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Diagramação:Damadá Artes Gráficas

Designer:Lia Leontino

Capa:Ramiro Viana

Revisão:Maria Lúcia Moreira Gomes

Produção Gráfica:Damadá Artes Gráficas e Editora Ltda.

Av. Pres. Dutra, 1886 - Tel.: (22) 3824-2050CEP 28.300-000 - Itaperuna-RJ

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É proibida a duplicação desta obra ou de partes da mesma, sob quaisquer meios, sem autorização expressa do autor.

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Dedicatória

Aos meus irmãos Fabio e Ricardo

Aos meus filhos, Yasmim e Luan

A minha mãe Magaly

E a minha esposa Rita (Aníbal Wagner)

Dedicatória

A todas as pessoas que participam

da minha vida profissional e social (Carlos Henrique)

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Índice

Prefácio ....................................................................................... 07

Introdução ................................................................................... 09

I - A Mídia e suas diversas faces .............................................. 13

I.1 Mediação Tecnológica Comunicacional ....................... 26

I.2 A Globalização e o Esporte ............................................ 29

II - O Conceito Origem e Evolução do Esporte ........................ 31

II. 1 Evolução do Voleibol até os anos 80 .......................... 39

II. 2 A Federação Internacional de Volley Ball .................... 42

II. 3 A criação da Confederação Brasileira de Voleibol ..... 47

III - Atores e Cenários produzidos pela mídia na Ambiência do Voleibol a partir dos Anos 80 .................................................... 50

III. 1 A influência da mídia na ascenção do Voleibol ......... 51

III. 2 A profissionalização do Voleibol ................................. 68

IV - A Evolução do Voleibol a partir da década de 80 ............. 77

IV. 1 A Geração de “Prata” ................................................... 80

IV. 2 Os Meninos de “Ouro” ................................................. 88

IV. 3 A Era Bernardinho ........................................................ 93

V - Confederações finais.......................................................... 108

VI - Referências ..................................................................112

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Prefácio

O Voleibol no Brasil é um fenômeno por todos os aspectos que podem ser levados em consideração, sejam eles técnicos, táticos, físicos, de mídia e, principalmente, pelos resultados alcançados nos últimos 15 anos, tempo em que o Brasil per-manece entre os primeiros colocados em todas as categorias em que disputa (Infanto Juvenil, abaixo de 17 anos e Juvenil, abaixo de 20 anos) e nos dois naipes: masculino e feminino.

Atualmente, o voleibol brasileiro é referencia mundial devido à excelência em desempenho. Seus jogadores e jo-gadoras são cobiçados por todo o mundo. Das universidades americanas aos grandes times da Ásia, passando pela Rússia, Itália, Espanha, Turquia e outros tantos países, todos querem atletas brasileiros em seus elencos, fenômeno só comparado aos jogadores de futebol. Recentemente, até os profissionais ligados ao voleibol, como técnicos, preparadores físicos, entre outros também são assediados para irem trabalhar no exterior.

A que se devem tantos resultados positivos e tantos pódios?Como começou essa história de sucesso?A quem devemos atribuir o sucesso do voleibol?Qual o segredo de tanto sucesso?É o que poderemos ver neste livro muito bem escrito pelos

Professores Aníbal Wagner e Carlos Henrique Medeiros.Ler o livro é, acima de tudo, estabelecer uma grande recor-

dação da transição de uma época de “romantismo” do voleibol até os dias de glória “dourada”, visto por outro prisma, que não é o técnico, o tático ou mesmo o administrativo, mas o da mídia.

Comecei a jogar voleibol de forma oficial no ano de 1974, depois virei técnico em 1980, quando tinha 19 anos, acumu-lando a função de técnico e de atleta, exatamente no momento em que houve a mudança para um período mais profissional.

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8 Uma sacada de Ouro

Nunca mais deixei o voleibol. Dediquei-me à carreira de téc-nico e passei por uma bem sucedida carreira de gerente de esportes. A paixão pelo voleibol sempre me acompanhou, tudo que tenho ou o que sou devo ao voleibol, por isso pude acompanhar toda a evolução e o “boom” do voleibol que o livro descreve com muita peculiaridade.

É uma leitura muito gostosa para quem viveu de perto toda essa época. É relembrar a história da qual se faz parte. Mesmo para aqueles que não tiveram o privilégio de viver toda essa fantástica história de sucesso do voleibol, a leitura se torna imprescindível para aqueles que gostariam de saber como ou o porquê o voleibol se tornou esse fenômeno de resultado.

Sem fazer uma apologia à mídia ou depreciar os grandes profissionais, sejam eles técnicos, preparadores físicos, pro-fessores ou dirigentes esportivos, que trabalharam muito para que esse esporte chegasse onde chegou, sabemos que, se a mídia não impulsionasse o grandioso trabalho de todos os profissionais envolvidos nesse processo, o voleibol não teria conseguido chegar à posição de excelência a que chegou.

Por isso, este livro, além de ser um excelente relato de um grande “case” de sucesso, pode servir como um “manual” em que outras modalidades possam se espelhar e seguir o mesmo caminho.

Tenho certeza de que vocês vão gostar muito desta obra, que é contada de forma técnica e bastante agradável.

Boa leituraSergio Negrão

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Introdução

O voleibol, até o início da década de 80, era uma moda-lidade esportiva que apresentava resultados modestos em competições internacionais, além de ocupar posição inferior na preferência popular. A televisão não demonstrava muito interesse por seus jogos, sendo o espaço esportivo ocupado quase que exclusivamente pelo futebol, pouco restando para outras atrações. Os atletas das equipes nacionais e os parti-cipantes da seleção brasileira eram conhecidos apenas por um círculo bastante restrito. Praticamente inexistiam contatos de agências para estrelarem anúncios televisivos ou para participarem de campanhas publicitárias, práticas comuns aos jogadores de futebol que já eram tratados como celebridades.

A partir de 1980, a seleção brasileira masculina de volei-bol, que sempre detivera a hegemonia em Campeonatos Sul-Americanos, expandiu suas conquistas, passando a ocupar as primeiras colocações nos eventos mais significativos, tais como Campeonatos Mundiais e Olimpíadas. A sua presença em competições internacionais, passou a ser notada mais admiravelmente pelos concorrentes, como reconhecimento aos inquestionáveis progressos técnicos alcançados.

As empresas começaram a participar dos Campeonatos Brasileiros, representadas pela Pirelli e pela Atlântica-Boavista, cujos confrontos atraíam um público sempre crescente. Com o passar dos anos, foi constatada a adesão de um maior nú-mero de equipes patrocinadas, ao mesmo tempo em que se verificava um aperfeiçoamento da estrutura e da organização das competições.

Os resultados positivos alcançados no exterior chamaram a atenção da mídia. Intensificaram-se as transmissões dos jogos e a veiculação de notícias pelas rádios e telejornais. A

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imprensa passou a publicar, quase que diariamente, matérias divulgando as trocas de equipes por parte dos atletas, as alte-rações das regras, os calendários das principais competições, as decisões da CBV, entre outras informações.

O período compreendido entre os anos de 1980 e 2006 foi marcado pela ascensão técnica do voleibol masculino e pela acentuada atuação da mídia nesta modalidade. Nessa fase, embora a economia tenha sofrido abalos, decorrentes de planos governamentais, as empresas envolvidas no mercado do voleibol intensificaram o direcionamento em marketing, permanecendo até os dias atuais.

Diante disso, este livro volta o seu olhar para a influência da mídia neste esporte, procurando, através de pesquisa his-tórica qualitativa e quantitativa, estabelecer um perfil destes 26 anos. Com base nos principais acontecimentos verificados, surgiram, então, muitas indagações e dúvidas.

Para tal, no primeiro capítulo deste estudo, apresentaremos uma análise sobre a evolução dos meios de comunicação e seu gigantesco avanço científico-tecnológico, o redimensiona-mento cultural, sua interferência na transposição de fronteiras convencionais e territoriais, seu papel estratégico na constante inovação das organizações, sua imensa contribuição para a Globalização, bem como os riscos que a mídia oferece nas relações humanas.

No segundo capítulo, realizaremos uma pesquisa sobre a origem e evolução do esporte desde o homem primitivo até a modernidade, suas inúmeras definições e abordagens até chegarmos à criação do voleibol. A partir do surgimento do voleibol no mundo e sua implantação no Brasil, trataremos de suas características como um jogo, da sua evolução técnica e popularidade. A organização do voleibol em federações e confederações será abordada, bem como os Campeonatos Mundiais, Olímpicos, Copas do Mundo, Liga Mundial, Pan-americanos, Sul-americanos, Copa América e as colocações

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do Brasil nas décadas de 50, 60, 70, 80, 90, até 2006. No terceiro capítulo, faremos uma análise de como a

mídia interferiu diretamente no processo de crescimento e consolidação do voleibol, criando cenários e atores em diversos ambientes, e tornando o voleibol refém dos meios de comunicação. A profissionalização dos atletas e a nova ordem mercadológica nas organizações e eventos.

Finalmente, no quarto capítulo, apresentaremos uma pesquisa de campo sobre o índice de preferência do vo-leibol em relação a outros esportes, bem como relatos e entrevistas de jogadores e técnicos sobre o trabalho técnico desenvolvido com a seleção brasileira de voleibol masculino em três etapas: Geração de Prata, Os Meninos de Ouro e Era Bernardinho

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I - A Mídia e suas diversas faces

Podemos indicar como marco referencial da comuni-cação a Era da Fala e da Linguagem, onde a ciência era encarnada por uma comunidade viva, tendo, pessoas mais velhas, armazenando informações durante toda sua vida e as repassando aos mais novos. Em um círculo de conversas, as informações eram trocadas e atualizadas, reforçando, assim, a importância da oralidade para o co-nhecimento. Mas o mundo ficou amplo e a informação foi se tornando imprescindível para o desenvolvimento das comunidades. Importância essa, aliada ao prestígio do qual ninguém queria abrir mão.

Por volta de 4000 a.C surge a escrita, que passou a permitir o registro das informações, inicialmente nas pe-dras, evoluindo depois para os materiais rústicos como madeiras, peles de animais, etc. Esta fase destacou-se pela transição entre a memorização e a possibilidade de registro, levando ao surgimento da “mídia portátil”, o livro, permitindo, assim, o acúmulo de ciência, embora poucas eram as obras escritas, (geralmente a mão- manu script); Os responsáveis por registrar, organizar e, posteriormente, disponibilizar as informações parecem não ser mais os idosos, mas sim o comentarista, o intérprete, o copista ou escriba.

Por volta de 1462, aconteceu o advento da Imprensa, equipamento este inventado por Johanes Gutenberg, que nasceu na Mogúncia no ano de 1395, numa família nobre. Sem dúvida sua invenção foi considerada muito poderosa e influente, pois permitiu o barateamento da reprodução de textos. Surge assim o instrumento ideal de relação com o saber, a biblioteca, onde cada volume ou cada tema remete a outro em um passeio restrito às

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paredes do lugar. Passa-se do copista ou escriba ao sábio ou erudito. (Giovanini,1984).

Podemos considerar a imprensa como a matriz de muitas outras invenções importantes do milênio passa-do, pois influenciou indiretamente as que se seguiram, possibilitando o enorme crescimento da ciência e das tecnologias.

Com o passar dos tempos, a necessidade de se po-pularizarem os meios de comunicação, fazendo com que os mesmos pudessem atingir uma maior parte da popu-lação, faz surgir o fenômeno da comunicação de massa. Com a criação do jornal, a imprensa inicia a sua fase de popularização.

Com o aparecimento desta nova “mídia”, o relacio-namento entre os jornalistas, editores e o público leitor passa a acontecer também através de cartas publicadas nas diversas colunas e sessões do jornal. Isto ocorre na era do jornal diário, que muitos autores apontam como o período inicial do século XVII; Ingressando no seu segun-do estágio, o correio surge como uma das poucas formas utilizadas para enviar e receber notícias.

As raízes históricas do telégrafo praticamente se per-dem no tempo, de vez que a sua utilização inicial é bas-tante anterior aos nossos tempos. O telégrafo facilitou o avanço no mundo das comunicações, permitindo, assim, a comercialização de notícias para os jornais e leitores. Apesar desses avanços, os recursos tecnológicos que ora surgem despertam certa desconfiança, incredulidade, ceticismo e, quase sempre, clamorosas manifestações de imaturidade cultural, em que se manifestavam diferentes pontos de vista, que, sempre vigilantes, estavam prontos a destruir qualquer forma de confiança justificada tão logo se evidenciasse.

O progresso científico-tecnológico na área da comu-

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nicação não cessava. A imprensa, o jornal, o correio, o telégrafo, o telefone... eram somente o princípio de uma verdadeira revolução nos meios de comunicação. Dentre tantas, há que se considerar que uma das maiores inven-ções pode ser atribuída ao rádio.

Segundo DUARTE et al (2001), no século XX, embo-ra com a qualidade precária, a voz humana e a música puderam ser transmitidas. Com o aperfeiçoamento, dos aparelhos, as transmissões passaram a ser feitas por paí-ses inteiros. O rádio tornou-se o mais importante meio de comunicação do início do século. A programação começou a se diversificar e melhorar sua qualidade com programas jornalísticos, de auditório, humorísticos, radionovelas, obras dramáticas. O poder da manipulação do rádio, atra-vés desses programas, era surpreendente.

A importância do rádio junto à população foi tamanha que, na pesquisa realizada junto a documentos históricos, e por meio de pesquisas realizadas na rede (março/2005), identificamos alguns números sobre a expansão do rádio em relação aos outros veículos midiáticos. O número de domicílios com rádio no Brasil cresceu 18% nos últimos anos, enquanto a população cresceu 6% e os domicílios 10%. O rádio acompanha as pessoas em 44% do seu dia, contra 41% das TV’s, 10% dos jornais e 5% das revistas. Dos ouvintes de rádio, 42% ouvem no carro, 21% no traba-lho o restante em casa ou em outros locais. O rádio lidera em cobertura na faixa horária das 6 às 10 horas (62%, contra 21% da TV e 30% do jornal); das 10 às 14 horas (49%, contra 44% da TV e 15% do jornal).

A popularidade do rádio foi acrescida anos mais tarde por um outro aparelho que tornou-se rapidamente objeto de desejo de toda população: o televisor. No Brasil a TV teve sua estréia no início da década de 50.

O ano de 1926 é considerado oficialmente o ano do

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descobrimento da TV em nível mundial. Mas há muitas controvérsias quanto à paternidade deste aparelho.A te-levisão surgiu no Brasil, no momento de transição rumo à sociedade de massas, contribuindo para a idealização de um país desenvolvido e industrializado. Assim per-cebemos que a TV teve nesta época uma simbologia de modernidade e representatividade do avanço tecnológico no país.

Apesar das imagens em preto e branco e do improviso ocorrido devido à programação emitida em tempo real, a televisão tinha ar de encanto. Atualmente, com uma gama de variedades em sua programação, a televisão torna-se não somente um objeto de utilidade como também ser-ve, para muitos, como companheira. Ela possui em uma casa uma presença quase humana. Seus ruídos são como canções de ninar.

A simples presença da televisão em casa gera um há-bito em assistir à TV e não uma atenção em assistir à TV. Por isso, muitas vezes a televisão se torna objeto de crítica e mais recentemente tem configurado como um campo de pesquisa, principalmente quanto à sua contribuição na formação de atitudes e valores.

DUARTE (2001) aponta que a televisão é hoje reco-nhecida como a mais popular mídia e assume um papel fundamental, não somente no que se refere à relação adulto/criança, mas em, praticamente, todas as áreas da vida humana. Presente hoje em mais de 98% dos lares, é o meio de comunicação preferido pelas crianças (88%) que assistem, em média, três a quatro horas diárias.

O poder de atuação da televisão pode ser tão forte, que esta se torna responsável por emissão de ideologias, pregação de culturas, etc. e, sem dúvida, o público infantil é bem mais aberto a esta moléstia televisiva. Frente à li-berdade da programação televisiva (apesar de programas

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censurados para crianças e adolescentes, mas que quase nunca são respeitados) há de se alertar para a forte mili-tância que tal programação pode oferecer.

O mesmo autor relata que a população infantil e jovem “passa mais tempo” assistindo à televisão do que fazen-do qualquer outra atividade de lazer, a não ser dormir, e passam mais tempo assistindo à TV ao completarem o segundo grau (15.000 a 18.000 horas) do que na sala de aula (12.000). São quase 10 anos assistindo televisão! . Pode-se dizer que a escola, como um fator de socializa-ção, conseguiu converter a televisão em sua principal adversária, à margem do padrão familiar. O que faz com que essa alternativa se torne verdadeira é o fato de que uma criança, ao comparecer pela primeira vez a um centro escolar, já leva consigo uma bagagem prévia de horas de TV, e, ao chegarem à Universidade, terão assistido muito mais horas de TV do que de escola.

Portanto, esse telespectador, atento a tudo que passa na telinha, é atingido por vários ângulos. Talvez uma ex-plicação lógica para isso seja a rapidez que tem se carac-terizado como o símbolo da nossa época, onde crianças e jovens possuem muitos anseios e pressa, principalmente por aquilo que a eles é novidade.

Segundo WERTHEIN (2004), o rádio e televisão vêm se tornando, constantemente interativos. Ao mesmo tempo em que o ouvinte escuta um programa de uma emissora de rádio, ele pode falar ao rádio com o locutor ao vivo, pode enviar mensagens por e-mails que são lidas no segundo seguinte, e isso tudo cria uma dinâmica de ação-e-reação inesgotável, tendo como conseqüência uma atuação ao vivo sobre a realidade. É a interatividade em funciona-mento. Na televisão, o mesmo já acontece em algumas circunstâncias, como as coberturas jornalísticas ao vivo, quando o cidadão que está diante da tela de sua TV, senta-

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do no sofá da sala de sua casa, recebe mais informações sobre um acidente, por exemplo, do que as pessoas que estão vivenciando o próprio acidente!

Se a rapidez e a interatividade são o símbolo da nossa época e o progresso tecnológico é um fator incontestável, não há dúvida de que uma das maiores representações de avanço tecnológico está relacionada à invenção do compu-tador. A informática revolucionou todos os setores sociais e econômicos. Boa parte das atividades desenvolvidas hoje dependem única e exclusivamente do computador, tornando-se assim quase impossível sobreviver sem esta máquina. Desde as mais simples atividades domésticas às mais sofisticadas indústrias de automação, o computador vem se tornando indispensável, e a sua inutilidade começa quando surgem novos modelos de computadores mais potentes, ou seja, quase cotidianamente.

A informática é um campo vasto e riquíssimo. Podemos utilizá-la como instrumento de comunicação, de pesquisa, de produção de conhecimento, utilizando sua interface ideográfica, característica das linguagens simbólicas. No computador, apresentam-se através de ícones, signos que simbolizam de forma gráfica, objetos ou conceitos representados por aquela determinada imagem.

O computador se torna muito mais do que um recurso a ser utilizado. Por isso ele induz à busca ou à pesquisa incansável e frenética, pois as suas limitações quase inexistem.

O computador é muito mais que uma caixa de ferra-menta. “Cada programa (ou software) o transforma numa caixa de ferramentas diferentes, suas limitações residem no tipo de coisas com as quais é capaz de trabalhar”. (Valente, 1996 apud Haetinger, 2003)

Mas, sem dúvida, o que mais majestoso acompanhou o crescimento da informática se chama Internet.

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A internet revolucionou o mundo das comunicações. Fazendo um breve relato sobre o seu surgimento, NOGUEI-RA (2002) sintetiza os principais momentos de avanços desta grande rede.

