DIANNA SANTIAGO VILLELA · 2019. 11. 14. · V735s A sustentabilidade na formação atual do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO DIANNA SANTIAGO VILLELA A SUSTENTABILIDADE NA FORMAÇÃO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA Belo Horizonte Escola de Arquitetura da UFMG 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS NUacuteCLEO DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO

DIANNA SANTIAGO VILLELA

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Belo Horizonte Escola de Arquitetura da UFMG

2007

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Mestrado do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte-Moacuter

Belo Horizonte

Escola de Arquitetura da UFMG 2007

FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago

V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura

1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo

CDD 72047

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais

AGRADECIMENTOS

A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida

A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo

Alvar Aalto

RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido

suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de

sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo

Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como

tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade

na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim

como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em

seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do

arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de

questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do

Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos

como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura

e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente

abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e

urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam

particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que

todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem

teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes

entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave

melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo

deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-

graduaccedilotildees

ABSTRACT

The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently

discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast

concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on

definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate

program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of

sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to

emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners

intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and

ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the

young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in

architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough

discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban

designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones

especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students

interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about

sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full

integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and

not restricted to elective classes and graduate programs

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45

FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45

FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46

FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46

FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47

FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47

FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48

FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50

FIGURA 9 Selo Procel 50

FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52

FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62

FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63

FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo

projetado por Emilio Ambasz e associados 65

FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65

FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66

FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67

FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75

FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76

FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124

FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124

FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127

FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129

FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131

FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132

FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133

FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136

FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138

FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141

FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em

preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141

FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142

FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147

FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85

LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das

respostas por profissatildeo 109

TABELA 2 Conhecimento e interesse 110

TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110

LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano

de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113

GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo

e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116

GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116

GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149

GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149

GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150

GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item 152

GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153

GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura

urbanismo por de respondentes em cada item 153

GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura

CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia

CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento

CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental

CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CO2 - Gaacutes carbocircnico

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca

DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel

EA - Educaccedilatildeo Ambiental

EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado

FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IED - Istituto Europeo di Design

IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas

ISO - International Organization for Standardization

IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil

NABERS - National Australian Building Environmental Rating System

NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

NR - Norma Regulamentadora

ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

PIB - Produto Interno Bruto

PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento

PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente

POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes

PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ

PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica

PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente

PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ

PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais

PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul

PVC -Policloreto de vinila

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica

SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica

SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

UEL - Universidade Estadual de Londrina

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UFF - Universidade Federal Fluminense

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFPA - Universidade Federal do Paraacute

UFPE -Universidade Federal de Pernambuco

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento

UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes

UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization

UNEP - United Nations Environment Programme

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

UNIFOR - Universidade de Fortaleza

UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente

UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis

UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute

USC - University of Southern Califoacuternia

USGBC - United States Green Building Council

USP - Universidade de Satildeo Paulo

WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel)

WSSD - World Summit on Sustainable Development

WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

11 Contextualizaccedilatildeo 23

12 Justificativa 27

13 Objetivos 29

131 Objetivo geral 29

132 Objetivos especiacuteficos 29

14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29

15 Procedimentos metodoloacutegicos 30

151 Etapas da pesquisa 30

16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33

21 A origem do termo 33

211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33

2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36

212 O ambientalismo no Brasil 41

213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44

214 Normas e selos de qualidade 47

2141 Norma Regulamentadora (NR) 48

2142 International Organization for Standardization (ISO) 49

2143 Selo Procel 50

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52

22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57

231 Organicismo 60

232 Arquitetura Orgacircnica 62

233 Arquitetura bioclimaacutetica 64

234 Arquitetura ecoloacutegica 66

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE

ARQUITETURA E URBANISMO 69

31 Consciecircncia ambiental 70

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72

313 A segunda linha de pensamento 73

3131 Pobreza x Meio ambiente 75

32 Educaccedilatildeo ambiental 77

33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade 79

34 Ensino de arquitetura 81

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo 83

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106

41 Pesquisa quantitativa 111

42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de

Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119

422 Opera Prima 2001 121

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs

Krambeck UFSC 122

423 Opera Prima 2002 124

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes

Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128

424 Opera Prima 2003 129

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner

Basso PUC-RS 130

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro

Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132

425 Opera Prima 2004 133

4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira

Eskinazi UFRGS 135

4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash

Izabel Torres Cordeiro UnB 137

426 Opera Prima 2005 138

4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste

Santos -Pablo Iglesias USP 139

4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer

Universidade Regional de Blumenau 141

427 Opera Prima 2006 143

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash

Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina

Somensi UFSC 147

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148

43 Anaacutelise das duas pesquisas 154

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154

5 CONCLUSAtildeO 157

REFEREcircNCIAS 161

APEcircNDICES 168

APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168

APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170

APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172

ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

de 2006 174

17

Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis

conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos

a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []

As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes

Alfredo Sirkis

1 INTRODUCcedilAtildeO

Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)

A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de

meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios

de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente

agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo

Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores

feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a

burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava

alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da

burguesia industrial emergente

Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a

produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor

Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada

dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas

Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos

mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e

dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas

seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades

observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos

trabalhadores

Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as

condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18

horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e

ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os

18

ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande

maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)

Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos

de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)

Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao

crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o

desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos

ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute

interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande

desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico

e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da

populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e

passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias

e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de

transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso

dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial

modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em

outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX

estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra

difundindo-se o uso das maacutequinas de construir

Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais

conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos

materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e

mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro

era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os

progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem

introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o

1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951

19

uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas

balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro

Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo

rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na

Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal

Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem

como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de

ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se

assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de

melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees

O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene

fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador

as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta

de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas

diferentes classes sociais entre outros

Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista

culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos

defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo

internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local

Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens

O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do

outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)

defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede

2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918

20

O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu

correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo

apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois

com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance

das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo

americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas

e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve

grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado

por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura

Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo

como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades

industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel

prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os

irreais modelos

No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma

nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)

como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont

Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas

novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade

sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante

destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem

concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na

atmosfera

Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela

pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e

economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-

temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e

4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958

21

Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus

representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch

Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da

sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais

econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo

pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes

foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a

representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e

aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute

preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes

digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para

analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio

ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como

seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)

Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte

atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada

modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos

preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e

iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre

outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias

outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito

densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7

citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das

primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois

que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)

Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a

esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o

alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e

aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se

o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno

onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)

5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915

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Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford

com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano

ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute

higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo

tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o

vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos

estrateacutegicos (CHOAY 1979)

As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente

com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de

propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo

com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos

verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural

histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc

No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos

especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees

com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram

em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o

aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em

chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da

fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de

lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne

(CHOAY 1979)

Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida

situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de

deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o

chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo

constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela

proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo

Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais

percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima

do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos

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demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)

11 Contextualizaccedilatildeo

Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente

urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na

Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que

chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a

populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas

urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])

Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de

consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos

deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica

ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital

objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses

interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e

eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o

desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias

primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente

As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo

ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura

existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses

em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40

das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da

linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo

da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou

abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem

grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas

8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993

24

irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500

mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno

acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias

irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria

Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96

milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15

milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem

natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de

tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute

despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e

das praias (ROSETTO 2003)

Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar

discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua

existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis

freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo

frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e

produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que

sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos

recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o

mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na

Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de

milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O

Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse

recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila

jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades

cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)

Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos

pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema

convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo

natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave

precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo

coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo

de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida

25

especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de

estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)

A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de

vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente

nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio

Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a

gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)

Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de

efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa

conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2

pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas

no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases

destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente

na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra

tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio

ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de

2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros

quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo

notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de

ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem

agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)

Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees

secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias

atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado

em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos

extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou

de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na

deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o

nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees

aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em

eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)

Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao

saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A

cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade

26

Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias

agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel

soacutelido (PNUMA 2004)

As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio

ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio

tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e

jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao

ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades

brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-

estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de

transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de

ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo

Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas

eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de

1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca

causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9

Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe

aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de

150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do

consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para

usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou

de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado

(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees

de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que

o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado

na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do

solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva

anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a

25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas

9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global

27

pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica

causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10

No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da

madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de

moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil

descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente

toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes

orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os

materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra

de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio

ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])

Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom

tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que

aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas

Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas

a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no

processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)

12 Justificativa

[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)

Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela

quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt

28

maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias

recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda

natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente

prejudiciais

A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da

conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e

consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas

poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais

forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em

todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que

correspondem ao discurso

As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma

mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo

paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se

conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente

agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de

pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas

iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se

dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas

significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)

Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo

necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas

levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou

claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de

atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo

(PNUMA 2004 p 12)

O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e

abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo

civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais

econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees

tecircm sido muito mais cobradas

O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma

edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de

sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente

29

Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do

ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento

urbano

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os

sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo

com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)

13 Objetivos

131 Objetivo geral

Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista brasileiro

132 Objetivos especiacuteficos

Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos

relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos

estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este

tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado

para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto

14 Delimitaccedilotildees do trabalho

Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar

os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de

sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas

religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da

sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A

partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e

culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave

arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto

alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e

urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do

assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo

30

15 Procedimentos metodoloacutegicos

Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo

bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em

seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior

avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos

151 Etapas da pesquisa

Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica

- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento

sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura

- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a

consciecircncia ambiental

- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Parte II Coleta de dados

- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa

- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que

serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior

- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora

revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006

Parte III Anaacutelise dos dados

- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo

- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente

- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados

Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa

31

16 Organizaccedilatildeo do trabalho

Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o

desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e

do trabalho desenvolvido

Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo

teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar

sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo

compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e

ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na

consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees

natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da

discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e

urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do

urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo

arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de

Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo

Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)

aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente

essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o

ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa

em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a

contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes

brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido

colocadas em praacutetica

No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente

aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a

50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006

Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-

se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e

teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a

questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista

32

O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees

finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia

33

O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata

ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo

Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo

Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes

de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo

ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e

contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos

princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e

evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento

desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)

O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos

nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo

na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais

na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas

e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre

Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974

211 Os eventos internacionais do ambientalismo

De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez

redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa

expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos

setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro

Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave

11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996

34

desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos

preccedilos do petroacuteleo em 1973

Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano

Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses

para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais

(MOUSINHO 2003)

O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por

um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais

dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da

Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da

Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua

Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester

professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo

de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30

pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento

proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])

A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de

quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de

relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do

crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do

Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o

Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia

populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental

decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo

dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo

ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a

humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis

de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento

do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo

da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e

foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de

12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate

35

limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos

terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no

mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande

destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava

propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento

ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)

A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos

ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil

signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo

dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo

ambiental

Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica

internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o

elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes

marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash

PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse

criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos

depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo

Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras

Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em

1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo

natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a

preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p

70)

Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito

ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da

Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por

MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio

ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em

suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave

problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993

36

gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001

p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da

qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as

possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo

2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade

Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do

ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e

a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento

de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-

MOacuteR 2000)

Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona

a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da

sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o

desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia

O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais

relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo

resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara

Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o

Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e

econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo

demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos

contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR

2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe

da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias

depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses

debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo

Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash

sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi

traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001

37

ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o

Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos

princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)

- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento

- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais

- Perseguir equidade e justiccedila social

- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social

- Preservar a integridade ecoloacutegica

Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular

propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de

cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees

voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo

universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem

chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel

como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as

possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-

FILHO 2001 p 48)

Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria

desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao

agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental

realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o

presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento

seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute

sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo

Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a

discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere

no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas

climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em

seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990

primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas

advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria

necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o

BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio

38

ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de

vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento

sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico

compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e

mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)

Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em

junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era

introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92

teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas

depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento

sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias

regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais

A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e

um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo

XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade

Marina Silva Ministra do Meio Ambiente

A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel

Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15

Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)

o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo

de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das

necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos

e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da

Terra (PINHEIRO 2002)

Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o

Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]

39

contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e

cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que

forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997

Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para

assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro

de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a

emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e

transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros

sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em

52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])

Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em

Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para

avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da

Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)

A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou

Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que

recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da

agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND

CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])

Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo

1 Erradicar a extrema pobreza e a fome

2 Atingir o ensino baacutesico universal

3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

4 Reduzir a mortalidade infantil

5 Melhorar a sauacutede materna

6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas

7 Garantir a sustentabilidade ambiental

8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da

histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa

ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado

na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta

40

necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003

UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])

O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash

IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa

do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de

2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi

confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o

dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo

resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima

afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos

sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis

(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)

O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute

2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente

jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59

centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior

dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos

mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um

aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo

XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em

meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)

Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo

do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de

carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O

governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo

de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees

Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde

entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em

Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o

direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades

Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos

internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo

ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press

41

essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os

resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores

soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais

recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo

individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta

conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)

No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras

depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade

Chico Mendes

212 O ambientalismo no Brasil

Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos

ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o

saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos

legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento

Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra

as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras

Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em

1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em

1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)

Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio

natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas

nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a

promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico

e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da

Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza

A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a

conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em

convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional

promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos

da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional

dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007

42

1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil

por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre

paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais

A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais

devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio

sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da

Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e

estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo

ambiental no Brasil

No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas

mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em

desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de

crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a

poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos

(HOGAN 2000)

Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o

subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da

poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta

de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo

Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA

pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental

junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio

ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio

ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os

recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se

principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais

visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza

Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio

Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o

Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro

foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o

Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

43

Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave

proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981

A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques

nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo

ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo

centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar

disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo

A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da

poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo

dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi

criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla

poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente

Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e

apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de

um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais

renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel

Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de

quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash

SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e

o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro

presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias

fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo

administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)

Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash

SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por

formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo

conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis

Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio

Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e

no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de

hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes

44

Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias

prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no

periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)

1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do

solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida

da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental

2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de

planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e

assegurando a participaccedilatildeo da sociedade

3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios

e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis

4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos

recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e

tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico

213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)

Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees

institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da

sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de

abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel

bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares

de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas

mundialmente (PINHEIRO 2002)

A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se

consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza

Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais

selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio

ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais

continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial

para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the

Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental

Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)

45

FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006

Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados

distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em

mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio

ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento

ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos

na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais

da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia

(WWF 2006)

Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de

degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o

meio ambiente

A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em

todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave

conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)

FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006

Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado

em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio

criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace

Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])

46

Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It

needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins

lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para

manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe

contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas

exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais

da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de

climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG

3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos

toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo

FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]

FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]

18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)

47

Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema

eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19

FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]

Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da

Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz

vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites

nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em

1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute

ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de

valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade

compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL

2004)

Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e

qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20

214 Normas e selos de qualidade

O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo

governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por

entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais

(BLUE ANGEL [200-])

FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]

19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)

48

Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos

empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao

consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos

de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas

relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes

Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o

BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na

Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental

(GUSTAVSEN 2007)

Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest

Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo

certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente

correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001

(GUSTAVSEN 2007)

O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas

primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como

diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a

entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio

ambiente

FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004

Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e

usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash

cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)

Outros exemplos de normas e selos satildeo

2141 Norma Regulamentadora (NR)

A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra

se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios

modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos

49

funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18

criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de

trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e

doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do

Trabalho

As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios

problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor

de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de

13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de

produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra

devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos

funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)

A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos

poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores

2142 International Organization for Standardization (ISO)

Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000

voltadas agrave qualidade

A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do

gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando

benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem

de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a

preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos

ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para

natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)

A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por

exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo

de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de

desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de

vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)

50

FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005

2143 Selo Procel

O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO

PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto

desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash

PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os

melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a

fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento

tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute

voluntaacuteria (PROCEL 2007)

Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers

condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico

lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para

estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos

bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar

roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)

ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o

lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do

Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)

FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007

51

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-

governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de

niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A

primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para

a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos

Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina

dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem

O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes

de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)

1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e

agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc

2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc

3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias

renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc

4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais

com menor impacto ambiental etc

5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de

jardins etc

6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens

O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo

fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado

Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell

Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006

Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima

alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)

52

FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007

Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte

do sistema LEED de certificaccedilatildeo

No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O

Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash

Cacircmara americana de comeacutercio21

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico

Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge

quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos

lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos

Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS

2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos

paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A

diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e

recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os

movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave

21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998

53

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de

produccedilatildeo

Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees

o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem

pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural

Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira

informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu

campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural

ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam

sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o

meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa

sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de

caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo

social

A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se

dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a

dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da

quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)

A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento

ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos

aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo

humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico

portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute

mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto

destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A

produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o

grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a

Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)

O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da

accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo

voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais

Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo

movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que

fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e

54

pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana

outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)

No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou

essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza

e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o

crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas

Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)

Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam

a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no

questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a

resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise

ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de

civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)

Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo

presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores

tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas

uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor

Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por

exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto

ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos

pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi

Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva

semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas

que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin

Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre

55

outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade

industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos

pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas

globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan

Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore

Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros

Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos

na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23

O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas

estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O

foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo

que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)

Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e

ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel

Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas

essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial

IUCN UNEP e WWF 1980

22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as

atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as

sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo

bem como os padrotildees de consumo

Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante

impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar

23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros

56

a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar

Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada

apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)

Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar

a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia

da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel

Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute

uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo

Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da

dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme

Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do

desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)

O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental

no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser

considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento

econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A

sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser

buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular

57

A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se

acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no

presente quanto no futuro

De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-

FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo

paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo

ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse

contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a

uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito

fundamentalmente diferente do anteriorrdquo

Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando

pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo

sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano

deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental

cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo

Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como

Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26

24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)

58

McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo

como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar

Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura

verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda

acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer

agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a

vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte

Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da

edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma

maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees

(OLIVEIRA 2006)

A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se

insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver

estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-

estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser

concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem

planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a

especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das

condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na

racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do

consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em

edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A

eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia

proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais

Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios

em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias

(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia

27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000

59

consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia

consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de

manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por

maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)

Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo

favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo

do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para

uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor

impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes

renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o

ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da

mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material

capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a

toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel

das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos

No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os

mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de

poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o

material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)

Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos

resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um

exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que

20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das

emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)

Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e

reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a

geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)

Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma

manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo

60

Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do

desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []

Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na

impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais

Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo

eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse

conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura

bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

transmitiremos essa Cidade

natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela

do que nos foi transmitida Patrick Geddes

231 Organicismo

Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e

seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute

pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo

vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de

passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas

cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que

deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES

1915)

Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia

do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da

juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda

mais bela do que nos foi transmitidardquo

61

Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se

dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica

Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma

sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila

social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis

Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo

sustentabilidade

Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)

A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se

aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos

28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929

62

A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela

agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay

232 Arquitetura Orgacircnica

A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da

arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito

do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que

uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um

organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas

que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG

11)

FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006

De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e

em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de

origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno

Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e

especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze

um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze

maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright

uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural

use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of

30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)

63

confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no

adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo

Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo

o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi

Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica

ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes

arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que

trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o

mundo mas poderia agir como um bom exemplo

Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem

Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A

notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e

Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a

madeira

Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar

seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade

de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e

instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre

construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base

econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade

de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG

12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo

de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)

Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005

64

The need for architects to design for sustainable future

becomes a self-evident imperative Ken Yeang

233 Arquitetura bioclimaacutetica

Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do

sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao

ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo

surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na

definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por

OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves

condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam

subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer

exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias

de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)

Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a

construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos

climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo

solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano

tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de

conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees

formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)

A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada

internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-

se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus

bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a

arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo

meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos

materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos

produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio

ambiente

31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)

65

Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e

clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre

tantos outros (FIG 13 e 14)

Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001

Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]

66

Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras

mas ter um olhar novo Marcel Proust

234 Arquitetura ecoloacutegica

Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica

eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute

que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais

industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando

e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas

(PINHEIRO 2002)

A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo

conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico

e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)

Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005

A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica

e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de

sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir

para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as

edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura

ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual

questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)

67

Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo

A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da

construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a

conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre

essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento

urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo

diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE

TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a

melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio

ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel

Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que

sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de

sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo

principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da

sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam

Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista

precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de

procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma

arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este

propoacutesito

68

Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos

relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade

na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees

ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo

Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos

cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e

a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de

educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta

fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve

histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para

posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do

exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo

69

Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais

a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas

Kwantzu China a C

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)

De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a

participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo

prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise

dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua

participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas

ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como

onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu

sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar

tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa

accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito

mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da

educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino

Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos

participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais

diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio

ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de

seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)

Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou

para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras

formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros

passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios

baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)

70

A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas

primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma

de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se

preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo

Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se

percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos

inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do

entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso

entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o

puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se

oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode

efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980

31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos

constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos

ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior

respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir

Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio

ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza

(SANTOS 2005)

A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental

importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica

SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees

Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua

gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de

33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p

71

fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou

seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema

ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz

de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser

estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A

capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela

realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para

compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS

2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos

Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos

eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs

grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem

vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente

Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo

ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo

estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com

o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave

questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites

da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns

casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo

dificultando essas accedilotildees

Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas

vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo

modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por

Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e

na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural

34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969

72

Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda

a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila

a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso

Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35

Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em

ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica

ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo

Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os

ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o

importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a

socioeconocircmica

Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas

natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)

O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em

movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento

Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio

ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos

mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em

relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo

influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas

grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO

OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)

35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996

73

A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras

Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos

Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles

que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil

313 A segunda linha de pensamento

A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos

empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos

O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees

referentes agrave problemaacutetica ambiental

Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a

informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o

jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)

No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica

ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma

pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente

um sentimento e comprometimento maior

O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica

mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas

Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como

pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais

propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a

receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora

Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico

sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro

desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica

(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a

questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras

prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos

estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p

74

necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC

Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38

Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a

pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons

motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a

populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo

Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar

para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante

com a questatildeo ambiental

Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e

artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente

principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem

relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso

levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de

Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que

aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto

Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande

importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute

capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos

que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria

em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades

quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses

38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente

75

Sempre que se degrada o meio ambiente em 1

a pobreza aumenta em 026 PNUMA

3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)

FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9

Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A

pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees

estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e

investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez

de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental

prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as

mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)

76

FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9

Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a

necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar

o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave

soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel

(PINHEIRO 2002)

Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de

desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto

os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e

padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da

degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e

transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em

contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza

como as causas principais do problema

A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os

mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a

populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a

necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o

crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)

Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza

e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas

grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS

2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa

40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002

77

das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades

que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de

sobrevivecircnciardquo

Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a

utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e

econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as

condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e

causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)

A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como

uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA

32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)

[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)

A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo

realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo

ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o

ponto inicial deste movimento

Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em

1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio

Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se

criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se

reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do

PIEA

O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga

URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela

parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de

Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a

moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)

41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27

78

A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo

individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e

habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que

se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais

e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)

A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder

puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais

decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam

a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com

problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)

A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo

ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios

de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo

do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento

Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto

pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de

superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino

universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um

determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica

e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a

consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)

O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia

de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da

praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o

saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma

preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio

quanto principalmente no ensino universitaacuterio

Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados

satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam

79

aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o

projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo

Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um

projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e

valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de

informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de

percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam

Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute

conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da

populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS

2005)

A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel

aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade

UNESCO

33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade

O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo

final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a

conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e

comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o

Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)

Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se

que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o

desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de

Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a

implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada

paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para

completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)

O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a

ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias

inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa

deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para

80

refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos

(PAAS 2004)

A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na

histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo

e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto

A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente

uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos

normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS

busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de

mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)

Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento

Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar

alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses

A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de

desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir

os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo

o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela

que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos

A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS

2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida

Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram

definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento

Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a

sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos

como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem

diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental

com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World

Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em

42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003

81

diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o

desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)

Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de

Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas

Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do

termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor

o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo

sem definiccedilatildeo

Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma

abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida

como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e

entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que

abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo

deixa de ensinar sobre o todo

Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do

ensino de arquitetura no Brasil

Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto

do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []

O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza

beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []

Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro

34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico

A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia

grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo

do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e

conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em

1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o

conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)

No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando

criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de

Medicina Engenharia Artes e Direito

82

POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em

1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em

1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole

Polytechnique de Paris

BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do

Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve

tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real

de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente

formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu

em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como

curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus

alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em

1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes

ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a

deacutecada de 1930

A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas

existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira

universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute

existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade

do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro

Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de

fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o

ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado

pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter

tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas

Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e

designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter

artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos

Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em

relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte

cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes

Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a

integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo

com relatos dos estudantes

83

A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas

Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a

chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)

Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do

Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou

um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES

2005)

Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao

movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo

ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a

primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute

existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e

didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o

novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)

Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela

reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade

brasileira

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo

Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o

da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um

padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica

universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil

Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo

com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo

miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A

1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria

em 1969

Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo

modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo

desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos

aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB

no Rio de Janeiro (SOARES 2005)

84

O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do

parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal

diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de

mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que

conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770

estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e

urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo

Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como

Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas

em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho

Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)

Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994

que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)

85

QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994

CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994

MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO

Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes

Matemaacutetica

Fiacutesica

Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

Plaacutestica

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS

Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo

Resistecircncia dos materiais e estabilidade das

construccedilotildees

Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de

construccedilatildeo

Instalaccedilotildees e equipamentos

Higiene da habitaccedilatildeo

Tecnologia da Construccedilatildeo

Sistemas estruturais Sistemas Estruturais

Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de

Paisagismo

Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo

Planejamento Urbano e Regional

Conforto Ambiental

Topografia

Teacutecnicas Retrospectivas

TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO

Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994

As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras

disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e

Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos

aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees

ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e

teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao

Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto

Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas

86

e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da

organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita

com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave

arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos

anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do

Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria

Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos

miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto

Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo

tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)

Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a

importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na

proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de

2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo

deste trabalho (ver ANEXO)

As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia

dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade

material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves

necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e

o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva

Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme

profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas

abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos

disponiacuteveis

Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo

entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o

exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de

87

preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio

ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas

lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades

necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar

construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de

especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais

econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras

Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma

mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e

divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais

Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido

alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo

no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato

esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos

de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente

ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e

principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com

Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos

A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de

alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo

extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e

como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa

pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da

arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo

em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e

profissionais da arquitetura

88

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas

Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e

discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi

feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por

regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou

optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou

identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos

voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns

cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes

bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e

Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])

Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da

FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo

defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem

conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia

adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida

pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da

morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre

a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem

apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa

(GAZZANEO 1998)

Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois

cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ

parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e

sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias

Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute

Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])

89

No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz

(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve

buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que

devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo

Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um

discurso ambiental social e cultural nas mesmas

bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente

Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)

bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de

acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])

Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura

e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato

sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental

bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de

Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas

nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e

Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo

entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de

uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura

90

que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS

- PUC MINAS [200-])

Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])

Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])

Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar

disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das

proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e

palestras

bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu

jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na

produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram

para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa

(MALARD 2006)

Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo

de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto

arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos

populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute

91

uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual

Environments)

Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo

ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho

vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado

pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo

aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado

pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de

desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do

computador (HABITARE 2007)

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e

pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo

projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida

coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o

bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai

aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos

projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha

na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram

do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado

pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de

moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho

de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -

UNB [200-])

Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio

entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam

intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University

(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois

alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois

Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria

Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo

92

ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])

CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])

Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto

de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])

bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto

Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto

que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo

Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos

estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias

Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e

universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das

populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades

envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e

na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e

professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute

foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])

93

Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se

Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e

Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])

bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma

organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de

capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma

unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias

relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao

crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade

do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma

entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash

Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e

melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO

AMBIENTE - UNILIVRE [200-])

Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma

Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de

projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras

arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de

conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])

bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina

optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de

Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para

o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na

mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais

O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de

doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito

seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave

94

Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da

relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo

que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado

por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto

de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos

sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem

uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz

constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios

desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar

essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua

inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)

Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na

atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia

Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em

questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui

por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais

culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na

arquitetura

95

Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em

sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso

Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos

organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em

praacutetica

Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados

atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras

atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees

ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a

presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea

bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq

iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-

se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de

Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e

Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica

(PROARQ [200-])

O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo

Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e

Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das

teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003

(PROURB 2007)

bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo

FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico

doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma

uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa

uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)

96

Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do

Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e

demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa

estrutura estaacute implantada desde 2003

O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta

atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da

Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto

Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles

destacam-se (USP 2006)

Habitat Tem como objetivo

Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)

Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e

fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do

habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e

imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente

Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens

2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade

3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)

Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de

reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados

apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a

identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e

resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e

Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees

97

Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo

2 Materiais e componentes de construccedilatildeo

3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)

4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)

5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)

6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa

dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e

Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees

Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto

ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves

edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao

consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o

desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas

98

relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea

Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no

sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-

sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade

Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do

viacutedeo

2 Praacutetica Profissional do Arquiteto

3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo

4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana

5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)

6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo

7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil

(miacutedia canteiro clientela)

8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo

9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo

10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos

99

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e

Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo

acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo

eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua

aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em

funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento

desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB

2006)

O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos

sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de

reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees

puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo

Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de

decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a

proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel

As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel

Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e

Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e

Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)

bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR

(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas

puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas

puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da

arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio

ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo

profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa

demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de

uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar

100

bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio

Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do

Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa

Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que

incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco

mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o

protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB

UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades

Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e

Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005

PRODEMAUFPB 2006)

A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees

a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que

assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo

pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as

atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de

integraccedilatildeo interdisciplinar

A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento

Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As

Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento

Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos

101

Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil

Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza

bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do

PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-

Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat

Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)

Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa

Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental

Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila

Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica

bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em

1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma

reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e

diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e

pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em

Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal

de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se

do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado

como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do

NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas

linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E

URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras

Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos

102

Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes

Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em

Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver

eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e

construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo

enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de

concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa

Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do

Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas

desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte

transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas

(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA

UFMG 2007)

Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a

presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante

ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos

anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou

mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura

e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e

desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da

reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios

expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em

linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou

optativas que abordassem o tema de modo suficiente

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura

Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar

a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais

sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas

natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo

103

Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a

maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras

disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer

do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus

organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem

realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas

conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da

pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida

integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no

ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras

satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente

natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo

estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e

sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes

Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo

pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de

integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo

Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a

transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia

de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da

frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade

permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para

outro (DOMINGUES 1999)

Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante

da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos

fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos

teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e

qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e

interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade

De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de

1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of

104

future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone

Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais

as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que

esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as

disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo

entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver

naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar

com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees

harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura

deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade

dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar

sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser

incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo

aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de

4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de

105

trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua

dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus

acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo

A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura

mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)

Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo

Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem

sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental

acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de

cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o

universo

O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser

exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas

primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar

esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e

educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da

inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e

desenvolvimento sustentaacutevel

No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes

da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm

implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel

confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de

graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas

agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos

proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores

43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)

106

Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento

em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada

caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de

problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)

Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo

do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema

Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois

enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente

quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa

A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando

um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar

fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores

comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)

Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente

descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos

dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo

cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado

aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais

e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos

quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)

O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as

pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem

Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que

as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)

A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as

lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o

fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser

estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada

Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e

analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute

107

necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e

variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o

problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por

ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees

exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)

A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e

procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e

caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas

caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o

estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)

Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a

fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto

Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo

com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie

ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador

As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo

que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de

vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao

mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A

principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo

nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)

As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente

mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees

fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees

de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados

Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo

com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos

objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta

de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a

anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados

Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de

entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para

corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias

108

ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio

aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos

Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes

do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros

estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como

EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia

No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados

e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados

Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e

alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o

objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima

Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa

semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil

Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em

Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da

construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de

edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre

engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente

Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao

estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel

e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos

maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo

Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por

PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande

responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de

intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem

perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores

acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as

consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo

44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231

109

Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco

conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos

impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para

entatildeo tentar diminuir estes impactos

Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros

e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era

sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso

porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar

Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para

quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as

respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta

a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)

Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns

aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu

incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a

resposta (TAB 1)

TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel

(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)

Correccedilatildeo das respostas

Arquiteto () Engenheiro () Total ()

Erradas 4722 2041 3176

Parcialmente corretas 3611 3061 3294

Corretas 833 1020 942

Em branco 833 3878 2588

TOTAL 100 100 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos

conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em

revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-

110

cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos

entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia

pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo

como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO

2002)

Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e

teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior

economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave

sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria

disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer

sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)

TABELA 2 Conhecimento e interesse

Interesse pelo assunto Total ()

Natildeo conhece e tem interesse 2921

Natildeo tem interesse 338

Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629

Natildeo respondeu 112

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e

conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos

(TAB 3)

TABELA 3

Impacto das edificaccedilotildees

Atividades produzem impacto Total ()

Natildeo 460

Sim 9540

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 122

111

As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no

meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos

falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio

O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil

principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar

as teacutecnicas

Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade

de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil

41 Pesquisa quantitativa

A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa

atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos

para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades

Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura

da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um

ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena

quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi

melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os

premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela

Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007

Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de

estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de

Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute

Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns

arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando

mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados

Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di

Design ndash IED Milano na Itaacutelia

Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver

APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48

arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o

112

preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e

trabalho que desempenha

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo

idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio

Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis

quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro

niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm

periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos

formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro

de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que

respondeu ao questionaacuterio

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

41

31

11

17

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora

A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade

aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e

acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o

entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos

entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira

pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser

utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos

sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da

pergunta (GRAF 2)

Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo

das respostas em comum analisadas e interpretadas

113

1 11 2 12 311

222

1122

2421

112

8

4

11

4

9

4

12

5

20

0

5

10

1520

25

30

35

40

A B C D E F G H I J K

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm

GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)

A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora

Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam

responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos

no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes

e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos

recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e

houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura

114

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

22

24 10

36

8

OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS

USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI

USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS

GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na

graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua

graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO

1

5026

23

SIM

EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO

NAtildeO

GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado

superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute

aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo

ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)

115

1 1 2 2 211

213

191

10

10

10

10

10

5

33

0

10

20

30

40

50

60

A B C D E F G H I

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordm

arquiteto 1999-2006

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora

Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas

e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de

sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da

praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas

agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto

de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente

integradas

Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era

necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era

suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)

responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas

pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o

tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da

arquitetura

116

A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o

conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14

pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a

melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e

debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)

11 11 111 3

1142

1423

2324

22

9

22

10

17

24

6

11

6

12

05

101520253035

A B C D E F G H I J K

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA

estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura

A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

1212

30 9

9

9

11

7A-D E F G H I J K

GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

117

Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o

conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a

dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura

Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do

estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio

foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado

UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial

Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente

IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta

Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente

UFRJ 2001

Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo

UFRJ 2003

Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano

UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo

UFF 1988

Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar

UFRJ 4ordm periacuteodo

Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em

118

grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []

Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)

Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000

O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto

UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano

PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do

arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos

seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de

excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem

primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e

urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e

posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que

a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem

disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta

amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada

Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo

atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis

concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho

de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de

cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade

totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006

e abril de 2007

O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente

perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim

119

como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de

alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade

cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou

doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e

nome do orientador (ver APEcircNDICE C)

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e

idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do

concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto

Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes

que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta

seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia

abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute

dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual

dissertaccedilatildeo

A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para

posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus

questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas

professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por

iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave

grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A

ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e

urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A

empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do

evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do

concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e

a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)

Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio

Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a

ser a AU

120

A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a

Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista

PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a

Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos

baseados neste material

Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de

graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que

tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com

PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves

instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a

possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando

com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45

Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora

selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que

efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos

selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos

finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas

Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes

regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas

Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo

Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo

Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte

e Sergipe

Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e

Tocantins

No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de

quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo

foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados

regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20

menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco

trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem

45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt

121

A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees

honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final

de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios

respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem

descritos ilustrados e brevemente analisados

422 Opera Prima 2001 Ganhadores

Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ

Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP

Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP

Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE

Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF

Menccedilotildees honrosas

Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB

Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC

Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e

superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros

Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas

Clebiana Silva UnB 2001

122

Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais

Rodrigo Cabral 2001

Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a

sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o

assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o

trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de

Thais Inecircs Krambeck

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC

O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella

parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas

naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas

instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e

123

feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e

atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A

autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como

legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA

estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a

seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de

determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e

intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos

naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46

46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck

124

FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees

ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de

sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para

resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas

arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante

compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta

Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento

do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental

motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do

empreendimento

423 Opera Prima 2002 Ganhadores

Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB

125

Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL

Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG

Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ

Menccedilotildees honrosas

Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF

Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP

Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP

Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP

Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal

abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo

Viviane Abe USP 2002

A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto

Ailton Moraes UnB 2002

Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees

relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro

disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o

trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF

O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um

terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees

126

acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e

de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de

conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico

adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas

como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e

ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos

isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao

conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a

circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior

controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios

eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas

Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees

127

discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47

FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano

O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em

conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de

Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando

tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se

preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que

aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e

papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um

dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia

no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas

47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano

128

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana

Iwashita USP

O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo

com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo

Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos

tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e

serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local

otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees

energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso

racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e

coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores

Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48

48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita

129

FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita

Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que

adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica

aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e

com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a

caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa

de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade

424 Opera Prima 2003 Ganhadores

Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos

Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas

Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS

Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS

Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ

Menccedilatildeo honrosa

Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas

Artes de Satildeo Paulo

Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos

130

respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista

Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees

Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003

Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse

Luciano Lerner PUC-RS 2003

Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo

Maria Branca Rabelo UFRJ 2003

Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas

questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano

Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS

A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes

de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo

cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com

trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a

implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate

O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo

131

Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49

FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso

132

FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste

trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo

impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar

a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-

se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro

Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo

Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa

e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo

de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a

populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da

comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos

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Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50

FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel

O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede

puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo

de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte

pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente

do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo

estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo

da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas

principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas

425 Opera Prima 2004 Ganhadores

50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel

134

Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e

institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG

Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea

EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ

Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS

Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS

Menccedilotildees honrosas

Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER

Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB

Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS

Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em

relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores

responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura

Gustavo Moojen UNIRITTER 2004

Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um

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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc

Pedro Engel UFRGS 2004

Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas

questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois

disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara

Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro

4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS

A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com

turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo

ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na

regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com

infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza

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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51

FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi

Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a

natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade

de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de

atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os

cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem

disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de

51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi

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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito

pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se

agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as

questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo

com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica

de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental

4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB

A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do

lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava

em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma

foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal

edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso

cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias

138

As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52

FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro

A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute

busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e

econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao

entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior

durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo

principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas

426 Opera Prima 2005 Ganhadores

Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA

Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB

Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau

52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro

139

Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie

Menccedilotildees honrosas

Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA

Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG

Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP

Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos

sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto

Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute

suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia

Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem

abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado

Fabiana Casali UnB 2005

Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto

Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade

Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006

Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas

questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor

alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos

dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer

4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP

140

A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde

tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um

caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em

associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma

educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma

cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O

lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro

beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo

e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de

compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim

Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral

Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)

141

Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53

FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade

resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre

palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho

tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na

cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina

do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees

ambiental cultural econocircmica e social neste projeto

4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de

Blumenau

O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e

grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do

rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias

142

transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores

de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca

salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54

FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer

Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos

observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama

bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode

ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma

concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo

O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito

de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a

54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer

143

construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55

427 Opera Prima 2006 Ganhadores

Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas

ndash UNOPAR

Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do

Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF

Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG

Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE

Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER

Menccedilotildees honrosas

Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR

Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

ndash UFMS

Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash

UFPE

Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG

Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC

Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER

Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e

medicina ligados ao sexo ndash UFRJ

Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS

55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer

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Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio

Satildeo Joseacute ndash UNISINOS

Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR

Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que

aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio

para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com

PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios

Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas

que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro

todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre

sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente

Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo

Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006

A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando

145

surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura

Cervantes Ayres UFPR 2006

Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria

Clariane Nogueira UFMS 2006

A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []

Igor de Vetyemy UFRJ 2006

Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante

Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006

No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto

Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006

[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura

Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente

Danielle Barros Benedicto UFF 2006

146

Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que

algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o

tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom

projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um

projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra

pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de

pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo

Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane

Menegusso Nogueira UFMS

O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua

importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada

como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A

edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total

harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56

56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira

147

FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira

A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de

sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo

disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade

Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a

escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos

de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em

harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da

autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo

de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC

A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de

associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma

alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de

148

forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57

FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi

O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e

econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e

ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente

viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade

ambiental social econocircmica e cultural

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados

As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram

transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo

dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos

arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e

ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o

respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e

concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes

confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria

respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais

eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees

futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa

57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi

149

com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas

entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado

A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade

das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

14

1014

16

2818

concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006

GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora

Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do

arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do

tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram

que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO

2 822

4

10

54

NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS

GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se

dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais

anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi

abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da

metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo

(GRAF 10)

150

1111 4

7133

9

11 1343

11111

10

510

15

2025

30

A B C D E F G

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de

aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade

O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma

abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia

Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura

UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso

de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne

na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development

Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em

Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra

Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo

mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia

PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de

Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |

Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em

Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em

Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no

Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto

151

POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi

abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o

mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de

Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em

Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da

Accademia Cappielo Firenze

Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto

abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de

cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem

um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas

que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra

D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve

abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF

11)

21111

3

4142

5

2

5

323

6

22

0

5

10

15

20

25

A B C D

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso

A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora

A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada

ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados

somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da

metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que

estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que

152

natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui

caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

20

820

52

NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas

GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem

da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que

eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6

consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista

sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem

aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem

sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa

discussatildeo (GRAFs 13 e 14)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

146 4

76

Muito pouco abordada ou natildeo existe

Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio

Outra resposta

GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

153

1321 7

8255

11

12 110

10

20

30

40

A B C D E

ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou

seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do

arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a

maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro

periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de

atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e

conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio

pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas

2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

42

8

6

8

22

2

12

A B C D E F G

GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item

A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos

154

E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

43 Anaacutelise das duas pesquisas

Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem

quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos

premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes

Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e

apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

39

162

4

41

NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta

GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa

Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute

espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito

de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no

Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade

A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema

de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios

respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em

todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como

uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores

para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas

responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se

tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca

155

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo

profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem

mesmo com os respondentes de outros paiacuteses

A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na

questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema

parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo

Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e

seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da

sustentabilidade na graduaccedilatildeo

Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma

anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs

algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre

a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas

universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e

ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na

FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas

proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e

econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na

graduaccedilatildeo

Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos

tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser

aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre

departamentos e disciplinas

Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem

sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a

abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral

Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente

pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de

Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de

pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem

explicitamente o tema

156

Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o

que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser

inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou

menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados

aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se

criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do

assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo

ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos

aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem

importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo

Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando

perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os

entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo

haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso

uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados

sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais

articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar

em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas

principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que

em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar

157

As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos

Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir

Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972

5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o

meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo

demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu

habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de

desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem

aproximadamente metade da energia produzida no mundo

A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees

assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na

grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar

e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o

habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis

Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel

apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o

urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e

efetivo

Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a

interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta

dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto

e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade

natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e

urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e

recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser

colocados em praacutetica

O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade

de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e

espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o

arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a

serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele

158

deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para

um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de

sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto

de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este

propoacutesito

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos

As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza

devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo

com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e

materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento

do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis

intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel

Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em

algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-

graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a

maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos

feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as

novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica

da sustentabilidade na praacutetica do ensino

A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os

premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de

modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos

mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem

o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos

autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem

considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do

paiacutes

Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos

premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo

159

da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo

principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no

sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do

sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre

as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o

problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute

tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo

necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui

vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do

arquiteto urbanista

Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando

cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta

ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades

inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute

essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas

Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma

consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais

harmoniosas e sustentaacuteveis

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica

de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um

ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser

realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo

assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no

paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas

que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro

Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a

inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes

entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia

ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de

160

que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as

relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta

exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que

isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino

fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar

seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental

e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim

como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel

Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos

cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia

ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em

niacuteveis maiores ou menores

- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos

primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura

- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo

- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto

161

REFEREcircNCIAS

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162

CONPET ndash Programa Nacional da racionalizaccedilatildeo do uso dos derivados do petroacuteleo e do gaacutes natural Notiacutecias 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwconpetgovbrgt Acesso em 10 mar 2006 CONSELHO NACIONAL DE DEFESA AMBIENTAL ndash CNDA Histoacuteria CNDA 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwcndaorgbrgt Acesso em 15 fev 2007 COSTA Heloiacutesa S M Desenvolvimento urbano sustentaacutevel uma contradiccedilatildeo de termos Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais Recife n 2 p 55-71 mar 2000 COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 CLUB OF ROME About [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwclubofromeorggt Acesso em 3 ago 2006 DASMANN Raymond F Ambiente propiacutecio agrave vida humana 2 ed Rio de Janeiro IBGE 1976 DOMINGUES Ivan et al Transdisciplinaridade descondicionando o olhar sobre o conhecimento Educaccedilatildeo em RevistaRevista da Faculdade de Educaccedilatildeo UFMG Belo Horizonte p 109-116 jun 1999 DUSI Raul Luiacutes Estudo sobre programas de educaccedilatildeo ambiental no Brasil e a questatildeo da sustentabilidade ambiental 2006 176f Tese (Doutorado em Ecologia) ndash Instituto de Ciecircncias Bioloacutegicas Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2006 EDWARDS Brian Guia baacutesico de la sostenabilidad Barcelona Gustavo Gili 2004 ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO ndash ENSEA 15 1998 Campo Grande Anais Campo Grande ABEA 1998 FARAH Ivete Formaccedilatildeo do Arquiteto abrangecircncia curricular e interdisciplinaridade In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e Ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p207-208 FRYSINGER Galen R Fallingwater 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwgalenfrysingercomfallingwater_pennahtmgt Acesso em 10 set 2007 GAZZANEO L M C O despertar da pesquisa no ensino da graduaccedilatildeo atraveacutes da disciplina intitulada Urbanismo e Meio Ambiente In ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO- ENSEA 15 1998 Campo Grande Anais Campo Grande ABEA 1998 p141-143 GEDDES Patrick Cities in evolution an introduction to the town planning movement and the study of civics London Williams and Norgate Press 1915 GREEN CROSS BRASIL Histoacuterico 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwgreencrossbrasilorgbrgt Acesso em 12 fev 2007 GREEN CROSS INTERNATIONAL About us [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwgreencrossinternationalnetgt Acesso em 12 fev 2007 GREENPEACE About [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwgreenpeaceorggt Acesso em 10 fev 2007 GREENPEACE BRASIL Quem somos 1998 Disponiacutevel em lthttpwwwgreenpeaceorgbrgt Acesso em 20 out 2006

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GRUPO DE TRABALHO 1 Sociedade cidade arquitetura e o profissional formado na FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p176 GUSTAVSEN Denise Vinte anos de sustentabilidade Revista Arquitetura amp Construccedilatildeo Satildeo Paulo v 23 n 8 p 114-117 set 2007 HABITARE - Programa de Tecnologia de Habitaccedilatildeo Projeto participativo 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwhabitareorgbrgt Acesso em 14 ago 2007 HOGAN Daniel Joseph A relaccedilatildeo entre populaccedilatildeo e ambiente desafios para a demografia In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 p21-52 INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAacuteVEIS ndash IBAMA O Ibama e sua histoacuteria [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwibamagovbrinstitucionalhistoriagt Acesso em 10 fev 2007 INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE ndash IPCC About IPCC 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt Acesso em 06 fev 2007 LAGO Antocircnio PAacuteDUA Joseacute Augusto O que eacute ecologia Satildeo Paulo Brasiliense 1984 LAKATOS E M MARCONI M A Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados 4 ed Satildeo Paulo Atlas 1999 LAMBERTS Roberto DUTRA Luciano PEREIRA Fernando Oscar Ruttkay Eficiecircncia energeacutetica na arquitetura Satildeo Paulo PW 1997 LEITE M A D Ensino de tecnologia em Arquitetura e Urbanismo concepccedilotildees curriculares e proposiccedilotildees para inovaccedilatildeo curricular In ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO- ENSEA 15 1998 Campo Grande Anais Campo Grande ABEA 1998 LIMA Gustavo Ferreira da Costa Educaccedilatildeo e sustentabilidade possibilidade e falaacutecias de um discurso In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE- ANPPAS 1 2002 Indaiatuba Anais Indaiatuba 2002 MALARD Maria Lucia et al Jogando e aprendendo a construir Coletacircnea HABITARE Porto Alegre v 5 n 1 p 116-135 2006 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisa amostragens e teacutecnicas de pesquisa elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 3 ed Satildeo Paulo Atlas 1996 MARTINS Paulo R Por uma poliacutetica ecoindustrial In VIANA G SILVA M DINIZ N (Org) O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 p 97-131 MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA UFMG - MACPS Linhas de Pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufmgbrmacpsgt Acesso em 14 ago 2007 MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT Notiacutecias MCT 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwmctgovbrgt Acesso em 30 jun 2006

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MINISTEacuteRIO DAS CIDADES Mcidades [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwcidadesgovbrgt Acesso em 29 jan 2006 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 17 jan 2007 MOISEacuteS Claacuteudia Perrone Direitos humanos e desenvolvimento a contribuiccedilatildeo das naccedilotildees unidas In AMARAL JUacuteNIOR Alberto do MOISEacuteS Claacuteudia Perrone (Org) O cinquumlentenaacuterio da declaraccedilatildeo universal dos direitos do homem Satildeo Paulo Edusp 1999 MONTIBELLER-FILHO Gilberto O mito do desenvolvimento sustentaacutevel meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias Florianoacutepolis Ed da UFSC 2001 MOUSINHO Patriacutecia Glossaacuterio In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 332-367 MUMFORD Lewis The natural history of urbanization In THOMAS William L (Coord) Mans role in changing the face of the Earth Chicago University of Chicago Press 1956 NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO ndash NPGAU Apresentaccedilatildeo 2007 Disponiacutevel em lt httpwwwarqufmgbrposgt Acesso em 14 ago 2007 OLIVEIRA Andreacute Luiz Prado de A eficiecircncia ambiental nas edificaccedilotildees fundamentos e estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do projeto arquitetocircnico a partir do uso racional de energia eleacutetrica e aacutegua 2005 385f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 OLIVEIRA Thaisa Francis C Sampaio de Sustentabilidade e arquitetura uma reflexatildeo sobre o uso de bambu na construccedilatildeo civil 2006 136f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Dinacircmicas do Espaccedilo Habitado) ndash Centro de tecnologia Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2006 PAAS Leslie Christine Educaccedilatildeo para desenvolvimento sustentaacutevel por meio da aventura 2004 185f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004 PAULA Joatildeo Antocircnio de MONTE-MOacuteR Roberto L M Biodiversidade populaccedilatildeo e economia uma experiecircncia interdisciplinar In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 PIANO Renzo Projects [200-] Disponiacutevel em lthttprpbwcomgt Acesso em 17 jul 2007 PINHEIRO Gustavo Focesi O gerenciamento da construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de edificaccedilotildees 2002 159f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) ndash Faculdade de Engenharia Civil Universidade Estadual de Campinas Campinas 2002 PNUMA Perspectivas do Meio Ambiente Mundial 2002 GEO-3 [Sl] IBAMA PNUMA UMA 2004 PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS ndash PUC MINAS CursosGraduaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwpucminasbrcursos gt Acesso em 17 jul 2007 PREcircMIO Opera Prima Revista Projeto Design Satildeo Paulo n 284 p 89-107 out 2003 PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVACcedilAtildeO DE ENERGIA ELEacuteTRICA ndash PROCEL Selo Procel 2007 Disponiacutevel em lthttpwwweletrobrasgovbrprocelgt Acesso em 26 fev 2007

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PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFAL ndash PRODEMAUFAL Pesquisas 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufalbrgt Acesso em 17 fev 2007 PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFPB ndash PRODEMAUFPB O Prodema 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufpbbrgt Acesso em 16 fev 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA DA FAU-UFRJ ndash PROARQ Programa [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprourbfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM URBANISMO DA FAU-UFRJ ndash PROURB Linhas de pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwproarqfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 RHEINGANTZ Paulo Afonso Proposta de marco referencial para a FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p141-155 RIBEIRO Mauriacutecio Andreacutes Ecologizar pensando o ambiente humano Belo Horizonte Rona 1998 ROGERS Richard Cidades para um pequeno planeta 2 ed Barcelona Gustavo Gili 2001 ROSETTO Adriana Marques Proposta de um sistema integrado de gestatildeo do ambiente urbano (SIGAU) para o desenvolvimento sustentaacutevel de cidades 2003 404f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2003 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 SACHS Ignacy Science Nature Societeacute [Sl] v 2 n 2 1994 SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2000 SANTOS Mauriacutecio Takahashidos dos Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitudes 2005 135f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2005 SILVA Roberto Gonccedilalves da Arquitetura o abrigo da vida Florianoacutepolis Ed da UFSC 2003 SIRKIS Alfredo Cidade In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 214-229 SOARES Umberto Tavares Entre atos ensino superior urbanismo e a EAUFMG 2005 284f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 SOUZA Maacutercia de Andrade Sena Energia e arquitetura a importacircncia dos padrotildees de consumo e produccedilatildeo da sociedade frente ao desafio da sustentabilidade CONFEREcircNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUCcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL 1 ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUIacuteDO 10 2004 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo 2004 STAGNO Bruno Proyectos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwbrunostagnoinfogt Acesso em 19 set 2007

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SUNKEL Oswaldo O marco histoacuterico do processo de desenvolvimento subdesenvolvimento 5 ed Rio de Janeiro UNILIVROS 1980 TASCHNER Suzana P Degradaccedilatildeo ambiental em favelas de Satildeo Paulo In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 TRIGUEIRO Andreacute Introduccedilatildeo In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p13-17 UCHAF Y Felin Roundhouse 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfelinuchafcomroundhousehtmgt Acesso em 11 jun 2007 UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS Division of Sustainable Development [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunorgesasustdevgt Acesso em 13 fev 2007 UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION ndash UNESCO UNESCO no Mundo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunescoorgbrgt Acesso em 12 fev 2007 UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB Arquitetura [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunbbrgraduacaocursos gt Acesso em 23 out 2005 UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO ndash USP Graduaccedilatildeo 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwuspbrfaudocentesdepprojetogt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE ndash UNILIVRE Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunilivreorgbrgt Acesso em 23 out 2005 e 21 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ndash UFSC Disciplinas 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufscbrarqsocgt Acesso em 15 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute ndash UFPR Especializaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprppgufprbrgt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ndash UFRJ Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfauufrjbrgt Acesso em 4 set 2005 UNIVERSIDADE FUMEC Arquitetura e Urbanismo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfumecbrcursosgraduacaoarquiteturaphpgt Acesso em 18 jul 2007 US GREEN BUILDING COUNCIL - USGBC Leed 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwusgbcorggt Acesso em 18 fev 2007 VEJA Satildeo Paulo Abril v 40 n 17 mai 2007 p 52 VEIGA Joseacute Eli Perspectivas nacionais do desenvolvimento rural In SHIKI Shigeo SILVA Joseacute Graziano da ORTEGA Antonio Ceacutesar (Org) Agricultura meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro Uberlacircndia CNPqFAPEMIG 1997 WRIGHT Frank Lloyd The natural house New York Horizon Press 1954 WWF-BRASIL WWF no Brasil 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrgt Acesso em 14 fev 2007

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WWF - GLOBAL ENVIRONMENTAL CONSERVATION ORGANIZATION WWF International 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforggt Acesso em 14 fev 2007 YEANG Ken Bioclimatic skyscrapers London Artemis 1994 ZEVI Bruno Towards an organic architecture London Faber amp Faber Limited 1950

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APEcircNDICE A

Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE B

Questionaacuterio aplicado com arquitetos

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE C

Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima

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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado

ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________

4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________

5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________

Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006

Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados

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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias

O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico

Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos

I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social

II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como

instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes

modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em

diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e

1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37

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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares

sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios

a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade

b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades

c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como

patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto

Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional

Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil

a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e

comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo

c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades

a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo

b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel

c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios

d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo

e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa

f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de

177

tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional

g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana

h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees

i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas

j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades

k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais

l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional

m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional

Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista

Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade

I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso

sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia

sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso

178

sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando

sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como

a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular

b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados

c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural

d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana

e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade

f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo

Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo

sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso

sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso

Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e

implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo

sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo

sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado

179

Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos

a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais

b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso

c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo

Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas

pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta

Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta

Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria

Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994

EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Page 2: DIANNA SANTIAGO VILLELA · 2019. 11. 14. · V735s A sustentabilidade na formação atual do arquiteto e urbanista / Dianna Santiago Villela - 2007. 179f. : il. Orientador: Roberto

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Curso de Mestrado do Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte-Moacuter

Belo Horizonte

Escola de Arquitetura da UFMG 2007

FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago

V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura

1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo

CDD 72047

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais

AGRADECIMENTOS

A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida

A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo

Alvar Aalto

RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido

suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de

sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo

Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como

tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade

na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim

como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em

seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do

arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de

questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do

Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos

como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura

e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente

abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e

urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam

particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que

todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem

teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes

entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave

melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo

deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-

graduaccedilotildees

ABSTRACT

The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently

discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast

concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on

definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate

program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of

sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to

emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners

intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and

ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the

young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in

architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough

discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban

designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones

especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students

interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about

sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full

integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and

not restricted to elective classes and graduate programs

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45

FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45

FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46

FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46

FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47

FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47

FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48

FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50

FIGURA 9 Selo Procel 50

FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52

FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62

FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63

FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo

projetado por Emilio Ambasz e associados 65

FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65

FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66

FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67

FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75

FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76

FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124

FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124

FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127

FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129

FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131

FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132

FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133

FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136

FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138

FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141

FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em

preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141

FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142

FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147

FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85

LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das

respostas por profissatildeo 109

TABELA 2 Conhecimento e interesse 110

TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110

LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano

de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113

GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo

e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116

GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116

GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149

GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149

GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150

GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item 152

GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153

GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura

urbanismo por de respondentes em cada item 153

GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura

CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia

CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento

CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental

CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CO2 - Gaacutes carbocircnico

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca

DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel

EA - Educaccedilatildeo Ambiental

EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado

FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IED - Istituto Europeo di Design

IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas

ISO - International Organization for Standardization

IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil

NABERS - National Australian Building Environmental Rating System

NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

NR - Norma Regulamentadora

ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

PIB - Produto Interno Bruto

PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento

PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente

POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes

PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ

PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica

PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente

PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ

PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais

PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul

PVC -Policloreto de vinila

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica

SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica

SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

UEL - Universidade Estadual de Londrina

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UFF - Universidade Federal Fluminense

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFPA - Universidade Federal do Paraacute

UFPE -Universidade Federal de Pernambuco

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento

UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes

UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization

UNEP - United Nations Environment Programme

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

UNIFOR - Universidade de Fortaleza

UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente

UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis

UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute

USC - University of Southern Califoacuternia

USGBC - United States Green Building Council

USP - Universidade de Satildeo Paulo

WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel)

WSSD - World Summit on Sustainable Development

WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

11 Contextualizaccedilatildeo 23

12 Justificativa 27

13 Objetivos 29

131 Objetivo geral 29

132 Objetivos especiacuteficos 29

14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29

15 Procedimentos metodoloacutegicos 30

151 Etapas da pesquisa 30

16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33

21 A origem do termo 33

211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33

2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36

212 O ambientalismo no Brasil 41

213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44

214 Normas e selos de qualidade 47

2141 Norma Regulamentadora (NR) 48

2142 International Organization for Standardization (ISO) 49

2143 Selo Procel 50

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52

22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57

231 Organicismo 60

232 Arquitetura Orgacircnica 62

233 Arquitetura bioclimaacutetica 64

234 Arquitetura ecoloacutegica 66

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE

ARQUITETURA E URBANISMO 69

31 Consciecircncia ambiental 70

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72

313 A segunda linha de pensamento 73

3131 Pobreza x Meio ambiente 75

32 Educaccedilatildeo ambiental 77

33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade 79

34 Ensino de arquitetura 81

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo 83

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106

41 Pesquisa quantitativa 111

42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de

Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119

422 Opera Prima 2001 121

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs

Krambeck UFSC 122

423 Opera Prima 2002 124

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes

Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128

424 Opera Prima 2003 129

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner

Basso PUC-RS 130

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro

Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132

425 Opera Prima 2004 133

4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira

Eskinazi UFRGS 135

4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash

Izabel Torres Cordeiro UnB 137

426 Opera Prima 2005 138

4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste

Santos -Pablo Iglesias USP 139

4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer

Universidade Regional de Blumenau 141

427 Opera Prima 2006 143

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash

Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina

Somensi UFSC 147

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148

43 Anaacutelise das duas pesquisas 154

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154

5 CONCLUSAtildeO 157

REFEREcircNCIAS 161

APEcircNDICES 168

APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168

APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170

APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172

ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

de 2006 174

17

Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis

conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos

a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []

As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes

Alfredo Sirkis

1 INTRODUCcedilAtildeO

Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)

A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de

meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios

de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente

agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo

Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores

feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a

burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava

alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da

burguesia industrial emergente

Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a

produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor

Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada

dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas

Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos

mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e

dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas

seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades

observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos

trabalhadores

Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as

condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18

horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e

ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os

18

ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande

maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)

Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos

de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)

Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao

crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o

desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos

ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute

interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande

desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico

e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da

populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e

passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias

e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de

transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso

dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial

modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em

outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX

estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra

difundindo-se o uso das maacutequinas de construir

Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais

conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos

materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e

mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro

era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os

progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem

introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o

1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951

19

uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas

balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro

Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo

rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na

Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal

Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem

como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de

ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se

assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de

melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees

O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene

fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador

as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta

de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas

diferentes classes sociais entre outros

Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista

culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos

defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo

internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local

Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens

O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do

outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)

defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede

2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918

20

O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu

correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo

apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois

com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance

das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo

americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas

e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve

grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado

por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura

Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo

como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades

industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel

prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os

irreais modelos

No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma

nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)

como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont

Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas

novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade

sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante

destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem

concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na

atmosfera

Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela

pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e

economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-

temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e

4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958

21

Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus

representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch

Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da

sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais

econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo

pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes

foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a

representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e

aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute

preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes

digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para

analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio

ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como

seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)

Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte

atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada

modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos

preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e

iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre

outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias

outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito

densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7

citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das

primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois

que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)

Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a

esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o

alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e

aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se

o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno

onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)

5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915

22

Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford

com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano

ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute

higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo

tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o

vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos

estrateacutegicos (CHOAY 1979)

As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente

com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de

propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo

com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos

verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural

histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc

No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos

especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees

com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram

em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o

aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em

chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da

fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de

lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne

(CHOAY 1979)

Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida

situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de

deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o

chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo

constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela

proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo

Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais

percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima

do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos

23

demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)

11 Contextualizaccedilatildeo

Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente

urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na

Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que

chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a

populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas

urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])

Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de

consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos

deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica

ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital

objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses

interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e

eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o

desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias

primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente

As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo

ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura

existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses

em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40

das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da

linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo

da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou

abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem

grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas

8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993

24

irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500

mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno

acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias

irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria

Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96

milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15

milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem

natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de

tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute

despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e

das praias (ROSETTO 2003)

Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar

discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua

existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis

freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo

frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e

produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que

sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos

recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o

mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na

Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de

milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O

Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse

recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila

jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades

cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)

Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos

pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema

convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo

natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave

precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo

coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo

de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida

25

especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de

estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)

A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de

vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente

nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio

Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a

gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)

Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de

efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa

conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2

pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas

no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases

destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente

na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra

tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio

ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de

2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros

quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo

notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de

ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem

agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)

Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees

secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias

atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado

em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos

extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou

de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na

deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o

nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees

aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em

eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)

Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao

saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A

cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade

26

Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias

agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel

soacutelido (PNUMA 2004)

As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio

ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio

tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e

jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao

ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades

brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-

estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de

transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de

ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo

Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas

eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de

1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca

causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9

Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe

aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de

150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do

consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para

usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou

de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado

(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees

de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que

o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado

na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do

solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva

anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a

25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas

9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global

27

pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica

causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10

No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da

madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de

moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil

descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente

toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes

orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os

materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra

de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio

ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])

Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom

tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que

aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas

Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas

a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no

processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)

12 Justificativa

[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)

Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela

quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt

28

maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias

recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda

natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente

prejudiciais

A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da

conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e

consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas

poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais

forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em

todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que

correspondem ao discurso

As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma

mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo

paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se

conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente

agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de

pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas

iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se

dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas

significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)

Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo

necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas

levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou

claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de

atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo

(PNUMA 2004 p 12)

O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e

abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo

civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais

econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees

tecircm sido muito mais cobradas

O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma

edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de

sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente

29

Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do

ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento

urbano

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os

sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo

com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)

13 Objetivos

131 Objetivo geral

Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista brasileiro

132 Objetivos especiacuteficos

Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos

relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos

estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este

tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado

para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto

14 Delimitaccedilotildees do trabalho

Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar

os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de

sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas

religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da

sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A

partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e

culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave

arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto

alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e

urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do

assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo

30

15 Procedimentos metodoloacutegicos

Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo

bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em

seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior

avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos

151 Etapas da pesquisa

Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica

- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento

sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura

- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a

consciecircncia ambiental

- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Parte II Coleta de dados

- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa

- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que

serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior

- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora

revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006

Parte III Anaacutelise dos dados

- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo

- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente

- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados

Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa

31

16 Organizaccedilatildeo do trabalho

Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o

desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e

do trabalho desenvolvido

Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo

teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar

sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo

compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e

ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na

consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees

natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da

discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e

urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do

urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo

arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de

Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo

Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)

aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente

essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o

ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa

em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a

contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes

brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido

colocadas em praacutetica

No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente

aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a

50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006

Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-

se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e

teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a

questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista

32

O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees

finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia

33

O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata

ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo

Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo

Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes

de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo

ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e

contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos

princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e

evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento

desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)

O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos

nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo

na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais

na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas

e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre

Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974

211 Os eventos internacionais do ambientalismo

De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez

redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa

expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos

setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro

Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave

11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996

34

desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos

preccedilos do petroacuteleo em 1973

Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano

Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses

para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais

(MOUSINHO 2003)

O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por

um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais

dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da

Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da

Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua

Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester

professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo

de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30

pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento

proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])

A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de

quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de

relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do

crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do

Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o

Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia

populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental

decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo

dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo

ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a

humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis

de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento

do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo

da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e

foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de

12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate

35

limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos

terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no

mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande

destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava

propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento

ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)

A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos

ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil

signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo

dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo

ambiental

Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica

internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o

elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes

marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash

PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse

criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos

depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo

Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras

Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em

1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo

natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a

preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p

70)

Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito

ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da

Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por

MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio

ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em

suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave

problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993

36

gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001

p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da

qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as

possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo

2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade

Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do

ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e

a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento

de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-

MOacuteR 2000)

Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona

a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da

sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o

desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia

O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais

relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo

resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara

Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o

Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e

econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo

demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos

contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR

2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe

da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias

depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses

debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo

Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash

sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi

traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001

37

ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o

Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos

princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)

- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento

- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais

- Perseguir equidade e justiccedila social

- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social

- Preservar a integridade ecoloacutegica

Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular

propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de

cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees

voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo

universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem

chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel

como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as

possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-

FILHO 2001 p 48)

Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria

desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao

agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental

realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o

presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento

seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute

sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo

Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a

discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere

no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas

climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em

seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990

primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas

advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria

necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o

BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio

38

ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de

vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento

sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico

compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e

mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)

Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em

junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era

introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92

teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas

depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento

sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias

regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais

A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e

um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo

XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade

Marina Silva Ministra do Meio Ambiente

A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel

Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15

Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)

o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo

de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das

necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos

e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da

Terra (PINHEIRO 2002)

Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o

Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]

39

contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e

cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que

forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997

Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para

assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro

de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a

emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e

transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros

sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em

52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])

Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em

Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para

avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da

Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)

A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou

Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que

recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da

agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND

CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])

Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo

1 Erradicar a extrema pobreza e a fome

2 Atingir o ensino baacutesico universal

3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

4 Reduzir a mortalidade infantil

5 Melhorar a sauacutede materna

6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas

7 Garantir a sustentabilidade ambiental

8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da

histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa

ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado

na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta

40

necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003

UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])

O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash

IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa

do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de

2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi

confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o

dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo

resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima

afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos

sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis

(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)

O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute

2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente

jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59

centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior

dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos

mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um

aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo

XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em

meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)

Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo

do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de

carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O

governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo

de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees

Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde

entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em

Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o

direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades

Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos

internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo

ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press

41

essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os

resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores

soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais

recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo

individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta

conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)

No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras

depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade

Chico Mendes

212 O ambientalismo no Brasil

Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos

ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o

saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos

legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento

Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra

as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras

Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em

1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em

1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)

Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio

natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas

nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a

promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico

e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da

Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza

A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a

conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em

convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional

promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos

da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional

dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007

42

1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil

por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre

paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais

A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais

devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio

sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da

Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e

estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo

ambiental no Brasil

No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas

mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em

desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de

crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a

poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos

(HOGAN 2000)

Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o

subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da

poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta

de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo

Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA

pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental

junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio

ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio

ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os

recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se

principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais

visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza

Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio

Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o

Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro

foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o

Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

43

Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave

proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981

A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques

nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo

ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo

centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar

disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo

A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da

poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo

dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi

criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla

poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente

Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e

apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de

um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais

renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel

Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de

quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash

SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e

o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro

presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias

fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo

administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)

Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash

SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por

formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo

conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis

Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio

Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e

no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de

hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes

44

Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias

prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no

periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)

1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do

solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida

da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental

2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de

planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e

assegurando a participaccedilatildeo da sociedade

3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios

e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis

4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos

recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e

tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico

213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)

Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees

institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da

sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de

abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel

bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares

de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas

mundialmente (PINHEIRO 2002)

A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se

consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza

Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais

selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio

ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais

continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial

para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the

Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental

Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)

45

FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006

Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados

distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em

mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio

ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento

ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos

na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais

da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia

(WWF 2006)

Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de

degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o

meio ambiente

A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em

todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave

conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)

FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006

Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado

em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio

criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace

Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])

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Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It

needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins

lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para

manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe

contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas

exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais

da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de

climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG

3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos

toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo

FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]

FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]

18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)

47

Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema

eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19

FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]

Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da

Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz

vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites

nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em

1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute

ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de

valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade

compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL

2004)

Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e

qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20

214 Normas e selos de qualidade

O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo

governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por

entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais

(BLUE ANGEL [200-])

FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]

19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)

48

Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos

empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao

consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos

de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas

relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes

Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o

BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na

Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental

(GUSTAVSEN 2007)

Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest

Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo

certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente

correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001

(GUSTAVSEN 2007)

O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas

primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como

diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a

entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio

ambiente

FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004

Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e

usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash

cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)

Outros exemplos de normas e selos satildeo

2141 Norma Regulamentadora (NR)

A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra

se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios

modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos

49

funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18

criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de

trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e

doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do

Trabalho

As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios

problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor

de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de

13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de

produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra

devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos

funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)

A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos

poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores

2142 International Organization for Standardization (ISO)

Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000

voltadas agrave qualidade

A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do

gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando

benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem

de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a

preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos

ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para

natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)

A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por

exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo

de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de

desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de

vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)

50

FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005

2143 Selo Procel

O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO

PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto

desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash

PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os

melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a

fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento

tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute

voluntaacuteria (PROCEL 2007)

Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers

condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico

lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para

estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos

bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar

roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)

ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o

lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do

Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)

FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007

51

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-

governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de

niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A

primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para

a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos

Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina

dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem

O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes

de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)

1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e

agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc

2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc

3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias

renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc

4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais

com menor impacto ambiental etc

5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de

jardins etc

6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens

O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo

fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado

Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell

Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006

Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima

alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)

52

FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007

Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte

do sistema LEED de certificaccedilatildeo

No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O

Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash

Cacircmara americana de comeacutercio21

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico

Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge

quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos

lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos

Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS

2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos

paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A

diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e

recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os

movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave

21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998

53

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de

produccedilatildeo

Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees

o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem

pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural

Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira

informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu

campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural

ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam

sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o

meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa

sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de

caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo

social

A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se

dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a

dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da

quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)

A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento

ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos

aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo

humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico

portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute

mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto

destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A

produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o

grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a

Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)

O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da

accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo

voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais

Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo

movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que

fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e

54

pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana

outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)

No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou

essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza

e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o

crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas

Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)

Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam

a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no

questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a

resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise

ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de

civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)

Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo

presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores

tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas

uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor

Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por

exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto

ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos

pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi

Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva

semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas

que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin

Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre

55

outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade

industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos

pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas

globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan

Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore

Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros

Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos

na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23

O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas

estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O

foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo

que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)

Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e

ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel

Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas

essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial

IUCN UNEP e WWF 1980

22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as

atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as

sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo

bem como os padrotildees de consumo

Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante

impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar

23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros

56

a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar

Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada

apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)

Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar

a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia

da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel

Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute

uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo

Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da

dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme

Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do

desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)

O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental

no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser

considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento

econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A

sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser

buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular

57

A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se

acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no

presente quanto no futuro

De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-

FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo

paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo

ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse

contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a

uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito

fundamentalmente diferente do anteriorrdquo

Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando

pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo

sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano

deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental

cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo

Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como

Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26

24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)

