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DIAGNÓSTICO DO CONSUMO DA ALIMENTAÇAO ORGÂNICO EM PALMAS-TO DIAGNOSIS OF THE CONSUMPTION OF ORGANIC ALIMENTAÇAO IN PALMAS-A ABREU, Geovane Barros; MARQUES, Anderneide; SILVA, José Henrique; TEODORO, Catarina. Orientador: Prof. Alexandre Barreto RESUMO Os avanços da medicina deixam claro que a preocupação com a saúde sempre foi primordial para o ser humano, e mais recentemente a preocupação com o meio ambiente ganhou espaço e está em evidência nos meios científicos, sendo assim nada mais natural do que aliar saúde e meio ambiente em tema único Alimentação Orgânica. Este artigo busca de forma objetiva levantar informações sobre a produção de alimentos orgânicos e sua contribuição para saúde e para preservação do meio ambiente. Abordar os principais tópicos a respeito da legislação que o regulamenta e promove sua certificação, e ainda obter através de pesquisas de campo com aplicação de questionários, qualitativos e quantitativos, dados estatísticos sobre o consumo e conhecimento do produto, bem como o seu índice de comercialização em Palmas-TO. Nos resultados obtidos se desenhará a posição da população em relação a essa alimentação alternativa. ABSTRACT The progress of medicine make it clear that this concern for the health has always been important for the human being, and more recently the concern for the environment has won the space and is in evidence at the scientific, and it is therefore nothing more natural than to combine health and the environment in sole topic - Organic Food. This article search of form objetiva raise information on the production of organic food and its contribution to health and to preserve the environment. Palavras-Chave: Alimentação Alternativa, Sustentabilidade, Saúde, Alimentos orgânicos.

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DIAGNÓSTICO DO CONSUMO DA ALIMENTAÇAO ORGÂNICO EM

PALMAS-TO

DIAGNOSIS OF THE CONSUMPTION OF ORGANIC ALIMENTAÇAO IN

PALMAS-A

ABREU, Geovane Barros; MARQUES, Anderneide;

SILVA, José Henrique;

TEODORO, Catarina.

Orientador: Prof. Alexandre Barreto

RESUMO

Os avanços da medicina deixam claro que a preocupação com a saúde sempre foi primordial

para o ser humano, e mais recentemente a preocupação com o meio ambiente ganhou espaço e

está em evidência nos meios científicos, sendo assim nada mais natural do que aliar saúde e

meio ambiente em tema único – Alimentação Orgânica. Este artigo busca de forma objetiva

levantar informações sobre a produção de alimentos orgânicos e sua contribuição para saúde e

para preservação do meio ambiente. Abordar os principais tópicos a respeito da legislação que

o regulamenta e promove sua certificação, e ainda obter através de pesquisas de campo com

aplicação de questionários, qualitativos e quantitativos, dados estatísticos sobre o consumo e

conhecimento do produto, bem como o seu índice de comercialização em Palmas-TO. Nos

resultados obtidos se desenhará a posição da população em relação a essa alimentação

alternativa.

ABSTRACT

The progress of medicine make it clear that this concern for the health has always been important for

the human being, and more recently the concern for the environment has won the space and is in

evidence at the scientific, and it is therefore nothing more natural than to combine health and the

environment in sole topic - Organic Food. This article search of form objetiva raise information on the

production of organic food and its contribution to health and to preserve the environment.

Palavras-Chave: Alimentação Alternativa, Sustentabilidade, Saúde, Alimentos orgânicos.

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1. INTRODUÇÃO

Quando se imagina que em 2050 a população mundial poderá atingir cerca de 9,5

bilhões de habitantes (FAO, 2011), estimativas apontam que a oferta de alimentos

provavelmente será 25% menor em proporção à população. Desta forma, tem-se a

necessidade de se determinar alternativas produtivas com maior envolvimento, rendimento,

responsabilidade e preocupação ambiental. Estas práticas devem ser amplamente difundidas,

pois a sustentabilidade ambiental determinará a sobrevivência humana.

Uma alternativa agrícola são os produtos orgânicos, que visam aliar a produção de

alimentos saudáveis com manejos que promovem práticas sustentáveis do solo e água, sem

falar do envolvimento social que deve estar intrínseco nesse processo. Segundo Darolt, desde

o final do século XIX existe uma corrente que preconiza a alimentação natural. Esse

movimento apesar de antigo, ainda não domina o mercado nacional, e não se estabelece de

forma única devido ao forte apelo econômico da agricultura convencional.

