Dia Mundial de Luta contra o HIV Aids 2015

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a6 DIÁRIO DA SERRA TERÇA-FEIRA, 1º DE DEZEMBRO DE 2015 Saúde BRUNA ZECHEL [email protected] E spaço A berto por Paulo André* O LUXO E A INOVAÇÃO O consumo de bens de luxo executa uma função útil no sistema de coope- ração social. Em primeiro lugar, a defesa do consu- mo de luxo não deve ser feita com o argumento de que esse tipo de consumo distribui dinheiro entre as pessoas. Segundo esse ar- gumento, se os ricos não se permitissem usufruir do luxo, o pobre não teria ren- da. Isto é uma bobagem, pois se não houvesse o consumo de bens de luxo, o capital e o trabalho neles empregados seriam aplica- dos à produção de outros bens: artigos de consumo de massa, artigos neces- sários, e não “supérfluos”. Portanto, para formar um conceito correto do signifi- cado social do consumo de luxo é necessário, acima de tudo, compreender que o conceito de luxo é inteira- mente relativo. Luxo consiste em um modo de vida de alguém que se coloca em total con- traste com o da grande massa de seus contempo- râneos. O conceito de luxo é essencialmente histórico. Muitas das coisas que nos parecem constituir neces- sidades hoje em dia foram, em algum momento do passado, consideradas coi- sas de luxo. Quando, na Idade Mé- dia, uma senhora da aris- tocracia bizantina em vez de utilizar seus próprios dedos para se alimentar, fazia uso de um objeto de ouro que poderia ser con- siderado um precursor do garfo, os venezianos o con- siderariam um luxo ímpio, e considerariam muito jus- to se essa senhora fosse acometida de uma terrível doença. Isto seria, assim supunham, uma punição bem merecida, vinda de Deus, por esta extravagân- cia antinatural. Em meados do século XIX, considerava-se um luxo ter um banheiro den- tro de casa, mesmo na In- glaterra. Ao final do século XIX, não havia automóveis; no início do século XX, a posse de um desses veícu- los era sinal de um modo de vida particularmente luxuoso. Hoje,muito mais comum um trabalhador menos abastado possuir o seu. Este é o curso da his- tória econômica. O luxo de hoje é a necessidade de amanhã. Cada avanço, primeiro, surge como um luxo de poucos ricos, para, daí a pouco, tornar-se uma necessidade por todos jul- gada indispensável. O con- sumo de luxo dá à indústria o estímulo para descobrir e introduzir novas coisas. É um dos fatores dinâmicos da nossa economia. A ele devemos as progressivas inovações, por meio das quais o padrão de vida de todos os estratos da popu- lação se tem elevado grada- tivamente. Uma inovação indus- trial se inseri no mercado para atender exclusiva- mente às extravagâncias de uma pequena elite; porém, com tempo, lentamente, tal produto finalmente vai se tornando uma necessi- dade até que, no final, se torna um item massificado e indispensável para todos como ocorre com o celu- lar. Aquilo que antes era apenas um bem supérfluo de luxo passa a ser, com o tempo, uma necessidade. No passado, havia um considerável intervalo de tempo entre o surgimento de algo até então comple- tamente desconhecido e sua popularização no uso cotidiano. Algumas vezes, passavam-se vários sécu- los até que uma inovação se tornasse amplamente aceita por todos. Pense na lenta popularização do uso de garfos, sabonetes, lenços, papeis higiênicos e inúmeras outras varieda- des de coisas. Desde seus primórdios, o capitalismo demonstrou uma tendência de ir en- curtando esse intervalo de tempo, até ele finalmente ser eliminado quase que por completo. Este fenôme- no não é uma caracterís- tica meramente acidental da produção capitalista; trata-se de algo inerente à sua própria natureza. A essência do capitalismo é a produção em larga escala para a satisfação dos dese- jos das massas. Sua carac- terística distintiva é a pro- dução em massa feita pelas grandes empresas. Para o grande capital, não há a opção de pro- duzir apenas quantias li- mitadas de bens que irão satisfazer apenas a uma pequena elite. Quanto maior uma empresa se tor- na, mais rapidamente e de maneira mais massificada ela possibilita às pessoas o acesso aos novos êxitos da tecnologia. Havia um tempo em que somente os ricos podiam se dar ao luxo de visitar países es- trangeiros. Goethe não co- nheceu Paris, nem Viena, nem Londres. Hoje, mi- lhares de pessoas viajam por toda parte e, em breve, milhões farão o mesmo. Portanto quando se pen- sa apenas na crise do mo- mento deve-se vislumbrar um horizonte muito maior e que esta crise também vai passar. *Paulo André de Oliveira - Professor da FATEC é colaborador do Diário e escreve às terças-feiras. P SEBRAE Oficina para empreendedores A