DIA DA INDúSTRIA - Sistema FIEC - Federação das ... publicação do Sistema Federação das...

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Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano III n N o 25 n junho de 2009 Impresso Especial 1000013823-DR/CE FIEC CORREIOS 3 DIA DA INDÚSTRIA Numa cerimônia marcada pelo otimismo, FIEC e CNI comemoraram o Dia da Indústria em grande estilo, entregando comendas a quatro personalidades cearenses. Senador Tasso Jereissati recebeu da CNI a Ordem do Mérito Industrial Jocely Dantas de Andrade Torres: homenagem ao pioneirismo Fernando Cirino falou em nome dos homenageados da FIEC Pedro Philomeno Neto recebeu em nome do avô, Pedro Philomeno Gomes

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Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno III n No 25 n junho de 2009

ImpressoEspecial

1000013823-DR/CEFIEC

CORREIOS

3

DIA DA INDúSTRIANuma cerimônia marcada pelo otimismo, FIEC e CNI comemoraram o Dia da Indústria

em grande estilo, entregando comendas a quatro personalidades cearenses.

Senador Tasso Jereissati recebeu da CNI a Ordem do Mérito Industrial

Jocely Dantas de Andrade Torres: homenagem aopioneirismo

Fernando Cirinofalou em nome doshomenageados da FIEC

Pedro Philomeno Netorecebeu em nome do avô, Pedro Philomeno Gomes

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JUNHO 2009 | No 25

Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

S E Ç Õ E S5 MENSAGEM DA PRESIDêNcIAOportunidades da Copa 2014

6 NOtAS&FAtOS Ação Global 2009

11 INOvAçõES&DEScObERtASConcreto é capaz de se autoconsertar

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Ensino profissionalizantetRANSFORMANDO vIDASJovens aprendizes do SENAI são cada vez mais solicitados por empresas que procuram profissionais talentosos, jovens e bem mais qualificados.

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Formação CidadãEDUcAçÃO E RESPONSAbILIDADE SOcIALEvento promovido pelo FIRESO defende que disciplina de responsabilidade social seja inserida em todas as áreas do conhecimento.

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................................................................................................

22 EconomiacEARá MANtéM bOM DESEMPENHONa contramão da crise financeira mundial que ainda perdura, o estado não vive o pior dos mundos. Mas não é hora de relaxar.

Dia da IndústriaNuma cerimônia marcada pelo otimismo, FIEC e CNI comemoraram o Dia da Indústria em grande estilo, no dia 4 de junho, entregando as comendas Medalha do Mérito Industrial (FIEC) e Ordem do Mérito Industrial (CNI) a quatro personalidades cearenses.

18CAPA

CaatingaRIcA, MAS AMEAçADAA caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, corre perigo porque já teve cerca de 70% de sua área alterada pelo homem.

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Projeto VínculosDESENvOLvIMENtOPrograma coordenado pelo IEL/CE muda a realidade de muitas empresas, que já colhem os primeiros resultados.

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Federação das Indústrias do Estado do ceará — FIEcDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira

Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos

Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,

Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita

Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Rubens Fontenele Albuquerque

Serviço Social da Indústria — SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva,

Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Basto Osterno Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco

Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do

Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria

Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira,

Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama, Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima

Suplente Samuel Brasileiro Filho Representante do Ministério do Trabalho Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Delegado da Categoria Econômica da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima

Diretor do Departamento Regional do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Revista da FIEC. – Ano 3, n 25 (jun. 2009) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

MensagemdaPresidênciaRoberto Proença de Macêdo

Oportunidades da Copa 2014

escolha de Fortaleza para sediar jogos da Copa de 2014 foi uma grande conquista para a nossa capital e para o nosso estado. Essa vitória só será plena se dirigirmos to-dos os nossos esforços para cumprirmos ri-

gorosamente as condições de preparação da cidade para receber à altura os milhares de visitantes que aqui virão, provenientes das mais diversas partes do mundo. Isso é indispensável, pois quem não fizer o dever de casa ainda poderá ficar de fora.OJá existe um plano ambicioso para ser executado em menos de cinco anos, que, embora orientado por uma visão abrangente e de longo prazo, precisa priorizar a concretização de iniciativas exequíveis. Ademais, para fazer acontecer o que está planejado, são essenciais a articulação ordenada de todos os poderes públicos, o en-tusiasmo das entidades da sociedade civil e o empreendedorismo da nossa iniciativa privada.OAssegurarmos a nossa participação como uma das subsedes da Copa 2014 é uma maneira de aproveitarmos as oportunidades que serão geradas pe-los investimentos projetados de R$ 9,4 bilhões, com po-tencial de impactos positivos na economia e na vida dos cearenses, sobretudo, dos habitantes de Fortaleza.OA Copa de 2014 deverá colocar o Ceará definitivamente no mapa do turismo internacional. Chegou a grande chan-ce de acelerar o nosso desenvolvimento, impulsionado por essa atividade, que é uma vocação natural da nossa terra, e reforçado pelo espírito hospitaleiro da nossa gente. Vale

lembrar que o turismo tem expressiva repercussão em ou-tros setores, beneficiando direta e indiretamente com mui-ta intensidade a geração de emprego e renda.OOs projetos de adequação de estádios, de melhoria das condições ambientais, de ampliação do sistema de saneamento, de requalificação urbana, de infraestrutura logística, segurança, saúde, energia e telecomunicações

representam uma profunda mudança nas feições e na dinâmica de funcio-namento da cidade. Basta considerar que as principais alterações físicas ocorrerão no Castelão e no seu en-torno, que ocupa posição central na geografia de Fortaleza.ONo campo empresarial, a Copa 2014 traz oportunidades para a construção civil, para a indústria metalúrgica, empresas do setor elétrico, indústria e comércio de material de construção, confecções, atividades de refloresta-mento, mercado digital, venda e loca-ção de veículos, serviços de segurança, de educação e capacitação, saúde, te-lecomunicações, cultura, lazer e entre-tenimento, só para citar algumas das inúmeras possibilidades de negócios.OA experiência de outros lugares tem

demonstrado que quando bem conduzidos os esforços de preparação para sediar eventos de caráter internacional, como os grandes eventos esportivos, produzem benefícios duráveis na melhoria da dinâmica urbana, com repercus-sões na economia, no bem-estar social e no fortalecimento da imagem dos locais onde eles são realizados.OO desafio está posto. Devemos todos colaborar efetiva-mente. Mãos à obra.

AEssa vitória só será plena se

dirigirmos todos os nossos esforços para cumprirmos rigorosamente as condições de preparação da cidade para receber à altura os milhares de visitantes que aqui virão.

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) — DRT/CE Nº 53 Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia Sebastião Alves ([email protected]) e José Sobrinho Diagramação e coordenação gráfica Taís Brasil Millsap Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.

Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a

Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — [email protected] e [email protected]

Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiecEditoração - Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)

| RevistadaFIEC | Junho de 2009� �Junho de 2009 | RevistadaFIEC |

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N O SEgunDO SEMEStRE deste ano, o Centro Internacional de

Negócios (CIN) da FIEC vai prospectar mercado no leste europeu – com foco na Polônia e República Tcheca – para pequenas e médias empresas do complexo indumentário cearense (engloba setores têxtil, confecções, calçados, couros e acessórios de moda). Trata-se do Prospect, projeto que vai propiciar

às empresas participantes informações que facilitem a entrada nesses mercados. As empresas interessadas em participar passarão por uma seleção, onde será avaliada sua capacidade exportadora para os mercados-alvo. O Prospect é apoiado pela Rede CIN da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e co-financiado pelo Programa Al-Invest da Comissão Europeia. Informações: (85) 3421-5419.

E DIçãO 2009 da Ação Global no Ceará registrou 54.947 atendimentos, beneficiando 18.300 pessoas. O evento foi realizado no fim de maio em Pacatuba,

na região metropolitana de Fortaleza, pelo SESI/CE e a TV Verdes Mares, afilada da Rede Globo. Foram mobilizadas mais de 44 entidades parceiras e cerca de 950 voluntários que juntos possibilitaram a realização de atendimentos nas áreas de saúde, educação, cidadania, lazer, esporte e cultura. A Ação Global se caracteriza pela concentração, em um só dia, de um grande número de serviços gratuitos para a população. O evento é realizado desde 1995 em todo o país, resultado de parceria entre o SESI Nacional e a Rede Globo de Televisão, por meio de suas afiliadas.

Notas&FatosO q U E A c O N t E c E N O S I S t E M A F I E c , N A P O L í t I c A E N A E c O N O M I A

ação Global beneficia mais de 18.000 cearenses

cIDADANIAPARcERIA

PRoGRama assiste cem Pessoas com deficiência

Notas&Fatos

INtERNEt

cni lança sites PaRa sindicatos

LEStE EUROPEU

n DAS 114.652 micro e pequenas empresas integrantes do cadastro de contribuintes ativos do Ceará, 87.684 ou 76,48% do total são optantes do Simples Nacional — regime que unifica a arrecadação de todos os tributos e contribuições devidos pelas MPEs.

n APESAR DA VOCAçãO do Brasil para o turismo, o PIB do setor corresponde a apenas 3,6% da economia brasileira e está concentrado especialmente nas atividades ligadas à alimentação, revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados de 2006.

n O MInIStéRIO PúblICO do Trabalho no Ceará (MPT/CE) iniciou neste mês de junho o serviço gratuito de arbitragem coletiva para buscar solucionar os impasses entre os sindicatos patronais e laborais. Entre as vantagens da arbitragem, segundo o MPT, estão o baixo custo, a rapidez na solução dos conflitos e a impossibilidade de recursos posteriores para instâncias superiores. A expectativa é resolver com rapidez os conflitos trabalhistas entre patrões e empregados na iniciativa privada e reduzir as greves no mínimo pela metade.

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

E StãO AbERtAS as inscrições para a 5ª edição do Prêmio

IEL Melhores Práticas de Estágio. O objetivo é identificar, premiar e divulgar as experiências de sucesso, estimulando o processo de integração dos estudantes no mundo do trabalho. Podem participar as empresas privadas,

estatais ou órgãos públicos, clientes do Programa de Estágio do IEL/CE. A premiação é dividida nas categorias micro/pequenas, médias e grandes empresas. Além das empresas, o prêmio contemplará os estudantes e os professores-orientadores envolvidos no estágio. Informações: (85) 3421-6510.

iel premia melhores práticas de estágio

EStáGIO...................................................

n A CnI promoverá em 30 e 31 de agosto e 1º de setembro, em Vitória (ES), o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) 2009. No programa, debates sobre cooperação econômica, infraestrutura e avanços científicos, além de rodadas de negócios. O encontro, realizado anual e alternadamente nos dois países, tem como lema neste ano Brasil-Alemanha: cooperação para o crescimento e o emprego, ideias e resultados. Inscrições: www.encontrobrasilalemanha.com.br.

AGENDA

SESI

cultuRa PaRa usuáRios de tRem

A nORSA/COCA-COlA vai desenvolver no segundo semestre o programa Apite – Ação para Inclusão no Trabalho e Esporte. Contando com a parceria do SESI/CE e do SENAI/CE, o programa beneficiará cem pessoas com deficiência por meio da participação em cursos profissionalizantes, ministrados pelo SENAI da Barra do Ceará, ou para iniciarem treinamentos esportivos na modalidade natação, no SESI da Parangaba. Os beneficiados, com idade a partir dos 16 anos, serão contratados inicialmente como jovens aprendizes. Durante a vigência dos cursos, receberão uma bolsa-salário. A iniciativa terá a duração de até dois anos. Após esse período, dependendo do desempenho nos cursos, os aprendizes poderão ser efetivados pela Norsa. Segundo a gerente do Núcleo de Responsabilidade Social do SESI/CE, Cybelle Borges, a ideia é ampliar a experiência desse projeto para outras empresas que integram a Rede de Agentes de Responsabilidade Social.

uMA VIAgEM mais agradável e educativa. Essa é a experiência que o projeto Plataforma da Leitura proporciona uma vez por mês aos usuários dos trens da Estação João Felipe. A iniciativa, desenvolvida pela unidade SESI Indústria do Conhecimento localizada no Metrofor, consiste em possibilitar aos passageiros – sempre na última semana do mês –, o acesso à informação e à literatura mediante a leitura de poesias, contos, letras de música e fragmentos de textos de escritores brasileiros. A Indústria do Conhecimento consiste num centro de educação multimídia para promover a inclusão digital e o acesso gratuito da população à informação e ao conhecimento. No Ceará, também há unidades da Indústria do Conhecimento em Juazeiro do Norte e Sobral.