A preocupação pela saúde sempre teve destaque na sociedade, pois a qualidade de

vida do ser humano tem sido alvo de atenção, requerendo elevados investimentos em estudo e

pesquisas nessa área. Agora o Planeta mostra que também precisa de cuidado, e se faz

necessários investimentos também no âmbito da sustentabilidade de forma eficaz e definitiva.

Uma forma de cuidar da saúde e ainda preservar o meio ambiente são os cultivos orgânicos.

Este artigo tem como objetivo realizar uma pesquisa acerca dos produtos

orgânicos, seus conceitos, legislação vigente e o status que tem no Palmas levando dados

sobre a produção de alimentos orgânicos e os quão conscientes a população é acerca desse

assunto e sua contribuição para saúde e para preservação do meio ambiente

2 INTRODUÇÃO

2.1 BREVE HISTÓRICO

A agricultura orgânica surge em 1925/30 com o inglês Albert Howard, que

ressalta tanto a importância da matéria orgânica na produção, como o fato do solo não ser

apenas um conjunto de substâncias, pois nele ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos

essências a saúde das plantas. Na mesma época surgiam outros movimentos que valorizavam

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o uso da matéria orgânica, que podem se dividir em quatro grupos: agricultura biodinâmica,

orgânica, biológica e natural (Eduardo Ehlers, 1999).

Segundo Souza e Rezende (2006), a partir dos anos 60, começam a surgir

indícios de que a agricultura convencional apresenta sérios problemas energéticos e

econômicos e causa um crescente dano ambiental. Nos anos 70, com a divulgação de uma

série de impactos ambientais, verificou-se um crescimento da consciência ambientalista no

mundo e com isso um maior interesse pelos métodos alternativos de produção considerados

ambientalmente mais sustentáveis.

Neste período várias publicações e manifestações despertaram o interesse da

opinião pública, em conseqüência na década de 80 o movimento cresce, e nos anos 90 se

consolida, cada vez mais surgem produtores orgânicos até chegarmos ao quadro atual, no qual

os orgânicos estão presentes nas gôndolas das grandes redes de supermercados (AAO.ORG,

2004).

No Brasil, a agricultura orgânica surge e se desenvolve seguindo essa mesma

ordem cronológica e contou com apoio dos movimentos ligados à agriculturas familiares e

ambientalistas. Os países considerados desenvolvidos que lideram a produção orgânica, são a

Europa, os Estados Unidos e o Japão.

Os dados sobre o mercado de produtos orgânicos no Brasil são escassos, mas

segundo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o país ocupa o

15º lugar na classificação mundial e o mercado nacional movimenta anualmente US$ 200

milhões. Porém, ainda não existe estatísticas oficiais sobre o setor de alimentos orgânicos, o

que dificulta a determinação precisa do tamanho dos mercados (Silva, 2008).

Com o objetivo de gerar visibilidade e disseminar os benefícios dos alimentos

produzidos sem agrotóxicos, o Ministério da Agricultura, em parceria com o SEBRAE e

diversas outras instituições, promoveu VII Semana dos Alimentos Orgânicos, no inicio de

junho. O tema da edição deste ano é "Produtos Orgânicos – ficou mais fácil identificar", com

foco na divulgação do selo Produto Orgânico Brasil, que ajuda os consumidores a identificar

esses produtos, e da Declaração de Cadastro do Agricultor Familiar, ambos instituídos pelo

ministério. Flores (2011),declara que segundo a Associação Brasileira de Orgânicos, 80% dos

produtores são agricultores familiares.

No Tocantins, o Governo, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do

Tocantins (RURALTINS), incentiva o cultivo de alimentos orgânicos junto aos produtores

familiares. Um dos exemplos é a plantação de hortaliças e frutas por meio do PAS-Produção

Agroecológica Sustentável.

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Acompanhando o calendário nacional, o RURALTINS também promoveu em

parceria com a Comissão de Produção Orgânica do estado do Tocantins (CPorg-TO), a VII

Semana de Alimentos Orgânicos, o evento foi realizado na Faculdade Católica de Palmas,

Campu II. O objetivo da campanha deste ano, é chamar a atenção da população para as

formas de identificação do produto orgânico: o selo brasileiro oficial e a declaração de

cadastro do agricultor familiar junto ao Ministério da Agricultura. O selo foi aprovado no ano

passado e já está nas prateleiras dos supermercados. Trabalhamos muito a sensibilização dos

consumidores anteriormente, mas hoje o nosso foco é o produtor (OLIVEIRA, 2011).

Segundo informações coletadas junto aos organizadores do evento o Tocantins

possui atualmente cinco certificações, sendo 4 (quatro) para flores e 1 (uma) para jabuticaba.

A informação sobre certificação será o principal foco do evento, na tentativa de desmistificar

a questão do selo, orientando os produtores nos passos a serem seguidos para se adequarem às

exigências legais.

Os produtores visam adequação por razões já mencionadas, mas também precisam

do selo por ser uma exigência do mercado nacional e internacional. Se o Tocantins seguir os

passos do restante do país, vai exportar em torno de 80% de sua produção.

2.2 CONCEITO

Para se caracterizar um produto orgânico, significa que durante todo seu processo

produtivo se empregou técnicas e métodos não agressivos ao meio ambiente, não se referem

apenas a alimentos sem agrotóxicos. Além de não conter agentes químicos, também não se

utiliza produtos que deixam resíduos nos alimentos ou que possam degradar solos, águas e

outros componentes do meio ambiente. O sistema orgânico de produção se baseia em técnicas

bem rigorosas para preservar integralmente a qualidade do produto, considerando as relações

sociais e trabalhistas envolvidas nas diversas fases do processo produtivo (SOUZA E

REZENDE, 2006).

Dentro dos principais objetivos apontados podemos citar:

Desenvolver e adaptar tecnologias às condições sociais, econômicas e

ecológicas de cada região;

Priorizar a propriedade familiar;

Reciclar os nutrientes;

Aumentar a atividade ecológica do solo;

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Preservar o solo, evitando a erosão e conservando suas propriedades físicas,

químicas e biológicas.

Promover a diversificação da flora e da fauna;

Manter a qualidade da água, evitando contaminação por produtos químicos ou

biológicos nocivos;

Buscar a produtividade ótima e não a máxima;

Promover a auto-suficiência econômica e energética da propriedade rural;

Fica óbvio que além da preocupação com saúde, a agricultura orgânica busca uma

harmonia entre o social e o corretamente ecológico, buscando uma dinâmica sustentável.

Do ponto de vista operacional a diferença entra a produção orgânica e

convencional se resume segundo Casimiro em:

• Respeito ao ciclo das estações do ano e às características da região.

• Colheita de vegetais na época de maturação (sem indução).

• Rotação e consorciação de culturas.

• Uso de adubos orgânicos e reciclagem de materiais.

• Tratamentos naturais contra pragas e doenças dos vegetais e plantas invasoras

manejadas sem herbicidas.

• Produtos separados dos não-orgânicos, desde o manuseio ao maquinário e do

transporte à venda.

• Prateleiras e geladeiras para a venda limpas e desinfetadas, sob critério e

fiscalização das certificadoras.

Souza e Rezende (2006) ressaltam que não se deve confundir alimentos orgânicos

com alimentos naturais que são vendidos em lojas especializadas. Para caracterizar um

produtor orgânico, significa que durante todo o processo produtivo se empregou técnicas e

métodos não agressivos ao meio ambiente. Por outro lado, “produtos naturais” se referem

muito mais a “produtos integrais”, não identificados a maneira como foi produzido, sendo

quase sempre oriundos de sistemas agroquímicos de produção.

Além de verduras, legumes e frutas, o modelo orgânico também pode ser

adaptado a carnes e laticínios. A diferença aí se estabelece pela maneira como se cria o

animal: rações adequadas e mais naturais, tratamentos a base de homeopatia, não

confinamentos, etc (PLANETA ORGANICO.COM, 2011).

É bom ressaltar que para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é

necessário administrar conhecimentos de diversas ciências (agronomia, ecologia, sociologia,

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economia, entre outras). Assim, o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a

natureza, tem condições de oferecer ao consumidor alimentos que promovam não apenas a

saúde deste último, mas também do planeta.

2.3 LEGISLAÇÃO E CERTIFICAÇÃO

“Considera-se sistema orgânico de produção

agropecuário todo aquele em que se adotam técnicas específicas,

mediante a otimização do uso dos recursos naturais e

socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das

comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e

ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da

dependência de energia não-renovável, e a proteção do meio ambiente

(LEI N° 10.831, DE DEZEMBRO DE 2003 ANEXO III).

A legislação estabelece normas e procedimentos a serem adotados e observados

por todos, que integram a rede de produção orgânica, alem de estabelecer conceitos,

definições e princípios relacionados à mesma.

A Lei n° 10.831 é o principal marco legal, estabelece critérios para a

comercialização, define responsabilidades sobre a qualidade, a fiscalização, a aplicação de

sanções, ao registro de insumos, entre outras obrigações que garantam a qualidade orgânica

do produto e ainda reconhece mecanismos utilizados para controle social (EMBRAPA).

Determina em síntese que alimentos orgânicos não podem ser feitos com adubo

químico, sementes ou plantas geneticamente modificadas. Os produtos devem ser rastreados e

identificados os locais de produção, a quantidade produzida e as condições de estocagem, de

processamento e de transporte. Todo produtor orgânico precisa ser submetido à inspeção no

local de produção, no mínimo uma vez ao ano e, em caso de produtos de curto ciclo, como as

hortaliças, a frequência é maior. O Decreto 6.323/07, que regulamenta a Lei dos Orgânicos,

pode ser um grande facilitador no sentido do cumprimento das regras.

Manoella Oliveira (2009) relata que o documento traz uma determinação

importante no âmbito da fiscalização, todas as certificadoras devem se credenciar junto ao

Ministério da Agricultura, responsável pela fiscalização, e se creditar no Inmetro – Instituto

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial que avaliará a proficiência

técnica inicial, que valerá por quatro anos. Antes o cadastro não era obrigatório, assim como é

voluntária a opção pela certificação.

O selo de certificação de um alimento orgânico fornece ao consumidor

muito além da certeza de estar levando para a casa um produto isento

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de contaminação química. Garante também que esse produto é o

resultado de uma agricultura capaz de assegurar qualidade do

ambiente natural, qualidade nutricional e biológica de alimentos e

qualidade de vida para quem vive no campo e nas cidades. Ou seja, o

selo de "orgânico" é o símbolo não apenas de produtos isolados, mas

também de processos mais ecológicos de se plantar, cultivar e colher

alimentos (PLANETA ORGÂNICO, 2011).

A estratégica de certificação é importante para o mercado de orgânicos, pois além

de permitir ao agricultor orgânico diferenciar e obter uma melhor remuneração dos seus

produtos protege os consumidores de possíveis fraudes como também o fato de que a

certificação torna a produção orgânica tecnicamente mais eficiente, à medida que exige

planejamento e documentação criteriosos por parte do produtor. Outra vantagem é a

promoção e a divulgação dos princípios norteadores da Agricultura Orgânica na sociedade,

colaborando, assim, para o crescimento do interesse pelo consumo de alimentos orgânicos.

A figura abaixo exibe os principais selos de certificação existentes no mercado

atualmente.

ACS Amazonia

ABIO

ANC

IBD

BCS

CMO

CHAO VIVO

Control Union

Ecocert

FVO

IMO

TECPAR

OIA

Fonte: Planeta Orgânico

2.4 CUSTO E BENEFÍCIO

Um dos entraves de maior relevância em relação ao consumo de produtos

orgânicos é sem dúvida o custo alto em relação ao convencional. De acordo com estudo feito

Azevedo (2011) o preço dos produtos orgânicos podem custar de 20 a 100% a mais, a

comercialização dos produtos orgânicos tem se mostrado o maior desafio para os agricultores

familiares e para as associações de produtos orgânicos no Brasil.

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Dulley e Toledo (2011) defendem que o produto agrícola orgânico pode ser

entendido como um produto que contém em si um valor agregado representado por sua

qualidade diferenciada e certificada, não podendo, portanto ser taxado ou considerado caro.

Se qualquer produto de origem da agricultura convencional passasse por algum processo que

lhe agregasse algum valor, também teria seu custo comercial maior.

Afirmam ainda, que esse custo considerado barato pelo senso comum não é

verdadeiro, pois em decorrência do elevado nível de degradação ambiental que provoca o seu

processo de produçao, implica num custo social indireto que acaba sendo pago pela

coletividade. Por exemplo, o tratamento da água potável que se consome no meio urbano,

aumenta a demanda por serviços de saúde como decorrência de intoxicações e doenças

causadas por agrotóxicos e periodicamente o Estado é “obrigado” por fortíssimas pressões

políticas a perdoar a dívida agrária no todo ou em parte de modo a evitar uma quebradeira

generalizada e conseqüente crise social”.

Entretanto a comercialização do produto em feiras, geralmente que diferencia

esses dois tipos de comercialização é a garantia e certificação do produto orgânico, pois

geralmente quem vende esses produtos em feiras são famílias de propriedades ruraIs que

dificilmente vão ter uma cerificação que realmente ateste que sua agricultura foi produzida de

maneira totalmente orgânica, caso contrário ocorre nos supermecados que obrigatoriamente

tem que exibir o selo que garanta a origem.

Nos alimentos convencionais está presente uma série de resíduos de agrotóxicos

que contaminam o solo, atingem os recursos hídricos e chega ao consumo humano, se caso

não haver um tratamento adequado pode acarretar em um grande dano ambiental e humano, a

verdade é que esses fatores não são vistos e analisados pelos consumidores.

Resende (2011) defende que os alimentos são a única mercadoria que o

consumidor exige que seja barata e espera que tenha qualidade. No mercado tudo que tem

qualidade superior custa naturalmente mais. Como menciona o jornalista Michael Pollan, o

preço barato de uma refeição nunca leva em conta o custo para o solo, o petróleo e os gastos

energéticos para produzir tais alimentos, a saúde pública, do meio ambiente, no bem-estar dos

trabalhadores e dos próprios animais. O contexto atual leva a crer que a maioria dos

consumidores não exige qualidade nos alimentos porque não sabe o que está comendo e como

isso influencia em todos os aspectos acima mencionados. Também é fato que o

distanciamento da natureza e o ritmo de vida urbano contribuem para essa condição de

"consumidor anestesiado". Deve-se atentar para a ideia de que aprodução orgânica exige

maior envolvimento de mão-de-obra e ao adquirir esse alimento o consumidor passa a

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contribuir para o fortalecimento e viabilidade da agricultura familiar no meio rural. Essa é a

contribuição social dos consumidores conscientes que, ao buscar produtos orgânicos, têm um

papel decisivo para que essa mudança ocorra.

A opção de compra do consumidor passa a ter um profundo significado

ambiental, social, político e econômico e ele passa a ser um componente ativo no processo e

revitalização do meio rural a partir do mundo urbano.

3 MATERIAIS E METÓDOS

O referencial teórico deste estudo foi elaborado através de dados levantados em

livros, internet e órgãos governamentais .

Os dados para análise dos resultados foram levantados através de uma pesquisa

qualitativa, entrevistando gerentes de três grandes supermercados da cidade de Palmas-TO

que serão citados como A, B e C e uma pesquisa quantitativa com 150 pessoas para avaliação

da relação da população de Palmas com a alimentação orgânica.

4. RESULTADO E DISCURSSÃO

4.1 CONSUMIDORES

Na elaboração da pesquisa de campo foram entrevistadas 150 pessoas sendo 63%

mulheres e 37% homens. Do total de entrevistados 38% têm faixa etária entre 18 e 30 anos,

32% pertence a faixa etária entre de 31 e 40 anos, 19% fazem parte da faixa etária entre 41 e

50 anos e 11% referem-se à faixa etária acima de 50 anos. Quanto a escolaridade dos

entrevistados 16% cursam ou já concluíram o ensino fundamental, 36% o ensino médio e

48% concluíram o ensino superior.

Os demais questionamentos serão externalizados de forma estatísticas, a fim de

facilitar a compreensão dos dados compilados.

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Grafico 01: Faixa salarial.

Fonte: Estudo de campo.

Do total dos entrevistados 55% possuem renda variando entre 01 e 03 sálarios

minimos, do todo 18% consomem alimentação orgânica, 33% das pessoas cuja a renda

salarial se encontra entre 04 e 07 salários, somente 44% consomem produto orgânico e entre

as duas faixas restantes que comprendem acima de 8 salários perfazendo juntas 11%, o

percentual de consumo gira em torno de 52%.

Gráfico 02: Consumo de produtos orgânicos.

Fonte: Estudo de campo.

Interrogados sobre o consumo de orgânicos a maioria, 59%, dos entrevistados

respondeu “NÃO” e 41% respondeu “SIM”, confirmando assim as espectativas, a relação do

consumidor com o produto ainda é timida e um pouco confusa como veremos em alguns

graficos a seguir.

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Gráfico 03: Justificativa das respostas negativas.

Fonte: Estudo de campo.

Os consumidores que não consomem o produto alegam que o principal motivo é o

preço, que em relacão ao convencional chega a ser até 100% mais caro. Em segundo lugar

vem a questão da credibilidade do produto.

