Diálogo Concreto folder jornal

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DIÁLOGO CONCRETO Abraham Palatnik Alexandre Wollner Almir Mavignier Aluisio Carvão Amilcar de Castro Antonio Maluf Geraldo de Barros Lygia Clark Lygia Pape Mary Vieira Willys de Castro Waldemar Cordeiro DESIGN E CONSTRUTIVISMO NO BRASIL CAIXA Cultural Rio de Janeiro Av. Almirante Barroso, 25, Centro Rio de Janeiro, RJ / CEP 20031-003 de terça a domingo, das 10h às 22h INFORMAÇÕES (21) 2544.4080 / 2544.7666 apresenta

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Folder em forma de jornal da exposição "Diálogo concreto - Design e construtivismo no Brasil". Curadoria de Daniela Name. Projeto gráfico: Fernando Leite

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Abraham Palatnik

Alexandre Wollner

Almir Mavignier

Aluisio Carvão

Amilcar de Castro

Antonio Maluf

Geraldo de Barros

Lygia Clark

Lygia Pape

Mary Vieira

Willys de Castro

Waldemar Cordeiro

design e construtivismo no brasil

CAIXA Cultural Rio de Janeiro

Av. Almirante Barroso, 25, Centro

Rio de Janeiro, RJ / cep 20031-003

de terça a domingo, das 10h às 22h

informações (21) 2544.4080 / 2544.7666

apresenta

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varam para os produtos industrializados e de circulação de massa — cartazes, jor-nais, embalagens, logomarcas, estampas de tecido — todos os princípios plásticos que orientavam a vanguarda construtiva. Assim, cumpriram, com o design, a maior ambição dos movimentos do período: chegar ao povo e às ruas.

A caixa reitera sua posição estraté-gica de fomento à arte nacional em todas as suas vertentes, linguagens e formas de manifestação, não apenas oferecendo es-paço às novas gerações de artistas, mas também valorizando e disseminando o consagrado junto à população.

Ao patrocinar a presente mostra, a caixa contribui, mais uma vez, para a valorização e a disseminação da cultura nacional.

caixa econômica federal

Foram várias as exposições sobre arte construtiva no Brasil. Contu-do, tais exposições não dão conta das produtivas experiências rea-

lizadas quando as correntes construti-vas no Brasil tomaram um novo rumo, após a dissolução dos grupos concreto e neoconcreto. Hoje, a explosão da arte brasileira no exterior acontece justamente como fruto de investigações de curador-es e críticos de arte internacionais acerca deste rico e influente período da história da arte brasileira. A exposição diálogo concreto: design e construtivismo no Brasil vem, assim, ocupar um espaço em branco.

A exposição pretende mostrar como as carreiras de alguns artistas no Brasil dos anos 1950 estabeleceram intenso diálogo como comunicadores visuais. Com peças de design, estes criadores le-D

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CO

NC

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TO

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design e construtivismo no brasil

presidente da república

Luiz Inácio Lula da Silva

ministro de estado

da fazenda

Guido Mantega

presidenta da

caixa econômica federal

Maria Fernanda Ramos Coelho

curadoria

Daniela Name

curadoria adjunta

Felipe Scovino

coordenação geral

Mauro Saraiva

produção

Tisara Arte Produções Ltda.Clarice Magalhães

cenografia

Flávio Graff

iluminação

Antonio Mendel

programação visual

Fernando Leite

assessoria de imprensa

Raquel Silva Assessoria de Comunicação

administração

Loane Malheiros

fotografia

Vicente Mello [Abraham Palatnik]

Marcelo Correa [Lygia Clark]

H. Cordeiro [Waldemar Cordeiro]

Lenora de Barros [Geraldo de Barros]

Page 3: Diálogo Concreto folder jornal

dos museus. Eles cultivavam a crença de que a arte poderia ser um agente transfor-mador do espaço e da própria sociedade. Por isso, nada mais natural que tenham tentado levar para as ruas e para os su-permercados os princípios que orientam seus trabalhos em artes visuais, na maior parte das vezes restritos aos espaços mu-seológicos. Fizeram projetos arquitetôni-cos, cartazes, logomarcas, estamparias para tecidos e embalagens.

