DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

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RAPHAEL TELES KANTEK DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL CURITIBA 2007

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RAPHAEL TELES KANTEK

DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL (APA) DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL

CURITIBA

2007

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RAPHAEL TELES KANTEK

DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL (APA) DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL

Dissertação apresentada como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em Gestão

Ambiental do curso de Mestrado Profissional em

Gestão Ambiental, Universidade Positivo (UP).

Orientador: Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter

CURITIBA

2007

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR

K16 Kantek, Raphael Teles.

Diagnóstico dos impactos ambientais na área de proteção ambiental (APA) de Guaratuba, Paraná, Brazil. � Curitiba : Universidade Positivo, 2007.

162 p. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2007. Orientador : Klaus Dieter Sautter.

1. Impacto ambiental. I. Título.

CDU 504.05

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TÍTULO: “ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA APA DE GUARATUBA,

PR, BRASIL”.

ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO

PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área

de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO

AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A DISSERTAÇÃO

FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA

25 DE ABRIL DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS

SEGUINTES PROFESSORES:

1) Profº. Klaus Dieter Sautter- Universidade Positivo – UP (Presidente);

2) Profº. Franklin Galvão, examinador externo, UFPR, Setor de Ciências Agrárias –

(Examinador);

3) Profª. Cíntia Mara Ribas de Oliveira, Universidade Positivo – UP (Examinadora);

4) Profª. Leila Teresinha Maranho, Universidade Positivo – UP (Examinadora);

CURITIBA – PR, BRASIL

_________________________________________________

PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC

COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL

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AGRADECIMENTOS

A meu Pai, a toda minha família e amigos, as minhas novas famílias do interior da

APA de Guaratuba, pessoas extraordinárias e que merecem respeito e valorização...

Agradeço ao professor Maurício Dziedzic e a Universidade Positivo pelo apoio

necessário...

Agradeço ao professor Vanderlei do Amaral e às Faculdades Espíritas do Paraná,

pela gentil permissão concedida para utilização da sede da fazenda Castelhanos,

como base avançada da fase de campo...

Aos professores Alexandre Pires e Elaine Jordan, da Universidade Positivo, pelo

grande auxílio na confecção dos mapas gerados neste trabalho.

Agradeço a minha Mãe, minha Tia Niti e minha Madrinha que também sempre me

apoiaram...

...a Deus, porque sem ele nada podemos!

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...SÓ SEI QUE ENQUANTO OS PASSARINHOS

NASCEM E CRIAM PENAS, NÓS JÁ ESTAMOS

AGASALHADOS!

Seu Quirino (morador tradicional da

APA de Guaratuba)

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RESUMO

A Floresta Atlântica é um ecossistema unicamente brasileiro rico em

biodiversidade e endemismos. A pesquisa foi realizada na Área de Proteção

Ambiental (APA) de Guaratuba, e teve como objetivo obter mapas que forneçam

dados sobre os impactos ambientais na APA. A metodologia de campo fez o uso da

associação de dois instrumentos para a coleta de dados. O primeiro instrumento foi

o Sistema de Informações Geográfica (SIG) e o segundo o Discurso do Sujeito

Coletivo (DSC). O SIG é a ferramenta georeferenciada que utiliza imagens de

satélite para gerar mapas. Os cinco DSCs obtidos, através das entrevistas, são o

manual semiótico de interpretação cultural do objeto geográfico. Foram gerados oito

mapas da região da APA de Guaratuba contendo informações sobre a variação da

vegetação. A partir do estudo apurado dos mapas obteve-se a descrição completa

do objeto geográfico no formato de 18 regiões de impactos ambientais, dentre as

quais as rodovias existentes correspondem ao destaque, porque é através delas que

todos os demais processos impactantes são facilitados. As informações do SIG

apresentam a descrição minuciosa do objeto geográfico, contendo mais situações

que as apresentadas no DSC. As informações obtidas no SIG de maneira geral

coincidem com as informações obtidas no DSC. Esta dualidade de procedências

diferentes nos dados representa a maneira holística como a pesquisa decorreu para

poder propor sugestões para melhorar a condição natural da existência da vida

selvagem na APA de Guaratuba. A forma como as pressões atuam sobre o

ambiente natural é complexa e requer uma análise que envolva tanto as

comunidades naturais (fauna, flora e geografia), quanto as comunidades antrópicas

que vivem dentro da APA.

Palavras-Chave: APA de Guaratuba, Sistemas de Informações Geográficas,

Impactos Ambientais.

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ABSTRACT

The Atlantic Forest is a Brazilian ecosystem with high biodiversity and

endemism. This research was conducted in the Environmental Protection Area, APA

of Guaratuba (Guaratuba’s APA), and had as objective to get maps that provide data

on environmental impacts. The methodology used was a combination of two

instruments for collecting data. The first tool used was the Geographic Information

System (GIS) and the second tool used was the Speech from the Collective Subject

(DSC). The GIS is a geo-referenced tool that uses satellite images to generate maps.

The five DSCs obtained through interviews, are the semiotic and cultural

interpretation manual of the geographical object. Eight maps of Guaratuba’s APA

were generated, containing information on the vegetation. From the generated maps

18 environmental impacts on the region were described, among them the roads are

the most important, because through them the other impacts are facilitated. The data

GIS has a detailed description of the geographic object, containing more situations

that presented in DSC. Information obtained at GIS in general manner are the same

data gotten with that on obtained from DSC. This duality of different origins in the

data represents a holistic way as the research took place to offer suggestions to

improve the condition’s existence to natural wildlife in the Guaratuba’s APA. The act

of pressures way on the natural environment is complex and requires an analysis

involving both the natural communities, as the human communities that live within the

APA.

Keywords: Guaratuba’s APA, Geographic Information Systems, Environmental Impact.

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LISTA DE SIGLAS

APA – Área de proteção ambiental

ARPA – Áreas protegidas na Amazônia

CNMA – Conferência nacional do meio ambiente

DSC – Discurso do Sujeito Coletivo

EE – Estação ecológica

GEE – Gás de efeito estufa

GEF - Global Environment Facility

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza

MMA – Ministério do Meio Ambiente

PIEA – Programa internacional de educação ambiental da UNESCO

PL – Projeto de lei

PNUMA – Programa das nações unidas sobre o meio ambiente

SIG – Sistemas de informação geográfica

SNUC – Sistema nacional de unidades de conservação da natureza

SR – Sensoriamento Remoto

U.C – Unidades de conservação

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UnicenP – Centro Universitário Positivo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................7

1.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................8

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................10

2.1 FLORESTA ATLÂNTICA ................................................................................10

2.2 ESTADO ATUAL DA FLORESTA ATLÂNTICA, IMPORTÂNCIA E PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS .........................................................11

2.3 SURGIMENTO DOS PRIMEIROS CONCEITOS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................................12

2.3.1 Consciência Ambiental no Brasil: Extrativismo Versus Depredação............14

2.3.2 Impactos Ambientais da Relação Natural que se tornou insustentável: Homem Versus Natureza.............................................................................16

2.4 POLÍTICA AMBIENTAL..................................................................................19

2.4.1 Histórico no Brasil ........................................................................................19

2.4.2 Políticas para as Áreas Protegidas Brasileiras ............................................25

2.4.3 Modelo Internacional de Gestão Integrada ..................................................25

2.5 SISTEMA DE ÁREAS PROTEGIDAS DA FLORESTA ATLÂNTICA..............26

2.5.1 Área de Proteção Ambiental (APA)..............................................................27

2.5.2 Área de Proteção Ambiental no Estado do Paraná......................................28

2.5.3 Área de Proteção Ambiental de Guaratuba .................................................29

2.6 POPULAÇÕES TRADICIONAIS ....................................................................29

2.6.1 Descrição.....................................................................................................30

2.6.2 Conceitos .....................................................................................................30

2.6.3 Histórico .......................................................................................................32

2.6.4 Políticas de Inserção Social .........................................................................33

2.6.5 Populações Tradicionais em Unidades de Conservação.............................34

2.6.6 Norma Legal de Conduta com as Comunidades Tradicionais .....................35

2.6.7 Norma Costumeira de Manejo Espontâneo .................................................36

2.6.8 População Caiçara.......................................................................................37

2.7 SENSORIAMENTO REMOTO .......................................................................41

2.7.1 Histórico .......................................................................................................41

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2.7.2 Evolução Tecnológica..................................................................................42

2.7.3 Sistema Landsat ..........................................................................................43

2.7.4 Transporte da Informação............................................................................44

2.7.5 Sensores do Landsat ...................................................................................44

2.7.6 Formato da Informação................................................................................45

2.7.7 Valor Armazenado .......................................................................................45

2.7.8 Resolução....................................................................................................45

2.7.9 Erro na Imagem ...........................................................................................47

2.7.10 Sistema de Informações Geográficas ..........................................................47

2.7.11 Configuração SIG ........................................................................................48

3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................50

3.1 ÁREA DE ESTUDO – APA DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL ................50

3.1.1 Localização..................................................................................................50

3.1.2 Clima ...........................................................................................................51

3.1.3 Zonas Fisiográficas......................................................................................51

3.1.4 Vegetação....................................................................................................53

3.1.5 Fauna ..........................................................................................................55

3.2 COMUNIDADES TRADICIONAIS DA APA DE GUARATUBA .......................56

3.3 METODOLOGIA DAS ENTREVISTAS...........................................................56

3.3.1 Aplicação prática..........................................................................................56

3.3.2 Questionários...............................................................................................58

3.3.3 Finalidade ....................................................................................................59

3.4 SIG .................................................................................................................59

3.4.1 Descrição das Imagens ...............................................................................59

3.4.2 Tratamento Digital das Imagens ..................................................................60

3.4.3 Fase de Campo ...........................................................................................61

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................62

4.2 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) .....................................................63

4.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) ...........................................78

4.3.1 Mapas Preliminares..........................................................................................79

4.3.2 Mapas Finais ....................................................................................................79

4.4 INTERAÇÃO ENTRE DSC E SIG .......................................................................95

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4.4.1 Interação Número 1 entre SIG e DSC..............................................................95

4.4.2 Interação Número 2 entre SIG e DSC..............................................................97

4.4.3 Discussão da Interação DSC e SIG .................................................................99

5 CONCLUSÃO....................................................................................................103

REFERÊNCIAS.......................................................................................................105

ANEXOS ... .............................................................................................................119

ANEXO A .. .............................................................................................................119

ANEXO B . ..............................................................................................................129

ANEXO C . ..............................................................................................................141

ANEXO D . ..............................................................................................................142

ANEXO E .. .............................................................................................................143

ANEXO F ................................................................................................................ 144

ANEXO G ...............................................................................................................145

ANEXO H . ..............................................................................................................151

ANEXO I .................................................................................................................154

ANEXO J ................................................................................................................155

ANEXO K . ..............................................................................................................156

ANEXO L .. .............................................................................................................157

ANEXO M ...............................................................................................................158

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1 INTRODUÇÃO

A Floresta Atlântica é um ecossistema rico em biodiversidade que ocorre em

áreas que podem assumir um isolamento devido às condições geo-climatológicas.

Este isolamento propicia à evolução natural das espécies a possibilidade de

endemismo, o que torna a Floresta Atlântica ainda mais importante por apresentar

regiões com espécies não existentes em qualquer outro lugar do globo. Existente

somente no Brasil, a Floresta Atlântica é a segunda floresta mais ameaçada no

mundo (CNPq, 2001; WWF, 2006).

A história da Floresta Atlântica mostra uma sobrevivência dramática, que

desde a colonização européia teve de enfrentar desafios de perpetuação. Os

desafios que o meio ambiente enfrentou e ainda enfrenta se manifestam como

impactos ambientais, muitas vezes ocasionados pela ação do ser humano,

considerando-se, assim, o evento danoso ao ambiente como pressão antrópica

(CNPq, 2001).

Os impactos ambientais que interferiram no curso da história da Floresta

Atlântica pós-colonização Portuguesa estiveram presentes como os primeiros

grandes momentos da degradação ambiental. Esses primeiros impactos exerceram

pressões antrópicas no ambiente natural como, por exemplo, a ocupação maciça e

desordenada do solo, o extrativismo de espécies pertencentes à dinâmica da

floresta com objetivo comercial, o meio de produção (por exemplo, a instalação de

parques industriais e vilas de empregados), a inserção de novas tecnologias e o

desconhecimento da importância de uma atitude correta em relação à questão da

razão social (CNPq, 2001).

Nesse ambiente novo e rico em biodiversidade e recursos naturais, a pólvora

portuguesa era mais forte que os índios, tornando, assim, possível a colonização de

maneira mais segura. Muitos povos que se instalaram, nos interiores da Floresta

Atlântica, desenvolveram características típicas regionalistas, muito similares aos

costumes indígenas, representados pelas características culturais autóctones

(ALBAGLI, 2002).

As pressões antrópicas que ocorrem mais recentemente manifestam-se tanto

no ambiente natural quanto no ambiente cultural das comunidades localizadas em

áreas com relevância ambiental da Floresta Atlântica. O aumento dos processos

ligados à incorporação das terras aos modos de produção vigentes, iniciados

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sempre pela etapa do desmatamento, consiste um importante impacto ambiental. A

deterioração das condições de vida no ambiente rural e urbano e a perda de traços

culturais autóctones também são impactos decorrentes na Floresta Atlântica. A

associação dessas pressões sugere uma condição comercial lucrativa de exploração

extensiva dos recursos naturais, uma vez que a Floresta Atlântica foi a base de

produção empresarial e conectava-se no início da seqüência logística, como

matéria-prima (CNPq, 2001).

Sem o conhecimento de práticas sustentáveis, as áreas naturais sujeitas a

essa condição lucrativa tendem a desaparecer muito rapidamente. O resultado

desse processo é a Floresta Atlântica como um dos ecossistemas mais degradados,

uma vez que a história de apropriação de seus recursos confunde-se com a própria

história de formação do País (CNPq, 2001).

A pressão no ecossistema exercida pelas comunidades tradicionais é

insignificante se comparada com a pressão que as grandes empresas, como por

exemplo, o setor madeireiro no Brasil, que por muito tempo se baseou no

extrativismo sem o uso sustentável da matéria-prima. Como conclusão do processo

insustentável, a crescente demanda de matéria-prima pelas indústrias madeireiras

levou à ocorrência de plantios florestais homogêneos, arrasando os ecossistemas

existentes (MLYNARZ, 2004).

A demanda constante de matéria-prima seja para as carvoarias ou

madeireiras, ou como reivindicação uso do solo para o plantio pelos latifúndios, age

como um fator degradante que reduz as áreas naturais. O resultado é que as áreas

naturais estão diminuindo, a ponto de se tornar preocupante a pressão causada

pelas comunidades campesinas que realizam o extrativismo ancestral de

subsistência na Floresta Atlântica.

Como objetivos deste trabalho temos:

1.1 OBJETIVO GERAL

-Diagnosticar, com o uso de ferramentas multidisciplinares (SIG e DSC), os impactos

ambientais sobre a cobertura vegetal da APA de Guaratuba.

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1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Elaborar um Sistema de Informações Geográficas (SIG), para obter mapas com da

cobertura vegetal da APA de Guaratuba.

-Realizar a análise da qualidade ambiental e da relação da população com o meio

ambiente, através do DSC.

-Obter um resultado associativo entre o SIG e a análise da relação da população

com o meio ambiente.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esse capítulo utiliza cinco partes principais para apresentar os conceitos que

envolvem a construção da conduta científica utilizada na pesquisa. A primeira,

dividida em cinco partes que contém os dados sobre Floresta Atlântica; Estado atual

da Floresta Atlântica, importância e principais impactos ambientais; Surgimento dos

primeiros conceitos de conservação ambiental; Consciência ambiental no Brasil

(Extrativismo versus Depredação); Impactos ambientais da relação que se tornou

insustentável (Homem versus Natureza). A segunda apresenta os dados sobre a

Política ambiental, que por sua vez foi dividida em três partes contendo dados sobre

o histórico da política ambiental no Brasil; Políticas para as áreas protegidas

brasileiras; Modelo internacional de gestão integrada. A terceira apresenta os dados

do sistema de áreas protegidas da Floresta Atlântica, sendo dividida em duas partes

contendo dados sobre área de proteção ambiental e Área de Proteção Ambiental no

Paraná. A quarta apresenta os dados sobre a população tradicional da Área de

Proteção Ambiental de Guaratuba, sendo dividida em quatorze partes contendo

dados sobre populações tradicionais; descrição; conceitos; histórico; políticas de

inserção social; populações tradicionais em áreas de conservação; norma legal de

conduta com as comunidades tradicionais; norma costumeira de manejo

espontâneo; população caiçara; descrição da constituição do povo caiçara;

disposição geográfica; modo de vida; legislação aplicável; impactos culturais. A

quinta parte apresenta os dados sobre o sensoriamento remoto, sendo subdividida

em onze partes contendo dados sobre o histórico; evolução tecnológica; sistema

Landsat; formato da informação; valor armazenado; resolução; erro na imagem;

sistema de informações geográficas; configuração SIG.

2.1 FLORESTA ATLÂNTICA

As Florestas Tropicais mundiais ocorrem nos três grandes continentes e na

faixa intertropical, que é determinada pela ocorrência de alta pluviosidade. Essa alta

pluviosidade é causada pelo encontro de ventos úmidos e cadeias montanhosas

continentais. A maior formação mundial são as Florestas Americanas ou

Neotropicais, ocupando metade das florestas tropicais mundiais e um sexto de todas

as florestas latifoliadas, com 4.000.000 km². São formadas por três blocos principais:

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11

o primeiro abrange as bacias do rio Amazonas e do rio Orinoco; o segundo vai da

costa do Equador e da Colômbia até a costa Atlântica mexicana na América Central;

e o terceiro bloco é a estreita faixa de florestas compreendidas entre a costa

Atlântica, serras e planaltos interioranos brasileiros, conhecida como Floresta

Tropical Atlântica, ou Floresta Atlântica (TANIZAKI; MOULTON, 2002), ou

conhecida, popularmente no Brasil, como Mata Atlântica.

A Floresta Atlântica é um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do

planeta. Pode ser caracterizada pelo alto grau de endemismo, e por uma formação

florestal pluvial costeira, que se apresenta disposta por uma faixa ao longo da costa

brasileira com amplas variações da latitude, altitude e condições climáticas e

pedológicas (CARNEIRO; VALERIANO, 2001). Os endemismos são decorrentes das

variações geográficas, que são o fator determinante na evolução específica de

espécies com características únicas (MYERS et al, 2000). A Floresta Atlântica ocorre

desde o nordeste do Brasil, Cabo de São Roque a 5°S de latitude, no Estado do Rio

Grande do Norte, até o rio Taquari, a 30°S de latitude, no Estado do Rio Grande do

Sul (JOLY et al, 1999).

2.2 ESTADO ATUAL DA FLORESTA ATLÂNTICA, IMPORTÂNCIA E PRINCIPAIS

IMPACTOS AMBIENTAIS

A Floresta Atlântica é uma unidade fitogeográfica que apresenta os maiores

agrupamentos de vida selvagem, e é a segunda floresta mais ameaçada do mundo

(WWF, 2006); faz parte das 15 regiões identificadas mundialmente como hotspots

(áreas com alta biodiversidade, altas taxas de endemismo e, ao mesmo tempo, com

alta pressão antrópica) (CNPq, 2001). Foi o ecossistema brasileiro que mais sofreu

com os impactos ambientais dos ciclos econômicos da história do país; o percentual

dos remanescentes florestados na Floresta Atlântica varia de 5% (FONSECA, 1989)

de sua cobertura vegetal original (área de 1.300.000 km² ou 15% do território

nacional) a 8,8% (INPE, 2000).

É considerada como fator agravante aos impactos ambientais, a explosão

demográfica que ocorreu na Floresta Atlântica e teve a “ajuda” de todo o país, sendo

que cerca de 70% da população brasileira já morava em áreas que a Floresta

Atlântica “cedeu” o lugar para as cidades (MMA, 2000). Como resultado dos

diferentes ciclos de exploração econômica, a destruição da Floresta Atlântica

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12

ocorreu desde o início da colonização européia até a alta densidade demográfica em

sua área atual de abrangência.

Dados preliminares dos Mapas de Cobertura Vegetal Nativa dos Biomas

Brasileiros, divulgados em dezembro de 2006 pelo Ministério do Meio Ambiente,

revelaram que a Floresta Atlântica compreendia, em 2002, uma área equivalente a

27,44% da sua cobertura original (SEIA, 2007).

2.3 SURGIMENTO DOS PRIMEIROS CONCEITOS DE CONSERVAÇÃO

AMBIENTAL

Em termos gerais, segundo o conceito de sustentabilidade, emitido por

Carlowitz em seu livro Sylvicultura Oeconomica, em 1713, os recursos naturais

devem ser manejados de maneira racional e pensando na qualidade ambiental para

as gerações futuras. É o primeiro de todos os conceitos sobre sustentabilidade

conhecido e documentado, no qual a gestão ambiental pode ser entendida como a

administração dos recursos ambientais, com o objetivo de perpetuar o patrimônio

natural e garantir que as gerações futuras encontrem um ambiente compatível com

as suas necessidades (FLORIANO, 2005).

Tradicionalmente, a origem histórica do movimento ecoconservacionista é

apontada pela literatura especializada como estando ligada ao nome de Gifford

Pinchot, o primeiro chefe do Serviço Florestal dos EUA, no século XIX. É conhecido

por ter sido influente na concepção e propagação da política desenvolvimentista de

uso dos recursos florestais nos EUA. Em seu livro The Fight for Conservation, citado

por vários antropólogos e historiadores do ambientalismo, ele associa a própria idéia

de desenvolvimento à conservação. Fiel à era progressista da qual pertenceu,

Pinchot define desenvolvimento como o emprego do saber científico para o benefício

da maioria (DIEGUES, 2000a; AGRIPA, 2002b).

Como uma abordagem voltada para a questão do uso racional dos recursos

florestais quase unicamente, a especificidade do termo ecoconservacionismo está

associada ao ethos científico do desenvolvimento, que denota rigor no método de

alocação dos recursos naturais, eficiência e prevenção de desperdícios, assim como

produtividade assegurada com o máximo de rentabilidade. Distintivamente das

outras correntes do ambientalismo antropocêntrico, o emprego aqui da expressão

ecoconservacionismo aduz, no entanto, a uma variedade sinonímica de expressões

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13

tais quais conservacionismo ambiental, políticas de gestão comunitária dos recursos

naturais renováveis ou ainda etnoconservacionismo (AGRIPA, 2002a).

O termo ecoconservacionismo ou simplesmente conservacionismo expressa

um tipo particular de ambientalismo político ligado aos diversos gostos do

cientificismo acadêmico especializado e ao profissionalismo de mercado e de

Estado, quando esses cumprem o papel de administradores dos bens públicos. Os

serviços dessa natureza gerem-se em nome de um papel centralizador do poder

burocrático graças ao emprego de tecnologias apropriadas e do saber científico que

possam garantir os chamados ‘interesses públicos’ ou ‘interesses sociais’ (AGRIPA,

2002a).

O etnoconservacionismo estuda a forma de percepção do ambiente, isto é, o

conhecimento popular da dinâmica do meio natural. O conhecimento ecológico

tradicional é importante por ser responsável pela interpretação do ambiente pelo

homem. A etnoecologia estuda exatamente as percepções e os conhecimentos

sobre a natureza, buscando compreender as práticas de manejo dos recursos

naturais de comunidades tradicionais (MENDES, 2002).

A sustentabilidade do desenvolvimento requer a democratização do Estado, e

não o seu abandono ou substituição pelo mercado; esse exemplo se refere ao fato

de serem oferecidos às sociedades o insumo e o recurso, porém, sem a educação

necessária para a formação do caráter dos verdadeiros cidadãos, o que vem a

alertar sobre as dificuldades provocadas por situações de extrema desigualdade

social e degradação ambiental, que não podem ser definidas como problemas

individuais, mas analisadas como constituindo o alicerce dos desafios sociais

coletivos gerados pela desigualdade (SATO et al, 2002).

Não se trata simplesmente de garantir que a população tenha acesso à

educação, saúde ou transporte, segundo a lógica do mercado, mas a recuperação

de práticas coletivas e solidárias faz parte da essência das necessidades vitais dos

seres humanos (SATO et al, 2002).

O paradigma da sustentabilidade ecológica anteposto à sustentabilidade

social é claro ao se manifestar em regiões onde o isolamento geográfico,

desencadeador de variabilidade endêmica em algumas espécies de animais e

plantas, causa uma dependência muito grande por parte das comunidades ali

isoladas e inseridas no ecossistema. O governo é a única forma de prover alguma

melhoria no sentido de oferecer uma verdadeira condição digna de vida para a

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comunidade envolvida, diminuindo as desigualdades sociais entre as diferentes

classes existentes no Brasil, freando e diminuindo aos poucos, as práticas

extrativistas de subsistência (AGRIPA, 2002b).

A análise da relação entre as comunidades naturais descritas por práticas de

sustentabilidade ecológica e as comunidades tradicionais, por práticas de

sustentabilidade social, apresenta muitas dificuldades (LÉLÉ, 1991). Pelo caráter

produtivo que o capitalismo apresenta, as práticas de sustentabilidade ecológica

voltadas ao meio de produção agrícola são de elevada precisão (ALTIERI, 1999).

A diversidade cultural, incluindo a diversidade de línguas, crenças e religiões,

práticas de manejo do solo, expressões artísticas, tipos de alimentação e diversos

outros atributos do ser humano – constitui também um componente essencial da

biodiversidade, considerando as recíprocas influências entre o ambiente e as

culturas humanas. Desse modo, o conceito de biodiversidade vem sendo hoje

ampliado para o de sócio-biodiversidade. É cada vez maior o reconhecimento do

papel positivo que populações nativas e locais, particularmente populações

tradicionais, têm desempenhado na conservação e no uso sustentável da

diversidade biológica (ALBAGLI, 2002).

O interesse pelas questões ambientais penetrou no espaço político e social, e

a promoção do diálogo entre as ciências e outras formas de aquisição do

conhecimento é fundamental para a obtenção de alternativas e estratégias que

permitam os desenvolvimentos racionais, harmônicos e democráticos, a fim de

viabilizar a sustentabilidade da sociedade e do meio ambiente do qual ela faz parte

(CHAMY, 2003).

2.3.1 Consciência Ambiental no Brasil: Extrativismo Versus Depredação

Historicamente, o mais conhecido movimento de ecoconservacionismo

político brasileiro é o dos seringueiros. Iniciado na década de 70, o movimento

opunha-se fortemente à derrubada das florestas no Acre, por intermédio do primeiro

sindicato rural desta causa, em Basiléia (AGRIPA, 2002b).

Os seringueiros, sob a liderança de Chico Mendes, opuseram-se à destruição

da floresta, que era sua única fonte de renda. Em meados dos anos 80, esse

movimento cresceu e expandiu-se para muitos Estados da Amazônia, levando à

criação do Conselho Nacional de Seringueiros em 1985. Nessa época, o movimento

Page 21: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

15

dos seringueiros lançou a proposta de criação das reservas extrativistas. Com o

objetivo inicial de garantir direitos de acesso às comunidades locais, a proposta das

reservas extrativistas combinava elementos de reforma agrária, com a idéia de que

as unidades de conservação poderiam envolver as comunidades tradicionais em sua

proteção e gestão (BANCO MUNDIAL, 2003).

Em 1986 foi criada a Aliança dos Povos da Floresta, congregando também a

luta de reivindicações das populações indígenas (AGRIPA, 2002b).

Com o assassinato de Chico Mendes, em dezembro de 1988, os problemas

do conflito social e da devastação ambiental na Amazônia ganharam manchetes na

imprensa brasileira e internacional. Sob a pressão cada vez mais forte da opinião

pública nacional e internacional, o governo brasileiro usando o poder de execução

do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), com o apoio do Programa Piloto,

criou as primeiras quatro reservas extrativistas na Amazônia no início de 1990

(BANCO MUNDIAL, 2003).

Na localidade de Altamira no interior da Floresta Amazônica em 1989,

realizou-se igualmente o Encontro dos Povos das Florestas, para protestar também

contra a construção de hidrelétricas no Rio Xingu, local de várias reservas indígenas.

A história do extrativismo no Brasil está associada aos diversos ciclos da extração

dos produtos para exportação, inicialmente com o pau-brasil. Mais recente, junto à

borracha, a castanha e plantas medicinais da Amazônia também se incluem como

atividades extrativistas (AGRIPA, 2002b).

Em associação com a expansão de fronteiras que os países em

desenvolvimento são obrigados a administrar, existem os aspectos relacionados à

privatização de recursos naturais envolvidos com a subsistência, e extração

sustentável que as populações tradicionais exercem sobre o ecossistema. Um

exemplo dessa transformação está no Estado do Maranhão, na região conhecida

como "Pré-Amazônia", onde o jaborandi (Pilocarpus microphyllus), um recurso

natural que beneficiava as populações tradicionais diretamente, foi gradativamente

privatizado, onde as áreas de coleta passaram a ser particulares, e os moradores

tradicionais eram encarregados da coleta e transporte para a manufatura industrial.

O crescimento descontrolado no extrativismo das folhas do jaborandi conduziu ao

esgotamento e à ameaça de extinção das populações naturais deste recurso vegetal

(PINHEIRO, 2002).

Page 22: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

16

Em 2006, a portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) n° 150, de 8 de

Maio, institui, em seu artigo primeiro, a criação de um mosaico das unidades de

conservação existentes no litoral paulista e paranaense. As medidas tomadas a fim

de prover ligação entre as Unidades de Conservação (U.C.s), aumentam o habitat

das espécies raras e endêmicas da Floresta Atlântica (CETESB, 2007a). Do mesmo

ano, a portaria n° 150 de 12 de Abril, implementou a obrigatoriedade de um plano de

gestão para a visitação nas U.C.s. As medidas de visitação consideram os impactos

potenciais da visitação em U.C.s e respectivas áreas de influência (CETESB,

2007b).

2.3.2 Impactos Ambientais da Relação Natural que se tornou insustentável: Homem

Versus Natureza

Pode-se afirmar que, durante bilhões de anos, a extinção de espécies ocorreu

como parte de processos dinâmicos e naturais, dando lugar ao surgimento de novas

variedades. Nos últimos 65 milhões de anos, a destruição da biodiversidade pode

ser considerada a mais drástica já ocorrida, e é causada principalmente por práticas

humanas predatórias ao meio ambiente. Dentre os principais impactos ambientais

antrópicos, as práticas industriais são as mais devastadoras, e acentuaram-se e

multiplicaram-se desde o estabelecimento das modernas sociedades industriais

(ALBAGLI, 2003).

A destruição incessante de florestas tropicais, as extinções em massa de

espécies e a perda de áreas naturais conservadas têm duas dimensões: a

fragmentação (diminuição da área total) e o isolamento das áreas remanescentes

(TANIZAKI; MOULTON, 2002).

Muito se fala sobre a fragmentação, que são as áreas naturais que restam

após uma devastação do habitat natural e mais a fundo sobre as relações do

fenômeno de fragmentação, descreve-se o Efeito de Borda, que é um fenômeno que

ocorre na zona de ecótono, que é a região de transição entre dois ou mais

ecossistemas distintos, promovendo o aumento da densidade e riqueza em espécie

quando as condições do meio ambiente são providas de formas naturais (ODUM,

1988).

No entanto, em ambientes fragmentados que sofrem intensa ação antrópica,

pode ocorrer uma situação contrária à apresentada, verificando a redução na

Page 23: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

17

densidade e riqueza em espécie, e também uma alteração na estrutura e dinâmica

das comunidades de plantas. Dessa forma, o Efeito de Borda possivelmente está

entre um dos mais evidentes e significativos fatores que atuam sobre os fragmentos

florestais, por isto os aspectos de fragmentação e isolamento devem ser

considerados no planejamento e manejo da biodiversidade (TANIZAKI; MOULTON,

2002).

Assim como o Efeito de Borda, que é um impacto ambiental proporcionado

por uma reação natural destrutiva quando as condições do fenômeno são impostas

por razões antrópicas, o fogo das queimadas também é um impacto ambiental com

característica de fenômeno natural e/ou antrópica. Quando o fogo das queimadas se

espalha, pode ter conseqüências desastrosas, como a destruição de áreas de

importância para a conservação da biodiversidade. Sob esta ótica, o fogo proposital

pode ser considerado um dos maiores perigos para os remanescentes florestais,

como as extensivas queimadas apresentadas a partir da década de 1980 em Minas

Gerais (13% de suas florestas foram queimadas em 1986) e no Sul da Bahia (300

km² foram queimados em 1989 após dois meses de seca) (TANIZAKI; MOULTON,

2002).

Dados da Polícia Florestal revelaram que de um terço à metade dos

desmatamentos são causados por fogo intencional (DEAN, 1995). Considerando

essas formas de impactos ambientais, são apresentadas a seguir as estimativas de

perdas na vida selvagem e silvestre brasileira, sob levantamentos incompletos e

números aproximados existentes.

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza –

IUCN, 735 espécies de plantas e animais brasileiros estão ameaçados de extinção,

dentre os quais são 430 espécies de plantas e 305 espécies da animais. Esse

número é seguramente uma sub-estimativa do real status de ameaça no Brasil,

tendo em vista que muitos grupos (peixes e vegetais, por exemplo) não foram

apropriadamente levantados (IUCN, 2003; PAGLIA et al, 2004).

Comparando-se à irrealidade refletida nos números da IUNC, a lista oficial de

2003 de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, elaborada segundo os

mesmos critérios da IUCN e contando com a atual informação científica disponível,

contém mais que o dobro de espécies animais citadas como ameaçadas em relação

à lista da IUCN (633 contra 305) (PAGLIA et al, 2004).

Page 24: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

18

Apesar da extensa e descontrolada remoção da cobertura florestal original

que ocorreu ao longo da colonização, a Floresta Atlântica ainda abriga uma porção

significativa da biodiversidade brasileira. Envolvendo aproximadamente 60% (179

das 305) espécies da lista vermelha da IUCN para o Brasil (PAGLIA et al, 2004).

Quando a atitude em vigor da proteção legal para o meio ambiente for

encarada com uma situação em especial, avaliando e ponderando as situações que

ocorressem dentro de determinada área. Esta atitude deveria envolver uma visão

holística, que considera um maior número de variáveis envolvidas como

características de um futuro potencial de melhoria na qualidade ambiental (AGRIPA,

2002a).

Os ambientes estão aptos àquilo que perpetua seus espécimes, e é

impossível descartar a presença do ser humano em todas as regiões do Brasil;

porém, a ação dos grandes projetos que envolvem a apropriação de terras está

reduzindo drasticamente as áreas de extrativismo, obrigando as comunidades

tradicionais a aumentarem a pressão antrópica sobre os remanescentes florestais

(AGRIPA, 2002a).

O fato é que enquanto não existir uma política econômica de distribuição de

renda eficaz, e não existirem mecanismos para oferta de mercado com trabalho

digno, e também enquanto não houver previsão de melhoria nas condições de

escolaridade e saúde democratizadas, uma fiscalização não será eficiente. Não

adianta impor leis. As comunidades tradicionais continuarão fazendo o extrativismo

de subsistência. Continuarão oferecendo os insumos da floresta, que são o

patrimônio genético da nação, para pesquisadores estrangeiros em troca de

“migalhas”. Todos esses fatos agravantes podem significar que a carência social é a

ferramenta hábil para usufruir a fragilidade do sistema de defesa e proteção do meio

ambiente (FORTES; RAMMÊ, 2006).

