DIATOMÁCEAS PERIFÍTICAS COMO BIOINDICADORAS DA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL DIATOMÁCEAS PERIFÍTICAS COMO BIOINDICADORAS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO RIO SÃO MATEUS, ES LUCIANE AYRES CASTRO REIS Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical São Mateus, Julho de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL

DIATOMÁCEAS PERIFÍTICAS COMO

BIOINDICADORAS DA QUALIDADE DA ÁGUA

NO RIO SÃO MATEUS, ES

LUCIANE AYRES CASTRO REIS

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

São Mateus, Julho de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL

DIATOMÁCEAS PERIFÍTICAS COMO

BIOINDICADORAS DA QUALIDADE DA ÁGUA NO

RIO SÃO MATEUS, ES

LUCIANE AYRES CASTRO REIS

Dissertação submetida ao Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Tropical

do Centro Universitário Norte do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção

do título de Mestre em Biodiversidade Tropical, na área de concentração Ecologia.

Aprovada em 18/07/2014 por:

_____________________________________________________

Prof. Drª Sirlene Aparecida Felisberto - Orientadora, CEUNES

_____________________________________________________ Prof. Drª Valéria de Oliveira Fernandes - Co-orientadora, CEUNES

_____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Fernando Duboc, CEUNES – Membro interno

_____________________________________________________ Prof. Dr. Camilo Dias Júnior, UFES – Membro externo

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Pedi força para trilhar um caminho

desconhecido e Deus me deu vários desafios.

A cada etapa, grandes dificuldades. Se hoje

apresento esse trabalho é porque não estive

sozinha (vide agradecimentos).

Dedico à todos vocês, pois sem cada

ajuda muito dele teria se perdido.

Obrigada!

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AGRADECIMENTOS

À Professora Valéria de Oliveira Fernandes, por ter me aceito no Programa,

mesmo sem eu ter sido sua aluna ou ter tido experiência na área. Além desse detalhe,

eu ainda quis trabalhar com um grupo desconhecido – mesmo a ela, e com pedras!

Sei que não deve ter sido uma tarefa fácil permitir ou me convencer do contrário.

À Professora Sirlene Aparecida Felisberto, por ter me aceito como sua

orientanda, acolheu-me em sua casa mesmo sem ter me conhecido antes. Dispôs de

todo o tempo que precisei para entender mesmo os procedimentos mais simples.

Obrigada pela companhia, amizade e grande orientação e a “aula de campo” em

Caldas Novas .

À minha família: Rose, Paulo César, Luciana, Eliza, Marlley, Filipe, Arthur e

Brenno, pela compreensão e amparo psicológico e espiritual, que me abastecia de

energia e motivação a cada dificuldade e sucesso,

Aos novos amigos, que abriram a sua intimidade e serviços, sem ao menos

terem me conhecido antes. Destaco aqui a Michelle Sequine Bolzan, o Rodrigo Silva

Araujo e a Gisela Taffner pela hospedagem durante as disciplinas, transporte dos

equipamentos de campo e resolução de muitos problemas encontrados durante as

coletas, além, é claro, dos happy hour necessários para manter o pique ;

À minha companheira de turma e coletas, Arieli Falchetto de Souza, por, além

de ouvido e paciência, foi como uma irmã nesse período,

Ao Professor Aloísio José Bueno Cotta e a sua orientanda Maria Vitória, que

me ajudaram com o procedimento da DBO e, especialmente ao Professor, que abriu

portas para que utilizássemos os recursos do Laboratório de Química para a

determinação do STS, além de paciência e auxílio durante as coletas, mesmo sem ter

vínculo com o PPGBio;

À Prefeitura Municipal de Aracruz, especialmente ao Prefeito Marcelo Coelho e

ao Subsecretário de Administração José Maria Sperandio, que não permitiram que eu

me exonerasse, concedendo afastamento para a conclusão do mestrado, mesmo eu

ainda não sendo efetiva estável. E ao Secretário de Meio Ambiente Aladim Cerqueira

e à gerente de Recursos Naturais Dra Laerciana Vieira que colaboraram com essa

conquista;

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Ao Professor Luís Fernando Duboc, por ter me recebido em seu laboratório

durante as coletas, por ter emprestado o turbidímetro, pHmetro e oxímetro, além de

amparadora conversa num momento de intenso conflito;

Ao Professor Eduardo Lobo, pelas ajudas em bibliografias e disposição em me

receber para o tratamento dos dados que, infelizmente, não foi possível no mestrado,

mas que almejo no doutorado;

Ao Laboratório de Ecologia e Taxonomia de Algas Continentais – LATEAC, pelo

empréstimo dos equipamentos e estrutura física para a realização dos procedimentos

de coleta e laboratoriais; À Betinha, pelos preciosos cafezinhos durante a retirada das

fotos;

Ao Laboratório de Fitoplâncton – FiFIC / UFES- especialmente à Georgette e

ao Prof. Camilo Dias, por terem me acolhido tão bem o tempo que precisei para a

obtenção das imagens no microscópio;

Aos anjinhos da Botânica, Lorena Bah e Leonardo. À ela, pelos inúmeros

auxílios, especialmente durante os procedimentos para os nutrientes. E ele, por ter

disponibilizado recursos estatísticos, calibrado o microscópio, resolvido o problema do

espectrofotômetro;

Ao Sr. Mário Rufino, que aceitou fazer a coleta de novembro mesmo em meio

a forte chuva, quando os demais pescadores se recusaram pelo risco do barco virar;

Aos amigos de sempre e os novos de jornada, que tantas vezes me escutaram

sobre a pesquisa como se o que eu falava fosse algo muito comum. Foram momentos

preciosos que me fizeram seguir adiante. Destaco aqui a equipe da Secretaria de Meio

Ambiente, especialmente a Gerência de Recursos Naturais e a de Educação

Ambiental, dais quais o Ângelo Giovani de Araújo Vieira, o Aluízio Piffer, a Ludmilla

Dematte, a Eva Cordeiro e a Vanessa Cusine Spinassé, que foram ouvidos

(literalmente ouvido) constantes; Especialmente ao Aldo Marcello Bicalho, que, além

de ouvido, sempre se mostrou disponível a ajudar. Seja em leituras e mão-de-obra de

graça a açaís em meio aos turbilhões para relaxar. Obrigada!

À minha amiga de longas jornadas, Bruna Fonseca, que compartilhou a mesma

fase comigo e ainda me inspira em seguir adiante;

E ao meu companheiro Renan Giostri que, além de me incentivar nessa etapa,

faz-me acreditar que o caminho continua, e que os desafios que enfrentei, ao seu lado,

serão brandos caminhos para uma continuação desse trabalho.

Muito Obrigada!

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"A ciência não é só compatível com a espiritualidade;

é uma profunda fonte de espiritualidade."

Carl Sagan.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Capítulo 1

Figuras............................................................................................................................I

Tabelas...........................................................................................................................II

Capítulo 2

Figuras............................................................................................................................III

Tabelas...........................................................................................................................IV

Capítulo 3

Figuras.............................................................................................................................V

Tabelas............................................................................................................................V

INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................................1

CAPITULO I: Biodiversidade de diatomáceas perifíticas do rio São Mateus, ES.

Resumo...........................................................................................................................6

Abstract...........................................................................................................................7

Introdução.......................................................................................................................9

Material e métodos

Área de estudo................................................................................................................10

Amostragem e análises abióticas....................................................................................13

Indicadores biológicos.....................................................................................................14

Resultados e discussão

Dados abióticos...............................................................................................................14

Dados bióticos.................................................................................................................24

Conclusão......................................................................................................................34

Referencias bibliográficas............................................................................................35

CAPÍTULO II: Diatomáceas perifíticas como bioindicadoras da qualidade da água

No rio São Mateus, ES.

Resumo...........................................................................................................................45

Abstract .........................................................................................................................46

Introdução.......................................................................................................................47

Material e métodos

Área de estudo.................................................................................................................49

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Análises bióticas...............................................................................................................51

Indicadores biológicos......................................................................................................52

Resultados e discussão

Dados abióticos................................................................................................................54

Indicadores biológicos......................................................................................................56

Conclusão.......................................................................................................................68

Referências bibliográficas.............................................................................................69

CAPITULO III: Anorthoneis dulcis Hein: Primeiro registro para a região sudeste do

Brasil

Resumo...........................................................................................................................82

Abstract...........................................................................................................................82

Introdução.......................................................................................................................83

Material e métodos.........................................................................................................84

Resultados e discussão.................................................................................................85

Agradecimentos..............................................................................................................90

Referências bibliográficas.............................................................................................90

CONCLUSÃO GERAL.....................................................................................................92

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I

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

CAPÍTULO 1

Figuras

Figura 1: Mapa de Unidades Naturais EMCAPA/NEPUT (1999). Cada 2 meses

parcialmente seco são contados como um mês seco. (U: Chuvoso/ S: seco/ PS).......11

Figura 2: Mapa da área de estudo. Escala superior: 10 Km, Inferior: 1 Km.......12

Figura 3: Valores da Temperatura (ºC) e Chuvas (mm) nos períodos

amostrados (nov/12 e fev/13).....................................................................................15

Figura 4: Comparação entre a variação longitudinal dos valores de Temperatura

(ºC) e Oxigênio Dissolvido (OD), para os dois meses de coleta. A: novembro /2012; B:

fevereiro/2013.............................................................................................................16

Figura 5: Variação longitudinal das variáveis abióticas no rio São Mateus, em

novembro de 2012 e fevereiro de 2013. A: Sólidos Totais Suspensos (STS); B:

Turbidez (NTU); C: Condutividade Elétrica (CE) e D: pH.............................................17

Figura 6: Variação longitudinal da DBO 5 dias a 20ºC ao longo o do rio São

Mateus, nos meses chuvoso (nov/2012) e parcialmente seco (fev/2013)...................18

Figura 7: Variação longitudinal dos nutrientes no rio São Mateus, em novembro

2012 e fevereiro de 2013. A: Sílica; B: Ortofosfato; C: Fósforo Total e D: Nitrato.........19

Figura 8: Ordenação pela Análise de Componentes Principais das variáveis

abióticas para as estações amostrais do rio São Mateus *Ptotal = Fósforo total; Si =

sílica; Turb = turbidez; Sechi = transparência; NO3 = nitrato; Cond = condutividade

elétrica; OrtoP = Ortofosfato.......................................................................................22

Figura 9: Análise de Ordenação Principal (ACP) de 11 variáveis abióticas do

mês parcialmente seco (Fevereiro/2013)....................................................................24

Figura 10: Número de indivíduos por Classes encontradas, nos dois meses de

coleta. A: chuvoso; B: parcialmente seco....................................................................28

Figura 11: Polymyxus coronalis, espécie dominante no rio São Mateus. (Barra

de escala: 10 µm)........................................................................................................29

Figura 12: Espécies abundantes em mais estações amostrais do rio São

Mateus. 1. Coccones placentula; 2. Cocconeis placentula var. lineata; 3. Geissleria cf.

lusitânica Novais et Ector 4. Geissleria sp. (Barra: 10 µm)..........................................30

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II

Figura 13. Espécies que só foram abundantes em uma EA. L01: 1. B. cf

paradoxa; L02: 2a. G. salae 2b. N. escambia L03: 3a. N. bryophyla 3b. Cocconeis sp

3c. P. exígua L04: 4a. Gomphonema sp 4b. G. acuminatum 4c. D. stelligera 4d.

Achnanthales sp14e. Orthoseira sp 4f. Cyclotella sp L05: 5a. C. túmida 5b.

Staurosirella sp. 5c. E. formica 5d. A. commutata 5e. Hippodonta sp.1 L06: 6a. L.

hungarica 6b. T. oestrupii L08: 7a. E. didyma 7b. P. laevis L09 8. A. coffeiformis L10

9. Raphoneis sp………………………………………………………………………….....32

Figura 14: Índices de diversidade calculados em relação aos 298 táxons

encontrados no rio São Mateus nos meses chuvoso (novembro de 2012) e

parcialmente seco (fevereiro de 2013). A: Riqueza; B: Dominância; C: Diversidade de

Shannon - Wiener e D: Diversidade de Simpson.........................................................33

Tabelas

Tabela 1: Localização das Estações Amostrais georeferenciadas...................12

Tabela 2: Variação longitudinal da classificação das estações amostrais do rio

São Mateus a partir do Índice de Estado Trófico (IET) utilizando fósforo total,

modificado para rios por Lamparelli (2004).................................................................20

Tabela 3: Resultados da Análise de Componentes Principais (ACP) em relação

a 11 variáveis abióticas e a variação longitudinal de estações amostrais no rio São

Mateus no mês chuvoso (novembro/2012) e parcialmente seco (fevereiro/2013)......21

Tabela 4: Resultado da Análise de Componentes Principais (ACP) em relação

a 11 variáveis abióticas e a variação longitudinal de estações amostrais no rio São

Mateus no mês parcialmente seco (fevereiro/2013)....................................................23

Tabela 5: Ocorrência dos táxons encontrados no rio São Mateus nos dois

meses amostrados (novembro/2012 e fevereiro/2013). 0: Ausente; X: presente........25

Tabela 6: Relação das espécies que só foram abundantes em uma EA com as

respectivas Estações Amostrais.................................................................................31

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III

CAPÍTULO 2

Figuras e Anexo

Figura 1: Mapa da área de estudo. Escala superior: 10 Km, Inferior: 1 Km.......50

Figura 2: Separação das estações amostrais de acordo com a composição de

espécies a partir de 20 amostras coletadas do pecíolo da Eichhornia crassipes Solms,

através do método de TWINSPAN..............................................................................56

Figura 3: Análise da CCA entre a composição de espécies (dominantes e

abundantes) por estações amostrais de acordo com categorias encontradas no

TWINSPAN e 10 variáveis abióticas (físicas e químicas). (mês parcialmente seco: 1.

Trecho superior; 2. Trecho inferior / 3. Trecho superior; 4. Trecho inferior).................61

Figura 4: Correlação entre as 55 espécies indicadoras de acordo com o

INDVAL, pelas categorias do TWINSPAN e 11 variáveis abióticas (físicas e

químicas)....................................................................................................................64

Figura 5: Valores do estado trófico da qualidade da água de acordo com o IBQA

São Mateus.................................................................................................................66

Figura 6: Valores do estado trófico da qualidade da água de acordo com o IBQA

proposto para os rios sul-brasileiros............................................................................67

Anexo 1: Imagens das espécies indicadoras do rio São Mateus......................75

Tabelas

Tabela 2: Médias e desvio padrão dos dados físicos e químicos dos meses

parcialmente seco e chuvoso obtidos das estações amostrais no rio São Mateus......55

Tabela 3: Táxons indicadores dos trechos superior e inferior do rio São Mateus,

nos meses, chuvoso e parcialmente seco. Parcialmente seco: 1-Trecho superior \ 2-

trecho inferior; Chuvoso: 3: trecho superior \ 4: trecho inferior.....................................57

Tabela 4: Coeficientes canônicos e correlações intra-set entre as variáveis

bióticas e abióticas do rio São Matheus, para os dois primeiros eixos da CCA. (pH,

Ox: Oxigênio Dissolvido, Cond: Condutividade Elétrica, TºC: Temperatura da Água,

Turb: Turbidez, Si: Sílicatos, OrtoP: Ortofosfato, P Total: Fósforo Total e NO3-:

Nitrato)........................................................................................................................60

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IV

Tabela 5: Resultado da aplicação da análise de CCA entre os fatores abióticos

(físicos e químicos da água) e as 55 espécies indicadoras de acordo com o INDVAL.

Tabela 6: Relação entre os táxons indicadores dos trechos do rio São Mateus

em relação à Cidade, com valor de indicação superior a 70, e a relação destes com

os dois primeiros eixos da Análise de Correspondência Canônica.............................62

Tabela 7: Variação longitudinal da classificação das estações amostrais do rio

São Mateus a partir do Índice de Estado Trófico (IET) utilizando fósforo total,

modificado para rios por Lamparelli (2004).................................................................62

Tabela 8: Classificação das Estações Amostrais dos meses parcialmente seco

e chuvoso, de acordo com o IBQA proposto para a região sul brasileiro e o IBQA

adaptado para o rio São Mateus.................................................................................68

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V

CAPÍTULO 3

Figuras

Figura 1. Mapa com a localização das Estações Amostrais no rio São Mateus,

Espírito Santo.............................................................................................................84

Figuras 2-16: Imagens de indivíduos de Anorthoneis dulcis encontrados no rio

São Mateus.................................................................................................................87

Figura 17. Polymyxus coronalis, espécie dominante no rio São Mateus. (Barra:

10 µm).........................................................................................................................88

Figuras 18-24: Espécies abundantes que ocorreram nos mesmos ambientes

que A. dulcis: 18. A inflata A: vista valvar, B: vista pleural; 19 A. exiguum A e C: valva

com rafe e B: valva sem rafe; 20. D confervacea (A e B); 21 H capitata (A e B); 22. H.

whampoensis A: ampliação de 1000x e B: 400x; 23. P. laevis; 24. T. musica A: vista

valvar e B: vista pleural. (Barras: 10 µm).....................................................................88

Tabelas

Tabela 1: Medidas (altura, largura e estrias em 10 µm de 15 indivíduos de A.

dulcis, epifíticos do rio São Mateus.............................................................................86

Tabela 2: Abundância de A. dulcis nos meses chuvoso (novembro-2012) e

parcialmente seco (fevereiro-

2013)..........................................................................................................................87

Tabela 3: Valores das variáveis físicas e químicas do rio São Mateus analisadas

nos meses chuvoso (Novembro-2012) e parcialmente seco (Fevereiro – 2012). EA =

estação amostral; OD = oxigênio dissolvido; Cond = condutividade elétrica; ºC =

temperatura da água; Turb = turbidez.........................................................................89

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INTRODUÇÃO GERAL

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Na região sudeste do Brasil, no Estado do Espirito Santo, estudos limnológicos,

especificamente relacionados com algas perifíticas em rios são necessários, uma vez

que o perifíton (algas, bactérias, fungos, protozoários, rotíferos aderidos a objetos

submersos na água) é um dos componentes mais produtivos na região litorânea e

com isso desempenha importante papel no metabolismo desses ecossistemas

aquáticos.

A predominância de diferentes grupos algais em determinado ecossistema é

função, principalmente, das características predominantes do meio, sendo que tais

grupos geralmente podem ser representados principalmente por diatomáceas

(Bacillariophyta), algas verdes (Chlorophyta e Charophyta) e algas verde-azuladas

(Cyanobacteria).