principal razão de um negócio é vender. Quem não comercializa não sobrevive e para fa- zer isso bem é preciso entender o próprio po- tencial, além de estar por dentro do mercado, da concorrência, dos forne- cedores e principalmen- te, do cliente. A capacidade de admi- nistrar e de planejar as vendas de uma empresa são atitudes diferenciais no sucesso do pequeno negócio. Pensando nesse foco, no dia 7 de dezem- bro, o Escritório Regional do Sebrae-SP em Botucatu, realiza a oficina “Sei Ven- der”, das 19 às 22 horas, voltada para empreende- dores individuais inte- ressados em melhorar a gestão de seus negócios e sua consolidação e forta- lecimento no mercado. Participar da oficina é uma forma de obter novos conhecimentos que, quan- do aplicados na empresa, poderão gerar bons resul- tados. “Entender os clien- tes, oferecer produtos ou serviços que atendam às necessidades deles e pen- sar em estratégias para manter um bom relacio- namento é tarefa funda- mental para as empresas para que atinjam melho- res resultados em vendas e, consequentemente, fi- nanceiros”, explica Tatia- na Santini, consultora do Sebrae-SP. O encontro também visa capacitar o empre- endedor a se adaptar às necessidades do mercado, preparar os seus produtos e serviços para conquis- tar novos clientes e am- pliar as possibilidades de crescimento e expansão. Interessados em parti- cipar da oficina podem se inscrever gratuitamente no Sebrae-SP em Botucatu, na rua Doutor Costa Leite, 1570 ou pelo telefone (14) 3811-1710. As vagas são li- mitadas. Serviço “Oficina Sei Vender” Quando? 7 de dezembro Que horas? das 19 às 22 horas Onde? Escritório Regional do Sebrae, rua Doutor Cos- ta Leite, 1570 – Centro Declaração A equipe do Diário da Serra foi procurada na manhã de ontem (30) para atender a um pedido inusitado. Alexandre, morador da Vila Maria, queria registrar no jornal o quanto ama Sara. “A Sara é um anjo, ela é muito importante para mim. Meu sonho é casar e ter filhos com ela, porque eu amo muito ela. Vou fazer ela muito feliz, sem ela eu não sou nada”, afirma. A cada duas horas três pessoas morrem em decorrência da infecção pelo vírus HIV/Aids Nos últimos seis anos, o aumento de casos entre jovens de 15 a 24 anos foi de 50% no Brasil Hoje, 1º de dezembro, é o dia Mundial de Luta con- tra a Aids. A data foi insti- tuída em outubro de 1987, na Assembleia Mundial da Saúde, com apoio da Orga- nização das Nações Unidas – ONU. A ideia é reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compre- ensão com as pessoas in- fectadas pelo HIV/Aids. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988, por uma portaria assinada pelo Ministério da Saúde. Segundo o médico in- fectologista, Alexandre Naime Barbosa, a cada duas horas, três pessoas morrem em decorrência da infecção pelo HIV no Bra- sil, totalizando mais de 12 mil óbitos por ano. “Apesar de todos os avanços cien- tíficos nesses últimos 34 anos de luta contra a Aids, ainda temos um número alto de óbitos. A imensa maioria dessa tragédia cotidiana é composta por indivíduos jovens, que de- veriam estar com a saúde em pleno funcionamento, atuando na força de traba- lho e contribuindo para o crescimento do país. Esse verdadeiro saldo de guer- ra é devido principalmente a três fatores: 1. Falha das políticas públicas de pre- venção; 2. Diagnóstico tar- dio da infecção pelo HIV; 3. Falhas na rede de assistên- cia à pessoa vivendo com HIV/Aids”, afirma. Nos últimos seis anos, o aumento de casos entre jovens de 15-24 anos foi de 50% no Brasil. De forma mais alarmante, pesquisa divulgada na semana pas- sada mostra que os casos de HIV triplicaram em ado- lescentes na cidade de São Paulo. “O número de casos novos de infecção pelo HIV é extremamente preocu- pante em algumas popula- ções, principalmente entre os mais jovens. Quando se olha a população como o todo, o número de casos novos parece estabilizado em cerca de 40 mil/ano já há algum tempo, mas em algumas populações mais vulneráveis como os mais jovens, as taxas estão cres- cendo assustadoramente. E infelizmente, essa também é a realidade vivenciada em Botucatu, onde o Servi- ço de Ambulatórios Espe- cializados de Infectologia “Domingos Alves Meira” (SAEI-DAM), recebe os ca- sos novos da cidade e da região”, conta o médico in- fectologista. A enfermeira Juliane Andrade, da Coordenação Municipal DST/Aids afir- ma que os jovens não pos- suem a percepção do risco. “O que a gente nota é que os adolescentes se preocu- pam mais com a gravidez do que com as DST’s pro- priamente, com a preven- ção. Eles não acham que vai acontecer com eles e por isso não se previnem. Essa é uma geração com muito acesso a