DIAGNÓSTICO – 1ª FASE · Equipa Técnica Coordenação do Grupo de Trabalho para a elaboração...
Transcript of DIAGNÓSTICO – 1ª FASE · Equipa Técnica Coordenação do Grupo de Trabalho para a elaboração...
RELATÓRIO FINAL
O sistema educativo na cidade do Porto
Volume 2 Maio de 2007
Grupo de Trabalho Carta Educativa do Porto
Equipa Técnica Coordenação do Grupo de Trabalho para a elaboração da CEP
António Lacerda (CMP/GEP) Constituição do Grupo de Trabalho - Câmara Municipal do Porto Gabinete de Estudos e Planeamento
Fernando Pau-Preto Idalina Machado Ana Sofia Vasconcelos
Colaboração Carlos Oliveira Marta Gomes Natércia Azevedo Sérgio Rocha
Departamento de Educação e Juventude Manuela Góis Paula Pimentel
Direcção Municipal de Urbanismo / Departamento de Planeamento Urbanístico
Lurdes Carreira Direcção Regional de Educação do Norte
Vasco Freitas Contactos: Câmara Municipal do Porto Telefone: 222 097 000
Email: [email protected]
Gabinete de Estudos e Planeamento Telefone: 222 097 008 Praça General Humberto Delgado Fax: 222 097 081 4049-001 Porto Email: [email protected] Departamento Municipal de Educação e Juventude Telefone: 222 061 750 Rua de Entre Paredes, 61, 1.º Fax: 222 061 798 4000-198 Porto Email: [email protected] Porto, Maio de 2007
CEP
iÍndice volume 2 V. O sistema educativo na cidade do Porto 1
1.Estabelecimentos de ensino 2
1.1 Apresentação da rede escolar 2
1.2 Agrupamentos verticais de escolas da cidade do Porto 10
1.3 Caracterização física e funcional da rede escolar pública 11
1.4 Rede do ensino superior 18
2.Procura de educação e formação: caracterização e evolução recente 21
2.1 Frequências escolares: tendências evolutivas 21
2.2 Breves apontamentos sobre o abandono, as saídas e o insucesso escolar 24
2.3 Educação Pré-Escolar 30
2.4 Ensino Básico 32
2.4.1 1.º Ciclo do Ensino Básico 33
2.4.2 2.º Ciclo do Ensino Básico 35
2.4.3 3.º Ciclo do Ensino Básico 36
2.5 Educação/Formação de nível secundário 38
2.6 Formação Profissional 42
2.6.1 Oferta de formação profissional 43
2.6.2 Centros de Novas Oportunidades 47
3.A visão dos agentes educativos 50
3.1 Inquéritos aos professores/educadores, aos alunos e às famílias 50
3.1.1 Inquéritos aos professores e educadores 51
3.1.2 Inquéritos aos alunos e às famílias 563.2 Entrevistas aos Conselhos Executivos dos agrupamentos verticais e escolas secundárias públicas e órgãos de gestão de algumas escolas privadas
86
3.3 Inquérito aos membros do CMED 91
3.4 Inquérito on-line 95
4. A política Municipal de educação 101
4.1. Planeamento e Gestão Escolar 102
4.1.1 Acção Social Escolar 1024.1.2 Administração dos edifícios escolares do 1º ciclo do ensino básico, jardins-de-infância e parques infantis municipais
104
4.1.3 Apetrechamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do 1º ciclo da rede pública
104
4.1.4 Gestão do parque informático das escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância 1054.1.5 Actividades de Enriquecimento Curricular 1054.1.6 Administração da componente de apoio à família nos jardins-de-infância da rede pública
106
4.1.7 Transportes de apoio a visitas de estudo (EPE e 1.º CEB da rede pública) 1074.1.8 Administração dos recintos infantis municipais 107
4.2 Promoção da Infância e Juventude 107
4.2.1 Projecto “Porto de Crianças” 108
4.2.2 Projecto “Porto a ler” 109
4.2.3 Prémio de Mérito escolar Consegui 109
4.2.4 Caracterização das Associações Juvenis 110
4.3 Programa “Escola Viva” 111
4.4 Outros sectores municipais com acções de âmbito educativo 112
4.4.1 Direcção Municipal de Cultura 112
4.4.2 Direcção Municipal de Ambiente e Serviços Urbanos (DMASU) 114
4.4.3 Fundação Ciência e Desenvolvimento 115
CEP
ii4.4.4 Fundação Porto Social 115
4.4.5 Porto Lazer (Empresa Municipal) 116
5. Considerações finais 117
5.1 A oferta e a procura de educação 117
5.2 Problemas e potencialidades das escolas 119
5.3 Percepção dos agentes educativos 121
Índice de figuras 5.1 - Estabelecimentos de ensino na cidade do Porto, no ano lectivo 2006/07 2
5.2 - Peso percentual das redes de estabelecimentos de ensino no Porto (2006/07) 3
5.3 - Representatividade dos estabelecimentos de ensino na cidade do Porto por zonas geográficas, no ano lectivo 2006/07
3
5.4 - Distribuição dos estabelecimento de ensino na cidade do Porto por zonas geográficas, no ano lectivo 2006/07
3
5.5 - Estabelecimentos com oferta de Educação Pré-Escolar (2006/07) 4
5.6 - Oferta de Educação Pré-Escolar por freguesia (2006/07) 5
5.7 - Estabelecimentos com oferta do 1.º Ciclo de Ensino Básico (2006/07) 5
5.8 - Distribuição das escolas do 1.º CEB por freguesia (2006/07) 6
5.9 - Estabelecimentos com oferta do 2.º CEB na (2006/07) 6
5.10 - Estabelecimentos com oferta do 3.º CEB (2006/07) 7
5.11 - Estabelecimentos com oferta do Ensino Secundário na cidade do Porto (2006/07) 8
5.12 - Estabelecimentos com oferta de Ensino Recorrente na cidade do Porto (2006/07) 8
5.13 - Estabelecimentos com oferta de Ensino Profissional (2006/07) 9
5.14 - Agrupamentos verticais da cidade do Porto, no ano lectivo 2006/07 10
5.15 - Estado de Conservação Geral dos Edifícios (2004/05) 12
5.16 - Estado de Conservação Geral dos Edifícios (2006/07) 13
5.17 - Dotação das EB1 - Ensino Público 2004/2005 16
5.18 - Dotação das escolas EB2,3 e Secundárias - Ensino público 2003/04 16
5.19 - Escolas EB2,3 e Secundárias segundo o número de salas - Ensino público 2003/04 17
5.20 - Índice de ocupação das Escolas EB2,3 e Secundárias - Ensino público 2003/04 17
5.21 - Estabelecimentos de ensino superior 19
5.22 - Total de alunos matriculados, por níveis de ensino (2006/2007) 21
5.23 - Total de alunos por níveis de ensino (público e privado) 22
5.24 - Taxa de variação dos alunos (ensino Público e Privado) no Porto entre 2000/01 e 2006/07 23
5.25 - População estudante no Porto, por nível de instrução, segundo a residência, 2001 23
5.26 - Taxa Específica de Pré-Escolarização do Grupo Etário dos 3 aos 5 anos (%) 25
5.27 - População residente, por idade (dos 15 aos 23 anos), segundo a condição perante a actividade económica, no concelho do Porto em 2001
26
5.28 - Taxa Específica de Escolarização do Grupo Etário dos 15 aos 17 anos (%) 26
5.29 - Taxa Específica de Escolarização do Grupo Etário dos 18 aos 23 anos (%) 27
5.30 - Distribuição dos menores com processos por abandono e absentismo escolar segundo a freguesia de residência (n.º)
29
5.31 - Distribuição das matrículas nos JI segundo os regimes público e privado 31
5.32 - Rácio crianças/educador no concelho do Porto 32
5.33 - Alunos matriculados no 1º CEB 33
5.34 - Rácio Alunos/Professor no 1º CEB, no Porto 34
5.35 - Evolução do n.º de alunos matriculados no 2º CEB 35
5.36 - Evolução do n.º de alunos matriculados no 3º CEB 36
5.37 - Alunos matriculados no Ensino Secundário Público e Privado 40
5.38 - Formação Profissional ministrada no concelho do Porto (2001-2006) 45
5.39 - Frequência de jardim de infância por ciclo de escolaridade 61
5.40 - Reprovação e não reprovação por tipo de ensino 61
CEP
iii5.41 - Existência de reprovação por ciclo de escolaridade 62
5.42 - Número de reprovações 62
5.43 - Número de reprovações por ciclo de escolaridade 62
5.44 - Quem ajuda na realização dos TPC 63
5.45 - Quem ajuda nas dificuldades de estudo 63
5.46 - Factores importantes para que um aluno tenha sucesso na escola 65
5.47 - Condições para se aprender melhor 65
5.48 - Gosto pelo estudo 66
5.49 - Razões pelas quais é importante ir à escola 67
5.50 - Apreciação das condições de higiene/limpeza e segurança da escola 68
5.51 - Avaliação de condições exteriores à escola 68
5.52 - Principais aspectos positivos da escola, por ciclo 69
5.53 - Principais aspectos negativos da escola, por ciclo 70
5.54 - Satisfação face a um conjunto de dimensões ( 2.º e 3.º ciclo) 71
5.55 - Satisfação face a um conjunto de dimensões (secundário) 72
5.56 - Nível máximo de escolaridade que pretendem atingir 72
5.57 - Aspirações profissionais dos alunos 73
5.58 - Distribuição dos educandos por nível de escolaridade e zona de residência 74
5.59 - Distribuição dos educandos por tipo de ensino frequentado (público ou privado) e zona de residência
75
5.60 - Benefícios de apoio social escolar 75
5.61 - Educandos que já reprovaram por zona de residência 76
5.62 - Apoio dado na realização dos TPC, por zona de residência 77
5.63 - Verificação dos cadernos diários, por zona de residência 77
5.64 - Participação dos encarregados de educação nas reuniões, actividades culturais e recreativas e procura da escola por iniciativa
78
5.65 - Explicações por área de residência e ciclo de escolaridade do educando 79
5.66 - Gastos mensais com as explicações do educando 79
5.67 - Escola dá apoio aos alunos em termo de aprendizagem (sempre/muitas vezes) 80
5.68 - Professores apoiam quando os alunos têm dúvidas (sempre/muitas vezes) 80
5.69 - Apreciação das condições de higiene da escola 81
5.70 - Assaltos ao educando dentro da escola (% de sim) 82
5.71 - Avaliação das condições exteriores à escola (% de sim) 82
5.72 - Aspectos positivos e aspectos negativos da escola do educando 83
5.73 - Características da escola do futuro 84
5.74 - Motivos da importância atribuída à escola 84
5.75 - Satisfação das famílias face a um conjunto de dimensões 85
5.76 - Nível máximo de escolaridade que as famílias pretendem que o educando atinja 85
5.77 - Profissão desejada para o educando 86
5.78 - Parceiros Educativos 109
Índice de tabelas 5.1 - Estabelecimentos de ensino especial (2005/06) 9
5.2 - Estabelecimentos de ensino artístico (2005/06) 9
5.3 - Evolução do estado de conservação dos edifícios 2005 e 2006 12
5.4 - Estado de conservação geral dos edifícios escolares 13
5.5 - Áreas por estabelecimento de ensino 15
5.6 - Rede de Ensino Superior no Porto 19
5.7 - Alunos matriculados no Ensino Superior na cidade do Porto, no ano lectivo 2004/05 24
5.8 - Freguesias abrangidas pelas CPCJ do Porto 27
5.9 - Distribuição dos menores com processos de abandono escolar segundo o agrupamento / escola que frequentavam
29
CEP iv
5.10 - Educadores e Pessoal não docente nos Jardins-de-Infância 31
5.11 - Pessoal docente e não docente nas EB1, no concelho do Porto 33
5.12 - Pessoal docente e não docente 36
5.13 - Alunos matriculados no 3º CEB na modalidade de ensino recorrente 37
5.14 - Alunos inscritos em Cursos de Educação e Formação com equivalência ao 3º CEB 37
5.15 - Alunos inscritos em Cursos Profissionais (Nível 2) 38
5.16 - Pessoal docente e não docente 38
5.17 - Alunos inscritos no Ensino Secundário Público no ano lectivo de 2006/2007 41
5.18 - Número de Alunos a frequentar o Ensino Profissional em CPN3 41
5.19 - Número de professores de nível secundário a leccionar no Porto 42
5.20 - Centro de Formação Profissional do Porto e Centro de Formação do Sector Terciário 47
5.21 - Centros de Novas Oportunidades no Porto (2007) 49
5.22 - Dimensões consideradas nos inquéritos aos alunos e às famílias 58
5.23 - Caracterização sócio-demográfica dos alunos inquiridos 59
5.24 - Caracterização sócio-demográfica das famílias inquiridas 59
5.25 - Local onde efectua os TPC 63
5.26 - Factores indicados para as dificuldades sentidas na matéria 64
5.27 - Disciplinas mais e menos preferidas 66
5.28 - Recursos existentes nas escolas 71
5.29 - Problemas enfrentados 87
5.30 - Principais projectos/iniciativas 88
5.31 - Escola actual 88
5.32 - Perfil sócio-económico dos alunos e famílias 89
5.33 - Principais características da escola do futuro 90
5.34 - Expectativas face à Carta Educativa e ao papel do município 91
5.35 - Inquérito ao Conselho Municipal de Educação: apreciação global do inquérito 92
5.36 - Contributos das reuniões com os membros do CMED - Síntese de Ideias 95
5.37 - Pontos Fortes 96
5.38 - Pontos Fracos 96
5.39 - Oportunidades 97
5.40 - Ameaças 97
5.41 - Questões com as médias mais elevadas 99
5.42 - Questões com as médias menos elevadas 99
5.43 - Verbas atribuídas aos alunos por escalões 103
5.44 - Distribuição do n.º de alunos por anos e por áreas de enriquecimento curricular 106
5.45 - Intervenções da Domus Social 111
5.46 - Actividades educativas dos museus municipais 112
5.47 - Projectos e actividades da Biblioteca Pública Municipal do Porto 114
5.48 - Actividades educativas da Fundação Ciência e Desenvolvimento 115
5.49 - Actividades educativas da Porto Lazer 116
CEP
vCEP Capítulo V - 1
V. O sistema educativo na cidade do Porto
A análise do sistema educativo na cidade de Porto, que será objecto do presente
capítulo, irá abranger a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico e o Ensino Secundário,
bem como a Formação Profissional. Relativamente a esta última componente é de
registar que a escassez de informação disponível condicionou a análise efectuada.
A realidade educativa da cidade do Porto será equacionada, primeiramente, em
termos da oferta e procura de ensino e formação, e da sua evolução recente.
Particular atenção é dedicada à análise dos fenómenos do abandono e do absentismo
escolar, das saídas do sistema formal de ensino e do sucesso escolar.
A percepção dos traços mais marcantes do sistema educativo ficaria incompleta e,
eventualmente desfocada, se não contemplasse a visão dos agentes da comunidade
educativa e, sobretudo, se não pudesse contar com a sua participação activa neste
trabalho de construção conjunta do diagnóstico da situação presente. Daí a
importância atribuída à leitura que é proporcionada pelos inquéritos, entrevistas e
reuniões de trabalho com um vasto conjunto de elementos directa ou indirectamente
ligados à comunidade educativa.
Dar-se-á conta, seguidamente, das linhas de força da política municipal de educação e
das principais acções que têm vindo a ser assumidas com vista à valorização da
educação e do papel central da escola no processo educativo.
Por último, propõe-se uma leitura integrada desta realidade complexa e heterogénea,
assinalando-se os seus principais traços caracterizadores.
1. Estabelecimentos de ensino
1.1. Apresentação da rede escolar
A cidade do Porto dispõe de uma rede escolar constituída, no ano lectivo de 2006/07,
por 243 estabelecimentos que asseguram desde a educação pré-escolar até ao ensino
secundário. Como se comprova pela figura seguinte, esta rede proporciona uma boa
cobertura territorial pelo que o Porto pode considerar-se bem equipado do ponto de
vista da oferta de estabelecimentos de ensino.
Figura 5.1 - Estabelecimentos de ensino na cidade do Porto, no ano lectivo 2006/07
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
A rede de ensino público é formada por 104 estabelecimentos. Os restantes repartem-
se pela rede privada1 (88 estabelecimentos) e pela chamada rede solidária2 (1 escola
do 1º ciclo e 50 jardins de infância – JI - a cargo, na sua grande maioria, das
Instituições Particulares de Solidariedade Social – IPSS).
Esta distribuição mostra à evidência a importância da oferta pública, bem como das
redes privada e solidária que assumem uma expressão significativa na cidade do
Porto, muito acima da situação conhecida a nível nacional. Esta realidade deve ser
encarada como uma mais-valia de que a cidade dispõe e que terá de potenciar.
É notória a maior dispersão espacial da rede pública quando confrontada com o
padrão de localização da rede privada, cuja presença na zona oriental da cidade se
confina praticamente aos JI da rede solidária.
1 A rede privada integra não só estes 88 estabelecimentos que funcionam em instituições de ensino particular e cooperativo com fins lucrativos, mas também os estabelecimentos da rede solidária. Neste estudo, optou-se por distinguir estas 2 situações. 2 A rede solidária, incluída na rede privada, é composta pelos estabelecimentos que funcionam em IPSS ou outras instituições sem fins lucrativos.
CEP Capítulo V - 2
Figura 5.2 - Peso percentual das redes de estabelecimentos de ensino no Porto (2006/07)
CEP Capítulo V - 3
43%
36%
21%
Rede de Ensino Pública
Rede de Ensino Privada
Rede de Ensino Solidária
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
A elevada oferta de estabelecimentos de ensino na zona central da cidade, que tem
vindo a registar uma quebra substancial de população em idade escolar, a par de
razões históricas, poderá indiciar que esta oferta não se destina somente à população
local, mas beneficiará famílias que têm de se deslocar diariamente para esta zona por
motivo de trabalho.
Figura 5.3 - Representatividade dos estabelecimento de ensino na cidade do Porto por zonas geográficas, no ano lectivo 2006/07
8%
39%
16%
37%Centro Histórico
Centro Tradicional
Zona Ocidental
Zona Oriental
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
O quadro seguinte traduz a distribuição dos estabelecimentos por freguesia. Se se
tiver em consideração a população residente de cada zona verifica-se que a oferta de
equipamentos no Centro Histórico e no Centro Tradicional supera em quase 50% o
valor médio da cidade.
Figura 5.4 - Distribuição dos estabelecimento de ensino na cidade do Porto
por zonas geográficas, no ano lectivo 2006/07
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Centro Histórico Centro Tradicional Zona Ocidental Zona Oriental
FreguesiasZonas
N.º
de E
quip
amen
tos
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Como foi referido anteriormente, a rede pública é constituída por 104
estabelecimentos de ensino, sendo 101 afectos ao Ministério da Educação e os
restantes 3 a outros Ministérios. Os estabelecimentos vinculados ao Ministério da
Educação correspondem a:
15 jardins-de-infância
19 escolas básicas do 1.º ciclo3
38 escolas básicas do 1.º ciclo com jardim-de-infância
16 escolas básicas do 2.º e 3.º ciclo
1 escola secundária com 2.º e 3.º ciclo
10 escolas secundárias com 3.º ciclo
1 escola profissional
1 escola secundária artística
Das diferentes tipologias mencionadas anteriormente, apenas os jardins-de-infância e
as escolas básicas do 1.º ciclo (com ou sem jardim-de-infância) estão sob a
responsabilidade da Câmara Municipal do Porto, constituindo a rede municipal de
estabelecimentos de ensino.
Analisemos agora a rede escolar por níveis de ensino tendo-se em atenção que muitos
dos estabelecimentos leccionam mais do que um nível.
No ano lectivo 2006/07, a rede de educação pré-escolar contabiliza 162 jardins-de-
infância: 554 da rede pública, 57 da rede privada e 50 da rede solidária.
Tal significa que se trata de uma rede densa, com uma dimensão satisfatória, em que
a oferta pública, privada e solidária, é muito equilibrada, embora concentrada na zona
central da cidade.
Fig. 5.5 - Estabelecimentos com oferta de Educação Pré-Escolar (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
3 Foi contabilizada a Escola Básica no Hospital de Crianças Maria Pia. 4 Destes 55 estabelecimentos, 53 estão afectos ao Ministério da Educação e, consequentemente, sob a responsabilidade da autarquia, encontrando-se os restantes 2 afectos a outros ministérios.
CEP Capítulo V - 4
Todas as freguesias dispõem de jardins-de-infância, como se pode constatar no
gráfico seguinte. É de assinalar a forte dotação de JI nas freguesias do Bonfim e de
Cedofeita, a par de Campanhã e Paranhos, que têm um peso populacional mais
significativo.
Figura 5.6 - Oferta de Educação Pré-Escolar por freguesia (2006/07)
0
10
20
30
40
50
60
70
Centro Histórico CentroTradicional
Zona Ocidental Zona Oriental
FreguesiasZonas
N.º
de E
stab
elec
imen
tos
Total deestabelecimentospor freguesias
Total deestabelecimentospor zonas
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Os estabelecimentos de ensino básico que leccionam o 1º ciclo, no ano lectivo de
2006/07, são 97. Afectos à rede pública5 encontram-se 57 estabelecimentos e à rede
privada 40.
A cobertura da cidade proporcionada pelas escolas do 1º ciclo continua a ser
satisfatória, em particular da rede pública. A rede privada está concentrada nas zonas
central e ocidental, como o comprova o facto de não existir nenhum estabelecimento
privado na freguesia de Campanhã.
Fig. 5.7 - Estabelecimentos com oferta do 1.º Ciclo de Ensino Básico (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
5 Dos 57 equipamentos mencionados, apenas 55 são da responsabilidade da autarquia, sendo os restantes 2 equipamentos considerados especiais: Escola Básica no Hospital de Crianças Maria Pia (para crianças em convalescença) e a Escola Básica do 1.º Ciclo do Centro Educativo de St.º António (tutelar de menores).
CEP Capítulo V - 5
O gráfico seguinte ilustra a repartição das escolas por grandes áreas da cidade e por
freguesia.
Figura 5.8 - Distribuição das escolas do 1.º CEB por freguesia (2006/07)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Centro Histórico CentroTradicional
Zona Ocidental Zona Oriental
FreguesiasZonas
N.º
de E
stab
elec
imen
tos
Total deestabelecimentospor freguesias
Total deestabelecimentospor zonas
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
No concelho do Porto existem 41 estabelecimentos de ensino nos quais é leccionado,
no presente ano de 2006/07, o 2º ciclo do ensino básico e que, na sua
generalidade, asseguram igualmente o 3º ciclo de escolaridade. Deste total de escolas
17 pertencem à rede pública e 24 à rede particular. A freguesia de Campanhã dispõe
unicamente de 3 escolas públicas.
Figura 5.9 - Estabelecimentos com oferta do 2.º CEB na (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
CEP Capítulo V - 6
O facto das escolas secundárias públicas assegurarem igualmente o 3º ciclo do
ensino básico faz aumentar a rede de escolas com este nível de ensino em relação à
oferta do 2º ciclo.
O Porto conta assim com 51 estabelecimentos a leccionar o 3º ciclo, 24 dos quais são
particulares, sendo os restantes 27 afectos à rede pública. Realce-se o facto de na
freguesia da Campanhã, e em parte da chamada periferia norte da cidade, não existir
oferta privada.
Figura 5.10 - Estabelecimentos com oferta do 3.º CEB (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Vejamos muito brevemente a situação quanto aos níveis de ensino após a
escolaridade obrigatória. Relativamente ao ensino secundário, a cidade está dotada
neste ano lectivo com 33 estabelecimentos. Fruto da quebra da natalidade que se tem
vindo a registar e da perda de população residente no Porto, alguns deste
equipamentos têm vindo a encerrar, como é o caso nestes últimos 10 anos das
escolas públicas Cal Brandão, Rainha Santa Isabel e Oliveira Martins.
Na rede pública existem 12 estabelecimentos de ensino secundário, sendo os
restantes 21 privados. Relativamente à sua espacialização, é de salientar a
inexistência de escolas públicas no centro histórico (existindo apenas uma escola
particular) e em toda a zona da cidade a norte da VCI. A maior concentração de
escolas secundárias ocorre na zona central do Porto. Em Campanhã, existe apenas
uma escola secundária pública e outra privada.
CEP Capítulo V - 7
Figura 5.11 - Estabelecimentos com oferta do Ensino Secundário na cidade do Porto (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Há 14 estabelecimentos que asseguram o ensino recorrente na cidade do Porto,
sendo 6 escolas secundárias públicas e 8 privadas, e que se encontram devidamente
identificadas na figura seguinte.
Figura 5.12 - Estabelecimentos com oferta de Ensino Recorrente na cidade do Porto (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
CEP Capítulo V - 8
O ensino profissional, que é visto hoje como uma das apostas necessárias à
diversificação da oferta educativa qualificante e de que se espera um contributo válido
no combate ao abandono e às saídas do sistema de ensino, é ministrado em 25
escolas do Porto, na sua maioria escolas privadas (17).
Figura 5.13 - Estabelecimentos com oferta de Ensino Profissional (2006/07)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
No que concerne ao ensino especial, existiam 6 estabelecimentos de ensino na
cidade do Porto no ano lectivo 2005/06, todos afectos à rede privada.
Tabela 5.1 – Estabelecimentos de ensino especial (2005/06)
Denominação do estabelecimento
Escola de Reeducação Pedagógica das Antas - E.R.P.A.
APPACDM Centro Educacional do Porto
Externato Ana Sullivan
A.P.P.A.C.D.M. do Porto
Centro de Paralisia Cerebral
Centro Latino Coelho Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Por fim, cabe referir que a cidade do Porto contava com 7 estabelecimentos de ensino
artístico no ano lectivo 2005/06, dos quais dois conferem equiparação ao ensino
secundário, a saber, a Escola Soares dos Reis e o Instituto das Artes e da Imagem.
Tabela 5.2 – Estabelecimentos de ensino artístico (2005/06) Denominação do estabelecimento
Academia de Música da Rua Costa Cabral, Lda Centro de Estudos Musicais do Porto, Lda Conservatório de Música do Porto Curso de Música Silva Monteiro Escola de Música do Porto Escola Secundária Artística Soares dos Reis Instituto das Artes e da Imagem
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
CEP Capítulo V - 9
1.2 Agrupamentos verticais de escolas da cidade do Porto
O Decreto-Lei n.º 115-A/98, Iª Série, de 4 de Abril, aprovou o regime de autonomia,
administração e gestão dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos
básicos e secundário. Entre outras matérias, estatui a organização dos
estabelecimentos de ensino em agrupamentos verticais de escolas.
De acordo com o Artigo 5.º do referido diploma, o agrupamento de escolas é uma
unidade organizacional, dotada de órgãos próprios de administração e gestão,
constituída por estabelecimentos de educação pré-escolar e de um ou mais níveis e
ciclos de ensino, a partir de um projecto pedagógico comum, com vista à realização de
diversas finalidades.
No concelho do Porto existem actualmente 17 agrupamentos verticais6, que não
abrangem as escolas secundárias, com a excepção do Agrupamento Vertical Clara de
Resende. Na figura seguinte poderá ser visualizada a distribuição espacial dos distintos
agrupamentos verticais da cidade para o corrente ano lectivo.
Figura 5.14 - Agrupamentos verticais da cidade do Porto, no ano lectivo 2006/07
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
6 Para melhor percepção da constituição de cada agrupamento, encontram-se disponíveis no sítio da autarquia em http://www.cm-porto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/86 as Fichas de Caracterização dos Agrupamentos Verticais de Escolas do Município do Porto.
CEP Capítulo V - 10
CEP Capítulo V - 11
1.3 Caracterização física e funcional da rede escolar pública
Dada a importância de que se revestem as condições materiais das escolas,
caracterizar-se-ão seguidamente, do ponto de vista físico, os estabelecimentos de
ensino públicos dos diversos níveis, de acordo com um conjunto de indicadores que,
ainda que não sendo exaustivo, permite ter uma visão global das condições destes
equipamentos educativos.
No que se refere aos JI e aos estabelecimentos de ensino do 1º ciclo do ensino básico,
essa caracterização tem por base um levantamento efectuado em 2005 pelo Centro de
Estudos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, em parceria com a
Faculdade de Arquitectura de Pescara da Universidade Gabriele D’ Annunzio, Itália.
Este levantamento permitiu que se procedesse à caracterização física e funcional dos
equipamentos e à avaliação do seu estado de conservação7.
A caracterização que consta das fichas por estabelecimento segue a abordagem de
três indicadores: aspecto geral, estado de conservação e condições gerais de
funcionamento. Para além de aquela caracterização se configurar como uma
componente indispensável da Carta Educativa, será também um instrumento de
suporte à decisão das acções de manutenção da rede escolar a cargo da autarquia.
Uma vez que o referido levantamento veio na sequência de um outro trabalho já
realizado em 2003, foi possível constatar uma melhoria geral quanto ao estado de
conservação e às condições gerais de funcionamento da rede escolar, como resultado
da intervenção de requalificação dos estabelecimentos de ensino a cargo do município,
desenvolvida a partir de 2003 no âmbito do programa Escola Viva. Refira-se que o
levantamento foi efectuado pela FAUP durante os meses de Agosto e Setembro de
2005, tendo alguns estabelecimentos de ensino sofrido, entretanto, obras de
beneficiação.
No que concerne aos Jardins-de-Infância, o levantamento efectuado revela que
todos os equipamentos se encontram em bom ou razoável aspecto geral. Esta análise
teve em linha de conta critérios como o aspecto das paredes exteriores, da caixilharia
e da cobertura. Quanto ao aspecto e estado de conservação dos espaços exteriores, e
de acordo com 3 sub-indicadores (pavimentos, espaços verdes e equipamento lúdico),
a avaliação foi positiva; o material escolar encontra-se, no geral, em bom estado de
conservação, embora com algumas insuficiências quantitativas de material didáctico e
de mobiliário escolar, e o único dado não satisfatório reporta-se à ventilação natural,
pela sua insuficiência.
7 As fichas de caracterização de todos os estabelecimentos de ensino a cargo do município encontram-se disponíveis no sítio da autarquia em http://www.cm-porto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/85. Essas fichas foram elaboradas com base nos dados recolhidos junto de cada um dos estabelecimentos.
Adianta-se ainda que não existe nenhum JI em mau ou muito mau estado de
conservação, devendo-se este facto ao cuidado de manutenção corrente e à atenção
dedicada pelo pessoal docente e auxiliar, pelos pais das crianças e pela acção de
acompanhamento permanente pelas Juntas de Freguesia.
Relativamente aos estabelecimentos de ensino do 1º ciclo do ensino básico, e ao
primeiro dos indicadores, o aspecto geral, verificava-se8 que o aspecto geral dos 57
estabelecimentos era bom ou óptimo em 49,1% dos casos (28 escolas), razoável em
31,6% (18 escolas), apenas 11 (19,3%) se encontrando com mau ou muito mau
aspecto. Para a elaboração deste indicador concorreram 3 sub-indicadores sobre o
aspecto das paredes exteriores, o aspecto da caixilharia e o aspecto da cobertura e
ainda outros 3 sub-indicadores a fim de se definir o aspecto dos espaços exteriores:
pavimentos, espaços verdes e equipamento lúdico.
Figura 5.15 -Estado de Conservação Geral dos Edifícios (2005)
Fonte: Caracterização Física e Funcional das EB1 e dos JI do Município do Porto, CEFA-UP, 2005
No âmbito do Programa “Escola Viva” diversos estabelecimentos foram
intervencionados desde então, e actualmente regista-se uma melhoria significativa do
estado global de conservação do parque escolar como resultado desse esforço, no
sentido de assegurar padrões de qualidade adequados dos estabelecimentos de
ensino. O quadro e a figura seguintes tornam bem patente a evolução ocorrida.
Tabela 5.3 - Evolução do estado de conservação dos edifícios 2005 e 2007
2005 * 2007 ** Óptimo ou Bom 25 41 Razoável 19 9 Mau ou Muito Mau 13 5
TOTAL 57 55 * Caracterização Física e Funcional das EB1 e dos JI do Município do Porto, CEFA da UP, 2005 ** Actualização após intervenções efectuadas pela Domus Social.
8 O levantamento foi efectuado pela FAUP durante os meses de Agosto e Setembro de 2005.
CEP Capítulo V - 12
Figura 5.16 -Estado de Conservação Geral dos Edifícios (2007)
Fonte: CMP/GTCEP e DOMUS SOCIAL, 2007
A tabela seguinte permite uma melhor percepção do estado de conservação geral dos
edifícios. Estão identificadas todas as escolas que no levantamento de 2005, efectuado
pelo Centro de Estudos da FAUP, se encontravam em Mau e Muito Mau estado de
conservação e a sua situação actual, a que se acrescentaram as 6 escolas que se
mantêm em estado razoável de conservação.
Tabela 5.4 – Estado de conservação geral dos edifícios escolares
DESIGNAÇÃO Estado de Conservação Geral do Edifício (2004/05)*
Estado de Conservação Geral do Edifício (2006/07)**
EB1/JI do Campo 24 de Agosto Razoável Razoável EB1/JI da Alegria Mau Bom EB1 das Florinhas Razoável Razoável EB1/JI da Corujeira Mau Óptimo EB1/JI do Falcão Mau Mau EB1/JI das Flores Mau Bom EB1/JI do Cerco Mau Óptimo EB1 Augusto Lessa Mau Razoável EB1/JI de S. Tomé Mau Razoável EB1/JI da Fontinha Mau Bom EB1/JI da Sé Mau Bom EB1/JI dos Castelos Razoável Razoável EB1/JI Paulo da Gama Razoável Razoável EB1 do Gólgota Muito Mau Mau EB1/JI da Pasteleira Razoável Razoável EB1 do Pinheiro Mau Mau
EB1/JI do Aleixo Razoável Mau
EB1/JI do Bom do Pastor Razoável Razoável
EB 1/JI de São João de Deus Mau Mau * Caracterização Física e Funcional das EB1 e dos JI do Município do Porto, CEFA da Universidade do Porto, 2005 ** Actualização após intervenções efectuadas pela Domus Social.
Quanto ao aspecto dos espaços exteriores, é de salientar a predominância da má
qualidade geral dos pavimentos, encontrando-se, em alguns casos, degradados, como
nas Escolas do Aleixo, Costa Cabral, Lagarteiro, Lomba, Augusto Lessa, Paula da
Gama, S. João da Foz, Caramila, Viso, João de Deus e S. João de Deus. Os espaços
CEP Capítulo V - 13
CEP Capítulo V - 14
verdes exteriores estão, em geral, descuidados e com mau aspecto, o que
impossibilita a sua utilização como espaço de recreação. Todas as escolas dispõem de
um espaço livre de recreio e a maioria dispõe de, pelo menos, um campo de jogos.
