Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina: …A todos os que fazem o Departamento de Imunologia...
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Fundação Oswaldo Cruz Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
Departamento de Saúde Coletiva
Mestrado em Saúde Pública
Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina: Avalia ção do Desempenho dos Kits EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos e IFI-Leishmaniose-Visceral-
Canina-Bio-Manguinhos
Recife, 2005
Rodrigo Alves de Lira
Rodrigo Alves de Lira
Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina: Avaliação do Desempenho dos Kits EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos e IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos
Dissertação apresentada ao Departamento de Saúde Coletiva do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães da Fundação Oswaldo Cruz, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Pública.
Orientadores: Yara de Miranda Gomes, BSc, MSc, PhD Wayner Vieira de Souza, MSc, PhD
RECIFE, 2005
L 768d Lira, Rodrigo Alves de Diagnóstico da Leismaniose Visceral Canina: Avaliação do Desempenho
dos Kits EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos e IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos / Rodrigo Alves de Lira, orientadores: Yara de Miranda Gomes e Wayner Vieira de Souza.
43f.: il., tabs; figs.
Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) -Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz – NESC/CPqAM/FIOCRUZ.
Inclui referências bibliográficas, apêndices e anexos.
1. Leishmaniose visceral canina. 2. Diagnóstico. 3. ELISA. 4. Imunofluorescência indireta. 5. Validação. I. Gomes, Yara de Miranda. II. Souza, Wayner Vieira de (orients). III. Título.
CDU 616.993.161 Biblio/CPqAM
DEDICO ESTE TRABALHO
À minha esposa, Juliana F. Vilela de Lira, por
todo amor, estímulo e dedicação durante realização
deste trabalho.
Ao meu pai, Reginaldo de O. Lira, que foi um
exemplo de homem, em quem quando me espelhei tomei
minhas mais sábias decisões.
À minha mãe, Tereza A. Lira, que me deu força e
sem a qual talvez nem tivesse tido a oportunidade de
estar concluindo este curso de pós-graduação.
Ao meu filho, Caio, que estará chegando ao
mundo numa fase muito especial da minha vida.
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado a oportunidade e colocado em meu caminho
pessoas com quem pude contar sempre que tive necessidade.
A Porfª Drª Yara de Miranda Gomes, Pesquisadora Titular do Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães/CPqAM/FIOCRUZ, que tive não só como
orientadora, mas também como uma grande amiga. Através dela, pude aprender
o significado de valores como dedicação, profissionalismo, competência e
compreensão.
Ao Prof. Dr. Wayner Vieira de Souza, Tecnologista Sênior do Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães/CPqAM/FIOCRUZ, pela orientação na área de
estatística e pela sua notável disponibilidade nas discussões.
Ao Dr. Rômulo Maciel Filho, Diretor do Centro de Pesquisas Aggeu
Magalhães, onde o trabalho foi realizado.
Ao Prof. Dr. Eduardo Freese, Diretor de Ensino do CPqAM, pela dedicação
e atenção dispensadas no decorrer do presente trabalho.
Ao Prof. Dr. Sinval Brandão Filho, Chefe do Departamento de Imunologia
do CPqAM, pela atenção que me foi dada durante a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Frederico Guilherme Coutinho Abath, Pesquisador Titular do
CPqAM, pelas críticas e sugestões emitidas ao projeto do qual originou o
presente trabalho.
Ao Profº Dr. Leucio Câmara Alves, Professor Adjunto do Departamento
de Medicina Veterinária da UFRPE, que me deu a oportunidade de participar de
ii
sua equipe em alguns trabalhos de campo para coleta de material, bem como
pelas críticas e sugestões ao projeto que resultou na presente dissertação.
Ao Mestre Antônio P. G. Ferreira, Chefe do Laboratório de Reativos de
Bio-Manguinhos/FIOCRUZ, pelo fornecimento dos “kits” EIE-Leishmaniose-
Visceral-Canina-Bio-Manguinhos e IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-
Manguinhos assim como, pela discussão dos resultados do presente trabalho.
Ao Mestre Edimilson Domingos da Silva, pelas informações sobre os kits
utilizados no presente trabalho.
A Mestre Maria Edileuza F. Brito, Pesquisadora do CPqAM, pela
colaboração na execução do teste parasitológico do cão Pimpolho (registro 057).
A Médica Veterinária Milena de Paiva Cavalcanti, Mestre em Medicina
Veterinária, pela sua contribuição no exame clínico e parasitológico dos cães e
pelas informações sobre a leishmaniose visceral canina.
Aos amigos Alinne Verçosa, Virginia Lorena, Valéria Pereira, Raquel Assis,
Myllena Melo e Lucas Moitinho pelo apoio, ajuda e principalmente amizade nas
horas difíceis.
A Mineo Nakazawa pelo apoio técnico na realização dos testes, pelos
sábios conselhos fornecidos e, acima de tudo, pela amizade desenvolvida no
decorrer do trabalho.
A todos que fazem parte do Laboratório de Reativos de Bio-Manguinhos,
pelo apoio me dado durante o período do estágio realizado em suas instalações.
A todos que trabalham no Laboratório de Doenças Parasitárias da UFRPE,
pela colaboração na coleta de amostras de cães e diagnósticos parasitológicos.
iii
A todos os que fazem o Departamento de Imunologia do CPqAM, pelos
incentivos recebidos.
A Nilda Lima e Nalva Menezes, da Secretaria Acadêmica do
NESC/CPqAM, pela atenção que me foi dispensada durante a realização do curso
de mestrado.
Aos bibliotecários do CPqAM, Adagilson B. B. da Silva, Mégine C. C. da
Silva, Romero E. da Silva e Virgínia Guimarães, pela ajuda na obtenção das
referências bibliográficas.
Aos proprietários dos cães que participaram desta pesquisa.
Aos colegas de Mestrado, pela convivência e amizade firmada a partir dos
momentos que passamos juntos.
A todas as pessoas que me apoiaram direta ou indiretamente na realização
deste trabalho.
Ao Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, pelo apoio financeiro.
E caso não tenha mencionado, devido ao grande número de colaboradores
diretos e indiretos: a você, muito obrigado.
iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEUA – Comitê de Ética em Uso com Animais
CO – Cut-off
CPqAM – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
DMV – Departamento de Medicina Veterinária
DNA – Ácido Desoxirribonucléico
DO – Densidade Ótica
E – Especificidade
EIE – Ensaio Imunoenzimático
EIE-LVC – EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos
ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
HSP-70 - Heat shock proteins
IC – Intervalo de Confiança
IDR – Intradermoreação
IFI – Imunofluorescência Indireta
IFI-LVC – IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos
ITEP – Instituto Tecnológico de Pernambuco
LV – Leishmaniose Visceral
LVC – Leishmaniose Visceral Canina
LVH – Leishmaniose Visceral humana
OMS – Organização Mundial de Saúde
PCR – Reação em Cadeia da Polimerase
v
QBC – Quantitative Buffy Coat
RMR – Região Metropolitana de Recife
rK39 – Antígeno recombinante k39
S – Sensibilidade
TAD – Teste de Aglutinação Direta
TDR – Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases
UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco
VPP – Valor Preditivo Positivo
VPN – Valor Preditivo Negativo
WHO – World Health Organization
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Combinação binária entre os resultados prováveis obtidos em um
determinado teste e o diagnóstico verdadeiro da doença........................................ 17
Tabela 2 – Combinação binária entre os resultados prováveis obtidos no EIE-
LVC por dois observadores...................................................................................... 19
Tabela 3 – Escala de concordância do indicador Kappa (ANDRADE e ZICKER,
1997)........................................................................................................................ 20
Tabela 4 – Avaliação do EIE-LVC frente ao critério clínico e
parasitológico.....…................................................................................................... 24
Tabela 5 – Avaliação do IFI-LVC frente ao critério clínico e
parasitológico........................................................................................................... 24
Tabela 6 – Avaliação do desempenho do IFI-LVC e do EIE-LVC combinados em
paralelo frente ao critério clínico e
parasitológico........................................................................................................... 25
Tabela 7 – Avaliação do desempenho do IFI-LVC e EIE-LVC combinados em
série frente ao critério clínico e
parasitológico........................................................................................................... 26
Tabela 8 – Comparação da reatividade dos soros de cães com diagnóstico
parasitológico negativos para LV portadores de outras doenças através do EIE-
LVC e do IFI-LVC..................................................................................................... 28
Pág.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ciclo biológico da Leishmania ssp............................................................ 10
Figura 2 – Áreas endêmica da Leishmaniose Visceral Humana................................ 10
Figura 3 – – Formas parasitárias visualizadas a partir de amostras de bopsia de
medula óssea.............................................................................................................. 11
Figura 4 – Representação esquemática do teste QBC para Plasmodium
falciparum (A); Visualização de um teste QBC positivo para LVC (B)........................ 11
Figura 5 – Teste de Imunofluorecência Indireta positivo (A) e negativo (B) para
LVC............................................................................................................................. 12
Figura 6 – Representação esquemática do ELISA convencional (A) e sua
visualização em placa de microtitulação..................................................................... 12
Figura 7 – Coleta de Sangue na Veia Cefálica do Cão.............................................. 21
Figura 8 – Procedimento para raspado de pele......................................................... 21
Figura 9 – Procedimento para Biopsia de Medula Óssea.......................................... 22
Figura 10 – Variação dos valores preditivos do diagnóstico clínico em função da
prevalência.................................................................................................................. 27
Figura 11 – Densidade óptica das amostras analisadas através do EIE-LVC........... 29
Pág.
viii
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho do kit EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (EIE-LVC) e comparar com o
desempenho do kit IFI-Leishmaniose-Canina-Bio-Manguinhos (IFI-LVC), visando
sua utilização em rotina epidemiológica. Foram utilizados 114 cães atendidos no
Hospital Veterinário da UFRPE. Os animais foram submetidos inicialmente ao
exame clínico e parasitológico (biopsia de medula óssea e raspado de pele). O
sangue foi coletado e o soro armazenado a –20°C até sua posterior utilização.
Foram constituídos quatro grupos: Grupo 1 (G1), animais com sinais clínicos
sugestivos de LVC e com testes parasitológicos positivos (n=25); Grupo 2 (G2),
animais com diagnóstico apenas presuntivo de LVC (n=62); Grupo 3 (G3),
animais que nunca habitaram em área endêmica para a LVC, nunca receberam
transfusão sanguínea (n=16); e Grupo 4 (G4), animais portadores de outros
etiologias: babesiose (n=4), anaplasmose (n=6) e demodicose (n=1). A análise do
EIE-LVC no G1 apresentou uma sensibilidade de 72,0% (IC 95%: 50,4 – 87,1%) e
especificidade de 87,5% (IC 95%: 60,4 – 97,8%). Os valores de VPP e VPN foram
de 90,0% (IC 95%: 66,9 – 98,2%) e 66,7% (IC 95%: 42,5 – 84,9%),
respectivamente. O valor do índice kappa foi de 0,975 (IC 95%: 0,926 – 1,024), o
que traduz uma concordância ótima. Quando esses grupos foram analisados
através do IFI-LVC, no G1, a sensibilidade foi de 68,0% (IC 95%: 46,4 – 84,3%) e
a especificidade de 87,5% (IC 95%: 60,4 – 97,8%). Os valores de VPP e VPN
foram de 89,5% (IC 95%: 65,5 – 98,2%) e 63,6% (IC 95%: 39,1 – 83,1%),
respectivamente. Baseado na análise dos IC, foi evidenciado que os testes
sorológicos não se mostraram diferentes do ponto de vista estatístico quanto a
ix
performance para detecção de anticorpos anti-Leishmania sp. Quando as
amostras foram analisadas em paralelo a sensibilidade foi de 92,0% (IC: 72,5–
98,6%) e a especificidade de 75,0% (IC 95%: 47,4 – 91,7%). Já na análise dos
testes em série a sensibilidade foi de 48,0% (IC 95%: 28,3 – 68,2%) e a
especificidade de 100,0% (IC 95%:75,9 – 99,4%). A análise do G2 através dos
kits de IFI-LVC e EIE-LVC em paralelo, dada sua alta sensibilidade, revelou que
neste grupo 26 animais foram detectados como positivos e 36 foram
diagnosticados como negativos. A análise do diagnóstico clínico frente à
associação dos testes em paralelo apresentou um VPP de 42,0% (IC 95%: 29,7 –
55,1%). Quando os soros dos animais portadores de outras parasitoses foram
testados através do IFI-LVC, reação cruzada foi observada com demodicose e
ehrlichiose (18,2%). No EIE-LVC reação cruzada foi observada com um cão
portador de ehrlichiose (9,1%). No entanto, a elevada densidade óptica
apresentada por esse animal não descarta a possibilidade de uma co-infecção
com Leishmania. Esses resultados levam as seguintes conclusões: 1) Os
resultados obtidos com o kit EIE-LVC indicam que o seu desempenho é similar
aquele encontrado no IFI-LVC; 2) Os kits devem ser empregados em associação
para obter-se resultados mais seguros. 3) A utilização dos kits IFI-LVC e IEI-LVC
em associação concorre para a obtenção de resultados mais seguros, tendo em
vista que estas associações diminuem a possibilidade de ocorrência de resultados
falso-positivos e falso-negativos.
