Dicionário da Doutrina Católica_Livro.pdf

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fc»1 Km Tip. Empresa GUEDES, L.°» 142—RUA HORMOSA-24S — PÔRTO - 1945- ;

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Tip. E m p r e sa GUEDES, L.°»1 4 2 — R U A H O R M O S A - 2 4 S— P Ô R T O - 1 9 4 5 -

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D I C I O N Á R I OD A

D O U T R I N A C A T Ó L I C A

P E L O

P . 1 J O S É L O U R E N Ç O

Administração de VERDADE E VIDA Rua Clemente Meneres, 88

P Ô R T O ----------

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Nihil obstnt.

Pôrlo, 1 de Abril de 1945.Fr . F r a n c i s c o R e n d e i r o O. P.

Pode imprimir-se.Pôr to, 3 de Abril de 1945. ;

t AGOSTINHO, B i s p o d o P ô h t o .

t

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C A R T A A O A U T O R

Meu reverendo e caro Padre

Muito obrigado por me ter dado ensejo de ler o seu novo livro Dicionário da, Doutrina Católica. É um dicionário popular. sem dúvida, mas muito ú til e oportuno.

Se a frase do P.e Mateo, o povo português é o melhor do mundo mas é muito ignorante, é um pouco exagerada quanto à prim eira parte, é bem certa e verdadeira quanto à segunda.

A ignorância em assuntos religiosos, mesmo entre a classe culta, é tão grande que por vezes nos espanta e entristece-nos sempre.

Urge combater com todas as nossas forças essa praga, causa de muitos outros males morais.

Ao sacerdote m ais do que a ninguém compete ser a luz do mundo e « ir por tôda a parte ensinar todos os povos».

Quantas vezes o nosso bom povo pede pão e não há quem lho reparta? (Lam. I V,4).

Após os numerosos livros e opúsculos de V. R .m a : O Santo Evangelho de Jesus Cristo, Cartas confidenciais sobre o Casamento, Considerações Cristas, Lições de Doutrina Católica, Vida dos Santos do Calendário Romano, Cate quese Prática, Hora Santa, Quadros da História Bíblica, Como Pedrinho conheceu Jesus, O meu livro de Doutrina e de Missa», etc. este vem em boa hora e irá por toda a parte espalhar a boa doutrina. A sua luz modesta, mas segura e clara, muito poderá contribuir para esclarecer os espíritos ávidos de verdade. A todos dará conhecimentos sobre a doutrina católica, em alguns talvez desperte a vontade de a aprofundar mais.

Felicito V. R.ma por teim ar em não pôr debaixo do alqueire a candeia acesa e em pra ticar obras boas, luminosas, das que recomendava o divino M estre: « luza a vossa luz diante dos homens de ta l sorte que, vendo as vossas obras boas, deem glória a vosso Pai que está nos céus» (Mt. V,16).

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D U A S P A L A V R A S

Três fins nte propue na organização deste Di­cionário: 1 ° — Oferecer a Deus o meu trabalho como uma penitência; 2 0 — Contribuir para o bem do povo cristão ; 3.° — Glorificar a Deus com o bem que pode produzir.

Penso que os cristãos encontrarão na leitura dêste livro ; instrução e educação, — os dois requi­sitos indispensáveis para, com a graça de Deus, poderem viver como verdadeiros cristãos. Assim lhes desejo e assim seja.

0 A u t o h .

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A B R E V I A T U R A SAct......................................................... Actos dos Apóstolos.C............................................................ Cânon (Direito Canônico).Cap........................................................ Capítulo.C. L it. Bom ................................... Curso de Liturgia Romana.Coloss............................. ...................... Colossenses.Const. Bisp .................................... Constituições do Bispado.Cor........................................................ Coríntios.C. P .................................................... Concilio Plenário Português.Üeut..................................................... Deuteronómio.Efés....................................................... Efésios.Bccli...................................................... Eclesiástico.Ep.......................................................... Epístola.E v ............. ............................................ Evangelho.Ex. ou Exod ....................................... Êxodo.F ilip ..................................................... Filipenses.Gal........................................................ Gálatas.Gen....................................................... Gênesis.Heb........................................................ Hebreus.Is ............................................................ Isaías.Jo.......................................................... João.Le v ........................................................ Levítico.Luc. ............................................ Lucas.Macab ............................................ Macabeus.M ar.................. ................................. Marcos.Mat. ................................................ Mateus.P a r ......................... ........................... Paralipómenos.Ped ........................................................ Pedro.Pont. Bom ...................................... Pontificai Romano.Bit. Bom ............................................. Ritual Romano.Bom...................................................... Romanos.5 .............................................. ............. Santo.Sap ....................................................... Sapiência.S. C. B. \^ ^ q j ....................................... Sagrada Congregação dos Ritos.Sess....................................................... Sessão.Tessal.................................................. Tessalonicenses.S. Teológ............................................. Suma Teológica.Tiag...................................................... Tiago.Timôt.................................................... Timóteo.

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ABADE é o Padre Superior dum Mosteiro. Em Dioceses do Norte de Portugal também se dft o nome de Abade aos Párocos das fre­guesias, e o povo chama Abade a qualquer Sacerdote.

ABADESSA é a Superiora duma Comunidade nos Mosteiros de Reli­giosas.

ABADIA é a igre ja , ou lambém o território, dum Mosteiro, cujo Supe­rior tem o título de Abade.

ABANDONO À OIVINA PROVIDÊNCIA é a nossa inteira conformidade com as disposições da vontade de Deus. É muito racional êste abandono, por mais misteriosa que seja a vontade divi­na, porque Deus ama-nos e quere o nosso bem, conhece as nossas necessidades e pode sempre auxiliar-nos. A um tal abandono nos convida Jesus, dizendo: «Não andeis cuidado­sos da vossa vida, de que vos sustentareis, nem do vosso corpo de que vos vestireis. Olhai para as aves do céu, que não se­meiam nem ceifam, nem recolhem em celeiros, e contudo vosso Pai celestial as sustenta. Porventura não sois vós mais do que elas? Procurai primeiro que tudo o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acrésci­mo». Ev. S. Mat. VI, 25 e segs.Jesus não reprova as nossas preocupações legítimas relativas às necessidades da vida; o que condena é a ansiedade exage­rada, que provém do apêgo às coisas do mundo e da falta de confiança em Deus.

AABORTO- Aquêle que procura produzi-lo, sem exceptuar a mãi, in­

corre em pena de excomunhão reservada ao Bispo, quando o efeito se realiza. C. 2350. É gravíssimo o crime daquele que provoca um abôrto ou o consente, pois o mesmo é que matar um inocente que não se pode defender.

ABSOLVIÇÃO é uma sentença que o Sacerdote confessor pronuncia

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ABSTINÊNCIA 10em nome de Jesus Cristo, no tribunal da Penitência, em favor do seu penitente. Pela absolvição são perdoados todos os pe­cados àquele que ali os confessa com arrependimento, e com propósito de não mais cair em pecado e de cumprir a penitên­cia que o Confessor lhe impuser.Há vários casos em que o Confessor pode e deve negar a absolvição àquele que se confessa. Citara-se a lgu n s: quando o que se confessa não quere restitiiir os bens que furtou; — quando não quere reparar, quanto possível, o escândalo público que causou; — quando não quere deixar a ocasião próxima do seu pecado; — quando exerce uma profissão directamente contrária aos bons costum es; — quando não manifesta arre­pendimento sincero dos pecados que confessa (R it. Rom.), porque, em tais casos, o pecador não se apresenta com a disposição essencial, que é a contrição, para ser absol­vido.

ABSTINÊNCIA consiste em não comer carne nem caldo de carne em alguns dias determinados pela Igreja. São dias de abstinên­cia; a) todas as sextas-feiras do ano; b) quarta-feira de Cin­zas e das Quatro Têm poras; c) sábados da Quaresma e das Quatro Têmporas; d) vigílias do Natal, do Pentecostes, da Assunção e de Todos-os-Santos, salvo os privilégios da Bula e do Indulto pelo qual só são dias de abstinência a) sextas- -feiras do Advento, da Quaresma e das Quatro Têmporas b) vígi- lias do Pentecostes, Assunção de Nossa Senhora, Todos os Santos e Natal. Por lei da Igreja são obrigados à abstinência todos os cristãos que completem sete anos de idade e que não estejam legitimamente dispensados. A abstinência é recomen­dada pelo Apóstolo S. Paulo, quando diz: «Bom é não comer carne nem beber vinho, nem coisa em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou enfraqueça» (na fé). Ep. Rom. XIV, 21. A Igreja impõe èste preceito para que façamos penitência dos pecados passados, evitemos os futuros, mortificando a gula e paixões e santifiquemos as principais épocas e festas do ano. O uso de qualquer comida só constitue pecado por ser proi­bido pela lei da Igreja, ou por ser prejudicial à saude, pois, se não é coisa má comer carne ou beber vinho, é coisa má trans­gredir a lei da Igreja ou prejudicar a saúde.

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11 ACTO HUMANOACÇAO CATÓLICA é a participação dos leigos no apostolado da Hie­

rarquia; isto é, uma instituição de católicos militantes, uma santa milícia, um exército de apóstolos, de activos e genero­sos auxiliares da Hierarquia eclesiástica, sob a direcção dos Bispos. A Acção Católica constitue um verdadeiro aposto­lado. Todos os seus directores e promotores devem ser cató­licos praticantes, convictos da sua fé, solidamente instruídos na doutrina religiosa, dotados de verdadeira piedade, de vir­tudes varonis, de costumes tão puros e vida tão ilibada que sirvam de exemplo eficaz para todos. A Acção Católica deve consistir essencialmente em duas coisas: na fase de forma- çáo para a vida católica, e na fase de acção, isto é, na comuni­cação da vida adquirida durante a fase de formação.0 fim essencial das obras da Acção Católica é a formação dos militantes que operarão nos seus meios.

A C 0 L IT A 0 0 é uma das quatro Ordens Menores, pela qual é conferido o poder de acender velas para a Missa, e de ministrar ao cele­brante as galhetas com água e vinho.

ACÓLITO é aquêle que recebe a Ordem de Acolitado. Actualmenle o ministério próprio do acólito é exercido pelo sacristão, o qual pode usar batina e sobrepeliz quando faz o ofício de acólito.

ACTO HERÓICO DE CARIDADE consiste em oferecer a Deus, pelas almas do Purgatório, mentalmente ou por meio de alguma fórmula, tôdas as obras sa tisfa tórias que o oferente fizer du­rante a vida, e todos os sufrágios que fizerem por êle depois da sua morte. Êste acto, posto que lhe dêm o nome de voto, não obriga sub grav i , e pode ser rescindido pelo próprio oferente.

ACTO HUMANO é o acto que o homem quer praticar, sabendo o que faz. Para que o homem produza um verdadeiro acto humano e dele tenha a responsabilidade, não é necessário que conheça com tôda a perfeição o que faz e que nisso consinta plena­mente; basta que haja um.conhecimento imperfeito e ura con­sentimento livre, embora com hesitação e alguma relutân­cia. O acto humano é bom, se directa ou indirectamente é

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ADORAÇÃO

ordenado pela razão e de harmonia com a lei eterna ao fim último; é máu , se, por estar em desarmonia com a razão e a lei eterna, afasta do fim último para que o homem foi criado. Se o acto é bom, produz algum bem e merece recompensa; se 6 máu, produz algum mal, e merece punição. É nosso in- terêsse fazer sempre o bem e evitar tudo o que seja m al; e em todos os nossos actos devemos ter em vista agradar a Deus, para merecermos recompensa eterna.

ACTOS DOS APÓSTOLOS é o livro do Novo Testamento que segue imediatamente ao Santo Evangelho. Compreende a história de trinta anos, desde a morte de Jesus Cristo até ao ano 63 da era vulgar. O seu autor 6 o Evangelista S. Lucas, que des­creve tôdas as coisas notáveis que os Apóstolos fizeram por inspiração do divino Espírito Santo. Êste livro é uma per­feita e admirável imagem da Igreja nascente.

ADIVINHAÇÃO é o conhecimento de coisas ocultas por obra do demô­nio. É uma espécie de curiosidade quanto ao fim, mas quanto ao modo de a satisfazer é uma espécie de superstição. Não é lícita, quer seja por invocação do demônio, ou pelos astros, ou pelos sonhos, ou por sortes, ou pelos lineamentos das mãos. Cai neste pecado de adivinhação não só o adivinho ou feiticeiro mas também aquêle que o consulta, por querer sa­ber, por obra do demônio, alguma coisa oculta, presente ou futura.

ADORAÇÃO é acto de culto de latria devido só a Deus, nosso Criador e supremo Senhor. De três modos devemos adorar a D eu s: com adoração interior, que consiste em fazer actos de fé, de esperança, de amor, de gratidão, de submissão, apenas com pensamento ; — com adoração exterior, manifestando o nosso pensamento por meio de sinais sensíveis, tais como a genu- flexão, a oração vocal, o sacrifício, e outros actos semelhan­t e s ; — com adoração social ou pública . que consiste na ora­ção feita em comum, na assistência à Missa e a outros actos de culto público. — Podemos adorar a Deus em tôda a parte, mas a igreja é o lugar mais próprio para manifestarmos a Deus o nosso culto de adoração — A adoração é devida igual­

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13 ADVENTOmente a Jesus Cristo, porque é igualmente Deus. Devemos, pois, adorar a Deus não só com actos exteriores, mas de ma­neira que êsses actos sejam a expressão sincera do amor que nos merece. Assim disse Jesus Cristo; « Deus é Espírito, e é necessário que aquôles que 0 adoram, O adorem era espírtto e em verdade». Ev. S Jo. IV, 24.

ADRO era um pátio quadrado junto à igreja, no meio do qual, anti­gamente, havia uma fonte com uma taça, onde os fieis lava­vam as mãos e a cara antes de entrarem na igreja, símbolo da purificação dos pecados. Na laça da fonte estavam grava­das estas palavras; c Lavai os vossos pecados e não o vosso rosto». Êsse uso desapareceu, e a taça foi substituída pelas pias de água-benta à entrada interior da igreja, para os fieis, tocando-a com devoção, serem purificados dos pecados veniais.

ADULAÇÂO é o excesso de louvores dirigidos a alguém para lhe ser agradável, ou por causa de algum lucro. É pecado sobretudo quando se faz com intenção de prejudicar, ou com escândalo.

ADULTÉRIO é a cópula entre pessoa casada e outra que não seja o seu cônjuge. É pecado mortal contra a castidade, e também contra a justiça, porque viola o direito do cônjuge inocente; é uma profanação da santidade do Matrimônio; é uma quebra da promessa feita solenemente à face da Igreja. O Apóstolo S. Paulo condena o adultério, dizendo que os adúlteros serão excluídos do Reino de Deus. Ep. I Cor. Vi., 9.Aquêle que pratica adultério, com o fim combinado de casar com o seu cúmplice após a morte do legítimo cônjuge, não pode validamente contrair tal matrimônio. C. 1075.

ADVENTO é o tempo de quatro semanas anteriores à festa do Natal. O primeiro dia do Advento ocorre no fim de Novembro ou pri­meiros dias de Dezembro, e com êle começa o ano litúrgico ou ano eclesiástico. Quere a Igreja que durante o tempo do Advento os fieis se preparem com a oração e o jejum, para comemorarem cristãmente a vinda ou o nascimento de Jesus Cristo.— As sextas-feiras do Advento são de abstinência sem jejum, mesmo para os fleis que têm o Indulto Quaresmal.

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AGNUS-DEI UAFILHADO é o indivíduo que tem um padrinho quando recebe o sa­

cramento do Baptismo ou o da Confirmação. Deve-Jhe res­peito especial, porque contrai com o seu padrinho ura gráu de parentesco espiritual. Na falta dos pais, o padrinho tem o di­reito e o dever de o instruir e educar na Religião Cristã.

AFINIDADE é o parentesco espiritual que resulta dum casamento legítimo entre cristãos e existe entre o marido e os consan- guíneos da mulher, e entre a mulher e os consanguíneos do marido. É impedimeuto dirimente do Matrimônio até ao se­gundo gráu de linha colateral inclusivé; era linha recta diri­me o Matrimônio em qualquer gráu. C. 1077.

ÁGAPE, refeição entre os cristãos dos primeiros séculos da Igreja, para manifestarem mutuamente os laços de caridade que os uniam. Êste banquete começou por ser uma comemoração da última Ceia de Jesus Cristo, mas não tardou em desaparecer tal uso.

AGNÓSTICO é aquêle que, sem negar a existência de Deus, afirma que não podemos provar que Deus existe. O agnóstico afirma um êrro. Nós sabemos com certeza que Deus existe, porque sem Deus não se explica nada do que existe, visto como as coisas não existem por si mesmas, e porque Deus revelou ou manifestou a sua existência a pessoas que tal nos afirmam e que são dignas de crédito. Com efeito, desde a primeira ge­ração humana as pessoas mais dignas de fé afirmam que Deus se revelou aos homens, provando com milagres que era Deus que se lhes revelava. A existência de Deus é afirmada na história de todos os povos e em todos os tempos. Tal afirma­ção não seria universal se não houvesse a certeza da existên­cia de Deus.

AGNUS-DEI (significa Cordeiro de Deus) é uma breve oração que o Sacerdote repete três vezes, na Missa, antes de comungar.— Tarabem se dá êste nome a uma espécie de medalha de cera branca, feita dos restos do círio pascal de anos anteriores, tendo de um lado a efígie de um cordeiro. Por virtude da ora­ção da bênção, que 6 reservada ao Papa, a medalha protege

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15 ALELUIAcontra os perigos das doenças contagiosas, do mar, do incên* dio, das inundações.

AGREGAÇAO 0 0 SANTfSSIM O SACRAMENTO é uma Associação fun­dada pelo Venerável Pedro Eymard, fundador da Congrega­ção do Santíssimo Sacramento, a qual tem por fim desenvol­ver no povo cristão a devoção à Sagrada Eucaristia, e espe­cialmente a prática da oração.

ÁGUA BAPTISMAL é a que os Párocos benzem nas vigílias da Pás­coa e do Pentecostes, segundo as rubricas do Missal, para a administração solene do sacramento do Baptismo. A água simboliza a purificação da a lm a .--S e a água estiver dema­siado fria, para não prejudicar a saúde da criança que se bap- tiza, podeacrescentar-se-lhe uma pequena quantidade de água natural, tépida (Bit. Bom.) A água usada no baptismo duma criança não deve cair na água conservada na mesma pia.

ÀGUA-BENTA é aquela sôbre a qual o Sacerdote faz uma bênção com orações prescritas pela Igreja. Serve para aspergir os fieis antes da Missa conventual, para aspergir as imagens dos San­tos, os paramentos, as casas, os frutos, etc. Está em pias próprias à entrada das igrejas para os fieis a tocarem com de­voção, e é recomendável que a tenham em casa para se asper- girem com ela, podendo por isso ser purificados dos seus pe­cados veniais.

ALFAIAS são os vários objectos usados uos actos do culto religioso, tais como: o cális, a patena, a custódia, os paramentos, etc. 0 cális e a patena, para serem usados na Missa, têm de ser sagrados pelo Bispo diocesano, e não perdem a sagração por ter desaparecido ou por se ter renovado a douradura, salvo contudo no primeiro caso a obrigação de os mandar dourar novamente. C. 1305. — Os cálices, pateuas, sanguinhos, cor­porais e palas usados na celebração da Missa não devem ser tocados senão por clérigos, ou por seculares de confiança, a quem esteja entregue a guarda dos mesmos. C. 1306.

ALELUIA Palavra hebraica conservada nas preces litúrgicas, e que

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ALMA t6significa «Louvai a Deus». É uma exclamação de alegria, por isso se chama «Sábado de Aleluia» ao sábado da sema­na santa, dia era que se comemora a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

ALMA é um espírito imortal, incorruptível, dotado de inteligência e de vontade, criado por Deus para forma do corpo humano. É criada para cada corpo humano depois de concebido, e con­trai o pecado original no momento da sua união com o corpo. É operação própria da alma entender o que abstrai das coisas sensíveis por meio dos sentidos. É pela alma que conhece­mos e queremos. Está toda em todo o corpo e em cada parte do corpo, dando-lhe unidade e vida. Após a morte, vai ime­diatamente ou para o Céu, ou para o Purgatório, ou para o Inferno, segundo a sentença que Deus lhe der, e conserva os conhecimentos adquiridos neste mundo. Pode conhecer as acções dos vivos pelas almas que vão entrando na eternidade, ou pelos Anjos, ou pelos demônios, ou por revelação de Deus, e pode aparecer aos vivos, mas tal aparição é m iraculosa.— Â alma, porque é puramente espiritual, não tem forma, nem pêso, nem côr; é invisível, mas Iodos vêem os seus efeitos, actos que nenhum corpo é capaz de produzir: entender, que­rer, amar, raciocinar. — Devemos querer-lhe mais do que ao corpo. — A salvação da nossa alma é o negócio mais impor­tante da nossa vida, pois disse Jesus: «Que aproveita ao ho­mem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma?». Ev. S. Mat. X V I . 26. É também um negócio absolutamente pessoal, pois ninguém pode substituir outrem no trabalho da sua santificação. Ao mesmo tempo é um negócio urgente, porque a vida é breve e a morte pode chegar repentinamente. Por isso Jesus preveniu: «Estai preparados».Há quem diga que a alma não existe, que o homem é apenas um animal aperfeiçoado. Isto é uma afirmação falsa. Com efeito, se o homem fôsse apenas um animal aperfeiçoado, não haveria entre êle e os outros animais senão uma diferença de grau, isto é, as faculdades que existem nos animais seriam mais perfeitas no homem, e nêle não haveria mais faculdades que nos animais. Mas sucede o contrário: o homem é menos forte que o boi, menos ligeiro que o cão, etc. Há no fromem

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17 A L T A R

faculdades que nenhum animal possue : a faculdade de pensar, a de compreender, a de julgar, a de falar, a de progredir, a de prestar culto. Estas faculdades são absolutamente distintas das faculdades do corpo, são de natureza mais elevada, mais nobre, são de natureza espiritual. Os animais têm o instinto preciso para se conservarem e se reproduzirem. Só o homem tem a inteligência indispensável para progredir. As faculda­des que são só do homem existem na alma humana.

ALTAR é a mesa sôbre a qual se faz o sacrifício da Missa. Pode ser fixo ou portátil. É fixo, se a mesa é uma só pedra, em­bora o suporte seja de alvenaria; é portátil , se sôbre a mesa de alvenaria ou de madeira ó colocada uma pedra chamada pedra-de-ara, que é consagrada pelo Bispo e contém relí­quias dum Santo Mávi r numa cavidade coberta e cimentada.— Para a celebração da Missa o altar bá-de estar coberto com três toalhas de linho, devendo a toalha superior tocar com as extremidades laterais no chão; há-de ter um crucifixo bem visível no meio, com duas velas de cera em castiçais aos lados.— Sôbre o altar não se deve pôr coisa alguma que não seja precisa para o Sacrifício da Missa, ou que não sirva para or- nato do mesmo altar. — É uso colocar sôbre a parte posterior do altar um degrau ou banqueta, na qual se põem os casti­çais, o crucifixo e as flores; embora estas sejam permitidas como ornamento, não se deve esquecer que o melhor orna­mento do altar é a limpeza, o aceio. — O altar deve ter um su- pedâneo, isto é, deve haver junto ao altar um estrado do comprimento do mesmo, e bastante largo para o celebrante da Missa poder fazer a genuflexão sem pôr o pé fora. — O altar em que se conserva o Santíssimo deve ser o mais ornamenta­do de todos, para que o mesmo, desta forma, excite a devoção e piedade dos fieis (C. 1268).—Não pode o crucifixo ser colocado diante da porta do sacrário, nem sôbre o trono em que se cos­tuma expôr o Santíssimo na custódia (S. G. E .).— É proibido colocar sôbre o altar outro lume que não seja o de cêra (S. C. E.). — Com consentimento do Bispo, pode colocar-se a imagem do Coração de Jesus por detrás do sacrário (S. C. E), mas é preferível que fique ao lado, podendo ser. — Sem licença do Bispo, não é permitido colocar de novo, na igreja, quais­

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AMITO 18

quer altares, imagens de Santos, ou transferir de lugar, uns e outros, nem abrir nichos nas paredes, destinados a imagens de Santos (C. P-).