informação, mas falta realmente a per- cepção de risco aos adoles- centes”, afirma. Para Alexandre Naime Barbosa a mensagem “Aids tem tratamento, e as pesso- as não morrem mais disso” foi absorvida de forma de- sastrosa. “Isso causa uma sensação de falsa segurança e gera falta de percepção de risco, principalmente entre os adolescentes e mais jo- vens. Perdeu-se o medo da Aids, e o descompromisso com a prevenção ficou evi- dente em recente pesquisa que revelou que apesar de 94% das pessoas saber que a melhor forma de evitar o HIV é usando o preservati- vo, mais de 45% não usa de forma rotineira com parcei- ros eventuais”, salienta. Em Botucatu, segundo informações da Coordena- ção DST/Aids do municí- pio, 36 novos casos foram confirmados. “Mas é im- portante lembrar que nem todo mundo que é porta- dor da doença vem fazer o teste, muitos deles mesmo sabendo da infecção não fazem o tratamento, não sabemos dizer quantas pessoas são portadoras de HIV no município”, afirma Juliane Andrade. Embora pareça “cli- chê” demais, a camisinha é a forma mais efetiva de prevenção. “O preservati- vo é a barreira mais efeti- va contra o HIV; se usado de forma consistente é 100% efetivo em bloquear a transmissão do vírus. Mas também, existem mé- todos adicionais altamente efetivos, e já disponíveis à população, como a PEP (Profilaxia Pós-Exposição Sexual) ao HIV. Em uma relação sexual em que o preservativo não foi usado, ou se rompeu, se algumas medicações anti-HIV forem tomadas em até 72 horas, o risco de transmissão é 0%. Em Botucatu, a PEP Se- xual está disponível desde 2011 no SAEI-DAM e no HC UNESP, de forma gratuita pelo SUS”, explica. Alexandre Barbosa: “O preservativo é a barreira mais efetiva contra o HIV; se usado de forma consistente é 100% efetivo em bloquear a transmissão do vírus” Juliane Andrade: “O que a gente nota é que os adolescentes se preocupam mais com a gravidez do que com as DST’s e com a prevenção” ASSESSORIA FMB SIDNEY TROVÃO Diagnóstico tardio Ações na cidade No Brasil, geralmen- te as pessoas recebem o diagnóstico de infecção pelo HIV já com a doença avançada, e às vezes tar- de demais para se evitar o óbito. Segundo o médico infectologista, Alexandre Naime Barbosa, mais de 57% dos casos, o paciente descobre a doença quando o sistema imune, a defe- sa natural do organismo, já está significativamen- te abalado. “De maneira mais trágica, mais de 20% só tem diagnóstico na fase avançada da doença, a Aids propriamente dita. Essa realidade explica em parte os números de mor- talidade no Brasil”, afirma. O principal motivo que determina o diagnóstico tardio é a falta de realiza- ção de testes para detecção do HIV de forma mais roti- neira. Toda pessoa que já teve alguma relação sexu- al na vida, mas ainda não fez o teste, tem indicação de colher os exames anti- -HIV. “Não basta confiar no parceiro, ou achar que uma pessoa aparentemen- te saudável não possa ser portadora do HIV. A Aids não tem cara, e aliança no dedo não previne contra o vírus”, destaca. Em Botucatu, a Testa- gem Anti-HIV está dis- ponível no SAEI-DAM, no Centro de Testagem e Aconselhamento do Cen- tro Saúde Escola (CTA- -CSE), e em algumas Uni- dades Básicas de Saúde (UBS), de forma gratuita pelo SUS. “é importante ressaltar que a cada rela- ção sexual desprotegida, sem preservativo, é ne- cessário repetir os testes”, afirma o médico infectolo- gista. A coordenação muni- cipal de DST/Aids realiza atividades para prevenção da doença o ano todo, mas no mês de novembro elas são intensificadas. “No es- tado de São Paulo a gente tem a campanha Fique Sa- bendo, ela orienta e reali- za teste rápido HIV e Sífi- lis. Já realizamos diversas ações na Praça do Bosque e nas unidades de Pronto Atendimento da Cohab I e Peabiru. Nós trabalhamos o ano inteiro com a pre- venção, as 20 unidades de saúde realizam o teste rá- pido”, explica a enfermei- ra Juliane Andrade. Muitas pessoas con- fundem o significado do teste rápido. “O teste tem esse nome porque em 15 minutos o paciente já tem o resultado, não é rápido porque ele vai chegar na unidade de saúde e fazer o teste. Cada unidade de saúde possui uma rotina e pessoas treinadas para a realização do teste, então é importante essa explica- ção”, afirma a enfermeira. No sábado, dia 5 de de- zembro, das 9h às 13h será realizado o encerramento das atividades da campa- nha Fique Sabendo e co- memoração do Dia Mun- dial de Luta contra a Aids. “Nossa comemoração ao dia mundial será feita no dia 5 e não dia 1º. Estare- mos na praça do Bosque e terá uma apresentação do Labirinto das Sensações, que de uma forma bem lú- dica e rápida explica sobre a doença”, conta Juliane.