diálogo concreto apresenta es-tes trabalhos em design lado a lado com importantes obras destes artistas. Lygia Pape, por exemplo, realizou, nos 1960, toda a identidade visual — logomarca, caminhões, caixas e embalagens — para os biscoitos e massas Piraquê. Criou uma forma nova de cortar e dobrar o papel da embalagem, permitindo que os biscoitos, antes empacotados em caixas e sacos, passassem a assumir a forma de sólidos geométricos. Geraldo de Bar-ros criou móveis perfeitamente afinados com a lógica do movimento concreto e com sua própria obra; Abraham Palatnik, também autor de móveis curiosíssimos, elaborou jogos, peças de decoração, utensílios domésticos e as próprias fer-ramentas com as quais trabalha.

O trabalho em logomarcas tam-bém foi outro destaque nesta geração e está representado em diálogo con-creto elas obras de Willys de Castro e Alexandre Wollner. Em Willys, é notável a comunicação entre seu trabalho como artista gráfico e obras importantes, como

Diálogo concreto é uma ex-posição sobre conversas. Na galeria da Caixa Cultural, o pú-blico vai testemunhar um bate-

papo entre arte e design, idéia e matéria, projeto e vida prática. Nas décadas de 1950 e 1960, o Brasil viveu uma explo-são desenvolvimentista provocada pelos anos de Juscelino Kubitscheck na presi-dência da República. O ‘Presidente bossa nova’ ergueu uma capital, Brasília, sob os alicerces da arquitetura moderna de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Para cum-prir sua promessa de fazer “50 anos em 5”, abriu o país para o capital estrangeiro, para os produtos importados e estimulou a industrialização.

As vanguardas artísticas que se or-ganizaram no Brasil nestas duas décadas precisam ser compreendidas dentro des-te contexto de desenvolvimentismo. Ar-tistas ligados aos movimentos concreto (em São Paulo) e neoconcreto (no Rio de Janeiro) acabaram se aproximando da co-municação visual e do design, dois cam-pos do conhecimento que amadureceram no mesmo compasso do desenvolvimento social, econômico e cultural do país.

Há outras razões para o casamento entre o construtivismo brasileiro e os primórdios do design nacional. Herdei-ros de vários princípios das vanguardas que tinham sacudido a Rússia e a Alema-nha nos primeiros anos do século xx, os artistas construtivos brasileiros tinham a ambição de levar a arte para um espaço muito mais amplo do que o das galerias e

Da série de Objetos ativos. Já Wollner mar-cou um design brasileiro que ainda enga-tinhava profissionalmente ao criar proje-tos como o das sardinhas Coqueiro.

Lygia Clark e Waldemar Cordeiro re-presentam as relações do design com a casa e a cidade. Lygia criou um projeto para a aplicação da arte na esfera do-méstica, caso de Construa você mesmo seu espaço para viver, enquanto Cor-deiro, um dos pilares do movimento concreto, criou os brinquedos para o playground do Clube Espéria, em São Paulo, em que aplica à perfeição os jo-gos visuais com luzes e cores propostos pelo construtivismo.

Amílcar de Castro e Aluísio Carvão compõem o segmento das artes gráfi-cas — o primeiro com a histórica refor-ma visual do Jornal do Brasil e Carvão com o trabalho constante como capista de livros. Os cartazes e fôlderes de Anto-nio Maluf, Mary Vieira, Almir Mavigner, Geraldo de Barros, Alexandre Wollner, Lygia Pape e Willys de Castro ilustram, por fim, um meio de expressão que foi corriqueiro nesta geração. O cartaz foi quase um outdoor para a vanguarda, a forma mais simples e corriqueira de apli-car esta nova forma de abordar a arte.

Os diálogos concretos entre as mui-tas formas de expressão destes criado-res é a marca de um tempo em que a arte sonhou não ter limites.