ALTAR P R IV ILE 6 IA D 0 é aquele em que à Missa nele dita e aplicada por uma alma, anda ligado o privilégio de uma Indulgência Plenária. No dia da Comemoração dos Fieis Defuntos todas as Missas gozam dêsse privilégio, como se fôssem celebradas em altar privilegiado. Igualmente são privilegiados todos os altares da igreja, nos dias em que nela se faz a solenidade das Quarenta Horas (G. 917). O Bispo pode designar um altar pri­vilegiado em cada igreja paroquial (C. 916).

ALVA é uma veste de linho ou cânhamo, que o Sacerdote põe sôbre a batina, nalgumas funções litúrgicas, cobrindo-a totalmente. Pelo seu comprimento e brancura, a alva recorda ao Sacer­dote a perseverança nas boas obras, a gravidade que deve acom panhar as funções sagradas, e a pureza com que deve subir ao a l ta r .—-A alva era uma veste de dignidade entre a nobreza romana. A Igreja adoptou-a, porque não há digni­dade igual à do Sacerdote. — A alva deve ser benzida antes de começar a ser usada.

AMENTA é uma oração que o Pároco faz (onde há êsse costume) pe­los defuntos da sua paróquia. Geralmente é feita ao domingo, antes da Missa paroquial. Por essa obra de piedade recebe dos seus paroquianos uma determinada oferta.

AMITO é uma veste litúrgica feita de linho ou de cânhamo, de forma rectangular, bastante ampla para envolver o cabeção e cobrir as espáduas do Sacerdote quando tem de vestir a a lva .— Começou a ser usado nas frias e vastas igrejas da Idade-Mé- dia, como precaução, nos Ofícios divinos, para a conservação da voz. Cobria primitivamente, até ao aparecimento do bar­rete, a cabeça e o pescoço do sacerdote. Recorda ao Sacer­dote o cuidado que deve ter em omitir, durante o Sacrifício da Missa, toda a palavra estranha ao acto que pratica, e que o deve ocupar inteiramente. — O amito deve ser benzido antes de começar a ser usado.

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19 AMOR

AMIZADE é o amor de m útua benevolência, fundado sôbre alguma comunicação. Conserva-se e aumenta com o exercício de obras amigáveis, pela meditação e pela recompensa de bene­fícios. Cinco coisas são próprias da am izade: querer estar e conviver com o amigo, querer-lhe bem, fazer-lhe bem, con­versar com ele amigàvelmente, manter-se em concórdia com êle. Pode haver discrepância de opiniões entre os amigos, conservando, todavia, a amizade e a paz. O homem deve sofrer corporalmente pelo amigo, mas não deve sofrer detri­mento espiritual.

AMOR é a complacência do amante no amado, é um movimento unitivo da alma, que se compraz no bem, um atractivo pode­roso que nos impele para um objecto, ou por causa da sua bondade (amor de benevolência), ou pelas vantagens que a sua posse nos oferece (amor de concupiscência) . A origem do amor encontra-se na simpatia natural que existe entre a von­tade e o bem ; simpatia tal que não é possível a vontade aper­ceber-se do bem sem que se mova a amá-lo. É tão estreita a relação que existe entre a vontade e o bem, que sendo-lhe pro­posto o mal sob aparências de bem, também o ama, mas de­testá-lo-ia se o apreendesse como mal.O amor de Deus causa bondade nas coisas; em nós causa amor. Deus deve ser amado sôbre tôdas as coisas, e devemos am ar a Deus mais do que a nós mesmos. Disse Jesus: «Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de tôda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de tôdas as tuas fôrças». (Ev. S. Mar. XII, 30). Para cumprir êste preceito, devemos: procurar conhecer Deus e a sua Lei, ter as nossas afei­ções unidas a Deus, preferir Deus a tudo, dedicar as nossas fôrças ao serviço de Deus, tomar Deus como objecto principal dos nossos pensamentos. O amor a Deus manifesta-se não tanto por palavras como por obras; assim o disse Jesus: «Se me amas, guarda os meus mandamentos. Aquêle que tem os meus mandamentos e os guarda, êsse é o que me ama». (Ev. S. Jo. X V , 15 e 20).O nosso amor próprio, ou o amor que temos a nós mesmos, posto que seja natural e bom, dentro dos jus tos limites, poi causa dos excessos a que arrasta, torna-se um agente muito

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AMOS 20

perigoso. O amor desordenado de nós mesmos é o princípio de tôda a culpa, e é origem de tôdas as paixões más, e de tôdas as desordens da vida. Por isso é preciso combater eficaz­mente o amor próprio, até que se sujeite e se submeta ao que o amor de Deus exige, e não subtraia o que ao amor do pró­ximo é devido.Devemos amar o próximo como a nós mesmos. Assim foi preceituado por Jesus Cristo, dizendo : «Amarás o teu próxi­mo como a ti mesmo» (Ev. S. Mat. X X I I , 39). E acrescen­tou: «Assim como quereis que vos façam os homens, da mesma sorte fazei vós a êles também» (Ev. S. Luc. VI, 31). O amor ao próximo tem olhos que vêem as necessidades de seja quem fôr, tem ouvidos que ouvem as súplicas dos neces­sitados, tem coração que se compadece das misérias alheias, tem mãos que praticam o bem, tem pés que caminham em pro­cura das misérias escondidas. E, se tem dinheiro, tem tam­bém uma bolsa sempre aberta para socorrer os pobres que necessitam de dinheiro.De entre o nosso próximo, os nor s consangüíneos devem ser mais amados que os outro*, o os filhos mais do que os irmãos.Devemos am ar os nossos in.migos, não como inimigos, mas por serem nosso próximo. Também é preceito de Jesus Crislo: «Araai os vossos in im igos; fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam» (Ev. S. Mat. V, 44). «O nosso amor para os nossos inimigos, é verda­deiro quando nos não afligimos da sua prosperidade ou quando nos não alegramos de suas perdas e angústias», diz S. Gregório Magno.

AMOS são pessoas que recebem em sua casa, para serviços que não podem ou não querem fazer, outras pessoas que lhes prestam êsses serviços a trôco de um ordenado estabelecido em con­trato. Devem: pagar aos seus criados, com exactidão, o que foi contratado; poupá-los a trabalhos excessivos ou dema­siado pesados para a idade ou para as fôrças que têm; dar- -lhes o necessário para a sua alimentação: tratá-los com bon­dade, antes aconselhando do que repreendendo, e, tendo de castigar, castigando com caridade, paternalmente; vigiar sô-

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21 AN JO S

bre a sua conduta mora), dar-lhes bom exemplo, facilitar-lhes o cumprimento das obrigações da vida cristã; considerá-los como irmãos pobres e humildes, que procuram abrigo e pão em casa dos seus irmãos ricos, a trôco dos serviços grossei­ros e pesados da casa.

ANÁTEMA é a pena de excomunhão aplicada solenemente pela Igreja ao cristão por algum crime grave que pratica. O cristão ana- tematizado fica excluído da comunhão dos bens espirituais da Igreja (C. 2257, 2262).

ANIQU1LAÇÀ0. Se Deus retirasse a sua acção conservadora sôbre as criaturas, tudo seria subitamente reduzido ao nada. Mas é da ordem da divina Providência não aniquilar nenhuma criatu­ra ; nem mesmo aniquila os pecadores, para que a justiça não seja sem misericórdia, e para que a pena corresponda à culpa. O nosso corpo após a morte é reduzido a pó, mas não é ani­quilado, e ressuscitará no fim do mundo.

ANJOS são espíritos sem corpo criados por Deus para O louvarem, servirem, amarem e gozarem por tôda a eternidade. Muitos, porém, tornaram-se soberbos, e Deus expulsou-os para o In­ferno, onde sofrem eternamente o castigo do seu pecado. A existência dos Anjos é muitas vezes afirmada na Sagrada Escritura. A respeito dos Anjos que pecaram disse Jesus Cristo: « Retirai-vos de mim, malditos, para o fogo do Inferno que está preparado para o diabo e para os seus an jos» (Ev. S. Mat. X X V , 41). Quanto aos Anjos fieis, disse: «Os meus Anjos vèem sempre a face de meu Pai que está nos Céus» (E. S. Mat. X V I I I , 10).Os Anjos do Céu — Anjos bons — protegem os homens contra muitos males, e cada pessoa tem um Anjo da Guarda, ao qual deve recorrer todos os dias, invocando-o em seu auxílio, para que o livre de cair em tentação, e de ser vítima de algum pe­rigo. Por isso devemos invocá-los e amá-los.Os Anjos do Inferno — Anjos maus ou demônios — são inimi­gos da nossa alma, tentam-nos para o pecado a-flm de cairmos no inferno. Por isso devemos estar vigilantes contra a ten­tação, e desprezá-la.

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A P Ó C RI F OS 22A NTI-C R ISTO . Nome por que é designado aquêie que será o chefe de

todos os maus em malícia completa, e cuja vinda, segundo o pensar dos teólogos, é um dos sinais do fim do mundo. 0 Após» tolo S. Paulo chama-lhe o «homem do pecado», filho da per­dição, que suscitará contra a Igreja a maior de tôdas as per­seguições; que fará milagres falsos e aparentes, com os quais muitos hão-de ser enganados; que se assentará no templo de Deus, ostentando-se como se fôsse Deus. Mas Jesus Cristo o m atará com o sôpro da Sua bôca, o destruirá com o esplendor da Sua vinda (Ep. 2, Tessal. II, 8). O Anti-Cristo só virá pouco tempo antes do fim do mundo, e depois que o Santo Evange­lho tiver sido prègado em todo o mundo e a todos os povos da terra (Ev. «S. Mar. X III ) ,

APARIÇÃO DOS ESPfRITOS. Deus permite que os Anjos apareçam aos homens, não quando os homens querem, mas quando Deus quere. Para que os homens os vejam, os Anjos assumem ou tomam um corpo formado misteriosamente.—Também quando Deus quere, os mortos aparecem aos vivos, mas essa aparição é feita por operação dos Anjos ou dos demônios. Deus per­mite tais aparições imicamente para instrução dos vivos e para beneíício das almas do Purgatório. Devemos, todavia, ser muito reservados quanto à aceitação, como verdadeiras, de tôdas as coisas que se contam como aparições de espíritos. São possíveis, mas são raras.

APOCALIPSE é o último livro do Novo Testamento, e com êle ter­minam as Sagradas Escrituras. Foi escrito pelo Apóstolo S. João quando esteve degredado na ilha de Patmos por or­dem do imperador Domiciano. O Apóstolo prediz que a Jgreja triunfará após o reinado do Anti-Cristo, e, diz S. Jerónim o: «compreende tantos mistérios quantas são as suas pala­vras».

APÓCRIFOS (livros) são os livros que certos autores consideram como inspirados pelo divino Espírito Santo, dando-lhes a mesma autoridade que aos Santos] Evangelhos, mas que a Igreja não admite no número dos livros sagrados do Novo Testamento.

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23 A P O S T O L A D O DA ORAÇAO

APOSTASIA é o afastamento total da fé cristã. Ê pecado gravís­simo, filho da soberba. As principais causas da apostasia dos jovens s ã o : adesão às seitas maçónicas, as más leituras, as más companhias o as paixões.

APÓSTATA é aquêie cristão que renegou da fé e caiu no pecado d a apostasia (C. 1325). O apóstata notoriamente reconhecido, morrendo na apostasia, não pode ter sepultura eclesiástica (C. 1240) ; nem missa exequial, mesmo de aniversário, nem ou­tros Ofícios fúnebres públicos (G. 1241).

APOSTOLADO é o trabalho para a salvação das almas. É a grande necessidade de todos os tempos. Sem apostolado não se sal­vam as almas, porque não conhecem Jesus Salvador, não O amam, não praticam a Sua Lei, não participam dos Seus méri­tos. Foi essa a missão que Jesus confiou aos Seus Apóstolos, e que êstes transmitiram aos seus sucessores — os Bispos — e de que êstes encarregaram os seus auxiliares — os Padres. O apostolado dos Bispos e dos Padres, actualmente, é insufi­ciente para chegar a tôdas as alm as; os leigos são, por isso, chamados à obra do apostolado. Não devem recusar a sua cooperação; pelo contrário, devem acudir, p ressurosos, a re­ceber a honra que lhes é oferecida, e desempenhar-se com a máxima dedicação e diligência da sua missão.São meios fáceis de fazer apostolado: a oração pelos pecado­res e pelo bom êxito do aposto lado; — a expiação, acei­tando os sofrimentos, o trabalho e as renúncias que a sua acção exigir; — a pa lavra instrutiva, educativa, sempre que haja oportunidade; — o bom exemplo, com uma conduta sem­pre edificante; — a bondade, mostrando interesse pelas almas, e desculpando as faltas de consideração, de gratidão, de deli­cadeza daqueles a quem se quere fazer bem.

APOSTOLADO DA ORAÇÃO é uma pia-união de vontades e esforços para levar a efeito, frutuosaraente, a obra ou apostolado por meio da oração, em nome de Jesus Cristo e em união com as inten­ções do Seu divino Coração. São três os graus dêste Aposto­lado : O 1.® Grau, essencial e comum a todos, é constituído por aquêles que, estando inscritos num Centro do Apostolado,

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AP Ó ST OL OS

e tendo Patente de admissão, oferecem a Deus em cada ma­nhã as obras do dia, segundo as intenções do Coração de Jesus. O 2.° Grau compreende os que, além do oferecimento quotidiano, oferecem todos os dias a Nosso Senhor um Pai- -Nosso e dez Avè-Marias, segundo as intenções do Apostolado. O 3.° Grau compreende todos os associados que se compro­metem a fazer a Comunhão reparadora semanal ou mensal pelas mesmas intenções.

APOSTOLICIDADE é um dos quatro caracteres da Igreja Católica, e significa que a Igreja Católica é a mesma que os Apóstolos receberam de Jesus Cristo e estabeleceram 110 mundo com a sua prègação. O facto é demonstrado pelo catálogo dos Bis­pos e dos Papas, que, sem interrupção de tempo, vêm suce­dendo como Pastores da Igreja desde os primeiros Apóstolos de Jesus Cristo, ensinando a mesma doutrina, o mesmo culto, e mantendo o mesmo regimen. Só a Igreja Católica apresenta esta nota de apostolicidade, nota da verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo.

APÓSTOLOS foram os doze discípulos que Jesus Cristo escolheu, para serem os continuadores da Sua missão divina entre os homens até ao fim dos tempos. Para isso lhes comunicou um trí­plice poder: E N S IN A R — « ensinai tôdas as gentes a cumprir 0 que vos mandei» (Ev. S. Mat. X X V I I I , 19); R E G E R — « tudo o que ligardes na terra será ligado ao Céu » (Ev. S. Mat. X V II I , 18). SA N T IF IC A R — « recebei o Espírito Santo, serão perdoados os pecados a quem os pe rdoardes» (Ev. S. Jo . XX, 23) .—Jesus Cristo ordenou-os Sacerdotes era Quinta-feira Santa, quando instituiu a Sagrada Eucaristia, dizendo-lhes: «Fazei isto em memória de mim». Por êsie Sacramento rece­beram o poder de consagrar a Eucaristia ou de oferecer o Santo Sacrifício.Os Apóstolos eram homens de condição humilde e ignoran­tes, mas, tendo recebido de Jesus e do divino Espirito Santo tôda a ciência de que necessitavam para converter os ho­mens à Religião cristã, dedicaram-se de tal modo à obra do apostolado que fizeram, de facto, milhões de conversões, e de­ram a vida por amor de Jesus Cristo.

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ASCÉTICAARCEBISPO é o Bispo que preside a uma Província Eclesiástica, o

qual tem na própria Diocese os mesmos direitos e as mesmas obrigações que um Bispo na sua (G. 272, 273).

ARCIPRESTE é o Sacerdote que o Bispo coloca à frente de um Arci- presiado ou grupo de Paróquias, com os direitos e os deveres estatuidos na legislação canônica (C. 217).Nalgumas Dioceses o Arcipreste tem o nome de Vigário da Vara, e o Arciprestado tem o nome de Vigararia.

ARQUICONFRARIA é a Confraria que tem o direito de agregar outras Associações da mesma espécie; assim como se chama UNIÃO PRIMÁRIA a que pode agregar outras Pias Uniões (C. 720). Nenhuma Associação pode validamente agregar outras sem Indulto Apostólico (0. 721). Pela agregação comunicam-se à Associação agregada privilégios e outras graças comunicáveis, que à Associação agregante tenham sido ou venham a ser concedidas pela Santa Sé. Por essa comunicação, a Associa­ção agregante nenhum direito adquire sôbre a agregada (C. 722), mas esta perde tôdas as Indulgências Papais que an­tes tivesse obtido.

ASCENÇÃO DE JESUS CRISTO é comemorada festivamente quarenta dias após a festa da Ressurreição. Jesus subiu ao Céu por sua própria virtude com as duas naturezas, divina e humana. Após a Ressurreição apareceu doze vezes aos seus Apóstolos para os confirmar na fé. Não se sabe onde permaneceu antes de subir ao Ceu. Quinta-feira da Ascenção é dia santo de guarda. Assiste-se à missa e não se trabalha. A Ascenção de Jesus ao Céu é um dogma da nossa fé, expresso no Santo Evangelho (S. Mar. X V I, 19). Como Jesus subiu ao Céu com a sua natureza humana, também nós podemos subir ao Céu após a nossa ressurreição. E esta uma verdade que nos con­forta durante a passagem por êste mundo.

ASCETA é o cristão que, seguindo a doutrina ascética, se esforça por conseguir a perfeição da sua vida espiritual.

ASCÉTICA é a doutrina que propõe os exercícios pelos quais pode-

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AS SOCIAÇÕES P I A S OU R EL I GI OS AS DOS FIEIS 26mos, com o concurso ordinário da graça, tender activamente à perfeição espiritual. A ascética insiste mais no lado negativo, mas absolutamente indispensável, da vida espiritual: no com­bate ao pecado, às paixões más, ao apêgo às criaturas e às imperfeições, e assim nos dispõe para a união com Deus que é a parte mística da vida espiritual.

ASSOCIAÇÕES PIAS OU RELIGIOSAS DOS FIE IS . N a Ig re ja h á trêsespécies de Associações pias ou religiosas, em que os fieis se podem congregar: Ordem Terceira Secular, ^Confraria, Pia CJnião (C. 700). A primeira tende a promover entre os asso­ciados a perfeição da vida c r i s tã ; a segunda visa especial­mente ao incremento do culto público; a terceira procurado exercício de alguma obra de piedade ou de caridade. Nenhuma Associação é reconhecida na Igreja se não fôr erecta ou ao menos aprovada pela legítima Autoridade eclesiástica, que~é o Papa para toda a Igreja, e o Bispo para a sua Diocese; ex- ceptuam-se as Associações, cuja instituição foi reservada por privilégio Apostólico a outras entidades (O. 686), como, por exemplo, a Confraria do Rosário, cuja instituição é reservada ao Mestre Geral da Ordem dos Prègadores. Cada Associação há-de ter os seus Estatutos examinados e aprovados pela Santa Sé ou pelo Bispo do lugar (C. 689). Tôdas as Associa­ções sem exclusão das que foram erectas pela Santa Sé, se não- tiverem privilégio especial que as isente, estão subordinadas à jurisdição e vigilância do Bispo do lugar. Salvos os casos expressamente exceptuados, tôdas as Associações legitima­mente erectas podem possuir e administrar bens temporais, sob a autoridade do Bispo do lugar, a quem devem prestar contas da sua administração (C. 1525), não sendo, porém, obri­gadas a prestá-las ao Pároco, embora estejam erectas no seu território (C. 691), a não ser que o Bispo determine outra coisa. Para gozar os direitos e graças espirituais da Associação, é necessário e suficiente que o fiel seja nela vàlidamente admitido e não seja legitimamente expulso (C. 692). — Não podem admi­tir-se vàlidamente os acatólicos, os que pertencem a alguma seita condenada, os que estão notoriamente incursos em cen­sura, e em geral os pecadores públicos (C. 693). A mesma pessoa pode ser admitida em várias Associações, a não ser

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27 ATEUque se trate das Ordens Terceiras (C. 693). A admissão deve ser feita de harmonia com o direito e com os respectivos Es­tatutos. Para que as Pias Associações consigam o seu fim, devem os sócios ou irmãos santificar-se pelo fiel cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus e da sua Igreja, pela fre­qüência dos Sacramentos da Penitência e da Comunhão, pelo bom exemplo ao povo cristão, e pelo exercício das obras de caridade tanto espirituais como corporais. O Bispo do lugar pode demitir ou expulsar sócios ou irmãos em tôdas as Asso­ciações (C. 696), a não ser que por indulto apostólico estejam isentas. Os associados podem sair da Associação por sua própria renúncia, e não são obrigados sob culpa a observar os Estatutos da Associação, nem podem ser coagidos a isso por meio de penas eclesiásticas.O Pároco, não sendo irmão, não pode intervir no regimen da Associação, a não ser que seja seu Director ou delegado do Bispo, ou que isso seja permitido pelos Estatutos. A ordem de precedência entre Associações de pessoas leigas é a se­guinte: 1 — Ordens Terceiras; 2 — Arquiconfrarias; 3 —Con­frarias ou Irmandades; 4 — Pias Uniões Prim árias ; 5 — Ou­tras Pias Uniões.Dissolvida que seja a Associação, os bens não pertencem aos associados, mas devem ser aplicados pela Autoridade ecle­siástica competente para outro fim piedoso (0. 1501). Salvos os direitos legitimamente adquiridos, a vontade dos fundadores e benfeitores e os Estatutos da Associação.

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA. É doutrina da Igreja que a Virgem foi elevada ao Céu em alma e corpo após a sua morte. Em memória dêste facto celebra-se a festa da Assunção no dia 15 de Agosto.Os Portugueses têm um motivo especial para solenizar a festa da Assunção de Nossa Senhora: foi na véspera dêsse dia, em 14 de Agosto de 1385, que D. Nuno Álvares Pereira firmou a independência de Portugal, derrotando os Castelha­nos na batalha de Aljubarrota. É dia santo de guarda.

ATEU é aquêie que não crê na existência de Deus. O ateu é néscio e insensato, porque, conhecendo o mundo e a sua grandeza,

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A U R É O L A DOS SA NT OS 28

ignora o seu Autor, e, observando as leis admiráveis do Uni­verso, nega o seu Ordenador.

ATRIBUTOS DIVINOS são perfeições que, segundo o nosso modo de ver, atribuímos à essência divina: a eternidade ('quere dizer que não tem princípio nem fim); a imensidade (quere dizer que está presente em tôdas as coisas); a imutabilidade (quere dizer que não muda nem no entender nem no q uerer) : a omnipotência (quere dizer que pode tudo o que não é contrá­rio às suas perfeições); a bondade (quere dizer que é bom em si mesmo e comunica os seus bens a tôdas as c r ia tu ras) ; a ju s ­tiça (quere dizer que aprecia tôdas as coisas segundo o seu valor real e dá a cada um segundo o mérito das obras que fizer); e outras perfeições.

ATRIÇÃO é o arrependimento e a detestação do pecado por motivo sobrenatural distinto da caridade, como por exemplo: o medo do Inferno, a perda do Céu, a consideração da maldade do pe­cado. A atrição, também chamada «contrição imperfeita», é suficiente para obter o perdão dos pecados no Sacramento da Penitência, pois a detestação do pecado, segundo S. Agosti­nho, não se pode separar de um certo princípio de amor de Deus; não se aborrece verdadeiramente o pecado senão quan­do se principia a amar a Deus.

AUDÁCIA é um movimento da alma que nos leva a combater com vi­gor a dificuldade que se opõe à aquisição de um bem espe­rado. É necessário não confundir a audácia com o ímpeto natural; êste move a atacar com bravura o mal e as dificulda­des em vencê-lo, mas no meio da luta enfraquece e faz voltar as costas ao inimigo — é a cobardia. Também é necessário não permitir que a audácia degenere em temeridade, para evitar excessos perigosos; deve ser sempre regulada pela prudência, de sorte que não empreenda qualquer acção [que seja supe­rior às suas fôrças ou contrária à razão.

AURÉOLA DOS SANTOS (corôa de ouro). Designa-se por êste nome o prêmio especial que Deus dá aos Santos, correspondente a vir­tudes especiais, tais como o martírio, a ciência, a virgindade, etc.

