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    Copyright 2008 por Colgio Brasileiro de Atividade Fsica, Sade e Esporte

    Fit Perf J | Rio de Janeiro | 7 | 6 | 386-392 | nov/dez 2008

    EISSN 1676-5133

    Fit Perf J. 2008 nov-dez;7(6):386-92.

    A FORMAO E A PRTICA PEDAGGICA DOS TREINADORES DE BASQUETEBOL MASCULINO DO RIO DE JANEIRO: APRENDIZAGEM E TREINAMENTO DOS SISTEMAS DEFENSIVOS

    Leonardo Toledo Josgrilberg1,2 [email protected]

    doi:10.3900/fpj.7.6.386.p

    Josgrilberg LT. A formao e a prtica pedaggica dos treinadores de basquetebol masculino do Rio de Janeiro: aprendizagem e treinamento dos sistemas defensivos. Fit Perf J. 2008 nov-dez;7(6):386-92.

    RESUMOIntroduo: Esta pesquisa procurou estabelecer um diagnstico acerca da formao profi ssional e da prtica

    pedaggica utilizada pelos profi ssionais responsveis pelo treinamento das equipes de categorias de base do bas-quetebol masculino no Rio de Janeiro, no que diz respeito ao desenvolvimento dos sistemas defensivos. Materiais e Mtodos: Esta pesquisa foi realizada atravs de uma investigao de campo com abordagem do tipo levanta-mento de dados atravs de um processo de documentao direta utilizando tcnica de observao direta extensiva. Resultados: Os dados encontrados caracterizaram estes treinadores como adultos, graduados (principalmente em Educao Fsica), que utilizam a internet e a presena em jogos para obter conhecimento atravs de anlises tticas. Planejamento, mtodos e avaliao representaram fatores de difi culdade no trabalho. Discusso: Os entrevistados possuem conhecimento acerca do que deve ser treinado, apesar do excesso de enfoque na ttica coletiva. Porm, o grande problema no exerccio da profi sso destes treinadores trata-se da debilidade acerca dos conhecimentos didtico-pedaggicos.

    PALAVRAS-CHAVEBasquetebol, Educao Fsica e Treinamento, Esportes.

    1 Universidade Castelo Branco - Rio de Janeiro - Brasil2 Universidade Salgado de Oliveira - Niteri - Brasil

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    A FORMAO E A PRTICA PEDAGGICA NO BASQUETEBOL

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    THE FORMATION AND PEDAGOGICAL PRACTICES OF RIO DE JANEIROS MALE BASKETBALL COACHES: DEFENSIVE SYSTEMS LEARNING AND TRAINING

    ABSTRACT

    Introduction: This research aimed at establishing a diagnosis on the professional education and on the pedagogical practice applied by the train-ers who are responsible for the preparation of male beginner basketball teams in Rio de Janeiro, concerning the development of defensive systems. Materials and Methods: This research was accomplished through a field investigation with a survey approach, in which a documentation process, with the application of an extensive direct observation technique, was carried out. Results: The results of the data gathering characterized these coaches as: adults, graduated, mainly in Physical Education, who use the internet and games to acquire knowledge through tactical analyses. Plan-ning, methods and evaluation appeared in the work as difficulties. Discussion: Concluded that the interviewees have knowledge about what has to be trained, although there was an excessive focus on collective tactics. However, the greatest problem, in these coaches professional practice is the limitation of their didactical-pedagogical knowledge.

    KEYWORDSBasketball, Physical Education and Training, Sports.

    LA FORMACIN Y LAS PRCTICAS PEDAGGICAS DE LOS ENTRENADORES DE BALONCESTO MASCULINOS DE RIO DE JANEIRO: APRENDIZAJE Y ENTRENAMIENTO DE SISTEMAS DEFENSIVOS

    RESUMEN

    Introduccin: Esta investigacin busc establecer un diagnstico acerca de la formacin profesional y de la prctica pedaggica utilizada por los profesionales responsables por el entrenamiento de los equipos de categoras de base del baloncesto masculino en Rio de Janeiro, por lo que respecta al desarrollo de los sistemas defensivos. Materiales y Mtodos: Esta investigacin fue realizada a travs de una investigacin de campo con abordaje del tipo levantamiento por un proceso de documentacin directa utilizando tcnica de observacin directa extensiva. Resultados: Los datos encontrados caracterizaron estos entrenadores como: adultos, graduados, principalmente en Educacin Fsica, que utilizan el internet y la presencia en juegos para obtener conocimiento a travs de anlisis tcticas. Planificacin, mtodos y la evaluacin representaron factores de dificultad en el trabajo. Discusin: Se concluy que los entrevistados poseen conocimiento acerca de lo que debe ser entrenado, a pesar del ex-ceso de enfoque en la tctica colectiva. Sin embargo, el gran problema, en el ejercicio de la profesin de estos entrenadores, trata de la debilidad acerca de los conocimientos didctico-pedaggico.