Nesse cenário caótico prevalecem os interesses privados majoritários, com

ponto de vista econômico ascendente. A ação corrupta e sem consciência ambiental,

encontra a liberdade necessária para expandir o modelo de desenvolvimento

econômico que se instalou a partir da revolução industrial. Pode se dizer que a partir

da revolução industrial a vontade do ser humano possuir produtos industrializados é

crescente. Os produtos industrializados, assim como os meios para adquiri-los,

devem se adaptar conforme a regra capitalista que a sociedade impõe. A mão-de-

Page 25: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

19

obra e o ambiente natural são meros elementos inseridos na cadeia econômica

produtiva (FORTES; RAMMÊ, 2006).

2.4 POLÍTICA AMBIENTAL

Essa parte da revisão bibliográfica utiliza três sub-itens para apresentar os

conceitos que envolvem a política ambiental. O primeiro é o histórico da política

ambiental no Brasil começando pelo Brasil colônia, ocorrendo um avanço

cronológico dos dados até os anos trinta, e a partir desse até os anos dois mil. O

segundo é relacionado às políticas de áreas protegidas brasileiras. O terceiro é

sobre o modelo de gestão internacional integrada.

2.4.1 Histórico no Brasil

Brasil Colônia

Ao realizar uma breve retrospectiva da legislação ambiental brasileira,

identifica-se que a partir da segunda metade do século XVII os regulamentos da

colônia já continham evidências de preocupação setorial com a proteção e uso da

natureza para a coroa. A exploração madeireira e subprodutos era a base colonial

de exportações, legalmente denominada “Monopólio da Coroa”, para viabilizar

acordos comerciais, com Portugal e outros países europeus sobre as madeiras do

Brasil-Colônia. Foi promulgada a Carta de Lei de 15/10/1827, originando o termo:

madeira-de-lei. O Regulamento Complementar nº 363/1844 e a Circular de 5/2/1858

que contém instruções de identificação das diversas madeiras de lei, como também

instruções para o corte, mesmo em terras particulares, são as primeiras leis de uso e

extração de recursos naturais (LAVORATO, 2005).

Década de 1930 até década de 1960

Entre 1930 e 1940, estabeleceram-se os códigos Florestal, das Águas e de

Minas. Entre 1964 e 1967, início do regime militar, estabeleceram-se o Novo Código

Florestal (Lei nº 4.771/65), a Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/67), o Código de

Pesca (Decreto Lei nº 221/67) e novo Código de Minas (Decreto Lei nº 227/67). O

Page 26: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

20

Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal criado em 1967, e ainda neste ano

foram instituídas as Reservas Indígenas, os Parques Nacionais e as Reservas

Biológicas. Considera-se que estas são as primeiras leis mais específicas que

estipulam novas condições de extração dos recursos naturais (LAVORATO, 2005).

Década de 1970

Na década de setenta não ocorreram grandes mudanças com relação às

benfeitorias legais para a melhoria do meio ambiente. As linhas do pensamento

ecológico envolvendo o poder público mundial, e incluindo representantes

brasileiros, começaram a se manifestar a respeito das preocupações com os

recursos naturais. De forma bem generalizada na Conferência de Estocolmo em

1972, onde foi aceito por verdade que a relação entre o homem e o extrativismo

comercial dos recursos naturais não é perene. Sob a mesma ótica, foi aceito que o

desenvolvimento econômico deve ser realizado, de forma que garanta melhoria, nas

condições ambientais para as gerações futuras. Considerando os antecedentes da

conduta humana nas suas relações com a natureza, o que implica a sua própria

condenação, leis que dizem respeito à conservação da natureza são feitas pelos

seres humanos para proteger a natureza dos próprios seres humanos. É importante

citar essa conferência, porque toda a política vigente brasileira de atributos ao

controle da degradação ambiental é baseada na Conferência de Estocolmo, de 1972

(ALMEIDA, 2002).

Dessa mesma época é válido também citar o Seminário de Educação

Ambiental realizado em Belgrado em 1975, o qual é considerado um marco

conceitual para a educação ambiental, tendo resultado no Programa Internacional de

Educação Ambiental pela UNESCO (PIEA) em colaboração com o Programa das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), já que as realizações políticas

brasileiras ainda eram muito inexpressivas nesta época (ALMEIDA, 2002).

Década de 1980

Seguindo a tendência mundial conservacionista, a Constituição da República

Federativa do Brasil (1988) determina que todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, e essencial à sadia

Page 27: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

21

qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade, o dever de

defendê-lo e preservá-lo, para as presentes e futuras gerações (SENADO

FEDERAL, 2003).

Mas, infelizmente, até o final da década de 80, apenas se projetava uma visão

empresarial de busca desenfreada do desenvolvimento econômico,

independentemente dos impactos ambientais e da alteração na qualidade de vida

das populações presentes e futuras, provendo-se dos recursos naturais como

matéria-prima na linha de produção. Essa prática empresarial ocasionou grandes

migrações para os centros urbanos, sem que esses apresentassem infra-estrutura

necessária. Os impactos ambientais foram trágicos, como, por exemplo, o aumento

da poluição industrial e doméstica e da emissão de resíduos, contaminando as

zonas ribeirinhas, costeiras e lindeiras (MAGALHÃES, 1998).

É um impacto ambiental, gerado pelo crescimento exacerbado dos meios de

produção, o efeito estufa, que se refere à progressiva elevação da temperatura

média da atmosfera terrestre, como conseqüência da crescente concentração dos

gases do efeito estufa (GEE), que incluem o dióxido de carbono (CO2), que é o

principal componente, e outros como, por exemplo, o metano. O óxido de nitrogênio,

dentre outros de menor participação. Esses GEE são emitidos como um subproduto

da atividade econômica, com destaque para as atividades de produção e de

consumo de combustíveis fósseis, o desmatamento e as atividades agrícolas em

geral (ROCHA; SILVA, 2002).

Década de 1990

O modelo da política ambiental brasileira, elaborada a partir da Conferência

de Estocolmo, tinha como diretrizes o controle da poluição e a criação de unidades

de conservação da natureza. O crescimento populacional e o saneamento básico,

componente de políticas setoriais de impacto sobre o meio ambiente, ficaram

excluídos desse modelo. Constituindo, cada um, objeto de política própria, não

articulados à questão ambiental, o que evidenciou o desenvolvimento isolado desse

setor (SOUZA, 2001).

A política ambiental brasileira, propriamente dita, desenvolveu-se de forma

tardia se comparada às demais políticas setoriais brasileiras, e basicamente em

resposta às exigências do movimento internacional ambientalista. A abordagem

Page 28: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

22

setorial corretiva e não integrada da questão ambiental por parte dos elaboradores

de políticas públicas brasileiras, aliada à visão governamental da época de que a

proteção ambiental não deveria sacrificar o desenvolvimento econômico do país,

constituíram os principais entraves para a inserção do componente da

sustentabilidade no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro (SOUZA,

2001).

O Decreto Federal n° 750 de 10 de fevereiro de 1993, dispôs sobre o corte, a

exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio

de regeneração da Floresta Atlântica. Esse decreto regulamentou o extrativismo

comercial em regiões de vegetação primária ou em elevado estágio de regeneração

de Floresta Atlântica. O decreto também regulamentou as práticas de extração

seletiva nas mesmas condições vegetais, com autorização do órgão estadual

(IBAMA, 2007).

No Artigo 2° do mesmo Decreto Federal n° 750 foi determinada a metodologia

de exploração seletiva das espécies nativas nas áreas cobertas por vegetação

primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Floresta Atlântica

que poderá ser efetuada desde que atenda as normas. Os requisitos desse artigo

não se aplicam ao extrativismo de subsistência de espécies da flora, utilizadas para

consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais (IBAMA, 2007).

No Artigo 4°, que diz respeito à supressão e à exploração da vegetação

secundária, em estágio inicial de regeneração da Floresta Atlântica, haverá

regulamentação por ato do IBAMA, ouvidos o órgão Estadual competente e o

Conselho Estadual do Meio Ambiente respectivo, informando-se ao Conama. A

supressão ou exploração de que trata esse artigo, nos Estados em que a vegetação

remanescente da Floresta Atlântica seja inferior a cinco por cento da área original,

obedecerá ao que estabelece o parágrafo único do artigo 1° desse Decreto, “Art. 1° -

Ficam proibidos o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos

estágios avançado e médio de regeneração da Floresta Atlântica” (IBAMA, 2007).

No Artigo 7°, que proíbe a exploração de vegetação que tenha a função de

proteger espécies de flora e fauna silvestres ameaçadas de extinção. Com objetivo

de formar corredores entre remanescentes de vegetação primária, ou em estágio

avançado e médio de regeneração. Também tem o objetivo de proteger o entorno de

unidades de conservação, bem como a utilização das áreas de preservação

Page 29: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

23

permanente, de que tratam os artigos 2º e 3º da Lei no 4.771, de 15 de setembro de

1965 (IBAMA, 2007).

No Artigo 8º, a floresta primária ou em estágio avançado e médio de

regeneração não perderá essa classificação nos casos de incêndio e/ou

desmatamento não licenciados a partir da vigência desse Decreto Federal (IBAMA,

2007).

Ainda no ano de 1993 ocorreu um grande evento que foi a Convenção sobre

Diversidade Biológica, aprovada pelo decreto legislativo n° 2 de três de fevereiro de

1994, que estabeleceu o paradigma que reconheceu a soberania nacional sobre a

biodiversidade, a necessidade de consentimento prévio e de repartição justa e

eqüitativa dos benefícios relacionados ao uso do patrimônio genético e dos

conhecimentos tradicionais associados. Entretanto, a efetividade desses princípios

depende de leis nacionais específicas, e de instrumentos internacionais, que

garantam o seu cumprimento pelos países usuários (GRANZIERA et al, 2007;

IBAMA, 2008).

Anos 2000

A lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que no Artigo 1° institui o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelece critérios e

normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. No

Artigo 3° é estabelecido que o SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de

conservação federais, estaduais e municipais de acordo com a lei (MINISTÉRIO

PÚBLICO, 2007).

No Brasil, a biodiversidade e os conhecimentos tradicionais são protegidos

pela Medida Provisória 2.186 de 2001, que condiciona o acesso a recursos naturais

pela autorização da União e prevê a repartição de benefícios, se houver uso e

comercialização. Vários projetos de lei, sobre a questão ambiental, também tramitam

no Congresso Nacional. Dentre eles, o da senadora e ministra do Meio Ambiente, no

ano de 2005, que estabelece as condições para autorização de acesso a recursos

genéticos nacionais (LAVORATO, 2005).

O último encontro de Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, que

ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2002, na África do Sul em

Johanesburgo, deveria obter uma resposta, não só ao desafio da proteção ambiental

Page 30: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

24

numa economia globalizada, como também à necessidade de reduzir a pobreza

para garantir um futuro sustentável (RAVEN; LESCHNER, 2002).

No final de 2002, diversas comissões do Senado Brasileiro aprovaram um

projeto de lei destinado a regulamentar o artigo 225 da Constituição que trata do

acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado. O governo

enviou à Câmara dos Deputados um projeto de lei que prevê penas de um a oito

anos de prisão para quem desrespeitar a legislação que protege a fauna e a flora. A

Câmara também analisou a proposta de emenda constitucional que transforma os

recursos genéticos em patrimônio da União (LAVORATO, 2005).

A I e a II Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA, realizadas em 2003

e 2005) foram um marco de uma nova etapa na construção da política de meio

ambiente do Brasil. Cabe destaque à gestão compartilhada entre Ministério do Meio

Ambiente, IBAMA, Ministério da Justiça e Polícia Federal na realização de um

intenso trabalho de investigação que tem culminado na deflagração de grandes

operações policiais que estão desmontando quadrilhas especializadas em crimes

ambientais no Brasil (COP8, 2006).

A ratificação pelo Congresso Nacional em 2003, da adesão do Brasil ao

Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança permitiu ao país participar, na

qualidade de Parte Contratante, das reuniões e das Conferências das Partes do

Protocolo e contribuir para estruturar a aplicação e regulamentação do acordo nos

diversos países. O Ministério do Meio Ambiente participou efetivamente da

elaboração do Projeto de Lei de Biossegurança, coordenado pela Casa Civil da

Presidência da República e, atualmente, é parte integrante na construção do

Decreto de regulamentação da referida lei (COP8, 2006).

Em maio de 2004, o Decreto nº 5.092 definiu as regras para identificação de

áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos

benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio

Ambiente. Com o respaldo desse decreto, o MMA baixou a Portaria nº 126,

publicada poucos dias após, em maio 2004, reconhecendo áreas como: Áreas

Prioritárias para a Conservação, Áreas Prioritárias para Utilização Sustentável, e

Áreas Prioritárias para Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira. Ou

simplesmente Áreas Prioritárias para a Biodiversidade. Estão em andamento ações

em diversos projetos que levam em consideração as áreas prioritárias: o Projeto de

Áreas Protegidas na Amazônia (Projeto ARPA), o Projeto GEF (Global Environment

Page 31: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

25

Facility) Caatinga, o Projeto GEF Cerrado, Projeto GEF Pantanal, o Projeto Floresta

Atlântica e o Projeto Corredores Ecológicos (MMA, 2007).

Além disso, a partir da publicação do decreto e portaria acima mencionados, o

Mapa das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade tem sido um instrumento

importante nas discussões com os setores econômicos para minimizar os impactos

de projetos de infra-estrutura e de energia sobre a biodiversidade (COP8, 2006).

No ano de 2006, após 13 anos de tramitação no congresso nacional, o

Projeto de Lei (PL) n° 3.285/92 conhecido como a “Lei Mata Atlântica”, de Fábio

Feldman, foi aprovado. O PL 3285/1992, que passou a ser PL da Câmara 107/2003,

é importante porque foi desenvolvido de maneira participativa entre políticos e ONGs

e apresenta instruções para utilização das áreas de Floresta Atlântica, em diversos

estados de sucessão ecológica, de forma a proteger o bioma (RITS, 2007).

2.4.2 Políticas para as Áreas Protegidas Brasileiras

A ação de diferentes correntes de pensamento, a respeito da definição e

caracterização das áreas silvestres tem como resultado, um considerável número de

áreas com nomes diferentes, com características e objetivos idênticos ou que

apresentam em comum apenas a denominação (SILVA, 1996; LEAL et al, 2002).

Nem todas as Unidades de Conservação previstas pelas organizações

internacionais são adotadas no Brasil; outras existem com adaptações conceituais

previstas ou não em legislação própria. De acordo com a Lei n.º 9.985, de 18 de

julho de 2000, art. 2º, inciso I – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

2.4.3 Modelo Internacional de Gestão Integrada

A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão

integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos

de preservação da diversidade biológica, desenvolvimento de atividades de

pesquisa, monitoramento ambiental, educação ambiental, desenvolvimento

sustentável e melhoria da qualidade de vida das comunidades locais (MINISTÉRIO

PÚBLICO, 2007).

Page 32: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

26

A Reserva da Biosfera é constituída por uma ou várias áreas-núcleo,

destinadas à proteção integral da natureza; uma ou várias zonas de amortecimento,

onde somente são admitidas atividades que não resultem em dano para as áreas-

núcleo; e uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de

ocupação e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo

participativo e em bases sustentáveis. A Reserva da Biosfera é constituída por áreas

de domínio público ou privado podendo ser integrada por unidades de conservação

já criadas pelo Poder Público, devendo ser respeitadas as normas legais que

disciplinam o manejo de cada categoria específica. A Reserva da Biosfera é

reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera - MAB",

estabelecido pela Unesco (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

2.5 SISTEMA DE ÁREAS PROTEGIDAS DA FLORESTA ATLÂNTICA

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação tem como prioridades, em

relação à questão das políticas para as áreas protegidas brasileiras, a expansão e a

consolidação do SNUC e outras áreas protegidas. O objetivo principal é a proteção

da biodiversidade brasileira e a justa repartição dos benefícios decorrentes. Os

principais beneficiários são as populações residentes nas Unidades de Conservação

e entorno, populações tradicionais e indígenas, pesquisadores, visitantes e usuários

dessas áreas (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

No Brasil, a primeira unidade de conservação criada, no domínio da Floresta

Atlântica, foi o Parque Nacional de Itatiaia, no Estado do Rio de Janeiro, no ano de

1937, pelo Decreto 1.713 de 14 de junho. O motivo da criação desse Parque

Nacional foi a preocupação com a ocupação desordenada das terras e rápida

remoção total da cobertura vegetal original (HERMMAN et al, 2000).

Em conformidade com o SNUC, as unidades de conservação dividem-se em

dois grupos com características específicas:

- As unidades de proteção integral, cujos objetivos consistem em basicamente

preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais,

com exceção dos casos previstos em lei.

- As unidades de conservação de uso sustentável que objetiva basicamente

compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos

recursos naturais disponíveis (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

Page 33: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

27

O sistema de áreas protegidas da Floresta Atlântica contava, em 2004, com

aproximadamente 700 unidades de conservação, públicas e privadas, totalizando 13

milhões de hectares. Desse total da área protegida, apenas 2,6 milhões estão sob

categorias de proteção integral. As Unidades de Proteção Integral cobrem menos de

2% da vegetação remanescente e a grande maioria tem área inferior a 10.000 ha

(PAGLIA et al, 2004).

A lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, institui no seu artigo 1° o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que estabelece

critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de

conservação (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

Conforme o artigo 27° do SNUC, está previsto que as unidades de

conservação devem dispor de Planos de Manejo. O artigo 27° do SNUC propõe a

oportunidade para a participação da população nas fases de elaboração,

implementação e atualização, e que devem ser elaborados no prazo de até cinco

anos de sua criação (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

O planejamento é um aspecto importante para efetivação das unidades de

conservação, e deve estar claro que os procedimentos participativos não gerem

problemas durante a implementação dos planos de manejo. As diretrizes

institucionais e legais claramente estabelecidas evitam o surgimento de expectativas

que comprometam o sucesso de sua implementação (MINISTÉRIO PÚBLICO,

2007).

2.5.1 Área de Proteção Ambiental (APA)

A APA é uma região com qualidades ambientais relevantes à conservação e

apresenta certa ocupação humana, pelo fato que o domínio da terra pode ser

público ou privado. Existe uma série de restrições quanto ao uso do solo e dos

recursos naturais com o objetivo de disciplinar o extrativismo por parte das

populações existentes. A visitação e a pesquisa são permitidas, sob autorização do

governo ou nas áreas sob propriedade privada, cabendo ao proprietário estabelecer

as condições para pesquisa e visitação pelo público (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2007).

A APA é um tipo de Unidade de Conservação e está bem definida através do

Artigo 8° da Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, e dispõe sobre a criação de Áreas

de Proteção Ambiental. A primeira APA do Brasil foi a da Serra do Mar, criada pelo

Page 34: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

28

Decreto nº 22.717, de 21 de setembro de 1984, no Estado de São Paulo (MOTTA,

2005).

As APAs também, no geral, têm atributos bióticos e abióticos, estéticos ou

culturais importantes para a qualidade de vida, no que se diz respeito a natureza

pitoresca e incomum das peculiaridades ambientais geradas pelos endemismos, no

caso da Floresta Atlântica. As Áreas de Proteção Ambiental, mesmo de domínio

privado, estão sujeitas a restrições de uso de seus recursos naturais, de acordo com

os objetivos propostos através do planejamento e gestão ambiental, integrantes da

Lei n° 9.985/00. Pode-se dizer que estas áreas são “instrumentos de planejamento e

gestão” e podem vir a se consolidar como agências de desenvolvimento sócio-

ambiental (IAP, 2006).

É importante destacar que independe dos atributos existentes para cada

região, a APA encaixa-se como ferramenta prática à utilização sustentável, e acaba

por se tornar o meio para a manutenção de sua integridade. Essas restrições de

direitos de uso devem estar apoiadas em outros dispositivos legais de acordo com

suas matérias, sejam elas: recursos hídricos, florestas, fauna, solo, atmosfera,

patrimônio arqueológico, paleontológico, espeleológico e cultural. Essa evolução

pode ser salientada pelo Código Florestal Lei n° 4.771/65, estabelecendo normas de

ordenamento e restrições em áreas públicas e privadas. No entanto, o fato de criar

uma Unidade de Conservação não garante a sua proteção; há que considerar os

impactos ambientais provocados pelos diferentes grupos sociais que têm relação a

região em questão. A gestão ambiental deve considerar os contextos econômico,

social e político, global e local, de maneira integrada, o que exige a formulação de

políticas públicas apropriadas a esses contextos (IAP, 2006).

2.5.2 Área de Proteção Ambiental no Estado do Paraná

Eis a lista das APAs com mais de 10.000 ha do Estado do Paraná:

Federais:

• APA Federal de Guaraqueçaba

• APA Federal Ilhas e Várzeas do Rio Paraná

Estaduais:

• APA Estadual de Guaraqueçaba

• APA Estadual de Guaratuba

Page 35: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

29

• APA Estadual do Passaúna

• APA Estadual do Iraí

• APA Estadual da Serra da Esperança

• APA Estadual da Escarpa Devoniana

Em 2007 o Estado do Paraná tinha 10 APAs (IAP, 2007).

2.5.3 Área de Proteção Ambiental de Guaratuba

A APA de Guaratuba foi criada pelo Decreto Estadual n° 1.234 de 27 de

Março de 1992; seguindo orientações da Política Nacional do Meio Ambiente, a Área

de Proteção Ambiental de Guaratuba, com aproximadamente 199.569 ha, é

composta por porções dos municípios de Matinhos, Paranaguá, São José dos

Pinhais, Tijucas do Sul e grande parte do município de Guaratuba. A APA está

inserida na Floresta Atlântica, e incide sobre ela o Decreto Federal nº 750 de 10 de

fevereiro de 1993 que dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de

vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração (IAP, 2006).

Devem ser referidas outras UCs inseridas no perímetro da APA de Guaratuba

que são: o Parque Estadual do Boguaçu, com 6.052 ha, o Parque Nacional Saint

Hilaire/Lange, com 25.161 ha e a Lagoa do Parado de utilidade pública. Segundo o

SNUC, o mosaico formado por Unidades de Conservação, ou seja, a proximidade ou

sobreposição das mesmas unidades é reconhecida em ato do Ministério do Meio

Ambiente a pedido dos órgãos gestores das Unidades de Conservação. Cada

unidade do conjunto apresenta um conselho próprio e regimento interno, devendo

atuar de maneira integrada com outras Unidades de Conservação (MOTTA, 2005).

2.6 POPULAÇÕES TRADICIONAIS

Essa parte da revisão bibliográfica utiliza quatorze sub-itens para apresentar

os conceitos que envolvem as populações tradicionais. O primeiro é a descrição, e

seguindo a ordem descrita na pesquisa, conceitos, histórico, políticas de inserção

social, populações tradicionais em unidades de conservação, norma costumeira do

manejo espontâneo, população caiçara, descrição da constituição do povo caiçara,

Page 36: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

30

disposição geográfica do povo caiçara, modo de vida do povo caiçara, legislação

aplicável ao povo caiçara e impactos culturais no povo caiçara.

2.6.1 Descrição

Para Diegues (2000a), o entendimento de tradição em movimento, recorre ao

sentido etimológico da palavra e assinala que “tradição” vem do latim traditio e

significa igualmente entregar, passar algo para outra pessoa ou passar algo de uma

geração a outra geração. Em segundo lugar, os dicionaristas referem-se à relação

do verbo tradire como conhecimento oral e escrito. Isso quer dizer que, através da

tradição, algo é dito e o dito é entregue de geração a geração. Ou seja, tradição é

algo dinâmico, algo que transita, que se movimenta, contrariando assim o sentido

convencional imputado à palavra (ou a processos histórico-sociais tradicionais). Sem

desconhecer que há diferentes tipos de tradições, o que importa marcar aqui é “que

algo é entregue” de geração a geração para reproduzir-se no tempo, ainda que

ressignificado no fluxo da história.

O termo "populações tradicionais" é definido como grupos assentados em

territórios delimitados ou delimitáveis, que exploram recursos comuns, sempre

politicamente subordinados, com identidade cultural forte e diferente daquela

nacional. Devido à relação cotidiana direta com o meio que exploram,

desenvolveram um complexo conhecimento sobre os recursos e sua conservação

(DIEGUES, 1992; COLCHESTER, 2000).

2.6.2 Conceitos

A complexidade dos problemas sócio-ambientais exige uma análise que

ocorra de maneira interdisciplinar, que promova não somente a descrição

metodológica de conhecimentos populares que possam ser aplicados a conceitos

técnico-científicos, mas também revelem dimensões históricas, culturais, políticas e

institucionais, capazes de contemplar a pluralidade sócia ambiental existente

(CHAMY, 2003).

A relação entre o ser humano e o meio biofísico é um tema privilegiado para a

antropologia, tanto no plano da pesquisa quanto da teoria, devido a sua importância

para a construção de formas coletivas de vida (LITTLE, 2005).

Page 37: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

31

Os recursos naturais formam a base da cultura material dessas populações

tradicionais, que têm em seu modo de vida uma relação intrínseca com o meio

ambiente. O número de espécies usadas por essas populações é de grande

variedade. Diferentes pesquisadores tratam o assunto, organizando, citando,

enumerando as diferentes espécies e seus usos para alimentação, cura de doenças,

ornamentos, rituais, indumentária, utensílios domésticos, para caça e pesca,

venenos e outros (CARVALHO, 2001).

As técnicas produtivas utilizadas por estas populações tradicionais brasileiras

fazem parte de um repertório cultural, que ao lado do artesanato, história oral e

outras manifestações, originaram-se de observações e experimentações

sistemáticas, transmitidas e recriadas durante gerações. O campo de aplicação das

técnicas geralmente é restrito à área de exploração em comum das comunidades e

aos objetivos extrativistas previamente planejados, a possibilidade de generalização

é limitada porque busca conhecer uma área específica e um conjunto de variáveis

que agem sobre ela, apresentando-se de certa forma como endemismo cultural

(DIEGUES; ARRUDA, 2001).

As comunidades são formadas por famílias que apresentam maiores ou

menores capacidades de articulação com a sociedade envolvente, e assim se

explicam também as diferentes capacidades de afirmar a identidade do grupo.

Porém, comunidades, costumes e técnicas fundamentam e são derivados de

domínios territoriais específicos. Por isso, a essas populações se associam direitos

comuns sobre terra e recursos: usos partilhados sobre uma mesma terra, áreas

coletivas usufruídas por grupos de vizinhança ou parentesco, partilhas de usos

dentro de uma mesma unidade de domínio, gradações de domínio e uso da terra

marcam essas comunidades. Os usos são mediados por relações de parentesco ou

proximidade e norteados pela necessidade de regulação, pois são essenciais à

reprodução do grupo (MARTINS, 1981; BARBOSA, 1986; DIEGUES, 1995;

WOORTMANN; WOORTMANN, 1997; GALIZONI, 2000).

Diegues (1995) caracterizou os territórios, que são marcados por fronteiras

definidas, normas coletivas de formulação de regulamentos internos, controle

comunitário dos recursos naturais, sanções específicas aplicáveis ao

descumprimento destes regulamentos e mecanismos internos de negociação dos

conflitos. Com essas características geralmente presentes nas comunidades

Page 38: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

32

tradicionais, é possível controlar a logística dos recursos naturais, delimitá-los para o

consumo comunitário e preservar grandes áreas para usufruto coletivo.

Para Diegues (2000a), as populações tradicionais conhecem e vivem seu

território, e ao mesmo tempo desenvolvem a condição para normalizá-lo. A condição

é a oportunidade para produzir sistemas produtivos sustentáveis e descobrir novas

fontes de recursos renováveis. O conhecimento deve estar associado à posse da

terra, no momento de produzir e de gerir; sob as específicas circunstâncias de cada

localidade tradicional. É o conhecimento que abarca o domínio do território

específico e explica por que produzir para essas famílias é a base do conservar.

A interação complexa de ambiente e produção, sociedade e economia, saber

e seu exercício permite que essas comunidades revelem aos planejadores do

desenvolvimento e aos extensionistas que esses conhecimentos têm de ser

considerados juntos. E que a perspectiva do saber local é a preciosa matriz da

gestão de todos esses processos. Assim, pensar o desenvolvimento torna

obrigatório pensar também o saber, os sistemas, as normas e o território. Fora

dessas referências também se pode pensar o desenvolvimento. Mas, muito

certamente, será um processo tão externo que atingirá quase que só as franjas

dessa sociedade camponesa, e será tão excludente para elas como se fosse um

desenvolvimento pensado para outros povos, lugares e territórios (DIEGUES,

2000a).

Os povos indígenas há muito desenvolveram sistemas elaborados de

conhecimento sobre a ecologia e os usos práticos dos recursos da flora e fauna

como base para suas estratégias de subsistência. Todavia, os povos indígenas e

outras populações tradicionais têm sido com freqüência descritos como obstáculos à

modernização e ao desenvolvimento econômico, especialmente quando interesses

poderosos concorrem pelo acesso aos recursos naturais e por seu uso (BANCO

MUNDIAL, 2003).

2.6.3 Histórico

O saber tradicional só começou a ser valorizado no decorrer das últimas

décadas e principalmente, a partir dos anos 80, que se tornou ainda mais relevante

para intervir na crise ecológica, conhecer práticas e representações de diferentes

grupos tradicionais, pois esses conseguiram executar planos primitivos de manejo

Page 39: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

33

sobre os ecossistemas ao longo do tempo (DIEGUES, 2000a). Além de compartilhar

sabedoria popular com conhecimento científico do meio natural, a diversidade

cultural em si é valorizada ao se estudar os processos primitivos de desenvolvimento

(DIEGUES, 2000b).

2.6.4 Políticas de Inserção Social

Segundo Diegues (2000a), levando em consideração a realidade ecológica,

política e econômica, a conservação moderna deve ser parte da construção cultural,

em que se pretende dar uma contribuição necessária ao bem-estar da humanidade.

As políticas aplicadas para esse processo de inserção social e econômica

tiveram na verdade efeitos localizados, que jamais alteraram a posição de

subordinação política, econômica e, sobretudo, cultural do campesinato na

sociedade rural brasileira. O aspecto mais complexo de todos foi a marginalização

cultural das sociedades camponesas, que teve suas origens escravistas e senhoriais

da sociedade brasileira e sempre desqualificaram socialmente as pessoas que

viviam do seu próprio trabalho (RIBEIRO, 1987).

As formas de organização, representação, cultura, manejo primitivo e saber

local, foram classificadas, muitas vezes, numa estreita linha de demarcação que às

vezes separa o folclore da pura tolice (RIBEIRO, 1987).

A expansão tecnológica na agricultura agravou ainda mais a marginalização.

As novas tecnologias concentraram-se em parâmetros como escala produtiva,

custos e logística. Isto conduz, evidentemente, a procedimentos técnicos

profundamente homogeneizados que podem ser aplicados a qualquer espaço,

produto, produtor ou ambiente; totalmente o oposto da lógica de vida campesina

(RIBEIRO, 1987).

A lógica campesina tende a ser ao mesmo tempo mais holística e mais

localizada, mais diversificada e mais ambientalizada. Portanto, situou-se na contra-

corrente da lógica da transformação tecnológica, da integração produtiva

agroindustrial e mercantil ocupando, cada vez mais, uma posição de marginalidade e

empobrecimento (RIBEIRO, 1987).

Segundo Lavorato (2005), fazem-se necessárias e urgentes a elaboração e a

implantação de políticas e programas públicos com objetivos aliados a um

embasamento jurídico e uma atuação de monitoramento e controle eficiente, e com

Page 40: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

34

a participação da população, de forma a assegurar os direitos da soberania nacional

e os das populações tradicionais. As políticas e programas públicos sérios que se

responsabilizem com a sustentabilidade ambiental, social e econômica terão os

meios para contribuir com o desenvolvimento mundial sem a degradação do

ambiente natural e a exploração do conhecimento das populações tradicionais, de

forma a garantir o correto gerenciamento de um ativo tão valioso para o país e para

o mundo.

Os contínuos insucessos e limitações de políticas públicas de gestão dos

recursos naturais levam Ribeiro (1987) a refletir sobre os sistemas locais de gestão:

os costumes específicos de grupos rurais conseguem, muitas vezes, ser muito mais

eficientes que o setor público, que a iniciativa privada, que os sistemas de gestão

social compartilhada propostos recentemente pelas agências e órgãos reguladores

do uso de recursos.

2.6.5 Populações Tradicionais em Unidades de Conservação

Num mundo cada vez mais globalizado e homogêneo, muitas vezes, cresce a

idéia de que a continuidade da diversidade de culturas humanas é elemento

fundamental para a constituição de sociedades pluralistas e democráticas, atrelando-

se a isso a imutabilidade dos padrões culturais em que se deveriam manter as

populações tradicionais nas unidades de conservação (DIEGUES; ARRUDA, 2001).

Segundo Agripa (2002), ainda lamenta-se que exista no Brasil somente uma

categoria de unidade de conservação que favorece a permanência de populações

tradicionais, ao lado da única reserva da biosfera da UNESCO do Brasil (criada em

1992 e que abrange as regiões Sul e Sudeste) e que prevê também a presença de

populações tradicionais: a reserva extrativista.

Nos espaços protegidos e suas áreas de influência acontecem as ações

antrópicas, o uso humano dos recursos naturais, a produção rentável dos bens de

consumo. Esse é o paradoxo do desenvolvimento sustentável, como conservar uma

área produtiva, se seu controle e restrições podem acabar com o sustento de muitos

(MILANO et al, 1997). Os conhecimentos das comunidades ribeirinhas sobre os

aspectos ecológicos são freqüentemente negligenciados. É preciso reconhecer a

existência, entre as sociedades tradicionais, de outras formas, igualmente racionais

de se perceber a biodiversidade, além das oferecidas pela ciência moderna

Page 41: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

35

(DIEGUES, 2000b). Esse conhecimento tradicional assegura o acesso rápido a

informações elementares para pesquisas científicas, além de dar subsídios à

população local na defesa de “seu lugar” (BATISTELLA et al, 2005).

2.6.6 Norma Legal de Conduta com as Comunidades Tradicionais

As populações tradicionais contam com o apoio de iniciativas federais como o

Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal

(PPTAL) e o projeto Reservas Extrativistas (RESEX) do Programa Piloto. Esses

projetos são uma tentativa do governo federal de expressar sua preocupação com

as populações tradicionais, que são uma parte importante do mosaico de soluções

necessárias para a promoção da proteção ambiental e o desenvolvimento

sustentável em regiões de florestas tropicais (BANCO MUNDIAL, 2003).

O PPTAL foi formulado em 1994 para melhorar a conservação dos recursos

naturais em áreas indígenas e aumentar o bem-estar dos indígenas por meio do

seguinte: primeiro, a regularização das terras indígenas na Região Amazônica; e

segundo, a melhoria da proteção das terras indígenas. Os objetivos específicos

também incluíam a promoção da participação indígena na regularização da terra e

nas atividades de proteção, aperfeiçoando os procedimentos de regularização e

desenvolvendo metodologias apropriadas para a avaliação ambiental dos recursos

naturais nas terras indígenas. Os resultados desse projeto são a demarcação de 59

territórios indígenas, que abrangem uma área total de 45 milhões de hectares

(equivalente a mais de 10% da floresta amazônica ou a uma área maior que as da

Alemanha, dos Países Baixos e da Suíça reunidas). Uma porção significativa das

terras indígenas já demarcadas concluiu as últimas etapas de registro e finalização

por decreto presidencial (BANCO MUNDIAL, 2003).