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29 AVAR EZA

AUTORIDADES legítimas na sociedade civil, quaisquer que sejam, têm o poder que Deus lhes comunica, visto como « todo o po­der vem de Deus» (Ep. Rom. X II I , 1), que é o único Senhor absoluto. — As Autoridades não dispõem de um poder ilimi­tado, nem podem usá-lo contra a lei natura l nem contra a lei divina positiva.Como a sociedade foi instituída para o bem comum dos cida­dãos, aqueles que à sociedade presidem devem trabalhar por que o bem comum dos cidadãos, quer material, quer espiri­tual, seja uma realidade. Devem p o is : pôr em prática os meios de fazer prosperar material e moralmente o País; dis­tribuir com justiça os diversos encargos e favores da adminis­tração pública; fazer leis justas, sempre de harm onia com a lei natural e a lei divina positiva; manter a ordem social, pro­teger os bons costumes, promover e proteger as Associações particulares que têm por fim o bem material, intelectual ou moral dos seus associados.Todos os homens constituídos legitimamente em autoridade devem considerar-se e ser considerados como ministros de Deus para o bem dos que lhe são inferiores.O Apóstolo S. Paulo escreve: «Toda a pessoa esteja sujeita aos poderes superiores, porque não há poder que não venha de Deus. Aquêie pois que resiste ao poder, resiste à ordena­ção de Deus. E os que lhe resistem, a si-mesmos atraiem a condenação. Porque os Príncipes não são para temer quando se faz o que é bom, mas quando se faz o que é mau. Queres pois não temer o poder? Faz o bem, e terás louvor dêle, por­que é ministro de Deus para o bem. Mas se fizeres o mal, teme, porque não é debalde que êle traz a espada» (Ep. Rom. X III ) .

AVARENTO é o escravo do vício da avareza, quer seja rico, quer seja pobre. O avarento é um infeliz; escravo dos bens que possui, não tem coragem para os gozar.

AVAREZA é um dos sete pecados capitais. É o amor desordenado aos bens do mundo, principalmente ao dinheiro. A avareza manifesta-se: se nos alegramos desordenadamente pela posse da riqueza ou nos afligimos desordenadamente pela sua perda;

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A V ER S Ã O 30

se usamos meios injustos e criminosos em a procurar; se a procuramos com demasiada cobiça; se não socorremos os po­bres conforme podemos.São efeitos da avareza: a dureza do coração, a inquietação do espírito, a fraude, a traição, a indiferença pelos bens do Céu. São rémédios contra a avareza : a oração, a esmola, a medita­ção da morte, a recordação das palavras de Jesus Cristo, que disse: c Guardai-vos de tôda a avareza, porque a vida de cada um não está na abundância das coisas que possui» (Ev. S. Luc. X II , 15). O Apóstolo S. Paulo adverte-nos, dizen­d o : «Sejam os vossos costumes isentos de avareza, conten­tando-vos com o que tendes, porque Deus mesmo disse: não te deixarei nem te desampararei; de maneira que possamos dizer com confiança: «o Senhor é quem me ajuda, não teme­rei o que me possa fazer o homem » (Ep. Heb. X III , 5, 6).É insensatez pôr o homem as suas esperanças na riqueza para a conservação e gôzo da vida. A vida dos ricos não é mais nem menos crucificada que a dos pobres, se fôr da vontade de Deus enviar-lhes o sofrimento, ou encurtar-lhes a existência.

AVÊ-M ARIAS é uma devoção que consiste em saudar a Virgem Maria quando toca o sino, de manhã, ao meio-dia e ao sol-posto, re­zando tres Avé-Marias em memória dos mistérios da Incarna- ção e da Anunciação. É uma prática antiquíssima e enrique­cida com muitas Indulgências. Lucram as mesmas Indulgên­cias os fieis que, ouvindo o toque do sino, rezarem às horas devidas, assim como os que, não sabendo as orações, rezarem cinco Avé-Marias.

AVERSÃO é um movimento da alma que nos afasta de um mal imi­nente. Sentimo-la quando se apresenta ao nosso Espírito al­guma coisa que julgamos ser-nos nociva ou perniciosa; ins­tintivamente produz-se em nós um movimento de repulsa e uma repugnância invencível, que nos dispõe a evitá-la. Porque a aversão pode ser o produto mórbido da natureza mal edu­cada, devemos procurar vencer as nossas repugnâncias, pra­ticar as virtudes que desagradam à natureza, e evitar tudo o que pode oferecer algum obstáculo ao nosso progresso espiritual.

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31 BAPTI SMO

ÁZIM O é o pão fabricado sem fermento, do qual se fazem as hóstias que hão-de ser consagradas na Missa, conforme o uso na Igreja Latina, a qual tem por certo que Jesus Cristo, na última Ceia, consagrou o pão ázimo. Todavia, a Igreja ensina que não é inválida a consagração Eucarística com o pão fermentado, como usa a Igreja Grega.

B

BÁCULO é o bastão do Bispo, Pastor dos fieis, o emblema do seu poder pastoral.

BALDAQUINO é uma espécie de dossel sustentado por colunas, que serve de ornamento a um altar ou a um trono, para se colocar nêle a custódia com a Sagrada Hóstia, na exposição solene do Santíssimo Sacramento. Não pode ser colocado o crucifixo sôbre o trono em que se costuma expor o Santíssimo na cus­tódia (S. C. R.).

BAPTISMO é um sacramento que Jesus Cristo instituiu para apagar o pecado original e fazer o homem cristão, filho'i?de Deus e herdeiro do Ceu. Ninguém se pode salvar sem ser baptizado. Assim o afirmou Jesus Cristo, dizendo: « Aquêlefque não re­nascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no reino de Deus» (Ev. S. Jo. I I I , 5). Em conseqüência desta neces­sidade, Jesus ordenou aos seus Apóstolos que fossem por todo o mundo prègar o Evangelho a todos os homens, baptizan- do-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo (Ev. S. Mat. X X V I I I , 19). A necessidade do baptismo é tão ur­gente para a salvação que, havendo impossibilidade de o rece­ber, pode ser suprido pelo martírio (baptismo de sangue), ou por um acto de amor (baptismo de desejo). Esta afirmação é fundada na Sagrada Escritura.Disse Je su s : «Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está no Céu» (Ev. S. Mat. X, 32). Portanto, aquêie que dá a vida pela fé em Jesus será recompensado com a glória do Céu. Disse tam_ bém J e s u s : « Aquêie que me ama é amado de meu Pr.f, e eu o

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B APTI SMO

amo» (Ev. S. Jo. X V I, 27). Aquêie que é amado de Deus e de Jesus, está na sua divina graça, é isento de pecado, é her­deiro do Céu.Todo o ser humano pode receber o sacramento do Baptismo. Portanto todos os fetos abortivos devem ser baptizados: aqueles de que houver dúvidas se sào vivos, e os que não têm figura humana são baptizados sob condição. As crianças ex­postas ou encontradas, se após diligente iuvestigação não hou­ver a certeza do seu Baptismo, são baptizadas sob condição. Se a mãi falecer antes do parto, o filho será extraido pelos competentes e baptizado se ainda viver; duvidando-se se ainda vive, baptiza-se sob condição.— Os recém-nascidos devem ser baptizados quanto antes (C. 770). — Os adultos, fora do caso de necessidade, não podem ser baptizados sem que o queiram, e sem conhecerem que Deus existe, que é Remunerador, e o mistério da Santíssima Trindade. Duvidando-se se algum adulto foi baptizado, não se lhe administre o sacramento sem ouvir o Bispo, salvo em caso de necessidade (C. P.). — As crianças baptizadas em casa em perigo de vida, se foram ver­dadeiramente baptizadas e viverem, serão levadas à igreja so­mente para serem feitas as cerimônias complementares do Baptismo. Se houver dúvidas sôbre a realidade do Baptismo, serão baptizadas sob condição.A Administração do sacramento do Baptismo é reservada ao Pároco da freguesia em que moram os pais do baptizando. Em perigo de morte, o baptismo pode ser administrado por qualquer pessoa, mesmo pelo pai ou mãi do baptizando, se não houver mais ninguém que baptize, contanto que observe a forma da Igreja, isto é : que deite água sôbre a cabeça do bap­tizando três vezes, dizendo ao mesmo tem p o : « Eu te baptizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo». — Fora do perigo de morte, nem mesmo o Bispo pode permitir o Baptis­mo privado, a não ser que se trate de herejes adultos, que hajam de ser baptizados condicionalmente (C. 759). — Esfor- çar-se-ão os Párocos para que seja posto ao baptizado um nome cristão, e, se o não puderem conseguir, acrescentem ao nome imposto pelos pais o de algum Santo, escrevendo no assento do Baptismo os dois nomes (C. 761). Escreva-se entre parentesis o nome não cristão.

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33 BAPTISTÉRIONão se deve baptizar ninguém solenemente sem ter o seu pa­drinho, s^ndo isso possível. Até mesmo no Baptismo privado deve haver padrinho, se fàciimente se poder conseguir. Se não o houver, tenha-o ao suprir as cerimônias do baptismo, embora nesse caso não contraia parentesco espiritual (C. 762). Só pode ser admitido um padrinho no Baptismo, ou quando muiío dois. Se fôr um, pode ser de qualquer sexo; se forem dois, deve ser um do sexo masculino e outro do sexo femini­no (C 764). Pelo Baptismo somente o baptizante e os padri­nhos contraem parentesco espiritual com o baptizado (C. 768). O padrinho deve: ser baptizado, não pertencer a alguma seita herética ou cismática, ter atingido o uso da razão, ter intenção de assumir êsse encargo, no acto do Baplismo sus- tenlar ou tocar fisicamente, por si ou por procurador, o bapti­zando (C. 765). Sejam afastados nominalmente do munus de padrinho os concubinários públicos (quer ligados pelo con­trato civil ou não), os duelistas, os que proíbem que seus filhos se baptizem ou recebam a primeira comunhão, os que impe­dem que os seus domésticos cumpram os preceitos da Igreja, assim como os que divulgam doutrinas contrárias à Religião» se isso constar publicamente (C. P).Para o efeito das cerimônias do Baptismo são consideradas crianças ou infantes os que ainda não atingiram o uso da ra­zão, e a êstes são equiparados os dementes desde a infância, seja qual fôr a sua idade; adultos são os que têm o uso da razão (C. 745).0 lugar próprio para a administração solene do Baptismo é o bapiistério da igreja ou capela pública (C. 773). O Baptismo privado em caso de necessidade urgente deve-se administrar em qualquer lugar e tempo fC . 771).

BAPTISTÉRIO é o lugar da ig reja onde está a pia baptismal com água para o baptismo. Deve estar em capela própria à entrada da igreja, do lado do Evangelho. Não havendo capela, deve estar ao fundo da igreja, cercado por uma grade. No baptistério deve háver um armário, onde se conservem os Santos-Óleos, o sal bento e a concha para deitar a água sôbre a cabeça do baptizando; deve estar fechado, assim como a pia, ficando a chave em poder do Pároco. Convem que junto da pia do bap-

Fl. 3

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BEATO 34tistério haja alguma representação do baptismo de Nosso Senhor (C. P-).A pia baptismal é obrigatória em cada igreja paroquial; deve ser de pedra e dividida em duas partes, sendo uma para con­servar a água baptismal, e a outra para receber a água usada em cada baptismo, a qual se escoará por um orifício para a terra. Não havendo essa divisão na pia, a água deve escor­rer da cabeça do que se baptiza paia uma bacia, e depois lan­çada no sumidouro. 0 Bispo pode, para comodidade dos fieis, permitir ou mandar que haja também uma pia baptismal noutra igreja ou capela pública dentro dos limites da pa­róquia (C. 774).

BARRETE ECLESIÁSTICO é o que Os Sacerdotes põem na cabeça como complemento do vestuário coral, e deve ser usado somente nos actos litúrgicos.

BASÍLICA é uma igreja a que a Santa Sé concede êsse título honorí­fico. Em Portugal há as Basílicas de Mafra, da Estréia e da Sé de Évora.

BEATiFiCAÇÃÜ dos S e r 'o s de Deus. Para a beatificação dos Servos de Deus é necessário que, além da prova do heroísmo das suas virtudes, ou o martírio, haja a prova da dois, tres, ou quatro milagres, segundo os casos, feitos por sua intercessào (C. 2116, 2117). A discussão das suas virtudes, no processo para a beatificação, não deve começar antes de passados cin­qüenta anos após a sua morte (C. 2101). A beatificação dos Servos de Deus feita p d a Igreja não é objecto de infalibilida­de, isto é, a igreja não é infalível na beatificação dos Servos de Deus, porque a sentença dada em seu favor não é definitiva como é ua canonização dos Santos.

BEATÍSSIMO é o tratamento honorífico dado ao Romano Pontífice.BEATO é o Justo que é beatiticado pela Igreja. Não pode ter culto

senão no lugar e pelo modo que o Romano Pontífice conceder, nem pode ser tomado como Padroeiro sem especial Indulto da Santa Sé (C. 1277, 1278).

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35 BÊNÇÃOS

BEM-AVENTURADOS são os justos que, imediatamente após a morte, vêem a Deus face-face e O amam com amor beatífico. Nem todos porém, gozam essa felicidade em grau igual, sendo todavia completamente felizes em qualquer grau de gôzo. Disse Jesus que são bem-aventurados, os pobres em espítiio: os mansos; os que choram : os que têm fome e sêde de jus t :ça : os misericordiosos; os que têm o co a ç ã o puro; os pa­cíficos; os que padecem perseguição por amor d.i justiça. Todos êles têm recompensa abundante no Céu.São pobres em espírito os que têm n coração desprendido das riquezas e os que não as invejam ; são mansos os que não pro­vocam as iras, e os que aceitam resignadamente as provações da vida; os que choram lágrimas de resignação, de contrição e de amor; têm fome e sêde de justiça os que des*.-jam conhe­cer, amar e servir a Deus; são misericordiosos os que sofrem do sofrimento alheio e de uma maneira constante e universal; têm o coração puro os que não amam senão o que devem am ar; são pacíficos 0 8 que esquecem as injúrias e detest rn as querelas.Assim se podem explicar as primeiras pala vias do Sermão da Montanha prègado por Jesus Cristo (E. S. Mat. V, 3 12).

BEM-AVENTURANÇA é a última perfeição do homem. É o sumo bem, o qu <1 consiste essencialmente na visão de Deus e tia deb-iU- ção do gôzo que da visão resulta.Exclue, portanto, todo o mal, satisfaz plenamente todos os de­sejos, e não se pode p e rd e r ; é eterna.

BÊNÇÃOS são ritos sagrados feitos pelo Sa-. m b d e em nome da Igreja, para obter de Dmis algum bt m espiritual ou temporal, ou para conferir a alguma pessoa, • b p d o , ou lugar, carácter sagrado em ordeiu ao culto divino, ü nm d <s bênçã* s litúr- gicas é consagrar as pessoas e os obp* tos no culto divino, de tal sorte que não mais possam ser aplicad s a usos profanos; se o forem, perdera o privilégio da bênção. Todos os Sacerdo­tes podem fazer as bênçãos que não são reservadas ao Ro­mano Pontífice ou aos Bispos; se todavia as fizerem sem a ne­cessária licença, são ilícitas mas válidas (C. 1147) As coisas benzidas devem ser tratadas com reverência (C. 1150).

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BENS 36São inválidas as bênçãos feitas sem a fórmula prescrita pela Igreja (C. 1148).

BÊNÇÃO APOSTÓLICA em artigo de morte é a que o Papa ou o seu Delegado dá ao moribundo, a qual tem anexa Indulgência Ple­nária. O Pároco, ou outro Sacerdote que assista aos enfer­mos, tem a faculdade de lhes conceder a Bênção Apostólica, em artigo de morte, e não a deve omitir (C 468).

BÊNÇÃO SOLENE DE NÚPCIAS ó proibida desde o primeiro domingo do Advento até ao dia de Natal inclusivè, e desde quarta-feira de Cinzas até domingo de Páscoa inclusivè. O Bispo do lugar pode, salvas as leis litúrgicas, permiti-la nesse tempo, havendo justa causa, devendo ser admoestados os esposos a que se abstenham de pompas demasiadas (C. 1108).

BÊNÇÃO DE t PARAM ENTOS— Deve ser dada a ; corporais, palas, toa­lhas de altar, amitos, alvas, cíngulos, manípulos, estolas e ca­sulas. A bênção pode ser dada pelo Pároco para a igreja e capelas da sua f reguesia ; pelos Suoeriores e Encarregados das igrejas não paroquiais, somente para essas igrejas, e por outros Sacerdotes delegados peb Bispo (C. 1304). As al­faias benzidas ou sagradas perdem a sagração: a) se tiverem sofrido lesões ou mudanças tais que tenham perdido a an­tiga forma e já não sejam idôneas para o seu uso; b) se tive­rem sido empregadas em usos indecorosos, ou expostos á venda pública. O cális e a patena não perdem a consagração por falta ou renovação da douradura, mas há obrigação de os mandar dourar (C. 130õ).

BENÇÃO DO SANTÍSSIM O - Ver a palavra EXPOSIÇÃO.BENS. Todo o bem do horr 'in consiste na sua sujeição a Deus.

O bem da alma é mt hor que o bem do corpo, e o dêste é melhor que os bens exieriores. Nos bens espirituais deve o homem atender primeiro a si-mesmo do que aos outros; nos bens temporais é louvável que atenda primeiro aos outros. Os bens corporais são quási de nenhum vaíor em comparação dos bens futuros. Os bens temporais não são prêmio de

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37 BINAÇAO

virtude, nem a sua subtração é principalmente pena de peca­dos. Deus dá aos Justos os bens ou males temporais somente quando lhes convêm para a sua bem-aventurança. Todos os bens e todos os males temporais acontecem igualmente aos bons e aos maus, quanto à substância, não quanto aos fins. Os bens espirituais não apetecem aos que têm afecto aos prazeres do corpo, principalmente ao da incontinência. O bem moral consiste principalmente na conversão a Deus, o mal consiste na aversão. Os bens espirituais saciam perpé- tuaménte; não assim os temporais, porque êstes pouco-a-pouco se corrompem.

BÍBLIA ou SAGRADA ESCRITURA é uma colecção de livros escritos por alguns homens a quem Deus deu o pensamento de os escrever, inspirando-lhes tudo o que escreveram. Deus, pois, é o seu Autor; contêm por isso a palavra de Deus, e como tais a Igreja os recebeu. O que está escrito na Bíblia refere-se a duas grandes épocas da vida da humanidade. A primeira época refere o que Deus revelou antes da vinda de Jesus-Cristo, e chama-se o Antigo Testamento, ou aliança de Deus com o povo hebreu; a segunda época refere o que Jesus-Cristo e os seus Apóstolos ensinaram, e chama-se o Novo Testamento, ou aliança de Deus com o povo cristão.O Antigo Testamento compreende quaren ta e seis livros, o primeiro dos quais, chamado Gênesis, narra a criação do mundo seguindo-se outros livros com Profecias, Salmos, Leis divinas, e a história do povo de Israel, que continua até à vinda de Jesus-Cristo. O Novo Testamento compreende o Santo Evangelho, escrito por quatro Evangelistas, seguido do livro dos Actos dos Apóstolos e de várias Epístolas, escritas por alguns Apóstolos, terminando com o livro chamado Apocalipse, escrito pelo Evan­gelista S. João.

BINAÇAO é a celebração de duas Missas pelo mesmo Sacerdote no mesmo dia. Com excepção do dia de Natal e do dia da comemoração dos Fiéis Defuntos, nos quais, por privilégio da Santa Sé, os Sacerdotes podem celebrar três Missas, não lhes é permitido dizer mais de uma Missa em cada dia. Contudo o Bispo pode autorizá-los a dizer duas Missas (binar) no

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BLASFÊMIA 38

mesmo Uh, quando, por falta de Sacerdotes, sem essa binaeào uma parte notáve': de tiéis tiearia sem Missu. em dia l íp recM to Não pode o Bispo permilir que um Sacerdote celebre mais de duas Missa^ C. 806) a uão ser por Indulto Apostólico. Excepto no dia de Natal, não pode o Sacerdote receber esti- pêndio de mais de uma Missa quando bina, mas pode receber alguma retribuição por motivo estranho à aplicação da Missa (C. 824).N dguni js Dioceses o Sacerdote pode receber estipêndio pela Missa binada, — mas êsse estipêndio é destinado à sustentação d ) Seminário ou de outra obra pia

BISPOS são os sucessores dos Apóstolos, e por disposição divina presidem a igrejas especiais, que governam com poder ordi­nário sob a autoridade do Pontítice Romano, que os nomeia livremente (C. 329). — Bispo residencial ou diocesano é aquêie a qu m o Papa confia uma Diocese, para a governar como Pa s t o r ordinário e imediato. Bispo Coadjutor é aquêie que o Papa nomeia para Auxiliar do Bispo diocesano com direito de sucessão. — Bispo Auxiliar é aquêie que o Papa nomeia paru Coadjutor sem direito de sucessã o .— Bispo Titular é aquêie que o Papa não liga ao go^êrno de alguma Diocese. Jesus-Cristo, confiando aos seus Apóstolos, e poitanto aos Bipos, o govêrno da sua Igreja, disse-lhes: «Aquêie que vos ouve a Mim ouve, aquêie que vos despreza a Mim despreza» Ev. S. Luc. X. 16. Veneremos, pois, os Bispos, e obedeçamos

* ao nosso Bispo no que manda, no que aconselha, e quandoexorta. 0 Bispo deve ter pelo menos trinta anos de idade e cincu anos de Presbítero. É seu direito e ofício governar a Diocese tanto nas coisas espirituais como nas coisas temporais com poder legislativo, jiubcial e coaetivo, que há-de exercer de harmonia com os Cânones Sagrados (C. 335).

BLASFÊMIA consiste em atribuir a Deus o que não lhe convém, ou em querer tirar-lhe o que lhe convém ; como se alguém dissesse: Deus é cruel, Deus é injusto.Também se chama blasfêmia tôda a palavra contumeliosa contra Deus, a Virgem Maria ou os -antos, enquanto que se consideram em relação a Deus, porque a injúria que se lhes

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39 CABIDO

faz ofende o raesrao Deus. — É sempre pecado mortal quando com deliberado consenso; por lapso de língua e sem intenção, é pecado venial.

BOLSA DE CORPORAIS é a que serve para guardar o corporal. Deve ser da côr dos param entos da Missa.

BREVIARIO é o livro que contém o Ofício Divino, isto é, a Oração Oficial, que por lei da Igreja todos os Clérigos de Ordens Sacras e uma grande parte dos Religiosos e de Religiosas são obrigados a rezar diariamente. O Ofício Divino, também chamado Horas Canônicas, consta de : Matinas e Laudes,Prima, Tercia, Sexta, Nôa, Vésperas e Completas, e estas orações devem ser rezadas a diversas horas do dia.

BULA e INDULTO são dois documentos, pelos quais a Igreja dispensa os fiéis da obrigação da abstinência e do jejum em certos dias, e concede outras graças espirituais a quem os recebe, dando uma esmola determinada pelo sumo Pontífice. Os fiéis não têm obrigação de tomar a Bula e o Indulto, mas, se quiserem aproveitar-se dos privilégios que concedem, hão-de os tomar dando a esmola determinada; se derem esmola menor, não lhes aproveitam os privilégios. Os que quiserem a dis­pensa do jejum têm de tomar os dois documentos desde a idade de 21 anos; os que quizerem somente a dispensa da abstinência têm de os tom ar desde a idade de 7 anos.A ocasião de tomar a Bula e o Indulto é durante o mês de Janeiro, e a sua validade dura de 1 de Janeiro a 31 de Janeiro do ano seguinte. As esmolas que os fiéis dão quando recebem a Bula e o Indulto são distribuídas pelas igrejas pobres e pelos Semi­nários, que só vivem de esmolas. Também têm o nome de Bula e Indulto outros documentos emanados da Santa Sé.

cCABIDO é uma corporação de Cônegos nomeados pelo Bispo e insti­

tuída pela Santa Sé, com o üm de dar maior solenidade ao culto divino na Igreja, de o auxiliar uo gorêrno da Diocese,

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CANÔNICOS 40e de tomar conta do regime diocesano quando estiver vaga a Diocese (C. 381). Ao Cabido deve o Bispo pedir conselho em casos a que a is3o é obrigado pelo direito, e quando tiver de t ratar dos negócios mais difíceis do govêrno diocesano (C. 1532).

CÁLIS é uma espécie de copo de pé alto, no qual se deita o vinho que há-de ser consagrado na Missa. Deve ser de ouro, ou de prata com o copo dourado no interior. Antes de ser usado na Missa tem de ser sagrado pelo Bispo.