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a6 DIÁRIO DA SERRATERÇA-FEIRA, 1º DE DEZEMBRO DE 2015Saúde

BRUNA [email protected]

Espaço Abertopor Paulo André*

O LUXO E A INOVAÇÃOO consumo de bens de

luxo executa uma função útil no sistema de coope-ração social. Em primeiro lugar, a defesa do consu-mo de luxo não deve ser feita com o argumento de que esse tipo de consumo distribui dinheiro entre as pessoas. Segundo esse ar-gumento, se os ricos não se permitissem usufruir do luxo, o pobre não teria ren-da. Isto é uma bobagem, pois se não houvesse o consumo de bens de luxo, o capital e o trabalho neles empregados seriam aplica-dos à produção de outros bens: artigos de consumo de massa, artigos neces-sários, e não “supérfluos”. Portanto, para formar um conceito correto do signifi-cado social do consumo de luxo é necessário, acima de tudo, compreender que o conceito de luxo é inteira-mente relativo.

Luxo consiste em um modo de vida de alguém que se coloca em total con-traste com o da grande massa de seus contempo-râneos. O conceito de luxo é essencialmente histórico. Muitas das coisas que nos parecem constituir neces-sidades hoje em dia foram, em algum momento do passado, consideradas coi-sas de luxo.

Quando, na Idade Mé-dia, uma senhora da aris-tocracia bizantina em vez de utilizar seus próprios dedos para se alimentar, fazia uso de um objeto de ouro que poderia ser con-siderado um precursor do garfo, os venezianos o con-siderariam um luxo ímpio, e considerariam muito jus-to se essa senhora fosse acometida de uma terrível doença. Isto seria, assim supunham, uma punição

bem merecida, vinda de Deus, por esta extravagân-cia antinatural.