As diatomáceas são caracterizadas pela composição da parede celular de sílica

e vivem em um amplo domínio de habitats aquáticos e terrestres. Os gêneros destas

algas mostram grande relação com parâmetros limnológicos, como pH, temperatura,

concentrações de solutos e nutrientes além de contaminantes orgânicos e

inorgânicos, sendo por isso, valiosos indicadores ambientais de condições físicas,

químicas e biológicas do meio.

As diatomáceas representam o grupo de algas mais representativo (cerca de

80%) nas comunidades de algas perifíticas e os principais recursos exigidos por este

grupo são nitrogênio, fósforo e sílica; este último de fundamental importância para

composição da parede celular (denominada frústula).

Essa pesquisa está inserida em um projeto mais amplo, o PELD (Edital

MCT/CNPq N º 59/2009 - Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração)

intitulado “Caracterização ambiental da bacia do rio São Mateus frente a aspectos

naturais e antrópicos: escala espacial e temporal”, com duração de três anos (2011 –

2013).

Desta forma como parte do PELD, o local selecionado para a realização deste

estudo é o rio São Mateus, também conhecido como rio Cricaré, que nasce no estado

de Minas Gerais e desagua no Oceano Atlântico, na cidade de Conceição da Barra,

Estado do Espirito Santo. A bacia do rio São Mateus abrange 25 municípios, dos

quais 11 estão no Espirito Santo, como por exemplo, São Mateus, o segundo mais

antigo e sétimo mais populoso do estado. Ao longo de 30 km de extensão do rio, 10

estações de amostragem localizadas a montante, durante e a jusante da cidade de

São Mateus foram selecionadas para coletas. As amostragens foram realizadas em

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21 de novembro de 2012 (período chuvoso) e 21 de fevereiro de 2013 (período

parcialmente seco). Amostras para análises abióticas (temperatura, precipitação,

transparência da água, zona eufótica, fluxo de corrente, condutividade elétrica, pH,

oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, turbidez, nutrientes) e bióticas

(perifíton) foram obtidas simultaneamente nas margens do rio. O material perifítico foi

removido do pecíolo da macrófita (Eichhornia crassipes (Mart.) Solms) com auxílio de

estilete e jatos d’água e fixados em solução de Transeau para, posteriormente, serem

oxidadas com permanganato de potássio e ácido clorídrico e lâminas permanentes

foram preparadas com resina Naphrax. O tratamento dos dados abordou as análises:

Análise de componentes principais (PCA), para a ordenação das estações amostrais

em relação as variáveis abióticas; as análises de espécies indicadoras (TWINSPAN e

INDVAL), para o ordenamento e agrupamento encontrados por estação amostral em

função da abundância relativa dos táxons de diatomáceas; análise de

correspondência canônica (CCA), para relacionar os dados abióticos com os bióticos.

O objetivo geral deste estudo foi avaliar, através de índices, como as

diatomáceas se comportam em termos de biodiversidade bem como de indicadores

biológicos em função dos diferentes gradientes de trofia do rio São Mateus.

Os objetivos específicos foram:

Avaliar a biodiversidade das comunidades de diatomáceas perifíticas em 10

estações amostrais nos dois períodos climáticos;

Comparar o uso dos índices aplicados à comunidade de diatomáceas na

Bacia do Rio São Mateus, de modo a sugerir um método mais adequado ou

mesmo a adaptação de um para uma medida mais confiável;

Caracterizar a qualidade da água das estações amostrais com base nas

características limnológicas e das comunidades de diatomáceas perifíticas;

Descrever, ilustrar e avaliar a abundância relativa de Anorthoneis dulcis na

comunidade perifítica em ambiente lótico tropical e relacioná-la às

condições limnológicas.

Assim, as seguintes hipóteses foram formuladas:

Entre as diatomáceas do rio São Mateus existem espécies indicadoras cuja

presença e abundância possam ser utilizadas na avaliação da qualidade da água, e

assim, propor a adaptação do Índice Biológico da Qualidade da Água – IBQA.

O índice Biológico da Qualidade da Água (IBQA) proposto para a região sul do

país é impróprio para a avaliação da qualidade da água no rio São Mateus, ES.

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A quebra do contínuo fluvial do rio São Mateus (Pereira et al., 2013) é evidente

nos meses mais secos, onde há menor mistura das águas superficiais.

Esta dissertação foi organizada em três capítulos. No primeiro capitulo os

dados sobre composição, diversidade e riqueza taxonômica das comunidades de

diatomáceas epifíticas presentes nas 10 estações amostrais nos dois períodos

climáticos foram avaliados em função das diferentes condições limnológicas do

ambiente, bem como as condições de trofia. Neste capitulo é apresentada uma lista

de táxons encontrados.

O capitulo dois mostra os resultados quanto às análises de espécies de

diatomáceas indicadoras e índices tróficos, de saprobidade (IBQA de Lobo et al.,

2004), com proposta de IBQA para o rio São Mateus adaptado do índice de Lobo et

al. (2004). Para evidenciar a morfologia das células das diatomáceas pranchas com

imagens das espécies abundantes foram organizadas.

O terceiro e último capítulo, preparado e submetido sob as normas da revista

Hoehnea revela a nova ocorrência geográfica de Anorthoneis dulcis Hein

(Achnanthales), sendo o primeiro estudo a abordar esta espécie em macrófitas

aquáticas na América do Sul, ampliando a distribuição geográfica da espécie, bem

como contribuindo também para ocorrência em águas levemente ácidas.

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CAPITULO I

Biodiversidade de diatomáceas perifíticas

do rio São Mateus

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Resumo

Em termos de biodiversidade, as águas brasileiras apresentam grande significado,

porém devido as dificuldades em inventariar todos os organismos em função da

quantidade de bacias hidrográficas jamais inventariadas, ao reduzido número de

inventários efetuados, bem como a necessidade de revisão taxonômica para vários

grupos de organismos o número exato dessa biodiversidade ainda é imprecisa. Dentre

os organismos constituintes do complexo perifítico, as algas são crucialmente

importantes para os ecossistemas aquáticos, ao produzirem oxigênio e servirem como

alimento para animais aquáticos; ao serem utilizadas como indicadores biológicos das

alterações da qualidade da água. Diante do fato da inexistência dados sobre

biodiversidade e ecologia de diatomáceas no Estado do Espírito Santo, este estudo

objetivou conhecer e identificar as comunidades de diatomáceas perifíticas em função

dos diferentes gradientes de trofia do rio São Mateus. Nesta pesquisa foram coletadas

20 amostras de diatomáceas perifíticas do pecíolo Eichhornia crassipes (Mart.) Solms,

localizadas ao longo de 30 km de amostragem do rio São Mateus. Foram analisados

dados físicos, químicos e biológicos em dois meses (nov/2012 e fev/2013).

Temporalmente e espacialmente os resultados (72,5% e 90,4% de explicabilidade nos

dois primeiros eixos, respectivamente) da Análise de componentes principais (PCA)

separou os dois meses e as estações amostrais de coleta em função de 11 variáveis

abióticas. De forma geral, 289 táxons foram identificados, distribuídos em 67 gêneros.

A Classe que mais contribuiu com números de táxons foi Bacillariophyceae (216),

seguida de Coscinodiscophyceae (50) e Fragilariophyceae (23). Comparando os

meses amostrados, 278 táxons ocorreram no mês chuvoso (nov/12) e 112 ocorreram

no mês parcialmente seco (fev/13). Quanto as espécies abundantes e dominantes

somente Polymyxus coronalis Bailey foi dominante, 132 espécies foram abundantes

e mais da metade do número total de táxons foram raros (156). Os valores do índice

de diversidade de Shannon (H’) da comunidade de diatomáceas epifíticas variaram

de 2.2 a 3.2 no período parcialmente seco e de 3.6 a 4.8, no de chuva. Apesar de

haver o reconhecimento de que os efeitos negativos da poluição refletem na redução

da diversidade de espécies, fato que justifica a constante utilização de medidas de

diversidade como indicadores ambientais, nesta pesquisa foi observado o contrário.

As estações de coleta que recebem maiores cargas de nutrientes (L05 e L06)

apresentaram os maiores valores de diversidade.

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Assim, os índices de diversidade puramente utilizando diatomáceas não foram

adequados para avaliar a qualidade da água no rio São Mateus.

Palavras-chave: Bacillariophyceae, Coscinodiscophyceae, Fragilariophyceae,

impactos antrópicos, epifiton, composição taxonômica,

Abstract

In terms of biodiversity, Brazilian waters have great significance, but because of the

difficulties in inventory all organisms in bulk watershed never scheduled, the small

number of inventories carried as well as the need for taxonomic revision for various

groups of organisms the exact number of such biodiversity is still imprecise. Among

the constituents of the periphytic complex organisms, algae are crucially important to

aquatic ecosystems to produce oxygen and serve as food for aquatic animals; when

used as biological changes of water quality indicators. Given the fact that no data on

biodiversity and ecology of diatoms in the State of Espírito Santo, and this study aimed

to identify communities of periphytic diatoms for different trophic gradients São Mateus

river. In this study, 20 samples of periphytic diatoms by Eichhornia crassipes (Mart.)

Solms petiole, located over 30 km from São Mateus River sample were collected.

Physical, chemical and biological data in two months (nov/2012 and fev/2013) were

analyzed. Temporally and spatially the results (72.5% and 90.4% of explicability the

first two axes, respectively) of the Principal component analysis (PCA) separated the

two months and the sample collection stations on the basis of 11 abiotic variables.

Overall, 289 taxa were identified, distributed in 67 genera. The class that contributed

with numbers of taxa was Bacillariophyceae (216), followed by Coscinodiscophyceae

(50) and Fragilariophyceae (23). Comparing the sampled months, 278 taxa occurred

in the rainy month (nov/12) and 112 occurred in the partially dry month (fev/13). As

abundant and dominant species only Polymyxus coronalis Bailey was dominant, 132

species were plentiful and more than half of the total number of taxa were rare (156).

The values of the Shannon diversity index (H ') of the epiphytic diatom community

ranged from 2.2 to 3.2 in partially dry period and 3.6 to 4.8, in the rain. Although there

is recognition that the negative effects of pollution reflect the reduction of species

diversity, which justifies the constant use of diversity measures as environmental

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indicators, in this work the opposite was observed. Sampling stations which receive

greater nutrient loads (L05 and L06) showed the highest values of diversity.

Thus, the diversity index using purely diatoms were not suitable for evaluating water

quality in the São Mateus river.

Key-words: Bacillariophyceae, Coscinodiscophyceae, Fragilariophyceae, anthropic

impacts, epiphyton, taxonomic composition

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Introdução

A poluição dos ecossistemas aquáticos vem causando preocupação por estar

se tornando um dos grandes problemas ambientais mundiais (Dupont et al., 2007),

contrariando recomendações declaradas no documento da Organização das Nações

Unidas (ONU), da Agenda 21 (CNUMAD, 1992), de que “a utilização da água deve ter

como prioridades a satisfação das necessidades básicas e a preservação dos

ecossistemas”.

O primeiro passo para a resolução desses problemas é o desenvolvimento de

metodologias de diagnóstico eficientes. Desde a década de 1970, pesquisadores e

gestores de recursos hídricos da Europa Ocidental e da América do Norte (Armitage et

al, 1995) argumentam que as metodologias tradicionais de classificação de águas,

baseadas em características físicas, químicas e bacteriológicas, não são suficientes para

atender aos usos múltiplos da água, sendo particularmente deficientes na avaliação da

qualidade estética, de recreação e ecológica do ambiente. Assim, além das

características já citadas, as biológicas também devem ser consideradas no

monitoramento, uma vez que estas permitem antecipar impactos, avaliar o risco

ecológico e as consequências desses impactos (Tundisi & Matsumura-Tundisi, 2008;

Bere & Tundisi, 2010).

Há uma tendência no mundo de as políticas de avaliação da qualidade da água

abrangerem esses três aspectos (físico, químico e biológico), tal como a Normativa

Marco da Água (European Commission, 2000), que tem por objetivo prioritário atingir o

“Bom Estado Ecológico” dos sistemas aquáticos até o ano de 2015 (Lobo, 2013). Neste

contexto, certamente, as discussões em torno dessa tendência deverão nortear as

diretrizes a serem implementadas no Brasil e na América Latina, na busca de um modelo

de gestão que possa ser adotado para o uso racional e usos múltiplos dos recursos

(Lobo, 2013).

Quanto às técnicas, quatro têm sido utilizadas de forma separada para avaliar a

qualidade da água: Índices de diversidade, análises multivariadas, análise da relação

abundância-espécie e índices bióticos. Mas, de fato, poucos são os estudos

comparativos que têm sido publicados (Lobo et al, 2002).

Em relação ao enfoque dos índices de diversidade, eles são amplamente

utilizados para avaliar a qualidade da água, pois, de acordo com Odum (1971), as

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comunidades em ambientes desfavoráveis ou poluídos apresentam redução na

diversidade.

Assim, o objetivo geral para este capítulo foi avaliar a biodiversidade das

comunidades de diatomáceas perifíticas em função dos diferentes gradientes de trofia

do rio São Mateus e a hipótese formulada foi de que há uma quebra do contínuo fluvial

do rio São Mateus mais evidente nos meses mais secos, onde há menor mistura das

águas superficiais. Assim,

H0 = Não há quebra de contínuo fluvial;

H1 = Há a quebra do contínuo fluvial.

Material e métodos

Área de estudo

O rio São Mateus, que é de domínio da União, cujas nascentes estão localizadas

em Minas Gerais, a cerca de 1000 m de altitude, é formado por dois braços: o rio Cotaxé,

com 244 km de extensão e o rio Cricaré, com 188 km, respectivamente. A bacia abrange

25 municípios, dos quais 11 estão no Espírito Santo. (ANA, 2009)

Ao longo do trajeto, desde a nascente até a foz, o rio São Mateus atravessa

basicamente dois tipos climáticos: o tropical sub-úmido (com estação seca no inverno),

nas cabeceiras, e o tropical úmido (chuvoso), nas proximidades do litoral. Assim sendo,

o índice pluviométrico anual médio varia de 1300 mm, na faixa litorânea, a 800 mm, perto

das nascentes. A largura máxima aproximada do rio é de 310 metros. Da nascente até

a altura de Nova Venécia - ES e Boa Esperança – ES, tanto esse curso d’água como

seus afluentes, possuem muitas corredeiras e pequenas cachoeiras (ANA, 2009).

As principais atividades econômicas são a agropecuária, a indústria alcooleira,

indústria de celulose, indústrias de mineração (extração de granito), explorações mineral

e florestal. Há também as prospecções de petróleo e de gás natural, a exploração de

jazidas de sal-gema e a extração de granito para exportação, entre outras.

O rio São Mateus é o manancial abastecedor de vários municípios e de diversos

projetos de irrigação. Os principais fatores de degradação dos recursos hídricos nesta

bacia são: cargas elevadas de efluentes domésticos e industriais, lançamento de lixo,

barramentos irregulares, efluentes e resíduos de atividades agropecuárias, processos

erosivos generalizados nos solos das bacias hidrográficas, retificação, canalização e

dragagem de cursos de água, aterros e drenagem de alagadiços e lagoas marginais;

retirada de matas marginais; desmatamento e extração de areia. Os principais conflitos

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presentes e potenciais pelo uso da água nesta bacia ocorrem nos períodos de escassez

e/ou em função da exigência natural dos usuários para terem água potável de boa

qualidade. No balneário de Guriri já é possível, na época seca do ano, visualizar o

avanço da água do mar em direção ao continente, o que provoca salinização da água

(Pró-comitê da BHRSM & ADERSAMA, 2009).

De acordo com EMCAPA/NEPUT (Feitoza et al., 1999), a região que abrange as

amostragens desta pesquisa (zona 7, Figura 1) é considerada como de terras quentes,

planas e chuvosas, como sendo os meses típicos chuvosos: julho, outubro, novembro

e dezembro e, parcialmente seco, os demais meses.

Figura 1: Mapa de Unidades Naturais EMCAPA/NEPUT (1999). Cada 2 meses

parcialmente seco são contados como um mês seco. (U: Chuvoso/ S: seco/ PS).

Ao todo, 10 Estações Amostrais – EAs (Tabela 1) - ao longo do Rio São Mateus

foram selecionadas, totalizando 20 amostras coletadas. A escolha das 10 estações

teve como base o estudo de Pereira et al. (2013), que selecionaram seis estações

amostrais como suficientes para verificar o descontínuo fluvial. Nesta pesquisa foram

mantidas as estações que apresentaram maior variação na pesquisa de Pereira et al.

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(2013), e acrescentadas três a jusante do último ponto de coleta, uma intermediária e

uma anterior ao primeiro ponto a montante da Cidade de São Mateus, de modo a

abranger 30 km de amostragem (Figura 2).

Figura 2: Mapa da área de estudo. Escala superior: 10 Km, Inferior: 1 Km.

Tabela 1: Localização das Estações Amostrais georeferenciadas.

Pontos de coleta Coordenadas Geográficas

S W

L01 Valão do Filin 18º41'17.2" 039º53'04.5"

L02 Captação SAAE 18º42'49.73" 039º51'29.46"

L03 Sítio Histórico 18º42'42.7" 039º51'17.7"

L04 Buraco do Bicho 18º42'15.2" 039º49'06.2"

L05 Piscicultura 18º43'08.1" 039º48'51.3"

L06 Esgoto 18º43'11.1" 039º48'51.3"

L07 Rio Preto 18º42'46,3" 039º47'45,8"

L08 Braço Conceição da Barra 18°42'01.0" 039º46'18.8"

L09 Divisão das Fozes 18º42'21.4" 038º46'32.8"

L10 Mariricu 18º43'11.2" 039º46'17.5"

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Amostragem e análises abióticas

As coletas foram realizadas em duas campanhas, em 21 de novembro de 2012

e 21 fevereiro de 2013, sendo esses meses caracterizados, respectivamente, como

chuvoso e parcialmente seco, de acordo com Feitoza et al. (1999). Tal escolha teve

como objetivo obter a melhor variação na composição de espécies de diatomáceas.