CALÚNIA é o pecado daquele que maliciosamente atribui ao próximo um defeito ou uma culpa de que está inocente. A calúnia pode ser levantada: ou atribuindo a alguém um defeito que não tem, ou um crime que não praticou, ou exagerando defei­tos, ou negando boas qualidades ou boas acções. A calúnia é sempre proibida, é sempre um pecado.

CANÔNICOS (livros). São os livros que constituem a Sagrada Escri­tura ou a Bíblia. Uns eram chamados Protocanónicos, sôbre a autenticidade dos quais nunca houve dúvidas; outros Deutero- canónicos, porque havia dúvidas sôbre a sua autenticidade. 0 Concilio de Trento pôs têrmo a essa distinção, definindo quais os livros autênticos, isto é, quais os livros que deviam ser considerados como divinamente inspirados, tanto do Antigo como do Novo Testamento.Os livros canônicos do Antigo Testamento são de quatro classes. Da primeira classe são os livros legais ou da Lei: o Gênesis, o Êxodo, o Levííico, Números, Deuteronómio. Da segunda classe são os livros históricos: Josué, Juizes, Ruth, quatro dos Reis, dois dos Paralipómenos, dois de Esdras, de Tobias, de Judit, de Ester, de Job, e dois dos Macabeus. Da terceira classe são os livros morais ou de Moral: 150 Sal­mos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico. Da quarta ciasse são os livros proféticos, que compreendem os quatro Profetas Maiores : Isaías, Jeremias (a que anda junto o de Baruc), Ezequiel, Daniel; e os 12 Pro­fetas Menores: Oseas, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueas, Naum, Abacuc, Sofonias, Ageo, Zacarias e Malaquias. ü s livros canônicos do Novo Testamento s ã o : o Santo Evan­

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41 CANTO L1TÚRG1COgelho escrito pelos quatro Evangelistas: S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João. Os Actos dos Apóstolos, escritos por S. Lucas, 14 Epístolas de S. Paulo, l de S. Tiago, á de S. Pedro, 3 de S. João, 1 de S. Judas e o Apocalipse de S. João, que é o último Livro da Sagrada Escritura ou da Bíblia.

CANONIZAÇÃO DOS SANTOS é a declaração soleue, feita pela Igreja de que tal fiel que entrou na eternidade, é Santo. A Igreja é infalível quando faz essa declaração. No princípio da Igreja consistia a Canonização em pôr o nome do fiel defunto no Catálogo dos Santos, ou em levantar uma igreja ou oratório com altar para nêle se dizer Missa sob a sua invocação. As solenidades da Canonização tais como hoje se praticam foram instituídas pouco a pouco. Hoje, para que um Servo de Deus seja canonizado, é necessário que depois de beatifi- cado e de receber culto público, se mostre que por sua inter cessão foram feitos dois ou três milagres. (C. 2138).

CÂNTICO DOS CÂNTICOS é um livro da Sagrada Escritura. É um cântico sublime, um diálogo entre o espôso e a espôsa, que sào representados, umas vezes como um rei e uma rainha, outras como um pastor e uma pastora, e outras como um hor- telão e uma hortelôa. Êste Livro em tôdas as suas partes é misterioso, e representa, segundo a interpretação dos Santos Padres, o amor incompreensível de Jesus-Cristo para com a sua Igreja e o amor recíproco da Igreja para com Jesus-Cristo.

CANTO LITÚRGICO é o canto usado nos actos do culto, realizados na igreja. É o canto Gregoriano, assim chamado porque foi o Papa S. Gregório Magno (séc. vi) que coordenou as melhores composições musicais e oficializou o canto. É muito para desejar que os fiéis na igreja cantem alternadamente com os Sacerdotes, mas não podem admitir-se nas funções sagradas coros musicais formados por homens e mulheres. Não convém que um grupo de homens cante sendo acompanhado ao órgão por uma mulher, nem que um grupo de mulheres cante sendo acompanhado ao órgão por um homem (C. F.). Nas procis­sões com o Santíssimo é proibido ao Clero cantar em língua vulgar, alternadamente com hinos litúrgicos. Fora da igreja

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CAPELA 4 2o povo pode cantar cânticos era língua vulgar, mas não tre­chos litúrgicos, contanto que êsses cânticos sejam aprovados pelo Bispo, e a sua execução seja dirigida pelo Clero.

CAPELA ó ura lugar destinado ao culto divino, mas não com o tiin principal de servir para que todos os fiéis pratiquem aí pübli- camente a religião. A Capela pode ser Pública, Semi-Pública, e Privada ou Doméstica.A Capela Pública é estabelecida principalmente para uso de uma corporação ou de pessoas particulares, contanto que ac menos durante os Ofícios divinos todos os fiéis tenham o direito de aí assistir (C. 1188). A Capela não deixa de ser pública pelo facto de pertencer em propriedade a um parti­cular. Não pode ser construída ou reparada com modificações de forma, sem licença do Bispo, dada por escrito. Em regra não se poderá edificar uma Capela a menos de 3 quilômetros de distância de outra igreja ou capela pública. Na capela pública podem celebrar-se tôdas as funções não paroquiais, salvas as prescrições contrárias das rubricas (C. 1191). As Capelas Públicas são regidas pelas mesmas disposições das igrejas (C. 1191).A Capela Semi-Pública é a estabelecida para o serviço de alguma Comunidade ou porção de fiéis que se reúnem nesse lugar, onde a entrada não é de livre acesso para outros (C. 1188). Para a erecção duma capela Semi-Pública é necessária licença do Bispo, e não pode voltar para usos profanos sem sua licença (C. 1192). Nestas capelas podem celebrar-se todos os Ofícios divinos ou funções eclesiásticas, a não ser que obstem as rubricas, ou alguma excepção feita pelo Bispo (C. 1193). Pôsto que estas capelas não tenham bênção própria e apenas possam ter a de lugar ou casa nova, contudo devem ser reser­vadas exclusivamente ao culto divino, e livres de todos os usos domésticos (C. 1196).Capela doméstica é a que se erige em casa particular para comodidade duma família ou duma pessoa (C. 1188). Somente pode estabelecer-se por um Breve da Santa-Sé, e antes de se permitir a celebração da Missa é necessário a visita e aprova­ção do B:spo (C. 1195). Nestas capelas não se pode celebrar uiàfiamente mais de uma Missa, e esta mesmo será resada.

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43 CARÁCTER S ACRAMENTAL

Nos dias mais solenes nem mesmo se permite uma Missa resada, mas lomando-se a Bula ou Indulto de Oratório obtêm-se alguns privilégios. Não se pode fazer aí outras funções eclesiásticas, nem se pode ter confessionário. Não é lícito celebrar Missa sem estar presente o indultário, isto é, a pessoa u quem o Breve é dirijido. 0 Indulto termina com a morte do indultário, não passando para os seus herdeiros a não ser que os seus nomes estejam escritos no Breve. — Só cumprem o preceito da Missa em capela Doméstica as pessoas cujos nomes estão mencionados no Breve que permite a capela. Não podem ser benzidas à maneira das igrejas; podem, apenas, ter a bênção de lugar ou casa nova.

CAPELANIA é o encargo do Capelão; e também se dá o nome de Capelania à Capela a que está ligado um Sacerdote como Capelão.

CAPELÃO é o Sacerdote que tem o encargo de celebrar Missa em determinada igreja e a determinada hora.Os Sacerdotes não devem aceitar capelanias sem acôrdo com o Bispo, ou seja em capelas domésticas ou em capelas públi­cas, semi-públicas ou em igrejas (Ç. P.). A não ser que h^ja priviiégio Apostólico, a nomeação de Capelão nas Asso­ciações Pias e nas Associaçõ-s Religiosas erectas fora das igrejas próprias, pertence ao Bispo (C 698). Nas Associações isentas dos Religiosos em igrejas próprias, se o Capelão per­tence ao Clero secular requere-se apenas o consentimento do Bisp > (C. 698).Os Capelães militares estão sujeitos a ordenações especiais, prescritas pela Santa Sé (C. 451).

CARÁCTER é o complexo de propensões nativas, com alguma estabi­lidade adquirida pela educação ou pelo esforço próprio Devem os educadores empregar os maiores cuidados em auxi­liar os jovens na formação do carácter, quer cultivando o que tiverem de bom, quer corrigindo o que tiverem de m-.u nas suas nativas propensões.

CARÁCTER SACRAMENTAL é um sinal espiritual, indelével, que os

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CARIDADE 44sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem, impri­mem na alma, tornando o homem baptizado, membro de J e s u s - -Cristo; o confirmado, soldado de Jesus-Cristo; e o ordenado, associado ao sacerdócio de Jesus-Cristo, seu ministro, com a faculdade de ministrar aos outros as coisas sagradas. Os sacramentos que imprimem carácter s ó podem ser recebidos uma vez, e o carácter é perpétuo; nfio se perde pelo pecado como se perde a graça de Deus.

CARDIAL é o Sacerdote livremente eleito pelo Romano Pontífice para fazer parte do seu Senado, e lhe assistir como principal con­selheiro e auxiliar no govêrno da Igreja. Os Cardiais formam o Sacro Colégio com três O rdens : Episcopal, que tem seis Car­diais, Presbiteral, que tem cinqüenta Cardiais e Diaconal com catorze Cardiais.O Senado do Romano Pontífice ou Sacro Colégio consta, pois, de setenta Cardiais, os quais têm também o direito de eleger o Sumo Pontífice, e gozam dos privilégios estabelecidos no Código de Direito Canônico (C. 230 e segs.).

CARIDADE. A doutrina da Caridade, ensinada por Jesus-Cristo e pelos seus Apóstolos, pode ser resumida no segu in te :a) Deus é Caridade ou Amor, e o amor de Deus por nós é tal que o seu Filho divino fêz-se homem e morreu para nos podermos salvar do inferno e gozar a felicidade do Céu. Ev. S. Jo. III, 16, 17. — 1 Ep. S. Jo. IV, 8, 9.b) Deus concede-nos o seu amor para O amarmos mais que tudo o que há no mundo, mais do que a nós mesmo. Ev. S. Mar c. XII, 30.—Ep. Bom. V, 5.c) Devemos também amar o nosso próximo como a nós mesmos. Ev. S. Jo. XIII, 34, 35. — Ev. S. Mat. XXII, 39.d) Devemos tratar a todos, ainda que inimigos, como deseja­mos que todos nos tratem. Ev. S. Luc. XIV, 12. — Ep. Rom. XII, 20.e) Devemos, nas nossas generosidades, preferir os pobres aos ricos. Ev. S. Luc. XIV, 12, 14.f) Devemos manifestar a nossa caridade por obras, e não "òmente por palavras. Ev. S. Mat. VII, 21 — Ev. S. Jo XIV, 15.

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45 CASTIDADEg) A Caridade, como virtude sobrenatural que é, não pode existir em quem está em pecado mortal, mas existe com o pecado venial.

CASAMENTO - Ver a palavra MATRIMÔNIO.CASOS RESERVADOS são certos pecados gravíssimos, cuia absolvi­

ção o Papa ou o Bispo reservam para si, proibindo aos simples Sacerdotes a absolvição dêles. O fim que a Igreja tem em vista com esta reservação é reprimir tais pecados, por causa da dificuldade em obter a absolvição.

CASTIÇAIS são utensílios com orifício na parte superior, onde se seguram velas de iluminação. Deve haver seis castiçais no altar-mor e seis no altar do Santíssimo, e devem estar aos lados da cruz. — Sôbre a banqueta não podem estar na mesma linha castiçais com velas acesas em número superior ao indi­cado nas rubricas. Não devem exceder em altura o pé da cruz que lhes fica no meio.

CASTIDADE é a virtude moral que modera ou exclui o apetite da deleitação venérea, segundo o estado de cada um. Exclui a deleitação sensual nos solteiros e nos viúvos; modera-se nos casados, aos quais não é, lícito fazer uso do matrimônio de maneira que impeçam a geração. A castidade é virtude que dispõe o homem para a perfeição das operações intelectuais. Acêrca da castidade escreve o Apóstolo S. Paulo: «Não reine o pecado no vosso corpo mortal de maneira que obedeçais às suas concupiscências, nem tão pouco entregueis os vossos membros ao pecado como instrumento de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus como ressuscitados dos mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça (ou de virtude). Caminhemos como dia, honestamente, não com glotonerias e em embriaguez, não em deshonestidade e disso­luções, mas revesti-vos de Jesus-Cristo, e não procureis satis­fazer a carne em suas concupiscências». Ep. Rom. VI. 12• X III , 13. E escreve ainda o mesmo Apóstolo: « Andai segundo o espírito e não satisfareis os desejos da carne. As obras da carne são manifestas, e os que tais coisas cometem não possuirão o reino de Deus». (Ep. Gal. V, 16, 19).

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CATECISMO 46Devemos considerar o nosso corpo como instrumento da nossa alma para praticarmos acções boas, actos de virtude que agradem e dêra glória a Deus. Devemos: recusar aos sentidos tudo o que possa despertar algum prazer sensual: fugir das ocasiões de tentação ; resistir prontamente aos movimentos desordenados da carne; praticar a mortificação; tratar com honra o nosso corpo e o corpo dos nossos seme Ihantes; fazer oração assídua pedindo as graças precisas para guardar a virtude da castidade; recorrer aos sacramentos de confissão e da comunhão com alguma freqüência : suplicar; auxílio da Virgem Maria nossa Mãe do Céu.As causas exteriores que provocam ao pecado contra a casti­dade são: a ociosidade, as más leituras, as más companhias, as modas imodestas, os espectáculos,os bailes, as assembléias mun­danas. «Saiba cada um de vós possuir o seu corpo em santifi­cação e honra», diz o Apóstolo S. Paulo (Ep Tesal. l V t 4)

CASULA é a vv>ste que o S ic adote enfia pela cabeça, caindo peta frente e por detraz alé quási aos pés, para celebrar o sacrifício da Missa. É o último ornamento que veste. É sinal da cari­dade que deve revestir inteiramente o Sacerdote, da caridade que nos faz compadecer da s misérias alheias, cobrindo-as com um manto de misericórdia que as oculte aos olhos dos homens, como a casula oculta todos os outros ornamentos. Antes de ser usada deve ser benzida.

CATACUMBAS Dá se êste nome aos antigos cemitérios subterrâneos, onde os cristãos sepuitavam os seus mortos. Durante as perseguições que os cristãos sofreram nos três primeiros séculos, também as catacumbas serviam de lugar de refúgio para aí se re.ünirem e celebrarem os actos do culto divino. As mais célebres são as catacumbas romanas, qu° ainda existem no campo dos arredores de Roma

CATECISMO é o li vro que contém um resumo das verdades e precei­tos divinos que os fiéis devem conh cer para praticar. O cate­cismo é o livro elementar da doutrina crista, que nenhum crisiáo deve ignorar, livro que todos devem possuir e reler com freqüência.

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47 CELIBATO ECLESIÁSTICOCATECÚMENOS são as pessoas adultas que se preparara com a ins­

trução religiosa para receberem o sacramento do Baptismo.CATEDRAL ou SÉ EPISCOPAL é a igreja em que o Bispo tem a sua

Cátedra ou Sede.CATEQUESE é a educação religiosa dada às crianças pelo ensino do

Catecismo, de sorte que os faça bons cristãos, bons tilhos de Deus, e herdeiros do Céu. É obrigação gravíssima do Clero, particularmente dos Párocos, fazer a catequese, mas tal obriga­ção peza igualmente sôbre os pais e sôbre aqueles que fazem as suas vezes, como são os amos e os padrinhos. Não o podendo fazer por si mesmos, devem mandá-los à igreja para aí aprenderem, ou pedir a pessoa competente que as eatequise.A catequese é uma obra tão necessária que a Igreja manda aos Párocos que, não podendo, por motivo de algum impedi­mento, dar instrução religiosa às crianças, se façam substituir por alguns leigos piedosos (C. 1333).

CELIBATO é o estado das pessoas que renunciam ao sacramento do Matrimônio. Uns renunciam ao Matrimônio para entrarem no Sacerdócio; outros para abraçarem a vida religiosa; outros para dedicarem a sua vida ao exercício da piedade e da cari­dade; outros por motivo de incapacidade para os deveres matrimoniais, como é a doença do corpo ou do espírito; outros por motivo de egoísmo, para gozarem plena liberdade de afeições, mesmo criminosas. O celibato eclesiástico, religioso e piedoso é de vocação divina. 0 celibato de incapacidade é de defeito natural. O celibato de egoísmo é de defeito moral.

CELIBATO ECLESIÁSTICO é a abstenção do sacramento do Matrimônio imposta pela Igreja aos clérigos de Ordens maiores (desde o Subdiaconado inclusivè), os quais são obrigados a guardar perpétua castidade (C. 132), ainda que voltem ao estado 1 ai cal (C 213), a não ser q u ji tivessem sido coagidos à Ordenação por mêdo e, passado o mêdo, não queiram aceitar o estado eclesiástico (Q. 214). O celibato eclesiástico só foi impôsto por lei positiva a partir do século iv.

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CEMITÉRIO 48CEMITÉRIO é o dormitório onde os mortos esperam o dia da ressur­

reição universal. É direito da Igreja católica possuir cemi­térios próprios (C. 1206). Cada paróquia deve ter o seu cemitério, a não ser que pelo Bispo do lugar seja designado um para várias paróquias. Os religiosos isentos podem ter cemitério próprio, distinto do cemitério comum. O Bispo do lugar pode permitir a outras pessoas morais ou famílias par­ticulares que tenham sepultura privada fora do cemitério comum, benzida à maneira de cemitério. (C. 1208).O cemitério deve ser convenientemente fechado por todos os lados e cautelosamente guardado (C. 1210). O cemitério para a sepultura dos fieis deve ser benzido com bênção litúr- gica, dada pelo Bispo ou com sua autorização. Além do cemitério benzido deve haver, sendo possível, um lugar vedado e guardado, em que se enterrem os cadáveres a que se não possa dar sepultura eclesiástica (C. 1212).Não havendo êsse lugar vedado, haja ao menos e para o mesmo fim uma parte do cemitério comum não benzido. Convém que no cemitério haja uma Capela decente com o competente altar para aí se poder celebrar a Santa Missa. Os membros amputados dos fiéis devem ser sepultados em lugar sagrado.Os Bispos dos lugares, os Párocos e os Superiores respectivos procurem evitar que nos cemitérios os epitáfios, elogios fúnebres, e os ornatos dos sepulcros contenham qualquer coisa que seja destoante da Religião católica e da piedade (C. 1211) — Os sepulcros dos Sacerdotes e doutros Clérigos devem ser separados dos sepulcros dos leigos, e colocados em lugar mais nobre, se isso fôr possível; além disso os sepulcros dos Sacerdotes sejam distintos dos outros Clérigos, quando is^o possa tazer-se comodamente (C. 1209). Os corpos das crianças que não completaram sete anos devem ter lugar e sepultura separados dos outros, se isso fôr fácil (C. 1209). Exortem-se os fiéis a colocar nas sepulturas aigum piedoso sinal, especialmente a cruz, para significar que os ali sepul­tados viveram e morreram em Nosso Senhor (C. P.).Deve aconselhar-se os fiéis a que ao passarem diante dalgum cemitério se descubram e sufraguem com as suas orações as almas das pessoas ali sepultadas.

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49 C ATÓLI COS L IBERAI S

CENSURA ECLESIÁ STICA é uma pena espiritual e medicinal imposta "pela autoridade da Igreja ao cristão delinqüente e contumaz, privando-o de alguns bens espirituais (C. 2241 e segs.). Há várias espécies de censura:Excomunhão, pela qual o cristão é separado da comunidade dos fie is ;— Suspensão, pela qual é proibido ao Clérigo algum exer­cício do ministério eclesiástico;—Interdite, pelo qual são proibi­dos em certos lugares os Ofícios divinos, e a certas pessoas alguns sacramentos e a sepultura eclesiástica.A Censura pode ser: determinada . se está estabelecida na lei ou no preceito ; indeterm inada , se a pena depende do prudente arbítrio do Superior; latde senténtide, se é de tal maneira determinada que, cometido o delito, ipso facto nela se incorre; ferendae senténtide, se deve ser infligida por sen­tença do juiz ; a jure, se a pena determinada é estatuída na mesma lei, quer seja iatee sententiae quer ferendae sententiae; ab hómine, so é dada por sentença judicial condenatória, embora seja estatuída na l e i ; reservada e não reservada. A pena entende-se sempre ferendae sententiae a não ser que expressamente se diga que é latae sententiae, ou ipso facto, ou ipso jure (C. 2217 e segs. 2245 e segs.)

CATOLICIDADE é um dos quatro caracteres da Igreja, e exprime a sua universalidade. A Igreja é universal quanto aos seus adeptos, os quais habitam em tôdas as nações conhecidas e em obediência ao mesmo Chefe, que é o Papa. É universal quanto à doutrina, porque em tôda a parte ensina a mesma doutrina e condena os mesmos erros. É universal quanto à sucessão, porque abraça todos os tempos desde os Apóstolos, isto é, começou com os Apóstolos, e desde então não se pode dizer que a Igreja católica lenha principiado nalgum lugar da terra, como se diz de cada seita religiosa aparecida em tal ou tal tempo.

CATÓLICO é o cristão que vive em união de doutrina e de disciplina com a Igreja Católica.

CATÓLICOS LIBERAIS são aquêles que tentam conciliar as suas crenças com as liberdades chamadas modernas. Este movimento

Fl. 4

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CÉU 50

começou em 1830, sobretudo em França. A Igreja condenou alguns exageros que logicamente conduziam a graves erros, como por exemplo a «liberdade de opinião plena e sem lim i­te s», a liberdade absoluta de consciência procedente dum certo indiferentismo que afirma que tôdas as religiões são igualmente boas, etc. Ora em princípio não se pode dar o mesmo tratamento e a mesma liberdade ao êrro e à verdade, ao bem e ao mal, e se afirmamos que a Igreja Católica é divina estamos certos que as outras são falsas. De facto pode haver tolerância para evitar maiores males e por respeito pela boa fé dos que estão no êrro.Ao ponto de vista político os católicos liberais inspiravam-se nos princípios da Revolução Francesa.

CERIMÔNIAS RELIGIOSAS são certas acções e atitudes usadas no culto religioso, que têm por fim exprimir exteriormente os sentimentos interiores que temos para com Deus. A Igreja instituiu certas cerimônias para a administração dos sacra­mentos, para a celebração da Missa, e para outros actos do culto, com o fim de lhes dar maior solenidade. As cerimônias, além de serem a expressão da nossa adoração em alma e corpo, recordam as verdades divinas, excitam em nós e nos outros a atenção e a devoção. As cerimônias litúrgicas são obrigatórias, e não podem ser alteradas ou suprimidas senão pelo Sumo Pontífice.

CÉU é o estado e lugar de suprema felicidade, no qual os Anjos e os homens justos gozam por tôda a eternidade a visão de Deus, face a face. É tal a felicidade que se goza no Céu, que o Apóstolo S. Paulo escreve: «Nem o ôlho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais subiu ao coração do homem o que Deus preparou para aquêles que O amam » (Ep. I Cor. I I , 9). Isto bastaria para desejarmos o Céu, ainda à custa de todos os sacrifícios, porque todos êles são passageiros e o.gôzo do Céu é eterno. O Céu ó a recompensa das virtudes praticadas neste mundo, o prêmio de tôdas as humilhações sofridas por amor de Jesus-Cristo, como diz o Apóstolo S. Paulo: «Eu tenho para mim que as penalidades da vida presente não têm proporção alguma com a glória vindoura, que se manifestará

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51 CIDADÃOSem nós» (Ep. Bom. VIII, 18). Esta glória vindoura no Céu é para a alma e para o corpo: « 0 corpo semeado na corrupção ressuscitará na incorrupçào, semeado em vileza ressuscitará em glória» (Ep. I Cor. X V , 42). Pela alma « veremos Deus como Êle é» (Ep I S . Jo. I I I , 2), e a essa visão perfeita corres, ponderá um amor total que nos transformará de tal sorte que «seremos semelhantes a Deus» (Idem).Diz-se que o Céu é não só estado de gôzo perfeito mas também lugar, porque, embora as almas não ocupem um lugar à maneira dos corpos, é certo que separadas do nosso corpo estão eru alguma parte, visto que são imortais ; e, como os nossos corpos ressuscitarão e viveremos eternamente em alma e corpo, certo é que em algum lugar viveremos, como em algum lugar estão os Anjos e os Santos. Onde seja o Céu não sabemos porque Deus não o revelou. Indicamos o Céu como sendo acima do que os nossos olhos descobrem, e essa indicação é fundada na Sagrada Escritura, dizendo que Jesus- -Cristo subiu ao Céu. Não custa a crer que acima de iodos os astros exista um espaço de grandeza imensa para habitação dos eleitos de Deus.