    PALABRAS CLAVEBaloncesto, Educacin y Entrenamiento Fsico, Deportes.

    INTRODUODesde o incio dos anos 90, um novo contexto

    passou a caracterizar o basquete mundial de alto ren-dimento. A subdiviso de Unio Sovitica e Iugoslvia, alm da permisso para que atletas profi ssionais par-ticiparem de competies da FIBA, foram fatores que contriburam para que os Estados Unidos perdessem sua hegemonia1,2, para que o nvel do basquetebol praticado fosse mais homogneo e para que surgissem novas potncias.

    Neste novo paradigma, o basquetebol masculino brasileiro no conseguiu classificao para algumas das principais competies mundiais, inclusive per-dendo espao na Amrica do Sul para a Argentina.

    No processo de anlise de vdeos e estatsticas das partidas em que as selees brasileiras estiveram envol-vidas, um fator assume papel de destaque: a fragilidade e inconsistncia da defesa brasileira.

    Atletas brasileiros conseguiram postos de destaque no mbito internacional; mtodos e estratgias de trabalho encontram-se democratizados atravs da internet, de eventos e de publicaes cientfi cas. Ento, por que um sistema defensivo to frgil e defi ciente?

    No contexto especfi co deste estudo realizou-se uma investigao acerca dos treinadores responsveis por orientar todo este processo. Como o Brasil abrange di-menses continentais e no possui uma escola nacional de treinadores, esta pesquisa teve que selecionar, a fi m

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    de atingir a consecuo de seus objetivos, referenciais estratgicos que pudessem servir de espelho para o mbito nacional.

    O objetivo principal deste estudo foi estabelecer um diagnstico acerca da formao profissional e da prtica pedaggica utilizada pelos profissionais res-ponsveis pelo treinamento das equipes de categorias de base do basquetebol masculino no Rio de Janeiro, no que diz respeito ao desenvolvimento dos sistemas defensivos.

    Fundamentao tericaMoreno3 caracterizou o basquetebol como um esporte

    de oposio e cooperao, envolvendo aes simultneas entre duas equipes (atacante e defensora) que ocupam um mesmo espao, provocando contato direto entre os participantes.

    Daiuto4 considerou este esporte completo, um jogo de coordenao de movimentos, de grande intensidade motriz, que permite o desenvolvimento de todas as qualidades que a vida moderna exige de cada indivduo.

    Ferreira & De Rose Jr5 abordaram o somatrio de diferentes habilidades especfi cas, que podem ser de-nominadas: fundamentos do jogo. Estes fundamentos do jogo constituem a representao da tcnica de um movimento. Barbanti6 considerou-os como a estrutura racional de um ato motor para atingir determinado ob-jetivo ou uma seqncia de movimentos de determinado gesto esportivo.

    Daiuto4, Ferreira & De Rose Jr5, Salles & Salles7, Tri-coli & De Rose Jr8, Coutinho9, Carvalho10, Guerrinha11, American Sport Education Program12, Almeida13, Williams & Wilson14, Wootten15, de uma forma geral, classifi caram os fundamentos do basquete em dois grandes grupos: fundamentos de defesa, caracterizados atravs de aes sem a posse da bola; e de ataque, executados com a posse da bola.

    Os fundamentos de defesa puderam ser identifi cados atravs da execuo de movimentos para tentar recupe-rar a posse da bola, em que os tipos mais comuns so o controle de corpo e o rebote (ofensivo e defensivo). Os fundamentos de ataque, alm de mais numerosos, possuem funes variadas, os principais tipos so: o controle de corpo; o manejo de bola; o drible; o passe; o arremesso; e o rebote9.