Os dados de média mensal de temperatura do ar e precipitação pluviométrica

foram obtidos a partir da estação meteorológica do Centro Universitário Norte do

Espírito Santo (CEUNES). Para a caracterização limnológica do rio São Mateus, na

região marginal de cada estação amostral, foram determinados em campo as

seguintes variáveis: a transparência da agua (m) e o limite inferior da zona eufótica

(m) - com o Disco de Secchi, o fluxo de corrente, com o Fluxômetro Mechanical

Flowmeters Model 2030 Series. A condutividade eletrica (ƒÊS/cm), Temperatura (ºC)

e Oxigênio dissolvido (mg.L-1), que foram medidos com o multiparâmetro YSI.

Em laboratório foram determinados a turbidez (NTU) com turbidimetro HANNA,

a concentração dos sólidos totais em suspensão - de acordo com APHA (1995), a

Demanda Bioquímica de Oxigênio 5 dias (DBO) e os nutrientes: nitrato (Mackereth et

al., 1978), fósforo total (Valderrama, 1981), silicatos (Carmouze, 1994) e Ortofosfato

(Strickland & Parsons, 1960).

Análises bióticas

As análises biológicas foram obtidas da raspagem do pecíolo da Eichhornia

crassipes (Mart.) Solms, que é uma macrófita flutuante comum a todos as Estações

Amostrais.

O material perifítico foi removido da macrófita com o auxílio de estilete e jatos

d’água e fixados em solução de Transeau para, posteriormente, serem

confeccionadas as lâminas permanentes. Estas foram de acordo com a técnica de

Simonsen (1974) modificada por Moreira Filho & Valente Moreira (1981), que utiliza

permanganato de potássio e ácido clorídrico concentrado.

A análise quantitativa utilizada foi como aquela descrita por Kobayasi &

Mayama (1982) e Lobo et al (1995), com as amostras contadas em transectos, com

um mínimo de 400 valvas registradas e os táxons, sempre que possível, identificados

em nível específico e intra-específico, com auxílio de literaturas clássicas (e.g. Van

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Heurck, 1899; Hustedt, 1930; Simonsen, 1987; Round et al., 1990) e recentes (e.g.

Metzeltin et al., 2005; Metzeltin & Lange-Bertalot, 2007; Taylor et al., 2007; Cremer &

Koolmes, 2010), além de consultas a periódicos especializados. Os táxons foram

fotografados em objetivas (aumento de 400 e 1000x) obtidas a partir do

fotomicroscópio Nikon NIS Elements.

Para caracterização ultraestrutural das células de diatomáceas em microscópio

eletrônico de varredura Jeol, JSM – 6610 algumas amostras foram tratadas através

de cobertura de sub-amostras com ouro Denton Vacuum, Desk V do Laboratório

Multiusuário de microscopia de alta resolução – LABMIC/UFG.

A determinação de espécies abundantes e dominantes foi de acordo com os

critérios de Lobo & Leighton (1986), porém adaptado para contagem das valvas,

sendo as dominantes aquelas que apresentaram quantidade de valvas acima de 50%

do total de valvas contadas na amostra e, as abundantes, aquelas com valores acima

dos valores em média da amostra.

Indicadores biológicos

Para a análise dos indicadores biológicos, dois índices de diversidade foram

utilizados, já que, conforme Magurran (1988), o de Shannon-Wiener é mais sensível

à riqueza enquanto o de Simpson, à dominância específica.

A Análise de Componentes Principais (ACP) foi utilizada em relação aos fatores

abióticos, em função dos dois meses de coleta e a definição das estações amostrais

em relação à variação longitudinal do rio.

Resultados e discussão

Dados abióticos

As médias mensais de temperatura, Figura 3, foram de 24,5ºC para o mês

chuvoso e de 26,5ºC para o parcialmente seco e as chuvas, respectivamente,

variaram de 106 mm a 10 mm conforme INMET. Esses dados corroboram a

classificação para região de acordo com EMCAPA/NEPUT (Feitoza et al, 1999), na

qual o mês de novembro é caracterizado como chuvoso e, o de fevereiro, como

parcialmente seco.

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Figura 3: Valores da Temperatura (ºC) e Chuvas (mm) nos períodos amostrados

(nov/12 e fev/13).

A concentração de oxigênio dissolvido (OD) foi baixa (Figura 4), contrariando

recomendações da Resolução Conama nº 357/2005, para as águas Classe 1, na qual

a concentração desse fator não pode ser inferior a 6 mg.L-1. Os valores encontrados

variaram de 2,6 mg.L-1 a 4 mg.L-1 no mês chuvoso e de 4,6 mg.L-1 a 5,5 mg.L-1 no

mês parcialmente seco e. De acordo com Von Sperling (2007), em ambientes com OD

em torno de 4-5 mg.L-1 os peixes mais exigentes morrem. Este fato foi observado na

estação L06, em que foram observados peixes mortos e o valor médio da

concentração de OD nesta estação foi de 2,14 mg.L-1. Tais valores baixos talvez

possam ser justificados pelas condições de saprobidade da água, evidenciados nos

valores encontrados da condutividade elétrica e DBO, respectivamente figuras 5C e

6. Outra possiblidade, porém, menos provável, é se relacionar com a temperatura da

água, pois a solubilidade do oxigênio varia de acordo com a mesma, tal como

observado na Figura 4. Esses valores de OD também foram verificados em outras

pesquisas na região (Antunes et al., 2012; Pereira et al., 2013), nos quais o OD variou

de 1,0 mg.L-1 a 8,0 mg.L-1 por EAs, mas com médias de 5,1 mg.L-1 a 5,6 mg.L-1 e, em

Pereira (2013) as médias por estação foram de 3,9 mg.L-1 a 4,7 mg.L-1.

23

23.5

24

24.5

25

25.5

26

26.5

27

0

20

40

60

80

100

120

Novembro Fevereiro

TºC

Plu

vio

sid

ade (

mm

)

Pluviosidade (mm) TºC

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A)

B)

Figura 4: Comparação entre a variação longitudinal dos valores de Temperatura (ºC)

da água e Oxigênio Dissolvido (OD), para os dois meses de coleta. A: novembro

/2012; B: fevereiro/2013.

Os Sólidos Totais Suspensos (STS) foram crescentes no sentido Montante à

Jusante da Cidade (Figura 5A), assim como a turbidez (Figura 5B), para ambos os

meses de coleta. E os dois fatores foram maiores na estação chuvosa. Os valores em

médias foram em torno de 65 NTU para a turbidez e de 30 mgL-1 para o STS.

Os valores de turbidez para o mês de novembro/2012 estão acima daqueles

permitidos para os padrões da Classe 1 (Resolução CONAMA 357 de 2005), que é

de até 40 NTU, porém para os sólidos totais estão dentro dos limites estabelecidos,

que é de até 500 mgL-1. A elevada turbidez pode ser explicada pela formação

geológica do rio São Mateus, bem como pelas chuvas, pois, segundo Brigante et al.

(2003), devido à natureza geológica de sua bacia de drenagem, as águas da maioria

dos rios brasileiros são naturalmente turvas. Esses mesmos autores ainda citam que

as fortes chuvas tropicais contribuem para o carreamento de componentes dos solos

expostos, erodíveis ou agricultados, como é o caso do rio São Mateus, lixiviando

23.5

24

24.5

25

25.5

26

26.5

27

27.5

28

28.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

TºC

OD

(m

g.L-1

)

Nov-12 OD Nov-12 TºC

26

27

28

29

30

31

32

33

0

2

4

6

8

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

TºC

OD

(m

g.L-1

)

Feb-13 OD Feb-13 TºC

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partículas de argila, silte, fragmentos de rochas e óxidos metálicos do solo para dentro

dos ambientes aquáticos.

Quanto a Condutividade Elétrica (CE), os maiores valores foram encontrados

no mês parcialmente seco, com o maior pico na estação amostral L06, 300 μS.cm-1,

possivelmente porque o local recepta esgotos domésticos. Segundo Silva et al.

(2010), a condutividade elétrica não determina, especificamente, quais os íons que

estão presentes em determinada amostra de água, mas pode contribuir para possíveis

reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem

ocasionados por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc.

As águas do rio São Mateus foram de básicas a levemente ácidas (Figura 5D),

assim como em Antunes et al. (2012) e Pereira et al. (2013), cujas médias de pH por

Estação Amostral (EA) variaram de 7,3 a 6,9.

A

B

C

D

Figura 5: Variação longitudinal das variáveis abióticas no rio São Mateus, em

novembro de 2012 e fevereiro de 2013. A: Sólidos Totais Suspensos (STS); B:

Turbidez (NTU); C: Condutividade Elétrica (CE) e D: pH.

0

50

100

150

200

250

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

STS

(mg.

L-1

)

0

20

40

60

80

100

120

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Turb

idez

(N

TU)

0

50

100

150

200

250

300

350

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

CE

(μS.

cm-1

)

Estações Amostrais

0

2

4

6

8

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

pH

Estações Amostrais

fev nov

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Os valores de DBO (Figura 6) estes estiveram dentro dos padrões de acordo

com a Resolução CONAMA 357 para a Classe 1, de água doce, cujo limite é de até 3

mgL-1. Somente a estação L06 esteve próximo a esse limite, apresentando 2.6 mgL-1

no mês parcialmente seco. De modo geral, o mês chuvoso teve os valores de DBO

maiores do que no mês parcialmente seco. Somente nas estações onde foi observado

fontes de poluição é que os valores foram mais altos no mês parcialmente seco.

Figura 6: Variação longitudinal da DBO 5 dias a 20ºC ao longo o do rio São Mateus,

nos meses chuvoso (nov/2012) e parcialmente seco (fev/2013).

Em relação aos valores dos nutrientes encontrados nos períodos de coleta (Figura

7), o fósforo total (PT), ortosfosfato (OrtoP), silicato (Si-SiO4) e nitrato (NO3-), os maiores

valores observados, de modo geral, foram no mês chuvoso (novembro/2012), exceto

para os valores de sílica e para os demais nutrientes nas EAs L06 e L02 (onde há maior

aporte de nutrientes), pois no mês chuvoso os mesmos foram mais diluídos.

As médias de sílica foram de aproximadamente 300 mgL-1 no mês parcialmente

seco e de aproximadamente a metade no mês chuvoso; As de ortofosfato foram de 131

μg.L-1 no mês parcialmente seco e de 91 μg.L-1 no mês chuvoso; As de fósforo total

foram de 68 μg.L-1 no mês parcialmente seco e de 66 μg.L-1 no mês chuvoso; e o nitrato

teve média de 521 μg.L--1 no mês parcialmente seco e de 553 μg.L-1 no mês chuvoso

(Figura 7).

Usando como referência a resolução CONAMA 357/2005, os valores de nitrato

(Figura 7D) estiveram dentro dos padrões aceitáveis para a Classe 1, que é de até 10

mgL-1. Já os valores de fósforo total (Figura 7C), que pode ser de até 0,1 mgL-1, os quais

foram altos em 4 estações amostrais (L06, L05, L03 e L02), sugerindo fontes de matéria

orgânica nas mesmas.

0

0.5

1

1.5

2

2.5

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

DB

O (

mgL

-1)

Estações Amostrais

Fev Nov

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19

A

B

C

D

Figura 7: Variação longitudinal dos nutrientes no rio São Mateus, em novembro 2012

e fevereiro de 2013. A: Sílica; B: Ortofosfato; C: Fósforo Total e D: Nitrato.

A classificação em trofia dos corpos d’água de acordo com o Índice de estado

Trófico (IET) utilizando fósforo total modificado para rios por Lamparelli (2004), evidencia

que em nov/2012 a maioria das estações amostrais (L10 a L07, trechos a jusante da

cidade) foram mesotróficas, L05 e L09 foram supereutróficas e as demais oligotróficas

(Tabela 02). Já para o mês de fevereiro/2013, apenas a EA L07 foi considerada

oligotrófica. As EAs L10 a L08, L06, L04 e L01 foram mesotróficas (Tabela 02).

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Si-S

iO4

(m

g.L-1

)

0

100

200

300

400

500

600

700

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Ort

o P

((μ

g.L-1

)

0

50

100

150

200

250

300

350

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

PT (μ

gL-1

)

Estações Amostrais

0

200

400

600

800

1000

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

NO

3-(μ

gL-1

)

Estações Amostrais

fev nov

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Tabela 02: Variação longitudinal da classificação das estações amostrais do rio São

Mateus a partir do Índice de Estado Trófico (IET) utilizando fósforo total, modificado

para rios por Lamparelli (2004). CH = chuvoso; PS = Parcialmente Seco.

Estações

amostrais

Nov/12

(CH) Trofia

Fev/13

(PS) Trofia

L01

L02

L03

55,8

59,7

59,7

oligotrófico

supereutrófico

oligotrófico

51,4

63,3

51,0

mesotrófico

eutrotrófico

eutrotrófico

L04 55,1 oligotrófico 51,4 mesotrófico

L05 59,6 oligotrófico 51,4 eutrófico

L06 58,2 supereutrófico 65,3 mesotrófico

L07 51,8 mesotrófico 52,3 oligotrófico

L08 55,9 mesotrófico 52,6 mesotrófico

L09 56,9 mesotrófico 53,5 mesotrófico

L10 57,7 mesotrófico 53,3 mesotrófico

Em relação a ordenação espacial das estações amostrais, os resultados da

Análise do Componentes Principais (PCA) a explicabilidade verificada para os dois

primeiros eixos foi de 75,2% da análise conjunta dos dados (Tabela 3). O primeiro eixo

esteve mais relacionado à temperatura e à turbidez, enquanto o segundo, à

condutividade e o ortofosfato (Tabela 3). A separação entre as EAs ficou clara para o

mês chuvoso em relação à turbidez e ao nitrato enquanto que, para o parcialmente seco,

foi em relação à transparência da água, à temperatura, ao oxigênio dissolvido, ao pH e

à sílica (Figura 8).

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Tabela 3: Resultados da Análise de Componentes Principais (ACP) em relação a 11

variáveis abióticas e a variação longitudinal de estações amostrais no rio São Mateus

no mês chuvoso (novembro/2012) e parcialmente seco (fevereiro/2013).

Resultados Eixo 1 Eixo 2 pH -0,8799 0,1413 Oxgênio dissolvido -0,7381 -0,5878 Condutividade -0,2879 0,8753 Temperatura -0,9613 0,0699 Transparência da coluna da água -0,9214 0,2546 Turbidez 0,9264 -0,2314 Silica -0,8657 0,2073 Ortofosfato 0,1537 0,9489 Fósforo total 0,4759 0,6532 Demanda Bioquímica de Oxigênio 0,5369 0,4558 Nitrato 0,2575 -0,2461 Autovalores 5,387 2,893 % de explicação 48,9 26,3 Valores de Broken-stick 3,020 2,020 Significância (p < 0,05) 0,001 0,002

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Figura 8: Ordenação pela Análise de Componentes Principais das variáveis abióticas

para as estações amostrais do rio São Mateus *Ptotal = Fósforo total; Si = sílica; Turb =

turbidez; Sechi = transparência; NO3- = nitrato; Cond = condutividade elétrica; OrtoP =

Ortofosfato.

Assim, a separação entre os meses que representam as variações climáticas

típicas da Cidade de São Mateus foi corroborada com essa análise, pois a separação

entre os meses foi clara e significativa. A principal separação entre os meses amostrados

ocorreu em relação ao eixo 1, relacionados aos fatores de períodos de seca e chuva,

que foram a temperatura da água, transparência e turbidez.

Já para analisar a organização das estações amostrais em relação à variação

longitudinal, utilizou-se os dados do mês parcialmente seco pela Análise dos

Componentes Principais (Figura 9), com 93% de explicabilidade nos dois primeiros

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eixos. O primeiro eixo esteve mais relacionado à condutividade, ao ortofosfato e ao

oxigênio dissolvido. Já o segundo eixo esteve mais relacionado à turbidez, temperatura

e transparência da água.

Tabela 4: Resultado da Análise de Componentes Principais (ACP) em relação a 11

variáveis abióticas e a variação longitudinal de estações amostrais no rio São Mateus

no mês parcialmente seco (fevereiro/2013).

Resultados Eixo 1 Eixo 2

pH 0,0784 0,3897

Oxigênio dissolvido 0,4025 -0,1669

Condutividade elétrica -0,4362 0,0847

Temperatura da água 0,2657 -0,4292

Transparência da coluna da água -0,0822 -0,4221

Turbidez -0,0126 0,5968

Silica 0,072 0,1219

Ortofosfato -0,4297 -0,0385

Fósforo total -0,3694 -0,1522

Demanda Bioquímica de oxigênio -0,2864 0,2324

Nitrato 0,3947 0,0311 Autovalores 4,854 2,689 % de explicação 24,45 68,58

Valores de Broken-stick 3,020 2,020

Significância (p < 0,05) 0,002 0,111

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Figura 9: Análise de Ordenação Principal (ACP) de 11 variáveis abióticas do mês

parcialmente seco (Fevereiro/2013). (Cond= condutividade elétrica; OrtoP=

ortofosfato; P total= fosforo total; NO3- = nitrato; Ox= oxigênio dissolvido; ºC =

temperatura; Transp= transparência da água).

A organização das estações amostrais ficou evidenciada ao separar o rio em

trecho superior e inferior em relação ao escoamento de esgoto (estação L06),

demostrando desta forma a influência das principais fontes de poluição do rio São

Mateus, evidenciando o descontínuo fluvial provocado por ação da Cidade. Assim,

acredita-se que para uma pesquisa pioneira, as principais alterações limnológicas e

gradientes tróficos comuns à região foram contempladas para a realização de uma

análise mais efetiva da composição de diatomáceas desse rio.

Dados bióticos

Durante o período de estudo, de forma geral, 289 táxons foram identificados,

distribuídos em 67 gêneros. Do total de táxons, 50 são da Classe

Coscinodiscophyceae, 23 Fragillariophyceae e 216 Bacillariophyceae (Tabela 05).

Desta forma a classe que mais contribuiu com números de táxons foi

Bacillariophyceae, seguida de Coscinodiscophyceae (Figura 10, Tabela 05).

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Comparando os meses amostrados, 278 táxons ocorreram no mês chuvoso e

112 ocorreram no mês parcialmente seco. Somente no mês chuvoso foram 192, e

somente no mês parcialmente seco foram oito táxons. Comuns aos dois meses foram

89 táxons (Tabela 05).

Tabela 05: Ocorrência dos táxons encontrados no rio São Mateus nos dois meses

amostrados (novembro/2012 e fevereiro/2013). 0: Ausente; X: presente.