CIBÓRIO ou P ÍX ID E é um vaso largo com pé, de ouro ou de prata ou outros metais, mas o interior é sempre dourado, para conter as hóstias consagradas, que se guardam no sacrário para dar a Comunhão fora da Missa e para Jesus sacramentado estar entre os cristãos. Deve ser benzido com a bênção litúrgica. Cobre-se com um véu branco quando contém o Santíssimo.

CIDADÃOS estão ligados àquêles que constituem o poder civil por vários deveres :a) O dever de respeito (ainda que êles não sejam sábios nem virtuosos), porque estão investidos de uma autoridade que lhes vem de Deus, de quem são ministros, co mo afirma o Após­tolo S. Paulo, dizendo que «o Soberano é ministro de Deus para o bem » (Ep. Rom. X III) .b) O 'dever de obediência às leis que não forem manifesta, mente injustas, porque o Apóstolo manda que «todo o homem seja submisso ao Poder, porque todo o Poder vem de Deus»;

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CIRCUNCISÃO 52e porque nenhuma sociedade pode subsislir sem a guarda fiel das leis que a dirigem.c) Devem pagar os impostos justos que as leis lhes exigem, como manda o mesmo Apóstolo: «pagai o tributo a quem êle é devido *. (Os impostos ou tributos pagos revertem em benefício dos cidadãos, assegurando a paz e o progresso da Pátria).d) Devem usar do direito de voto nas eleições políticas, cooperando para a eleição dos homens mais idôneos para o governo da Nação.

CfNGULO é um cordão de linho, ou de cânhamo, que aperta a alva na cintura do Sacerdote quando se paramenta para algum acto litúrgico. Deve ser benzido e é branco ou da côr dos para­mentos. Lembra ao Sacerdote que deve ter em volta dos rins um cinto de inocência e pureza, a fim de conservar a virtude da castidade. Em certas associações piedosas também se usa um cíngulo, como o cíngulo da Milícia Angélica ou de S. Tomaz de Aquino para obter a pureza.

CINZAS, feitas de fôlhas de oliveira e benzidas pelo Sacerdote em Quarta-feira de cinzas, são impostas nesse dia na cabeça do Sacerdote e na dos fiéis, como símbolo de penitência e imagem da fragilidade humana. Os fiéis que querem receber as cinzas benzidas aproximam-se do Sacerdote, e ficam de joelhos enquanto lhes faz na testa uma cruz com as cinzas, ao mesmo tempo que diz: c Lembra-te que és pó, e ao pó hás-de voltar». A Igreja faz esta cerimonia no início da Quaresma para recor­dar aos fiéis que são pó, devendo por isso preparar-se pela humilhação e pela penitência para receberem o perdão dos seus pecados.

CIRCUNCISÃO era, entre os judeus, uma cerimônia imposta pela lei mosáica, à qual se sujeitavam os meninos oito dias após o nascimento. A cerimônia era feita em casa, e ordinàriamente, pelo pai, e às vezes pela mãe. Nesse momento davam ao circunciso o nome porque o haviam de chamar. É em memó­ria da circuncisão do Menino Jesus que a Igreja celebra festi­vamente o dia 1 de Janeiro, oitavo dia depois do Natal. É dia

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53 CLAUSURAsanto de Guarda, e os fiéis têm obrigação de ouvir Missa e de se abster de trabalhos servis.

CÍRIO PASCAL é uma vela grande e muito grossa que se benze durante as cerimônias de Sábado Santo, e que se conserva junto do altar do lado do Evangelho, para acender à Missa até ao dia da Ascenção de Jesus. O círio é o símbolo de Jesus- •Cristo ressuscitado e ainda entre nós.

CÍRIOS são cortejos religiosos que se fazem por ocasião de uma festa religiosa, nos quais é levada uma bandeira com mais ou menos solenidade. Não se podem fazer sem licença do Bispo, requerida pelo Superior da igreja ou pelos interessados. É proibida qualquer festa religiosa por ocasião da qual haja tal cortejo sem a licença devida, que tem de ser requerida cora grande antecedência.

CISMA é a separação voluntária dos católicos da unidade da Igreja, recusando obediência ao Romano Pontífice.

CISMÀTICO é o cristão que recusa sujeição ao Romano Pontífice, ou recusa comunicar fcom os membros da igreja que lhe são sujeitos (C. 1325).

CLARIDADE DO CORPO [GLORIOSO é como um reflexo comunicado pela glória |que a alma goza no Céu. O corpo glorioso será lúcido após a ressurreição, mas a sua claridade não será vista por corpos não gloriosos.

CLAUSURA, recinto fechado. Nas casas dos Regulares, quer de homens quer de mulheres, canònicamente instituídas, embora não formais, há clausura papal, que abranje tôda a casa que a comunidade habita, incluindo a horta e exceptuando somente a igreja pública, o loculório e o hospício, se o houver. (C. 597). A lei da clausura proíbe, sob pena de excomunhão ('com raras excepções e era casos especiais), a entrada de mulheres na clausura dos Religiosos, e a entrada de homens e de mulheres na clausura|das Religiosas, ditas de clausura ou Monjas, e proíbe que estas saiam do gconvento, ainda que por breve

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COMPANHI AS 54tempo, sem Indulto especial da Santa Sé, excepto no caso iminente de morte ou de algum gravíssimo mal (C. 598, 600,601).

CLEMÊNCIA, é a virtude que inclina o Superior a mitigar a pena devida aos maus que ofendem a justiça.

CLÉRIGO é o cristão fiel que pela Prima Tonsura é destinado a exer­cer funções divinas. Há vários graus de Clérigos, e entre êles existe uma sagrada hierarquia, na qual uns estão subordina­dos a outros (C. 108). Os Clérigos de Ordens menores podem contrair Matrimônio, mas saem ’do estado clerical (C. 132). O Clérigo de Ordens menores que por própria autoridade e sem legítima causa depuser o hábito eclesiástico e a tonsura, e, sendo admoestado pelo Bispo, dentro de um mês não se corrigir, sai do estado clerical (C. 136). Pela recepção da Prima Tonsura o Clérigo flca incardinado na Diocese para cujo ser­viço foi ordenado. Importa que o Clérigo pertença a alguma Diocese ou a alguma Religião, pois não pode haver Clérigo* extravagantes'(C. 111).

CLERO é o corpo dos clérigos ou eclesiásticos que sob a autoridade dos Bispos, os quais formam a primeira Ordem do Clero, desempenham funções sagradas na igreja Católica. Há o Clero Regular, que compreende todos os Religiosos, e o Clero Secular, formado por todos os que não são religiosos.

COGNAÇÃO ESPIR ITUA L é um impedimento^que dirime o Matrimônio entre o baptizante e o baptizado e entre o padrinho e a afi­lhada, ou entre a madrinha e o afilhado (C. 1079, 768).

COMPANHIAS. Acêrca daqueles homens cuja companhia não nos convém, escreve o Apóstolo S. Paulo êstes ensinam entos: «Um pouco de fermento corrompe tôda a massa. (As más companhias corrompem os costumes). Nós vos intimamos, irmãos, em nome de Jesus Cristo, [que vos afasteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não segundo a tradição (ou ensino) que receberam de nos. Se alguém, porém, não obedece ao que ordenamos pela nossa carta, notai-o, e não tenhais comunicação com êle, para que se envergonhe. Não o

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55 {COMUNHÃO S A CR AM E NT AL

considereis, todavia, como inimigo, mas adverti-o como irmão. Rogo-vos que não percais de vista aquêles que causam dis- senções e escândalos (ensinando) contra a doutrina que apren- destes, e afastai-vos dêles, porque {estes tais não servem a Cristo Senhor nosso, mas ao seu ventre, e com doces palavras e adulações enganam3os coracões dos simples» (Ep. I Cor. V, 6. - I I Tessal. III, 6, 14, 15. — Rom. XVI, 17, 18).

COMPLETAS éso nome da última Hora do Ofício divino, que os Clé­rigos de Ordens Maiores são obrigados a rezar diàriamente.

COMUNHÃO ESPIR ITUAL consiste no pio desejo de receber Jesus-Cristo, quando não é possível fazer a Comunhão Sacramental.

COMUNHÀO FREQÜENTE. A Sagrada Comunhão é.o nosso principal alimento espiritual ; aumenta as nossas fôrças e enfraquece as más inclinações; preserva-nos do pecado e é um penhor de salvação; por isso: « Exortem-se vivamente os fiéis a que,com freqüência e mesmo quotidianamente, recebam a Sagrada Eucaristia, conforme as normas indicadas nos Decretos da Sé Apostólica (C. £63).§;As quais normas resumem-se',nestas duas disposições: estado de graça, e intenção recta, isto é,intenção de viver em íntima união com Deus.J— As pessoas que dese­jam comungar com freqüência devem, para proceder com pru ­dência, consultar o seu Confessor.g Quem comunga com freqüêucia':a) há-de ter um amor mais delicado e mais generoso para

com Deus;b) há-de lu tar mais corajosamente contra os inimigos da alma;c) há-de ter uma vida mais fecundatem boas obras ;d) há-de ser mais desprendido dos bens terrenos;e) há-de ser mais diligente na guarda e defesa da Fé, e dos

Mandamentos de Deus e[da Igreja;^f) há-de aplicar-se mais à oração, sobretudo à oração m e n ta l ;g) há-de esforçar-se por adquirir a perfeição no próprio estado.

COMUNHÃO SACRAMENTAL é o acto de receber como alimento espiri­tual a Sagrada Eucaristia. É obrigatória para todos os fiéis cristãos, a quem o Direito não proíbe, desde a idade do uso

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COMUNHÃO S AC RA ME NT AL 56da razão, pelo menos no tempo da Páscoa. Por motivo de indignidade, o Direito Canônico proíbe dar a comunhão aos excomungados, aos interditos, aos manifestamente infa­mes, a não ser que conste da sua penitência e emenda e tenham prèviamente reparado o escândalo público. Aos pecadores ocultos, se pedirem a Comunhão ocultamente, negue-lha o Ministro se os não reconhecer emendados; não lha negue se a pedirem publicamente e não puder negá-la sem causar escândalo (C. 855). Conforme êste mesmo canon, a Comu­nhão deve ser negada aos concubinários, quer unidos por contrato civil, quer não.São duas as condições necessárias para se poder receber a Sagrada Comunhão: estado de graça ou sem pecado mortal, e estar em jejum natural desde a meia-noite. Porém, a Comunhão por Viático aos enfermos pode ser dada a qualquer hora do dia ou da noite, sem que estejam em jejum. Os en­fermos que há um mês estão de cama (ou retidos em casa embora se levantem algumas horas por dia) sem esperança certa de em breve convalescerem, podem, mediante prudente conselho do Confessor, receber a Sagrada Comunhão uma ou duas vezes por semana, embora tenham tomado algum remé­dio ou alguma coisa como bebida (C. 858).A Sagrada Comunhão pode ser dada todos os dias, exceplo em Sexta-feira Santa ; no Sábado Santo não pode ser dada senão dentro da Missa solene ou imediatamente no fim (C. 867) .— Pode ser recebida nos lugares e durante o tempo em que é lícito celebrar Missa, mas não é lícito ao Celebrante distribui-la durante a Missa aos fiéis tão distanciados que êle mesmo perca de vista o altar (C. 868). No mesmo dia em que o fiel tenha recebido a Comunhão por devoção, dando-se o perigo de vida, deve ser exortado a que comungue outra vez por Viático, e, perdurando o mesm o perigo, é lícito e convém que o fiel receba o Viático mais vezes em dias distintos, segundo o prudente conselho do Confessor (C. 864).Qualquer Sacerdote tem o direito de administrar a Sagrada Comunhão mesmo fora da Missa, cora licença ao menos pre­sumida do Superior da igreja, se fôr estranho (C. 846); assim como pode levar a Comunhão aos enfermos, particularmente, com igual licença (C. 849). — Todos os fieis que chegaram ao

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57 CONCLAVE

uso da razão têm obrigação de comungar ao menos pela Pás­coa, todos os anos; não o podendo fazer nesse tempo, devem fazê-lo depois (C. 859).

COMUNICAÇÃO DOS SANTOS é a participação de todos os fiéis que estão na terra, no Purgatório e no Céu, dos bens espirituais que lhes são comuns, os quais bens são: os méritos de Jesus- -Cristo, os méritos da Virgem Maria, os méritos das penitên­cia e das boas obras dos Santos, e os méritos das Missas. Por virtude da comunicação dos Santos, que é uma verdade de Fé, os fiéis que vivem neste mundo podem auxiliar-se m utua­mente com os bens espirituais que oferecem uns pelos o u tro s ; podem aliviar as almas do Purgatório com sufrágios e Indul­gências em favor delas, e podem honrar os Santos do Céu com as homenagens que lhes prestam. As almas do Purgatório podem auxiliar-nos com as suas orações, e podem render homenagem aos Santos do Céu. Os Santos podem auxiliar-nos e às almas do Purgatório, intercedendo por nós e por elas. Tal é, em resumo, a doutrina da Comunicação dos Santos.

CONCÍLIO é a legítima reunião ou assembléia dos Pastores da Igreja, para julgarem ou definirem àcêrca da doutrina católica ou da disciplina eclesiástica. O Concilio é Ecumênico, se convo­cado pelo Romano Pontífice e por êle ou pelo seu Delegado presidido. É infalível nas suas definições em doutrina de fé e de costumes. Os Decretos do Concilio só obrigam depois de confirmados e mandados promulgar pelo Romano Pontífice. O Concilio é Plenário ou Nacional, se constituído pelos Bispos duma Nação, pedida vénia ao Romano Pontífice, que designa o seu Legado para convocar e presidir ao Concilio. O Conci­lio é Provincial, se constituído pelos Bispos duma Província Eclesiástica; deve ser celebrado pelo menos de vinte em vinte anos. É convocado e presidido pelo Metropolita; os seus Decretos, assim como os Decretos do Concilio Plenário, só obrigam no território de cada um, e os Bispos não podem dispensar a não ser em casos particulares e com jus ta causa.

CONCLAVE é a assembléia dos Cardiais reunidos após a morte do Papa, para elegerem um sucessor do Chefe da Igreja Católica.

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C ONF ERÊNCIAS DE S. VICENTE DE P A U L O 58CONCORDATA é o acôrdo positivo pelo qual a Igreja e o Estado regu­

lara as suas recíprocas relações.CONCUBINATO PÚBLICO E NOTÓRIO faz o impedimento de pública

honestidade, o qual dirime o Matrimônio no primeiro e segundo grau em linha recta entre o homem e os con- sangüíneos da mulher, e vice-versa (G. 1078).

CONCUPISCÊNCIA é o apetite da deleitação sensível. A concupiscôm cia da carne contra o espírito, quando a razão lhe resiste, não é pecado, mas é matéria de exercer a virtude. Devemos sujeitar os apetites à razão e à consciência, para evitar g ran­des males.

CONDENAÇÃO DO PECADOR é a sentença dada por Jesus Cristo aoa que morrem era pecado mortal, mandando-os para o inferno. Da condenação por causa do pecado ninguém se livra senão pelos merecimentos de Jesus Cristo, e só por um de quatro modos: ou pelo Baptismo, ou pelo Sacramento da Confissão, ou pelo martírio, ou pelo amor de caridade, mas nestes dois últimos casos com o desejo ao menos implícito do Sacramento da Confissão. A pena dos condenados no inferno não acaba, e as penas variam, sendo umas mais aflitivas do que outras. O bem que fizeram neste mundo aproveita-lhes, mitigando as penas. Assim como pecaram de vários modos, assim sofrerão de vários modos.

CÔNEGOS são Sacerdotes que o Bispo nomeia para formarem o Cabido da Igreja Catedral. Assistem ao Bispo nos actos litúrgicos que celebra com solenidade, rezam o Ofício divino em côro na Sé Catedral; são os conselheiros do Bispo nos negócios em que precisa de conselho. Em nenhuma Igreja Catedral deve faltar o Cônego teólogo, que nos dias designados pelo Bispo com o conselho do Cabido, explique publicamente a Sagrada Escritura (G. 398, 400).

CONFERÊNCIAS DE S. V IC ENTE DE PAULO, obra de caridade fu n d a d a em Paris em 1833, por Frederico Ozanam e mais seis compa­nheiros, todos estudantes. Tem por fim fortalecer e a p e rfe i­

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59 CONF IRMAÇÃO ou CRISMA

çoar a vida cristã dos seus membros por meio da prática da caridade, e levar aos pobres o socorro material da esmola e o conforto espiritual da instrução religiosa e do bom conselho. Na visita semanal aos pobres, o contacto directo e íntimo do homem de caridade com a miséria desperta na sua alma um amor mais vivo a Deus e mais terno ao próximo, e desperta na alma do pobre aspirações sobrenaturais.

CONFESSIONÁRIO é a cadeira onde se senta o Sacerdote para ouvir as confissões dos pecadores, que querem ser absolvidos dos seus pecados por meio do sacramento da Penitência. Deve ser fechado a tôda a roda, e não se admite que o lugar onde se ajoelha o penitente tenha uma cortina para o cobrir. Os confessionários de uma só tábua são proibidos, a não ser por excepção no caso de [necessidade (C. P.). Os confessioná­rios] serão sempre colocados em lugar bem público da igreja, ou capela e não na sacristia, côro ]alto, claustro ou outras dependências (C. 909 e C. P.). Não se podem colocar confes­sionários nos Oratórios domésticos. Os homens podem ser ouvidos de confissão mesmo nas casas particulares, as mulheres nunca fora do confessionário senão por motivo de enfermidade ou por outro de verdadeira necessidade, e guardadas as caute­las que o Ordinário do lugar julgue oportunas (C. P.)Para que o Confessor possa ouvir de confissão as mulheres doentes em casa delas, não se requer que estejam gravemente doentes, basta que não se possam levantar do leito ou mesmo que não possam por motivo de doença ir à igreja ou capela.

CONFIANÇA EM DEUS. Devemos ter confiança em Deus de uma maneira absoluta, e esta confiança é fundada: a) no seu amor, que ofereceu Jesus Cristo à morte para nossa salvação; b) e na sua misericórdia, que cobre tôdas as misérias que se inclinam pedindo perdão; c) e na sua justiça, que só é aplicada enexo- ràvelmente àqueles que se não arrependem do mal que fazem.

CONFIRMAÇÃO ou CRISMA é um sacramento que comunica os dons do Espírito Santo, faz dos cristãos soldados de Cristo, e robustece-os na fé recebida no Baptismo. Não é de absoluta necessidade para a salvação, mas não convém deixar de o receber, pois é

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CONFISSÃO SA CR AM EN TA L 60muito útil para o bem espiritual da vida e por lei da Igreja é necessário para se ser admitido na vida eclesiástica e no estado religioso. Embora possa ser recebido em qualquer idade, convém não o receber antes dos sete anos, a não ser em perigo de vida, ou por razões jus tas e graves, e aquele que estiver em pecado mortal deve-se confessar antes de se crismar. O sacramento da Confirmação imprime carácter sacramental, que é u m poder espiritual destinado a exercer acções próprias dum soldado de Jesus Cristo. Este sacramento é administrado ordinàriamente pelo Bispo, em casos extraordinários também por um Sacerdote com poderes especiais, e exige que o confirmado se apresente com um padrinho, que seja bom católico, e diferente do pa- driuho do Baptismo; com êle contrai parentesco espiritual, que todavia não é impedimento do Matrimônio.Cada confirmando deve apresentar-se com uma cédula de con­firmação, que lhe será fornecida pelo respectivo Pároco. O con­firmado fica obrigado a defender-se dos inimigos da sua alma, e a defender a Igreja de todos os que a combaterem.

CONFISSÃO SACRAMENTAL é a acusação dos pecados próprios, come­tidos dppois do Baptismo, feita ao legítimo Sacerdote para receber a absolvição. Os homens como as mulheres, ou sejam crianças ou vélhos, pobres ou ricos, sábios ou ignorantes, sãos ou enfermos, desde que chegam ao uso da razão e enquanto conservam o uso do discernimento, têm obrigação de confes­sar os seus pecados pelo menos uma vez cada ano (C. 906). Para obter o perdão dos pecados no sacramento da Penitência é necessário acusar todos os pecados mortais cometidos e as circunstâncias que mudara a espécie de pecado.O cristão que se quere confessar deve: a) fazer exame deconsciência; b) ter arrependimento ou contricção de todos os seus pecados; c) confessar todos os pecados de que se recordar; d) estar disposto a cumprir a penitência que o Confessor lhe impuser e cumpri-la sem demora. A contricção é de tal modo necessária para obter o perdão do pecado que sem ela, diz S. Tomae, nem mesmo um pecado venial pode ser perdoado. E a contricção para ser sincera há-de ser acompanha­da do propósito firme, que o penitente terá de não tornar a pecar. O Confessor tem obrigação de dar a absolvição ao penitente

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61 C ON F RA RI A

que julga estar bem disposto, e tem obrigação de a negar àquêle que julga ser incapaz ou indigno da absolvição (C. 886). Incapazes da absolvição são : os perpèluamenle dementes, os não baptizados, os que já estão mortos, os que ignorara as verdades absolutamente necessárias para a salvação. Indignos são: os que não dào nenhum sinal de arrependimento; os que se recusam a acabar com os ódios e inimizades, ou a restituir o alheio podendo fazê-lo; os que não querem deixar a ocasião próxima do pecado ou não querem corrigir-se de algum pecado; os que deram escândalo público, a não ser que acabem com o escândalo e o retratem püblicamente.O lugar próprio da confissão sacramental é a igreja ou capela pública ou semi-pública (C. 908). As mulheres não se devem confessar fora do confessionário, a não ser por motivo de enfermidade ou por causa de verdadeira necessidade (C. 910).

CONFRARIA é uma Associação de fiéis constituída à maneira de corpo orgânico, para o incremento do culto público. As Con­frarias não podem existir sem um Decreto formal de erecção, e não devem erigir-se senão em igrejas ou capelas públicas, ou ao menos semi-públicas, e costumam ter altar determinado. No mesmo altar podem estabelecer-se diversas Confrarias; porém as ulteriores devem obter para isso autorização das já estabelecidas. Uma Confraria erecta fora da igreja paroquial deve julgar-se independente daquela enquanto se não provar o contrário, e não pode o Pároco intrometer-se na administra­ção das ofertas e esmolas recolhidas nas capelas das Confra­rias. Os confrades ou irmãos que têm direito de hábito religioso não o podem usar nas procissões públicas e noutras funções sagradas sem licença do Bispo do lugar.São obrigatórias em tôdas as paróquias a Confraria do San­tíssimo Sacramento e a da Doutrina Cristã. Pertence ao Pároco cantar as Missas das Confrarias erectas na sua igreja ou em capelas delas dependentes. Não podem as Confrarias erectas em igreja ou capela não própria proibir ao Pároco o uso dos altares em que estiverem erectas, nem privá-lo das alfaias usuais para nelas exercerem quaisquer funções, ou do uso da sacristia para nela se revestir. O Pároco, não sendo irmão, não tem o direito de intervir nas reüniões ou sessões

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CONGREGAÇÕES ROMANASchs Confrarias; pode, porém s -r delegado pelo B;spo, mas sem direito de voio. Os Estatutos podem conceder-lhe aquele direito. As mulheres somente podem ser admitidas nas Con­frarias para o efeito de lucrarem as Indulgências e graças espirituais concedidas aos confrades (C. 709).

CONGREGAÇÃO RELIGIOSA é uma Sociedade aprovada pela legítima Autoridade eclesiástica, na qual os associados se regem por leis próprias da mesma Sociedade, tendendo à perfeição evan­gélica por meio dos votos simples, quer perpétuos quer tem­porários.Há Congregações de direito Pontifício , sào as que obtêm apro­vação ou ao menos Decreto de louvor da Santa Sé; e há Congregações de direito Diocesano, as que, ereclas pelo Bispo, não obtiveram aquêle Decreto de louvor (C. 4881. Qualquer Congregação Religiosa, ainda que somente Diocesana, uma vez legitimamente estabelecida, não pode ser suprimida senão peia Santa Sé (C. 493).

