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Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 1ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
SUMÁRIO
4 HISTÓRIA
NOVOS CONHECIMENTOS, NOVAS TRADUÇÕES
A tradução da Bíblia para as principais línguas daEuropa
8 ESCLARECIMENTO
O ESPIRITISMO NO BRASIL
O espiritualismo na Ásia e Europa e a difusão doEspiritismo no Brasil
11 SONHO
O SONHO DE JOSÉ E A ESTRELA DOS MAGOS
Os avisos por meio de sonhos
12 REFLEXÃO
AINDA O ABORTO
Conseqüências físicas e espirituais
14 CAPAH5N1 - O VÍRUS MORTALSaiba mais sobre a gripe asiática que vem seespalhando pelo mundo
20 NATAL
ORDEM DO MESTRE
Resgatando o verdadeiro significado da vinda deJesus à Terra
24 APRENDIZADO
O GATO ESPÍRITA
A importância da transformação moral
27 COM TODAS AS LETRAS
PRONUNCIE CERTO “GRATUITO” E “FLUIDO”Importantes dicas da nossa língua portuguesa
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
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EDITORIALEdição
Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” – Depto. Editorial
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Impressão
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“Nosso Lar” responsabiliza-se
doutrinariamente pelos artigos
publicados nesta revista.
[email protected] (19) 3233-5596
Ninguém mais humilde que Ele, o Divino Governador da
Terra.
Podia eleger um palácio para a glória do nascimento, mas
preferiu sem mágoa a manjedoura simples.
Podia reclamar os princípios da cultura para o seu ministério
de paz e redenção; contudo, preferiu pescadores singelos para
instrumentos sublimes do seu verbo de luz.
Podia articular defesa irresistível a fim de dominar a governança
política; no entanto, preferiu render-se à autoridade, presente em
sua época, ensinando que o homem deve entregar ao mundo o
que ao mundo pertence, e a Deus o que é de Deus.
Podia banir de pronto do colégio apostólico o amigo invigilante,
mas preferiu que Judas conseguisse os seus fins, lamentáveis e
excusos, descerrando-lhe aos pés o caminho melhor.
Podia erguer-se ao Sol da plena vida eterna, sem voltar-se jamais
ao convívio humilhante daqueles que o feriram nos tormentos da
cruz; no entanto, preferiu regressar para o mundo, estendendo de
novo as mãos alvas e puras aos ingratos da véspera.
Podia constranger o espírito de Saulo a receber-lhe as ordens,
mas preferiu surgir-lhe qual companheiro anônimo, rogando-lhe
acordar, meditar e servir, em favor de si mesmo.
Em cristo, fulge sempre a humildade celeste, pela qual
aprendemos que, quanto mais poder, mais amplo o trilho augusto
aberto às nossas almas para que nos façamos, não apenas humildes
pelos padrões da Terra, mas humildes enfim pelos padrões de Deus.
Emmanuel
Antologia Mediúnica do Natal. Pág. 43.
Humildade Celeste
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
HISTÓRIA
Novos Conhecimentos
Novas Traduçõespor Alan Millard
�
Uma importante realiza
ção da Reforma foi a
tradução da Bíblia para
as principais línguas da Europa. Nos
séculos anteriores, fizeram-se aqui
e ali algumas traduções a partir da
Vulgata latina. A versão inglesa de
John Wycliffe foi uma delas.
Com os novos conhecimentos da
Renascença, mais estudiosos sabi-
am o grego, e assim puderam fazer
traduções diretamente do Novo
Testamento grego. Aquela que
Lutero usou como base para sua
Bíblia alemã, e Tyndale para sua
versão inglesa, foi preparada pelo
famoso erudito Erasmo. Seu Novo
Testamento grego foi o primeiro a
ser impresso e publicado (em 1516).
Ele compôs o texto a partir de
alguns manuscritos que tinha em
mãos. Só um deles trazia o
Apocalipse, e faltava a última pá-
gina, com os seis versículos finais;
assim, Erasmo verteu a Vulgata la-
tina de volta para o grego!
Com algumas correções e mu-
danças, o texto grego de Erasmo foi
impresso seguidas vezes. No século
XVII, um editor holandês referiu-
se a ele como "texto recebido"
(textus receptus), e esse nome fi-
cou. Quando o rei Tiago I da In-
glaterra compôs uma comissão para
produzir uma versão inglesa livre
das parcialidades das anteriores, o
texto grego de Erasmo foi a base do
Novo Testamento.
Embora a edição de Erasmo se
tenha tornado modelar, os estudio-
sos logo mostraram que havia toda
sorte de diferenças entre ela e os
manuscritos gregos, notadamente
os mais antigos. Quando o patriar-
ca Cirilo Lucar deu de presente o
Códice alexandrino ao rei da In-
glaterra, acabou proporcionando
uma cópia mais antiga do que qual-
quer outra conhecida no século
XVII. A Poliglota de Walton, o
Novo Testamento em vários idio-
mas antigos publicado em Londres
em 1657, comentou suas variantes.
Ao longo de todo o século XVIII
continuou o trabalho de exame de
manuscritos do Novo Testamento e
de identificação de suas variantes.
O estudo das diferenças levou a
uma melhor compreensão de como
os escribas cometiam erros (v. "Er-
ros comuns") e à criação de dire-
trizes que orientassem a preferên-
cia de um texto em detrimento de
ouro.
Com a recuperação do Códice
sinaítico por Tischendorf, além das
suas pesquisas sobre outros manus-
critos, e ainda os trabalhos de vári-
O grande erudito renascentistaErasmo percebeu a necessidade deum texto impresso modelar do NovoTestamento grego. Seu trabalho foia basepara a maior parte dastraduções até o século XIX
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HISTÓRIA
O Novo Testamento traduzido por
Erasmo foi o primeiro a ser impresso
e publicado em 1516
�
os outros estudiosos, o século XIX
presenciou importante mudança de
opinião.
Ficaram claras as limitações do
texto tradicional ou "recebido" de
Erasmo. De fato ele preservara as
palavras dos autores mas depois de
terem sofrido algumas mudanças e
harmonizações. A fim de apresen-
tar ou traduzir com precisão aquilo
que escreveram os autores do Novo
Testamento, esse texto precisava de
algumas revisões que o colocassem
em acordo com manuscritos mais
antigos.
Na Inglaterra, a Versão revisa-
da de 1881 foi a primeira tradução
a romper com o texto tradicional
em determinados trechos. Desde
então, a maioria das traduções tem
feito o mesmo. Para alguns cristãos,
isto é desconcertante. Por que a
Bíblia deveria sofrer essas mudan-
ças? Como é que a igreja pôde exis-
tir por tanto tempo tendo cópias
falhas dos seus documentos funda-
mentais? Será que os manuscritos
muito antigos são realmente supe-
riores ao texto tradicional?
Essas questões foram levantadas
há cem anos e, como persistem ain-
da hoje, merecem atenção. A últi-
ma de delas é fundamental: se a
maioria dos cerca de cinco mil ma-
nuscritos gregos do Novo Testamen-
to, ou partes dele, apresentam tex-
tos como o de Erasmo, por que se
deveria pensar que um pequeno
número discordante é melhor?
Os pregadores têm o intuito de “darvida à Bíblia”. Para ajudar o povoinculto da Idade Média, os escribasacrescentaram ilustrações ao textoda Bíblia. As personagens bíblicasaparecem como se vivessem naIdade Média. No século XII, o Cristoda Bíblia de Winchester aparece“atormentando” o inferno
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
HISTÓRIA
Cópias antigas não são
necessariamente as melhores
�
Só a idade não pode dar pri-
mazia a essa porção minoritária.
Cópias antigas não são necessari-
amente melhores. Algumas pesso-
as sustentam que manuscritos
como o Códice sinaítico sobrevi-
veram porque eram cópias ruins.
Pouco usadas, não foram lidas à
exaustão como as boas que, por
isso mesmo, acabaram desapare-
cendo.
Três linhas de argumento res-
pondem a essas questões. Primei-
ra: se existissem somente duas ou
três cópias do século IV, como os
códices do Sinai ou do Vaticano,
sua sobrevivência como cópias
falhas relegadas a armários som-
brios seria uma explicação acei-
tável. Mas acontece que seu tes-
temunho é corroborado por todas
as outras cópias de idade igual ou
superior. Nos trechos em que há
diferenças em relação ao texto
tradicional, eles freqüentemente
as partilham; raramente um de-
les sustenta a forma tradicional
nessas passagens. Seu número e
as circunstâncias das descobertas
tornam estatisticamente imprová-
vel que todos fossem cópias rejei-
tadas e que toda cópia "boa" te-
nha perecido completamente.
Segunda: não há democracia
nos estudos textuais; a voz da mai-
oria não prevalece. O conheci-
mento dos hábitos dos escribas e
da história da cópia deixa isso
bem claro. Quase todos os manus-
critos do Novo Testamento foram
feitos depois do século IV. Qual-
quer um que provenha de data
anterior demanda investigação
especial. Eles revelam as formas
dos livros do Novo Testamento
correntes nos primeiros séculos da
vida da igreja. Se os métodos nor-
mais de estudo de textos antigos
mostrarem que esses têm carac-
terísticas de textos mais antigos
em comparação ao texto tradici-
onal, então obviamente terão pre-
ferência.
Durante 1400 anos os escribascristãos copiaram seus livrossagrados à mão, como João o faznesse evangelho grego do século XI.A invenção da imprensa permitiuque Erasmo e os reformadorespopularizassem a Bíblia de modomuito mais fácil e barato
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HISTÓRIA
Todos os manuscritos do Novo
Testamento sofrem das falhas dos seus
copistas humanos
Fonte:
MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos
Bíblicos. Págs. 342 - 345. VIDA. São Paulo/
SP. 1999.
Terceira: há um conjunto dis-
tinto de provas bastante
reveladoras. Passagens do Novo
Testamento aparecem com fre-
qüência nos livros dos primeiros
mestres e estudiosos cristãos (os
pais). Esses homens citavam de
memória as passagens mais curtas;
as mais longas podem ter sido co-
piadas de manuscritos - embora
suas memórias fossem provavel-
mente melhores do que muita
gente imagina hoje. O notável é
que essas citações tendem a con-
cordar com os textos mais antigos,
e não com o tradicional, nos tre-
chos em que há diferenças. Se o
texto tradicional estivesse em uso
na época, certamente os líderes
cristãos o teriam citado!
Esses argumentos são todos
válidos. O texto tradicional pre-
cisa ser avaliado pelos parâmetros
aplicados a todos os textos e ma-
nuscritos antigos. É absurdo ale-
gar que o Novo Testamento for-
ma uma categoria isolada só por
ser Escritura. Todos os manuscri-
tos do Novo Testamento, seja qual
for o texto que tragam, sofrem das
falhas dos seus copistas humanos.
Casos de acréscimos e harmoni-
zações são típicos de um texto tar-
dio, e isso facilmente se vê no tex-
to tradicional do Novo Testamen-
to grego. Os evangelhos são can-
didatos óbvios à harmonização.
Um caso evidente está em
Lucas 23.38: "E por cima fixou-se
também uma inscrição em letras
gregas, latinas e hebraicas" (Ver-
são autorizada [do rei Tiago]). As
traduções modernas omitem a lis-
ta de "letras". Essas palavras ocor-
rem em várias cópias em ordens
diferentes, e estão ausentes do
Papiro de Bodmer (início do sé-
culo III) e do Códice vaticano. A
melhor explicação para isso é que
as palavras talvez não fizessem
parte do texto original de Lucas,
mas foram inseridas nele por ana-
logia com o relato de João. Se as
palavras pertenciam a Lucas ori-
ginariamente, não há como expli-
car essa omissão ou confusão.
Mudanças de tendências reli-
giosas também influenciaram os
copistas. Onde o texto tradicio-
nal dá: "José e sua mãe admira-
ram-se das coisas que dele se di-
ziam" (Lucas 2.33), as cópias mais
antigas trazem: "O pai e mãe do
menino" (compare com Versão
modelar revisada, Bíblia na lin-
guagem de hoje e Nova versão
internacional). À medida que
crescia dentro da igreja a impor-
tância de Maria, os copistas pas-
saram a sentir necessidade de eli-
minar qualquer coisa que pudes-
se lançar dúvida sobre a doutrina
do nascimento virginal de Jesus.
Os passos dados pelos estudio-
sos no século XIX rumo à revela-
ção da história do texto grego do
Novo Testamento faziam parte de
um processo mais amplo. Cópias
de famosos clássicos gregos e la-
tinos, encontradas entre os papi-
ros do Egito, tiveram efeitos se-
melhantes sobre o estudo desses
textos. Em conseqüência, os er-
ros dos escribas puderam ser cor-
rigidos, as linhas omitidas pude-
ram ser restauradas e as expres-
sões impropriamente acrescenta-
das puderam ser eliminadas, ge-
rando textos mais próximos às pa-
lavras escritas pelos autores.
Isolar o Novo Testamento des-
se processo seria um grande erro.
Antes, todos os que o apreciam
deveriam alegrar-se ao ver que ele
pode ser tratado do mesmo modo
que textos de idade equivalente.
Dessa forma seu estudo torna-se
mais preciso. Num aspecto ele so-
bressai aos outros. Em muitos dos
clássicos os estudiosos precisam
propor mudanças nas palavras a
fim de dar sentido a versos e fra-
ses. O texto do Novo Testamento
foi tão bem preservado que ne-
nhuma passagem demanda tal
tratamento. O texto do Novo Tes-
tamento bem como todas as tra-
duções feitas por estudiosos com-
petentes merecem confiança. �
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
O Espiritismo no Brasil
�
por Chico Xavier
ESCLARECIMENTO
Numerosos companhei-
ros de Allan Kardec
já haviam regressado
às luzes da espiritualidade, quan-
do inúmeras entidades do servi-
ço de direção dos movimentos es-
píritas no planeta deliberaram
efetuar um balanço de realizações
e de obras em perspectiva, nos ar-
raias doutrinários, sob a benção
misericordiosa e augusta do Cor-
deiro de Deus.
Vivia-se, então, no linear do
século XX, de alma aturdida ante
as renovações da indústria e da
ciência, aguardando-se as mais
proveitosas edificações para a vida
do Globo.
Falava-se aí, nesse conclave do
plano invisível, com respeito a
programação de nova fé, em to-
das as regiões do mundo, procu-
rando-se estudar as possibilidades
de cada país, no tocante ao grande
serviço de restauração do Cristia-
nismo, em fontes simples e puras.
Após várias considerações, em
torno do assunto, o diretor espiri-
tual da grande reunião falou com
segurança e energia:
"Irmãos de eternidade: no
mundo terrestre, de modo geral,
as doutrinas espiritualistas, em
sua complexidade e transcendên-
cia, repousam no coração da Ásia
adormecida; mas, precisamos con-
siderar que o Evangelho do Divi-
no Mestre não conseguiu ainda
harmonizar essas variadas corren-
tes de opinião do espiritualismo
oriental com a fraternidade per-
feita, em vista de as nações do
Oriente se encontrarem cristali-
zadas na sua própria grandeza, há
alguns milênios.
Em breve as forças da violên-
cia acordaram esses países que
dormem o sono milenário do or-
gulho, numa injustificável aristo-
cracia espiritual, afim de que se
integrem na lição de da solidari-
edade verdadeira, mediante os
Em todos as regiões do mundo
procurava-se restaurar o Cristianismo
em fontes simples e puras
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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Sobre as ruínas das civilizações ocidental,
deverá florescer uma sociedade nova,
com base na solidariedade e na paz
ensinamentos do senhor!... Urge,
pois, nos voltemos para a Europa
e para a América, onde se
campeiam as inquietações e
anseios, existe um desejo real de
reforma, em favor da grande coo-
peração pelo bem comum da co-
letividade. Certo, essa renovação
é sinônima de muitas dores e dos
mais largos tributos de lágrimas e
de sangue; mas, sobre as ruínas
das civilização ocidental, deverá
florescer no futuro uma socieda-
de nova, com base na solidarie-
dade e na paz, em todos os cami-
nhos dos processos humanos...
Examinemos os resultados dos pri-
meiros esforços do Consolador no
velho mundo!..."
E os representantes dos exér-
citos de operários, que laboram
nos diversos países da Europa e da
América,começaram a depor, so-
bre os seus trabalhos, no congres-
sos do plano invisível,
elucidando-o sinteticamente:
"A França - exclamava um de-
les -, berço do grande missionário
e codificador da doutrina, desve-
la-se pelo esclarecimento da ra-
zão, ampliando os setores da ci-
ência humana, positivando a re-
alidade de nossa sobrevivência,
através dos mais avançados mé-
todos de observação e de pesqui-
sa. Lá se encontram ainda nume-
rosos mensageiros do Alto, como
Denis, Flammarion e Richet, cla-
reando ao mundo os grandes ca-
minhos filosóficos e científicos do
provir".
"A Grã-Bretanha - afirma ou-
tro - multiplica os seus centros de
estudos e observação, intensifi-
cando as experiências de Crookes
e dissolvendo antigos preconcei-
tos".
"A Itália - asseverava novo
mensageiro - teve em Lombroso o
início das experiências decisivas.
O próprio Vaticano se interessa
pela movimentação das idéias
espiritistas no seio das classes so-
ciais, onde foi estabelecido rigo-
roso critério de análise no comér-
cio dos planos invisíveis com o
homem terrestre".
"A Rússia, bem como outras
regiões do Norte - prosseguia ou-
tro emissário -, conseguira com
Aksakof a difusão de novas ver-
dades consoladoras. Até a corte
do Czar se vem interessando nas
experimentações fenomênicas da
Doutrina".
"A Alemanha - afirmava um
outro - possui numerosos físicos
que se preocupam cientificamen-
te com os problemas da vida e da
morte, enriquecendo os nossos
esforços de novas expressões de
experiência e cultura..."
Iam as exposições nesta altu-
ra, quando uma luz doce e mise-�
ESCLARECIMENTO
ASSINE: (19) 3233-559610 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
ricordiosa inundou o ambiente da
reunião de sumidades do plano es-
piritual. Todos se calaram, tomados
de emoção indizível, quando uma
voz augusta e suave, falou, através
das vibrações radiosas de que se to-
cava a grande assembléia:
"Amados meus, não tendes,
para a propagação da palavra do
Consolador, senão os recursos da
falível ciência humana? Esque-
cestes que os excessos de
raciocínio prejudicaram
o coração das ovelhas
desgarradas do
grande rebanho?
Não haverá ver-
dade sem hu-
mildade e sem
amor, porque
toda a realida-
de do univer-
so e da vida
deve chegar
ao pensamento
humano, antes
de tudo, pela fé,
ao sopro dos seus
resplendores eter-
nos e divinos!... Pro-
curai a nação da frater-
nidade e da paz, onde se
movimenta o povo mais
emotivo do globo terrestre, e
iniciai ali uma nova tarefa. Se o
Cristo edificou a sua igreja sobre
pedra segura e inabalável da fé
que remove montanhas e se o
Consolador significa a doutrina
luminosa e santa de esperança e
redenção suprema das almas, to-
dos os seus movimentos devem
conduzir a caridade, antes de
tudo, porque sem caridade não
haverá paz nem salvação para o
mundo que se perde!..."
Uma copiosa efusão de luzes,
como bençãos do divino mestre,
desceu do Alto sobre a grande as-
sembléia, assim que o apóstolo do
senhor terminou a sua exortação
comovida e sincera, luzes essas
que se dirigiam, como aluvião de
claridades, para a terra generosa e
grande que repousa sob a luz glori-
osa da constelação do Cruzeiro.
E foi assim que a carida-
de selou, então, todas as
atividades do Espiri-
tismo brasileiro.
Seus núcleos, em
todo o país, co-
meçaram a re-
presentar os
centros de
e u c a r i s t i a
divina para
todos os de-
sesperados e
para todos os
sofredores .
Mult ipl ica-
ram-se as ten-
das de trabalho
do Consolador,
em todas as suas
cidades prestigiosas,
e as receitas mediúni-
cas, os conselhos morais,
os postos de assistências, as
farmácias homeopáticas gratuitas,
os passes magnéticos, multiplica-
ram-se, em todo o Brasil, para a
fusão de todos os trabalhadores, no
mesmo ideal de fraternidade e re-
denção pela caridade mais pura. �
Fonte:
XAVIER, Francisco C. Novas Mensagens.
ESCLARECIMENTO
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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SONHO
Os avisos por meio de sonhos
desempenham grande papel nos li-
vros sagrados de todas as religiões.
Sem garantir a exatidão de todos
os fatos narrados e sem os discutir,
o fenômeno em si mesmo nada tem
de anormal, sabendo-se, como se
sabe, que, durante o sono, é quan-
do o Espírito, desprendido dos la-
ços da matéria, entra momentane-
amente na vida espiritual, onde se
encontra com os que lhe são co-
nhecidos. É com freqüência essa a
ocasião que os Espíritos protetores
aproveitam para se manifestar a seus
protegidos e lhes dar conselhos
mais diretos. São numerosos os ca-
sos de avisos em sonho, porém, não
se deve inferir daí que todos os so-
nhos são avisos, nem, ainda menos,
que tem uma significação tudo o
que se vê em sonho. Cumpre se in-
clua entre as crenças supersticio-
sas e absurdas a arte de interpretar
os sonhos.
Estrela dos MagosDiz-se que uma estrela apareceu
aos magos que foram adorar a Je-
sus; que ela lhes ia à frente indi-
cando-lhes o caminho e que se
deteve quando eles chegaram. (S.
Mateus, 2:1 a 12.)
Não se trata de saber se o fato
que S. Mateus narra é real, ou se
não passa de uma figura indicativa
de que os magos foram guiados de
forma misteriosa ao lugar onde es-
tava o Menino, dado que não há
meio algum de verificação; trata-
se de saber se é possível um fato de
tal natureza.
O que é certo é que, naquela
circunstância, a luz não podia ser
uma estrela. Na época em que o fato
ocorreu, era possível acreditassem
que fosse, porquanto então se cria
O Sonho de José e a estrela
dos Magospor Allan Kardec
serem as estrelas pontos luminosos
pregados no firmamento e suscetí-
veis de cair sobre a Terra; não hoje,
quando se conhece a natureza das
estrelas.
Entretanto, por não ter como
causa a que lhe atribuíram, não
deixa de ser possível o fato da apa-
rição de uma luz com o aspecto de
uma estrela. Um Espírito pode apa-
recer sob forma luminosa, ou trans-
formar uma parte do seu fluido
perispirítico em foco luminoso.
Muitos fatos desse gênero, moder-
nos e perfeitamente autênticos, não
procedem de outra causa, que nada
apresenta de sobrenatural. �
SonhosJosé, diz o Evangelho, foi avisa-
do por um anjo, que lhe apare-
ceu em sonho e que lhe acon-
selhou fugisse para o Egito com
o Menino. (S. Mateus, 2:19 a 23.)
Fonte:
KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XV
ASSINE: (19) 3233-559612 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
REFLEXÃO
Ainda o Abortopor Eliseu Rigonatti
Casais de semblantes apreensivos
aguardavam sua vez; ambiente tenso
e asfixiante
�
Em minhas andanças pela
noite adentro, semiliber-
to do corpo, encontrei
meu amigo e companheiro O. F.
acompanhado de uma senhora.
O.F apresentou-ma:
- Esta irmã, em suas horas de
liberdade parcial, dedica-se à no-
bre tarefa de combater o aborto,
procurando desviar desse crime os
casais que são tentados a
perpetrá-lo. Vamos agora visitar uma clínica "fazedora de anjos".
Quer vir?
A clínica situava-se num anti-
go bairro aristocrático, hoje em
completa decadência; seus velhos
palacetes transformaram-se em ca-
sas de cômodos, ou pensões de ter-
ceira classe. Paramos diante de um
deles, de linhas clássicas, rodeado
de arvoredo, dando a impressão de
completo abandono; grossas grades
enferrujadas o cercavam.
- É aqui, entremos.
O vestíbulo era espaçoso; cir-
cundavam-no poltronas aconche-
gantes; afigurou-nos uma sala de
espera de consultório médico.
Casais de semblantes apreensi-
vos aguardavam sua vez; emanações
evolavam-se do alto dos cérebros
deles, indicando a que tipo de pen-
samentos se entregavam.
Ambiente tenso e asfixiante.
Olhamos para nossa companheira
interrogativamente.
- Isto, meus amigos, não é plano
espiritual; é terreno mesmo, existe
aqui em São Paulo. É uma clínica
de abortos que trabalha nas ma-
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 13ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
REFLEXÃO
...vimos o bebê ser arrancado vivo do
útero materno, e ser mergulhado num
vidro de álcool
drugadas. As pessoas que vocês
vêem aí sentadas são moças e seus
amantes, maridos e suas esposas,
enfim casais que querem livrar-se
do filho que vive no seio de suas
já mãezinhas.
Visitamos o palacete; cami-
nhamos por um corredor em cujos
lados haviam pequenas salas,
umas prontas para receber as pa-
cientes, outras fechadas por cor-
tinas espessas, e dentro das quais
se ouvia o manusear de instru-
mentos cirúrgicos.
A senhora que até aí nos acom-
panhara, desapareceu; tomou o seu
lugar um nosso instrutor espiritual,
que nos empurrou para dentro de
um desses cubículos, sofrivelmente
higienizado, e onde se processava
uma operação de aborto.
Naquele momento, em nosso cor-
po espiritual, sofremos um choque
tremendo: vimos o bebê ser arranca-
do vivo do útero materno, movendo
seus membrozinhos, sua boquinha, e
ser mergulhado num vidro de álcool,
desses que se usam para guardar con-
servas. Agitou-se ainda um pouco,
engasgou-se e morreu. E o vidro foi
colocado na prateleira ao lado de al-
guns outros, cujos ocupantes tinham
sido extirpados nessa noite.
Horrorizados, agrupamo-nos em
torno de nosso instru-
tor, que nos disse:
- Não temam.
Vocês assistiram ao
que se passa material-
mente nessas espelun-
cas, onde assassinos
com alto título acadê-
mico matam impune-
mente, com o que acu-
mulam consideráveis e
nojentas fortunas.
Vocês verão agora a
parte espiritual disso,
aquilo que os olhos hu-
manos não vêem.
Estendendo mãos
espalmadas sobre nos-
sas cabeças, aumen-
tou-nos a visão espiri-
tual. E ouvimos atormentado cho-
ro de bebês: choravam os Espíritos
enxotados do colo materno. E de
permeio a essa vozearia, escutáva-
mos distintamente: "Assassinos, as-
sassinos, assassinos... pais assassinos
e gozadores...".
Por detrás do médico operante
e da enfermeira que o ajudava, pos-
tavam-se Espíritos obsessores, vam-
piros de horrendo aspecto, os quais
sugavam avidamente a placenta,
saciando-se dos fluidos vitais que
ela continha. E demonstrando am-
plo conhecimento cirúrgico, aplica-
vam suas mãos às do médico, e tra-
balhavam agilmente com ele.
Retiramo-nos nauseados da-
quela sala sangrenta, e encontra-
mos uma jovem que se retirava de
outra, cambaleando. Um moço cor-
reu a ampará-la. Colado ao abdô-
men da operada, da altura dos sei-
os até o baixo ventre, um Espírito
em forma infantil, com seus
bracinhos, abraçava a mãe que o
enjeitara; sua cabecinha erguida
fitava-lhe o rosto e flebilmente
murmurava:
- Eu tanto que necessito renas-
cer...
Finalizando, nosso instrutor ex-
plicou-nos:
- Não temos o direito de inter-
ferir no livre-arbítrio de quem quer
que seja. O aborto criminoso amon-
toa carma sobre carma nos ombros
dos responsáveis por ele; e o resga-
te será sempre difícil e penoso. �
Fonte:
RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das Re-
cordações. Págs. 88 - 90. Pensamento. São
Paulo/SP
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
Talvez a mutação do vírus, que lhe
permitiria saltar de um humano para
outro humano, nunca se processe
�
Estamos tão acostumados
com o vírus da gripe que
não nos damos conta de
que cerca de 30 milhões a 60 mi-
lhões de norte-americanos são
infectados a cada ano. Desse nú-
mero, aproximadamente 36 mil pes-
soas, grande parte idosas,
desencarnam vitimadas pela doen-
ça. Estima-se de 10 mil a 15 mil
mortes em nosso país ao ano.
O vírus passa por um processo
constante de mutação e ninguém se
torna completamente imune; em con-
seqüência, uma nova vacina, a cada
ano, necessita ser desenvolvida.
Isso, porém, para a gripe comum,
isto é, aquela para a qual nosso cor-
po já desenvolveu algum tipo de
proteção. Mas, a doença que está
matando no Sudeste Asiático não
é uma gripe ordinária. Inicialmen-
te, suas vítimas foram as galinhas;
um número superior a 100 milhões
de aves foram mortas pelo próprio
vírus como, também, pelas tentati-
vas, quase sempre ineficazes, de
controle da epidemia.
Robert Webster, do Hospital In-
fantil de Pesqui-
sas St. Jude, em
Mênfis, estudioso
do vírus da gripe
há 40 anos, nun-
ca presenciou
nada semelhante
ao tipo viral que
está matando na
Ásia.
"Mesmo em
sua forma origi-
nal, esse é o pior
vírus de gripe, em
termos de capaci-
dade patogênica,
que já pesquisei", afirma Webster.
Algumas horas após serem
infectadas as galinhas morrem in-
chadas e com hemorragia. O vírus
terrível também ataca mamíferos e
seres humanos.
Especialistas prevêem uma ca-
tástrofe promovida pelo agente in-
feccioso, identificado como H5N1;
esse vírus não se mostrou muito
hábil para se transportar das aves
para os homens, muito menos de
uma pessoa para outra.
Talvez a mutação do vírus, que
lhe permitiria saltar de um huma-
no para outro humano (como as
gripes comuns aprenderam a fazer),
nunca se processe. Quem sabe, esse
tipo de doença não seja, essencial-
mente, capaz de promover essa al-
teração ou, ainda, os esforços em
prol da erradicação do vírus te-
nham êxito. Entretanto, os especi-
alistas alertam as autoridades mun-
diais para o pior.
O médico da Universidade de
Oxford, Jeremy Farrar, que traba-
lha no combate contra a gripe
aviária no Hospital para Doenças
Tropicais de Ho Chi Minh, no
Vietnã, afirma que os conhecimen-
tos sobre os vírus e suas capacida-
des de mutação, que lhes permitem
transpor fronteiras entre as espéci-
es, conduzem a seguinte convicção:
H5N1 - O vírus mortal
15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
�
Em 2001, uma cepa letal de H5N1
apareceu nos mercados de Hong Kong
e a cidade teve de matar suas aves
mesmo que esse vírus não atinja a
população mundial, é provável que,
em algum momento, um vírus se-
melhante sofra uma transformação
genética que lhe permita espalhar-
se de uma pessoa para outra. "Mais
cedo ou mais tarde, isso vai acon-
tecer. E, quando chegar a hora, o
mundo irá enfrentar uma pandemia
horrível". Como já aconteceu no
passado!
A gripe espanhola de 1918:Por ocasião da primeira grande
guerra mundial os soldados come-
çaram a morrer por algum tipo de
mal não definido. Ninguém sabe ao
certo quando e onde surgiu a gripe
espanhola, entretanto, pouco pro-
vável que tenha sido na Espanha.
Em maio de 1918 foram divulgados,
naquele país, as primeiras notícias
sobre a epidemia, daí, foi, impro-
priamente, batizada como gripe es-
panhola. Na realidade, a epidemia
já se disseminava por ambos os la-
dos das frentes combatentes na
Europa. Depois de contaminar os
soldados e os navios de transportes
de tropas européias, atingiu a po-
pulação civil de cidades industri-
ais e portuárias. "Todas as pessoas
do planeta entraram em contato
com o vírus, e metade delas ficou
doente", diz Jeffery Taubenberger,
do Instituto de Patologia das For-
ças Armadas, em Maryland, em-
penhado em desvendar o motivo
que tornou esse vírus mortal para
mais de 50 milhões de pessoas em
todo mundo (vitimando três ve-
zes mais que a guerra). Os espe-
cialistas daquele período não sus-
peitavam que a enfermidade cei-
feira de tantas vidas fosse uma
espécie de gripe!
O que teria transformado esse
vírus em algo tão fatal? Não se
sabe ainda! Os pesquisadores afir-
mam, porém, que o vírus da gripe
espanhola teria conseguido cru-
zar a barreira das espécies, vindo
de algum animal não identifica-
do, surpreendendo as vítimas hu-
manas.
Robert Webster e seus co-
legas conseguiram responder a
uma questão crucial: De onde
vêm os vírus da gripe? Inegavel-
mente das aves selvagens do mun-
do, das aves aquáticas
(mergulhões, patos, maçaricos).
Dezenas de subvírus, inofen-
sivos, em sua maioria, para seus
hospedeiros e outras criaturas,
habitam as entranhas das aves. Às
vezes, porém, um deles consegue
infectar as aves domésticas e, ra-
ramente, incorpora-se ao estoque
bem mais restrito do vírus tipo A
que infecta os seres humanos.
Mas, em 1997, uma cepa do
H5N1 atingiu a espécie humana.
Na região rural de Hong Kong, no
início daquele ano, um surto de
gripe dizimou várias galinhas, nin-
guém suspeitou que pudesse atin-
gir pessoas.
Em 2001, mais uma cepa letal
de H5N1 apareceu nos mercados
de Hong Kong e a cidade teve de
matar suas aves, mas, em 2002, as
galinhas tornaram a morrer por
conta da gripe. Apesar de todas
as providências não conseguiram
erradicar a origem do mal que
Mercados de aves vivas, como este em Hanói, aceleram a difusão do vírus deuma granja a outra. Os criadores levam de volta as aves não vendidas - juntocom os vírus que tenham contraído
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
Por enquanto, o vírus é transmitido
de uma ave para um ser humano, mas
não de uma pessoa para outra�
estava fora, do lado aposto da
fronteira entre a cidade e o sul
da China.
Milhões de galinhas, patos e
gansos fervilham por hortas, la-
vouras e lagos na província chi-
nesa de Guangdong. Nesse ocea-
no de aves domésticas os vírus
caem como chuva, podendo se pro-
pagar e trocar genes freneticamen-
te, criando mutações como o H5N1,
que deu origem a gripe aviária.
Ano após ano ele se desenvol-
veu permutando genes com outros
vírus, criando uma multidão de
novas variantes do H5N1 que vem
assediando Hong Kong. Propa-
gou-se da China para a Coréia do
Sul e o Japão e alcançou a
Indonésia.
Por enquanto, o vírus é trans-
mitido de uma ave infectada para
um ser humano, mas não de uma
pessoa para outra. Teme-se que a
doença consiga adaptar-se às con-
dições humanas e encontre um
modo de se proliferar de uma para
outra pessoa. Se isso acontecer te-
remos uma epidemia universal,
isto é, uma pandemia!
Em Hong Kong varias atitudes
já foram tomadas como vacinar
todos os frangos e realizar testes
regulares em galinhas, aves sel-
vagens e de estimação; fechar,
duas vezes por mês, centenas de
barracas que comercializam aves
vivas para desinfetá-las; entretan-
to, os cientistas acreditam que
medidas como essas se asseme-
lham a segurar um muro que pesa
a cada dia e tende a desmoronar
a qualquer momento.
Ea Khamjean põe em risco a própria saúde ao sugar o sangue das feridas de seu galo após uma luta. Na Tailândia,milhares de galos de briga morreram de gripe aviária ou foram exterminados para conter a disseminação - epelo menosum indivíduo morreu após contrair o vírus de suas valiosas aves.
17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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Os paises ricos preparam-se
para o pior. Os governos estão am-
pliando os estoques de Tamiflu, o
medicamento capaz de prevenir e
tratar a gripe. O fabricante, po-
rém, (a Roche, uma empresa suí-
ça) não tem como atender à de-
manda. O reino Unido solicitou
doses para cerca de 15 milhões de
pessoas, um quarto de sua popu-
lação; a França a mesma quanti-
dade, os Estados Unidos optaram
por uma quantidade menor, sufi-
ciente para cerca de 2.3 milhões
de pessoas.
Ninguém sabe, ao certo, o que
pode acontecer; se de fato o vírus
conseguirá a temida mutação.
Mas, de uma coisa os especialista
têm certeza: um dia, talvez não
muito distante, irá eclodir uma
nova pandemia e a perspectiva é
que na modernidade, num mun-
do globalizado, as vítimas sejam
de 7.4 a 180 milhões, o que já é
um número assustador de mortos,
mas a previsão de mortes por in-
fecção exponencial numa epide-
mia mundial é de 360 milhões de
mortos. Outra certeza que se tem
é que a possível pandemia, se efe-
tivamente instalada, também ter-
minará, isto é, pela própria capa-
cidade do nosso sistema
imunológico de domá-la. Como
aconteceu no passado. A gripe
comum e passageira que envolve
muitos brasileiros e com poucos
comprimidos vai embora é, muito
provavelmente, uma variante da
gripe espanhola de 1918, que se
tornou um dos vírus mais fracos
existentes hoje e que, no auge de
sua epidemia ceifou cerca de 50
a 100 milhões de vidas.
A gripe aviária é um castigodivino?Certamente não!
Quando a natureza é abalada
em seu equilíbrio surgem os proble-
mas ambientais, biológicos, etc.
Parece ser mais um abuso do ho-
mem do que um castigo divino. É a
lei de Causa e Efeito ensinando-nos
a respeitar e não interferir tanto no
equilíbrio natural do mundo.
Sabe-se que na Tailândia, por
Visão Espírita das doenças
O Espiritismo explica que nossa na-
tureza corpórea é grosseira e necessá-
ria ao nosso desenvolvimento e evolu-
ção. Habitamos a Terra, que é um pla-
neta de provas e expiações porque ainda necessitamos das experi-
ências que esse planeta nos pode ofertar. Se enfrentamos doenças
físicas como as epidemias, por exemplo, isso se deve ao nosso pou-
co estágio evolutivo que ainda não aprendeu a educar a população
mundial, com vistas aos hábitos mínimos de higiene que nos poderi-
am livrar de várias doenças.
Num mundo globalizado, não será mais possível que um país cres-
ça menosprezando e explorando outro, pois que os fatores econô-
micos, sociais, políticos, climáticos, biológicos, etc, formam uma
espécie de efeito em cadeia. Assim, observamos que Deus age de
maneira muito sábia. Em princípio, a lei de fraternidade deveria equi-
librar os fatores acima citados, isto é, com atitudes fraternas os
povos deveriam aproveitar melhor os recursos econômicos, a polí-
tica deveria ser exercida com ética, a indústria farmacêutica ao al-
cance de todos... Mas o contrário também leva à fraternidade. Veri-
ficamos que a partir dos interesses econômicos, por exemplo, o
homem sente-se, quase que obrigado, a respeitar o outro, para que
o outro, se doente, desequilibrado, marginalizado o afete em sua
saúde social, biológica, econômica e política. Assim, num futuro não
muito distante, a fraternidade será uma relação social necessária e
obrigatória para o equilíbrio do mundo.
exemplo, milhares de galos de bri-
ga morreram de gripe aviária. Pa-
rece ser comum, aos proprietários
dos referidos galos, sugarem o san-
gue das feridas de suas preciosas
aves, machucadas nas populares
rinhas, almejando curá-las. Isso
explicaria um modo de como o ví-
rus H5N1saiu das aves para os se-
res humanos.
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
PANDEMIA HIPOTÉTICA: 180 DIAS (exemplificada em 2000)
O espírita preocupa-se com os
acontecimentos sociais, mas evita o
desespero
Será que a gripe chegará aoBrasil?Nada podemos afirmar! O que
sabemos é que se chegar será um
convite ao exercício da solidari-
edade, do desenvolvimento cien-
tífico, que certamente virá, e da
resignação diante daquilo que
não puder ser mudado.
O espírita, como qualquer ou-
tro cidadão, preocupa-se com os
acontecimentos sociais, mas evi-
ta o desespero e os comentários
menos edificantes.
Esclarecidos pela Doutrina
procuremos fazer o melhor para
evitar qualquer tipo de epidemia
e a tudo suportemos com fé, paci-
ência e resignação.
Necessário lembrar que Espí-
ritas notáveis souberam enfrentar
situações como essas com absolu-
to senso de caridade e renúncia.
É o caso do apóstolo de Sacramen-
to, Eurípedes Barsanulfo, que
Universidade de Maryland, inocula em Christopher Tate, voluntário, uma vacinaexperimental contra o H5N1. Em agosto, o governo americano anunciou que avacina parecia eficaz
Hong
Kong
Sydney
Bangcoc Mumbai
(Bombaim)São Paulo
Lagos
Caracas
HavanaTeerã
XangaiRoma
Washington
Hong
KongBangcoc Mumbai
(Bombaim) TeerãWashin
ÚLTIMAEPIDEMIA, EM 1968:342 DIAS
UM VÍRUS VIAJANDO A JATOA última pandemia, em 1968, levou um ano para se alastrar pelo mundo. Hoje, viagens aéreas poderiamreduzir pela metade esse tempo - limitando a chance de frear a propagação por meio de uma vacina
�
19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
desencarnou em 01 de novembro
de 1918, vitimado pela gripe es-
panhola socorrendo os infectados.
Salvou muitas vidas e continua
vivo em espírito e verdade ampa-
rando a humanidade.
Em momentos de experimenta-
ções coletivas o homem torna-se
mais solidário, diante da ameaça
da saúde física é comum valori-
zarmos mais o corpo e revermos
todos os nossos valores morais e
espirituais.
É lamentável que a humanida-
de ainda necessite de coisas do-
lorosas para despertar. Contudo,
dia chegará em que, mais evoluí-
dos e desenvolvidos, saberemos
agir mais e melhor diante da vida
evitando doenças pandêmicas.
Por ora, trabalhemos confian-
tes, otimistas, orando e servindo,
para que o melhor aconteça em
benefício de toda humanidade.
Vejamos a explicação deAllan Kardec:"As doenças fazem parte das pro-
vas e das vicissitudes da vida
terrena; são inerentes à grosseria da
nossa natureza material e à inferi-
oridade do mundo que habitamos.
As paixões e os excessos de toda
ordem semeiam em nós germens
malsãos, às vezes hereditários. Nos
mundos mais adiantados, física ou
moralmente, o organismo humano,
ngton
RomaSydney
São PauloHavana
CaracasLagos
Xangai
mais depurado e menos
material, não está sujeito
às mesmas enfermidades e
o corpo não é minado
surdamente pelo corrosivo
das paixões. Temos, assim,
de nos resignar às conse-
qüências do meio onde nos
coloca a nossa inferiorida-
de, até que mereçamos
passar a outro. Isso, no en-
tanto, não é de molde a
impedir que, esperando
tal se dê façamos o que de
nós depende para melho-
rar as nossas condições atu-
ais. Se, porém, malgrado
aos nossos esforços, não o
conseguirmos, o Espiritis-
mo nos ensina a suportar
com resignação os nossos passagei-
ros males.
Se Deus não houvesse querido
que os sofrimentos corporais se dis-
sipassem ou abrandassem em cer-
tos casos, não houvera posto ao nos-
so alcance meios de cura. A esse
respeito, a sua solicitude, em con-
formidade com o instinto de con-
Bibliografia:
NATIONAL GEOGRAPHIC. Outubro
2005. Ano 5. Nr. 67.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Cap. XXVIII. Seção V, item 77.
Eurípedes Barsanulfo desencarnou
vitimado pela gripe espanhola
socorrendo os infectados
servação, indica que é dever nosso
procurar esses meios e aplicá-los".
(O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XXVIII) �
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
Ordem do Mestre
Uma promessa de paz desabrochava
para todas as coisas com o vosso
aparecimento sobre o mundo
NATAL
Avizinhava-se o Natal,
havia também no céu
um rebuliço de alegri-
as suaves. Os anjos acendiam es-
trelas nos cômoros de neblinas dou-
radas e vibravam no ar as harmoni-
as misteriosas que encheram um dia
de encantadora suavidade a noite
de Belém. Os pastores do paraíso
cantavam e, enquanto as harpas
divinas tangiam suas cordas sob o
esforço caricioso dos zéfiros da
imensidade, o Senhor chamou o
discípulo bem-amado ao seu tro-no de jasmins matizados de estre-las.
O vidente de Patmos não tra-zia o estigma da decrepitude comonos seus últimos dias entre asEspórades. Na sua fisionomia pai-rava aquela mesma candura ado-lescente que o caracterizava noprincípio do seu apostolado.
- João, disse-lhe o Mestre, lem-bras-te do meu aparecimento naTerra?
- Recordo-me, Senhor. Foi noano 749 da era romana, apesar daarbitrariedade de frei Dionísio, quecolocou erradamente o vosso nata-lício em 754, calculando no séculoVI da era cristã.
- Não, meu João, retornou do-cemente o Senhor, não é a questãocronológica que me interessa em teargüindo sobre o passado. É quenessas suaves comemorações vematé mim o murmúrio doce das lem-branças!...
- Ah! Sim, Mestre amado, re-trucou pressuroso o discípulo, com-preendo-vos. Falais da significaçãomoral do acontecimento. Oh!... Seme lembro... a manjedoura, a es-trela guiando os poderosos ao está-bulo humilde, os cânticos harmo-niosos dos pastores, a alegria resso-ante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreen-diam mais que os homens, aos quaisofertáveis a lição da humildade como tesouro da fé e da esperança.Naquela noite divina, todas as po-tências angélicas do paraíso se in-clinaram sobre a Terra cheia de�
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NATAL
gemidos e de amargura para exal-tar a mansidão e a piedade doCordeiro. Uma promessa de pazdesabrochava para todas as coi-sas com o vosso aparecimento so-bre o mundo. Estabelecera-se umnoivado meigo entre a Terra e océu e recordo-me do júbilo comque vossa mãe vos recebeu nosseus braços feitos de amor e demisericórdia. Dir-se-ia, Mestre,que as estrelas de ouro do paraísofabricaram, naquela noite de aro-mas e de radiosidades indefiníveisum mel divino no coração piedo-so de Maria!
Retrocedendo no tempo, meuSenhor bem amado, vejo o trans-curso da vossa infância, sentindoo martírio de que fostes objeto; oextermínio das crianças de vossaidade, a fuga aos braços carinho-sos da vossa progenitora, os tra-balhos manuais em companhia deJosé, as vossas visões maravilho-sas no infinito, em comunhãoconstante com o vosso e nosso Pai,preparando-vos para o desempe-nho da missão única que vos fezabandonar por alguns momentosos palácios de sol da mansão
celestial para descer sobre as la-mas da Terra...
- Sim, meu João, e, por falar nosmeus deveres, como seguem nomundo as coisas atinentes à minhadoutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desdeo concílio ecumênico de Nicéia,efetuado para combater o cisma deÁrio em 325, as vossas verdades sãodeturpadas. Ao arianismo seguiu-seo movimento dos inconoclastas em787 e tanto contrariaram os homenso vosso ensinamento de pureza e desimplicidade, que eles próprios nun-ca mais se entenderam na interpre-tação dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, quea minha doutrina era sempre aces-sível a todos os entendimentos?Deixei aos homens a lição do ca-minho, da verdade e da vida semlhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor,mas logo que regressastes aos vos-sos impérios resplandecentes, reco-nhecemos a necessidade de legar àposteridade os vossos ensinamentos.Os evangelhos constituem a vossabiografia na Terra; contudo, os ho-mens não dispensam, em suas ati-vidades, o véu da matéria e do sím-bolo. A todas as coisas puras daespiritualidade adicionam a extra-vagância de suas concepções. Nemnós e nem os evangelhos podería-mos escapar. Em diversas basílicasda Rávena e de Roma, Matteus érepresentado por um jovem, Mar-cos por um leão, Lucas por um tou-ro e eu, Senhor, estou ali sob o sím-bolo estranho de uma águia.
- E os meus representantes, João,que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de odizer. Andam quase todos mergulha-
...os homens não dispensam,
em suas atividades, o véu da matéria
e do símbolo
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
dos nos interesses da vida material.Em sua maioria, aproveitam-se dasoportunidades para explorar o vossonome e, quando se voltam para ocampo religioso, é quase que apenaspara se condenarem uns aos outros,esquecendo-se de que lhes ensinas-tes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos,meu querido, disse-lhe suavemen-te o mestre, não me impressionamtanto. Tiveste, como eu, necessida-de destes últimos para aspredicações e, sobre a luta das idéi-as, não te lembras quanta autori-dade fui obrigado a despender,mesmo depois da minha volta daTerra, para que Pedro e Paulo nãose tornassem inimigos? Se entre osmeus apóstolos prevaleciam seme-lhantes desuniões, como podería-mos eliminá-las do ambiente doshomens, que não me viram, sem-pre inquietos nas suas indaga-ções?... O que me contrista é oapego dos meus missionários aosprazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor!- Qual o núcleo de minha dou-
trina que detém no momento mai-or força de expressão?
- É o departamento dos bisposromanos, que se recolheram den-tro de uma organização admirávelpela sua disciplina, mas altamenteperniciosa pelos seus desvios daverdade. O vaticano, Senhor, quenão conheceis, é um amontoadosuntuoso das riquezas das traças edos vermes da Terra. Dos seus pa-lácios confortáveis e maravilhososirradia-se todo um movimento deescravidão das consciências. En-quanto vós não tínheis uma pedra�
NATAL
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 23ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
onde repousar a cabeça, dolorida,os vossos representantes dormem asua sesta sobre almofadas de velu-do e de ouro; enquanto trazíeis osvossos pés macerados nas pedras docaminho escabroso, quem se incul-ca como vosso embaixador traz avossa imagem nas sandálias mati-zadas de pérolas e de brilhantes. Ejunto de semelhantes superfluida-des e absurdos, surpreendemos ospobres chorando de cansaço e defome; ao lado do luxo nababesco dasbasílicas suntuosas, erigidas nomundo como um insulto à glória davossa humildade e do vosso amor,choram as crianças desamparadas,os mesmos pequeninos a quem
estendíeis os vossos braços com-passivos e misericordiosos. Enquan-to sobram as lágrimas e os soluços en-tre os infortunados, nos templos, ondese cultua a vossa memória, transbor-dam moedas em mãos cheias, pare-cendo, com amarga ironia, que o di-nheiro é uma defecação do demôniono chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu discípulo, não po-deremos alimentar nenhuma espe-rança?
- Infelizmente, Senhor, é preci-so que nos desenganemos. Por umestranho contraste, há mais ateusbenquistos no céu do que aquelesreligiosos que falavam em vossonome na Terra.
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido/ CAMPOS,
Humberto. Palavras do Infinito. Págs. 42-
46. 2ª Ed. LAKE. São Paulo/ SP. 1936.
- Entretanto, sussurravam os lá-bios divinos docemente, consagroo mesmo amor à humanidade so-fredora. Não obstante a negativados filósofos, as ousadias da ciên-cia, o apôdo dos ingratos, a minhapiedade é inalterável... Que suge-res, meu João, para solucionar tãoamargo problema?
- Já não dissestes, um dia, Mes-tre, que cada qual tomasse a suacruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo umConsolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, pos-tos na visão piedosa do amor de seuPai celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meuDiscípulo Bem amado, se traficamcom o objeto sagrado da nossa casa,profligando a fraternidade e o amor,mandarei que os mortos falem naTerra em meu nome. Deste Natalem diante, meu João, descerrarásmais um fragmento dos véus miste-riosos que cobrem a noite triste dostúmulos para que a verdade ressur-ja das mansões silenciosas da Mor-te. Os que já voltaram pelos cami-nhos ermos da sepultura retornarãoà Terra para difundirem a minhamensagem, levando aos que sofrem,com a esperança posta no céu, asclaridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável,há mais de 148 anos , o Espiritismoveio, com as lições prestigiosas, fe-licitar e amparar na Terra a todasas criaturas. �
Se os vivos nos traíram, mandarei
que os mortos falem na Terra
em meu nome
NATAL
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
APRENDIZADO
...aqui no Centro também têm gatos
que fazem Evangelização?
�
Domingo é dia de
Evangelização em nos
sa Casa Espírita. Cri-
anças de todas as idades vão che-
gando com grande alarido, seme-
lhantes a bando de andorinhas fa-
zendo vôo rasante. Correm de um
lado para outro, gritam, pulam e
dão gostosas gargalhadas, mesmo
ouvindo inúmeros pissius...
Meus dois filhos também fre-
qüentaram a Evangelização, con-
sidero uma benção de Deus te-rem tido essa oportunidade. Nelaaprenderam, de forma didática ecarinhosa, as leis do Pai Criadorque nos regem e o respeito e amor
que devemos ter para com o nos-so próximo e tudo o que existe noUniverso.
Estávamos sentados no corre-dor, aguardando o início das au-
las. Minha filha entretinha-se,conversando com uma amiga aomeu lado, enquanto meu filhomais novo de quatro anos dis-traía-se contando em voz alta ascadeiras enfileiradas no corredor.
De repente, deixei de ouvirsua voz e ao voltar-me para ele,observei curiosidade em seu olhar.Foi logo me perguntando: - "Ma-mãe, aqui no Centro também têmgatos que fazem Evangelização?Pois, eu estou ouvindo um miadobem fininho!"
Antes que eu pudesse respon-der-lhe, saiu procurando o donodo miado. Olhou debaixo das ca-deiras, entrou em várias salas,atrás das portas, nas escadas eatrás do piano do salão, sem nadaencontrar; aproximou-se desapon-tado. Sugeri que talvez o gatinho
O Gato EspíritaTeddy Nilson
Dezembro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 25ASSINE: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
APRENDIZADO
�
“Reconhece-se o verdadeiro espírita
pela sua transformação moral...
estivesse no palco, atrás da corti-na, pois já havia acontecido deuma gata ter dado cria ali. Malouvira minha sugestão, subiu ra-pidamente a escadinha lateral,varou por baixo da cortina e vol-tou carregando um gatinho, comuns dois ou três dias de vida, ecom a gata-mãe miando por que-rer o filho de volta..
Após muita relutância, meu fi-lho devolveu o gatinho à sua mãee depois de pensar alguns segun-dos, perguntou-me: " Mamãe,gato que nasce no Centro Espíri-ta é espírita também?"
Essa pergunta tão inocentedespertou-me para enorme medi-tação.
É verdade, nascer ou freqüen-tar diariamente o Centro Espíritaou qualquer outra agremiação re-ligiosa, sem praticar aquilo que éensinado, não dá direito da pessoase dizer seu verdadeiro adepto.
Assim afirmou Kardec: "Reco-nhece-se o verdadeiro espíritapela sua transformação moral, epelos esforços que faz para domi-nar suas más inclinações". ("OEvangelho", cap. XVII, item 4).
O caseiro que mora na Facul-dade de Medicina, não se tornamédico, simplesmente porque alireside. Quantas pessoas assistempalestras, participam de trabalhosmediúnicos, aplicam passes, fazementrevistas, e ao saírem dali, pas-sam de largo quando encontramalguém caído na calçada. Assimtambém fizeram o sacerdote e olevita quando viram o homem fe-rido, vítima dos assaltantes. (Pa-rábola: "O Bom Samaritano").
A atitude do "Bom Samaritano"
precisa ser fixada em nossa mente,para poder transformar-se em açãoatravés dos nossos esforços diári-os, como recomendam os bons es-píritos. Vale pouco sermos gentis,educados e sorridentes no tratocom as pessoas dentro do Centroe fora dele, nas ruas, no trabalho,no trânsito ou em nossos lares,demonstrarmos aquilo que real-mente somos: rancorosos, exigen-tes, impacientes, etc.
Seria bem melhor construirmosa paz e a harmonia dentro do nossolar, através do cultivo das virtu-des que nos faltam, para que nos-sas atitudes dentro da Casa Espí-rita sejam realmente verdadeiras.
