Diario de um_professor

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da Carla, até porque sempre gostei de “conversar comigo”. Faço isso desde criança. Mas este ano quero usar de uma outra forma, apesar de continuar sendo um espaço para conversar comigo, quero escrever e refletir sobre como aprimorar minha prática como professora, carreira que escolhi por acreditar na importância da educação na vida das pessoas e no poder que nós, professores, temos de alterar a realidade de nosso país, afinal todos os demais profissionais passam por nossas mãos! (Olha eu conversando comigo!)

Mas é bem verdade. Escolher ser professor é escolher trabalhar com a formação humana e não apenas ensinar os conteúdos das matérias. Hoje sabemos o quanto cada menino e menina aprendem a partir do nosso exemplo. Assim, sempre que penso o quanto ter escolhido esta profissão me ajuda a me conhecer melhor, a ser uma pessoa melhor (melhor no sentido nobre da palavra), penso que é isso que quero compartilhar com meus alunos – aliás, não só com eles, mas com a escola inteira. Já pensou se nós, professores, conseguíssemos mobilizar toda a comunidade escolar e as famílias para compreender a importância de trazermos juntamente com as disciplinas acadêmicas – como Português, Matemática etc. – também os valores? Afinal, estes vão contribuir para que nossos alunos se tornem pessoas que, efetivamente, vão colaborar para a construção de um mundo melhor! É importante acreditarmos que nossos alunos serão agentes de mudança para este mundo. A educação é o caminho para isso! Até porque os valores estão presentes em muitas das dinâmicas de trabalho na sala de aula.

Agora vou me arrumar para ir ao cinema com a Carla. Amanhã, não posso esquecer de procurar no dicionário o significado das palavras “ética” e “moral”.

Adorei ganhar este diário

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fui buscar algumas definições no dicionário que, ao contrário do que muitos ainda dizem, não é o “pai dos burros”. É a melhor opção para dar sentido e significado a muitas palavras que não entendemos ou que não conhecemos. (Nota importante: ensinar as crianças a usar o dicionário – SEMPRE!)

Engraçado, usamos muito estas palavras, mas pouco paramos para pensar na essência de sua estrutura, em sua etimologia. Simplesmente as repetimos, repetimos, e elas acabam se tornando jargões (variedade da língua usada entre pessoas de um mesmo grupo profissional ou social), e perdemos a oportunidade de concretizar os significados dessas palavras em nosso cotidiano escolar! Não quero mais apenas usar essas palavras, quero que as crianças sintam, reflitam, ajam e se apropriem dos conceitos que elas expressam!

Mas toda esta minha inquietação começou quando sentei para escrever meu planejamento para este ano letivo e defini que este diário seria meu “suporte” de registro e reflexão. Enquanto pensava sobre o que escrever, abri o jornal e me deparei com algumas notícias que, apesar de não estarem diretamente relacionadas à escola, estão intimamente ligadas aos valores que acredito serem essenciais na formação humana.

Separei algumas notícias e reportagens que quero ler com calma amanhã...

Para organizar minhas ideias,

Ética: parte da filosofia que estuda

a moral e as obrigações do ser

humano.

Moral: conjunto de valores espirituais

e normas de conduta de uma pessoa

ou grupo que são considerados

bons ou aceitáveis. O que se

considera adequado em relação aos

padrões de uma sociedade.

Terça-feira

respeiTo ao

ambienTe

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os textos que separei ontem. Resolvi colá-los aqui no diário e fazer minhas reflexões.

Pessoas que dividem o pouco que têm com quem não tem nada...

Que bela atitude!!

Muito interessantes

As tragédias provocadas pelas chuvas

que se abateram sobre algumas cidades

das regiões sul e sudeste revelaram

fatos incríveis. Gente que despertou

na noite com suas casas sendo levadas

por avalanches de lama e pedras, que

perdeu até os documentos, mas que

milagrosamente se salvou.

Imagens dramáticas exaustivamente

mostradas pela mídia revelam situações

de extrema violência da natureza contra

os desafios do homem. Sábia, ela se

mostra implacável contra o planeta

que não soube e ainda não aprendeu a

respeitá-la.

Foram-se os dedos, mas ficaram os

anéis. São milhares de desabrigados,

desalojados, órfãos. Gente que teve a

vida mudada em questão de minutos e

que hoje sobrevive graças à solidariedade

da sociedade brasileira, que sabe agir nas

horas ruins e que consegue muitas vezes

dividir o indivisível para auxiliar quem

está em situação pior.

Exemplo disso, em Campos, foi

relatado por agente da Defesa Civil

que recebeu das mãos de uma criatura

extremamente carente um copo

descartável de água para ser enviado a

Santa Catarina. É gesto como esse que

nos dá força para acreditar que este país-

-continente tem solução. Um dia vamos

chegar lá!

Esses milhares de sobreviventes,

hoje flagelados, são a prova cabal de

que para tudo que tem vida há uma

nova chance. Das cinzas, com ajuda,

apoio e compreensão da sociedade, eles

certamente irão alçar voo novamente. Da

lição que fica, destaca-se principalmente

o respeito que se deve à natureza (que

dita as normas e é absolutamente

incontrolável).

Dos tristes episódios, fica outra

lição: a de que os governantes devem

agir com a razão, pois a maioria dessas

casas que desabaram estava em regiões

já condenadas. Uma lição que nunca

poderá ser esquecida.

Antonio Luiz Schiavo Júnior -

[email protected]

Marcados para viver

QUarTa-feira

respeiTo ao

ambienTe

solidariedade; generosidade

responsabilidade; cidadania

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Esse tipo de texto é bem legal para propor uma discussão com os alunos. Nesta situação eles podem apresentar seus pontos de vista, ouvir opiniões diferentes das suas, colocar-se no lugar do outro. O que eles fariam se fossem o caminhoneiro? Como se sentiriam (ou se sentem) quando perdem algo que é importante para si mesmos?

O que fariam se fossem a pessoa que perdeu o dinheiro e o recebeu de volta de alguém que o encontrou?

Puxa, como é bom poder organizar o pensamento a partir de um texto. Nem sempre percebemos como eles podem nos ajudar em sala de aula! Adorei!

Nota importaNte: empregar atualidades no dia a dia da sala de aula! A escola não pode isolar-se do mundo do qual faz parte!

Terça, 23 de dezembro de 2008

Caminhoneiro devolve R$ 240 encontrados na rua

Entregadora Marta Luchini ficou muito grata com a atitude do caminhoneiro

(Da Redação) - O caminhoneiro Nelson Francisco de Oliveira devolveu

R$ 240,00 encontrados em uma bolsinha jogada em uma rua no bairro

Vila Nova. Nelson conta que na sexta-feira ele estava de bicicleta indo

para a casa de um amigo quando viu o objeto. “Eu ainda pedalei mais

um quarteirão quando resolvi voltar para ver o que tinha dentro da

frasqueira”, disse o caminhoneiro. Quando chegou em casa, ele e a

mulher, Nadir, contaram o dinheiro e procuraram alguma referência do

dono do valor. “Na bolsinha tinha o telefone de uma farmácia, mas como

estava chovendo, não conseguimos manter contato”, afirma Nadir.

No dia seguinte cedo, Nadir ligou novamente para a farmácia e

descobriu que o dinheiro era pagamento de algumas entregas de

mercadorias. Nelson diz que nem cogitou a possibilidade de não

devolver o valor. “Este dinheiro nunca foi meu. A pessoa que perdeu

também devia estar precisando, principalmente sendo perto do Natal”,

contou ele.

A entregadora Marta Aparecida Luchini agradeceu a atitude do

caminhoneiro e quis dar uma recompensa. “Até ofereci um dinheiro

para ele. Mas o Nelson recusou. Ele teve uma bela atitude”,

finalizou a entregadora.

o QUe deveria ser Uma ação roTineira vira noTícia! são poUcas as pessoas honesTas?

generosidade, cidadania,

responsabilidade

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pois minha cabeça estava “fervendo”. Como trabalhar valores com meus alunos? Percebo que será uma tarefa difícil; porém, estou bastante entusiasmada, tanto que já organizei uma pauta para sugerir na reunião com os demais professores. Retorno na segunda- -feira. Nem vejo a hora!

1. Por que trabalhar valores na escola?2. Como trabalhar valores na escola?

3. Quais os benefícios educacionais ao se trabalhar com valores?4. Como decidir quais valores devem ser trabalhados?5. Como envolver a comunidade de pais neste trabalho para que compreendam a importância desta temática?

Ontem não escrevi,seXTa-feira

Início de ano sempre vem acompanhado de fôlego novo!

A gente se parece com os alunos! A reunião não começava porque todos queriam falar sobre as férias, afinal quem não quer ter um “espaço” para compartilhar com os colegas o que fez nesse período? Foi até interessante, pois fiquei pensando se dou tempo suficiente para meus alunos também compartilharem o que fizeram no período de férias.

Lembro que quando era criança, as professoras propunham como tema de redação “Minhas férias!”. A intenção era boa, mas o que eu queria era contar para os meus amigos, não para o papel! Olha o valor do diálogo e da interação!

Enfim, conseguimos nos reunir, e o encontro foi muito produtivo, pois eu tinha levado minhas inquietações – que chamei de pauta –, e os demais professores trouxeram outros questionamentos, bem alinhados à reflexão que eu propunha. Alice, professora do 2º ano, foi d+ (como diriam os alunos). Ela se questionou, e questionou a nós todos, sobre o quadro de “combinados” que fazemos todo início de ano e que, geralmente, apenas decora nossas paredes, pois efetivamente não percebemos alteração na atitude das crianças. Ela propôs que todos nós pegássemos nossos cartazes e comparássemos o que tinha sido listado. Foi um espanto geral. Todos eram muito parecidos.

Que bom reencontrar todo mundo.segUnda-feira

o QUe deveria ser Uma ação roTineira vira noTícia! são poUcas as pessoas honesTas?

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Por exemplo: em todos constava a frase “LEVANTAR A MÃO PARA FALAR”.

Começamos a refletir sobre por que fazíamos estes cartazes e como eles poderiam nos ajudar nas reflexões com as crianças.

Outra coisa nos chamou a atenção. Praticamente todos os cartazes tinham estas frases:

Por que durante os cinco anos do Ensino Fundamental I as crianças não se apropriaram destes combinados? Será que damos espaço para legitimar este tipo de trabalho?

Em nossa reunião de amanhã continuaremos essa discussão...

Jogar o lixo no lixonão bater nos colegasnão gritarnão correr na classenão xingarnão apontar o lápis no chão

O cartaz indica o que pode ou o que não pode ser fei to?

Só combinamos o que não pode ser feito?

Alguns professores trouxeram livros sobre os temas discutidos ontem. O início da reunião estava uma agitação só! Soninha, professora do 1º ano, compartilhou conosco o fato de que usava as palavras “regras” e “combinados” como sinônimas e perguntou se estava correto. Sugeri que recorrêssemos ao nosso velho conhecido, o dicionário.

A equipe estava superanimada!

Regra: aquilo que se deve cumprir ou respeitar.

Combinado: pacto realizado com alguém.

Terça-feira

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A partir de nossa discussão sobre esse assunto, ficou claro para toda a equipe que as regras não são construídas pela turma. As regras são estabelecidas por alguém (a autoridade, que pode ser a escola, a professora, os pais) para garantir a segurança, a organização e o bem--estar de todos. Devemos estabelecer regras para as crianças desde o primeiro dia de aula – andar devagar nas escadas, ter horário para iniciar a aula, para ir para o recreio, para tomar lanche etc.

Já os combinados, estes sim estabelecidos em comum acordo com as crianças, em geral partem de uma regra estabelecida (como vamos fazer isso?) ou de uma necessidade específica do grupo.

Norma, professora do 4º ano, falou uma coisa que contribuiu muito:

as regras são

esTabelecidas por algUém.

os combinados são feiTos

com algUém.

regra: manTer a sala de aUla limpa. isso não é combinado com a TUrma.

é regra da escola, esTá relacionado ao valor de aUTocUidado, de respeiTo a si mesmo, ao oUTro e ao ambienTe; responsabilidade com o espaço de Uso coleTivo. garanTe o direiTo de Todos de Trabalhar e de esTUdar em Um ambienTe agradável e saUdável. combinado: cada TUrma pode esTabelecer Um combinado específico para garanTir

o cUmprimenTo dessa regra.

Discutimos que as regras devem ser explicadas aos alunos para que entendam que foram elaboradas para garantir os direitos de todos.

Pensamos em trazer alguns documentos oficiais, como o Código Nacional de Trânsito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), pois eles mostram claramente o que são regras e por que existem.

Celso, professor do 5º ano, deu um exemplo muito pertinente:

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Por exemplo: uma turma combina que cada um levará seu lixo para o cesto de lixo

outra, que o ajudante ficará encarregado de recolher o lixo de cada grupo no final de cada aula

outra organizará equipes que farão a arrumação da sala no final do dia – varrer o chão, passar pano úmido nas carteiras etc.

Esses combinados devem estar de acordo com o que as crianças dão conta de fazer; assim, a complexidade aumenta à medida que elas conseguem absorver mais desafios. (Olha os valores novamente – solidariedade, cooperação, autonomia, participação e cidadania.)

Alice perguntou se era necessário ter um combinado específico em relação à limpeza da classe se a sua turma já tivesse como hábito manter o espaço limpo. Claro que isso gerou mais discussão. E foi legal, pois quando ouvimos opiniões diferentes das nossas precisamos reelaborar nossas ideias e argumentar para defendê-las. Nessa discussão concluímos que:1. Não adianta montar o cartaz de combinados sem conhecer

a turma. É preciso que as crianças percebam a necessidade desses combinados, que surgirão a partir de situações que não propiciam a organização das aulas ou que não estão de acordo com as regras existentes na escola.

Se as crianças trouxerem a necessidade de muitos combinados, é preciso eleger, coletivamente, um certo número deles (três, por exemplo) que serão o foco de reflexão com a turma. Devemos estabelecer as prioridades e trabalhar diariamente.

No final de nossa reunião, Norma sugeriu que discutíssemos amanhã sobre Direitos e Deveres. Todos toparam... até porque faz todo sentido, por conta do rumo que nossas conversas estão tomando.

Ah! Tive uma ideia! Como trabalharemos com essa temática amanhã, vou levar um CD que tem uma música que vai encaixar direitinho na discussão.

2.

Trabalho com valores deve ter a mesma regularidade que damos ao trabalho com as disci plinas, até porque um faz parte do outro!

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pedi para que ouvissem a música que eu tinha levado. A letra da canção realmente ajudou, e muito, a refletirmos sobre valores. Todos ficaram sensibilizados, não vejo a hora de usá-la com os alunos! Vai ser muito bom!

Foi supergostoso começar o dia cantando.

Nota importaNte: utilizar recursos diversificados nas aulas com as crianças.

Quando todos chegaram,

Direitos e Deveres - Toquinho

Crianças: iguais são seus deveres e direitos.

Crianças: viver sem preconceito é bem melhor.

Crianças: a infância não demora, logo, logo

vai passar,

Vamos todos juntos brincar.

Meninos e meninas,

Não olhem religião nem raça.

Chamem quem não tem mamãe,

Que o papai tá lá no céu,

E os que dormem lá na praça.

Meninos e meninas,

Não olhem religião nem cor.

Chamem os filhos do bombeiro,

Os dois gêmeos do padeiro

E a filhinha do doutor.

Meninos e meninas,

O futuro ninguém adivinha.

Chamem quem não tem ninguém,

Pois criança é também

O menino trombadinha.

Meninos e meninas,

Não olhem cor nem religião.

Bons amigos valem ouro,

A amizade é um tesouro

Guardado no coração.

QUarTa-feira

Foi Soninha quem explicou que para garantir os direitos das pessoas, definiram--se os deveres. Ela foi até a lousa e elaborou um quadro bem interessante relacionando Direito, Dever, Regra e Combinado.

direiTo dever regra combinadoEstudar em um espaço limpo e organizado

Manter a sala de aula limpa e organizada

No final do dia, varrer a sala e deixar as mesas organizadas

Equipe de trabalho para organizar e varrer a sala

Ser respeitado Respeitar a todos

Respeitar a todos da comunidade escolar

Dar atenção a quem fala

respeiToJUsTiça

igUaldadeeQUidade

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Lembrei que, quando comecei a dar aula, os desentendimentos que ocorriam entre meus alunos me deixavam aflita e insegura. Pensava que isso ocorria porque eu não sabia “ser firme” com as crianças (tinha medo de ser rotulada de “mole”). Depois aprendi que quando estamos em grupo, os conflitos são inevitáveis.

Nota importaNte: nas assembleias, temos oportunidade de trabalhar com valores em situações reais e não “cenários” idealizados.

A equipe ficou animadíssima em implantar as assembleias de classe para garantir que as crianças falem das situações cotidianas, das que são positivas, das que agradam e das que prejudicam ou incomodam. Através das assembleias poderei conhecer melhor cada um dos alunos, observá-los falando de seus problemas, buscando soluções para as situações conflituosas e aprendendo a ser e a conviver em grupo com maior autonomia.

Ficou acordado entre nós que os combinados de classe serão construídos a partir das demandas apresentadas nas pautas das assembleias de classe. A implantação das assembleias será uma das primeiras propostas que vamos elaborar.

Hoje foi o dia deQUinTa-feira

“colocarmos a mão na massa”. Começamos a elaborar as propostas, que neste caso são atividades sequenciadas. Antes de iniciarmos, retomamos a diferenciação entre algumas atividades que realizamos em sala de aula.

Taí Um bom

desafio!

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As atividades sequenciadas que vamos elaborar estão focadas na construção de valores, ou seja, focadas no saber ser. No ano passado revimos o relatório da Unesco (Jacques Delors) que estabelece quatro pilares para a educação no século XXI. Elaboramos até uma síntese de cada um dos pilares: Aprender a conhecer – visa ao desenvolvimento do desejo, das capacidades de aprender e de acessar as informações na busca de conhecimento. Este é um processo que não acaba e se liga cada vez mais à experiência do trabalho, à proporção que este se torna menos rotineiro.

Aprender a fazer – conhecer e fazer são indissociáveis. O domínio de técnicas e procedimentos é essencial na busca de conhecimento, assim como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos.

Aprender a viver juntos – visa ao desenvolvimento da compreensão do outro e da percepção das interdependências, no sentido de realizar trabalhos comuns e saber resolver conflitos.

Aprender a ser – a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, isto é, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Cabe à educação conferir a todos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos do seu próprio destino.

aTividadesseQUenciadas

aTividadespermanenTes

o QUe são? Situações didáticas articuladas

Situações didáticas

obJeTivo Trabalhar conteúdos pré--selecionados por nível de dificuldade

Construir atitudes e desenvolver hábitos

Tempo de dUração

Variável Horários fixos diários, semanais ou mensais

eXemplos Atividades organizadas para que o aluno compreenda conceitos

Hora da história, assembleias de classe

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E depois de um “toró de parpites” (no qual cada um de nós foi falando os valores que considerava importante trabalhar com as turmas) organizamos um esquema com os valores que destacamos como mais pertinentes e abrangentes para serem trabalhados com nossos alunos.

Foi bem engraçado, pois chegar a um consenso não foi fácil, mesmo para um grupo de adultos. Soninha disse que muitas e muitas vezes conduziu seu grupo para as respostas que ela desejava, e que, se os alunos caminhassem para algo que ela não tinha “controle”, sentia-se incompetente. Ela provocou a todos nós, que nos enxergamos em seu relato.

Celso foi para lousa e fez o “esboço” de nosso esquema. Assim todos pudemos visualizar o resultado de tanta discussão.

“Os valores são implícitos em um projeto

educativo. São os valores de pessoas

autônomas que caminham para a liberdade,

valores de empatia, de solidariedade, de

escuta… Acretito que o papel da escola

vai muito além de alfabetizar: temos de

conscientizar as pessoas de seu papel no

mundo.” Marian Baqués

Celso aproveitou que estávamos retomando os quatro pilares da UNESCO e nos mostrou o Projeto PAI – Pensamento, Ação e Inteligência, de Edições SM. O projeto trabalha esses quatro pilares de forma integrada. Ele pediu para anotar na lousa uma frase do autor desse projeto que poderia inspirar nossas discussões a respeito do trabalho com valores. Gostei tanto da frase que resolvi registrar:

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saber ser

respeiTo

aUToconceiTo

responsabilidade

diálogo

liberdade

amizade

JUsTiça

solidariedade

Interessante foi a opção por colocarmos Saber Ser como eixo central, que se abre para valores e palavras correlacionadas.

Definimos que nossa primeira proposta será desenvolvida para a implantação das assembleias de classe. Consideramos que implantar assembleias em nossa rotina escolar dará significado a esse trabalho com valores, já que procuraremos, através das demandas dos alunos, trabalhar os valores preestabelecidos e organizados em nosso esquema.

equilíbrioequidadeigualdade

Hoje organizamos a proposta para implantação das assembleias em nossa escola. Fiquei tão orgulhosa de fazer parte desta iniciativa!

seXTa-feira

lealdadepartilha

companheirismo

autonomiaindependência

harmoniainteração

compreensão

cidadaniaparticipação

cuidadoaceitação

a si prórpioao outro

ao ambiente

colaboraçãocooperação

generosidade

esTe esQUema

ficoU mUiTo bom!

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Sensibili zaçãoLeitura da fábula “A assembleia dos ratos”. Formaremos uma roda para realizar a leitura, introduzindo assim o ritual para a realização das assembleias (todos devem se enxergar). Fiz uma versão da fábula para todos usarem.

Era uma vez uma ninhada de ratos que vivia com medo de um gato. Todos os dias ele assustava os ratos e colocava suas vidas em risco. Marcaram uma assembleia para encontrar uma maneira de acabar com aquele problema.

Proposta 1 - implantação das assembleias de classe

Evidências iniciais

Falta de um espaço legitimado para o diálogo e a resolução de conflitos

Disciplinas envolvidas

Português/ História/ Matemática

Objetivos gerais Refletir sobre valores Refletir sobre atitudes Entender os direitos e deveres – individuais e coletivos

Objetivos específicos

História, Português Desenvolver a linguagem oral Desenvolver a escuta atenta do outro Desenvolver a argumentação Desenvolver a defesa de diferentes pontos de vista

Matemática Levantamento de dados Construção de gráficos Análise de dados Resolução de situações-problema

História Identificar as principais características de documentos reguladores (regras de convivência)

Analisar documentos históricos que evidenciam a prática de assembleias por sociedades

Regularidade 1 vez por semana (rotina estável)

Duração estimada

aproximadamente 1 hora

Material de apoio

Papel kraft Papel pautado Cola

Fita adesiva Caneta hidrocor grossa

— norma fez Um QUadro de pregas

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Trouxeram muitas propostas de solução, mas nenhuma era aprovada. Depois de muitas horas, um jovem e esperto rato levantou-se e deu uma excelente ideia: pendurar um pequeno sino no pescoço do gato. Desta forma, sempre que o gato estivesse por perto eles ouviriam o sino e poderiam fugir correndo. Todos os ratos bateram palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um velho rato que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se e falou que o plano era muito inteligente e ousado. Mas que ele tinha uma dúvida: quem ia pendurar o sino no pescoço do gato?

Moral da história: Falar é fácil, fazer é que é difícil.

Sequência de atividadesReconto oral: as crianças contam com suas palavras a história e expõem as diferentes interpretações e o que compreenderam.

Ampliação de vocabulário:O que quer dizer a palavra “assembleia”?Levantar o significado a partir da compreensão da fábula.

Registro da fábula: Pauta da assembleia Proposta apresentada Execução da proposta Ilustração

Busca de soluções e registro: Se você fizesse parte desta assembleia, que outras propostas apresentaria?

Abrir uma roda para exposição e discussão das propostas apresentadas.

Como determinar pr ior idade e relevância Para decidir a relevância do que levar para a assembleia usamos a Matemática. É importante ensinar aos alunos que as demandas levadas para a assembleia precisam basear-se em fatos e não em percepções (já que estas são pontos de vista).

Lei tura de documentos reguladores (referências nacionais, regionais ou locais): Estatuto da criança e do adolescente (ECA) Código Nacional de Trânsito Regimento da escola (direito e deveres dos alunos)

(Selecionamos apenas alguns trechos para ilustrar e comparar com a leitura da “Assembleia dos ratos”.)

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Preenchimento do quadro da assembleia: a proposta é a familiaridade com as nomenclaturas propostas:

eU feliciTo eU criTico eU sUgiro Colegas que guardaram os jogos depois de usar

As brincadeiras desta semana

Colegas que mexem no material dos outros

Colegas que brigam no jogo de futebol

Quando alguém quiser usar o material do outro tem que pedir emprestado

Quem brigar não joga mais

Escrever situações que agradam e que merecem ser destacadas como positivas

Escrever situações que devem ser respensadas, revistas e discutidas

Escrever sugestões que devem ser respensadas, revistas e discutidas

Mostrar alguns dados e construir tabelas para analisar. Com as amostras, determinar a relevância. Observar e coletar dados na área externa da escola. Listar o que foi visto. Por exemplo: 35 papéis pelo chão, 6 torneiras pingando, 5 vasos sanitários sujos.

Tabular os dados, analisar a relevância e propor soluções para os três itens. Eleger a ordem de importância a partir dos critérios estabelecidos: número de pessoas impactadas custo financeiro da ação tempo para sanar a questão número de pessoas para garantir a resolução

Com este exercício – breve, porém muito eficiente –, os alunos poderão perceber que quando trabalhamos para promover o Saber Ser, temos que ter em mente sempre as seguintes questões:

1. Como eu posso contribuir para garantir a qualidade do meu convívio?2. Como posso contribuir para promover a qualidade do convívio coletivo?3. Como todos nós podemos fazer para que os diferentes espaços que

habitamos sejam agradáveis e limpos?

(observação: combinar com os alunos que no dia seguinte será inaugurado um mural com os registros que eles começarão a fazer diariamente para serem discutidos na assembleia. As crianças deverão

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eU feliciTo eU criTico eU sUgiro Colegas que guardaram os jogos depois de usar

As brincadeiras desta semana

Colegas que mexem no material dos outros

Colegas que brigam no jogo de futebol

Quando alguém quiser usar o material do outro tem que pedir emprestado

Quem brigar não joga mais

Avaliação Avaliar faz parte de todo o trabalho que pretendemos fazer. Aliás, é preciso garantir o processo avaliativo, afinal é apenas avaliando todo o processo que poderemos validar e verificar os próximos passos. Combinei com os outros professores que vamos avaliar:

1. a contribuição individual de cada aluno no momento da assembleia2. o “poder” de escuta de cada membro durante a assembleia3. a qualidade das propostas feitas (solução dos problemas apresentados)4. a qualidade das reflexões nos alunos durante as discussões

Lembrar: combinamos entre nós, professores, que teríamos um caderno para fazer as anotações sobre os critérios avaliativos que estamos propondo, pois nem sempre podemos confiar na memória. Fazer registros durante e ao final de cada assembleia nos ajudará a entender como melhor conduzir esta nossa proposta de sistematizar o trabalho com assembleias em nossa escola.

registrar aspectos que observam de positivo e os conflitos que identificam em suas rotinas.)

Nota importaNte 1: estabelecer o dia da semana em que acontecerá a discussão dos registros.

Nota importaNte 2: vou optar pela sexta-feira, já que encerramos oficialmente a semana.

Organização das assembleias: a organização dos alunos para a realização da assembleia ficou combinada da seguinte forma: 3 alunos – relatores dos registros (felicitação, crítica e sugestão) 2 alunos – redatores da ata (caderno onde serão registrados os acordos firmados)

1 aluno – organiza a ordem de fala os demais participam da roda e os ajudantes vão se alternando para que todos possam assumir diferentes papéis durante este exercício.

Nota importaNte: percebo que minha turma poderá, a cada assembleia, exercitar os diferentes valores de nosso esquema. A assembleia servirá como uma porta de entrada para outras unidades didáticas que ajudarão a desenvolver valores com os alunos!

Forma de sociali zação com a comunidade escolar/famíliaCompartilhar esta nossa iniciativa com a comunidade escolar será algo necessário para conseguirmos mais aliados ao nosso trabalho com valores, pois, quanto mais pessoas conhecerem esta proposta pautada em valores, mais poderemos realizar um trabalho efetivo. Assim, pensamos em algumas ações:

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Evidências finais (ou seja, como o cenário foi alterado):O trabalho com as assembleias ajudará os alunos a exercitarem valores essenciais para a formação humana.

organizar uma reunião para apresentar para os pais os valores que serão trabalhados durante as assembleias e discutir com as famílias a importância do trabalho conjunto

organizar uma assembleia em um dia de reunião de pais gravar algumas assembleias para compartilhar com as famílias organizar uma assembleia, coordenada pelas crianças, para realizar com os pais

Agora vou dormir, pois hoje foi um dia de muita organização em todos os sentidos, afinal todos nós estamos alinhados e acreditamos que o trabalho com valores será o grande diferencial na formação dos nossos alunos e para nós também.

Na próxima semana começaremos as aulas. É o momento de implantar as assembleias e desenvolver as propostas em valores como justiça, solidariedade, responsabilidade; enfim, todos os oito valores que elegemos. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas não podemos negar que esta discussão está mexendo muito com todos nós!

Lembrar: realmente, nossa proposta de escolher a assembleia como porta de entrada para o trabalho com valores foi uma ótima decisão.

Nunca imagineisegUnda-feira

que o trabalho com o texto

“Assembleia dos ratos” fosse ficar tão legal. Tão bom quanto idealizar é poder realizar!

As crianças gostaram da história e se envolveram na busca da resolução do problema dos ratos.

Uma fragilidade evidente durante a realização da proposta foi a dificuldade de ouvir e ser ouvido. Assim, conversando com Norma decidi trabalhar com o valor “diálogo” deste nosso esquema.

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Proposta 2 – diálogo: onde tudo começa

Atividades Telefone-sem-fio e jogo da mímica

Evidências iniciais

Dificuldade em ouvir com qualidade os colegas Organizar a estrutura do raciocínio para colaborar nas discussões

Disciplinas envolvidas

Português

Valor trabalhado

Diálogo

Objetivos gerais Entender os direitos e deveres – individuais e coletivos Exercitar a escuta Valorizar diálogo

Objetivos específicos

Português Desenvolver a linguagem oral Desenvolver a argumentação

Duração estimada

2 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Cadeiras enfileiradas Cadeiras em semicírculo Tiras de papel

Caneta hidrográfica grossa

2 caixas de papel

Sequência de atividades Jogo: telefone-sem-fio Escrever frases em tiras de papéis e colocar em duas caixas. As duas caixas devem conter as mesmas frases.

Organizar os alunos em duas fileiras com números iguais de participantes.

Escrever na lousa ou em um cartaz as regras do jogo, compartilhar e verificar o entendimento dos participantes.

Terça-feiraOrganizei a proposta com o valor “diálogo”

a partir de duas brincadeiras bem conhecidas das crianças (telefone-sem-fio e mímica) e que muito ajudarão os alunos a exercitar a reflexão sobre este valor.

Resolvemos nomear todas as propostas, com títulos que instigassem não só os alunos como a todos nós também.

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Iniciar o jogo com a leitura das frases pelo 1º participante e passando para frente até chegar ao último, que deve falar em voz alta a frase ouvida.

A frase é conferida com a tira de papel que contém a frase original. Ganha ponto o grupo que conseguir falar a frase na íntegra, sem nenhuma troca.

Nota importaNte: após cinco rodadas, finalizar o jogo e listar na lousa as dificuldades para a realização. Questionar sobre os desafios para o grupo realizar o jogo: o que poderia ter ajudado, por que e o que eles verificaram como essencial para a realização do jogo.

Percebi o quanto brincar de telefone-sem-fio ajudou o grupo a refletir sobre a questão do diálogo. Organizei em tópicos na lousa “os comentários dos alunos”: Realmente é difícil ouvir, pois eu estava mais preocupada em passar a frase para frente

Eu fiquei tão atenta em ouvir a frase que o Pedro falava no meu ouvido, mas não consegui passar para a Camila exatamente o que ele tinha dito e isso me deixou muito ansiosa

Professora, como é difícil ouvir, eu sempre estava mais preocupado em falar

Falar sempre é mais fácil que ficar atento quando alguém está falando

Eu nunca tinha parado para pensar sobre saber ouvir e quando falar

Para continuar este aquecimento com os alunos sobre o diálogo, alterei o jogo para uma situação de não diálogo. A mímica provocaria outros sentimentos e a minha ideia era comparar justamente as duas análises e fazer uma reflexão final.

Para trazer elementos de nossa rotina propus que as mímicas fossem sobre os títulos dos livros que temos na classe ou sobre títulos de histórias que eles já conheciam.

Jogo: mímica Fazer uma lista de livros lidos ou conhecidos pelos alunos (títulos) Escrever em tiras de papel Em uma caixa, colocar os títulos dos livros Em outra caixa, colocar o nome dos alunos em tiras de papel dobrados Todos devem se sentar em semicírculo

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Com a proposta do jogo de mímica, a turma trouxe novas reflexões para o nosso quadro de anotações: Com a mímica ficou mais difícil para mim Para mim também, eu não conseguia encontrar os gestos para que todos entendessem o que eu queria dizer

Vai dando uma agonia, ninguém acertava e eu não podia falar Eu senti como eu gosto de falar Eu senti como é importante e mais fácil falarmos

Com esta última reflexão, comecei a fazer as conexões entre as duas brincadeiras para que os alunos pudessem perceber, e eles realmente perceberam, o poder do diálogo. A proposta era valorizar o diálogo como forma de expressão e um valor a ser compreendido.

Fiquei pensando, depois, quantas e quantas vezes vi meus alunos brincando de mímica e de telefone-sem-fio e não tinha imaginado o potencial destas simples brincadeiras para discutir valores.

Eu comentei com o Celso o quanto a minha classe tinha respondido bem ao exercício. Observei que a valorização do diálogo tinha sido entendida por todos, claro que de maneiras diferentes, com frases como: Professora, agora eu entendi a importância do diálogo Entendi que nem sempre o que fazemos podemos chamar de diálogo Dialogar é a essência de garantir a qualidade da nossa convivência Se nós conseguirmos sempre valorizar o diálogo, vamos conseguir nos entender

O diálogo é o que permite nos diferenciar dos outros animais: nós falamos, eles não!

Com estas frases finais procurei “amarrar” nossa reflexão sobre o valor do diálogo e, por fim, fechamos as atividades com uma frase que ficou exposta em nossa classe:

FraSe: Escolhemos sempre o diálogo como forma de garantir que nossa convivência dentro e fora da escola seja de qualidade.

pedro foi escolhido para ilUsTrar nossa frase de refleXão... ficoU mUiTo bacana.

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Evidências finais O nível de tolerância com os colegas ficou bem maior Eles começaram a se esforçar para exercitar o ouvir com mais qualidade

Nota importaNte: acertamos com esta escolha; precisamos garantir que este trabalho com valores tenha momentos lúdicos, pois os alunos respondem muito bem a propostas corporais.

AvaliaçãoDurante as duas atividades, estabeleci critérios de avaliação: Garantir a participação de todos Analisar a participação de cada aluno durante as brincadeiras Analisar a qualidade da reflexão de cada aluno durante as discussões

Forma de sociali zação com a comunidade e com os paisOs alunos combinaram que durante os recreios brincariam com os outros alunos e proporiam a mesma discussão que fizemos em classe.Combinaram também que iriam propor as duas brincadeiras em nosso dia de escola aberta à comunidade.

Exerci tar o diálogo com os alunos foi um desafio. Escutar o outro com qualidade é algo em que não podemos deixar de investi r.

Hoje construí com os alunosQUinTa-feira

o quadro de combinados a partir das regras que não estavam incorporadas. Para isso, me inspirei no quadro que montamos na semana de planejamento. Só que neste pedi para que os alunos ilustrassem cada situação. Ficou muito bom! Gostei!

Nota importaNte: voltar para ele sempre, refletindo com os alunos as propostas construídas e à medida que forem incorporando, substituí-los por novos combinados.

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Soninha me explicou que autoconceito é a imagem que cada um tem de si mesmo. O autoconceito define as formas de comportamento. Ele é construído a partir da percepção dos outros a nosso respeito e da nossa própria percepção.

O autoconceito está diretamente relacionado à autoestima e à autoimagem. Não é o retrato exato daquilo que a pessoa é, mas sim de como ela se percebe, se sente e se vê. O autoconceito interfere na relação interpessoal.

Nota importaNte: agora ficou mais claro o significado de autoconceito.

Atividades Vi vência com espelhos e elaboração de autorretrato

Evidências iniciais

As crianças fazem comentários depreciativos sobre a imagem dos outros (você é feia, é gorda, burro, palito...)

Disciplinas envolvidas

Português e Artes Visuais

Valor(es) trabalhado(s)

autoconceito (identidade)

Objetivos gerais Ampliar a percepção da própria imagem Explorar detalhes da própria aparência Valorizar as diferenças existentes entre as pessoas

Proposta 3 – autoconceito: fortalecendo a identidade

sábadoda assembleia desta semana,

seis crianças trouxeram esta crítica:No fechamento

Eu critico os colegas que colocam apelidos

que ofendem e deixam a pessoa chateada

Assim, organizei uma proposta para trabalhar o fortalecimento do autoconceito.

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Objetivos específicos

Português Desenvolver a linguagem oral Descrever os detalhes observados Fazer comparações (metáforas) Produzir texto sobre si mesmo

Artes Visuais Explorar a linguagem do desenho para representar a própria imagem

Apreciar o autorretrato de diferentes artistas Refletir sobre a intencionalidade desses artistas – retratrar-se como era ou como se sentia?

Explorar os sentidos para realizar o autorretrato cego (sem olhar)

Produzir autorretrato usando a visão Apreciar a produção pessoal e dos colegas

Duração estimada

3 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Espelhos individuais de tamanhos variados – de bolsa, de parede – se possível um para cada aluno

Vendas para os olhos ou tecidos que vedem a visão – uma por aluno

1 folha de papel por aluno

Lápis de cor ou giz de cera

Papel pautado Lápis preto

Sensibili zação: Distribuir os espelhos para os alunos e pedir que observem o próprio rosto Solicitar que observem detalhes:

Formato dos olhos, do rosto, da boca, do nariz, das orelhas Cor dos olhos, da pele, do cabelo, da boca Desenho das sobrancelhas, comprimento dos cílios e dos cabelos Presença de sardas, manchas de nascença, cicatrizes

Nota importaNte: observar, ouvir atentamente e registrar as ações e comentários durante esta atividade. Em outras turmas com as quais desenvolvi esta atividade era comum escutar comentários depreciativos que algumas crianças faziam sobre si mesmas ou que se recusavam a se olhar no espelho. Caso isso aconteça, no final da atividade questionar os motivos que levaram a tais atitudes.

Celso fez o trabalho em trios, pois não tinha espelho para todos

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Sequência de atividadesObservar os outros com o espelho: Após a exploração da própria imagem, pedir que as crianças andem pela sala de aula e, ao nosso comando, parem e localizem um colega pelo reflexo do espelho para observar detalhes, como o que observaram na própria imagem

Repetem a proposta e localizam o colega a partir da descrição feita pela professora usando o espelho (por exemplo: encontrem o colega que tem cabelos compridos, olhos verdes e usa uma pulseira no braço esquerdo)

Utilizar o tato para enxergar os rostos: De olhos fechados passar a mão pelo próprio rosto para sentir os detalhes

Vendar os olhos para identificar o rosto dos amigos pelo tato. Para isso, fazer uma roda e vendar uma criança que será girada para os dois lados e depois caminhará até encontrar um colega, que deverá “enxergar” com as mãos

Conversar sobre as dificuldades da atividade e as estratégias utilizadas

Apreciação de autorretrato de artistas: Mostrar para os alunos autorretratos de artistas Questionar as crianças:

Será que estes artistas eram assim como eles se desenharam? Por que esses artistas se desenharam desta maneira? Qual a intenção deles?

Autorretrato cego: Cada criança deverá vendar os próprios olhos para fazer o desenho de seu rosto

Após a realização, cada um falará sobre como se sentiu ao fazer o desenho (relatar a experiência), o que achou do resultado (ficou parecido com você?; gostou do resultado?)

Fazer a apreciação dos trabalhos dos colegas (ressaltar que a ideia não era que ficasse igual a cada um, mas que eles pudessem explorar outra maneira de se desenhar)

Nota importaNte: na sequência, as crianças podem fazer outro autorretrato, desta vez olhando a própria imagem durante a realização. As crianças podem falar desta experiência comparando com a anterior.

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Escrever sobre si mesmo: Produzir um texto falando sobre si mesmo: Utilizar metáforas para falar de si (por exemplo: meus olhos são escuros como as noites, meus cabelos são como caracóis etc.)

Escrever sobre como se sente em relação a si mesmo – quando se sente bem e quando não se sente bem com o que faz

Escrever sobre as coisas de que gosta e não gosta, explicando o porquê Escrever sobre as coisas que produzem alegria e tristeza Socializar a produção com os colegas Apreciar a produção dos colegas

Avaliação: Durante todas as propostas é importante escutar atentamente os comentários das crianças e registrá-los para que se possa comparar com as evidências iniciais

Forma de sociali zação com a comunidade escolar/família: Livros da turma: montar um livro com os dois autorretratos de cada aluno e a produção de texto. A cada semana, este livro vai para a casa de uma criança e seus familiares terão um espaço para escrever sobre ela, colar fotos etc. A ideia é ter registrados a imagem e o conceito de cada criança em sua família.

Evidências finais: A partir dos registros feitos pelo professor, avaliar o quanto o autoconceito de cada criança se alterou

Avaliar se os comentários depreciativos diminuíram ou cessaram

segUnda-feira

Nota importaNte: não vejo a hora de receber as primeiras devolutivas das famílias no livro da turma. Saiu cada desenho bacana e textos superexpressivos!

Esta semana começam as Olimpíadas de Matemática. Como será que meus alunos vão se sair? Como nesta turma os hábitos de estudo estão incorporados, acredito que vão se dar bem.

Trabalhar aUToconceiTo foi Um

grande desafio para mim pois sUrgiram QUesTões

QUe me deiXaram inQUieTa e refleXiva.

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Proposta 4 – respeito: por que é algo tão desejado?

Atividades Colagem coleti va

Evidências iniciais

A intolerância perante as diferentes opiniões trazidas durante as assembleias

A forma não cordial de disputar a quadra na hora do recreio

Disciplinas envolvidas

Português/ Artes Visuais

Valor trabalhado

Respeito

Objetivos gerais Entender o respeito como um valor que conduz à vida em sociedade

Exercitar a escuta Valorizar o respeito ao outro, a si próprio e ao ambiente

Objetivos específicos

Português Desenvolver a linguagem oral Desenvolver a argumentação

Artes Visuais Desenvolver senso estético Criar critérios de seleção de imagem Representar sentimentos através de imagens

Duração estimada

3 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Revistas e jornais Tesoura Cola 3 cartolinas Folhas de papel

Fita crepe ou fita adesiva Barbantes Lã de cores diversas Caneta hidrocor grossa

A turma tem apresentadoQUinTa-feira

problemas nos momentos coletivos, as crianças não estão conseguindo agir com tolerância e respeito. Esta questão já apareceu inclusive na assembleia da semana passada. Acredito que realizar atividades que tenham como foco a questão do respeito ajudará muito o grupo neste momento.

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Sequência de atividades Selecionando e analisando imagens: Expor revistas e jornais abertos aleatoriamente nas mesas ou no chão Fazer uma roda com os alunos e pedir que observem as imagens que se destacam

Pedir que alguns alunos escolham imagens que lhes chamem a atenção e contem aos colegas o porquê desta seleção, ou seja, o critério usado

Organizar grupos de quatro a cinco participantes, dividir os jornais e as revistas e propor que procurem imagens que demonstrem situações de respeito e de não respeito (a si próprio, ao outro e ao ambiente)

Colocar duas cartolinas pregadas em uma parede da classe ou na própria lousa, nomear cada cartaz – situações de respeito e situações de não respeito – e pedir para que os alunos colem as imagens selecionadas pelo grupo

Quando todos os grupos contribuírem, propor que façam apreciação das imagens

Durante a apreciação, fazer questionamentos como: Quais imagens chamam mais a atenção e por quê? As imagens passam que sensações? Vocês consideram que existem imagens que não atenderam à proposta? Quais e por quê?

Fazendo composições: Após finalizarem o momento de apreciação e reflexão, propor aos alunos que façam uma composição entre imagem coletada e ilustração, agora apenas com a situação de respeito

Cada grupo receberá papel e cola; eles já estarão com as revistas e jornais

As lãs e o barbante ficarão à disposição para o uso coletivo Assim que os grupos finalizarem, colar na 3ª cartolina, que tem como titulo Composição – Respeito

Cada grupo deverá expor e todos farão apreciação e, de forma voluntária, escolher uma das produções para expor seu entendimento, que depois será completado pelo grupo que criou o trabalho, dando assim duas versões ou versões complementares da mesma situação

AvaliaçãoUsando exatamente este fato de percepções distintas ou complementares é que se inicia a reflexão sobre o valor do respeito. Analisar com os alunos os diversos momentos que as duas atividades os expuseram ao valor “respeito”, como por exemplo: trabalhar com alguém com quem não temos afinidade; assim, respeitamos os limites de cada membro do grupo

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Page 32: Diario de um_professor

Formas de sociali zar com a comunidade / paisFicou combinado que cada grupo iria compor frases “provocativas” sobre a questão do respeito, não apenas para consigo mesmo, mas também para com os demais e com o ambiente, já que a proposta era colocar estas frases espalhadas não só pela escola, como também em suas casas.

Ev idências finais: Os alunos procuraram demonstrar mais consideração à fala e às atitudes dos outros colegas

As famílias também montaram frases para enviar para a escola, num momento de troca

A comunidade escolar não danificou os cartazes externos, em uma demonstração de respeito

Nota importaNte: o trabalho com o valor “respeito”, foi bastante produtivo, os alunos puderam vivenciar e refletir sobre ele, e mostraram-se envolvidos. Me lembrei das minhas notícias de jornal, elas podem ser uma variável, em um próximo trabalho com este valor; futuramente, posso propor que, em vez de imagens, os alunos selecionem notícias que demonstrem atitudes de respeito. (É bom anotar, para sempre ter outras opções!)

trabalhar com diferentes pontos de vista, respeitar as diversas opiniões e, no momento de apreciação dos trabalhos, mostrar consideração pela realização do outro

Nota importaNte: É necessário estar atentos a estes trabalhos em grupo, pois são momentos em que efetivamente podemos materializar muitos dos valores do esquema proposto.

Quando eu estudei para ser professora não tinha a dimensão do quanto o trabalho com valores faria parte do meu trabalho.

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Proposta 5 – Amizade: pontos que nos unem

Atividades Lei tura, reflexão e construção de v ínculos

Evidências iniciais

As crianças não se unem por objetivos comuns.Parte da turma é impositiva com os demais – diz que não será mais amigo se o outro não fizer o que é “mandado”.

Disciplinas envolvidas

Português

Valor(es) trabalhado(s)

amizade (aceitação, companheirismo)

Objetivos gerais Refletir sobre a amizade Valorizar as diferenças entre as pessoas Respeitar as diferenças Refletir sobre ser e ter

Objetivos específicos

Português Ler e compreender a história lida Listar as situações em que a amizade fica evidente Desenvolver a oralidade

Duração estimada

3 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Livro: Diferentes somos todos, de Alina Perlman. São Paulo: Edições SM, 2005.

Papel Canetas hidrográficas

Terça-feiraEstou muito satisfeita com os resultados de minha turma.

Estão mais respeitosos e sabendo conversar quando encontram divergências. É gratificante vê-los lembrar das propostas desenvolvidas:

“Joana, esqueceu que dialogar é importante para a convivência? Olha lá o cartaz que o Pedro ilustrou.”

Conversando com Celso, consideramos que trabalhar o valor da amizade fortalecerá o companheirismo e a aceitação da diversidade.

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Proposta 5 – Amizade: pontos que nos unem

SensibilizaçãoQuestionamentos antes da leitura: Quais são as diferenças que vocês identificam que existem entre as pessoas?

Quem será o menino da capa? Em que ele é diferente das outras pessoas?

Quem já se sentiu diferente dos colegas? O que fez? O que sentiu? O que vocês fazem quando percebem que alguém é diferente?

Sequência de atividadesLeitura do livro e exploração do texto: Por que Carminha se sentia diferente de seus colegas na escola?

O que faz uma pessoa ser amiga da outra?

Diogo, irmão de Carminha, e Gabriela, irmã de Laurinha, têm síndrome de Down. O que é isso?

Como Laurinha e Carminha ficaram amigas? Como uma agia com a outra?

Clau era amiga de Laurinha? Que ações indicam isso?

Ações que indicam amizade:Pedir que as crianças se lembrem de situações em que sentiram que eram amigas de alguém. Depois devem se reunir em grupos para listar essas situações.Expor aos colegas as situações para que todos possam avaliar se é uma situação de amizade.

Nota importaNte: ficar atenta durante a atividade para que as crianças não fiquem focadas em situações que envolvem o ter e o ganhar.Por exemplo:1. “No primeiro dia de aula, Ana me deu uma bala”2. “Só empresto minha bola para Antonio”3. “Queria ter os lápis de cor da Paula” Refletir com os alunos se a relação de amizade é fortalecida quando ganhamos objetos de alguém. Só damos presentes para amigos? Não podemos dar um presente para uma pessoa que precisa?4. Retornar para as situações do livro lido em que Clau comentava que Carminha usava roupas simples e sem marca. Abrir para discussão: o que era mais importante para Clau? E para vocês?

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Evidências finais Os alunos passaram a gerenciar melhor os conflitos. Perceberam a importância das diferenças na composição dos grupos. Estão mais receptivos em relação aos colegas a que apresentavam baixa tolerância.

Forma de sociali zação com a comunidade escolar/famíliaVaral da amizade: Os alunos deverão ficar atentos às ações que demonstrem amizade eregistrar em tiras de papel situações de amizade, de aceitação das diferenças e de companheirismo.Pendurar em um varal

Proposta 6 - Solidariedade: viver para o bem comum

Atividades Leitura do livroUma camela no Pantanal, de Lucília Junqueira de Almeida Prado. Coleção Barco a Vapor. São Paulo: Edições SM, 2006 e análise das atitudes para o bem de todos

Evidências iniciais

Emprestar materiais escolares (lápis, borracha, apontador)

Compartilhar material de uso coletivo (bolas, livros, brinquedos etc.)

Acolher todos os colegas

Disciplinas envolvidas

Português

Avaliação: Observar e registrar os comentários das crianças em relação ao valor trabalhado.

Observar e registrar as situações que elas identificam estar relacionadas a esse valor.

Verificar a qualidade da reflexão das crianças sobre esse valor.

O trabalho com o valorQUinTa-feira

“amizade” realmente fortaleceu o companheirismo e a aceitação das diferenças. Tanto que desenvolvi nesta semana o trabalho com o valor “solidariedade” para evidenciar que se pode ajudar aqueles que não são nossos amigos.

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Valor(es) trabalhado(s)

Solidariedade (cooperação e generosidade)

Objetivos gerais Refletir sobre as diferentes atitudes que temos em relação aos outros

Refletir sobre a intencionalidade das ações individuais no coletivo

Refletir sobre ação e consequência Agir de forma mais solidária, com generosidade e cooperação

Objetivos específicos

Português Ler e compreender a história lida Identificar as características das personagens Desenvolver a comunicação oral Escrever como passam a ser as atitudes da camela a partir do salvamento de seu filhote

Duração estimada

3 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Livro: Uma camela no Pantanal, de Lucília Junqueira de Almeida Prado. Coleção Barco a Vapor. São Paulo: Edições SM, 2006

Livros e sites sobre desertos e sobre o Pantanal Matogrossense

Papel kraft ou cartolina Canetas hidrocor, lápis de cor, giz de cera, tinta guache (para pintura e/ou desenho)

Mural na sala para expor os trabalhos

Sequência de atividadesLeitura do livro e conversa sobre o texto: Por que a camela vivia tão insatisfeita? Em que lugar os camelos vivem? Como a camela chegou ao Pantanal? Como era o relacionamento da camela com os animais do Pantanal? Como você se sentiria se fosse tratado desta maneira?

Painel das atitudes e consequências:Em duplas, as crianças elencarão as atitudes dos personagens e suas consequências. Depois montarão um painel (já dei alguns exemplos):A partir deste painel, discutir: Quem agiria da mesma maneira ou de outra em cada uma das situações? Quais atitudes foram solidárias e generosas? Como os personagens agiram nestas situações? Qual o personagem que foi mais solidário? Por quê?

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siTUação ação/ personagem conseQUÊncia

Como a camela chegou ao Pantanal?

Mentira do urubu que afirmou que a viu descer do disco-voador

Todos acreditaram e passaram a olhar para a camela como se ela fosse de outro mundo

Tentativa de aproximação do macaco

A camela não esclarece ao macaco como era o deserto e diz para ele não “encher”

Macaco responde que ela é fedida

A camela morde a casa de marimbondo e é atacada por eles

Um bando de anus tira os ferrões de marimbondo do corpo da camela

Mal-humorada, a camela diz que continua sentindo dor e não agradece aos anus

O camelinho escorrega, cai dentro do rio e começa a se afogar

A anta (que teve seu filhote machucado pela camela) pula na água e salva o filhote

A camela reconhece que agiu mal com a anta

Avaliação: Observar e registrar os comentários das crianças em relação ao valor trabalhado

Observar e registrar as situações que elas identificam estar relacionadas a esse valor

Avaliar a qualidade da coleta de dados sobre os animais e as regiões

Forma de socialização com a comunidade escolar/família: Painel da solidariedade – as crianças deverão coletar situações solidárias para expor em um painel que ficará na entrada da escola para que todos possam acompanhar. As situações devem ser reais e podem ser coletadas através de entrevistas (Você já agiu de forma solidária? Alguém foi solidário com você? Como foi?), notícias de jornal, reportagens, observação de colegas e familiares etc.

Nota importaNte: Propor que as crianças tragam situações vividas ou observadas na escola ou em suas casas para fazer esta análise.

Produção textualPropor que cada um escreva como a camela passou a agir depois que a anta salvou o filhote. Será que a camela conversou com os animais com quem ela foi desrespeitosa? O que ela falou para eles?

Cada criança socializará sua produção e ouvirá os comentários dos colegas, que farão a apreciação.

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siTUação ação/ personagem conseQUÊncia

Como a camela chegou ao Pantanal?

Mentira do urubu que afirmou que a viu descer do disco-voador

Todos acreditaram e passaram a olhar para a camela como se ela fosse de outro mundo

Tentativa de aproximação do macaco

A camela não esclarece ao macaco como era o deserto e diz para ele não “encher”

Macaco responde que ela é fedida

A camela morde a casa de marimbondo e é atacada por eles

Um bando de anus tira os ferrões de marimbondo do corpo da camela

Mal-humorada, a camela diz que continua sentindo dor e não agradece aos anus

O camelinho escorrega, cai dentro do rio e começa a se afogar

A anta (que teve seu filhote machucado pela camela) pula na água e salva o filhote

A camela reconhece que agiu mal com a anta

Ev idências finais Os alunos passaram a ter ações mais solidárias e cooperativas em sala de aula

Começaram a emprestar seus materiais aos colegas São mais acolhedores com os colegas

Terça-feiraA turma voltou a apresentar questões nos momentos de

recreio. Quando encontro alguém sentado em um canto sem brincar ou fora do jogo, este se queixa que foi injustiçado, que o “fulano” não foi justo e só favoreceu os “amigos”. Nas assembleias, trazem o valor “justiça” com muita ênfase. Vou levar para o grupo algumas propostas com jogos, já que estes são sempre o “vilão” que faz aflorar o sentimento de justiça ou falta dela.

Vou ligar para o Celso para trocar umas ideias.

Realmente minha conversaQUinTa-feira

com Celso rendeu... a proposta com o valor “justiça” ficou bacana! Acredito que as crianças vão compreender este valor!

Proposta 7 - Justiça: por que é tão difícil se sentir justo ou ser justo?

Atividade Reorgani zação de regras de jogos coleti vos já existentes

Evidências iniciais

A falta de entendimento do valor “justiça” de uma forma mais ampla.

A irritabilidade “à flor da pele” O sentimento de injustiça diante de determinadas situações coletivas

Disciplinas envolvidas

Educação Física/ Língua Portuguesa

Valor trabalhado

Justiça

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Sequência de atividades Selecionando jogos conhecidos do grupo: Propor que os alunos listem os jogos que, mais frequentemente, ocorrem nos momentos coletivos. Podem ser listados na lousa

Pedir que classifiquem em ordem crescente os jogos que mais propiciam momentos de discórdia entre os participantes

Levantar as principais causas e anotar ao lado do jogo Escolher os dois jogos que mais geram conflitos com o grupo para realizar a próxima atividade

Jogos, exercícios de justiça? Parte IJogo escolhido – queimada, péla (pode ter outro nome em outras regiões brasileiras) Levar os alunos para um espaço aberto Dividir em dois grupos Pedir que iniciem o jogo (sem dar nenhuma orientação quanto às regras)

Aguardar até que um dos grupos consiga uma relativa vantagem e finalizar o jogo.

Verificar as “queixas” que virão, pois o grupo que estava em desvantagem poderá questionar o tempo para o término do jogo, já que não tinha nenhuma referência para se organizar estrategicamente.

Objetivos gerais Compreender o valor “justiça” Exercitar situações que reflitam a questão da justiça Demonstrar que a percepção de justiça é relativa com relação aos envolvidos

Objetivos específicos

Português Desenvolver a linguagem escrita Organizar textos compromissados com seu leitor

Educação Física Compreender a existência de regras para jogos coletivos e individuais

Entender como e por que se constituíram as regras em situações de jogos

Desenvolver novas regras para jogos já existentes

Duração estimada

4 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Espaço amplo e aberto Papel pautado Caneta hidrográfica grossa Giz de lousa

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Sentar com o grupo e discutir sobre os sentimentos de cada equipe ao final da partida – listar

Analisar junto com os alunos a lista dos sentimentos e percepções e buscar o valor da justiça implícito ou explícito na fala dos alunos

Propor a segunda atividade

Jogos, exercícios de justiça? Parte IIJogo escolhido – queimada (pode ter outro nome em outras regiões brasileiras) Propor aos alunos que voltem a jogar, mas que antes organizem coletivamente as regras para a realização do jogo

Ao finalizarem, pedir para que um aluno leia em voz alta para o grupo todo

Pedir para que o grupo analise e diga se concorda ou não com as regras apresentadas, se solicita complementação, retirada ou adequação

Após verificar as falas de participação e fazer os ajustes, se necessários, solicitar que todos os participantes assinem o quadro de regras

Iniciar a partida e quando der o tempo que fora determinado, finalizar Retomar a mesma dinâmica de trabalho feito na proposta anterior Verificar se todos ficaram mais confortáveis neste segundo momento de jogo ou no anterior e por quê

Confrontar as primeiras anotações com esta nova reflexão: Jogos, exercícios de justiça?

Parte IIIProposta – Criar novos jogos a partir de jogos já conhecidos. Propor aos alunos que se dividam e que selecionem alguns jogos para recriarem as regras

Propor que apresentem as variáveis, discutam e validem as mesmas Finalizar o jogo discutindo em uma grande roda se o sentimento de justiça ficou mais claro ou se poderão lidar melhor em situações de injustiças a que estejam expostos e por quê

Avaliação O processo de avaliação se dará nos momentos de confronto, construção e adequação das regras do jogo

Durante a roda de análise é importante ressaltar que ter claras as regras sempre vai promover mais conforto para todos os participantes

Trazer para a discussão que o sentimento de injustiça sempre é acompanhado de combinados e regras não muito claros ou não discutidos coletivamente

Relacionar com o trabalho feito com o valor “respeito”, ou seja, que o sentimento de justiça também está relacionado ao ponto de vista dos envolvidos

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Formas de socializar com a comunidade/paisA turma propôs montarem um manual sobre o valor “justiça”, os jogos coletivos e as variáveis que criaram de jogos tradicionais, para distribuir nos pontos comerciais do bairro da escola

Evidências finais Os alunos relacionaram a importância dos três valores – diálogo, respeito e justiça

Perceberam que o sentimento de justiça está relacionado ao ponto de vista e à clareza de regras e combinados

Compreenderam que justiça pode ser algo complexo, porém tem que ser exercitado

Nota importaNte: trabalhar com o conceito de justiça não foi tão fácil para os alunos; no entanto, a escolha de ilustrá-lo com os jogos fez com que “ficasse mais próximo” da realidade deles. (Preciso sempre estar atenta se minhas propostas de atividades estão adequadas à realidade de meus alunos.)

Verificar como e quais alunos, durante estas discussões e análises, apresentam pouca qualidade de escuta e respondem com justificativas pouco consistentes, mais emocionais que racionais, ou seja, não pautadas em fatos e evidências

Avaliar com os alunos a eficácia do tempo investido antes de qualquer jogo, na discussão ou no esclarecimento das regras, para que a qualidade do tempo coletivo seja efetiva

A liberdade costuma sersegUnda-feira

confundida com “fazer o que se tem vontade”. Nas situações em que isso acontece, ouve-se “a liberdade de cada um vai até onde começa a liberdade do outro”, ou seja, nossa liberdade não pode ameaçar a liberdade dos outros. A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante direito a todos, independentemente do local em que nasceram.

Os alunos, em contato com os Direitos Universais, aprenderão que para existir liberdade, a responsabilidade e o respeito pelo coletivo são essenciais. Para que os direitos de cada um sejam garantidos, as regras devem ser cumpridas. As crianças precisam compreender a importância das regras para desenvolver a autorregulação e, assim, desenvolver a autonomia e a independência.

A partir desta reflexão que fizemos em nossa reunião pedagógica, estou organizando a proposta com o valor “liberdade”.

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Proposta 8 - liberdade: desenvolver autonomia com responsabilidade

Atividade Lei tura e elaboração de painéis com as regras e combinados da turma

Evidências iniciais

Os questionamentos constantes dos alunos quanto às regras da escola.A falta de compreensão de que direitos e deveres estão associados.

Disciplinas envolvidas

Português e Artes Visuais

Valor(es) trabalhado(s)

Liberdade (autonomia, independência, respeito a si próprio e ao outro)

Objetivos gerais (transversais)

Conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos

Refletir sobre a necessidade de se estabelecer os direitos humanos

Perceber a inter-relação entre direitos e deveres Compreender a necessidade de regras e combinados para garantir as relações interpessoais

Compreender que agir de maneira autônoma e independente é agir segundo leis, sem necessidade de fiscalização

Conhecer o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)

Objetivos específicos

Português Ler e compreender a história lida Ampliar o vocabulário, incorporando o uso de novas palavras no dia a dia

Ilustrar alguns dos artigos do ECA

Artes Visuais Apreciar os diferentes estilos das ilustrações do livro Observar as escolhas feitas pelos ilustradores (cores, traçado, formas etc.)

Produzir ilustrações para artigos selecionados do ECA

Não fui só eu que QUarTa-feira

gostei da proposta que organizei. Compartilhei com a Norma, que também a fará com a turma dela.

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Duração estimada

4 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Livro: Nascemos Livres: a Declaração Universal dos Direitos Humanos em imagens (adaptação de Bartolomeu Campos Queirós). São Paulo: Edições SM, 2008

Dicionário Didático Básico: Ensino fundamental I (com reforma ortográfica incorporada). São Paulo: Edições SM, 2008

Papel kraft, cartolina ou algodão cru Material para pintura Revistas para recortar imagens e compor ilustrações Mural ou varal na sala para expor os trabalhos

SensibilizaçãoQuestionamentos antes da leitura: Que ideia o título deste livro Nascemos livres: Declaração Universal dos Direitos Humanos em imagens nos dá? O que leremos nele?

Vocês concordam que nascemos livres? Por quê? O que é ser livre?

Sequência de atividadesLeitura do livro e conversa sobre o texto: Em que situações a liberdade das pessoas é ameaçada? Por que existem leis? Quais leis vocês conhecem? O que é justiça? O que quer dizer “nossos direitos são também os direitos dos outros”?

Ampliação de vocabulário: Levantar com as crianças as palavras a respeito das quais apresentaram dúvidas durante a leitura para definir ou entender o significado

Cada criança deverá consultar o dicionário para definir as palavras: justiça, declaração, liberdade, direito, dever (e outras sobre as quais as crianças apresentarem dúvidas)

Estudo e reflexão sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos: Ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que consta no final do livro (versão simplificada)

Formar grupos para que as crianças discutam quais dos artigos da Declaração eles observam que não estão garantidos (na realidade deles ou na realidade a que tem acesso através de jornais e da televisão)

Os grupos deverão registrar esses artigos e depois comparar com os levantados pelos demais grupos

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Evidências finais: Os alunos passaram a respeitar as regras da escola Compreenderam que para os direitos serem respeitados todos devem cumprir com seus deveres

Abrir plenária para a discussão: por que esses direitos não estão garantidos?

Listar os direitos que, por consenso, foram identificados como não cumpridos

Outros documentos que estabelecem leis e foram criados para garantir direitos: Relembrar as crianças dos documentos já explorados: ECA, Regimento Escolar, Código Nacional de Trânsito

Avaliação: Observar e registrar a qualidade das reflexões das crianças em relação aos artigos dos documentos trabalhados

Forma de sociali zação: Os trabalhos ficarão expostos em sala de aula, no varal ou no mural

Lógico que ainda temos alunos que não cumprem as regras, porém continuamos a investir neste valor.

Durante a semana passada,segUnda-feira

no momento da assembleia o grupo registrou como crítica a questão da responsabilidade, ou melhor, da falta dela. Alguns trouxeram a reflexão a partir da observação do espaço externo da escola: alunos que não ajudavam a manter limpo e “cuidado” os espaços externos, como quadras, pátios e o que chamaram de “tentativa de jardim”. Senti que tínhamos uma boa oportunidade para refletirmos sobre o valor “responsabilidade”.

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Proposta 9 - Responsabilidade: um desafio constante, porém essencial para viver com mais qualidade em sociedade!

Atividade Cr iação de uma comunidade de alunos e pais jardineiros voluntários

Evidências iniciais

Pouca participação e colaboração dos alunos durante os momentos coletivos para cuidarem do espaço coletivo

A não valorização do trabalho dos colaboradores de limpeza, manutenção e jardinagem

Disciplinas envolvidas

Ciências / Língua Portuguesa / Artes

Valor trabalhado

Responsabilidade

Objetivos gerais Compreender o valor “responsabilidade” Identificar o conceito de responsabilidade em diferentes contextos

Mobilizar a comunidade de pais para contribuir de forma responsável pelo espaço coletivo escolar, assim como a comunidade de alunos

Objetivos específicos

Língua Portuguesa Realizar coleta de dados Identificar as características do gênero literário “entrevista”

Identificar as características do gênero literário “carta”

Ciências Compreender a importância das plantas para o ecossistema do planeta

Entender as necessidades para o desenvolvimento das plantas

Conhecer diferentes configurações de projetos paisagísticos

Artes Identificar as características do desenho de observação Realizar desenhos de observação

Duração estimada

5 aulas de 50 minutos

Material de apoio

Espaço externo Caderno para anotação Papel pautado Papel sem pauta Caneta hidrográfica grossa

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Sequência de atividadesParte I Dividir os grupos de alunos para entrevistarem os diferentes profissionais que atuam na instituição e alunos de diferentes séries

Elaborar um roteiro de entrevista para garantir o foco de discussão posterior

Organizar uma roda para socialização das entrevistas Selecionar os pontos comuns das entrevistas quanto à questão da responsabilidade na manutenção dos espaços

Parte II Dividir os grupos de alunos para a realização de desenho de observação dos espaços externos

Selecionar os espaços que serão retratados Organizar uma roda para apreciação dos trabalhos Analisar o cenário atual e idealizar um novo cenário Desenhar o mesmo espaço, só que agora idealizado, ou seja, como eles desejam vê-lo

Colar em um mural os dois desenhos (real e idealizado) Analisar com os alunos o que pode ser feito no jardim ou em um espaço em que se deseje ter um jardim para se alterar este “cenário”

Listar as propostas apresentadas e as necessidades financeiras e humanas

Escolher a proposta que seja viável

Parte III Escrever uma carta aberta para a comunidade de pais falando da proposta e solicitando voluntários para colaborar

Propor uma coleta de dados sobre a temática (plantas, jardim...) Organizar os dados coletados e montar com os alunos as estratégias para a criação/manutenção do espaço-jardim.

Propor a reflexão para o grupo sobre o conceito do valor “responsabilidade”, já que este valor será crucial para que o jardim se concretize.

Propor a reflexão com as quatro palavras – espaço externo, jardinagem, responsabilidade e comunidade, como elas se relacionam e por quê

Parte IV Convidar alguns pais para colaborar nos momentos de prática Organizar com os alunos e com as famílias um calendário de execução dos trabalhos no espaço externo

Selecionar as necessidades para estes encontros Coletar com os alunos mudas e sementes trazidas de suas casas ou coletadas na comunidade

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Avaliação: Analisar a participação dos alunos nas diferentes etapas das propostas Verificar o envolvimento da comunidade de pais na proposta Identificar as alternativas criadas pelo grupo para reorganizar o espaço externo

Forma de comunidade/pais:A proposta de envolver pais e alunos em uma tarefa comum foi o grande diferencial, pois todos nós aprendemos pelo exemplo. Desta forma, o valor “responsabilidade” pode ser sentido, vivido e compartilhado.Os pais também foram presenteados com esta integração, pois estar junto com seus filhos na transformação de um espaço possibilita transpor os muros da escola e integrá-la ao mundo real.

Evidências finais: A criação de um grupo de jardineiros (pais e filhos), responsáveis pelo espaço externo

O valor responsabilidade internalizado pelo grupo, já que o calendário de ações foi cumprido

O envolvimento da comunidade de alunos da escola, atuando de forma respeitosa para com a iniciativa

Nota importaNte: atuar nos espaços externos é mostrar para os alunos que a aprendizagem não está restrita às quatro paredes da sala de aula! Preciso criar outras propostas que levem os alunos cada vez mais para fora!

Terça-feiraHoje eu busquei relembrar minhas inquietações

iniciais. Queria revisitá-las: sempre que estou refletindo para criar propostas para este trabalho com os valores, volto a estes questionamentos e sei que a implementação das assembleias ajudou muito a dar sentido ao trabalho com esta temática. Aliás, a sistematização das assembleias realmente colaborou para concretizar os valores sobre os quais estamos refletindo com os alunos.

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1. Por que trabalhar valores na escola?

2. Como trabalhar valores na escola?

3. Quais os benefícios educa-cionais ao se trabalhar com valores?

4. Como decidir quais valores devem ser trabalhados?

5. Como envolver a comunidade de pais neste trabalho para que compreendam a importância desta temática?

Primeiro, precisamos envolver todos. O trabalho não pode pertencer a alguém, tem que ser compartilhado por todos, o que já é em si um valor!

Tanto os alunos quanto nós ganhamos. Em todos os sentidos, ficamos mais próximos, o que aprimora o nosso olhar para nós mesmos e para os outros.

Nós selecionamos alguns; porém, analisando mais profundamente sabemos que podemos eleger outros. Mais importante que definir quais serão é cuidar de como vamos desenvolvê-los!

Comunicando as propostas, convidando para colaborar, organizando momentos na escola para apresentar as propostas e os resultados.

Porque está nos ajudando a compreender melhor a importância da escola como um espaço que pode realmente educar com qualidade e profundidade.

Compreendi também que todo este trabalho tem um movimento de espiral: ele vai e volta, muitas vezes. Trabalhar com valores não é, de forma alguma, uma ação estática e não tem um fim previsível... Os alunos trazem as demandas, refletimos, buscamos soluções, aplicamos e avaliamos. E, se necessário, fazemos tudo de novo, mudando as estratégias.

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Até que tentei buscar respostas, mas elas também não são fechadas, são novos pontos de partida para um trabalho que se iniciou com alguns recortes de jornal, ganhou espaço no nosso planejamento, invadiu nossa escola (no bom sentido) e contaminou a todos... Sinto que não dá mais para recuar, o que antes era algo temido, hoje se tornou parte de nossa ação pedagógica, algo desejado.

A Carla não tinha ideia de como este diário seria tão importante para mim. Aliás, os meus registros, apesar de não serem diários e não apresentarem todos os obstáculos que encontrei no caminho, realmente me ajudaram a rever os meus valores!

Hoje ele é meu, mas desejo que as reflexões que fazem parte dele sejam, um dia,

compartilhadas com outros professores!

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Page 50: Diario de um_professor

Diário de um professor

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disponibilizamos a Assessoria

Pedagógica Continuada (APEC)

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Propostas pedagógicas de Educação em valores

para o Ensino Fundamental I

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