Táxon Nov/12 Fev/13 Táxon Nov/12 Fev/13

Classe Coscinodiscophyceae

Actinociclus sp. 1 x 0 Cyclotella gamma x x

Actinociclus sp. 2 x 0 Cyclotella meneghiniana x x

Actinociclus sp. 3 x x Cyclotella sp. 1 x x

Actinociclus sp. 4 x x Cyclotella sp. 2 x x

Actinociclus sp. 5 x 0 Cyclotella sp. 3 0 x

Actinoptychus x 0 Cyclotella sp. 4 x x

Actinoptychus sp. 1 x x Cyclotella sp. 5 x x

Actinoptychus sp. 2 x x Cyclotella sp. 6 x x

Actinoptychus sp. 3 x x Cymatodiscus planetophorus x x

Actinoptychus sp. 4 x x Discostella stelligera x x

A. serianus x 0 Discostella sp. 2 x 0

A. serianus var. minor x 0 Hydrosera whampoiensis x x

Centrales 1 0 x Melosira sp. 1 x 0

Centrales 2 x x Melosira sp. 2 x 0

Centrales 3 0 x Melosira sp. 3 x x

Aulacoseira sp. 1 x 0 Melosira sp. 4 x x

Aulacoseira sp. 2 0 x Orthoseira roseana x 0

Aulacoseira sp. 3 x x Orthoseira sp. 1 x x

Aulacoseira sp. 4 x 0 Paralia sulcata x x

Aulacoseira sp. 5 x x Pleurosira laevis x x

Aulacoseira sp. 6 x 0 Puncticulata sp. 1 x x

Auliscus sp. 1 x 0 Skeletonema sp. 1 x 0

Biddulphia sp. 1 x 0 Skeletonema sp. 2 x 0

Campyladiscus sp. 1 x x Terpsinoe musica x x

Coscinodiscus denarius x 0 Thalassiosira sp. 1 x 0

Classe Fragilariophyceae

Bacillaria cf. paradoxa x 0 Staurosira oldenburgian x 0

Bacillaria sp. 2 x 0 Staurosirella x 0

Cymatosira belgica x 0 Staurosirella 2 x 0

Cymatosira sp. 1 x 0 Staurosirella a x 0

Fragilaria capucina x x Stenopterobia sp. 2 x 0

Fragillaria goulartii x 0 Stenopterobia sp. 3 x 0

Fragillaria sp. 1 x 0 Synedra ulna x 0

Fragillaria sp. 2 0 x Tabularia sp. 1 x 0

Fragillaria vaucheriae x 0 Tabularia fasciculata x x

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Opephora ou Rhoicosphenia x 0 Ulnaria sp. 1 x x

Opephora pacifica? x 0 Ulnaria sp. 2 x 0

Opephora sp. 1 x 0

Classe Bacillariophyceae

Achnanthes inflata x x Encyonema sp. 2 x 0

Achnanthes muitensis x 0 Encyonema sp. 3 x 0

Achnanthidium exigum x 0 Encyonema sp. 4 x 0

A. minutissimum x x Eolimna minima 1 x x

Adlafia drouetiana x 0 Eolimna subminuscula x x

Amphora cf. copulata x 0 Eunoria longicolis x x

Amphora coffeaeformis x x Eunotia aff. siolli x x

Amphora commutata x 0 Eunotia anamargaritae x 0

Amphora copulata x 0 Eunotia bilunaris x 0

Amphora montana x x Eunotia camelus x 0

Amphora sp. 1 x 0 Eunotia deficiens x 0

Amphora sp. 3a x 0 Eunotia didyma x 0

Anorthoneis dulcis x x Eunotia formica x x

Brachysira sp. 1 x 0 Eunotia major x x

Caloneis butantana x 0 Eunotia meridiana x x

Capartogramma 3 x 0 E. rabenhorstii var. triodon x x

Cavinicula sp. 1 x 0 Eunotia sp. 1 x x

Cocconeis euglypta x 0 Eunotia sp. 10 0 x

Cocconeis fluviatillis x x Eunotia sp. 11 0 x

Cocconeis neodiminuta x x Eunotia sp. 12 x 0

Cocconeis placentula x x Eunotia sp. 13 x 0

Cocconeis placentula 1 x 0 Eunotia sp. 14 x 0

Cocconeis placentula 2 x 0 Eunotia sp. 2 x x

C. placentula var. euglypta x x Eunotia sp. 3 x x

C.placentula var. lineata x 0 Eunotia sp. 4 x 0

Cocconeis sp. 1 x x Eunotia sp. 5 x 0

Cocconeis sp. 2 x 0 Eunotia sp. 6 x x

Cocconeis sp. 3 x 0 Eunotia sp. 7 x 0

Cocconeis thienemannii x 0 Eunotia sp. 8 x x

Cosmioneis sp. 1 x 0 Eunotia sp. 9 x x

Cymbella tumida x x Eunotia sudetica x x

Diadesmis confervacea x 0 Eunotia tropico-arcus x 0

Diadesmis contenta x 0 Fallacia cf. monoculata x 0

Diadesmis sp. 1 x 0 Fallacia insociabilis x 0

Diadesmis sp. 2 x 0 Fallacia sp. 1 0 x

Diadesmis sp. 3 x 0 Fallacia sp. 2 x 0

Diploneis gntendleri x 0 Fallacia sp. 3 x 0

Diploneis cf. subovalis x 0 Frustulia crassinervia x x

Diploneis notabilis? x 0 Frustulia saxonica x x

Diploneis sp. 2 x 0 Geissleria cf. lusitanica x x

Diploneis sp. 3 x x Geissleria criegeri x 0

Diploneis sp. 4 x 0 Geissleria punctifera x 0

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Diploneis sp. 5 x x Geissleria sp. 1 x x

Diploneis sp. 1 x 0 Geissleria sp. 2 x x

Encyonema lunatum x 0 Geissleria sp. 2 x 0

Encyonema perpusillum x 0 Gomphonema sp. 6 x x

Encyonema silesiacum x x Gomphonema angustatum x x

Encyonema sp. 1 x 0 Gomphonema gracile x x

Gomphonema lagenula x x Nitzschia perminuta x x

Gomphonema neonasutum x x Nitzschia pseudofonticola x 0

Gomphonema parvulum x x Nitzschia pumila x 0

Gomphonema pseudoaugur x x Nitzschia routebachiae x x

Gomphonema salae x x Nitzschia scalpelliformis x x

Gomphonema sp. 10 x x Nitzschia sigma x 0

Gomphonema sp. 14 x x Nitzschia sp. 1 x 0

Gomphonema sp. 16 x x Nitzschia sp. 10 x 0

Gomphonema sp. 17 x x Nitzschia sp. 11 x 0

Gomphonema sp. 19 x x Nitzschia sp. 12 x 0

Gomphonema sp. 23a x x Nitzschia sp. 13 x 0

Gomphonema sp. 7 x x Nitzschia sp. 14 x 0

Gomphonema sp. 8 x x Nitzschia sp. 15 x x

Gomphonema cf. brasiliense x 0 Nitzschia sp. 16 x 0

Gomphonema turris x x Nitzschia sp. 17 x 0

Gyrosigma acuminatum x x Nitzschia sp. 18 x 0

Gyrosigma balticum x x Nitzschia sp. 19 x 0

Gyrosigma obscurum x 0 Nitzschia sp. 2 x 0

Hippodonta capitata x x Nitzschia sp. 20 x x

Hippodonta hungarica x 0 Nitzschia sp. 21 x 0

Hippodonta sp. 1 x 0 Nitzschia sp. 22 x 0

Hippodonta sp. 2 x 0 Nitzschia sp. 23 x 0

Lemnicola hungarica x 0 Nitzschia sp. 24 x 0

Luticola cohnii x 0 Nitzschia sp. 3 x 0

Luticola mutica x x Nitzschia sp. 4 x 0

Meloneis sp. 1 x 0 Nitzschia sp. 5 x 0

Navicula atomus x x Nitzschia sp. 6 x 0

Navicula cf. caterva x x Nitzschia sp. 7 x 0

Navicula cryptocephala x 0 Nitzschia sp. 8 x 0

Navicula cryptonella x 0 Nitzschia sp. 9 x 0

Navicula escambia x 0 Nitzschia dissipata x x

Navicula sp. 1 x 0 Pinnularia acosphaerea x x

Navicula sp. 3 x 0 Pinnularia cf. certa x x

Navicula sp. 5 x x Pinnularia dubitabilis x 0

Navicula subminuscula x x Pinnularia gibba x 0

Navicula viridula x x Pinnularia grunowii x 0 Nitzschia acicularis var. major x x Pinnularia sp. 10 x 0

Nitzschia brevissima x 0 Pinnularia sp. 11 x 0

Nitzschia bryophyta x 0 Pinnularia sp. 3 x 0

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Nitzschia cf. bryophyta x 0 Pinnularia sp. 9 x 0

Nitzschia cf. sinuata x 0 Placoneis disparilis x 0

Nitzschia clausii x x Placoneis exigua x 0

Nitzschia granulata x 0 Placoneis sp. x 0

Nitzschia intermedia x x Planothidium biporumum x x

Nitzschia microcephala x 0 Planothidium dubium x 0

Nitzschia nana x 0 Planothidium granum x 0

Nitzschia palea var. debilis x x Planothidium sp. 1 x 0

Nitzschia palea var. palea x x Planothidium sp. 2 x 0

Pleurosigma distinguendum x 0 Sellaphora sp. 3 x 0

Rhaphoneis sp. 1 x 0 Sellaphora sp. 7 x 0

Rhopalodia sp. 1 x 0 Sellaphora sp. 9 x 0

Rhopalodia sp. 2 x 0 Stauroneis sp. 1 x 0

Rhopalodia sp. 3 x 0 Stauroneis sp. 2 x 0

Rhopalodia sp. 4 x 0 Stauroneis sp. 3 x 0

Rhopalodia sp. 5 x 0 Surirella engleri x 0

Sellaphora cf. nyassensis x 0 Surirella linearis x 0

Sellaphora drouetiana x 0 Surirella rottii x 0

Sellaphora pupula x 0 Surirella sp. lendida x x

Sellaphora seminulum x 0 Tryblionella cf. hungarica x 0

Sellaphora sp. 10 x 0 Tryblionella victoria x 0

A

B Figura 10: Número de indivíduos por Classes encontradas, nos dois meses de coleta. A:

chuvoso; B: parcialmente seco.

0

100

200

300

400

500

600

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10Nº

de indiv

íduos /

Cla

sse

Estações Amostrais

0

100

200

300

400

500

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Bacillariophyceae Fragillariophyceae Coscinodiscophyceae

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Apesar de ser incomum a maior diversidade observada ter ocorrido no mês

chuvoso, tal situação pode ter ocorrido devido à coleta das macrófitas aquáticas terem

sido feitas na região litorânea do rio, nas quais aquelas que aparentavam estar mais

aderidas à margem é que foram escolhidas, sofrendo menor turbulência da zona

central do rio. Também justifica o fato de somente terem sido abordadas o grupo das

diatomáceas, que apresentam estruturas de fixação vantajosas em relação aos

demais grupos perifíticos nos momentos de turbulência.

Em relação a esse aumento de diversidade na estação chuvosa, o mesmo foi

observado em Vercelino & Bicudo, (2006), que analisou a colonização da comunidade

de algas perifíticas num período pouco chuvoso e chuvoso, e este apresentou maior

densidade de algas, principalmente nos momentos finais de colonização (do 21º ao

27º dia observados).

Também em Peccini-Neto et al. (2007) a maior diversidade de diatomáceas foi

relacionada ao período chuvoso, mas nesta pesquisa, que estudou o perifíton dos

igarapés, tal associação se relacionou ao fato de a chuva ter diluído os contaminantes

da área de estudo (esgotos domésticos clandestinos).

Quanto as espécies abundantes e dominantes somente Polymyxus coronalis

Bailey (Figura 11) foi dominante, na estação L10 do mês parcialmente seco enquanto

132 espécies foram consideradas abundantes. Mais da metade do número total de

táxons foram considerados como raros (156).

Polymyxus coronalis foi comum a todas as estações amostradas em Pereira et

al (2013), estudo também realizado no rio São Mateus e com as seis estações

amostrais abrangidas nesta pesquisa.

Figura 11: Polymyxus coronalis, espécie dominante no rio São Mateus. (Barra de

escala: 10 µm).

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Dentre as abundantes, as que foram assim categorizadas em mais Estações

Amostrais foram (Figura 12): Cocconeis placentula Ehrenberg, que foi abundante em

7 EAs no mês parcialmente seco e em 9 EAs no mês chuvoso; Cocconeis placentula

var. lineata (Ehrenberg) Van Heurck, que só foi abundante no mês chuvoso, em 9

Estações Amostrais; Geissleria cf. lusitânica Novais et Ector, abundantes em 6 EAs

no mês parcialmente seco e em 6 no mês chuvoso e Geissleria sp, abundantes em 6

EAs no mês parcialmente seco e em 9 EAs no mês chuvoso.

Figura 12: Espécies abundantes em mais estações amostrais do rio São Mateus. 1.

Coccones placentula; 2. Cocconeis placentula var lineata; 3. Geissleria cf lusitânica

Novais et Ector 4. Geissleria sp. (Barra: 10 µm).

Já as espécies que foram abundantes em apenas uma Estação Amostral estão

relacionadas na Tabela 6 e ilustradas na Figura 13.

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Tabela 6. Relação das espécies que só foram abundantes em uma EA.

EA Espécies

L01 Rhaphoneis sp

L02 Amphora coffeiformis (Agardh) Kützing

L03 Pleurosira laevis (Ehrenberg) Compère, Eunotia didyma Grunow,

L05

Thalassiosira oestrupii var. venrickae Fryxell et Hasle, Lemnicola hungarica (Grunow)

Round & Basson

L06

Coscinodiscus denarius Schmidt, Actinocyclus sp, Amphora commutata Grunow,

Cymbella tumida (Brébisson) van Heurck, Eunotia formica Ehrenberg, Staurosirella sp,

Hippodonta sp

L07

Gomphonema sp, Gyrosigma acuminatum (Kützing) Rabenhorst, Discostella stelligera

(Cleve & Grunow) Houk & Klee, Achnanthales sp.1, Eunotia major (Grunow) Berg,

Cyclotella sp, Orthoseira sp1

L08 Nitzschia cf bryophyla, Cocconeis sp, Placoneis exígua (Gregory) Mereschkowsky

L09

Gomphonema salae Lange-Bertalot & Reichardt, Navicula escambia (Patrick) Metzeltin &

Lange-Bertalot

L10 Bacillaria cf paradoxa Gmelin

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Figura 13. Espécies que só foram abundantes em uma EA. L10: 1. B. cf paradoxa;

L09: 2a. G. salae 2b. N. escambia L08: 3a. N. bryophyla 3b. Cocconeis sp 3c. P.

exígua L07: 4a. Gomphonema sp 4b. G. acuminatum 4c. D. stelligera 4d.

Achnanthales sp 1 4e. Orthoseira sp. 4f. Cyclotella sp.1 L06: 5a. C. túmida 5b.

Staurosirella sp 5c. E. formica 5d. A. commutata 5e. Hippodonta sp.1 L05: 6a. L.

hungarica 6b. T. oestrupii L03: 7a. E. didyma 7b. P. laevis L02: 8. A. coffeiformis L01:

9. Raphoneis sp. (Barra: 10 µm)

A eutrofização de corpos d´água pode atuar diretamente sobre a estrutura das

comunidades aquáticas, provocando modificações em atributos amplamente

utilizados como abundância, riqueza, equitabilidade, dominância e diversidade de

espécies (Krienitz et al., 1996; Nesteruk apud Pinto-Coelho et al., 1999).

A riqueza taxonômica da comunidade de diatomáceas perifíticas do rio São

Mateus (Figura 14A) quase não variou entre as estações amostrais durante o período

parcialmente seco. Durante o mês chuvoso, a riqueza variou mais, com picos nas

estações EA L03, L06, L08 e L01 (157, 142, 122 e 120 táxons, respectivamente).

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A dominância (D) também quase não variou (Figura 14B), havendo uma

tendência de ser menor nas estações localizadas a montante da Cidade nos dois

períodos de coleta. O menor valor para o mês parcialmente seco foi de 0,640, na

estação de coleta L05, e o maior foi de 0,933, na estação L06 (próximo a um

escoamento de esgoto). Já para o mês chuvoso, o menor valor de dominância

apresentado foi de 0,713 na estação L04 e o maior foi de 0,923, também na estação

L06, apresentando a menor diversidade nos dois meses de coleta.

Os valores do índice de diversidade de Shannon (H’) da comunidade de

diatomáceas epifíticas mantiveram-se relativamente estáveis em cada período de

coleta, variando de 2.2 a 3.2 no período parcialmente seco e de 3.6 a 4.8, no de chuva

(Figura 14C). Assim, a maior diversidade encontrada foi no período chuvoso. Esse

índice foi visivelmente sensível à riqueza de táxons (Figuras 14A e C).

Já o índice de Simpson mostrou-se mais sensível à equitabilidade, pois ele

valoriza as espécies abundantes e não sofre interferência expressiva dos valores de

riqueza (Leandrini & Rodrigues, 2006), apresentando menores oscilações do que o

índice de Shannon ao longo das estações amostradas (Figura 14D).

A

B

C

D

Figura 14: Índices de diversidade calculados em relação aos 298 táxons encontrados

no rio São Mateus nos meses chuvoso (nov/2012) e parcialmente seco (fev/2013). A:

Riqueza; B: Equitabilidade; C: Diversidade de Shannon - Wiener e D: Diversidade de Simpson.

0

50

100

150

200

Riq

ue

za

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Eq

uita

bili

da

de

0

1

2

3

4

5

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Div

ers

idade H

'

Estações amostrais

0

0.5

1

1.5

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

Sim

pson

Estações amostrais

fev nov

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A diversidade da comunidade de diatomáceas epifíticas pode ser considerada

elevada no rio São Mateus, principalmente no mês chuvoso. Conforme Margalef

(1983), o máximo encontrado em comunidades algais para o índice de Shannon-

Wiener foi de aproximadamente 4.5 bits ind-1, enquanto no rio São Mateus chegou a

4.8. O valor máximo para o índice utilizado é de 5 bits ind-1 (Margalef, 1983) e todos

valores superiores a 2.5 bits ind-1 (Margalef, 1972), considera-se um valor de

referência como diversidade elevada. Desta forma a diversidade de diatomáceas no

rio São Mateus é elevada.