58

McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo

como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar

Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura

verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda

acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer

agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a

vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte

Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da

edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma

maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees

(OLIVEIRA 2006)

A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se

insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver

estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-

estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser

concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem

planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a

especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das

condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na

racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do

consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em

edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A

eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia

proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais

Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios

em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias

(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia

27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000

59

consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia

consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de

manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por

maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)

Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo

favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo

do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para

uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor

impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes

renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o

ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da

mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material

capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a

toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel

das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos

No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os

mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de

poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o

material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)

Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos

resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um

exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que

20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das

emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)

Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e

reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a

geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)

Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma

manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo

60

Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do

desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []

Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na

impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais

Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo

eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse

conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura

bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

transmitiremos essa Cidade

natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela

do que nos foi transmitida Patrick Geddes

231 Organicismo

Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e

seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute

pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo

vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de

passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas

cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que

deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES

1915)

Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia

do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da

juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda

mais bela do que nos foi transmitidardquo

61

Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se

dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica

Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma

sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila

social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis

Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo

sustentabilidade

Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)

A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se

aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos

28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929

62

A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela

agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay

232 Arquitetura Orgacircnica

A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da

arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito

do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que

uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um

organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas

que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG

11)

FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006

De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e

em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de

origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno

Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e

especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze

um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze

maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright

uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural

use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of

30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)

63

confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no

adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo

Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo

o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi

Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica

ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes

arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que

trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o

mundo mas poderia agir como um bom exemplo

Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem

Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A

notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e

Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a

madeira

Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar

seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade

de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e

instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre

construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base

econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade

de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG

12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo

de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)

Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005

64

The need for architects to design for sustainable future

becomes a self-evident imperative Ken Yeang

233 Arquitetura bioclimaacutetica

Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do

sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao

ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo

surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na

definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por

OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves

condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam

subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer

exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias

de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)

Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a

construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos

climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo

solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano

tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de

conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees

formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)

A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada

internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-

se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus

bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a

arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo

meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos

materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos

produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio

ambiente

31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)

65

Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e

clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre

tantos outros (FIG 13 e 14)

Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001

Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]

66

Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras

mas ter um olhar novo Marcel Proust

234 Arquitetura ecoloacutegica

Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica

eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute

que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais

industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando

e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas

(PINHEIRO 2002)

A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo

conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico

e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)

Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005

A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica

e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de

sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir

para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as

edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura

ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual

questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)

67

Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo

A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da

construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a

conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre

essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento

urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo

diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE

TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a

melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio

ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel

Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que

sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de

sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo

principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da

sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam

Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista

precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de

procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma

arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este

propoacutesito

68

Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos

relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade

na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees

ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo

Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos

cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e

a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de

educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta

fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve

histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para

posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do

exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo

69

Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais

a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas

Kwantzu China a C

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)

De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a

participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo

prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise

dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua

participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas

ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como

onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu

sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar

tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa

accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito

mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da

educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino

Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos

participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais

diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio

ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de

seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)

Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou

para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras

formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros

passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios

baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)

70

A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas

primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma

de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se

preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo

Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se

percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos

inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do

entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso

entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o

puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se

oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode

efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980

31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos

constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos

ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior

respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir

Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio

ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza

(SANTOS 2005)

A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental

importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica

SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees

Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua

gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de

33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p

71

fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou

seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema

ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz

de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser

estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A

capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela

realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para

compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS

2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos

Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos

eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs

grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem

vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente

Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo

ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo

estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com

o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave

questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites

da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns

casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo

dificultando essas accedilotildees

Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas

vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo

modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por

Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e

na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural

34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969

72

Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda

a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila

a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso

Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35

Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em

ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica

ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo

Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os

ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o

importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a

socioeconocircmica

Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas

natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)

O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em

movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento

Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio

ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos

mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em

relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo

influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas

grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO

OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)

35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996

73

A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras

Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos

Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles

que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil

313 A segunda linha de pensamento

A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos

empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos

O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees

referentes agrave problemaacutetica ambiental

Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a

informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o

jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)

No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica

ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma

pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente

um sentimento e comprometimento maior

O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica

mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas

Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como

pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais

propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a

receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora

Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico

sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro

desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica

(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a

questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras

prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos

estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p

74

necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC

Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38

Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a

pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons

motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a

populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo

Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar

para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante

com a questatildeo ambiental

Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e

artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente

principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem

relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso

levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de

Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que

aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto

Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande

importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute

capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos

que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria

em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades

quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses

38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente

75

Sempre que se degrada o meio ambiente em 1

a pobreza aumenta em 026 PNUMA

3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)

FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9

Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A

pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees

estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e

investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez

de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental

prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as

mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)

76

FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9

Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a

necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar

o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave

soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel

(PINHEIRO 2002)

Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de

desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto

os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e

padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da

degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e

transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em

contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza

como as causas principais do problema

A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os

mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a

populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a

necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o

crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)

Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza

e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas

grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS

2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa

40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002

77

das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades

que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de

sobrevivecircnciardquo

Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a

utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e

econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as

condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e

causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)

A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como

uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA

32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)

[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)

A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo

realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo

ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o

ponto inicial deste movimento

Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em

1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio

Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se

criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se

reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do

PIEA

O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga

URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela

parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de

Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a

moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)

41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27

78

A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo

individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e

habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que

se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais

e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)

A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder

puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais

decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam

a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com

problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)

A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo

ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios

de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo

do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento

Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto

pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de

superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino

universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um

determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica

e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a

consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)

O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia

de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da

praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o

saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma

preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio

quanto principalmente no ensino universitaacuterio

Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados

satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam

79

aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o

projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo

Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um

projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e

valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de

informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de

percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam

Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute

conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da

populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS

2005)

A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel

aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade

UNESCO

33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade

O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo

final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a

conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e

comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o

Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)

Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se

que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o

desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de

Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a

implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada

paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para

completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)

O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a

ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias

inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa

deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para

80

refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos

(PAAS 2004)

A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na

histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo

e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto

A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente

uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos

normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS

busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de

mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)

Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento

Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar

alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses

A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de

desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir

os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo

o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela

que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos

A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS

2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida

Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram

definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento

Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a

sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos

como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem

diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental

com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World

Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em

42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003

81

diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o

desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)

Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de

Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas

Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do

termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor

o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo

sem definiccedilatildeo

Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma

abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida

como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e

entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que

abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo

deixa de ensinar sobre o todo

Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do

ensino de arquitetura no Brasil

Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto

do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []

O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza

beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []

Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro

34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico

A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia

grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo

do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e

conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em

1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o

conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)

No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando

criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de

Medicina Engenharia Artes e Direito

82

POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em

1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em

1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole

Polytechnique de Paris

BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do

Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve

tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real

de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente

formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu

em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como

curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus

alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em

1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes

ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a

deacutecada de 1930

A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas

existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira

universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute

existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade

do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro

Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de

fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o

ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado

pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter

tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas

Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e

designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter

artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos

Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em

relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte

cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes

Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a

integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo

com relatos dos estudantes

83

A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas

Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a

chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)

Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do

Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou

um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES

2005)

Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao

movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo

ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a

primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute

existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e

didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o

novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)

Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela

reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade

brasileira

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo

Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o

da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um

padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica

universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil

Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo

com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo

miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A

1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria

em 1969

Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo

modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo

desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos

aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB

no Rio de Janeiro (SOARES 2005)

84

O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do

parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal

diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de

mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que

conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770

estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e

urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo

Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como

Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas

em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho

Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)

Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994

que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)

85

QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994

CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994

MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO

Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes

Matemaacutetica

Fiacutesica

Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

Plaacutestica

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS

Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo

Resistecircncia dos materiais e estabilidade das

construccedilotildees

Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de

construccedilatildeo

Instalaccedilotildees e equipamentos

Higiene da habitaccedilatildeo

Tecnologia da Construccedilatildeo

Sistemas estruturais Sistemas Estruturais

Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de

Paisagismo

Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo

Planejamento Urbano e Regional

Conforto Ambiental

Topografia

Teacutecnicas Retrospectivas

TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO

Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994

As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras

disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e

Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos

aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees

ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e

teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao

Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto

Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas

86

e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da

organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita

com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave

arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos

anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do

Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria

Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos

miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto

Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo

tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)

Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a

importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na

proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de

2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo

deste trabalho (ver ANEXO)

As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia

dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade

material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves

necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e

o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva

Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme

profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas

abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos

disponiacuteveis

Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo

entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o

exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de

87

preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio

ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas

lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades

necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar

construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de

especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais

econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras

Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma

mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e

divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais

Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido

alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo

no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato

esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos

de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente

ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e

principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com

Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos

A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de

alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo

extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e

como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa

pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da

arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo

em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e

profissionais da arquitetura

88

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas

Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e

discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi

feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por

regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou

optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou

identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos

voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns

cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes

bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e

Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])

Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da

FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo

defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem

conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia

adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida

pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da

morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre

a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem

apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa

(GAZZANEO 1998)

Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois

cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ

parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e

sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias

Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute

Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])

89

No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz

(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve

buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que

devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo

Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um

discurso ambiental social e cultural nas mesmas

bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente

Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)

bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de

acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])

Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura

e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato

sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental

bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de

Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas

nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e

Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo

entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de

uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura

90

que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS

- PUC MINAS [200-])

Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])

Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])

Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar

disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das

proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e

palestras

bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu

jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na

produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram

para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa

(MALARD 2006)

Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo

de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto

arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos

populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute

91

uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual

Environments)

Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo

ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho

vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado

pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo

aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado

pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de

desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do

computador (HABITARE 2007)

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e

pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo

projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida

coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o

bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai

aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos

projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha

na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram

do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado

pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de

moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho

de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -

UNB [200-])

Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio

entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam

intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University

(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois

alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois

Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria

Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo

92

ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])

CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])

Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto

de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])

bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto

Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto

que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo

Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos

estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias

Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e

universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das

populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades

envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e

na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e

professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute

foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])

93

Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se

Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e

Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])

bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma

organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de

capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma

unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias

relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao

crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade

do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma

entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash

Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e

melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO

AMBIENTE - UNILIVRE [200-])

Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma

Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de

projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras

arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de

conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])

bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina

optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de

Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para

o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na

mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais

O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de

doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito

seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave

94

Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da

relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo

que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado

por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto

de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos

sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem

uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz

constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios

desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar

essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua

inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)

Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na

atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia

Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em

questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui

por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais

culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na

arquitetura

95

Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em

sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso

Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos

organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em

praacutetica

Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados

atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras

atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees

ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a

presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea

bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq

iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-

se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de

Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e

Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica

(PROARQ [200-])

O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo

Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e

Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das

teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003

(PROURB 2007)

bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo

FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico

doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma

uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa

uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)

96

Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do

Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e

demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa

estrutura estaacute implantada desde 2003

O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta

atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da

Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto

Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles

destacam-se (USP 2006)

Habitat Tem como objetivo

Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)

Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e

fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do

habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e

imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente

Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens

2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade

3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)

Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de

reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados

apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a

identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e

resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e

Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees

97

Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo

2 Materiais e componentes de construccedilatildeo

3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)

4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)

5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)

6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa

dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e

Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees

Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto

ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves

edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao

consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o

desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas

98

relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea

Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no

sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-

sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade

Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do

viacutedeo

2 Praacutetica Profissional do Arquiteto

3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo

4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana

5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)

6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo

7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil

(miacutedia canteiro clientela)

8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo

9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo

10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos

99

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e

Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo

acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo

eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua

aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em

funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento

desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB

2006)

O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos

sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de

reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees

puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo

Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de

decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a

proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel

As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel

Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e

Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e

Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)

bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR

(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas

puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas

puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da

arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio

ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo

profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa

demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de

uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar

100

bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio

Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do

Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa

Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que

incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco

mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o

protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB

UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades

Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e

Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005

PRODEMAUFPB 2006)

A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees

a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que

assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo

pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as

atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de

integraccedilatildeo interdisciplinar

A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento

Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As

Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento

Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos

101

Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil

Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza

bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do

PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-

Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat

Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)

Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa

Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental

Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila

Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica

bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em

1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma

reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e

diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e

pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em

Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal

de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se

do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado

como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do

NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas

linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E

URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras

Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos

102

Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes

Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em

Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver

eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e

construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo

enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de

concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa

Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do

Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas

desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte

transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas

(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA

UFMG 2007)

Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a

presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante

ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos

anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou

mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura

e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e

desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da

reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios

expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em

linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou

optativas que abordassem o tema de modo suficiente

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura

Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar

a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais

sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas

natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo

103

Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a

maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras

disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer

do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus

organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem

realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas

conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da

pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida

integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no

ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras

satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente

natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo

estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e

sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes

Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo

pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de

integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo

Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a

transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia

de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da

frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade

permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para

outro (DOMINGUES 1999)

Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante

da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos

fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos

teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e

qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e

interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade

De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de

1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of

104

future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone

Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais

as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que

esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as

disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo

entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver

naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar

com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees

harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura

deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade

dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar

sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser

incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo

aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de

4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de

105

trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua

dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus

acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo

A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura

mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)

Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo

Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem

sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental

acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de

cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o

universo

O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser

exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas

primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar

esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e

educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da

inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e

desenvolvimento sustentaacutevel

No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes

da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm

implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel

confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de

graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas

agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos

proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores

43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)

106

Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento

em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada

caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de

problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)

Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo

do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema

Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois

enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente

quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa

A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando

um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar

fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores

comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)

Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente

descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos

dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo

cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado

aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais

e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos

quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)

O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as

pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem

Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que

as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)

A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as

lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o

fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser

estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada

Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e

analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute

107

necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e

variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o

problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por

ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees

exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)

A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e

procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e

caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas

caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o

estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)

Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a

fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto

Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo

com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie

ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador

As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo

que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de

vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao

mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A

principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo

nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)

As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente

mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees

fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees

de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados

Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo

com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos

objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta

de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a

anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados

Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de

entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para

corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias

108

ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio

aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos

Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes

do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros

estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como

EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia

No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados

e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados

Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e

alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o

objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima

Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa

semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil

Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em

Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da

construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de

edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre

engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente

Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao

estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel

e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos

maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo

Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por

PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande

responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de

intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem

perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores

acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as

consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo

44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231

109

Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco

conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos

impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para

entatildeo tentar diminuir estes impactos

Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros

e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era

sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso

porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar

Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para

quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as

respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta

a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)

Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns

aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu

incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a

resposta (TAB 1)

TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel

(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)

Correccedilatildeo das respostas

Arquiteto () Engenheiro () Total ()

Erradas 4722 2041 3176

Parcialmente corretas 3611 3061 3294

Corretas 833 1020 942

Em branco 833 3878 2588

TOTAL 100 100 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos

conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em

revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-

110

cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos

entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia

pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo

como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO

2002)

Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e

teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior

economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave

sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria

disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer

sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)

TABELA 2 Conhecimento e interesse

Interesse pelo assunto Total ()

Natildeo conhece e tem interesse 2921

Natildeo tem interesse 338

Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629

Natildeo respondeu 112

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e

conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos

(TAB 3)

TABELA 3

Impacto das edificaccedilotildees

Atividades produzem impacto Total ()

Natildeo 460

Sim 9540

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 122

111

As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no

meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos

falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio

O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil

principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar

as teacutecnicas

Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade

de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil

41 Pesquisa quantitativa

A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa

atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos

para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades

Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura

da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um

ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena

quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi

melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os

premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela

Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007

Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de

estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de

Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute

Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns

arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando

mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados

Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di

Design ndash IED Milano na Itaacutelia

Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver

APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48

arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o

112

preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e

trabalho que desempenha

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo

idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio

Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis

quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro

niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm

periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos

formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro

de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que

respondeu ao questionaacuterio

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

41

31

11

17

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora

A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade

aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e

acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o

entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos

entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira

pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser

utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos

sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da

pergunta (GRAF 2)

Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo

das respostas em comum analisadas e interpretadas

113

1 11 2 12 311

222

1122

2421

112

8

4

11

4

9

4

12

5

20

0

5

10

1520

25

30

35

40

A B C D E F G H I J K

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm

GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)

A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora

Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam

responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos

no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes

e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos

recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e

houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura

114

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

22

24 10

36

8

OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS

USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI

USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS

GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na

graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua

graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO

1

5026

23

SIM

EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO

NAtildeO

GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado

superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute

aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo

ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)

115

1 1 2 2 211

213

191

10

10

10

10

10

5

33

0

10

20

30

40

50

60

A B C D E F G H I

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordm

arquiteto 1999-2006

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora

Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas

e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de

sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da

praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas

agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto

de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente

integradas

Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era

necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era

suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)

responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas

pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o

tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da

arquitetura

116

A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o

conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14

pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a

melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e

debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)

11 11 111 3

1142

1423

2324

22

9

22

10

17

24

6

11

6

12

05

101520253035

A B C D E F G H I J K

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA

estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura

A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

1212

30 9

9

9

11

7A-D E F G H I J K

GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

117

Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o

conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a

dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura

Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do

estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio

foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado

UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial

Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente

IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta

Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente

UFRJ 2001

Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo

UFRJ 2003

Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano

UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo

UFF 1988

Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar

UFRJ 4ordm periacuteodo

Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em

118

grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []

Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)

Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000

O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto

UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano

PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do

arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos

seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de

excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem

primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e

urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e

posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que

a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem

disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta

amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada

Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo

atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis

concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho

de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de

cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade

totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006

e abril de 2007

O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente

perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim

119

como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de

alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade

cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou

doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e

nome do orientador (ver APEcircNDICE C)

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e

idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do

concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto

Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes

que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta

seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia

abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute

dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual

dissertaccedilatildeo

A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para

posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus

questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas

professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por

iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave

grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A

ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e

urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A

empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do

evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do

concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e

a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)

Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio

Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a

ser a AU

120

A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a

Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista

PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a

Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos

baseados neste material

Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de

graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que

tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com

PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves

instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a

possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando

com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45

Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora

selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que

efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos

selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos

finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas

Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes

regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas

Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo

Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo

Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte

e Sergipe

Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e

Tocantins

No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de

quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo

foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados

regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20

menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco

trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem

45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt

121

A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees

honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final

de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios

respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem

descritos ilustrados e brevemente analisados

422 Opera Prima 2001 Ganhadores

Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ

Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP

Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP

Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE

Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF

Menccedilotildees honrosas

Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB

Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC

Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e

superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros

Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas

Clebiana Silva UnB 2001

122

Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais

Rodrigo Cabral 2001

Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a

sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o

assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o

trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de

Thais Inecircs Krambeck

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC

O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella

parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas

naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas

instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e

123

feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e

atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A

autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como

legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA

estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a

seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de

determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e

intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos

naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46

46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck

124

FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees

ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de

sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para

resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas

arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante

compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta

Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento

do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental

motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do

empreendimento

423 Opera Prima 2002 Ganhadores

Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB

125

Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL

Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG

Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ

Menccedilotildees honrosas

Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF

Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP

Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP

Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP

Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal

abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo

Viviane Abe USP 2002

A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto

Ailton Moraes UnB 2002

Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees

relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro

disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o

trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF

O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um

terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees

126

acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e

de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de

conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico

adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas

como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e

ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos

isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao

conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a

circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior

controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios

eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas

Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees

127

discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47

FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano

O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em

conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de

Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando

tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se

preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que

aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e

papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um

dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia

no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas

47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano

128

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana

Iwashita USP

O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo

com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo

Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos

tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e

serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local

otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees

energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso

racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e

coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores

Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48

48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita

129

FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita

Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que

adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica

aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e

com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a

caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa

de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade

424 Opera Prima 2003 Ganhadores

Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos

Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas

Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS

Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS

Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ

Menccedilatildeo honrosa

Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas

Artes de Satildeo Paulo

Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos

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respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista

Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees

Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003

Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse

Luciano Lerner PUC-RS 2003

Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo

Maria Branca Rabelo UFRJ 2003

Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas

questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano

Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS

A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes

de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo

cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com

trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a

implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate

O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo

131

Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49

FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso

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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste

trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo

impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar

a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-

se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro

Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo

Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa

e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo

de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a

populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da

comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos

133

Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50

FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel

O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede

puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo

de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte

pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente

do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo

estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo

da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas

principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas

425 Opera Prima 2004 Ganhadores

50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel

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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e

institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG

Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea

EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ

Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS

Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS

Menccedilotildees honrosas

Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER

Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB

Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS

Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em

relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores

responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura

Gustavo Moojen UNIRITTER 2004

Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um

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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc

Pedro Engel UFRGS 2004

Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas

questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois

disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara

Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro

4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS

A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com

turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo

ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na

regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com

infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza

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atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51

FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi

Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a

natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade

de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de

atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os

cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem

disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de

51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi

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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito

pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se

agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as

questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo

com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica

de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental

4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB

A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do

lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava

em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma

foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal

edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso

cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias

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As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52

FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro

A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute

busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e

econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao

entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior

durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo

principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas

426 Opera Prima 2005 Ganhadores

Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA

Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB

Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau

52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro

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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie

Menccedilotildees honrosas

Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA

Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG

Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP

Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos

sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto

Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute

suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia

Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem

abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado

Fabiana Casali UnB 2005

Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto

Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade

Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006

Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas

questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor

alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos

dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer

4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP

140

A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde

tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um

caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em

associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma

educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma

cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O

lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro

beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo

e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de

compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim

Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral

Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)

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Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53

FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade

resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre

palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho

tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na

cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina

do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees

ambiental cultural econocircmica e social neste projeto

4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de

Blumenau

O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e

grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do

rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias

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transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores

de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca

salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54

FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer

Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos

observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama

bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode

ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma

concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo

O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito

de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a

54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer

143

construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55

427 Opera Prima 2006 Ganhadores

Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas

ndash UNOPAR

Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do

Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF

Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG

Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE

Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER

Menccedilotildees honrosas

Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR

Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

ndash UFMS

Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash

UFPE

Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG

Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC

Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER

Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e

medicina ligados ao sexo ndash UFRJ

Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS

55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer

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Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio

Satildeo Joseacute ndash UNISINOS

Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR

Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que

aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio

para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com

PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios

Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas

que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro

todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre

sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente

Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo

Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006

A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando

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surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura

Cervantes Ayres UFPR 2006

Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria

Clariane Nogueira UFMS 2006

A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []

Igor de Vetyemy UFRJ 2006

Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante

Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006

No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto

Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006

[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura

Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente

Danielle Barros Benedicto UFF 2006

146

Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que

algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o

tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom

projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um

projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra

pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de

pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo

Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane

Menegusso Nogueira UFMS

O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua

importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada

como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A

edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total

harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56

56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira

147

FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira

A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de

sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo

disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade

Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a

escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos

de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em

harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da

autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo

de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC

A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de

associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma

alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de

148

forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57

FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi

O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e

econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e

ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente

viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade

ambiental social econocircmica e cultural

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados

As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram

transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo

dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos

arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e

ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o

respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e

concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes

confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria

respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais

eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees

futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa

57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi

149

com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas

entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado

A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade

das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

14

1014

16

2818

concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006

GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora

Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do

arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do

tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram

que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO

2 822

4

10

54

NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS

GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se

dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais

anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi

abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da

metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo

(GRAF 10)

150

1111 4

7133

9

11 1343

11111

10

510

15

2025

30

A B C D E F G

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de

aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade

O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma

abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia

Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura

UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso

de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne

na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development

Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em

Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra

Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo

mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia

PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de

Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |

Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em

Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em

Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no

Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto

151

POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi

abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o

mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de

Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em

Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da

Accademia Cappielo Firenze

Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto

abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de

cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem

um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas

que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra

D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve

abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF

11)

21111

3

4142

5

2

5

323

6

22

0

5

10

15

20

25

A B C D

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso

A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora

A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada

ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados

somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da

metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que

estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que

152

natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui

caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

20

820

52

NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas

GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem

da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que

eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6

consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista

sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem

aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem

sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa

discussatildeo (GRAFs 13 e 14)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

146 4

76

Muito pouco abordada ou natildeo existe

Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio

Outra resposta

GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

153

1321 7

8255

11

12 110

10

20

30

40

A B C D E

ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou

seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do

arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a

maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro

periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de

atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e

conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio

pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas

2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

42

8

6

8

22

2

12

A B C D E F G

GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item

A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos

154

E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

43 Anaacutelise das duas pesquisas

Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem

quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos

premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes

Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e

apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

39

162

4

41

NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta

GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa

Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute

espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito

de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no

Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade

A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema

de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios

respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em

todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como

uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores

para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas

responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se

tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca

155

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo

profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem

mesmo com os respondentes de outros paiacuteses

A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na

questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema

parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo

Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e

seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da

sustentabilidade na graduaccedilatildeo

Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma

anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs

algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre

a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas

universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e

ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na

FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas

proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e

econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na

graduaccedilatildeo

Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos

tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser

aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre

departamentos e disciplinas

Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem

sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a

abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral

Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente

pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de

Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de

pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem

explicitamente o tema

156

Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o

que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser

inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou

menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados

aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se

criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do

assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo

ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos

aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem

importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo

Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando

perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os

entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo

haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso

uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados

sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais

articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar

em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas

principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que

em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar

157

As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos

Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir

Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972

5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o

meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo

demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu

habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de

desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem

aproximadamente metade da energia produzida no mundo

A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees

assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na

grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar

e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o

habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis

Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel

apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o

urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e

efetivo

Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a

interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta

dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto

e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade

natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e

urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e

recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser

colocados em praacutetica

O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade

de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e

espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o

arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a

serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele

158

deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para

um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de

sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto

de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este

propoacutesito

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos

As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza

devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo

com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e

materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento

do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis

intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel

Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em

algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-

graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a

maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos

feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as

novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica

da sustentabilidade na praacutetica do ensino

A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os

premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de

modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos

mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem

o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos

autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem

considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do

paiacutes

Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos

premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo

159

da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo

principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no

sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do

sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre

as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o

problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute

tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo

necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui

vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do

arquiteto urbanista

Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando

cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta

ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades

inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute

essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas

Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma

consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais

harmoniosas e sustentaacuteveis

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica

de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um

ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser

realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo

assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no

paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas

que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro

Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a

inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes

entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia

ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de

160

que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as

relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta

exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que

isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino

fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar

seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental

e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim

como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel

Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos

cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia

ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em

niacuteveis maiores ou menores

- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos

primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura

- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo

- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto

161

REFEREcircNCIAS

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168

APEcircNDICE A

Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura

169

QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

170

APEcircNDICE B

Questionaacuterio aplicado com arquitetos

171

QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE C

Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima

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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado

ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________

4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________

5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________

Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006

Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados

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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias

O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico

Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos

I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social

II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como

instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes

modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em

diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e

1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37

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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares

sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios

a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade

b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades

c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como

patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto

Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional

Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil

a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e

comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo

c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades

a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo

b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel

c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios

d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo

e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa

f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de

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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional

g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana

h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees

i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas

j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades

k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais

l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional

m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional

Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista

Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade

I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso

sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia

sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso

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sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando

sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como

a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular

b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados

c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural

d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana

e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade

f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo

Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo

sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso

sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso

Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e

implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo

sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo

sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado

179

Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos

a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais

b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso

c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo

Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas

pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta

Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta

Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria

Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994

EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Page 3: DIANNA SANTIAGO VILLELA · 2019. 11. 14. · V735s A sustentabilidade na formação atual do arquiteto e urbanista / Dianna Santiago Villela - 2007. 179f. : il. Orientador: Roberto

FICHA CATALOGRAacuteFICA Villela Dianna Santiago

V735s A sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista Dianna Santiago Villela - 2007 179f il Orientador Roberto Luiacutes de Melo Monte - Moacuter Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura

1 Arquitetura ndash Estudo e ensino 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo ambiental 4 Ambientalismo 5 Arquitetura ndash Aspectos ambientais I Monte-Mor Roberto Luiacutes de Melo II Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura III Tiacutetulo

CDD 72047

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais

AGRADECIMENTOS

A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida

A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo

Alvar Aalto

RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido

suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de

sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo

Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como

tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade

na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim

como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em

seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do

arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de

questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do

Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos

como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura

e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente

abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e

urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam

particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que

todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem

teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes

entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave

melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo

deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-

graduaccedilotildees

ABSTRACT

The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently

discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast

concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on

definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate

program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of

sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to

emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners

intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and

ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the

young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in

architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough

discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban

designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones

especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students

interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about

sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full

integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and

not restricted to elective classes and graduate programs

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45

FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45

FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46

FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46

FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47

FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47

FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48

FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50

FIGURA 9 Selo Procel 50

FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52

FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62

FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63

FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo

projetado por Emilio Ambasz e associados 65

FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65

FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66

FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67

FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75

FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76

FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124

FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124

FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127

FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129

FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131

FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132

FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133

FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136

FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138

FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141

FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em

preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141

FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142

FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147

FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85

LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das

respostas por profissatildeo 109

TABELA 2 Conhecimento e interesse 110

TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110

LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano

de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113

GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo

e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116

GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116

GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149

GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149

GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150

GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item 152

GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153

GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura

urbanismo por de respondentes em cada item 153

GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura

CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia

CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento

CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental

CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CO2 - Gaacutes carbocircnico

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca

DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel

EA - Educaccedilatildeo Ambiental

EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado

FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IED - Istituto Europeo di Design

IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas

ISO - International Organization for Standardization

IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil

NABERS - National Australian Building Environmental Rating System

NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

NR - Norma Regulamentadora

ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

PIB - Produto Interno Bruto

PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento

PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente

POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes

PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ

PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica

PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente

PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ

PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais

PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul

PVC -Policloreto de vinila

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica

SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica

SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

UEL - Universidade Estadual de Londrina

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UFF - Universidade Federal Fluminense

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFPA - Universidade Federal do Paraacute

UFPE -Universidade Federal de Pernambuco

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento

UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes

UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization

UNEP - United Nations Environment Programme

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

UNIFOR - Universidade de Fortaleza

UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente

UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis

UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute

USC - University of Southern Califoacuternia

USGBC - United States Green Building Council

USP - Universidade de Satildeo Paulo

WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel)

WSSD - World Summit on Sustainable Development

WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

11 Contextualizaccedilatildeo 23

12 Justificativa 27

13 Objetivos 29

131 Objetivo geral 29

132 Objetivos especiacuteficos 29

14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29

15 Procedimentos metodoloacutegicos 30

151 Etapas da pesquisa 30

16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33

21 A origem do termo 33

211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33

2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36

212 O ambientalismo no Brasil 41

213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44

214 Normas e selos de qualidade 47

2141 Norma Regulamentadora (NR) 48

2142 International Organization for Standardization (ISO) 49

2143 Selo Procel 50

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52

22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57

231 Organicismo 60

232 Arquitetura Orgacircnica 62

233 Arquitetura bioclimaacutetica 64

234 Arquitetura ecoloacutegica 66

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE

ARQUITETURA E URBANISMO 69

31 Consciecircncia ambiental 70

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72

313 A segunda linha de pensamento 73

3131 Pobreza x Meio ambiente 75

32 Educaccedilatildeo ambiental 77

33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade 79

34 Ensino de arquitetura 81

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo 83

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106

41 Pesquisa quantitativa 111

42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de

Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119

422 Opera Prima 2001 121

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs

Krambeck UFSC 122

423 Opera Prima 2002 124

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes

Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128

424 Opera Prima 2003 129

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner

Basso PUC-RS 130

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro

Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132

425 Opera Prima 2004 133

4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira

Eskinazi UFRGS 135

4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash

Izabel Torres Cordeiro UnB 137

426 Opera Prima 2005 138

4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste

Santos -Pablo Iglesias USP 139

4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer

Universidade Regional de Blumenau 141

427 Opera Prima 2006 143

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash

Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina

Somensi UFSC 147

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148

43 Anaacutelise das duas pesquisas 154

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154

5 CONCLUSAtildeO 157

REFEREcircNCIAS 161

APEcircNDICES 168

APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168

APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170

APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172

ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

de 2006 174

17

Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis

conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos

a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []

As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes

Alfredo Sirkis

1 INTRODUCcedilAtildeO

Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)

A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de

meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios

de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente

agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo

Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores

feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a

burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava

alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da

burguesia industrial emergente

Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a

produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor

Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada

dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas

Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos

mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e

dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas

seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades

observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos

trabalhadores

Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as

condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18

horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e

ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os

18

ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande

maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)

Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos

de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)

Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao

crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o

desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos

ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute

interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande

desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico

e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da

populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e

passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias

e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de

transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso

dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial

modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em

outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX

estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra

difundindo-se o uso das maacutequinas de construir

Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais

conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos

materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e

mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro

era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os

progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem

introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o

1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951

19

uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas

balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro

Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo

rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na

Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal

Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem

como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de

ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se

assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de

melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees

O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene

fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador

as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta

de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas

diferentes classes sociais entre outros

Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista

culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos

defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo

internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local

Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens

O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do

outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)

defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede

2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918

20

O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu

correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo

apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois

com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance

das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo

americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas

e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve

grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado

por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura

Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo

como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades

industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel

prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os

irreais modelos

No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma

nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)

como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont

Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas

novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade

sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante

destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem

concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na

atmosfera

Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela

pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e

economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-

temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e

4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958

21

Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus

representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch

Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da

sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais

econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo

pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes

foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a

representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e

aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute

preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes

digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para

analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio

ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como

seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)

Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte

atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada

modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos

preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e

iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre

outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias

outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito

densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7

citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das

primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois

que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)

Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a

esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o

alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e

aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se

o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno

onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)

5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915

22

Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford

com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano

ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute

higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo

tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o

vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos

estrateacutegicos (CHOAY 1979)

As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente

com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de

propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo

com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos

verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural

histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc

No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos

especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees

com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram

em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o

aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em

chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da

fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de

lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne

(CHOAY 1979)

Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida

situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de

deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o

chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo

constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela

proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo

Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais

percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima

do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos

23

demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)

11 Contextualizaccedilatildeo

Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente

urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na

Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que

chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a

populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas

urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])

Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de

consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos

deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica

ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital

objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses

interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e

eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o

desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias

primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente

As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo

ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura

existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses

em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40

das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da

linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo

da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou

abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem

grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas

8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993

24

irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500

mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno

acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias

irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria

Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96

milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15

milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem

natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de

tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute

despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e

das praias (ROSETTO 2003)

Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar

discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua

existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis

freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo

frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e

produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que

sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos

recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o

mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na

Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de

milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O

Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse

recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila

jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades

cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)

Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos

pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema

convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo

natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave

precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo

coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo

de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida

25

especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de

estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)

A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de

vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente

nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio

Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a

gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)

Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de

efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa

conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2

pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas

no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases

destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente

na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra

tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio

ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de

2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros

quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo

notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de

ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem

agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)

Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees

secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias

atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado

em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos

extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou

de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na

deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o

nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees

aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em

eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)

Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao

saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A

cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade

26

Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias

agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel

soacutelido (PNUMA 2004)

As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio

ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio

tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e

jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao

ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades

brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-

estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de

transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de

ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo

Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas

eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de

1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca

causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9

Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe

aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de

150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do

consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para

usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou

de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado

(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees

de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que

o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado

na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do

solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva

anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a

25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas

9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global

27

pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica

causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10

No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da

madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de

moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil

descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente

toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes

orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os

materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra

de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio

ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])

Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom

tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que

aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas

Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas

a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no

processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)

12 Justificativa

[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)

Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela

quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt

28

maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias

recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda

natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente

prejudiciais

A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da

conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e

consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas

poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais

forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em

todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que

correspondem ao discurso

As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma

mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo

paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se

conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente

agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de

pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas

iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se

dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas

significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)

Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo

necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas

levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou

claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de

atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo

(PNUMA 2004 p 12)

O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e

abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo

civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais

econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees

tecircm sido muito mais cobradas

O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma

edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de

sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente

29

Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do

ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento

urbano

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os

sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo

com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)

13 Objetivos

131 Objetivo geral

Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista brasileiro

132 Objetivos especiacuteficos

Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos

relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos

estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este

tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado

para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto

14 Delimitaccedilotildees do trabalho

Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar

os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de

sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas

religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da

sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A

partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e

culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave

arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto

alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e

urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do

assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo

30

15 Procedimentos metodoloacutegicos

Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo

bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em

seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior

avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos

151 Etapas da pesquisa

Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica

- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento

sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura

- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a

consciecircncia ambiental

- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Parte II Coleta de dados

- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa

- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que

serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior

- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora

revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006

Parte III Anaacutelise dos dados

- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo

- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente

- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados

Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa

31

16 Organizaccedilatildeo do trabalho

Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o

desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e

do trabalho desenvolvido

Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo

teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar

sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo

compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e

ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na

consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees

natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da

discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e

urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do

urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo

arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de

Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo

Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)

aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente

essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o

ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa

em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a

contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes

brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido

colocadas em praacutetica

No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente

aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a

50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006

Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-

se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e

teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a

questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista

32

O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees

finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia

33

O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata

ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo

Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo

Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes

de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo

ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e

contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos

princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e

evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento

desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)

O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos

nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo

na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais

na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas

e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre

Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974

211 Os eventos internacionais do ambientalismo

De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez

redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa

expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos

setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro

Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave

11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996

34

desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos

preccedilos do petroacuteleo em 1973

Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano

Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses

para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais

(MOUSINHO 2003)

O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por

um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais

dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da

Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da

Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua

Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester

professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo

de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30

pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento

proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])

A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de

quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de

relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do

crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do

Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o

Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia

populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental

decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo

dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo

ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a

humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis

de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento

do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo

da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e

foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de

12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate

35

limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos

terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no

mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande

destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava

propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento

ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)

A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos

ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil

signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo

dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo

ambiental

Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica

internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o

elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes

marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash

PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse

criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos

depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo

Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras

Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em

1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo

natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a

preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p

70)

Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito

ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da

Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por

MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio

ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em

suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave

problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993

36

gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001

p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da

qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as

possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo

2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade

Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do

ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e

a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento

de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-

MOacuteR 2000)

Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona

a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da

sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o

desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia

O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais

relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo

resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara

Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o

Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e

econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo

demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos

contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR

2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe

da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias

depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses

debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo

Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash

sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi

traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001

37

ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o

Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos

princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)

- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento

- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais

- Perseguir equidade e justiccedila social

- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social

- Preservar a integridade ecoloacutegica

Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular

propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de

cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees

voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo

universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem

chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel

como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as

possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-

FILHO 2001 p 48)

Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria

desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao

agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental

realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o

presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento

seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute

sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo

Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a

discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere

no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas

climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em

seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990

primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas

advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria

necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o

BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio

38

ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de

vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento

sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico

compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e

mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)

Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em

junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era

introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92

teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas

depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento

sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias

regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais

A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e

um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo

XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade

Marina Silva Ministra do Meio Ambiente

A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel

Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15

Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)

o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo

de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das

necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos

e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da

Terra (PINHEIRO 2002)

Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o

Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]

39

contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e

cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que

forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997

Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para

assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro

de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a

emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e

transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros

sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em

52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])

Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em

Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para

avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da

Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)

A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou

Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que

recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da

agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND

CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])

Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo

1 Erradicar a extrema pobreza e a fome

2 Atingir o ensino baacutesico universal

3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

4 Reduzir a mortalidade infantil

5 Melhorar a sauacutede materna

6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas

7 Garantir a sustentabilidade ambiental

8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da

histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa

ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado

na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta

40

necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003

UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])

O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash

IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa

do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de

2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi

confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o

dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo

resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima

afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos

sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis

(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)

O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute

2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente

jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59

centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior

dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos

mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um

aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo

XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em

meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)

Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo

do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de

carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O

governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo

de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees

Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde

entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em

Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o

direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades

Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos

internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo

ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press

41

essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os

resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores

soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais

recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo

individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta

conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)

No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras

depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade

Chico Mendes

212 O ambientalismo no Brasil

Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos

ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o

saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos

legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento

Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra

as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras

Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em

1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em

1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)

Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio

natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas

nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a

promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico

e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da

Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza

A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a

conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em

convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional

promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos

da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional

dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007

42

1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil

por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre

paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais

A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais

devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio

sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da

Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e

estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo

ambiental no Brasil

No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas

mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em

desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de

crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a

poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos

(HOGAN 2000)

Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o

subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da

poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta

de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo

Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA

pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental

junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio

ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio

ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os

recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se

principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais

visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza

Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio

Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o

Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro

foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o

Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

43

Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave

proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981

A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques

nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo

ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo

centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar

disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo

A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da

poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo

dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi

criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla

poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente

Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e

apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de

um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais

renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel

Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de

quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash

SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e

o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro

presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias

fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo

administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)

Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash

SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por

formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo

conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis

Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio

Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e

no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de

hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes

44

Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias

prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no

periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)

1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do

solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida

da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental

2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de

planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e

assegurando a participaccedilatildeo da sociedade

3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios

e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis

4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos

recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e

tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico

213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)

Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees

institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da

sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de

abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel

bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares

de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas

mundialmente (PINHEIRO 2002)

A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se

consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza

Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais

selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio

ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais

continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial

para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the

Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental

Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)

45

FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006

Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados

distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em

mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio

ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento

ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos

na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais

da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia

(WWF 2006)

Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de

degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o

meio ambiente

A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em

todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave

conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)

FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006

Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado

em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio

criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace

Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])

46

Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It

needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins

lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para

manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe

contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas

exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais

da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de

climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG

3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos

toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo

FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]

FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]

18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)

47

Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema

eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19

FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]

Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da

Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz

vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites

nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em

1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute

ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de

valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade

compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL

2004)

Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e

qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20

214 Normas e selos de qualidade

O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo

governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por

entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais

(BLUE ANGEL [200-])

FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]

19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)

48

Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos

empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao

consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos

de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas

relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes

Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o

BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na

Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental

(GUSTAVSEN 2007)

Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest

Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo

certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente

correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001

(GUSTAVSEN 2007)

O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas

primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como

diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a

entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio

ambiente

FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004

Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e

usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash

cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)

Outros exemplos de normas e selos satildeo

2141 Norma Regulamentadora (NR)

A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra

se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios

modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos

49

funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18

criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de

trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e

doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do

Trabalho

As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios

problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor

de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de

13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de

produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra

devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos

funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)

A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos

poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores

2142 International Organization for Standardization (ISO)

Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000

voltadas agrave qualidade

A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do

gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando

benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem

de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a

preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos

ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para

natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)

A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por

exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo

de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de

desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de

vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)

50

FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005

2143 Selo Procel

O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO

PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto

desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash

PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os

melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a

fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento

tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute

voluntaacuteria (PROCEL 2007)

Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers

condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico

lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para

estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos

bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar

roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)

ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o

lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do

Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)

FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007

51

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-

governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de

niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A

primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para

a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos

Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina

dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem

O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes

de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)

1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e

agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc

2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc

3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias

renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc

4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais

com menor impacto ambiental etc

5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de

jardins etc

6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens

O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo

fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado

Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell

Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006

Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima

alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)

52

FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007

Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte

do sistema LEED de certificaccedilatildeo

No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O

Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash

Cacircmara americana de comeacutercio21

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico

Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge

quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos

lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos

Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS

2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos

paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A

diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e

recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os

movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave

21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998

53

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de

produccedilatildeo

Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees

o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem

pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural

Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira

informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu

campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural

ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam

sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o

meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa

sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de

caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo

social

A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se

dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a

dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da

quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)

A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento

ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos

aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo

humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico

portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute

mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto

destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A

produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o

grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a

Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)

O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da

accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo

voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais

Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo

movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que

fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e

54

pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana

outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)

No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou

essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza

e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o

crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas

Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)

Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam

a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no

questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a

resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise

ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de

civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)

Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo

presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores

tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas

uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor

Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por

exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto

ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos

pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi

Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva

semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas

que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin

Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre

55

outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade

industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos

pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas

globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan

Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore

Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros

Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos

na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23

O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas

estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O

foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo

que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)

Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e

ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel

Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas

essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial

IUCN UNEP e WWF 1980

22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as

atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as

sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo

bem como os padrotildees de consumo

Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante

impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar

23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros

56

a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar

Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada

apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)

Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar

a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia

da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel

Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute

uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo

Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da

dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme

Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do

desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)

O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental

no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser

considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento

econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A

sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser

buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular

57

A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se

acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no

presente quanto no futuro

De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-

FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo

paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo

ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse

contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a

uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito

fundamentalmente diferente do anteriorrdquo

Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando

pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo

sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano

deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental

cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo

Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como

Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26

24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)

58

McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo

como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar

Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura

verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda

acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer

agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a

vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte

Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da

edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma

maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees

(OLIVEIRA 2006)

A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se

insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver

estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-

estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser

concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem

planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a

especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das

condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na

racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do

consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em

edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A

eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia

proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais

Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios

em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias

(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia

27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000

59

consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia

consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de

manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por

maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)

Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo

favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo

do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para

uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor

impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes

renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o

ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da

mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material

capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a

toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel

das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos

No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os

mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de

poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o

material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)

Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos

resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um

exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que

20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das

emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)

Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e

reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a

geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)

Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma

manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo

60

Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do

desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []

Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na

impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais

Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo

eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse

conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura

bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

transmitiremos essa Cidade

natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela

do que nos foi transmitida Patrick Geddes

231 Organicismo

Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e

seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute

pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo

vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de

passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas

cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que

deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES

1915)

Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia

do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da

juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda

mais bela do que nos foi transmitidardquo

61

Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se

dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica

Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma

sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila

social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis

Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo

sustentabilidade

Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)

A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se

aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos

28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929

62

A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela

agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay

232 Arquitetura Orgacircnica

A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da

arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito

do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que

uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um

organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas

que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG

11)

FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006

De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e

em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de

origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno

Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e

especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze

um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze

maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright

uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural

use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of

30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)

63

confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no

adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo

Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo

o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi

Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica

ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes

arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que

trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o

mundo mas poderia agir como um bom exemplo

Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem

Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A

notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e

Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a

madeira

Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar

seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade

de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e

instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre

construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base

econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade

de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG

12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo

de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)

Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005

64

The need for architects to design for sustainable future

becomes a self-evident imperative Ken Yeang

233 Arquitetura bioclimaacutetica

Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do

sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao

ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo

surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na

definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por

OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves

condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam

subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer

exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias

de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)

Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a

construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos

climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo

solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano

tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de

conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees

formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)

A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada

internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-

se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus

bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a

arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo

meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos

materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos

produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio

ambiente

31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)

65

Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e

clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre

tantos outros (FIG 13 e 14)

Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001

Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]

66

Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras

mas ter um olhar novo Marcel Proust

234 Arquitetura ecoloacutegica

Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica

eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute

que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais

industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando

e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas

(PINHEIRO 2002)

A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo

conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico

e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)

Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005

A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica

e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de

sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir

para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as

edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura

ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual

questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)

67

Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo

A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da

construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a

conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre

essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento

urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo

diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE

TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a

melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio

ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel

Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que

sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de

sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo

principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da

sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam

Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista

precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de

procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma

arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este

propoacutesito

68

Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos

relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade

na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees

ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo

Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos

cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e

a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de

educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta

fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve

histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para

posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do

exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo

69

Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais

a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas

Kwantzu China a C

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)

De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a

participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo

prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise

dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua

participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas

ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como

onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu

sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar

tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa

accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito

mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da

educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino

Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos

participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais

diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio

ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de

seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)

Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou

para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras

formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros

passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios

baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)

70

A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas

primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma

de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se

preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo

Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se

percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos

inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do

entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso

entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o

puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se

oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode

efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980

31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos

constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos

ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior

respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir

Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio

ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza

(SANTOS 2005)

A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental

importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica

SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees

Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua

gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de

33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p

71

fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou

seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema

ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz

de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser

estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A

capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela

realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para

compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS

2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos

Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos

eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs

grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem

vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente

Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo

ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo

estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com

o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave

questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites

da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns

casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo

dificultando essas accedilotildees

Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas

vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo

modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por

Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e

na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural

34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969

72

Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda

a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila

a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso

Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35

Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em

ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica

ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo

Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os

ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o

importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a

socioeconocircmica

Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas

natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)

O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em

movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento

Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio

ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos

mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em

relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo

influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas

grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO

OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)

35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996

73

A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras

Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos

Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles

que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil

313 A segunda linha de pensamento

A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos

empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos

O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees

referentes agrave problemaacutetica ambiental

Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a

informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o

jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)

No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica

ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma

pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente

um sentimento e comprometimento maior

O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica

mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas

Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como

pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais

propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a

receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora

Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico

sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro

desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica

(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a

questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras

prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos

estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p

74

necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC

Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38

Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a

pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons

motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a

populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo

Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar

para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante

com a questatildeo ambiental

Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e

artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente

principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem

relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso

levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de

Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que

aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto

Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande

importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute

capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos

que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria

em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades

quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses

38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente

75

Sempre que se degrada o meio ambiente em 1

a pobreza aumenta em 026 PNUMA

3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)

FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9

Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A

pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees

estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e

investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez

de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental

prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as

mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)

76

FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9

Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a

necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar

o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave

soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel

(PINHEIRO 2002)

Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de

desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto

os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e

padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da

degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e

transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em

contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza

como as causas principais do problema

A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os

mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a

populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a

necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o

crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)

Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza

e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas

grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS

2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa

40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002

77

das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades

que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de

sobrevivecircnciardquo

Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a

utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e

econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as

condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e

causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)

A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como

uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA

32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)

[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)

A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo

realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo

ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o

ponto inicial deste movimento

Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em

1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio

Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se

criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se

reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do

PIEA

O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga

URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela

parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de

Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a

moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)

41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27

78

A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo

individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e

habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que

se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais

e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)

A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder

puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais

decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam

a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com

problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)

A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo

ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios

de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo

do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento

Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto

pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de

superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino

universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um

determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica

e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a

consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)

O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia

de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da

praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o

saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma

preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio

quanto principalmente no ensino universitaacuterio

Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados

satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam

79

aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o

projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo

Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um

projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e

valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de

informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de

percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam

Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute

conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da

populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS

2005)

A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel

aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade

UNESCO

33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade

O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo

final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a

conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e

comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o

Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)

Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se

que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o

desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de

Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a

implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada

paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para

completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)

O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a

ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias

inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa

deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para

80

refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos

(PAAS 2004)

A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na

histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo

e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto

A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente

uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos

normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS

busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de

mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)

Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento

Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar

alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses

A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de

desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir

os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo

o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela

que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos

A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS

2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida

Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram

definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento

Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a

sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos

como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem

diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental

com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World

Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em

42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003

81

diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o

desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)

Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de

Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas

Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do

termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor

o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo

sem definiccedilatildeo

Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma

abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida

como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e

entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que

abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo

deixa de ensinar sobre o todo

Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do

ensino de arquitetura no Brasil

Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto

do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []

O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza

beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []

Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro

34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico

A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia

grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo

do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e

conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em

1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o

conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)

No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando

criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de

Medicina Engenharia Artes e Direito

82

POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em

1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em

1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole

Polytechnique de Paris

BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do

Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve

tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real

de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente

formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu

em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como

curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus

alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em

1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes

ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a

deacutecada de 1930

A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas

existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira

universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute

existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade

do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro

Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de

fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o

ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado

pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter

tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas

Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e

designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter

artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos

Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em

relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte

cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes

Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a

integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo

com relatos dos estudantes

83

A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas

Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a

chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)

Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do

Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou

um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES

2005)

Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao

movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo

ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a

primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute

existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e

didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o

novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)

Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela

reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade

brasileira

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo

Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o

da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um

padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica

universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil

Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo

com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo

miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A

1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria

em 1969

Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo

modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo

desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos

aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB

no Rio de Janeiro (SOARES 2005)

84

O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do

parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal

diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de

mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que

conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770

estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e

urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo

Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como

Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas

em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho

Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)

Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994

que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)

85

QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994

CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994

MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO

Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes

Matemaacutetica

Fiacutesica

Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

Plaacutestica

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS

Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo

Resistecircncia dos materiais e estabilidade das

construccedilotildees

Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de

construccedilatildeo

Instalaccedilotildees e equipamentos

Higiene da habitaccedilatildeo

Tecnologia da Construccedilatildeo

Sistemas estruturais Sistemas Estruturais

Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de

Paisagismo

Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo

Planejamento Urbano e Regional

Conforto Ambiental

Topografia

Teacutecnicas Retrospectivas

TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO

Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994

As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras

disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e

Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos

aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees

ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e

teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao

Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto

Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas

86

e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da

organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita

com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave

arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos

anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do

Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria

Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos

miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto

Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo

tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)

Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a

importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na

proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de

2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo

deste trabalho (ver ANEXO)

As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia

dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade

material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves

necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e

o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva

Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme

profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas

abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos

disponiacuteveis

Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo

entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o

exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de

87

preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio

ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas

lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades

necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar

construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de

especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais

econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras

Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma

mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e

divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais

Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido

alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo

no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato

esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos

de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente

ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e

principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com

Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos

A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de

alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo

extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e

como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa

pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da

arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo

em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e

profissionais da arquitetura

88

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas

Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e

discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi

feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por

regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou

optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou

identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos

voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns

cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes

bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e

Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])

Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da

FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo

defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem

conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia

adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida

pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da

morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre

a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem

apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa

(GAZZANEO 1998)

Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois

cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ

parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e

sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias

Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute

Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])

89

No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz

(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve

buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que

devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo

Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um

discurso ambiental social e cultural nas mesmas

bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente

Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)

bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de

acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])

Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura

e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato

sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental

bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de

Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas

nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e

Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo

entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de

uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura

90

que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS

- PUC MINAS [200-])

Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])

Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])

Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar

disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das

proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e

palestras

bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu

jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na

produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram

para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa

(MALARD 2006)

Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo

de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto

arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos

populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute

91

uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual

Environments)

Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo

ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho

vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado

pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo

aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado

pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de

desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do

computador (HABITARE 2007)

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e

pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo

projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida

coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o

bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai

aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos

projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha

na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram

do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado

pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de

moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho

de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -

UNB [200-])

Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio

entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam

intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University

(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois

alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois

Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria

Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo

92

ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])

CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])

Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto

de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])

bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto

Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto

que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo

Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos

estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias

Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e

universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das

populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades

envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e

na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e

professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute

foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])

93

Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se

Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e

Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])

bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma

organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de

capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma

unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias

relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao

crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade

do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma

entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash

Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e

melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO

AMBIENTE - UNILIVRE [200-])

Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma

Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de

projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras

arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de

conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])

bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina

optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de

Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para

o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na

mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais

O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de

doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito

seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave

94

Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da

relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo

que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado

por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto

de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos

sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem

uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz

constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios

desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar

essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua

inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)

Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na

atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia

Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em

questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui

por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais

culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na

arquitetura

95

Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em

sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso

Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos

organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em

praacutetica

Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados

atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras

atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees

ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a

presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea

bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq

iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-

se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de

Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e

Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica

(PROARQ [200-])

O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo

Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e

Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das

teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003

(PROURB 2007)

bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo

FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico

doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma

uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa

uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)

96

Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do

Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e

demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa

estrutura estaacute implantada desde 2003

O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta

atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da

Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto

Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles

destacam-se (USP 2006)

Habitat Tem como objetivo

Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)

Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e

fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do

habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e

imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente

Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens

2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade

3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)

Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de

reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados

apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a

identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e

resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e

Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees

97

Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo

2 Materiais e componentes de construccedilatildeo

3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)

4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)

5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)

6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa

dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e

Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees

Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto

ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves

edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao

consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o

desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas

98

relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea

Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no

sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-

sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade

Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do

viacutedeo

2 Praacutetica Profissional do Arquiteto

3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo

4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana

5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)

6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo

7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil

(miacutedia canteiro clientela)

8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo

9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo

10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos

99

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e

Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo

acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo

eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua

aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em

funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento

desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB

2006)

O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos

sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de

reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees

puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo

Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de

decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a

proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel

As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel

Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e

Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e

Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)

bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR

(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas

puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas

puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da

arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio

ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo

profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa

demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de

uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar

100

bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio

Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do

Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa

Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que

incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco

mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o

protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB

UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades

Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e

Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005

PRODEMAUFPB 2006)

A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees

a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que

assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo

pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as

atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de

integraccedilatildeo interdisciplinar

A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento

Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As

Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento

Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos

101

Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil

Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza

bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do

PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-

Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat

Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)

Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa

Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental

Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila

Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica

bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em

1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma

reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e

diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e

pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em

Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal

de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se

do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado

como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do

NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas

linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E

URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras

Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos

102

Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes

Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em

Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver

eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e

construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo

enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de

concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa

Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do

Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas

desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte

transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas

(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA

UFMG 2007)

Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a

presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante

ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos

anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou

mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura

e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e

desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da

reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios

expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em

linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou

optativas que abordassem o tema de modo suficiente

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura

Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar

a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais

sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas

natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo

103

Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a

maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras

disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer

do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus

organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem

realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas

conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da

pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida

integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no

ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras

satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente

natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo

estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e

sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes

Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo

pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de

integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo

Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a

transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia

de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da

frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade

permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para

outro (DOMINGUES 1999)

Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante

da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos

fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos

teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e

qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e

interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade

De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de

1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of

104

future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone

Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais

as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que

esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as

disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo

entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver

naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar

com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees

harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura

deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade

dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar

sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser

incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo

aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de

4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de

105

trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua

dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus

acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo

A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura

mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)

Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo

Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem

sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental

acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de

cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o

universo

O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser

exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas

primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar

esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e

educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da

inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e

desenvolvimento sustentaacutevel

No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes

da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm

implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel

confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de

graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas

agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos

proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores

43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)

106

Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento

em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada

caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de

problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)

Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo

do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema

Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois

enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente

quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa

A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando

um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar

fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores

comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)

Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente

descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos

dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo

cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado

aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais

e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos

quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)

O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as

pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem

Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que

as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)

A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as

lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o

fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser

estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada

Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e

analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute

107

necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e

variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o

problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por

ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees

exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)

A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e

procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e

caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas

caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o

estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)

Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a

fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto

Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo

com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie

ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador

As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo

que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de

vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao

mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A

principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo

nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)

As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente

mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees

fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees

de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados

Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo

com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos

objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta

de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a

anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados

Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de

entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para

corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias

108

ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio

aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos

Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes

do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros

estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como

EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia

No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados

e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados

Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e

alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o

objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima

Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa

semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil

Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em

Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da

construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de

edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre

engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente

Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao

estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel

e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos

maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo

Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por

PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande

responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de

intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem

perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores

acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as

consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo

44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231

109

Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco

conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos

impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para

entatildeo tentar diminuir estes impactos

Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros

e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era

sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso

porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar

Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para

quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as

respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta

a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)

Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns

aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu

incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a

resposta (TAB 1)

TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel

(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)

Correccedilatildeo das respostas

Arquiteto () Engenheiro () Total ()

Erradas 4722 2041 3176

Parcialmente corretas 3611 3061 3294

Corretas 833 1020 942

Em branco 833 3878 2588

TOTAL 100 100 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos

conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em

revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-

110

cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos

entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia

pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo

como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO

2002)

Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e

teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior

economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave

sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria

disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer

sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)

TABELA 2 Conhecimento e interesse

Interesse pelo assunto Total ()

Natildeo conhece e tem interesse 2921

Natildeo tem interesse 338

Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629

Natildeo respondeu 112

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e

conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos

(TAB 3)

TABELA 3

Impacto das edificaccedilotildees

Atividades produzem impacto Total ()

Natildeo 460

Sim 9540

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 122

111

As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no

meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos

falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio

O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil

principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar

as teacutecnicas

Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade

de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil

41 Pesquisa quantitativa

A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa

atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos

para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades

Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura

da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um

ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena

quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi

melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os

premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela

Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007

Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de

estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de

Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute

Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns

arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando

mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados

Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di

Design ndash IED Milano na Itaacutelia

Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver

APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48

arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o

112

preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e

trabalho que desempenha

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo

idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio

Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis

quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro

niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm

periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos

formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro

de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que

respondeu ao questionaacuterio

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

41

31

11

17

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora

A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade

aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e

acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o

entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos

entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira

pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser

utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos

sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da

pergunta (GRAF 2)

Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo

das respostas em comum analisadas e interpretadas

113

1 11 2 12 311

222

1122

2421

112

8

4

11

4

9

4

12

5

20

0

5

10

1520

25

30

35

40

A B C D E F G H I J K

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm

GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)

A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora

Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam

responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos

no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes

e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos

recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e

houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura

114

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

22

24 10

36

8

OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS

USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI

USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS

GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na

graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua

graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO

1

5026

23

SIM

EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO

NAtildeO

GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado

superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute

aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo

ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)

115

1 1 2 2 211

213

191

10

10

10

10

10

5

33

0

10

20

30

40

50

60

A B C D E F G H I

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordm

arquiteto 1999-2006

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora

Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas

e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de

sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da

praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas

agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto

de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente

integradas

Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era

necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era

suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)

responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas

pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o

tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da

arquitetura

116

A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o

conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14

pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a

melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e

debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)

11 11 111 3

1142

1423

2324

22

9

22

10

17

24

6

11

6

12

05

101520253035

A B C D E F G H I J K

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA

estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura

A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

1212

30 9

9

9

11

7A-D E F G H I J K

GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

117

Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o

conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a

dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura

Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do

estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio

foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado

UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial

Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente

IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta

Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente

UFRJ 2001

Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo

UFRJ 2003

Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano

UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo

UFF 1988

Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar

UFRJ 4ordm periacuteodo

Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em

118

grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []

Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)

Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000

O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto

UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano

PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do

arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos

seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de

excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem

primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e

urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e

posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que

a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem

disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta

amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada

Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo

atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis

concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho

de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de

cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade

totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006

e abril de 2007

O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente

perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim

119

como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de

alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade

cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou

doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e

nome do orientador (ver APEcircNDICE C)

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e

idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do

concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto

Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes

que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta

seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia

abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute

dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual

dissertaccedilatildeo

A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para

posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus

questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas

professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por

iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave

grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A

ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e

urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A

empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do

evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do

concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e

a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)

Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio

Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a

ser a AU

120

A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a

Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista

PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a

Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos

baseados neste material

Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de

graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que

tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com

PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves

instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a

possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando

com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45

Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora

selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que

efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos

selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos

finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas

Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes

regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas

Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo

Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo

Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte

e Sergipe

Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e

Tocantins

No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de

quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo

foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados

regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20

menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco

trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem

45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt

121

A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees

honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final

de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios

respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem

descritos ilustrados e brevemente analisados

422 Opera Prima 2001 Ganhadores

Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ

Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP

Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP

Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE

Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF

Menccedilotildees honrosas

Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB

Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC

Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e

superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros

Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas

Clebiana Silva UnB 2001

122

Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais

Rodrigo Cabral 2001

Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a

sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o

assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o

trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de

Thais Inecircs Krambeck

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC

O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella

parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas

naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas

instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e

123

feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e

atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A

autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como

legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA

estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a

seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de

determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e

intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos

naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46

46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck

124

FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees

ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de

sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para

resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas

arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante

compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta

Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento

do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental

motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do

empreendimento

423 Opera Prima 2002 Ganhadores

Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB

125

Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL

Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG

Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ

Menccedilotildees honrosas

Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF

Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP

Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP

Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP

Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal

abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo

Viviane Abe USP 2002

A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto

Ailton Moraes UnB 2002

Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees

relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro

disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o

trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF

O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um

terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees

126

acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e

de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de

conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico

adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas

como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e

ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos

isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao

conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a

circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior

controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios

eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas

Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees

127

discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47

FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano

O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em

conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de

Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando

tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se

preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que

aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e

papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um

dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia

no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas

47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano

128

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana

Iwashita USP

O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo

com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo

Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos

tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e

serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local

otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees

energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso

racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e

coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores

Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48

48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita

129

FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita

Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que

adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica

aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e

com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a

caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa

de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade

424 Opera Prima 2003 Ganhadores

Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos

Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas

Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS

Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS

Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ

Menccedilatildeo honrosa

Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas

Artes de Satildeo Paulo

Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos

130

respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista

Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees

Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003

Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse

Luciano Lerner PUC-RS 2003

Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo

Maria Branca Rabelo UFRJ 2003

Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas

questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano

Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS

A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes

de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo

cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com

trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a

implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate

O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo

131

Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49

FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso

132

FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste

trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo

impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar

a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-

se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro

Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo

Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa

e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo

de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a

populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da

comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos

133

Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50

FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel

O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede

puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo

de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte

pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente

do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo

estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo

da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas

principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas

425 Opera Prima 2004 Ganhadores

50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel

134

Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e

institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG

Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea

EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ

Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS

Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS

Menccedilotildees honrosas

Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER

Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB

Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS

Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em

relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores

responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura

Gustavo Moojen UNIRITTER 2004

Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um

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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc

Pedro Engel UFRGS 2004

Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas

questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois

disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara

Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro

4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS

A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com

turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo

ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na

regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com

infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza

136

atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51

FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi

Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a

natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade

de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de

atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os

cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem

disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de

51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi

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sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito

pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se

agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as

questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo

com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica

de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental

4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB

A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do

lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava

em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma

foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal

edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso

cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias

138

As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52

FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro

A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute

busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e

econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao

entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior

durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo

principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas

426 Opera Prima 2005 Ganhadores

Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA

Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB

Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau

52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro

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Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie

Menccedilotildees honrosas

Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA

Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG

Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP

Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos

sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto

Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute

suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia

Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem

abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado

Fabiana Casali UnB 2005

Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto

Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade

Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006

Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas

questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor

alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos

dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer

4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP

140

A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde

tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um

caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em

associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma

educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma

cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O

lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro

beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo

e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de

compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim

Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral

Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)

141

Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53

FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade

resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre

palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho

tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na

cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina

do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees

ambiental cultural econocircmica e social neste projeto

4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de

Blumenau

O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e

grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do

rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias

142

transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores

de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca

salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54

FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer

Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos

observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama

bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode

ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma

concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo

O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito

de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a

54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer

143

construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55

427 Opera Prima 2006 Ganhadores

Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas

ndash UNOPAR

Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do

Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF

Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG

Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE

Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER

Menccedilotildees honrosas

Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR

Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

ndash UFMS

Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash

UFPE

Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG

Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC

Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER

Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e

medicina ligados ao sexo ndash UFRJ

Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS

55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer

144

Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio

Satildeo Joseacute ndash UNISINOS

Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR

Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que

aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio

para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com

PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios

Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas

que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro

todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre

sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente

Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo

Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006

A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando

145

surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura

Cervantes Ayres UFPR 2006

Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria

Clariane Nogueira UFMS 2006

A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []

Igor de Vetyemy UFRJ 2006

Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante

Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006

No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto

Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006

[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura

Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente

Danielle Barros Benedicto UFF 2006

146

Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que

algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o

tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom

projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um

projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra

pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de

pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo

Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane

Menegusso Nogueira UFMS

O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua

importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada

como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A

edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total

harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56

56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira

147

FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira

A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de

sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo

disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade

Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a

escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos

de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em

harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da

autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo

de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC

A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de

associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma

alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de

148

forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57

FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi

O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e

econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e

ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente

viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade

ambiental social econocircmica e cultural

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados

As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram

transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo

dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos

arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e

ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o

respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e

concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes

confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria

respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais

eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees

futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa

57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi

149

com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas

entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado

A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade

das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

14

1014

16

2818

concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006

GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora

Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do

arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do

tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram

que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO

2 822

4

10

54

NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS

GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se

dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais

anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi

abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da

metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo

(GRAF 10)

150

1111 4

7133

9

11 1343

11111

10

510

15

2025

30

A B C D E F G

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de

aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade

O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma

abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia

Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura

UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso

de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne

na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development

Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em

Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra

Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo

mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia

PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de

Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |

Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em

Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em

Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no

Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto

151

POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi

abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o

mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de

Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em

Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da

Accademia Cappielo Firenze

Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto

abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de

cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem

um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas

que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra

D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve

abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF

11)

21111

3

4142

5

2

5

323

6

22

0

5

10

15

20

25

A B C D

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso

A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora

A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada

ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados

somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da

metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que

estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que

152

natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui

caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

20

820

52

NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas

GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem

da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que

eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6

consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista

sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem

aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem

sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa

discussatildeo (GRAFs 13 e 14)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

146 4

76

Muito pouco abordada ou natildeo existe

Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio

Outra resposta

GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

153

1321 7

8255

11

12 110

10

20

30

40

A B C D E

ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou

seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do

arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a

maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro

periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de

atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e

conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio

pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas

2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

42

8

6

8

22

2

12

A B C D E F G

GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item

A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos

154

E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

43 Anaacutelise das duas pesquisas

Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem

quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos

premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes

Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e

apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

39

162

4

41

NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta

GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa

Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute

espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito

de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no

Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade

A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema

de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios

respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em

todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como

uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores

para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas

responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se

tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca

155

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo

profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem

mesmo com os respondentes de outros paiacuteses

A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na

questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema

parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo

Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e

seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da

sustentabilidade na graduaccedilatildeo

Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma

anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs

algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre

a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas

universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e

ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na

FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas

proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e

econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na

graduaccedilatildeo

Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos

tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser

aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre

departamentos e disciplinas

Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem

sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a

abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral

Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente

pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de

Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de

pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem

explicitamente o tema

156

Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o

que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser

inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou

menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados

aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se

criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do

assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo

ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos

aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem

importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo

Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando

perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os

entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo

haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso

uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados

sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais

articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar

em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas

principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que

em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar

157

As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos

Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir

Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972

5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o

meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo

demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu

habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de

desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem

aproximadamente metade da energia produzida no mundo

A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees

assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na

grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar

e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o

habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis

Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel

apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o

urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e

efetivo

Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a

interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta

dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto

e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade

natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e

urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e

recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser

colocados em praacutetica

O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade

de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e

espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o

arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a

serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele

158

deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para

um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de

sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto

de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este

propoacutesito

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos

As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza

devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo

com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e

materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento

do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis

intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel

Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em

algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-

graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a

maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos

feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as

novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica

da sustentabilidade na praacutetica do ensino

A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os

premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de

modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos

mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem

o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos

autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem

considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do

paiacutes

Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos

premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo

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da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo

principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no

sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do

sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre

as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o

problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute

tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo

necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui

vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do

arquiteto urbanista

Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando

cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta

ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades

inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute

essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas

Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma

consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais

harmoniosas e sustentaacuteveis

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica

de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um

ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser

realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo

assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no

paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas

que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro

Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a

inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes

entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia

ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de

160

que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as

relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta

exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que

isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino

fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar

seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental

e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim

como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel

Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos

cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia

ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em

niacuteveis maiores ou menores

- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos

primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura

- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo

- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto

161

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PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFAL ndash PRODEMAUFAL Pesquisas 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufalbrgt Acesso em 17 fev 2007 PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFPB ndash PRODEMAUFPB O Prodema 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufpbbrgt Acesso em 16 fev 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA DA FAU-UFRJ ndash PROARQ Programa [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprourbfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM URBANISMO DA FAU-UFRJ ndash PROURB Linhas de pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwproarqfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 RHEINGANTZ Paulo Afonso Proposta de marco referencial para a FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p141-155 RIBEIRO Mauriacutecio Andreacutes Ecologizar pensando o ambiente humano Belo Horizonte Rona 1998 ROGERS Richard Cidades para um pequeno planeta 2 ed Barcelona Gustavo Gili 2001 ROSETTO Adriana Marques Proposta de um sistema integrado de gestatildeo do ambiente urbano (SIGAU) para o desenvolvimento sustentaacutevel de cidades 2003 404f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2003 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 SACHS Ignacy Science Nature Societeacute [Sl] v 2 n 2 1994 SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2000 SANTOS Mauriacutecio Takahashidos dos Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitudes 2005 135f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2005 SILVA Roberto Gonccedilalves da Arquitetura o abrigo da vida Florianoacutepolis Ed da UFSC 2003 SIRKIS Alfredo Cidade In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 214-229 SOARES Umberto Tavares Entre atos ensino superior urbanismo e a EAUFMG 2005 284f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 SOUZA Maacutercia de Andrade Sena Energia e arquitetura a importacircncia dos padrotildees de consumo e produccedilatildeo da sociedade frente ao desafio da sustentabilidade CONFEREcircNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUCcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL 1 ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUIacuteDO 10 2004 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo 2004 STAGNO Bruno Proyectos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwbrunostagnoinfogt Acesso em 19 set 2007