Gráfico 04: Percepção do produto orgânico.

Fonte: Estudo de campo.

Dentre todos os entrevistados (150), a percepção do que vem a ser produto

organico, a maioria 47% acredita ser um alimento livre de agrotóxicos, em segundo lugar

houve empate entre ser natural e saudável de 24%, e apenas 5% alegam não ter conhecimento

do assunto.

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Gráfico 05: Produto organico x natural.

Fonte: Estudo de campo.

Dentro do percentual do gráfico anterior temos 24% que consideram produto

orgânico como produto natural, desses 24%, 36% dizem consumir o produto, ou sejam

acham que consomem produto orgânico, quando na realidade consome natural. Isso como foi

visto no desenvolvimento do artigo, é muito comum, falta informação adequada do que

realmente se trata a alimentação orgânica.

Gráfico 06: Motivo para consumir produto orgânico.

Fonte: Estudo de campo.

Levando em conta os consumidores do produto orgânico, 56% pensam em

preservar a saúde quando escolhem esse tipo de alimento alegam que o preço não influi na

hora da compra, a questão ambiental fica com 20% das escolhas empatada com a opção que

engloba saúde, meio ambiente e sabor, sendo que este último alcançou apenas 5%.

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Gráfico 07: Local de compras dos produtos orgânicos.

Fonte: Estudo de campo.

Na sua grande maioria os consumidores encontram os produtos nos

Supermecados, 65%, onde aliás o produto só é vendido com selo de certificação, 27%

compram em feiras, onde a palavra do agricultor é levada em conta e o produto tambem é

mais barato. Apenas 8% procuram em lugares especializados ou diretamente da horta.

Gráfico 08: Oferta no mercado.

Fonte: Estudo de campo.

Dos consumidores 21% declaram que a oferta é satisfatória contra grande maioria

que afirmam que não. Em cima do que observamos no universo insípido de orgânicos em

Palmas, mesmo 21% sendo um percentual pequeno, ainda é dificil de acreditar que a oferta

atinja esse número já que o que pode ser constatado na visita aos supermercados a quantidade

é quase que insignificante.

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3.2 Comércio Local

Em entrevista com os responsáveis pela compra de alimentos perecíveis nos três

maiores supermercados de Palmas-TO, constatou-se pelo depoimento dos supermercados A e

B, que o comércio de produtos orgânicos é irrisório em relação aos convencionais, embora

reconheçam que a procura vem aumentando gradativamente, eles atribuem o baixo índice de

procura devido principalmente ao preço alto. Os produtos vêm de fora do Estado, pois não há

oferta, mas afirmam que daria preferência aos produtores locais desde que devidamente

certificados. O supermercado C não comercializa produto orgânico. Os três reconhecem que

falta uma iniciativa de algum órgão competente na divulgação dos produtos orgânicos, bem

como seus benefícios.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro do que foi visto neste artigo se percebe que por trás de um alimento

orgânico existe toda uma estrutura para que se possa certificá-lo como tal. Não se pode negar

que o custo alto da produção e os impedimentos de produção em grande escala, torna-o pouco

comercial e ainda não existe uma consciência ambiental que reconheça os valores agregados

para permitir a percepção do seu valor ecológico.

Pode-se observar que na pesquisa, que a maioria dos entrevistados não consome

orgânicos, sendo o preço o principal impedimento, mas nota-se também que existe falta de

informação do que realmente é um produto orgânico, muitos confundem com natural.

Além de tudo não existe uma oferta de produtos que possa abranger uma demanda

maior, todo alimento orgânico certificado e comercializado em Palmas vem de fora do Estado.

A renda salarial afeta no consumo do produto orgânico, a faixa salarial que mais

consome é a que ganha mais, e com uma maior procura nos supermercados, o que pode ser

justificado pela credibilidade.

Mas pode se observar que a evolução da alimentação alternativa se confunde com

o histórico dos passos da humanidade em direção à consciência ambiental, reconhecer a

produção orgânica como ferramenta ambientalmente conveniente, pesquisar métodos que a

torne competitiva e viável é necessário para se derrubar certos paradigmas em relação à

mesma. O Tocantins com o potencial agrícola que tem deve estar cada vez mais atento para

essa questão, visando inclusive vantagens econômicas.

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A geração futura talvez possa ter uma situação invertida em relação à atual, onde

o produto convencional seja uma exceção, num mundo de orgânicos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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