Apesar de haver o reconhecimento de que os efeitos negativos da poluição

refletem na redução da diversidade de espécies, fato que justifica a constante

utilização de medidas de diversidade como indicadores ambientais (Archibald, 1972;

Lobo & Kobayasi, 1990), nesta pesquisa foi observado o contrário. As estações de

coleta que recebem maiores cargas de nutrientes (L06 e L05) apresentaram os

maiores valores de diversidade, e a mesma contradição foi observada em Marcus

(1980) e Pringle (1990), onde os índices de diversidade também foram maiores nas

estações com maiores disponibilidades de nutrientes.

Além disso, de acordo com Metcalfe-Smith (1994), um dos problemas mais

sérios dos índices de diversidade é que eles reduzem as espécies a números

anônimos que não consideram suas adaptações ambientais, o que pode ser uma

situação atraente, uma vez que é uma ferramenta rápida e que não necessita de

maiores conhecimentos taxonômicos, porém perigosa, por não considerar que fatores

distintos da poluição podem também afetar a diversidade de espécies das

diatomáceas (Magurran, 1988; Katoh, 1991; Lobo et al., 1995).

Ainda, as diatomáceas são consideradas como resistentes à altas cargas

orgânicas e estão presentes onde outros grupos bioindicadores não resistem (Beyene

et al., 2009. Também por esse motivo, o índice de diversidade puramente pode não

ser adequado para avaliar a qualidade da água utilizando esse grupo.

Conclusão

Apesar de as coletas terem ocorrido em somente duas campanhas, as mesmas

ocorreram abrangendo as principais variações climáticas da região, possibilitando o

conhecimento de alta diversidade de espécies da comunidade de diatomáceas e ao

longo das principais variações tróficas ao longo do rio São Mateus.

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Dentre os fatores que contribuíram para a diferença de diversidade e

composição de espécies, a principal variação ocorreu devido aos diferentes meses

amostrados, climaticamente diferentes.

Em relação à variação longitudinal dos dados abióticos das estações amostrais,

a quebra do contínuo fluvial foi observada em relação à interferência da Cidade,

observadas pela organização das estações amostrais em relação às estações L06 e

L05, locais onde há o escoamento de esgoto e piscicultura, respectivamente.

Como indicadores ambientais, o uso do índice de diversidade utilizando

diatomáceas epifíticas não foi considerado como eficiente, pois os maiores valores

observados foram em estações amostrais consideradas como mais impactadas.

Assim, o objetivo geral desta pesquisa foi cumprido, com o conhecimento de

alta diversidade do grupo estudado no rio São Mateus e a hipótese de que há a quebra

no contínuo fluvial foi aceita, porém, em relação aos fatores abióticos, pois o índice de

diversidade não foi adequado para essa avaliação.

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CAPITULO II

Diatomáceas perifíticas como

bioindicadoras da qualidade da água no rio

São Mateus, ES.

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Resumo

Comunidades de diatomáceas têm sido recomendadas por pesquisadores em muitos

países como adequadas à avaliação da qualidade da água. Entretanto, no Estado do

Espírito Santo esse é o primeiro estudo abordando esse grupo. O objetivo desta

pesquisa foi verificar os indicadores ambientais comumente utilizados em avaliação

da qualidade da água e propor a adaptação de um específico para o rio são Mateus.

Para tanto, foram coletadas 20 amostras de diatomáceas perifíticas do pecíolo da

Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, localizadas ao longo desse rio. As coletas

abrangeram 30 km de amostragem ao longo de 10 estações amostrais, que foram

realizadas em dois meses distintos. Foram analisados dados físicos, químicos e

biológicos. O resultado de ordenação das variáveis abióticas através da PCA teve

72.5% de explicabilidade nos dois primeiros eixos, separando os meses de coleta e

90.4% de explicabilidade separando as estações amostrais em relação à variação

longitudinal do rio. Em relação à composição de espécies, o TWINSPAN separou as

estações em trechos superior e inferior do rio São Mateus em relação à Cidade, em

ambos os meses de coleta. Com essa separação os táxons foram utilizados como

categorias no INDVAL, encontrando 55 táxons bioindicadores da qualidade da água,

com 36 relacionados ao trecho superior (L01, L02, L03, L04, L05) e 14 do trecho

inferior no período chuvoso. A CCA, relacionando a matriz de espécies abundantes e

dominantes aos fatores ambientais foi significativa, organizando as estações de modo

semelhante ao TWINSPAN. As estações foram caracterizadas quanto ao seu estado

trófico através do Índice de Estado Trófico (IET) e a tendência apontada para cada

trecho do rio foi utilizada com o resultado do INDVAL para adaptar o IBQA sul

brasileiro para o IBQA do rio São Mateus. Os dois índices foram testados e o Índice

do São Mateus foi mais adequado para classificar a qualidade da água das estações

amostradas.

Palavras-chave: Bacillariophyceae, epifíton, índices bióticos, índices de

saprobidade

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Abstract

Diatom communities have been recommended by researchers in many countries as

appropriate to the evaluation of water quality. However, in the State of Espírito Santo

this is the first study addressing this group. The aim of this study was to determine the

environmental indicators commonly used in assessment of water quality and propose

the adaptation of a particular São Mateus river. Hence 20 samples of periphytic

diatoms of the petiole of Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, located along this river

were collected. The sampling covered 30 km of sampling over 10 sampling stations

that were performed in two different months. Physical, chemical and biological data

were analyzed. The result of abiotic variables through PCA had 72.5% of explicability

the first two axes, separating the collection months and 90.4% of explicability

separating the sampling stations in relation to the longitudinal variation of the river.

Regarding species composition, the TWINSPAN separated the stations into upper and

lower stretches of the river in relation to São Mateus Town, in both sampling months.

This separation of taxa was used as categories in INDVAL, finding 55 taxa

bioindicators of water quality, with 36 related to the upper reaches (L01, L02, L03, L04,

L05) and 14 of the lower stretch in the rainy season. CCA, relating the matrix of

abundant and dominant species to environmental factors was significant, arranging

stations similar to TWINSPAN mode. The stations were characterized by their trophic

status through the Trophic State Index (TSI) and the trend indicated for each section

of the river was used with the result of INDVAL to adapt the southern Brazilian IBQA

for IBQA São Mateus River. The two indices were tested and the Index São Mateus

was more appropriate to classify the water quality of the sampled stations.

Keywords: Bacillariophyceae, ephyton, biotic index, saprobic index

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Introdução

Como indicadores biológicos, os organismos aquáticos integram fatores

bióticos e abióticos em seu habitat e fornecem o registro contínuo da qualidade

ambiental, onde as respostas às análises promovem informações valiosas de onde e

quando é necessário investigar potenciais fontes de poluição (Lowe & Pan, 1996).

Dentre os organismos sensíveis à hidrodinâmica e às mudanças na qualidade da

água, os organismos sésseis/aderidos são vantajosos por representarem os fatores

imediatos e também prévios. Dentre estes, destaca-se o perifíton - que é uma

complexa comunidade de micro-organismos, detritos orgânicos e inorgânicos

aderidos a substratos (Wetzel, 1983), frequentemente utilizados como bioindicadores

da qualidade da água (Fernandes & Esteves, 2003).

Dentre os micro-organismos do perifíton, as diatomáceas se destacam em

quantidade, principalmente em ambientes lóticos (Felisberto & Rodrigues, 2012;

Pereira et al., 2013). Isto ocorre porque boa parte de seus representantes apresenta

estruturas especializadas de fixação ao substrato, como curtos ou longos pedúnculos

mucilaginosos (Gomphonema), produção de matrizes mucilaginosas (como em

Cymbella, Frustulia e Navicula), e colônias em forma de estrela ou ramos, fixas pela

base (Eunotia e Fragilaria) (Round et al. 2000). Estas estruturas conferem vantagem

seletiva às diatomáceas em condições mais estressantes, impostas pela velocidade

da corrente e vazão (Biggs, 1996). Ainda, elas têm sido amplamente utilizadas para

avaliar a qualidade da água em rios ao longo do mundo, considerando-se a

sensibilidade dessas algas a parâmetros físicos e químicos da água, especialmente

pH, condutividade, concentração de nutrientes, matéria orgânica e oxigênio dissolvido

(Eloranta & Soininen, 2002; Blanco et al., 2004; Levkov et al., 2007).

Dentre outros fatores que tornam as algas, especialmente as diatomáceas

como indicadores valiosos das condições ambientais dos ecossistemas aquáticos,

Hill et al. (2001) destacam: 1) coleta de amostras relativamente simples; 2) estes

organismos respondem rapidamente e previsivelmente a mudanças dos seus habitats;

3) apresentam grande diversidade taxonômica; 4) tempo para regeneração curto; 5)

estão presentes em todos os habitats, permitindo comparações entre diferentes

regiões. Além desses fatores já apresentados, Gold et al. (2002) apontam que elas se

desenvolvem aderidas a substratos e desta forma, integram-se as reais condições do

habitat.

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Quanto às técnicas, quatro têm sido utilizadas de forma separada para avaliar

a qualidade da água: Índices de diversidade, análises multivariadas, análise da

relação abundância-espécie e índices bióticos. Mas, de fato, poucos são os estudos

comparativos que têm sido publicados (Lobo et al, 2002).

Em relação a utilização de índices bióticos, Round (1993) considera como uma

forma simples de reduzir a florística de um determinado local a dados numéricos.

Frequentemente, no final, estes números formam grupos numéricos de 1-5,

representando as classes de organismos que usualmente refletem a qualidade da

água. Porém, dois pontos são importantes: primeiro, que as espécies sejam bem

identificadas e contadas; e, segundo, seja gerada uma lista que contenha a estimativa

numérica das espécies sensíveis à poluição e o seu indicador numérico (Leandrini &

Rodrigues, 2008).

No Brasil, pesquisas com esse objetivo tem recebido muita atenção por parte

dos pesquisadores (Lobo et al., 2013). A primeira tentativa de classificar as

diatomáceas quanto sua tolerância à poluição orgânica foi realizada por Lobo et al.

(1996) em rios no sul do país. Desde então, estudos que visam selecionar biocenoses

indicadoras da qualidade da água foram desenvolvidos no Rio Grande do Sul, como

o de Lobo et al (2002), Lobo (2004a, b), Salomoni et al. (2006), Morthé-Junior (2000),

Souza (2002), Bess et al. (2012), Bere & Tundisi (2010, 2011), Faria et al. (2010) e

Canani et al. (2011), que apresentam uma ampla discussão sobre a utilização de

diatomáceas como indicadoras da qualidade da água, a biologia do grupo, enfocando

formas de avaliação, índices bióticos e metodologias.

Em 2004, Lobo et al. (2004), desenvolveram um estudo enfatizando os efeitos

da eutrofização e poluição orgânica de rios sul brasileiros utilizando diatomáceas

epilíticas, no qual os autores propuseram o Índice Biológico da Qualidade da Água

(IBQA), que foi o primeiro índice trófico publicado para o Brasil. Em 2011, Salomoni et

al. (2011) propuseram a adaptação desse Índice para o IBQA Gravataí. Todas essas

pesquisas citadas ocorreram na região sudeste e sul do Brasil (MG, SP, SC, PR). E o

Espírito Santo é o único Estado da região sudeste onde não existem pesquisas com

enfoque nesse grupo, tampouco em relação aos seus aspectos ecológicos.

Além dessa motivação em estudar o grupo, em Pereira et al. (2013), trabalho

pioneiro no uso de perifíton no rio São Mateus, as diatomáceas foram identificadas

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como grupo dominante, o que fortaleceu a ideia de usá-lo como bioindicador da

qualidade da água desse rio.

Nesta pesquisa, objetivou-se comparar o uso dos índices aplicados à

comunidade de diatomáceas na Bacia do Rio São Mateus, de modo a sugerir um

método mais adequado ou mesmo a adaptação de um para uma medida mais

confiável, além de caracterizar a qualidade da água das estações amostrais com base

nas características limnológicas e das comunidades de diatomáceas perifíticas.

Assim, as seguintes hipóteses foram formuladas:

Entre as diatomáceas do rio São Mateus existem espécies indicadoras cuja

presença e abundância possam ser utilizadas na avaliação da qualidade da

água e, assim, propor a adaptação do Índice Biológico da Qualidade da Água

– IBQA.

O índice Biológico da Qualidade da Água (IBQA) proposto para a região sul do

país é impróprio para a avaliação da qualidade da água no rio São Mateus, ES.

Material e métodos

Área de estudo

O rio São Mateus é formado por dois braços: o rio Cotaxé, com 244 km de

extensão e o rio Cricaré, com 188 km, respectivamente. A bacia abrange 25

municípios, dos quais 11 estão no Espírito Santo.

Ao longo do trajeto, desde a nascente até a foz, o rio São Mateus atravessa

basicamente dois tipos climáticos: o tropical úmido (chuvoso) nas proximidades do

litoral, e o tropical sub-úmido, com estação seca no inverno, nas cabeceiras. Assim

sendo, o índice pluviométrico anual médio varia de 1300 mm, na faixa litorânea, a 800

mm, perto das nascentes. A largura máxima aproximada do rio é de 310 metros. Da

nascente até a altura de Nova Venécia - ES e Boa Esperança – ES, tanto esse curso

d’água como seus afluentes, possuem muitas corredeiras e pequenas cachoeiras

(ANA, 2009).

As principais atividades econômicas são a agropecuária, as indústrias

alcooleira, de celulose, e de mineração (extração de granito), explorações mineral e

florestal. Há também as prospecções de petróleo e de gás natural, a exploração de

jazidas de sal-gema e a extração de granito para exportação, entre outras.

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Ao todo, 10 Estações Amostrais – EAs- ao longo do Rio São Mateus foram

selecionadas, totalizando 20 amostras coletadas. A escolha das Estações teve como

base o estudo de Pereira et al. (2013), que selecionaram seis estações amostrais

como suficientes para verificar o descontínuo fluvial. Nesse trabalho foram mantidas

as estações que apresentaram maior variação no trabalho de Pereira at al. (2013), e

acrescentadas três a jusante do último ponto de coleta, uma intermediária e uma

anterior ao primeiro ponto a montante da Cidade de São Mateus, de modo a abranger

30 km de amostragem (Figura 1).

Figura 1: Mapa da área de estudo. Escala superior: 10 Km, Inferior: 1 Km.

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Amostragem e análises abióticas

As coletas foram realizadas em duas campanhas, em 21 de novembro de 2012

e 21 fevereiro de 2013, sendo meses característicos como chuvoso e parcialmente

seco, respectivamente, de acordo com EMCAPA/NEPUT (Feitoza et al, 1999). Tal

escolha teve como objetivo obter a melhor variação na composição de espécies de

diatomáceas.

A obtenção dos dados climáticos (média mensal de temperatura do ar e

precipitação pluviométrica) foram obtidos pela Estação Meteorológica INMET. Para a

caracterização limnológica do rio São Mateus, na região marginal de cada estação

amostral, foram determinados em campo as seguintes variáveis: a transparência da

agua (m) e o limite inferior da zona eufótica (m) - com o Disco de Secchi, o fluxo de

corrente, com o Fluxômetro Mechanical Flowmeters Model 2030 Series. A

condutividade eletrica (ƒÊS/cm), Temperatura (ºC) e Oxigênio dissolvido (mg.L-1), que

foram medidos com o multiparâmetro YSI.

Em laboratório foram determinados a turbidez (NTU) com turbidimetro HANNA,

a concentração dos sólidos totais em suspensão - de acordo com APHA (1995), a

Demanda Bioquímica de Oxigênio 5 dias (DBO) e os nutrientes: nitrato (Mackereth et

al., 1978), fósforo total (Valderrama, 1981), silicatos (Carmouze, 1994) e Ortofosfato

(Strickland & Parsons, 1960).

Análises bióticas

As análises biológicas foram obtidas da raspagem do pecíolo da Eichhornia

crassipes (Mart.) Solms, que é uma macrófita flutuante comum a todos as Estações

Amostrais. O material perifítico foi removido da macrófita com o auxílio de estilete e

jatos d’água e fixados em solução de Transeau para, posteriormente, serem

confeccionadas as lâminas permanentes. Estas foram de acordo com a técnica de

Simonsen (1974) modificada por Moreira Filho & Valente Moreira (1981), que utiliza

permanganato de potássio e ácido clorídrico concentrado.

A análise quantitativa utilizada foi como aquela descrita por Kobayasi &

Mayama (1982) e Lobo et al. (1995), com as amostras contadas em transectos, com

um mínimo de 400 valvas registradas e os táxons, sempre que possível, identificados

em nível específico e intra-específico, com auxílio de literaturas clássicas (e.g. Van

Heurck, 1899; Hustedt, 1930; Simonsen, 1987; Round et al., 1990) e recentes (e.g.

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Metzeltin et al., 2005; Metzeltin & Lange-Bertalot, 2007; Taylor et al., 2007; Cremer &

Koolmes, 2010), além de consultas a periódicos especializados. Os táxons foram

fotografados em objetivas (aumento de 400 e 1000x) obtidas a partir do

fotomicroscópio Nikon NIS Elements.

Para caracterização ultraestrutural das células de diatomáceas em microscópio

eletrônico de varredura Jeol, JSM – 6610 algumas amostras foram tratadas através

de cobertura de sub-amostras com ouro Denton Vacuum, Desk V do Laboratório

Multiusuário de microscopia de alta resolução – LABMIC/UFG.

A determinação de espécies abundantes e dominantes foi de acordo com os

critérios de Lobo & Leighton (1986), porém adaptado para contagem das valvas,

sendo as dominantes aquelas que apresentaram quantidade de valvas acima de 50%

do total de valvas contadas na amostra e, as abundantes, aquelas com valores acima

dos valores em média da amostra.

Indicadores biológicos

Para a análise dos indicadores biológicos, dois índices de diversidade foram

utilizados (ver capitulo I), além do Índice Biológico da Qualidade da Água – IBQA (Lobo

et al, 2004).

Em que s é o valor sapróbio das espécies (classificação proposta por Lobo et

al., 2002); h, o percentual de ocorrência (abundância) de cada uma das espécies na

amostra; e vi, o valor indicativo das espécies. Para o cálculo daquelas espécies que

não foram encontradas dentre as propostas para o Índice, foram considerados vi e s

iguais a 1. Os valores encontrados serão enquadrados quanto à classificação a

qualidade da água de acordo com a Tabela 1.