x
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the performance of the EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (EIE-LVC) kit and to compare it
with that of the IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (IFI-LVC), so
far as its use in epidemiological procedures is concerned. The study used 114
dogs being cared for by the Veterinary Hospital of the UFRPE (Federal Rural
University of Pernambuco). These animals first underwent a clinical and
parasitological examination (bone marrow aspiration and skin scrape test). Blood
was collected and the serum stored at -20ºC until used. The dogs were divided
into four groups: Group 1 (G1), dogs with clinical signs indicative of CVL and
testing positive for the parasite (n=25); Group 2 (G2), dogs with only a presumed
diagnosis of CVL (n=62); Group 3 (G3), dogs that had never lived in an area
where CVL is endemic and never received a blood transfusion (n=16); and Group
4 (G4), dogs carrying other diseases: such as babesiosis (n=4), anaplasmosis
(n=6) and demodicosis (n=1). Analysis of the EIE-CVL in G1 showed a sensitivity
of 72% (CI 95%: 50.4 – 87.1%) and a specificity of 87.5% (CI 95%: 60.4 – 97.8%).
The values for PPV and NVP were 90.0% (CI 95%: 66.9 – 98.2%) and 66.7% (CI
95%: 42.5 – 84.9%), respectively. The value of the Kappa index was 0.975 (CI
95%: 0.926 – 1.024), which represents an excellent fit. When this group was
analyzed using IFI-LVC, for the G1, the sensitivity was 68.0% (CI 95%: 46.4 –
84.3%) and the specificity 87.5% (CI 95%: 60.4 – 97.8%). The values of PPV and
NPV were 89.5% (CI 95%: 65.5 – 98.2%) and 63.6% (CI 95%: 39.1 – 83.1%),
respectively. Based on analysis of the CI, it can be seen that the serological tests
did not a show difference in terms of performance for detection of anti-leishmania
xi
antibodies. When the tests were conducted in parallel sensitivity was 92.0% (CI
95%: 72.5 – 98.6%) and specificity 75.0% (CI 95%: 47.4 – 91.7%). However, when
conducted consecutively, the tests showed a sensitivity of 48.0% (CI 95%: 28.3 –
68.2%) and a specificity of 100.0% (CI 95%: 75.9 – 99.4%). The analysis of G2
using IFI-LVC and EIE-LVC kits in parallel, because of its high sensitivity, revealed
that, of this group, 26 animals had been detected as positive and 36 had been
diagnosed as negative. The analysis of the clinical diagnosis against the
association of the tests in parallel produced a PPV of 42.0% (CI 95%: 29.7-
55.1%). When the serum of animals carrying other parasites was tested using the
IFI-LVC, cross-reaction was observed between demodicosis and ehrlichiosis. In
the EIE-LVC cross-reaction was observed in dogs carrying ehrlichiosis. However,
using high-density optics, the results for these animals did not rule out the
possibility of a co-infection with Leishmania. These results lead to the following
conclusions: 1) the results obtained using the EIE-LVC kit suggest that its
performance is similar to that found for the IFI-LVC. 2) Kits must be used in
conjunction if more reliable results are to be obtained. 3) The use of IFI-LVC and
EIE-LVC kits in combination results in more reliable results, because it reduces the
probability of the occurrence of false-positive and false-negative results.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... i
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... iv
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... vii
RESUMO.........................................................................................................................................viii
ABSTRACT .....................................................................................................................................x
1. INTRODUÇÃ0............................................................................................................................01
1.1. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral................................................................ 01
1.2. Diagnóstico etiológico..............................................................................................................05
1.2.1. Métodos parasitológicos e moleculares.............................................................................. 05
1.2.2. Métodos imunológicos........................................................................................................06
2. OBJETIVOS................................................................................................................................09
2.1. Objetivo geral...........................................................................................................................09
2.2. Objetivos específicos................................................................................................................09
3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................13
3.1. Amostra do estudo....................................................................................................................13
3.1.1. Local...................................................................................................................................13
3.1.2. Casuística............................................................................................................................13
3.1.3. Aspectos éticos....................................................................................................................13
3.2. Grupos de animais....................................................................................................................14
3.3. Coleta do material....................................................................................................................14
3.3.1. Coleta de sangue.................................................................................................................14
3.3.2. Raspados de pele.................................................................................................................14
3.3.3. Biopsia de medula óssea.....................................................................................................15
3.4. Processamento das amostras....................................................................................................15
3.4.1. Teste parasitológico............................................................................................................15
3.4.2. Testes imunológicos............................................................................................................16
3.4.3. Testes de concordância.......................................................................................................16
3.5. Análise dos resultados..............................................................................................................16
4. RESULTADOS........................................................................................................................... 23
4.1. Desempenho do IFI-LVC e do EIE-LVC nos grupos 1 (G1) e 3 (G3)...........................23
4.2.Avaliação do diagnóstico clínico frente aos testes sorológicos associados................ 26
4.3.Avaliação de reação cruzada no EIE-LVC e no IFI-LVC nos animais portadores de
outras parasitoses (G4)............................................................................................................... 27
5. DISCUSSÃO................................................................................................................................30
5.1. O desempenho do EIE-LVC e do IFI-LVC.............................................................................. 33
5.2. Custos dos kits EIE-LVC e IFI-LVC....................................................................................... 36
5.3. Problemas metodológicos.........................................................................................................36
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................................37
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................38
APÊNDICE 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido..................................................... 44
APÊNDICE 2 – Formulário de pesquisa (Casos).........................................................................45
APÊNDICE 3 – Formulário de pesquisa (Controles).................................................................. 46
APÊNDICE 4 – Resultados dos testes parasitológico e sorológicos...........................................47
ANEXO 1 – Parecer da Comissão de Ética em Uso com Animais.............................................50
ANEXO 2 – Protocolo de procedimento do EIE-LVC................................................................ 51
ANEXO 3 – Protocolo de procedimento do IFI-LVC.................................................................. 56ANEXO 4 – ARTIGO ..................................................................................................................... 60
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visce ral humana e
canina
A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, é uma
antropozoonose causada por um protozoário pertencente ao complexo
Leishmania donovani (Leishmania donovani, Leishmania infantum e Leishmania
chagasi) (ASHFORD et al., 1998). O protozoário completa seu ciclo biológico em
dois hospedeiros, um vertebrado e outro invertebrado. A transmissão natural da
Leishmania spp ocorre através da picada de um inseto infectado (exemplo,
Phlebotomus sp no Velho Mundo - Mediterrâneo, Índia, Nepal e Bangladesh, e
Lutzomyia sp no Novo Mundo - América Latina) que inocula formas promastigotas
do parasita na pele do hospedeiro vertebrado no momento do repasto sangüíneo
(GREENE e SLAPPENDEL, 1993; CIARAMELLA et al., 1997; ETTINGER e
FELDMAN, 1997) (Figura 1).
A L. donovani é o agente etiológico da LV no subcontinente Indiano e Leste
Africano, a L. infantum na região do Mediterrâneo e a L. chagasi no Novo Mundo.
O homem é o único reservatório conhecido da L. donovani (GUERIN et al., 2002).
Os canídeos, especialmente os cães domésticos e errantes são reservatórios
para L. infantum e L. chagasi (GUERIN et al., 2002). Com base nos perfis
isoenzimáticos, alguns autores consideram que a L. chagasi seja igual a L.
infantum, existindo, no momento, divergências sobre o uso do nome específico
chagasi para o agente etiológico da LV (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE,
1996; RIBEIRO, 2001).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
2
A LV é endêmica em 62 países, com um total de 200 milhões de pessoas
expostas ao risco de infecção, uma estimativa de 500.000 novos casos por ano
no mundo (DESJEUX, 1996) (Figura 2) e segundo dados da Organização Mundial
de Saúde (OMS), divulgados em 2001, houve 41.000 mortes no ano de 2000.
Como em outras doenças tropicais, os dados epidemiológicos são incompletos, e
os dados oficiais sub-estimam o real problema da doença (THAKUR, 2000).
Cerca de 90% dos casos humanos de LV ocorrem em cinco países: Índia
(planícies de Ganges e Brahmaputra), Bangladesh, Nepal, Sudão e Nordeste do
Brasil (Figura 2). Vários fatores contribuem para essa elevada porcentagem de
casos, como por exemplo, o deslocamento da população da zona rural para
urbana que resultou na epidemia que ocorreu no Sudão causando uma letalidade
em torno de 36% (SEAMAN et al., 1996), ressurgimento da doença na Índia
(HERWALDT, 1999; THAKUR, 2000) e para sua expansão urbana no Brasil
(ARIAS et al., 1996). A Leishmania, seus vetores e reservatórios estão
amplamente distribuídos em praticamente todo território brasileiro, particularmente
nas regiões Norte e Nordeste (THOMÉ, 1999), sendo a região Nordeste a
principal zona endêmica da LV nas Américas (ACHA & SZYFRES, 1986; ALVES
et al., 1998).
Na América Latina a leishmaniose visceral canina (LVC) é causada pela
infecção com L. chagasi que é transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia
longipalpis (MILES et al., 1999). Em várias cidades brasileiras a LVC é
considerada um sério problema de saúde pública, e em localidades onde a
doença é endêmica cães domésticos representam o principal reservatório para
infecção por Leishmania em humanos e em outros cães (COUTINHO et al., 1985;
PARANHOS-SILVA et al., 1996; COURTENAY et al., 2002; FRANÇA-SILVA et
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
3
al., 2003). A prevalência da LVC varia de 1% a 36% em áreas endêmicas do
Brasil (COUTINHO et al., 1985; PARANHOS-SILVA et al., 1996; ASHFORD et al.,
1998; COURTENAY et al., 2002).
A LVC é caracterizada por hepatoesplenomegalia, lesões de borda de
orelha e focinho, acinesia e onicogrifose (CIARAMELLA et al., 1997; NOLI, 1999).
Segundo Losos (1986) a enfermidade inicia-se com lesões na pele. Já Thomé
(1999) relata a presença de nódulos cutâneos que, eventualmente, podem
ulcerar. Pocai et al. (1998) citam que, nos casos em que há ulcerações, elas são
vistas na pele do focinho, orelhas e mucosa oral e nasal. De acordo com Koutinas
et al. (1999), entre as manifestações clínicas mais comuns, estão variadas lesões
cutâneas, tais como, dermatite esfoliativa e ulcerações.