CONGREGAÇÕES RONIANAS são corporações constituídas por Cardiais " e Prelados com residência em^Roma, às quais o Sumo Pon­

tífice confia certos poderes para o exercício do Magistério e do Governo da Igreja universal, pela impossibilidade de a governar por si só. Sào doze as Congregações Romanas, cada uma das Iquais se ocupa dos negócios que o Pontífice lhe confia; gozam de grande autoridade os seus Decretos e obri­gam àquêles a quem dizem respeito.1. Congregação do Santo Ofício ju lga os casos de heresia e certos casos de Matrimônio, e regula a proibição de livros perigosos para a Fé e para a Moral.2. Congregação^Consistorial trata dos negócios relativos aos Bispos e suas Dioceses.3. Congregação dos Sacramentos legisla com 'respeito aos Sacramentos acêrca da validade da Ordem e da maneira por que se deve celebrar a Missa.4. Congregação do Concilio dirige o Clero secular e, de modo geral, o povo na disciplina eclesiástica.5. Congregação dos Religiosos dirige os Religiosos de tôdas Ordens.

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63 C ÔNJ UG ES (MARIDO E MULHER)

6. Congregação da Propaganda ocupa-se da propagação da fé em terras de infiéis, das Obras Missionárias e dos Seminá­rios das Missões.7. Congregação dos Ritos ocupa-se das cerimônias do rito latino, das relíquias, beatificações e canonizações dos Santos.8. Congregação do Cerimonial regula as cerimônias e fun­ções da Côrte Papal e dos Cardiais.9. Congregações dos Negócios Extraordinários trata da criação de novas Dioceses ou divisão das antigas e da nomeação dos Bispos quando para isso se tem de lidar com os Governos civis; ocupa-se de assuntos que o Papa lhe submete sobretudo dizendo respeito às leis civis ou Concordatas com os diversos Estados.10. Congregação dos Seminários e dos Estudos dirige supe­riormente a disciplina e administração dos Seminários e das Universidades Católicas.11. Congregação da Igreja Oriental ocupa-se de tôdas as Igrejas do Oriente.12. Congregação da Fábrica de S. Pedro de Roma, cujo nome indica claramente as funções que exerce.

CÔNJUGES (MARIDO E MULHER). O marido é o chefe da família e a mulher deve-lhe obediência.São deveres de ambos: a) auxiliarem-se mutuamente nos cuidados da vida material e da vida espiritual. Geralmente o marido ocupa-se da vida exterior e a espôsa ocupa se do inte­rior da casa ; o marido toma as resoluções mas depois de ouvir o parecer da espôsa. 6) Suportarem-se mutuamente nos enfa­dos de cada dia, sem o manifestarem, c) Perdoarem-se m utua­mente nos desgostos com que ferirem o coração um do outro, o que será fácil se rezarem juntos a oração da noite todos os dias. d) Tratarem-se com bondade e delicadeza, fazendo agradavelmente quanto possível por darem prazer ura ao outro, e) Guardarem mútua fidelidade, que há-de ser abso­luta e perpétua, f) Terem como ideal próximo a procreação e educação dos filhos, e como ideal supremo o conseguirem ambos e os filhos a bem-aventurança eterna.O Apóstolo S. Pedro escreveu: «As mulheres sejam obedientes a seus maridos. Vos, maridos, vivei em tôda a prudência com

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CONSCIÊNCIA 64

vossas mulheres, tratando-as com honra como um vaso mais fraco e como herdeiras convosco da graça da vida eterna, para que as vossas orações não tenham impedimento» (Ep. I S. Ped. I I I , 1,7).

CONSAGRAÇÍO é o acto litúrgico por virtude do qual uma pessoa ou uma coisa fica dedicada ao serviço de Deus. A consagração é função reservada ao Bispo, ou a quem tenha Indulto Apostó­lico para isso C. 1147).As coisas consagradas devem ser tra tadas com reverência, e não podem servir para usos profanos ou impróprios, embora pertençam a pessoas particulares (C. 1150). Quando já não servem ao fim para que foram consagradas, devem ser quei­madas e lançadas as cinzas em lugar decente, por causa da consagração.Os lugares sagrados são isentos da jurisdição da Autoridade civil, e a legítima Autoridade da Igreja exerce neles livremente a sua jurisdição (C. 1160).Consagração é também a parte da Missa em que o Sacerdote consagra a hóstia e o vinho para ficar sôbre o altar o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo.

CONSANGÜINIDADE ó o vínculo existente entre pessoas que descen­dem do mesmo tronco ou progenitor, quer seja por geração lícita ou ilícita. É impedimento dirimente do Matrimônio entre consangüíneos em qualquer grau de linha recta, ou até ao terceiro grau de linha colateral. Com dispensa da Santa Sé podem contrair Matrimônio os parentes em segundo e em terceiro grau colateral (C. 1076).

CONSCIÊNCIA é um juízo que nos indica o que devemos fazer ou evi­tar nas circunstâncias particulares em que nos encontramos. Nós sabemos que a lei de Deus é a regra das nossas acções, e que uma acção só é boa se é conforme com aquela lei; mas encontramo-nos por vezes em circunstâncias que não nos deixam ver se uma acção é ou não conforme com a lei de Deus, nem temos quem nos esclareça. Em tal caso consul­tamos a nossa consciência, e, tendo intenção recta, proce­demos de harmonia com o que ela nos aconselhar.

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65 CONTRIÇÃO

Quando pretendemos praticar uma acção moral, devemos pro­curar saber se nos ó lícito ou não praticá-la. Para adquirir­mos a certeza da sua liceidade, confrontámo-la com a lei, segundo as regras da prudência, não se exigindo todavia a certeza absoluta. Pode acontecer que, não obstante a diligên­cia empregada para se formar a consciência certa e conven­cido o agente da liceidade do acto, êste não seja bom nem lícito. Em tal caso, o agente que seguiu a sua consciência não procedeu mal, embora a acção seja má. Devemos proceder sempre com a consciência certa de não pecar, certa quanto possivel.

CONSELHOS EVANGÉLICOS são incitamentos contidos no santo Evan­gelho, induzindo à prática mais perfeita da Religião cristã em ordem ao fim último. São assim chamados ê s te s trê s : Pobreza voluntária , que consiste em renunciar à posse dos bens mate­riais; Obediência in te ira . que consiste em renunciar ao impé­rio da própria vontade; Castidade perpétua, que consiste em reuunciar ao gôzo dos prazeres da carne. Os conselhos não obrigam como os preceitos, mas são necessários para viver com maior perfeição.

CONSiSTÓRIO é a Assembléia dos Cardiais residentes em Roma, sob a presidência do Papa. É secreto, se só os Cardiais assistem. E público, se, além dos Cardiais, podem também assistir outros Prelados e representante» dos Chefes das Nações.

CONTINÊNCIA é a abstenção de tôda a deleitação venérea. Para con­servar a continência é eficaz a mortificação da carne com a abstinência da comida e da bebida e com o trabalho corporal.

CONTRIÇÃO é o arrependimento e detestação do pecado come­tido, com o propósito de não tornar a pecar. A contrição é um acto de vontade, uma impressão desagradável de ter ofen­dido a Deus. A contrição é perfeita quando a causa do arrependimento é ser o pecado uma ofensa a Deus, Bondade infinita, nosso Pai e Benfeitor, e nesse caso obtém o perdão dos pecados, mesmo sem a Confissão sacramental, se há impossibilidade de a fazer; é imperfeita quando a causa do

Fl. 5

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CORPO MÍSTICO DE CRISTO 66arrependimento é o pecador merecer o castigo do inferno, ou a privação do Céu. Para obter o perdão dos pecados na Confissão sacramental basta a cordriçao imperfeita, também chamada atrição. A contrição é de tal modo necessária para obter o perdão dos pecados que sem ela, diz S. Tomaz, nem mesmo o pecado venial pode ser perdoado. Que a contrição é necessária para obter o perdão ensina-o a Sagrada Escri­tura, dizendo : « Arrependei-vos e convertei-vos para que osvossos pecados sejam perdoados». (Act. 4post., I I I , Í9),

CORAÇÃO DE JESUS. A Igreja instituiu uma festa em honra do Coração de Jesus, com o fim de acender nas almas dos fiéis um amor mais profundo a Jesus Cristo, pela devoção ao seu Coração inflamado de amor por nós; e também para repa­rarmos com actos de piedade pelas ofensas que lhe são fei­tas, particularmente na Eucaristia. 0 dia p róprio da festa é a sexta-feira seguinte à oitava da festa de Cnrpus Christi. O mês de Ju nh o é consagrado pela Igreja à devoção em honra do Sagrado Coração de Jesus, assim como a primeira sexta-feira de cada mês.

C Í)R 0 é a parte da capela-mór, onde o Clero assiste às funções litúr- gicas. Deve estar separado do corpo da igreja por uma balaustrada que, coberta com uma toalha branca, serve de mesa de comunhão para os fléis.Tam bém se dá o nome de côro a uma espécie de palanque elevado à entrada da igreja, para os músicos tocarem ou um grupo de fieis cantar nas solenidades religiosas.

COROAS MORTUÁRIAS. É pouco conforme com o espírito da Igreja o uso de colocar coroas ou flores sôbre o féretro dos adultos. Em lugar disso, os fiéis devem sufragar a alma do falecido com esmolas e outras obras pias, e principalmente com o Sacrifício da Missa. É proibido colocar nas paredes da igreja ou de alguma capela pública coroas mortuárias para ali ficarem.

CORPO M ÍSTICO DE CRISTO é a Igreja, de que são m embros todos os fléis, de que é Cabeça Jesus Cristo, de que é alma o Espírito

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67 CORRECÇÃO F R A T E R N A

Santo, cujos dons misteriosos circulam nas veias dos membros unidos entre si e à única cabeça que é Jesus Cristo, rep resen ­tado na terra pelo seu Vigário, o Papa. De sorte que a Igreja não é um mero agregado moral como qualquer outra sociedade natura l; ó o Corpo místico de Jesus Cristo.

CORPUS CHRISTI ou CORPO DE DEUS é a festa que se celebra na quinta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade. A Igreja instituiu esta festa para louvar com uma procissão solene a Santíssima Eucaristia. É certo que a Eucaristia foi instituída por Jesus Cristo na quinta-feira san ta ; mas, como nesse dia não pode haver uma comemoração festiva, por causa das cerimonias que recordam a Paixão de Jesus, a Igreja escolheu outro dia — a quinta-feira seguinte ao Do­mingo da SS. Trindade — para festejar aquela sublime insti­tuição. É dia santo de guarda. Nos povos onde se faz a procissão costumam os fiéis ombandeirar as janelas e juncar de flores as ruas por onde passa em procissão Jesus Sacra­mentado.

CORRECÇÃO FRATERNA é a admoestação feita ao próximo, privada­mente e procedendo da caridade fraterna, para emenda de delito. Porie ser coactiva, e pertence ao Superior e osten­siva, e pertence a todos. Ambas são de preceito, mas a segunda só quando o delinqüente pode ser corrigido sem incômodo, com esperança de emenda, e não havendo Supe­rior. O Superior deve ser corrigido pelos súbditos, mas secre­tamente, com mansidão e reverência, a não ser que, por causa do perigo da fé, deva ser feita em púbiico.A correcção deve ser feita: 1) — em segrêdo, ao delinqüente ; 2 ) — particularmente ao Superior, em segrêdo; 3) — perante testemunhas; 4 ) — püblicamente. Mas esta ordem deve ser guardada somente quanto aos pecados ocultos. O que deixa de fazer a correcção fraterna, por não esperar em enda ou por pensar que resulta pior, não peca. O Apóstolo S. Paulo ensina como deve ser feita o correcção: «Não repreendascom aspereza ao velho, mas admoesta-o como a p a i ; aos jovens como a irmãos; às velhas como a m ães; às jovens como a irmãs, com tôda a pureza. Aos pecadores rep reen­

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CREMAÇÃO 68

de-os diante de todos, para que tam bém os outros tenham mêdo> (Ep. I Timót. V, 1, 2. 20).Quem corrige ou castiga deve fazê-lo com caridade, em bora algumas vezes com severidade, e não para satisfazer a um movimento de ira, ou de vingança, ou de simples mau humor. Devemos aceitar a correcção assim como o castigo com humildade, esperando que de algum proveito nos servirá.

COSTUME é o Direito (não escritoj introduzido pelos usos continua­dos da Comunidade, com algum consentimento do Superior ou do Legislador. Não pode haver costume legal sem que a fôrça proceda da vontade do Superior, posto que começasse a ser introduzido contra a sua vontade. Mas o costume nada pode contra a Lei divina e a lei natural, po rque essas leis procedem da vontade de Deus, que não pode ser mudada pela vontade dos homens.

CRIAÇÃO é o acto de produzir alguma coisa sem matéria preexistente. Só Deus pode criar, porque para de nada fazer alguma coisa é preciso um poder infinito. Tudo o que existe, excepto Deus, foi criado po r Deus. Assim o ensina a Sagrada Escri­tura, dizendo: «No princípio criou Deus o céu e a terra»(Gen. I, 1). O mesmo afirma o Apóstolo S. Paulo : «Por Deus foram criadas tôdas as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis» (Ep. Coloss. 1, 16). E ninguém ainda provou nem pode provar que o mundo não tivesse sido criado po r Deus. O fim da criação f o i : a manifestação de Deus aos homens, para o glorificarem e para gozarem a glória de Deus.

CREDENCIA é uma pequena mesa que deve estar ao lado do altar — lado da Epístola — sôbre a qual se colocam os objectos neces­sários para o serviço do altar, tais como as galhetas, etc. Deve estar coberta com uma toalha branca sem renda, e que desça até ao chão.

CREMAÇÃO é o acto de queim ar cadáveres. É reprovada pela lei eclesiástica. Se alguém m andar que o seu corpo seja quei­mado, é ilícito fazer-lhe a vontade e não se executa o seu tes­tamento (C. 1203). Não tem sepultura eclesiástica (C. 1240).

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69 C R I P T A

São excomungados os que m andarem ou coagirem a dar-lhe sepultura eclesiástica (C. 2339). A Igreja quere que respeite­mos os cadáveres que foram habitação de Deus pela graça e que um dia hão-de ressuscitar. Condena, a não ser em casos raros (peste, guerra, etc.), a cremação por ser contrária aos costumes cristãos que vêm dos Apóstolos e po r muitos promoverem a cremação negando a existência da outra vida.

CRER é pensar com assentimento. É acto de inteligência assentindo à verdade divina, po r império da vontade movida p o r Deus po r meio da graça. Cada um é obrigado a crer explicita­mente alguns artigos da Fé, e a crer noutros implicitamente. O primeiro e principal mistério da Fé que todos devem crer é o da existência de Deus e a sua Providência. Crer o que a razão não compreende não é leveza de espírito, porquanto se se crê é porque se reconhece que há motivos suficientes para aceitar o que Deus revelou. A fé apoia-se na autoridade de Deus que não erra nem pode enganar.

CRIADOS são pessoas pobres que vivem em casa dos seus amos para lhes prestarem os serviços contratados, mediante determinada remuneração. Devem: a) respeitar os seus amos, ouvin­do-os submissam ente; 6) obedecer-lhes, trabalhando com zêlo e com perfeição, de harmonia com a vontade d e le s ;c) ser-lhes fléis, interessando-se pelos bens materiais que lhes são confiados, não os prejudicando nem consentindo que alguém os prejudique, defendendo-os e à sua casa na honra de que gozam; d) guardar rigoroso segrêdo sôbre a vida doméstica.O criado, que espontâneamente e sem motivo legítimo sair da casa antes do tempo prefixo, perde o direito ao ordenado correspondente ao tempo em que serviu; se fôr injustamente despedido ou tiver de sair por culpa do amo antes de findar o tempo do contrato, tem direito a ser compensado por todos os danos que po r tal acção lhe forem causados.

CRIPTA é o subterrâneo duma igreja, no qual se praticam actos do culto. É uma recordação das catacumbas.

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C RUCI FI XO 70CRISMA é nome que vulgarmente dão ao sacramento da Confir­

mação.CRISMA ou ÓLEO SANTO é azeite consagrado pelo Bispo, Quinta-feira

Santa para uso de certos sacramentos. Há dois gêneros de ó leo S a n to : um é composto de azeite e bálsamo, a que se dá o nome de crisma do qual se usa nos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da O rd e m ; outro é só azeite, também consagrado pelo Bispo, para o sacramento da Extrêma-Unção.

CRISTÃO é o homem que pelo sacramento do Baptismo promete ser discípulo de Jesus Cristo, professando a sua doutrina e seguindo os seus exemplos. O cristão é obrigado, pelas promessas que faz no Baptismo: a) a crer em tôdas as ver­dades reveladas po r Deus e ensinadas pela Igreja Católica, e a rejeitar todos os princípios contrários ao espírito do Evan­gelho; b) a cumprir os dez Mandamentos da Lei de Deus e as Leis da Igreja; c) a receber os Sacramentos; d) a fazer oração.

CRISTO quere dizer Ungido, Sagrado. É um nome que se junta ao de Jesus, a Pessoa sagrada p o r excelência.

CRISTIANISM O é a Religião que Jesus Cristo instituiu e confiou à sua Igreja, cujo Chefe é o Papa, sucessor do Apóstolo S. Pedro. É a Igreja Católica que conserva e ensina o Cris­tianismo como Jesus Cristo o deixou no mundo para os homens o conhecerem e o viverem, e por meio dele se salva­rem do inferno e poderem gozar o Céu.

CRISTO REI. Celebra-se a festa de Cristo Rei no ú ltimo domingo do mês de Outubro. Foi o Papa Pio XI quem instituiu esta festa dando a Jesus aquêie título para que os homens reconheces­sem e confessassem que Jesus Cristo é o Rei da humanidade e para afirmarem o dever que têm de obedecer à sua Santa Lei.

CRUCIFIXO é a imagem de Jesus Cristo pregado num a cruz. Deve­

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71 CULTO RELIGIOSO

mos prestar-lhe culto de veneração, tê-lo patente em nossa casa, trazê-lo connosco, recordar-nos de que é uma imagem daquele Senhor divino que m orreu por am or de nós, para nos podermos salvar do inferno e podermos ir para o Céu. O crucifixo é necessário no meio do altar em que se celebra o sacrifício da Missa, e pode ser esculpido ou pintado. Pode

ser benzido po r qualquer Sacerdote.CRUZ foi o leito de morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso é

lícito o culto que lhe prestamos, recordando o sacrifício de Jesus pela nossa Redenção.

A VERA CRUZ, isto é, a p rópria cruz era que Jesus foi pregado e morreu, foi encontrada por Santa Helena, segundo se crê, no monte Calvário, e ainda existe uma parte na igreja chamada de Santa Cruz de Jerusalém, em Roma.

0 SINAL DA CRUZ foi instituído para nos avivar a memória dos p rin ­cipais mistérios da nossa Fé: a Santíssima Trindade, a Incar- nação e a Redenção, manifestando, ao fazê-lo, que cremos

• nesses mistérios.CULTO RELIGIOSO é o acto pelo qual manifestamos a Deus, aos seus

Anjos e aos seus Santos a devida honra e reverência. A Deus, e só a Deus, nas três Pessoas divinas como na sagrada Euca­ristia, é devido culto de L a tr ia (adoração). Culto de Dulia é a honra devida aos Santos, em atenção às virtudesjsobrena- turais que praticaram e à glória que gozara junto de Deus. Culto de Hiperdulia é a honra devida à Virgem Maria por ser Mãe de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem.O culto pode ser: a) Interior , se não passa da mente ou do coração; b) Externo , se é manifestado por actos do corpo;c) Indiv idual, se é praticado por alguma p e sso a ; d) Social, se é praticado socialmente ou em comum ; e) Absoluto, se a honra é dirigida imediatamente a Deus ou aos Santos;f) Relat ivo, se é dirigido imediatamente às imagens e às relíquias dos S a n to s ; 0 Público, se é praticado em nome da Igreja e por pessoas pela Igreja a isso consagradas ; h) de outro modo é culío Privado.

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DECÁLOGO

O fim do culto 6 o homem dar glória a Deus e imitar os s e u s Santos. Xão se diminua, porém, o culto de Deus por c a u s a do culto dos Santos, cujas imagens se vêem.Os Santos têm culto público e universal. Os Beatos têm culto público segundo a concessão feita pelo Romano Pontífice, limitada a alguma Ordem Religiosa ou a algum lugar. Os Ser­vos de Deus, isto é aquêles que m orreram com fama de sânti- dade, assim como os Veneráveis, isto é, aquêles de cujas virtudes heróicas já existe um Decreto canônico, não podem ter culto público. Não é proibido, porém, prestar-lhes culto privado, rezando-ihes, tendo as suas imagens, mesmo nas paredes da igreja, mas sem auréola.

CÚRIA DIOCESANA é constituída por pessoas que o Bispo nomeia para o auxiliarem no govêrno da Diocese, dando despacho e solícita expedição aos negócios eclesiásti-cos. Fazem parte da Cúria: os Censores de livros, o Conselho de vigilância dou­trinai, a Comissão de vigilância para a prègação, o Conselho de administração diocesana, os Examinadores sinodais, os Párocos consultores e a Comissão disciplinar do Seminário.

CÚRIA ROMANA é constituída pelas Sagradas Congregações, Tribu­nais e Ofícios, aos quais compete tratar dos negócios eclesiás­ticos que são determinados pelo Direito Canônico.

CUSTÓDIA é um objecto de metal, em que se coloca a sagrada H ós­tia na meia lua, ou lúnula, de ouro ou de prata dourada, para a Exposição solene do Santíssimo Sacramento.

D

DALMÂTICA é uma veste litúrgica. comprida, estreita, com ou sem mangas, aberta dos lados, que cai dos ombros, e cobre o corpo por diante e por traz. É usada pelo Diácono e pelo Subdiá- cono, nas Missas cantadas e em outros actos litúrgicos.

DECÁLOGO são os dez Mandamentos da Lei que Deus deu aos Israe­litas, por intermédio de Moisés, depois de saírem do Egiplo

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73 DEMÔNIO

e ao chegarem ao monte Sinai, 1500 anos antes do nascimento de .lesus Cristo. Os três primeiros Mandamentos pertencem à glória de Deus, os outros sete são para o bem do próximo. Todos os deveres do homem para com Deus, e para consigo mesmo, e para com o próximo estào implícitos nos dez Man­damentos, e todos os homens são obrigados a praticá-los, porque estão impressos no coração de todos como lei natural.

OEtSMO, sistema filosófico que, em religião, admite somente a exis­tência de Deus, e nega a Revelação divina, a possibilidade do milagre, a intervenção de Deus nos acontecimentos particu­lares da vida humana.

DEfSTAS são os que seguem o deísmo. Fazem consistir a sua Reli­gião em crer em Deus.

DEMISSÕRIAS. Dá-se êste nome à autorização do Bispo a um ordi- nando, seu súbdito, para ser ordenado noutra Diocese.

DEMÔNIO. Dá-se o nome de demônios aos Anjos que pecaram e que Deus castigou com os tormentos do inferno, como ensina a Sagrada Escritura, dizendo: «Deus não perdoou aos anjos que pecaram, e precipitou os no abismo do inferno, para serem atormentados» (Ep. I I S. Ped. II, 4). O demônio é espírito maligno, que pela mentira seduziu os nossos primei­ros pais, levando Adão a cometer o pecado original, de que resultou a morte e todos os sofrimentos da humanidade. Rebelde a Deus e punido por Deus, tem ódio a Deus, e o seu empenho é levar os homens à revolta contra Deus, para serem punidos como êle.Os demônios não são maus por natureza, mas por vontade. Tentar para fazer o mal é próprio do demonio; o mundo e a carne são instrumentos seus para nos tentar (Ep. Efes. VI, 11, 12). Pode exercer uma acção imediata sôbre o homem, não directamente sôbre a inteligência e sôbre a vontade, e sim sôbre a imaginação e sôbre o apetite sensitivo; permitindo-o Deus também pode exercer a sua acção maligna sôbre os objectos exteriores e sôbre o nosso corpo, sendo causa de males físicos que sofremos (Ev. S. Mat. X V II , VIII). Pode

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D E SE J OS 74conhecer as coisas exteriores materiais, mas não pode saber o que se passa 110 íntimo da nossa alma, se não o manifestarmos por algum sinal exterior.Podemos vencer as tentações do demônio com o auxílio da graça divina, que obtemos por meio da oração, da penitência e da vigilâucia.O Apóstolo S. Pedro deixou-nos esta advertência: c Sêde sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor de vós como um leão que ruge, buscando a quem devo­r a r ; resisti-lhe, fortes na Fé, sabendo que os vossos irmãos que estão espalhados peio mundo sofrem a mesma tribulação» {Ep. I S. Ped. V, 8, 9).

