DIABETES INSIPIDUS TRAUMÁTICO - scielo.br · 24 horas) e incapacidade de concentração da urina...

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DIABETES INSIPIDU S TRAUMÁTIC O RELATO DE CASO M. A. OLIVEIR A * , J . F. M. ARAÚJ O *, CA . M. MELR O **, R . J. BALB O *** RESUMO Trata-s e do relat o do cas o de pacient e do sex o feminino , co m 3 9 anos , politrau - matizada, qu e desenvolve u quadr o de diabete s insipidus . A pacient e falece u onz e dia s apó s sua internação , períod o e m qu e fora m realizada s tomografi a computadorizad a e ressonânci a magnética, evidenciand o lesõe s hipotalâmica s características . Este s fato s no s estimulara m revi - sar a literatur a e chama r a atençã o par a prevençã o e prognóstic o de síndrome s endocrina s que pode m acomete r secundári a e tardiament e paciente s vítima s de traumatism o crânio-ence - fálico e que , s e diagnosticada s e tratada s de maneir a precoce , pode m te r su a morbidad e dimi - nuída. PALAVRAS-CHAVE: diabete s insipidus , traumatism o crânio-encefálico , fratur a de bas e de crânio, ressonânci a magnética . Diabetes insipidu s followin g hea d injury : eas e report . SUMMARY Thi s cas e repor t refer s t o a thirty-nin e year s ol d femal e patien t wit h sever e head injur y an d othe r bod y injurie s wh o develope d symptom s of diabete s insipidus . Th e pa- tient die d eleve n day s afte r hospita l admissio n durin g whic h magneti c resonanc e imagin g and computerize d tomograph y wer e done , showin g characteristi c hypothalami c lesions . Thi s stimulated th e author s to revie w th e literatur e an d cal l attentio n t o th e preventio n an d prog - nosis of endocrin e syndrome s whic h ma y appea r in patient s secondaril y an d late , an d whos e morbidity ma y b e decrease d wit h earl y diagnosi s an d treatment . KEY WORDS : diabete s insipidus , hea d injury , fractur e o f th e bas e o f th e skull, magneti c resonance imaging . O diabete s insipidu s (DI) é síndrom e caracterizad a por excreçã o copios a de urina diluída , combinada a persistente ingestã o de quantidades anormai s de flui - dos. O DI pode se r temporári o ou permanente, send o achad o comum . Quand o presente, result a em diagnóstic o precoc e de insuficiênci a da hipófis e posterior . O diagnóstico do DI é precoce em relação ao trauma e, logo nas primeiras horas, podemo s observa r o apareciment o de poliúri a (volum e urinári o > 6 litros/ 24 horas) e incapacidade de concentração da urina (densidad e < o u = 1006) , com osmolaridade séric a aumentad a e urinári a diminuída . Existe m dua s forma s ge - rais da doença: centra l (deficiênci a de vasopressina) e nefrogênica (resistênci a à vasopressina). O D I d e orige m centra l ocorr e mai s frequentement e devid o a lesão no eix o hipotálamo-hipofisário . Estudo s sugere m qu e o D I centra l idiopá - tico ocorr e em 50% de todos os casos 3. Estudo s mais recentes 10 sugerem , entre- Departamento de Neuro-Psiquiatri a da Faculdad e de Ciência s Médica s (FCM ) da Pontifíci a Universidade Católic a de Campina s (PUCCAMP ) e Departament o de Neurocirurgi a (DNC ) do Hospital Ver a Cru z (HVC ) e Hospita l Municipa l Br . Mari o Gatt i (HMMG) , Campinas : * Médic o Residente; * * Professor Assistent e d a FCM/PTJCCAMP , Neurocirurgiã o d o HVC/HMMG ; *** Professor Adjunt o da FCM/PXJCCAMP , Direto r d o DN C do HVC/HMMC . Aceite : 5-junho - 1993. Dr. Maur o August o Oliveir a Departament o de Neurocirurgia , Hospita l Ver a Cru z - Av . Andrade Neve s 40 2 - 13013-90 0 Campina s S P - Brasil .