Prospecção para complexo indumentário

MEIO AMbIENtE

cOMPENSAçÃO AMbIENtAL AGORA tEM LIMItEA definição do percentual máximo para a compensação ambiental, uma das prioridades da agenda da indústria brasileira, foi solucionada. O Decreto 6.848, de 14/5/2009, estabelece o percentual mínimo de 0% e máximo de 0,5% para a compensação ambiental de empreendimentos, calculado exclusivamente sobre impactos ambientais negativos ao meio ambiente, determinados

a partir dos Estudos de Impacto Ambiental e seus Relatórios (EIA/Rima). Segundo o gerente do Núcleo de Meio Ambiente da FIEC, Renato Aragão, ficam excluídos do cálculo da compensação ambiental os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos no licenciamento ambiental, bem como os encargos e os custos incidentes sobre o financiamento do empreendimento.

CURTAS---------------------

QuAtROCEntOS novos sites foram lançados em 25 de maio, Dia da Indústria, pela CNI para apoiar a modernização dos sindicatos industriais do país. As páginas na internet reúnem informações, ferramentas e conteúdos indispensáveis ao relacionamento dos sindicatos com os associados e as atividades de defesa de interesse. Desenvolvido a partir de parceria entre a CNI e as federações de indústrias, o projeto dos sites busca aproximar ainda mais o sindicato e a base que representa. No Ceará, o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) da FIEC está intermediando a inserção de conteúdo dos sindicatos cearenses. Informações: (85) 3421-6509.

| RevistadaFIEC | Junho de 2009� �Junho de 2009 | RevistadaFIEC |

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há 40 anos fabrica transformadores de distribuição e força. “Na Cemec, 80% da matéria-prima adquirida vem de fora do Ceará. Nossa ideia é forta-lecer a participação do estado. Com fornecedores locais, estaremos inves-tindo na economia daqui e nos tor-nando mais competitivos, pois con-taremos com maior agilidade, mais flexibilidade e sólidas parcerias”, planeja Marcel Levy Neto, gerente de Logística e Suprimento da empresa.

Além da Gerdau e da Cemec, as outras cinco âncoras de referência nacional integrantes do projeto são Durametal, Esmaltec, Fae, Queiroz Galvão e Sangati Berga. Todas coo-peram com as instituições parceiras para desenvolver e qualificar os 35 fornecedores envolvidos no programa: Tintas Hidracor, Usimecs, Veloflex, Accioly Nogueira & Cia., Adeli-no Transportes, Britacet, Carsted, USB – Usinagem Santa Bárbara, Comsermil, Construtora Múltipla, CPN, Cromoplast, Demas Constru-ções, DPM Engenharia, ELFI, ETS – Engenharia, Fornecedora de Má-quinas e Equipamentos, Forpa Pallet, Fortcolor, Fortprel, HNR, IMEX, Ir-mãos Facundo, Oficina Polares, JL Máquinas e Serviços, LDB Transpor-tes, Lomacon, MCL Metalúrgica, Me-talmecânica Maia, Comtexsa, PL En-genharia, Plastsan, RC Equipamentos, Sipase e LM de Andrade Oliveira.

A superintendente do IEL/CE, Vera Ilka Meireles Sales, diz não ter dúvi-das de que todos saem lucrando com

o programa. “Ter fornecedores den-tro do estado facilita a logística das âncoras, reduzindo seus custos. Já os fornecedores têm a oportunidade de melhorar seu padrão de qualidade, atendendo às exigências do mundo globalizado”, ressalta. Para o gover-no do estado, Vera Ilka garante que o programa é estratégico. “Fortalecen-do a cadeia produtiva nas regiões, a partir do foco na compra de produ-tos fabricados na própria localidade, a economia se desenvolve porque o dinheiro circula dentro do estado”, explica. Segundo Ricardo Pereira, é exatamente no alcance que reside a relevância do programa. “Ele vai além dos interesses das empresas participantes. É um programa que visa ao desenvolvimento econômico

regional local a partir do fortaleci-mento dos vínculos de negócios en-tre empresas”, resume.

Para o gerente Marcel Levy, da Ce-mec, os efeitos concretos do PQF na economia cearense só devem ocorrer em médio e longo prazos, mas alguns reflexos já são experimentados pelos participantes. “Por enquanto, estamos criando o alicerce que servirá de base para a nossa relação com os fornece-dores. Mas já notamos que um seg-mento passou a confiar mais no ou-tro”, diz o gerente, para acrescentar: “É uma mudança de postura notável porque agora nossa relação é de par-ceiros. Estamos avançando e nos pró-ximos dois anos quem sairá lucrando é o Ceará, que passará a ter uma cultura mais profissional de negócios”.

Em algumas empresas, os reflexos do novo comportamento por parte dos participantes do programa já são vivenciados. “As oportunidades gera-das a partir do Vínculos não existem somente com as âncoras. No nosso caso, já surgiram negócios que re-sultaram de parceria com outros for-necedores. Mas também alguns pro-jetos que apresentamos às âncoras e estavam em ‘banho-maria’ foram reativados”, comemora o empresário Adriano Oliveira, diretor da ETS – En-genharia, Tecnologia e Serviços Ltda., que fornece projetos sob encomenda para médias e grandes empresas.

O diretor comercial da Plastsan Plásticos do Nordeste Ltda., Alexan-dre Jorge Mota, vive a mesma expe-riência. “Já fomos solicitados por em-

Desenvolvimento sustentável para o CE

mpulsionar o crescimento sus-tentável da indústria cearense, estimulando a formação de vín-culos entre os elos das cadeias produtivas, visando proporcionar

maior competitividade aos negócios e promover o desenvolvimento econô-mico do estado. Esses são os princípios básicos que norteiam o Programa de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (PQF), também conhe-cido como Programa Vínculos Ceará. Desde 2007, a iniciativa, coordenada no estado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), órgão ligado à FIEC, vem mudando a realidade de muitas em-presas, que agora começam a colher os primeiros resultados.

Visitas técnicas, oficinas, fóruns, workshops e treinamentos foram algumas ações desenvolvidas com o objetivo de alinhar as demandas das sete empresas-âncora e das 35 for-necedoras participantes do projeto. O programa conta no Ceará com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empre-sas (Sebrae), SESI/CE, SENAI/CE e Banco do Nordeste do Brasil (BNB), além do apoio técnico e institucio-nal das entidades internacionais Agência Germânica para Coopera-ção Técnica (GTZ) e Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Tam-bém inclui a promoção de rodadas

IPrograma coordenado pelo IEL/CE muda a realidade de muitas empresas, que agora começam a colher os primeiros resultados

Projeto Vínculos

de negócios. A primeira delas será realizada durante encontro de ne-gócios nos dias 15 e 16 de julho, na sede do Sebrae. “É mais uma opor-tunidade de intercâmbio, conheci-mento, integração e confiança entre âncoras e fornecedores”, observa Ricardo Pereira, um dos técnicos do IEL/CE que coordenam o programa.

“Esperamos aumentar o volume de negócios com empresas cearenses. Hoje, 80% dos nossos fornecedores são de fora do estado. Nosso objetivo é mudar esse cenário”, afirma Renan Fernandes Félix, chefe de Manutenção da Gerdau Cearense. A perspectiva é semelhante na Cemec Construções Eletromecânicas S/A – empresa que

A empresa Plastsan vem recebendo encomendas que resultaram de parceria com outros fornecedores

Vera Ilka Sales, superintendente do IEL/CE

Fortalecendo

a cadeia

produtiva nas regiões, a

partir do foco na compra

de produtos fabricados

na própria localidade, a

economia se desenvolve

porque o dinheiro circula

dentro do estado.

| RevistadaFIEC | Junho de 2009� 9Junho de 2009 | RevistadaFIEC |

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Benefícios do programa

Para empresas fornecedoras

>> Aumento no volume de negócios com empresas-âncora e outros fornecedores do programa.

>> Acesso facilitado ao mercado (visibilidade, capacitação e rede de contatos).

>> Acesso a treinamentos e consultorias.

>> Participação em encontros técnicos entre fornecedoras e âncoras.

>> Estímulo a negócios cooperados com outras empresas fornecedoras locais.

>> Melhora na sua capacidade em atender a demandas específicas das empresas compradoras.

>> Relacionamento confiável e de longo prazo com grandes empresas compradoras.

>> Melhores preços garantidos pela maior competitividade do fornecedor.

>> Ganhos em flexibilidade e agilidade do fornecimento.

>> Redução dos custos de transporte.

>> Fornecedores capacitados e monitorados nos critérios exigidos.

>> Redução dos riscos na cadeia produtiva.

>> Acesso a um banco de dados, via Portal WEB, com informações sobre todas as empresas

fornecedoras participantes, bem como dos resultados das avaliações realizadas.

>> Maior transparência na relação comprador-fornecedor.

>> Atuar como empresa socialmente responsável.

Para empresas-âncora

Jamais se imaginou que as qualidades de flexibilidade e autoconserto pudessem ser atribuídas a um bloco de concreto. Mas pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, acabaram de descobrir que isso pode ser feito apenas com a adição de água e dióxido de carbono (CO2). Segundo o professor Victor Li, o autoconserto é possível porque o novo concreto foi desenvolvido para dobrar e se quebrar em finíssimas lacunas, equivalentes à metade do diâmetro de um fio de cabelo humano. Os testes mostraram que uma peça feita com o novo material pode sofrer um estiramento de até 3% e recuperar integralmente sua resistência, ou seja, se fosse uma ponte de concreto com 100 metros de comprimento, seria possível esticá-la (feita por uma peça única) até que atingisse 103 metros, sem que ela se quebrasse. A capacidade de

se autoconsertar do novo concreto deve-se ao uso de um cimento extrasseco que, quando exposto por uma fissura, reage com a água e o dióxido de carbono do ambiente para formar uma espécie de “cicatriz” de carbonato de cálcio — o mesmo material encontrado nas conchas de animais marinhos. O novo material foi batizado de Engineered Cement Composite (ECC).

Cientistas espanhóis afirmam que desenvolveram um produto capaz de acabar de uma vez por todas com

uma das mais populares formas de vandalismo: a pixação. O segredo é um novo revestimento baseado em um polímero feito de silicone, sensível ao pH do meio. Aplicado sobre a superfície, o polímero forma uma camada fina e invisível, evitando que a tinta dos grafiteiros grude profundamente no material. Qualquer resíduo pode ser facilmente lavado apenas com água. Depois de aprovado em laboratório, o novo revestimento antigrafite foi testado em oito tipos de monumentos de diferentes porosidades em cinco países da Europa (Espanha, Alemanha, Itália, Bélgica e Eslovênia). Para testar sua efetividade, o material foi submetido a um estudo comparativo com os principais produtos antigrafite do mercado, mostrando-se superior a todos eles nas aplicações a que se destina. Agora os engenheiros vão empreender um estudo para avaliar o comportamento e o efeito do novo revestimento sobre os monumentos. Depois disso, eles planejam lançar o produto comercialmente.

nOVO REVEStIMEntO PROMEtE O FIM DAS PIxAçõES

Cientistas da Universidade Queens, no Reino Unido, descobriram uma forma não poluente de dissolver madeira, possibilitando transformá-la em produtos tão diversos quanto biocombustíveis, tecidos e papel. Hoje, a única técnica de quebra química da madeira, criada no século 19, é o processo Kraft, que gera uma série de subprodutos nocivos ao meio ambiente. A nova técnica utiliza líquidos iônicos para dissolver cavacos de madeira, em um processo que exige condições relativamente amenas de temperatura e pressão. Controlando a adição de água e de uma solução de acetona, a madeira dissolvida foi parcialmente separada em lignina pura e em uma solução rica em celulose. Segundo o professor Robin Rogers, um dos autores do trabalho, trata-se de uma descoberta muito importante porque a celulose e a lignina têm uma grande variedade de utilização. “A celulose pode ser usada para fazer papel, biocombustível e fibra para tecidos, assim como ser a base para outros materiais e compostos químicos,” explica Rogers.

REAtOR bIOlógICO bRASIlEIRO ElIMInA

SulFAtOS DE EFluEntES InDuStRIAIS

AgORA é POSSíVEl DISSOlVER MADEIRA DE FORMA AMbIEntAlMEntE CORREtA

InovaçoesDescobertas&

COnCREtO FlExíVEl é CAPAz DE SE AutOCOnSERtAR SEM IntERVEnçãO huMAnA O engenheiro Arnaldo Sarti, pesquisador da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu um reator biológico que reduz em até 92% a concentração de sulfato em efluentes industriais. O íon sulfato, assim como outros compostos de enxofre, causa grande prejuízo ambiental, especialmente aos mananciais, e está presente em efluentes da indústria de papel e celulose, refinarias de óleos comestíveis, curtumes e processos que utilizam ácido sulfúrico como matéria-prima. O novo processo, segundo Sarti, consiste na remoção do íon sulfato por meio da ação de microrganismos anaeróbios dispostos dentro de um reator preenchido com carvão. O tratamento biológico é realizado em uma sequência operacional que compreende quatro etapas: alimentação, agitação, reação e descarte. O ciclo total de operação é de 48 horas. “Os resultados, em termos de redução de sulfato, foram muito expressivos e permitem concluir que a aplicação de tratamento biológico em efluente industrial contendo sulfato, com uso de reator anaeróbio, poderá ser utilizada em larga escala, no futuro, até mesmo para o tratamento de outras águas residuárias ricas em sulfato”, disse Sarti à Agência Fapesp.

presas que nem imaginávamos. Até mesmo nossos clientes mais tradi-cionais estão tendo maior confiança por ver nosso crescimento na gestão da empresa. O programa atende aos objetivos para o qual foi criado. Com o aumento da comunicação, conse-guimos saber onde melhorar para atender de modo mais conveniente. Um vínculo de mão dupla gera um crescimento natural”, avalia.

Para Ricardo Barbosa, diretor da CPN Chapas Perfuradas do Nordeste Ltda., o fechamento de novos negó-cios entre âncoras e fornecedoras é uma questão de tempo. A empresa, que fabrica componentes e peças para a Esmaltec, Cemec e até para a Ford, está confiante no projeto. “É uma grande iniciativa do IEL trazer o PQF para o Ceará. É bom saber também que as âncoras sentem ne-cessidade de ter fornecedores próxi-mos às suas fábricas e estão investin-do na nossa qualidade, treinando-os

para que tenham capacidade técnica de fornecer às empresas-âncora”, destaca Barbosa, para completar: “O Programa Vínculos nos qualifi-ca para fornecer não só localmente, mas também para qualquer indús-tria de fora do estado”.

Para o diretor, é uma oportunidade ímpar, que tem facilitado a entrada da CPN nas empresas. “Mesmo nas organizações que já eram clientes antes do Vínculos, está ficando mais forte o laço comercial. Além de abrir oportunidade para as fornecedoras e melhorar a competitividade das ân-coras, o Vinculos possibilita que os dividendos fiquem dentro do estado, onde mantemos 67 empregos dire-tos”, resalta Ricardo Barbosa.

O Programa de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores ou Vínculos do Ceará foi lançado no es-tado, em novembro de 2007, com o objetivo de criar e aprofundar víncu-los de negócios, justos e sustentáveis,

entre grandes empresas (nacionais e internacionais), denominadas de em-presas-âncora, e fornecedores locais. A ideia do programa é promover o desenvolvimento econômico de for-ma sustentável nas micro e peque-nas empresas localizadas no Norte e Nordeste, mediante o aumento da capacidade produtiva e a melhoria da eficiência empresarial. O projeto foi lançado de início na Bahia e Per-nambuco, onde possui experiências de sucesso. Nacionalmente, o Projeto Vínculos é coordenado pelo diretor Evandro Mazo, tendo o consultor Fausto Cassemiro como diretor de projetos. No Ceará, foi implementa-do com foco nos setores metal-mecâ-nico, construção civil, couro e calça-dos e petróleo e gás. “Por enquanto, atendemos aos segmentos metal-mecânico e construção civil pesada. Mas ainda há muito trabalho a fazer. Pretendemos futuramente atuar em outros setores”, afirma Vera Ilka.

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Ensino profissionalizante

Aprendizes do SENAI são cada vez mais solicitados por empresas que procuram profissionais talentosos, jovens e bem qualificados

Transformando vidas

Jovens ainda, Bruna e Al ine, ex-alunas do SENAI/CE, são hoje funcionár ias exemplares da Cemec, empresa do segmento de transformadores elétr icos

comum se dizer que as escolas só ensinam a teoria e que somente a prática do dia-a-dia no trabalho é que forma o bom profissional. No SENAI é diferente. Lá, a teoria e

a prática andam juntas durante todo o curso. Por isso, a grande maioria de seus formandos é absorvida rapidamente pelo mercado de trabalho.” A frase é de Bruna Kelle de Cas-tro, uma das responsáveis hoje pela equipe de manutenção industrial da Cemec Construções Eletromecanicas S/A, empresa que fabrica, há mais de 40 anos, transformadores de distri-buição e força. O depoimento sintetiza à per-feição um dos maiores orgulhos da instituição de ensino profissionalizante: formar alunos aptos a enfrentar os desafios do exigente mer-cado de trabalho. Bruna é ex-jovem aprendiz da empresa e ex-aluna do SENAI/CE do curso Técnico em Manutenção Industrial oferecido pelo Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida (CFP AUA), unidade loca-lizada no bairro Jacarecanga.

Segundo a jovem, antes de ser aprovada na seleção do curso, planejava fazer Direito ou Ad-ministração de Empresas, mas desistiu da ideia logo nas primeiras aulas, especialmente as mi-nistradas nas oficinas. “A identificação com o ambiente das máquinas foi muito rápido. Hoje, faço Engenharia de Produção na Universidade de Fortaleza (Unifor) e tenho certeza do cami-nho profissional que pretendo seguir”, completa Bruna. Sua trajetória, iniciada aos 15 anos, cha-ma a atenção e serve de exemplo. Após concluir 800 horas de estudos no SENAI, foi contratada

como aprendiz do setor de planejamento e con-trole da produção da Cemec. De acordo com a analista do CFP AUA, Maria Conceição Pontes, a prática profissional para os jovens aprendi-zes – de 400 horas e remunerada – faz parte do desenho curricular e solidifica o conhecimento obtido nos ambientes de ensino, além de apre-sentar os alunos ao mercado de trabalho.

No caso de Bruna, o perfeito conhecimen-to das máquinas e a habilidade para atuar no chão de fábrica logo chamaram a atenção da empresa, que a contratou para fazer parte da área de manutenção industrial. Apesar de ter apenas 20 anos e trabalhar num local tradi-cionalmente dominado pelos homens, atual-mente ela é uma das responsáveis pela equi-pe de manutenção da empresa, que mantém em ordem os equipamentos e fabricação dos transformadores. “O fato de ser mulher não foi nenhum empecilho. O importante nessa atividade é conhecer como as máquinas fun-cionam. Aqui todos a respeitam porque sabem que ela estudou para isso”, frisa o funcionário Clebenor da Silva, 43 anos, um dos integran-tes da equipe supervisionada por Bruna.

A responsável pela área de desenvolvimen-to da Cemec, Leidiane Freitas, conta que no momento a empresa mantém 14 aprendizes do SENAI em diversas atividades e que a maioria tem chances de ser contratada. “Ge-ralmente eles são muito habilidosos porque recebem uma formação séria e altamente qualificada. Esse fato é decisivo para que a empresa sempre busque no SENAI bons fun-cionários”, afirma.

Geralmente o aprendiz é muito habilidoso porque recebe uma formação séria e altamente

qualificada. Esse fato é decisivo para que a empresa sempre busque no SENAI bons funcionários.

Leidiane da Silva, responsável pelos recursos humanos da Cemec

Com apenas 19 anos e já per-tencente à equipe de planeja-mento e controle da produção

da Cemec, Alice Gonçalves de Sousa é outro exemplo de menina prodígio saído das salas de aula do SENAI. Assim como Bruna, ela sonhava com outra área – queria ser bióloga, mas hoje nem pensa mais no assunto. “O SENAI me abriu um leque de opor-tunidades nunca imaginadas. Hoje tenho um bom emprego, curso En-genharia de Produção e quero fazer

carreira na área”, ressalta. O curso de mecânica de manuten-

ção é de nível médio. Mesmo assim, as disciplinas estudadas por Alice es-tão sendo úteis na graduação. “Estou revendo na universidade algumas teorias ensinadas no SENAI. Isso mostra que o aprendizado obtido foi adequado não apenas para o merca-do de trabalho, mas também para o meu futuro acadêmico”, avalia.

Na Cemec, Alice explica que ocu-pou, como aprendiz, a posição deixa-

da por Bruna e, assim como ocorreu com ela, a empresa percebeu que tinha futuro na área, contratando-a após esse período. “Temos um pro-grama de aprendiz que detecta talen-tos e os direciona para os lugares cer-tos. Apesar de elas terem ocupado a mesma função no início, percebemos que ambas tinham perfis diferentes. Atualmente alocadas de acordo com as suas competências, posso afirmar que continuam sendo funcionárias exemplares”, arremata Leidiane.

Fazendo escola

“É

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Jovem aprendiz

N o Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, milhares de profissionais já foram

capacitados. Os cursos variam de 800 a 1.200 horas/aula – em média um ano e meio de estudos, num misto de aprendizagem formal e profissional. No curso de Técnico em Manutenção Industrial, por exemplo, são ministradas paralelamente as disciplinas de Eletricidade, Mecânica de Usinagem, Automação e Hidráulica e matérias como Ética e Cidadania, Informática, Português e Inglês Instrumental, Empreendedorismo e Gestão de Pessoas.

Há hoje no Antônio Urbano de Almeida cerca de 250 estudantes matriculados nos cursos de aprendizagem, sendo que um quarto deles já está apto para o estágio, principalmente nos cursos de Impressor Ofsete, Programador Visual Básico e Mecânico de Manutenção em Refrigeração e Climatização. Segundo a analista Luana Couto, a unidade

mantém convênio no momento com 58 empresas para contratação dos que entram nessa fase. No entanto, outras empresas dentro do estado também podem solicitar alunos para a fase de prática profissional.

Seleção 2009Para os jovens na faixa etária de 14 a 22 anos interessados em ingressar num dos cursos profissionalizantes gratuitos do SENAI, a seleção é realizada duas vezes ao ano, por meio de encaminhamento das empresas, com provas de português e matemática. Conheça os cursos disponíveis para o segundo semestre:

Os cursos do CFP Antônio Urbano de Almeida variam de 800 a 1.200 horas/aula

Informações pelos telefones (85) 3421-5310 e 3421-5304

S E R v I ç O

>> Mecânico de Manutenção em Refrigeração e Climatização – 1.200 horas/aula

>> Mecânico de Manutenção de Máquinas – 1.200 horas/aula

>> Mecânico de Usinagem – 1.200 horas/aula

>> Assistente Administrativo Industrial – 1.200 horas/aula

>> Ferramentaria de Estampos – 1.200 horas/aula

>> Impressor Ofsete – 800 horas/aula

>> Programador Visual Gráfico – 800 horas/aula

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E o momento não poderia ser mais propício. De acordo com o INDI, órgão da FIEC, a produção industrial cearense em 2009 deve apresentar crescimento variando entre 2,5% e 4%, apesar dos temores gerados pela crise financeira internacional que atingiu o Brasil no final de 2008

Tom de otimismo marca Dia da Indústria

do pelo presidente Armando Montei-ro foi assinado um protocolo de com-promisso entre vários ministérios, a CNI, o SENAI e o SESI”, disse Roberto Macêdo, acrescentando que o acordo levou as instituições a ampliar o nível de aplicação dos recursos no ensino profissionalizante gratuito sem ter sua autonomia afetada.

Cerca de 750 pessoas, entre lide-ranças empresariais e políticas pres-tigiaram a festa em comemoração ao Dia da Indústria. O evento, em sua 26ª edição, foi marcado pelo tom de otimismo dos discursos proferidos por homenageados e autoridades. O momento não poderia ser mais pro-pício. De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), órgão ligado à FIEC, a produ-ção industrial cearense em 2009 de-verá apresentar crescimento variando entre 2,5% e 4%, apesar dos temores gerados com a eclosão da crise finan-

ceira internacional que atingiu o Bra-sil no final de 2008.

Na festa, a FIEC entregou a Me-dalha do Mérito Industrial aos in-dustriais cearenses Fernando Cirino Gurgel, ex-presidente da entidade; Jocely Dantas de Andrade Torres, fun-dador da Moageira Serra Grande, e Pedro Philomeno Ferreira Gomes (in memorian), um dos pioneiros da in-dústria cearense. A Confederação Na-cional da Indústria (CNI) homenageou o empresário e senador Tasso Jereissati (PSDB) com a Ordem do Mérito Indus-trial. A Medalha do Mérito Industrial é concedida anualmente pela entidade cearense a empresários e outras perso-nalidades que contribuíram para o de-senvolvimento econômico do estado. A Ordem do Mérito Industrial foi criada pela CNI para premiar personalidades e instituições dignas do reconhecimen-to e admiração da indústria brasileira.

O presidente da Confederação Na-

cional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse em seu discurso que a crise econômica deve ser trata-da sob uma perspectiva de médio e longo prazos, já que as “as ações de caráter emergencial adotadas pelo governo foram corretas”. Segundo ele, sem essas ações, a situação esta-ria bem mais difícil, “mas a retoma-da do crescimento sustentado, sob a liderança do setor privado, exige ir além”. Monteiro Neto alertou para a necessidade de reformas estruturais nas áreas tributária, previdenciária e trabalhista. “Não fazê-las compro-mete e subtrai competitividade da in-dústria brasileira.”

O presidente da CNI disse ainda que as ineficiências representadas pelo custo Brasil oneram excessivamente a produção. “São problemas de logís-tica, infraestrutura, carga tributária pesada, burocracia e dificuldade para obter financiamento”, disse Monteiro

O presidente da FIEC discursou em comemoração ao Dia da Indústria, du-rante solenidade realizada em 4 de junho no La Maison Dunas, fazendo questão de ressaltar a disposição dos cearenses em superar adversidades não apenas na economia, citando a solidariedade como uma marca forte de nosso povo. Ele apontou a ajuda às vítimas das enchentes, por meio da atuação do Força Solidária – progra-ma lançado na FIEC em 12 de maio pelo governo do estado –, como uma prova do espírito solidário do povo do Ceará. “Isso demonstra que, quando sociedade e governo se unem em tor-no de uma causa comum, o resultado aparece”, completou.

O presidente da FIEC destacou o momento, no ano passado, quando a CNI e as federações industriais foram ameaçadas por uma tentativa de inge-rência por parte do governo. “Como resultado do excelente trabalho lidera-

presidente da FIEC, Rober-to Proença de Macêdo, se disse envaidecido por ver o Ceará reagindo bem aos efeitos da crise e sendo

proativo na construção de novos ca-minhos para o seu desenvolvimento. Ele destacou o espírito empreendedor do empresariado cearense, que vibra com as oportunidades que estão sen-do abertas pelas primeiras manifes-tações de concretização dos projetos estruturantes conduzidos pelo gover-nador Cid Gomes.

Roberto Macêdo lembrou ser mo-tivo de orgulho constatar a “atitude fazedora do nosso empresariado que, diante das intempéries, não arrefeceu sua disposição de continuar criando e produzindo”. Ele afirmou que pon-tualmente há problemas, em especial quanto aos segmentos exportadores. “Mas já podemos dizer que começa-ram a aparecer sinais de retomada.”

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Capa

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Coerência e parceria

A o falar em nome dos homenageados com a Medalha do Mérito Industrial, Fernando Cirino Gurgel lembrou o

início de sua trajetória empresarial ainda aos 18 anos, em 1970, quando passou a colaborar com seu pai, Célio Gurgel, na empresa Fundição Cearense. Aos 24 anos, surgiu a oportunidade de adquirir a Metaneide, “a primeira empresa sob a minha inteira responsabilidade”, disse.

Nossa economia não tem

sentido a crise com a mesma

dimensão dos grandes centros.

Segundo o industrial, a expansão da atividade empresarial o encaminharia para a representação classista, assumindo no início da década de 1980 a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec). Em seguida, preside o Centro Industrial do Ceará (CIC) no período de 1987 a 1989. De acordo com Fernando Cirino, a eleição para a presidência da FIEC surgiu como decorrência do trabalho desenvolvido no CIC.

Para Fernando Cirino, duas palavras sintetizam a sua gestão na FIEC: coerência e parceria. “Tudo quanto consta no meu discurso de posse, em setembro de 1992, veio a tornar-se realidade no decorrer da minha gestão”, avalia. O homenageado disse ainda que a “FIEC foi transferida ao meu sucessor solidamente estruturada e bem financeiramente, com ampla credibilidade no âmbito da CNI, no espaço das demais representações classistas e em todas as esferas de governo”.

Ao se referir aos homenageados, lembrou o pioneirismo de Pedro Philomeno no setor têxtil do estado, bem como no setor turístico, com a construção do Iracema Plaza Hotel, o primeiro na orla marítima de Fortaleza. “Igualmente, no setor industrial e imobiliário, seu destaque foi expressivo. Gerou, sem dúvida, bons frutos que foram descendentes que hoje honram a classe empresarial cearense.”

Sobre Jocely Dantas, afirmou que o industrial se aproximou do Ceará por etapas. Atuou na Paraíba, no Piauí e no Maranhão. “Mas foi em Sobral que se consolidou como empresário, atuando nos setores industriais de café, cerâmica e construção civil, dentre outros. Fernando Cirino também falou sobre o senador Tasso Jereissati, dizendo que sua parceria com ele foi consolidada no período de desenvolvimento mais intenso do Ceará, “cada um de nós interagindo em consonância e em iniciativas de apoio recíproco nos respectivos espaços de atuação”.

Francisco Barreto, presidente da FACIC

Fernando Cirino: trajetória empresarial iniciada aos 18 anos

Crença no empresário

Osenador Tasso Jereissati, que recebeu a Ordem do Mérito Industrial do presidente da CNI,

Armando Monteiro, fez questão de destacar em seu discurso a capacidade de ação do empresariado cearense. Ele ressaltou que a honraria concedida naquela noite aos homenageados representa uma

satisfação especial que vai além do que ela representa. Para o senador, quando ele revê a trajetória dos demais agraciados lhe vem à mente a lembrança de tudo que os empresários cearenses são capazes. “O próprio Roberto Macêdo é um exemplo disso. Herdeiro de um dos maiores grupos cearenses, nunca se acomodou.” Em relação a Fernando Cirino, disse ser um dos mais bem- sucedidos empresários da sua geração. “Criou seu próprio caminho e sua direção, sendo um exemplo para todos”, frisou o senador. Ao falar sobre Jocely Dantas, disse: “Ser empresário em São Paulo já é difícil; e, em Fortaleza, mais ainda. Imagine em Sobral. Por tudo isso, Jocely merece ser reconhecido”. A respeito de Pedro Philomeno, ressaltou seu pioneirismo e a visão empresarial de futuro.

Tasso Jereissati se reportou ainda sobre a crise financeira mundial, dizendo ser o resultado da prevalência da especulação, “da esperteza”, em contraposição ao empreendedor que busca se desenvolver honestamente. “O que está ocorrendo hoje é que tudo era baseado em um jogo”, destacou. O senador, todavia, afirmou que está otimista em relação aos tempos após a crise econômica. Para Tasso, o momento atual está lançando no mundo um novo modelo de desenvolvimento econômico. O homenageado lembrou que Brasil tem tudo para passar por uma fase de desenvolvimento depois da crise. “Agora, nós não podemos é errar no diagnóstico dessa crise, nem deixar de preparar o país para as mudanças”, alertou.

Tasso Jereissati: preparar o país para o futuro

Diante da crise, otimismo é unânime

Otom de otimismo frente ao desafio que o Ceará precisa superar em virtude da crise financeira

internacional e continuar na rota do crescimento pôde ser sentido também nos bastidores da solenidade alusiva ao Dia da Indústria. Políticos, empresários e líderes de classe eram unânimes ao indicar um horizonte próspero para o estado.

Na avaliação do deputado federal Raimundo Gomes de Matos, o empresariado cearense está reagindo bem à crise e mantendo o nível de investimento. “É claro que alguns setores têm de se readequar à nova realidade, principalmente no que se refere à exportação, mas acredito que o compromisso dos empresários com o desenvolvimento do Ceará vem fazendo com que não tenhamos tanta deflexão na nossa economia”, disse.

Para o secretário de Turismo do Ceará, Bismark Maia, assim como o Brasil, o

Ceará está superando bem a crise. Ele indica o conjunto de investimentos que o estado receberá nos próximos anos como justificativa para as boas perspectivas que se apresentam para a economia cearense. “É hora de os investidores privados virem ao encontro dessa gama de investimentos que se apresenta. Apenas para a Copa do Mundo, a previsão é que o estado recebe investimentos de R$ 9,4 bilhões. É uma oportunidade ímpar”, ressalta.

Segundo o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Salmito Filho, há motivos para o Ceará encarar a crise com otimismo. “Graças à estabilidade da nossa economia e ao dever de casa que os bancos, o governo brasileiro e a

iniciativa privada fizeram, alguns anos atrás, o impacto da crise tem sido menor na economia do país e, consequentemente, na economia cearense.

De acordo com Manoel Holanda, proprietário do Maraponga Mart Moda, a crise não chegou ao setor de confecções. “Os negócios estão acontecendo e ninguém comenta o assunto. Não podemos parar para pensar em crise”, afirma. O presidente da Federação das Associações do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária do Ceará (Facic), Francisco Barreto, considera que o Ceará tem tudo para continuar crescendo. “Nossa economia não tem sentido a crise com a mesma dimensão dos grandes centros”, indica.

Neto, esclarecendo que, mesmo as-sim, o ônus de passar pela crise eco-nômica mundial está sendo menor do que o esperado, principalmente se compararmos com outros países.

Para executar uma agenda estru-turante, Monteiro Neto apontou a questão do crédito e o estímulo ao investimento e exportações como aspectos a serem priorizados. “Preci-samos implementar uma agenda de igualdade de condições para compe-tir, abrangendo ações que comple-tem a eliminação de distorções como a acumulação de créditos tributários nas exportações e a oneração tribu-tária dos investimentos”, encerrou.

Monteiro Neto: crédito e estimulo a investimentos

| RevistadaFIEC | Junho de 200920 21Junho de 2009 | RevistadaFIEC |

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Na contramão da crise financeira mundial que ainda persiste, o estado não vive o pior dos mundos. Mas não é hora de relaxar

D

Ceará mantém bom desempenhoesde que a crise mundial eclo-diu, em outubro de 2008, respaldada na redução da força do dólar como padrão monetário internacional, na

diminuição do nível de confiança e no aumento do protecionismo na relação entre os países, alguns economistas e autoridades governamentais passaram a tranquilizar a opinião pública, asse-gurando que a economia brasileira não corria risco de ser gravemente impacta-da. Dentre os motivos apontados para acabar com o temor da população des-tacam-se a folga de reservas cambiais de US$ 200 bilhões, a estabilidade de nossas instituições financeiras, a au-sência de bolhas de crédito, o mercado interno forte, a estabilidade política, a diversificação das exportações e, ape-sar da estagnação econômica mundial, a perspectiva, embora remota, de o país ainda apresentar este ano crescimento

do Produto Interno Bruto (PIB), que o governo fe-deral estima em 1%.

No Brasil, os efeitos da crise foram inicialmente de natureza psicológica. Somente no começo de

2009 é que as consequências passaram a ser sentidas, em situações que se ma-nifestaram a cada dia e localizadas em setores específicos, como aqueles de-pendentes do mercado internacional. Mas foram o bastante para confirmar a forte queda do PIB no quarto trimestre do ano passado e o aumento das demis-sões na indústria, principalmente na região Sudeste. No primeiro trimestre de 2009 ante igual período do ano pas-sado, a economia brasileira teve retra-ção de 1,8%, e de 0,8% na comparação

os dados incluindo os impostos.E mais: nos primeiros quatro meses

de 2009, de acordo com os números dos indicadores industriais de abril apresentados pelo Instituto de Desen-volvimento Industrial (INDI) da FIEC, foi registrado aumento de 11,80% nas vendas totais da indústria, em compa-ração com igual período do ano passa-do. “O desempenho tem sido melhor que o esperado”, afirma Pedro Jorge Ramos Vianna, coordenador da Unida-de de Economia e Estatística do INDI.

A pesquisa Indicadores Industriais indica ainda a variação de 0,48% em abril, sobre março. Já em relação ao mesmo mês de 2008, o crescimento foi de 13,75%. Segundo Vianna, os números confirmam que o mercado reagiu em âmbito interno e nas ex-portações. As vendas do Ceará para o exterior foram de US$ 100 milhões em abril. Considerando apenas os pro-dutos industrializados, as exportações alcançaram US$ 77,9 milhões, alta de 50,36% sobre março. Esse fenômeno mostra que, mesmo diante do cenário de crise mundial, o estado manteve o bom desempenho obtido nos últimos anos, impulsionado pelo aquecimento da demanda doméstica, mola propul-sora, sobretudo, para a expansão da geração de emprego. Mas esse quadro, comparado com o brasileiro, apenas confirma a expectativa de autoridades e empresários locais, que desde o final de 2008 enfrentam com otimismo os efeitos da crise.

A crise financeira, é importante sa-lientar, não foi uma marolinha nem um tsunami em nosso estado. As ex-portações caíram, houve um pouco de desemprego, mas não foi registrado fechamento de fábricas. Até mesmo o

processo de recuperação, segundo es-pecialistas, já começou.

As perspectivas, portanto, mantêm-se positivas para o futuro. Quais seriam, no entanto, os fatores que estariam dis-tanciando o Ceará dos efeitos da heca-tombe financeira mundial? Uma das respostas se relaciona à própria região em que o estado está inserido. De acor-do com pesquisa da consultoria Data-métrica, divulgada este ano, o consumo das famílias deve puxar o crescimento da região Nordeste em 2009 para ní-veis acima da média do país.

Os fatores que mais podem favore-cer a região são o aumento do salário mínimo e o programa Bolsa Família. Por terem importância maior na re-gião, ajudam a amortecer o impacto da crise. Mas outros pontos também pe-sam a favor do Nordeste. Um deles é o fato de as indústrias terem importância menor para o crescimento econômico do que no Sudeste. Isso evitaria maio-res perdas com a queda nas exporta-ções. Além disso, a ajuda do governo federal por meio de obras estruturan-tes é um alento aos setores geradores de emprego, como a construção civil. No caso específico do Ceará, o chefe de gabinete do governador Cid Ferreira Gomes, Ivo Gomes, diz que o governo tem “ferramentas de enfrentamento da crise”. Dentre elas está a perspectiva de serem investidos cerca de R$ 5 bilhões até 2010, sem contar os gastos de cus-teio. Dinheiro em caixa, pelo menos, o governo estadual tem. As boas perspec-tivas, todavia, não param por aí.

Segundo dados do Cadastro Ge-ral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em abril foram gerados no Ceará 3.230 vagas de

trabalho com carteira assinada, corres-pondendo ao terceiro melhor desem-penho do mercado de trabalho cearen-se no respectivo mês. A performance positiva foi puxada pela indústria de transformação, seguida dos setores de serviços e do comércio. O desempenho do Ceará não foi melhor por conta do setor agropecuário, que continuou a cair em função das perdas de lavouras causadas pelo intenso período chuvo-so. Em março e abril, o trabalho rural fechou negativo, respectivamente, com 661 e 793 vagas a menos.

Outro ponto para se comemorar é que, apesar da crise financeira mun-dial, nenhum investimento previsto para o Ceará corre até agora risco de não ser executado. Dessa forma, o esta-do espera concretizar propostas como a construção de uma refinaria da Pe-trobras – a Premium II –, cujo protoco-lo de intenções foi assinado em agosto do ano passado, além da unidade in-dustrial da Companhia Siderúrgica do Ceará (CSP), uma parceria da sul-co-reana Dongkuk e da Vale do Rio Doce, empreendimentos que representam, somados, cerca de US$ 16 bilhões. In-clusive, a mineradora já garantiu que o corte de 36,5% na projeção de in-vestimentos para 2009 não vai alterar os negócios já planejados no estado. Também estão em andamento outras importantes obras, como a ampliação do porto do Pecém e a continuidade do Metrofor, que se arrasta desde 1999.

No entanto, a cautela deve ser ain-da a palavra de ordem porque o bom desempenho vai depender do ritmo de como a recuperação vai se dar. “Não sa-bemos se vai ser a 20 por hora ou a 80 por hora”, pondera Pedro Jorge.

com o trimestre imediatamente ante-rior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da segunda taxa negativa consecu-tiva do PIB nessa comparação – houve queda de 3,6% no quarto trimestre –, o que configura um quadro de reces-são técnica, a primeira desde 2003. A queda de 1,8% em relação ao primeiro trimestre de 2008 é a mais forte des-de o quarto trimestre de 1998, quan-do a retração foi de 1,9%. Apesar da aguardada queda, a retração é menor que a esperada pelo mercado e muitos economistas. Para eles, a estabilidade macroeconômica e o cenário interno mais fortalecido serão os pilares para a retomada do crescimento, fato que deverá ser observado já nos dados re-lativos ao PIB do segundo trimestre, e se intensificará na parte final do ano.

Ao contrário do Brasil, porém, a economia cearense vem dando mos-tras de que a crise, se chegou por aqui, chegou em menor escala. Há razões, portanto, para otimismo. Para se acre-ditar que a crise pode ser enfrenta-da com criatividade. Ou, como diz o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo: “Criar é o desafio nesse processo de renovação e superação”. Os dados do PIB trimestral do estado apresentados dia 10 de junho mostram que a economia cearense cresceu, apesar da crise financeira mundial. Ao contrário do PIB do Brasil, que so-freu queda de 1,5% nos três primeiros meses de 2009 sobre igual período do ano passado, no Ceará, em mesmo intervalo, o valor adicionado a preços básicos alcançou expansão de 3,75%. O crescimento da economia cearense ficou em 3,08%, caso seja considerado

Economia

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Razões paRa o otimismoRECURSOSEM CAIxA

Um dos motivos para o otimismo em relação ao estado superar os efeitos da crise está nos recursos disponíveis. “O Ceará nunca teve tanto recurso em caixa”, tem dito o governador Cid Gomes em encontros que tratam sobre a questão. O ajuste fiscal dos dois primeiros anos de governo permitiu o aumento da capacidade de investimento que hoje mais do que dobrou, ficando em torno R$ 1,6 bilhão, afora outros recursos. De acordo com o secretário da Fazenda (Sefaz), Mauro Filho, esse dinheiro será aplicado na infraestrutura para receber a refinaria, a siderúrgica, o centro de feiras e o oceanário aquático de frente para o mar, além de outros projetos.

Para o governador, essa capacidade de investimento fará com que o Ceará bata recordes. “Sem dúvida alguma, 2009 será um ano em que os investimentos ocorrerão de forma mais volumosa. Será um ano recorde de investimentos, principalmente nas áreas mais demandadas”, diz. A expectativa, segundo o secretário Mauro Filho, é que entre 2009 e 2010 o governo estadual invista de R$ 5 bilhões a R$ 7 bilhões, considerando recursos próprios e de terceiros, como empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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PIBEnquanto os

prognósticos sobre o PIB brasileiro apontam a possibilidade de crescimento zero ou até mesmo a perspectiva de um índice negativo, no Ceará, a expectativa é de que o crescimento seja de no mínimo 2,5%. Pelo menos é o que aponta o presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, com base em três fatores. O governo estadual continua investindo, capitalizado e em consonância com o que pensa o governo federal: garantir a continuidade dos investimentos. Outro ponto que Balhmann faz referência diz respeito aos benefícios sociais que estão gozando as classes C e D, assegurando o consumo constante. Para Pedro Jorge Ramos Viana, fazer prognósticos no momento seria arriscado. Mesmo assim, não descarta o crescimento em torno de 2,5% a 4%. O economista credita o fato à pouca influência que o Nordeste como um todo deve ter quanto à crise financeira mundial. Além disso, ele se baseia ainda na força da economia interna, que não será afetada pela queda nas exportações.

MAtRIz ENERgétICA

De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABBEólica), o potencial eólico cearense aponta para uma intensificação de seu aproveitamento ano a ano. Para 2009, a expectativa é que o Ceará atinja uma capacidade instalada superior a 500 megawatts (MW), colocando-o como o estado com o maior potencial eólico instalado. Hoje, são 96,63 MW instalados, enquanto o líder atual, o Rio Grande do Sul, possui 200 MW. Segundo o atlas eólico, o potencial de energia eólica do Ceará é de mais de 25.000 MW (on-shore), podendo chegar a 35,5 mil MW pelo aproveitamento da plataforma continental (off-shore).

Para o diretor corporativo do INDI, Jurandir Picanço, com a possibilidade dos empreendimentos eólicos no Ceará, várias atividades empresariais poderiam compor a cadeia produtiva do segmento. A produção de energia pela usina solar da MPX, em Tauá, também aponta para tal perspectiva. As operações estão previstas para dezembro de 2009. A Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) está concluindo um estudo para identificar potencialidades da cadeia produtiva do setor. O presidente da ABEEólica, Lauro Fiúza, lembra que o Brasil possui 46% de energias renováveis em sua matriz energética, em comparação com a média mundial, de 14%. Uma das vantagens da utilização da eólica, explica, é a possibilidade de se fazer a interligação do sistema, com a energia eólica vindo a complementar essa matriz, aumentando o acúmulo de água nos reservatórios.

6 gERAçãO DE EMPREgOS SURPREENDE

Surpreendendo até os mais otimistas, o número de empregos gerados no estado em abril somou 3.230 vagas. Foi o terceiro melhor desempenho do mercado de trabalho cearense no respectivo mês. A performance positiva foi puxada pela indústria de transformação, seguida dos setores de serviço e do comércio. O desempenho do Ceará não foi melhor por conta do setor agropecuário, que continuou a cair em função das perdas de lavouras causadas pelo intenso período chuvoso enfrentado este ano pelo estado. Em março e abril, o trabalho rural fechou negativo, respectivamente, com 661 e 793 vagas a menos.

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ARRECADAçãO CRESCE EM 2008

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de outubro até dezembro do ano passado, 16 estados apresentaram queda na arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) como efeito da crise econômica. Apesar dessas reduções, a evolução anual média de arrecadação ficou em 17,21% em 2008. No Ceará, porém, essa alta atingiu 20,46%, significando um acréscimo real de receita significativo. A queda detectada nos estados se deu porque o consumo por parte das famílias está menor – seja pelo temor da instabilidade ou pela perda do emprego. Consequentemente, com menos vendas, menos impostos são arrecadados.

Nos quatro primeiros meses deste ano (2009), a indústria foi quem mais contribuiu para que a arrecadação estadual do ICMS crescesse 6% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a abril, o recolhimento do ICMS no setor industrial aumentou 18,18%, saindo de R$ 266,8 milhões no 1º quadrimestre de 2008 para R$ 315,3 milhões neste ano. Atualmente, a indústria representa 20,33% do total arrecadado com o tributo no Ceará.

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5SEtOR tURíStICO

Se em relação às exportações a queda do dólar pode significar perdas para alguns setores da economia, em contrapartida, tem a inclinação para beneficiar outros. É o caso do turismo, que tende a ser fortalecido com o mercado interno. Nessa perspectiva, a Secretaria de Turismo do Ceará (Setur) aposta no potencial cearense para a realização de grandes eventos. A fim de garantir esse mercado, o governo do estado desenvolve ações de melhoria da infraestrutura turística, tais como a construção e duplicação de rodovias, recuperação do patrimônio histórico, construção e ampliação de aeroportos regionais e do pavilhão de feiras, que deverá ficar pronto em 2010.

Como prova de que o segmento pode ser o contraponto à maré baixa de outros, o estado começou 2009 apresentando números de crescimento. Entre janeiro e abril, houve alta de 9,5% na quantidade de turistas que chegaram via Fortaleza (saltando de 733.372 para 803.395 visitantes), totalizando uma receita turística direta de R$ 1,077 bilhão (9,9% maior do que os R$ 979 milhões contabilizados no acumulado do 1º quadrimestre do último ano). A taxa de ocupação na capital foi de 62,3%, contra 58,5% no mesmo período de 2008. A demanda turística apurada nos quatro primeiros meses vem crescendo gradativamente a cada ano. Em 2006, foram registrados 708.638 visitantes no estado e, em 2007, 713.961, com altas na demanda, respectivamente, de 13,3% e 12,5%.

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PROjEtOS EStRUtURANtES

Os investimentos continuam previstos e os cronogramas se mantêm em dia. A Refinaria Premium II da Petrobras, por exemplo, deverá ser inaugurada em setembro de 2013 com investimentos de US$ 11,1 bilhões. Inclusive, ela poderá ter investimentos chineses. Outro projeto é a Companhia Siderúrgica do Pecém, que, por meio de consórcio entre as empresas Vale do Rio Doce (Brasil) e a Dongkuk (Coreia), projeta investir US$ 5 bilhões, com entrada em operação a partir de 2012. Na esteira desses projetos, consta ainda a exploração de fosfato e urânio na jazida de Itataia, que receberá investimentos da ordem de US$ 350 milhões oriundos do consórcio Galvani (empresa brasileira produtora de fertilizantes) com a INB (Indústrias Nucleares do Brasil). A Indústria Naval do Ceará (Inace) projeta construir na Barra do Ceará uma nova unidade, com investimentos previstos de US$ 500 milhões. O novo estaleiro estará a apto fabricar navios de médio e grande portes – entre 4.000 e 20.000 toneladas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de aprovar financiamento de R$ 1,4 bilhão para o projeto da Usina Termelétrica do Pecém (UTE Pecém), em construção pela MPX e EDP Energia do Brasil. Como a futura usina será movida a carvão mineral, o fato sinaliza uma carta branca (na verdade verde) de que o empreendimento, embora a carvão, é sólido na estratégia de redução de riscos ambientais. E não de deve esquecer o fato de que Fortaleza está na copa do mundo de 2014, o que vai requerer melhoria na infraestrutura urbana e em logística, atraindo mais investimentos.

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MAIOR PAtAMAR DE INvEStIMENtOEstudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, 12 anos após o período

de renegociação das dívidas com a União, o Ceará mantém bom desempenho. O patamar de investimento real do estado atingiu, juntamente com Roraima, a média de 22%, de 1995 a 2006, a maior do país. A média nacional ficou em 17%, percentual abaixo do índice de países emergentes do Sudeste Asiático – alguns até mais pobres que o Brasil. As outras 13 unidades federativas ficaram com relações inferiores a 15%, bem mais favoráveis nesses mercados compradores internacionais.

CONSUMO DAS FAMílIAS AtRAI EMPRESAS

A Pesquisa Brasil em Foco – IPC Target 2008 mostra a cidade de Fortaleza como estratégica para a atração de novos negócios. Os dados revelam ainda que o consumo na capital cearense desponta quando comparado à média do Nordeste, o que tem atraído empresas para a cidade. Enquanto na região gastam-se por mês cerca de 26,9% do orçamento para consumo com manutenção do lar (água, luz, gás, energia, impostos, taxas etc.), em Fortaleza esse índice atinge 23,5%. O resultado disso é que o fortalezense passa a ter mais recursos para outras compras, o que tem gerado a abertura de novos empreendimentos na cidade. Em 2008, por exemplo, o número de empresas na área de serviços subiu 8,16%, enquanto na indústria esse aumento foi de 7,44%. Prova desse filão foi a abertura de várias unidades de redes de supermercados, explorando principalmente o consumo das famílias residentes em áreas menos privilegiadas de Fortaleza.

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Fruticultura e safra: inverno prejudica mais que a crise

D epois de escapar dos efeitos da crise mundial, a trajetória de alta da fruticultura cearense e

as projeções de safra recorde para o Ceará devem ser interrompidos pelas fortes chuvas da quadra invernosa em 2009. Em 2008, a fruticultura do estado experimentou um crescimento histórico, assumindo a quarta colocação na pauta de exportação, superando o tradicional setor têxtil. As vendas externas somaram US$ 131,6 milhões, ultrapassando a meta prevista para o período de US$ 100 milhões traçada pelo governo estadual.

Nem a retração do mercado internacional, em função da crise mundial, conseguiu abalar o otimismo do setor. Segundo Euvaldo Bringel, presidente do Instituto Frutal, não fosse o inverno rigoroso, as exportações de frutas cearenses continuariam crescendo. “O excesso de água nos perímetros irrigados está prejudicando

a produção de frutas e ainda deverá atrasar o plantio de melão e melancia no segundo semestre. Se repetirmos a cifra do ano passado já será positivo.

Para o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Camilo Santana, o período invernoso intenso também deve interferir nos prognósticos de safra recorde para o estado. Segundo ele, alguns municípios já apresentam 50% de perda. De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção

Agrícola (LSPA), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 16 de março a 15 de abril deste ano, a perspectiva do estado ainda era produzir cerca de 1.367.089 toneladas de grãos em 2009. A safra, no entanto, não será tão boa quanto se esperava. A estimativa agora é de 1.048.710 toneladas, representando perda de 23,29% ao previsto inicialmente. A expectativa de superar a maior safra da história do estado (1.145.558 toneladas em 2006) foi, por isso, descartada.

Caatinga

A caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, já teve cerca de 70% de sua área alterada pelo homem. Mesmo assim, apenas 1% dela se encontra protegida em unidades de conservação

Rica, mas ameaçada

Q

Reserva Natural Serra das Almas tem 5.646 hectares de mata de caatinga e abriga mostras significativas da flora e da fauna

POR GEVAN OLIVEIRA

uem viaja pelo sertão nor-destino, principalmente nos meses mais quentes, como agosto e setembro,

tem a sensação de estar passando por um extenso deserto. Terra seca a perder de vista, vegetação rala de galhos espinhosos e retorcidos, pou-cos animais e temperaturas que po-dem alcançar até 60 graus Celsius no solo estorricado. Os longos e carac-terísticos períodos de estiagem, que podem chegar a nove meses por ano, fizeram com que animais e plantas se adaptassem ao clima para conseguir viver nesse ambiente.

As folhas de alguns vegetais, por exemplo, se tornaram finas, ou ine-xistentes. Outros passaram a arma-zenar água, como os cactos, ou mes-

mo fixar suas raízes praticamente na superfície para absorver o máximo de chuva, que na região varia historica-mente entre 300 a 800 milímetros por ano, embora em certas localidades do Ceará possa chegar a apenas 200 milí-metros em períodos de seca. São raros os anos de chuvas em demasia, como ocorre na atual quadra invernosa.

Apesar dessa descrição pouco con-vidativa da caatinga, um olhar mais atento revela um bioma surpreendente, abrigando centenas de animais, plantas e invertebrados. Nele, vivem mais de 25 milhões de pessoas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.

Ocupando em torno de 11% do território nacional, com cerca de

844.000 quilômetros quadrados, a importância da caatinga se revela, ainda, pelo fato de este ser o úni-co bioma exclusivamente brasileiro, com muitas espécies de fauna e flora não encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

O melhor período para se visitar esse ecossistema é durante a estação das chuvas, geralmente de janeiro a abril. Isso porque o solo, apesar de castigado na maior parte do ano pelo sol inclemente, é rico em nutrien-tes. Com as primeiras gotas d’água, a paisagem muda rapidamente – as árvores se cobrem de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas cujas flores coloridas e de extrema beleza contrastam com a paisagem seca de antes.

T R A B A L H A N D O C O M E N E R G I A

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Usina EólicaUsina Eólica

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AmpliaçãoAmpliação

ARQUIVO: ASSOCIAÇÃO CAATINGA

2�Junho de 2009 | RevistadaFIEC |

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Riqueza natural

N o meio da aridez, o visitante de repente pode se deparar com as terras férteis das chamadas ilhas

de umidade e dos brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nelas, é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos do mundo. Essas áreas normalmente se localizam próximas às serras. No Ceará, por exemplo, boa parte das flores produzidas e exportadas para a Europa e Estados Unidos pelo Brasil é cultivada na região da serra da Ibiapaba. Em Pernambuco, na região de Petrolina, o grande cultivo de uvas, dentre outras frutas tropicais características de climas frios, é o que chama a atenção. Na Paraíba, o algodão que brota da terra vem em diversas cores, graças a uma tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa).

Na caatinga vivem alguns dos animais brasileiros mais ameaçados de extinção, como a suçuarana, o gato-maracajá e a ararinha-azul. A lista de pássaros tem mais de 500 espécies e inclui aves de rapina como a águia chilena, o urubu-rei, o acauã, cujo canto, segundo a tradição local, anuncia a estação seca; a araponga-do-nordeste, com um canto que se assemelha a um martelo batendo numa bigorna; o cancão, o galo de campina, a seriema e o arapaçu do nordeste. Outros animais típicos da região são o sapo-cururu, asa-branca, cotia, gambá, preá, tatu-peba e o sagui do nordeste, dentre outros.

Quanto à flora, já foram registradas mais de mil espécies, estimando-se que haja um total de 2.000 a 3.000 plantas. Além da importância biológica, essa diversidade

apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, há espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro, que podem ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Dentre as de potencialidade frutífera destacam-se o umbu, o araticum, o jatobá, o murici e o licur. Já as medicinais mais conhecidas são a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá e o jericó.

Historicamente, a região da caatinga também é bastante rica em costumes, crenças e tradições, tendo sido palco de importantes acontecimentos que marcaram o passado político e social do Brasil. Foi entre espinhos e sobre o chão rachado do leito de rios secos que, no final do século 19, Antônio Conselheiro construiu a sociedade de Canudos, dizimada anos depois pelas tropas federais sob alegação de que seria uma ameaçava à República recém-proclamada.

Lampião e seu bando de cangaceiros também aterrorizaram as cidades pobres do sertão, ao mesmo tempo em que eram admirados pela população descrente com os desmandos dos políticos e coronéis. Outro que fez história foi o religioso, político e depois santo do povo, Padre Cícero Romão Batista, cuja memória está preservada numa gigantesca estátua, a terceira maior do mundo, construída no município de Juazeiro do Norte, região Sul do Ceará.

Para os estudiosos e aventureiros, a caatinga também reserva surpresas que remontam à pré-história. Há na região sítios arqueológicos com gravuras (em Ingá, na Paraíba) ou pinturas rupestres (Serra da Capivara e Sete Cidades – ambas no

Piauí), Lajedo de Soledade (Rio Grande do Norte) e fósseis de dinossauros e outros animais que viveram antes mesmo do homem (em Souza e São Rafael, na Paraíba, e na Chapada do Araripe, no município cearense de Santana do Cariri).

Porém, esse patrimônio brasileiro, e por que não dizer mundial, encontra-se bastante ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela população local, desde a ocupação do semiárido, tem levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 70% da caatinga já foi alterada pelo homem e pouco mais de 1% de sua área está protegida em unidades e parques de conservação, a exemplo da Reserva Natural Serra das Almas. Esses números conferem à caatinga a condição de ecossistema brasileiro menos preservado e um dos mais degradados do mundo.

Estudo realizado pelo Banco Mundial e pela organização não-governamental WWF, denominado A Conservation Assessment of the Terrestrial Ecoregions of Latin America and the Caribbean, definiu prioridades para a conservação da biodiversidade em todo o mundo, as quais são estabelecidas em cinco níveis por ordem de relevância: prioridades I, II, III, IV e V. O ecossistema caatinga foi classificado no nível I, ou seja, o mais alto. Segundo o gerente executivo da Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús, no sertão cearense, Carlos Rodrigo Castro, tem-se a alta prioridade quando se considera, além da situação de vulnerabilidade do ecossistema, a sua representatividade para a biorregião.

De fato, os domínios da caatinga estão presentes em quase todo o Nordeste brasileiro, mais precisamente na área denominada de Polígono das Secas, que inclui ainda parte do norte de Minas Gerais. A questão socioeconômico de grande parte da população residente no semiárido é considerada pelos especialistas a principal causa da degradação do ecossistema.

Gato-maracajá

A cobertura vegetal da caatinga está atualmente reduzida a menos de 50% da

área dos estados e a taxa anual de desmatamento é de aproximadamente meio milhão de hectares.

Carlos Rodrigo Castro, gerente executivo da Reserva Natural Serra das Almas

Política da preservação

P ara tentar reverter o quadro sombrio de ameaça à caatinga que, além da ação direta do homem, sofre com

o processo climático de desertificação (segundo o Ministério do Meio Ambiente, em torno de 1.500 dos mais de 1.800 municípios do Nordeste já apresentam algum sinal de desertificação), o governo federal instituiu, em 28 de abril de 2003,

o Dia Nacional da Caatinga. Três anos depois, foi a vez de a Organização das Nações Unidas (ONU) declarar 2006 como o Ano Internacional de Deserto e Desertificação no intuito de chamar a atenção do mundo para os problemas que atingem especialmente as regiões semiáridas, como o Nordeste brasileiro.

No Ceará, mesmo antes dessas tentativas de preservação, precisamente em outubro de 1998, no município de Crateús,

a 385 quilômetros de Fortaleza, era constituída pelo empresário americano Samuel Curtis Johnson, com apoio de ambientalistas locais, uma associação com o objetivo de preservar a caatinga cearense. Denominada de Associação Caatinga, já nasceu determinada e com grandes sonhos. Tantos que, no ano seguinte, buscava recursos para a compra de uma área de conservação permanente do bioma. Em 2000, o próprio Johnson comprou e doou à associação 6.146 hectares de mata de caatinga, fundando a Reserva Natural Serra das Almas. Abrangendo os municípios de Crateús/CE e parte em Buriti dos Montes/PI, ela é hoje uma das oito destinadas exclusivamente à conservação ambiental da caatinga no Ceará.

O local foi reconhecido como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e classificado como de alta relevância para a conservação do bioma pelo Ministério do Meio Ambiente. Recentemente, foi indicado a receber o título de posto avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga, parte do programa Homem e Biosfera desenvolvido pela Unesco.

Ao longo de dez anos, explica a gerente de projeto Cristine Negrão, a instituição contribuiu diretamente para a conservação de mais de 30.000 hectares de caatinga, além de ter beneficiado cerca de 62.000 pessoas em suas ações. “Foram 24 projetos e diversos prêmios recebidos pelo trabalho realizado graças ao apoio de inúmeros parceiros que acreditaram e continuam investindo nas ações da instituição”, afirma Cristine.

Para ela, o maior desafio da reserva tem sido unir a preservação da biodiversidade remanescente da caatinga com as necessidades e desenvolvimento humano da população local, composta de aproximadamente 1.700 famílias. Os recursos são minguados. Por isso, elas dependem fortemente daquilo que a caatinga lhes propicia: a retirada de produtos madeireiros (lenha, carvão, estacas, material para construção etc.) e não madeireiros (frutos, plantas medicinais, mel etc.), além da agricultura de subsistência, que utiliza a famigerada técnica da queimada – todos fatores contrários à preservação ambiental. A lenha é retirada da caatinga para a fabricação de carvão

“Exemplo disso é que até hoje a lenha e o carvão vegetal, juntos, são a segunda fonte de energia na região, perdendo somente para a eletricidade”, justifica Rodrigo.

O gerente salienta que o uso dos recursos da flora e da fauna pelas necessidades do homem nordestino é uma constante, já que ele não encontra formas alternativas para o seu sustento. “Como consequência, a cobertura vegetal está atualmente reduzida a menos de 50% da área dos estados e a taxa anual de desmatamento é de aproximadamente meio milhão de hectares”,

alerta Rodrigo.Ele diz que o desmatamento e a caça

de subsistência são de fato os principais responsáveis pela extinção da maioria dos animais de médio e grande portes nativos da caatinga. Tal fenômeno ocorre porque, durante as grandes secas periódicas, quando as safras agrícolas são frustradas e os animais domésticos dizimados pela fome e falta d’água, a caça predatória desempenha importante papel social na região.

“O hábito de consumir animais da fauna local é antigo, vindo desde antes

da colonização e, ainda hoje, é grande sua importância social para o sustento dessas famílias, já que não contam com ajuda suficiente das autoridades”, lamenta, acrescentando que, além dos animais, a flora também tem sido historicamente ameaçada pela ação do homem, seja por meio das queimadas, fabricação de carvão e estacas, ou mesmo para uso na construção de casas. “Procuramos, aqui na reserva, orientar o homem para o manejo correto e consciente desse recurso. Se a flora se extinguir, sua fonte de sustento também se vai”, adverte.

A reserva é um espaço ideal para os amantes da natureza

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ARQUIVO: ASSOCIAÇÃO CAATINGA

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A reserva

L ocalizada nos Sertões dos Inhamuns, a Reserva Natural Serra das Almas tem oficialmente uma área de 5.646 hectares e abriga amostras significativas da flora e da

fauna e comunidades biológicas da caatinga. A sede da reserva fica a 50 quilômetros da cidade de Crateús. O local, aberto ao público, possui um centro de visitas em sua sede, com alojamento para 18 pessoas, cozinha, refeitório, ecodemia (academia ao ar

livre) e área de descanso. O espaço é ideal aos aventureiros e amantes da natureza que podem experimentar a vida na reserva com caminhadas em três trilhas ecológicas (trilha dos macacos, trilha do lajeiro e trilha das arapucas). A reserva conta, ainda, com o Centro Ecológico Samuel Johnson, composto de auditório, cozinha, refeitório, viveiros de mudas e capacidade para 16 pessoas, ideal para visitas escolares.

AvesA avifauna da reserva impressiona por sua riqueza e diversidade. São conhecidas para o bioma caatinga mais de 500 espécies, distribuídas em 62 famílias, das quais 193 espécies possuem registros confirmados para a área, entre elas: urubu-rei, gavião, carcará, siriema, jacu-verdadeiro, juriti-azul, caburé, pica-pau-branco, arapaçu, siriri, gibão-de-couro, cancão, azulão e galo de campina.

MamíferosNa reserva, até o momento, foram identificadas 42 espécies de mamíferos, entre herbívoros, carnívoros e onívoros. As duas espécies de felinos do local estão inclusas na lista de animais ameaçados de extinção no território brasileiro: a suçuarana e o gato-maracajá. Na reserva, os animais que sofrem maior pressão de caça são o tatu, cotia, tamanduá-mirim e mocó. As espécies mais encontradas no local são o gambá, tatu, cateto, tamanduá-mirim, cachorro do mato, macaco-prego, onça-parda, gato-maracajá, preá, cotia, veado e guaxinim.

FloraO nome caatinga é de origem tupi-guarani e significa floresta branca, referência à aparência que a vegetação toma nos meses de seca. As caatingas podem ser caracterizadas como

florestas arbóreas ou arbustivas, variando entre 5 e 17 metros de altura. Na área da reserva, três unidades fisionômicas são dominantes: caatinga, mata seca e carrasco. Até agora, foram identificadas 419 espécies de plantas na área da reserva, dentre elas a carnaúba, juazeiro, jurema, pau-branco, aroeira, sabiá, jatobá, xique-xique, mandacaru, croata e coroa de frade.

InvertebradosEstudo recente promovido na reserva descreveu 76 espécies de formigas, sendo três delas novas (não descritas pela ciência). Uma das espécies coletadas foi considerada rara, sendo o primeiro registro para o Ceará e semiárido nordestino. Também foram confirmadas 93 espécies de aranha, sendo nove raras e quatro até então desconhecidas.

Répteis e anfíbiosA herpetofauna da reserva, nome científico para este grupo de animais, inclui 57 espécies, sendo 22 de anfíbios, duas de anfisbenas, 19 de lagartos, 13 de serpentes e uma de jacaré (papo-amarelo). Vale ressaltar que seis das espécies encontradas são novos registros para o estado do Ceará; 16 são restritas ao Nordeste e uma é endêmica do Ceará. Algumas das espécies encontradas: sapo cururu, rã-pimenta, sapo-boi, papa-vento, calango-liso, jacaré do papo amarelo, cascavel, jararaca, cobra coral, teiú e iguana.

Beija-flor-tesoura

Tatu

Flor do xique-xique

Lagartas

Calanguinho do rabo azul

Adote um hectare

Opresidente da Associação Caa-

tinga, o empresário e presidente

da FIEC, Roberto Proença de

Macêdo, explica que toda a sociedade

pode contribuir para a preservação desse

habitat e manutenção dos projetos que

beneficiam as comunidades do entorno

da Reserva Serra das Almas. Para tanto,

foi a criada a campanha Adote 1 Hectare.

Destinado a pessoas físicas, ou jurídicas,

a contribuição pode ser é feita por meio

de depósito em uma conta do Banco do

Brasil. “Fazendo isso você ajudará na con-

servação de espécies exclusivas, raras e

ameaçadas da caatinga, protegerá matas

e nascentes e melhorará a qualidade de

vida das comunidades sertanejas locais”,

justifica Roberto Macêdo.

Como contribuir para preservar a caatinga

Pessoa física – Cada hectare pode ser adotado pelo valor de R$ 45,00. O doador receberá um certificado de adoção, um brinde, materiais informativos da reserva e relatórios semestrais de atividades. Pessoa jurídica – A adoção é de no mínimo quatro hectares pelo valor de R$ 45,00 cada. As empresas poderão deduzir as doações de seu Imposto de Renda, dentre outros benefícios. A adoção é válida por um ano, podendo ser renovada. Informações: (85) 3241-0759 Conta para depósito ou transferência Banco do Brasil S/A Favorecido: Associação Caatinga CNPJ: 02.885.544/0001-03 Agência: 3515-7 Conta corrente: 5343-0

AAssociação Caatinga é uma entidade que efetivamente desenvolve dezenas de projetos cujos resultados podem

ser medidos em hectares. Dentre eles está a Aliança da Caatinga, promovido em parceria com a organização não-governamental The Nature Conservancy do Brasil (TNC). A iniciativa, presente hoje em todos os estados nordestinos, com exceção de Sergipe, visa à criação de reservas particulares do patrimônio natural, como a da Serras das Almas.

Antes do programa, existiam 35 RPPNs em toda a região, protegendo mais de 100.000 hectares de caatinga. Após o lançamento do primeiro edital, outras 18 unidades de conservação foram fundadas, agregando mais de 12.000 hectares à área total preservada no Nordeste. O segundo edital da Aliança da Caatinga será lançado ainda este ano.

Outra iniciativa da Associação Caatinga, que vem dando bons frutos na Reserva Serra das Almas, é o Programa Ecodesenvolvimento. Criado em 2006, o trabalho visa à implementação de ações que promovam o desenvolvimento sustentável de comunidades presentes no entorno da reserva. Atualmente, três projetos estão em operação: a meliponicultura com a abelha jandaíra (espécie exclusiva e ameaçada da caatinga brasileira), a produção de sabonetes artesanais a partir de plantas e extratos naturais presentes no local (aroeira e malva, dentre outras) e a confecção de chapéus com palha da carnaúba.

O que chama mais a atenção nessa iniciativa é o fato de ela possibilitar a geração de renda concomitante à preservação de espécies ameaçadas e da cultura dos moradores. No caso da meliponicultura, além de ajudar no sustento das famílias, a ideia contribui para conservar a jandaíra, uma abelha sem ferrão ameaçada em função do desaparecimento do seu habitat, geralmente os troncos da imburana de cheiro, onde constroem suas colmeias.

Para o coordenador do projeto Ecodesenvolvimento e gerente da Reserva Serra das Almas, Ewerton Melo, a criação e reprodução dessa espécie para a fabricação de mel representa uma forma inteligente de conservação da caatinga, associada à melhoria da qualidade de vida do homem sertanejo, que está aprendendo uma lição: conservar a mata é mais rentável que derrubá-la. “Hoje, eles sabem que quanto maior for a área de floresta nativa, maior será o campo de alimentação dessas abelhas e, consequentemente, a produção de mel”, frisa.

O mel de jandaíra é considerado medicinal pela população do Nordeste. Os mais velhos contam que ele era usado para tratar problemas respiratórios, dores de ouvido, inflamações nos olhos, ferimentos, picadas de cobra e até como fortificante. Seu valor comercial pode chegar a oito vezes o do mel de outras abelhas. Isso se deve ao pequeno volume produzido pelas colmeias, cerca de três litros por ano.

Outra atividade que enche de orgulho a Associação Caatinga é o curso de artesanato em palha de carnaúba. O objetivo é fazer com que o artesanato substitua outros produtos oriundos dessa matéria-prima, como a vassoura, que têm pouco valor comercial em função da grande oferta no mercado.

Ewerton fundamenta que o artesanato agrega valor por ser um produto que mostra a arte e a identidade da comunidade, além de ter um custo de produção menor. “Dessa forma, a comunidade ganha mais uma fonte alternativa de renda e mais uma vez adquire, por consequência, a consciência ecológica, já que se trata de uma atividade que requer o uso sustentável da carnaúba”, acrescenta. O curso já capacitou 12 mulheres. Agora, elas se preparam para expor seus produtos em feiras na cidade de Crateús.

Projetos que preservam a vida

Mel de jandaíra

Artesanato de palha de carnaúbaMeliponicultura com a jandaíra

FOTOS: ASSOCIAÇÃO CAATINGA

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Instituições de ensino superior interessadas em aderir ao Formação Cidadão devem entrar em contato com o FIRESO pelo telefone (85) 3421-5845.

S E R v I ç O

Formação Cidadã

Educação e responsabilidade social

“É

Evento promovido pelo FIRESO defende a inserção da disciplina de responsabilidade social em todas as áreas do conhecimento

Wânia Dummar, jornalista e vice-presidente da FIEC e do FIRESO

Quanto mais difundirmos a prática da responsabilidade

social no meio acadêmico, em todas as áreas do

conhecimento, melhor será a formação social dos nossos jovens.

preciso repensar o en-sino superior no campo das ciências sociais apli-cadas, prioritariamente nos cursos de adminis-

tração, pois deles sairão os executivos que, pelos próximos 30 anos, tomarão as decisões que vão influenciar a dinâ-mica de produção e consumo, causan-do impactos sobre indivíduos, socieda-de, culturas, ambientes e negócios.” A frase resume o pensamento dos partici-pantes do Global Fórum para a Améri-ca Latina, realizado de 15 a 17 de abril em João Pessoa, Paraíba, e que foi re-plicada pela vice-presidente da FIEC, jornalista Wânia Dummar, durante o 2º Encontro de Responsabilidade So-cial promovido pelo Instituto FIEC de Responsabilidade Social (FIRESO), or-ganismo da FIEC, no final de maio.

No evento, que reuniu num sá-bado pela manhã cerca de 200 es-tudantes e professores das facul-dades participantes do programa Formação Cidadã, desenvolvido pelo FIRESO há sete anos no esta-do, Wânia Dummar, também vice-presidente da entidade, ressaltou, referindo-se ao Global Fórum, que os desafios da sustentabilidade e o dinamismo crescente dos mercados pedem gestores com atitudes e mé-todos diversos para acompanhar a velocidade da inovação tecnológica. “A nova realidade exige que o aluno tenha uma visão sistêmica, habilida-de de liderança e sensibilidade polí-tica e social”, completou.

Wânia Dummar ressaltou que esse novo comportamento só será possível a partir de mudanças na

cultura, nos sistemas e nos proces-sos de formação acadêmica. Para ela, a solução é identificar maneiras de reduzir, ou mesmo sanar, a defa-sagem que existe entre o conteúdo dos cursos universitários da área de negócios e as reais necessidades das empresas e da sociedade.

A jornalista disse ainda que o grande desafio é alcançar uma rela-ção de interatividade entre as esferas empresarial e acadêmica para que as autoridades educacionais pas-sem a conceder atenção apropriada à educação na área de gestão e res-ponsabilidade social. “Quanto mais difundirmos a prática da responsa-bilidade social no meio acadêmico, em todas as áreas do conhecimento, melhor será a formação social dos nossos jovens”, encerrou.

A mesma visão de mudança no processo de educação é compar-tilhada pela palestrante oficial do encontro, professora e especialista em filosofia clínica Nodja Cavalcan-ti. Para ela, essa transformação se materializa quando o aluno passa a ter consciência de que a sua forma-ção precisa fazer diferença na vida das pessoas. E acrescenta: “Não são apenas os participantes dos cursos com disciplinas de responsabilidade social que têm a missão de agir com ética em prol da melhoria da socie-dade. Essa tarefa seria, na verdade, de cada formando, em todas as com-petências”. Nodja completa: “O que a profissão de contador, por exem-plo, tem a ver com responsabilidade social? Tudo. Isso porque não são so-mente os excluídos que necessitam de ações de responsabilidade social, mas todas as comunidades”.

O novo posicionamento em favor do bem comum, diz Nodja, deve vir, também, do empresariado brasileiro, que precisa implantar ações sociais não “porque está na moda”, mas por fazer parte do seu papel social como agente transformador da sociedade. “Não dá mais para ficar distribuindo cestas básicas, que é uma obrigação, e achar que está fazendo responsa-bilidade social. Ser socialmente res-ponsável é criar nos colaboradores uma consciência de que cada indiví-duo é responsável pelo bem-estar do outro, tanto no seu local de trabalho como na comunidade onde mora”, alerta Nodja Cavalcanti.

Nodja Cavalcanti: “Ser socialmente responsável é criar nas pessoas uma consciência de que cada indivíduo é responsável pelo bem-estar do outro”

Agente multiplicador

M ultiplicar a consciência de que cada indivíduo oriundo da universidade tem um papel social a desempenhar

na sua carreira profissional para transformar a sociedade num ambiente melhor. Essa é uma das missões do programa Formação Cidadã, lançado pela FIEC em setembro de 2002 e coordenado pelo FIRESO. Ele foi pioneiro em mobilizar as faculdades para a prática da cidadania e gestão social no meio acadêmico antes mesmo de a Lei 10.861, do Ministério da Educação, determinar que as faculdades incluíssem em seus Planos de Desenvolvimento Institucional (PDIs) ações de responsabilidade social. “A ideia principal era fazer com que essas instituições promovessem a inserção, em sua grade curricular, de atividades teórico-práticas na área da responsabilidade social, com o objetivo de fornecer ao mercado de trabalho profissionais mais conscientes”, explica a secretaria executiva do FIRESO, Aurilene Silva Meireles.

Nesses sete anos, milhares de alunos já foram alcançados pelo programa, em 19 instituições de ensino superior de Fortaleza, seja por meio de disciplinas obrigatórias ou pela participação em atividades transversais. Segundo Aurilene, além das atividades em sala de aula, cada faculdade tem liberdade para montar sua própria ação de engajamento dos alunos na sociedade. “Isso tem sido feito com muito sucesso, mediante projetos de alfabetização de adultos, educação formal, atendimentos em saúde e conscientização ambiental, dentre outros”, afirma a coordenadora.

Parceria FIRESO e instituições de ensino superior capacitou, na FIEC, oficiais do Ronda do Quarteirão.

corretora de seguros| RevistadaFIEC | Junho de 200932

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O Brasil não pode ir na contramão da história.SENADORA MARINA SIlvA (Pt/AC), qUE, MaIS DE

UM aNO DEpOIS DE DEIxar O CargO DE MINIStra DO MEIO

aMbIENtE para CONtEr prESSõES CONtra O COMbatE aO

DESMataMENtO Na aMazôNIa, DIz qUE O paíS prECISa EStar

prONtO para “FazEr a ECONOMIa DO SéCUlO 21” E lIDErar

O prOCESSO CONtra aS MUDaNçaS ClIMátICaS.

MUDANçAS cLIMátIcAS

PIb

a economia brasileira teve retração de 1,8% no primeiro trimestre de 2009 ante igual período do ano passado, e de 0,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o que configura um quadro de recessão técnica, a primeira desde 2003

tREChO DE DOCUMENtO DO IBgE, DIvUlgaDO Na tErça-FEIra, 9 DE jUNhO.

o Brasil está bem posicionado para sair bem dessa conjuntura de crise. a velocidade com que isso irá acontecer vai depender de como o mundo vai se recuperar.MARCEl PEREIRA, ECONOMISta ChEFE

Da rC CONSUltOrES, aFIrMaNDO qUE,

DIFErENtEMENtE DE OUtraS SItUaçõES

SEMElhaNtES vIvIDaS NO paSSaDO, O paíS

tEM bOaS CONDIçõES DE SE rECUpErar

DESSa “MarOlINha” DE FOrMa MaIS rápIDa.

PERFIL as empresas devem, sim, procurar

lucratividade, mas devem também incorporar uma sustentabilidade lucrativa.

jOãO RAFAEl FURtADO, prESIDENtE Da ajE, alErtaNDO qUE aS EMprESaS DEvEM SE prEOCUpar MaIS COM qUEStõES FUNDaMENtaIS COMO MEIO aMbIENtE, rESpONSabIlIDaDE SOCIal E étICa.

INvEStIMENtOS PRODUtIvOS

Quando a economia começou a crescer, lá em 2005, os investimentos lideraram o crescimento. o investimento é muito volátil. depende de uma perspectiva boa para a economia. É normal que sofra mais na crise. Por isso, agora puxam a queda da indústria.lEONARDO CARvAlhO, DO IpEa, SObrE a qUEDa DE 31,9%, SEgUNDO O IbgE, Na prODUçãO DE MáqUINaS E EqUIpaMENtOS para a INDúStrIa, DE jaNEIrO a abrIl DEStE aNO FrENtE a IgUal pEríODO DE 2008, DEMONStraNDO DESaCElEraçãO NOS INvEStIMENtOS prODUtIvOS.

SENADOR “INcOMUM”

O senador tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum.

AvANçO mais na frente, as pessoas vão

lembrar de um ministro da Previdência, um careca, que as fazia perder 30 minutos de seu tempo para se aposentarem.

jOSé PIMENtEl, MINIStrO Da prEvIDêNCIa, DIzENDO qUE EM brEvE O tEMpO DE ESpEra para tIrar a apOSENtaDOrIa SErá DE CINCO MINUtOS.

POLêMIcA a indefinição jurídica é um dos

principais problemas administrativos enfrentados pela gestão ambiental. muitas vezes uma legislação é inadequada a muitos casos.

hERBERt ROChA, Ex-SUpErINtENDENtE Da SEMaCE.

REcIcLAGEM de 11.347 empresas industriais

cearenses, apenas 84 trabalham com reciclagem. dessas empresas, 97% são micro e pequenas.

MARCOS AUgUStO AlBUqUERqUE, prESIDENtE DO SINDvErDE.

PRESIDENtE lUlA, qUE, aO aFIrMar qUE O SENaDOr jOSé SarNEy (pMDb/Ma) MErECE trataMENtO DIFErENCIaDO, rEFOrça a IDEIa DE qUE UM é MElhOr DO qUE O OUtrO, rEStabElECE a lógICa DO ‘vOCê SabE COM qUEM EStá FalaNDO?’ E batE DE FrENtE Na CONStItUIçãO E NO prINCípIO baSIlar Da DEMOCraCIa..

LENHA NA FOGUEIRAPôr lenha na fogueira, como fez o ministro do

Meio Ambiente (Carlos Minc), é estimular a desavença entre irmãos, semear o ódio.ROBERtO RODRIgUES, COOrDENaDOr DO CENtrO DE agrONEgóCIO Da Fgv, prESIDENtE DO CONSElhO SUpErIOr DO agrONEgóCIO Da FIESp E Ex-MINIStrO Da agrICUltUra DO gOvErNO lUla, a rESpEItO DO pOSICIONaMENtO DE MINC EM rElaçãO à rEvISãO DO CóDIgO FlOrEStal..

FOTO: ElzA FIUzA / AGêNCIA BRASIl

Frases&Ideiast I R A D A S I N S P I R A D A S , F R A S E S c O N c E I t U A I S E O U t R A S

EDItADO POR: LUIz cARLOS cAbRAL DE MORAISE-MAIL [email protected]

| RevistadaFIEC | Junho de 20093�

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