DENÚNCIA é a manifestação feita à Autoridade, de um crime ou de um facto grave, prejudicial à moral ou à sociedade. Não se façam denúncias imprudentemente, mas não se omitam covar­demente quando o exigir o interêsse geral ou superior, porque em tais casos a denúncia é um dever.

DESANIMO é um dos grandes tormentos da vida espiritual. Chega, por vezes, quando a alma tem ganho alguma coisa no seu progresso, que todavia não se faz sentir.Como a uma virtude praticada ou, a ura bom desejo, não corresponde sempre a graça sensível, a alma desanima porque não vê premiada a virtude. O desânimo não é razoável; é, antes, filho do orgulho, e como uma espécie de repreensão a Deus, por não dispor as coisas de outro modo. Quem quere progredir no caminho da vida espiritual não se deixa dominar pelo desânimo; não pára: caminha, animado pela confiança na bondade de Deus.

DESEJOS. 0 desejo é um movimento da alma para um bem ausente. Os nossos desejos são tendências naturais para o bem que não possuímos, egem cuja posse julgamos encontrar algum gôzo. Há desejos que devemos repelir, há outros que devemos moderar, e outros a que devemos excitar-nos.a) Devemos repelir todos os desejos que tendem àquilo que é contrário à lei de Deus. b) Devemos moderar os desejos que, embora não sejam contrários à lei de Deus, podem ser-nos

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75 DEUS

prejudiciais se não forem regulados pela prudência e pela humildade, como são os desejos inspirados pelas satisfações sensuais e os que têm por objecto os bens temporais,c) Devemos excitar-nos aos desejos que tendem à glória de Deus e ao bem das nossas almas, como ao bem das almas dos nossos semelhantes.

DESESPERAÇÃO é a voluntária desconfiança de conseguir a felicidade eterna, ou os meios necessários para a conseguir. 0 pecado de desesperação, que é mortal, procede principalmente da luxúria e da preguiça. Da luxúria, porque pela afeição aos prazeres carnais o pecador se desgosta dos bens espirituais, e já não os espera por lhe parecer coisa muito difícil. Da prtguiça, porque, sendo ela uma tristeza que abate e afrouxa o espírito, mostra-lhe a felicidade eterna como fora de tôda a esperança. Aos que querem, na verdade, caminhar para o Céu e fazem por isso, Deus concede as graças neces­sárias para vencerem as dificuldades, e chegam ao fim desejado.

DEUS. A Sagrada Escritura ensina não só que Deus existe mas também quem Deus é. O Apóstolo S. Paulo diz que: «as perfeições invisíveis de Deus, depois da criação do mundo, consideradas pelas obras que foram feitas, passaram a ser visíveis, como a sua virtude sempiterna e a sua divin­dade » (Ep. Rom. I, 20). — O Santo Evangelho como os santos Apóstolos ensinam que: «Deus é Espírito Omnipotente, Invisível, Imenso, Uno em natureza e Trino em Pessoas — Pai, Filho, Espírito Santo — , Remunerador sobrenatural, Infinito em tôdas as perfeições, a Quem devemos amar sôbre tôdas as coisas, adorar, servir e glorificar. Deus é o Ente Supremo que existe por Si-mesino, Eterno, Creador e Gover­nador de tudo o que existe.Devemos honrar a Deus: a) pela Fé, recouhecendo-0 como único e verdadeiro Deus, nosso Senhor e Mestre infalível;6) pela esperança nas suas promessas, reconhecendo que é F ie l; c) pela caridade ou amor de todo o coração, reconhe­cendo que.é infinitamente Bom; d) pela adoração, reconhe­cendo que é infinitamente Grande; e) pelo temor, reconhe­

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D E V E R E S DO C R i ST À O CONSIGO MESMO 76

cendo que é inquebrantàvelmente Justo. A sua vontade todos devemos obedecer, para O irmos ver face a face no Céu e aí gozarmos a eterna felicidade.

DEVER é o conjunto das nossas obrigações para connosco, para com o próximo e para com Deus. O dever tem o seu fundamento na lei natural e na lei divina positiva, que nos determinam e nos impõem tôdas as nossas obrigações. Para cumprirmos o dever havemos de consagrar-lhe tôdas as nossas fôrças da alma e do corpo, sem que coisa alguma nos afaste dêle. O dever primeiro que tu d o ; o dever é a Regra da nossa con­duta. Nem o prazer, nem o dinheiro, nem as honras nos hão-de afastar do cumprimento do dever. Mas cumpramos o dever não tanto para agradar aos homens, e sim porque ó essa a vontade de Deus e para lhe sermos agradáveis. Há deveres que se apresentam difíceis de cumprir; perante as dificuldades sejamos corajosos, esforçemo-nos por as vencer, peçamos auxílio a quem no-lo pode prestar, e recorramos a Deus com humildade, com fé e perseverança. O cumprimento do dever dá paz à consciência e alegria ao espirito; atrai a considera­ção dos bons e é recompensado por Deus.

DEVERES DO CRISTÃO C 0 N S I8 0 MESMO. Para o homem viver como cristão há-de cumprir deveres relativos à sua vida corporal, à sua vida intelectual, à sua vida moral e à sua vida sobrena­tural. a) Relativamente à vida corporal, o cristão tem de aceitá-la como lhe é comunicada, sem murmurar se alguns defeitos físicos a acompanham; têm de dar ao corpo o ali­mento, o trabalho, o repouso e a higiene que lhe são necessá­rios para conservação da vida e da saúde; na doença tem de tratar-se segundo os meios ordinários de que pode dispor, ou lhe sejam oferecidos. 6) Relativamente à vida intelectual, o cristão deve esclarecer e aperfeiçoar a sua inteligência pelo conhecimento da verdade, tanto de ordem natural segundo a condição de cada um, como de ordem sobrenatural segundo os ensinamentos da Igreja Católica, c) Relativamente à vida moral, o cristão deve habituar-se à ordem, à disciplina, à prá­tica do bem; deve combater e procurar vencer as inclinações más que sentir, deve seguir os bons exemplos e bons conse­

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77 d e v o ç A o

lhos das pessoas justas, e deve evitar as más companhias e as más leituras, d) Relativamente à vida sobrenatural, o cris­tão deve formar um ideal de vida virtuosa, que procurará realizar fazendo só o que a sua consciência lhe disser que é bem ; deve aperfeiçoar a sua vida moral pela oração, pelos vários exercícios do culto divino e pela freqüência dos sacra­mentos da Contissão e da C o m u nh ão ; deve tomar como modêlo da sua vida a vida de algum Santo, ou a do próprio Jesus Cristo.

DEVERES DE ESTADO são as obrigações inereutes ao modo de vida que cada um tem. Primeiro que qualquer outro dever estão os deveres de estado, os quais obrigam em consciência; por isso faltar a êles é ofender a Deus. Os deveres de estado hão-de ser cumpridos com a perfeição possível, embora sem gôsto e com sacrifício. É zêlo mal entendido ou vaidade pôr de parte algum dever de estado para satisfazer o gôsto próprio ou de outrem, ainda que não seja coisa má, ainda que seja coisa boa.

DEVERES FAMILIARES. No lar doméstico todos os membros da família devem propor-se êstes fins: a) o bem-estar pelo tra­balho, segundo as aptidões e as fôrças de cada u m ; 6) a paz suportando-se mutuamente e perdoando-se; c) a alegria, dedi­cando-se mütuamente, sem olhar aos incômodos próprios;d) a vida virtuosa, orando uns pelos outros, edificando-se com os bons exemplos, amparando com bons conselhos, sendo fiéis à prática da lei de Deus e da Ig re ja ; e) alívio mútuo dando os cuidados da caridade aos que os necessitam, parti­cularmente aos vélhos, aos doentes e às crianças.

DEVOÇAO consiste na prontidão da vontade em dedicar-se ao serviço de Deus. Não se deve confundir com a devoção uma certa doçura espiritual que por vezes dela resulta; aquela é da von­tade, esta é da sensibilidade. A consideração das coisas que distraem do que é divino, impede a devoção; a consideração da Humanidade de Jesus Cristo excita grandemente a devoção. Abunda nas pessoas simples por causa da hum ildade; mas a ciência e qualquer perfeição conhecida em Deus aumenta a

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DIAC0N1SAS 78

devoção. A devoção há-de levar-nos a amar e servir a Deus de todo o nosso coração, com uma confiança firme na sua divina bondade.

d e v o ç Oe s Ha uma grande variedade de devoções na vida cristã mas nem tôdas podem ser fàcilmente praticadas por todos os cristãos, nem tôdas são igualmente recomendadas pela Igreja, nem convém que os cristãos embaracem as suas obrigações com as devoções. As principais são: a) ao SS. Sacramento, devoção que se manifesta pelo Comunhão freqüente, pela visita ao Sacrário, pelo respeito na Igreja, por tomar parte nas pro­cissões em sua h o n r a ; b) ao Sagrado Coração de Jesus. Os seus devotos fazem parte da Associacão do Apostolado da Oração, comungam na primeira sexta-feira de cada mês, e fazem a devoção do mês de Junho; c) À Virgem Maria. Os seus devotos rezam o Têrço do Rosário todos os dias, assistem à Missa nos dias das festas, fazem a devoção do mês de Maio e do mês de Outubro, d) Às almas do Purgatório, pelas quais se deve mandar celebrar a santa Missa e fazer outros sufrágios, particularmente no mês de Novembro. ej A Via Sacra, devoção que consiste em fazer a visita de 14 Estações diante de 14 cruzes suspensas na parede de uma igreja, meditando na Paixão e morte de Jesus.

DIACONADO é a Ordem Sacra concedida ao Subdiácono, a qual dá o poder de servir imediatamente ao celebrante na Missa, de prègar, e, em caso de necessidade, de administrar a Sagrada Comunhão. Para a ordenação de Diácono requere-se a idade de 22 anos completos, o IV ano teológico começado, 3 meses passados depois da ordenação de Subdiácono, salvo, quanto a êste requesito, se a necessidade da Igreja outra coisa exigir (C. 975, 976, 978).

DIACONISAS. Dava-se êste nome às mulheres, virgens ou viúvas, que nos primeiros tempos da Igreja eram destinadas para cer­tos ofícios, que por causa do pudor não podiam ser desempe­nhados por homens. Assistiam ao Baptismo das mulheres adultas, que era feito por imersão, e indicavam às mulheres os lugares que deviam ocupar na igreja para assistirem aos

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79 D I NH EI RO DE S. PEDRO

actos do culto. O ofício das diaconisas foi abolido quando o Baptismo começou a fazer-se só na cabeça do baptizando.

DIAS SANTOS DE GUARDA são, além dos Domingos, os seguintes: Natal, Circuncisão (t de Janeiro), Epifania (6 de Janeiro), Aseen- ção, Corpusi Christi, Imaculada Conceição (8 de Dezembro). Assunção (lõ de Agôsto), S. José (19 de Março), S Pedro (29 de Junho), Todos-os-Santos (1 de Novembro). Nestes dias os cristãos, a partir dos 7 anos, têm obrigação de ouvir Missa e de se abster de trabalhos servis e de actos forenses. Os tra­balhos servis são proibidos nestes dias, não porque sejam maus, mas porque distraem do serviço de Deus e afastam do culto divino, que é o principal fim do preceito. Quando, porém, os fiéis tiverem necessidade, verdadeira e urgente, de t rabalhar nesses dias, peçam a precisa licença ao seu Bispo ou ao seu Pároco, ainda que êsse trabalho se destine a obras de caridade (C. 1245).

DIFAMAÇÃO consiste em denegrir injustamente a fama do próximo. O difamador fica gravemente obrigado, por motivo de justiça, e mesmo com incômodo proporcionalmente grave, a restituir a fama e a satisfazer por todos os danos que a difamação causou.

DIFINIÇÃO EX-CÁ TEDRA é a declaração feita pelo Papa, como Chefe da Igreja, sôbre doutrina de Fé ou de Moral, isto é, sôbre ver­dades reveladas que devemos crer ou viver, declaração solene que obriga toda a Igreja. Em tal caso o Papa é infalível, não por inspiração divina ou por revelação, e sim por assistência divina, isto é, por auxílio divino que não permitejjque erre quando difine doutrina da Revelação.

DINHEIRO DE S. PEDRO é uma obra estabelecida pela Igreja, que consiste em fazer um peditório anual, era tôdas as igrejas e capelas públicas onde houver Missa. O peditório é feito no dia 6 de Janeiro, e o produto é destinado a auxiliar o Sumo Pontífice nas suas enormes despezas no govêrno da Igreja em todo o mundo. Os fiéis devem mostrar-se generosos para com o Vigário de Jesus Cristo, Pai espiritual de Iodos.

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D IS P E N S A 80

DIOCESE é o território atribuído pela Sauta Só a cada Bispo, para o exercício do seu Poder Ordinário. A um grupo de certo número de Dioceses d á - s e o nome de Província Eclesiás­tica, da qual é Superior o B:spo da cidade principal, com o nome de Metropolita e o título de Arcebispo, que quere dizer Chefe dos Bispos, seus sufragâneos. Cada Diocese é formada por várias Paróquias com o Clero respectivo, sob a a obediên­cia do próprio Bispo.

DIRECTOR ESPIR ITUAL é um sacerdote por meio do qual Deus conduz as almas no caminho da perfeição. O modo ordinário porque as almas se hão-de conduzir na vida espiritual é confiarera-se à direcção de ura Sacerdote. Diz S. Vicente Ferrer: «quem tem Director e a êle se sujeita no pouco e no muito, chegará mais fácil e prontamente à perfeição do que governando-se por si mesmo, seja qual fôr o seu talento, e quaisquer que sejam os livros que possua sôbre as virtudes e o modo de adquiri-las».

DISCRIÇÃO ó a qualidade que regula a sinceridade e a contém nos limites da prudência. Não se deve dizer tudo o que se sabe sem pensar na conveniência ou inconveniência de tudo dar a saber. Muitas coisas sabemos, sobretudo da vida alheia, que o respeito ou outros motivos exigem que calemos.

DISPARIDADE DE CULTO é um impedimento derimente do Matrimônio pelo facto de um dos nubentes não ser baplizado e o outro ter sido baptizado na Igreja Católica, ou por se ter convertido da da heresia ou do cisma (C. 1070).

DISPENSA é a permissão de obrar contra o Direito comum, ou é a sua relaxação por causa justa. Nunca se deve dispensar com pre­juízo do bem comum. Não se pode dispensar contra o Direito natural comum. O Papa não pode dispensar nos preceitos divinos. Nem Deus pode dispensar nos preceitos do Deeálogo. Quando se dispensa nalguma lei humana não se dispensa da obediência à lei, mas determina-se que aquilo que era lei não o seja em tal caso. Os que governam a multidão podem dis­pensar nas leis humanas quando falham nalgum caso, ou em necessidade iminente, ou quaudo não convém a alguma pes­

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81 DIVÓRCIOsoa. Na lei pública liuraana só pode dispensar aquele de quem a lei tem autoridade, ou aquêle a quem a comunica. Das leis gerais da Igreja só o Papa pode dispensar, ou os Bis­pos, se o Papa lhes der êsse poder, ou se fôr difícil o recurso à Santa Sé e houver perigo de grave dano na demora (C. 81). Os Bispos podem dispensar nas Diocesanas. Da lei eclesiás­tica não se deve dispensar sem causa justa e razoável (C. 84).

DISPENSA MATRIMONIAL é a dispensa dalgum impedimento eclesiás­tico para o Matrimônio, concedida por quem tem o direito de dispensar nalgum caso particular. Só o Papa pode dispensar de todos os impedimentos de Direito eclesiástico (C. 1040). A dispensa, porém, não pode ser concedida sem que haja causa grave para a pedir. Os Bispos e mesmo os Párocos podem dispensar em casos especiais indicados no Código de Direito Canônico (C. 1043 e segs.).

DIVÓRCIO é a separação dos cônjuges com a intenção de não torna­rem a viver sob o mesmo teto. Pode ser: a)—pleno, e consiste na separação para passar a outras núpcias, o que nunca é lícito; b)— semi-pleno, e consiste na separação dos cônjuges sem intenção de romperem o vínculo conjugal, o que é lícito havendo causa. As causas são: adultério de um dos cônjuges; afastamento da verdadeira Religião para a apostasia ou here­sia ; grave dano para a alma ou para o corpo; mútuo consen­timento. O Matrimônio válido e consumado não pode ser dissolvido por nenhuma, Autoridade humana (C. 1118).Sôbre a indissolubilidade do Matrimônio escreveu o Apóstolo S. Paulo o seguinte : «Áqueies que estão unidos em Matrimônio mando, não eu mas o Senhor, que a mulher se não separe do marido e, se se separa (por causa justa) que fique sem casar ou que se concilie com seu marido. E o marido da mesma maneira não deixe a sua mulher» (Ep. I Cor. V II , 10, 11). E Jesus Cristo já tinha condenado o divórcio com estas pala­vras: «Qualquer que repudiar a sua mulher e se casar comoutra comete adultério contra a sua primeira mulher. E, se a mulher repudiar o seu marido e se casar com outro, comete adultério» (Ev. S. Mar. X , 11). É, pois, absolutamente proi­bido por lei divina que os casados, se tiverem de se separar

Fi. 6

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DOMINGOpor causa justa, façam novo casamento, enquanto ambos fôrem vivos. Não podem os fiéis aceitar o divórcio pleno embora seja admitido pelo Poder civil.

DÍZIMO é a porção de bens materiais que os fiéis devem aos Párocos, para sua decente sustentação, e à Igreja p ara as despezas do culto e para a sua conservação. É uma obrigação imposta pelo V Mandamento da Igreja.

DOGMA CATÓLICO é uma verdade divina que a Igreja propõe à nossa fé, e em que devemos crer, sob pena de cairmos em heresia. Os principais Dogmas da nossa Fé estão contidos no Símbolo dos Apóstolos ou Credo. Não pode ser considerado católico aquele que nega alguma das verdades ensinadas pela Igreja como dogma católico ou verdade divinamente revelada.

DOMICÍLIO é o lugar onde alguém habita com intenção de longa per­m anência ; não o perde pelo facto de ausência temporária.

QUASI-DOMIClLIO é o lugar onde alguém habita durante a maior parte do ano, com intenção de regressar ao seu domicílio. Pode, pois, alguém ter domicílio numa paróquia e quási-domicí- lio noutra. A espôsa não legitimamente separada retém o domicílio de seu marido, e os filhos menores, embora ausentes da casa paterna, têm o seu domicílio onde os pais habitam (C. 92, 93).

DOMINGO é chamado entre os cristãos o dia do Senhor. Por preceito divino os Judeus santificavam um dia na semana, que era o Sábado. Não trabalhavam e reüniam-se nas Sinagogas para orar e ouvir a palavra de Deus. Os cristãos, em memória da Ressureição de Jesus Cristo, substituíram o dia de Sábado pelo dia de Domingo, cumprindo nesse dia a lei divina da san ­tificação de um dia ua semana. É, pois, lei dos cristãos abs- terem-se de trabalhos servis e ouvirem Missa todos os Domin­gos do ano. Entende-se por trabalhos servis aquêles em que o corpo tem maior parte que o espírito, e que tendem ordinà- riamente para benefício do corpo, como são o cultivar a terra, qualquer trabalho dos trabalhadores e dos operários e outros

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83 DOTES DOS C OR P OS GLORI OSOS

semelhantes. Da santificação do Domingo resultam grandes benefícios para a família, para a sociedade, como para o indi­víduo; grandes benefícios de ordem material, moral e religiosa

DONS DO ESPÍRITO SANTO são hábitos sobrenaturais que dispõem as faculdades a obedecer prontam ente à moção do divino Espírito Santo. Posto que as virtudes movam aos actos bons, os Dons são necessários para a prática dos actos mais perfeitos e para actos heróicos. Nisso se distinguem as virtudes dos Dons do Espírito Santo. São sete :

I Sapiência — move-nos a julgar rectamente das coisas divinas e a dedicarmo-nos a elas.

II Entendimento — faz-nos penetrar as verdades da Fé.III Conselho—dirige-nos em tôdas as c ircunstâncias particula­

res da vida.IV Fortaleza—aperfeiçoa a vontade, quanto aos nossos deve­

res em ocasião de perigo.V Ciência— faz-nos julgar acertadamente das coisas humanas.

VI Piedade — aperfeiçoa a vontade, quanto aos deveres relativos ao próximo e a Deus.

VII Temor de Deus — aperfeiçoa a vontade, quando é neces­sário resistir ao atrativo dos prazeres proibidos.

DOTES DOS CORPOS GLORIOSOS são disposições próprias dos corpos ressuscitados que fazem com que o corpo se sujeite perfeita­mente à sua alma. Sào quatro :

1 Claridade — O vidro é feito de areia. A areia não brilha; feita vidro e recebendo a luz do sol, brilha, reflecte o mesmo. Assim o nosso corpo ressuscitado quando rece­ber a glória que a alma goza.

II Subtileza — O nosso pensamento penetra, entra por tôda a parte e o nosso corpo agora fica onde está. Quando ressuscitar segue a alma, vai a tôda a parte como agora o nosso pensamento.

III Agilidade — Como o vento leva uma palha, assim a alma levará o corpo onde ela quiser e em tempo imperceptível.

IV Impassibilidade — O corpo ressuscitado para o céu não sofrerá, não m o r re rá ; gozará a vida eternamente feliz da alma junto de Deus.

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DULIA 84DOUTORES DA IGREJA. Dá-se êste nome aos escritores eclesiástico»

que se distinguiram dos outros pela excelência da doutrina que ensinaram.São quatro na Igreja Ocidental ou Latina: S. Ambrósio, S. Jeró- nimo, S. Agostinho, S. Gregório Magno. São quatro na Igreja Oriental ou Grega: S. Atanásio, S. Basílio, S. Gregório Nazianzeno, S. João Crisóstomo. Além destes, que são maiores, há outros Doutores da Igreja, que são mais recentes: S. Tomaz de Aquino, S. Boaventura, etc. A sua doutrina, nas coisas divinas, goza grande autoridade na Igreja, pela ciência que possuem e pelo zêlo da verdade.

DOUTRINA CRISTÃ é a doutrina de Jesus Cristo, que os Apóstolos prègaram e que a Igreja Católica ensina. Consta de verdades que os cristãos devem crer, de Mandamentos que devem cum­prir, de Sacramentos que precisam de receber, de promessas cuja realização hão-de pedir. {Tem por flm preparar os homens para viverem virtuosamente, para glorificarem a Deus devidamente, p ara conseguirem a felicidade eterna após a morte. É dever grave dos pais ensinar a doutrina Cristã aos seus filhos o dar-lhes exemplo de que a praticam.

DUELO é a luta entre duas ou mais pessoas, feita por pacto privado quanto ao tempo e lugar de combate, com armas aptas para m atar ou ferir gravemente.O duelo é condenado pela lei da Igreja, que impõe a pena de excomunhão aos que se batem em duelo, ou simplesmente a êle provocam ou aceitam, assim como aos seus cúmplices, e aos que auxiliam ou favorecem os duelistas, aos que de pro­pósito deliberado assistem ao duelo, aos que o permitem ou não o impedem, se podem. A igreja impõe a nota de infames aos duelistas e aos chamados padrinhos do duelo (C. 2351), e recusa sepultura eclesiástica aos que morrem em duelo ou de ferimento nele recebido, a não ser que tenham dado sinais de arrependimento (C. 1240).

DULIA. — Ver a palavra CULTO.

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86 EMOLUMENTOS PAROQUIAIS

E

ECUMÊNICO significa universal, e diz-se particularmente de um Concilio quando se quer dar a entender que é reconhecido por tôda a Igreja.

