Devaneio

76

description

Revista Acadêmica Colaborativa de História das Artes II, do bacharelado em Design da UFRN.

Transcript of Devaneio

Page 1: Devaneio
Page 2: Devaneio

DEVANEIOCONTEúdo

DESIGN

> Ciência sem Fronteiras: o sonho

do Intercâmbio

> Tipografia é poder

> Habilidade manual

> Uma vida de Freelancer

> Mas...porque design?

TEATRO

> Uma ostra que não foi ferida

> O que faz arte ser arte

> Performance Art

GALERIA

> Trabalhos dos alunos

MOVIMENTOS CULTURAIS

> De Geração em Geração

> Pichação e Grafite

ACADÊMICO

> Visita à História de Natal

> Teatro no IFRN?

> Ensaio Medusa

pág. 06

pág. 12

pág. 14

pág. 19

pág. 22

pág. 26

pág. 30

pág. 46

pág. 33

pág. 50

pág. 54

pág. 60

pág. 66

pág. 70

DEVANEIO, PUBLICAÇÃO ACADÊMICA

CONSELHO EDITORIAL

André Soares, Amannda Gomes, Fábio

Pinheiro e Larissa Trindade

COMISSÃO ORGANIZADORA

Beatriz Cruz, Johann Carlos, Marcelo

Lago e Stéphanie Maia

PRODUÇÃO

Clara Vasconcellos, Isadora Queiroga e

Marina Amaral

FOTOGRAFIA

Adrielle Barbosa, Andrieny de Paula e

Juciara Rodrigues

PESQUISA

Camilla Priscilla, Larissa Alves, Luiza

Albuquerque e Themis Suerda

TEXTO

Hudson Santos, Lívia Stevenin e Natã

REDAÇÃO

Luiza Fonseca, Raquel Bemfica, Rafael

e Silviane Silva

ILUSTRAÇÃO

André Vitor, Giuliana e Thiago

CONTROLE DE QUALIDADE

Isabela Graça, Jéssica Almeida, Luiza

Saad e Thiziane Mérin Capa : Larissa Trindade

Page 3: Devaneio

D

Page 4: Devaneio

CONSELHO EDITORIALLARISSA TRINDADE, ANDRÉ SOARES, AMANNDA GOMES E FÁBIO PINHEIRO

Page 5: Devaneio

5

Devanear traduz em verbo aquilo que dá à luz a um estado de fantasia, onde,

pesquisadores da turma de His-tória das Artes II, se deixaram le-var pela imaginação coletiva, e se lançaram num trajeto ilusório de criação. “Devaneio” agrega o fa-zer transformando assuntos vas-tos em força visual, cujos temas apresentam o universo artístico nos campos do Design, Teatro, Performance, Grafite, Patrimônio e Educação. Surgida a partir de uma proposição docente, “Deva-neio” é resultado de um processo denso de pesquisa abraçado pelos estudantes da UFRN. Nesta lou-cura coletiva, sua edição vem ins-pirada em diversas matérias que estão longe de serem ilusórias. São quatro sessões de matérias (Design, Teatro, Movimentos Cul-turais e Acadêmico), e uma Gale-ria dos estudantes.

Dentro da sessão de Design, abrimos, com entrevistas sobre o programa “Ciências sem Frontei-ra” indagando as perspectivas de uma nova educação do Mundo. Nesta mesma perspectiva o texto “Tipografia é poder”, esclarece qual o entendimento sobre com-posição textual em trabalhos de design gráfico. E assim, a revista coloca uma reflexão sobre “Habi-lidade Manual” indicando que o conjunto de experiências singula-

res pode criar valor e marca pes-soal de trabalho, e por isso, entre-vista o freelancer André Grilo com questões objetivas que vem falar sobre a legalização deste. Fechan-do a sessão escolhemos devanear “Mas...porque design?”. Quem responde é a designer Gisele Ri-beiro que aborda, através de sua biografia, temas sobre o contexto do Artista X Designer.

Como proposta da sessão Te-atro, abrimos a divagação com a matéria “Uma Ostra Que Não Foi Ferida, Não Produz Pérolas”, que fala à nossa equipe sobre a monta-gem e projetos futuros do grupo Pérola. E se temos uma discussão na primeira sessão, a respeito das diferenças entre Designer e Artis-ta, nesta matéria “O que faz arte ser arte”, tratamos de abordar o contemporâneo procurando dis-cutir a velha questão: Afinal, o que é arte? Sem utopia o Grupo de Teatro Estandarte faz observações sobre Cenário e Figurino, com-pondo a mente do leitor. Encer-rando a sessão de Teatro, aponta-mos os caminhos da “Performance Art”, relatando fatos históricos e conceitos específicos deste univer-so contemporâneo.

Para deliciar-se no intervalo entre as 04 sessões da revista, a equipe da “Devaneio” expõe em sua Galeria o trabalho visual de 12 estudantes de design, com os mais

diversos olhares. É com a 3º ses-são que devaneamos “De geração em Geração”. A matéria se dedica a homenagear as forças da cultura popular e que se tornaram folcló-ricas para a cultura do RN. Com um cunho político e de discutir os limites da Arte, o texto “Pichação e Grafite”, suscita a reflexão por meio de uma abordagem históri-ca. “Visita à história de Natal” é uma matéria que resulta de uma proposta de aula e traz em seu conteúdo a valorização de Patri-mônios Arquitetônicos e de Bens Móveis e Integrados da cidade de Natal.

“Devaneio” traz em suas úl-timas matérias, na 4º sessão, o fa-zer/fruir metodológico no traba-lho com Teatro e Educação. “Teatro no IFRN” aponta o prazer em se trabalhar com encenações autonomamente. E fechando a re-vista “Devaneio”, trazemos o En-saio “Medusa”, cujo texto se ba-seia nas pesquisas do docente Leandro Cavalcante, sobre o en-gessamento da Educação. A revis-ta prova em sua feitura a liberta-ção da petrificação da Medusa que por meio de devaneios, cons-trói novos delírios na Arte, no De-sign, na Vida.

Boa leitura e nãofique com tontura!

Leandro Augusto Cavalcante.

EDITORIAL

LEANDRO AUGUSTO

Graduado em Educação Artística UFRN; Especialista em Psicopedagogia UVA-CE; Mestre

em Artes Cênicas UFRN;Docente daUFRNem Artes Visuais e Design.

Page 6: Devaneio

o sonho dointercâmbio

ciência sem fronteiras

UMA DAS EXPERIÊNCIAS MAIS COBIÇADAS POR DISCENTES EM TODO O PAÍS É A OPORTUNIDADE DE APRIMORAR SEUS CONHECIMENTOS E CONHE-CER OUTRO PAÍS ATRAVÉS DO CIÊNCIAS SEM FRON-TEIRAS (CSF), PROGRAMA DO GOVERNO FEDERAL. O PROJETO CONSISTE NA BUSCA E CONSOLIDAÇÃO, EXPANSÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DA INOVAÇÃO E DA COMPETITIVI-DADE BRASILEIRA POR MEIO DO INTERCÂMBIO E DA MOBILIDADE INTERNACIONAL. PERMITE A JOVENS UNIVERSITÁRIOS UM ENRIQUECIMENTO PROFISSIO-NAL, ALÉM DE ENGRANDECER A BAGAGEM CULTU-RAL DO ESTUDANTE.

Entrevista por Marina amaral, Hudson e Lívia steveninFotografia por Andrienny.

Ilustração por André Victor e Giuliana.

Page 7: Devaneio

7

Page 8: Devaneio

E foi exatamente sobre essa experiência que conver-samos com Rita Amorim,

que teve a maravilhosa opor-tunidade de ir à Inglaterra, no Reino Unido; Thiago de Souza, que foi para a tecnológica Co-réia do Sul; Mariana Valcaccio, que teve a chance de conhecer a cidade luz, Paris, e Larissa Trin-dade, que viajou para o Canadá.Todos estudantes de Design.

DEVANEIO: Como foi o processo de escolha desse país/cidade?

THIAGO: Então, sempre me in-teressei pela cultura e história do Oriente e os países disponíveis pelo CsF eram Japão e Coreia. No Japão, infelizmente não haviam vagas para a indústria criativa. Já na Coreia havia. A partir daí foi uma pesquisa extensa. Procurei o

rank de universidades no Google e olhei como era o departamento no Google Maps. Com isso, en-contrei duas universidades que batiam com o que eu queria tra-balhar. Elas tanto tinham uma es-trutura melhor do que a UFRN, quanto uma ênfase em produto, que era o que eu queria me fo-car. Além disso, o pessoal que foi para a Coreia teve muita opor-tunidade de fazer estágio e isso com certeza foi um diferencial. Mais importante do que a facul-dade em si.

DEVANEIO: Como foi o processo de adaptação no novo país/cidade?

MARIANA: Adaptar-me a cida-de em si não foi um problema, porque as coisas funcionavam bem. Além disso, como já havia

morado na Europa, sabia mais ou menos, como funcionava. Agora, com relação aos costumes, apren-di algumas coisas. Lá eles são bem mais educados, então tive que me adaptar a falar sempre obrigado e por favor (risos).

DEVANEIO: Qual foi a maior dificuldade enfrentada por você durante esse tempo que perma-neceu do exterior?

RITA: Acho que minha maior dificuldade foi na Universidade, por causa da metodologia, porque o método aqui é mais teórico, bem mais acadêmico, enquanto que na Inglaterra se pesquisa menos e de-senha mais. Aqui você se expressa usando gestos, dizendo como o produto vai ser, lá não tem isso, tem que mostrar em um desenho e o mais detalhado possível.