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DIABETES INSIPIDU S TRAUMÁTIC O

RELATO DE CASO

M. A. OLIVEIR A * , J . F. M. ARAÚJ O * , C A . M. MELR O ** , R . J. BALB O ***

RESUMO — Trata-s e d o relat o d o cas o d e pacient e d o sex o feminino , co m 3 9 anos , politrau -matizada, qu e desenvolve u quadr o d e diabete s insipidus . A pacient e falece u onz e dia s apó s sua internação , períod o e m qu e fora m realizada s tomografi a computadorizad a e ressonânci a magnética, evidenciand o lesõe s hipotalâmica s características . Este s fato s no s estimulara m revi -sar a literatur a e chama r a atençã o par a prevençã o e prognóstic o d e síndrome s endocrina s que pode m acomete r secundári a e tardiament e paciente s vítima s d e traumatism o crânio-ence -fálico e que , s e diagnosticada s e tratada s d e maneir a precoce , pode m te r su a morbidad e dimi -nuída.

PALAVRAS-CHAVE: diabete s insipidus , traumatism o crânio-encefálico , fratur a d e bas e d e crânio, ressonânci a magnética .

Diabetes insipidu s followin g hea d injury : eas e report .

SUMMARY — Thi s cas e repor t refer s t o a thirty-nin e year s ol d femal e patien t wit h sever e head injur y an d othe r bod y injurie s wh o develope d symptom s o f diabete s insipidus . Th e pa-tient die d eleve n day s afte r hospita l admissio n durin g whic h magneti c resonanc e imagin g and computerize d tomograph y wer e done , showin g characteristi c hypothalami c lesions . Thi s stimulated th e author s t o revie w th e literatur e an d cal l attentio n t o th e preventio n an d prog -nosis o f endocrin e syndrome s whic h ma y appea r i n patient s secondaril y an d late , an d whos e morbidity ma y b e decrease d wit h earl y diagnosi s an d treatment .

KEY WORDS : diabete s insipidus , hea d injury , fractur e o f th e bas e o f th e skull , magneti c resonance imaging .

O diabete s insipidu s (DI) é síndrom e caracterizad a po r excreçã o copios a de urina diluída , combinad a a persistent e ingestã o d e quantidades anormai s d e flui-dos. O DI pode se r temporári o o u permanente , send o achad o comum . Quand o presente, result a e m diagnóstic o precoc e d e insuficiênci a d a hipófis e posterior . O diagnóstico do DI é precoce em relação ao trauma e, logo nas primeiras horas , já podemo s observa r o apareciment o d e poliúri a (volum e urinári o > 6 litros/ 24 horas) e incapacidade de concentração da urina (densidad e < o u = 1006) , com osmolaridade séric a aumentad a e urinári a diminuída . Existe m dua s forma s ge-rais d a doença: centra l (deficiênci a d e vasopressina) e nefrogênica (resistênci a à vasopressina). O D I d e orige m centra l ocorr e mai s frequentement e devid o a lesão n o eix o hipotálamo-hipofisário . Estudo s sugere m qu e o D I centra l idiopá -tico ocorr e em 50% de todos o s casos 3 . Estudo s mai s recentes 1 0 sugerem , entre-

Departamento d e Neuro-Psiquiatri a d a Faculdad e d e Ciência s Médica s (FCM ) d a Pontifíci a Universidade Católic a d e Campina s (PUCCAMP ) e Departament o d e Neurocirurgi a (DNC ) d o Hospital Ver a Cru z (HVC ) e Hospita l Municipa l Br . Mari o Gatt i (HMMG) , Campinas : * Médic o Residente; * * Professor Assistent e d a FCM/PTJCCAMP , Neurocirurgiã o d o HVC/HMMG ; *** Professo r Adjunt o d a FCM/PXJCCAMP , Direto r d o DN C do HVC/HMMC . Aceite : 5-junho -1993.