    Barbanti6 considerou como ttica o planejamento de procedimentos para alcanar um objetivo sob de-terminadas circunstncias, referindo-se a um sistema de aes planejadas. Tricoli & De Rose Jr8 identifi caram trs tipos de aes tticas: aes individuais; grupais; e coletivas. A organizao e a combinao destas aes devem ser propostas para quatro momentos do jogo:

    defesa; contra-ataque; ataque organizado; e transio ataque-defesa16.

    Wootten15 exaltou que no basquetebol deve-se pro-porcionar nfase em defesa e rebote, desenvolvendo certos princpios defensivos: presso no homem que est com a bola; presso nas primeiras opes de passe; ajuda no lado sem bola; bloqueio de rebote; e sada para o contra-ataque. Tais princpios tambm foram destacados por Calatayud17, Carvalho10,18, Silva19 e Knight20.

    Guerrinha11 e Ferreira & De Rose Jr5 diferencia-ram os sistemas de defesa: individual; por zona; combinado; e misto. Guerrinha11 destacou ainda que a marcao individual pode ser realizada de forma pressionada, com flutuao, com ajuda ou dobrando (dois em um).

    Tsiotras et al.21 detectaram que a defesa individual foi o tipo mais utilizado em 91% do tempo no basque-tebol de alto nvel. Almeida13 registrou que a defesa individual foi sempre a mais indicada para iniciao ao basquetebol.

    Daiuto4, Ferreira & De Rose Jr5, Carvalho10, Williams & Wilson14, Boccardo16 e Marques22 ca-racterizaram o contra-ataque como uma estratgia ofensiva em que uma equipe tenta progredir rapida-mente com a bola, da defesa para o ataque, para converter uma cesta antes que a equipe adversria se organize. Gerani et al.23 destacaram a efetivida-de dos contra-ataques no basquetebol de alto nvel quando identificaram que 63% deles proporcionam cesta. Boccardo16 apontou que, quando no pos-svel finalizar o contra-ataque, utiliza-se o ataque organizado.

    Boccardo16 enfatizou que, aps a concluso de um ataque bem sucedido ou no, deve-se retornar para a defesa. Xiqus24 corroborou este pensamento, desta-cando a necessidade de retardar a chegada da bola quadra de defesa a fi m de evitar um contra-ataque e forar o adversrio a adotar uma dinmica de menor velocidade.

    O profissional responsvel pela abordagem destes contedos assume papel fundamental, e sua formao constitui um dos alicerces de suas aes pedaggicas. Rodrigues25 destacou que a formao de treinadores est ainda longe de ser um processo global e criterioso. Menoncin Jr26 abordou que a carreira de treinador esportivo no Brasil pode ser considerada como das mais difceis, devido aos problemas que vo desde a formao profissional remunerao financeira at a exigncia constante de vitrias.

    Becker Jr27 identifi cou a presena de trs tipos de perfi l de treinadores no processo de iniciao esportiva:

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    ex-atletas; acadmicos do curso de Educao Fsica; e professores de Educao Fsica. Moraes28 detectou um outro perfi l: o profi ssional leigo.

    No exerccio da atividade profissional o treinador desempenha uma funo central na formao e no desenvolvimento do atleta, do ponto de vista fsico, tcnico, psicolgico, emocional e social. Galdi et al.29 detectaram na figura do tcnico uma das principais fontes de estresse para atletas juvenis de basquetebol e tnis. Gauderer30 registrou que quanto pior a auto-imagem de um atleta mais importante o papel do tcnico em estimul-lo, em aumentar-lhe a autocon-fiana.

    Paes & Balbino31 entenderam que hoje preciso buscar novas possibilidades de pedagogizar o fen-meno esporte e, assim, dar continuidade aos avanos da educao fsica como rea de conhecimento. Ferreira & De Rose Jr5 identifi caram trs momentos no processo de aprendizagem do basquetebol: fase de aprendizagem; fase de fi xao; e fase de aperfeioa-mento. Oliveira & Graa32 entenderam o ensino do basquete centrado em trs domnios: social, no qual os alunos devem apreciar o jogo; estratgico, em que o aluno deve desenvolver a capacidade de tomada de decises; e, tcnico em que a tcnica deve ser utilizada no contexto do jogo com grau de difi culdade progressivo.

    De Rose Jr33 reportou que todo tcnico quer ter em sua equipe jogadores taticamente inteligentes, que tomam decises corretas nas situaes de jogo. Mas, para tanto, faz-se necessrio que sejam adota-dos mtodos de treinamento que permitam aos atletas

    desenvolverem sua capacidade cognitiva e, assim, maturidade ttica.