“Aqui você se expressa usando gestos, dizendo como o produto vai ser, na Inglaterra não tem isso, tem que mostrar

em um desenho e o mais detalhado possível.”

Rita Amorim

Des

ign

Page 9: Devaneio

9

DEVANEIO: Qual a maior diferença que você notou em relação ao ensino? O método de ensino difere do daqui em quais aspectos?

THIAGO: O ensino das universi-dades brasileiras em sua maioria é muito acadêmico. Você forma um profissional que vai ser ou professor, ou pesquisador. Vai estar focado na universidade. E lá é completamente prático. O profissional vai para empresa, vai para o mercado. O ensino era bem prático e por isso a univer-sidade tinha uma estrutura mui-to maior com relação a oficinas, espaços de criação de mockups, criação de processos produtivos, pesquisa de materiais. Lá o De-sign conversava muito com a En-genharia. Havia uma troca muito grande. Para mim a qualidade do

ensino foi 200, 300 vezes melhor. O essencial é o produto final.

DEVANEIO: Qual foi o maior aprendizado que essa experiên-cia lhe trouxe?

LARISSA: Aprendi realmente a estudar, a não contar apenas com o que é oferecido pela universi-dade, aprendi a ir atrás do que quero ter conhecimento. Percebi que, apesar do curso serem tem-po integral, os alunos estudavam muito por conta própria, sempre buscando aperfeiçoar fraquezas individuais.

DEVANEIO: Como essa experiência afetou sua vida profissional?

RITA: Em vários sentidos. Você passa a se tornar independente,

“Aprendi realmente a estudar, a não

contar apenas com o que é oferecido pela

universidade, aprendi a ir atrás do que queroter

conhecimento.”

Larissa Trindade

“Lá (na Coréia) o Design conversava muito com a engenharia. Havia uma

troca muito grande. Para mim a qualidade do

ensino foi 300vezes melhor.”

Thiago de Souza

Page 10: Devaneio

tendo responsabilidades como dinheiro, tendo que fazer sua comida todos os dias e cuidar de si mesma. Outra coisa é que as pessoas pensam que o jeito de fazer as coisas no Brasil é o certo, e você aprende que exis-tem outras formas de projetar e de perceber o mercado.

DEVANEIO: Qual a visão da profissão de Design no país em que você se encontrava? Na sua visão, os profissionais dessa área são mais valoriza-dos nesse país do que no Bra-sil?

THIAGO: Na Coreia do Sul eles entendem o Design como uma área industrial focada no mercado. Aqui até na universidade eles veem de um modo mais artístico. Acredito que isso se deve ao fato de que no Brasil não temos uma cultura industrial forte,

Page 11: Devaneio

11

empreendedora. Aqui falta reconhecer que o Designer é um profissional da indústria, que pode atuar numa empresa, projetando diferentes produtos para o mercado no geral. O reconhecimento lá fora é melhor em relação a isso. A população entende que o Design está para ajudar as empresas e as indústrias.

DEVANEIO: Você participou ou realizou algum projeto du-rante seu intercâmbio que gos-taria de compartilhar?

MARIANA: Sim. O projeto proposto foi escolher três obje-tos, desmontá-los, e remontá--los. E isso foi muito interes-sante, pois percebíamos como eram feitos os encaixes e, a par-tir dessa percepção, seleciona-mos três deles. Desses encaixes deveríamos montar uma estan-te, com um desses encaixes. No final tínhamos que entregar um livreto com os objetos desmon-tados e com os encaixes escolhi-do, o protótipo e apresentá-lo.

DEVANEIO: Agora que você retornou ao Brasil, quais são as suas perspectivas profissionais?

LARISSA: Pretendo me for-mar, adquirir alguma experi-ência profissional e buscar uma especialização no exterior.

DEVANEIO: Você tem alguma mensagem para quem pretende fazer o intercâmbio?RITA: Uma mensagem, hum... É que não existe o certo e erra-do, existe o diferente. D.

“Aqui (no Brasil) falta reconhecer que

o Designer é um profissional da indústria,

que pode atuar numa empresa, projetando

diferentes produtos para o mercado no geral.”

Thiago de Souza

Larissa Trindade

Mariana Valcaccio

Rita Amorim

Thiago de Souza

Entrevistados

Design

Page 12: Devaneio

TIPOGRAFIAÉ PODER

TYPE/DESIGN

Page 13: Devaneio

13

As letras fazem parte do nos-so cotidiano e estão por todos os lugares. No entanto, muitas ve-zes não prestamos atenção nessa poderosa e imprescindível ferra-menta. A tipografia é justamente a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente e tem uma longa e rica história, cheia de mudanças e evoluções.

A história da tipografia co-meça em Gutenberg e a sua re-volução ao criar a imprensa no século XV usando a escrita gótica. Pouco depois surgiu o tipo roma-no – o que estamos mais acostu-mados a usar. Elas baseiam-se em linhas retas e curvas regulares, ti-nham como objetivo se distanciar da escrita a mão – diferentemente dos tipos góticos usados até en-tão. Os tipos romanos evoluíram ao longo dos séculos seguintes e pouco tempo depois veio o itálico, que tinha como objetivo colocar mais letras em menos espaço para economizar dinheiro.

A tipografia é a alma de qualquer trabalho. Ela tem muita importância no peso da informa-ção e na forma que os utilizado-res perceberão o conteúdo que se pretende transmitir. Um tipo mal

escolhido pode acabar com todo o processo anterior de elaboração do texto.

Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e visual-mente envolvente, sem desconsi-derar o contexto em que é lido e os objetivos da sua publicação. Em trabalhos de design gráfico os ob-jetivos formais extrapolam a fun-cionalidade do texto, ela acrescen-ta muito no visual de seu projeto, e muitas vezes é o ponto principal de uma arte.

É bom recordar que a tipo-grafia não é apenas escolher o tipo, e sim analisar todo o conteú-do textual que será apresentado: o contraste, o comprimento, o tama-nho, a hierarquia, a legibilidade, a leitura, o espaçamento e a compo-sição final da estrutura textual.

O conhecimento adequado do uso da tipografia é essencial aos designers que trabalham com diagramação, ou seja, na relação de texto e imagem. Logo a tipo-grafia é um dos pilares do design gráfico e uma matéria necessária aos cursos de design. Para o desig-ner que se especializa nessa área, a tipografia costuma se revelar um dos aspectos mais complexos e sofisticados do design gráfico.

Famílias tipográficas famosas na história do design gráfico:

• Arial• Bodoni• Comic Sans MS• Frutiger• Futura• Garamond• Gill Sans• Helvetica• Times New Roman• Univers. D.

Design

Page 14: Devaneio

HABILIDADE MANUAL

ART/DESIGN

TEXTO: DESIGN CULTURA

DOMINAR TÉCNICAS MANUAIS DE REPRESEN-TAÇÃO GRÁFICA COMO DESENHO, ESCULTURA, PIN-TURA, COLAGEM ETC. É ALGO QUE EXTREMAMENTE POSITIVO PARA SEU TRABALHO. O TRABALHO MA-NUAL, QUANDO BEM UTILIZADO, PERMITE QUE SEU TRABALHO ADQUIRA IDENTIDADE E VOCÊ PODE OFERECER UM DOS VALORES MAIS PROCURADOS PE-LAS EMPRESAS HOJE: EXCLUSIVIDADE.

Page 15: Devaneio

15

Page 16: Devaneio

16

Gostaria de destacar aqui que as habilidades manuais são muito mais úteis se forem uti-lizadas de forma conjunta com as habilidades nos softwares de computação gráfica, afinal de contas é bem mais restrito as aplicações de um desenho “cru” em uma peça de design.

Page 17: Devaneio

Cria valor para o seu trabalho e sua marca pessoal

As habilidades manuais estão entre os valores que agregam muito valor ao seu trabalho e à sua marca pessoal. Tenho observado isso bastante em meu portfólio pois sempre procuro mostrar o processo criativo e as sketchs que desenvolvi para chegar ao resultado final de um projeto.

Isso fez com que meus clientes passassem a valorizar muito meu trabalho e a me con-tratarem buscando um projeto com uma ilustração persona-lizada, sem querer parecer ar-rogante ou coisa do tipo mas é justamente por isso que nunca um cliente me disse a famosa frase “tenho um sobrinho que faz mais barato“, dominar um software qualquer um pode dominar, dominar uma técnica manual de representação já não é tão fácil.

Destaca o designerda concorrência

Com a grande quantidade de profissionais que trabalham como designer e também os que trabalham em áreas criati-vas como publicitários, arquite-tos etc. é muito importante que o designer procure desenvol-ver algum diferencial.

Sendo assim as habilida-des manuais são um dos me-lhores diferenciais para os de-signers, como consequência disso você passa a receber mais propostas de clientes e, o que é melhor ainda, essas propostas virão de bons clientes e não da-queles que querem uma “logo-marca” por R$ 50,00. D.

“É importan-te usar as suas

mãos. É isso que diferencia você de uma vaca ou de um operador de computador.”

Paul Rand

Design

Page 18: Devaneio
Page 19: Devaneio

andrégrilo

DESIGNER/FREELANCER

ENTREVISTA: MARINA AmaralFOTO: FULANINHO

CADA VEZ MAIS, AS PESSOAS BUSCAM DIFE-RENTES FORMAS DE GANHAR DINHERO EXTRA OU DE GARANTIR MAIOR AUTONOMIA NA SUA VIDA PRO-FISSIONAL. PARA OS MAIS VARIADOS PERFIS E ÁREAS, TRABALHAR COMO FREELANCER PODE SER UM BOM NEGÓCIO! VEJA COMO ESSA RELAÇÃO DE TRABALHO SE ESTABELECE NA VIDA DE UM DESIGNER...

