DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES LIGADAS AO MANEJO DE AVES NA COMUNIDADE DE PEDRA DE SANTO ANTÔNIO, ALAGOA

GRANDE/PB

1 2 3José Amilton Santos Junior , Genival Barros Júnior , Robi Tabolka dos Santos , 4 5Amilca Ferreira Santos , Fernando Garcia de Oliveira

1 - Graduando em Engenharia Agrícola, UFCG/CTRN/UAEAg; - eng.amiltonjr@hotmail.com

2 - Eng° Agrônomo, Doutor em Engenharia Agrícola - barrosjnior@yahoo.com.br

3 - Eng° Florestal, Mestrando em Engenharia Agrícola, UFCG/CTRN - robytabolka@yahoo.com.br

4- Administradora, Mestranda em Engenharia de Produção, UFPB/CT - adm.amilka@gmail.com

5 - Engº de Produção, Doutor em Sociologia Rural; Universidade Federal de Campina Grande - aquiri@uol.com.br

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi identificar as debilidades e potencialidades da criação de galinha de capoeira, na comunidade rural de Pedra de Santo Antônio, localizada no município de Alagoa Grande/PB. A comunidade de agricultores familiares citada é atendida pelo Projeto Universidades Cidadãs, o qual é fruto da parceria entre Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (COEP). Esse trabalho teve como foco principal o diagnóstico do manejo de pequenas aves, fato que possibilitou o estudo aprofundado das nuances da criação de aves na comunidade, proporcionando o viés para uma intervenção técnica sistemática, que possa auxiliar os produtores a incrementarem a sua renda através da criação de pequenas aves.

Palavras chave: Pequenas aves, comunidades rurais, diagnóstico, produção de ovos, geração de renda.

INTRODUÇÃO

Resultado da parceria entre o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (COEP) e seis universidades do nordeste -Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPe), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Regional do Cariri (URCA), com atuações efetivas nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Piauí e Ceará -o Projeto Universidades Cidadãs tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de comunidades de agricultores familiares do Nordeste. Na Paraíba existem duas áreas pólos, sendo uma no alto-sertão, trabalhada pela URCA, e outra no Município de Juarez Távora, onde se desenvolvem as ações da UFCG, sendo realizadas atividades de capacitação direcionadas a grupos de mulheres e jovens em comunidades de agricultores familiares.

Um conceito atual de Extensão Rural designa o processo de estender ao povo rural conhecimentos e habilidades sobre práticas agropecuárias, florestais e domésticas, reconhecidas como importantes e necessárias à melhoria de sua qualidade de vida. Trata-se de um processo educacional baseado no conhecimento da realidade rural e

adequado às necessidades do meio, tendo a participação da família rural, dos líderes da comunidade e o apoio das autoridades locais (ORMOND, 2006).

Caporal & Ramos (2006) sugere que a Extensão Rural brasileira contribua para o enfretamento da crise sócio-ambiental, resultante dos modelos de desenvolvimento e de agricultura convencionais, implementados principalmente a partir de 1970, com o advento da “Revolução Verde”. Atuar nessa nova perspectiva requer das entidades, de seus diretores, de seus gerentes e de seus agentes, uma nova postura de trabalho, um novo papel e um novo perfil, além de uma atuação baseada em métodos e técnicas que estimulem a participação de todos os agentes envolvidos.

A agricultura familiar, o desenvolvimento rural sustentável e as políticas públicas como temas norteadores da ação extensionista, são eixos importantes durante os cursos, no sentido de otimizar a produção de carne e ovos de galinhas de capoeira, inserindo-se neste contexto, tecnologias que incluem desde os sistemas de criação até a comercialização dos produtos finais.

Conforme Revista Rural (2006), o método semi-confinado que divide o tempo das galinhas de capoeiras dentro e fora dos galpões, oferece maior textura e sabor não só a carne, como também, aos ovos. Já no extensivo, as coloniais podem se alimentar somente de milho e outros nutrientes, contudo, não obterão um resultado tão promissor.

Revista Educação Agrícola Superior Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior- ABEAS - v.22, n.2,p.42-44, 2007

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Identificar as debilidades e potencialidades da criação

de galinha de capoeira, através de diagnóstico na comunidade

rural de Pedra de Santo Antônio, foi o principal objetivo deste

trabalho, que procurou ainda identificar as necessidades de

ajustes nas instalações destinadas ao criatório das aves, os

possíveis problemas no manejo com a alimentação e sanidade

das aves, bem como o potencial de comercialização de carne e

ovos, apresentando as famílias agricultoras os resultados desta

avaliação, e discutindo com as mesmas as intervenções a serem

implementadas a curto, médio e longo prazo para melhoria da

produção

MATERIAL E MÉTODOS

No que se refere à captura de dados, no computo geral,

foram sistematizadas informações através de visitas da Equipe

da UFCG à comunidade (Figura 1), onde as famílias residentes

responderam um questionário num contexto qualitativo e

quantitativo, sobre galinha de capoeira.

Figura 1 - Equipe da UFCG em visita a Pedra de Santo Antônio – Alagoa

Grande/PB, Dezembro, 2007.