Dr. Maur o August o Oliveir a — Departament o d e Neurocirurgia , Hospita l Ver a Cru z - Av . Andrade Neve s 40 2 - 13013-90 0 Campina s S P - Brasil .

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tanto, qu e traumatism o d e crâni o (TCE ) e cirurgi a n a áre a sela r sã o responsá -veis pel a alt a porcentage m do s caso s (Tabelai) . Análise s d a morfologi a d o tal o hipofisário, associada s a achado s e correlacionad a a idade , sexo , históri a do s pacientes e a radiografia s d e outra s parte s d o corpo , melhora m a especificidad e do diagnóstico . Estudo s d e neuroimagem , com o po r tomografi a computadorizad a (TC) e ressonânci a magnétic a (RM) d a regiã o hipotálamo-hipofisári a sã o impor -tantes n o diagnóstic o d o DI . A s imagen s d a R M sã o particularment e útei s n a documentação d e presenç a o u ausênci a d e lesõe s estruturai s 10 . Relatamo s u m caso d e noss a observação .

RELATO D O CAS O

STAC, 3 9 anos , feminina , branca , vítim a d e acident e automobilístic o co m traumatism o craniencefálico e m 11/12/92 , atendid a incialment e e m outr o Serviço , e m qu e fo i realizad a T C de crânio . Posteriormente , fo i transferid a par a o noss o Serviço . Exam e físico : P A 130/83 , FC134, F R 18 , Tem p 36, 3 <>C, pes o 5 9 Kg; mucosa s descorada s ( + + + ) , desidratad a ( + + ) , entu -bada co m cânul a orotraqueal ; feriment o corto-contus o n o cour o cabeludo ; epistax e importante ; deformidade d o punh o esquerd o (E) . A propedêutic a cardiovascular , respiratóri a e abdomina l apresentou-se normal . A o exam e neurológico , observou-se : equimos e palpebra l bilateral , otor -ragia e otoliquorréi a à direit a (D) ; com a (Glasgo w 5) ; globo s oculare s centrados , anisocori a com midrías e à D , reflexo s fotomotore s ausentes , cíli o espina l ausent e à D ; postur a d e desce -rebração a estímulo s nociceptivos . A avaliaçã o laboratoria l ness e moment o mostrou : H b 5,6 ; Htc 18 ; p0 2 66 ; pC0 2 19 ; p H 7,46 . A T C revelo u fratura s múltipla s n a regiã o esfeno-etmoidal , pneumencéfalo traumátic o difuso , colabament o da s cisterna s basai s e ausênci a d e coleçõe s san -guíneas extr a o u intradurais . Fora m realizado s aind a R X d e colun a cervical , tórax , bacia , bem com o lavad o peritonial , todo s normais . O diagnóstic o inicia l fo i de : TC E co m pneumen -céfalo traumático , «swelling » cerebra l e fístul a d o líquid o cefalorraquean o (UCR) n o ouvid o D , epistaxe severa , feriment o corto-contus o n o cour o cabeludo , fratur a d e punh o E , anemi a po r perdas. Co m ess e quadr o a pacient e fo i internad a n a unidad e d e terapi a intensiva , sendo : sedada e submetid a a regim e d e hiperventilação ; instituíd a antibioticoterapi a profilátic a co m Rocefin (2, 0 g, E.V. , 12/1 2 hs) , feit o tamponament o nasa l posterio r e imobilizaçã o d a fratur a de punho ; feit a correçã o d a anemi a e reposiçã o hidro-eletrolítica . Nov a T C d e crânio , 2 4 hora s após internação , mostro u presenç a d e fratur a esfenoida l co m pneumencéfal o difuso , diminuiçã o volumétrica da s cisterna s basai s e áre a hipodens a front o basa l medial . A R M mostro u pre -sença d e lesã o hiperintens a e m T l junt o a o mesencéfalo , hipotálamo , tal o hipofisári o e hipófis e (Figs. 1 e 2) . Colheu-s e també m materia l par a avalia r a funçã o d a hipófis e anterio r (LH , FSH , TSH, GH , ACT H e cortisol) , qu e s e mostro u normal .