Page 20: Devaneio

do, porque temos de adequar o trabalho não só a nossa rotina, como também à rotina do clien-te. Percebi que uma grande cha-ve para trabalhar com freelancer é conhecer a rotina do cliente, porque é ele, por exemplo, que vai determinar o horário que vai chegar uma mensagem para re-fazer alguma coisa. Quando há um expediente definido, você já sabe seus horários, chega e bate o ponto, mas o freelancer não. Ele tem que saber dosar isso. Essa que é a grande complexidade do freelancer.

Devaneio: Que ferramentas você utiliza para realizar seus traba-lhos?

André: No começo, como falei, trabalhava com sites então usava muito Firework, que era muito usada no campo do web design. Na parte de design gráfico utili-zava muito o Corel Draw, mas hoje prefiro o Illustrator para fi-nalizar o trabalho. Agora, uma ferramenta que eu utilizo muito mesmo, especialmente na cria-ção de peças gráficas, é o Inks-cape, que é uma ferramenta gra-tuita para desenho vetorial. Ele é muito mais fácil e cria formas mais orgânicas.

Devaneio: Quais as principais vantagens em trabalhar como freelancer?

André: A vantagem é que você ganha experiência atendendo os clientes e em Design estamos sempre trabalhando com expe-riências. Há um contato direto com os clientes, eles têm o seu telefone e e-mail. Eles vão pedir as modificações diretamente a você, sem passar por um geren-te.

“Percebi que uma grande cha-ve para trabalhar como freelancer

é conhecer a roti-na do cliente.”

Na área de Design, a opção de trabalhar como freelancer apa-rece como uma alternativa de se inserir no mercado de trabalho. No entanto, por onde começar? Para sanar essa e outras dúvidas, conversamos com o designer fre-elancer André Grilo de Sousa.

Devaneio: Como você começou a trabalhar como freelancer? Como surgiu essa ideia?

André: Eu me interessei pela área de design através da web. Como eu gostava muito de aces-sar sites, eu comecei a querer aprender como fazê-los. E assim fui criando alguns sites e as pes-soas passaram a pedir mais.

Devaneio: Como foram os pri-meiros passos? Como conseguiu os clientes?

André: Inicialmente, pessoas do meu convívio me pediam para fazer cartões de visita, folders, entre outras coisas. Eu concorda-va para enriquecer meu portfólio e para ganhar experiência. Isso foi antes de entrar na faculdade de Design e o que me motivou a buscar o curso. Depois, as pesso-as passaram a me procurar por um trabalho específico que rea-lizei, que viram em algum local.

Devaneio: Como é a sua rotina de trabalho?

André: Tem uma coisa interes-sante nessa vivência de freelan-cer. Quando eu fazia os freelas, normalmente eram demandas pequenas, peças gráficas, que permitiam conciliar o trabalho com as aulas da graduação. O que eu observo agora, é que para conciliar o trabalho de freelan-cer é um pouco mais complica-

Page 21: Devaneio

tado pelo cliente.

Devaneio: Como se dá a parte legal de um profissional free-lancer?

André: Eu faço um contrato para ter bem estabelecido o que eu vou entregar, o tempo neces-sário e conceito. A partir disso, consegue-se estabelecer bordas para o projeto e o cliente vai sa-ber o que esperar do trabalho. Um contrato ajuda a imprimir limites como, por exemplo, quantas vezes você vai refazer o trabalho, se for fazer mais do que o estipulado, tem um valor de acréscimo... Outro exemplo seria um contato firmado para confecção de um folder, mas que o cliente para a almejar toda a ambientação da empresa. Para concluir, Design não é só arte, não é só o visual, tem todo um âmbito burocrático, de estudo e planejamento.

Devaneio: Já houve casos em que você fez todo o trabalho e o cliente se recusou a pagar por-que não gostou ou qualquer ou-tro motivo?

André: Geralmente as recusas vêm mais de orçamento do que de ideias. Aprendemos a orçar antes de fazer as ideias e não o contrário.

Devaneio: Qual conselho você daria para quem quisesse entrar nesse ramo?

André: Escutar o cliente. Por-que o cliente trás uma história e ele nos procura para resolver algum problema da história dele ou do público a quem ele atende. Antes de fazer qualquer desenho, o designer escuta mui-to. Antes de desenhar qualquer coisa o design deve “desenhar” o problema. D.

“Antes de fazer qualquer desenho, o designer escuta muito. Antes de desenhar qualquer

coisa o designer deve ‘desenhar’ o probelma.”

Devaneio: E as principais desvan-tagens?

André: A desvantagem é que no começo você trabalha sem o nome de uma empresa por traz. Até mesmo a sua idade torna-se um empecilho na hora de passar um orçamento. Os clientes sempre tentam baixar o orçamento com a desculpa de que estão divulgando o seu trabalho. A diferença de pre-ço é gritante, principalmente, para quem está no começo.

Devaneio: Em relação ao valor do serviço, como ocorre o processo de agregação de valor ao traba-lho?

André: No início eu não tinha muita maturidade para poder or-çar os valores, então sedia mui-ta coisa para ganhar experiência e criar um portfólio autêntico e consistente. Com o tempo, vamos criando pesos e balanceando valo-res de acordo com o que é requisi-

Design

Page 22: Devaneio

Por que Design?M

AS...

.

QUEM LEVANTA A QUESTÃO E TENTA ENCON-TRAR RESPOSTAS É A DESIGNER GISELE RIBEIRO, QUE ATUA COMO DESIGNER GRÁFICA HÁ 8 ANOS, DESEN-VOLVENDO INÚMEROS TRABALHOS, COMO IDENTIDA-DES VISUAIS, MÍDIA IMPRESSA E DIGITAL, FOLHETERIA E PAPELARIA. ALÉM DISSO, ELA CONTA COM A EXPERI-ÊNCIA DE 10 ANOS DE ATUAÇÃO COMO ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO DE UMA GRANDE EMPRESA DO RAMO DE PETRÓLEO E GÁS, COORDENANDO E DESENVOLVEN-DO ATIVIDADES RELACIONADAS AO MARKETING, CO-MUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E ENDOMARKETING.

designer

por Gisele Ribeiro, designer gráfi-ca e autora do blog

DesignCulture.com.br

capa: raquel bemfica

Page 23: Devaneio
Page 24: Devaneio

Gisele começa relatando já ter feito essa pergunta a si mesma várias vezes, “nun-ca encontrando uma única resposta estritamente racio-nal”. Veja o que mais ela tem a dizer...

“Muitos podem achar que um designer é, na ver-dade, um artista frustrado, porque gostaria mesmo é de criar livremente, sem estar preso a nenhum limite, sem regras e com a mente total-mente despreocupada, coisa que passa longe da realida-de de um designer. Poderia se dizer que o trabalho de um designer é cerceado por inúmeras regras visuais, pu-blicitárias, ergonômicas, mercadológicas e, claro, a mais rígida delas, o cliente. Vendo por este lado então, podemos considerar real a afirmação de que um desig-ner é um artista frustrado? Sim. Quem nunca quis fazer valer a sua vontade ou o seu gosto num trabalho? É nor-mal, somos humanos.

No entanto, seria com-pletamente injusto rotular um designer como um artis-ta que não aconteceu, por-que o designer é um artista e, mais do que isso, tem um objetivo claro que move o seu trabalho.

Mas voltando à fatídica pergunta: por que design?

Se designer não é artis-ta, não é desenhista, não é publicitário, não é engenhei-ro, não é redator, não é jor-nalista,...se o mercado não entende o que faz um desig-ner e, portanto, não valoriza o seu trabalho, se o designer tem que enfrentar um mer-cado infestado de pessoas que se dizem designers, sem ter a menor noção do que isso significa, se só o próprio designer entende que é um conjunto de todos os profis-sionais citados acima e ain-da mais…então afinal de contas…por que design?

Novamente, respostas puramente lógicas me esca-pam. Posso responder pela minha própria experiência. Escolhi design (ou ele me es-colheu) porque para mim, trabalhar em algo que reme-tesse à repetição, à rotina, seria a morte. Porque ficar longe da criação e da expres-são visual seria uma tortura. Porque vi no design uma al-ternativa de unir o prazer com o prático sim, pois, no meu caso particular, não serviria para ser artista. A li-berdade total me bloqueia, preciso de um foco, de um projeto. Talvez outros desig-ners possam se identificar com isso, talvez não. Cada um tem suas razões.

Ser designer é um desa-fio dos mais difíceis e para escolher essa profissão há de

se ter paixão. E talvez este possa ser um gancho para a parte lógica da nossa per-gunta inicial.

Mas espera, paixão tem a ver com lógica? Eu prefiro acreditar que sim. Num mundo onde cada vez mais a tecnologia toma conta, onde o número de informa-ções e estímulos de toda a ordem nos ataca a cada mi-nuto, o que, no meio disso tudo, vai conseguir atrair a atenção das pessoas, senão aquilo que as tocarem de al-guma maneira?

Torço para que o mer-cado enxergue isso e acredi-to que isso vá acontecer ine-vitavelmente. Os seres humanos precisam se reco-nhecer como tal. E quando isso acontecer, o mercado vai entender que o cara que é só fera em Illustrator, aquele que domina todas as ferramentas técnicas vai fi-car obsoleto E é aí que entra o designer com toda a sua paixão, com toda a sua mul-tiplicidade de competências e com toda a sua capacidade projetual, de unir a arte com a função, para construir algo que vai tocar as pessoas.

Nesse momento não so-mente nós vamos entender, como também o mundo vai compreender porque de-sign.”

D.

e.