As Reservas Extrativistas são descritas pelo Banco Mundial (2003) como um

modelo de conservação e desenvolvimento comunitário, das reservas extrativistas

uma série de elementos conceituais se combinam de forma a estipular uma reforma

agrária, com idéia de que as unidades de conservação poderiam envolver as

comunidades tradicionais em sua proteção e gestão.

Page 42: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

36

2.6.7 Norma Costumeira de Manejo Espontâneo

Desde os tempos remotos, as populações tradicionais vêm contribuindo para

a conservação e o desenvolvimento sustentável in situ de diversas espécies

florestais importantes, utilizando o conhecimento empiricamente acumulado sobre os

habitats naturais, bem como de suas práticas agrícolas sustentáveis e de

extrativismo de subsistência adequados ao meio ambiente local, e atuando como

verdadeiros guardiões do patrimônio biogenético ambiental (ALBAGLI, 2002).

As populações tradicionais tendem a proteger e gerenciar os recursos

naturais tidos como comuns, contrapondo-se a grupos externos extrativistas, e

construindo elaboradas regras para acesso e uso, e para a maneira e local de

edificar (DIEGUES, 2000b).

As construções “espontâneas” e os respectivos locais para construir são

encarados pela população com uma série de normas, que nem sempre são

percebidas por planejadores urbanos, diretores de parques e pesquisadores.

Normas cotidianas, assimiladas durante gerações na tradição das culturas e nas

rotinas ancestrais de vida, podem ser consideradas apenas procedimentos

costumeiros, superstições, conservadorismo; mas na verdade são normas

costumeiras de conduta perante o meio ambiente, diretamente inseridas no

consciente coletivo das populações tradicionais. Os pesquisadores quando

efetivamente encontram-se com essas normas tendem a creditá-las à cor local,

originalidade cultural ou carência material. A diferença entre a ausência de normas

escritas e a presença de normas costumeiras é desconsiderada prática que, às

vezes, explica ações coletivas e esforços comunitários que animam lutas locais e

contribuem para conservar ilhas de biodiversidade (DIEGUES, 2000a).

A formação de organizações próprias desses grupos campesinos e seus

enfrentamentos políticos é a sensibilização de muitos pesquisadores para o tema, e

tem contribuído para com novas formas de manejo para a compreensão das

relações do uso sustentado da biodiversidade local (DIEGUES, 2000a).

Como generalidade tocante, as populações tradicionais apresentam-se em

diversas situações de conflito, relacionadas principalmente com a invasão de suas

terras pela especulação imobiliária e pela demarcação dos parques e áreas de

proteção ambiental do governo, para o caso dessas populações situadas no litoral

brasileiro; e de conflitos com fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, invasores de

Page 43: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

37

áreas de reservas extrativistas (DIEGUES, 1999; 2000a; DIEGUES; ARRUDA, 2001;

AGRIPA, 2002).

Brandão (1981), Posey (1987), Turner (1990) e Romeiro (1998) descrevem as

populações tradicionais na direção de que elas negociam com a natureza as regras

de seu uso. Sendo assim, as técnicas agrícolas variam não somente pelo decorrer

da história, mas também no decorrer da variação dos ambientes em resposta às

atividades exercidas. Populações, natureza e técnicas formam, em muitas situações,

um conjunto "travado" de relações.

É uma tendência natural das populações tradicionais regularem o desperdício,

vedando ou limitando o uso predatório, mercantil ou extensivo e conseguem não só

conservá-los, mas também às vezes ampliar a qualidade dos recursos (POSEY,

1987), a biodiversidade (GOMEZ-POMPA; KAUSS, 2000) ou coibir o consumo

abusivo de outros grupos ou interesses mercantis (CASTRO; PINTON, 1997).

Freqüentes são os conflitos entre a norma do progresso material urbano e as

regras locais de gestão dos espaços, recursos e bens comunitários (DIEGUES,

2000a).

2.6.8 População Caiçara

Esse subitem referente à parte da revisão de literatura que apresenta os

dados sobre populações tradicionais é dividido em cinco partes, sendo a primeira a

descrição da constituição do povo caiçara, a segunda é a disposição geográfica, a

terceira é o modo de vida, a quarta é a legislação aplicável, e a quinta são os

impactos culturais.

a.1) Descrição da Constituição do Povo Caiçara

A constituição caiçara, por sua vez, apresenta rica distinção, variando tanto

da cultura caipira, sua irmã, quanto da camponesa, sua vizinha rural e urbana. As

culturas camponesas, enquanto tais, requerem uma contínua comunicação com

outra cultura (a nacional e a urbano-industrial). Dependem em grande medida do

cultivo da terra, podem ser pescadores, artesãos, extrativistas, segundo as estações

do ano e a necessidade de obtenção de dinheiro para suas compras na cidade. Os

camponeses mantêm uma estreita relação de dependência com a civilização da qual

Page 44: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

38

faz parte a sua reprodução social, econômica, cultural e política, esta última talvez a

que mais lhes marginalize (DIEGUES, 2000b). Do centro urbano advêm as

inovações tecnológicas de que eles necessitam, sendo que essas também vêm a

transformar a sua constituição identitária. Tal qual um sistema sincrônico, a cultura

camponesa não pode ser compreendida com base na mentalidade dos camponeses,

pois o que os “diferencia” é que elas mantêm contato com os centros do pensamento

intelectual e do desenvolvimento (DIEGUES; ARRUDA, 2001; AGRIPA, 2002).

a.2) Disposição Geográfica

O Brasil possui um grande litoral, área onde ocorrem múltiplas mudanças e

onde existem milhares de famílias que estabelecem o consumo de subsistência da

pesca artesanal e outras formas de extrativismo localizado. Desprivilegiadas pelo

poder público no que se refere à proteção de territórios de pesca e propriedades de

uso comum e finalmente excluídas por uma legislação elitista e burguesa, as

comunidades pesqueiras estão submetidas ainda ao fato da pesca ser considerada

de livre acesso, ao agravamento dos riscos sofridos pelos oceanos, à especificidade

dos recursos explorados (como mobilidade e sazonalidade), à ausência de institutos

jurídicos pertinentes ao estudo em questão, à concorrência com a pesca industrial e

à dificuldade em entender-se terra e mar como uma unidade da qual comunidades

tradicionais dependem não só economicamente como sócio-culturalmente (CHAMY,

2003)

a.3) Modo de Vida

O modo de vida com o qual as populações tradicionais de pescadores fazem

o uso dos territórios marinhos para diversas práticas (trabalho, subsistência,

relações simbólicas) vem sendo estudado por diferentes pesquisadores. Novas

visões de patrimônio são consideradas, permitindo o afloramento de outros níveis de

relações entre sociedade e propriedade. Esses entendimentos, ao reconhecerem as

normas costumeiras existentes entre os pescadores, legitimam os direitos

costumeiros tradicionais de posse garantindo a manutenção dos locais de pesca

(MALDONADO, 1986; CASTRO; PINTON, 1997; COLCHESTER, 2000; MARQUES,

2000; CHAMY, 2003).

Page 45: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

39

A defesa dos territórios tradicionais de pesca por parte de pescadores

artesanais não é tarefa fácil, uma vez que resulta da difícil definição da apropriação

dos espaços marinhos fora do contexto social dos envolvidos (CORDELL, 1982,

1984; CHAMY, 2003).

O modo de vida tradicional caiçara, aludindo-se ao mito do paraíso perdido, é

visto, muitas vezes, como romanticamente vivendo no reino da natureza, quase que

se confundindo com o habitat, numa relação mimética. Essa visão idílica do

pescador artesanal, centrada numa concepção fixa e exterior da natureza, tende a

congelá-lo no tempo, como se fosse ausente de movimento e de ausente de

desordens (DIEGUES; ARRUDA, 2001).

a.4) Envolvimento Legal

Para Chamy (2003), é a própria Constituição Federal de 1988 que não

permite a posse das águas, e os recursos pesqueiros são inseridos na categoria de

bens de livre acesso, o que contribuiu ainda mais para a exclusão das populações

tradicionais diretamente dependentes desses recursos. As inter-relações específicas

entre as populações tradicionais de pescadores artesanais e o ambiente marinho

representam no meio ambiente um espaço dinâmico e arriscado, que permite a

elaboração de um conhecimento que acaba por delimitar territórios, locais produtivos

e épocas corretas para a extração sustentável das espécies. No entanto, o

conhecimento que essas comunidades possuem a respeito de seus domínios

tradicionais corre o risco de se perder devido à expansão da economia urbana e

industrial e à globalização cultural.

A Convenção da Diversidade Biológica, em seu art. 8.°, dispõe que se deve

solicitar aos Estados (membros da Convenção) que, de acordo com a legislação

nacional, respeitem, preservem e mantenham o conhecimento, as inovações e as

práticas das comunidades indígenas e locais que incorporam estilos de vida

tradicionais relevantes para conservação e o uso sustentado da diversidade

biológica e que promovam sua aplicação mais ampla com o assentimento e

envolvimento dos detentores desses conhecimentos, inovações e práticas e

encorajem o compartilhar eqüitativo dos benefícios resultantes da utilização desses

conhecimentos, inovações e práticas (SMEKE et al, 2003).

Page 46: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

40

a.5) Impactos Culturais

A cultura caiçara vem sofrendo um processo de transformação e degradação

cultural e física de forma constante sobre a inserção de fatores estressantes sob o

meio físico e cultural. Esses elementos geradores do stress físico-cultural são

resultados da expansão da urbanização e do turismo. Segundo Luchiari (1992), se

de um lado tais processos trouxeram inovações técnicas e culturais e inseriram

definitivamente essas comunidades na economia de mercado, trazendo o

“progresso”, de outro, a expansão desse mercado acabou por descaracterizar os

núcleos caiçaras fisicamente preservados e afetar o equilíbrio permanente existente

entre cultura de subsistência, atividade artesanal e ajuda mútua, não substituindo os

mecanismos de sobrevivência por novas oportunidades de emprego, acesso a

serviços e bens de consumo.

Essa “modernização” que trouxe novos valores e expectativas de ascensão à

sociedade tradicional trouxe também a miséria, a marginalização e a subordinação

dessa mesma sociedade aos novos mecanismos de produção (LUCHIARI, 2000;

SMEKE et al, 2003).

O posicionamento antiprogresso (contra a “urbanização da vila”), que em

geral as populações tradicionais demonstram ao contrário do que muitas pessoas

pensam, não significa que estão parados no tempo, e sim protegendo algo de

extrema importância: cultura e natureza (SMEKE et al, 2003).

Isso também é percebido por Oliveira (2003), que diz que as comunidades

tradicionais não podem ser vistas como estagnadas, paradas no tempo, mas sim

imersas em outros ritmos temporais (confrontando) com a modernidade.

Diegues (1992), em seu trabalho sobre manejo dos recursos pesqueiros do

ecossistema manguezal, também enfatizou as características das comunidades

tradicionais da região do estuário, sugerindo um manejo sustentável de acordo com

os costumes e atividades tradicionais da população caiçara, inserindo a população

num contexto preservacionista.

A pesquisa em geral, os planos de manejo e as legislações aplicáveis devem

procurar estudar a dinâmica cultural e a etnicidade em suas dimensões parentais,

expostas por meio do estudo do conjunto de status, relacionadas em termos de

geração, consangüinidade e afinidade, concretizadas através dos sistemas de

transmissão dos nomes, da obrigação religiosa e dos conhecimentos da natureza e

Page 47: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

41

da arte da pesca, que são fatores fundamentais na caracterização para posterior

preservação da cultura tradicional caiçara (ROCHA; SILVA, 2002).

2.7 SENSORIAMENTO REMOTO

Essa parte da revisão bibliográfica utiliza onze subitens para apresentar os

conceitos que envolvem o sensoriamento remoto e o sistema de informações

geográficas. O primeiro é o histórico do sensoriamento remoto. O segundo é

relacionado a evolução da tecnologia. O terceiro é sobre o sistema Landsat. O

quarto contém os dados sobre o transporte da informação, o quinto é sobre os

sensores do Landsat, o sexto contém dados sobre o formato da informação, o

sétimo se trata do valor armazenado, o oitavo é a respeito da resolução, o nono é

sobre os eventuais erros que podem ocorrem na formação da imagem, o décimo é

sobre o sistema de informações geográficas e o décimo primeiro é sobre a

configuração do sistema de informações geográficas.

2.7.1 Histórico

O sensoriamento remoto (SR) teve início com a invenção da câmara

fotográfica que foi o primeiro instrumento utilizado e que, até os dias atuais, é ainda

utilizada para tomada de fotos aéreas. A câmera russa de filme pancromático KVR-

1000, por exemplo, obtém fotografias a partir de satélites com uma resolução

espacial de dois a três metros. As aplicações militares quase sempre estiveram à

frente no uso de novas tecnologias, e no SR não foi diferente. Relata-se que uma

das primeiras aplicações do SR foi para uso militar. Para isso foi desenvolvida, no

século passado, uma leve câmara fotográfica com disparador automático e ajustável.

Essas câmeras, carregadas com pequenos rolos de filmes, eram fixadas ao peito de

pombos-correio, que eram levados para locais estrategicamente escolhidos de modo

que, ao se dirigirem para o local de suas origens, sobrevoavam posições inimigas.

Durante o percurso, as câmaras, previamente ajustadas, tomavam fotos da área

ocupada pelo inimigo. As fotos obtidas consistiam em valioso material informativo,

para o reconhecimento da posição e infra-estrutura de forças militares inimigas.

Assim teve início uma das primeiras aplicações do SR (CAMARGO, 1999; DEMERS,

1999; BOLSTAD, 2002).

Page 48: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

42

No processo evolutivo das aplicações militares, os pombos foram substituídos

por balões não tripulados que, presos por cabos, eram suspensos até a uma altura

suficiente para tomadas de fotos das posições inimigas por meio de várias câmaras

convenientemente fixadas ao balão. Posteriormente, aviões foram utilizados como

veículos para o transporte das câmaras. Na década de 60 surgiram os aviões norte-

americanos de espionagem denominados U2. Esses aviões, ainda hoje utilizados

em versões mais modernas, voam a uma altitude acima de 20.000 metros para

realizar aerofotogrametria (BOLSTAD, 2002).

A grande revolução do SR aconteceu no início da década de 70, com o

lançamento dos satélites de recursos naturais terrestres (Satélite Landsat 1). Os

satélites, embora demandem grandes investimentos e muita energia nos seus

lançamentos, orbitam em torno da Terra por vários anos. Durante sua operação em

órbita, o consumo de energia é mínimo, pois são mantidos a grandes altitudes onde

não existe resistência do ar e a pequena força gravitacional terrestre é equilibrada

pela força centrífuga do movimento orbital do satélite. Os receptores espaciais

executam um processo contínuo de captura de imagens da superfície terrestre

coletadas 24 horas por dia, durante toda a vida útil dos satélites (CAMARGO, 1999;

MAGUIRE et al, 1999).

2.7.2 Evolução Tecnológica

A evolução de quatro segmentos tecnológicos principais determinou o

processo evolutivo do SR por satélites:

I - Os sensores, que são os instrumentos que compõem o sistema de

captação de dados e imagens, cuja evolução tem contribuído para a coleta de

imagens de melhor qualidade e de maior poder de definição.

II - O sistema de telemetria, que é o sistema de transmissão de dados e

imagens dos satélites para estações terrestres, e tem evoluído no sentido de

aumentar a capacidade de transmissão dos grandes volumes de dados, que

constituem as imagens.

III - Os sistemas de processamento, que são os equipamentos

computacionais e softwares destinados ao armazenamento e processamento

dos dados do SR. A evolução desse segmento tem incrementado a

Page 49: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

43

capacidade de manutenção de acervos e as potencialidades do tratamento

digital das imagens.

IV - Os lançadores, que são em bases de lançamento e foguetes que

transportam e colocam em órbita, os satélites. A evolução desse segmento

tem permitido colocar em órbitas terrestres satélites mais pesados, com maior

quantidade de instrumentos e, conseqüentemente, com mais recursos

tecnológicos (BURROUGH; MCDONNEL, 1998; BOLSTAD, 2002).

2.7.3 Sistema Landsat

O sistema Landsat (Land=terra, Sat=satélite) foi o primeiro a obter de forma

sistemática imagens terrestres sinópticas de média resolução. Desenvolvida pela

NASA, a série de satélites Landsat iniciou sua operação em 1972. Os primeiros

satélites eram equipados com os sensores Multispectral Scanner System (MSS), que

já tinham a capacidade de coletar imagens separadas em bandas espectrais em

formato digital, cobrindo a cada imagem uma área de 185 km X 185 km, com

repetição a cada 18 dias. A série passou por inúmeras inovações, especialmente os

sistemas sensores que atualmente obtêm imagens em sete bandas espectrais. O

satélite Landsat 7 foi lançado em 15 de abril de 1999, equipado com os sensores

ETM (Enhanced Tematic Mapper) com resolução espacial de 30 metros e PAN

(pancromático) com resolução espacial de 15 metros. O termo pancromático

significa uma banda mais larga que incorpora as faixas espectrais mais estreitas; por

essa razão a quantidade de energia da banda pancromática chega ao satélite com

maior intensidade, o que possibilita ao sensor uma definição melhor (CAMARGO,

1999; MAGUIRE et al, 1999).

Os satélites dessa série se deslocam a uma altitude de 705 km, em órbita

geocêntrica circular, quase polar e heliossíncrona, isto é, cruzam um mesmo

paralelo terrestre sempre no mesmo horário. No período diurno, o Landsat cruza o

equador às 9h50min. Ao longo da história do SR até o ano de 2004, a série Landsat

foi a que mais produziu e forneceu imagens para todos os tipos de estudos e

aplicações (BURROUGH; MCDONNEL, 1998; FLORENZANO, 2002).

No ano de 2003, o satélite Landsat 7 sofreu problemas com o sistema de

informação espacial e atualmente está fornecendo imagens com erro. Com a

Page 50: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

44

tecnologia atual não é viável consertar esse satélite, ou seja, as últimas imagens

disponíveis são de 2003.

2.7.4 Transporte da Informação

As experiências de Newton em 1672 constataram que um raio luminoso (luz

branca), ao atravessar um prisma, desdobrava-se num feixe colorido, formado por

um espectro de cores. Estudos posteriores demonstraram que a luz branca era uma

síntese de diferentes tipos de luz, uma espécie de vibração composta, basicamente,

de muitas vibrações diferentes (FLORENZANO, 2002).

Prosseguindo, descobriram ainda que cada cor decomposta no espectro

correspondia a uma temperatura diferente, e que a luz vermelha, incidindo sobre um

corpo, aquecia-o mais do que a violeta. Além do vermelho visível, existem radiações

invisíveis para os olhos, que passaram a ser ondas, raios ou ainda radiações

infravermelhas, e uma experiência posterior revelou outro tipo de radiação: a

ultravioleta. Sempre avançando em seus experimentos, os cientistas conseguiram

provar que a onda de luz era uma onda eletromagnética, mostrando que a luz visível

é apenas uma das muitas diferentes espécies de ondas eletromagnéticas. As ondas

eletromagnéticas, que aqui chamaremos de radiação eletromagnética (REM), podem

ser consideradas como “mensageiros termais” do SR. A radiação eletromagnética

não apenas capta as informações pertinentes às principais características das

feições terrestres, como também as leva até os satélites, e pode ser definida como

sendo uma propagação de energia, por meio de variação temporal dos campos

elétrico e magnético, da onda portadora (CAMARGO, 1999).

2.7.5 Sensores do Landsat

Os sensores cobrem faixas de imageamento da superfície terrestre, cuja

largura depende do ângulo de visada do sensor. O sensor Thematic Mapper (TM) do

satélite Landsat cobre uma faixa de 185 km, e o imageamento é feito por matriz de

detectores. A matriz de detectores cobre toda a largura da faixa de imageamento. Os

detectores são dispostos em linhas que formam a matriz. No processo, a REM é

decomposta em faixas denominadas bandas espectrais e as linhas são fracionadas

Page 51: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

45

em pequenas parcelas quadradas da superfície terrestre, denominadas pixel

(CAMARGO, 1999; DEMERS, 1999).

2.7.6 Formato da Informação

A imagem capturada pelo sensor, em formato digital, é armazenada em

arquivos de computador.

Existem dois arquivos para cada imagem de SR: um de pequena dimensão,

destinado às informações de cabeçalho da imagem (identificação do satélite, do

sensor, data e hora, tamanho do pixel, georreferenciamento etc.), também chamado

de header da imagem; outro, que contém os valores numéricos correspondentes aos

pixels da imagem, chamado de imagem digital. Cada registro desse arquivo

corresponde a uma linha da superfície terrestre, e os campos desses registros são

todos do mesmo tamanho e correspondem aos pixels (DEMERS, 1999; MAGUIRE et

al, 1999).

2.7.7 Valor Armazenado

O valor armazenado em cada campo é proporcional à intensidade da REM,

proveniente da parcela da superfície terrestre. Um aspecto que deve também ser

observado é a dimensão do espaço, normalmente em disco de computador,

ocupado por uma imagem. Esse espaço tem relação direta com a quantidade de

pixels e a quantidade de bandas espectrais das imagens. Por essa razão, imagens

com pixels de menor dimensão cobrem faixas de imageamento mais estreitas; caso

contrário, as linhas teriam uma grande quantidade de pixels e conseqüentemente a

imagem poderia ter uma dimensão exageradamente grande. Uma imagem Landsat,

por exemplo, cobre uma área de 180 km x 180 km; como a dimensão do pixel desse

satélite é de 30 metros, a imagem tem 6.000 linhas com 6.000 pixels em cada linha.

No caso da imagem Landsat, o espaço total ocupado por ela é, portanto, de (6000 x

6000 x 7) 252 Megabytes (BURROUGH; MCDONNEL, 1998; MAGUIRE et al, 1999).

2.7.8 Resolução

A resolução final da imagem do Landsat 7 é de 30 metros para multiespectral

e 15 metros para pancromática (DEMERS, 1999; MAGUIRE et al, 1999).

Page 52: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

46

A Resolução espectral da REM é decomposta pelos sensores, em faixas

espectrais de larguras variáveis que são denominadas bandas espectrais. Quanto

mais estreitas forem as faixas, e/ou quanto maior for o número de bandas espectrais

captadas pelo sensor, maior é a resolução espectral da imagem. As imagens

Landsat / TM, é uma série de valores fixos que variam de 0,45 �m a 12,5 �m

(MAGUIRE et al, 1999; BOLSTAD, 2002).

A resolução radiométrica está relacionada com a faixa de valores numéricos

associados aos pixels. Esse valor numérico representa a intensidade da radiância

proveniente da área do terreno correspondente ao pixel e é chamado de nível de

cinza. A faixa de valores depende da quantidade de bits utilizada para cada pixel. A

quantidade de níveis de cinza é igual a dois (QtdBits) (dois elevado à quantidade de

bits). As imagens Landsat utilizam oito bits para cada pixel, e o máximo valor

numérico de um pixel dessas imagens é 255, que são todas as combinações

possíveis de bits ligados e desligados. Dessa maneira, a intensidade da REM é

quantificada na imagem Landsat, em valores entre zero e 255. A resolução temporal

é o período que o satélite demora a repetir o processo de captura da imagem. O

satélite Landsat tem uma resolução temporal de 16 dias (CAMARGO, 1999;

BURROUGH; MCDONNEL, 1998).

Uma imagem digital pode ser definida como um conjunto de pontos, sendo

que cada ponto (pixel) corresponde a uma unidade de informação do terreno,

formada através de uma função bidimensional f(x,y), onde x e y são coordenadas

espaciais e o valor de f no ponto (x,y) representa o brilho ou a radiância da área

correspondente ao pixel, no terreno. Tanto x e y (linha e coluna) quanto f só

assumem valores inteiros; portanto, a imagem pode ser expressa numa forma

matricial, onde a linha i e coluna j correspondem às coordenadas espaciais x e y, e o

valor digital no ponto correspondente a f é o nível de cinza do pixel daquele ponto

(DEMERS, 1999; MAGUIRE et al, 1999).

Em imagens digitais, quanto maior o intervalo de possíveis valores do pixel,

maior a sua resolução radiométrica; e quanto maior o número de elementos da

matriz por unidade de área do terreno, maior a sua resolução espacial. Os níveis de

cinza podem ser analisados através de um histograma, que representa a freqüência

numérica ou porcentagem de ocorrência e fornecem informações referentes ao

contraste e nível médio de cinza, não fornecendo, entretanto, nenhuma informação

sobre a distribuição espacial. A média dos níveis de cinza corresponde ao brilho da

Page 53: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

47

imagem, enquanto que a variância refere-se ao contraste. Quanto maior a variância,

maior será o contraste da imagem (CAMARGO, 1999; BURROUGH; MCDONNEL,

1998).

2.7.9 Erro na Imagem

As imagens podem apresentar erros no decorrer do processo ocasionados

por degradações radiométricas decorrentes dos desajustes na calibração dos

detectores e erros esporádicos na transmissão dos dados, interferência atmosférica

e distorções geométricas. Esses erros podem ser corrigidos por meio de

metodologias específicas para cada erro (BURROUGH; MCDONNEL, 1998).

2.7.10 Sistema de Informações Geográficas

O termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) é utilizado para designar

sistemas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos. Devido às

características desses sistemas, eles podem ser aplicados às mais diversas áreas

do conhecimento. Há pelo menos três formas de utilizar um SIG: como ferramenta

para produção de mapas; como suporte para a análise espacial de fenômenos e

como um banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e

recuperação de informação espacial (CAMARGO, 1999; DEMERS, 1999; BOLSTAD,

2002).

O sistema de informações geográficas é a ferramenta que permite integrar

informações geográficas de diferentes escalas com posicionamento global definido,

e delimitação de objetos homogêneos para delimitação posterior. Esses

procedimentos associados aos dados coletados nas entrevistas segmentam a

informação fornecida pelo satélite que, em relação ao comportamento espectral,

textura, forma e informação contextual, integram-se às informações de maneira a

associadas gerando, por exemplo, mapas de uso do solo. Fornecendo muito mais

características para identificação das áreas naturais que a representação matricial

do mapa, é a associação de dados de diferentes metodologias de coleta. O sistema

de informações geográficas fornece o software para o processamento das imagens

do satélite, mas requer o conhecimento cruzado de dados georreferenciados para

aumentar e manifestar de maneira mais real à situação do objeto geográfico

Page 54: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

48

(DEMERS, 1999; MAGUIRE et al, 1999) em questão que é a APA de Guaratuba, e

mais especificamente as forma de impactos ambientais descritos pelas imagens do

satélite, pelos moradores e pelo presente estudo.

É natural do SIG ocorrer que um grande número de pesquisadores relate que

a obtenção de dados é feita de maneira a gerar um maior número de métodos de

interpretação e integração de dados adicionais. O registro de dados SIG permite a

avaliação e o entendimento baseados em parcelas do conhecimento que

apresentam um certo grau de heterogeneidade, por exemplo, dados SIG que

representam a diferença de densidade das formações vegetais ou a ausência delas.

Com base nas imagens do satélite, e interpretação em associação aos dados

coletados em campo, obtém-se a informação SIG da variação da vegetação

(BURROUGH; MCDONNEL, 1998; MAGUIRE et al, 1999).

2.7.11 Configuração SIG

Em uma compreensão mais abrangente pode-se dizer que o SIG é composto

de quatro elementos independentes, porém com funções específicas que acabam

por interligar uns aos outros. Os quatro componentes são: (a) entrada e integração

de dados, (b) consulta e análise espacial, (c) visualização e impressão e o (d) banco

de dados geográficos:

a. Entrada e integração de dados

É a etapa de aquisição de dados de origens variadas, podendo ser dados

provenientes de mapas antigos, ou dados de aerofotogrametria, ou dados coletados

em campo, imagens de satélite etc. É necessário converter os dados ou parte deles

para um único formato para poder ser interpretado pelo SIG (BURROUGH;

MCDONNEL, 1998).

b. Consulta e análise espacial

É a etapa em que o cartógrafo, que também pode ser considerado o operador

analítico das informações, tem a função de manipular os dados existentes para

Page 55: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

49

reorganizar as informações com objetivo de obter novas configurações que

apresentem novos dados (DEMERS, 1999; MAGUIRE et al, 1999).

c. Visualização e impressão

É a etapa em que é feita a visualização dos dados no monitor do computador

ou então é feita a impressão dos dados para visualização no papel (BURROUGH;

MCDONNEL, 1998).

d. Bancos de dados geográficos (BDG)

É a etapa de criação de um banco de dados, basicamente comum, para

armazenagem da informação disponível, porém deve haver informações que

apresentem um armazenamento referenciado de coordenadas geográficas definidas.

No caso do SR, o banco de dados geográficos é estruturado em forma de projetos

que contêm dados espaciais e não-espaciais. Esses projetos contêm diversos tipos

de informação, a partir dos dados, e podem ser divididos em duas classes de

representação, visual e numérica, que são a representação matricial e a vetorial

(MAGUIRE et al, 1999).

Page 56: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

50

3 MATERIAL E MÉTODOS

Esse capítulo utiliza três partes para apresentar as ferramentas utilizadas na

pesquisa. A primeira contém os dados sobre localização, clima, zonas fisiográficas,

vegetação, fauna e comunidades tradicionais. A segunda apresenta os dados sobre

a metodologia para avaliação da relação da população tradicional com o meio

ambiente, aplicação prática da metodologia de entrevistas, questionários e

finalidade. A terceira apresenta os dados da metodologia SIG que foi aplicada,

descrição e tratamento das imagens e fase de campo.

3.1 ÁREA DE ESTUDO – APA DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL

Essa primeira parte contém os dados sobre localização, breve discussão

sobre o clima, zonas fisiográficas, que são a descrição das paisagens naturais,

vegetação contendo descrição de Floresta Ombrófila densa; Floresta Ombrófila

mista e manguezais; fauna e comunidades tradicionais.

3.1.1 Localização

O perímetro da APA abrange parte do Primeiro Planalto, a Serra do Mar, e

grande parte da Planície Litorânea, que inclui a Baía de Guaratuba. Abriga vários

rios e riachos, entre os mais importantes estão os rios Sagrado, Cubatãozinho,

Canavieiras, Arraial e São João (formadores do rio Cubatão), São Joãozinho

(paralelo à BR-376). Há duas grandes represas: Vossoroca e Guaricana, ambas da

Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL). Os principais grupos

geomorfológicos serranos são as Serras das Canavieiras, da Igreja, dos

Castelhanos, Guaraparim, Araraquara, Imbira e do Papanduva. Assim, em conjunto

com a APA de Guaraqueçaba e a APA da Serra do Mar, a APA de Guaratuba

conclui a mais completa Unidade de Conservação do bioma Floresta Ombrófila

Densa (Floresta Atlântica) dentro de um Estado (IAP, 2006).

Page 57: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

51

3.1.2 Clima

Existem muitas divergências sobre a caracterização do clima na região, citam-

se abaixo algumas definições:

As regiões serranas e planálticas apresentam clima subtropical úmido (Cfb).

Muito embora a faixa litorânea e da Serra do Mar seja tradicionalmente atribuído o

clima Af, tropical chuvoso de transição (tropical super húmido), sem estação seca,

com temperaturas médias mensais superiores 18°C, isento de geadas e com

precipitação média no mês mais seco acima de 60 mm, e com precipitação média

anual superior a 2000 mm (IAPAR, 1978; 1994), considera-se como clima dominante

nessa área o Cfa, pela ocorrência de geadas, cuja ausência caracteriza o clima Af

(MAACK, 1968).

O clima que também pode ser classificado como do tipo Cfa de Koeppen,

descrito como clima sub-tropical úmido, mesotérmico (MAACK, 1968); não há

estação seca e as precipitações médias anuais podem exceder 3.000 mm,

apresentando as maiores precipitações do Estado e as temperaturas médias que

vão de circunstâncias tropicais acima de 21°C, ao nível do mar, até o temperado de

altitude, com 11°C (PRÓ-ATLÂNTICA, 2002).

Realizando uma comparação entre as divergências do meio científico quanto

ao clima pode-se extrair a conclusão que é um clima húmido e com alta

pluviosidade.

3.1.3 Zonas Fisiográficas

As formações fisiográficas (paisagens naturais) existentes na APA de

Guaratuba são: o primeiro planalto paranaense, a região do litoral de Guaratuba que

possui 22 km de extensão, a baixada costeira e a Serra do Mar.

O primeiro planalto paranaense, que ocupa a porção noroeste da APA de

Guaratuba. O primeiro planalto paranaense resultou da erosão que rebaixou o

antigo nível de seus terrenos pertencentes à era Pré-Cambriana (BIGARELLA,

1978). Este planalto é bordejado pelo decorrer da face oriental por cadeias de

montanhas constituídas por um bloco de falha do Complexo Cristalino do Pré-

Cambriano (SONDA, 2002).

Page 58: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

52

O litoral de Guaratuba possui uma ampla planície costeira, e os principais

acessos ao mar têm uma extensão total de 22 km. Como região de litoral está

entendida a região de praia. Os referentes acessos ao mar do litoral de Guaratuba: a

Praia de Caieiras, a Praia Central, a Praia do Brejatuba e a Baía de Guaratuba. Ao

sul, a APA de Guaratuba tem seus limites com o Estado de Santa Catarina. A Praia

do Brejatuba em sua extensão é subdividida em regiões com denominação

específica, sendo que o extremo sul da APA de Guaratuba, ao final da extensão da

Praia do Brejatuba, é a Barra do Saí, onde o Rio Saí-Guaçú deságua no mar. Ao

norte, a APA de Guaratuba tem a divisa com o Município de Matinhos, na região

onde se estende a barra de Guaratuba e inicia-se a ponta de Caiobá (MARTIN;

SUGUIO, 1986; MARTIN et al, 1988).

Em Garuva, a Serra do Araraquara estreita a Planície Litorânea formando, na

porção central da APA, a Planície do Cubatão, cercada a nordeste pela Serra do

Prata no Parque Nacional do Saint Hilare/Lange, a leste pela Baía de Guaratuba e a

Lagoa do Parado, e a noroeste pela serra do Cubatão e Guaraparim.

No litoral da APA de Guaratuba ocorrem duas grandes unidades de relevo

que são a Planície Litorânea, que cerca a Baía de Guaratuba e a Serra do Mar.

A Planície Litorânea quase que formada exclusivamente na era Quaternária é

descontinua e estreita, e apresenta-se atualmente constituída por aluviões que

fundiram-se no litoral com as areias erodidas pelo mar (REITZ, 1961; LEITE, 1995;

SONDA, 2002).

A Baía de Guaratuba foi formada pelo abaixamento da borda leste do

continente sul-americano, quando antigos vales da paisagens do Pré-Terciário ou do

Terciário submergiram no mar (MAACK, 1968; SONDA, 2002).

A grande cadeia de montanhas existente na APA de Guaratuba faz parte da

vasta barreira, que acompanha o litoral oriental e meridional do Brasil. Pertence ao

"Complexo Cristalino Brasileiro" e se constitui em sua maioria por granitos e

gnaisses. As formas atuais da Serra do Mar derivam de vários fatores: diferença de

resistência das rochas, falhamento do relevo e sucessivas trocas climáticas

(BIGARELLA, 2003).

Nos terrenos cristalinos, as rochas quartzíticas ou graníticas mais resistentes

à erosão destacam-se na paisagem linhas de serras que sobressaem do terreno

modelado (BIGARELLA, 2003).

