DIANNA SANTIAGO VILLELA · 2019. 11. 14. · V735s A sustentabilidade na formação atual do...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS NUacuteCLEO DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO
DIANNA SANTIAGO VILLELA
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Belo Horizonte Escola de Arquitetura da UFMG
2007
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Mestrado do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte-Moacuter
Belo Horizonte
Escola de Arquitetura da UFMG 2007
FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago
V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura
1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo
CDD 72047
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais
AGRADECIMENTOS
A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida
A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo
Alvar Aalto
RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido
suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de
sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo
Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como
tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade
na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim
como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em
seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do
arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de
questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do
Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos
como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura
e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente
abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e
urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam
particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que
todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem
teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes
entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave
melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo
deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-
graduaccedilotildees
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently
discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast
concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on
definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate
program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of
sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to
emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners
intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and
ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the
young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in
architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough
discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban
designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones
especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students
interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about
sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full
integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and
not restricted to elective classes and graduate programs
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45
FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45
FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46
FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46
FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47
FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47
FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48
FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50
FIGURA 9 Selo Procel 50
FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52
FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62
FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63
FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo
projetado por Emilio Ambasz e associados 65
FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65
FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66
FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67
FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75
FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76
FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124
FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124
FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127
FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129
FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131
FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132
FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133
FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136
FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138
FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141
FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em
preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141
FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142
FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147
FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das
respostas por profissatildeo 109
TABELA 2 Conhecimento e interesse 110
TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110
LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano
de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113
GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo
e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116
GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116
GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149
GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149
GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150
GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item 152
GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153
GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura
urbanismo por de respondentes em cada item 153
GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil
BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura
CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia
CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento
CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental
CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO2 - Gaacutes carbocircnico
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca
DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel
EA - Educaccedilatildeo Ambiental
EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
EUA - Estados Unidos da Ameacuterica
FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis
IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IED - Istituto Europeo di Design
IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas
ISO - International Organization for Standardization
IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil
NABERS - National Australian Building Environmental Rating System
NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
NR - Norma Regulamentadora
ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
PIB - Produto Interno Bruto
PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento
PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente
POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes
PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ
PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica
PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente
PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ
PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais
PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul
PVC -Policloreto de vinila
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica
SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica
SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFF - Universidade Federal Fluminense
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFPA - Universidade Federal do Paraacute
UFPE -Universidade Federal de Pernambuco
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization
UNEP - United Nations Environment Programme
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNIFOR - Universidade de Fortaleza
UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente
UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis
UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute
USC - University of Southern Califoacuternia
USGBC - United States Green Building Council
USP - Universidade de Satildeo Paulo
WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel)
WSSD - World Summit on Sustainable Development
WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
11 Contextualizaccedilatildeo 23
12 Justificativa 27
13 Objetivos 29
131 Objetivo geral 29
132 Objetivos especiacuteficos 29
14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29
15 Procedimentos metodoloacutegicos 30
151 Etapas da pesquisa 30
16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33
21 A origem do termo 33
211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33
2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36
212 O ambientalismo no Brasil 41
213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44
214 Normas e selos de qualidade 47
2141 Norma Regulamentadora (NR) 48
2142 International Organization for Standardization (ISO) 49
2143 Selo Procel 50
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52
22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57
231 Organicismo 60
232 Arquitetura Orgacircnica 62
233 Arquitetura bioclimaacutetica 64
234 Arquitetura ecoloacutegica 66
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE
ARQUITETURA E URBANISMO 69
31 Consciecircncia ambiental 70
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72
313 A segunda linha de pensamento 73
3131 Pobreza x Meio ambiente 75
32 Educaccedilatildeo ambiental 77
33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade 79
34 Ensino de arquitetura 81
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo 83
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106
41 Pesquisa quantitativa 111
42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de
Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119
422 Opera Prima 2001 121
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs
Krambeck UFSC 122
423 Opera Prima 2002 124
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes
Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128
424 Opera Prima 2003 129
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner
Basso PUC-RS 130
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro
Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132
425 Opera Prima 2004 133
4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira
Eskinazi UFRGS 135
4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash
Izabel Torres Cordeiro UnB 137
426 Opera Prima 2005 138
4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste
Santos -Pablo Iglesias USP 139
4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer
Universidade Regional de Blumenau 141
427 Opera Prima 2006 143
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash
Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina
Somensi UFSC 147
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148
43 Anaacutelise das duas pesquisas 154
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154
5 CONCLUSAtildeO 157
REFEREcircNCIAS 161
APEcircNDICES 168
APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168
APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170
APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172
ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
de 2006 174
17
Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis
conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos
a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []
As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes
Alfredo Sirkis
1 INTRODUCcedilAtildeO
Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)
A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de
meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios
de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente
agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo
Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores
feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a
burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava
alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da
burguesia industrial emergente
Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a
produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor
Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada
dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas
Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos
mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e
dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas
seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades
observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos
trabalhadores
Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as
condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18
horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e
ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os
18
ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande
maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)
Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos
de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)
Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao
crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o
desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos
ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute
interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande
desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico
e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da
populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e
passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias
e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de
transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso
dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial
modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em
outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX
estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra
difundindo-se o uso das maacutequinas de construir
Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais
conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos
materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e
mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro
era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os
progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem
introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o
1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951
19
uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas
balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro
Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo
rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na
Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal
Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem
como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de
ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se
assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de
melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees
O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene
fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador
as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta
de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas
diferentes classes sociais entre outros
Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista
culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos
defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo
internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local
Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens
O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do
outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)
defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede
2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918
20
O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu
correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo
apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois
com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance
das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo
americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas
e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve
grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado
por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura
Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo
como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades
industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel
prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os
irreais modelos
No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma
nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)
como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont
Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas
novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade
sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante
destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem
concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na
atmosfera
Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela
pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e
economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-
temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e
4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958
21
Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus
representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch
Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da
sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais
econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo
pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes
foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a
representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e
aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute
preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes
digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para
analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio
ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como
seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)
Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte
atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada
modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos
preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e
iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre
outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias
outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito
densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7
citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das
primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois
que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)
Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a
esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o
alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e
aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se
o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno
onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)
5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915
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Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford
com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano
ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute
higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo
tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o
vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos
estrateacutegicos (CHOAY 1979)
As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente
com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de
propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo
com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos
verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural
histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc
No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos
especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees
com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram
em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o
aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em
chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da
fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de
lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne
(CHOAY 1979)
Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida
situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de
deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o
chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo
constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela
proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo
Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais
percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima
do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos
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demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)
11 Contextualizaccedilatildeo
Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente
urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na
Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que
chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a
populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas
urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])
Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de
consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos
deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica
ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital
objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses
interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e
eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o
desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias
primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente
As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo
ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura
existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses
em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40
das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da
linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo
da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou
abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem
grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas
8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993
24
irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500
mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno
acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias
irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96
milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15
milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem
natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de
tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute
despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e
das praias (ROSETTO 2003)
Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar
discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua
existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis
freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo
frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e
produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que
sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos
recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o
mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na
Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de
milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O
Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse
recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila
jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades
cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)
Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos
pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema
convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo
natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave
precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo
coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo
de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida
25
especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de
estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)
A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de
vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente
nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio
Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a
gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)
Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de
efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa
conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2
pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas
no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases
destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente
na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra
tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio
ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de
2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros
quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo
notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de
ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem
agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)
Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees
secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias
atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado
em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos
extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou
de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na
deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o
nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees
aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em
eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)
Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao
saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A
cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade
26
Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias
agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel
soacutelido (PNUMA 2004)
As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio
ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio
tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e
jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao
ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades
brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-
estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de
transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de
ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo
Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas
eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de
1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca
causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9
Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe
aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de
150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do
consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para
usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou
de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado
(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees
de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que
o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado
na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do
solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva
anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a
25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas
9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global
27
pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica
causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10
No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da
madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de
moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil
descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente
toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes
orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os
materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra
de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio
ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])
Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom
tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que
aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas
Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas
a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no
processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)
12 Justificativa
[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)
Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela
quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt
28
maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias
recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda
natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente
prejudiciais
A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da
conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e
consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas
poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais
forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em
todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que
correspondem ao discurso
As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma
mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo
paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se
conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente
agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de
pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas
iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se
dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas
significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)
Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo
necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas
levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou
claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de
atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo
(PNUMA 2004 p 12)
O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e
abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo
civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais
econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees
tecircm sido muito mais cobradas
O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma
edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de
sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente
29
Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do
ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento
urbano
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os
sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo
com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)
13 Objetivos
131 Objetivo geral
Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista brasileiro
132 Objetivos especiacuteficos
Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos
relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos
estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este
tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado
para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto
14 Delimitaccedilotildees do trabalho
Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar
os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de
sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas
religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da
sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A
partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e
culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave
arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto
alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e
urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do
assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo
30
15 Procedimentos metodoloacutegicos
Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo
bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em
seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior
avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos
151 Etapas da pesquisa
Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica
- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento
sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura
- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a
consciecircncia ambiental
- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Parte II Coleta de dados
- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa
- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de
questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que
serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior
- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora
revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006
Parte III Anaacutelise dos dados
- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo
- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente
- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados
Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa
31
16 Organizaccedilatildeo do trabalho
Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o
desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e
do trabalho desenvolvido
Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo
teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar
sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo
compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e
ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na
consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees
natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da
discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e
urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do
urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo
arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de
Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo
Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)
aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente
essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o
ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa
em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a
contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes
brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido
colocadas em praacutetica
No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente
aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a
50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006
Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-
se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e
teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a
questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista
32
O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees
finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia
33
O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata
ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo
Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo
Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes
de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo
ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e
contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos
princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e
evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento
desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)
O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos
nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo
na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais
na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas
e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre
Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974
211 Os eventos internacionais do ambientalismo
De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez
redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa
expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos
setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro
Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave
11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996
34
desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos
preccedilos do petroacuteleo em 1973
Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano
Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses
para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais
(MOUSINHO 2003)
O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por
um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais
dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da
Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da
Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua
Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester
professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo
de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30
pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento
proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])
A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de
quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de
relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do
crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do
Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o
Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia
populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental
decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo
dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo
ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a
humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis
de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento
do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo
da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e
foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de
12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate
35
limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos
terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no
mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande
destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava
propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento
ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)
A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos
ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil
signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo
dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo
ambiental
Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica
internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o
elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes
marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash
PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse
criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos
depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo
Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras
Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em
1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo
natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a
preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p
70)
Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito
ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da
Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por
MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio
ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em
suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave
problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993
36
gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001
p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da
qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as
possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo
2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade
Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do
ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e
a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento
de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-
MOacuteR 2000)
Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona
a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da
sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o
desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia
O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais
relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo
resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara
Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o
Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e
econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo
demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos
contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR
2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe
da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias
depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses
debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo
Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash
sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi
traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001
37
ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o
Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos
princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)
- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento
- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais
- Perseguir equidade e justiccedila social
- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social
- Preservar a integridade ecoloacutegica
Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular
propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de
cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees
voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo
universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem
chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel
como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-
FILHO 2001 p 48)
Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria
desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao
agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental
realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o
presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento
seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute
sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo
Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a
discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere
no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas
climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em
seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990
primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas
advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria
necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o
BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio
38
ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de
vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento
sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico
compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)
Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em
junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era
introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o
desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92
teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas
depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento
sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias
regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais
A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e
um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a
importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo
XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade
Marina Silva Ministra do Meio Ambiente
A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel
Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15
Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)
o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo
de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das
necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos
e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da
Terra (PINHEIRO 2002)
Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o
Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]
39
contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e
cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que
forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997
Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para
assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro
de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a
emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e
transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros
sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em
52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])
Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em
Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para
avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da
Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)
A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou
Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que
recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da
agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND
CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])
Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome
2 Atingir o ensino baacutesico universal
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 Reduzir a mortalidade infantil
5 Melhorar a sauacutede materna
6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas
7 Garantir a sustentabilidade ambiental
8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da
histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa
ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado
na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta
40
necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003
UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])
O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash
IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa
do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de
2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi
confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o
dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo
resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima
afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos
sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis
(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)
O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute
2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente
jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59
centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior
dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos
mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um
aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo
XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em
meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)
Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo
do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de
carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O
governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo
de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees
Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde
entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em
Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o
direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades
Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos
internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo
ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press
41
essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os
resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores
soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais
recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo
individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta
conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)
No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras
depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade
Chico Mendes
212 O ambientalismo no Brasil
Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos
ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o
saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos
legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento
Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra
as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em
1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em
1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)
Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio
natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas
nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a
promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico
e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da
Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza
A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a
conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em
convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional
promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos
da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional
dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007
42
1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil
por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre
paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais
A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais
devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio
sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da
Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e
estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo
ambiental no Brasil
No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas
mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em
desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de
crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a
poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos
(HOGAN 2000)
Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o
subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da
poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta
de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo
Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA
pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental
junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio
ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio
ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os
recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se
principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais
visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza
Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio
Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o
Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro
foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o
Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
43
Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave
proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981
A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques
nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo
ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo
centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar
disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo
A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da
poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo
dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela
preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi
criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla
poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente
Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e
apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de
um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais
renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel
Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de
quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash
SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e
o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro
presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias
fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo
administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)
Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash
SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por
formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo
conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis
Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio
Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e
no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de
hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes
44
Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o
Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias
prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no
periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)
1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do
solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida
da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental
2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de
planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e
assegurando a participaccedilatildeo da sociedade
3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios
e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis
4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos
recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e
tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico
213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)
Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees
institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da
sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de
abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel
bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares
de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas
mundialmente (PINHEIRO 2002)
A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se
consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza
Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais
selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio
ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais
continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial
para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the
Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental
Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)
45
FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006
Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados
distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em
mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio
ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento
ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos
na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais
da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia
(WWF 2006)
Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de
degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o
meio ambiente
A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em
todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave
conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)
FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006
Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado
em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio
criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace
Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])
46
Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It
needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins
lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para
manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe
contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas
exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais
da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de
climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG
3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos
toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo
FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]
FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]
18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)
47
Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema
eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19
FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]
Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da
Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz
vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites
nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em
1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute
ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de
valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade
compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL
2004)
Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e
qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20
214 Normas e selos de qualidade
O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo
governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por
entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais
(BLUE ANGEL [200-])
FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]
19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)
48
Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos
empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao
consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos
de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas
relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes
Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o
BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na
Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental
(GUSTAVSEN 2007)
Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest
Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo
certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente
correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001
(GUSTAVSEN 2007)
O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas
primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como
diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a
entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio
ambiente
FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004
Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e
usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash
cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)
Outros exemplos de normas e selos satildeo
2141 Norma Regulamentadora (NR)
A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra
se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios
modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos
49
funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18
criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de
trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e
doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do
Trabalho
As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios
problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor
de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de
13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de
produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra
devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos
funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)
A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos
poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores
2142 International Organization for Standardization (ISO)
Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000
voltadas agrave qualidade
A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do
gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando
benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem
de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a
preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos
ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para
natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)
A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por
exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo
de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de
desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de
vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)
50
FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005
2143 Selo Procel
O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO
PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto
desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash
PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os
melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a
fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento
tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute
voluntaacuteria (PROCEL 2007)
Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers
condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico
lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para
estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos
bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar
roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)
ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o
lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do
Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)
FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007
51
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)
Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de
niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A
primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para
a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos
Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina
dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem
O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes
de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)
1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e
agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc
2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc
3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias
renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc
4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais
com menor impacto ambiental etc
5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de
jardins etc
6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens
O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo
fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado
Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell
Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006
Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima
alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)
52
FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007
Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte
do sistema LEED de certificaccedilatildeo
No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O
Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash
Cacircmara americana de comeacutercio21
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico
Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge
quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos
lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos
Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS
2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos
paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A
diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e
recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os
movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave
21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998
53
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de
produccedilatildeo
Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees
o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem
pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural
Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira
informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu
campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural
ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam
sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o
meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa
sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de
caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo
social
A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se
dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a
dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da
quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)
A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento
ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos
aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo
humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico
portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute
mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto
destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A
produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o
grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a
Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)
O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da
accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo
voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais
Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo
movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que
fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e
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pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana
outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)
No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou
essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza
e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o
crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas
Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)
Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam
a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no
questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a
resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise
ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de
civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)
Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo
presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores
tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas
uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor
Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por
exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto
ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos
pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi
Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva
semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas
que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin
Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre
55
outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade
industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos
pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas
globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan
Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore
Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros
Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos
na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23
O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas
estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O
foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo
que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)
Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e
ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel
Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas
essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial
IUCN UNEP e WWF 1980
22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as
atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as
sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo
bem como os padrotildees de consumo
Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante
impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar
23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros
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a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar
Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada
apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)
Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar
a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia
da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel
Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute
uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo
Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da
dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme
Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do
desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)
O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental
no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser
considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento
econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A
sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser
buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular
57
A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se
acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no
presente quanto no futuro
De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-
FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo
paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo
ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse
contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a
uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito
fundamentalmente diferente do anteriorrdquo
Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando
pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo
sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano
deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental
cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo
Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como
Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26
24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)
58
McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo
como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar
Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura
verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda
acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer
agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a
vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte
Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da
edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma
maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees
(OLIVEIRA 2006)
A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se
insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver
estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-
estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser
concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem
planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a
especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das
condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na
racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do
consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em
edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A
eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia
proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais
Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios
em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias
(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia
27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000
59
consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia
consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de
manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por
maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)
Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo
favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo
do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para
uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor
impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes
renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o
ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da
mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material
capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a
toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel
das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos
No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os
mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de
poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o
material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)
Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos
resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um
exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que
20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das
emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)
Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e
reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a
geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)
Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma
manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo
60
Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do
desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []
Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na
impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais
Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo
eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse
conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura
bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
transmitiremos essa Cidade
natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela
do que nos foi transmitida Patrick Geddes
231 Organicismo
Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e
seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute
pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo
vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de
passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas
cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que
deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES
1915)
Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia
do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da
juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda
mais bela do que nos foi transmitidardquo
61
Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se
dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica
Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma
sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila
social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis
Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo
sustentabilidade
Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)
A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se
aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos
28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929
62
A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela
agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay
232 Arquitetura Orgacircnica
A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da
arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito
do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que
uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um
organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas
que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG
11)
FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006
De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e
em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de
origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno
Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e
especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze
um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze
maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright
uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural
use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of
30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)
63
confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no
adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo
Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo
o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi
Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica
ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes
arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que
trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o
mundo mas poderia agir como um bom exemplo
Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem
Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A
notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e
Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a
madeira
Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar
seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade
de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e
instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre
construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base
econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade
de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG
12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo
de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)
Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005
64
The need for architects to design for sustainable future
becomes a self-evident imperative Ken Yeang
233 Arquitetura bioclimaacutetica
Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do
sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao
ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo
surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na
definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por
OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves
condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam
subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer
exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias
de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)
Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a
construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos
climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo
solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano
tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de
conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees
formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)
A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada
internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-
se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus
bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a
arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo
meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos
materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos
produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio
ambiente
31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)
65
Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e
clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre
tantos outros (FIG 13 e 14)
Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001
Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]
66
Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras
mas ter um olhar novo Marcel Proust
234 Arquitetura ecoloacutegica
Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica
eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute
que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais
industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando
e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas
(PINHEIRO 2002)
A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo
conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico
e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)
Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005
A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica
e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de
sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir
para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as
edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura
ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual
questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)
67
Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo
A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da
construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a
conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre
essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento
urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo
diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE
TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a
melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio
ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel
Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que
sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de
sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo
principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam
Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista
precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de
procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma
arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este
propoacutesito
68
Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos
relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade
na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees
ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo
Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos
cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e
a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de
educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta
fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve
histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para
posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do
exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo
69
Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais
a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas
Kwantzu China a C
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)
De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a
participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo
prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise
dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua
participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas
ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como
onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu
sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar
tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa
accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito
mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da
educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino
Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos
participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais
diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio
ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de
seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)
Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou
para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras
formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros
passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios
baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)
70
A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas
primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma
de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se
preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo
Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se
percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos
inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do
entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso
entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o
puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se
oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode
efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980
31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos
constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos
ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior
respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir
Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio
ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza
(SANTOS 2005)
A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental
importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica
SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees
Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua
gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de
33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p
71
fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou
seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema
ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz
de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser
estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A
capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela
realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para
compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS
2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos
Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos
eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs
grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem
vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente
Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo
ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo
estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com
o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave
questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites
da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns
casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo
dificultando essas accedilotildees
Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas
vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo
modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por
Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e
na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural
34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969
72
Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda
a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila
a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso
Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35
Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em
ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica
ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo
Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os
ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o
importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a
socioeconocircmica
Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas
natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)
O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em
movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento
Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio
ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos
mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em
relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo
influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas
grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO
OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)
35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996
73
A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras
Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos
Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles
que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil
313 A segunda linha de pensamento
A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos
empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos
O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees
referentes agrave problemaacutetica ambiental
Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a
informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o
jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)
No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica
ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma
pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente
um sentimento e comprometimento maior
O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica
mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas
Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como
pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais
propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a
receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora
Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico
sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro
desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica
(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a
questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras
prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos
estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p
74
necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC
Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38
Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a
pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons
motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a
populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo
Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar
para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante
com a questatildeo ambiental
Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e
artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente
principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem
relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso
levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de
Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que
aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto
Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande
importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute
capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos
que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria
em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades
quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses
38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente
75
Sempre que se degrada o meio ambiente em 1
a pobreza aumenta em 026 PNUMA
3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)
FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9
Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A
pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees
estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e
investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez
de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental
prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as
mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)
76
FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9
Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a
necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar
o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave
soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel
(PINHEIRO 2002)
Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de
desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto
os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e
padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da
degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e
transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em
contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza
como as causas principais do problema
A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os
mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a
populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a
necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o
crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)
Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza
e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas
grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS
2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa
40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002
77
das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades
que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de
sobrevivecircnciardquo
Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a
utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e
econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as
condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e
causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)
A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como
uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA
32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)
[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)
A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo
realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo
ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o
ponto inicial deste movimento
Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em
1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio
Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se
criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se
reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do
PIEA
O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga
URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela
parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de
Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a
moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)
41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27
78
A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo
individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e
habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que
se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais
e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)
A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder
puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais
decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam
a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com
problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)
A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo
ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios
de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo
do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento
Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto
pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de
superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino
universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um
determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica
e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a
consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)
O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia
de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da
praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o
saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma
preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio
quanto principalmente no ensino universitaacuterio
Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados
satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam
79
aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o
projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo
Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um
projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e
valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de
informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de
percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam
Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute
conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da
populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS
2005)
A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel
aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade
UNESCO
33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade
O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo
final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a
conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e
comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o
Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)
Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se
que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o
desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de
Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a
implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada
paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para
completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)
O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a
ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias
inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa
deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para
80
refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos
(PAAS 2004)
A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na
histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo
e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto
A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente
uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos
normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS
busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de
mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)
Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento
Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar
alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses
A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de
desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir
os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo
o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela
que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos
A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS
2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida
Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram
definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento
Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a
sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos
como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem
diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental
com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World
Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em
42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003
81
diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o
desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)
Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de
Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas
Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do
termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor
o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo
sem definiccedilatildeo
Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma
abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida
como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e
entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que
abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo
deixa de ensinar sobre o todo
Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do
ensino de arquitetura no Brasil
Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto
do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []
O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza
beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []
Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro
34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico
A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia
grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo
do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e
conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em
1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o
conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)
No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando
criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de
Medicina Engenharia Artes e Direito
82
POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em
1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em
1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole
Polytechnique de Paris
BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do
Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve
tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real
de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente
formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu
em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como
curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus
alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em
1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes
ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a
deacutecada de 1930
A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas
existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira
universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute
existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade
do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro
Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de
fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o
ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado
pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter
tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas
Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e
designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter
artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos
Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em
relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte
cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes
Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a
integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo
com relatos dos estudantes
83
A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas
Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a
chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)
Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do
Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou
um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES
2005)
Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao
movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo
ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a
primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute
existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e
didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o
novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)
Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela
reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade
brasileira
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo
Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o
da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um
padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica
universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil
Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo
com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo
miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A
1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria
em 1969
Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo
modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo
desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos
aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB
no Rio de Janeiro (SOARES 2005)
84
O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do
parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal
diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de
mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que
conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770
estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e
urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo
Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como
Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas
em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho
Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)
Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994
que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)
85
QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994
CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994
MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO
Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes
Matemaacutetica
Fiacutesica
Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
Plaacutestica
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS
Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo
Resistecircncia dos materiais e estabilidade das
construccedilotildees
Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de
construccedilatildeo
Instalaccedilotildees e equipamentos
Higiene da habitaccedilatildeo
Tecnologia da Construccedilatildeo
Sistemas estruturais Sistemas Estruturais
Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de
Paisagismo
Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo
Planejamento Urbano e Regional
Conforto Ambiental
Topografia
Teacutecnicas Retrospectivas
TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO
Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994
As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras
disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e
Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos
aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees
ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e
teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao
Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto
Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas
86
e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da
organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita
com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave
arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos
anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do
Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria
Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos
miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto
Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo
tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)
Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a
importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na
proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de
2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo
deste trabalho (ver ANEXO)
As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia
dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade
material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves
necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e
o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva
Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme
profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas
abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos
disponiacuteveis
Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo
entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o
exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de
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preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio
ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas
lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades
necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar
construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de
especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais
econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras
Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma
mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e
divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais
Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido
alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo
no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato
esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos
de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente
ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e
principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com
Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos
A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de
alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo
extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a
formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e
como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa
pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da
arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo
em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e
profissionais da arquitetura
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342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas
Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e
discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi
feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por
regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou
optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou
identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos
voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns
cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes
bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e
Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])
Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da
FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo
defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem
conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia
adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida
pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da
morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre
a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem
apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa
(GAZZANEO 1998)
Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois
cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ
parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e
sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias
Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute
Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])
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No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz
(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve
buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que
devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo
Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um
discurso ambiental social e cultural nas mesmas
bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente
Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)
bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de
acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])
Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura
e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato
sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental
bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de
Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas
nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e
Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo
entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de
uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura
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que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS
- PUC MINAS [200-])
Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])
Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])
Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar
disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das
proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e
palestras
bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu
jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na
produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram
para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa
(MALARD 2006)
Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo
de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto
arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos
populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute
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uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual
Environments)
Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo
ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho
vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado
pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo
aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado
pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de
desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do
computador (HABITARE 2007)
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e
pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo
projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida
coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o
bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai
aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos
projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha
na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram
do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado
pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de
moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho
de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -
UNB [200-])
Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio
entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam
intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University
(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois
alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois
Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria
Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo
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ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])
CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])
Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto
de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])
bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto
Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto
que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo
Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos
estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias
Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e
universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das
populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades
envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e
na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e
professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute
foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])
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Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se
Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e
Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])
bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma
organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de
capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma
unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias
relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao
crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade
do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma
entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash
Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e
melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO
AMBIENTE - UNILIVRE [200-])
Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma
Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de
projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras
arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de
conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])
bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina
optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de
Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para
o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na
mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais
O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de
doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito
seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave
94
Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da
relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo
que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado
por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto
de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos
sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem
uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz
constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios
desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar
essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua
inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)
Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na
atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia
Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em
questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui
por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais
culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na
arquitetura
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Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em
sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso
Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos
organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em
praacutetica
Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados
atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras
atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees
ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a
presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea
bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq
iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-
se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de
Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e
Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica
(PROARQ [200-])
O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo
Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e
Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das
teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003
(PROURB 2007)
bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo
FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico
doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma
uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa
uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)
96
Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do
Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e
demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa
estrutura estaacute implantada desde 2003
O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta
atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da
Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto
Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles
destacam-se (USP 2006)
Habitat Tem como objetivo
Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)
Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e
fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do
habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e
imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente
Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens
2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade
3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)
Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de
reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados
apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a
identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e
resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e
Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees
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Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo
2 Materiais e componentes de construccedilatildeo
3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)
4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)
5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)
6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa
dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e
Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees
Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto
ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves
edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao
consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o
desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas
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relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea
Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no
sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-
sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade
Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do
viacutedeo
2 Praacutetica Profissional do Arquiteto
3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo
4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana
5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)
6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo
7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil
(miacutedia canteiro clientela)
8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo
9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo
10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos
99
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e
Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo
acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo
eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua
aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em
Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em
funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento
desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB
2006)
O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos
sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de
reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees
puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo
Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de
decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a
proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel
As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel
Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e
Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e
Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)
bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR
(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas
puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas
puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da
arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio
ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo
profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa
demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de
uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar
100
bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio
Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do
Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa
Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que
incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco
mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o
protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB
UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades
Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e
Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005
PRODEMAUFPB 2006)
A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees
a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que
assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo
pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as
atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de
integraccedilatildeo interdisciplinar
A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento
Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As
Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento
Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos
101
Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil
Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza
bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do
PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-
Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat
Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)
Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa
Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental
Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila
Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica
bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em
1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma
reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e
diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e
pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal
de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se
do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado
como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do
NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas
linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E
URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras
Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos
102
Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes
Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em
Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver
eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e
construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo
enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de
concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa
Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do
Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas
desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte
transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas
(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA
UFMG 2007)
Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a
presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante
ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos
anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou
mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura
e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e
desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da
reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios
expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em
linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou
optativas que abordassem o tema de modo suficiente
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura
Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar
a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais
sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas
natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo
103
Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a
maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras
disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer
do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus
organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem
realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas
conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da
pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida
integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no
ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras
satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente
natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo
estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e
sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes
Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo
pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de
integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo
Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a
transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia
de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da
frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade
permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para
outro (DOMINGUES 1999)
Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante
da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos
fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos
teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e
qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e
interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade
De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de
1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of
104
future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone
Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais
as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que
esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as
disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo
entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver
naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar
com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees
harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura
deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade
dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar
sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser
incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo
aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de
4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de
105
trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua
dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus
acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo
A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura
mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)
Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo
Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem
sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental
acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de
cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o
universo
O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser
exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas
primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar
esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e
educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da
inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e
desenvolvimento sustentaacutevel
No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes
da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm
implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel
confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de
graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas
agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos
proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores
43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)
106
Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento
em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada
caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de
problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)
Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo
do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema
Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois
enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente
quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa
A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando
um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar
fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores
comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)
Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente
descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos
dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo
cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado
aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais
e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos
quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)
O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as
pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem
Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que
as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)
A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as
lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o
fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser
estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada
Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e
analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute
107
necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e
variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o
problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por
ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees
exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)
A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e
procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e
caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas
caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o
estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)
Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a
fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto
Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo
com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie
ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador
As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo
que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de
vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao
mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A
principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo
nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)
As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente
mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees
fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees
de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados
Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo
com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos
objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta
de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados
Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de
entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para
corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias
108
ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio
aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos
Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes
do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros
estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como
EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia
No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados
e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados
Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e
alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o
objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima
Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa
semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil
Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em
Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da
construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de
edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre
engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente
Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao
estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel
e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos
maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo
Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por
PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande
responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de
intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem
perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores
acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as
consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo
44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231
109
Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco
conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos
impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para
entatildeo tentar diminuir estes impactos
Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros
e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era
sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso
porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar
Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para
quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as
respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta
a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)
Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns
aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu
incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a
resposta (TAB 1)
TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel
(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)
Correccedilatildeo das respostas
Arquiteto () Engenheiro () Total ()
Erradas 4722 2041 3176
Parcialmente corretas 3611 3061 3294
Corretas 833 1020 942
Em branco 833 3878 2588
TOTAL 100 100 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos
conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em
revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-
110
cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos
entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia
pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo
como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO
2002)
Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e
teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior
economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave
sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria
disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer
sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)
TABELA 2 Conhecimento e interesse
Interesse pelo assunto Total ()
Natildeo conhece e tem interesse 2921
Natildeo tem interesse 338
Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629
Natildeo respondeu 112
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e
conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos
(TAB 3)
TABELA 3
Impacto das edificaccedilotildees
Atividades produzem impacto Total ()
Natildeo 460
Sim 9540
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 122
111
As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no
meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos
falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio
O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de
desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil
principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar
as teacutecnicas
Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade
de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil
41 Pesquisa quantitativa
A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa
atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos
para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades
Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura
da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um
ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena
quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi
melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os
premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela
Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007
Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de
estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de
Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute
Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns
arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando
mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados
Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di
Design ndash IED Milano na Itaacutelia
Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver
APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48
arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o
112
preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e
trabalho que desempenha
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo
idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio
Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis
quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro
niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm
periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos
formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro
de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que
respondeu ao questionaacuterio
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
41
31
11
17
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora
A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade
aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e
acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o
entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos
entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira
pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser
utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos
sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da
pergunta (GRAF 2)
Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo
das respostas em comum analisadas e interpretadas
113
1 11 2 12 311
222
1122
2421
112
8
4
11
4
9
4
12
5
20
0
5
10
1520
25
30
35
40
A B C D E F G H I J K
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm
GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)
A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora
Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam
responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos
no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes
e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos
recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e
houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura
114
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
22
24 10
36
8
OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS
USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI
USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS
GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na
graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua
graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO
1
5026
23
SIM
EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO
NAtildeO
GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado
superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute
aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo
ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)
115
1 1 2 2 211
213
191
10
10
10
10
10
5
33
0
10
20
30
40
50
60
A B C D E F G H I
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordm
arquiteto 1999-2006
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora
Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas
e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de
sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da
praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas
agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto
de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente
integradas
Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era
necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era
suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)
responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas
pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o
tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da
arquitetura
116
A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o
conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14
pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a
melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e
debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)
11 11 111 3
1142
1423
2324
22
9
22
10
17
24
6
11
6
12
05
101520253035
A B C D E F G H I J K
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA
estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura
A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
1212
30 9
9
9
11
7A-D E F G H I J K
GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
117
Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o
conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a
dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura
Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do
estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio
foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado
UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial
Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente
IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta
Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente
UFRJ 2001
Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo
UFRJ 2003
Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano
UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo
UFF 1988
Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar
UFRJ 4ordm periacuteodo
Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em
118
grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []
Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)
Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000
O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto
UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano
PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do
arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos
seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de
excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem
primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e
urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e
posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que
a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem
disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta
amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada
Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo
atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis
concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho
de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de
cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade
totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006
e abril de 2007
O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente
perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim
119
como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de
alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade
cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou
doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e
nome do orientador (ver APEcircNDICE C)
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e
idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do
concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto
Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes
que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta
seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia
abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute
dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual
dissertaccedilatildeo
A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para
posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus
questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas
professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por
iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave
grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A
ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e
urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A
empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do
evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do
concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e
a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)
Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio
Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a
ser a AU
120
A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a
Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista
PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a
Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos
baseados neste material
Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de
graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que
tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com
PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves
instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a
possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando
com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45
Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora
selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que
efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos
selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos
finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas
Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes
regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas
Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo
Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo
Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte
e Sergipe
Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e
Tocantins
No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de
quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo
foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados
regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20
menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco
trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem
45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt
121
A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees
honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final
de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios
respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem
descritos ilustrados e brevemente analisados
422 Opera Prima 2001 Ganhadores
Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ
Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP
Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP
Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE
Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF
Menccedilotildees honrosas
Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB
Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC
Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e
superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros
Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas
Clebiana Silva UnB 2001
122
Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais
Rodrigo Cabral 2001
Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a
sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o
assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o
trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de
Thais Inecircs Krambeck
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC
O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella
parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas
naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas
instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e
123
feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e
atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A
autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como
legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA
estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a
seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de
determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e
intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos
naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46
46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck
124
FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees
ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de
sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para
resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas
arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante
compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta
Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento
do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental
motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do
empreendimento
423 Opera Prima 2002 Ganhadores
Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB
125
Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL
Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG
Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ
Menccedilotildees honrosas
Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF
Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP
Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP
Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP
Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal
abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo
Viviane Abe USP 2002
A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto
Ailton Moraes UnB 2002
Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees
relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro
disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o
trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF
O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um
terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees
126
acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e
de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de
conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico
adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas
como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e
ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos
isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao
conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a
circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior
controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios
eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas
Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees
127
discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47
FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano
O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em
conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de
Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando
tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se
preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que
aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e
papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um
dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia
no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas
47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano
128
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana
Iwashita USP
O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo
com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo
Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos
tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e
serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local
otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees
energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso
racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e
coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores
Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48
48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita
129
FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita
Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que
adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica
aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e
com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a
caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa
de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade
424 Opera Prima 2003 Ganhadores
Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos
Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas
Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS
Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS
Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ
Menccedilatildeo honrosa
Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas
Artes de Satildeo Paulo
Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos
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respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista
Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees
Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003
Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse
Luciano Lerner PUC-RS 2003
Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo
Maria Branca Rabelo UFRJ 2003
Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas
questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano
Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS
A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes
de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo
cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com
trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a
implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate
O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo
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Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49
FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso
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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste
trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo
impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar
a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-
se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro
Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo
Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa
e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo
de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a
populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da
comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos
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Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50
FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel
O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede
puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo
de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte
pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente
do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo
estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo
da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas
principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas
425 Opera Prima 2004 Ganhadores
50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel
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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e
institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG
Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea
EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ
Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS
Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS
Menccedilotildees honrosas
Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER
Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB
Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS
Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em
relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores
responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura
Gustavo Moojen UNIRITTER 2004
Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um
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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc
Pedro Engel UFRGS 2004
Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas
questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois
disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara
Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro
4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS
A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com
turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo
ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na
regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com
infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza
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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51
FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi
Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a
natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade
de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de
atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os
cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem
disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de
51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi
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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito
pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se
agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as
questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo
com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica
de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental
4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB
A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do
lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava
em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma
foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal
edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso
cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias
138
As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52
FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro
A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute
busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e
econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao
entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior
durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo
principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas
426 Opera Prima 2005 Ganhadores
Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA
Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB
Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau
52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro
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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie
Menccedilotildees honrosas
Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA
Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG
Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP
Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos
sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto
Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute
suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia
Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem
abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado
Fabiana Casali UnB 2005
Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto
Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade
Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006
Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas
questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor
alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos
dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer
4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP
140
A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde
tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um
caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em
associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma
educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma
cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O
lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro
beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo
e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de
compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim
Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral
Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)
141
Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53
FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade
resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre
palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho
tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na
cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina
do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees
ambiental cultural econocircmica e social neste projeto
4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de
Blumenau
O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e
grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do
rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias
142
transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores
de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca
salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54
FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer
Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos
observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama
bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode
ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma
concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo
O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito
de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a
54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer
143
construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55
427 Opera Prima 2006 Ganhadores
Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas
ndash UNOPAR
Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do
Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF
Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG
Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE
Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER
Menccedilotildees honrosas
Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR
Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
ndash UFMS
Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash
UFPE
Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG
Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC
Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER
Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e
medicina ligados ao sexo ndash UFRJ
Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS
55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer
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Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio
Satildeo Joseacute ndash UNISINOS
Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR
Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que
aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio
para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com
PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios
Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas
que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro
todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre
sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente
Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006
Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo
Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006
A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando
145
surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura
Cervantes Ayres UFPR 2006
Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria
Clariane Nogueira UFMS 2006
A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []
Igor de Vetyemy UFRJ 2006
Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante
Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006
No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto
Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006
[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura
Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente
Danielle Barros Benedicto UFF 2006
146
Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que
algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o
tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom
projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um
projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra
pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de
pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo
Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane
Menegusso Nogueira UFMS
O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua
importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada
como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A
edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total
harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56
56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira
147
FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira
A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de
sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo
disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade
Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a
escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos
de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em
harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da
autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo
de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC
A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de
associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma
alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de
148
forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57
FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi
O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e
econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e
ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente
viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade
ambiental social econocircmica e cultural
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados
As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram
transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo
dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos
arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e
ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o
respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e
concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes
confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria
respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais
eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees
futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa
57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi
149
com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas
entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado
A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade
das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
14
1014
16
2818
concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006
GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora
Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do
arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do
tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram
que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO
2 822
4
10
54
NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS
GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se
dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais
anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi
abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da
metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo
(GRAF 10)
150
1111 4
7133
9
11 1343
11111
10
510
15
2025
30
A B C D E F G
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de
aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade
O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma
abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia
Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura
UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso
de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne
na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development
Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em
Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra
Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo
mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia
PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de
Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |
Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em
Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em
Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no
Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto
151
POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi
abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o
mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de
Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em
Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da
Accademia Cappielo Firenze
Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto
abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de
cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem
um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas
que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra
D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve
abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF
11)
21111
3
4142
5
2
5
323
6
22
0
5
10
15
20
25
A B C D
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso
A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora
A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada
ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados
somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da
metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que
estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que
152
natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui
caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
20
820
52
NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas
GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem
da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que
eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6
consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista
sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem
aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem
sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa
discussatildeo (GRAFs 13 e 14)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
146 4
76
Muito pouco abordada ou natildeo existe
Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio
Outra resposta
GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
153
1321 7
8255
11
12 110
10
20
30
40
A B C D E
ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou
seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do
arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a
maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro
periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de
atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e
conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio
pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas
2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
42
8
6
8
22
2
12
A B C D E F G
GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item
A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos
154
E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
43 Anaacutelise das duas pesquisas
Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem
quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos
premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes
Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e
apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
39
162
4
41
NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta
GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa
Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute
espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito
de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no
Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade
A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema
de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios
respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em
todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como
uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores
para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas
responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se
tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca
155
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo
profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem
mesmo com os respondentes de outros paiacuteses
A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na
questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema
parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo
Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e
seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da
sustentabilidade na graduaccedilatildeo
Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma
anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs
algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre
a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas
universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e
ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na
FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas
proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e
econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na
graduaccedilatildeo
Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos
tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser
aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre
departamentos e disciplinas
Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem
sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a
abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral
Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente
pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de
pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem
explicitamente o tema
156
Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o
que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser
inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou
menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados
aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se
criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do
assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo
ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos
aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem
importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo
Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando
perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os
entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo
haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso
uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados
sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais
articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar
em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas
principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que
em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar
157
As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos
Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir
Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972
5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o
meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo
demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu
habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de
desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem
aproximadamente metade da energia produzida no mundo
A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees
assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na
grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar
e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o
habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis
Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel
apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o
urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e
efetivo
Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a
interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta
dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto
e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade
natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e
urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e
recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser
colocados em praacutetica
O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade
de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e
espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o
arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a
serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele
158
deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para
um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de
sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto
de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este
propoacutesito
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos
As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza
devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo
com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e
materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento
do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis
intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel
Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em
algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-
graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a
maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos
feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as
novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica
da sustentabilidade na praacutetica do ensino
A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os
premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de
modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos
mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem
o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos
autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem
considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do
paiacutes
Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos
premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo
159
da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo
principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no
sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do
sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre
as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o
problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute
tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo
necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui
vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do
arquiteto urbanista
Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando
cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta
ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades
inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute
essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas
Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma
consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais
harmoniosas e sustentaacuteveis
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica
de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um
ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser
realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo
assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no
paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas
que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro
Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a
inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes
entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia
ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de
160
que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as
relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta
exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que
isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino
fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar
seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental
e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim
como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel
Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos
cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia
ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em
niacuteveis maiores ou menores
- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos
primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura
- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo
- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto
161
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APEcircNDICE A
Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura
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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
170
APEcircNDICE B
Questionaacuterio aplicado com arquitetos
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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
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APEcircNDICE C
Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima
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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado
ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________
4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________
5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________
Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
174
ANEXO
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006
Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias
O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico
Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos
I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social
II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como
instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes
modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em
diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e
1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37
176
X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares
sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios
a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade
b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades
c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como
patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto
Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional
Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil
a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e
comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo
c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades
a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo
b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel
c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios
d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo
e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa
f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de
177
tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional
g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana
h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees
i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas
j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades
k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais
l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional
m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional
Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista
Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade
I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso
sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia
sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso
178
sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando
sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como
a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular
b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados
c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural
d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana
e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade
f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo
Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo
sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso
sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso
Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e
implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo
sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado
179
Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos
a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais
b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso
c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo
Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas
pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta
Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta
Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria
Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994
EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Mestrado do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte-Moacuter
Belo Horizonte
Escola de Arquitetura da UFMG 2007
FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago
V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura
1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo
CDD 72047
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais
AGRADECIMENTOS
A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida
A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo
Alvar Aalto
RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido
suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de
sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo
Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como
tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade
na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim
como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em
seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do
arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de
questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do
Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos
como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura
e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente
abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e
urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam
particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que
todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem
teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes
entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave
melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo
deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-
graduaccedilotildees
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently
discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast
concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on
definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate
program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of
sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to
emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners
intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and
ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the
young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in
architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough
discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban
designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones
especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students
interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about
sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full
integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and
not restricted to elective classes and graduate programs
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45
FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45
FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46
FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46
FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47
FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47
FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48
FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50
FIGURA 9 Selo Procel 50
FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52
FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62
FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63
FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo
projetado por Emilio Ambasz e associados 65
FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65
FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66
FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67
FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75
FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76
FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124
FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124
FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127
FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129
FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131
FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132
FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133
FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136
FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138
FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141
FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em
preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141
FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142
FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147
FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das
respostas por profissatildeo 109
TABELA 2 Conhecimento e interesse 110
TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110
LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano
de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113
GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo
e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116
GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116
GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149
GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149
GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150
GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item 152
GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153
GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura
urbanismo por de respondentes em cada item 153
GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil
BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura
CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia
CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento
CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental
CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO2 - Gaacutes carbocircnico
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca
DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel
EA - Educaccedilatildeo Ambiental
EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
EUA - Estados Unidos da Ameacuterica
FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis
IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IED - Istituto Europeo di Design
IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas
ISO - International Organization for Standardization
IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil
NABERS - National Australian Building Environmental Rating System
NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
NR - Norma Regulamentadora
ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
PIB - Produto Interno Bruto
PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento
PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente
POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes
PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ
PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica
PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente
PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ
PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais
PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul
PVC -Policloreto de vinila
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica
SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica
SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFF - Universidade Federal Fluminense
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFPA - Universidade Federal do Paraacute
UFPE -Universidade Federal de Pernambuco
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization
UNEP - United Nations Environment Programme
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNIFOR - Universidade de Fortaleza
UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente
UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis
UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute
USC - University of Southern Califoacuternia
USGBC - United States Green Building Council
USP - Universidade de Satildeo Paulo
WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel)
WSSD - World Summit on Sustainable Development
WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
11 Contextualizaccedilatildeo 23
12 Justificativa 27
13 Objetivos 29
131 Objetivo geral 29
132 Objetivos especiacuteficos 29
14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29
15 Procedimentos metodoloacutegicos 30
151 Etapas da pesquisa 30
16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33
21 A origem do termo 33
211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33
2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36
212 O ambientalismo no Brasil 41
213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44
214 Normas e selos de qualidade 47
2141 Norma Regulamentadora (NR) 48
2142 International Organization for Standardization (ISO) 49
2143 Selo Procel 50
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52
22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57
231 Organicismo 60
232 Arquitetura Orgacircnica 62
233 Arquitetura bioclimaacutetica 64
234 Arquitetura ecoloacutegica 66
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE
ARQUITETURA E URBANISMO 69
31 Consciecircncia ambiental 70
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72
313 A segunda linha de pensamento 73
3131 Pobreza x Meio ambiente 75
32 Educaccedilatildeo ambiental 77
33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade 79
34 Ensino de arquitetura 81
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo 83
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106
41 Pesquisa quantitativa 111
42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de
Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119
422 Opera Prima 2001 121
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs
Krambeck UFSC 122
423 Opera Prima 2002 124
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes
Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128
424 Opera Prima 2003 129
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner
Basso PUC-RS 130
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro
Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132
425 Opera Prima 2004 133
4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira
Eskinazi UFRGS 135
4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash
Izabel Torres Cordeiro UnB 137
426 Opera Prima 2005 138
4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste
Santos -Pablo Iglesias USP 139
4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer
Universidade Regional de Blumenau 141
427 Opera Prima 2006 143
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash
Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina
Somensi UFSC 147
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148
43 Anaacutelise das duas pesquisas 154
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154
5 CONCLUSAtildeO 157
REFEREcircNCIAS 161
APEcircNDICES 168
APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168
APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170
APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172
ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
de 2006 174
17
Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis
conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos
a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []
As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes
Alfredo Sirkis
1 INTRODUCcedilAtildeO
Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)
A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de
meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios
de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente
agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo
Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores
feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a
burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava
alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da
burguesia industrial emergente
Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a
produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor
Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada
dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas
Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos
mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e
dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas
seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades
observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos
trabalhadores
Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as
condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18
horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e
ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os
18
ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande
maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)
Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos
de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)
Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao
crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o
desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos
ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute
interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande
desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico
e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da
populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e
passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias
e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de
transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso
dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial
modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em
outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX
estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra
difundindo-se o uso das maacutequinas de construir
Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais
conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos
materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e
mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro
era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os
progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem
introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o
1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951
19
uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas
balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro
Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo
rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na
Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal
Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem
como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de
ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se
assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de
melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees
O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene
fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador
as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta
de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas
diferentes classes sociais entre outros
Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista
culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos
defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo
internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local
Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens
O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do
outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)
defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede
2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918
20
O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu
correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo
apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois
com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance
das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo
americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas
e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve
grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado
por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura
Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo
como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades
industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel
prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os
irreais modelos
No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma
nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)
como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont
Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas
novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade
sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante
destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem
concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na
atmosfera
Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela
pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e
economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-
temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e
4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958
21
Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus
representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch
Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da
sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais
econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo
pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes
foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a
representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e
aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute
preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes
digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para
analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio
ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como
seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)
Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte
atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada
modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos
preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e
iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre
outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias
outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito
densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7
citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das
primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois
que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)
Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a
esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o
alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e
aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se
o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno
onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)
5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915
22
Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford
com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano
ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute
higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo
tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o
vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos
estrateacutegicos (CHOAY 1979)
As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente
com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de
propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo
com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos
verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural
histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc
No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos
especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees
com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram
em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o
aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em
chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da
fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de
lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne
(CHOAY 1979)
Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida
situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de
deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o
chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo
constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela
proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo
Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais
percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima
do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos
23
demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)
11 Contextualizaccedilatildeo
Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente
urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na
Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que
chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a
populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas
urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])
Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de
consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos
deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica
ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital
objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses
interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e
eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o
desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias
primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente
As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo
ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura
existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses
em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40
das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da
linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo
da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou
abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem
grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas
8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993
24
irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500
mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno
acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias
irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96
milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15
milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem
natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de
tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute
despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e
das praias (ROSETTO 2003)
Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar
discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua
existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis
freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo
frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e
produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que
sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos
recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o
mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na
Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de
milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O
Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse
recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila
jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades
cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)
Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos
pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema
convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo
natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave
precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo
coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo
de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida
25
especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de
estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)
A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de
vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente
nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio
Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a
gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)
Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de
efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa
conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2
pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas
no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases
destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente
na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra
tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio
ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de
2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros
quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo
notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de
ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem
agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)
Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees
secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias
atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado
em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos
extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou
de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na
deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o
nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees
aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em
eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)
Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao
saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A
cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade
26
Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias
agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel
soacutelido (PNUMA 2004)
As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio
ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio
tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e
jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao
ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades
brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-
estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de
transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de
ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo
Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas
eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de
1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca
causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9
Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe
aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de
150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do
consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para
usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou
de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado
(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees
de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que
o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado
na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do
solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva
anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a
25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas
9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global
27
pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica
causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10
No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da
madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de
moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil
descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente
toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes
orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os
materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra
de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio
ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])
Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom
tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que
aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas
Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas
a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no
processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)
12 Justificativa
[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)
Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela
quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt
28
maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias
recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda
natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente
prejudiciais
A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da
conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e
consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas
poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais
forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em
todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que
correspondem ao discurso
As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma
mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo
paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se
conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente
agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de
pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas
iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se
dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas
significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)
Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo
necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas
levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou
claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de
atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo
(PNUMA 2004 p 12)
O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e
abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo
civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais
econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees
tecircm sido muito mais cobradas
O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma
edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de
sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente
29
Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do
ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento
urbano
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os
sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo
com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)
13 Objetivos
131 Objetivo geral
Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista brasileiro
132 Objetivos especiacuteficos
Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos
relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos
estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este
tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado
para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto
14 Delimitaccedilotildees do trabalho
Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar
os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de
sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas
religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da
sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A
partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e
culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave
arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto
alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e
urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do
assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo
30
15 Procedimentos metodoloacutegicos
Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo
bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em
seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior
avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos
151 Etapas da pesquisa
Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica
- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento
sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura
- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a
consciecircncia ambiental
- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Parte II Coleta de dados
- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa
- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de
questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que
serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior
- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora
revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006
Parte III Anaacutelise dos dados
- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo
- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente
- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados
Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa
31
16 Organizaccedilatildeo do trabalho
Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o
desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e
do trabalho desenvolvido
Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo
teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar
sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo
compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e
ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na
consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees
natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da
discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e
urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do
urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo
arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de
Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo
Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)
aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente
essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o
ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa
em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a
contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes
brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido
colocadas em praacutetica
No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente
aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a
50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006
Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-
se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e
teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a
questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista
32
O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees
finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia
33
O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata
ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo
Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo
Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes
de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo
ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e
contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos
princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e
evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento
desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)
O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos
nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo
na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais
na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas
e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre
Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974
211 Os eventos internacionais do ambientalismo
De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez
redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa
expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos
setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro
Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave
11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996
34
desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos
preccedilos do petroacuteleo em 1973
Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano
Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses
para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais
(MOUSINHO 2003)
O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por
um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais
dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da
Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da
Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua
Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester
professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo
de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30
pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento
proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])
A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de
quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de
relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do
crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do
Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o
Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia
populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental
decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo
dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo
ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a
humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis
de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento
do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo
da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e
foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de
12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate
35
limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos
terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no
mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande
destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava
propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento
ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)
A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos
ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil
signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo
dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo
ambiental
Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica
internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o
elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes
marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash
PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse
criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos
depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo
Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras
Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em
1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo
natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a
preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p
70)
Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito
ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da
Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por
MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio
ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em
suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave
problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993
36
gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001
p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da
qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as
possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo
2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade
Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do
ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e
a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento
de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-
MOacuteR 2000)
Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona
a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da
sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o
desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia
O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais
relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo
resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara
Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o
Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e
econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo
demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos
contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR
2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe
da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias
depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses
debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo
Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash
sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi
traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001
37
ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o
Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos
princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)
- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento
- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais
- Perseguir equidade e justiccedila social
- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social
- Preservar a integridade ecoloacutegica
Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular
propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de
cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees
voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo
universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem
chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel
como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-
FILHO 2001 p 48)
Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria
desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao
agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental
realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o
presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento
seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute
sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo
Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a
discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere
no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas
climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em
seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990
primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas
advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria
necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o
BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio
38
ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de
vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento
sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico
compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)
Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em
junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era
introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o
desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92
teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas
depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento
sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias
regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais
A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e
um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a
importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo
XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade
Marina Silva Ministra do Meio Ambiente
A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel
Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15
Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)
o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo
de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das
necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos
e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da
Terra (PINHEIRO 2002)
Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o
Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]
39
contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e
cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que
forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997
Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para
assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro
de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a
emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e
transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros
sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em
52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])
Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em
Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para
avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da
Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)
A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou
Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que
recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da
agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND
CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])
Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome
2 Atingir o ensino baacutesico universal
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 Reduzir a mortalidade infantil
5 Melhorar a sauacutede materna
6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas
7 Garantir a sustentabilidade ambiental
8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da
histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa
ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado
na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta
40
necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003
UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])
O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash
IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa
do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de
2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi
confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o
dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo
resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima
afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos
sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis
(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)
O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute
2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente
jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59
centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior
dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos
mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um
aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo
XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em
meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)
Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo
do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de
carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O
governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo
de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees
Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde
entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em
Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o
direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades
Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos
internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo
ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press
41
essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os
resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores
soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais
recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo
individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta
conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)
No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras
depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade
Chico Mendes
212 O ambientalismo no Brasil
Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos
ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o
saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos
legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento
Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra
as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em
1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em
1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)
Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio
natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas
nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a
promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico
e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da
Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza
A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a
conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em
convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional
promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos
da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional
dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007
42
1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil
por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre
paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais
A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais
devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio
sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da
Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e
estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo
ambiental no Brasil
No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas
mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em
desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de
crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a
poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos
(HOGAN 2000)
Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o
subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da
poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta
de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo
Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA
pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental
junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio
ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio
ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os
recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se
principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais
visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza
Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio
Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o
Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro
foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o
Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
43
Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave
proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981
A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques
nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo
ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo
centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar
disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo
A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da
poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo
dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela
preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi
criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla
poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente
Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e
apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de
um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais
renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel
Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de
quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash
SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e
o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro
presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias
fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo
administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)
Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash
SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por
formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo
conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis
Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio
Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e
no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de
hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes
44
Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o
Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias
prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no
periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)
1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do
solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida
da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental
2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de
planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e
assegurando a participaccedilatildeo da sociedade
3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios
e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis
4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos
recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e
tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico
213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)
Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees
institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da
sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de
abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel
bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares
de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas
mundialmente (PINHEIRO 2002)
A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se
consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza
Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais
selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio
ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais
continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial
para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the
Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental
Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)
45
FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006
Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados
distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em
mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio
ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento
ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos
na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais
da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia
(WWF 2006)
Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de
degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o
meio ambiente
A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em
todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave
conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)
FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006
Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado
em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio
criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace
Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])
46
Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It
needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins
lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para
manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe
contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas
exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais
da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de
climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG
3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos
toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo
FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]
FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]
18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)
47
Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema
eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19
FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]
Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da
Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz
vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites
nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em
1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute
ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de
valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade
compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL
2004)
Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e
qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20
214 Normas e selos de qualidade
O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo
governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por
entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais
(BLUE ANGEL [200-])
FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]
19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)
48
Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos
empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao
consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos
de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas
relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes
Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o
BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na
Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental
(GUSTAVSEN 2007)
Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest
Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo
certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente
correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001
(GUSTAVSEN 2007)
O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas
primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como
diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a
entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio
ambiente
FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004
Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e
usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash
cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)
Outros exemplos de normas e selos satildeo
2141 Norma Regulamentadora (NR)
A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra
se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios
modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos
49
funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18
criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de
trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e
doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do
Trabalho
As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios
problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor
de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de
13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de
produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra
devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos
funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)
A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos
poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores
2142 International Organization for Standardization (ISO)
Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000
voltadas agrave qualidade
A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do
gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando
benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem
de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a
preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos
ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para
natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)
A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por
exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo
de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de
desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de
vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)
50
FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005
2143 Selo Procel
O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO
PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto
desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash
PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os
melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a
fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento
tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute
voluntaacuteria (PROCEL 2007)
Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers
condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico
lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para
estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos
bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar
roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)
ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o
lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do
Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)
FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007
51
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)
Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de
niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A
primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para
a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos
Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina
dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem
O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes
de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)
1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e
agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc
2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc
3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias
renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc
4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais
com menor impacto ambiental etc
5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de
jardins etc
6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens
O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo
fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado
Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell
Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006
Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima
alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)
52
FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007
Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte
do sistema LEED de certificaccedilatildeo
No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O
Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash
Cacircmara americana de comeacutercio21
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico
Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge
quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos
lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos
Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS
2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos
paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A
diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e
recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os
movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave
21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998
53
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de
produccedilatildeo
Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees
o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem
pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural
Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira
informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu
campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural
ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam
sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o
meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa
sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de
caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo
social
A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se
dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a
dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da
quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)
A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento
ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos
aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo
humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico
portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute
mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto
destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A
produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o
grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a
Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)
O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da
accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo
voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais
Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo
movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que
fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e
54
pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana
outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)
No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou
essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza
e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o
crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas
Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)
Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam
a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no
questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a
resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise
ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de
civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)
Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo
presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores
tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas
uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor
Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por
exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto
ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos
pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi
Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva
semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas
que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin
Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre
55
outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade
industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos
pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas
globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan
Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore
Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros
Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos
na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23
O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas
estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O
foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo
que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)
Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e
ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel
Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas
essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial
IUCN UNEP e WWF 1980
22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as
atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as
sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo
bem como os padrotildees de consumo
Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante
impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar
23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros
56
a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar
Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada
apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)
Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar
a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia
da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel
Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute
uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo
Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da
dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme
Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do
desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)
O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental
no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser
considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento
econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A
sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser
buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular
57
A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se
acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no
presente quanto no futuro
De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-
FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo
paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo
ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse
contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a
uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito
fundamentalmente diferente do anteriorrdquo
Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando
pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo
sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano
deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental
cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo
Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como
Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26
24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)
58
McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo
como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar
Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura
verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda
acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer
agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a
vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte
Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da
edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma
maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees
(OLIVEIRA 2006)
A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se
insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver
estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-
estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser
concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem
planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a
especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das
condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na
racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do
consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em
edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A
eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia
proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais
Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios
em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias
(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia
27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000
59
consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia
consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de
manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por
maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)
Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo
favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo
do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para
uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor
impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes
renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o
ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da
mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material
capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a
toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel
das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos
No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os
mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de
poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o
material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)
Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos
resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um
exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que
20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das
emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)
Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e
reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a
geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)
Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma
manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo
60
Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do
desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []
Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na
impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais
Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo
eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse
conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura
bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
transmitiremos essa Cidade
natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela
do que nos foi transmitida Patrick Geddes
231 Organicismo
Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e
seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute
pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo
vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de
passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas
cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que
deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES
1915)
Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia
do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da
juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda
mais bela do que nos foi transmitidardquo
61
Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se
dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica
Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma
sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila
social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis
Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo
sustentabilidade
Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)
A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se
aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos
28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929
62
A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela
agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay
232 Arquitetura Orgacircnica
A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da
arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito
do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que
uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um
organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas
que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG
11)
FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006
De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e
em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de
origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno
Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e
especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze
um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze
maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright
uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural
use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of
30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)
63
confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no
adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo
Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo
o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi
Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica
ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes
arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que
trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o
mundo mas poderia agir como um bom exemplo
Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem
Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A
notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e
Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a
madeira
Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar
seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade
de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e
instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre
construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base
econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade
de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG
12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo
de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)
Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005
64
The need for architects to design for sustainable future
becomes a self-evident imperative Ken Yeang
233 Arquitetura bioclimaacutetica
Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do
sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao
ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo
surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na
definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por
OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves
condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam
subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer
exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias
de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)
Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a
construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos
climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo
solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano
tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de
conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees
formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)
A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada
internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-
se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus
bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a
arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo
meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos
materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos
produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio
ambiente
31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)
65
Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e
clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre
tantos outros (FIG 13 e 14)
Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001
Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]
66
Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras
mas ter um olhar novo Marcel Proust
234 Arquitetura ecoloacutegica
Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica
eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute
que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais
industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando
e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas
(PINHEIRO 2002)
A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo
conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico
e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)
Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005
A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica
e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de
sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir
para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as
edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura
ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual
questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)
67
Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo
A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da
construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a
conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre
essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento
urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo
diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE
TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a
melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio
ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel
Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que
sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de
sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo
principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam
Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista
precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de
procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma
arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este
propoacutesito
68
Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos
relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade
na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees
ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo
Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos
cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e
a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de
educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta
fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve
histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para
posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do
exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo
69
Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais
a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas
Kwantzu China a C
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)
De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a
participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo
prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise
dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua
participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas
ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como
onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu
sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar
tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa
accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito
mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da
educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino
Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos
participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais
diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio
ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de
seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)
Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou
para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras
formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros
passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios
baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)
70
A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas
primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma
de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se
preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo
Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se
percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos
inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do
entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso
entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o
puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se
oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode
efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980
31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos
constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos
ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior
respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir
Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio
ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza
(SANTOS 2005)
A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental
importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica
SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees
Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua
gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de
33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p
71
fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou
seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema
ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz
de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser
estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A
capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela
realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para
compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS
2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos
Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos
eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs
grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem
vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente
Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo
ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo
estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com
o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave
questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites
da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns
casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo
dificultando essas accedilotildees
Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas
vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo
modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por
Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e
na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural
34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969
72
Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda
a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila
a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso
Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35
Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em
ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica
ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo
Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os
ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o
importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a
socioeconocircmica
Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas
natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)
O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em
movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento
Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio
ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos
mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em
relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo
influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas
grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO
OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)
35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996
73
A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras
Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos
Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles
que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil
313 A segunda linha de pensamento
A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos
empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos
O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees
referentes agrave problemaacutetica ambiental
Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a
informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o
jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)
No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica
ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma
pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente
um sentimento e comprometimento maior
O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica
mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas
Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como
pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais
propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a
receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora
Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico
sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro
desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica
(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a
questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras
prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos
estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p
74
necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC
Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38
Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a
pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons
motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a
populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo
Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar
para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante
com a questatildeo ambiental
Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e
artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente
principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem
relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso
levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de
Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que
aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto
Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande
importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute
capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos
que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria
em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades
quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses
38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente
75
Sempre que se degrada o meio ambiente em 1
a pobreza aumenta em 026 PNUMA
3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)
FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9
Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A
pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees
estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e
investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez
de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental
prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as
mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)
76
FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9
Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a
necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar
o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave
soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel
(PINHEIRO 2002)
Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de
desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto
os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e
padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da
degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e
transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em
contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza
como as causas principais do problema
A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os
mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a
populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a
necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o
crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)
Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza
e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas
grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS
2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa
40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002
77
das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades
que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de
sobrevivecircnciardquo
Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a
utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e
econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as
condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e
causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)
A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como
uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA
32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)
[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)
A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo
realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo
ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o
ponto inicial deste movimento
Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em
1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio
Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se
criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se
reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do
PIEA
O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga
URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela
parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de
Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a
moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)
41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27
78
A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo
individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e
habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que
se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais
e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)
A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder
puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais
decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam
a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com
problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)
A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo
ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios
de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo
do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento
Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto
pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de
superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino
universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um
determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica
e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a
consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)
O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia
de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da
praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o
saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma
preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio
quanto principalmente no ensino universitaacuterio
Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados
satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam
79
aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o
projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo
Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um
projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e
valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de
informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de
percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam
Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute
conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da
populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS
2005)
A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel
aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade
UNESCO
33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade
O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo
final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a
conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e
comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o
Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)
Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se
que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o
desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de
Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a
implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada
paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para
completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)
O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a
ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias
inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa
deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para
80
refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos
(PAAS 2004)
A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na
histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo
e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto
A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente
uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos
normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS
busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de
mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)
Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento
Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar
alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses
A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de
desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir
os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo
o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela
que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos
A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS
2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida
Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram
definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento
Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a
sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos
como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem
diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental
com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World
Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em
42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003
81
diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o
desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)
Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de
Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas
Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do
termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor
o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo
sem definiccedilatildeo
Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma
abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida
como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e
entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que
abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo
deixa de ensinar sobre o todo
Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do
ensino de arquitetura no Brasil
Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto
do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []
O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza
beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []
Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro
34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico
A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia
grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo
do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e
conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em
1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o
conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)
No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando
criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de
Medicina Engenharia Artes e Direito
82
POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em
1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em
1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole
Polytechnique de Paris
BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do
Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve
tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real
de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente
formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu
em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como
curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus
alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em
1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes
ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a
deacutecada de 1930
A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas
existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira
universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute
existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade
do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro
Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de
fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o
ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado
pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter
tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas
Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e
designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter
artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos
Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em
relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte
cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes
Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a
integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo
com relatos dos estudantes
83
A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas
Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a
chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)
Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do
Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou
um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES
2005)
Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao
movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo
ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a
primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute
existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e
didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o
novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)
Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela
reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade
brasileira
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo
Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o
da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um
padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica
universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil
Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo
com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo
miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A
1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria
em 1969
Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo
modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo
desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos
aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB
no Rio de Janeiro (SOARES 2005)
84
O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do
parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal
diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de
mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que
conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770
estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e
urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo
Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como
Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas
em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho
Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)
Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994
que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)
85
QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994
CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994
MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO
Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes
Matemaacutetica
Fiacutesica
Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
Plaacutestica
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS
Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo
Resistecircncia dos materiais e estabilidade das
construccedilotildees
Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de
construccedilatildeo
Instalaccedilotildees e equipamentos
Higiene da habitaccedilatildeo
Tecnologia da Construccedilatildeo
Sistemas estruturais Sistemas Estruturais
Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de
Paisagismo
Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo
Planejamento Urbano e Regional
Conforto Ambiental
Topografia
Teacutecnicas Retrospectivas
TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO
Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994
As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras
disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e
Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos
aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees
ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e
teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao
Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto
Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas
86
e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da
organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita
com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave
arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos
anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do
Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria
Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos
miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto
Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo
tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)
Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a
importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na
proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de
2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo
deste trabalho (ver ANEXO)
As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia
dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade
material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves
necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e
o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva
Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme
profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas
abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos
disponiacuteveis
Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo
entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o
exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de
87
preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio
ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas
lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades
necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar
construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de
especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais
econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras
Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma
mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e
divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais
Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido
alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo
no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato
esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos
de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente
ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e
principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com
Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos
A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de
alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo
extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a
formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e
como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa
pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da
arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo
em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e
profissionais da arquitetura
88
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas
Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e
discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi
feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por
regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou
optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou
identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos
voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns
cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes
bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e
Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])
Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da
FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo
defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem
conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia
adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida
pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da
morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre
a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem
apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa
(GAZZANEO 1998)
Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois
cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ
parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e
sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias
Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute
Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])
89
No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz
(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve
buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que
devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo
Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um
discurso ambiental social e cultural nas mesmas
bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente
Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)
bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de
acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])
Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura
e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato
sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental
bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de
Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas
nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e
Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo
entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de
uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura
90
que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS
- PUC MINAS [200-])
Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])
Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])
Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar
disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das
proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e
palestras
bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu
jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na
produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram
para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa
(MALARD 2006)
Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo
de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto
arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos
populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute
91
uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual
Environments)
Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo
ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho
vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado
pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo
aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado
pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de
desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do
computador (HABITARE 2007)
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e
pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo
projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida
coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o
bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai
aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos
projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha
na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram
do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado
pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de
moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho
de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -
UNB [200-])
Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio
entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam
intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University
(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois
alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois
Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria
Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo
92
ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])
CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])
Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto
de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])
bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto
Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto
que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo
Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos
estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias
Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e
universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das
populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades
envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e
na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e
professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute
foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])
93
Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se
Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e
Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])
bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma
organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de
capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma
unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias
relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao
crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade
do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma
entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash
Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e
melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO
AMBIENTE - UNILIVRE [200-])
Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma
Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de
projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras
arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de
conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])
bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina
optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de
Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para
o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na
mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais
O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de
doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito
seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave
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Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da
relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo
que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado
por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto
de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos
sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem
uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz
constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios
desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar
essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua
inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)
Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na
atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia
Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em
questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui
por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais
culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na
arquitetura
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Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em
sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso
Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos
organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em
praacutetica
Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados
atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras
atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees
ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a
presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea
bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq
iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-
se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de
Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e
Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica
(PROARQ [200-])
O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo
Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e
Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das
teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003
(PROURB 2007)
bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo
FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico
doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma
uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa
uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)
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Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do
Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e
demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa
estrutura estaacute implantada desde 2003
O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta
atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da
Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto
Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles
destacam-se (USP 2006)
Habitat Tem como objetivo
Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)
Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e
fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do
habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e
imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente
Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens
2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade
3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)
Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de
reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados
apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a
identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e
resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e
Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees
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Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo
2 Materiais e componentes de construccedilatildeo
3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)
4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)
5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)
6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa
dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e
Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees
Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto
ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves
edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao
consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o
desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas
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relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea
Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no
sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-
sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade
Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do
viacutedeo
2 Praacutetica Profissional do Arquiteto
3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo
4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana
5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)
6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo
7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil
(miacutedia canteiro clientela)
8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo
9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo
10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos
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bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e
Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo
acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo
eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua
aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em
Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em
funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento
desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB
2006)
O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos
sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de
reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees
puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo
Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de
decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a
proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel
As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel
Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e
Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e
Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)
bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR
(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas
puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas
puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da
arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio
ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo
profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa
demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de
uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar
100
bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio
Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do
Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa
Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que
incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco
mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o
protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB
UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades
Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e
Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005
PRODEMAUFPB 2006)
A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees
a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que
assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo
pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as
atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de
integraccedilatildeo interdisciplinar
A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento
Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As
Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento
Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos
101
Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil
Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza
bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do
PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-
Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat
Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)
Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa
Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental
Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila
Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica
bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em
1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma
reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e
diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e
pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal
de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se
do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado
como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do
NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas
linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E
URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras
Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos
102
Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes
Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em
Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver
eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e
construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo
enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de
concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa
Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do
Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas
desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte
transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas
(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA
UFMG 2007)
Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a
presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante
ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos
anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou
mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura
e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e
desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da
reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios
expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em
linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou
optativas que abordassem o tema de modo suficiente
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura
Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar
a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais
sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas
natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo
103
Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a
maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras
disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer
do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus
organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem
realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas
conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da
pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida
integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no
ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras
satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente
natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo
estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e
sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes
Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo
pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de
integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo
Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a
transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia
de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da
frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade
permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para
outro (DOMINGUES 1999)
Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante
da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos
fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos
teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e
qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e
interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade
De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de
1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of
104
future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone
Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais
as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que
esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as
disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo
entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver
naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar
com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees
harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura
deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade
dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar
sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser
incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo
aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de
4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de
105
trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua
dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus
acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo
A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura
mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)
Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo
Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem
sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental
acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de
cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o
universo
O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser
exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas
primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar
esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e
educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da
inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e
desenvolvimento sustentaacutevel
No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes
da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm
implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel
confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de
graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas
agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos
proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores
43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)
106
Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento
em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada
caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de
problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)
Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo
do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema
Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois
enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente
quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa
A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando
um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar
fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores
comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)
Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente
descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos
dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo
cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado
aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais
e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos
quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)
O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as
pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem
Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que
as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)
A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as
lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o
fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser
estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada
Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e
analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute
107
necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e
variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o
problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por
ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees
exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)
A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e
procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e
caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas
caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o
estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)
Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a
fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto
Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo
com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie
ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador
As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo
que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de
vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao
mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A
principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo
nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)
As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente
mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees
fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees
de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados
Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo
com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos
objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta
de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados
Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de
entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para
corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias
108
ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio
aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos
Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes
do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros
estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como
EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia
No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados
e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados
Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e
alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o
objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima
Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa
semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil
Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em
Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da
construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de
edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre
engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente
Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao
estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel
e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos
maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo
Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por
PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande
responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de
intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem
perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores
acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as
consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo
44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231
109
Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco
conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos
impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para
entatildeo tentar diminuir estes impactos
Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros
e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era
sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso
porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar
Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para
quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as
respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta
a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)
Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns
aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu
incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a
resposta (TAB 1)
TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel
(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)
Correccedilatildeo das respostas
Arquiteto () Engenheiro () Total ()
Erradas 4722 2041 3176
Parcialmente corretas 3611 3061 3294
Corretas 833 1020 942
Em branco 833 3878 2588
TOTAL 100 100 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos
conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em
revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-
110
cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos
entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia
pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo
como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO
2002)
Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e
teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior
economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave
sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria
disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer
sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)
TABELA 2 Conhecimento e interesse
Interesse pelo assunto Total ()
Natildeo conhece e tem interesse 2921
Natildeo tem interesse 338
Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629
Natildeo respondeu 112
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e
conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos
(TAB 3)
TABELA 3
Impacto das edificaccedilotildees
Atividades produzem impacto Total ()
Natildeo 460
Sim 9540
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 122
111
As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no
meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos
falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio
O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de
desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil
principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar
as teacutecnicas
Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade
de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil
41 Pesquisa quantitativa
A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa
atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos
para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades
Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura
da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um
ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena
quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi
melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os
premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela
Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007
Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de
estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de
Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute
Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns
arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando
mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados
Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di
Design ndash IED Milano na Itaacutelia
Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver
APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48
arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o
112
preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e
trabalho que desempenha
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo
idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio
Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis
quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro
niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm
periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos
formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro
de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que
respondeu ao questionaacuterio
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
41
31
11
17
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora
A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade
aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e
acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o
entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos
entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira
pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser
utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos
sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da
pergunta (GRAF 2)
Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo
das respostas em comum analisadas e interpretadas
113
1 11 2 12 311
222
1122
2421
112
8
4
11
4
9
4
12
5
20
0
5
10
1520
25
30
35
40
A B C D E F G H I J K
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm
GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)
A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora
Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam
responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos
no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes
e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos
recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e
houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura
114
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
22
24 10
36
8
OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS
USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI
USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS
GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na
graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua
graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO
1
5026
23
SIM
EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO
NAtildeO
GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado
superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute
aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo
ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)
115
1 1 2 2 211
213
191
10
10
10
10
10
5
33
0
10
20
30
40
50
60
A B C D E F G H I
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordm
arquiteto 1999-2006
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora
Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas
e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de
sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da
praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas
agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto
de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente
integradas
Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era
necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era
suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)
responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas
pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o
tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da
arquitetura
116
A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o
conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14
pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a
melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e
debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)
11 11 111 3
1142
1423
2324
22
9
22
10
17
24
6
11
6
12
05
101520253035
A B C D E F G H I J K
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA
estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura
A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
1212
30 9
9
9
11
7A-D E F G H I J K
GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
117
Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o
conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a
dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura
Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do
estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio
foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado
UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial
Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente
IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta
Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente
UFRJ 2001
Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo
UFRJ 2003
Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano
UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo
UFF 1988
Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar
UFRJ 4ordm periacuteodo
Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em
118
grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []
Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)
Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000
O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto
UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano
PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do
arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos
seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de
excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem
primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e
urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e
posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que
a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem
disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta
amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada
Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo
atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis
concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho
de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de
cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade
totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006
e abril de 2007
O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente
perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim
119
como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de
alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade
cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou
doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e
nome do orientador (ver APEcircNDICE C)
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e
idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do
concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto
Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes
que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta
seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia
abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute
dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual
dissertaccedilatildeo
A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para
posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus
questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas
professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por
iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave
grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A
ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e
urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A
empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do
evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do
concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e
a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)
Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio
Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a
ser a AU
120
A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a
Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista
PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a
Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos
baseados neste material
Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de
graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que
tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com
PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves
instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a
possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando
com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45
Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora
selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que
efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos
selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos
finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas
Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes
regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas
Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo
Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo
Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte
e Sergipe
Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e
Tocantins
No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de
quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo
foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados
regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20
menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco
trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem
45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt
121
A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees
honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final
de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios
respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem
descritos ilustrados e brevemente analisados
422 Opera Prima 2001 Ganhadores
Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ
Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP
Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP
Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE
Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF
Menccedilotildees honrosas
Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB
Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC
Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e
superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros
Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas
Clebiana Silva UnB 2001
122
Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais
Rodrigo Cabral 2001
Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a
sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o
assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o
trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de
Thais Inecircs Krambeck
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC
O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella
parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas
naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas
instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e
123
feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e
atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A
autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como
legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA
estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a
seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de
determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e
intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos
naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46
46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck
124
FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees
ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de
sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para
resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas
arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante
compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta
Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento
do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental
motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do
empreendimento
423 Opera Prima 2002 Ganhadores
Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB
125
Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL
Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG
Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ
Menccedilotildees honrosas
Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF
Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP
Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP
Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP
Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal
abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo
Viviane Abe USP 2002
A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto
Ailton Moraes UnB 2002
Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees
relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro
disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o
trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF
O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um
terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees
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acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e
de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de
conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico
adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas
como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e
ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos
isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao
conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a
circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior
controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios
eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas
Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees
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discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47
FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano
O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em
conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de
Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando
tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se
preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que
aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e
papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um
dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia
no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas
47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano
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4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana
Iwashita USP
O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo
com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo
Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos
tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e
serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local
otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees
energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso
racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e
coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores
Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48
48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita
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FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita
Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que
adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica
aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e
com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a
caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa
de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade
424 Opera Prima 2003 Ganhadores
Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos
Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas
Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS
Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS
Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ
Menccedilatildeo honrosa
Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas
Artes de Satildeo Paulo
Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos
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respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista
Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees
Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003
Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse
Luciano Lerner PUC-RS 2003
Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo
Maria Branca Rabelo UFRJ 2003
Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas
questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano
Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS
A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes
de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo
cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com
trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a
implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate
O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo
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Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49
FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso
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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste
trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo
impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar
a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-
se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro
Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo
Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa
e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo
de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a
populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da
comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos
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Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50
FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel
O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede
puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo
de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte
pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente
do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo
estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo
da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas
principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas
425 Opera Prima 2004 Ganhadores
50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel
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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e
institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG
Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea
EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ
Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS
Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS
Menccedilotildees honrosas
Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER
Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB
Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS
Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em
relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores
responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura
Gustavo Moojen UNIRITTER 2004
Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um
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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc
Pedro Engel UFRGS 2004
Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas
questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois
disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara
Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro
4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS
A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com
turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo
ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na
regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com
infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza
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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51
FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi
Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a
natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade
de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de
atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os
cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem
disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de
51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi
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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito
pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se
agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as
questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo
com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica
de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental
4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB
A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do
lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava
em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma
foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal
edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso
cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias
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As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52
FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro
A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute
busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e
econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao
entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior
durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo
principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas
426 Opera Prima 2005 Ganhadores
Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA
Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB
Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau
52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro
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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie
Menccedilotildees honrosas
Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA
Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG
Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP
Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos
sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto
Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute
suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia
Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem
abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado
Fabiana Casali UnB 2005
Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto
Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade
Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006
Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas
questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor
alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos
dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer
4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP
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A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde
tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um
caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em
associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma
educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma
cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O
lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro
beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo
e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de
compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim
Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral
Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)
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Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53
FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade
resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre
palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho
tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na
cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina
do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees
ambiental cultural econocircmica e social neste projeto
4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de
Blumenau
O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e
grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do
rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias
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transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores
de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca
salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54
FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer
Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos
observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama
bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode
ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma
concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo
O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito
de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a
54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer
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construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55
427 Opera Prima 2006 Ganhadores
Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas
ndash UNOPAR
Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do
Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF
Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG
Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE
Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER
Menccedilotildees honrosas
Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR
Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
ndash UFMS
Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash
UFPE
Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG
Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC
Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER
Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e
medicina ligados ao sexo ndash UFRJ
Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS
55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer
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Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio
Satildeo Joseacute ndash UNISINOS
Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR
Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que
aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio
para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com
PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios
Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas
que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro
todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre
sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente
Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006
Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo
Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006
A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando
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surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura
Cervantes Ayres UFPR 2006
Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria
Clariane Nogueira UFMS 2006
A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []
Igor de Vetyemy UFRJ 2006
Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante
Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006
No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto
Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006
[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura
Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente
Danielle Barros Benedicto UFF 2006
146
Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que
algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o
tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom
projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um
projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra
pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de
pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo
Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane
Menegusso Nogueira UFMS
O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua
importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada
como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A
edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total
harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56
56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira
147
FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira
A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de
sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo
disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade
Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a
escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos
de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em
harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da
autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo
de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC
A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de
associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma
alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de
148
forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57
FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi
O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e
econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e
ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente
viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade
ambiental social econocircmica e cultural
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados
As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram
transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo
dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos
arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e
ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o
respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e
concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes
confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria
respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais
eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees
futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa
57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi
149
com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas
entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado
A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade
das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
14
1014
16
2818
concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006
GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora
Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do
arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do
tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram
que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO
2 822
4
10
54
NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS
GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se
dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais
anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi
abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da
metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo
(GRAF 10)
150
1111 4
7133
9
11 1343
11111
10
510
15
2025
30
A B C D E F G
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de
aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade
O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma
abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia
Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura
UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso
de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne
na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development
Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em
Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra
Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo
mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia
PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de
Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |
Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em
Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em
Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no
Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto
151
POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi
abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o
mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de
Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em
Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da
Accademia Cappielo Firenze
Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto
abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de
cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem
um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas
que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra
D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve
abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF
11)
21111
3
4142
5
2
5
323
6
22
0
5
10
15
20
25
A B C D
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso
A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora
A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada
ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados
somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da
metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que
estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que
152
natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui
caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
20
820
52
NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas
GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem
da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que
eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6
consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista
sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem
aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem
sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa
discussatildeo (GRAFs 13 e 14)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
146 4
76
Muito pouco abordada ou natildeo existe
Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio
Outra resposta
GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
153
1321 7
8255
11
12 110
10
20
30
40
A B C D E
ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou
seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do
arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a
maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro
periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de
atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e
conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio
pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas
2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
42
8
6
8
22
2
12
A B C D E F G
GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item
A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos
154
E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
43 Anaacutelise das duas pesquisas
Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem
quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos
premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes
Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e
apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
39
162
4
41
NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta
GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa
Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute
espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito
de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no
Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade
A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema
de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios
respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em
todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como
uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores
para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas
responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se
tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca
155
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo
profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem
mesmo com os respondentes de outros paiacuteses
A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na
questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema
parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo
Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e
seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da
sustentabilidade na graduaccedilatildeo
Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma
anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs
algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre
a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas
universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e
ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na
FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas
proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e
econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na
graduaccedilatildeo
Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos
tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser
aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre
departamentos e disciplinas
Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem
sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a
abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral
Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente
pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de
pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem
explicitamente o tema
156
Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o
que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser
inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou
menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados
aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se
criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do
assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo
ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos
aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem
importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo
Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando
perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os
entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo
haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso
uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados
sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais
articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar
em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas
principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que
em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar
157
As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos
Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir
Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972
5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o
meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo
demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu
habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de
desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem
aproximadamente metade da energia produzida no mundo
A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees
assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na
grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar
e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o
habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis
Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel
apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o
urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e
efetivo
Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a
interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta
dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto
e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade
natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e
urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e
recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser
colocados em praacutetica
O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade
de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e
espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o
arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a
serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele
158
deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para
um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de
sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto
de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este
propoacutesito
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos
As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza
devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo
com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e
materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento
do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis
intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel
Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em
algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-
graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a
maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos
feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as
novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica
da sustentabilidade na praacutetica do ensino
A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os
premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de
modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos
mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem
o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos
autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem
considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do
paiacutes
Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos
premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo
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da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo
principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no
sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do
sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre
as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o
problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute
tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo
necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui
vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do
arquiteto urbanista
Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando
cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta
ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades
inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute
essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas
Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma
consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais
harmoniosas e sustentaacuteveis
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica
de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um
ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser
realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo
assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no
paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas
que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro
Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a
inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes
entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia
ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de
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que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as
relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta
exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que
isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino
fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar
seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental
e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim
como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel
Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos
cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia
ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em
niacuteveis maiores ou menores
- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos
primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura
- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo
- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto
161
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APEcircNDICE A
Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura
169
QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
170
APEcircNDICE B
Questionaacuterio aplicado com arquitetos
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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
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APEcircNDICE C
Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima
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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado
ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________
4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________
5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________
Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006
Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias
O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico
Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos
I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social
II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como
instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes
modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em
diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e
1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37
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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares
sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios
a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade
b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades
c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como
patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto
Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional
Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil
a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e
comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo
c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades
a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo
b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel
c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios
d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo
e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa
f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de
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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional
g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana
h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees
i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas
j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades
k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais
l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional
m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional
Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista
Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade
I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso
sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia
sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso
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sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando
sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como
a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular
b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados
c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural
d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana
e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade
f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo
Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo
sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso
sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso
Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e
implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo
sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado
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Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos
a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais
b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso
c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo
Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas
pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta
Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta
Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria
Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994
EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago
V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura
1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo
CDD 72047
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais
AGRADECIMENTOS
A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida
A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo
Alvar Aalto
RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido
suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de
sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo
Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como
tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade
na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim
como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em
seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do
arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de
questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do
Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos
como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura
e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente
abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e
urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam
particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que
todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem
teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes
entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave
melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo
deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-
graduaccedilotildees
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently
discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast
concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on
definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate
program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of
sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to
emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners
intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and
ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the
young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in
architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough
discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban
designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones
especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students
interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about
sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full
integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and
not restricted to elective classes and graduate programs
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45
FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45
FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46
FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46
FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47
FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47
FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48
FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50
FIGURA 9 Selo Procel 50
FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52
FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62
FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63
FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo
projetado por Emilio Ambasz e associados 65
FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65
FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66
FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67
FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75
FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76
FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124
FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124
FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127
FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129
FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131
FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132
FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133
FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136
FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138
FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141
FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em
preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141
FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142
FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147
FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das
respostas por profissatildeo 109
TABELA 2 Conhecimento e interesse 110
TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110
LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano
de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113
GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo
e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116
GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116
GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149
GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149
GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150
GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item 152
GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153
GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura
urbanismo por de respondentes em cada item 153
GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil
BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura
CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia
CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento
CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental
CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO2 - Gaacutes carbocircnico
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca
DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel
EA - Educaccedilatildeo Ambiental
EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
EUA - Estados Unidos da Ameacuterica
FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis
IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IED - Istituto Europeo di Design
IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas
ISO - International Organization for Standardization
IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil
NABERS - National Australian Building Environmental Rating System
NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
NR - Norma Regulamentadora
ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
PIB - Produto Interno Bruto
PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento
PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente
POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes
PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ
PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica
PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente
PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ
PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais
PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul
PVC -Policloreto de vinila
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica
SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica
SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFF - Universidade Federal Fluminense
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFPA - Universidade Federal do Paraacute
UFPE -Universidade Federal de Pernambuco
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization
UNEP - United Nations Environment Programme
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNIFOR - Universidade de Fortaleza
UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente
UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis
UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute
USC - University of Southern Califoacuternia
USGBC - United States Green Building Council