Segundo Feitosa et al. (2000), em 68% dos casos de LVC, ocorrem
alterações dermatológicas, podendo, o animal afetado, apresentar um quadro
clínico caracterizado por alopecia local ou generalizada, lesões crostosas em
geral no focinho, orelhas e nas extremidades, descamação furfurácea, entre
outros sinais. A alopecia pode ser explicada pela ação direta do parasito sobre o
folículo piloso, ou lesões hepáticas que provoquem distúrbios do ácido
pantotênico ou ainda, deposição de imunocomplexos na membrana basal da pele
(HOMMEL, 1978). A onicogrifose ocorre pela presença do parasita na matriz
ungueal, estimulando seu crescimento (LESTOQUARD e DONATIEN, 1983;
FEITOSA et al., 2000). As úlceras cutâneas dão-se, provavelmente, pela
multiplicação das formas amastigotas ou pela deposição de imunocomplexos que
levariam a uma vasculite necrotizante, já os distúrbios locomotores podem ser
justificados por poliartrite (deposição de imunocomplexos), fissuras nos coxins,
úlceras interdigitais, lesões osteolíticas ou periostite proliferativa.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
4
Hepatoesplenomegalia e linfadenopatia generalizada são resultantes da
proliferação de linfócitos B, histiócitos e macrófagos (FEITOSA et al., 2000).
No entanto, existe um grande percentual de animais assintomáticos,
havendo opiniões contrárias na literatura em relação à cura espontânea. Estudos
mostram que raramente os animais curam-se espontaneamente (CORRÊA e
CORRÊA, 1992; SANTA ROSA e OLIVEIRA, 1997; SILVA et al., 1999). Enquanto
outros afirmam que em 62% dos cães assintomáticos ocorre a cura espontânea
(RIBEIRO, 2001).
Com relação à distribuição geográfica da LVC no Brasil, têm sido relatados
focos em áreas rurais e peri-urbanas (MARZOCHI e MARZOCHI, 1994). No
Nordeste do Brasil, pode-se destacar o trabalho de Aguiar et al. (2001) que
encontraram 72,73% de animais positivos concomitantemente à cultura esplênica
e ao ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Em 1998, a freqüência da
LVC, diagnosticada por meio de exame parasitológico, na Região Metropolitana
do Recife (RMR) foi de 18,10% (SILVA et al., 1998). Em 1999, estudo realizado
pelos mesmos autores, demonstrou um aumento significativo na freqüência da
enfermidade, encontrando 60% de animais positivos, diagnosticados por meio de
exame sorológico e parasitológico, (SILVA et al., 1999). Fato este que pode ser
explicado pela amostragem utilizada no estudo que contribuiu para elevação
deste percentual. Em 2001, diagnosticando-se a LVC apenas por exame
parasitológico, obteve-se índice de positividade de 23,91% (PAIVA CAVALCANTI
et al., 2001). No ano seguinte, também por meio de diagnóstico parasitológico, a
LVC apresentou freqüência de 34,50% (PAIVA CAVALCANTI et al., 2002), o que
mostra a expansão da doença na RMR.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
5
1.2. Diagnóstico etiológico
O diagnóstico da LVC no Brasil é, sem dúvida, um enorme desafio para os
órgãos de controle de endemias, já que o cão é considerado o principal
reservatório da doença nas Américas. Pode ser feito com base nas características
clínicas apresentadas pelos animais, confirmadas por métodos laboratoriais
parasitológicos e imunológicos (BONATES, 2003).
A detecção do parasita, através de métodos parasitológicos, constitui o
requisito básico para o diagnóstico da LV. Os métodos imunológicos, onde se
detecta a presença de anticorpos contra o parasita, são úteis para uma triagem de
casos, quando for difícil demonstrar a presença de Leishmania sp, bem como em
inquéritos epidemiológicos (REY, 2001).
1.2.1. Métodos parasitológicos e moleculares
As leishmanias podem ser identificadas no interior de células fagocitárias
fixas ou livres, sendo reconhecidas por sua morfologia de amastigotas, ou
cultivadas de aspirados do baço, da medula óssea (Figura 3), do linfonodo ou do
fígado em hamsters, existindo, ainda, a prova biológica que consiste na
inoculação intraperitoneal do material suspeito em hamsters (Mesocricetus
auratus) (URQUHART et al., 1990; CORRÊA e CORRÊA, 1992; THOMÉ, 1999).
Os esfregaços de sangue podem ser examinados, no entanto, apenas
eventualmente serão encontradas formas amastigotas de Leishmania sp em
macrófagos circulantes (KLEIN et al., 2000; BONATES, 2003). É possível,
também, a identificação da Leishmania no líquido sinovial (ACHA e SZYFRES,
1986; MERCK, 1991; CORRÊA e CORRÊA, 1992; FEITOSA et al., 2000).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
6
Segundo HERWALDT (1999) o diagnóstico é mais sensível (98%) nos
aspirados do baço que tem sido usado na rotina de diagnóstico no campo, por
exemplo, no Kênia e Sudão. Mas há contra indicações, precauções são
necessárias, e complicações apesar de raras, podem ser sérias.
O “Quantitative Buffy Coat” (QBC) (Figura 4), um método direto e rápido de
fluorescência utilizado na identificação de parasitas hemáticos, tem sido proposto
por Liarte et al. (2001) para o diagnóstico da LVC e LVH. Segundo esses autores,
devido à facilidade de coleta, execução e rapidez esse método deveria ser
avaliado para programas de controle de reservatórios.
O diagnóstico da LV através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
tem alta habilidade em detectar e identificar o DNA do parasita em qualquer
amostra clínica, produzindo um resultado confiável em poucas horas (FISA et al.,
2001; LEÔNIDAS et al., 2002; IKONOMOPOULOS et al., 2003). Segundo Feitosa
et al. (2000) esta técnica é uma prova diagnóstica altamente sensível e
específica, porém atualmente só é possível a sua realização em laboratórios
especializados não estando ainda disponível comercialmente.
1.2.2. Métodos imunológicos
A detecção no soro de anticorpos específicos contra antígenos do parasita
pode ser efetuada, através dos testes de Imunofluorescência Indireta (IFI), ELISA
ou do Teste de Aglutinação Direta (TAD), Imunocromatografia além de
Immunoblot. Os mais usados para a LVC são o IFI, o TAD e o ELISA.
Dentre estes, o teste de IFI (Figura 5) é reconhecido como “padrão-ouro”
(GRADONI, 1999), tanto para LV humana quanto canina. Apesar de apresentar
menor sensibilidade e especificidade que o ELISA (Figura 6), tem sido o método
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
7
mais comumente utilizado (BADARÓ et al., 1983; ACHA e SZYFRES, 1986;
ANDRADE et al., 1998; CABRAL et al., 1998), sendo a prova adotada pela
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Reações cruzadas têm sido observadas
com esse teste.
O TAD tem mostrado 96,5-100% de sensibilidade e 91-95% de
especificidade. É fácil para uso no campo e de baixo custo, mas não há antígeno
comercialmente disponível e os resultados não são reprodutíveis (OSKAM et al.,
1999; BOELAERT et al., 1999b).
A Intradermorreação (IDR), também conhecida como Reação de
Montenegro, que consiste na inoculação intradérmica de antígeno padronizado
(leishmanina), com leitura após 48 a 72 horas, segundo Thomé (1999), não
apresenta bons resultados para o diagnóstico da LVC. Ela tem sido usada, porém
necessitando de estudos sobre possíveis reações cruzadas (SCHUBACH et al.,
2001).
ELISAs utilizando antígenos quimicamente definidos e específicos do
parasita têm sido propostos para o diagnóstico da LVC e LVH. O antígeno
recombinante K39 (rK39), um epitopo imunodominante repetitivo em uma proteína
relacionada a kinesina, e muito conservado entre as espécies de leishmanias
viscerotrópicas, têm se mostrado sensível e específico para o diagnóstico da LVC
e LVH (BADARÓ et al., 1996; SCALONE et al., 2002). Outro antígeno
considerado candidato para o diagnóstico da LV é o recombinante A2. Este é
expresso em amastigotas como uma família de proteínas que apresenta um
número de repetições de dez aminoácidos (ZHANG et al., 1996). Estudos
sugerem que o recombinante A2 é particularmente útil para o diagnóstico da LVC
(CARVALHO et al., 2002).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
8
No Kênia, o ELISA mostrou uma sensibilidade de 98% e especificidade de
100%, mas não há kit comercialmente disponível (BOELAERT et al., 1999a). O
ELISA recombinante proposto por ANDRADE et al. (1998), utilizando a porção
carboxi-terminal (porção antigênica) da proteína recombinante HSP-70 (Heat
Shock Proteins) de L. chagasi (ANDRADE et al., 1992), demonstrou um bom
desempenho, com possibilidade de identificação específica e precoce da infecção
em cães. A empresa Biogene, incubada no Instituto Tecnológico de Pernambuco
(ITEP), desenvolveu um kit (ELISA-Recombinante) para o diagnóstico da LVC
utilizando como antígeno a proteína recombinante HSP-70 (Biogene, 2005).
Apesar de já estar comercialmente disponível no mercado, não foi, encontrado na
literatura pesquisada, nenhum dado relacionado à sensibilidade e à especificidade
do referido kit.
Estes dados mostram a necessidade do contínuo desenvolvimento de
técnicas de detecção da LVC que alcancem elevadas sensibilidade e
especificidade para que possam ser empregadas na rotina de vigilância
epidemiológica.
Sendo assim, visando encontrar uma alternativa à utilização do teste de IFI
isoladamente, para execução de inquéritos em áreas endêmicas, recentemente
um kit, EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos, para diagnóstico da
LVC foi desenvolvido por Bio-Manguinhos/FIOCRUZ (FERREIRA et al., 2000).
Uma avaliação desse kit, utilizando amostras (soro) de cães com diagnóstico
clínico presuntivo de LVC, mostrou 53,1% e 37,7% de resultados concordantes
negativos e positivos, respectivamente (FERREIRA et al., 2000). No entanto, um
estudo do referido kit utilizando amostras de cães com diagnóstico clínico e
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
9
parasitológico positivo, mostrou-se necessário para uma avaliação segura do
desempenho do kit.
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Avaliar o desempenho do kit EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-
Manguinhos e compará-lo com o do kit IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-
Manguinhos, bem como suas associações, para o diagnóstico da LVC.
2.2. Específicos
Calcular sensibilidade e especificidade do kit EIE-Leishmaniose-Visceral-
Canina-Bio-Manguinhos (EIE-LVC), em amostras de cães com sinais clínicos
sugestivos e testes parasitológicos característicos de LVC.
Avaliar a reprodutibilidade do EIE-LVC através do indicador kappa (k).
Calcular sensibilidade e especificidade do kit IFI-Leishmaniose-Visceral-
Canina-Bio-Manguinhos (IFI-LVC), em amostras de cães com sinais clínicos
sugestivos e testes parasitológicos característicos de LVC.
Avaliar a sensibilidade e especificidade do IFI-LVC e do EIE-LVC, quando
associados em série e em paralelo.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
10
Figura 1 – Ciclo biológico da Leishmania spp (Fonte: WHO/TDR, 2005)
Figura 2 – Áreas endêmica da Leishmaniose Visceral Humana (Fonte: DESJEUX,
2004).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
11
A B
Figura 4 – Representação esquemática do teste QBC para Plasmodium falciparum (A);
Visualização de um teste QBC positivo para LVC (B). (Fonte: Medical Diagnostic
Inventions, 2005 [A] e LIARTE et al., 2001 [B]).
Figura 3 – Formas parasitárias visualizadas a partir de amostras de biopsia de medula óssea
(Fonte: HOLLAND et al, 2002).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
12
Figura 5 – Teste de Imunofluorescência Indireta positivo (A) e negativo (B) para
LVC. (Fonte: Arquivo Bio-Manguinhos)
Figura 6 - Representação esquemática do ELISA convencional (A) e sua visualização
em placa de microtitulação (B). N: Reação Negativa; P: Reação Positiva. (Fonte:
Arquivos do Laboratório de Imunoparasitologia - CPqAM/FIOCRUZ [A] e NELSON,
2004 [B]).