Na década de 50, os Estados Unidos criam a ARPA (Ad-vanced Research Projects Agency), cuja missão era o de-senvolvimento de alta tecnologia para as forças armadas. Em 1962, é apresentado o projeto de construção de uma grande rede de interligações, comunicações e trabalhos em grupo. Mais alguns anos, especificamente em 1969, foi criada a Arpanet, que desenvolveria a rede que se trans-formou hoje na Internet. Em 1974, com o advento do TC/IP – um protocolo que permite a interligação de diferentes redes/máquinas/sistemas operacionais – inicia-se a rami-ficação da rede, pois as conexões não precisavam ficar mais presas, como inicialmente, ao território americano. Mas é a partir de 1987 que a rede passa a ter um cresci-mento acentuado, com sua abertura para fins comerciais. Um dos grandes marcos da Internet se dá em 1991, com a criação da www (World Wide Web).

A partir do surgimento da Internet, as diferenças ge-ográficas inexistem. As ferramentas disponíveis para se “navegar” neste mundo on-line e virtual criam uma rede de possibilidades praticamente infinita. Sites, home-page, e-mail, lista de discussão, fóruns, salas de bate-papo, softwares de comunicação em rede, etc. são algumas das ferramentas que auxiliam o usuário.

FIGUEIREDO et al. (1999) afirma que, com a Internet, através da qual o usuário pode ter acesso a todo tipo de conhecimento, procedendo a consultas e obtenção de informações on-line, na medida em que a comunicação instantânea permite o contato com o mundo em fração de segundos, pode-se comprar, vender, pesquisar sobre os mais variados temas, além de participar de programas

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de ensino de cunho acadêmico a distância, em várias universidades do planeta.

A expansão desta rede que diminui distâncias, aniquila fronteiras e torna o mundo em si cada vez mais próximo e interativo, traz números no mínimo surpreendentes. Se-gundo NOGUEIRA (2002) “(...) o rádio levou 38 anos para atingir 50 milhões usuários, a televisão 16, a TV a cabo 10 e a Internet apenas cinco. Em 1998, já havia mais de 150 milhões de usuários no mundo”. Hoje, talvez, tenhamos um número incontrolável de usuários ativos nesta rede.

A comunidade Internet está se expandindo não só em números, mas em termos de aplicação. Ela sempre foi e será uma parte importante da comunidade de pesquisa e desenvolvimento. No entanto, o aumento no volume de acesso e o potencial da rede para se tornar a base para a comunicação mundial entre pessoas das mais diversas origens não podem ser ignoradas por nós. Uma rede que, um dia, foi exclusivamente utilizada por pesquisadores agora também é freqüentada por universitários, ativistas políticos, fazendeiros, bibliotecários e diferentes profis-sionais.

É preciso refletir que a Internet traz contribuições relevantes, uma vez que acelera o processo de comuni-cação.Em contrapartida, ela traz um volume imenso de informações das quais precisamos duvidar. Nem tudo que encontramos na rede tem legitimidade sejam pessoas públicas ou qualquer coisa em qualquer home-page. As-sim, é preciso atiçar a criticidade quanto às informações disponíveis na rede.

Além dessa censura quanto ao grande volume de in-formações disponíveis, deve-se ainda pensar na melhor maneira de utilizar as ferramentas de comunicação, como, por exemplo, um e-mail. Gratuito, todo mundo pode ter o seu e, assim, cria-se um ambiente que favorece a co-

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municação independente da distância. Porém, é preciso se precaver quanto ao chamado “lixo eletrônico” que se recebe diariamente nas caixas de mensagem. A falta de observação acurada quanto a este “lixo” pode provocar até mesmo a infec-ção do computador através de um vírus qualquer, que surge num simples clicar de mouse.

Já há no mercado material que orienta os usuários da Internet sobre a melhor forma de proceder para enviar um correio eletrônico, obviamente, tentando evitar a enxurrada de “lixo eletrônico” que normalmente se recebe. É certo que isto tem menos evidência no Brasil que nos países onde o uso do computador já passou a fazer parte do DNA da população. (grifos do autor). (FIGUEIREDO et al ,1999),

A relação entre o lixo eletrônico e a informação é algo a ser pensado em toda sua pluralidade. A informação está disponível a todos. A mídia possui uma força inigualável que se espalha entre os mais diversos ambientes, levando tanto o que é útil quanto o que é fútil. Somos intensamente bombardeados a cada momento por uma série de informações. O acesso à Internet facilitou toda uma rede de processo informacional. Cada vez mais ágil, as informações invadem os olhos e as mentes das pessoas. É bom reforçar, como diz WERTHEIN (2004), que não basta colocar a informação à disposição dos internautas. Isso é fundamental, porém o passo adiante será oferecer a análise dessa informação, possibilitar que as uni-versidades, os centros acadêmicos e os centros de pesquisa possam trabalhar esta informação, extrair tudo o que pode oferecer ao cidadão, torná-las inteligíveis e compreensíveis para a população em geral, de forma que todos tenham a opção do acesso aos serviços públicos prestado por meio das novas tecnologias.

A informação passa a ser vista, assim, como objeto de pesquisa. Pesquisar, criticar, duvidar e analisar são verbos cada vez mais freqüentes na nossa sociedade. A origem da

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sociedade da informação encontra-se, pois, em toda a evo-lução dos processos comunicacionais. À medida que foram evoluindo, se popularizando os meios de comunicação (como a imprensa, fax, telefone, rádio, TV, internet), a sociedade tem se defrontado com o acúmulo e a velocidade com a qual os meios de comunicação transmitem as informações.

Para BELLONI (2001), na chamada revolução tecnológica, porém, a grande ausente é justamente a informação nova e relevante. As TICs avançaram mais rapidamente do que a própria informação. Neste sentido, é justo dizer que estas tecnologias trouxeram problemas que transcendem o nível meramente técnico para se situar na esfera social e cultural: são os problemas das necessidades novas, dos conteúdos a ser criados e dos novos usos que estão sendo inventados e tendem a se desenvolver progressivamente, segundo uma dinâmica própria bem diferente da lógica da oferta técnica.

A partir do que a autora coloca como “problemas que transcendem o nível meramente técnico para se situar na esfera social e cultural”, podemos predizer que a informação não é algo técnico, pelo contrário, ela é transmitida através de técnicas comunicacionais que assumem um forte papel frente à sociedade e, naturalmente provocam reflexos nesta, uma vez que induz e flexibiliza de forma ideológica, e muitas vezes antagônica, aquilo que se deseja transmitir. As Tecnologias de Informação e Comunicação tiveram um avanço consideravel-mente maior do que a informação que se deseja comunicar. A informação se torna, assim, um produto a ser manipulado por esta revolução tecnológica.

Para WERTHEIN (2004), as novas tecnologias hoje ocu-pam um lugar essencial em nossas vidas. Constituem a estru-tura de nosso sistema de comunicação, seja local, nacional, internacional ou global. E elas são responsáveis por profundas transformações no relacionamento que temos em todas as áreas de nossa vida: no trabalho, em casa, na escola e no

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23VOLEIBOL E MÍDIA

lazer. O fato é que agora “temos” que conviver com as novas tecnologias e, há muito, isso deixou de ser uma opção: quer queiramos ou não, elas estão aqui, do nosso lado, interferindo profundamente em nossa relação com o mundo. A começar por uma reformulação da noção de tempo e de espaço que elas nos impõem, é necessária uma revisão completa nesses conceitos.

Já para PEREIRA e HERSCHMANN (2002), o processo de valorização da informação tem forte impacto na maneira de a sociedade se organizar e produzir. Vivemos em uma sociedade que, crescentemente, se organiza em rede e na qual o conhecimento e a informação desempenham um pa-pel estratégico, sendo chave para a produção constante da inovação, condição básica para o sucesso das organizações.

Negar o impacto que as tecnologias causam na sociedade significa assumir uma postura antidialética do mundo a nossa volta. As tecnologias vêm transformando as formas de comuni-car, de trabalhar, de discutir, de pensar, e sem dúvida, de viver, uma vez que estamos cercados pelo progresso tecnológico, do qual se torna impossível fugir, pois as tecnologias estão em todos os ambientes públicos e privados e ignorar sua presença significa, no mínimo, ignorar viver no mundo atual.

Cria-se, desta forma, um mundo de ilusão, onde todos procuram possuir uma autonomia que não foi concedida, onde se consome aquilo que mandam consumir, onde pensamos da forma que queiram que pensemos. Seria isso uma regressão em relação ao avanço científico-tecnológico, ou uma crítica em relação à autoridade e ao poder que monopoliza e ao mesmo tempo induz aqueles que não possuem habilidades suficientes para criticar o mundo à sua volta? BELLONI (2002) retrata este sentimento, colocando que, ao afirmar que, o usuário tem grande margem de escolha e de autonomia frente às tecnologias de informação e comunicação faz mais sentido como uma proposta de ação pedagógica do que como uma

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análise da realidade. Buscar enfocar as possibilidades de autonomia do cidadão consumidor é válido numa perspectiva de mudança, de educação para o exercício desta autonomia. Não é a natureza mais suave e mais amigável das máquinas que permitirá a apropriação criativa destas tecnologias, muito pelo contrário, estas características técnicas aumentam seu poder de sedução frente ao usuário desprevenido.

Necessita-se, no entanto, de nos educarmos para que possamos buscar meios de nos apropriarmos das tecnologias. É também prudente reforçar a todo o instante que as tecnolo-gias possuem muito mais do que um “ar técnico”. Por traz de qualquer inovação tecnológica, existe sempre uma revolução cultural que provoca inquietações e mudanças sociais.

Nesse futuro que já chegou, invadindo o presente, negar a noção de impacto das tecnologias sobre os processos sociais parece mais um artifício retórico para eludir o dilema com o qual a humanidade se defronta: o risco de se conformar com a evolução simbiótica em que a máquina se confunde com o homem, e na qual o ser humano, sujeito criador se (con)funde com o artefato que ele criou e que, de certa forma, o conduz à guerra (senão, onde testar os novos engenhos bélicos ultra tecnológicos?) (Belloni ,2002)

WERTHEIN (2004) vai afirmar que a era da nova socie-dade informatizada, que trabalha quase que em tempo real, nos coloca muitos desafios. Traz um tipo diferente de viver: um viver instantâneo que afeta profundamente as relações entre as pessoas.

E talvez a guerra ideológica ora existente, seja uma guerra onde os conflitos giram em torno do próprio questionamento entre a relação homem-máquina. O homem cria aquilo que para ele possa ter utilidade na medida em que facilita o de-sempenhar de suas atividades e ao mesmo tempo faz de sua criação o espelho de suas reflexões, e, ao refletir sobre a (in)utilidade daquilo que ele próprio criou, questiona a essência

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do progresso científico-tecnológico.A partir daí pode-se dizer então que a Globalização é um

conjunto de transformações políticas, econômicas e culturais que pretende a integração do mundo e do pensamento em um só mercado. O que reforça este conceito vem em conseqüência da velocidade com que, cada vez mais, as informações são processadas.

Um dos importantes modelos de comunicação que pro-porciona uma interação perfeita entre as partes é o tipo um e um, como o caso do telefone; segue-se a ele o centro emissor ligado a vários receptores, os modernos meios de comunica-ção de massa como rádio, televisão, cinema, em que não há interatividade entre as partes e a mensagem é difundida em um único sentido; é o tipo um e todos.

É interessante observar que a maioria dos avanços mi-diologicos que fazem parte do processo da evolução da comunicação conduz, em grande parte dos casos, à maior democratização do saber e da informação.

O espaço cibernético, que tanta polêmica causou nos fins do século passado e ainda continua causando, abre possi-bilidades de comunicação inteiramente diferentes da mídia clássica. A capacidade de transmitir palavras, imagens e sons não se limita aos donos de jornais, editoras, redes de rádio ou televisão como ocorre na comunicação de massa. (Souza e Gomes, 2004).

Não podemos, sob pena de completa alienação diante das mutações que ora se processam no mundo, ficar alheios ao que está acontecendo desde dentro do próprio lar até o mundo de produção, onde os efeitos do encurtamento do espaço, fenômeno que recebeu o nome de globalização, ou mundialização, se firmam de maneira imperiosa. Já não so-mos os mesmos e isso vem corroborar a máxima que diz que “ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Dessa forma, como poderíamos cair na utopia de aceitar uma comunicação

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que tivesse parâmetros estáticos e sem mudanças impostas pelo tempo?

As pessoas deixam à técnica falar por elas em vez de criticá-la e estudá-la para só então desafiar seus supostos benefícios ou acentuar seus malefícios. É preciso ir mais lon-ge e não ficar preso a um ponto de vista, pois, certamente, a técnica e as tecnologias atuais muito terão a ensinar aos filósofos sobre a filosofia e aos historiadores sobre a história. (Souza e Gomes (2004)).

Foi assim com a escrita, o alfabeto, a impressão, com os meios de comunicação e transportes modernos. Isto não significa a anulação do homem enquanto ser, como afirmam alguns, mas uma reinvenção do próprio homem e seus meios de se comunicar e de se relacionar, implicando um novo modo de aquisição e transmissão do conhecimento.

Nesta sociedade, na qual a atenção é pesadamente dirigida para a informação e a tecnologia da informação, o risco maior é confundir-se informação com conhecimento e chamar uma sociedade apenas bem informada de uma sociedade com conhecimento.

I.1 - Mediação Tecnológica Comunicacional É necessário enfatizar que a comunicação mediada é sem-

pre fenômeno social contextualizado: é sempre implantada em contextos sociais que se estruturam de diversas formas e que por sua vez, produzem impacto na comunicação que ocorre. De acordo com THOMPSON (1998), podemos entender a mídia como todos os aparatos técnicos usados como meios de comunicação. E ainda, a comunicação como um tipo distinto de atividade social que envolve a produção, a transmissão e a recepção de formas simbólicas e implica a utilização de recursos de vários tipos.

O impacto das tecnologias na sociedade não ocorre por

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acaso, portanto não é “(...) um determinismo tecnológico”, isso acontece porque a sociedade a produz histórica e socialmente.

A tecnologia tem a capacidade de potencialização das informações, organizando a entrada e saída do maior volume e velocidade das mesmas e quando você opera a base da in-formação e produz informação permite à sociedade incorporar o registro e sentido desta sem que muitas vezes nem se dê conta. A tecnologia se articula na forma que conhecemos hoje como mídia contemporânea, segundo MESSEDER (2002) “Nesse sentido eu acho que a mídia se afirma não como mediador, isso é obvio, mas como grande operador cultural na sociedade contemporânea”. Assim a tecnologia não deve ser vista simplesmente como máquina de informações, mas em razão das inúmeras coisas que essas informações podem proporcionar, como um conjunto de relações que podem

gerar outro conjunto de relações, oportunizando nova di-mensão sociocultural que ultrapassa fronteiras convencionais e territoriais.

Este redimensionamento cultural é percebido pela intensa interação do global e do local sem que o primeiro venha subs-tituir completamente o segundo. CANCLINI (1996) diz: “(...) a cultura nacional não se extingue, mas se converte em uma fórmula para designar a continuidade de uma memória histó-rica instável, que se reconstrói em interação com referentes culturais transnacionais”. Afirma ainda que “(...) a cultura é um processo de montagem multinacional, uma articulação flexível de partes, uma colagem de traços que qualquer cidadão de qualquer país, religião e ideologia pode se utilizar”.

O universo midiático decorrente desta ruptura de fronteiras tradicionais da modernidade, produz uma fusão de culturas, seja alta cultura, cultura popular ou de massa que indepen-dentemente do aspecto nostálgico que ainda possuímos para o julgamento de qualidade de cada uma em separado, cria um novo produto, um negócio, afastando a pureza das mesmas

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que passam a ser referências abstratas. Este novo produto que de acordo com MESSEDER (2002) “(...) é uma enorme cultura pop transnacional” faz com que, na pós-modernidade, a manifestação cultural seja vista, não somente pela ótica do seu valor sociocultural, mas também, pelo seu potencial econômico.

Em virtude dessas transformações tecnológicas, as formas simbólicas são produzidas e reproduzidas em escala sempre ascendente, tornando-se mercadorias que podem ser com-pradas e vendidas no mercado e ficam acessíveis aos indiví-duos largamente dispersos no tempo e no espaço. De forma profunda e aparentemente irreversível, o desenvolvimento da mídia transformou em símbolos a natureza da produção e do intercâmbio no mundo moderno, onde o poder do estado já não é o maior, cedendo espaço para algumas empresas que se fazem presentes em diversos países e que, por razões econômicas, influenciam a produção cultural independente dos interesses da cultura onde está inserida.

Nesta situação, o foco da produção cultural deixou de ser o público, mas o mercado, uma entidade toda poderosa capaz de se organizar segundo suas orientações e lógicas, inclusive criando necessidades, desejos e modificações no público.

A grandiosidade e a influência deste processo podem ser medidas pelo conceito de quarto bios defendido por SODRÉ (2002), pra quem, além dos três gêneros de existência (bios), propostos por Platão, em sua Ética a Nicomanos, ou seja, o theoretikos (vida contemplativa), o politikos(vida política) e o apolaustikos(vida prazerosa, do corpo), com o gigantesco avanço tecnológico dos meios de comunicação, surgiu o bios midiático.

Em THOMPSON (1998) encontraremos um destaque para a importância dos fenômenos midiáticos na construção simbólica da modernidade: “A mídia se envolve ativamente na construção do mundo social. Ao levar informações para indi-

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víduos situados nos mais distantes contextos, a mídia modela e influencia o curso dos acontecimentos, cria acontecimentos que poderiam não ter existido em sua ausência.”

A informação via veículos midiáticos, tornou-se onipresen-te na vida do ser humano, principalmente através dos meios eletrônicos, o que representa mudanças fundamentais nas relações sociais, por quebrar barreiras espaço-temporais ao difundir instantaneamente uma mesma informação por todo o globo.

1.2 A Globalização e o EsporteA globalização esta na ordem do dia influenciando toda a

vida no planeta, o esporte não esta à margem deste proces-so, nem poderia ser de outro modo, porque nas suas formas modernas, procura instituir e afirmar como uma linguagem universal, um modelo cultural adotado internacionalmente.

O esporte é considerado como uma das formas mais po-pulares de participação cultural, o domínio universal da cultura, anulando barreiras culturais, como a língua, religião, fronteiras geográficas, ou manifestações de nacionalismo, aproximan-do participantes e espectadores de todo o mundo nas suas paixões e desejos de vitória. A mobilidade de atletas e dos adeptos e a capacidade de retransmissão das manifestações esportivas para todo o mundo são aspectos da globalização que estão mudando o ambiente do esporte.

A globalização incorpora uma rede de interdependências políticas, econômicas e sociais que ligam as pessoas, e inclui a emergência de uma economia global, trocas de tecnologia, redes de comunicação, migrações, uma cultura transnacional e movimentos que caracterizam o nosso tempo. Como conse-qüência, as pessoas estão experimentando novas relações de tempo e espaço, com a aceleração do primeiro e limitação do segundo, o que conduz a um maior grau de interdependência,

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mas também a consciência maior do sentido do mundo como um todo (Maguire citado Marques Antônio, 2006)

A discussão sobre globalização, está, principalmente, focada nos aspectos econômico e politico-ideológico, susci-tando legítimas preocupações. No entanto, outros aspectos da globalização não são hoje tão estigmatizados, dentre eles o esporte. Como poucas atividades, o esporte tem explorado desde o início o potencial da globalização e contrariamente ao que tem acontecido em outros domínios, o esporte tem escapado incólume às ondas de protesto público associados à globalização.