Daniela Namecuradora

A preparação para o cenário apresentado em diálogo concreto começa nos anos 1940. Em 1948, os Museus de

Arte Moderna de São Paulo e Rio de Ja-neiro são inaugurados. A discussão esta-va aberta e uma nova crítica de arte no Brasil também se anunciava, com Mário Pedrosa. Em 1949, ele defenderia a tese Da natureza afetiva da forma na obra de arte, o primeiro estudo sobre a Gestalt publicado no país. Pedrosa, no Rio, e Ge-raldo de Barros, em São Paulo, tornam-se personagens estimuladores das inova-ções estéticas que emergiam nas artes vi-suais brasileiras. Recebemos Calder para palestras (1948) e, em 1951, foi inaugura-da a 1ª Bienal de São Paulo. Houve, ainda, a retrospectiva de Max Bill em 1950 no Masp, que impulsionaria a ida de jovens

artistas para a Alemanha — como Mary Vieira, Almir Mavignier, Geraldo de Bar-ros e Alexandre Wollner —, imprimindo novos rumos à arte construtiva brasileira.

O contato deste grupo com a escul-tura Unidade tripartida, de Max Bill, cau-sa um especial impacto ao revelar o vazio como volume da obra. O destino deles acaba sendo a Hochschule für Gestaltung (Escola Superior da Forma), em Ulm. O curioso é que enquanto a Europa e os Estados Unidos começavam a mergulhar no expressionismo abstrato, a América Latina retomava a tradição construtiva e a transformava no seu projeto de vanguar-da. Os brasileiros de Ulm focaram suas produções nas duas operações básicas da Escola: a incorporação radical de proces-sos matemáticos à produção artística e o estabelecimento do projeto construtivo de

integração da arte na sociedade industrial. Exemplos com os quais tomamos contato por meio dos cartazes e móveis feitos por eles e apresentados nesta exposição.

Tendo aulas com Tomás Maldonado, Max Bill, Josef Albers e Max Bense, os brasileiros direcionam suas pesquisas com a arte concreta para a arte gráfica, respeitando as premissas funcionalistas da Bauhaus — as quais ditavam a parti-cipação do artista na prática de constru-ção do novo ambiente. Esta tentativa de estabelecer uma função positiva para a arte no espaço social era regida pelo pen-samento de Van Doesburg: “Nada mais concreto, mais real que uma linha, uma cor, uma superfície.”

Felipe Scovinocurador adjunto

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Abraham Palatnik foi um produtivo

designer e até hoje cria peças utilitárias

em seu ateliê. Além de móveis, objetos

de decoração como bichinhos de aceta-

to e jogos como Objeto lúdico, de 1965

(acima), o artista projetou utensílios do-

mésticos e algumas de suas próprias

ferramentas. Palatnik chegou a ter uma

fábrica de objetos decorativos em socie-

dade com o irmão nos anos 1970.

Alexandre Wollner aplicou princípios

construtivos na identidade visual das

sardinhas Coqueiro (alto), de 1958. A

logomarca apresenta as folhas do co-

queiro feitas a partir de uma seqüência

de círculos seccionados. A carreira de

Wollner mescla dois pioneirismos: foi

um dos primeiros artistas a aderir ao

movimento concreto paulistano e um

dos primeiros designers brasileiros re-

conhecidos como tal.

Em 1957, Amilcar de Castro assi-

nou a reforma gráfica do “Jornal do

Brasil”, mudando a história do design

brasileiro. Aplicou grandes áreas vazias

nas páginas do veículo – e elas significa-

vam tanto visualmente quanto as áreas

onde havia textos e fotos. Era o mesmo

“vazio ativo” visto em suas esculturas

e nas peças de contemporâneos como

Franz Weissmann.