Acrescente-se a inexistência generalizada de recreio coberto, apenas algumas escolas
contando com recreio coberto de dimensões satisfatórias em função do número de
alunos, como são os casos das escolas de Fernão de Magalhães e da Vilarinha.
As condições gerais de funcionamento da rede das EB1 são, em geral, satisfatórias. O
sub-indicador de conforto revelou as condições de ventilação e consequente saturação
do ar, com presença de cheiros e condensação de humidade, muito em parte
agravada pelo fornecimento de refeições. Destacam-se, neste domínio, os problemas
da Escola da Ponte e da Escola do Falcão. De um modo geral, as condições de
ventilação natural são deficientes na maior parte dos estabelecimentos. Esta conclusão
é, aliás, corroborada por um estudo levado a cabo pelo Instituto Nacional de Saúde
Dr. Ricardo Jorge, cujas conclusões preliminares apontam como problema recorrente a
falta de ventilação e arejamento das salas de aula.
O mesmo sub-indicador de conforto analisou o estado de funcionamento das
instalações sanitárias e assinalou como particularmente grave a situação em 2
escolas: Escola do Bom Pastor e António Aroso.
Notou-se, igualmente, a existência de pé-direito não regulamentar em algumas
escolas: Escola do Falcão e Noeda, no refeitório; Escola da Azenha, nas instalações
sanitárias; Escola de S. Nicolau, nos patamares de escadas; Escola de Lordelo e Escola
da Ponte em salas de uso didáctico e Escola do Viso, nas rampas para acesso a
deficientes.
Outro sub-indicador analisado foi o da segurança. Neste âmbito, constatou-se a
existência de deficiências, quer projectuais quer de manutenção das vedações, que em
algumas escolas são praticamente inexistentes (Escola do Aleixo), estão vandalizadas
ou muito danificadas (Escola da Lomba). O estado de conservação dos corrimãos é,
em geral, bom. Quanto à protecção das lâmpadas fluorescentes nos espaços
didácticos, verificou-se a ausência de protecção nas escolas do Falcão, Noeda, Augusto
Lessa, Costa Cabral, José Gomes Ferreira, Sé, Torrinha, Padre Américo, Pinheiro e S.
João de Deus, situação essa que tem vindo a ser corrigida. Ainda no que diz respeito à
segurança, é de assinalar que todas as escolas possuem alarme contra intrusão,
ligado à central da empresa contratada.
Finalmente, o relatório da FAUP faz referência à superfície total do espaço construído
disponível por aluno. Os indicadores europeus bem como as recomendações do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, adoptadas pela Direcção Geral de
Construções Escolares, referem valores entre os 6 m2 e os 8 m2 como área vital para o
desenvolvimento equilibrado da função escolar.
Na tabela 5.5 dão-se a conhecer as áreas de terreno de cada uma das escolas, designadamente, a área total do lote9 , a área útil10, área coberta11 , área didáctica12, e finalmente a área livre13. Encontram-se assinaladas a verde as escolas com mais de 3.000m2 de área livre ou que possuem uma área livre por aluno superior a 20m2, e, a vermelho, as escolas em que esta relação é inferior a 10m2 ou em que a área livre não atinge 1.000 m2.
Tabela 5.5 – Áreas por estabelecimento de ensino
DESIGNAÇÃO Área total do lote Árrea útil Árrea coberta Árrea didáctica Árrea livre Área livre/aluno
(m2/aluno)
EB1/JI do Campo 24 de Agosto 2.550 1.253 1.576 727 974 4EB1/JI da Alegria 2.778 1.358 912 708 1.866 17EB1 Fernao de Magalhães 3.069 1.072 865 553 2.204 8EB1 das Florinhas 2.134 294 1.140 226 994 10EB1/JI da Corujeira 1.260 1.247 552 738 708 4EB1/JI do Falcão 3.580 1.351 1.202 743 2.378 15EB1/JI das Flores 3.007 22EB1/JI do Cerco 3.176EB1/JI do Lagarteiro 7.711 40
EB1/JI de Noeda 3.589 64
EB1 Augusto Lessa 3.330EB1 de Costa Cabral 5.370
EB1/JI de S. Tomé 5.023 46EB1/JI da Azenha
EB1/JI da Sé 3.030 31EB1/JI da Torrinha 3.182EB1/JI do Covelo 3.170 25EB1/JI dos Castelos 3.039EB1/JI Ribeiro de Sousa 4.750 27
EB1/JI Paulo da Gama 3.491
EB1 das Condominhas 3.198 34
EB1/JI do Viso 5.632 30EB1 do Bom Sucesso 4.446
EB1/JI dos Caramila 4.064 41
EB1/JI do Padre Américo 22EB1/JI da Pasteleira 3.600 42
EB1/JI dos Correios 3.207 22EB1/JI da Agra 3.800 48
EB1/JI das Campinas 4.388 25EB1 do Pinheiro 6.810 88EB1/JI do Aleixo 5.600 80EB1/JI do Bom do Pastor 6.930 78
4.264 1.204 1.257 7814.075 1.079 899 563 119.056 1.572 1.345 963
EB1/JI da Lomba 3.315 1.672 2.357 906 958 5EB1/JI São Roque da Lameira 2.451 634 489 393 1.962 12EB1/JI N. S. da Campanhã 2.250 759 825 528 1.425 12
4.806 832 1.217 542EB1 de Montebello 3.490 1.914 1.433 1.202 2.057 5
4.705 1.529 1.375 898 137.007 1.187 1.637 681 18
EB1 dos Miósotis 3.737 926 961 503 2.776 136.143 1.091 1.120 6672.486 531 490 381 1.996 22
EB1/JI do Monte Aventino 1.560 581 422 335 1.138 15EB1/JI da Fontinha 3.980 1.471 1.040 819 2.940 15EB1 Gomes Ferreira 1.760 859 448 592 1.312 12
4.450 1.674 1.420 6835.122 1.934 1.940 1.0663.759 1.111 589 5123.777 1.319 738 623 196.525 940 1.775 524
EB1/JI da Constituição 2.950 752 819 487 2.131 144.852 1.379 1.361 724 192.185 978 531 727 1.6544.042 1.270 844 731
EB1/JI de Lordelo 1.620 981 520 502 1.100 111.684 496 572 316 1.1127.080 1.499 1.448 7655.481 1.253 1.035 903 16
EB1/JI da Vilarinha 3.476 1.304 1.037 800 2.439 14EB1 do Gólgota 630 449 240 190 15
4.950 1.279 886 725775 679 370 410 405 3
1.400 549 430 400 970 4565 310 347 221 218 5
3.333 1.031 841 477 2.4924.500 1.111 900 581
EB1 João de Deus 3.054 1.195 1.003 709 2.0513.799 734 592 4765.050 1.032 1.250 4951.021 972 480 552
314 522 180 299EB1 Fonte da Moura 3.575 1.314 763 761 2.812 16EB1/JI António Aroso 2.810 871 720 429 2.090 19
5.512 1.361 1.124 7547.120 255 310 1966.960 1.466 1.360 7697.890 1.203 960 670
EB 1/JI de São João de Deus 3.760 1.840 1.321 1.188 2.439 16
8
EB1 São João da Foz 7
EB1 da Ponte 7
390
EB1/JI da BandeirinhaEB1 de S. Miguel de NevogildeEB1/JI das Cruzes
5
EB1/JI S. Nicolau 541 3EB1 Carlos Alberto 134 1
Fonte: Caracterização Física e Funcional das EB1 e dos JI do Município do Porto, CEFA da UP, 2005
9 Área, em metros quadrados, do lote de terreno de implantação do conjunto do edificado do estabelecimento de ensino; 10 Área, em metros quadrados, do interior do edifício, não incluindo paredes; 11 Área, em metros quadrados, medida pela planta de cobertura; 12 Soma das áreas das salas de aula, biblioteca, auditório, sala polivalente, ginásio, sala de música, ludoteca, sala de informática, sala de professores, sala de pais, sala de auxiliares, vestiário de alunos, sala de ATL, gabinete de apoio, recreio interior; 13 Subtracção da área coberta à área do lote;
CEP Capítulo V - 15
Numa tentativa de resumo, poder-se-á referir que as EB1, à luz dos diversos critérios
de avaliação considerados na análise efectuada, carecem de alguma infraestruturação,
nomeadamente para a prática desportiva e em cerca de 50 % das escolas nas
acessibilidades dos utentes com mobilidade reduzida. De assinalar que a esmagadora
maioria das escolas possui salas de informática, rede informática, linha RDIS para o
acesso à internet e sistemas de alarme.
Figura 5.17 - Dotação das EB1 - Ensino Público 2004/200514
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Fonte: Caracterização Física e Funcional das EB1 e dos JI do Município do Porto, CEFA da UP, 2005
Os estabelecimentos de ensino referentes aos 2º e 3º ciclos do ensino básico
e ao ensino secundário encontram-se genericamente bem dotadas15, segundo
dados apurados pela DREN para o ano lectivo de 2003/2004, possuindo
praticamente todas as escolas refeitório ou cantina e biblioteca. No que toca a infra-
estruturas desportivas, a generalidade das escolas conta com pavilhão
gimnodesportivo ou ginásio, havendo casos em que estão presentes ambos os
equipamentos. Existem somente 3 escolas que não permitem a prática desportiva em
recinto coberto, estando em curso a construção destes equipamentos em dois
estabelecimentos de ensino.
Figura 5.18 - Dotação das escolas EB2,3 e Secundárias - Ensino público 2003/04
CEP Capítulo V - 16
0
20
40
60
80
100
Cantina/Refeitório
Biblio teca PavilhãoGimnodesportivo
Ginásio Campo de jogos
(%)
Fonte: DREN, 2004
14 Refira-se que todas as escolas do 1º ciclo dispõem de refeitório. 15 Ver vem anexo tabela com designação dos espaços físicos existentes nas EB2/3 e ES.
Segundo a DREN, a maioria das escolas encontra-se em estado satisfatório de
conservação, sendo necessário intervir num número reduzido de escolas.
Quanto à dimensão destes estabelecimento de ensino é de referir que, na sua maioria,
possuem mais de 24 salas de aulas, sendo que 10 deles ultrapassam as 36 salas.
Figura 5.19 - Escolas EB2,3 e Secundárias segundo o número de salas - Ensino público 2003/04
0
5
10
15
20
25
30
35
5 e 18 24 30 36 42 46 60
(nº de salas)
(% d
e e
sco
las)
Fonte: DREN, 2004
A maioria destes estabelecimentos de ensino está aquém da sua capacidade máxima
de ocupação (70%). Há, no entanto, um conjunto de nove escolas com frequências
que superam a respectiva capacidade de acolhimento, em condições satisfatórias de
funcionamento. As situações mais preocupantes correspondem às seguintes escolas:
EB 2,3 Francisco Torrinha e EB 2,3 Irene Lisboa.
Figura 5.20 - Índice de ocupação das Escolas EB2,3 e Secundárias - Ensino público 2003/04
0
5
10
15
20
25
30
35
40
< 35 50 - 70 70 - 90 90 - 100 100 - 105 110 - 115 120 - 135
(%)
Fonte: DREN, 2004
CEP Capítulo V - 17
CEP Capítulo V - 18
1.4 Rede do ensino superior
A cidade do Porto é um centro universitário por excelência e, em 2004/2005
concentrava cerca de 15% dos alunos a frequentar o ensino superior no País. Ao nível
do ensino superior público universitário tem 14 faculdades16 que constituem a
Universidade do Porto, distribuídas por três pólos, o Pólo I – Centro da Cidade, o Pólo
II – Asprela e o Pólo III – Campo Alegre, conforme ilustra a figura seguinte. Tem
ainda a Escola de Gestão do Porto, como sua unidade orgânica, que se dedica,
especialmente, ao ensino pós graduado e à formação contínua na área da Gestão.
Ao nível do ensino superior público politécnico, encontramos localizados na cidade 4
dos 7 estabelecimentos do Instituto Politécnico do Porto – Instituto Superior de
Engenharia do Porto, Escola Superior de Educação, Escola Superior de Música e Artes
do Espectáculo e Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto. Ainda na área do
ensino politécnico público, temos 3 escolas de enfermagem: Escola Superior de
Enfermagem de D. Ana Guedes, Escola Superior de Enfermagem Cidade do Porto e
Escola Superior de Enfermagem de São João.
Para além da oferta de estabelecimentos de ensino superior público, há também uma
rede considerável de estabelecimentos de ensino privado, representada igualmente no
mapa. Esta rede de estabelecimentos de ensino superior privado passa não só pelo
ensino universitário, mas também pelo ensino politécnico. Existem na cidade 5
Universidades privadas - Portucalense Infante D. Henrique, Fernando Pessoa, Lusíada,
Lusófona do Porto e Católica -, bem como 10 outros estabelecimentos de ensino
privado, quer politécnico, quer universitário. Ao nível destas universidades salientam-
se dois casos, que correspondem a instituições que dispõem de instalações dispersas
na cidade:
o da Universidade Católica que tem, por um lado, um pólo que concentra 4
faculdades e 1 instituto e, por outro lado, um outro pólo que corresponde à Escola
Superior de Biotecnologia;
o da Universidade Fernando Pessoa que tem, também, dois pólos, correspondendo
um à Escola Superior de Saúde.
16 Faculdade de Arquitectura; Faculdade de Belas Artes; Faculdade de Ciências; Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação; Faculdade de Desporto; Faculdade de Direito; Faculdade de Economia; Faculdade de Engenharia; Faculdade de Farmácia; Faculdade de Letras; Faculdade de Medicina; Faculdade de Medicina Dentária; Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação; Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar
O leque de formação oferecido por estas instituições privadas é bastante
diversificando passando pela área da saúde, da educação, das artes, da tecnologia,
entre outras.
Uma breve referência ainda para a Escola Superior de Jornalismo que se tem
dedicado, sobretudo, à formação pós-graduada.
Figura 5.21 – Estabelecimentos de ensino superior
O quadro anexo descreve a rede de ensino superior do Porto.
Tabela 5.6 a - Rede de Ensino Superior no Porto
Tipo de
estabelecimento de ensino
Estabelecimento de Ensino
Universidade do Porto - Faculdade de Arquitectura Universidade do Porto - Faculdade de Belas-Artes Universidade do Porto - Faculdade de Ciências Universidade do Porto - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto - Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física Universidade do Porto - Faculdade de Direito Universidade do Porto - Faculdade de Economia Universidade do Porto - Faculdade de Engenharia Universidade do Porto - Faculdade de Farmácia Universidade do Porto - Faculdade de Letras Universidade do Porto - Faculdade de Medicina Universidade do Porto - Faculdade de Medicina Dentária Universidade do Porto - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade do Porto - Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar
Ensino Superior Público
Universitário
Universidade do Porto - Escola de Gestão do Porto Escola Superior de Enfermagem Cidade do Porto Escola Superior de Enfermagem de D. Ana Guedes Escola Superior de Enfermagem de São João Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Educação do Porto Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculodo Porto Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto
Ensino Superior Público Politécnico
Instituto Politécnico do Porto - Instituto Superior de Engenharia do Porto
CEP Capítulo V - 19
CEP Capítulo V - 20
Tabela 5.6 b - Rede de Ensino Superior no Porto (cont.)
Tipo de
estabelecimento de ensino
Estabelecimento de Ensino
Universidade Católica Portuguesa - Escola das Artes Universidade Católica Portuguesa - Escola Superior de Biotecnologia Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Direito (Porto) Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Economia e Gestão Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Teologia (Porto)
Universidade Católica
Portuguesa
Universidade Católica Portuguesa - Instituto de Bioética Escola Superior Artística do Porto Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti Escola Superior de Educação de Santa Maria Escola Superior de Enfermagem da Imaculada Conceição Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria Instituto Superior de Administração e Gestão Instituto Superior de Assistentes e Intérpretes Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo Instituto Superior de Educação e Trabalho Instituto Superior de Tecnologias Avançadas de Lisboa (Porto) Universidade Fernando Pessoa Universidade Fernando Pessoa - Escola Superior de Saúde Universidade Lusíada (Porto) Universidade Lusófona do Porto
Ensino Superior Particular e
Cooperativo - Universitário e
Politécnico
Universidade Portucalense Infante D. Henrique
Fonte: MCTES, OCES (2006)
2. Procura de educação e de formação: caracterização e evolução recente
2.1 Frequências escolares: tendências evolutivas
A cidade do Porto é um centro educativo de grande dimensão. Neste ano lectivo de
2006/07 frequentam a educação pré-escolar um total de 7.896 crianças e o ensino
obrigatório e secundário 48.649 alunos. A esta população acresce ainda um total de
cerca de 54 mil estudantes do ensino superior o que perfaz um universo estudantil de
cerca de 110 mil indivíduos numa cidade com uma população residente estimada em
233 mil pessoas.
Há 32.421 alunos a frequentarem o ensino básico no Porto. O 1º ciclo de escolaridade
obrigatória conta com 13.891 crianças, o 2º ciclo com 7.053 e, por fim, o 3º ciclo
abarca 11.477 alunos. O ensino secundário tem uma frequência equivalente a metade
da que corresponde ao ensino básico o que traduz claramente o elevado grau de
atractividade que os estabelecimentos de ensino secundário do Porto exercem sobre
estudantes residentes fora do concelho.
A figura seguinte representa a distribuição dos alunos entre a escola pública e a escola
privada para cada nível de ensino. Ressalve-se, desde já, que na educação pré-escolar
o entendimento de escola privada abarca os JI da rede solidária.
Figura 5.22 - Total de alunos matriculados, por níveis de ensino (2006/2007)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Público Privado Público Privado Público Privado Público Privado Público Privado
Pré-escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário
(nº)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
As conclusões são claras. O ensino público tem maior expressão em todos os níveis de
escolaridade à excepção da educação pré-escolar. No ensino básico a escola pública
absorve entre 66 a 74% do total de alunos dos diferentes ciclos de escolaridade, com
particular destaque para o 3º ciclo. A importância do privado é contudo muito
significativa. Há cerca de 10 mil alunos a frequentarem a escolaridade obrigatória no
ensino privado e mais de 7 mil no secundário. É precisamente neste grau de ensino
que os dois subsistemas mais se aproximam em termos de procura escolar.
CEP Capítulo V - 21
A figura seguinte retrata a evolução das frequências escolares segundo os diferentes
níveis de ensino. É manifesta a tendência de quebra generalizada que afectou todos os
níveis de ensino. Cingindo-nos ao período 2000/01 a 2006/07, regista-se uma
diminuição da população estudantil total de 11% nestes últimos 6 anos, com maior
expressão no ensino secundário (redução de 18%). No entanto, é de salientar que
nestes dois últimos anos lectivos se assistiu a uma ligeira inflexão desta tendência em
todos os graus de ensino, sendo de 5% o crescimento da população escolar. O ano
lectivo 2004/05 é nesta série temporal o que registou as mais baixas frequências, com
a excepção do secundário em que o mínimo ocorreu em 2005/06.
Figura 5.23 - Total de alunos por níveis de ensino (público e privado)
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 Anos Lectivos
N.º
de a
lun
os
Pré-escolar1º Ciclo2º Ciclo3º CicloSecundário
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Quando se analisa a evolução ocorrida no ensino público e no privado confrontamo-
nos com registos algo diferentes, como se evidencia na figura seguinte.
No que respeita à educação pré-escolar a progressiva integração dos JI a cargo das
Juntas de Freguesia na rede pública justifica o aumento ocorrido. A maior redução
verificada no ensino privado (incluída a rede solidária) é precisamente a nível do pré-
escolar.
No ensino básico e no secundário a quebra das frequências é mais acentuada na
escola pública, com valores de 10 e 21% respectivamente. No privado a diminuição
ocorrida nestes níveis de ensino atinge 2 e 14%. O único registo de aumento de
alunos neste período de tempo reporta-se ao 3º ciclo do ensino privado.
CEP Capítulo V - 22
Figura 5.24 - Taxa de variação dos alunos (ensino Público e Privado) no Porto entre 2000/01 e 2006/07
-40,00
-20,00
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
Público Privado Público Privado Público Privado Público Privado Público Privado
Pré-escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário
(%)
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Já foi referido que o Porto enquanto centro educativo tem uma área de influência que
extravasa claramente os seus limites administrativos. As escolas do Porto atraem uma
população estudantil que reside fora da cidade. Se esta realidade é evidente no que
concerne ao ensino superior por motivos óbvios, mesmo nos outros níveis de ensino
tal acontece de forma bem notória. Se nos reportarmos aos dados referentes ao ano
lectivo 2000/01, para o qual se dispõe de informação dos Censos da População, é de
sublinhar que a uma população que ultrapassava 63 mil crianças e jovens (a
frequentar desde o pré-escolar ao ensino secundário no Porto) correspondia um
população residente de 37 mil indivíduos com idades entre os 3 e os 17 anos.
Segundo os dados dos Censos de 2001, 27% dos alunos do ensino básico não
residiam no Porto, isto é, um em cada quatro estudantes deslocava-se diariamente
para o Porto para frequentar a escolaridade obrigatória. No caso do ensino secundário
essa percentagem ascendia a 52%. A figura seguinte apresenta esta distribuição dos
alunos segundo o local de residência.
Figura 5.25 - População estudante no Porto, por nível de instrução, segundo a residência, 2001
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
Ens. Básico 1ºCiclo
Ens. Básico 2ºCiclo
Ens. Básico 3ºCiclo
Ens. Secundário
(nº)
Residentes no Porto
Não residentes no Porto
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e da Habitação, 2001
CEP Capítulo V - 23
CEP Capítulo V - 24
Esta realidade, baseada em informação de 2001, foi confirmada posteriormente pelos
inquéritos de 2005 junto da população escolar dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e
ainda do ensino secundário, público e privado, como será visto posteriormente.
Para concluir a análise das frequências escolares no Porto justifica-se uma breve
referência ao ensino superior, independentemente deste nível de ensino não constituir
objecto de apreciação no âmbito do trabalho da Carta Educativa, como é sabido.
Segundo o Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES) havia 54.510 alunos
inscritos no Porto, no ano lectivo 2004/2005. A Universidade do Porto, com os seus 25
mil alunos, representava a maior percentagem deste total. Quanto à distribuição
público/privado, é o ensino público que acolhe mais alunos, cerca de 66%. Estes
dados, que são apresentados na tabela 5.7, dizem respeito não só aos alunos inscritos
em bacharelatos e licenciaturas, mas também aos que estão a frequentar pós-
graduações e mestrados.
Tabela 5.7 - Alunos matriculados no Ensino Superior na cidade do Porto, no ano lectivo 2004/05
H M HM
Ensino Superior Universitário (Público) 11.823 13.075 24.898
Ensino Superior Politécnico (Público) 6.033 5.267 11.300
Ensino Superior Universitário e Politécnico (Privado) 5.812 9.042 14.854
Universidade Católica Portuguesa 1.608 1.850 3.458
Total 25.276 29.234 54.510 Fonte: OCES, 2005
Relativamente ao ano lectivo 2005/06, segundo o OCES, registou-se uma ligeira
quebra no número total de alunos a frequentar o ensino superior na cidade do Porto,
tendo-se registado o valor de 53.702 alunos inscritos.
2.2 Breves apontamentos sobre o abandono, as saídas e o insucesso escolar
Apresentados os principais traços da evolução das frequências escolares por níveis de
ensino, impõe-se aprofundar a análise da realidade educativa incidindo a atenção nos
fenómenos relacionados com o abandono, com as saídas do sistema educativo e com
o seu desempenho medido em termos do sucesso escolar.
A análise baseia-se fundamentalmente na informação dos Censos 2001 e reporta-se à
população residente no Porto em idade escolar.
Primeiramente determinaram-se as taxas específicas17 de escolarização para
diferentes grupos etários em 2001.
17 Entende-se por Taxa Específica de Escolarização a relação, expressa em percentagem, entre o número de indivíduos de um determinado grupo etário que frequenta qualquer nível de escolaridade e o número total de indivíduos residentes desse grupo etário.
No que concerne à educação pré-escolar constatou-se que unicamente 60% das
crianças com idades entre os 3 e os 5 anos frequentavam JI, o que, apesar de tudo,
traduz uma melhoria substancial face à situação em 1991, ano em que a taxa de pré-
escolarização era de 41%. No entanto, este valor médio “esconde” uma variabilidade
entre freguesias muito acentuada, conforme se pode observar pela figura seguinte.
Enquanto as freguesias do Centro Histórico e a freguesia de Campanhã apresentam
taxas inferiores a 50%, na zona ocidental registam-se frequências superiores a 80%.
Figura 5.26 - Taxa Específica de Pré-Escolarização do Grupo Etário dos 3 aos 5 anos (%)
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e da Habitação, 2001
No que respeita à escolaridade obrigatória, que abarca as crianças e os jovens dos 6
até aos 15 anos, as taxas de frequência são muito elevadas, na ordem dos 98%, e
sempre com valores acima dos 95% em todas as freguesias, com a única excepção da
Sé que apresenta uma taxa de 92% para o 1º ciclo do ensino básico. A situação
presente em 2001 denota uma melhoria significativa face a 1991, em particular para o
3º ciclo do ensino básico, com um aumento de 12 pontos percentuais.
A partir dos 15 anos há uma quebra nas taxas de escolarização, quebra esta que
reflecte as saídas (antecipada e precoce) do sistema formal de ensino e que estão
directamente associadas ao ingresso no mercado de trabalho. No escalão dos 15 aos
17 anos a frequência reduz-se para 79% o que significa que perto de 2.000 jovens
não frequentavam o ensino. No escalão dos 18 aos 23 anos (que se associa ao ensino
superior) a frequência é de 47%, ou seja, é inferior a metade dos efectivos
correspondentes. Quer isto dizer que havia 12,6 mil jovens que não eram tidos como
estudantes, podendo, no entanto, alguns deles terem o estatuto de trabalhador-
estudante. A evolução ocorrida na década de 90 foi, como esperado, bastante
favorável.
Vejamos em maior detalhe como se processa o ingresso na vida activa por idades. A
análise da população residente no Porto com idades correspondentes à frequência do
ensino secundário e do ensino superior, isto é, entre os 15 e os 23 anos, segundo a
condição perante a actividade económica, é suficientemente elucidativa quanto a esta
matéria.
CEP Capítulo V - 25
Figura 5.27 - População residente, por idade (dos 15 aos 23 anos), segundo a condição perante a actividade económica, no concelho do Porto em 2001
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
15 16 17 18 19 20 21 22 23 (anos)
(%) População com actividade económica
População sem actividade económica - Estudante
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e da Habitação de 2001
Até aos 20 anos a população estudantil supera a população com actividade económica,
muito embora se registe, por exemplo, que cerca de um quarto dos jovens de 17 anos
já desempenha uma actividade económica. Pelo contrário, só 30% dos indivíduos com
23 anos são estudantes.
As disparidades intra urbanas voltam a acentuar-se seguindo o mesmo perfil,
conforme se ilustra abaixo. As freguesias mais penalizadas, a que correspondem as
mais baixas taxas de escolarização, continuam a ser as do Centro Histórico a que se
associa Campanhã. Esta discrepância agrava-se para o escalão etário dos 18 aos 23
anos, com os valores da taxa de escolarização a variarem entre 20 e 75%.
Figura 5.28 - Taxa Específica de Escolarização do Grupo Etário dos 15 aos 17 anos (%)
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e da Habitação, 2001
CEP Capítulo V - 26
Figura 5.29 - Taxa Específica de Escolarização do Grupo Etário dos 18 aos 23 anos (%)
Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e da Habitação, 2001
Se para cada um dos grupos etários anteriormente considerados (10 aos 11 anos; 12
aos 14 anos; 15 aos 17 anos) confrontarmos os estudantes que frequentam o nível de
escolaridade correspondente (2º CEB; 3º CEB; Secundário) com o total de estudantes
desse grupo etário, fica-se com uma percepção da dimensão do insucesso escolar. Em
termos comparativos é no grupo etário dos 12 aos 14 anos que há maior discrepância
entre estes valores, ou seja, em que se verifica uma maior percentagem de alunos
que ainda não atingiu o ciclo mais consentâneo com a idade, neste caso o 3º ciclo do
ensino básico. A título de exemplo, pode-se referir que havia 1.285 alunos dos 5.019
com idade entre 13 e 14 anos que frequentavam ainda o 1º ou o 2º ciclo, o que
significa que 1 em cada 4 destes estudantes não tinha tido um percurso escolar bem
sucedido, isto é, sem qualquer retenção. Após a escolaridade obrigatória, ou seja, no
grupo etário dos 15 aos 17 anos, esta diferença é menor o que indicia que o
prosseguimento de estudos está também relacionado com o percurso escolar anterior.
O fenómeno do absentismo e do abandono escolar é, desde os últimos anos, objecto de
atenção por parte das chamadas Comissões de Protecção de Crianças e Jovens
(CPCJ), que, conforme regulamenta a Lei de Protecção de Crianças e Jovens em
Perigo, são “... Instituições oficiais não judiciárias com autonomia funcional que visam
promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações
susceptíveis de afectar a sua segurança, saúde, educação ou desenvolvimento integral.”
Desta forma, actuam também em todas as dimensões relacionadas com o absentismo e
o abandono escolar, procedendo à avaliação, análise, acompanhamento, intervenção e
encaminhamento (se necessário) das situações que vão sendo sinalizadas pelas escolas.
Na cidade do Porto existem, desde Fevereiro de 2004, três CPCJ, em função da sua
área de competência territorial.
Tabela 5.8 - Freguesias abrangidas pelas CPCJ do Porto
Zonas Freguesias abrangidas CPCJ – Porto Central Cedofeita, Paranhos, Ramalde CPCJ – Porto Oriental Bonfim, Campanhã, Stº Ildefonso
CPCJ – Porto Ocidental Aldoar, Foz do Douro, Lordelo do Ouro, Massarelos, Miragaia, Nevogilde, S. Nicolau, Sé, Vitória
Fonte; CMP/DMEJ, 2005
CEP Capítulo V - 27
CEP Capítulo V - 28
Os dados quantitativos apresentados neste ponto contemplam as sinalizações recebidas
no ano de 2006. Refira-se que foi necessário proceder à uniformização destes dados
na medida em que não existem critérios comuns de recolha e tratamento da informação
das CPCJ.
A primeira nota a salientar é que os casos de absentismo e abandono escolar
sinalizados às CPCJ do Porto se inscrevem em contextos familiares e sociais
desfavorecidos, com problemas de carácter estrutural difíceis de minorar.
No que se refere ao absentismo foram registados 53 casos nas 6 freguesias
correspondentes às zonas central e oriental18.
Em síntese, é de reter, quanto a estes casos de absentismo escolar, que:
Do ponto de vista do género, os menores sinalizados se repartem equitativamente
entre os 2 sexos.
A maioria dos casos (63%) corresponde a jovens com idades compreendidas entre
os 13 e os 15 anos.
Quase metade destes jovens (46%) dos 13 aos 15 anos ainda estava a frequentar
o 2º ciclo do ensino básico.
A maioria dos casos é de alunos dos Agrupamentos Verticais de Escolas de
Ramalho Ortigão (11), do Viso (10) e de Maria Lamas (8).
O acompanhamento destas situações permitiu concluir que há uma relação muito
acentuada entre os níveis de absentismo e o insucesso escolar, traduzido em
retenções, por vezes sucessivas.
Os dados do abandono escolar reportam-se às três CPCJ e, como tal, cobrem toda a
cidade do Porto. Foram sinalizados 168 casos em 2006.
As principais conclusões a assinalar são as seguintes:
É notória a disparidade quanto à distribuição segundo o género. A maioria dos
processos analisados (62%) refere-se a crianças e jovens do sexo feminino.
Tal como nos casos de absentismo escolar sinalizados, também se destaca o grupo
etário dos 13 aos 15 anos de idade (48%).
Uma percentagem significativa de menores sinalizados por abandono escolar tinha
concluído apenas o 1º ciclo do ensino básico (47%).
Verifica-se uma maior intensidade de sinalizações de abandono escolar em relação
a jovens a frequentar os Agrupamentos Verticais de Escolas Leonardo Coimbra,
Miragaia e Gomes Teixeira, conforme consta do quadro seguinte.
18 Não se dispõe de informação da CPCJ da zona ocidental.
Tabela 5.9 - Distribuição dos menores com processos de abandono escolar
segundo o agrupamento / escola que frequentavam Agrupamento / Escola Nº %
Agrupamento Antas 4 2,38 Agrupamento Cerco 4 2,38 Agrupamento Clara de Resende 1 0,60 Agrupamento Eugénio de Andrade 4 2,38 Agrupamento Francisco Torrinha 8 4,76 Agrupamento Gomes Teixeira 22 13,10 Agrupamento Irene Lisboa 2 1,19 Agrupamento Leonardo Coimbra 62 36,90 Agrupamento Maria Lamas 3 1,79 Agrupamento Manoel de Oliveira 18 10,71 Agrupamento Maria Lamas 3 1,78 Agrupamento Miragaia 23 13,69 Agrupamento Ramalho Ortigão 3 1,79 Agrupamento Viso 5 2,98 Secundária Fontes Pereira de Melo 6 3,57
TOTAL 168 100,00 Fontes: CPCJ - Porto Ocidental; CPCJ – Porto Oriental e CPCJ- Porto Central – dados de 2007 Sinalizações recebidas no período de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2006.
Vejamos agora a distribuição, por freguesia de residência, dos menores sinalizados por
abandono e absentismo escolar que vivem na cidade do Porto. Foram 205 casos em
2006. Conforme se ilustra no gráfico seguinte destaca-se claramente a freguesia de
Lordelo do Ouro pela maior intensidade de sinalizações, praticamente o triplo das que
correspondem às freguesias que se lhe sucedem, Aldoar e Ramalde.
Figura 5.30 - Distribuição dos menores com processos por abandono e absentismo escolar segundo a freguesia de residência (n.º)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ald
oar
Bon
fim
Cam
pan
hã
Ced
ofei
ta
Foz
do
Dou
ro
Lord
elo
Mas
sare
los
Mirag
aia
Nev
ogild
e
Para
nhos
Ram
alde
S. N
icol
au Sé
Stº
Ild
efon
so
Vitór
ia
Freguesias
N.º
Fonte: CPCJ, 2007
Por fim importa reter a percepção que os gestores de caso foram construindo ao longo
da sua actividade nas CPCJ.