166

SUNKEL Oswaldo O marco histoacuterico do processo de desenvolvimento subdesenvolvimento 5 ed Rio de Janeiro UNILIVROS 1980 TASCHNER Suzana P Degradaccedilatildeo ambiental em favelas de Satildeo Paulo In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 TRIGUEIRO Andreacute Introduccedilatildeo In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p13-17 UCHAF Y Felin Roundhouse 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfelinuchafcomroundhousehtmgt Acesso em 11 jun 2007 UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS Division of Sustainable Development [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunorgesasustdevgt Acesso em 13 fev 2007 UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION ndash UNESCO UNESCO no Mundo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunescoorgbrgt Acesso em 12 fev 2007 UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB Arquitetura [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunbbrgraduacaocursos gt Acesso em 23 out 2005 UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO ndash USP Graduaccedilatildeo 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwuspbrfaudocentesdepprojetogt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE ndash UNILIVRE Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunilivreorgbrgt Acesso em 23 out 2005 e 21 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ndash UFSC Disciplinas 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufscbrarqsocgt Acesso em 15 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute ndash UFPR Especializaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprppgufprbrgt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ndash UFRJ Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfauufrjbrgt Acesso em 4 set 2005 UNIVERSIDADE FUMEC Arquitetura e Urbanismo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfumecbrcursosgraduacaoarquiteturaphpgt Acesso em 18 jul 2007 US GREEN BUILDING COUNCIL - USGBC Leed 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwusgbcorggt Acesso em 18 fev 2007 VEJA Satildeo Paulo Abril v 40 n 17 mai 2007 p 52 VEIGA Joseacute Eli Perspectivas nacionais do desenvolvimento rural In SHIKI Shigeo SILVA Joseacute Graziano da ORTEGA Antonio Ceacutesar (Org) Agricultura meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro Uberlacircndia CNPqFAPEMIG 1997 WRIGHT Frank Lloyd The natural house New York Horizon Press 1954 WWF-BRASIL WWF no Brasil 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrgt Acesso em 14 fev 2007

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WWF - GLOBAL ENVIRONMENTAL CONSERVATION ORGANIZATION WWF International 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforggt Acesso em 14 fev 2007 YEANG Ken Bioclimatic skyscrapers London Artemis 1994 ZEVI Bruno Towards an organic architecture London Faber amp Faber Limited 1950

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APEcircNDICE A

Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE B

Questionaacuterio aplicado com arquitetos

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE C

Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima

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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado

ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________

4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________

5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________

Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006

Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados

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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias

O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico

Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos

I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social

II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como

instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes

modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em

diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e

1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37

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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares

sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios

a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade

b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades

c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como

patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto

Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional

Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil

a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e

comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo

c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades

a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo

b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel

c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios

d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo

e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa

f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de

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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional

g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana

h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees

i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas

j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades

k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais

l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional

m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional

Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista

Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade

I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso

sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia

sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso

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sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando

sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como

a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular

b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados

c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural

d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana

e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade

f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo

Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo

sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso

sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso

Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e

implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo

sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo

sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado

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Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos

a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais

b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso

c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo

Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas

pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta

Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta

Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria

Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994

EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Page 4: DIANNA SANTIAGO VILLELA · 2019. 11. 14. · V735s A sustentabilidade na formação atual do arquiteto e urbanista / Dianna Santiago Villela - 2007. 179f. : il. Orientador: Roberto

Dianna Santiago Villela

A SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Dedico este trabalho a todos que de alguma maneira tentam ajudar o nosso planeta e seus habitantes Mesmo quando o ato eacute pequeno para um objetivo grande demais

AGRADECIMENTOS

A Deus por Sua presenccedila constante em todos os momentos da minha vida A meu marido Cesar Duratildeo companheiro amigo e meu amor eterno A meus pais Alvaro e Marcia a quem devo minha educaccedilatildeo e muito da minha formaccedilatildeo espero que este trabalho retribua um pouco Agraves minhas irmatildes Alessandra e Sabrina e meu irmatildeozinho Pedro Murillo que sempre me fizeram ser mais feliz Agrave toda minha famiacutelia meus avoacutes tios primos sogros e cunhadas pelo apoio mesmo agrave distacircncia Aos meus grandes amigos os de anos e aqueles que fiz ao longo do desenvolvimento do meu trabalho Em especial aos amigos do mestrado ao grupo Doisirmatildeos e agraves amigas Maria Fernanda Oppermann Bento e Vera Ferreira Crespo que cada uma agrave sua maneira contribuiu muito com o teacutermino deste trabalho Ao meu orientador Roberto Monte-Moacuter pelo acompanhamento equilibrado dosando direcionamento seguro e consistente e liberdade para a elaboraccedilatildeo do trabalho Agrave organizaccedilatildeo do Opera prima que me forneceu todos os dados necessaacuterios A todos aqueles que responderam aos questionaacuterios ou me ajudaram a distribuir os mesmos Em especial aos ganhadores do Opera prima A todos que fizeram parte do meu trabalho ou que apenas fazem parte da minha vida

A Arquitetura natildeo pode salvar o mundo mas pode agir como um bom exemplo

Alvar Aalto

RESUMO Este trabalho tem por objetivo central analisar se a sustentabilidade tem sido

suficientemente abordada e discutida na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista O conceito de

sustentabilidade apesar de bastante utilizado eacute amplo e falta-lhe aleacutem de precisatildeo conteuacutedo

Portanto tenta-se explicaacute-lo com base em suas muacuteltiplas definiccedilotildees e seu surgimento bem como

tendecircncias anteriores ao conceito Para averiguar o discurso atual da inserccedilatildeo da sustentabilidade

na formaccedilatildeo do arquiteto satildeo pesquisadas e discutidas as diretrizes curriculares gerais assim

como os programas de alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo no paiacutes Em

seguida satildeo apresentados os conceitos de educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade tomados como necessaacuterios para dar suporte e embasamento agrave formaccedilatildeo do

arquiteto Posteriormente satildeo apresentados os resultados de uma pesquisa realizada atraveacutes de

questionaacuterios com estudantes de arquitetura arquitetos e em seguida com os premiados do

Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 para verificar atraveacutes da opiniatildeo dos jovens arquitetos

como tem sido percebida a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade nos cursos de arquitetura

e urbanismo Os resultados mostram que a sustentabilidade natildeo tem sido suficientemente

abordada na graduaccedilatildeo e isto pode e deve estar afetando a formaccedilatildeo atual do arquiteto e

urbanista que termina a graduaccedilatildeo sem uma visatildeo global Aqueles que se interessam

particularmente pelo tema procuram cursos de poacutes-graduaccedilatildeo nessa aacuterea especiacutefica sem que

todavia a sustentabilidade arquitetocircnica e urbaniacutestica como um todo faccedila parte da bagagem

teoacuterica e teacutecnica do arquiteto Entretanto haacute um consenso entre os arquitetos e estudantes

entrevistados que a formaccedilatildeo do arquiteto deve incluir questotildees de sustentabilidade referentes agrave

melhoria e qualidade de vida humana em plena integraccedilatildeo com a natureza Assim esta questatildeo

deve ser prioridade para o ensino profissional baacutesico e natildeo restrita a disciplinas optativas ou poacutes-

graduaccedilotildees

ABSTRACT

The objective of this work is to analyze if sustainability has been sufficiently

discussed through the architect and urban designerrsquos formation Although largely used the vast

concept of sustainability lacks precision and content The effort to explain it is based on

definitions as well as on the previous trends to the concept The architecture undergraduate

program of some Brazilian universities is searched in order to investigate the current influence of

sustainability in the architects education Also environmental education is discussed to

emphasize the importance of learning sustainability for the architects and city planners

intellectual growth Lastly the results of an interview with architecture students architects and

ldquoOpera Primardquo awarded students (between 2001 and 2006) are presented showing through the

young architectrsquos opinions how the discussion about sustainability has been perceived in

architecture and urban design programs The results show that sustainability has not been enough

discussed in the undergraduate courses It can and probably is affecting the architect and urban

designerrsquos formation since they graduate without a global vision about the subject The ones

especially interested in this topic look for graduate courses in this area Architects and students

interviewed have the common belief that the architectrsquos formation should include issues about

sustainability since these are important issues for improvement of human life quality and itrsquos full

integration with nature This topic should be a priority in the basic professional education and

not restricted to elective classes and graduate programs

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Logo marca da WWF 45

FIGURA 2 WWF-Brasil no Rio de Janeiro 45

FIGURA 3 ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo 46

FIGURA 4 Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo 46

FIGURA 5 Logo e Lema Green Cross 47

FIGURA 6 Certificaccedilatildeo Blue Angel 47

FIGURA 7 Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) 48

FIGURA 8 Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 50

FIGURA 9 Selo Procel 50

FIGURA 10 Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina 52

FIGURA 11 Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 62

FIGURA 12 Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri 63

FIGURA 13 Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo

projetado por Emilio Ambasz e associados 65

FIGURA 14 Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 65

FIGURA 15 Construccedilatildeo circular da comunidade de Y Felin Uchaf 66

FIGURA 16 Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 67

FIGURA 17 Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio 75

FIGURA 18 Moradias irregulares na cidade 76

FIGURA 19 Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura 124

FIGURA 20 Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental 124

FIGURA 21 Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio 127

FIGURA 22 Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea 129

FIGURA 23 Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto 131

FIGURA 24 Cantina e Casa Noturna Vista do interior 132

FIGURA 25 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva 133

FIGURA 26 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete 136

FIGURA 27 Escola Naacuteutica Foto da maquete 138

FIGURA 28 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue 141

FIGURA 29 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em

preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados 141

FIGURA 30 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral 142

FIGURA 31 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel 147

FIGURA 32 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada 148

LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994 85

LISTA DE TABELAS TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel Avaliaccedilatildeo das

respostas por profissatildeo 109

TABELA 2 Conhecimento e interesse 110

TABELA 3 Impacto das edificaccedilotildees 110

LISTA DE GRAacuteFICOS GRAacuteFICO 1 Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano

de formado 112 GRAacuteFICO 2 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados) 113

GRAacuteFICO 3 Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 4 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 114

GRAacuteFICO 5 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo

e ano de formatura 115 GRAacuteFICO 6 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura 116

GRAacuteFICO 7 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na

graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 116

GRAacuteFICO 8 Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso 149

GRAacuteFICO 9 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item 149

GRAacuteFICO 10 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 150

GRAacuteFICO 11 Abordagem do assunto no trabalho final por concurso 151 GRAacuteFICO 12 Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item 152 GRAacuteFICO 13 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item 152

GRAacuteFICO 14 Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso 153

GRAacuteFICO 15 Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquitetura

urbanismo por de respondentes em cada item 153

GRAacuteFICO 16 Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto

por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) 154

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEA - Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

ABNT - Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

AGCB - Associaccedilatildeo Green Cross Brasil

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method

CANTOAR - Canteiro Oficina de Arquitetura

CDS-UNB - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade de Brasiacutelia

CEAU - Comissatildeo de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

CIMA - Comissatildeo Interministerial para a Preparaccedilatildeo da Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento

CNDA - Conselho Nacional de Defesa Ambiental

CMMAD - Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CO2 - Gaacutes carbocircnico

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca

DS - Desenvolvimento Sustentaacutevel

EA - Educaccedilatildeo Ambiental

EDS - Educaccedilatildeo para Desenvolvimento Sustentaacutevel

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

EUA - Estados Unidos da Ameacuterica

FAAP - Fundaccedilatildeo Armando Alvares Penteado

FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal)

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

IBGE - Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IED - Istituto Europeo di Design

IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

IOCS - Inspetoria de Obras Contra as Secas

ISO - International Organization for Standardization

IUCN - Uniatildeo Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MCT - Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MMA - Ministeacuterio do Meio Ambiente do Brasil

NABERS - National Australian Building Environmental Rating System

NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

NR - Norma Regulamentadora

ONGs - Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

ONU - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas

OSCIP - Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

PIB - Produto Interno Bruto

PIEA - Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental

PNUD - Programa das Naccedilotildees Unidas de Desenvolvimento

PNUMA - Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente

POPs - Poluentes orgacircnicos persistentes

PROARQ-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura da FAU UFRJ

PROCEL - Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica

PRODEMA - Programa Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio Ambiente

PROURB-UFRJ - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Urbanismo da FAU UFRJ

PUC MINAS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais

PUC RS - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul

PVC -Policloreto de vinila

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica

SESP - Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica

SINIMA - Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

UEL - Universidade Estadual de Londrina

UFBA - Universidade Federal da Bahia

UFF - Universidade Federal Fluminense

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFPA - Universidade Federal do Paraacute

UFPE -Universidade Federal de Pernambuco

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UMA - Universidade Livre da Mata Atlacircntica UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNCTAD - Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o Comeacutercio-Desenvolvimento

UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes

UNESCO - United Nations Education Scientific and Cultural Organization

UNEP - United Nations Environment Programme

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

UNIFOR - Universidade de Fortaleza

UNILIVRE - Universidade Livre do Meio Ambiente

UNIRITTER - Centro Universitaacuterio Ritter dos Reis

UNISINOS ndash Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNOPAR - Universidade do Norte do Paranaacute

USC - University of Southern Califoacuternia

USGBC - United States Green Building Council

USP - Universidade de Satildeo Paulo

WBCSD - World Business Coucil for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel)

WSSD - World Summit on Sustainable Development

WWF - World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial para a Natureza)

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

11 Contextualizaccedilatildeo 23

12 Justificativa 27

13 Objetivos 29

131 Objetivo geral 29

132 Objetivos especiacuteficos 29

14 Delimitaccedilotildees do trabalho 29

15 Procedimentos metodoloacutegicos 30

151 Etapas da pesquisa 30

16 Organizaccedilatildeo do trabalho 31

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 33

21 A origem do termo 33

211 Os eventos internacionais do ambientalismo 33

2111 As dimensotildees da sustentabilidade 36

212 O ambientalismo no Brasil 41

213 Organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs) 44

214 Normas e selos de qualidade 47

2141 Norma Regulamentadora (NR) 48

2142 International Organization for Standardization (ISO) 49

2143 Selo Procel 50

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) 51

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico 52

22 A problemaacutetica da sustentabilidade 55

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo 57

231 Organicismo 60

232 Arquitetura Orgacircnica 62

233 Arquitetura bioclimaacutetica 64

234 Arquitetura ecoloacutegica 66

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo 67

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTBILIDADE NO ENSINO DE

ARQUITETURA E URBANISMO 69

31 Consciecircncia ambiental 70

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos 71

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude 72

313 A segunda linha de pensamento 73

3131 Pobreza x Meio ambiente 75

32 Educaccedilatildeo ambiental 77

33 Educaccedilatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade 79

34 Ensino de arquitetura 81

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo 83

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas 88

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo 95

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura 102

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA 106

41 Pesquisa quantitativa 111

42 Pesquisa qualitativa Opera prima 118

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de

Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo 119

422 Opera Prima 2001 121

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs

Krambeck UFSC 122

423 Opera Prima 2002 124

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF 125

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes

Alternativas ndashJuliana Iwashita USP 128

424 Opera Prima 2003 129

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner

Basso PUC-RS 130

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro

Ruschel Centro Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo 132

425 Opera Prima 2004 133

4251 Centro De Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira

Eskinazi UFRGS 135

4252 Escola Naacuteutica Intervenccedilatildeo Na Orla Do Lago Paranoaacute ndash

Izabel Torres Cordeiro UnB 137

426 Opera Prima 2005 138

4261 Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste

Santos -Pablo Iglesias USP 139

4262 Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer

Universidade Regional de Blumenau 141

427 Opera Prima 2006 143

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash

Clariane Menegusso Nogueira UFMS 146

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina

Somensi UFSC 147

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados 148

43 Anaacutelise das duas pesquisas 154

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa 154

5 CONCLUSAtildeO 157

REFEREcircNCIAS 161

APEcircNDICES 168

APEcircNDICE A Questionaacuterio estudante 168

APEcircNDICE B Questionaacuterio arquiteto 170

APEcircNDICE C Questionaacuterio premiados Concurso Opera Prima 172

ANEXO Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

de 2006 174

17

Atingir o objetivo de uma cidade sustentaacutevel natildeo eacute uma meta utoacutepica ela depende de uma seacuterie de accedilotildees perfeitamente alcanccedilaacuteveis

conquanto algumas difiacuteceis por fortes injunccedilotildees culturais poliacuteticas e econocircmicas [] A meacutedio e longo prazos

a saiacuteda estaacute no que se conseguir fazer hoje no sistema educacional []

As tarefas podem ser gigantescas mas pelo menos estatildeo evidentes

Alfredo Sirkis

1 INTRODUCcedilAtildeO

Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos que estes nunca seriam preocupaccedilatildeo para a humanidade e que o homem natildeo poderia afetaacute-la de forma incisiva ou irreparaacutevel Poreacutem a partir da Revoluccedilatildeo Industrial que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas mas altamente poluentes a degradaccedilatildeo ambiental inicia um percurso que soacute pode ser freado com a participaccedilatildeo efetiva e conscientizaccedilatildeo de toda a sociedade (PINHEIRO 2002 p 11)

A Revoluccedilatildeo Industrial foi um fenocircmeno que ocorreu de forma gradativa a partir de

meados do seacuteculo XVIII Tendo iniacutecio na Inglaterra a Revoluccedilatildeo provocou mudanccedilas nos meios

de produccedilatildeo afetando a economia e a sociedade Enquanto o periacuteodo medieval era praticamente

agraacuterio e artesanal o periacuteodo industrial iniciou-se com a mecanizaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo

Aleacutem disso proporcionou o comeacutercio em escala mundial Os grandes latifundiaacuterios os senhores

feudais bem como a estrutura agraacuteria feudal entraram em franco decliacutenio dando lugar para a

burguesia que aacutevida por maiores lucros menores custos e produccedilatildeo acelerada buscava

alternativas para melhorar e aumentar a produccedilatildeo de mercadorias Vecirc-se aiacute o capitalismo da

burguesia industrial emergente

Nessa eacutepoca observa-se um grande salto tecnoloacutegico tanto no maquinaacuterio para a

produccedilatildeo quanto nos transportes Um dos grandes exemplos eacute a invenccedilatildeo da maacutequina a vapor

Na aacuterea dos transportes destacavam-se as locomotivas e trens a vapor a melhoria generalizada

dos transportes tanto ferroviaacuterios quanto mariacutetimos mas tambeacutem nas redes de estradas

Com o enorme aumento da produtividade em funccedilatildeo da utilizaccedilatildeo dos equipamentos

mecacircnicos da energia a vapor e posteriormente da eletricidade passaram a substituir e

dispensar parte da forccedila humana Juntando-se a isso as verdadeiras explosotildees demograacuteficas

seguidas pelo ecircxodo rural e assim por um grande excesso de matildeo-de-obra nas grandes cidades

observa-se uma enorme quantidade de desempregados e tambeacutem de diminuiccedilatildeo dos salaacuterios dos

trabalhadores

Aleacutem dos salaacuterios recebidos pelos empregados serem extremamente baixos as

condiccedilotildees de trabalho nas faacutebricas eram deploraacuteveis Os empregados trabalhavam 12 14 e ateacute 18

horas por dia e ainda estavam sujeitos a castigos fiacutesicos As maacutequinas eram desprotegidas e

ocasionavam frequumlentes acidentes de trabalho muitas vezes ateacute mutilando os trabalhadores Os

18

ambientes eram sujos abafados e com peacutessima iluminaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agraves habitaccedilotildees da grande

maioria a situaccedilatildeo era igualmente precaacuteria Pode-se dizer que tomando-se como ponto de partida as denuacutencias dos higienistas e dos reformadores sociais na primeira metade do seacuteculo XIX considera-se confirmado o fato de que a qualidade das moradias piorou em consequumlecircncia da pressa e das exigecircncias especulativas (BENEVOLO 1976 p 56)

Os trabalhadores mais pobres moravam em horriacuteveis ambientes muitas vezes quartos

de poratildeo destituiacutedos de luz aacutegua e esgoto As casas desde que ficassem de peacute (ao menos temporariamente) e desde que as pessoas que natildeo tinham outra escolha pudessem ser induzidas a ocupaacute-las ningueacutem se importava se eram higiecircnicas ou seguras se tinham luz ou ar ou se eram abominavelmente abafadas (CROOME HAMMOND1 citado por BENEVOLO 1976 p 71)

Algumas consequumlecircncias nocivas da revoluccedilatildeo foram aleacutem do ecircxodo rural aliado ao

crescimento desordenado urbano o grande aumento da poluiccedilatildeo sonora e atmosfeacuterica o

desemprego o grande nuacutemero de mendigos e tambeacutem a fome miseacuteria a precariedade dos

ambientes de trabalho e moradia que tambeacutem levava agrave epidemia de vaacuterias doenccedilas Eacute

interessante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo eacute acompanhado e acompanha o grande

desenvolvimento na produccedilatildeo Beneacutevolo (1976 p22) comenta que ldquoO incremento demograacutefico

e o industrial influenciam-se mutuamente de modo complicadordquo Assim com o aumento da

populaccedilatildeo consequumlentemente das cidades das distacircncias e dos transportes satildeo necessaacuterias e

passam a ser construiacutedas estradas mais amplas canais mais largos e profundos novas moradias

e edifiacutecios puacuteblicos maiores Aleacutem disso cresce rapidamente o desenvolvimento das vias de

transporte tanto por terra quanto por aacutegua e a multiplicaccedilatildeo e diversidade de tarefas e o impulso

dado pelas especializaccedilotildees requerem tipos novos de construccedilotildees ldquoA revoluccedilatildeo Industrial

modifica a teacutecnica das construccedilotildees embora possa fazecirc-lo de maneira menos visiacutevel do que em

outros setoresrdquo(BENEVOLO 1976 p 35) A maacutequina a qual na primeira metade do seacuteculo XIX

estaacute invadindo a induacutestria em certa medida tambeacutem comeccedila a invadir os canteiros de obra

difundindo-se o uso das maacutequinas de construir

Os progressos cientiacuteficos permitiam que os materiais fossem utilizados mais

conveniente e racionalmente Eram inventados mecanismos capazes de medir a resistecircncia dos

materiais e aos materiais tradicionais uniam-se novos materiais como o ferro gusa o vidro e

mais tarde o concreto O ferro e o vidro jaacute eram anteriormente empregados na construccedilatildeo (o ferro

era utilizado para tarefas acessoacuterias como correntes e tirantes) mas foi nesse periacuteodo que os

progressos da induacutestria permitiram que seus usos fossem ampliados e que novas teacutecnicas fossem

introduzidas Alguns exemplos satildeo a difusatildeo do uso do vidro para janelas em lugar do papel o

1 CROOME HM HAMMOND RJ Storia economica dell Inghilterra Milatildeo [sn] 1951

19

uso da ardoacutesia ou de telha para coberturas ao inveacutes da palha o ferro e a gusa para cercas

balaustradas e utensiacutelios de fechar e claraboacuteias em ferro e vidro

Na geometria os progressos permitiam que se representassem por desenhos de modo

rigoroso todos os aspectos da construccedilatildeo As duas principais invenccedilotildees tiveram origem na

Franccedila a invenccedilatildeo da geometria descritiva e a introduccedilatildeo do sistema meacutetrico decimal

Assim na medida que evoluiacuteam as teacutecnicas e materiais na construccedilatildeo civil bem

como as representaccedilotildees projetuais em funccedilatildeo dos progressos na geometria surgiam propostas de

ordenamento urbano imagens da cidade futura ideal e criacuteticas agraves cidades industriais Iniciava-se

assim uma conscientizaccedilatildeo de parte da sociedade que se preocupava e estudava formas de

melhorar a cidade e suas edificaccedilotildees

O estudo da cidade no seacuteculo XIX denunciava de forma criacutetica a precaacuteria higiene

fiacutesica e moral das grandes cidades industriais tais como os ambientes insalubres do trabalhador

as enormes distacircncias entre a habitaccedilatildeo e o trabalho os lixotildees deploraacuteveis e amontoados a falta

de jardins puacuteblicos nos bairros populares o grande contraste entre os bairros habitados pelas

diferentes classes sociais entre outros

Choay (1979) classificou os modelos ideais urbaniacutesticos como progressista

culturalista e naturalista Os urbanistas progressistas tais como Le Corbusier e seus disciacutepulos

defendiam a geometria a simetria e a ortogonalidade sendo representantes do estilo

internacional onde as formas puras retas e simples poderiam ser locadas em qualquer local

Para Le Corbusier2 (citado por CHOAY 1979 p 184 188 194) A grande cidade eacute hoje uma cataacutestrofe ameaccediladora por natildeo ter sido mais animada por um espiacuterito de geometria[] A cidade atual morre por natildeo ser geomeacutetrica[] Ora uma cidade moderna vive praticamente de linhas retas [] A circulaccedilatildeo exige a linha reta A reta eacute sadia tambeacutem para a alma das cidades A curva eacute prejudicial difiacutecil e perigosa ela paralisa [] A rua curva eacute o caminho dos asnos a rua reta o caminho dos homens

O modelo progressista e o modelo culturalista eram praticamente um a antiacutetese do

outro Do lado oposto o culturalista Camillo Sitte3 (citado por CHOAY 1979 p 207)

defendia Por que suprimir a qualquer preccedilo as desigualdades do terreno destruir os caminhos existentes e ateacute desviar cursos dacuteaacutegua para obter uma banal simetria Melhor seria pelo contraacuterio conserva-los com alegria para motivar quebras nas arteacuterias e outras regularidades [] aleacutem disso essas irregularidades permitem que nos orientemos facilmente atraveacutes do labirinto das ruas e ateacute certo ponto de vista da higiene natildeo deixam de ter suas vantagens Eacute graccedilas agraves curvas e aos cortes de suas arteacuterias que a violecircncia do vento eacute menos sensiacutevel nas cidades antigas Ele somente sopra com forccedila sobre os tetos ao passo que nos bairros modernos ele se engolfa pelas ruas retas de modo bem desagradaacutevel ateacute mesmo prejudicial agrave sauacutede

2 LE CORBUSIER [Charles Edouard Jeanneret-Gris] Urbanisme Paris Cregraves 1923 3 SITTE Camillo L`art de bacirctir decircs villes Genebra Atar Paris H Laurens 1918

20

O modelo naturalista liderado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright teve seu

correspondente no preacute-urbanismo chamado de antiurbanismo americano que ainda natildeo

apresentava qualquer modelo A tradiccedilatildeo antiurbana comeccedilou com Thomas Jefferson e depois

com Emerson Thoreau Henry Adams Henry James e Louis Sullivan e natildeo obteve o alcance

das correntes progressistas e culturalistas mas teve grande influecircncia sobre o urbanismo

americano do seacuteculo XX O modelo naturalista apresentou algumas caracteriacutesticas progressistas

e outras culturalistas e foi elaborado com o nome de Broadacre-City O progresso teacutecnico teve

grande importacircncia em seu modelo mas o ponto focal eacute a natureza Frank Lloyd Wright4 (citado

por CHOAY 1979 p 237) dizia que Se a livre disposiccedilatildeo do solo se baseasse em condiccedilotildees realmente democraacuteticas a arquitetura resultaria autenticamente da topografia dito de outra forma os edifiacutecios assemelhar-se-iam em uma infinita variedade de formas agrave natureza e ao caraacuteter do solo sobre o qual estivessem construiacutedos seriam parte integrante dele [] Broadacre seria edificada em tal clima de simpatia para com a natureza que a sensibilidade peculiar ao lugar e a sua proacutepria beleza constituiriam um requisito fundamental exigido pelos novos construtores de cidades A beleza da paisagem seria procurada natildeo como um suporte mas como um elemento da arquitetura

Aleacutem dos modelos urbaniacutesticos e preacute-urbaniacutesticos algumas criacuteticas sem modelo

como as de Engels e Marx tiveram grande importacircncia Eles criticaram as grandes cidades

industriais contemporacircneas sem propor algum modelo de cidade ideal pois achavam impossiacutevel

prever um futuro planejamento Para eles a perspectiva de uma accedilatildeo transformadora substituiacutea os

irreais modelos

No seacuteculo seguinte surge em funccedilatildeo dos modelos e de algumas realizaccedilotildees uma

nova criacutetica uma criacutetica de segundo grau A primeira criacutetica foi classificada por Choay (1979)

como Tecnotopia tendo como alguns de seus representantes Henard Xenakis P Maymont

Fitzgibbon Friedman Kikutake Schultze-Fielitz e O Hansen Baseava-se principalmente nas

novas possibilidades tecnoloacutegicas tornando as cidades futuristas como por exemplo a cidade

sobre estacas a cidade coacutesmica vertical o urbanismo subterracircneo Uma caracteriacutestica de bastante

destaque era a preocupaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo mundial assim todas propotildeem

concentraccedilotildees humanas liberando a superfiacutecie terrestre pelo avanccedilo no subsolo no mar na

atmosfera

Outra criacutetica de segundo grau foi classificada por Choay (1979) como Antroacutepolis Ela

pode ser qualificada de humanista e foi desenvolvida por socioacutelogos psicoacutelogos historiadores e

economistas Dividiu-se em trecircs tendecircncias a primeira relaciona-se com o contexto espaccedilo-

temporal da localizaccedilatildeo humana e se destaca Patrick Geddes seu disciacutepulo Lewis Munford e

4 WRIGHT Frank Lloyd The living city New York Horizon Press 1958

21

Marcel Poete a segunda aborda a higiene mental com Jane Jacobs e Leonard Duhl entre seus

representantes e a terceira sobre a percepccedilatildeo urbana com grande destaque a Kevin Lynch

Os modelos urbaniacutesticos e as criacuteticas apesar de natildeo terem adotado o discurso da

sustentabilidade traziam consigo preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais culturais

econocircmicas e sociais referentes agrave eacutepoca em questatildeo poreacutem pertinentes e atuais Como exemplo

pode-se citar a participaccedilatildeo popular no processo decisoacuterio que perseguida atualmente por noacutes

foi representada em Iacutecara modelo de cidade ideal de Etienne Cabet Cabet defendia a

representaccedilatildeo popular em cada discussatildeo para descobrir e aplicar melhoramentos e

aperfeiccediloamentos Leonard Duhl5 (citado por CHOAY 1979 p46) tambeacutem afirmava que ldquoeacute

preciso encontrar meios que permitam a todos participar mais plenamente de decisotildees que lhes

digam respeito assim tatildeo vitalmenterdquo Assim quem melhor que os proacuteprios usuaacuterios para

analisarem e discutirem o melhor para cada regiatildeo visto que ldquopara situar corretamente o meio

ambiente natildeo devemos considerar a cidade simplesmente como uma coisa em si mas tal como

seus cidadatildeos a percebemrdquo (LYNCH 6 citado por CHOAY 1979 p309)

Uma das caracteriacutesticas dos modelos urbaniacutesticos dos seacuteculos XIX e XX que faz parte

atualmente do cotidiano de todas as cidades diz respeito agrave normalizaccedilatildeo e legislaccedilatildeo Cada

modelo definia vaacuterias leis de planejamento e tambeacutem da construccedilatildeo tais como altura dos

preacutedios afastamentos das casas e edifiacutecios largura das ruas obrigatoriedade de ventilaccedilatildeo e

iluminaccedilatildeo natural em todos os cocircmodos acircngulos arredondados nas paredes teto e piso entre

outros Muitas das limitaccedilotildees natildeo correspondiam e nem correspondem agrave realidade mas vaacuterias

outras ainda satildeo aplicadas nas legislaccedilotildees das cidades ateacute porque ldquolimitaccedilotildees de gabarito

densidade superfiacutecie satildeo absolutamente necessaacuterias para as relaccedilotildees sociais reaisrdquo (GEDDES7

citado por CHOAY 1979 p 43) Outra normalizaccedilatildeo da eacutepoca se referia agrave formaccedilatildeo das

primeiras leis sanitaacuterias como a lei de 1834 que foi formulada por Edwin Chadwick logo depois

que a coacutelera se propaga da Franccedila para a Inglaterra (BENEVOLO 1976)

Outro importante exemplo refere-se agrave habitaccedilatildeo Era enorme a importacircncia dada a

esse setor pelos progressistas A soluccedilatildeo progressista para o problema da habitaccedilatildeo era o

alojamento-padratildeo e os edifiacutecios altos que conforme Gropius diminuiriam custos e

aumentariam qualidade aleacutem de diminuir deslocamentos No modelo naturalista preconizava-se

o alojamento individual e entatildeo as residecircncias unifamiliares teriam uma aacuterea miacutenima de terreno

onde os ocupantes destinariam agraves hortas e aos lazeres diversos (CHOAY 1979)

5 DUHL Leonard The urban condition New York London Basic Books 1963 6 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge Massachucetts The Technology Press amp Harvard University Press 1960 7 GEDDES Patrick Cities in evolution London Williams and Norgate Press 1915

22

Em relaccedilatildeo aos espaccedilos verdes livres e os urbanizados uma das ideacuteias de Mumford

com inspiraccedilatildeo nas cidades medievais era a concepccedilatildeo de integrar a natureza ao meio urbano

ligando agraves construccedilotildees e ao habitat Os espaccedilos livres deveriam ter papel social e natildeo soacute

higiecircnico ser ativos e natildeo mortos Dessa forma ele concluiacutea que a cidade deveria ser ao mesmo

tempo mais urbana e mais rural que os modelos progressistas Leonard Duhl defendia que o

vazio gratuito era angustiante e que o verde precisava tomar forma e se localizar em pontos

estrateacutegicos (CHOAY 1979)

As preocupaccedilotildees urbaniacutesticas no seacuteculo XIX e iniacutecio do XX eram principalmente

com a melhoria da qualidade de vida do homem no meio ambiente construiacutedo atraveacutes de

propostas referentes a espaccedilos urbanos e ambientes bem arejados e com luz natural preocupaccedilatildeo

com o lixo com a limpeza dos espaccedilos e assim com a higiene e saneamento com espaccedilos

verdes livres com a sociabilidade do homem no espaccedilo urbano com o patrimocircnio cultural

histoacuterico com a circulaccedilatildeo (transporte e tracircnsito) com a habitaccedilatildeo etc

No que se trata do incentivo agrave conservaccedilatildeo reutilizaccedilatildeo e reciclagem de recursos

especialmente energia e aacutegua e mateacuterias primas poluiccedilatildeo do ar e sonora e demais preocupaccedilotildees

com o meio ambiente satildeo poucos os registros nessa eacutepoca Alguns como Considerant pensaram

em aproveitar o calor perdido das cozinhas para aquecer estufas e banhos assim como o

aproveitamento das aacuteguas das chuvas para regar jardins lavar fachadas ou ser utilizada em

chafarizes e fontes Tambeacutem ocorreram tentativas ingecircnuas de filtros para purificaccedilatildeo da

fumaccedila onde ela eacute desprovida das partiacuteculas de carbono e torna-se incolor proveniente de

lareiras residenciais como na cidade de Richardson a Hygeia e na Franceville de Julio Verne

(CHOAY 1979)

Essa situaccedilatildeo pode ser explicada devido agrave ateacute entatildeo natildeo tatildeo conhecida e difundida

situaccedilatildeo ambiental e energeacutetica nas grandes cidades A preocupaccedilatildeo com os problemas de

deterioraccedilatildeo ambiental comeccedilou a partir de meados da deacutecada de 1950 quando surgia o

chamado ambientalismo dos cientistas Na deacutecada de 60 proliferam vaacuterios processos que vatildeo

constituir o movimento ambientalista global como organizaccedilotildees e grupos que lutam pela

proteccedilatildeo ambiental e agecircncias governamentais encarregadas desta proteccedilatildeo

Nesta eacutepoca as transformaccedilotildees progressivas no meio ambiente comeccedilam a ser mais

percebidas pois ateacute entatildeo a natureza era entendida como infinita e simplesmente mateacuteria-prima

do homem Os recursos naturais que parecem esgotar-se natildeo satildeo apenas os mesmos do passado recente Se antes eram os mineacuterios carvatildeo o petroacuteleo hoje se trata tambeacutem da aacutegua da atmosfera que considerados recursos renovaacuteveis parecem atingir um limite para sua recomposiccedilatildeo pois o tempo geoloacutegico contrasta cada vez mais com a velocidade de utilizaccedilatildeo Velocidade intensificada no seacuteculo XX O buraco na camada de ozocircnio eacute um exemplo a poluiccedilatildeo das aacuteguas eacute outro [] os imensos depoacutesitos de resiacuteduos toacutexicos

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demonstram a incapacidade pelo menos atual de destruir os ldquoprodutos resiacuteduosrdquo desta populaccedilatildeo (RODRIGUES8 citado por MARTINS 2001 p 104)

11 Contextualizaccedilatildeo

Pela primeira vez na histoacuteria metade da populaccedilatildeo mundial vive em um ambiente

urbano Aproximadamente 70 da populaccedilatildeo urbana do mundo vive na Aacutefrica na Aacutesia ou na

Ameacuterica Latina Estima-se que a populaccedilatildeo urbana cresccedila 2 ao ano entre 2000 e 2015 e que

chegue a um total de 65 em 2050 Atualmente com mais de seis bilhotildees de habitantes a

populaccedilatildeo do mundo duplicou nos uacuteltimos sessenta anos a do Brasil quadruplicou e nas aacutereas

urbanas brasileiras foi multiplicada por onze (PNUMA 2004) As cidades brasileiras abrigavam haacute menos de um seacuteculo 10 da populaccedilatildeo nacional Atualmente satildeo 82 Incharam num processo perverso de exclusatildeo e de desigualdade Como resultado 66 milhotildees de famiacutelias natildeo possuem moradia 11 dos domiciacutelios urbanos natildeo tecircm acesso ao sistema de abastecimento de aacutegua potaacutevel e quase 50 natildeo estatildeo ligados agraves redes coletoras de esgotamento sanitaacuterio Em municiacutepios de todos os portes multiplicam-se favelas A evidente prioridade conferida ao transporte individual em detrimento do coletivo tem resultado em cidades congestionadas de traacutefego e em prejuiacutezos estimados em centenas de milhotildees de reais (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES [200-])

Esse acentuado e desordenado crescimento urbano gera maior quantidade de

consumo com a consequumlente necessidade de aumento da infra-estrutura da produccedilatildeo e dos

deslocamentos reduzindo recursos energia e aumentando resiacuteduos Esse quadro se complica

ainda mais com o capitalismo cujo maior interesse na produccedilatildeo eacute a valorizaccedilatildeo do capital

objetivando maiores lucros Do ponto de vista ambiental a natureza estaacute vinculada a esses

interesses econocircmicos pois eacute utilizada simplesmente como recurso para produccedilatildeo de bens e

eliminaccedilatildeo de resiacuteduos Assim a produccedilatildeo desenfreada aumenta a poluiccedilatildeo do ar das aacuteguas o

desmatamento das florestas e vegetaccedilotildees nativas a extinccedilatildeo de animais e esgota as mateacuterias

primas e recursos finitos Satildeo intensos os impactos sobre o meio ambiente

As implicaccedilotildees de um crescimento urbano acelerado incluem aleacutem de degradaccedilatildeo

ambiental desemprego crescente serviccedilos urbanos inadequados sobrecarga da infra-estrutura

existente falta de acesso agrave terra a financiamentos e agrave moradia adequada Nas cidades dos paiacuteses

em desenvolvimento uma em cada quatro famiacutelias vive em estado de pobreza sendo que 40

das famiacutelias urbanas da Aacutefrica e 25 das famiacutelias urbanas da Ameacuterica Latina vivem abaixo da

linha de pobreza definida em cada paiacutes Nas grandes cidades a situaccedilatildeo piora 40 da populaccedilatildeo

da Cidade do Meacutexico e um terccedilo da populaccedilatildeo de Satildeo Paulo vivem na linha da pobreza ou

abaixo desta No Brasil em 100 dos municiacutepios com mais de 500 mil habitantes existem

grandes contingentes de moradias irregulares e grande concentraccedilatildeo de favelas Estas

8 RODRIGUES Arlete M (Org) Meio ambiente ecos da Eco Campinas UnicampIFCH 1993

24

irregularidades ocorrem tambeacutem em quase 90 dos municiacutepios com populaccedilatildeo entre 100 e 500

mil habitantes e em cerca de 60 dos que possuem de 20 a 100 mil habitantes Este fenocircmeno

acontece mesmo nas cidades pequenas com ateacute 20 mil habitantes onde 36 possuem moradias

irregulares (PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Os problemas urbanos vatildeo aleacutem das irregularidades como colocado pela Secretaria

Nacional de Saneamento Ambiental cerca de 60 milhotildees de brasileiros moradores em 96

milhotildees de domiciacutelios urbanos natildeo dispotildeem de coleta de esgoto Destes aproximadamente 15

milhotildees (34 milhotildees de domiciacutelios) natildeo tecircm acesso agrave aacutegua encanada e parte dos que a possuem

natildeo tem aacutegua potaacutevel diariamente e nem de qualidade Tambeacutem eacute grande a deficiecircncia de

tratamento de esgoto coletado Quase 75 de todo o esgoto sanitaacuterio coletado nas cidades eacute

despejado in natura o que contribui decisivamente para a poluiccedilatildeo dos cursos daacutegua urbanos e

das praias (ROSETTO 2003)

Dessa forma a aacutegua doce que jaacute foi considerada infinita passou a despertar

discussotildees quanto ao seu uso e destinaccedilatildeo Ela representa de 25 a 3 do total da aacutegua

existente no mundo sendo que 997 dela encontram-se nas geleiras e sob o solo nos lenccediloacuteis

freaacuteticos profundos Grande parte eacute contaminada por esgotos industriais e urbanos tambeacutem satildeo

frequumlentes as contaminaccedilotildees nos lenccediloacuteis freaacuteticos e coacuterregos devido aos depoacutesitos de lixo e

produtos quiacutemicos Aproximadamente um terccedilo da populaccedilatildeo mundial vive em paiacuteses que

sofrem de estresse hiacutedrico entre moderado e alto onde o consumo de aacutegua eacute superior a 10 dos

recursos renovaacuteveis de aacutegua doce Falta aacutegua para cerca de 11 bilhatildeo de pessoas em todo o

mundo e 24 bilhotildees carecem de saneamento adequado A maior parte dessas pessoas vive na

Aacutefrica e na Aacutesia A falta de acesso agrave aacutegua potaacutevel e a serviccedilos de saneamento causa centenas de

milhotildees de casos de doenccedilas associadas agrave aacutegua e mais de cinco milhotildees de mortes a cada ano O

Brasil com uma das maiores reservas do planeta eacute um dos paiacuteses que mais desperdiccedila esse

recurso O uso domeacutestico consome cerca de 10 do total e economizar aacutegua faz muita diferenccedila

jaacute que uma pessoa chega a consumir mais de 300 litros por dia na realizaccedilatildeo das suas atividades

cotidianas (GREENPEACE [200-] PNUMA 2004)

Aleacutem da questatildeo da aacutegua e do esgoto 16 milhotildees de brasileiros natildeo satildeo atendidos

pelo serviccedilo de coleta de lixo Nos municiacutepios de grande e meacutedio porte onde o sistema

convencional de coleta poderia atingir toda a produccedilatildeo diaacuteria de resiacuteduos soacutelidos esse serviccedilo

natildeo atende adequadamente agraves moradias irregulares favelas e bairros populares devido agrave

precariedade da infra-estrutura viaacuteria naquelas localidades Em 64 dos municiacutepios o lixo

coletado eacute depositado em lixotildees ao ar livre e em muitos municiacutepios pequenos sequer haacute serviccedilo

de limpeza puacuteblica minimamente organizado A isso se soma a falta de drenagem percebida

25

especialmente a cada chuva mais intensa quando provoca alagamentos e enchentes nas aacutereas de

estrangulamento dos cursos daacutegua (ROSETTO 2003)

A poluiccedilatildeo do ar eacute uma das principais causas de doenccedilas e da queda da qualidade de

vida em geral Eacute um problema comum principalmente nas aacutereas urbanas devido ao crescente

nuacutemero de veiacuteculos automotivos e o tempo de percurso em virtude do congestionamento viaacuterio

Os veiacuteculos produzem entre 80 e 90 do chumbo existente no meio ambiente embora a

gasolina sem chumbo jaacute esteja disponiacutevel em muitos paiacuteses haacute algum tempo (PNUMA 2004)

Desde a revoluccedilatildeo industrial a concentraccedilatildeo de CO2 um dos principais gases de

efeito estufa na atmosfera aumentou de forma significativa contribuindo para o efeito estufa

conhecido como aquecimento global Esse aumento deve-se principalmente agraves emissotildees de CO2

pelo homem provenientes da queima de combustiacuteveis foacutesseis e em um grau menor a mudanccedilas

no uso da terra agrave produccedilatildeo de cimento e agrave combustatildeo de biomassa As emissotildees desses gases

destroem a camada de ozocircnio da Terra que chegou a niacuteveis recorde atualmente principalmente

na Antaacutertida e mais recentemente tambeacutem no Aacutertico A proteccedilatildeo da camada de ozocircnio da Terra

tem sido um dos maiores desafios nos uacuteltimos trinta anos abrangendo as aacutereas de meio

ambiente comeacutercio cooperaccedilatildeo internacional e desenvolvimento sustentaacutevel Em setembro de

2000 o buraco da camada de ozocircnio sobre a Antaacutertida cobria mais de 28 milhotildees de quilocircmetros

quadrados Os esforccedilos contiacutenuos da comunidade internacional resultaram em uma diminuiccedilatildeo

notaacutevel do consumo de substacircncias que destroem a camada de ozocircnio Prevecirc-se que a camada de

ozocircnio comeccedilaraacute a se recuperar em algumas deacutecadas mas somente se todos os paiacuteses aderirem

agraves medidas de controle dos protocolos agrave Convenccedilatildeo de Viena (PNUMA 2004)

Diversas regiotildees do planeta sofreram e sofrem enormes ondas de calor inundaccedilotildees

secas e outros eventos climaacuteticos extremos Muitos especialistas associam essas tendecircncias

atuais com um aumento da temperatura meacutedia global As temperaturas mundiais tecircm aumentado

em quase 075ordmC desde a virada do seacuteculo e continuam aumentando Os eventos climaacuteticos

extremos geram cada vez mais desastres O nuacutemero de pessoas afetadas por desastres aumentou

de uma meacutedia de 147 milhotildees ao ano na deacutecada de 1980 para 211 milhotildees de pessoas ao ano na

deacutecada de 1990 Embora o nuacutemero de desastres geofiacutesicos tenha permanecido bem constante o

nuacutemero de desastres hidrometeoroloacutegicos como secas tempestades de vento e inundaccedilotildees

aumentou Na deacutecada de 1990 mais de 90 das viacutetimas de desastres naturais morreram em

eventos hidrometeoroloacutegicos (PNUMA 2004)

Em termos globais cerca de 7 de todas as mortes e doenccedilas se devem agrave aacutegua ao

saneamento e agrave higiene inadequados e aproximadamente 5 satildeo atribuiacutedas agrave poluiccedilatildeo do ar A

cada ano os acidentes ambientais matam trecircs milhotildees de crianccedilas com ateacute cinco anos de idade

26

Estimativas sugerem que entre 40 e 60 dessas mortes se devem agraves infecccedilotildees respiratoacuterias

agudas resultantes de fatores ambientais particularmente emissotildees de partiacuteculas de combustiacutevel

soacutelido (PNUMA 2004)

As diferentes concepccedilotildees urbaniacutesticas da atualidade tambeacutem influenciam o meio

ambiente como por exemplo a temperatura e o manejo da aacutegua Ao passo que o subuacuterbio

tradicional norte-americano alcanccedila altos graus de permeabilidade devido aos seus gramados e

jardins mas sendo inviaacutevel do ponto de vista do transporte puacuteblico e muito prejudicial ao

ambiente natural por ocupar vastas aacutereas com densidades muito baixas na maioria das cidades

brasileiras acontece o oposto Altas densidades satildeo necessaacuterias para cobrir o custo da infra-

estrutura e viabilizam a concentraccedilatildeo de serviccedilos tornando possiacutevel melhores soluccedilotildees de

transporte puacuteblico e consequumlentemente menor consumo de energia em geral Poreacutem a taxa de

ocupaccedilatildeo eacute tatildeo alta que satildeo muito poucas as aacutereas permeaacuteveis para infiltraccedilatildeo de aacutegua no solo

Isso causa sobre-aquecimento devido agrave falta de evaporaccedilatildeo aleacutem de enchentes e inundaccedilotildees nas

eacutepocas de chuvas fortes Na maior parte do sudeste do Brasil as chuvas giram em torno de

1500mm e estatildeo concentradas nos meses de veratildeo dessa forma o excesso de chuva nessa eacutepoca

causa seacuterios problemas aleacutem da falta de chuvas no inverno (informaccedilatildeo verbal)9

Para exemplificar um lote de 12 x 30m em uma regiatildeo onde chove 1600mm recebe

aproximadamente 500000 litros de aacuteguas pluviais por ano Dado o consumo meacutedio brasileiro de

150 litros por pessoa por dia a quantidade de aacutegua pluvial em um uacutenico lote eacute o dobro do

consumo meacutedio de uma famiacutelia de quatro pessoas Essa aacutegua poderia ser usada pelo menos para

usos natildeo-potaacuteveis como descarga de sanitaacuterios irrigaccedilatildeo de jardins lavagem de automoacuteveis ou

de pavimentos Nesta mesma casa meacutedia de 100m2 a aacutegua coletada apenas pelo telhado

(160000 litros) seria bastante para o consumo de um ano inteiro em usos natildeo-potaacuteveis Soluccedilotildees

de tratamento simples das aacuteguas pluviais para evitar bacteacuterias e fungos custam bem menos que

o valor da aacutegua tratada A fim de reduzir ainda mais o volume das aacuteguas de chuva descarregado

na rede pluvial e aumentar a infiltraccedilatildeo no solo um uacutenico jardim de 36m2 rebaixado 10cm do

solo pode coletar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80 dos dias de chuva

anuais) Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltraccedilatildeo variaacutevel entre 10 a

25 mm por hora um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber as aacuteguas

9 Palestra ministrada pelo arquiteto e professor Fernando Lara no auditoacuterio da UNA Campus Aimoreacutes dia 20 de agosto de 2007 sobre ldquoDiversidade e sustentabilidade dois desafios para a arquitetura do seacuteculo XXIrdquo Fernando Lara eacute PhD e professor de Teoria e Praacutetica de Projetos Arquitetocircnicos na graduaccedilatildeo mestrado e doutorado do Taubman College of Architecture Universidade de Michigan EUA Dentre suas pesquisas recentes estatildeo a anaacutelise da disseminaccedilatildeo do movimento moderno e da homogeneidade das soluccedilotildees habitacionais a niacutevel global

27

pluviais pode reduzir violentamente o volume de aacutegua que percorre as ruas e a rede publica

causando destruiccedilatildeo e prejuiacutezos nas aacutereas mais baixas (informaccedilatildeo verbal)10

No setor da construccedilatildeo civil os exemplos tambeacutem satildeo muitos cerca de 80 da

madeira amazocircnica eacute extraiacuteda ilegalmente e a maior parte eacute consumida no Brasil na forma de

moacuteveis forros esquadrias casas preacute-fabricadas entre outros A construccedilatildeo civil no Brasil

descarta 80 da madeira que usa aleacutem de contribuir para emissatildeo de substacircncias altamente

toacutexicas agrave vida na Terra A fabricaccedilatildeo de PVC e materiais resistentes ao fogo emite poluentes

orgacircnicos persistentes (POPs) que contaminam o meio ambiente a longas distacircncias Jaacute os

materiais isolantes como ureacuteia-formaldeiacutedo poliuretano amianto celulose vermiculita e fibra

de vidro sobre papel craft com adesivo asfaacuteltico emitem gases toacutexicos que prejudicam o meio

ambiente e seus habitantes podendo inclusive causar cacircncer (GREENPEACE [200-])

Muitos desses problemas degradaccedilotildees e desastres continuaratildeo ocorrendo por um bom

tempo Alguns tendem a aumentar outros podem diminuir poreacutem grande parte do que

aconteceraacute num futuro breve jaacute foi desencadeado por decisotildees e accedilotildees de poliacuteticas jaacute adotadas

Forccedilas descontroladas tanto humanas como naturais influiratildeo no rumo dos acontecimentos mas

a tomada de decisotildees informada tambeacutem tem um papel fundamental a ser desempenhado no

processo de moldar o futuro (PNUMA 2004) As opiniotildees diferem quanto ao rumo que o mundo estaacute tomando Dependendo de em quais indicadores o observador escolhe se basear pode-se argumentar a favor de qualquer lado Muitos argumentam que os casos de degradaccedilatildeo jaacute vistos em alguns sistemas sociais ambientais e ecoloacutegicos anunciam colapsos futuros ainda mais fundamentais e generalizados Esses mesmos grupos expressam uma preocupaccedilatildeo particular com o fato de que natildeo houve esforccedilos para a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees que seratildeo necessaacuterias para lidar com essas situaccedilotildees desagradaacuteveis Outros enfatizam que pudemos lidar com a maior parte das crises que enfrentamos e que natildeo haacute motivo para supor que natildeo faremos o mesmo no futuro A maior parte das pessoas permanece em suas rotinas diaacuterias deixando as questotildees de grande importacircncia para os outros Plus ccedila change plus crsquoest la mecircme chose quanto mais as coisas mudam mais continuam as mesmas (PNUMA 2004 p 357-358)

12 Justificativa

[] o meio ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconocircmico A pobreza e o consumo excessivo os dois males da humanidade que foram destacados nos dois relatoacuterios anteriores do GEO continuam a exercer uma pressatildeo enorme sobre o meio ambiente O resultado desastroso eacute que o desenvolvimento sustentaacutevel continua a se colocar como uma questatildeo em grande parte teoacuterica para a maioria da populaccedilatildeo mundial de mais de seis bilhotildees de pessoas O niacutevel de conscientizaccedilatildeo e accedilatildeo natildeo foi proporcional ao estado do meio ambiente global de hoje ele continua a se deteriorar (PNUMA 2004 p XX)

Nos uacuteltimos cem anos o meio ambiente natural tem sofrido as pressotildees impostas pela

quadruplicaccedilatildeo da populaccedilatildeo humana e por uma produccedilatildeo econocircmica mundial dezoito vezes 10 Para mais informaccedilotildees ver site do arquiteto disponiacutevel em lthttpwwwstudiotoroorggt

28

maior (PNUMA 2004) A humanidade mesmo com a enorme variedade de tecnologias

recursos humanos opccedilotildees de poliacuteticas e informaccedilotildees teacutecnicas e cientiacuteficas agrave disposiccedilatildeo ainda

natildeo conseguiu romper de forma definitiva poliacuteticas e praacuteticas insustentaacuteveis e ambientalmente

prejudiciais

A mobilizaccedilatildeo de diversos organismos atores e instituiccedilotildees pela busca da

conscientizaccedilatildeo da humanidade sobre as accedilotildees que os homens e seus padrotildees de produccedilatildeo e

consumo causam no meio ambiente em que vivem vem aumentando As discussotildees nas esferas

poliacuteticas sociais e econocircmicas relativas agrave problemaacutetica do meio ambiente vecircm ganhando mais

forccedila Poreacutem apesar de atualmente jaacute existir um consenso sobre a necessidade da inserccedilatildeo em

todos os processos e aacutereas do conceito de sustentabilidade satildeo poucas as atitudes e accedilotildees que

correspondem ao discurso

As mudanccedilas efetivas se desenrolam gradualmente e na maioria das vezes de forma

mais discreta Muitas pessoas de vaacuterios lugares comeccedilam a abraccedilar a ideacuteia de um lsquonovo

paradigma de sustentabilidadersquo A informaccedilatildeo eacute essencial pessoas mal ou natildeo informadas natildeo se

conscientizam e assim natildeo agem por isso eacute fundamental garantir o acesso adequado e eficiente

agraves informaccedilotildees Algumas iniciativas satildeo altamente coordenadas e envolvem grande nuacutemero de

pessoas outras estatildeo em matildeos de pequenos grupos e podem ser formais ou natildeo e muitas

iniciativas possuem abordagem voluntaacuteria O importante eacute que ldquoquanto mais pessoas e grupos se

dedicam a iniciativas praacuteticas mais cresce a esperanccedila de que eacute possiacutevel fazer mudanccedilas

significativasrdquo (PNUMA 2004 p 12)

Entende-se que para alcanccedilar as diversas metas que estatildeo sendo estabelecidas seratildeo

necessaacuterias mudanccedilas significativas nos sistemas social e econocircmico e que tais mudanccedilas

levaratildeo muito tempo Aleacutem disso satildeo necessaacuterias accedilotildees em muitos acircmbitos diferentes ldquoFicou

claro que um nuacutemero cada vez maior de atores teria de lidar com as dimensotildees ambientais de

atividades que anteriormente natildeo eram vistas como tendo implicaccedilotildees ambientais []rdquo

(PNUMA 2004 p 12)

O campo de arquitetura e urbanismo satildeo dois desses acircmbitos envolvendo visotildees e

abordagens que acabam tambeacutem interferindo em outras esferas como por exemplo a construccedilatildeo

civil Essas aacutereas sempre tiveram um papel importante nas questotildees fiacutesico-ambientais

econocircmicas sociais e culturais do paiacutes e do mundo poreacutem nos uacuteltimos anos essas preocupaccedilotildees

tecircm sido muito mais cobradas

O arquiteto natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade de uma

edificaccedilatildeo e seu entorno mas possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de

sustentabilidade dos mesmos Ele deve pensar planejar projetar e influenciar sustentavelmente

29

Deve ser educado desde o iniacutecio a esse objetivo ajudando a modificar toda a cadeia produtiva do

ambiente construiacutedo desde o projeto de arquitetura e a construccedilatildeo civil ateacute o planejamento

urbano

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser sempre atual e eficaz em todos os

sentidos Todas as questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo

com a natureza devem ser prioridade No campo especiacutefico da arquitetura eacute imprescindiacutevel a discussatildeo sobre a qualidade de vida das nossas cidades e sobre quais os paradigmas para o desenvolvimento de uma arquitetura adequada ao nosso clima nossos recursos e tradiccedilotildees culturais (BENETTI 2003 p 193)

13 Objetivos

131 Objetivo geral

Verificar a atual situaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista brasileiro

132 Objetivos especiacuteficos

Identificar origem e significados para aplicaccedilatildeo na arquitetura dos conceitos

relacionados a sustentabilidade aleacutem de verificar o interesse e o grau de conhecimento dos

estudantes de arquitetura e arquitetos da temaacutetica Pretende-se assim identificar se e como este

tema vem sendo abordado na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista e avaliar o grau deste aprendizado

para discutir se seria necessaacuterio um maior embasamento teoacuterico e teacutecnico desse assunto

14 Delimitaccedilotildees do trabalho

Devido agrave abrangecircncia e complexidade do tema em questatildeo foi necessaacuterio delimitar

os aspectos a serem tratados e as variaacuteveis trabalhadas Assim embora o conceito de

sustentabilidade permeie questotildees ambientais sociais econocircmicas culturais fiacutesicas poliacuteticas

religiosas espirituais entre outras sua abrangecircncia foi reduzida agraves cinco dimensotildees da

sustentabilidade propostas por Sachs (1993) ecoloacutegica social econocircmica cultural e espacial A

partir daiacute pode-se dizer que foram focadas as questotildees ambientais econocircmicas sociais e

culturais aleacutem dos aspectos espaciais referenciados principalmente ao ambiente construiacutedo e agrave

arquitetura Aleacutem disso o significado do conceito continua em desenvolvimento portanto

alguns autores seratildeo citados para exemplificar a sustentabilidade no campo da arquitetura e

urbanismo Apesar da difiacutecil conceituaccedilatildeo e definiccedilatildeo do termo o interessante da amplitude do

assunto eacute tambeacutem sua discussatildeo

30

15 Procedimentos metodoloacutegicos

Inicialmente a metodologia adotada neste trabalho contou com uma revisatildeo

bibliograacutefica sobre o tema - a sustentabilidade - para se construir um referencial teoacuterico Em

seguida foi feito um levantamento de dados primaacuterios e secundaacuterios para uma posterior

avaliaccedilatildeo com base nos dados colhidos

151 Etapas da pesquisa

Parte I Fundamentaccedilatildeo teoacuterica

- Revisatildeo bibliograacutefica e construccedilatildeo da base teoacuterica sobre os conceitos de desenvolvimento

sustentaacutevel e sustentabilidade sua problemaacutetica e sua aplicaccedilatildeo na arquitetura

- Construccedilatildeo de referencial teoacuterico sobre tipos de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental e sobre a

consciecircncia ambiental

- Breve histoacuterico sobre o ensino de arquitetura e urbanismo para posterior anaacutelise das

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Parte II Coleta de dados

- Levantamento de dados de alguns cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa

- Pesquisa exploratoacuteria de opiniatildeo qualitativa e quantitativa constando de aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio a 115 entrevistados incluindo tanto estudantes de arquitetura quanto arquitetos que

serviu de base para a pesquisa especiacutefica posterior

- Pesquisa especiacutefica de opiniatildeo qualitativa com aplicaccedilatildeo daquele questionaacuterio agora

revisado a 50 jovens arquitetos ganhadores do Opera Prima de 2001 a 2006

Parte III Anaacutelise dos dados

- Interpretaccedilatildeo dos dados colhidos de alguns cursos de arquitetura e urbanismo

- Anaacutelise dos questionaacuterios das duas pesquisas separadamente

- Reuniatildeo das duas pesquisas totalizando 165 entrevistados

Parte IV Apresentaccedilatildeo dos resultados e conclusatildeo da pesquisa

31

16 Organizaccedilatildeo do trabalho

Esta dissertaccedilatildeo de mestrado estaacute organizada em cinco capiacutetulos nos quais o

desenvolvimento dos conteuacutedos objetivou possibilitar uma compreensatildeo abrangente do tema e

do trabalho desenvolvido

Apoacutes este capiacutetulo introdutoacuterio o segundo capiacutetulo apresenta uma fundamentaccedilatildeo

teoacuterica do conceito de sustentabilidade com a revisatildeo de literatura como forma de dar

sustentaccedilatildeo ao que se pretende propor no trabalho Os aspectos abordados no capiacutetulo

compreendem a origem dos termos sustentabilidade desenvolvimento sustentaacutevel e

ecodesenvolvimento os eventos internacionais do ambientalismo e sua importacircncia na

consolidaccedilatildeo dos conceitos e accedilotildees ambientalistas o ambientalismo no Brasil as organizaccedilotildees

natildeo-governamentais as normas e selos de qualidade as aacutereas do pensamento ecoloacutegico aleacutem da

discussatildeo sobre a problemaacutetica da sustentabilidade e o uso do conceito na arquitetura e

urbanismo Tambeacutem seratildeo mencionados alguns termos usados no acircmbito da arquitetura e do

urbanismo anteriormente agrave existecircncia do conceito de sustentabilidade tais como organicismo

arquitetura orgacircnica arquitetura bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

O terceiro capiacutetulo intitulado Educaccedilatildeo Ambiental e Sustentabilidade no Ensino de

Arquitetura e Urbanismo analisa formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a Educaccedilatildeo

Ambiental e a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS)

aleacutem de abordar a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica e por fim a Consciecircncia Ambiental ingrediente

essencial para o aprendizado nessa aacuterea Em seguida eacute descrito um breve histoacuterico sobre o

ensino de arquitetura para que entatildeo sejam explicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo Logo depois eacute exposta uma breve pesquisa

em algumas universidades dentro dos cursos de arquitetura e urbanismo tanto na graduaccedilatildeo

quanto na poacutes-graduaccedilatildeo extensatildeo e pesquisa para que seja possiacutevel ilustrar como anda a

contribuiccedilatildeo para um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura na formaccedilatildeo dos estudantes

brasileiros buscando identificar se as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido

colocadas em praacutetica

No capiacutetulo quatro satildeo analisados os questionaacuterios que foram primeiramente

aplicados a 115 estudantes de arquitetura e arquitetos e apoacutes sua revisatildeo e adaptaccedilatildeo aplicados a

50 jovens arquitetos premiados pelo Concurso Opera Prima no periacuteodo de 2001 a 2006

Posteriormente as duas pesquisas foram reunidas em uma terceira abordagem analiacutetica Buscou-

se assim verificar se os cursos de arquitetura vecircm incorporando os novos conteuacutedos praacuteticas e

teacutecnicas identificadas nos capiacutetulos 2 e 3 para finalmente concluir a anaacutelise criacutetica sobre a

questatildeo da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista

32

O capiacutetulo cinco finaliza o trabalho apresentando as conclusotildees e recomendaccedilotildees

finais Referecircncias e anexos satildeo apresentados na sequumlecircncia

33

O nosso maior desafio neste novo seacuteculo eacute tornar uma ideacuteia que parece abstrata

ndash o Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash numa realidade para todas as pessoas do mundo

Kofi Annan Secretaacuterio Geral das Naccedilotildees Unidas

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 21 A origem do termo

Eacute de fundamental importacircncia discutir-se aqui o conceito de sustentabilidade antes

de qualquer proposta de meacutetodo ou anaacutelise do seu desenvolvimento na arquitetura e urbanismo

ldquoEmbora os germes do discurso da sustentabilidade possam ser identificados em diversas falas e

contextos histoacutericos remotos suas expressotildees mais recentes talvez possam ser observadas nos

princiacutepios da deacutecada de 70 do seacuteculo passadordquo(LIMA 2002 p 2) Assim partirmos da origem e

evoluccedilatildeo do termo nos eventos internacionais onde os conceitos de ecodesenvolvimento

desenvolvimento sustentaacutevel e sustentabilidade nasceram Como Sustentaacutevel eacute um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento segundo Bellia11 (1996) natildeo eacute quantificaacutevel pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito proacuteprio ou adaptaacute-lo conforme suas necessidades ou interesses O conceito proposto pela ONU pelos seus foacuteruns especiacuteficos e mais tarde pela Conferecircncia do Rio de Janeiro (Rio-92) eacute considerado um dos conceitos mas natildeo o uacutenico (SANTOS 2005 p 39)

O caminho agrave frente natildeo se encontra no desespero pelo fim dos tempos

nem em um otimismo faacutecil resultante de sucessivas soluccedilotildees tecnoloacutegicas Ele se encontra na avaliaccedilatildeo cuidadosa e imparcial dos lsquolimites externosrsquo

na busca conjunta por meios de alcanccedilar os lsquolimites internosrsquo dos direitos humanos fundamentais

na construccedilatildeo de estruturas sociais que expressem esses direitos e no trabalho paciente de elaborar teacutecnicas

e estilos de desenvolvimento que aprimorem e preservem o nosso patrimocircnio terrestre

Declaraccedilatildeo de Cocoyok 1974

211 Os eventos internacionais do ambientalismo

De acordo com Paula e Monte-Moacuter (2000 p75) a descoberta ou talvez

redescoberta da questatildeo ambiental na deacutecada de setenta acontece juntamente com o fim da longa

expansatildeo que seria o periacuteodo poacutes-guerra ateacute final da deacutecada de sessenta e iniacutecio dos anos

setenta quando o capitalismo experimentou uma notoacuteria fase de crescimento a Idade de Ouro

Este fim eacute marcado por diversas crises como a crise monetaacuteria e financeira devido agrave

11 BELLIA Vitor Introduccedilatildeo agrave economia do meio ambiente Brasiacutelia Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis 1996

34

desvalorizaccedilatildeo do doacutelar em 1971 e a crise das mateacuterias-primas e energia devido agrave elevaccedilatildeo dos

preccedilos do petroacuteleo em 1973

Nesse iacutenterim surge em 1968 o Clube de Roma por iniciativa do empresaacuterio italiano

Aureacutelio Peccei e pelo quiacutemico inglecircs Alexander King Eles reuniram cientistas de vaacuterios paiacuteses

para discutir a problemaacutetica mundial principalmente questotildees econocircmicas e ambientais

(MOUSINHO 2003)

O Clube de Roma eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental internacional formada por

um grupo de ilustres pessoas Reuacutene cientistas economistas chefes de estado e liacutederes mundiais

dos cinco continentes como por exemplo o atual presidente do Clube Priacutencipe Hasan da

Jordacircnia Rigoberta Menchu Tum Precircmio Nobel da Paz Sua Majestade Beatriz Rainha da

Holanda Mikhail Gorbachov premier sovieacutetico Mario Soares presidente de Portugal Sua

Majestade Juan Carlos I Rei da Espanha Enrique Iglesias presidente do BID Jay W Forrester

professor do MIT aleacutem de Fernando Henrique Cardoso ex-presidente do Brasil Aleacutem do grupo

de liacutederes mundiais o Clube de Roma possui o Think Thank Thirty um seleto grupo de 30

pessoas todos na faixa de 30 anos que participam de reuniotildees anuais e geram um documento

proacuteprio com sua anaacutelise das questotildees mundiais (CLUB OF ROME [200-])

A missatildeo do Clube eacute agir como um catalisador de mudanccedilas globais livre de

quaisquer interesses poliacuteticos econocircmicos ou ideoloacutegicos O grupo produziu uma seacuterie de

relatoacuterios de grande impacto social Um deles chamado Limits to growth - Limites do

crescimento ndash publicado por Dennis Meadows com a ajuda de um grupo de teacutecnicos do

Massachussets Institute of Technology e pesquisadores do Clube de Roma em 1972 tornou o

Clube de Roma conhecido mundialmente O relatoacuterio que analisava cinco variaacuteveis tecnologia

populaccedilatildeo nutriccedilatildeo recursos naturais e meio ambiente mostrou que a degradaccedilatildeo ambiental

decorre em grande parte do crescimento populacional descontrolado12 aliado agrave super exploraccedilatildeo

dos recursos naturais e lanccedilou subsiacutedios para a ideacuteia do desenvolvimento aliado agrave preservaccedilatildeo

ambiental Introduziu um modelo ineacutedito para a anaacutelise do que poderia acontecer caso a

humanidade natildeo mudasse seus meacutetodos econocircmicos e poliacuteticos e relatava que mantidos os niacuteveis

de poluiccedilatildeo produccedilatildeo de alimentos e exploraccedilatildeo dos recursos naturais o limite de crescimento

do planeta seria atingido em aproximadamente cem anos provocando uma repentina diminuiccedilatildeo

da populaccedilatildeo mundial e da capacidade industrial Este relatoacuterio provocou grande controveacutersia e

foi muito criticado mas foi fundamental pois tornou puacuteblica pela primeira vez a noccedilatildeo de

12 Desde entatildeo o vieacutes neo-malthusiano impliacutecito nas conclusotildees do Clube de Roma foram rediscutidos e revistos no sentido de questionar a relaccedilatildeo causal e hegemocircnica entre lsquocrescimento populacional e degradaccedilatildeo ambientalrsquo Questotildees como padrotildees de consumo emissatildeo de poluentes formas de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo do espaccedilo e de proteccedilatildeo do ambiente entre outras ganharam proeminecircncia no debate

35

limites externos ao desenvolvimento que deveria ser limitado pelo tamanho finito dos recursos

terrestres (LAGO PAacuteDUA 1984 MOUSINHO 2003 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

Com base nos dados do Limites do crescimento a revista The Ecologist publicou no

mesmo ano o Blueprint for survival Plano para sobrevivecircncia outro documento de grande

destaque que natildeo apenas denunciava as consequumlecircncias negativas como tambeacutem apresentava

propostas para a soluccedilatildeo dos problemas uma nova tendecircncia que marcou o movimento

ecoloacutegico (LAGO PAacuteDUA 1984)

A repercussatildeo desses relatoacuterios e as pressotildees exercidas pelos movimentos

ambientalistas levaram a ONU a realizar em 1972 em Estocolmo Sueacutecia a Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas sobre o Ambiente Humano com a participaccedilatildeo de 113 paiacuteses inclusive o Brasil

signataacuterios da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano Dessas naccedilotildees 90 pertenciam ao grupo

dos paiacuteses em desenvolvimento e nessa eacutepoca apenas 16 deles possuiacuteam entidades de proteccedilatildeo

ambiental

Aleacutem da Declaraccedilatildeo sobre o Ambiente Humano que introduziu na agenda poliacutetica

internacional a dimensatildeo ambiental e reconheceu a importacircncia da Educaccedilatildeo Ambiental como o

elemento criacutetico para o combate agrave crise ambiental no mundo outros acontecimentos importantes

marcaram esta Conferecircncia Foi criado o Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente ndash

PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e houve a recomendaccedilatildeo para que fosse

criado o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Esses fatos levaram anos

depois a UNESCO-PNUMA a promover a Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo

Ambiental que influenciou a adoccedilatildeo dessa disciplina nas universidades brasileiras

Eacute interessante mostrar que a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas quando foi criada em

1945 destacava como prioridades a paz os direitos humanos e o desenvolvimento equumlitativo

natildeo sendo prioridade a questatildeo ambiental Somente a partir da Conferecircncia de Estocolmo a

preocupaccedilatildeo ecoloacutegica passou a ser a quarta prioridade das Naccedilotildees Unidas (SANTOS 2005 p

70)

Um ano depois da Conferecircncia de Estocolmo em 1973 surgiu o conceito

ecodesenvolvimento empregado pelo canadense Maurice Strong secretaacuterio-geral da

Conferecircncia (ROSETTO 2003 p 31) Seus princiacutepios foram formulados por Sachs13 (citado por

MONTIBELLER-FILHO 2001 p 45) consultor das Naccedilotildees Unidas para temas de meio

ambiente e desenvolvimento e significava o desenvolvimento de um paiacutes ou regiatildeo baseado em

suas proacuteprias potencialidades sem criar dependecircncia externa com a finalidade de ldquoresponder agrave

problemaacutetica da harmonizaccedilatildeo dos objetivos sociais e econocircmicos do desenvolvimento com uma 13 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993

36

gestatildeo ecologicamente prudente dos recursos e do meiordquo Dessa forma Montibeller-Filho (2001

p 45) ressalta a posiccedilatildeo fundamental inerente agrave definiccedilatildeo que diz respeito ldquoagrave melhoria da

qualidade de vida de toda a populaccedilatildeo com o cuidado de preservar o meio ambiente e as

possibilidades de reproduccedilatildeo da vida com qualidade para as geraccedilotildees que sucederatildeordquo

2111 As Dimensotildees da Sustentabilidade

Sachs (1993) elaborou as cinco dimensotildees de sustentabilidade do

ecodesenvolvimento a sustentabilidade social a econocircmica a ecoloacutegica a espacial geograacutefica e

a sustentabilidade cultural Outro ponto importante foi um dos objetivos do ecodesenvolvimento

de Sachs um programa de educaccedilatildeo que contemple a questatildeo ambiental (PAULA MONTE-

MOacuteR 2000)

Aleacutem dessas cinco sustentabilidades Leriacutepio14 (citado por SANTOS 2005) menciona

a sustentabilidade temporal ou seja ao longo do tempo devem prevalecer todas as faces da

sustentabilidade pois qualquer uma delas sendo transgredida em sua essecircncia haveria o

desequiliacutebrio jaacute que devem sempre estar em interdependecircncia

O termo ecodesenvolvimento comeccedilou a ser utilizado em ciacuterculos internacionais

relacionados ao assunto e foi adotado oficialmente na Declaraccedilatildeo de Cocoyok Esta declaraccedilatildeo

resultou de um simpoacutesio de especialistas ocorrido em 1974 no Meacutexico presidido por Baacuterbara

Ward com a participaccedilatildeo de Sachs organizado pela Confederaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Sobre o

Comeacutercio-Desenvolvimento (UNCTAD) e PNUMA O simpoacutesio identificou os fatores sociais e

econocircmicos que levam agrave deterioraccedilatildeo ambiental e afirmava que uma das causas da explosatildeo

demograacutefica era a pobreza que tambeacutem gerava a destruiccedilatildeo ambiental e que os paiacuteses ricos

contribuiacuteam para esse quadro devido ao exagerado niacutevel de consumo (PAULA MONTE-MOacuteR

2000 PNUMA 2004 ROSETTO 2003)

De acordo com Sachs (1994) o termo ecodesenvolvimento natildeo agradou o entatildeo chefe

da diplomacia do governo norte-americano Henry Kissinger que enviou uma carta alguns dias

depois ao presidente do PNUMA Assim o termo foi vetado nos foros seguintes mas esses

debates abriram espaccedilo ao conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

O termo desenvolvimento sustentaacutevel foi utilizado primeiramente em 80 pela Uniatildeo