    Os mtodos de ensino e treinamento foram aborda-dos por Coutinho9, Oliveira & Paes34, Greco35, Dietrich et al.36, Bompa37, Abernethy et al.38 e Garganta39, que sintetizaram as informaes disponveis na literatura do Quadro 1.

    Greco35 destacou os trabalhos de Raab40,41 e Roth42,43,44, entre outros, para mostrar que existe uma tendncia de se obter melhores resultados na iniciao es-portiva adotando-se o mtodo situacional, paralelamente ao desenvolvimento de diferentes processos cognitivos inerentes capacidade ttica (percepo, antecipao, motivao, tomada de deciso, leitura de jogo) de forma incidental.

    Assim, Greco35 desenvolveu o mtodo situacional cognitivo, sustentado atravs de estruturas funcionais do jogo. Desta forma, permite-se inter-relacionar o nvel de experincia motora (experincia de jogo) com o desen-volvimento das capacidades tticas dos alunos.

    MATERIAIS E MTODOSEsta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em

    Pesquisa da Universidade Castelo Branco sob o nmero 0065/2007, com o intuito de cumprir as determinaes prescritas na resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade. Todos os participantes do estudo concor-daram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    O presente estudo assumiu formato descritivo em que foi realizada uma pesquisa de campo com abordagem

    Quadro 1 - Mtodos de abordagem dos jogos esportivos coletivos.

    Mtodo Analtico ou Parcial(centrado nas tcnicas e nas solues

    impostas)

    Mtodo Global ou de Confrontao(centrada no jogo formal - ensaio e

    erro)

    Mtodo Situacional(centrada nos jogos condicionados -

    procura dirigida)caractersticas

    das tcnicas analticas para o jogo formal

    utilizao exclusiva do jogo formal do jogo para situaes particulares

    o jogo decomposto em elementos tcnicos (passe, recepo, drible, ...)

    o jogo no condicionado nem de-composto

    o jogo decomposto em unidades funcionais; jogo sistemtico de com-

    plexidade crescentehierarquizao das tcnicas (1 tcnica

    a, depois a tcnica b, etc.)a tcnica surge para responder situa-

    es globais no-orientadasos princpios do jogo regulam a apren-

    dizagemconseqncias

    aes de jogo mecanizada, pouco criativas; comportamento estereoti-

    pado

    jogo criativo, mas com base no individualismo; virtuosismo tcnico contrastando com anarquia ttica

    as tcnicas surgem em funo da tti-ca, de forma orientada e provocada.

    problemas na compreenso do jogo (leitura defi ciente, solues pobres).

    solues motoras variadas, mas com inmeras lacunas tticas e descoorde-

    nao das aes coletivas

    inteligncia ttica: correta interpreta-o e aplicao dos princpios do jogo;viabilizao da tcnica e criatividade

    nas aes de jogo.

    fonte: De Rose Jr33

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    do tipo levantamento de dados, atravs de um processo de documentao direta utilizando tcnica de observao direta extensiva45. Os sujeitos participantes desta pesquisa foram 52 treinadores que ocuparam a funo de tcnico principal de uma equipe que disputou os campeonatos estaduais masculinos das categorias de base do Rio de Janeiro no ano de 2007.

    O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionrio constitudo de vinte perguntas, que foi apreciado previamente por um jri de experts. A coleta de dados foi realizada sem qualquer interferncia do pesquisador sobre as respostas. Os dados coletados receberam um tratamento estatstico de forma descritiva, sendo interpretados e analisados de acordo com a litera-tura pesquisada e os objetivos propostos do estudo.

    RESULTADOSA presente pesquisa observou que a faixa etria dos

    entrevistados apresentou uma mdia de 34,0010,13 anos, com esta idade variando de 22 a 53 anos. No foi detectada uma faixa etria predominante para o exerccio desta funo profi ssional. Detectou-se que, quanto menor a faixa etria da categoria, menor, em mdia, a idade do treinador e menor que a mdia geral. O tempo mdio de atuao nesta funo encontrado foi de 13,1210,76 anos.