CEP Capítulo V - 29
CEP Capítulo V - 30
A opinião é unânime. A falta de atracção destas crianças e jovens pela escola resulta
de diversos factores associados, alguns de ordem pessoal e familiar e outros mais
relacionados com a escola.
No primeiro grupo é de salientar:
A baixa auto-estima;
As dificuldades de traçarem um projecto de vida;
A falta de expectativas em relação ao futuro, alimentadas, na esmagadora maioria
dos casos, pelos restantes membros da sua família que já sentiram as mesmas
dificuldades em relação à escola, identificadas através da análise do seu discurso e
da verificação das suas baixas habilitações literárias;
Os baixos rendimentos familiares;
A desvalorização do papel da escola.
No que respeita às questões que se prendem com a realidade da escola, sublinhe-se:
A falta de identificação com discursos e métodos demasiado abstractos –
massificação do ensino;
A falta de acompanhamento e orientação psico-pedagógica;
A falta de proximidade e relação afectiva com a escola.
2.3 Educação Pré-Escolar
A educação pré-escolar, como primeira etapa da formação básica, deve ser um
complemento da acção educativa das famílias, fomentando o desenvolvimento
equilibrado das crianças. A frequência da educação pré-escolar é facultativa e destina-
se a crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no 1º
Ciclo do Ensino Básico e, de acordo com a Lei-quadro da Educação Pré-Escolar,
procura cumprir os seguintes objectivos:
Promoção do desenvolvimento pessoal e social das crianças com base em
experiências de vida democrática, numa perspectiva de educação para a
cidadania;
Fomento da inserção da criança em grupos sociais diferentes, respeitando a
multiculturalidade;
Estímulo da igualdade de oportunidades no acesso à escola e no sucesso da
aprendizagem;
Desenvolvimento da expressão e da comunicação das crianças;
Estímulo da curiosidade e do pensamento crítico;
Despiste de inadaptações, deficiências e precocidades, de modo a promover a
melhor orientação e encaminhamento da criança;
Incentivo da participação das famílias no processo educativo e estabelecimento de
relações efectivas de colaboração com a comunidade.
Como foi referido anteriormente tem-se assistido nos últimos 7 anos a uma ligeira
diminuição das frequências do pré-escolar, que tiveram o seu ponto máximo em
2001/02 com 8.906 crianças matriculadas e o seu mínimo em 2004/05 com 7.801
crianças.
Analisando a distribuição das crianças pelas redes pública e privada, como se pode
constatar pela figura seguinte, observam-se 2 tendências distintas: o aumento das
crianças matriculadas na rede pública e a redução de matrículas na rede privada.
Actualmente, os JI da rede pública respondem a pouco mais de um quarto da procura
de ensino pré-escolar.
Figura 5.31 - Distribuição das matrículas nos JI segundo os regimes público e privado
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07
Anos Lectivos
N.º
de c
rian
ças
Público Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Em 2005/06 o quadro de educadores de infância existentes nas três redes de
estabelecimentos de educação pré-escolar da cidade do Porto totalizava 470
profissionais. Nos últimos anos registou-se uma diminuição do efectivo de educadores,
acompanhando a tendência de quebra da própria frequência do pré-escolar.
O mesmo se passa com o pessoal não docente que registou, entre 2000/01 e
2005/06, uma redução mais significativa, na ordem dos 16% dos efectivos19.
Tabela 5.10 - Educadores e Pessoal não docente nos Jardins-de-Infância
Ano Lectivo Educadores Pessoal Não Docente
2000/2001 517 1882
2001/2002 546 1696
2002/2003 515 1835
2003/2004 522 1794
2004/2005 509 1632
2005/2006 470 1587 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
O índice número de crianças por educador de infância revela, para o ano lectivo
2005/06, uma diferença entre a situação vivida nos JI da rede pública e das redes
privada e solidária. Esta relação na rede pública é de 15 crianças por educador,
19 Os valores apresentados estão sobredimensionados dado que englobam a totalidade do pessoal não docente, no caso dos estabelecimentos que leccionam outros níveis de ensino.
CEP Capítulo V - 31
contrastando com os valores das restantes redes, com cerca de 18 crianças por
educador.
Figura 5.32 - Rácio crianças/educador no concelho do Porto
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
Rede Pública Rede Privada Rede Solidária
Rác
io C
rianç
a/Ed
ucad
or
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Como nota final refira-se que no presente ano lectivo os JI da rede pública totalizam
99 salas de actividade, com uma ocupação média de 22 crianças por sala.
2.4 Ensino Básico
O Ensino Básico engloba os nove anos da escolaridade obrigatória, que se distribuem
por:
1º Ciclo do Ensino Básico (1º CEB): 4 anos;
2º Ciclo do Ensino Básico (2º CEB): 2 anos, correspondentes aos 5º e 6º anos;
3º Ciclo do Ensino Básico (3º CEB): 3 anos, do 7º ao 9º ano de escolaridade.
De acordo com o Currículo Nacional do Ensino Básico, os alunos que frequentam este
nível de ensino deverão, no final do 9º ano, possuir as seguintes competências gerais:
1. Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade
e para abordar situações e problemas do quotidiano;
2. Usar adequadamente linguagens das diferentes áreas do saber cultural, científico e
tecnológico para se expressar;
3. Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para
estruturar pensamento próprio;
4. Usar línguas estrangeiras para comunicar adequadamente em situações do
quotidiano e para apropriação de informação;
5. Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem adequadas a
objectivos visados;
6. Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em
conhecimento mobilizável;
CEP Capítulo V - 32
7. Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões;
8. Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa;
9. Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns;
10. Relacionar harmoniosamente o corpo com o espaço, numa perspectiva pessoal e
interpessoal promotora da saúde e da qualidade de vida.
2.4.1 1º Ciclo do Ensino Básico
A figura seguinte mostra a evolução do número total de alunos que frequentam o 1º
CEB desde 2000/01 até ao presente ano lectivo de 2006/07. Nestes 7 anos houve
uma redução de 8% de alunos, mais expressiva na escola pública em que a quebra foi
contínua, atingindo neste período o valor de 11%. Na rede privada, assistiu-se a um
decréscimo muito ligeiro do número de alunos. A escola pública responde,
actualmente, a 66% da procura total.
Figura 5.33 - Alunos matriculados no 1º CEB
0
4.000
8.000
12.000
16.000
2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07
Anos lectivos
N.º
de a
lun
os
Público Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
O quadro seguinte, relativo ao total de docentes e ao pessoal não docente das EB1,
revela a forte diminuição que tem ocorrido, bem superior à quebra de alunos. No que
respeita aos docentes é particularmente significativa a redução ocorrida de 2004/05
para 2005/06 no ensino particular.
Tabela 5.11 - Pessoal docente e não docente nas EB1, no concelho do Porto
Docentes Não docentes Ano Lectivo
Público Privado Público Privado
2000/2001 763 269 - 20 998
2001/2002 749 277 240 932
2002/2003 701 250 305 935
2003/2004 696 258 297 922
2004/2005 646 261 392 834
2005/2006 615 208 219 787
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
20 Não foi possível confirmar a informação respeitante ao pessoal não docente do ensino público para este ano lectivo.
CEP Capítulo V - 33
Impõe-se salientar que muitos dos docentes do ensino público constantes da tabela
anterior não desempenham funções lectivas. A título de exemplo, refira-se que em
2003/04 a percentagem de professores nesta situação era de 26% na cidade do Porto.
Um dos indicadores utilizados na análise do desempenho do sistema educativo é
precisamente o rácio alunos/docentes. A figura seguinte retrata a evolução deste
indicador desde 2000/01 a 2005/6. Ter-se-á de ter em atenção que, neste cálculo, foi
considerado o número total de docentes do 1º CEB.
Verifica-se que há um ligeiro aumento do número de alunos por professor no ensino
público, ao longo dos anos, e uma diminuição desta relação no ensino privado até
2004/05, ano em que os valores foram praticamente idênticos. Em 2005/06 a
diferença entre o ensino público e privado volta a acentuar-se muito
significativamente, de acordo com a informação disponibilizada pelo GIASE/ME.
Dever-se-á ressalvar que, caso se considerassem unicamente os professores com
funções lectivas, os valores do índice em 2003/04 eram muito semelhantes entre
ensino público e privado, respectivamente de 18,0 e 18,6 alunos por docente.
Figura 5.34 - Rácio Alunos/Professor no 1º CEB, no Porto
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06Anos
Lectivos
Rela
ção A
lunos
/ D
oce
nte
Público Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Façamos algumas notas adicionais sobre o ensino público.
Neste ano lectivo de 2006/07, os 9.154 alunos matriculados no 1º CEB encontram-se
distribuídos por 448 turmas. O parque escolar do 1º ciclo é composto por 370 salas de
aula o que tem obrigado a que haja turmas a funcionarem em regime duplo,
concretamente 188 turmas. A carência de salas de aula para que todas as turmas
pudessem funcionar, neste ano lectivo, em regime normal, ou seja, para que se
generalizasse a “escola a tempo inteiro” é de 90 salas, caso não se pretendesse
recorrer às disponibilidades de espaços de um Agrupamento de Escolas para suprir as
necessidades de outro Agrupamento. Esta é a realidade de partida com que o
município do Porto está confrontado.
CEP Capítulo V - 34
2.4.2 2º Ciclo do Ensino Básico
Ao longo dos últimos 7 anos registou-se uma redução significativa das frequências
escolares, da ordem dos 11%, mais expressiva no caso do ensino público que continua
a representar, no entanto, 70% do total de alunos inscritos em 2006/07. A figura
seguinte ilustra a evolução ocorrida.
Figura 5.35 - Evolução do n.º de alunos matriculados no 2º CEB
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07Anos Lectivos
N.º
de A
luno
s
Público Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
No 2º CEB, para além do ensino regular, há ainda a considerar a oferta de ensino
recorrente, modalidade esta que corresponde à vertente da educação de adultos, bem
como a oferta de cursos de educação e formação21 (CEF) de jovens (tipo 1).
O ensino recorrente tem tido uma procura diminuta. Dos 156 alunos matriculados na
rede pública em 2000/01 passou-se para unicamente 22 alunos neste ano lectivo.
Os cursos de educação e formação ao nível do 2º ciclo têm também abrangido uma
população escolar muito reduzida. Nestes 2 últimos anos lectivos matricularam-se 31
e 32 alunos, respectivamente.
Tal significa que o ensino recorrente e os cursos de educação e formação não
atingiram sequer 1% dos alunos matriculados este ano.
A nível do corpo docente são de destacar dois aspectos: a quebra do total de efectivos
que, no ensino público, para além de mais acentuada (17% entre 2000/01 e
CEP Capítulo V - 35
21 Estes cursos destinam-se a jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos que não tenham concluído o 1º, o 2º ou o 3º ciclo do Ensino Básico e que pretendam obter, para além da equivalência escolar, uma qualificação profissional. Os cursos do tipo 1 asseguram a equivalência ao 2º ciclo e o certificado profissional de nível 1 (UE).
2005/06), foi superior à diminuição das frequências escolares (9%), e o peso ainda
significativo dos docentes sem funções lectivas no ensino público. No ano de 2003/04
havia 10% de professores nesta situação.
Quanto ao pessoal não docente refira-se quer o aumento ocorrido nestes 6 anos na
rede pública quer a quebra substancial verificada no privado. Dever-se-á ter presente,
no entanto, que estes efectivos não estão afectos exclusivamente a um nível de
ensino mas a todos os graus ministrados pela escola a que pertencem.
Tabela 5.12 - Pessoal docente e não docente
Docentes Não docentes22
Ano Lectivo Público Privado Público Privado
2000/2001 972 249 557 998
2001/2002 956 256 569 670
2002/2003 961 227 840 705
2003/2004 909 246 622 692
2004/2005 919 264 652 684
2005/2006 804 231 660 628 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
2.4.3 3º Ciclo do Ensino Básico
Neste ano lectivo de 2006/07, frequentam o 3º CEB 11.477 alunos, dos quais 74% no
ensino público. Trata-se, aliás, do ciclo de escolaridade em que a escola pública tem
maior expressão relativa.
A evolução ocorrida desde 2000/01 até ao presente, representada na figura seguinte,
evidencia uma ligeira quebra da população escolar, da ordem dos 5%, que se ficou a
dever exclusivamente ao ensino público. O ensino privado registou um aumento de
3% de alunos durante este período.
Figura 5.36 - Evolução do n.º de alunos matriculados no 3º CEB
CEP Capítulo V - 36
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
2000/01 2001/02 2002/03 2
003/04 2004/05 2005/06 2006/07
Anos Lectivos
N.º
de
Alu
nos
Público Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
22 Tenha-se em atenção que o pessoal não docente está afecto à escola respectiva, pelo que os números apresentados se reportam a todos os níveis de ensino ministrados. Na rede pública trata-se de escolas EB2/3.
CEP Capítulo V - 37
Tal como acontece com o 2º ciclo de escolaridade, para além do ensino regular,
dever-se-ão referir igualmente os cursos profissionais e os cursos de educação e
formação que asseguram a equivalência ao 3º ciclo. Existe ainda o recurso ao ensino
recorrente para adultos que abandonaram o sistema escolar e para jovens que
deixaram os cursos diurnos.
A procura do 3º ciclo do ensino básico recorrente tem diminuído significativamente
como se pode observar na tabela seguinte. Neste ano lectivo, os alunos que
frequentam os cursos do ensino recorrente representam 4% do total de estudantes
inscritos no 3º ciclo do ensino básico.
Tabela 5.13 - Alunos matriculados no 3º CEB na modalidade de ensino recorrente
Regime Ano Lectivo
Público Privado
2001/2002 822 317
2002/2003 645 288
2003/2004 353 209
2004/2005 491 96
2005/2006 438 105
2006/2007 370 87 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Contrariamente à tendência de redução da procura do ensino recorrente, assistiu-se a
um forte crescimento das frequências dos cursos de educação e formação (tipos 2 e
3). Os estudantes que frequentam estes cursos totalizam 10% dos efectivos deste
ciclo de ensino. Esta oferta de educação e formação está concentrada no ensino
público.
Tabela 5.14 - Alunos inscritos em Cursos de Educação e Formação com equivalência ao 3º CEB
Regime Ano Lectivo23
Público Privado
2003/2004 340 0
2004/2005 535 66
2005/2006 814 28
2006/2007 1.087 85 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Os alunos inscritos nos cursos profissionais de nível 2 não atingiam sequer 1% da
população escolar. No actual ano lectivo estes cursos já não são ministrados.
23 Em 2003/2004 - CEF Tipos 4 e 5; Desde 2004/2005 - CEF Tipos 2, 3.
CEP Capítulo V - 38
Tabela 5.15 - Alunos inscritos em Cursos Profissionais (Nível 2)
Ano Lectivo Público Privado
2000/2001 55 0 2001/2002 75 0 2002/2003 81 0 2003/2004 87 0 2004/2005 82 49
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
A evolução do corpo docente afecto ao 3º CEB apresenta, no que concerne ao ensino
público, uma oscilação demasiado acentuada ao longo destes 6 anos. A tendência
geral é de forte aumento dos docentes (18%) ao passo que no ensino privado houve
uma redução de 5%, apesar do ligeiro crescimento dos alunos.
Tabela 5.16 - Pessoal docente e não docente
Docentes Não docentes24
Ano Lectivo Público Privado Público Privado
2000/2001 1.063 344 1.128 998 2001/2002 1.003 317 1.108 670 2002/2003 877 374 1.212 705 2003/2004 994 340 1.081 692 2004/2005 1.202 360 1.108 709 2005/2006 1.254 329 1.102 700
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
No que se refere ao pessoal não docente a principal observação a reter prende-se com
a forte diminuição ocorrida no ensino privado.
2.5 Educação e formação de nível secundário
A formação de nível secundário destina-se aos alunos que já tenham concluído o 9º
ano de escolaridade, ou equivalente, e desejem prosseguir os seus estudos.
Em termos de formação de nível secundário, há que distinguir entre:
Cursos Científico-Humanísticos, ministrados nas escolas secundárias;
Cursos Tecnológicos, igualmente ministrados nas escolas secundárias;
Cursos Profissionais, a cargo das escolas profissionais;
Cursos Artísticos Especializados, nas escolas de ensino artístico de artes visuais,
música e dança;
Cursos de Educação e Formação, da responsabilidade das escolas secundárias e
dos centros de formação profissional do IEFP;
Ensino Secundário Recorrente.
Cada um dos Cursos Científico-Humanísticos está dividido em três tipos de
componentes de formação: componente de formação geral, componente de formação
24 Tenha-se em atenção que o pessoal não docente desempenha funções nas EB 2/3, pelo que os números englobam os 2 níveis de ensino.
CEP Capítulo V - 39
específica e área de projecto. Estes cursos são vocacionados para o prosseguimento
de estudos de nível superior, de carácter universitário ou politécnico.
Os novos Cursos Tecnológicos (em vigor a partir de 2004/2005, no 10º ano)
abrangem dez áreas e estão, também eles, divididos em três tipos de componentes de
formação: geral, científica e tecnológica. Até ao ano lectivo de 2005/2006, vigorou o
elenco de onze cursos tecnológicos.
Estes são cursos profissionalmente qualificantes, orientados numa dupla perspectiva:
por um lado, a inserção no mercado de trabalho, dando-se prevalência a sectores
carenciados e/ou emergentes, onde exista uma forte utilização das novas tecnologias
da informação, e, por outro, o prosseguimento de estudos, com preferência para o
ensino politécnico e cursos pós-secundários de especialização tecnológica. Conferem
qualificação profissional de nível 3.
Os Cursos Profissionais são uma modalidade de educação que se caracteriza por uma
forte ligação ao mundo profissional. Destinam-se a jovens que tenham concluído o 9º
ano de escolaridade e conferem um certificado de qualificação profissional de nível 3,
permitindo o ingresso no mercado de trabalho como técnico intermédio, bem como
nos Cursos de Especialização Tecnológica (nível 4) e no ensino superior.
Os Cursos de Educação e Formação (Nível 3) são uma oportunidade para a conclusão
da escolaridade de 12 anos e para a entrada no mercado de trabalho com qualificação
escolar e profissional. Tal como os cursos profissionais, os CEF conferem uma
certificação profissional de nível 3.
O Ensino Artístico Especializado, embora com especificidades, insere-se nos moldes
gerais dos ensino secundário. Os cursos secundários do ensino artístico especializado
têm a duração de 3 anos lectivos, correspondentes aos 10º, 11º e 12º anos de
escolaridade, abrangendo as áreas das Artes Visuais, da Dança e da Música. São
especialmente dirigidos a jovens com propensão para seguir uma via de estudos
artísticos.
Qualquer um destes cursos tem uma duração de três anos, podendo ser ministrados
em estabelecimentos de ensino do sector público ou privado. Os diplomas que se
obtêm com a sua conclusão são diferenciados, mas todos eles permitem o
prosseguimento de estudos.
O Ensino Secundário Recorrente tem por destinatários indivíduos com o 9º ano de
escolaridade, ou equivalente, e idade igual ou superior a 18 anos, configurando-se
como uma segunda oportunidade para aqueles que não prosseguiram a sua formação
na idade própria. A duração dos cursos depende do ritmo individual dos alunos, já que
adopta um sistema de unidades capitalizáveis. Abrangidos por esta modalidade estão,
até ao ano lectivo de 2007/2008, o Curso Geral e os Cursos Técnicos, assim como
o Curso Geral e os Cursos Tecnológicos do ensino artístico especializado (vertente
Artes Visuais). No final, são conferidos diplomas de conclusão do ensino secundário,
com possibilidade, portanto, de prosseguimento de estudos. Os Cursos Técnicos e
Tecnológicos conferem, igualmente, um diploma de qualificação profissional de nível 3.
A partir do ano lectivo de 2004/2005 (10º ano), estão abrangidos os cursos científico-
humanísticos, os cursos tecnológicos e os cursos artísticos especializados. Para além
do diploma de conclusão do ensino secundário, será conferido, no final do 12º ano, um
certificado de qualificação profissional de nível 3, no caso dos cursos tecnológicos e
dos cursos artísticos especializados nos domínios das Artes Visuais e dos Audiovisuais.
No presente ano lectivo, estão inscritos no ensino secundário 16.228 alunos, 55% dos
quais no ensino público. O ensino privado tem a sua maior expressão precisamente a
nível do secundário.
A quebra de alunos é acentuada. Nestes últimos 7 anos registou-se uma redução de
18% de estudantes, que afectou particularmente o ensino público e também o ensino
privado.
Esta tendência de redução contínua da população escolar só foi invertida este ano
lectivo, tendo-se verificado um aumento de cerca de 1.200 estudantes, ou seja, um
acréscimo de 8%, na sua grande maioria no ensino público.
Figura 5.37 - Alunos matriculados no Ensino Secundário Público e Privado
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2005/06
Anos Lectivos
Nº
de
Alu
nos
Ens. Sec. Público Ens. Sec. Privado
Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
O quadro seguinte apresenta a distribuição, por escola, dos alunos inscritos no ensino
secundário público que frequentam o ensino regular ou o recorrente. As escolas
secundárias que acolhem o maior número de estudantes são: Garcia de Orta,
Alexandre Herculano e Filipa de Vilhena, todas com mais de 1.000 alunos cada.
CEP Capítulo V - 40
CEP Capítulo V - 41
Sublinhe-se a importância que assume o ensino recorrente a nível do secundário,
absorvendo 20% dos estudantes inscritos. Na escola secundária Rodrigues de Freitas
a frequência do ensino recorrente supera a do ensino regular.
Tabela 5.17 - Alunos inscritos no Ensino Secundário Público no ano lectivo de 2006/2007
Frequência Alunos Secundário ESCOLA
Total 10º Ano 11º Ano 12º Ano Recorrente Escola Secundária Artística Soares dos Reis 591 224 193 174 191ES com 3.º CEB Alexandre Herculano 710 242 203 265 512ES com 3.º CEB António Nobre 502 179 142 181 0ES com 3.º CEB Aurélia de Sousa 739 260 228 251 0ES com 3.º CEB Carolina Michaelis 569 198 216 155 0ES com 3.º CEB Cerco 265 98 81 86 0ES com 2 e 3.º CEB Clara de Resende 270 124 70 76 153ES com 3.º CEB D. Filipa de Vilhena 785 245 246 294 225ES com 3.º CEB Fontes Pereira de Melo 300 84 107 109 62ES com 3.º CEB Garcia de Orta 1.304 477 378 449 0ES com 3.º CEB Infante D. Henrique 146 33 55 58 0ES com 3.º CEB Rodrigues de Freitas 435 152 123 160 519
TOTAL 6.616 2.316 2.042 2.258 1.662Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
A evolução das frequências do ensino profissional (nível 3) é apresentada no quadro
seguinte. É de salientar que em 2006/07 as inscrições no 1º ano destes cursos
ultrapassaram, pela primeira vez, os 1.000 alunos o que proporcionou um aumento
considerável do total de estudantes nesta modalidade de ensino. Estes cursos
profissionais, ministrados em escolas públicas e privadas, abrangem 18% da
população escolar do secundário. A aposta na valorização do ensino profissional
insere-se numa estratégia mais ampla de diversificação da oferta de formação
qualificante.
TTaabbeellaa 55..1188 -- Número de Alunos a frequentar o Ensino Profissional em CPN32255
Ano lectivo CPN3
1º ANO CPN3
2º ANO CPN3
3º ANO CPN3 TOTAL
1997/1998 866 785 681 2.332
1998/1999 655 775 641 2.071
1999/2000 913 681 647 2.241
2000/2001 856 804 620 2.280
2001/2002 768 811 783 2.362
2002/2003 871 675 785 2.331
2003/2004 948 783 609 2.340
2004/2005 868 807 668 2.343
2005/2006 960 836 787 2.583
2006/2007 1.446 756 746 2.948 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
Nos cursos de educação e formação apenas se encontram inscritos 93 alunos, todos
eles em Cursos Tipo 5.
25 CPN3 – Curso Profissional de Nível III
CEP Capítulo V - 42
Os chamados Cursos de Especialização Tecnológica correspondem à oferta de
formação pós-secundária não superior e conferem uma qualificação profissional de
nível 4 bem como um diploma de especialização tecnológica. A escola secundária
Infante D. Henrique tem, no corrente ano lectivo, 17 alunos a frequentarem estes
cursos quando, em 2004/05 havia 8 escolas e 172 alunos inscritos nesta modalidade
de formação.
Por último refira-se que apenas o Externato de Santa Clara assegura cursos de
educação e formação para adultos que têm uma frequência de 40 alunos.
O quadro seguinte refere-se ao corpo docente afecto ao ensino secundário. A primeira
nota a reter respeita à sua elevada dimensão. Em 2005/06 havia 2.600 professores no
secundário, incluindo os 997 docentes do ensino profissional.
A evolução ocorrida desde 2001/02 é diferente para o ensino público e para o privado.
No público houve uma quebra de 8% de professores bastante aquém da redução de
alunos (23%). Em contrapartida no ensino privado registou-se um acréscimo de 10%
de docentes apesar da diminuição de 20% da população escolar. Quer isto significar
que os valores do rácio alunos/professor para o ensino público e para o privado se
aproximam significativamente, situando-se em 5,4 e 6,3 alunos por docente,
respectivamente.
Tabela 5.19 - Número de professores de nível secundário a leccionar no Porto
Ensino Secundário Ensino Profissional Ano Lectivo
Público Privado Público Privado
2000/2001 1.616 591 - -
2001/2002 1.550 545 19 506
2002/2003 1.590 595 18 517
2003/2004 1.213 643 166 522
2004/2005 1.261 560 342 519
2005/2006 1064 539 380 617 Fonte: Min. Educação, GIASE-DSE/CMP-GTCEP, 2006
2.6 Formação Profissional
Neste ponto iremos proceder a uma breve apresentação da oferta de formação
profissional sob a responsabilidade do Instituto do Emprego e Formação Profissional
(IEFP).
Justifica-se, dada a sua pertinência, tecer algumas notas de enquadramento desta
temática. É do conhecimento geral que um dos principais problemas com que Portugal
se debate respeita ao défice de qualificação da população activa. As razões são
múltiplas e de carácter estrutural. Prendem-se sobretudo com questões de ordem
CEP Capítulo V - 43
cultural o que justifica, parcialmente, a persistência do problema ao longo dos anos.
Simplesmente, as exigências actuais do mundo de hoje, em particular nos planos da
competitividade e da coesão social, obrigam a que se inscreva como uma das
prioridades estratégicas para o País a promoção da qualificação da população,
entendida no seu triplo sentido: escolar, cultural e profissional.
A par da persistência de velhos problemas, como o ingresso precoce de muitos jovens
no mercado de trabalho, assiste-se também à emergência de novas questões sociais,
como o desenvolvimento de novas formas de trabalho e o aumento do desemprego e
das situações de precariedade do emprego, em que a Região Norte e a Área
Metropolitana do Porto se distinguem pela negativa.
É neste contexto que se coloca a questão chave do papel que assume a formação
profissional perante o desafio da qualificação da população activa. Por via da formação
profissional, pretende-se capacitar todos aqueles que abandonaram precocemente o
sistema de ensino (por opção ou por outras contingências), assegurando-lhes novas
ofertas formativas e educativas. Ela apresenta-se, assim, como um instrumento, que
se deseja cada vez mais eficaz, para facilitar a integração da população activa em
novos contextos de trabalho, em que se torna necessário lidar com novos processos,
novos equipamentos, novas técnicas. Em síntese, a formação profissional, que se
deverá estimular como um processo de aprendizagem ao longo da vida, tem como
objectivos a promoção de uma cidadania activa, da igualdade de oportunidades e da
coesão social duradoura, como refere a declaração da Comissão e do Conselho
Europeus para o desenvolvimento dos sistemas de educação e de formação.
2.6.1 Oferta de formação profissional
Vejamos em traços largos qual a situação no que respeita à oferta de formação
profissional, segundo a informação disponibilizada pelo IEFP26.
Em primeiro lugar, convirá notar que o IEFP é a entidade a quem compete,
genericamente, a execução das políticas de emprego e formação profissional definidas
e aprovadas pelo Governo.
Para o efeito, o IEFP tem atribuições bem definidas na área do emprego e formação
profissional:
Promove a melhoria da produtividade nas empresas através do desenvolvimento
de acções de formação profissional, nas modalidades que se revelem adequadas à
prossecução deste objectivo;
26 É de relevar a total disponibilidade manifestada pelo IEFP e a sua pronta colaboração na resposta aos pedidos apresentados e no esclarecimento das questões levantadas.
CEP Capítulo V - 44
Coordena programas e subprogramas comunitários relativos ao emprego e
formação profissional, apoiando técnica e financeiramente as entidades
promotoras;
Compete-lhe também a comprovação da formação, da experiência ou qualificação
profissionais, bem como, eventualmente, a verificação de outras condições
adequadas para o exercício de uma actividade profissional.
O IEFP dispõe de uma rede de centros de formação profissional (CFP), que integra:
CFP de Gestão Directa, multisectoriais, abertos à população activa e aos
desempregados. Compete a estes CFP programar, preparar, executar, apoiar e
avaliar acções de formação profissional inicial ou contínua, e assegurar o
funcionamento do Sistema Nacional de Certificação Profissional. Todos estes
Centros integram a rede de Centros de Novas Oportunidades, reconhecidos pelo
Ministério da Educação, que tem como atribuições identificar, reconhecer e
certificar as competências que as pessoas vão adquirindo ao longo da vida;
CFP de Gestão Participada, de vocação sectorial, criados ao abrigo de protocolos
entre o IEFP e os parceiros sociais de determinados sectores de actividade;
Pólos de Formação Profissional - empresas, associações e outras entidades - que
funcionam sob a coordenação e acompanhamento dos CFP, sobretudo para a
dinamização de cursos de formação inicial, dirigidos a jovens entre os 17 e os 25
anos - Sistema de Aprendizagem e Educação e Formação de Jovens.
Na cidade do Porto existem dois CFP de Gestão Directa - o CFP do Porto, situado no
Cerco do Porto, mais vocacionado para as áreas de Construção Civil, Electricidade e
Electrónica, Madeiras, Metalomecânica, Reparação/Manutenção de Veículos e
Informática, e o CFP do Sector Terciário, situado na Rua Ciríaco Cardoso, mais
direccionado para as áreas de Serviços Pessoais, Serviços Administrativos e
Financeiros e Informática. Qualquer um dos Centros elabora o seu plano de
actividades anual com base no levantamento das necessidades do mercado de
trabalho e da procura registadas nos Centros de Emprego da área de influência,
implementando acções de formação que promovam uma aproximação efectiva às
empresas.
Refira-se ainda que os dois Centros de Emprego do Porto (Porto Ocidental e Porto
Oriental) foram também responsáveis pela promoção de acções de formação
profissional, situação esta que, tendencialmente, passará para a esfera de acção dos
CFP.
A oferta de formação disponibilizada pelo IEFP integra diferentes tipos, modalidades e
áreas profissionais, visando proporcionar respostas formativas adequadas às
características e competências do público-alvo, com maior incidência em acções de
dupla certificação – equivalência escolar e qualificação profissional.
A figura seguinte sintetiza a evolução do número de formandos que frequentaram
acções de formação profissional da responsabilidade das estruturas do IEFP, centros
de formação e de emprego.
Figura 5. 38 - Formação Profissional ministrada no concelho do Porto (2001-2006)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano de Formação
N.º
de F
orm
ando
CFP PortoCFP Sector TerciárioCE Porto OrientalCE Porto Ocidental
Fonte: IEFP
A leitura do gráfico evidencia o crescimento do número de formandos que atingiu, no
ano de 2006, cerca de 12.400 indivíduos. Constata-se igualmente que é o Centro de
Formação do Porto que maior volume de formação apresenta. Como já foi dito, a
formação promovida pelos centros de emprego tem vindo a reduzir-se de forma
substancial, assumindo valores residuais em 2006.
Refira-se que o Centro de Formação do Porto tem uma área de influência que
ultrapassa, em muito, os limites do concelho, estendendo a sua intervenção mais
directa à população da Área Metropolitana do Porto.
A oferta de formação profissional na cidade do Porto abrange um leque crescente e
variado de saídas profissionais que tocam diversas áreas. Como se pode verificar pelo
quadro seguinte, respeitante à formação a cargo dos centros de formação do Porto
(não inclui os dados relativos à formação promovida pelos centros de emprego), é
assinalável a importância crescente das acções de formação inicial - Sistema de
Aprendizagem e Educação e Formação de Jovens – e dos cursos de Educação e
Formação de Adultos.
Vejamos, resumidamente, as principais características destas três modalidades de
dupla certificação.
O Sistema de Aprendizagem tem como finalidade a integração nas empresas,
designadamente nas PME’S, de profissionais qualificados, com uma preparação técnica
adequada a uma participação activa no desenvolvimento das organizações em que se
CEP Capítulo V - 45
CEP Capítulo V - 46
inserem. Destina-se fundamentalmente a candidatos ao 1.º emprego não abrangidos
pelas disposições legais relativas à escolaridade, que procuram uma via alternativa
para a entrada na vida activa, obtendo, simultaneamente, uma certificação
profissional e uma progressão escolar. O público-alvo é constituído, em geral, por
jovens de ambos os sexos, entre os 17 e os 25 anos, e que tenham habilitação escolar
de acesso correspondente a uma das seguintes situações: 2º ou 3º ciclos do ensino
básico ou ainda ensino secundário. Existem potencialmente cursos em cerca de 26
áreas de formação, organizados em três componentes de formação – Sociocultural,
Científico-tecnológica e Prática em contexto de trabalho -, conferindo uma qualificação
profissional de nível 2, 3 ou 4 (Especialização Tecnológica) e equivalência escolar ao
2º ou 3º ciclo do ensino básico ou ensino secundário.
Os cursos de Educação e Formação de Jovens destinam-se a candidatos ao primeiro
ou a novo emprego, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, e
habilitação escolar cobrindo todos os níveis de ensino incluindo o secundário. Regista-
se um incremento significativo da frequência destes cursos que têm como objectivo
facilitar a continuidade do percurso escolar dos jovens em situação de risco de
abandono da escola e, simultaneamente, atrair todos os que saíram precocemente do
sistema educativo e pretendem obter um certificado escolar. Estes cursos organizam-
se em 8 tipologias (Tipo 1 a tipo 7 e Complementar) conforme as condições de
ingresso dos destinatários, a duração e os níveis de qualificação escolar e profissional
que conferem - qualificação profissional de nível 1, 2 ou 3 e equivalência escolar ao 2º
ou 3º ciclo do ensino básico ou ainda ao ensino secundário.