Page 59: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

53

3.1.4 Vegetação

O conjunto de clima, relevo e solo permite a existência de diferentes

formações vegetacionais, influenciadas a leste da Serra do Mar pelo Oceano

Atlântico e a oeste pelo clima mais moderado das altitudes (MAACK, 1968). Assim,

encontra-se, na Planície Litorânea e Serra do Mar, a Floresta Ombrófila Densa ou

Floresta Tropical Atlântica, e nos Planaltos, a Floresta Ombrófila Mista ou Floresta

com Araucária (ROMARIZ, 1963; MAACK, 1968; LEITE, 1994; HATSCHBACH;

ZILLER, 1995; STRAUBE, 1998).

a) Floresta Ombrófila Densa

A Floresta Ombrófila Densa, no Paraná, cobria originalmente uma área de

apenas 3% do total de florestas, pouco mais de 4.000 km2 (MAACK, 1968).

Caracteriza-se por uma pluviosidade alta, com médias anuais entre 1.700 e

3.000 mm, com relevos altamente acidentados, cujas altitudes variam entre zero e

1.922 m (NIMER, 1977). As temperaturas médias variam entre 14°C e 21°C,

ocorrendo geadas ocasionais na planície litorânea (IAPAR, 1978).

A Floresta Ombrófila Densa é caracterizada por apresentar fanerófitos em

evidência, nas subformas de vida macro e mesofanerófitos; também a presença de

lianas lenhosas e epífitas em abundância, que a diferenciam das outras classes de

formações vegetacionais. A característica ecológica principal reside, porém, nos

ambientes ombrófilos que marcam muito bem a região da Floresta Atlântica. A

característica ombrotérmica, em que a Floresta Ombrófila Densa é envolvida,

apresenta fatores climáticos tropicais de temperaturas elevadas (apresentando

médias de 25ºC) e de alta pluviosidade, bem distribuídas durante o ano

(apresentando zero a 60 dias secos em média). A característica ombrotérmica

determina uma condição bioecológica, que apresenta uma constante de umidade na

floresta, sem os períodos de estiagem prolongada (MAACK, 1968; BIGARELLA,

1978). Destacam-se como principais representantes famílias das Rubiáceas,

Melastomatáceas e Mirtáceas, entre outras (CONAMA, 2007).

A Floresta Atlântica é subdividida em quatro formações, que são ordenadas

segundo uma hierarquia topográfica, que reflete as diferentes fisionomias de acordo

Page 60: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

54

com as variações ecotípicas, das faixas altimétricas resultantes, de ambientes

também distintos (MAACK, 1968; BIGARELLA, 1978).

Formação aluvial: apresentando ambientes repetitivos, dentro dos terraços

aluviais dos flúvios. É a floresta ciliar que ocupa os terrenos com idade geológica

antiga, originada das planícies quartenárias. As Florestas Ciliares apresentam

importância fundamental na ombrófila densa, mista, restinga ou manguezal, porque

são responsáveis pela retenção dos sedimentos provenientes da floresta, evitando

que os níveis de matéria orgânica fiquem muito elevados no rio (MAACK, 1968;

BIGARELLA, 1978).

Formação submontana: situada nas encostas dos planaltos e/ou serras entre

os paralelos 4°N e 16°S de latitude, ocupando uma faixa altimétrica a partir dos 100

m até 600 m de elevação do terreno em relação ao nível do mar; entre os paralelos

16°S a 24°S de latitude com a elevação do terreno entre 50 m e 500 m; entre os

paralelos 24°S a 32°S de latitude com elevação do terreno entre 30 m e 400 m. Pelo

fato de já ser uma região montanhosa, a camada solo diminui e começa a ficar mais

restrito quanto ao acúmulo da água, ou seja, a camada de rocha começa a se

aproximar da superfície (MAACK, 1968; BIGARELLA, 1978).

Formação montana: situada no alto dos planaltos e/ou serras entre os

paralelos 4°N e 16°S de latitude com a elevação do terreno entre 600 m e 2000 m de

altitude em relação ao nível do mar; entre os paralelos 16°S a 24°S de latitude com a

elevação do terreno entre 500 m e 1500 m; entre os paralelos 24°S e 32°S de latitude

com uma elevação do terreno entre 400 m e 1000 m (MAACK, 1968; BIGARELLA,

1978).

Formação altomontana: situada acima dos limites estabelecidos para a

formação montana (MAACK, 1968; BIGARELLA, 1978).

b) Floresta Ombrófila Mista

Para Maack (1968), Roderjan et al (1998), essa floresta compreende um tipo

de vegetação do planalto meridional, onde ocorre com maior freqüência. A

composição florística dessa vegetação, dominada por gêneros primitivos como

Drymis, Araucaria e Podocarpus, sugere, pela altitude e latitude do planalto

meridional, uma ocupação recente a partir de refúgios altomontanos.

Page 61: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

55

c) Formação Pioneira Flúvio-Marinha

Os manguezais são influenciados por várias intempéries que configuram o

ambiente, como, por exemplo, os ventos fortes que vêm das correntes marinhas, o

sol forte, a variação do nível das águas do mar exercida pelas marés, a variação do

teor de salinidade, o solo rico em matéria orgânica e pobre em oxigênio. Os

manguezais são um sistema complexo interdependente de outros ecossistemas,

sobretudo a restinga, as dunas, a praia arenosa, o costão rochoso e a floresta

atlântica. Os manguezais se caracterizam pela presença de solo argiloso, água

salobra e três espécies vegetais exclusivas, que apresentam alterações

morfológicas devido às intensas pressões impostas pelo hábitat, como, por

exemplo, a presença de rizóforos (raízes aéreas) em Rhizophora sp, glândulas

excretoras em Laguncularia sp e seletividade de material nas raízes em Avicenia sp

(LIMA; FUERDES-BRUNI, 1997).

3.1.5 Fauna

A Floresta Atlântica é o hábitat de grande variedade de espécies de animais.

A diversidade ambiental e a extensão do território contribuem para o seu alto grau

de endemismo. No que compreende a região de floresta ombrófila densa, o mico-

leão-caiçara, por exemplo, vive apenas em uma área específica da Floresta

Atlântica, situada entre os estados de São Paulo e Paraná. Mas há também

espécies que aparecem em toda a área coberta pela Mata Atlântica, como a onça

pintada e a suçuarana. A diminuição das áreas naturais em bom estado de

conservação, muito freqüente na região, ocasiona a diminuição da população,

levando os cruzamentos a acontecer entre parentes muito próximos, o que

enfraquece os indivíduos e inviabiliza que essas populações recuperem o nível

normal mantendo o número de seus membros constante (BIGARELLA, 1978;

NEIMAN, 1989; BRANCO, 1992).

A floresta ombrófila mista contém mais de 250 espécies de aves, que

representam em torno de 15% do total de espécies nativas do Brasil. São exemplos

da avifauna da APA de Guaratuba: tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus),

tucano-de-peito-amarelo (Ramphastos vitellinus), gavião-pombo-grande

(Leucopternis polionota), Jacutinga (Pipile jacutinga), dentre várias outras espécies

Page 62: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

56

de igual importância. Além de diversificada avifauna, grande variedade de

representantes da mastofauna que habitam a APA de Guaratuba, como a anta

(Tapirus terrestris), o bugio (Alouatta fusca), ouriço (Sphiggurus villosus) e onça-

pintada (Pantera onca). Na APA de Guaratuba, consideram-se extintas espécies

como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o lobo-guará (Chrysocyon

brachyurus) e nas regiões de Floresta Ombrófila Mista considera-se extinto o

monocarvoeiro (Brachyteles arachnoides), considerado o maior primata das

Américas. Todas estas espécies são representantes característicos do bioma

Floresta Ombrófila Mista encontrado na APA de Guaratuba. Cabe destacar que

várias espécies animais, principalmente de vertebrados, sofrem, atualmente,

ameaça de extinção (MAACK, 1968; BIGARELLA, 1978; BROOKS; BALMFORD,

1996).

3.2 COMUNIDADES TRADICIONAIS DA APA DE GUARATUBA

Constataram-se sete comunidades tradicionais instaladas dentro da APA de

Guaratuba: Castelhanos (localizada no município de São José dos Pinhais),

Araraquara (localizada no município de Guaratuba), Cubatão (localizada no

município de Guaratuba), Limeira (localizada no município de Guaratuba), Cidade de

Guaratuba, Cabaraquara (localizada no município de Guaratuba), Parati (localizada

no município de Guaratuba).

3.3 METODOLOGIA DAS ENTREVISTAS

Essa segunda parte contém os dados sobre a metodologia das entrevistas,

que é divido em três subitens, sendo o primeiro o primeiro a aplicação prática

discurso do sujeito coletivo, o segundo é a descrição sobre a formulação dos

questionários, e o terceiro é a finalidade da aplicação dos questionário e da

construção do discurso do sujeito coletivo.

3.3.1 Aplicação prática

Segundo Banetta e Noronha (2004), o DSC de Lefévre e Lefévre (2003) pode

ser um estudo que é construído utilizando apenas duas figuras metodológicas

descritas como:

Page 63: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

57

Idéias centrais (IC): são a descrição do sentido dos depoimentos, revelando

as maneiras sintéticas, precisas e fidedignas de cada discurso analisado e de cada

conjunto homogêneo de Expressões-chave (ECH), que construirá o DSC. É uma

breve representação de uma série de características que o entrevistado pode a vir

apresentar. Essas características vêm a compor o caráter coletivo que cada

individuo tem. Também tem funcionalidade para a escolha dos depoimentos, que

podem representar os conceitos das ECH.

Expressões-chave (ECH): são pedaços, trechos ou transcrições literais.

Exemplo: trechos de transcrições de entrevistas retirados do anexo B da

pesquisa

-“ ...porque sou acostumado já né, vim pra cá criança com 6 anos...”

-“Opa, aqui é o lugar mais apropriado para a vida brasileira...”

-“Olha aqui é um lugar abençoado posso lhe dizer... “

-“Sim, porque tô acostumado, e gosto de criá meus filho aqui...”

-“...trabalhado bastante desta época pra cá...”

-“Desde os tempos dos antigos, que tinha essa colonização aqui...”

-“Aqui perto do rio...”

-“...só vinham pra caçá... “

-“...então é o homem no seu lugar e o animal no seu lugar, nas num lugar desse que o lugar é do

animal eu gostaria que nóis tivesse consciência de que pudesse preservá o animal entende...”

-“...não é só o homem com tiro e na caça de bundel, mas com o carro aqui...”

-“ ...porque tem gente que não sabe vê um bicho e dexá ele vivo...”

-“Já. Já cortei pra vendê e já cortei pra comê. Já cortei o palmito-jussara né, o Indaial também, mas

esse é difícil...”

-“Cortei no mato pra comê.”

-“Eu mesmo cortei palmito no mato só pra me alimentá mesmo...”

-“...não tem porque eu saí daqui i corta os palmito ali sendo que eu tenho no meu quintal...”

-“O palmito serve para fazer a salada, é gostoso e todo mundo procura...”

Esses trechos de transcrições devem ser identificados de forma a revelar a

essência e o conteúdo discursivo correspondente às questões de pesquisa. É uma

representação com mais especificidades e que apresenta uma série de

características que o entrevistado pode a vir apresentar, compondo mais

profundamente o caráter coletivo que cada indivíduo tem.

Exemplo de ECH retirado dos resultados da pesquisa: “Todos os entrevistados

apresentam características típicas de populações tradicionais, como por exemplo, a extração dos

recursos naturais da Floresta Atlântica. De forma mais específica para a APA de Guaratuba, é a

extração de subsistência do palmito, a caça e a pesca que são práticas e podem ser consideradas de

Page 64: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

58

natureza ancestral. O Palmito exerceu talvez uma das maiores forças no cotidiano dos ancestrais

dessas populações tradicionais, que receberam estes ensinamentos com a carga cultural para as

práticas extrativistas de subsistência.”

3.3.2 Questionários

O questionário foi elaborado em núcleos que apresentam perguntas dispostas

de forma temporal, com uma trajetória de extração do conhecimento, que relata do

passado, seguindo para o presente e, por final, o futuro. Esses núcleos foram

criados com o objetivo de dispersar o conhecimento do entrevistado de forma a ele

demonstrar como é a relação com determinada situação, todavia respondendo a

uma pergunta de um outro tema, como, por exemplo, quando os entrevistados

manifestam descontração ao responder o núcleo de conhecimento popular e

revelam conhecimentos valorosos sobre as práticas extrativistas antes não

revelados.

Seguem os 19 núcleos utilizados no presente estudo: Caracterização do

morador tradicional, Contexto histórico, Consciência ambiental, Caça (fauna), Flora,

Palmito-jussara, Cacheteira ou Cacheta, Recurso hídrico potável, Ictiofauna, Agro-

negócio, Criação de gado, Esgoto, Lixo, Aspectos governamentais, Conhecimento

popular, APA, IBAMA, IAP, Polícia Florestal (ANEXO A).

A determinação desses núcleos foi em razão das principais questões

levantadas preliminarmente em entrevista informal com a população da região.

Utilizando quantidade amostral, foi possível realizar a construção de cinco DSCs.

Foram entrevistados quatro moradores na APA de Guaratuba, sendo dois da região

de serra e dois da região litorânea. As entrevistas foram realizadas com moradores

tradicionais, cuja idade de residência no local era superior a 20 anos, cujos

antepassados também residiram da região. Foram entrevistados dois moradores de

região serrana, sendo um da Colônia Castelhanos e outro da Colônia Cubatão e dois

moradores de região litorânea, sendo ambos da Colônia Cabaraquara, o que vem a

totalizar, quatro entrevistas com a população tradicional da APA de Guaratuba.

Com a transcrição das entrevistas gravadas, e baseando-se nas idéias

centrais de cada pergunta, foram selecionadas as expressões-chave que

representam conteúdos de caráter subjetivo existente nos entendimentos e

manifestações de cultura, conhecimento, atitudes, condutas, envolvimento, maneiras

Page 65: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

59

de pensar e atuar, opiniões, sentimentos e ações dessas coletividades, abordadas

nos núcleos dos questionários com os referenciais teóricos que embasam a

pesquisa.

3.3.3 Finalidade

Os dados obtidos a partir da formação do DSC, associados aos dados obtidos

pelo SIG manifestam uma forma mais apurada de compreensão do estado real das

condições ambientais, exercido pela alta pressão antrópica refletida nos diferentes

impactos ambientais identificados.

3.4 SIG

Essa terceira parte contém os dados sobre o sistema de informações

geográficas sendo divido em três subitens, sendo o primeiro a descrição das

imagens utilizadas na pesquisa, o segundo é o tratamento digital aplicado às

imagens, e o terceiro é o decorrer do processo de levantamento de dados utilizando

o sistema de informações geográficas para a fase de campo, e em campo.

3.4.1 Descrição das Imagens

As imagens utilizadas foram obtidas do programa de compartilhamento de

bases digitais do convênio GEOM (Núcleo de Geomática do UnicenP) e Engesat. As

imagens, capturadas em 2002, foram fornecidas pelo satélite Landsat 7 .

As imagens foram visualizadas em composição de cores RGB (Red

[vermelho], Green [verde], Blue [azul]) no programa ENVY 3.5, que processa os

dados georreferenciados. Para a fase de campo, utilizaram-se quatro mapas,

preliminares, com variação de cores em composição colorida, para comparação de

informações. Os dados espaciais obtidos por meio do Sensoriamento Remoto (SR)

recebem colorações específicas segundo uma determinada reflectância e de

maneira a orientar e auxiliar a pesquisa, é necessário que sejam cartografados. O

programa de cartografia utilizado na pesquisa foi o Arcmap. Com a utilização do

GPS foi possível obter sobre o objeto geográfico, por exemplo, áreas que

apresentam a remoção total da cobertura vegetal original.

Page 66: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

60

3.4.2 Tratamento Digital das Imagens

O tratamento digital de imagens é o processo pelo qual são obtidas

informações temáticas dos alvos contidos na área imageada. Esse procedimento é

basicamente dividido em três etapas: pré-processamento, classificação e pós-

processamento. As técnicas mais comumente usadas são: georreferenciamento e

registro de imagens, realce de imagens, filtragens e classificação (CAMARGO, 1999;

BURROUGH; MCDONNEL, 1998; BOLSTAD, 2002).

A imagem apresentada no Anexo C, para os mapas da fase de campo é uma

composição colorida Landsat 7 em L, 5, 7, onde o L é a termal baixa, o 5 é a medida

de umidade da vegetação, e o 7 é o mapeamento hidrotermal. Essa combinação

específica, em disposição também nessa ordem, apresentou-se com níveis

aceitáveis de identificação prévia da área de vegetação montana, ou seja, a

legibilidade da imagem para a identificação na variação da vegetação em área

montana é adequada a essa configuração de composição colorida (DEMERS, 1999;

BOLSTAD, 2002).

A imagem apresentada no Anexo D, para os mapas da fase de campo é uma

composição colorida Landsat 7 em 2, H, 4, em que 2 refere-se à reflectância de

vegetação verde sadia, H à termal alta, e 4 ao levantamento de biomassa. Essa

combinação específica, em disposição também nessa ordem, apresentou-se com

níveis aceitáveis de identificação prévia da área de vegetação Montana e sub-

montana, ou seja, a legibilidade da imagem para a identificação na variação da

vegetação em área montana é adequada a essa configuração de composição

colorida (BURROUGH; MCDONNEL, 1998; DEMERS; 1999).

A imagem gerada (ANEXO E) para os mapas da fase de campo é uma

composição colorida Landsat 7 em 4, 7, 2. Na classificação nomenclatural das

bandas de reflectância do SR, o número 4 é o levantamento de biomassa, o número

7 é o mapeamento hidrotermal, e o número 2 é a refletância de vegetação verde

sadia. Essa combinação específica, em disposição também nessa ordem,

apresentou-se com níveis aceitáveis de identificação prévia de áreas com a remoção

total da cobertura vegetal original, ou seja, a legibilidade da imagem, para a

identificação de áreas, com remoção total da cobertura vegetal é adequada a essa

configuração de composição colorida (BURROUGH; MCDONNEL, 1998).

Page 67: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

61

A imagem gerada (ANEXO F) para os mapas da fase de campo é uma

composição colorida Landsat 7 em 2, 3, 4. Na classificação nomenclatural do SR, o

número 2 é a refletância de vegetação verde sadia, o número 3 é a diferenciação de

espécies vegetais, e o número 4 é o levantamento de biomassa. Essa combinação

específica, em disposição também nessa ordem, apresentou-se com níveis

aceitáveis de identificação prévia da área de vegetação em manguezal, ou seja, a

legibilidade da imagem para a identificação na variação da vegetação em área de

manguezal é adequada a essa configuração de composição colorida (BURROUGH;

MCDONNEL, 1998; BOLSTAD, 2002).

3.4.3 Fase de Campo

Para a fase de campo, como mapas de referência básica, utilizaram-se quatro

imagens do satélite Landsat 7 do ano de 2002, cartografadas pelo programa

Arcmap; a composição colorida foi desenvolvida no programa Envy.

O produto final desse processo foram mapas, impressos em papel couchê A3

laminado (revestimento impermeável), para a utilização em campo. Foram marcados

pontos com o GPS nos lugares onde havia aparente degradação ou remoção total

da cobertura vegetal, para posterior comparação das áreas em laboratório.

O conjunto de 229 pontos gerados (ANEXO G) foi utilizado para criar os

mapas finais da região.

Page 68: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

62

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse capítulo utiliza três partes para apresentar as resultados obtidos na

pesquisa. A primeira parte contém a descrição das comunidades tradicionais da APA

de Guaratuba. A segunda parte mostra os resultados obtidos pela metodologia do

Discurso do Sujeito Coletivo, com a construção de cinco Discursos do Sujeito

Coletivo. A terceira apresenta como resultado, os mapas SIG de cobertura vegetal

original. A quarta parte apresenta a comprovação da existência de uma dualidade,

das informações provenientes, da coleta de dados SIG e DSC. Também são

apresentadas sugestões no sentido de melhorar as condições ambientais, e as

condições de vida das populações humanas.

4.1. COMUNIDADES TRADICIONAIS DA APA DE GUARATUBA

Foram constatadas pela pesquisa seis comunidades tradicionais instaladas

dentro da APA de Guaratuba: Castelhanos, Araraquara, Cubatão, Limeira,

Cabaraquara, Parati.

a) A comunidade do Castelhanos

É localizada no município de São José dos Pinhais, a economia é

basicamente voltada ao monocultivo da banana.

b) A comunidade da Pedra branca do Araraquara

É localizada no município de Guaratuba, tendo parte de sua economia voltada

ao comércio lindeiro na BR 376, e também com a monocultura da banana.

c) A comunidade do Cubatão

É localizada no município de Guaratuba, tendo a maioria de sua economia

voltada a monocultura da banana, novas formas de monocultura estão surgindo,

como, por exemplo a monocultura do palmito de palmeira real e de pupunha.

Page 69: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

63

d) A comunidade da Limeira

É localizada no município de Guaratuba e abrangem as localidades da

Limeira, Rasgado e Rasgadinho. A economia segue o mesmo exemplo das

comunidades citadas anteriormente, porém aqui, para a localidade da Limeira se

destaca com mais intensidade a criação de gado sob as outras práticas rurais, como,

por exemplo, o cultivo da banana ou de palmito pupunha.

e) A comunidade do Cabaraquara

Está localizada no município de Guaratuba, e a economia é basicamente da

pesca extrativista, e práticas extrativistas nos manguezais. Existem alguns projetos

de desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades tradicionais, projetos

de criação em confinamento de espécies marinhas nativas (Ex: cultivo de ostra e

camarão). A região possui uma população flutuante que injeta dinheiro na economia

local.

f) A comunidade do Parati

Está localizada no município de Guaratuba, e a economia é basicamente da

pesca extrativista, e práticas extrativistas nos manguezais. A região possui uma

população flutuante que injeta dinheiro na economia local, porém atualmente depois

da criação do Parque Nacional Saint Laire/Langue, as práticas do ecoturismo são

restritas e dificultadas pelo governo segundo relato do moradores das proximidades.

4.2 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

Esta parte dos resultados apresenta a construção do Discurso do Sujeito

Coletivo em etapas segundo descrito na metodologia, dividido em cinco alíneas,

sendo cada alínea seguida de sua respectiva expressão chave, Discurso do Sujeito

Coletivo propriamente dito, e por fim a discussão que envolve cada DSC em

questão. A alínea “a” apresenta conceitos para consideração do fato da população

exercer o papel junto ao meio natural de moradores tradicionais. A alínea “b”

apresenta conceitos para consideração do fato da população exercer o

Page 70: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

64

entendimento e o envolvimento junto ao meio natural. A alínea “c” apresenta

conceitos para consideração do fato da população exercer o papel de partícipes de

sua comunidades, e apresentando disposição para obter melhorias para sua

comunidades. A alínea “d” apresenta conceitos para consideração do fato que a

população apresenta compreensão de futuro e percepção da situação insustentável

que a relação dos humanos com ambiente natural atingiu. A alínea “e” apresenta

conceitos para consideração do fato da população apresentar preferência pelos

recursos industrializados, e insatisfação com os meios de autoridade governamental.

CONSTRUÇÃO DO DSC

a) Idéia central número 1

Morador tradicional, que apresente dependência das condições naturais

como geografia e hábitos extrativistas por um tempo prolongado.

Expressão-chave

-Todos os entrevistados apresentam características típicas de populações

tradicionais, como por exemplo, a extração dos recursos naturais da Floresta

Atlântica. De forma mais específica para a APA de Guaratuba, é a extração de

subsistência do palmito, a caça e a pesca, práticas que podem ser consideradas de

natureza ancestral. O Palmito exerceu talvez uma das maiores forças no cotidiano

dos ancestrais dessas populações tradicionais, que receberam estes ensinamentos

com a carga cultural para as práticas extrativistas de subsistência.

DSC número 1

“Aqui a APA de Guaratuba é a minha vida, é o lugar onde sou pessoa digna porque

não preciso de nada, a natureza nos dá tudo, felizmente ainda dá tudo por meio de seus

recursos naturais. Os recursos naturais que acessamos escolhendo alguma espécie que

precise em momentos difíceis, ou então quando vier fácil na porta de casa, porque meu pai

me ensinou que a natureza está nos dando, para nos alimentar. Esta é a natureza das

pessoas, comer animais e plantas, e já que quando não tenho condições financeiras, não vou

morrer de fome, sendo que a natureza me provê muitas variedades de recursos naturais

Page 71: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

65

deliciosos. Não posso deixar aquilo ali desse jeito e eu morrer assim, o problema é que tem

gente que tem que parar, que faz a extração sem nem precisar, às vezes desperdiça só por

matar. Eu acredito que está certo algum recurso natural se utilizar, já que nesse local a minha

família veio morar, porque de nada adianta eu aqui morar, se tudo na loja eu ir comprar. O

palmito tem por todos os lugares aqui, eu já cortei uma vez quando andava percorrendo

alguma trilha na Floresta Atlântica, cortei o palmito porque estava com fome na ocasião, e

uma outra vez que também cortei o palmito-jussara pra minha mãezinha comer, ela que já é

bem idosa, cortei porque minha mãe ficou com vontade. Mas a salada de palmito todo mundo

gosta, e também pra rechear algum assado também é muito bom, aqui na APA de Guaratuba

já tem pouco, mas ainda é fácil de achar, basta procurar, e é muito procurado. O que também

é muito procurada é a nossa fauna e a nossa flora que são exuberantes para os nossos

olhos, mas principalmente aos olhos de quem vem de fora.”

Discussão do DSC número 1

O DSC n°1 reflete o posicionamento de autores como Diegues (2000b),

Diegues e Arruda (2001), Agripa (2002) e Smeke et al (2003) que procuraram,

quando necessário, identificar, o posicionamento das populações tradicionais em

relação ao modo de vida e interpretação do meio ambiente ao entorno. Segundo

Agripa (2002), as populações tradicionais destacam-se pela noção de território, por

onde uma porção da natureza é reivindicada para todos, ou para parte de seus

membros, instituindo direitos estáveis de acesso, controle e uso sobre a totalidade

ou ainda para parte dos recursos naturais. “Aqui a APA de Guaratuba é a minha vida, é o

lugar onde sou pessoa digna porque não preciso de nada, a natureza nos dá tudo, felizmente ainda

dá tudo por meio de seus recursos naturais...”

O DSC n°1 descreve a aceitação da natureza como fonte da alimento. Sendo

a partir deste conceito, a tendência natural das populações tradicionais, de regular o

desperdício, vedando ou limitando os usos predatórios, mercantis ou extensivos. “Os

recursos naturais que acessamos escolhendo alguma espécie que precise em momentos difíceis, ou

então quando vier fácil na porta de casa, porque meu pai me ensinou que a natureza está nos dando,

para nos alimentar...”. As populações conseguem não só conservá-los, mas também às

vezes ampliar a qualidade dos recursos (POSEY, 1987), a biodiversidade (GOMEZ-

POMPA; KAUSS, 2000) ou coibir o consumo abusivo de outros grupos ou interesses

mercantis (CASTRO; PINTON, 1997). Para Smeke et al (2003), o posicionamento

antiprogresso (contra a “urbanização da vila”), que, em geral, as populações

tradicionais demonstram ao contrário do que muitas pessoas pensam, não significa

Page 72: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

66

que estão parados no tempo, e sim protegendo algo de extrema importância: cultura

e natureza. “...o problema é que tem gente que tem que parar, que faz a extração sem nem

precisar, às vezes desperdiça só por matar. Eu acredito que está certo algum recurso natural se

utilizar, já que nesse local a minha família veio morar, porque de nada adianta eu aqui morar, se tudo

na loja eu ir comprar...”

Considerando o DSC de um morador tradicional da APA de Guaratuba, não é

possível deixar de citar a relação com o palmito-jussara, que é fonte de alimento

para as populações tradicionais. A construção do conhecimento das técnicas

costumeiras de extração do palmito-jussara e outros, na Floresta Atlântica da APA

de Guaratuba, exerceu no passado, uma forte construção conceitual, acerca de uma

geração anterior a dos dias atuais, durante o período das fábricas de extração do

palmito. A pressão no ecossistema das comunidades tradicionais pode ser

considerada insignificante se comparada com a pressão exercida das grandes

empresas, como, por exemplo, o setor extrativista é responsável pela extração, em

demasia, de importantes espécies do ecossistema. “...O palmito tem por todos os lugares

aqui, eu já cortei uma vez quando andava percorrendo alguma trilha na Floresta Atlântica, cortei o

palmito porque estava com fome na ocasião, e uma outra vez que também cortei o palmito-jussara

pra minha mãezinha comer, ela que já é bem idosa, cortei porque minha mãe ficou com vontade...”

Embora na atualidade a extração do palmito apresente recursos legais de

proteção, o consciente coletivo da população tradicional da APA de Guaratuba e

muitas pessoas envolvidas com a comercialização e compra do palmito-jussara,

torna o palmito-jussara uma parte, ainda, integrante da cultura. Para Diegues

(2000a), no entendimento de tradição em movimento, o que importa marcar é “que

algo é entregue” de geração a geração para reproduzir-se no tempo, ainda que

ressignificado no fluxo da história. “...Mas a salada de palmito todo mundo gosta, e também

pra rechear algum assado também é muito bom, aqui na APA de Guaratuba já tem pouco, mas ainda

é fácil de achar, basta procurar, e é muito procurado. O que também é muito procurada é a nossa

fauna e a nossa flora que são exuberantes para os nossos olhos, mas principalmente aos olhos de

quem vem de fora.”

b) Idéia central número 2

Entendimento de meio ambiente e conhecimento das relações naturais do

ecossistema: apresenta envolvimento com o meio ambiente e conhece a

utilização dos recursos naturais.

Page 73: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

67

Expressão-chave

-Existe o conhecimento sobre o meio ambiente, porém não está bem claro

para três dos entrevistados. Demonstraram conhecimento especializado sobre a sua

região, e sobre seu envolvimento com o ecossistema, têm uma consciência

conservacionista que envolve a esfera dos recursos naturais. Embora

conscientizados das reduções dos espaços naturais de extrativismo, e da

conseqüente diminuição de oferta natural destes recursos ainda assim vêem a si e

aos demais membros da comunidade como envolvidos em práticas de consumo que

aprenderam diretamente no cotidiano de relações com o ecossistema

-Um dos entrevistados respondeu “não sei”.

DSC número 2

A maneira que entendo o meio ambiente é a forma que me relaciono com a natureza,

e com as pessoas que me ensinaram como reagir às intempéries. Esta condição natural de

vida em um habitat sem as facilidades das cidades é o que determinou o alto grau de

conhecimento sobre a região que eu tenho. Esse meu profundo conhecimento sobre as

belezas naturais e culturais da região desperta em mim um sentimento de propriedade e zelo.

Muitas vezes demonstro conhecimento ainda superior sobre a região, do que eu próprio

desconhecia, como se colocado à prova, e em condições extremas, todas as informações

ancestrais apresentadas em meu sangue e ao meu cotidiano fossem muito mais evidentes à

de um forasteiro. Eu sou meio leigo nesses assuntos de ciência, mas conheço também

muitas espécies de plantas e animais, podendo até descrever de maneira simples algumas

características ecológicas. Esse conhecimento adquirido de maneira simples e humilde, que

me faz perceber que temos que cuidar aqui da região, porque antigamente a natureza era

infinita, e hoje aqui na nossa região já se percebe ela finita. A falta de manejo apropriado em

anos anteriores já reflete a devastação causada pelo homem, na natureza aqui da APA de

Guaratuba. Eu gostaria que meu filho pudesse aprender, tudo o que aprendi, com esta

natureza que está ai. E pra que isto ocorra, ele tem que querer, e a natureza tem que existir,

pelo menos do que é hoje pra melhor, é isso que desejo.

Discussão do DSC número 2

O DSC n°2 segue a linha do pensamento exposta por Diegues (2000a),

quando apresenta que as populações tradicionais conhecem e vivem seu território, e

Page 74: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

68

ao mesmo tempo desenvolvem a condição para normalizá-lo. O conhecimento

associado à posse da terra no momento de produzir e de gerir as circunstâncias

específicas de cada localidade tradicional. É o conhecimento que demonstra o

domínio do território específico, e explica por que produzir para essas famílias é a

base do conservar. “A maneira que entendo o meio ambiente é a forma que me relaciono com a

natureza, e com as pessoas que me ensinaram como reagir às intempéries. Esta condição natural de

vida em um habitat sem as facilidades das cidades é o que determinou o alto grau de conhecimento

sobre a região que eu tenho...”

Quando Brandão (1981), Posey (1987), Turner (1990) e Romeiro (1998),

descrevem as populações tradicionais segundo uma cadeia de negociações que as

populações realizam com a natureza, é esta série de negociações que estipulam as

regras do extrativismo. Sendo assim, as técnicas agrícolas variam não somente pelo

decorrer da história, mas também no decorrer da variação dos ambientes em

resposta às atividades exercidas. Populações, natureza e técnicas formam, em

muitas situações, um equilíbrio ecológico de relações. Este equilíbrio ecológico,

envolvendo diversas situações, não pode perder nenhum elemento, porque o

balanço final da perda de algum elemento, provoca um desequilíbrio no

ecossistema. Característica esta que pode ser interpretada como aumento da

pressão antrópica exercida pelas comunidades tradicionais. “...Esse meu profundo

conhecimento sobre as belezas naturais e culturais da região desperta em mim um sentimento de

propriedade e zelo. Muitas vezes demonstro conhecimento ainda superior sobre a região, do que eu

próprio desconhecia, como se colocado à prova, e em condições extremas, todas as informações

ancestrais apresentadas em meu sangue e ao meu cotidiano fossem muito mais evidentes à de um

forasteiro...”

As populações tradicionais da APA de Guaratuba apresentam carência de

informações administrativas e científicas sobre o meio ambiente, ao manifestar o seu

parecer sobre as necessidades da região. Esta atitude que provém de uma

consciência que é construída após a capacitação ambiental (aulas de educação

ambiental, por exemplo) das populações tradicionais em apoio ao benefício do

ambiente natural. Para Fortes e Rammê (2006), a carência social, manifestada na

falta de conhecimento sobre as coerências científicas e legais que envolvem a

esfera de seu habitat, torna-se a ferramenta hábil para usufruir a fragilidade do

sistema de defesa e proteção do meio ambiente. “...Eu sou meio leigo nesses assuntos de

ciência, mas conheço também muitas espécies de plantas e animais, podendo até descrever de

maneira simples algumas características ecológicas. Esse conhecimento adquirido de maneira

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69

simples e humilde, que me faz perceber que temos que cuidar aqui da região, porque antigamente a

natureza era infinita, e hoje aqui na nossa região já se percebe ela finita...”

Como generalidade tocante, as populações tradicionais apresentam-se em

diversas situações de conflito, relacionadas principalmente com a invasão de suas

terras pela especulação imobiliária (KEMPF, 1993; DIEGUES, 1999; 2000a;

DIEGUES; ARRUDA, 2001; AGRIPA, 2002). “...A falta de manejo apropriado em anos

anteriores já reflete a devastação causada pelo homem, na natureza aqui da APA de Guaratuba...”

Para Albagli (2002), desde os tempos remotos, as populações tradicionais

vêm contribuindo para a conservação e o desenvolvimento sustentável in situ de

diversas espécies florestais importantes, utilizando o conhecimento empiricamente

acumulado sobre os habitats naturais, bem como de suas práticas agrícolas

sustentáveis e de extrativismo de subsistência adequadas ao meio ambiente local, e

atuando como verdadeiros guardiões do patrimônio biogenético ambiental.