Internacional pela Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN) numa publicaccedilatildeo em Gland na Suiacuteccedila ndash

sustainable development ndash cuja traduccedilatildeo oficial francesa seria deacuteveloppement durable e foi

traduzido para o portuguecircs como desenvolvimento sustentaacutevel apesar do equivalente ao francecircs 14 LERIacutePIO Alexandre A GAIA um meacutetodo de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais 2001 Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndashUniversidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2001

37

ser desenvolvimento duraacutevel Em 1986 na Conferecircncia Mundial sobre a Conservaccedilatildeo e o

Desenvolvimento da IUCN no Canadaacute o termo foi colocado como um novo paradigma cujos

princiacutepios seriam (MONTIBELLER-FILHO 2001 OLIVEIRA 2006)

- Integrar conservaccedilatildeo da natureza com desenvolvimento

- Satisfazer as necessidades humanas fundamentais

- Perseguir equidade e justiccedila social

- Respeitar a diversidade cultural e buscar a autodeterminaccedilatildeo social

- Preservar a integridade ecoloacutegica

Em 1983 a ONU criou a Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) presidida por Gro Harlem Brundtland com o objetivo de formular

propostas realistas para tratar das questotildees criacuteticas ambientais e tambeacutem propor formas de

cooperaccedilatildeo internacional nessa aacuterea para incentivar governos institutos empresas organizaccedilotildees

voluntaacuterias e indiviacuteduos a uma atuaccedilatildeo maior O resultado foi a criaccedilatildeo de uma nova declaraccedilatildeo

universal publicada em 1987 com o tiacutetulo Nosso Futuro Comum O documento tambeacutem

chamado de Relatoacuterio Brundtland retomava o conceito e definia desenvolvimento sustentaacutevel

como o ldquodesenvolvimento que corresponde agraves necessidades do presente sem comprometer as

possibilidades das geraccedilotildees futuras de satisfazer as proacuteprias necessidadesrdquo(MONTIBELLER-

FILHO 2001 p 48)

Se pensarmos na traduccedilatildeo francesa deacuteveloppement durable que seria

desenvolvimento duraacutevel ou durabilidade pode-se vincular o desenvolvimento em si natildeo soacute ao

agora ou ao proacuteximo mas que dure por muito tempo dessa forma na dimensatildeo ambiental

realmente seria preciso conservar a natureza e o meio ambiente suficientemente natildeo soacute para o

presente mas tambeacutem para o futuro ou seja para as ldquogeraccedilotildees futurasrdquo E aiacute o desenvolvimento

seria duraacutevel ou entatildeo haveria durabilidade Como diz Montibeller-Filho (2001 p48) ldquoeacute

sustentaacutevel porque deve responder agrave equidade intrageracional e a intergeracionalrdquo

Apoacutes a publicaccedilatildeo do Relatoacuterio de Brundtland cresceram os eventos destinados a

discutir os problemas ambientais Entre eles a Toronto Conference on the Changing Atmosphere

no Canadaacute em 1988 primeira reuniatildeo entre governantes e cientistas sobre as mudanccedilas

climaacuteticas que descreveu seu impacto potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear Em

seguida o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) em Sundvall Sueacutecia 1990

primeiro informe com base na colaboraccedilatildeo cientiacutefica de niacutevel internacional onde os cientistas

advertem que para estabilizar os crescentes niacuteveis de dioacutexido de carbono na atmosfera seria

necessaacuterio reduzir as emissotildees de 1990 em 60 (GREENPEACE [200-]) Nesse mesmo ano o

BID Cepal e PNUD publicaram o documento Nuestra propia agenda sobre desarollo y medio

38

ambiente uma boa siacutentese de uma agenda para a questatildeo ambiental contemporacircnea do ponto de

vista brasileiro Seus pontos principais eram a erradicaccedilatildeo da pobreza o aproveitamento

sustentaacutevel dos recursos naturais ordenamento do territoacuterio desenvolvimento tecnoloacutegico

compatiacutevel com a realidade social e natural nova estrateacutegia econocircmico-social organizaccedilatildeo e

mobilizaccedilatildeo social e reforma do estado (PAULA MONTE-MOacuteR 2000)

Todas essas reuniotildees e documentos culminaram na famosa Conferecircncia das Naccedilotildees

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento conhecida como Eco-92 ou Rio-92 em

junho de 1992 no Rio de Janeiro O principal plano deste encontro que reuniu 170 paiacuteses era

introduzir e fortalecer a ideacuteia do desenvolvimento sustentaacutevel buscando meios de conciliar o

desenvolvimento soacutecio-econocircmico e industrial com a preservaccedilatildeo do meio ambiente A Rio-92

teve como principais objetivos examinar a situaccedilatildeo ambiental do mundo e as mudanccedilas ocorridas

depois da Conferecircncia de Estocolmo examinar estrateacutegias de promoccedilatildeo de desenvolvimento

sustentaacutevel e de eliminaccedilatildeo da pobreza nos paiacuteses em desenvolvimento e identificar estrateacutegias

regionais e globais para accedilotildees referentes agraves principais questotildees ambientais

A Carta da Terra documento oficial da Eco-92 elaborou convenccedilotildees declaraccedilotildees e

um dos principais resultados da conferecircncia a Agenda 21 Eacute um documento que estabeleceu a

importacircncia de cada paiacutes em se comprometer localmente e globalmente na chegada do seacuteculo

XXI A Agenda 21 reuacutene o conjunto mais amplo de premissas e recomendaccedilotildees sobre como as naccedilotildees devem agir para alterar seu vetor de desenvolvimento em favor de modelos sustentaacuteveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade

Marina Silva Ministra do Meio Ambiente

A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importacircncia na construccedilatildeo dessa nova ecocidadania num processo social no qual os atores vatildeo pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possiacutevel rumo ao futuro que se deseja sustentaacutevel

Gilney Viana Secretaacuterio de Poliacuteticas para o Desenvolvimento Sustentaacutevel 15

Tambeacutem no iniacutecio da deacutecada de 90 surgiu no Conselho Empresarial Mundial para o

desenvolvimento Sustentaacutevel ndash WBCSD (World Business Coucil for Sustainable Development)

o termo eco-eficiecircncia derivado de desenvolvimento sustentaacutevel Esta palavra eacute a combinaccedilatildeo

de economia ecologia e eficiecircncia e seu conceito pode ser entendido como a satisfaccedilatildeo das

necessidades humanas buscando qualidade de vida mas tambeacutem reduzindo impactos ecoloacutegicos

e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida para um equiliacutebrio da capacidade estimada da

Terra (PINHEIRO 2002)

Posteriormente em 1995 ocorreu a Reuniatildeo de Cuacutepula de Copenhague para o

Desenvolvimento Social reafirmando-se o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

15 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE [200-]

39

contemplando numa estrateacutegia integrada o desenvolvimento econocircmico social ambiental e

cultural (MOISEacuteS 1999) Nesse mesmo ano aconteceu o segundo informe do IPCC que

forneceu informaccedilotildees chave para a adoccedilatildeo do Protocolo de Kyoto em 1997

Discutido e negociado em 1997 em Kyoto no Japatildeo o protocolo foi aberto para

assinaturas em 1998 e ratificado em 1999 entrando em vigor oficialmente somente em fevereiro

de 2005 O protocolo estimula os paiacuteses signataacuterios a cooperarem entre si para reduzirem a

emissatildeo de gases poluentes atraveacutes de algumas accedilotildees como reforma nos setores de energia e

transportes utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas renovaacuteveis proteccedilatildeo de florestas e outros

sumidouros de carbono etc Exige que vaacuterias naccedilotildees industrializadas reduzam suas emissotildees em

52 em relaccedilatildeo aos niacuteveis de 1990 para o periacuteodo de 2008- 2012 (GREENPEACE [200-])

Ainda em 1997 ocorreu a sessatildeo especial da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em

Nova Iorque cinco anos apoacutes a Rio-92 chamada Rio +5 Reuniram-se 53 chefes de Estado para

avaliar e discutir o avanccedilo dos paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais em relaccedilatildeo aos desafios da

Conferecircncia no Rio (MOUSINHO 2003)

A Declaraccedilatildeo do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas um resultado da chamada Cuacutepula ou

Assembleacuteia do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas realizada em setembro de 2000 em Nova Iorque que

recebeu liacutederes mundiais de mais de 150 paiacuteses definiu uma lista dos principais componentes da

agenda global do Seacuteculo XXI (UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND

CULTURAL ORGANIZATION - UNESCO [200-])

Os Objetivos do Milecircnio das Naccedilotildees Unidas satildeo

1 Erradicar a extrema pobreza e a fome

2 Atingir o ensino baacutesico universal

3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

4 Reduzir a mortalidade infantil

5 Melhorar a sauacutede materna

6 Combater o HIVAIDS a malaacuteria e outras doenccedilas

7 Garantir a sustentabilidade ambiental

8 Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Em 2002 dez anos depois do Rio 92 aconteceu o maior encontro internacional da

histoacuteria a tratar do futuro do planeta com 21000 participantes a Cuacutepula Mundial sobre o

Desenvolvimento Sustentaacutevel (WSSD) em Johanesburgo tambeacutem chamada de Rio+10 Nessa

ocasiatildeo verificou-se que poucas mudanccedilas praacuteticas haviam ocorrido e conforme foi estipulado

na Agenda 21 poucas medidas foram implementadas Assim foram reafirmadas a urgecircncia desta

40

necessidade bem como os compromissos assumidos para este fim (MOUSINHO 2003

UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS 200[-])

O terceiro informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanccedila Climaacutetica da ONU ndash

IPCC ndash foi completado em 2001 Nele os cientistas consideravam apenas provaacutevel que a causa

do aquecimento global era resultado das atividades humanas No quarto informe em fevereiro de

2007 em Paris o primeiro de quatro volumes a serem liberados este ano pelo IPCC foi

confirmado que o grande aumento de concentraccedilotildees atmosfeacutericas dos gases do efeito estufa o

dioacutexido de carbono (CO2) o metano (CH4) e o oacutexido de nitrogecircnio (N2O) desde 1750 satildeo

resultado de atividades humanas Ou seja os principais especialistas mundiais em clima

afirmaram que a humanidade eacute responsaacutevel pelo aquecimento global alertando os governos

sobre a necessidade de agir urgentemente para evitarem danos graves e irreversiacuteveis

(INTERGOVERNAMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC 2007)

O sumaacuterio16 das conclusotildees do Painel destacou fatos assustadores como o de que ateacute

2100 natildeo haveraacute mais gelo durante os verotildees no Aacutertico e de que o aquecimento provavelmente

jaacute estaacute tornando os ciclones tropicais mais intensos O texto projeta um aumento de 18 a 59

centiacutemetros no niacutevel dos oceanos neste seacuteculo mas afirma que o valor pode ser ainda maior

dependendo do derretimento do gelo sobre as terras da Antaacutertida e Groenlacircndia A subida dos

mares pode representar o fim de vaacuterias cidades litoracircneas A melhor estimativa da comissatildeo eacute um

aumento da temperatura entre 18degC e 40degC ao longo deste seacuteculo sendo que ao longo do seacuteculo

XX as temperaturas subiram 074degC e os dez anos mais quentes desde o iniacutecio dos registros em

meados do seacuteculo XIX aconteceram todos a partir de 1994 (IPCC 2007)

Muitos grupos ambientais agecircncias da ONU e governos propuseram uma ampliaccedilatildeo

do Protocolo de Kyoto que obriga 35 paiacuteses industrializados a reduzirem suas emissotildees de

carbono mas ainda exclui os dois maiores poluidores do mundo Estados Unidos e China O

governo dos Estados Unidos paiacutes que mais emite carbono na atmosfera abandonou o Protocolo

de Kyoto porque defende uma poliacutetica menos riacutegida de controle das emissotildees

Assim diversos eventos relacionados agrave questatildeo ambiental vecircm ocorrido desde

entatildeo Dentre eles por exemplo o Foacuterum Urbano Mundial Em junho de 2006 foi realizado em

Vancouver Canadaacute o Terceiro Foacuterum Urbano Mundial Dentre os principais temas estavam o

direito agrave moradia e o crescimento sustentaacutevel das cidades

Vaacuterios princiacutepios foram e continuam sendo firmados em foacuteruns e eventos

internacionais os quais formam a base do direito internacional ambiental e da legislaccedilatildeo

ambiental em vaacuterios paiacuteses inclusive o Brasil (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 283) Todas 16 O sumaacuterio encontra-se em inglecircs disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt O relatoacuterio completo ndash ldquoClimate Change 2007 The Physical Science Basisrdquo ndash seraacute publicado pelo Cambridge University Press

41

essas conferecircncias e convenccedilotildees debates relatoacuterios e documentos podem ateacute natildeo gerar todos os

resultados esperados mas servem para impulsionar estas preocupaccedilotildees e procurar melhores

soluccedilotildees para a problemaacutetica ambiental O movimento ambientalista estaacute cada vez mais

recrutando indiviacuteduos empresas e organizaccedilotildees ldquoMuito ainda depende do cidadatildeo

individualmente Em numerosos problemas ambientais eacute a minoria que sustenta a luta

conservacionistardquo (DASMANN 1976 p 55)

No iniacutecio pensei que estava lutando para preservar as seringueiras

depois achei que estava lutando para preservar a floresta Amazocircnica Agora sei que estou lutando para a humanidade

Chico Mendes

212 O ambientalismo no Brasil

Ateacute a deacutecada de 50 natildeo havia no Brasil uma concreta preocupaccedilatildeo com os aspectos

ambientais As normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados principalmente com o

saneamento e agrave soluccedilatildeo de problemas provocados por secas e enchentes Alguns instrumentos

legais e oacutergatildeos puacuteblicos criados que dialogavam com essas questotildees foram o Departamento

Nacional de Obras contra a Seca17 (DNOCS) criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra

as Secas (IOCS) em 1909 e dez anos depois recebeu o nome de Inspetoria Federal de Obras

Contra as Secas (IFOCS) antes de assumir sua denominaccedilatildeo atual que lhe foi conferida em

1945 o Coacutedigo de Aacuteguas em 1934 o Serviccedilo Especial de Sauacutede Puacuteblica (SESP) criado em

1942 e a Patrulha Costeira criada em 1955 (IBAMA 2007)

Aleacutem disso ocorreram algumas medidas de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do patrimocircnio

natural histoacuterico e artiacutestico tais como a criaccedilatildeo de parques nacionais e de florestas protegidas

nas regiotildees Nordeste Sul e Sudeste o estabelecimento de normas de proteccedilatildeo dos animais a

promulgaccedilatildeo dos coacutedigos de floresta de aacuteguas e de minas a organizaccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico

e artiacutestico a disposiccedilatildeo sobre a proteccedilatildeo de depoacutesitos fossiliacuteferos e a criaccedilatildeo em 1948 da

Fundaccedilatildeo Brasileira para a Conservaccedilatildeo da Natureza

A partir da deacutecada de 60 o Governo brasileiro passou a se comprometer mais com a

conservaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo do meio ambiente principalmente devido a participaccedilotildees em

convenccedilotildees e reuniotildees internacionais como por exemplo a Conferecircncia Internacional

promovida pela UNESCO em 1968 sobre a Utilizaccedilatildeo Racional e a Conservaccedilatildeo dos Recursos

da Biosfera Neste evento foram definidas as bases para a criaccedilatildeo de um programa internacional

dedicado ao Homem e agrave Biosfera (MAB - Man and Biosphere) que foi efetivamente criado em 17 Para mais detalhes ver DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS ndash DNOCS Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpwwwdnocsgovbrgt Acesso em 12 fev 2007

42

1970 cujo objetivo era melhorar o relacionamento do homem com o meio ambiente O Brasil

por ser membro das Naccedilotildees Unidas tambeacutem assinou acordos e termos de responsabilidade entre

paiacuteses no acircmbito da Declaraccedilatildeo de Soberania dos Recursos Naturais

A deacutecada de 70 foi marcada pela maior conscientizaccedilatildeo dos problemas ambientais

devido ao seu agravamento mundialmente Em 1971 foi realizado em Brasiacutelia o I Simpoacutesio

sobre Poluiccedilatildeo Ambiental por iniciativa da Comissatildeo Especial sobre Poluiccedilatildeo Ambiental da

Cacircmara dos Deputados Neste Simpoacutesio participaram pesquisadores e teacutecnicos brasileiros e

estrangeiros com o objetivo de colher subsiacutedios para um estudo global do problema da poluiccedilatildeo

ambiental no Brasil

No entanto somente apoacutes a participaccedilatildeo da delegaccedilatildeo brasileira na Conferecircncia das

Naccedilotildees Unidas para o Ambiente Humano realizada em 1972 em Estocolmo eacute que medidas

mais seacuterias foram tomadas com relaccedilatildeo ao meio ambiente no Brasil Os delegados dos paiacuteses em

desenvolvimento liderados pela delegaccedilatildeo brasileira defendiam seu direito agraves oportunidades de

crescimento econocircmico a qualquer custo O delegado brasileiro fez uma declaraccedilatildeo que a

poluiccedilatildeo foi um sinal de progresso e o ambientalismo era um luxo dos paiacuteses desenvolvidos

(HOGAN 2000)

Apesar disso esses paiacuteses conseguiram aprovar a declaraccedilatildeo que atualmente o

subdesenvolvimento eacute uma das mais frequumlentes causas da poluiccedilatildeo Portanto o controle da

poluiccedilatildeo ambiental deve ser considerado um subprograma de desenvolvimento e a accedilatildeo conjunta

de todos os governos e organismos convergir para a erradicaccedilatildeo da miseacuteria no mundo

Ainda na deacutecada de 70 foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA

pelo Decreto nordm 73030 de 30 de outubro de 1973 que propunha discutir a questatildeo ambiental

junto agrave opiniatildeo puacuteblica para fazer com que as pessoas se preocupassem mais com o meio

ambiente No entanto a SEMA natildeo possuiacutea nenhum poder policial para atuar na defesa do meio

ambiente Diversas medidas legais foram tomadas posteriormente para preservar e conservar os

recursos ambientais e controlar as diversas formas de poluiccedilatildeo A SEMA dedicou-se

principalmente ao controle da poluiccedilatildeo ambiental em especial a de caraacuteter industrial mais

visiacutevel e agrave proteccedilatildeo da natureza

Em 1981 o Governo Federal atraveacutes da SEMA instituiu a Poliacutetica Nacional do Meio

Ambiente pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e instituiacutedo o

Cadastro Teacutecnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental Com este Cadastro

foram definidos os instrumentos para a implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional dentre os quais o

Sistema Nacional de Informaccedilotildees sobre o Meio Ambiente (SINIMA) Tambeacutem foi criado o

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

43

Nesse mesmo ano a SEMA propocircs a primeira lei ambiental no paiacutes destinada agrave

proteccedilatildeo da natureza a Lei nordm 6902 de 1981

A partir daiacute o governo federal criou diversas unidades de conservaccedilatildeo como parques

nacionais reservas bioloacutegicas reservas ecoloacutegicas estaccedilotildees ecoloacutegicas aacutereas de proteccedilatildeo

ambiental e aacutereas de relevante interesse ecoloacutegico Nos estados e municiacutepios a preocupaccedilatildeo

centrou-se na proteccedilatildeo de mananciais e cinturotildees verdes em torno de zonas industriais Apesar

disso em 1985 apenas 149 da aacuterea total do paiacutes era ocupada por unidades de conservaccedilatildeo

A Constituiccedilatildeo de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulaccedilatildeo da

poliacutetica ambiental brasileira Pela primeira vez na histoacuteria de uma naccedilatildeo uma constituiccedilatildeo

dedicou um capiacutetulo inteiro ao meio ambiente A constituiccedilatildeo dividiu a responsabilidade pela

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambiente entre o governo e a sociedade A partir daiacute foi

criado o programa Nossa Natureza que estabeleceu diretrizes para a execuccedilatildeo de uma ampla

poliacutetica de proteccedilatildeo ao meio ambiente

Fernando Ceacutesar Mesquita foi convidado para dirigir o Programa Nossa Natureza e

apoacutes consultar teacutecnicos de vaacuterios setores sugeriu ao entatildeo presidente Joseacute Sarney a criaccedilatildeo de

um uacutenico oacutergatildeo puacuteblico para gerir as poliacuteticas relacionadas com a produccedilatildeo dos recursos naturais

renovaacuteveis e seu uso dentro da linha do desenvolvimento sustentaacutevel

Na ocasiatildeo foi entatildeo criado o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renovaacuteveis pela Lei nordm 7735 de 22 de fevereiro de 1989 com a extinccedilatildeo de

quatro entidades brasileiras que trabalhavam na aacuterea ambiental Secretaria do Meio Ambiente ndash

SEMA Superintendecircncia da Borracha ndash SUDHEVEA Superintendecircncia da Pesca ndash SUDEPE e

o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ndash IBDF De acordo com o primeiro

presidente do IBAMA Fernando Ceacutesar Mesquita com exceccedilatildeo da SEMA as demais agecircncias

fracassaram em seus objetivos em meio a conflitos de interesses corrupccedilatildeo e maacute gestatildeo

administrativa (MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT 2005)

Em 1990 foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidecircncia da Repuacuteblica ndash

SEMAM que tinha no IBAMA seu oacutergatildeo gerenciador da questatildeo ambiental responsaacutevel por

formular coordenar e executar a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e da preservaccedilatildeo

conservaccedilatildeo e uso racional fiscalizaccedilatildeo controle e fomento dos recursos naturais renovaacuteveis

Com a grande repercussatildeo internacional da Conferecircncia Mundial sobre o Meio

Ambiente em 1992 no Rio de Janeiro e com as pressotildees exercidas pela mesma na sociedade e

no governo em 16 outubro de 1992 foi criado o Ministeacuterio do Meio Ambiente - MMA oacutergatildeo de

hierarquia superior com o objetivo de estruturar a poliacutetica ambiental no paiacutes

44

Em 2000 incentivado pelo PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o

Desenvolvimento) o MMA elaborou o documento Cidades Sustentaacuteveis com quatro estrateacutegias

prioritaacuterias para avanccedilar em direccedilatildeo a uma maior sustentabilidade nas cidades brasileiras no

periacuteodo de dez anos As estrateacutegias satildeo (OLIVEIRA 2006)

1- Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano aperfeiccediloar a regulamentaccedilatildeo do uso e da ocupaccedilatildeo do

solo e promover o ordenamento do territoacuterio contribuindo para a melhoria das condiccedilotildees de vida

da populaccedilatildeo promovendo a equumlidade eficiecircncia e qualidade ambiental

2- Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de

planejamento e gestatildeo democraacutetica da cidade incorporando ao processo a dimensatildeo ambiental e

assegurando a participaccedilatildeo da sociedade

3- Mudanccedilas nos padrotildees de produccedilatildeo e consumo da cidade reduzindo custos e desperdiacutecios

e estimulando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentaacuteveis

4- Instrumentos econocircmicos desenvolver e promover suas aplicaccedilotildees no gerenciamento dos

recursos naturais prevendo a cobranccedila pelos mesmos e criando incentivos econocircmicos e

tributaacuterios como o ICMS ecoloacutegico

213 As organizaccedilotildees natildeo-governamentais (ONGs)

Aleacutem dos diversos eventos como conferecircncias e foacuteruns milhares de associaccedilotildees

institutos e sociedades promovem a conscientizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo dos princiacutepios da

sustentabilidade na sociedade e no mundo Algumas se empenham na fiscalizaccedilatildeo e denuacutencias de

abuso por parte de induacutestrias pressionando a accedilatildeo dos governos Suas participaccedilotildees tecircm papel

bastante especial na luta pelo meio ambiente e qualidade de vida Atualmente existem milhares

de ONGs sem fins lucrativos nacionais e locais aleacutem de outras internacionais conhecidas

mundialmente (PINHEIRO 2002)

A WWF (FIG 1) eacute uma ONG que foi criada em 1961 e nas uacuteltimas deacutecadas se

consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservaccedilatildeo da natureza

Quando foi fundada WWF significava World Wildlife Fund (Fundo Mundial dos Animais

selvagens) entretanto a organizaccedilatildeo comeccedilou a expandir o trabalho de conservar o meio

ambiente como um todo ao inveacutes de focar algumas espeacutecies isoladas e a utilizaccedilatildeo das iniciais

continuaram mas o nome oficial passou a ser World Wide Fund For Nature (Fundo Mundial

para a Natureza) Atualmente para evitar confusatildeo WWF eacute conhecida apenas como ldquoWWF the

Global Environmental Conservation Organization traduzida como Organizaccedilatildeo Ambiental

Global de Conservaccedilatildeo (WWF 2006)

45

FIGURA 1 - Logo marca da WWF Fonte WWF 2006

Com sede na Suiccedila a Rede WWF possui quase cinco milhotildees de associados

distribuiacutedos em cinco continentes sendo a maior organizaccedilatildeo do tipo no mundo atuando em

mais de cem paiacuteses nos quais desenvolve cerca de 2 mil projetos de conservaccedilatildeo do meio

ambiente Hoje a instituiccedilatildeo afirma que teve um papel fundamental na evoluccedilatildeo do movimento

ambientalista mundial Uma das caracteriacutesticas marcantes eacute o diaacutelogo com todos os envolvidos

na questatildeo ambiental desde comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais

da Aacutefrica Central ateacute instituiccedilotildees internacionais como o Banco Mundial e a Comissatildeo Europeacuteia

(WWF 2006)

Seu maior objetivo eacute a campanha mundial para deter a aceleraccedilatildeo do processo de

degradaccedilatildeo da natureza no mundo e para ajudar cada ser humano a viver em harmonia com o

meio ambiente

A WWF-Brasil foi fundada em Brasiacutelia no ano de 1996 e desenvolve projetos em

todo o territoacuterio nacional (FIG 2) Eacute uma organizaccedilatildeo natildeo governamental brasileira dedicada agrave

conservaccedilatildeo da natureza e ao uso sustentaacutevel dos recursos naturais (WWF-BRASIL 2006)

FIGURA 2 - WWF-Brasil no Rio de Janeiro Fonte WWF-BRASIL 2006

Outro grande exemplo mundialmente conhecido eacute o Greenpeace que foi fundado

em 1971 no Canadaacute Em 1979 sete paiacuteses jaacute tinham escritoacuterios Greenpeace e foi necessaacuterio

criar uma instacircncia internacional de decisatildeo e supervisatildeo Assim surgiu o Greenpeace

Internacional (GPI) sediado em Amsterdatilde (GREENPEACE [200-])

46

Greenpeace exists because this fragile earth deserves a voice It needs solutions It

needs change It needs actionrdquo18 O Greenpeace eacute uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental sem fins

lucrativos com presenccedila em quarenta paiacuteses pela Europa Ameacutericas Aacutesia e Paciacutefico Para

manter sua independecircncia natildeo aceita doaccedilotildees de governos corporaccedilotildees ou empresas e recebe

contribuiccedilotildees individuais Natildeo estabelece alianccedilas com partidos e natildeo toma posiccedilotildees poliacuteticas

exceto no que diz respeito agrave proteccedilatildeo do meio ambiente e da paz Focaliza nas ameaccedilas cruciais

da biodiversidade e do meio ambiente Suas principais campanhas satildeo ldquopare a mudanccedila de

climardquo ldquoproteja as florestas mais antigasrdquo ldquosalve os oceanosrdquo ldquochega de caccedila agraves baleiasrdquo (FIG

3) ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo (FIG 4) ldquopare a ameaccedila nuclearrdquo ldquoelimine produtos quiacutemicos

toacutexicosrdquo e ldquoincentive o comeacutercio sustentaacutevelrdquo

FIGURA 3 - ldquoChega de caccedila agraves baleiasrdquo Fonte GREENPEACE [200-]

FIGURA 4 - Campanha ldquoEnergia Renovaacutevel Jaacuterdquo Fonte GREENPEACE [200-]

18 ldquoO Greenpeace existe porque esta terra fraacutegil merece uma voz Ela precisa de soluccedilotildees Precisa de mudanccedila Precisa de accedilatildeordquo (traduccedilatildeo nossa)

47

Outra entidade internacional bastante conhecida eacute a Green Cross (FIG 5) cujo lema

eacute ldquoGive humanity a chance give the Earth a futurerdquo19

FIGURA 5 - Logo e Lema Green Cross Fonte GREEN CROSS [200-]

Em 1989 Mikhail Gorbachev quando dirigia o Foacuterum Global de Sobrevivecircncia da

Humanidade mencionou a ideacuteia de uma organizaccedilatildeo que seria parecida com o modelo da Cruz

vermelha como resposta agraves questotildees ecoloacutegicas cujos problemas ambientais transcendem limites

nacionais Posteriormente foi fundada por Mikhail Gorbachev a Green Cross International em

1993 cuja constituiccedilatildeo foi baseada na Conferecircncia no Rio de Janeiro de 1992 Seu objetivo eacute

ldquoajudar a garantir um justo sustentaacutevel e seguro futuro para todos pela adoccedilatildeo da mudanccedila de

valores e cultivo de um novo sentimento de interdependecircncia global e de responsabilidade

compartilhada no relacionamento da humanidade com a naturezardquo (GREEN CROSS BRASIL

2004)

Em abril de 2004 a Associaccedilatildeo Green Cross Brasil (AGCB) foi criada oficialmente e

qualificada como Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

De acordo com Mikhail Gorbachev We desperately need to recognize that we are the guests not the masters of nature and adopt a new paradigm for development based on the costs and benefits to all people and bound by the limits of nature herself rather than the limits of technology and consumerism20

214 Normas e selos de qualidade

O primeiro programa de rotulagem ambiental chamado Blue Angel foi criado pelo

governo alematildeo em 1977 (FIG 6) Desde entatildeo inuacutemeros tipos de selos jaacute foram lanccedilados por

entidades de normalizaccedilatildeo de diversos paiacuteses associaccedilotildees de classes ou setores empresariais

(BLUE ANGEL [200-])

FIGURA 6 - Certificaccedilatildeo Blue Angel Fonte BLUE ANGEL [200-]

19 ldquoDecirc uma chance para a humanidade decirc um futuro agrave Terrardquo (traduccedilatildeo nossa) 20 Noacutes precisamos desesperadamente reconhecer que somos convidados e natildeo donos da natureza e adotar um novo paradigma para o desenvolvimento baseado nos custos e benefiacutecios para todas as pessoas e inclinado para os limites da natureza mais do que para os limites da tecnologia e consumismordquo (traduccedilatildeo nossa)

48

Satildeo inuacutemeras as normas e selos de qualidade que se aplicam tanto a produtos

empresas construccedilotildees quanto aos trabalhadores Todas tecircm como objetivo comprovar ao

consumidor final sobre a qualidade e procedecircncia de produtos empresas e processos produtivos

de acordo com normas preacute-estabelecidas Vaacuterias dessas normas e selos possuem caracteriacutesticas

relacionadas agrave qualidade ambiental alguns inclusive satildeo chamados de selos verdes

Em 1990 foi criado o primeiro sistema de certificaccedilatildeo para obras sustentaacuteveis o

BREEAM ndash Building Research Establishment Environmental Assessment Method ndash na

Inglaterra que garante o selo verde aos edifiacutecios erguidos sem impacto ambiental

(GUSTAVSEN 2007)

Um dos selos verdes mais conhecidos surgiu no Canadaacute em 1993 o FSC ndash Forest

Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) Presente em mais de 75 paiacuteses este selo

certifica madeiras originaacuterias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente

correta e socialmente justa No Brasil o selo nacional do FSC foi lanccedilado em 2001

(GUSTAVSEN 2007)

O Conselho Nacional de Defesa Ambiental (2004) possui o Selo Verde CNDA cujas

primeiras certificaccedilotildees ocorreram em 2002 O conselho concede o Selo Verde (FIG 7) como

diferencial para produtos e serviccedilos ambientalmente corretos A sua outorga eacute efetuada apoacutes a

entrega de laudos teacutecnicos comprobatoacuterios de que o produto e sua produccedilatildeo natildeo agridem o meio

ambiente

FIGURA 7 - Selo verde CNDA (Conselho Nacional de Defesa Ambiental) Fonte CNDA 2004

Em 2004 foi elaborado o sistema de certificaccedilatildeo para avaliaccedilatildeo de edifiacutecios novos e

usados na Austraacutelia o NABERS ndash National Australian Building Environmental Rating System ndash

cujos niacuteveis de classificaccedilatildeo satildeo revisados anualmente (GUSTAVSEN 2007)

Outros exemplos de normas e selos satildeo

2141 Norma Regulamentadora (NR)

A preocupaccedilatildeo com o aumento da qualidade produtividade e eficiecircncia de uma obra

se reflete em projetos bem elaborados equipes bem treinadas na reduccedilatildeo de desperdiacutecios

modelos de gestatildeo coerentes e eficientes e tambeacutem na sauacutede e qualidade de vida dos

49

funcionaacuterios Assim uma norma bastante significativa eacute a NR-18 Norma Regulamentadora ndeg 18

criada pelo Ministeacuterio do Trabalho que objetiva a melhoria das condiccedilotildees e do ambiente de

trabalho na induacutestria da construccedilatildeo baseada no controle e sistemas de prevenccedilatildeo de acidentes e

doenccedilas ocupacionais para que seja implantado um Sistema de Gestatildeo da Seguranccedila do

Trabalho

As maacutes condiccedilotildees de trabalho dos operaacuterios da construccedilatildeo civil podem gerar seacuterios

problemas de sauacutede e ateacute a morte Dados fornecidos pelo INSS em 1995 mostram que o setor

de construccedilatildeo civil era responsaacutevel por 1292 do total de 338 mil acidentes fatais e por mais de

13 dos casos de invalidez no paiacutes Aleacutem disso costumam gerar perda de qualidade e de

produtividade do serviccedilo Com isso o canteiro de obras exerce grande influecircncia na obra

devendo ser bem projetado construiacutedo e bem mantido pois eacute essencial na qualidade de vida dos

funcionaacuterios e assim na motivaccedilatildeo de toda a equipe (PINHEIRO 2002)

A NR-9 Norma Regulamentadora ndeg 9 trata dos risco ambientais como ruiacutedos

poeira fungos entre muitos outros agentes que podem prejudicar a sauacutede dos trabalhadores

2142 International Organization for Standardization (ISO)

Outras normas bastante conhecidas satildeo as ISO principalmente as da seacuterie ISO 9000

voltadas agrave qualidade

A seacuterie ISO 14000 tem como objetivo a padronizaccedilatildeo mundial no campo do

gerenciamento ambiental Pode ser aplicada a qualquer tipo e tamanho de empresa visando

benefiacutecios comerciais aquelas que se adequarem a ela principalmente relacionando-as agrave imagem

de serem mais ldquoecologicamente corretasrdquo A aplicaccedilatildeo dessas normas induz as induacutestrias a

preocuparem-se desde a obtenccedilatildeo da mateacuteria-prima processo de produccedilatildeo geraccedilatildeo de resiacuteduos

ateacute a destinaccedilatildeo final do produto Cada vez mais empresas procuram se adequar agraves normas para

natildeo perderem mercado e tornarem-se mais competitivas (PINHEIRO 2002)

A seacuterie ISO 14000 inclui padrotildees aplicaacuteveis no niacutevel organizacional como por

exemplo a implantaccedilatildeo do SGA (sistemas de gestatildeo ambiental) ISO 14001 e 14004 conduccedilatildeo

de auditoria ambiental ISO 14010 14011 e 14012 substituiacutedas pela ISO 19011 avaliaccedilatildeo de

desempenho ambiental ISO 14031 padrotildees relativos a produtos e serviccedilos de anaacutelise de ciclo de

vida ISO 14040 e de rotulagem ISO 14020 (FIG8) 14021 e 14024 (MOUSINHO 2003)

50

FIGURA 8 - Selo verde ndash Programa de rotulagem ambiental ISO-14020 Fonte CONPET 2005

2143 Selo Procel

O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente SELO

PROCEL instituiacutedo atraveacutes de Decreto Presidencial de 08 de dezembro de 1993 eacute um produto

desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica ndash

PROCEL O SELO PROCEL (FIG 9) tem por objetivo indicar os produtos que apresentam os

melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria Assim objetiva estimular a

fabricaccedilatildeo e a comercializaccedilatildeo de produtos mais eficientes contribuindo para o desenvolvimento

tecnoloacutegico e a reduccedilatildeo de impactos ambientais A adesatildeo das empresas ao SELO PROCEL eacute

voluntaacuteria (PROCEL 2007)

Os equipamentos que atualmente recebem o selo satildeo refrigeradores e freezers

condicionadores de ar motores de induccedilatildeo trifaacutesicos coletor solar e reservatoacuterio teacutermico

lacircmpadas fluorescentes compactas e circulares entre outros Jaacute foram iniciados os trabalhos para

estender a concessatildeo do SELO PROCEL a mais equipamentos tais como paineacuteis fotovoltaicos

bombas centriacutefugas equipamento de geraccedilatildeo eoacutelica fornos de microondas maacutequinas de lavar

roupa lacircmpadas agrave vapor de soacutedio televisores aquecedor de acumulaccedilatildeo eleacutetrico (boiler)

ventiladores de teto bombas de calor e outros Aleacutem disso estaacute previsto para o ano 2008 o

lanccedilamento do selo de eficiecircncia energeacutetica para edificaccedilotildees pela Eletrobraacutes como parte do

Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (PROCEL 2007)

FIGURA 9 - Selo Procel Fonte PROCEL 2007

51

2144 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Desenvolvido pelo US Green Building Council (USGBC) uma organizaccedilatildeo natildeo-

governamental americana o sistema de avaliaccedilatildeo LEED foi criado em 1996 e eacute uma marca de

niacutevel nacional nos EUA utilizada para o projeto a construccedilatildeo e a operaccedilatildeo de edifiacutecios A

primeira etapa da certificaccedilatildeo LEED eacute registrar o projeto Um projeto eacute um candidato viaacutevel para

a certificaccedilatildeo LEED se possuir todos os preacute-requisitos e conseguir o nuacutemero miacutenimo de pontos

Aos projetos satildeo concedidos os niacuteveis de certificaccedilatildeo certificado bronze prata ouro ou platina

dependendo do nuacutemero dos creacuteditos que conseguem

O LEED tem como objetivo avaliar o desempenho sustentaacutevel das edificaccedilotildees atraveacutes

de cinco itens (US GREEN BUILDING COUNCIL 2007)

1- Localizaccedilatildeo e entorno reutilizar locais existentes degradados proteger aacutereas naturais e

agriacutecolas reduzir o uso de automoacuteveis etc

2- Economia de aacutegua reduzir o consumo de aacutegua no edifiacutecio reaproveitar aacuteguas etc

3- Eficiecircncia energeacutetica e atmosfera diminuir consumo de energia encorajar energias

renovaacuteveis apoiar protocolos de ozocircnio etc

4- Seleccedilatildeo e fonte dos materiais reduzir quantidade e gastos com material utilizar materiais

com menor impacto ambiental etc

5- Qualidade ambiental interna reduzir eliminar fontes de poluiccedilatildeo interna utilizaccedilatildeo de

jardins etc

6- Projetos e processos inovadores performance excepcional em qualquer um dos cinco itens

O conselho estaacute sempre atento agraves constantes modificaccedilotildees para que o certificado natildeo

fique ultrapassado e portanto estaacute sempre sendo renovado

Um exemplo de edificaccedilatildeo que recebeu certificaccedilatildeo platina eacute a Escola Sidwell

Friends Middle School situada em Washington DC EUA completada em setembro de 2006

Possui 54 de nova construccedilatildeo e 46 de renovaccedilatildeo sendo um edifiacutecio de 1950 cuja uacuteltima

alteraccedilatildeo havia sido em 1971 (FIG 10)

52

FIGURA 10 - Sidwell Friends Middle School ndash certificaccedilatildeo LEED Platina Fonte US GREEN BUILDING COUNCIL 2007

Nos Estados Unidos aproximadamente 5 dos projetos em construccedilatildeo fazem parte

do sistema LEED de certificaccedilatildeo

No Brasil jaacute estaacute sendo estudada a possibilidade de se implantar essa certificaccedilatildeo O

Green Building Council Brasil estrutura suas atividades no Brasil com o apoio da Amcham ndash

Cacircmara americana de comeacutercio21

215 Movimento ambientalista as aacutereas do pensamento ecoloacutegico

Assim como em qualquer outro movimento social o movimento ambientalista surge

quando um grupo possui a mesma tomada de consciecircncia e resolve se organizar para juntos

lutarem por algum propoacutesito em comum Os movimentos que possuem o foco central na

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente tanto satildeo chamados de ambientalistas como ecoloacutegicos

Poreacutem alguns autores classificam e dividem esses movimentos Leff 22 (citado por SANTOS

2005) por exemplo faz uma distinccedilatildeo entre os movimentos ambientalistas do Norte ou dos

paiacuteses ricos que chama de ecologistas e os do Sul ou dos paiacuteses pobres os ambientalistas A

diferenccedila baacutesica entre eles eacute que os do Norte desejam salvar o planeta do desastre ecoloacutegico e

recuperar o contato com a natureza mas natildeo questionam o modelo econocircmico dominante Os

movimentos ambientalistas dos paiacuteses pobres eou em desenvolvimento entretanto aliam agrave

21 Para mais informaccedilotildees ver Cacircmara Americana de comeacutercio disponiacutevel em lthttpwwwamchamcombrgt 22 LEFF H Saber ambiental sustentabilidad racionalidad complejidad poder Meacutexico Siglo XXI 1998

53

preocupaccedilatildeo com o meio ambiente a falta de condiccedilotildees miacutenimas de vida e de seus meios de

produccedilatildeo

Devido agrave grande diversidade de movimentos que refletem distintas praacuteticas e visotildees

o ambientalismo possui tambeacutem algumas vertentes De acordo com Lago Paacutedua (1984) existem

pelo menos quatro grandes aacutereas no quadro do pensamento ecoloacutegico Ecologia Natural

Ecologia Social Conservacionismo e Ecologismo Essas aacutereas foram surgindo de maneira

informal agrave medida que a reflexatildeo ecoloacutegica se desenvolvia historicamente expandindo seu

campo de alcance Natildeo satildeo isoladas mas sim se complementam mutuamente a Ecologia Natural

ensina sobre o funcionamento da natureza a Ecologia Social sobre como as sociedades atuam

sobre esse funcionamento o Conservacionismo conduz agrave necessidade de proteger e conservar o

meio ambiente natural como condiccedilatildeo agrave sobrevivecircncia humana e o Ecologismo defende que essa

sobrevivecircncia implica na mudanccedila nas bases da vida do homem As duas primeiras satildeo de

caraacuteter mais teoacuterico-cientiacutefico e as duas uacuteltimas voltadas para objetivos mais praacuteticos de atuaccedilatildeo

social

A Ecologia Natural foi a primeira a surgir e eacute a aacuterea do pensamento ecoloacutegico que se

dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais Procura entender as leis que regem a

dinacircmica de vida da natureza e estaacute ligada principalmente ao campo da biologia mas tambeacutem da

quiacutemica fiacutesica geologia etc (LAGO PAacuteDUA 1984)

A Ecologia Social por outro lado nasceu no momento em que o pensamento

ecoloacutegico deixou de se ocupar apenas do estudo da natureza para contemplar tambeacutem os diversos

aspectos da relaccedilatildeo entre os homens e o meio ambiente especialmente a forma pela qual a accedilatildeo

humana costuma incidir destrutivamente sobre a natureza Essa aacuterea do pensamento ecoloacutegico

portanto se aproxima mais do campo das ciecircncias sociais e humanas Essa vertente aparece ateacute

mesmo em pensadores da Antiguidade mas tornou-se mais importante a partir do maior impacto

destrutivo do homem sobre a natureza atraveacutes do desenvolvimento do industrialismo A

produccedilatildeo teoacuterica sobre a Ecologia Social intensificou-se a partir da deacutecada de 1960 com o

grande avanccedilo internacional da produccedilatildeo industrial e da degradaccedilatildeo ambiental observado apoacutes a

Segunda Guerra Mundial (LAGO PAacuteDUA 1984)

O Conservacionismo surgiu justamente da percepccedilatildeo da destrutividade ambiental da

accedilatildeo humana Eacute de caraacuteter mais praacutetico e engloba o conjunto de ideacuteias e estrateacutegias de accedilatildeo

voltadas para a luta em favor da conservaccedilatildeo da natureza e da preservaccedilatildeo dos recursos naturais

Esse tipo de preocupaccedilatildeo deu origem aos inuacutemeros grupos e entidades que formam o amplo

movimento existente hoje em dia em defesa do meio ambiente natural Os motivos e grupos que

fazem parte desta vertente satildeo bastante diversos Alguns lutam pela conservaccedilatildeo da natureza e

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pela conscientizaccedilatildeo de sua importacircncia para o bem-estar e a sobrevivecircncia da espeacutecie humana

outros por razotildees esteacuteticas cientiacuteficas e econocircmicas ou ateacute afetivas (LAGO PAacuteDUA 1984)

No seacuteculo XIX foram observados alguns movimentos mas foi no seacuteculo XX que se intensificou

essa vertente Na deacutecada de 40 foi criada a Uniatildeo Internacional para a Conservaccedilatildeo da Natureza

e de seus Recursos (UICN) com sede em Morges na Suiacuteccedila cujo objetivo eacute incentivar o

crescimento da preocupaccedilatildeo internacional por esses problemas

Em relaccedilatildeo ao ecologismo sua ideacuteia central [] eacute que a resoluccedilatildeo da atual crise ecoloacutegica natildeo poderaacute ser concretizada apenas com medidas parciais de conservaccedilatildeo ambiental mas sim atraveacutes de uma ampla mudanccedila na economia na cultura e na proacutepria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a natureza (LAGO PAacuteDUA 1984 p 36)

Os grupos ligados ao Ecologismo satildeo tambeacutem Conservacionistas mas natildeo se limitam

a desejar e lutar pela conservaccedilatildeo dos ambientes naturais pois penetram tambeacutem no

questionamento do sistema social como um todo O Ecologismo tem como objetivo tanto a

resoluccedilatildeo da crise ambiental como a da proacutepria crise social Baseia-se na premissa de que a crise

ecoloacutegica natildeo se deve a problemas pontuais e isolados mas eacute consequumlecircncia de um modelo de

civilizaccedilatildeo insustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico O Ecologismo natildeo eacute uma doutrina mas sim uma atitude de vida Uma busca construtiva de transformar para melhor a vida dos homens e o seu relacionamento com a natureza [] Este projeto natildeo estaacute sendo escrito por ningueacutem em especial mas estaacute nascendo da reflexatildeo e da praacutetica de inumeraacuteveis grupos e pessoas em todo o mundo que percebem que estamos diante de uma crise uacutenica na civilizaccedilatildeo que exige a invenccedilatildeo de um novo caminho Esse projeto vai assumindo tambeacutem uma realidade concreta agrave medida que experiecircncias vatildeo sendo realizadas em inuacutemeros lugares para demonstrar a viabilidade praacutetica dos seus princiacutepios Experiecircncias com novas formas de tecnologia de vida comunitaacuteria de educaccedilatildeo de relaccedilotildees econocircmicas etc (LAGO PAacuteDUA 1984 p 38)

Os ecologistas tecircm partido principalmente de uma reflexatildeo sobre a situaccedilatildeo

presente da humanidade poreacutem procuram suas fontes de inspiraccedilatildeo em diversos pensadores

tanto do presente quanto do passado Existe por exemplo nas propostas atuais dos ecologistas

uma forte influecircncia da corrente natildeo violenta do pensamento anarquista Pierre Proudhon Pietor

Kropotkin Paul Goodman Herbert Read entre outros O livro Campos faacutebricas e oficinas por

exemplo escrito em 1889 por Kropotkin eacute um precursor impressionantemente atual do projeto

ecologista Outro tipo de influecircncia marcante do pensamento ecologista eacute a da linha dos

pensadores do pacifismo e da natildeo-violecircncia que passa por Thoureau Ruskin Tolstoi Gandhi

Vinoba Bhave Lanza Del Vasto Martin Luther King Dom Helder Cacircmara Numa perspectiva

semelhante existe tambeacutem a clara influecircncia de uma vertente de pensadores liberais e humanistas

que se preocuparam em pensar globalmente o futuro da civilizaccedilatildeo Albert Schweitzer Martin

Buber Lewis Mumford Konrad Lorenz Josueacute de Castro Robert Jungk Reneacute Dubos entre

55

outros A esses podem ser somados alguns criacuteticos radicais e independentes da sociedade

industrial como Ivan Illich e Vance Packard Por fim a influecircncia marcante de diversos

pensadores que em distintos campos da ciecircncia e do conhecimento tecircm adotado perspectivas

globalizantes voltadas para a libertaccedilatildeo social e psicoloacutegica dos homens Wilhelm Reich Alan

Watts E F Schumacher Ignacy Sachs Herman Daly Gary Snyder Fritjof Capra Theodore

Roszak Edgar Morin Reneacute Dumont Robin Clarke Gregory Bateson Paolo Soleri entre outros

Satildeo educadores artistas engenheiros fiacutesicos filoacutesofos economistas meacutedicos todos envolvidos

na busca de novos caminhos de novas estrateacutegias de vida (LAGO PAacuteDUA 1984)23

O projeto ecologista natildeo depende especialmente de nenhum desses pensadores mas

estaacute sendo construiacutedo a partir de muitas das indicaccedilotildees fornecidas por pessoas como essas O

foco central de sua elaboraccedilatildeo contudo satildeo as milhares de pessoas comuns em todo o mundo

que tecircm participado diretamente da elaboraccedilatildeo e na implementaccedilatildeo praacutetica das alternativas Eacute importante considerar que as informaccedilotildees sobre a atual crise ecoloacutegica natildeo satildeo fantasias romacircnticas e sim dados muito bem fundamentados [] A utopia hoje natildeo estaacute em acreditar que podemos seguir caminhos diferentes mas sim em crer que poderemos seguir por muito mais tempo o atual caminho (LAGO PAacuteDUA 1984 p 43)

Esse eacute o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na qualidade da vida humana e

ao mesmo tempo conserva a vitalidade e diversidade da terra O objetivo eacute um desenvolvimento que seja sustentaacutevel

Hoje isso pode parecer visionaacuterio mas eacute um objetivo alcanccedilaacutevel Para um nuacutemero cada vez maior de pessoas

essa tambeacutem parece ser a uacutenica opccedilatildeo sensata Estrateacutegia de Conservaccedilatildeo Mundial

IUCN UNEP e WWF 1980

22 A problemaacutetica da sustentabilidade O termo inicialmente criado desenvolvimento sustentaacutevel refere-se a todas as

atividades de desenvolvimento e implica em um desenvolvimento almejado por todas as

sociedades Com o decorrer dos anos os iacutendices de degradaccedilatildeo ambiental estatildeo em ascensatildeo

bem como os padrotildees de consumo

Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatoacuterio Brundtland eacute bastante

impreciso e muito abrangente De acordo com Costa (2000 p 62) Aparentemente pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel vem-se transformando num enorme ldquoguarda-chuvardquo capaz de abrigar uma variada gama de propostas abordagens inovadoras progressistas ou que pelo menos caminhem na direccedilatildeo de maior justiccedila social melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo ambientes mais dignos e saudaacuteveis compromisso com o futuro Tal abrangecircncia [] ao evidenciar

23 Podemos ainda acrescentar Lester Brown Rachel Carson Georgescu Roegen John Galtung Gregory Bateson Barry Commoner Paul Ehrlich Herbert Marcuse Daniel Cohn Bendit Barbara Ward Donella Meadows Jean Pierre Dupuy Murray Bookchin Arne Naess Satildeo Francisco de Assis Patrick Geddes Frank Lloyd Wright Ken Yeang Bruno Stagno entre tantos outros

56

a imprecisatildeo do conceito tende a banalizaacute-lo a transformaacute-lo em peccedila retoacuterica e portanto insustentaacutevel por definiccedilatildeo Eacute um dilema que no momento se busca superar

Por mais complexa que seja a sustentabilidade vem sendo mais aceita e almejada

apesar de seu alcance de forma completa e universal ser claramente impossiacutevel Ateacute porque a Sustentabilidade seja qual for o enfoque natildeo coexiste com desequiliacutebrios significativos Se a pressuposiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel natildeo pode ser aceita senatildeo de forma universal enquanto persistirem desigualdades colossais entre continentes entre paiacuteses e dentro de paiacuteses entre regiotildees e municiacutepios em qualquer dos aspectos considerados pelo conceito se torna distante a efetivaccedilatildeo plena da sustentabilidade (ROSETTO 2003 p 35)

Outro fator de grande relevacircncia eacute a inexistecircncia de uma foacutermula ou guia de alcanccedilar

a sustentabilidade De acordo com Cavalcanti (1995 p 21) ldquona verdade natildeo haacute uma economia

da sustentabilidade nem uma uacutenica forma de chegar aos predicados de uma vida sustentaacutevel

Inexiste tampouco uma teoria uacutenica do desenvolvimento ecologicamente equilibrado O que haacute eacute

uma multiplicidade de meacutetodos de compreender e investigar a questatildeordquo

Por esse motivo muitos consideram a sustentabilidade bastante utoacutepica Apesar da

dose de utopia como acredita Santos (2005 p13) A busca do desenvolvimento sustentaacutevel parece utoacutepica poreacutem as utopias satildeo ideacuteias para construccedilatildeo de algo que se sonha e sonhar eacute gerar esperanccedilas Eacute fazer do desejo abstrato uma realidade palpaacutevel deixar de divagar para pisar em solo firme

Toda essa complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratar-se de disciplina em desenvolvimento natildeo invalidam os objetivos da sustentabilidade e do

desenvolvimento sustentaacutevel Se inicialmente o desenvolvimento sustentaacutevel pretendia ser abrangente ao englobar natildeo apenas aspectos econocircmicos mas tambeacutem sociais e ambientais hoje esta perspectiva eacute bastante mais ampla e a noccedilatildeo de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensotildees ecoloacutegica ambiental social poliacutetica econocircmica demograacutefica cultural institucional e espacial Trata-se de um conceito cuja definiccedilatildeo suscita muitos conflitos e mal entendidos refletindo as diferentes visotildees de mundo dos diversos atores envolvidos no debate [] Apesar de dar margem a muacuteltiplas interpretaccedilotildees o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel tem se mantido em cena e as disputas teoacutericas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensatildeo da questatildeo mundial (MOUSINHO 2003 p348 - 349)

O conceito de sustentabilidade muitas vezes eacute confundido com a questatildeo ambiental

no seu sentido restrito Mas estaacute muito aleacutem disso Para que o desenvolvimento possa ser

considerado sustentaacutevel satildeo considerados aleacutem do equiliacutebrio fiacutesico-ambiental o crescimento

econocircmico e a equidade social A estes fatores o aspecto cultural deve ser incluiacutedo A

sustentabilidade cultural estaacute ligada agrave necessidade de se evitarem conflitos culturais e deve ser

buscada atraveacutes da especificidade de soluccedilotildees para cada local e cultura em particular

57

A partir desses requisitos ambiental econocircmico social e cultural pode-se

acrescentar o princiacutepio de prover o melhor para as pessoas e para o meio ambiente tanto no

presente quanto no futuro

De fato um fator importante comentado por Sachs24 (citado por MONTIBELLER-

FILHO 2001 p52) quando afirma que ldquoo ideal seraacute atingido quando para expressar o novo

paradigma puder ser referido apenas desenvolvimento sem o adjetivo sustentaacutevel ou o prefixo

ecordquo ateacute porque pode-se dizer que ldquonatildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo25 Nesse

contexto conforme Costa (2000 p62) ldquoa noccedilatildeo de sustentabilidade ambiental corresponde a

uma dimensatildeo a ser incorporada agrave proacutepria noccedilatildeo de desenvolvimento e natildeo a um conceito

fundamentalmente diferente do anteriorrdquo

Assim no campo da arquitetura e do urbanismo o ideal tambeacutem seraacute atingido quando

pudermos expressar arquitetura desenvolvimento urbano planejamento urbano ou urbanismo

sem precisar do adjetivo sustentaacutevel Dessa forma qualquer arquitetura ou planejamento urbano

deveria ter intriacutenseco esse adjetivo e assim seria possiacutevel afirmar que as dimensotildees ambiental

cultural econocircmica e social estariam incorporadas agrave arquitetura e ao urbanismo

23 A sustentabilidade uso na arquitetura e urbanismo

Alguns autores arriscam algumas definiccedilotildees do termo aplicado agrave arquitetura como

Edwards (2004 p 1) iquestQueacute significa que algo sea sostenible [] el concepto de sostenibilidad ha sido definido a lo largo de una serie de importantes congresos mundiales y engloba no soacutelo la construccioacuten sino toda la actividad humana Para el arquitecto el concepto de sostenabilidad tambieacuten es complejo Gran parte del disentildeo sostenible estaacute relacionado con el ahorro energeacutetico mediante el uso de teacutecnicas como el anaacutelisis del ciclo de vida con el objetivo de mantener el equilibrio entre capital inicial invertido y el valor de los activos fijos a largo prazo Sin embargo disentildear de forma sostenible tambieacuten significa crear espacios que sean saludables viables econoacutemicamente y sensibles a las necesidades sociales Por siacute solo un disentildeo responsable desde el punto de vista energeacutetico es de escaso valor26

24 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 25 COSTA (2000 p 62) diz que ldquoSem duacutevida apoacutes o debate desencadeado em grande medida pelos organismos internacionais houve um avanccedilo significativo ao se afirmar que natildeo haacute desenvolvimento que natildeo seja sustentaacutevelrdquo 26 ldquoO que significa que algo seja sustentaacutevel [] o conceito de sustentabilidade tem sido definido ao longo de uma seacuterie de importantes congressos mundiais e engloba natildeo soacute a construccedilatildeo como toda a atividade humana Para o arquiteto o conceito de sustentabilidade tambeacutem eacute complexo Grande parte do projeto sustentaacutevel estaacute relacionado com a economia energeacutetica mediante o uso de teacutecnicas como a anaacutelise do ciclo de vida com o objetivo de manter o equiliacutebrio entre capital inicial investido e o valor dos recursos fixos Natildeo obstante projetar de forma sustentaacutevel tambeacutem significa criar espaccedilos que sejam saudaacuteveis viaacuteveis economicamente e sensiacuteveis agraves necessidades sociais Por si soacute um projeto sustentaacutevel do ponto de vista energeacutetico eacute de pouco valorrdquo (traduccedilatildeo nossa)

58

McLennan27 (citado por OLIVEIRA 2006 p 33) descreve um ldquoEdifiacutecio Vivordquo

como o autor nomeia com os seguintes princiacutepios de funcionamento obteacutem toda a aacutegua e energia necessaacuterias no proacuteprio local estaacute adaptado especificamente ao local e clima evoluindo com as mudanccedilas que se verifiquem nos mesmos funciona sem poluiccedilatildeo e natildeo gera qualquer tipo de resiacuteduo que natildeo seja uacutetil para outros processos do edifiacutecio ou do ambiente do entorno promove a sauacutede e bem-estar de todos os usuaacuterios assim como um ecossistema saudaacutevel estaacute comprometido com os sistemas integrados de maximizaccedilatildeo de eficiecircncia e conforto melhora a sauacutede e diversidade do ecossistema local mais em vez de degradaacute-lo e eacute belo e inspira-nos a sonhar

Ou seja o edifiacutecio utoacutepico Diante de tantos aspectos e limitaccedilotildees uma arquitetura

verdadeiramente sustentaacutevel torna-se praticamente impossiacutevel de existir Alguns autores ainda

acrescentam questotildees como as oportunidades de trabalho que o empreendimento possa oferecer

agrave comunidade durante e apoacutes o processo de construccedilatildeo como o empreendimento atua sobre a

vida social e econocircmica do entorno imediato e urbano e o impacto sobre o sistema de transporte

Aleacutem disso tambeacutem se referem a este tema no que diz respeito agraves etapas do ciclo de vida da

edificaccedilatildeo sempre se preocupando com a continuidade dos baixos custos de manutenccedilatildeo e

operaccedilatildeo da construccedilatildeo atraveacutes da utilizaccedilatildeo de tecnologias ambientalmente corretas como uma

maior eficiecircncia energeacutetica reduccedilatildeo do consumo de aacutegua e a durabilidade das construccedilotildees

(OLIVEIRA 2006)

A edificaccedilatildeo em si deve ser projetada de forma que interaja com o meio em que se

insere O entorno eacute o comeccedilo de tudo Respeitar a topografia e vegetaccedilatildeo existente desenvolver

estudo de impacto ambiental analisar a adequaccedilatildeo a planos urbaniacutesticos e verificar a infra-

estrutura existente (aacutegua energia transportes coleta de lixo) Aleacutem disso o projeto deve ser

concebido utilizando sempre iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais com orientaccedilatildeo da edificaccedilatildeo bem

planejada assim como suas formas com atenccedilatildeo para o uso correto de proteccedilotildees solares e a

especificaccedilatildeo dos materiais entre outros vaacuterios aspectos Deve-se tirar o maacuteximo proveito das

condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo para se obter maiores contribuiccedilotildees no uso eficiente e na

racionalizaccedilatildeo da energia sem esquecer de garantir o conforto dos usuaacuterios A reduccedilatildeo do

consumo de energia eacute essencial segundo o PROCEL as economias podem chegar a 30 em

edificaccedilotildees existentes e 50 nas projetadas dentro dos conceitos de eficiecircncia energeacutetica A

eficiecircncia energeacutetica nas edificaccedilotildees pode ser entendida como um baixo consumo de energia

proporcionando as mesmas condiccedilotildees ambientais

Aproximadamente 50 da energia produzida no mundo eacute consumida nos edifiacutecios

em processos de construccedilatildeo e de operaccedilatildeo O restante da energia eacute consumida por induacutestrias

(25) e pelo setor de transportes (25) No Brasil verificou-se que de 20 a 30 da energia

27 MCLENNAN Jason F Living buildings In BROWN D FOX M PELLETIER M R Sustainable architecture white papers New York Earth Pledge Foundation 2000

59

consumida seriam suficiente para o funcionamento da edificaccedilatildeo 30 a 50 da energia

consumida satildeo desperdiccedilados por falta de controles adequados da instalaccedilatildeo por falta de

manutenccedilatildeo e tambeacutem por mau uso e 25 a 45 da energia satildeo consumidos indevidamente por

maacute orientaccedilatildeo e por desenho de suas fachadas (OLIVEIRA 2006)

Aleacutem do projeto tambeacutem os materiais construtivos e tecnologias empregadas vatildeo

favorecer mais ou menos o bom aproveitamento dos recursos naturais e contribuir para a reduccedilatildeo

do consumo energeacutetico na edificaccedilatildeo Os materiais estatildeo dentre as principais caracteriacutesticas para

uma edificaccedilatildeo ser mais sustentaacutevel do que outras A seleccedilatildeo de materiais que tenham um menor

impacto possiacutevel sobre o meio ambiente e a utilizaccedilatildeo de materiais procedentes de fontes

renovaacuteveis ou reciclados satildeo alguns dos principais pontos Para isso eacute necessaacuterio conhecer o

ciclo de vida de um material em todas as fases desde os impactos provocados pela extraccedilatildeo da

mateacuteria-prima passando pelo transporte aplicaccedilatildeo final desempenho longevidade do material

capacidade de reutilizaccedilatildeo reciclagem ateacute a sua decomposiccedilatildeo Outra questatildeo essencial eacute a

toxidade do material para o homem e para o meio ambiente Daiacute a grande importacircncia do papel

das normas e selos de qualidade dos materiais e equipamentos

No que diz respeito agrave industrializaccedilatildeo e transporte do material estes representam os

mais prejudiciais processos ao meio ambiente pois consomem muita energia e satildeo fontes de

poluiccedilatildeo ambiental sonora e atmosfeacuterica Assim quanto mais natural e proacuteximo do local for o

material construtivo melhor (OLIVEIRA 2006)

Outro importante ponto da construccedilatildeo urbana eacute a produccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos resiacuteduos

resultantes das transformaccedilotildees produzidas pelo homem no ambiente natural e construiacutedo Um

exemplo da dimensatildeo do impacto causado pela construccedilatildeo civil sobre o meio ambiente eacute que

20 dos resiacuteduos soacutelidos produzidos nos Estados Unidos proveacutem da construccedilatildeo civil e 40 das

emissotildees atmosfeacutericas satildeo tambeacutem produzidas na construccedilatildeo civil (PINHEIRO 2002)

Uma questatildeo interessante eacute a conhecida como os trecircs erres reduzir reutilizar e

reciclar A reciclagem eacute uma teacutecnica importante e rentaacutevel mas antes disso eacute preciso minimizar a

geraccedilatildeo de resiacuteduos e depois tentar reutilizar a sustentabilidade na arquitetura tem ampla relaccedilatildeo com a forma como utiliza a energia e como relaciona-se ao ambiente natural Constata-se tambeacutem que os padrotildees de consumo e produccedilatildeo dessa arquitetura seratildeo definidores do modo de vida de um determinado grupo humano que definiraacute padrotildees de consumo de energia e de haacutebitos de utilizaccedilatildeo da energia e que faraacute parte de um determinado contexto urbano que seraacute modificado pela dinacircmica da utilizaccedilatildeo da arquitetura que nele se insere (SOUZA 2004 p 4)

Posteriormente um projeto e construccedilatildeo mais sustentaacuteveis se completam com uma

manutenccedilatildeo e o uso adequados da edificaccedilatildeo

60

Segundo Montibeller-Filho (2001 p 289-290) em seu livro ldquoO mito do

desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Conclui-se entatildeo pela impossibilidade de que no mundo capitalista venha a atingir-se o desenvolvimento sustentaacutevel com suas dimensotildees baacutesicas de equidades intrageracional (garantia de qualidade de vida a todos os contemporacircneos) intergeracional (igual garantia agraves pessoas das proacuteximas geraccedilotildees mediante a preservaccedilatildeo do meio ambiente) e equidade internacional (de todos os paiacuteses ou a todo indiviacuteduo independentemente de sua localizaccedilatildeo geograacutefica) Assim cremos haver demonstrado a validade da hipoacutetese principal a saber que as proposiccedilotildees ambientalistas [] constituem-se em contribuiccedilotildees relevantes para amenizar os efeitos da problemaacutetica socioambiental mas que todavia natildeo conseguem superar a contradiccedilatildeo fundamental do sistema de tender a apropriar-se de forma degenerativa dos recursos naturais (esgotamento) e do meio ambiente (degradaccedilatildeo) [] O desenvolvimento sustentaacutevel revela-se um mito []

Poreacutem Montibeller-Filho (2001 p 290-291) completa que isto natildeo implica na

impossibilidade de que em casos individualizados eou a curto prazo possa verificar-se a efetividade de accedilotildees que visam a sustentabilidade Estudos futuros neste sentido seriam relevantes [] Finalmente enfatiza-se a posiccedilatildeo de que satildeo fundamentais as accedilotildees que visam a processos de transformaccedilotildees das condiccedilotildees socioeconocircmicas e socioambientais

Para um maior entendimento da sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo

eacute interessante mencionar brevemente alguns termos usados anteriormente agrave existecircncia desse

conceito Entre eles encontramos o organicismo a arquitetura orgacircnica a arquitetura

bioclimaacutetica arquitetura ecoloacutegica entre outros

transmitiremos essa Cidade

natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda mais bela

do que nos foi transmitida Patrick Geddes

231 Organicismo

Na corrente organicista ou do organicismo destacam-se o bioacutelogo Patrick Geddes e

seus sucessores Lewis Mumford e Marcel Poegravete A concepccedilatildeo orgacircnica de cidade de Geddes eacute

pioneira na visatildeo sistecircmica do planejamento e da cidade A cidade eacute considerada um organismo

vivo As visotildees histoacutericas da cidade elemento importante que daacute a noccedilatildeo de simultaneidade de

passado presente e futuro dar-se-iam tanto no estudo dos lugares dos cidadatildeos isto eacute suas

cidades quanto das outras cidades Eacute com a (re)leitura e o (re)conhecimento do passado que

deve-se fazer uma melhor criacutetica do presente e desejar-designar um futuro melhor (GEDDES

1915)

Pode-se dizer que Geddes (citado por CARVALHO 2004 p10) foi pioneiro na ideacuteia

do compromisso inter-geraccedilotildees do desenvolvimento sustentaacutevel quando acata o juramento da

juventude ateniense ldquotransmitiremos essa Cidade natildeo menor poreacutem maior melhor e ainda

mais bela do que nos foi transmitidardquo

61

Seu disciacutepulo mais ilustre Lewis Mumford28 (citado por CHOAY 1979 p 287) se

dedicou agrave histoacuteria da civilizaccedilatildeo Ele dizia que Devemos dar mais importacircncia agrave funccedilatildeo bioloacutegica dos espaccedilos livres hoje que a cidade estaacute ameaccedilada pela poluiccedilatildeo e que dentro do periacutemetro dos centros urbanos o ar formiga de substacircncias canceriacutegenas Mas natildeo eacute tudo aprendemos que os espaccedilos livres tambeacutem tecircm um papel social frequumlentemente negligenciado em benefiacutecio uacutenico de sua funccedilatildeo higiecircnica

Mumford defendia a cidade como um lugar que serve de abrigo tanto a uma

sociedade sempre crescente e suas necessidades frequumlentemente mutaacuteveis quanto agrave sua heranccedila

social acumulada (SOUZA 2004 p6) Outro fato bastante interessante da obra de Lewis

Mumford (1956 [sp]) eacute grifado no texto abaixo quando ele utiliza em 1956 o termo

sustentabilidade

Probablemente ninguna ciudad de la antiguumledad alcanzoacute una poblacioacuten muy superior al milloacuten de habitantes ni siquiera Roma y excepto en China no han existido otras Romas hasta el siglo XIX Pero mucho antes de alcanzar el milloacuten de habitantes la mayoriacutea de las ciudades llegan a un punto criacutetico de su desarrollo Esto sucede cuando la ciudad pierde su relacioacuten simbioacutetica con su entorno inmediato cuando el crecimiento sobreexplora los recursos locales como el agua y pone en peligro su suministro cuando para proseguir su crecimiento una ciudad se ve obligada a buscar agua combustible o materias primas para su industria maacutes allaacute de sus liacutemites inmediatos y por encima de todo cuando su tasa interna de nacimientos se hace insuficiente para mantener si no aumentar su poblacioacuten Esta etapa se ha alcanzado en diferentes civilizaciones en diferentes periodos Hasta este punto cuando la ciudad alcanza los liacutemites de sostenibilidad de su propio territorio el crecimiento se produce a traveacutes de la colonizacioacuten igual que en un panal de abejas Superada esta fase el crecimiento tiene lugar desafiando los liacutemites naturales a traveacutes de una ocupacioacuten intensiva del territorio y de una invasioacuten de las aacutereas circundantes sometiendo por la ley o simplemente por la fuerza a las ciudades rivales que compiten por los mismos recursos (grifo nosso)

A abordagem vitalista da cidade de Poegravete29 (citado por CHOAY 1979 p 282) se

aproximou muito da de Geddes Poete defendia que A cidade eacute um ser sempre vivo cujo passado temos de estudar para poder discernir seu grau de evoluccedilatildeo um ser que vive sobre a terra e da terra o que significa que aos dados geograacuteficos eacute preciso acrescentar os dados histoacutericos geoloacutegicos e econocircmicos [] E os traccedilos econocircmicos do passado servem para explicar os traccedilos sociais assim como a estes estatildeo ligados os traccedilos poliacuteticos e administrativos

28 MUMFORD Lewis The highway and the city London Secker amp Warburg 1964 29 POEgraveTE Marcel Introduction agrave l`urbanisme Paris Boivin 1929

62

A natureza precisa ser cuidadosamente preservada pois a arquitetura deve ser subordinada agrave ela

agrave qual deve constituir uma espeacutecie de introduccedilatildeo Franccediloise Choay

232 Arquitetura Orgacircnica

A chamada arquitetura orgacircnica ou arquitetura organicista foi uma escola da

arquitetura moderna influenciada pelas ideacuteias de Frank Lloyd Wright (1867 - 1959) O conceito

do orgacircnico foi desenvolvido atraveacutes das pesquisas de Frank Lloyd Wright que acreditava que

uma casa deve nascer para atender agraves necessidades das pessoas e do caraacuteter do paiacutes como um

organismo vivo Sua convicccedilatildeo era de que os edifiacutecios influenciam profundamente as pessoas

que neles residem ou trabalham e por esse motivo o arquiteto eacute um modelador de homens (FIG

11)

FIGURA 11 ndash Casa da Cascata Pensilvacircnia EUA arquiteto Frank Lloyd Wright 1936 Fonte FRYSINGER 2006

De uma forma geral a arquitetura orgacircnica eacute considerada como um contraponto (e

em certo sentido uma reaccedilatildeo) agrave arquitetura racionalista influenciada pelo Estilo Internacional de

origem europeacuteia Assim foi muito criticada pelos modernistas racionalistas No livro de Bruno

Zevi (1950 p66) ldquoTowards an organic architecturerdquo o autor questiona o que viria ser orgacircnico e

especificamente arquitetura orgacircnica Ele comenta sobre a opiniatildeo de William Edmond Lescaze

um dos arquitetos pioneiros do modernismo americano mencionando que ldquoWilliam Lescaze

maintains that organic means nothing at all acuteOrganic is the Word which Frank Lloyd Wright

uses to describe his own architecture`rdquo30 Zevi (1950 p72) tambeacutem diz que ldquoThe architectural

use of the Word organic is as we said of old standing and has given rise to a great deal of

30 ldquoWilliam Lescaze que dizia que natildeo significava simplesmente nada acuteorgacircnico eacute a palavra que Frank Lloyd Wright usa para descrever sua proacutepria arquiteturaacute rdquo (traduccedilatildeo nossa)

63

confusion But we do not pretend to give it an exact meaning there is no word ndash and certainly no

adjective ndash of which the meaning is not to some extent approximaterdquo

Apesar da arquitetura orgacircnica ter surgido nos EUA desenvolveu-se ao redor de todo

o mundo Um arquiteto europeu considerado orgacircnico e bastante conhecido mundialmente foi

Alvar Aalto Hugo Alvar Henrik Aalto (1898 - 1976) arquiteto finlandecircs de inspiraccedilatildeo orgacircnica

ou regional em oposiccedilatildeo aos construtivistas (Bauhaus) foi um dos primeiros e mais influentes

arquitetos do movimento moderno escandinavo Havia dentro dele um reformador social o que

trouxe pesadas responsabilidades agrave arquitetura ele dizia que a arquitetura pode ateacute natildeo salvar o

mundo mas poderia agir como um bom exemplo

Aalto buscou incessantemente adaptar a casa agrave sua destinaccedilatildeo ao clima e agrave paisagem

Ele recusou-se a se submeter a um dogmatismo moderno depois de repudiar o antigo A

notoriedade internacional veio com os pavilhotildees finlandeses para as feiras de Paris (1937) e

Nova Iorque (1939) exemplos supremos do respeito pelo material de construccedilatildeo adotado a

madeira

Um exemplo de arquiteto orgacircnico mais atual eacute Paolo Soleri (1919) que ao finalizar

seus estudos universitaacuterios em Turim Itaacutelia viajou para o Arizona e integrou-se agrave comunidade

de Taliesin com Frank Lloyd Wright (1947-48) Em 1956 emigrou aos Estados Unidos e

instalou-se em Scottsdale Phoenix criando a Fundaccedilatildeo Cosanti um centro de estudos sobre

construccedilatildeo arquitetura urbanismo e ecologia e uma fundiccedilatildeo de sinos de bronze que gera a base

econocircmica essencial das pesquisas e edificaccedilotildees Desde 1970 constroacutei no deserto a comunidade

de Arcosanti protoacutetipo urbano que deveria alcanccedilar uma populaccedilatildeo de sete mil habitantes (FIG

12) Arcosanti se baseia no conceito criado por Soleri chamado ldquoArcologyrdquo que engloba a fusatildeo

de arquitetura e ecologia (ARCOSANTI 2005)

Figura 12 ndash Arcosanti deserto do Arizona EUA arquiteto Paolo Soleri Fonte ARCOSANTI 2005