Por fim, os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) destinam-se a maiores
de 18 anos, candidatos ao 1º emprego, novo emprego, empregados e
preferencialmente desempregados, que não possuam a escolaridade obrigatória de
quatro, seis ou nove anos e sem qualificação profissional. A qualificação atribuída
passa, não só por uma formação escolar e profissional qualificante que responda às
necessidades de trabalho, mas também pela aquisição de competências pessoais e
sociais que permita perspectivar o seu percurso pessoal e profissional de modo mais
autónomo e activo. Estes cursos desenvolvem-se em percursos organizados, a partir
de um processo de reconhecimento e validação de saberes adquiridos e de sistemas
modulares de formação, assentes em percursos flexíveis através da aplicação de um
Referencial de Competências-Chave para a Formação de Base (FB) e um Referencial
de Formação para a Formação Profissionalizante (FP) assente em Itinerários de
Qualificação organizados em Unidades Capitalizáveis. Os cursos EFA permitem a
obtenção dos diplomas equivalentes ao 1º, 2º ou 3º ciclos do ensino básico associados
a uma qualificação profissional de níveis 1 ou 2, numa óptica de dupla certificação –
escolar e profissional, possibilitando assim o acesso a desempenhos profissionais mais
qualificados e abrindo mais e melhores perspectivas de formação ao longo da vida.
CEP Capítulo V - 47
Tabela 5.20 - Centro de Formação Profissional do Porto e Centro de Formação do Sector Terciário
DDeessccrriiççããoo 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Promoção da formação qualificante e transição para a vida activa (inclui Aprendizagem e Educação e Formação de Jovens)
619 600 1.786 3.271 3.788 4.317
Formação ao longo da vida e a adaptabilidade (inclui formação contínua)
1.031 918 772 1.226 1.639 3.162
Qualificação e inserção profissional para desempregados (cursos educação e formação para adultos e formação profissional para desempregados)
1.349 1.267 1.338 2.660 3.283 4.255
Formação de agentes da política de emprego e formação pedagógica de formadores
195 342 325 224 229 232
Formação Profissional de grupos desfavorecidos 157 201 132 170 166 86
Outras actividades 0 37 38 125 76 40
Total 3.351 3.365 4.391 7.676 9.181 12.092
Fonte: IEFP
A principal ilação a retirar quanto à oferta de formação que tem sido assegurada pelo
IEFP e de acordo com a informação disponível, prende-se com o volume de formandos
abrangidos face às necessidades que são reconhecidas. O esforço de qualificação
profissional realizado até ao momento, apesar do aumento registado, é claramente
insuficiente para se inverter a situação presente de acentuado défice de qualificações
da população activa. Mesmo no caso da cidade do Porto, o investimento a realizar terá
de ser muito mais significativo se pretendermos alterar esta situação. A dimensão do
problema, em particular, no que se refere à população activa jovem sem a adequada
qualificação escolar e profissional, assim o exige.
2.6.2 Centros de Novas Oportunidades
Os Centros de Novas Oportunidades (CNO’s) destinam-se a assegurar, aos adultos
maiores de 18 anos de idade que não tenham completado os níveis básico ou
secundário de escolaridade, a orientação, consoante o caso, para a realização de um
processo de reconhecimento, validação e certificação de competências, para um curso
de Educação e Formação de Adultos (cursos EFA) ou para outro percurso educativo e
formativo que se revele mais adequado, nos termos e condições em que tais ofertas
de educação e formação se encontram regulamentadas. Estes CNO’s estão sob a
tutela da Agência Nacional para as Qualificações.
O Reconhecimento, Validação, e Certificação de Competências traduz-se num processo
que tem como objectivo, como a própria designação refere, reconhecer, validar e
certificar as competências que os adultos, nos mais variados contextos, foram
adquirindo ao longo do seu percurso de vida. Em média tem duração de cerca de
quatro meses, podendo decorrer em regime laboral ou pós-laboral. O sistema de
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências é um projecto já
CEP Capítulo V - 48
implementado que beneficiou do forte empenho colectivo na construção de locais de
solidariedade, de partilha e de aprendizagem conjunta.
No final do processo, o adulto, ao ver validadas as competências adquiridas ao longo
da vida, obtém uma Carteira Pessoal de Competências-Chave e um Certificado
equivalente, para todos os efeitos legais, aos passados pelo sistema formal de ensino
(equivalência aos 9.º ou 12º anos de escolaridade).
Desta forma pretende-se reduzir o défice de qualificação escolar e profissional,
contribuindo para a eliminação da sub-certificação da população adulta através do
reforço da aprendizagem ao longo da vida, com um sentido de solidariedade
intergeracional.
De entre a população alvo do projecto privilegiam-se os activos, empregados e
desempregados, os desempregados de longa duração e as mulheres sem actividade
profissional.
A actividade dos CNO’s pode desenvolver-se segundo uma estratégia de itinerância, o
que possibilita aos profissionais dos Centros o contacto próximo com os adultos nos
locais de trabalho, de residência e de lazer. As parcerias locais articulam, a partir dos
CNO’s, a intervenção das autarquias locais, das empresas, das escolas, dos centros de
emprego e formação profissional, das associações empresariais, sindicais e de
desenvolvimento local.
A importância deste projecto é inquestionável. De facto, Portugal é o Estado Membro
da União Europeia que apresenta os mais baixos índices de qualificação escolar e
profissional da população adulta.
De acordo com os dados de 2000, 64,2% da população activa (mais de 3 milhões de
adultos) não tinha 9 anos de escolaridade (considerados actualmente a escolaridade
obrigatória). No entanto, esta população, não tendo certificação formal reconhecida
pelos sistemas de educação e formação, possui competências que adquiriu em
diferentes contextos sociais e profissionais que devem ser reconhecidas, validadas e
certificadas como equivalentes a percursos escolares, enquanto reconhecimento de
um direito de cidadania.
Na cidade do Porto existem 14 CNO’s, conforme consta da tabela seguinte. No âmbito
do IEFP, os CFP do Porto e do Sector Terciário integram CNO’s, com uma área de
actuação que se estende à Área Metropolitana do Porto. O CNO do CFP do Porto além
do reconhecimento de competências escolares desenvolve também processos de
reconhecimento e validação formais de competências profissionais e de outros
requisitos detidos ou adquiridos através da frequência, com aproveitamento, de
acções de formação, da experiência profissional ou equivalência de títulos. Abrange as
CEP Capítulo V - 49
profissões de Electricista de Instalações, Técnico de Electrónica Industrial e Mecânico-
auto, estando previsto para breve prazo o alargamento a um maior número de áreas
de formação.
É de destacar que o Agrupamento Vertical de Escolas de Miragaia e a Escola
Secundária Fontes Pereira de Melo também dispõem de CNO’s.
Tabela 5.21 – Centros de Novas Oportunidades no Porto (2007)
Designação Em funcionamento
Agrupamento de Escolas de Miragaia X CENATEX II - Formação e Serviços, Lda. X Centro de Formação Profissional do Porto - Sector Terciário X Fundação da Juventude X Esc. Sec. Fontes Pereira de Melo - Centro de Formação Rui Grácio X TERCIFORMA - Estudos de Comércio e Serviços, S.A. X Centro de Formação Profissional do Porto X Espaço t - Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária X CINFU - Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição CITEX - Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil CEFPI - Centro de Educação e Formação Profissional Integrada CESAE - Centro de Serviços e Apoio às Empresas DOUROCABE - Formação Profissional, Lda. CINEL - Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica
Fonte: DREN, 2006
CEP Capítulo V - 50
3. A visão dos agentes educativos
A construção do diagnóstico do sistema educativo do Porto contemplou dois tipos de
abordagem complementares: uma de natureza quantitativa, que foi desenvolvida nos
pontos anteriores, e uma segunda de natureza mais qualitativa, resultado da
auscultação e participação da comunidade educativa.
Este outro eixo de avaliação, tido, desde sempre, como essencial para uma melhor
caracterização dos fenómenos e, sobretudo, para a sua interpretação, desdobrou-se
em várias frentes de trabalho, conforme os agentes educativos directamente
envolvidos. Quer isto significar que se desenvolveu um processo de auscultação que
abarcou:
Professores/educadores, alunos e famílias: através da aplicação de inquéritos;
Conselhos Executivos dos agrupamentos verticais e escolas secundárias públicas e
órgãos de gestão de algumas escolas privadas: por meio de entrevistas;
Membros do Conselho Municipal de Educação: recorrendo a inquéritos e à
realização de reuniões de trabalho;
Comunidade em geral: através do lançamento de um inquérito on-line.
Vejamos, então, os principais resultados obtidos e as conclusões que se podem retirar
da análise efectuada. Convirá referir que, dado o volume de informação recolhida,
apenas serão apresentados os resultados mais relevantes, nomeadamente no que
concerne aos inquéritos que foram aplicados aos alunos e às famílias.
3.1. Inquéritos aos professores/educadores, aos alunos e às famílias
Este ponto visa tratar os resultados dos diversos inquéritos aplicados em 2005. No
entanto, é importante salientar que os inquéritos decorrem de dois processos
distintos:
O inquérito aplicado aos professores e educadores foi elaborado pela Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) que, por
proposta do Conselho Municipal de Educação do Porto, realizou um estudo de
avaliação do funcionamento dos agrupamentos verticais. A informação de que
dispomos é a que resulta da análise efectuada pela equipa que coordenou o estudo
e a aplicação dos questionários.
Os inquéritos aplicados aos alunos e às famílias foram desenvolvidos em estreita
parceria com o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da
Universidade Católica Portuguesa.
CEP Capítulo V - 51
3.1.1 Inquérito aos professores e educadores
Quanto ao trabalho realizado pela FPCEUP, o inquérito foi aplicado em 17
agrupamentos tendo sido obtidas 1.078 respostas num universo de 2.248 docentes
(48%), embora para efeitos de análise apenas tenham sido consideradas 957 (foram
excluídas as respostas dos professores/educadores do Agrupamento Clara de Resende
pelo facto do agrupamento ser muito recente à data do inquérito).
O inquérito encontrava-se estruturado de forma a abordar diversas dimensões27 tais
como:
Comunicação entre escolas do agrupamento e entre professores;
Utilização dos recursos do agrupamento;
Construção dos projectos educativos e curriculares;
Representações que os docentes têm do agrupamento;
Efeitos gerados pelo agrupamento ao nível do percurso escolar dos alunos;
Grau de satisfação com o funcionamento do agrupamento;
Problemas de funcionamento do agrupamento;
Propostas para melhorar o funcionamento do agrupamento;
Interacções entre o agrupamento e instituições/grupos locais;
Dinâmicas instituídas pelos agrupamentos ao nível dos percursos escolares dos
alunos;
Percursos de criação e desenvolvimento do agrupamento.
A leitura de síntese dos principais resultados da aplicação destes inquéritos está
estruturada segundo três grandes áreas: criação e desenvolvimento dos
agrupamentos; gestão dos agrupamentos e efeitos da organização escolar por
agrupamentos. Esta análise tem por base o relatório elaborado pela FPCEUP, pelo que
o tratamento dos dados foi efectuado pelos seus autores. O tratamento mais
exaustivo e aprofundado consta do respectivo relatório.
Façamos, primeiramente, uma breve referência às principais características dos
respondentes.
Em termos de distribuição das respostas segundo os níveis de ensino leccionados
pelos docentes, os ciclos mais representados são o 2º e 3º com 531 respostas,
seguido do 1º com 311 respostas e depois a educação pré-escolar com 83 respostas
(32 inquéritos não indicam o ciclo). Em termos de habilitações académicas, 721
docentes são licenciados, enquanto 110 possuem o bacharelato. Dos restantes, 61 não
respondem e os outros têm níveis superiores à licenciatura.
27 Relativamente ao inquérito aplicado e às dimensões contempladas é possível encontrar uma descrição mais detalhada no Relatório apresentado pela FPCEUP sob coordenação da Doutora Carlinda Leite (Relatório de Avaliação Externa dos Agrupamentos de Escolas do Porto 2004/2005).
CEP Capítulo V - 52
Em termos de situação profissional, predominam os docentes pertencentes aos
quadros da escola (653) e os de zona pedagógica (185). Os restantes estão
contratados.
Quanto à situação no agrupamento, ou seja, se aí estão desde a sua constituição ou
não, a maioria (64,2%) responde afirmativamente e 33,2% negativamente. Os
restantes não respondem. Para além disso, também uma parte considerável dos
docentes (51,4%) exerce um cargo no agrupamento quer a nível da gestão, quer a
nível de coordenação (como referem os responsáveis pelo estudo, a preocupação que
houve para que todos os professores com responsabilidade de gestão respondessem
ao inquérito, pode explicar este valor elevado).
Criação e desenvolvimento dos Agrupamentos
A maioria dos professores manifesta a sua concordância com a constituição do
agrupamento (42,5%), sendo de opinião contrária 34,8%. Os restantes 22,7% não
respondem à questão.
Dos que manifestam uma opinião claramente positiva, as razões apontadas passam
pela experiência passada (ter pertencido a um Território Educativo de Intervenção
Prioritária - TEIP), pelas vantagens resultantes da melhor comunicação entre as
escolas (em termos de maior interligação entre os diferentes ciclos, ou seja, melhor
compreensão da realidade de cada ciclo e dos problemas enfrentados,
desenvolvimento de projectos comuns e estabelecimento de ligações entre as escolas,
entre outros) e pelas vantagens em termos de gestão administrativa (economia de
despesas e maior facilidade no desempenho das tarefas administrativas).
Já as razões invocadas pelos que têm uma opinião mais negativa prendem-se com a
imposição da constituição dos agrupamentos e a falta de condições para o
funcionamento dos mesmos.
No entanto, quando questionados sobre qual o agrupamento onde incluiria a escola a
que pertence, a percentagem de ‘não respostas’ é bastante elevada (52,27%). Entre
os que incluiriam a escola no mesmo agrupamento ou que optariam por mantê-la fora
deste modelo de organização da rede escolar a diferença não é muito acentuada: os
valores são 21,7% e 19,3%, respectivamente. De acordo com a equipa que efectuou o
estudo, estes dados podem revelar dúvidas quanto ao modelo organizativo ou
dificuldades em concretizar as suas vantagens.
Uma questão fundamental era a de perceber quais as expectativas dos
professores/educadores relativamente à inserção da escola no agrupamento. Essa
avaliação foi feita tendo por base 17 itens dos quais sobressaíram os seguintes em
CEP Capítulo V - 53
termos de respostas (médias superiores a 3,5 numa escala de 1 a 5, crescente em
termos de expectativas):
a) Facilitar a transição de ciclos (3,74);
b) Melhorar o conhecimento de cada ciclo (3,64);
c) Melhorar a informação sobre os alunos (3,64);
d) Desenvolver projectos comuns (3,57);
e) Rentabilizar recursos materiais (3,55);
f) Aumentar a comunicação entre as escolas (3,54);
g) Rentabilizar recursos humanos (3,51).
Quando se confrontam as expectativas com a situação real surgem discrepâncias
significativas, ou seja, a situação real é sempre pior avaliada do que as expectativas
tidas pelos professores/educadores. O maior desfasamento situa-se nas questões dos
recursos (materiais e humanos), na comunicação entre escolas e professores, na
articulação curricular entre ciclos e nas condições para a concretização da autonomia.
Relativamente a estas questões, são quase sempre os professores do 1º CEB e os
educadores quem tem a visão mais positiva e as expectativas mais elevadas.
Gestão dos agrupamentos
No que concerne a este ponto, as principais preocupações da equipa que desenvolveu
este estudo passavam por perceber os sentimentos dos professores em relação aos
órgãos de gestão e as questões da comunicação.
Do ponto de vista da representação dos órgãos de gestão, as opiniões são favoráveis,
ou seja, os professores/educadores sentem-se representados pelos referidos órgãos
(conselho executivo, conselho pedagógico, assembleia de agrupamentos, etc.), sendo
o conselho executivo aquele que colhe as opiniões mais favoráveis, sobretudo por
parte dos professores dos 2º e 3º ciclos. Para além disso, são também os que
concordam com a constituição dos agrupamentos, aqueles que mais positivamente
avaliam o conselho executivo.
Já ao nível da comunicação, a avaliação é bem mais negativa, sobressaindo
claramente que é nas ocasiões formais (reuniões) que os professores mais se
relacionam. Este dado parece permitir concluir que nem sempre as escolas funcionam
como espaços de interacção e desenvolvimento de relacionamentos para lá dos
estritamente profissionais.
Relativamente à questão sobre como constroem ou estão a construir os projectos
educativos e os projectos curriculares, os professores demonstraram algumas dúvidas.
Relativamente à construção dos projectos educativos, 25% não respondem à pergunta
e 15% não têm conhecimento. Dos restantes, 34% referem estar a construir e 26%
referem já ter construído.
CEP Capítulo V - 54
No caso dos que respondem que os projectos educativos do agrupamento já foram
construídos, foram salientados os seguintes aspectos quanto à sua elaboração:
a) Processos de trabalho adoptados: trabalho de equipa e de forte participação de
todos;
b) Metodologias e técnicas utilizadas: inquéritos, reuniões, trabalhos de grupo,...;
c) Actores envolvidos: processo participado embora mais centrado nos docentes e
órgãos de gestão;
d) Dificuldades sentidas: entende-se a construção do projecto como um acréscimo
de trabalho e não enquanto prática de rotinas profissionais, ou seja, como um
trabalho colectivo.
No caso dos docentes que referem que os projectos educativos estão a ser
construídos, mantêm-se as mesmas ideias centrais quanto aos processos de trabalho
adoptados e actores envolvidos, e ainda quanto às metodologias e técnicas utilizadas.
No que respeita aos projectos curriculares, a percentagem de não respostas é ainda
ligeiramente mais elevada (45%). Dos restantes, cerca de metade refere já ter
construído, encontrando-se os outros casos em fase de desenvolvimento ou ainda por
iniciar.
Ainda neste ponto, mas agora ao nível da utilização dos recursos do agrupamento, os
responsáveis pelo estudo detectaram, nas entrevistas realizadas aos docentes,
experiências vividas distintas: situações em que houve um ganho efectivo dado que os
recursos ficaram mais acessíveis a todas as escolas e casos em que não se considerou
ter havido mais valias resultantes do processo.
As dificuldades de utilização dos recursos, que foram constatadas nas entrevistas,
devem-se à falta de planificação e gestão dos recursos, à escassez destes meios e à
própria dispersão geográfica das escolas. Há também quem refira o aumento da
burocracia como um entrave à utilização dos recursos existentes.
Efeitos da organização escolar por agrupamento
Neste ponto procurou-se conhecer os efeitos da organização das escolas em
agrupamentos verticais ao nível do exercício docente, do percurso escolar e do
sucesso dos alunos, bem como o grau de concordância dos docentes com o referido
modelo organizativo.
Relativamente à questão “Concorda com o sistema de organização das escolas em
Agrupamentos Verticais?”, as respostas obtidas são praticamente idênticas às
respeitantes à constituição, em concreto, do agrupamento em que o docente
trabalhava. Assim, dos 78,9% professores que responderam, 44,1% manifestam-se
CEP Capítulo V - 55
favoráveis a este sistema e 34,9% referem que discordam. Os que concordam com a
organização das escolas em agrupamentos verticais apontam como factores
explicativos, para além das razões já invocadas (melhor acompanhamento dos alunos,
articulação entre os diferentes ciclos, optimização dos recursos) a possibilidade de
formação de escolas básicas integradas. Já os que respondem negativamente,
apontam como factores a ausência concreta de vantagens e ainda os inconvenientes
associados ao aumento da burocracia, à dispersão das escolas e à imposição de um
modelo que não surgiu como resposta às necessidades das escolas.
No que diz respeito aos efeitos do agrupamento no exercício profissional, cerca de
metade dos docentes/educadores considera que os agrupamentos não trouxeram
qualquer alteração no exercício profissional, 20,4% que trouxeram vantagens e 15,6%
que trouxeram desvantagens. Se analisarmos essa avaliação por ciclos, são os
professores dos 2º e 3º ciclos que avaliam mais positivamente as vantagens,
enquanto nos educadores e professores do 1º ciclo a dispersão das respostas é maior.
Já ao nível dos efeitos sobre o percurso escolar e sucesso dos alunos, quase metade
dos inquiridos (45,8%) considera que não trouxe alterações, 27,6% consideram que
trouxe vantagens e 7,3% que trouxe desvantagens.
Quanto aos principais problemas identificados no funcionamento dos agrupamentos,
34% não respondem à pergunta. Dos restantes, 23% apontam problemas de ordem
comunicacional entre escolas/ciclos e docentes, 22% apontam problemas
administrativos e financeiros, 16% problemas de ordem pedagógica, curricular e de
resistência dos professores à mudança e, por fim, 5% indicam problemas de ordem
sociocultural. Consequentemente, quando inquiridos sobre eventuais propostas para
melhorar o funcionamento dos agrupamentos, os professores/educadores apontaram
para soluções relacionadas com os problemas identificados. É de salientar que a taxa
de ‘não resposta’ nesta questão foi também elevada (45%).
Da breve análise das respostas obtidas neste inquérito poder-se-á retirar que, pese
embora o pouco tempo de funcionamento dos agrupamentos verticais, a posição dos
docentes tende a valorizar os aspectos positivos deste modelo de organização e
gestão da rede escolar. Os resultados entretanto alcançados com a implementação
deste sistema estão aquém das expectativas iniciais pelo que se considera que existe
margem de progresso para se poderem retirar maiores benefícios desta solução e
atingirem os objectivos que presidiram à constituição dos agrupamentos verticais de
escolas.
O relatório da FPCEUP termina a análise sobre a realidade dos agrupamentos verticais
avançando um conjunto de recomendações no sentido de se garantir a consolidação e
a melhoria deste modelo de organização e gestão.
CEP Capítulo V - 56
As recomendações centram-se em torno dos seguintes pontos: reforço da coesão
interna dos agrupamentos, reavaliação da sua dimensão e composição, reformulação
do processo de desenvolvimento dos projectos educativos e curriculares, melhoria da
gestão dos recursos materiais e valorização do papel do docente.
Em termos objectivos referem as autoras do estudo que é fundamental promover o
diálogo entre os vários agrupamentos, devendo a DREN e o próprio município
desempenhar um papel fundamental ao nível da mediação dessas reuniões. A
dimensão elevada de alguns agrupamentos, bem como a dispersão das escolas,
justifica que se proponha a sua reavaliação no sentido de se procederem a
reajustamentos ou de se delinearem outras dinâmicas de desconcentração (por
exemplo, não concentrar nas EB2,3 os serviços e apoios ao funcionamento do
agrupamento) e descentralização (por exemplo, haver uma rotatividade ao nível do
local de realização das reuniões dos órgãos de gestão). A questão da descentralização
é também apontada como uma via a explorar ao nível da gestão dos recursos
materiais. Atendendo a que os recursos são, nalguns casos, escassos, o
estabelecimento de prioridades, a planificação da sua utilização e a própria divulgação
dos meios existentes no agrupamento são acções tidas como fundamentais.
Do ponto de vista comunicacional foram detectados alguns problemas decorrentes, em
parte, da elevada dimensão e dispersão territorial dos agrupamentos. A comunicação
entre os profissionais é essencial para se garantir o funcionamento eficaz dos
Agrupamentos e, nesse sentido, uma das apostas é fomentar o trabalho em equipa.
Algumas das estratégias apontadas passam pela planificação rigorosa ao nível do
acolhimento e integração de novos docentes, por se ter em atenção as relações
interpessoais e por se criarem formas de reconhecimento e valorização dos diferentes
profissionais que actuam no sistema escolar. Sendo os professores um elemento
chave no processo educativo propõe-se, ainda, a criação de momentos para reflexão
sobre a profissão e sobre os desafios que se colocam hoje ao professor, bem como
espaços de divulgação de projectos e trabalhos inovadores e bem sucedidos, que
promovam o seu reconhecimento.
Finalmente, uma nota para a questão do desenvolvimento dos projectos educativos
que, de acordo com este estudo, devem resultar da negociação e participação dos
vários agentes educativos e ser orientados para dar resposta aos problemas
diagnosticados e continuamente monitorizados. Sem isso, poderá ficar comprometido
o objectivo central de formação integral dos alunos.
3.1.2. Inquérito aos alunos e às famílias
Como referimos anteriormente, o desenvolvimento dos inquéritos aos alunos e às
famílias foi objecto de um trabalho conjunto com o CESOP, a quem foram adjudicadas
a elaboração e a aplicação dos questionários bem como a estruturação e a análise
CEP Capítulo V - 57
exploratória dos dados. Os resultados que se apresentam seguidamente correspondem
sobretudo a uma análise essencialmente descritiva das opiniões recolhidas.
A inquirição destes agentes teve por base vários objectivos:
1. Captar a avaliação sobre as actuais condições das escolas;
2. Perceber o grau de satisfação face à escola e ao sistema educativo;
3. Analisar as expectativas em relação à escola e ao percurso escolar.
Em síntese, podemos afirmar que o grande objectivo que norteou este trabalho de
inquirição foi conhecer melhor a realidade educativa à luz da percepção e avaliação
que os alunos e as famílias têm da escola e do seu papel na sociedade.
É importante, também, fazer uma referência aos procedimentos metodológicos que
estiveram na base da construção e selecção das amostras quer dos alunos, quer das
famílias, uma vez que a dimensão da população de base impedia que se realizassem
inquéritos exaustivos. A construção das amostras e a definição dos critérios de
selecção dos indivíduos a inquirir foram feitas pelo CESOP, de modo a obterem-se
amostras representativas do universo dos alunos e das famílias que se pretendia
atingir.
Foram alvo de inquirição os alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino
secundário e profissional a frequentar escolas públicas e privadas da cidade do Porto.
Quanto às famílias, foram inquiridas as residentes na cidade do Porto, com filhos
dependentes a estudar num estabelecimento de ensino da cidade (incluindo-se todas
as famílias com crianças a estudar desde o 1º ciclo do ensino básico ao ensino
secundário).
Quanto à amostra dos alunos, foram seleccionados aleatoriamente 1.850 alunos (450
do 2º ciclo; 620 do 3º ciclo e 780 do ensino secundário e profissional), embora o total
de inquéritos válidos para análise tenha sido de 1.579, o que representa uma taxa de
resposta de 86,5% a que corresponde uma margem de erro máximo de 2,46% com
um grau de confiança de 95%. Quanto à amostra das famílias, foram seleccionadas
800 famílias representativas da população considerada, embora se tenham realizado
910 inquéritos, sendo válidos 897. A taxa de resposta foi de 98,6% para uma margem
de erro máximo de 3,27%, com um grau de confiança de 95%.28
A concepção dos instrumentos de inquirição decorreu de um trabalho de estreita
cooperação com o CESOP, tendo havido a preocupação de se garantir algum
paralelismo ao nível das dimensões a contemplar nos inquéritos quer dos alunos, quer
das famílias, conforme se apresenta na tabela seguinte.
28 O relatório final produzido pelo CESOP apresenta uma descrição mais detalhada do processo de selecção da amostra dos alunos e das famílias, nomeadamente quanto ao total de alunos previstos inquirir em cada escola e as taxas de resposta, bem como o total de inquéritos realizados em cada freguesia.
CEP Capítulo V - 58
Tabela 5.22 – Dimensões consideradas nos inquéritos aos alunos e às famílias A. Caracterização sócio-cultural e económica E. Avaliação do meio envolvente da escola
Concelho de residência Alunos Qualidade urbana Famílias + Alunos
Composição do agregado familiar Famílias + Alunos Segurança Famílias + Alunos
Nível de escolaridade Famílias + Alunos F. Estudo e apoio pedagógico
Profissão Famílias + Alunos Prestado pela escola Famílias + Alunos
Actividades de tempos livres (e tempo dedicado) Famílias + Alunos Prestado pela família Famílias + Alunos
Rendimentos Famílias Outras situações (explicador) Famílias + Alunos
B. Percurso escolar do educando / aluno Utilização das TICs Famílias + Alunos
Mudança de escola Famílias Local de estudo Alunos
Retenção Famílias + Alunos Tempo dedicado ao estudo Alunos
Frequência J.I. e diferentes ciclos de ensino Alunos Causas das dificuldades sentidas Alunos
C. Acção social escolar Disciplinas de maior/menor interesse Alunos
Apoios recebidos Famílias Condições que facilitam a aprendizagem Alunos
D. Avaliação da escola Tempo passado na escola Alunos
Aspectos positivos Famílias + Alunos G. Expectativas face à escola e à educação
Aspectos a melhorar Famílias + Alunos Nível de ensino a atingir Famílias + Alunos
Higiene e segurança Famílias + Alunos Profissão desejada Famílias + Alunos
Disciplina Famílias + Alunos Importância atribuída à educação Famílias
Equipamentos (e frequência de utilização) Famílias + Alunos Características da escola do futuro Famílias
Actividades extra-curriculares Famílias + Alunos Motivos de interesse pela escola Alunos
Grau de satisfação Famílias + Alunos
Relações escola-família (e escola-aluno) Famílias + Alunos
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
A aplicação definitiva dos inquéritos foi precedida de um pré-teste através do qual se
avaliou a clareza das questões, bem como a eventual necessidade de se introduzirem
ajustamentos às mesmas.
A aplicação definitiva dos questionários ocorreu em dois momentos. No início de Maio
de 2005 foram aplicados os inquéritos aos alunos, tendo ficado a sua coordenação a
cargo do grupo de trabalho da Carta Educativa. Impõe-se reconhecer a total
disponibilidade das escolas inquiridas e a sua prestimosa colaboração nesta operação,
ao assegurarem a distribuição e a recolha dos inquéritos junto dos alunos
seleccionados29. O trabalho de inquirição das famílias, realizado através de contacto
domiciliário, foi levado a cabo pelo CESOP no mês de Maio, após os inquéritos aos
alunos.
A tabela 5.23 apresenta uma caracterização dos alunos inquiridos segundo variáveis
de natureza sócio-demográfica. Da leitura da mesma, vale a pena reter os seguintes
aspectos:
A forte atractividade dos estabelecimentos de ensino do Porto sobre a população
escolar residente noutros concelhos. Se em 2001, a percentagem de estudantes
provenientes de fora da cidade do Porto era de 39,7% do total de alunos que
frequentavam estes níveis de ensino, em 2005 a capacidade atractiva do Porto, de
acordo com a amostra estudada, situa-se em 37,5%, ou seja, mantém-se ao
mesmo nível.
A predominância das famílias de média dimensão em que se inserem os alunos
(2/3 dos estudantes pertencem a famílias de 3 ou 4 elementos).
29 A aplicação dos inquéritos aos alunos foi precedida de uma reunião com as escolas seleccionadas para explicitar os procedimentos que deveriam seguir na aplicação dos inquéritos.
CEP Capítulo V - 59
A maior representatividade das mães enquanto encarregados de educação.
A expressão muito significativa dos jovens residindo em habitações sociais (bairros
ou ilhas) na totalidade da população escolar. Se se admitir que esta franja da
população escolar reside, sobretudo, no Porto, tal significará que mais de ¼ dos
estudantes residentes no Porto vive em habitações sociais.
Tabela 5.23 - Caracterização sócio-demográfica dos alunos inquiridos
Dimensão da amostra Dimensão da família Inquéritos 1579 Até 2 elementos 9,4% Género 3 a 4 elementos 64,7% Masculino 49,1% 5 a 6 elementos 21,3% Feminino 50,9% Mais de 6 elementos 4,6% Estrutura etária Residentes com 10-11 anos 15,9% Pai 77,8% 12-14 anos 34,8% Mãe 91,3% 15-17 anos 32,6% Irmãos 45,4% 18 e mais anos 16,7% Avós 13,0% Concelho de residência Encarregado de educação Porto 62,5% Pai 25,5% Outros concelhos da AMP 32,0% Mãe 63,4% Outros 5,5% Avós 2,6% Tipo de ensino Outros 8,5% Público 61,2% Tipo de habitação Privado 38,8% Casa ou apartamento de bairro social 15,4% Nível de escolaridade Moradia/vivenda 26,3% 2º ciclo 25,8% Prédio de apartamentos 51,5% 3º ciclo 34,8% Ilha 2,5% Secundário 39,4% Outro 4,3%
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
No que concerne aos inquéritos às famílias, a tabela seguinte traça o perfil da amostra
inquirida.
Tabela 5.24 - Caracterização sócio-demográfica das famílias inquiridas
Dimensão da amostra Nível de escolaridade do educando Inquéritos 897 1º ciclo 31,7% Género 2º ciclo 20,4% Masculino 29,4% 3º ciclo 20,0% Feminino 70,6% Secundário 25,6% Tipo de ensino do educando Profissional 2,3% Público 80,4% Rendimento médio mensal do agregado familiar Privado 19,6% Menos de 500 Euros 27,9% Estrutura etária do educando De 501 a 900 Euros 27,4% 4-5 anos 0,7% De 901 a 1500 Euros 17,3% 6-9 nos 26,3% De 1501 a 3000 Euros 15,3% 10-11 anos 16,4% De 3001 a 5000 Euros 9,4% 12-14 anos 24,0% Mais de 5000 Euros 2,7% 15-17 anos 24,4% Estrutura etária dos inquiridos 18 -23 anos 7,8% Menos de 24 anos 2,1% 23 e mais anos 0,4% 5-34 anos 12,5% Nível de escolaridade dos inquiridos 35-44 anos 43,0% Não sabe ler nem escrever 1,9% 45-54 anos 31,0% 4º ano/1º CEB (ou menos) 28,5% 55-64 anos 7,8% 6º ano/2º CEB 13,2% 65 e mais anos 3,6% 9º ano/3º CEB 14,8% Tipologia de habitação 12º ano/ Secundário 14,5% Casa ou apartamento de bairro social 36,6% Curso médio/ Frequência do 6,8% Moradia/vivenda 13,6% Curso Superior/Licenciatura ou 20,3% Prédio de apartamentos 43,0% Ilha 6,3% Outro 0,5%
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
CEP Capítulo V - 60
Quanto às famílias, os aspectos mais relevantes a salientar são os seguintes:
Nível de escolaridade dos inquiridos ligeiramente inferior ao da população
residente empregada em 2001. Apenas 20,3% dos inquiridos concluíram um curso
superior ao passo que, em 2001, este valor atingia os 26,6%.
Maior presença ou disponibilidade da população do género feminino, muito acima
da quota que lhe corresponde na população total.