Com a linha do raciocínio para a construção do DSC n°2, apresenta-se o

conceito de Diegues (2000a), sobre o entendimento de tradição em movimento, cuja

característica marcante é “que algo é entregue” de geração a geração para

reproduzir-se no tempo, ainda que ressignificado no fluxo da história. Este

entendimento é uma característica da construção do relato das populações

tradicionais. “...Eu gostaria que meu filho pudesse aprender, tudo o que aprendi, com esta

natureza que está ai. E pra que isto ocorra, ele tem que querer, e a natureza tem que existir, pelo

menos do que é hoje pra melhor, é isso que desejo.”

c) Idéia central número 3

Vontade de participar de atividades que promovam o envolvimento da

comunidade, atividades que apresentem conhecimento sobre as atividades

governamentais e ecologia da região. Preocupação e Vontade de melhorar as

condições ambientais.

Expressão-chave

-Existe vontade por três dos entrevistados em aprender mais sobre a região e

tudo que a envolve, como conceitos básicos das atividades relativos ao meio

ambiente, por exemplo, saneamento, ecologia, conceitos de biodiversidade,

Page 76: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

70

ecossistemas, reciclagem de materiais e geopolítica. A expressão chave número um

reflete-se também para este item a falta de conhecimento manifestada

anteriormente, no presente tema torna-se uma esperança para o futuro de uma

chance para a melhoria das condições ambientais e da dignidade humana. Esse

conhecimento pode ser passado de maneira a envolver e prevenir todos os

integrantes da comunidade sobre a situação em que vivem e de que maneiras

devem ser tomadas as medidas preventivas e de recuperação para áreas naturais.

-Um dos entrevistados respondeu “não sei”.

DSC número 3

Como morador aqui da região da APA de Guaratuba, me sinto envolvido e

responsável pelo ambiente coletivo ao qual pertenço. O ambiente natural correspondente é

fonte de informação, e atua de maneira dinâmica para nós que moramos aqui, nós que

conversamos entre nós e nos conhecemos a tempo. Nós estamos vivendo isso, mas

infelizmente na maioria das vezes sem saber exatamente o que está acontecendo. Se

existissem maneiras de nos ajudar de alguma forma, todo o conhecimento em prol da

natureza é bem vindo, mas de maneira sutil, segundo o rendimento das pessoas, com calma

e com alguma maneira de envolver todos os integrantes da minha comunidade. Porque entre

os integrantes da minha comunidade fica mais fácil para quem gosta de proteger a natureza,

assim posso cuidar melhor, dentro da lei, no que cabe à proteção da natureza. Se isso fosse

feito aqui comigo e minha comunidade, com certeza em um breve futuro haveria grandes

melhorias ambientais. Aqui onde vivo o nível de conhecimento das ciências naturais é muito

baixo, o que nós sabemos é na prática, mas sem saber os porquês da ciência. Eu acredito

que mudando para melhor as condições de vida das pessoas, junto com a mudança que vai

nos ensinar a cuidar melhor da natureza e nos ensinar os porquês da ciência natural, é que

acredito recuperar a dignidade que meus ancestrais tinham, e o sentimento grandeza que a

natureza intocada transmitia, e que talvez não transmita aos meus filhos e netos. Eu devo

começar a cuidar de onde moro; quem vai cuidar pra mim, vocês de fora? Tudo o que posso

aprender sobre a natureza, é de bom agrado, mas muitas vezes o que passa na televisão não

é o suficiente. Eu gostaria mesmo que houvesse algum curso que envolva a comunidade com

algo que possa melhorar tanto a condição do natural quanto do social. Aqui na APA de

Guaratuba nós pessoas moramos junto com o ambiente natural, e não podemos ser tratadas

separadamente, ou com menos importância.

Page 77: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

71

Discussão do DSC número 3

Segundo Diegues (2000b), as populações tradicionais tendem a proteger e

gerenciar os recursos naturais tidos como comuns, contrapondo-se a grupos

externos extrativistas, e construindo elaboradas regras para acesso e uso.

Considerando o recurso um bem em comum, é necessário que sejam estipuladas

regras pela maioria para o uso comum. As reuniões entre os integrantes da

sociedade tradicional, não escrevem as conclusões; elas são ditas e repetidas

durante gerações, e realmente estabelecem normas de uso comum. “Como morador

aqui da região da APA de Guaratuba, me sinto envolvido e responsável pelo ambiente coletivo ao

qual pertenço...”

Para Diegues (2000a), a diferença entre a ausência de normas escritas e a

presença de normas costumeiras é que podem ser desconsideradas práticas que, às

vezes, explicam ações coletivas e esforços comunitários que animam lutas locais e

contribuem para conservação da biodiversidade. “...O ambiente natural correspondente é

fonte de informação, e atua de maneira dinâmica para nós que moramos aqui, nós que conversamos

entre nós e nos conhecemos a tempo...”

O DSC n°3 é a manifestação da carência, em ferramentas hábeis, para

regularem a individualidade burguesa capitalista, que consome grandes áreas

naturais. “...Nós estamos vivendo isso, mas infelizmente na maioria das vezes sem saber

exatamente o que está acontecendo...”

Para Albagli (2003), é necessário prover meios legais, para as populações

tradicionais, exercerem o direito de praticar, o uso de ferramenta hábil reivindicada

pela comunidade, para preservar suas áreas naturais comuns, ou seja, proteger os

remanescentes que ainda estão disponíveis de maneira que a comunidade, segundo

orientação científica especializada na área, apresentem um parecer em conjunto.

“...Se existissem maneiras de nos ajudar de alguma forma, todo o conhecimento em prol da natureza

é bem vindo, mas de maneira sutil, segundo o rendimento das pessoas, com calma e com alguma

maneira de envolver todos os integrantes da minha comunidade. Porque entre os integrantes da

minha comunidade fica mais fácil para quem gosta de proteger a natureza, assim posso cuidar

melhor, dentro da lei, no que cabe à proteção da natureza...”

Para Batistella et al (2005) o conhecimento tradicional assegura o acesso

rápido a informações elementares para pesquisas científicas, além de dar subsídios

à população local na defesa de “seu lugar”. “...Aqui onde vivo o nível de conhecimento das

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72

ciências naturais é muito baixo, o que nós sabemos é na prática, mas sem saber os porquês da

ciência...”

Para Diegues (2001), em um mundo cada vez mais globalizado e

homogêneo, é crescente a idéia, de que a continuidade, da diversidade de culturas

humanas é elemento fundamental. A constituição de sociedades pluralistas e

democráticas, atrelando-se a isso a imutabilidade dos padrões culturais em que se

deveriam manter as populações tradicionais nas unidades de conservação. “...Eu

acredito que mudando para melhor as condições de vida das pessoas, junto com a mudança que vai

nos ensinar a cuidar melhor da natureza e nos ensinar os porquês da ciência natural, é que acredito

recuperar a dignidade que meus ancestrais tinham, e o sentimento grandeza que a natureza intocada

transmitia, e que talvez não transmita aos meus filhos e netos...”

Diegues e Arruda (2001) relatam que o campo de aplicação das técnicas das

populações tradicionais geralmente é restrito à área de exploração em comum das

comunidades e aos objetivos extrativistas previamente planejados, a possibilidade

de generalização é limitada porque busca conhecer uma área específica e um

conjunto de variáveis que agem sobre ela, apresentando-se de certa forma como

endemismo cultural. Para estes endemismos as soluções não podem ser

generalizadas, cada lugar é uma forma específica de reação natural ao manejo

humano. É por isso que o envolvimento da sociedade tradicional é necessário,

justificando novamente a preocupação da comunidade, que sem saber o porquê, ou

o que é, mas sabe que está acontecendo e se vê presente no envolvimento da sua

região. “...Eu devo começar a cuidar de onde moro; quem vai cuidar pra mim, vocês de fora? Tudo

o que posso aprender sobre a natureza, é de bom agrado, mas muitas vezes o que passa na

televisão não é o suficiente...”

Segundo Ribeiro (1987), os contínuos insucessos e limitações de políticas

públicas de gestão dos recursos naturais refletem sobre os sistemas locais de

gestão. Os costumes específicos de grupos rurais conseguem, muitas vezes, ser

muito mais eficientes que o setor público, que a iniciativa privada, e que os sistemas

de gestão social compartilhada, no que diz respeito à conservação das áreas

naturais. “...Eu gostaria mesmo que houvesse algum curso que envolva a comunidade com algo

que possa melhorar tanto a condição do natural quanto do social. Aqui na APA de Guaratuba nós

pessoas moramos junto com o ambiente natural, e não podemos ser tratadas separadamente, ou

com menos importância.”

Page 79: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

73

d) Idéia central número 4

Compreensão de futuro, estado de percepção das condições naturais com o

decorrer dos hábitos extrativistas, e da relação em que o homem torna-se um

elemento insustentável em contraposto à natureza, e não mais parte integrante

dela.

Expressão-chave

-Existe a consciência conservacionista de indignação pelo considerado bem

em comum, por integrantes externos às comunidades residentes nas áreas naturais,

que são as florestas dentro da APA de Guaratuba. Há o entendimento da

necessidade de melhoria para a questão da conscientização envolvendo assuntos e

temas com novos métodos de convivência com a floresta, a fim de tornar a relação

atual ainda mais benéfica para a floresta, transformando a relação sustentável com

alterações no cotidiano elegidas pelo conhecimento da comunidade, provendo a

melhoria ambiental e cultural sob o comum acordo de todos.

-Um dos entrevistados respondeu “não sei”.

DSC número 4

Eu moro aqui e conheço muito mais do que ninguém essa área aqui de onde eu

moro. Por essas áreas aí, sei que entram pessoas com o objetivo de caçar, às vezes quando

não estou cuidando, também caçam aqui onde eu cuido. Aqui na APA de Guaratuba, existem

várias áreas, que é muito comum, que como os nossos ancestrais diziam: -“Eles derrubam só

pra ver o tombo”. Infelizmente, para nós que gostamos e cuidamos. Antigamente, se era

preciso fazer uma casa ou uma canoa, se extraía madeira em abundância. Antigamente, eu

entrava, com a matilha, e a espingarda 22 de tiro longo, na Floresta Atlântica, exercer meu

papel de predador supremo da APA de Guaratuba. Eu entrava no período da manhã, na

Floresta Atlântica, para trazer alguma mistura para o almoço. Os recursos eram de extrema

abundância. Com o decorrer de algumas décadas, o incremento tecnológico tornou o ser

humano muito mais perigoso para a Floresta Atlântica, que meros assassinos exóticos, em

associação com outra espécie, no caso meus dois cachorrinho-magro-de-andá-no-mato, com

os sentidos aguçados capazes de localizar e encurralar diversas espécies nativas, liderados

por um predador supremo, no caso a minha pessoa, e que disparo de espingarda projéteis de

chumbo em alta velocidade, e com precisão de pontaria. O incremento do maquinário

Page 80: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

74

tecnológico tornou a presença humana, na Floresta Atlântica, em uma força sobre-humana

fazedora de campo. O campo por aqui na APA de Guaratuba, nós entendemos, como aquela

área descampada, onde o trator passou por cima, e fez o campo. E é contra essa força

burocrática fazedora de campo em especial que quero brigar, porque ela vem aqui faz o

campo, planta em cima ou deixa como campo mesmo, e tira a nossa Floresta Atlântica, eu sei

que é muito bonito e lucrativo o campo pra eles, que são de opinião contrária, mas eu prefiro

a natureza como ela é. Hoje eu quero exercer o papel de controlador e regulador dos

recursos naturais, porém me faltam educação e os meios por onde exercer a função. Estou

de prontidão e de pronta ação. Porque acredito, dentro daquilo que aprendi por aqui mesmo,

com meus pais e avós, segundo o conhecimento tradicional ancestral deles, e segundo

também aquilo que eu aprendi, na minha vida com a natureza aqui da APA de Guaratuba,

que em pouco tempo muitas espécies vão desaparecer, outras já estão desaparecendo aqui

na APA de Guaratuba, se nada for feito.

Discussão do DSC número 4

A redução das áreas naturais, a pressão, sobre os ecossistemas e os

recursos naturais disponíveis, fica muito mais evidente. “...Porque acredito, dentro daquilo

que aprendi por aqui mesmo, com meus pais e avós, segundo o conhecimento tradicional ancestral

deles, e segundo também aquilo que eu aprendi, na minha vida com a natureza aqui da APA de

Guaratuba, que em pouco tempo muitas espécies vão desaparecer, outras já estão desaparecendo

aqui na APA de Guaratuba, se nada for feito.”

Para Fortes e Rammê (2006), em cenários como este, prevalecem os

interesses privados majoritários, com ponto de vista econômico ascendente. A ação

corrupta e sem consciência ambiental, que encontra a liberdade necessária para

expandir o modelo de desenvolvimento econômico que se instalou a partir da

revolução industrial. A mão-de-obra e o ambiente natural são meros elementos

inseridos na cadeia econômica produtiva. Segundo Ribeiro (1987), a expansão

tecnológica na agricultura agravou ainda mais a marginalização. As novas

tecnologias concentraram-se em parâmetros como escala produtiva, custos e

logística. Isto conduz, evidentemente, a procedimentos técnicos profundamente

homogeneizados que podem ser aplicados a qualquer espaço, produto, produtor ou

ambiente; totalmente o oposto da lógica de vida campesina.

Segundo Fortes e Rammê (2006), a lógica campesina tende a ser ao mesmo

tempo mais holística e mais localizada, mais diversificada e mais ambientalizada.

Portanto, situou-se na contra-corrente da lógica da transformação tecnológica, da

Page 81: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

75

integração produtiva agroindustrial e mercantil ocupando, cada vez mais, uma

posição de marginalidade e empobrecimento. “...O incremento do maquinário tecnológico

tornou a presença humana, na Floresta Atlântica, em uma força sobre-humana fazedora de campo. O

campo por aqui na APA de Guaratuba, nós entendemos, como aquela área descampada, onde o

trator passou por cima, e fez o campo. E é contra essa força burocrática fazedora de campo em

especial que quero brigar, porque ela vem aqui faz o campo, planta em cima ou deixa como campo

mesmo, e tira a nossa Floresta Atlântica, eu sei que é muito bonito e lucrativo o campo pra eles, que

são de opinião contrária, mas eu prefiro a natureza como ela é...”

Diegues (1995) caracterizou os territórios, sendo eles marcados por fronteiras

definidas, normas coletivas de formulação de regulamentos internos, controle

comunitário dos recursos naturais, sanções específicas aplicáveis ao

descumprimento destes regulamentos, e mecanismos internos de negociação dos

conflitos. Estas características geralmente presentes nas comunidades tradicionais,

tornam possível controlar a logística dos recursos naturais, delimitá-los para o

consumo comunitário e preservar grandes áreas para usufruto coletivo.

O desenvolvimento deve ser um processo tão externo que interfere, quase

que somente as circunvizinhanças legais e morais das sociedades tradicionais da

APA de Guaratuba, e será tão excludente para elas como se fosse um

desenvolvimento pensado para outros povos, lugares e territórios. Como relata

Diegues (2000a), o desenvolvimento torna obrigatório pensar também o saber, os

sistemas, as normas e o território.

Em associação aos ecossistemas da APA de Guaratuba, encontram-se as

comunidades que têm moradia em locais, onde a geografia e as condições

climáticas criam um isolamento. Cada agrupamento destas pessoas encontrado no

interior da APA de Guaratuba tem suas características e relações próprias

estabelecidas com o meio ambiente. “Eu moro aqui e conheço muito mais do que ninguém

essa área aqui de onde eu moro...”

Segundo o Banco Mundial (2003), os povos indígenas há muito

desenvolveram sistemas elaborados de conhecimento sobre a ecologia, e os usos

práticos dos recursos da flora e fauna. Estes conhecimentos são à base de suas

estratégias de subsistência. E caracteristicamente os povos indígenas e outras

populações tradicionais, têm sido com freqüência, descritos como obstáculos à

modernização e ao desenvolvimento econômico, especialmente quando interesses

poderosos concorrem pelo acesso e pelo uso dos recursos naturais. “...E é contra essa

força burocrática fazedora de campo em especial que quero brigar, porque ela vem aqui faz o campo,

Page 82: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

76

planta em cima ou deixa como campo mesmo, e tira a nossa Floresta Atlântica, eu sei que é muito

bonito e lucrativo o campo pra eles, que são de opinião contrária, mas eu prefiro a natureza como ela

é...”

A forma de agilizar o processo do monitoramento e controle da degradação

das áreas naturais dentro da APA de Guaratuba é encarregar a população local

deste monitoramento por meio de trabalho remunerado, que com certeza mostra um

meio digno e com responsabilidade sócio-ambiental. Este processo de educação, e

encargo da população tradicional é uma maneira mais eficaz, de monitorar de forma

direta, e de maneira à realmente perpetuar as condições ambientais propícias, à

proliferação, dos recursos naturais. “...Hoje eu quero exercer o papel de controlador e

regulador dos recursos naturais, porém me faltam educação e os meios por onde exercer a função.

Estou de prontidão e de pronta ação...”

e) Idéia central número 5

Preferência pelos recursos industrializados a práticas tradicionais.

Insatisfação com o Governo.

Expressão-chave

Em termos culturais, as populações tradicionais, que ainda reconstroem o

cotidiano coletivo baseando suas etnias na estrutura extrativista tradicional de

subsistência, estão sujeitas ao exaustivo processo extrativista devido ao alto grau de

exclusão social, encontrado nas regiões da APA de Guaratuba; essas pessoas

demonstram que já não têm tanto apreço pelos conhecimentos de seus

antecessores, mas ainda sim obrigam-se a utilizá-los. A relação que os entrevistados

apresentam com a parte governamental que reflete a carência de subsídios e

atitudes que envolvam, conscientizem e promovam uma intervenção contínua na

comunidade, a fim de prover a melhoria pela atitude de todos os envolvidos para o

bem ambiental e cultural.

DSC número 5

Eu vivo aqui e gosto de viver aqui, e isto é certo. Mas também gosto de consumir

produtos originados das cidades, consumir as facilidades dos grandes centros urbanos, sem

Page 83: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

77

ter que ficar sofrendo dentro da Floresta Atlântica. Na floresta, os recursos ainda estão

disponíveis, e são maravilhosos, porém é muito difícil o translado na floresta. Eu gostaria que

o Governo me ajudasse, e aos integrantes aqui da comunidade onde vivo, oferecendo meios

para que nós, aqui da APA de Guaratuba pudéssemos desfrutar de certas facilidades dos

meios industrializados. Com certeza, muitos de nós, já não realizariam o extrativismo,

aceitando a troca pelos recursos industrializados. O Governo e os políticos poderiam e

deveriam, exercer a voz do povo, aqui pela APA de Guaratuba também. Eles vêm e passam,

sempre muito rápido, e a parte assistencial tanto com a natureza, quanto com a sociedade,

sempre fica pra depois. O nosso relacionamento com o Governo e os políticos, deveria ser

baseado na confiança e no bom entendimento entre as partes. Eu e minha família, minha

comunidade, e também meus parentes que moram aqui na APA de Guaratuba, queremos

participar. Mas principalmente ser ouvidos e conhecer os projetos dos políticos e do Governo

aqui para nossa região. Eu gostaria que houvesse alguma forma de comunicação facilitada, e

pronto atendimento para os problemas com a natureza, e para as carências das pessoas que

assim como nós, aqui da minha comunidade, vivemos aqui na APA de Guaratuba.

Discussão do DSC número 5

O DSC n° 5 segue a linha de pensamento onde as sociedades do

campesinato da APA de Guaratuba, já marginalizadas pela moderna sociedade atual

apresentam aptas a mudanças em favor de seu habitat, sendo estas mudanças bem

aceitas quando propostas pela sociedade externa. Segundo Ribeiro (1987), é a

visão holística contra a corrente da modernização, que tenta se opôr ao inevitável

final marginalizado e empobrecido do sistema estabelecido atualmente. “Eu vivo aqui e

gosto de viver aqui, e isto é certo. Mas também gosto de consumir produtos originados das cidades,

consumir as facilidades dos grandes centros urbanos, sem ter que ficar sofrendo dentro da Floresta

Atlântica...”

Segundo Diegues (2000a, b), o saber tradicional só começou a ser valorizado

no decorrer das últimas décadas e, principalmente, a partir dos anos 80, que se

tornou ainda mais relevante para intervir na crise ecológica. É importante conhecer

práticas e representações de diferentes grupos tradicionais, pois estes conseguiram

executar planos primitivos de manejo sobre os ecossistemas ao longo do tempo.

Além de compartilhar sabedoria popular com conhecimento científico do meio

natural, a diversidade cultural em si é valorizada ao se estudar os processos

primitivos de desenvolvimento.

Diegues (2000a, b) consideram as políticas aplicadas para este processo de

inserção social e econômica tiveram na verdade efeitos localizados, que jamais

Page 84: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

78

alteraram a posição de subordinação política, econômica e, sobretudo, cultural do

campesinato na sociedade rural brasileira. “...Eles vêm e passam, sempre muito rápido, e a

parte assistencial tanto com a natureza, quanto com a sociedade, sempre fica pra depois. O nosso

relacionamento com o Governo e os políticos, deveria ser baseado na confiança e no bom

entendimento entre as partes. Eu e minha família, minha comunidade, e também meus parentes que

moram aqui na APA de Guaratuba, queremos participar...”

Ribeiro (1987) relata que o aspecto mais complexo de todos foi a

marginalização cultural das sociedades tradicionais, que teve suas origens

escravistas e senhoriais da sociedade brasileira, e sempre desqualificaram

socialmente as pessoas que viviam do seu próprio trabalho. Segundo a cronologia

dos acontecimentos industriais, a expansão tecnológica na agricultura foi o próximo

passo que agravou ainda mais a marginalização das sociedades tradicionais, que

perdem espaço na mão de obra da lavoura para a automatização da colheita.

Conforme relata o Banco Mundial (2003) as populações tradicionais contam

com o apoio de iniciativas federais. Projetos nesta área são uma tentativa do

Governo Federal expressar sua preocupação com as populações tradicionais, que

são uma parte importante do mosaico de soluções necessárias para a promoção da

proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável em regiões de florestas

tropicais. Na APA de Guaratuba, até o presente momento, não há qualquer apoio

de iniciativa federal.

Segundo CNPq (2001), sem o conhecimento de práticas sustentáveis, as

áreas naturais, sujeitas a essa condição lucrativa, tendem a desaparecer muito

rapidamente. O Banco Mundial (2003) propõe como idéia, que as unidades de

conservação poderiam envolver as comunidades tradicionais em sua proteção e

gestão, desenvolvendo um novo modelo de conservação e desenvolvimento

comunitário. “...Eu gostaria que houvesse alguma forma de comunicação facilitada, e pronto

atendimento para os problemas com a natureza, e para as carências das pessoas que assim como

nós, aqui da minha comunidade, vivemos aqui na APA de Guaratuba...”

4.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

Essa parte dos resultados dois subitens principais e dezoito alíneas que

diagnosticam os impactos existentes na Área de Proteção ambiental de Guaratuba.

O primeiro apresenta a descrição dados utilizados para a construção dos mapas SIG

preliminares, e sua referente utilização em campo, e técnicas SIG de confirmação do

Page 85: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

79

dados. O segundo é referente a construção dos mapas finais, apresentando nas

seqüentes dezoito alíneas a descrição minuciosa georeferenciada que diagnostica

os impactos ambientas decorrentes na APA de Guaratuba.

4.3.1 Mapas Preliminares

Segundo Camargo (1999), Burrough e Mcdonnel (1998) e Bolstad (2002) o

termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) é utilizado para designar sistemas

que realizam o tratamento computacional de dados geográficos. O SIG apresenta

três critérios básicos de utilização.

O primeiro critério é a utilização do SIG como ferramenta de confecção de

mapas, por intermédio de ferramentas virtuais disponíveis em software. Durante esta

pesquisa, a confecção dos mapas preliminares foi a primeira etapa. Os mapas

preliminares foram confeccionados para utilização em campo, como ferramenta de

localização geográfica, e para avaliação interpretativa das composições coloridas

dos dados matriciais preliminares (ANEXO C, ANEXO D, ANEXO E, ANEXO F). A

imagem utilizada foi fornecida pelo programa de compartilhamento de base GEOM

(Núcleo de Geomática Unicenp) e Engesat, sendo proveniente do satélite Landsat

7/2002. A composição colorida variada do dado matricial e a pré-identificação foram

gerada no SIG. Esta identificação da escala de variação das cores do dado matricial

apresenta uma característica fundamental que é a confirmação em campo. Durante

a fase de campo foram gerados 239 pontos de descrição da paisagem, tornando

assim confiável a descrição dos dados para os mapas finais.

4.3.2 Mapas Finais

O segundo critério básico para a utilização SIG, de acordo com Camargo

(1999), Burrough e Mcdonnel (1998) e Bolstad (2002), foi o suporte para análise

espacial, e na presente pesquisa foi a parte de confecção dos mapas finais de

remoção total da cobertura vegetal original da APA de Guaratuba. No momento da

confecção dos mapas finais que foram calibradas as legendas dos mapas, com o

dados adquiridos durante a fase de campo. Os mapas contêm a descrição do

terreno e seus impactos ambientais mais aparentes.

Page 86: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

80

Com a massa de dados gerados em campo pelo GPS, que corresponde a um

total de 239 pontos (ANEXO G), com anotações de descrição da paisagem. Os

mapas finais da região foram desenvolvidos a partir destes dados, o que possibilitou

a interpretação e transcrição de características naturais e de alteração com a

precisão necessária, para torná-los um documento de registro das condições

ambientais da área. Sobre os mapas finais, segue a descrição para interpretação

dos dados obtidos pelo SIG.

O mapa 002 (ANEXO I), apresenta uma visualização do set da imagem de

1:300.000, com a composição colorida 4, 7, 2, apresenta legenda de descrição

geográfica da região visualizada, cores de formação da imagem, atributos de

descrição da paisagem. A legenda de atributos de descrição da paisagem foi gerada

a partir dos dados capturados com o GPS. Para a legenda de descrição geográfica

da região colocou-se o norte próximo ao texto servido como orientação da legenda.

Alguns dos trechos de descrição de atributos da paisagem ficam sobrepostos neste

primeiro mapa devido à visualização muito ampla, estes são fielmente descritos nos

mapas com visualização mais restrita (ANEXO J, ANEXO K, ANEXO L).

Estas considerações são válidas para os Anexos I, Anexo J, Anexo K, Anexo

L, sendo que a descrição quanto aos elementos da legenda de cores de formação

da imagem não pode descrever todas as cores apresentadas na composição

colorida, pelo fato de não ter sido registrado com o GPS. Ainda existem incertezas

sobre algumas áreas no mapa. A classificação de cores é de interpretação para uma

composição geral. Cores isoladas e distantes dos ícones de atributos para descrição

da paisagem devem ser consideradas como havendo um maior grau de incertezas

sobre a representação real da cor descrita no mapa.

Segundo Burrough e Mcdonnel (1998) e Bolstad (2002), as imagens podem

apresentar erros no decorrer do processo ocasionados por degradações

radiométricas decorrentes dos desajustes na calibração dos detectores e erros

esporádicos na transmissão dos dados, interferência atmosférica e distorções

geométricas.

Os mapas 0002_001 (ANEXO J) e 0002_002 (ANEXO K) são uma

visualização do set da imagem em escala 1:100.000, e o 0002_003 (ANEXO L) em

escala 1:50.000. Os mapas mencionados neste parágrafo são de composição

colorida 4, 7, 2, apresentando legenda de descrição geográfica da região

visualizada, cores de formação da imagem, de atributos de descrição da paisagem.

Page 87: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

81

A legenda de atributos de descrição da paisagem foi gerada a partir dos dados

capturados com o GPS.

Analisando-se as informações do dado matricial, com referente confirmação

em campo, obtém-se a descrição das formas de pressão antrópica que impactam na

região.

a) Impacto 1 - Represa do Vossoroca - Localizada a noroeste dos pontos

25°50’0’’S e 49°50’0’’W. As proximidades da represa podem ser notadas nos mapas

0001_001 e 0002_001 (ANEXO D e ANEXO J) e apresentam áreas densamente

urbanizadas representadas na cor verde (segundo a legenda de cores do mapa,

podem ser áreas com remoção total da cobertura vegetal). Essa preferência por

urbanizar áreas em proximidade da represa, provavelmente, deve-se ao fato do lago

exercer um grande potencial de lazer e turismo. As regiões, que são densamente

antropizadas ou apresentam a população flutuante para a utilização durante breves

períodos, estão sujeitas a receber grande quantidade de resíduos provenientes da

alimentação e estadia das pessoas. Para que possa ocorrer o translado das pessoas

é necessária a construção de ruas, isto é um fato, que gera um impacto direto de

fragmentação dos remanescentes e também facilita o acesso às práticas

extrativistas.

b) Impacto 2 - Rodovia BR 277 - Localizada na APA de Guaratuba a partir

do ponto 25°50’0’’S a extremo oeste do mapa 002 (ANEXO I), e representada por

uma linha na coloração verde (remoção total da cobertura vegetal, segundo legenda

do mapa). No mapa 0002_001 (ANEXO J), a rodovia percorre o trecho representado

pelos pontos 2, 3, 4, 5 e 35, onde a linha verde segue para o sudeste cruzando

ponto 25°55’0’’S e 48°55’0’’W. A rodovia pavimentada de grande tráfego de veículos,

além de facilitar o acesso a regiões naturais agora fragmentadas, também é

responsável pela morte de muitos animais que são obrigados a cruzar a rodovia em

busca de território com objetivo de alimentação, acasalamento, etc. Outra

característica importante é que novas populações podem surgir em busca do

comércio lindeiro, instalando-se nas beiras da rodovia e alterando profundamente as

regiões de Floresta nas proximidades. Por ser uma região de altitude, é considerada

uma área montana, sendo representada nos mapas preliminares 0001_001 de

variação de vegetação em área montana e submontana (ANEXO D e ANEXO E). A

Page 88: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

82

região das proximidades da rodovia tem uma alteração significativa na qualidade da

vegetação; quanto mais claros forem os tons, em qualquer um dos mapas, em área

montana, considera-se mais preocupante a situação, por representar uma baixa

densidade na vegetação, situação oposta a florestas bem conservadas em área

montana, com tons escuros.

Segundo Unicenp (2007), as preocupações principais da concessionária que

administra o pedágio da estrada que fragmenta a APA de Guaratuba, com relação

aos impactos ambientais, são evitar acidentes que causem impactos ambientais e

promover ações de educação ambiental, como, por exemplo, o projeto Ecoviver. O

Projeto Ecoviver tem o objetivo de multiplicar a conscientização do problema do

acúmulo e da geração de lixo, e como é possível contribuir para a redução dos

resíduos, diminuindo seu impacto destrutivo no meio ambiente. A estratégia é a de

despertar a consciência e a iniciativa dos educadores em relação ao papel que

exercem na formação da consciência ecológica das crianças. Os alunos e

professores são incentivados a assumir a posição de protagonistas, passando a ser

agentes de transformação dentro de suas comunidades (ECOVIVER, 2007). Com os

recursos provenientes deste meio lucrativo de manutenção das estradas, seria

conveniente a implantação de um programa sério de monitoramento e

reflorestamento de áreas naturais localizadas a circunvizinhança da rodovia.

Justamente estas áreas são demonstradas no mapa como áreas degradadas.

c) Impacto 3 - Circunvizinhança da Cidade de Garuva - A cidade de

Garuva fica localizada a sudoeste do ponto 26°0’0’’S e 48°50’0’’W, e sobre os

pontos 36, 37 e 157 ADP no mapa 0002_002 (ANEXO K). O acesso para os

interiores da APA de Guaratuba é realizado por Garuva, que também é a cidade do

escoamento da produção agrícola da região. As áreas naturais representadas pelo

dado matricial nos mapas mostram um estado de degradação composto por tons

claros das cores vermelha, amarela, verde e azul.

Sobre a área de influência da Cidade de Garuva é possível demonstrar essa

degradação com maior intensidade seguindo a trajetória dos pontos 41 até 59,

porque é uma região que apresenta grande alteração na vegetação em forma de “V”,

apontando para o interior da APA, representação que pode significar que a área de

influência realmente é a de Garuva. Essa região compreende a face leste da Serra

do Araraquara; nesse trajeto, que vai do ponto 41 até 59, pode-se evidenciar área

Page 89: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

83

com remoção total da cobertura vegetal dentro da APA de Guaratuba, com

inclinação do relevo superior a 45°, e até os cumes de pequenos morros totalmente

desprovidos de vegetação original.

d) Impacto 4 - Cultivo de banana e arroz - Com ampla distribuição sob

influência da área da Cidade de Garuva e da Colônia Cubatão. As áreas agrícolas

são representadas no dado matricial dos mapas finais como colorações com

variações entre amarelo e vermelho.

A plantação de arroz em determinadas fases do cultivo apresenta uma região

inundada totalmente descoberta de vegetação, representada no dado matricial como

colorações de azul e verde dentro da área de influência de Garuva (localizada ao sul

do 26°00’0’’S e 48º’50’0’’W e estendendo-se para noroeste até a altura do paralelo

25°55’0’’S).

As áreas de cultivo da banana são abundantes e em determinados pontos

apresentam inclinação do terreno superior a 45°. Existem áreas como as de

proximidade do ponto 41 de atributos de descrição da paisagem (ADP) do mapa

0002_002, que apresentam morros totalmente cobertos pela plantação de banana.

A plantação de banana requer a remoção da cobertura vegetal original de

grande porte e, em muitas vezes, é realizada até a remoção total da cobertura

vegetal original, como método de prevenção a pragas e infestações de animais

silvestres.

As plantações de banana são constantemente monitoradas, e animais

silvestres que se alimentam dessa fruta devem ser eliminados, segundo o

conhecimento de manejo do bananal. Pode-se afirmar que a redução das áreas

naturais no interior da APA de Guaratuba deve-se ao aumento das áreas de

influência agrícola, como, por exemplo, no ponto 61 de atributos de descrição da

paisagem, situado exatamente sobre o paralelo 25°55’0’’S, onde uma área de cultivo

de banana apresenta características de formação em “V”, típicas das áreas da APA

de Guaratuba que apresentaram grande pressão antrópica, com a área de influência

da Cidade de Garuva e da Colônia Cubatão.

As plantações de arroz requerem a remoção total da cobertura vegetal

original e posterior alagamento das áreas, alterando totalmente as condições

ambientais de áreas como, por exemplo, próximas aos pontos 47 e 48 ADP.

Page 90: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

84

É igualmente importante destacar que no percurso que vai do ponto 44 até o

ponto 55 existe um cinturão verde beirando o Rio São João, na margem oeste, que

impede a visualização, da estrada, do cultivo de arroz à margem leste do rio, onde

existe uma extensa área desse cultivo com formação em “V”.

Segundo Teixeira (2005), o Plano de Manejo da APA de Guaratuba segue a

linha de expansão da área de cultivo e elevação da produtividade média das

lavouras de arroz e banana. Isto é um resultado de investimentos comerciais,

tecnológicos em razão de benfeitorias no cultivo e para o acesso ao mercado.

A lavoura de banana apresentou, segundo dados do IBGE levantados por

Teixeira (2005), um aumento da área plantada para o Estado, para a microrregião

geográfica de Paranaguá, que agrega a APA de Guaratuba e demais municípios do

litoral paranaense. A maior expansão foi verificada no município de Guaratuba, onde

a área plantada apresentou crescimento de 120,23% nos períodos compreendidos

entre os anos de 1992 (840 hectares) e o ano de 2000 (1850 hectares). O Município

destacar-se no cenário estadual como principal produtor da fruta, com participação

no ano de 2000 de 20,61% sobre o total produzido no Estado.