Em meados do século XIX, considerava-se um luxo ter um banheiro den-tro de casa, mesmo na In-glaterra. Ao final do século XIX, não havia automóveis; no início do século XX, a posse de um desses veícu-los era sinal de um modo de vida particularmente luxuoso. Hoje,muito mais comum um trabalhador menos abastado possuir o seu. Este é o curso da his-tória econômica. O luxo de hoje é a necessidade de amanhã. Cada avanço, primeiro, surge como um luxo de poucos ricos, para, daí a pouco, tornar-se uma necessidade por todos jul-gada indispensável. O con-sumo de luxo dá à indústria o estímulo para descobrir e introduzir novas coisas. É um dos fatores dinâmicos da nossa economia. A ele devemos as progressivas inovações, por meio das quais o padrão de vida de todos os estratos da popu-lação se tem elevado grada-tivamente.

Uma inovação indus-trial se inseri no mercado para atender exclusiva-mente às extravagâncias de uma pequena elite; porém, com tempo, lentamente, tal produto finalmente vai se tornando uma necessi-dade até que, no final, se torna um item massificado e indispensável para todos como ocorre com o celu-lar. Aquilo que antes era apenas um bem supérfluo de luxo passa a ser, com o tempo, uma necessidade.

No passado, havia um considerável intervalo de tempo entre o surgimento de algo até então comple-tamente desconhecido e

sua popularização no uso cotidiano. Algumas vezes, passavam-se vários sécu-los até que uma inovação se tornasse amplamente aceita por todos. Pense na lenta popularização do uso de garfos, sabonetes, lenços, papeis higiênicos e inúmeras outras varieda-des de coisas.

Desde seus primórdios, o capitalismo demonstrou uma tendência de ir en-curtando esse intervalo de tempo, até ele finalmente ser eliminado quase que por completo. Este fenôme-no não é uma caracterís-tica meramente acidental da produção capitalista; trata-se de algo inerente à sua própria natureza. A essência do capitalismo é a produção em larga escala para a satisfação dos dese-jos das massas. Sua carac-terística distintiva é a pro-dução em massa feita pelas grandes empresas.

Para o grande capital, não há a opção de pro-duzir apenas quantias li-mitadas de bens que irão satisfazer apenas a uma pequena elite. Quanto maior uma empresa se tor-na, mais rapidamente e de maneira mais massificada ela possibilita às pessoas o acesso aos novos êxitos da tecnologia. Havia um tempo em que somente os ricos podiam se dar ao luxo de visitar países es-trangeiros. Goethe não co-nheceu Paris, nem Viena, nem Londres. Hoje, mi-lhares de pessoas viajam por toda parte e, em breve, milhões farão o mesmo. Portanto quando se pen-sa apenas na crise do mo-mento deve-se vislumbrar um horizonte muito maior e que esta crise também vai passar.

*Paulo André de Oliveira - Professor da FATEC é colaborador do Diário e escreve às terças-feiras.

P SEBRAE

Oficina para empreendedores

A principal razão de um negócio é vender. Quem não comercializa não sobrevive e para fa-zer isso bem é preciso entender o próprio po-tencial, além de estar por dentro do mercado, da concorrência, dos forne-cedores e principalmen-te, do cliente.

A capacidade de admi-nistrar e de planejar as vendas de uma empresa são atitudes diferenciais no sucesso do pequeno negócio. Pensando nesse foco, no dia 7 de dezem-bro, o Escritório Regional do Sebrae-SP em Botucatu, realiza a oficina “Sei Ven-der”, das 19 às 22 horas, voltada para empreende-dores individuais inte-ressados em melhorar a gestão de seus negócios e sua consolidação e forta-lecimento no mercado.

Participar da oficina é uma forma de obter novos conhecimentos que, quan-do aplicados na empresa, poderão gerar bons resul-tados. “Entender os clien-tes, oferecer produtos ou serviços que atendam às necessidades deles e pen-sar em estratégias para manter um bom relacio-namento é tarefa funda-mental para as empresas para que atinjam melho-res resultados em vendas e, consequentemente, fi-nanceiros”, explica Tatia-na Santini, consultora do Sebrae-SP.

O encontro também visa capacitar o empre-endedor a se adaptar às necessidades do mercado, preparar os seus produtos e serviços para conquis-tar novos clientes e am-pliar as possibilidades de crescimento e expansão.

Interessados em parti-cipar da oficina podem se inscrever gratuitamente no Sebrae-SP em Botucatu, na rua Doutor Costa Leite, 1570 ou pelo telefone (14) 3811-1710. As vagas são li-mitadas.