Lygia Pape foi responsável pela iden-

tidade visual dos biscoitos e massas

Piraquê nos anos 1960. Além de conce-

ber a logomarca e projetar o caminhão

com as cores da bandeira da Itália, terra

dos proprietários, a artista criou o pro-

jeto gráfico de todas as embalagens,

aplicando nelas os princípios ópticos

e cromáticos do construtivismo, como

prova a imagem acima, do pacote dos

Cream Crackers.

Willys de Castro foi um produtivo

designer de logomarcas, como a da

Mobília Contemporânea, feito entre

1963 e 1964 (à direita), em que utiliza

a mesma tensão entre preenchimento

e falta presente em seus Objetos ati-

vos, e também de peças gráficas para

a indústrias de tinta, como o folder

para as tintas CIL, da década de 1950

(à esquerda).

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Aluisio Carvão foi dono de uma obra

de geometria lírica, cheia de sutilezas

e pequenas distorções em formas cor-

riqueiras, como o triângulo e o círculo.

Esta visão muito peculiar da herança

construtiva aparece tanto em suas telas

quanto nas capas de livros que realizou

ao longo dos anos 1960/1970.

Geraldo de Barros desenhou a logo-

marca e vários móveis produzidos pela

cooperativa de trabalho Unilabor, que

ele ajudou a fundar em 1954. É deste

ano esta cadeira (ao lado), uma das

peças do artista incluídas em na exposi-

ção. Em 1964, o artista abriu com Aluísio

Bione a Hobjeto Indústria de Móveis.

Seu trabalho marcou a história do dese-

nho industrial brasileiro.

Em Construa você mesmo seu espaço

para viver, de 1960 (maquete acima),

projeto desenvolvido no escritório do

arquiteto Sergio Bernardes, seu grande

amigo, Lygia Clark propõe uma inte-

gração entre arte, arquitetura e design

de interiores através dos princípios da

vanguarda construtiva.

O cartaz de Mary Vieira para a Pan

Air do Brasil (ao lado), da década de

1960, exemplifica bem a aplicação da

geometria construtiva no design: duas

áreas de cor representam o mar e o céu,

enquanto um círculo feito com um fio

branco e corpo vazado insinua a esco-

tilha do avião. A tipologia toda em letra

minúscula, usada também no projeto

da Lygia Pape para a Piraquê, é uma

característica do período. Outros carta-

zes de destaque são os realizados por

Antônio Maluf para a I Bienal de São

Paulo, em 1951 (abaixo, à esquerda), e

o de Almir Mavigner, Brasília-Burle

Marx, de 1958 (abaixo, à direita).

Waldemar Cordeiro aplicou cores e

truques ópticos do construtivismo nos

brinquedos e no projeto arquitetônico/

paisagístico do Playground do Clube

Espéria, em São Paulo, projeto realiza-

do na década de 1960 e que é apresen-

tado na exposição através de fotos de

época com a vista acima.

Page 6: Diálogo Concreto folder jornal

Abraham PalatnikNatal (RN), 1928

É um dos artistas mais múltiplos da história brasileira, pioneiro mundial da arte cinética e da investigação das relações entre arte e tecnologia. Além de objetos cinéticos e luminescentes, vem realizando obras bidimensionais, móveis e jogos. Cria as próprias ferra-mentas com que trabalha e, nos anos 1970, manteve com um irmão uma fá-brica de objetos de design que chegou a ter 50 funcionários. Morou em Israel entre 1943 e 1947, estudando, simulta-neamente, mecânica e as artes. Voltou ao Brasil em 1948 e passou a freqüentar o Centro Psiquiátrico Pedro II, coorde-nado pela Dra. Nise da Silveira, ao lado dos artistas Almir Mavignier e Ivan Ser-pa. Iniciou suas pesquisas no campo da arte cinética em 1949, com os Aparelhos cinecromáticos. Uma dessas obras não foi aceita de imediato pelo júri da I Bie-nal de São Paulo (1951) por não se en-caixar em nenhuma das categorias que faziam parte da exposição. No entanto, diante da ausência da comitiva japone-sa, a obra participou da mostra e obte-ve uma Menção Honrosa. Participou do Grupo Frente entre 1953 e 1955, mas não assinou o Manifesto Neoconcreto. Fez parte, em 1964, da XXXII Bienal de Veneza e da importante exposição de arte cinética Mouvement II, na galeria Denise René. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Alexandre WollnerSão Paulo (SP), 1928