64

The need for architects to design for sustainable future

becomes a self-evident imperative Ken Yeang

233 Arquitetura bioclimaacutetica

Clima do grego ldquoklimardquo que significa inclinaccedilatildeo ou seja refere-se agrave inclinaccedilatildeo do

sol no horizonte Chama-se arquitetura bioclimaacutetica uma arquitetura pensada em relaccedilatildeo ao

ambiente local principalmente em relaccedilatildeo ao seu clima A expressatildeo ldquoprojeto bioclimaacuteticordquo

surge nos anos 60 com os irmatildeos Olgyay na aplicaccedilatildeo de conceitos do estudo do clima na

definiccedilatildeo de paracircmetros de conforto nas edificaccedilotildees De acordo com Caldas31 (citado por

OLIVEIRA 2006) a arquitetura bioclimaacutetica eacute uma adaptaccedilatildeo da produccedilatildeo arquitetocircnica agraves

condiccedilotildees climaacuteticas locais O bioclimatismo seria um conjunto de recursos teoacutericos que buscam

subsiacutedios para o planejamento da edificaccedilatildeo aproveitando os elementos do clima para satisfazer

exigecircncias de conforto teacutermico A bioclimatologia eacute uma ciecircncia antiga baseada em estrateacutegias

de projetaccedilatildeo para vencer as adversidades climaacuteticas (OLIVEIRA 2006)

Victor Olgyay formulou um meacutetodo de quatro estrateacutegias integradas para a

construccedilatildeo de um edifiacutecio climaticamente equilibrado clima atraveacutes da anaacutelise dos elementos

climaacuteticos e microclimaacuteticos do local tais como temperatura umidade relativa do ar radiaccedilatildeo

solar e efeitos do vento biologia compreensatildeo das necessidades bioloacutegicas e conforto humano

tecnologia atraveacutes da combinaccedilatildeo de soluccedilotildees tecnoloacutegicas para solucionar problemas de

conforto ambiental e arquitetura que representa a combinaccedilatildeo de todas as soluccedilotildees

formalizando-se na edificaccedilatildeo (OLIVEIRA 2006)

A ideacuteia evolui ao longo dos anos 80 para a arquitetura verde tambeacutem chamada

internacionalmente de greenbuilding Entre os maiores defensores da arquitetura verde encontra-

se o arquiteto Ken Yeang (1994 p15) bastante conhecido pelos seus arranha-ceacuteus

bioclimaacuteticos Ele defende que ldquoIntegration with nature is a central issuerdquo32 E diferencia a

arquitetura bioclimaacutetica influenciada pelo clima da arquitetura ecoloacutegica influenciada pelo

meio ambiente Aleacutem disso defende que o projeto ecoloacutegico se preocupa com a fonte dos

materiais de construccedilatildeo seus processos de fabricaccedilatildeo e transporte e com a destinaccedilatildeo e reuso dos

produtos que o edifiacutecio gera ou seja se traduz em construir com um miacutenimo de impacto no meio

ambiente

31 CALDAS S A Espaccedilo construiacutedo no semi-aacuterido alagoano sustentabilidade e preservaccedilatildeo ambiental em modelos residenciais 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2002 32 ldquoIntegraccedilatildeo com a natureza eacute o ponto centralrdquo (traduccedilatildeo nossa)

65

Os exemplos de arquitetos que procuram sempre integrar natureza arquitetura e

clima vecircm crescendo tais como Renzo Piano Paolo Soleri Emiacutelio Ambasz Bruno Stagno entre

tantos outros (FIG 13 e 14)

Figura 13 ndash Fukuoka Prefectural Internacuional Hall ndash Edifiacutecio em Fukuoka Japatildeo projetado por Emilio Ambasz e associados Fonte AMBASZ 2001

Figura 14 ndash Pergola Building Costa Rica arquiteto Bruno Stagno 2003 Fonte STAGNO [200-]

66

Uma verdadeira viagem de descobrimento natildeo eacute encontrar novas terras

mas ter um olhar novo Marcel Proust

234 Arquitetura ecoloacutegica

Uma forma bastante sustentaacutevel de se construir eacute chamada de construccedilatildeo ecoloacutegica

eco construccedilatildeo eco casa arquitetura regional etc A diferenccedila para uma construccedilatildeo sustentaacutevel eacute

que utiliza o maacuteximo de mateacuteria-prima local e materiais reciclados e o miacutenimo de materiais

industrializados buscando a maacutexima auto-suficiecircncia de energia e aacutegua reduzindo reutilizando

e reciclando e principalmente aliando tecnologias modernas ecoloacutegicas agraves teacutecnicas antigas

(PINHEIRO 2002)

A arquitetura ecoloacutegica tem raiacutezes na arquitetura vernacular do passado cujo

conhecimento intuitivo do meio ambiente e clima proporcionava resultados de conforto teacutermico

e lumiacutenico para determinada eacutepoca e regiatildeo (FIG 15)

Figura 15 ndash Construccedilatildeo circular da comunidade de Menter Y Felin Uchaf Fonte UCHAF 2005

A arquitetura sustentaacutevel parece agrupar as caracteriacutesticas da arquitetura bioclimaacutetica

e da arquitetura ecoloacutegica juntamente com os novos pensamentos surgidos com a ideacuteia de

sustentabilidade (FIG 16) Uma outra mudanccedila da arquitetura ecoloacutegica que pareceu evoluir

para a sustentaacutevel seria que aleacutem de se priorizar a utilizaccedilatildeo de recursos renovaacuteveis surgem as

edificaccedilotildees completamente autocircnomas energeticamente De maneira geral a arquitetura

ecoloacutegica preconiza principalmente aspectos que introduzem em sua elaboraccedilatildeo projetual

questotildees amplas envolvendo o meio ambiente (OLIVEIRA 2005)

67

Figura 16 ndash Centro Cultural Jean-Marir Tjibau Noumea arquiteto Renzo Piano 1998 Fonte PIANO [200-]

24 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo

A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente com o clima a perfeita adequaccedilatildeo da

construccedilatildeo com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a disponibilidade de recursos e materiais a

conservaccedilatildeo de energia a reduccedilatildeo de desperdiacutecios o bem estar do homem deveriam ser sempre

essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento do projeto de arquitetura e no planejamento

urbano Ateacute porque ldquonenhum outro profissional tem a capacidade e o poder de intervir tatildeo

diretamente na cidade e na vida dos cidadatildeos como o arquiteto-urbanistardquo (GRUPO DE

TRABALHO 1 2003 p 176) Assim nosso papel e dever eacute o de projetar e construir de modo a

melhorar as condiccedilotildees e qualidade de vida do homem preservando e conservando o meio

ambiente produzindo espaccedilos saudaacuteveis intervindo o mais sustentavelmente possiacutevel

Eacute fato que seja impossiacutevel projetarmos e construirmos edificaccedilotildees e espaccedilos que

sejam totalmente sustentaacuteveis pois satildeo milhares os quesitos necessaacuterios O proacuteprio conceito de

sustentabilidade apresenta grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo

principalmente por tratar-se de disciplina em desenvolvimento Poreacutem os objetivos da

sustentabilidade e do desenvolvimento sustentaacutevel natildeo se invalidam

Assim pode-se dizer que tudo aquilo que estiver ao alcance do arquiteto-urbanista

precisa ser colocado em praacutetica Sendo fundamental que o arquiteto pense projete aleacutem de

procurar influenciar o cliente no sentido de compreender a importacircncia de se buscar uma

arquitetura (e um uso do espaccedilo de vida) sustentaacutevel Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer todo o embasamento a este

propoacutesito

68

Neste capiacutetulo foi possiacutevel entendermos como quando e onde surgiram os conceitos

relacionados agrave sustentabilidade de forma geral e agrave sua aplicaccedilatildeo na arquitetura Sustentabilidade

na arquitetura e urbanismo deve aqui portanto ser entendida como a interaccedilatildeo das questotildees

ambientais sociais culturais e econocircmicas aplicadas agrave arquitetura e no urbanismo

Para verificarmos adiante como estas questotildees estatildeo sendo abordadas dentro dos

cursos de arquitetura e urbanismo no proacuteximo capiacutetulo seratildeo discutidas a Educaccedilatildeo Ambiental e

a Sustentabilidade no Ensino de Arquitetura Seratildeo brevemente explicadas as formas de

educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental como a educaccedilatildeo ambiental e educaccedilatildeo para a

sustentabilidade mas primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental principal item desta

fundamentaccedilatildeo teoacuterica Em seguida o ensino de arquitetura seraacute comentado com um breve

histoacuterico assim como as Diretrizes Curriculares para os cursos de arquitetura e urbanismo para

posteriormente aprofundar a anaacutelise de alguns cursos de arquitetura e urbanismo atraveacutes do

exame das disciplinas e dos cursos de extensatildeo aperfeiccediloamento e extensatildeo

69

Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais

a meacutedio prazo plantar aacutervores a longo prazo deve educar as pessoas

Kwantzu China a C

3 EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Educar envolve receber uma informaccedilatildeo trabalhaacute-la interpretaacute-la e agir em decorrecircncia da interpretaccedilatildeo a que se chegou Haacute um envolvimento ativo dos indiviacuteduos Desejando-se atingir um problema especiacutefico e ativar as pessoas eacute necessaacuterio conhecer como fazecirc-lo como passar a informaccedilatildeo da forma mais relacionada agrave vida agraves atividades das pessoas de tal forma que elas se sintam atingidas e consequumlentemente interessadas em pelo menos aprofundar o conhecimento a respeito Atividades demonstraccedilotildees praacuteticas exemplos da vivecircncia diaacuteria satildeo formas mais eficientes de se atingir o puacuteblico-alvo Envolvendo as pessoas em uma atividade praacutetica o alcance eacute ainda maior (SANTOS 2005 p 69)

De acordo com a Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) a melhor maneira de tratar das questotildees ambientais eacute com a

participaccedilatildeo de todos os cidadatildeos interessados Assim a Educaccedilatildeo Ambiental mostra-se a longo

prazo como o melhor caminho de criar a consciecircncia criacutetica na comunidade a partir da anaacutelise

dos problemas por ela vivenciados e para a partir disto estabelecer efetivamente sua

participaccedilatildeo na soluccedilatildeo destes mesmos problemas

ldquoPor mais que ainda estejamos nos primoacuterdios da reflexatildeo sobre o quando como

onde e por que da metodologia em educaccedilatildeo ambiental tudo nos leva a crer no seu

sucessordquo(SANTOS 2005 p 68) A educaccedilatildeo ambiental deve caminhar no sentido de avaliar

tanto a accedilatildeo antropocecircntrica sobre a natureza quanto a divisatildeo de interesses que permeiam essa

accedilatildeo Eacute necessaacuterio estabelecer uma consciecircncia ambiental que natildeo possua um sentido restrito

mas que de forma intensa compreenda investigue e pesquise nos campos formal e informal da

educaccedilatildeo as melhores condiccedilotildees para sua praacutetica de ensino

Um objetivo fundamental da Educaccedilatildeo Ambiental eacute permitir que os indiviacuteduos

participem do enfrentamento e da resoluccedilatildeo das problemaacuteticas ambientais que lhes atingem mais

diretamente sempre tendo como ponto central a compreensatildeo da natureza complexa do meio

ambiente natural e do meio ambiente construiacutedo criado pelo homem resultante da integraccedilatildeo de

seus aspectos bioloacutegicos fiacutesicos sociais econocircmicos e culturais (SANTOS 2005)

Aleacutem da Educaccedilatildeo Ambiental podemos citar a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade ou

para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) e tambeacutem a Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica como outras

formas de educaccedilatildeo com um vieacutes ambiental A Alfabetizaccedilatildeo Ecoloacutegica seria um dos primeiros

passos para desenvolvermos uma vida mais sustentaacutevel pois seria a compreensatildeo dos princiacutepios

baacutesicos da ecologia e como viver de acordo com eles (CAPRA 2003)

70

A seguir a Educaccedilatildeo Ambiental e a EDS seratildeo um pouco mais descritas mas

primeiramente seraacute abordada a consciecircncia ambiental ingrediente essencial para qualquer forma

de aprendizado dessa aacuterea Em seguida verificaremos se o ensino de arquitetura tem se

preocupado com a problemaacutetica ambiental e como tem ocorrido esta evoluccedilatildeo

Infelizmente de acordo com Trigueiro (2003) a maioria dos brasileiros natildeo se

percebe como parte do meio ambiente que tem sido entendido como algo de fora que natildeo nos

inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental acontece em funccedilatildeo desta percepccedilatildeo do

entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso

entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O despertar da conscientizaccedilatildeo consiste em informar o

puacuteblico sobre a relevacircncia de um fenocircmeno para suas vidas Informar no sentido de educar A participaccedilatildeo ativa eacute ganha ao se

oferecer uma oportunidade para expressar interesse em questotildees reais especialmente quando o tema indica que a participaccedilatildeo pode

efetivamente influenciar um resultado Yi-Fu Tuan 1980

31 Consciecircncia ambiental Investigaccedilotildees feitas em grandes centros metropolitanos europeus e norte-americanos

constataram que um aumento de conhecimentos em relaccedilatildeo agrave crise ecoloacutegica e diversos impactos

ambientais no planeta natildeo leva necessariamente a uma transformaccedilatildeo nas atitudes e um maior

respeito e cuidado com o meio ambiente O essencial natildeo eacute o saber afirmam mas sim o sentir

Quanto mais uma pessoa sofre se indigna e se revolta com a degradaccedilatildeo e destruiccedilatildeo do meio

ambiente mais desenvolve atitudes de compaixatildeo e enternecimento de proteccedilatildeo agrave natureza

(SANTOS 2005)

A mobilizaccedilatildeo das pessoas frente agraves questotildees ambientais que eacute de fundamental

importacircncia pode ser feita segundo Leriacutepio33 (citado por SANTOS 2005 p 64) com a teacutecnica

SCC ou seja sensibilizaccedilatildeo conscientizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo De acordo com o autor Embora muitos sejam os caminhos possiacuteveis para a sustentabilidade todos eles dependeratildeo das pessoas e de sua efetiva participaccedilatildeo nesse processo de transiccedilatildeo Como sensibilizar as pessoas Como oportunizar que se conscientizem De que forma capacitaacute-las para atingir e manter um niacutevel de excelecircncia na qualidade ambiental e em todas as suas repercussotildees

Para Leriacutepio sensibilizar significa despertar para a existecircncia de um problema e sua

gravidade A sensibilizaccedilatildeo costuma ocorrer ldquode fora para dentrordquo ou seja eacute induzida a partir de

33 LERIPIO A A SARAIVA LM POSSAMAI O SELIG PM O Sistema de abastecimento de aacutegua na perspectiva da emissatildeo zero Precircmio CASAN de Ecologia Florianoacutepolis [sn] 1996 20 p

71

fatos notiacutecias ou eventos A conscientizaccedilatildeo normalmente acontece ldquode dentro para forardquo ou

seja ao ser sensibilizada a pessoa se conscientiza quando percebe suas relaccedilotildees com o problema

ou como viacutetima das consequumlecircncias do problema ou como agente causal A partir daiacute ela eacute capaz

de receber informaccedilotildees de como deve agir A percepccedilatildeo ambiental das pessoas precisa ser

estimulada para poder contribuir com a efetividade da capacitaccedilatildeo ambiental das mesmas A

capacitaccedilatildeo das pessoas sensibilizadas e conscientizadas eacute muito mais efetiva do que aquela

realizada de forma direta que invariavelmente apresentam maiores dificuldades para

compreender a necessidade daquela mudanccedila de haacutebito proposta pela capacitaccedilatildeo (SANTOS

2005) A percepccedilatildeo inevitavelmente influencia o comportamento humano mas para manter um ambiente de qualidade o comportamento precisa ser dirigido para atos especiacuteficos Ademais os atos especiacuteficos precisam ter precedecircncia sobre outras possiacuteveis accedilotildees que reflitam uma hierarquia diferente de valores Os haacutebitos pessoais refletem as prioridades de valor de um indiviacuteduo e o tratamento com consideraccedilatildeo para com o ambiente requer a ecircnfase nos valores ambientais A informaccedilatildeo e a educaccedilatildeo do puacuteblico satildeo indispensaacuteveis especialmente para desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental (SANTOS 2005 p 67)

311 As linhas de pensamento capitalistas selvagens x ambientalistas fanaacuteticos

Para simplificar a classificaccedilatildeo tanto dos indiviacuteduos empresas entidades governos

eou naccedilotildees inteiras quanto agrave posiccedilatildeo frente agrave questatildeo ambiental poderiacuteamos separaacute-la em trecircs

grandes linhas de pensamento Eacute claro que para cada uma existem diversos niacuteveis e tambeacutem

vaacuterias situaccedilotildees para cada caso O primeiro grupo seriam os defensores do meio ambiente

Existem vaacuterias nomenclaturas tais como ambientalistas ecologistas o simples uso do adjetivo

ldquoverderdquo por exemplo cientistas verdes partidos verdes entre outros No segundo grupo

estariam aqueles que desconhecem ou natildeo acreditam que seja necessaacuteria tanta preocupaccedilatildeo com

o meio ambiente ou que priorizam outras questotildees O terceiro grupo aqueles que se opotildeem agrave

questatildeo ambiental normalmente quem de alguma forma se beneficia da exploraccedilatildeo sem limites

da natureza Este uacuteltimo grupo podemos denominar de vertente anti-ambiental ou ateacute em alguns

casos de ldquocapitalistas selvagensrdquo e vem diminuindo agrave medida que leis e direitos ambientais vatildeo

dificultando essas accedilotildees

Para alguns a produccedilatildeo capitalista por sua proacutepria natureza eacute anti-ambiental mas

vem sendo obrigada pelas pressotildees dos movimentos ambientalistas a se adaptar a um novo

modelo de produccedilatildeo mais consciente e mais sustentaacutevel Segundo Marx34 (citado por

Montibeller-Filho 2001) foi o surgimento da sociedade fundamentada na propriedade privada e

na economia monetaacuteria que conduziu agrave exploraccedilatildeo ilimitada do mundo natural

34 MARX Karl Le capital Paris Garnier-Flammarion 1969

72

Pior natildeo eacute a exclusatildeo social a desigualdade de renda

a falta de qualificaccedilatildeo das pessoas a fome Pior natildeo eacute a violecircncia a falta de justiccedila

a degradaccedilatildeo ambiental Pior eacute a convivecircncia com tudo isso

Pior eacute o silecircncio dos que sabem Agenda 21 Catarinense

312 Defensores ambientais consciecircncia ambiental x mudanccedila de atitude35

Sobre a primeira linha de pensamento os defensores ambientais satildeo subdivididos em

ldquoativosrdquo e ldquopassivosrdquo Os defensores ldquoativosrdquo aleacutem de possuiacuterem consciecircncia da problemaacutetica

ambiental participam ativamente agindo com o objetivo de ajudar a melhorar esta questatildeo

Dentro deste grupo dos defensores ldquoativosrdquo pode-se dizer que encontram-se tambeacutem os

ambientalistas fanaacuteticos e que somente se preocupam com o meio ambiente esquecendo o

importante diaacutelogo da questatildeo ambiental com a questatildeo espaccedilo-cultural e principalmente a

socioeconocircmica

Os defensores ldquopassivosrdquo possuem a consciecircncia ambiental e vontade de agir mas

natildeo possuem ainda atitude suficiente para intervir A formaccedilatildeo da consciecircncia ambiental ainda estaacute em fase de concepccedilatildeo por toda a comunidade terrestre onde de uma populaccedilatildeo com mais de 6 bilhotildees de habitantes apenas pequena parte estaacute realmente consciente e tenta promover accedilotildees necessaacuterias para o desenvolvimento sustentaacutevel e prepara-se para a formaccedilatildeo de uma sociedade sustentaacutevel outra parte tem consciecircncia poreacutem natildeo participa com atitudes de saneamento ambiental ou medidas preventivas ao problema mas a grande parte natildeo tem noccedilatildeo local e muito menos global do que se passa quanto a usurpaccedilatildeo do planeta e ainda inconscientemente eacute subjugada sendo uma carga geradora do desequiliacutebrio ambiental moderno (SANTOS 2005 p 39)

O maior objetivo nesse caso seria a transformaccedilatildeo da consciecircncia ambiental em

movimento ativo Para isso natildeo eacute suficiente mais informaccedilatildeo mas principalmente sentimento

Assim eacute necessaacuterio compreender melhor as inter-relaccedilotildees do homem com o meio

ambiente tanto individual como comunitaacuterio E para isso eacute fundamental o estudo dos processos

mentais relacionados agrave percepccedilatildeo ambiental ldquoO indiviacuteduo ou grupo enxerga interpreta e age em

relaccedilatildeo ao meio ambiente de acordo com interesses necessidades e desejos recebendo

influecircncias sobretudo dos conhecimentos anteriormente adquiridos dos valores das normas

grupais enfim de um conjunto de elementos que compotildee sua heranccedila culturalrdquo (DEL RIO

OLIVEIRA36 citado por SANTOS 2005 p 61)

35 Subtiacutetulo tirado de SANTOS M T Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitude 2005 36 DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de Apresentaccedilatildeo In DEL RIO Vicente OLIVEIRA Liacutevia de (Org) Percepccedilatildeo ambiental a experiecircncia brasileira Satildeo Carlos UFSCar 1996

73

A luta para preservar o meio ambiente comeccedila dentro de casa continua no trabalho nos acompanha na recreaccedilatildeo e nas compras

Grande parte das agressotildees agrave natureza e agrave nossa sauacutede tem sua raiz no estilo de vida que adotamos

Por isso pequenas mudanccedilas nos haacutebitos do dia-a-dia satildeo tatildeo importantes quanto combater aqueles

que exploram o planeta de modo insustentaacutevel Greenpeace Brasil

313 A segunda linha de pensamento

A segunda vertente relacionada agrave classificaccedilatildeo quanto agrave posiccedilatildeo dos indiviacuteduos

empresas eou governos em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais poderia ser dividida em trecircs grupos

O primeiro seria formado por aqueles que desconhecem ou sabem muito pouco das informaccedilotildees

referentes agrave problemaacutetica ambiental

Para se desenvolver a atitude conhecida como eacutetica ambiental satildeo necessaacuterias a

informaccedilatildeo e educaccedilatildeo do puacuteblico principalmente crianccedilas e adolescentes pois educando o

jovem as chances de se obter um futuro melhor para todos satildeo evidentemente maiores A educaccedilatildeo tem papel estrateacutegico no processo de Gestatildeo Ambiental na formaccedilatildeo de crianccedilas e de jovens incorporando valores humanos e ambientais realccedilando o sentidos entre as praacuteticas cotidianas com a teoria lanccedilada em sala de aula levando a uma cultura de sustentabilidade uma cultura da convivecircncia harmocircnica entre os seres humanos e entre estes e a natureza (SANTOS 2005 p 67)

No segundo grupo encontram-se aqueles que satildeo informados da problemaacutetica

ambiental mas consideram um exagero tanta preocupaccedilatildeo e tanta abordagem Dessa forma

pode-se dizer que tambeacutem lhes faltam informaccedilotildees entendimento das mesmas e principalmente

um sentimento e comprometimento maior

O terceiro grupo eacute informado da questatildeo ambiental e entende a sua problemaacutetica

mas considera que existem outras prioridades a serem primeiramente tratadas

Para muitas pessoas eacute mais importante tratar das questotildees mais urgentes como

pobreza fome e falta de moradia deixando de lado ou adiando as questotildees ambientais

propriamente ditas O problema eacute que mais tarde quando a problemaacutetica ambiental passar a

receber mais prioridade a mesma jaacute estaraacute muito maior e mais complexa do que agora

Para exemplificar este pensamento podemos citar o cientista canadense e ceacutetico

sobre a influecircncia humana no aquecimento global Tim Patterson que diz que todo o dinheiro

desperdiccedilado com o Tratado de Kyoto poderia ser usado para fornecer aacutegua potaacutevel agrave Aacutefrica

(VEJA 2007) O tambeacutem cientista e estatiacutestico dinamarquecircs Bjorn Lomborg considera a

questatildeo ambiental muito importante mas dependendo da regiatildeo ou naccedilatildeo existem outras

prioridades O autor do livro O ambientalista ceacutetico37 tambeacutem critica por exemplo os custos

estimados da implementaccedilatildeo do Protocolo de Kyoto que poderiam resolver muitas das 37 Para um maior aprofundamento ler LOMBORG Bjorn O ambientalista ceacutetico [Sl] Ed Campus 2002 576p

74

necessidades elementares dos habitantes dos paiacuteses subdesenvolvidos Em entrevista agrave BBC

Brasil em 2002 diz que O problema eacute que existem questotildees mais urgentes Os paiacuteses em desenvolvimento precisam deixar claro que enquanto muitos dos seus cidadatildeos natildeo souberem se vatildeo ter uma proacutexima refeiccedilatildeo eles natildeo vatildeo se importar tanto com o que vai acontecer com o ambiente em cinquumlenta ou cem anos [] Eacute preciso entender que quando organizaccedilotildees ambientalistas do Primeiro Mundo apontam problemas no ambiente isso pode ser correto em seus paiacuteses mas natildeo necessariamente nos paiacuteses em desenvolvimento38

Assim uma das conclusotildees do cientista eacute que o problema do meio ambiente eacute a

pobreza Na mesma entrevista agrave BBC Brasil Lomborg diz que ldquoa longo prazo sim haacute bons

motivos para se pensar que o Brasil vai ficar mais rico e vai atingir um ponto em que a

populaccedilatildeo vai se importar de verdade com o meio ambienterdquo

Dessa forma o autor cita que eacute sempre mais faacutecil explorar a natureza hoje e deixar

para pagar por isso mais tarde o que foi feito nos paiacuteses ricos que agora se preocupam bastante

com a questatildeo ambiental

Uma outra questatildeo defendida por Lomborg uma das mais polecircmicas de seus livros e

artigos39 eacute a existecircncia de certo exagero na divulgaccedilatildeo dos danos ao meio ambiente

principalmente para aumentar a audiecircncia e chamar mais a atenccedilatildeo do puacuteblico Ele tambeacutem

relata que muitas vezes as boas notiacutecias sobre os avanccedilos do ambientalismo satildeo omitidas Isso

levou alguns cientistas verdes como Stephen Schneider reagirem agraves grandes vendas do livro de

Lomborg Schneider publicou um texto na revista Scientific American em janeiro de 2002 que

aleacutem de questionar a veracidade das estatiacutesticas do autor defende a miacutedia Natildeo somos apenas cientistas mas seres humanos tambeacutem E como a maioria das pessoas gostariacuteamos que o mundo fosse um lugar melhor Para fazer isso precisamos de um suporte mais amplo capturar a imaginaccedilatildeo do puacuteblico Claro que isso significa conseguir muito apoio da miacutedia Por isso temos que oferecer cenaacuterios assustadores fazer afirmaccedilotildees simplistas e dramaacuteticas e fazer pouca menccedilatildeo das duacutevidas que possamos ter Cada um de noacutes tem que decidir qual eacute o equiliacutebrio correto entre ser efetivo e ser honesto

Indiscutivelmente precisamos entender que a questatildeo ambiental eacute de grande

importacircncia Independente se os dados estatiacutesticos satildeo esses ou aqueles ateacute porque ningueacutem eacute

capaz de avaliar com exatidatildeo todas as mudanccedilas que vecircm ocorrendo nem os perigos concretos

que elas podem causar (DASMANN 1976) a preservaccedilatildeo ambiental eacute extremamente necessaacuteria

em todas as atividades humanas As intensidades que devem ser diferentes Tanto nas atividades

quanto de acordo com as regiotildees cidades e paiacuteses

38 Entrevista dada agrave BBC-Brasil em setembro de 2002 39 Os artigos ldquoLutar contra aquecimento eacute jogar dinheiro forardquo ldquoReservas naturais o fim natildeo estaacute proacuteximordquo e ldquoVisatildeo apocaliacuteptica oculta progresso humanordquo foram publicados em O Estado de Satildeo Paulo em 19 20 e 21082001 respectivamente

75

Sempre que se degrada o meio ambiente em 1

a pobreza aumenta em 026 PNUMA

3131 Pobreza x Meio ambiente Apesar das taxas de crescimento variarem consideravelmente de uma regiatildeo para outra e de uma cidade para outra na atualidade ocorre um crescimento mais acentuado em regiotildees mais pobres e nas que estatildeo atravessando um processo raacutepido de crescimento econocircmico Estas muitas vezes natildeo possuem infra-estrutura suficiente para absorver o crescimento populacional e resolver os problemas da expansatildeo descontrolada que se soma aos jaacute existentes Cada situaccedilatildeo tem suas proacuteprias e distintas implicaccedilotildees para o meio ambiente urbano (ROSETTO 2003 p 45)

FIGURA 17 ndash Crianccedilas separando resiacuteduos em um aterro sanitaacuterio Fonte PNUMA 2004 p 9

Estima-se que um quarto da populaccedilatildeo urbana viva abaixo da linha de pobreza A

pobreza eacute um dos principais agentes da degradaccedilatildeo ambiental urbana e estas duas questotildees

estatildeo sempre se influenciando A pobreza atrapalha muito o desenvolvimento de poliacuteticas e

investimentos ambientais mais rigorosos assim como condiccedilotildees ambientais adversas e escassez

de recursos normalmente afetam mais a populaccedilatildeo carente Na verdade a problemaacutetica ambiental

prejudica a todos mas as populaccedilotildees mais carentes principalmente em aacutereas urbanas satildeo as

mais vulneraacuteveis Num mundo de desigualdades nem o direito ao meio ambiente saudaacutevel eacute assegurado de forma efetiva a todos os cidadatildeos Mais uma vez aqueles que usufruem de melhor situaccedilatildeo econocircmica dispotildeem de saneamento baacutesico abastecimento de aacutegua potaacutevel de energia eleacutetrica e de acesso agrave sauacutede educaccedilatildeo e condiccedilotildees de moradia adequados (OLIVEIRA 2006 p 10)

76

FIGURA 18 ndash Moradias irregulares na cidade Fonte PNUMA 2004 p 9

Alguns dizem que a grande responsaacutevel pela destruiccedilatildeo do meio ambiente eacute a

necessidade de moradia da populaccedilatildeo de todas as classes sociais jaacute que natildeo eacute possiacutevel decretar

o fim da natalidade ou o acesso das pessoas agrave cidade E assim o impacto ambiental referente agrave

soluccedilatildeo de suprir a grande carecircncia de moradias nos grandes centros urbanos eacute irreversiacutevel

(PINHEIRO 2002)

Os paiacuteses pobres defendem suas necessidades de superaccedilatildeo da crise social e de

desenvolvimento como uma preocupaccedilatildeo mais relevante que a preservaccedilatildeo ambiental enquanto

os paiacuteses ricos costumam priorizar a manutenccedilatildeo de seus niacuteveis de crescimento econocircmico e

padrotildees de consumo E assim os paiacuteses pobres responsabilizam os ricos pela maior parte da

degradaccedilatildeo mundial promovida por um modelo predatoacuterio de crescimento e consumo e

transferem para eles a obrigaccedilatildeo de investimentos necessaacuterios agrave sustentabilidade Em

contrapartida os paiacuteses ricos vecircem o crescimento populacional e a poluiccedilatildeo gerada pela pobreza

como as causas principais do problema

A populaccedilatildeo mais pobre estaacute diretamente ligada aos seus meios de subsistecircncia e os

mais ricos podem se dar ao luxo de priorizar a sustentabilidade ambiental Poreacutem o que a

populaccedilatildeo mais pobre almeja eacute basicamente uma melhor qualidade de vida Haacute entatildeo a

necessidade de evoluir para a praacutetica de uma subsistecircncia sustentaacutevel permitindo diaacutelogo entre o

crescimento a subsistecircncia e o meio ambiente (OLIVEIRA 2006)

Assim natildeo se deve destacar e priorizar nenhuma dessas duas problemaacuteticas pobreza

e meio ambiente e sim uni-las para serem resolvidas simultaneamente O diaacutelogo dessas duas

grandes questotildees depende muito da criatividade de acordo com Barros40 (citado por SANTOS

2005 p 13) ldquoo desenvolvimento sustentaacutevel elege como seu recurso baacutesico a iniciativa criativa

40 BARROS Marlene P B Aprendizagem ambiental uma abordagem para a sustentabilidade 2002 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2002

77

das pessoas e como objetivo fundamental o seu bem-estar material e espiritual Em comunidades

que funcionam bem mesmo quando haacute pobreza haacute tambeacutem estrateacutegias engenhosas de

sobrevivecircnciardquo

Um dos maiores desafios eacute equilibrar a questatildeo social com a ambiental Daiacute a

utilizaccedilatildeo do temido termo sustentabilidade que juntamente com a dimensatildeo cultural e

econocircmica tenta contemplar de forma equilibrada todas essas dimensotildees para melhorar as

condiccedilotildees e qualidade de vida de todos os povos minimizando o uso de recursos naturais e

causando um miacutenimo de distuacuterbios ao ecossistema (MONTIBELLER-FILHO 2001 p 54)

A educaccedilatildeo ambiental deveria ser vista como

uma questatildeo inerente ao exerciacutecio da cidadania CIMA

32 Educaccedilatildeo Ambiental (EA)

[] propostas de Educaccedilatildeo Ambiental pretendem aproximar a realidade ambiental das pessoas conseguir que elas passem a perceber o ambiente como algo proacuteximo e importante em suas vidas eacute verificar ainda que cada um tem um importante papel a cumprir na preservaccedilatildeo e transformaccedilatildeo do ambiente em que vivem (MEDINA41 citado por PINHEIRO 2002 p 128)

A expressatildeo Educaccedilatildeo Ambiental foi usada em 1965 na Conferecircncia de Educaccedilatildeo

realizada na Universidade de Keele na Inglaterra com a recomendaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo

ambiental deveria se tornar uma parte essencial da Educaccedilatildeo de todos os cidadatildeos Foi apenas o

ponto inicial deste movimento

Na Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo em

1972 dois importantes fatos aconteceram a criaccedilatildeo do Programa das Naccedilotildees Unidas para o Meio

Ambiente ndash PNUMA com sede em Nairobi capital do Quecircnia e a recomendaccedilatildeo para que se

criasse o Programa Internacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash PIEA Em 1975 65 paiacuteses se

reuniram em Belgrado (ex-Iugoslaacutevia atual Seacutervia) para formular os princiacutepios orientadores do

PIEA

O grande marco da educaccedilatildeo ambiental ocorreu em 1977 na cidade de Tbilise (antiga

URSS) na primeira Conferecircncia Intergovernamental sobre Educaccedilatildeo Ambiental realizada pela

parceria UNESCO e PNUMA Ali foi finalizada a primeira fase do Programa Internacional de

Educaccedilatildeo Ambiental cujos princiacutepios e definiccedilotildees servem como base e referecircncia para a

moderna educaccedilatildeo ambiental (DUSI 2006)

41 MEDINA Nana Os desafios da formaccedilatildeo de formadores para a educaccedilatildeo ambiental In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 9-27

78

A educaccedilatildeo ambiental eacute um processo em que se busca despertar a preocupaccedilatildeo

individual e coletiva para a questatildeo ambiental possibilitando o acesso a conhecimentos e

habilidades bem como a formaccedilatildeo de atitudes e desenvolvimento de uma consciecircncia criacutetica que

se transformam em praacuteticas de cidadania estimulando o enfrentamento das questotildees ambientais

e sociais para garantir uma sociedade mais sustentaacutevel (MOUSINHO 2003 PINHEIRO 2002)

A educaccedilatildeo ambiental encontra-se na Constituiccedilatildeo como incumbecircncia do poder

puacuteblico juntamente com a conscientizaccedilatildeo social para a defesa do meio ambiente Leis federais

decretos constituiccedilotildees estaduais leis municipais e normas abrigam dispositivos que determinam

a obrigatoriedade da educaccedilatildeo ambiental mas a efetividade desses mecanismos topa com

problemas estruturais e carecircncia da educaccedilatildeo formal no paiacutes (CIMA 1991)

A partir de 1975 comeccedilaram a surgir no paiacutes os primeiros projetos de educaccedilatildeo

ambiental mas ainda nas escolas fundamentais e somente mais tarde nos ciclos universitaacuterios

de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo Esse processo pode ter sido lento devido agrave falta de qualificaccedilatildeo

do corpo docente daiacute a adoccedilatildeo de programas de treinamento em escala ainda em andamento

Para que a educaccedilatildeo ambiental possa introduzir o caraacuteter transdisciplinar imposto

pela problemaacutetica ambiental eacute necessaacuteria a construccedilatildeo de novas metodologias capazes de

superar os obstaacuteculos da utilizaccedilatildeo sustentaacutevel do meio Dessa forma eacute preciso que o ensino

universitaacuterio tambeacutem incorpore a educaccedilatildeo ambiental em cada aacuterea de conhecimento com um

determinado foco Assim o curso de arquitetura e urbanismo deve oferecer em sua base teoacuterica

e praacutetica as diretrizes da educaccedilatildeo ambiental com o objetivo de introduzir ou aumentar a

consciecircncia ambiental dos estudantes A ecologia eacute um campo disciplinar de grande importacircncia tanto para o conhecimento como especiacutefico da formaccedilatildeo do arquiteto Visto como aquele que pensa e interfere no ambiente o profissional de arquitetura deve ter os subsiacutedios necessaacuterios que o permitam fazecirc-lo com a consciecircncia ecoloacutegica e de compreensatildeo do mundo que o cerca Questotildees amplas que envolvem a visatildeo da cidade como um ecossistema natildeo podem deixar de compor o quadro teoacuterico e referencial do arquiteto [] A compreensatildeo dos problemas ambientais do presente ao niacutevel da cidade ou planeta eacute fundamental para a base de formaccedilatildeo de um profissional consciente da importacircncia e consequumlecircncia do seu trabalho nas diversas escalas de atuaccedilatildeo (FARAH 2003 p 107-108)

O tratamento da questatildeo ambiental aleacutem de reduzir o meio ambiente somente agrave ideacuteia

de proteccedilatildeo da natureza tem sido tratado de forma geneacuterica e fragmentada e desvinculada da

praacutetica social concreta Por isso muitos autores como Capra (2003) defendem que ensinar o

saber ecoloacutegico deveria ser o papel mais importante da educaccedilatildeo do seacuteculo 21 sendo uma

preocupaccedilatildeo central da educaccedilatildeo em todos os niacuteveis tanto no ensino fundamental e meacutedio

quanto principalmente no ensino universitaacuterio

Infelizmente muitos projetos de educaccedilatildeo ambiental natildeo obtecircm resultados

satisfatoacuterios ou natildeo atingem os objetivos propostos Isso porque normalmente natildeo se direcionam

79

aos problemas reais de uma determinada comunidade ou regiatildeo ou entatildeo a maneira como o

projeto eacute desenvolvido natildeo estaacute de acordo com a realidade e interesses da populaccedilatildeo em questatildeo

Eacute imprescindiacutevel que se conheccedila o puacuteblico alvo para ser possiacutevel definir e implementar um

projeto de educaccedilatildeo ambiental Eacute necessaacuterio investigar sobre a populaccedilatildeo seus interesses e

valores suas caracteriacutesticas soacutecio-econocircmicas e educacionais seu conhecimento e niacutevel de

informaccedilatildeo sobre a problemaacutetica ambiental e interpretaccedilatildeo verificados atraveacutes de estudo de

percepccedilatildeo ambiental e as caracteriacutesticas ambientais da aacuterea que habitam

Dessa forma o primeiro passo para dar iniacutecio a um projeto de educaccedilatildeo ambiental eacute

conhecer o perfil do grupo onde ele seraacute instituiacutedo diagnosticando as caracteriacutesticas da

populaccedilatildeo suas necessidades interesses valores e maneira que enxergam o ambiente (SANTOS

2005)

A educaccedilatildeo eacute o agente principal da transformaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel

aumentando a capacidade das pessoas para transformar as suas visotildees para a sociedade numa realidade

UNESCO

33 Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel (EDS) ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade

O termo EDS nasceu da Agenda 21 do capiacutetulo 36 na Conferecircncia Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 Neste capiacutetulo da declaraccedilatildeo

final da Conferecircncia todos os paiacuteses presentes assumiram que a educaccedilatildeo o treinamento e a

conscientizaccedilatildeo do puacuteblico satildeo chaves no alcance do Desenvolvimento Sustentaacutevel e

comprometeram-se a desenvolver e implementar uma estrateacutegia de educaccedilatildeo para o

Desenvolvimento Sustentaacutevel ateacute 2002 (PAAS 2004)

Em 2002 na Cuacutepula Mundial para o Desenvolvimento Sustentaacutevel verificando-se

que pouco havia sido feito para cumprir esse compromisso a importacircncia da educaccedilatildeo para o

desenvolvimento sustentaacutevel foi reafirmada como um investimento para o futuro no seu Plano de

Implementaccedilatildeo de Johanesburgo (JPOI) Para agilizar este processo a JPOI recomendou a

implementaccedilatildeo de uma ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo onde cada

paiacutes independente do seu niacutevel de desenvolvimento teraacute de renovar seus esforccedilos para

completar e implantar seus planos de EDS (PAAS 2004)

O periacuteodo de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 foi decretado pela ONU como a

ldquoDeacutecada da Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo Para desenvolver estrateacutegias

inovadoras para a Educaccedilatildeo do Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash EDS e realizar os objetivos dessa

deacutecada a UNESCO convocou governos educadores e pesquisadores do mundo inteiro para

80

refletir e formular caminhos efetivos neste sentido requerendo propostas e estudos acadecircmicos

(PAAS 2004)

A EDS representa um esforccedilo internacional massivo e talvez um dos maiores na

histoacuteria do mundo que tem como plano efetivar mudanccedilas importantes nas praacuteticas no conteuacutedo

e tambeacutem no proacuteprio conceito da educaccedilatildeo em um periacuteodo de tempo relativamente curto

A intenccedilatildeo eacute reeducar os professores e a populaccedilatildeo em geral mas principalmente

uma mudanccedila no sistema educacional transformando as teacutecnicas tecnologias e conteuacutedos

normalmente utilizados para se encaixarem nessa nova visatildeo de desenvolvimento Assim a EDS

busca mudanccedilas de atitudes e comportamentos principalmente individuais em detrimento de

mudanccedilas que envolvem somente processos poliacuteticos e econocircmicos (PAAS 2004)

Muitos autores que analisam a proposta de uma Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento

Sustentaacutevel ou para a Sustentabilidade concordam que ela surgiu como uma tentativa de superar

alguns problemas apresentados pela educaccedilatildeo ambiental praticada nas escolas de diversos paiacuteses

A EDS deve ser entendida como uma soluccedilatildeo para aplicar essa nova perspectiva de

desenvolvimento baseada nos valores de sustentabilidade Pois natildeo eacute suficiente apenas corrigir

os problemas de uma sociedade insustentaacutevel eacute preciso enxergar como encontrar a chave de todo

o problema E a educaccedilatildeo eacute a chave para se criar um futuro mais sustentaacutevel pois eacute atraveacutes dela

que eacute possiacutevel alterar atitudes e comportamentos

A definiccedilatildeo atual mais especiacutefica vem da UNESCO DEDS42 (citada por PAAS

2004 p 66) [A EDS eacute] uma visatildeo que ajuda as pessoas de todas as idades a entender melhor o mundo no qual vivem que aborda a complexidade dos problemas como a pobreza o consumo irresponsaacutevel a degradaccedilatildeo ambiental a deterioraccedilatildeo urbana o crescimento da populaccedilatildeo a doenccedila o conflito e a violaccedilatildeo de direitos humanos que ameaccedilam o nosso futuro Esta visatildeo enfatiza uma abordagem holiacutestica e interdisciplinar para desenvolver o conhecimento e as habilidades necessaacuterias para um futuro sustentaacutevel e tambeacutem as mudanccedilas em valores comportamento e estilos de vida

Pode-se entender melhor o espiacuterito da EDS examinando suas bases que foram

definidas ao longo das uacuteltimas trecircs deacutecadas em conjunto com o conceito do Desenvolvimento

Sustentaacutevel Durante este periacuteodo os proponentes mais fortes para educaccedilatildeo voltada a

sustentabilidade vieram da aacuterea de educaccedilatildeo ambiental Assim a EDS eacute entendida por muitos

como sinocircnimo de educaccedilatildeo ambiental inclusive pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo do Brasil Poreacutem

diversas pessoas e organizaccedilotildees defendem que a EDS eacute uma extensatildeo da educaccedilatildeo ambiental

com maior foco nas questotildees poliacuteticas e sociais Esta visatildeo eacute promovida pela World

Conservation Union e pela UNESCO que entendem a EDS como uma praacutetica com bases em

42 UNESCO DEDS - Decade of Education for Sustainable Development Framework for a draft international implementation scheme[Sl] UNESCO 2003

81

diversas disciplinas natildeo somente nas ciecircncias ambientais mas tambeacutem em educaccedilatildeo para o

desenvolvimento a paz e a cidadania global (PAAS 2004)

Embora no Brasil a EDS natildeo esteja estruturada como uma linha especiacutefica de

Educaccedilatildeo Ambiental a expressatildeo eacute bastante utilizada Durante a apresentaccedilatildeo da UNESCO nas

Jornadas ASPEA uma educadora francesa declarou que como ainda existe a indefiniccedilatildeo do

termo Desenvolvimento Sustentaacutevel (DS) esta deacutecada tambeacutem serviria para definirmos melhor

o que seja DS sem reconhecer os riscos e armadilhas presentes em orientar a educaccedilatildeo para algo

sem definiccedilatildeo

Por um certo ponto de vista a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade parece possuir uma

abordagem educacional que limita ao inveacutes de ampliar a visatildeo do aluno Pode ser entendida

como uma educaccedilatildeo para algo e natildeo uma educaccedilatildeo geral capacitando o aluno a debater e

entender sobre o todo Por outro lado a Educaccedilatildeo para a Sustentabilidade nada mais eacute que

abordar todas as dimensotildees do discurso econocircmica social ambiental e cultural e assim natildeo

deixa de ensinar sobre o todo

Em seguida veremos se e como essas questotildees tecircm sido abordadas na evoluccedilatildeo do

ensino de arquitetura no Brasil

Eacute sinal de arrogacircncia superestimar o impacto

do homem na devastaccedilatildeo do planeta tecnologia e ciecircncia satildeo capazes de destruiccedilatildeo []

O patrimocircnio ambiental e o cultural natildeo satildeo eternos [] importa manter condiccedilotildees de salubridade limpeza

beleza aleacutem da sustentabilidade [] Aiacute se encontra a tarefa do [] arquiteto []

Mauriacutecio Andreacutes Ribeiro

34 Ensino de arquitetura breve histoacuterico

A profissatildeo de arquiteto eacute conhecida desde a Antiguidade nas civilizaccedilotildees egiacutepcia

grega e romana Origina-se do grego Arkhitekton que significa ldquomestre-construtorrdquo e ao longo

do tempo o termo arquiteto veio sendo utilizado para se referir ao profissional que concebe e

conduz as obras monumentais Mas a formaccedilatildeo do arquiteto em relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

escolarizada existe somente haacute trecircs seacuteculos A criaccedilatildeo da Academie Royale dacuteArchitecture em

1671 na Franccedila iniciou a institucionalizaccedilatildeo do ensino de arquitetura pois ateacute entatildeo o

conhecimento teacutecnico era passado de mestre a aprendiz (LEITE 1998)

No Brasil natildeo havia ensino superior ateacute a chegada da Famiacutelia Real em 1808 quando

criaram-se os primeiros estabelecimentos isolados puacuteblicos com os cursos profissionais de

Medicina Engenharia Artes e Direito

82

POLITEacuteCNICA Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificaccedilatildeo e Desenho criada em

1792 foi transformada em Academia Militar Em 1858 passa a chamar-se Academia Central e em

1874 tem mudanccedila de nome para Escola Politeacutecnica do Rio de Janeiro inspirada na Eacutecole

Polytechnique de Paris

BELAS ARTES Em 1800 foi tambeacutem criada a aula praacutetica de desenho e figura na cidade do

Rio de Janeiro Foi a primeira medida concreta para a difusatildeo da arte O sistema de ensino teve

tambeacutem origem francesa na Academie Royale dacuteArchitecture Em 1816 foi criada a Escola Real

de Ciecircncias Artes e Ofiacutecios que implementou no Brasil a educaccedilatildeo artiacutestica oficialmente

formalizando o ensino da Beaux Arts A instalaccedilatildeo da Academia Imperial das Belas Artes se deu

em definitivo em 1826 quando finalmente comeccedilou a ser ensinada a arquitetura mas natildeo como

curso exclusivo para esta aacuterea mas somente enquanto belas artes Mesmo assim muitos de seus

alunos formados foram responsaacuteveis pelos principais projetos de arquitetura dessa eacutepoca Em

1890 a Academia Imperial das Belas Artes transformou-se na Escola Nacional de Belas Artes

ENBA um siacutembolo do ensino de arquitetura de caraacuteter Beaux Arts o modelo institucional ateacute a

deacutecada de 1930

A reforma de Carlos Maximiliano em 1915 autorizou o governo a reunir as escolas

existentes no Rio de Janeiro em universidades Dessa forma em 1920 surgiu a primeira

universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro agregando trecircs faculdades jaacute

existentes Direito Medicina e a Politeacutecnica que mais tarde passou a ser chamada Universidade

do Brasil hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro

Em 1920 foi criada a Universidade de Minas Gerais a primeira universidade que de

fato mereceu este nome de acordo com Fernando de Azevedo Ao final da deacutecada de 1920 o

ensino de arquitetura ainda era constituiacutedo dos dois modelos distintos Polytechnique adotado

pela escola Politeacutecnica de Satildeo Paulo que formava engenheiros-arquitetos e apresentava caraacuteter

tecnicista e o modelo das Beaux Arts com instituiccedilatildeo original na Escola Nacional de Belas

Artes ENBA no Rio de Janeiro que apresentava caraacuteter artiacutestico e humanista formando e

designando arquitetos E jaacute em suas origens o ensino de Arquitetura apresentava um caraacuteter

artiacutestico em detrimento ao caraacuteter teacutecnico sem muita integraccedilatildeo entre ambos

Somente em 1930 foi criada a primeira escola de arquitetura no paiacutes autocircnoma em

relaccedilatildeo agraves escolas de Belas Artes e de Engenharia a Escola de Arquitetura de Belo Horizonte

cujo ensino apresentava disciplinas teacutecnicas ou da engenharia e artiacutesticas ou das Belas Artes

Embora essa escola fosse independente dos dois modelos e apresentasse disciplinas de ambos a

integraccedilatildeo das disciplinas teacutecnicas com as artiacutesticas continuava sendo complicada de acordo

com relatos dos estudantes

83

A Escola de Arquitetura de Belo Horizonte foi incorporada agrave Universidade de Minas

Gerais em 1946 e trecircs anos depois a UMG transformou-se em instituiccedilatildeo federal passando a

chamar-se Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (SOARES 2005)

Em 1945 foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura FNA da Universidade do

Brasil UNB no Rio de Janeiro futura Universidade Federal do Rio de Janeiro que significou

um avanccedilo no processo de emancipaccedilatildeo da arquitetura do caraacuteter das Beaux Arts (SOARES

2005)

Em 1960 foi inaugurada a nova capital federal Brasiacutelia Esse acontecimento deu ao

movimento moderno na arquitetura um destaque que seria fundamental na constituiccedilatildeo do novo

ensino de arquitetura e urbanismo Um ano depois foi criada a Universidade de Brasiacutelia UnB a

primeira universidade do paiacutes que natildeo aconteceu a partir da agregaccedilatildeo de faculdades jaacute

existentes e isso permitiu que fossem feitas experiecircncias na sua estrutura organizacional e

didaacutetica pelos seus fundadores Aniacutesio Teixeira e Darcy Ribeiro que foram fundamentais para o

novo modelo universitaacuterio (SOARES 2005)

Esses fatos foram decisivos para dar a partida a quase uma deacutecada de campanha pela

reforma universitaacuteria em niacutevel nacional a fim de contemplar as novas demandas da sociedade

brasileira

341 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e

Urbanismo

Ateacute o ano de 1961 procurou-se unificar o ensino sendo considerado como modelo o

da Universidade do Brasil UNB futura UFRJ Isso criou condiccedilotildees para se estabelecer um

padratildeo de ensino superior no paiacutes inteiro aleacutem de compensar a frustrada tentativa de uma uacutenica

universidade Iniciava-se aiacute o periacuteodo do curriacuteculo padratildeo da Universidade do Brasil

Em 1961 foram outorgadas as primeiras Leis de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional 1a LDBEN Ela concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educaccedilatildeo

com poder para autorizar e fiscalizar novos cursos de graduaccedilatildeo e deliberar sobre o curriacuteculo

miacutenimo de cada curso superior fortalecendo a centralizaccedilatildeo do sistema de educaccedilatildeo superior A

1a LDBEN foi o primeiro grande passo para a discussatildeo da grande reforma que se concretizaria

em 1969

Com a UnB Universidade de Brasiacutelia e a gradual implementaccedilatildeo de um novo

modelo acadecircmico aos moldes do sistema norte-americano observou-se um progressivo

desmantelamento do sistema de caacutetedra passando a ser substituiacutedo na UnB pelos departamentos

aleacutem da adoccedilatildeo do curriacuteculo miacutenimo rompendo com o antigo modelo curricular da antiga UNB

no Rio de Janeiro (SOARES 2005)

84

O novo curriacuteculo miacutenimo para os cursos de arquitetura foi homologado a partir do

parecer nordm 384 de 1969 do Conselho Federal de Educaccedilatildeo e apresentava como principal

diferenccedila ao curriacuteculo ateacute entatildeo em andamento a separaccedilatildeo do curriacuteculo com dois tipos de

mateacuteria as baacutesicas ou fundamentais e as profissionais As mateacuterias nada mais eram que

conteuacutedos essenciais que garantem a uniformidade baacutesica para os cursos de graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

Em dezembro de 1994 o entatildeo ministro Murilo Hingel assinou a Portaria 1770

estabelecendo as Diretrizes Curriculares e o Conteuacutedo Miacutenimo para os 72 cursos de arquitetura e

urbanismo no Brasil na eacutepoca Foram 25 anos para superar e avanccedilar em relaccedilatildeo ao Curriacuteculo

Miacutenimo de 1969 As modificaccedilotildees foram grandes novidades eram introduzidas tais como

Disciplina de Conforto Ambiental e Informaacutetica e experiecircncias bem sucedidas praticadas apenas

em alguns cursos foram consolidadas como padratildeo nacional como por exemplo o Trabalho

Final de Graduaccedilatildeo (ABEA 2005)

Eacute interessante comparar as mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 com as de 1994

que sofreram mais alteraccedilotildees que as de 2006 (QUADRO 1)

85

QUADRO 1 Comparaccedilatildeo entre mateacuterias do curriacuteculo miacutenimo de 1969 e de 1994

CURRIacuteCULO DE 1969 CURRIacuteCULO DE 1994

MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO MATEacuteRIAS DE FUNDAMENTACcedilAtildeO

Esteacutetica Histoacuteria das Artes e da arquitetura Esteacutetica Histoacuteria das Artes

Matemaacutetica

Fiacutesica

Estudos Sociais Estudos Sociais e Ambientais

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

Plaacutestica

Desenho e meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS MATEacuteRIAS PROFISSIONAIS

Teoria da Arquitetura Arquitetura brasileira Histoacuteria e Teoria da Arquitetura e Urbanismo

Resistecircncia dos materiais e estabilidade das

construccedilotildees

Materiais de construccedilatildeo detalhes e teacutecnicas de

construccedilatildeo

Instalaccedilotildees e equipamentos

Higiene da habitaccedilatildeo

Tecnologia da Construccedilatildeo

Sistemas estruturais Sistemas Estruturais

Planejamento Arquitetocircnico Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de

Paisagismo

Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo

Planejamento Urbano e Regional

Conforto Ambiental

Topografia

Teacutecnicas Retrospectivas

TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO

Fonte Elaborado pela autora com base em CEAU 1994

As mateacuterias Matemaacutetica e Fiacutesica passam a ter seus conteuacutedos inseridos em outras

disciplinas Os Estudos Sociais tiveram o aspecto ambiental incorporado os Estudos Sociais e

Ambientais objetivam analisar o desenvolvimento econocircmico social e poliacutetico do Paiacutes nos

aspectos vinculados agrave Arquitetura e Urbanismo e despertar a atenccedilatildeo criacutetica para as questotildees

ambientais Na Tecnologia da Construccedilatildeo foram incluiacutedos os estudos relativos aos materiais e

teacutecnicas construtivas instalaccedilotildees e equipamentos prediais e a infra-estrutura urbana Ao

Planejamento arquitetocircnico foram acrescentados o urbanismo e paisagismo Em Conforto

Ambiental estaacute compreendido o estudo das condiccedilotildees teacutermicas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas

86

e os fenocircmenos fiacutesicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da

organizaccedilatildeo do espaccedilo A mateacuteria Topografia consiste no estudo da topografia propriamente dita

com o uso de recursos de aerofotogrametria topologia e foto-interpretaccedilatildeo aplicados agrave

arquitetura e urbanismo O Planejamento Urbano e Regional constitui a atividade de estudos

anaacutelises e intervenccedilotildees no espaccedilo urbano metropolitano e regional Houve a inserccedilatildeo do

Trabalho Final de Graduaccedilatildeo como disciplina obrigatoacuteria

Como vimos no quadro acima as alteraccedilotildees nas mateacuterias dos uacuteltimos curriacuteculos

miacutenimos relacionadas agrave questatildeo ambiental foram Estudos Sociais e Ambientais e Conforto

Ambiental De acordo com as primeiras anaacutelises vem sendo observado que essas mateacuterias natildeo

tecircm sido integradas agraves vaacuterias disciplinas apenas desenvolvidas isoladamente Na arquitetura natildeo apenas se estuda o ambiente mas projeta-se o ambiente construiacutedo os ecossistemas urbanos nos quais vive a maior parte da populaccedilatildeo Durante longo tempo a educaccedilatildeo em arquitetura inspirou-se em padrotildees de outras sociedades e ambientes produzindo como resultado e construccedilotildees pouco funcionais [] disciplinas como a de Conforto Ambiental incorporam os valores da arquitetura bioclimaacutetica e propotildeem que se projete com o clima e com os recursos e materiais locais mas ensinavam ateacute recentemente apenas a dimensionar equipamentos mecacircnicos de ar condicionado (RIBEIRO 1998 p 292)

Percebe-se que as diretrizes curriculares de 1994 tambeacutem natildeo retrataram com a

importacircncia devida esse assunto e muito menos abordando a sustentabilidade Poreacutem na

proposta de Diretrizes Curriculares datada de 1999 que resultou nas Diretrizes Curriculares de

2006 podem-se observar diversos pontos que estatildeo estreitamente vinculados com a intenccedilatildeo

deste trabalho (ver ANEXO)

As novas Diretrizes citam que o ensino de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo

tecircm por objetivo a capacitaccedilatildeo profissional em habilitaccedilatildeo uacutenica e eacute ministrado em observacircncia

dos princiacutepios da qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade

material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade o uso da tecnologia em respeito agraves

necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades o equiliacutebrio ecoloacutegico e

o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo e a valorizaccedilatildeo e preservaccedilatildeo

da arquitetura do urbanismo e da paisagem como patrimocircnio e responsabilidade coletiva

Outro fator muito interessante na nova resoluccedilatildeo eacute a exigecircncia que a instituiccedilatildeo forme

profissionais que compreendam e traduzam as necessidades dos indiviacuteduos e comunidades mas

abrangendo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos

disponiacuteveis

Aleacutem disso a educaccedilatildeo do arquiteto e urbanista deve garantir uma estreita relaccedilatildeo

entre teoria e praacutetica e dotar o profissional de conhecimentos e habilidades requeridos para o

exerciacutecio profissional tais como a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de

87

preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio

ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas

lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas as habilidades

necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar

construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de

especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais

econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios entre outras

Em relaccedilatildeo agraves mateacuterias essenciais nas uacuteltimas Diretrizes ocorreu apenas uma

mudanccedila nas mateacuterias de fundamentaccedilatildeo Estudos Sociais e Ambientais satildeo dissolvidos e

divididos em Estudos Sociais e Econocircmicos e Estudos Ambientais

Percebe-se que ao longo de todos esses anos o curriacuteculo miacutenimo tem sofrido

alteraccedilotildees com o objetivo de maior adaptaccedilatildeo aos tempos atuais Um exemplo disso eacute a inclusatildeo

no curriacuteculo miacutenimo de 1994 da mateacuteria Informaacutetica aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo fato

esse inevitaacutevel e que seria mais cedo ou mais tarde implantado e obrigatoacuterio em todos os cursos

de arquitetura Apesar dessas mudanccedilas no ensino de arquitetura pouco se avanccedilou na vertente

ambiental Satildeo necessaacuterias novas transformaccedilotildees e atualizaccedilotildees no curriacuteculo miacutenimo e

principalmente na praacutetica e na teacutecnica assim como nas discussotildees teoacutericas De acordo com

Ribeiro (1998 p54) A arquitetura e o urbanismo deveratildeo se nortear conscientes da crise ecoloacutegica climaacutetica e energeacutetica bem como das potencialidades oferecidas pelas novas tecnologias de informaccedilatildeo pelos edifiacutecios e cidades inteligentes e que conservam energia ajudando a preservar os recursos naturais [] A praacutetica e o ensino de arquitetura deveratildeo ser transformados incorporando com ecircnfase cada vez maior esses aspectos

A seguir seraacute descrita uma sucinta pesquisa em algumas universidades dentro de

alguns cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil tanto na graduaccedilatildeo quanto na poacutes-graduaccedilatildeo

extensatildeo e pesquisa com o objetivo de ilustrar como tem sido pensada a contribuiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo dos estudantes brasileiros visando um desempenho mais sustentaacutevel da arquitetura e

como as exigecircncias das novas Diretrizes Curriculares tecircm sido colocadas em praacutetica Essa

pesquisa sucinta natildeo tem caraacuteter sistemaacutetico nem pretende cobrir o universo do ensino da

arquitetura e urbanismo no paiacutes A amostra de cursos e programas visa apenas colocar a questatildeo

em perspectiva para orientar as pesquisas que se seguiram dirigidas diretamente aos estudantes e

profissionais da arquitetura

88

342 Graduaccedilatildeo cursos de capacitaccedilatildeo projetos de extensatildeo e pesquisas

Foi feita uma breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras como ponto de partida para verificar o quanto se estaacute tratando e

discutindo as questotildees ambiental cultural e social no ensino de arquitetura Esta pesquisa foi

feita atraveacutes das paacuteginas na Internet das universidades e procurou-se diversificar a amostra por

regiotildees brasileiras Pesquisou-se a presenccedila de disciplinas isoladas sobre o tema obrigatoacuterias ou

optativas e tambeacutem a existecircncia deste assunto em questatildeo nos programas Tambeacutem se procurou

identificar projetos e pesquisas de extensatildeo bem como cursos de capacitaccedilatildeo especiacuteficos

voltados para a temaacutetica ambiental e de sustentabilidade Assim foram identificados alguns

cursos e programas onde as atenccedilotildees ao tema satildeo mais presentes

bull Atualmente no 5o periacuteodo do curso de arquitetura da UFRJ existe a disciplina Urbanismo e

Meio Ambiente - UMA Ementa Conceito de Meio Ambiente A evoluccedilatildeo do pensamento ecoloacutegico A criacutetica ecoloacutegica Meio ambiente e desenvolvimento ndash o desafio urbano a degradaccedilatildeo ambiental e a sustentabilidade Meio ambiente e planejamento A poliacutetica municipal de meio ambiente O Plano Diretor A qualidade ambiental nas cidades Meio ambiente e desenho urbano (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO -UFRJ [200-])

Essa disciplina que anteriormente era optativa foi inserida no curriacuteculo da

FAUUFRJ como obrigatoacuteria a partir de 1997 O professor Luiz Manoel Cavalcanti Gazzaneo

defende que os alunos tecircm o primeiro contato com a apropriaccedilatildeo do espaccedilo urbano e adquirem

conhecimentos sobre meio ambiente aleacutem de noccedilotildees geneacutericas sobre urbanismo A metodologia

adotada abrange um trabalho praacutetico em equipe de pesquisa de uma aacuterea (um bairro) conhecida

pelos alunos A disciplina se divide neste trabalho praacutetico na apresentaccedilatildeo ao aluno da

morfologia da cidade do Rio de Janeiro de informaccedilotildees geneacutericas sobre o meio ambiente e sobre

a estruturaccedilatildeo do espaccedilo urbano Para o professor de uma maneira geral o resultado tem

apresentado resultados positivos principalmente no despertar do alunato agrave pesquisa

(GAZZANEO 1998)

Apesar de atualmente essa disciplina ser obrigatoacuteria tanto por opiniatildeo particular (pois

cursei esta disciplina em 1998) quanto de outros estudantes e arquitetos formados na UFRJ

parece natildeo ser suficiente colaborando apenas com o interesse em pesquisa sendo superficial e

sem integraccedilatildeo agraves outras mateacuterias

Outra disciplina optativa que trata do tema no curso de arquitetura da FAUUFRJ eacute

Arquitetura e Sustentabilidade do Departamento de Histoacuteria e Teoria Ementa O conceito de desenvolvimento sustentaacutevel e sua relaccedilatildeo com a arquitetura A sustentabilidade no ambiente construiacutedo e as consequumlecircncias para a linguagem arquitetocircnica O belo nos dias de hoje a provaacutevel esteacutetica do sustentaacutevel Arquitetura vernacular (UFRJ [200-])

89

No geral eacute interessante ressaltar como o faz o professor Paulo Afonso Rheingantz

(2003 p 148) ldquoAs bases teoacutericas para a accedilatildeo educadora - formadora da FAU UFRJ deve

buscar incessantemente o aprimoramento das relaccedilotildees entre as suas diversas disciplinas que

devem estar voltadas para conceitos de sustentabilidade democracia e compromisso socialrdquo

Poreacutem ainda natildeo satildeo satisfatoacuterias nem as relaccedilotildees entre as disciplinas nem a inserccedilatildeo de um

discurso ambiental social e cultural nas mesmas

bull Na FAUUSP no departamento de Projeto haacute atualmente uma disciplina optativa Ambiente

Construiacutedo e Desenvolvimento Sustentaacutevel ndash Moradia Social Ementa A disciplina articula intervenccedilatildeo urbaniacutestica aos processos de gestatildeo da cidade visando melhoria da qualidade de vida urbana Daacute sequecircncia agrave parceria jaacute estabelecida com o Ministeacuterio Puacuteblico com objetivo de criar referecircncias e soluccedilotildees urbaniacutesticas adequadas para situaccedilotildees de irregularidade ou de conflito urbano onde interesses difusos da sociedade satildeo afetados Trabalha sobre casos concretos visando formular propostas e alternativas que propiciem qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social Organizando-se em parte teoacuterica e exerciacutecio praacutetico a disciplina discutiraacute conceitos de conflito urbano de inclusatildeo social e de desenvolvimento sustentaacutevel Trabalharaacute sobre um caso concreto de nuacutecleo residencial ilegal jaacute consolidado em Aacuterea de Proteccedilatildeo aos Mananciais Deveraacute elaborar soluccedilotildees paradigmaacuteticas que auxiliem a fixaccedilatildeo de padrotildees compatiacuteveis agrave demanda social (habitacional) e agrave questatildeo ambiental propiciando qualidade ambiental e soluccedilotildees de legalizaccedilatildeo e inclusatildeo social (UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - USP 2006)

bull O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade FUMEC em Belo Horizonte de

acordo com seus organizadores adota formaccedilatildeo voltada agraves questotildees sociais culturais ambientais e fundamentalmente eacuteticas para o desenvolvimento criacutetico de temas pertinentes agrave area natildeo prescindindo do debate sobre o valor esteacutetico Dentre eles destacam-se a concepccedilatildeo e a organizaccedilatildeo do espaccedilo - condensado no plano do edifiacutecio ou da cidade nos acircmbitos privado e puacuteblico a preservaccedilatildeo do patrimocircnio ambiental e cultural estabelecendo o debate entre o desenvolvimento sustentaacutevel e a geraccedilatildeo de novos espaccedilos bem como a utilizaccedilatildeo racional dos recursos do ambiente como base para a definiccedilatildeo projetual em todos os niacuteveis (UNIVERSIDADE FUMEC [200-])

Dentre das disciplinas obrigatoacuterias atualmente encontra-se no 8ordm periacuteodo Arquitetura

e Sustentabilidade Ambiental A universidade tambeacutem possui cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato

sensu tais como Planejamento Urbano-Ambiental e Meio Ambiente - Gestatildeo Ambiental

bull Tambeacutem em Belo Horizonte o curso de arquitetura da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de

Minas Gerais PUC-Minas tem como principais temas que norteiam as atividades desenvolvidas

nos acircmbitos do ensino da extensatildeo e da pesquisa a Arquitetura e Inclusatildeo Arquitetura e

Sustentabilidade e Arquitetura e Tecnologia Para seus organizadores haacute uma estreita relaccedilatildeo

entre esses trecircs temas pois a busca de um espaccedilo inclusivo somente pode ser realizada atraveacutes de

uma arquitetura que transforme a realidade a partir de seu proacuteprio potencial e esta eacute a arquitetura

90

que efetivamente constroacutei (PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS

- PUC MINAS [200-])

Sobre Arquitetura e Inclusatildeo esse primeiro tema vem de encontro agrave necessidade cada vez mais premente de se combaterem os mecanismos excludentes que marcam a dinacircmica da sociedade brasileira mecanismos estes responsaacuteveis pela perpetuaccedilatildeo de uma desigualdade que vem dramaticamente se manifestando nas condiccedilotildees de acesso aos direitos mais baacutesicos do cidadatildeo Trata-se entatildeo de delinear ao mesmo tempo as possibilidades e as estrateacutegias de atuaccedilatildeo do profissional da Arquitetura e do Urbanismo no sentido de reverter ou dirimir essa desigualdade tambeacutem manifesta nas condiccedilotildees de acesso agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade Isto significa que as atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas deveratildeo ser orientadas para a busca e a experimentaccedilatildeo de soluccedilotildees para a coletivizaccedilatildeo dos direitos agrave habitaccedilatildeo e agrave cidade sendo seus objetos prioritaacuterios o espaccedilo urbano o espaccedilo puacuteblico os equipamentos de uso coletivo a habitaccedilatildeo popular (PUC MINAS 200[-])

Sobre o tema Arquitetura e Sustentabilidade vem de encontro agrave necessidade de se conterem os avanccedilos da arquitetura praticada como uma lsquoforma degradada de exploraccedilatildeo do solorsquo Eacute esta a arquitetura que desconsiderando a um soacute tempo o ambiente natural e o ambiente construiacutedo concorre sempre para a sua destruiccedilatildeo Trata-se pois de insistir na praacutetica de uma outra arquitetura que considerando o patrimocircnio natural e o patrimocircnio construiacutedo concorra sempre para potencializaacute-los O desenvolvimento sustentaacutevel eacute aqui compreendido entatildeo como aquele desenvolvimento em que a utilizaccedilatildeo racional dos recursos ndash naturais e culturais ndash sobrepotildee-se agrave sua exploraccedilatildeo e ao seu consequumlente aniquilamento Eacute fundamento desse conceito portanto natildeo a degradaccedilatildeo mas a transformaccedilatildeo do ambiente a partir do seu proacuteprio potencial Nesse sentido cabe incorporar agraves atividades desenvolvidas no Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas a preocupaccedilatildeo em formar arquitetos capazes natildeo soacute de reconhecer o valor do patrimocircnio natural e do patrimocircnio construiacutedo mas tambeacutem de revalorizaacute-los atraveacutes de suas proposiccedilotildees (PUC MINAS [200-])

Analisando a grade de disciplinas e suas ementas natildeo foi possiacutevel encontrar

disciplinas isoladas sobre os assuntos em questatildeo Resta verificarmos adiante atraveacutes das

proacuteprias opiniotildees dos estudantes se realmente estes temas estatildeo sendo implantados nas aulas e

palestras

bull Na aacuterea de pesquisa em Belo Horizonte destaca-se a UFMG que em 2005 desenvolveu

jogos para ensinar a construir no qual foram criados ldquogames didaacuteticosrdquo para auxiliar na

produccedilatildeo de moradias populares Os jogos do Canteiro da Marcaccedilatildeo e da Fundaccedilatildeo surgiram

para permitir que o mutirante pudesse participar de decisotildees teacutecnicas sobre a obra de sua casa

(MALARD 2006)

Atualmente esta universidade desenvolve uma nova pesquisa envolvendo a criaccedilatildeo

de novas interfaces digitais e de ambientes imersivos direcionados a auxiliar o projeto

arquitetocircnico participativo O objetivo eacute permitir que o futuro morador de empreendimentos

populares participe aleacutem da construccedilatildeo do planejamento de sua casa Entre as novidades estaacute

91

uma alternativa de baixo custo agraves sofisticadas e caras CAVEs (Cave Automatic Virtual

Environments)

Apesar da ideacuteia de usar a imagem projetada como forma de reproduzir ambientes natildeo

ser nova o trabalho da UFMG eacute pioneiro por desenvolver tecnologia para uso social O trabalho

vem sendo desenvolvido junto ao Laboratoacuterio Estuacutedio Virtual de Arquitetura (EVA) coordenado

pela professora Maria Lucia Malard e integrado por arquitetos que estatildeo fazendo poacutes-graduaccedilatildeo

aleacutem de estudantes de graduaccedilatildeo com bolsas de iniciaccedilatildeo cientiacutefica O laboratoacuterio foi montado

pelo Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG com o objetivo de

desenvolver pesquisas que faccedilam avanccedilar o processo de criaccedilatildeo na arquitetura com o apoio do

computador (HABITARE 2007)

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB possui caracteriacutesticas interessantes na graduaccedilatildeo e

pesquisa um dos exemplos eacute o estudo de novos materiais para construccedilotildees realizado pelo

projeto Canteiro oficina de arquitetura (Cantoar) De acordo com o professor Jaime Almeida

coordenador do projeto os alunos estudam a aplicaccedilatildeo de fibras naturais especialmente o

bambu na construccedilatildeo de projetos arquitetocircnicos O trabalho envolve vaacuterios universitaacuterios e vai

aleacutem do curriacuteculo convencional pois eacute sempre solicitado por alguma comunidade Um dos

projetos mais expressivos segundo Almeida foi a construccedilatildeo de uma escola de bambu e palha

na aldeia Kapegravey dos iacutendios Krahocirc localizada no Tocantins em 2000 Oito alunos participaram

do projeto monitorado pelo professor Outro bom exemplo foi um grupo de estudantes apoiado

pela professora Marta Romero que em 2002 criou o escritoacuterio-modelo Centro de Accedilatildeo Social em

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (Casas) Os estudantes atendem a associaccedilotildees de

moradores sindicatos ONGs e outras instituiccedilotildees sem fins lucrativos que necessitam do trabalho

de arquitetos e natildeo tecircm condiccedilotildees de pagar os profissionais (UIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA -

UNB [200-])

Ainda na graduaccedilatildeo o aluno da UnB pode participar de programas de intercacircmbio

entre universidades do Brasil e do exterior O Consoacutercio Bilateral em Projeto Comunitaacuterio de

Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel (CBPS) permite desde 2003 que graduandos faccedilam

intercacircmbio na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) na Penn State University

(PSU) e na State University of New York at Syracuse (SUNY) A cada ano a UnB envia dois

alunos para os Estados Unidos e recebe outros dois

Analisando as ementas das disciplinas do curso encontrou-se a disciplina obrigatoacuteria

Estudos Ambientais- Bioclimatismo na Arquitetura e Urbanismo

92

ldquoEmenta Bioclimatologia humana e percepccedilatildeo ambiental do ambiente higroteacutermico luminoso sonoro e da qualidade do ar meacutetodos e teacutecnicas de coleta e tratamento dos dados climaacuteticos visando o projetordquo (UNB [200-])