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Tabela 1: Classificação da qualidade da água com base no Índice Biológico da

Qualidade da Água – IBQA (Lobo, 2004a).

Além de testar o IBQA, análises multivariadas foram utilizadas, como Análises

de Componentes Principais - ACP, Análise de Espécies Indicadoras de duas Entradas

- TWINSPAN, Valor Indicador Individual INDVAL, Análise de Correspondência

Canônica - CCA, para propor a adaptação do IBQA, tal qual Salomoni et al (2011).

Todas essas análises foram realizadas com o programa PC-ORD 5.15.

A Análise de Componentes Principais (PCA) foi utilizada em relação a 11

fatores abióticos, em função dos dois meses de coleta e a definição das estações

amostrais em relação à variação longitudinal do rio.

O TWINSPAN (Hill, 1979; McCune & Mefford, 2006) foi utilizado para a

determinação de grupos, de acordo com os padrões encontrados na distribuição das

espécies por estação amostral. A matriz de táxons usados na execução dessa análise

foi somente com as dominantes e abundantes, com os níveis de corte estipulados em

0, 2, 5, 10 e 20. As categorias com Autovalor igual ou superior 0.3 foram significativas,

pois esse autovalores são adequados para explicar a variação encontrada na natureza

(Gauch, 1982; Felfili & Sevilha, 2001). A hierarquização das espécies em cada grupo

foi obtida partindo do valor de importância, calculado mediante os valores relativos de

densidade, dominância e frequência, considerando a contagem de táxons por estação

amostral.

As categorias encontradas por essa estatística foram utilizadas na Análise do

INDVAL, com intuito de discriminar os táxons que apresentassem preferência por

alguma delas. Esse método combina informação sobre a abundância e fidelidade de

ocorrência de um táxon em um determinado grupo de unidades amostrais (Dufrêne &

Legendre, 1997). Valores indicativos são calculados para cada espécie dentro dos

grupos e estes são testados para a significância estatística usando o teste de Monte

Carlo (Manly, 1991). Os valores indicativos variam de 0 a 100, sendo que o valor

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máximo é alcançado quando todos os indivíduos da espécie ocorrem em todas as

unidades que compõem um único grupo.

A influência das variáveis abióticas sobre a distribuição de diatomáceas ao

longo das estações amostrais foram investigadas pela aplicação da análise de

correspondência canônica (CCA), entre as matrizes bióticas (somente com as

dominantes e abundantes) e abióticas, considerando os fatores que conferiram a

maior explicabilidade e significância para as duas coletas realizadas (mês

parcialmente seco e chuvoso).

A partir dessas análises realizou-se a adaptação do IBQA para o IBQA São

Mateus, tal como em Salomoni (2011), calibrando as categorias de estado trófico com

seus respectivos valores de indicação e de sapróbio às espécies encontradas para as

mesmas categorias no rio São Mateus.

Resultados e discussão

Dados abióticos

Os dados físicos e químicos da água foram tais como na Tabela 2, onde as

estações à montante da Cidade foram caracterizadas por um crescente aumento da

transparência da água e do oxigênio, aquele dado fortalecido pelos valores de

turbidez, que tenderam a diminuir no mesmo sentido.

A estação L07, fortemente influenciada pelo rio Preto, foi a que apresentou os

valores mais destacados das demais, evidenciados pelos menores valores dos

Sólidos Totais Suspensos - STS, condutividade elétrica, fósforo total e ortofosfato.

Já a EA L06, fortemente influenciada pelo escoamento de esgoto, destacou-se

das demais por apresentar os maiores valores de ortofosfato, menores de oxigênio

dissolvido e maiores valores de condutividade elétrica.

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Tabela 2: Médias e desvio padrão dos dados físicos e químicos dos meses parcialmente seco e chuvoso obtidos das estações

amostrais no rio São Mateus.

L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

pH 7,0±0,4 7,06±0,21 7,03±0,35 7,05±0,29 6,87±0,47 6,8±0,50 6,69±0,69 6,97±0,59 6,97 ± 0,62 7,12 ± 0,68

Ox (mg.L-1) 4,41 ± 1,56 86,45 ± 118,16 4,27 ± 1,48 3,98 ± 1,44 4,00 ± 0,99 2,14 ± 1,19 4,10 ± 0,41 3,59 ± 1,11 3,53 ± 0,88 3,35 ± 1,05

CE (μS.cm-1) 159,10 ± 13,86 159,10 ± 15,41 148,65 ± 1,91 157,40 ± 16,40 160,45 ± 14,50 226,45 ± 112,64 139,70 ± 44,83 153,05 ± 8,98 164,00 ± 26,59 184,55 ± 6,43

ºC 28,75 ± 2,47 29,05 ± 3,32 29,55 ± 4,03 29,15 ± 3,75 29,65 ± 2,19 27,90 ± 1,84 28,40 ± 4,38 27,90 ± 2,97 27,75 ± 2,90 27,40 ± 1,70

Fluxo (m.s-1) 0,48 ± 0,62 1,40 ± 1,91 1,83 ± 0,74 0,03 ± 0,01 0,18 ± 0,17 0,02 ± 0,00 0,23 ± 0,33 0,57 ± 0,04 0,08 ± 0,01 0,50 ± 0,68

Sechi (m) 0,315 ± 0,09 0,345 ± 0,13 0,345 ± 0,13 0,31 ± 0,16 0,3 ± 0,00 0,275 ± 0,11 0,34 ± 0,16 0,235 ± 0,05 0,265 ± 0,09 0,285 ± 0,12

STS (mg.L-1) 8,50 ± 5,66 11,75 ± 6,01 32,75 ± 37,83 19,97 ± 9,94 17,15 ± 10,25 17,25 ± 1,77 7,05 ± 9,26 33,75 ± 22,98 22,79 ± 5,97 116,25 ± 139,65

Turb (NTU) 54,80 ± 52,61 53,65 ± 52,83 55,10 ± 55,01 56,25 ± 46,32 60,83 ± 45,50 59,15 ± 46,46 17,69 ± 18,41 71,25 ± 47,73 73,75 ± 42,78 75,00 ± 45,25

Cl a (μg.L-1) 13,85 ± 15,93 5,58 ± 0,00 8,06 ± 8,33 5,28 ± 4,37 5,28 ± 4,37 4,19 ± 5,92 5,58 ± 3,95 19,53 ± 19,73 1,40 ± 1,97 11,16 ± 3,95

Si-SiO4 (mg.L-1) 221,08 ± 17,00 269,51 ± 105,88 264,36 ± 177,27 225,89 ± 109,28 255,42 ± 71,40 210,78 ± 131,62 199,45 ± 195,25 306,94 ± 123,85 194,63 ± 161,25 242,03 ± 171,94

OrtoP (μg.L-1) 88,25 ± 21,89 96,99 ± 5,71 86,90 ± 4,76 81,52 ± 6,66 80,85 ± 1,90 331,15 ± 357,78 79,50 ± 3,80 88,92 ± 1,90 95,65± 22,84 88,25 ± 10,47

NO3-(μgL-1) 392,035 ± 7,587 532,397 ± 206,809679,725 ± 159,400 759,161 ± 10,626 644,301 ± 60,724 379,156 ± 229,233444,637 ± 282,367 601,362 ± 194,31 462,349 ± 58,447 465,033 ± 135,11

PT (μgL-1) 33,73 ± 19,13 151,24 ± 71,93 59,54 ± 57,76 30,72 ± 14,88 59,29 ± 55,28 184,31 ± 154,14 22,96 ± 1,77 37,23 ± 16,30 44,25 ± 19,84 48,76 ± 27,64

DBO (mg.L-1) 1,41 ± 0,28 1,37 ± 0,33 1,68 ± 0,11 0,80 ± 1,13 1,00 ± 0,71 1,73 ± 0,75 0,65 ± 0,08 1,09 ± 0,16 1,10 ± 0,88 1,51 ± 0,01

Vento (m.s-1) 4,33±3,50 2,65±3,68 2,28±1,24 1,63±0,81 2,05±0,21 2,3±1,41 0,80±0,29 2,75±0,21 1,12±0,036 0,92±0,90

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Indicadores biológicos

A análise de classificação das estações amostrais pela composição e

abundância relativa dos táxons usando o TWINSPAN resultou em quatro grupos

(Figura 2). Espacialmente, a separação foi significativa para as estações amostrais

para o mês parcialmente seco, com Cyclotella meneghiniana Kutzing relacionada ao

trecho superior do rio São Mateus (EAs L05 a L01), enquanto Actinoptychus sp. e

Tryblionella victoriae Grunow tiveram relação com o trecho inferior do rio (L10 a L06).

Apesar de menos evidente, no mês chuvoso a separação também ocorreu em

relação aos mesmos trechos, com somente a EA L06 diferenciando, pertencendo,

neste mês, ao trecho superior (L06 a L01). A espécie mais relacionada a essa divisão

foi a Diadesmis confervacea Kutzing.

Figura 2: Separação das estações amostrais de acordo com a composição e

abundância de espécies a partir de 20 amostras coletadas do pecíolo da Eichhornia

crassipes Solms, através do método de TWINSPAN.

Tal separação com base na composição e abundância de espécies deve ter

ocorrido em decorrência da forte influência da Cidade, próximas as estações L06 e L05,

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onde ocorrem, respectivamente, o escoamento de efluentes domésticos e a atividade de

piscicultura, separando as estações à jusante e ao montante dessas interferências.

Essa separação foi utilizada como categoria para a análise do INDVAL, sendo os

trechos superior e inferior do rio São Mateus referenciados, respectivamente, como 1 e

2 no mês parcialmente seco e 3 e 4 no mês chuvoso.

Como resultado do INDVAL (Tabela 3 e Anexo 1), 55 táxons foram indicadores,

com p significativo. Desses, 36 foram indicadoras do trecho superior do rio (L06, L05,

L04, L03, L02, L01) e 14 foram indicadoras do trecho inferior (L10, L09, L08, L07) no

mês chuvoso. Já no mês parcialmente seco, duas espécies foram indicadoras,

Planothidium biporumum (Hohn & Hellerman) Lange-Bertalot e Gomphonema lagenula

Kützing, que são do trecho superior do rio (L05, L04, L03, L02, L01), e somente uma foi

do inferior (L10, L09, L08, L07, L06), Gomphonema turris Ehrenberg.

Tabela 3: Táxons indicadores dos trechos superior e inferior do rio São Mateus, nos

meses, chuvoso e parcialmente seco. Parcialmente seco: 1-Trecho superior \ 2- trecho

inferior; Chuvoso: 3: trecho superior \ 4: trecho inferior.

Táxons Trecho VI p*

Achnanthidium exiguum Grunow 3 57,1 0,0292

Achnanthidium minutissimum Kützing 3 58,9 0,013

Amphora coffaeformis Kützing 3 72,2 0,0004

Amphora copulata Kützing 3 69,3 0,0046

Anorthoneis dulcis Hein 3 84,5 0,0006

Bacillaria cf. paradoxa Gmelin 4 85,5 0,0006

Bacillaria sp. 1 4 66,6 0,0182

Capartogramma crucicula Grunow 3 62,1 0,016

Cocconeis neodiminuta Krammer 4 50 0,0314

Cocconeis placentula var. euglypta (Ehrenberg)

Grunow 3 67,9 0,0034

Cocconeis placentula var. lineata (Ehrenberg) Van

Heurck 3 58,7 0,0248

Cocconeis sp. 1 3 81,3 0,0046

Cyclotella sp. 1 4 61,1 0,0164

Cyclotella sp. 2 4 51,7 0,0322

Cyclotella gamma Sovereign 4 67,9 0,002

Cymbella tumida (Brebisson) Van Heurck 3 48 0,0498

Diasdemis confervacea Kützing 3 100 0,0002

Diasdemis contenta Grunow 4 60 0,0148

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Diploneis cf. subovalis Cleve 3 58,7 0,0184

Encyonema lunatum Smith 3 60,5 0,0108

Eunotia didyma Hustedt 3 66,7 0,0126

Fragilaria goulardii (Brébisson) Lange-Bertalot 3 58 0,018

Geissleria cf. lusitanica Novais 3 49 0,0132

Geissleria punctifera (Hustedt) Metzeltin 3 50 0,047

Gomphonema lagenula Kützing 1 55,8 0,0214

Gomphonema turris Ehrenberg 2 71,7 0,0142

Gyrosigma acuminatum (Kützing) Rabenhorst 3 47,9 0,0376

Hippodonta capitata (Ehrenberg) Lange-Bertalot 4 51,1 0,034

Hippodonta hungarica Grunow 3 58 0,0142

Hippodonta sp. 1 3 90,3 0,0008

Lemnicola hungarica (Grunow) Round 3 75,3 0,0028

Navicula atomus (Kützing) Grunow 3 56,9 0,0158

Navicula cryptotenella Lange-Bertalot 4 46,4 0,069

Navicula rostellata Kützing 3 88,5 0,0002

Navicula sp. 1 3 47 0,0376

Nitzschia acicularis var. major Müller 3 48,5 0,0404

Nitzschia brevissima var. brevissima (Grunow) Van

Heurck 4 63,4 0,006

Nitzschia bryophyla (Hustedt) Hustedt 3 63,9 0,0028

Nitzschia clausii Hantzsch 4 90,4 0,0014

Nitzschia granulata Grunow 4 48,9 0,0354

Nitzschia palea (Kützing) Smith 3 52,8 0,0254

Nitzschia palea var. debilis (Kützing) Grunow 3 60,8 0,0489

Nitzschia perminuta (Grunow) Peragallo 4 93 0,015

Nitzschia pseudofonticola Hustedt 3 57,1 0,0122

Nitzschia rautebachiae Cholnoky 3 62,5 0,0128

Nitzschia sp. 2 3 48,5 0,0446

Nitzschia sp. 3 4 65,8 0,0134

Opephora sp. 3 57,5 0,0274

Pinnularia cf. certa Krammer & Metzeltin 3 50 0,038

Pinnularia grunowii Krammer 3 55,6 0,0354

Planothidium biporumum (Hohn & Hellerman) Lange-

Bertalot 1 73,3 0,008

Planothidium granum (Hohn & Hellerman) Lange-

Bertalot 3 83 0,0008

Skeletonema sp. 1 4 66,7 0,014

Staurosirella sp. 3 64,1 0,0078

Synedra ulna (Nitzsch) Ehrenberg 3 56,7 0,016

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Para a análise de correspondência canônica (CCA) entre as espécies

abundantes e dominantes, os autovalores dos dois primeiros eixos foram iguais a,

respectivamente, 0,435 e 0,284. A significância do teste de Monte Carlo foi relevante,

com p = 0,001, para a formação dos eixos, e p = 0,039 para a interação das

características abióticas e bióticas, indicando que a formação desses eixos em relação

às estações amostrais não foi ao acaso.

A análise de CCA separou as estações amostrais de modo semelhante àquela

realizada pelo TWINSPAN, o que evidencia a ocorrência de espécies em relação às

condições ambientais dos trechos superior e inferior do rio (Tabela 03). A explicação

da formação dos dois primeiros eixos foi de 27% para os coeficientes de correlação

das espécies e características ambientais obtidos para os eixos 1 e 2 foram elevados,

respectivamente, (r = 0,982 e r = 0,936), indicando forte correlação entre a distribuição

de espécies e as variáveis ambientais utilizadas na ordenação.

O eixo 1 (16,3% de explicação) esteve negativamente relacionada à

temperatura, pH e oxigênio dissolvido, e positivamente a DBO (Tabela 6),

relacionando-se negativamente à estação amostral L09 do mês parcialmente seco (-

2.434095) e positivamente à estação amostral L10 do mês chuvoso (1.144216). Em

relação às espécies, as maiores relações foram com Gomphonema salae (-1.85298)

Gomphonema sp16 (-1.80834), e positivamente relacionado a Nitzschia perminuta

(1.02457).

Já o eixo 2, que teve 10,7% de explicabilidade, teve a sua formação

positivamente associada à turbidez (1,319) e negativamente à Temperatura (-1,104).

Entre as variáveis relacionadas a esse eixo, conforme os coeficientes de correlação

intra-set, destacam-se a temperatura, DBO e a turbidez. As estações amostrais que

tiveram maiores relações com esse eixo foram L09 e L04, ambas do mês parcialmente

seco (respectivamente, 2.022506 e -2.162479). Já as espécies mais relacionadas

foram Gomphonema sp. 16 (1.298168) e Aulacoseira sp. 6 (1.461984).

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Tabela 4: Coeficientes canônicos e correlações intra-set entre as variáveis bióticas e

abióticas do rio São Matheus, para os dois primeiros eixos da CCA. (pH, Ox: Oxigênio

Dissolvido, Cond: Condutividade Elétrica, TºC: Temperatura da Água, Turb: Turbidez,

Si: Sílicatos, OrtoP: Ortofosfato, P Total: Fósforo Total e NO3-: Nitrato).

Coeficientes

canônicos

Coeficientes de

correlação intraset

Variáveis Eixo 1 Eixo 2 Eixo 1 Eixo 2

pH -0,622 0,046 -0,780 -0,243

Ox 0,706 -0,462 -0,661 -0,516

Cond 0,368 0,364 -0,427 0,16

ºC -0,923 -1,104 -0,796 -0,478

Transp -0,694 1,319 -0,540 -0,335

Turb -0,753 1,100 0,488 0,363

Si 0,032 0,271 -0,100 0,217

OrtoP -0,133 -0,481 0,214 0,165

P total 0,137 -0,365 0,562 -0,009

DBO 0,585 -0,728 0,648 -0,352

NO3- 0,182 0,074 -0,147 -0,134

As estações amostrais localizadas nos trechos inferiores de cada período

climático (L10, L09, L08, L07, L06), categorias 2 (mês parcialmente seco) e 4 (mês

chuvoso), relacionaram-se à turbidez, condutividade, ortofosfato e sílica.

Além da possibilidade da separação entre os trechos superior e inferior do rio ter

ocorrido devido à interferência da Cidade das estações amostrais L05 e L06, há também

a possibilidade dessa separação ter ocorrido pelo efeito de maré. Apesar de a salinidade

ter sido igual ou inferior a 0,1 PPT em todas as coletas (Reis, L. A. C, comun.pessoal),

em todas as estações amostradas, em Antunes et al. (2012) foi observada salinidade de

0,750 a 2,25 dS m-1 nos trechos L05 e L06. Com isso, as águas desses trechos foram

classificadas como C3, ou seja, com alta salinidade (Antunes et al., 2012), devido ao

efeito da maré que sobe o rio e atinge até as proximidades da Pedra D’água, que neste

estudo é a estação L05. Além do mais, pouco se sabe sobre as comunidades de

diatomáceas das regiões costeiras e ainda menos sobre as possíveis interações entre

as comunidades continentais e as estuarinas/marinhas (Cavalcanti, 2013).