As imagens correm o mundo, quer sejam pela televisão ou pela internet, e atraem a audiência de bilhões de pessoas nos cinco continentes. O esporte reafirma diariamente seu poder de fenômeno planetário, mobilizando multidões em todo o mundo, porém, até aqui ele trilhou um longo caminho. Surgida como instrumento de treinamento militar, em 2.700 aC, a prática esportiva se restringia a uma elite - os soldados. Com o tempo, o “privilégio” da tropa chegou a outras camadas da população. Na Grécia Antiga, por exemplo, filósofos como Sócrates defendiam a teoria de que todo cidadão livre tinha como obrigação exercitar e aprimorar a forma física.

Ao longo da história, mesmo com a popularização da prática esportiva, consolidou-se a imagem do atleta como integrante de uma elite. Afinal de contas, o esportista possui habilidades especiais, faz coisas que a maior parte das pesso-as tem dificuldades para realizar. O mito se impõe e conquista a admiração de toda a sociedade. A aura que cerca o astro das quadras, campos, piscinas ou pistas o transforma em exemplo de sucesso, fama, realização profissional e reconhecimento público. Para muitos, é o único atalho para ascensão social

No entanto, uma maior compreensão da globalização no esporte remete-nos às origens do esporte moderno.

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II - O Conceito, Origem e Evolução do Esporte

Baseando-se em relatos extraídos em textos de CAPINUS-SÚ (1997), BETTI (1998), TUBINO(1993) e HOLANDA (2004) , o termo esporte procede do século XIV, quando os marinheiros, para explicar as habilidades físicas envolvidas em seus passa-tempos, se valiam das expressões “fazer esporte, desportar-se ou sair do porto”. Presentemente, várias terminologias significam esporte: na Alemanha a expressão “Sportunterricht” ou simples-mente “Sport” passou a ser adotada após a II Guerra Mundial.

Na Inglaterra, França, Itália e nos Estados Unidos, a palavra “sport” sempre prevaleceu, enquanto na Espanha utiliza-se o termo “deporte”. No Brasil utiliza-se indistintamente o termo esporte ou desporto, embora a Constituição de 1988 tenha ins-titucionalizado a palavra desporto, ratificando um termo utilizado desde 1941 quando João Lira Filho redigiu o Decreto-lei nº. 3199 que seria a primeira lei de esporte no país. (Tubino,1993).

Sob o aspecto de conceituação, HOLANDA (2004) define esporte como: “O conjunto de exercícios físicos praticados com método, individualmente ou em equipe”.

Outras definições são encontradas:Para MAGNANE (1969), “ O esporte é uma atividade física

de prazer cujo dominante é o esforço físico, que participa em vez do jogo e do trabalho, praticado de maneira esportiva, comportando regulamentos e instituições específicas, sendo suscetível de transformar-se em atividade profissional.”

Já CAZORLA PRIETO (1979) entende o esporte sob dois aspectos:

1- do ponto de vista individual, como uma atividade hu-mana predominantemente física, que se pratica isolada ou coletivamente e em cuja realização pode-se encontrar a auto-satisfação ou um meio de alcançar outras aspira-

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ções ;2- sob o aspecto social, como um fenômeno de primeira magnitude na sociedade, mas também irradiando con-seqüências políticas e econômicas. .(tradução nossa)

Outra importante definição é registrar a ótica de CAGICAL (1981) que entende o esporte como uma conduta humana típica e específica e um sucesso antropológico, onde o pro-tagonista, centro desse sucesso, é o esportista, um ser hu-mano com uma característica especificada por um certo tipo de práxis, entendida como exercício libertador da evidência lúdica, além de uma confrontação de capacidades pessoais, evolucionadas até uma competitividade.

Já CAPINUSSU (1997) apresenta a definição do esporte como “(...) uma atitude pessoal, uma forma de adquirir a vida que consegue pela reiteração de exercícios físicos, que se concretiza em conhecer-se e aceitar-se e aos demais, sem que se produza outro benefício para a sociedade.”

BELBENOIT (1976) considera que o esporte é o fenômeno sociocultural mais importante de nossa época, e é tão urgente aprender a posicionar-se diante dele quanto em relação aos meios de comunicação de massa.

BARBANTI (1994) afirma ser impossível estabelecer uma definição devido à grande variedade de significados... o termo Esporte é menos determinado por análises científicas em seus domínios do que pelo uso diário e desenvolvimento histórico e transmitido pelas estruturas sociais, econômicas, políticas e judiciais. Para os sociólogos do esporte “é uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos cuja participação é motivada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos”

A atividade física do homem primitivo, em especial o da era pré-histórica, não pode e nem deve ser considerada como prática esportiva, uma vez que inexistia qualquer

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regulamentação sobre tal atividade, cujo destaque devia-se apenas ao seu caráter guerreiro-utilitário.

Da mesma forma, as atividades físicas praticadas pelos povos do Oriente: chineses, hindus, japoneses, egípcios, assírios, hebreus persas e fenícios, baseavam-se em carac-terísticas utilitárias, guerreiras, higiênicas, rituais, recreativas e espirituais, sem nenhuma conotação de prática esportiva em que o confronto é a tônica, buscando o praticante uma auto-superação que lhe permitia também vencer seus oponentes.

Para se ter uma idéia ampla desses “fatos esportivos”, po-demos destacar onze regras que regiam os Jogos Olímpicos da antiguidade:

1-Não podiam participar dos jogos os escravos e os bárbaros2- Ficavam também excluídos os condenados por crimes infamantes, os homicidas, mesmo por impru-dência, os sacrílegos e os que, multados pelo Estado, não se tivessem desobrigado das multas.3- Todos os concorrentes deviam inscrever-se dentro do prazo legal, fazer um estágio no ginásio da Élida e prestar juramento.4- Quem chegasse atrasado seria desclassificado.5- As mulheres não podiam comparecer aos campos de corrida enquanto durassem os jogos.6- Era proibido matar o adversário, voluntariamente ou não, na luta sob pena de ficar perdida a coroa de triunfo e ainda pagar multa.7- Era proibido usar manobras desleais para vencer.8- Era proibido intimidar o adversário oferecendo-lhe dinheiro ou qualquer vantagem para se deixar bater.9- Era proibida qualquer manifestação contra a de-cisão dos juizes.10- Seria açoitado quem procurasse corromper os juizes.

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11- Os descontentes poderiam apelar, por sua conta e risco, da decisão dos juizes para o Senado Olímpico, cabendo a este fazê-los condenar, caso culpados. (Capinussú,1997)

O mesmo autor destaca como práticas esportivas mais importantes, o atletismo, representado pelas corridas de curta e longa distância, aqui se encaixando a maratona; as provas de salto em altura e distância, lançamento de disco e dardo. Além do pancrácio e do pugilato (duas espécies primitivas do boxe atual), a luta livre também ocupava seu espaço. O pancrácio era praticado a mãos livres e o pugilato com as mãos envolvidas em tirantes de couro, sobre os quais eram incrustados cravos de ferro com a finalidade de proporcionar maior contundência aos golpes.

Segundo GILLET (1961) “Os jogos de bola constituíram a esferística muito praticada na palestra”. Os jogos de bola eram numerosos, dentre eles os jogos de passe e fintas; “aforaxis” jogadas com pequenas bolas; a “urânia”, em que se teria de agarrar uma bola de maior tamanho, e o “harpastum”, que se assemelha ao futebol atual.

Havia também o pentatlo, reunindo cinco provas na mesma competição, em que todos os concorrentes eram admitidos

Harpastum que tinha traços parecidos com o futebol que se conhece hoje

Também jogado na Itália Medieval

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à primeira prova, o salto em distância; somente os cinco pri-meiros, passariam para segunda, o lançamento do dardo e a seguir os quatro mais bem classificados na prova anterior disputariam a corrida de curta distância, cujos três primeiros participariam da prova seguinte, o arremesso de disco. Sobra-vam dois finalistas que se enfrentariam na luta livre, da qual sairia o vencedor.

Independente dessas atividades, havia igualmente a prática de exercícios de acrobacia e danças, sem caráter competitivo, mas apenas de exibição.

Os romanos conquistaram a Grécia e, aos poucos, foram destruindo tudo aquilo que o povo grego havia construído no campo esportivo, utilizando a prática de exercícios físicos apenas como preparação do homem para guerra.

Apesar da variedade de jogos circenses realizados anual-mente em instalações esportivas de grande porte: Circo Má-ximo, Circo Flamínio, Circo Nero, Anfiteatro Flávio (Coliseu), o sentido de competição saudável e despida de interesses espúrios, sedimentados pelos gregos, principalmente, deixou de existir em Roma.

Na monarquia, no período republicano ou durante a época imperial, as atividades físicas tinham características diferen-tes daquelas praticadas pelos gregos, principalmente nesta ultima, em que os espetáculos proporcionados nas arenas dos grandes circos apresentavam uma selvageria totalmente divorciada de qualquer finalidade esportiva. Foram os gladia-dores se exterminando e os cristãos sendo jogados às feras, sob os olhares complacentes dos imperadores e seus sabujos, diante das platéias contagiadas pela bestialidade dominante no ambiente de então. (CAPINUSSU, 1997)

Com a queda do império romano e a extinção dos jogos circenses em 521 d.C. o esporte sofreu processo de estag-nação e conseqüente regressão, ou seja, experimentou um período de decadência.

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Veio a Idade Média e somente aquele que se revelasse exímio cavaleiro teria a oportunidade de alguma prática es-portiva, uma vez que predominaram os torneios e as justas. O torneio de origem francesa era disputado por dois grupos, cada um com seu chefe, seu porta-estandarte e seus cava-leiros armados com lanças, espadas e maças. No final do enfrentamento uma autêntica batalha, o campo apresentava armaduras destruídas e corpos dilacerados.

A justa era disputada entre dois cavaleiros, que tentavam se atingir, protegidos por pesadas armaduras e escudos, empunhando pesadíssimas lanças de ferro. Apesar de, com o passar do tempo, ganharem uma regulamentação que os tornavam menos sangrentos, os torneios e as justas não chegaram a propiciar nenhum indício de evolução do esporte na Idade Média.

O Renascimento, período caracterizado pelo Humanis-mo, que abrangia as atividades humanas da época, também exerceu influência sobre o esporte, educadores e filósofos demonstraram sua preocupação, manifestando-se favoráveis em proporcionar ao jovem um desenvolvimento físico paralelo à evolução do intelecto. Com este objetivo, na França, na Alemanha, na Inglaterra, na Grécia e na Itália, surgiram, já na transição do século XVIII para o XIX, os apologistas da cultura física e da prática esportiva, representada por Jean-Jacques Rousseau, Amoros, Ling, Janh, Thomas Arnold, John Locke, Vitorino de Feltre e outros.

Na Inglaterra do século XVIII, a Revolução Industrial es-tabeleceu a distinção entre classes e passou a exigir uma regularidade na conduta dos indivíduos, especialmente nas chamadas classes “altas”. Nesta época, muitos dos jogos praticados por toda a Europa eram bastante violentos. Como as classes altas inglesas começavam a adotar um compor-tamento de busca de regularidade na conduta individual e a adquirir novos hábitos sensíveis a qualquer forma de violência,

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passou-se a estabelecer “restrições civilizadoras” a determi-nados jogos para que pudessem ser praticados sem ferir tais parâmetros distintivos.

O Estado impôs um desenvolvimento social em conjunto com educadores, moralistas, policiais e médicos. Através de um controle mais rigoroso sobre a população, esclarecia os perigos que ameaçavam a vida coletiva.

Garrido (1999) aponta que, desse modo, as atividades esportivas devem ter representado uma resposta de transfor-mação, para a formação de um homem de hábitos civilizados, com formação moral e um corpo fortalecido e saudável, ou seja, práticas desenvolvidas como fatores de higiene e saúde. O esporte, um hábito social de lazer distintivo das classes altas, passava a significar uma atividade geradora de autocontrole a ser alcançada através de suas regras escritas, que coibiam ou limitavam a violência entre os praticantes do confronto. Paralelamente, na Alemanha dos séculos XVIII e XIX se desenvolveram outros elementos que compõem o esporte moderno ou contemporâneo. A fim de atender a interesses na-cionalistas, à preparação militar, à reabilitação de enfermos e à saúde física de toda a população, desenvolveram-se, naquele país, exercícios sistematizados (ginástica) com a utilização de equipamentos, emprego de estatísticas e prescrição de treinamentos. Logo surgiriam os chamados grêmios (clubes) e competições de ginástica entre as regiões. O grande objetivo era a integração nacional da Alemanha.

Mas, segundo Capinussu (1997), realmente coube à In-glaterra dar o impulso à moderna prática esportiva, a partir de 1830, com a implantação do Colégio de Rúgbi por Thomas Arnold, que preconizava, sobretudo, o aprimoramento moral através do esporte. Os excelentes resultados obtidos no campo esportivo se refletiam em todas as atividades de vida social inglesa, vencendo as oposições do clero, da classe média, dos intelectuais e da imprensa. Estes temiam o papel

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primordial dado à força física na educação moral, a impru-dência de solicitar ao organismo atividades tão intensas e a possibilidade de o nível dos estudos sofrer uma baixa prejudicial ao país

Alegações desta natureza baseavam-se no fato das instituições inglesas de ensino seguirem o bem-sucedido modelo do Colégio de Rúgbi, que obrigava a prática es-portiva pelo menos três meios dias por semana.

Apareceram, então, com o mesmo espírito da iniciati-va estudantil, as provas do remo Oxford x Cambridge, a partir de 1836; as competições de natação e pólo aquá-tico, na segunda metade do século XIX, as lutas de boxe devidamente humanizadas e regulamentadas, o futebol, o atletismo e o tênis.

A partir destas situações que logo se estenderam a outros países europeus e à América, padronizaram-se distâncias, tempos, espaços, de acordo com a modalida-de, bem como foram criadas regras e aperfeiçoados os equipamentos para as diversas práticas esportivas que surgiram ou foram consolidadas.

A figura de Pierre de Freddy, Barão de Coubertin, o criador dos modernos Jogos Olímpicos em 1896 ocupa lugar de destaque na história do esporte, pois renovou a concepção da prática esportiva fundamentada nos princípios de ética e educação. Nestes Jogos (Primeira Olimpíada da Era Moderna) disputada em Atenas, contou com a presença de 285 atletas representando 13 países.

Os Estados Unidos, influenciados pela colonização inglesa, prestaram importante contribuição ao esporte, criando modalidades hoje praticadas intensamente pe-los cinco continentes como o Beisebol, Basquetebol e o Voleibol.

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II. 1 - Evolução do Voleibol até os anos 80Segundo informações extraídas da CBV (Confederação

Brasileira de Voleibol), www.fmvoley.com (Federación Madrilena de Voleibol) e de diversas revistas da área, o voleibol, aqui citado em alguns momentos como Volley Ball, visando manter as denominações da época ou da língua, foi criado em 1895, pelo americano William G. Morgan, conhecido pelo apelido de “armário”, devido ao seu porte físico, então diretor de educação física da As-sociação Cristã de Moços (ACM) na cidade de Holyoke. Em Massachusetts, nos Estados Unidos, o voleibol teve como primeiro nome “MINONETTE” e mais tarde viria a se tornar um dos maiores esportes do mundo.

Naquela época, o esporte da moda era o basquetebol, criado apenas quatro anos antes, mas que tivera uma rápida difusão. Era, no entanto, um jogo bastante cansativo para pessoas de idade. Por sugestão do pastor Lawrence Rinder, Morgan idealizou um jogo menos fatigante para os associados mais velhos da Associação Cristã de Moços e colocou uma rede semelhante à de tênis, a uma altura de 1,98 metros, sobre a qual uma câmara de bola de basquete era batida, surgindo assim o jogo de voleibol.

William G. Mor- Recepção no Minonette

Fonte:www.museudosesportes.

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O voleibol surgiu na América do Sul, por intermédio do Peru, no ano de 1910, através de uma missão contratada pelo go-verno peruano, junto aos EUA, com a finalidade de organizar a instrução primária no país. Os membros desta missão foram os senhores Joseph B. Lochey e José A. Macknight. Trabalharam de comum acordo na modificação dos programas de educação física para crianças, que surgiram nessa época e careciam de jogos. Os jogos ensinados foram: o basquetebol, o voleibol e o handebol, mas não chegaram a ultrapassar as fronteiras do país. Somente em 1912, em Montevidéu, no Uruguai, com a apresentação e o incentivo do voleibol pela ACM, surgiram as primeiras sementes que produziram os frutos desejados.

Características do Voleibol visto como um jogo O objetivo do jogo é cada equipe enviar a bola por meio de

toques, regularmente, por sobre a rede, para a metade opos-ta da quadra e evitar que a bola caia no solo da sua própria metade. A bola é colocada em jogo por meio do saque, que consiste em golpeá-la por sobre a rede para a quadra oposta. O saque é executado pelo jogador de defesa direita.

No voleibol, uma seqüência de jogadas iniciadas pelo saque denomina-se rally. Quando uma equipe que recebeu o saque ganha o rally, obtém o direito de sacar, marcar o ponto e seus jogadores mudam de posição, efetuando um movimento de rotação no sentido horário. A rotação garante que todos os jogadores possam jogar tanto na linha de defesa quanto na linha de ataque.

A bola continua em jogo até que caia no solo, vá para fora ou até que uma equipe cometa uma falta. Uma equipe ganha um set quando atinge 25 pontos (quinze no set decisivo), com um mínimo de dois pontos de vantagem sobre os do adversá-rio, e vence o jogo ganhando três sets.

RIBEIRO (2004) acrescenta ainda com relação ao volei-bol que, podemos dizer, sem medo de errar, que dentre os

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desportos coletivos é o que por suas características, pode ser considerado o mais coletivo de todos, pois, para estruturação das jogadas é necessária, normalmente, a participação de três jogadores, diferentemente do basquetebol ou futebol, em que com bons jogadores pode-se marcar pontos (gol) e desequili-brar o jogo sem que necessariamente haja a participação de outros jogadores.

A primeira bola usada era muito pesada e por isso, Morgan solicitou a firma A. G. Spalding & Brothers uma bola para o re-ferido esporte. No início, o minonette era praticado por homens e mulheres e ficou restrito à cidade de Holyoke e ao ginásio onde Morgan era diretor. Um ano mais tarde, numa conferência no Springfield’s College, entre diretores de educação física dos EUA, duas equipes de Holyoke fizeram uma demonstração e assim o jogo começou a se difundir por Springfield e outras cidades de Massachusetts e Nova Inglaterra.

Em 1896, foi publicado o primeiro artigo sobre o “minonet-te”, escrito por J.Y. Cameron na edição do “Physical Education” na cidade de Búfalo, New York. Este artigo trazia um pequeno resumo sobre o jogo e de suas regras de maneira geral. No ano seguinte, em Springfield, o Dr. A. T. Halstead sugeriu que se o seu nome fosse trocado para Volley Ball, tendo em vista que a idéia básica do jogo era jogar a bola de um lado para o outro, por sobre a rede, com as mãos.A partir de 1897 pas-sa a ser chamado de Volley ball e as regras foram incluídas oficialmente no primeiro handbook oficial da Liga Atlética da Associação Cristã de Moços da América do Norte.

A primeira quadra de voleibol tinha as seguintes medidas: 15,24 metros de comprimento por 7,62 metros de largura. A rede tinha largura de 0,61 metros. O comprimento era de 8,24 metros, sendo a altura de 1,98 metros (do chão ao bordo superior). A bola era feita de uma câmara de borracha coberta de couro ou lona de cor clara e tinha por circunferência de 63,7 a 68,6 centímetros e seu peso era de 252 a 336 gramas.