CONTEUacuteDOS PROGRAMAacuteTICOS UNIDADE 1- Bioclimatismo 1- Conhecer a arquitetura bioclimaacutetica e seus princiacutepios Adequaccedilatildeo ao lugar e ao clima 2- Exemplos vernaacuteculos e contemporacircneos Percepccedilatildeo sensorial ambiental integrada 3- Conhecer recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos 4- Aplicaccedilatildeo de recursos teacutecnicas e dispositivos bioclimaacuteticos visando o projeto adequado ao lugar UNIDADE 2- Clima 1- Fatores climaacuteticos globais radiaccedilatildeo solar altitude latitude ventos massa de aacutegua e terra 2- Fatores climaacuteticos locais topografia vegetaccedilatildeo superfiacutecie do solo 3- Elementos do clima temperatura umidade do ar precipitaccedilotildees movimento do ar 4- Elementos do clima a serem controlados Clima urbano ilha de calor poluiccedilatildeo ambiental 5- Zoneamento Bioclimaacutetico do Brasil Carta Bioclimaacutetica de Brasiacutelia UNIDADE 3- Sustentabilidade 1- Noccedilotildees de sustentabilidade Princiacutepios dinacircmicas diretrizes vetores 2- Dimensotildees do ecodesenvolvimento Sustentabilidade ampliada e progressiva 3- Urbanismo Sustentaacutevel Cidades sustentaacuteveis Agenda 21 Brasileira (UNB [200-])

Um exemplo de uma disciplina optativa tambeacutem sobre assunto seria Ateliecirc de Projeto

de Arquitetura e Urbanismo Sustentaacutevel Ementa Exerciacutecios de projeto do espaccedilo urbano Ecircnfase na definiccedilatildeo de variaacuteveis projetuais processos de projeccedilatildeo e soluccedilotildees fiacutesicas que criem e mantenham a sustentabilidade das comunidades de Vizinhanccedila e trabalho urbanas Aplicaccedilatildeo de meacutetodos e teacutecnicas que contemplem orientem e estimulem a participaccedilatildeo social do usuaacuterio e a geraccedilatildeo de padrotildees de intervenccedilatildeo que reforcem a dimensatildeo social da arquitetura e do urbanismo (UNB [200-])

bull A Universidade Federal do Paranaacute UFPR possui projetos de extensatildeo como o Projeto

Rondon no qual estudantes universitaacuterios prestam serviccedilos a comunidades carentes O projeto

que teve sua primeira ediccedilatildeo em 1967 foi retomado pelo governo federal a pedido da Uniatildeo

Nacional dos Estudantes (UNE) em 2005 com um grupo de 200 pessoas O projeto eacute voltado aos

estudantes das aacutereas de Artes Ciecircncias Sociais Aplicadas Exatas e da Terra Agraacuterias

Bioloacutegicas Humanas Engenharia Letras Linguumliacutestica e Sauacutede e formado por professores e

universitaacuterios que desenvolvem accedilotildees de reconhecimento das principais carecircncias das

populaccedilotildees de treze municiacutepios da Amazocircnia Ocidental Ao todo satildeo quarenta universidades

envolvidas no projeto que compreende duas fases A primeira fase consiste na coleta de dados e

na anaacutelise das reais necessidades da comunidade A segunda eacute a intervenccedilatildeo de universitaacuterios e

professores especializados nos problemas constatados Duas equipes de universidades do Paranaacute

foram aceitas para atuar na primeira fase do Projeto Rondon uma delas da UFPR

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute - UFPR [200-])

93

Dentre as disciplinas optativas do curso de arquitetura da UFPR encontram-se

Arquitetura Popular Cidade Meio-Ambiente e Poliacuteticas Puacuteblicas Sinergia - energia e

Ambiente Ecologia e Sociologia (UFPR [200-])

bull Tambeacutem localizada em Curitiba A UNILIVRE Universidade livre do meio ambiente eacute uma

organizaccedilatildeo natildeo-governamental natildeo sendo de ensino formal oferecendo apenas cursos de

capacitaccedilatildeo Foi inaugurada em 1991 pelo entatildeo prefeito e arquiteto Jaime Lerner como uma

unidade da prefeitura de Curitiba com o objetivo de disseminar conhecimentos e experiecircncias

relacionadas agraves questotildees ambientais principalmente os problemas e soluccedilotildees relacionados ao

crescimento desordenado das cidades Em 1992 a universidade foi transferida agrave responsabilidade

do CEAU Centro de Estudos Ambientais e Urbanos Em 2002 a UNILIVRE tornou-se uma

entidade do terceiro Setor qualificada pelo Ministeacuterio da Justiccedila como uma OSCIP ndash

Organizaccedilatildeo Social Civil Interesse Puacuteblico voltada para o desenvolvimento sustentaacutevel urbano e

melhoria da qualidade de vida das pessoas e cidades (UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO

AMBIENTE - UNILIVRE [200-])

Dentre os cursos que a UNILIVRE oferece encontram-se Praacuteticas para uma

Sociedade Sustentaacutevel A Cidade e o Meio Ambiente e Bioarquitetura que aborda aspectos de

projetos e planejamento ecoloacutegico por meio de temas especiacuteficos e exemplos de obras

arquitetocircnicas que contemplam os conceitos avanccedilando nas discussotildees ambientais de

conservaccedilatildeo sustentabilidade e desenvolvimento tecnoloacutegico (UNILIVRE [200-])

bull Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2006) uma interessante disciplina

optativa foi criada pelo professor Roberto Gonccedilalves da Silva em 1993 no Departamento de

Arquitetura e Urbanismo chamada Arquitetura e Sociedade - sem negligenciar a natureza Para

o professor Silva (2004 p1) que tambeacutem leciona nas disciplinas Urbanismo I e Urbanismo V na

mesma faculdade Arquitetura eacute toda e qualquer edificaccedilatildeo cuja finalidade seja o abrigo da vida cotidiana - ou partes dela - adaptando-a ao lugar em que ela acontece Enquanto produccedilatildeo material e simboacutelica ela eacute o resultado de processos que articulam permanente e indissoluvelmente dois termos natureza e cultura Em decorrecircncia deste entendimento - que recoloca a arquitetura como o centro das atenccedilotildees dos estudantes de arquitetura - oriento os meus alunos a estudar os abrigos existentes na Ilha de Santa Catarina sem restringi-los ao formalismo decorrente do culto das formas da moda e das suas representaccedilotildees bidimensionais

O professor discute sobre a etnoarquitetura conceito criado por ele em sua tese de

doutorado em Geografia na USP As referecircncias fundamentais para se entender o conceito

seriam a primeira a metaacutefora da ostra utilizada por Henry Lefebvre em Introduccedilatildeo agrave

94

Modernidade em que o espaccedilo humano eacute apresentado tal como uma ostra como resultado da

relaccedilatildeo permanente e indissoluacutevel mantida entre o molusco e sua casca A segunda eacute a definiccedilatildeo

que Milton Santos introduz em Metamorfoses do Espaccedilo Habitado em que o espaccedilo eacute formado

por dois componentes que interagem continuamente a configuraccedilatildeo territorial isto eacute o conjunto

de dados naturais mais ou menos modificados pela accedilatildeo consciente do homem atraveacutes dos

sucessivos ldquosistemas de engenhariardquo e a dinacircmica social ou o conjunto de relaccedilotildees que definem

uma sociedade num dado momento A terceira satildeo os criteacuterios que Marcus Vitruvius Polio faz

constar em Los diez Libros de Arquitectura para a escolha de locais salubres em territoacuterios

desconhecidos como condiccedilatildeo fundamental para a boa arquitetura Para ele basta identificar

essas aacutereas atraveacutes da observaccedilatildeo de como e onde vive a sua populaccedilatildeo nativa ou na sua

inexistecircncia eviscerar os animais capturados no siacutetio Dessa forma etnoarquitetura seria o conjunto material e simboacutelico das estruturas espaciais que cada grupo social edifica para abrigar a sua vida cotidiana (ou partes dela) adaptando-a sucessiva e crescentemente ao territoacuterio em que ele escolheu viver Situada no universo da cultura o conjunto de elementos materiais que a compotildee (localizaccedilotildees materiais estruturas e formas historicamente utilizadas) eacute articulado pela inteligecircncia e pelo habitus para abrigar fisicamente a existecircncia do grupo Por constituir-se tambeacutem no seu universo simboacutelico e identitaacuterio possibilitaconstrange a vida cotidiana do grupo bem como a de cada um dos indiviacuteduos que o integram Sendo uma siacutentese adaptativa da vida de cada grupo humano a cada lugar esta diversidade cultural permaneceu encoberta em decorrecircncia da utilizaccedilatildeo generalizada do conceito de habitat - seu equivalente bioloacutegico Entretanto a diferenciaccedilatildeo contrastiva entre os dois conceitos permite evidenciar que a etnoarquitetura eacute elaboraccedilatildeo espacial da inteligecircncia humana (observaccedilatildeo experiecircncia e memoacuteria) enquanto o habitat eacute decorrecircncia de um padratildeo bioloacutegico inscrito no genoma de cada espeacutecie viva (SILVA 2004 p12)

Assim Silva (2004 p10-11) defende uma boa arquitetura baseada principalmente na

atenccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com a natureza e a cultura Ele ainda afirma que a moda moderna de arquitetar afirma-se pela desqualificaccedilatildeo das realizaccedilotildees arquitetocircnicas anteriores impondo-se global e soberanamente destruindo em nome do progresso todas as realizaccedilotildees humanas anteriores Estas sim fruto da inteligecircncia orientada pela busca permanente empreendida cumulativamente por cada grupo de adaptar a sua vida cotidiana ao lugar em que ele escolheu viver A consequumlecircncia eacute a subordinaccedilatildeo de todos independentemente do lugar em que se encontrem ao consumo impositivo de materiais equipamentos e principalmente ao uso perdulaacuterio de energia

Atraveacutes desta breve anaacutelise das ementas das disciplinas ofertadas por algumas

universidades brasileiras eacute possiacutevel percebermos algumas apresentaccedilotildees pontuais do tema em

questatildeo Infelizmente muitas outras universidades foram pesquisadas mas natildeo relatadas aqui

por natildeo apresentarem nenhum foco evidente para o tema central sobre preocupaccedilotildees ambientais

culturais e sociais aplicadas na arquitetura sendo aqui descrito por sustentabilidade na

arquitetura

95

Para essas apresentaccedilotildees pontuais sobre o assunto em questatildeo pode-se dizer que em

sua maioria satildeo disciplinas optativas na graduaccedilatildeo e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso

Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos

organizadores das universidades para dar ecircnfase ao tema mas sem realmente colocaacute-lo em

praacutetica

Esses fatos aparentemente negativos seratildeo no proacuteximo capiacutetulo comprovados

atraveacutes da pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

343 Poacutes-graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

Apesar do foco do nosso trabalho em se tratando da formaccedilatildeo do arquiteto e

urbanista ser a graduaccedilatildeo foi feita uma breve anaacutelise em algumas universidades brasileiras

atraveacutes de suas paacuteginas na internet sobre o quanto se estaacute tratando e discutindo as questotildees

ambiental cultural e social na poacutes-graduaccedilatildeo de arquitetura Pesquisou-se principalmente a

presenccedila de especializaccedilotildees e mestrados na aacuterea

bull A poacutes-graduaccedilatildeo da FAU-UFRJ se divide em dois programas o Proarq - Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Arquitetura e o Prourb ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Urbanismo O Proarq

iniciou sua primeira turma de mestrado em 1987 e dentre suas oito linhas de pesquisa destaca-

se Sustentabilidade Conforto Ambiental e Eficiecircncia Energeacutetica as demais satildeo Ambientes de

Sauacutede Cultura Paisagem e Ambiente Construiacutedo Ensino de Arquitetura Habitaccedilatildeo e

Assentamentos Humanos Restauraccedilatildeo e Gestatildeo do Patrimocircnio e Teoria Histoacuteria e Criacutetica

(PROARQ [200-])

O Prourb oferece o curso de Mestrado desde 1994 com duas aacutereas de concentraccedilatildeo

Projeto Urbano - atividade projetual para o aprimoramento do ambiente urbano e Teoria e

Histoacuteria do Urbanismo - anaacutelise criacutetica dos processos de transformaccedilatildeo das cidades e estudo das

teorias urbaniacutesticas O curso de doutorado do Prourb foi iniciado em 2002 e do Proarq em 2003

(PROURB 2007)

bull O curso de mestrado da faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo

FAUUSP foi criado em 1972 e o curso de doutorado em 1980 permanecendo como uacutenico

doutorado no paiacutes ateacute 1998 Este programa reunia os trecircs departamentos da FAU em com uma

uacutenica aacuterea de concentraccedilatildeo Estruturas Ambientais Urbanas com sete sub-aacutereas de pesquisa

uma das quais Paisagem e Ambiente (USP 2006)

96

Em 1999 a Comissatildeo de Poacutes-Graduaccedilatildeo iniciou os estudos para a reformulaccedilatildeo do

Programa implantando uma nova estrutura centrada na realidade atual das possibilidades e

demandas de desenvolvimento de pesquisas criando novas Aacutereas de Concentraccedilatildeo Essa

estrutura estaacute implantada desde 2003

O Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo reuacutene os trecircs departamentos da escola e conta

atualmente oito aacutereas de concentraccedilatildeo Projeto da Arquitetura Histoacuteria e Fundamentos da

Arquitetura e Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Design e Arquitetura Projeto

Espaccedilo e Cultura Tecnologia da Arquitetura Habitat e Paisagem e Ambiente Dentre eles

destacam-se (USP 2006)

Habitat Tem como objetivo

Criar um campo de investigaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo criacutetica sobre os assentamentos humanos dando prioridade agrave formaccedilatildeo de um novo tipo de agente (pesquisador professor e profissional inovador) apto a enfrentar os atuais problemas da construccedilatildeo da cidade e da gestatildeo urbana de forma participativa e capaz de desenvolver a qualidade ambiental os valores democraacuteticos e os direitos sociais Assim esse campo deveraacute privilegiar a anaacutelise e proposiccedilatildeo de produtos e praacuteticas efetivas que compotildeem a cidade real (USP 2006)

Para esta aacuterea de Concentraccedilatildeo existem quatro linhas de pesquisa Indicadores e

fundamentos sociais do habitat Participaccedilatildeo social e poliacuteticas puacuteblicas a produccedilatildeo e gestatildeo do

habitat Custos de edificaccedilotildees urbanizaccedilatildeo e infra-estrutura e Questotildees fundiaacuterias e

imobiliaacuterias moradia social e meio ambiente

Paisagem e Ambiente Foram criadas para esta Aacuterea de Concentraccedilatildeo trecircs linhas de pesquisa 1 Paisagem e Ambiente Projeto e Planejamento Sustentaacutevel Esta linha pauta-se pelas investigaccedilotildees dos aspectos tecnoloacutegicos e ecoloacutegicos das bases biofiacutesicas e construiacutedas que condicionam e permitem a sustentaccedilatildeo das paisagens

2 Paisagem e Ambiente Projeto Apropriaccedilatildeo e Poliacuteticas Puacuteblicas Esta linha se caracteriza pelo estudo das diferentes formas de concepccedilatildeo dos espaccedilos livres urbanos suas formas de apropriaccedilatildeo social e processos de transformaccedilatildeo e os instrumentos de accedilatildeo do poder puacuteblico e da sociedade

3 Paisagem e Ambiente Base Documental e Sistemas Interpretativos Tem por objetivo desenvolver pesquisas que contribuam para estabelecer interfaces entre o conhecimento histoacuterico e geograacutefico a questatildeo urbana e a criaccedilatildeo artiacutestica a partir de estudos de profundidade e de estudos integrativos e relacionais do campo da arquitetura da paisagem com modos de entendimento da arte da cultura da natureza e da cidade (USP 2006)

Tecnologia da Arquitetura Apoacutes debates em funccedilatildeo da necessidade premente de

reestruturaccedilatildeo da aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoTecnologia da Arquiteturardquo os docentes credenciados

apresentaram para o biecircnio 2006-2007 nova proposta visando definir com maior clareza a

identidade da aacuterea de Concentraccedilatildeo As nove linhas de pesquisa foram reorganizadas e

resumidas em outras trecircs Tecnologia da Construccedilatildeo Conforto Eficiecircncia Energeacutetica e

Ergonomia e Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do UrbanismoRepresentaccedilotildees

97

Tecnologia da Construccedilatildeo Os trabalhos desenvolvidos nessa Linha buscam integrar o conhecimento vernacular e o contemporacircneo de vaacuterias aacutereas do conhecimento humano ao estudo das atividades envolvidas no projeto construccedilatildeo e uso de edificaccedilotildees A inegaacutevel natureza fiacutesica-concreta dos edifiacutecios requer o equiliacutebrio entre as exploraccedilotildees dos campos esteacutetico formal social e cultural da arquitetura bem como a reflexatildeo sobre o potencial tectocircnico da obra arquitetocircnica Aliada agrave adequaccedilatildeo teacutecnico-construtiva dos edifiacutecios a questatildeo da qualidade dos edifiacutecios assume um papel de destaque em razatildeo da necessidade de garantir que o edifiacutecio cumpra as funccedilotildees para as quais ele foi projetado e atenda agraves expectativas dos usuaacuterios (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 Avaliaccedilatildeo Poacutes-Ocupaccedilatildeo do ambiente construiacutedo

2 Materiais e componentes de construccedilatildeo

3 Consumo sustentaacutevel na arquitetura Essa linha visa o aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias construtivas para a produccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo de edificaccedilotildees e infra-estrutura urbana nas quais devem ser priorizados o consumo racional dos recursos naturais e o reusoreaproveitamentoreciclagem de resiacuteduos industriais domeacutesticos e urbanos A anaacutelise do ciclo de vida de materiais e produtos de construccedilatildeo tambeacutem eacute objeto de estudos no acircmbito deste tema (USP 2006)

4 Anaacutelise de desempenho teacutecnico-construtivo e da qualidade de edifiacutecios Esse tema de pesquisa foca a importacircncia da difusatildeo e da praacutetica da metodologia de anaacutelise sistecircmica de projetos de arquitetura orientados ao desempenho do edifiacutecio como um todo conscientizando o projetista dos impactos que as soluccedilotildees de projeto tecircm sobre as etapas de execuccedilatildeo uso e manutenccedilatildeo durante a vida uacutetil do edifiacutecio Esta abordagem eacute complementar agravequela da engenharia civil porque o meacutetodo da avaliaccedilatildeo de desempenho natildeo eacute aplicado apenas sob a perspectiva da racionalizaccedilatildeo da eficiecircncia e da qualidade teacutecnica mas ainda considera com a sua devida ecircnfase fundamentos da arquitetura que dizem respeito agrave esteacutetica forma e funccedilatildeo questotildees sociais e culturais (USP 2006)

5 Projeto e Obra - Introduccedilatildeo e Gerenciamento O foco desta linha de pesquisa estaacute no estudo de meacutetodos que aproximem o profissional arquiteto do processo de produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo Entendendo que a atuaccedilatildeo do arquiteto interfere no processo produtivo da edificaccedilatildeo como um todo torna-se importante estudar as formas de tornar as atividades da interface projeto-obra mais eficazes O resultado de todo esse esforccedilo naturalmente se reflete na reduccedilatildeo do desperdiacutecio e das perdas durante a construccedilatildeo e na fase de uso no melhor desempenho da edificaccedilatildeo e na qualidade do gerenciamento da obra (USP 2006)

6 Arquitetura para a seguranccedila do ambiente construiacutedo Trata-se de um tema de pesquisa

dividido em duas vertentes Seguranccedila contra incecircndio em edificaccedilotildees e no meio urbano e

Seguranccedila de uso seguranccedila patrimonial e acessibilidade em edificaccedilotildees

Eficiecircncia Energeacutetica e Ergonomia Esta linha de pesquisa envolve as questotildees de conforto

ambiental teacutermico acuacutestico e luminoso ergonomia e eficiecircncia energeacutetica relativas agraves

edificaccedilotildees e aos espaccedilos urbanos O tema eficiecircncia energeacutetica trata das questotildees relativas ao

consumo de energia eleacutetrica nas edificaccedilotildees e sua correlaccedilatildeo com o projeto arquitetocircnico e o

desempenho dos materiais e componentes empregados na construccedilatildeo Inclui tambeacutem temas

98

relativos agraves fontes alternativas de energia como sol vento geotermia entre outros A aacuterea

Tecnologia Ambiental Urbana tem como objetivo analisar e propor estruturas e redes teacutecnicas no

sentido de se produzirem espaccedilos urbanos mais adequados em relaccedilatildeo tanto agrave socio-

sustentabilidade como agrave eco-sustentabilidade

Processo de Produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo Representaccedilotildees As atividades voltadas para a produccedilatildeo da Arquitetura e do Urbanismo ocupam um espaccedilo soacutecio-econocircmico no campo da sociedade civil nos setores da Induacutestria da Construccedilatildeo Civil e do Mercado Imobiliaacuterio Essas atividades satildeo responsabilidade profissional do arquiteto que atraveacutes do projeto organiza a produccedilatildeo do espaccedilo Os condicionantes soacutecio-econocircmicos do projeto quem solicita o serviccedilo a quem serve o projeto quem o realiza e como quem constroacutei e quanto isso envolve em termos de custos sociais econocircmicos e ambientais satildeo questotildees de interesse da linha de pesquisa e constituem seu objeto Considera-se que esse processo de produccedilatildeo do espaccedilo constituiu historicamente um sistema de representaccedilotildees que na sociedade industrial caracteriza a praacutetica e eacutetica profissional do arquiteto na sociedade a legislaccedilatildeo profissional ediliacutecia urbana e ambiental a cidadania as representaccedilotildees sociais o Mercado Imobiliaacuterio e a Economia da Construccedilatildeo Civil Considera-se ainda que todos esses aspectos que condicionam o processo do projeto e incidem na configuraccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo satildeo geradores de representaccedilotildees que instrumentalizam e situam o arquiteto enquanto organizador da produccedilatildeo do espaccedilo O privileacutegio do exerciacutecio profissional do arquiteto eacute concedido pelo Estado aos cidadatildeos mediante formaccedilatildeo especiacutefica Essa formaccedilatildeo eacute tambeacutem uma outra atribuiccedilatildeo concedida ao arquiteto e assim sendo a elaboraccedilatildeo pedagoacutegica e a reflexatildeo sobre a metodologia de ensino voltada para o exerciacutecio da formaccedilatildeo superior do arquiteto se inserem nesse campo de interesse da linha de pesquisa aqui delineado (USP 2006)

Os principais temas satildeo

1 A produccedilatildeo da Arquitetura pelo desenho e o testemunho do espaccedilo construiacutedo atraveacutes do

viacutedeo

2 Praacutetica Profissional do Arquiteto

3 Tecnologia da Cor no Projeto Arquitetocircnico visualizaccedilatildeo representaccedilatildeo e codificaccedilatildeo

4 Poliacutetica Imobiliaacuteria Urbana

5 Sustentabilidade na construccedilatildeo civil O desenvolvimento tecnoloacutegico voltado para a produccedilatildeo do espaccedilo assume na contemporaneidade a tarefa de investigar os aspectos voltados para a preservaccedilatildeo do meio ambiente e a sustentabilidade dos meios de produccedilatildeo e mateacuteria-prima empregados (USP 2006)

6 Legislaccedilatildeo Ediliacutecia urbana e ambiental e a organizaccedilatildeo do espaccedilo

7 As representaccedilotildees da arquitetura no processo produtivo e a Induacutestria da Construccedilatildeo Civil

(miacutedia canteiro clientela)

8 Documentaccedilatildeo e memoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e os meios de representaccedilatildeo

9 Ensino de desenho e produccedilatildeo do espaccedilo

10 Dos custos do projeto para o projeto dos custos

99

bull A Universidade de Brasiacutelia UnB aleacutem de possuir mestrado e doutorado em Arquitetura e

Urbanismo possui o Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel CDS O CDS-UnB eacute um espaccedilo

acadecircmico que visa formar competecircncias produzir conhecimentos e disseminaacute-los A sua missatildeo

eacute promover a eacutetica da sustentabilidade por meio do diaacutelogo entre os saberes Criado em 1996 o

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo stricto sensu em Desenvolvimento Sustentaacutevel eacute pioneiro em sua

aacuterea de atuaccedilatildeo Divide-se em Doutorado em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental e Mestrado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel com as aacutereas de concentraccedilatildeo Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental em

funcionamento desde 1998 e Poliacutetica e Gestatildeo de Ciecircncia e Tecnologia em funcionamento

desde 1999 O Mestrado pode ser opccedilatildeo acadecircmica ou profissionalizante (CENTRO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL DA UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash CDS-UNB

2006)

O Mestrado Opccedilatildeo Acadecircmica tem o objetivo de colaborar com a estruturaccedilatildeo dos

sistemas de pensamento existentes buscando criar um conjunto de princiacutepios e grandes linhas de

reflexatildeo que representem o pensamento acadecircmico no debate sobre o balizamento das accedilotildees

puacuteblicas e da sociedade em geral no que diz respeito agrave questatildeo ambiental O Mestrado Opccedilatildeo

Profissionalizante pretende capacitar recursos humanos altamente qualificados para a tomada de

decisatildeo em poliacuteticas puacuteblicas capazes de desenvolver conhecimentos teoacutericos e teacutecnicos para a

proteccedilatildeo do meio ambiente e o desenvolvimento sustentaacutevel

As linhas de pesquisa satildeo Ciecircncia e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentaacutevel

Modelos Alternativos para o Desenvolvimento Sustentaacutevel Poliacuteticas Puacuteblicas e

Desenvolvimento Sustentaacutevel Sociedade Economia e Biodiversidade e Educaccedilatildeo Ambiental e

Sustentabilidade (CDS-UNB 2006)

bull Atualmente o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paranaacute UFPR

(2006) disponibiliza o curso de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu - Cidade meio-ambiente e poliacuteticas

puacuteblicas cujo objetivo eacute viabilizar um intercacircmbio de conhecimento teoacuterico-praacutetico em poliacuteticas

puacuteblicas de desenvolvimento urbano na perspectiva ambiental com ecircnfase na produccedilatildeo da

arquitetura urbanismo e planejamento urbano Seus organizadores dizem que a temaacutetica do meio

ambiente apenas recentemente tem passado a integrar de forma mais efetiva a atuaccedilatildeo

profissional de teacutecnicos da administraccedilatildeo puacuteblica Portanto o curso busca atender a essa

demanda propiciando as bases para a implantaccedilatildeo nos municiacutepios de elementos concretos de

uma poliacutetica ambiental urbana no enfoque multidisciplinar

100

bull O PRODEMA Programa Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento e Meio

Ambiente eacute uma associaccedilatildeo espontacircnea de algumas universidades nordestinas ndash Federais do

Cearaacute Paraiacuteba Alagoas Piauiacute Sergipe e Estaduais do Rio Grande do Norte Paraiacutebae de Santa

Cruz (BA) O objetivo eacute a construccedilatildeo coletiva de um programa de poacutes-graduaccedilatildeo regional que

incorpora a questatildeo ambiental enquanto dimensatildeo do desenvolvimento nos seus cinco

mestrados oferecidos Das dezoito Instituiccedilotildees Universitaacuterias que assinaram inicialmente o

protocolo aderiram e prosseguiram com a realizaccedilatildeo da ideacuteia seis universidades UFAL UFPB

UFS UFC UEPB e UERN Posteriormente associaram-se agrave Rede as Universidades

Universidade Estadual Santa Cruz - UESC (Ilheacuteus-BA) Universidade Federal do Piauiacute -UFPI e

Universidade Federal Rio Grande do Norte - UFRN (PRODEMAUFAL 2005

PRODEMAUFPB 2006)

A implantaccedilatildeo do PRODEMA eacute resultado de um esforccedilo de cinco anos de discussotildees

a partir de uma proposta encaminhada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL que

assumiu a coordenaccedilatildeo da etapa de maturaccedilatildeo do projeto ateacute o momento de sua recomendaccedilatildeo

pela CAPES A ideacuteia de criar o programa surgiu na segunda metade dos anos 80 durante as

atividades desenvolvidas pelo Nuacutecleo de Estudos sobre Ecodesenvolvimento mecanismo de

integraccedilatildeo interdisciplinar

A Aacuterea de concentraccedilatildeo do programa do PRODEMA na UFAL eacute o Desenvolvimento

Sustentaacutevel com Sub-Aacuterea de Concentraccedilatildeo Estrateacutegias de Desenvolvimento Sustentaacutevel As

Linhas de Pesquisa satildeo as seguintes (PRODEMAUFAL 2005) Linha de pesquisa I ndash Soacutecio economia do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo enfatizar as dimensotildees econocircmica e social do desenvolvimento sustentaacutevel como objeto de ensino e de pesquisa Procede ao tratamento dos seus fundamentos conceitos e das relaccedilotildees criacuteticas com a proacutepria economia neoclaacutessica o meio ambiente o rural e a agricultura a energia a tecnologia e a competitividade objetivando a ampliaccedilatildeo da racionalidade econocircmica atraveacutes da incorporaccedilatildeo das dimensotildees socioambientais em novo paradigma de desenvolvimento Sem desconhecer a escala universal da ciecircncia prioriza o contexto regional - Nordeste do Brasil Satildeo disciplinas decorrentes Fundamentos do Desenvolvimento Sustentaacutevel Economia e Meio Ambiente Energia e Meio Ambiente Sustentabilidade do Desenvolvimento Rural e Agriacutecola Tecnologia Desenvolvimento e Meio Ambiente e Economia do Desenvolvimento

Linha de pesquisa II ndash Cultura e poliacutetica do desenvolvimento sustentaacutevel Elege como objetivo o estudo e a pesquisa de um instrumental de anaacutelise das questotildees complexas referentes ao desenvolvimento e meio ambiente acentuando a sociedade a cultura a poliacutetica o poder e a gestatildeo As analises se datildeo segundo as relaccedilotildees do local ao global o saber e a modernidade a articulaccedilatildeo entre atores sociais a ordem juriacutedica a construccedilatildeo de novos paradigmas e estrateacutegias gestionaacuterias correspondentes Relaccedilatildeo Estado-Sociedade expressatildeo da Sociedade Civil inovaccedilotildees e novos paradigmas organizacionais Considera a afirmaccedilatildeo das diferenccedilas culturais e a multidimensionalidade do desenvolvimento abordando a heranccedila cultural do Nordeste e os desafios para a sustentabilidade Discute ainda instrumentos teoacutericos e praacuteticos qualitativos e quantitativos para a construccedilatildeo e desenvolvimento do projeto de pesquisa Tem como disciplinas Globalidade Centralidade e Poder Local Ordem Juriacutedica e Meio Ambiente Civilizaccedilatildeo e Cultura Local no Desenvolvimento Sustentaacutevel Toacutepicos

101

Especiais I Seminaacuterio de Metodologia em Pesquisa Toacutepicos Especiais II - Enfoques Interdisciplinares e Poliacuteticas Puacuteblicas e Sociedade Civil

Linha de pesquisa III ndash Espaccedilo e meio ambiente do desenvolvimento sustentaacutevel Tem como objetivo estudar elementos e configuraccedilotildees de sustentabilidade e insustentabilidade tanto espacial - em micro meso e macro escala (da habitaccedilatildeo agrave cidade e regiatildeo) quanto ambiental - estrutura e dinacircmica indicadores e instrumentos de afericcedilatildeo planejamento e gestatildeo relaccedilotildees espaciais - enquanto estrateacutegia de desenvolvimento sustentaacutevel prioritariamente no contexto da identidade regional e local Satildeo disciplinas agrupadas Configuraccedilotildees Espaciais Urbano-Rurais Avaliaccedilatildeo de Impactos Ambientais Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Ambiental Sustentabilidade do Espaccedilo Construiacutedo Paisagem e Identidade Espaccedilo e Gestatildeo Indicadores e Instrumentos e Estrutura e Dinacircmica da Natureza

bull A Universidade Federal da Paraiacuteba UFPB e a estadual UEPB tambeacutem participantes do

PRODEMA possuem a Aacuterea de Concentraccedilatildeo Habitat Humano e Meio Ambiente com trecircs Sub-

Aacutereas de Concentraccedilatildeo Gerenciamento Ambiental Saneamento Ambiental Urbano e Habitat

Urbano e Meio Ambiente (PRODEMAUFPB 2006)

Sendo que esta uacuteltima apresenta as seguintes linhas de pesquisa

Linha de pesquisa I ndash Ocupaccedilatildeo do Espaccedilo Regional Redes Urbanas e Impacto Ambiental

Linha de pesquisa II ndash Qualidade do Ambiente de trabalho e Seguranccedila

Linha de pesquisa III ndash Arquitetura Bioclimaacutetica

bull O NPGAU - Nuacutecleo de Poacutes-graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi criado em

1994 congregando Mestrado e cursos de Especializaccedilatildeo Em 2006 realizou-se uma

reestruturaccedilatildeo curricular do programa prevendo a criaccedilatildeo do doutorado e ampliando e

diversificando a oferta de disciplinas optativas de modo a potencializar as competecircncias e

pesquisas especiacuteficas do corpo docente bem como os interesses dos mestrandos O Mestrado em

Arquitetura e Urbanismo desde seu iniacutecio optou por privilegiar a pesquisa como forma principal

de estruturaccedilatildeo (mestrado por pesquisa) e por manter uma estrutura abrangente distanciando-se

do modelo compartimentado adotado na UFRJ e aproximando-se mais do modelo integrado

como na USP onde um uacutenico programa abrange vaacuterias linhas de pesquisa O mestrado do

NPGAU possui hoje a aacuterea de concentraccedilatildeo Teoria Produccedilatildeo e Experiecircncia do Espaccedilo cujas

linhas de pesquisa satildeo (NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E

URBANISMO - NPGAU 2007) Planejamento e dinacircmicas soacutecio-territoriais Aborda a problemaacutetica da produccedilatildeo do espaccedilo urbano e metropolitano a atuaccedilatildeo dos diversos agentes produtores desse espaccedilo e suas interfaces bem como as estruturas socioespaciais resultantes Esta leitura eacute feita sob diversas abordagens evoluccedilatildeo urbana papel do Estado gestatildeo urbana e ambiental entre outras

Produccedilatildeo projeto e experiecircncia do espaccedilo e suas relaccedilotildees com as tecnologias digitais Aborda os problemas teoacutericos e praacuteticos da produccedilatildeo do espaccedilo construiacutedo incluindo os processos de projeto construccedilatildeo e interaccedilatildeo espaccedilo-usuaacuterios com ecircnfase na aplicaccedilatildeo de tecnologias digitais nesses processos

102

Teoria e Histoacuteria da Arquitetura e do Urbanismo e suas relaccedilotildees com outras artes e ciecircncias Trata os problemas teoacutericos histoacutericos analiacuteticos e criacuteticos da Arquitetura e do Urbanismo numa perspectiva multidisciplinar com ecircnfase em suas conexotildees com outros campos de saberes notadamente as ciecircncias sociais as ciecircncias humanas e as artes

Recentemente a UFMG criou outro mestrado na aacuterea de arquitetura Mestrado em

Ambiente Construiacutedo e Patrimocircnio Sustentaacutevel Um dos seus objetivos descritos eacute desenvolver

eou aprofundar as interfaces entre aacutereas como ciecircncias sociais aplicadas artes e engenharias e

construir ferramentas metodoloacutegicas e educacionais no enfoque do ambiente construiacutedo

enquanto patrimocircnio humano e suas condiccedilotildees de sustentabilidade Possui uma aacuterea de

concentraccedilatildeo em Bens Culturais Tecnologia e Territoacuterio com trecircs linhas de pesquisa

Conservaccedilatildeo de Bens Culturais Gestatildeo do Patrimocircnio no Ambiente Construiacutedo e Tecnologia do

Ambiente Construiacutedo As Linhas de Pesquisa estatildeo estruturadas para abordar as vaacuterias escalas

desde os objetos e acervos culturais ateacute o edifiacutecio e as aacutereas urbanizadas contando com o aporte

transversal da tecnologia do ambiente construiacutedo que perpassa todas as escalas consideradas

(MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA

UFMG 2007)

Atraveacutes dessa breve pesquisa em busca das questotildees sobre sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo nas poacutes-graduaccedilotildees espalhadas pelo Brasil foi possiacutevel observar a

presenccedila de focos tanto bastante especiacuteficos quanto mais gerais sobre o tema Eacute interessante

ressaltar que a produccedilatildeo acadecircmica em torno do assunto vem aumentando com o decorrer dos

anos Poreacutem a sustentabilidade vem sendo mais estudada em cursos de especializaccedilatildeo ou

mestrado especiacuteficos e pouco tem sido abordada nos cursos de mestrado gerais sobre arquitetura

e urbanismo Particularmente posso relatar que esta dissertaccedilatildeo de mestrado iniciada em 2005 e

desenvolvida no NPGAU da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG antes da

reestruturaccedilatildeo curricular do seu programa de mestrado partiu de vontade e desejo proacuteprios

expressos no projeto de pesquisa proposto quando do processo de seleccedilatildeo mas sem se inserir em

linhas de pesquisa especiacutefica e tampouco sem que houvesse disciplinas obrigatoacuterias ou

optativas que abordassem o tema de modo suficiente

344 Consideraccedilotildees sobre a sustentabilidade no ensino de arquitetura

Foi possiacutevel com uma sucinta anaacutelise de algumas universidades brasileiras verificar

a presenccedila nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-graduaccedilatildeo de apresentaccedilotildees pontuais

sobre a sustentabilidade De fato muitas outras universidades brasileiras foram pesquisadas mas

natildeo relatadas aqui por natildeo apresentarem qualquer foco evidente para o tema em questatildeo

103

Na graduaccedilatildeo como relatado acima nesses exemplos pontuais sobre o tema a

maioria das disciplinas eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem com as outras

disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos alunos no decorrer

do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos feitos pelos seus

organizadores talvez preocupados em seguir as novas Diretrizes Curriculares mas sem

realmente incluiacuterem na praacutetica a sustentabilidade na formaccedilatildeo dos arquitetos e urbanistas Essas

conclusotildees preliminares seratildeo no proacuteximo capiacutetulo ampliadas e comprovadas atraveacutes da

pesquisa extensa com estudantes de arquitetura

Na verdade as disciplinas dentro do ensino de arquitetura apresentam reduzida

integraccedilatildeo Os departamentos pouco interagem Eacute quase uma repeticcedilatildeo do que acontece no

ensino meacutedio cujas disciplinas como matemaacutetica biologia portuguecircs geografia entre outras

satildeo ensinadas com pouca ligaccedilatildeo entre si Poreacutem as disciplinas de arquitetura especialmente

natildeo podem acontecer isoladamente todas precisam estabelecer um frequumlente diaacutelogo

estendendo-se inclusive a outras formaccedilotildees teoacutericas e profissionais em aacutereas teacutecnicas humanas e

sociais Eacute o que podemos chamar de interdisciplinariedade Na atual resoluccedilatildeo das Diretrizes

Curriculares datada de fevereiro de 2006 (ver ANEXO) eacute exigido no Art 3ordm que o curriacuteculo

pleno deve contemplar ldquoformas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridaderdquo bem como ldquomodos de

integraccedilatildeo entre teoria e praacuteticardquo

Assim como eacute essencial a interdisciplinariedade especial atenccedilatildeo deve receber a

transdisciplinaridade que pode ser entendida como sugere o prefixo trans que transmite a ideacuteia

de atraveacutes de passar por de passagem transiccedilatildeo Sugere tambeacutem a ideacuteia de movimento da

frequumlentaccedilatildeo das disciplinas e da quebra de barreiras e nesse sentido a transdisciplinaridade

permite o cruzamento de especialidades a migraccedilatildeo de um conceito de um campo de saber para

outro (DOMINGUES 1999)

Pode-se dizer que a transdisciplinaridade eacute tambeacutem uma caracteriacutestica marcante

da sustentabilidade Para que uma construccedilatildeo seja sustentaacutevel eacute necessaacuterio que conhecimentos

fragmentados sejam integrados A questatildeo ambiental deve ser tatildeo importante quanto os aspectos

teacutecnicos e econocircmicos assim como o contexto cultural a esteacutetica e tambeacutem o conforto e

qualidade de vida dos moradores Ou seja a arquitetura deve ser transdisciplinar e

interdisciplinar para de fato incorporar a sustentabilidade

De acordo com a carta da UNESCO UIA sobre a educaccedilatildeo dos arquitetos de abril de

1996 (ABEA 2006) We the architects concerned by the future development of architecture in a fast changing world believe that everything influencing the way in which the built environment is made used furnished landscaped and maintained belongs to the domain of the architects We being responsible for the improvement of the education of

104

future architects to enable them to work for a sustainable development in every cultural heritage declare I GENERAL CONSIDERATIONS 0 That the new era will bring with it grave and complex challenges with respect to social and functional degradation of many human settlements characterized by a shortage of housing and urban services for millions of inhabitants and by the increasing exclusion of the designer from projects with a social content This makes it essential for projects and research conducted in academic institutions to formulate new solutions for the present and the future 1 That architecture the quality of buildings the way they relate to their surroundings the respect for the natural and built environment as well as the collective and individual cultural heritage are matters of public concern 2 That there is consequently public interest to ensure that architects are able to understand and to give practical expression to the needs of individuals social groups and communities regarding spatial planning design organization construction of buildings as well as conservation and enhancement of the built heritage the protection of the natural balance and rational utilization of available resources [hellip] 7 That the vision of the future world cultivated in architectural schools should include the following goals - a decent quality of life for all the inhabitants of human settlements - a technological application which respects the people social cultural and aesthetic needs of people - an ecologically balanced and sustainable development of the built environment - an architecture which is valued as the property and responsibility of everyone

Assim podemos notar que as intenccedilotildees satildeo boas e os discursos vecircm agregando mais

as preocupaccedilotildees com o meio ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura O que falta realmente eacute que

esse discurso seja colocado em praacutetica dentro de todas as universidades inserindo-o em todas as

disciplinas acadecircmicas sejam elas teoacutericas ou praacuteticas Aleacutem disso eacute fundamental a integraccedilatildeo

entre as mesmas para que este assunto bem como todos os outros possam se desenvolver

naturalmente inter-relacionados E assim o estudante ao se tornar um profissional consiga lidar

com os problemas atuais conscientemente oferecendo ao puacuteblico cada vez mais soluccedilotildees

harmoniosas sustentaacuteveis e muito bem pensadas em todos os aspectos

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica o ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica de arquitetura

deveria ser colocada no acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da sustentabilidade

dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um ldquopensar

sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma a ser

incorporado ao lsquofazer arquitetocircnicorsquo E no Brasil este novo paradigma deveria estar sendo

aprendido pelos aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura e executados por cerca de

4000 profissionais arquitetos e urbanistas que ingressam por ano no diversificado mercado de

105

trabalho brasileiro Segundo Richard Rogers (2001 p 68) ldquoA profissatildeo tambeacutem deve definir sua

dimensatildeo eacutetica A exigecircncia de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentaacutevel em seus

acircmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidade dos arquitetosrdquo

A realidade estaacute em constante transformaccedilatildeo e assim natildeo soacute o ensino de arquitetura

mas todas as aacutereas de conhecimento devem estar preparadas para enfrentar os problemas atuais Cada profissatildeo pode ser ecologizada43 da arquitetura agraves artes da economia agrave medicina das engenharias agrave psicologia Cada profissional tem responsabilidade pelos efeitos e impactos ambientais que sua atividade provoca [] Ao ecologizar a educaccedilatildeo tais valores satildeo transmitidos a cada disciplina que compotildee setorialmente o curriacuteculo escolar sintonizando cada campo especializado do conhecimento com a visatildeo holiacutestica e ecoloacutegica (RIBEIRO 1998 p 24 - 25)

Como foi visto anteriormente nos toacutepicos sobre Consciecircncia Ambiental Educaccedilatildeo

Ambiental e Educaccedilatildeo para o Desenvolvimento Sustentaacutevel ou Educaccedilatildeo para a

Sustentabilidade a maioria dos brasileiros natildeo se percebe como parte do meio ambiente que tem

sido entendido como algo de fora que natildeo nos inclui A expansatildeo da consciecircncia ambiental

acontece em funccedilatildeo dessa percepccedilatildeo do entendimento de que meio ambiente comeccedila dentro de

cada um de noacutes alcanccedilando todo o nosso entorno e as relaccedilotildees que estabelecemos com o

universo

O ensino de arquitetura bem como todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um acreacutescimo nesse sentido Natildeo basta ser

exigido que esta consciecircncia ambiental venha de berccedilo aprendida em casa e nas escolas

primaacuterias Enquanto isto natildeo acontece e apenas lentamente ocorreraacute a universidade precisa dar

esse apoio A Arquitetura precisa ter tambeacutem essa base Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e

educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos primeiros periacuteodos aleacutem da

inserccedilatildeo em todos os demais periacuteodos de disciplinas sobre consciecircncia ambiental e

desenvolvimento sustentaacutevel

No proacuteximo capiacutetulo seraacute verificado com os proacuteprios estudantes e arquitetos atraveacutes

da pesquisa feita com questionaacuterios se e como os cursos de arquitetura e urbanismo vecircm

implantando e utilizando as questotildees ambientais sociais e culturais Assim seraacute possiacutevel

confirmarmos se as disciplinas obrigatoacuterias ou optativas encontradas em alguns cursos de

graduaccedilatildeo anteriormente tem sido suficientes e principalmente se as questotildees essenciais ligadas

agrave sustentabilidade estatildeo inseridas nas diversas disciplinas nos seminaacuterios e palestras e nos

proacuteprios discursos e conversas dentro das salas de aula com os professores

43 ldquoEcologizar verbo que ainda natildeo existe no dicionaacuterio expressa a accedilatildeo de introduzir a dimensatildeo ecoloacutegica nos vaacuterios campos da vida e da sociedaderdquo (RIBEIRO 1998 p23)

106

Os problemas importantes que temos de encarar natildeo podem ser resolvidos no mesmo niacutevel de pensamento

em que estaacutevamos quando os criamos Albert Einstein

4 A PESQUISA E O OPERA PRIMA O presente estudo classifica-se como uma pesquisa aplicada A pesquisa aplicada

caracteriza-se por seu interesse praacutetico busca gerar conhecimentos dirigidos agrave soluccedilatildeo de

problemas especiacuteficos envolvendo verdades e interesses locais (LAKATOS MARCONI 1999)

Seu objetivo eacute primeiramente confirmar a existecircncia de um problema identificado na formaccedilatildeo

do arquiteto e urbanista para entatildeo sugerir soluccedilotildees para este problema

Essa pesquisa em relaccedilatildeo agrave forma de abordagem do problema trabalha sob dois

enfoques quantitativo e qualitativo Nas primeiras etapas a anaacutelise foi predominantemente

quantitativa posteriormente o trabalho foi aplicado de forma qualitativa

A pesquisa quantitativa eacute traduzida em nuacutemeros opiniotildees e informaccedilotildees empregando

um instrumental estatiacutestico para classificaacute-los e analisaacute-los Procura entender e explicar

fenocircmenos de forma estruturada procurando eximir os resultados de motivos crenccedilas valores

comportamentos e percepccedilotildees individuais (ROSETTO 2003)

Jaacute a pesquisa qualitativa considera o ambiente natural como sua fonte direta de dados

e o pesquisador como seu principal instrumento os dados coletados satildeo predominantemente

descritivos a preocupaccedilatildeo com o processo eacute tatildeo importante quanto o produto e a anaacutelise dos

dados tende a seguir um processo indutivo Esta abordagem eacute descrita como um ldquoguarda-chuvardquo

cobrindo teacutecnicas interpretativas que buscam descrever decodificar traduzir e dar significado

aos termos de certos fenocircmenos que ocorrem naturalmente no mundo social Nas ciecircncias sociais

e humanas esta abordagem eacute utilizada em alternativa agrave intensa aplicaccedilatildeo de meacutetodos

quantitativos de base positivista (ROSETTO 2003)

O que diferencia a abordagem qualitativa eacute a crenccedila de que o ambiente no qual as

pessoas encontram-se tem uma grande relevacircncia sobre o que elas pensam e como elas agem

Assim as accedilotildees devem ser interpretadas dentro destes contextos com a clara convicccedilatildeo de que

as accedilotildees humanas satildeo sensiacuteveis ao mesmo (ROSETTO 2003)

A utilizaccedilatildeo das duas abordagens simultaneamente tem o objetivo de preencher as

lacunas que seriam deixadas caso fossem aplicadas isoladamente tendo em vista que o

fenocircmeno a ser observado a formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute por demais complexo para ser

estudado senatildeo a partir de uma oacutetica diversificada

Em relaccedilatildeo aos objetivos essa pesquisa pode ser classificada como exploratoacuteria e

analiacutetica Exploratoacuteria pois a fim de responder agraves perguntas norteadoras da pesquisa eacute

107

necessaacuterio levantar dados sobre o objeto do estudo o contexto do estudo as dimensotildees e

variaacuteveis envolvidas Esta abordagem eacute recomendada quando haacute pouco conhecimento sobre o

problema estudado como eacute o caso da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto Entretanto por

ser uma pesquisa aplicada natildeo basta explicitar o problema eacute tambeacutem preciso propor soluccedilotildees

exemplificaacute-las e descrevecirc-las (ROSETTO 2003)

A pesquisa analiacutetica observa registra analisa e correlaciona fatos e variaacuteveis e

procura descobrir a frequumlecircncia as relaccedilotildees as conexotildees de fenocircmenos sua natureza e

caracteriacutesticas Na aplicaccedilatildeo do sistema proposto ao descrever detalhadamente suas

caracteriacutesticas analisando os resultados obtidos e as relaccedilotildees entre as variaacuteveis envolvidas o

estudo tambeacutem se caracterizou como uma pesquisa analiacutetica (ROSETTO 2003)

Depois de identificado o caraacuteter da pesquisa vaacuterios procedimentos foram definidos a

fim de ordenar as accedilotildees necessaacuterias ao andamento do trabalho e responder ao problema proposto

Foi escolhida a observaccedilatildeo direta extensiva atraveacutes de questionaacuterio que de acordo

com Lakatos e Marconi (1999) eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie

ordenada de perguntas respondidas por escrito sem a presenccedila do entrevistador

As vantagens da utilizaccedilatildeo do questionaacuterio como instrumento de coleta de dados satildeo

que os entrevistados se sentem mais agrave vontade para responder as questotildees e expor seu ponto de

vista podem responder o questionaacuterio na hora escolhida atinge um maior nuacutemero de pessoas ao

mesmo tempo haacute menor risco de interferecircncia do pesquisador nas respostas entre outras A

principal desvantagem eacute que o entrevistado tem maior tempo de elaborar as respostas e entatildeo

nem sempre satildeo espontacircneas (MARCONI LAKATOS 1996)

As questotildees podem ser abertas permitindo que o respondente escreva livremente

mas dificulta a interpretaccedilatildeo dos dados apesar de possuir um resultado mais rico de informaccedilotildees

fechadas com apenas duas alternativas de resposta ou de muacuteltipla escolha com vaacuterias opccedilotildees

de resposta ambas facilitando a anaacutelise dos dados

Nesta pesquisa optou-se por usar questotildees abertas e de muacuteltipla escolha de acordo

com o que se pretendia em cada pergunta As etapas da pesquisa foram a especificaccedilatildeo dos

objetivos a operacionalizaccedilatildeo dos conceitos e variaacuteveis a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta

de dados o preacute-teste do instrumento a seleccedilatildeo da amostra a coleta e verificaccedilatildeo dos dados a

anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados e finalmente a apresentaccedilatildeo dos resultados

Para elaboraccedilatildeo do questionaacuterio definitivo foi realizado um preacute-teste atraveacutes de

entrevista com nove estudantes de arquitetura da UFMG A partir da revisatildeo desse preacute-teste para

corrigir possiacuteveis induccedilotildees de respostas extenso questionamento perguntas desnecessaacuterias

108

ordem correta das questotildees e falta de vontade do respondente foi desenvolvido um questionaacuterio

aberto para estudantes de arquitetura e outro para arquitetos

Os questionaacuterios foram enviados pela Internet via e-mail para arquitetos e estudantes

do Rio de Janeiro Minas Gerais Satildeo Paulo Brasiacutelia e Paranaacute e atraveacutes de terceiros para outros

estados brasileiros Rio Grande do Sul Amazonas e Cearaacute como tambeacutem outros paiacuteses como

EUA Colocircmbia Chile Itaacutelia e Iacutendia

No total foram recebidos 115 questionaacuterios respondidos Todos eles foram analisados

e interpretados com os dados reunidos em graacuteficos e em seguida descritos os resultados

Posteriormente essa pesquisa quantitativa teve seu questionaacuterio aberto revisado e

alterado para um questionaacuterio misto ndash questotildees abertas e questotildees de muacuteltipla escolha - com o

objetivo de ser aplicado de forma qualitativa entre os premiados do Concurso Opera Prima

Depois de iniciada a pesquisa foi encontrado um interessante exemplo de pesquisa

semelhante realizada por Gustavo Focesi Pinheiro da Faculdade de Engenharia Civil

Universidade Estadual de Campinas ndash UNICAMP para sua dissertaccedilatildeo de mestrado em

Engenharia Civil na aacuterea de concentraccedilatildeo de Edificaccedilotildees intitulada O gerenciamento da

construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de

edificaccedilotildees e defendida em junho de 2002 Pinheiro (2002) aplicou questionaacuterios entre

engenheiros e arquitetos para verificar se os mesmos estatildeo preparados para reduzir o impacto das

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente

Para o autor (2002 p 127) ldquoa conscientizaccedilatildeo dos profissionais e o incentivo ao

estudo e aplicaccedilatildeo de praacuteticas que aproximem a construccedilatildeo civil do desenvolvimento sustentaacutevel

e do ambiente eacute possiacutevel e indispensaacutevel pois as cidades com suas edificaccedilotildees satildeo um dos

maiores instrumentos de transformaccedilatildeo do meiordquo

Pinheiro complementa que de acordo com Coelho Cesarini e Brito44 (citado por

PINHEIRO 2002 p102) o arquiteto ldquocomo inventor no espaccedilo urbano construiacutedo tem grande

responsabilidade na geraccedilatildeo de qualidade de vida dos habitantes das cidadesrdquo o processo de

intervenccedilatildeo ldquotem um enorme custo que recai sobre a sociedade e que ao longo do tempo vem

perdendo suas referecircncias do que seja coletivo e do que seja qualidade de vidardquo Os autores

acham que eacute fundamental repensar a formaccedilatildeo dos arquitetos para que compreendam as

consequumlecircncias ldquodos seus atos a meacutedio e longo prazosrdquo

44 COELHO Silvio C CESARINI Claacuteudio J BRITO Ivana R C Cidades saudaacuteveis percepccedilatildeo e qualidade de vida no meio ambiente construiacutedo In PHIPIPPI JR Arlindo PELICIONI Maria Ceciacutelia Focesi (Org) Educaccedilatildeo Ambiental desenvolvimento de cursos e projetos Satildeo Paulo Signus 2000 p 223-231

109

Em sua pesquisa o resultado mostrou que a maioria dos profissionais tem pouco

conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade apesar de reconhecerem os diversos

impactos das edificaccedilotildees sobre o meio ambiente Aleacutem disso tem interesse em aprender para

entatildeo tentar diminuir estes impactos

Pinheiro distribuiu 370 questionaacuterios e 89 foram respondidos entre eles engenheiros

e arquitetos a maioria atuando na aacuterea de projeto e obra A primeira questatildeo da pesquisa era

sobre o conhecimento do entrevistado quanto ao conceito de ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo Isso

porque Pinheiro (2002 p 112) defende que Somente quando os profissionais tecircm total conhecimento e consciecircncia sobre o conceito e sua importacircncia eacute que podem efetivamente mudar sua conduta e atuar em prol da sustentabilidade em sua aacuterea de trabalho escolhendo desenvolvendo e aplicando teacutecnicas que poderatildeo obter ecircxito e se disseminar no mercado seja no gerenciamento de projetos ou da obra E neste ponto a educaccedilatildeo ambiental pode auxiliar muito tanto os profissionais jaacute formados quanto e principalmente com os em formaccedilatildeo pois pode ser incorporada aos cursos como uma disciplina complementar

Do total 2247 das pessoas responderam que natildeo ouviram falar do conceito Para

quem respondia ldquosimrdquo era necessaacuterio escrever sobre o significado O autor classificou as

respostas em corretas parcialmente corretas erradas e em branco e utilizou para resposta correta

a definiccedilatildeo da Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD)

Pinheiro definiu por parcialmente correta quando a resposta era incompleta soacute enfocava alguns

aspectos ou quando iam aleacutem de seu significado A maioria dos arquitetos respondeu

incorretamente e dos engenheiros em branco e apenas 942 dos entrevistados acertaram a

resposta (TAB 1)

TABELA 1 Questatildeo sobre a definiccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel

(avaliaccedilatildeo das respostas por profissatildeo)

Correccedilatildeo das respostas

Arquiteto () Engenheiro () Total ()

Erradas 4722 2041 3176

Parcialmente corretas 3611 3061 3294

Corretas 833 1020 942

Em branco 833 3878 2588

TOTAL 100 100 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 113 Foi perguntado por quais meios de comunicaccedilatildeo o respondente teve acesso aos

conceitos de sustentabilidade aplicados na construccedilatildeo civil e a maioria respondeu em

revistasmagazines conversas com profissionais e pesquisa e leitura de revistas teacutecnico-

110

cientiacuteficas Numa outra pesquisa dos autores Argollo Ferratildeo e Pinheiro mais da metade dos

entrevistados declara que teve acesso aos conceitos referentes agrave sustentabilidade e eco-eficiecircncia

pela miacutedia revistas jornais Internet e televisatildeo e a outra parte por programas de informaccedilatildeo

como palestras conferecircncias congressos cursos de extensatildeo e poacutes-graduaccedilotildees (PINHEIRO

2002)

Outra questatildeo de Pinheiro foi em relaccedilatildeo ao conhecimento sobre os conceitos e

teacutecnicas que conduzam a uma maior integraccedilatildeo entre construccedilatildeo civil e meio ambiente maior

economia nas edificaccedilotildees quanto agrave energia eleacutetrica e aacutegua e outros assuntos relacionados agrave

sustentabilidade aplicado agraves edificaccedilotildees e o interesse dos mesmos em se aprofundar A maioria

disse conhecer e ter interesse em se aprofundar poreacutem muitas pessoas disseram natildeo conhecer

sobre o assunto apesar de tambeacutem terem interesse (TAB 2)

TABELA 2 Conhecimento e interesse

Interesse pelo assunto Total ()

Natildeo conhece e tem interesse 2921

Natildeo tem interesse 338

Conhece e tem interesse em se aprofundar 6629

Natildeo respondeu 112

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 121 Em seguida foi questionado quanto aos impactos das atividades de construccedilatildeo de

edificaccedilotildees sobre o meio ambiente e assim eacute possiacutevel avaliar o grau de percepccedilatildeo e

conscientizaccedilatildeo dos entrevistados A grande maioria considera afirmativos os impactos ocorridos

(TAB 3)

TABELA 3

Impacto das edificaccedilotildees

Atividades produzem impacto Total ()

Natildeo 460

Sim 9540

Total 100

Fonte PINHEIRO 2002 p 122

111

As justificativas citadas pelos entrevistados foram poluiccedilatildeo e entulho alteraccedilotildees no

meio ambiente impermeabilizaccedilatildeo do solo e destruiccedilatildeo de mananciais consumo de recursos

falta de planejamento e conscientizaccedilatildeo impacto visual e desperdiacutecio

O autor concluiu que a maioria dos profissionais sabe pouco sobre o conceito de

desenvolvimento sustentaacutevel conhece alguma coisa da sustentabilidade na construccedilatildeo civil

principalmente atraveacutes da miacutedia e tem grande interesse em se aprimorar nessa aacuterea para aplicar

as teacutecnicas

Pinheiro (2002 p 132-133) acredita que eacute grande a conscientizaccedilatildeo da necessidade

de se alterar o atual estaacutegio de ocupaccedilatildeo e intervenccedilatildeo no meio e defende que A capacitaccedilatildeo profissional a educaccedilatildeo continuada a educaccedilatildeo ambiental e a melhor informaccedilatildeo dos profissionais da aacuterea jaacute formados assim como a melhor formaccedilatildeo com relaccedilatildeo a este tema dos alunos de graduaccedilatildeo eacute de suma importacircncia para possibilitar que haja uma mudanccedila efetiva da postura dos profissionais e da aacuterea em geral em relaccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel e agraves atividades de construccedilatildeo civil

41 Pesquisa quantitativa

A segunda etapa desse estudo constou da realizaccedilatildeo de uma pesquisa quantitativa

atraveacutes de questionaacuterio com perguntas abertas enviados a estudantes de arquitetura e arquitetos

para verificar se a sustentabilidade vem sendo abordada suficientemente nas universidades

Inicialmente foi realizado um preacute-teste atraveacutes de entrevista com nove estudantes de arquitetura

da UFMG em outubro de 2005 A partir daiacute o questionaacuterio foi revisado e distribuiacutedo durante um

ano entre diversos arquitetos e estudantes de distintas universidades brasileiras e uma pequena

quantidade de estudantes universitaacuterios de outros paiacuteses Posteriormente o questionaacuterio foi

melhorado e aplicado de forma qualitativa com perguntas abertas e de muacuteltipla escolha entre os

premiados do Concurso Opera Prima de 2001 a 2006 Esses questionaacuterios foram enviados pela

Internet via e-mail em junho de 2006 e recebidos entre julho de 2006 e abril de 2007

Na primeira pesquisa utilizou-se uma abordagem quantitativa cujo puacuteblico foi de

estudantes de arquitetura e arquitetos de vaacuterias regiotildees e estados brasileiros a saber Rio de

Janeiro Satildeo Paulo Minas Gerais Brasiacutelia Amazonas Cearaacute Rio Grande do Sul e Paranaacute

Aleacutem disso esses questionaacuterios enviados pela Internet via e-mail foram repassados para alguns

arquitetos originados do Chile Colocircmbia Iacutendia e EUA que no ano de 2006 estavam cursando

mestrado em arquitetura na University of Southern Califoacuternia - USC em Los Angeles Estados

Unidos O questionaacuterio tambeacutem foi enviado para alguns estudantes do Istituto Europero di

Design ndash IED Milano na Itaacutelia

Foram aplicados dois questionaacuterios distintos para estudantes e arquitetos (ver

APEcircNDICE A e B) no total de 115 questionaacuterios respondidos sendo 67 estudantes e 48

arquitetos Todas as questotildees foram discursivas Antes das perguntas o questionaacuterio solicitava o

112

preenchimento de alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto ao sexo idade formaccedilatildeo e

trabalho que desempenha

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo

idade e atuaccedilatildeo profissional essas variaacuteveis natildeo foram consideradas na anaacutelise do questionaacuterio

Para melhor interpretaccedilatildeo dos dados os respondentes foram classificados em quatro niacuteveis

quanto ao ano de formatura dos arquitetos ou periacuteodo cursado dos universitaacuterios O primeiro

niacutevel eacute de estudantes cursando do 1ordm ao 5ordm periacuteodo na graduaccedilatildeo o segundo niacutevel do 6ordm ao 10ordm

periacuteodo O terceiro grupo eacute de arquitetos formados entre 1999 e 2005 e o uacuteltimo eacute de arquitetos

formados entre 1980 e 1998 (GRAF 1) Como os questionaacuterios foram recebidos entre outubro

de 2005 e outubro de 2006 cada estudante assinalou o periacuteodo que estava cursando na eacutepoca que

respondeu ao questionaacuterio

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

41

31

11

17

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2005

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 1 - Classificaccedilatildeo dos 115 entrevistados por periacuteodo na graduaccedilatildeo ou ano de formado Fonte Elaborado pela autora

A primeira pergunta foi O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade

aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria acutearquitetura sustentaacutevel` e

acuteplanejamento urbano sustentaacutevel` Esta questatildeo foi feita com a intenccedilatildeo de posicionar o

entrevistado para as questotildees seguintes e principalmente observar o niacutevel de conhecimento dos

entrevistados sobre o tema Eacute interessante tambeacutem ressaltar que a continuaccedilatildeo dessa primeira

pergunta (ou seja o que seria lsquoarquitetura sustentaacutevelrsquo) foi pensada a princiacutepio para ser

utilizada somente no questionaacuterio para estudantes poreacutem logo se percebeu que alguns arquitetos

sentiram dificuldade em entender a questatildeo optando-se assim por manter a segunda parte da

pergunta (GRAF 2)

Todas as respostas obtidas foram entatildeo organizadas em algumas categorias em funccedilatildeo

das respostas em comum analisadas e interpretadas

113

1 11 2 12 311

222

1122

2421

112

8

4

11

4

9

4

12

5

20

0

5

10

1520

25

30

35

40

A B C D E F G H I J K

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

arquiteto 1980-1998 arquiteto 1999-2006 estudante 6ordm-10ordm estudante 1ordm-5ordm

GRAacuteFICO 2 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura (Total de 115 entrevistados)

A - Geraccedilatildeo de lucro suficiente para se manter economicamente sem recursos externos B - Independe de materiais e matildeo de obra industrializada C - Viabilidade econocircmica utilizando artifiacutecios e recursos disponiacuteveis e evitando desperdiacutecios D - Durabilidade Que se mantenha um bom tempo sem deteriorar E - Eficiecircncia energeacutetica minimizar gastos de energia F - Adequada agrave realidade local social ambiental econocircmica e cultural G - Auto-suficiente geraccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduosetc H - Uso adequado dos materiais tecnologias e sistemas I - Natildeo sei J - Uso adequado e inteligente dos recursos naturais K - Preocupaccedilatildeo Equiliacutebrio com o meio ambiente Minimizar impactos ambientais Fonte Elaborado pela autora

Atraveacutes dos GRAF 2 e 3 vemos que do total de 115 10 (12 pessoas) natildeo souberam

responder agrave pergunta sendo 10 estudantes e 2 arquitetos A maioria dos estudantes e arquitetos

no total de 36 (41 pessoas) respondeu preocupaccedilatildeo com o meio ambiente sendo 25 estudantes

e 16 arquitetos Seguiram-se 28 pessoas (24) que responderam uso adequado e inteligente dos

recursos naturais sendo 13 estudantes e 15 arquitetos As demais respostas foram variadas e

houve dispersatildeo dos grupamentos de periacuteodo de graduaccedilatildeo e ano de formatura

114

CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA

22

24 10

36

8

OUTRAS RESPOSTAS VARIADAS

USO ADEQUADO DOS MATERIAIS TECNOLOGIAS ESISTEMASNAtildeO SEI

USO ADEQUADO E INTELIGENTE DOS RECURSOSNATURAISPREOCUPACcedilAtildeO COM O MEIO AMBIENTE MINIMIZARIMPACTOS NATURAIS

GRAacuteFICO 3 ndash Conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte perguntava se o conceito de sustentabilidade foi tratado na

graduaccedilatildeo Metade dos respondentes considera que natildeo houve abordagem do assunto em sua

graduaccedilatildeo e 26 responderam que houve pouca abordagem do tema (GRAF 4)

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA GRADUACcedilAtildeO

1

5026

23

SIM

EM UMA DISCIPLINA OU ALGUMASDISCIPLINASPOUCO

NAtildeO

GRAacuteFICO 4 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De forma geral os estudantes consideram que o tema vem sendo tratado

superficialmente A maioria dos receacutem formados acha que o conceito de sustentabilidade soacute

aparece na disciplina de conforto ambiental Os arquitetos formados haacute mais tempo disseram natildeo

ter sido tratado o assunto na sua graduaccedilatildeo (GRAF 5)

115

1 1 2 2 211

213

191

10

10

10

10

10

5

33

0

10

20

30

40

50

60

A B C D E F G H I

O ASSUNTO Eacute FOI DISCUTIDO NA SUA GRADUACcedilAtildeO

estudante 1ordm-5ordm

estudante 6ordm-10ordm

arquiteto 1999-2006

arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 5 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura A - Sim alguns professores tecircm essa preocupaccedilatildeo B - Disciplina de Histoacuteria da Arquitetura mas muito pouco C - Disciplina de UMA (Urbanismo e Meio Ambiente) D - Disciplina de Urbanismo E - Restrita ao departamento de tecnologia F - Algumas disciplinas G - Disciplina de Conforto H - Pouco I - Natildeo Fonte Elaborado pela autora

Muitos respondentes disseram que eacute grande a falta de integraccedilatildeo entre as disciplinas

e principalmente entre departamentos Isso dificulta a disseminaccedilatildeo do conceito de

sustentabilidade que deve ser visto como parte de um todo dentro do ensino e tambeacutem da

praacutetica de arquitetura e urbanismo O que muito acontece eacute que o assunto costuma ater-se apenas

agraves disciplinas relacionadas com a aacuterea tecnoloacutegica criando uma segregaccedilatildeo entre teoria e projeto

de arquitetura e teacutecnica aacutereas do ensino de arquitetura que deveriam estar completamente

integradas

Posteriormente a essa questatildeo foi perguntado se na opiniatildeo do entrevistado era

necessaacuteria uma menor ou maior abordagem da sustentabilidade dentro da faculdade ou se era

suficiente a sua discussatildeo Em seguida caso natildeo fosse suficiente como melhorar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro da graduaccedilatildeo Das 115 pessoas quase a totalidade (113 pessoas)

responderam que era muito necessaacuterio um grande aumento de atenccedilatildeo a este tema Apenas duas

pessoas disseram que estavam suficientes a abordagem e discussatildeo da sustentabilidade que o

tema deve se deter aos aspectos bioclimaacuteticos pois a sustentabilidade natildeo eacute um problema da

arquitetura

116

A maioria dos entrevistados 30 (35 pessoas) considera que eacute preciso incorporar o

conceito de sustentabilidade em todas as disciplinas da graduaccedilatildeo Em seguida 12 (14

pessoas) responderam que incorporando o tema em todas as aulas de projeto provavelmente a

melhora aconteceria a mesma quantidade disse que seria atraveacutes de palestras seminaacuterios e

debates sendo 12 estudantes e 2 arquitetos (GRAF 6 e 7)

11 11 111 3

1142

1423

2324

22

9

22

10

17

24

6

11

6

12

05

101520253035

A B C D E F G H I J K

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO SOBRE SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA

estudante 1ordm-5ordmestudante 6ordm-10ordmarquiteto 1999-2006arquiteto 1980-1998

GRAacuteFICO 6 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por grupamentos de periacuteodo na graduaccedilatildeo e ano de formatura

A - Se deter nos aspectos bioclimaacuteticos a sustentabilidade natildeo eacute um problema da arquitetura B - Implementando projetos de alunos nas comunidades necessitadas C - Maior integraccedilatildeo entre os departamentos D - Um tema de projeto sobre o assunto E - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo F - Os professores devem conhecer mais o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia G - Interdisciplinaridade dentro do curso e tambeacutem multidisciplinaridade com outros cursos H - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates I - Incorporando o conceito em todas as disciplinas e criando uma disciplina sobre sustentabilidade J - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto K- Incorporando o conceito em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

1212

30 9

9

9

11

7A-D E F G H I J K

GRAacuteFICO 7 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade e arquiteturaurbanismo na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

117

Atraveacutes dos questionaacuterios obtidos foi possiacutevel confirmar vaacuterias hipoacuteteses sobre o

conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo e realmente tornar a

dissertaccedilatildeo relevante e de grande importacircncia para o ensino de arquitetura

Algumas respostas das questotildees satildeo citadas abaixo com a descriccedilatildeo do

estabelecimento de graduaccedilatildeo e ano de formatura ou periacuteodo cursado agrave eacutepoca que o questionaacuterio

foi respondido Pelo que entendo de sustentabilidade natildeo vejo esse tema sendo abordado motivo ateacute da minha incerteza quanto ao real significado

UFRJ 5ordm periacuteodo Acho que a arquitetura sustentaacutevel jaacute natildeo eacute mais uma opccedilatildeo ou assunto de interesse especial e sim uma grande necessidade mundial

Universidade Santa Uacutersula 1981 Arquitetura e planejamento urbano sustentaacutevel satildeo os uacutenicos futuros que temos Natildeo podemos continuar envenenando nosso mundo projetando e construindo edifiacutecios que nos adoecem e destroem o meio ambiente

IED Milano 2005 Infelizmente natildeo creio que este assunto tem recebido a atenccedilatildeo que merece Natildeo foi tratado durante minha formaccedilatildeo como arquiteta

Universidade Santa Uacutersula 1981 Eu acredito que tem sido abordado cada vez mais mas ainda natildeo eacute suficiente

UFRJ 2001

Eacute um assunto natildeo tatildeo novo mas muito discutido no cenaacuterio da arquitetura e urbanismo em escalas profissionais e em termos de especializaccedilotildees e poacutes-graduaccedilatildeo Infelizmente na aacuterea de graduaccedilatildeo haacute uma carecircncia de enfoque e abordagem deste tema tanto na forma quanto na qualidade da abordagem sendo que quase ignoradas nas ementas curriculares de arquitetura e urbanismo

UFRJ 2003

Na minha opiniatildeo as discussotildees devem ser abarcadas por cadeiras como projeto e planejamento urbano e natildeo deveriam ser deslocadas para um determinado campo de conhecimento estanque Somente com uma visatildeo holiacutestica do problema um aluno pode desenvolver potencial criacutetico para questionar a posiccedilatildeo de uma ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e tambeacutem na escala do urbano

UNIFENAS ndash Universidade de Alfenas 1996 Apesar do discurso da interdisciplinaridade ser repetido haacute pelo menos trecircs deacutecadas efetivamente estamos formando arquitetos e engenheiros que ao projetarem um edifiacutecio sequer tecircm noccedilatildeo da escala do impacto na qualidade da circulaccedilatildeo urbana e na infra-estrutura de transporte por exemplo Hoje esse tema ainda estaacute restrito a rariacutessimos grupos de pesquisa que atuam na poacutes-graduaccedilatildeo

UFF 1988

Palestras sobre o assunto e inserccedilatildeo do mesmo nos nossos projetos seria legal Tem que haver uma ligaccedilatildeo entre as mateacuterias teoacutericas (que abordariam este assunto) com as mateacuterias praacuteticas de projeto Nesta faculdade os departamentos natildeo se comunicam natildeo haacute uma conexatildeo entre os campos e isso dificulta nosso aprendizado que acaba ficando muito solto no ar

UFRJ 4ordm periacuteodo

Para mim sustentabilidade eacute uma necessidade do nosso tempo e eacutepoca devido a todos os problemas de poluiccedilatildeo depredaccedilatildeo de recursos natildeo-renovaacuteveis e desmatamento em

118

grande escala[] Noacutes como arquitetos deveriacuteamos incorporar vaacuterios meacutetodos mais sustentaacuteveis de construccedilatildeo e projeto no nosso trabalho []

Eu acho que deveria ser dada maior importacircncia nas escolas de arquitetura[] Finalmente eu acho que os estudantes deveriam ser encorajados a usar projeto sustentaacutevel nos ateliers aleacutem de ter pelo menos uma disciplina obrigatoacuteria sobre sustentabilidade (traduccedilatildeo nossa)

Arvindbhai Patel Institute of Environmental Design (Iacutendia) 2000

O fundamental eacute assumir o lugar da arquitetura do discurso mais geral de sustentabilidade Aceitar que mesmo com implicaccedilotildees diretas sobre a arquitetura natildeo eacute um problema arquitetocircnico mas sim industrial e logiacutestico (como foi o desenvolvimento do concreto armado para a arquitetura moderna ou da estrutura metaacutelica para os arranha-ceacuteus americanos) E se deter seriamente sobre os aspectos bioclimaacuteticos hoje tratados mais facilmente desde que aceitemos a irrelevacircncia de se desenhar maacutescaras solares e dimensionar graficamente brises em tempos de softwares de simulaccedilatildeo de desempenho teacutermico Esta eacute a ferramenta fundamental para o trabalho do arquiteto

UFMG 1999 A formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute bastante deficitaacuteria quanto ao assunto pois insistem em trataacute-lo como exclusividade do departamento de tecnologia com pouca interface com os departamentos de criacutetica e histoacuteria da arquitetura e quase nenhuma com o planejamento urbano