Peso considerável de famílias residindo em habitações sociais, correspondendo a
42,9% das famílias inquiridas, igualmente superior à expressão que assumem na
população total, o que poderá indiciar uma maior concentração da população
escolar em bairros sociais e ilhas.
Mais de metade dos agregados familiares com um rendimento médio mensal
abaixo dos 900 euros (55,3%).
Maior procura do ensino público por parte dos educandos dos agregados familiares
inquiridos, acima da proporção que detém este subsistema a nível da população
escolar do Porto. Tal poderá significar que é, sobretudo, a escola privada que
exerce maior atracção sobre os alunos residentes nos outros concelhos. De facto,
no ano lectivo de 2004/05 o ensino público, básico e secundário, absorvia 67,5%
do total de efectivos que frequentavam as escolas do Porto, ao passo que, nesta
amostra, a importância do ensino público atinge 80,4%.
A análise realizada pretende evidenciar os principais resultados obtidos através da
aplicação dos inquéritos. Num primeiro momento analisam-se as respostas dadas
pelos alunos e, num segundo momento, centra-se a atenção sobre os resultados dos
inquéritos às famílias.
Inquérito aos alunos
Trajectórias escolares e apoio pedagógico
Neste ponto procura-se fazer uma análise das trajectórias escolares dos alunos
inquiridos, privilegiando indicadores como os que dizem respeito à frequência de
jardim de infância, às reprovações, à opção pelo ensino público ou pelo privado, entre
outros aspectos. Esta análise será também feita ao nível dos inquéritos realizados às
famílias na medida em que se colocavam questões semelhantes.
No que diz respeito à pré-escolarização, ou seja, à frequência do JI por parte dos
inquiridos, obtiveram-se valores perto dos 78%, embora possamos encontrar
diferenças ao nível dos ciclos: são sobretudo os mais jovens que apresentam as
percentagens mais elevadas, cerca de 10% acima da média, enquanto os restantes
ciclos apresentam valores inferiores. Estes valores da taxa de pré-escolarização são
bem superiores aos encontrados em 2001, no âmbito do recenseamento da
população.
Figura 5.39 - Frequência de jardim de infância por ciclo de escolaridade média
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
2º Ciclo 3º Ciclo SecundárioNíveis de ensino
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Figura 5.40 - Reprovação e não reprovação por tipo de ensino
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ens. Público Ens. Privado
Nunca reprovaram Reprovaram pelo menos uma vez
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Sendo o insucesso escolar, e mais concretamente, a reprovação, um problema crucial
ao nível do sistema de ensino, procurou-se aferir esta realidade através dos inquéritos
aplicados, quer aos alunos, quer às próprias famílias. Assim, dos alunos que
respondem à questão “alguma vez reprovaste?”, 70% refere que nunca reprovou, o
que significa uma taxa de reprovação de 30%. Estes valores são muito próximos dos
referenciados pelas famílias: 75% referem que o educando nunca reprovou e 25% que
já reprovou. A leitura dos dados das famílias deve, no entanto, ser feita com alguma
cautela já que engloba crianças a frequentarem o 1º ciclo, a que corresponde um
menor nível de retenções.
O gráfico anterior procura mostrar as diferenças para o indicador em função do tipo de
ensino frequentado, público ou privado. Como se pode verificar, a percentagem dos
que nunca reprovaram é maior nos que frequentam o ensino privado, embora a
diferença não seja substancialmente significativa.
Quando analisamos a distribuição por nível de ensino, são sobretudo os alunos do
secundário os que apresentam uma maior percentagem de retenções. Não podemos
esquecer que o facto de estes alunos já terem tido um percurso mais longo em termos
de escolarização aumenta as hipóteses de reprovação.
CEP Capítulo V - 61
Figura 5.41 - Existência de reprovação por ciclo de escolaridade
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Níveis de ensino Sim Não
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Não importa unicamente aferir da existência ou não de casos de reprovação. É
fundamental perceber a expressão do fenómeno, ou seja, quantas vezes os alunos
reprovaram, já que os insucessos repetidos constituem, frequentemente, motivo de
abandono escolar, como foi anteriormente referido.
Figura 5.42 - Número de reprovações
28%
10%
3%
59%
1 reprovação
2 reprovações
3 reprovações
4 e maisreprovações
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Cerca de 59% dos alunos que já tiveram insucesso escolar reprovaram uma vez e
28% duas vezes. Há, no entanto, uma percentagem ainda significativa que reprovou 3
vezes e mais: 13%.
Figura 5.43 - Número de reprovações por ciclo de escolaridade
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2º ciclo
3º ciclo
Secundário
1 vez 2 vezes 3 vezes e mais
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
CEP Capítulo V - 62
Tabela 5.25- Local onde efectua os TPC30
Total 2º ciclo 3º ciclo Secundário Em casa 1º 1º 1º 1º Na escola 2º 3º 2º 2º No explicador 3º 4º 4º 4º No ATL/Sala de estudo 4º 2º 3º 7º Em casa de amigos/colegas 5º 6º 5º 5º No café 6º - 8º 3º Noutro sítio 7º 7º 7º 6º Em casa de familiares 8º 5º 6º 8º
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Quanto aos locais onde os alunos realizam os TPC ou estudam, os resultados apurados
são muito semelhantes. Ou seja, é sobretudo em casa que se desenvolvem estas
actividades, conforme se constata pela tabela seguinte.
Já no que concerne ao apoio escolar, quer ao nível do acompanhamento na realização
dos trabalhos de casa, quer ao nível do acompanhamento do estudo, os dois gráficos
seguintes mostram claramente o papel preponderante assumido pelos pais nessas
tarefas, no caso do 2º e do 3º ciclos de ensino.
Figura 5.44 - Quem ajuda na realização dos TPC
0
10
20
30
40
50
60
Pais Professor Irmãos Outros Explicador Colegas/amigos Ninguém
(%)
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Figura 5.45 - Quem ajuda nas dificuldades de estudo
0
10
20
30
40
50
Pais P rofessor I rmãos O utros Explicador C olegas/amigos N inguém
(%)
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
30 Trabalhos para casa.
CEP Capítulo V - 63
CEP Capítulo V - 64
A nível do ensino secundário os pais não assumem um papel expressivo: os trabalhos
de casa são sobretudo realizados sem a ajuda de ninguém e para apoio nas
dificuldades sentidas a nível do estudo recorre-se preferencialmente ao professor e a
colegas/amigos.
Procurou-se perceber ainda qual o tempo gasto pelos alunos em duas actividades:
realização dos trabalhos de casa e estudo. Para a realização dos trabalhos de casa, a
maior parte dos alunos, em cada um dos ciclos, despende menos de 1 hora por dia,
ainda que globalmente pouco mais de 90% dediquem até 2 horas. Relativamente ao
estudo, as respostas situam-se sobretudo no escalão entre 1 a 2 horas por dia. À
medida que vamos subindo nos níveis de escolaridade o número de horas dedicadas
ao estudo vai aumentando.
Quando inquiridos sobre os motivos das principais dificuldades sentidas relativamente
às matérias, encontramos algumas pequenas diferenças entre os ciclos de
escolaridade.
A “matéria complicada” tem uma expressão considerável em todos os ciclos, embora
tenha sido o primeiro factor apontado pelos alunos do 3º ciclo, enquanto o mais
seleccionado pelos do 2º ciclo é o que se refere ao barulho sentido nas aulas. Os
estudantes do secundário apontam a questão da falta de estudo como a principal
causa das dificuldades de aprendizagem.
Tabela 5.26 - Factores indicados para as dificuldades sentidas na matéria
Total 2º ciclo 3º ciclo Secundário Matéria complicada 1º 2º 1º 2º Falta de estudo 2º 3º 2º 1º Aulas com muito barulho 3º 1º 3º 7º Não gostar da matéria dada 4º 6º 5º 5º Professores não explicam bem 5º 9º 4º 4º Dificuldades de anos anteriores 6º 7º 6º 3º Falta de tempo para estudar 7º 8º 9º 6º Outra situação 8º 4º 8º 8º Não tem dificuldades 9º 5º 7º 9º Não querer estudar em casa 10º 10º 10º 10º Falta de espaço para estudar 11º 11º 11º 11º
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Quanto aos aspectos considerados mais críticos para que um aluno tenha sucesso na
escola, os resultados apontam claramente para a necessidade de se “estar atento nas
aulas”, logo seguido pela importância de “compreender os professores”. Também o
estudar muito é um aspecto bastante referido, o que, conjugado com os dados do
quadro anterior, demonstra a incorporação de um discurso de auto-responsabilização
por parte dos alunos.
Figura 5.46 - Factores importantes para que um aluno tenha sucesso na escola
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Compreender ospro fessores
Estudar muito Ter apoio nos TPC Estar atento nas aulas Gostar da matéria Bom ambiente na aula
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
A figura anterior demonstra que há uma certa unanimidade entre os alunos dos vários
níveis de escolaridade quanto à escolha dos aspectos importantes para que se tenha
sucesso na escola. Salienta-se apenas a diferença ao nível da opção “estudar muito”,
que é mais escolhida pelos alunos do 2º ciclo.
Ao nível da aprendizagem, procurou-se ainda saber a importância atribuída pelos
alunos a um conjunto de condições eventualmente facilitadoras dessa aprendizagem.
Figura 5.47 - Condições para se aprender melhor
CEP Capítulo V - 65
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
O gráfico anterior mostra que a realização de testes, a utilização da Internet, o
recurso às NTIC e a realização de visitas de estudo são as condições a que os alunos
atribuem maior importância para aprenderem melhor as matérias leccionadas nas
aulas. A distribuição das respostas não sofre grandes alterações quando ventilada pelo
nível de escolaridade frequentado.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
90%
00%
Trabalhos degrupo
Ut ilização delaboratórios
Frequentar abiblioteca
Fazer visitas deestudo
Área de Projecto Utilização dainternet
Testes Actividadesextracurriculares
Computadores
1
80%
70%
60%
M uito importante Importante Pouco importante Nada importante
Tabela 5.27 - Disciplinas mais e menos preferidas31
2º ciclo 3º ciclo Ensino Secundário
Educação Física 60,2% Educação Física 55,1% Educação Física 31,8%
Ciências da Natureza 39,8% Matemática 38,2% Matemática 27,5%
Matemática 38,1% Ciências da Natureza 28,6% Português 26,2%
Disciplina que mais gosta
Educação Visual e Tecnológica 32,0% História 27,3% Biologia 22,5%
Matemática 43,6% Matemática 39,7% Matemática 38,3%
Português 31,9% Francês 33,8% Português 30,1%
História e Geografia de Portugal 29,5% Inglês 33,8% Filosofia 25,9%
Disciplina que menos gosta
Inglês 28,7% Português 29,4% Inglês 22,2%
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Como podemos constatar pelo quadro anterior, a disciplina de Educação Física é umas
das mais escolhidas ao nível das disciplinas preferidas, em qualquer um dos níveis de
escolaridade abrangidos. Já a Matemática tanto aparece como umas das disciplinas
preferidas como aparece como uma das disciplinas de que os alunos menos gostam.
No entanto, é claramente a que aparece com maior expressão ao nível das disciplinas
menos preferidas, e em qualquer um dos ciclos, suplantando sempre a percentagem
de respostas como disciplina preferida.
Nas disciplinas menos preferidas temos ainda a salientar as línguas, nomeadamente o
Inglês que aparece em todos os ciclos. Também o Português é uma das disciplinas
referenciadas como menos preferida por uma percentagem elevada de alunos, em
qualquer um dos ciclos (de 29 a 32%).
Quando questionados sobre se gostam de estudar, são sobretudo os do 3º ciclo e os
do secundário que apresentam uma maior percentagem de respostas nas hipóteses
“nem sempre” e “não”. Aliás, nestes dois níveis o gosto pelo estudo nem atinge 40%
de respostas, enquanto no 2º ciclo chega aos 60%. No entanto, a percentagem dos
que afirmam taxativamente que “não gostam de estudar” é reduzida, atingindo um
máximo de 17% no caso do secundário.
Figura 5.48 - Gosto pelo estudo
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
2º ciclo 3º ciclo Secundáriosim não nem sempre
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 Inquérito aos alunos
31 As percentagens foram calculadas tendo por base a totalidade das respostas (cada aluno podia indicar até 3 disciplinas, independentemente da sua ordenação) face ao número de alunos que respondeu à questão. (Nº de alunos na questão ‘Disciplina de que mais gosta’: 2º ciclo = 394; 3º ciclo = 539; Secundário = 604; e na questão ‘Disciplina de que menos gosta’: 2º ciclo = 376; 3º ciclo = 524; Secundário = 564).
CEP Capítulo V - 66
Se se fizer a leitura da pergunta anterior cruzando com as principais razões pelas
quais é importante ir à escola, segundo a opinião expressa pelos alunos, verifica-se
que para os do 2º ciclo o motivo que tem maior expressão é “aprender coisas novas”,
enquanto para os do 3º ciclo e do secundário aparece como razão principal “ter um
futuro melhor” (que também é o segundo motivo mais referenciado pelos alunos do 2º
ciclo).
É importante salientar que a opção “não é importante ir à escola” não tem
praticamente qualquer expressão. Embora nem sempre os alunos gostem de estudar
reconhecem que o percurso escolar é fundamental para uma integração bem sucedida,
nomeadamente em termos de mercado de trabalho (veja-se também a importância
dada à opção “ter um emprego”). Um dos motivos também apresentados com alguma
expressão prende-se com o facto de a escola ser uma instituição potenciadora de
relacionamentos sociais, ou seja, ela permite “fazer amigos”, e como se pode ver no
gráfico, este motivo aparece como a 3ª escolha para os alunos do 3º ciclo.
Figura 5.49 - Razões pelas quais é importante ir à escola
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Aprender coisas novas
Fazer amigos
Ter um futuro melhor
Ter um emprego
Ter empresa própria
CEP Capítulo V - 67
Não é importante ir à escola
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Avaliação e expectativas face à escola
Uma outra dimensão que era abordada nos inquéritos prendia-se com a avaliação da
escola e com as expectativas face à mesma. Neste sentido, solicitou-se aos alunos que
respondessem a um conjunto de perguntas, algumas fechadas e outras abertas, que
permitiam perceber qual o grau de satisfação com a escola a diversos níveis. Uma
questão versava sobre os problemas de limpeza/higiene e segurança. Quanto à
higiene, procurava saber-se se os alunos consideravam que a escola, as salas de aula,
o refeitório/bar e os sanitários eram globalmente limpos. Quanto à segurança, a
questão colocada incidia sobre a exigência de identificação das pessoas à entrada da
escola.
Figura 5.50 - Apreciação das condições de higiene/limpeza e segurança da escola
0%
CEP Capítulo V - 68
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
De uma forma geral os resultados não são muito diferentes nos vários ciclos de
escolaridade, apontando na sua grande maioria para a satisfação quanto à
limpeza/higiene, com excepção dos sanitários cujas respostas se encontram divididas
de igual forma entre o “sim” e o “não”. No entanto, a apreciação é mais favorável
quanto às condições nas escolas secundárias. Já no que diz respeito à segurança, a
exigência de identificação à entrada da escola não é uma prática corrente em todas as
escolas, estando as respostas distribuídas equitativamente entre o “sim” e o “não”.
Já ao nível da avaliação de algumas condições exteriores à escola, salientam-se
sobretudo dois aspectos: o conhecimento de roubos e agressões perto da escola e a
circulação de automóveis em velocidade excessiva. Os dois gráficos seguintes
representam os resultados obtidos para estas duas questões.
Figura 5.51 - Avaliação de condições exteriores à escola
Conhecimento de roubos e agressões Carros circulam com velocidades
perto da escolas junto à escola
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
20%
%
%
80%
100%
sim não sim não sim não sim não sim não
60
40
escola limpa salas limpas bar limpo sanitários limpos identificação àentrada da escola
2º ciclo 3º ciclo Secundário
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2º ciclo 3º ciclo Sec.
Sim Não
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2º ciclo 3º ciclo Sec.
Sim Não
Merece especial realce a percentagem considerável de respostas em que se afirma ter
conhecimento de roubos e agressões, particularmente no caso do 3º ciclo e do
secundário (67,2% e 68,1%, respectivamente). No que concerne ao problema da
circulação automóvel em velocidade excessiva, as respostas repartem-se quase
equitativamente entre a percepção da existência ou não do problema, situação esta
que deve justificar um maior controlo das condições de circulação na envolvente das
escolas.
Ainda no sentido de perceber a avaliação que os alunos fazem da escola foram
colocadas duas questões abertas em que se pedia que fossem identificados 3 aspectos
positivos e 3 aspectos negativos da escola.
Figura 5.52 - Principais aspectos positivos da escola, por ciclo (%)
CEP Capítulo V - 69
2º ciclo
88,9
43,5
30,9
29,4
26,4
19,2
16,5
12,0
Instalações da escola
Recursos humanos
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
3º ciclo
64,0
50,0
46,4
33,5
23,8
22,2
17,6
9,2
Instalações da escola
Ambiente da escola
Recursos humanos
Qualidade da escola
Outros
Organização da escola
Segurança
Limpeza e higiene
Secundário
69,6
54,7
42,8
37,9
21,2
19,0
8,0
6,7
Ambiente da escola
Recursos humanos
Qualidade da escola
Instalações da escola
Organização da escola
Outros
Limpeza e higiene
Segurança
Ambiente da escola
alidade da escola
Outros
Organização da escola
Limpeza e higiene
Segurança
Qu
Os aspectos positivos centram-se, sobretudo para os alunos do 2º e 3º ciclos, nas
instalações, com especial incidência em questões como a existência de serviços
específicos (biblioteca, laboratórios,...), de equipamentos desportivos (pavilhão,
ginásio,...) e também de espaços livres/circundantes. Nestes dois ciclos, a
percentagem de casos onde aparecem mencionadas as instalações é de 88,9% e
64,0%, respectivamente. Já ao nível do ensino secundário, o aspecto mais referido
prende-se com o ambiente da escola (69,6%), aparecendo as instalações apenas na
4ª posição. Não obstante, é importante salientar que mesmo ao nível dos outros dois
ciclos de escolaridade a questão do ambiente da escola aparece numa posição de
destaque: em 3º lugar no 2º ciclo (30,9%) e em 2º lugar no 3º ciclo (50,0%). Os
recursos humanos, que incluem professores e funcionários, são também um dos
aspectos bastante mencionados, constituindo, em qualquer um dos ciclos, uma das
três primeiras referências. Ainda neste domínio, vale a pena reter os aspectos que
aparecem nas últimas posições: a questão da segurança e a da limpeza e higiene.
Já ao nível dos aspectos negativos, há uma certa unanimidade entre os alunos dos
vários ciclos na identificação dos mesmos: o aspecto que aparece sempre em primeiro
lugar é o que diz respeito às instalações da escola, embora com percentagens maiores
nos níveis de escolaridade mais elevados. A identificação deste aspecto negativo pode
parecer paradoxal com o que se disse anteriormente uma vez que os alunos também
apontam as instalações como aspecto positivo. Para além do facto desta avaliação ter
incidido sobre um conjunto de 54 estabelecimentos de ensino, convirá referir que são
diferentes elementos das instalações escolares que são valorizados quando este item é
identificado como uma referência positiva ou negativa da escola. Ou seja, é o estado
de degradação física e a escassez de espaços que constituem os problemas da escola
do ponto de vista das suas instalações.
Figura 5.53 - Principais aspectos negativos da escola, por ciclo (%)
2º ciclo
57,8
40,4
37,9
23,4
21,6
19,9
13,8
Instalações da escola
Ambiente da escola
Limpeza e higiene
Segurança
Organização da escola
Outros
Recursos humanos 3º ciclo
38,5
33,7
30,9
29,3
19,8
15,4
64,6Instalações da escola
Limpeza e higiene
Ambiente da escola
Organização da escola
Outros
Recursos humanos
Segurança
CEP Capítulo V - 70
Secundário
72,5
40,2
32,7
26,1
18,5
16,3
9,6
Instalações da escola
Organização da escola
Ambiente da escola
Outros
Recursos humanos
Limpeza e higiene
Segurança
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
A limpeza/higiene, bem como o ambiente escolar, são também dois aspectos que
merecem destaque, embora com valores percentuais bastante inferiores aos do
primeiro factor.
Ao nível do ambiente escolar repete-se a situação explicitada no caso das instalações,
ou seja, tanto é um aspecto fortemente valorizado como é um aspecto salientado pela
negativa. Uma vez mais, há distinções a fazer para que se possa perceber o sentido
das respostas: assim, enquanto aspecto positivo o ambiente escolar refere-se ao
relacionamento entre os alunos, ao companheirismo e à amizade; enquanto aspecto
negativo procura evidenciar a conduta dos alunos, isto é, o mau comportamento e a
indisciplina.
Recursos existentes nas escolas
Recursos existentes (% de sim)
Biblioteca/centro de recursos 94,2 Sala de informática 85,7 Campo de jogos ao ar livre 82,4 Laboratórios 80,8 Recinto desportivo coberto 79,2 Sala de estudo 70,6 Serviços de psicologia e orientação 56,9 Mediateca/ludoteca/sala multimeios 49,8
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Quanto aos recursos existentes nas
escolas, como se pode ver na tabela
respectiva, pode-se considerar, face à
opinião dos alunos, que as escolas estão
relativamente bem dotadas e que esses
recursos são conhecidos dos estudantes.
No caso da “mediateca/ludoteca/sala
multimeios” só 50% dos alunos referem
existir este equipamento na escola que
frequentam.
Seguidamente, analisar-se-á a questão respeitante ao grau de satisfação manifestado
pelos alunos relativamente aos professores, aos funcionários, às instalações, aos
colegas e ao que se aprende nas aulas.
As respostas dadas pelos alunos dos diferentes ciclos não apresentam variações
consideráveis, ou seja, denotam um elevado grau de satisfação, em conformidade
com os aspectos já salientados anteriormente. É de realçar que são sobretudo os
alunos do 2º ciclo que apresentam maiores percentagens de respostas na opção
“muito satisfeito” em qualquer uma das dimensões avaliadas. Na realidade, à medida
que se vai subindo em termos de nível de escolaridade tende a diminuir a
percentagem de respostas nesta modalidade “muito satisfeito”. Quanto ao grau de
insatisfação manifestado, são sobretudo os alunos do 3º ciclo que apresentam as
maiores taxas de resposta nas opções “pouco satisfeito” e “nada satisfeito”,
nomeadamente ao nível da avaliação feita aos funcionários e às instalações da escola.
Figura 5.54 - Satisfação face a um conjunto de dimensões ( 2.º e 3.º ciclo)
CEP Capítulo V - 71
3º ciclo
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Professores Funcionários Instalaçõesda escola
Colegas daescola
O queaprende nas
aulas
Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito
2º ciclo
0%
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
20%
%
%
%
0%
Professores Funcionários Instalaçõesda escola
Colegas daescola
O queaprende nas
aulas
10
80
60
40
Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito
Figura 5.55 - Satisfação face a um conjunto de dimensões (secundário)
Secundário
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Professores Funcionários Instalaçõesda escola
Colegas daescola
O queaprende nas
aulas
Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
No que diz respeito à oferta de actividades extra-curriculares, há três tipos de clubes
que os alunos gostariam de ver implementados na escola: 40,3% referem os clubes
de desporto (xadrez, ténis,...), 34,2% os clubes de artes (cerâmica, pintura, dança,...)
e 29,1% os clubes de comunicação (jornalismo, fotografia, escrita criativa,...). Para
além disso, do ponto de vista do que já é a oferta actualmente existente nas escolas,
predominam claramente os clubes de TIC (72,7%), de desporto escolar (69,9%) e de
línguas (54,9%).
Finalmente, um último conjunto de questões centrava-se sobre as aspirações em
termos de percurso escolar e profissional. O objectivo base era perceber, não só as
expectativas dos jovens em termos de prosseguimento de estudos, mas também o
papel que eventualmente o ensino poderá representar nas suas aspirações do ponto
de vista profissional.
Figura 5.56 - Nível máximo de escolaridade que pretendem atingir, por ciclo
Universidade Ens. secundário ou profissional
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Média global
0%
5%
10%
15%
20%
2º ciclo 3º ciclo Secundário
Média global
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
As duas figuras anteriores sobre o percurso escolar desejado revelam, claramente, o
peso do ensino superior: globalmente, 76,2% dos alunos inquiridos referem que
querem estudar até terminar a Universidade, percentagem esta que se situa em
CEP Capítulo V - 72
84,5% para os alunos que ultrapassaram a escolaridade obrigatória, isto é, para os
alunos que se encontram a frequentar o secundário.
A percentagem dos que apenas querem ficar pelo ensino secundário ou optar pelo
ensino profissional é bastante residual: a média global é de 15,7%, sendo os alunos
do 3º ciclo aqueles que apresentam uma posição acima da média.
Um facto que merece destaque é a percentagem de alunos dos 2º e 3º ciclos cujo
objectivo é apenas concluir a escolaridade obrigatória: 13,1% e 11,3%,
respectivamente. Face aos desafios crescentes que se colocam às sociedades e à
importância crescente que assume o capital humano no desenvolvimento económico e
social, estes valores representam um cenário algo preocupante, já que limitam as
possibilidades de qualificação e de inserção profissional destes jovens.
Directamente relacionada com a questão do percurso escolar pretendido e com a
aspiração manifestada pela grande maioria dos alunos de concluir um curso superior,
levanta-se a questão de saber o futuro profissional ambicionado pelos jovens.
De um modo global, as profissões indicadas exigem, na sua maioria, a conclusão de
um curso de ensino superior. Do total de alunos inquiridos, 82,5% responderam à
questão. Do conjunto das respostas obtidas, há um número considerável que se
distribuíram por múltiplas profissões, pouco expressivas, e que vieram a constituir o
conjunto das chamadas “outras profissões”, abarcando 39% das respostas. As
restantes 61% estão distribuídas de acordo com as profissões indicadas na figura
seguinte.
Figura 5.57 - Aspirações profissionais dos alunos
13,7%
11,0%
10,3%
5,2%
5,3%4,1%4,5%3,3%
39,1%
3,5%
Médico
Professores e educadores
Engenheiro
Futebolista
Veterinário
Biólogo
Enfermeiro
Advogado/juíz/jurista
Arquitecto
Outras
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito aos alunos
Apesar do grupo das “outras profissões” ser o de maior dimensão, pode-se verificar
que as restantes, com excepção da de futebolista, exigem níveis de escolaridade
CEP Capítulo V - 73
superior. Aquelas que apresentam percentagens mais elevadas são as de médico,
professores/educadores e a de engenheiro (13,7%, 11,0% e 10,3%,
respectivamente).
Inquérito às famílias
Às famílias inquiridas foram solicitadas respostas a questões que abarcavam
dimensões que se aproximavam das presentes no inquérito aos alunos,
nomeadamente ao nível do apoio pedagógico e percurso escolar do educando, grau de
satisfação/avaliação da escola, expectativas face à escola e face ao percurso escolar e
profissional do educando.
Atendendo a que em cada família poderia existir mais do que um jovem a estudar,
foram estabelecidos os seguintes critérios de selecção:
i) Só poderiam ser consideradas as crianças/jovens que estivessem a estudar a partir
do 1º ciclo e até ao ensino secundário;
ii) Caso houvesse mais do que uma criança/jovem nestas circunstâncias, o inquirido
devia responder relativamente àquele que tivesse feito anos há menos tempo.
As figuras seguintes representam a distribuição dos educandos por nível de ensino,
quer globalmente, quer por zonas geográficas ou conjunto de freguesias32. Refira-se
que a repartição das famílias inquiridas pelas quatro zonas consideradas seguiu o
padrão de distribuição da população residente em 2001.
Figura 5.58 - Distribuição dos educandos por nível de escolaridade e zona de residência
CEP Capítulo V - 74
32%
20%
26%
2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Centro histórico Centrotradicional
Zona ocidental Zona oriental
1.º CEB 2.º CEB 3.º CEB Secundário Profissional
20%
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
32 Para o tratamento dos dados referentes às famílias procurou fazer-se a leitura, sempre que possível, pelos 4 grupos de freguesias em que se dividiu a cidade para efeitos de análise intra urbana. Recorde-se que os grupos criados são os seguintes, conforme consta do anexo:
a) Centro histórico: Miragaia, S. Nicolau, Sé, Vitória b) Centro tradicional: Bonfim, Cedofeita, Massarelos, Santo Ildefonso c) Zona ocidental: Aldoar, Foz do Douro, Lordelo do Ouro, Nevogilde d) Zona oriental: Campanhã, Paranhos, Ramalde.
Quanto ao tipo de ensino que frequenta – público ou privado – há um predomínio
claro do ensino público, com uma percentagem global de 80% de respostas.
Figura 5.59 - Distribuição dos educandos por tipo de ensino frequentado (público ou privado) e zona de residência
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
Público Privado
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Contudo, esta realidade não é uniforme nas diferentes áreas geográficas, sendo
sobretudo no centro tradicional e na zona ocidental que a procura do ensino privado é
mais elevada. Esta situação poderá justificar-se essencialmente por razões que se
prendem com as disparidades quanto ao perfil sócio-económico da população
residente. O facto de incidir nestas zonas a maior parcela de educandos a
frequentarem o ensino secundário que, como foi referido, é o grau de ensino em que a
escola privada detém maior representatividade, também explica as diferenças
encontradas.
Figura 5.60 - Benefícios de apoio social escolar
17,9%
22,6%
2,7%1,6%0,9%
6,9%
Senhas dealimentação
Livros e materialescolar
Transporte Insenção detaxas/propinas
Bolsas de mérito Outros apoios
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
CEP Capítulo V - 75
A figura anterior representa a distribuição dos educandos pelo tipo de benefícios de
apoio social escolar que têm. Importa antes de mais referir que ainda são em número
significativo os educandos que beneficiam desses apoios. São cerca de 28% que têm
acesso a apoio escolar, traduzido, fundamentalmente, na cedência de livros e material
escolar e em senhas de alimentação. Contudo, e como se pode ver no gráfico, os tipos
de apoios mais frequentes são os que se referem aos (22,6%) e as (17,9%).
Trajectórias escolares e apoio pedagógico
Um primeiro ponto de análise, à semelhança do que foi feito no inquérito aos alunos,
prende-se com as trajectórias escolares dos educandos e com o apoio pedagógico.
Figura 5.61 - Educandos que já reprovaram por zona de residência
CEP Capítulo V - 76
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
centrohistórico
centrotradicional
zonaocidental
zona oriental
média
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
A figura anterior representa a percentagem de educandos que já reprovaram, por
zona de residência, bem como a média global para a cidade do Porto. Como se pode
observar, acima da média está o centro histórico com 27% e a zona oriental, embora
a diferença nesta última seja menor. Claramente abaixo do valor médio encontra-se a
zona ocidental com 21,9%. Embora a taxa de reprovação referenciada pelas famílias
se situe abaixo da que foi indicada aquando da análise do inquérito aos alunos33, a
verdade é que valores na ordem dos 25% constituem um problema a merecer
particular atenção.
Ao nível do apoio pedagógico as questões colocadas repartiam-se por várias
modalidades de apoio, desde a implicação da família em termos de ajuda nos
trabalhos de casa e verificação dos cadernos escolares, passando pelo apoio prestado
pela escola e pelo recurso às explicações.
33 Conforme foi referido anteriormente, no inquérito às famílias caracteriza-se toda a população escolar dos ensinos básico e secundário. O inquérito aos alunos não abarca o 1º ciclo.
Figura 5.62 - Apoio dado na realização dos TPC, por zona de residência
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zona oriental
Sempre/ muitas vezes Algumas vezes Poucas vezes/ nunca
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Figura 5.63 - Verificação dos cadernos diários, por zona de residência
CEP Capítulo V - 77
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
Sempre/ muitas vezes Algumas vezes Poucas vezes/ nunca
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Do ponto de vista do acompanhamento dado pelos pais ao nível do percurso escolar,
dois dos indicadores prendem-se com a ajuda na realização dos TPC e com a
verificação dos cadernos diários. Globalmente, no que respeita à ajuda na realização
dos TPC, as respostas oscilam entre “sempre/muitas vezes” (39%) e “poucas
vezes/nunca” (36%). Evidentemente que este facto não pode ser lido sem ter em
conta que uma parte considerável dos educandos frequenta o ensino secundário e que
neste nível os pais prestam menor apoio aos seus educandos, por grande parte deles
não disporem da necessária formação académica. Do ponto de vista geográfico, há
diferenças que importa realçar: a menor participação dos encarregados de educação
do centro histórico dado que apenas 28,1% afirma ajudar “sempre/muitas vezes” o
educando na realização dos TPC, valor bastante inferior à média global, situação esta
agravada pelo facto dos educandos destas famílias se encontrarem a frequentar,
sobretudo o ensino básico, e, em particular o 1º ciclo. No centro tradicional, a menor
participação dos pais no apoio à realização dos TPC poderá estar associada à maior
representatividade do secundário. Nas outras duas zonas o grau de participação é
muito semelhante, sendo contudo de destacar pela positiva a zona oriental.
Relativamente à verificação dos cadernos diários, é de registar que quase metade dos
encarregados de educação refere que tem “sempre/muitas vezes” essa preocupação.
As famílias da zona ocidental e do centro histórico são as que se destacam nesta
matéria pela maior atenção que dispensam a esta questão.
Podemos, então, afirmar que há uma prática mais acentuada de verificação dos
cadernos diários do que propriamente um apoio ao estudo e à realização dos trabalhos
de casa. As diferenças intra urbanas encontradas terão de ser equacionadas à luz do
perfil sócio-demográfico das famílias, nomeadamente quanto ao nível das qualificações
escolares e profissionais, que condicionam o contributo que pode ser dado ao processo
de aprendizagem.
O acompanhamento do percurso escolar implica também a participação noutras
actividades, nomeadamente, nas reuniões realizadas na escola e em iniciativas de
carácter cultural e recreativo. Para além disso, a procura da escola por iniciativa
própria no sentido de obter informações pode ser também um indicador do interesse
dos encarregados de educação pela vida escolar dos educandos.
A figura seguinte representa as respostas dadas a essas três questões: participação
nas reuniões, participação noutras actividades e procura da escola por iniciativa
própria.