Um dos pioneiros da profissionalização do design no Brasil, recebeu o prêmio Revelação de Pintura da II Bienal de São Paulo em 1953, ano em que concluiu seus estudos de design no Instituto de Arte Contemporânea do Masp, onde estudou com Lina Bo Bardi e Leopoldo Haar, entre outros. Foi convidado por Max Bill, seu futuro professor, a ingres-sar na Hochschule für Gestaltung (Es-cola Superior da Forma), em Ulm, Ale-manha, onde estudou de 1954 a 1958. Em Ulm, abandonou a pintura para se dedicar exclusivamente às artes gráfi-cas, trabalhando nos estúdios de Max Bill e Otl Aicher. Ganhou os concursos internacionais de cartazes para a III e IV Bienais de São Paulo. De volta a São Paulo em 1958, trabalhou na Formin-form, empresa de design fundada junta-mente com Geraldo de Barros, Rubem Martins e Walter Macedo. No mesmo ano, desenvolveu a identidade visual das sardinhas Coqueiro, um clássico do design nacional. Em 1960, participou da mostra Konkrete Kunst, em Zurique, e, ao lado de Décio Pignatari e Hermelin-do Fiaminghi, criou um departamento de design na Panam Propaganda. A par-tir de 1962, desenvolveu em escritório próprio sua atividade de designer visual. Vive e trabalha em São Paulo.

Almir MavignierRio de Janeiro (RJ), 1925

Ao lado dos críticos Mário Pedrosa e Ferreira Gullar, e de Ivan Serpa, formou uma espécie de “linha de frente” da formação conceitual do construtivismo carioca. Conheceu Pedrosa em 1947, durante uma exposição dos artistas do centro psiquiátrico do Engenho de Den-tro. A tese Da natureza afetiva da forma na obra de arte, de Pedrosa, marcaria o trabalho de Mavignier, que se encami-nharia para pesquisas na área da abs-tração. Em 1949 aproximou-se de Serpa e Palatnik no Rio, e, por intermédio de Geraldo de Barros, ligou-se aos artis-tas concretos de São Paulo. Participou da I Bienal de São Paulo (1951) e rea-lizou, nesse mesmo ano, sua primeira individual, no MAM-SP. Mudou-se em definitivo para a Alemanha em 1953, cursando, até 1958, Comunicação Vi-sual, na Hochschule für Gestaltung, em Ulm, tendo como professores Josef Al-bers e Max Bense. Depois de formado, estabeleceu-se como artista gráfico em Ulm, onde manteve ateliê até 1971. De 1958 a 1964, participou do Grupo Zero, com Tinguely, Klein, Manzoni e Fonta-na. Participou ainda da mostra Konkre-te Kunst (1960). Entre 1965 e 1990 foi professor de pintura na Escola de Be-las-Artes de Hamburgo, cidade onde vive e trabalha até hoje.

Aluisio CarvãoBelém (PA), 1918 / Poços de Caldas (MG), 2001

Participante de todos os grandes even-tos da formação do grupo neoconcreto, desenvolveu posteriormente uma obra mais lírica e menos ligada aos princí-pios estritos do construtivismo. Passou a juventude no Amapá, onde foi ilustra-dor de revistas e cenógrafo. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e, em 1952, iniciou o curso livre de pintura de Ivan Serpa no MAM-RJ. Tomou parte das reuniões de artistas construtivos na casa de Serpa e integrou o Grupo Frente desde sua formação, em 1953. Participou da I Exposição Nacional de Arte Abstrata (1953), I Exposição Na-cional de Arte Concreta em São Paulo (1956) e Rio de Janeiro (1957). Assinou o Manifesto Neoconcreto de 1959, e participou das mostras do grupo no Rio de Janeiro e Salvador. Figurou na exposição Konkrete Kunst em 1960. Nesse mesmo ano, recebeu o Prêmio Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Arte Moderna e freqüentou a Hochs-chule für Gestaltung. De volta ao Bra-sil em 1963, participou de exposições importantes como Nova Objetividade Brasileira (1967) e realizou o projeto de várias capas de livros, tais como A op-ção brasileira, de Mário Pedrosa.