Serviço

“Oficina Sei Vender”Quando? 7 de dezembroQue horas? das 19 às 22 horasOnde? Escritório Regional do Sebrae, rua Doutor Cos-ta Leite, 1570 – Centro

DeclaraçãoA equipe do Diário da Serra foi procurada na manhã de ontem (30) para atender a um pedido inusitado. Alexandre, morador da Vila Maria, queria registrar no jornal o quanto ama Sara. “A Sara é um anjo, ela é muito importante para mim. Meu sonho é casar e ter filhos com ela, porque eu amo muito ela. Vou fazer ela muito feliz, sem ela eu não sou nada”, afirma.

A cada duas horas três pessoas morrem em decorrência da infecção pelo vírus HIV/AidsNos últimos seis anos, o aumento de casos entre jovens de 15 a 24 anos foi de 50% no Brasil

Hoje, 1º de dezembro, é o dia Mundial de Luta con-tra a Aids. A data foi insti-tuída em outubro de 1987, na Assembleia Mundial da Saúde, com apoio da Orga-nização das Nações Unidas – ONU. A ideia é reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compre-ensão com as pessoas in-fectadas pelo HIV/Aids. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988, por uma portaria assinada pelo Ministério da Saúde.

Segundo o médico in-fectologista, Alexandre Naime Barbosa, a cada duas horas, três pessoas morrem em decorrência da infecção pelo HIV no Bra-sil, totalizando mais de 12 mil óbitos por ano. “Apesar de todos os avanços cien-tíficos nesses últimos 34 anos de luta contra a Aids, ainda temos um número alto de óbitos. A imensa maioria dessa tragédia cotidiana é composta por indivíduos jovens, que de-veriam estar com a saúde em pleno funcionamento, atuando na força de traba-lho e contribuindo para o crescimento do país. Esse verdadeiro saldo de guer-ra é devido principalmente a três fatores: 1. Falha das políticas públicas de pre-venção; 2. Diagnóstico tar-dio da infecção pelo HIV; 3. Falhas na rede de assistên-

cia à pessoa vivendo com HIV/Aids”, afirma.

Nos últimos seis anos, o aumento de casos entre jovens de 15-24 anos foi de 50% no Brasil. De forma mais alarmante, pesquisa divulgada na semana pas-sada mostra que os casos de HIV triplicaram em ado-lescentes na cidade de São Paulo. “O número de casos novos de infecção pelo HIV é extremamente preocu-pante em algumas popula-ções, principalmente entre os mais jovens. Quando se olha a população como o todo, o número de casos novos parece estabilizado em cerca de 40 mil/ano já há algum tempo, mas em algumas populações mais vulneráveis como os mais jovens, as taxas estão cres-cendo assustadoramente. E infelizmente, essa também é a realidade vivenciada em Botucatu, onde o Servi-ço de Ambulatórios Espe-cializados de Infectologia “Domingos Alves Meira” (SAEI-DAM), recebe os ca-sos novos da cidade e da região”, conta o médico in-fectologista.

A enfermeira Juliane Andrade, da Coordenação Municipal DST/Aids afir-ma que os jovens não pos-suem a percepção do risco. “O que a gente nota é que os adolescentes se preocu-pam mais com a gravidez do que com as DST’s pro-priamente, com a preven-ção. Eles não acham que

vai acontecer com eles e por isso não se previnem. Essa é uma geração com muito acesso a informação, mas falta realmente a per-cepção de risco aos adoles-centes”, afirma.

Para Alexandre Naime Barbosa a mensagem “Aids tem tratamento, e as pesso-as não morrem mais disso” foi absorvida de forma de-sastrosa. “Isso causa uma sensação de falsa segurança e gera falta de percepção de risco, principalmente entre os adolescentes e mais jo-vens. Perdeu-se o medo da Aids, e o descompromisso com a prevenção ficou evi-dente em recente pesquisa que revelou que apesar de 94% das pessoas saber que a melhor forma de evitar o HIV é usando o preservati-vo, mais de 45% não usa de forma rotineira com parcei-ros eventuais”, salienta.

Em Botucatu, segundo informações da Coordena-ção DST/Aids do municí-pio, 36 novos casos foram confirmados. “Mas é im-portante lembrar que nem todo mundo que é porta-dor da doença vem fazer o teste, muitos deles mesmo sabendo da infecção não fazem o tratamento, não sabemos dizer quantas pessoas são portadoras de HIV no município”, afirma Juliane Andrade.