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O número de seis participantes só é determinado em 1918. Até então, participavam de uma partida quantas pessoas quisessem

O Voleibol Pelo Mundo. O Volley Ball foi rapidamente ganhando novos adep-

tos, crescendo vertiginosamente no cenário mundial no decorrer dos anos. Em 1900, o esporte atravessou a fronteira norte americana e chegou ao Canadá, sendo pos-teriormente desenvolvido em ouros países, como China, Japão (1908), México, Filipinas (1910).

O Voleibol chega à Europa durante Primeira Guerra Mundial, levado pelos soldados norte-americanos que o praticam nos dias de folga. Após a guerra, muitos paises europeus, como Tchecoslováquia, União Soviética, Polô-nia, França, Bulgária adotam definitivamente o voleibol em suas escolas e clubes.

Na América do Sul, o primeiro país a conhecer o Volley Ball foi o Peru, conforme já visto anteriormente.

O primeiro campeonato sul-americano foi patrocinado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), com o apoio da Federação Carioca de Volley Ball e aconteceu no Fluminense, na cidade do Rio de Janeiro, entre 12 e 22 de setembro de 1951, sendo campeão o Brasil, tanto no masculino como no feminino.

II-2 A Federação Internacional de Volley Ball (FIVB)

O criador do Volley Ball, William G. Morgan, morreu em 27 de dezembro de 1942, aos 72 anos de idade e não pôde ver o esporte, por ele idealizado, organizado mundialmen-te, já que a Federação Internacional de Volley Ball (FIVB) foi fundada cinco anos após sua morte, em 20 de abril de

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1947, em Paris, sendo seu primeiro presidente o francês Paul Libaud e tendo como fundadores os seguintes paises: Brasil, Egito, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Itália, Iugoslávia, Polônia, Portugal, Romênia, Tchecoslo-váquia e Uruguai.

O início das Competições Internacionais . O primeiro campeonato mundial foi disputado em Praga,

na Tchecoslováquia, em 1949, vencida pela União Soviética. A história do voleibol mostra a supremacia dos soviéticos e

dos tchecos nos primeiros campeonatos mundiais masculinos. Na década de 50, as seleções da União Soviética e Tchecos-lováquia são as que mais sobem ao pódio nas competições internacionais.

A seleção Tcheca, vice-campeã do primeiro mundial em 1949 em Praga, fica novamente com o vice no Mundial de Moscou em 1952, conquistado pelos soviéticos. Quatro anos depois no Mundial de Paris, a Tchecoslováquia sagra-se campeã e a União Soviética é vice. Participam desse mundial vinte quatro seleções de quatro continentes.

Os Anos 60Na década de 60, os soviéticos e tchecos continuam do-

minando as competições mundiais masculinas, mas também começam a surgir seleções fortes de outros países, como a japonesa e a romena.

O Japão, que tinha se adaptado às regras internacionais do voleibol em 1955, já briga pelos primeiros lugares nos mundiais e olimpíadas. O voleibol jogado pelos japoneses se destaca por sua graça e agilidade na defesa, bem diferente do jogo de força dos soviéticos.

O Mundial do Rio de Janeiro, em 1960 é a primeira compe-tição disputada fora da Europa. A União Soviética termina em primeiro e a Tchecoslováquia em segundo. Dois anos depois,

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em Moscou, o resultado se repete.Em setembro de 1962 no Congresso de Sofia, o Volley Ball

foi admitido como esporte olímpico e a sua primeira disputa foi na Olimpíada de Tóquio, em 1964, com a participação de 10 países na categoria masculina: Japão, Romênia, União Sovi-ética, Tchecoslováquia, Bulgária, Hungria, Holanda, Estados Unidos, Coréia do Sul e Brasil.

O primeiro campeão Olímpico foi a equipe da União So-viética; a Tchecoslováquia foi a vice e o Japão ficou com a medalha de bronze.

Em 1966 no Mundial de Praga, a seleção tcheca fica com o ouro e a romena com a prata.

Na Olimpíada do México em 1968, a seleção soviética ven-ce o Japão na final. A Tchecoslováquia tem que se contentar com o bronze

Na final, o Japão derrota a União Soviética por 3 x 0. Apesar da vitória, as jogadoras reclamam do autoritarismo do técnico, provocando sua saída da seleção. Mesmo assim, elas novamente são as melhores do mundo ao conquistarem o Mundial também em Tóquio, em 1967, desta vez as japonesas derrotaram as americanas.

No ano seguinte, a União Soviética arma uma equipe ca-paz de derrotar o Japão e conquista a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do México. As japonesas ficam com a prata.

Os Anos 70O jogo de força dos soviéticos continua na década de 70.

Mas outros países se destacam: Japão, Tchecoslováquia, Romênia, Itália, Alemanha Oriental, Cuba Polônia e Bulgária.

A seleção da Alemanha Oriental vence o Mundial de Sofia, em 1970 deixando os donos da casa em segundo.

Com um estilo leve e veloz no ataque, o Japão conquista o ouro na Olimpíada de Munique, em 1972 a Alemanha fica com a prata.

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Dois anos depois no Mundial do México, a seleção polone-sa sagra-se campeã, deixando a União Soviética em segundo lugar e o Japão em terceiro.

Polônia e União Soviética chegam invictas à final da Olim-píada de Montreal, em 1976. A seleção polonesa, com melhor preparo físico e uma atuação impecável do atacante Tomasz Wojtowicz, conquista o ouro.

Dois anos depois, no Mundial de Roma, surgem com força as seleções da Itália e Cuba. A Itália chega à final, mas perde para os soviéticos, ficando com o vice-campeonato, enquanto Cuba é a terceira colocada.

O Voleibol, ao longo dos anos, foi se transformando, adap-tando-se e, como qualquer outro tipo de atividade, tecendo sua própria história e desenvolvendo o seu processo.

Para melhor compreensão veja a seguir as alterações na regra ate o final da década de 70.

1921 - Uma linha é traçada sob a rede dividindo o campo de jogo em 2 metades iguais.

1937 - Múltiplos contatos com a bola são permitidos, par-ticularmente em defesas provenientes de ataques “violentos”.

1942 - A bola poderá ser tocada com qualquer parte do corpo acima do joelho.

1947 - Somente aos jogadores da 1ª linha (posições 2, 3 e 4) serão permitidas as trocas de posição para o bloqueio e o ataque.

1948 - Após a Guerra as regras foram reescritas de modo que fossem mais facilmente interpretadas. Esta mudança se deu principalmente nos seguintes itens:

Uma melhor definição foi dada a idéia de bloqueio; O serviço foi limitado à uma área de 3 metros na linha de fundo, sendo necessário que cada jogador mantivesse sua posição durante o serviço; Não haveria mais pontos por erros de serviço; Contatos simultâneos de 2 jogadores serão conside-

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rados apenas 1; O tempo em decorrência de uma lesão poderá durar até 5 minutos; O intervalo entre os sets passa a ser de 3 minutos; O tempo pedido pelo técnico passa a ter a duração de 1 minuto.

1953 - Durante o Congresso da FIVB, foram definidas as ações do árbitro e a terminologia a ser adotada.

1957 - Foi dada consideração à entrada de um 2° árbitro. 1959 - No Congresso realizado em Budapeste foi decidida

a proibição da “cortina” feita durante o serviço e limitou-se à invasão na quadra adversária com o pé que ultrapassava totalmente a linha central.

1964 - A invasão por cima da rede durante o bloqueio é proibida, enquanto que aos bloqueadores é permitido o 2° toque após o toque feito durante a ação de bloqueio.

1968 - O uso das antenas para delimitação do espaço aéreo da quadra foi recomendado, ajudando, assim, a delimitar o espaço aéreo de cruzamento da bola para a quadra adversária.

1974 - No Congresso realizado na Cidade do México ficou decidido que duas alterações seriam introduzidas em 1976: a mudança do local de fixação das antenas (passando de 9,4m para 9m) e 3 toques após o bloqueio seriam permitidos. Nota-se que até o surgimento da FIVB, poucas foram as mudanças nas regras, havendo, inclusive, uma grande variedade destas, de acordo com a região praticante do desporto. A partir de 1947, com o advento da FIVB, começa uma reestruturação das regras, visando à unificação das várias versões, assim como um maior dinamismo do desporto.

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II-3 Criação da Confederação Brasileira de Voleibol

No Brasil, o voleibol teve a sua introdução no início do século XX, existindo duas correntes divergentes quanto ao ano e local exatos. Uma afirma que o voleibol começou a ser praticado num colégio de Pernambuco, em 1915, e outra defende a tese de que tudo começou em 1917 e cre-dita o pioneirismo à Associação Cristã de Moços de São Paulo. O Brasil não figurou entre as potências mundiais do voleibol até o final dos anos 70.

A Confederação Brasileira de Voleibol foi criada em 18 de agosto de 1954 com o objetivo de difundir e desenvol-ver o esporte por meio de cursos e “escolinhas”. A partir da década de 60, suas concepções e práticas passaram a receber contribuições cada vez maiores e mais freqüentes, fazendo com que, 10 anos depois, o voleibol brasileiro marcasse presença na Olimpíada de Tóquio, quando o voleibol fez sua estréia como esporte olímpico. Assim como no futebol, o Brasil é o único país que disputou todas as Copas do Mundo, os sextetos nacionais masculinos participaram de todas as edições dos Jogos Olímpicos. No entanto, faltavam resultados expressivos.

Para facilitar a leitura, apresentaremos, em forma de gráfico, a evolução do voleibol que abrange o período com-preendido entre as décadas de 50 e 60, conforme tabela 1.

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A mudança de rumo do voleibol do Brasil tem como ponto de partida o ano de 1975 quando Carlos Arthur Nuz-man assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Voleibol, como ex-jogador da seleção brasileira, levou a “garra” e a determinação com que atuava nas quadras para solucionar os problemas sentidos como atleta olímpico e, sob a bandeira da organização, apostou no potencial do voleibol brasileiro, estabelecendo metas: estrutura-ção da Confederação, inclusive das comissões técnicas; disciplina em todos os níveis; maior intercâmbio com os principais centros do voleibol mundial, conforme tabela 2.

Dando continuidade ao trabalho de desenvolvimento des-te esporte, Sr. Carlos Arthur Nuzman conseguiu que o Brasil sediasse os mundiais juvenis, masculino e feminino, no ano de 1977, conforme tabela 2, promovendo uma mudança de conceitos e de preparo para uma seleção nacional, em que a seleção juvenil masculina teve tempo e estrutura para trei-namento e chegou a um inédito terceiro lugar no campeonato mundial da categoria, colocando, pela primeira vez, o Brasil no pódio. Para essa mudança, Nuzman, hoje presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, contou com o empreendedorismo de vários dirigentes do voleibol brasileiro que, assim como ele, na época, vislumbrava a possibilidade do profissionalismo no voleibol nacional.

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A expansão quantitativa das ambiências esportivas no Brasil é visível e está expressa no crescente número de praticantes formais e não-formais de esportes, de even-tos esportivos, de profissionais que ocupam o espaço de trabalho relacionado ao fenômeno esportivo, de cientistas que direcionam seus estudos nas questões esportivas, de indústrias comprometidas com equipamentos e materiais esportivos, de manifestações de mídia (TVs, rádios, jor-nais, sites, revistas, banco de dados, etc.), de modalidades esportivas praticadas no país, de instalações esportivas espalhadas pelo território brasileiro e em muitos outros fatores.

No próximo capítulo, entraremos no objeto principal deste trabalho que é a evolução do voleibol a partir dos anos 80.

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III - Atores e Cenários produzidos pela Mídia na Ambiência do Voleibol a partir dos anos 80

Desde os primórdios, o esporte se divide em duas vertentes: de um lado, a prática para o aperfeiçoamento físico, como fator de higiene e saúde, hábitos educacionais; de outro a busca da melhor performance, a competição, seja entre indivíduos, gru-pos ou do homem com ele mesmo. Estas vertentes estão bas-tante solidificadas no mundo contemporâneo, que acrescentou, via mídia, uma terceira variante, a do esporte como espetáculo.

Para promover esta vertente privilegiando o voleibol espe-táculo, a FIVB percebe que é preciso moldar a regra para que a virulência cedesse vez ao espetáculo. O ataque era muito superior à defesa: então, torna-se necessário privilegiar a defesa dando a ela recursos legais para tal.

A partir da década de 80, houve mudanças na regra com o intuito de modernizar cada vez mais o esporte, conforme pode ser visto a seguir:

1982 - A pressão da bola é alterada de 0,40 para 0,46 kg/cm2.

1984 - Fica proibido, após as Olimpíadas de Los Angeles, o bloqueio do serviço. Os árbitros são orientados a serem mais permissivos com a defesa.

1988 - Foi aprovada a mudança do 5° set para o Rally-point System, no qual cada saque equivale a 1 ponto. A pontuação de cada set fica limitada a um máximo de 17 pontos com a diferença de 1 ponto entre as equipes.

1992 - Quando o set estiver empatado em 16-16, o jogo irá continuar até uma equipe obter 2(dois) pontos de vantagem.

1994 - Foram aprovadas novas regras que seriam introdu-zidas em 01/01/1995:

· A bola poderá ser tocada com qualquer parte do corpo

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(inclusive os pés); · A zona de serviço se estenderá por toda a linha de fundo; · Eliminação do “dois toques” na 1ª bola vinda da quadra adversária; · É permitido o toque acidental com a rede quando o jogador em questão não estiver participando da jogada.

1996 - Uma bola que tenha ido para a zona livre ad-versária por fora da delimitação do espaço aéreo poderá ser recuperada. A mão poderá tocar a quadra adversária desde que, não ultrapasse completamente a linha central. As sanções disciplinares passam a valer por todo o jogo. A linha de ataque terá um prolongamento de1,75m com linhas tracejadas de 15 cm com espaçamento de 20 cm. Diminuição da pressão da bola (0,30 - 0,325 kg/cm22).

1998 - Começa a ser testada a adoção do Rally-point System com 25 pontos nos quatro primeiros sets e 15 pontos no tie-break durante os próximos 2 anos. Outras mudanças foram adotadas imediatamente: a mudança da cor da bola, a introdução do libero e uma maior liberdade por parte dos técnicos para darem instruções (entre a linha de ataque e o fundo da quadra).

III. 1 Influência da mídia na ascensão do Voleibol

Apesar de ser assunto recorrente na imprensa há vários anos, inegavelmente o fator que mais influenciou para que o esporte, especialmente o voleibol, adquirisse a configuração dos dias atuais foi o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação. Primeiro com as transmissões radiofônicas de eventos esportivos, cuja

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popularidade adquirida através dessas transmissões, colaboraram muito para o desenvolvimento do próprio rádio, ante as dificuldades técnicas que tinham de ser superadas e a concorrência das emissoras. Mais tarde, a televisão daria o impulso decisivo para dar contornos de mega espetáculo e fonte de lucros ao esporte.

GARRIDO (1999) afirma que a construção de ídolos no esporte é outra grande arma da mídia, tanto para vender os espetáculos, como para chamar a atenção das audi-ências para que assistam determinadas competições. A mídia precisa dos ídolos para tornarem o espetáculo mais atraente, assim, atletas que realizam performances acima da média passam a ocupar grandes espaços.

No voleibol, assim como em outras modalidades es-portivas, os ídolos auxiliam empresas que os contratam e vinculam seus produtos à imagem de vencedores. (vide o caso mais recente do voleibol que é a variedade de anúncios publicitários gravados pelo técnico da seleção brasileira, Bernardinho). Surge então o patrocinador, figura da qual o esporte contemporâneo é dependente vital.

É de GARRIDO (1999) a afirmativa que “(...) não há esporte sem espetáculo, não há espetáculo sem mídia, sem patrocinador, sem dinheiro”.

A mídia, ou seja, os meios de comunicação (televisão, rádios, jornais, revistas, internet) foi o veículo responsável pela divulgação das marcas e logotipos de patrocinado-res. Além disso, amplificou as conquistas obtidas pelo voleibol, dando-lhe visibilidade midiática, atraindo novos espectadores e investidores, conduzindo, inclusive, os jogadores ao patamar de celebridades esportivas.

No começo da década de 80, quando as empresas começaram a investir no voleibol,este era, ainda, uma modalidade que apresentava resultados modestos nas principais competições internacionais. Tal quadro, no

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entanto, foi revertido a partir do momento em que foram ofe-recidas melhores condições de treinamento aos atletas e que começou a ser desenvolvido um esquema profissional. Os efeitos positivos foram sentidos no Campeonato Mundial de 1982 na Argentina e nas Olimpíadas de 1984 em Los Angeles, quando a seleção brasileira passou, respectivamente, do oita-vo e do quinto lugares para a segunda colocação em ambos.

BRUNORO (1997) relata que o vôlei teve papel importante nesse aspecto, pois foi o esporte que saiu na frente nessa área, primeiramente com a Pirelli e depois com Atlântica Boavista. Com o sucesso do vôlei, até o fu-tebol começou a avançar no campo do patrocínio esportivo e, aos poucos, os dirigentes de futebol viram que não havia outro caminho.

A mídia foi despertada pelas conquistas iniciais do voleibol, passando, paulatinamente a acompanhar os principais even-tos, através da televisão, das rádios, dos jornais e revistas. Ao mesmo tempo, os patrocinadores identificaram na mesma uma grande aliada para a divulgação dos seus produtos junto a um público sempre crescente. A veiculação das notícias sobre equipes, através dos meios de comunicação, contem-plou, sistematicamente, os investidores, que, beneficiados por aparições gratuitas, puderam reduzir os dispêndios com anúncios televisivos e jornalísticos, segmentos tradicionais do marketing.

Alguns valores cobrados por comerciais, relativos ao ano

Fonte: Revista do Volei - 2005

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de 1988, podem ser apresentados para ilustrar tal considera-ção. Por 30 segundos de anúncio local (Rio de Janeiro), no “Globo Esporte” da Rede Globo, seriam pagos US$ 1.689,67, enquanto que entre 20h15min e 21h30min , horário da novela “Vale Tudo” (exibida no citado ano), o preço subia para U$ 2.703,48, sendo que nas outras emissoras os preços cobrados eram inferiores. Porém, o tempo mais prolongado de exposição na mídia era bem mais compensador através do patrocínio de uma equipe do que o investimento direto em anúncios (Jornal do Brasil, 11 de dezembro de 1988).

Na tabela 3 são apresentados alguns valores relativos ao custo de anúncios nos principais jornais de Porto Alegre.

A participação da mídia está evidentemente associada à expansão do marketing e à ascensão do voleibol, BETTI (1998) “(...) já não é possível referir-se ao esporte contemporâneo sem associá-lo aos meios de comunicação de massa”.

GARRIDO (1999) “O esporte acompanha o desenvolvimen-to dos meios de comunicação de massa. Um tem moldado o outro”.

Ao oferecer amplos retornos publicitários, sem ônus para os patrocinadores, criou-se uma corrente que atraiu novas em-presas, carreando mais recursos financeiros e possibilitando, consequentemente, a obtenção de resultados extremamente significativos para a modalidade. Cabe mencionar, mais uma vez, a conquista do ouro olímpico em Barcelona (1992) e do título da Liga Mundial(1993). Carlos Arthur Nuzman (citado por Pinheiro, 1995), concordou com tal ponto de vista, tendo afirmado: “A mídia foi fundamental, sem ela o voleibol não seria o que é. A parceria com o voleibol foi um dos pontos altos da ascensão. A mídia apresentou os noivos, voleibol e marketing, para o casamento.” Neste período cerca de trinta empresas contabilizavam um fantástico retorno do investimento no volei-bol, a galope, na repercussão nos veículos de comunicação e no conseqüente rejuvenescimento de suas marcas. O custo-

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benefício destas empresas pôde ser medido pelo impacto do voleibol junto à mídia: a presença das marcas em jornais, TVs revistas e rádios, somando cobertura e transmissões de jogos da Liga Mundial e Nacional masculina, totalizou o aproximado de US$ 20 milhões em centimetragem, espaço ocupado em 1993.