USP - Universidade de Satildeo Paulo
WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel)
WSSD - World Summit on Sustainable Development
WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
11 Contextualizaccedilatildeo 23
12 Justificativa 27
13 Objetivos 29
131 Objetivo geral 29
132 Objetivos especiacuteficos 29
14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29
15 Procedimentos metodoloacutegicos 30
151 Etapas da pesquisa 30
16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33
21 A origem do termo 33
211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33
2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36
212 O ambientalismo no Brasil 41
213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44
214 Normas e selos de qualidade 47
2141 Norma Regulamentadora (NR) 48
2142 International Organization for Standardization (ISO) 49
2143 Selo Procel 50
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52
22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57
231 Organicismo 60
232 Arquitetura Orgacircnica 62
233 Arquitetura bioclimaacutetica 64
234 Arquitetura ecoloacutegica 66
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE
ARQUITETURA E URBANISMO 69
31 Consciecircncia ambiental 70
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72
313 A segunda linha de pensamento 73
3131 Pobreza x Meio ambiente 75
32 Educaccedilatildeo ambiental 77
33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade 79
34 Ensino de arquitetura 81
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo 83
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106
41 Pesquisa quantitativa 111
42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de
Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119
422 Opera Prima 2001 121
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs
Krambeck UFSC 122
423 Opera Prima 2002 124
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes
Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128
424 Opera Prima 2003 129
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner
Basso PUC-RS 130
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro
Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132
425 Opera Prima 2004 133
4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira
Eskinazi UFRGS 135
4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash
Izabel Torres Cordeiro UnB 137
426 Opera Prima 2005 138
4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste
Santos -Pablo Iglesias USP 139
4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer
Universidade Regional de Blumenau 141
427 Opera Prima 2006 143
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash
Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina
Somensi UFSC 147
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148
43 Anaacutelise das duas pesquisas 154
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154
5 CONCLUSAtildeO 157
REFEREcircNCIAS 161
APEcircNDICES 168
APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168
APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170
APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172
ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
de 2006 174
17
Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis
conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos
a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []
As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes
Alfredo Sirkis
1 INTRODUCcedilAtildeO
Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)
A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de
meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios
de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente
agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo
Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores
feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a
burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava
alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da
burguesia industrial emergente
Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a
produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor
Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada
dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas
Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos
mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e
dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas
seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades
observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos
trabalhadores
Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as
condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18
horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e
ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os
18
ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande
maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)
Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos
de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)
Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao
crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o
desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos
ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute
interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande
desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico
e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da
populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e
passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias
e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de
transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso
dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial
modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em
outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX
estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra
difundindo-se o uso das maacutequinas de construir
Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais
conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos
materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e
mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro
era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os
progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem
introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o
1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951
19
uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas
balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro
Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo
rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na
Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal
Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem
como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de
ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se
assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de
melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees
O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene
fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador
as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta
de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas
diferentes classes sociais entre outros
Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista
culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos
defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo
internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local
Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens
O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do
outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)
defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede
2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918
20
O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu
correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo
apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois
com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance
das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo
americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas
e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve
grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado
por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura
Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo
como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades
industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel
prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os
irreais modelos
No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma
nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)
como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont
Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas
novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade
sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante
destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem
concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na
atmosfera
Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela
pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e
economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-
temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e
4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958
21
Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus
representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch
Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da
sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais
econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo
pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes
foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a
representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e
aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute
preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes
digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para
analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio
ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como
seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)
Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte
atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada
modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos
preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e
iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre
outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias
outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito
densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7
citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das
primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois
que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)
Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a
esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o
alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e
aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se
o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno
onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)
5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915
22
Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford
com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano
ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute
higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo
tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o
vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos
estrateacutegicos (CHOAY 1979)
As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente
com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de
propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo
com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos
verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural
histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc
No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos
especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees
com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram
em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o
aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em
chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da
fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de
lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne
(CHOAY 1979)
Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida
situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de
deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o
chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo
constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela
proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo
Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais
percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima
do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos
23
demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)
11 Contextualizaccedilatildeo
Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente
urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na
Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que
chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a
populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas
urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])
Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de
consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos
deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica
ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital
objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses
interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e
eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o
desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias
primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente
As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo
ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura
existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses
em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40
das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da
linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo
da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou
abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem
grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas
8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993
24
irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500
mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno
acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias
irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96
milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15
milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem
natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de
tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute
despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e
das praias (ROSETTO 2003)
Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar
discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua
existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis
freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo
frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e
produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que
sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos
recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o
mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na
Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de
milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O
Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse
recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila
jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades
cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)
Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos
pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema
convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo
natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave
precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo
coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo
de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida
25
especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de
estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)
A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de
vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente
nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio
Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a
gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)
Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de
efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa
conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2
pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas
no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases
destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente
na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra
tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio
ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de
2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros
quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo
notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de
ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem
agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)
Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees
secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias
atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado
em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos
extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou
de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na
deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o
nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees
aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em
eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)
Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao
saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A
cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade
26
Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias
agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel
soacutelido (PNUMA 2004)
As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio
ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio
tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e
jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao
ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades
brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-
estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de
transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de
ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo
Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas
eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de
1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca
causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9
Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe
aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de
150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do
consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para
usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou
de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado
(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees
de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que
o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado
na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do
solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva
anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a
25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas
9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global
27
pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica
causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10
No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da
madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de
moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil
descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente
toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes
orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os
materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra
de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio
ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])
Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom
tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que
aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas
Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas
a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no
processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)
12 Justificativa
[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)
Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela
quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt
28
maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias
recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda
natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente
prejudiciais
A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da
conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e
consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas
poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais
forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em
todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que
correspondem ao discurso
As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma
mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo
paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se
conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente
agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de
pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas
iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se
dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas
significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)
Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo
necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas
levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou
claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de
atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo
(PNUMA 2004 p 12)
O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e
abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo
civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais
econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees
tecircm sido muito mais cobradas
O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma
edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de
sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente
29
Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do
ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento
urbano
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os
sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo
com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)
13 Objetivos
131 Objetivo geral
Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista brasileiro
132 Objetivos especiacuteficos
Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos
relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos
estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este
tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado
para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto
14 Delimitaccedilotildees do trabalho
Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar
os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de
sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas
religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da
sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A
partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e
culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave
arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto
alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e
urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do
assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo
30
15 Procedimentos metodoloacutegicos
Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo
bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em
seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior
avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos
151 Etapas da pesquisa
Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica
- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento
sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura
- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a
consciecircncia ambiental
- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Parte II Coleta de dados
- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa
- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de
questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que
serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior
- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora
revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006
Parte III Anaacutelise dos dados
- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo
- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente
- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados
Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa
31
16 Organizaccedilatildeo do trabalho
Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o
desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e
do trabalho desenvolvido
Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo
teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar
sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo
compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e
ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na
consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees
natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da
discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e
urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do
urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo
arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de
Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo
Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)
aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente
essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o
ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa
em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a
contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes
brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido
colocadas em praacutetica
No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente
aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a
50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006
Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-
se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e
teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a
questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista
32
O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees
finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia
33
O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata
ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo
Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo
Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes
de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo
ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e
contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos
princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e
evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento
desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)
O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos
nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo
na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais
na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas
e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre
Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974
211 Os eventos internacionais do ambientalismo
De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez
redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa
expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos
setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro
Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave
11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996
34
desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos
preccedilos do petroacuteleo em 1973
Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano
Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses
para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais
(MOUSINHO 2003)
O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por
um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais
dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da
Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da
Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua
Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester
professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo
de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30
pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento
proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])
A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de
quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de
relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do
crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do
Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o
Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia
populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental
decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo
dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo
ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a
humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis
de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento
do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo
da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e
foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de
12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate
35
limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos
terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no
mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande
destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava
propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento
ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)
A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos
ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil
signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo
dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo
ambiental
Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica
internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o
elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes
marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash
PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse
criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos
depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo
Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras
Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em
1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo
natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a
preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p
70)
Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito
ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da
Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por
MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio
ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em
suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave
problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993
36
gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001
p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da
qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as
possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo
2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade
Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do
ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e
a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento
de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-
MOacuteR 2000)
Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona
a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da
sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o
desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia
O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais
relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo
resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara
Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o
Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e
econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo
demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos
contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR
2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe
da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias
depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses
debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo
Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash
sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi
traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001
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ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o
Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos
princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)
- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento
- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais
- Perseguir equidade e justiccedila social
- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social
- Preservar a integridade ecoloacutegica
Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular
propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de
cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees
voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo
universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem
chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel
como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-
FILHO 2001 p 48)
Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria
desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao
agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental
realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o
presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento
seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute
sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo
Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a
discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere
no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas
climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em
seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990
primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas
advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria
necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o
BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio
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ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de
vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento
sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico
compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)
Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em
junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era
introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o
desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92
teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas
depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento
sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias
regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais
A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e
um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a
importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo
XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade
Marina Silva Ministra do Meio Ambiente
A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel
Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15
Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)
o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo
de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das
necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos
e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da
Terra (PINHEIRO 2002)
Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o
Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]
39
contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e
cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que
forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997
Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para
assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro
de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a
emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e
transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros
sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em
52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])
Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em
Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para
avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da
Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)
A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou
Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que
recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da
agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND
CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])
Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome
2 Atingir o ensino baacutesico universal
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 Reduzir a mortalidade infantil
5 Melhorar a sauacutede materna
6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas
7 Garantir a sustentabilidade ambiental
8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da
histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa
ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado
na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta
40
necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003
UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])
O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash
IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa
do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de
2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi
confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o
dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo
resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima
afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos
sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis
(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)
O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute
2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente
jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59
centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior
dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos
mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um
aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo
XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em
meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)
Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo
do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de
carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O
governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo
de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees
Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde
entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em
Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o
direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades
Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos
internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo
ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press
41
essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os
resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores
soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais
recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo
individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta
conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)
No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras
depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade
Chico Mendes
212 O ambientalismo no Brasil
Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos
ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o
saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos
legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento
Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra
as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em
1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em
1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)
Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio
natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas
nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a
promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico
e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da
Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza
A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a
conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em
convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional
promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos
da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional
dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007
42
1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil
por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre
paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais
A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais
devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio
sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da
Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e
estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo
ambiental no Brasil
No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas
mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em
desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de
crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a
poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos
(HOGAN 2000)
Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o
subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da
poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta
de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo
Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA
pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental
junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio
ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio
ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os
recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se
principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais
visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza
Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio
Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o
Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro
foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o
Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
43
Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave
proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981
A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques
nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo
ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo
centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar
disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo
A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da
poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo
dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela
preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi
criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla
poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente
Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e
apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de
um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais
renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel
Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de
quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash
SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e
o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro
presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias
fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo
administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)
Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash
SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por
formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo
conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis
Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio
Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e
no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de
hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes
44
Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o
Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias
prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no
periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)
1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do
solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida
da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental
2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de
planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e
assegurando a participaccedilatildeo da sociedade
3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios
e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis
4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos
recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e
tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico
213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)
Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees
institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da
sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de
abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel
bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares
de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas
mundialmente (PINHEIRO 2002)
A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se
consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza
Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais
selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio
ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais
continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial
para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the
Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental
Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)
45
FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006
Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados
distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em
mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio
ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento
ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos
na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais
da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia
(WWF 2006)
Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de
degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o
meio ambiente
A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em
todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave
conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)
FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006
Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado
em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio
criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace
Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])
46
Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It
needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins
lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para
manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe
contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas
exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais
da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de
climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG
3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos
toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo
FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]
FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]
18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)
47
Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema
eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19
FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]
Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da
Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz
vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites
nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em
1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute
ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de
valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade
compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL
2004)
Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e
qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20
214 Normas e selos de qualidade
O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo
governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por
entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais
(BLUE ANGEL [200-])
FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]
19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)
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Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos
empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao
consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos
de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas
relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes
Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o
BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na
Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental
(GUSTAVSEN 2007)
Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest
Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo
certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente
correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001
(GUSTAVSEN 2007)
O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas
primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como
diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a
entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio
ambiente
FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004
Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e
usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash
cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)
Outros exemplos de normas e selos satildeo
2141 Norma Regulamentadora (NR)
A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra
se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios
modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos
49
funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18
criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de
trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e
doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do
Trabalho
As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios
problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor
de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de
13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de
produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra
devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos
funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)
A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos
poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores
2142 International Organization for Standardization (ISO)
Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000
voltadas agrave qualidade
A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do
gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando
benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem
de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a
preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos
ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para
natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)
A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por
exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo
de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de
desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de
vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)
50
FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005
2143 Selo Procel
O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO
PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto
desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash
PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os
melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a
fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento
tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute
voluntaacuteria (PROCEL 2007)
Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers
condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico
lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para
estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos
bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar
roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)
ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o
lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do
Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)
FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007
51
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)
Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de
niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A
primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para
a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos
Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina
dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem
O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes
de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)
1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e
agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc
2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc
3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias
renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc
4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais
com menor impacto ambiental etc
5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de
jardins etc
6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens
O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo
fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado
Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell
Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006
Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima
alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)
52
FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007
Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte
do sistema LEED de certificaccedilatildeo
No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O
Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash
Cacircmara americana de comeacutercio21
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico
Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge
quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos
lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos
Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS
2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos
paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A
diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e
recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os
movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave
21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998
53
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de
produccedilatildeo
Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees
o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem
pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural
Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira
informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu
campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural
ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam
sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o
meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa
sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de
caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo
social
A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se
dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a
dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da
quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)
A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento
ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos
aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo
humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico
portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute
mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto
destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A
produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o
grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a
Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)
O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da
accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo
voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais
Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo
movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que
fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e
54
pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana
outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)
No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou
essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza
e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o
crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas
Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)
Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam
a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no
questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a
resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise
ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de
civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)
Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo
presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores
tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas
uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor
Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por
exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto
ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos
pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi
Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva
semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas
que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin
Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre
55
outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade
industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos
pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas
globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan
Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore
Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros
Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos
na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23
O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas
estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O
foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo
que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)
Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e
ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel
Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas
essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial
IUCN UNEP e WWF 1980
22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as
atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as
sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo
bem como os padrotildees de consumo
Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante
impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar
23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros
56
a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar
Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada
apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)
Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar
a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia
da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel
Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute
uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo
Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da
dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme
Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do
desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)
O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental
no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser
considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento
econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A
sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser
buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular
57
A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se
acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no
presente quanto no futuro
De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-
FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo
paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo
ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse
contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a
uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito
fundamentalmente diferente do anteriorrdquo
Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando
pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo
sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano
deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental
cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo
Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como
Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26
24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)
58
McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo
como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar
Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura
verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda
acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer
agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a
vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte
Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da
edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma
maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees
(OLIVEIRA 2006)
A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se
insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver
estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-
estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser
concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem
planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a
especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das
condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na
racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do
consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em
edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A
eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia
proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais
Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios
em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias
(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia
27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000
59
consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia
consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de
manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por
maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)
Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo
favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo
do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para
uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor
impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes
renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o
ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da
mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material
capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a
toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel
das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos
No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os
mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de
poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o
material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)
Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos
resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um
exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que
20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das
emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)
Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e
reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a
geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)
Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma
manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo
60
Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do
desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []
Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na
impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais
Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo
eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse
conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura
bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
transmitiremos essa Cidade
natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela
do que nos foi transmitida Patrick Geddes
231 Organicismo
Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e
seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute
pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo
vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de
passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas
cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que
deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES
1915)
Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia
do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da
juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda
mais bela do que nos foi transmitidardquo
61
Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se
dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica
Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma
sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila
social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis
Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo
sustentabilidade
Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)
A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se
aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos
28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929
62
A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela
agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay
232 Arquitetura Orgacircnica
A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da
arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito
do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que
uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um
organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas
que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG
11)
FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006
De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e
em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de
origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno
Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e
especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze
um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze
maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright
uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural
use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of
30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)
63
confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no
adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo
Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo
o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi
Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica
ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes
arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que
trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o
mundo mas poderia agir como um bom exemplo
Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem
Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A
notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e
Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a
madeira
Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar
seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade
de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e
instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre
construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base
econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade
de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG
12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo
de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)
Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005
64
The need for architects to design for sustainable future
becomes a self-evident imperative Ken Yeang
233 Arquitetura bioclimaacutetica
Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do
sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao
ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo
surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na
definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por
OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves
condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam
subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer
exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias
de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)
Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a
construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos
climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo
solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano
tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de
conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees
formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)
A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada
internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-
se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus
bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a
arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo
meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos
materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos
produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio
ambiente
31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)
65
Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e
clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre
tantos outros (FIG 13 e 14)
Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001
Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]
66
Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras
mas ter um olhar novo Marcel Proust
234 Arquitetura ecoloacutegica
Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica
eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute
que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais
industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando
e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas
(PINHEIRO 2002)
A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo
conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico
e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)
Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005
A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica
e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de
sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir
para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as
edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura
ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual
questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)
67
Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo
A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da
construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a
conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre
essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento
urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo
diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE
TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a
melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio
ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel
Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que
sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de
sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo
principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam
Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista
precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de
procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma
arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este
propoacutesito
68
Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos
relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade
na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees
ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo
Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos
cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e
a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de
educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta
fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve
histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para
posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do
exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo
69
Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais
a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas
Kwantzu China a C
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)
De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a
participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo
prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise
dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua
participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas
ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como
onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu
sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar
tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa
accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito
mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da
educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino
Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos
participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais
diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio
ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de
seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)
Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou
para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras
formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros
passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios
baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)
70
A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas
primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma
de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se
preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo
Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se
percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos
inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do
entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso
entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o
puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se
oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode
efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980
31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos
constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos
ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior
respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir
Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio
ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza
(SANTOS 2005)
A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental
importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica
SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees
Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua
gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de
33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p
71
fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou
seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema
ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz
de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser
estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A
capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela
realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para
compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS
2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos
Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos
eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs
grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem
vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente
Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo
ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo
estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com
o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave
questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites
da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns
casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo
dificultando essas accedilotildees
Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas
vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo
modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por
Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e
na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural
34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969
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Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda
a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila
a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso
Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35
Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em
ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica
ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo
Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os
ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o
importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a
socioeconocircmica
Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas
natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)
O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em
movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento
Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio
ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos
mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em
relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo
influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas
grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO
OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)
35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996
73
A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras
Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos
Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles
que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil
313 A segunda linha de pensamento
A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos
empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos
O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees
referentes agrave problemaacutetica ambiental
Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a
informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o
jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)
No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica
ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma
pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente
um sentimento e comprometimento maior
O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica
mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas
Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como
pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais
propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a
receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora
Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico
sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro
desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica
(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a
questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras
prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos
estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p
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necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC
Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38
Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a
pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons
motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a
populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo
Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar
para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante
com a questatildeo ambiental
Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e
artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente
principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem
relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso
levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de
Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que
aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto
Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande
importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute
capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos
que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria
em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades
quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses
38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente
75
Sempre que se degrada o meio ambiente em 1
a pobreza aumenta em 026 PNUMA
3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)
FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9
Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A
pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees
estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e
investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez
de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental
prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as
mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)
76
FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9
Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a
necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar
o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave
soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel
(PINHEIRO 2002)
Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de
desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto
os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e
padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da
degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e
transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em
contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza
como as causas principais do problema
A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os
mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a
populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a
necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o
crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)
Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza
e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas
grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS
2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa
40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002
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das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades
que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de
sobrevivecircnciardquo
Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a
utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e
econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as
condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e
causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)
A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como
uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA
32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)
[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)
A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo
realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo
ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o
ponto inicial deste movimento
Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em
1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio
Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se
criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se
reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do
PIEA
O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga
URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela
parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de
Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a
moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)
41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27
78
A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo
individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e
habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que
se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais
e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)
A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder
puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais
decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam
a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com
problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)
A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo
ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios
de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo
do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento
Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto
pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de
superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino
universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um
determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica
e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a
consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)
O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia
de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da
praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o
saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma
preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio
quanto principalmente no ensino universitaacuterio
Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados
satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam
79
aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o
projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo
Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um
projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e
valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de
informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de
percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam
Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute
conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da
populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS
2005)
A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel
aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade
UNESCO
33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade
O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo
final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a
conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e
comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o
Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)
Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se
que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o
desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de
Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a
implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada
paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para
completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)
O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a
ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias
inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa
deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para
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refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos
(PAAS 2004)
A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na
histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo
e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto
A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente
uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos
normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS
busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de
mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)
Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento
Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar
alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses
A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de
desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir
os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo
o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela
que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos
A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS
2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida
Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram
definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento
Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a
sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos
como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem
diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental
com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World
Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em
42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003
81
diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o
desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)
Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de
Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas
Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do
termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor
o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo
sem definiccedilatildeo
Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma
abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida
como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e
entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que
abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo
deixa de ensinar sobre o todo
Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do
ensino de arquitetura no Brasil
Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto
do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []
O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza
beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []
Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro
34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico
A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia
grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo
do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e
conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em
1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o
conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)
No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando
criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de
Medicina Engenharia Artes e Direito
82
POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em
1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em
1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole
Polytechnique de Paris
BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do
Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve
tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real
de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente
formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu
em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como
curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus
alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em
1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes
ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a
deacutecada de 1930
A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas
existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira
universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute
existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade
do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro
Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de
fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o
ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado
pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter
tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas
Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e
designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter
artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos
Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em
relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte
cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes
Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a
integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo
com relatos dos estudantes
83
A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas
Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a
chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)
Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do
Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou
um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES
2005)
Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao
movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo
ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a
primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute
existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e
didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o
novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)
Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela
reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade
brasileira
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo
Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o
da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um
padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica
universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil
Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo
com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo
miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A
1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria
em 1969
Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo
modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo
desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos
aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB
no Rio de Janeiro (SOARES 2005)
84
O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do
parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal
diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de
mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que
conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770
estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e
urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo
Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como
Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas
em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho
Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)
Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994