Já as estações do trecho superior do rio (L01, L02, L03, L04, L05), indicadas pelas

categorias 1 (mês parcialmente seco) e 3 (mês chuvoso), estiveram mais relacionadas

a outros fatores. Para o mês chuvoso, a relação maior foi com a DBO, fósforo total e

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ortofosfato, fatores relacionados às suas condições de saprobidade. Para o mês

parcialmente seco, demais fatores estiveram relacionados, tais como o oxigênio

dissolvido, a temperatura e a sílica (Figura 3).

Figura 3: Análise da CCA entre a composição de espécies (dominantes e abundantes)

por estações amostrais de acordo com categorias encontradas no TWINSPAN e 10

variáveis abióticas (físicas e químicas). (Mês parcialmente seco: 1. Trecho superior;

2. Trecho inferior / Mês chuvoso: 3. Trecho superior; 4. Trecho inferior)

Também foi realizada a mesma análise de CCA para relacionar a ocorrência

somente das espécies indicadoras em relação às variáveis ambientais. A matriz com

55 espécies teve 34,5% de explicabilidade nos dois primeiros eixos, com p significativo

para a formação dos eixos e a relação das variáveis bióticas e abióticas.

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Tabela 5: Resultado da aplicação da análise de CCA entre os fatores abióticos

(aspectos físicos e químicos da água) e as 55 espécies indicadoras de acordo com o

INDVAL.

Estatísticas Eixo 1 Eixo 2

Autovalores 0,531 0,327

% de variação explicada 21,4 13,1

% de explicação acumulada 21,4 34,5

Correlação de Pearson (ambiente-espécies)

0,977 0,902

Teste Monte Carlo para autovalores 0,004

Teste Monte Carlo para correlação

entre fatores bióticos e abióticos 0,049

O eixo 1 teve as correlações intra-set maiores em relação a temperatura, oxigênio

dissolvido e pH; enquanto que o eixo 2 esteve mais relacionado principalmente à

condutividade e ortofosfato.

Dentre as espécies indicadoras, na Tabela 6 foram selecionadas as espécies

que mais se relacionaram aos trechos do rio (com valores de indicação acima de 70)

e suas posições em relação aos eixos da CCA em relação às espécies indicadoras.

Tabela 6: Relação entre os táxons indicadores dos trechos do rio São Mateus em

relação à Cidade, com valor de indicação (vi) superior a 70, e a relação destes com

os dois primeiros eixos da Análise de Correspondência Canônica.

Código Táxons grupo vi eixo 1 eixo 2

Amp18 Amphora copulata 3 72 0,393622 -0,18982

CocPlLin Cocconeis placentula var. lineata 3 81,3 0,417866 -1,18005

DiadConf Diadesmis confervacea 3 100 0,509652 -0,34932

Gomp143 Gomphonena turris 2 71,7 -1,29309 -0,25245

Lemn149 Lemnicola hungarica 2 90,3 0,224729 -0,53367

Nav163 Navicula rostellata 3 75,3 0,400857 -0,13462

Nav169 Navicula cryptotenella 3 88,5 0,53864 -0,18079

NitzClau Nitzschia clausii 4 90,4 0,523523 0,25963

PlanBip2 Planothidium biporumum 1 73,3 -1,31049 0,30087

PlanGran Planothidium granum 3 83 0,44844 -0,18929

Bacil20 Bacillaria sp. 1 4 85,5 0,70054 0,511109

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Na Figura 4 está relacionada a disposição dessas espécies em relação aos

eixos formados. A espécie com o maior valor de indicação para o grupo 3 (trecho

eutrófico) foi a Diadesmis confervacea, tendo a maior relação com a variável DBO.

Diferente do observado nesse estudo, em Lobo et al. (1996) D. confervacea foi

classificada como menos tolerante à poluição orgânica, enquanto que outros autores

corroboram com o observado nesta pesquisa. Cholnocky (1958) e Coste, (1975)

mencionam que essa espécie é sapróbia, resistente à poluição orgânica e

estenotérmica, apresentando maior desenvolvimento em águas com temperatura

entre 25 e 31ºC.

Para o trecho 2 (inferior do mês parcialmente seco, oligotrófico - Tabela 7), o

maior valor de indicação da espécie Lemnicola hungarica Grunow, esteve relacionada

com a variável ortofosfato. O oposto foi observado por Lange-Bertalot (1979), que a

inclui num grupo tolerante a condições α-mesossapróbicas, mas que não se

desenvolvem bem em condições polissapróbicas.

O trecho 4 (inferior do mês chuvoso, mesotrófico - Tabela 7) com maior

indicação para a espécie Nitzschia clausii Hantzsch, foi mais relacionada à variável

fósforo total, assim como a espécie Planothidium biporumum, mas esta última também

esteve relacionada a temperatura, oxigênio e transparência da água.

Nitzschia clausii foi considerada por Van Dam et al. (1994) e Lobo et al. (2002)

como moderadamente tolerante à poluição, ou β-mesosapróbica. Pelo mesmo autor,

Planothidium biporomum é considerada como uma espécie característica de

ambientes oligotróficos. Existem poucas referências na literatura sobre as

preferências ambientais desta espécie, porém as condições ambientais observadas

em Chiossi (2013) podem corroborar com Van Dam et al. (1994), contrastando o que

foi observado nesta pesquisa.

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Figura 4: Correlação entre as 55 espécies indicadoras de acordo com o INDVAL, pelas

categorias do TWINSPAN e 11 variáveis abióticas (físicas e químicas).

Para a calibragem do Índice Biológico da Qualidade da Água utilizando

diatomáceas proposto para rios sul-brasileiros (Lobo et al., 2004) foi utilizada a

classificação dos corpos d’água de acordo com o Índice de estado Trófico (IET)

utilizando fósforo total modificado para rios por Lamparelli (2004) – Tabela 07. Pois,

apesar de a classificação pelo TWINSPAN originar 4 grupos distintos, de acordo com

essa classificação de estado trófico há uma tendência de 3 grupos formados. Em

ambos os meses, o trecho inferior do rio se apresentou como mesotrófico, tal como

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em Pereira (2013), exceto nas estações com maior aporte de nutrientes (L05 e L06).

Porém, a separação das estações amostrais de acordo com o TWINSPAN incluiu

essas estações num grupo maior, indicando que a composição de espécies não foi

afetada por essa variação trófica nessas duas estações. Assim, serão consideradas 3

categorias: oligotrófica, mesotrófica e eutrófica.

Tabela 7: Classificação das estações amostrais do rio São Mateus a partir do Índice de Estado Trófico (IET) utilizando fósforo total, modificado para rios por Lamparelli (2004).

Estações amostrais Nov/12 Trofia Fev/13 Trofia

L01 55,8 oligotrófico 51,4 mesotrófico

L02 59,7 supereutrófico 63,3 eutrotrófico

L03 59,7 oligotrófico 51,0 eutrotrófico

L04 55,1 oligotrófico 51,4 mesotrófico

L05 59,6 oligotrófico 51,4 eutrófico

L06 58,2 supereutrófico 65,3 mesotrófico

L07 51,8 mesotrófico 52,3 oligotrófico

L08 55,9 mesotrófico 52,6 mesotrófico

L09 56,9 mesotrófico 53,5 mesotrófico

L10 57,7 mesotrófico 53,3 mesotrófico

Assim, nesta pesquisa o grupo C, oligotrófico, será considerado,

operacionalmente, com o valor sapróbio "s" = 1 e valor de indicação “vi” = 1.

O grupo B, = referente à classificação mesotrófica, será considerado o valor

sapróbrio s = 2.5 e o de indicação vi = 3.

Similarmente, para o grupo A, o valor sapróbio será s = 4 e o valor de indicação

será vi = 5, referente ao grupo eutrófico.

De acordo com essa adaptação, foi aplicado esses valores do cálculo do IBQA

a uma matriz com um total de 289 táxons, considerando o valor sapróbrio s = 1 e valor

de indicação v = 1, para as demais espécies que não estão presentes no Anexo 1, ou

seja, não foram indicadoras da qualidade da água. Os resultados obtidos foram de

acordo com a Figura 5, nos quais o IBQA variou de 2,32 a 3,47 – níveis de poluição

forte a muito forte no mês chuvoso (dezembro / 2012), e de 1,54 a 2,98 – níveis de

poluição moderada a muito forte - no mês parcialmente seco (fevereiro / 2013).

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Figura 5: Valores do estado trófico da qualidade da água de acordo com o IBQA São

Mateus.

Também foi testado o Índice proposto para os rios sul-brasileiros, aplicando à

mesma matriz do cálculo anterior os valores sapróbios e de indicação de acordo com

Lobo et al. (2004a) para 48 espécies indicadoras importantes para a avaliação da

qualidade da água. O resultado está apresentado na Figura 5. No mês chuvoso variou

de 1,66 a 2,31 – níveis de poluição moderada a forte, e no mês parcialmente seco

variou de 1,09 a 1,63 – níveis de poluição fraca a moderada.

De acordo com os resultados obtidos pelo cálculo do IBQA São Mateus, como

esperado para o mês chuvoso, a classificação da qualidade da água do rio foi

considerada majoritariamente como fortemente poluído, especialmente nas estações

a montante da Cidade (Tabela 8). Tal classificação pode estar relacionada ao aporte

de nutrientes advindos do carreamento de nutrientes do solo provocado pela chuva,

pois essas estações estão próximas a áreas utilizadas como plantio de culturas

agrícolas.

Já para o mês parcialmente seco o oposto foi observado, sendo a maior

interferência na qualidade da água advindos das fontes localmente observadas como

poluidoras, tal como a piscicultura e escoamentos de esgoto, observados nas

estações L05, L06 e L02/L03.

L09 e L01 tiveram valores de poluição altos provavelmente porque os mesmos

estão localizados respectivamente, na separação e no encontro de dois braços de rio

do São Mateus.

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

L10 L09 L08 L07 L06 L05 L04 L03 L02 L01

IBQ

A S

ão M

ateu

s

Estações amostrais

Parcialmente Seco Chuvoso

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Assim, os resultados desse Índice indicaram avanço longitudinal do estado

trófico no rio São Mateus coerente aos demais parâmetros observados nos meses de

coleta, tendendo a decrescer nas estações à jusante da Cidade (L06 a L10) e este

trecho com valores superiores aos do trecho à montante da Cidade (L01 a L05) no

mês parcialmente seco. Já no mês chuvoso, a tendência apontada para os valores

desse índice foi de crescimento no sentido subida do rio (L10 a L01). Como

comparação aos dados abióticos, por exemplo, o Índice de Estado Trófico – IET

(Tabela 7) corrobora com essa tendência, no qual os trechos do mês parcialmente

seco foram considerados oligotrófico (trecho superior) e mesotrófico (trecho inferior).

Já no mês chuvoso foi considerado mesotrófico (trecho inferior) e eutrófico (trecho

superior).

Já ao aplicar os resultados deste trabalho de acordo com o IBQA de Lobo

(2004a) – Figura 6, os resultados foram, para o mês parcialmente seco, 60% das

amostras consideradas com nível de poluição fraco e somente 3 amostras, como

moderado. Já para o mês chuvoso, todas as amostras foram consideradas com nível

de poluição moderado. Em ambos os meses, as estações que tiveram os valores

destacados das demais foram as consideradas com os maiores níveis de poluição

observados localmente, as estações L05 e L06. Porém, não houve uma tendência de

crescimento ou decrescimento longitudinal da classificação trófica condizentes aos

dados abióticos observados nesta pesquisa.

Figura 6: Valores do estado trófico da qualidade da água de acordo com o IBQA

proposto para os rios sul-brasileiros.

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

L10 L09 L08 L07 L06 L05 L04 L03 L02 L01

IBQ

A L

ob

o

Estações Amostrais

Parcialmente Seco Chuvoso

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Tabela 8. Classificação das Estações Amostrais dos meses parcialmente seco e

chuvoso, de acordo com o IBQA proposto para a região sul brasileiro e o IBQA

adaptado para o rio São Mateus.

IBQA Lobo et al. (2004a) São Mateus

EAs/Clima Parcialmente

Seco Chuvoso

Parcialmente Seco

Chuvoso

L01 1,31 1,85 2,65 3,13

L02 1,39 1,94 1,54 3,23

L03 1,63 1,75 2,64 3,32

L04 1,28 2,31 1,85 3,47

L05 1,28 1,89 2,09 3,19

L06 1,09 2,04 2,98 3,18

L07 1,53 1,71 2,31 2,61

L08 1,35 1,61 2,49 2,42

L09 1,48 1,66 1,58 2,85

L10 1,18 1,60 1,83 2,32

Classificação Fraca Moderado Forte Muito forte

Tal observação deve-se ao fato de que esse índice foi criado com base na

ocorrência de espécies no sul do Brasil, sendo inadequada a aplicação do mesmo

para rios com morfologia e climas tão distintos, tal como o São Mateus. Essa

informação corrobora com Álvarez-Blanco et al. (2010), no qual afirma que Índices de

diatomáceas desenvolvidos em certas regiões geográficas são frequentemente

usados em outros lugares, apesar da forte evidência de que tais medidas não são

adequadas para a aplicação em outras regiões, pois as espécies têm diferentes

requisitos autoecológicos.

Conclusão

O uso do rio São Mateus como principal manancial de abastecimento é

preocupante, pois o mesmo sofre influência na qualidade de suas águas pela

presença desordenada da Cidade e suas atividades econômicas, fato este observado

pela diferença de composição e abundância relativa de espécies antes e após a

influência da Cidade aliada às características abióticas da água.

Dentre os parâmetros de abordagem de classificação da água utilizando

recursos biológicos, os índices de diversidade não foram adequados para classificar

os corpos d’água (Capítulo 1) com base nas concentrações de nutrientes observadas,

porém, as análises que utilizaram as densidades e ocorrências das espécies e estas

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e os parâmetros abióticos comparados responderam de modo semelhante (Capítulo

1 e 2), indicando essas abordagens como eficientes para classificar as estações

amostrais do rio São Mateus.

O Índice Biológico da Qualidade da Água proposto para a região sul do Brasil

foi inadequado para avaliar a qualidade da água do rio São Mateus.

Foram identificadas 55 espécies indicadoras da qualidade da água do rio São

Mateus, relacionando os trechos amostrados em superior e inferior à interferência da

Cidade (estações amostrais L05 e L06), e essa lista de espécies foi utilizada para

adaptar o Índice Biológico da Qualidade da Água proposto para os rios sul-brasileiros,

para o do rio São Mateus, conferindo numa ferramenta auxiliar para o diagnóstico da

qualidade da água desse rio.

Assim, as hipóteses desse trabalho foram aprovadas e, apesar de pioneiro,

esse estudo contribuiu para o diagnóstico da qualidade da água do rio São Mateus,

tanto pelo conhecimento das espécies comuns e específicas aos trechos superior e

inferior do rio em relação à interferência da Cidade quanto por ter originado uma

ferramenta importante para auxiliar na gestão mais adequada da qualidade da água

desse rio.

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Anexo 1. Imagens das espécies indicadoras do rio São Mateus.

Prancha 1

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1 Achnanthidium exiguum Grunow

2 Achnanthidium minutissimum Kützing

3 Amphora copulata Kützing

4 Amphora coffaeformis Kützing

5 Cyclotella gamma Sovereign

6 Cyclotella 26

7 Cyclotella 27

8 Cocconeis placentula var euglypta (Ehrenberg) Grunow

9 Cocconeis neodiminuta Krammer

10 Cocconeis placentula var lineata (Ehrenberg) Van Heurck

11 Cocconeis sp1

12 Anorthoneis dulcis Hein

13 Capartogramma crucicula Grunow

14 Diasdemis confervacea Kützing

15 Diasdemis contenta Grunow

16 Diploneis cf subovalis Cleve

17 Navicula atomus (Kützing) Grunow

18 Geissleria cf lusitanica Novais

19 Eunotia didyma Hustedt

20 Fragilaria goulardii (Brébisson) Lange-Bertalot

21 Encyonema lunatum Smith

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Prancha 2

22 Cymbella tumida (Brebisson) Van Heurck

23 Synedra ulna (Nitzsch) Ehrenberg

24 Opephora sp

25 Staurosirella sp

26 Hippodonta hungarica Grunow

27 Hippodonta capitata (Ehrenberg) Lange-Bertalot

28 Hippodonta sp1

29 Geissleria punctifera (Hustedt) Metzeltin

30 Gomphonema lagenula Kützing

31 Gomphonema turris Ehrenberg

32 Gyrosigma acuminatum (Kützing) Rabenhorst

33 Lemnicola hungarica (Grunow) Round

34 Skeletonema sp1

35 Navicula rostellata Kützing

36 Navicula sp1

37 Navicula cryptonella Lange-Bertalot

38 Nitzchia perminuta (Grunow) Peragallo

39 Nitzchia bryophyla (Hustedt) Hustedt

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Prancha 3

40 Nitzchia acicularis var major

41 Nitzchia pseudofonticola Hustedt

42 Nitzchia palea var debilis (Kutzing) Grunow

43 Nitzchia rautechachiae Cholnoky

44 Nitzchia sp. 2

45 Nitzchia brevissima var brevissima (Grunow) van Heurck

46 Nitzchia sp.3

47 Nitzchia clausii Hantzsch

48 Nitzchia palea (Kutzing) Smith

49 Ntzschia granulata Grunow

50 Bacillaria cf paradoxa Gmelin

51 Bacillaria sp.1

52 Planothidium biporumum (Hohn & Hellerman) Lange-Bertalot

53 Planothidium granum (Hohn & Hellerman) Lange-Bertalot

54 Pinnularia grunowii Krammer

55 Pinnularia cf certa Krammer & Metzeltin

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CAPITULO III

Anorthoneis dulcis Hein: Primeiro registro para

a região sudeste do Brasil

Obs. Artigo formatado e enviado para revista Hoenhea

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Anorthoneis dulcis Hein: Primeiro registro para a região sudeste do Brasil

Luciane Ayres Castro Reis; Sirlene Aparecida Felisberto; Valéria de Oliveira Fernandes

Resumo: Uma nova ocorrência geográfica para Anorthoneis dulcis Hein é relatada neste

estudo. Como objetivo, este estudo propõe descrever, ilustrar e avaliar a abundância relativa de

A. dulcis na comunidade perifítica em ambiente lótico tropical e relacioná-la as condições

limnológicas. As amostras foram coletadas de pecíolos de Eichhornia crassipes (Mart.) Solms,

ao longo de 30 km do rio São Mateus-ES, distribuídas em 10 estações amostrais. A coleta foi

realizada nos meses de novembro/2012 (período de chuvas) e fevereiro/2013 (período

parcialmente seco). As águas do rio São Mateus apresentaram temperaturas elevadas (25,3 a

32,4 ºC), levemente ácidas, bastante turvas (92 a 107 NTU em nov/2012; 16,2 a 43,5 NTU em

fev/2103) e com condutividade elétrica variando de 145 a 306 µs/cm. A. dulcis ocorreu em 55%

das amostras, sendo abundante em 15% destas amostras (especificamente no período chuvoso).

Este estudo é o primeiro a abordar A. dulcis em macrófitas aquáticas na América do Sul,

ampliando a distribuição geográfica da espécie, bem como contribuindo também para

ocorrência em águas levemente ácidas, suportando o pH até 6,2.

Palavras-chave: diatomáceas epifíticas, Achnanthales, ecologia, taxonomia

Abstract. Anorthoneis dulcis Hein: first record in the southeastern Brazil. A new

geographical occurrence for Anorthoneis dulcis Hein is reported in this study. As a goal, this

study proposes to describe, illustrate and evaluate the relative abundance of A. dulcis in

periphyton in lotic tropical environment and relate it limnological conditions. Samples were

collected from petioles of Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, over 30 km from São Mateus-

ES river, distributed in 10 sampling stations. Data collection was conducted in the months of

November/2012 (rainy season) and February/2013 (partially dry period). São Mateus river

showed elevated temperatures (25.3 to 32.4 ° C), slightly acidic, very turbid (92-107 NTU in

nov/2012; 16.2 to 43.5 NTU in fev/2103) and electrical conductivity ranging 145-306 mS / cm.

A. dulcis occurred in 55% of samples, being abundant in 15% of samples (especially in the

rainy season). This study is the first to address A. dulcis in macrophytes in South America,

expanding the geographical distribution of species, and also contributing to the occurrence in

slightly acidic waters, supporting the pH to 6.2

Key-words: epiphitic diatom, Achnanthales, ecology, taxonomy

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Introdução

A flora das diatomáceas sul americanas é pouco conhecida (Garcia & Talgatti, 2008), e

os trabalhos de ocorrência geográfica, taxonômica, e de ocorrência em diferentes substratos é

necessário tanto para programas de conservação quanto para a devida aplicação desse grupo

como bioindicadores.

Dentre as diatomáceas, o gênero Anorthoneis Grunow é composto atualmente por nove

espécies: A. dulcis Hein, A. eurystoma Cleve, A. excentrica (Donkin) Grunow, A. hyalina

Hustedt, A. hummii Hustedt, A. minima Foged, A. pulex Sterrenburg, A. tenuis Hustedt, A.

vortex Sterrenburg (Hein, 1991). Em geral, essas espécies ocorrem em ambientes marinhos,

como epifíticas ou epipsâmicas e são consideradas como raras ou escassas para diversos

ambientes estudados. No entanto, Sterrenburg (199) registrou esse gênero como abundante nos

sedimentos e nas praias do Mar do Norte (Holanda). Desta forma, espécies do gênero podem

assim ocorrer tanto como raras ou abundantes, dependendo das condições ambientais.

As espécies de Anorthoneis diferem entre si, quanto a combinação das características

morfológicas e medidas das valvas (Tremarin & Ludwig, 2008). Sterrenburg (1988) organizou

as espécies em três grupos de acordo com a presença ou ausência da área central hialina dilatada

nas valvas. As espécies que apresentam essa característica nas duas valvas, de acordo com o

autor, são A. dulcis, A. vortex Sterrenburg, A. tenuis Hustedt e A. pulex Sterrenburg.

Somente uma dessas espécies é considerada como ocorrentes em ambientes de água

doce, que é a Anorthoneis dulcis Hein. Ela foi descrita para o norte da Flórida e, na América do

Sul, ela já foi encontrada no México (Fuerte et al., 2011). Para o Brasil, especificamente nos

Estados do Pará (Tremarin & Ludwig, 2008) e Rio Grande do Sul (Garcia & Talgatti, 2008).

De acordo com Hein (1991), A. dulcis pode ser facilmente separada da A. tenuis por

aquela apresentar a área central mais circular nas duas valvas. Já A. pulex é caracterizada por

células menores (9-13 x 6-7.5 µm) em relação a A. dulcis (14-17 x 10-13 µm). Anorthoneis

vortex é a espécie mais próxima a A. dulcis. As estrias e densidades das aréolas dessas duas

espécies não permitem uma separação taxonômica segura. Porém, a área central angular hialina

em A. dulcis é mais arredondada do que em A. vortex. Características ultra-estruturais permitem

a separação das duas espécies. As areolas marginais na válvula da rafe em A. dulcis é linear,

mas circular em A. vórtice (Hein, 1991).

Neste trabalho será descrita a primeira ocorrência dessa espécie para o estado do Espirito

Santo, região sudeste do Brasil. Desta forma, este estudo propõe descrever, ilustrar e avaliar a

abundância relativa de A. dulcis na comunidade perifítica em ambiente lótico tropical e

relacioná-la as condições limnológicas.

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Material e métodos

O rio São Mateus é formado por dois braços: o rio Cotaxé, com 244 km de extensão e o

rio Cricaré, com 188 km, respectivamente. A bacia abrange 25 municípios, dos quais 11 estão

no Espírito Santo. De acordo com Feitoza et al., (1999), a região onde foram feitas as coletas

no Município de São Mateus é considerada como de terras quentes, planas e chuvosas, como

sendo os meses típicos chuvosos: Julho, Outubro, Novembro e Dezembro e, parcialmente secos,

os demais meses.

Figura 1. Mapa com a localização das Estações Amostrais no rio São Mateus, Espírito Santo.

As coletas ocorreram de modo a abranger os dois tipos climáticos, nos meses de

novembro de 2012 (chuvoso) e fevereiro de 2013 (parcialmente seco), ao longo de 10 estações

de coleta.

A condutividade eletrica (μS cm-1), Temperatura da água e Oxigênio dissolvido foram

medidos com o multiparâmetro YSI. Dados de pluviosidade e temperatura do ar foram obtidos

da Estação Meteorológica INMET.

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As análises biológicas foram obtidas da raspagem do pecíolo da Eichhornia crassipes

(Mart.) Solms, macrófita flutuante comum a todos as Estações Amostrais. O material perifítico

foi removido da macrófita com o auxílio de estilete e jatos d’água e fixados em solução

Transeau para, posteriormente, serem confeccionadas as lâminas permanentes. Estas foram de

acordo com a técnica Simonsen (1974) modificada por Moreira Filho & Valente Moreira

(1981), que utiliza permanganato de potássio e ácido clorídrico concentrado.

Para caracterização ultraestrutural das células de diatomáceas em microscópio

eletrônico de varredura Jeol, JSM – 6610 algumas amostras foram tratadas através de cobertura

de sub-amostras com ouro Denton Vacuum, Desk V do Laboratório Multiusuário de

microscopia de alta resolução – LABMIC/UFG.

A determinação de espécies abundantes e dominantes foi de acordo com os critérios de

Lobo & Leighton (1986), porém adaptado para contagem das valvas, sendo as dominantes

aquelas que apresentaram quantidade de valvas acima de 50% do total de valvas contadas na

amostra e, as abundantes, aquelas com valores acima dos valores em média da amostra.

Resultados e discussão

Anorthoneis dulcis é uma diatomácea enquadrada na família Cocconeidaceae, ordem

Achnanthales, classe Bacillariophyceae.

Anorthoneis dulcis Hein, Diatom Research, 6 (2): 267-280, 1991.

As características diagnósticas de Anorthoneis dulcis são valvas amplamente elípticas,

manto valvar relativamente baixo, zona axial e o canal da rafe excêntricas, embora às vezes seja

ligeiramente deslocada para o centro, nódulo central amplo na valva com rafe. A rafe está

presente em apenas uma das valvas e as extremidades proximais internas da rafe são curvadas

em direções opostas. O esterno não se estende para os pólos das valvas e aréolas estão dispostas

em linhas irradiadas, em ambas as valvas. As estrias são unisseriadas, tornando-se bisseriadas

na margem valvar (Hein, 1991).

Os espécimes de Anorthoneis dulcis (Figuras 2-16) apresentaram as seguintes

dimensões: 13.36 – 16.3 µm de altura; 9.44-13.1 de largura e 19-22 estrias em 10 µm (Tabela

1). Essas dimensões são semelhantes às observadas em Hein (1991), Lee et al. (1994), Tremarin

& Ludwig (2008), Garcia & Talgatti (2008) e Fuerte et al., (2011). Porém quanto à altura, dois

espécimes mediram por volta de 13 µm, fato este também observado em Fuerte et al. (2011) e

a largura de um espécime que foi razoavelmente abaixo de 10 µm.

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Tabela 1: Medidas (altura, largura e estrias em 10 µm de 15 indivíduos de A. dulcis, epifíticos

do rio São Mateus.

Figuras na prancha 1 Altura Largura Estrias/10µm

1 14,7 9,9 22

2 15,2 10,7 22

3 13,4 9,44 19

4 14,2 10,1 19

5 14,3 11,3 19

6 15,4 11,5 19

7 15,3 11,2 20

8 15,1 10,2 20

9 15,2 11,3 23

10 14,8 11,2 19

11 13,5 10,0 21

12 13,7 10,6 21

14 14,3 11,2 20

14 15,1 11,1 20

15 16,3 13,1 22

Essa é a primeira ocorrência de A. dulcis para a região sudeste do Brasil e também o

primeiro trabalho taxonômico abordando o grupo das diatomáceas para o Estado do Espírito

Santo. As duas ocorrências já registradas dessa espécie no Brasil foram em Tremarin & Ludwig

(2008) para o Estado do Pará e, a segunda, em Garcia & Talgatti (2008), para o estado do Rio

Grande do Sul, ambos para diatomáceas episâmicas.

Das 20 estações de coleta analisadas em dois meses de coleta com as típicas variações

climáticas abordadas, Anorthoneis dulcis (Figuras 2-16) ocorreu em 55% delas, sendo em oito

estações no mês chuvoso e em três estações no mês parcialmente seco. A população dessa

espécie foi considerada abundante nas estações L05, L08, L10 do mês chuvoso.

Quanto a ocorrência da espécie em diferentes períodos climáticos, não há um consenso

entre os pesquisadores, uma vez que Hein (1991) observou que a abundância de A. dulcis

diminuiu no inverno, enquanto Lee et al. (1994) só observou essa espécie na primavera e verão.

Já Garcia & Talgatti (2008) não observaram variação ao longo do ano. Vale destacar que os

ambientes estudados pelos autores citados acima possuem caracterizações climáticas distintas.

Entretanto, há uma tendência da espécie ocorrer em climas com temperaturas mais elevadas,

como constatados para este trabalho.

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Tabela 2: Abundância de A. dulcis nos meses chuvoso (novembro-2012) e parcialmente seco

(fevereiro-2013).

Nov-12

EA L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

A. dulcis 0 1 1 0 11 3 2 5 1 14

Nº total ind 502 510 576 476 565 517 539 569 476 513

nº sp 74 95 122 112 142 116 84 157 82 120

Fev-2013

EA L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

A. dulcis 0 0 0 2 1 0 0 0 0 1

Nº total ind 243 405 140 107 84 536 132 474 401 406

nº sp 39 39 30 36 26 45 27 32 33 30

Figuras 2-16: Imagens de indivíduos de Anorthoneis dulcis encontrados no rio São Mateus.

Nas estações de coleta onde a A. dulcis foi encontrada, a espécie dominante na área de

estudo foi Polymyxus coronalis Bailey, que suporta variação de salinidade, desde águas salobras

a doces.

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Figura 17. Polymyxus coronalis, espécie dominante no rio São Mateus. (Barra: 10 µm).

Outras espécies comuns de águas doces e salobras foram encontradas nos mesmos

ambientes que A. dulcis, dentre as abundantes, por exemplo, ocorreram Achnanthes inflata

(Kützing) Grunow, Achnanthidium exiguum (Grunow) Czarnecki, Diadesmis

confervacea Kützing e Hippodonta capitata (Ehrenberg) Lange-Bertalot (Figuras 18-24).

E das que apresentam maior amplitude de ocorrência em relação à salinidade, por

exemplo, ocorreram Hydrosera whampoensis (Schwarz) Deby, Pleurosira laevis (Ehrenberg)

Compère e Tepsinoe musica Ehrenberg.

Figuras 18-24: Espécies abundantes que ocorreram nos mesmos ambientes que A. dulcis: 18. A

inflata A: vista valvar, B: vista pleural; 19 A. exiguum A e C: valva com rafe e B: valva sem

rafe; 20. D confervacea (A e B); 21 H capitata (A e B); 22. H. whampoensis A: ampliação de

1000x e B: 400x; 23. P. laevis; 24. T. musica A: vista valvar e B: vista pleural. (Barras: 10 µm)

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Dados climáticos obtidos pelo Inmet corroboraram com a classificação dos meses de

coleta caracterizando o mês de novembro de 2012 como chuvoso e o de fevereiro de 2013 como

parcialmente seco, respectivamente com a pluviometria mensal de 106 mm e 10 mm. As médias

mensais de temperatura foram de 24,5ºC para o mês chuvoso e de 26,5ºC para o parcialmente

seco. Os valores de condutividade elétrica foram menores do que 500 µs/cm, concordando com

o Garcia & Talgatti (2008) e Hein (1991), que relacionam a ocorrência de Anorthoneis dulcis à

condutividade elétrica inferior a esse valor.

As águas desse rio foram de básicas a levemente ácidas (Tabela 3), variando de 6,2 a

6,9 no mês chuvoso e de 7,1 a 7,6 no mês parcialmente seco. Essa informação contraria os

trabalhos já realizados com a espécie A. dulcis, pois a maior abundância observada foi no mês

que apresentou o pH levemente ácido. Em Fuerte et al. (2011) o pH variou de 7,1-8,0, enquanto

no trabalho realizado na Coreia do Sul o autor verificou que o pH variou de 7,5-8,1 (Lee, 1994).

Já nos trabalhos de Hein (1991) e Garcia & Talgatti (2008), o pH variou de 7.5-8.8. Assim, esse

trabalho amplia a variação suportada de pH pela espécie A. dulcis, que até então era de água

levemente básica a básicas, estendendo a águas levemente ácidas.

Tabela 3: Valores das variáveis físicas e químicas do rio São Mateus analisadas nos meses

chuvoso (Novembro-2012) e parcialmente seco (Fevereiro – 2012). EA = estação amostral; OD

= oxigênio dissolvido; Cond = condutividade elétrica; ºC = temperatura da água; Turb =

turbidez.

Novembro de 2012

EA L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09 L10

pH 6,6 6,5 6,5 6,2 6,4 6,5 6,8 6,8 6,9 6,7

OD 2,6 2,9 2,8 3,8 3 3,3 2,9 3,2 2,9 3,3

Cond 180 145 146,7 108 146,8 150,2 145,8 147,3 148,2 149,3

ºC 26,2 25,7 25,8 25,3 26,6 28,1 26,5 26,7 26,7 27

Turb 107 104 105 4.67 92 93 89 94 91 92

Fevereiro de 2013

pH 7,6 7,4 7,4 7,2 7,1 7,2 7,2 7,3 7,2 7,3

OD 4,1 4,1 4,4 4,4 1,3 4,7 5 5,3 6 5,5

Cond 189 183 159,4 171 306,1 170,7 169 150 170 168,9

ºC 28,6 29,8 30 31,5 29,2 31,2 31,8 32,4 31,4 30,5

Turb 43 43,5 37,5 30,7 26,3 28,6 23,5 16,2 16,3 17,6

Esse é o primeiro trabalho da América do Sul a abordar A. dulcis em macrófitas

aquáticas, tal como Hein os observou ao descrever essa espécie em 1991. Assim como já

apontado em Garcia & Talgatti (2008), A. dulcis ocorre em ambientes desde ao Norte ao sul

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das Américas, como também no continente asiático. Em ambientes lóticos e lênticos, aderidos

a macrófitas, como também entre sedimentos, o mesmo para águas doces ou estuarinas. Desta

forma este estudo amplia a distribuição geográfica da espécie, bem como contribui também

para ocorrência de A. dulcis em águas levemente ácidas, suportando o pH até 6,2.

Agradecimentos

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao

Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Tropical pela bolsa de estudo da primeira

autora, ao PELD de São Mateus, por custeamento das diárias e o pagamento dos barqueiros,

ao Laboratório de Taxonomia Ecologia de Algas Continentais (LATEAC), pelo empréstimo

de equipamentos e materiais para a realização das análises de laboratório.

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CONCLUSÕES GERAIS

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Foram abrangidas as principais variações climáticas da região,

possibilitando o conhecimento de alta diversidade da comunidade de

diatomáceas;

A principal variação da diversidade foi em relação às variações climáticas,

entre os meses amostrados;

Nesta pesquisa, os índices de diversidade não foram considerados

adequados para avaliar a qualidade da água do rio São Mateus, pois não

houve diminuição da diversidade em relação às estações amostrais

consideradas mais impactadas;

As organizações das estações amostrais em relação aos dados abióticos,

bióticos e a interação dos dois foram semelhantes, separando as estações

em trechos superior e inferior do rio São Mateus em relação às principais

interferências da Cidade (Estações amostrais L05 e L06, respectivamente,

efluentes domésticos e atividades de piscicultura).

O Índice Biológico da Qualidade da Água proposto para a região sul do

Brasil foi inadequado para avaliar a qualidade da água do rio São Mateus;

Foram identificadas 55 espécies indicadoras da qualidade da água do rio

São Mateus, relacionando os trechos amostrados em superior e inferior à

interferência da Cidade (estações amostrais L05 e L06), e essa lista de

espécies foi utilizada para adaptar o Índice Biológico da Qualidade da Água

proposto para os rios sul-brasileiros, para o do rio São Mateus, conferindo

numa ferramenta auxiliar para o diagnóstico da qualidade da água desse

rio.