Page 25: Devaneio

“Escolhi design (ou ele me escolheu) porque

para mim, trabalhar em algo que remetesse à

repetição, à rotina, seria a morte. Porque ficar longe da criação e da expressão visual seria

uma tortura.”

a. Ludwig Mies Van der Roheb. joseph-mullerc. Viviane Westwoodd. Philippe Starcktwooe. Patricia Ulquiorra

a.

b.

c.

d.

Page 26: Devaneio

Uma Ostra que não foi Ferida

não produz pérolas

Texto por Lúcia FreireCartaz por Pedro Balduino

O GRUPO DE TEATRO PÉROLA, ORIGINOU-SE DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DAS DISCIPLINAS ENCENAÇÃO II E ATUAÇÃO II, DO CURSO DE LICEN-CIATURA EM TEATRO DA UFRN. SEU PRIMEIRO ESPE-TÁCULO, QUE RECEBEU O MESMO NOME DO GRUPO “PÉROLA”, SURGE COM A PREMISSA DE DEBATER SOBRE AS MULHERES QUE ERAM CONTRA O REGI-ME MILITAR, DIALOGANDO COM AS TORTURAS MA-CHISTAS DA SOCIEDADE QUE CONTINUAM PRESEN-TES EM PLENO SÉCULO XXI.

TEATRO

Page 27: Devaneio
Page 28: Devaneio

28

O Pérola utiliza-se da hibri-dização contemporânea das esté-ticas teatrais, mas tem como base maior para o espetáculo o Teatro Épico de Bertold Bretch – essen-cialmente político, leva o público à reflexão através da quebra re-sultante da catarse e linearidade do espetáculo. Não cabe envol-ver, pura e simplesmente, o es-pectador em uma manta emocio-nal de identidade com o personagem e fazê-lo sentir o dra-ma como algo real, mas sim des-pertá-lo como um ser social.

Montagem do espetáculo

O processo de montagem do espetáculo Pérola consistiu na co-leta de depoimentos e imagens reais de mulheres que estiveram presas no DOI-CODI (Destaca-mento de Operações de Informa-ções – Centro de Operações de Defesa Interna - órgão repressor

criado pelo Regime Militar) e, a partir desse material, foram cria-das dinâmicas de jogos para a criação de cenas. Sendo assim, o processo foi além das imagens e textos, explorando as sensações físicas dos atores. Com o intuito de naturalizar nos corpos dos ar-tistas a figura do ator curinga – não se tem uma personagem defi-nida, no entanto perpassa por várias – utilizou-se de muitos jo-gos de perseguição onde ora o jo-gador era o torturado, ora, o tor-turador.

Espaço Cênico

A proposição do espaço cê-nico em formato de cruz – onde o público se insere nas diagonais externas – abre espaço para diver-sas leituras e interpretações e co-loca o público de maneira que cada um terá uma percepção e vi-vência diferente do espetáculo.

“É de suma importância que

o fazer teatral dialogue com

nossas condições sociais e que

nenhum momento de massacre do

povo brasileiro seja esquecido.”

Espetáculo Pérola - FOTO Taline Freitas Fotografia

Page 29: Devaneio

Projetos Futuros

Além do espetáculo Pérola, o grupo encontra-se em um novo processo criativo de montagem, até então nomeado Colônia, pois traz o contexto do hospício em Barbacena/MG, onde mais de 60 mil brasileiros foram mortos. Fun-cionava como um verdadeiro campo de concentração nazista e era arma política do Estado. To-dos julgados como “socialmente indesejáveis” eram trancafiados na instituição sem um devido lau-do confirmando problemas cogni-tivos. Sendo assim, 70% dos inter-nos não possuíam diagnóstico de doença alguma.

Foco de Trabalho

Para o grupo, é de suma im-

portância que o fazer teatral dialo-gue com as condições sociais e que nenhum momento de massa-cre do povo brasileiro seja esque-cido pelas gerações atuais e futu-ras. As opressões são o foco e se inserem no contexto dos recentes trabalhos produzidos pelos estu-dantes e artistas do grupo.

O fazer artístico do grupo está ligado diretamente aos seus posi-cionamentos políticos, porque se acredita que o ser humano é com-posto por natureza e cultura. Por exemplo, o homem tem necessida-de de comer, isso é natural, porém aquilo que comemos e a maneira como o fazemos, é cultural. Partin-do dessa lógica, a sociedade deveria valorizar as produções culturais/artísticas, já que estas são partes inerentes a própria condição huma-na. A arte é termômetro social, é arma política, é diálogo, é encontro, é revolução. D.

Espetáculo Pérola - FOTO Taline Freitas Fotografia

Espetáculo Pérola - FOTO Taline Freitas Fotografia

Teatro

Page 30: Devaneio

O que faz a Arte ser Arte?

ARTE/TEATRO

TEXTO: NATÃ BORGES

(...) ONDOMINA ONDAZICA LARIRÁISONAUTA

ONDANEIRA URUAROIA IA CAMPANUTO COMPASSEDO

TRARARÁ (...)

(HUIDOBRO, VICENTE. ALTAZOR E OUTROS POEMAS, 1991)

Page 31: Devaneio

Grupo EmpreZa performances

Page 32: Devaneio

32

quietação, provoca um estado de suspensão e possibilita rupturas.

Aqueles que viveram em outras épocas experimentaram outras formas de arte que lhes eram possíveis. Na história da pintura, por exemplo, os ar-tistas passaram séculos perse-guindo a ilusão de profundi-dade. O entendimento sobre o conceito de arte emerge do con-texto histórico, social e cultural em que se deu sua construção e percepção, e de uma série de possibilidades visuais. As ati-vidades artísticas não possuem uma essência imutável, fixa ou rígida. Há um movimento de transformação de formas, mo-dalidades e papeis que atuali-zam critérios de construção de linguagem e poética.

Os artistas contemporâne-os abarcam o interesse pelo cor-riqueiro e pelo acaso, criando obras que se aproximam do pú-blico, explorando outros locais de exibição, como ruas, postes, calçadas, outdoors, e ainda, alargando as tradicionais ca-tegorias que mapeiam nosso território artístico. A composi-ção distintiva e “nobre” da arte dá lugar a uma arte relacional, como uma proporção para vi-vências, sendo, portanto, não um fim de um processo de construção, mas o local de ne-gociação e propiciador de des-dobramentos.

“Agora ela [arte] se apresenta como uma duração a ser experimentada.”(Borriaud, Nicolas. Estética Relacional, 1998) D.

Quando nos deparamos com a arte contemporânea e a analisamos, percebemos que há uma infinidade de estilos, materiais, suportes, linguagens e intenções. Os campos de cria-ção se ampliam de tal forma, que elementos inusitados como luz, som, alimentos e até pes-soas passam a ser utilizados. A intensa aproximação entre arte e vida nos desafia a reconhecer e refletir sobre a natureza da arte.

Vivemos em uma explosão de emergências artísticas. Você já pensou, por exemplo, que um grupo de pessoas nuas, conec-tadas com o dedo indicador um no ânus do outro, fazendo com o grupo corpóreo movimentos circulares, pode ser arte? E um homem careca que fura sua testa ao ponto de sangrar, para então passar a cabeça em uma parede branca, deixando um rastro ver-melho? E um homem que cons-truiu uma cela de prisão em seu apartamento/estúdio, trancou-se nela por um ano e não leu, não falou, não escutou música, não se comunicou com ninguém? No nosso tempo não há restrições para apresentar uma produção visual e defini-la como arte. A arte contemporânea causa in-

“A arte contemporânea

causa inquietação, provoca um estado

de suspensão e possibilita rupturas.”

Teatro

Page 33: Devaneio

GALERIATRABALHOS DE ALUNOS QUE CURSAM A

DISCIPLINA HISTÓRIA DAS ARTES II/2015.1

ART/DESIGN

Page 34: Devaneio

34

TítuloA mão do amigo alienThiago Barbosa/2015thiago-nb.deviantart.com

Page 35: Devaneio

Design|A

rte

TítuloCalifornia skyLarissa trindade/fotografia e ilustração vetorial

Page 36: Devaneio

36

TítuloTransflor - uma homenagem do dia das mulheresClara Vasconcelos/2015

Page 37: Devaneio

TítuloGoing through strawberry fields

Luiza Saad de Moura/ 2012

Design|A

rte

Page 38: Devaneio

TítuloBang!André Victor/2015Ilustração feita com nanquim e canetas hidrocor.

Des

ign|

Art

e

Page 39: Devaneio

39

TítuloEsquizofrenia - quatro mentes em um corpo

André Soares/2014Desenho em computador e aquarela a mão.

Page 40: Devaneio

40

TítuloNinaIsabela Graça/2015Nanquim com finalização digital.

Page 41: Devaneio

TítuloBlack and White Gueto

Marina Amaral /2013Grafite sobre papel

Design|A

rte

Page 42: Devaneio

TítuloRetrato do Chico BuarqueLuiza Fonseca/2014Grafite sobre papel

Des

ign|

Art

e

Page 43: Devaneio

43

TítuloRadioactive

Stéphanie Maia/2015

Page 44: Devaneio

44

TítuloA trindade que habita em nós...

Johann Candido/2015 Pintura digital

Page 45: Devaneio

TítuloMatheus Nakamura

F·bio Pinheiro de LimaL·pis e papel

Page 46: Devaneio

PerfoRmance ART

ARTES/TEATRO

TEXTO: LÍVIA STEVININ

NO CONTEXTO DAS ARTES, O TERMO PER-FORMANCE DESIGNA AS APRESENTAÇÕES DE DANÇA, CANTO, TEATRO, MÁGICA, MÍMICA, MA-LABARISMO, REFERINDO-SE AO SEU EXECUTANTE COMO PERFORMER. NA SEGUNDA METADE DO SÉ-CULO XX SURGE UM GÊNERO ARTÍSTICO NOS ES-TADOS UNIDOS QUE SE CHAMA PERFORMANCE ARTE (PERFORMANCE ART), COM CARACTERÍSTI-CAS ESPECÍFICAS.