Gentilezas para com todos, acomeçar pelos simples e
pobrezinhos, estes são os maioresnecessitados de carinho e aten-ção. Ter amizade com os dirigen-tes da Casa, com os médiuns, tra-balhadores em geral é agradávele construtivo, entretanto, semexageros inconvenientes. Conhe-cemos pessoas que se vangloriamde conviverem ou terem convivi-do com espíritas famosos, e, mui-to orgulhosos, dizem-se íntimosdeles, embora não tenham apro-veitado a oportunidade paraaprender algo de útil para bene-ficiar sua evolução.
Pode-se conviver com alguématé por uma vida inteira, se não
nos esforçarmos para nos tornamosmelhores, não será a convivênciaque irá nos contaminar com taisvirtudes. Contaminação de qua-lidade e osmose de bondade nãoexistem; o esforço e o trabalho temque partir de nós.
Em O Livro dos Espíritos,cap. XII, questão 918, encontra-mos proveitosos ensinamentos re-ferentes ao tema em estudo. Alémde "Caracteres do homem de bem",verdadeiro roteiro para nossa ava-liação moral, ainda Santo Agosti-nho nos aconselha o seguinte:
"- Fazei o que eu fazia quandovivi na Terra: no fim de cada diainterrogava minha consciência,passava em revista o que havia fei-to e me perguntava a mim mesmo
se não tinha faltado ao cumpri-mento de algum dever, se nin-guém teria tido motivo para sequeixar de mim.
Foi assim que cheguei a me co-nhecer e ver o que em mim ne-cessitava de reforma (...)
O conhecimento de si mesmoé, portanto, a chave do melhora-mento individual. Mas, direis,como julgar a si mesmo?
Não se terá a ilusão do amor-próprio, que atenua as faltas e astorna desculpáveis? O avaro sejulga simplesmente econômico eprudente, o orgulhoso se consideratão somente cheio de dignidade.
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FidelidadESPÍRITA | Dezembro 2005
APRENDIZADO
São inúmeras as mensagens de Santo
Agostinho, sempre nos incentivando
para o caminho do bem
Fonte:
Revista Internacional do Espiritismo, N° 2,
maio de 1972.
Tudo isto é muito certo, mastendes um meio de controle quenão vos pode enganar. Quandoestais indecisos quanto ao valorde uma de vossas ações, perguntaicomo a qualificaríeis se tivessesido praticada por outra pessoa.Se a censurardes em outros, ela
não poderia ser mais legítima paravós, porque Deus não usa de duasmedidas para a justiça (...)".
Santo Agostinho, esse exce-lente exemplo, nasceu no séculoIV, filho de pai pagão e mãe cris-tã. Aos 32 anos converteu-se aocristianismo e, desde a codificação,
é um dos maiores divulgadores doEspiritismo, isto sem renegar suafé como apóstolo cristão.
Quando vivia na Terra, julga-va as coisas segundo os conheci-mentos que possuía; mas quandono mundo espiritual, uma nova luzse fez para ele, passou a ver comos olhos do espírito o que não po-dia ver como homem. São inúme-ras suas mensagens, sempre nosincentivando para o caminho dobem. Foi influenciado pelosensinamentos de Sócrates, porisso referia-se sempre ao "Conhe-ce-te a ti mesmo", como observa-mos na mensagem acima descrita.
Viveu na Terra com todas asdificuldades que enfrentamoshoje, com certeza maiores ainda,e conseguiu através do auto-exa-me conquistar virtudes que o ele-vou a categoria superior no cam-po evolutivo.
Seguindo seu conselho e con-tando com os esclarecimentos quea Doutrina Espírita têm nos ofe-recido, talvez nossa experiênciase torne mais amena. Avaliandono final de cada dia nossas ações,para sermos mais sinceros e ver-dadeiros no relacionamento como nosso próximo. �
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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.
Pág. 49. Editora Moderna. São Paulo/SP,
1999.
COM TODAS AS LETRAS
Pronuncie certo
“Gratuito” e “Fluido”
por Eduardo Martins
Nos três casos, a opção correta é a primeira, por mais
que se ouçam com maior freqüência ensino "gratuíto",
distribuir alimentos "gratuítamente", "circuíto" de
Silverstone, "curto-circuíto", "fluído para freios". Habitue-se, por-
tanto, a dizer gratuito (úi), gratuitamente (úi), circuito (úi) e flui-
do (úi), da mesma forma que intuito (úi) e fortuito (úi). Fluído só
existe como particípio de fluir: O trânsito tinha fluído bem.
Em outra situação, a existência de vogais abertas e fechadas em
palavras com o mesmo sentido é que provoca dúvidas. O fato suce-
de com controle e interesse. Os substantivos têm som fechado. As-
sim: controle (ô) dos nervos, perder o controle (ô), interesse (ê)
pela leitura, perder interesse (ê). O som é aberto apenas na flexão
verbal: É preciso que ele controle (ó) os nervos, a situação. / Quero
que você controle (ó) os gastos. / É indispensável que ele se inte-
resse (é) pelo trabalho. / Espero que a proposta lhes interesse (é).
Não são apenas esses, no entanto, os casos em que a dificuldade
de pronúncia reside no som aberto ou fechado. Por exemplo, deve-
se dizer téxtil ou têxtil? Embora no próprio setor da fabricação de
tecidos se ouça falar em "téxtil", a pronúncia é têxtil (ê). E o x tem
valor de s: "têstil" e não "têcstil".
O prefixo ex e a palavra extra, redução de extraordinário, tam-
bém devem ser pronunciados com som fechado e com o x soando
como s. Portanto: ex-presidente ("ês-presidente" e não "écs-presi-
dente"), hora extra ("êstra" e não "éstra"), horas extras ("êstras").
Ainda com relação ao som aberto ou fechado: afinal, "pêgo" ou
"pégo"? Embora o dicionário Aurélio admita as duas formas, o Vo-
cabulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras, registra
apenas "pêgo". Prefira esta pronúncia, portanto, a "pégo", a mais
comum no Rio, por exemplo.
Se as famosas listas dos "dez mais" ainda estivessem na moda,
pelo menos três palavras com terminações semelhantes teriam lugar
garantindo no capítulo da pronúncia errada. Faça o teste. Como
você pronuncia: gratúito ou gratuíto, circúito ou circuíto, flúido
para freios ou fluído para freios?
O som de máximo
Procure também distin-guir as palavras com x: máxi-mo e derivados têm som dessi: máximo (ssi), maximizar(ssi), maximização (ssi) emáxima (ssi). O prefixo maxitem som de csi: maxissaia(csi), maxidesvalorização(csi), maxivestido (csi), etc.Já com o tóxico, o som é ape-nas de csi: tóxico (csi), into-xicar (csi), toxina (csi), etc.
Evite por fim vícios depronúncia muito comuns,como "douze", "poude","bouca", "nouvo", "toudo","loco", "poco", "saingue","tambéin", "parabéins","mermo", "pobrema","poblema", "más" (em vez demais), "mãs" (em vez demas), etc.
Chico Xavier - Emmanuel
Vinha de Luz
A vida moderna, com suas realidades brilhantes, vai ensinando às comunidades religiosas doCristianismo que pregar é revelar a grandeza dos princípios de Jesus nas próprias ações diárias.
O homem que se internou pelo território estranho dos discursos, sem atos correspondentes àelevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.
Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas. E, ainda agora, não escasseiamorientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicó-logos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.
É nesse quadro obscuro do desenvolvimento intelectual da Terra que os aprendizes do Cristo sãoexpoentes da filosofia edificante da renúncia e da bondade, revelando em suas obras isoladas aexperiência divina dAquele que preferiu a crucificação ao pacto com o mal.
Novos discípulos, por isso, vão surgindo, além do sacerdócio organizado. Irmãos dos sofredores, dossimples, dos necessitados, os espiritistas cristãos encontram obstáculos terríveis na cultura intoxicadado século e no espírito utilitário das idéias comodistas.
Há quase dois mil anos, Paulo de Tarso aludia ao escândalo que a atitude dos aprendizes espalha-va entre os judeus e à falsa impressão de loucura que despertava nos ânimos dos gregos.
Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus egregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesmaposição do início. Entre eles, surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com overbo santificado pelas ações testemunhais.
Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos...O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza.O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-
á com os desequilíbrios que lhe são inerentes. Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificandoe educando com o Libertador imortal.
Aos discípulos"Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus
e loucura para os gregos."
Paulo (I Coríntios, 1:23.)