Segundo Teixeira (2005), o Plano de Manejo da APA de Guaratuba constata

que o cultivo da banana é um meio agrícola muito importante para a economia

regional, provendo sustento para as comunidades situadas ao longo da estrada

Limeira-Cubatão. O Plano de Manejo da APA de Guaratuba relata na região da

Estrada Limeira-Cubatão que existem muitos plantios sobre Áreas de Preservação

Permanente, sendo estas formadas por regiões ciliares, regiões de inclinação do

relevo superior a 45° e cumes, totalizando uma área de aproximadamente 579

hectares. O cultivo de banana considerado degradador do meio ambiente, é gerador

de empregos e lucros para os municípios envolvidos. É uma garantia para uma boa

qualidade de vida das pessoas inseridas no processo, por isso é válido ressaltar a

necessidade de técnicas para o desenvolvimento social ecologicamente equilibrado

do cultivo da banana. Também seriam necessárias técnicas de escoamento da

produção com uma logística que favoreça as comunidades da APA de Guaratuba.

e) Impacto 5 – Areal - Localizado sobre o paralelo 25º45’0’’S a leste do ponto

142 ADP e do paralelo 48º45’0’’W, é uma região onde as práticas de manejo

comercial para a extração da areia envolvem técnicas de remoção total da cobertura

vegetal original, e tendo como impactos principais: erosão, assoreamento e

Page 91: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

85

alteração da paisagem. A camada de areia, que é removida para comercialização,

funciona como filtro físico e biológico para as águas subterrâneas, sua retirada

representa a diminuição de importantes funções do ecossistema envolvido

(VALEVERDE, 2007).

O acesso à área definida como areal é impossibilitado por falta de estradas

públicas. Os dados foram confirmados por evidências do ponto 61 ADP que é uma

região de comércio da areia. Rumo a leste do ponto 61 ADP sobre o paralelo

25°55’0’’S, às margens do Rio São João encontrou-se uma área pequena de

extração se comparada com a do ponto 142. Esses indícios de proximidade do rio

em ambos os pontos considerados como extração de areia podem revelar

evidências de um escoamento da produção de areia, utilizando também o transporte

fluvial. Foram encontradas outras áreas menores adjacentes à do ponto 142 ADP,

localizadas a sul do paralelo 25º45’0’’S. A representação matricial para interpretação

é válida para regiões de planície litorânea, uma vez que a mesma variação de

tonalidade de verde pode ser encontrada no planalto com diferentes características.

f) Impacto 6 - Criação de gado - Ocorre em diversas áreas da APA de

Guaratuba, e com maior expressão pela grande área clara a leste do ponto 149 e

160 ADP. Essa pastagem ocupa o interior de um vale quase inteiro. Pode ser bem

observada nos mapas preliminares de variação de vegetação em área montana e

submontana; devido à intensidade de cores ao redor da grande mancha clara, é

evidente que a área de influência da pastagem atinge o cume da Serra a oeste.

Essa pressão pode ser proveniente da necessidade de insumos para construção de

estábulos e cercas. Também pode ser pelas facilidades de deslocamento que a

rodovia de escoamento da produção da pastagem oferece ao extrativismo.

Outra forma de exercer pressão além da remoção total da cobertura vegetal

para substituição por pasto é a compactação do solo, devido ao constante

deslocamento dos bovinos enquanto pastam.

g) Impacto 7 – Alteração na qualidade da vegetação nas proximidades

das rodovias BR 277 e de acesso à Colônia Cubatão, característica das rodovias

que exercem forte pressão e por diferentes formas. A facilidade de acesso é uma

característica direta da rodovia de acesso ao Colônia Cubatão e serve para o

escoamento dos insumos florestais. Alterações antrópicas do ambiente natural que

Page 92: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

86

devem ser consideradas com relação ao trânsito de veículos, nessa rodovia, são o

pó que levanta do chão e dispersa suas partículas ao longo das margens florestadas

da rodovia, bem como as emissões dos veículos.

À leste do percurso que vai dos pontos 37 até 165 ADP, encontram-se na

ordem de sul para norte a Serra do Araraquara (divisa com Garuva), a Serra do

Cubatão e a Serra do Guaraparim. Elas formam a porção sudoeste de serras

interioranas da APA de Guaratuba, a leste da BR 277, estendendo-se até o Rio

Limeira no ponto 165, onde se encontram com a Serra do Prata. As rodovias

também são a facilitação de novos caminhos dentro da floresta, ou o encurtamento

de caminhos antigos mais longos.

A alteração ambiental entre os meridianos 48°55’0’’W e 48°50’0’’W e sobre o

paralelo 25°55’0’’S possivelmente seja uma trilha de ligação entre as rodovias, uma

ligação tradicional entre a BR 277 e a estrada da Colônia Cubatão. Essa área pode

ser considerada de extração e sob forte influência de ambas as estradas, tanto a

leste quanto a oeste, já que as áreas urbanizadas são reduzidas na proximidade da

suposta trilha de ligação, presumindo-se que é devido à pressão exercida pela

facilidade do deslocamento nas rodovias. Essa pressão já se pode notar, segundo a

variação da coloração do dado matricial nos mapas preliminares de variação da

vegetação em área montana e submontana, que é de grande impacto. Regiões

como essa podem ser percebidas facilmente nos mapas preliminares de variação da

vegetação em área montana e submontana, como por exemplo, a região sobre o

ponto 48°50’0’’W e 25°40’0’’S que apresenta uma coloração bem distante dos tons

escuros que deveriam compor áreas montanas. Provavelmente essa seja uma

região sob a influência extrativista da Colônia da Limeira e da Cidade de Morretes

(localizada ao norte do mapa 002 [ANEXO I] sob o meridiano 48°50’0’’W e ao norte

do paralelo 25°30’0’’S, com uma área de influência na representação matricial entre

os paralelos 25°30’0’’S e 25°35’0’’S e os meridianos 48°55’0’’W até 48°45’0’’W).

h) Impacto 8 - Alteração na vegetação nas proximidades da rodovia

Máximo Jamur – É a rodovia de ligação da BR 277 até a Cidade de Guaratuba que

compreende a trajetória dos pontos 168 até 185 ADP. A rodovia apresenta áreas

com bom estado de conservação, com exceção do lado sul, área de influência que

apresenta formação em “V” entre os pontos 170 até 174 ADP. Ao norte entre os

pontos 176 até 179 há áreas de acesso a regiões da planície que apresentam

Page 93: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

87

alterações significativas (em coloração verde - remoção total da cobertura vegetal

original, em sobreposição ao alaranjado de cobertura vegetal original, no mapa 002

[ANEXO I]).

i) Impacto 9 – Urbanização - Fortemente evidenciada a partir do ponto 183

com inicial formação em “V” até altura do ponto 184 ao sul da rodovia Máximo

Jamur, com ruas paralelas e perpendiculares, redução das áreas verdes naturais e,

em muitos dos caso, a substituição por plantas exóticas ocupando o espaço da flora

nativa. Traçando-se uma linha reta entre o ponto 184 e 236 ADP, encontra-se a

região de manguezais, cabeceiras e nascentes do Rio Boguaçu. A região do ponto

236 até 238 ADP é muito recente de remoção da cobertura vegetal original e os

loteamentos em muitos casos ainda estão em condição nativa de regeneração de

vegetação. As árvores de grande porte foram retiradas, foram feitas ruas e quadras

e, provavelmente por falta de comercialização dos loteamentos, a vegetação voltou a

crescer. A extremo oeste sob o ponto 236 ADP é a região de manguezal que pode

estar sofrendo aterramento, segundo a disposição da mancha verde de urbanização,

representada no dado matricial. A região de urbanização coloca-se sobre a região

de manguezal, estendendo-se pelas margens por um trecho equivalente a 300

metros. Outras áreas adjacentes abaixo do paralelo 25°55’0’’S a nordeste do ponto

136 ADP também apresentam formações aptas a receberem ruas de urbanização.

Segundo Sweeting (1994), a principal conseqüência da urbanização aos rios

é a poluição. Segundo o autor, à medida que as comunidades da circunvizinhança

aumentam, os rios não conseguem assimilar crescentes cargas de poluentes,

tornando-se necessário o tratamento dos efluentes das áreas urbanizadas. Do

contrário ocorre prejuízo na qualidade da água, e do rio como em todo o seu

ecossistema, reduzindo a qualidade de utilização nos diferentes usos, como por

exemplo, para consumo humano, extrativismo, diversão, uso agroindustrial.

A região que compreende os pontos 188, 229, 230 e 231 ADP, é semelhante

à do ponto 236 ADP, onde é possível que, por falta de compradores para os

loteamentos, a vegetação possa voltar a servir como habitat da fauna da região. As

ruas e as quadras existem entre as áreas remanescentes fragmentadas.

A partir do ponto 189 até os pontos 200 e 201, está a grande mancha clara

que representa matricialmente a cidade de Guaratuba que, como em cidades que

Page 94: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

88

não possuem planejamento de crescimento, ocorre o chamado crescimento

espontâneo, segundo as condições de relevo e reação às intempéries.

j) Impacto 10 – Alteração na qualidade da floresta ciliar, cabeceiras de

rio e nascentes da margem sul da baía na região do Rio Boguaçu e do

Boguaçu Mirim - O rio Boguaçu tem as nascentes ao norte dos pontos 181 até 184

ADP, e seus dois afluentes menores sob o paralelo 25°55’0’’S encontram-se

formando o Boguaçu, que deságua na baía. O ponto 184 ADP é uma região cujo

limite de nascentes não está sendo respeitado e, segundo o dado matricial, pode-se

observar o aterramento do manguezal, no ponto 236 ADP que também é área de

nascentes do Boguaçu.

Uma situação semelhante que ocorreu com o aterramento do manguezal até

as margens do Rio Boguaçu Mirim, em anexo leste do Boguaçu. O Boguaçu Mirim

apresenta duas regiões de densa urbanização, que são exatamente dois bairros

tradicionais da Cidade de Guaratuba. Partindo do ponto 236 rumo a noroeste, a

primeira e menor área de urbanização densa é o Bairro do Mirim. Rumo mais a

noroeste e às margens da baía, é localizado o Bairro de Piçarras.

k) Impacto 11 – Alteração na qualidade da floresta ciliar, cabeceiras de

rio e nascentes da margem sul da baía de Guaratuba – Considera-se a região

dos rios Empanturrado (localizado logo a oeste do meridiano 48°40’0’’W e paralelo

25º54’0’’S), Descoberto (localizado logo a oeste do meridiano 48°42’0’’W e rumo ao

norte pelo paralelo 25º53’0’’S), São Joãozinho (localizado entre o meridiano

48°43’0’’W e 48°44’0’’W e rumo ao nordeste, onde deságua na baía) e São João.

Existem muitos córregos e nascentes na região. A margem sul da baía apresenta

muitas áreas com remoção total da cobertura vegetal da região. Segundo o dado

matricial, existem duas estradas sob a altura dos pontos 179 e 175 ADP, de ligação

entre a rodovia Máximo Jamur e a região de influência sobre a margem sul da baía.

A estrada, que facilita o deslocamento a regiões remotas e o extrativismo, tanto

comercial quanto de subsistência, começa na rodovia Máximo Jamur, fazendo a

ligação pela região do Rio Descoberto até as margens do Rio Empanturrado, do Rio

Descoberto, seguindo até a região da nascente do Rio São João (localizado ao sul

do paralelo 25°54’0’’S e a oeste do meridiano 48°45’0’’W). Esse conjunto

hidrográfico da margem sul é motivo de preocupação se comparado com a margem

Page 95: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

89

norte da baía. A margem sul apresenta indícios com formações antrópica em “V” que

podem vir a se transformar em grandes áreas com remoção total da cobertura

vegetal original.

Com relação aos manguezais da margem sul, segundo o dado matricial do

mapa preliminar de variação da vegetação em manguezal, sua condição é

preocupante do ponto de vista que apenas as margens da baía apresentam

coloração escura, sendo os interiores dos manguezais da margem sul, de maneira

geral, apresentam uma baixa densidade de vegetação constatada pelo tom claro no

dado matricial. A região clara representa áreas onde a vegetação é secundária.

Trata-se da característica marcante das áreas da APA de Guaratuba, que tem por

objetivo realizar o extrativismo ou a remoção da cobertura vegetal sob a proteção de

um cinturão verde que, para esse caso, obstrui a visão de quem passa em

embarcações.

l) Impacto 12 - Alteração na qualidade da floresta ciliar do Rio Cubatão -

O rio Cubatão é formado pelos rios Arraial e Castelhanos (que têm as nascentes a

oeste do meridiano 48º54’0’’W, sendo em posição sul do paralelo 25°45’0’’S a

nascente do rio Arraial, e a do rio Castelhanos localiza-se a norte deste paralelo).

O rio Arraial tem a jusante uma região ocupada por florestas ciliares,

passando às margens da Fazenda Guaricana e rumando até a altura do ponto 101,

onde se encontra com o rio Castelhanos, formando o rio Cubatão.

O rio Castelhanos percorre um trajeto que passa pelo interior da Colônia

Castelhanos (área situada sob o meridiano 48º54’0’’W e paralelo 25º48’0’’S), e tem

uma floresta ciliar de boa qualidade, apresentando apenas uma região descoberta

nas coordenadas 48º53’0’’W e 25º48’0’’S.

É provável que em determinada região da extensa área de cultivo da Colônia

Cubatão seja utilizado algum agrotóxico ou algum produto químico de recomposição

do nitrogênio do solo. Se isso ocorre, é inevitável que a lixiviação carregue para o rio

Cubatão grandes quantidades de substâncias químicas, interferindo diretamente

sobre a qualidade da vida aquática.

O rio Cubatão tem o percurso no vale formado pelas serras do Guaraparim ao

sul e do Cubatão ao norte. A região de encontro dos rios no ponto 101 ADP até a

região do ponto 75 ADP, pode ser considerada em bom estado de conservação.

Todavia, os dados matriciais demonstram que a continuidade do rio até a baía, e

Page 96: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

90

mais especificamente sobre as coordenadas 25°49’0’’S e 48°53’0’’W e arredores,

apresentam áreas com matas ciliares totalmente removidas sob ordem da

especulação agrícola, voltando a apresentar floresta ciliar nas proximidades de onde

deságua, na porção oeste da margem norte da baía de Guaratuba.

m) Impacto 13 - Alteração na qualidade da margem leste do Rio Cubatão

da porção final que segue a jusante ao norte – A área está localizada a 25°50’0’’S

até 25°49’0’’S e sobre o meridiano 48°43’0’’W. Na região, segundo o dado matricial,

começa a ocupação sobre a floresta ciliar, representada pelas manchas claras

próximas, e em algumas regiões encostadas às margens do rio. Segundo a

coloração amarelada representada no mapa 0002_002 (ANEXO K), é possível que a

área seja uma ocupação do cultivo da banana.

n) Impacto 14 - Alteração na qualidade da vegetação no manguezal da

margem norte da Baía de Guaratuba - É possível estabelecer uma linha pelo

paralelo 25°51’0’’S e pelos meridianos 48°44’0’’W até 48°33’0’’W para determinar a

região da Baía de Guaratuba, dividindo a área segundo orientação do paralelo

25°51’0’’S, com margens ao sul e ao norte.

A margem norte pode ser dividida em três regiões: a margem noroeste, a

centro-norte e a nordeste:

- a margem noroeste é composta pelos principais rios: Cubatão, Guanchumo,

dos Patos, das Palmeiras, das Pedras e do Meio;

- a margem centro-norte é formada pelos rios: das Laranjeiras, André Gomes,

Quilombo e das Ostras;

- a margem nordeste é composta por três principais rios, uma rede de canais,

ilhas e os manguezais das Colônias Cabaraquara e Salto do Parati: Rio Seco, Rio

Barigüi, com sua rede de canais, e Rio Fundo; e as maiores ilhas do complexo

estuário, da margem norte porção nordeste, da baía de Guaratuba: Ilha do Araçá

(48°37’0’’S e 25°52’0’’W), Ilha do Capinzal (48°35’0’’S e 25°51’0’’W) e Ilha do

Estaleiro (25°50’0’’S e 48°35’0’’W).

A extremo oeste da baía, a margem norte, como um todo, em associação com

a margem sul, apresenta a Lagoa do Parado (localizada a 48°43’0’’W e 25°53’0’’S),

apresenta uma região de floresta em um bom estado de conservação, embora com

problemas em relação à floresta ciliar Rio do São Joãozinho na margem sul.

Page 97: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

91

No geral, as condições da margem noroeste são boas, considerando-se como

critério de avaliação a remoção total da cobertura vegetal. Entretanto, considerando-

se as variações do dado matricial da vegetação do manguezal dos rios da porção

noroeste, é possível que a vegetação esteja em um estágio de regeneração pouco

avançado, com muitas áreas de remoção total da cobertura vegetal; exercendo

pressão na porção centro-norte no Rio das Laranjeiras, que também apresenta uma

área de degradação evidente no interior afastado da margem ao centro da baía.

Esses dados, na representação matricial do mapa preliminar 0001_001 de

variação de vegetação em área de manguezal (ANEXO F), são as colorações mais

claras em disposição central sobre os tons de roxos mais escuros, da porção

noroeste da margem norte da Baía de Guaratuba. Em alguns locais há um longo

cinturão de manguezal, que serve como muro de proteção visual em relação ao

monitoramento realizado por embarcações; em outros, o espaço diminui até poucos

metros (como por exemplo, em 48°42’0’’W e 25º51’0’’S, onde as margens são

preservadas).

A região de manguezal, compreendida pelos rios da Laranjeira e André

Gomes e Quilombo da porção centro-norte da margem norte da Baía de Guaratuba,

apresenta o melhor estado de conservação da região, segundo os dados matriciais,

considerando a descrição da variação de vegetação como um todo, à exceção da

porção de manguezal a extremo norte dessa área, que ainda apresenta evidências

da pressão exercida por toda a porção noroeste. Localizada no extremo norte dos

manguezais, a área de degradação é representada pelas colorações mais claras.

A região entre o Rio Quilombo e o Rio das Ostras, segundo o dado matricial,

também apresenta um bom estado de conservação, exceto pelos tons mais claros

que, quando melhor observado, demonstra que a região de coloração clara mantém

o mesmo padrão de ser afastada da borda, o que leva a acreditar que possui

procedência antrópica.

A partir do Rio Seco (48°37’0’’W / 25°50’0’’S), traçando uma linha até a

Colônia Cabaraquara (48°34’0’’W / 25°50’0’’S), que apresenta os manguezais a

extremo nordeste e em paralelo com a Colônia Salto do Parati (25°47’0’’S /

48°37’0’’W), é a região determinada de margem nordeste da Baía de Guaratuba. A

degradação é evidenciada pelos tons claros. Embora muitas áreas apresentem os

padrões de obstrução visual para as embarcações, é uma região de colonização

muito antiga, e em algumas áreas a remoção total da cobertura vegetal ocorre na

Page 98: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

92

margem, como, por exemplo, na Ilha do Estaleiro em sua margem sul (representada

pelo mapa 0001_001 de variação da vegetação em área de manguezal [ANEXO F],

como tons de verde sobre o roxo das margens nordeste da ilha).

A região do Rio Seco e do Rio Barigüi é uma grande área em tons de amarelo

no mapa 0001_001 de variação da vegetação em área de manguezal (ANEXO F),

que pode representar a remoção total da cobertura vegetal original; apresenta uma

série de canais que se articulam até desembocarem no Rio Barigüi, que banha a

margem oeste da Ilha do Capinzal. Toda a área de influência do Rio Seco pode ser

considerada, segundo os dados matriciais, como prioridade em conservação, devido

à intensa degradação, demonstrada pela grande quantidade de tons claro existentes

na representação matricial da região no mapa 0001_001 de variação da vegetação

em área de manguezal (ANEXO F). Embora os dados referentes à degradação

representados para a porção noroeste também sejam de igual importância, para este

caso as medidas se fazem mais urgentes. É possível que na maior parte da área de

influência do Rio Seco ocorra remoção total da cobertura vegetal original,

apresentando no dado matricial, tons de verde, que podem representar densidade

demográfica, como, por exemplo, na porção leste da região entre o Rio Seco e o Rio

Barigüi, quase às margens do Rio Barigüi (25°50’0’’S / 48°37’0’’W).

A região da Ilha do Capinzal pode ser dividida em quatro: 1) Região central,

com elementos de colonização humana. 2) Região sul da ilha, apresentando curto

período de regeneração da vegetação. 3) Região norte, em bom estado de

conservação. 4) Região extremo norte, com elementos de colonização

representados pelas cores em tons de verde no dado matricial do mapa 0001_001

de variação de vegetação em área de manguezal (ANEXO F), dispostas nas pontas,

noroeste e sudeste, do lado norte da Ilha do Capinzal.

Erguendo-se com a ponta a extremo oeste, a construção do Iate Clube de

Caiobá (48°34’0’’W / 25°51’0’’S) é a área com forte intensidade de tons azul.

Ao sul do Iate Clube de Caiobá, as regiões de manguezal aparentam algumas

áreas com tons mais claros, o que pode representar indícios de degradação,

segundo a interpretação matricial. As regiões a norte do Iate Clube de Caiobá

apresentam um bom estado de conservação no que diz respeito a manguezais,

embora existam regiões de regeneração mais recentes representadas pelas

diferenças de tons de roxo no dado matricial.

Page 99: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

93

o) Impacto 15 - Alteração da vegetação na face leste da Serra do

Cabaraquara - Região montana compreendida a leste do Iate Clube de Caiobá

sobre os paralelos 25º51’0’’S e 25°47’0’’S. Na região de área montana situada na

face oeste da serra, há um bom estado de conservação, representado pelos tons

escuros nos mapas preliminares de variação da vegetação em área montana e

submontana. Os tons claros do dado matricial dos mapas preliminares de variação

da vegetação em área montana revelam dados de que a face leste da Serra do

Cabaraquara pode estar significativamente degradada, provavelmente sob a

influência da Rodovia Alexandra-matinhos e do Município de Matinhos, que fica

localizado na circunvizinhança leste da serra.

p) Impacto 16 - Alteração da vegetação na circunvizinhança da Serra do

Prata - Situada entre os paralelos 25°35’0’’S e 25°47’0’’S, e entre os meridianos

48°40’0’’W e 48°35’0’’W, com a face noroeste da serra estendendo-se até o

quadrante das coordenadas 25°40’0’’S / 25°35’0’’S, 48°40’0’’W / 48°45’0’’W . A face

leste da Serra do Prata apresenta na região da circunvizinhança tonalidades claras

no dado matricial do mapa 002 (ANEXO I).

Ao sul do paralelo 25°41’0’’S, existe uma área com remoção total da

cobertura vegetal original que se estende desde o meridiano 48°35’0’’W até

48°37’0’’W. Pela coloração das áreas, pode-se presumir que se trata de cultivo de

banana e arroz.

Na face nordeste sobre o paralelo 25º37’0’’S, as regiões da remoção total da

cobertura vegetal atingem o cume. A porção norte da face noroeste pode ser

dividida em regiões leste e oeste de influências. Na porção leste existem muitas

áreas que apresentam a remoção total da cobertura vegetal, devido, provavelmente,

ao relevo pouco inclinado, se comparado com a porção oeste, que provavelmente

em função do relevo desfavorável, conteve a área de remoção total da cobertura

vegetal original a uma área restrita, como no vale da porção oeste.

Situada com a região de influência sobre a porção sul da face noroeste e

norte da Serra do Prata, encontra-se a Colônia da Limeira, que segundo os dados

do mapa preliminar de remoção total da cobertura vegetal original, apresenta áreas

degradadas em região ciliar e com ampla distribuição sobre a base da face noroeste.

É pertinente afirmar que existe uma trilha entre a face noroeste e a face norte

(25°37’0’’S / 45°44’0’’W), porque há evidências de alteração na vegetação dos

Page 100: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

94

mapas preliminares de alteração de vegetação em área montana e submontana,

como a grande área clara que se estende de um lado ao outro, região que

provavelmente é utilizada por práticas extrativistas tradicionais.

q) Impacto 17 - Alteração da vegetação da porção noroeste da APA de

Guaratuba - Situada entre os paralelos 25°50’0’’S e 25°35’0’’S, a floresta ombrófila

mista ocorre entre os meridianos 48°52’0’’W e 49°05’0’’W. É a região que

compreende a parte do primeiro planalto paranaense, e à noroeste a cidade de

Curitiba. Na região sudoeste da porção noroeste da APA de Guaratuba está

localizada a Represa Vossoroca (25°49’0’’S / 49°’04’0’’W), que apresenta uma

região em estado mais degradado, com algumas áreas apresentando a remoção

total da cobertura vegetal. Rumo ao nordeste, existem alguns remanescentes ao sul

do paralelo 50 estendendo-se em direção ao paralelo 35, primeiramente com uma

área de características que indicam que pode ser uma comunidade de moradores

(25°47’0’’S / 48°57’0’’W), porque apresenta remoção total da cobertura vegetal, que

acompanha as depressões do relevo, e, também, em algumas áreas de floresta

ciliar. Sobre a altura do paralelo 43 fica a represa Guaricana (25°43’0’’S /

48°58’0’’W), que apresenta uma área de vegetação, com elevado grau de

conservação. Esses dados podem ser representados pelos tons escuros situados à

circunvizinhança da área alagada.

O extremo nordeste da poção noroeste da APA de Guaratuba, é a região

onde a floresta ombrófila mista encontra a influência da PR 376, apresentando

condições similares às da face sudoeste, com algumas áreas de remoção total da

cobertura vegetal original, como, por exemplo, nas coordenadas 48°57’0’’W /

25°37’0’’S, que, pelo padrão da remoção da vegetação, também evidencia uma

região de moradia de pessoas, contendo estradas de acesso, e usufruindo das

facilidades da uma rodovia asfaltada nas proximidades.

r) Impacto 18 – Alteração da vegetação na região que compreende a

Colônia Pedra Branca do Araraquara - Porção da APA de Guaratuba ao sul da

Represa Voçoroca e a leste da BR 277. Considera-se esta região como sendo a

porção a extremo sudoeste da APA de Guaratuba. É possível identificar no mapa

uma grande área que pode apresentar a remoção total da cobertura vegetal original,

segundo a interpretação do dado matricial (25°54’0’’S / 48°52’0’’W); também

Page 101: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

95

considera-se que toda a região de circunvizinhança a esta área, apresenta grandes

alterações ambientais. Essas regiões estão situadas no entre serras, fora do alcance

visual que a estrada oferece (26°01’0’’S / 48°47’0’’W).

4.4 INTERAÇÃO ENTRE DSC E SIG

Essa terceira parte dos resultados foi dividida em três subitens, sendo o

primeiro e o segundo dados que comprovam a existência de uma dualidade na

procedência das informações obtidas por duas ferramentas distintas que interagem,

e o terceiro é a discussão sobre essa interação.

Segundo Burrough e Mcdonnel (1998), Maguire et al (1999) e Gunasekera

(2004), é natural na área de SIG, a obtenção de dados, de maneira a gerar um maior

número de métodos de interpretação, e integração de dados adicionais.

A análise dos dados foi realizada de maneira comparativa com as situações

evidenciadas durante a fase de campo, com dois objetivos que em parceria

poderiam fornecer dados sobre a relação da população e do meio ambiente. O SIG

utiliza, a interpretação sócio-cultural obtida em campo, das condições pertencentes à

massa de dados da pesquisa DSC. Os dados provenientes do DSC devem ser

analisados como um manual semiótico de interpretação cultural das relações

antrópicas, para visualização de maneira holística dos objetos geográficos descritos.

Os dados provenientes do SIG apontam as condições ambientais segundo a

descrição em proporções macro de dimensões e localizações geográficas. E os

dados provenientes do DSC apontam as condições de relação antrópica na APA de

Guaratuba segundo a descrição sócio-cultural.

4.4.1 Interação Número 1 entre SIG e DSC

Remoção Total da Cobertura Vegetal Original - Esse foi o critério básico para

formação dos mapas finais, e é a forma de expressar o cotidiano tradicional que o

DSC número 4 representa (“O incremento do maquinário tecnológico tornou a presença

humana, na Floresta Atlântica, em uma força sobre-humana fazedora de campo. O campo por aqui

na APA de Guaratuba, nós entendemos, como aquela área descampada, onde o trator passou por

cima, e fez o campo”.).

As grandes áreas naturais removidas são pertencentes aos valores culturais

das pessoas que dependem da biota para sobreviver. Todo o conhecimento

Page 102: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

96

adquirido pelas práticas ancestrais, que é representado no DSC número 2 (“Esta

condição natural de vida em um habitat sem as facilidades das cidades é o que determinou o alto

grau de conhecimento sobre a região que eu tenho. Esse meu profundo conhecimento sobre as

belezas naturais e culturais da região, desperta em mim um sentimento de propriedade e zelo”.),

torna-se obsoleto frente às novas tecnologias de manuseio do ambiente natural.

As preocupações com relação à conservação igualmente estão presentes por

entre os integrantes das comunidades tradicionais de Guaratuba, pela decorrente

percepção da diminuição da qualidade das áreas naturais, e incluem-se no DSC

número 2 (“Esse conhecimento adquirido de maneira simples e humilde, que me faz perceber que

temos que cuidar aqui da região, porque antigamente a natureza era infinita, e hoje aqui na nossa

região já se percebe ela finita. A falta de manejo apropriado em anos anteriores já reflete a

devastação causada pelo homem, na natureza aqui da APA de Guaratuba”.).

As comunidades tradicionais reconhecem como prejudicial que as grandes

áreas com remoção total da cobertura vegetal original, são criadas com objetivo de

obter desenvolvimento social e comercial rentável; tornando o ser humano um

elemento comercial inserido na Floresta Atlântica que pode alcançar um potencial

destrutivo muito além do alcance de regeneração da floresta.

As comunidades tradicionais têm hábito extrativista, representado no DSC

número 1 (“Esta é a natureza das pessoas, comer animais e plantas, e já que quando não tenho

condições financeiras, não vou morrer de fome, sendo que a natureza me provê muitas variedades de

recursos naturais deliciosos”.), e é natural a preocupação com relação à preservação

expressada no DSC número 2 (“E pra que isto ocorra, ele tem que querer, e a natureza têm

que existir, pelo menos do que é hoje pra melhor, é isso que desejo”.) , número 3 (“Porque entre os

integrantes da minha comunidade fica mais fácil para quem gosta de proteger a natureza, assim

posso cuidar melhor, dentro da lei, no que cabe a proteção da natureza”.) e número 4 (“Hoje eu

quero exercer o papel de controlador e regulador dos recursos naturais, porém me faltam educação e

os meios por onde exercer a função”.) sobre o habitat.

No DSC número 4 existe uma forte referência à antipatia que a população

tradicional tem com relação às áreas que antes eram floresta e agora são elementos

de uma conexão lucrativa da logística agrícola (“... é contra essa força burocrática fazedora

de campo em especial que quero brigar, porque ela vem aqui faz o campo, planta em cima ou deixa

como campo mesmo, e tira a nossa Floresta Atlântica, eu sei que é muito bonito e lucrativo o campo

pra eles, que são de opinião contrária, mas eu prefiro a natureza como ela é”.).

Essas áreas apresentam grande dispersão dentro da APA de Guaratuba,

segundo a informação da população tradicional, confirmada pelos dados SIG da

Page 103: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

97

APA de Guaratuba. A preocupação em diferentes comunidades tradicionais refletem

os dados SIG que apresentam grandes áreas com remoção total da cobertura

vegetal original. A população tradicional, sem ter o conhecimento dos dados SIG,

confirma o alarmante estado de degradação evidenciado pelas grandes quantidades

de tons claros encontrados em todos os mapas, que são os tons escuros maior

densidade de vegetação, e os tons claros, menor densidade de vegetação (ANEXO

C, D, E, F, I, J, K, L)

As informações provenientes do SIG e do DSC são de procedências

diferentes e apresentando resultados coerentes, o que vem a confirmar o elevado

conhecimento que as comunidades tradicionais têm sobre a região de domínio. Por

exemplo, toda região da planície do Cubatão (25°50’0’’S / 48°50’0’’W) apresenta

populações tradicionais, e estas exercem influência sobre as áreas montanas e

fluviais localizadas em sua circunvizinhança.

4.4.2 Interação Número 2 entre SIG e DSC

Alteração da vegetação em região montana sob área de influência das

comunidades extrativistas da APA de Guaratuba localizadas à circunvizinhança das

Serras do Castelhanos, Araraquara, Pedra Branca do Araraquara, Guaraparim,

Cubatão e Prata. Essas áreas de circunvizinhança das serras citadas apresentam

habitantes com características de população tradicional, podendo ser evidenciadas

nos DSC número 1 (“Os recursos naturais que acessamos escolhendo alguma espécie que

precise em momentos difíceis, ou então quando vier fácil na porta de casa, porque meu pai meu

ensinou que a natureza está nos dando, para nós nos alimentar”.), número 2 (“Esta condição

natural de vida em um habitat sem as facilidades das cidades é o que determinou o alto grau de

conhecimento sobre a região que eu tenho”.) e número 3 (“O ambiente natural correspondente é

fonte de informação, e atua de maneira dinâmica para nós que moramos aqui, nós que conversamos

entre nós e nos conhecemos a tempo.”).

As características extrativistas exercem diversas formas de pressão sobre a

biota, como, por exemplo, a extração seletiva de espécies animais e vegetais, a

ocupação do solo com moradia e lavoura tradicional, a formação de estradas e

trilhas para percorrer o ambiente natural. A associação desses fatores contribui para

uma coloração em tons claros apresentados nos dados SIG dos mapas (ANEXO C,

D, E, F); colorações claras que ocorrem em áreas que seguem a tendência natural

Page 104: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

98

de ocupação e utilização do terreno pelas comunidades tradicionais, situadas em

áreas de relevo e acesso facilitado.

Essas áreas são encontradas nos mapas (ANEXO C, D, E, F) com regiões de

maior intensidade de impacto (tons mais claros), localizadas na base das serras

estendendo-se até o cume das faces adjacentes às áreas de ocupação antrópica,

como, por exemplo, as faces adjacentes da Serra do Pedra Branca do Araraquara e

Serra do Araraquara, na rodovia BR 277, e as faces adjacentes à rodovia de acesso

à Colônia Cubatão, da Serra do Araraquara, Serra do Guaraparim e Serra do

Cubatão. A Serra do Prata tem sua maior influência ocasionada pela facilidade de

acesso e instalação de comércios lindeiro na rodovia Alexandra-Matinhos e PR 376.

Essas áreas apresentam um padrão de alteração da vegetação que começa

com um ponto (podendo ser uma área bem delimitada ou apenas a linha

estabelecendo a rodovia nos mapas) central de influência, onde ocorre a coloração

mais clara para a região, que vem a representar área urbanizada.

Esses dados SIG refletem o que a posição conservacionista do DSC número

2 (“Esse conhecimento adquirido de maneira simples e humilde, que me faz perceber que temos que

cuidar aqui da região, porque antigamente a natureza era infinita, e hoje aqui na nossa região já se

percebe ela finita”.), alerta com relação à diminuição das áreas naturais dentro da APA

de Guaratuba.