A B
ELISA CONVENCIONAL
+ + +
Reação positiva Reação negativa
A B
N
P
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
13
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Amostra do estudo
3.1.1. Local
Foram utilizados cães de raças, de idades variadas, de ambos os sexos,
domiciliados provenientes da RMR - Estado de Pernambuco, atendidos no
Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
3.1.2. Casuística
Foi adotada uma amostragem não probabilística de conveniência (COSTA
NETO, 1977; REIS, 2003) em função do número de animais com sinais cínicos
sugestivos de LVC. No período de um ano foram coletadas 114 amostras (46
foram atendidos no período agosto de 2000 a janeiro de 2001 e 68 de junho a
dezembro de 2004).
3.1.3. Aspectos éticos
Os cães que participaram da pesquisa foram avaliados pelo médico
veterinário responsável, quando os seus proprietários assinaram um
consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1) e responderam a um questionário
(Apêndice 2 e 3) onde dados dos proprietários, informações epidemiológicas e
clínicas da LVC foram coletadas. O estudo foi submetido à Comissão de Ética no
Uso de Animais (CEUA) da FIOCRUZ tendo parecer (nº P.0220/04) favorável,
(Anexo 1).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
14
3.2. Grupos de animais
Foram constituídos 4 grupos: Grupo 1 (G1), cães com sinais clínicos
sugestivos de LVC e com testes parasitológicos positivos (n=25); Grupo 2 (G2),
cães com diagnóstico apenas presuntivo de LVC (n=62); Grupo 3 (G3), cães que
nunca habitaram em área endêmica para a LVC, nunca receberam transfusão
sanguínea (n=16); e Grupo 4 (G4), cães portadores de outras doenças (n=11).
3.3. Coleta do material
Os animais foram submetidos ao exame físico pelo médico veterinário,
constando de inspeção da pele e fâneros além da palpação abdominal e dos
gânglios linfáticos regionais. Em seguida, os animais foram contidos com
mordaças de nylon adequadas para cada porte, para os procedimentos de coleta
dos materiais: sangue, raspado de pele e punção de medula óssea.
3.3.1. Coleta de sangue
Após anti-sepsia com algodão embebido em álcool iodado, 2 a 5 mL de
sangue da veia cefálica foram coletados de cada animal utilizando-se seringa
descartável acoplada a uma agulha hipodérmica 25 X 7 mm (Figura 7). O
sangue foi depositado em tubo de ensaio sem anticoagulante para posterior
centrifugação e obtenção do soro.
3.3.2. Raspados de pele
Os raspados de pele foram realizados com o auxílio de lâmina de bisturi
(Figura 8). Para diagnóstico parasitológico da LVC foram realizados raspados de
pele íntegra e/ou lesionada na região do focinho e orelhas, ou quaisquer outras
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
15
áreas lesionadas. Com o material obtido, foram confeccionados esfregaços em
lâminas para microscopia para realização da pesquisa das formas amastigotas
da LVC.
3.3.3. Biopsia de medula óssea
Após anti-sepsia, foi realizada biopsia na crista do osso esterno, utilizando-
se seringa descartável com capacidade para 20 mL, acoplada a uma agulha 40 x
12 mm. Com o material obtido foram confeccionados esfregaços em lâminas
(Figura 9).
3.4. Processamento das amostras
Os materiais coletados foram processados no Laboratório de
Imunoparasitologia do Departamento de Imunologia do CPqAM/FIOCRUZ e no
Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos do Departamento
de Medicina Veterinária (DMV/UFRPE), e submetidos a metodologias
específicas de acordo com a natureza do material e tipo de exame, como
descritas a seguir:
3.4.1. Teste parasitológico
Parasitológico de sangue, de pele e de medula óssea
Os esfregaços em lâminas para microscopia, após secagem e fixação pelo
metanol, foram corados pelo corante panótico e examinados em microscópio
óptico com objetiva de imersão.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
16
3.4.2. Testes imunológicos
Anticorpos anti-Leishmania foram detectados através dos testes de IFI e
ELISA.
ELISA – Foi utilizado o kit EIE-LVC produzido por Bio-
Manguinhos/FIOCRUZ, lote: 040EL009Z, que utiliza placa de microtitulação
sensibilizada com antígenos solúveis de Leishmania major-like
(MHOM/BR/76/JOF) (SILVA ED, comunicação pessoal). A reação foi realizada,
conforme o protocolo do fabricante (Anexo 2).
IFI – Foi utilizado o kit IFI-LVC produzido por Bio-Manguinhos/FIOCRUZ, lote
04PLC004Z, que utiliza como antígeno formas promastigotas de Leishmania
major-like (MHOM/BR/76/JOF) (SILVA ED, comunicação pessoal). A reação foi
realizada de acordo com o protocolo do fabricante (Anexo 3).
3.4.3. Teste de concordância
Um ensaio foi realizado por dois observadores que não conheciam a
identidade das amostras para verificação da reprodutibilidade do EIE-LVC e a
análise de concordância foi baseada no indicador kappa (k) (ANDRADE e
ZICKER, 1997).
3.5. Análise dos resultados
Os parâmetros sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivo e
negativo foram estimados de acordo com Ferreira & Ávila (2001), utilizando uma
tabela de dupla entrada relacionando o diagnóstico da doença e o resultado do
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
17
teste (Tabela 1) empregando o programa WIN EPISCOPE 2.0 (DE BLAS et al.,
2000). Os respectivos intervalos de confiança (IC), com grau de confiança 95%,
bem como a acurácia dos testes foram calculados de acordo com Bender (2001).
Para avaliação do IFI-LVC e EIE-LVC adotou-se como padrão ouro o
seguinte critério diagnóstico: Cães portadores da LVC: cães com sinais clínicos
sugestivos de LVC e com testes parasitológicos positivos; Cães não portadores
da LVC: cães que nunca habitaram em área endêmica para a LVC e nunca
receberam transfusão sanguínea. Já para avaliação do diagnóstico clínico foi
utilizado como padrão-ouro a combinação em paralelo do IFI-LVC e EIE-LVC.
Tabela 1 - Combinação binária entre os resultados prováveis obtidos em um
determinado teste e o diagnóstico verdadeiro da doença.
DOENÇA – Diagnóstico verdadeiro TESTES
Presente Ausente
Positivo Verdadeiros positivos
A
Falsos positivos
B
Negativo Falsos negativos
C
Verdadeiros negativos
D
Segundo Ferreira & Ávila (2001)
A sensibilidade (S) do teste é dada pela porcentagem de positivos
detectados pelo teste entre os indivíduos sabidamente doentes. A especificidade
(E), pela percentagem de negativos, entre indivíduos não doentes. O valor
preditivo positivo (VPP) refere-se à probabilidade de ter a doença se o resultado
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
18
for positivo, enquanto que o valor preditivo negativo (VPN) refere-se à
probabilidade de não ter a doença quando o resultado for negativo. Esses
parâmetros foram determinados através das seguintes fórmulas abaixo:
A análise estatística dos testes associados em paralelo, que considera
positivo quando reagente para qualquer um dos testes, e em série, que considera
positivo quando reagente nos dois testes, foi realizada também através do
programa de estatística WIN EPISCOPE 2.0 (DE BLAS et al., 2000), que para o
cálculo de sensibilidade e especificidade utiliza as seguintes fórmulas:
Paralelo Serie
Sensibilidade 1-(1-S1)·(1-S2) S1·S2
Especificidade E1·E2 1-(1-E1)·(1-E2)
onde S1 e S2 são as sensibilidades do primeiro e segundo teste respectivamente,
e E1 e E2 as especificidades dos testes (THRUSFIELD, 1995).
DB
DE
+=
BA
AVPP
+=
DC
DVPN
+=
CA
AS
+=
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
19
A concordância dos resultados obtidos no ELISA pelos dois observadores
foi avaliada através do índicador Kappa (k), como demonstrado nas Tabelas 2 e
3.
Tabela 2 – Combinação binária entre os resultados prováveis obtidos no EIE-LVC
por dois observadores
EIE-LVC (Observador 1)
Positivo Negativo Total
Positivo A B A+B
Negativo C D C+D
Total A+C B+D N
A+D = número de resultados iguais
(A+D)/N = proporção de resultados iguais
B+C = número de resultados diferentes
A proporção esperada (Pe) de resultados iguais devidos ao acaso é
calculada através da fórmula abaixo:
N
DB
N
DC
N
CA
N
BAPe
)()()()( +⋅+++⋅+=
A máxima proporção de concordância não devida ao acaso é o máximo
valor encontrado para k, ou seja k =1, levando em consideração que Pe será igual
a 0,5.
EIE-LVC (Observador 2)
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
20
O índice Kappa se define como:
Tabela 3 – Escala de concordância do indicador Kappa (ANDRADE e ZICKER,
1997)
Kappa Concordância
<0,00 Nenhum
0,00 – 0,20 Fraco
0,21 – 0,40 Sofrível
0,41 – 0,60 Regular
0,61 – 0,80 Boa
0,81 – 0,99 Ótima
1,00 Perfeita
Pe
PeN
DA
−
−+
=1
)(
κ
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
21
Figura 7 – Coleta de Sangue na Veia Cefálica do Cão (Fonte: Manual de
Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, Ministério da Saúde, 2003)
Figura 8 - Procedimento para raspado de pele. (Fonte: Arquivos do DMV-UFRPE)
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
22
Figura 9 – Procedimento para Biopsia de Medula Óssea. (Fonte: Arquivos do
DMV-UFRPE)
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
23
4. RESULTADOS
Os resultados dos testes parasitológicos, EIE-LVC e IFI-LVC estão
apresentados no Apêndice 4.
No presente estudo, foram diagnosticados 87 cães com sinais clínicos
sugestivos de LVC, dos quais 25 tiveram resultado positivo para o teste
parasitológico (constituindo o G1) e 62 se mostraram negativos para o teste
parasitológico (cães pertencentes ao G2). Dezesseis cães atenderam ao critério
do G3, como descrito em Materiais e Métodos, item 3.2., e onze animais
apresentaram outras parasitoses (babesiose, n=4; anaplasmose, n=6;
demodicose, n=1), constituindo o G4.
A avaliação dos parâmetros sensibilidade, especificidade e índice Kappa
está apresentada a seguir.
4.1. Desempenho do IFI-LVC e do EIE-LVC nos grupos 1 (G1) e 3 (G3)
Os valores de Densidade Ótica (DO) obtidos para o EIE-LVC estão
apresentados na Figura 11. A Tabela 4 mostra os resultados da análise do EIE-
LVC que apresentou uma sensibilidade de 72,0% (IC 95%: 50,4 – 87,1%) e uma
especificidade de 87,5% (IC 95%: 60,4 – 97,8%). Os valores de VPP e VPN foram
de 90,0% (IC 95%: 66,9 – 98,2%) e 66,7% (IC 95%: 42,5 – 84,9%),
respectivamente. A acurácia do EIE-LVC foi de 78,0% (IC 95%: 62,0 – 88,9%).
Na análise de concordância o valor do índice kappa foi de 0,975 (IC 95%: 0,926 –
1,024), o que traduz uma concordância ótima (ANDRADE e ZICHER, 1997).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
24
Tabela 4 – Avaliação do EIE-LVC frente ao critério clínico e parasitológico
Clínico e parasitológicoTESTE
Positivo Negativo TOTAL
Positivo 18 2 20
Negativo 7 14 21 EIE-LVC
TOTAL 25 16 41
A Tabela 5 apresenta os resultados da análise desses grupos através do
IFI-LVC, onde foram obtidos como resultado do desempenho: sensibilidade de
68,0% (IC 95%: 46,4 – 84,3%) e especificidade de 87,5% (IC 95%: 60,4 – 97,8%).