Figura 5.64 - Participação dos encarregados de educação nas reuniões,
actividades culturais e recreativas e procura da escola por iniciativa própria
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Participaçãoreuniões
Participação nasactividades
culturais/recreativas
Procura escola paraobter informações
Sempre/muitas vezes
Algumas vezes
Poucas vezes/nunca
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Em termos gerais pode-se afirmar que a participação nas reuniões organizadas pela
escola é muito significativa, com 67,8% das respostas a indicarem que a participação
ocorre “sempre/muitas vezes”. Já o envolvimento nas actividades culturais/recreativas
é bastante menor, com a maioria dos inquiridos a referirem que “poucas vezes/nunca”
se deslocam à escola por este motivo. É importante salientar o interesse dos
encarregados de educação pela procura da escola por iniciativa própria para obter
informações: mais de 50% dos inquiridos referem que o fazem “sempre/muitas
vezes”.
CEP Capítulo V - 78
Analisando as respostas por área de residência dos inquiridos detectam-se algumas
diferenças: é na zona ocidental que se registam as mais elevadas taxas de
participação nas reuniões e nas actividades culturais e recreativas.
Figura 5.65 - Explicações por área de residência e ciclo de escolaridade do educando
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1º CEB 2º CEB 3º CEB Secundário Profissional
Sim Não
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
O recurso às explicações constitui uma outra estratégia adoptada com vista à melhoria
dos resultados escolares e a facilitar a aprendizagem. Esta não é uma realidade muito
presente no Porto, pois somente 19,4% das famílias referem que o educando tem
explicações. Como se pode ver pelas figuras anteriores as diferenças segundo a zona
de residência são muito ténues, surgindo a zona ocidental com a menor percentagem
de educandos com explicações. O recurso a este tipo de apoio aumenta com o nível de
escolaridade. Em termos de gastos com explicações, as famílias que a elas recorrem
despendem, em média, 100 € por mês, embora se verifique uma grande disparidade
de valores.
Figura 5.66 - Gastos mensais com as explicações do educando
33%
37%16%
8%
6%
até 50 €
de 51 a 100 €
de 101 a 150 €
de 151 a 250 €
de 251 a 500 €
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
CEP Capítulo V - 79
Para além do apoio que é assegurado directamente pelas famílias, também era
importante equacionar a avaliação que fazem do apoio prestado pelas próprias escolas
e pelos professores.
Figura 5.67 - Escola dá apoio aos alunos em termos de aprendizagem (sempre/muitas vezes)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
média
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
As famílias pronunciam-se de forma muito favorável sobre o apoio que a escola dá ao
nível da aprendizagem, considerando em 65,8% dos casos que a escola presta
“sempre/muitas vezes” apoio aos alunos. Não obstante, pode ver-se na figura anterior
que são as famílias da zona ocidental e do centro histórico as que têm uma visão
ligeiramente mais crítica. É, aliás, na zona ocidental que se encontra a maior
percentagem de famílias a considerar que a escola “nunca ou poucas vezes” presta
apoio aos alunos no seu processo de aprendizagem: 18,4%.
Figura 5.68 - Professores apoiam quando os alunos têm dúvidas (sempre/muitas vezes)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
média
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Quanto ao apoio dos professores no esclarecimento de dúvidas, uma vez mais a
perspectiva é bastante positiva, com 73,1% das famílias a considerarem que os
docentes estão “sempre/muitas vezes” disponíveis. Comparando as respostas dos
inquiridos em função da zona de residência, são as famílias do centro histórico que
apresentam um valor ligeiramente inferior à média com 68,3%. A zona oriental é
aquela que tanto tem uma posição mais favorável, com um valor superior à média
global, como apresenta uma percentagem mais elevada de respostas na opção
“poucas vezes/nunca” (10,8%).
CEP Capítulo V - 80
A última questão referente ao apoio pedagógico prende-se com o tempo dedicado ao
estudo em casa, por parte dos educandos. Analisando as respostas globais, 47,2% dos
inquiridos referem que o seu educando estuda menos de 1 hora por dia em casa,
depois das aulas, e 41,3% referem que o tempo de estudo varia entre 1 e 2 horas. À
escala intra urbana não há grandes diferenças a registar.
Avaliação e expectativas face à escola
A avaliação da escola passava por um conjunto de questões, umas fechadas e outras
abertas, através das quais se procurava perceber a satisfação das famílias
relativamente a alguns aspectos como a higiene, a segurança interna e externa, o tipo
de actividades desenvolvidas, entre outros.
Figura 5.69 - Apreciação das condições de higiene da escola
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Escola
Refeitório/bar
Casas de banho
Sim Não
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Quanto à higiene, conforme se ilustra na figura anterior, a perspectiva das famílias é
bastante positiva em qualquer um dos domínios referenciados. A visão mais negativa
é quanto à higiene/limpeza das casas de banho, perspectiva próxima da dos alunos
(embora estes tenham uma visão ainda um pouco mais negativa).
Quanto à segurança, as questões incidiam em vários aspectos relacionados com as
condições quer dentro do perímetro escolar quer na envolvente da escola. Os dois
gráficos a seguir apresentados procuram traduzir o posicionamento das famílias a
estes dois níveis.
No que respeita à segurança no interior da escola, uma das questões que se pretendia
saber era a percentagem de crianças e jovens que tinham sido alguma vez assaltados.
As respostas obtidas apontam para que, sensivelmente, uma em cada nove já tivesse
sido confrontada com essa situação dentro da escola. Na zona oriental estes casos
eram mais frequentes atingindo 14,6% dos educandos das famílias inquiridas.
CEP Capítulo V - 81
Figura 5.70 - Assaltos ao educando dentro da escola (% de respostas afirmativas)
CEP Capítulo V - 82
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
Centrohistórico
Centrotradicional
Zonaocidental
Zonaoriental
média
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Como foi dito, as questões da segurança, ao nível do espaço exterior à escola,
também mereceram atenção. A figura seguinte traduz as várias dimensões abordadas.
Do ponto de vista da segurança rodoviária, é importante salientar a avaliação positiva
ao nível da sinalização, nomeadamente a existência de passadeiras para peões junto à
escola. Já ao nível da circulação em excesso de velocidade a situação é mais
problemática, dado que cerca de 50% das famílias consideram que este problema se
coloca, com a única excepção dos residentes no centro histórico, onde, de facto, as
condições de circulação automóvel restringem a velocidade dos veículos.
Figura 5.71 - Avaliação das condições exteriores à escola (% de respostas afirmativas)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
passadeiras para peões
carros passam comvelocidade
zona circundante agradável
onhecimento de roubos ouagressões
venda de droga
c
centro histórico centro tradicional zona ocidental zona oriental
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Quanto à percepção de insegurança na zona envolvente da escola por conhecimento
da ocorrência de roubos ou agressões, os resultados são bem distintos. A avaliação
mais positiva é feita pelas famílias do centro histórico, com apenas 29% de respostas
referindo ter conhecimento deste tipo de situações, enquanto na zona ocidental a
perspectiva traçada é bem pior: 62% das respostas denunciam a ocorrência de
agressões e roubos. Quanto à questão de se saber se é do conhecimento dos
inquiridos que se vende droga nas imediações da escola, a avaliação é mais positiva,
sendo na zona oriental que se regista uma maior percentagem de respostas
afirmativas, na ordem dos 36%.
Foram levantadas várias questões relacionadas com a avaliação da escola que o
educando frequenta, nomeadamente os aspectos mais e menos positivos, os motivos
pelos quais é importante a escola, entre outras.
A qualidade da escola, presente em 59,7% dos inquéritos, e os recursos humanos
(44,5%) constituem os principais aspectos positivos assinalados.
Figura 5.72 - Aspectos positivos e aspectos negativos da escola do educando (%)
59,7
44,5
33,7
24,2
24,2
21,6
20,6
11,1
Qualidade daescola
Re
CEP Capítulo V - 83
cursos humanos
Organização daescola
Segurança daescola
Instalações daescola
Ambiente daescola
Outros
Limpeza e higiene
49,2
40,3
30,3
26,2
15,6
14,7
14,1
Instalações daescola
Organização daescola
Segurança daescola
Outros
Ambiente daescola
Limpeza e higiene
Recursoshumanos
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Já ao nível dos aspectos negativos, surgem as instalações da escola, estando aqui
subjacentes os problemas da degradação dos edifícios (49,2%), a organização da
escola (40,3%) e as questões de segurança (30,3%).
Procurou-se saber igualmente o que é que as famílias valorizavam para que uma
escola pudesse proporcionar um ensino de qualidade e estar apta para enfrentar os
desafios do futuro, ou seja, quais os atributos que deve ter a escola do futuro. As
respostas apontam para uma escola que consiga garantir a aprendizagem dos alunos
e o apoio pedagógico (59,8%), que disponha de boas infra-estruturas e equipamentos
(46,7%) e que seja segura (28,3%).
Figura 5.73 - Características da escola do futuro (%)
CEP Capítulo V - 84
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
59,8
46,7
28,3
18,2
16,7
13,8
11,9
10,2
5,8
3,9
3,4
Aprendizagem e apoiopedagógico
Infra-estruturas/equipamentos
Segurança
Recursos humanos
Organização da escola
Adaptação àsnecessidades
Formadora de cidadãos
Outros
Ambiente geral
Higiene e limpeza
Maior apoio económico
A questão da importância da escola também foi colocada às famílias. O resultado não
deixa margem para dúvidas. Dos 890 inquiridos que responderam à pergunta, 99,6%
valorizam o papel da escola. No sentido de se perceberem melhor os motivos
subjacentes a esta tomada de posição tão inequívoca, apresentam-se na figura
seguinte as respostas obtidas.
Figura 5.74 - Motivos da importância atribuída à escola (%)
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
71,6
49,1
44,9
37,3
15,7
4,8
Ajuda os jovens a ter um futuro melhor
Para ser cidadão participativo é preciso terconhecimentos
Prepara os jovens para um emprego
Complementa educação dada em casa
Permite ter educandos ocupados
Outra
Tal como já se havia constatado para os alunos, também as famílias defendem a
importância da escola para que os jovens alcancem um futuro melhor (este aspecto é
apontado em 71,6% dos casos). Aparecem depois duas outras razões referidas por
uma percentagem elevada de famílias: em 49,1% dos casos reconhece-se que a
escola permite a aquisição de conhecimentos indispensáveis para se ser um cidadão
participativo e em 44,9% dos casos considera-se que a escola prepara os jovens para
um emprego. Pode-se concluir que há uma grande convergência de opiniões entre o
que os alunos e as famílias pensam da importância assumida pela escola. É ainda de
salientar que esta leitura é comum às quatro zonas geográficas, ou seja, não há
diferenças significativas à escala intra urbana.
Embora com algumas adaptações, também se questionaram as famílias sobre o seu
grau de satisfação relativamente a um conjunto de elementos: professores,
funcionários, instalações, turma onde o educando está integrado, ambiente da escola
e matérias leccionadas.
O panorama geral é bem positivo. As famílias manifestam graus elevados de
satisfação em qualquer uma das componentes analisadas. As dimensões onde se
regista maior insatisfação são, em primeiro lugar, as instalações da escola com 25,2%
de famílias considerando-se “pouco ou nada satisfeitas”, depois o ambiente geral
(20,2%) e, em terceiro lugar, a turma do educando (17%).
Figura 5.75 - Satisfação das famílias face a um conjunto de dimensões
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Professores Funcionários Turma doeducando
Instalações daescola
Ambiente geralda escola
O que educandoaprende
Nada satisfeito Pouco satisfeito Satisfeito Muito satisfeito
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Quando se analisam as respostas por área de residência, constata-se que são as
famílias residentes no centro histórico que apresentam níveis mais elevados de
insatisfação, sobretudo quanto à turma do educando. Também as famílias da zona
ocidental manifestam maior grau de insatisfação.
Tal como se constatou no inquérito aplicado aos alunos, as famílias têm igualmente
expectativas elevadas para os seus educandos em termos de percurso escolar e
profissional. Assim, 59% das famílias desejam que os seus educandos completem o
ensino superior e 20% desejam, inclusivamente, que eles atinjam um nível de
escolaridade superior à licenciatura.
Figura 5.76 - Nível máximo de escolaridade que as famílias pretendem que o educando atinja
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Centro histórico
Centro tradicional
Zona ocidental
Zona oriental
3.º CEB
Ensino Secundário
Ensino Profissional
Ensino Superior
Mais que o Ensino Superior
Ns/Nr
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
CEP Capítulo V - 85
A figura anterior mostra que a aspiração a um percurso escolar marcado pela
obtenção de um curso superior é independente da área de residência das famílias. Não
obstante, é possível verificar que no centro histórico a referência ao ensino secundário
e ao ensino profissional, como metas a atingir em termos escolares, é mais elevada,
ao passo que no centro tradicional e na zona ocidental as aspirações a um percurso
escolar pós licenciatura são mais evidentes.
Ao nível das profissões desejadas para os educandos, apenas 34,2% das famílias
inquiridas respondem à questão. Destas, também 34,2% se enquadram numa
categoria que foi denominada de “outras profissões” pois engloba todos os casos de
profissões que percentualmente têm muito pouca expressão. Quanto aos restantes
65,8%, verifica-se que todas as profissões indicadas exigem o prosseguimento de
estudos de nível superior. Com maior expressão aparece a profissão de médico
(28,7%), seguida pela de engenheiro (10,1%).
Figura 5.77 - Profissão desejada para o educando
6,8%5,9%
10,1%
28,7%
7,8%
6,5%
34,2%
Advogado/juíz/jurista
Arquitecto
Engenheiro
Médico
Professor
Veterinário
Outras profissões
Fonte: CMP-GTCEP, 2005 - Inquérito às famílias
Em síntese, pode-se afirmar que as famílias apresentam elevadas expectativas face à
escola e ao percurso profissional e académico dos educandos. A opinião que
manifestam sobre a escola é positiva embora com a consciência clara dos problemas
que a afectam actualmente, avaliação esta que se aproxima da leitura que os próprios
órgãos de gestão das escolas traçam, conforme se terá oportunidade de constatar
seguidamente. Finalmente, dever-se-á ainda reter a similitude das visões dos alunos e
das famílias sobre o sistema educativo e, em particular, sobre a escola.
3.2. Entrevistas aos Conselhos Executivos dos agrupamentos verticais e de
escolas secundárias públicas e aos Órgãos de Gestão de escolas privadas
A perspectiva dos órgãos de gestão das escolas (conselhos executivos dos
agrupamentos escolares e das escolas secundárias da rede pública e direcção das
escolas privadas) foi necessariamente contemplada nesta fase de construção do
CEP Capítulo V - 86
CEP Capítulo V - 87
diagnóstico sobre a realidade educativa do Porto. Para o efeito procedeu-se à
realização de um conjunto de entrevistas aos órgãos de gestão das escolas, cujos
resultados se apresentam seguidamente.
Foram feitas 26 entrevistas que decorreram entre Janeiro e Abril de 2005 (aos 17
conselhos executivos dos agrupamentos verticais, a 3 escolas secundárias, a 1 escola
profissional, a 4 escolas privadas e ao Conservatório de Música) tendo por base um
guião semi-estruturado que contemplava as grandes temáticas que se pretendiam
abordar. De um modo geral, as entrevistas centraram-se em seis áreas: os principais
problemas enfrentados (a nível de infra-estruturas e equipamentos, recursos humanos
e recursos financeiros); os aspectos positivos, boas práticas, projectos ou iniciativas a
relevar; as principais características da escola actual (currículos, projecto educativo);
o perfil sócio-económico dos alunos e das famílias; os atributos chave da escola do
futuro; e, por fim, as expectativas face à Carta Educativa e ao papel do município.
As entrevistas foram alvo de uma análise de conteúdo de natureza mais qualitativa,
no sentido de se captarem as principais ideias abordadas sobre cada um dos grandes
domínios constantes do guião de entrevista. Os quadros que se apresentam em
seguida procuram sintetizar as grandes conclusões relativas a cada um dos temas
referidos.
Tabela 5.29 - Problemas enfrentados
Infra-estruturas e equipamentos - Deficiências ao nível das infra-estruturas (necessidade de obras de recuperação ou de manutenção); - Falta de espaço (para mais salas, para laboratórios, para pavilhões, para auditórios, etc.); - Falta de material didáctico e não didáctico (livros, cd’s, toners, tinteiros,...);
Recursos humanos - Instabilidade do corpo docente (muita rotatividade sobretudo no 1º ciclo); - Desmotivação do corpo docente; - Falta de pessoal auxiliar; - Falta de pessoal técnico (assistentes sociais, psicólogos, animadores sociais, etc)
Recursos financeiros - Falta de verbas; - Dificuldades de gestão do orçamento (falta de autonomia).
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Quanto aos problemas enfrentados pelas escolas, é necessário referir que alguns são
claramente mais sentidos pelas escolas públicas, nomeadamente as dificuldades na
gestão dos orçamentos por falta de autonomia e a instabilidade do corpo docente. No
caso dos agrupamentos verticais, alguns problemas respeitam mais directamente às
escolas do 1º CEB, nomeadamente a falta de material didáctico e de consumíveis e a
maior instabilidade do corpo docente. A dupla tutela (por parte da administração
central e da autarquia local) é apontada, por vezes, como um obstáculo à gestão mais
eficaz dos recursos. Ainda a nível de recursos humanos, concretamente no que
concerne ao pessoal não docente, o principal questão levantada reside na forte
escassez de auxiliares de acção educativa e nas dificuldades sentidas quanto à sua
substituição.
CEP Capítulo V - 88
Tabela 5.30 - Principais projectos/iniciativas
- Actividades extra-curriculares e lúdicas (ateliers, clubes, desporto escolar, festas, feira do livro, visitas de estudo, sessões de esclarecimento,...); - Participação em projectos nacionais e internacionais; - Avaliação interna e externa; - Oferta curricular diversificada (cursos de educação-formação, currículo alternativo, currículo adaptado); - Trabalho em equipa e visão vertical dos currículos; - Salas de estudo com acompanhamento de docentes; - Quadro de mérito e de louvor.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
As diferentes escolas desenvolvem um conjunto de boas práticas e de iniciativas no
sentido de minimizar alguns dos problemas sentidos, especificamente com os alunos,
mas também para dinamizar a escola. Estas boas práticas passam pela criação de
actividades extra-curriculares e lúdicas, que constituem apostas muito valorizadas
pelas várias escolas. Os ateliers, os clubes, o desporto escolar, as festas organizadas
em épocas especiais, aparecem como actividades importantes para o desenvolvimento
dos jovens.
A participação em projectos nacionais e internacionais é também uma prática habitual
das escolas: quase todas fazem parte da Rede de Bibliotecas Escolares e algumas
participam no projecto Sócrates/Comenius.
Há ainda um outro conjunto de práticas que passam pela promoção da aprendizagem,
nomeadamente criando estruturas de apoio aos alunos com dificuldades de
aprendizagem (salas de estudo para apoio pedagógico) e diversificando, sempre que
possível, a oferta curricular (currículos alternativos, adaptados, cursos de educação-
formação). O reconhecimento do esforço e sucesso dos alunos não é também
descurado pelo que algumas escolas instituíram o Quadro de Honra e atribuem
Medalhas de Mérito para premiar o bom desempenho escolar.
Por fim, é importante não esquecer a aposta que algumas escolas fazem na avaliação
aos mais variados níveis, procurando detectar os problemas e encetar as mudanças
necessárias para os ultrapassar.
Tabela 5.31 - Escola actual
Currículos/programas - Existência de currículos alternativos para alunos com dificuldades de aprendizagem; - Desadequação dos currículos normais face às necessidades e interesses dos alunos; - Importância das áreas não disciplinares;
Projecto Educativo – importância e seus intervenientes - Projecto participado: vários agentes (professores, pais,...) colaboram na sua construção; - Projecto educativo do agrupamento (integração vertical dos níveis de ensino);
Projecto Educativo – principais linhas orientadoras - Preparação para a cidadania/formação do indivíduo; - Abertura ao meio e promoção da participação;
Projecto Educativo – adequação à realidade - Adequado às realidades das turmas e necessidades dos alunos.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
CEP Capítulo V - 89
Praticamente todas as escolas têm Projecto Educativo. Nalguns casos, dada a recente
constituição do Agrupamento, o projecto encontrava-se em fase de elaboração e,
noutros casos, já estava a ser sujeito a revisões e alterações. De um modo geral os
projectos são construídos com a participação dos diferentes agentes educativos
(professores, pais,...) e fazem uma articulação entre os vários níveis de ensino, ou
seja, permitem uma visão integrada do sistema de ensino. A preocupação central
subjacente aos projectos educativos é a de preparar o aluno para a cidadania, ou seja,
formá-lo enquanto pessoa.
Algumas das iniciativas desenvolvidas pelas escolas e que foram referidas
anteriormente, bem como a própria construção dos projectos educativos, têm como
ponto de partida os principais problemas que afectam a aprendizagem (abandono,
desinteresse, insucesso escolar). No entanto, aquando da realização da entrevista
procurou-se centrar a atenção nas medidas levadas a cabo pela escola para minimizar
ou resolver os problemas encontrados.
Tabela 5.32 - Perfil sócio-económico dos alunos e famílias
Problemas dos alunos a nível escolar - Abandono, insucesso, absentismo e desmotivação; - Indisciplina;
Problemas dos alunos a nível familiar - Famílias disfuncionais/desestruturadas; - Pobreza, marginalidade, desemprego, violência; - Falta de acompanhamento do percurso escolar dos jovens e desinteresse pela escola;
Medidas para minimizar os problemas detectados - Estudo acompanhado/salas de estudo; - Actividades extra-curriculares e lúdicas; - Currículos alternativos, cursos de educação-formação; - Diálogo com os alunos; - Centros de apoio para alunos indisciplinados;
Relação das escolas com a família - Pais interessados e participativos nas escolas menos problemáticas; - Pais pouco interessados e desmotivados nas escolas mais problemáticas; - Dificuldades em contactar e motivar os pais;
Relação com outras instituições - Poder local (Juntas de Freguesia e Autarquia); - Universidade; - Instituições de Saúde (Centro de Saúde, Hospitais); - Instituições culturais; - Prática de cedência de instalações.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Na generalidade das entrevistas com as escolas, a desmotivação, o absentismo, o
abandono, o insucesso e a indisciplina são apontados como os principais problemas
dos alunos a nível escolar. Estes problemas não são vivenciados da mesma forma por
todas as escolas. No caso das escolas privadas foi muito enfatizada a questão dos
elevados níveis de ansiedade dos alunos. É sobretudo ao nível dos agrupamentos
verticais, mais especificamente daqueles que estão inseridos em zonas da cidade mais
problemáticas do ponto de vista social e que têm uma população escolar carenciada,
que estes problemas se revelam com maior acuidade. Relativamente aos casos de
absentismo e de abandono escolar, a reacção das escolas é remeter estas situações
para as Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) a quem compete o seu
CEP Capítulo V - 90
acompanhamento enquanto que relativamente ao problema do insucesso, algumas
escolas procuram desenvolver estratégias de apoio pedagógico aos alunos,
nomeadamente através da criação de salas de estudo com professores destacados
para o efeito. A promoção de cursos de educação-formação e de currículos
alternativos surge também como uma via de solução para determinadas situações de
rejeição dos programas curriculares estabelecidos. Trata-se de diversificar a oferta
formativa adaptando-a às necessidades específicas da população escolar. É ainda de
registar todo um trabalho que as escolas desenvolvem de lançamento de múltiplas
actividades extra-curriculares e lúdicas através das quais se procura implicar mais
activamente os jovens na vida escolar e fomentar o gosto pela escola e pela
aprendizagem.
Em termos gerais, poder-se-á afirmar, face às opiniões manifestadas nestas
entrevistas, que o nível de participação e envolvimento dos pais na vida escolar é mais
elevado na escola privada do que na pública. No entanto, ao nível do ensino público há
situações bem diferenciadas: escolas que têm uma comunidade de pais bastante
interessada e participativa e outras que lidam com uma percentagem significativa de
jovens provenientes de famílias desestruturadas e disfuncionais, com problemas de
pobreza e marginalidade e que tendem a não valorizar a importância e o papel da
escola na formação dos seus educandos. São famílias com as quais se torna difícil
contactar, que raramente comparecem na escola, nem quando convocadas, nem por
iniciativa própria.
Conhecida, em breves traços, a realidade da escola actual impunha-se perspectivar a
evolução desejada para que no futuro a escola seja uma referência pelos seus
elevados padrões de qualidade. Para o efeito, questionaram-se os órgãos de gestão
sobre as características fundamentais que as escolas deveriam patentear para serem
tidas como escolas de qualidade.
Tabela 5.33 - Principais características da escola do futuro
- Condições físicas (boas infra-estruturas e grande diversidade de recursos); - Autonomia a nível da gestão; - Estabilidade do corpo docente; - Maior aposta nas novas tecnologias (informática, vídeo,...); - Comunidade educativa activa; - Diversificação da oferta curricular (currículos adaptados às necessidades e interesses dos alunos); - Escola integrada na comunidade.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
As respostas dadas apontam para um espectro alargado de condições que terão de ser
cumpridas em simultâneo e que constam da tabela anterior.
Para além da importância atribuída às características físicas e aos recursos a
disponibilizar – escola com espaços de qualidade, bem conservada e bem dotada de
recursos diversificados -, foi muito valorizada a questão da gestão, isto é, da
necessidade de se reforçar a autonomia da escola ao nível da gestão, segundo duas
CEP Capítulo V - 91
perspectivas. Por um lado, a autonomia financeira do ponto de vista da maior
flexibilidade na gestão do orçamento atribuído à escola e, por outro lado, a autonomia
na afectação e gestão dos recursos humanos. Trata-se, na prática, de aproximar o
modelo de gestão da escola pública do modelo seguido no ensino privado, nestas duas
componentes.
Outra das dimensões referidas nestas entrevistas relaciona-se com a necessidade de
se aumentar a estabilidade do corpo docente34, o que facilitaria a consolidação de uma
cultura de escola e um melhor acompanhamento do percurso escolar dos alunos.
Um maior recurso à utilização das novas tecnologias de informação e comunicação e a
diversificação da oferta curricular que possa corresponder a diferentes perfis de
necessidades dos alunos são vistas como vias a explorar tendentes a fomentar o
interesse pela escola e, sobretudo, a curiosidade e o gosto pela aprendizagem.
Tabela 5.34 – Expectativas face à Carta Educativa e ao papel do município
Expectativas face à Carta Educativa - Identificar e medir os problemas com rigor; - Propostas e acções efectivas; - Fomento do trabalho em equipa, articular os parceiros adequados; - Enriquecimento e diversificação das oportunidades educativas;
Papel do município na educação - Coordenação, dinamização e divulgação de projectos; - Criação de protocolos e programas de ocupação de tempos livres; - Papel activo na manutenção/recuperação das instalações.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Relativamente à Carta Educativa, as expectativas centram-se em duas direcções.
Espera-se que da sua elaboração resulte, por um lado, um conhecimento rigoroso dos
problemas existentes que afectam a educação e o ensino e, por outro, a definição
concreta de medidas de política e de acções de melhoria. Espera-se ainda que a Carta
Educativa venha fomentar o trabalho de equipa, as parcerias e que favoreça o
aparecimento de novas oportunidades educativas.
Quanto ao papel do município na educação, espera-se sobretudo que desempenhe
uma função de coordenação, dinamização e divulgação de projectos, e que tenha uma
maior intervenção do ponto de vista da manutenção e recuperação das instalações e
do desenvolvimento de programas de ocupação de tempos livres.
3.3. Inquérito aos membros do Conselho Municipal de Educação
No processo de elaboração da Carta Educativa do Porto considerou-se essencial
garantir o envolvimento activo dos membros do Conselho Municipal de Educação
(CME) em todas as etapas deste projecto.
34 As entrevistas decorreram em 2005. As alterações entretanto introduzidas pelo Ministério de Educação nesta matéria apontam no sentido aqui expresso.
Numa primeira fase, procurou-se entender o posicionamento de cada um dos seus
membros relativamente a um conjunto de aspectos que, por um lado, caracterizam os
sistemas de educação e de formação e, por outro, marcam o contexto local, ou seja, a
realidade sócio-económica em que nos situamos. Para este efeito, elaborou-se um
questionário com base nas principais conclusões do diagnóstico e da avaliação que se
tinham desenvolvido, segundo a lógica de uma análise SWOT35. Quer isto significar
que foi construída uma matriz identificando os aspectos que, na óptica do grupo de
trabalho da CEP, constituíam as potencialidades (ou pontos fortes), fragilidades
(ou pontos fracos), oportunidades e ameaças respeitantes, quer às questões
urbanas relevantes para este projecto, quer aos sistemas de educação e de formação.
O exercício, que decorreu em finais de 2004, consistia na indicação por parte dos
elementos do CME do seu grau de concordância ou discordância36 com cada uma das
afirmações classificadas nas quatro categorias anteriores. Estas afirmações
respeitavam a matéria de facto ou a matéria de opinião. As potencialidades e as
fragilidades referiam-se a atributos existentes, ou seja, à situação actual da cidade do
Porto e do sistema de educação, enquanto as oportunidades e as ameaças se referiam
essencialmente a factores potenciais ou a tendências emergentes. Deixaram-se ainda
campos em aberto, para que pudessem ser feitos comentários adicionais com vista ao
enriquecimento da reflexão.
Tabela 5.35 - Inquérito ao Conselho Municipal de Educação: apreciação global do inquérito
Legenda: ☺ Boa Razoável Má / Tendência positiva Tendência negativa
Relação Pontos Fortes/ Pontos fracos
Relação Oportunidades/ Ameaças
Dimensões Temas N.º de Pontos Fortes
N.º de Pontos fracos
Apreciação global
N.º de Oportuni-
dades
N.º de Ameaça
s Apreciação
global
Demografia 2 3 1 3
Economia 8 8 4 5
Território 4 4 4 2 Dotação em equipamentos/serviços 7 6 ☺ 4 0
EIXO 1
Sociedade 1 4 2 4
Educação 9 10 8 3
Ensino Superior e I&D 4 4 2 1 EIXO 2
Formação 1 2 2 0
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
CEP Capítulo V - 92
35 A análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities, threats) é um instrumento de apoio ao diagnóstico estratégico e à tomada de decisão. 36 Para expressar o grau de concordância relativamente a cada afirmação utilizou-se uma escala de 1 a 5, em que 1 representava a discordância total e 5 a concordância total.
CEP Capítulo V - 93
A tabela anterior enumera, para cada um dos temas considerados nos dois eixos
relativos às questões urbanas e aos sistemas de educação e de formação, os aspectos
que foram considerados como potencialidades, fragilidades, oportunidades e ameaças.
A análise das 16 respostas obtidas com este processo de auscultação permitiu
identificar as questões em que a convergência de opiniões era maior, quer em termos
de concordância ou de discordância, e aquelas outras onde havia maior divergência.
No que concerne ao Eixo 1, a análise efectuada permitiu constatar que há, sobretudo,
uma maior concordância ao nível das fragilidades (foram salientados seis aspectos
distribuídos pelos temas da Demografia, Território e Sociedade) e das ameaças (foram
salientados dois aspectos distribuídos pelos temas da Economia e do Território). O
envelhecimento crescente da população, a saída de famílias da classe média, a
desqualificação dos espaços residenciais nos bairros sociais e a persistência de
fenómenos extremos de exclusão social constituíram alguns dos pontos fracos sobre
os quais houve unanimidade de opiniões. O contínuo desajustamento entre a oferta e
a procura de qualificações profissionais e a perda da função residencial, em particular
na Baixa, são as tendências que representam as ameaças sobre as quais não houve
opiniões dissonantes. As questões que motivaram opiniões divergentes incidem,
sobretudo, ao nível das oportunidades (três aspectos distribuídos pelos temas da
Economia e Dotação em equipamentos e serviços). Houve vozes discordantes quanto
à possibilidade de se considerarem como oportunidades a potenciar quer a
revitalização da Baixa, quer o aproveitamento dos conhecimentos adquiridos de forma
empírica por parte dos activos sem qualificação académica média ou superior, quer
ainda o papel chave da Casa da Música na formação artística e na promoção cultural.
O Eixo 2, referente à educação, ao ensino superior e à formação, foi alvo de uma
análise mais detalhada.
No que diz respeito aos pontos fortes a concordância manifestou-se sobretudo nas
questões relativas ao ensino superior: a importância da Universidade do Porto
reflectida na procura que tem registado, o crescimento da população escolar a nível do
ensino superior e a presença de centros de I&D reconhecidos internacionalmente
foram vistos por todos como vantagens competitivas de que o Porto dispõe.
Já a capacidade excedentária de salas de aula face à procura existente, a nível do
ensino secundário, não foi considerado unanimemente como um ponto forte a explorar
tendo motivado apreciações bem distintas.
Ao nível dos pontos fracos a concordância plena incidiu sobre duas dimensões: a
carência de infra estruturação, nomeadamente ao nível do desporto, das novas TIC e
de bibliotecas, nas EB1, e a reduzida procura de formação ao «longo da vida». Os
outros aspectos considerados fragilidades do sistema educativo e que obtiveram um
CEP Capítulo V - 94
elevado grau de concordância do CME foram as elevadas taxas de abandono e de
saída do sistema formal de ensino, a insuficiência dos serviços de psicologia e
orientação vocacional existentes nas escolas e as elevadas taxas de retenção no
ensino público.
As questões do baixo rácio aluno/professor, sobretudo no ensino público, e a
excessiva proliferação de estruturas de ligação Universidade/Empresas, de reduzida
dimensão, que também foram classificadas como fragilidades do sistema educativo e
do ensino superior, respectivamente, não colheram a unanimidade de posições. Ou
seja, houve membros do CME que não as consideraram pontos fracos. Em particular, o
baixo rácio aluno/professor foi por alguns visto como um elemento positivo dada
favorecer um acompanhamento mais próximo do aluno.
A elaboração da CEP, entendida como um instrumento de melhoria do funcionamento
do sistema educativo local, foi vista por todos como uma oportunidade a explorar.
Da mesma forma houve um elevado grau de concordância quanto ao facto de
constituir uma ameaça a perda de confiança dos jovens nos benefícios da educação
de nível secundário, quando é fundamental garantir o aumento significativo da
proporção de estudantes que continuem os estudos para além da escolaridade
obrigatória.
Para complementar a informação obtida por via do inquérito, realizaram-se também
reuniões de trabalho individuais com os membros do CME.
As reuniões foram conduzidas tendo por base um conjunto de 5 grandes temáticas a
debater:
As principais discordâncias manifestadas relativamente à avaliação feita sobre a
evolução urbana e sobre o sistema de ensino;
O sistema de educação (seus problemas, aspectos positivos, grau de abertura à
sociedade e à cidade, interacção escola/família/outros e principais desafios que se
colocam à escola do futuro);
O sistema de formação profissional (para além da identificação dos seus problemas
e dos aspectos positivos, a questão da formação ao longo da vida e o papel da
escola);
As expectativas face à Carta Educativa (recomendações, propostas e contributos
considerados relevantes);
A estratégia conducente à afirmação do Porto como cidade educadora.