A posição, de atitude contra os hábitos extrativistas exaustivos, apresentada

no DSC número 3 (“Porque entre os integrantes da minha comunidade fica mais fácil para quem

gosta de proteger a natureza, assim posso cuidar melhor, dentro da lei, no que cabe a proteção da

natureza. Se isso fosse feito aqui comigo e minha comunidade, com certeza em um breve futuro

haveria grandes melhorias ambientais”.), representa os motivos que levam à degradação

por falta de conhecimento e envolvimento com as questões ambientais das

populações tradicionais, que pode ser evidenciada nos mapas (ANEXO C, D, E, F)

pelas colorações mais claras junto às faces adjacentes das serras próximas às

comunidades.

Essas tonalidades claras nos mapas (ANEXO C, D, E, F) também podem ser

identificadas em regiões de relevo com pouco declive e acesso fácil; conceitos que

estão presentes no DSC número 5 (“Na floresta os recursos ainda estão disponíveis, e são

maravilhosos, porém é muito difícil o translado na floresta. Eu gostaria que o Governo me ajudasse, e

aos integrantes aqui da comunidade onde vivo, oferecendo meios para que nós, aqui da APA de

Guaratuba pudéssemos, desfrutar de certas facilidades dos meios industrializados”.), onde é

Page 105: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

99

descrita a preferência das populações tradicionais por facilidades de translado no

ambiente natural.

A utilização do SIG demonstrou-se essencial para muitas áreas de pesquisa

ambiental na atualidade. O SIG da APA de Guaratuba realizado por esta pesquisa,

permitiu a confecção de mapas que têm características ambientais de variação da

vegetação. Os mapas são um registro ambiental para futuras pesquisas sobre a

região, por demonstrarem a alarmante situação em que se encontra a composição

vegetal e a vida animal na APA de Guaratuba.

4.4.3 Discussão da Interação DSC e SIG

Um critério básico de utilização do SIG, nesta pesquisa foi a impressão dos

mapas finais, onde os itens de armazenamento e recuperação de dados espaciais

se fazem seguros.

Segundo Maguire et al (1999) e Bolstad (2002), a resolução final da imagem

do Landsat 7 é de 30 metros para a imagem multiespectral. Esta resolução permite

estimar as condições ambientais com as sobreposições das variações dos padrões

de cores do dado matricial. Estas variações de cores são a reflectância das

diferentes áreas demonstradas na legenda.

Estes dados foram coletados com o auxílio da população tradicional local, que

muito amistosa, sempre está pronta a ajudar e aprender. Muitas das áreas naturais,

que fazem parte da massa de dados gerada pela fase de campo, e segundo relato

informal dos moradores da região, nunca foram visitadas pelos encarregados em

fiscalizar e manter as condições de perpetuação das espécies raras e ameaçadas.

Para Moreira (2001), o SIG é a ferramenta que permite integrar informações

geográficas de diferentes escalas com posicionamento global definido e delimitação

de objetos homogêneos para delimitação posterior. Segundo Maguire et al (1999), o

registro de dados SIG permite a avaliação e entendimento baseado em parcelas do

conhecimento que apresentam um certo grau de heterogeneidade.

A entrevista foi a oportunidade que a pesquisa teve para confrontar os

questionamentos, segundo o conhecimento popular. As pressões antrópicas ficam

muito mais evidentes, quando vistas da maneira simples que as comunidades

tradicionais vêem, enquanto manejam o habitat.

Page 106: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

100

O DSC é embasado juntamente com o momento da execução da entrevista, e

todo o decorrer das vivências tradicionais encontradas na fase de campo.

É provável que a falta de envolvimento com a comunidade, tenha sido o pior

obstáculo para a realização das entrevistas, associado ao reduzido espaço de tempo

na qual a fase de campo decorreu.

Pode-se afirmar com base nos dados DSC e SIG da APA de Guaratuba, que

as imagens do satélite em relação à Floresta Atlântica, demonstram áreas que

apresentam um melhor estado de conservação à pelo menos mais de um dia de

caminhada dos povoados, ou seja, fora do alcance direto das populações

localizadas à margem da floresta ou baía.

As espécies vegetais e animais que tenham alguma finalidade, por exemplo

para alimentação ou manufatura de utensílios, poderão ser utilizadas, e as que não

se enquadram no cotidiano poderão ser eliminadas dos arredores das áreas de

extrativismo, por exemplo plantas prejudiciais ao homem, podendo até ser extintas

em algumas gerações por regiões em específico. É possível citar exceções como,

por exemplo, as plantas de palmito-jussara localizadas ao entorno de alguma

residência, porque se estes exemplares forem cortados, a responsabilidade do corte

cai sobre o dono da casa.

Segundo Albagli (2003), as práticas humanas predatórias como esta, por

exemplo, dentre outras como, práticas industriais e agrícolas, são a principal causa,

da maior destruição da biodiversidade nos últimos 65 milhões de anos (período que

sucede o evento de extinção em massa dos dinossauros até os dias atuais).

A falta de consciência ambiental é uma característica marcante que vem

associada às populações de baixa renda que realizam o extrativismo de

subsistência, e estão diretamente envolvidas na conservação dos frágeis

ecossistemas.

As medidas preventivas e corretivas para a Floresta Atlântica infelizmente

representam os interesses da floresta de forma separada aos interesses das

pessoas, que, a princípio não entendem o porquê de preservar, por exemplo, o

palmito-jussara. As comunidades tradicionais têm o direito em pensar que não

devem empobrecer, e morrer enquanto preservam.

A falta de educação ambiental leva as comunidades tradicionais da APA de

Guaratuba a apresentarem integrantes, portadores da seguinte opinião: “Apenas

porque o Governo gosta de ver, e saber que o palmito está protegido, não será cortado pelas

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101

populações tradicionais” (transcrição literal de trecho de entrevista realizada na fase de

campo para criação do DSC).

A forma com que o governo atua na parte de fiscalização da floresta é

segundo aplicação de multas, porém, sem o efetivo reconhecimento em campo,

fazendo uma descrição efetiva, e um acompanhamento das condições naturais,

limitando o processo de controle das condições às áreas próximas às rodovias, e

mais especificamente nas proximidades das residências, porque se houver a

derrubada de alguma árvore a culpa é sobre o dono da residência.

É preciso ensinar, por exemplo, a importância do palmito jussara no

ecossistema; existem informações pertinentes ao interesse coletivo das

comunidades tradicionais, que devem ser ensinadas com caráter de educação

ambiental, aplicado de forma contínua. Interesses coletivos, como por exemplo,

conceitos ministrados para as comunidades tradicionais de atuação de cooperativas,

artesanato, ecologia e assuntos pertinentes. O incentivo governamental é adequado

para combater a exclusão social, e condições de vida abaixo da linha da pobreza,

situação que exerce grande pressão sobre os recursos naturais. As populações

encontradas com residências no interior da Floresta Atlântica acabam dependendo

única e exclusivamente dos insumos que o ecossistema oferece. O incentivo

governamental protecionista tem como objetivo alcançar um estado natural com

melhoria na qualidade de vida das comunidades tradicionais e das comunidades

naturais, fornecendo um alívio na pressão extrativista.

Durante a fase de campo, foi evidenciado que o interior, que aqui compreende

a região de área natural, dentro da APA de Guaratuba, afastada das rodovias, são

de conhecimento único das populações tradicionais. As comunidades tradicionais

possuem um grande conhecimento da região, e relatam de maneira informal, que

mesmo em regiões de acesso mais fácil, como, por exemplo, algumas trilhas do

Cabaraquara, onde elas são as únicas conhecedoras do patrimônio natural e das

peculiaridades ambientais e, por exemplo, o grau de impactos ambientais exercidos

no decorrer de um ano.

A forma concreta para a conservação ambiental, traduz-se através do

encargo de tarefas de conservação, com a criação de categorias assalariadas de

responsabilidade ambiental, para a população tradicional, com a conseqüente

conscientização ambiental.

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102

Segundo Diegues (2000a), Agripa (2002) e Albagli (2002), a relação da

população tradicional se torna nociva ao meio ambiente quando a falta de instrução

e a falta de apoio governamental, associado à redução drástica dos espaços

naturais, acabam por aumentar a pressão antrópica sobre o ecossistema. Esta

associação primitiva do ser humano com a natureza, atuando em conjunto com a

redução de terras com atributos naturais relevantes ao frágil equilíbrio dos

ecossistemas envolvidos, é ocasionada por diversos motivos, já citados

anteriormente, como por exemplo, as especulações imobiliárias, industriais e

agrícolas. As degradações das florestas, segundo Albagli (2002), vêm

acompanhadas do desagregamento das populações tradicionais, que se vêem

obrigadas a abandonar o título de soberania da floresta, e abandonando junto todo o

endemismo sócio-cutural das etnias tradicionais.

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103

5 CONCLUSÃO

O processo de levantamento de dados ocorreu de maneira eficiente. O SIG

da APA de Guaratuba permitiu a confecção de mapas com características matriciais

de variação da vegetação, que são um registro ambiental da alarmante situação em

que se encontra a vida selvagem (fauna e flora) na APA de Guaratuba.

Foram levantados 18 impactos ambientais; sendo o principal as rodovias

existentes, porque é através delas que todos os demais processos impactantes são

facilitados. Segundo os mapas de variação de vegetação, as áreas de maior

influência impactante das comunidades estão as margens das rodovias.

A situação alarmante é relatada igualmente pelas populações tradicionais

entrevistadas. Foram levantados, por meio das entrevistas, cinco Discursos do

Sujeito Coletivo (DSCs), que relatam a maneira campesina de relacionamento entre

as comunidades tradicionais e o meio ambiente. A dualidade na procedência dos

dados é o resultado associativo entre as metodologias.

As áreas naturais estão diminuindo devido ao processo de crescimento

populacional em que a atual civilização se encontra. Esse processo, em

contrapartida à oferta de insumos e serviços, é decorrente de uma consciência

capitalista lucrativa, que se espalha entre os projetos econômicos da população

residente em uma área qualquer, que acabam sendo envolvidos com a condição

comercial lucrativa da sociedade moderna atual.

Dentro do perímetro da APA de Guaratuba não é diferente. A consciência

comercial lucrativa existe da mesma maneira que nas cidades, porém os meios de

produção são os insumos oferecidos pela floresta.

O escritório do caboclo é a floresta, e é por meio dele que tira seu sustento e

de sua família. É na floresta que faz suas descobertas profissionais, supera-se e

sente-se importante como ser humano e como profissional. O caboclo é o executivo

da floresta, e deve ser valorizado como tal. É com o conhecimento tradicional do

caboclo que será possível realizar novos planos de gestão e diretrizes para as

Unidades de Conservação.

As populações tradicionais devem ser devidamente capacitadas,

remuneradas e encarregadas em preservar a floresta da APA de Guaratuba. O

caboclo deve preservar e ter os meios para executar a função remunerada de

salvaguardo da floresta da APA de Guaratuba.

Page 110: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

104

É imprescindível que se monitore de maneira eficiente, vindo a utilizar as

populações tradicionais, como ferramenta, contra a ação impactante da remoção

total da cobertura vegetal original, de regiões de florestas sob a ação de

especulações imobiliária, agrícola e industrial.

E ainda, que se monitore o interior da floresta, contra a ação de agressores

de menor intensidade de impacto, como por exemplo, a extração seletiva de

espécies pertencentes à dinâmica da floresta. A intensidade do impacto ambiental

da extração seletiva de espécies pertencentes à dinâmica da floresta é menor,

porém, no decorrer de um dado período essa ação contínua pode se tornar nociva.

Page 111: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

105

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119

ANEXOS

ANEXO A

QUESTIONÁRIOS

1.º MÓDULO – Caracterização do morador tradicional

a) Quanto tempo faz que o senhor mora por aqui?

- Menos de 25 anos

- Mais de 25 anos na região

- Mais de 35 anos na região

- Mais de 45 anos na região

- Mais de 55 anos na região

- Acima de 65 anos na região

b) Sua família toda é daqui? Qual seu parentesco pela região?

c) Qual sua ascendência?

d) Qual a média de vida das pessoas aqui da região?

e) Quais as causas mais comuns da morte?

f) O senhor gosta de morar aqui? Por quê?

2.º MÓDULO - Contexto histórico

a) Como foi a colonização?

b) Como e quando foi a mudança do povo para esta região?

c) Quais foram os lugares para ocupação? Por quê?

d) Quais os motivos que trouxeram essas pessoas pra cá?

e) Qual a origem dessas pessoas?

3.º MÓDULO - Consciência ambiental

a) O senhor sabe o que é meio ambiente? Poderia explicar com suas próprias

palavras?

b) O senhor sabe o que é poluição? Poderia explicar com suas próprias palavras?

c) O senhor sabe o que é crime ambiental? Poderia explicar com suas próprias

palavras?

d) O senhor sabe o que é desenvolvimento sustentável? Poderia explicar com suas

próprias palavras?

Page 126: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

120

4.º MÓDULO – Caça (fauna)

a) Como era a caça antigamente aqui pela região?

b) Qual era a caça mais abundante?

c) Qual era a caça mais preferida?

d) Atualmente, existe a prática da caça na região?

e) E os animais de caça ainda existem na região? Quais?

f) Na sua opinião qual a condição de vida atual dos bichos por aí no mato?

g) Na sua opinião, como vai ficar a condição de vida para os bichos, no futuro, se

continuar como está? Por quê?

h) Como o(a) senhor(a) gostaria que ficasse a condição de vida para os bichos num

futuro não muito distante? Por quê?

i) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso se torne realidade?

5.º MÓDULO - Flora

a) Antigamente como eram as Florestas aqui pela região?

b) Havia muitas variedades frutíferas?

c) O(A) senhor(a) sabe quais os animais que se alimentavam desses frutos?

d) Atualmente como são as Florestas aqui pela região? Há muitas variedades? São

as mesmas de antigamente? E a quantidade é a mesma?

e) Atualmente existem muitas variedades frutíferas na Floresta aqui da região? São

as mesmas de antigamente, ou é uma vegetação mais recente?

f) Em qual condição ambiental o(a) senhor(a) acha que as Florestas estão,

atualmente?

g) Como o(a) senhor gostaria que ficasse daqui a alguns anos a condição ambiental

das Florestas aqui pela região? Por quê?

h) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso ocorra?

6.º MÓDULO - Palmito-jussara

a) Antigamente como eram as Florestas com relação ao palmito-jussara?

b) E a extração como era? Quem comprava?

c) Era fácil de achar?

d) Só era extraído o Jussara ou havia outras variedades que também eram utilizadas

comercialmente?

Page 127: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

121

e) O(a) senhor(a) já cortou palmito no mato alguma vez? Com objetivo comercial ou

de subsistência? Qual palmito? Quantas vezes (com que freqüência)?

f) Quando o(a) senhor(a) cortava palmito no mato, o(a) senhor(a) só extraía o

palmito, ou levava mais alguma coisa do mato? O quê? Por quê?

g) Atualmente como é a Floresta com relação ao palmito-jussara? Tem muito? É fácil

de achar?

h) Existe extração do palmito na região? Que variedades?

i) O(A) senhor(a) sabe informar a idade para o corte?

j) O(A) senhor(a) sabe dizer quantos vidros cada variedade de palmito rende?

k) Como o(a) senhor acha que as Florestas em relação ao palmito vão ficar se

continuar como está? Por quê?

l) Como o(a) senhor gostaria que ficassem as Florestas em relação ao palmito? Por

quê?

m) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso ocorra?

7.º MÓDULO - Cacheteira ou Cacheta

a) Antigamente como era Floresta em relação a Cacheta ou Cacheteira? Tinha

muito?

b) E a extração como era?

c) Para que era usada a madeira?

d) Quem comprava?

e) Era fácil de achar?

f) O(a) senhor(a) já cortou Cacheta no mato alguma vez? Com objetivo comercial ou

de subsistência?

g) Atualmente como é a Floresta em relação à Cacheta aqui pela região? Tem

muito? É fácil de achar?

h) Existe extração de Cacheta aqui na região?

i) A idade para o corte o(a) senhor(a) sabe informar?

j) Como o(a) senhor acha que as Florestas, em relação à Cacheta, vão ficar se

continuar como está? Por quê?

k) Como o(a) senhor gostaria que ficassem as Florestas em relação à Cacheta? Por

quê?

l) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso ocorra?

Page 128: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

122

8.º MÓDULO - Recurso hídrico potável

a) Como era a água potável antigamente; quando o(a) senhor(a) chegou por aqui?

b) Quais eram as utilizações realizadas com a água antigamente?

c) Atualmente como o(a) senhor(a) utiliza a água potável?

d) E a população no geral, como utiliza a água potável?

e) Na sua opinião, qual é a condição ambiental da água potável atualmente?

g) Na sua opinião como vai ficar a condição ambiental da água potável se continuar

como está? Por quê?

h) Como o(a) senhor(a) gostaria que a condição ambiental da água potável ficasse

no futuro? Por quê?

i) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso se torne realidade?

9.º MÓDULO - Ictiofauna

a) Como era a pesca nos rios antigamente?

b) Quais eram os peixes? Tinha muito?

c) E atualmente tem muito peixe nos rios (mar/ mangue/ baia)? São os mesmos?

d) Quais os mais comuns?

e) Quais os mais raros?

f) Na sua opinião, qual é a situação atual da condição de vida do peixe nos rios (mar/

mangue/ baía)?

g) O(A) senhor(a) poderia estabelecer uma comparação da condição de vida do

peixe de antigamente pro peixe de hoje?

h) Na sua opinião, como vai ficar a condição de vida para o peixe, em um futuro não

muito distante, se continuar como está? Por quê?

i) Como o(a) senhor(a) gostaria que ficasse a condição de vida para o peixe, em um

futuro não muito distante? Por quê?

j) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso se torne realidade?

10.º MÓDULO - Agronegócio

a) Como eram as formas de cultivo do solo antigamente?

b) Quais eram as variedades de cultivo preferidas?

c) Pode contar como foi a transição histórica dos diversos modos de explorar o solo?

d) Atualmente como é o cultivo da terra por aqui?

e) Quais as culturas mais comuns?

Page 129: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

123

f) Quais as culturas novas que se está sendo explorado comercialmente?

g) No geral, precisa de adubo, agrotóxico?

h) O plantio é manual ou mecanizado?

i) E a colheita é manual ou mecanizada?

j) Na sua opinião qual é a condição fértil de cultivo da terra atualmente?

k) Como o(a) senhor(a) acha que vai ficar a condição fértil do solo em alguns anos,

se continuar como está? Por quê?

l) Como o(a) senhor(a) gostaria que ficasse a condição fértil do solo no futuro? Por

quê?

m) Que maneiras o(a) senhor vê para que isso ocorra?

11.º MÓDULO - Criação de gado

a) Como era a criação de gado antigamente nesta região?

b) Quais eram as raças/espécies utilizadas na criação?

c) Qual o motivo da escolha destas raças/espécies?

d) Atualmente como é a criação de gado na região?

e) Quais as espécies mais comuns de criação?

f) Qual o motivo da utilização dessas raças/espécies?

g) Na sua opinião qual a condição atual da criação de gado de região?

h) Na sua opinião como vai ser a condição de criação do gado na região em alguns

anos se continuar como está? Por quê?

i) Como o(a) senhor(a) gostaria que fosse a condição de criação de gado na região

em alguns anos? Por quê?

j) Que maneiras o (a) senhor(a) vê para que isso se torne realidade?

12.º MÓDULO - Esgoto

a) Como era o despejo do esgoto proveniente das residências aqui pela região?

b) Para onde ia o esgoto? Qual rio ou mar?

c) Existia fossa séptica?

d) Atualmente como é o esgoto? Onde é despejado?

e) Existe tratamento?

f) Como o(a) senhor(a) acha que os locais escolhidos para o despejo do esgoto vão

ficar se continuar como está? Por quê?

Page 130: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

124

g) Como o senhor gostaria que ficassem as condições ambientais do local de

despejo do esgoto? Por quê?

h) Que maneiras o senhor vê para que isso se torne realidade?

13.º MÓDULO - Lixo

a) Antigamente o que o(a) senhor(a) fazia com o lixo gerado em seu domicílio?

b) Existia coleta de lixo nesse tempo? E aterro sanitário (lixão) existia?

c) E atualmente o que o(a) senhor(a) faz com o lixo gerado em seu domicílio?

d) Existe coleta de lixo?

f) O(A) senhor(a) já ouviu falar em coleta seletiva de lixo? Sabe o que é? Poderia

explicar com suas próprias palavras?

g) Atualmente existe aterro sanitário? É o mesmo de antigamente?

h) Na sua opinião como está a relação da população com o lixo? É a mesma de

antigamente ou mudou? Por quê?

i) Na sua opinião como o(a) senhor(a) acha que está a condição ambiental do aterro

sanitário (lixão) e seu entorno? Por quê?

j) Como o(a) senhor(a) gostaria que fosse a relação da população local com o lixo,

em um futuro não muito distante? Por quê?

k) Como o(a) senhor gostaria que fosse a condição ambiental do local destinado

para o aterro sanitário(lixão)? Por quê?

l) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que a relação da população com o lixo

ficasse do jeito que o(a) senhor(a) gostaria que fosse?

m) Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que a condição ambiental do local

escolhido como lixão ficasse do jeito que o senhor gostaria que fosse?

14.º MÓDULO - Aspectos governamentais

a) Antigamente como era a relação do governo com a população local (região)?

b) Existia vereador na região?

c) E atualmente como é a relação do governo com a região (população do entorno)?

A região tem vereador?

d) Que mudanças a influência política trouxe à região?

e) Como o(a) senhor(a) gostaria que fosse a relação com políticos com a região

(população local)? Por quê?

Page 131: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

125

f) Como o senhor acha que vão ficar as relações com os políticos em alguns anos?

Por quê?

g) Que maneiras o(a) senhor vê para que a relação dos políticos com a região

(população local) ficasse do jeito que o(a) senhor(a) gostaria que fosse?

15.º MÓDULO - Conhecimento popular

a) Antigamente, quais eram as lendas contadas pelas pessoas sobre a região?

b) Antigamente, quais eram as histórias contadas sobre os grandes feitos e

realizações do homem pela região?

c) Antigamente, qual era o conhecimento sobre a região que a população tinha com

relação a geografia, condições climáticas e peculiaridades ambientais, como, por

exemplo, alguma época do ano em que ocorrem variações nos períodos das marés,

ou mudança no comportamento de alguma espécie em especial sobre as outras?

d) Antigamente, como eram os costumes regionais envolvendo atividades religiosas

e festividades tradicionais?

e) Era costume de seus antepassados participarem? Qual era a motivação que os

levava a participar ou não?

f) Atualmente, é do hábito da população contar lendas sobre a região? Quais são?

g) O(A) senhor(a) poderia com suas palavras nos contar alguma lenda de sua

preferência?

h) Por que gosta mais dessa?

i) As lendas de hoje em dia são as mesmas de antigamente?

j) As lendas de hoje em dia são contadas envolvendo a região?

k) Por quê e para quem são contadas?

l) Atualmente são contadas histórias sobre os grandes feitos e realizações mais

atuais do homem pela região? Quais são estas histórias?

m) O(a) senhor(a) poderia contar alguma dessas histórias que seja de sua

preferência?Por que essa história é a sua preferida?

n) Por quem são contadas e para quem? Qual a importância dada?

o) Atualmente como é conhecimento da população sobre a região com relação à

geografia, condições climáticas, e peculiaridades ambientais?

p) E o conhecimento do(a) senhor(a) sobre isso como é? O que o(a) levou a ter tal

nível de conhecimento? Acha que é útil na atualidade este conhecimento? Para

quê?

Page 132: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

126

q) Atualmente como são os costumes praticados em relação às atividades religiosas

e festividades tradicionais? O(A) senhor(a) e sua família participam? Qual sua

motivação?

r) Como o(a) senhor(a) gostaria que fosse a valorização das lendas locais pela

população? Por quê? Que maneiras o(a) senhor(a) vê para que isso ocorra?

s) Como o(a) senhor(a) a valorização das histórias contadas sobre antigos e os

atuais grandes feitos e realizações do homem pela região? Por quê? Que maneiras

o senhor vê para que isso ocorra?

t) Como o(a) senhor(a) gostaria que fosse o conhecimento da população sobre a

região com relação à geografia, condições climáticas e peculiaridades ambientais?

Por quê? Que maneiras o senhor vê para que isso ocorra?

u) Como o(a) senhor gostaria que fosse a prática de costumes religiosos e

festividades tradicionais pela região? Por quê? Que maneiras o senhor vê para que

isso ocorra?

v) O (a) senhor(a) gostaria de fazer alguma reclamação ou sugestão sobre a área?

x) O (a) senhor(a) gostaria de falar mais alguma coisa? Qualquer coisa que tenha

vontade, este espaço é aberto para o(a) senhor(a) falar sobre o que quiser.

16.º MÓDULO - APA

a) O senhor conhece a APA de Guaratuba?

b) O senhor sabe que está em uma APA?

c) O senhor sabe o que é APA?

d) Quem fez? Quem cuida nas leis?

e) Sabe quando foi criada?

f) Antigamente como era a vida da população antes da criação da APA?

g) Atualmente como é a relação da população com a região (APA)?

h) Como o senhor gostaria que fosse a relação da população com a APA? Por que

não é possível isso hoje?

i) Como o senhor acha que a APA vai ficar se continuar com essa relação atual que

está com a população?

j) Como o senhor gostaria que a relação da população com a APA ficasse daqui a

alguns anos? Que maneiras o senhor vê para que isso ocorra?

Page 133: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

127

17.º MÓDULO - IBAMA

a) O senhor conhece o IBAMA?

b) Sabe o que é?

c) O senhor lembra quando foi a primeira vez que o IBAMA apareceu por aqui?

d) Como era a vida antes do IBAMA começar a vir pra cá?

e) Atualmente como é a vida da população depois que o IBAMA começou a vir pra

cá? Vem com freqüência ou aparece só de vez em quando?

f) Como era a floresta antes do IBAMA começar a vir pra cá?

g) Atualmente como é a floresta depois que o IBAMA começo a vir? Mudou alguma

coisa? Na sua opinião pra melhor ou pra pior? Por quê?

h) Como o senhor acha que vão ficar a floresta se o IBAMA continuar vindo pra cá

do jeito que vem?

i) Como o senhor acha que vai ficar a relação da população com o IBAMA, daqui

alguns anos? O senhor acha que deveria mudar?

j) Como o senhor gostaria que fosse a relação da população com o IBAMA? Por

quê?

k) Como o senhor gostaria que o IBAMA fiscalizasse a floresta aqui da sua região?

l) Que maneiras o senhor vê para que o IBAMA fiscalize a região da maneira a

prover a melhoria na qualidade ambiental? Por quê?

18.º MÓDULO - IAP

a) O senhor conhece o IAP?

b) Sabe o que é?

c) O senhor lembra quando foi a primeira vez que o IAP apareceu por aqui?

d) Como era a vida antes do IAP começar a vir pra cá? Por quê?

e) Atualmente como é a vida da população depois que o IAP começou a vir pra cá?

f) Vem com freqüência ou aparece só de vez em quando?

g) Como eram as Florestas antes do IAP começar a vir pra cá?

h) Atualmente como são as Florestas depois que o IAP começo a vir? Mudou

alguma coisa? Na sua opinião pra melhor ou pra pior? Por quê?

i) Como o senhor acha que vão ficar as Florestas se o IAP continuar vindo pra cá do

jeito que vem?

j) Como o senhor acha que vai ficar a relação da população com o IAP, daqui alguns

anos? O senhor acha que deveria mudar?

Page 134: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

128

k) Como o senhor gostaria que fosse a relação da população com o IAP? Por quê?

l) Como o senhor gostaria que o IAP fiscalizasse a floresta aqui da sua região? Que

maneiras o senhor vê para que o IAP fiscalize a região da maneira a prover a

melhoria na qualidade ambiental? Por quê?

19.º MÓDULO - Polícia Florestal

a) O senhor conhece a Polícia Florestal?

b) Sabe o que é?

c) O senhor lembra quando foi a primeira vez que a Polícia Florestal apareceu por

aqui?

d) Como era a vida antes da Polícia Florestal começar a vir pra cá? Por quê?

e) Atualmente como é a vida da população depois que a Polícia Florestal começou a

vir pra cá? Vem com freqüência ou aparece só de vez em quando?

f) Como era a floresta antes a Polícia Florestal começar a vir pra cá?

g) Atualmente como é a floresta depois que a Polícia Florestal começo a vir? Mudou

alguma coisa? Na sua opinião pra melhor ou pra pior? Por quê?

h) Como o senhor acha que vão ficar a floresta se a Polícia Florestal continuar vindo

pra cá do jeito que vem?

i) Como o senhor acha que vai ficar a relação da população com o Polícia Florestal,

daqui alguns anos? O senhor acha que deveria mudar?

j) Como o senhor gostaria que fosse a relação da população com a Polícia Florestal?

Por quê?

k) Como o senhor gostaria que a Polícia Florestal fiscalizasse a floresta aqui da sua

região?

l) Que maneiras o senhor vê para que a Polícia Florestal fiscalize a região da

maneira a prover a melhoria na qualidade ambiental? Por quê?

Page 135: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

129

ANEXO B

Idéia central número 1

Ser morador tradicional, apresente dependência das condições naturais como

geografia e hábitos extrativistas por um tempo prolongado.

Relatos retirados de partes da entrevista que demonstram o envolvimento do

entrevistado e da comunidade com a idéia central.

- ...porque sou acostumado já né, vim pra cá criança com 6 anos...

- Opa, aqui é o lugar mais apropriado para a vida brasileira...

- Olha aqui é um lugar abençoado posso lhe dizer...

-Sim, porque tô acostumado, e gosto de criá meus filho aqui...

-...trabalhado bastante desta época pra cá...

-Desde os tempos dos antigos, que tinha essa colonização aqui...

-Aqui perto do rio...

-...só vinham pra caçá...

- ...então é o homem no seu lugar e o animal no seu lugar, nas num lugar desse que

o lugar é do animal eu gostaria que nóis tivesse consciência de que pudesse

preservá o animal entende...

-...não é só o homem com tiro e na caça de bundel, mas com o carro aqui....

- ...porque tem gente que não sabe vê um bicho e dexá ele vivo...

- Tem bastante o Guapiruvú, que o pessoal antes fazia canoa...

- Já. Já cortei pra vendê e já cortei pra comê. Já cortei o palmito-jussara né, o Indaial

também, mas esse é difícil...

- Cortei no mato pra comê.

- Eu mesmo cortei palmito no mato só pra me alimentá mesmo...

-...não tem porque eu saí daqui i corta os palmito ali sendo que eu tenho no meu

quintal...

- O palmito serve para fazer a salada, é gostoso e todo mundo procura...

- ... a água encanada da cachoeira né, que nós tomamos os nossos banhos e

fazemos nossas comidas com ela...

- Era sempre como é hoje...o de antigamente é o mesmo que de agora...

Page 136: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

130

-...mistura a holandês com outra raça pra carne e tira um pouco o leite e depois mata

pra comê...

- Não sei.

- ...era vigia da pesca da tainha eu calculei no cardume do peixe, uns trinta tainha, e

tiremo setecentas...

- ...eles foram caçá, e a hora que o cara escuto barulho...porque é assim, quando a

pessoa vai caçá, então ele sobe num trepero, tem qui fazê uma seva...

- ...iam mais pelos bicho mesmo, tem muita coisa que também agente não sabe

né...eles iam mais pelos bicho mesmo...

- ...um cachorro que nóis tinha que era nosso companheiro...

- ...nóis procuremo uns pedaço de pau, pra nóis dá borduada (acertar com o pedaço

de pau)...naquela coisa que tava subindo na árvore...foi o cachorro que avanço

naquela coisa...

- ...Acho que isso passa muito de pai pra filho né, filhos pra filhos, vô pra netos,

sempre tem alguém que vai contá alguma coisa...

- ...se vai passá numa brasa andando, tem qui sabê qui vai entrá ali e vai passá né!

Não pode chegá ali né e pensá que vou pisá ai e vou me queimá todo...ai não

adianta né. É feito no dias de santo né, São João, Santo Antonio...

- ...porque você ta vivendo aquilo ali entende, então você tem qui tê mais ou menos

um conhecimento daquilo ali...

- ...vivo ali porque eu gosto e porque eu participo daquilo ali...aquilo ali existe porque

eu contribuo com aquilo ali...

- ...caboclo do mato que não tem o dinheiro para comprar a madeira ia no mato

cortava um...umas madera pra fazê a sua casinha...

Idéia central número 2

Entendimento de meio ambiente e Conhecedor das relações naturais do

ecossistema, apresenta envolvimento com o meio ambiente, e conhecedor da

utilização dos recursos naturais.

Relatos retirados de partes da entrevista que demonstram o envolvimento do

entrevistado e da comunidade com a idéia central.

Page 137: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

131

-...o lugar que agente vive...as coisas que agente tem que cuidá pra não estragá,

que nem preservação.

-...é o ritimo das pessoas humildes aqui no meio ambiente nosso...

-...a preservação, você cuidá, você zelar pelo que ta por ai né...

-...o homem que tem que se adaptá ao meio ambiente.

-...bem no futuro mesmo...as caça poderem mudar de lugar né...sairem de um lugar

e irem para o outro.

-..qué dizê acabando o animal, acaba a vegetação...quando vê nós tamo se

acabando nós mesmo né, qué dizê nossos filho...

- ...essas frutas são importantes porque tem tipo de bicho, de passarinho que se

alimenta deles, no mato a fruta que não tem veneno tudo que é bicho se alimenta

dela....

-...mas um bom tanto de rio já ta poluído...porque tem gente que não cuida na água.

Só que sabê de usá, e sujá ela, então precisa também se cuidá da água.

-...porcauso das represa, elas são boa numa parte e prejudica na outra né...o pexe

depende do rio, mas as pessoas dependem da energia né...

-...lá no vossoroca antigamente tombava caminhão lá, caminhão de veneno,

prejudica o rio e os pexe...

-...possam ajudá eles plantá, colhê e a terra possa estar sempre produzindo, porque

isso ai é vida né...

-Não sei.

-...não sabe como varo o mato sem o facho de alumeação, né sem nada, chego em

casa...

-...então o pessoal olha ali na água, é uma aguajezinha da nada, mas pra ter uma

noção ele pode contá quantos pexe tem ali...

-...corremo mais ou menos quase um quilometro...e lugar que nóis tinha que passa

com lanterna acesa...passamo com a lanterna apagada, que não funciono...

-...tinha mais essas madera tipo canela, peroba, araribá tinha mais porque não era

derrubado né...

-Tem gabiroba, tem canjarana, da laranja bugia, canela, tem o bacubarí que é...

também é uma árvore; não dá muito grande mas é uma árvore...

-...tinha bastante...tem morador aqui que conto que desde lá do asfalto até aqui no

castelhano e no arraial era palmito, tinha lugar que era só palmito...

Page 138: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

132

-...não sendo muito movimentado, muito barulho...daí os animais sempre ficam no

local né.

-Tem qui cortá o cipó pra amarrá o parmito, pórque ele tem qui ser carregado

amarrado...

-...achava uns guaparí maduro, jabuticaba quando tem né da mata mesmo...

-...dá o palmito na situação própria dele na hora de ser, ou você dexa ele envelhecê

e ficá rígido, ou você corta ele naquela época pra você, qué dizê uns cortam ele pra

por a venda né, outros já cortam que é pra se alimentá...

-...porque pra você pode come você tem qui plantá...

-...tendo uma coisa que só é tirando um dia vai se acabá...