Os valores de VPP e VPN foram de 89,5% (IC 95%: 65,5 – 98,2%) e 63,6% (IC
95%: 39,1 – 83,1%), respectivamente. A acurácia do IFI-LVC foi de 76,0% (IC
95%: 59,4 – 87,1%)
Tabela 5 – Avaliação do IFI-LVC frente ao critério clínico e parasitológico
Clínico e parasitológicoTESTE
Positivo Negativo TOTAL
Positivo 17 2 19
Negativo 8 14 22 IFI-LVC
TOTAL 25 16 41
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
25
Com base na análise dos IC, foi evidenciado que os testes sorológicos não
se mostraram diferentes do ponto de vista estatístico quanto a performance para
detecção de anticorpos para Leishmania.
Com os resultados apresentados na Tabela 6, testes sorológicos
associados em paralelo, foram obtidos os seguintes valores para análise de
desempenho: sensibilidade de 92,0% (IC: 72,5 – 98,6%), especificidade de 75,0%
(IC 95%: 47,4 – 91,7%), VPP de 85,2% (IC 95%: 65,4 – 95,1%) e VPN e 85,7%
(IC 95%: 66,0 – 95,4%), respectivamente. A acurácia encontrada para esta
associação foi de 85,0% (IC 95%: 70,1 – 93,9%)
Tabela 6 – Avaliação do desempenho do IFI-LVC e do EIE-LVC combinados em
paralelo frente ao critério clínico e parasitológico
Clínico e parasitológicoTESTE
Positivo Negativo TOTAL
Positivo 23 4 27
Negativo 2 12 14 IFI-LVC +EIE-LVC
PARALELOTOTAL 25 16 41
A Tabela 7 mostra os resultados quando os testes são associados em
série. A análise destes resultados mostrou uma sensibilidade de 48,0% (IC 95%:
28,3 – 68,2%), uma especificidade de 100,0% (IC 95%:75,9 – 99,4%) e valores de
VPP e VPN de 100,0% (IC 95%: 69,9 – 99,2%) e 55,2% (IC 95%: 26,1 – 81,4%),
respectivamente. A associação encontrou uma acurácia de 68,0% (IC 95%: 51,8 –
81,4%).
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
26
Tabela 7 – Avaliação do desempenho do IFI-LVC e EIE-LVC combinados em
série frente ao critério clínico e parasitológico
Clínico e parasitológicoTESTE
Positivo Negativo TOTAL
Positivo 12 0 12
Negativo 13 16 29 IFI-LVC +EIE-LVC
SÉRIETOTAL 25 16 41
4.2. Avaliação do diagnóstico clínico frente aos te stes sorológicos
associados
A análise dos resultados dos cães com diagnóstico apenas presuntivo, G2,
revelou que neste grupo 26 animais foram detectados como positivos para os
testes sorológicos em paralelo, enquanto 36 foram diagnosticados como
negativos.
Para avaliação do diagnóstico clínico procedeu-se ao cálculo do VPP do
mesmo, tomando-se como padrão-ouro a combinação dos testes em paralelo,
dada sua alta sensibilidade. O valor encontrado para o VPP foi de 42,0% (IC 95%:
29,6 – 54,2%). A figura 10 possibilita a especulação dos possíveis valores
preditivos que podem ser obtidos em função da variação de prevalência.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
27
0102030405060708090
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Prevalência Verdadeira
Val
ores
Per
cent
uais %P.A.
%V.P.+
%V.P.-
Figura 10 – Variação dos valores preditivos do diagnóstico clínico em função da
prevalência. P.A. = prevelência aparente; V.P.+ = valor preditivo positivo; V.P.- =
valor preditivo negativo.
4.3. Avaliação de reação cruzada no EIE-LVC e no IF I-LVC nos animais
portadores de outras parasitoses (G4)
Quando os soros dos animais portadores de outras parasitoses, G4, foram
testados através do IFI-LVC, um resultado falso-positivo foi detectado para
demodicose e outro para anaplasmose. Nenhuma reação foi evidenciada quando
os soros dos animais com babesiose foram testados. O soro de um cão com
ehrlichiose mostrou-se positivo (falso-positivo) no EIE-LVC, os demais
apresentaram resultados negativos (Tabela 8).
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28
Tabela 8 – Comparação da reatividade dos soros de cães com diagnóstico
parasitológico negativos para LV portadores de outras doenças através do EIE-
LVC e do IFI-LVC
PARASITOSES EIE-LVC IFI-LVC
Babesiose (n=4) 0 0
Anaplasmose(n=6) 1 1
Demodicose (n=1) 0 1
n =11
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29
Leish NLeish Outras0.000.050.100.150.200.250.300.350.400.450.500.550.600.650.700.750.800.850.900.951.001.051.101.151.201.251.301.351.401.451.50
Amostras
DO
450
nm
CO
ZC
Figura 11 – Densidade óptica das amostras analisadas através do EIE-LVC. Leish =
cães com diagnóstico parasitológico para LVC; Nleish = animais controles; Outras =
animais portadores de outras parasitoses.
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30
5. DISCUSSÃO
Os dados relativos à morbidade da LV no Brasil não são precisos. Isso
dificulta as estratégias de controle hoje empregadas nas regiões onde ocorre a
doença. Os inquéritos epidemiológicos baseados em população humana e canina
são necessários para avaliar a extensão do problema (ALVES e BEVILACQUA,
2004).
No caso da LVC - zoonose com grande influência na saúde humana - a
identificação remoção e eutanásia do cão são atividades preconizadas pelo
Ministério da Saúde para o controle da doença em humanos. Essa recomendação
está respaldada nos seguintes fatos: 1) o cão é considerado o principal
reservatório da doença para o ser humano; 2) a doença no cão precede a
infecção em humanos (ALVES e BEVILACQUA, 2004). Assim, o controle da
doença está relacionado à utilização de testes de diagnóstico que apresentem
resultados seguros, de maneira que, os cães positivos para LV não deixem de ser
removidos, o que contribui para a não propagação da doença.
As técnicas atualmente empregadas para o diagnostico da LVC são para
detecção do parasita e/ou para detecção de anticorpos contra o parasita. Dentre
as técnicas utilizadas para detecção do parasita podemos citar a punção
aspirativa de medula óssea, baço, fígado e linfonodos, para confecção de
esfregaços em lâminas, teste histopatológicos, isolamento em meio de cultura e
inoculação em animais de laboratório. Porém, estas técnicas são procedimentos
invasivos e a sensibilidade e especificidade são variáveis (GONTIJO & MELO,
2004). Além disso, o tratamento prévio de animais, pode mascarar os resultados
dos mesmos devido à diminuição do número de leishmanias circulantes
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31
(RIBEIRO, 2001). O diagnóstico molecular através de testes como a PCR, por
exemplo, pode ser utilizado como uma ferramenta para auxiliar diagnósticos
imprecisos. No entanto, esta técnica para detecção de Leishmania sp necessita
de muitos ajustes para torná-la mais simples e com custo operacional mais
acessível (GONTIJO e MELO, 2004).
Dentre as técnicas utilizadas hoje para detecção de anticorpos para
leishmania, o TAD, o teste de IFI e alguns ELISAs, que utilizam antígenos brutos,
são limitados em termos de sensibilidade e especificidade (GONTIJO e MELO,
2004). O teste de IFI exerce um papel de destaque no que diz respeito ao
diagnóstico da leishmaniose no Brasil, por que este teste é recomendado pelo MS
como padrão-ouro, tanto para diagnóstico da LVC como da LVH, apesar do teste
apresentar um elevado número de resultados falso-positivos e falso-negativos
(GRADONI, 1999; ALVES e BEVILACQUA, 2004).
Na epidemia de 1993 a 1997, ocorrida em Belo Horizonte - MG, 415.683
cães foram examinados através do teste de IFI, enquanto 15.117 foram
identificados como positivos. Com base nos estudos de Alves e Bevilacqua
(2004), dos 400.556 cães diagnosticados como negativos, 2.003 seriam falso-
negativos; e dos 15.117 diagnosticados como positivos, 12.925 seriam falso-
positivos.
Segundo Edrissian et al. (2003), o ELISA elimina a subjetividade
apresentada pelos testes de IFI e TAD em virtude de sua automação. Além disso,
apresentam melhores desempenhos. A utilização de antígenos recombinantes ou
purificados como as glicoproteínas de membranas gp63, gp72, gp70, específicas
do gênero Leishmania, melhoram a sensibilidade e a especificidade dos ELISAs,
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
32
e surgem como promissores para melhores resultados da técnica (ALVES e
BEVILACQUA, 2004).
Os testes rápidos para detecção de anticorpos para Leishmania sp,
baseados no antígeno rK39, têm sido bastante difundidos principalmente no que
se refere ao emprego em inquéritos epidemiológicos que precisam de testes que
sejam rápidos, de fácil execução e interpretação e de baixo custo (GONTIJO &
MELO, 2004). O teste imunocromatográfico, que utiliza como antígeno o rK39,
“Teste Rápido Anticorpo Leishmania donovani” apresentou uma sensibilidade de
100% quando aplicado na Índia (SUNDAR et al., 2002), 67% quando aplicado no
Sudão (ZIJLSTRA et al., 2001) e quando aplicado no Brasil em inquéritos
epidemiológicos caninos em áreas endêmicas, a sensibilidade foi de 92% e a
especificidade foi de 99,5%, no entanto o teste não foi capaz de detectar infecção
em animais com títulos de IFI baixos (1/40 a 1/320) (GENARO et al., 1997).
No Brasil, com relação ao diagnóstico da LVC, no momento se dispõe dos
kits produzidos por Bio-Manguinhos, EIE-LVC e IFI-LVC (objeto do presente
estudo) e pela Biogene (kit para Diagnóstico do Calazar Canino ELISA/S7), não
sendo encontrado na literatura pesquisada, como salientado na Introdução,
nenhum trabalho que mostrasse o desempenho desse último.
Levando em consideração que o estudo prévio realizado por Ferreira et al.
(2000) com o kit EIE-LVC, que utilizou uma amostra com diagnóstico apenas
presuntivo, nos estimulou a avaliar o referido kit e sua associação com o IFI-LVC
como uma tentativa de justificar seu emprego em inquéritos epidemiológicos.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
33
5.1 O desempenho do EIE-LVC e do IFI-LVC
No presente trabalho, a análise do EIE-LVC realizada no G1 e no G3
revelou que ele foi capaz de identificar 18 amostras positivas entre as 25 e 14
entre as 16 negativas, o que significa uma sensibilidade de 72% e uma
especificidade de 87,5%. Quando o índice kappa foi analisado observou-se uma
ótima concordância (k=0,975) em relação à reprodutibilidade do EIE-LVC. Já para
o IFI-LVC os valores encontrados para sensibilidade e especificidade foram de
68% e 87,5%, respectivamente.
Visando obter valores de sensibilidade e especificidade mais significantes,
os dois kits foram analisados associados, em série e em paralelo. O emprego dos
dois kits, com diferentes metodologias, associados, funciona como uma
ferramenta para minimizar os resultados falso-positivos e falso-negativos
(THRUSFIELD et al. 1995). Para obtenção de um resultado positivo quando a
associação é em paralelo considera-se que apenas um dos testes seja reagente.
Já para a obtenção de um resultado positivo quando a associação é em série
considera-se que os dois testes apresentem resultados concordantes, isto é,
sejam reagentes (THRUSFIELD et al. 1995).
No presente trabalho, o emprego destas associações utilizando o EIE-LVC
e o IFI-LVC resultou na elevação da sensibilidade (92%), quando a análise foi
realizada em paralelo; e da especificidade (100%) quando a análise foi realizada
em série. Como em inquéritos epidemiológicos é exigido o emprego de um teste
(ou testes combinados) que apresentem elevada sensibilidade, os resultados
obtidos no presente trabalho levam a supor que o emprego dos kits EIE-LVC e
IFI-LVC usados em paralelo, onde a positividade é considerada quando pelo
menos um teste é reagente, seria mais efetivo. No entanto, essa suposição
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
34
conduz a uma reflexão sobre as vantagens, desvantagens, operacionalização e
custos do emprego desses testes associados. Se por um lado há vantagens em
utilizar o EIE-LVC em virtude do mesmo apresentar automação e rapidez, por
outro, o IFI-LVC é subjetivo e acuidade visual para sua interpretação. Além disso,
em inquéritos epidemiológicos o sangue dos animais é coletado no campo e
conduzido a laboratórios que possuam equipamentos para esse fim, onde será
processado. Nesse caso, um aspecto de grande relevância, é que os resultados
obtidos são demorados (20 a 30 dias após a coleta) dificultando a ação efetiva
dos cães infectados (sorologicamente positivos) e sua eliminação. Na prática, a
ação de saúde pública que visa identificar e eliminar o cão sorologicamente
positivo é realizada de forma pouco eficaz. Assim, a busca do animal
sorologicamente positivo torna-se extremamente difícil e, muitas vezes, sua
eliminação passa a ser inócua, pois a retirada deste animal já não se traduz como
uma ação eficaz, uma vez que outros animais ao seu redor já se tornaram
infectados com potencial de transmissão da doença. Um outro fato
freqüentemente encontrado é que o proprietário do cão infectado, sabendo da
possibilidade do animal ser eutanasiado, pode dificultar a eliminação do mesmo.
Para minimizar o problema da demora dos resultados no caso de utilizar o
EIE-LVC e IFI-LVC em inquérito epidemiológico, os soros dos animais poderiam
ser inicialmente analisados através do EIE-LVC e somente aqueles animais que
se mostrassem negativos seriam submetidos ao IFI-LVC. Dessa maneira, os
resultados poderiam ser liberados em menor tempo, o que favoreceria a remoção
do cão infectado impedindo que o mesmo contribuísse para a transmissão da
doença.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
35
É importante também comentar que os resultados obtidos com o emprego
do EIE-LVL e IFI-LVL em paralelo, conduziram a aplicação dessa abordagem na
análise do G2 avaliando o VPP do diagnóstico clínico, visando obter dados da
capacidade do exame clínico em diagnosticar a LVC. O fato do diagnóstico
clínico apresentar um VPP de 42%, reforça a idéia de que os animais apenas com
diagnóstico presuntivo para LVC não são adequados para realização de avaliação
de testes de diagnóstico como empregado por Ferreira et al. (2000).
Com relação à reação cruzada foi observada uma reação do animal 066,
portador de Demodex canis, evidenciada apenas no IFI-LVC. A observação de
uma elevada DO (1,163) no EIE-LVC e a reação positiva no IFI-LVC (títulos 1/40
e 1/80), apresentadas pelo soro do animal 113, cão portador de Anaplasma
platys, sugere que esta reatividade não foi devido apenas a reação cruzada,
podendo este animal apresentar também anticorpos anti-Leishmania sp. Por outro
lado, deve-se levar em consideração também o fato de que o animal poderia ser
portador assintomático ou ter passado pelo processo de cura espontânea
(RIBEIRO, 2001). Com relação a este último ponto existem controvérsias na
literatura. Uma vez que o animal foi a óbito após a coleta de soro, não foi possível
realizar uma análise através de teste molecular (PCR) para esclarecer este
resultado. Não foi possível testar soros de cães portadores de doença de Chagas
e leishmaniose tegumentar, por que não foram obtidos soros de animais
portadores destas parasitoses.
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36
5.2 Custo dos kits EIE-LVC e IFI-LVC
Os kits EIE-LVC e IFI-LVC produzidos por Bio-Manguinhos não estão
comercialmente disponíveis para os laboratórios privados. No entanto, eles são
adquiridos pelo Ministério da Saúde (MS) através de um convênio firmado com
Bio-Manguinhos onde o custo de cada reação do IFI-LVC é de R$ 1,50 (USD
0.65) e de R$ 3,15 (USD 1.33) para cada reação do EIE-LVC (Departamento
Comercial, Bio-Manguinhos). Sendo assim, para obtermos resultados mais
seguros, utilizando os 2 kits em associação, o diagnóstico por animal ficaria com
um custo de R$ 4,65 (USD 1.97) (1 USD = R$ 2,36).
Como a venda desses kits para o MS não visa lucro a sua comparação
com o custo de kits oriundos de outras empresas, nesse trabalho, não tem
significado.
5.3 Problemas metodológicos
O principal problema foi conseguir um maior número de amostras de cães
com as características estabelecidas para o grupo controle. Este se justifica pela
dificuldade de encontrar cães que nunca tivessem sequer pernoitado em área
endêmica para leishmaniose, visto que, na RMR apenas o município de Recife é
considerado área não endêmica para a doença. Além disso, o proprietário de cão
sadio geralmente não colabora para esse tipo de trabalho uma vez que seu cão
não apresenta nenhum sintoma.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
37
6. CONCLUSÃO
� Os resultados obtidos com o kit EIE-LVC (sensibilidade=72,0%;
especificidade = 87,5%) indicam que o seu desempenho não foi diferente
daquele encontrado no IFI-LVC (sensibilidade= 68,0%, especificidade =
87,5%) do ponto de vista estatístico.
� A avaliação dos kits de IFI-LVC e EIE-LVC em associação, mostrou uma
maior sensibilidade (92%) quando os testes foram associados em paralelo
e elevada especificidade (100%) quando associados em série. Estes
resultados indicam que as duas técnicas devem ser empregadas em
associação para inquérito epidemiológico (a positividade é considerada
quando pelo menos um teste é reagente), e para diagnóstico (a
positividade é considerada quando os dois testes são reagentes).
� A utilização dos kits IFI-LVC e IEI-LVC em associação concorre para a
obtenção de resultados mais seguros, tendo em vista que estas
associações diminuem a possibilidade de ocorrência de resultados falso-
positivos e falso-negativos.
� Cães com sinais sugestivos ou aqueles provenientes de áreas endêmicas
devem ser submetidos à pesquisa de anticorpos através do EIE-LVC e IFI
LVC associados em paralelo.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:... 38
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Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:... 43
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Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
44
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARESCIDO
Projeto: Avaliação do Desempenho do kit EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos frente ao teste de imunofluorescência indireta Responsáveis: Yara de Miranda Gomes e Rodrigo Alves de Lira
Eu, ___________________________________, RG ______________________,
proprietário do cão
___________________________________________________aceito que meu
animal participe desse estudo, cujo objetivo é avaliar o desempenho do teste que
utiliza a reação em cadeia da pomerase (PCR). Fui informado que o meu cão terá
seu sangue coletado para os testes de diagnóstico da leishmaniose visceral
canina (LVC) no estudo acima referido. Fui orientado em relação aos benefícios
desse estudo, que contribuirá para a busca de um diagnóstico mais seguro da
LVC. Fui informado ainda que o material coletado será incorporado ao Laboratório
de Imunoparasitologia do Departamento de Imunologia do Centro de Pesquisas
Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, podendo ser utilizado em pesquisas posteriores. Fui
informado que tenho liberdade de recusar ou retirar o consentimento sem sofrer
nenhum tipo de penalização ou pressão e que não serei ressarcido
financeiramente para participar deste estudo.
Contatos: Dr. Yara M Gomes, CPqAM/FIOCRUZ – Tel. 2101-2559
Dr. Leucio Alves, UFRPE – Tel. 3302-1422
Recife, ______de________________de 2004.
_______________________________________
Responsável pelo cão
_______________________________________
testemunha 1
_______________________________________
testemunha 2
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
45
APÊNDICE 2
FORMULÁRIO DE PESQUISA CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES
Projeto: Avaliação do Desempenho do kit EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos frente ao teste de imunofluorescência indireta Responsáveis: Yara de Miranda Gomes e Rodrigo Alves de Lira
1 - IDENTIFICAÇÃO
NOME DO ANIMAL: ______________________________ N0 ___________________
IDADE:___________ SEXO:____________ RAÇA: ____________________________
PROPRIETÁRIO: ________________________________________________________
ENDEREÇO: ____________________________________________________________
TELEFONE :_____________________________________________________________
2 - AVALIAÇÃO DO ANIMAL:
ESTADO NUTRICIONAL: ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) PÉSSIMO ( ) LOCAL DA LESÃO _______________________________________________________
2.1 –SINTOMAS
ALOPECIA ( )ONICOGRIFOSE ( ) INAPETÊNCIA ( ) CONJUTIVITE ( ) PERDA DE PES0 ( ) DISTENSÃO ABDOMINAL ( ) LINFADENOPATIA ( )
3 -COLHEITA DO MATERIAL:
SANGUE ( ) RASPADO DA LESÃO CUTÂNEA ( ) RASPADO DE PELE ÍNTEGRA ( ) PUNÇÃO DE MEDULA ( )
4 - OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 - DADOS SOBRE O VETOR:
HÁ QUEIXA DE MOSQUITOS? (SIM) (NÂO)
PERÍODO DE MAIOR QUEIXA. (MANHÃ) (TARDE) (NOITE)
VEGETAÇÃO NAS IMEDIAÇÕES - PRIMÁRIA ( ) SECUNDÁRIA ( ).
JÁ OUVIU FALAR SOBRE A LVC? (SIM) (NÃO)
6 - RESULTADO DOS EXAMES:
IMUNOLÓGICO PARA LVC: ELISA: DO_____________ CO____________
PARASITOLÓGICO PARA LVC:______________________________________
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
46
APÊNDICE 3
FORMULÁRIO DE PESQUISA CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES
Projeto: Avaliação do Desempenho do kit EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos frente ao teste de imunofluorescência indireta Responsáveis: Yara de Miranda Gomes e Rodrigo Alves de Lira
1 - IDENTIFICAÇÃO
NOME DO ANIMAL: ______________________________ N0 ______________________
IDADE:___________ SEXO:____________ RAÇA: ______________________________
PROPRIETÁRIO: _________________________________________________________
ENDEREÇO: ____________________________________________________________
TELEFONE :_____________________________________________________________
2 - AVALIAÇÃO DO ANIMAL:
ESTADO NUTRICIONAL: ÓTIMO ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) PÉSSIMO ( )
JÁ TOMOU TRANSFUSÃO DE SANGUE?
JÁ HABITOU EM ZONA ENDÊMICA?