A pacient e evolui u mantend o inalterad o o quadr o neurológico ; porém , n o terceir o di a d e internação, apresento u quadr o d e poliúri a expressiv a e incapacidad e d e concentra r a urina , diagnosticado com o diabete s insipidus , tratad o co m tanat o d e pitressin a ( 1 ampol a intramus -cular a o dia , po r trê s dias ) e reposiçã o eletrolítica . Nã o usamo s o DDAV P (1-desamino , 8- D arginine vasopresin ) po r se r est e d e apresentaçã o e m spra y nasa l e encontrar-s e a pacient e com tamponament o nasa l posterio r po r epistaxe . Apó s a introduçã o d o tanat o d e pitressina , 0 volum e urinári o s e normalizo u e m 7 2 hs. Fo i també m utilizad a a clorpropamid a (Diabinese) , 1 comprimid o a o dia . O s parâmetro s d e natremia , kalemia , glicemi a e d e dosage m séric a d e uréia e d e creatinin a s e mantivera m dentr o do s limite s d a normalidade . O s valore s d e densi -dade urinária , PV C e balanç o hídric o consta m d a Tabel a 2 . A anemi a fo i corrigid a co m repo -sição d e 4 unidade s d e pap a d e hemácias . A pacient e desenvolve u quadr o d e broncopneumoni a extensa, co m comprometiment o alvéolo-capila r (SARA) , evoluind o par a óbit o n o 11 ? di a d e internação e m consequênci a d e choqu e séptico .

COMENTARIOS

O AD H é produzid o no s núcleo s supra-óptic o e paraventricula r d o hipotá -lamo, chegand o à hipófis e posterio r atravé s d o tal o hipofisári o ond e é armaze -nado e liberad o d e acord o co m a osmolaridad e plasmática . Quand o submetid o a qualque r «stress » físic o o u emocional , o organism o lanç a mã o d e diverso s me -canismos par a auto-defesa . A respost a hormonal , comandad a pel o eix o hipotá -lamo-hipofisário, ocorr e d e form a inespecífic a a diferente s tipo s d e agressão , dentre ela s o TCE . Ocorre m resposta s dita s funcionai s qu e são , po r definição , resultantes d e aument o o u diminuiçã o temporári a do s hormônio s hipofisários .

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Podem també m ocorre r alteraçõe s estruturai s típicas , ocasionand o diferente s graus d e alterações , causada s po r dano s direto s a o hipotálam o e hipófise 2.

Na maiori a do s casos , o diagnóstic o d o D I é feit o co m bas e clínica . A pre-sença d e fratura s d e sel a túrcic a te m sid o considerad a rar a e incomu m 1,12,13 . O reconheciment o dessa s fratura s é important e porqu e estã o associada s co m alt a mortalidade e complicaçõe s significativas , entr e ela s injúri a vascular , anormali -dades endócrina s precoce s (DI ) e tardia s (hipopituitarismo ; 3 meses a 2 2 anos) , paralisia d e nervo s craniano s e dano s a o quiasm a óptic o 7. E m um a séri e d e 10 6 autópsias d e pessoa s qu e morrera m d e TCE , encontrou-s e predominânci a d e fra -turas envolvend o a foss a médi a e m lesõe s hipofisária s e , também , e m lesõe s isquémicas o u hemorrágica s n o hipotálam o 5 .

Mecanismo par a explica r a s anormalidade s endócrina s fo i idealizad o po r Ceballos4, «e m trauma s frontai s o cérebr o é capa z d e mover-s e suavement e par a trás dentr o d e su a almofada , o LCR . Mía s a hipófise , estand o contid a dentr o da s paredes d a sel a túrcica , é meno s móvel» . Assi m sendo , a s lesõe s hipotalâmica s estão relacionada s a mecanism o d e aceleraçã o e desaceleraçã o n a regiã o opto -quiasmática-hipotalâmica, co m lesã o da s estrutura s vasculare s locai s e micro-he -morragias, com predileçã o pelo s núcleo s supra-óptic o e paraventriculares . A inter -rupção d a hast e hipofisári a ocorr e pel o cizalhament o dest a n o diafragm a sela r e , também, po r mecanism o inercial , levand o à denervaçã o d a hipófis e posterio r e interrupção d a artéri a hipofisári a superior , responsáve l pel a irrigaçã o d a hipófis e anterior, ocasionand o necros e isquémic a desta .