-...temos que deixar o fruto da Jussara que os passarinho come e semeia eles no

próprio mato...

-...pela própria natureza crescendo ela vai progredir, se alguém ali começa a derruba

vai começa...

-...cuidar para existir o palmito que fornece alimento pros passarinho e pros bicho, e

ter ganho pras pessoa né...

-...porque o parmito é muito fácil de plantá e lugar pra plantá tem bastante...que ele

nasce...

-...regiões têm muito devastamento das árvores...cabicera de cachoera, e é por isso

que a cachoera seca!

-...se eu jogá o lixo aqui e vai sai lá no mar, vou ta contaminando o mar, vou ta

contribuindo no meio ambiente pra prejudica ele. Eu sei que isso vai acontecer,

então não vou fazer...

-Vai aumentando os morador, as pessoas e as coisa que usam tudo suja o rio e

aumenta a poluição...

-Se ninguém se organizá pra que seje bem certinho padronizado, um padrão certo,

acredito que nóis vai sofre um colapso...

-...se alimentava da natureza mesmo, conseguia anda sem se perde no mato. A

pessoa era elogiada por isso. Conseguia fazer uma viajem e não ficar perdido...

-...então ele tinha prática de atravessa rio cheio...

-..agente vai ensinando eles, como é qui...por onde que passa por onde tem a...o

canal, onde tem a barra...

-...agente ta num lugar e não sabe mais ou menos o que vai acontecer, pelo menos

...

Page 139: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

133

-...agente já tem uma base né pelos passarinho, já tem mais...sabe mais da natureza

que agente né...

-Agente olha ai e vê mais ou menos, calcula né norte, sul...de vento agente sabe

mais ou menos, o tamanho da rajada de vento...

Idéia central número 3.

Vontade de participar de atividades que promovam o envolvimento da comunidade,

atividades que apresentassem conhecimento sobre as atividades governamentais e

ecologia da região. Preocupação e Vontade de melhorar as condições ambientais.

Relatos retirados de partes da entrevista que demonstram o envolvimento do

entrevistado e da comunidade com a idéia central.

-...eu gostaria que nóis tivesse consciência de que pudesse preservá o animal

entende, e que nós tivesse como lutá também por isso...

-Sempre cuidando né, sempre cuidando não maltratando elas, ai os animais sempre

ficam por aqui...

-...se não fizerem alguma coisa pra preservá né e manter os animal ai para que eles

possam progredi...infelizmente não, não vamo mais pode ver essa natureza...

-...tivesse placas advertindo que tem travessia dos animal, tipo assim proibido a

caça, pra que tudo fique consciente daquilo ali, que dizê um passa pro outro...é

muita gente né mas principalmente pra nóis né...

-...aqui o bom que os visinho aqui é...ninguém derruba. Que eu vejo aqui mesmo a

maioria do pessoal aqui é consciente...

-...procurei um lugar que não tivesse árvore, pra já não ter que desmatá, até

inclusive essas árvore que tem tudo aqui fui eu que plantei...e vo plantá pra que

possa manter o lugar...

-O que dá bastante aqui é o palmito né, até inclusive agente planta ele também que

ele dá aquela fruta que o passarinho vem e é gostoso de vê, a passarinha vem ali

come os fruto...

- ...tem que continuar como estar né, sempre zelando, não dexando ninguém

devastá.

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134

-Porque a floresta que traz a nossa saúde né, só nós mata-la ela nós viramo num

deserto.

-...que existiu os palmitero e ainda existe, nesse sentido que eu digo se tivesse as

placa ali advertindo, e alguém aqui pra toma conta, não pra mandá...pra cuidá.

-...posso não entende muito de meio ambiente...

-...num lugar desse que o lugar é do animal eu gostaria que nóis tivesse consciência

de que pudesse preservá o animal, e que nós tivesse como lutá também por isso...

-...ensiná as pessoa respeitá eles e não mata, porque eles só qué vivê.

-Agora da nossa mata aqui se tirarem ninguém vai plantá, isso tenho certeza.

-Eu acho que tinha que ter mais refrorestamento, mais proteção das autoridades né,

-...qué dizê eu mesmo tenho que ter consciência disso né.

-Temos que cuidar né. Nós o pessoal daqui mesmo temos que cuidar e não deixar

tirar

-...esclareça pro pessoal que, apesar que todo mundo ta ciente se continuar assim,

os nosso filhos vão pagar pelos nossos erros.

-...mas um bom tanto de rio já ta poluído...porque tem gente que não cuida na água.

Só qué sabê de usá, e sujá ela, então precisa também se cuidá da água

-...agente mora aqui num lugar como esse aqui que...é longe da cidade e sabê que

não pode toma água do rio é triste...

-...porque muita gente só suja a água e não cuida.

-...pra não prejudica tem que melhorá tem que acha uma solução pra melhorá as

coisa né.

-....tem qui ficar sempre zelando dela, não devastando perto das cabicera das

cachuera para não poder secá-la.

-...porque cortando a mata e a floresta daí, destrói as cachuera.

-...água de represa muda bastante...tem hora que tem bastante, tem hora que é bem

poquinha, hora é bem suja, e hora sempre mudando, então prejudica os pexe.

-...o pessoal tem que tar consciente daquilo ali né, não sei como fazê pro pessoal se

informá...

-...ensiná as pessoas que tem que cuidá, valoriza mais a água porque a água é a

vida dela é tudo que tem no mundo, sem água não tem vida. Primeiro ensinando

como cuidá da água, como evitá a sujeira, e continua fiscalizando.

-Porque sabão, quiboa e detergente é sujeira na água que existe agora né.

Page 141: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

135

-...façam tipo assim uma palestra com agente, mostre como que agente deve de

fazê, como deve de participá, e como ajudá, pra poder também tar enterrado nisso,

porque tem muita gente que é leigo nisso...

-Ta faltando que alguém venha e explique como que age, quem alguém venha e

explique.

-Tão ensinando pra preservá né... agora tem vereador.

-...não tinha,telefone, luz elétrica, a ponto no rio São João e o posto de saúde, a

escola melhorô. Transporte escolar, médico e dentista.

-Não sei.

-....antigamente o pessoal acompanhava mais do que agora.

-...uma festa muito bonita, da religião nossa a Católica. E o povo vem de todo o

lugar...

-pra participá e pra vê, tudo pra sabê como é qui era antes.

-Sempre festejando juntos.

-...quando o pessoal mais se ajuntava entende, então aquilo ali levava muito pessoal

a participá daquilo ali.

-ter uma pessoa para escrever né, deixar escrita para o pessoal de...no futuro fazer

a mesma coisa.

-Eu acho que deveria ser mais valorizado né...

-...é história de pescador né, as vezes é bem na verdade, agente vem com o tal do

conto e as vezes a pessoa se torna só motivo de piada.

-...posso passá pra outro e a comunidade toda ta sabendo que nós temo que cuidá

do nosso lugar...

-conscientizá nóis, qué dizê trazê um folheto e explicá do que se trata, conversá,

fazê nós fazê parte daquilo ali...

Idéia central número 4

Compreensão de futuro, estado de percepção das condições naturais com o

decorrer dos hábitos extrativistas, e da relação em que o homem se torna um

elemento insustentável em contraposto a natureza, e não mais parte integrante dela.

Relatos retirados de partes da entrevista que demonstram o envolvimento do

entrevistado e da comunidade com a idéia central.

Page 142: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

136

-...se não fizerem alguma coisa pra preservá né e manter os animal ai para que eles

possam progredi...infelizmente não, não vamo mais pode ver essa natureza....

-Vai ter muito bicho que vai terminá, se acabá...

-...o mato tá ai e o homem é predador né...também não que dexá a natureza

progredi.

-...porque o homem tem um extinto ruim né. Posso dizê que o homem na

consciência da vida o negócio dele é exterminá mesmo...

-...vão diminuindo, se mudando...os cachorro que caça, que as pessoa trazem que

passam e atropelam eles...

...acabando o animal, acaba a vegetação...quando vê nós tamo se acabando nós

mesmo né, qué dizê nossos filho...

-Vai fica sem parmito né! Não vai mais tê...

-...eu tenho meus filhos e penso no futuro deles, se ninguém cuidá das coisa logo

não vai existir...

-...os nossos netos e filhos de hoje...daqui uns dez a quinze anos não vão saber o

que é um palmito...

-...hoje em dia o pessoal entra ai com uma máquina e acabaça com tudo né...

-...se não fizerem alguma coisa pra preservá né e manter os animal ai para que eles

possam progredi...infelizmente não, não vamo mais pode ver essa natureza...

-Tamo andando e ninguém sabe o que vai acontecer amanhã, eu acho que tem que

ta meio já previnido...

-...a água ta meio escassiando nas cachuera né...

-Não vai existir mais água limpa né...vai ter que ser tratada...

-Se continuar como está a água potável vai a falência...

-Que do jeito que ta indo não da pra continuar...

-...mas a tendência é pelo que agente vê é sempre diminuí né...

-...do jeito que ta agente já tem mais ou menos uma noção que vai acontecer no

futuro...vai acabá acabando...

-Não sei.

-É importante né, eu mesmo sempre que vou andá no mato sempre levo um deles

junto, porque eu não sei o futuro deles...eles aprendê, bem dizê os dois lados da

coisa né, o lado assim difícil, que é o lado do estudo...pra se um dia quizé morá na

cidade fica mais fácil, de arrumá emprego...

Page 143: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

137

-Tem qui ser quenem mostra na televisão né, a pessoa que mora no lugar...vive, tem

que ser quenem um guia turístico...

-...então é um conhecimento a mais que ta vindo né, então se todo mundo fizesse

assim, aparecesse sempre...divulgá né as coisa, que dizê o povo ia se abituá a

conhecer, e prestá mais atenção no lugar que ele vive...

-...e todo mundo tar consciente que no dia de amanhã né que aquilo que nós fizè

hoje...

-...e muitas veiz a pessoa mora aqui e sem sabe o que vai ser do futuro da pessoa,

daqui um ano, dois ano dez anos, se sabe pra onde vai, eu acho que podia ser mais

fácil né...

Idéia central número 5

Preferência pelos recursos industrializados, do que as práticas tradicionais, pela

facilidade oferecida pelos recursos industrializados. Insatisfação com o governo.

Relatos retirados de partes da entrevista que demonstram o envolvimento do

entrevistado e da comunidade com a idéia central.

-...nunca fui assim palmiteiro que nem o povo falam, que trabaia quaji direto com o

parmito. Eu bem dizê nunca gostei, porquê é um serviço muito duro e muito pesado

e muito sufrido, nunca gostei desse tipo de serviço...

-...que tinha que tirá do banhado, e até tirá do banhado, puxá...esse meio de tempo

era bem sacrificoso...

-Todas as coisas que ta sendo prejudicado é por falta de fiscalização...

-...porque as vezes não tem a informação da autoridade...

-...com ajuda do governo, prefeitura ou arguma coisa que favoressa a pessoa que

acaba -...fazendo errado porque não tem incentivo ou ajuda de lugar nem um...

-Tem qui ter ensino nas escola, como na teuvu-usão (televisão) né, nas noticia as

pessoa tem qui sabe que tudo que é jogado na natureza, prejudica a natureza e

agente...

-Nunca fomo bem instruído pelo governo, porque o governo só vem pra pedir o voto

e não faz mas nada pra nós, só pega o voto e da as costa, não faz mas nada!

-De governo não gosto.

Page 144: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

138

-Falá a realidade mesmo eles só aparece aqui tempo de política...

...muitas vezes não é favorecido, muitas vez o político nem conhece a pessoa por

causo que não voto pra ele ou arguma coisa assim...

-Dos nosso político tinham que ser mais simpatizados pelo povo né, porque eles são

meio...só andam pelas cidades não chegam nos município e sai o...de passos largos

e nem adeus dizem na volta, pra saírem...

-...porque que ele vez a ponte e que a pessoa já tinha sofrido pra consegui

atravessa o rio, esperá as veiz até uma semana até baxá né, pra podê passá pra lá

ou pra cá...

-Eu gostaria que eles não viesse aqui só nessa época né, que chega a eleição, ai

eles vem aqui...a porque nós vamo fazê isso no lugar....daí acabo aquilo ali fico só

em palavras, só no tempo da política...

-...porque eles só pedem o voto, diz que vão faze isso ou aquilo, fica, fica, e no fim

não fazem nada...

-...mas que eles viessem e fizessem alguma coisa pra mostrá que vão fazê, não que

eles só falassem, não que fizessem...ai agente poderia...acreditá mais neles né...

-Enquanto o povo sofre na mizéria pra cá...

-...como é qui era o sofrimento pra chegá até aqui...

-...Hoje em dia tem o jornal que é a referencia daquilo ali, antigamente não tinha

nada, nem rádio era muito difícil...ai vai se habitando com aquilo ali e pega

experiência né...

-Só se for escrito num livro né, pela televisão um jeito que seja mais fácil de chegá

até na pessoa...

-...ele não tivesse a corajem não tava pronto até hoje, tava o povo sofrendo ai no

campo, mais ainda né...

-Reclamação agente tem sobre os serviço né de estrada, sobre fiscalização das

coisa....

-...que eles venham trabalhá na estrada e façam um serviço bem feito, senão nem

faiz nada né, porque mexe numa coisa e não faze o serviço bem feito...

-... a policia floresta vem perguntado de caçadores, e sobre flor e essas coisa,

muitas vezes eles só perguntavam e nem desciam do carro...

-...se tem uma criança passando ali, o cara vai consegui né, o cara vem numa

velocidade, se tivesse uma lombada, ou uma fiscalização...mas não tem nada, aqui

nós somo precário nessa parte...é onde entra a parte dos político, eles poderiam vê,

Page 145: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

139

a prefeitura tinham que trabalhá pra gente...se eles viessem aqui fazê uma pesquisa

do que precisa...

-...o pescador anda mais perseguindo do que os próprio pexe no mar...

-...aqui na frente de casa mesmo eles passam aqui na frente, só de carro nem param

pra contá porque tão ai...

-...que vivia ou vive ainda de plantações, que eu não sei bem, se isso é uma

verdade, que foram proibido de plantá...

-Eles passam por aqui as vezes quando são chamados, mas freqüentemente eles

não comparece. Só quando são chamados para vir fazer alguma coisa...

-...não ta sendo muito...fiscalizado por eles...

-...as lei tem que existi tanto pra ensiná as pessoa quanto pra protege, a

natureza...não adianta só favorece o lado das lei e dexá os morador...

-Eu não sei bem o que eles vem sempre fazê aqui né, agente num...sabe o que ta

acontecendo...

-...eles viesse sempre pegá um pessoal aqui envistiga a floresta, andar na floresta,

tudo bem...mas hoje não fazem nada. Só anda no carro dentro do carro, bate foto

daqui bate foto de lá e não fazem nada...nada hoje, não andam no mato nada...

-...nossa população tem muito respeito com eles e eles não tem o respeito com a

população...

-...assim que vocês tão aqui conversando com agente, que eles também deveriam

de vim, da dá uma instrução a mais...não tem né um alerta pra pessoa não fazê

aquilo ali, não te dão um folheto, não é bem explicado a respeito de nada...

-...eu acho que eles deveriam vir mais conversar mais com o povo daqui né, ter mais

uma amizade, pra que a gente possa numa parceria trabalhá...

-...depois ele pode encostá na minha frente e ele pode autuá se eu sabê, e as veiz

eu tava fazendo mal pra natureza e nem sabia...

-...eles não vêm pra cá, é porque tem pouca gente pouco carro...pouca vantagem,

alguma coisa tem que tem né...

-...tinha que vir e pegar um pessoal que fizesse umas reuniões e pegasse dois ou

quatro cidadões e andasse por ai, pra podê conhecer...

-...é bom eles sempre tarem ai dando um apoio...por mais que só tejem passando ai

sabe, que já é melhor que nada, porque já intimida, agora num lugar que não tem

ninguém vira bagunça...

Page 146: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

140

-...a maior parte é anda na estrada né, se agente pedi pra ele andá no mato, eles

falam que dexa pra depois e vai ficando e não ta sendo muito...

-...tem povo que não obedece, pra eles não muda nada. Faz horas que não vem!!

-...e não muda muito né porque eles num canto e a população no outro canto...

-Tem alguma coisa pra eles ensiná as pessoa, onde que mora, o que tão fazendo...

-...tinha que vir e fazer reuniões ai com o povo de cidade para ver o que o pessoal

queria o como deve fazer, porque eles passam só de passagem e não resolvem

nada sabe, só passá não adianta...

-Tem que conhece e vê o quer é preciso ser feito aqui pra não ter esse tipo de coisa.

Eu acho que quando eles são chamado, já que eles ganham, procurá atende as

chamada, ensiná, e fazê as reuniões...

-...pra eles poderem fazer a fiscalização eles tinha que descer do carro, entrar na

mata para ver o que ta acontecendo na mata, se eles acham que tem...a floresta

padecendo por isso e por aquilo...que então eles têm que descer do carro e andá na

mata, que só andam na estrada, de longe não vê nada, eles têm qui entrá no mato...

Page 147: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

141

ANEXO C

Page 148: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

142

ANEXO D

Page 149: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

143

ANEXO E

Page 150: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

144

ANEXO F

Page 151: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

145

ANEXO G

Pontos marcados pelos GPS APA de Guaratuba

22 j 0694281 ponto 1 placa de início da APA UTM 7139924

22 j 0695446 ponto 2 UTM 7140351

22 j 0697229 ponto 3 UTM 7139323

22 j 0700086 ponto 4 UTM 7139271

22 j 0702516 ponto 5 UTM 7139271

22 j 0704613 ponto 6 UTM 7138994

22 j 0705150 ponto 7 UTM 7139436

22 j 0705573 ponto 8 UTM 7139629

22 j 0706193 ponto 9 UTM 7139583

22 j 0706467 ponto 10 UTM 7140442

22 j 0709003 ponto 11 UTM 7143486

22 j 0708869 ponto 12 UTM 7143784

22 j 0708757 ponto 13 UTM 7144246

22 j 0708841 ponto 14 UTM 7144486

22 j 0709430 ponto 15 UTM 71446343

22 j 0709435 ponto 16 placa de início da APA UTM 7144814

22 j 0708540 ponto 17 1º base avançada Colônia Castelhanos UTM 7146453

22 j 0709365 ponto 18 capoeirão UTM 7146956

22 j 0709083 ponto 19 UTM 7147546

22 j 0708925 ponto 20 UTM 7147495

22 j 0708668 ponto 21 UTM 7148152

22 j 0708665 ponto 22 UTM 7148158

22 j 0708131 ponto 23 ponto extremo retorno UTM 7147893

22 j 0708091 ponto 24 UTM 7147094

22 j 0708228 ponto 25 UTM 7146698

22 j 0708305 ponto 26 UTM 7146657

22 j 0708466 ponto 27 UTM 7146625

22 j 0708498 ponto 28 UTM 7146554

22 j 0708476 ponto 29 UTM 7146510

22 j 0708485 ponto 30 UTM 7146479

22 j 0708594 ponto 31 roça de banana recente UTM 7146406

22 j 07008641 ponto 32 bananal antigo UTM 7146380

22 j 0708677 ponto 33 Rio Castelhanos UTM 7145252

22 j 0708889 ponto 34 mercearia Castelhanos ... Área de cultivo mista UTM 7144450

22 j 0702544 ponto 35 UTM 7139042

22 j 0714230 ponto 36 UTM 7119392

22 j 0714685 ponto 37 igreja de Garuva UTM 7119497

Page 152: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

146

22 j 0714956 ponto 38 UTM 7120758

22 j 0715035 ponto 39 Rio São João UTM 7120758

22 j 0715230 ponto 40 1°bananal de Garuva UTM 7121288

22 j 0715489 ponto 41 bananal UTM 7121799

22 j 0715963 ponto 42 começo da planície do bananal UTM 7122282

22 j 0716191 ponto 43 planície UTM 7122696

22 j 0716426 ponto 44 bananal inclinação superior 45º UTM 7124102

22 j 0716675 ponto 45 mata secundária UTM 7124405

22 j 0716661 ponto 46 placa inicio da APA UTM 7124965

22 j 0716768 ponto 47 plantação de arroz UTM 7125164

22 j 0716909 ponto 48 plantação de arroz UTM 7125540

22 j 0716987 ponto 49 UTM 7125719

22 j 0717433 ponto 50 bananal UTM 7126144

22 j 0717433 ponto 51 rio UTM 7126372

22 j 0717469 ponto 52 primeira vila de moradores fazenda Banazé UTM 7126583

22 j 717940 ponto 53 plantação de palmeira real UTM 7126863

22 j 0718251 ponto 54 pasto UTM 7127081

22 j 0718257 ponto 55 plantação de pupunha UTM 7127180

22 j 0719759 ponto 56 rio UTM 7128515

22 j 0720135 ponto 57 capoeirão UTM 7129185

22 j 0720409 ponto 58 capoeirão UTM 7130198

22 j 0720278 ponto 59 bananal com cinturão verde / sitio serra verde UTM 7130279

22 j 0720122 ponto 60 capoeirão / banhado UTM 7131218

22 j 0720253 ponto 61 estrada da venda de areia UTM 7131898

22 j 0720448 ponto 62 capoeirão UTM 7132947

22 j 0720833 ponto 63 plantação de arroz UTM 7134316

22 j 0720932 ponto 64 bananal UTM 7134316

22 j 0720971 ponto 65 rio UTM 7134510

22 j 0721042 ponto 66 arroz UTM 7135029

22 j 0721566 ponto 67 arroz cercado de banana UTM 7136797

22 j 0718913 ponto 68 2°base avançada Colônia Cubatão UTM 7143317

22 j 0718981 ponto 69 estrada S.L. UTM 7142276

22 j 0719132 ponto 70 rio da entrada S.L. UTM 7143144

22 j 0719181 ponto 71 estrada S.L. UTM 7143043

22 j 0719577 ponto 72 estrada S.L. UTM 7142847

22 j 0719888 ponto 73 encontro S.L. UTM 7142621

22 j 0720934 ponto 74 Serra do Cubatão UTM 7142370

22 j 0720932 ponto 75 UTM 7142323

22 j 0721162 ponto 76 banana UTM 7142122

Page 153: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

147

22 j 0721282 ponto 77 banana a beira do rio UTM 7141796

22 j 0721449 ponto 78 acesso a limeira UTM 7141343

22 j 0721467 ponto 79 pousada primavera UTM 7140938

22 j 0721919 ponto 80 campo de futebol do Cubatão UTM 7140382

22 j 0722061 ponto 81 mano's mini mercado UTM 7140281

22 j 0722700 ponto 82 plantação de abóbora UTM 7140503

22 j 0722985 ponto 83 curvinha da principal para S.L. UTM 7140739

22 j 0717850 ponto 84 laje (1) foto 46 UTM 7141067

22 j 0717812 ponto 85 laje 2 UTM 7141472

22 j 0717833 ponto 86 meio da laje 2 UTM 7141441

22 j 0717886 ponto 87 laje 3 UTM 7141468

22 j 0717886 ponto 88 UTM 7141450

22 j 0717921 ponto 89 UTM 7141498

22 j 0717911 ponto 90 UTM 2141502

22 j 0717945 ponto 91 UTM 7141504

22 j 0717982 ponto 92 UTM 7141567

22 j 0718000 ponto 93 UTM 7141567

22 j 0719363 ponto 94 UTM 714314

dia 2

22 j 0718130 ponto 95 UTM 7143319

22 j 0718118 ponto 96 rio ribeirão UTM 7143389

22 j 0717679 ponto 97 rio ribeirão grande UTM 7143903

22 j 0717930 ponto 98 rio Cubatão UTM 7144807

22 j 0716702 ponto 99 UTM 7145448

22 j ponto 100 caverna a1

22 j ponto 101 caverna a1

22 j 0716210 ponto 102 UTM 7144831

22 j 0716290 ponto 103 UTM 7144809

22 j 0716182 ponto 104 UTM 7144821

22 j 0716127 ponto 105 UTM 7144638

22 j 0715892 ponto 106 rio UTM 7144549

22 j 0715944 ponto 107 UTM 7144495

22 j 0715926 ponto 108 UTM 7144515

22 j 0715845 ponto 109 UTM 7144612

22 j 0716073 ponto 110 UTM 7144592

22 j 0715652 ponto 111 UTM 7144474

22 j 0715541 ponto 112 UTM 7144267

Page 154: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

148

22 j 0715539 ponto 113 UTM 7144232

22 j 0715341 ponto 114 UTM 7144216

22 j 0715311 ponto 115 UTM 7144223

22 j 0715022 ponto 116 UTM 7143988

22 j 07211431 ponto 117 ponte da limeira UTM 7141474

22 j 0721565 ponto 118 roça de banana alinhada reta UTM 7141487

22 j 0722982 ponto 119 sem mata ciliar bananal ao fundo e pasto na frente UTM 7141469

22 j 0723485 ponto 120 cemitério da limeira UTM 7141929

22 j 0723961 ponto 121 plantação de arroz UTM 7142116

22 j 0723986 ponto 122 UTM 7142361

22 j 0723975 ponto 123 UTM 7142565

22 j 0723978 ponto 124 UTM 7142810

22 j 0723969 ponto 125 UTM 7142992

22 j 0723875 ponto 126 UTM 7143390

22 j 0723555 ponto 127 UTM 7143606

22 j 0723483 ponto 128 UTM 7144083

22 j 0723488 ponto 129 UTM 7144411

22 j 0723503 ponto 130 UTM 7144411

22 j 0723671 ponto 131 UTM 7144907

22 j 0723586 ponto 132 UTM 7145188

22 j 0724389 ponto 133 UTM 7145957

22 j 0724305 ponto 134 UTM 7146232

22 j 0724412 ponto 135 UTM 7146974

22 j 0724397 ponto 136 UTM 7147718

22 j 0724254 ponto 137 pasto UTM 7147919

22 j 0724107 ponto 138 UTM 7148517

22 j 07244066 ponto 139 córrego bananal UTM 7148707

22 j 0724099 ponto 140 igreja UTM 7148967

22 j 0724182 ponto 141 UTM 7149369

22 j 0724350 ponto 142 UTM 7149932

22 j 0724565 ponto 143 UTM 7150594

22 j 0724659 ponto 144 UTM 7151200

22 j 0724740 ponto 145 UTM 7151798

22 j 0724772 ponto 146 capoeirão UTM 7152551

22 j 0724824 ponto 147 pasto UTM 7152551

22 j 0724757 ponto 148 UTM 7152688

22 j 0724851 ponto 149 UTM 7153033

22 j 0724782 ponto 150 UTM 7153375

22 j 0724811 ponto 151 UTM 7153609

Page 155: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

149

22 j 0724780 ponto 152 UTM 7153909

22 j 0724785 ponto 153 plantação de palmito-jussara UTM 7154281

22 j 0725059 ponto 154 UTM 7154655

22 j 0725381 ponto 155 UTM 7154887

22 j 0725409 ponto 156 rio gravação UTM 7154902

22 j 0721915 ponto 157 campo de futebol do Cubatão UTM 7140355

22 j 0714634 ponto 158 Garuva UTM 7119322

22 j 0715606 ponto 159 banca do agostinho Garuva UTM 7119377

22 j 0721960 ponto 160 UTM 7118994

22 j 0724170 ponto 161 capoeirão UTM 7119994

22 j 0725922 ponto 162 UTM 7120996

22 j 0726737 ponto 163 UTM 7121778

22 j 0727586 ponto 164 pasto UTM 7122693

22 j 0728553 ponto 165 UTM 7123590

22 j 0729301 ponto 166 divisa dos Estados PR/SC UTM 7124265

22 j 0730941 ponto 167 UTM 7125056

22 j 0731983 ponto 168 UTM 7125406

22 j 0732727 ponto 169 UTM 7125586

22 j 0733447 ponto 170 UTM 7126014

22 j 0734099 ponto 171 UTM 7126681

22 j 0735527 ponto 172 UTM 7127286

22 j 0736713 ponto 173 PM - Coroados UTM 7127543

22 j 0738399 ponto 174 UTM 7127719

22 j 0740198 ponto 175 UTM 7127896

22 j 0741297 ponto 176 UTM 7128256

22 j 0741767 ponto 177 UTM 7128819

22 j 0742106 ponto 178 UTM 7129723

22 j 0742598 ponto 179 UTM 7130874

22 j 0743327 ponto 180 UTM 7132382

22 j 0743544 ponto 181 UTM 7132862

22 j 0743743 ponto 182 UTM 7133234

22 j 0743868 ponto 183 UTM 7133529

22 j 0744031 ponto 184 UTM 7134068

22 j 0743946 ponto 185 UTM 7134193

22 j 0743575 ponto 186 UTM 7134185

22 j 0743548 ponto 187 UTM 7134555

22 j 0743544 ponto 188 UTM 7135383

22 j 0743121 ponto 189 UTM 7135908

22 j 0743030 ponto 190 UTM 7136251

Page 156: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

150

22 j 0743408 ponto 191 UTM 7136755

22 j 0743571 ponto 192 UTM 7136870

22 j 0743404 ponto 193 embarque do ferry-boat UTM 7137015

22 j 7137015 ponto 194 meio da baía UTM 7137250

22 j 0743544 ponto 195 UTM 7137527

22 j 0743595 ponto 196 UTM 7137830

22 j 0743587 ponto 197 desemb. do ferry-boat UTM 7138136

22 j 0743756 ponto 198 UTM 7138074

22 j 0744329 ponto 199 divisa dos Municípios de Guaratuba/Matinhos UTM 7138375

22 j 0743769 ponto 200 caminho pro Cabaraquara UTM 7138540

22 j 0743829 ponto 201 UTM 7138590

22 j 0743793 ponto 202 UTM 7138830

22 j 0743361 ponto 203 UTM 7139250

22 j 0743135 ponto 204 iate clube de Caiobá UTM 7139512

22 j 0743202 ponto 205 UTM 7139686

22 j 0743285 ponto 206 riozinho UTM 7140096

22 j 0743285 ponto 207 UTM 7140405

22 j 0743256 ponto 208 UTM 7140420

22 j 0743271 ponto 209 UTM 7140433

22 j 0743124 ponto 210 UTM 7140496

22 j 0743000 ponto 211 UTM 7140587

22 j ponto 212 UTM

22 j 0742838 3° base avançada UTM 7140747

22 j 0742692 ponto 214 UTM 7140698

22 j 0749130 ponto 215 balneário Flórida UTM 7146456

22 j 0743262 ponto 216 vivere parvo UTM 7140441

22 j 0743357 ponto 217 fundo do terreno UTM 7140512

22 j 0743567 ponto 218 ferry-boat UTM 7138213

22 j 0741813 ponto 219 paraguaios desmatamento UTM 7131214

22 j 0741961 ponto 220 mata secundária UTM 7131102

22 j 0741925 ponto 221 UTM 7131003

22 j 0742142 ponto 222 área de desmatamento mata secundária UTM 7131231

22 j 0741556 ponto 223 UTM 7130034

22 j 0741362 ponto 224 UTM 7129696

22 j 0741374 ponto 225 UTM 7129790

22 j 0740063 ponto 226 UTM 7130369

22 j 0739316 ponto 227 UTM 7130490

22 j 0740512 ponto 228 UTM 7130233

22 j 0741861 ponto 229 UTM 7129983

Page 157: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

151

ANEXO H

Tabela SIG de atributos de discrição da paisagem

Abo = plantação de abóbora

Areia = areia

Arz = plantação de arroz

Ban = plantação de banana

Cap = capoeira

Capão = capoeirão

Cid = área urbanizada

Fom = floresta ombrófila mista

Fod = floresta ombrófila densa

Laje = área rochosa descoberta de vegetação

Palmreal = plantação de palmeira real da Venezuela

Past = pasto

Palmgeri = plantação de pupunha

Rio = rio

1 fom 61 areia 121 arz 181 cid

2 fom 62 fodcapão 122 arz 182 cid

3 fom 63 arz 123 arz 183 cid

4 fomfod 64 ban 124 fodcapão 184 cid

5 fod 65 rio 125 fodcapão 185 cid

6 XX 66 arz 126 fodcapão 186 cid

7 fod 67 arz 127 fodcapão 187 cid

8 fod 68 fodcapão 128 fodcapão 188 cid

9 fod 69 fod 129 fodcapão 189 cid

10 fod 70 rio 130 fodcapão 190 cid

11 fodcap 71 fodcapão 131 fodcapão 191 cid

12 fod 72 fodcapão 132 fodcapão 192 cid

13 fodcapão 73 fodcapão 133 fodcapão 193 cid

14 fodcapão 74 fodcapão 134 fodcapão 194 cid

15 fodcapão 75 fodcapão 135 fodcapão 195 cid

Page 158: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

152

16 cid 76 ban 136 fodcapão 196 cid

17 fodcapão 77 ban 137 past 197 cid

18 fodcapão 78 ban 138 fodcapão 198 cid

19 fod 79 cid 139 ban/rio 199 cid

20 fod 80 cid 140 cid 200 cid

21 fod 81 cid 141 fodcapão 201 cid

22 fod 82 abo/ban 142 fodcapão 202 mar

23 fod 83 ban 143 fodcapão 203 XX

24 fodcapão 84 laje 144 fodcapão 204 mar

25 fodcapão 85 laje 145 fodcapão 205 mar

26 fodcapão 86 laje 146 fodcapão 206 rest

27 fodcapão 87 fod 147 past 207 fod

28 fodcapão 88 fodlaje 148 past 208 cid

29 fodcapão 89 fod 149 past 209 cid

30 fodcapão 90 XX 150 fodcapão 210 cid

31 ban 91 fod 151 XX 211 fod

32 ban 92 fod 152 XX 212 fodcapão

33 rio 93 fod 153 XX 213 fodcapão

34 cid 94 XX 154 XX 214 fod

35 fod 95 fodcapão 155 XX 215 cid

36 cid 96 rio 156 XX 216 fodcapão

37 cid 97 rio 157 XX 217 fodcapão

38 cid 98 fod 158 XX 218 fodcapão

39 rio 99 rio 159 XX 219 fod

40 ban 100 XX 160 fod 220 fodcapão

41 ban 101 XX 161 fodcapão 221 XX

42 ban 102 fod 162 fod 222 mangue

43 ban 103 fod 163 fodcapão 223 mar

44 ban 104 fod 164 past 224 cid

45 fod 105 fod 165 fodcapão 225 XX

46 fodcapão 106 fod 166 fodcapão 226 fod

47 arz 107 fod 167 cid 227 XX

48 arz 108 fod 168 cid 228 fod

Page 159: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

153

49 arz 109 fod 169 cid 229 fod

50 ban 110 fod 170 fodcapão 230 fod

51 rio 111 fod 171 fodcapão 231 fodcapão

52 fodcapão 112 fod 172 fodcapão 232 cid

53 palmreal 113 fod 173 cid 233 cid

54 past 114 fod 174 fodcapão 234 cid

55 palmgeri 115 fod 175 fodcapão 235 cid

56 rio 116 fod 176 fodcapão 236 cid

57 fodcapão 117 rio 177 XX 237 fodcapão

58 fodcapão 118 ban 178 cid 238 fodcapão

59 ban 119 ban 179 fodcapão 239 XX

60 fodcapão 120 cid 180 cid

Page 160: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

154

ANEXO I

Page 161: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

155

ANEXO J

Page 162: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

156

ANEXO K

Page 163: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

157

ANEXO L

Page 164: DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA ÁREA DE …

158

ANEXO M

Para iniciar o documentário:

• No DVD, pressione a tecla Play.

• No Microcomputador, clique sobre a palavra UnicenP.