura

12

e jóias adornando minhas delicadas mãos —

Gosto de sentir a leveza da seda a acariciar

minha pele — Quando em aparência humana

sou extremamente sensível ao toque.

— Encanto aos olhos de quem me vê, seja ele,

homem ou mulher, com apenas um simples

sorriso! — No mundo terreno sou um ser

sexuado e com um inesgotável apetite para

bebidas, sexo, orgias, sangue e morte, em

prazeres infindáveis.

— Estes são meus maiores castigos — Os

prazeres terrenos e não o amor celestial, o

qual foi dado ao homem e este não o valoriza!

— Em meu mundo inferior estou sempre

cercado de meus Anjos caídos, demônios e

espíritos pagãos! — Estes sim! — Tem uma

aparência amedrontadora explorando todos os

medos intrínsecos dos homens.

13

— Meu nome é Lúcifer, mas em hebraico em

tempos remotos, me chamariam de heilel - bin

- shachar! — Em grego na Septuaginta me

chamariam de heosphoros, que derivada

do Latim (lucem ferre) que quer dizer

"portador de luz"!

— Talvez eu seja diferente do que imaginam!

— Represento também a estrela da manhã (a

estrela matutina), a estrela D'Alva,

o planeta Vênus! — Mas também foi o nome

dado a mim como o anjo caído, da ordem dos

Querubins, como descrito no texto Bíblico do

Livro de Ezequiel, no capítulo 28!

— Nos dias de hoje, em muitos lugares onde

caminho, numa nova interpretação da palavra,

me chamam de Diabo, caluniador, acusador,

ou Satã , cuja origem é o hebraico Shai'tan, ou

simplesmente adversário — o adversário

eterno da criação da imagem e semelhança do

Impronunciável!

14

— Et habemus firmiorem propheticum

sermonem cui bene facitis adtendentes quasi

lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies

inlucescat et lucifer oriatur in cordibus

vestries‖ — Pedro 1:19

— Mas talvez eu tenha sido apenas Lúcifer,

um Rei Assírio da Babilônia! — Ainda temos

mais segura à palavra dos profetas, a qual

fazeis bem de atender, como a uma candeia

que alumia num lugar escuro, até que o dia

esclareça e a estrela da alva surja nos vossos

corações‖ — Pedro 1:19

— ―Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao

ponto do dia parecias tão brilhante?" —

Isaías 14:12

— De acordo com São Jerônimo, um grande

oposicionistas de meus feitos, meu nome,

Lúcifer, era o nome do principal anjo caído! —

15

E meu nome em hebraico, helel, seria

derivado do verbo lamentar, pois lamentaria a

minha queda e a perda do meu brilho, caindo

na escuridão eterna!

— Hora! — Esta visão prevalece até hoje entre

as Igrejas, de forma que Lúcifer não fosse o

meu nome, mas apenas o estado anterior à

minha queda!

— Claro! — Segundo a Igreja católica romana,

eu era o mais forte e o mais belo de todos os

Querubins! — Então, o impronunciável me deu

uma posição de destaque entre todos os seus

auxiliares! — Segundo a mesma, eu me tornei

orgulhoso de meu poder, não aceitando servir

a uma criação do Impronunciável, "O

Homem"! — E revoltei-me contra meu criador!

— Hora! — Ele nunca me pedira para servir ao

homem! — Mas...! — Ditos são ditos...!

16

— O Arcanjo Miguel! — Este sim é o meu arc-

inimigo! — Ele liderou as hostes do

Impronunciável na luta contra mim e minhas

legiões de anjos revoltosos! — Os anjos leais

ao Impronunciável me derrotaram e me

expulsaram do céu, juntamente com meus

seguidores! — Isto sim é uma verdade! —

Mas! — Ainda ei de confrontá-los novamente!

— Desde então, o mundo vive esta guerra

eterna entre mim e o Impronunciável! — De

meu lado eu, Lúcifer e minhas legiões

tentariam corromper o homem! — Do outro

lado, O Impronunciável, os anjos, arcanjos,

querubins e Santos travam batalhas diárias

contra as minhas forças malignas!

— Todos querem saber como sou! — Mas

poucos querem me ver! — A minha aparência

pode variar! — Chamado de Diabo posso

assumir a forma que desejar, podendo passar

por qualquer pessoa ou animal! — Meu

17

aspecto físico criado pela Igreja em seus

primeiros séculos e posteriormente herdado

pelas várias religiões cristãs, fora copiado de

várias entidades das mitologias e religiões de

diferentes povos antigos, não exatamente liga-

das à maldade!

— Todos querem saber se tenho jardim! —

Mas ninguém quer ser meu jardineiro! — Meu

reino, os Infernos, sofreu influência do Tártaro

da mitologia grega, morada de Hades!

— Hora! — Hades seria eu! — O tártaro, meus

jardins. Seriam o local para onde iam as almas

dos mortos, cuja porta de entrada era

guardada por Cérbero, meu Cão de três

cabeças!

— Meus chifres eram do deus Pã, uma

entidade grega protetora da natureza! — Por

mim! Tudo bem! — Eu gosto de sentar

18

debaixo de uma árvore bem frondosa! —

Lembra-me ―Os jardins do Édem‖!

— Quanto aos chifres! — Uso quando quero

aterrorizar as mentes fantasiosas dos

humanos! — Minha fama de representar uma

força eternamente em conflito com o

Impronunciável veio do Zoroastrismo!

— Ainda me espanto como estas criaturas

humanas evoluem tão vagarosamente. Vejo

ainda coincidências com crenças dos antigos

Egípcios, quando se acreditava que o deus

Anúbis, o Chacal! — Na realidade, eu, —

carregaria a alma dos mortos cujo coração ao

ser pesado numa balança, fosse mais pesado

que uma pluma!

— Durante a "baixa Idade Média", entretanto,

como "Anjo Decaído" ganhei a hedionda

aparência com a qual o mundo me conhece

hoje! — Asas de morcego, pés de bode, olhos

19

de fogo, chifres enormes na cabeça, olhar

aterrorizante!

— No período Medieval, causei grandes

destruições e mortes sem igual! — Fora um

momento fértil para a propagação de minhas

malignidades! — Mas na realidade, a causa

maior de todas as desgraças fora a ganância e

a falta de higiene dos próprios humanos! —

Isto fortaleceu as crenças nas ações de forças

demoníacas agindo sobre o mundo!

— Os milhões de mortos nas epidemias

de peste negra geraram, juntamente com a

ocorrência de guerras sangrentas, a idéia de

que eu, "o Anticristo estaria atuando no

mundo junto com minhas legiões"!

— Vocês ficariam chocados com tantas

maldades feitas por estas criaturas do

impronunciável sem minha interferência!

20

— Foi aí que eu passei a representar a

personificação do mal da forma mais intensa e

poderosa que vocês me conhecem hoje —

Surge a crença de que para cada ser humano

vivo na Terra, eu, Lúcifer criei um Demônio

particular, encarregado de corromper aquele

indivíduo!

— Já O Impronunciável não poderia deixar por

menos! — Criou para cada ser humano um

"Anjo da Guarda" ao qual incumbia da missão

de proteger e zelar pela alma daquela pessoa.

— Interessante é que o próprio Jesus Cristo,

tomou minha personificação ou meu lugar nos

céus! — Ele é a estrela da manhã que ilumina

até o fim dos tempos toda escuridão, trevas,

como em Apocalipse 22:16 onde está escrito:

—"Eu, Jesus, enviei o meu anjo! — Ele atestou

para vocês todas essas coisas a respeito das

21

Igrejas! — Eu sou a raiz e o descendente de

Davi, sou a estrela radiosa da manhã!"

— Assim como em Pedro 1:19 diz:

— "E temos, mui firme, a palavra dos profetas,

à qual bem fazeis em estar atentos, como a

uma luz que alumina em lugar escuro, até que

o dia amanheça, e a estrela D'alva apareça em

vossos corações!"

— Hora! — Hora! — Hora! — Meu nome

significa "o portador da luz" ou "o portador do

archote" (a palavra Lúcifer tem sua origem

no latim, lux ou lu-cis com o significado de

"luz"; ferre com o significado de "carregar")!

— Ou seja! — De acordo com a origem, o

significado do meu nome é "eu sou aquele que

carrega a luz"!

— Apesar de ser conhecido como Satã,

Satanás, originalmente como Lúcifer! — Sou

aquele que perdeu seu posto ao desejar subir

22

às alturas acima do Impronunciável, para o

―Seu Ungido‖, Jesus Cristo!

— Mas o mais importante que tenho a lhes

dizer! — Meu nome esconde uma

multiplicidade de significados alegóricos, dos

quais talvez o mais importante é sua

identificação com ―Manas‖! — A Mente dual!

— A inteligência espiritual que habita em todos

os homens, que tanto condescende

voluntariamente em cair na matéria! — Ela é o

agente que foge por si mesmo da animalidade

e resgata-se para uma vida superior, sendo ao

mesmo tempo o Tentador e o verdadeiro

Redentor interno de cada um!

— Mas diga você mesmo!

— O que seria do homem sem a minha

presença? — Sem a presença do demônio das

trevas na terra! — Esta entidade física

aterradora?

23

— E se eu, ―O Anjo das trevas‖ resolvesse que

não mais me interessa esta missão de ser o

Satã e rei do mundo inferior! — Se sim,

quisesse eu, definitivamente me tornar ou

retornar a minha condição de ―Anjo de luz‖,

mesmo que para isso, tivesse de me sucumbir

com toda minha essência, ao julgo eterno do

Criador!

— Se, além disto! — O que seria do homem se

eu, ―Satã, o Senhor do mundo inferior‖, me

reconciliasse com o Impronunciável e

retornasse ao mundo da luz! — Se me

tornasse Lúcifer novamente! — Se deixasse

vocês se virarem com seus pecados e

maldades!

— Afinal de contas! — Até mesmo eu, mereço

uma segunda chance! — Não é mesmo?

24

— Mas talvez nos planos do Impronunciável,

minha segunda chance seja o recomeço de

tudo!

— Além de tudo! — Como seria, se eu, Lúcifer

me apaixonasse perdidamente por uma

humana e quisesse definitivamente viver este

amor! — Sentimento tão invejável que ―O

Impronunciável‖ criara exclusivamente para os

homens, como um presente que eles insistem

em não reconhecer!

— Como seria se eu resolvesse viver um

grande amor, mesmo que para isso tivesse

que me tornar um mortal?

— Como seria se o homem fosse abandonado

à sua própria essência?

— Estariam estes homens preparados para a

morte de Satã?

25

— Estaria o livre arbítrio preparado para

assumir a própria identidade?

— Será que todo o mal da terra cessaria?

Cap. II

A Ciência ou As Torres

26

21/Dezembro/2012 02h00min p.m.,

Observatório Naval dos Estados

Unidos (United States Naval Observa-

tory ou USNO), uma das agências científi-

cas mais natigas dos Estados Unidos.

Localizado no quadrante noroeste de

Washington D.C. Um dos poucos observa-

tórios localizados em uma área urbana.

Quando foi construído se encontrava

longe da poluição luminosa gerada por aquilo

que era então uma cidade pequena. Foi

inaugurado em 1830 sob o nome de - Depot

of Charts and Instruments - (Depósito de

cartas náuticas e instrumentos). Em 1842 ele

se tornou um observatório nacional. O projeto

foi atribuído a James Melville Gilliss.

27

A missão principal do observatório é

cuidar dos cronômetros, das cartas de

navegação e de outros objetos de navegação

da Marinha dos Estados Unidos. Calibram os

cronômetros dos barcos medindo o tempo de

trânsito das estrelas através do meridiano.

Dr. James, como de costume prepara

seu almoço na cozinha improvisada nos fundos

do observatório em meio a velhos equipa-

mentos e centenas de livros espalhados.

Vinte anos se passara desde sua

formatura como astrofísico e físico teórico na

universidade de West Point, California, USA.

Rechaçado pela comunidade científica

internacional por suas teorias incompatíveis

com as leis da física tradicional, aceitara o

cargo de técnico e administrador do Observa-

tório Naval dos Estados Unidos.

28

Suas teorias matemáticas foram

banidas junto com sua cátedra de professor e

pesquisador em Havard, por aceitar a

interferência espiritual como uma forma de

força definida matematicamente.

Embora Dr. James não se importasse

com o que pensavam a respeito de seus

trabalhos, continuava sua vida escrevendo-os

e escondendo cada manuscrito de suas teorias

dentro do armário do vestiário. Suas teorias

abordavam a estrutura bíblica apocalíptica já

abordada nos estudos de Isaac Newton.

Isaac Newton não cria na existência de

uma trindade divina e, à luz da Bíblia,

compreendia que existia uma diferença

hierárquica entre o Filho de Deus, Deus e o

Espírito Santo de Deus, embora em natureza

sejam idênticos.

29

Dr. James traduzira artigos do espanhol

sobre Isaac, nos quais afirmavam a firme

crença de Newton no Criador, a quem ele se

referia freqüentemente como o 'Pantokrator', o

―Todo - poderoso‖, que tem autoridade sobre

todas as coisas existentes, sobre a forma do

mundo natural e o curso da história humana.

Segundo o texto, Newton foi muito

claro em afirmar suas convicções:

— "Devemos acreditar que há só um Deus ou

Monarca Supremo a quem devemos temer,

guardar suas leis e lhe dar honra e glória.

Devemos acreditar que ele é o Pai de quem

provêm todas as coisas, e que ama a seu povo

como seu pai provedor.

Devemos acreditar que ele é o

'Pantokrator', Senhor de tudo, com poder e

domínio irresistíveis e ilimitados, do qual não

temos esperança de escapar se nos

30

rebelarmos e seguirmos a outros deuses, ou

se transgredirmos as leis de sua soberania. É

dele que podemos esperar grandes

recompensas se fizermos sua vontade.

Devemos acreditar que ele é o Deus

dos judeus, que criou os céus e também a

terra e tudo o que neles existem, como

expressam os ―Dez Mandamentos‖, de modo

que possamos lhe agradecer por nossa

existência e por todas as bênçãos desta vida.

Devemos evitar o uso de seu nome em vão ou

adorar imagens ou outros deuses."

Simples e compenetrado, Dr. James

levava um vida solitária e em comunhão com

sua fé, era tímido e introspectivo. Filho de pai

Judeu e mãe Holandesa de família tradicio-

nalmente católica fora dado para a adoção

com nove anos de idade, após a morte de seu

pai, o que lhe rendera mais tarde alguns anos

31

em um reformatório na Virgínia do Norte, para

meninos com dificuldades em se interagir.

Sua infância e adolescência foram

muito tristes e sofridas. Com muito esforço

conseguira se formar no colegial e ingressar

na universidade onde conhecera Sara, sua ex-

mulher, com quem teve dois filhos, Hanry e

Mark.

Separado de Sara à quase cinco anos,

dedicara-se inteiramente a ciência. Seus

óculos grossos e seu rosto redondo,

contrastando com sua enorme barba branca

lhe davam uma aparência austera de rabino

Judeu, resultado de sua admiração por seu

pai, que lhe fora um grande amigo e mentor.

Joseph, seu pai, era um homem bom,

atencioso e muito carinhoso, mas sua relação

com Maryth, sua Mãe, sempre fora muito

conturbada pela diferença de crenças e pelo

32

temperamento de Maryth que nunca sedia em

suas proposições religiosas.

As intensas brigas e discussões

terminaram com Maryth os abandonando

quando James ainda era um bebê de apenas

dois anos. Joseph passara então a intercalar

os cuidados com James, suas aulas de história

antiga no templo judaico de Maryland e de

hebraico bíblico para novos rabinos. Às vezes

dava suas aulas com James dormindo em seu

colo.

Quando adoecera, a falta de seu

carinho e dedicação deixaram um grande vazio

em Dr. James. James adquirira uma

personalidade forte e investigadora nos

poucos anos em que conviveram como pai e

filho. Herdara por isso muitas de suas manias.

Gostava de seu bife sempre bem passado,

com as beiradas tostadas.

33

Todos os dias, enquanto preparava sua

salada em vasilhas de trituração que mais

pareciam ―jeringonças‖ criadas de suas

sucatas, deixava seu bife em fogo brando

durante cinco minutos embebido em bastante

azeite português. Seu almoço levava

exatamente cinco minutos e quatorze

segundos para ser preparado. Dr. James

sempre o terminava com uma pequena

margem de erro em fração de segundos, já

esperada, para mais ou para menos. Todos os

dias, religiosamente, fazia seus cálculos na

hora do lanche. Uma de suas manias de

pensador inveterado era brincar com o tempo.

Neste dia, porém, teve a sensação que

seu bife já passara de cinco minutos em fogo

alto e não esquentara. O relógio atômico do

observatório estava ligado ao fogareiro em

mais um de seus experimentos mirabolantes,

mas não funcionara. Curioso, pegou o

34

termômetro e mediu a temperatura do

fogareiro. A gordura estava fria. Em seguida

colocou o termômetro diretamente no fogo e

ele estava frio, mas mantinha a combustão.

Um fenômeno físico incompatível com a sua

natureza.

Uma combustão que não liberasse calor

era algo impensável em sua visão de cientista.

Combustão ou queima é uma reação quími-

ca emtre uma substância (o combustível) e

um gás (o comburente ou oxidante),

geralmente o oxigênio, com a liberação de

calor e luz. Pensou por um momento

imaginando estar vendo coisas. Ao olhar sua

bússola notou que esta girava sem parar.

Assustado correu para dentro do

observatório para consultar outros aparelhos.

Todos os marcadores de tempo estavam

parados e os sensores eletromagnéticos

35

orbitais estavam marcando inversão do campo

magnético da terra:

— Meu deus! — Uma catástrofe irá se abater

sobre nós! — Pensou Dr. James.

Mas os marcadores sísmicos não se

alteraram. James corre até a janela e vê uma

faixa enorme de aurora boreal cobrindo o céu.

Ele sabia que a aurora boreal e austral são

fenômenos visuais que ocorrem nas regiões

polares de nosso planeta. Só Poderiam ser

visualizadas, no período noturno ou final de

tarde, a olho nu nas regiões onde ocorrem.

São verdadeiros balés de luzes coloridas e

brilhantes, que ocorrem em função do contato

dos ventos solares com o campo magnético do

planeta Terra.

Quando este fenômeno ocorre em

regiões próximas ao pólo norte é chamado de

aurora boreal e quando acontece no pólo sul é

36

chamado de aurora austral. Estes fenômenos

são mais comuns entre os meses de fevereiro,

março, abril, setembro e outubro.

— Estamos em dezembro! — Pensou.

A aurora boreal pode aparecer em

vários formatos: pontos luminosos, faixas no

sentido horizontal ou circulares. Porém,

aparecem sempre alinhados ao campo

magnético terrestre. As cores podem variar

muito como, por exemplo, vermelha, laranja,

azul, verde e amarela. Muitas vezes aparecem

em várias cores ao mesmo tempo.

Imaginara que os aparelhos foram

prejudicados por uma tempestade solar. Em

momentos de tempestades solares, a Terra é

atingida por grande quantidade de ventos

solares. Nestes momentos as auroras são mais

comuns. Porém, se por um lado somos

agraciados com este lindo show de luzes da

37

natureza, por outro somos prejudicados. Estes

ventos solares interferem em meios de

comunicação (sinais de televisão, radares,

telefonia, satélites) e sistemas eletrônicos

diversos.

— Porém isto não explicaria uma combustão

sem a liberação de calor! — Pensava

Dr.James. A aurora boreal estava tão grande

que cobria todo o horizonte, mas nenhum

evento estava sendo detectado pelos

aparelhos.

Dr. James pega o telefone e tenta se

comunicar com a base de dados da NASA, mas

é em vão. Tudo que Dr. James observava

indicava para um evento cataclísmico, mas

nada acontecera. Ele se lembra de suas

teorias e corre até seus armários para rever

seus cálculos. Já previra algo parecido antes.

38

Cap. III

39

A Religião ou Os Bispos

02h30min p.m., Biblioteca hebraica,

segundo andar, Vaticano, Itália.

Padre Manuel sobe às pressas as

escadarias dos enormes porões do interior da

biblioteca papal, entrando abruptamente na

sala de Monsenhor Josué. Sempre invés-

tigando os segredos religiosos, monsenhor

Josué estava compenetrado em seus estudos

bíblicos:

40

— Monsenhor! — Monsenhor! — Clama padre

Manuel ao Bispo Josué.

— Uma tragédia abateu sobre o Vaticano! —

Continuou.

Monsenhor Josué era o Bispo mais

respeitado do vaticano pelos seus conhe-

cimentos bíblicos e por sua perspicácia em

solucionar os mais diversos problemas da

diocese. Versado em mais de doze idiomas,

traduzia textos e pergaminhos antigos com

rapidez e eficácia. Dizem os rumores que

vagueiam pelos corredores da diocese, que

descobrira alguns segredos que não revelara

nem mesmo ao Papa.

Ele era um homem robusto, de

semblante alegre. Com quase dois metros de

altura, mantinha seus óculos sempre na ponta

do nariz. Andava sempre de pés descalços e

com uma grande cruz de madeira depen-

41

durada ao pescoço. Quando lia ou explicava

alguma coisa ficava a enrolar seus enormes

fios de barbas grisalhas, vagarosamente.

Mantinha secretamente seus vínculos com a

Ordem Carolíngia ou ordem do caminho da

«magia».

Esta ordem reservada aos pensadores

religiosos que desafiavam os dogmas religio-

sos católicos fora excomungada pelo vaticano

na baixa idade média por exorbitar em suas

especulações filosófico-teóricas, o velho

testamento. É neste quadro de

crenças, (no caminho dos santos), que há a

procura de Deus em todas as suas

manifestações, sejam elas as suas bênçãos

ou maldições.

Este caminho de exegese de todas as

manifestações de Deus, fora aquele que

homens santos, iluminados e fiéis procuravam

a verdade divina em todas as facetas dos

42

eventos catastróficos e apocalípticos eviden-

ciados pelas sagradas escrituras. Estes ho-

mens pertenciam às fraternidades dos monges

Templários, ou monges da secretíssima ordem

carolíngia.

— Diga-me Irmão Manuel! — O que te aflige

tanto? — Perguntou monsenhor Josué, in-

terrompendo sua leitura calmamente e girando

a cabeça em direção a porta onde Padre

Manuel estava a bufar de cansaço.

— O selo da cripta de João Paulo sexto foi

violado! — Respondeu Padre Manuel.

— Não me diga uma coisa destas! Homem de

Deus! — Se levantado rapidamente,

Monsenhor Josué arregala os olhos e sai

andando em sua direção. Desceram os dois

correndo e encontraram a cripta aberta como

Irmão Manuel havia lhe dito. A estrutura de

concreto e vidro de alta resistência lacrada a

43

vácuo estava completamente destruída. Sobre

o peito da múmia de João Paulo VI estava um

livro apócrifo que suspeitavam ser de São

Marcus, um manuscrito nunca antes revelado

ao mundo, por tratar de assuntos que

afetavam o futuro e a importância da igreja

católica.

E estava aberto na página 22 em uma

profecia que dizia:

— ―E ele se rebelará contra sua própria

escolha e a alma perfeita renascerá e o

espírito perfeito se ligará a ela e a carne pura

se negará ao pecado e o que era feito de luz

será devolvido à claridade e o que era senhor

se tornará escravo e o que era homem se

mostrará a Deus e no dia do juízo o sol

soprará seus ventos e Deus se rebelará contra

a sua criação, assim tudo terminará e

renascerá na eternidade de sua perfeição‖.

44

— Como isto aconteceu? — Perguntou

perplexo, Monsenhor Josué.

— Não faço a mínima idéia, Monsenhor! —

Respondeu padre Manuel.

— Chame a segurança do vaticano

imediatamente! — Feche todas as saídas! —

Continuou ele.

— Temos que levar ao conhecimento de Vossa

Santidade, o papa! — Disse Monsenhor Josué.

Ao atravessar o segundo salão da

biblioteca se depararam com monsenhor

Antônio crucificado de cabeça para baixo.

Padre Manuel cai sentado com o susto, ao ver

o corpo.

— Santíssima trindade! — Tendes piedade de

nós! — Gritou Padre Manuel, fazendo o sinal

do santo sacramento.

45

— Sacrilégio! — Sacrilégio! — Continuou

Monsenhor Josué.

Uma cena terrível. Seus olhos tinham

sido arrancados e em sua testa estava escrito

o número 666 e logo abaixo ―Deus Munque

Jus, Ordo ab Chaos‖.

Uma corda de cipó de acácia estava

prendendo os pés de Monsenhor Antônio à

viga de sustentação do sistema de alarme a

quase cinco metros de altura. No chão com o

sangue estava escrito Petrus duas vezes em

cruz, usando-se a letra ―t‖ na interseção das

duas palavras.

Monsenhor Josué em estado de choque

permaneceu olhando, por uma fração de

tempo, aquela imagem aterradora, enquanto

padre Manuel corria de aparelho em aparelho

de emergência tentando chamar os

seguranças. Todos estavam mudos. Não

46

obtendo sucesso, gritou com todas as suas

forças pelos guardas do vaticano.

Ao fundo da biblioteca algo se movera

sorrateiramente, chamando a atenção de

Monsenhor Josué. Ele percebe uma sombra

que se esgueira entre as estantes, parecendo

ser um monge franciscano com seu tradicional

capuz. Todo o recinto estava à meia luz,

sistema automático, cujas luzes só se

intensificam se houver movimentação entre os

corredores, o que não aconteceu. Grande e

confiante em sua força física, monsenhor

Josué se prepara para um embate corpo a

corpo. Porém um cheiro terrível lhe chama

atenção, cheiro de ovo podre, odor de

enxofre, característico em aparições

demoníacas. Caminhando em direção àquele

vulto com curiosidade e medo, tropeça em um

livro aberto ao chão. Estava respingado e

marcado em sangue.

47

— Aquela sombra poderia ser o assassino! —

Pensou monsenhor agindo cautelosamente.

Abaixou-se tomou o livro em sua mão

esquerda, se armou com sua enorme cruz em

sua mão direita, deu dois passos em direção a

chave de alarme de incêndio e esperou um

pouco. Sabia que a única maneira daquele

assassino escapar seria passando por ele.

Sua curiosidade, porém voltou-se ao

livro. Era um antigo exemplar da bíblia

sagrada datada do século treze. Estava aberto

no livro do apocalipse de São João (Apocalipse

4:1). Estava marcado em sangue todo o

trecho que se seguia e havia anotações em

papéis apensos a ela:

Num deles estava escrito:

— ―Visão do Trono de Deus (Apocalipse 4:1-

11)‖. Logo abaixo algumas anotações:

48

— ―Depois de terminar as cartas aos anjos das

sete igrejas, João passa para uma nova parte

da revelação‖.

Anotações:

— ―E vi a glória de Deus, apresentando

primeiro, o Pai no seu trono e, depois, o Filho

glorificado ao lado dele. Como vi Daniel 7:9-

14‖.

Monsenhor Josué voltou seus olhos

curiosos àquela sombra, mas não mais a vira.

Olhou por entre os corredores e salas e nem

sinal de qualquer pessoa. Era impossível

escapar daquele recinto sem passar pelo seu

campo de visão. Um frio cadavérico lhe subiu

pela espinha. Assustado mas curioso sentou-

se a uma cadeira que estava próxima ao corpo

de irmão Antônio.

A sensação mórbida lhe chamou à fé.

Ajoelhou-se imediatamente diante do corpo de

49

Monsenhor Antônio, cerrou seus olhos e rezou

um ―Pai Nosso‖ e duas ―Ave Marias‖ com

muito fervor e comunhão. Sentiu gradativa-

mente aquele cheiro se dissipar no ar, mas

antes um sopro de vento passou por entre os

fios de cabelos sobre suas orelhas lhe dizendo

em sussurro:

— Ainda não acabou!

Sentiu a presença de uma entidade

demoníaca que fora se afastando

vagarosamente. Abriu seus olhos, aliviado,

após alguns segundos de meditação. Soube

naquele momento que estava lhe dando

exatamente com espectros malignos.

Continuou a ler as anotações que

encontrara enquanto os seguranças não

chegavam:

— Apocalipse 4:1:

50

— ―Depois destas coisas, olhei, e eis não

somente uma porta aberta no céu, como

também a primeira voz que ouvi, como de

trombeta ao falar comigo, dizendo:

— Sobe para aqui! — E te mostrarei o que

deve acontecer depois destas coisas!‖

— ―Depois destas coisas, olhei‖! — Exclamou

em vos baixa Monsenhor Josué.