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Com base s anatômicas , Danie l 8 explic a qu e n o home m a hipófis e anterio r é suprid a soment e pelo s longo s vaso s d o sistem a porta , o s quai s nasce m a o redo r da part e livr e baix a d o tal o hipofisário , tend o virtualment e supriment o arterial , portanto. Assim , necros e extens a s e desenvolv e s e o supriment o sanguíne o fo r interrompido pel a transsecçã o d o talo . Mecanism o alternativ o d e infart o d a hipó -fise anterior , nã o envolvend o secçã o d o talo , é o edem a d a hipófise , confinad o dentro d a sela , qu e comprim e o s vaso s e caus a trombose . Pequen a áre a d a hipófise anterio r pod e sobrevive r à secçã o d o talo , po r recebe r ess a áre a irriga -

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ção d e curto s vaso s port a qu e s e origina m n a áre a mai s baix a d o tronc o infun -dibular, abaix o d o diafragm a d a sela . Ess a áre a pod e prolifera r e restaura r a função d a hipófis e anterior . Nest e caso , o s vaso s port a pode m regenera r tam -bém. Ist o pod e explica r porqu e paciente s co m D I pós-traumático , po r secçã o completa d o talo , apresentava m fertilidad e norma l durant e a vid a e hipófis e anterior normal , vist a e m necropsi a 8 .

A hipófise posterio r recebe , po r outr o lado , u m supriment o sanguíne o dire -tamente da s artéria s hipofisária s anteriores , a s quai s nasce m d a artéri a carótid a interna abaix o d o níve l d o diafragm a sela r 9 . El a sofr e então , denervaçã o d o hipotálamo e m ve z d e infarto , quand o o tal o é seccionado . Dano s traumático s não sã o incomuns . Ist o é sustentad o pel a descriçã o d e hemorragia s n o tet o d o III ventrícul o e atrofi a do s núcleo s supra-óptic o e paraventricular . Ist o ocorr e porque o nerv o óptic o est á pres o a o foram e óptic o po r bainh a d e dura-máter , relacionada caudalment e ao s núcleo s supra-óptico s e , portanto , movimento s súbi -tos d o cérebr o n o traum a pode m leva r a cizalhament o d o se u delicad o supri -mento sanguíneo . D a mesm a forma , a eminênci a médi a est á també m predispost a a fenômeno s isquêmicos n. A vulnerabilidad e dessa s área s pod e se r explicad a pela traçã o exercid a sobr e ela s e e m se u supriment o sanguíne o pel o hipotálamo , o qua l est á pres o abaix o d o diafragm a selar . E m TC E fatais , dano s hipotalâmico s são mai s comun s qu e dano s n a hipófis e anterior , embor a ambo s seja m refle -tidos no s teste s usuais 8.

Conclusão. A s alteraçõe s estruturai s pós-traumática s d a regiã o hipotálamo --hipofisária fora m inicialment e descrita s e m estudo s pós-morte m e , recentemente , com o advent o d a RM , demonstrada s imagen s reai s d e dano s estruturai s dess a região, be m com o correlaçã o coerent e a o quadr o clínico-laboratorial . O diagnós -tico d o D I nã o tra z problemas , poi s o quadr o clínic o é característico . O mesm o não acontec e co m o s distúrbio s adeno-hipofisários , cuj o diagnóstic o s ó ocorr e quando a síndrom e clínic a s e manifest a d e form a plena . A R M permit e previsã o da ocorrênci a d e disfunçã o adeno-hipofisári a devendo , portanto , se r realizad a na -queles paciente s qu e apresenta m fatore s d e risc o (fratur a d a bas e d o crâni o e/ou DI ) n a evoluçã o clínica .

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