PUC-MG 2003 42 Pesquisa qualitativa Opera Prima Para realizar uma pesquisa qualitativa sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do

arquiteto e urbanista foram selecionados os ganhadores do concurso Opera Prima dos uacuteltimos

seis anos no periacuteodo de 2001 a 2006 A pesquisa teve como objetivo eleger uma amostra de

excelecircncia Essa seleccedilatildeo foi feita principalmente em funccedilatildeo dos trabalhos premiados serem

primeiramente escolhidos internamente pelas proacuteprias instituiccedilotildees de ensino de arquitetura e

urbanismo dentre os melhores trabalhos finais de graduaccedilatildeo de seus formandos e

posteriormente pela Comissatildeo Julgadora do concurso Opera Prima Isso nos permite sugerir que

a maioria dos alunos premiados estaacute dentre os melhores de suas escolas de arquitetura Aleacutem

disso todos os trabalhos selecionados satildeo divididos por regiotildees do Brasil permitindo que esta

amostragem qualitativa seja tambeacutem bastante diversificada

Os anos selecionados de 2001 a 2006 foram devido agrave opccedilatildeo de analisar a formaccedilatildeo

atual do arquiteto e urbanista e assim natildeo se estendeu aos anos anteriores Desses seis

concursos foram enviados questionaacuterios (ver APEcircNDICE C) pela Internet via e-mail em junho

de 2006 a todos os cinco premiados de cada ano e dos vinte ganhadores de menccedilatildeo honrosa de

cada ano foram selecionados os que mais poderiam ter abordado o conceito de sustentabilidade

totalizando 69 questionaacuterios Foram recebidos 50 questionaacuterios respondidos entre julho de 2006

e abril de 2007

O questionaacuterio que na pesquisa quantitativa feita anteriormente possuiacutea somente

perguntas abertas foi melhorado e aplicado com questotildees abertas e de muacuteltipla escolha Assim

119

como na pesquisa anterior antes das perguntas o questionaacuterio possuiacutea o preenchimento de

alguns dados para caracterizar a populaccedilatildeo quanto agrave idade ano de formatura universidade

cursada e se o arquiteto possuiacutea curso de aperfeiccediloamento especializaccedilatildeo mestrado eou

doutorado Aleacutem disso o respondente preenchia o tiacutetulo de seu trabalho final de graduaccedilatildeo e

nome do orientador (ver APEcircNDICE C)

Devido agrave pouca variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada e

idade essas variaacuteveis natildeo foram consideradas A classificaccedilatildeo foi feita apenas pelo ano do

concurso sendo o ano anterior o de formatura do arquiteto

Apoacutes a coleta e verificaccedilatildeo dos questionaacuterios foi solicitado a alguns respondentes

que enviassem resumos memoriais e imagens sobre seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Esta

seleccedilatildeo foi feita baseada na resposta agrave questatildeo sobre se seu trabalho final de graduaccedilatildeo havia

abordado a sustentabilidade Depois de analisados os materiais recebidos foram escolhidos ateacute

dois trabalhos que mais se destacaram em cada ano para serem descritos e ilustrados na atual

dissertaccedilatildeo

A seguir eacute apresentado um breve histoacuterico do concurso Opera Prima para

posteriormente serem descritos os seis concursos e seus participantes e finalmente seus

questionaacuterios e trabalhos possam ser analisados e interpretados

421 Concurso Opera Prima - Concurso Nacional de Trabalhos Finais de Graduaccedilatildeo em

Arquitetura e Urbanismo

O concurso eacute realizado haacute dezoito anos jaacute se tornou uma referecircncia para escolas

professores e principalmente formandos em arquitetura e urbanismo Foi lanccedilado em 1988 por

iniciativa da Revista PROJETO DESIGN com o entatildeo editor Vicente Wissenbach devido agrave

grande procura de formandos interessados em publicar seus trabalhos de conclusatildeo de curso A

ideacuteia de organizar um concurso nacional com a participaccedilatildeo das faculdades de arquitetura e

urbanismo foi apresentada agrave ABEA e apoiada pelo entatildeo presidente arquiteto Carlos Fayet A

empresa Fademac fabricante do piso viniacutelico Paviflex apoiou e se tornou patrocinadora do

evento Naquele ano existiam 48 escolas de ensino superior de arquitetura e 37 participaram do

concurso com 156 trabalhos escritos Naquela eacutepoca o concurso era chamado de Opera Prima e

a premiaccedilatildeo de Precircmio Paviflex (PREcircMIO OPERA PRIMA 2003)

Posteriormente entre o 8deg Precircmio Paviflex no ano de 1996 ateacute o 14deg Precircmio

Paviflex em 2002 o nome Opera Prima parou de ser utilizado e a revista divulgadora passou a

ser a AU

120

A partir de 2001 o IAB passou a integrar oficialmente a iniciativa em conjunto com a

Abea Em 2003 o concurso voltou a ser chamado de Opera Prima a divulgaccedilatildeo com a revista

PROJETO DESIGN e a empresa Joy Eventos com o patrociacutenio da Brasken No ano seguinte a

Brasken acrescentou uma nova categoria de premiaccedilatildeo Projetando com PVC para os projetos

baseados neste material

Cada instituiccedilatildeo seleciona internamente dentre os melhores trabalhos finais de

graduaccedilatildeo de seus formandos no maacuteximo um trabalho para cada dez alunos (ou fraccedilatildeo) que

tenham desenvolvido seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo Em relaccedilatildeo ao Precircmio Projetando com

PVC podem participar todos os trabalhos inscritos na premiaccedilatildeo Opera Prima cabendo ainda agraves

instituiccedilotildees de ensino se existirem projetos que se destacarem apenas quanto ao uso do PVC a

possibilidade de selecionar mais trabalhos que concorreratildeo exclusivamente ao Precircmio Projetando

com PVC limitados ao nuacutemero maacuteximo dos selecionados e permitidos para o Opera Prima45

Ateacute o Concurso Opera Prima de 2005 numa primeira etapa a Comissatildeo Julgadora

selecionava por regiatildeo o nuacutemero de trabalhos correspondente ao nuacutemero de cursos da regiatildeo que

efetivamente participaram da ediccedilatildeo do concurso A partir de 2006 o nuacutemero de trabalhos

selecionados passou a ser cem Numa segunda etapa satildeo selecionados os vinte e cinco trabalhos

finalistas sendo que destes cinco recebem precircmios e outros vinte recebem menccedilotildees honrosas

Para fins de organizaccedilatildeo e composiccedilatildeo da Comissatildeo Julgadora satildeo consideradas as seguintes

regiotildees em funccedilatildeo do nuacutemero de escolas

Regiatildeo 1 - Paranaacute Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Regiatildeo 2 - Satildeo Paulo

Regiatildeo 3 - Rio de Janeiro e Espiacuterito Santo

Regiatildeo 4 - Alagoas Bahia Cearaacute Maranhatildeo Paraiacuteba Pernambuco Piauiacute Rio Grande do Norte

e Sergipe

Regiatildeo 5 - Amazonas Brasiacutelia Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraacute e

Tocantins

No concurso de 2006 foram recebidos 476 trabalhos selecionados dentre mais de

quatro mil trabalhos de alunos formados no ano anterior pelas proacuteprias universidades Ao todo

foram 107 escolas de arquitetura de todo o Brasil Cem trabalhos foram selecionados

regionalmente para a fase final dentre os quais se destacaram 25 projetos cinco premiaccedilotildees e 20

menccedilotildees honrosas Para a categoria especial Projetando com PVC foram classificados cinco

trabalhos dos quais dois receberam precircmio oferecido pela Braskem

45 Para mais informaccedilotildees ver paacutegina na Internet do Concurso Opera Prima disponiacutevel em lthttpwwwarcowebcombrgt

121

A seguir seratildeo apresentados os ganhadores e alguns premiados com menccedilotildees

honrosas no concurso Opera Prima de cada ano entre 2001 e 2006 com o tiacutetulo do trabalho final

de graduaccedilatildeo e universidade correspondente Em seguida algumas citaccedilotildees dos questionaacuterios

respondidos pelos premiados seratildeo expostas para posteriormente alguns dos trabalhos serem

descritos ilustrados e brevemente analisados

422 Opera Prima 2001 Ganhadores

Ana Holck - Centro de Arte Contemporacircnea ndash UFRJ

Aacutertemis dos Santos Teles - Circo Oficina - USP

Carlos Paiva C Perles - Centro de Exposiccedilotildees Satildeo Paulo - FAAP

Rodrigo Cabral de Vasconcelos - Percursos e Permanecircncias em Mangue Seco - UFPE

Wagner Barboza Rufino - Museu de Cultura Finlandesa de Penedo ndash UFJF

Menccedilotildees honrosas

Clebiana Aparecida da Silva - Planejamento Urbano do Bairro Boa Vista - UnB

Thais Inecircs Krambeck - Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras ndash UFSC

Foi perguntado sobre como os autores consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista e todos os sete responderam que eacute pouca e

superficial Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como esses autores acreditam que essa discussatildeo poderia melhorar seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel seria aquela que entende a edificaccedilatildeo como algo autocircnomo que utiliza e consome o que pode produzir ou obter sem impactos ambientais Uma arquitetura totalmente sustentaacutevel natildeo eacute atingiacutevel mas sim uma arquitetura de menor impacto ambiental que deve buscar a utilizaccedilatildeo adequada dos recursos disponiacuteveis em todo o ciclo de vida da edificaccedilatildeo (projeto construccedilatildeo utilizaccedilatildeo demoliccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo) Isto pode ser conseguido atraveacutes de por exemplo adoccedilatildeo de materiais construtivos locais e com baixo iacutendice de energia embutida adoccedilatildeo de sistemas construtivos racionalizados reduccedilatildeo do consumo de energia eleacutetrica atraveacutes de paineacuteis fotovoltaicos iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo naturais reduccedilatildeo do consumo de aacutegua potaacutevel atraveacutes do armazenamento e utilizaccedilatildeo de aacutegua da chuva e reutilizaccedilatildeo de aacuteguas cinzas entre outros

Thais Krambeck UFSC 2001 Entre os anos 1995 e 2000 periacuteodo em que frequumlentei a FAU da Universidade de Brasiacutelia praticamente natildeo se ouvia falar em sustentabilidade nas disciplinas oferecidas pelo curso O interesse devia partir do aluno para que esses conceitos fossem esclarecidos Existem disciplinas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo que poderiam abordar esse assunto poreacutem quando citado eacute de forma bastante superficial Infelizmente as disciplinas voltadas para o urbanismo que poderiam enfatizar os conceitos de sustentabilidade tanto na arquitetura quanto no proacuteprio urbanismo natildeo satildeo de grande importacircncia na FAU-UnB Para melhorar a abordagem desse assunto eacute imprescindiacutevel que os mestres tenham conhecimento do conceito e da importacircncia do desenvolvimento sustentaacutevel e que forcem discussotildees sobre o assunto para que ele possa ser integrado agraves disciplinas

Clebiana Silva UnB 2001

122

Vejo a sustentabilidade como um conceito uacutenico que natildeo se diferencia seja ele usado para a arquitetura seja para o urbanismo ou para qualquer outra disciplina Claro que a forma de abordagem e a sua aplicaccedilatildeo vatildeo mudar dependendo da aacuterea do conhecimento em que ele esteja sendo usado mas seu conceito - o seu princiacutepio - eacute o mesmo Ouvi uma histoacuteria a respeito dos iacutendios americanos em que eles antes de tomar uma decisatildeo mais importante de acircmbito tribal ou coletivo vamos dizer assim consideravam seu impacto nas proacuteximas sete geraccedilotildees Vejo a sustentabilidade assim Eacute uma maneira de pensar e agir que leva em conta o coletivo E perceba a abrangecircncia deste coletivo a que me refiro Eacute o coletivo social econocircmico e natural pensado ainda com o condicionante tempo Eacute vocecirc tornar-se responsaacutevel por absolutamente tudo que estaacute ao seu redor ao longo de toda sua vida Cada pensamento e accedilatildeo deve ser neste sentido Na arquitetura ou urbanismo eacute preciso planejar nossas intervenccedilotildees de uma maneira que ela atenda da melhor maneira o seu usuaacuterio mas que seu impacto seja positivo dentro desse conjunto soacutecio-econocircmico-natural agora e sempre Ou seja eacute preciso ser responsaacutevel por tudo que estaacute envolvido com a obra e suas consequumlecircncias desde a madeira que vocecirc indica (ela eacute de reflorestamento ou eacute ilegal) ateacute o seu projeto (como estaacute a eficiecircncia energeacutetica de sua soluccedilatildeo vocecirc reutiliza a aacutegua da chuva por exemplo) e mais o operaacuterio que trabalha em sua obra como eacute sua condiccedilatildeo de vida educaccedilatildeo consciecircncia ecoloacutegica Ele mora nas redondezas onde sua construccedilatildeo estaacute de alguma maneira interferindo Ou mora em outro municiacutepio e natildeo tem viacutenculo nenhum com o local E a construtora que contratada como trabalha Estaacute atenta a minimizaccedilatildeo de perdas de materiais no canteiro E por aiacute vai Quando fiz o curso na UFPE o conceito de sustentabilidade estava presente mas natildeo de maneira sistematizada nas cadeiras Era um assunto presente em conversas em palestras etc Poreacutem soacute me deparei realmente com ele durante a elaboraccedilatildeo do meu TG (Trabalho de Graduaccedilatildeo) por conta do tema que escolhi e tive um bom acessoramento de sustentabilidade por parte de minha orientadora Nas conversas com ela percebi inclusive a impossibilidade de mergulhar e trazer de forma mais efetiva este tema ao meu trabalho por conta da complexidade que envolve o conceito e a limitaccedilatildeo de tempo e estrutura de pesquisa que se dispotildee para se fazer uma monografia de conclusatildeo de curso Acredito q soacute eacute possiacutevel abordar este tema em sua abrangecircncia e complexidade de maneira convincente e que se consiga percebecirc-lo presente nas decisotildees de projeto em um mestrado ou doutorado Precisamos ser raacutepidos Raacutepidos e eficazes nessa introduccedilatildeo do tema nas cadeiras (em todas) de ensino da arquitetura Apesar de todos os alertas ainda vivemos a ilusatildeo da abundacircncia e da infinitude (quero dizer que eacute infinito) dos recursos naturais

Rodrigo Cabral 2001

Dos sete trabalhos analisados dois autores responderam que natildeo abordaram a

sustentabilidade em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo pois o mesmo natildeo estava voltado para o

assunto trecircs pessoas disseram que algumas questotildees foram abordadas e duas disseram que o

trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade Destes dois trabalhos se destacou o de

Thais Inecircs Krambeck

4221 Ecoturismo Parque Rota das Cachoeiras - Thais Inecircs Krambeck UFSC

O trabalho apresentado foi uma intervenccedilatildeo no Parque Ecoloacutegico E F Battistella

parque existente em Corupaacute Santa Catarina com o principal objetivo de utilizaccedilatildeo de aacutereas

naturais respeitando a proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente natural Foram planejadas

instalaccedilotildees de apoio tais como centro de educaccedilatildeo ambiental administraccedilatildeo e pesquisa estufa e

123

feira de produtos locais que incorporam espaccedilos para atividades desenvolvidas no parque e

atendimento aos visitantes com utilizaccedilatildeo de madeira cultivada e outros materiais naturais A

autora propocircs tambeacutem soluccedilotildees para os impactos gerados com a excessiva visitaccedilatildeo tais como

legalizaccedilatildeo da aacuterea como Reserva Particular do Patrimocircnio Natural com apoio do IBAMA

estrateacutegias de controle de visitaccedilatildeo tais como alteraccedilotildees fiacutesicas orientaccedilatildeo do visitante quanto a

seu comportamento cobranccedila de taxas diminuiccedilatildeo da intensidade de uso e proibiccedilatildeo de

determinadas atividades aleacutem do zoneamento do parque (aacutereas de uso restrito extensivo e

intensivo) como forma de administrar diferentes limites de impacto para proteger os recursos

naturais e proporcionar a diversificaccedilatildeo das experiecircncias disponiacuteveis aos visitantes O trabalho teve como objetivo geral tratar o ecoturismo como uma das faces do desenvolvimento sustentaacutevel mostrando-se como eacute possiacutevel usufruir o ambiente onde vivemos sem esgotar as possibilidades de geraccedilotildees futuras e sem deixar de lado necessidades humanas presentes Para isso adotou-se como referencial teoacuterico os conceitos de sustentabilidade e ecoturismo De acordo com The Ecotourism Society ldquoEcoturismo eacute a viagem responsaacutevel a aacutereas naturais visando preservar o meio-ambiente e promover o bem-estar da populaccedilatildeo localrdquo No Brasil o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo chegou agrave seguinte conceituaccedilatildeo ldquoEcoturismo eacute um segmento da atividade turiacutestica que utiliza de forma sustentaacutevel o patrimocircnio cultural e natural incentiva sua conservaccedilatildeo e busca a formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambientalista atraveacutes da interpretaccedilatildeo do ambiente promovendo o bem-estar das populaccedilotildees envolvidasrdquo Desta forma vecirc-se que inerente ao conceito de ecoturismo estaacute o de sustentabilidade isto eacute usufruir o ambiente onde vivemos sem comprometer a possibilidade de geraccedilotildees futuras de satisfazer suas necessidades suprindo aos anseios presentes atraveacutes da utilizaccedilatildeo racional dos recursos naturais Entretanto apesar de o ecoturismo ser visto hoje como um dos meios de se alcanccedilar o desenvolvimento sustentaacutevel de comunidades sabe-se que isto soacute eacute possiacutevel considerando-se as necessidades econocircmicas locais e integrando as comunidades locais e seus interesses ao processo de planejamento e gestatildeo de aacutereas com potencial para ecoturismo O objeto de estudo deste trabalho foi uma aacuterea de mata atlacircntica situada no domiacutenio da Serra do mar no municiacutepio de Corupaacute-SC com grande potencial turiacutestico principalmente devido a seus recursos hiacutedricos Eacute de propriedade do grupo empresarial Battistella e eacute designada como Parque Ecoloacutegico Emiacutelio Fiorentino Battistella O parque foi aberto agrave visitaccedilatildeo em junho de 1989 e desde entatildeo tecircm recebido um nuacutemero cada vez maior de visitantes No entanto ateacute hoje natildeo foram implantados meios de controlar e monitorar a visitaccedilatildeo e seus impactos sendo que nem mesmo a situaccedilatildeo legal do parque ecoloacutegico assim chamado erroneamente estaacute definida uma vez que natildeo se encontra ligado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo O objetivo especiacutefico do trabalho voltou-se para a aacuterea do Parque Ecoloacutegico E F Battistella e consistiu em trabalhar a conciliaccedilatildeo da visitaccedilatildeo com a preservaccedilatildeo dos recursos naturais atraveacutes de atividades e niacutevel de visitaccedilatildeo adequados agrave aacuterea da criaccedilatildeo de uma consciecircncia ecoloacutegica entre visitantes e comunidade e de intervenccedilotildees fiacutesicas com o fim de reduzir o impacto da visitaccedilatildeo e ao mesmo tempo dar mais seguranccedila aos visitantes Entretanto para que o trabalho fosse realmente alicerccedilado nos princiacutepios do ecoturismo foi necessaacuterio voltar-se para uma escala mais ampla a da comunidade sob influecircncia da atividade turiacutestica no parque e das aacutereas de nascentes de rios que formam a microbacia em questatildeo Desta forma indicaram-se direccedilotildees a se seguir quanto ao uso do solo destas aacutereas considerando-se a forma de ocupaccedilatildeo das comunidades suas necessidades econocircmicas o potencial para o turismo rural e ecoloacutegico e a preservaccedilatildeo dos recursos naturais 46

46 Texto enviado por e-mail por Thaiacutes Inecircs Krambeck

124

FIGURA 19 - Parque Rota das Cachoeiras Implantaccedilatildeo Cobertura Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

FIGURA 20 - Parque Rota das Cachoeiras Vista Frontal - Centro de Educaccedilatildeo Ambiental Fonte Arquivo de Thais Inecircs Krambeck

Percebe-se que houve grande preocupaccedilatildeo principalmente com as questotildees

ambiental e cultural A autora conseguiu por meio da utilizaccedilatildeo dos conceitos de

sustentabilidade e de ecoturismo preservar o meio ambiente disponibilizando soluccedilotildees para

resolver os problemas existentes no parque Aleacutem disso os materiais teacutecnicas e formas

arquitetocircnicas apresentadas para os estabelecimentos de apoio ao parque satildeo bastante

compatiacuteveis tanto com o entorno quanto com o discurso que fundamenta a intervenccedilatildeo proposta

Eacute interessante enfatizar a preocupaccedilatildeo de Thais Krambeck com a orientaccedilatildeo do comportamento

do visitante fato que possui uma estreita relaccedilatildeo com a questatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental

motivando e justificando a criaccedilatildeo do Centro de Educaccedilatildeo Ambiental dentro do

empreendimento

423 Opera Prima 2002 Ganhadores

Ailton Cabral Moraes ndash Ginaacutesio Poliesportivo ndash UnB

125

Albenise Laverde ndash Induacutestria Moveleira em Estrutura e Madeira Laminada Colada ndash UEL

Danielle de Caacutessia Spadotto ndash Nuacutecleo de Cidadania e Habitaccedilatildeo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Fernanda Figueiredo Guimaratildees ndash Centro Comunitaacuterio Morro das Pedras ndash UFMG

Marila Braga Filartiga ndash Transporte Hidroviaacuterio para Barra da Tijuca ndash UFRJ

Menccedilotildees honrosas

Faacutebio Pietrani Toffano ndash Arquitetura x Meio Ambiente ndash UFF

Helena de Cerqueira Cesar Radesca ndash Avenida Sumareacute Reciclando Espaccedilos Puacuteblicos ndash USP

Juliana Iwashita ndash Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas ndash USP

Viviane Caroline Abe ndash Reabilitaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Edifiacutecio de Escritoacuterios ndash USP

Dos nove arquitetos oito responderam que consideram a discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto pouca e superficial e um respondeu que natildeo existe tal

abordagem Algumas citaccedilotildees a respeito da definiccedilatildeo de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo e como eles acham que poderia melhorar esta discussatildeo seguem abaixo Arquitetura sustentaacutevel eacute a arquitetura responsaacutevel A arquitetura integrada ao meio onde estaacute inserida sem agredir o meio ambiente A arquitetura sustentaacutevel estaacute comprometida com os impactos no meio ambiente e tem por meta exatamente a reduccedilatildeo desses impactos seja na fase de construccedilatildeo (diminuiccedilatildeo de desperdiacutecios no canteiro de obra) seja durante a vida uacutetil da edificaccedilatildeo (reuso de aacuteguas pluviais aproveitamento de energia solar etc) seja atraveacutes da reabilitaccedilatildeo da edificaccedilatildeo (que pode ser facilitada pela flexibilidade do projeto e pelos materiais empregados inicialmente) O planejamento urbano sustentaacutevel da mesma maneira deve estar comprometido com o meio e com os impactos que as modificaccedilotildees causaratildeo nesse meio a curto meacutedio e longo prazo

Viviane Abe USP 2002

A meu ver a medida mais eficiente para melhoria deste problema seria o investimento por parte das instituiccedilotildees de ensino em cursos de atualizaccedilatildeo oferecidos aos professores ou a contrataccedilatildeo de novos professores com formaccedilatildeo especiacutefica neste campo de conhecimento Outra medida interessante mas que a meu ver seria menos eficiente seria a apresentaccedilatildeo de palestras e seminaacuterios ministrados por convidados estudiosos do assunto

Ailton Moraes UnB 2002

Dos nove trabalhos analisados cinco autores disseram que algumas questotildees

relacionadas agrave sustentabilidade foram abordadas em seus trabalhos finais de graduaccedilatildeo e quatro

disseram que o trabalho estava muito voltado para este assunto Destes dois destacaram-se o

trabalho de Fabio Toffano e o de Juliana Iwashita

4231 Arquitetura x Meio Ambiente - Fabio Toffano UFF

O projeto de Fabio Toffano foi uma edificaccedilatildeo residencial multifamiliar em um

terreno situado na uacutenica rua do bairro de Satildeo Francisco Niteroacutei RJ passiacutevel de construccedilotildees

126

acima de dois pavimentos O terreno escolhido possuiacutea orientaccedilatildeo forma e imposiccedilotildees legais e

de mercado peculiares e assim as soluccedilotildees inevitavelmente esbarravam nas questotildees de

conforto Dessa forma o autor empregou soluccedilotildees alternativas que buscassem o conforto teacutermico

adequado ao clima da cidade aliado agrave eficiecircncia energeacutetica e hiacutedrica da edificaccedilatildeo Sistemas

como aquecimento da aacutegua por energia solar exaustatildeo eoacutelica do ar interno iluminaccedilatildeo e

ventilaccedilatildeo natural explorada ao maacuteximo sistemas artificiais de iluminaccedilatildeo mais econocircmicos

isolamento teacutermico da edificaccedilatildeo aberturas adaptadas agraves condiccedilotildees locais de favorecimento ao

conforto concepccedilatildeo de forma funccedilatildeo e estrutura criando os espaccedilos fluidos otimizando a

circulaccedilatildeo do ar reuso da aacutegua pluvial para fins natildeo potaacuteveis soluccedilotildees que permitissem maior

controle de vazamentos mediccedilatildeo do consumo de aacutegua individualizada aparelhos sanitaacuterios

eficientes como a bacia de descarga reduzida e dispositivos controladores de vazatildeo e pressatildeo Uma crise anunciada Eacute como especialistas em energia analisam a atual situaccedilatildeo A ausecircncia de investimentos nos uacuteltimos anos provocou o grave estado em que se encontra o setor eleacutetrico As grandes estatais foram impedidas pelo governo de fazer expansotildees e o setor privado natildeo correspondeu agraves expectativas As grandes hidreleacutetricas planejadas para ciclos de seca de cinco anos operam sob elevados riscos com ciclos de um A ausecircncia de chuvas rebaixou os reservatoacuterios a niacuteveis nunca antes registrados e a exploraccedilatildeo de outras matrizes energeacuteticas natildeo surtiu o efeito desejado Como resultado enfrentamos uma situaccedilatildeo criacutetica com racionamentos impostos a todos os segmentos da sociedade com reflexos na economia e na vida das pessoas Por outro lado em muitas regiotildees do Brasil a falta de aacutegua potaacutevel para a populaccedilatildeo jaacute eacute realidade Municiacutepios jaacute natildeo sabem onde captar aacutegua para suprir o aumento da demanda afastando inclusive induacutestrias e provocando o fornecimento irregular agraves aacutereas de abastecimento Ao mesmo tempo se sabe que aproximadamente a metade de toda a aacutegua captada eacute perdida sob a forma de perdas ou desperdiacutecios Diante dessas situaccedilotildees ao analisarmos os problemas por que passamos cabe a pergunta Qual seria o papel do arquiteto como teacutecnico responsaacutevel pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees Essa pergunta soa mais preocupante quando constatamos que substituir um modelo de crescimento errocircneo pode demorar muito tempo Sobretudo quando ele ainda eacute largamente utilizado ateacute pelos arquitetos e urbanistas

Refletindo sobre estas questotildees o projeto foi elaborado de maneira a incorporar desde o iniacutecio ideacuteias baseadas nos conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica O objetivo foi harmonizar o habitat humano a natureza que o envolve retirando dela o maacuteximo de recursos com um miacutenimo de impacto Para isso foram consideradas todas as tecnologias disponiacuteveis atualmente sem perder de vista a questatildeo de viabilidade relacionada agraves decisotildees arquitetocircnicas A aacuterea de estudo o bairro de Satildeo Francisco em Niteroacutei vem sofrendo pressotildees da induacutestria de construccedilatildeo civil para seu crescimento Ao mesmo tempo enfrenta a resistecircncia da opiniatildeo puacuteblica temerosa pelo impacto na qualidade de vida da populaccedilatildeo residente Estudar uma forma viaacutevel de se expandir agraves cidades sem causar maiores problemas com a natureza e os recursos naturais disponiacuteveis se tornou uma imposiccedilatildeo de projeto [] O objetivo do projeto eacute mostrar ao arquiteto a preocupaccedilatildeo do entendimento de cada um dos conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e racionalizaccedilatildeo do uso de Recursos Naturais Natildeo adotando um como prioritaacuterio mas intercambiando informaccedilotildees entre todos eles A necessidade de especialistas nestas aacutereas eacute inquestionaacutevel tanto quanto maior for a complexidade da obra arquitetocircnica O que se quer reafirmar eacute a necessidade do arquiteto ser apto a filtrar e traduzir as soluccedilotildees

127

discutidas e sugeridas pelos profissionais de cada aacuterea em propostas arquitetocircnicas objetivas e de qualidade Dentro desta visatildeo a Eficiecircncia Ambiental e Energeacutetica eacute tatildeo importante quanto o conceito esteacutetico formal funcional econocircmico ou social O objetivo eacute fornecer premissas baacutesicas para qualquer projeto arquitetocircnico a serem consideradas desde o princiacutepio do estudo Um bom projeto de arquitetura deve assistir a um programa e anaacutelise climaacutetica de forma a responder simultaneamente agrave eficiecircncia energeacutetica e as condiccedilotildees de conforto [] Desde o iniacutecio o projeto buscou nas ideacuteias e conceitos da Arquitetura Bioclimaacutetica meacutetodos que levassem a soluccedilotildees simples e eficientes tal qual a natureza em que busca inspiraccedilatildeo Natildeo soacute a natureza como imaginamos com seus elementos terra aacutegua e ar influenciadores do clima dos materiais e do homem Mas tambeacutem a natureza humana inerente agrave alma presente no conhecimento e na ciecircncia Por isso procurei utilizar com sabedoria e inteligecircncia humana os elementos e recursos disponiacuteveis na natureza Tentei enxergar a economia da aacutegua ou de energia natildeo soacute como nuacutemeros ou cifras mas como um desafio a nossa proacutepria racionalidade Busquei a superaccedilatildeo natildeo soacute daquilo que eacute mais evidente que satildeo os problemas aqui apresentados Mas sim o desafio de testar ateacute que ponto o estaacutegio da inteligecircncia humana seria capaz natildeo de domar a natureza mas de cooperar com ela Talvez tenha sido movido pelo desejo de tornar a arquitetura habitat humano assim como ele um elemento natural em equiliacutebrio47

FIGURA 21 - Arquitetura x Meio Ambiente Perspectiva do edifiacutecio Fonte Arquivo de Fabio Toffano

O autor elaborou seu projeto baseado nos princiacutepios da Arquitetura Bioclimaacutetica em

conceitos de Conforto Ambiental Eficiecircncia Energeacutetica e hiacutedrica racionalizaccedilatildeo do uso de

Recursos Naturais produzindo o miacutenimo possiacutevel de impacto ao meio ambiente e utilizando

tecnologias disponiacuteveis atualmente sem desconsiderar a viabilidade econocircmica Ele se

preocupou com a especificaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais formas sistemas e teacutecnicas que

aliassem todos estes fatores Aleacutem disso Fabio Toffano procurou sempre ressaltar o dever e

papel do arquiteto frente agraves questotildees ambientais e econocircmicas assumindo que o arquiteto eacute um

dos teacutecnicos responsaacuteveis pelo crescimento das cidades e de suas edificaccedilotildees O autor se baseia

no conceito de sustentabilidade com grande destaque agraves questotildees ambientais e econocircmicas

47 Texto enviado por e-mail por Fabio Toffano

128

4232 Torre Bioclimaacutetica Conservaccedilatildeo de Energia e Fontes Alternativas - Juliana

Iwashita USP

O projeto da autora foi um edifiacutecio vertical de escritoacuterios na cidade de Satildeo Paulo

com 219m de altura localizado numa zona nobre de comeacutercio e de serviccedilos da Chaacutecara Santo

Antonio junto agrave Marginal Pinheiros Possui aacuterea construiacuteda de 128000m2 com 35 pavimentos

tipo 3 subsolos 2 pavimentos intermediaacuterios de conviacutevio social e embasamento com comeacutercio e

serviccedilos A concepccedilatildeo arquitetocircnica do edifiacutecio primou pela adequaccedilatildeo ao microclima local

otimizando o uso de estrateacutegias passivas de ventilaccedilatildeo e iluminaccedilatildeo natural com soluccedilotildees

energeticamente eficientes preservaccedilatildeo de recursos naturais e ambientais atraveacutes do uso

racional reutilizaccedilatildeo e reciclagem de materiais e resiacuteduos aproveitamento de aacuteguas pluviais e

coleta seletiva de lixo e estrateacutegias de geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores

Diante da crise energeacutetica a arquitetura passiva tornou-se um requisito cada vez mais relevante e necessaacuterio Partidos arquitetocircnicos que visem a eficiecircncia energeacutetica e a sustentabilidade seratildeo premissas indispensaacuteveis para futuros projetos Desta forma o trabalho apresenta o projeto de uma Torre Bioclimaacutetica de Escritoacuterios de baixo impacto ambiental e de estrateacutegias passivas para reduccedilatildeo do consumo energeacutetico e sustentabilidade do edifiacutecio O projeto aborda desde questotildees climaacuteticas para estudo de orientaccedilatildeo configuraccedilatildeo espacial e fachadas para melhor aproveitamento da iluminaccedilatildeo e ventilaccedilatildeo natural ateacute estrateacutegias para sustentabilidade do edifiacutecio como geraccedilatildeo de energia limpa atraveacutes de aerogeradores reutilizaccedilatildeo de aacuteguas pluviais e coleta seletiva de lixo Foram elaboradas soluccedilotildees arquitetocircnicas para reduccedilatildeo do consumo de energia para as principais cargas instaladas em edifiacutecios comerciais ar condicionado iluminaccedilatildeo e elevadores atraveacutes de escolha de materiais de construccedilatildeo apropriados desenhos que propiciassem ventilaccedilatildeo das fachadas utilizaccedilatildeo de light pipe espelhos e prateleiras de luz para otimizar a iluminaccedilatildeo natural e estudo de traacutefego vertical explorando-se a segregaccedilatildeo de grupos de elevadores e uso de rampas e escadas O projeto primou pela conservaccedilatildeo de energia e utilizaccedilatildeo de fontes alternativas de energia O edifiacutecio explora o potencial dos ventos em Satildeo Paulo criando condiccedilotildees para que este seja utilizado para gerar energia atraveacutes de aerogeradores nas fachadas e no topo do edifiacutecio O sistema apresenta potencial de geraccedilatildeo de 12070 MWhmecircs aproximadamente 15 do consumo total do edifiacutecio48

48 Texto enviado por e-mail por Juliana Iwashita

129

FIGURA 22 - Torre Bioclimaacutetica Perspectiva aeacuterea Fonte Arquivo de Juliana Iwashita

Observa-se grande preocupaccedilatildeo da autora com a utilizaccedilatildeo de tecnologias que

adequem os conceitos de eficiecircncia energeacutetica conforto ambiental e arquitetura bioclimaacutetica

aleacutem da questatildeo dos resiacuteduos e desperdiacutecios em uma edificaccedilatildeo vertical de grande proporccedilatildeo e

com grande potencial de impactos urbanos e ambientais Um grande destaque da edificaccedilatildeo eacute a

caracteriacutestica de auto-suficiecircncia em funccedilatildeo da geraccedilatildeo de energia eoacutelica como fonte alternativa

de energia evidenciando assim uma grande preocupaccedilatildeo com as questotildees de sustentabilidade

424 Opera Prima 2003 Ganhadores

Adatildeo Antonio Ribeiro Junior ndash Archeacute- Signo agrave Cidade Museu - Universidade Catoacutelica de Santos

Adriene Pereira Cobra Costa Souza ndash O Bambu na Habitaccedilatildeo de Baixo Custo ndash PUC Minas

Cristian Mauriacutecio Riveros Illanes ndash Base de Operaccedilotildees de Ong ndash UFRGS

Luciano Lerner Basso ndash Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino ndash PUC RS

Maria Branca Rabelo de Moraes ndash Museu de Arte Lygia Clark - UFRJ

Menccedilatildeo honrosa

Kim Ribeiro Ruschel - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos ndash Centro Universitaacuterio Belas

Artes de Satildeo Paulo

Destes seis premiados (cinco ganhadores e uma menccedilatildeo honrosa) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Adriene Pereira Souza Em relaccedilatildeo agrave questatildeo feita aos

130

respondentes sobre como consideram a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto trecircs responderam que natildeo existe e dois disseram que eacute pouca e superficial a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista

Seguem abaixo algumas citaccedilotildees dos arquitetos sobre a sustentabilidade na formaccedilatildeo

do arquiteto [a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute] Muito pouca abordada ou natildeo existe pois este ramo de atividade como disciplina eacute relativamente jovem e as universidades brasileiras satildeo demasiadamente juraacutessicas e pouco conceitualmente renovaacuteveis Em termos praacuteticos de planejamento as accedilotildees de preservaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de recursos bem como a sustentabilidade estatildeo a cargo de uma minoria ativistas organizaccedilotildees natildeo governamentais e pessoas esclarecidas poreacutem o discurso ainda eacute retoacuterico com pouca aplicabilidade agrave necessaacuteria praacutetica poliacutetica salvo rariacutessimas exceccedilotildees

Adatildeo Ribeiro Universidade Catoacutelica de Santos 2003

Com mais informaccedilatildeo e discussatildeo creio que muitas vezes os conceitos de sustentabilidade natildeo satildeo melhores aplicados pelos arquitetos por falta de informaccedilatildeo e natildeo por falta de interesse

Luciano Lerner PUC-RS 2003

Acho que a discussatildeo da sustentabilidade deveria estar presente em todas as disciplinas do curso de Arquitetura e natildeo ser dada agrave parte como mateacuteria isolada A discussatildeo deve comeccedilar na concepccedilatildeo de um projeto passar por todas as etapas de desenvolvimento execuccedilatildeo da obra e continuar com todos aqueles que usufruiratildeo do espaccedilo construiacutedo

Maria Branca Rabelo UFRJ 2003

Dos seis trabalhos analisados um autor respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto um ressaltou que algumas

questotildees foram abordadas e quatro disseram que o trabalho estava muito voltado para a

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Desses dois trabalhos destacaram-se o de Luciano

Lerner Basso e o de Kim Ribeiro Ruschel

4241 Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino - Luciano Lerner Basso PUC RS

A proposta do autor eacute tornar o velho moinho Germani em Caxias do Sul RS atraveacutes

de restauro revitalizaccedilatildeo e refuncionalizaccedilatildeo da aacuterea tombada um foco regional de turismo

cultura e lazer Em meio agrave vegetaccedilatildeo nativa e aos parreirais Luciano Basso cria um parque com

trilhas locais de descanso e contemplaccedilatildeo e um mirante Na aacuterea tombada foi proposta a

implantaccedilatildeo de cantina bar de degustaccedilatildeo restaurante italiano pub e boate

O projeto da Cantina e Casa Noturna Il Vecchio Mulino tem o objetivo de revitalizar uma edificaccedilatildeo tombada de importante valor cultural para a cidade de Caxias do Sul resgatando a memoacuteria e a tradiccedilatildeo da cidade e revitalizando o entorno Natildeo basta propor um restauro e alguma nova edificaccedilatildeo para obter-se um bom resultado Eacute preciso ir ao fundo da memoacuteria da populaccedilatildeo e fazer uma intervenccedilatildeo natildeo soacute com esteacutetica arquitetocircnica eacute necessaacuterio basear o projeto na cultura do seu povo

131

Caxias do Sul estaacute voltando as costas para as suas origens assim como muitas outras cidades brasileiras a arquitetura que tem sido feita na regiatildeo eacute uma arquitetura importada e sem viacutenculos culturais com a cidade O projeto Il Vecchio Mulino busca reconhecer os valores regionais resgatar a memoacuteria da cidade e promover questionamentos sobre a importacircncia da arquitetura e sua influecircncia como um paradigma cultural Tambeacutem natildeo basta apenas restaurar mesmo que isso seja feito da melhor forma possiacutevel Eacute necessaacuterio criar um programa que promova o uso e a diversidade O preacutedio restaurado natildeo deve tornar-se uma peccedila de museu a ceacuteu aberto ele deve ser amplamente utilizado e agregar valor a cidade para assim restaurar natildeo apenas a obra edificada mas sim a sua importacircncia O programa elaborado para o Il Vecchio Mulino visa exatamente isso Ele eacute ao mesmo tempo um foco turiacutestico um ponto de encontro e lazer para Caxias do Sul e um parque da uva e do vinho permitindo-se a apropriaccedilatildeo por vaacuterias faixas etaacuterias e tipos de pessoas com os mais diversos interesses Com isso o conjunto seraacute utilizado durante todos os turnos e valorizado por toda a populaccedilatildeo O objetivo natildeo eacute criar uma boate um restaurante italiano e tatildeo pouco apenas uma cantina ou um parque o objetivo eacute tornar afim atividades distintas e criar um conjunto diversificado que tenha forccedila para revitalizar a vida O programa e composto por uma cantina um restaurante bares e uma boate Durante o dia haacute a produccedilatildeo de vinho as visitaccedilotildees turiacutesticas e educacionais agrave cantina e ao parque dos parreirais o restaurante a degustaccedilatildeo de queijos e vinhos e o cafeacute colonial Durante a noite o Il Vecchio Mulino continua ativo ele se tranforma em um complexo de lazer composto por restaurante pub bar temaacutetico e boate O preacutedio que abrigava o velho moinho Germani abriga a recepccedilatildeo no teacuterreo um restaurante em seu poratildeo e um wine pub no pavimento superior Poreacutem esses espaccedilos possuem contato visual permanente O preacutedio construiacutedo em 1905 possui estrutura interna em madeira hoje condenada Eacute proposta uma nova estrutura respeitando os niacuteveis dos pavimentos e utilizando materiais que harmonizem com o conjunto sem criar a confusatildeo do que eacute novo e do que eacute antigo Essa nova estrutura eacute mista em accedilo e madeira laminada colada Houve o cuidado de natildeo encostar a nova estrutura no preacutedio existente e onde eacute inevitaacutevel foram criadas interfaces em accedilo ou vidro usando negativos e transparecircncias [] A boate merece uma atenccedilatildeo especial devido ao seu inusitado sistema de fechamento e ao que ele gera O preacutedio da boate eacute praticamente um cubo de basalto inserido na encosta e cercado de densa vegetaccedilatildeo Rotacionado em relaccedilatildeo aos outros preacutedios para adaptar-se ao terreno ele estaacute implantado paralelamente agraves curvas de niacutevel e tambeacutem semi-enterrado49

FIGURA 23 - Cantina e Casa Noturna Foto da maquete do projeto Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

49 Texto enviado por e-mail por Luciano Lerner Basso

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FIGURA 24 - Cantina e Casa Noturna Vista do interior Fonte Arquivo de Luciano Lerner Basso

Observa-se que a questatildeo cultural aliada agrave questatildeo ambiental foi primordial neste

trabalho O autor afirma que a sustentabilidade foi abordada na escolha de materiais de baixo

impacto ambiental e em grande quantidade na regiatildeo assim como na preocupaccedilatildeo em preservar

a vegetaccedilatildeo nativa topografia e caracteriacutesticas gerais do terreno Aleacutem disso o projeto baseou-

se nos princiacutepios de conforto ambiental teacutermico e lumiacutenico naturais

4242 Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos - Kim Ribeiro Ruschel Centro

Universitaacuterio Belas Artes de Satildeo Paulo

Localizada em Paraty RJ a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel separa

e recicla o lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo urbana Tambeacutem foi proposta a criaccedilatildeo

de centros comunitaacuterios para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a

populaccedilatildeo como um todo Os centros comunitaacuterios forneceriam assistecircncia na organizaccedilatildeo da

comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas com a questatildeo do lixo Antes de discutirmos o problema dos resiacuteduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questatildeo No universo natildeo existe lixo existe a reciclagem ldquonada se perde tudo se transformardquo Nosso planeta soacute existe porque quando o sol se formou ele deixou para traacutes ldquosobrasrdquo em forma de poeira estelar esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas corpos celestes que orbitam o sol No princiacutepio natildeo havia vida na terra ela soacute se fez possiacutevel porque aacutetomos de diferentes elementos quiacutemicos se recombinaram formando cadeias de aminoaacutecidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares estes evoluiacuteram ateacute se transformarem no ser humano Cada aacutetomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela matildee o sol Atraveacutes da reciclagem natural e a transformaccedilatildeo dos aacutetomos seres mais complexos como bacteacuterias plantas ou animais podem existir A manutenccedilatildeo da vida na terra esta ligada a vaacuterios fatores sendo um deles a boa conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos que por sua vez estaacute diretamente conectado ao correto tratamento dos resiacuteduos soacutelidos Com a crescente preocupaccedilatildeo sobre o futuro da aacutegua potaacutevel no planeta cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resiacuteduos

133

Assim como o universo recicla seu lixo estelar aqui na Terra natildeo aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo Com o esgotamento dos aterros sanitaacuterios se faz cada vez mais necessaacuterios projetos que resolvam este crescente problema mundial Esta tese propotildee uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclaacutevel localizada em Paraty-RJ Paraty foi escolhida como patrimocircnio da humanidade situada a beira do mar entre as margens de dois rios principais Mateus Nunes e Perecircque-Assuacute Paraty foi utilizada como laboratoacuterio devido a sua importante relaccedilatildeo com o mar seus rios e sua bacia hidrograacutefica O projeto propotildee tambeacutem a criaccedilatildeo de centros comunitaacuterios que faratildeo a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a populaccedilatildeo comum Os centros comunitaacuterios forneceratildeo assistecircncia na organizaccedilatildeo da comunidade e ajuda na conscientizaccedilatildeo das pessoas para com o problema do lixo Sem informaccedilatildeo natildeo pode haver uma mudanccedila no comportamento das pessoas O tratamento adequado do lixo deve comeccedilar em casa Com uma ideacuteia simples e de faacutecil execuccedilatildeo este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade contribuindo assim para a boa conservaccedilatildeo do nosso planeta50

FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resiacuteduos Soacutelidos Perspectiva Fonte Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel

O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a sauacutede

puacuteblica o tratamento adequado do lixo natildeo-orgacircnico produzido pela populaccedilatildeo Utiliza soluccedilatildeo

de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade Aleacutem disso a usina seria auto-suficinte

pois geraria sua proacutepria energia utilizando paineacuteis solares e tambeacutem energia gerada pela corrente

do rio Uma questatildeo de grande importacircncia eacute informar a populaccedilatildeo assim a sustentabilidade natildeo

estaacute soacute presente na preocupaccedilatildeo ambiental e tratamento dos resiacuteduos soacutelidos mas na participaccedilatildeo

da comunidade nesse propoacutesito atraveacutes dos centros comunitaacuterios Assim satildeo observadas

principalmente preocupaccedilotildees com as questotildees ambientais sociais e econocircmicas

425 Opera Prima 2004 Ganhadores

50 Texto enviado por e-mail por Kim Ribeiro Ruschel

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Fernanda Kleemann Spinicci ndash Requalificaccedilatildeo urbana Largo 13 de maio espaccedilo ciacutevico e

institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Leonardo Piccinini Colucci ndash F A C Fundaccedilatildeo Amilcar de Castro ndash UFMG

Lucas Filpecki Martins ndash Expor Refletir Compartilhar Galeria de arte contemporacircnea

EstocolmoSkeppsholmen ndash UFRJ

Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo ndash Museu de fotografia - GravataiacuteRs ndash UNISINOS

Pedro Engel ndash Casa da palavra nova sede do Instituto Estadual do livro ndash UFRGS

Menccedilotildees honrosas

Gustavo Conte Moojen ndash Nuacutecleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais ndash UNIRITTER

Izabel Torres Cordeiro ndash Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute ndash UnB

Mara Oliveira Eskinazi ndash Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute ndash UFRGS

Destes oito premiados (cinco ganhadores e trecircs menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Nina Carla Bitelo Sobre a questatildeo feita aos premiados em

relaccedilatildeo agrave discussatildeo e abordagem da sustentabilidade em sua formaccedilatildeo cinco autores

responderam que eacute pouca e superficial e dois que eacute nula Algumas citaccedilotildees sobre a

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem abaixo Sustentabilidade eacute um conceito inatingiacutevel Tudo eacute finito nada se sustenta pra sempre Nada Entatildeo pra que serve o conceito de sustentabilidade Natildeo existe o conceito de boa arquitetura independente deste Arquitetura sustentaacutevel nada mais eacute do que uma obra que natildeo necessite apelar pra forccedila de equipamentos modernos desde iluminaccedilatildeo aquecimento ventilaccedilatildeo visando com isso superar uma deficiecircncia de projeto Esse conceito nasce com a arquitetura

Gustavo Moojen UNIRITTER 2004

Primeiramente este assunto deve estar na pauta de conteuacutedos considerados pertinentes aos processos didaacuteticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino Na minha opiniatildeo a sua pertinecircncia dependeraacute sempre de valores em jogo na discussatildeo arquitetocircnica que muitas vezes eacute alheia a valores externos agrave disciplina Veja eu diria que a sustentabilidade natildeo eacute fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso natildeo talvez figure como deveria nas escolas) embora ela possa (e na minha opiniatildeo deva) compor um rol de valores presentes em uma discussatildeo eacutetica sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentaccedilatildeo da discussatildeo sobre valores eacuteticos na arquitetura jaacute que uma discussatildeo sobre a difiniccedilatildeo disciplinar me parece jaacute um pouco esteacuteril Discutir a eacutetica em arquitetura teria boa forccedila ldquoproblematizanterdquo mas natildeo eacute nenhuma novidade como proposta Lembre que a inflexatildeo no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussatildeo Em segundo lugar creio que a sustentabilidade soacute possa figurar no ensino com o devido respaldo teacutecnico Natildeo eacute algo que se limite a uma simples intenccedilatildeo de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso Sua presenccedila como valor deve efetivamente alterar a produccedilatildeo projetual e tambeacutem a maneira de se projetar Este respaldo teacutecnico deve ter evidentemente coerecircncia didaacutetica e natildeo ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida Finalmente acho que este valor natildeo deva introduzir conteuacutedos e criteacuterios agraves custas da exclusatildeo de outros conteuacutedos e criteacuterios importantes para o fazer arquitetocircnico Natildeo creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si Sendo mais claro um edifiacutecio que vise a sustentabilidade natildeo se exime de ser bem proporcionado se esteticamente interessante garantir a usabilidade do seu espaccedilo escutar o seu contexto etc Se fosse assim voltariacuteamos a uma reduccedilatildeo semelhante a um

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funcionalismo xiita que haacute quase um seacuteculo se mostrou equivocado Ao contraacuterio penso que soacute seraacute possiacutevel levar adiante a presenccedila da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetocircnica jaacute existente Esta cultura eacute claro seraacute modificada pela sua presenccedila Com isso seraacute necessaacuterio que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino E esta necessidade tambeacutem natildeo eacute novidade jaacute que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino jaacute se clamou pelo conforto ambiental pela histoacuteria da arquitetura pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio por noccedilotildees de teacutecnica construtiva por um olhar para a cidade pela expressatildeo formal etc

Pedro Engel UFRGS 2004

Dos sete questionaacuterios recebidos quatro disseram que em seus trabalhos algumas

questotildees sobre sustentabilidade foram abordadas um respondeu que natildeo abordou e dois

disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura o de Mara

Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro

4251 Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute - Mara Oliveira Eskinazi UFRGS

A proposta abriga dois nuacutecleos de atividades um diretamente relacionado com

turismo ecoloacutegico lazer e cultura e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo

ambiental Outra caracteriacutestica foi proporcionar ao projeto Lobo-Guaraacute programa pioneiro na

regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos uma nova sede com

infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades O projeto objetiva o desenvolvimento de uma edificaccedilatildeo que sirva de referecircncia para atividades de cunho ambiental na paisagem da Serra Gauacutecha A temaacutetica desenvolvida baseia-se entre outros aspectos na carecircncia de projetos desta natureza na regiatildeo e tem em mente a crescente necessidade de conscientizar e esclarecer a populaccedilatildeo sobre os mais variados temas relacionados com a ecologia a sustentabilidade e o meio-ambiente O terreno trabalhado localiza-se a aproximadamente 7 km do centro do municiacutepio de Canela no estado do Rio Grande do Sul e a cerca de 500m do Parque Estadual do Caracol ndash local de natureza exuberante e de extrema importacircncia para o turismo na regiatildeo A aacuterea possui em torno de 25000m2 e estaacute compreendida dentro do Parque da Floresta Encantada onde atualmente existe uma pequena infra-estrutura voltada para o turismo com lancheria lojas de artesanato local mirantes e um telefeacuterico que constitui o principal equipamento do parque cujo percurso estaacute voltado diretamente para a Cascata do Caracol A aacuterea abrangida pela intervenccedilatildeo apresenta geometria bastante irregular e foi delimitada pela linha a partir da qual a mata nativa se densifica fortemente [] A edificaccedilatildeo abriga basicamente dois nuacutecleos de atividades sendo um deles diretamente relacionado com turismo ecoloacutegico lazer e cultura atraveacutes do cultivo de plantas em estufas e em jardins e o outro relacionado com atividades de educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental O objetivo do primeiro nuacutecleo eacute o de reproduzir artificialmente em uma grande estufa constituiacuteda sob uma estrutura envidraccedilada cinco dos mais importantes e tiacutepicos ecossistemas existentes no estado do Rio Grande do Sul com suas vegetaccedilotildees caracteriacutesticas de forma a proporcionar aos turistas e visitantes do complexo um panorama da paisagem Gauacutecha [] Aleacutem disso o projeto conta tambeacutem com jardins ao ar livre de plantas tiacutepicas dos ecossistemas da regiatildeo que natildeo necessitam de uma cultura artificial para se adaptarem e se reproduzirem uma vez que estatildeo no seu habitat natural Jaacute o nuacutecleo de atividades relacionado com educaccedilatildeo e gestatildeo ambiental procura proporcionar ao projeto Loboguaraacute programa pioneiro na regiatildeo em cursos de ecologia educaccedilatildeo ambiental e passeios ecoloacutegicos orientados em parques cuja sede se localiza

136

atualmente em uma pequena residecircncia de madeira no interior do Parque Estadual do Caracol uma nova sede com infra-estrutura mais adequada para o desenvolvimento de suas atividades Este nuacutecleo conta portanto com salas de aula e pesquisa auditoacuterio para cursos palestras e pequenas montagens teatrais biblioteca especializada em ecologia botacircnica e meio-ambiente aleacutem de uma aacuterea para cultivo e trabalho com mudas De um modo geral pode-se dizer que a siacutentese de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente algum impacto ambiental sobre o ecossistema assim como tambeacutem uma certa utilizaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo dos recursos naturais existentes Portanto os principais objetivos da proposta estatildeo relacionados com a busca por um projeto que esteja engajado em uma arquitetura mais preocupada com as questotildees ambientais respeitando ao maacuteximo o contexto da paisagem onde a edificaccedilatildeo estaacute inserida e valorizando as visuais do terreno para a Cascata do Caracol e para o Vale da Lageana e destes para o objeto integrado agrave paisagem do seu entorno Assim o projeto para o Centro de Referecircncia Ambiental Loboguaraacute procura fazendo com que os visitantes tenham contato direto com a natureza do local relacionar as atividades humanas com os ecossistemas do modo mais vantajoso e compatiacutevel com as limitaccedilotildees inerentes ao meio-ambiente buscando uma relaccedilatildeo respeitosa com a paisagem sem estabelecer com a mesma uma competiccedilatildeo Portanto a busca por uma soluccedilatildeo volumeacutetrica que ao mesmo tempo em que reagisse agrave topografia do terreno interferisse o miacutenimo possiacutevel na paisagem da regiatildeo foi o mais importante princiacutepio que norteou a concepccedilatildeo do projeto tanto com relaccedilatildeo agrave edificaccedilatildeo quanto ao projeto do espaccedilo aberto uma vez que o seu desenho foi concebido baseando-se nos condicionantes naturais do terreno e de sua topografia []51

FIGURA 26 - Centro de Referecircncia Ambiental Lobo-Guaraacute Foto da maquete Fonte Arquivo de Mara Oliveira Eskinazi

Pode-se dizer que este projeto busca uma relaccedilatildeo mais estreita entre as pessoas e a

natureza tanto por ser inserido em uma enorme aacuterea verde de grande importacircncia para a cidade

de Canela quanto principalmente pelo fato de possuir um local para o ensino e a praacutetica de

atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental incluindo uma estufa de plantas reproduzindo os

cinco principais ecossistemas do estado do Rio Grande do Sul e suas vegetaccedilotildees nativas Aleacutem

disso a autora afirmou ter buscado utilizar teacutecnicas e criteacuterios amparados nos conceitos de

51 Texto enviado por e-mail por Mara Eskinazi

137

sustentabilidade como captaccedilatildeo de aacuteguas das chuvas proteccedilotildees solares nas fachadas muito

pouca movimentaccedilatildeo de terra jaacute que o edifiacutecio se acomoda no terreno naturalmente adaptando-se

agrave topografia acidentada e preservando a vegetaccedilatildeo existente entre outros O projeto integra as

questotildees ambientais culturais econocircmicas e sociais com grande destaque para a preocupaccedilatildeo

com a questatildeo ambiental Ressalta-se tambeacutem a atenccedilatildeo especial ao programa de ensino e praacutetica

de atividades voltadas para a educaccedilatildeo ambiental

4252 Escola Naacuteutica intervenccedilatildeo na orla do lago Paranoaacute - Izabel Torres Cordeiro UnB

A aacuterea de intervenccedilatildeo escolhida foi o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas situado na orla do

lago Paranoaacute em Brasiacutelia Essa regiatildeo natildeo possui grande dimensatildeo e sua vegetaccedilatildeo nativa estava

em fase de degradaccedilatildeo natildeo sendo assim uma aacuterea rigorosamente de preservaccedilatildeo Dessa forma

foi proposto um caraacuteter de conservaccedilatildeo e uso de muacuteltiplo para o Parque Para principal

edificaccedilatildeo projetou-se uma escola de esportes naacuteuticos para incentivar a convivecircncia e o uso

cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo Desde os primeiros estudos para a implantaccedilatildeo da cidade o Lago Paranoaacute participa como elemento fundamental do cenaacuterio paisagiacutestico e urbano do Plano Piloto de Brasiacutelia Proporciona aos moradores e visitantes da cidade em cerca de 87 quilocircmetros de orla beliacutessimas visuais ainda que em processo crescente de desfiguraccedilatildeo Eacute certo que este processo natildeo eacute mais nenhuma novidade para os habitantes de Brasiacutelia Todos temos acompanhado nos uacuteltimos anos uma seacuterie de intervenccedilotildees negativas nessa aacuterea como a incorporaccedilatildeo de aacutereas puacuteblicas ao domiacutenio privado e a proliferaccedilatildeo de loteamentos irregulares causando impacto direto ou indireto sobre o Lago Paranoaacute [] Brasiacutelia ainda natildeo privilegiou o acesso puacuteblico ao lago e apenas recentemente vem tornando seus espaccedilos atrativos a comunidade De fato eacute expressivo o potencial do Lago Paranoaacute para as praacuteticas relacionadas principalmente agraves atividades recreativas turiacutesticas e econocircmicas O usufruto desse potencial entretanto deve ser pautado na sensibilidade ambiental para evitar uma intensificaccedilatildeo de uso acima da capacidade do corpo hiacutedrico Aproveitou-se como objeto de intervenccedilatildeo a aacuterea conhecida como Pontatildeo do Lago Norte e destinada recentemente a implantaccedilatildeo do Parque Ecoloacutegico das Garccedilas a pedido da associaccedilatildeo dos moradores Esta aacuterea de localizaccedilatildeo privilegiada e enorme potencial para o uso puacuteblico em atividades relacionadas principalmente agrave praacutetica de esportes e lazer encontra-se abandonada sujeita agrave accedilatildeo de invasores e consequumlente desfiguraccedilatildeo da paisagem natural com forte impacto sobre a flora e fauna nativa Compreende-se que o estiacutemulo ao uso mediante o acesso puacuteblico e democraacutetico de suas margens eacute uma accedilatildeo indispensaacutevel para sua conservaccedilatildeo tanto do ponto de vista cultural como ambiental Atualmente os amantes do lago que natildeo satildeo soacutecios dos clubes existentes e que insistem em frequumlentaacute-lo deparam-se com uma orla privatizada com falta de informaccedilatildeo dificuldade de transporte coletivo e alguns poucos espaccedilos puacuteblicos completamente desqualificados sem qualquer tipo de conforto ou seguranccedila para o usuaacuterio O resultado do uso popular dos espaccedilos sem infra-estrutura eacute a degradaccedilatildeo do meio ambiente com os carros fazendo trilhas no cerrado e o lixo espalhado por toda parte[] A proposta de uma escola de esportes naacuteuticos dentro do parque busca incentivar o uso cotidiano deste espaccedilo pelos moradores da regiatildeo e a socializaccedilatildeo atraveacutes do culto ao esporte Complementando o projeto o parque seraacute contemplado com diversas aacutereas de lazer com espaccedilos voltados para as variadas faixas etaacuterias sempre a reverenciar o cenaacuterio paisagiacutestico configurado pelo Lago Paranoaacute Seraacute agregada agrave aacuterea de intervenccedilatildeo a faixa lindeira ao canteiro central proacutexima agrave QL 15 formando um prolongamento paisagiacutestico de modo a integrar harmoniosamente o parque ao conjunto de residecircncias

138

As aacutereas de lazer seratildeo divididas em duas categorias lazer esportivo e entretenimento Voltados para a utilizaccedilatildeo cotidiana equipamentos como ciclovias circuito de caminhadas integrado ao calccedilamento da EPPN (Estrada Parque Peniacutensula Norte) quadras de areia pista de patinaccedilatildeo e skate parque infantil e espaccedilos para oficinas ao ar livre compotildeem a primeira categoria A segunda busca aproveitar o potencial turiacutestico e cenograacutefico da regiatildeo compreendendo assim um restaurante um mirante uma praccedila para eventuais feiras-livres e um anfiteatro Os diversos usos do parque estatildeo articulados por um passeio Este nostalgicamente pretende ser um calccediladatildeo que em dias de maior vitalidade aguarda aquelas manifestaccedilotildees desordenadas desenvolvidas por capoeiristas muacutesicos e artesatildeos Fluindo paisagem com arquitetura brinca-se com os planos e as rampas aplicando sobre faces dos taludes ou como muros de contenccedilatildeo diferentes texturas Tanto naturais como grama e outras forraccedilotildees quanto sinteacuteticas como azulejos murais em grafite ou chapas inteiras de accedilo corten Os materiais selecionados apresentam maior durabilidade e demandam poucos esforccedilos em sua manutenccedilatildeo[] O partido paisagiacutestico adotado nesta intervenccedilatildeo propotildee recuperar a paisagem natural degradada com a utilizaccedilatildeo exclusiva de espeacutecies nativas Isso diminuiria expressivamente os custos de manutenccedilatildeo considerando o caraacuteter puacuteblico do espaccedilo Aleacutem disso estar-se-ia promovendo o encontro dos usuaacuterios com elementos representativos da natureza local valorizando o potencial plaacutestico da vegetaccedilatildeo tiacutepica do cerrado52

FIGURA 27 - Escola Naacuteutica Foto da maquete Fonte Arquivo de Izabel Torres Cordeiro

A intervenccedilatildeo proposta para o Parque Ecoloacutegico das Garccedilas na orla do lago Paranoaacute

busca a conservaccedilatildeo e revitalizaccedilatildeo do meio ambiente aliando atividades recreativas turiacutesticas e

econocircmicas Possui implantaccedilatildeo adequada agrave identidade da arquitetura da cidade bem como ao

entorno e topografia local Os materiais utilizados foram selecionados por apresentarem maior

durabilidade e demandarem pouca manutenccedilatildeo Percebe-se neste trabalho a preocupaccedilatildeo

principalmente com as questotildees ambientais culturais e econocircmicas

426 Opera Prima 2005 Ganhadores

Akemi Tahara ndash Abrigo - Origami - Contecirciner ndash UFBA

Fabiana Colares Casali ndash Museu da Casa Brasileira - Brasiacutelia ndash UnB

Gustavo Oliveira Policarpo da Luz ndash Requalificaccedilatildeo urbana em aacutereas centrais - Polo Luz ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Ricardo Alexandre Packer ndash Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural ndash Universidade Regional de Blumenau

52 Texto enviado por e-mail por Izabel Torres Cordeiro

139

Taiacutes Lie Okano ndash Centro Cultural Sacomatilde ndash Universidade Presbiteriana Mackenzie

Menccedilotildees honrosas

Fernando Joseacute Andrade dos Santos ndash Uma biblioteca puacuteblica para Beleacutem ndash UFPA

Gabriel Velloso da Rocha Pereira ndash Moacutedulos de ocupaccedilatildeo temporaacuteria ndash PUC MG

Pablo Iglesias ndash Casa De Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - USP

Rafael de A Assiz ndash Museu Metropolitano De Satildeo Paulo ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Dos nove premiados (cinco ganhadores e quatro menccedilotildees honrosas) apenas um

questionaacuterio natildeo foi respondido o de Gustavo Policarpo da Luz Foi perguntado aos arquitetos

sobre suas opiniotildees na discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto

Cinco autores disseram que eacute pouca e superficial um disse que natildeo existe um alegou que eacute

suficiente e outro que a sustentabilidade eacute abordada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia

Algumas citaccedilotildees sobre se a sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto seguem

abaixo Interessante colocar que durante o curso senti o interesse de alguns professores no assunto poreacutem sempre de forma superficial e sem consistecircncia Parecia que o assunto deveria ser citado poreacutem nunca era aprofundado

Fabiana Casali UnB 2005

Na minha opiniatildeo a discussatildeo eacute levada apenas para o lado do ldquoecochatismordquo ao inveacutes de tratar este tema como parte do programa do projeto A sustentabilidade deve ser avaliada de acordo com o programa do projeto para termos um caminho onde possamos avaliar e quantificar estas medidas sustentaacuteveis que tomaremos para o projeto

Gabriel Velloso PUC-Minas 2005 Acredito que hoje o mercado imobiliaacuterio natildeo vende ainda o conceito de sustentabilidade e como o consumidor final natildeo participa do desenvolvimento dos projetos para qualquer fim o arquiteto natildeo vecirc como impor soluccedilotildees sustentaacuteveis em quase nenhum projeto hoje no Brasil Seria preciso mais divulgaccedilatildeo do assunto pois enquanto este conceito pertencer ao universo dos arquitetos somente natildeo teremos nada significativo no Brasil envolvendo sustentabilidade

Rafael Assiz Universidade Mackenzie 2006

Dos oito questionaacuterios recebidos apenas um arquiteto respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois seu trabalho natildeo estava voltado para o assunto trecircs disseram que algumas

questotildees foram abordadas trecircs que estava muito voltado para o tema em questatildeo e um autor

alegou que na boa arquitetura jaacute estaacute intriacutenseco o conceito de sustentabilidade Destes trabalhos

dois destacaram-se o de Pablo Iglesias e o de Ricardo Alexandre Packer

4261 Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Zona Noroeste Santos - Pablo Iglesias USP

140

A proposta consiste em um projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde

tendo como premissa principal a relaccedilatildeo direta com a aacutegua O espaccedilo proposto contempla um

caraacuteter de transformaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo contiacutenua do morador O autor tambeacutem se preocupa em

associar este projeto de habitaccedilatildeo a programas de geraccedilatildeo de emprego e de renda de forma

educativa e cooperativa Assim ele propocircs uma oficina-escola de carpintaria naval uma

cooperativa dos pescadores um centro de estudos do mangue uma usina do lixo entre outros O

lixo eacute uma grande preocupaccedilatildeo do autor que propotildee um centro de triagem de primeiro

beneficiamento e de transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo

e consumo urbanas Em relaccedilatildeo aos resiacuteduos orgacircnicos estes passam por processo de

compostagem em galotildees para composiccedilatildeo de adubo estabelecendo uma parceria com o Jardim

Botacircnico e utilizados em hortas comunitaacuterias pomares puacuteblicos e canteiros em geral

Este trabalho pretende re-estabelecer a relaccedilatildeo do homem com a aacutegua (elemento de alegria entretenimento e paz) de forma natildeo predatoacuteria mas sim harmocircnica baseado na fruiccedilatildeo e contemplaccedilatildeo no aproveitamento pleno de suas potencialidades com caraacuteter fortemente educativo para todas as partes envolvidas este que no momento escreve o homem-caranguejo habitante do mangue e todos os que participam deste processo Consiste num projeto de habitaccedilatildeo para a aacuterea do Caminho Butantatilde tendo como premissa a relaccedilatildeo direta com a aacutegua Um projeto sobre-dentro-na aacutegua que contempla a criaccedilatildeo de novas paisagens urbanas com relaccedilotildees mais elaacutesticas entre dois meios opostos A terra onde tudo eacute parcelado e a aacutegua onde o conceito de propriedade natildeo existe essencialmente coisa puacuteblica e por isso o seu acesso deve ser garantido em todos os sentidos Reforccedilando esse caraacuteter natural propotildee-se o direito de usufruto para as unidades habitacionais como nas cooperativas de viviendas uruguaias e nas HLM (habitation agrave loyer minimum) francesas Inexiste a propriedade mas sim esse direito que natildeo pode ser vendido ele eacute simplesmente transferido ao outro por diferentes criteacuterios de seleccedilatildeo que o da compra e venda do mercado imobiliaacuterio A aacutegua eacute tratada como elemento construtivo-educativo descrevendo um ciclo a aacutegua da chuva armazenada na cobertura reutilizada na habitaccedilatildeo e para culturas experimentais a aacutegua servida captada e transferida pela passarela esgoto-duto por gravidade agrave micro estaccedilatildeo de tratamento incrustada no morro do Ilheacuteu e voltada para o terreiro como uma seccedilatildeo didaacutetica de seu funcionamento Desta ela eacute devolvida ao canais tanques piscinas e finalmente rio-mar recriando o uso e completando o circuito Este projeto considera as particularidades espacialidades e esteacuteticas da favela e as circunstacircncias que a produziram Na favela ldquoos materiais satildeo encontrados em fragmentos heterogecircneos a construccedilatildeo feita com pedaccedilos encontrados aqui e ali eacute forccedilosamente fragmentada no aspecto formal A casa continua evoluindo Os barracos satildeo fragmentaacuterios porque se transformam continuamenterdquo (Esteacutetica da ginga Paola Berenstein Jaqcues) [] Pretende-se devido a presente conjuntura poliacutetico-econocircmica a que se encontram submetidos os homens-caranguejo criar meios potenciais de alteraccedilatildeo da proacutepria situaccedilatildeo que os escraviza atraveacutes da subversatildeo das relaccedilotildees de trabalho dominantes Nesse sentido satildeo propostas outras duas cadeias produtivas relacionadas a um saber e fazer local ndash oficina-escola de carpintaria naval consiste em um micro estaleiro cooperativado de modo a reinserir a praacutetica tradicional da construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de barcos de pesca canoas de uso geral e outras formas possiacuteveis de embarcaccedilotildees associado a formaccedilatildeo de novos mestres no oficio ndash cooperativa dos pescadores praacutetica que vem perdendo espaccedilo pelo baixo preccedilo do produto da pesca em natura deve ser associada a um beneficiamento agregando valor para posterior comercializaccedilatildeo do fruto do mar-rio-mangue Tambeacutem deve estar relacionada em conjunto com o centro de estudos do mangue a uma parte de pesquisa e produccedilatildeo (aquumlicultura e maricultura)

141

Assumido como mais uma cadeia produtiva de geraccedilatildeo de emprego e renda eacute proposta a usina do lixo um centro de triagem primeiro beneficiamento e transbordo de materiais reciclaacuteveis para reinserccedilatildeo na cadeia de reproduccedilatildeo e consumo urbanas A usina situa-se em aacuterea estrateacutegica servindo-se de diversos meios de transporte (canal ferrovia e a via Anchieta) para a chegada e saiacuteda de insumos Os coletores de lixo que usam a tradicional carroccedila podem tambeacutem fazecirc-lo por canoa voadeira ou flutuante53

FIGURA 28 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Centro de estudos do mangue Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

FIGURA 29 ndash Casa de Caranguejo Caminho Butantatilde Elevaccedilatildeo grelha estrutural em preacute-fabricados de concreto preenchida por containers expropriados Fonte Arquivo de Pablo Iglesias

O autor incorpora em sua proposta algumas soluccedilotildees da proacutepria comunidade

resgatando heranccedilas culturais e utilizando uma arquitetura vernacular com edificaccedilotildees sobre

palafitas e longas passarelas sobre o mangue A aacutegua eacute um elemento primordial neste trabalho

tratada como elemento construtivo e educativo enquanto a aacutegua da chuva armazenada na

cobertura eacute reutilizada na habitaccedilatildeo Haacute tambeacutem a preocupaccedilatildeo com o lixo que eacute tratado na usina

do lixo um dos geradores de renda do programa Assim Pablo Iglesias reuacutene as questotildees

ambiental cultural econocircmica e social neste projeto

4262 Nuacutecleo de Difusatildeo Cultural - Ricardo Alexandre Packer Universidade Regional de

Blumenau

O abrangente programa cultural foi desmembrado em uma seacuterie de pequenos e

grandes blocos edificados nesta proposta de revitalizaccedilatildeo de aacuterea urbana situada agraves margens do

rio Itajaiacute-Accedilu em Blumenau SC O autor uniu diversas atividades e usos neste Nuacutecleo como 53 Texto enviado por e-mail por Pablo Iglesias

142

transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores

de serviccedilos Alguns exemplos satildeo cinema academia de ginaacutestica aacutereas que abrigam biblioteca

salas de curso e ateliecircs salas comerciais auditoacuterio e aacutereas expositivas Este trabalho apresenta uma proposta de revitalizaccedilatildeo da aacuterea encontrada no entorno da Induacutestria Gaitas Hering Localizada no bairro Itoupava seca que eacute conhecido como um dos principais acessos agrave Blumenau A aacuterea em questatildeo foi de extrema importacircncia para o desenvolvimento econocircmico e cultural de Blumenau na deacutecada de XX Foram observadas as necessidades relacionadas ao transporte (acessos circulaccedilatildeo) cultura lazer e atividades em geral como comeacutercio e prestadores de serviccedilos Gerando assim um conceito denominado ldquoliberdade construiacutedardquo com o qual o projeto tomou forma explorando o potencial dos diferentes campos visuais criando uma paisagem articulada pelos eixos de acesso gerando uma nova fluidez espacial A massa construiacuteda representa o complexo de lazer configurado pela organizaccedilatildeo estrutural A Diversidade de atividades definidas a partir das caracteriacutesticas vocacionais do lugar tem como funccedilatildeo caracterizar a ligaccedilatildeo ldquocidade ndash riordquo colocando o rio no cotidiano do cidadatildeo Tendo assim com a proximidade da universidade o suporte humano presenccedila humanardquo necessaacuteria ao conjunto a borda do rio tornando-o sustentaacutevel54

FIGURA 30 - Nuacutecleo De Difusatildeo Cultural Perspectiva geral Fonte Arquivo de Ricardo Alexandre Packer

Este trabalho enfatizou a questatildeo cultural e a preocupaccedilatildeo em reunir diversos usos

observando primeiramente as necessidades locais Um dos pontos enfatizados que chama

bastante atenccedilatildeo foi a intenccedilatildeo do autor de tornar o empreendimento ldquovivordquo Esta intenccedilatildeo pode

ser remetida agrave corrente organicista ou organicismo de Patrick Geddes que priorizava uma

concepccedilatildeo orgacircnica da cidade ou seja a cidade deveria ser considerada um organismo vivo

O autor afirma no questionaacuterio que seu trabalho estava muito voltado para o conceito

de sustentabilidade Muitos textos sobre o tema sustentabilidade focam em sua siacutentese a ecologia e o meio ambiente como o consumo energeacutetico na produccedilatildeo dos materiais necessaacuterios para a

54 Texto enviado por e-mail por Ricardo Alexandre Packer

143

construccedilatildeo civil O arquiteto natildeo pode se ater somente a esses itens de extrema importacircncia como tambeacutem deve responder as prioridades dos seres humanos criando lhes espaccedilos que proporcionem condiccedilotildees para que o local a ser ocupado por pessoas tenha vida e consequumlentemente essa vida produza mais vida tornando o espaccedilo a ser usado natildeo soacute ecologicamente correto mas tambeacutem nutrido de calor humano essa condiccedilatildeo que o espaccedilo proporciona eacute que vai tornaacute-lo sustentaacutevel [] Como jaacute caracterizei sustentabilidade em sua essecircncia como ldquoa capacidade que um espaccedilo tem de gerar vidardquo meu trabalho teve como premissa esse conceito de tornar o local em questatildeo ldquoSUSTENTAVELrdquo gerando vida e explorando a diversidade de atividades inserindo essas atividades no cotidiano do cidadatildeo usuaacuterio55