— Esta é a uma ideia de transição nas

mensagens do Apocalipse! — Pensou ele,

assustado.

— Jesus já ditou as suas cartas a cada uma

das sete igrejas! — O resto do livro pertence a

todas elas e, obviamente, serve para a

instrução de outros discípulos em outros

lugares e em outras épocas! — Analisando

Monsenhor Josué, a passagem bíblica. Sua

experiência lhe dizia que aquele evento era de

51

certa forma uma mensagem de Deus aos

homens.

— ―João olhou e viu! Continuou ele a ler

frisando novamente a natureza desta

revelação.

— Deus continuou mostrando visões ao

apóstolo! — Concluiu Monsenhor Josué.

Estava circulada com sangue a frase:

-— ―Uma porta aberta no céu‖:

— Que privilégio! — João viu uma porta aberta

dando-lhe acesso ao céu! — Analisou

monsenhor Josué, sorrindo sozinho. Estava em

êxtase de curiosidade.

— Aqui a ênfase não está no acesso ao céu

em termos da salvação final e eterna dele,

nem no sentido de entrar em comunhão com

Deus! — Estes são encontrados em João 1:51;

52

Atos 7:55-56! — Continuou Monsenhor Josué

analisando e falando baixinho.

Marcado em sangue, novamente,

estava:

— ―(Efésios 2:6; Filipenses 3:20)‖.

— ―João viu o céu aberto porque Deus queria

lhe mostrar as coisas que estavam

acontecendo lá‖.

E marcado novamente estava:

— ―Ezequiel 1:1‖.

— ―Jesus já falou, transmitindo-lhe mensagens

importantes para as igrejas. Agora, João

subirá ao céu, nestas visões, para buscar

outras mensagens para os servos do Senhor

na terra‖.

— ―A primeira voz que ouvi, como de

trombeta‖.

53

Monsenhor Josué se compenetrara

naqueles escritos, sentia um aperto no peito,

uma angústia misturada com ansiedade. Algo

já lhe dizia que um evento bíblico estava para

acontecer, já estava previsto por suas teorias,

só não imaginava acontecer tão cedo.

Continuou a ler as marcações com

preocupação:

— ―João virou para ver quem falava e viu

Jesus no meio dos candeeiros‖.

— ―Sobe para aqui e te mostrarei o que deve

acontecer depois destas coisas‖! — O Filho de

Deus convida João para ver, no céu, as coisas

que iam acontecer! — Será que está para

acontecer? — Indaga baixinho Monsenhor

Josué. A cada leitura Monsenhor se convencia

mais de que as profecias estavam dando sinais

de se cumprir.

54

Em 1:19, ele falou para João escrever o

que ele viu, o que estava acontecendo

naquele momento, e o que ia acontecer

depois. Tudo isso ainda está dentro dos limites

de tempo de ―em breve‖ e ―próximo‖.

Marcado novamente em sangue estava:

— ―limites de tempo‖.

Monsenhor Josué olhou para o seu

relógio e estava parado, olhou para o relógio

suspenso sobre o pórtico da entrada do salão

e também estava parado. Teve um calafrio

que lhe arrepiou os cabelos. Continuou a ler o

que estava em seguida:

— Jesus já falou sobre o estado das igrejas

naquele momento! — Fala sobre as coisas que

estes discípulos ainda teriam de enfrentar! —

Agora simplesmente sugere uma seqüência de

transição entre o que já passou e o que ia

55

acontecer? — Indagou a ele mesmo,

Monsenhor Josué.

Os guardas e os seguranças chegaram

ao local. Monsenhor Josué imediatamente

segura os pulsos de Jonas, o chefe de

segurança e confere seu relógio. Também

estava parado.

— O que foi Monsenhor? — Perguntou Jonas

assustado.

— Seu relógio Parou! — Disse ele.

— Estranho! — Este relógio foi presente de

minha avó! — Nunca havia parado antes! —

Exclamou Jonas.

— Não se preocupe! — O problema não é o

seu relógio! — Exclamou Monsenhor Josué.

— Algo ou alguém se anuncia! — Voltando

seus olhos ao livro continuando a lê-lo:

56

— Apocalipse, 4:2:

— ―Imediatamente, eu me achei em espírito, e

eis armado no céu um trono, e, no trono,

alguém sentado‖.

— Imediatamente, eu me achei em espírito! —

A mesma expressão que João usou em 1:10!

— Frisando seu estado de receber revelações

por meio de visões! — Pensou monsenhor

Josué.

Novamente marcado com sangue:

— ―Armado no céu um trono, e, no trono,

alguém sentado‖

— Um trono no céu! Pensou Monsenhor Josué.

— Muitos vizinhos dos cristãos da Ásia

achavam que o trono principal do universo

estivesse em Roma, e que o imperador

sentado nele fosse o Deus supremo! — Outros

vizinhos adoravam outros diversos deuses e

57

deusas! — Mas João convida todos os seus

leitores a enxergarem, por meio desta visão, o

trono no céu e o verdadeiro Deus sentado

nele! — Completou Monsenhor enrolando os

fios grisalhos de sua enorme barba.

— O trono de Deus é mencionado 38 vezes

no Apocalipse, repetidamente frisando o tema

da soberania de Deus e do seu domínio sobre

os reinos da terra! — A descrição da pessoa

sentada no trono e do seu ambiente no céu

virá logo em seguida! — Concluiu ele.

Enquanto peritos e policiais isolavam o

local do crime, Monsenhor continuava sua

leitura sem cessar. Padre Manuel olhava

aterrorizado o corpo de Irmão Antônio. Não

conseguia segurar suas lágrimas que saltavam

de seus olhos silenciosamente. Tinha muito

amor e admiração por Monsenhor Antônio.

Monsenhor Antônio era o responsável direto

por todas as transcrições de análises bíblicas

58

de ordens exotéricas e de cientistas renoma-

dos.

Era um crítico de obras envolvendo os escri-

tos de ordens secretas e seculares. Fora várias

vezes ameaçado por fanáticos e radicais de

algumas delas. De certa forma isto estava

sendo esperado, mas não com este requinte

de crueldade e frieza. O mais intrigante era

como fora realizado dentro dos porões

monitorados do vaticano sem que ninguém

notasse.

— Vá rápido à sala de monitoramento e veja

se ouve alguma filmagem! — Ordena

monsenhor Josué ao padre Manuel, voltando

novamente sua atenção para o livro em suas

mãos, não conseguia tirar os olhos daqueles

escritos e anotações:

— Apocalipse, 4:3

59

— ―... e esse que se acha assentado é

semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de

sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris

semelhante, no aspecto, à esmeralda‖.

— ―E esse que se acha assentado é

semelhante, no aspecto‖! — João jamais

acharia palavras adequadas para descrever

perfeitamente a aparência de Deus! — Pensou

monsenhor Josué.

No livro, o apóstolo João começa a

explicar, usando comparações com coisas

conhecidas, a visão que ele teve do Soberano

no seu trono celestial. Pedra de jaspe e de

sardônio... arco-íris semelhante...a esmeralda:

— Duas pedras brilhantes refletem sua luz e

produzem o efeito de um arco-íris ao redor do

trono! — Como são o caso de muitas pedras

preciosas, as cores de jaspe e sardônio não

são únicas e absolutas! — Jaspe branco e

60

sardônio vermelho, sárdonix, assim sugerindo,

respectivamente, a santidade e a justiça de

Deus! — Pensava Monnsenhor Josué. Sabia

que aqueles escritos faziam parte daquele

pavoroso quebra- cabeça.

— O salmista disse que ―justiça e

juízo‖ ou ―justiça e direito são o

fundamento‖ do trono de Deus no (Salmo

89:14; 97:2)! — Outros sugerem que o jaspe

fosse verde, a cor mais comum desta pedra,

uma explicação que combina com a cor de

esmeralda do arco-íris! — Independente das

cores refletidas, certamente a luz da glória de

Deus e o fogo de seu poder saem do seu

trono! — Esta luz mostra seu poder para julgar

e castigar!

— O arco-íris nos lembra, também, da

benevolência de um Deus que faz aliança com

as suas criaturas! — Pensava Monsenhor

Josué.

61

Padre Manuel volta quase sem fôlego:

— Monsenhor! — O senhor precisa ver isto! —

Exclama apavorado padre Manuel.

— Ver o quê? — Perguntou preocupado,

Monsenhor Josué. Sentiu medo de ele ter

achado mais corpos sacrificados.

— As filmagens, Monsenhor! — Venha logo! —

Respondeu Padre Manuel. Monsenhor

levantou-se e foram a passos largos à sala de

monitoração de segurança.

— A filmagem não mostra os autores! — Mas

um frenesi de espectros disformes! — Porém a

imagem do relógio no pórtico está nítida e ele

permaneceu marcando 03h00min da manhã!

Concluiu padre Manuel.

— A Hora da misericórdia! — Disse Monsenhor

Josué.

62

— O que é isto Monsenhor? — Perguntou

Jonas, Chefe da segurança.

— A irmã Faustina ou Santa Faustina teria

recebido uma mensagem de Jesus! —

Segundo a santa, Jesus disse...

"Às três horas da tarde implora à Minha

Misericórdia, especialmente pelos pecadores,

e, ao menos por um breve tempo, reflete

sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o

abandono em que me encontrei no momento

da agonia. Esta é a hora de grande

Misericórdia para o mundo inteiro‖.

"Nessa hora nada negarei à alma que me

pedir em nome da Minha Paixão."

E Jesus disse a ela:

— "Lembre-te, Minha filha, que todas as vezes

que ouvires o bater do relógio, às três horas

63

da tarde, deves mergulhar toda na Minha

misericórdia, adorando-a e glorificando-a.

Invoca a sua onipotência em favor do mundo

inteiro e especialmente dos pobres pecadores,

porque nesse momento ela está largamente

aberta para cada alma. Nessa hora,

conseguirás tudo para ti e para os outros.

Naquela hora, o mundo inteiro recebeu uma

grande graça: a Misericórdia venceu a

Justiça‖.

— Procura rezar nessa hora a Via-Sacra, na

medida em que te permitirem os teus deveres,

e se não puderes rezar a Via-Sacra, entra ao

menos por um momento na capela, e adora a

meu Coração, que está cheio de Misericórdia

no Santíssimo Sacramento. Se não puderes ir

à capela, recolhe-te em oração onde estiveres,

ainda que seja por um breve momento.

— Jesus morreu as 15h00min ou 3 horas da

tarde! — O diabo para gozar do fato escolheu

64

à hora oposta, ou seja, 3 horas da manhã! —

Na maior parte das vezes os feiticeiros que

trabalham com as entidades das trevas

consideram que seus ritos devem ser

concluídos até as 03h00, sendo na verdade

esse o horário limite onde os demônios

principais atuam! Horário que começa, como

se sabe na chamada Hora-Grande, à meia-

noite. Explicou Monsenhor Josué.

— Muitos bruxos acreditam que das três horas

(madrugada) em diante apenas os demônios

subalternos continuam atuando, até cerca das

quatro horas, quando já se inicia o processo

do amanhecer! — Cabe observar que a partir

das quatro horas os galos podem cantar! — O

que determina o imediato retorno dos

demônios ao reino subterrâneo! — Completou

Padre Manuel.

65

— Que coisa fantástica! — Isto me dá

calafrios! — Exclamou Jonas, perplexo com as

imagens que estava vendo.

Monsenhor retorna ao local do crime

novamente sem tirar seus olhos da leitura do

livro em suas mãos:

-Apocalipse, 4:4! Continua a ler:

— ―Ao redor do trono, há também vinte e

quatro tronos, e assentados neles, vinte e

quatro anciãos vestidos de branco, em cujas

cabeças estão coroas de ouro‖.

— ―Ao redor do trono‖! — João começa com a

figura central, aquele sentado no trono, e

começa a olhar ao redor! — Tudo começa com

Deus! Analisa Monsenhor Josué:

— ―Vinte e quatro tronos... vinte e quatro

anciãos‖:

66

Vinte e quatro tronos representam

aqueles que reinam com Deus, uma descrição

da igreja, dos vencedores vestidos de branco

que recebem suas coroas e reinam com o

Senhor! Continua Monsenhor Josué.

Ao descerem o corpo de Irmão Antônio,

os peritos descobrem sua batina branca,

rasgada ao meio, mostrando seu torso.

— Qual o significado do número 24? —

Perguntou Jonas.

— Porque perguntas? — Indagou Monsenhor

Josué.

— Há vinte quatro perfurações em cruz no

peito de Monsenhor Antônio! — Interrompeu

Padre Manuel, horrorizado ainda mais,

respondendo assustado e apontando para o

corpo do mesmo. Monsenhor Josué levantou-

se se aproximou do corpo de Irmão Antônio e

indagou:

67

— Em se tratando da ligação deste caso

específico com os detalhes a nós revelados,

duas explicações diferentes chegam à mesma

conclusão! — Alguns entendem 12 tribos,

representando o povo de Deus no Velho

Testamento, mais 12 apóstolos, representando

o povo dele no Novo Testamento! — Dando

um total de 24! — Outros sugerem 24 como o

número de turnos de sacerdotes no Velho

Testamento, citado em Crônicas 24:1, 7-19! —

Assim entendemos o reino de sacerdotes (1:6)

ou sacerdócio real (Pedro 2:9) composto de

pessoas que entram ―na Casa do

Senhor‖ (Crônicas 24:19)! — No final, estas

duas interpretações do significado dos 24

anciãos chegam ao mesmo entendimento

prático! Representam o povo de Deus! — São

nobres nos seus tronos sujeitos ao Soberano

Rei no trono principal! — Folheando a bíblia

em suas mãos, responde Monsenhor Josué,

continuando sua leitura:

68

— ―Vestidos de branco‖! — Continuou a ler em

voz baixa, Monsenhor Josué.

— A santidade e a pureza dos servos fiéis! —

As únicas vestimentas adequadas aos

vencedores! — Exclamou monsenhor Josué.

— ―Coroas de ouro‖:

Coroa, vem da palavra grega stephanos,

usada no Apocalipse para identificar as coroas

dos vencedores (2:10; 3:11; 4:4; 4:10; 6:2;

12:1; 14:14)! — Encontraremos outra palavra,

diadema, usada tanto para falar dos falsos

líderes (12:3; 13:1) como para descrever o

verdadeiro Rei (19:12)! — Uma

vez, stephanos se encontra na descrição dos

inimigos de Deus, mas o próprio versículo

sugere a falsidade da nobreza deles! —

Continuou monsenhor Josué.

— ―Havendo como que coroas parecendo de

ouro‖ (9:7)! — Os anciãos sentados nos 24

69

tronos têm todo direito de usar coroas

verdadeiras! — Pensou Monsenhor Josué.

Continua a leitura Monsenhor Josué:

— Apocalipse, 4:5!

—– ―Do trono saem relâmpagos, vozes e

trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas

de fogo, que são os sete Espíritos de Deus‖.

— Do trono saem relâmpagos, vozes e

trovões! — Sai do trono de Deus o poder para

falar, julgar e castigar! — Disse em voz alta

Monsenhor Josué.

— Isto está em Salmo 18:13-14; 144:6 e

Êxodo 19:16-19! — Exclamou Padre Manuel.

— Estas manifestações do poder de Deus são

características da última fase das séries de

sete selos (8:5), sete trombetas (11:19) e sete

taças (16:18)! — Continuou Padre Manuel.

70

— Sete tochas de fogo, que são os sete

Espíritos de Deus! — As tochas diante do

trono são identificadas como os sete Espíritos

de Deus, o Espírito Santo! — Ele ilumina ao

homem e vai para onde Deus o envia! — As

sete tochas mostram a onisciência e a

onipresença de Deus! — Analisou Monsenhor

Josué.

Ao retornar sua atenção em direção à

cena do crime, se lembra que providências

deveriam ser tomadas junto ao papa.

Enquanto os guardas isolavam todo o lugar,

eles subiram as escadarias em direção aos

aposentos de Bento XVI.

— Monsenhor Josué! — Estás cansado? —

Perguntou Padre Manuel.

— Não! — Não estou! — Respondeu.

71

— Viste que subimos com rapidez e não

sentimos o peso da idade? — Indagou Padre

Manuel.

— Por um minuto imaginei que estava em boa

forma no auge de meus setenta anos! — Mas

como você mesmo disse, há algo estranho

acontecendo! — Respondeu Monsenhor Josué.

As portas dos aposentos do papa eram

fortemente vigiadas pela guarda vaticanas em

seus belos trajes medievais. Ao chegarem são

anunciados pelo Cardeal Galdino, um homem

extremamente anti - social e desconfiado. Ele

abre as grandes portas e Bento XVI, sentado

em seu trono de pontífice leão, pergunta aos

seus apresentados:

— Que rostos assustados são estes que vejo

em minha frente?

Bispo Josué se aproxima e conta-lhe o

ocorrido entregando-lhe o livro de São Marcus.

72

— Meu Deus! — Ela se cumpriu! Grita Bento

XVI, caindo de joelhos.

— Estamos entregues a nossa própria sorte!

— Em prantos começou a rezar.

— O que está acontecendo aqui Vossa

Santidade? — Perguntou Monsenhor Josué.

— A profecia está se cumprindo! — Chame a

todos para a vigília! — Gritou Bento XVI.

— Vossa Santidade! — Encontrei este outro

livro próximo ao corpo de Irmão Antônio! —

Ele possui algumas marcações que podem ser

de utilidade na solução deste assassinato! —

Disse Monsenhor Josué.

— Não foi assassinato, Monsenhor Josué! —

Fora auto Sacrifício! — Respondeu Bento XVI.

— Mas como ele pode fazer aquilo sozinho? —

Se pendurar a cinco metros de altura? — Fazer

73

vinte e quatro perfurações em seu próprio

peito? — Indagou Padre Manuel.

— Ele não fez sozinho! — Ele teve a ajuda de

Demônios materializados! — Respondeu Bento

XVI.

— Demônios! — Aqui! — Exclamou Monsenhor

Galdino.

— Sim! — Estão mandando-nos um recado! —

Alertando-nos quanto ao cumprimento das

profecias! — Respondeu Bento XVI.

— Mas que recado? — Perguntou Padre

Manuel.

— Que o fim está próximo! — Respondeu

BentoXVI.

— Desde quando me entendo por pessoa,

escuto que o juízo está próximo! — Vossa

Santidade! — Retruca padre Manuel, se

desculpando em seguida.

74

— Desta vez é real, meu filho! — Respondeu

Bento XVI com paciência e tristeza.

— O juízo Final! — Complementou Monsenhor

Josué.

Abrindo o livro continuou a ler em voz

alta as partes marcadas:

— Apocalipse, 4:6

— ―Há diante do trono um como que mar de

vidro, semelhante ao cristal, e também, no

meio do trono e à volta do trono, quatro seres

viventes cheios de olhos por diante e por

detrás‖.

— ―Mar de vidro, semelhante ao cristal‖

— O Deus imortal ―habita em luz

inacessível‖ (Timóteo 6:16), separado dos

outros por um mar de vidro! — No Velho

Testamento, os sacerdotes tinham de se lavar

no mar de fundição antes de chegar perto de

75

Deus com os sacrifícios (Crônicas 4:1-6),

assim sugerindo a importância da santificação!

— Deus é santo, separado de suas criaturas!

— Mas, na imagem de comunhão perfeita com

os vitoriosos no final do livro, ―o mar já não

existe‖ (21:1)! — Explicou Bento XVI

interrompendo monsenhor Josué.

— Quatro seres viventes cheios de olhos:

— Veremos melhor as características dos

quatro seres viventes nos versículos sete e

oito! — Observamos o fato de estarem cheios

de olhos, novamente enfatizando a capacidade

de ver tudo! — Ao redor de Deus estão servos

capazes de ver tudo o que acontece! Nada

escapa ao conhecimento do Soberano Deus!

— Continuou Bento XVI.

— Tudo está interligado e responde às nossas

perguntas! — É preciso buscar as respostas na

Bíblia! — Disse Monsenhor Josué.

76

— Nem Sempre, Monsenhor Josué! —

Exclamou Bento XVI.

— Deus escreve certo por linhas tortas! —

Precisamos entrar em comunhão com ele para

saber o que ele espera que façamos! — De

qualquer modo entre em contato com aquele

cientista, o qual já conversamos a respeito! —

Exclamou Bento XVI.

-— Dr. James? — Perguntou Monsenhor

Josué.

— Sim! — Ele mesmo! — Respondeu Bento

XVI.

— Aquele lunático! — Exclamou Monsenhor

Galdino, em uma de suas poucas intromissões.

— Sim! — Este lunático mesmo! — Respondeu

Bento XVI.

77

— Acho que agora teremos que concordar

com suas teorias mirabolantes! — Completou

Bento XVI.

— Eu já li algumas de suas teorias! — Imagino

que poderá ser útil! — Exclamou Monsenhor

Josué.

Monsenhor Josué se retira dos

aposentos de Bento XVI e vai para o seu

escritório, estava ansioso por ler o restante

daquelas anotações:

— Padre Manuel! — Chama Monsenhor Josué.

— Já leste a Septuaginta? — Pergunta

Monsenhor Josué.

— Sim Monsenhor Josué! — Varia vezes! — Já

traduzi algumas passagens do grego para o

latim! — Respondeu Padre Manuel.

— O que é septuaginta? — Perguntou Jonas, o

chefe de segurança.

78

— Septuaginta, é o nome da versão da Bíblia

hebraica para o grego koiné, traduzida em

etapas entre o terceiro e o primeiro século

a.C. em Alexandria! — Dentre outras tantas, é

a mais antiga tradução da bíblia hebraica para

o grego! — Língua franca do Mediterrâneo

oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande!

— Respondeu Padre Manuel.

— A tradução ficou conhecida como a Versão

dos Setenta! — Ou Septuaginta! — Palavra

latina que significa setenta, ou ainda LXX, pois

doze rabinos trabalharam nela e, segundo a

história, teriam completado a tradução em

setenta e dois dias! — Completou Monsenhor

Josué.

— Porque perguntaste se já a li, Monsenhor?

— Perguntou Padre Manuel.

79

— Preciso que me ajude na transcrição destas

anotações! — Respondeu Monsenhor Josué,

mostrando-lhe a bíblia que achara.

— Ficaria muito honrado em lhe ajudar,

monsenhor! — Exclamou padre Manuel

— Então continue a ler e me fale o que vê! —

Concluiu Monsenhor Josué.

Monsenhor Josué entregou-lhe a bíblia

e desceram juntos para sua sala.

— Apocalipse, 4:7-8! — Começou a ler:

—– ―O primeiro ser vivente é semelhante a

leão, o segundo, semelhante a novilho, o

terceiro tem o rosto como de homem, e o

quarto ser vivente é semelhante à águia

quando está voando‖.

— ―E os quatro seres viventes, tendo cada um

deles, respectivamente, seis asas, estão cheios

de olhos, ao redor e por dentro‖.

80

— Os quatro seres viventes nos lembram de

outras passagens que descrevem a presença

do Deus glorioso! — As visões de Ezequiel são

especialmente relevantes, pois falam de

quatro seres viventes com quatro rostos

diferentes, rostos que correspondem às quatro

criaturas vistas aqui (Ezequiel 1:5-14)! —

Exclamou padre Manuel.

— Ele chama os seres viventes de querubins

(Ezequiel 10:9-17) e mostra o papel deles em

defender e levar o trono de Deus conforme a

vontade do Soberano! — Completou

Monsenhor Josué.

— Entendendo que os seres viventes são os

querubins, lembramos também dos querubins

que ficavam acima da arca da aliança! —

Exclamou novamente Padre Manuel.

— Na visão de João, os seres viventes são

semelhantes a quatro criaturas! — Leão! — O

81

forte predador, o símbolo de realeza! —

Novilho! — Em Ezequiel, o boi era um animal

conhecido por sua força! — O homem! — A

figura do homem acrescenta outra

característica, juntando à força a inteligência!

— Em último a águia! — Um predador rápido,

capaz de localizar e atacar a sua vítima! —

Completou monsenhor Josué.

— João continua sua descrição de outras

características dos seres viventes! — Exclama

padre Manuel.

— Seis asas! — Capazes de se locomover, e de

transportar o trono de Deus (Ezequiel 1:20)!

— Também usavam as asas para cobrir a arca

da aliança ( Crônicas 28:18)! — Os serafins de

Isaías 6:2-3, como os seres viventes

do Apocalipse, tinham seis asas, enquanto os

querubins de Ezequiel tinham quatro! —

Analisou Monsenhor Josué.

82

— Antes de sair do salão papal, Bento XVI me

alertou que devemos evitar a tendência de

forçar os textos para achar alguma igualdade

perfeita nos símbolos destas visões proféticas!

— Por isso convidei-lhe a me acompanhar! —

Exclamou Monsenhor Josué, alertando padre

Manuel.

— O que estamos procurando? — Perguntou

padre Manuel.

— Estamos nos preparando para um evento

bíblico iminente! — Respondeu Monsenhor

Josué.

— Independente de pequenas diferenças,

todas mostram servos de alta posição servindo

a Deus, fazendo tudo que ele manda! —

Continuou Padre Manuel, voltando sua

atenção à bíblia.

— Como as rodas que acompanhavam os

querubins em Ezequiel, estes seres estavam

83

cheios de olhos e capazes de ver em todas as

direções! — Continuou Padre Manuel.

Apocalipse, 4:8! — Continua Monsenhor

Josué.

— ―Não têm descanso, nem de dia nem de

noite, proclamando:

— Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o

Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que

há de vir‖.

— ―Não tem descanso‖! — Servem e adoram a

Deus em todo momento! — Deus descansou,

no sétimo dia, de seu trabalho da criação, mas

continuou agindo para manter o universo que

ele domina! — Exclamou Monsenhor Josué

— Os judeus descansavam, no sábado, de

seus trabalhos, mas se dedicavam naquele dia

ao serviço de Deus! — Completou Padre

Manuel

84

— Nós aguardamos o descanso eterno no céu

(Hebreus 4:1, 11), mas entendemos que

serviremos e adoraremos a Deus eternamente!

— Não nos surpreende, então, achar estes

seres viventes servindo constantemente, sem

descansar! — Exclamou Monsenhor Josué.

— ―Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus:

— Esta expressão de louvor se encontra

somente aqui e em Isaías 6:3! — A mesma

palavra repetida três vezes dá grande ênfase,

especialmente no hebraico (Velho

Testamento). Ele está acima, e separado, de

todas as suas criaturas! — Exclamou padre

Manuel.

— O Todo-Poderoso! — Deus recebe louvor,

também, como o Onipotente! — A descrição

―Todo-Poderoso‖ se encontra em quase 60

versículos na Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse!

— Ele dá vida (Jó 33:4) e sabedoria (Jó 32:8)!

85

— Ele abençoa os homens (Gênesis 48:3;

49:25)! — Nos profetas e nos evangelhos, esta

descrição de Deus aparece freqüentemente

em passagens que falam do castigo divino

(veja Isaías 13:6; Joel 1:5; Marcos 14:62)! —

Completou Padre Manuel

— Para os fiéis, é uma garantia confortante de

proteção (Coríntios 6:18)! — Os exércitos

humanos podem mostrar algum poder, mas

Deus tem poder absoluto! — Este fato traz

grande conforto aos fiéis que são protegidos

por ele, e aterroriza os seus inimigos! —

Exclamou Monsenhor Josué.

— ―Aquele que era que é e que há de vir:

Deus eterno‖.

— Apocalipse, 4:9-11-Continuou a ler, Padre

Manuel.

— ―Quando esses seres viventes derem

glória, honra e ações de graças ao que se

86

encontra sentado no trono, ao que vive pelos

séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos

prostrar-se-ão diante daquele que se encontra

sentado no trono, adorarão o que vive pelos

séculos dos séculos e depositarão as suas

coroas diante do trono, proclamando‖.

— ―Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de

receber a glória, a honra e o poder, porque

todas as coisas tu criaste, sim, por causa da

tua vontade vieram a existir e foram criadas‖.

— ―Glória, honra e ações de graças...: Os

seres viventes adoram a Deus, pois ele merece

toda a honra e glória‖.

— Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão! —

Os 24 anciãos, representando o povo de Deus,

participam entusiasticamente do louvor a

Deus! — Exclamou Monsenhor Josué.

— Depositarão as suas coroas diante do trono!

— Mesmo as coroas que receberam de Deus

87

servem para a glória do Criador, não das

criaturas! — Eles livremente entregam toda a

sua glória a Deus! — Sem Deus, eles seriam

nada! — Sem Deus, nós seríamos nada! —

Continuou Padre Manuel.

―Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de

receber.... — Disse Monsenhor Josué.

— Deus merece a glória! — Esplendor,

majestade, exaltação! — Completou padre

Manuel.

— A honra! — Reverência devida à posição! —

Exclamou Padre Manuel.

— O poder! — Força, habilidade! —

Obviamente, Deus é o Todo-Poderoso, mas os

seus servos voluntariamente lhe cedem poder

sobre as suas vidas! — Completou Monsenhor

Josué.

88

— Porque todas as coisas tu criaste...! —

Neste capítulo, que focaliza a posição de Deus

Pai, o principal motivo de louvor é a criação!

— É o motivo citado muitas vezes no Antigo

Testamento! — Continua Padre Manuel.

— Não pode haver dúvida! — Deus está no

controle! — Ele é a personagem principal no

céu, e é o Soberano absoluto que criou e

domina o universo! — Ele merece a adoração

e a obediência absoluta de todas as suas

criaturas, até dos mais exaltados seres

viventes no céu! — É o Deus Santo e Todo-

Poderoso! — Sem dúvida alguma, ele é

eterno! — Da presença dele saem trovões,

vozes, relâmpagos, e a luz resplandecente que

reflete no mar de sua santidade! — Concluiu

Monsenhor Josué.

— Que privilégio Deus concedeu a João

quando o convidou ao céu numa visão? —

Que privilégio ele nos deu quando relatou toda

89

a cena aos seus servos? — Concluiu padre

Manuel.

90

Cap. IV

A Política ou Os cavalos

02h55min p.m., Sala de conferências,

Casa Branca, Washington DC.

— Senhor Presidente! — Estamos sob ataque!

— Todas as forças estão em alerta! — Tudo

parece estranho no mundo! — Os relógios

pararam, os transmissores de radio pararam e

91

os sistemas de satélites estão apagados! —

Diz Frederik, o chanceler de governo.

-— Na verdade estamos praticamente isolados

do mundo. O país parece estar sob um ataque

totalmente desconhecido! — Continua

Frederik, baixinho ao ouvido de Barack

Obama.

— Convoque todos os representantes das

forças de segurança, exército, marinha e

aeronáutica, para uma reunião de urgência! —

Respondeu Barack.

— Todos os meios de comunicação estão

inúteis, Senhor! — Retruca Frederik.

— -Dê um jeito! — Mande mensageiros a

cavalo! — A pé! — Montado num porco! —

Mas faça logo! — Respondeu Obama.

—Sim, Senhor! — Exclamou Frederik

92

Nem mesmo os sinais de rádio eram

detectados. Porém não se notava nem um

evento diferente. Tudo transcorria em um

ritmo completamente inusitado. O grande

medo era devido à possibilidade da aquisição

ou a construção de algum tipo de arma

eletromagnética inédita por algum país

declaradamente inimigo ou em última análise,

um ataque alienígena.

Alguns cientistas haviam cogitado uma

tempestade solar, mas a NASA descartou a

possibilidade desta ter causado efeitos em

relógios de pulso e atômicos. O Pânico tomou

conta de todos os países do eixo. As bolsas de

valores, os identificadores econômicos,

sistemas satélites e sistemas de satélites

estavam inoperantes, celulares nem

computadores pessoais não funcionavam. A

luz do mundo havia se apagado

instantaneamente. A fragilidade da

93

humanidade fora exposta em uma fração de

segundos. O dia em que o mundo parou.

No capitólio todos os cientistas se

atropelavam em uma ansiedade misteriosa.

Todos tentavam explicar o que estava

acontecendo, mas nenhuma teoria condizia

com os eventos observados. Os debates se

tornaram imprecisos e aleatórios, nada

explicava o evento misterioso. As bússolas

antes girando sem cessar agora pararam por

completo. Todos começaram a cogitar uma

catástrofe eminente. O silêncio se fez

imediatamente. Mas nada acontecera, nem

mesmo um tremor de terra.

— Senhor presidente! — Diz Frederik ao

ouvido de Obama, novamente.

— Sim! — Responde Obama.

— General Makarty deseja lhe ver,

urgentemente! — Continua Frederik.

94

— Mande-o entrar! —Responde Obama.

— Senhor presidente! — Estamos com um

grande problema! — Exclama General

Makarty.

— Disto não há dúvidas! — Responde Obama.

— Senhor! — Preciso que o senhor nos

acompanhe! —Exclamou Makarty.

Descendo as escadarias da ―Casa

Branca‖, general Makarty entra na capela

presidencial.

— Se soubesse que você queria rezar era só

me dizer! — Brinca presidente Obama.

Atrás do altar, havia uma passagem

secreta que dava em um enorme laboratório

de pesquisas exotéricas e religiosas.

— Então o ultra - secreto projeto ―Arquivo X‖ é

verdade? — Interpela Obama, ironicamente.

95

— Quase isto Senhor! — Responde General

Makarty.

Numa enorme mesa de conferências

estavam dez cardeais com aparência de

cientistas. Obama nunca os tinha visto antes.

— O que representa isto? — Pergunta Obama.

— Somos o sistema 591! — Um grupo secreto

de padres vaticanos pesquisadores,

trabalhando em conjunto com o serviço

secreto americano, em assuntos de ocultismo

e aparições bíblicas! — Responde Cardeal

Demétrius.

Uma enorme tela fora ligada e Cardeal

Demétrius, começou a mostrar filmagens

captadas por satélites, filmadoras e celulares

por todos os cantos do mundo, onde eram

observados espectros de todas as categorias e

gêneros. O mundo estava observando uma

maciça aparição de entidades bíblicas

96

apocalípticas. Em uma determinada cena um

soldado ferido no Afeganistão é carregado

para um lugar seguro por um ser alado que

parecia ter uns oito metros de altura.

— Meu Deus! — O que é este ser carregando

o soldado? — Pergunta Obama.

— Imagino! — Pelo que conheço das sagradas

escrituras! — Este ser, é um anjo, Senhor! —

Respondeu Monsenhor Demétrius.

— O que quer dizer tudo isto? — Perguntou

Obama, assustado.

— Quer dizer que estamos aproximando do

Juízo final! — Do apocalipse de São João

conforme ele havia descrito a dois mil anos

atrás, senhor! — Respondeu Cardeal

Demétrius.

— O que devemos fazer agora? — Perguntou

Obama.

97

— Ainda não sabemos o que fazer senhor! —

Respondeu Cardeal Demétrius.

— Talvez rezar e esperar, Senhor! —

Completou Cardeal Demétrius.

98

Cap. V

A Alma Perfeita ou A rainha

03h00min p.m., Praça do mercado,

Damasco, Syria

Radija observa curiosa, pela janela, a

turba de ativista que se aglomera na praça do

maior e mais antigo mercado do mundo, em

protesto contra o regime opressor de Bashar

Al Assad, um dos últimos lideres e ditadores

99

sanguinários que ainda se mantinha no poder

através de assassinatos e torturas. Damasco

fora o palco de grandes eventos bíblicos, um

deles fora a conversão de Saulo ao

cristianismo. Saulo caindo do cavalo ouvira a

voz de Jesus Cristo a lhe chamar para o

evangelho.

Radija, a filha de Jamil, o sapateiro

mais antigo da praça do mercado, observa do

segundo andar de sua casa, que era bem

próxima as muralhas de Damasco, toda a

movimentação na praça, como tinha o

costume de fazer todas as tardes:

— El Salam Aleicom, Radija! — Como está sua

mãe? — Gritou Mouhamed, que passa logo

abaixo, com seus amigos armados de faixas e

cartazes de protestos contra o regime, em

direção ao centro da praça.

100

— Aleicom Salam, Mouhamed! — Ela está um

pouco melhor! — Shukran! — Agradece

Radija.

— Afuam, Saidati! — Responde Mouhamed,

cumprimentando como era de costume.

A turba toda em êxtase, cantando

versos subversivos, já iniciavam os cortejos

anti-totalitarista, quando as tropas do governo

cercam todo o local. Hadji no terceiro andar,

sentado no parapeito da varanda filmava todo

o evento com seu celular. Conversando com

Radija logo abaixo, sorria alegremente pela

mudança que se pronunciava com o crescente

movimento popular pela liberdade de

expressão e democracia. Da varanda a vista

era privilegiada, dava para ver toda a praça

com clareza. Todo o prédio era de Jamil, pai

de Radija.

101

Mesmo sendo um sapateiro humilde,

conseguira um bom lugar para se viver e vivia

razoavelmente confortável. O terceiro andar

fora alugado para Mustapha, Pai de Hadji, um

antigo amigo de Jamil. O segundo andar

estava todo reservado a sala de chá e ao

quarto de Radija, que era grande e

confortável.

O movimento começara a ficar mais

caloroso e os jovens em sua maioria se

deixavam levar pelo ímpeto de liberdade e

direitos. Hadji olhando para o céu percebe que

as poucas nuvens começam a tomar um tom

amarelo-azulado e a movimentarem-se como

em uma tempestade eletrostática.

— Radija! — Olhe o céu! — Grita Hadji.

— O que é aquilo? — Perguntou ela.

— Parece ser a aurora boreal! — Respondeu

Hadji.

102

— Você está louco Hadji! — Isto só acontece

no pólo norte! — Indagou ela.

— Mas está acontecendo aqui Radija! —

Tenho certeza! — Respondeu Hadji.

— Filma isto Hadji! — Filma! — Grita Radija.

De repente ouve-se um tiro e logo

após, outro, e muito mais foram disparados.

Radija grita:

— Mouhamed! — Saia daí!

Mouhamed corre e se esconde atrás de

uma estátua de Maomé que enfeitava as

portas da prefeitura. Toda a multidão se

espalha, as pessoas tentam se esconder, umas

se protegem atrás de pilastras, outras se

atropelam em debandada, outras caem mortas

atingidas por tiros ou pisoteadas pelos

companheiros. Gritos de horror e gemidos são

103

ouvidos a distância. Radija horrorizada chama

por Hadji:

— Filma isto Hadji! — Filma!

— Estou filmando! — Estou filmando! —

Responde ele.

Tudo acontecia rapidamente, mas os

jovens não se intimidavam. Com paus e

pedras tentavam enfrentar as tropas do

governo que se posicionam estrategicamente.

Um grupo de jovens revolucionários,

fortemente armados chega logo em seguida e

a praça vira um palco de guerra. Em meio ao

tiroteio, aos gritos e as mortes de ambos os

lados, dois veículos de cor negra atravessam

toda a praça em direção à casa de Radija.

Parecia que ninguém os via. Eles pararam no

centro da praça e de dentro saíram sete

mulheres, todas vestidas de burca, porém de

diferentes cores. Três delas saem ao mesmo

104

tempo e se posicionam uma ao norte, outra a

oeste e a terceira a leste. E estavam vestidas

de dourado e falavam sem cessar, palavras

desconhecidas.

Na mitologia grega, as Moiras eram as

três deusas que determinavam a vida e o

destino, tanto dos deuses, quanto dos seres

humanos, responsáveis por fabricar, tecer e

cortar aquilo que seria o fio da vida de todos

os indivíduos. Suas decisões não podiam ser

transgredidas por ninguém. Retratadas na arte

e na poesia como mulheres velhas e severas,

ou como virgens sombrias, as deusas eram

freqüentemente vistas como fiandeiras.

Também conhecidas como as Fúrias.

Repartiam para cada pessoa, no momento de

seu nascimento, uma parcela do bem e do

mau, embora uma pessoa pudesse acrescer o

mau em sua vida por si própria.

105

Durante o trabalho, as Moiras fazem

uso da Roda da Fortuna (ou Roda da Vida),

que é o tear utilizado para se tecer os fios. As

voltas da roda posicionam o fio do indivíduo

em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em

sua parte menos desejável (o fundo),

explicando-se assim os períodos de boa ou má

sorte de todos. Seus nomes eram:

106

— Cloto, a fiadeira (em grego significa "fiar"),

segurava o fuso e iniciava o tecimento do fio

da vida. Atuava como deusa dos nascimentos

e partos.

— Láquesis, a distribuidora (em grego significa

"sortear"), puxava e enrolava o fio tecido.

Atuava sorteando e distribuindo o quinhão de

atribuições que se ganhava em vida.

— Átropos, a inflexível (em grego significa

"afastar"), detinha ooder de cortar o fio da

vida, determinando assim o fim da vida no

período designado.

As Moiras eram filhas sem pai de Nix,

segundo Hesíodo. Moira, no singular, era

inicialmente o destino. Na Ilíada, representava

uma lei que pairava sobre deuses e homens,

pois nem Zeus estava autorizado a transgredi-

la sem interferir na harmonia cósmica.

107

Elas se posicionaram em meio ao

tumulto e aos projéteis que ressoavam no ar.

Projéteis resvalavam no ar e passavam pelos

seus corpos sem ao menos incomodá-las. Não

pareciam ter medo de nada. Outras quatro

mulheres saíram logo em seguida e estavam

cobertas dos pés às cabeças e as cores de

suas vestes eram vermelha, negra, verde-água

e branca.

Elas traziam consigo alguns objetos em

mãos. A primeira trazia um jarro de barro, a

segunda uma balança, a terceira uma espada

e a quarta uma máscara e um arco. A que

tinha a espada colocou-a entre os pés e

escorou suas mãos em suas hastes, a que

tinha o jarro segurou-o entre os braços de

forma que suas mãos ficassem cruzadas à

frente do jarro espalmadas para cima. A que

trazia a balança segurou-a frente ao seu rosto

com sua haste entre o dedo indicador e o

108

médio, com suas mãos espalmadas para cima.

A que trazia a mascara e o arco, colocou sua

mascara sobre o rosto coberto e posicionou o

arco sobre os braços.

As quatro mulheres formando uma

cruz, uma ao norte e as outras a leste, a oeste

e ao sul, encaixaram-se na formação das três

primeiras, formando um hexágono com a

mulher que segurava o vaso, posicionada ao

centro da figura. Permaneceram todas imóveis

e com as mãos espalmadas estendidas e em

direção aos céus.

Como em outros livros de profetas

bíblicos como Isaías, Daniel e Ezequiel,

aspectos da vida, o local, tempo, quantidade

de potestades envolvidas e o posicionamentos

da roda dos ventos são vistos de

forma simbólica e muitas vezes interpretados

de maneira relacionada a outras passagens

bíblicas e acontecimentos passados.

109

O número quatro na simbologia

numérica bíblica representa quadrangulação

em simetria, universalidade ou totalidade

simétrica, como em quatro cantos da Terra,

quatro ventos. Vemos isso também em outros

textos (Apocalipse 4:6; 7:1, 2; 9:14; 20:8;

21:16), provavelmente tornando essas quatro

mulheres como o símbolo dos Cavaleiros do

apocalipse em parte de um único evento

relacionado.

Cavaleiros em muitas culturas repre-

sentam mensageiros. O cavalo como aquele

que carrega o portador do destino é o símbolo

de impetuosidade e impulsividade relacionadas

com os desejos humanos além de ser

associado com água e fogo por serem muitas

vezes incontroláveis. Também é tido como a

relação com o divino servindo de guia de

almas, sendo que em algumas culturas, muitas

vezes os cavalos fossem enterrados junto com

110

seus donos. Exprime também vigor e viriliade

por vezes simbolizando a juventude.

No contexto histórico principalmente

nos campos de batalha o cavalo, era treinado

muitas vezes para matar soldados com suas

patas ou sua boca, portanto nessa narrativa as

mulheres como cavalos e seus objetos

representam uma campanha com mensagens

de guerra trazendo suas conseqüências por

onde passam.

E as cores de suas vestes representam-

se como estigmas caracterizados pelo Branco

da Pureza, santidade, régio, ilusão; o

Vermelho que exprime Sangue, assassinato,

guerra; o Negro que é a Obscuridade, peste,

maldição e o Descorado, verde-água ou baio

diz do Corpo em decomposição e a repulsa.

Seus ―apetrechos‖ mostram caracteres-

ticas a respeito do papel que desempenham

111

ou a conseqüência de sua chegada; o arco e a

mascara são os símbolos da guerra, do poder

e da falsidade; a espada é a principal arma

dos exércitos antigos, usada como símbolo de

assassinato; a balança neste contexto denota

desigualdade ou injustiça e a Jarra traz a

peste dentro.

A Ordem em que são chamadas revela

uma sucessão progressiva, pois elas não são

chamadas ao mesmo tempo.

Quem os chama são quatro "criaturas

viventes cheias de olhos" ou ―Querubins‖ que

estão‖ em volta do trono, em cada um dos

seus lados‖ do trono de Deus. Não se refere a

um número literal, mas representa toda a

classe ―Angelical‖ desse grupo, ou dos que

desempenham a mesma função.

Cada um é descrito como tendo a

cabeça, ou aparência, distinta. A primeira é

112

semelhante a um leão, como símbolo do poder

e da justiça.

Na visão profética de Ezequiel sobre o templo

de Deus, ao redor do trono ele também

―vê quatro querubins com quatro faces‖,

sendo uma dessas faces a de leão. A segunda,

semelhante a um novilho, ou um touro como

símbolo de força, também representado como

um atributo divino, e uma das faces dos

querubins vistos por Ezequiel.

A terceira tem o rosto semelhante ao de

homem. Como ―O homem‖ dentre as criações

é o único semelhante a Deus e capaz de amar

ou de imitar essa qualidade inerente a ele.

A quarta é semelhante a uma águia voando,

dentre outras atribuições, ela é bastante

conhecida por sua excelente visão ou como

símbolo de sabedoria, perspicácia ou

discernimento. Também é símbolo da

113

sabedoria divina e uma das faces dos

querubins vistos por Ezequiel.

Como um todo, esses querubins podem

representar a ação ou manifestação conjunta,

ou completa, dos atributos principais de Deus,

tanto que são eles que chamam os quatro

cavaleiros.

Os Sete selos, ou sinetes e o rolo são

usados como sinal de autenticidade ou

garantia a privacidade do documento levando

uma marca. O número sete é considerado um

número sagrado e representa inteireza e

o rolo, ou livro, eram usados como símbolos

de decreto, pronunciação ou onde estão

anotados o conjunto desses símbolos

denotando que esse rolo contém uma

pronunciação inteiramente autêntica de acordo

com seu contexto bíblico.

114

Os carros continuaram seu caminho e

pararam em frente à casa de Radija. Radija e

Hadji olham para baixo e perplexos esperam o

momento seguinte. De dentro do carro desce

um homem bem vestido segurando em sua

mão direita, um rolo e na outra uma bengala

com cabeça de tigre com olhos de pedra de

rubi. Ele se volta para a multidão e pronuncia:

— Que assim seja!

Em meio a toda revolução, as almas de

todos começam a ser tomadas pelas mulheres

que ali estavam. De dentro do jarro de barro

surgem espectros que sobrevoam as cabeças

dos homens como dragões. Radija fica

assustada com aquela visão fantasmagórica:

— Hadiji! — Você está vendo o que eu estou

vendo? — Gritou ela.

— Sim estou! — Respondeu Hadji.

115

— Você está filmando? — Perguntou Radija.

— Allah é maior! — Isto é de arrepiar, Radija!

— Está me deixando com muito medo! —

Exclamou Hadji.

— Não saia daí! — Filme tudo! — Respondeu

Radija.

— Ninguém iria acreditar se eu contasse! —

Exclamou Hadji.

— Pare de falar e filme tudo Hadji! —

Exclamou Radija, apreensiva.

— Estou filmando! — Estou filmando! — Não

se preocupe! — Respondeu ele.

Nitidamente aquelas mulheres sugavam

a energia das pessoas vivas e mortas em uma

alegoria bíblica. O estranho homem bate à

porta de Jamil. Radija desce correndo às

escadas gritando por seu pai. Jamil estava no

porão trabalhando em seus sapatos.

116

— O que se passa Radija? — Já não lhe disse

para não ficar do lado de fora! — Pode ser

atingida por algum projétil perdido! —

Exclamou Jamil, subindo assustado, as

escadas.

— Um homem muito estranho está batendo a

porta papai! — Respondeu ela.

— Não abra! — Não abra! — Continuou

Radija.

— Não atenda papai! — Completou ela.

— Porque, Minha filha? — Perguntou Jamil

apreensivo.

— Algo está acontecendo lá fora papai! —

Respondeu Radija.

— É mesmo, Senhor Jamil! — Há fantasmas lá

fora! — Exclamou Hadji do alto da escada.

117

— Deixa de bobagem Hadji! — Respondeu

Jamil.

— Devem ser homens das tropas do governo!

— Exclamou Jamil.

— Nós sabemos da revolução minha filha! —

Esperávamos por isso! — Continuou Jamil. As

portas de Jamil eram bem reforçadas, foram

várias revoltas e revoluções que presenciara

naquele mesmo lugar.

Já estava acostumado com tantos

movimentos populares e massacres por

homens do governo. Jamil, após a guerra dos

seis dias contra Israel, nunca interferira em

nenhum movimento, guardando sempre uma

distância segura e rígida de tudo que se

passava na política do país.

— Não é isso papai! — É outra coisa! — Grita

Radija. Por segurança, Jamil se dirige até o

armário e pega sua Ak 47, uma metralhadora

118

soviética que guardara de seus tempos jovens

de ativista político e ex-combatente. Armando-

se, posiciona em frente à porta.

— Quem está a bater? — Pergunta Jamil.

A terceira batida é acompanhada de um

tremor de terra que derruba tudo que estava

em prateleiras e armários. A porta se abre

sem interferência de ninguém. Jamil tenta em

vão puxar o gatilho, mas seus dedos não o

respeitam.

O homem tinha um semblante cínico e

sorridente. Suas mãos eram alvas como a

neve e suas roupas pareciam ser feitas da

melhor seda. Os olhos azuis como o céu,

contrastavam com seus límpidos dentes que

transpareciam todo o tempo em sua face.

— Salam Aleicom Jamil! — Disse o homem.

— Salam Aleicom Radija! — Continuou ele.

119

— Aleicom Salam! — Quem é você? —

Perguntou Radija.

— Eu sou Satã! — Respondeu ele. Jamil dá um

sorriso de descrença.

— Não ria Jamil! — Respondeu Satã.

— Não se lembra de ter deixado seu pai

morrer pedindo para que você cuidasse de sua

mãe doente? — Perguntou Satã.

— E você a abandonou à própria sorte! — Ela

morreu agonizando de fome e de sede

chamando por seu nome! — Eu estava lá e

segurava suas mãos! — Mas não se preocupe

eu disse a ela que você a encontraria

novamente em meu reino! — Continuou Satã.

— Como sabe disso — Estávamos apenas eu

e meu pai no deserto! — Pensou Jamil.

— Eu assoprei em seu ouvido para que fizesse

isto! — Não se lembra? — Indagou Satã.

120

— Não se espante! — Eu leio seus

pensamentos, Jamil! — Exclamou Satã ao ver

seus olhos arregalados.

— Allah Akbar, Rarman, Rahim! — Eu pensei

que os sobreviventes da aldeia fossem cuidar

dela! — Gritou Jamil, ajoelhando-se e pedindo

perdão a Allah.

— Allah não está aqui agora! — Respondeu

Satã.

— E não sobrou nenhuma alma viva no

bombardeio da aldeia! — Apenas sua pobre

mãe! — Que aceitou minha proposta para vê-

lo novamente! — Continuou Satã, dando um

pequeno sorriso.

— Deus não vai ouvi-lo! — Ele te abandonou!

— Exclamou Satã.

— Não! — Não! — Não! — Allah não me

abandonou! — Grita Jamil.

121

— Sim! — Sim! — Sim! — Não se lembra das

almas que me enviaste após, com tuas

bombas bem preparadas e suas execuções a

sangue frio? — Perguntou Satã.

— Papai isto é verdade? — Indagou Radija.

— Não, minha filha! — Respondeu Jamil.

— Quanto mais negares mais me agradará

meu servo! — Disse Satã.

— O que queres aqui? — Perguntou Jamil.

— Nada com você, meu servo! — Você já me

pertence, não é tão importante assim para

merecer minha presença! — Respondeu Satã.

— Vim atrás da Rainha dos apóstolos! —

Continuou Satã.

— Eu vim por causa de Radija! — Quero levá-

la comigo! — Completou Satã.

— Por que? — Gritou Jamil.

122

— Porque sua alma é perfeita! — Respondeu

Satã.

Se aproximando de Radija levou sua

mão ao lado esquerdo de seu peito e

transpassou-o. Seus olhos ficaram negros

como a noite. Ele se afastou imediatamente.

Radija não se assustou com aquela

manifestação fantasmagórica, apenas perma-

neceu observando seu comportamento. Ao se

afastar, seus olhos voltaram aos azuis

resplandecentes e seu semblante se

entristeceu. Olhando fixamente para Radija

procurou um lugar para se sentar, parecendo

estar completamente fatigado. Radija tomou

uma cadeira próxima e levou até ele:

— Sente-se aqui! — Disse ela.

— Agora sei porque Yeshua lhe escolheu! —

Exclamou Satã.

— Como? — Perguntou Radija.

123

— Maria Madalena! — Eu a encontrei! —

Exclamou Satã novamente.

— Você é realmente perfeita! — Continuou

ele.

— O senhor parece estar muito cansado! —

Aceita um chá? — Perguntou Radija educa-

damente. Parecia estar meio passada com

aquela história.

— Sim! — Respondeu Satã.

Quando se virou, Radija viu sua mãe à

porta da cozinha, havia se levantado após

tanto tempo doente. Radija sentiu-se feliz e

aliviada.

— Sabah El Hair! — Cumprimentou sua mãe a

todos.

— Sabah El Nur! — Respondeu Satã.

124

— Mamãe a senhora esta bem? — Perguntou

Radija.

— Estou ótima! — Respondeu Samira, sua

mãe.

— Sente-se vou fazer um chá! — Disse Radija.

— Pode deixar que eu faço, minha fillha! —

Exclamou sua mãe.

Radija puxou outra cadeira e se sentou

frente a Satã. Jamil meio atordoado perma-

neceu ajoelhado rezando a Allah em voz baixa.

— Então! — O que queres aqui? — Perguntou

Radija à Satã.

— Vim a sua procura Madalena! — Respondeu

ele.

— Meu nome é Radija! — Respondeu ela.

Radija não conseguia sentir medo ou raiva

125

daquele senhor que insistia em dizer que era

Satã.

— Não! — Não é! — Você é a escolhida do co-

herdeiro de Deus! — A rainha dos apóstolos!

— Exclamou Satã.

— É mesmo? — Perguntou Radija, meio

intrigada.

— Sei que este senhor não é de tal forma,

natural! — Mas parece tão frágil e sensível! —

Pensou Radija. Não acreditava realmente que

se tratasse de Satã, o Senhor dos Infernos.

— Sua alma é pura minha menina! — Mas não

é só isto! — Seu espírito também é puro! —

Retrucou Satã.

— E você é a criatura mais linda que o

impronunciável poderia ter criado! — Um

corpo sem pecados esculpido em toda a

plenitude da formosura criada por ele! — Eu

126

não consigo deixar de olhar para você! —

Exclamou Satã.

— Não se apaixone! — Já estou

comprometida! — Brincou Radija com seu

modo irreverente de ser. Satã deu um

pequeno sorriso.

— Com quem está comprometida? —

Perguntou Satã quebrando um pouco a

tensão. Na realidade não conseguia ler seus

pensamentos, estava embaraçado com sua

fraqueza na presença de Radija.

— Com Jafar! — Meu primo! — Respondeu

Radija. Radija era pura, jovial e irreverente,

mesmo em momentos tão complexos. por

outro lado, pela primeira vez Satã sentiu paz

em seu mundo infame e obscuro. Radija

conseguira desconcertar o ser mais poderoso

do mundo inferior como um jovem

127

adolescente em seus sonhos platônicos de

amor à primeira vista.

Satã se apaixonara perdidamente por

aquela alma, por aquele espírito. Mas

principalmente se apaixonara por Radija. Um

sentimento divino e humano se apossara de

alguma forma da essência de sua maldade.

Seus poderes se tornaram inúteis sobre

ela. Ele continuava a olhá-la como se fosse

uma chama a iluminar seu espírito perdido a

uma eternidade em seu mundo de escuridão.

Radija apenas sorria como uma simples

anfitriã, mantendo um inexplicável controle

naquele instante singular, tão confuso e

inesperado.