3 -COLHEITA DO MATERIAL:
SANGUE ( )
4 - OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 - RESULTADO DOS EXAMES:
IMUNOLÓGICO PARA LVC: ELISA: DO _____________ CO ____________
IFI - 1:40 ______________ 1:80 ___________
PARASITOLÓGICO PARA LVC: ____________________
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
47
APÊNDICE 4
TABELA DE TESTES REALIZADOS
IFI ELISA ELISA N° ANIMAL PARASITOLÓGICO
1:40 1:80 DO CO DO CO 001 Negativo - - 0,105 0,129 0,070 0,147002 Positivo + + 0,811 0,129 0,704 0,147003 Positivo + + 0,996 0,129 0,854 0,147004 Negativo - - 0,075 0,129 0,076 0,147005 Negativo - - 0,136 0,129 0,145 0,147006* Negativo + + 0,489 0,129 0,375 0,147007 Negativo - - 0,074 0,129 0,078 0,147008 Positivo + + 1,146 0,129 1,071 0,147009 Negativo - - 0,122 0,129 0,077 0,147010 Negativo - - 0,143 0,129 0,136 0,147011 Positivo - - 0,119 0,129 0,117 0,147012 Negativo - - 0,139 0,129 0,095 0,147013 Negativo + - 0,081 0,129 0,100 0,147014 Negativo - - 0,110 0,129 0,096 0,147015 Negativo - - 0,108 0,129 0,089 0,147016 Negativo - - 0,079 0,129 0,085 0,147017 Negativo - - 0,075 0,129 0,079 0,147018 Negativo - - 0,123 0,129 0,105 0,147019 Negativo - - 0,097 0,129 0,101 0,147020 Negativo - - 0,085 0,129 0,101 0,147021 Positivo - - 0,066 0,129 0,067 0,147022 Negativo + - 0,154 0,129 0,125 0,147023 Positivo + - 1,096 0,129 1,104 0,147024 Negativo - - 0,094 0,129 0,078 0,147025 Positivo + + 1,156 0,129 0,928 0,147026 Negativo - - 0,063 0,129 0,079 0,147027 Negativo - - 0,072 0,129 0,075 0,147028 Negativo + - 0,150 0,129 0,101 0,147029 Negativo - - 0,144 0,129 0,123 0,147030 Positivo - - 0,077 0,129 0,083 0,147031 Negativo - - 0,064 0,129 0,071 0,147032 Positivo + + 0,953 0,129 0,906 0,147033 Negativo + - 0,115 0,129 0,096 0,147034 Negativo - - 0,073 0,129 0,067 0,147035 Positivo + + 0,104 0,129 0,088 0,147036 Negativo + - 0,094 0,129 0,097 0,147037 Negativo + + 0,081 0,129 0,099 0,147038 Negativo + - 0,091 0,129 0,087 0,147039 Negativo - - 0,138 0,129 0,116 0,147
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
48
040 Negativo + - 0,160 0,129 0,163 0,147041 Negativo + - 0,184 0,129 0,157 0,147042 Positivo + - 0,083 0,129 0,089 0,147043 Negativo + - 0,094 0,129 0,082 0,147044 Positivo - - 0,121 0,129 0,107 0,147045 Negativo - - 0,172 0,129 0,078 0,147046 Negativo + + 0,086 0,129 0,073 0,147047 Babesiose - - 0,052 0,129 0,052 0,147048 Negativo - - 0,073 0,129 0,073 0,147049* Negativo + + 0,509 0,129 0,509 0,147050 Negativo - - 0,120 0,129 0,120 0,147051 Negativo - - 0,089 0,129 0,119 0,147052 Negativo - - 0,104 0,129 0,117 0,147053 Negativo - - 0,126 0,129 0,110 0,147054 Negativo - - 0,096 0,129 0,107 0,147055 Negativo - - 0,073 0,129 0,073 0,147056 Negativo - - 0,078 0,129 0,084 0,147057 Positivo + + 0,642 0,129 0,549 0,147058 Babesiose - - 0,077 0,129 0,077 0,147059 Babesiose - - 0,099 0,129 0,105 0,147060 Ehrlichiose - - 0,097 0,129 0,148 0,147061 Negativo - - 0,054 0,129 0,062 0,147062 Ehrlichiose - - 0,112 0,129 0,151 0,147063 Positivo + + 0,563 0,129 0,591 0,147064 Negativo - - 0,081 0,129 0,113 0,147065 Ehrlichiose - - 0,103 0,129 0,114 0,147066 Demodicose + + 0,075 0,129 0,086 0,147067 Negativo - - 0,078 0,129 0,078 0,129068 Positivo + + 1,200 0,129 1,028 0,147069 Negativo - - 0,070 0,129 0,070 0,147070 Negativo - - 0,108 0,129 0,108 0,147071 Negativo - - 0,100 0,129 0,091 0,147072 Positivo + + 1,037 0,129 0,858 0,147073 Negativo - - 0,059 0,129 0,065 0,147074 Positivo - - 0,635 0,129 0,487 0,147075 Não Realizado - - 0,151 0,129 0,151 0,147076 Não Realizado - - 0,065 0,129 0,065 0,147077 Negativo - - 0,094 0,129 0,106 0,147078 Positivo + + 0,579 0,129 0,419 0,147079 Positivo + + 0,761 0,129 0,700 0,147080 Negativo - - 0,075 0,129 0,079 0,147081 Negativo - - 0,183 0,129 0,194 0,147082 Positivo + - 0,634 0,129 0,472 0,147083 Positivo - - 0,102 0,129 0,122 0,147084 Negativo - - 0,097 0,129 0,115 0,147
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
49
085 Não Realizado - - 0,052 0,129 0,065 0,147086 Não Realizado - - 0,081 0,129 0,096 0,147087 Negativo + + 0,056 0,129 0,070 0,147088 Negativo + + 0,078 0,129 0,084 0,147089 Negativo - - 0,123 0,129 0,089 0,147090 Negativo + + 0,130 0,129 0,096 0,147091 Positivo + + 0,482 0,129 0,558 0,132092 Positivo - - 0,540 0,129 0,556 0,132093 Negativo - - 0,078 0,129 0,103 0,132094 Negativo - - 0,109 0,129 0,118 0,132095 Negativo - - 0,093 0,129 0,122 0,132096 Negativo - - 0,061 0,129 0,084 0,132097 Negativo - - 0,102 0,129 0,124 0,132098 Negativo - - 0,087 0,129 0,134 0,132099 Negativo - - 0,060 0,129 0,070 0,132100 Negativo - - 0,081 0,129 0,092 0,132101 Não Realizado - - 0,072 0,129 0,151 0,132102 Negativo - - 0,089 0,129 0,092 0,132103 Negativo - - 0,070 0,129 0,087 0,132104 Negativo - - 0,057 0,129 0,065 0,132105 Negativo + - 0,093 0,129 0,087 0,132106 Negativo + - 0,076 0,129 0,101 0,132107 Não Realizado + - 0,076 0,129 0,079 0,132108 Negativo - - 0,055 0,129 0,065 0,132
109** Positivo - - 0,540 0,129 0,092 0,132110 Negativo - - 0,059 0,129 0,078 0,132111 Negativo - - 0,072 0,129 0,061 0,132112 Negativo - - 0,054 0,129 0,063 0,132113 Ehrlichiose + + 1,163 0,129 1,269 0,132114 Babesiose - - 0,057 0,129 0,061 0,132115 Ehrlichiose - - 0,062 0,129 0,068 0,132116 Negativo - - 0,068 0,129 0,114 0,132117 Negativo + + 0,048 0,129 0,090 0,132118 Ehrlichiose - - 0,082 0,129 0,097 0,132119 Positivo + + 0,184 0,129 0,246 0,132120 Positivo - - 0,259 0,129 0,390 0,132121 Negativo - - 0,274 0,129 0,274 0,129
Em vermelho animais positivos; Em azul animais negativos; Em verde animais com outras parasitoses; * Animais que receberam tratamento especifico para leishmaniose; ** Animal Repetido do número 092.
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
51
ANEXO 2
PROTOCOLO EIE-LEISHMANIOSE-VISCERAL-CANINA-BIO-ANGU INHOS
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
52
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
53
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
54
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
55
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
56
ANEXO 3
PROTOCOLO IFI-LEISHMANIOSE-VISCERAL-CANINA-BIO-MANG UINHOS
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
57
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
58
Rodrigo Alves de Lira Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina:...
59
60
VETERINARY PARASITOLOGY (submetido)
Canine Visceral Leishmaniasis: A Comparative Analys is of the EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos and the IFI-Leishmaniose-
Visceral-Canina-Bio-Manguinhos Kits
R. A. Liraa, M. P. Paiva Cavalcantia, M. Nakazawaa, A.G.P. Ferreirac, E.D.
Silvac, F. G. C. Abatha, L.C. Alvesd, W.V. Souzab, Y. M. Gomesa,*
aDepartamento de Imunologia e bDepartamento de Saúde Coletiva, Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães/CPqAM, Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Av.
Moraes Rego, s/n, Cidade Universitária, 50670-420, Recife-PE, Brazil cDepartamento de Reativos para Diagnósticos, Bio-Manguinhos, Fundação
Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365, Manguinhos, 21040-900, Rio de
Janeiro-RJ, Brazil dDepartamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de
Pernambuco/UFRPE, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos
52171-900 - Recife, PE-Brazil
Corresponding author. Tel.: +55-81-21012559; fax: +55-81-34532449
E-mail address: [email protected]
61
Abstract
The aim of this study was to evaluate the performance of the EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (EIE-LVC) kit and to compare it
with that of the IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (IFI-LVC) kit,
so far as its use in epidemiological procedures is concerned. The animals (140
dogs) were submitted to a clinical and parasitological examination (bone
marrow aspiration and skin scrape test). Blood was collected and the serum
stored at -20ºC until used. The dogs were divided into four groups: group 1
(G1), dogs with clinical signs indicative of CVL and testing positive for the
parasite (n=25); group 2 (G2), dogs with only a presumed diagnosis of CVL
(n=62); group 3 (G3), dogs that had never lived in an area where CVL is
endemic and never received a blood transfusion (n=16); and group 4 (G4), dogs
carrying other parasites: such as babesiosis (n=4), anaplasmosis (n=6) and
demodicosis (n=1). Analysis of the EIE-LVC in G1 showed a sensitivity of 72%
(IC 95%: 50.4 – 87.1%) and a specificity of 87.5% (IC 95%: 60.4 – 97.8%). The
value of the Kappa index was 0.975 (CI 95%: 0.926 – 1.024), which represents
an excellent fit. When this group (G1) was analyzed using IFI-LVC, the
sensitivity was 68.0% (CI 95%: 46.4 – 84.3%) and the specificity 87.5% (CI
95%: 60.4 – 97.8%). When the tests were conducted in parallel, sensitivity was
92.0% (CI 95%: 72.5 – 98.6%) and specificity 75.0% (CI 95%: 47.4 – 91.7%).
However, when conducted consecutively, the tests showed a sensitivity of
48.0% (CI 95%: 28.3 – 68.2%) and a specificity of 100.0% (CI 95%: 75.9 –
99.4%). The analysis of G2 using IFI-LVC and EIE-LVC kits in parallel, because
of its high sensitivity, revealed that, of this group, 26 animals had been detected
as positive and 36 had been diagnosed as negative. The analysis of the clinical
diagnosis compared with the combination of the tests in parallel produced a
VPP of 42.0% (CI 95%: 29.7- 55.1%). Cross-reaction was observed in dogs
carrying ehrlichiosis and demodicosis. These results lead to the following
conclusions: 1) the results obtained using the EIE-LVC kit suggest that its
performance is similar to that found for the IFI-LVC. 2) the kits must be used in
conjunction if more reliable results are to be obtained, because it reduces the
probability of the occurrence of false-positive and false-negative results.
Keywords: serodiagnosis; canine visceral leishmaniasis; ELISA, IIF
62
Introduction
Visceral leishmaniasis (VL), also called kala-azar, is a zoonosis caused by
protozoan parasites of the Leishmania genus. L. donovani and L. infantum are
the etiological agents of visceral leishmaniasis in the Old World, and L. chagasi
in the Americas (Palatnik de Souza et al., 2001; Ikonomopoulos et al., 2003). In
Latin America, visceral leishmaniasis is caused by infection with Leshmania
chagasi, which is usually transmitted by the bites of infected phlebotomine sand
flies, Lutzomyia longipalps (Milles et al. 1999). Domestic dogs (Canis familiaris)
represent the main reservoir host for Leishmania infection in human and other
dogs. Thus, one of the most important approaches to controlling the incidence
of human visceral leishmaniasis is to detect the infected dogs (Ashford et al.
1998).
Diagnosis of canine visceral leishmaniasis (CVL) is confirmed by
demonstration of the presence of the parasite in stained smears of spleen, bone
marrow, lymph node, or liver (Herwaldt 1999). However, these diagnostic
methods are limited by low sensitivity and they are invasive and frequently
inconclusive. In addition, they are not efficient for use in epidemiological
surveys. Molecular methods that detect the DNA of the parasite exhibit high
sensitivity but their use is restricted to research laboratories. The current
diagnostic methods used for Leishmania mass-screening surveys are the
indirect immunofluorescence test (IIF); direct agglutination; and enzyme linked-
immunosorbent assay (ELISA) (Reithinger et al. 2002).