que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)
85
QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994
CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994
MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO
Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes
Matemaacutetica
Fiacutesica
Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
Plaacutestica
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS
Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo
Resistecircncia dos materiais e estabilidade das
construccedilotildees
Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de
construccedilatildeo
Instalaccedilotildees e equipamentos
Higiene da habitaccedilatildeo
Tecnologia da Construccedilatildeo
Sistemas estruturais Sistemas Estruturais
Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de
Paisagismo
Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo
Planejamento Urbano e Regional
Conforto Ambiental
Topografia
Teacutecnicas Retrospectivas
TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO
Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994
As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras
disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e
Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos
aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees
ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e
teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao
Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto
Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas
86
e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da
organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita
com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave
arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos
anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do
Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria
Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos
miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto
Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo
tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)
Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a
importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na
proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de
2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo
deste trabalho (ver ANEXO)
As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia
dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade
material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves
necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e
o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva
Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme
profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas
abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos
disponiacuteveis
Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo
entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o
exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de
87
preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio
ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas
lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades
necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar
construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de
especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais
econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras
Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma
mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e
divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais
Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido
alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo
no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato
esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos
de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente
ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e
principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com
Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos
A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de
alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo
extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a
formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e
como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa
pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da
arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo
em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e
profissionais da arquitetura
88
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas
Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e
discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi
feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por
regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou
optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou
identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos
voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns
cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes
bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e
Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])
Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da
FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo
defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem
conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia
adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida
pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da
morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre
a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem
apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa
(GAZZANEO 1998)
Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois
cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ
parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e
sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias
Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute
Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])
89
No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz
(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve
buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que
devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo
Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um
discurso ambiental social e cultural nas mesmas
bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente
Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)
bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de
acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])
Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura
e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato
sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental
bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de
Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas
nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e
Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo
entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de
uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura
90
que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS
- PUC MINAS [200-])
Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])
Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])
Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar
disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das
proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e
palestras
bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu
jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na
produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram
para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa
(MALARD 2006)
Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo
de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto
arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos
populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute
91
uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual
Environments)
Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo
ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho
vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado
pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo
aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado
pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de
desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do
computador (HABITARE 2007)
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e
pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo
projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida
coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o
bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai
aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos
projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha
na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram
do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado
pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de
moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho
de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -
UNB [200-])
Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio
entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam
intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University
(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois
alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois
Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria
Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo
92
ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])
CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])
Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto
de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])
bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto
Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto
que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo
Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos
estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias
Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e
universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das
populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades
envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e
na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e
professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute
foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])
93
Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se
Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e
Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])
bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma
organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de
capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma
unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias
relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao
crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade
do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma
entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash
Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e
melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO
AMBIENTE - UNILIVRE [200-])
Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma
Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de
projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras
arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de
conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])
bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina
optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de
Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para
o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na
mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais
O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de
doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito
seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave
94
Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da
relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo
que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado
por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto
de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos
sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem
uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz
constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios
desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar
essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua
inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)
Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na
atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia
Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em
questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui
por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais
culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na
arquitetura
95
Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em
sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso
Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos
organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em
praacutetica
Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados
atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras
atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees
ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a
presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea
bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq
iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-
se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de
Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e
Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica
(PROARQ [200-])
O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo
Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e
Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das
teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003
(PROURB 2007)
bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo
FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico
doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma
uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa
uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)
96
Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do
Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e
demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa
estrutura estaacute implantada desde 2003
O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta
atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da
Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto
Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles
destacam-se (USP 2006)
Habitat Tem como objetivo
Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)
Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e
fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do
habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e
imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente
Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens
2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade
3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)
Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de
reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados
apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a
identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e
resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e
Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees
97
Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo
2 Materiais e componentes de construccedilatildeo
3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)
4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)
5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)
6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa
dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e
Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees
Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto
ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves
edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao
consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o
desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas
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relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea
Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no
sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-
sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade
Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do
viacutedeo
2 Praacutetica Profissional do Arquiteto
3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo
4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana
5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)
6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo
7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil
(miacutedia canteiro clientela)
8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo
9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo
10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos
99
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e
Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo
acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo
eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua
aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em
Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em
funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento
desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB
2006)
O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos
sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de
reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees
puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo
Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de
decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a
proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel
As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel
Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e
Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e
Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)
bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR
(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas
puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas
puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da
arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio
ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo
profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa
demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de
uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar
100
bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio
Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do
Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa
Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que
incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco
mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o
protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB
UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades
Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e
Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005
PRODEMAUFPB 2006)
A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees
a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que
assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo
pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as
atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de
integraccedilatildeo interdisciplinar
A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento
Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As
Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento
Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos
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Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil
Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza
bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do
PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-
Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat
Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)
Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa
Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental
Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila
Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica
bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em
1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma
reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e
diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e
pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal
de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se
do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado
como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do
NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas
linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E
URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras
Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos
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Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes
Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em
Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver
eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e
construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo
enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de
concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa
Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do
Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas
desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte
transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas
(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA
UFMG 2007)
Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a
presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante
ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos
anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou
mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura
e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e
desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da
reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios
expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em
linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou
optativas que abordassem o tema de modo suficiente
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura
Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar
a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais
sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas
natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo
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Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a
maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras
disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer
do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus
organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem
realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas
conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da
pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida
integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no
ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras
satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente
natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo
estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e
sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes
Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo
pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de
integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo
Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a
transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia
de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da
frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade
permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para
outro (DOMINGUES 1999)
Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante
da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos
fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos
teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e
qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e
interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade
De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de
1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of
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future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone
Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais
as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que
esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as
disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo
entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver
naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar
com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees
harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura
deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade
dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar
sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser
incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo
aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de
4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de
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trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua
dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus
acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo
A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura
mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)
Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo
Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem
sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental
acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de
cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o
universo
O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser
exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas
primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar
esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e
educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da
inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e
desenvolvimento sustentaacutevel
No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes
da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm
implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel
confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de
graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas
agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos
proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores
43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)
106
Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento
em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada
caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de
problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)
Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo
do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema
Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois
enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente
quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa
A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando
um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar
fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores
comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)
Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente
descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos
dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo
cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado
aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais
e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos
quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)
O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as
pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem
Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que
as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)
A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as
lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o
fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser
estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada
Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e
analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute
107
necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e
variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o
problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por
ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees
exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)
A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e
procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e
caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas
caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o
estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)
Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a
fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto
Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo
com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie
ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador
As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo
que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de
vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao
mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A
principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo
nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)
As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente
mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees
fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees
de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados
Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo
com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos
objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta
de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados
Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de
entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para
corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias
108
ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio
aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos
Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes
do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros
estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como
EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia
No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados
e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados
Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e
alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o
objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima
Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa
semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil
Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em
Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da
construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de
edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre
engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente
Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao
estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel
e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos
maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo
Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por
PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande
responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de
intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem
perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores
acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as
consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo
44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231
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Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco
conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos
impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para
entatildeo tentar diminuir estes impactos
Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros
e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era
sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso
porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar
Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para
quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as
respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta
a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)
Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns
aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu
incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a
resposta (TAB 1)
TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel
(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)
Correccedilatildeo das respostas
Arquiteto () Engenheiro () Total ()
Erradas 4722 2041 3176
Parcialmente corretas 3611 3061 3294
Corretas 833 1020 942
Em branco 833 3878 2588
TOTAL 100 100 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos
conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em
revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-
110
cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos
entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia
pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo
como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO
2002)
Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e
teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior
economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave
sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria
disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer
sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)
TABELA 2 Conhecimento e interesse
Interesse pelo assunto Total ()
Natildeo conhece e tem interesse 2921
Natildeo tem interesse 338
Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629
Natildeo respondeu 112
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e
conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos
(TAB 3)
TABELA 3
Impacto das edificaccedilotildees
Atividades produzem impacto Total ()
Natildeo 460
Sim 9540
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 122
111
As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no
meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos
falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio
O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de
desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil
principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar
as teacutecnicas
Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade
de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil
41 Pesquisa quantitativa
A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa
atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos
para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades
Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura
da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um
ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena
quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi
melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os
premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela
Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007
Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de
estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de
Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute
Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns
arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando
mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados
Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di
Design ndash IED Milano na Itaacutelia
Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver
APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48
arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o
112
preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e
trabalho que desempenha
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo
idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio
Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis
quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro
niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm
periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos
formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro
de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que
respondeu ao questionaacuterio
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
41
31
11
17
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora
A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade
aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e
acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o
entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos
entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira
pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser
utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos
sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da
pergunta (GRAF 2)
Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo
das respostas em comum analisadas e interpretadas
113
1 11 2 12 311
222
1122
2421
112
8
4
11
4
9
4
12
5
20
0
5
10
1520
25
30
35
40
A B C D E F G H I J K
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm
GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)
A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora
Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam
responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos
no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes
e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos
recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e
houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura
114
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
22
24 10
36
8
OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS
USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI
USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS
GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na
graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua
graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO
1
5026
23
SIM
EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO
NAtildeO
GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado
superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute
aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo
ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)
115
1 1 2 2 211
213
191
10
10
10
10
10
5
33
0
10
20
30
40
50
60
A B C D E F G H I
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordm
arquiteto 1999-2006
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora
Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas
e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de
sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da
praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas
agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto
de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente
integradas
Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era
necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era
suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)
responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas
pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o
tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da
arquitetura
116
A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o
conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14
pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a
melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e
debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)
11 11 111 3
1142
1423
2324
22
9
22
10
17
24
6
11
6
12
05
101520253035
A B C D E F G H I J K
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA
estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura
A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
1212
30 9
9
9
11
7A-D E F G H I J K
GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
117
Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o
conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a
dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura
Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do
estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio
foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado
UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial
Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente
IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta
Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente
UFRJ 2001
Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo
UFRJ 2003
Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano
UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo
UFF 1988
Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar
UFRJ 4ordm periacuteodo
Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em
118
grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []
Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)
Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000
O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto
UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano
PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do
arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos
seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de
excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem
primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e
urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e
posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que
a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem
disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta
amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada
Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo
atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis
concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho
de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de
cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade
totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006
e abril de 2007
O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente
perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim
119
como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de
alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade
cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou
doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e
nome do orientador (ver APEcircNDICE C)
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e
idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do
concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto
Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes
que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta
seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia
abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute
dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual
dissertaccedilatildeo
A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para
posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus
questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas
professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por
iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave
grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A
ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e
urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A
empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do
evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do
concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e
a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)
Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio
Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a
ser a AU
120
A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a
Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista
PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a
Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos
baseados neste material
Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de
graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que
tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com
PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves
instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a
possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando
com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45
Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora
selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que
efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos
selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos
finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas
Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes
regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas
Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo
Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo
Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte
e Sergipe
Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e
Tocantins
No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de
quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo
foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados
regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20
menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco
trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem
45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt
121
A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees
honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final
de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios
respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem
descritos ilustrados e brevemente analisados
422 Opera Prima 2001 Ganhadores
Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ
Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP
Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP
Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE
Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF
Menccedilotildees honrosas
Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB
Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC
Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e
superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros
Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas
Clebiana Silva UnB 2001
122
Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais
Rodrigo Cabral 2001
Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a
sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o
assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o
trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de
Thais Inecircs Krambeck
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC
O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella
parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas
naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas
instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e
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feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e
atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A
autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como
legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA
estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a
seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de
determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e
intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos
naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46
46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck
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FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees
ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de
sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para
resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas
arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante
compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta
Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento
do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental
motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do
empreendimento
423 Opera Prima 2002 Ganhadores
Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB
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Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL
Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG
Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ
Menccedilotildees honrosas
Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF
Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP
Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP
Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP
Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal
abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo
Viviane Abe USP 2002
A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto
Ailton Moraes UnB 2002
Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees
relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro
disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o
trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF
O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um
terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees
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acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e
de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de
conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico
adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas
como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e
ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos
isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao
conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a
circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior
controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios
eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas
Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees
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discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47
FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano
O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em
conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de
Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando
tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se
preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que
aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e
papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um
dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia
no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas
47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano
128
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana
Iwashita USP
O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo
com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo
Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos
tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e
serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local
otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees
energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso
racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e
coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores
Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48
48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita
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FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita
Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que
adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica
aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e
com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a
caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa
de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade
424 Opera Prima 2003 Ganhadores
Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos
Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas
Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS
Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS
Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ
Menccedilatildeo honrosa
Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas
Artes de Satildeo Paulo
Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos
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respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista
Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees
Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003
Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse
Luciano Lerner PUC-RS 2003
Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo
Maria Branca Rabelo UFRJ 2003
Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas
questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano
Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS
A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes
de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo
cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com
trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a
implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate
O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo
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Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49
FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso
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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste
trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo
impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar
a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-
se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro
Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo
Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa
e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo
de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a
populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da
comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos
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Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50
FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel
O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede
puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo
de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte
pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente
do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo
estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo
da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas
principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas
425 Opera Prima 2004 Ganhadores
50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel
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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e
institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG
Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea
EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ
Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS
Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS
Menccedilotildees honrosas
Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER
Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB
Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS
Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em
relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores
responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura
Gustavo Moojen UNIRITTER 2004
Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um
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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc
Pedro Engel UFRGS 2004
Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas
questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois
disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara
Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro
4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS
A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com
turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo
ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na
regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com
infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza
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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51
FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi
Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a
natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade
de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de
atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os
cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem
disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de
51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi
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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito
pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se
agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as
questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo
com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica
de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental
4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB
A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do
lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava
em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma
foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal
edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso
cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias
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As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52
FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro
A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute
busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e
econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao
entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior
durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo
principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas
426 Opera Prima 2005 Ganhadores
Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA
Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB
Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau
52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro
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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie
Menccedilotildees honrosas
Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA
Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG
Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP
Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos
sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto
Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute
suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia
Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem
abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado
Fabiana Casali UnB 2005
Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto
Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade
Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006
Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas
questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor
alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos
dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer
4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP
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A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde
tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um
caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em
associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma
educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma
cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O
lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro
beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo
e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de
compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim
Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral
Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)
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Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53
FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade
resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre
palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho
tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na
cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina
do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees
ambiental cultural econocircmica e social neste projeto
4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de
Blumenau
O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e
grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do
rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias
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transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores
de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca
salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54
FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer
Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos
observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama
bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode
ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma
concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo
O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito
de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a
54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer
143
construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55
427 Opera Prima 2006 Ganhadores
Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas
ndash UNOPAR
Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do
Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF
Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG
Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE
Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER
Menccedilotildees honrosas
Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR
Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
ndash UFMS
Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash
UFPE
Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG
Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC
Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER
Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e
medicina ligados ao sexo ndash UFRJ
Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS
55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer
144
Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio
Satildeo Joseacute ndash UNISINOS
Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR
Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que
aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio
para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com
PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios
Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas
que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro
todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre
sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente
Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006
Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo
Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006
A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando
145
surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura
Cervantes Ayres UFPR 2006
Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria
Clariane Nogueira UFMS 2006
A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []
Igor de Vetyemy UFRJ 2006
Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante
Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006
No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto
Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006
[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura
Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente
Danielle Barros Benedicto UFF 2006
146
Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que
algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o
tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom
projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um
projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra
pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de
pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo
Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane
Menegusso Nogueira UFMS
O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua
importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada
como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A
edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total
harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56
56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira
147
FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira
A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de
sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo
disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade
Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a
escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos
de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em
harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da
autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo
de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC
A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de
associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma
alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de
148
forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57
FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi
O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e
econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e
ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente
viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade
ambiental social econocircmica e cultural
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados
As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram
transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo
dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos
arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e
ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o
respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e
concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes
confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria
respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais
eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees
futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa
57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi
149
com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas
entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado
A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade
das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
14
1014
16
2818
concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006
GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora
Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do
arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do
tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram
que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO
2 822
4
10
54
NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS
GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se
dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais
anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi
abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da
metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo
(GRAF 10)
150
1111 4
7133
9
11 1343
11111
10
510
15
2025
30
A B C D E F G
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de
aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade
O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma
abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia
Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura
UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso
de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne
na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development
Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em
Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra
Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo
mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia
PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de
Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |
Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em
Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em
Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no
Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto
151
POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi
abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o
mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de
Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em
Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da
Accademia Cappielo Firenze
Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto
abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de
cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem
um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas
que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra
D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve
abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF
11)
21111
3
4142
5
2
5
323
6
22
0
5
10
15
20
25
A B C D
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso
A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora
A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada
ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados
somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da
metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que
estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que
152
natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui
caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
20
820
52
NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas
GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem
da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que
eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6
consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista
sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem
aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem
sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa
discussatildeo (GRAFs 13 e 14)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
146 4
76
Muito pouco abordada ou natildeo existe
Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio
Outra resposta
GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
153
1321 7
8255
11
12 110
10
20
30
40
A B C D E
ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou
seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do
arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a
maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro
periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de
atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e
conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio
pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas
2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
42
8
6
8
22
2
12
A B C D E F G
GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item
A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos
154
E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
43 Anaacutelise das duas pesquisas
Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem
quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos
premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes
Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e
apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
39
162
4
41
NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta
GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa
Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute
espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito
de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no
Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade
A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema
de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios
respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em
todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como
uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores
para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas
responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se
tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca
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variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo
profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem
mesmo com os respondentes de outros paiacuteses
A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na
questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema
parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo
Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e
seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da
sustentabilidade na graduaccedilatildeo
Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma
anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs
algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre
a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas
universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e
ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na
FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas
proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e
econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na
graduaccedilatildeo
Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos
tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser
aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre
departamentos e disciplinas
Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem
sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a
abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral
Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente
pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de
pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem
explicitamente o tema
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Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o
que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser
inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou
menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados
aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se
criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do
assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo
ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos
aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem
importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo
Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando
perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os
entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo
haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso
uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados
sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais
articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar
em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas
principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que
em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar
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As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos
Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir
Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972
5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o
meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo
demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu
habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de
desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem
aproximadamente metade da energia produzida no mundo
A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees
assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na
grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar
e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o
habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis
Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel
apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o
urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e
efetivo
Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a
interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta
dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto
e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade
natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e
urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e
recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser
colocados em praacutetica
O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade
de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e
espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o
arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a
serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele
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deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para
um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de
sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto
de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este
propoacutesito
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos
As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza
devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo
com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e
materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento
do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis
intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel
Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em
algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-
graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a
maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos
feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as
novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica
da sustentabilidade na praacutetica do ensino
A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os
premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de
modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos
mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem
o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos
autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem
considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do
paiacutes
Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos
premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo
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da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo
principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no
sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do
sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre
as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o
problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute
tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo
necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui
vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do
arquiteto urbanista
Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando
cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta
ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades
inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute
essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas
Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma
consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais
harmoniosas e sustentaacuteveis
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica
de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um
ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser
realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo
assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no
paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas
que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro
Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a
inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes
entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia
ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de
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que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as
relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta
exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que
isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino
fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar
seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental
e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim
como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel
Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos
cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia
ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em
niacuteveis maiores ou menores
- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos
primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura
- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo
- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto
161
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166
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APEcircNDICE A
Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura
169
QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
170
APEcircNDICE B
Questionaacuterio aplicado com arquitetos
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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
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APEcircNDICE C
Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima
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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado
ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________
4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________
5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________
Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006
Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias
O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico
Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos
I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social
II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como
instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes
modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em
diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e
1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37
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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares
sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios
a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade
b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades
c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como
patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto
Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional
Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil
a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e
comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo
c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades
a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo
b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel
c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios
d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo
e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa
f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de
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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional
g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana
h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees
i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas
j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades
k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais
l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional
m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional
Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista
Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade
I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso
sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia
sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso
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sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando
sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como
a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular
b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados
c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural
d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana
e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade
f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo
Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo
sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso
sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso
Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e
implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo
sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado
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Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos
a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais
b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso
c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo
Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas
pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta
Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta
Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria
Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994
EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Dianna Santiago Villela
A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais
AGRADECIMENTOS
A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida
A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo
Alvar Aalto
RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido
suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de
sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo
Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como
tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade
na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim
como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em
seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do
arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de
questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do
Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos
como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura
e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente
abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e
urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam
particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que
todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem
teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes
entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave
melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo
deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-
graduaccedilotildees
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently
discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast
concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on
definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate
program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of
sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to
emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners
intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and
ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the
young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in
architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough
discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban
designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones
especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students
interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about
sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full
integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and
not restricted to elective classes and graduate programs
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45
FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45
FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46
FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46
FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47
FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47
FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48
FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50
FIGURA 9 Selo Procel 50
FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52
FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62
FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63
FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo
projetado por Emilio Ambasz e associados 65
FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65
FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66
FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67
FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75
FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76
FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124
FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124
FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127
FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129
FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131
FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132
FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133
FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136
FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138
FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141
FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em
preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141
FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142
FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147
FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das
respostas por profissatildeo 109
TABELA 2 Conhecimento e interesse 110
TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110
LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano
de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113
GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114
GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo
e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116
GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na
graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116
GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149
GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149
GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150
GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item 152
GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153
GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura
urbanismo por de respondentes em cada item 153
GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto
por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas
AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil
BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura
CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia
CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo
CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento
CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental
CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO2 - Gaacutes carbocircnico
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca
DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel
EA - Educaccedilatildeo Ambiental
EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
EUA - Estados Unidos da Ameacuterica
FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis
IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IED - Istituto Europeo di Design
IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas
ISO - International Organization for Standardization
IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil
NABERS - National Australian Building Environmental Rating System
NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
NR - Norma Regulamentadora
ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
PIB - Produto Interno Bruto
PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental
PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento
PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente
POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes
PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ
PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica
PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente
PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ
PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais
PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul
PVC -Policloreto de vinila
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica
SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica
SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFF - Universidade Federal Fluminense
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFPA - Universidade Federal do Paraacute
UFPE -Universidade Federal de Pernambuco
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization
UNEP - United Nations Environment Programme
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNIFOR - Universidade de Fortaleza
UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente
UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis
UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute
USC - University of Southern Califoacuternia
USGBC - United States Green Building Council
USP - Universidade de Satildeo Paulo
WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel)
WSSD - World Summit on Sustainable Development
WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
11 Contextualizaccedilatildeo 23
12 Justificativa 27
13 Objetivos 29
131 Objetivo geral 29
132 Objetivos especiacuteficos 29
14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29
15 Procedimentos metodoloacutegicos 30
151 Etapas da pesquisa 30
16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33
21 A origem do termo 33
211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33
2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36
212 O ambientalismo no Brasil 41
213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44
214 Normas e selos de qualidade 47
2141 Norma Regulamentadora (NR) 48
2142 International Organization for Standardization (ISO) 49
2143 Selo Procel 50
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52
22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57
231 Organicismo 60
232 Arquitetura Orgacircnica 62
233 Arquitetura bioclimaacutetica 64
234 Arquitetura ecoloacutegica 66
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE
ARQUITETURA E URBANISMO 69
31 Consciecircncia ambiental 70
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72
313 A segunda linha de pensamento 73
3131 Pobreza x Meio ambiente 75
32 Educaccedilatildeo ambiental 77
33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade 79
34 Ensino de arquitetura 81
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo 83
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106
41 Pesquisa quantitativa 111
42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de
Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119
422 Opera Prima 2001 121
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs
Krambeck UFSC 122
423 Opera Prima 2002 124
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes
Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128
424 Opera Prima 2003 129
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner
Basso PUC-RS 130
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro
Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132
425 Opera Prima 2004 133
4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira
Eskinazi UFRGS 135
4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash
Izabel Torres Cordeiro UnB 137
426 Opera Prima 2005 138
4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste
Santos -Pablo Iglesias USP 139
4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer
Universidade Regional de Blumenau 141
427 Opera Prima 2006 143
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash
Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina
Somensi UFSC 147
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148
43 Anaacutelise das duas pesquisas 154
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154
5 CONCLUSAtildeO 157
REFEREcircNCIAS 161
APEcircNDICES 168
APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168
APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170
APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172
ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
de 2006 174
17
Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis
conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos
a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []
As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes
Alfredo Sirkis
1 INTRODUCcedilAtildeO
Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)
A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de
meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios
de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente
agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo
Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores
feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a
burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava
alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da
burguesia industrial emergente
Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a
produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor
Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada
dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas
Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos
mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e
dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas
seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades
observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos
trabalhadores
Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as
condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18
horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e
ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os
18
ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande
maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)
Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos
de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)
Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao
crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o
desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos
ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute
interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande
desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico
e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da
populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e
passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias
e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de
transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso
dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial
modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em
outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX
estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra
difundindo-se o uso das maacutequinas de construir
Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais
conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos
materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e
mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro
era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os
progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem
introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o
1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951
19
uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas
balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro
Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo
rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na
Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal
Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem
como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de
ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se
assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de
melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees
O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene
fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador
as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta
de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas
diferentes classes sociais entre outros
Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista
culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos
defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo
internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local
Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens
O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do
outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)
defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede
2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918
20
O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu
correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo
apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois
com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance
das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo
americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas
e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve
grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado
por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura
Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo
como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades
industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel
prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os
irreais modelos
No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma
nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)
como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont
Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas
novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade
sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante
destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem
concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na
atmosfera
Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela
pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e
economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-
temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e
4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958
21
Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus
representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch
Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da
sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais
econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo
pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes
foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a
representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e
aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute
preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes
digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para
analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio
ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como
seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)
Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte
atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada
modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos
preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e
iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre
outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias
outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito
densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7
citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das
primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois
que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)
Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a
esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o
alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e
aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se
o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno
onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)
5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915
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Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford
com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano
ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute
higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo
tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o
vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos
estrateacutegicos (CHOAY 1979)
As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente
com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de
propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo
com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos
verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural
histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc
No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos
especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees
com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram
em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o
aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em
chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da
fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de
lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne
(CHOAY 1979)
Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida
situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de
deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o
chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo
constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela
proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo
Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais
percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima
do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos
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demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)
11 Contextualizaccedilatildeo
Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente
urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na
Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que
chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a
populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas
urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])
Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de
consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos
deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica
ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital
objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses
interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e
eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o
desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias
primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente
As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo
ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura
existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses
em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40
das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da
linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo
da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou
abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem
grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas
8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993
24
irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500
mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno
acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias
irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96
milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15
milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem
natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de
tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute
despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e
das praias (ROSETTO 2003)
Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar
discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua
existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis
freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo
frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e
produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que
sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos
recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o
mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na
Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de
milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O
Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse
recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila
jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades
cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)
Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos
pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema
convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo
natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave
precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo
coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo
de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida
25
especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de
estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)
A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de
vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente
nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio
Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a
gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)
Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de
efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa
conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2
pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas
no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases
destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente
na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra
tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio
ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de
2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros
quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo
notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de
ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem
agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)
Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees
secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias
atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado
em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos
extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou
de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na
deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o
nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees
aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em
eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)
Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao
saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A
cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade
26
Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias
agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel
soacutelido (PNUMA 2004)
As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio
ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio
tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e
jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao
ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades
brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-
estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de
transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de
ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo
Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas
eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de
1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca
causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9
Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe
aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de
150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do
consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para
usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou
de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado
(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees
de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que
o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado
na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do
solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva
anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a
25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas
9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global
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pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica
causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10
No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da
madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de
moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil
descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente
toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes
orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os
materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra
de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio
ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])
Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom
tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que
aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas
Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas
a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no
processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)
12 Justificativa
[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)
Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela
quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt
28
maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias
recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda
natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente
prejudiciais
A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da
conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e
consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas
poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais
forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em
todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que
correspondem ao discurso
As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma
mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo
paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se
conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente
agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de
pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas
iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se
dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas
significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)
Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo
necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas
levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou
claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de
atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo
(PNUMA 2004 p 12)
O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e
abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo
civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais
econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees
tecircm sido muito mais cobradas
O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma
edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de
sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente
29
Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do
ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento
urbano
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os
sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo
com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)
13 Objetivos
131 Objetivo geral
Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista brasileiro
132 Objetivos especiacuteficos
Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos
relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos
estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este
tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado
para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto
14 Delimitaccedilotildees do trabalho
Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar
os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de
sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas
religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da
sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A
partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e
culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave
arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto
alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e
urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do
assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo
30
15 Procedimentos metodoloacutegicos
Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo
bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em
seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior
avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos
151 Etapas da pesquisa
Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica
- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento
sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura
- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a
consciecircncia ambiental
- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Parte II Coleta de dados
- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa
- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de
questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que
serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior
- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora
revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006
Parte III Anaacutelise dos dados
- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo
- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente
- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados
Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa
31
16 Organizaccedilatildeo do trabalho
Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o
desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e
do trabalho desenvolvido
Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo
teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar
sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo
compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e
ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na
consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees
natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da
discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e
urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do
urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo
arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de
Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo
Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)
aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente
essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o
ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa
em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo
quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a
contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes
brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido
colocadas em praacutetica
No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente
aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a
50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006
Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-
se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e
teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a
questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista
32
O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees
finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia
33
O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata
ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo
Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas
2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo
Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes
de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo
ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e
contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos
princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e
evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento
desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)
O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos
nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo
na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais
na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas
e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre
Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974
211 Os eventos internacionais do ambientalismo
De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez
redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa
expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos
setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro
Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave
11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996
34
desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos
preccedilos do petroacuteleo em 1973
Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano
Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses
para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais
(MOUSINHO 2003)
O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por
um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais
dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da
Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da
Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua
Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester
professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo
de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30
pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento
proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])
A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de
quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de
relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do
crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do
Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o
Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia
populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental
decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo
dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo
ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a
humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis
de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento
do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo
da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e
foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de
12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate
35
limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos
terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no
mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande
destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava
propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento
ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)
A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos
ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil
signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo
dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo
ambiental
Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica
internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o
elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes
marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash
PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse
criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos
depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo
Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras
Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em
1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo
natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a
preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p
70)
Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito
ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da
Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por
MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio
ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em
suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave
problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993
36
gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001
p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da
qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as
possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo
2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade
Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do
ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e
a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento
de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-
MOacuteR 2000)
Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona
a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da
sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o
desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia
O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais
relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo
resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara
Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o
Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e
econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo
demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos
contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR
2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)
De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe
da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias
depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses
debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo
Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash
sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi
traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001
37
ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o
Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos
princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)
- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento
- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais
- Perseguir equidade e justiccedila social
- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social
- Preservar a integridade ecoloacutegica
Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular
propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de
cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees
voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo
universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem
chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel
como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-
FILHO 2001 p 48)
Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria
desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao
agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental
realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o
presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento
seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute
sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo
Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a
discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere
no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas
climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em
seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990
primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas
advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria
necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o
BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio
38
ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de
vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento
sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico
compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e
mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)
Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em
junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era
introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o
desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92
teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas
depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento
sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias
regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais
A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e
um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a
importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo
XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade
Marina Silva Ministra do Meio Ambiente
A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel
Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15
Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o
desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)
o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo
de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das
necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos
e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da
Terra (PINHEIRO 2002)
Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o
Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel
15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]
39
contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e
cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que
forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997
Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para
assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro
de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a
emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e
transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros
sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em
52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])
Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em
Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para
avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da
Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)
A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou
Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que
recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da
agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND
CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])
Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome
2 Atingir o ensino baacutesico universal
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 Reduzir a mortalidade infantil
5 Melhorar a sauacutede materna
6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas
7 Garantir a sustentabilidade ambiental
8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da
histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa
ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado
na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta
40
necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003
UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])
O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash
IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa
do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de
2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi
confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o
dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo
resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima
afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos
sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis
(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)
O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute
2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente
jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59
centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior
dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos
mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um
aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo
XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em
meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)
Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo
do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de
carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O
governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo
de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees
Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde
entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em
Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o
direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades
Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos
internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo
ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press
41
essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os
resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores
soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais
recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo
individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta
conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)
No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras
depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade
Chico Mendes
212 O ambientalismo no Brasil
Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos
ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o
saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos
legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento
Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra
as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em
1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em
1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)
Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio
natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas
nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a
promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico
e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da
Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza
A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a
conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em
convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional
promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos
da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional
dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007
42
1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil
por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre
paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais
A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais
devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio
sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da
Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e
estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo
ambiental no Brasil
No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das
Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas
mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em
desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de
crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a
poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos
(HOGAN 2000)
Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o
subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da
poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta
de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo
Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA
pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental
junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio
ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio
ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os
recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se
principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais
visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza
Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio
Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o
Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro
foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o
Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
43
Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave
proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981
A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques
nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo
ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo
centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar
disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo
A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da
poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo
dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela
preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi
criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla
poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente
Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e
apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de
um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais
renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel
Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de
quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash
SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e
o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro
presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias
fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo
administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)
Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash
SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por
formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo
conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis
Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio
Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e
no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de
hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes
44
Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o
Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias
prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no
periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)
1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do
solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida
da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental
2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de
planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e
assegurando a participaccedilatildeo da sociedade
3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios
e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis
4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos
recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e
tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico
213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)
Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees
institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da
sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de
abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel
bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares
de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas
mundialmente (PINHEIRO 2002)
A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se
consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza
Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais
selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio
ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais
continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial
para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the
Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental
Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)
45
FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006
Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados
distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em
mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio
ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento
ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos
na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais
da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia
(WWF 2006)
Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de
degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o
meio ambiente
A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em
todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave
conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)
FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006
Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado
em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio
criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace
Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])
46
Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It
needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins
lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para
manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe
contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas
exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais
da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de
climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG
3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos
toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo
FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]
FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]
18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)
47
Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema
eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19
FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]
Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da
Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz
vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites
nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em
1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute
ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de
valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade
compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL
2004)
Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e
qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20
214 Normas e selos de qualidade
O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo
governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por
entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais
(BLUE ANGEL [200-])
FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]
19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)
48
Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos
empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao
consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos
de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas
relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes
Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o
BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na
Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental
(GUSTAVSEN 2007)
Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest
Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo
certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente
correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001
(GUSTAVSEN 2007)
O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas
primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como
diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a
entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio
ambiente
FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004
Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e
usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash
cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)
Outros exemplos de normas e selos satildeo
2141 Norma Regulamentadora (NR)
A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra
se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios
modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos
49
funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18
criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de
trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e
doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do
Trabalho
As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios
problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor
de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de
13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de
produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra
devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos
funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)
A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos
poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores
2142 International Organization for Standardization (ISO)
Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000
voltadas agrave qualidade
A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do
gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando
benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem
de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a
preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos
ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para
natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)
A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por
exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo
de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de
desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de
vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)
50
FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005
2143 Selo Procel
O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO
PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto
desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash
PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os
melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a
fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento
tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute
voluntaacuteria (PROCEL 2007)
Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers
condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico
lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para
estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos
bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar
roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)
ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o
lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do
Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)
FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007
51
2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)
Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de
niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A
primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para
a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos
Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina
dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem
O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes
de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)
1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e
agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc
2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc
3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias
renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc
4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais
com menor impacto ambiental etc
5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de
jardins etc
6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens
O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo
fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado
Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell
Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006
Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima
alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)
52
FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007
Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte
do sistema LEED de certificaccedilatildeo
No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O
Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash
Cacircmara americana de comeacutercio21
215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico
Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge
quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos
lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na
preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos
Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS
2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos
paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A
diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e
recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os
movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave
21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998
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preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de
produccedilatildeo
Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees
o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem
pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural
Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira
informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu
campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural
ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam
sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o
meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa
sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de
caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo
social
A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se
dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a
dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da
quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)
A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento
ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos
aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo
humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico
portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute
mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto
destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A
produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o
grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a
Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)
O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da
accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo
voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais
Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo
movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que
fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e
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pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana
outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)
No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou
essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza
e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o
crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas
Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)
Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam
a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no
questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a
resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise
ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de
civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)
Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo
presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores
tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas
uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor
Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por
exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto
ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos
pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi
Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva
semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas
que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin
Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre
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outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade
industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos
pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas
globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan
Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore
Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros
Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos
na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23
O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas
estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O
foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo
que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)
Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e
ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel
Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas
essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial
IUCN UNEP e WWF 1980
22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as
atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as
sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo
bem como os padrotildees de consumo
Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante
impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar
23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros
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a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar
Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada
apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)
Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar
a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia
da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel
Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute
uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo
Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da
dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme
Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do
desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)
O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental
no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser
considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento
econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A
sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser
buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular
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A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se
acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no
presente quanto no futuro
De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-
FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo
paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo
ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse
contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a
uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito
fundamentalmente diferente do anteriorrdquo
Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando
pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo
sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano
deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental
cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo
23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo
Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como
Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26
24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)
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McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo
como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar
Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura
verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda
acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer
agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a
vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte
Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da
edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e
operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma
maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees
(OLIVEIRA 2006)
A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se
insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver
estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-
estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser
concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem
planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a
especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das
condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na
racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do
consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em
edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A
eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia
proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais
Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios
em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias
(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia
27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000
59
consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia
consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de
manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por
maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)
Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo
favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo
do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para
uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor
impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes
renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o
ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da
mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material
capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a
toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel
das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos
No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os
mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de
poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o
material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)
Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos
resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um
exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que
20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das
emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)
Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e
reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a
geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)
Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma
manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo
60
Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do
desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []
Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na
impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais
Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo
eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse
conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura
bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros
transmitiremos essa Cidade
natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela
do que nos foi transmitida Patrick Geddes
231 Organicismo
Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e
seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute
pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo
vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de
passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas
cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que
deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES
1915)
Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia
do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da
juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda
mais bela do que nos foi transmitidardquo
61
Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se
dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica
Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma
sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila
social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis
Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo
sustentabilidade
Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)
A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se
aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos
28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929
62
A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela
agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay
232 Arquitetura Orgacircnica
A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da
arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito
do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que
uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um
organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas
que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG
11)
FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006
De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e
em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de
origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno
Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e
especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze
um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze
maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright
uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural
use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of
30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)
63
confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no
adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo
Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo
o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi
Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica
ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes
arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que
trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o
mundo mas poderia agir como um bom exemplo
Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem
Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A
notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e
Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a
madeira
Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar
seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade
de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e
instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre
construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base
econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade
de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG
12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo
de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)
Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005
64
The need for architects to design for sustainable future
becomes a self-evident imperative Ken Yeang
233 Arquitetura bioclimaacutetica
Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do
sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao
ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo
surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na
definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por
OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves
condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam
subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer
exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias
de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)
Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a
construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos
climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo
solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano
tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de
conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees
formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)
A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada
internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-
se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus
bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a
arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo
meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos
materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos
produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio
ambiente
31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)
65
Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e
clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre
tantos outros (FIG 13 e 14)
Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001
Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]
66
Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras
mas ter um olhar novo Marcel Proust
234 Arquitetura ecoloacutegica
Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica
eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute
que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais
industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando
e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas
(PINHEIRO 2002)
A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo
conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico
e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)
Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005
A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica
e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de
sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir
para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as
edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura
ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual
questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)
67
Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]
24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo
A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da
construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a
conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre
essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento
urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo
diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE
TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a
melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio
ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel
Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que
sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de
sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo
principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam
Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista
precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de
procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma
arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este
propoacutesito
68
Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos
relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade
na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees
ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo
Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos
cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e
a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de
educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a
sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta
fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve
histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para
posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do
exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo
69
Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais
a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas
Kwantzu China a C
3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)
De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a
participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo
prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise
dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua
participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas
ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como
onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu
sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar
tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa
accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito
mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da
educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino
Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos
participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais
diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio
ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de
seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)
Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou
para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras
formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros
passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios
baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)
70
A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas
primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma
de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se
preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo
Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se
percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos
inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do
entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso
entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o
puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se
oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode
efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980
31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos
constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos
ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior
respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir
Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio
ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza
(SANTOS 2005)
A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental
importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica
SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees
Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua
gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de
33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p
71
fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou
seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema
ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz
de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser
estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A
capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela
realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para
compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS
2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)
311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos
Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos
eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs
grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem
vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente
Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo
ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo
estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com
o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave
questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites
da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns
casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo
dificultando essas accedilotildees
Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas
vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo
modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por
Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e
na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural
34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969
72
Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda
a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila
a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso
Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense
312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35
Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em
ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica
ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo
Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os
ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o
importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a
socioeconocircmica
Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas
natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)
O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em
movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento
Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio
ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos
mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em
relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo
influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas
grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO
OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)
35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996
73
A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras
Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos
Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles
que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil
313 A segunda linha de pensamento
A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos
empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos
O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees
referentes agrave problemaacutetica ambiental
Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a
informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o
jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)
No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica
ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma
pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente
um sentimento e comprometimento maior
O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica
mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas
Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como
pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais
propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a
receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora
Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico
sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro
desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica
(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a
questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras
prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos
estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p
74
necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC
Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38
Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a
pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons
motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a
populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo
Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar
para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante
com a questatildeo ambiental
Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e
artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente
principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem
relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso
levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de
Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que
aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto
Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande
importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute
capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos
que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria
em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades
quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses
38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente
75
Sempre que se degrada o meio ambiente em 1
a pobreza aumenta em 026 PNUMA
3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)
FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9
Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A
pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees
estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e
investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez
de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental
prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as
mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)
76
FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9
Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a
necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar
o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave
soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel
(PINHEIRO 2002)
Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de
desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto
os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e
padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da
degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e
transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em
contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza
como as causas principais do problema
A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os
mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a
populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a
necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o
crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)
Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza
e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas
grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS
2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa
40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002
77
das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades
que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de
sobrevivecircnciardquo
Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a
utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e
econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as
condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e
causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)
A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como
uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA
32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)
[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)
A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo
realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo
ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o
ponto inicial deste movimento
Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em
1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio
Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se
criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se
reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do
PIEA
O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga
URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela
parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de
Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a
moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)
41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27
78
A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo
individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e
habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que
se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais
e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)
A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder
puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais
decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam
a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com
problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)
A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo
ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios
de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo
do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento
Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto
pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de
superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino
universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um
determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica
e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a
consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)
O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia
de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da
praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o
saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma
preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio
quanto principalmente no ensino universitaacuterio
Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados
satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam
79
aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o
projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo
Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um
projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e
valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de
informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de
percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam
Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute
conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da
populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS
2005)
A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel
aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade
UNESCO
33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade
O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo
final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a
conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e
comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o
Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)
Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se
que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o
desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de
Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a
implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada
paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para
completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)
O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a
ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias
inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa
deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para
80
refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos
(PAAS 2004)
A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na
histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo
e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto
A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente
uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos
normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS
busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de
mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)
Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento
Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar
alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses
A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de
desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir
os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo
o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela
que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos
A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS
2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida
Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram
definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento
Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a
sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos
como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem
diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental
com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World
Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em
42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003
81
diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o
desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)
Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de
Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas
Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do
termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor
o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo
sem definiccedilatildeo
Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma
abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida
como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e
entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que
abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo
deixa de ensinar sobre o todo
Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do
ensino de arquitetura no Brasil
Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto
do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []
O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza
beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []
Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro
34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico
A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia
grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo
do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e
conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em
1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o
conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)
No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando
criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de
Medicina Engenharia Artes e Direito
82
POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em
1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em
1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole
Polytechnique de Paris
BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do
Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve
tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real
de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente
formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu
em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como
curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus
alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em
1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes
ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a
deacutecada de 1930
A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas
existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira
universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute
existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade
do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro
Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de
fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o
ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado
pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter
tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas
Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e
designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter
artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos
Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em
relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte
cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes
Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a
integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo
com relatos dos estudantes
83
A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas
Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a
chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)
Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do
Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou
um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES
2005)
Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao
movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo
ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a
primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute
existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e
didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o
novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)
Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela
reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade
brasileira
341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e
Urbanismo
Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o
da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um
padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica
universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil
Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo
Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo
com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo
miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A
1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria
em 1969
Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo
modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo
desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos
aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB
no Rio de Janeiro (SOARES 2005)
84
O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do
parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal
diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de
mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que
conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770
estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e
urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo
Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como
Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas
em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho
Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)
Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994
que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)
85
QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994
CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994
MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO
Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes
Matemaacutetica
Fiacutesica
Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
Plaacutestica
Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS
Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo
Resistecircncia dos materiais e estabilidade das
construccedilotildees
Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de
construccedilatildeo
Instalaccedilotildees e equipamentos
Higiene da habitaccedilatildeo
Tecnologia da Construccedilatildeo
Sistemas estruturais Sistemas Estruturais
Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de
Paisagismo
Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo
Planejamento Urbano e Regional
Conforto Ambiental
Topografia
Teacutecnicas Retrospectivas
TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO
Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994
As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras
disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e
Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos
aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees
ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e
teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao
Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto
Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas
86
e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da
organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita
com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave
arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos
anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do
Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria
Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos
miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto
Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo
tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)
Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a
importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na
proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de
2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo
deste trabalho (ver ANEXO)
As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo
tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia
dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade
material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves
necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e
o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo
da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva
Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme
profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas
abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos
disponiacuteveis
Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo
entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o
exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de
87
preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio
ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas
lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades
necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar
construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de
especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais
econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras
Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma
mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e
divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais
Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido
alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo
no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato
esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos
de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente
ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e
principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com
Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos
A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de
alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo
extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a
formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e
como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa
pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da
arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo
em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e
profissionais da arquitetura
88
342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas
Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e
discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi
feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por
regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou
optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou
identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos
voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns
cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes
bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e
Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])
Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da
FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo
defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem
conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia
adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida
pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da
morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre
a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem
apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa
(GAZZANEO 1998)
Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois
cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ
parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e
sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias
Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute
Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])
89
No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz
(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve
buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que
devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo
Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um
discurso ambiental social e cultural nas mesmas
bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente
Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)
bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de
acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])
Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura
e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato
sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental
bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de
Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas
nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e
Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo
entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de
uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura
90
que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS
- PUC MINAS [200-])
Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])
Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])
Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar
disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das
proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e
palestras
bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu
jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na
produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram
para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa
(MALARD 2006)
Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo
de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto
arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos
populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute
91
uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual
Environments)
Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo
ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho
vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado
pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo
aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado
pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de
desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do
computador (HABITARE 2007)
bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e
pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo
projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida
coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o
bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai
aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos
projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha
na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram
do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado
pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de
moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho
de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -
UNB [200-])
Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio
entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de
Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam
intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University
(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois
alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois
Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria
Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo
92
ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])
CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])
Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto
de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])
bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto
Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto
que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo
Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos
estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias
Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e
universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das
populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades
envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e
na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e
professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute
foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])
93
Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se
Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e
Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])
bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma
organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de
capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma
unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias
relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao
crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade
do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma
entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash
Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e
melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO
AMBIENTE - UNILIVRE [200-])
Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma
Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de
projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras
arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de
conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])
bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina
optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de
Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para
o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na
mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais
O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de
doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito
seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave
94
Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da
relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo
que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado
por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto
de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos
sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem
uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz
constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios
desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar
essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua
inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)
Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na
atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia
Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas
universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em
questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui
por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais
culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na
arquitetura
95
Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em
sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso
Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos
organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em
praacutetica
Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados
atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e
urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras
atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees
ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a
presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea
bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq
iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-
se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de
Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e
Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica
(PROARQ [200-])
O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo
Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e
Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das
teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003
(PROURB 2007)
bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo
FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico
doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma
uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa
uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)
96
Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do
Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e
demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa
estrutura estaacute implantada desde 2003
O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta
atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da
Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto
Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles
destacam-se (USP 2006)
Habitat Tem como objetivo
Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)
Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e
fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do
habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e
imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente
Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens
2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade
3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)
Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de
reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados
apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a
identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e
resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e
Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees
97
Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo
2 Materiais e componentes de construccedilatildeo
3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)
4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)
5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)
6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa
dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e
Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees
Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto
ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves
edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao
consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o
desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas
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relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea
Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no
sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-
sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade
Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)
Os principais temas satildeo
1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do
viacutedeo
2 Praacutetica Profissional do Arquiteto
3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo
4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana
5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)
6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo
7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil
(miacutedia canteiro clientela)
8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo
9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo
10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos
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bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e
Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo
acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo
eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua
aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em
Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em
funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento
desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB
2006)
O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos
sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de
reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees
puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo
Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de
decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a
proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel
As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel
Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e
Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e
Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)
bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR
(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas
puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas
puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da
arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio
ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo
profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa
demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de
uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar
100
bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio
Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do
Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa
Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que
incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco
mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o
protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB
UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades
Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e
Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005
PRODEMAUFPB 2006)
A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees
a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que
assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo
pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as
atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de
integraccedilatildeo interdisciplinar
A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento
Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As
Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento
Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos
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Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil
Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza
bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do
PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-
Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat
Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)
Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa
Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental
Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila
Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica
bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em
1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma
reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e
diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e
pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal
de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se
do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado
como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do
NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas
linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E
URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras
Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos
102
Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes
Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em
Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver
eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e
construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo
enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de
concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa
Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do
Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas
desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte
transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas
(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA
UFMG 2007)
Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a
presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante
ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos
anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou
mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura
e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e
desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da
reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios
expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em
linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou
optativas que abordassem o tema de modo suficiente
344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura
Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar
a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais
sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas
natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo
103
Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a
maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras
disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer
do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus
organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem
realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas
conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da
pesquisa extensa com estudantes de arquitetura
Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida
integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no
ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras
satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente
natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo
estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e
sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes
Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo
pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de
integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo
Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a
transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia
de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da
frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade
permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para
outro (DOMINGUES 1999)
Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante
da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos
fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos
teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e
qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e
interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade
De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de
1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of
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future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone
Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais
as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que
esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as
disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo
entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver
naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar
com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees
harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura
deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade
dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar
sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser
incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo
aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de
4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de
105
trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua
dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus
acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo
A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura
mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)
Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo
Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a
Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem
sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental
acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de
cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o
universo
O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser
exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas
primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar
esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e
educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da
inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e
desenvolvimento sustentaacutevel
No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes
da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm
implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel
confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de
graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas
agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos
proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores
43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)
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Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento
em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein
4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada
caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de
problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)
Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo
do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema
Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois
enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente
quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa
A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando
um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar
fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores
comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)
Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente
descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos
dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo
cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado
aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais
e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos
quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)
O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as
pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem
Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que
as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)
A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as
lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o
fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser
estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada
Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e
analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute
107
necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e
variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o
problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por
ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees
exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)
A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e
procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e
caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas
caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o
estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)
Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a
fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto
Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo
com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie
ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador
As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo
que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de
vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao
mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A
principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo
nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)
As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente
mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees
fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees
de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados
Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo
com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos
objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta
de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados
Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de
entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para
corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias
108
ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio
aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos
Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes
do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros
estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como
EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia
No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados
e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados
Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e
alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o
objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima
Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa
semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil
Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em
Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da
construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de
edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre
engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente
Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao
estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel
e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos
maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo
Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por
PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande
responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de
intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem
perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores
acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as
consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo
44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231
109
Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco
conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos
impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para
entatildeo tentar diminuir estes impactos
Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros
e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era
sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso
porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar
Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para
quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as
respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta
a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)
Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns
aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu
incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a
resposta (TAB 1)
TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel
(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)
Correccedilatildeo das respostas
Arquiteto () Engenheiro () Total ()
Erradas 4722 2041 3176
Parcialmente corretas 3611 3061 3294
Corretas 833 1020 942
Em branco 833 3878 2588
TOTAL 100 100 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos
conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em
revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-
110
cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos
entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia
pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo
como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO
2002)
Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e
teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior
economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave
sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria
disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer
sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)
TABELA 2 Conhecimento e interesse
Interesse pelo assunto Total ()
Natildeo conhece e tem interesse 2921
Natildeo tem interesse 338
Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629
Natildeo respondeu 112
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de
edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e
conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos
(TAB 3)
TABELA 3
Impacto das edificaccedilotildees
Atividades produzem impacto Total ()
Natildeo 460
Sim 9540
Total 100
Fonte PINHEIRO 2002 p 122
111
As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no
meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos
falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio
O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de
desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil
principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar
as teacutecnicas
Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade
de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil
41 Pesquisa quantitativa
A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa
atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos
para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades
Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura
da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um
ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena
quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi
melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os
premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela
Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007
Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de
estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de
Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute
Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns
arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando
mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados
Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di
Design ndash IED Milano na Itaacutelia
Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver
APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48
arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o
112
preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e
trabalho que desempenha
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo
idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio
Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis
quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro
niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm
periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos
formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro
de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que
respondeu ao questionaacuterio
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
41
31
11
17
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora
A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade
aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e
acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o
entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos
entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira
pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser
utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos
sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da
pergunta (GRAF 2)
Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo
das respostas em comum analisadas e interpretadas
113
1 11 2 12 311
222
1122
2421
112
8
4
11
4
9
4
12
5
20
0
5
10
1520
25
30
35
40
A B C D E F G H I J K
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm
GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)
A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora
Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam
responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos
no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes
e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos
recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e
houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura
114
CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA
22
24 10
36
8
OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS
USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI
USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS
GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na
graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua
graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO
1
5026
23
SIM
EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO
NAtildeO
GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado
superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute
aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo
ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)
115
1 1 2 2 211
213
191
10
10
10
10
10
5
33
0
10
20
30
40
50
60
A B C D E F G H I
O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO
estudante 1ordm-5ordm
estudante 6ordm-10ordm
arquiteto 1999-2006
arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora
Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas
e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de
sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da
praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas
agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto
de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente
integradas
Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era
necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era
suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)
responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas
pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o
tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da
arquitetura
116
A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o
conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14
pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a
melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e
debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)
11 11 111 3
1142
1423
2324
22
9
22
10
17
24
6
11
6
12
05
101520253035
A B C D E F G H I J K
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA
estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998
GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura
A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
1212
30 9
9
9
11
7A-D E F G H I J K
GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
117
Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o
conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a
dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura
Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do
estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio
foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado
UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial
Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente
IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta
Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente
UFRJ 2001
Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo
UFRJ 2003
Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano
UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo
UFF 1988
Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar
UFRJ 4ordm periacuteodo
Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em
118
grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []
Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)
Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000
O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto
UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano
PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do
arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos
seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de
excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem
primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e
urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e
posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que
a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem
disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta
amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada
Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo
atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis
concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho
de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de
cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade
totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006
e abril de 2007
O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente
perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim
119
como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de
alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade
cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou
doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e
nome do orientador (ver APEcircNDICE C)
Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e
idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do
concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto
Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes
que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta
seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia
abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute
dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual
dissertaccedilatildeo
A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para
posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus
questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados
421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em
Arquitetura e Urbanismo
O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas
professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por
iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave
grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A
ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e
urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A
empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do
evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do
concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e
a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)
Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio
Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a
ser a AU
120
A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a
Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista
PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a
Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos
baseados neste material
Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de
graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que
tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com
PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves
instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a
possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando
com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45
Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora
selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que
efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos
selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos
finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas
Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes
regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas
Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo
Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo
Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte
e Sergipe
Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e
Tocantins
No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de
quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo
foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados
regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20
menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco
trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem
45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt
121
A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees
honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final
de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios
respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem
descritos ilustrados e brevemente analisados
422 Opera Prima 2001 Ganhadores
Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ
Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP
Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP
Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE
Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF
Menccedilotildees honrosas
Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB
Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC
Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e
superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros
Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas
Clebiana Silva UnB 2001
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Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais
Rodrigo Cabral 2001
Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a
sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o
assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o
trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de
Thais Inecircs Krambeck
4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC
O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella
parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas
naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas
instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e
123
feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e
atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A
autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como
legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA
estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a
seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de
determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e
intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos
naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46
46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck
124
FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck
Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees
ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de
sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para
resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas
arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante
compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta
Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento
do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental
motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do
empreendimento
423 Opera Prima 2002 Ganhadores
Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB
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Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL
Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG
Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ
Menccedilotildees honrosas
Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF
Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP
Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP
Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP
Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal
abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo
Viviane Abe USP 2002
A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto
Ailton Moraes UnB 2002
Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees
relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro
disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o
trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita
4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF
O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um
terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees
126
acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e
de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de
conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico
adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas
como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e
ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos
isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao
conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a
circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior
controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios
eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas
Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees
127
discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47
FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano
O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em
conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de
Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando
tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se
preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que
aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e
papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um
dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia
no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas
47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano
128
4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana
Iwashita USP
O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo
com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo
Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos
tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e
serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local
otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees
energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso
racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e
coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores
Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48
48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita
129
FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita
Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que
adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica
aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e
com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a
caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa
de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade
424 Opera Prima 2003 Ganhadores
Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos
Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas
Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS
Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS
Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ
Menccedilatildeo honrosa
Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas
Artes de Satildeo Paulo
Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos
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respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista
Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo
do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees
Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003
Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse
Luciano Lerner PUC-RS 2003
Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo
Maria Branca Rabelo UFRJ 2003
Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas
questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano
Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel
4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS
A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes
de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo
cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com
trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a
implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate
O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo
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Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49
FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso
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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso
Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste
trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo
impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar
a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-
se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais
4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro
Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo
Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa
e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo
de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a
populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da
comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos
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Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50
FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel
O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede
puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo
de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte
pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente
do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo
estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo
da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas
principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas
425 Opera Prima 2004 Ganhadores
50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel
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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e
institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie
Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG
Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea
EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ
Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS
Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS
Menccedilotildees honrosas
Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER
Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB
Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS
Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em
relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores
responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura
Gustavo Moojen UNIRITTER 2004
Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um
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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc
Pedro Engel UFRGS 2004
Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas
questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois
disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara
Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro
4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS
A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com
turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo
ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na
regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com
infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza
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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51
FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi
Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a
natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade
de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de
atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os
cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem
disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de
51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi
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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito
pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se
agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as
questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo
com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica
de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental
4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB
A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do
lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava
em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma
foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal
edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso
cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias
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As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52
FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro
A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute
busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e
econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao
entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior
durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo
principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas
426 Opera Prima 2005 Ganhadores
Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA
Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB
Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau
52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro
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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie
Menccedilotildees honrosas
Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA
Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG
Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP
Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um
questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos
sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto
Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute
suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia
Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem
abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado
Fabiana Casali UnB 2005
Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto
Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade
Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006
Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas
questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor
alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos
dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer
4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP
140
A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde
tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um
caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em
associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma
educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma
cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O
lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro
beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo
e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de
compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim
Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral
Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)
141
Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53
FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias
O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade
resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre
palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho
tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na
cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina
do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees
ambiental cultural econocircmica e social neste projeto
4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de
Blumenau
O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e
grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do
rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias
142
transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores
de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca
salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54
FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer
Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos
observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama
bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode
ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma
concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo
O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito
de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a
54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer
143
construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55
427 Opera Prima 2006 Ganhadores
Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas
ndash UNOPAR
Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do
Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF
Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG
Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE
Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER
Menccedilotildees honrosas
Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR
Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
ndash UFMS
Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash
UFPE
Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG
Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC
Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana
Mackenzie
Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER
Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e
medicina ligados ao sexo ndash UFRJ
Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS
55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer
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Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio
Satildeo Joseacute ndash UNISINOS
Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR
Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que
aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio
para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com
PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios
Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas
que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro
todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre
sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente
Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006
Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo
Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006
A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando
145
surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura
Cervantes Ayres UFPR 2006
Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria
Clariane Nogueira UFMS 2006
A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []
Igor de Vetyemy UFRJ 2006
Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante
Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006
No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto
Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006
[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura
Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente
Danielle Barros Benedicto UFF 2006
146
Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a
sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que
algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o
tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom
projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um
projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra
pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de
pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo
Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi
4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane
Menegusso Nogueira UFMS
O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua
importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada
como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A
edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total
harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56
56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira
147
FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira
A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de
sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo
disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade
Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a
escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos
de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em
harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da
autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo
de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel
4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC
A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de
associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma
alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de
148
forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57
FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi
O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e
econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e
ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente
viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade
ambiental social econocircmica e cultural
428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados
As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram
transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo
dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos
arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e
ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o
respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e
concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes
confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria
respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais
eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees
futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa
57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi
149
com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas
entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado
A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade
das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS
14
1014
16
2818
concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006
GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora
Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do
arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do
tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram
que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO
2 822
4
10
54
NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS
GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se
dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais
anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi
abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da
metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo
(GRAF 10)
150
1111 4
7133
9
11 1343
11111
10
510
15
2025
30
A B C D E F G
O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de
aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade
O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma
abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia
Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura
UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso
de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne
na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development
Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em
Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra
Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo
mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia
PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de
Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |
Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em
Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em
Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no
Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto
151
POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi
abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o
mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de
Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em
Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da
Accademia Cappielo Firenze
Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto
abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de
cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem
um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas
que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra
D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve
abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF
11)
21111
3
4142
5
2
5
323
6
22
0
5
10
15
20
25
A B C D
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso
A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora
A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada
ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados
somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da
metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que
estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que
152
natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui
caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)
SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE
20
820
52
NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas
GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora
A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem
da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que
eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6
consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista
sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem
aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem
sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida
relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa
discussatildeo (GRAFs 13 e 14)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
146 4
76
Muito pouco abordada ou natildeo existe
Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio
Outra resposta
GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora
153
1321 7
8255
11
12 110
10
20
30
40
A B C D E
ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO
2006
2005
2004
2003
2002
2001
GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso
A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora
Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou
seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do
arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a
maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro
periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de
atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e
conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio
pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas
2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates
COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
42
8
6
8
22
2
12
A B C D E F G
GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item
A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos
154
E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora
43 Anaacutelise das duas pesquisas
Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem
quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos
premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes
Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da
sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e
apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)
DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA
39
162
4
41
NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta
GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora
44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa
Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute
espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito
de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no
Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade
A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema
de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios
respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em
todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como
uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores
para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas
responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se
tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca
155
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo
profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem
mesmo com os respondentes de outros paiacuteses
A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na
questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema
parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo
Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e
seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da
sustentabilidade na graduaccedilatildeo
Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma
anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs
algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre
a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas
universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e
ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na
FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas
proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e
econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na
graduaccedilatildeo
Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos
tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser
aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre
departamentos e disciplinas
Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-
graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem
sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a
abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral
Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente
pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de
pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem
explicitamente o tema
156
Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o
que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser
inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou
menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados
aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se
criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do
assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo
ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos
aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem
importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na
arquitetura e urbanismo
Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando
perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os
entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo
haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso
uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados
sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais
articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar
em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas
principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que
em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar
157
As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos
Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir
Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972
5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o
meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo
demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu
habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de
desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem
aproximadamente metade da energia produzida no mundo
A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees
assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na
grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar
e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o
habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis
Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel
apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por
tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o
urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e
efetivo
Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a
interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta
dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto
e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade
natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e
urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e
recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser
colocados em praacutetica
O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade
de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e
espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o
arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a
serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele
158
deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para
um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de
sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto
de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e
assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este
propoacutesito
A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos
As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza
devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo
com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e
materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento
do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis
intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel
Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em
algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-
graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a
maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem
com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos
alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos
feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as
novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica
da sustentabilidade na praacutetica do ensino
A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os
premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de
sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de
modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos
mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem
o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos
autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem
considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do
paiacutes
Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos
premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo
159
da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo
principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no
sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca
variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do
sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre
as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o
problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute
tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo
necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui
vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do
arquiteto urbanista
Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando
cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta
ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades
inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute
essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas
Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma
consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais
harmoniosas e sustentaacuteveis
Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso
implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica
de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da
sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um
ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da
arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser
realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo
assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no
paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas
que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro
Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a
inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes
entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia
ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de
160
que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as
relaccedilotildees que estabelecemos com o universo
O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento
universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta
exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que
isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino
fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar
seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental
e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim
como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel
Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos
cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo
- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia
ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em
niacuteveis maiores ou menores
- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo
- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos
primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura
- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e
urbanismo
- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto
161
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GRUPO DE TRABALHO 1 Sociedade cidade arquitetura e o profissional formado na FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p176 GUSTAVSEN Denise Vinte anos de sustentabilidade Revista Arquitetura amp Construccedilatildeo Satildeo Paulo v 23 n 8 p 114-117 set 2007 HABITARE - Programa de Tecnologia de Habitaccedilatildeo Projeto participativo 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwhabitareorgbrgt Acesso em 14 ago 2007 HOGAN Daniel Joseph A relaccedilatildeo entre populaccedilatildeo e ambiente desafios para a demografia In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 p21-52 INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAacuteVEIS ndash IBAMA O Ibama e sua histoacuteria [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwibamagovbrinstitucionalhistoriagt Acesso em 10 fev 2007 INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE ndash IPCC About IPCC 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt Acesso em 06 fev 2007 LAGO Antocircnio PAacuteDUA Joseacute Augusto O que eacute ecologia Satildeo Paulo Brasiliense 1984 LAKATOS E M MARCONI M A Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados 4 ed Satildeo Paulo Atlas 1999 LAMBERTS Roberto DUTRA Luciano PEREIRA Fernando Oscar Ruttkay Eficiecircncia energeacutetica na arquitetura Satildeo Paulo PW 1997 LEITE M A D Ensino de tecnologia em Arquitetura e Urbanismo concepccedilotildees curriculares e proposiccedilotildees para inovaccedilatildeo curricular In ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO- ENSEA 15 1998 Campo Grande Anais Campo Grande ABEA 1998 LIMA Gustavo Ferreira da Costa Educaccedilatildeo e sustentabilidade possibilidade e falaacutecias de um discurso In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE- ANPPAS 1 2002 Indaiatuba Anais Indaiatuba 2002 MALARD Maria Lucia et al Jogando e aprendendo a construir Coletacircnea HABITARE Porto Alegre v 5 n 1 p 116-135 2006 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisa amostragens e teacutecnicas de pesquisa elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 3 ed Satildeo Paulo Atlas 1996 MARTINS Paulo R Por uma poliacutetica ecoindustrial In VIANA G SILVA M DINIZ N (Org) O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 p 97-131 MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA UFMG - MACPS Linhas de Pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufmgbrmacpsgt Acesso em 14 ago 2007 MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT Notiacutecias MCT 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwmctgovbrgt Acesso em 30 jun 2006
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MINISTEacuteRIO DAS CIDADES Mcidades [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwcidadesgovbrgt Acesso em 29 jan 2006 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 17 jan 2007 MOISEacuteS Claacuteudia Perrone Direitos humanos e desenvolvimento a contribuiccedilatildeo das naccedilotildees unidas In AMARAL JUacuteNIOR Alberto do MOISEacuteS Claacuteudia Perrone (Org) O cinquumlentenaacuterio da declaraccedilatildeo universal dos direitos do homem Satildeo Paulo Edusp 1999 MONTIBELLER-FILHO Gilberto O mito do desenvolvimento sustentaacutevel meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias Florianoacutepolis Ed da UFSC 2001 MOUSINHO Patriacutecia Glossaacuterio In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 332-367 MUMFORD Lewis The natural history of urbanization In THOMAS William L (Coord) Mans role in changing the face of the Earth Chicago University of Chicago Press 1956 NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO ndash NPGAU Apresentaccedilatildeo 2007 Disponiacutevel em lt httpwwwarqufmgbrposgt Acesso em 14 ago 2007 OLIVEIRA Andreacute Luiz Prado de A eficiecircncia ambiental nas edificaccedilotildees fundamentos e estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do projeto arquitetocircnico a partir do uso racional de energia eleacutetrica e aacutegua 2005 385f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 OLIVEIRA Thaisa Francis C Sampaio de Sustentabilidade e arquitetura uma reflexatildeo sobre o uso de bambu na construccedilatildeo civil 2006 136f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Dinacircmicas do Espaccedilo Habitado) ndash Centro de tecnologia Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2006 PAAS Leslie Christine Educaccedilatildeo para desenvolvimento sustentaacutevel por meio da aventura 2004 185f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004 PAULA Joatildeo Antocircnio de MONTE-MOacuteR Roberto L M Biodiversidade populaccedilatildeo e economia uma experiecircncia interdisciplinar In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 PIANO Renzo Projects [200-] Disponiacutevel em lthttprpbwcomgt Acesso em 17 jul 2007 PINHEIRO Gustavo Focesi O gerenciamento da construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de edificaccedilotildees 2002 159f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) ndash Faculdade de Engenharia Civil Universidade Estadual de Campinas Campinas 2002 PNUMA Perspectivas do Meio Ambiente Mundial 2002 GEO-3 [Sl] IBAMA PNUMA UMA 2004 PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS ndash PUC MINAS CursosGraduaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwpucminasbrcursos gt Acesso em 17 jul 2007 PREcircMIO Opera Prima Revista Projeto Design Satildeo Paulo n 284 p 89-107 out 2003 PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVACcedilAtildeO DE ENERGIA ELEacuteTRICA ndash PROCEL Selo Procel 2007 Disponiacutevel em lthttpwwweletrobrasgovbrprocelgt Acesso em 26 fev 2007
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PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFAL ndash PRODEMAUFAL Pesquisas 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufalbrgt Acesso em 17 fev 2007 PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFPB ndash PRODEMAUFPB O Prodema 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufpbbrgt Acesso em 16 fev 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA DA FAU-UFRJ ndash PROARQ Programa [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprourbfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM URBANISMO DA FAU-UFRJ ndash PROURB Linhas de pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwproarqfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 RHEINGANTZ Paulo Afonso Proposta de marco referencial para a FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p141-155 RIBEIRO Mauriacutecio Andreacutes Ecologizar pensando o ambiente humano Belo Horizonte Rona 1998 ROGERS Richard Cidades para um pequeno planeta 2 ed Barcelona Gustavo Gili 2001 ROSETTO Adriana Marques Proposta de um sistema integrado de gestatildeo do ambiente urbano (SIGAU) para o desenvolvimento sustentaacutevel de cidades 2003 404f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2003 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 SACHS Ignacy Science Nature Societeacute [Sl] v 2 n 2 1994 SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2000 SANTOS Mauriacutecio Takahashidos dos Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitudes 2005 135f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2005 SILVA Roberto Gonccedilalves da Arquitetura o abrigo da vida Florianoacutepolis Ed da UFSC 2003 SIRKIS Alfredo Cidade In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 214-229 SOARES Umberto Tavares Entre atos ensino superior urbanismo e a EAUFMG 2005 284f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 SOUZA Maacutercia de Andrade Sena Energia e arquitetura a importacircncia dos padrotildees de consumo e produccedilatildeo da sociedade frente ao desafio da sustentabilidade CONFEREcircNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUCcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL 1 ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUIacuteDO 10 2004 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo 2004 STAGNO Bruno Proyectos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwbrunostagnoinfogt Acesso em 19 set 2007
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SUNKEL Oswaldo O marco histoacuterico do processo de desenvolvimento subdesenvolvimento 5 ed Rio de Janeiro UNILIVROS 1980 TASCHNER Suzana P Degradaccedilatildeo ambiental em favelas de Satildeo Paulo In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 TRIGUEIRO Andreacute Introduccedilatildeo In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p13-17 UCHAF Y Felin Roundhouse 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfelinuchafcomroundhousehtmgt Acesso em 11 jun 2007 UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS Division of Sustainable Development [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunorgesasustdevgt Acesso em 13 fev 2007 UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION ndash UNESCO UNESCO no Mundo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunescoorgbrgt Acesso em 12 fev 2007 UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB Arquitetura [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunbbrgraduacaocursos gt Acesso em 23 out 2005 UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO ndash USP Graduaccedilatildeo 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwuspbrfaudocentesdepprojetogt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE ndash UNILIVRE Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunilivreorgbrgt Acesso em 23 out 2005 e 21 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ndash UFSC Disciplinas 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufscbrarqsocgt Acesso em 15 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute ndash UFPR Especializaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprppgufprbrgt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ndash UFRJ Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfauufrjbrgt Acesso em 4 set 2005 UNIVERSIDADE FUMEC Arquitetura e Urbanismo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfumecbrcursosgraduacaoarquiteturaphpgt Acesso em 18 jul 2007 US GREEN BUILDING COUNCIL - USGBC Leed 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwusgbcorggt Acesso em 18 fev 2007 VEJA Satildeo Paulo Abril v 40 n 17 mai 2007 p 52 VEIGA Joseacute Eli Perspectivas nacionais do desenvolvimento rural In SHIKI Shigeo SILVA Joseacute Graziano da ORTEGA Antonio Ceacutesar (Org) Agricultura meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro Uberlacircndia CNPqFAPEMIG 1997 WRIGHT Frank Lloyd The natural house New York Horizon Press 1954 WWF-BRASIL WWF no Brasil 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrgt Acesso em 14 fev 2007
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WWF - GLOBAL ENVIRONMENTAL CONSERVATION ORGANIZATION WWF International 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforggt Acesso em 14 fev 2007 YEANG Ken Bioclimatic skyscrapers London Artemis 1994 ZEVI Bruno Towards an organic architecture London Faber amp Faber Limited 1950
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APEcircNDICE A
Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura
169
QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
170
APEcircNDICE B
Questionaacuterio aplicado com arquitetos
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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
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APEcircNDICE C
Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima
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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________
3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado
ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________
4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________
5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________
Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006
Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados
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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias
O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior
Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico
Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos
I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social
II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como
instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes
modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em
diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e
1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37
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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares
sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios
a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade
b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades
c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como
patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto
Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional
Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil
a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e
comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo
c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis
Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades
a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo
b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel
c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios
d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo
e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa
f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de
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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional
g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana
h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees
i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas
j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades
k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais
l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional
m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional
Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista
Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade
I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso
sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo
sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia
sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso
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sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando
sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como
a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular
b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados
c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural
d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana
e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade
f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo
Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo
sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso
sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso
Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e
implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo
sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo
sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado
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Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos
a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais
b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso
c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo
Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior
Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas
pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta
Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta
Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria
Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994
EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior