Diario de Bordo n3

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Diário Diário DE BORDO ANO I - NÚMERO 3 - OUTUBRO/NOVEMBRO - 2008 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PASSADO INCÔMODO: O drama de uma empresária seqüestrada pela mulher que a criou como mãe DE BORDO CADÊ OS DÓLARES QUE ESTAVAM AQUI? O preço em queda dos produtos básicos e a falta de planejamento podem colocar em risco o sucesso da balança comercial brasileira O preço da liberdade O preço da liberdade O mundo olha desconfiado para a maior economia do planeta em busca de uma resposta. Aonde vamos parar depois de bilhões perdidos em apostas de risco e sem fiscalização? O mundo olha desconfiado para a maior economia do planeta em busca de uma resposta. Aonde vamos parar depois de bilhões perdidos em apostas de risco e sem fiscalização?

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Diario de Bordo edição 3

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DiárioDiário DE BORDOANO I - NÚMERO 3 - OUTUBRO/NOVEMBRO - 2008

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

PASSADO INCÔMODO: O drama de uma empresária seqüestrada pela mulher que a criou como mãe

DE BORDO

CADÊ OS DÓLARES QUE ESTAVAM AQUI? O preço em queda dos produtos básicos e a falta de planejamento podem colocar em risco o sucesso da balança comercial brasileira

O preço daliberdade

O preço daliberdade

O mundo olhadesconfiado para a

maior economiado planeta embusca de uma

resposta. Aonde vamos

parar depois de bilhões perdidos

em apostas derisco e sem fiscalização?

O mundo olhadesconfiado para a

maior economiado planeta embusca de uma

resposta. Aonde vamos

parar depois de bilhões perdidos

em apostas derisco e sem fiscalização?

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DE BORDODE BORDO

DiárioDiário

DE BORDODE BORDO

DiárioDiário

Crise mundial - Bancos jogaram milhões de dólares em apostas de risco. Página 10

Seqüestro - A luta de uma empresária em busca da verdade. Página 18

EUA- : Eleição reacende esperança de legalização para os brasileiros ilegais. Página 26

Expediente:

Carlos VianaEDITOR E JORNALISTA RESPONSÁVEL

Rodrigo LinharesDIRETOR COMERCIAL

(31) 3088-66379

Ronan MunhozPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Ano I - Número 3 - Outubro/Novembro de 2008

O sonho virou pesadelo - Em busca de umendereço, milhões de famílias americanas seendividaram de forma impagável.

Crise Americana10

Filha de um seqüestro - Uma empresáriaquer conhecer a família da qual foi retirada à força.

Exclusivo18

Futebol - O jornalista escreve sobre o futebollimitado às fronteiras culturais de uma visãomíope do mundo.

Emerson Romano28

Fim da festa - O Brasil das commoditiespode perder força com a crise e a queda noPIB chinês.

Economia22

Aposta alta - Fiat entra com classe no mercado de sedans e apresenta o Linea

Veículos32

70 anos de sabor e tradição - Ambienteaconchegante e o tempero com gosto de"mineiridade" fazem o sucesso do CaféPalhares em BH.

Belo Horizonte42

Cabelos lisos - Saiba tudo para deixar seuscabelos do jeito que você gosta

Beleza62

Discurso afiado - Barack Obama prometemudanças nos Estados Unidos e conquista ovoto dos imigrantes brasileiros e hispanos.

Eleições26

Diário de Bordo (marca registrada) é uma revista de circulação bimestral publicada sob a responsabilidade da Vox Domini Comunicação Ltda.

Textos de reportagens nos Estados Unidos publicados com autorização da BR Media LLc, responsável pelo National Jornal Brasileiro. www.nationaljb.com

[email protected] / [email protected] – 031 9155 0241/ [email protected] - 031 9249 2565

6 Diário de Bordo

Sugestões de reportagem podem ser enviadas para [email protected] "...o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo" Daniel 11:32.

Vida e morte na América - Depois de suspender o fornecimento de água em pontosestratégicos do deserto, moradores de umacidade americana decidiram rever a decisãoque pode salvar centenas de vidas todos os anos.

Imigrantes30

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A desconf iança dos bras i le i ros

N as páginas desta edição, o leitorirá encontrar uma série de repor-tagens sobre algumas das razões

para o terremoto financeiro nos EstadosUnidos. Também, você encontrará as con-seqüências para um Brasil que pode terperdido a janela das exportações diversifi-cadas e, assim, se livrar da dependênciadas commodities (produtos primários quese transformam em outros bens).

Gosto de fazer a comparação da cha-mada crise americana com um terremo-to porque existe uma relação muito inte-ressante.

Um terremoto é a reordenação de pla-cas tectônicas movimentadas por um epi-centro. Passada a mudança, surgirá umnovo cenário geográfico adaptado à forçapela natureza. De um jeito ou de outro,teremos uma nova realidade.

Assim também será o pós-terremotodos subprimes americanos, consideradoso epicentro de toda a derrocada nas bol-sas de valores e sangrias milionárias noscofres de bancos centrais espalhados pelomundo capitalista.

Um novo sistema econômico mais for-talecido e fiscalizado deverá surgir dapoeira que subiu do "tremor".

Bem, mas enquanto as "placas" estãose adaptando, medidas vão sendo toma-das mundo afora para conter a quebra-deira e os prejuízos de quem apostou nomercado financeiro ‘yankee’.

Desde o início das notícias, tenho defen-dido em meus programas na Rádio Itatiaiae na Rede Record, que o cenário brasileiro éum dos mais favoráveis dentre os países emdesenvolvimento. O mesmo panorama posi-tivo se confirma na comparação com nossahistória econômica recente.

Até aqui, acertei! Não nego e nunca negarei minhas

convicções democratas e de que o capita-lista, mesmo cruel, é o que mais possibi-lita o crescimento de quem se esforça.

Gosto de uma das frases mais célebresdo ex-primeiro ministro britânico,Winston Churchill, ao afirmar, entre asbaforadas de um charuto, que "o capita-lismo é o sistema que mais distribui pros-peridade de forma desigual".

Mas por que tanta confiança da minhaparte? Vamos aos argumentos.

As decisões de nosso Banco Central,comandado por um membro do PSDB emtempos de governo petista, têm se mos-trado cada vez mais acertadas.

Nós brasileiros, não confiamos e, oque é pior, desconfiamos de nossa própriacapacidade de acertar, enquanto omundo se derrete nas bolsas de valores.

Digo isso, depois de analisar o com-portamento das pessoas pós-decisãofederal de editar uma medida provisória,autorizando os bancos estatais a compra-rem financeiras e bancos múltiplos emsituação complicada.

É bom lembrar aqui que esse seg-mento se beneficiou por muito tempo do

dólar barato, captou recursos no exte-rior e os repassou, por meio de emprés-timos consignados, aos clientes das con-tas públicas e do INSS.

Mas voltemos ao Banco Central.Com a possibilidade de quebras e

falências por causa do câmbio volátil,veio a notícia da MP, que logo levantoususpeita sobre a saúde dos bancosbrasileiros.

Mesmo diante das negativas peremp-tórias de Henrique Meirelles e do minis-tro da fazenda, Guido Mantega, de que amedida era apenas protetiva, na práticaquase ninguém acreditou.

Para nós brasileiros, quando o governofala que iremos a uma determinada dire-ção, instintivamente imaginamos que orumo será, na verdade, outro.

Mas por que pensamos assim? Bem, teríamos que dissertar e pesqui-

sar em várias teorias do comportamentoem busca de uma resposta que, pelomenos, nos desse uma explicação paraparte da questão.

De toda forma, não podemos nos

cobrar muito.Existem algu-mas situa-ções recentes que nos levam a entenderum pouco dessa desconfiança em nósmesmos.

Em primeiro, somos um povo que"gosta de levar vantagem em tudo". Tristesina de Gérson!

Veja os políticos. Mentem, inventam,fazem pesquisas sobre o passado dosadversários em busca de acusações, usamde expedientes muitas vezes nada éticospara alcançar os resultados nas urnas.

Em segundo, somos um povo marcadopor "pacotes econômicos" anunciadospela televisão durante a noite. Nos tem-pos de Delfim Neto, Sarney e outros maisrecentes, como Collor de Mello, éramossurpreendidos com decisões que muda-vam nossas vidas sem possibilidade dereação. Uma tradição de sustos quecomeçou lá na era da ditadura.

Fica fácil entender a desconfiançacoletiva, mesmo diante de um governoque tem feito tudo às claras e deforma visível quando o assunto é polí-tica econômica.

No caso da MP para compra dasfinanceiras e bancos múltiplos, a per-gunta era: por que estatizar as cartei-ras de crédito?

A resposta veio em números. Sem cré-dito, não há compras. Sem compras, nãoexiste crescimento econômico.

E mesmo que algum banco comercialbrasileiro venha a ser vendido por proble-mas de solvência, ainda assim, nossasituação é de tranqüilidade.

Verdades que nos remetem a um novopaís, onde as decisões foram tomadas deforma correta e que pode sair bem me-lhor da crise que o gigante armado eendividado do norte.

Difícil de acreditar? Pois é.Acostumados a tantas desonestidadeshistóricas e escândalos, fica estranhoassistir ao espetáculo da verdade.

Deus é brasileiro? Talvez. Diante do espelho, nós brasileiros des-

confiamos da nossa capacidade de acer-tar. O terremoto vai passar. Um novopanorama vai surgir. Esperemos um novoBrasil também.

Nos tempos de Delfim Neto, Sarney e outros mais recentes, como Collor

de Mello, éramos surpreendidos com decisões que mudavam

nossas vidas sem possibilidade

de reação

Carlos Viana

Diário de Bordo 7

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Nenhum dos dois. Queremosfalar aqui com você, leitor,sobre chuva de granizo.

Historicamente, ocorrem no estadode Minas Gerais chuvas dessa natu-reza, com fraca intensidade, nosmeses de setembro e outubro. Équando se observam as maiorestemperaturas, provocando ummovimento ascendente do ar paraníveis mais altos da atmosfera. Aomesmo tempo, a temperatura nosníveis mais altos ainda está fria, for-mando nuvens cumulonimbos comespessura de mais de 12 km.

Mas, não foi isso o que aconte-ceu este ano. As chuvas de granizochegaram mais cedo, dia 30 deagosto, e causaram prejuízos em

praticamente 22 municípios doestado (informações da Coorde-

nadoria Estadual de Defesa Civil deMinas Gerais). No dia 30 de agosto,a chuva forte que atingiu Belo

Horizonte, no final da tarde e inícioda noite, com ventos acima de 70km/h, causou uma forte chuva degranizo no município de Bela Vistade Minas, localizada a 100 km deBelo Horizonte, vizinho de JoãoMonlevade. A tempestade deixouum rastro de destruição com maisde 50 centímetros de gelo nas ruasda cidade.

No dia 15 de setembro, a cidadede Carandaí também foi fortemen-te castigada pela chuva de granizo.As imagens locais eram de destrui-ção. Os campos pareciam estarcobertos por neve.

No dia 17 do mesmo mês, achuva de granizo chegou à regiãoMetropolitana de Belo Horizonte,

Furacão ou tornadoProf. Dr. Ruibran dos Reis

As chuvas de granizo chegaram

mais cedo, dia 30 de agosto,e causaram prejuízos

em praticamente22 municípios

do estado

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onde um aglomerado de nuvenscumulonimbus se formou no muni-cípio de Betim, e em menos de 1hora, a chuva de granizo atingiu ascidades vizinhas de Contagem eBelo Horizonte. Pedras de grani-zos quase do tamanho de uma bolade tênis caíram em alguns bairros,gerando prejuízos materiais incal-culáveis e a morte de duas pessoasem Betim.

Os municípios que solicitaramapoio à Coordenadoria Estadualde Defesa Civil de Minas Geraisforam: Bambuí, Bela Vista deMinas, Campo Belo, CamposGerais, Carandaí, Conceição doRio Verde, Congonhas, Contagem,Crucilândia, Esmeraldas, Itaguara,Itamarati de Minas, Itapecirica,João Monlevade, PresidenteBernardes, Santos Dumont, SemPeixe, Taquaraçu de Minas,Visconde do Rio Branco e Perdões.

Mas qual a explicação para

tudo isso? A conclusão que pode-mos tirar dessa situação é umalerta que vale para toda a huma-nidade. As chuvas de granizo esteano foram mais intensas e maisfreqüentes devido ao calor regis-trado no mês de agosto e da pre-sença de massas de ar polar nofinal do inverno. São elas resulta-

do do aquecimento global, e anatureza em desequilíbrio buscauma compensação e responde deforma violenta. Que ninguém seassuste. Eventos severos como osregistrados em Minas Gerais ten-dem a ser mais constantes daquipra frente.

É esperar para ver.

Granizo frequente éresultado doaquecimento

global. Anatureza emdesequilíbriobusca uma

compensaçãoe responde deforma violenta

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EUA

Ricos eRicos e

O sonho americano de ter uma casa levou milhões de cidadãos e imigrantes a financiarem imóveis que serviam como moradia e renda. Sem limites ou controle,

o sistema patrocinou uma "antropofagia" de crédito que consumiu bilhões de dólares e gerou a maior crise já vista no capitalismo

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Diário de Bordo 11

endividados

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Omineiro Sebastião de Souzapode se considerar uma pes-soa de sorte. Morador de

Newark, cidade onde vivem milharesde brasileiros imigrantes no estado deNova Jersey, nos Estados Unidos, eleestá conseguindo manter em dia asprestações de uma casa comprada háquatro anos por meio de um financia-mento. E olhe que o valor não é peque-no. São aproximadamente U$3.500 pormês, fora as contas da prefeitura, água eenergia elétrica.

Natural de GovernadorValadares, Souza trabalha na cons-trução civil demolindo prédios ecasas no estado vizinho de NovaIorque. Foi derrubando paredes etelhados, que ele conseguiu se lega-lizar e ainda comprar o próprioendereço na periferia de Newark.O preço, U$400 mil, valor próximohoje de R$ 900 mil. Algo impensávele impossível para um trabalhadorno mesmo ramo de atividade aquino Brasil.

CCrrééddiittoo ffáácciill ccoomm ppoouuccaass rreessttrriiççõõeess

A história do mineiro valadarenseestá no epicentro de uma das maiorescrises internacionais já registradas pelahumanidade capitalista.

Depois de preencher toda umapapelada com informações sobre ossalários dele e da mulher, também imi-grante, Tião, como é conhecido pelosamigos, recebeu a aprovação do finan-ciamento previsto para terminar noano de 2034. Quanto ganha o casal?Juntos, perto de US5 mil/mês.

Mas como pagar uma dívida equiva-lente a 70% da renda familiar e aindasobreviver em um país de primeiromundo onde as contas se acumulamem todas as áreas?

A resposta está no modelo de cons-trução dos imóveis, e ainda, na incoe-rência de uma América que passou agastar bilhões como forma de impedir

a entrada no país e expulsar os quaren-ta milhões de trabalhadores sem docu-mentos que se juntaram ao mercadode trabalho nas últimas décadas.

Para atender às demandas dessanova comunidade, que cresceuassustadoramente e sem controle, aeconomia americana respondeucom rapidez. À medida queaumentava a imigração ilegal e aoferta de emprego entre os ameri-canos, crescia também a necessidadede casas para abrigar os novos traba-lhadores.

Nos final dos anos 90 e início de2000, o mercado da construçãocivil cresceu em média 10%ao ano, um recorde parauma economia que sedesenvolvia em torno de 3,5%ao ano, com juros anuais nãosuperiores a essa mesma por-centagem.

Em busca de lucrosmaiores, os bancosde investimento,bancos múlti-plos, comosão conheci-dos no Brasil,passaram afinanciar o setorcada vez maiscrescente. Captarambilhões de dólaresentre os investi-dores ameri-canos e juntoaos bancoscomerc i a i s .As casas finan-ciadas eram a"melhor" garantia deque os empréstimos nuncairiam se traduzir em prejuízo.Afinal, ter uma casa ainda é o maiorsonho de quem vive na América.

Surgia, dessa forma e com forçatotal, o mercado subprime, onde osnovos financiados não podiam compro-

Carlos Viana

12 Diário de Bordo

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Diário de Bordo 13

var a renda necessária, mas para issoestavam dispostos a pagar juros maisaltos. Para os banqueiros era o paraíso

aqui na terra.IInnqquuiilliinnooss eessttrraannggeeiirrooss

Ao mesmo tempo em quebancos e investidores finan-

ciavam os imóveis,os construto-

res deram pre-ferência em ofe-

recer aos com-pradores casas que

pudessem servircomo uma tentadorae boa fonte de renda.Nos Estados Unidos,

as casas individuaispodem ser construídas

para uma, duas ouaté três famílias.

Na verdade,são pequenos pré-

dios onde o primei-ro andar, chamado

de "basement", édestinado à

garagem e aum depósito

para os objetosda família.

Logo acima,estão dois anda-

res: no primeiro,geralmente vive o

dono do imóvel e,acima, os inquilinos,

com acesso por escadaslaterais.

Na prática, o "basement"acaba por se transformar

também em uma área dequartos para aluguel. As prefei-

turas fazem vista grossa, e, semfiscalização, os donos dividem o

espaço em quartos e oferecem ainquilinos solteiros ou em grupo que

passam o dia fora, durante o trabalho. Ocupados os três andares do imó-

vel, o ganho mensal chega a U$4.500,

suficientes para o pagamento da presta-ção mensal acertada com o banco, o Mortgage. Até aí, tudo bem!

RReeffiinnaanncciiaammeennttoo,, aa ggrraannddee jjooggaaddaaMenos de um ano depois de ter

se mudado para a casa nova epagar em dia as prestações,Sebastião de Souza passou a serassediado por outra face do siste-ma sub-prime norte americano.Pelo menos uma vez por semana,recebia ligações oferecendo umrefinanciamento do imóvel comvalor superior ao que havia sidoacertado na compra inicial.

O mercado de imóveis crescia tãorapidamente por volta do ano de2005, que as casas subiam de preçomensalmente, dada a grande procu-ra por endereços e a oferta fácil decrédito ilimitado. Quem havia finan-ciado um imóvel para duas ou trêsfamílias por U$300 mil, estava pré-aprovado para conseguir um novofinanciamento recebendo até U$100mil de luvas, com prazo alongado.

Era um grande negócio.Mantinha-se o imóvel, a prestaçãoera a mesma por mês e ainda oproprietário colocava no bolso emdinheiro até 20% do valor total

financiado como resultado da valo-rização imediata do imóvel. Parapagar essa valorização, os agentesofereciam prazos mais alongadosonde o prazo para liquidação pas-sava de 30 para 35 ou para 40 anosde financiamento.

A especulação imobiliária garantiaum lucro cada vez maior a constru-tores e proprietários.

SSeemm eemmpprreeggooss,, sseemm rreennddaaEssa ciranda financeira baseada na

idéia de que as casas eram a melhorforma de garantia levou os bancos deinvestimento a jogarem dinheiro nomercado sem nenhum tipo de con-trole. A oferta possibilitou o surgi-mento de pelo menos 25 milhões denovos proprietários de imóveis emuma década, nos Estados Unidos.

Entre os profissionais quelidam com essa área chamada deMortgage, está o baiano Edielsonde Souza, que não é parente donosso personagem anterior.Morando na América há quase 15

Crise americana abalou o mercadofinanceiro mundial

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anos, Edielson se juntou ao mer-cado imobiliário depois deconhecer um brasileiro dono debanco de investimentos em NovaJersey.

"Nós sabíamos que essa bolha umdia iria estourar, mas ninguém seimportava. Muito menos os bancos

que nos cobravam resultados", afirma.Edielson confirma o que alguns

especialistas já previam. Seriaimpossível manter o crescimentodo setor em níveis tão altos. A pru-dência acabou sendo vencida pelafalta de regulamentação ideológicado capitalismo que permitiu o sur-

gimento de um sistema "antropofá-gico" de crédito. Os bancos "seconsumiram" em carteiras basea-das na capacidade de pagamentodos devedores, dependentes deempregos e da especulação quegerou um endividamento cada vezmaior das famílias.

A Bolsa de Nova York, medida pelo índice o Dow Jones, caiu mais de 40%em um ano.

O número de contratos para financiamento de imóveis em atraso, o mortga-ge, é superior a 10 milhões de famílias. Sem contar aqueles que têm dívidasmuito acima do valor dos imóveis.

A dívida das famílias norte-americanas eqüivale a 140% da soma de todasas riquezas do país, o PIB nacional. Em valores estimados, esse endivida-mento chega a US$ 19,6 trilhões.

Os bancos múltiplos dificilmente se livrarão do problema tão cedo. Números do Fed, o banco central america-no, e do Tesouro revelam que as instituições financeiras emprestaram entre US$ 10 e US$ 35, para cada US$1 em patrimônio. Os dados mostram que os Estados Unidos vivem hoje uma crise de confiañça por parte dosinvestidores. Tanto americanos quanto estrangeiros viram seus recuros se transformarem em pó ao confiaremcegamente no sistema americano.

Qual é a situação nos Estados Unidos hoje

Mercado só reagiudepois do Banco

Central americanodecidir comprar bancos

falidos. Era tarde. Oestrago já estava feito.

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Preocupados com o grande númerode imigrantes ilegais em território ame-ricano, a partir de 2005 - o mesmo anodas grandes especulações imobiliárias-os dirigentes estaduais passaram a criarmedidas restritivas de acesso a carteirasde motorista, aos atendimentos emsaúde e ainda promoveram acordoscom o Departamento de Imigração quepermitiu às polícias locais prenderemimigrantes indocumentados, o que antesera vedado pela legislação. Na caça porterroristas, os governantes acertaram ostrabalhadores ilegais que estavam nabase da economia.

Ao mesmo tempo em que passaram aperseguir os imigrantes, os Estados Unidosse viram envoltos ainda em mais um confli-to internacional. A guerra do Iraque san-grou bilhões de dólares dos cofres da CasaBranca e aumentou a pressão interna embusca de um equilíbrio fiscal, levando a umaredução nos negócios.

E redução no crescimento significamenos dinheiro circulando, mais des-confiança com relação ao futuro e

menos condição de pagar as prestaçõesmensais dos cartões de crédito e dosfinanciamentos residenciais. Foi o bas-tante. Sem empregos, os inquilinos nãoconseguiram pagar os aluguéis. Por suavez, os donos dos imóveis também nãoestavam em condições de manter emdia os contratos. A engrenagem parou.O que antes era um grande negócio setransformou na maior crise já vividapelos países capitalistas.

Acostumados a ver suas casas sendovalorizadas em até 10% ao ano, osdonos de imóveis agora se vêem às vol-tas com o fantasma do despejo. A des-valorização das propriedades america-nas passou dos 30% em apenas vinte equatro meses em algumas regiões.

Na verdade, os imóveis voltaram apatamares de preços mais realistas.

Refinanciados ou financiados comvalores especulativos, as casas gerarampara as famílias uma dívida superior aovalor do imóvel.

Os proprietários "submersos" -comosão chamados no jargão mobiliário

americano- correspondem hoje a 16%do total de clientes bancários.

O total equivale a 29% na média dopaís entre todos os financiamentos fei-tos nos últimos cinco anos. Em algumascidades, como Detroit, no Michigan, eSan Diego, na Califórnia, a inadimplên-cia já chega a quase 50% dos mesmoscontratos. Os dados são daEconomy.com, que trabalha em con-junto com uma das agências de riscomais respeitadas no mundo, a Moody's.

A disparidade, um convite à inadim-plência, frustra planos de refinancia-mento e afeta mais os compradores"subprime" -que, por não terem comocomprovar bom histórico de pagamen-to, têm contratos com juros mais altosque a média.

Se fizermos as contas de vinte ecinco milhões de proprietários, com amaior parte em atraso, chegamos aosU$700 bilhões que serão usados parasalvar o mercado financeiro americano.

A América nunca mais será a mesma.

A "bolha" explodiu

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Osentimento de medo e insegurança,ao que parece não mais restrito à vidanas grandes metrópoles, tende a se

ampliar e a se generalizar, face à expectativade qualquer cidadão, independentemente desua condição de raça, classe, gênero, credoou origem étnica, ser vítima de uma ofensacriminal. As estatísticas oficiais indicam umaestabilidade preocupante da criminalidadeviolenta na Região Metropolitana de BH e emvárias regiões mineiras, nos últimos anos.

De fato, os números indicam que astaxas de crimes violentos ainda se encon-tram em patamares muito altos - se compa-rados com padrões internacionais -, nãoobstante alguma redução nos últimos anos.As formas tradicionais que os órgãos públi-cos nacionais e subnacionais adotam paralidar com a questão têm atestado de modoinequívoco o fracasso dos modelos reativosde enfrentamento do problema.

A pressão sobre as agências policiais como aumento da criminalidade tendeu, ao longodos anos, a ser transmitida em cadeia para as

agências judiciárias e penitenciárias, sobforma do aumento de detenções e de pro-cessos instaurados e do recrudescimento dalegislação penal. O fato é que esses subsiste-mas se vêem também constrangidos a reversuas regras, dada a ortodoxia, rigidez organi-zacional e visíveis deficiências dos órgãospenitenciários e da justiça.

Porém, há uma novidade institucionalinteressante. O legislador mineiro inseriu, naConstituição Estadual, um Conselho deDefesa Social. E os conselhos, demonstramvárias pesquisas, têm sido mecanismos inova-dores na gestão pública contemporânea.

Porém, a análise da atuação do referidoconselho, até bem pouco tempo, apontavapara um flagrante descompasso entre ainovação legislativa e seu impacto no siste-ma de justiça criminal. Ao que tudo pareciaindicar, o Conselho não contribuíra paraalterar o desequilíbrio entre o crescimentoda criminalidade e as taxas de produçãodos órgãos que integram o sistema de jus-tiça criminal, que ainda persistem em

andar a reboque dos acontecimentos.Contudo, um novo Conselho de Defesa

Social foi empossado em agosto de2008.Espera-se do novo Conselho, além de umagestão democrática, com a participaçãosocial, a interferência nas políticas de segu-rança, de modo efetivo, constituindo-se emimportante instância na formulação de polí-ticas de proteção, promoção e defesa dosdireitos, e, portanto na melhoria objetivada segurança pública. Neste sentido, oConselho pode funcionar como instânciatécnica e política capaz de minimizar osníveis de disjunção verificados no sistemade justiça criminal, assegurando a amplia-ção de direitos ao povo mineiro.

Parece-nos que o Conselho, ao invés deconsultivo, devesse ser deliberativo, permi-tindo a independência necessária para umaverdadeira renovação institucional e meto-dológica na defesa social do Estado.

Algumas pautas que poderiam ser trata-das no Conselho: (a) definição de investi-mentos maciços em políticas públicas de pre-

O Conselho Estadual de Defesa SocialRobson Sávio Reis Souza *

18 Diário de Bordo

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venção à criminalidade; (b) modernizaçãodas polícias, nos planos gerencial e tecnológi-co; (c) rediscussão do papel nas áreas de polí-cia técnica e investigativa; (d) requalificaçãoprofissional de todos os policiais civis, milita-res e bombeiros, envolvendo formação naárea de direitos humanos, especialmente odireito das minorias; (e) valorização salarial emelhoria das condições de trabalho de formapermanente e não sazonal; (f) moralizaçãodas polícias, por meio de um amplo conjuntode medidas que devam incluir, além do forta-lecimento das Corregedorias, a ampliação demecanismos internos de controle, desburo-cratizados e "vacinados" contra o corporati-vismo, sob as supervisões externas, comuni-tárias e interinstitucionais; (g) efetiva autono-mia da Ouvidoria de Polícia, transformando-a num canal confiável de interação com asociedade; (h) participação comunitária,como condição indispensável para que asreformas se processem com transparência ena profundidade requerida e para que sereconstitua a confiança nas instituições queintegram o sistema de justiça criminal; (i)ampliação das ações de integração das polí-cias civil e militar, mesmo nos marcos dalegislação atual, que dita a dualidade. É possí-vel fazê-lo, como prova o modelo IGESP(Integração e Gestão em Segurança Pública),respeitando as especificidades de cada insti-

tuição, com o reordenamento das responsa-bilidades territoriais, nas esferas do planeja-mento, das operações e das avaliações dedesempenho; (j) é necessário promover aexpansão do modelo de policiamento comu-nitário e a introdução de núcleos interinstitu-cionais de investigação do tráfico de drogas ede armas, alterando o funcionamento do

varejo, principalmente nos conglomeradosurbanos considerados prioritários; (l) forta-lecimento dos programas de proteção àstestemunhas e atendimento a vítimas decrimes violentos; (k) aplicação de penasalternativas à privação da liberdade (as pri-sões deveriam ser o recurso extremo paraaqueles casos violentos que exigem o afas-tamento da sociedade); e (m) é indispensá-vel que políticas sociais e mudanças econô-micas atuem sobre a juventude empobreci-da, integrando-a a sociedade e lhe ofere-cendo esperança e referências simbólicas

para a identificação positiva.O Conselho de Defesa Social seria res-

ponsável por inovações na gestão da segu-rança pública, privilegiando um conjunto arti-culado de iniciativas simultâneas, visto queações isoladas não resolvem o problema. Narealidade, transformaria os órgãos do siste-ma de justiça criminal, que hoje são parte doproblema, em parte da solução.

Finalmente, o Conselho pode mudar,gradualmente, a lógica na gestão estatal que,não obstante o aumento dos gastos comsegurança pública, ainda o faz de forma rea-tiva. Assim, os investimentos nas políticas desegurança pública, e, portanto, na preven-ção e repressão ao crime, refletirão namelhoria das condições de vida.

O Conselho de Defesa Social seria responsável por inovações na gestão da segurança pública,

privilegiando um conjunto articulado de iniciativas

simultâneas

*Filósofo, pesquisador e coordenador deComunicação do Centro de Estudos de

Criminalidade e Segurança Pública da UFMG(Crisp); pesquisador do Núcleo de Estudos

Sociopolíticos da PUC Minas (Nesp); coorde-nador do Núcleo de Direitos Humanos da

Pró-reitoria de Extensão da PUC Minas;membro da Comissão Pastoral de Direitos

Humanos da Arquidiocese de BeloHorizonte; vice-diretor executivo da

Associação de Proteção e Assistência aoCondenado (Apac) de Santa Luzia.

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18 Diário de Bordo

Àprimeira vista, parece até enredo denovela, mas se trata de uma históriareal que poderia ter acontecido com

qualquer um. Ao contrário de muitos casosde pessoas desaparecidas, a empresáriaFabiana* está há mais de 10 anos fazendo ocaminho inverso: ela procura os verdadeirospais. As informações são truncadas e seme-lhantes a um grande quebra-cabeça. Ao quetudo indica, Fabiana* foi roubada dos seuspais biológicos, ainda bebê, e adotada, de

forma nebulosa, pelos pais de criação. Mastambém existe a hipótese de ela ter sidodada à família que a criou. A linha de investi-gação é ampla e, ao que tudo indica, estácada vez mais difícil de ser desvendada.

Em busca da própria origemEla pode ter nascido em Belo Horizonte,

Cuiabá, Brasília - DF, Vitória, Niterói, Ilha doPríncipe, Aterro do Flamengo, Morro Agudo,Volta Redonda ou em Campo Grande. Esses

foram os vários locais em cidades diferentespor onde nossa personagem viveu durantevários momentos de sua história ainda por serescrita. O registro na certidão de nascimentoé do Rio de Janeiro, mas, segundo ela, issonão conta, pois ela foi registrada quando jábeirava os 10 anos de idade.

"A justiça brasileira, em nenhum momen-to, contesta o crime. Muito pelo contrário, àsvezes, ela até cria uma situação propícia paraele ser praticado. Fui registrada quando esta-

Segredo de três, só morrendo dois

A frase forte era dita pela mãe de Fabiana*, que soube, aos 12 anos de idade, por meio de um tio, que não era filha biológica do casal que a criava

MISTÉRIO

Wander Veroni

*Fabiana é um nome fictício da personagem contada nesta história. Por motivos pessoais, ela não quer se identificar.

Fabiana ainda bebê no colo de Sandra, amulher que a criou

como mãe

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va mais grandinha, única e exclusivamente porquea escola em que eu estudava exigiu isso dos meuspais. Em nenhum momento, o tabelião questionouse eu era realmente filha deles. Simplesmente meregistrou. A partir daí, você começa a pensar quan-tas crianças foram registradas conforme a lei tendoum crime por trás, sem ao menos a justiça ficarsabendo.", contesta Fabiana*. A declaração, apesarde polêmica, não deixa de ter um fundo de verda-de e, ao mesmo tempo, faz com que milhares debrasileiros tenham essa sensação de impunidade.Hoje com 38 anos, já casada, cursando faculdade,Fabiana* leva uma vida normal como todo mundo.Mas, ainda assim, falta algo importante. Diante denossa reportagem, hora ou outra, ela deixa umvácuo de silêncio pensando no passado. Uma ten-tativa perseverante de entender o presente.

"Essa é a última vez que falo com a imprensasobre este assunto por causa do desgaste emocio-nal que a história causa". Foi com essas palavrasque ela aceitou conversar com a Diário de Bordopara contar um pouco do seu drama, uma lutapara entender quem ela é e onde tudo começou.Além disso, por conta da história que envolveseqüestros, mentiras e descaso, nos deparamoscom uma realidade muito maior: o sofrimento dasfamílias que buscam por pessoas desaparecidas.Fabiana* é uma exceção, pois faz o caminho con-trário: ela procura pelos pais.

Mas, ao analisarmos os números da Divisão quecuida de inquéritos envolvendo pessoas desapare-cidas em Minas Gerais, a história é outra. Centenasde mães procuram pelos filhos, num total de 1495investigações em andamento. Anualmente, sabe-se que, no total de casos registrados na PolíciaCivil, um percentual de 10 a 15% permanecemsem solução por um longo período de tempo, e, àsvezes, jamais são resolvidos.

No Brasil, não existem dados oficiais que deter-minem a quantidade de crianças e adolescentesque um dia saíram de casa por conta própria ouforçados. Um espaço ausente do Estado que facili-ta a ação dos criminosos.

O passado e o presenteFabiana* teve uma infância normal como mui-

tas crianças. Foi para escola, não dispensava umbom futebol com os meninos da rua - o que lherendeu inúmeras brigas com a mãe por causa dojeito moleca de levar vida. Ela brincou muito. Subiaem árvores e, por ter um ano de diferença doirmão, os dois estavam sempre com a mesmaturma e aprontando inúmeras aventuras pelo bair-ro onde moravam.

Foi no dia da ceia de natal, por volta dos 12 anosde idade, que Fabiana* descobriu que não era filhado casal que a criava. Uma notícia que veio deforma abruPta e violenta.

Depois da insistência do Tio Zeca, que não erabem quisto pela mãe, ela e o irmão foram passar o

Natal na casa do personagem que mudaria a vidadaquela criança. Ao chegarem na casa, Regina, afilha e prima que já era mais adulta, começou a bri-gar com o pai insistindo para que Fabiana* soubes-se de toda verdade. Sem titubear, o tio contou, deforma simples e direta, uma história totalmentediferente da vida comum de quem é gerado enasce em meio a uma família comum. Na hora,apesar do baque que uma notícia dessa represen-ta na vida de qualquer pessoa, Fabiana* não ligou.Como muitas crianças de sua idade, ela e o irmãosó queriam saber da ceia de natal. Mas as coisasmudariam.

Essa Natal foi extenso. Durou mais dias do queo previsto. Fabiana* e o irmão passaram um bomperíodo na casa do tio Zeca. Nesse meio tempo,Regina mostrou um álbum para Fabiana* ondehavia a notícia de que ela havia sido seqüestrada."Era um jornal amarelado, bem velho mesmo.Nele havia a notícia que, supostamente, eu era obebê que havia sido seqüestrado. Hoje, mais de 20anos depois, tento lembrar o que estava escritonele, mas não consigo. Por ser muito nova, naépoca não dei muito importância. Mas isso foi oponto de partida para eu começar essa história dabusca pelo meus pais biológicos", conta. Pode seruma missão difícil, mas não impossível.

Fabiana* acredita que as chances de encontrarseus pais verdadeiros são muito pequenas. "Achodifícil. Estamos numa verdadeira agulha no palhei-ro. As chances são uma em um milhão. A maioriadas pessoas que tentam procurar seus familiarestem alguma pista, uma medalhinha, uma cicatriz,uma mancha de nascença. Eu não tenho nadadisso. Só sei de uma história truncada, um verda-deiro quebra-cabeça. Pelo que já conversei com osmédicos, a pista que tenho é que, provavelmente,meus pais tenham olhos claros, verdes ou azuis,pois todos os meus filhos possuem essa herançahereditária. Na família do meu marido, ninguémtem olho claro. Meus olhos são verde-escuros, sóquem me conhece muito bem, nota. Essa é umadas poucas pistas desse gigantesco quebra-cabeça".

Quando retornou para a casa dos pais, após operíodo de Natal, Fabiana* questionou a mãe, queatendia pelo codinome Sandra, que sempre seesquivou de dar a resposta. "Segredo de três,morre com dois", essa era uma das frases de efei-to que a mãe dela falava toda vez que se tentavatocar no assunto. O pai de Fabiana*, conhecidopor amigos e familiares como Peão, havia morridoum pouco antes desse Natal em que a verdade foirevelada. Também, depois daquele Natal, ela nãoteve mais contato com o tio Zeca. A única quesabia realmente da verdade em torno da históriaera a mãe, pois pai e tio já haviam falecido.

"O que sei é que fui adotada na "marra". Se foiseqüestro ou adoção por caridade, isso nunca foirevelado. O fato é que, um pouco antes de mor-

Na praia, ainda namocidade, os pais

de Fabiana

Fabiana e Sandra

No álbum de fotos,estão catalogados

dados que não batem

Page 20: Diario de Bordo n3

rer, no ano passado, minha suposta mãe levouo segredo com ela para debaixo da terra.Todas as três pessoas que sabiam a verdadei-ra história morreram", lamenta.

A procura pela verdadeFabiana* casou-se muito cedo, aos 16

anos de idade e já aos 17 era mãe. Ela contaque, de forma muito intuitiva, queria sair dacasa onde morava por não se sentir perten-cente àquele lugar. "É difícil assumir isso, masde uma maneira que eu não consigo explicar,eu sabia que aquela mãe não era minha, queo quarto da casa não era o meu, que tudoque eu vivia ali não era a minha realidade",conta. Foi depois do casamento, já um poucomais adulta e mãe, que ela deu um impulsoem torno das investigações da procura pelospais biológicos. "Hoje tenho quatro filhos eno parto de cada um deles fiquei de olhocom a identificação e para não ter a históriarepetida duas vezes...(risos). A dor ensina agente a ficar de olho nesses detalhes. Meusfilhos ficaram sob as minhas asas na hora decada parto. Tem que ser assim...e aconselhotodas as mães a fazerem o mesmo", revela.

O segredo

Os familiares de Fabiana*, tanto porparte de mãe, quanto por parte de pai,durante todos esses anos se mantiveramaquém da verdade e omissos. Cada umsabia de uma parte. E ainda que se juntasseum pedaço ao outro, a verdade se manteve

sem solução. Fabiana* sempre sesentiu diferente dos familiares. Otom da pele, os cabelos, a postura,os pensamentos, tudo, mas tudo eramuito diferente daqueles a quem elachamava de parentes. Mesmo comtodas as diferenças, Fabiana* foiamada e respeitada e sempre osconsiderou como família e, por maisque um dia encontre seus pais ver-dadeiros, ela tem consciência de quenão poderá excluir os antigos. Adescoberta da verdade, além de tra-zer novos vínculos, servirá paratranqüilizar mais uma mulher e mãe

que sofre pela angústia de buscar um filhodesaparecido ainda tão bebê.

História usada como agressão verbalCovardia? Prova de amor? "Isso que dá

você querer brincar de casinha com umbebê de verdade". Essa era uma das frasesque Fabiana* se lembra de ter ouvido váriasvezes quando existiam discussões entre opai e a mãe sobre o assunto.

Morto o primeiro marido, a mãe deFabiana* se casou novamente pouco tempodepois. O padrasto, assim como ela, tam-bém ficava curioso para saber o que terialevado uma mulher a seqüestrar uma crian-ça dos braços de uma outra mãe, apenaspara tê-la como filha.

O pouco que Fabiana* sabe, ao juntar ospedaços vindos da boca da mãe, foram ditosnos momentos de embriaguez dela. Comouma espécie de alívio para a consciência, oálcool se tornou companheiro de um segredo."Eu aproveitava os dias em que ela se embe-bedava para tentar descobri alguma coisa, enada. Vinha uma ou outra frase solta e, nomáximo, as mesmas frases de efeito: passadofede, está morto e enterrado e não volto maisnele.", gritava a mãe. Nem a bebida fazia comque ela revelasse a história verdadeira. "Vocênão sabe a culpa que carrego. Não sabe!", fala-va a mãe de Fabiana* alcoolizada.

Crime sem castigoFrases como essas que Fabiana* ouvia,

levam a delegada Cristina Coeli, responsá-vel pela Delegacia de Localização dePessoas, Crianças e Adolescentes em MinasGerais, que está investigando o caso, adeduzir a história como um possível crime.

Crime que, pelo tempo em que foicometido, já está prescrito. Mas a dor dequem teve a sua história modificada conti-nua. Dor que se transforma em força parasaber a verdade e que busca na justiça bra-sileira uma cumplicidade para esclarecerum passado. "Estamos aguardando a libera-ção da justiça para podemos divulgar a fotode um importante personagem dessa histó-ria. Se o localizarmos, por meio da divulga-ção dessa imagem, provavelmente teremosum parte desse quebra-cabeça fechado",afirma a delegada Coeli.

Fabiana* segue a sua vida normalmente.Ela confessa que, no passado, essa história jáa deixou muito deprimida, mas é precisoseguir em frente, como ela mesma diz. Foinum restaurante de comida mineira, próxi-mo à região da Pampulha, que ela topouconversar com a Diário de Bordo e revelarcom exclusividade os detalhes de sua histó-ria. No início, até por não querer se expor,Fabiana* ficou com receio. Mas acabouaceitando depois de conversar com a dele-gada, Cristina e acreditar que a história, aoser divulgada de forma íntegra, poderia con-fortar outras pessoas que sofrem domesmo problema.

"Só Deus sabe o quanto voltar ao passa-do já me machucou. Já passei por vários tes-tes de DNA e todos eles não deram emnada. Quem sabe se essa história terá umdesfecho interessante: que alguém que leiapossa contribuir com algum pedacinhodeste quebra-cabeça. Os grandes autoresfalam que não existe crime perfeito, quemsabe? A minha chance de ter o caso solucio-nado é uma em um milhão. Só de poder aju-dar no conforto de alguém que vive essedrama de ter um familiar desaparecido, já éum passo importante. Quantos pais passampor isso e sonham rever o filho algum dia?Como mãe, possa falar que saber que ofilho já está bem é confortante". E assimFabiana*segue a vida. Vida essa que, de umamaneira ou outra, a ajudou a se transformarem mulher guerreira.

Desaparecidos aos milharesA Delegacia de Localização de Crianças e

Adolescentes, em Minas Gerais, sob a res-ponsabilidade da delegada Cristina Coeli,administra atualmente mais de mil casos depessoas desaparecidas. Dos muitos casos

20 Diário de Bordo

Prima Regina, filha do Tio Zeca, responsável por contar a verdade aFabiana. Ela acredita

que a prima esteja viva

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em andamento, entre 2006 e 1º semestre de2008, foram solucionados 2294 histórias.

Além das investigações policiais, aqui emMinas, a delegacia coordena a Rede Especialpara a Localização de Pessoas Desaparecidas,formada principalmente por empresas, insti-tuições e veículos de comunicação que ajudama divulgar cartazes e histórias de crianças,jovens e adultos desaparecidos em todo Brasil.

Atualmente, são 1495 casos de pessoasdesaparecidas só em Minas. Destes, 10,01%são de menores de 18 anos. As causas são asmais variadas, que vão desde a problemasfamiliares à exploração sexual. Em conversacom a Delegada Cristina Coeli, responsávelpela investigação dos desaparecidos, caiu-seo mito de que é preciso esperar 24 horaspara o início das buscas. "Isso é uma lendaque as pessoas tomaram como verdade.Quanto mais rápido o familiar do desapare-cido acionar a polícia, munido de documen-tos e fotos, para lavrar o boletim de ocor-rência, mais chance teremos de localizaressa pessoa", conta.

A participação de todos os setores da socie-dade é muito importante para solucionarmoscada caso. Desde já, contamos com a sua ajudapara repassar informações sobre o paradeirodessas pessoas desaparecidas. Para contribuircom as buscas, entre em contato com nossonúmero de telefone que fica 24 horas de plan-tão (0800 2828 197) e que auxilia muito osinvestigadores. Uma lei federal e outra estadualdeterminam prioridade para as buscas decrianças até 12 anos de idade, mas, nem porisso, adolescentes e adultos deixam de receberatenção quando têm o desaparecimento acio-nado. Se você tem um parente, amigo ouconhecido que sofre com essa angústia familiar,não deixe de ir à polícia e prestar queixa. Todainformação que você tiver sobre pessoas mos-tradas em anúncios ou cartazes, entre em con-tato através do telefone 0800 2828 197 oupelo (31) 3429-6090 / 6009.

InternetPor ser um meio de grande difusão de

informações, a internet se tornou um espaçopropício para campanhas de localização depessoas desaparecidas. Um dos exemplos demaior repercussão na blogsfera, foi o do blo-gueiro Nicholas Gimenes (http://nicholasgi-menes.blogspot.com/2007/10/projeto-pes-soas-desaparecidas.html#desaparecidos ),estudante de administração, que mora nacidade de Campinas, em São Paulo, que criouwidgets - uma espécie de aplicativo com códi-gos de HTML/Javascript, onde blogueiros ouwebmasters podem colocar em seu site uma

seqüência de fotos de pessoas desapa-recidas, atualizadas mensalmente, deacordo com o idealizador. "Todomundo discute o potencial da inter-net e seu grande alcance em blogse redes sociais. Pensei: porquenão ajudar essas pessoas? É umaprestação de serviço para quemsofre esse drama. Conheço umapessoa com 30 e poucos anosque não conhece os pais. Achoque, a partir daí, veio à idéia",revela.

A iniciativa de Nicholas,em outubro de 2007, reper-cute até hoje e é aplaudidapor milhares de internau-tas. Outro ponto desseato de solidariedade éque os sites criados paracadastrarem desapare-cidos e auxiliarem essetipo de buscam ini-bem que os familiarestentem encontrarpessoas, pois hámuitos dados eexigências impos-síveis de serempreenchidas, emalguns casos. Sepegarmos oexemplo deFabiana*, elanão conse-gue cadas-trar a pro-cura dospais por não saber comoeles são fisicamente, muito menos osseus documentos. Em contrapartida, os idealiza-dores destes sites como o CNPD - CadastroNacional de Pessoas Desaparecidas(http://www.cnpd.org.br/index.htm) argumen-tam que só com esse tipo de mecanismo é pos-sível encontrar pessoas e, inclusive, inúmeraspessoas já foram encontradas.

Ao mesmo tempo, o site do governofederal de Busca de Pessoas Desaparecidas( h t t p : / / w w w . d e s a p a r e c i -dos.mj.gov.br/Desaparecidos/) tambémcriou um aplicativo para desenvolvedorescolocarem em seus sites, mas o serviço, atéo fechamento desta matéria, encontra-seinativo. Também há outros serviços no site,em que os webmasters ou veículos decomunicação interessados podem usar deforma voluntária para ajudar nas buscas. Já

em Minas Gerais, o site de Buscas dosDesaparecidos (http://www.desapareci-dos.mg.gov.br) fornece aos veículos decomunicação histórias, propagandas, fotos,cartazes, spots e vídeos da campanhadesenvolvida pelo governo do estado deforma gratuita. Cabe aos meios de comuni-cação divulgar as fotos e ajudar nas buscarpor todo o estado.

A justiça brasileira permitiu que ela fosse

registrada filha legítimados pais que a criaram

Diário de Bordo 21

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22 Diário de Bordo

EXPORTAÇÕES

"Omundo está à beira de umarecessão". A frase foi dita emtom de desabafo por ninguém

menos que uma das personalidades maisinfluentes na economia mundial. Quando osmercados financeiros começaram a "derreter",DOMINIQUE STRAUSS-KAHN, diretor-ge-rente do Fundo Monetário Internacional, mani-festou seu pessimismo diante de um mundoestupefato pela desconfiança nas instituiçõesfinanceiras, e por final, na capacidade de fiscali-zação e reacerto do governo George Bush.

Enquanto os bancos centrais anunciavammedidas que devolvessem a confiança dosinvestidores e pusesse fim à onda especulati-va, no Brasil, o presidente Lula, o ministro daFazenda, Guido Mantega e o presidente doBanco Central, Henrique Meireles, se reve-zavam no discurso bem sucedido de que o

país estava com reservas suficientes paraenfrentar a crise.

Os mais de US200 bilhões no caixa verdeamarelo foram conseguidos depois de maisde uma década de renegociações da dívidaexterna e o alongamento dos prazos paraquitação dos títulos públicos brasileiros. Umplanejamento que começou ainda no gover-no de Fernando Henrique Cardoso, coman-dado pelo ex-ministro Pedro Malan e o ex-secretário do tesouro e hoje secretário deFazenda do Rio de Janeiro, Henrique Levy.Acossado pelas constantes crises cambiais, oBrasil conseguir mudar o perfil da dívidaexterna, conquistando a confiança dos inves-tidores internacionais.

Superávits constantes na Balança Comercialembalados pelo crescimento chinês e umapolítica de equilíbrio fiscal foram as bases da

conquista de um Investiment Grade justo e emboa hora.

Cada vez menos dólaresMas os ventos estão mudando. Os superá-

vits brasileiros começam a mostrar cada diamenos fôlego. Nos três primeiros dias de outu-bro, a balança comercial registrou um saldopositivo de US$ 129 milhões. O resultado é adiferença entre exportações de US$ 2,561 bi-lhões e importações de US$ 2,432 bilhões.

O saldo comercial registrado na primeirasemana do mês de outubro, pela média diária,ficou 72,4% abaixo do apresentado em todo omês de outubro de 2007, equivalentes a US$156 milhões, e 65,7% inferior ao superávitmédio diário registrado durante setembro últi-mo, US$ 125,5 milhões.

De janeiro à primeira semana de outu-bro, as exportações acumularam US$

Reféns do sucessoEnquanto a economia mundial crescia, sem sinais da crise que assolou o mundo

nas últimas semanas, o governo brasileiro perdeu a chance de mudar o perfil das exportações e reduzir a dependência em relação aos produtos básicos

Carlos Viana

Reféns do sucesso

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153,429 bilhões, com média diária de US$799,1 milhões. O incremento é de 28,6%sobre o desempenho médio diário apresen-tado no mesmo período de 2007, quando opaís registrou US$ 621,5 milhões. Nomesmo período comparado, as importaçõesbrasileiras aumentaram 51,8% .

No ano, o superávit acumulado chega aUS$ 19,785 bilhões, com média diária de US$103 milhões. Pelo critério da média diária, osaldo comercial ficou 36,7% menor que oregistrado no mesmo período do ano passa-do, quando o desempenho médio diárioregistrado foi de US$ 162,8 milhões.

"Ainda estamos bem", repete incansavel-mente o o ministro Mantega. É uma verdade,que esconde outra verdade.

Dependência em produtos com preços baixos

Além do aumento das importações, o Brasil

corre um sério risco. Se as previsões deDOMINIQUE STRAUSS-KAHN, do FMI, setornarem realidade, nossos clientes internacio-nais vão consumir cada vez menos os princi-pais produtos de nossa balança comercial (vejaquadro).

Mesmo para quem entende pouco deexportações, é simples observar que o Brasilvem comemorando vitórias ao ser beneficiadopor uma espécie de "surf" econômico interna-cional. Enquanto o consumo por produtosbásicos e de commodities (produtos que setransformam em outros e com preços deter-minados por tabelas internacionais) permane-cer alto, vai tudo bem.

Se desaquecer, estaremos com o "pires namão". "Perdemos a oportunidade de diversifi-car nossa pauta de exportações e reduzir sen-sivelmente nossa dependência das commodi-ties. O certo seria que o Brasil mantivesse ocomércio forte nessa área, mas buscasseincentivar o crescimento de produtos commaior valor agregado, como aviões e automó-veis", afirma a presidente do conselho deRelações Econômicas Internacionais da Fiemg,Martha Lassance.

Embaladas pelo crescimento interna-cional, as commodities brasileiras garanti-ram um equilíbrio nas contas externas dopaís que agora pode se reduzir de formarápida. Se houver de fato uma redução nocomércio internacional por conta de umaprovável recessão americana, o Brasilperderá "a onda" e mergulhará de cabeçana redução dos negócios.

Ajuda aos exportadoresDepois de dez anos de crescimento ininter-

rupto, em 2009, o PIB chinês deverá ficar abai-xo de 8%, o pior desempenho dos últimosanos. No ano passado, a China cresceu 11,9%,e acabou responsável por um índice superior aum terço do crescimento da economia global.Uma exuberância em queda que também aca-bará por atingir outros parceiros brasileiros,como os EUA, o Japão e União Européia. "Essamudança de perfil de um país não acontece deuma hora para a outra. É preciso muito tempopara que uma economia como a brasileiracomece a exportar semimanufaturados oumanufaturados que garantissem um períodomais tranqüilo diante do cenário internacionalde crise", observa Martha Lassance. "Nossosprincipais produtos de exportação, como ominério de ferro e a soja, dependem direta-mente do sucesso de nossos parceiros. Se nãohá crescimento, ou, se esse se reduz, natural-

mente teremos menos dinheiro em caixa",conclui a presidente do Comex mineiro.

Bandeiras vermelhasNa prática, os especialistas em exportação

sabem que o sucesso da China vermelha fezcom que os governantes do PT içassem a ban-deira, também vermelha, do sucesso político.Festa para uma aprovação presidencial quebateu a casa dos 70% em setembro. De fato,Lula tinha o que comemorar. A festa dosnúmeros internacionais garantiu um equilíbrionas contas do país que foi reforçado por umaarrecadação interna de impostos recorde.Junte-se a isso a grande quantidade de dólaresque entraram no páis por meio dos investido-res estrangeiros.

Café queimadoUma euforia com rendimentos políticos e

internacionais que revela um lado complicadodo Brasil: a falta de planejamento para épocasde crise e para um futuro cada vez seguro emenos dependente de outros países.

A história nos confirma essa falta de plane-jamento. Dependente completo das exporta-ções de café, durante a década de 20, o gover-no Getúlio Vargas e os fazendeiros paulistas emineiros esbanjavam dinheiro nas terras colo-niais e nos prostíbulos de luxo. Quando veio ocrack na bolsa, em 1929, a situação mudouradicalmente. Getúlio se viu obrigado a quei-mar os estoques nacionais do produto comoforma de recuperar o preço, já que os compra-dores internacionais estavam mergulhados emdívidas e sem condições de honrar os compro-missos. O que antes era motivo de orgulho eaté símbolo em uma das bandeiras se queimourapidamente.

Guardadas as proporções de tamanho daeconomia e de população, nossa situação hojemostra que aprendemos muito pouco aolongo do tempo.

De grão em grão. A soja é a segunda melhor conta

brasileira nas exportações

Page 24: Diario de Bordo n3

Para quem dirige com algu-ma constância em rodo-vias, é irritante encontrar

pela frente carros circulandovagarosamente pela pista daesquerda. Será que eles nãosabem que a pista da esquerda épara ser usada preferencialmen-te para ultrapassagens?

Antes de se irritar com o apa-rentemente idiota que vai àfrente pela esquerda na BR 040,especificamente no trecho entreBelo Horizonte e ConselheiroLafaiete, é preciso saber que elepode estar cometendo essaimprudência por um motivomais do que razoável. É que apista da direita está literalmente

destruída, cheia de ondulações elocas absurdas, impossível deser utilizada. É o resultado dedanos causados pelo excesso decaminhões que transportam

minério, invariavelmente semlonas protetoras, lançandopedras nos pára-brisas dos auto-móveis que estão por perto e

detonando o piso das estradaspor onde passam.

É de dar vergonha o estado deprecariedade em que se encon-tra a BR-040 no trecho entreBelo Horizonte e ConselheiroLafaiete. Para quem sai de BH, apossibilidade de cair nessas cra-teras, que muitas vezes tomamtoda a pista, tornando-se indes-viáveis, é quase uma certeza. Oresultado são pneus estourados,danos no sistema de suspensão,isso quando não acontece umacidente mais grave. Para os quechegam a Belo Horizonte e cida-des vizinhas, além desses riscose contratempos, trata-se de umdeprimente cartão de visitas. No

Idiota é o governoFábio Doyle

É de dar vergonha o estado de precariedade

em que se encontra a BR-040 no trecho entre Belo Horizonte

e Conselheiro Lafaiete

Page 25: Diario de Bordo n3

caminho entre o Rio de Janeiro ea capital mineira, a sensação é ade quem sai das autobahns ale-mãs e chega a um país semgoverno, totalmente abandona-do pelo poder público.

Isso, sem mencionar o rastrode sujeira e nuvens vermelhasde minério que os caminhões,que circulam como se estives-sem desgovernados, despejamna pista e sobre os veículos quetentam transpor esse trecho daestrada federal.

Esse grito já ecoa há décadas,mas nunca conseguiu sensibilizaro poder público, único capaz desolucionar essa questão. Antes, ocaos imperava por todos osquase 500 quilômetros entre BHe Rio. Já há mais de uma década,a privatização resolveu, e comlouvor, o trecho entre o Rio eJuiz de Fora. Mais recentemente,a força e a vontade política de

prefeitos e congressistas ligadosaos municípios entre Juiz de forae Conselheiro Lafaiete (EwbankCâmara, Santos Dumont,Barbacena, Carandaí, CristianoOtoni) convenceram o governo

federal (responsável pela 040) areformar a estrada e melhorá-la.Parece que é isso, força e vonta-

de política junto ao poder fede-ral, o que falta aos prefeitos dosmunicípios afetados pelo trechocatastrófico da 040 -Conselheiro Lafaiete,Congonhas, Moeda, Brumadinho,Nova Lima e, por incrível quepossa parecer, Belo Horizonte.

As eleições municipais estãodefinidas. É hora de cobrar pro-messas não cumpridas e as omis-sões lamentáveis, em prejuízodos usuários daquele trecho. Enão apenas cobrar, pois agoraadianta pouco. O melhor é votarnaquele candidato que possaprometer e cumprir o que pro-mete, e que não se omita, comoaconteceu até agora, diante doproblema. Afinal, o voto existepara isso mesmo.

Fábio Doylewww.fabiodoyle.com.br

Esse grito já ecoa há décadas,

mas nunca conseguiu sensibilizar o poder público, único capaz de solucionar

essa questão. Antes, o caos imperava por todos os quase 500 quilômetros entre

BH e Rio

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26 Diário de Bordo

O preferido dosbrasileiros

O candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, lidera a preferência entre os brasileiros que podem votar nas eleições americanas

O preferido dosbrasileiros

Page 27: Diario de Bordo n3

ELEIÇÕES

A pesquisa foi feita pelo Centrodo Imigrante Brasileiro, emBoston, região que concentra

maior número de brasileiros resi-dentes naturalizados americanos ecom direito de voto. Entre os "bra-zucas" que podem ir às urnas ameri-canas, Obama já conquistou sete emcada dez votos. E a explicação é sim-ples. Os democratas sempre forammais abertos a mudanças nas leis deimigração que dizem respeito à vidade 40 milhões de indocumentadosvivendo nos Estados Unidos.

Segundo estudo do Ministério dasRelações Exteriores, existe cerca de1,5 milhão de brasileiros residentesnos EUA. A maior parte está ilegal-mente no país. As regiões que con-

centram mais brasileiros são NovaJersey, próximo a Nova York,Boston e cidades vizinhas no estadode Massachusetts . Por último,Miami com arredores, na Flórida.

E é nessa última grande metrópo-le onde está registrado o maiornúmero de imigrantes legais, cercade 120 mil brasileiros.

Mas de acordo com a EmbaixadaBrasileira, a comunidade deMassachusetts é a mais ativa politi-camente e a que tem maior núme-ro de eleitores brasileiros interes-sados em participar do processo nodia 04 de novembro. Por lá, devemvotar perto de 50 mil imigrantesverde-amarelos.

"A comunidade em Boston

tornou-se mais politizada por doismotivos. Primeiro, a crise econô-mica fez com que aumentasse opreconceito contra imigrantes ile-gais. Já existem grupos que denun-ciam empresas que contratam ser-viços de imigrantes ilegais para odepartamento de deportação",explica Fausto da Rocha, que dirigeo CIB, um centro voltado para oatendimento a imigrantes brasilei-ros na região. "Em segundo lugar, jáexiste uma segunda geração, quenasceu aqui e começa a se interes-sar em votar e em eleger candida-tos que defendam a reforma da leide imigração, que é a principal rei-vindicação dos brasileiros", acres-centa da Rocha.

Carlos Viana

A advogada Aurora Vásquez éuma das especialistas mais renoma-dos quando o assunto é legislaçãopara imigrantes nos Estados Únidos.Além de advogada, ela é tambémprofunda conhecedora dos votoslatinos na maior e, atualmente, maisinsegura, economia do mundo.Vasquez afirma que determinadoserros comuns impedem que tradi-

cionalmente a comunidade hispâni-ca participe amplamente do pleitoamericano.

Os equívocos começam muitasvezes com erros na forma depreencher o formulário de cadas-tro de eleitores, sobretudo paraaquelas pessoas que se inscrevempela primeira vez. Na prática, oeleitor de primeira vez se esquece

que a data de nascimento é escritade maneiro diferente nos EstadosUnidos , em relação a muitos paí-ses da América Latina.

Além disso, as pessoas registradasdevem levar em conta que, no país,só se usa o primeiro sobrenome; porisso, o emprego de dois ou maispode dificultar o processo de se loca-lizar o votante nas listas eleitorais.

Um processo difícil, o tempodedicado ou o desconhecimento dasmáquinas eletrônicas para votar sãooutros problemas que podem impe-dir que entre nove e dez milhões dehispânicos registrados compareçamàs urnas em 4 de novembro.

Os latinos, como o resto decomunidades dos EUA, têm o direitode votar à revelia, mediante um pro-cesso que varia de estado para esta-

do. Dados do Pew Hispanic Center-uma das ONGs mais atuantes na lutapelos direitos dos imigrantes de ori-gem latina - indicam que o voto his-pânico cresceu em grande propor-ção em 16 dos 19 estados ondeforam feitas comparações com osdados coletados entre 2004 e 2008.

O maior crescimento ocorreu noTexas e na Califórnia, onde os lati-nos representaram 30% dos eleito-

res democratas nas primárias cali-fornianas, em comparação com16% de 2004.

Assim como os brasileiros, queacabam sendo considerados hispâni-cos como nossos vizinhos latinoamericanos, os números revelamque 57% dos latinos cadastrados seidentificam como democratas,enquanto 23% se alinham com oPartido Republicano.

Comunidade que mais cresceu entre os eleitores enfrenta problemas com o idioma para votar

Latinos podem fazer a diferença nas urnas

Diário de Bordo 27

Page 28: Diario de Bordo n3

Odicionário da língua portu-guesa classifica o bairrismocomo uma ação de alguém

que defende de forma exageradaos interesses de sua terra. Mas, naverdade, é uma atitude imbeciladotada por alguém que se achasuperior ao outro.

Essa atitude é mais constante doque se imagina. Colegas da impren-sa de São Paulo e Rio de Janeiro, porexemplo, se consideram superioresa mineiros, gaúchos, paranaenses,entre outros. Para eles, só existemesses dois estados, os demais sãorestos. Pobre coitados.

Se considerar o centro do mundoou adotar a filosofia do "meu umbi-go é o centro do mundo" não tem

problema. O problema maior équando o bairrismo prejudica. E issoestá acontecendo no futebol brasi-leiro, prejudicando de forma visívelo futebol mineiro.

Há tempos que desconfiávamosque a arbitragem tinha lá os seuspreferidos. Mas, neste mês, tivemosessa confirmação.

Revoltado com a atitude doárbitro gaúcho Carlos EugenioSimon, que foi conivente com aviolência utilizada pelos jogadoresdo Sport Recife, que lhe tirou dosgramados pelos próximo 45 dias,o volante do Cruzeiro, Fabrício,denunciou todo o bairrismo exis-tente no futebol brasileiro. Ojogador afirmou ainda que osárbitros no país são unidos ecomunicam-se uns com os ou-tros. Quer dizer, criam uma ani-mosidade com aquele jogadorque reclama da arbitragem equestiona os critérios.

Mas a declaração mais grave ficoupara o final, quando Fabrício revelouo tratamento diferenciado que joga-

Bairrismo no ApitoEmerson Romano

Há tempos que desconfiávamos que a

arbitragem tinha láos seus preferidos. Mas, neste mês, tivemos essa

confirmação

Page 29: Diario de Bordo n3

dores do eixo Rio-São Paulo rece-bem da arbitragem. Segundo o joga-dor, agressões como a que sofreujamais ficariam sem punição se esti-vesse vestindo qualquer camisa declubes desses dois estados.

Carlos Eugênio Simon tem umhistórico de erros que prejudicamo futebol mineiro. Que o digamos atleticanos, " garfados" numpênalti não marcado contra oBotafogo no Maracanã, pela Copado Brasil.

Diante de tal denúncia, podemoschegar a algumas conclusões:

1° - nossa arbitragem é corrupta,bairrista e desleal.

2º - Se Fabrício tivesse feit0 essadenúncia atuando por clubes de Rio ouSão Paulo, teria provocado uma crisena arbitragem nacional. Como issoaconteceu aqui em Belo Horizonte,nenhum veiculo de imprensa do país(com exceção dos mineiros), deuimportância para o fato.

3° - Já passou da hora de os clu-bes mineiros deixarem a rivalidadepara as quatro linhas e se uniremcontra o cartel de Rio-São Paulo.

Já ficou provado que protestos,junto a Comissão Nacional de

Arbitragem, não surtem efeitoalgum. Eles escutam, fazem o cha-mado "ouvido de mercador" e não

tomam atitude alguma.Toda rivalidade é salutar, mas ela

precisa ficar restrita às partidas, nãoàs ações. A Federação Mineira deFutebol precisa também deixar suainércia e covardia de lado, tomandode forma efetiva, um posicionamen-to de defesa dos seus filiados.

Estamos sendo roubados pelaarbitragem e ninguém faz nada!!!

E isso é histórico.Vamos dar um basta nisso. Chega !!! A competência tem que prevale-

cer e não o bairrismo imbecil ecovarde, mascarado em ações deárbitros como Carlos EugênioSimon, Heber Roberto Lopes,Wilson de Souza Mendonça, entreoutros.

Aliás, sobre o Simon, o jornalistaFlávio Anselmo tem uma frase sen-sacional: "O Simon é o que de piorexiste na arbitragem nacional: arro-gante, narcisista e tem um diplomade jornalista debaixo do braço."

Toda rivalidade é salutar, mas ela

precisa ficar restritaàs partidas, não às

ações. A Federação Mineira de Futebol precisa também deixar sua inércia e covardia

de lado

Page 30: Diario de Bordo n3

Os números da polícia de fronteiraamericana revelam dados sombriosquando o assunto é morte de imi-

grantes. Somente no ano de 2007, pelomenos cem pessoas morreram em territórioamericano durante as travessias ilegais pelodeserto. Este ano, já passa de oitenta oscasos conhecidos de pessoas que perderama vida se arriscando em meio às trilhas ilegais.

Os casos de morte revelam um lado cruelda miséria entre os vizinhos México eEstados Unidos, separados por um gigantes-co muro ou pela muralhas invisíveis que anatureza ergueu em meio ao deserto.

A maioria das mortes vem sendo, anoapós ano, registradas na fronteira com oestado do Arizona, de onde vem o atual can-didato à presidência pelo PartidoRepublicano, John MacCain.

São milhões de quilômetros conhecidospelos nativos índios e usados hà séculos pelosmexicanos para entrarem nos EstadosUnidos sem serem percebidos.

Diante da aparente facilidade, outrosmilhares de imigrantes ilegais, entre eles bra-sileiros, aceitam se arriscar pelos caminhossecos e sem água em companhia de "coio-tes", como são conhecidos os guias ilegais. Oque muitos não sabem é que o tempo extre-mamente seco, e as altas temperaturas regis-tradas durante o dia e, ainda, as baixas tem-peraturas das madrugadas, fazem com que oorganismo humano apresente suas deficiên-cias orgânicas com muita rapidez.

De acordo com os dados da BorderPatrol, a patrulha da fronteira, muitos viajan-tes pelo deserto desconhecem serem porta-dores de diabetes, por exemplo, e quandoiniciam a jornada, em poucos dias, ou horas,começam a perder líquido rapidamente, e astaxas de glicose passam a ser elevadas, geran-do um colapso no imigrante desacostumadoà geografia local.

Fotos e relatórios dos policiais revelamainda que, diante de um quadro grave, oscoiotes abandonam os conduzidos à própria

sorte. Quando existe algum aviso sobre oabandono, as equipes de resgate saem ime-diatamente em socorro. É uma corrida con-tra o tempo, entre a vida e a morte

Coiotes querem silêncioMas avisar a BP sobre a presença de uma

pessoa doente em determinado ponto dodeserto é uma iniciativa que, muitas vezes,gera confronto com os coiotes. As ligaçõesfeitas por telefones deixados estrategicamen-te em pontos no deserto, ou via celulares,podem revelar o local onde o grupo estáfazendo a travessia e gerar um cerco em todaa região. Daí o fato de que muitas ligações sósão feitas um ou dois dias depois e, não raro,quando a pessoa já morreu.

Além das crises de hipertensão ou de dia-betes, existem relatos ainda de quedas compernas e braços quebrados e, o mais temidodos incidente, as picadas de cobras que ata-cam os grupos durante as noites.

Ao encontrarem um corpo no deserto, os

30 Diário de Bordo

ARIZONA

A rota da

Carlos Viana

O sonho americano de muitos imigrantes termina quando chegam

ao deserto do Arizona

Page 31: Diario de Bordo n3

restos são transportados até o InstitutoMédico local mais próximo à espera de umaidentificação que nunca pode acontecer.Quando são abandonados, geralmente oscoiotes recolhem todos os pertences dosilegais. Na maioria das vezes, os policiais nãoencontram documentos ou dados que pos-sam revelar a origem do cadáver.

Água e telefone no desertoNo condado de Pima, no Arizona, as

mortes dolorosas e em solidão, aliadas àsconstantes operações de salvamento, gera-ram uma grande polêmica. Para ajudar osviajantes, adultos e crianças, potes com águae telefones foram espalhados em pontosconhecidos como áreas de travessia usadaspor grupos de imigrantes ilegais.

A primeira vez em que a Junta deSupervisores de Pima reservou fundospara a iniciativa foi em 2001, meses depoisque um grupo de 14 mexicanos em situa-ção irregular morreu de desidrataçãodurante uma travessia.

Mas a decisão gerou uma grande polêmi-ca humanitária e jurídica.

Wes Bramhall, ex-presidente de umgrupo estadual para o controle da imigraçãoe um dos mais influentes personagens con-trários à imigração ilegal no Arizona, ganhouas manchetes dos jornais e das televisões aoafirmar que "os representantes de Pima vio-lam a lei ao "ajudar" os imigrantes ilegais aatravessarem a fronteira. "Nossos impostosnão devem ser utilizados com este propósi-to", declarou abertamente aos jornalistas.

O discurso, que beira o xenofobismo, foiamplamente criticado por organismos liga-dos aos Direitos Humanos e aos DireitosCivis americanos. A pressão acabou surtin-do efeito e, com quatro votos a favor e umcontra, a Junta de Supervisores do condadodecidiu manter a verba que garante socorroaos viajantes em apuros.

O dinheiro vem sendo usado pela orga-nização humanitária "FronteirasCompassivas", que mantém cerca de 90estações de água no deserto que separa o

Arizona e a cidade de Sonora, no México, deonde parte a maioria dos viajantes indocu-mentados. "Os supervisores fizeram o cor-reto. Estamos muito satisfeitos com a deci-são, disse à agência Efe, Robin Hoover, dire-tor e fundador da ONG.

Segundo o ativista, já está comprovadoque as mortes de imigrantes ilegais diminuí-ram nas áreas onde essas estações foraminstaladas. Os defensores da idéia garantemainda que, no fim das contas, é mais baratopara o condado financiar parte das estaçõesde água do que pagar pelas autópsias dosimigrantes que morrem cruzando a região.

Condado americano decide financiar água para imigrantesque cruzam deserto. Número de mortes chega a cem por ano

morte

Diário de Bordo 31

Page 32: Diario de Bordo n3

LANÇAMENTO

FOTOS FIAT/ DIVULGAÇÃO

A nova aposta

de César...

A nova aposta

Page 33: Diario de Bordo n3

Diário de Bordo 33

Reinando absoluta nas vendas automotivas brasileiras, a Fiat chega ao mercado dos sedans médios com o Linea.

A meta é conquistar 15% do segmento dominado pelos consagrados Honda Civic

e Toyota Corolla

Page 34: Diario de Bordo n3

Odesafio maior do Linea nãoestá limitado a venderbem. O novo carro chega

com o propósito de tirar da monta-dora a fama de que a Fiat só é boana produção e venda de carroscompactos. Esse desafio não é dehoje. Basta voltar o filme e lembrarde carros como o Tempra e Marea,que nunca atenderam às expectati-vas de vendas do fabricante.

O trabalho para mudar essaimagem começou bem antes dolançamento.

A briga não será fácil para a Fiat,que tem pela frente pesos-pesadosque já carregam cinturões de cam-peão, como Honda Civic e ToyotaCorolla. A estratégia de combatecomeçou pela rede de concessioná-rios que foi especialmente orientadapara o lançamento. Cada uma daslojas deverá ter pelo menos duasunidades do automóvel para test-drive, além de organizar um espaçoexclusivo para um atendimento degala aos futuros compradores. Nãoé para menos, de acordo comCledorvino Belini, presidente da Fiat

para América Latina, o Linea "é olançamento mais importante damontadora neste ano".

O consumidor que optar peloLinea será integrante de um seletogrupo que a montadora chamou deL´Único. Ele terá tratamento dife-renciado dos demais clientes, comocentro de atendimento telefônicoespecífico e serviço leva-e-traz nasrevisões. A montadora ainda achoupouco e para que ele se sinta real-mente VIP, será agraciado com con-vites para shows, eventos culturais,festas, teatro e outros mimos.

Além de marcar o retorno damontadora ao mercado dos sedansmédios, o Linea terá a missão demostrar ao cliente brasileiro que aFiat também sabe fazer e vendercarros sofisticados. Com investi-mento de U$ 250 milhões, cerca deR$600 milhões, o novo carro foiprojetado em conjunto pelos cen-tros de estilo da Itália e do Brasil. Nodesenvolvimento, recebeu algumasadaptações ao gosto do mercadolatino-americano, se comparado aomodelo que é produzido na Turquia

e vendido na Europa. Tanto investimento tem uma

explicação. O segmento de sedans émuito grande e atrai cada vez maisconsumidores entre os brasileiros.Nas contas de Lélio Ramos, diretorcomercial da Fiat, são 25 modelosconcorrentes que devem somarneste ano 220 mil unidades. Dessetotal, a Fiat pretende abocanharcerca de 30 mil unidades/ano, ven-das de 2,5 mil a 3 mil carros por

Por Fábio Doyle

Sistema GPS com orientação por voz é um dos destaques do novo

sedan de luxo34 Diário de Bordo

Page 35: Diario de Bordo n3

A versão T-Jet, com motor 1.4 16V Turbo de 152 cv vai custar R$ 78,9 mil.

O Linea chega ao mercado

nascido de uma derivação

três volumesdo Punto

Page 36: Diario de Bordo n3

36 Diário de Bordo

mês, o que colocaria a montadoracomo a terceira em vendas mensaisdo segmento, na frente doChevrolet Vectra.

Da fábrica em Betim, nosarredores de Belo Horizonte,em Minas Gerais, o Linea tam-bém será exportado e vendidoem outros países da AméricaLatina. A Argentina será a próxi-ma a receber o sedan. Para out-ros mercados latinos, a Fiatainda não informou as novasdatas de lançamento, mas aexpectativa é de que os núme-ros transformados em boas ven-das se repitam lá fora.

FFoorrççaa ccoomm ssoottaaqquuee aarrggeennttiinnoo

O motor 1.9 16V flex é da FiatPorwertrain Technologies,desenvolvido pela engenha-ria brasileira, mas produ-zido na fábrica argenti-na. Serão três ver-sões com essemotor, que

gera 130 cv quando abastecidocom gasolina, e 132 cv comálcool: a de entrada, batizada ape-nas de 1.9 16V com câmbio mecâ-nico, a 1.9 16V com câmbioDualogic, e a topo de linha,nomeada Absolute, também com

câmbio Dualogic, o mesmo pre-sente no Stilo.

Sempre mais ousada que asdemais, a Fiat incluiu no catálogodo Línea uma versão com motorturbo: a T-Jet, com motor 1.4 16VTurbo de 152 cv. Essa opção serávendida por R$ 78,9 mil, a maiscara das ofertas do modelo.Importado da Europa, este motornão terá a opção flex por conta dobaixo volume de vendas. CarlosEugênio Dutra, diretor de produ-to e exportação, considera,porém, a possibilidade do investi-mento nessa alternativa, caso omercado surpreenda na expecta-tiva de faturamento da montado-ra. Ainda segundo

Dutra, a Fiat conta, hoje, comvendas para o T-Jet em torno de10% do total esperado para oLinea, o que chegaria a 250 unida-des/mês.

Dentre as 2,5 mil unidades quea Fiat espera vender por mês,30% devem ser da versão 1.916V, outros 40% da versão 1.916V Dualogic e os 20% restantesda Absolute.

PPrreeççoo ttuurrbbiinnaaddooO Linea agrada em design, con-

forto, tecnologia e acabamento,mas os preços sugeridos anuncia-dos nos fazem coçar a cabeça. A

Fiat aposta alto nos pre-ços e na tecnologia. A

versão de

entrada será ofereci-da por R$ 60,9 mil e a

opção com câmbio Dualogicchega ao mercado por R$ 63,9 mil.

Mais completa, a Absolute, temo diferencial tecnológico, o Blue &Me Nav. Lançado no Punto emagosto do ano passado, o sistemamantém as funções de comunica-ção do rádio com o motorista eganha, agora, recurso de navegaçãovia GPS instalado no painel de ins-trumentos. Esta versão sairá porR$ 68,6 mil. Com isso, a Fiat entrapara a história como a primeiramontadora do país a lançar umcarro que incorpora o sistema denavegação GPS integrado ao painel.

A Fiat pretende abocanhar cerca de 30 milunidades/ano, vendas de 2,5mil a 3 mil carros por mês, oque colocaria a montadoracomo a terceira em vendas

mensais do segmento de sedans

Page 37: Diario de Bordo n3
Page 38: Diario de Bordo n3

38 Diário de Bordo

NOVO VOYAGE

N ovo sedan compacto daVolkswagen transmitesensação de estar em

segmento superior. Conforto edirigibilidade se assemelham às donovo Gol, e preço vai dar trabalho

à concorrência.A Volkswagen surpreendeu o

mercado. Apresentou emFlorianópolis, Santa Catarina, a maisnova aposta em sedã. Uma apostajá bem conhecida e consagrada no

passado dos brasileiros. O Voyage,que teve o segundo grande lança-mento em sua história, chegou aomercado no começo de outubro.Na estratégia de colocação do pro-duto no mercado, a montadora não

Ele está de volta

O bem- sucedidoVoyage

retorna paraajudar a VWna busca porreconquistaro primeiro

lugar

Sedan faz parte da estratégia de vendas da VW

no mercado brasileiro

Fábio Doyle

Page 39: Diario de Bordo n3

Diário de Bordo 39

gosta quando o Voyage é lembradocomo um derivado do Gol. Na falados executivos, trata-se de um pro-jeto que nasceu para ser um sedane que, até por isso, começou a serprojetado antes da versão hatch.Além de marcar a entrada no seg-mento de sedans com motor 1.0, onovo modelo promete ter impor-tante papel na estratégia VW deretomada da liderança de vendas nomercado brasileiro.

Fabricado na unidade deTaubaté, SP, o Voyage deve tam-bém ser vendido na Argentina eMéxico, os principais mercadosexternos da empresa, e tambémem outros países da América doSul. O mercado brasileiro deveficar com a maior parte da produ-ção, estimada em 90 mil unida-des/ano. Com isso, a família Golpassa a representar 50% do volu-me VW vendido no País.

São quatro versões, com moto-res 1.0 e 1.6. A versão 1.0 chegaao mercado por R$ 31 mil. Com amotorização 1.6, são três faixasde preço, R$ 35 mil para a versãode entrada, R$ 37,6 mil na opçãoTrend, a Confortline custa R$39,4 mil.

A montadora afirma que o VHT1.0 é o motor de maior torque dacategoria: 10,6 kgfm (104 Nm) comálcool e 9,7 kgfm (95 Nm) comgasolina, a 3.850 rpm. A potênciamáxima de 76 cv (álcool) e 72 cv(gasolina) é alcançada a 5.250 rpm etambém é elevada diante da con-corrência. Já o torque máximo domotor VHT 1.6 é de 15,6 kgfm (153Nm) com álcool e 15,4 kgfm (151Nm) com gasolina, a 2.500 rpm. Apotência máxima, alcançada a 5.250rpm, é de 104 cv (álcool) e 101 cv(gasolina).

Em busca da mesma boa dirigibi-

lidade e comportamento do novoGol, o sedan recebeu um reforçona suspensão traseira e tambémuma válvula reguladora de pressãonos freios traseiros, que ajusta afrenagem conforme o peso dacarga.

O Voyage tem o porta-malascom capacidade para 480 litros,revestimento em carpete e luzde cortesia. Ele é ainda o únicodo segmento a oferecer ummecanismo elétrico de destrava-mento automático integral datampa traseira, que pode seracionado pela chave ou por umbotão no painel. Trata-se de umsistema exclusivo, patenteadopela Volkswagen do Brasil.

RReeppaarraabbiilliiddaaddee ccaammppeeããO fabricante destaca ainda, como

pontos positivos do novo modelo ofato de ter baixo custo de reparo

Voyage ressurge em quatro versões com motores 1.0 e 1.6

Page 40: Diario de Bordo n3

Preços variam de R$ 31 mil até R$ 39,4 mil, na Comfortline

O acabamento interno do painel e bancos pode ser considerado como muito bom e a

dirigibilidade, conforto e comportamento no trânsitourbano e estradas só merecem elogios

Page 41: Diario de Bordo n3

em caso de colisão e preço reduzi-do de seguro. O Voyage obteveíndice 14 no CAR Group (CesviAutomotive Rating), o que o situaentre os melhores da categoria.Segundo o indicador do Centrode Experimentação e SegurançaViária, o modelo tem caracterís-ticas que tendem a tornar o seuconserto mais fácil, rápido ebarato.

Além disso, o Voyage oferece onovo imobilizador de motor Immo4, que, segundo o fabricante, torna

o furto praticamente impossível, epossui fechaduras das portas encap-suladas e protegidas - se forçado, ocilindro da chave gira em falso.

Em todas as versões, o clientepode optar por freios ABS, airbagsfrontais, ar-condicionado, rádio/CDplayer com Bluetooth e entradaUSB, sistema I-System e banco tra-seiro rebatível, entre outros itens.

PPrriimmeeiirraass iimmpprreessssõõeessAs primeiras impressões ao

volante do Voyage equipado commotor 1.6, rodando pelas praiasde Florianópolis, não poderiamter sido melhores. Apesar de serum carro de entrada, a sensaçãoque o carro passa é de um médiocompacto, acima da categoria emque realmente se situa. É a sensa-ção que o design e as caracterís-ticas internas transmitem ao pri-

meiro contato.O acabamento interno do painel

e bancos pode ser consideradocomo muito bom e a dirigibilidade,conforto e comportamento notrânsito urbano e estradas só mere-cem elogios.

A VW foi cuidadosa também nadefinição dos preços sugeridos delançamento. Estão muito competiti-vos e, com certeza, irão dar traba-lho aos concorrentes. Os principaissão o Fiat Siena e o ChevroletPrisma. Quem mais precisa abrir oolho é a Fiat, atual líder do merca-do. A chegada do novo Gol háalguns meses já repercutiu nas ven-das do Palio, que registraram quedanos últimos meses. Agora, com achegada do Voyage, a ameaça ficamais abrangente e chega ao FiatSiena. Será uma briga interessante emuito saudável para o mercado.

As primeiras impressões ao volante do

Voyage equipado commotor 1.6, rodando

pelas praias deFlorianópolis, não poderiam ter sido

melhores

Page 42: Diario de Bordo n3

44 Diário de Bordo

CULINÁRIA

O cheiro é único! Comida preparadano fogão à lenha. Das mãos das qui-tandeiras, saem pratos que mistu-

ram história e tradição. Pão de queijo, feijãotropeiro, leitão a pururuca, lingüiça frita, couverefogada, tutu de feijão, compotas de frutas,frango com quiabo, feijoada, vaca atolada(caldo de mandioca com costela de boi) tradu-zem uma culinária mineira única e de saborinconfundível.

Com forte herança do período colonial,tempo dos portugueses, dos escravos africa-nos e dos índios, a culinária mineira surgiu dajunção de culturas que também retratam umafase de colonização. Cada prato mineiro trazmuito do estado, palco da mineração crescen-te e onde a produção de alimentos era escas-sa, e não muitas vezes, inexistente.

A nutricionista Renata de Britto Cavalieri,que faz parte da assessoria de NutrologiaMarketing Nutricional da Faculdade SãoCamilo, pesquisou sobre a culinária mineira

e conta que foi na cultura de subsistência dosquintais, das plantações dos escravos e dasaldeias indígenas que a culinária ganhou aforma contemporânea. "A falta de espaçonas vilas e povoados, nas montanhas minei-ras e ao redor das minas fez surgirempequenas hortas. Eram pomares, onde pro-dutos de fácil cultivo, como a couve, a mos-tarda, a taioba, o feijão, o próprio milho, oinhame, o cará, a abóbora, a banana, a laran-ja, além de outras frutas cresciam, fornecen-do o sustento diário das famílias. Animais depequeno porte como, porco e galinha, tam-bém eram criados no limitado espaço dascasas. Destes, eram usadas as carnes, alémdos ovos, ingrediente fundamental no pre-paro dos mais diversos pratos. Até hoje, ascarnes de aves e de porco são bastante usa-das na cozinha mineira".

E a partir dessa história toda, os pratos tipi-camente mineiros ganharam fama por todo omundo e possuem espaço garantido nos res-

taurantes do estado, principalmente na capitaldos mineiros.

Tradição e mineiridadeFundada em 1938, pelos irmãos Palhares e

vendido em 1944 para o uberabense JoãoFerreira, o Café Palhares comemora 70 anosdo prato mais famoso da cidade, o Kaol. Naprática, é uma reunião de arroz, lingüiça e ovo.O nome do prato veio da abreviação decachaça - que é servida junto com a iguaria. O"C", foi trocado pela letra "K", para dar maispompa ao prato. A idéia foi criação do jorna-lista e boêmio Rômulo Paes, em parceria como Seu Neném. O prato foi ganhando, ao longodos anos, mais ingredientes, como couve,farofa, carne de porco e torresmo. Hoje emdia, por apenas R$ 6,90, ele pode ser acompa-nhado por pernil, carne cozida e até peixe, deacordo com o gosto do cliente.

Com atendimento diferenciado e ambientefamiliar, o Café Palhares está localizado na área

Muito além Tradição, história e qualidade se misturam em um tempero diferente

Wander Veroni

João Lúcio Ferreira, proprietário do Café Palhares

Page 43: Diario de Bordo n3

docentral de Belo Horizonte(Rua Tupinambás, 638), onde ocliente tem um amplo cardápio detira-gostos, como o delicioso sanduíchede pernil ou linguiça, salgadinhos e umchope gelado. Ao todo, são 16 funcionários,entre eles o gerente Edson Geraldo Soares,trabalhando há 50 anos na casa.

Em 2008, o proprietário João LúcioFerreira resolveu buscar parcerias para divul-gar esses 70 anos que não poderiam passarem branco. "Buscamos bons parceiros paracomemorar esse aniversário em grande esti-lo. Além disso, reformamos a casa para aten-der bem os clientes", conta.

João Lúcio conta um pouco mais desseprocesso. "A revitalização foi necessária paratrazer mais comodidade e também chamar aatenção do público mais jovem, sem esquecerdos clientes tradicionais que freqüentam a casano decorrer desses anos.

Antigamente, o restaurante já foi freqüentado por

JuscelinoKubistcheck,Magalhães Pinto e HélioGarcia, além de ser um reduto de boêmios,artistas e formadores de opinião.

Mas apesar do passado tradicional, o Café Palharesé também ponto de encontro de universitários e deum grande público feminino. Tradição da comidamineira presente que se renova entre gerações.

SERVIÇO:Café Palhares

Com capacidade para 30 pessoas, o espaçoserve café da manhã, almoço e, no final da tarde,

o happy hour. Possui área para fumante e aces-so para deficientes. Funcionamento: de segun-da a sexta-feira, das 7h às 23h. Sábado, das 7hàs 22h. Endereço: Rua Tupinambás, 638.Centro. BH/MG. Telefone: (31) 3201-1841.

Site: http://www.cafepalhares.com.br

O Kaol, um dos pratos mais tradicionais do Café Palhares,

faz parte da história de Belo Horizonte

Gerente Edson Geraldo Soares (esq.), que trabalha no local há 50 anos

A culinária mineira agrada paladares por todo o mundo

sabor

Page 44: Diario de Bordo n3

M inas Gerais talvez seja o local queconcentra a maior diversidade depratos, pois em cada região há uma

comida típica diferente, com ingredientesencontrados com fartura no meio rural.Quase todos os pratos da cozinha mineiracontam com legumes, frutas ou verduras daregião. Mas há um prato que se destaca, ofe-recido nas mesas de todas as casas mineiras,principalmente no interior: o feijão tropeiro.

Desde o período colonial, o transporte dasmais diversas mercadorias era feito por tro-pas a cavalo ou em lombos de burros. Oshomens que guiavam esses animais eramchamados de tropeiros. Até a metade doséculo XX, eles cortaram ainda boa parte doestado de São Paulo, conduzindo gado. O fei-jão misturado a farinha de mandioca, torres-mo, lingüiça, ovos, alho, cebola e temperos,tornou-se um prato básico do cardápio des-ses homens. Daí a origem do nome feijão tro-peiro, numa referência direta aos integrantesdas tropas. Ficou com água na boca? Então,faça também o seu feijão tropeiro.

Feijão Tropeiro

Receita Mineira

500 g de toucinho para torresmo (barrigada)500 g de feijãosal a gosto1 xícara (chá) de cebolinhaverde picada2 xícaras (chá) de farinha de mandioca3 dentes de alho amassados3 cebolas médias fatiadas3 colheres (sopa) de manteiga1 maço de couve-mmanteiga500 g de lingüiça de porco½ colher (sopa) de fermento em pó1 colher (sopa) de álcool

Ingredientes

Um dos pratos mais conhecidos, da culinária deMinas, reune simplicidade

com sofisticação

Um dos pratos mais conhecidos, da culinária deMinas, reune simplicidade

com sofisticação

Page 45: Diario de Bordo n3

Lave o feijão, coloque-o numapanela de pressão com 1 litrode água e leve ao fogo por 30minutos, sem deixar que cozi-

nhe muito: os grãos devem ficar inteiros emais duros do que de costume.

Retire da panela e coe imediata-mente, para interromper ocozimento. Corte o toucinhoem cubos, coloque numa tigela,

junte o sal, o fermento e o álcool e misture.Numa panela, coloque ½ copo de água, adi-cione os cubinhos de toucinho e frite-os emfogo baixo. Quando amarelar (mas ainda esti-ver claro), retire o torresmo do fogo, colo-que sobre uma peneira e deixe escorrer.

Em seguida, aqueça muitobem a gordura que ficou napanela, coloque o torresmoescorrido e frite até dourar.

Tome cuidado para que não fique muito escu-ro e amargo. Coloque sobre papel absorven-te e reserve. Pique a lingüiça de porco,coloque-a numa frigideira e refogue, pingan-do um pouco de água, de vez em quando,para que frite em sua própria gordura.

Limpe, lave e seque as fo-lhas de couve. Sobreponhaas folhas, enrole e corte emtiras bem finas. Coloque na

mesma panela em que foi preparada a lingüiçae refogue. Acerte o sal e reserve.

Numa frigideira, derreta amanteiga, junte a cebola e oalho e refogue até a ceboladourar. Acrescente a farinha

de mandioca, misture e, sem parar de mexer,deixe torrar. Adicione o feijão, a lingüiça e acouve e misture.

Coloque a cebolinha, acerteo sal e deixe no fogo pormais 2 minutos, mexendosempre. Transfira para uma

cumbuca ou travessa, adicione os torresmos,misture e sirva. Se preferir, sirva os torres-mos à parte.

Modo de preparo

Bom apetite!

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ESPAÇO PITÁGORAS Rua Irai, 235, Cidade Jardim. Tel.: (31)3296-6653Ingressos: segunda, terça e quinta-feira R$ 10; quarta-feira R$ 8; de sexta-feira a domingo e feriados R$ 12.

BELAS ARTESRua Gonçalves Dias, 1581, Savassi. Tel.:(31) 3252-7232Ingressos: segunda, terça e quinta-feira R$ 12; quarta-feira R$ 10; sexta-feira a domingo e feriados R$ 14.

CINEPLEX BHBH Shopping, BR-040 s/n, km 447. Tel.:4005-1414Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 10; quarta-feira R$ 8; sexta-feira a domingo e feriados R$ 14.

PAMPULHA MALLAv. Antônio Carlos, 8100, Pampulha. Tel.:(31) 3492-9155Ingressos: segunda-feira R$ 2,50; terçae quinta-feira R$ 7; quarta-feira R$ 8;sexta-feira a domingo e feriados R$ 10.

ART MINASMinas Shopping, Av. Cristiano Machado,4000, Cidade Nova. Tel.: (31) 3426-1202.Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 8,40 e de sexta-feira a domingo R$11,40.

HUMBERTO MAUROAv. Afonso Penna, 1537, Centro. Tel.:(31) 3236-7400

Ingressos: de terça-feira a domingo R$ 5.

MULTIPLEX CIDADEShopping Cidade, Rua Rio de Janeiro, 910- Centro. Tel.: (31) 3272-9720Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 10 e de sexta-feira a domingo R$ 14.

MULTIPLEX DEL REYShopping Del Rey, Av. Presidente CarlosLuz, 3001 - Caiçara. Tel.: (31) 3415-6021 Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 10 e de sexta-feira a domingo R$ 14.

UNIBANCO SAVASSIRua Levindo Lopes, 358, Savassi. Tel.:(31) 3277-6648Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 12; quarta-feira R$ 10; sexta-feira a domingo e feriados R$ 14.

SHOPPING NORTE Av. Vilarinho, 120. Venda Nova. Tel.: (31)3451-8990Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 8 e de sexta-feira a domingo R$ 10.

DIAMOND MALLAv. Olegário Maciel, 1600, Sto Agostinho.Tel.: (31) 4005-1414 Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 10; quarta-feira R$ 8; sexta-feira a domingo e feriados R$ 14.

BIGBig Shopping, av. João César de Oliveira,1275, Contagem. Tel.: (31) 3391-3345Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 8 e de sexta-feira a domingo R$ 10.

USINA UIBANCORua Aimorés, 2424, Lourdes. Tel.: (31)3337-5566Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 12; quarta-feira R$ 10; sexta-feira a domingo e feriados R$ 14.

USIMINAS PARAGEMAv. Mário Werneck, 1360, Buritis. Tel.:(31) 3378-0216Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 10; quarta-feira R$ 9; sexta-feira a domingo e feriados R$ 12.

ITAÚ POWER Shopping Itaú Power - av. General DavidSarnoff, 5160, Cidade Industrial,Contagem. Tel.: (31) 3363-5005 .Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 10 e de sexta-feira a domingo R$ 12.

CINE BETIMAv. Ednéia Matos Lazarote, 1655, Angola,Betim. Tel.: (31) 3594-3712. Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 6 e de sexta-feira a domingo R$ 8.

VIA SHOPPINGVia Shopping, av. Afonso Vaz de Melo,640 - Barreiro. Tel.: (31) 3384-9261.Ingressos: de segunda a quinta-feiraR$ 8 e de sexta-feira a domingo R$ 10.

UNIBANCO PONTEIOPonteio, BR-356, 2500, Sta Lúcia. Tel.:(31) 3286-3607Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 10; quarta-feira R$ 8; sexta-feira a domingo e feriados R$ 12.

PÁTIO SAVASSI Av. do Contorno, 6061, Savassi. Tel.: (31)3209-0079Ingressos: de segunda, terça e quinta-feira R$ 13; quarta-feira R$ 10; sexta-feira a domingo e feriados R$ 15.

D i á r i o C u l t u r a l

CINEMAS

Confira os melhores filmes

que estão nas telas dos cinemas de BH

DIVULGAÇÃO

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Diário de Bordo 49

CLUBE DE QUEM BEBEBotequim aberto desde 1990 especializado emchurrasquinhos no espeto.Rua Castro Alves, 216, Nova Suíça. Tel.: (31)3371-1088. Funciona de segunda a sábado, de10h à 01h.

CHURRASQUINHO DO MANUELBar que atrai muita gente para happy hour,especializado em tira-gostos, espetos e chur-rasquinhos. Avenida Ressaca, 175, Coração Eucarístico.Tel.: (31) 3464-6708. Funciona de segunda asexta-feira, a partir das 18h; sábado e domin-go, a partir do meio-dia.

CHOPPERIA VIENAAberto desde 1999, o bar tem decoração inspi-rada em casas da Áustria e da Alemanha. Av. do Contorno, 3968, Funcionários. Tel.: (31)3221-9555. Funciona de segunda a sexta-feira,das 07h30 à meia-noite e no sábado até o últi-mo cliente.

CHIC TÁCIOCada dia da semana o bar indica um petisco dife-rente além dos tira-gostos tradicionais.Rua Itamaracá, 25, Colégio Batista. Tel.: (31)3421-3363.Funciona de segunda a sexta-feira,das 08h às 23h e sábado de 08 às 18h.

REDENTORBotequim à moda antiga que reúne as tradiçõescarioca e mineira.Rua Fernandes Tourinho, 500, Savassi. Tel.:(31) 3284-1175. Funciona diariamente, a partirdo meio-dia.

VILLA RIZZABar montado num casarão histórico e tem comotema a música mineira. Av. do Contorno, 4383, Serra. Tel.: (31) 3225-3533. Funciona de segunda a sábado, das11h30 à meia-noite.

ARMAZÉM DO ÁRABEBar participante do festival "Comida di Buteco"há três anos.Rua Luz, 230, Serra. Tel.: (31) 3223-1410.Funciona de segunda a sábado , a partir das 17h30

BAR DO PEPÊBar especializado em petiscos e tira-gostos.Avenida Presidente Carlos Luz , 675, Loja 04,Caiçara. Tel.: (31) 8705-2378 Funciona asegunda a sexta-feira , a partir das 08h; e nosábado, a partir do meio-dia.

BAR DO PRIMOBar especializado em porções, petiscos e tira-gostosRua Santa Catarina , 656 , Lurdes , Tel.: (31)3335-6654 Funciona de segunda a sexta-feira,das 17h à meia-noite; no sábado e feriados, apartir das 10h.

BAR IDEALServe almoço, e serviços self-service de massas esaladasRua Sergipe , 1187 , Savassi. Tel.: (31)3889-1187 Funciona de segunda a quar-ta-feira do meio-dia às 15h e depois de18h Às 23h30; quinta e sexta-feira domeio-dia às 15h e das 18h à 1h; Sábado,do meio-dia à 1h; e domingo do meio-dia às 20h.

CAFÉ DO CARMOCasa que serve porções e caldosRua Pium-í , 695 , Sion Tel.: (31) 3221-9156Funciona de segunda à sexta-feira das 17h às14h; Sábado, das 15h às 2h e domingo das15h à meia-noite.

CANTINA DO PACOEspecializada em comida espanhola.Rua Padre Rolim , 159, Santa Efigênia. Tel.: (31)3241-3317Funciona de segunda a quinta-feiradas 07h à meia-noite, sábado das 08h às 16h.

CERVEJARIA BRASILServe churrasco , almoço , jantar e pratos execu-tivos.Avenida Francisco Deslandes , 444, Anchieta.Tel.: (31) 3221-0504 Funciona de terça adomingo, a partir das 11h30.

CHURRASQUINHO DO TONINHOEspecializado em espetinhos e tira-gostos.Rua Montesimplom , 1373, Nova Suíça . Tel.:(31) 3334-2481 Funciona de segunda a sába-do, das 17h30 às 23h30.

FAMÍLIA PAULISTAServe petiscos variados.Rua Luther King , 242 , Cidade Nova . Funciona de segunda a quinta-feira das 18hás 23h , na sexta-feira das 18h à meia-noite;sábado, do meio-dia às 23h; e domingo domeio-dia às 17h.

LA CONCHA SPORTS BARDecoração do bar baseada nos esportes e atletasconsagrados.Rua Pium-í , 1122 , Sion Tel.: (31) 2127-1224.Funciona de segunda à sexta-feira, a partirdas 19h; e sábado e domingo, a partir das 15h.

LORD PUBDecoração baseada no estilo medieval.Rua Viçosa, 263, São Pedro. Tel.: (31) 3223-5979. Funciona de quinta a sábado, das 21h às4h; e domingo, das 19h às 03h.

PIER ALPHAVILLEChoperia de cardápio variado com vista para aLagoa dos Ingleses. Av. Picadili, 150, Lojas 108 e 109, CondomínioAlphaville. Tel.: (31) 3541-1636. Funciona nasegunda e terça-feira, das 11h às 15h; na quar-ta e sexta-feira, das 11h às 22h; sábado,domingo e feriados, das 11h às 19h.

TAPASA casa oferece serviço à la carte e rodízio de piz-zas, massas e saladas. Rua Irai, 235, Loja 52, Shopping Jardim,Cidade Jardim. Tel.: (31) 3344-1560. Funcionade segunda a domingo, a partir das 11h.

BARESDIVULGAÇÃO

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50 Diário de Bordo

RESTAURANTES

COZINHAS INTERNACIONAIS

MACAURestaurante de comida chinesa commais de 100 tipos de pratos variados. Av. Olegário Maciel, 1767, Lourdes.Tel.: (31) 3337-3685. Funciona deterça a quinta-feira, das 11h30 às14h30 e das 18h às 23h30; na sexta-feira, das 11h30 às 14h30 e das 18hà meia-noite; no sábado, das 11h30às 16h e das 18h à meia-noite; e nodomingo, 11h30 às 16h30 e das18h30 às 23h.

AURORARestaurante que mescla a comidamineira e do exterior, com influênciada cultura grega. Rua Expedicionário Mário Alves deOliveira, 421, São Luiz. Tel.: (31) 3498-7567. Funciona de quarta a sábado, a

partir das 19h. e no domingo, domeio-dia às 18h.

MAMMA RITARestaurante de comida italiana comamplo cardápio de carnes, pães, pizzas emassas. Av. Guarapari, 510, Sta Amélia.Tel.: (31) 3427-9575. Funciona deterça a sexta-feira, das 18h àmeia-noite; no sábado, do meio-dia à 1h e no domingo do meio-diaà meia-noite.

UN'ALTRA VOLTARestaurante de comida italiana especiali-zado em molhos e massas. Rua Grão Mogol, 715, Sion. Tel.: (31)3225-0403. Funciona de segunda aquarta-feira, das 18h à meia-noite;

quinta e sexta-feira, das 18h à 1h; eno domingo, das 11h à meia-noite.

SPLENDIDORestaurante cuja cozinha se inspira nonorte da Itália, agregando influênciasfrancesas. Rua Levindo Lopez, 251, Savassi.Tel.: (31) 3227-6446. Funciona desegunda a sexta-feira, do meio-dia às15h e das 19h à 1h; no sábado, das19h às 2h; e no domingo, do meio-diaàs 17h.

COZINHA MINEIRA

FAZ DE CONTARestaurante possui área verde com especopara recreação de crianças. BR-040, Km 548, Entrada para oRetiro das Pedras, Jardim Canadá.Tel.: (31) 3541-8959 Funciona diaria-mente, a partir das 11h.

MARIA DAS TRANÇASRestaurante com serviço à la carte comserviço de caldos e porções.Rua Estoril, 938, São Francisco. Tel.:(31) 3441-3708. Funciona de segunda adomingo, das 11h às 22h.

PIMENTA COM CACHAÇARestaurante à la carte e funciona no quintalde uma casa, com mesas ao redor da pisci-na, sob árvores frutíferas. Rua Camapuã, 420, Barroca. Tel.: (31)3087-6822. Funciona de terça a sexta-feira, das 18h às 23h; sábado, domeio-dia às 23h e no domingo, domeio-dia às 18h.

PESCADOS

BADEJOEspecializado em moqueca capixaba. Rua Rio Grande do Norte, 836, Savassi.Tel.: (31) 3261-2023. Funciona de terça aquinta-feira, do meio-dia às 15h30 e das18h às 22h30; sábado, das 18h às 23h eno domingo, do meio-dia às 17h.

O BARCOA decoração do restaurante é inspiradanum barco e serve porções e tira-gostos. Shopping Del Rey, Av. Carlos Luz, 3001,loja 17, Caiçara. Tel.: (31) 3415-4708.Funciona diariamente, das 11h às 22h.

RESTAURANTES VARIADOS

ALPHINO RESTAURANTEServiço self-service com cardápio variado.Rua Tupinambás, 187, Centro.Tel.: (31) 3224-8349.Funciona desegunda a quarta-feira, das 11hàs 15h; quinta e sexta-feira, das

11h30 às 22h; e sábado, das 11hàs 15h.

CANTINA DO LUCASCardápio variado com opções de saladas,massas, peixes e comida mineira.Edifício Maleta, Av. Augusto deLima, 233, Centro. Tel.: (31) 3226-7153. Funciona de segunda a quin-ta-feira, das 11h às 2h; sexta-feira esábado, das 11h30 às 4h; e domin-go, das 11h à 1h.

FAZENDINHAOs clientes podem ver o preparodos pratos, uma vez que a cozinhafica no meio do salão principal dorestaurante. Possui lista variada depetiscos, pizzas, massas, carnes epeixes. Av. Isabel Bueno, 1082, Jaraguá.Tel.: (31) 3441-0758. Funciona desegunda a sexta-feira, das 17h àmeia-noite, sábado, domingo eferiados, das 11h à meia-noite.

D i á r i o C u l t u r a l

DIVULGAÇÃO

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BARRA LOUNGE DISCOBoate anexa à choperia Barra Beer epossui três ambientes: lounge, bar epista de dança. Av. Presidente Antônio Carlos, 7585,Pampulha. Tel.: (31) 3497-3133.Funciona na quinta-feira, a partir das21h30; sexta-feira e sábado, a partirdas 22h.

CHEIO DE GRAÇA LOUNGE BARA casa é uma mistura de bar e boate commúsicas variadas. Aos domingos, a partirdas 19h, funciona como clube GLS. Av. do Contorno, 5727, Funcionários.Tel.: (31) 3281-4637. Funciona de quartaa sábado, a partir das 21h.

CLUBE DO CHALEZINHOBoate com festas temáticas, dependendo

do dia da semana. Alameda da Serra, 18, Nova Lima,Vale do Sereno, Trevo Seis Pistas.Tel.: (31) 3286-3155. Funciona desegunda-feira a domingo, a partirdas 18h.

FLOR & CULTURA MULTIESPAÇODurante o dia, funciona como floricultura e,à noite, dá lugar a uma boate.Av. Raja Gabaglia, 4678, Santa Lúcia.Tel.: (31) 3296-2414. Funciona de sextae sábado, a partir das 22h; e no domin-go, das 18h às 22h.

RECICLO ASMARE CULTURALCasa decorada com material reciclado eespaço cultural para apresentações deshows e espetáculos. Av. do Contorno, 10.564, Barro Preto.

Tel.: (31) 3295-3378. Funciona de quartaa sábado, a partir das 21h.

A OBRA BAR DANÇANTECasa que toca principalmente rock etendências criativas da música contem-porânea. Rua Rio Grande do Norte, 1168, Savassi.Tel.: (31) 3261-9431. Funciona de quartaa sábado, a partir das 22h.

ROXY / JOSEFINEApesar de funcionarem no mesmo espa-ço, a Roxy é voltada para o público héte-ro, e a Josefine é uma boate voltada aopúblico GLS. Rua Antônio de Albuquerque, 729, Savasi.Tel.: (31) 3269-4405 / 3269-4410. Funcionade quarta a domingo, a partir das 23h.

CASAS DE SHOW

TEATROS

ESPAÇO CULTURAL AMBIENTERua Grão Pará, 185, Sta Efigênia. Tel.:(31) 3227-7331

TEATRO ALTEROSAAv. Assis Chateaubriand, 499, Floresta.Tel.: (31) 3237-6611

TEATRO FRANCISCO NUNESAv. Afonso Pena, s/nº, Parque Municipal.

TEATRO DOM SILVÉRIOAv. Nossa Senhora do Carmo, 230,Savassi. Tel.: (31) 3209-8989.

TEATRO SESI MINASRua Padre Marinho, 60, Sta Efigênia. Tel.:(31)3241-7181.

TEATRO DO SESCRua Tupinambás, 908, Centro. Tel.: (31)9305-1071.

TEATRO DA MAÇONARIAAv. Brasil, 478, Sta Efigênia. Tel.: (31) 3213-4959.

TEATRO DA CIDADERua da Bahia, 1341, Centro. Tel.: (31) 3273-1050.

Diário de Bordo 51

Teatro FranciscoNunes

DIVULGAÇÃO

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D i á r i o C u l t u r a l

DIVIRTA-SE

NO ESCURINHO DO CINEMA:

3ª Mostra Cinema e Direitos Humanosna América do SulNo período de 6 de outubro a 6 denovembro de 2008, a 3ª MostraCinema e Direitos Humanos naAmérica do Sul leva a 12 capitais bra-sileiras o olhar singular de cineastassul-americanos sobre temas, valores edilemas que dizem respeito à dignida-de da pessoa humana. Mais do queisso, essa terceira edição celebra os 60anos da Declaração Universal dosDireitos Humanos, que é, em si, umroteiro, um roteiro para a paz nahumanidade. Um roteiro no qualsomos todos atores e realizadores.Em Belo Horizonte, a Mostra aconte-ce de 27 de outubro a 02 de novem-bro, no Cine Humberto Mauro.

2ª Mostra Cine BH 2008Do dia 30 de outubro a 04 de novem-bro, Belo Horizonte vira palco da ter-ceira edição de cinema brasileiro, pro-movida pela Universo Produções, quepropõe o desafio de discutir a produ-

ção independente de cinema do Brasil,com debates, oficinas e apresentaçõesde filmes e curtas metragens produzi-dos até então. A programação estápautada na discussão sobre o custo daindependência e, dessa forma, discutircom o público, produtores, artistas eamantes da sétima arte as nuancesdesse processo. A Mostra acontece emBelo Horizonte, na Praça Duque deCaxias, no bairro Santa Tereza. Paraoutras informações, consulte o site:http://www.cinebh.com.br

Ônibus 174

Última Parada 174 (2008), do diretor ecineasta Bruno Barreto, sob o roteirode Bráulio Mantovani, que conta a histó-ria de Sandro Nascimento, rapaz mora-dor de uma favela do Rio de Janeiro que,no ano 2000, fez o Brasil parar diante daTV ao seqüestrar um ônibus no bairroJardim Botânico. No elenco estãoDouglas Silva (Patola), André Ramiro(Comandante Souza), Michel Gomes(Sandro Nascimento), Cris Vianna(Marisa), entre outros.

COMER BEM:

Hora do almoçoO restaurante Momo conta com bufêde almoço com cerca de 60 pratosfrios e quentes, entre frios, saladas,massas e grelhados, diariamente, porR$ 29,90, o quilo. Fazem sucesso osalmão ao molho de camarão e o filéde molho de pimenta. Fora a fartaseleção de doces, tortas, sorvetes esobremesas. O Momo fica na avenidado Contorno, 6081, Savassi.Informações: (31) 3282-9823 ou3421-5020.

Rodada de PizzaA pizzaria Mulino fica instalada numapequena loja, dispõe de mesas altas nacalçada e balcões internos. O forno alenha fica à vista dos clientes que podemver as pizzas assando lá dentro, além deacompanhar o preparo das pizzas deperto. Vende pizzas nos sistemas dedelivery e fatias avulsas (R$ 3,30 cada,de segunda-feira a sábado). São oitosabores por dia, tendo como opçõesfixas calabresa, marguerita, vegetariana,à moda, frango catupiri, chocolate,banana e canela, entre outros. A Mulinofica na Rua Sergipe, 1414, na Savassi.informações: (31) 3286-9000.

OrientalO restaurante Tatame prepara receitasda cozinha japonesa e chinesa e funcio-na no sistema de bufê a quilo, totalizan-do 30 opções de pratos. Os sushis,makis e sashimis são feitos na hora porum sushiman. Os pratos seguem a linhatradicional e são apresentados no almo-ço (R$ 42, quilo) e jantar (R$ 49, quilo),diariamente. O Tatame fica na rua GrãoMogol, 872, Sion. Informações: (31)3227-2069.

Filme conta a história do sequestrador

do ônibus 174

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HOTÉIS

Amazonas Palace HotelAv. Amazonas 120 - CentroTel.: (31) 3309-4650

Augustus HotelAv. do Contorno 7090 - LourdesTel.: (31) 3281-5344

Belo Horizonte PlazaRua Timbiras 1660 - LourdesTel.: (31) 3247-4700

Ambassy HotelRua Caetés 633 - CentroTel.: (31) 3279-5000

Brasil Palace HotelRua Carijós 269 - CentroTel.: (31) 3273-3811

BH Plaza HotelRua Timbriras 1660 - LourdesTel.: (31) 3247-4700

BH Lourdes HotelRua Timbiras 1660 - LourdesTel.: (31) 3247-4700

Boulevard PlazaAv. Getúlio Vargas 1640 - SavassiTel.: (31) 3269-7000

Caesar Business BHAv. Luís Paulo Franco 421 - BelvedereTel.: (31) 2123-9898

Caesarea Palace HotelRua Bernardo Guimarães 925 -FuncionáriosTel.: (31) 3263-7000

Classic HotelRua da Bahia 2727 - SavassiTel.: (31)3282-3366

Comodoro Tourist HotelRua Carijós 508 - CentroTel.: (31) 3201-5522

Estoril HotelRua Carijós 454 - CentroTel.: (31) 3201-9322

Évora Palace HotelRua Sergipe 1415 - SavassiTel.: (31) 3227-6220

Frimas HotelAv. do Contorno 2157 - Santa TerezaTel.: (31) 3248-4800

Gran Dayrell Minas HotelRua Espírito Santo 901 - CentroTel.: (31) 3248-1188

Hotel FinancialAv. Afonso Pena 571 - CentroTel.: (31) 3270-4000

Hotel SavassiRua Sergipe 939 - SavassiTel.: (31) 3526-3266

Hotel WimbledonAv. Afonso Pena 772 - CentroTel.: (31) 3222-6160

Ibis Belo HorizonteAv. João Pinheiro 602 - FuncionáriosFone: (0xx31) 3224-9494

Internacional Plaza Palace HotelRua Rio de Janeiro 109 - CentroTel.: (31) 3201-5060

Lorman HotelRua Guarani 165 - CentroTel.: (31) 3201-6100

Liberty PalaceRua Paraíba 1465 - SavassiTel.: (31) 2121-0900

Normandy HotelRua Tamóios 212 - CentroTel.: (31) 3201-6166

Mercure BH LourdesAv. do Contorno 7315 - LourdesTel.: (31) 3298-4105

Ouro Minas PalaceAv. Cristiano Machado 4001 - IpirangaTel.: (31) 3429-4001

Othon PalaceAv. Afonso Pena 1050 - CentroTel.: (31) 2126-0000

Palmeiras da Liberdade HotelRua Sergipe 893 - SavassiTel.: (31) 3263-3500

Quality HotelAv. Afonso Pena 3761 - SerraTel.: (31) 2111-8900

Royal Center HotelRua Rio Grande do Sul 856 - LourdesTel.: (31)2102-0000

Serrana Palace HotelRua Goitacazes 450 - CentroTel.: (31) 3271-0200

Sol Belo HorizonteRua da Bahia 1040 - CentroTel.: (31) 3274-1344

Via Contorno HotelAv. do Contorno 9661 - PradoTel.: (31) 3275-2599

DIVULGAÇÃO

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D i á r i o C u l t u r a l

Pousada Sossego da PampulhaAv. Cel José Dias Bicalho 1258 PampulhaTel.: (31) 3491-8020

Pousadinha MineiraRua Araxá 514 - FlorestaTel.: (31) 3423-4105

Chalé MineiroRua Santa Luzia 288 - Santa EfigêniaTel.: (31) 3467-1576

AJ O Sorriso do LagartoRua Cristina 791 - São PedroTel.: (31) 3283-9325

Pancetti Apart-HotelRua Pernambuco 1045 - SavassiTel.: (31) 3269-1300

Champagnat Apart-HotelRua Santa Rita Durão 1000 - SavassiTel.: (31) 3261-5755

Ianelli Apart-HotelRua Paraíba 1287 - SavassiTel.: (31) 3269-2800

Volpi Apart-HotelRua Levindo Lopes 231 - SavassiTel.: (31) 3281-1036

Guignard Apart-HotelRua Tomé de Souza 1075 - SavassiTel.: (31) 3227-3599

San Francisco Flat ServiceAv. Álvares Cabral 967 - LourdesTel.: (31) 3330-5600

St. Paul Residence ServiceRua São Paulo 1636 - LourdesTel.: (31) 3291-5559

Mercure CasablancaRua Guajajaras 885 - CentroTel.: (31) 3217-8705

Mercure LifecenterRua Cícero Ferreira 10 - SerraTel.: (31) 3280-3700

Mercure My PlaceRua Professor Morais 674 - SavassiTel.: (31) 3281-2191

POUSADAS E FLATS

Page 55: Diario de Bordo n3

Mercure Apartaments Vila da SerraAlameda da Serra 405 - BelvedereTel.: (31) 3289-8100

Bristol Algarve Apart HotelRua São Paulo 1628 - LourdesTel.: (31) 3275-2505

Cheverny Apart HotelRua Timbiras 1492 - CentroTel.: (31) 3274-2366

Forum Apart HotelRua Tenente Brito Melo 472 - Barro PretoTel.: (31) 3290-0950

Bristol Golden Plaza Apart HotelRua Rio de Janeiro 1436 - LourdesTel.: (31) 3273-0330

Bristol La Place Apart HotelAv. Cristiano Machado 1587 - Cidade NovaTel.: (31) 3481-5122

Le Flamboyant Home ServiceRua Rio Grande do Norte 1007 - SavassiFone: (0xx31) 3261-5233

Max Savassi Apart ServiceRua Antônio de Alburquerque 335 -Savassi - Tel.: (31) 2101-6466

Bristol Metropolitan Apart HotelAv. Getúlio Vargas 286 - SavassiTel.: (31) 3281-1049

MK Apart HotelRua Cláudio Manoel 489 - SavassiTel.: (31) 2121-0047

Pampulha FlatAlameda das Latânias 1207 - PampulhaTel.: (31) 3491-8080

Pampulha Lieu Apart-HotelRua Desembargador Paula Motta 187 -Ouro PretoTel.: (31) 3490-3500

Park FlatRua Viçosa 153 - SavassiTel.: (31) 3221-1950

Square Apart-HotelPraça Hugo Werneck 537 - São LucasTel.: (31) 3273-4832

Toronto Tower ResidenceRua Ceará 2001 - SavassiTel.: (31) 3288-2001

Transamérica Flat LourdesRua Bernardo Guimarães 2032 - LourdesTel.: (31) 3290-0933

Villa Emma ResidenceRua Artur Toscanini 41 - SavassiTel.: (31) 3282-3388

Page 56: Diario de Bordo n3

D i á r i o C u l t u r a l

PPeeddrroo DDaavviidd eexxppõõee ffoottooggrraaffiiaass ddee MMiinnaass

O fotógrafo Pedro David visitou, nos últimoscinco anos, os vales do Jequitinhonha, doMucuri e do São Francisco, regiões menosdesenvolvidas de Minas Gerais que aindaguardam algumas tradições culturais, jádesaparecidas em outros lugares. Essasviagens resultaram na coleção de fotografiasRota Raiz, que fica em exposição no EspaçoMari'Stella Tristão, de 18 de outubro a 6 de novem-bro, no Palácio das Artes. A exposição é um confron-to entre toda a coleção de fotografias criadas para oprojeto com a visão crítica e apurada do fotógrafo eprofessor Rui Cezar dos Santos, à partir de seu conhe-cido senso crítico e extenso conhecimento sobre ahistória da fotografia. Horário: segunda-feira, de 18h a21h; terça-feira a sábado, de 9h30 a 21h; domingo, de16h a 21h. Entrada franca.

AArrqquuiitteettuurraa JJaappoonneessaa

Entre 7 de outubro e 16 de novembro a galeriaGenesco Murta, no Palácio das Artes, recebe a

exposição Sejima + Nishizawa / Sanaa: Flexibilidade,Transparência, Amplitude, com curadoria da crítica e

diretora do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio,Yuko Hasegawa. A mostra reúne cerca de 40 trabalhos, e trazalém dos projetos de arquitetura, que serão exibidos atravésde desenhos, fotos e vídeos, mobiliário, como as cadeirasMarumaru (2000), Flower (2001) e Rabbit (2005), e aparelhosde chá e café, pratos e talheres desenvolvidos para a marca ita-liana Alessi. Horário: Segunda, de 18h a 21h. Terça-feira asábado, de 9h30 a 21h. Domingo, de 16h a 21h. Informações:(31) 3236-7400. Entrada franca.

EM FOCO

Sejima +Nishizawa /

Sanaa:Flexibilidade,

Transparência,Amplitude

R ecentemente, a Câmara dosDeputados recebeu o projetode Lei 3.999/08, de autoria

do deputado Nelson Goetten (PR-SC),sobre a obrigatoriedade dos estabeleci-mentos comerciais que vendam bebidasalcoólicas no país, possuírem e ori-entarem seus clientes a realizarem testede bafômetro.

Na justificativa do referido projeto, oparlamentar aponta como causa paramaior controle, a tentativa de persuadir asociedade para não conduzir veículosautomotores sob o efeito do álcool.

Todavia, o projeto de lei emquestão somente vai onerar mais umavez os estabelecimentos comerciais,pois terão que comprar os equipamen-tos que podem custar de R$ 400,00(quatrocentos reais) a R$ 4.500,00(quatro mil e quinhentos reais).

Isto porque, os clientes não são obri-gados a se submeter ao teste, e em umaanálise prática, jamais um comercianteoferecerá ou até constrangerá um clientepara que utilize o aparelho medidor.

Ora, toda empresa visa o lucro, aarrecadação maior de clientes que pro-porcionem maior ganho financeiro. Acompra de tais produtos e a ventilaçãoda possibilidade de utilizá-los vai total-mente contra a qualquer planejamentoempresarial.

Ademais, mais uma vez, aAdministração Pública, incompetente nafiscalização daqueles que abusam dasbebidas alcoólicas, tenta transferir o seudever de polícia, sem lei prévia que oautorize, determine, especifique, oriente eaponte qual entidade particular será dele-gada do poder de fiscalização.

Toda atividade de intervenção admin-istrativa, para ser legítima deve ser regra-da, limitada, passível de controle, e dareserva legal, conforme artigo 5º, II daConstituição Federal.