Abaixo iremos apresentar alguns exemplos de custos dos anúncios em jornais de Porto Alegre (RS)- preços médios- Março de 1992 (Molina Neto, 1992).

O esporte, de uma maneira geral, portou-se como um ve-ículo extremamente adequado para o marketing alternativo, que, segundo MOLINA NETO (1992), promove a publicidade de um bem ou de um serviço de maneira indireta (retorno gra-tuito de mídia), induzindo as pessoas ao consumo. Segundo Arpad Molnar (citado por MOLINA NETO, 1992), responsável pelo marketing esportivo da extinta Lufkin Esporte Clube, o cus-to da mídia alternativa( ou marketing alternativo) corresponde a cerca de um terço do valor investido na tradicional( pago diretamente pelos patrocinadores). Considerou também que o esporte-mídia, ou seja, a utilização da prática esportiva para a divulgação de um produto através dos meios de comunica-ção, é eficaz na medida em que proporciona, entre outras coisas, as seguintes vantagens: (a) atinge a audiência em momentos de descontração; (b) constitui processo não repetitivo de comunicação; (c) os objetivos comerciais da empresa são mostrados de modo menos enfático, mas

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ainda assim, evidentes e (d) os ingredientes de opinião crítica e polêmica, funcionam como amplificador da ação publicitária.

Em relação a esta última, pode ser lembrado o caso do “merchandising” do jogador Bernard, que gerou am-pla repercussão no meio esportivo. Toda vez que o atleta ia executar o famoso saque “jornada nas estrelas”, um rumor diferente tomava conta das arquibancadas; ape-sar da multidão espalhar-se por todos os lados, lotando o ginásio de cima abaixo, todos concentravam o olhar para uma única direção e certa apreensão percorria o ambiente, ao mesmo tempo em que um silêncio parecia equilibrá-lo, promovendo uma atmosfera de expectativa. O jogador antes de preparar a bola e jogá-la suavemente para cima, secava os braços numa toalha colocada junto à área de saque e impulsionando o braço direito, flexionava o corpo e saltava com velocidade e força. “Todos ouviam o som do impacto que a jogada causava. A bola “subia rumo às estrelas” e a magia do esporte mais uma vez se realizava no palco esportivo.” (KOCH, 2005) Esta jogada maravilhosa, cujo objetivo era atrapalhar a recepção ad-versária, já que a bola atingia uma grande altura e caía em alta velocidade e efeito, era veiculada pelas câmeras de televisão que filmavam todo o ritual, desde a preparação, exibindo assim a marca da toalha.

O publicitário URSINI (1984) comentou na época: “o “merchandising” sempre vai render discussão, porque é uma forma dissimulada de propaganda, menos clara que um comercial típico”. Para o fabricante da toalha, os debates acerca da questão da ética do jogador foram proveitosos, uma vez que o nome do produto apareceu em jornais e revistas, sem que nada tivesse sido pago por tais aparições, a não ser o cachê do atleta.

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MAVA HEFFER (citado por MORAES, 1995) explica que as campanhas em horários esportivos na televisão têm boa receptividade em todas as camadas sociais: Além de abranger um grande público, o esporte é acompanhado por pessoas que torcem, se dedicam, participam.Quem acompanha o esporte é apaixonado, gosta do que faz, sente o que faz. O esporte ajuda a fortalecer a nossa marca. Uma das razões da impor-tância dos patrocínios é que eles permitem alavancar todas as ferramentas de marketing, como propaganda, relações públicas ou tele marketing.

MOLINA NETO (1992) lembrou que embora o “marketing” alternativo fosse tão eficiente, a vida útil de determinadas equi-pes patrocinadas por empresas, era breve em determinados casos. Tal constatação deve-se, conforme o autor, ao fato dos objetivos do patrocinador não estarem, prioritariamente, voltados para o desenvolvimento da prática esportiva, mas sim para o alcance das metas empresariais traçadas.

Os telespectadores acompanharam as principais conquis-tas, familiarizaram-se com as regras e, impulsionados pelos

“Jornada nas Estrelas” I Mundialito de VoleibolMaracanãzinho, Rio de Janeiro, 1982

Fonte: www.bernnardovolei.com.br

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meios de comunicação, elevaram os jogadores ao patamar de ídolos. As agências de publicidade detectaram o potencial do voleibol e as imagens desses jovens passaram a ser vistas com freqüência, associadas a diferentes produtos, esportivos ou não.

Segundo BETTI (1998), a televisão, além de estimular o consumo de produtos esportivos (vestuário, equipamentos, etc.), utilizando o esporte como conteúdo ou associando-o a outros produtos por meio do anúncio publicitário, tornou o próprio telespetáculo esportivo um produto de consumo comparável às telenovelas e aos programas de auditório.

Da mesma forma, os principais jornais do país dedicaram ao longo dos últimos anos, extensas matérias a respeito do voleibol, ocupando, até mesmo espaços destinados exclusi-vamente ao futebol. Algumas revistas especializadas foram lançadas, como a “Saque” (1985) a “Volleyball” (1994) e mais recentemente a Revista do Vôlei (2004). outras não espe-cializadas, como “Veja” e “Isto É”, publicaram vários artigos enfocando o voleibol. O fenômeno do marketing figurou, in-clusive, na “Exame” cuja temática principal envolve assuntos econômicos.

Observando as manchetes de alguns artigos publicados em jornais e revistas, especializadas ou não, pode-se perceber o apoio dado pela mídia impressa, principalmente, no início da década de 80: “Vôlei encerra temporada como fenômeno do esporte”( Russel, 1982). “A segunda paixão” ( Isto é, 29 de setembro de 1982) “ A ascensão do Vôlei”( Nader & Mendonza, 1982) “ As novas estrelas- a explosão do Vôlei e de Ber-nard indica uma abertura esportiva” (Cavalcanti et al,1982); “ Em dois anos a ascensão ao lugar de honra”( O Globo,17 de outubro de 1982)

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“ Da praia para o Maracanã, o vôlei está conquistando o Brasil” ( Veja, 20 de julho de 1983).

No dia 26 de julho de 1983 o voleibol mostrou a sua po-pularidade ao levar para o Maracanã um público de 95.887 pagantes numa noite de chuva para assistir o desafio Brasil e União Soviética, algo inimaginável para o mais otimista dos esportistas. Apesar da chuva que obrigou os atletas a usarem toalhas para tentar secar o piso e jogarem de meias, o espetá-culo foi grandioso, não só por proporcionar o recorde mundial de público da modalidade, mas também por toda a magia que envolveu os atletas e espectadores.

“Duelo de Titãs” Naquele que é considerado o “Templo do Esporte”, o estádio do Maraca-nã, realizou-se uma das disputas mais famosas do voleibol: em uma quadra armada no meio do campo, o Brasil venceu a URSS em um jogo fantástico, onde o saque Jornada foi, mais uma vez, a grande atração.

Fonte: www.bernnardovolei.com.br

O aperfeiçoamento da organização das principais com-petições, incluiu a negociação das transmissões dos jogos, indispensáveis para a divulgação das marcas e da própria prática esportiva. A venda dos direitos televisivos, tornou-se a principal responsável pelo lucro dos organizadores das com-petições nacionais que contabilizavam, também, a bilheteria dos ginásios, as verbas dos patrocinadores oficiais e a venda de placas publicitárias.

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A importância atribuída à televisão pôde ser comprovada em algumas ocasiões. O II Mundialito, realizado em São Pau-lo, no Ibirapuera, em 1984, recebeu um público abaixo das expectativas. Os jogos foram marcados para as 22h30min, em dias úteis, com o intuito de atender às programações das emissoras.

Segundo MOTTA (1984), o custo do evento totalizou US$ 182.000,00 e seriam necessárias três fontes de renda para viabilizar o projeto, ou para, pelo menos, evitar o prejuízo. Afirmou que dois terços da receita sairiam do pacote fechado com um “pool” de quatro emissoras nacionais e do “merchan-dising” no ginásio. O restante seria oriundo da arrecadação da bilheteria. Apesar de parecer estranho privilegiar as redes de televisão em detrimento do público que comparece aos giná-sios, tal atitude é comumente repetida, pois os investimentos elevados impõem a necessidade da garantia de retorno aos organizadores.

NUZMAN (citado por PINHEIRO, 1995), enfatiza: “Eu prefiro um ginásio vazio com transmissão da televisão a um ginásio cheio, sem televisão. O vazio atinge milhões de telespectadores em todo o país. No ginásio cheio, mas sem televisão, há apenas 10.000 ou 20.000, um número reduzido para quem quer conquistar patrocinadores, popularidade, resultados e novos adeptos”

As emissoras de televisão, ao perceberem o potencial publicitário do vôlei, passaram a negociar os direitos de trans-missão dos principais eventos nacionais e internacionais. O locutor esportivo Luciano do Valle,quando trabalhava na Rede Globo, em 1982, tentou convencer os diretores a investirem na promissora modalidade. No entanto, o tempo incerto da duração das partidas não os motivou, pois consideraram que atrapalhariam a programação. Convencido de tal potencial se transferiu para Rede Record, com a qual já mantinha contatos através do seu diretor, Sílvio Luiz.

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O próprio Luciano em entrevista concedida a Willian (le-vantador da seleção) para a primeira revista específica de voleibol “SAQUE” nº. 3 de setembro de 1985, relata:

“Quando fiz a final de voleibol pela TV em Montreal, o jogo estourou na previsão do satélite e no último set houve uma interrupção na transmissão. Lembro-me bem que, na Globo, nós tivemos que pegar o teipe para botar no ar no dia seguinte. Em 1976, o Brasil era um país do futebol e não estava disputando a final das Olimpíadas. Mas como é que o público estava exigindo que a gente passasse o final do jogo de voleibol? Fiquei pensando nisso. A partir daí, desde 76, comecei a ver o voleibol com os olhos mais abertos e aí entra a história da “Promoação”.

Juntamente com Luciano, transferiu-se para a Record, a recém fundada empresa de promoções esportivas, a Promo-ação. Em julho de 1982, esta última adquiriu os direitos de transmissão exclusiva do campeonato Mundial Masculino ( Argentina) e da realização dos Mundialitos ( masculino e fe-minino) no Rio de Janeiro. O locutor recebia um salário fixo de US$ 3.000,00 passou então, a ter 50% dos lucros obtidos com as transmissões, promovidas em conjunto por sua empresa e pela Record, que atingiu, naqueles eventos, o faturamento de US$ 1.077.580,00 somente em anúncios ( Nader Men-donza,1982). Afirmou Luciano do Valle (citado na Veja, 3 de agosto de 1983): “Na realidade nós enxergamos o vôlei. Ele vinha crescendo muito tecnicamente, graças ao trabalho da CBV, mas faltava dinheiro para um maior desenvolvimento. Nós provamos que a televisão podia ser essa fonte de recursos e divulgação para o vôlei .”

A carência de verbas para o desenvolvimento dos projetos preocupou, por alguns anos, os dirigentes da CBV. Para Nuz-man ( citado na Veja, 3 de agosto de 1983) , faltava alguém para fazer o trabalho de ligação entre o vôlei, as emissoras de televisão e os patrocinadores. A seu ver, o referido locutor

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desempenhou esta tarefa com perfeição e a modalidade ga-nhou prestígio ao ser tratada com prioridade na programação da Record.

A partir daí a mídia explodiu, o Vôlei entrou ao vivo na TV aberta, os jogadores viraram símbolos sexuais e as jogadoras musas. O “Mundialito” de Vôlei Masculino foi televisionado ao vivo e em horário nobre pela Record com uma audiência ina-creditável para época. Apostava-se na idéia de que marketing e esporte podiam caminhar lado a lado.

Seria interessante comentar que no dia 11 de outubro de 1982, essa emissora marcou 31.1 pontos no IBOPE, com a transmissão da partida entre Brasil e União Soviética, pelo Campeonato Mundial, enquanto que a Rede Globo, com o programa humorístico “Viva o Gordo” alcançou apenas 15 pontos ( Veja, 20 de outubro de 1982).

Para Brunoro (2000), a televisão é um veículo midiático que aufere lucros expressivos, devido às altas audiências que o esporte proporciona, além das rádios e dos jornais. Estes últimos vendem como nunca, sendo o Caderno de Esportes um dos principais jornais do mundo, decisivo para influenciar a compra.

A marcante influência da televisão no voleibol promoveu inclusive alterações nas regras do jogo. A mudança da con-tagem de pontos, estudada por técnicos, dirigentes, atletas e membros da FIVB, num simpósio realizado em Lausane, na Suíça, em janeiro de 1986, procurou atender a um pedido das emissoras. Rubem Acosta (citado na Folha de São Paulo, 1 de maio de 1985), presidente da entidade, afirmou, no entanto, que tal alteração ocorreria para atender ao objetivo de melhorar os espetáculos. Após as Olimpíadas de Seul(1988), foi, então, decidida a adoção “tie-break” no quinto set, ou seja, eliminou-se a vantagem nesta última etapa do jogo, o que limitou a partida em no máximo duas horas e meia de duração. Além disso, foi incluído o pedido de tempo obrigatório no oitavo

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pondo de cada set, para que os comerciais pudessem entrar no ar. Foi igualmente implantado um novo piso, o taraflex, cuja maior absorção evitaria as sucessivas interrupções para secar o chão molhado com o suor dos jogadores (Jornal da Tarde, 16 de outubro de 1990).

Com objetivo, mais uma vez, de dar maior fluência ao jogo, estudou-se no Congresso Técnico do Campeonato Mundial Masculino, em Atenas nos dias 23 e 24 de setembro de 1994, a introdução da defesa com os pés e aceitação dos contatos sucessivos da bola com várias partes do corpo, no primeiro toque de uma equipe, desde que em uma mesma ação de jogo ( Jornal do Brasil, 18 de setembro, 1994). Tais sugestões foram aplicadas nessa competição em caráter experimental, sendo que, a partir de 1995, foram oficializadas.

Embora MATTA (citado por PINHEIRO ,1995), tivesse pon-derado que a mídia deveria ser considerada como um meio e não como fim e que as sucessivas alterações nas regras poderiam acarretar uma descaracterização do voleibol, ele ainda defendia a continuação das mudanças desde que fossem benéficas para ambos: “(...) a mídia é importante. O voleibol é a essência. A mídia usa o voleibol como um produto, mas este não pode ser prejudicado em sua função”.

A crítica mais contundente apresentada contra a televisão, apontava para as constantes alterações das regras do jogo, que eram justificadas como necessárias para dinamizar as partidas. De fato, ao observar as mudanças introduzidas, ficou claro o intuito de atender aos interesses televisivos, como na criação do “tie-break” no último set e “do tempo da TV”, inter-rupção do jogo no 8º e 16º ponto, para veiculação de anúncios televisivos. Mais recentemente, a contagem de pontos foi no-vamente alterada para sets de 25 pontos em sistema de rally ao invés da vantagem, proporcionando a previsão máxima de duração das partidas para que as grandes redes de TV do mundo inteiro pudessem inseri-las em sua programação com

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maior freqüência. NUZMAN (1995) ressalta ainda que o papel da televisão

no nosso triângulo é bastante óbvio. O poder desse meio de comunicação de reunir, em torno de eventos esportivos, nas mais distantes localidades, um número de espectadores cada vez mais crescente, mudou o papel que o esporte desempenha na sociedade. A televisão ampliou o impacto que o esporte exerce sobre as relações comerciais e políticas e mudou o perfil do evento esportivo. Hoje, a televisão desempenha papel de fundamental importância na escolha dos esportes a serem disputados e como serão disputados. A oportunidade de cobertura dos maiores eventos esportivos também gerou uma forte competição entre as maiores redes de televisão e passou a redefinir o que o público quer assistir.

Com base neste raciocínio a Rede Bandeirantes vem acompanhando, desde fins de 1983, os principais eventos do voleibol. Na temporada 94/95 da Superliga, os telespecta-dores acompanharam o voleibol masculino, às sextas-feiras, às 20h30min, na “Faixa Nobre do Esporte”, obtendo, na pri-meira fase, apenas 3 pontos na audiência e, na fase final, 10 pontos, quase o dobro da média da emissora naquele horário (Sportsmedia, 1995).

A partir de meados da década de 80 até os dias de hoje, a paixão dá vez ao “business”. É o período de grandes contra-tos publicitários e da grande cobertura da mídia, assim como de grandes premiações nos torneios organizados pela FIVB. É uma época de adequação do jogo ao formato televisivo. Partidas com uma duração menor para adequação à grade, bolas coloridas permitindo uma melhor visualização pelos telespectadores, um jogador especialista na defesa para au-mentar o tempo do “rally”, maior interatividade dos técnicos junto aos atletas e o tempo técnico foram algumas das mudan-ças propostas para a melhoria do espetáculo junto à TV, que, com todo o seu poderio econômico, é um grande parceiro do

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desenvolvimento deste esporte no mundo. A criação da Liga Mundial em 1990 pode ser considerada

como parte de um intenso programa de marketing que se tornaria marca registrada da atuação da FIVB no final do sé-culo XX. A idéia consistia em promover o voleibol em escala mundial através do estabelecimento de torneios anuais que despertassem o interesse do público em todos os continentes.

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Até o início da década de 90, as competições internacio-nais envolvendo times de alto nível (por exemplo, os Jogos Olímpicos, o Campeonato Mundial) tinham lugar apenas em ciclos de quatro anos e eram usualmente confinadas a apenas uma cidade ou país-sede. A Liga Mundial, ao contrário, foi projetada para ocorrer anualmente, com um sistema rotativo de cidades-sede que permitia a cada equipe ser mandante de um certo número de partidas durante a fase preliminar. Restri-ções adicionais para participação, tais como a obrigatoriedade de transmitir os jogos pela televisão, garantiam ainda intensa cobertura da mídia.

A estratégia da FIVB acabou provando-se visionária: na virada do século, a Liga Mundial já estava plenamente con-solidada como uma importante competição internacional de voleibol. Aos olhos da federações nacionais, a falta de tradição do torneio era compensada pelas generosas quantias em dinheiro que eram oferecidas aos participantes – entre 1990 e 2004, o total gasto com premiações pulou de um para treze milhões de dólares.

Sempre atenta ao avanço tecnológico dos meios de comu-nicação, no mundo globalizado, a CBV, em 20 de março de 2002, promoveu a primeira partida de Vôlei, transmitida pela Internet em tempo real, por intermédio da súmula on-line. O programa possibilitou ao internauta a visualização de uma fiel reprodução da quadra com todos os jogadores representados pelos números e pontos na tela de um computador. Assim, era possível acompanhar o jogo ponto a ponto. (Filho 2003)

Neste mesmo ano de 2002, o voleibol mostrou novamente o seu poder de sedução na mídia obtendo o recorde de audiência da TV paga no país na transmissão da final do Campeonato Mundial de Vôlei, entre Brasil e Rússia, no dia 13 de outubro. Segundo projeção nacional, a partir de medição do Ibope, o canal pago SporTV teve audiência média de 817.923 teles-pectadores durante a exibição do jogo, vencido pelo Brasil.

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Manchete do dia 25 de outubro, quando da conquista do Campeonato Mundial em 2002.

“Transmissão do Mundial de Vôlei bate recorde de ibope da TV paga”

O recorde anterior da TV paga era do “reality show” “Big Brother Brasil”, no canal Multishow, que foi visto por 716.446 pessoas em 28 de maio do mesmo ano. A melhor marca do futebol, esporte que detém os maiores investimentos do Spor-TV, foi de 554.053 telespectadores com o jogo Atlético-PR x Palmeiras, em agosto deste ano.