Amilcar de CastroParaisópolis (MG), 1920 / Belo Horizonte (MG), 2002

Considerado um dos maiores esculto-res de toda a história da arte brasileira, desenvolveu como poucos a utilização das áreas vazias propostas pelo cons-trutivismo em esculturas, desenhos e obras gráficas. Mudou-se para Belo Ho-rizonte com a família em 1934. A partir de 1944, estudou desenho e pintura na Escola de Arquitetura e Belas-Artes de Belo Horizonte, sendo aluno de Guig-nard. Estudou também escultura com Franz Weissmann, outro grande nome da escultura brasileira e da vanguarda construtiva. Em 1951, assistiu à confe-rência de Max Bill no Rio de Janeiro e ficou muito impressionado. Mudou-se para o Rio no ano seguinte, iniciando sua carreira de diagramador em 1953 nas revistas A Cigarra e Manchete. Par-ticipou da I Exposição Nacional de Arte Concreta no MAM-SP (1956) e MAM-RJ (1957). Ainda em 1957 iniciou o projeto de reformulação gráfica do Jornal do Brasil, atuando ativamente no Suple-mento Dominical. Em 1959, assinou o Manifesto Neoconcreto e participou de exposições do grupo neoconcreto neste ano e em 1960. No carnaval de 1964 realizou a cenografia do enredo da Escola de Samba da Mangueira, com Hélio Oiticica e Jackson Ribeiro. Viveu, posteriormente, mais de três décadas de muito trabalho e reconhecimento. Em 1989, o Paço Imperial realizou uma retrospectiva de seu trabalho.

Antonio MalufSão Paulo (SP), 1926 / São Paulo (SP), 2005

Pioneiro do construtivismo paulista, autor do histórico cartaz da I Bienal de São Paulo, de 1951, o artista aplicou princípios matemáticos na elaboração de suas pinturas, trabalhos gráficos e estampas para tecidos. Iniciou seus estudos em pintura na Escola Livre de Artes Plásticas. Mais tarde, foi aluno de Samson Flexor e também estudou desenho industrial no Instituto de Arte Contemporânea do Masp. Além de vencer o concurso para o referido car-taz da I Bienal, participou da mostra como pintor. Concebeu murais com ele-mentos pré-moldados em colaboração com arquitetos, notadamente Vilanova Artigas e Fábio Penteado; para a Caixa Econômica Estadual, em Bastos (SP); Edifício Cambuí, em São Paulo; Banco Noroeste, em Guarulhos, dentre outros. Participou da IX e da X Bienais de São Paulo e da I Exposição Nacional de Arte Abstrata (1953). Desenvolveu estampas para a Estamparia e Beneficiadora de Tecido Victoria (da qual sua família era proprietária), nos anos 1950, e para a Rodhia, entre as décadas de 1960 e 70. Em 2002, a editora Cosac & Naify publi-cou um livro sobre a sua obra.

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Geraldo de BarrosXavantes (SP), 1923 / São Paulo (SP), 1998