    Acerca da formao pedaggica, 36,56% dos treinadores afi rmaram possuir cursos completos de ps-graduao. No mbito da graduao, 61,53% formou-se em Educao Fsica, 17,30% so acadmicos em Educao Fsica e 7,71% graduaram-se em outras reas. 13,46% dos treinadores no obtiveram qualquer formao universitria. Foi observado que, entre os treinadores que no possuam formao universitria, 93,48% esto no mercado de trabalho h mais de 20 anos. Entre os profi ssionais com menos de 15 anos de exerccio da profi sso, 89,72% so graduados ou aca-dmicos em busca da titulao. Entre estes treinadores, 17,65% foram atletas da categoria adulta; 52,94% foram atletas das categorias de base; e 29,41% no foram atletas de basquetebol.

    Investigando o aperfeioamento profi ssional, 48,07% dos treinadores participaram de algum evento no segun-do semestre de 2007; 23,07% identifi caram sua ltima participao no primeiro semestre de 2007; 15,39% o fi zeram entre os anos de 2005 e 2006; e 13,47% realizou esta participao antes de 2005. Entre os 71,14% de profi ssionais participantes em 2007, cerca de 70,27% so treinadores que dirigem equipes das categorias mais jovens (mirim e infantil).

    O hbito de leitura de publicaes foi registrado por 46,15% dos entrevistados. Entre estes, 79,16% no

    soube citar o nome de um artigo, livro ou peridico lido. A rede mundial de computadores foi utilizada regularmente por 86,54% dos entrevistados. Foram feitas referncias a 26 diferentes pginas que abor-dam o basquetebol como tema. Entretanto, apenas 10 traziam informaes para a funo de treinador. Considerando estas, o nmero de citaes acerca das pginas que tratam da ttica e estratgia do jogo superior s pginas que tratam da prtica pedaggica e da metodologia de ensino.

    O hbito dos profi ssionais assistirem partidas de bas-quetebol foi abordado por 80,76% dos entrevistados que afi rmaram assistir, em mdia, uma partida por semana. Os motivos que levam os treinadores a assistir estas par-tidas abrangeram trs tendncias: tentativa de melhorar a performance de sua equipe atravs da anlise ttica de adversrios; reforo de vnculos sociais; e aprimoramento profi ssional.

    Quanto aos sistemas defensivos, os resultados encontrados explicitaram que 84,62% dos treinadores adotam a defesa individual como sistema mais utili-zado em suas equipes. Foram realizadas referncias acerca das variaes dos sistemas como sistemas sob presso; a aplicao de dobras e utilizao da flutuao. Os fatores que justificaram essa opo retrataram dois focos distintos: aspectos de aprendi-zagem (pedaggicos); e de desempenho (eficincia) do sistema defensivo. Destacou-se, nesta justificativa, a prevalncia de dois fatores sem qualquer cunho cientfico: ser o sistema mais utilizado; e ser o sistema mais eficiente.

    Apenas 30,77% dos entrevistados fi zeram referncia aos princpios defensivos abordados na literatura. Entre estes, apenas 11,54% abordaram a utilizao de todos os princpios defensivos destacados na literatura.

    Entre estes treinadores, 11,53% dos profi ssionais afi rmaram que no realizavam qualquer tipo de pla-nejamento, 42,31% afi rmaram realizar este tipo de planejamento, mas no conseguiram explicar esta organizao. Abordando os mtodos de ensino e treinamento, 80,77% dos treinadores foram capazes de citar um mtodo encontrado na literatura. Entre as citaes dos treinadores, o mtodo parcial ou analtico sinttico foi o mais citado, seguido do mtodo global ou de confrontao. O mtodo situacional foi lem-brado por 12 vezes e o mtodo situacional cognitivo trs vezes.

    As respostas acerca dos motivos que justifi cam as opes metodolgicas foram pautadas no empirismo e na obrigao ou necessidade de se justifi car para o pesquisador. Nestas respostas, em apenas 15,38% dos entrevistados evidenciou-se a presena de cuidados com a pedagogia da aprendizagem, da preocupao com o

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    estabelecimento de um processo pedaggico de treinar os jogadores. A realizao de um processo de avaliao do treinamento dos sistemas defensivos foi negada por 82,69% dos entrevistados.

    DISCUSSOOs dados encontrados na investigao caracteri-

    zaram estes treinadores com um perfil que no pode ser considerado como iniciante. Foi constatado que os treinadores que desenvolvem atividades com as crianas so mais novos, menos experientes e com menos tempo de trabalho. Importante destacar que, para este pblico, o quadro deveria ser inverso, contando com profissionais mais experientes e se-guros para conduzir o processo de aprendizagem e treinamento.