427 Opera Prima 2006 Ganhadores

Andreacute de Giacomo ndash Complexo Hospitalar Montaacutevel para Situaccedilotildees Emergenciais e Preventivas

ndash UNOPAR

Danielle Barros de Moura Bendicto ndash Reconstruir a Casa e Alegrar a vida Reconstruccedilatildeo do

Corticcedilo 27 e da Cidadania em Niteroacutei ndash UFF

Igor Macedo de Arauacutejo ndash Cenares - Centro de Artes Espontacircneas ndash UFMG

Lorena Faria Lima ndash Cirque de Voyage Arquitetura para um Circo Itinerante ndash UFPE

Marta Floriani Volkmer ndash Requalificaccedilatildeo da Pedreira do Morro Santana ndash UNIRITTER

Menccedilotildees honrosas

Camila Fernandes Malito ndash Centro de Treinamento Oliacutempico Adaptado a Deficientes ndash

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Cervantes Gonccedilalves Ayres Filho ndash Sistema Construtivo M80H ndash UFPR

Clariane Menegusso Nogueira ndash Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

ndash UFMS

Cristiano Felipe Borba do Nascimento ndash Por uma Induacutestria Arquitetocircnica O Caso Vinibrasil ndash

UFPE

Eduardo Oliveira Franccedila ndash Memorial Franz Weissman ndash UFMG

Estela Cristina Somensi ndash Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada ndash UFSC

Gabriel Arruda Bicudo ndash Habitaccedilatildeo Coletiva Um Ensaio Projetual ndash Universidade Presbiteriana

Mackenzie

Gabriel Castilho Paranhos ndash Santuaacuterio Matildee de Deus ndash UNIRITTER

Igor Freire de Vetyemy ndash Cidade do Sexo - Centro de estudos pesquisa comeacutercio memoacuteria e

medicina ligados ao sexo ndash UFRJ

Mocircnica Rizzi ndash Centro de Gastronomia Italiana ndash UNISINOS

55 Respostas tiradas do questionaacuterio enviado por Ricardo Alexandre Packer

144

Priscilla Gazzana Reis ndash Centro da Cultura Alematilde - Revitalizaccedilatildeo da Antiga Sede do Coleacutegio

Satildeo Joseacute ndash UNISINOS

Rendell Torres Laureano ndash Memorial de Fortaleza ndash UNIFOR

Neste uacuteltimo concurso ao inveacutes de selecionar os premiados de menccedilatildeo honrosa que

aparentemente mais poderiam ter abordado a sustentabilidade optou-se por enviar o questionaacuterio

para todos os 20 ganhadores de menccedilatildeo aleacutem dos 5 premiados e 3 da categoria Projetando com

PVC totalizando 28 Foram respondidos 14 questionaacuterios

Ao perguntar aos respondentes sobre sua opiniatildeo na discussatildeo e abordagem da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto onze pessoas disseram que eacute pouca e superficial duas

que eacute suficiente e outra disse que vem aumentando gradativamente e na sua opiniatildeo no futuro

todo projeto deve levar em conta a abordagem sustentaacutevel Algumas citaccedilotildees sobre

sustentabilidade seguem abaixo Entendo por sustentabilidade na arquitetura a maneira como satildeo tratadas as questotildees ambientais como renovaccedilatildeo de energia reciclagem de resiacuteduos a disposiccedilatildeo do edifiacutecio em relaccedilatildeo aos ventos e incidecircncia solar tirando proveito dessas energias O uso de materiais renovaacuteveis e que natildeo geram entulho O planejamento do canteiro visando o reaproveitamento de resiacuteduos Prever aacutereas verdes e de contenccedilatildeo de aacutegua de chuvas nos edifiacutecios e ruas contribuindo com a renovaccedilatildeo do ar das cidades e a diminuiccedilatildeo de enchentes Satildeo interferecircncias que usadas em conjunto melhoram as condiccedilotildees de vida do homem na cidade e fora dela[] Imagino que essa discussatildeo deve acontecer desde o ensino baacutesico Formando uma sociedade com mentalidade de preservar o meio em que vive Jaacute na arquitetura e urbanismo deve se iniciar desde os primeiros projetos desenvolvidos na universidade A sustentabilidade eacute um conceito fundamental que deve ser levado em conta em todo projeto seja ele arquitetocircnico ou urbano Tem tanta ou mais importacircncia que as questotildees que envolvem linhas e escolas arquitetocircnicas Pois na minha opiniatildeo antes um edifiacutecio que natildeo agrade muito aos olhos mas que seja sustentavelmente eficiente do que um lindo edifiacutecio que natildeo funcione sustentavelmente

Gabriel Bicudo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006

Achei muito difiacutecil de responder o seu questionaacuterio porque sinceramente sobre arquitetura sustentaacutevel estou por fora No meu curso de graduaccedilatildeo praticamente natildeo houve ecircnfase nenhuma nesse assunto [] Entatildeo natildeo sei o que posso ajudar jaacute que no meu projeto final natildeo houve preocupaccedilatildeo minha com isso talvez inconscientemente ateacute tenha pensado em alguns aspectos por esse ladomas natildeo sei natildeo

Gabriel Paranhos UNIRITTER 2006

A abordagem eacute suficiente mas a aplicaccedilatildeo dos conceitos eacute superficial Haacute disciplinas que tratam da sustentabilidade mas elas acabam sendo acessoacuterias jaacute que os conceitos natildeo satildeo cobrados nas disciplinas praacuteticas onde afinal eles deveriam ser transformados em projetos mais conscientes[] Na minha opiniatildeo haacute um grande equiacutevoco na aplicaccedilatildeo do termo ldquosustentaacutevelrdquo por parte da populaccedilatildeo Isso resulta como em muitas outras aacutereas da ciecircncia da perda consideraacutevel de significado pela qual o conceito passa quando da sua apropriaccedilatildeo pelo senso comum ldquoSustentabilidaderdquo eacute um conceito que se refere a um pensamento holiacutestico a respeito de um sistema Um sistema sustentaacutevel realiza transformaccedilotildees sem prejuiacutezo agrave regulaccedilatildeo dos demais sistemas aos quais estaacute interligado Quando aplicado no acircmbito de um produto ou processo isolado ao inveacutes de um sistema e suas interligaccedilotildees o termo ldquosustentaacutevelrdquo acaba se tornando mais um roacutetulo do que um conceito Esse eacute o mal-entendido geralmente observado na aplicaccedilatildeo do termo ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo por arquitetos e leigos Por ser uma emanaccedilatildeo cultural indissociaacutevel do seu ambiente fiacutesico e social a arquitetura soacute seraacute sustentaacutevel quando

145

surgir o ldquomodo de produccedilatildeo e consumo sustentaacutevelrdquo Ou seja a ldquohumanidade sustentaacutevelrdquo criaraacute o ldquohabitat sustentaacutevelrdquo Por outro lado mesmo dentro das limitaccedilotildees da sua atuaccedilatildeo social haacute vaacuterias accedilotildees que o projetista pode adotar no sentido de contribuir para a reduccedilatildeo da depredaccedilatildeo ambiental e aumento da qualidade das habitaccedilotildees e cidades Essas accedilotildees satildeo amplamente abordadas pela literatura arquitetocircnica e eacute consenso que a reflexatildeo sobre as implicaccedilotildees teacutecnicas e soacutecio-ambientais das escolhas projetuais eacute o fator que geralmente diferencia um bom projeto de um aceitaacutevel e consequumlentemente gera edifiacutecios melhores Isso natildeo se faz obviamente apenas adotando alguns conceitos preacute-estabelecidos de conforto ambiental ou adotando-se um sistema construtivo anunciado como ldquosustentaacutevelrdquo Escolhas conscientes durante o projeto supotildeem um estudo mais elaborado do que o simples desenho das formas mas natildeo considero que isso seja fazer ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo Estaacute mais para arquitetura ldquoambiental e socialmente responsaacutevelrdquo o que no fundo jaacute estaacute contido na proacutepria definiccedilatildeo de arquitetura

Cervantes Ayres UFPR 2006

Satildeo necessaacuterias mudanccedilas na base do curso A abordagem eacute fraca porque os professores natildeo tiveram essa formaccedilatildeo e natildeo dominam o assunto para difundi-lo de melhor maneira Poreacutem vejo que isso logo vai mudar pois apesar da sustentabilidade ser uma aacuterea meio obscura e indefinida ateacute nos nuacutecleos de poacutes-graduaccedilatildeo muitos estatildeo se interessando e haacute atualmente muitos arquitetos pesquisando essa aacuterea em seus mestrados e doutorados Acredito que a partir dessa nova geraccedilatildeo aos poucos a noccedilatildeo de sustentabilidade vai ser inserida nas FAUs por meio de novas mateacuterias na grade curricular e professores mais bem preparados e consequumlentemente a coisa vai se disseminar mais naturalmente Jaacute a praacutetica eacute uma outra histoacuteria

Clariane Nogueira UFMS 2006

A arquitetura eacute uma das aacutereas onde melhor se pode aplicar esse conceito tatildeo em voga de sustentabilidade Justamente por ser uma das maiores interferecircncias que o ser humano faz no meio ambiente []

Igor de Vetyemy UFRJ 2006

Acredito que a abordagem nas Universidades eacute suficiente poreacutem a aplicaccedilatildeo praacutetica ainda eacute limitada muitas vezes pelo custo outras pela tecnologia ainda distante

Mocircnica Rizzi UNISINOS 2006

No caso da minha Universidade que natildeo tem nenhuma disciplina especiacutefica e incentiva o uso deste tipo de recurso em apenas uma das disciplinas de projeto (habitaccedilatildeo popular) acredito que a inclusatildeo de uma disciplina no iniacutecio do curso levaria os proacuteprios alunos a se conscientizarem e buscarem por eles mesmos informaccedilotildees sobre o assunto

Priscilla Gazzana Reis UNISINOS 2006

[a sustentabilidade eacute] essencial poreacutem deve ser vista como algo inerente ao arquiteto desde a antiguidade natildeo como uma questatildeo atualcontemporacircnea A contemporaneidade estaacute somente na terminologia utilizada (sustentabilidade) antes tida como os princiacutepios de uma boa arquitetura

Camila Fernandes Malito Universidade Presbiteriana Mackenzie 2006 O conceito de sustentabilidade eacute muito vago para mim sei que faccedilo de alguma forma mais natildeo sei como definir uma vez que a sustentabilidade pode estar associada a teacutecnicas materiais e ateacute mesmo atitudes Estabelecer aqui um conceito especiacutefico seria bem difiacutecil Aliaacutes estatildeo ainda hoje tentando definir esse conceito que tem sido abarcado ateacute mesmo pela economia No entanto o que posso dizer eacute que a sustentabilidade deve garantir a qualidade de vida a garantia dos bons espaccedilos de vida do cotidiano A arquitetura pode minimizar bastante os efeitos perversos da modernidade basta ter como diretriz a garantia da qualidade de vida dos cidadatildeos de hoje mas tambeacutem das geraccedilotildees futuras Reconhecendo que a arquitetura e o urbanismo satildeo produtores de adversidades e situaccedilotildees de escassez e diferenccedila neste sentido deve ser produzida e pensada de forma consciente

Danielle Barros Benedicto UFF 2006

146

Dos 14 trabalhos analisados uma pessoa respondeu que natildeo abordou a

sustentabilidade pois o trabalho natildeo estava voltado para o assunto cinco pessoas disseram que

algumas questotildees foram abordadas e seis disseram que o trabalho estava muito voltado para o

tema em questatildeo Aleacutem dessas respostas uma pessoa respondeu que acredita que todo bom

projeto aborda mesmo de que forma natildeo declarada a sustentabilidade Assim ao iniciar um

projeto estatildeo naturalmente embutidas as premissas baacutesicas da arquitetura sustentaacutevel Uma outra

pessoa disse que embora todo o ciclo da edificaccedilatildeo proposta tenha sido estudado o nuacutemero de

pressupostos adotados natildeo permitiria chamar o resultado obtido de ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo

Desses dois trabalhos destacaram-se o de Clariane Nogueira e o de Estela Somensi

4271 Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel - Clariane

Menegusso Nogueira UFMS

O trabalho situa-se em Campo Grande MS numa regiatildeo conhecida pela sua

importacircncia ambiental O terreno selecionado encontra-se em uma aacuterea da periferia classificada

como parque ecoloacutegico com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo A

edificaccedilatildeo abriga o Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel em total

harmonia com o entorno imediato e o meio ambiente Procurando desenvolver uma arquitetura que auxilie o desenvolvimento sustentaacutevel do mundo e dissemine o conceito de sustentabilidade em seus trecircs pilares (economia meio ambiente e sociedade) este trabalho propotildee um nuacutecleo de educaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento sustentaacutevel capaz de difundir ideacuteias tais como eacutetica e princiacutepios proteccedilatildeo da terra e da natureza cultura e educaccedilatildeo sauacutede e tecnologia abrigado por um ambiente construiacutedo resultante de uma arquitetura de princiacutepios tambeacutem coerentes com a funccedilatildeo do nuacutecleo Para isso o desenvolvimento desta proposta encontra-se na cidade de Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul regiatildeo conhecida pela sua importacircncia ambiental Na escolha do terreno para o projeto foi escolhida uma aacuterea da periferia classificada como parque ecoloacutegico de mata ciliar alagaacutevel com importantes formaccedilotildees vegetais e com alto grau de degradaccedilatildeo Vendo na educaccedilatildeo a principal estrateacutegia para alcanccedilar a conscientizaccedilatildeo ambiental e social da sociedade local o tema permite que o projeto de arquitetura vaacute aleacutem da funccedilatildeo primordial de ldquoabrigordquo mas que atue ativamente como exemplar educativo disseminador de uma arquitetura relevante poreacutem preocupada com meio ambiente economia e sociedade tentando mostrar novas alternativas arquitetocircnicas que encontram-se ao alcance de todos A proposta apoacuteia-se em novas tecnologias e praacuteticas que visam uma construccedilatildeo civil menos impactante ao meio ambiente alternativas para uma arquitetura mais econocircmica e que ainda promova o bem estar e melhorias na vida do usuaacuterio e no meio que ele vive Os indiviacuteduos que entrarem em contato com o conteuacutedo deste nuacutecleo e consequumlentemente se beneficiarem tornam-se indiviacuteduos mais conscientes a cada dia e por consequumlecircncia tornam-se eles mesmos pequenos nuacutecleos difusores capazes de disseminar novas ideacuteias e praacuteticas sustentaacuteveis aos que estatildeo a sua volta por consequumlecircncia disso aos poucos vai se adquirindo uma sociedade mais consciente e preparada fator baacutesico para o desenvolvimento sustentaacutevel que tem como objetivo principal um ambiente mais verde mais humano e com menos desigualdades56

56 Texto enviado por e-mail por Clariane Menegusso Nogueira

147

FIGURA 31 - Nuacutecleo de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel Fonte Arquivo de Clariane Menegusso Nogueira

A autora afirma que o trabalho foi absolutamente concebido a partir do conceito de

sustentabilidade A intenccedilatildeo foi unir a arquitetura agrave educaccedilatildeo ambiental projetando um nuacutecleo

disseminador de desenvolvimento sustentaacutevel na comunidade e consequumlentemente na cidade

Cada uma das escolhas e ideacuteias de projeto se baseou nos princiacutepios da sustentabilidade desde a

escolha da localizaccedilatildeo a implantaccedilatildeo da edificaccedilatildeo dentro do parque a utilizaccedilatildeo conhecimentos

de conforto ambiental e eficiecircncia energeacutetica ateacute a escolha dos materiais alternativos em

harmonia com o meio ambiente O grande destaque deste trabalho eacute a grande preocupaccedilatildeo da

autora em criar um espaccedilo para atividades de elevada importacircncia para a sociedade um Nuacutecleo

de Educaccedilatildeo Ambiental e Desenvolvimento Sustentaacutevel

4272 Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada - Estela Cristina Somensi UFSC

A autora projetou um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira com o objetivo de

associar a flexibilidade com o baixo custo A escolha do material foi pensada como uma

alternativa ecologicamente correta Neste trabalho foi idealizado um protoacutetipo preacute-fabricado modular de madeira plantada com chapas de OSB que visa integrar a grande flexibilidade encontrada nas casas preacute-fabricadas personalizadas de alto padratildeo com o baixo custo das habitaccedilotildees estandardizadas de baixo padratildeo Para tanto foram criados elementos preacute-fabricados que unidos geram ambientes de uma habitaccedilatildeo Articulando-os de forma horizontal e vertical eacute possiacutevel criar uma inesgotaacutevel gama de habitaccedilotildees de diferentes tamanhos articulaccedilotildees e formas espaciais associados a um alto grau de industrializaccedilatildeo O protoacutetipo visa utilizar a madeira como uma alternativa ecologicamente correta para contribuir com os esforccedilos de abrandar o problema da carecircncia de moradias no Brasil resolvendo questotildees de flexibilidade e baixo custo de forma esteticamente diferenciada dos modelos tradicionais Propotildee-se com isso amenizar os problemas da padronizaccedilatildeo excessiva encontrados nos projetos habituais evitar as modificaccedilotildees da habitaccedilatildeo de

148

forma desordenada e combater a questatildeo de famiacutelias vivendo de forma insalubre em habitaccedilotildees inacabadas57

FIGURA 32 - Habitaccedilatildeo Social em Madeira Industrializada Fonte Arquivo de Estela Cristina Somensi

O destaque deste trabalho encontra-se na preocupaccedilatildeo com a questatildeo social e

econocircmica atraveacutes da busca por um sistema flexiacutevel e versaacutetil utilizando material regional e

ecologicamente correto resultando em um sistema construtivo eficiente e economicamente

viaacutevel Assim pode-se dizer que a autora integrou as quatro questotildees da sustentabilidade

ambiental social econocircmica e cultural

428 Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados apresentaccedilatildeo dos resultados

As questotildees da primeira pesquisa foram analisadas e melhoradas algumas foram

transformadas em muacuteltipla escolha para facilitar a resposta do arquiteto e a proacutepria interpretaccedilatildeo

dos dados posteriormente A primeira pergunta permaneceu discursiva sendo perguntado aos

arquitetos premiados sobre o que significa para eles a sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e

ao urbanismo Natildeo foram oferecidas opccedilotildees de resposta para que natildeo influenciasse o

respondente De qualquer maneira o conceito natildeo possui um significado bem definido e

concreto portanto a questatildeo foi feita para aleacutem de verificar a validaccedilatildeo das respostas seguintes

confirmar se as respostas teriam fundamento As respostas foram bem variadas mas a maioria

respondeu sobre a preocupaccedilatildeo com o meio ambiente eou uso adequado dos recursos naturais

eou que leva em consideraccedilatildeo natildeo soacute as necessidades presentes como tambeacutem as de geraccedilotildees

futuras eou arquitetura responsaacutevel saudaacutevel maior qualidade de vida eou que se preocupa

57 Texto enviado por e-mail por Estela Cristina Somensi

149

com as dimensotildees teacutecnica econocircmica ambiental poliacutetica e social Das 50 pessoas

entrevistadas apenas uma pessoa respondeu que natildeo sabia seu significado

A pesquisa foi dividida por concurso apesar de ter sido muito pouca a variabilidade

das respostas quanto ao ano de formaccedilatildeo (GRAF 8)

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ENTREVISTADOS

14

1014

16

2818

concurso 2001concurso 2002concurso 2003concurso 2004concurso 2005concurso 2006

GRAacuteFICO 8 ndash Classificaccedilatildeo dos 50 entrevistados quanto ao ano do concurso Fonte Elaborado pela autora

Na pergunta seguinte foi questionado sobre se o conceito foi tratado na graduaccedilatildeo do

arquiteto Mais da metade dos respondentes (54) considera pouca e superficial a abordagem do

tema ningueacutem respondeu que foi tratada em quase todas ou todas as disciplinas e 8 disseram

que a sustentabilidade natildeo foi discutida na graduaccedilatildeo (GRAF 9)

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO

2 822

4

10

54

NAtildeO POUCO SUPERFICIALMENTESIM NAS PALESTRAS E SEMINAacuteRIOSSIM EM UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM PALESTRAS E UMA OU DUAS DISCIPLINASSIM EM QUASE TODAS TODAS AS DISCIPLINASOUTRAS RESPOSTAS

GRAacuteFICO 9 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

De 2001 a 2006 natildeo houve uma grande diferenciaccedilatildeo das respostas Apenas pode-se

dizer que nos anos de 2004 e 2005 o tema parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais

anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo e pode-se dizer que pouco mais da metade disse que foi

abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e seminaacuterios sendo que pouco menos da

metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo

(GRAF 10)

150

1111 4

7133

9

11 1343

11111

10

510

15

2025

30

A B C D E F G

O ASSUNTO FOI TRATADO NA GRADUACcedilAtildeO2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 10 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A ndash Natildeo B ndash Pouco Superficialmente C ndash Sim nas palestras e seminaacuterios D ndash Sim em uma ou duas disciplinas E ndash Sim nas palestras e seminaacuterios e em uma ou duas disciplinas F ndash Sim em quase todas todas as disciplinas G ndash Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Posteriormente perguntava-se se caso o arquiteto tenha feito algum curso de

aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado o mesmo abordou a sustentabilidade

O que se percebeu foi que apenas os cursos que se relacionam com este tema tiveram uma

abordagem mais clara como por exemplo o mestrado no PROPAR na UFRGS em Eficiecircncia

Bioclimaacutetica da Arquitetura Vernacular Gauacutecha EESC na USP em Tecnologia da Arquitetura

UFSC em Projeto e Tecnologia do Ambiente Construiacutedo Yokohama National University curso

de Eficiecircncia Energeacutetica em Edifiacutecios de Escritoacuterios Eacutecole Polytechnique Feacutedeacuterale de Lausanne

na Suiacuteccedila em Construccedilotildees e Estruturas de Madeira Institute for Housing and Urban Development

Studies (IHS-Rotterdam The Netherlands)amp Lincoln Institute of Land Policy (LILP) em

Urbanismo habitaccedilatildeo e mercado de terra

Alguns arquitetos responderam que foi tratado superficialmente como por exemplo

mestrado do PROURB na UFRJ em Planejamento Urbano e Regional Poli-USP em Engenharia

PROPAR UFRGS em Teoria Histoacuteria e Criacutetica da Arquitetura Universidad Politeacutecnica de

Catalunya em Barcelona em Estructuras Arquitectoacutenicas Escola de Design Unisinos |

Politecnico Di Milano em Master em Design Estrateacutegico e University of Manitoba curso em

Urban Design Outros disseram que foi abordado em palestras e seminaacuterios como mestrado em

Desenvolvimento Urbano Estudos do Ambiente Construiacutedo da UFPE POLI-USP no

Departamento de Engenharia de Construccedilatildeo Civil mestrado em Sistemas de Suporte ao Projeto

151

POLI-USP Eleacutetrica em Energia e Automaccedilatildeo Muitos arquitetos consideraram que natildeo foi

abordado como por exemplo o mestrado do PROARQ da UFRJ em Ensino de projeto o

mestrado em Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie o curso de

Marketing da FAU-Bennet o MBA em Gestatildeo Empresarial da ESPM RS a poacutes-graduaccedilatildeo em

Histoacuteria da Arquitetura da University of Oxford e a poacutes-graduaccedilatildeo em Design Graacutefico da

Accademia Cappielo Firenze

Em seguida foi perguntado sobre se o trabalho final de graduaccedilatildeo do arquiteto

abordou a sustentabilidade Como dos seis anos trabalhados incluem-se os cinco ganhadores de

cada ano e alguns premiados com menccedilotildees honrosas que foram selecionados por apresentarem

um trabalho que possivelmente estava vinculado ao assunto em questatildeo a maioria das pessoas

que respondeu positivamente (letra C) estava incluiacuteda nesse caso As respostas dadas como letra

D foram todas relacionadas agrave ideacuteia de que um projeto bem pensado e bem feito sempre deve

abordar as premissas de uma arquitetura sustentaacutevel mesmo que de forma natildeo declarada (GRAF

11)

21111

3

4142

5

2

5

323

6

22

0

5

10

15

20

25

A B C D

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 11 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por concurso

A ndash Natildeo natildeo estava relacionado com o assunto B ndash Sim em algumas questotildees C ndash Sim estava muito voltado para o assunto D ndash Outras respostas Fonte Elaborado pela autora

A fim de desconsiderar os trabalhos que foram preacute-selecionados dentre os 20 de cada

ano que receberam menccedilatildeo honrosa e os da categoria projetando com PVC foram analisados

somente os ganhadores do Opera Prima totalizando 25 questionaacuterios respondidos Mais da

metade dos trabalhos abordou a sustentabilidade em algumas questotildees e 20 disseram que

estava muito voltado para o assunto Eacute surpreendente vermos que tambeacutem 20 responderam que

152

natildeo abordaram a sustentabilidade Apenas 8 declararam que uma boa arquitetura jaacute inclui

caracteriacutesticas sustentaacuteveis apesar de natildeo ser explicitado o termo (GRAF 12)

SEU TRABALHO FINAL DE GRADUACcedilAtildeO ABORDOU A SUSTENTABILIDADE

20

820

52

NAtildeO natildeo estava relacionado com o assuntoSIM em algumas questotildeesSIM estava muito voltado para o assuntoOutras respostas

GRAacuteFICO 12 ndash Abordagem do assunto no trabalho final por de respondentes em cada item (Total de 25 respondentes) Fonte Elaborado pela autora

A questatildeo seguinte era sobre como o respondente considera a discussatildeo e abordagem

da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto e urbanista A grande maioria confirmou que

eacute pouca e superficial e somando com os que consideram muito pouca satildeo 90 Apenas 6

consideram ser suficiente a abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista

sendo todos dos anos de 2005 e 2006 Nesses mesmos anos uma pessoa disse que vem

aumentando gradativamente e acha que no futuro todo projeto levaraacute em conta a abordagem

sustentaacutevel outro respondeu que eacute tratada ateacute em um niacutevel razoaacutevel mas sem a devida

relevacircncia Ateacute 2004 inclusive todos os arquitetos responderam eacute pouca ou muito pouca essa

discussatildeo (GRAFs 13 e 14)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

146 4

76

Muito pouco abordada ou natildeo existe

Pouco SuperficialSuficienteMuito abordada recebe impostacircncia aleacutem do necessaacuterio

Outra resposta

GRAacuteFICO 13 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item Fonte Elaborado pela autora

153

1321 7

8255

11

12 110

10

20

30

40

A B C D E

ABORDAGEM DO ASSUNTO NA FORMACcedilAtildeO DO ARQUITETO

2006

2005

2004

2003

2002

2001

GRAacuteFICO 14 ndash Abordagem do assunto na graduaccedilatildeo por concurso

A - Muito pouco abordada ou natildeo existe B - Pouco Superficial C - Suficiente D - Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio E - Outra resposta Fonte Elaborado pela autora

Na uacuteltima questatildeo foi perguntado se caso a resposta anterior natildeo fosse letra C ou

seja que considera suficiente a abordagem na formaccedilatildeo atual do arquiteto qual a opiniatildeo do

arquiteto sobre como melhorar esta abordagem na graduaccedilatildeo A questatildeo era discursiva e a

maioria (42) respondeu que o tema deve ser inserido na grade curricular desde o primeiro

periacuteodo em todas as disciplinas Em seguida 22 responderam que os professores precisam de

atualizaccedilatildeo quanto ao tema para que conhecendo bem sobre o mesmo possam ensinar e

conscientizar os alunos de sua importacircncia Do total 12 dos respondentes acham necessaacuterio

pelo menos uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada na arquitetura e urbanismo e apenas

2 responderam atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates

COMO MELHORAR A DISCUSSAtildeO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

42

8

6

8

22

2

12

A B C D E F G

GRAacuteFICO 15 ndash Como melhorar a discussatildeo sobre sustentabilidade na graduaccedilatildeo de arquiteturaurbanismo por de respondentes em cada item

A - Natildeo respondeu B - Uma disciplina sobre sustentabilidade aplicada agrave arquitetura e urbanismo C - Atualizaccedilatildeo dos professores para conhecerem bem o assunto e conscientizar os alunos de sua importacircncia D - Interdisciplinaridade no curso c maior integraccedilatildeo entre os departamentos e multidisciplinaridade com outros cursos

154

E - Atraveacutes de palestras seminaacuterios e debates F - Incorporando o conceito em todas as aulas de projeto G - Inserir na grade curricular desde o 1o periacuteodo em todas as disciplinas Fonte Elaborado pela autora

43 Anaacutelise das duas pesquisas

Foram somadas as respostas das duas pesquisas feitas a primeira de abordagem

quantitativa entre 115 estudantes e arquitetos e a segunda qualitativa entre 50 arquitetos

premiados no Opera Prima totalizando 165 respondentes

Quando perguntados sobre a opiniatildeo do respondente em relaccedilatildeo agrave abordagem atual da

sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista 80 consideraram pouca ou nenhuma e

apenas 2 acham suficiente (GRAF 16)

DISCUSSAtildeO E ABORDAGEM DA SUSTENTABILIDADE NA FORMACcedilAtildeO ATUAL DO ARQUITETO E URBANISTA

39

162

4

41

NatildeoPoucoSim SuficienteEm uma duas disciplinasOutra resposta

GRAacuteFICO 16 ndash Opiniatildeo sobre abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo atual do arquiteto por de respondentes em cada item (Total de 165 questionaacuterios) Fonte Elaborado pela autora

44 Consideraccedilotildees finais da pesquisa

Atraveacutes dessa pesquisa foi confirmada a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura Eacute

espantoso confirmarmos que ainda existem arquitetos que natildeo sabem o significado do conceito

de sustentabilidade e tambeacutem surpreendente que 20 dos autores dos trabalhos premiados no

Opera Prima tenham dito que natildeo abordaram a sustentabilidade

A grande maioria das pessoas disse que acha necessaacuterio alguma mudanccedila no sistema

de ensino de arquitetura por considerar essencial a abordagem deste tema Assim vaacuterios

respondentes consideram de grande importacircncia que o tema seja inserido na grade curricular em

todas as disciplinas e natildeo como uma disciplina isolada que muitas vezes termina mesmo como

uma optativa Muitos tambeacutem disseram que eacute necessaacuteria uma atualizaccedilatildeo dos atuais professores

para que possam ensinar e conscientizar os alunos sobre o assunto Pouquiacutessimas pessoas

responderam que atualmente eacute suficiente o que eacute ensinado e praticado nas faculdades em se

tratando da sustentabilidade na arquitetura e urbanismo Vale relembrar que houve pouca

155

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada sexo idade e atuaccedilatildeo

profissional Tambeacutem foi observado que natildeo ocorreu distinccedilatildeo entre regiotildees do paiacutes e nem

mesmo com os respondentes de outros paiacuteses

A maior variaccedilatildeo encontrada refere-se agrave pesquisa dos premiados do Opera Prima na

questatildeo sobre se a sustentabilidade foi tratada na graduaccedilatildeo nos anos de 2004 e 2005 O tema

parece ter sido um pouco mais tratado que nos demais anos pois ningueacutem respondeu ldquonatildeordquo

Pouco mais da metade disse que foi abordada em uma ou duas disciplinas eou nas palestras e

seminaacuterios e pouco menos da metade respondeu que foi pouca ou superficial a abordagem da

sustentabilidade na graduaccedilatildeo

Essa pesquisa tambeacutem confirmou os dados levantados no capiacutetulo anterior onde uma

anaacutelise foi feita sobre alguns cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo No capiacutetulo trecircs

algumas universidades brasileiras foram rapidamente estudadas com o objetivo de mapear sobre

a existecircncia de disciplinas especiacuteficas ou natildeo que tratassem sobre a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo As disciplinas obrigatoacuterias e optativas oferecidas por algumas

universidades brasileiras que abordam o assunto como ldquoUrbanismo e Meio Ambiente- UMArdquo e

ldquoArquitetura e sustentabilidaderdquo na UFRJ e ldquoArquitetura e Sustentabilidade Ambientalrdquo na

FUMEC sozinhas natildeo satildeo suficientes no curso de arquitetura Este fato foi comprovado pelas

proacuteprias opiniotildees dos estudantes Eacute necessaacuterio tratar as questotildees ambientais culturais sociais e

econocircmicas aqui tomadas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e efetiva na

graduaccedilatildeo

Para conseguirmos avanccedilar nesse objetivo eacute tambeacutem essencial que os departamentos

tenham maior integraccedilatildeo entre si O que se aprende em disciplinas teacutecnicas e teoacutericas deve ser

aplicado nas disciplinas praacuteticas e eacute fundamental que haja um frequumlente diaacutelogo entre

departamentos e disciplinas

Tambeacutem foi possiacutevel verificar e confirmar algumas hipoacuteteses sobre os cursos de poacutes-

graduaccedilatildeo Apesar de ser significativa a quantidade de cursos nessa aacuterea a sustentabilidade tem

sido realmente abordada apenas em especializaccedilotildees ou mestrados especiacuteficos Eacute muito pouca a

abordagem deste tema em cursos de mestrado em arquitetura e urbanismo de caraacuteter mais geral

Essa constataccedilatildeo foi sugerida anteriormente no capiacutetulo trecircs e confirmada com a recente

pesquisa Aleacutem disso esta dissertaccedilatildeo tambeacutem pode ser incluiacuteda num exemplo de curso de

Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFMG que aleacutem de natildeo incluir na eacutepoca linhas de

pesquisa na aacuterea natildeo possuiacutea disciplinas obrigatoacuterias ou optativas que mencionassem

explicitamente o tema

156

Como soluccedilatildeo para o atual problema os entrevistados em sua maioria sugeriram o

que jaacute era colocado como a melhor hipoacutetese isto eacute que a questatildeo precisa urgentemente ser

inserida em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em niacuteveis maiores ou

menores sendo essencial que haja integraccedilatildeo entre elas Aleacutem disso muitos dos entrevistados

aleacutem de acharem necessaacuteria esta inclusatildeo geral comentam sobre a possibilidade de tambeacutem se

criar uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que possa tratar mais aberta e detalhadamente do

assunto Podemos tambeacutem ressaltar a necessidade preliminar de disciplinas sobre educaccedilatildeo

ambiental e educaccedilatildeo para a sustentabilidade que possam conscientizar ambientalmente todos

aqueles que natildeo tiveram esse tipo de educaccedilatildeo e consciecircncia anteriormente Eacute tambeacutem

importante a presenccedila constante de palestras e seminaacuterios que abordem a sustentabilidade na

arquitetura e urbanismo

Um ponto de grande importacircncia na pesquisa diz respeito ao fato de que quando

perguntados sobre como melhorar a abordagem da sustentabilidade na graduaccedilatildeo os

entrevistados responderam tambeacutem que para que sejam de fato aplicadas todas as soluccedilotildees natildeo

haacute como evitar uma ecircnfase no maior conhecimento dos professores sobre o assunto Eacute preciso

uma atualizaccedilatildeo dos mesmos para que possam trazer para suas aulas e debates a questatildeo da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

A boa arquitetura deve abranger todos os criteacuterios e requisitos denominados

sustentaacuteveis que nada mais satildeo que aspectos ambientais sociais econocircmicos e culturais

articulados em uma visatildeo abrangente e holiacutestica Na verdade qualquer arquitetura precisa levar

em conta todos esses princiacutepios Eacute preciso integraacute-los ao processo natildeo soacute de construccedilatildeo mas

principalmente de concepccedilatildeo do projeto Devemos agregar um novo valor a esse processo que

em hipoacutetese alguma perderaacute qualidade arquitetocircnica e ao contraacuterio soacute teraacute a ganhar

157

As pessoas natildeo se satisfazem mais apenas com declaraccedilotildees Elas exigem accedilotildees firmes e resultados concretos

Esperam que ao identificar um problema as naccedilotildees do mundo tenham vitalidade para agir

Primeiro-ministro sueco Olof Palme cujo paiacutes sediou a Conferecircncia de Estocolmo 1972

5 CONCLUSAtildeO Hoje e cada dia mais temos a consciecircncia clara de que o homem se relaciona com o

meio em que vive de forma inadequada consumindo recursos naturais em excesso produzindo

demasiados resiacuteduos e poluiccedilatildeo aumentando cada vez mais a exclusatildeo e segregaccedilatildeo social Seu

habitat de moradia e trabalho as edificaccedilotildees satildeo grandes fontes de consumo e tambeacutem de

desperdiacutecio de recursos tais como mateacuteria-prima aacutegua e energia Os edifiacutecios consomem

aproximadamente metade da energia produzida no mundo

A problemaacutetica da realidade mundial contemporacircnea assume proporccedilotildees

assustadoras e piora na medida em que se propagam os problemas ambientais e sociais na

grande maioria das cidades Todas essas questotildees tornam de fundamental importacircncia identificar

e construir estrateacutegias e atitudes menos agressivas ao meio natural e ao proacuteprio homem que o

habita Estrateacutegias que sejam mais sustentaacuteveis

Apesar dos conceitos e praacuteticas de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentaacutevel

apresentarem grande complexidade e dificuldade de concreta definiccedilatildeo principalmente por

tratarem de temaacuteticas em desenvolvimento seus objetivos natildeo satildeo invalidados A arquitetura e o

urbanismo jaacute fazem parte deste paradigma mas ainda natildeo de modo suficientemente amplo e

efetivo

Sustentabilidade na arquitetura e urbanismo deve aqui ser entendida como a

interaccedilatildeo entre as questotildees ambientais sociais culturais e econocircmicas Neste sentido esta

dissertaccedilatildeo teve como objetivo pesquisar como essa questatildeo entra na atual formaccedilatildeo do arquiteto

e urbanista para entatildeo verificar e comprovar a hipoacutetese de que o conceito de sustentabilidade

natildeo vem sendo suficientemente discutido e ensinado nos cursos de graduaccedilatildeo de arquitetura e

urbanismo Tambeacutem objetivou estimular a soluccedilatildeo para o atual problema buscando respostas e

recursos com os proacuteprios estudantes e arquitetos entrevistados que podem e devem ser

colocados em praacutetica

O arquiteto urbanista natildeo eacute e nunca seraacute o uacutenico responsaacutevel pela sustentabilidade

de uma edificaccedilatildeo e seu entorno Aleacutem disso eacute impossiacutevel projetar e construir edificaccedilotildees e

espaccedilos que sejam totalmente sustentaacuteveis devido aos inuacutemeros quesitos necessaacuterios Poreacutem o

arquiteto urbanista possui papel fundamental na concepccedilatildeo dos princiacutepios de sustentabilidade a

serem empregados no planejamento na construccedilatildeo e mesmo na apropriaccedilatildeo das edificaccedilotildees Ele

158

deve pensar planejar projetar e influenciar produtores e usuaacuterios do ambiente construiacutedo para

um processo construtivo e de apropriaccedilatildeo e uso sustentaacuteveis Deve ser educado desde o iniacutecio de

sua formaccedilatildeo para buscar esse objetivo ajudando a modificar toda cadeia produtiva do projeto

de arquitetura e construccedilatildeo civil ao planejamento urbano Para que isso ocorra eacute essencial que a

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista seja soacutelida e transdisciplinar A universidade e

assim suas diretrizes disciplinas e professores precisam oferecer o embasamento para este

propoacutesito

A formaccedilatildeo do arquiteto-urbanista precisa ser atual e eficaz em diversos sentidos

As questotildees referentes agrave melhoria e qualidade de vida do homem em integraccedilatildeo com a natureza

devem ser priorizadas A preocupaccedilatildeo com o meio ambiente o clima a adequaccedilatildeo da construccedilatildeo

com seu entorno as tradiccedilotildees culturais a conservaccedilatildeo de energia a disponibilidade de recursos e

materiais e a reduccedilatildeo de desperdiacutecios devem ser essenciais na elaboraccedilatildeo e no desenvolvimento

do projeto de arquitetura bem como no planejamento urbano produzindo espaccedilos saudaacuteveis

intervindo no territoacuterio e na cidade da forma mais sustentavelmente possiacutevel

Atraveacutes de uma anaacutelise da presenccedila da temaacutetica na formaccedilatildeo dos arquitetos em

algumas universidades brasileiras verificou-se nos cursos de graduaccedilatildeo extensatildeo e de poacutes-

graduaccedilatildeo a existecircncia de apresentaccedilotildees pontuais sobre a sustentabilidade Na graduaccedilatildeo a

maioria das disciplinas sobre o tema eacute optativa e quando obrigatoacuterias dificilmente interagem

com as outras disciplinas e assim passam despercebidas e satildeo rapidamente esquecidas pelos

alunos no decorrer do curso Em algumas universidades foram encontrados apenas resumos

feitos pelos organizadores das mesmas provavelmente preocupados principalmente em seguir as

novas Diretrizes Curriculares mas sem realmente implicarem uma inserccedilatildeo efetiva da temaacutetica

da sustentabilidade na praacutetica do ensino

A pesquisa quantitativa com estudantes e arquitetos e a pesquisa qualitativa entre os

premiados do concurso Opera Prima aleacutem de confirmarem a hipoacutetese de que o conceito de

sustentabilidade natildeo vem sido ensinado e tratado de forma suficiente nos cursos de arquitetura de

modo a contribuir efetivamente para a incorporaccedilatildeo da problemaacutetica ambiental nos projetos

mostrou tambeacutem que ainda existem arquitetos e estudantes de arquitetura que nem mesmo sabem

o significado do conceito de sustentabilidade Foi tambeacutem surpreendente verificar que 20 dos

autores dos trabalhos premiados no Opera Prima entre 2001 e 2006 disseram natildeo terem

considerado sustentabilidade de forma alguma em seus projetos incluiacutedos entre os melhores do

paiacutes

Por outro lado a grande maioria dos arquitetos estudantes e autores dos trabalhos

premiados que foram entrevistados nessa pesquisa considera fundamental uma maior discussatildeo

159

da questatildeo da sustentabilidade e sua inclusatildeo mais efetiva no ensino da arquitetura e urbanismo

principalmente na graduaccedilatildeo confirmando assim ser necessaacuteria alguma mudanccedila substantiva no

sistema de ensino ora em vigecircncia Eacute todavia interessante registrar que houve pouca

variabilidade das respostas em funccedilatildeo da universidade cursada como tambeacutem em funccedilatildeo do

sexo da idade e da atuaccedilatildeo profissional Foi tambeacutem observado que natildeo houve diferenccedilas entre

as regiotildees do paiacutes e nem mesmo com os respondentes de outros paiacuteses evidenciando que o

problema da falta de atenccedilatildeo ao tema eacute recorrente e generalizado na formaccedilatildeo do arquiteto Eacute

tambeacutem quase unacircnime a opiniatildeo independente dessas variaacuteveis de que vaacuterias mudanccedilas satildeo

necessaacuterias e de que eacute preciso tratar as questotildees ambientais culturais sociais e econocircmicas aqui

vistas como questotildees sustentaacuteveis de forma mais intensa e inter-relacionada na formaccedilatildeo do

arquiteto urbanista

Satildeo muitas as boas intenccedilotildees e os discursos contemporacircneos de fato vecircm agregando

cada vez mais as preocupaccedilotildees com o ambiente e sua inserccedilatildeo na arquitetura No entanto falta

ainda muito para que esses discursos sejam colocados em praacutetica dentro das universidades

inserindo-os em todas as disciplinas acadecircmicas Para conseguirmos avanccedilar neste objetivo eacute

essencial que os departamentos tenham maior integraccedilatildeo entre si assim como as disciplinas

Apenas assim o estudante de arquitetura ao se tornar um profissional conseguiraacute lidar de forma

consciente com os atuais problemas ambientais prementes e oferecer ao puacuteblico soluccedilotildees mais

harmoniosas e sustentaacuteveis

Conclui-se que satildeo necessaacuterias mudanccedilas profundas no ldquofazer arquitetocircnicordquo e isso

implica mudanccedilas criacuteticas no ensino de arquitetura Essa discussatildeo para alcanccedilar toda a praacutetica

de arquitetura haacute que ser trazida para o acircmbito acadecircmico A intenccedilatildeo eacute suscitar a discussatildeo da

sustentabilidade dentro das universidades para que o ldquopensar arquitetocircnicordquo se torne tambeacutem um

ldquopensar sustentaacutevelrdquo A sustentabilidade deve ser entendida natildeo como fator de subordinaccedilatildeo da

arquitetura a alguma disciplina ecoloacutegica ou ambiental mas como um paradigma atual a ser

realmente incorporado no centro da formaccedilatildeo profissional em arquitetura e urbanismo Sendo

assim apresentado a todos os aproximadamente 40000 estudantes de arquitetura existentes no

paiacutes e incorporado na praacutetica profissional dos cerca de 4000 profissionais arquitetos e urbanistas

que ingressam por ano no diversificado mercado de trabalho brasileiro

Um grande problema de caraacuteter cultural que transcende a arquitetura mas dificulta a

inserccedilatildeo deste paradigma no fazer e pensar arquitetocircnico eacute que o meio ambiente eacute muitas vezes

entendido como algo de fora que natildeo nos inclui Eacute neste aspecto que a expansatildeo da consciecircncia

ambiental se faz necessaacuteria a fim de modificar esta percepccedilatildeo construindo o entendimento de

160

que a questatildeo ambiental comeccedila dentro de cada um de noacutes envolvendo todo o nosso entorno e as

relaccedilotildees que estabelecemos com o universo

O ensino de arquitetura bem como de todas as demais aacutereas de conhecimento

universitaacuterias ou natildeo necessitam urgentemente de um fortalecimento nesse sentido Natildeo basta

exigir que a consciecircncia ambiental seja aprendida em casa e nas escolas primaacuterias Ainda que

isto esteja acontecendo com as novas geraccedilotildees particularmente envolvendo as escolas do ensino

fundamental seu efeito sobre os profissionais se daraacute em meacutedio prazo e cabe agrave universidade dar

seu apoio e desenvolvimento agrave teoria e praacutetica da arquitetura Disciplinas de educaccedilatildeo ambiental

e educaccedilatildeo para a sustentabilidade devem ser acrescentadas nos cursos de arquitetura assim

como a inserccedilatildeo em todas as disciplinas existentes de consciecircncia ambiental e sustentaacutevel

Para concluir seguem algumas sugestotildees para a inserccedilatildeo da sustentabilidade nos

cursos de graduaccedilatildeo em arquitetura e urbanismo

- inserccedilatildeo do conceito de sustentabilidade na arquitetura e urbanismo e da consciecircncia

ambiental e sustentaacutevel em todas as disciplinas sejam elas teoacutericas teacutecnicas ou praacuteticas em

niacuteveis maiores ou menores

- uma disciplina obrigatoacuteria especiacutefica que trate mais abertamente e detalhadamente da

sustentabilidade na arquitetura e urbanismo

- disciplinas de educaccedilatildeo ambiental e de educaccedilatildeo para a sustentabilidade acrescentadas nos

primeiros periacuteodos dos cursos de arquitetura

- palestras e seminaacuterios que abordem o conceito de sustentabilidade na arquitetura e

urbanismo

- atualizaccedilatildeo dos professores para melhor abordar e desenvolver o assunto

161

REFEREcircNCIAS

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GRUPO DE TRABALHO 1 Sociedade cidade arquitetura e o profissional formado na FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p176 GUSTAVSEN Denise Vinte anos de sustentabilidade Revista Arquitetura amp Construccedilatildeo Satildeo Paulo v 23 n 8 p 114-117 set 2007 HABITARE - Programa de Tecnologia de Habitaccedilatildeo Projeto participativo 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwhabitareorgbrgt Acesso em 14 ago 2007 HOGAN Daniel Joseph A relaccedilatildeo entre populaccedilatildeo e ambiente desafios para a demografia In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 p21-52 INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAacuteVEIS ndash IBAMA O Ibama e sua histoacuteria [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwibamagovbrinstitucionalhistoriagt Acesso em 10 fev 2007 INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE ndash IPCC About IPCC 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwipccchgt Acesso em 06 fev 2007 LAGO Antocircnio PAacuteDUA Joseacute Augusto O que eacute ecologia Satildeo Paulo Brasiliense 1984 LAKATOS E M MARCONI M A Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisas elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados 4 ed Satildeo Paulo Atlas 1999 LAMBERTS Roberto DUTRA Luciano PEREIRA Fernando Oscar Ruttkay Eficiecircncia energeacutetica na arquitetura Satildeo Paulo PW 1997 LEITE M A D Ensino de tecnologia em Arquitetura e Urbanismo concepccedilotildees curriculares e proposiccedilotildees para inovaccedilatildeo curricular In ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO- ENSEA 15 1998 Campo Grande Anais Campo Grande ABEA 1998 LIMA Gustavo Ferreira da Costa Educaccedilatildeo e sustentabilidade possibilidade e falaacutecias de um discurso In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE- ANPPAS 1 2002 Indaiatuba Anais Indaiatuba 2002 MALARD Maria Lucia et al Jogando e aprendendo a construir Coletacircnea HABITARE Porto Alegre v 5 n 1 p 116-135 2006 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Teacutecnicas de pesquisa planejamento e execuccedilatildeo de pesquisa amostragens e teacutecnicas de pesquisa elaboraccedilatildeo anaacutelise e interpretaccedilatildeo de dados 3 ed Satildeo Paulo Atlas 1996 MARTINS Paulo R Por uma poliacutetica ecoindustrial In VIANA G SILVA M DINIZ N (Org) O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 p 97-131 MESTRADO EM AMBIENTE CONSTRUIacuteDO E PATRIMONIO SUSTENTAacuteVEL DA UFMG - MACPS Linhas de Pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufmgbrmacpsgt Acesso em 14 ago 2007 MINISTEacuteRIO DA CIEcircNCIA E TECNOLOGIA - MCT Notiacutecias MCT 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwmctgovbrgt Acesso em 30 jun 2006

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MINISTEacuteRIO DAS CIDADES Mcidades [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwcidadesgovbrgt Acesso em 29 jan 2006 MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 17 jan 2007 MOISEacuteS Claacuteudia Perrone Direitos humanos e desenvolvimento a contribuiccedilatildeo das naccedilotildees unidas In AMARAL JUacuteNIOR Alberto do MOISEacuteS Claacuteudia Perrone (Org) O cinquumlentenaacuterio da declaraccedilatildeo universal dos direitos do homem Satildeo Paulo Edusp 1999 MONTIBELLER-FILHO Gilberto O mito do desenvolvimento sustentaacutevel meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias Florianoacutepolis Ed da UFSC 2001 MOUSINHO Patriacutecia Glossaacuterio In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 332-367 MUMFORD Lewis The natural history of urbanization In THOMAS William L (Coord) Mans role in changing the face of the Earth Chicago University of Chicago Press 1956 NUacuteCLEO DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO ndash NPGAU Apresentaccedilatildeo 2007 Disponiacutevel em lt httpwwwarqufmgbrposgt Acesso em 14 ago 2007 OLIVEIRA Andreacute Luiz Prado de A eficiecircncia ambiental nas edificaccedilotildees fundamentos e estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do projeto arquitetocircnico a partir do uso racional de energia eleacutetrica e aacutegua 2005 385f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 OLIVEIRA Thaisa Francis C Sampaio de Sustentabilidade e arquitetura uma reflexatildeo sobre o uso de bambu na construccedilatildeo civil 2006 136f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Dinacircmicas do Espaccedilo Habitado) ndash Centro de tecnologia Universidade Federal de Alagoas Maceioacute 2006 PAAS Leslie Christine Educaccedilatildeo para desenvolvimento sustentaacutevel por meio da aventura 2004 185f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004 PAULA Joatildeo Antocircnio de MONTE-MOacuteR Roberto L M Biodiversidade populaccedilatildeo e economia uma experiecircncia interdisciplinar In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 PIANO Renzo Projects [200-] Disponiacutevel em lthttprpbwcomgt Acesso em 17 jul 2007 PINHEIRO Gustavo Focesi O gerenciamento da construccedilatildeo civil e o desenvolvimento sustentaacutevel um enfoque sobre os profissionais da aacuterea de edificaccedilotildees 2002 159f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) ndash Faculdade de Engenharia Civil Universidade Estadual de Campinas Campinas 2002 PNUMA Perspectivas do Meio Ambiente Mundial 2002 GEO-3 [Sl] IBAMA PNUMA UMA 2004 PONTIFIacuteCIA UNIVERSIDADE CATOacuteLICA DE MINAS GERAIS ndash PUC MINAS CursosGraduaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwpucminasbrcursos gt Acesso em 17 jul 2007 PREcircMIO Opera Prima Revista Projeto Design Satildeo Paulo n 284 p 89-107 out 2003 PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVACcedilAtildeO DE ENERGIA ELEacuteTRICA ndash PROCEL Selo Procel 2007 Disponiacutevel em lthttpwwweletrobrasgovbrprocelgt Acesso em 26 fev 2007

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PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFAL ndash PRODEMAUFAL Pesquisas 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufalbrgt Acesso em 17 fev 2007 PROGRAMA REGIONAL DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DA UFPB ndash PRODEMAUFPB O Prodema 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprodemaufpbbrgt Acesso em 16 fev 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA DA FAU-UFRJ ndash PROARQ Programa [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprourbfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM URBANISMO DA FAU-UFRJ ndash PROURB Linhas de pesquisa 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwproarqfauufrjbrgt Acesso em 19 jul 2007 RHEINGANTZ Paulo Afonso Proposta de marco referencial para a FAU-UFRJ In ANDRADE Luciana BRONSTEIN Laiacutes SILLOS Jacques (Org) Arquitetura e ensino reflexotildees para uma reforma curricular Rio de Janeiro FAU-UFRJ 2003 p141-155 RIBEIRO Mauriacutecio Andreacutes Ecologizar pensando o ambiente humano Belo Horizonte Rona 1998 ROGERS Richard Cidades para um pequeno planeta 2 ed Barcelona Gustavo Gili 2001 ROSETTO Adriana Marques Proposta de um sistema integrado de gestatildeo do ambiente urbano (SIGAU) para o desenvolvimento sustentaacutevel de cidades 2003 404f Tese (Doutorado em Engenharia de Produccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2003 SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o seacuteculo XXI desenvolvimento e meio ambiente Satildeo Paulo Studio Nobel Fundap 1993 SACHS Ignacy Science Nature Societeacute [Sl] v 2 n 2 1994 SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2000 SANTOS Mauriacutecio Takahashidos dos Consciecircncia ambiental e mudanccedilas de atitudes 2005 135f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia de Produccedilatildeo) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2005 SILVA Roberto Gonccedilalves da Arquitetura o abrigo da vida Florianoacutepolis Ed da UFSC 2003 SIRKIS Alfredo Cidade In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p 214-229 SOARES Umberto Tavares Entre atos ensino superior urbanismo e a EAUFMG 2005 284f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ndash Escola de Arquitetura Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2005 SOUZA Maacutercia de Andrade Sena Energia e arquitetura a importacircncia dos padrotildees de consumo e produccedilatildeo da sociedade frente ao desafio da sustentabilidade CONFEREcircNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUCcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL 1 ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUIacuteDO 10 2004 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo 2004 STAGNO Bruno Proyectos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwbrunostagnoinfogt Acesso em 19 set 2007

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SUNKEL Oswaldo O marco histoacuterico do processo de desenvolvimento subdesenvolvimento 5 ed Rio de Janeiro UNILIVROS 1980 TASCHNER Suzana P Degradaccedilatildeo ambiental em favelas de Satildeo Paulo In COSTA Heloiacutesa TORRES Haroldo (Org) Populaccedilatildeo e meio ambiente debates e desafios Satildeo Paulo SENAC 2000 TRIGUEIRO Andreacute Introduccedilatildeo In TRIGUEIRO Andreacute (Coord) Meio ambiente no seacuteculo 21 21 especialistas falam da questatildeo ambiental nas suas aacutereas de conhecimento Rio de Janeiro Sextante 2003 p13-17 UCHAF Y Felin Roundhouse 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwfelinuchafcomroundhousehtmgt Acesso em 11 jun 2007 UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS Division of Sustainable Development [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunorgesasustdevgt Acesso em 13 fev 2007 UNITED NATIONS EDUCATION SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION ndash UNESCO UNESCO no Mundo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunescoorgbrgt Acesso em 12 fev 2007 UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB Arquitetura [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunbbrgraduacaocursos gt Acesso em 23 out 2005 UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO ndash USP Graduaccedilatildeo 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwuspbrfaudocentesdepprojetogt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE ndash UNILIVRE Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwunilivreorgbrgt Acesso em 23 out 2005 e 21 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ndash UFSC Disciplinas 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwarqufscbrarqsocgt Acesso em 15 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute ndash UFPR Especializaccedilatildeo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwprppgufprbrgt Acesso em 20 jul 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ndash UFRJ Cursos [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfauufrjbrgt Acesso em 4 set 2005 UNIVERSIDADE FUMEC Arquitetura e Urbanismo [200-] Disponiacutevel em lthttpwwwfumecbrcursosgraduacaoarquiteturaphpgt Acesso em 18 jul 2007 US GREEN BUILDING COUNCIL - USGBC Leed 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwusgbcorggt Acesso em 18 fev 2007 VEJA Satildeo Paulo Abril v 40 n 17 mai 2007 p 52 VEIGA Joseacute Eli Perspectivas nacionais do desenvolvimento rural In SHIKI Shigeo SILVA Joseacute Graziano da ORTEGA Antonio Ceacutesar (Org) Agricultura meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro Uberlacircndia CNPqFAPEMIG 1997 WRIGHT Frank Lloyd The natural house New York Horizon Press 1954 WWF-BRASIL WWF no Brasil 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrgt Acesso em 14 fev 2007

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WWF - GLOBAL ENVIRONMENTAL CONSERVATION ORGANIZATION WWF International 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforggt Acesso em 14 fev 2007 YEANG Ken Bioclimatic skyscrapers London Artemis 1994 ZEVI Bruno Towards an organic architecture London Faber amp Faber Limited 1950

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APEcircNDICE A

Questionaacuterio aplicado com estudantes de arquitetura

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade_____ Universidade__________________________ Periacuteodo_______ Faz estaacutegio____ Quanto tempo________ Em que aacuterea______________________________ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Como tem sido tratado esse assunto dentro da faculdade As aulas vecircm abordando a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade no curso de arquitetura e urbanismo eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto no curso de arquitetura e urbanismo poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE B

Questionaacuterio aplicado com arquitetos

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QUESTIONAacuteRIO Sexo F M Idade___ Graduaccedilatildeo Universidade -______________ Ano de formatura-_____ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento________ Aacuterea_____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento________ Aacuterea______________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_________ Aacuterea_________________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado ele abordou a sustentabilidade Como _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute pouca suficiente ou muita Por que _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 Caso sua resposta na pergunta anterior natildeo tenha sido suficiente como na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem desse assunto na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista poderia ser melhorada _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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APEcircNDICE C

Questionaacuterio aplicado com os premiados do Concurso Opera Prima

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QUESTIONAacuteRIO Nome _____________Idade__Graduaccedilatildeo Universidade _____________ Ano de formatura___ Trabalho de graduaccedilatildeo_______________________________ Orientador_________________ Curso de aperfeiccediloamento S N Estabelecimento_________ Aacuterea____________Ano_____ Especializaccedilatildeo S N Estabelecimento___________ Aacuterea___________________ Ano_____ Mestrado S N Estabelecimento_____________ Aacuterea_____________________ Ano_____ 1 O que vem a ser para vocecirc o conceito de sustentabilidade aplicado na arquitetura e no urbanismo Ou seja o que seria ldquoarquitetura sustentaacutevelrdquo e ldquoplanejamento urbano sustentaacutevelrdquo __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2 O seu curso de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade na arquiteturaurbanismo Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta_____________________________________________________________

3 Caso tenha feito algum curso de aperfeiccediloamento atualizaccedilatildeo especializaccedilatildeo ou mestrado

ele abordou a sustentabilidade Como a Natildeo b Superficialmente c Sim nas palestras e seminaacuterios d Sim na(s) disciplina(s) de ____________________________________________________ e Sim em todas as disciplinas f Outra resposta______________________________________________________________

4 O seu trabalho final de graduaccedilatildeo abordou a sustentabilidade Se abordou como a Natildeo natildeo estava relacionado com esse assunto b Em algumas questotildees como por exemplo no(a)____________________________________ c Sim estava muito voltado para esse assunto d Outra resposta______________________________________________________________

5 Na sua opiniatildeo a discussatildeo e abordagem da sustentabilidade na formaccedilatildeo do arquiteto e urbanista eacute a Muito pouca abordada ou natildeo existe b Pouca superficial c Suficiente d Muito abordada inclusive recebe importacircncia aleacutem do necessaacuterio e Outra resposta______________________________________________________________

Caso sua resposta natildeo tenha sido letra C na sua opiniatildeo como poderia melhorar a abordagem desse assunto ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO

Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo de 2006

Para melhor consulta do leitor os itens que dizem respeito agraves questotildees comentadas nesse trabalho foram grifados

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MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO

CONSELHO NACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO CAcircMARA DE EDUCACcedilAtildeO SUPERIOR

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 20061

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo e daacute outras providecircncias

O Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo no uso de suas atribuiccedilotildees legais conferidas no art 9ordm sect 2ordm aliacutenea ldquocrdquo da Lei nordm 4024 de 20 de dezembro de 1961 com a redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 9131 de 25 de novembro de 1995 tendo em vista as diretrizes e princiacutepios fixados pelos Pareceres CESCNE nos 7761997 5832001 e 672003 e considerando o que consta do Parecer CNECES nordm 1122005 homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educaccedilatildeo em 662005 resolve Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo bacharelado a serem observadas pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

Art 2ordm A organizaccedilatildeo de cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute ser elaborada com claro estabelecimento de componentes curriculares os quais abrangeratildeo projeto pedagoacutegico descriccedilatildeo de competecircncias habilidades e perfil desejado para o futuro profissional conteuacutedos curriculares estaacutegio curricular supervisionado acompanhamento e avaliaccedilatildeo atividades complementares e trabalho de curso sem prejuiacutezo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagoacutegico

Art 3ordm O projeto pedagoacutegico do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo aleacutem da clara concepccedilatildeo do curso com suas peculiaridades seu curriacuteculo pleno e sua operacionalizaccedilatildeo deveraacute contemplar sem prejuiacutezos de outros os seguintes aspectos

I - objetivos gerais do curso contextualizado agraves suas inserccedilotildees institucional poliacutetica geograacutefica e social

II - condiccedilotildees objetivas de oferta e a vocaccedilatildeo do curso III - formas de realizaccedilatildeo da interdisciplinaridade IV - modos de integraccedilatildeo entre teoria e praacutetica V - formas de avaliaccedilatildeo do ensino e da aprendizagem VI - modos da integraccedilatildeo entre graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo quando houver VII - incentivo agrave pesquisa como necessaacuterio prolongamento da atividade de ensino e como

instrumento para a iniciaccedilatildeo cientiacutefica VIII - regulamentaccedilatildeo das atividades relacionadas com o trabalho de curso em diferentes

modalidades atendendo agraves normas da instituiccedilatildeo IX - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades de estaacutegio curricular supervisionado em

diferentes formas e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo observados seus respectivos regulamentos e

1 Publicada no DOU de 03022006 Seccedilatildeo I paacuteg 36-37

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X - concepccedilatildeo e composiccedilatildeo das atividades complementares

sect 1ordm A proposta pedagoacutegica para os cursos de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveraacute assegurar a formaccedilatildeo de profissionais generalistas capazes de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo e agrave construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo o paisagismo bem como a conservaccedilatildeo e a valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo a proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e a utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

sect 2ordm O curso deveraacute estabelecer accedilotildees pedagoacutegicas visando ao desenvolvimento de condutas e atitudes com responsabilidade teacutecnica e social e teraacute por princiacutepios

a) a qualidade de vida dos habitantes dos assentamentos humanos e a qualidade material do ambiente construiacutedo e sua durabilidade

b) o uso da tecnologia em respeito agraves necessidades sociais culturais esteacuteticas e econocircmicas das comunidades

c) o equiliacutebrio ecoloacutegico e o desenvolvimento sustentaacutevel do ambiente natural e construiacutedo d) a valorizaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo da arquitetura do urbanismo e da paisagem como

patrimocircnio e responsabilidade coletiva sect 3ordm Com base no princiacutepio de educaccedilatildeo continuada as IES poderatildeo incluir no Projeto

Pedagoacutegico do curso a oferta de cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional

Art 4ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute ensejar condiccedilotildees para o que futuro arquiteto e urbanista tenha como perfil

a) soacutelida formaccedilatildeo de profissional generalista b) aptidatildeo de compreender e traduzir as necessidades de indiviacuteduos grupos sociais e

comunidade com relaccedilatildeo agrave concepccedilatildeo organizaccedilatildeo e construccedilatildeo do espaccedilo interior e exterior abrangendo o urbanismo a edificaccedilatildeo e o paisagismo

c) conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do patrimocircnio construiacutedo d) proteccedilatildeo do equiliacutebrio do ambiente natural e utilizaccedilatildeo racional dos recursos disponiacuteveis

Art 5ordm O curso de Arquitetura e Urbanismo deveraacute possibilitar formaccedilatildeo profissional que revele pelo menos as seguintes competecircncias e habilidades

a) o conhecimento dos aspectos antropoloacutegicos socioloacutegicos e econocircmicos relevantes e de todo o espectro de necessidades aspiraccedilotildees e expectativas individuais e coletivas quanto ao ambiente construiacutedo

b) a compreensatildeo das questotildees que informam as accedilotildees de preservaccedilatildeo da paisagem e de avaliaccedilatildeo dos impactos no meio ambiente com vistas ao equiliacutebrio ecoloacutegico e ao desenvolvimento sustentaacutevel

c) as habilidades necessaacuterias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construccedilotildees considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenccedilatildeo e de especificaccedilotildees bem como os regulamentos legais e de modo a satisfazer as exigecircncias culturais econocircmicas esteacuteticas teacutecnicas ambientais e de acessibilidade dos usuaacuterios

d) o conhecimento da histoacuteria das artes e da esteacutetica suscetiacutevel de influenciar a qualidade da concepccedilatildeo e da praacutetica de arquitetura urbanismo e paisagismo

e) os conhecimentos de teoria e de histoacuteria da arquitetura do urbanismo e do paisagismo considerando sua produccedilatildeo no contexto social cultural poliacutetico e econocircmico e tendo como objetivo a reflexatildeo criacutetica e a pesquisa

f) o domiacutenio de teacutecnicas e metodologias de pesquisa em planejamento urbano e regional urbanismo e desenho urbano bem como a compreensatildeo dos sistemas de infra-estrutura e de

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tracircnsito necessaacuterios para a concepccedilatildeo de estudos anaacutelises e planos de intervenccedilatildeo no espaccedilo urbano metropolitano e regional

g) os conhecimentos especializados para o emprego adequado e econocircmico dos materiais de construccedilatildeo e das teacutecnicas e sistemas construtivos para a definiccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos prediais para a organizaccedilatildeo de obras e canteiros e para a implantaccedilatildeo de infra-estrutura urbana

h) a compreensatildeo dos sistemas estruturais e o domiacutenio da concepccedilatildeo e do projeto estrutural tendo por fundamento os estudos de resistecircncia dos materiais estabilidade das construccedilotildees e fundaccedilotildees

i) o entendimento das condiccedilotildees climaacuteticas acuacutesticas lumiacutenicas e energeacuteticas e o domiacutenio das teacutecnicas apropriadas a elas associadas

j) as praacuteticas projetuais e as soluccedilotildees tecnoloacutegicas para a preservaccedilatildeo conservaccedilatildeo restauraccedilatildeo reconstruccedilatildeo reabilitaccedilatildeo e reutilizaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjuntos e cidades

k) as habilidades de desenho e o domiacutenio da geometria de suas aplicaccedilotildees e de outros meios de expressatildeo e representaccedilatildeo tais como perspectiva modelagem maquetes modelos e imagens virtuais

l) o conhecimento dos instrumentais de informaacutetica para tratamento de informaccedilotildees e representaccedilatildeo aplicada agrave arquitetura ao urbanismo ao paisagismo e ao planejamento urbano e regional

m) a habilidade na elaboraccedilatildeo e instrumental na feitura e interpretaccedilatildeo de levantamentos topograacuteficos com a utilizaccedilatildeo de aero-fotogrametria foto-interpretaccedilatildeo e sensoriamento remoto necessaacuterios na realizaccedilatildeo de projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e no planejamento urbano e regional

Paraacutegrafo uacutenico O projeto pedagoacutegico deveraacute demonstrar claramente como o conjunto das atividades previstas garantiraacute o desenvolvimento das competecircncias e habilidades esperadas tendo em vista o perfil desejado e garantindo a coexistecircncia de relaccedilotildees entre teoria e praacutetica como forma de fortalecer o conjunto dos elementos fundamentais para a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades necessaacuterios agrave concepccedilatildeo e agrave praacutetica do arquiteto e urbanista

Art 6ordm Os conteuacutedos curriculares do curso de graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo deveratildeo estar distribuiacutedos em dois nuacutecleos e um trabalho de curso recomendando-se sua interpenetrabilidade

I - Nuacutecleo de Conhecimentos de Fundamentaccedilatildeo II - Nuacutecleo de Conhecimentos Profissionais III - Trabalho de Curso

sect 1ordm O nuacutecleo de conhecimentos de fundamentaccedilatildeo seraacute composto por campos de saber que forneccedilam o embasamento teoacuterico necessaacuterio para que o futuro profissional possa desenvolver seu aprendizado e seraacute integrado por Esteacutetica e Histoacuteria das Artes Estudos Sociais e Econocircmicos Estudos Ambientais Desenho e Meios de Representaccedilatildeo e Expressatildeo

sect 2ordm O nuacutecleo de conhecimentos profissionais seraacute composto por campos de saber destinados agrave caracterizaccedilatildeo da identidade profissional do arquiteto e urbanista e seraacute constituiacutedo por Teoria e Histoacuteria da Arquitetura do Urbanismo e do Paisagismo Projeto de Arquitetura de Urbanismo e de Paisagismo Planejamento Urbano e Regional Tecnologia da Construccedilatildeo Sistemas Estruturais Conforto Ambiental Teacutecnicas Retrospectivas Informaacutetica Aplicada agrave Arquitetura e Urbanismo Topografia

sect 3ordm O trabalho de curso seraacute supervisionado por um docente de modo que envolva todos os procedimentos de uma investigaccedilatildeo teacutecnico-cientiacutefica a serem desenvolvidos pelo acadecircmico ao longo da realizaccedilatildeo do uacuteltimo ano do curso

178

sect 4ordm O nuacutecleo de conteuacutedos profissionais deveraacute ser inserido no contexto do projeto pedagoacutegico do curso visando a contribuir para o aperfeiccediloamento da qualificaccedilatildeo profissional do formando

sect 5ordm Os nuacutecleos de conteuacutedos poderatildeo ser dispostos em termos de carga horaacuteria e de planos de estudo em atividades praacuteticas e teoacutericas individuais ou em equipe tais como

a) aulas teoacutericas complementadas por conferecircncias e palestras previamente programadas como parte do trabalho didaacutetico regular

b) produccedilatildeo em atelier experimentaccedilatildeo em laboratoacuterios elaboraccedilatildeo de modelos utilizaccedilatildeo de computadores consulta a bibliotecas e a bancos de dados

c) viagens de estudos para o conhecimento de obras arquitetocircnicas de conjuntos histoacutericos de cidades e regiotildees que ofereccedilam soluccedilotildees de interesse e de unidades de conservaccedilatildeo do patrimocircnio natural

d) visitas a canteiros de obras levantamento de campo em edificaccedilotildees e bairros consultas a arquivos e a instituiccedilotildees contatos com autoridades de gestatildeo urbana

e) pesquisas temaacuteticas bibliograacuteficas e iconograacuteficas documentaccedilatildeo de arquitetura urbanismo e paisagismo e produccedilatildeo de inventaacuterios e bancos de dados projetos de pesquisa e extensatildeo emprego de fotografia e viacutedeo escritoacuterios-modelo de arquitetura e urbanismo nuacutecleos de serviccedilos agrave comunidade

f) participaccedilatildeo em atividades extracurriculares como encontros exposiccedilotildees concursos premiaccedilotildees seminaacuterios internos ou externos agrave instituiccedilatildeo bem como sua organizaccedilatildeo

Art 7ordm O Estaacutegio Curricular Supervisionado deveraacute ser concebido como conteuacutedo curricular obrigatoacuterio cabendo agrave Instituiccedilatildeo de Educaccedilatildeo Superior por seus colegiados acadecircmicos aprovar o correspondente regulamento contemplando diferentes modalidades de operacionalizaccedilatildeo

sect 1ordm Os estaacutegios supervisionados satildeo conjuntos de atividades de formaccedilatildeo programados e diretamente supervisionados por membros do corpo docente da instituiccedilatildeo formadora e procurar assegurar a consolidaccedilatildeo e a articulaccedilatildeo das competecircncias estabelecidas sect 2ordm Os estaacutegios supervisionados visam a assegurar o contato do formando com situaccedilotildees contextos e instituiccedilotildees permitindo que conhecimentos habilidades e atitudes se concretizem em accedilotildees profissionais sendo recomendaacutevel que suas atividades sejam distribuiacutedas ao longo do curso

sect 3ordm A instituiccedilatildeo poderaacute reconhecer e aproveitar atividades realizadas pelo aluno em instituiccedilotildees desde que contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competecircncias previstas no projeto de curso

Art 8ordm As atividades complementares satildeo componentes curriculares enriquecedores e

implementadores do proacuteprio perfil do formando e deveratildeo possibilitar o desenvolvimento de habilidades conhecimentos competecircncias e atitudes do aluno inclusive as adquiridas fora do ambiente acadecircmico que seratildeo reconhecidas mediante processo de avaliaccedilatildeo

sect 1ordm As atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa monitoria iniciaccedilatildeo cientiacutefica projetos de extensatildeo moacutedulos temaacuteticos seminaacuterios simpoacutesios congressos conferecircncias ateacute disciplinas oferecidas por outras instituiccedilotildees de educaccedilatildeo

sect 2ordm As atividades complementares natildeo poderatildeo ser confundidas com o estaacutegio supervisionado

179

Art 9ordm O Trabalho de Curso eacute componente curricular obrigatoacuterio e realizado ao longo do uacuteltimo ano de estudos centrado em determinada aacuterea teoacuterico-praacutetica ou de formaccedilatildeo profissional como atividade de siacutentese e integraccedilatildeo de conhecimento e consolidaccedilatildeo das teacutecnicas de pesquisa e observaraacute os seguintes preceitos

a) trabalho individual com tema de livre escolha do aluno obrigatoriamente relacionado com as atribuiccedilotildees profissionais

b) desenvolvimento sob a supervisatildeo de professores orientadores escolhidos pelo estudante entre os docentes arquitetos e urbanistas do curso

c) avaliaccedilatildeo por uma comissatildeo que inclui obrigatoriamente a participaccedilatildeo de arquiteto (s) e urbanista(s) natildeo pertencente(s) agrave proacutepria instituiccedilatildeo de ensino cabendo ao examinando a defesa do mesmo perante essa comissatildeo

Paraacutegrafo uacutenico A instituiccedilatildeo deveraacute emitir regulamentaccedilatildeo proacutepria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadecircmico contendo obrigatoriamente criteacuterios procedimentos e mecanismo de avaliaccedilatildeo aleacutem das diretrizes e teacutecnicas relacionadas com sua elaboraccedilatildeo

Art 10 A carga horaacuteria dos cursos de graduaccedilatildeo seraacute estabelecida em Resoluccedilatildeo especiacutefica da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

Art 11 As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resoluccedilatildeo deveratildeo ser implantadas

pelas Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior obrigatoriamente no prazo maacuteximo de dois anos aos alunos ingressantes a partir da publicaccedilatildeo desta

Paraacutegrafo uacutenico As IES poderatildeo optar pela aplicaccedilatildeo das DCN aos demais alunos do periacuteodo ou ano subsequumlente agrave publicaccedilatildeo desta

Art 12 Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo revogando-se a Portaria

Ministerial nordm 1770 de 21 de dezembro de 1994

EDSON DE OLIVEIRA NUNES Presidente da Cacircmara de Educaccedilatildeo Superior

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