Page 47: Devaneio

47

Page 48: Devaneio

48

No contexto das artes, o ter-mo performance designa as apre-sentações de dança, canto, teatro, mágica, mímica, malabarismo, re-ferindo-se ao seu executante como performer. Na segunda metade do século XX surge um gênero ar-tístico nos Estados Unidos que se chama Performance Arte (Perfor-mance Art), com características específicas.

A performance arte (também conhecida como performance ar-tística) surgiu por volta da década de 1960 e consiste numa forma de expressão artística que pode in-cluir várias disciplinas diferentes.

Este tipo de evento poderia ser improvisado pelos artistas, e podia ter ou não um público.Em geral, segue um “roteiro” pre-viamente definido, podendo ser reproduzida em outros momen-tos ou locais. Como pode ser reali-zada sem uma platéia depende de registros - através de fotografias, vídeos e/ou memoriais descritivos - para se tornar conhecida do pú-blico.

Sendo citada como parte im-

portante das Vanguardas, a perfor-mance dividiu-se em vertentes ou estilos, como o Happening ou a Live Art. Diferentemente da per-formance, o Happening tem como principal divisor a obrigatoriedade do envolvimento da platéia, o abandono de uma linha central que funciona como “roteiro” e a espon-taneidade da cena apresentada.

Aparentemente improvisado o happening surgiu na década de 50 conceituado por Allan Kaprow com o principal intuito de misturar arte e vida, seguindo diferentes movimentos vanguardistas, mas criando uma nova estética de cria-ção. O happening pode ser visto como uma evolução do expressio-nismo abstrato, tirando a arte do material e a tornando parte da roti-na.

Já a live art surge como forma de não-arte e de não-estética, bus-cando ainda uma maior esponta-neidade, pluralidade e uma ainda maior ponte entre a vida e a arte. No entanto, tentar classificar a live art iria de contra a sua ideologia, já que a mesma não se considera arte

Divulgação

Page 49: Devaneio

49

e sim forma de “vida teatraliza-da”.

Muito além da estética a live art surge como forma de inclusão, como nova forma de comunica-ção, uma contraposição a outras formas de arte e principalmente como desconstruidora de falsas aparências da arte contemporânea e da mídia. Assim como o happe-ning e a performance, a live art tem um objetivo político, além do estético e do comercial.

A live art explora ainda mais a liberdade criativa a partir de meios não convencionais, fugindo do comum construindo uma ideia de utilização do que não é visto como útil. Em busca da quebra não mais somente de conceitos e valores artísticos, mas de espaços.Por outro lado, o movimento ar-tístico Fluxus, criado em 1961, teve um papel fundamental na divulgação e desenvolvimento desta forma de expressão (perfor-mance). Influenciado por outras vanguardas como o dadaísmo e o Bauhaus, Fluxus, criado a par-tir de artistas plásticos e músicos, abandonava primeiramente a vi-são da arte como mercadoria, se classificando como um movimen-to de antiarte. Uma das principais características do grupo foi à mis-tura de diferentes artes em suas criações, abandonando preconcei-tos e rivalidades na busca de um mesmo objetivo, político, social e artístico.

Durante a década seguinte, torna-se mais forte a influência mútua entre os movimentos da Arte Minimal e da Arte Conceptu-al e a Performance Art, tendências que assumem o domínio. Nos fi-nais do século, torna-se difícil es-tabelecer limites conceptuais para a Performance Art que é frequen-temente confundida com o teatro, a música ou a dança, assumindo a designação de “Arte Viva”.

A performance não nasceu para ser classificada, nasceu de

necessidade de certos grupos po-derem trabalhar livremente to-das as artes juntas, podendo as-sim fazer algo coletivo, uma produção conjunta. Não só da necessidade do trabalho coletivo nasceu a performance, mas tam-bém a busca pela quebra de divi-sões na arte. Trata-se, portanto de redefinir o lugar da obra de arte contemporânea e sua rela-ção com o espaço para além dela.

Vista como uma nova forma de arte ainda não encontrou o seu lugar. Perdida em meio às ar-tes plásticas, cênicas e musicais nem os próprios artistas entram em consenso quando se trata de uma forma tão abrangente de ex-pressão. D.

Allan Kaprow

Muito além da estética a live art surge

como forma de inclusão, como nova forma de comunicação

Teatro

Page 50: Devaneio

DE GERAÇÃOEM GERAÇÃO

CULTURA

TEXTO: MARIA LARISSA ALVES PESSÔA

FAZENDO PARTE DO NORDESTE BRASI-LEIRO, UMA REGIÃO RICA CULTURALMENTE, O RIO GRANDE DO NORTE É UM ESTADO REPLETO DE MOVIMENTOS ARTÍSTICOS QUE ATUALMEN-TE BUSCAM RESISTIR AO TEMPO E À CULTURA EXPOSTA NA GRANDE MÍDIA. ATRAVÉS DESSES MOVIMENTOS, CORDELISTAS, REPENTISTAS E GRUPOS DE DANÇA, RECONTAM A HISTÓRIA DO POVO POTIGUAR, MANTENDO VIVA A ESSÊNCIA DA NOSSA IDENTIDADE.

Page 51: Devaneio

51Grupo de Dança Popular do Marista

de Natal - Foto Divulgação

Page 52: Devaneio

O Pastoril de Dona Joaqui-na, em São Gonçalo do Ama-rante, através do cordão azul e encarnado, da mistura do profano e do sagrado, saúdam o Messias cheio de dramatici-dade. As rendeiras, em Ponta Negra, transformam linhas em singelas mantas, toalhas, en-xovais e vestuário. Tudo feito minuciosamente à mão, com cuidado e a satisfação de repas-sar a arte de bordar, aprendida desde criança.

Há também a herança dei-xada por Dona Militana, consi-derada a maior romancista do Brasil. Com o dom herdado do pai, cantou romances que nar-ravam a história de guerreiros, reis e rainhas.

Em Caicó, a dança guer-reira do Espontão, feita exclu-sivamente por homens ao som de instrumentos de percussão, honra Nossa Senhora do Rosá-rio em seus festejos. Já o Boi de Reis, encontra em Joaquim Augusto da Silva, conhecido como Joaquim Basileu, Mestre do Amo Boi de Reis de Natal, a perpetuação de uma dança típica, realizada primeiramen-te em frente a igrejas, para que todos os brincantes possam ser abençoados por Deus.

Os caboclinhos de Ceará--Mirim, grupo folclórico de fei-ções indígenas utilizando co-cares, arcos e flechas, dançam e dialogam ao som da flauta de taquara (de quatro furos). O Araruna, dança folclórica do Estado, legado de Cornélio Campina, encontra no bairro das Rocas, mais precisamen-te na Associação de Danças Antigas e Semidesaparecidas

Pastoril de Dona Joaquina - Grupo folclórico da cidade de São Gonçalo do Amarante - Foto Divulgação

Rendeiras de Ponta NegraFoto de Saskia Coutinho

Mov

imen

to C

ultu

rais

Page 53: Devaneio

53

Araruna, um espaço para pre-servar as 15 coreografias que envolvem dançarinos trajados de casaca, cartola e vestidos, que lembram as roupas utiliza-das na época da aristocracia.

Pode-se perceber que es-ses movimentos de resistência, nas suas mais diversas manifes-tações, trazem consigo o poder de religar as pessoas as suas origens, aos seus costumes e tra-dições. Por isso, há uma grande importância em manter vivos esses movimentos e, principal-mente, promovê-los, para que haja a sua valorização e dissemi-nação, dando o apoio necessário para que resistam e sejam repas-sados às gerações futuras. D.

Pode-se perceber que esses movi-

mentos de resistên-cia, nas suas mais

diversas mani-festações, trazem

consigo o poder de religar as pessoas as suas origens,

aos seus costumes e tradições.

Pastoril de Dona Joaquina no 49 Festival Nacional do Folclore - Foto de Isaias Carlos

Boi de Reis - Foto de Lenilton Lima

Sr. Canindé - Mestre do Boi de Reis de Nísia Floresta

Dança Araruna - Alunos da Escola Bolshoi na Sexta com Arte de Danças Populares - Foto Vanderléia Macalossi

Page 54: Devaneio

Fotografia/grafite por David Walker

Texto por Hudson Santos

PIXAÇÃOGRAFFITI

CULTURA

A PIXAÇÃO É ARTE COMO GRAFFITI? ANTES DE QUALQUER COISA, SIM E NÃO! POIS ARTE É ARTE, APENAS É ACEITA OU RENEGADA. E O GRAFFITI QUE O DIGA EM SEUS PRIMÓRDIOS... ANTES DA BELEZA DAS CORES, ANTES DOS GUETOS DE NOVA YORK, A CONTRACULTURA PUNK NO FIM DOS ANOS 70, NASCIDA DAS INSATISFA-ÇÕES SOCIAIS E DOS JOVENS REVOLUCIO-NÁRIOS DA INGLATERRA E ALEMANHA ORIENTAL JÁ RABISCAVA OS MUROS COM FRASES PROTESTOS CONTRA O SISTEMA.

x

Page 55: Devaneio

55

Page 56: Devaneio

Mov

imen

to C

ultu

rais

Page 57: Devaneio

57

A pichação e o grafite são arte? Antes de qualquer coisa, sim e não! Pois arte é arte, apenas é aceita ou renega-da. E o grafite que o diga em seus primórdios... Antes da beleza das co-res, dos guetos de Nova York, a con-tracultura punk, nascida das insatis-fações sociais e dos jovens revolucionários da Inglaterra e Ale-manha Oriental no fim dos anos 70, já rabiscava os muros com frases de protestos contra o sistema.

Não demorou muito para que o movimento atravessasse o Atlânti-co e influenciasse outras subculturas surgidas em Nova York, como o Hip Hop e o Rap, nos anos 80. O Grafite surgiu como contracultura e é uma das manifestações artísticas advin-da destes movimentos, mas que logo cresceu e dominou a paisagem dos grandes centros do mundo todo. E claro, como toda contracultura, so-fria preconceitos, era marginalizada e sempre se tentava reprimir qual-quer um com uma lata de spray na mão.

No Brasil, São Paulo foi o pri-meiro grande centro urbano onde essa street art explodiu! Desde os anos 90 até hoje, a cidade vibra com as cores do grafite em suas ruas e edifícios, como um gigantesco mural a céu aberto.

E a pichação? Pois bem... A pi-chação também fazia parte da paisa-gem urbana e era usada como uma forma rápida de protesto. Mas com o tempo e a formação das gangues,

a pichação começou a ser usada para “marcar território” e assim, quem ti-nha mais muros pichados, era o mais considerado pelos demais.

A Pichação ganhou fama de ato de jovens revoltados, que não per-dem a oportunidade de rabiscar os muros alheios e, hoje em dia, parti-cularmente no Brasil, a pichação é de uma forma e singularidade que não se apresentam em nenhum outro lu-gar do mundo.

Pichadores da vanguarda sem-pre se lembram dos velhos tempos, pois havia respeito, existiam moti-vos para protestar dessa maneira. Um pichador que se prezava, refazia as mesmas letras várias e várias ve-zes, iconizando seu estilo... Hoje, eles lamentam a falta de bom senso dos mais jovens, que muitas vezes mal sabem o que fazem nas paredes das cidades.

A maioria dos grafiteiros iniciou atuando nas ruas como pichador, co-meçando a embelezar letras e formas, além de adicionar desenhos e cores. Assim surgem os “Grapiches”, que vem a explorar possibilidades mais artísticas da Pichação. Essa transição se deu no mundo todo.

O grafite, mesmo tendo suas origens na ousadia e na ilegalidade, evoluiu, se multiplicou. Logo surgi-ram artistas, pessoas que dedicam suas vidas a transformar a paisagem pálida de concreto em algo vivo, co-lorido e pulsante. O grafite deixou as ruas e ganhou reconhecimento, en-trou nas galerias e dividindo espaço com obras de Picasso e Monet.

E mesmo assim, ainda existe preconceito. As pessoas ainda são conservadoras e tendem a renegar o que lhes é diferente. Mas isso não im-porta. Como dito anteriormente, arte é arte. Só cabe aceitá-la ou renegá-la.

O que importa é que, mesmo com todos os contras, a evolução das técnicas e a personificação de estilos únicos fazem destes dois estilos uma das mais prolíferas e diversificadas manifestações culturais da atualida-de. D.

“E mesmo assim, ainda existe preconceito. As pessoas ainda são conservadoras e ten-dem a renegar o que lhes é diferente. Mas

isso não importa. Como dito anteriormente, arte é arte. Só cabe aceitá-la ou renegá-la.”

Page 58: Devaneio
Page 59: Devaneio

59

Page 60: Devaneio

Visita à História de Natal

ACADÊMICO

TEXTO: MARIA LARISSA ALVES PESSÔA

UMA AULA DE HISTÓRIA PODE SER SINÔ-NIMO DE MONOTONIA PARA MUITOS. UMA FOR-MA CRIATIVA DE INCENTIVAR O ESTUDO DESSA MATÉRIA É PROPORCIONAR AO ALUNO UMA EXPERIÊNCIA VISUAL VINCULADA AO APREN-DIZADO EM SALA DE AULA. O TEXTO A SEGUIR SUGERE UMA DIFERENTE METODOLOGIA DE ENSINO E CONVIDA AOS LEITORES A UMA VISI-TA AO CENTRO HISTÓRICO DE NATAL.

Page 61: Devaneio

61

Page 62: Devaneio

62

Baseado nessa metodolo-gia, o professor de História das Artes II, do curso de Design da UFRN, Leandro Cavalcante, juntamente com Diego Souza de Paiva, que está realizando seu doutorado em História e Teoria da Arte na UFRJ, plane-jaram uma aula diferente, cuja proposta era a de fornecer ele-mentos e informações relacio-nadas à história de prédios e monumentos do “Centro His-tórico” da cidade do Natal. A aula também serviu como su-gestão de roteiro para a poste-rior visita dos alunos.

Segundo estudos apura-dos pelo Professor Diego, a his-tória de Natal começa em 1501. Um ano depois de Cabral de-sembarcar por essas terras, o rei Dom Manuel, o Venturoso,

envia uma esquadra com o pro-pósito de demarcar a posse ju-rídica de Portugal sobre as no-vas terras. Chegando nestas terras, onde hoje é a Praia de Touros, instalou-se um marco de pedra, com as armas da co-roa portuguesa. A história des-se marco é um dos elementos da polêmica tese do historiador Lenine Pinta, segundo a qual o Brasil teria sido “descoberto” não em Porto Seguro, na Bahia, mas sim no Rio Grande do Nor-te.

Nas terras onde hoje é o RN, os europeus que aqui se instalaram foram os norman-dos (franceses), que se integra-ram mais facilmente com a cul-tura dos nativos, e basicamente contrabandeavam pau-brasil. No final do século XVI é envia-da uma expedição com a mis-são de expulsar os franceses,

Igreja do Galo

Altar da Igreja do Galo

Page 63: Devaneio

construir uma fortificação na barra do rio, além de estabele-cer um povoado. É construído então um forte na barra do rio, iniciado no dia 06 de janeiro (dia de reis, por isso Forte dos Reis Magos). A construção foi feita de barro e madeira. Hoje o Forte abriga o “Marco de Tou-ros” e, no local de origem, pos-sui hoje uma réplica.

A certa distância da forta-leza, num ponto alto – também pensado em termos estratégi-cos – foi criada, por decreto, em 25 de dezembro de 1599, a cida-de do Natal. Na ocasião havia apenas uma pequena capela e um pelourinho. A capela foi er-guida no lugar onde hoje se si-tua a Antiga Matriz e o que so-brou do pelourinho está ao lado da porta de entrada do Instituto Histórico e Geográfi-co.

Outras importantes refe-rências históricas da cidade en-contram-se nas localidades descritas a seguir.

Praça Andréde Albuquerque

Corresponde ao marco zero da Cidade. No meio da praça en-contra-se um obelisco, erguido na primeira metade do século XX em homenagem a dois he-róis republicanos, que serão apresentados a seguir.

Estamos no início do regi-me republicano no Brasil. Para o Nordeste, particularmente, temos a Revolução de 1817 (co-nhecida como a Revolução dos Padres), quando as províncias do Norte (Pernambuco, Ceará, Paraíba e RN), pregavam a se-paração dessas províncias do resto do país, e chegaram in-clusive a instituir um governo. Nesse movimento, para o RN, temos dois nomes em particu-lar: André de Albuquerque Maranhão e Frei Miguelinho.

O primeiro, senhor do En-genho de Cunhaú, foi o res-ponsável por instaurar um go-verno republicano no Rio Grande em 1817. O segundo personagem, nasceu aqui em Natal, no bairro da Ribeira, mas tomou parte da Revolução de 1817 em Pernambuco.

Dessa forma, então, o Obelisco na Praça homenageia

essas duas importantes figuras. A sua inauguração foi o ponto alto de um cortejo cívico par-tindo da Rua, que desde 1906 passou a se chamar Frei Migue-linho, na Ribeira. O cortejo, pu-xado por um carro triunfal composto de um globo, com o mapa das quatro províncias que tomaram parte da Revolu-ção de 1817. Dentro do carro, uma jovem representando a li-berdade portava duas bandei-ras, uma da Revolução de 1817 e outra da República de 1889.

Escultura na saída da pinacoteca

Escultura na saída da pinacoteca

Escultura pinacoteca

Acadêm

ico

Page 64: Devaneio

Obelisco

Antiga Matriz

Da Praça vemos a Antiga Catedral. A igreja está no lugar onde foi construída a primeira capela, concomitante à funda-ção da cidade. Obviamente o prédio passou por várias alte-rações. Na época do domínio holandês, no século XVII, virou templo protestante, e quando foram expulsos, os batavos destruíram quase tudo.

A igreja foi reconstruída e só em 1862 foi construída sua torre. Um aspecto interessante em relação à Catedral é que ela foi objeto de um processo de restauro em 1995, no qual encontraram os restos mortais de André de Albuquerque Maranhão, para quem foi feita uma lápide.

Memorial Câmara Cascudo

Saindo da Catedral, ao lado direito, estamos diante do Memorial Câmara Cascudo, prédio que foi construído no fi-nal do século XVIII com o intui-to de comportar os serviços ad-ministrativos da Fazenda Real. Em estilo neoclássico, foi tom-bado em 1989 e foi palco de acontecimentos históricos im-portantes, como o Movimento Republicano de 1817.

No térreo tem-se, à esquerda, um ateliê de desenho e pintura, e à direita, uma exposição sobre as pesquisas folclóricas de Câmara Cascudo. Por fim, no primeiro andar, desde 2014, há uma exposição permanente sobre a História da

Cidade do Natal, baseada no livro do Cascudo. Curiosidade: a exposição conta com um boneco retratando André de Albuquerque aos pés do qual estão os restos dos grilhões que foram encontrados na sua cova na Antiga Matriz.

“O prédio da Antiga Matriz

passou por várias alterações. Na

época do domínio holandês, no

século XVII, virou templo protestante,

e quando foram expulsos, os

batavos destruíram quase tudo. ”

“No Memorial Câmara Cascudo, há uma exposição permanente sobre

a História da Cidade do Natal,

baseada no livro de Cascudo.”

Soberanos e DescobridoresMemorial Câmara Cascudo

Aca

dêm

ico

Page 65: Devaneio

65

Coluna Captolina

A Coluna Capitolina

Saindo do Memorial, do outro lado da Antiga Catedral, temos o prédio do Instituto Histórico e Geográfico do RN, onde encontra-se uma réplica do Marco de Touros e uma estola do Frei Miguelinho. Mas o interessante aqui está no Largo do Instituto: a Coluna Capitolina.

Presente do Governo ita-liano, em 1930, para celebrar o feito de dois pilotos italianos (Carlo del Prete e Arturo Ferra-rin) que fizeram o primeiro voo, em 1928, sem escalas (49 horas), de Roma à Natal.

A coluna inicialmente foi colocada e inaugurada na Ri-beira. Perdida durante a Inten-tona Comunista (considerada um símbolo fascista, tento em vista que foi presente do gover-no de Mussolini), foi reencon-trada posteriormente e posta no Baldo, de onde veio para o Largo do Instituto.

Palácio Potengi

Por fim, há o Palácio Po-tengi, sem dúvida a maior ex-pressão da arquitetura neoclás-sica em Natal, cuja construção se deu entre os anos de 1865 e 1873. A intenção de criar o pré-dio foi para que ele servisse como Tribunal do Júri e tam-bém como Assembleia Legisla-tiva. O Palácio foi sede do Go-verno do Estado de 1902 a 1995, e hoje é um centro cultural que abriga a Pinacoteca do Estado (cujo acervo conta com obras de artistas locais, nacionais e internacionais).

“O Palácio Potengi é, sem dúvida, a maior expressão da arquitetura neoclássica em

Natal.”

“A polêmica tese do historiador Lenine Pinta,

levanta a hipótese de o Brasil ter sido “descoberto” não em Porto Seguro, na Bahia, mas sim no Rio Grande do

Norte. ”

Memorial câmara cascudo

Memorial câmara cascudoboi bumbá

Page 66: Devaneio

TEATRO NO IFRN??

ACADêmico

TEXTO: MARINA AMARAL

ANDRÉ VICTOR, LUÍZA SAAD, E LUÍZA FONSECA, ATUALMENTE ESTUDANTES DE DESIGN NA UFRN, CONTARAM EM ENTREVISTA DESCONTRAÍDA COMO FOI A EXPERIÊNCIA DE PRODUZIR E ATUAR NUMA PEÇA DE TEATRO, EM UM PROJETO VIABILIZADO PELO INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – IFRN.

Page 67: Devaneio

67

Page 68: Devaneio

68

O Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN, é bastante conhecido por prover a formação técnica de muitos profissionais, contribuindo, as-sim, para o desenvolvimento da região. Entretanto, muitos desconhecem que no Instituto, certos grupos de alunos, pro-duzem e apresentam peças de teatrais.

Tivemos a oportunidade de conversar com alguns desses alunos - André Victor, Luíza Saad, e Luíza Fonseca, agora já formados, que compartilharam um pouco dessa experiência em uma entrevista descontraída.

“Definida a peça, vinha todo o trabalho de levantar as características das personagens, como vai ser a fala, o jeito de andar, enfim, sua

personalidade. É uma forma de imersão na sua personagem, o que era bastante cansativo.”

Turma da aluna Luiza Fonseca, no encerramento do espetáculo

Page 69: Devaneio

Devaneio: Qual era o curso de vocês e porque fizeram uma peça de teatro?

André: Meu curso era Edifica-ções e a peça fez parte da pro-posta da disciplina de Artes Cênicas, disponível aos alunos dos cursos integrados (que du-ram 4 anos e compreendem o ensino médio mais a formação técnica). O último módulo des-sa disciplina era a produção de uma peça de teatro feita por nós mesmos. Dividimo-nos em grupos e éramos responsá-veis por tudo, desde o roteiro até o cenário, além de subir no palco... (risos). Luíza Saad: Eu fiz Controle Ambiental e como já foi fala-do, trabalhamos praticamente durante todo o processo sozi-nhos.

Luíza Fonseca: Eu fazia Ele-trotécnica e foi esse mesmo o processo, mas agora mudou, parece que o professor dá uma força também... (risos).

Devaneio: Como se deu o pro-cesso de construção da peça e das personagens?

Luíza Saad: O processo era complicado, pois cada um lia um livro pensando na peça e depois escolhíamos a melhor história, e começávamos a pro-dução, mas o professor vinha

e sugeria outra [história]... (ri-sos). Definida a peça, vinha todo o trabalho de levantar as características das perso-nagens, como vai ser a fala, o jeito de andar, enfim, sua per-sonalidade. É uma forma de imersão na sua personagem, o que era bastante cansativo.

André: Acho que todos nós passamos por isso.

Devaneio: Sobre a distribuição das personagens, cada um po-dia escolher seu papel?

André: Não, era uma decisão do grupo. Por exemplo, minha personagem foi o grupo que definiu.

Devaneio: E como foram esco-lhidos os temas das peças?

Luiza Saad: Éramos divididos em grupos, um grupo pegava comédia, outro tragédia.

Devaneio: Como foi apresen-tar a peça depois de todo esse processo?

Luiza Saad: Foi muito legal, pois era um evento e tanto! Havia ingressos, seus conhe-cidos na plateia, você sobe no palco e tudo se transformava... você vê toda aquela gente e dá um frio na barriga...mas no fim, tudo acabava fluindo. Foi maravilhoso! D.

Acadêm

ico

André Victor, ex-aluno de Edificações do IFRN

Luiza Fonseca, ex-aluna de Eletrotecnica do IFRN

Luiza Saad, ex- aluna de Controle Ambiental-IFRN

Page 70: Devaneio

ENSAIO SOBRE O PODER TEATRALEM DESPETRIFICAR ALUNOS DE UMA MEDUSA

CHAMADA ESCOLA

ACADÊMICO/TEATRO

TEXTO: LEANDRO AUGUSTO

O PRESENTE ENSAIO APRESENTA UMA ANALOGIA DO MITO DA MEDUSA ARCAICA COM O SIMBÓLICO DE UMA ESCOLA PÚBLICA SITUADA EM NATAL-RN, NO QUAL TORNA OS CORPOS DE SEUS ESTUDANTES PETRIFICADOS AO POSTERGAR UM SISTEMA DE ENSINO ENGES-SADO POR OLHARES TRADICIONAIS. AO MESMO TEMPO, PROPÕE O ENSINO DE TEATRO COMO FORMA DE DECAPITAR A MEDUSA E FAZER MO-VER ESTÁTUAS QUE NÃO ACREDITAVAM MAIS SER POSSÍVEL VOLTAR A EXPRIMIR SUAS VON-TADES PRÓPRIAS.

Page 71: Devaneio

71

Page 72: Devaneio

Medusa descrita no livro Prometeu Acorrentado,de Ésquilo

Medusa é uma das três Górgonas. Filhas de Fórcis, chamam-se Euríala, Esteno e Medusa. Das três, indubita-velmente, a última é a mais bela. Até algum tempo atrás, todas as mulheres tinham in-veja da sua beleza, em espe-cial da sua bela cabeleira ne-gra. Seus cabelos eram tão escuros e sedosos que pare-ciam fios da noite a escorrer sobre seus ombros. [...] um dia a mais bela das Górgonas apaixonara-se por Netuno, o deus dos mares. Certa feita, tendo marcado um encontro amoroso com ele num dos templos de Minerva, acabara provocando a ira da deusa. Sedenta por vingança, Miner-va decidiu punir a jovem, transformando sua linda ca-beleira num ninho das mais horrendas serpentes. Trans-formada, assim, numa detes-tável criatura, Medusa foi se refugiar numa gruta fortifica-da. Dizia-se que possuía agora o dom de converter em pedra todo aquele que a encarasse e que este era seu maior deleite desde que fora alvo da nefasta ransformação.

ENTRANDO NO ANTRO DA MEDUSA

O início se dá na perspec-tiva do olhar. Ser herói ou monstruoso nunca dependeu apenas de si, pois se consagrou nas relações estabelecidas com outros entes a partir das ima-gens que estas relações levanta-vam acerca dos atos realizados dentro da comunidade. Por isso, é importante um olhar pa-radoxal, que conecte a imagina-ção às formas de compreensão míticas inseridas numa realida-de educacional específica.

Imagens são carregadas de símbolos arquetípicos que, por vezes, nos levam a pensar sobre os significados e a origem destes quadros imagéticos na sociedade. Nesse ponto, os mi-tos convergem para um cami-nho ilustrativo, esclarecendo a partir de histórias, processos turvos de nosso consciente. Para Everardo Rocha “O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala. É uma forma de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquieta-ções. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir so-bre a existência, o cosmos, as situações de “estar no mundo” ou as relações sociais”.

Sendo o mito uma narrati-va reflexiva deve-se pensar também, se ela é feita de uma voz isolada dentro de uma ex-periência pessoal, ou se é refra-ção de um coletivo mergulhado

nas formas de vida conjunta. Campbell traz uma explicação elucidativa sobre isto quando remete a analogia do sonho: “[...] o sonho é uma experiên-cia pessoal daquele profundo, escuro fundamento que dá su-porte as nossas vidas conscien-tes, e o mito é o sonho da socie-dade. Se o seu mito privado, seu sonho, coincide com o da sociedade, você está em bom acordo com seu grupo. Se não, a aventura o aguarda na densa floresta a sua frente”.

Neste sonho coletivo, ou seja, mítico, pede-se ao leitor que adentre no objeto específi-co deste artigo, pensando ini-cialmente no significado da palavra aluno e escola. Comu-mente, associamos o primeiro a alguém que está em processo de aprendizagem, frequenta-dor de um espaço chamado es-cola, detentora de pessoas pre-paradas para lhe ensinar algo de “utilidade”. Nesta descri-ção, temos que a palavra aluno significa, na verdade, alguém sem luz própria: a (não) luno (luz). Este conceito traduz o pensamento que ainda se cons-titui, na atualidade, sobre um estudante. E a escola – com seu sistema compartimentado e tradicional – continua repro-duzindo este estereótipo de pessoas sem luminosidade. Corpos dóceis e disciplinados para se renderem ao sistema de adestramento, no qual a es-cola ocupa lugar de destaque.Medusa Murtola, de Caravaggio

Page 73: Devaneio

73

Quem é a Medusa?

Na mitologia grega Medu-sa significa protetora guardiã. Mas a quem a escola guarda e protege? E quando se guarda algo, também não se deixa a carta dentro do baralho infinito da conformidade, sem nunca revelar sua plenitude? Há, por-tanto, uma analogia do mito da Medusa com os corpos presen-tes nesta escola, aonde o aluno vai se transformando (depen-dendo das experiências) em uma estátua petrificada, sem movimento, sem luz, sem von-tade própria. As várias Medu-sas bloqueiam.

MEDUSA: As paredes e as coisas

Reporto às paredes como um ser petrificador, porque criam entre os corpos um corte de relação, incrustando na mente dos seres da escola que o contato deve ser evitado. As paredes servem como isola-mento, delimitando o controle de deslocamento dos corpos, bem como os objetos (carteiras, mesas, portas fechadas) se tor-nam barreiras intransponíveis.

As paredes geram hierar-quias, e desigualdades de po-der, porque dividem o espaço entre aqueles que podem ter acesso livre e os demais, que não. Sala dos professores, sala de cada turma, sala da bibliote-ca, sala da direção, sala da se-

cretaria, todas as salas funcio-nando para manter o sistema, e as paredes servem a este siste-ma. O portão bloqueia o andar, o refeitório, junto com o toque do sino, propõe o jeito certo de comer, sentar, ficar e rotinar o ato de comer. Enquanto isso, os banheiros (espaço escondido) se transformam em objeto de revolta e quebra destas barrei-ras.

MEDUSA: As pessoasEsta Medusa é uma das

mais daninhas ao frequentador da escola, já que faz parte dela todos indiferentes ao estudan-te. Muitos que, por meio do olhar julgador, congelam o ato de pensar, e, por consequência, a ação do caminhar. As pessoas que fazem a escola são respon-sáveis por todo aprendizado formal e informal. A informali-dade (muitas vezes desestimu-lada) está nas conversas parale-las, nos intervalos, nas brincadeiras, e são resistências a esta paralisia “medusante”. As Medusas retiram notas, co-locam faltas, suspendem, hu-milham e vão destruindo o ca-minho destes nunca Perseus.

MEDUSA: O sistema pedagógico paralisante

A educação formal é se-guida por didáticas de aula re-pressoras ao movimento dos corpos (e da voz que é corpo), ao ponto de se criarem estraté-

gias de controle e punição. O tradicionalismo pedagógico, como serpentes encaracoladas, tonteia e adormece a mente dos alunos, pois as aulas se dão na cópia de textos e no exercício “colado” de outros colegas. As mesmas carteiras enfileiradas marcando o lugar para onde não se deve sair. Nestas cartei-ras, “avaliações” em papel ser-vem de instrumento para apro-var ou reprovar alunos com notas numéricas passadas para um diário, também de papel. Com este sistema, vivemos uma hierarquia de disciplinas, que gradeia o currículo e suge-re a importância da matemáti-ca e português em detrimento de teatro, música, dança, artes visuais, filosofia, sociologia.

MEDUSA: A BurocraciaDentro de um sistema pú-

blico de educação a Medusa da burocracia entra em evidência. Esta Medusa afeta a todos. São tantas serpentes agindo para ludibriar a gestão, ou o desejo de crescer, que é impossível se desvencilhar dela. Nesta buro-cracia estão inclusas as atribui-ções variadas dos professores, diretores, secretários e alunos. Planilhas de prestação de con-tas, diários de classe, listas de frequência, memorandos, ofí-cios, avaliações, são apenas al-guns documentos que servem à organização, mas que para-doxalmente entravam o siste-ma.

Page 74: Devaneio

O que é o escudo de Atenas? O elmo de Hades? As sandálias aladas de Hermes?

Todos estes acessórios fa-zem parte do arcabouço teóri-co e prático que o Teatro (ou a arte) traz para um aluno conse-guir se transformar em um Per-seu.

O escudo de Atenas, que na mitologia serve de proteção e espelha o reflexo da Medusa, serve pelo teatro, para prepa-rar o aluno nas questões de ar-gumentação, desinibição e criação de estratégias para re-fletir sobre sua existência, e ainda, para dispersar o reflexo negativo despendido pelas vá-rias Medusas da escola.

O elmo de Hades dá a Per-

seu o poder da invisibilidade. É através deste elmo que o aluno não mais se sente vigiado por um olhar ameaçador, pois tem a condição de ser feliz do jeito que é. O teatro apresenta a pos-sibilidade do aluno não ser mais um foco de deturpação de sua imagem.

As sandálias aladas de Hermes são a personificação da libertação dos alunos transfor-mados em Perseu. Estas sandá-lias que fazem Perseu voar compreende um estado de des-petrificação total. Nem todos chegam a este estágio, mas ex-perimentam, por meio dos jo-gos teatrais, a ampliação de seus horizontes criativos.

O surgimento de Pegasus

Pegasus, o cavalo alado, aparece após a cabeça da Me-dusa ser cortada. Ele é um sím-bolo de libertação da poesia, escondida no mais íntimo ser da Medusa. Sendo assim, a li-bertação poética acontece nos alunos, pois Perseu monta no Pegasus, bem como os alunos se descobrem amantes da arte. A poesia destes Perseus se en-contrava presa e petrificada, entretanto, ao se sentirem for-

tes, os alunos contestam a edu-cação e a forma como querem ser ensinados.

O poder do teatro: Enfretamento

O teatro do enfrentamento se dá na ação propositiva de professores de teatro, que não querem reproduzir apenas mo-delos pesquisados de sucesso, mas propor formas diferentes de aulas. Este enfrentamento ocorre de variadas maneiras, porém aqui são citadas três al-ternativas.

O enfrentamento interno está sujeitado aos valores e à formação do professor. Enten-der-se como alguém mutável não é fácil, pois lida com con-vicções e certezas que o sistema exige serem ensinadas. No en-tanto, o professor de teatro deve saber que não é possível estabelecer conformidades em relação aos saberes desta área, pois o próprio teatro é uma arte da ação e reação. É preciso en-frentar certezas afirmadas na universidade para adquirir re-pertórios próprios e estabelecer novas maneiras de lidar com o novo. Convencer-se de que não é viável trabalhar com teatro

Os alunos vão entendendo aos

poucos, sobre o que é presença, parti-cipação, avaliação, responsabilidade, instrumentos de

aprendizagem, re-flexão, convivência, saberes comparti-

lhados...

Escudo de Atena Elmo de Hades

Page 75: Devaneio

75

numa escola desprovida de re-cursos é a escolha mais comum, contudo conseguir trabalhar com teatro rompendo as pare-des e o juízo das pessoas torna a empreitada mais digna e re-confortante.

O enfrentamento das pes-soas também é uma esfera com-plicada, porque não temos ape-nas uma ou duas pessoas na condição de antagonista, e sim dezenas. Professores não estão acostumados a aulas que sejam tão distintas das tradicionais, e lançam olhares desconfiados. As aulas já não são dentro das paredes da sala, o refeitório não é só para comer, a quadra não tem apenas bola, mas bastões, cordas, caixas, roupas e outros objetos mobilizadores.

Os próprios alunos, ades-trados para práticas tradicio-nais de aula, demoram a com-preender o que significa liberdade e respeito. Os alunos vão entendendo, aos poucos, sobre o que é presença, partici-pação, avaliação, responsabili-dade, instrumentos de aprendi-zagem, reflexão, convivência, saberes compartilhados, entre outros, e vão virando protago-nistas de sua autonomia peda-gógica com orientação de to-dos, inclusive do professor.

O último enfrentamento é o do sistema, que ainda é en-gessado em relação ao protoco-lamento das ações educativas. É exequível uma aula diferen-ciada, no entanto, os registros de aula e notas ainda atam as mãos do professor e dos alu-nos. Para tanto, pode-se adotar a estratégia de que todos os alunos começam com a nota máxima e só precisam mantê--la, participando das ativida-des práticas e reflexivas. Isto faz com que alguns relaxem, mas são lembrados sobre a res-ponsabilidade de manterem suas notas. De início, muitos ignoram e descumprem o que é combinado, no entanto, ao per-ceberem de que estão sendo responsáveis diretos por suas perdas, começam a reestabele-cer uma conduta de respeito para com eles mesmos. D.

Sandálias de Hermes Pegasus

Marqueste Perseusdraeber Medusa

Page 76: Devaneio

D.