A final do Mundial de Vôlei monopolizou a atenção de 22% dos telespectadores que possuem TV paga. Nesse universo, o SporTV só ficou atrás da TV Globo.

Em janeiro de 2003, a CBV montou um departamento de marketing com o intuito de estreitar as relações com seus patrocinadores e buscar novas parcerias, o que proporcionou que esta fechasse contratos com a Rede Bandeirantes para competições nacionais indoor (Superliga, Grand Prix e a Copa Brasil) e de praia (Circuito Banco do Brasil), e a Rede Globo (Liga Mundial e Grand Prix Internacional), com o SporTV, possui contrato em todos os eventos.

A CBV desenvolveu informativos como os periódicos “Vôlei Brasil” e, na internet, “Newsletter Voleibrasil”, informando tudo o que se refere ao Voleibol. Mas o espaço regular do Voleibol na mídia conta ainda com a publicação trimestral da Revista do Vôlei, da Revista do Vôlei Digital (www.revistadovolei.com.br), do programa de rádio, às segundas, na Rádio Brasil 940 Am e, nas TVs, com os seguintes programas :

Supervolley, aos sábados e domingos, na SporTV Por dentro do Vôlei, às segundas e sextas, na ESPN Roda de Vôlei, às segundas, na BandsportsTorna-se importante dizer que a presença cada vez maior

do marketing esportivo envolvendo o voleibol nas páginas de jornais e revistas, televisão, rádio e internet tem relação direta

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com a profissionalização dos esportistas.

III.2 A profissionalização do Voleibol no Bra-sil

A entrada das empresas no Voleibol, seduzidas pelo retorno que a mídia esportiva passou a oferecer, modificou radicalmente a situação dos atletas. A dedicação exclu-siva aos treinamentos propiciou uma boa compensação financeira, que superava, consideravelmente, as modestas ajudas de custo.

À medida que novos patrocinadores foram surgindo, atraídos pelos retornos publicitários e que novas equipes foram sendo constituídas, cresceu o assédio aos jogado-res de melhor nível técnico. Tal fato gerou o surgimento de um mercado de compra e venda de atletas, os salários foram inflacionados e, com tudo isso, o uso do termo “amadores” em relação aos atletas das empresas passou a ser questionado.

Algumas medidas foram tomadas, com base na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), no sentido de dar amparo legal à nova situação. Como, para jogar num time de empresa (classista) era necessário ter vínculo empregatício com a mesma, a Atlântica–Boavista enca-minhou os integrantes da equipe para diferentes funções. Bernardinho, estudante de Economia, foi para o setor de investimentos; Renan, que cursava Engenharia, participou do projeto para a construção do ginásio de esportes da empresa ( Veja, 11 de março de1981) e Bernard passou a vender apólices de seguros da companhia (Veja,10 de fevereiro de1982).

Enquanto os salários dos jogadores de voleibol atingiam valores cada vez mais altos, os dirigentes tentavam sonegar dos meios de comunicação as cifras envolvidas nas nego-

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ciações. Com tal atitude, buscavam manter a ilusão, por parte dos espectadores, da perpetuação do amadorismo no voleibol.

Em 22 de abril de 1982, o então presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), major Silvio de Magalhães Padilha, emitiu a Circular nº. 331/82 (COB,1982), através da qual declarava a incapacidade desse órgão em impedir a prática do profissio-nalismo. A partir deste momento, o avanço do profissionalismo não podia mais ser negado.

Segundo JAPIASSU (1984), em 1983, o próprio COI (Comitê Olímpico Internacional) deliberou que os atletas podiam receber benefícios materiais, desde que com o conhecimento prévio das respectivas confederações.

No início dos anos 90, as mudanças de estabilização econômica do governo Collor afetaram diretamente os investimentos no esporte. Os patrocinadores das equipes de voleibol, para evitar a extinção das mesmas e tam-bém a perda da mídia alternativa que tanto retorno lhes proporcionavam, foram obrigadas a reduzir os salários, incompatíveis com a situação do país naquele momento. Paralelamente, era intensificado o assédio dos clubes italianos aos principais jogadores brasileiros, que se sentiam atraídos pelas sucessivas propostas.

Para Bebeto de Freitas (citado na Isto É de 7 de no-

Fonte: www.bernardovolei.com.br

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vembro de 1990), ex-técnico da seleção brasileira nos vice-campeonatos mundial e olímpico, respectivamente, em 1982 e 1984, transferiu-se para o Maxicomo, equipe italiana da cidade de Parma. Afirmou que, com a crise econômica deflagrada após o “Plano Collor”, os incentivos fiscais acabaram e muitas empresas brasileiras pararam de financiar o voleibol. Tudo isto provocou uma falta de perspectiva enorme e, conseqüentemente, permitiu o êxodo de muitos talentos para o exterior.

MATTA apud PINHEIRO (1995) afirmou que hoje vemos filas nas instituições maiores à cata de oportunidades, como se vê anualmente nos clubes de futebol. Há um excesso de sonhadores querendo uma profissão que não sabem se vão conseguir.

Após a conquista da Olimpíada de Barcelona em 1992 e da Liga Mundial em 1993, com exceção de Paulão, os demais titulares da seleção brasileira transferiram-se para o voleibol italiano, a saber, (a) Marcelo Negrão para o Gabeca Mon-techiari, (b) Giovane para o Il Messagero, (c) Carlão para o Maxicomo, (d) Tande para o Mediolanum e (e) Maurício para o Daytona Modena (Jornal do Brasil, 10 de julho de 1992).

A parceria do Voleibol com o Banco do Brasil teve início em maio de1991, durante a Liga Mundial. O apoio dado pelo banco diferenciava-se dos demais patrocinadores de equipes, já que, ao contrário destes, não emprestava o seu nome aos times em que se investia. Diante disso, a estratégia adotada pelo grupo voltou-se para a divulgação da marca, através da ocupação da arquibancada nos jogos da seleção, tendo sido tomadas algumas providências tais como:

· Contratação de um chefe de torcida;· Confecção e distribuição de brindes de cor amarela, com o logotipo do banco em azul;· Criação de uma assessoria de imprensa para registrar e acompanhar a repercussão das ações empreendidas;

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· Veiculação de anúncios em jornais e revistas, divul-gando a participação nos eventos.

Cada jogo do citado campeonato, foi acompanhado por pesquisas que avaliaram os resultados publicitários obtidos na mídia (jornais, revistas e televisão). Após o final da com-petição, foi elaborado, então, um calendário dos eventos que receberiam o apoio do Banco do Brasil naquele ano: Jogos Pan-Americanos em Cuba, Sul-Americano em São Paulo e Copa do Mundo no Japão. Deve-se ressaltar que, no exterior, a torcida uniformizada era composta pelos funcionários do Banco do Brasil e por turistas nos diferentes países (Banco do Brasil, setembro de 1992).

De acordo com GARRIDO (1999), o sucesso da parceria entre o Banco do Brasil e a CBV, pode ser justificado, pois a mídia tem transformado o voleibol desde que este se mostrou um grande atrativo para o público consumidor de informação. O sucesso de um evento esportivo nos dias de hoje depende, antes de mais nada, de campanhas publicitárias bem planeja-das e executadas. O fator eficiência atlética também tem sua parte, mas, isoladamente, não garante o sucesso.

Fonte: Revista Volleyball - Torcida ouro do Banco do

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LIMA (1994) afirma que diante do sucesso alcançado em plena crise econômica, o Banco do Brasil firmou o patrocínio até a Olimpíada de Atlanta em 1996, sendo que, em 1994, elaborou o projeto de retorno dos atletas da seleção que atu-avam no voleibol italiano, que apresentava os seguintes itens:

O Banco do Brasil seria o único patrocinador do projeto; O banco conduziria os jogadores aos clubes e pagaria os seus salários. Os clubes, em contrapartida, deveriam reforçar suas equipes de acordo com a CBV; Cada equipe poderia ter até dois jogadores estran-geiros; A confederação e o banco, de acordo com critérios técnicos e de marketing, escolheriam os clubes para cada jogador; O projeto iria até as Olimpíadas de Atlanta; A imagem dos jogadores pertenceria ao Banco do Bra-sil, mas as camisas teriam apenas o nome da empresa que mantinha o clube; Os jogadores só poderiam dar entrevistas com o boné e a camisa do banco, para o qual também deveriam fazer campanhas publicitárias; O projeto teria no primeiro ano a quantia de aproxima-damente US$ 2.000.000,00 O jogador Paulão também participaria do projeto, em-bora não estivesse jogando na Itália.

Referindo-se ao estágio alcançado pelo voleibol nacio-nal até o ano de 1995, NUZMAN diz com total convicção: “O voleibol chegou a uma encruzilhada em que voltaria ao lugar comum ou decolaria. Para isso precisaria de marketing e televisão”. Sendo assim, afirmou que foram envolvidos a mídia eletrônica e a impressa, com o intuito de ser viabilizado o retorno publicitário, pois atrairia os patrocinadores, geran-do mais recursos para o vôlei. Finalizou comentando: “(...) o esporte tem que estar preparado para conquistar resultados”.

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Não basta apenas receber dinheiro. Nenhuma empresa faz filantropia (Pinheiro,1995).

Fonte: www.cbv.com.br - O mar amarelo

O profissionalismo com que a Confederação administra o Voleibol permitiu que o número de atletas inscritos na prática regular deste aumentasse de 75.400, em 1997, para 85.122, em 2001, proporcionando um crescimento de 12,89% (Filho 2003).

No Brasil, a organização do voleibol é reconhecida como a melhor nos esportes nacionais, contando também com o reconhecimento e admiração irrestrita do povo brasileiro. Em 2003, a Confederação Brasileira de Voleibol recebeu o certificado ISO 9001:2000, concedido por sua excelência em Gestão Esportiva, sendo a primeira entidade de admi-nistração esportiva do mundo a receber tal reconhecimento. Para isso, um dos fatores contribuintes foi a criação, a partir de 1999, do Projeto VivaVôlei, cuja diretriz é educar e socializar meninos e meninas de 7 a 14 anos através do esporte.

Este projeto tem a chancela e o apoio institucional da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Através desta parceria, os professores

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do VivaVôlei são capacitados para desenvolver nos alunos uma cultura de paz, baseada na inclusão do outro, através da cooperação, da socialização, do diálogo, do respeito e da criação de um espaço saudável de convivência.

Na busca pela constante evolução técnica do voleibol no Brasil, a CBV teve a audácia de implantar uma estrutura física para treinamento que fizesse jus ao profissionalismo que o esporte exigia. Assim, com a criação do Centro de Excelência do Voleibol, em Saquarema, RJ, no dia 10 de outubro de 2001, a Confederação Brasileira de Voleibol deu o saque inicial para um projeto inédito no mundo do voleibol. Com a parceria do Governo Federal, do Ministério de Esportes e Turismo e da Prefeitura de Saquarema, o lançamento do projeto do Centro de Desenvolvimento de Voleibol – Saquarema contou com a presença de grandes nomes do esporte, como o presidente da Federação Internacional de Volley-ball (FIVB), Ruben Acosta, o então presidente da Confederação Sul-Americana de Volley-ball (CSV), Luiz Moreno Gonzáles, o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Ary Graça Filho, o ministro de Esporte e Turismo, Carlos Carmo Melles, e o Secretário Nacional de Esporte, Lars Grael.

Fonte www.vivavolei.com.br - Foto Eduardo Pires

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Em 25 de agosto de 2003, uma grande festa marcou a inauguração do centro, construído em uma área de 108.000 m². Estiveram no evento o presidente da Confederação Brasileira de Voleibol e da Confederação Sul-Americana de Volley-ball, Ary Graça, o ministro dos esportes, Agnelo Queiroz, o pre-sidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, o prefeito de Saquarema, Antônio Peres, além de jogadores e outros profissionais do esporte.

O objetivo principal do complexo era concentrar em um só local todas as instalações e equipamentos necessários para o treinamento de equipes esportivas, tendo em vista a formação, o desenvolvimento e a reciclagem de recursos humanos. O Centro de Desenvolvimento de Voleibol – Saquarema também tem como objetivo otimizar o programa de treinamento das seleções brasileiras em todas as suas categorias, promo-vendo uma maior integração entre as comissões técnicas e possibilitando uma maior interação entre os planejamentos. Neste raciocínio, o técnico da seleção juvenil Marcos Lerbach passou a fazer parte da comissão técnica da seleção adulta e foi criada, há dois anos, a seleção de novos. O projeto conta ainda com atendimento ao público por meio de ações sociais em suas dependências, além de promover cursos de formação e reciclagem de árbitros, treinadores, dirigentes e profissionais do esporte.

Também foram disponibilizados recursos materiais apro-priados à realização de cursos, pesquisas e seminários. Entre as dependências do Centro de Desenvolvimento de Voleibol – Saquarema, os atletas e comissões técnicas têm à sua dis-posição quatro quadras de treinamento, salas de musculação e fisioterapia, auditórios, sala de imprensa, vestiários, hotel, restaurante e piscina. Esta é uma iniciativa única da CBV e tem tudo para continuar a levar as equipes brasileiras a grandes conquistas.

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A Confederação Brasileira de Voleibol através de seu departamento de Marketing tem como parceiros comer-ciais atualmente as seguintes empresas:

Centro de Desenvolvimento de Voleibol – Saquarema

Fonte: CBV (Confederação Brasileira de Voleibol)

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IV - A Evolução do Voleibol a partir da década de 80

A pesquisa de campo foi realizada junto aos órgãos e agências ligados ao ministério dos esportes, CBV e li-gas esportivas. Também foram fontes de informações as empresas de comunicação como a rede Globo, Record, institutos de pesquisas e jornais e revistas impressos.

Abaixo, segue o resultado de uma pesquisa realizada pela agência McCann-Erickson em 1985, tendo como ob-jetivo verificar as práticas esportivas de maior preferência por parte dos jovens na faixa etária de 15 a 24 anos.

Pode-se notar que o futebol estava ainda em evidência e o voleibol encontrava-se em ascensão em relação aos demais esportes, isto pode ser justificado pela boa parti-cipação no campeonato mundial sediado na Argentina e nos jogos olímpicos de 1984, pois, em ambas as compe-tições, o Brasil obteve o vice-campeonato, representando sua melhor classificação de todos os tempos até a década

Gráfico 1- Pesquisa de preferências esportivas

Fonte: McCann-Erickson em 1985

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de 80. Muitos cronistas esportivos e dirigentes apontam este momento como o início do grande boom do voleibol.

Na década de 90, o Brasil conseguiu montar uma equipe ainda mais competitiva, formada por jogadores mais jovens e altos. Esta equipe começou a reforçar a popularidade do voleibol realizando boas apresentações pelos campeonatos, culminando com o título olímpico, em 1992. Estava assim sacramentada a “febre” que tomou conta de todo o país, tornando-o, assim, definitivamente, o esporte mais popular.

Com todas estas performances, os números indicados nas pesquisas apontavam uma surpreendente inversão de preferência por parte dos espectadores selecionados na pesquisa. As cortadas de Marcelo Negrão, Tande, Giovane e outros marcaram para sempre a história de um esporte que chegou ao ápice mundial. A partir deste momento, o voleibol passou a ser visto como uma vitrine para o mo-vimento de grandes negócios, como já foi apontado no capítulo anterior.

Abaixo apresentaremos a pesquisa realizada pela infoglobo dois dias após a conquista do título.

Gráfico 2- Modalidades esportivas que mais interessavam aos espectadores

Fonte: Infoglobo 1991/1992

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Em matéria vinculada pelo jornal gazeta esportiva, na edição em agosto de 1992, ao comentar o último lance do jogo final, a ansiedade era evidente no rosto de cada um dos jogadores e de todos os brasileiros que acordaram cedo naquela manhã de domingo, 9 de agosto de 1992. O país torcia e esperava uma conquista do vôlei nacional. Ne-grão joga a bola para o alto, toma impulso e acerta a bola, que voa direto para o chão do lado holandês. Ponto para o Brasil. É a consagração de um jovem time que chamou a atenção do mundo com seu espírito de equipe, talento e vontade de vencer. (Jornal Gazeta esportiva, 09/08/1992).Gráfico 4- Modalidade esportiva de maior destaque na opinião dos entrevistados

Fonte: Infoglobo 1992

Gráfico 3 – Opinião sobre o esporte que gostariam de praticar

Fonte: Infoglobo 1992

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Há quatro Olimpíadas atrás, o Brasil deixava o futebol de lado e elegia um outro esporte para comemorar uma grande conquista. A camisa, também amarela, e os gritos de “em cima, embaixo, puxa e vai” ecoaram entre crianças, jovens e adultos, que se rendiam aos encantos do voleibol. O jornal A Gazeta Esportiva, do dia 10 de agosto de 1992, trazia, estampado em uma página dupla, o título “Com todo direito à glória”. Uma homenagem àqueles que acabavam de consagrar o nome do país no esporte.

Na quadra de Barcelona (1992) , Maurício, Giovane, Tande, Marcelo Negrão, Paulão e Carlão pulavam e se abraçavam na bandeira brasileira. O técnico José Roberto Guimarães que, há apenas quatro meses havia iniciado o trabalho no comando do time, finalmente respirava aliviado.

IV.1 - A Geração de Prata O Brasil, que nos Jogos de Los Angeles, em 1984,

celebrou a ‘geração de prata’, já estava com saudades de festejar pelo vôlei. A seleção brasileira entrou em quadra para enfrentar a Holanda no jogo final. A autoconfiança tomava conta dos adversários. Mesmo nunca tendo de-cidido uma competição importante como essa antes, os holandeses pensavam alto. Diziam que o escorregão de 3 a 0 para os brasileiros na primeira fase dos Jogos era apenas uma tática, que eles haviam escondido o jogo.

Mas os jovens jogadores brasileiros não se intimida-ram com as provocações. Responderam com as jogadas inteligentes do levantador Maurício, com os ataques for-tes de Giovane e Tande – atacante que batia na bola com os olhos abertos, dando ainda maior precisão –, com os bloqueios e os saques forçados de Marcelo Negrão e de Paulão e com a experiência do capitão Carlão, que gritava, pedia calma e deixava o time à vontade para os acertos.

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A resposta estava no placar: 3 a 0 sobre a Holanda, com im-pressionantes parciais de 15/12, 15/8 e 15/5.

Muitas foram as declarações de atletas, dirigentes, jorna-listas e autoridades que podem refletir o grande impulso do voleibol. Seria impossível relacionar todas, porém vamos citar algumas que refletem bem o espírito daqueles momentos:

Montanaro: “Projetamos o vôlei no Brasil. Fizemos o que Guga está fazendo agora com o tênis.”

Renan: “Servimos de cobaia porque nós não tínhamos nenhuma estrutura no país”.

Bernard: “Fomos os bandeirantes. Muitas vezes eu não tinha um tênis para treinar”.

Amauri: “Houve uma conscientização profissional: Hoje, tem muita gente estudando vôlei” .

Fernandão: “A Confederação tirou muito proveito dessa geração. Dos 12 jogadores, oito operaram o joelho”

Encontramos, em outra matéria vinculada à Gazeta espor-tiva no site (www.gazetaesportiva.net): ”A Prata que originou tudo: depois da conquista da prata, o Brasil conheceu o voleibol na Olimpíada de Los Angeles, 1984”. O texto continua ainda fazendo referência aos “cobaias do vôlei nacional”. Assim podem ser definidos os integrantes da famosa Geração de Prata que, em 1984, na Olimpíada de Los Angeles, conquistou o primeiro título do vôlei masculino, o primeiro de importância internacional da recente história nacional do esporte. Equipe formada pelos lendários Renan, Willian, Montanaro, Amauri, Fernandão, entre outros, foi responsável por testar equipamen-tos, técnicas e condicionamentos que alavancaram a evolução do jogador de vôlei brasileiro.

“Descobrimos vários fundamentos durante a Olimpíada”, lembra Renan.

Indagados sobre qual o perfil característico daquele time, os veteranos são taxativos: um grupo criativo, atrevido e de “anões”. Quase mambembe. Devido às precariedade do

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esporte, quanto a estrutura e ao incentivo, a Geração de Prata abriu caminho para as outras que se seguiram de forma irreverente. A baixa estatura – de no máximo 1,80m – se comparada aos jogadores atuais também foi uma característica marcante. “Éramos uma equipe rápida e criativa apesar de baixa”. Hoje, o vôlei é muito força. É mais “porrada”, sem jogadas de efeito. Já o antigo, da época, era bailarino e mais técnico”, analisa Fernandão.

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Em 1984, os brasileiros eram os favoritos, mas os norte-americanos venceram a final por 3 X 0 e o Brasil ficou com a prata. Após o vice no Mundial da Argentina em 1982, e da medalha olímpica em 84, o esporte se tornou o segundo da preferência nacional, perdendo para o futebol. “O Vôlei passou a ser negócio, o que aumentou o interesse de patro-cinadores e também ajudou na ascensão de novas equipes”, disse Montanaro. Deixou-se o amadorismo de lado para dar lugar ao profissionalismo. “Eu aliava o trabalho e os treinos. Agora, não precisa. Dá para fazer um bom pé de meia só se dedicando ao esporte, ressalta Fernandão. O esporte tornou-se “top”, ganhou projeção e formou uma nova escola no mundo: a do Brasil. “Pessoas do mundo inteiro vem jogar vôlei aqui”, garante Renan.

Esta consideração é reforçada por FRONCKOWIAK (2003) “(...) e sim fazer um registro de que estamos na vanguarda mundial deste desporto e já há muito tempo somos uma referência em tudo o que se trata de estudo, treinamento e planejamento de voleibol de quadra”.

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“A Conquista da Prata” A equipe brasileira, brilhando em Hollywood, ganha a Medalha de

Prata em Los Angeles, uma conquista histórica até então.Em pé: Bernard, Xandó, Amauri, Renan, Badá e Fernandão. Aga-

chados: Rui, Marcos Vinícius, Maracanã, Montanaro, Bernardinho e William.

Olimpíadas de Los Angeles, 1984 - Técnico Bebeto de Feitas

Equipe Vice-Campeã Olímpica em1984

Fonte: www.bernardovolei.com.

No dia 26 de junho de 2004 a emoção tomou conta do público e atletas presentes ao Mineirinho na cidade de Belo Horizonte. Além da vitória diante da Grécia e da despedida oficial da seleção brasileira de vôlei, em território nacional, até os Jogos Olímpicos de Atenas, os torcedores que lota-ram o ginásio do Mineirinho puderam ver também uma linda homenagem da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) aos medalhistas de prata nas Olimpíadas de Los Angeles/84

Na virada do segundo para o terceiro set, o presidente da CBV, Ary Graça Filho, entregou as homenagens ao presidente

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do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuz-man, que em 84 exercia a mesma função que Ary. Enquanto isso, os atuais heróis brasileiros e toda a comissão técnica passavam às mãos dos jogadores e membros da equipe técnica da geração da prata as mesmas lembranças co-memorativas da conquista, obtida há 20 anos.

Ary Graça, presidente da CBV – “Esta homenagem tem alguns significados importantes. Primeiro: o voleibol bra-sileiro tem história. As conquistas atuais tem uma base no passado. Aquela geração, no início do desenvolvimento do vôlei no Brasil quase conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Brilhou e conseguiu a medalha de prata. Uma revolução na época. Segundo: mostra para os nossos jogadores do futuro, que temos um voleibol forte para os próximos vinte anos. Tudo isso, baseado nas grandes conquistas que foram a medalha de prata em Los Angeles/84, o ouro em Barcelona/92 e o título do Cam-peonato Mundial em 2002. Esta é uma justa homenagem para aqueles que batalharam e colocaram o vôlei do Brasil em patamar alto, que nós elevamos ainda mais. Estamos subindo uma escada degrau a degrau e a geração de prata faz parte de um alto degrau desta escalada”.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) - “Esta homenagem é emocionante, extra-ordinária, mostra a grande união do voleibol brasileiro dentro da quadra, com jogadores e comissão técnica, e fora, entre os dirigentes. É um exemplo para o esporte brasileiro. Tudo isso que está acontecendo com o voleibol hoje, começou com esta geração de prata. Por isso, esta homenagem é tão importante”.

Bernardinho - “Essa geração foi um divisor de águas. Antes, o voleibol era só para famílias. Ela abriu as portas do nosso vôlei para o mundo. Foi um ‘boom’ de talento e carisma de jogadores e um treinador especial, além de uma mudança organizacional que também contribuiu bastante. Tenho grande

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orgulho de ter feito parte dessa geração. Foi uma satisfação enorme conviver com todas aquelas pessoas. Elas me ensina-ram muito. Jogadores como Renan, Bernard, William, Xandó, Amauri, Montanaro escreveram a primeira página do voleibol brasileiro e foram os melhores do mundo na época”.

Montanaro – “É maravilhoso. É mais uma homenagem da CBV e do COB, que não cansam de nos homenagear. Esta história de que brasileiros têm memória curta e que esquecem as coisas não é verdade. Além das entidades esportivas, o público também sempre lembra das nossas conquistas. Há 20 anos conquistamos a medalha de prata nos Jogos Olím-picos de Los Angeles. É uma data marcante e que precisa ser lembrada. Fico muito honrado de ter participado daquele grupo. Tem uma história que aconteceu dentro destas várias homenagens que recebemos que nunca mais esqueci. Foi em São Paulo, e a seleção holandesa também estava presente. O Sallinger, levantador e filho do técnico, me falou: ‘Vocês precisam agradecer sempre a Confederação de vocês que reconhece o trabalho de vocês. Lá na Holanda não temos isso’. Pude constatar que, mesmo eles sendo de um país desenvolvido, sentiam a carência de um reconhecimento por uma geração que fez muito para o voleibol holandês”.

Fernandão – “Tinha alguns jogadores que não se encon-travam há muito tempo. Por exemplo, o Xandó não via há 20 anos. Essa foi uma geração sacrificada, pois foi com ela que tudo começou. É incrível poder rever todos os amigos de novo, as mesmas brincadeiras, a mesma diversão. Quem sabe daqui a 20 anos não poderemos nos encontrar de novo e comemorar os 40 anos da conquista”.

William – “Esta foi a geração que massificou o voleibol. Isso tem um valor até mesmo maior que a própria medalha de prata. Aquela seleção ainda tem muito carisma. Depois de 20 anos, entramos novamente nesse Mineirinho lotado e recebemos um carinho enorme da torcida. É muito bom”.

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Renan – “É muito bom ser homenageado num lugar como esse, com a casa cheia. Essa homenagem foi muito bem pensada. Aconteceu na despedida da seleção do Brasil antes de jogar as Olimpíadas, num Mineirinho lotado. Vai deixar saudades. Nossa geração deu uma contribuição ao voleibol brasileiro. Escrevemos a primeira parte de uma história de sucesso. O que me deixa mais orgulhoso é o reconhecimento desta garotada que está aí jogando agora. Eles nos respeitam muito. Isso tudo tem muito a ver com o comando do Bernar-dinho também”.

Xandó – “Estou emocionado de rever os meus amigos. Foi uma bonita confraternização. Foi legal que começamos a nos falar de novo com essa homenagem. Trocamos e-mails e nos falamos bastante por telefone. Espero que essa homenagem sirva para manter a chama desta geração acesa”.

Bernard – “Estou me sentindo num jogo de final olímpica ou numa decisão de um Campeonato Mundial. Só tive grandes alegrias aqui no Mineirinho. A torcida de Minas Gerais sempre foi muito calorosa com o voleibol. É muito bom saber que a minha geração fez parte do processo de popularização do vôlei no Brasil. Esse foi o primeiro encontro de todo o grupo depois da conquista da medalha. É muito prazeroso ver todo mundo junto. Deu para matar as saudades. Espero que daqui a 10 anos nos reencontremos de novo para comemorar os 30 anos da nossa conquista”.

Geração de Prata foi homenageada pela CBV - Foto: Alexandre Arruda

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V.2 - Os Meninos de “Ouro”.

Desde a medalha de prata em 1984, o torcedor brasileiro já estava com saudade de ver uma equipe de vôlei nacional no pódio, quando, em 1992, o Brasil conquista justamente o lugar mais alto. A conquista da primeira medalha de ouro num esporte coletivo foi o auge de uma geração formada por joga-dores muito jovens e altos. Tande, Giovane, Marcelo Negrão, Carlão, entre outros, deram o último passo necessário para que o vôlei se profissionalizasse de vez no país.

A jogada de Marcelo Negrão, que fechou o placar de 3 a 0 para o Brasil contra a Holanda, na Olimpíada de Barcelona, foi o marco para uma nova era no esporte. “A partir daí, o vôlei sofreu uma massificação”, ressalta Tande, na época com 22 anos. O jogador assinala uma tendência: o público interessado no esporte cresceu. E quem mais quis acompanhar o esporte foram os jovens da faixa etária de 8 a 14 anos. O “boom” das escolinhas de vôlei foi reflexo imediato daquela tendência. “O país passava por transtornos de ordem financeira, política e econômica e a conquista do ouro deu outro ânimo à popula-ção”, diz Tande. E lembra: “(...) um dia passava por uma favela e vi crianças brincando na rua com uma linha amarrada no alto e uma bola”.

O trabalho técnico desenvolvido com a seleção de 1992 foi uma continuação do iniciado na década de 80. “Os joga-dores mais altos melhoraram o bloqueio e o saque da equipe. Sempre tivemos dificuldades nesses fundamentos, mas com o treinamento específico, isso mudou”, afirmava Carlão, um dos mais experientes jogadores daquele grupo. Outra inova-ção técnica foi a utilização do ataque em todos os setores da quadra, apesar dos jogadores específicos da função estarem atuando.

Já na olimpíada em de Barcelona, em 1992, o Ouro do Brasil impulsionou de vez o voleibol a nível mundial , tendo a

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Holanda com a medalha de Prata e o Estados Unidos com o Bronze. Para facilitar a análise desta campanha, relataremos os resultados da seleção:

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A Seleção Brasileira: Marcelo Negrão, Jorge Edson Brito, Giovane Gávio, Paulo André (Paulão) Jukoski Silva, Maurício Camargo Lima, Janelson Carvalho, Douglas Chiarotti Antônio Carlos (Carlão) Gouveia, Talmo Oliveira, André (Pampa) Ferreira, Alexandre(Tande) Samuel, Amauri Ribeiro, o técnico era José Roberto Guimarães

Vôlei do Brasil campeão Olímpico em 1992

Fonte:www.museudosesportes.com.br

Algumas frases que refletiram bem o momento da conquista:

Carlão: “Conseguimos suportar todas as pressões para conseguir o ouro em Barcelona”

Tande: “Como disseram na época, em 1992, o Brasil trocou os pés pelas mãos no esporte”

Marcelo Negrão: “A única desvantagem que veio junto com o ouro foi a cobrança por vitórias.”

Giovane: “O ouro de 92 mostrou que o jogador brasi-leiro podia ganhar cada vez mais”

Pampa: “Com confiança começamos a respeitar e não mais temer o adversário”

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O Preço da FamaApós o ouro Olímpico de 1992, José Roberto Guimarães

esteve no comando da seleção masculina até os Jogos Olím-picos de Atlanta-96 e dirigiu o time em importantes conquistas. Em 1993 foi campeão da Liga Mundial, disputada no Brasil, e campeão sul-americano. Em 1994, foi terceiro colocado na Liga Mundial e quinto colocado no Mundial da Grécia.

No ano seguinte, foi segundo colocado na Liga Mundial, campeão sul-americano e terceiro na Copa do Mundo, no Japão. Em 1996, foi quinto colocado na Liga Mundial e quinto lugar nos Jogos de Atlanta.

No entanto esses resultados não foram suficientes para que o mesmo permanecesse no cargo, visto que o estrelismo que tomou conta de uma geração muito jovem, que saiu do anonimato para a idolatria da noite para o dia, contribuiu para o seu desgaste à frente da seleção masculina, tendo assumido, em seu lugar, Ramadés Lattari, que dirigiu a seleção brasileira da modalidade de 1996 a 2000.

Neste período, conseguiu os seguintes resultados: um bi-campeonato sul-americano (1997/1999), uma vitória na Copa do Mundo de 1997 e um vice-campeonato no Pan-Americano de 1999. Sem contar outras colocações expressivas, como o 4º lugar no Mundial de 1998 e o 6º posto nos Jogos Olímpicos de Sydney.

Para os Jogos Olímpicos de Sydney, por influência da CBV, Radamés convoca Tande e Giovane que até então estavam buscando vaga no vôlei de praia para participar do vôlei indoor. Este fato provocou uma divisão do grupo, de opinião de técni-cos e de parte da imprensa e acabou por não obter sucesso durante a Olimpíada.

No entanto, fez surtir efeitos positivos de mídia, mesmo que tímida, a única manifestação que lembrou o tempo em que o vôlei tornou-se uma febre no Brasil (intensificada com a medalha de ouro e que se prolongou por quase dois anos

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depois dela) pôde ser vista à tarde, na Escola de Educação Física do Exército, no bairro da Urca, onde a seleção foi fazer avaliação física.

Quando a estudante Ana Carolina de Souza Câmera, 16 anos, caminhava com um grupo de amigas ao lado da sala de musculação onde a seleção se exercitava. Colocou a cabeça para dentro da janela, e murmurou, desolada: “Não tem ninguém conhecido”. Uma colega mais atenta, porém, observou que Giovane estava lá, deitado, as coxas à mostra.

Foi o suficiente para se formar uma pequena aglome-ração na janela. “Quando eles (Giovane e Tande) jogam, a gente fica mais animada para torcer. Mas não é só porque são mais bonitos, não. É também porque são os mais antigos. A cara deles já representa a seleção”, justificou Ana Carolina.

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IV.3 Era BernardinhoA paixão pelo vôlei surgiu bem cedo na vida deste ca-

rioca, nascido e criado no bairro de Copacabana. Iniciou sua carreira no Fluminense, aos 11 anos de idade, levado por um amigo que já treinava no infanto-juvenil das La-ranjeiras, e desde então não parou de colecionar títulos. Pelas mãos de Bené, seu primeiro treinador, conquistou mais de vinte campeonatos cariocas, do mirim ao Juvenil.

Bené revelou e formou vários jogadores de Seleção Brasileira. Feras como Bernard e Fernandão começaram a jogar com ele. Sem dúvida, foi um dos maiores treinadores que o Brasil já teve – recorda, com carinho, Bernardinho.

Após defender por mais de oito anos o Fluminense, transferiu-se em 81 para a Atlântica Boavista - que mais tarde se transformaria em Bradesco -, onde conquistou os seus principais títulos como jogador. Atuou em seguida no Flamengo (87/88) e encerrou sua carreira como joga-dor em 89, no Vasco da Gama, num time formado por seu amigo Fernandão.

Aos 17 anos, foi convocado pela primeira vez para Seleção Brasileira juvenil, mas não foi para o mundial da categoria. Em 78, disputou o Sul-Americano Juvenil e em 79 foi convocado para a seleção adulta, mas foi mais uma vez dispensado. A partir de 80, conseguiu finalmente se firmar na Seleção, mas por pouco não fica fora de sua primeira Olimpíada

Quatro meses antes do início dos Jogos Olímpicos de Moscou, em 80, “arrebentei” meu joelho. Tive o azar de ter um problema de menisco, numa época em que não existia a artroscopia. Era quase impossível me recuperar a tempo. O médico do Fluminense na época, Arnaldo Santiago, me encorajou a fazer a cirurgia. Decidi arriscar e em 40 dias já estava jogando normalmente. Na época, acho que foi um recorde - conta.

Em 81, Bebeto de Freitas assumiu o comando técnico da

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Seleção Brasileira, iniciando uma das eras mais vitoriosas do vôlei brasileiro. Liderados por Renan, William e Bernard, o Bra-sil surpreendeu grandes potências como Japão, Cuba e Rús-sia, e ingressou definitivamente na elite do voleibol mundial.

Foi nesta época que Bernardinho, primeiro reserva de William na Seleção, conquistou os maiores títulos de sua car-reira. O primeiro grande momento do grupo, que mais tarde ficaria conhecido como a “Geração de Prata”, foi o bronze na Copa do Mundo do Japão. No ano seguinte, o Brasil ganhou o Mundialito no Maracanãzinho e o vice-campeonato mundial na Argentina. Em 84, veio a prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, após perder a final para os Estados Unidos, os donos da casa.

Do ponto de vista individual, nunca fui um jogador “top”. Era um jogador de grupo, um coadjuvante - se auto-define Bernardinho. Mas me orgulho de ter feito parte desta geração, que foi responsável pelo primeiro grande boom do voleibol brasileiro - completa.

Este espírito de grupo talvez seja um dos atributos que melhor expliquem o sucesso de Bernardinho como técnico, função que lhe deu maior reconhecimento e fama no voleibol mundial.

Em 88, participou das Olimpíadas de Seul como assistente-técnico de Bebeto de Freitas, mas sua primeira experiência nesta função aconteceu na Itália, quando dirigiu o time feminino do Peruggia. Formado em economia pela PUC-RJ, Bernardi-nho deixou para trás um futuro promissor no mercado financei-ro e encarou o desafio. Mas o começo não foi fácil. Chegando à Itália, em 89, encontrou um time muito fraco, que ocupava a última colocação no campeonato e lutava desesperadamente para não cair para a Segunda Divisão.

-Cheguei lá numa quarta-feira e sábado já estreava contra o nosso maior rival na luta contra o rebaixamento - recorda Bernardinho.

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Bernardinho salvou a equipe do rebaixamento no primeiro ano. No ano seguinte, conseguiu levar o time ao vice-cam-peonato, e no terceiro ano, se consagrou definitivamente, ao conquistar a Copa Itália e a Copa Européia. Ficou três anos no Peruggia e depois foi contratado pelo Modena, onde teve a primeira experiência na direção de um time masculino.

“Foi uma experiência muito interessante, mas o clube estava com sérios problemas financeiros”. Mesmo assim, conseguimos chegar ao play-off final. Tive a chance de jogar contra grandes equipes como o Maxicomo/Parma, dirigido pelo Bebeto de Freitas e que contava com “feras” como Gianni, Bracchi e Carlão e o Il Messaggero Ravena, em que jogavam Renan, Giovane, Fomin e Gardine.

De volta ao Brasil, no final de 93, recebeu do ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Carlos Alberto Nuzman, o convite para dirigir a Seleção Brasileira, que vivia na época um momento conturbado. Bernardinho aceitou o desafio. Em novembro de 1993 iniciou o seu trabalho na Seleção, assu-mindo com as jogadoras o compromisso de levar o time ao pódio em todas as competições oficiais.

Fonte:http://www.cbv.com.br

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A obsessão pela perfeição e a busca constante pelos tí-tulos é por ele mesmo explicada: “Não sei se é característica essencial, mas as pessoas de sucesso que conheci ou li a respeito, de um modo geral, têm essa característica, o senso de inconformismo, o senso de urgência, é como se fosse o último dia e o último ponto da partida, cada ponto que seja.”