Embora pareça “cli-chê” demais, a camisinha é a forma mais efetiva de prevenção. “O preservati-

vo é a barreira mais efeti-va contra o HIV; se usado de forma consistente é 100% efetivo em bloquear a transmissão do vírus. Mas também, existem mé-todos adicionais altamente efetivos, e já disponíveis à população, como a PEP (Profilaxia Pós-Exposição Sexual) ao HIV. Em uma

relação sexual em que o preservativo não foi usado, ou se rompeu, se algumas medicações anti-HIV forem tomadas em até 72 horas, o risco de transmissão é 0%. Em Botucatu, a PEP Se-xual está disponível desde 2011 no SAEI-DAM e no HC UNESP, de forma gratuita pelo SUS”, explica.

Alexandre Barbosa: “O preservativo é a barreira mais efetiva contra o HIV; se usado de forma consistente é 100% efetivo em bloquear a transmissão do vírus”

Juliane Andrade: “O que a gente nota é que os

adolescentes se preocupam mais

com a gravidez do que com as DST’s e com a

prevenção”

ASSESSORIA FMB

SIDNEY TROVÃO

Diagnóstico tardio

Ações na cidade

No Brasil, geralmen-te as pessoas recebem o diagnóstico de infecção pelo HIV já com a doença avançada, e às vezes tar-de demais para se evitar o óbito. Segundo o médico infectologista, Alexandre Naime Barbosa, mais de 57% dos casos, o paciente descobre a doença quando o sistema imune, a defe-sa natural do organismo, já está significativamen-te abalado. “De maneira mais trágica, mais de 20% só tem diagnóstico na fase avançada da doença, a Aids propriamente dita. Essa realidade explica em parte os números de mor-talidade no Brasil”, afirma.

O principal motivo que determina o diagnóstico tardio é a falta de realiza-ção de testes para detecção do HIV de forma mais roti-neira. Toda pessoa que já

teve alguma relação sexu-al na vida, mas ainda não fez o teste, tem indicação de colher os exames anti--HIV. “Não basta confiar no parceiro, ou achar que uma pessoa aparentemen-te saudável não possa ser portadora do HIV. A Aids não tem cara, e aliança no dedo não previne contra o vírus”, destaca.

Em Botucatu, a Testa-gem Anti-HIV está dis-ponível no SAEI-DAM, no Centro de Testagem e Aconselhamento do Cen-tro Saúde Escola (CTA--CSE), e em algumas Uni-dades Básicas de Saúde (UBS), de forma gratuita pelo SUS. “é importante ressaltar que a cada rela-ção sexual desprotegida, sem preservativo, é ne-cessário repetir os testes”, afirma o médico infectolo-gista.

A coordenação muni-cipal de DST/Aids realiza atividades para prevenção da doença o ano todo, mas no mês de novembro elas são intensificadas. “No es-tado de São Paulo a gente tem a campanha Fique Sa-bendo, ela orienta e reali-za teste rápido HIV e Sífi-lis. Já realizamos diversas ações na Praça do Bosque e nas unidades de Pronto Atendimento da Cohab I e Peabiru. Nós trabalhamos o ano inteiro com a pre-venção, as 20 unidades de saúde realizam o teste rá-pido”, explica a enfermei-ra Juliane Andrade.

Muitas pessoas con-fundem o significado do teste rápido. “O teste tem esse nome porque em 15 minutos o paciente já tem o resultado, não é rápido porque ele vai chegar na unidade de saúde e fazer o teste. Cada unidade de saúde possui uma rotina e pessoas treinadas para a realização do teste, então

é importante essa explica-ção”, afirma a enfermeira.

No sábado, dia 5 de de-zembro, das 9h às 13h será realizado o encerramento das atividades da campa-nha Fique Sabendo e co-memoração do Dia Mun-dial de Luta contra a Aids. “Nossa comemoração ao dia mundial será feita no dia 5 e não dia 1º. Estare-mos na praça do Bosque e terá uma apresentação do Labirinto das Sensações, que de uma forma bem lú-dica e rápida explica sobre a doença”, conta Juliane.