O poder de polícia está vinculado aalgumas entidades da AdministraçãoPública direta, indireta ou determinadaspessoas jurídicas de direito privado quedesempenhem função pública, logo, nãopode ser generalizado e simplesmente

transmitido à sociedade como meio desuprir ou efetivar o princípio da eficiênciado serviço público mencionado no artigo37 da Constituição Federal.

É indubitável que o projeto de lei emtratamento, viola também a livre iniciativae a própria ordem econômica, prevista noartigo 170 da Constituição Federal, poisserão diversas empresas que serão afe-tadas pela compra do aparelho, suamanutenção e principalmente sua utiliza-ção, que gerará enorme repúdio pelaclientela de cada empresa.

Não obstante aos argumentos já apre-sentados, insta destacar que na própriajustificativa do projeto, o deputado federallembra que a constituição federal não obri-ga que as pessoas façam prova contra simesmas, logo, se através das inter-venções policiais e estatais as pessoasnão se sentem coagidas a fazerem o testedo bafômetro, o que dizer de um particularque não quer ofender seu cliente?

Nosso legislador deve aprender arealizar sua atividade típica com maisrigor, competência, inteligência e estudo.Antes da atual mudança do Código deTransito Brasileiro, pela lei 11.705/08, osmeios de se detectar um motorista bêba-do eram diversos, contudo, atualmente, oteste do bafômetro e o exame de sangue

se fazem necessários, o que dificulta aação policial, em razão das negativas darealização destes.

A antiga disposição legal não eraruim, não precisava nem de ter sido alter-ada a lei para a tão falada “tolerânciazero”, o que sempre faltou e ainda falta éa fiscalização da lei.

Nesse sentido, uma lei que não é apli-cada, efetivada, não sai do papel, torna-se obsoleta, inútil, esquecida. E não adi-anta o legislador tentar transferir o ônusda fiscalização ao particular ao invés detentar consertar seu erro.

Desta feita, a necessidade social dediminuir os acidentes e danos provocadospelo consumo irresponsável de álcool nãopode constituir forma de violação dosdireitos e garantias fundamentais individ-uais, haja vista que cabe ao próprioEstado tutelar e fiscalizar, com a eficiênciaque lhe compete, os infratores da lei.

Murilo Cautiero Abi-AclAdvogado – OAB/MG 99.297

Consultor Jurídico do Sindicato deHotéis, Restaurantes, Bares e Similares

de Belo Horizonte - SINDHORB eAssociação Mineira de Bares,

Restaurantes, Hotéis, Lanchonetes eSimilares - AMIBAR

Da obrigatoriedade dos bafômetros em estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas

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58 Diário de Bordo

Muita gente reclama, outras já gostam,pelo fato de os dias serem mais claros emais longos. No dia 19 de outubro,começou o horário de verão que vai atéo dia 15 de fevereiro de 2009. Durante operíodo, os relógios das regiões Sul,Sudeste e Centro-Oeste foram adianta-dos em uma hora. O horário de verão éválido para o Distrito Federal e os esta-

dos do Rio Grande do Sul, SantaCatarina, Paraná, São Paulo, Rio deJaneiro, Espírito Santo, Minas Gerais,Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso doSul. A expectativa do Operador Nacionaldo Sistema Elétrico e do Ministério deMinas e Energia é que haja uma reduçãode 4% a 5% no horário de pico, o queequivale a uma economia de 2.000 MW.

Àprimeira vista, construir um edifíciode apartamentos e vendê-los, podeparecer uma tarefa descomplicada.

Mas, se analisarmos a legislação brasileiraque trata desse assunto, veremos que não étão simples assim vender imóveis na plantaou em construção.

Vender o que não existe de concretoexige grande credibilidade do construtor. Afunção da Lei 4.591/64 é gerar segurançapara o comprador, para evitar que o mesmonão receba pelo que pagou.

Do projeto de um edifício até a con-cretização da venda de cada unidade,algumas pessoas são envolvidas no pro-cesso. Diretamente, temos o dono doterreno onde será construído o edifício, oconstrutor, o corretor, o agente financei-ro e o comprador, sendo que cada umassume obrigações específicas, logo,

sujeitando-se à legislação pertinente.

IInnccoorrppoorraaddoorrNa venda do imóvel na planta, surge

como essencial a figura do incorporadorpara a concretização do projeto, que é

aquele que promove ou autoriza a venda,assina contratos de promessa de comprae venda, diretamente ou não, de unidade

imobiliária que ainda não tem Habite-se(somente após a obra ser concluída é quea Prefeitura concede o Habite-se), coor-denando e conduzindo o empreendimen-to até sua completa finalização. O incor-porador pode ser pessoa física ou jurídica,comerciante ou não. Ele pode ser o cons-trutor da obra, como também poderá sero corretor de imóveis interessado em via-bilizar o empreendimento e intermediaras vendas ou os donos das frações ideaisque vendem as salas/apartamentos a ter-ceiros antes de concluídos. Outro quepode figurar como incorporador é o pro-prietário do terreno, ou seja, aquele quedeu o terreno em permuta e autorizou avenda das frações pode responder pes-soalmente por tudo de errado que aincorporadora/construtora fizer.

E o que acontece é que algumas dessas

Construtor, será que você é bem assessorado?Kênio de Souza Pereira

Diretamente, temos o dono do terreno onde será construído

o edifício, o construtor, o corretor, o agente financeiro e o comprador, sendo que

cada um assume obrigações específicas

OOrrkkuutt MMiinneeiirroo

O maior site de relacionamento do Brasil, o Orkut,com mais de 16 milhões de usuários no país, será

comandado pelo escritório do Google Brasil na capi-tal mineira, a partir de outubro deste ano. De acordo

com a empresa, a unidade brasileira mostrou quetem capacidade para assumir a tarefa, conforme

anunciou a equipe central do Google, na Califórnia,nos Estados Unidos. Caberá à equipe de Belo

Horizonte toda a parte administrativa do site, bemcomo as estratégias e as melhorias no portal.

HHoorráárriioo ddeeVVeerrããoo

População deve economizar até 5% de energia

ACONTECE

Page 59: Diario de Bordo n3

pessoas, ao assinarem qualquer documen-to que os tornam parte do empreendimen-to, passam a ser titulares de obrigaçõesque, na maioria das vezes, desconhecemtotalmente. E em razão dessa falta deconhecimento específico no assunto,durante a execução do projeto acabamincorrendo em pequenos erros quepodem se transformar em grandes proble-mas por caracterizarem como crimes oucontravenções penais. Uma assessoria jurí-dica especializada pode evitar tudo isso, ouseja, pode resguardar todos aqueles quefazem parte do projeto para que não incor-ram em atos ilícitos e venham a sofrer algu-mas das sanções previstas na Lei nº4.591/64, as quais podem chegar a elevadasmultas de "50% sobre a quantia que efeti-vamente tiver recebido" (§ 5º, art. 35),além de períodos de até longos 04 anosatrás das grades e multa de até 50 saláriosmínimos conforme o artigo 65.

RReeggiissttrrooA venda de unidades sem o prévio

arquivamento das dezenas de documen-

tos da incorporação no Cartório deRegistro de Imóveis, uma propagandaque veicula erroneamente informaçõesque parecem irrelevantes, um contratode compra e venda com uma redaçãoque não observa as diretrizes da lei ouque ignora o Código de Defesa doConsumidor... Basta apenas a ocorrência

de um destes exemplos para que o incor-porador (dono do terreno, incorporador,construtor e corretor) possa ter sériosproblemas e, às vezes, grandes prejuízos,pois a lei impõe que todos são responsá-veis solidários. A maioria das pessoasignoram que a lei determina que o incor-

porador poderá pagar multa de 50% dovalor que tiver recebido, ao adquirente,caso ocorra atraso no registro.

A lei estabelece os procedimentos quedevem ser observados pelos incorporado-res para que seu empreendimento estejarealmente seguro para si e para quem com-pra. Edificar e vender é apenas uma das eta-pas de um bom negócio, sendo fundamen-tal compreender as várias leis aplicáveis aonegócio para que um contrato seja elabora-do de forma adequada. Certamente, amaioria dos incorporadores é séria e hones-ta, mas cabe a eles buscar uma assessoriajurídica que os proteja de riscos decorrentesdo desconhecimento.

Kênio de Souza Pereira Diretor da Caixa Imobiliária - Netimóveis

Advogado Especialista em Direito Imobiliário

Vice-presidente do Sindicato do Mercado Imobiliário

de Minas Gerais (SECOVI-MG)Tel. (31) 3225-5599

[email protected]

Em razão dessa falta de conhecimento específico no assunto, durante a execução

do projeto acabam incorrendo empequenos erros que podem se

transformar em grandes problemas

TTaattuuaaggeemmO jornalista canadense Lane Jensen resolveu dar mais vida a uma tatuagem emsua perna. Assim, decidiu colocar implantes de silicone no desenho de uma mu-lher com seios fartos. A cirurgia inédita, de acordo com o tatuador e body artistBrian Decker, durou 45 minutos. A imagem na perna de Jensen ficou até commamilos. "Pela primeira vez, sinto que estabeleci uma marca importante nomundo do body modification", comemorou o mais novo dono de um par deseios de silicone.

CChheeiirroo ddee ppeerriiggoo

Na dúvida, fique com a tatuagem comum

"Sinto cheiro de perigo no ar". A frase do senso comum é amais pura verdade de acordo com cientistas suiços. Na pontado nariz dos mamíferos, incluindo os humanos, fica uma espé-cie de "bola" de células nervosas conhecidas como "gânglio deGrueneberg". O nome tem origem em Hans Grueneberg,cientista que descreveu a estrutura em ratos em 1973.Pesquisadores da Universidade de Lausanne confirmaram autilidade do gânglio, pelo menos em ratos fluorescentes. Todos

os tipos de organismos, incluindo as plantas, insetos e mamífe-ros, liberam "feromônios de alarme" quando sentem perigo; osferomônios ficam suspensos no ar para advertir os outros.Entre os mamíferos, os estudos ainda não são conclusivos. Oscientistas ainda não identificaram os compostos e não sabemonde, no corpo, eles são produzidos. Apesar disso, os estudio-sos de Lausanne conseguiram coletar feromônios ao estressa-rem os ratos e sugarem o ar em volta deles.

Page 60: Diario de Bordo n3

BBllooggssffeerraaO Technorati, rede social especializada em diretóriosde blogs, publicou recentemente uma pesquisa apon-tando que os blogs foram responsáveis por mais de77,7 milhões de visitantes, únicos na internet, no mêsde agosto, somente nos Estados Unidos. Duas outrasgrandes redes sociais, como Facebook e MySpace,obtiveram, respectivamente, 41 milhões e 75,1 mi-lhões de visitas, ou seja, os blogs já são responsáveispela maior parte da audiência na internet. Pensandonisso, empresas de várias partes do mundo, inclusivedo Brasil, já começam a repensar a publicidade nainternet. Agências de Comunicação e Divulgação emRedes Sociais, principalmente em São Paulo e Rio deJaneiro, há aproximadamente dois anos, já fazem açõesem blogs, como posts pagos ou publieditoriais. Alémdisso, muitas empresas do comércio varejista ofere-cem sistema de parceria de afiliados para que bloguei-ros possam vender os produtos delas nos seus blogs.

ACONTECE

Page 61: Diario de Bordo n3

Diário de Bordo 61

O ANÃO NO METRÔNum vagão de metrô, um anão começou

a escorregar pelo banco e um outro passageiro, solidário, o recolocou na posição. Pouco depois, lá ia o anão

escorregando e o mesmo passageiro orecolocava no assento.Quando a situação

se repetiu pela quinta vez, o homem, já irritado, esbravejou:

-Será que você não consegue ficar sentado direito?

Ao que o anãozinho respondeu:- Meu amigo, há umas cinco

estações estou tentando desembarcar e o senhor não deixa.

CONFIDÊNCIASConversavam as duas amigas:- Milude, descobri como deixar

o marido louco na cama.- Me conta, menina. Qual é o segredo?

- É só esconder o controle remoto.

FÉRIASO homem, de férias, viajava em

seu carro com a família. Sua sogra gritavae gritava sem parar! O sujeito já estavaficando nervoso e a sogra não parava degritar, urrar e espernear. Até que ele nãoagüentou. Parou o carro, desceu, foi até a

traseira, abriu o porta-malas e disse para a sogra, que estava lá dentro:

- Tá bom, pode ir lá na frente com os outros!

RIDÍCULANo ônibus, a passageira grita:

- Por favor, alguém me ajude! Tem algum médico aqui neste ônibus?Responde um homem lá de trás:

- Eu sou médico. Quem precisa de ajuda?E a passageira, com um livrinho de palavras cruzadas na mão:

-Fui eu! Qual é a doença de garganta que tem dez letras?

HEIN?O cara tá namorando uma garota

que tem uma irmã. Um dia, cria corageme vai falar com o pai dela:

- Eu vim pedir a mão de sua filha em casamento.

-Qual delas? A maior ou a menor?- Desculpe, mas eu não sabia que

a sua filha tinha uma mão maior que a outra!

ANÚNCIOEm Angra dos Reis: Precisa-se de rapaz

ou moça para trabalhar em isótopos desintegráveis do núcleo atômico,

medidores de reativos moleculares e fotossintetizadores ciclotrônicos trifásicos.

Não precisa ter nenhuma experiência.Paga-se bem.

CURIOSIDAEPor que nas novelas sempre que alguém

tenta telefonar, nunca dá ocupado e sempre quem atende é a pessoa com

quem se deseja falar?

QUEM É O DONO?O guarda bate na porta de uma casa em

um bairro de classe média:- Esse carro parado aí na porta é seu?

Responde o dono da casa:- É e não é...

- Como assim?- Quando é pra fazer compras é da minhaesposa. Quando é para ir para a discoteca,é da minha filha. Quando é pro futebol, é

do meu filho. Quando é pra pôr gasolina, é meu!

A BORDO DA ALEGRIAMário Brito - Jornalista/Humorista [email protected]

Ter ciúme de

MULHER FEIA é a mesma coisa que colocar alarme em

FIAT 147

IDÉI

AS

E D

ESEN

HO

S/ 9

375-

1575

Page 62: Diario de Bordo n3

BELEZA

E a cada d ia sur-gem novos pro-dutos e serv iços

dispostos a atender anecess idade do públ i -co femin ino. Contudo,

a g rande duv ida é :rea lmente, va le a penainvest i r a l to arr i scandogastos sem retorno ouf icar com os f ios muitoagredidos ?

O mais importante é avaliarcada caso, aproveitando a

experiência de um profis-sional que realmente

entenda doassunto. E,

principal-mente,

q u eseja

de extrema confiança, pois um alisa-mento ou redução de volume feitosinadequadamente trazem um trans-torno muito desagradável. O sonhode cinderela pode acabar se transfor-mando em uma bruxa.

Depois da famosa escova pro-gressiva com formol, muitas mulhe-res hoje amargam o desastre quevirou o cabelo. Segundo o Ministérioda Saúde, o Formol é proibido parauso acima de 0.02%. Em percenta-gem maior, o Formol alisa ou reduzo volume do cabelo, porém a agres-são é muito maior. O processo quí-mico inclui a retirada de toda a umi-dade interna do fio, que, geralmen-te, é de 15% da estrutura capilar,ressecando-o. Um ressecamentoirreversível. Além dos danos aosfios, outros problemas podem serobservados, como intoxicação, e atéproblemas respiratórios. O quemuita gente não sabe é que, no mer-cado, temos várias técnicas e produ-tos legalizados e com registro naANVISA, que oferecem um resulta-do muito bom, sem muitas agres-sões e que preservam a saúde dastão queridas madeixas.

Os produtos mais famosos pararealizar o desejo dos cabelos definiti-vamente lisos têm bases químicas dehidróxido de sódio, hidróxido deguanidina, tioglicolato de amônia ouetanolamina e Thiolamina. Esses últi-mos dão resultado definitivo, desdeque estejam na percentagem autori-zada.Entre as aplicações de maiorsucesso, estão o recondicionamen-to térmico, escova definitiva, esco-va littig, escova orgânica, fhotonhair, alisamento japonês, alisamen-to americano, plástica capilar epor aí vai.

Também existem técnicas eprodutos que dão um efeito

temporário. Em alguns casos, é neces-sário realizar um relaxamento ante-rior, principalmente nos fios maisresistentes. Já naqueles cabelos ondeexista algum tipo de química, ou queestejam levemente danificados, não hánecessidade do relaxamento.

Fique atentaQuando o assunto é o uso de for-

mol, os nomes mais utilizados para astécnicas são reestruturação térmica,plástica capilar, escova inteligente,escova progressiva, escova gradativa.Aqui vale um alerta: o mais importan-te é realmente ter certeza de que oproduto a ser aplicado não contémformol ou se a utilização está abaixode 0,02%, como determinam asautoridades de saúde. Acima dessepercentual, não vale apena arriscar.

Diante de tudo isso, você pode seperguntar: o que fazer? A resposta ésimples. Prefira os princípios ativoscomo queratina, ácidos, proteínas, sili-cones, papaína, aminoácidos, etc. Ocabelo fica muito mais hidratado,muito macio, super sedoso, commuito brilho e muito menos volume.Éimprescindível fazer uma boa hidrata-ção em salão de beleza, no mínimouma vez ao mês, com produtos dequalidade, e ter em casa uma linhaprofissional para manutenção comuso diário ou semanal. Dica impor-tante é também usar cremes de boaqualidade que possam ficar nos cabe-los, permitindo o uso sem enxágüe. Seseu cabelo não é oleoso, você nãoprecisa lavá-lo todos os dias. Lembre-se: quanto mais você lava, mais ocabelo resseca.

Bruno RupfConsultor de imagem e hair design Telefones 2535-3440 /34853440

www.studiorupf.com.br

Cabelos lisosSaiba agora os mitos, verdades e cuidados

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