Os contributos recolhidos permitiram enriquecer o diagnóstico e, sobretudo, preparar
a discussão sobre as linhas de força de uma política local de educação e sobre as
acções concretas a inscrever na estratégia de intervenção a assumir no âmbito da
CEP Capítulo V - 95
CEP. As principais propostas defendidas encontram-se sistematizadas na tabela
seguinte:
Tabela 5.36 - Contributos das reuniões com os membros do CME - Síntese de Ideias
Aumentar e melhorar a qualidade das actividades extra-curriculares;
.º ciclo; Detectar precocemente situações anómalas nas crianças do 1
Elaborar projectos educativos adequados às comunidades;
Incrementar a atractividade da escola;
Apostar nos cursos tecnológicos para o 3º ciclo;
Criar programas dirigidos aos pais (de promoção de auto-estima, de consciencialização sobre comportamentos violentos/agressivos, de reforço da motivação);
Melhorar a articulação do IEFP com as instituições que acolhem os jovens dos cursos de formação profissional;
Implementar diplomas de nível de ensino e quadros de honra nas escolas;
Alargar os horários de funcionamento do ensino pré-escolar público;
Alargar o apoio do pré-escolar à rede social;
Fomentar a obrigatoriedade de frequência do pré-escolar, o mais tardar, a partir dos 5 anos.
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Destaca-se, claramente, a importância atribuída à necessidade da escola se tornar
mais atractiva através da diversificação das ofertas educativas qualificantes, do
desenvolvimento de projectos educativos adequados à realidade social, e do reforço
das actividades extra-curriculares. Um outro aspecto a realçar é a necessidade de se
envolverem activamente os pais, nomeadamente através da criação de programas
direccionados para os mesmos, como parte da solução para se combater o abandono e
as saídas antecipadas do sistema de ensino.
3.4. O Inquérito on-line
A par da auscultação directa dos principais agentes educativos, considerou-se
oportuno incentivar a participação da comunidade em geral, pelo que se abriu a
possibilidade dos cidadãos interessados se pronunciarem, a título individual, sobre a
realidade educativa.
Para o efeito lançou-se um inquérito on-line na página de Internet do município do
Porto que esteve disponível durante os primeiros meses de 2005, tendo-se obtido 76
respostas.
Refira-se que ao longo de todo o processo houve a preocupação de se disponibilizar
informação sobre o andamento dos trabalhos, quer através do sítio da CMP, quer
divulgando as actividades desenvolvidas junto da comunicação social, de forma a
manter a população informada acerca deste projecto.
O inquérito on-line foi acompanhado pela divulgação de uma série de elementos de
caracterização das dinâmicas urbanas relevantes e, em particular, do sistema
CEP Capítulo V - 96
educativo, de modo a habilitar os interessados neste processo com a informação útil
para uma participação mais rica.
O questionário continha 30 afirmações organizadas de acordo com a metodologia
SWOT, isto é, afirmações que representavam os Pontos Fortes, Pontos Fracos,
Oportunidades e Ameaças relativos ao sistema educativo, sobre as quais se inquiria a
opinião de cada participante em termos da sua concordância ou discordância37.
O quadro seguinte apresenta todas as questões que fizeram parte do questionário on-
line, devidamente organizadas nas quatro tabelas referidas. Para cada questão indica-
se a pontuação média obtida bem como as frequências absolutas associadas a cada
possibilidade de resposta e, finalmente, o número de respostas recebidas.
Tabela 5.37 - Pontos Fortes
Descrição
Pont
uaçã
o m
édia
Cont
agen
s -
1
Cont
agen
s -
2
Cont
agen
s -
3
Cont
agen
s -
4
Nº
de r
espo
stas
Existência de uma rede de escolas públicas do 1º ciclo do ensino básico em boas condições
3,1 2 21 20 33 76
Forte capacidade atractiva do ensino secundário sobre os residentes nos concelhos vizinhos
2,9 2 22 31 19 74
Estabelecimentos de ensino com capacidade de recepção de alunos superior à procura
2,9 1 20 40 12 73
Importância crescente da procura do ensino particular na cidade do Porto
2,7 4 28 29 14 75
Oferta crescente de actividades educativas no âmbito da intervenção autárquica
2,9 3 17 41 14 75
Elevada oferta de cursos de formação profissional 2,9 3 17 41 14 75 Forte concentração de estabelecimentos do ensino superior com oferta diversificada de cursos
2,9 3 17 41 14 75
Oferta de equipamentos de qualidade e pedagogicamente atractivos: Planetário, Biblioteca Almeida Garrett, Parque da Cidade...
2,9 3 17 41 14 75
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Tabela 5.38 - Pontos Fracos
Descrição
Pontu
ação
méd
ia
Conta
gen
s -
1
Conta
gen
s -
2
Conta
gen
s -
3
Conta
gen
s -
4
Nº
de r
espo
stas
Número reduzido de crianças dos 3 aos 5 anos que frequentam o ensino pré-escolar
3,1 1 13 37 24 75
Elevadas taxas de retenção no sistema público em todos os níveis de ensino
2,8 0 26 39 11 76
Elevadas taxas de abandono e saída do sistema de ensino 3,4 0 5 34 37 76
Elevadas diferenças entre as freguesias do Porto no que diz respeito ao rendimento escolar
3,1 1 13 39 23 76
Elevada rotatividade dos docentes nas escolas públicas 3,4 2 6 26 41 75
37 A apreciação deveria ser expressa numa escala de 1 a 4, cujos valores tinham o seguinte significado: 1 - discordo totalmente; 2 – discordo; 3 – concordo; 4 - concordo totalmente.
CEP Capítulo V - 97
Carência de infra-estruturas, nomeadamente ao nível do desporto, das novas Tecnologias de Informação e Comunicação e de bibliotecas nas Escolas Básicas do 1º ciclo
3,4 0 8 26 42 76
Insegurança nas escolas e nas ruas da cidade 3,3 0 11 30 35 76
Desarticulação do sistema de formação profissional face às necessidades do mercado de trabalho
3,5 0 5 26 45 76
Reduzida procura de formação "ao longo da vida" 3,5 0 4 33 39 76 Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Tabela 5.39 - Oportunidades
Descrição
Pon
tuaç
ão m
édia
Con
tage
ns -
1
Con
tage
ns -
2
Con
tage
ns -
3
Con
tage
ns -
4
Nº
de r
espo
stas
Introdução da obrigatoriedade da língua inglesa no currículo do 1º ciclo do ensino básico
3,2 3 10 33 29 75
Recurso às novas Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas pedagógicas nas escolas públicas do 1º ciclo do ensino básico
3,4 0 4 36 36 76
Introdução de cursos profissionais em escolas públicas 3,5 2 3 27 44 76
Introdução da escolaridade obrigatória de 12 anos 3,0 1 20 33 21 75
Criação dos agrupamentos verticais de escolas com vista à melhoria da integração dos projectos educativos dos vários níveis de ensino
2,9 2 14 46 14 76
Concretização de uma efectiva autonomia de gestão das escolas públicas 3,4 0 4 37 32 73
Maior abertura e participação da sociedade no combate ao abandono e insucesso escolares
3,6 0 0 30 44 74
Melhoria da articulação entre o sistema regular de ensino e o sistema de formação profissional
3,6 0 2 28 43 73
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Tabela 5.40 - Ameaças
Descrição
Po
ntua
ção
méd
ia
Co
ntag
ens
- 1
Co
ntag
ens
- 2
Co
ntag
ens
- 3
Co
ntag
ens
- 4
N
º de
res
post
as
Perda progressiva de alunos na sequência da saída de famílias da cidade 2,8 2 22 34 15 73
Manutenção dos resultados escolares em níveis muito baixos, comconsequentes implicações a prazo em termos de qualificação dapopulação
3,3 0 8 40 27 75
Perda de confiança por parte dos jovens associada a um sentimentogeneralizado de diminuição dos benefícios da educação secundária
3,1 1 10 44 21 76
Aumento do consumo de substâncias nocivas pela população em idadeescolar
3,1 1 13 37 24 75
Perda de identidade da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do EnsinoBásico e sua crescente menorização face aos outros níveis de ensino
2,8 5 24 26 19 74
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Os resultados foram trabalhados segundo duas perspectivas. Por um lado, efectuou-se
uma breve caracterização sócio-demográfica dos participantes. Por outro lado,
efectuou-se uma análise do inquérito evidenciando-se as questões que mereceram
maior e menor pontuação. Esta análise incidiu ainda sobre o grau de variabilidade das
respostas, isto é, procurou-se destacar as questões tidas como consensuais e, pelo
contrário, aquelas que motivaram opiniões mais contrastadas. Procurou-se ainda,
CEP Capítulo V - 98
relativamente a este segundo ponto, efectuar alguns cruzamentos entre as respostas
e o perfil dos participantes no intuito de detectar eventuais particularidades a
salientar.
Como foi referido anteriormente, houve 76 participantes, dos quais 62%
correspondem ao género feminino e 38% ao masculino. Quanto à origem geográfica,
70% dos participantes residiam no concelho do Porto e 29% noutros concelhos da
AMP. Para os residentes na cidade colocava-se também a questão da freguesia de
residência: os valores mais representativos encontram-se em duas freguesias centrais
– Bonfim e Cedofeita – e em duas freguesias da periferia da cidade – Campanhã e
Ramalde.
Quanto ao nível de escolaridade dos participantes, salienta-se a forte presença de
qualificações académicas de nível superior, representando 79% do total. Os graus de
escolaridade mais baixos praticamente não têm expressão. Estes níveis de
escolaridade elevados permitem explicar a distribuição dos participantes por
profissões. Assim, 72% dos participantes pertencem ao grupo profissional dos
Especialistas das profissões intelectuais e científicas e 9% ao grupo dos Quadros
superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresas.
Quanto às idades, os participantes no inquérito on-line são relativamente jovens,
havendo um claro predomínio do grupo etário entre os 31-40 anos, que corresponde a
41% do total. Este grupo é seguido pelo dos 41-50 anos, com 28%, sendo ambos os
grupos etários os mais representativos dos indivíduos com filhos.
A maior parte dos participantes, concretamente 76% do total, tinha filhos que, em
83% dos casos, estavam em idade escolar. No total estamos a falar de 83 crianças e
jovens relativamente aos quais se colocava uma série de questões, nomeadamente, o
ano de escolaridade que frequentavam, o tipo de ensino e o local de estudo. Os dados
seguintes representam a distribuição destas crianças e jovens pelas diversas variáveis,
o que se torna útil para se enquadrar o posicionamento dos pais relativamente às
questões levantadas no inquérito. Em termos de ciclo e ano de escolaridade, sobressai
claramente o pré-escolar com 40 registos que correspondem a 48% dos casos. Segue-
se o 1º ciclo, com 17 registos (21%) e os restantes ciclos têm uma posição
semelhante entre si. Quanto às outras duas variáveis, tipo de ensino e local de estudo,
constata-se uma presença mais acentuada, por um lado, do ensino público que é
procurado por 78% das crianças e dos jovens em idade escolar, e, por outro, do
concelho do Porto com 90% deste total (apesar de 30% dos participantes residirem
fora da cidade).
Quanto às respostas, privilegiar-se-á uma leitura global dos resultados obtidos já que
os cruzamentos com as variáveis de natureza sócio-demográfica não revelaram
discrepâncias significativas.
CEP Capítulo V - 99
De seguida apresentam-se, para cada uma das dimensões, as questões que tiveram
as médias mais e menos elevadas. No caso das questões com as médias menos
elevadas é importante referir que, mesmo nestas, houve um claro predomínio de
respostas manifestando concordância com as afirmações feitas.
Tabela 5.41 - Questões com as médias mais elevadas
Pontos Fortes Existência de uma rede de escolas públicas do 1º ciclo do ensino básico em boas condições 3,11
Pontos Fracos Desarticulação do sistema de formação profissional face às necessidades do mercado de trabalho 3,53
Reduzida procura de formação "ao longo da vida" 3,46
Oportunidades Maior abertura e participação da sociedade no combate ao abandono e insucesso escolares 3,59
Melhoria da articulação entre o sistema regular de ensino e o sistema de formação profissional 3,56
Ameaças Manutenção dos resultados escolares em níveis muito baixos, com consequentes implicações aprazo em termos de qualificação da população
3,25
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
Tabela 5.42 - Questões com as médias menos elevadas
Pontos Fortes Importância crescente da procura do ensino particular na cidade do Porto 2,71
Pontos Fracos Elevadas taxas de retenção no sistema público em todos os níveis de ensino 2,80
Oportunidades Criação dos agrupamentos verticais de escolas com vista à melhoria da integração dos projectoseducativos dos vários níveis de ensino
2,95
Introdução da escolaridade obrigatória de 12 anos 2,99
Ameaças Perda de identidade da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico e sua crescentemenorização face aos outros níveis de ensino
2,80
Fonte: CMP-GTCEP, 2005
As afirmações apresentadas como potencialidades do sistema educativo foram as que
obtiveram menor pontuação, ou seja, menor adesão por parte dos participantes no
inquérito. É de salientar unicamente o reconhecimento das boas condições da rede
escolar pública do 1º ciclo como o ponto forte do sistema educativo que foi mais
pontuado. No entanto, este aspecto foi também o que provocou maior divergência de
opiniões. Por outro lado, a importância crescente da procura do ensino particular como
um trunfo a valorizar foi a afirmação que motivou maior discordância: 32 dos 75
participantes não concordaram com esta asserção.
Já relativamente aos pontos fracos do sistema educativo houve grande concordância
com os aspectos apresentados. Sobressaem como principais fragilidades quer a
desarticulação do sistema de formação profissional em relação às necessidades do
mercado de trabalho quer a reduzida procura de formação “ao longo da vida”. As
CEP Capítulo V - 100
saídas antecipadas do sistema de ensino e a elevada rotatividade dos docentes nas
escolas públicas são também percepcionados como problemas que afectam a
educação e o ensino. A retenção na escola pública que atinge valores significativos em
todos os níveis de ensino não foi vista por 26 dos participantes neste inquérito como
uma questão problemática.
É também de registar que houve uma grande aceitação dos aspectos que foram
identificados como oportunidades a explorar com vista à melhoria da qualidade e da
eficácia dos sistemas de educação e de formação. Foi, aliás, neste item que se
registou o maior nível de concordância. Em primeiro lugar, sobressaem duas questões
que se prendem com o reconhecimento, por um lado, da maior abertura e participação
da sociedade no combate ao abandono e ao insucesso escolar (única questão das 30
apresentadas que mereceu a concordância de todas as pessoas que se pronunciaram)
e, por outro, da melhor articulação entre o sistema regular de ensino e o sistema de
formação profissional, que deverão constituir vias de solução a potenciar. A introdução
de cursos profissionais nas escolas públicas, a concretização de uma efectiva
autonomia de gestão das escolas públicas e ainda o recurso às NTIC como
ferramentas pedagógicas foram ainda aspectos bastante valorizados. Por outro lado,
refira-se que a introdução da escolaridade obrigatória de 12 anos como um factor de
promoção da melhoria dos níveis de instrução da população jovem não é consensual,
tendo motivado 21 respostas discordantes. No entanto, esta questão terá de ser vista
em ligação estreita com a importância atribuída ao reforço do ensino profissional, ou
seja, o prolongamento da escolaridade obrigatória terá de ser encarado a par da
necessária diversificação das ofertas educativas de natureza profissionalizante. A
criação dos agrupamentos verticais de escolas também levantou reservas, com 16
participantes a discordarem do seu impacto na melhoria da integração dos projectos
educativos dos vários níveis de ensino.
Por fim, constitui motivo de preocupação a persistência de maus resultados escolares
pelas dificuldades acrescidas que levanta quanto à prossecução do objectivo de
melhoria da qualificação da população. A perda de identidade da educação pré-escolar
e do 1º ciclo do ensino básico foi o aspecto menos pontuado de entre as ameaças com
que se defronta a educação e o ensino, e igualmente, uma das questões com opiniões
mais contrastadas.
CEP Capítulo V - 101
4. A política municipal de educação
A Câmara Municipal do Porto desenvolve actividades em matéria de educação
decorrentes das suas atribuições legais e, simultaneamente, promove e apoia acções
inovadoras em termos de conteúdos e metodologias, através das quais pretende
incentivar a participação activa, não só da comunidade educativa, mas da comunidade
em geral.
Estão inscritas como matérias principais, na esfera da competência dos municípios na
área da educação, a acção social escolar; a participação no planeamento e gestão dos
equipamentos educativos; a realização de investimentos nos domínios da construção,
apetrechamento e manutenção dos estabelecimentos de educação pré-escolar e das
escolas do ensino básico; a elaboração da carta escolar (designada actualmente por
Carta Educativa), a criação dos Concelhos Locais de Educação (actualmente
designados Concelhos Municipais de Educação); o apoio e desenvolvimento de
actividades complementares da acção educativa.
Compete ao Departamento Municipal de Educação e Juventude (DMEJ) assegurar a
implementação da política municipal de educação no cumprimento do quadro legal em
vigor e em conformidade com as orientações do Executivo municipal.
O DMEJ foi formalmente constituído no ano de 2003 estando-lhe cometidas as
seguintes funções:
Apoiar a actividade educativa.
Prestar apoio ao Conselho Municipal de Educação.
Elaborar a carta educativa.
Promover políticas de apoio à juventude.
Administrar os edifícios, equipamentos e materiais escolares.
Desenvolver e apoiar programas de formação de âmbito infantil e juvenil.
Assegurar os serviços de acção social e de gestão dos refeitórios escolares.
Assegurar a colaboração com os centros de educação pré-escolar.
Em 2006, o DMEJ é reestruturado passando a integrar duas unidades orgânicas, a
Divisão Municipal de Educação e a Divisão Municipal para a Promoção da Infância e da
Juventude, cujos conteúdos funcionais são apresentados em anexo (Tabela 9.5).
A actividade do DMEJ rege-se por um referencial estratégico que define a visão, a
missão e os objectivos estratégicos a prosseguir na sua acção concreta (ver anexo,
tabela 9.6). A actuação do DMEJ, para além de assegurar o cumprimento das
atribuições legais, caracteriza-se também pelo desenvolvimento de um conjunto de
outras iniciativas de âmbito educativo, materializadas num projecto educativo que
incorpora acções no domínio do planeamento e gestão escolar e no domínio da
promoção da Infância e Juventude.
CEP Capítulo V - 102
4.1. Planeamento e Gestão Escolar
Ao nível do Planeamento e Gestão Escolar, enquadram-se as seguintes áreas de
actuação:
A acção social escolar;
A administração dos edifícios escolares do 1º ciclo do ensino básico, jardins-de-infância
e parques infantis municipais;
O apetrechamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do 1º ciclo da rede
pública;
A gestão do parque informático das escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância;
A implementação e coordenação das actividades de enriquecimento curricular (AEC);
A administração da componente de apoio à família nos jardins-de-infância da rede
pública;
A programação de transportes para apoio a visitas de estudo dos jardins-de-infância e
escolas do 1º ciclo da rede pública;
A administração dos recintos infantis municipais.
4.1.1. Acção Social Escolar
De acordo com o princípio da igualdade de oportunidades quanto ao acesso escolar e
tendo em conta a necessidade de implementação de medidas compensatórias para o
efeito, o Município assume as suas competências em matéria de acção social escolar
actuando ao nível dos auxílios económicos e da gestão dos refeitórios, conhecida a
realidade e as necessidades da população alvo.
No que diz respeito aos auxílios económicos, entendidos como os subsídios destinados
a comparticipar nas despesas escolares do aluno inerentes à frequência das aulas, o
Município procede à comparticipação nos custos, designadamente de aquisição de
livros e material escolar, e garante a gratuitidade das refeições ou 50% do custo das
mesmas às crianças que frequentam as EB1 e JI do concelho e que tenham direito a
beneficiarem deste apoio.
Este apoio é dirigido aos alunos inseridos em agregados familiares cuja situação
socioeconómica determine a necessidade de comparticipação nas despesas escolares e
de alimentação.
Há dois escalões de subsídios, em função do rendimento do agregado familiar, a que
correspondem os seguintes apoios:
Escalão A – 40,00€ para aquisição de livros e material escolar e acesso gratuito às
refeições escolares.
CEP Capítulo V - 103
Escalão B – 28,50€ para aquisição de livros e material escolar e comparticipação de
50% no custo das refeições escolares.
Os alunos abrangidos nos últimos anos lectivos e as verbas atribuídas através do
subsídio de acção social escolar, exclusivamente no que se refere ao apoio financeiro
na aquisição de livros e material escolar, constam da tabela seguinte.
Tabela 5.43 – Verbas atribuídas aos alunos por escalões
Alunos abrangidos Ano Lectivo Escalão A Escalão B Total
Montante total atribuído (€)
2003/2004 4.079 386 4.465 174.161,0 2004/2005 3.917 414 4.331 168.479,0 2005/2006 3.762 373 4.135 161.110,5 2006/2007 3.561 392 3.953 153.635,0
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
Face a estes dados, conclui-se que cerca de 35% das crianças que frequentam o pré-
escolar e o 1º CEB da rede pública beneficiam deste auxílio económico, a maior parte
das quais no escalão A. Registe-se ainda a redução de 11% do número de alunos
abrangidos nestes últimos 4 anos.
A gestão dos refeitórios engloba a componente material e física relacionada com o
espaço, o equipamento e o apetrechamento dos refeitórios escolares; a componente
nutricional relacionada com a qualidade das refeições fornecidas aos alunos e a
componente sócio-económica relacionada com o acesso às refeições e respectivo custo.
O financiamento das refeições escolares foi da exclusiva responsabilidade dos
Municípios até finais de 2005. A partir desta data e com o Programa Nacional de
Generalização do Fornecimento de Refeições Escolares aos Alunos do 1º Ciclo do
Ensino Básico, a Administração Central passou a comparticipar esta despesa.
São objectivos do Município do Porto, em matéria do fornecimento de refeições:
Garantir o fornecimento das refeições escolares a todas as crianças do primeiro
ciclo do ensino básico e dos jardins-de-infância da rede pública da cidade do Porto;
Elevar a qualidade dos serviços na área da alimentação/nutrição prestados a estas
crianças;
Contribuir, por esta via, para o sucesso escolar dos alunos do 1º ciclo do ensino
básico.
Para este efeito, o Município do Porto procedeu ao apetrechamento das EB1 e dos JI,
da rede pública da cidade, com os equipamentos e materiais indispensáveis ao bom
funcionamento das cantinas.
CEP Capítulo V - 104
O fornecimento das refeições está a cargo de uma empresa externa, a quem foi
adjudicada a prestação deste serviço.
Sendo a qualidade alimentar das refeições uma preocupação do Município, foi
celebrado, em Maio de 2003, um Protocolo de Colaboração com a Universidade do
Porto – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, com a finalidade de se
garantir um acompanhamento diário do serviço de fornecimento de refeições nas
escolas, bem como a avaliação da sua qualidade nutricional e a monitorização da
qualidade dos serviços prestados pela empresa fornecedora.
Actualmente são fornecidas refeições em quarenta e seis escolas do 1º ciclo do ensino
básico e nos cinquenta e três jardins-de-infância da rede pública.
Somente em quatro das nove escolas não abrangidas não há condições físicas para se
instalar uma cantina ou refeitório. Nas restantes, os alunos frequentam ATL na
proximidade da escola, que asseguram o fornecimento das refeições.
Em 2005 foram fornecidas, nas escolas e jardins-de-infância do Concelho, 622.085
refeições e no primeiro semestre de 2006 já se atingiram as 452.923 refeições.
4.1.2. Administração dos edifícios escolares do 1º ciclo do ensino básico, jardins-
de-infância e parques infantis municipais
Com o objectivo de garantir as condições físicas, de acessibilidade e segurança aos
edifícios escolares do 1º ciclo do ensino básico, aos jardins-de-infância da rede pública e
aos parques infantis municipais, o Município desenvolve através do DMEJ e em
articulação estreita com a Empresa Municipal Domus Social as seguintes acções:
Identificação periódica dos equipamentos educativos prioritários para obras de
requalificação (edifícios e recreios escolares);
Articulação permanente entre os diversos estabelecimentos de ensino e a Empresa
Municipal no sentido de garantir a manutenção dos equipamentos;
Identificação de barreiras arquitectónicas a eliminar;
Implementação de Planos de Emergência; realização de simulacros nas EB1 e JI, e
colocação de alarmes.
4.1.3. Apetrechamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do 1º
ciclo da rede pública
Tendo em vista o indispensável apetrechamento das escolas do 1º ciclo do ensino
básico e dos jardins-de-infância com os materiais e equipamentos necessários à
prossecução dos seus objectivos o Município garante a aquisição de mobiliário e de
materiais de educação, cultura, recreio, bem como procede à transferência de verbas
para a compra de consumíveis e de material de desgaste e para a realização de
CEP Capítulo V - 105
pequenas reparações, mediante o estabelecimento de acordos de parceria com os
Agrupamentos Verticais de Escolas.
De salientar que, no âmbito de uma candidatura ao PRODEP III, as EB1 foram
contempladas nos 2 últimos anos com computadores, impressoras e software
educativo, num total de 449 computadores e 58 impressoras.
Encontra-se em fase de conclusão a instalação de equipamento informático nos
Jardins-de-infância.
4.1.4. Gestão do parque informático das escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância
Com o objectivo de promover a divulgação e a correcta utilização das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) e, simultaneamente, garantir a manutenção do
equipamento informático dos estabelecimentos de ensino, actualmente composto por
758 computadores e 205 impressoras, o DMEJ disponibiliza uma equipa técnica
especializada.
Esta equipa participou no projecto Migração para a Banda Larga, processo já
concluído, que permitiu às escolas adquirirem melhores condições na área das
comunicações, nomeadamente, uma maior rapidez de acesso à Internet.
4.1.5. Actividades de Enriquecimento Curricular
Estão a ser desenvolvidas diversas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC)
nas escolas do 1º ciclo da rede pública, que asseguram a ocupação do tempo pós -
lectivo de forma pedagogicamente rica e que constituem um complemento às
aprendizagens curriculares.
Pretende-se desta forma implementar o conceito de “escola a tempo inteiro”,
garantindo maior compatibilidade dos horários dos estabelecimentos do 1º ciclo do
ensino básico público com as necessidades das famílias, a exemplo do que ocorre no
ensino particular.
Decorrente da Lei, no plano de actividades de enriquecimento curricular está
obrigatoriamente incluída a aprendizagem da língua Inglesa (para os alunos dos
3.º e 4.º anos) e o apoio ao estudo, sendo que as restantes actividades
implementadas pelo Município abrangem:
Expressão musical;
Actividade física e desportiva (incluem-se aqui o xadrez e a natação para o 3º
e 4º anos);
Expressão artística.
CEP Capítulo V - 106
As actividades, previamente definidas com os Agrupamentos Verticais de Escolas, são
desenvolvidas por entidades externas, com quem o DMEJ estabeleceu parcerias, a
saber:
Porto Lazer, EM - Actividade física e desportiva;
Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Departamento de Estudos
Anglo Americanos – Inglês;
Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo – Expressão artística e
plástica;
Associação de Coro Gregoriano de Penafiel – Expressão musical.
Atendendo à limitação de espaços em algumas escolas e tendo presente que a oferta
de actividades deveria abranger todo o universo escolar, foram criadas estratégias
alternativas entre as quais a colocação de 9 soluções pré-fabricadas para sala de aula
em 8 escolas e a negociação de espaços/instalações em Instituições e em edifícios
municipais próximos das mesmas.
No presente ano lectivo as Actividades de Enriquecimento Curricular abrangeram
6.226 alunos, o que corresponde a 68% dos alunos que frequentam a escola pública a
nível do 1º CEB. A sua distribuição pelas diferentes actividades é apresentada na
tabela seguinte.
Tabela 5.44 – Distribuição do n.º de alunos por anos e por áreas de enriquecimento curricular
Número de alunos Área de Enriquecimento curricular
1º ano 2º ano 3º ano 4º ano Total de alunos
Ensino de Inglês 236 253 1.625 1.836 3.950Ensino de Música 1.061 1.073 1.173 1.293 4.600Actividade física e desportiva 1.102 1.111 1.429 1.562 5.204Artes plásticas 563 481 104 141 1.289Expressão dramática 288 323 104 141 856Outra 415 391 230 283 1.319Apoio ao Estudo 1.346 1.419 1.625 1.836 6.226Total de alunos a frequentar o 1.º CEB na rede pública 2.216 2.370 2.264 2.304 9.154
Fonte: ME/GAEC e CMP/DMEJ, 2006
Registe-se que 72 e 80% dos alunos dos 3 e 4º anos de escolaridade,
respectivamente, aderiram a este programa encontrando-se a frequentar aulas de
inglês e a beneficiar de apoio ao estudo. A actividade física e o ensino da música são
as áreas opcionais mais procuradas no conjunto das actividades ministradas no 1º
CEB.
4.1.6. Administração da componente de apoio à família nos jardins-de-infância
da rede pública
Com vista a garantir o apoio às famílias, previsto na Lei-quadro da Educação Pré-
escolar e no Protocolo de Cooperação celebrado, em 1998, entre os Ministérios da
CEP Capítulo V - 107
Educação, do Trabalho e Solidariedade e a Associação Nacional de Municípios
Portugueses, foi estabelecido um Acordo entre a Direcção Regional de Educação do
Norte (DREN), o Centro Regional de Segurança Social do Norte e a Câmara Municipal
do Porto, em que o Município se responsabiliza por prestar um serviço vocacionado
para o atendimento à criança no prolongamento do horário lectivo.
Neste sentido, são proporcionadas às crianças actividades de carácter lúdico, de
grande grupo, por pessoal não docente coordenado pelo DMEJ. A supervisão técnica é
da responsabilidade dos Agrupamentos. A iniciativa abrange cerca de 1.600 crianças e
113 colaboradores.
4.1.7. Transporte para apoio a visitas de estudo dos jardins-de-infância e das
escolas do 1º ciclo da rede pública
Anualmente é definido um calendário de cedência de transporte às escolas do 1º ciclo
do ensino básico e jardins-de-infância da rede pública, para visitas de estudos. São
garantidas 420 viagens, por ano lectivo, abrangendo cerca de 1.900 crianças
mensalmente.
4.1.8. Administração dos recintos infantis municipais
A Câmara Municipal do Porto detém três Parques infantis (Amial, Azenha e
Fontainhas) dinamizados por Assistentes e Auxiliares de Acção Educativa, cuja
actividade decorre sob a coordenação do DMEJ.
Para além de se disponibilizarem à população infantil e suas famílias espaços de lazer e
recreio, são desenvolvidas actividades lúdico-pedagógicas, em parceria com as
instituições locais, direccionadas para as crianças, os jovens e suas famílias, com vista a
uma saudável ocupação dos tempos livres.
Em 2005 as actividades desenvolvidas abrangeram cerca de 20.000 crianças e jovens.
A conservação e manutenção destes recintos é feita em articulação com a Empresa
Municipal Domus Social.
4.2. Promoção da Infância e da Juventude
Ao nível da promoção da infância e da juventude, o DMEJ assume como principais
responsabilidades o desenvolvimento dos Projectos “Porto de Crianças”, “Porto a ler” e
“Consegui”.
CEP Capítulo V - 108
Tem também a seu cargo a caracterização das Associações Juvenis e assume ainda um
papel facilitador ao nível do apoio logístico, técnico e material com vista à
operacionalização dos projectos e acções da iniciativa de grupos de jovens ou que
tenham manifesto interesse educativo.
4.2.1. Projecto Porto de Crianças
É de todo vantajoso que os alunos e docentes, além de se orientarem pelos planos de
aprendizagem traçados pelo Ministério da Educação para cada uma das disciplinas,
possam contextualizar essas propostas através do estabelecimento de parcerias com
outros projectos que melhorem a aprendizagem. O Projecto “Porto de Crianças”,
desenvolvido pelo Centro de Recursos Educativos Municipal, é uma actividade de
coadjuvação curricular que pretende ajudar a combater o insucesso escolar, criando
situações de interacção máxima entre a escola e os outros agentes da comunidade
educativa. O Projecto, já em curso há 11 anos, tem sido um elemento unificador dos
conteúdos disciplinares através da descoberta da cidade do Porto. Ao Redor do Nosso
País – da Nossa Cidade – Momentos e Espaços Mágicos é o tema aglutinador do
Projecto “Porto de Crianças”. O projecto é transdisciplinar e desafia as crianças a
adoptarem uma postura analítica e de curiosidade em relação à integração da sua
cidade no País e no mundo.
Este projecto foi delineado tendo em vista a prossecução de um conjunto de
objectivos gerais. É de destacar, entre outros, que o “Porto de Crianças” visa apoiar os
projectos educativos e as experiências pedagógicas de turmas e escolas através da
interacção com diversos parceiros educativos especialistas em diferentes áreas, bem
como apoiar o Plano Nacional de Leitura usando a transversalidade dos vários recursos
técnicos e pedagógicos, na promoção da literacia. Por esta via consegue-se ajudar a
formar uma consciência cívica e de cidadania nas crianças, tornando-as conhecedoras
do seu lugar no mundo, em especial do seu País e da sua cultura. O “Porto de
Crianças” tem ainda como preocupação divulgar projectos educativos através do BEP
(Banco de Experiências Pedagógicas).
Em termos metodológicos é de salientar que o “Porto de Crianças” resulta da criação
de parcerias que envolvem, para além do Município, a DREN, as escolas, os centros de
investigação da Universidade do Porto ligados às Ciências da Vida, museus e várias
associações culturais. É com base nesta interacção que se desenvolvem os vários sub
projectos nas áreas da arte, ciência, literatura e ambiente.