Os relógios permaneciam parados e o

tempo parecia estar correndo de forma

misteriosamente inusual. Radija não conseguia

entender, mas também não se incomodava

128

com a presença de Satã. Parecia tão

inofensivo quanto uma mosca. Ele se levanta

após algum tempo que pareceu uma

eternidade e se dirige até a porta. Radija

permaneceu olhando-o com certo carinho que

não conseguia explicar.

— Obrigado pelo chá! — Disse Satã.

— Não há porque agradecer! — Apareça

quando quiser! — Afinal! — Sabemos que se a

porta estiver fechada você a abrirá com um

terremoto! — Exclamou Radija, sorrindo com o

canto dos olhos. Satã dá uma última olhada

em sua direção, expressa um sorriso sem

graça e desaparece com o vento levando junto

consigo todas aquelas mulheres estranhas.

Tudo volta ao normal. Os relógios

começam novamente a correr e o mundo

presencia uma singularidade espiritual. Hadji

do alto da escada filmava tudo escondido.

129

— Acho que Satã se apaixonou por você,

Radija! — Disse Hadji, dando um sorriso meio

assustado.

— Deixa de bobagem Hadji! — Exclamou

Radija.

— E agora o que vamos fazer? — E agora o

que vamos fazer? — Perguntava Jamil

repetidamente, ajoelhado, balançando a

cabeça, deixando as lágrimas escorrerem por

teu rosto enrugado, contrastando com seu

semblante rude e frio.

— O que está feito, está feito, papai! —

Continue a vida! — Disse Radija ao seu

ouvido.

— Mamãe! — A senhora está bem? —

Perguntou Radija.

— Sim! — Não estou sentindo absolutamente

nada! — Respondeu ela.

130

— Graças a Allah! — Respondeu Radija.

131

Cap. VI

O Jogo

132

03h15min p.m., Observatório Naval dos

Estados Unidos (United States Naval Obser-

vatory ou USNO):

Dr. James observa intrigado, o relógio e

todos os outros equipamentos voltarem ao

normal. Imediatamente corre ao telefone e se

comunica com seu companheiro em Moscow,

Dr. Ivanov.

Dr. Ivanov era um dos mais

conceituados doutores da comunidade

científica universal, ganhador do prêmio Nobel

do ano anterior, com teorias que tiveram uma

grande contribuição dos questionamentos

matemáticos de Dr. James.

Era um dos maiores físicos teóricos do

mundo e seu contraponto científico. Porém,

apesar das divergências, Dr. Ivanov tinha uma

grande admiração pela inteligência de

Dr.James. Na realidade fora por questões

133

políticas que Dr. James não fora agraciado

com o prêmio em seu lugar.

— Camarada Dr. Ivanov! — Você observou as

mudanças e a singularidade temporal? —

Pergunta Dr. James.

— Sim! — Todos nós observamos! —

Respondeu Ivanov.

— Vocês perceberam a formação da aurora

boreal! — Foi incrível! — Exclamou Dr. James.

— Isto realmente aconteceu? — Perguntou Dr.

James, sentindo-se aliviado por perceber que

faziam sentido suas teorias.

— Sim! — Aconteceu! — Imaginamos ser uma

interferência causada pela tempestade solar!

— Estaremos mais tarde em um grande

encontro de cientistas no Kremlin! — Fomos

convocados pelo primeiro ministro em regime

de urgência! — Respondeu Dr. Ivanov.

134

— Tempestades solares não param relógios,

nem o tempo e não impedem a propagação de

calor em uma reação de combustão! —

Exclamou Dr. James.

— Talvez tenha causado uma interferência no

campo magnético da terra! — Ainda é cedo

pra dizer! — Respondeu Dr. Ivanov.

— Fico feliz que todos tenham observado! —

Mas não se trata apenas de tempestades

solares, camarada Dr. Ivanov! — Trata-se de

um evento bíblico! — De Deus e o Diabo! —

Do juízo final! — Se é que você acredita! —

Continuou Dr. James.

— Não camarada! — Não acredito nestas

coisas religiosas! — Desculpe-me! — Mas acho

que você é que perdeu o juízo! — Exclamou

Camarada Ivanov.

Todos aqueles acontecimentos e muitos

outros eventos inexplicáveis foram observados

135

pela humanidade. Em todas as redes sociais o

assunto era um só:

— O que teria causado tantos eventos

fantasmagóricos?

Em pouco tempo todos no mundo

observavam atônitos a filmagem de Hadji.

Alguns não acreditavam, outros imaginavam

ser armação, outros imaginavam ser o juízo

final. Porém todos individualmente tinham

presenciado eventos simultaneamente em

todos os lugares até nos mais remotos.

Novamente Dr. James fora ignorado

pela comunidade científica por suas teorias

científico-religiosas. O telefone toca em

seguida:

— Hello! — Exclama Dr. James.

— Dr. James! — Uma voz chama do outro

lado.

136

— Sim! — Quem fala? — Pergunta Dr. James.

— Bento XVI, meu filho! — O Papa! —

Responde a voz.

— Isto não é hora para brincadeira! —

Responde Dr. James desligando o telefone

imediatamente.

O telefone tocou novamente:

— Por favor! — Deixe-me trabalhar! —

Exclamou Dr. James, antecipadamente.

— Dr. James! — Sabemos de suas teorias! —

Precisamos conversar a respeito! — Disse a

voz do outro lado antes que ele desligasse

novamente.

— Quem está falando! — Perguntou

novamente, Dr. James.

— Não desligue! — Dr. James! — Ouça-me

primeiro! — Disse Bento XVI.

137

— É a pura verdade! — Quem vos fala é Bento

XVI, o papa! — Insistiu Bento XVI.

— Você poderia vir a Roma? — Perguntou

Bento XVI.

— Isto realmente está acontecendo? —

Exclamou Dr. James.

— Sim! — Dr. James! — A profecia de São

Marcus está se cumprindo! — Disse Bento XVI.

— Eu sabia! — Respondeu Dr. James.

— Tomarei o avião amanhã pela manhã! —

Continuou ele.

— Não! — Dr. James! — Precisamos nos ver

imediatamente! — Exclamou Bento XVI.

Batem à porta neste mesmo instante.

Dr. James grita de onde estava:

138

— Espere um minuto! — Estou ao telefone

com o papa! — Respondeu com um sorriso

irônico no rosto.

— Dr. James! — Bispo Júlio e Bispo Jorge

estão a sua espera ao lado de fora! —

Estamos todos a sua espera ansiosamente! —

Conclui Bento XVI.

Diante das circunstâncias Dr. James

sabia que era realmente o papa naquela

ligação.

— Dr. James? — Chama Bento XVI ao

telefone.

— Sim! — Responde Dr. James

— Um grupo de homens, vestidos de preto, o

espera do lado de fora do observatório! — Eles

providenciarão tudo para você! — Concluiu

Bento XVI.

139

Ao abrir a porta, Dr. James se depara

com Bispo Jorge e Bispo Júlio acompanhados

de oito homens de terno preto a sua espera.

— Muito prazer, Dr. James! — Estava ansioso

por conhecê-lo! — Exclama Bispo Jorge.

— Bento XVI o espera! — Temos que nos

apressar! — Continuou Bispo Júlio.

— Mas nem arrumei minhas coisas pessoais!

— Respondeu Dr. James.

— Não é necessário! — Providenciaremos tudo

que precisar no caminho para Roma! —

Respondeu Bispo Júlio.

— Não! — Espere um pouco! — Preciso de

minhas anotações! — Exclamou Dr. James.

Dr. James correu ao vestiário e tirou de

dentro de seu armário uma enorme

quantidade de manuscritos intermináveis e

embaralhados. Colocou tudo em uma grande

140

sacola e acompanhou bispo Jorge e bispo Júlio

ao avião. No caminho Bispo Jorge contou

sobre o assassinato de Monsenhor Antônio e

os aspectos da sua morte, mostrando as

imagens pelo seu computador pessoal.

— Esta é uma representação da crucificação

de Pedro! — Retrucou Dr. James apontando

na tela, para o corpo de Monsenhor Antônio.

— Pedro pediu para ser crucificado de cabeça

para baixo para não ser comparado a Jesus!

— Continuou Dr. James.

— Isto representa a igreja católica! —

Exclamou apontando para a inscrição na testa

de Monsenhor Antônio ―Deus munque jus‖.

— Esta inscrição é usada também em ordens

maçônicas para designar o último grau de

ascensão na escada de Jacó! — A chegada aos

céus em sentido figurado! — Onde o cavaleiro

da ordem aprendeu tudo que deveria sobre os

141

segredos ali guardados! — E continuou

explicando Dr. James:

— Está escrito na bíblia:

— ―Jesus dissera a Pedro‖:

— ―Sobre ti construirei minha Igreja!‖.

— Alguém está mandando um recado ao

Papa! — Concluiu Dr. James.

Bispo Jorge mostra para Dr. James a

filmagem de Hadji. Dr. James olha as imagens

assustado e explica:

— A Ordem em que são associadas suas

saídas dos veículos revelam uma sucessão

progressiva, pois elas não saem ao mesmo

tempo, levando a associar essa visão com

acontecimentos do início do século 21,

chegando à conclusão que Jesus Cristo

anuncia sua volta como em Mateus 24:3, 21:

142

— Quem os chama são quatro"criaturas

viventes cheias de olhos".

Representa toda a classe angelical.

Cada um é descrito como tendo a cabeça, ou

aparência, distinta. O leão é símbolo do poder

e da justiça. O novilho, símbolo de força, O

homem dentre as criações é o

único semelhante a Deus, e capaz de amar ou

de imitar essa qualidade inerente a ele, e a

águia, bastante conhecida por sua excelente

visão ou como símbolo de sabedoria,

perspicácia ou discernimento. Também é

símbolo da sabedoria divina e uma das faces

dos querubins vistos por Ezequiel.

Esta aparição representa a

manifestação dos atributos principais de Deus,

ou querubins ou referência aos mesmos, tanto

que são eles quem chamam os quatro

cavaleiros do apocalipse. Os Sete selos, O

número sete é considerado um número

143

sagrado. Onde estão anotados o conjunto

desses símbolos e que contém uma

pronunciação bíblica.

144

Cap. VII

―En Passant‖

145

07h30min p.m., Salão papal, Vaticano-

Roma.

— Bem vindo Dr. James! — Vossa Santidade

lhe espera! — Exclama Monsenhor Galdino.

Conduzido à presença de Bento XVI, Dr.

James se embriaga com as riquezas de

detalhes dos corredores adornados do

vaticano.

— Dr. James! — Que grande prazer conhecê-

lo! — Disse BentoXVI.

— Obrigada! — Vossa Santidade! — Para mim

é uma grande honra estar aqui! — Respondeu

Dr. James.

— Gostaria que fosse em circunstâncias mais

agradáveis, mas...! — Continuou Bento XVI.

— Venha! — Preciso lhe mostrar o ocorrido! —

Não podemos perder tempo! — Exclamou

Bento XVI. Descendo as escadas, acompanha-

146

dos de guardas e bispos seguiram todos em

direção ao corpo de Monsenhor Antônio. Dr.

James se assusta com o que vê. Nunca tinha

visto ninguém morto, ainda mais daquele jeito.

— O nome Petrus escrito no chão em sangue

e em forma de cruz confirma o que disse

antes:

— Pedro quis ser crucificado de cabeça para

baixo para não ser comparado a Jesus! —

Disse Dr. James.

— As inscrições em sua testa apontam para

uma irmandade secreta:

— Os ―Franco Maçons‖! — Mas o número 666

e seus olhos retirados apontam para seitas

Satânicas! — A retirada dos olhos é para não

poder ver o que está para acontecer! —

Exclamou Dr. James.

147

— Talvez alguma visão maligna do futuro? —

Indagou Monsenhor Galdino.

— Como sabe de tantos detalhes religiosos,

sendo um Físico, Dr. James? — Perguntou

Inspetor Batisti.

— A religião faz parte do universo do homem!

— Caro Inspetor! — Respondeu Dr. James.

— Precisamos encontrar aquela garota da

Internet! — Algo me diz que há uma forte

ligação com tudo que ocorrera aqui! —

Concluiu Dr. James.

148

Cap. VIII

O cavalo Joga

149

07h30min p.m., Salão oval, Casa

Branca, Washington D.C.

— Senhor Presidente! — Fomos informados

que um bispo fora assassinado nos porões do

vaticano. Nosso serviço de inteligência nos

alertou que há uma movimentação de ordem

extraordinária relacionado a eventos bíblicos

cataclísmicos! — Também há uma suspeita de

que o assassinato fora de autoria de uma

Fraternidade secreta ligada a maçonaria

cabalística! — Disse Mike, o assessor de

inteligência do governo.

— Mandem um representante do FBI

imediatamente! — Respondeu Obama.

— Senhor Presidente! — Há uma filmagem na

internet que o senhor precisa ver! — Exclamou

Mike. Um Iphad fora trazido e ele assistiu

estupefato às filmagens.

— Isto é real Chanceler? — Perguntou Obama.

150

— Temo que sim, Senhor! — Respondeu Mike.

— Precisamos conversar com esta garota e

saber o que foi dito por aquele Senhor! — Ou

aquela Coisa! — Disse Obama.

— Para Isto Senhor! — Precisamos de uma

ordem sua para invadir a Syria com um grupo

de elite e trazê-la! — Respondeu Mike.

— Nós Sabemos que Bashar Al Assad não nos

permitiria entrar diplomaticamente! —

Continuou Obama.

— Precisamos agir rápido ou eles podem

escondê-la em lugar protegido por forças do

governo! — Concluiu Mike.

— Está autorizado! — Faça o que tem que

fazer! — Mas traga-a aqui, o mais breve

possível! — Respondeu Obama.

Não eram apenas os americanos que

estavam atrás de Radija. Uma corrida mundial

151

fora iniciada, todos queriam descobrir qual o

interesse de Satã à sua pessoa.

152

Cap. IX

O Bispo Joga

153

08h00min p.m., Salão papal, Vaticano-

Roma.

— Vossa Santidade! — Chama Dr. James.

— Sim Dr. James! — O que precisa? —

Indagou Bento XVI.

— Precisamos entrar na Syria e trazer aquela

garota aqui antes que o governo a interpele!

— Precisamos dela! — Algo me diz que ela é a

peça mais importante deste quebra cabeça! —

Disse Dr. James.

— Irmão Galdino? — Chama Bento XVI.

— Sim Vossa Santidade! — Responde

Monsenhor Galdino.

— Entre em contato com Padre Júlio da Igreja

de Homs, na Syria e peça a ele que tente

chegar até ela o mais rápido possível e a

esconda até chegarmos lá! — Ordenou Bento

XVI.

154

— O que disse Vossa Santidade? — Perguntou

Monsenhor Galdino.

— Você é surdo, Irmão Galdino? — Terei que

repetir? — Perguntou Bento XVI.

— Não! — Tudo, não! — Vossa Santidade! —

Apenas a parte em que diz ir também! —

Retrucou Monsenhor Galdino.

— Sim! — Eu irei Irmão Galdino! —

Respondeu Bento XVI.

— Mas Vossa Santidade! — Retrucou

Monsenhor Galdino.

— Cale-se Monsenhor! — Isto é muito mais

importante do que nossas vidas! — Arrume

tudo e vamos logo! — Rápido! — Rápido! —

Retrucou Bento XVI.

Padre Júlio, logo que avisado, apressa-

se para chegar a Damasco antes das tropas de

Bashar. Padre Júlio liga para seu amigo e

155

irmão em Damasco e diz a ele da importância

de retirar Radija:

— Salam! — Irmão Júlio! — Disse Irmão

Akhmed.

— Salam! — Irmão Akhmed! — Responde

padre Júlio.

— Em que posso ser útil, meu irmão? —

Pergunta Akhmed.

— Preciso que avise Jamil, o sapateiro da

praça do mercado em frente à mesquita! —

Avise a ele para sair de lá com sua filha Radija

antes das tropas de Bashar al Assad chegar!

— Exclamou Padre Júlio.

— Mas o que as tropas de Bashar al Assad

querem com Radija? — Perguntou Akhmed.

— Eu lhe explico depois! — É uma longa

história! — Respondeu padre Júlio.

156

— Pode deixar irmão! — Ligarei imediata-

mente para ele.

Jamil sabia que o interesse das tropas

do governo em Radija não eram ajudar.

Resolve, sem pestanejar, não permitir que a

levem:

— Radija! — Grita Jamil.

— Desça para o porão! — Continuou.

— Para que, papai? — Indagou Radija.

— Não discuta! — Vá logo! — Atrás do armário

vai encontrar uma passagem subterrânea, vá

por ela e sairá na praça do mercado! — Leve

sua mãe e Hadji com você! — Vá logo! —

Ordenou Jamil.

— Jamil! — Abra a porta! — Quase que ins-

tanteneamente, general Azrakh grita por Jamil

do lado de fora:

157

— Abra Jamil ou vamos derrubar! — Continua

general Azrakh. Jamil se arma de sua Ak 47 e

com duas granadas de mão.

— Vocês não vão levar minha filha! — Grita

ele.

— Não resista Jamil! — Será pior para você! —

Grita general Azrakh, fazendo sinal para seus

homens explodirem a porta.

— Bummmmmm!!!!! — Duas granadas são

lançadas à porta de Jamil.

Jamil cai ao chão e começa a atirar

como um louco. Na troca de tiros, um tiro

acerta-lhe o ombro, Jamil já estava velho de

mais para um novo combate, mas preferia

morrer lutando a se entregar. Ele tenta lançar

as granadas, mas outro tiro lhe acerta

violentamente, perfurando-lhe o peito,

atravessando seus pulmões. Ele cai

agonizando.

158

— Fuja Radija! — Fuja! — Grita Jamil em seus

últimos suspiros.

Chorando, Radija fecha a porta do

porão e desce em disparada chegando à praça

do mercado. Do lado de fora da casa, Padre

Júlio chega logo após a invasão segue todo o

acontecimento de perto. Enquanto os guardas

vasculham a casa de Jamil, Padre Júlio tenta

dar a extrema unção a Jamil que não era

Cristão.

— Padre Júlio! — Cuide de minha filha, por

favor! — Implora Jamil.

— Onde ela está? — Pergunta padre Júlio,

chegando seu ouvido bem perto de seus lábios

trêmulos.

— Vá à praça do mercado! — Procure por

Ibraim da tapeçaria e salve-as! — Exclama

Jamil, dando seu último suspiro.

159

Padre Júlio dá-lhe a extrema unção

rapidamente, deita sua cabeça sobre uma

almofada que estava ao lado, fecha

carinhosamente seus olhos arregalados e

segue para o mercado. Do outro lado da praça

um estranho monge observa os movimentos

de Padre Júlio e o segue assim que ele sai.

160

Cap. X

O Jogo do Adversário

161

08h30min p.m., Monte Hermom – No

salão do trono de Vibrações etéreas.

Satã está de um lado para o outro

tentando não se ligar à visão de Radija. Porém

se vê completamente dominado pela atração

que ela exercia sobre ele. Não conseguia

admitir que de alguma forma se misturasse às

qualidades humanas ao se deparar com a

imagem de Radija.

Satã estava tomado por uma crise

existencial. Queria ficar só e se entregar às

suas infames blasfêmias contra o criador.

Porém, intrinsecamente, não achava mais

interesse em lutar contra a ordem angelical. O

poder das trevas deixara de exercer poder

sobre ele. Perdido em sua eternidade, é

surpreendido por Yeshua:

O nome árabe para Jesus usado pelos

cristãos, Yasu‘a ( ), sendo derivada

162

de Yeshua (ou seja, a mesma coisa se

considerarmos que esta letra "a" que aparece

aqui no árabe tem som de "e", como

em mohammEd, e se considerarmos também

o "s" chiado), mas não é o nome usado para

"Jesus" no Alcorão e em outras fontes

muçulmanas. O nome tradicional para Jesus é

―‗Isa‖ (Ayn – Ya – Sin – Ya).

Aparentemente este nome lembra o

nome hebraico de Esaú –(ESAV, Ain – Shin –

Vav). Argumentam os Imãs árabes que este

nome árabe citado no Alcorão para Jesus é

realmente derivado do aramaico ―Yeshua'‖ -

no qual considera também ser o nome original

de "Jesus".

I S A, em outros sotaques é o mesmo

que I S Â ou I S Ô (o Yíshoh do modo

aramaico citado acima), um tipo de diminutivo

de Yeshua na pronúncia com sotaque

diferenciado; mas é i-ê-shu-ah do mesmo

163

modo para outros leitores, que sempre deve

ser lido com a tônica na letra "e" , ou primeira

sílaba - e não na letra "u", como alguns

erroneamente pronunciam, o que deturpa o

significado, que deixaria de ser "Deus (YHWH)

Salva" ou "Deus (YHWH) é a nossa salvação"

para ser utilizado apenas como a palavra

aramaica para "Salvação".

Jesus também aparece em algumas

culturas mais moderas com um nome de sete

(7) letras que formam a pronúncia de

Yahoshua (com variantes de Yauxua,

Yahushua, Yaushua, Yaoshua e etc), esses

pequenos grupos mais modernos são variantes

de igrejas outrora pentecostais e neo

pentecostais que receberam uma doutrina de

que o tetragrama (YHWH) teria sido

adicionado ao nome Yeshua (alguns grupos

variam dizendo que seria a adição em

164

Yahoshua conhecido no português como

Josué).

Os testemunhas de Yahushua como se

denominam acreditam nos conceitos cristãos e

são cristãos em doutrina, o que difere é o uso

do nome, como fonte de salvação. Eles negam

a lei judaica (Toráh) e as takhanot (tradições)

judaicas.

— O que fazes aqui Satã? — Pergunta Yeshua.

— Perdido em seus pensamentos? —

Continuou Yeshua.

— Hora! — Hora! — Hora! — Yeshua! — O

filho amado do impronunciável! — Quanta

honra! — Ou posso chamá-lo de o Heremita

sacrificado! — Responde Satã.

— Chame do que quiser! — Não faz diferença!

— Respondeu Yeshua.

165

— Há quase dois mil anos não lhe vejo! —

Retrucou Satã.

— Como está o céu? — Indagou Satã.

— Como sempre o tivera! — Retrucou Yeshua.

— O que o trazes a minha presença? —

Perguntou Satã, com ironia.

— Foi por ordem de teu Pai? — Continuou

Satã, sorrindo.

— Eu e o pai somos um! — Vim por tua causa!

— Retrucou Yeshua.

— Havia me esquecido! — Respondeu Satã,

novamente com um sorriso cínico.

— Este é o limite do tempo! — Disse Yeshua.

— Eu sou Satã! — Senhor do mundo inferior!

— Atentador eterno das almas humanas! —

Esquecestes? — Retrucou Satã.

166

— Não, não me esqueci! — Porém o pai sente

sua falta no paraíso! — Respondeu Yeshua.

— Ele tem a todos vocês para bajulá-lo! —

Não precisa de mim! — Respondeu Satã.

— Nosso pai que está nos céus precisa de

todos nós como também precisamos nós dele!

— Retrucou Yeshua.

— Lá não é meu lugar! — Respondeu Satã.

— Pelo jeito, aqui também não o é! —

Exclamou Yeshua.

— As profecias estão se cumprindo e você terá

uma chance de escolher onde ficar! — Disse

Yeshua.

— E diante do trono havia um mar de vidro

como cristal! — Disse Satã sorrindo.

— Cujo significado é, não os céus, nem as

almas dos benditos ali! — Nem a multidão dos

167

anjos santos, nem os primeiros convertidos

aos Cristianismo em Jerusalém! — Pois

aqueles que obtêm a vitória sobre a besta

serão mencionados como estando sobre o

mar, e os não- arrependidos não serão

admitidos de forma alguma! — Retrucou

Yeshua.

— Eu as conheço bem! — Continuou Satã.

— Os humanos já não precisam mais de mim!

— Já são maus o suficiente para me ignorar!

— Exclamou Satã.

— Eles são crianças ainda! — Disse Jesus.

— O mundo, como a um ―mar‖, pela multidão

das pessoas nele, são assim como muitas

águas nas escrituras, pessoas e nações, como

um mar de vidro, que é frágil, pois a

fragilidade é a transitoriedade do mundo! —

Continuou Yeshua.

168

— Os homens e as coisas do mundo são

como ―cristal‖! — Claro, porque todas as

coisas nele são abertas e manifestas ao olho

onisciente de Deus! — Mas o mundo e os

homens nele, não é normalmente comparado

a um mar quieto, como esse é, mas turbulento

e balançado pelos ventos e tempestades, cujas

águas lançam lama e sujeira! — Completou

Yeshua.

— Não estou aqui pelos espíritos e almas que

destrui e tomei do Impronunciável, mas pela

que não posso nem ao menos tocar! —

Exclamou Satã.

— Diga Yeshua! — Como escondeu aquela

alma por tanto tempo? — Indagou Satã.

— Nunca esteve escondida! — Como não é um

castigo sua escolha por ela! — Respondeu

Jesus.

169

— É como o batismo! — Do qual o mar

Vermelho, por onde os Israelitas passaram

debaixo da nuvem, era um emblema! — E que

pode ser comparado a um ―mar de vidro‖, pela

sua transparência, claramente expressando os

sofrimentos, enterro e ressurreição! — E ao

cristal, devido a sua pureza! — E tudo isso

pela sua natureza clara e estando vós diante

do trono pode denotar o caminho de volta no

Evangelho de Deus! — Completou Yeshua.

— Eu apenas cuido de levar estas almas para

meu reino, para a danação eterna! — Dou um

fim cruel a todos aqueles que não acreditam

em ti! — Exclamou Satã.

— Seu sangue para eles é a fonte aberta para

a lavagem dos pecados e pode ser comparado

a um mar pela sua eficácia abundante em

purificar! — E é isso que abre caminho para o

trono e para aquele que está sentado no

mesmo! — É um privilégio especial desfrutado

170

por aqueles que vão ao Monte Sião, ou a uma

Igreja do Evangelho! — Há sempre essa pia

para lavar suas vestimentas sujas, fazendo-as

brancas novamente! — Retrucou Satã.

— Embora esse mar, sendo de vidro, não

parece ser designado para se lavar nele! — E,

portanto, eu acredito que isso significa o

Evangelho Deus! — Comparado a um ―mar‖

devido às coisas profundas do impronunciável

e os mistérios da graça que estão nele! — Um

mar de ―vidro‖, pois ele é contemplado, como

em um espelho! — A sua glória, seu espírito

santo, ofício e justiça, bem como muitas

outras coisas maravilhosas! — Para mim

sobrou apenas à danação eterna e minha

eterna resignação! — Complementou Satã.

— Diga-me Yeshua! — Como poderei me

redimir com o impronunciável? — Indagou

Satã.

171

— É como ―cristal‖, pela sua clareza,

perspicácia e evidência das verdades contidas

nele! — É um firme e quieto mar, porque é o

Evangelho de paz, amor, graça, e misericórdia

que trás paz, alegria e tranqüilidade as mentes

atribuladas! — Inclusive a tua! — Disse

Yeshua.

— Não é agitado, espumante, com ondas de

ira e fúria, mas bom, estável, sólido e

tranqüilo! — Continuou Yeshua.

— Eu sei e é dito! — Como estando diante do

trono, onde está o arco-íris do meu pacto! —

Eu Pactuei com o Pai a minha decadência! —

O Evangelho é uma transcrição! — Mas como

serei eu perdoado de corromper os céus? —

Perguntou Satã.

— Será onde os vinte e quatro anciãos, ou

membros das igrejas estarão para o deleite

deles e conforto! — E é onde os sete espíritos

172

de Deus estarão! — Para suprir os homens

com os dons para pregar! — É onde as quatro

criaturas viventes, ou ministros da palavra,

têm o lugar deles! — E lá desfará o seu Pacto

e se tornará luz! — Respondeu Yeshua.

Em harmonia com essa forma figurativa

de falar, os Judeus chamam a ―o mar da lei‖,

e ―mar da sabedoria‖; e frequentemente dão

características aos doutores, por serem muito

eruditos, ―no mar do Talmude‖, ou ―doutrina‖

— Não Temas o que Deus vos legou, ainda

que seja forte, pois o poder vem do espírito

Santo de Deus e a ele é dada toda glória e

poder! — Ele vos quer no amor e na alegria e

como Arcanjo que ainda és sabes que aos

humanos fora dado o maior e mais perfeito de

todos os poderes! — O amor. Continuou

Jesus.

173

Desaparecendo como apareceu, Yeshua

deixou a Satã a palavra do pai. Satã se

enfurece e blasfema novamente contra Deus,

mas ao terminar se depara com a visão de

Radija sendo perseguida pelos soldados de

Bashar. Senta-se e apenas fica a observar de

seu mundo obscuro e infame decidindo que

caminho tomar.

174

Cap. XI

O Jogo da Rainha

175

09h30min p.m., Praça do mercado,

Damasco, Syria.

Padre Júlio Procura por Ibrahim o mais

rápido que pode, mas não percebe que estava

sendo seguido por um Monge.

— Ibrahim! — Abra! — É o padre Júlio! —

Precisamos levar Radija para um lugar seguro.

— Como vou saber se você não está com o

governo? — Pergunta Ibrahim.

— Se tivesse já teriam derrubado as portas! —

Respondeu padre Júlio.

— Abra logo! — Precisamos fugir com Radija!

— O mundo todo está a sua procura! —

Respondeu Padre Júlio.

— Para onde iremos? — Perguntou Radija.

176

— Primeiro vamos para minha igreja! — Lá

tentaremos providenciar sua saída do país! —

Respondeu Padre Júlio.

177

Cap. XII

O Jogo do Bispo

178

09h45min p.m.. Biblioteca hebraica,

Vaticano-Roma.

— Dr. James! — O agente especial do FBI

deseja vê-lo! — Exclama inspetor Batisti.

— Mande o entrar! — Respondeu Dr. James.

— Muito Prazer! — Agente especial Patrick! —

Responde.

— Sente-se! — Continuou Dr. James.

— O presidente está muito preocupado com o

que está ocorrendo e colocou-nos a inteira

disposição para que possamos ajudar no que

for preciso! — Disse Agente Patrick.

— Você acredita em Deus Agente Patrick? —

Perguntou Dr. James.

— Sim Claro! — Respondeu Patrick.

— Você acredita no diabo? — Perguntou

novamente Dr. James.

179

— Sim Claro! — Respondeu Patrick.

— Então agente Patrick! — Deves acreditar em

uma ordem sobrenatural e atuante além de

nossa visão terrena! — Certo? — Continuou

Dr. James.

— Certo! — Respondeu Patrick.

— Então devo dizer-lhe que Satã está tendo

problemas com seu mundo inferior e que

estamos aqui para ajudá-lo a encontrar uma

luz no final do túnel, antes do Juízo final! —

Exclamou Dr. James. Agente Patrick deu um

pequeno sorriso de canto de boca,

discretamente, porém foi notado por Dr.

James.

— Agente Patrick! — Creio que você é a

pessoa certa para nos ajudar! — Respondeu

Dr. James.

180

— Precisamos tirar Radija da Syria! —

Exclamou Dr. James.

— Como sabe o nome dela? — Perguntou

Patrick.

— Há um Padre da Paróquia da cidade de

Homs, Syria que conhece a família e está indo

contatá-la! — Ele vai tentar levá-la a um lugar

seguro! — Respondeu Dr. James.

— Faremos tudo que for preciso, para apoiá-

los! — Concluiu Patrick.

— Primeiro quero que me ajude a encontrar

Satã! — Disse Dr. James.

— Hahahahaha! — Agente Patrick soltou uma

pequena gargalhada.

— Desculpe-me senhor eu não pretendia! —

Disse Patrick tentando se desculpar da risada.

181

— Não se desculpe, agente Patrick! — Eu

entendo sua ironia! — Respondeu Dr. James.

— Como farei isto? — Perguntou Patrick,

dando outro sorriso de incredulidade.

— Primeiro tem que acreditar que ele exista!

— Respondeu Dr. James.

— Depois! — Quero que faça um

levantamento de sua vida, de seus amigos de

seu comportamento! — Afinal de contas

estamos atrás de um indivíduo extremamente

procurado e perigoso não acha? — Concluiu

Dr. James, retribuindo o sorriso cínico.

Agente Patrick pede licença e sai

completamente desconcertado. Dr. James

torna-se em direção ao Papa:

— Precisamos ir Vossa Santidade! — O tempo

urge! — Indagou Dr. James.—

182

— Esqueça as formalidades Dr. James! — Sou

apenas Bento XVI! — Respondeu o papa.

Monsenhor Josué trás a bíblia achada por ele e

a entrega a Dr. James:

— Dr. James! — Encontrei esta bíblia próximo

monsenhor Antônio! — Exclamou Monsenhor

Josué.

— Deixe me Ver! — Apocalipse de São João!

— Estamos lidando com uma ressurreição! —

Talvez uma extinção, ou o ―Juizo final‖! —

Devemos encontrar Radija urgentemente! —

Concluiu.

— Agente Patrick! — Agente Patrick! — Grita

agente Malkom.

— O que se passa Malkom? — Responde

Agente Patrick.

— O presidente quer lhe falar urgentemente!

— Responde agente Malkom.

183

— Onde? — Pergunta agente Patrick.

— Sala de conferências Senhor! — Responde

Agente Malkom.

— Senhor presidente! — Exclama agente

Patrick frente ao visor.

— Sim agente Patrick! — Responde Obama.

— Querem que encontremos Satã o mais

rápido possível! — Retruca agente Patrick.

— É alguma piada agente especial Patrick? —

Exclama Obama.

— Não Senhor! — E não é só isto! — Bento

XVI, o papa, pediu para que o senhor

convocasse todos os integrantes da ONU para

uma conferencia internacional para amanhã,

com a participação de todos os presidentes

dos 193 países integrantes! — Concluiu

agente Patrick.

184

— Você só pode estar brincando agente

Patrick! — Exclamou Obama.

— Não Senhor! — Infelizmente não, Senhor!

— Responde agente Patrick.

— Senhor Presidente! — Senhor Presidente! —

Chama Mike, Seu assessor imediato de

segurança.

— O que é desta vez Mike? — Responde

Obama.

— Um homem está ao portão e diz que o

senhor o espera! — Respondeu agente Mike.

— Como assim! — Eu o espero? — Pergunta

Obama.

— Ele diz ser Satã! — O rei do mundo inferior!

— Respondeu Mike.

— Está todo mundo brincando! — Ou o mundo

está louco! — Se ele for mesmo Satã não

185

precisa de meu consentimento para poder

entrar! — Respondeu Obama.

— Senhor! — O presidente disse que se for

mesmo Satã já estaria lá! — Os seguranças

externos da ―Casa Branca‖ responderam a

Satã em meio a gargalhadas e risadas cínicas.

Satã se vê ironizado.

— Hora! — Hora! — Hora! — Barrado pelos

meus servos! — Retruca Satã.

— Discípulos de Tomé! — Têm que ver para

crer, não é mesmo! — Exclamou Satã

ironicamente. Seus olhos ficaram vermelhos,

seus pés tomaram o formato de cascos

ungulígrados como as patas de um porco. Os

seguranças pararam de sorrir e tomaram um

susto se afastando imediatamente. As asas de

Satã se projetaram para fora e seus chifres

começaram a crescer.

186

— É deste jeito que gostariam de me ver? —

Perguntou Satã, com uma voz tão grave que

trepidavam as janelas, algumas chegando a se

espatifarem como se estivessem sendo

apedrejadas. Seu corpo cresceu cerca de três

metros, tudo ao seu redor começou a se

derreter com o calor emanado de seu brilho

incandescente. Guardas e seguranças

tentaram atirar, Mas em vão.

— Senhor presidente! — O senhor precisa ver

isto! — Exclamou Mike trazendo lhe a vídeo-

câmara.

— Meu Deus! — Exclamou Obama.

— Não parece ser Deus, Senhor! — Parece ser

o demônio! — Exclama Mike.

— Eu sei muito bem a diferença, Agente Mike!

— Retrucou Obama.

— O que fazemos Senhor? — Perguntou Mike.

187

— Deixe-o entrar! — Respondeu Obama. Em

meio a toda a imprensa mundial Satã caminha

vagarosamente em direção ao salão

presidencial. Seu enorme corpo se equilibra

sobre seus cascos imensos.

— Quero ficar bem bonito para a televisão! —

Disse ele a um repórter que entrou

corajosamente à sua frente. O mundo

observava estupefato Satã caminhar pelos

corredores da casa Branca. Barack Obama o

esperava no salão oval.

— Senhor presidente dos EUA! — Quanta

satisfação estar aqui em pura matéria para lhe

cumprimentar por tantas ordens cumpridas

sob meu comando! — Indagou Satã.

— Estás enganado, ser abominável! — Ou seja

lá o que for! — Respondeu Obama.

— Pode me chamar de Satã! — Você me

conhece apenas pela própria consciência! —

188

Mas estou sempre junto de ti e ao redor de ti!

— Respondeu Satã.

— O que queres de nós? — Perguntou Obama.

— Primeiro agradecer por expor a minha

imagem como símbolo de seu poder! — Disse

Lúcifer.

— Qual imagem? — Retrucou Obama.

— Hora! — Meu querido servo! — A estátua da

liberdade! — Ou esqueceste que sou Lúcifer, a

estrela da manhã e o portador da luz! —

Exclama Satã, com ironia.

— Saiba que o fim se aproxima! — É hora de

me mostrar! — Amanhã o mundo será julgado

por suas obras e eu também! — Continuou

Satã

— Eu gostaria de aparecer em meu glamoroso

terno de seda! — Mas se é assim que vocês

189

gostariam de me ver, assim eu sou! —

Respondeu Satã.

— Você já sabe o que deves fazer! — Disse

Satã ao presidente dos USA. Num piscar de

olhos desapareceu no ar. Todos que ali

estavam ficaram em estado de choque.

O mundo todo observara por todas as

redes de TV e internet aquela aparição

fantástica. As igrejas lotaram-se de fiéis e o

pânico tornou-se generalizado.

O mundo tentara se arrepender de

todos os pecados enlouquecidamente. Pais

pediam perdão aos filhos e filhos pediam

perdão aos pais. Ladrões corriam para

entregar objetos roubados, assassinos

ajoelhavam e choravam compulsivamente,

namorados e maridos tentavam se reconciliar

com seus cônjuges. Adúlteros contavam suas

aventuras aos seus pares e traídos perdoavam

190

instantaneamente. Políticos tentavam a todo

custo, devolver o dinheiro por eles desviado.

Todos queriam esconder sua intrínseca

imoralidade. Satã de volta ao seu trono

observava tudo com sarcasmo.

— Criei um grande mostro —! Ainda não sei

por que Deus ama tanto estes seres

repugnantes? — Exclamava ele.

191

Cap. XIII

Rainha e o Bispo

192

09h45min p.m., Cidade de Homs –

Syria.

Padre Júlio chega a sua paróquia e

segue com Radija, Hadji e Samira, sua mãe

para os fundos da sacristia. Ao retornar a

entrada da igreja para trancar as portas, se

depara com um Monge alto e magro, com a

cabeça completamente coberta com o capuz.

Parado de mãos cruzadas às costas, no

corredor central permaneceu esperando por

padre Júlio.

— Não posso atender-lhe agora Irmão! —

Tenho que fechar a Igreja! — Disse Padre

Júlio ao Monge.

Balançando apenas uma de suas mãos,

aquele estranho monge faz com que as portas

da igreja fechem-se com rispidez, emitindo um

enorme barulho. Padre Júlio quase desmaia de

susto.

193

— A igreja já esta fechada Padre! —

Responde o estranho monge. Inclinando-se o

corpo à frente, aproxima-se de padre Júlio.

Apenas uma sombra disforme é vista

por ele, não havia rosto. Padre Júlio teve um

acesso de pânico e começou a tremer e a

rezar.

— Não tenha medo padre! — Não queremos

você! — Queremos Maria Madalena a

prostituta! — Disse o monge.

— Se a queres! — Porque ainda não a

pegastes durante tantas centenas de anos! —

Disse Padre Júlio entre tremores e rezas.

— Tudo há seu tempo padre! — Busque-a

Padre! — Exclamou o monge com arrogância.

— Busque-a você! — Não sou seu escravo! —

Respondeu Padre Júlio. O monge se

aproximou ainda mais de Padre Júlio. Padre

194

Júlio viu seu reflexo naquela sombra

medonha, era seu rosto completamente

disforme vagando na escuridão. Aquela voz

ressoava em seu ouvido como o som de uma

sereia. Não conseguiu resistir ao hipnotismo

causado por aquela coisa, foi até a sacristia e

chamou por Radija. Ao chegar ao altar da

igreja, Radija se depara com aquele monge

fantasmagórico.

Padre Júlio se posiciona atrás de Radija

e dá-lhe uma gravata em seu pescoço

tentando estrangulá-la. Radija quase

sucumbindo é surpreendia pela aparição da

―Morte‖ em entidade espectral, que num golpe

lançou padre Júlio à uns dois metros de

distância.

— Como ousa me convocar sem a permissão

do mestre? — Indagou a ―Morte‖ ao estranho

monge.

195

— Ele já não pode mais interferir em minhas

vontades! — Respondeu ele.

— Não tenho outro mestre senão Satã! — Não

respondo a outros demônios inferiores! —

Respondeu a Morte.

— Breve! — Tudo mudará! — Exclamou o

monge.

— Quem disse-lhe isto? — Perguntou Satã.

Aparecendo do nada.

— Mestre! — Estou tomando por minha, tua

vontade! — Disse o demônio.

— Como ousa se antecipar a mim? —

Respondeu Satã.

— Estás fraco e inseguro! — Por isso tomo

para mim o reino das trevas! — Respondeu o

demônio.

196

— Estás se rebelando ao meu comando

demônio infame? — Perguntou Satã.

— Sim! — Também não te rebelastes contra o

impronunciável? — Indagou o Monge.

— Não tens poder contra mim! — Não tem o

poder de pensar! — Exclamou Satã.

— Somos a essência do mal, mestre! — Somos

apenas o que somos! — Respondeu demônio.

— Pois saiba que ainda sou o senhor das

trevas! — Ainda sou eu, quem domina todas

as entidades sombrias! — Exclamou Satã.

— Levante-se Radija! — Disse Satã. A morte

curvou-se perante Satã e desapareceu na

escuridão. Vendo que o demônio continuava

insistente, grita:

— O que fazes aqui em minha presença ainda,

demônio infame! — Desapareça! — Ordena

Satã. Numa explosão surda e mal cheirosa, o

197

monge das trevas desapareceu logo em

seguida.

— Você novamente? — Indagou Radija.

— Obrigado! — Disse ela.

— Não faço isto por você! — Faço por mim! —

Respondeu ele.

— Obrigado assim mesmo! — Disse Radija,

chegando perto de Satã e dando-lhe um suave

beijo no rosto, deixando-o desconcertado.

— Não conheces a minha aparência? — Não

lhes disseram que tenho patas de carneiro,

chifres de touro e rabo de dragão? —

Perguntou Satã.

— Não beijei o que vi! — Beijei o que senti! —

Beijei seu gesto de coragem! — Respondeu

Radija.

198

— Coragem por salvar-lhe a vida da maldade

de meus súditos? — Perguntou ele.

— Não! — Coragem por assumir sua preocu-

pação comigo! — Respondeu ela.

— O que queres tu de mim? — Perguntou

Satã.

— Diga você, Satã! — O que quero eu de

você? — Respondeu Radija.

— A resposta está no evangelho de São João!

— Mas confie apenas no homem que tiver

acompanhado do Leão! — Disse ele

mostrando certo distanciamento.

Satã se enfurece, com sua fraqueza

perto de Radija, mas não consegue

demonstrar isto a ela. Radija dá um pequeno

sorriso e tenta acudir padre Júlio. Ela o

carrega e o põe em um banco ao lado da

porta da sacristia.

199

— Padre! — Acorde! — Acorde! — Chama ela.

— O que aconteceu! — Perguntou padre Júlio.

— Se contasse você não iria acreditar! —

Respondeu Radija. Ao lado de fora, sombras

sobrevoam como abutres a torre da igreja. As

horas passam e a ansiedade vai tomando

conta.

— O que será daqui para frente! — Perguntou

Radija.

— Não sei Radija! — Respondeu Padre Júlio.

— Padre! — Meu pai sofreu muito? —

Perguntou Radija, com lágrimas descendo pelo

seu rosto.

— Não Radija! — Ele foi em paz como herói

que sempre fora, salvando você do mal! —

Respondeu Padre júlio.

200

Samira, sua mãe, não parava de chorar.

Hadji perguntava a todo o momento por que

aquilo estava acontecendo.

— Não se preocupe! — Tudo vai acabar bem!

— Dizia padre Julio.

— Espero que sim! — Quero voltar pra casa!

— Respondeu Hadji. Mesmo padre Julio

improvisando algumas almofadas com as

toalhas do altar, passaram a noite deitados

todos juntos nos bancos desconfortáveis da

Sacristia.

201

Cap. IV

A Torre, O Bispo e a Rainha

202

10h00min a.m. – Dia seguinte - Homs-

Damasco.

Bate fortemente as porta da Igreja. Era

Dr. James e Bento XVI acompanhados de

monsenhor Josué. Padre Júlio corre até a

porta preocupado com as notícias:

— Onde está Radija! — Pergunta Bento XVI.

Padre Júlio se ajoelha ao ver o papa

pessoalmente.

— Vossa Santidade! — Exclama ele.

— Não precisa de formalidades meu Irmão! —

Estamos todos no mesmo barco! —

Respondeu Papa Bento XVI.

— Radija está lá nos fundos com sua mãe! —

Respondeu padre Júlio.

— Muito Prazer! — Dr. James! — Exclamou

Padre Júlio.

203

— Entre! Fique a vontade! — Continuou padre

Júlio. Ao ver Radija Papa Bento XVI cai de

joelhos e começa a chorar.

— Porque choras Padre? — Pergunta Radija.

— Este é o papa Bento XVI, Radija! — O

Pontífice leão! — Disse Padre Júlio.

— Porque o papa se ajoelha aos meus pés? —

Não deveria ser ao contrário? — Perguntou

ela.

— Não minha filha! — Graças ao bom Deus

tenho o privilégio de estar ajoelhado aos pés

da escolhida de Cristo, o cordeiro de Deus! —

Respondeu Bento XVI.

— Quem é você? — Perguntou Radija.

Olhando em direção ao Dr. James.

— Muito Prazer! — Dr. James! — Respondeu

ele.

204

— É padre também? — Perguntou Radija.

— Não! — Sou apenas um Homem Comum! —

Respondeu Dr. James. Radija se lembrou do

que Satã lhe dissera e contou-lhes o ocorrido.

— Monsenhor Josué! — Onde está aquela

bíblia com as anotações que achaste? —

Perguntou Dr. James.

— Está aqui Dr. James! — Respondeu

Monsenhor Josué.

Dr. James começou a ler em voz alta e

analisar o que estava escrito:

— E no meio do trono, e ao redor do trono,

havia quatro bestas! — Ou ―criaturas

viventes‖! — Por quem significa não os anjos,

embora haja muitas coisas que se

harmonize com eles! — Eles são mencionados

como os ―quatro espíritos‖ dos céus, dos quais

205

procedem diante do Senhor de toda a terra! —

Exclamou Dr. James.

— Eles podem ser corretamente chamados de

criaturas viventes! — Visto que eles vivem

uma vida muito feliz nos céus, não acha Dr.

James? — Indagou Padre Júlio.

— A posição deles é diante do trono! — Na

presença de Deus! — E eles sendo assim

assíduos, diligentes, e atentos em fazer a

vontade de Deus, são Representados ―cheios

de olhos atrás, e na frente, e dentro‖! — A sua

aparência imponente faz com que sua força

possa simbolicamente ser comparada à de um

―leão‖ e a perseverança deles no serviço de

Deus, pelo "boi"! — Complementou Dr. James.

— A sabedoria deles, prudência, e conheci-

mento, pela ―face de um homem‖! — A

prontidão deles em obedecer à ordem divina

pela ―águia‖! — O número de asas deles

206

harmoniza-se com a dos serafins para a qual a

alusão parece ser! — E o trabalho deles, em

atribuir continuamente a glória a Deus, se

harmoniza com eles! — Exclamou Papa Bento

XVI.

— Para o qual pode ser acrescentado, que os

Judeus freqüentemente falam de quatro anjos,

ao redor de seu trono! — Exclamou Dr. James

Continuando a Leitura:

— O trono de Deus; cujos nomes são Miguel,

Gabriel, Uriel e Rafael; os três primeiros eles

colocam dessa forma, Miguel à sua mão

direita, Uriel à sua esquerda, e Gabriel diante

dele!Complementou BentoXVI.

— Às vezes, Miguel à sua direita, Gabriel à sua

esquerda, Uriel diante dele, e Rafael atrás

dele, e o santo e bendito Deus no meio! —

São expressamente chamados por eles as

207

quatro criaturas viventes, querendo dizer as

da visão de Ezequiel! — Continuou Dr. James.

— E eles fazem menção da inteligente criatura

vivente que estão ao redor do trono! —

Exclamou Padre Júlio.

— Apesar de tudo isso, os anjos não podem

ser referidos, pois essas quatro criaturas

viventes são mencionadas como

redimidos pelo sangue de Cristo! — E são

distinguidos dos anjos em Ap. 5:8! — Nem são

os quatro Evangelhos, com os quatro

evangelistas aqui o significado! — Pois

qualquer harmonia que possa ser fantasiada

entre esses é a semelhança com as criaturas

viventes! — Concluiu Bento XVI.

— Como Mateus que pode significar a criatura

que tem a face de homem, porque ele inicia o

evangelho com a genealogia de Cristo, como

homem! — E Marcos pelo leão! — Porque ele

208

inicia seu Evangelho com a voz de alguém

clamando no ermo! — E Lucas pelo boi,

porque ele inicia seu evangelho com o relato

de Zacarias, o sacerdote, oferecendo no

templo! — E João pela águia, porque ele inicia

o seu evangelho de uma forma bem

especial, com a própria divindade de Cristo! —

Concluiu Dr. James em voz alta.

— E com qualquer verdade que possa ser dita

desses que eles estão cheios de luz divina e

conhecimento, e rapidamente espalhado no

mundo, e continuamente dão glória a Deus! —

Ainda, não pode ser dito deles, com qualquer

propriedade, como é dito dessas quatro

criaturas viventes, que eles se ajoelham diante

de Deus, e o adoram, e são redimidos pelo

sangue do cordeiro! — Além disso, esses

quatro são representados como chamando

João no inícios dos quatro selos para vir e ver

209

o que estava para acontecer! — Exclamou

Monsenhor Josué.

— E um deles é dito como dando aos sete

anjos uma tigela com a ira de Deus para

despejar, Ap. 5:8! — Para o qual pode ser

acrescentado que esse sentido pode ser

sustentado de forma inconveniente, visto fazer

de João uma das quatro criaturas! —

Continuou Bento XVI.

— Nem são particularmente quatro apóstolos,

como Pedro, João, Paulo e Barnabé, como

outros pensam! — Nem a igreja apostólica

pura! — Pois a igreja é representada pelos

vinte e quatro anciãos e essas quatro criaturas

são diferenciadas dos cento e quarenta e

quatro mil no Monte Sião em Ap. 14:1! —

Completa Bento XVI.

— Padre Júlio em suas teorias, tem um

pensamento muito ingênuo sobre essas

210

palavras! — Ele acha que essas quatro

criaturas viventes se referem a quatro oficiais

na igreja Cristã, o ancião presidente, o pastor,

o diácono, e o instrutor! — O ancião

presidente pelo ―leão‖, que precisa de

coragem para ligar com homens em caso de

pecados! O pastor pelo ―boi‖, por sua

laboriosidade ao pisar o grão! — O diácono

pelo que tem a ―face de um homem‖! — Para

que ele possa demonstrar misericórdia e

piedade pelo pobre, como é o coração do

homem! — E o instrutor pela ―águia alada‖,

que é rápida para encontrar erros, e investigar

os mistérios! — Indagou Monsenhor Josué.

— Esta é uma teoria de minha tese de

faculdade! — Onde você a leu? — Perguntou

Padre Júlio.

— Tenho estudado todas as suas teorias a

mais de dez anos! — Respondeu Monsenhor

Josué.

211

— Eu não acho que seja ingênua! — Exclamou

Dr. James.

— Pode ser observado que não há tal oficial

como ancião presidente na igreja, distinto do

pastor; e que o pastor e o instrutor são um,

de forma que há apenas dois oficiais na igreja,

o pastor e o diácono — Filip 1:1! — Do qual

pode ser acrescentado que as quatro criaturas

viventes estão todas na mesma situação, e

são igualmente cheias de olhos, e têm o

mesmo número de olhos, e têm o mesmo

número de asas, e são empregados no mesmo

trabalho! — Complementou Dr. James.

— Tudo isso não pode ser dito também dos

oficiais na igreja? — Por essas quatro criaturas

viventes, eu entendo, são os ministros do

Evangelho no geral, nas eras sucessivas da

igreja, e a quem todas as características bem

se harmonizam! — Exclamou Padre Júlio.

212

— Embora não possa ser achado em todo

mundo, pelo menos uma coisa em todos eles,

ainda são um, e neles todos considerados! —

Eles são mencionados como sendo ―quatro‖,

sendo poucos em número do que os membros

das igrejas, que são significados pelos vinte e

quatro anciãos, e ainda um número suficiente!

— E em alusão aos quatro padrões do

acampamento de Israel no ermo, a qual

parece haver alguma referência ao inteiro

relato:

— Como o tabernáculo era colocado no meio,

assim o trono de Deus aqui! — Considerou

Monsenhor Josué.

— Assim como os sacerdotes e os Levitas

estavam ao redor dele, assim os vinte e quatro

anciãos aqui! — E havia sete lâmpadas com os

candelabros no tabernáculo, queimando

continuamente, de forma que há sete espíritos

aqui diante do trono! — E havia quatro

213

príncipes, que eram os sustentadores das

colunas, colocadas nos quatro cantos do

acampamento, assim aqui quatro criaturas, ou

ministros da palavra, que são sustentadores

das colunas da verdade! — Continua Bento

XVI.

— Estas passagens definem um lugar Público

e conhecido de todos os homens. Analisa Dr.

James.

— A coluna de Judá, com Issacar e Zebulão

com ele, estava no Leste do Tabernáculo! —

Efraim, Manassés e Benjamim, a oeste! —

Rúben, com Simeão e Gade, ao sul! — Dan,

com Asher e Naftali, ao norte, e os escritores

judaicos dizem que a coluna de Judá era a

figura de um leão! — Na figura de Efraim, de

um boi, a figura de Rubem o de um homem!

— E na figura de Dan a de uma águia, para a

qual os quatro seres viventes são comparados

aqui! — Continuou a Analisar Dr. James.

214

— E este número ―quatro‖ pode ser o bastante

mencionado, no que diz respeito às quatro

partes do mundo, e os cantos da terra, onde

os ministros do Evangelho são enviados a

pregar, e para onde sua comissão deve

atingir! — Havendo dos eleitos de Deus em

todas as partes a serem recolhidos pelo

ministério deles! — E eles podem muito bem

ser chamado de ―criaturas vivas‖, porque eles

estão vivos em si, sendo vivificados pelo

Espírito de Deus! — Ou de outra forma não

seriam aptas para o trabalho e porque o seu

trabalho exige vivacidade no exercício da

graça, e fervor no cumprimento do dever! —

Este lugar seria onde todas as nações e

representantes do mundo se reúnem! —

Exclamou Bento XVI.

— E porque eles são um meio na mão de

Deus de vivificar os pecadores mortos, e de

reviver santos caídos pela palavra da vida, que

215

eles discorrem! — A situação dos quatro seres

viventes concorda com eles, que estão a ser

dito, tanto no meio, e ao redor do trono! — E

assim estavam mais próximos a ele do que os

vinte e quatro anciãos, que estavam entre

eles! — E como os ministros do Evangelho são

definidos em primeiro lugar na igreja, tem

proximidade com Deus! — E muito de sua

presença, que é particularmente lhes

prometido, ficar entre Deus e o povo, e

receber um e comunicar outro, e levar à

adoração de Deus, como estes quatro fazem!

— Concluiu BentoXVI

— É o que deve ser dito em Ap. 4:9! — Cheio

de olhos! — De luz espiritual, e conhecimento

evangélico! — E têm necessidade de que

todos os olhos possam olhar para as Escrituras

da verdade, a buscar e descobrir o sentido e o

significado dos mesmos! — Vigiar o rebanho

que eles tomaram! — Por supervisão! — Ao

216

olhar para si mesmo, a sua doutrina e a sua

conduta, a espiar os inimigos e perigos, e dar

conhecimento dos mesmos para as igrejas, a

olhar para Deus sobre o trono, e ao Cordeiro,

no meio, para novos suprimentos de dons e

graça, e para ver a ele, que todas as suas

ministrações tendem para a glória de Deus! —

A honra de um Redentor, e para o bem das

almas! — Continuou Monsenhor Josué.

— E tinham os olhos! — Que olhos são estes?

— Perguntou Padre Júlio.

— Poderia ser a Organizacão das nações

unidas? — Continuou Padre Júlio.

— Sim! — Isto mesmo! — Muito bem

pensado! — Exclamou Dr. James.

— ―Na frente‖ deles, para olhar para a palavra

de Deus, e as coisas no fundo, o que

continuamente se encontra diante de si, e

para as coisas que ainda estão por vir

217

relacionadas com o Reino e a Igreja de Cristo!

— E ―atrás‖ deles, para observar como todos

os sacrifícios e os tipos, as previsões e

promessas, tiveram a sua realização em

Cristo!

— Eles têm os olhos diante de si para a

atenção sobre a igreja que está no meio, e

que é o rebanho que está diante deles, e os

olhos para trás, para protegê-los contra

Satanás e seus emissários, os falsos mestres,

que, por vezes, às escondidas e em segredo,

vem sobre eles, pois eles têm os olhos, na

frente deles, para olhar para Aquele que está

sentado no trono, a quem está à dependência

deles, e de quem são as suas expectativas, e

eles têm os olhos por trás deles, para olhar

para os vinte e quatro anciãos, os membros

das igrejas, quem eles ministram! Completou

Dr. James.

218

— Seria o Julgamento de Satã, visualizados

por todos os cantos da terra! — Ele deverá se

arrepender de todas as suas infâmias e

arrepender-se diante de Deus e dos homens

para se ressurgir das trevas e tornar-se

novamente anjo de Luz! — A reconciliação de

Deus e Lúcifer, o Anjo da luz! — Concluiu Dr.

James.

— Isto não vai agradar nadinha os outros

anjos caídos! — Exclamou Padre Júlio

— Os anjos decaídos com ele tentarão impedi-

lo! — Respondeu Bento XVI.

— Onde está Radija? — Perguntou Dr. James.

— Ela estava aqui agora mesmo! — Exclamou

Hadji.

— Vamos Procurem-na! — Ela não pode se

afastar! — Ordenou Bento XVI. Radija não

entendendo a discussão que se instalara a

219

respeito das sagradas escrituras se afastou em

busca de um copo com água. O dia estava frio

e o sol enchia de luz o céu límpido. Radija não

sentia medo ou ansiedade, de alguma forma

aceitava seu destino seja qual fosse. Tinha o

espírito calmo e tranqüilo, mas o que lhe trazia

às lágrimas a todo momento era a lembrança

de seu pai.

Muito havia em jogo para todo um

universo de poderes sobrenaturais. A

Irmandade Opus Dei também estava a sua

procura, os sacerdotes sabiam da sua

importância como sabiam também, as

irmandades satanistas, do perigo que ela

representava para as potestades malignas.

— Radija! — Onde está você? — Radija se vira

e ao tentar responder é surpreendida por um

sacerdote que tampa sua boca e a arrasta

para um furgão que estava parado ao lado de

fora da paróquia. Padre Júlio chega logo em

220

seguida, mas o furgão saiu em disparada,

cantando pneus. Ele corre até a rua e

consegue gravar o número da placa. Volta- se

e grita por Dr. James.

Dr. James lembra-se da Ajuda oferecida

pelo agente especial Patrick, do FBI:

— Monsenhor! — Ligue para o agente Patrick!

— Precisamos localizar Radija o mais rápido

possível! — Aconselha Dr. James.

— Estamos a caminho Senhor! — Agente

Patrick responde à ligação de Monsenhor

Josué. A entrada de Tropas americanas na

Syria seria muito complicada, o que fez com

que Agente Patrick pedisse ao agente de

campo da CIA para deixar em alerta todos os

agentes disponíveis. Uma caça à Radija fora

iniciada.

221

— Dr. James! — A placa pertence ao mosteiro

de Maloula ao norte daí! — Disse Agente

Patrick ao telefone.

— Vamos! — Temos que agir rápido! — Eles

foram para o mosteiro de Maloula! — Gritou

Dr. James.

— Isto me parece ação da Opus Dei! —

Exclamou Bento XVI.

— O que eles pretendem fazer com ela? —

Perguntou Padre Júlio.

— Eles querem protegê-la também! — Mas

protegê-la de Satã para que a profecia não se

cumpra e Satã permaneça na terra! —

Respondeu Bento XVI.

— Que profecias são essas? — Perguntou

padre Júlio.

— O fim do inferno e de Satã! — Respondeu

Bento XVI.

222

— O que é o inferno afinal? — Perguntou

Samira, mãe de Radija.

— A paróquia possui algum carro, Padre Júlio?

— Pergunta Bento XVI.

— Sim, Vossa santidade! — Temos um furgão!

— Respondeu Padre Júlio.

— Então, o que está esperando meu filho! —

Pegue logo este veículo! — Não temos tempo

a perder! — Exclamou Bento XVI

— Enquanto eu explico para Samira, o que é o

inferno! — Vamos atrás de Radija! —

Continuou Bento XVI.

— Entraram todos no furgão da paróquia de

padre Júlio e enquanto o carro deslizava em

alta velocidade pelas estradas desérticas da

Syria, Bento XVI explicava:

— A palavra ―inferno‖, Samira! — Vem do

latim ―inferii‖ e significa ―lugar inferior‖! — A

223

idéia de inferno como um lugar de fogo, para

onde vão almas incorpóreas condenadas, não

se encontra nas Escrituras, apesar de

aplicações que normalmente se fazem de

textos simbólicos e parábolas!

— Esta palavra foi colocada nas traduções em

português para substituir cinco outras

palavras, com significado completamente

diferente do conceito religioso popular do

inferno! — Isso ocorreu devido à crença que o

tradutor nutria previamente, e que o

influenciou a colocar a palavra ―inferno‖ nas

traduções que fez!

— Em Apocalipse. 20:13, onde se lia ―a morte

e o inferno‖! — Encontra-se agora, ―a morte e

o além‖! — Nesta passagem, a palavra grega

é Hades, que pode significar ―sepultura‖!

— Palavras traduzidas por ―inferno‖! — São,

GEENA (hebraico) que é uma forma

224

simplificada da expressão Ge, vale! — Bim,

filho e Hinom, nome da família proprietária de

uma área próxima a Jerusalém! — Ou seja! —

―Vale dos filhos de Hinom‖! — Essa palavra se

encontra nos evangelhos como em Mat. 5:22,

29 e nada tem a ver com um inferno de fogo

eterno!

— Era um vale onde se faziam sacrifícios

humanos e se queimavam os corpos de

pessoas aos ídolos! — O profeta Jeremias

profetizou que ali seriam lançados os corpos

dos desobedientes, e lá ficariam expostos,

como diz em Jer. 7:31-34!

— Nos dias de Jesus, o local continuava a ser

depósito de animais e lixo em putrefação, e os

moradores sempre ateavam fogo para

consumir os restos ali deixados!

— Esse lugar Jesus usou para simbolizar o fim

trágico que aguarda os desobedientes! —

225

Apenas corpos físicos eram consumidos no

GEENA, por isso que havia bichos nos corpos

podres, coisa que ―almas‖ não têm! — Nada a

ver com almas/espíritos queimando num fogo

eterno!

— HADES em grego! — Usada juntamente

com SHEOL em hebraico! — Significam

―sepultura‖, ―lugar dos mortos‖, ―morada dos

mortos‖! — Entre outros textos! — Hades

aparece em Apoc. 20:13! — Aqui o inferno! —

Na verdade a sepultura! — É o lugar onde

estão os mortos! — O inferno! — É igual à

sepultura! — Pois ele mesmo é lançado no

lago de fogo, onde é destruído como diz em

Apoc. 20:14! — Pois a sepultura é o símbolo

da morte que Jesus destruiu! — Sheol! — Seu

equivalente em hebraico! — Também significa

―sepultura‖! — Sendo equivocadamente

traduzida por ―inferno‖!

226

— Em Jó 17:16 declara-se que os mortos

ficam no pó! — E em Isa. 14:9-11 se declara

que o inferno (sheol) é um lugar onde os

bichos comem os cadáveres! — Também nada

a ver com lugar de fogo eterno! — Aliás, ainda

em Apoc. 20:10 se diz que o próprio Diabo

somente será lançado no lago de fogo, que se

forma quando Jesus volta no Juízo Final,

quando Deus derrama fogo do céu!

— No verso 14 diz-se que o próprio inferno,

sepultura, também é lançado nesse final lago

de fogo! — Posteriormente, explicarei sobre o

fogo ser ―eterno‖!

— TANATO! — Do grego, é uma palavra que

ocorre em vários lugares, mas é traduzida em

1Cor. 15:55, como ―inferno‖! — Na realidade,

a falha de tradução foi tão clara que nem os

que crêem no inferno tradicional mantiveram o

227

erro, e corrigiram! — Lá diz ―onde está a

morte ou ―tanato‖!

— ―Morte! — A tua vitória onde está? —

Inferno! o teu aguilhão?‖

— O verso 54, diz que a morte e o inferno

perdem a vitória e o aguilhão

respectivamente, porque Jesus nos dá a

imortalidade! — Também não tem nada a ver

com um lugar de fogo onde as pessoas ficam

queimando!

— A última palavra é TÁRTAROS ou ―lugar de

trevas‖! — Esta palavra ocorre na Bíblia

apenas uma vez em Pe 2:4! — O próprio

texto declara que os anjos foram expulsos da

presença de Deus! Ou seja! — De onde está a

verdadeira luz, para o exterior que são as

trevas!

— Privados da luz do céu onde moravam! —

Conforme o texto, esse ―inferno‖ também não

228

tem fogo! — Somente a escuridão da ausência

de Deus! — Além do mais, em harmonia com

Apoc. 20:9, 10,14 eles estão aguardando o

―Juízo Final‖, quando, somente então, serão

lançados no ―Lago de Fogo‖ produzido pelo

fogo que desce do Céu e que os destrói

juntamente com os que rejeitaram a salvação

de Cristo!

— Esta palavra! — A última! Também nada

tem a ver com o inferno tradicional! Concluiu

Bento XVI.

— E o fogo eterno? — Pergunta Samira.

— O ―fogo eterno‖ que Apoc. 20 diz que se

formará depois do milênio! — Mas não diz qual

milênio! — Diz que é com fogo e enxofre que

desce do céu! — O fogo eterno da Bíblia! —

Mas a palavra grega para ―eterno‖, ou

equivalente, é aion! — Que significa uma

duração relativa ao que se refere! — Pode

229

estar falando que é eterno ―sem fim‖, ou que

é eterno ―enquanto dura‖! — Ou seja,

precisamos examinar o contexto para saber se

é eterno sem fim, ou eterno até que acabe! —

Respondeu Dr. James.

— Em Apoc. 20:10 diz-se que serão

atormentados pelos séculos dos séculos! —

Aion ton aion! — Em grego, quer dizer ―para

sempre‖! — ―Eternamente‖! — Conforme

algumas traduções! — Mas esse ―pelos séculos

dos séculos‖ é previamente explicado no verso

anterior, que diz que o fogo que desceu do

céu os ―CONSUMIU‖ ! — Do grego

KATAPHAGEN! — Porém esta é a mesma

palavra que Jesus utiliza na parábola do

semeador para dizer que as aves COMERAM

as sementes que estavam à beira do caminho,

como está escrito aqui em Mat. 13:4!

Monsenhor Josué mostra a passagem da bíblia

para Samira.

230

— Logo! — Serão atormentados ―eterna-

mente‖ até que toda a substância seja

consumida, tendo como resultado, a

destruição! — Que será ―eterna‖! —

Complementou Monsenhor Josué.

— Outro exemplo que nos ajuda a entender

este ―fogo eterno‖ é o texto de Judas 6,7! —

Onde diz de forma clara que os anjos estão

em trevas esperando o Juízo! — O mesmo que

diz Pedro, em ―algemas ETERNAS‖, aion! —

Interrompeu Bento XVI.

— Hora! — As algemas eternas serão tiradas

quando chegar o Juízo e a condenação final, a

sentença for decretada! — Assim! — A algema

é ―eterna‖ somente até que se cumpra o seu

objetivo! — Acrescentou Monsenhor Josué.

— O verso sete diz que o ―exemplo do fogo

eterno‖ é o da punição que caiu sobre Sodoma

231

e Gomorra e as cidades vizinhas! — Continuou

Bento XVI.

— Qual foi a punição de Sodoma e Gomorra?

— Perguntou Hadji.

— Estão queimando até hoje? — Continuou

Hadji.

— Claro que não! — Respondeu Bento XVI.

— O apóstolo Pedro declara que Sodoma e

Gomorra se tornaram em ―cinzas‖ em Pe 2:)!

— Para mostrar o exemplo do que acontecerá

aos que vivem impiamente! — Deus é amor!

— Como podemos crer que ele deixaria

alguém ficar por milênios, pela eternidade

afora, sendo queimado em dores

inimagináveis por pecados de uma vida

passageira? — Continuou Bento XVI.

— Deus nunca falou isso! — Mas disse que o

homem que pecasse, morreria! — A

232

conseqüência de comer da árvore da Ciência

do Bem e do Mal era a morte! — Quem lançou

o ensino da imortalidade não foi Deus, mas

sim o diabo como diz em Gên. 3:4! —

Completou Dr. James.

— No relato da parábola do rico e Lázaro em

Lucas cap.16:19-31! — Observa-se a diferença

entre o céu e o inferno! — Nela, o justo não

vai para o céu, mas para o simbólico ―seio de

Abraão‖! — Não se trata de ―almas‖! — No

conceito moderno espírita, no fogo! — Mas de

corpo físico com dedo, língua e que sente

calor e pede água para matar a sede! — Disse

Bento XVI.

— O rico teve muitas oportunidades para

socorrer a Lázaro, mas não o fez! —

Evidentemente não tratou mal ao

desventurado que, sem dúvida o supunha o

rico! — Estava sofrendo um castigo de Deus!

233

— Sua atitude foi similar a que expressou

Caim quando respondeu:

— ―Sou eu guardador do meu irmão? — diz‖

em Gên. 4:9! — Não maltratou a Lázaro, mas

não foi misericordioso com ele! — Adotou uma

posição negativa frente a suas

responsabilidades nesta vida, em vez de

assumir uma atitude positiva! — Não conhecia

o verdadeiro significado do segundo grande

mandamento da lei, que ordena amar ao

próximo! — Este rico, como a nação judia, não

estava fazendo nenhum bem positivo, e por

isso era culpado de um grave mal! —

Apropriava-se de todas as vantagens que o

céu lhe tinha concedido, desfrutando delas

apenas para seu próprio prazer e

complacência! — Essa era a lição que Jesus

queria ensinar com a parábola, conforme o

próprio contexto da passagem nos esclarece!

— Não tinha nada que ver com o destino dos

234

mortos, mas sim com a falta de compaixão

que a nação judaica nutria pelos então

considerados ―ímpios‖! — Aí surgiu a doutrina

do Inferno! — Completou Monsenhor Josué.

— É clara a intenção dos teólogos de

concretizar na mente das pessoas a idéia de

um inferno literal! Como destino para aqueles

que morressem desligados da salvação! —

Segundo Paul Johnson, em seu livro História

do Cristianismo, ―os escritores pastorais eram

muito mais específicos a respeito do Inferno

que do Céu!

— Escreviam como se tivessem estado lá! —

Os três grandes doutrinadores medievais! —

Agostinho, Pedro Lombardo e Aquino,

insistiam em que as penas infernais eram

tanto físicas quanto mentais e espirituais! — E

fogo de verdade tomava parte dos tormentos‖!

— Concluiu Monsenhor Josué.

235

— A mitologia grega foi a grande influência

sobre o cristianismo, com relação ao tema do

inferno! — Os gregos faziam uso constante da

figura do Hades! — O local onde eles

acreditavam que a alma dos mortos

permanecia ardendo em fogo eterno! — O que

foi posteriormente introduzido e desenvolvido

na teologia católica e cristã como um todo!—

Disse Dr. James.

— A História Cristã demonstra que a doutrina

do inferno desenvolveu-se paulatinamente,

desde o início do catolicismo romano! — E foi

cada vez ganhando mais força e adeptos ao

longo da Idade Média, chegando até os dias

atuais! Interrompeu Bento XVI.

— Finalmente, o apóstolo Paulo ensina que

mesmo os que morreram em Cristo não estão

ainda habitando o céu, a não ser quando

ocorrer a ressurreição! — Eles não vão nem

236

para o céu, nem para um lugar de tormento

ao morrerem! — Isso somente ocorrerá com a

final destruição dos ímpios na volta de Jesus!

— Também não vão como almas sem corpo!

— A Bíblia ensina que se não houver

ressurreição ―naquele dia‖, todos os que

morreram em Cristo, mesmo eles, estarão

perdidos! — Concluiu Dr. James.

— É interessante notar como a doutrina da

ressurreição dos mortos é pouco falada nos

púlpitos que ensinam a vida após a morte! —

Seria uma grande contradição tentar conciliar

estes dois ensinos! — Ressurreição x

recompensa logo após a morte! Imagine o

caso de Lázaro! — Ser ressuscitado! — Ou

retirado da ―Glória‖ como ensinam alguns

cristãos de hoje! — E devolvido para a miséria

deste nosso mundo doente! Interpelou

Monsenhor Josué.

237

— Em Ezeq. 18:23 Deus declara que não tem

prazer na morte do ímpio! — Não se compraz

em seu tormento eterno! — Perder a salvação,

sofrer ―conforme as suas obras‖ e receber a

morte e o esquecimento eterno é a maior

punição que Deus pode dar a alguém! — É um

verdadeiro sadismo se deleitar na dor

prolongada de alguém! — Deus não faz isso,

nem mesmo no ato da morte, quanto mais na

contemplação eterna de alguém em infinitas

agonias! — Concluiu Bento XVI.

— Graças a Deus! — Que sua Palavra nos

informa:

— ―Não tenho prazer na morte de ninguém‖!

— Mesmo que seja ímpio! — A extinção é a

pena máxima! — Concluiu Monsenhor Josué.

238

Cap. XIV

―Xeque‖

239

10: 00 a.m., Dia seguinte, Altar de

Satã, nas profundezas de Pérgamo, atual

Bergama, Turquia. Salão imperial de Satã,

reino dos infernos.

―E ao anjo da igreja que está em Pérgamo

escreve:

— Isto diz aquele que tem a espada aguda de

dois fios:

— Conheço as tuas obras, e onde habitas, que

é onde está o trono de Satanás; e reténs o

meu nome, e não negaste a minha fé, ainda

nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o

qual foi morto entre vós, onde Satanás

habita."

E o inferno fora criado com a queda

de Lúcifer do Céu. Lúcifer teria caído

em Jerusalém, a Terra Santa. Portanto, ali

estaria o Portal de entrada do Inferno que

desce em espiral aos confins da terra. O

240

inferno torna-se mais profundo a cada espiral,

cujos pecados são mais graves. Assim os

pecadores com pecados menos graves estão

logo no ínicio e com os mais graves no final. O

Portal do Inferno não tem portas ou cadeados,

somente um arco com um aviso que adverte:

— Uma vez dentro, deve-se abandonar toda a

esperança de rever o céu, pois daquelas

profundezas não se pode voltar. A alma só

tem livre-arbítrio enquanto permanece em um

corpo vivo, portanto é em vida que se decide

pelo céu ou pelo inferno. Depois da morte, a

alma perde a capacidade de raciocinar e tomar

decisões.

— "O céu e o inferno são estados onde uma

escolha é permanentemente recompensada de

forma positiva ou negativa. Existe um estado

onde a negação da escolha é recompensada

de forma negativa. Aquele que recusar a

escolha é escolher a indecisão.

241

— "O vestíbulo é a morada dos indecisos e dos

covardes que passaram a vida "em cima do

muro".

Eles nunca assumiram compromissos

ou tomaram decisões firmes, por se

entregarem a mesquinhez ou oportunismos,

sempre em benefício do próprio egoísmo. Os

covardes são condenados a correr em filas

atrás de uma bandeira que corre rapidamente.

Eternamente estes, serão perseguidos e

picados por vespas e moscões em uma

representação danteana.

Entre o vestíbulo e o primeiro círculo

está o rio Aqueronte, o primeiro dos rios do

inferno, onde Caronte, silenciosamente

trabalha com sua balsa transportando os

mortos para a danação eterna. Ali se encontra

o grande salão dos condenados, onde todos os

anjos caídos e demônios estão reunidos em

um grande evento antes do ―Juizo Final‖.

242

A anarquia se instala no reino de

Hades. As potestades malignas se tornam

mais fortes a cada minuto que se passa. Satã

não toma mais partido das decisões de seu

reino. Perdera a identidade superior da

maldade. Vencido pela pureza de Radija

espera passivo o desfecho dos

acontecimentos.

Sentado em seu trono de vibrações, nos

arautos do monte Hermom observa de longe

seu reino de escuridão, com seus subalternos

demônios amotinados, em reunião

deliberativa.

A hierarquia do mal é dividida em

Reinos, Principados e Domínios, seguindo o

exemplo da cabala dos anjos. Há demônios

patronos e governantes de países e regiões,

do mesmo modo que há santos, anjos,

patronos e padroeiros no reino celestial.

243

Há nomes e atribuições baseados nas

tradições cristãs e mulçumanas, variando de

acordo com seitas e outros grupos de antigos

de seguidores. Lúcifer ou Satã é o rei do

inferno, ex-arcanjo de Deus e líder da rebelião

dos anjos contra o domínio único de Deus.

A Besta do Apocalipse e Belial irão se

unir no fim dos tempos, formando assim um

único ser.

No reino do inferno reunidos no grande

salão, sentados ao redor de uma enorme

mesa feita de ouro maciço, cravejada de jaspe

e diamantes, cercada de moiras, vestas e

fadas, regados a vinhos e carnes de caça, o

momentum profético se inicia:

— Silêncio! — Grita Asmodeu. Demônio

hebreu cujo domínio é a ira e a luxúria.

— Calem-se todos! — O ministro quer falar! —

Grita ―A Besta‖, Demônio que terá seu reino

244

no apocalipse, assim como Belial. Todos se

calam por alguns segundos, mas logo em

seguida um zumbido ensurdecedor novamente

toma conta do inferno.

Belzebu, príncipe dos demônios e

senhor das Moscas, um dos governantes do

inferno, cujo domínio é o orgulho, encarnação

do mal absoluto e um antigo deus do

Mediterrâneo oriental estava ao topo da mesa,

seguido de Leviatã, príncipe dos demônios,

cujo domínio é a heresia.

A sua direita, logo após, Belial, demônio

da loucura e arrogância, um dos demônios do

apocalipse, está sentado Astaroth, ex-

querubim celeste, cuja função é a do controle

do inferno. Logo após Ataroth, senta-se

Baalberith, demônio do assassinato e da

blasfêmia, ex-líder dos querubins celeste e

braço direito de Lúcifer.

245

Em seguida senta-se Nergal, poderoso

demônio sumeriano que na tradição cristã

assumiu o comando de policiamento do

inferno. Nos lugares restantes, Pazuzu, Iblis e

mais quatro Djins, completam o conselho dos

doze demônios.

Ao redor do altar, Abramelech,

Demônio guardião e servo de Lúcifer, Pazuzu,

rei dos Espíritos malignos, possuidor de

mentes humanas, Arimã, príncipe de uma

legião de demônios e dos ―Demônios

terrenos‖, criação de Satã, também chamados

de Iniquos ou Gênios contrários organizam

seus bandos ou legiões.

Asmodeu começa a deliberar sobre o

lugar de Satã e o destino dos Humanos. Em

unanimidade os Djins gritavam:

246

-Vamos destruir os homens e possuir suas

mulheres! Vamos gerar gigantes e novas

gerações de demônios para as nossas guerras!

-Não se pode destruir a obra do criador!

Tentaríamos o orgulho do impronunciável!

Respondeu Belzebu.

-Então vamos possuí-los e fazer com que

destruam uns aos outros! Grita Pazuzu rei dos

espíritos malignos.

- Isto eles já fazem pela própria natureza do

seu livre arbítrio! Respondeu Leviatã dando

uma enorme gargalhada.

-Devemos fazer com que o impronunciável

deixe de amá-los! Exclamou Asmodeu.

-Como Faremos isto? Pergunta Pazuzu.

-Mate Radija! E traga o mestre de volta! Disse

Astaroth.

247

— Calem-se! — Grita Samyaza, o senhor dos

sortilégios, líder do pacto do Monte Hermon,

chegando com seu exército de 200 sentinelas.

— Onde está o mestre! — Grita ele.

— Não está aqui! — Respondeu Asmodeu.

— Como ousas conspirar contra o mestre? —

Retruca Samyasa.

— Akibel? — Grita Samyasa. Akibel é um dos

sentinelas de Samyasa. Ensinara o homem a

simbologia dos Sinais, era sempre ordenado a

avisar de alguma forma o homem sobre as

adversidades futuras.

— Sim Mestre! — Responde Akibel.

— Vá até Satã e peça permissão para levar os

sinais aos combatidos! — Exclama Samyasa

baixinho em teus enormes ouvidos.

248

— Não permitirei que conspirem contra o

mestre! — Disse Samyasa a Asmodeu.

— Azazyzel! — Grita Samyasa novamente.

Azazyzel era o anjo que ensinou aos homens

como fazer espadas, facas e armaduras. Após

desafiar os Anjos Miguel e Gabriel, Azazyel foi

amarrado e subjugado pelo Anjo Rafael com a

permissão de Javé.

— Sim mestre! — Respondeu Azazyzel.

— Arme a todos os sentinelas imediatamente!

— A batalha se aproxima! — Exclama

Samyasa.

— Barkayal! — Grita novamente Samyasa.

Barkayal ensinou astrologia aos homens.

— Sim mestre! — Responde Barkayal.

— Quanto tempo temos até que aja o

alinhamento dos astros para que se cumpra a

profecia? — Pergunta Samyasa.

249

— Temos apenas seis horas mestre! —

Respondeu Barkayal.

— Armers! — Grita Samyasa. Armers, ensinou

aos homens os segredos das porções mágicas.

— Sim mestre! Respondeu ele.

— Procure o líder dos homes e a ele dê a

oportunidade de se defender! — Respondeu

Samyasa.

— Asaradel! — Grita Samyasa Novamente.

Asaradel, ensinou ao homem o movimento da

lua.

— Sim, Mestre! — Responde Asaradel.

— Permaneça junto a Radija e mantenha-a

sob vigilância! — Exclamou Samyasa.

— Porque mestre? — Perguntou ele.

— Não questione! — Apenas cumpra a

profecia! — Responde Samyasa.

250

— Amarak! — Grita Samyasa. Amarak ensinou

aos homens como fazer feitiços com raízes.

— Sim mestre! — Responde Amarak.

— Vá até Bento XVI e leve a porção dos

desejos dos anjos! — Responde Samyasa.

Samyasa cerca todo o inferno com seus

sentinelas e exige fidelidade aos comandados

de Satã com a ameaça de guerra. Seus

generais eram:

— Ananel, Arazyal, Armen, Arstikapha,

Artqoph, Asael, Azazel, Azkeel, Barakel,

Baraqel, Basasael, Bataryal, Batraal, Danel,

Danieal, Danyal, Ertael, Hermoni, kael,

kakabael, kokabel, Matarel, Ramel, Ramtel,

Ramuel, Rumel, Rumyel, Sahriel, Samsaveel,

Samsiel, Saraknyal, Semihazah, Simapiseel,

Stawel, Tamiel, Tarel, Tumael, Tummiel, Turel,

Turiel, Turyal, Urakabarameel, Yetarel,

Yhaddiel,Yomiel, Yomyael,Zavebe, Zeqiel.

251

Cada um deles levavam um exército de

200 sentinelas. e 148 demônios.

Belzebu se levanta da grande mesa

indignado pela ameaça e invoca Yekun, e seus

comandados. Yekun, o Rebelde, foi o primeiro

anjo a seduzir e desencaminhar os anjos no

reino celestial. De enorme inteligência,

também ensinou aos homens a linguagem

dos sinais e a ler e a escrever com tinta.