Precursor da fotografia abstrata no Bra-sil, construtivo de primeira hora, desig-ner de móveis, fôlderes e cartazes, foi um dos artistas mais versáteis da van-guarda paulistana. Em 1948, entrou em contato com Mário Pedrosa e conheceu a teoria da Gestalt. Foi responsável em 1949 pela organização do laboratório de fotografia do Masp. Também freqüentou a Hoschule für Gestaltung, em Ulm, no ano de 1951. Participou da I, II, III, IX, XIV, XV e XXI Bienais de São Paulo. Foi um dos signatários do manifesto do Grupo Ruptura, em 1952, lançando as bases do concretismo em São Paulo. A partir de 1954, concentrou-se na questão da in-dustrialização e seriação dos meios de comunicação de massa, como cartaz, fo-tografia e outdoors. Exerceu atividades na área do desenho industrial e comu-nicação visual, fundando a cooperativa Unilabor (1954), a Forminform (1957) e a cooperativa Hobjeto Móveis (1964). Par-ticipou da XXVII Bienal de Veneza, em 1956, na qual recebeu o Prêmio Aqui-sição. Integrou o Grupo Rex em 1966. Fez parte de diversas exposições com a temática construtiva entre os anos 1950 e 80. Em 1996, o CCBB-RJ realizou uma retrospectiva de sua obra.

Lygia PapeNova Friburgo (RJ), 1927 / Rio de Janei-ro (RJ), 2004

Uma das mais inquietas artistas da van-guarda construtiva brasileira, realizou uma obra múltipla, carregada de humor e sensualidade. Aproximou-se de Ivan Serpa nos cursos do MAM-RJ e entrou em contato com Hélio Oiticica, Décio Vieira, e outros artistas, que viriam a for-mar o Grupo Frente, em 1953. Nos anos 1950, desenhou e executou jóias em cobre e esmalte, expostas no MAM-RJ. Integrou todas as exposições do Grupo Frente e do neoconcretismo. Em 1958, idealizou o primeiro balé neoconcreto a partir do poema “Olho e alvo” de Rey-naldo Jardim. Assinou o Manifesto Ne-oconcreto, em 1959, ano em que criou a série Tecelares, na qual formas geomé-tricas se misturam ao desenho natural da madeira. Com a dissolução do grupo neoconcreto, manteve sua pesquisa em artes visuais, mas se abriu à produção de cartazes para o cinema e à criação de logotipos e embalagens para a indús-tria Piraquê. Neste último caso, aplicou no desenho das embalagens os jogos óticos utilizados pelo construtivismo. Foi professora da Universidade Santa Úrsula e da UFRJ. É autora de cerca de 16 curtas-metragens com temática ex-perimental. O Centro Cultural São Paulo realizou uma retrospectiva de sua obra em 1996.

Lygia ClarkBelo Horizonte (MG), 1920 / Rio de Ja-neiro (RJ), 1988

Investigadora do espaço, Lygia dedicou sua pesquisa sobre o caráter orgânico do concretismo, os limites e aproxi-mações entre o trabalho artístico e a terapia e, por fim, a afirmação da arte como potência transformadora da vida. Em 1947, no Rio de Janeiro, iniciou seus estudos artísticos com Zélia Salgado e Burle Marx. Entre 1950 e 52, fixou-se em Paris, onde teve aulas com Léger e Szènes. De volta ao Brasil, sua casa se transformou em ponto de encontro dos artistas que formariam o Grupo Frente. Mediante suas pesquisas com a cor e a forma, desenvolveu o conceito da “linha orgânica”. Em 1959, assinou o Manifesto Neoconcreto e tornou-se uma das pioneiras da arte participativa mundial, com as esculturas manipu-láveis da série Bichos. Nos anos 1960, abandonou o objeto artístico e dedicou-se às proposições sensoriais. Ganhou uma sala especial na XXXIV Bienal de Veneza. Morou em Paris entre 1964 e 1976 e, como professora da Sorbonne, buscou a liberação da criatividade dos alunos por meio de exercícios de sen-sibilização. Na volta ao Brasil, iniciou uma nova fase (“Estruturação do Self”), que fica na fronteira entre a terapia e as suas experiências sensoriais. Entre 1997 e 1999, a Fundació Tàpies organizou uma retrospectiva de sua obra e esta atravessou cinco países.