    Identifi cou-se que cerca de 80% dos treinadores possuam ou estavam em busca de formao especfi ca dentro da rea da Educao Fsica, restando apenas 20% de profi ssionais que no pertenciam a este contexto. Isto trouxe tona um novo quadro em que o espao para leigos e prticos tendeu a estar se reduzindo, pois, com a aposentadoria destes profi ssionais, possivelmente os novos que os substituiro sejam oriundos da rea da Educao Fsica.

    A experincia prtica foi fator relevante. Entretanto, observou-se que o fato de ter sido atleta foi fator agre-gador de valor, porm no sendo essencial. Ex-atletas da categoria adulta foram minoria e aproximadamente 30% dos treinadores nem sequer foram atletas.

    No processo de aperfeioamento profissional retratou-se pequena participao dos profi ssionais, estando estes mais preocupados em focar suas aes na realizao de seu trabalho, no destinando tem-po sufi ciente para participao em cursos, palestras e pesquisas. Alguns dados que representaram este quadro foram: 54% no possuam hbito de leitura; apenas 17% participaram de dois ou mais eventos em 2007; menos da metade dos stios visitados na internet apresentaram informaes especfi cas para a funo de treinador.

    Nos sistemas defensivos, a utilizao preferencial da defesa individual corrobora a literatura. Entretanto, houve reduzida referncia aos princpios defensivos abordados na literatura, alm de predominncia de respostas sem cunho cientfi co ou de pesquisa para justifi car as opes assumidas. Retratou-se um quadro de provvel conheci-mento limitado.

    Planejamento, mtodos e avaliao foram fatores que reforaram o restrito conhecimento dos entrevis-tados. Constatou-se um trabalho realizado de forma emprica ou sem organizao. Tal quadro se repetiu

    entre os fatores que justifi cariam os mtodos de tra-balho, inclusive com reduzida referncia aos mtodos especfi cos para desenvolvimento de organizaes tticas.

    O quadro encontrado por este estudo apresentou aspectos positivos e negativos considerando requisitos importantes para o exerccio da funo de treinador de basquetebol.

    De forma positiva foi diagnosticado o nvel de expe-rincia e o tempo de exerccio da profi sso, a utilizao da informtica, a disponibilizao de tempo para assistir jogos de basquetebol, bem como o ndice de profi s-sionais preocupados com sua formao pedaggica especfi ca.

    Porm, os aspectos negativos apresentaram-se em maior nmero. Importante destacar que, apesar da representatividade, a experincia prtica apresentou-se inconsistente, houve pouca procura por cursos e eventos de especializao e aprimoramento profi ssional, a leitura no foi considerada fator de atualizao e na utilizao da internet pouco foco foi destinado ao aprimoramento profi ssional.

    Entretanto, o fator de preocupao destacado foi o fato do aspecto ttico coletivo ter sido identifi cado como principal foco norteador do treinamento, da busca de informaes e da preparao das equipes. O trabalho realizado com restrita fundamentao terica ou cr-tica, sendo caracterizada atravs de evidncias, como uma reproduo de conhecimento de uma maioria de treinadores.

    O foco do trabalho esteve centrado no desen-volvimento dos contedos, buscando eficincia dos sistemas defensivos durante as partidas. Mas, como alcanar estes objetivos com precrio conhe-cimento acerca de planejamento, metodologia e avaliao?

    Tornou-se evidente que, apesar de boa parte dos treinadores dominarem parte dos contedos (tipos de defesa e suas variaes e os princpios defensivos) que precisam ser ensinados e treinados nas categorias de base, o problema detectado est relacionado aos conhecimentos didtico-pedag-gicos dos profissionais, apesar de 69,24% terem sido graduados.

    Constatou-se ser necessria uma refl exo sobre o foco norteador do trabalho nas categorias de base. A ttica coletiva um dos ltimos patamares a serem alcanados na preparao de um atleta ou equipe. O centro das preocupaes requer estar voltado para buscar novos conhecimentos, principalmente didtico-pedaggicos, a fi m de ampliar a consistncia e fortalecer o processo de formao e atualizao profi ssional.

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    Recebido: 18/07/2008 Aceito: 03/10/2008