Após ter conquistado com a seleção feminina do Brasil mais de vinte títulos internacionais, sendo que o primeiro título foi em janeiro de 94, com a conquista da Beck´s Cup, um torneio disputado na cidade de Bremen, na Alemanha. Em 2001, Bernardinho aceita um novo desafio, feito pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que decidiu renovar a comissão técnica da seleção masculina que havia fracassado nas Olimpíadas de Atlanta e Sidney.

A chegada do novo técnico reanimou o capitão da seleção, que adiou os planos de jogar na praia por mais alguns anos para se dedicar à busca pelo ouro olímpico. A postura do time também mudou: mesmo sem grandes alterações no elenco, em cerca de um ano sob o novo comando, o Brasil começou a virar o grande bicho-papão do cenário internacional. “Nas poucas vezes que a seleção perdeu foi porque o adversário realmente jogou melhor”, diz. Ou seja: o grupo estava tão unido, que praticamente só perdia para ele mesmo.

Bernardo Rezende, o Bernardinho. “Quando ele chegou, mudou tudo”, afirma Nalbert.

Com a conquista do ouro em Atenas, Bernardinho incluiu em seu invejável currículo o mais cobiçado título do esporte olímpico. Mas com o resultado conquistado na capital grega, o treinador conseguiu uma marca difícil de ser batida. Sob seu comando, a seleção brasileira conquistou 17 títulos e três vice-campeonatos nas 21 competições que disputou sendo 18 oficiais. E o que é melhor: ganhou uma Copa do Mundo (2003), dois Campeonatos Mundiais (2002, 2006), cinco edi-ções da Liga Mundial ( 2001, 2003, 2004, 2005, 2006), além

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da medalha de ouro olímpica em 2004 como pode ser visto na tabela abaixo.

A perseverança e a magia implantadas por Bernardinho na seleção de vôlei masculino do Brasil, recuperaram o brilho olímpico do time 12 anos depois da conquista do ouro nas Olimpíadas de Barcelona conforme pode ser visto na campanha do Brasil.

Fonte: www.cbv.com.

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Mergulho da vitória uma marca dascomemorações do Voleibol

Fonte: http://www.cbv.com.br

A Seleção Brasileira: Anderson, André Heller, André Nascimento, Dante, Escadinha, Giba, Giovane, Gustavo, Maurício, Nalbert, Ricar-

dinho, Rodrigão.Técnico - Bernardinho

Fonte:http://www.cbv.com.br

29.08.04 - Brasil x Itália - Medalha de ouro para o Brasil

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De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafo-lha, o Vôlei é o segundo esporte na preferência do brasileiro. Junto ao público feminino, é o número um. Além de mobilizar majoritariamente, um público entre 10 e 25 anos, o vôlei tem crescido mais do que o Futebol no país (Rocha 2004). Essa conclusão pode ser explicada, em parte, pela permanente disputa dos títulos nas competições e pelo poder de sedução que os atletas exercem sobre o público feminino.

Após quatro pódios em 2005, sendo 3 títulos e 1 vice-campeonato, o Voleibol masculino do Brasil inicia a temporada 2006 com o Hexa campeonato da Liga Mundial numa virada emocionante contra a França, na cidade de Moscou, em 27 de agosto, que serviu como um alento à nação brasileira que, angustiada por mais uma derrota do futebol, teve no voleibol a alegria e orgulho resgatados, graças a um grupo de joga-dores fantásticos que, embora sejam celebridades, colocam o profissionalismo, a união o amor ao que fazem acima das

Manchetes na internet quando da conquista do Ouro Olímpico em 2004.

Vôlei brasileiro é ouro na Olimpíada - 29.08.2004, às 10h16

Brasil tem era dourada no vôlei e melhor participação em

Olimpíadas - 29.08.2004, às 16h49.

01.09 - Chegada da seleção ao Brasil. Desfile no Rio de Janeiro

Fonte: http://www.cbv.com.br

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vaidades pessoais. Este grupo de jogadores e comissão téc-nica capitaneados por Bernardinho são merecedores de todo o respeito e admiração.

Fonte Revista Lance A+

A Seleção Brasileira: Anderson, André Heller, André Nascimento, Dante, Escadinha, Giba, Gustavo, Maurício, Murilo, Ricardinho, Rodri-gão, Samuel.Técnico - Bernardinho

Finalmente o Brasil é Hexa

Fonte: http://www.cbv.com.br/cbv

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E finaliza a temporada de 2006 com o bicampeonato mundial, conquistado numa final impecável contra Polônia, que foi massacrada pelo rolo compressor brasileiro por 3 x 0 ( 25 x 12, 25 x 22, 25 x 17), através de sua enorme capacida-de de se adaptar as dificuldades, quer seja por uma derrota, um placar adverso ou mesmo pelos momentos de tensão do próprio grupo.

Após mais esta conquista, as reportagens e crônicas nos diversos jornais do país e na internet, multiplicaram, cronistas esportivos que normalmente só evidenciavam o futebol fizeram reverência ao voleibol e o colocaram como referência para o esporte nacional, comparando-o com outros esportes, inclusive com o futebol, buscando nesta comparação as razões técni-cas, táticas, administrativas, profissionais e espírito de união que proporcionam o sucesso da seleção brasileira de voleibol masculino e o fracasso da seleção de futebol.

Além de jornais e revistas, diversos canais de televisão apresentaram reportagens enfocando detalhes não só do excelente trabalho técnico-tático desenvolvido, mas também de aspectos comportamentais deste grupo. Neste ponto, deve ser ressaltada a reportagem veiculada no programa Fantástico, exibido pela Rede Globo no dia 10 de dezembro, onde, após entrevistar vários jogadores – dentre eles, Giba, Ricardinho, Gustavo e o próprio técnico Bernardinho –, teve como síntese a frase utilizada para encerrar a reportagem, onde o Marcelinho afirmou “...O Bernardinho mesmo fala que não basta talento, este ganha um jogo, mas é preciso união ... para ganhar um título.”

Algumas Manchetes na internet quando da conquista do Bi-Campeonato Mundial em 2006

Impecável, Brasil passeia sobre a Polônia e é bi mun-dial. 3 de dezembro de 2006- www.estadao.com.br

Brasil arrasa Polônia e é bicampeão mundial de vôlei.

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3 de Dezembro, http://br.esportes.yahoo.com Brasil conquista o bicampeonato mundial de vôlei. 3

de dezembro, www.reuters.com.br Vôlei brasileiro arrasa Polônia e conquista Bi. 3 de

dezembro, wwwcostaricanews.com.br

Algumas Manchetes nos jornais quando da conquista do Bi-Campeonato Mundial em 2006

Um Bi para entrar para a História – O Dia, Rio de Janeiro. 4 de dezembro de 2006.

“Feras” bicampeãs mundiais – O Globo, Rio de Ja-neiro. 4 de dezembro de 2006

“O momento é de reconhecer uma geração” – O Glo-bo, Rio de Janeiro. 4 de dezembro de 2006.

Uma aula do melhor de todos os tempos – O Globo, Rio de Janeiro. 4 de dezembro de 2006.

Brasil é bi e mantém a soberania no vôlei – Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 4 de dezembro de 2006

O Planeta rende-se ao melhor time da história do vôlei. É o 17º título em seis anos de Bernardinho - Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 4 de dezembro de 2006

Vôlei no topo do Mundo: Arrasadora seleção brasileira derrota a Polônia na final do Mundial – Diário da Manhã, Goiânia. 4 de dezembro de 2006

A pátria do vôlei – A Tarde, Ribeirão Preto. 3 de de-zembro de 2006

Loucuras de um Mágico: Título coroa geração co-mandada pelo excêntrico levantador Ricardinho – Lance. Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2006

Brasil repete fome de 2002 para brilhar – São Paulo, Folha de São Paulo. 4 de dezembro de 2006

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Os campeões, por Bernardinho (impressões do treinador em seu livro “Transformando Suor em Ouro”):

· Ricardinho – Vitória da obstinação sobre o talento. Tem excepcional senso de observação. Gênio indomável, às vezes deixa a emoção sobrepujar a razão.· Giba* – Entusiasmo e generosidade contagiantes. É bonito vê-lo jogar, alguns dos seus movimentos são muito bonitos. É um jogador espetacular.· Dante – Um dia enviei um e-mail dizendo “ Não me faça desistir de você”. Ele foi à luta e provou ter força suficiente para carregar o peso de substituir Nalbert.· Rodrigão – Dotado de uma capacidade fora do comum. Fala pouco, mas ouve, observa, aprende e faz. Tudo com personalidade, coragem e capacidade de decisão.· Gustavo – O exemplo vivo de que nada substitui o treinamento. Jogador moldado a suor e dedicação, transformado num dos melhores bloqueadores da

Batalhão de fotógrafos registra a alegria do título

Fonte:www.uolesporte.

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história do vôlei.· André Heller – Um lutador, que conquistou sua vaga numa disputa sempre dura, mas muito leal. Talvez por essas qualidades esteja sempre pronto para os grandes embates.· André Nascimento – O filho que todo pai queria ter. Sempre de bem com a vida, não tem medo do adversário nenhum. É um ótimo virador de bolas.· Anderson – Talvez não tenha idéia do próprio valor. Não deixei que levasse seu violão para Atenas, certo que perderíamos sua música mas ganharíamos um jogador concentrado.· Escadinha – A quem respeitamos e admiramos por ter superado dificuldades na vida que nenhum de nós experimentou. Um vencedor.· Marcelinho* - Já vinha fazendo parte do grupo. Quando precisamos, entra e ajuda a equipe.· Murilo* - tem dado contribuição cada vez maior. Vem demonstrando qualidade, conquistando não só a minha confiança como a do grupo.· Samuel* - Tem um potencial incrível, é muito forte, um ótimo garoto. Está cada vez mais próximo do nível dos outros

* Com declarações deste Mundial ao jornal Folha de São PauloAlgumas frases que refletiram o campeonato:

Giba: “Não tem fórmula. Essa família está sempre indo para frente e na porrada, a gente vai ganhando”

Ricardinho: “Mostramos mais uma vez que a força do grupo e também que as brigas e derrotas ajudam o Brasil a crescer.”

Serginho: “Penso sempre na minha família num ins-tante como esse. É mais um campeonato mais um título para o Brasil!”

Dante: “ Fizemos um primeiro e um terceiro sets arra-

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sadores. Nosso vôlei ainda é de primeiro mundo”Gustavo: “ Esse grupo é maravilhoso. Tivemos pro-

blemas, mas sabemos sair bem dos momentos de difi-culdade”

André Nascimento: “ Foi tudo muito sofrido, um cam-peonato longo. Tivemos muitos momentos difíceis nesta competição”

André Heller: “ O amor que um tem pelo outro é muito importante. Ficamos mais tempo juntos do que com nossa família”

Técnico da Bulgária: “ É o time mais forte que já vi na minha vida”

Bernardinho: “ Manter o brilho nos olhos, o novo desafio”

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Bernardo Rocha de Rezende, ou simplesmente Bernar-dinho, líder por excelência, se transformou não somente no melhor técnico de voleibol do mundo, mas também em fenômeno de mídia.

Capa da revista do jornal O Globo, no dia 17 de de-zembro de 2006, onde mereceu uma matéria de sete pá-ginas, autor do livro “Transformando suor em Ouro”, cuja primeira edição se esgotou em apenas vinte dias após a conquista do bi-campeonato mundial e técnico recordista de participação em comerciais e campanhas publicitárias. Dentre os vários comerciais e campanhas publicitárias feitas por Bernardinho podemos citar: a campanha da Rede de Serviços Chevrolet, propaganda para a Aracruz Celulose, Olimpycus, Uninove, Uptime, a campanha do iG, onde aparece ao lado dos atores Selton Mello, Claudia Abreu, da atriz top model Letícia Birkeheuer, e do músico Tony Bellotto.

Com seu carisma, é solicitado para fazer palestras em todo o país (os seus contratantes mais freqüentes são os empresários Antonio Ermírio de Moraes e Germano Gerdau) e até no exterior. Nas diversas instituições em que se apresenta, utiliza seu grande poder de motivação e “hipnotiza” grandes empresários, funcionários, atletas e até outros treinadores.

“A grande realidade é que ele se tornou uma grande unanimidade, uma celebridade. Muito solicitado para en-trevistas, programas de TV, comerciais, e abordado nas ruas por pessoas comuns, Bernardo teve que se adaptar a sua nova realidade quase que de um pop star”, afirma Fernanda Venturini.

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V – Considerações Finais

Tendo em vista as considerações apresentadas nos capítulos anteriores, com base nas indagações e dúvidas previamente formuladas, concluímos que o papel da mídia foi de fundamental importância na divulgação do voleibol, propagando as conquistas obtidas e noticiando, quase que diariamente, os principais acontecimentos, gerando publicidade gratuita para os patrocinadores. Criou e crista-lizou celebridades esportivas e as qualidades individuais, ao vender as imagens de tais modelos, construídas com base nos padrões de eficiência determinados pela socie-dade capitalista global.

O Voleibol, a partir do início dos anos 80, desencadeou um processo de profissionalização decorrente das exigên-cias do seu desenvolvimento como esporte-espetáculo. Os atletas passaram a receber elevados salários em substi-tuição às ajudas de custo, além das vantagens adicionais, como transporte e moradia, em troca da dedicação exclu-siva aos treinamentos. As comissões técnicas passaram a contar, também, com profissionais especializados em outras áreas auxiliares.

Nas equipes patrocinadas por empresas, surgiu, ain-da, a função do supervisor de voleibol. As agências de promoções esportivas que passaram a trabalhar junto à CBV, buscaram, nas competições que organizaram, alcan-çar alto nível de profissionalização. Tais considerações permitem concluir que procurou-se satisfazer, mais uma vez, às necessidades impostas pela mídia, no sentido de atender ao mercado do esporte-espetáculo.

O processo acima descrito fez com que, em 1992, o Vo-leibol chegasse à conquista do ouro olímpico, sacramen-

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tando a “febre” que tomou conta do país, cujas pesquisas apontavam uma surpreendente inversão de preferência esportiva por parte dos jovens entre 15 e 24 anos, que, naquela ocasião, se encontravam desiludidos com os fracassos do futebol na Copa de 90 e a não classificação para a Olimpíada de Barcelona.

Essa inversão ainda pode ser medida por pesquisa mais recente quando na conquista do Bi-Campeonato Olímpico em Atenas, ou mesmo pelas conversas em ba-res, restaurantes e diversas locais, onde o futebol, após novo fracasso na Copa de 2006, perde o monopólio e faz com que o voleibol, através de suas fantásticas campa-nhas neste ano, seja o “prato predileto” dos amantes do esporte.

Ancorado por sua estrutura organizacional, o Voleibol masculino brasileiro tem dominado a modalidade desde as categorias de base, resultando em sua consolidação como o segundo esporte mais visto no país, fato compro-vado pela pesquisa Ipsos–Marplan, encomendada pela Sportv, em 2006, que revela também a terceira colocação entre os esportes mais praticados, ficando atrás apenas da caminhada e do futebol.

Uma outra estatística aferida em pesquisa, encomen-dada pela Confederação Brasileira em 2004, mostra o Vo-leibol como o esporte número 1 entre o público feminino.

Em relação aos atletas, cabe ainda registrar, que, por terem sido transformados, pelos efeitos midiáticos, em celebridades esportivas, os altos salários que lhes eram pagos, somados aos cachês publicitários, não condiziam com a situação econômica que o país atravessava e que, de certa forma, ainda persiste. Embora merecedores da admiração dos espectadores, face às conquistas que alcançaram e, também, de uma compensação financeira

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razoável pelos seus esforços, os valores por eles recebi-dos representavam e representam ainda um contra-censo dentro da realidade brasileira, ainda marcada por profun-das injustiças sociais, o que provoca o constante êxodo de nossos principais atletas para a Europa.

No entanto, não só os atletas, dirigentes, técnicos, clubes e empresas se beneficiaram dos grandes espetá-culos esportivos. A própria mídia passou a ser cúmplice destes espetáculos para vender publicidade, pois se os mesmos não mais existissem com super-atletas e super-equipes, nada de espetáculo, de grandes audiências e, consequentemente, nada de dinheiro. A mídia também, até hoje, dependente dos produtos que veicula, ainda que, na relação com o voleibol, a maior parte do poder esteja em suas próprias mãos.

O que nos leva à conclusão de que a Mídia e o Voleibol são fenômenos que ainda se desenvolvem na teia cultural da sociedade, portanto não são isolados, suas relações não se dão unicamente na esfera um do outro, interligam-se e influenciam outros aspectos sociais. Estão também na ambiência política, despertando o interesse de governos, na econômica através da indústria do lazer, entretenimento que potencializa ao máximo a paixão dos torcedores e fãs e até mesmo no espaço das artes com a megaprodução de competições dignas dos maiores shows. A mídia provoca, constantemente, impactos na sociedade, e seu papel está além de meros “canais de informação” como outrora foi considerada.Esta abre espaço dentro da publicidade para o crescimento do marketing esportivo.

Em relação ao Voleibol, como se trata de uma prática de mais de um século, já se faz presente na vida em so-ciedade e exerce grande fascínio sobre os indivíduos o que leva a mídia a explorar o lado espetacular do esporte. Os meios de comunicação de massa transformaram os

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eventos do Voleibol em mega-espetáculos, assistidos ao vivo por milhares de pessoas, em dezenas, centenas de cidades ou países ao mesmo tempo. Atletas que rea-lizam performances acima da média se transformam em verdadeiros deuses olímpicos e encarnam a nova versão do rei Midas. A diferença é que eles não precisam tocar o produto para que este vire ouro; basta apenas “colar” a imagem do vencedor à mercadoria ou serviço.

Na busca constante do espetáculo midiático não po-demos esquecer a preocupação com que FIVB olha o ves-tuário dos atletas, cujos calções menores e mais justos, assim como as camisas, procuram exibir a musculatura dos atletas, proporcionando além da plasticidade do gesto técnico do esporte um apelo de sensualidade, facilmente identificado pelas pesquisas que apontam o Voleibol como o esporte preferido entre as mulheres.

Dessa forma o corpo se apresenta cada vez mais es-petacularizado na cultura do Voleibol e veiculado como produto que projeta vigorosamente valores de juventude, beleza, saúde e felicidade.

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Síntese curricular dos autores:WAGNER, Luiz Aníbal Ferreira Paes.• Coordenador do Curso de Educação Física da Universo-Campos• Coordenador do curso de pós - graduação em Administração Esportiva da Universo-Campos• Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ• Pós - graduado em Treinamento Esportivo pela UFRJ• Graduado em Educação Física pela UGF• Colaborador do projeto de implantação do Curso de Tecnó-logo em Gestão Esportiva da Universo• Técnico de voleibol do C.R. Saldanha da Gama (ES) -1984• Técnico de voleibol da A: A Supergasbrás, de 1985 a 1988• Técnico de voleibol AABB- Campos de 1989 a1996• Técnico da seleção carioca de voleibol juvenil masculino-1995• Supervisor da seleção carioca de voleibol juvenil masculi-no-1994• Diretor da Federação de Voleibol do Estado do Rio de Janeiro Região Norte Fluminense - 1997• Gerente de Esportes da AABB- Campos de 1993 a 1995

SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de• Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ• Mestre em Educação pela UFRJ• Pós-graduado em Gerência de Informática e Produção de software – UFJF• Bacharel em Direito pela Universo• Avaliador de cursos do CEE/RJ• Avaliador institucional do INEP/MEC• Coordenador do curso de Sistemas de Informação em Cam-pos dos Goytacazes

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