Mary VieiraSão Paulo (SP), 1927 / Basel (Suíça), 2001

É, ao lado de Palatnik, uma das princi-pais artistas no campo da experimenta-ção da arte cinética. Em 1948, na cidade de Sabará (Minas), onde foi criada, deu início à realização das obras da série Polivolumes: torres com dimensões variáveis e formadas por discos que permitiam ao espectador manipulá-las. Em 1950, depois de uma troca de cor-respondência com Max Bill, mudou-se para a Europa definitivamente. Rece-be o prêmio de melhor escultura na II Bienal de São Paulo. Ainda em 1953, ingressou na Escola de Ulm. Nos anos 1950, ganhou uma série de prêmios na Suíça por conta da produção de carta-zes. Destacam-se, dentre eles, Brasilien baut Brasília [o Brasil constrói Brasília] e o produzido para a empresa de avia-ção Panair, ambos de 1957. Participou, em 1965, de duas importantes mostras de arte cinética: XX Salon des Réalités Nouvelles, em Paris, e Luz e movimen-to, no Kunsthalle de Berna. Em 1995, projetou o material gráfico das come-morações do 5º Centenário do Brasil. Em 2005, o Centro Cultural Banco do Brasil organizou uma retrospectiva de sua obra.

Willys de CastroUberlândia (MG), 1926 / São Paulo (SP), 1988

Apesar de ter vivido em São Paulo, o artista mineiro abriu sua obra plástica e como designer para a sugestão da subjetividade, da imaginação e da par-ticipação do espectador, princípios que nortearam o neoconcretismo carioca. Mudou-se para São Paulo em 1941 e, entre 1944 e 1945, trabalhou como de-senhista técnico, formando-se em quí-mica industrial em 1948. Fundou, em 1954, com Hércules Barsotti, o Estúdio de Projetos Gráficos, onde trabalhou até 1964. Foi um dos idealizadores do movimento Ars Nova, dirigido por Dio-go Pacheco, do qual participou como barítono e compositor, de 1954 a 1957. Foi co-fundador e diagramador da re-vista Teatro Brasileiro, e, entre 1956 e 57, fez cenários e figurinos para peças do Teatro de Arena e Teatro Cultura Ar-tística. Participou das Bienais de São Paulo entre 1957 e 1962. Em 1959, inte-grou exposições do grupo neconcreto e iniciou a pesquisa dos “Objetos Ativos”, considerados como a sua grande con-tribuição à arte construtiva brasileira. Realizou estampas para a Rodhia nos anos de 1960. Foi co-fundador da Asso-ciação Brasileira de Desenho Industrial e também da Galeria NT-Novas Tendên-cias. Em 2005, a Cosac & Naify editou um livro sobre a sua obra, organizado por Roberto Conduru.

Waldemar CordeiroRoma, 1925 / São Paulo (SP), 1973

Grande incentivador do concretismo em São Paulo, líder do movimento de van-guarda construtiva, o Grupo Ruptura, e pioneiro no campo da arte e tecnologia, Cordeiro exerceu múltiplas atividades: foi jornalista, crítico de arte, ilustrador, paisagista e artista visual. Participa da mostra Do Figurativismo ao Abstracio-nismo, que inaugurou o MAM-SP em 1949. Participante da I Bienal de São Paulo organizou em São Paulo a 1ª Ex-posição Nacional de Arte Concreta. Em 1952, publicou ao lado de Lothar Cha-roux, Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto, entre outros, o Manifesto Ruptura, uma síntese do concretismo no Brasil. Nesse mesmo ano, iniciou os seus estudos de paisagismo. Na década de 1960 parti-cipou das mostras Konkrete Kunst (em Zurique), Opinião 65 e Nova Objetivida-de (as duas últimas realizadas no MAM-RJ). Crítico de arte e teórico manteve uma coluna de artes plásticas no jornal Folha da Manhã. Em 1966, realizou o projeto para o playground do Clube Es-péria, em São Paulo. A partir de 1972, tornou-se professor da Unicamp, onde dirigiu o Centro de Processamento de Imagens do Instituto de Artes. Recebeu o prêmio de aquisição na IX Bienal de São Paulo.

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pat r o c í n i o

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