Figura 5.78 - Parceiros Educativos
CEP Capítulo V - 109
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
Escolas
Jardins de Infância
Agrupamentos Verticais de Escolas
Pelouro da Cultura Pelouro da Educação
Instituições Seniores:
- Universidade Sénior da Foz - Voluntários: intercâmbio geracional
DREN
Museus Municipais: - Casa Museu Marta Ortigão - Casa Museu Guerra Junqueiro - Casa do Infante / Arquivo Histórico - Museu Romântico - Museu Vinho do Porto Museus Não Municipais: - Associação Para o Museu dos Transportes e Comunicações - Museu do Papel Moeda da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda
Outras Instituições: - Associação Ar Evento
- Instituto Orff
- Associação de Ludotecas / Anilupa
- Academia de Música de Costa Cabral
- Associação Limite Zero
- Ensemble – Sociedade de Actores
- Centro de Dança do Porto - Academia de Bailado Pirmin Treku - Coro infantil municipal
Universidade: - IPATIMUP - IBMC/NEBUP
4.2.2. Projecto “Porto a ler”
Pretende-se com este projecto contribuir, a nível local, para o aumento dos níveis de
literacia da população em geral e especificamente da população infantil do ensino
básico (pré-escolar e 1º ciclo), no âmbito do Plano Nacional da Leitura. Para o efeito
estão em curso e programadas actividades de sensibilização e incentivo à leitura em
articulação com diferentes parceiros: Escolas, Associações de Pais, Instituições com
responsabilidades educativas, Editoras, serviços municipais e outros. A sua execução
está a cargo do DMEJ e da Direcção Municipal de Cultura.
4.2.3. Prémio de Mérito escolar “Consegui”
Este projecto traduz-se no intercâmbio de jovens alunos do Porto com alunos da
Academia de Bordéus e pretende premiar estudantes com idades compreendidas entre
os 13 e os 15 anos, que frequentam o 6º ou o 7º ano de escolaridade e que estejam
em risco de abandono escolar.
O desafio que é lançado a alunos integrados em turmas de curricula alternativos é a
elaboração de um trabalho designado “Douro Vinhateiro” enquanto Património da
Humanidade. Os alunos premiados beneficiarão deste intercâmbio com Bordéus.
CEP Capítulo V - 110
O trabalho a realizar em equipa assenta em 3 eixos - cidadania, património e
tecnologias de informação e comunicação – e procura estimular o desenvolvimento
das seguintes competências: estudo do património regional e do tecido económico
local, conhecimento de outras culturas dentro do contexto europeu, domínio das
regras da vida colectiva, e, por fim, exploração e manipulação das tecnologias de
informação e comunicação.
4.2.4. Caracterização das Associações Juvenis
Face à importância que se atribui ao fenómeno do associativismo juvenil, enquanto
veículo poderoso de desenvolvimento pessoal e social e, simultaneamente, local
privilegiado de participação cívica, será realizado um estudo para se caracterizar a
realidade associativa juvenil no Porto e se perspectivarem formas de articulação e
colaboração conjunta.
As associações juvenis, pelo conhecimento que têm dos problemas que afectam os
jovens, são interlocutores chave ou mesmo parceiros do Poder Local na definição de
projectos na área da Juventude.
Assim, este estudo integra como objectivos:
Elaborar uma caracterização das organizações/associações juvenis com actividades
na cidade do Porto, com vista a definir um modelo de cooperação adequado aos
seus objectivos, necessidades e potencialidades.
Contribuir para a promoção de uma politica de apoio à juventude.
O estudo será realizado em articulação estreita com o IPJ e com as Federações de
associações de estudantes.
Relativamente às associações de estudantes serão entrevistadas as sedeadas na
cidade do Porto, integradas no ensino superior e secundário, público e privado.
Deste levantamento resultará a criação de uma base de dados que congregará
informação diversa de todas as Associações Juvenis e de Estudantes da cidade do
Porto e que constituirá uma ferramenta de consulta e fornecimento de informação ao
município e a entidades ou organismos diversos, que desenvolvam iniciativas no
âmbito da juventude.
A informação considerada útil para os jovens e público em geral será sistematizada e
disponibilizada num roteiro (Roteiro das Associações Juvenis do Porto), a integrar no
Website da Câmara Municipal do Porto.
CEP Capítulo V - 111
4.3. Programa “Escola Viva”
O Município, através da empresa municipal Domus Social, assumiu de uma forma
organizada e sistemática a sua competência em matéria de realização de
investimentos nos domínios da construção, apetrechamento e manutenção dos
estabelecimentos de educação pré-escolar e das escolas do 1º ciclo do ensino básico,
através da implementação de um programa concebido para o efeito designado por
Escola Viva.
O Programa Escola Viva tem como finalidade requalificar as escolas públicas da cidade
do Porto sob a alçada municipal, ou seja, melhorar as condições dos espaços
escolares, sob o ponto de vista físico e funcional.
Apresentam-se, seguidamente, as intervenções concluídas nos últimos 3 anos, no
âmbito deste programa.
Tabela 5.45 – Intervenções da Domus Social
Intervenções concluídas em 2004
Grandes Intervenções (Escolas: Fernão Magalhães, Lagarteiro, Constituição, Vilarinha, Caramila, Pasteleira, Correios);
Médias Intervenções (Escolas: Lomba); Pequenas Intervenções (Escolas: Bom Pastor, Sé, Lordelo, Fontinha); Outras intervenções diversas:
- Medidas de segurança com implementação em todas as 57 escolas de sistemas centralizados de alarme;
- Instalação de água quente e aquecimento nas 57 escolas; - Colocação de extintores nas 57 escolas; - Sinalização das 57 escolas.
Empreitadas de eliminação de barreiras arquitectónicas com vista à dotação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida (Escolas: Condominhas, Torrinha, Paulo da Gama, Fonte da Moura, Padre Américo, Viso, Praça da Alegria, Costa Cabral, Agra do Amial, Montebelo, Flores, Ribeiro de Sousa).
Intervenções concluídas em 2005
Grandes intervenções (Escolas: Corujeira, Monte Aventino, Fonte da Moura, Cerco do Porto);
Pequenas intervenções (Escolas: Covêlo, S. Tomé, Falcão, S. Miguel); Elaboração e implementação de Planos de Emergência em 3 agrupamentos verticais.
Estes planos traduzem-se na criação de uma organização e de uma estratégia dentro das escolas, para que em caso de acidente (incêndios, etc.), haja uma evacuação ordenada;
Grande intervenção na escola de Nª Srª de Campanhã ; Empreitadas de eliminação de barreiras arquitectónicas (Escolas: Falcão, Covêlo).
Intervenções concluídas em 2006
Grande Intervenção na escola João de Deus; Obras de requalificação (Escolas: Alegria, Flores, Fontinha, Sé, Ponte, Cruzes). Pequenas intervenções em 17 escolas; Elaboração e implementação de Planos de Emergência nos restantes 14
agrupamentos verticais. Instalação provisória de salas pré-fabricadas para funcionamento das actividades de
enriquecimento curricular (Escolas: Cerco, Costa Cabral, Constituição, S. João da Foz, Bom Sucesso, S. Roque da Lameira, Ribeiro de Sousa e Torrinha)
Fonte: CMP/Pelouro da Educação e DOMUS SOCIAL, 2006
Para além dessas intervenções, foram criadas duas brigadas de manutenção periódica
para resposta a questões pontuais respeitantes à conservação das instalações
escolares. Esta manutenção obedece a um plano elaborado anualmente.
CEP Capítulo V - 112
4.4. Outros serviços educativos promovidos pelo Município e Entidades
Participadas
4.4.1. No âmbito da Direcção Municipal de Cultura
A Direcção Municipal de Cultura desenvolve um conjunto de actividades educativas
que importa referir.
Com o intuito de promover o interesse de todos pela história e pela cultura e
contribuir para a formação de públicos, a Direcção Municipal de Cultura, através dos
serviços educativos dos museus e bibliotecas municipais, direcciona actividades para
crianças e jovens.
Os serviços educativos possuem programas destinados a públicos específicos
permitindo, através de marcações prévias, a visita de grupos aos museus municipais,
devidamente acompanhados por profissionais da área. Promovem igualmente
actividades lúdico-pedagógicas integradas em projectos de carácter anual.
Compõem o conjunto dos museus municipais, o Museu do Vinho do Porto, a Casa do
Infante, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, a Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, a
Casa-Oficina António Carneiro, a Casa Tait, o Museu Romântico da Quinta da
Macieirinha, o Gabinete de Numismática e a Galeria do Palácio. A actividade educativa
dos museus municipais está sintetizada no quadro seguinte:
Tabela 5.46 – Actividades desenvolvidas pelos Museus Municipais
Museu Actividades Desenvolvidas Casa do Infante Visitas orientadas
Pedipaper “Descobrir o porto do Porto” Oficinas de construção Cidade em miniatura Actividades de férias/datas especiais
Casa-Museu Guerra Junqueiro Visitas orientadas Oficinas Roteiros Programas musicais Actividades de férias/datas especiais Visitas ao arqueo-sítio da Rua de D. Hugo Pedipaper no burgo medieval portuense Material p/ empréstimo (mala pedagógica, etc)
Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio Visitas orientadas Oficinas Roteiros Actividades no jardim Programas musicais Projecção de diapositivos temáticos Actividades de férias/datas especiais
Casa Tait/Gabinete de Numismática Visitas orientadas Jogos educativos Material p/ empréstimo (mala pedagógica)
Galeria do Palácio Visitas orientadas Visitas-oficina para escolas Oficinas para crianças e adultos Actividades de férias/datas especiais
CEP Capítulo V - 113
Museu Romântico da Quinta da Macieirinha Visitas orientadas Projecção de diapositivos temáticos História de Natal em diapositivos Caminhos do Romântico (percurso e pedipaper)
Museu do Vinho do Porto Actividades e material de apoio Visitas orientadas Postos multimédia c/ programas e jogos Oficinas lúdico-pedagógicas Mala pedagógica “Montagem de um barco rabelo”
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
De referir, igualmente, o projecto “Família nos Museus”, promovido pelos Pelouros da
Cultura e da Educação e Juventude. Este projecto regular (com início em 2003) tem
como objectivo proporcionar às crianças, e respectivas famílias, a formação de hábitos
culturais, atitudes e interesses, bem como o desenvolvimento da observação, do gosto
e da sensibilidade. Visa também consciencializar as famílias de que o museu pode ser
um excelente local para uma visita com crianças, oferecendo uma experiência
educativa, lúdica e recreativa.
Os museus preparam actividades (visitas orientadas e oficinas temáticas) em função
do grupo alvo: crianças e suas famílias.
Nos últimos 3 anos participaram no projecto um total de 3 mil pessoas, entre adultos
e crianças. De referir que não só os museus municipais, mas também outros museus
participam nesta iniciativa bem como o Jardim Botânico.
Os Museus aderentes são os seguintes:
Casa Museu Eng.º António de Almeida
Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves
Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Seminário Maior do Porto
Museu do Carro Eléctrico
Museu da Ciência e Indústria
Museu Nacional da Imprensa
Museu Militar do Porto
Museu Nacional Soares dos Reis
Museu Papel-moeda da Fundação António Cupertino de Miranda
Museu Parada Leitão
Museu dos Transportes e Comunicações
Percurso Museológico da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco.
A Biblioteca Pública Municipal do Porto e Biblioteca Municipal Almeida Garrett
desenvolvem actividades de interesse educativo, que se apresentam sucintamente nos
quadros seguintes.
CEP Capítulo V - 114
Tabela 5.47 – Actividades desenvolvidas pelas Bibliotecas Municipais do Porto Projectos Actividades Destinatários
Biblioteca Infantil
Um Dia na Biblioteca Leitura Continuada A Biblioteca como Centro de Recursos A Hora do Conto
Oficina de Expressão Plástica
O Patinho Feio (2005) Poesia ao Vento (2005) Quadras em Manjericos (2005)
Oficina de Escrita Criativa
Personagens de Andersen (2005)
Crianças do ensino Pré-Escolar e dos 1º e 2º ciclos
“Bibliocarro”
Biblioteca itinerante, em parceria com os STCP, que disponibiliza meios informáticos e uma colecção de documentos organizada em livre acesso para crianças e jovens, servindo diversas zonas da Cidade.
Crianças e jovens
Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE), com o apoio da DREN
Este apoio traduz-se em orientação técnica na fase de instalação da Biblioteca, selecção e tratamento do fundo documental, formação sobre a organização da biblioteca e sobre o funcionamento do software de gestão documental e no desenvolvimento de actividades de promoção do livro e da leitura.
Bibliotecas escolares das escolas do 1º ciclo
Projecto de Animação Comum (em parceria com as bibliotecas das escolas do 1º ciclo)
Este projecto, coordenado pelo SABE, mobiliza grande parte das escolas que integram a rede de bibliotecas escolares e traduz-se num trabalho colectivo em torno de um tema comum. Os temas trabalhados até ao momento foram os seguintes: 2002 – Os muçulmanos, quem são onde vivem... 2003 – Festival de contadores de histórias 2004 – Euro 2004 2005 – Das Histórias nascem Histórias, inspirado na obra para a infância de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Crianças do 1º ciclo do ensino básico
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
4.4.2. No âmbito da Direcção Municipal de Ambiente e Serviços Urbanos (DMASU)
Procurando complementar a oferta pedagógica anual que tem lugar diariamente na
rede municipal de Centros de Educação Ambiental e perspectivando o alargamento das
actividades de promoção ambiental especificamente à comunidade não escolar
(sobretudo às famílias), a DMASU tem vindo a organizar, de há alguns anos a esta
parte, um programa de “Oficinas Sazonais”.
Este programa tem lugar nos Centros de Educação Ambiental (Parque de S. Roque,
Pasteleira, Quinta do Covêlo, Núcleo Rural/Parque da Cidade e Palácio de Cristal) e
coincide com os períodos de férias escolares – Natal, Carnaval, Páscoa, Verão. Trata-
se, no fundo, de um pretexto para abordar as diversas temáticas ambientais, num
registo crítico e divertido, sem perder de vista a introdução de preocupações sobre o
tema do desenvolvimento sustentável junto de todos os participantes.
A presente edição prevê a realização de cerca de 27 oficinas, entre os meses de
Dezembro de 2006 e Outubro de 2007, significando um aumento expressivo na oferta
pedagógica em relação ao ano transacto – fruto sobretudo do crescimento exponencial
da procura por parte da população em geral, sobretudo adultos.
Importa, no âmbito deste capítulo, divulgar também as actividades de interesse
educativo que a Câmara Municipal do Porto leva a cabo através das suas entidades
CEP Capítulo V - 115
participadas (Fundação Ciência e Desenvolvimento; Fundação para o Desenvolvimento
Social do Porto e Porto Lazer).
4.4.3. No âmbito da Fundação Ciência e Desenvolvimento
Relativamente à Fundação Ciência e Desenvolvimento, são de destacar os seus dois
equipamentos lúdico-pedagógicos: Pavilhão da Água e Planetário, bem como o Serviço
Educativo do Teatro do Campo Alegre, que programam uma série de iniciativas de
natureza educativa e cultural, ao longo do ano. A tabela seguinte resume estas
actividades.
Tabela 5.48 – Actividades a cargo da FCD
Equipamento Experiências/Actividades Objectivos Gerais Pavilhão da Água Painéis Solares
Água Mobile Bomba das Botas de Borracha Roda de Água Gigante Caixa de Música Foles e Órgão de Tubos Ilusões de Óptica Enche as garrafas Água como Vidro Sinos de Água Fonte das Maçãs Douradas Sistema de Comportas Explorando as profundezas Ciclone de Água Furacão Jogos com Arco-Íris Ondas caóticas Água é Vida Ciclo da Água Poupa Água
Ensinar de forma lúdica e científica todos os que visitam o espaço. Através das vinte experiências existentes, os visitantes podem aprender coisas novas: simular acontecimentos, explicar os fenómenos e observar os efeitos das experiências produzidas. Tudo isto através da água, a única fonte de energia das experiências.
Planetário “A Nossa Estrela - O Sol” “Visões do Cosmos” “O Vítor vai à Lua” “Novos Mundos” “Alma – à procura das origens” (brevemente)
Promover a cultura científica, incentivando e motivando os jovens, em particular, para a ciência e para a tecnologia.
Teatro do Campo Alegre
“Outras Visitas” “A Nossa Casa é um Teatro” Oficina “Uma Aventura no Teatro” Oficina “Manipula-pula” Oficina “As Sombras que a Música Tem” “Branca de Neve” – teatro de marionetas Espectáculo de Dança Contemporânea “A Caixa dos Segredos” “Poesia ia ia”
Formar públicos críticos, criativos, atentos e participantes.
Consolidar os públicos e ampliá-los qualitativa e quantitativamente.
Promover a construção de processos de criação performativa para crianças.
Incentivar o trabalho dos jovens criadores. Diferenciar a programação do Serviço
Educativo do Teatro do Campo Alegre do contexto cultural da cidade para os mesmos públicos.
Divulgar o trabalho da Fundação Ciência e Desenvolvimento / Teatro Campo Alegre.
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
4.4.4. No âmbito da Fundação Porto Social
No que diz respeito à Fundação Porto Social, merecem destaque as actividades
educativas integradas nos serviços e projectos da Casa das Glicínias, no Programa
URBAN II e no projecto “Porto - Cidade da Ciência”.
CEP Capítulo V - 116
Tabela 5.49 – Actividades a cargo da FDSP
Projecto/Acção Objectivos Destinatários Grupo de Jovens da Casa das Glicínias
Promover o desenvolvimento de competências pessoais sociais e contribuir para a criação de condições que possibilitem aos indivíduos o exercício do seu direito de cidadania
Jovens dos 15 aos 25 anos do concelho do Porto, inscritos no Grupo de Jovens da Casa das Glicínias
ATL da Casa das Glicínias Ajudar as crianças no seu processo de desenvolvimento e combater o insucesso escolar e educativo, bem como o abandono precoce dos estudos.
Crianças dos 6 aos 12 anos integradas no Centro Comunitário da Casa das Glicínias
Biblioteca Comunitária da Casa das Glicínias
Promover o gosto pelo livro, assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação, realizar actividades de animação e de colaboração com escolas e associações.
Crianças, jovens e adultos do concelho do Porto.
Exploração de Percursos Profissionais
Proporcionar aos alunos informação sobre as diferentes profissões e percursos profissionais, de forma a facilitar e orientar os seus percursos escolares e/ou profissionais.
Alunos entre os 7º e 9º anos de escolaridade da EB 2,3 Nicolau Nasoni e da EB 2,3 da Areosa
Casa da Brincad’Eira Dinamizar oficinas de expressão no sentido de proporcionar momentos de aprendizagem diversificados, promovendo o desenvolvimento global dos participantes.
Alunos dos Jardins de Infância e escolas do 1º ciclo abrangidos pelo URBAN II.
Divulgação da ciência e promoção da educação científica e tecnológica nas camadas jovens
Esta acção, integrada no projecto Porto – Cidade da Ciência, contribui para o desenvolvimento da cultura científica e artística da população jovem e para a promoção do ensino experimental da ciência em contexto escolar.
População jovem e comunidade escolar.
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
4.4.5. No âmbito da Porto Lazer (Empresa Municipal)
Em relação à Empresa Municipal Porto Lazer, dever-se-ão referir as actividades de
âmbito desportivo, recreativo e lúdico-pedagógico, dirigidas a vários grupos
específicos: crianças, jovens, adultos e idosos. Apresentam-se as mais significativas:
Tabela 5.50 – Actividades a cargo da Porto Lazer
Iniciativa Descrição Oficina de talentos desportivos
Projecto anual composto por sete acções que decorrem durante as interrupções lectivas, destinadas a jovens atletas pertencentes aos escalões de iniciados e cadetes. Tem como objectivos: proporcionar aos jovens atletas mais promissores oportunidades de desenvolvimento e aperfeiçoamento de práticas desportivas; promover atletas do distrito do Porto para as respectivas selecções nacionais. As actividades desportivas integradas nesta oficina desenvolvem-se nos pavilhões desportivos das escolas EB 2,3 e secundárias.
Oficinas lúdico-pedagógicas
Oficinas de reciclagem de papel, de jardinagem, de zoologia, de geologia, horta biológica, laboratório didáctico. Estas oficinas decorrem no Palácio de Cristal e dirigem-se a crianças, jovens, estudantes e professores.
CEP Capítulo V - 117
“Vamos nadar” É desenvolvido em parceria com a DREN, dirigido às crianças das escolas básicas do 1º ciclo da cidade do Porto e visa proporcionar espaços de aula alternativos e complementares de formação, fomentando hábitos de prática desportiva importantes no desenvolvimento social e psicomotor dos alunos.
“Ténis para todos” É dirigido aos alunos das escolas básicas do 1º ciclo da cidade do Porto. Funciona semanalmente durante o ano lectivo e tem como objectivos a divulgação e a sensibilização para a prática de actividade física regular e do ténis em particular.
“Estrelas vão à Escola”
Projecto bimensal destinado a todos alunos das escolas básicas do 1º ciclo da cidade do Porto, que visa a promoção do espírito desportivo, a par da sensibilização para a prática da actividade física regular.
Fonte: CMP/DMEJ, 2007
5. Considerações finais
A leitura global dos vários aspectos abordados ao longo deste capítulo permite
identificar um conjunto de características do sistema educativo do Porto que podemos
equacionar segundo três pontos de vista complementares: a oferta e a procura de
educação, os problemas enfrentados pelas escolas e a percepção dos agentes
educativos.
5.1. A oferta e a procura de educação
Na última década, a tendência de evolução das frequências escolares foi marcada por
uma diminuição do número de alunos matriculados em todos os níveis de ensino,
embora tenha havido uma ligeira inversão desta tendência nos dois últimos anos
lectivos. O pré-escolar escapa a esta tendência ao apresentar dois movimentos
distintos: até 2001/02 um aumento significativo da frequência dos jardins-de-infância,
a que se seguiu uma redução até ao presente. Não obstante esta diminuição
generalizada, a verdade a que a cidade continua a concentrar uma população escolar
de grande dimensão que muito ultrapassa os seus limites administrativos. Apesar da
maior expressão do ensino público, as escolas particulares têm grande
representatividade no Porto, sendo as principais responsáveis pela atracção exercida
sobre a população em idade escolar residente nos concelhos vizinhos.
Após a escolaridade obrigatória, ou seja, a nível do ensino secundário, a escolha
claramente dominante centra-se nos cursos gerais, havendo uma procura cada vez
menor de cursos do ensino tecnológico. Esta aposta nos cursos gerais, geralmente
vocacionados para o prosseguimento de estudos a nível do ensino superior, justifica
em parte a falta acentuada de técnicos e profissionais de nível intermédio. A
valorização deste tipo de ensino, inclusivamente desde o 3º ciclo do ensino básico,
aparece como uma necessidade, sendo mesmo apontada como uma medida
fundamental por alguns dos agentes educativos inquiridos (é o caso, entre outros, dos
órgãos de gestão das escolas e de alguns membros do Conselho Municipal de
Educação). Esta aposta passa, também, pela necessidade de combater uma certa
imagem negativa e algo desqualificada que se tem do ensino tecnológico e
CEP Capítulo V - 118
profissional, mais vocacionado para a inserção na vida activa. Esta desvalorização
ficou bem patente na opinião recolhida junto dos alunos e das famílias: uma grande
maioria aspira à obtenção de um diploma do ensino superior, sendo muito poucos os
que desejam frequentar um curso profissional.
Um corpo docente experiente e com competências diversificadas contribui para tornar
o ensino atractivo e de qualidade. A cidade do Porto beneficia deste capital. As novas
condições criadas em prol de uma maior estabilidade dos professores, essencialmente
no caso do 1º ciclo, constitui uma melhoria muito positiva ao evitar a sua elevada
rotatividade e ao permitir um trabalho continuado ao longo de todo o 1º ciclo.
A melhoria da qualidade e da atractividade da formação profissional é um desafio
determinante para o futuro, conforme é reconhecido a todos os níveis. A oferta de
formação profissional no Porto tem aumentado significativamente e novas
modalidades têm sido implementadas. Esta é uma via a prosseguir. Convém, no
entanto, ter presente a reduzida aposta na formação ao longo da vida, fundamental
para se garantir a requalificação dos recursos humanos e a sua adaptação às
constantes transformações da economia e da própria sociedade.
Os indicadores de escolarização no Porto revelam fragilidades que urge resolver. É
hoje consensual a importância fundamental que se atribui à educação pré-escolar
pelas mais valias que traz ao nível do desenvolvimento psicológico, cognitivo e social
da criança, ou seja, é absolutamente claro que o investimento no pré-escolar é uma
medida necessária com vista à prevenção do insucesso escolar e à promoção da
inclusão social. A realidade da cidade do Porto fica ainda aquém do que seria desejável
em termos de grau de cobertura da educação pré-escolar, sobretudo em determinadas
áreas da cidade como é o caso do centro histórico e da zona oriental. Ressalve-se, no
entanto, a evolução favorável registada ultimamente, de acordo com os dados obtidos
por via dos inquéritos aos alunos e às famílias.
Mais graves são as elevadas taxas de insucesso escolar que potenciam,
frequentemente, situações de abandono escolar ou de saída do sistema de ensino.
Embora globalmente negativo, este fenómeno assume contornos de maior gravidade
quando se regista sobretudo ao nível da escolaridade obrigatória. É, aliás, no grupo
etário que frequenta o 3º ciclo que se registam as sinalizações mais elevadas de
abandono escolar (ao nível das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens).
Saliente-se, ainda, que uma parte considerável destas sinalizações ocorre em escolas
da cidade que concentram alunos de origens sociais desfavorecidas, residentes em
áreas problemáticas, onde fenómenos como a pobreza e a exclusão social estão bem
presentes. No Porto, a distribuição dos alunos segundo os resultados escolares e
segundo o número total de anos de escolaridade concluídos, em função do seu local de
residência, segue muito de perto o padrão de disparidades intra-urbanas do ponto de
vista económico e social.
CEP Capítulo V - 119
Os fenómenos do insucesso e abandono escolar aparecem, inclusivamente, como dois
dos problemas mais críticos, segundo os próprios responsáveis das escolas do Porto.
Atendendo a que a aposta na qualificação dos recursos humanos é decisiva para se
garantir o crescimento económico e a competitividade, a resolução daqueles
problemas é uma prioridade, a nível nacional e a nível local.
A melhoria do rendimento escolar dos alunos e a sua permanência no sistema de
ensino após a escolaridade obrigatória passa, necessariamente, pela diversificação das
ofertas educativas e pelo desenvolvimento de actividades extra-curriculares que
tornem a escola mais atractiva. O reforço da autonomia de gestão das escolas e a
aposta na construção de projectos educativos abertos ao meio envolvente e adaptados
à realidade constituem, igualmente, soluções a implementar. O protocolo de
cooperação recentemente assinado entre os Agrupamentos Verticais de Escolas do
Porto e um vasto conjunto de empresas prestigiadas, de diversos sectores
empresariais e que estão localizadas na cidade do Porto, é um bom exemplo do
trabalho a desenvolver nesta matéria. Este protocolo, patrocinado pelo Município do
Porto e que contou com a adesão da Direcção Regional de Educação do Norte, abre
perspectivas muito promissoras quanto ao envolvimento da sociedade civil, através
dos seus agentes mais dinâmicos, na vida das escolas, contribuindo muito
favoravelmente para a promoção da qualificação das organizações educativas e para a
melhoria dos serviços educativos prestados.
O combate ao abandono e ao insucesso escolares não pode esquecer outras áreas de
intervenção, nomeadamente o trabalho com as famílias mais carenciadas, no sentido
de promover, quer a sua integração social, quer o desenvolvimento de competências
parentais.
A par destes problemas, não poderíamos deixar de chamar a atenção para os
fenómenos da saída precoce e antecipada do sistema de ensino que colocam Portugal
claramente atrás dos restantes países da União Europeia e que conduzem à
perpetuação das baixas qualificações da população activa num mundo cada vez mais
competitivo e exigente. Mesmo no caso do Porto, as taxas de saída precoce e
antecipada, apesar de mais favoráveis do que a média nacional, continuam bem acima
do que se regista a nível europeu.
5.2. Problemas e potencialidades das escolas
O sucesso dos alunos e o gosto pelo estudo e pela escola (independentemente do tipo
de ensino ou curso que se frequenta) depende, no que extravasa as características
eminentemente individuais, das condições sócio-económicas familiares, como o
demonstram inúmeros estudos, e também dos atributos da própria escola,
nomeadamente em termos físicos e em termos pedagógicos. Do ponto de vista das
CEP Capítulo V - 120
infra-estruturas, uma parte considerável das escolas do 2º e 3º ciclos e do ensino
secundário tem problemas estruturais (degradação das instalações, más condições
térmicas, entre outros), a exigir intervenção. Por outro lado, face à importância e ao
papel decisivo do professor na aprendizagem e, como tal, no sucesso escolar, foi
salientado nas entrevistas realizadas a necessidade de se apostar crescentemente na
formação contínua dos docentes e de se reforçar o seu envolvimento e a sua
motivação, dado o contexto mais complexo em que decorre a actividade docente.
Vejamos os casos da indisciplina e do mau comportamento na escola, o clima de
desautorização com que os docentes se sentem cada vez mais confrontados, para se
perceber as dificuldades crescentes que se põem ao trabalho de um professor. É de
referir, aliás, que este ambiente foi apontado pelos próprios alunos e pelas famílias
como um dos problemas que os preocupa e que penaliza o funcionamento das aulas.
O desenvolvimento das actividades e da oferta educativa extra-curriculares constitui
uma aposta forte das escolas, nomeadamente ao nível das TIC, do desporto e das
línguas. É de salientar, igualmente, o leque muito diversificado de actividades
promovidas pelo Município do Porto no âmbito do Projecto Educativo Municipal e que
se podem discriminar em dois eixos: as acções de apoio infantil e juvenil e de apoio
sócio-educativo, e as acções de carácter inovador, com o objectivo de lançar novas
experiências educativas, realizadas em parceria com outras entidades.
São os agrupamentos com maior estabilidade dos órgãos de gestão, aqueles que
tendem a apresentar melhores resultados, o que leva a concluir que a estabilidade é
fundamental para que as mudanças se consolidem, as boas práticas se enraízem e se
crie uma verdadeira cultura de escola. A lógica de funcionamento das escolas em
agrupamentos verticais, pese embora as reticências iniciais face ao modo como foi
implementada a medida, não é percepcionada negativamente pelos docentes,
conforme se constatou no inquérito realizado. Porém, a existência de
constrangimentos muito objectivos, como os que se prendem com as dificuldades de
comunicação entre docentes de diferentes níveis de ensino ou com o problema de
gestão dos recursos materiais disponíveis, são apontados como factores que
condicionam o correcto funcionamento dos mesmos.
A aposta na auto-avaliação por parte dos estabelecimentos de ensino foi apresentada,
nos contactos estabelecidos com os responsáveis das escolas, como um elemento
fundamental para se melhorar o seu desempenho. A capacidade de equacionar os
próprios constrangimentos e de criar planos de intervenção para os solucionar é um
exercício que constitui uma mais-valia para a escola. A importância atribuída à auto-
avaliação não deverá, contudo, descurar o papel complementar e enriquecedor da
avaliação externa. A utilidade da avaliação será tanto mais efectiva quanto maior for a
autonomia da escola quer ao nível da gestão de recursos (humanos e financeiros, por
exemplo), quer ao nível da gestão dos curricula, com vista uma maior flexibilidade na
sua adopção.
CEP Capítulo V - 121
O sucesso de muitas escolas situadas em zonas problemáticas da cidade mostra à
evidência a importância de factores como a motivação do corpo docente, a atenção a
dar à diversidade da população escolar, a interligação com a comunidade envolvente e
a abertura para a realização de trabalhos conjuntos com outros agentes sociais. Estas
são as escolas que mais contribuem para a integração dos alunos com dificuldades de
adaptação a uma cultura escolar frequentemente estranha à sua cultura de origem.
5.3. A percepção dos agentes educativos
Pese embora os problemas detectados no sistema educativo do Porto, que de resto
não são muito distintos dos problemas vividos a nível nacional, é de realçar que a
educação é fortemente valorizada quer pelos alunos, quer pelas famílias. Os níveis de
satisfação face à escola são globalmente elevados, salientando-se apenas pela
negativa as instalações, o que aliás vem de encontro ao que já foi referido
anteriormente.
A existência de actividades extracurriculares, bem como de espaços importantes do
ponto de vista lúdico-pedagógico (laboratórios, bibliotecas/ludotecas, salas de
informáticas, espaços desportivos) é bastante valorizada pelos alunos e apontada
como um aspecto positivo da escola que frequentam. Para além disso, a qualidade dos
recursos humanos (docentes e não docentes) é também uma mais valia que é
claramente reconhecida pelos alunos e pelas famílias. São sobretudo os problemas
que decorrem da degradação das instalações, da falta de limpeza e de segurança que
integram os aspectos avaliados mais negativamente.
Como foi dito, a população escolar e suas famílias atribuem grande importância à
escola e à educação e manifestam elevadas expectativas quanto ao prosseguimento
de estudos superiores. Este discurso, que deve ser enaltecido, pois marca uma
diferença significativa relativamente ao passado, não resiste, contudo, à evidência dos
factos. Há um forte desfasamento entre as aspirações demonstradas e os resultados
que se conhecem. O sucesso escolar é baixo no País e no Porto. E este é um problema
central a resolver. A existência de constrangimentos objectivos por parte das famílias
e o próprio funcionamento do sistema de ensino acabam por gorar as expectativas
destes jovens. Se é necessário, então, criar um “ambiente propício” ao sucesso
escolar, conforme tem sido apontado ao longo destas páginas, é igualmente urgente
veicular uma cultura de exigência e de responsabilidade junto das famílias e, em
particular, dos alunos. A interiorização da responsabilidade de cada um pelo seu
sucesso educativo, muito evidente de acordo com os resultados dos inquéritos
lançados aos alunos, se devidamente orientada pela família e pela escola, constitui um
elemento importante para a alteração do actual panorama a nível escolar.
CEP Capítulo V - 122
Embora as escolas apontem o desinteresse de algumas famílias pelo percurso escolar
dos filhos, a verdade é que estas continuam a ser um dos suportes fundamentais para
os jovens em matéria de apoio à aprendizagem. Evidentemente que estes dados não
invalidam que efectivamente algumas famílias tenham com a escola uma relação
muito pontual e sintam uma certa descrença face à sua utilidade para a vida dos
jovens. Aliás, a fraca participação dos pais nas actividades de carácter cultural e
recreativo promovidas pela escola, mais evidente no ensino público, mostra um pouco
esse desinteresse.
Ao longo deste capítulo pretendeu-se apontar os principais traços que caracterizam o
sistema educativo na cidade do Porto. A conclusão é clara: trata-se de uma realidade
complexa e muito diversificada, com problemas conhecidos mas que encerra em si as
condições necessárias para que os objectivos de melhoria do seu funcionamento e o
sucesso escolar se possam concretizar a bem de um futuro melhor. A vontade dos
agentes educativos e as boas práticas já implementadas são disso exemplo.