Foram sistematizadas informações relativas à número

e idade das pessoas que cuidam das aves, número de galinhas,

se estas são criadas para consumo ou comércio, forma de

criação, se são criadas junto a outros animais, de quê se

alimentam, quanto de alimento é oferecido para estas aves,

quantas vezes ao dia são alimentadas, quantas vezes é feita a

troca de água dos bebedouros, se o alimento e a água são

oferecidos na sombra, como são feitas as limpezas, se tem

algum lugar para pôr, se tem controle sobre a quantidade de

ovos que é posto por semana, se existe algum controle sobre as

galinhas que são deitadas, qual a importância da criação da

galinha de capoeira e qual o benefício que a criação trouxe

aquela família.

PERFIL DA COMUNIDADE

A comunidade é assim denominada pela presença de

uma pedra com a imagem de Santo Antônio, onde os moradores

fazem suas orações e pagam promessas (Figura 2); está

localizada no Município de Alagoa Grande -PB, distante

aproximadamente 70 km de Campina Grande. Esta

comunidade dispõe de uma organização de agricultores

familiares denominada de Associação de Pedra de Santo

Antônio, cuja sede foi construída em regime de mutirão no

final de 2006, sendo composta por 40 associados que vivem

do cultivo de lavouras de subsistência (feijão e milho),

criatórios de pequenos animais e do trabalho avulso nas

propriedades da redondeza. Estima-se que residam hoje

nesta localidade 65 famílias num total de 400 pessoas.

Figura 2 - Imagem da Pedra de Santo Antonio – Alagoa Grande / PB,

Dezembro de 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observando os questionários respondidos na comunidade de Pedra de Santo Antônio, as aves em sua maioria são cuidadas por duas pessoas responsáveis da família (quase sempre as mulheres mais velhas da casa), no entanto, existem casos em que toda a família cuida. A pesquisa feita questionou o número de pessoas que cuidam das galinhas, fazendo um somatório da quantidade, totalizando trinta e três pessoas responsáveis pelas criações na comunidade.

Através do questionário, totalizou-se 363 galinhas, 15

perus, 12 patos, 15 frangos e 8 guinés, sendo que a maioria das

famílias cria apenas para o consumo, e vendem apenas em

casos de emergência. As aves em sua maioria são criadas soltas

(Figura 3), presas apenas quando o criador esta em período de

plantio, ou quando a intenção é engordá-las para servir de

alimento posteriormente. A maior parte das galinhas é criada

sozinha, sem a presença de outros animais, porém em alguns

casos, o que já era esperado, elas são criadas sim, junto com

outros animais como outras aves, gado, cachorros, etc

Revista Educação Agrícola Superior - v.22, n.2,p.42-44, 2007

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Figura 3 - Criação de galinhas de capoeira soltas – Alagoa Grande/PB,

Dezembro de 2007.

A alimentação oferecida às aves é o milho, resto de

comida, farelo de mandioca, farelo de trigo, xerém e ração. O

total de alimento fornecido não pôde ser quantificado, pois as

famílias não têm medidas corretas, usam kg, punhado, lata, etc.

Esta alimentação é oferecida duas vezes ao dia, porém algumas

famílias servem alimentação para os pintos até quatro vezes ao

dia. A alimentação e a água são oferecidas na sombra

(Figura 4), e a limpeza do local onde elas vivem é feita

diariamente com certo cuidado para evitar doenças

Figura 4. Oferta de água e alimento para as aves à sombra – Alagoa Grande/PB,

Dezembro de 2007.

Quanto ao benefício na criação das galinhas,

constatou-se que com a renda gerada, por menor que seja,

conseguem comprar remédios, roupas, calçados etc, além de

servir como alimento em casa e ser trocada por algo em que se

esteja precisando. A criação ajuda na renda familiar, e algumas

pessoas, têm como um divertimento cuidar das galinhas

(Figura 5).

Figura 5 - Manejo de aves em Pedra de Santo Antônio – Alagoa Grande/PB,

Dezembro de 2007.

CONCLUSÕES

A maioria das pessoas que cuidam das aves possui faixa etária de 30 a 40 anos, sendo que a maioria é mulher.

Verifica-se que a quantidade de aves para consumo é muito superior a quantidade de aves comercializadas.

A maioria das aves é criada sem a presença de outros animais, soltas grande parte do ano e com a alimentação predominante de milho.

A produção de ovos é deficiente, relacionada com a

quantidade de aves existente na comunidade, pois em

condições favoráveis um criador com 70 aves produz

semanalmente 210 ovos em condições melhoradas, e na

comunidade um criador com 70 aves produz apenas 60

ovos/semana, um déficit de 150 ovos/semana.

REFERÊNCIAS CAPORAL, F. R.; RAMOS, L. F. Da extensão rural

convencional à extensão rural para o desenvolvimento sustentável: Enfrentar desafios para romper a inércia. Brasília. Setembro de 2006.

ORMOND, J. G. P. Glossário de termos usados em atividades agropecuárias, florestais e ciências ambientais – Rio de Janeiro: BNDES, 2006. p 124 -125.

REVISTA RURAL, número 101, julho de 2006. GALINHA CAIPIRA -A VERDADEIRA GALINHA DOS OVOS DE OURO. Acesso em 01 de julho de 2008. Disponível no site http://www.revistarural.com.br/edicoes/2006/Artigos/ rev101_galinha.htm.

Revista Educação Agrícola Superior - v.22, n.2,p.42-44, 2007