For canine surveys, the Brazilian Ministry of Health recommends the use of
the IIF, because of its high sensitivity and specificity. According to Alves and
Bevilacqua (2004), however, the use of IIF may decrease the effectiveness of
the Kala-Azar Control Program by not detecting, and thus failing to sacrifice,
false-negative infected animals. On the other hand, the program incorrectly
identifies and leads to the unwarranted sacrifice of false positive uninfected
animals. In addition, the long delay between sample collection and sample
analysis (30 to 80 days), and implementation of the control of infected dogs,
means that dogs continue to infect sand fly vectors during this period and these,
in turn, transmit VL to susceptible dogs and humans (Reithinger et al., 2002).
As the elimination of infected dogs is an important means of controlling
transmission of VL and given the difficulty of direct detection of the organisms,
63
rapid, inexpensive and accurate indirect diagnosis of canine infection is an
essential tool for VL surveillance programs (Scalone et al. 2002; Carvalho et al.
2002). Immunochromatographic dipstick tests for Leishmania diagnosis have
recently been developed and are all based on recombinant K39 (rK39), a
repetitive immunodominant epitope in a kinesin-related protein that is well-
preserved among viscerotropic Leishmania species (Burns et al. 1993;
Reithinger et al. 2002). A commercially available dipstick test (Leishmania
RAPYDTEST; Intersep, Workingham, United Kingdom) has been shown to
have 61 to 75% specificity and 72 to 77% sensitivity, indicating that its
performance could be improved (Reithinger et al. 2002).
In the present study, we evaluated the performance of the EIE-
Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (EIE-LVC) kit and compared it
with that of IFI-Leishmaniose-Visceral-Canina-Bio-Manguinhos (IFI-LVC), both
produced by Bio-Manguinhos/FIOCRUZ, Brazil, so far as its use in
epidemiological procedures is concerned.
2. Materials and methods
2.1. Dogs and samples
Serum samples were obtained from 114 domestic dogs of several
breeds, male and female, between the ages of 3 months and 16 years old from
the Veterinary Hospital of the UFRPE (Federal Rural University of
Pernambuco), situated in Recife, a city in the State of Pernambuco in the
Northeast region of Brazil. An epidemiological questionnaire was filled in by the
dog owners, and all animals were subjected to physical examinations. The
study protocol was approved (nº P.0220/04) by the Animal Use Ethics
Committee (Comissão de Ética no Uso de Animais - CEUA) of the Oswaldo
Cruz foundation --Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ (Ministry of Health,
Brazil). Written informed consent was obtained from all dog owners.
The dogs were divided into four groups: group 1 (G1), dogs with clinical
signs indicative of CVL and testing positive for the parasite; group 2 (G2), dogs
with only a presumed diagnosis of CVL; group 3 (G3), dogs that had never lived
in an area where CVL is endemic and never received a blood transfusion; and
group 4 (G4), dogs carrying other diseases. Blood was collected and the serum
stored at -20ºC until used.
64
2.2. Detection of amastigotes
Bone marrow aspiration was performed on the iliac crest of the sternum,
with the animal under sedation when necessary, by way of intravenous injection
of 0.5 mg/Kg of acepromazine. Smears were produced by placing the material
collected on microscope slides stained with Panoptic, and these were examined
for Leishmania amastigotes.
2.3. Serology
The IIF was performed using the IFI-Leishmaniose-Canina-Bio-
Manguinhos (IFI-LC) kit, batch 04PLC004Z, that uses as an antigen
promastigote forms of Leshmania major-like (MHOM/BR/76/JOF).
The ELISA was carried out using the EIE-Leishmaniose-Visceral-Canina-
Biomanguinhos (EIE-LVC) kit, batch 040EL009Z, which uses soluble antigen
from promastigote forms of Leshmania major-like (MHOM/BR/76/JOF). The
ELISA was carried out by two experienced technicians, who worked in a double
blind scenario.
Both kits are produced by Biomanguinhos/FIOCRUZ, Rio de Janeiro,
Brazil, and all procedures were performed according to the manufacturer’s
instructions.
2.4. Statistical analysis
Win Episcope 2.0 software (De Blas et al., 2000) was used to calculate the
values of sensitivity and specificity for the tests, in isolation, as well as in
parallel and consecutively. The Kappa index (k) was also evaluated using the
same software to measure the concordance between the ELISA executed by
the two technicians. The confidence interval (CI) was calculated to be 95%. For
this work, a parasitological test was used as a reference for EIE-LVC validation.
3. Results
The parasitological tests revealed that, of the 87 dogs with only a
presumed diagnosis of CVL, 25 were positive (G1) and 62 were negative (G2).
G3 contained 16 dogs and 11 dogs infected with other parasites, such as
Babesia canis (n=4), Anaplasma platys (n=6) and Demodex canis (n=1), made
up G4.
65
The serological analysis of G1 by EIE-LVC (Fig. 1 and Table 1) showed a
sensitivity of 72.0% (CI 95%: 50.4 – 87.1%) and specificity 87.5% (CI 95%: 60.4
– 97.8%). The values for VPP and VPN were 90.0% (CI 95%: 66.9 – 98.2%)
and 66.7% (CI 95%: 42.5 – 84.9%), respectively. The value of the Kappa index
was 0.975 (CI 95%: 0.926 – 1.024). When this group was analyzed using IFI-
LVC, for G1, the sensitivity was 68.0% (CI 95%: 46.4 – 84.3%) and the
specificity 87.5% (CI 95%: 60.4 – 97.8%) (Table 1). The values of VPP and
VPN were 89.5% (CI 95%: 65.5 – 98.2%) and 63.6% (CI 95%: 39.1 – 83.1%),
respectively. Based on analysis of the CI, it can be seen that the serological
tests did not a show significant difference in terms of performance for detection
of anti-Leishmania antibodies.
When the tests were conducted in parallel, sensitivity was 92.0% (CI
95%: 72.5 – 98.6%) and specificity 75.0% (CI 95%: 47.4 – 91.7%). However,
when conducted consecutively, the tests showed a sensitivity of 48.0% (CI
95%: 28.3 – 68.2%) and a specificity of 100.0% (CI 95%: 75.9 – 99.4%).
The analysis of G2 using IFI-LVC and EIE-LVC kits in parallel, because
of its high sensitivity, revealed that, of this group, 26 animals had been detected
as positive and 36 had been diagnosed as negative. The analysis of the clinical
diagnosis compared with the combination of the tests in parallel produced a
VPP of 42.0% (CI 95%: 29.7- 55.1%).
When the serum of animals carrying other diseases was tested using the
IFI-LVC, cross-reaction was observed between D. canis and A. platys. In the
case of the EIE-LVC, cross-reaction was observed in dogs carrying A. platys
(Table 2). However, using high-density optics, the results for these animals did
not rule out the possibility of a co-infection with Leishmania.
Discussion
The analysis of the EIE-LVC performed with G1 and G3 identified 18
positive samples among the 25, and 14 among the negative samples. The
sensitivity was 72.0% and the specificity 87.5%. When the kappa index was
analyzed, an excellent concordance was observed (k=0.975) in relation to
reproducibility of the EIE-LVC. The values found for performance of the IFI-LVC
in terms of sensitivity and specificity were 68% and 87.5%, respectively.
66
In order to obtain higher values for sensitivity and specificity, the two kits
were analyzed in combination, in parallel and consecutively. The use of a
combination of the two tests, with different methods, minimized the false-
positive and false-negative results (THRUSFIELD et al. 1995). To obtain a
positive result when the tests are carried out in parallel only one test needs to
be reagent. When the tests are carried out consecutively, the result is
considered positive only when both tests are reagent (THRUSFIELD et al.
1995).
In the present study, the use of the combination of EIE-LVC and IFI-LVC
showed higher sensitivity (92%), when the analysis was conduced in parallel;
and higher specificity (100%), when the analyses were conducted
consecutively. As in epidemiological surveys it is necessary to employ a test (or
combined tests) that present high sensitivity, the results obtained by the present
work lead us to suppose that the use of the EIE-LVC and IFI-LVC in parallel
could be more efficient. However, the respective advantages and
disadvantages of these kits should also be taken into consideration. If there are
advantages in using the EIE-LVC in terms of automation and rapidity, there are
disadvantages in using the IFI-CVL, because it is a subjective test that needs to
be interpreted by a suitably trained technician. Moreover, in epidemiological
surveys, the blood of the animals is collected in the field and taken to be
processed in laboratories that possess the necessary equipment. In this case, a
highly significant factor is the fact that results are obtained only after a delay,
making it difficult to eliminate infected dogs (i.e. those that test positive for the
serological test). In practice, public health action that aims to identify and to
eliminate the positive dogs is carried out in an ineffective manner. The search
for positive dogs often becomes extremely difficult, and the elimination of one
animal has no effect, as this animal has already infected others around it, which
are now potential transmitters of the disease. The owners of infected dogs also
frequently put up resistance to the elimination of the animal.
The way of minimizing the problem of the delay in obtaining results, in
the case of the use of EIE-LVC and IFI-LVC for epidemiological surveys, would
be for the serum of the animals to be first analyzed using EIE-LVC and only the
animals testing positive to this test to go on to be submitted to the IFI-LVC. In
this way, the results could be released quickly, which would facilitate the
67
elimination of the infected dog and prevent it from continuing to contribute to the
transmission of the disease.
The results obtained using EIE-LVC and IFI-LVC in parallel, led us to
apply this approach to analysis of the G2 group, evaluating the predictive
positive value of clinical diagnosis, in order to obtain data on the ability of
clinical diagnosis to detect CVL. The fact that clinical diagnosis shows a PPV of
42% supports the idea that dogs with only presumed diagnosis of CVL are not
suitable for validation of diagnostic tests.
False-positive reactions were detected when serum from dogs carrying
other parasitic diseases was tested. The cross-reaction observed in a dog with
Anaplasma platys, with high OD in EIE-LVC and 1/40 and 1/80 titers in IFI-LVC,
suggests that this animal could be co-infected with Leishmania. On the other
hand, the animal could be asymptomatic or have been spontaneously cured
(Ribeiro, 2001).
Taken together, the data suggest the following conclusions: 1) the results
obtained using the EIE-LVC kit suggest that its performance is similar to that
found for the IFI-LVC. 2) Kits must be used in conjunction if more reliable
results are to be obtained, because this reduces the probability of the
occurrence of false-positive and false-negative results.
ACKNOWLEDGMENTS
This work was supported by Biomanguinhos/Fiocruz (grant Nº C.C. 239/2005)
and CNPq. Y.M. Gomes and F.G.C Abath are a research fellow of CNPq. R.A.
Lira received a CPqAM/FIOCRUZ MSc scholarship for the duration of this
study. M. Paiva Cavalcanti is receiving a PhD/CNPq scholarship.
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Table 1 – Diagnostic performance of the ELISA and IFAT test with serum from
dogs with VL and healthy dogs
ELISA IFAT
Result G1a G3b G1a G3b
Positive 18 2 17 2
Negative 7 14 8 14
Sensitivity 72.0% - 68.0% -
Specificity - 87.5% - 87.5%
G1: dogs with VL; G3: healthy dogs;
a: n = 25; b: n = 16
70
Table 2 – Reactivity of IFI-LVC and EIE-LVC kits for visceral leishmaniasis with
serum from dogs testing positive for other diseases.
PARASITES EIE-LVC IFI-LVC
Babesia canis (n=4) 0 0
Anaplasma platys (n=6) 1 1
Demodex canis (n=1) 0 1
n = 11
Leish NLeish Other0.000.050.100.150.200.250.300.350.400.450.500.550.600.650.700.750.800.850.900.951.001.051.101.151.201.251.301.351.401.451.50
Samples
OD
450
nm
Fig. 1- Distribution of optical density values for dogs with visceral leishmaniasis
(Leish), those testing negative for visceral leishmaniasis (Nleish), and animals
with other parasitic diseases (Other). The horizontal line passing through the
drops for each plate represents the cutoff (CO) value.
CO