— Quem invoca meus préstimos tão antigos?

— Responde Yekun aos chamados de Belzebu,

aparecendo das profundezas do inferno.

— Eu! — Belzebu! — Senhor do mundo

inferior! — Responde ele.

— Onde está Satã? — Perguntou Yekun.

— Não está mais conosco! — As profecias do

impronunciável já estão se realizando! —

Respondeu Belzebu.

252

— E já tomastes dianteira antes de me

consultar? — Indagou Yekun.

— Sou o mais antigo dos anjos caídos e

general de Satã contra os exércitos do

impronunciável! — Não preciso perguntar a

ninguém o que fazer! — Respondeu Belzebu.

— Então por que me invocas? — Perguntou

Yekun.

— Agora! — Invoco pelos teus conhecimentos

das ordens celestiais! — Porém preciso de

seus conselhos estratégicos! — Respondeu

Belzebu.

— O impronunciável não pode saber de seus

planos de invadir os céus! — Exclamou Yekun.

— És o mais antigo dos anjos caídos! — Mas

será o mais poderoso? — Indagou Yekun.

— É o que veremos! — Respondeu Belzebu.

253

— Saiba que Satã o sorrateiro, foi

contaminado pela sua própria maldade! —

Queres tomar do mesmo remédio? — Indagou

novamente Yekun a Belzebu.

— Não preciso de suas charadas! — Quero

teus conselhos estratégicos e seus sentinelas!

— Respondeu Belzebu.

— Eles serão seus se assim meus generais o

desejarem! — Exclamou Yekun.

Os generais de Yekun eram lideres de

falanges com mais de 100 sentinelas cada um.

Seus nomes eram Kesabel, O segundo anjo na

hierarquia dos caídos e o primeiro a incentivar

os anjos a terem relações sexuais com os

seres humanos. Gadrel, o terceiro anjo,

ensinou os anjos sobre os poderes da ― Morte‖

e como usar uma espada para ferir outros

anjos. Penemue, o quarto Anjo, ensinou aos

254

homens como mentir e Kasyade, o Quinto

Anjo, ensinou aos homens sobre os espíritos.

— Quem de vós deseja seguir à Beuzebu,

tome seus lugares a sua esquerda! — E quem

desejas seguir a Samyasa, tome seu lugar a

sua direita! — Gritou Yekun.

Gadrel e Kasyade se juntaram a

Samyasa, Kesabel e Penemue se juntaram a

Belzebu.

— E tu Yekun, O grande rebelde! — Não

tomarás lugar algum? — Indagou Belzebu.

— Não! — Permanecerei em minha pena dada

pelo impronunciável! — Afinal de contas tudo

se resolverá logo! — E para mim basta de

escuridão! — Não há mais lugar para as

trevas! — Leve meus sentinelas! — Eles lhe

servirão como desejares! — Respondeu Yekun.

— Samyasa? — Chamou Yekun.

255

— Sim! — Respondeu Samyasa.

— Tenha uma grande batalha! — Exclamou

Yekun, desaparecendo na incandescência dos

lagos de fogo.

O inferno estava dividido entre os anjos

caídos que apoiavam a autoridade de Satã e

aqueles que a queriam tomá-la para si.

Samyasa fiel aos desígnios de Satã, mantinha

sua postura de guerra contra os exércitos de

Belzebu.

Asmodeu invoca suas sentinelas e

preparam-nos para a grande batalha. Em

seguida saem em sequência, Leviatã, logo

após, Belial, besta e Asmodeu e assim por

diante. O inferno estava repleto de potestades

em pé de guerra. Satã do alto do monte

Hermom observa tudo sem se manifestar.

Como um líder deposto permanece em sua

256

dúvida, enfraquecendo-se gradativamente.

Yekun surge penitente em sua presença:

— Mestre! — Chama Yekun.

— Sim Yekun! — Responde Satã.

— Como conselheiro de vossa potestade! —

Aconselho-lhe a conduzir as legiões ao

consenso ou todo o reino poderá ser

completamente destruído! — Exclamou Yekun.

— Escolha seu lugar Yekun! — E permaneça

até que o impronunciável lhe chame! — Eu sei

de seu desejo de voltar ao paraíso! — Se as

profecias se cumprirem também terás uma

chance de voltar! — Respondeu Satã.

— Obrigado mestre! — Exclamou Yekun,

Desaparecendo assim como apareceu.

— Morte! — Chama Satã.

— Sim Mestre! — Responde a ―Morte‖.

257

— Dentre todas as entidades! — Tu és a única

que serve a dois mestres! — Porém é fiel a

ambos! — Saiba que tu também serás a única

a não lutares e como tal servirá para recolher

o sopro de vida de anjos, homens e demônios!

— Exclamou Satã.

— Mas dizem as profecias, traduzidas nas

escrituras sagradas que também serei eu,

lançada ao fogo eterno, mestre! — Respondeu

a ― Morte‖.

— Não conte com isso! — Deus nunca vai abrir

mão de sua criação mais amada! — Ainda

mais agora que um deles nasceu perfeito! —

Se bem o conheço dará uma nova chance à

sua criação! — Exclamou Satã.

— Como diria os humanos! — Seu emprego

está garantido! — Continuou Satã, sorrindo.

258

Cap. XVI

A Batalha

259

12:00 - Dia seguinte - Mosteiro de

Maloula, Syria

O carro de Dr. James vai se

aproximando, seguido de outros dois carros de

agentes da CIA e do FBI que os apoiavam. Em

seu carro estavam Bento XVI, Padre Júlio e

Monsenhor Josué. Ao chegarem a avenida

Sharia, uma enorme e íngreme subida que

precede ao mosteiro de Maloula, se deparam

com seres enormes e estranhos que

silenciosamente, como estátuas, permanecem

em pé em cada esquina.

Apenas seus olhos como lanternas

vermelhas, eram vistos. Suas silhuetas

pereciam ter asas, mas a névoa ao seu redor

impedia a sua visualização fisiológica,

pareciam estar em dimensões paralelas ao

mesmo tempo. As ruas estavam

misteriosamente desertas e apenas o silêncio

imperava naquele vilarejo. Acima da torre

260

espíritos e potestades sobrevoavam como

abutres, todo o Mosteiro.

— O que são estes seres gigantes? —

Perguntou Hadji.

— São anjos! — Respondeu Bento XVI.

— Imaginava-os menores! — Respondeu

Hadji.

— Ossadas de homens gigantes foram

encontrados em vários lugares do mundo,

chegando a medirem cerca de 5 a 10 metros

de altura em algumas escavações! —

Respondeu Dr. James.

— Mas! — Seriam homens ou Anjos? —

Perguntou Hadji.

— Poderiam também ser demônios! — Em

uma destas escavações foram achados

enormes crânios com protuberâncias ósseas

que imaginaram serem chifres!

261

— Eles então podem morrer? — Perguntou

Hadji novamente.

— Sim! — Claro! — Mas apenas anjos,

demônios e potestades inferiores! —

Respondeu Dr. James.

— Arcanjos então não morrem? — Perguntou

Padre Júlio.

— Não! — São imortais como Deus! —

Interrompeu Bento XVI.

— Então foi por isso que Lúcifer se rebelou! —

Tinha certeza que não ia ser destruído! —

Exclamou Hadji.

— Talvez! — Muitos anjos se rebelaram com

ele e não foram destruídos! — Apenas

expulsos! — Respondeu Dr. James.

— Porque Radija é a escolhida? — Perguntou

Samira, mãe de Radija.

262

— Uma alma perfeita! — Quando deus criou o

homem fez a sua imagem e semelhança.

Criando adão e Eva , criara seres perfeitos,

desta vez não cometera o mesmo erro que

cometeu, criando Lúcifer e outros anjos.

Lúcifer porém sorrateiramente entrou em seu

jardim do Édem e corrompeu sua criação

separando-os em sexos diferentes, criando o

pecado da carne!

— Os órgão genitais foram criação de Satã! —

Por isso adão e Eva se cobriram com folhas! —

Eles viram que estavam diferentes um do

outro e isso os condenava à frente do Criador!

a O pecado está intrínseco na função dos

órgãos genitais! — Isso explica por que todo

mal do mundo de uma certa forma tem a ver

com a sexualidade do homem! — Concluiu Dr.

James.

— Radija então não tem sexo? — Perguntou

Hadji, Dando risadas inocentes.

263

— Não é isso! — Respondeu Dr. James.

— Radija não fora tocada pela maldade de sua

sexualidade! — Radija é um fenômeno

esperado pela profecia de São Marcus. Um dia

nasceria um ser perfeito como Deus esperara

de todas as suas criações. Radija é a perfeição

da criação de Deus! — Talvez uma evolução

da criação a partir de adão e Eva! — Um

refinamento que chegara a perfeição da obra

por ela mesma! — Sem a interferência do

Criador! — Respondeu Dr. James.

— Satã fora contaminado com seu próprio

veneno! — Ao tocá-la! — Ele se apaixonou por

Radija! — Ao tocá-la fora como se ele comesse

a maçã! — Fora contaminado com sua própria

magia! — Está perdidamente apaixonado por

uma humana! — Este será o seu maior

castigo! — Completou Dr. James.

264

Ao chegar ao mosteiro, todos descem

do carro inclusive os agentes da Cia e do FBI.

Dois grandes anjos guardavam os portões ao

pé das escadarias. Todos subiram exceto os

agentes, estes foram impedidos pelos seres

alados.

Um dos agentes se assusta e retira uma

de suas armas, apontando-a para aquela

coisa.

— Não faça isso! — Grita Dr. James. Mas é em

vão. Ele dispara um tiro em direção a um dos

anjos. Uma incrível e enorme asa se abre

automaticamente e de dentro o gigante

levanta sua mão com uma enorme espada

flamejante que desce sobre sua cabeça

incinerando-o instantaneamente. A asa se

fecha e o ser permanece imóvel novamente.

265

Todos sobem as escadas e encontram outros

dois anjos que guardam a entrada do

mosteiro.

— Para que tanto anjo? — Perguntou Hadji.

— É o final dos tempos! — Respondeu

Monsenhor Josué.

Ao entrar, a igreja estava lotada como

se fosse missa de domingo. Ao fundo Monges

tibetanos, Satanistas, irmandades Rosa

Cruzes, membros da fraternidade Opus Dei,

Fraternidades secretas, misteriosas e

sacerdotes israelitas discutiam em vozes que

eram impossíveis de serem entendidas. Todos

aqueles que seguiram os sinais dos anjos e

potestades se encontravam em um mesmo

lugar. Discutiam o futuro de Radija que ao

fundo mantinha-se sentada no altar da Igreja

em perfeita harmonia com seus xacras. Ao

266

entrarem, todos se calaram. Uma voz ao fundo

ressoa como um trovão:

— O vigésimo ancião e o filho do homem

adentram os umbrais do templo!

— Devem estar falando de vocês dois! — Diz

monsenhor Josué ao Papa e a Dr. James.

Um homem gigantesco desce do altar e

vem ao encontro , ordenando que os outros

assentem-se nos lugares que ainda restavam.

— Radija! — Você está bem? — Perguntou Dr.

James.

— Sim! — Estou! — Não me fizeram mal

algum! — Estão conversando sem cessar,

desde que me trouxeram para cá! — Disse ela.

— Quem são estas pessoas? — E como

chegaram até aqui? — Perguntou Padre Júlio.

267

— Vieram como os três reis magos, seguindo

os sinais dos tempos! — Respondeu

Monsenhor Josué.

— Há uma grande questão a se resolver que

envolve todos os interesses dos céus e

também da terra! — Exclamou Bento XVI.

— Será decidido o destino de Satã! — Com

isso será também decidido o destino da

humanidade! — Completou Dr. James.

— Radija! — Quem é este monge que está ao

seu lado? — Perguntou Dr. James.

— Não sei! — Mas sei que fede muito e me

segue a todo tempo me falando coisas da lua

como um papagaio! — Respondeu Radija.

Dr. James reparou seus pés e observou

que estava descalço e suas unhas eram

enormes e pontiagudas como a de uma ave de

268

rapina e estavam sujas. Seu cheiro era como

de ovo podre.

— Bento XVI! — Chamou Dr. James ao pé do

ouvido.

— Isto aqui é uma encenação! — Estamos

sendo ludibriados por demônios!

— Eles estão tentando ganhar tempo! —

Temos que tirar Radija daqui imediatamente!

— Continuou Dr. James.

— Como Faremos isto com tanto demônio nos

vigiando? — Indagou Bento XVI.

— Demônios não suportam ouvir o nome de

Cristo! — E estes são demônios antigos! —

Reze a missa! — Disse Dr. James.

— Padre Júlio! — Chamou Bento XVI.

— Você ainda reza a missa em aramaico? —

Perguntou.

269

— Sim! — Vossa Santidade! — Respondeu

Padre Júlio.

— Então faça os preparativos! — Vamos rezar

uma missa! — Exclamou Bento XVI.

— MonsenhorJosué! — Chamou Bento XVI.

— Sim Vossa Santidade! — Respondeu ele.

— Prepare a água benta e o incensário! —

Vamos fazer um grande exorcismo! —

Exclamou Bento XVI novamente.

Dr. James Pega seu celular e liga imediata-

mente para Agente Patrick.

— Agente Patrick! — Chama Dr. James ao

telefone.

— Preciso de um helicóptero urgente no pátio

ao fundo da catedral! — Você pode conseguir?

— Continuou Dr. James.

270

— Vou ver o que posso fazer! — Respondeu

Patrick

Os preparativos já estavam quase

prontos quando um desconforto geral

começou a se pronunciar. O cheiro do incenso

e as orações de Padre Júlio ao benzer a água

começara a fazer efeito. O nome de Deus e de

Jesus Cristo pronunciado em aramaico

incomodou a todos os espíritos das treva e

demônios disfarçados que estavam no local.

Papa Bento XVI aparece no altar com sua

vestimenta tradicional e começa a rezar a

missa. Ao pronunciar em latim:

— In nome de Patri et filli et espiriti Santi ! —

Amem! — Um alvoroço se formou e a luz foi

criada da escuridão. Sacerdotes viraram

demônios e monges em entidades malignas.

Os disfarces caíram diante do nome de Deus.

Espíritos tentavam tomar o corpo de

Monsenhor Josué e de padre Júlio.

271

— Resista ao demônio! — E ele fugirá de ti! —

Gritava Bento XVI em meio às suas orações.

— Não pare de rezar meus Irmãos! —

Resistam! — A catedral se transformou em um

inferno em chamas. Demônios se

transformavam em animais e parentes mortos

de Padre Júlio e Monsenhor Josué tentando

assustá-los e confundi-los.

— Não se amedrontem! — É tudo ilusão e

desassossego de espírito! — Apartai-vos de

mim em nome de Jesus Cristo filho do Deus o

único e eterno! — Apartai- vos de mim, que

não vos conheço! — Espírito imundo! —

Gritavam em coro Papa Bento XVI Monsenhor

Jósué e padre Júlio. Um redemoinho se

formou no meio da catedral e as entidades

foram sendo sugadas para o inferno.

Vendo a oportunidade que se fizera, Dr.

James chamou Papa Bento XVI:

272

— Temos que ir imediatamente!

— Eu não posso deixá-los aqui sozinhos! —

Exclamou Bento XVI.

— Eles não estão só! — Estão com as forças

do altíssimo! — Respondeu Dr. James.

— Vamos! — O helicóptero nos espera nos

fundos! — Exclamou Dr. James.

Ao tentar escapar da presença daquele

monge que a incomodava, este segura Radija

pelo braço e se mostra em sua real figura.

Radija se vira e desfere-lhe um forte tapa no

rosto.

— Não toque em mim sua coisa imunda! —

Disse ela. Seu tapa fora desferido com tanto

poder que ele fora lançado no alto da catetral,

caindo dentro do redemoinho.

— Belo Golpe! — Exclamou Hadji.

273

— Vamos não temos muito tempo! —

Exclamou Dr. James!

Subiram no helicóptero e seguiram

viagem em direção a um aeroporto

clandestino. De lá seguiriam em um jato

particular para a ONU (Organização das

Nações Unidas).

— Para onde estamos indo Dr. James? —

Perguntou Samira.

— Para a sede da ONU! — Respondeu ele.

— Porque iremos para lá? — Continuou

Samira.

— A Organização das Nações Unidas (ONU),

ou simplesmente Nações Unidas (NU), é

uma organização internacional cujo objetivo

declarado é facilitar a cooperação em matéria

de direito internacional, segurança internacio-

nal, desenvolvimento econômi-co, progresso

274

social, direitos humanos e a realização da paz

mundial! Todos os olhos do mundo estão lá!

As asas com muitos olhos! — Lembra do

apocalipse de São João? — Perguntou Dr.

James.

— A ONU foi fundada em 1945 após

a Segunda Guerra Mundial para substituir

a Liga das Nações, com o objetivo de

deter guerras entre países e para fornecer

uma plataforma para o diálogo! — Ela contém

várias organizações subsidiárias para realizar

suas missões! — Isto é a prova da essência do

que ainda é bom na humanidade! — Que o

homem está tentando se aperfeiçoar e se

redimir dos seus pecados! — Continuou Bento

XVI.

— Existem atualmente 193 estados-membros,

incluindo quase todos os estados soberanos do

mundo! — De seus escritórios em todo o

mundo, a ONU e suas agências especializadas

275

decidem sobre questões substantivas e

administrativas em reuniões regulares ao

longo do ano! — A organização está dividida

em instâncias administrativas, principalmente

a ―Assembleia Geral‖, assembléia deliberativa

principal! — ―O Conselho de Segurança‖, para

decidir determinadas resoluções de paz e

segurança! — O ―Conselho Econômico e

Social‖, para auxiliar na promoção da

cooperação econômica e social internacional e

desenvolvimento! — O Secretariado, para

fornecimento de estudos, informações e

facilidades necessárias para a ONU! —

O Tribunal Internacional de Justiça, órgão

judicial principal! — Continuou Dr. James.

— Além de órgãos complementares de todas

as outras agências do Sistema das Nações

Unidas, como a Organização Mundial de

Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial

(PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a

276

Infância (UNICEF)! — A organização é finan-

ciada por contribuições voluntárias dos seus

Estados membros, e tem seis idiomas oficiais:

— Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e

Espanhol, são os sete selos previstos nas

escrituras para divulgar a volta do pai! —

Concluiu Bento XVI.

— Mas são apenas seis idiomas Papa! —

Exclamou Hadji.

— Qual é o sétimo? — Perguntou Hadji

novamente.

— A fé meu filho! — A Fé! — O idioma que

todos aqueles que crêem escutarão com

clareza! — Respondeu Bento XVI.

Ao telefonema de Patrick para o

presidente Obama, tudo estava sendo

preparado para a recepção do Papa na ONU.

Os cientistas de todo o mundo começaram a

277

observar mudanças na estrutura física do

universo. O campo negro do espaço havia se

tornado opaco como se um portal começasse

a abrir.

A maioria deles esperava um cataclismo

estelar ou a formação de um buraco negro ou

um evento singular nunca antes observados.

Outros esperavam um deslocamento polar.

Mas era de consenso geral que mudanças

drásticas estavam iminentes de acontecer.

Uma tempestade solar de grandes proporções

estava esperada para o final do dia.

— Radija! — Diga-me! — Sua mãe tem feito

as unhas dos pés ultimamente? — Pergunta

Dr. James sorrindo e apontando discretamente

os pés de Samira para Radija.

Tomando o colar com crucifixo das

mãos de BentoXVI, coloca-o instantaneamente

no pescoço de Samira que se contorce

278

imediatamente mostrando sua forma original

de demônio. Seus pés pareciam garras de

águia e sua forma demoníaca parecia-se com

um sapo de cor verde amarelada. Possuía

dentes enormes como primatas e pequenos

chifres despontando em sua testa.

Seu olhar era negro como a noite e

não possuía cabelos. As orelhas eram

pontiagudas como as de um morcego.

Imediatamente tentou possuir o piloto do

helicóptero, mas o crucifixo não o permitia. O

piloto com o susto perdera o controle da

aeronave. Patrick tentava ajudar a controlá-la,

mas o demônio insistia em possuí-lo.

A aeronave descia em círculos e Dr.

James tentava sem sucesso segurar o colar

com o crucifixo no pescoço daquele Demônio.

Ao ver que não adiantava, Bento XVI grita:

279

— O Sangue do cordeiro de Deus tem poder

sobre ti! — Liberta-o em nome de Jesus Cristo,

teu adorado filho, eu o ordeno! — Disse

colocando o crucifixo em sua testa marcando-

o como se o queimasse com ferro em brasa.

Ele se desencarnou e pulou do helicóptero

dando um grito de terror, abrindo asas

enormes como de morcego e afastando se do

helicóptero. Radija põe-se a chorar.

— Onde está minha mãezinha? — Grita ela.

Hadji tenta consolá-la.

— Ela vai ficar bem! — Não se preocupe! —

Quando tudo acabar ela nem perceberá que

tudo isso aconteceu! — Fique tranqüila! —

Hadji consola Radija.

Com muito cuidado conseguiram pousar

no aeroporto da fronteira com a Turkia. Um

jatinho já estava esperando por eles. O

próximo passo seria chegar até a ONU.

280

— Sabe, Bento XVI! — Estamos todos

enganados! — Tudo isso é uma conspiração

para atacar o reino dos céus! — Exclamou Dr.

James.

— Por que você acha isto? — Perguntou Bento

XVI.

— Se Satã a quisesse! — Ele já estaria com

ela! — Respondeu Dr. James.

— Mas Radija disse que ele não tem poder

sobre ela! — Respondeu Bento XVI, meio

confuso.

— Não é isso! — Talvez ele esteja esperando o

momento certo de agir! — Se as escrituras

estiverem certas ele terá a oportunidade de

ressuscitar ao reino dos céus, mas o que

acontecerá com os outros anjos e demônios?

— Indagou Dr. James.

— Serão destruídos! — Respondeu Bento XVI.

281

— Então eles estão tramando alguma coisa

para evitar sua extinção! — Não concorda? —

Perguntou Dr. James.

— Se você estiver certo! — Eles podem usar

este momento para atacar os anjos e arcanjos

quando o céu se abrir! — Exclamou Bento XVI.

— Então haverá uma nova guerra no céu? —

Indagou Radija.

— Não! — A guerra vai ser na terra! — E para

testar o Criador tentarão acabar com a raça

humana por completo! — Extinguir com a

criação de Deus e em seguida tentar dominar

os anjos celestiais! — Respondeu Dr. James.

— Como Farão isto? — Perguntou Hadji.

— Quando os céus se abrirem para o juízo

final, todos os demônios serão soltos ao

mesmo tempo enquanto ao anjos e arcanjos

282

caídos atacam os anjos de Deus! —

Respondeu Bento XVI.

— Mas será que Deus não estaria preparado

para isso? — Perguntou Radija.

— Todo criador quer ver uma obra perfeita de

perto! — Talvez ele não saiba! — Talvez

estejam preparando uma cilada! — Retrucou

Dr. James.

— Talvez! — Mas de qualquer maneira ele

precisa vir a terra em forma corpórea visitá-la

como fazia com Adão e Eva no paraíso! Pois

Radija, sendo humana, não suportaria a sua

presença divina! — Esta seria a chance de

Satã ou outro Arcanjo tomar-lhe o trono! —

Respondeu Dr. James.

— Então Deus está correndo perigo? —

Perguntou Hadji.

— Se ele corre perigo! — Exclamou Dr. James.

283

— Nós seremos extintos e todo o universo

pertencerá aos seres malignos! — Continuou

ele.

— Isto seria pior que o final dos tempos! —

Exclamou Hadji.

— Seria a reversão de tudo que existe! —

Todos os bons é que seriam lançados no fogo

eterno juto com os arcanjos e anjos de Deus!

— Exclamou Bento XVI.

— Mas se Deus é imortal! — O que fariam com

ele? — Perguntou Hadji.

— O acorrentariam na ultima camada do

inferno por toda a eternidade! — Respondeu

Dr. James.

— Meu Deus isto é impensável! — Retrucou

Radija.

— Tomara que seja! — Exclamou Hadji.

284

— Mas como poderemos alertar a Deus? —

Perguntou Hadji novamente.

— Talvez em orações! — Respondeu Bento

XVI.

— Ele vai pensar que estou brincando! —

Exclamou Hadji.

— O exército de lúcifer vai tentar dificultar

qualquer tentativa de nos conectarmos com

nosso pai, agora! Precisamos de uma

estratégia! — Exclamou Dr. James.

— Mande lhe uma carta! — Exclamou Hadji.

— Tá brincando! — Retrucou Radija.

— Não! — Não estou! — Meu pai era

marinheiro e ele disse que deus está sempre

em comunhão com o mar e o mar em

comunhão com ele! — Toda vez que entrava

em um barco ele lia a oração de Isaías! — Ele

me disse que quando eu quisesse que ele me

285

ouvisse realmente! — Que escrevesse uma

carta e colocasse em uma garrafa e a jogasse

no mar! — Indagou Hadji.

— Eu escreverei a oração! — Continuou Hadji.

Pegou uma caneta que estava no

compartimento traseiro do banco do avião e

começou a redigir:

— Caro Senhor Deus, nosso pai que estás nos

céus! — Escrevo assim como escreveu-lhe

Isaías 33:1-24

— Ai de ti, despojador, que não foste

despojado, e que estão lidando

traiçoeiramente contra os que não procederam

perfidamente contra ti! — Assim que tiver

terminado como um destruidor, você será

despojado. Assim como você tem feito com

que tratam perfidamente, eles procedem

aleivosamente com você.

286

— Ó Senhor, mostra-nos favor. Em ti temos

esperado. Torne-se nosso braço cada manhã,

sim, a nossa salvação no tempo da angústia.

— Ao som da turbulência, os povos fugiram, à

sua exaltação as nações serão dispersas.

— Então ajuntar-se á o vosso despojo como se

ajunta a lagarta como os gafanhotos saltam,

assim ele saltará sobre eles.

— O Senhor certamente será colocado no alto,

para ele que está residindo na altura. Ele

preenche a Sião de retidão e justiça.

— E a confiabilidade de seus tempos devem

revelar-se uma riqueza de salvações sabedoria

e conhecimento, o temor do Senhor é o seu

tesouro.

— Eis que os seus embaixadores estão

clamando de fora; e os mensageiros de paz

estão chorando amargamente.

287

— As estradas têm sido assoladas; o passar

sobre o caminho cessou. Ele quebrou o pacto,

ele tem desprezado as cidades, ele não tomou

conta do homem mortal!

— A terra passou luto, secou. O Líbano

tornou-se envergonhado, e se

murcha. Shar'on tornou-se como o deserto; e

Basã e Car'mel estão tremendo.

— "Agora me levantarei", diz Jeová, "agora eu

vou me exaltar; agora eu vou me levantar.

— Ao conceber grama seca, você vai dar à luz

a restolho. E vosso próprio espírito vos

devorará como fogo.

— E os povos devem se tornar como as

queimas de cal. Como espinhos cortados, eles

serão incendiados.

288

— Ouvi, vós, homens que estão longe, o que

devo fazer! — E saber, vocês que estão por

perto, conhecei minha potência.

— Em Sião os pecadores se assombram; O

tremor surpreendeu os hipócritas: Quem de

nós pode residir com um fogo devorador? —

Quem dentre nós habitarás com as labaredas

eternas?

— "Há um que anda em justiça contínua e

falando o que é reto, que está rejeitando o

ganho injusto de fraudes, que está agitando

as mãos claras sem sucumbir ao suborno, que

tapa seus ouvidos para não ouvir falar de

derramamento de sangue, está fechando os

olhos para não ver o que é ruim.

— Ele é o único que residem nas alturas

próprias; as fortalezas das rochas serão o seu

alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas

águas serão certas.

289

— Um rei em sua beleza é o que os seus olhos

verão, pois eles vão ver uma terra distante.

— Seu próprio coração vai comentar em voz

baixa em uma coisa terrível: Onde está o

secretário? — Onde está aquele que faz a

pagar o tributo? — Onde está a uma

contagem das torres?

— Não verás mais aquele povo atrevido, povo

de fala obscura, que não se pode

compreender e de língua tão estranha que não

se pode entender.

— Olha para Sião, a cidade das nossas

solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém,

habitação quieta, tenda que não será

removida, cujas estacas nunca serão

arrancadas e das suas cordas nenhuma se

quebrará.

— Mas ali ó Glorioso Senhor será para nós um

lugar de rios de canais largos. Nele nenhum

290

barco de remo passará, nenhum navio

majestoso vai passar por cima.

— Porque o Senhor é nosso juiz, Jeová é o

nosso Estatuto doador, Jeová é o nosso Rei;

ele mesmo vai salvar-nos.

— As tuas cordas se afrouxaram; não

puderam ter firme o seu mastro e nem

desfraldar a vela; então a presa de

abundantes despojos se repartirá; e até os

coxos dividirão a presa!

— E nenhum residente dirá: "Estou doente."

As pessoas que estão morando na terra serão

absolvidas da iniqüidade! — Finaliza Radji Sua

Carta ao Senhor como uma oração.

— Será que ele vai lêla? — Indagou Hadji.

— Se você escreveu com fé ele vai lê-la com

alegria! — Exclamou Radija.

291

— Deus escreve certo por tortas linhas! —

Disse Bento XVI.

— Deve também ler certo pelas nossas

entrelinhas! — Continuou Dr. James.

— Por isso ele nos ama tanto, estamos com

ele como ele está com todos nós! —

Completou Bento XVI.

Hadji escreveu a oração e colocou-a na

garrafa de água mineral que estava na

geladeira do avião.

— Como vamos jogar isto ao mar? —

Perguntou Hadji.

— Não há janelas! — Completou Hadji.

— A única forma será você se arrastar pelo

duto abaixo do vaso sanitário até o

compartimento do trem de pouso! — Lá tem

um alçapão que pode ser aberto! — Mas deve

292

tomar muito cuidado pois a pressão externa

pode sugar-lhe! — Exclamou Patrick.

— De lá pode soltá-la quando estivermos em

alto mar! — Completou Patrick.

— É necessário que seja feito antes do por do

sol, Entraremos na fase quarta crescente da

lua. Esta fase marca o inicio do ano lunar. Seu

inicio era usado, quando os mensageiros do

templo de Salomão levavam a mensagem do

começo do ano lunar à todas as tribos de

Israel.

Hadji entrou no banheiro, desparafusou

o vaso com a ajuda de Dr. James e Patrick e

se arrastou se esgueirando pelas canaletas

gélidas dos compartimentos do Jato.

— Ele não suportará a pressão lá embaixo! —

Ele pode morrer de hiportermia! — Exclamou

Radija, preocupada.

293

— Mesmo que eu andasse pelo vale da

sombra da morte eu não temerei o mal...! —

Rezava Hadji sem parar. Seus lábios já

estavam roxos e o frio endurecia seus ossos.

Mas ele continuava.

Ao chegar ao alçapão que dava acesso

ao trem de pouso, Hadji liga de seu celular

para Dr. James e ele pede ao piloto que

destrave a porta do alçapão. Hadji sente por

um minuto, que poderia ser em vão, mas

lembra que seu pai lhe falara para sempre ter

fé em tudo que desejasse. Suas forças se

renovaram e ele novamente tentou abrir a

porta.

O frio congelava seus lábios e orelhas,

mas com esforço conseguiu abri-la. Ao chegar

em alto mar o piloto acende a luz de alerta do

alçapão e Hadji lança a garrafa. Ao se virar se

depara com um espírito maligno que o

espreitava, com o susto deixa a porta do

294

alçapão fechar sobre seus dedos decepando-

os e prendendo sua mão. Hadji grita

desesperadamente enquanto aquele ser

maligno olha em seus olhos sugando sua

energia:

— Socorro! — Socorro! — Socorro!— Grita

Hadji desesperado. Mas ninguém o ouvia.

Dr. James notando sua demora tenta

chegar até ele, mas era tarde demais Hadji

havia morrido congelado.

Radija se entristece com a morte de

Hadji:

— Porque ele tinha que morrer agora? —

Perguntava ela.

— Porque assim é a vida! — Respondeu Bento

XVI ajoelhando-se e chorando baixinho.

— Mas se a morte é uma entidade! — Como

ela sabe, ou, quem define a hora de recolher a

295

vida de cada um? — Quem define o momento

e porque às vezes muitas pessoas morrem ao

mesmo tempo ou morrem jovens ou muito

velhas e esquecidas? — Se a morte é uma

entidade, porque a vida também não o é? —

Porque a morte é mais forte que a vida? —

Perguntava Radija entristecida.

— São tantas perguntas em uma só dúvida! —

Mas há uma boa resposta para suas

perguntas! — Respondeu Bento XVI.

— Pense na vida como um grande canteiro de

flor e a morte como um jardineiro dedicado e

entenderás a morte e também a vida!

Continuou Bento XVI.

— Como? — Perguntou novamente Radija.

— A vida é uma obra imensa, variada e

maravilhosa! — A morte é obscura vazia e sem

beleza! — Da vida brotam milhares de flores

ao mesmo tempo, de todas as cores e

296

formatos, tamanhos e qualidades! — Todas

com suas belezas e qualidades particulares!

Todas com um valor inestimável para o seu

criador! — Tão grande e forte é este canteiro,

que nada impede sua beleza nem mesmo este

jardineiro que se esmeira em podar daqui e

dali, ceifando brotos, botões, flores jovens e

flores já murchas! — Mas logo em seguida se

vê brotar novamente daqui e dali com uma

força renovada lindos botões e flores que

engrandece a natureza! — Tão forte é esta

entidade que não basta a morte, ela é e

atormentada também por ervas daninhas e

parasitas e insetos que tentam desespe-

radamente destruí-la ou degradá-la, mas ela

ressurge novamente com sua beleza

inebriante! — A cada, segundo, a cada minuto,

a cada hora, a cada dia, a cada ano... mais

bela, sempre se renovando mais forte, até que

um dia se tornará tão forte que nem a morte,

nem os parasitas e nem as ervas daninhas vão

297

lhe corromper a beleza! — E a vida

prevalecerá sobre tudo para toda a

eternidade! — Concluiu Bento XVI.

— Confesso que nunca havia pensado a vida

por esse lado! — Retrucou Dr. James.

O avião já se aproximava de genebra e

uma imensa comitiva os esperavam para o

cortejo do papa até a sede da ONU. O tempo

já começara novamente a parar. A roda do

tempo começara seu movimento reverso como

nas bordas de um buraco negro.

Todos sentiam uma sensação de

estarem em um campo abstrato, a consciência

não acompanhava as sensações corpóreas.

Algo fantástico e preocupante se iniciava. O

tempo literalmente estava se esgotando.

Chegando a sede da ONU os

presidentes de todos os países estavam

presentes e todas as redes de TV e rádio a

298

postos para o grande evento que se

anunciava. Porém uma guerra também era

prevista como nunca se viu antes, pois fora

antes do surgimento do homem na terra, a

guerra de anjos e demônios.

299

Cap. XVII

O Juízo Final

300

12:30 – 22/12/2012 Segundo dia do

―Juizo Final‖, Altar de Satã, nas profundezas

de Pérgamo, (atual Bergama, na Turquia). No

Salão imperial de Satã, no reino dos infernos.

Belzebu continuava sentado a grande

mesa de ouro adornada de pedras de jaspe e

sardônio. Samyasa mantinha seus exércitos

cercando o inferno e em prontidão para a

guerra que se anunciava. Belzebu e Belial se

uniram a Asmodeu e aos outros que sentavam

a mesa em um grande exército de sentinelas

Anjos e Demônios.

Belzebu mantinha sua decisão de tomar

o lugar de Satã enquanto Samyasa mantinha

sua fidelidade ao seu mestre.

— O tempo já se finda e a decisão deve ser

tomada! — Bradou Belial.

— Nenhum demônio ou espírito sairá sem a

ordem de Satã! — Retrucou Samyasa.

301

— Satã já não tem mais poder sobre o inferno!

— Gritou um dos demônios sentado a mesa.

Samyasa com um olhar o transformou em pó.

— Não haverá guerra se não tentares tomar o

lugar de Satã! — Bradou Samyasa.

— Tarde demais! — Gritou Belial,

transformando um dos sentinelas de Samyasa

em pó da mesma forma. Instantaneamente

todos se armaram das melhores armaduras de

que dispunham, com seus feitiços e magias e

espadas flamejantes em punho. Asas negras

eram vistas em toda parte.

Demônios cresciam chifres enormes e

espíritos malévolos se esgueiravam pela

escuridão, Olhos e rostos de serpentes se

viam por todos os lados. Gritos e hurros

tomavam conta de todo o inferno com a

infâmia e a desonra. Às almas pecadoras

dobrara se as torturas e sofrimentos infligidos.

302

A essência da maldade crescia com o grito de

guerra.

Uma força maligna tomava todo o

inferno com uma energia que estremecia toda

a terra. Terremotos e maremotos começaram

a assolar a terra. Ventos e tempestades

desceram sobre a humanidade. O juízo final se

aproximava.

303

Cap. XVIII

A Estratégia

304

12:30 Monte Hermom- Altar de

Vibrações de Satã.

Um brilho aparece no alto da montanha

e os Arcanjos Miguel e Gabriel descem do

paraíso para recolher a decisão de Satã:

— Há quanto tempo não o vejo, Miguel! —

Exclamou Satã.

— Onde está sua espada? — Complementou

Satã.

— Venho em paz! — Apenas como

mensageiro! — Respondeu Miguel.

— Então por que vieste acompanhado? —

Perguntou Satã.

— Para evitar que seus demônios tentassem

impedir o retorno da mensagem! —

Respondeu Miguel.

305

— O tempo já se esgota e os céus logo, logo,

se abrirão! — Respondeu Miguel.

— Eu ainda tenho mais uma coisa a fazer! —

Caminhando em direção a Gabriel. Este se

arma imediatamente de sua espada.

— Não se preocupe Gabriel! — Sei que não

posso vencê-los! — Retrucou Satã.

— Preciso ir! — Continuou ele, desaparecendo

sob a névoa do Monte Hermom, aparecendo

perto de Radija. Radija abre um lindo e longo

sorriso deixando-o desconcertado novamente.

— Porque demoraste tanto? — Perguntou

Radija.

— É uma séria decisão a ser tomada! —

Respondeu Satã.

— A decisão mais importante que já tomei em

séculos e séculos de existência! — Continuou

Satã

306

— Eu preciso saber, Radija? — Perguntou

Satã.

-Se te amo?Indagou ela.

— Sim! — Desde a primeira vez que o vi! —

Continuou Radija.

— Há séculos e séculos brincando com as

paixões e os sentimentos dos homens, sinto

que criei meu próprio destino! — Sinto-me

radiante e livre de todas as amarras! — Estou

livre da dependência de minha essência

maligna! — Eu estou apaixonado e preso a um

sentimento que mudou minha natureza! —

Estou iluminado! — Exclamou Satã.

Radija interrompe sua fala com um

delicado e caloroso beijo. O corpo de Satã se

ilumina literalmente e seu sorriso se irradia de

beleza. Aplausos são ouvidos por todos em

todos os lugares do mundo. O domo do

grande auditório da ONU se abre e os céus se

307

enchem de nuvens brancas adornadas por

uma imensa faixa de aurora boreal. Jesus

cristo aparece sobre as nuvens sentado em

um trono de ouro. Ao seu lado direito estava

Miguel e ao esquerdo Gabriel. Todo o mundo

presenciava aquele acontecimento pelas redes

de TV, redes sociais e internet. Satã subia

vagarosamente em todo o seu brilho para o

trono do senhor.

Os demônios esperavam a descida do

impronunciável em figura humana para

contemplar Radija, sua criação em toda sua

perfeição, mas ele não aparecera. Satã se

torna novamente um anjo de Luz e começa a

ascender aos céus. Belial se desespera em sua

decisão de esperar e antes que Satã chegasse

aos céu ele se precipita e ordena o ataque.

Há meia altura entre o trono do senhor

e o solo da terra, um raio reluzente e

flamejante cruza velozmente todo o céu como

308

uma flecha em direção ao trono de Deus. Satã

é atingido em cheio caindo sobre o tablado ao

lado de Radija. Miguel e Gabriiel descem em

presença ao solo da terra para ajudá-lo. Outro

raio em seguida é desferido contra Gabriel que

cai ao chão ferido. Miguel grita o grito dos

tempos.

— Guerra!!!!

Dos céus Deus envia anjos e arcanjos

que caem sobre o solo da terra como chuva de

meteoro. Centenas de milhares de Demônios

começam a surgir das profundezas. Uma voz

resplandece do trono:

— Seres viventes , obras do meu agrado! —

Que toda a terra se defenda dos demônios e

espíritos!

Exércitos são mobilizados urgente-

mente. O mundo declara guerra ao submundo

do inferno e aos seus habitantes. A salvação

309

de todas as almas estava em jogo. Homens,

anjos e Arcanjos lutavam lado a lado contras

os Anjos caídos, os demônios e seus

sentinelas. Os arcanjos mediam cerca de dez

metros de altura e tinham enormes asas com

mais de 20 metros de envergadura, suas

espadas pesavam toneladas e destruíam tudo

que estava ao alcance. Demônios conseguiam

dominar homens e feras jogando uns contra

os outros.

Fogo e enxofre eram lançados por

todos os lados. As portas dos céus estavam

abertas e centenas de querubins com espadas

flamejantes evitavam a entrada dos demônios.

Gadrel, o terceiro anjo caído, sabedor de como

ferir outros anjos, se posiciona nas portas do

inferno armando todos os demônios que dali

saiam. Seus cabelos eram longos e opacos,

seus olhos refletiam a luz como uma pedra de

ônix, com quase dez metros de altura se

310

equiparava aos arcanjos em força e poder mas

era destrutível como seus oponentes. Em suas

grandes mãos trazia a maldição da morte das

criaturas celestiais com exceção dos Arcanjos.

Os exércitos de Rússia frança e USA se

mobilizam como num ataque alienígena. Dos

escritórios da ONU são enviados ordens de

guerra de Presidentes de 193 países contra as

forças malignas que se levantavam. Porém era

inútil o poderio militar usados contra

demônios. Atravessado por uma lança de

Sardônio em chamas Lúcifer agonizava nos

braços de Radija.

Fora traído por Samyasa e Yekun.

Toda a trama fora para desviar a atenção dos

mensageiros de Deus. Para que não

soubessem o verdadeiro intento de invadir os

céus e dominar o paraíso, além de destruir os

homens, que eram as criaturas preferidas de

Deus. A sorte estava lançada. Exércitos de

311

anjos desciam do paraíso e eram surpreedidos

pelos demônios em uma cilada covarde.

Espadas forjadas por Armer, o senhor das

armas, e flechas envenenadas por Amarak

com suas magias e feitiços malignos

devoravam a essência dos anjos.

Miguel destruía centenas de demônios,

mas estava só contra todos, aquele Anjos

caídos. Gabriel estava ferido em sua asa

esquerda. A terra se tornou um palco de

terror. Milhares de homens morriam a cada

segundo com a força avassaladora dos

exércitos de Samyasa e Belial. Belzebu se

lança sobre Miguel que o enfrenta ferozmente.

Era quase impossível vencê-lo.

Belial se une a Belzebu em um só

corpo de Arcanjo se tornando ainda mais forte

e poderoso. A terra parecia já está condenada.

As forças demoníacas venciam em número e

poder as forças do bem. Os homens se

312

defendiam com mísseis e armamentos

pesados, mas era praticamente impossível

vencer os demônios e espíritos.

Uma grande núven desce dos céu

cegando a todos os anjos e demônios e um

grande arco íris se forma. As sete cores dos

Raios são a divisão natural da pura Luz branca

que emana do coração de Deus, quando esta

desce pelo prisma da sua manifestação.

Elas representam as subdivisões do

Todo que é Cristo, manifestando-se em sete

aspectos qualitativos, em sete aspectos das

qualidades principais de Deus

Qualquer que seja a sua cor, todas as

chamas têm um núcleo de fogo branco de

pureza que encarna todos os atributos de

Deus

Em cada dia da semana é transmitida

para a Terra, do coração de Alfa e Ômega,

313

uma concentração especial de um dos Sete

Raios de Deus. A luz dos sete Raios é

transmitida com maior ou menor intensidade

para a nossa aura e para o plano da matéria

através dos sete chacras principais que se

situam no corpo etérico do homem,

dependendo do nosso comportamento na

Terra.

Se houver um fluxo perpétuo de

energia a mover-se como um rio de Luz

através dos chacras, ela manter-nos-á num

estado de autêntico êxtase espiritual, de

alegria e saúde perfeitas.

Ao irradiar a terra o exército de Deus se

formou completamente, cegando a todos os

demônios. Numa formação de dois, três, dois,

estavam os arcanjos celestiais e seus

comandados:

314

Na primeira fila, O Arcanjo Miguel e os

Serafins. Ao seu lado direito, príncipe Metatron

(Rei dos anjos). Com seis asas e envolto por

chamas de fogo, com poderes de purificação e

iluminação, sua força difunde o princípio da

vida universal e manifesta a glória de Deus.

São os anjos mais próximos de Deus.

Junto ao Arcanjo Miguel estava o

Arcanjo Gabriel, suas legiões de anjos do

Relâmpago Branco e os tronos. Ao seu lado

estava o príncipe Tzaphkiel (a morada de

Tzaphikiel chama-se harmonia, sentimos sua

presença quando ouvimos música ou

experimentamos sentimentos de serenidade).

São envoltos em uma roda de fogo

intransponível e cuidam do trono de Deus,

apresentam o sentido de união ao homem.

Proclama a grandeza divina e inspiram os

homens. Zelam eternamente pelo trono de

Deus

315

Na segunda fila estão o Arcanjo

Chamuel e os Querubins. Ao seu lado está o

príncipe Raziel (Raziel é o príncipe da

originalidade e dos mistérios, segundo a

tradição judaica. Adão teve problemas de

saúde e ele entregou seu livro contendo todos

os ensinamentos sobre ervas que poderiam

salvar a humanidade).

Os Querubins trazem penas de pavão

cheia de olhos, simbolizando a onisciência

divina. Eles zelam pela ordenação do caos

universal, pela sabedoria e as idéias.

Junto a ele esta o arcanjo Raphael e as

Dominações. Ao seu lado está o príncipe

Tsadkiel (Tsadkiel cumpre a vontade de Deus

através de seu poder e influência sobre a

humanidade). Eles têm no cetro e na espada

seus símbolos de poder divino sobre a criação.

Afloram nos homens a força para subjugar o

inimigo interior. Auxiliam nos conflitos e

316

questões que precisam de solução imediata.

Despertam no homem a força para dominar a

si mesmo. São os governadores do Universo.

Na terceira fila está o Arcanjo Uriel e as

potências. Ao seu lado está o príncipe Camael

com suas espadas flamejantes. São

responsáveis pela ordem e protegem a

humanidade dos inimigos exteriores. Zelam

pelos elementos água, terra, fogo e ar.

Favorecem a perpetuação de todas as

espécies que existem na natureza. Conferem

proteção contra o desequilíbrio do meio

ambiente. Sua energia é mais intensa próximo

a floresta, aos rios e aos lagos.

Junto a ele está o Arcanjo Jophiel e as

Virtudes. Ao seu lado está o príncipe Haniel

(Haniel é conhecido como chefe dos cupidos,

promove o encontro entre as almas gêmeas).

317

Prodígios e milagrosos, expressam a

vontade de Deus e zelam pelo reino mineral,

oferecendo discernimento ao homem.

Transmitem aquilo que deve ser feito pelos

outros anjos, mas sobretudo, auxiliam no

sentido de que as coisas sejam realizados de

modo perfeito. Assim eles também tem a

missão de remover os obstáculos que querem

interferir no perfeito cumprimento das obras

do criador. São considerados anjos fortes e

viris.

Junto aos Arcanjos Uriel e Jophiel está

o Arcanjo Zadkiel e os Principados e ao seu

lado o príncipe Raphael (Raphael é um dos

sete anjos que estão presentes e tem acesso

junto a glória do Senhor.

Responsável pelos reinos, estados e

países, preservam também a fauna e a flora,

os cristais e as riquezas da terra. Portam

cetros e cruzes e vigiam as lideranças, pois

318

atribuem ao homem a submissão. No livro de

Daniel são apresentados como protetores de

povos e nações:

— Dn 10:13. São os anjos que levam as

instruções e os avisos divinos, ao

conhecimento dos povos que lhe são

confiados.

— Bento XVI! — Lúcifer chama.

— Diga as homens que é preciso ter fé! — É

preciso acreditar na vitória dos céus! — Gritem

Glória ao senhor! — Disse Lúcifer agonizando.

O papa corre ao comandante das forças

da ONU e repassa o recados por todos os

transmissores eletrônicos:

— Esta é uma guerra de fé! — É a luta final

entre o bem e o mal! — Cantem comigo! —

Grita Bento XVI

319

— Santo! — Santo! — Santo! — Deus

onipotente!

— Santo! — Santo! — Santo! — Deus

onipotente!

— Santo! — Santo! — Santo! — Deus

onipotente!

As armas começavam a fazer efeito

mas ainda era pouco para vencer todo o

exército do mal. Mas o hino e a fé agradara ao

senhor dos exércitos que surgiu num enorme

raio com sua Maravilhosa armadura dourada,

com um elmo resplandecente e uma espada

de luz, logo em seguida desce Jesus em toda

sua glória com todo o poder e honra e o

espírito santo cobre todos os homens de

coragem.

O campo de batalha se divide e a terra

vira o palco da última guerra entre homens e

anjos. A frente estava Deus e o espírito de luz,

320

Jesus pairava em nuvens de glória e trazia

conforto aos corações dos homens. Logo atrás

homens, anjos e arcanjos lado a lado

mantinham suas posições. Deus, O Senhor dos

exércitos, brada como um trovão ressoando

por toda a terra :

— Atacaaaaar!!!

E a batalha final começou. Belial e

Belzebu unidos num só, atacam a Deus com

todo seu poder e fúria. Faíscas e raios

enormes devastam a terra a cada golpe. Deus

os lançava a longas distâncias no universo

vazio, mas era atacado logo em seguida por

Azmodeu e Samyasa.

Miguel destruía centenas de demônios a

cada golpe. Jesus se incorporara ao exército

dos homens e defendia a todos o quanto

podia. A morte o atormentava a cada segundo

levando a alma dos homens. Lúcifer era o

321

único que podia impedi-la, pois ela era sua

criação. Jesus a segura pela capa e a joga

próximo a Lúcifer que segura sua mão

imediatamente. Ele a ordena que pare e ela

obedece. Ajoelhando-se aos seus pés.

322

Cap XIX

―Xeque Mate‖ — A Ressurreição

323

A luta seguia sem trégua e os exércitos

de Deus ganham terreno. Os homens cantam

hinos de louvor a Deus derrotando os

Demônios.

E era tão grande a honra dos homens

para a glória do senhor, que Jesus

transformou-os em anjos e formou um grande

exército para descer aos infernos e resgatar as

almas que mereciam o perdão.

E Jesus ia a frente em um imenso facho

de luz que iluminava os portões do inferno

como um grande farol a direcionar os navios.

Seus guerreiros o seguiram em cânticos de

vitória aos confins dos infernos. E cada um

traria de volta sobre suas asas dez almas e as

levariam ao paraíso para louvar aos Senhor. E

grande era seu exército e grande era a alegria

dos anjos e grande era a alegria do Senhor

Jesus.

324

Em marcha caminhavam a cada nível

dos infernos, e os gritos e gemidos aos poucos

se transformavam em pequenos louvores, e o

fogo e o enxofre davam lugar as bênçãos do

Senhor. Espadas brandiam contra demônios

que teimavam contra Jesus.

E os anjos Sobrevoavam o lago de

Sangue fervente e tomavam para si as almas

desgarradas, para a gloria do Senhor. E era

grande a luta contra os demônios. E a Besta

surgiu da terra e em sua testa estava escrito

666 e era o tempo de seu domínio sobre a

terra e era de seis mil seissentos e sessenta e

seis gerações e Jesus a amaldiçoou e foi ao

seu encontro como Principe de Glória e ele

cortou sua cabeça e furou seus olhos com a

espada flamejante para que nunca mais

olhasse para seu número. E os anjos também

se machucavam, pois não era fácil resgatar

aquelas almas condenadas.

325

Espadas envenenadas com magias e

feitiços adornavam as mãos de demônios

sorrateiros que se esgueiravam pelas frestas

de escuridão. E a dor era como queimadura e

os anjos feridos sofriam com dores terríveis.

Era uma batalha feroz. E uns ajudavam os

outros como em uma guerra de homens.

E foram muitos os feridos e foram

muitas as almas resgatadas e fora grande a

alegria na vitória do senhor e o inferno fora

tomado e Deus prevaleceu sobre o mal e tudo

que fora corrompido e era bom se converteu

novamente em beleza e Deus se Alegrou da

Vitória sobre o inferno. Como numa revoada

de pombos Anjos subiam aos céus com

centenas de milhares de almas sobre suas

asas.

Sobre a terra o Senhor dos exércitos

com seu brilho reluzente lançara Belial e

Asmodeu aos confins do universo mas em seu

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caminho de volta, peleja com Asmodeu e a

besta que surgira do mar e era grande sua

tristeza. Cortando sua cabeça, esta nascia

novamente porque muitos homens a seguiam

para a própria destruição .

―A besta que era e não é, está para emergir

do abismo e caminha para a destruição. E

aqueles que habitam sobre a terra, cujos

nomes não foram escritos no Livro da Vida

desde a fundação do mundo, se admirarão,

vendo a besta que era e não é, mas

aparecerá‖. Apocalipse 17:8

―Então, vi uma de suas cabeças como

golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi

curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo

a besta‖ Apocalipse 13:3.

E Deus chamou aos querubins e

potências e deles tomou as correntes da

justiça e acorrentou suas cabeças uma as

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outra e tapou-lhes as boca e estas nunca mais

poderão corromper ao homem e nem lançar

impropérios contra o criador. E Deus lançou-a

para as profundezas do lago de fogo para toda

a eternidade.

"Depois disto vi quatro anjos em pé

nos qua-tro cantos da terra, conservando

seguros os quatro ventos da terra, para que

nenhum vento soprasse sobre a terra, nem

sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi

outro anjo que subia do nascente do Sol,

tendo o selo do Deus vivo, e clamou em

grande voz aos quatro anjos, àqueles aos

quais fora dado fazer dano à terra e ao mar,

dizendo:

— Não danifiqueis nem a terra, nem o mar,

nem as árvores, até selarmos em suas frontes

os servos do nosso Deus."

Cérbero, o cão de Satã avança sobre o

pai. Mas Miguel toma sua dianteira e luta com

ele. Deus se aproxima de Lúcifer que

agonizava ao lado de Radija. Em seu tamanho

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real, ele era enorme. Com mais de dez metros

de altura, estava deitado sobre suas enormes

asas brancas como algodão a despontar de

suas sementes.

Tão grande era que fazia Radija

parecer uma pequena fração de seu corpo.

Ajoelhada próxima aos seus ouvidos

acalentava-o com carinho. Ao aproximar-se o

espírito de Deus, Bento XVI e Dr James se

ajoelharam. Em seu Brilho opaco e débil

Lúcifer diz :

— Não temas o espírito de Deus! — Fechem

seus olhos com fervor e abram seus corações.

— Façam suas escolhas! — Ele saberá lhes

perdoar e aceitar!

— Santo! — Santo! — Santo! — Cantavam

sem cessar. O espírito de Deus se aproxima e

toma Lúcifer em seu colo. Abraçando-o com

carinho de pai e criador, brada:

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— Que assim seja! — Agora estás lavado de

seus pecados e indecisões! — Retirando a

espada flamejante que jazia enterrada ao

peito de Lúcifer.

E enviou Deus, Lúcifer e Radija para o

Édem como homem e Mulher, como fizera

com Adão e Eva, para que vivessem por toda

a eternidade e além dela, no amor e na glória

de Deus. E tornando de volta ao papa Bradou

novamente:

— Que assim seja! — E ele se transformou em

anjo de Deus e foi enviado ao paraíso.

— Dr. James! — Bradou O Senhor dos

Exércitos! — Tu! — Como Pedro! — Serás a

pedra de sustentação de um novo mundo.

— Serás homem em suas falhas e erros e

tomarás a tua honra como ponto de partida.

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E Deus agradou da razão e da força de

seu espírito e achou que sua criação, o

homem, estava caminhando para a verdade. E

deu-lhes mais uma chance por mais dez mil

anos sobre a terra.

— Que assim seja!!!c