EDUCAÇÃO é a progressiva e harmônica cultura das faculdades, pelas quais as crianças, pouco a pouco e ordenadamente, se fazem homens perfeitos. Na educação hão-de in te rv i r : 1.° — Os pais, cultivando as boas qualidades e propensões dos filhos, dirigin­do-os à prática da virtude, para que consigam o seu fim n a tu ­ral e sobrenatural. 2.°— O Estado, suprindo as deficiências dos pais, com escolas para formar bons cidadãos, que consigam o mesmo fim natural e sobrenatural. 3.° — A Igreja, minis­trando aos baptizados a formação morai e religiosa que os fortaleça contra a corrupção do meio em que se encontram. A instrução e educação religiosa e moral dos fiéis deve logo, desde a infância, ocupar o primeiro lugar na sua formação, e intensificar-se e ampliar-se paralelamente ao desenvolvimento da inteligência e dos conhecimentos profanos de cada um (C. 1372).Alguns meios a empregar para a educacão das crianças :a) inculcar os princípios morais e religiosos;b) dar bom exemplo em tu d o ;c) moderar e guiar as paixões logo ao despertar;d) cultivar a inteligência com o estudo, com a meditação, com

o costume de nada empreender senão por um motivo honesto e so bren a tu ra l ;

e) impedir ou vencer hábitos maus;f ) e v i t a r e x c e s s o s q u e d e b i l i t e m o c o r p o e p e r t u r b e m o 3 i s t e m a

n e r v o s o ;g) exercitar virilmente e constantemente a vontade, mesmo

nas pequenas co isa s ;h) o rar e freqüentar os Sacramentos.

EMOLUMENTOS PAROQUIAIS são lucros eventuais que o Pároco tem direito a receber dos seus paroquianos por serviços que lhes presta, segundo o costume aprovado, ou legítima taxação.

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ENDOENÇAS 86

Não deve, em regra, o Pároco deixar de receber o que lhe per­tence como Pároco, nem fazer favores que possam vir a preju­dicar o seu sucessor. Os emolumentos temporais recebidos pelo Pároco não são salários do seu ministério, que é espiritual; são simplesmente subsídios para a sua sustentação, e a êles tem direito ainda que possua outros bens. É obrigado, porém, a distribuir o supérfluo pelos pobres ou por obras pias (C. 1473). Àqueles que não puderem pagar por falta de meios, não deve o Pároco negar o seu ministério gratuito (C. 463).

ENCÍCLICA é uma Carta circular dirigida pelo Papa a todos os Bispos, ou aos de uma Nação somente, versando algum assunto de interêsse geral para a Comunidade cristã.

ENDOENÇAS. Dá-se êste nome às cerimônias litúrgicas que se cele­bram nos três últimos dias da Semana Santa, comemorando a instituição da Missa, a paixão e a morte de Jesus Cristo, e a sua Ressurreição.As igrejas não paroquiais não podem fazer as funções da Semana Santa sem solenidade, isto é, segundo o Memoriale E ituum a não ser com Indulto da Santa Sé (S. C. R.). Na Quinta-feira santa não deve tapar-se a luz das janelas da igreja com panos pretos ou quaisquer outros. Quando se não fazem as funções da Semana Santa pode conservar-se a píxide no seu altar até ao sol posto, para que os fléis possam adorar o SS. Sacramento, mas a píxide não pode ser exposta à bôca do Sacrário. Nas igrejas paroquiais em que não se celebram as funções da Semana Santa pode o Pároco, com licença do Bispo, dizer Missa rezada, e também com a mesma licença, pode cantar Missa, mas não pode fazer a procissão do SS. Sacra­mento. Não pode tolerar-se que o altar-mór seja o altar da exposição do SS. (S. C. R.). As solenidades de Quinta-feira não podem separar-se das de Sexta, mas podem fazer-se as de Sábado sem aquelas (S. C. R.). A Missa de Sábado deve ser prece­dida da benção do lume e do círio pascal. A benção da água para o Baptismo é obrigatória em tôdas as igrejas paroquiais. Desde a Missa de Quinta-feira até à Missa de Sábado não se tocam os sinos, nem música na igreja, em sinal da tristeza que causa a lembrança da Paixão e morte de Jesus Cristo.

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87 EPIFANÍAOs actos principais que se celebram Q uin ta-fe ira Santa são '•a) — a Missa solene, que recorda a instituição da Sagrada Eucaristia; b) —a procissão do SS. em seguida à Missa; c)—a desnudação dos altares, depois da procissão, cerimônia que recorda Jesus despojado dos seus vestidos para ser açoitado;d)—o lava-pés, feito à tarde, que recorda o acto de humilhação praticado por Jesus Cristo lavando os pés aos seus discípulos, após a última Ceia. Os actos principais de Sexta-feira são: a )— o canto da Paixão, que deve ser ouvido de pé; b)—a ado­ração da cruz, à qual é nesse dia prestado um culto especia l;c) —a procissão do SS., e a Missa chamada dos pressantificados, porque o Sacerdote não consagra, mas comunga a Sagrada Hóstia consagrada na v éspera ; d) —a procissão chamada do entêrro, porque nela é levada a imagem de Jesus morto.Os actos principais de Sábado Santo ou Sábado de Aleluia são: a)—a benção do fogo; b)—a benção da pia baptismal, seguida da Ladainha de todos os S an tos ; c) — a Missa solene.

ENFERMIDADES Muitas das nossas enfermidades são uma conse­qüência dos nossos pecados. Quando doentes, recorremos aos remédios para obtermos a cura, e por vezes gastamos nisso os nossos haveres. E também, se temos fé, recorremos ao poder de Deus por meio da oração, com o mesmo fim de recuperarmos a saúde.As enfermidades da alma são muito mais perigosas que as do corpo; estas são passageiras, purificadoras ou expiatórias, aquelas fazem perder a amizade de Deus e, se não forem cu ra­das pela Confissão sacramental, levam às penas do inferno. Sem desprezar a cura do corpo, cuidemos principalmente de obter o perdão dos nossos pecados.

EPIFANÍA é a festa que a Igreja celebra no dia 6 de Janeiro, para comemorar a manifestação de Jesus Cristo aos gentios, nas pessoas dos Reis de Nações pagãs. Esses Reis que segundo a tradição eram três — Melchior, Gaspar e Baltazar — viram aparecer no Oriente uma estrela de extraordinário brilho. Resolveram seguir a direcção da estrela e, guiados por ela, foram a Belém, onde tinha nascido e ainda estava o Menino

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E SCÂNDALO 88

Jesus. Adoraram Jesus, ofereceram-lhe valiosos presentes — ouro, mirra, e incenso — e voltaram para os seus Países anun­ciando que tinha nascido Jesus, o Filho de Deus, que era esperado como Salvador do mundo.O dia da Epifania é dia Santo de Guarda.

EPISCOPADO é uma Ordem sagrada e suprema, que confere a quem a recebe o poder de conhrmar os fieis, ordenar os Minis­tros do altar, e consagrar as coisas pertencentes ao culto religioso.Os Bispos na sua Ordenação recebem a plenitude do Poder Sacerdotal: Poder de Ordem , para ordeuarem os ministros do altar; Poder de Jurisdição , para governarem a Igreja. Embora o Papa seja o Chefe da Igreja Católica e Superior aos Bispos, não é dêle que recebem a Jurisdição e sim do Espirito Santo, que os estabeleceu Bispos para governarem a Igreja de Deus como sucessores dos Apóstolos.Também se entende por Episcopado o Corpo Episcopal, isto é, os Bispos considerados como um corpo moral.

EREMITAS eram ascetas cristãos que aspiravam a uma vida mais perfeita no Cristianismo, e que se separavam da convivência social para viverem no deserto. Faziam voto de castidade, abstinham-se do uso de carnes e de vinho, repartiam os seus bens com os pobres, e viviam pobremente.

ESCANDALO é o que se diz, se faz, ou se omite menos rectamente, embora licitamente, dando a outrem ocasião de cair em pecado, ou causando-lhe alguma ruína espiritual. O escândalo pode ser dado directamente, se há intenção de levar outrem ao pecado; ou indirectamente, se somente se prevê que outrem cairá em pecado.É severamente condenado por Jesus Cristo, quado diz : « Aquele que escandalizar um dêstes pequeninos que crêm em Mim, melhor é que se lhe pendure ao pescoço uma mó de atafona e seja lançado ao fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos» (Eu. S. Mat. X V I I I , 6.)Quem escandaliza fica obrigado a reparar o escândalo dado, umas vezes por caridade, outras vezes por motivo de justiça.

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89 E S C R Ú P U L O

Devemos, pois, abster-nos de tôda a palavra ou acção de que possa resultar escândalo para alguém.

ESCAPULÁRtO dos Religiosos é uma tira larga de pano que os Reli­giosos trazem sôbre o hábito, e que dos ombros desce ao longo do peito e das costas.Para os simples fiéis o escapulário consta de dois bocados de pano unidos por dois cordões que se suspendem ao pescoço, ficando uma parte para o lado do peito e outra para o lado das costas. O escapulário é um distintivo para os fiéis que entram nalguma Ordem Terceira ou Confraria que concede êsse privilégio, e ao seu uso andam anexas muitas indulgên­cias. Para as lucrar é necessário receber nos ombros o esca­pulário, benzido por Sacerdote que tenha a faculdade de o benzer, trazê-lo ao pescoço dia e noite, e ter o nome inscrito no Registo da Ordem Terceira ou da Confraria. Só o primeiro escapulário— o da imposição — tem de ser benzido; qualquer outro que o substitua não carece de benção,excepto o das Ordens. 0 escapulário de algumas Associações pode ser substituído por uma medalha de metal, tendo de um lado a imagem do Coração de Jesus, e do outro lado a imagem de Nossa Senhora. A me­dalha tem de ser benzida por quem tem o privilégio de benzer o escapulário.Aquêie que tendo recebido o escapulário o tivesse deixado, mesmo por tempo considerável, nào carecia de nova imposição (a não ser que o tivesse repelido por desprezo ou impiedade), para tornar a trazê-lo e lucrar as Indulgências. Estando dete­riorado o escapulário ou tendo-se perdido, é preciso substitui-lo por outro igual, quer benzido quer não. A medalha que substitui o escapulário pode trazer-se ao pescoço ou de outro modo qualquer, e, se fôr perdida, deve ser substituída por outra, que há-de ser benzida.

ESCRITURA SAGRADA — Ver a palavra BÍBLIA ou CANÔNICOS.ESCRÚPULO é uma ansiedade ou temor excessivo de pecar, sem

razão suficiente. Confunde-se por vezes com a consciência delicada, que é um sentimento que percebe e procura corrigir os menores defeitos, não por julgar que são graves, mas porque

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E SMOL AS 90

impedem de caminhar para a perfeição. Os sinais que dão a conhecera consciência escrupulosa são: pertinácia no juízo, mudança freqüente de opinião, reflexões importunas, ansiedade no modo de falar. 0 grande remédio contra o escrúpulo é aobediência ao confessor.

ESMOLA é qualquer benefício corporal dado ao indigente, por com­paixão, para o aliviar era suas necessidades. A esmola é de preceito divino, pois Jesus disse: «Dai esmola do que é vosso» (Eu. S. Luc. XI, 41) e o Apóstolo S. Paulo escreveu»: Não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir dos vossos bens com os outros, porque com tais sacrifícios se agrada a Deus (Ep. Hebr. X III , 16).A esmola é como que um impôsto suplementar lançado por Jesus Cristo sôbre os ricos em proveito dos pobres, pelos quais se faz substituir. De sorte que quem dá esmola é um auxiliar da divina Providência junto dos necessitados.A esmola deve ser dada, não por vaidade nem com ostentação, mas por compaixão e com caridade, acompanhando a dádiva com alguma palavra carinhosa que console a alma do pobre, e deve ser dada com generosidade, segundo as possibilidades de quem dá e as necessidades daquele a quem é dada. Em casos iguais deve ser dada: a) aos mais indigentes; b) aosde melhor vida m o ra l ; c) aos parentes ; d) aos benfeitores ;e) aos que prestam serviços espirituais.0 pobre deve ver na esmola a bondade da divina Providência, deve ficar, e mostrar-se reconhecido a quem a dá e deve fazer bom uso da esmola recebida.

ESMOLAS. Os Párocos e Superiores das igrejas podem coligir esmo-1 is para a sustentação do culto nas suas igrejas ou capelas, e bem assim para outras obras pias, segundo as prescrições do Bispo ( C . P.). — Ninguém poderá colocar nas igrejas ou capelas públicas, ainda que em propriedade pertencendo a particulares, quaisquer caixas destinadas a receber esmolas ou donativos dos fieis, sem licença do Bispo ou do Sacerdote legitimamente encarregado do culto dessa igreja ou capela, e as chaves dessas caixas pertencem ao dito Sacerdote ou à Associação aí canònicamente erecta (C• P.). As esmolas e

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91 ESPI RI TI SMO

ofertas a alguma igreja, capela, altar, imagem ou corporação eclesiástica, serão sempre aplicadas conforme a intenção do oferente; se esta não fôr expressa nem se puder conjecturar qual fôsse, aplicar-se-ão em actos de Religião ou de piedade (C. P.).

ESPÉCIES SACRAMENTAIS são as aparências do pão e do vinho depois da consagração na Missa sob as quais espécies, que os nossos olhos vêem, sabemos, pela Fé, que está o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo.

ESPERANÇA é uma virtude sobrenatural que nos dá a confiança certa da nossa salvação, mediante os auxílios divinos para a mere­cermos. Esta confiança é fundada na palavra de Jesus Cristo, que disse: « Vós recebereis o cêntuplo neste mundo e a vidaeterna no outro» (Eu. S. Marc. X, 30). E o Apóstolo S. Paulo afirma que «na esperança é que temos sido salvos»; e ainda: «meus amados irmãos, estai firmes e constantes, trabalhando sempre cada vez mais na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor* (Ep. 1 Cor. XV , 58).A esperança anima-nos ao cumprimento do dever, por causa do bem que daí nos resulta, impede de nos prendermos aos bens da terra, que havemos de deixar para recebermos os bens celes tes; consola-nos e eleva-nos o espírito quando somos feridos pela adversidade, pois sabemos que tôdas as penas desta vida não têm comparação com a glória que esperamos na eternidade. Tenhamos pois esperança firme na bondade de Deus e digamos com o Salmista: «Em Vós, Senhor, esperei, não serei confundido eternamente» (Salmo X X X).

ESPIR ITISM O é um conjunto de superstições prejudiciais à Fé cató­lica. Pretendem os espiritas evocar as almas dos finados para saberem delas coisas que não se podem saber natural­mente, ou por meios naturais. Como evocação dos espíritos é i líc i to ; como doutrina é contrário à Fé.A Igreja proíbe assistir a reüniões espiritas, mesmo no caso de os assistentes protestarem excluir todo o pacto com o demônio, e ainda que nessas reüniões nada se ouça contra a doutrina da Igreja, ou se peçam sufrágios pelos defuntos.

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ESTOLA 92Ficam excomungados todos os que tomarem parte activa na t reuniões do espiritismo, ou as promoverem, ou simplesmente a elas assistirem (C. P.).

ESPIRITO SANTO é uma Pessoa Divina, a terceira Pessoa da Santís­sima Trindade. Esta verdade é ensinada pela Sagrada Escri­tura, dizendo Jesus Cristo aos seus Apóstolos que baptizassem «em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo» (Ev. S. Mat. X X V I I I , 19). Com estas palavras proclama que o Espírito é igual ao Pai, que é Deus, e ao Filho, que é igual­mente Deus. Nos Actos dos Apóstolos conta S. Lucas que o apóstolo S. Pedro, repreendendo Ananias, disse-lhe: «Satanás tentou o teu coração para que tu mentisses ao Espírito Santo; não mentisle aos homens, mas a Deus» (Act. V, II).Deus Pai e Deus Filho e Deus Espírito Santo são um só Deus em três pessoas divinas, e, embora estas três divinas Pessoas operem igualmente em tôda a nossa vida natural e sobrena­tural, atribuímos a Deus Pai a nossa criação, a Deus Filho a nossa redenção e a Deus Espírito Santo a nossa santificação. Peçamos ao divino Espírito Santo que nos conceda as graças precisas para cooperarmos com as graças que lhe pedimos, e nos santificarmos.

ESPOSOS — Ver a palavra CÔNJUGES.ESTAMPAS. Nas estampas religiosas que piedosamente se distribuem

para pedir preces e outros sufrágios pelos defuntos, não devem imprimir-se elogios dos mesmos, nem quaisquer textos da Escritura ou orações, sem a aprovação do Bispo.

ESTOLA era entre os Romanos um pano de linho muito fino e muito limpo, que as pessoas de distinção usavam em volta do pescoço.Como ornamento sacerdotal, é uma longa faixa de sêda com uma cruz no meio e duas nas extremidades, que o Sacerdote usa, caindo dos ombros sôbre o peito, quando exerce alguma função sagrada. Em regra não deve ser usada senão nos actos litúrgicos em que é exigida pelas rubricas. É permitida, mas não é preceituada, ao Sacerdote, para prègar, se êsse fôr o costume.

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93 EUCARISTIAETERNIDADE é a posse perfeita e permanente de vida interminável.

A eternidade em Deus é permanência sem princípio nem flm, sem passado nem futuro; é um presente continuado. Neste sentido eó Deus é eterno. Para nós, a eternidade, ou a vida eterna, começa no momento da morte; nesse momento ter­mina o passado e começa um presente que nunca mais acaba. Então, a alma entra na morada da sua eternidade, que será ou o Céu, embora passando pelo Purgatório, ou o Inferno. E a vida, quer de felicidade quer de tormentos, nunca mais acaba. Eternidade de gôzo no céu com Deus, ou eternidade de tormentos no inferno com o demônio.

EUCARISTIA é um Sacramento que contém, verdadeira, real e subs­tancialmente, o próprio Jesus Cristo sob as espécies do pão con­sagrado, para alimento espiritual da nossa alma. Foi insti­tuída por Jesus Cristo na véspera da sua morte por amor de nós, e foi dada em comunhão aos seus Apóstolos, comunican- do-lhes também o poder de fazerem o mesmo que Êle acabava de fazer. Por isso, tôdas as vezes que um Sacerdote na Missa pronuncia sôbre a hóstia as mesmas palavras que Jesus Cristo pronunciou sôbre o pão — «Isto é o meu C orpo»— a hóstia deixa de ser pão, e nela fica sob as aparências de pão, o Corpo, o Sangue e Alma e Divindade de Jesus Cristo, ou a Eucaristia. É um mistério profundo, mas é um dogma da Fé católica. Devemos adorar a Eucaristia porque ela é o próprio Jesus Cristo, invisível sob as espécies visíveis do pão consagrado. Devemos receber a Eucaristia em Comunhão, porque foi prin­cipalmente para a recebermos que Jesus Cristo a instituiu, dizendo «Tomai e comei. Isto é o meu Corpo» (Ep. ICor. XI, 24). A Eucaristia, que significa acção de graças, é designada por vários nomes: Sagrada Hóstia, porque nos recorda o sacrifício da cruz, de que é em certo modo a renovação incruenta. Santíssimo Sacramento, em razão da sua dignidade, superior a todos os outros Sacramentos. M istério de Amor, porque é o prolongamento da Inca rnação ; — por amor incarnou o Verbo divino, e por amor permanece entre os homens. Vínculo de Caridade, porque é sinal e causa da paz, da concórdia e da unidade na Igreja. Víático, quando é dado aos fiéis moribun­dos como alimento no seu caminho para a pátria celeste.

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EVANGELHO 94

Jesus Cristo permanece na Eucaristia enquanto as espécies sacramentais nào estão inteiramente corrompidas; está na hóstia consagrada no mesmo estado de glória, de felicidade e de impassibilidade como está no Céu, e está nào com as dimensões da sua quantidade material e com a sua extensão, mas no estado de substância, como a substância do pão está sob as suas espécies, pois o Corpo de Jesus Cristo substitui a substância do pão, e só no Céu está com as suas proprieda­des de dimensão.Nas igrejas onde está a Sagrada Eucaristia deve haver ao menos uma Missa cada sem ana .— Com licença do Bispo pode conservar-se a Eucaristia nas capelas públicas e nas semi- -públicas das casas pias ou religiosas. Para se conservar a Eucaristia noutras capelas é necessário Indulto Apostólico, mas o Bispo pode conceder essa licença e somente para capela pública, havendo justa causa e per moáum actus (C. 1265). — A Eucaristia não pode ser conservada habitualmente senão num altar da mesma igreja, e convém que esteja noaltar-mór, excepto nas igrejas Catedrais e Colegíadas onde, por causa dos Ofícios eclesiásticos, deve estar numa capela lateral (0. 1268). A Eucaristia deve conservar-se em sacrário inamovível, colo­cado no meio do altar, e a chave do sacrário deve ser cuidado­samente guardada, à responsabilidade do Reitor da igreja (C. 1269). — Diante do sacrário deve haver ao menos uma lâm­pada, acesa dia e noite, alimentada com azeite ou cera (C. 1271).

EVANGELHO é o primeiro livro do Novo Testamento, o livro sagrado que narra a vida de Jesus Cristo, com o fim de crermos que Êle é Deus, e para que crendo pratiquemos a sua doutrina sigamos os seus exemplos, vivamos santamente, e consigamos a felicidade eterna.Jesus Cristo mandou prègar o Evangelho em todo o mundo, dizendo aos seus Apóstolos: «Ide por todo o mundo, prègai o Evangelho a tôda a criatura» (Eu. S. Mar. X V I , 15). E não há outro evangelho senão aquêle que Jesus prègou na Palestina e mandou prègar em todo o mundo. Assim o afirma o Apóstolo S. Paulo, dizendo: «Ainda que nós mesmos ou um Anjo do Céu vos anuncie ura Evangelho diferente do que vos anunciamos, sej i anátema » (Ep. Gral. I, 8).

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95 EXCOMUNGÃO

Devemos tomar o Evangelho como Regra de conduta para a nossa vida moral, guiados sempre ptda Autoridade da Igreja, à qual Jesus confiou o seu ensinamento, e devemos repudiar como falsa e errônea tôda a doutrina, seja de quem fôr, que estiver em oposição como a doutrina do Evangelho.

EVANGELISTAS são os quatro escritores que redigiram o Evangelho, isto é: os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua vida, morte, ressurreição, e ascenção ao Céu. São os dois Apóstolos S. Mateus e S. João, e S. Marcos discípulo de S. Pedro, e S. Lucas, companheiro de S. Paulo.

EXAME DE CONSCIÊNCIA para a Confissão, consiste em procurar conhecer os pecados cometidos depois da última Con­fissão.Para fazer o exame de consciência, implora-se o auxílio de Deus, e interroga-se cuidadosamente a consciência sôbre se os nossos pensamentos, as nossas palavras, acções e omissões têm sido conforme ou contra os Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja e os deveres do nosso estado. Nesta investigação deve-se procurar saber não sòmente a qualidade dos pecados cometidos, mas também, quanto possível, o número dêles, e a sua gravidade.

EXCOMUNHÃO é uma censura eclesiástica ou pena canônica, pela qual o cristão delinqüente e contumaz é privado dos bens espi­rituais de que a Igreja é dispensadora. Disse Jesus: «Se teu irmão pecar contra t i . . . di-lo à Igreja, e se não ouvir a Igreja tem-no por ura pagão ou um publicano» isto é, como um separado da Igreja (E v. S. Mat. X V I I I , 17).A excomunhão é a maior pena que a Igreja impõe aos seus súbditos. Os bens espirituais de que o excomungado fica privado são: a) da participação das orações públicas que a Igreja faz por todos os fiéis: b) de administrar e receber os Sacramentos; c) de assistir aos ofícios divinos, excepto aog sermões; d) de ser sepultado com honras litúrgicas.A Igreja excomunga ou afasta os indignos, não para que se percam, mas para que se convertam e se salvem; para que se conserve a disciplina eclesiástica, e para que os fieis não se

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EXPO SI ÇÃO DO S A N TÍ S SI M O 96

corrompam com os maus exemplos do excomungado. Só os Bispos e Prelados maiores podem excomungar, porque só êles têm jurisdição no fôro judicial.

EXÉQUIAS são honras litúrgicas que a Igreja presta àquele que faleceu em paz com Deus. — Ver a palavra FUNERAL.

EXERCÍCIOS ESPIR ITUAIS são práticas que, por meio de exames de consciência, de oração vocal e mental, e de outros actos de vida espiritual, têm por fim preparar e d ispor a alma para t ira r de si tôdas as afeições desordenadas, e, depois de tiradas, procurar conhecer a vontade divina para a seguir, confor­mando com ela a vida. Os exercícios espirituais são feitos no silêncio do recolhimento, onde não cheguem as notícias mun­danas, nem as ocasiões de dissipação do espírito.São os meios mais aptos para cada um se conhecer e conhe­cer a vontade de Deus a seu respeito. Quem os faz com as devidas disposições ganha sempre em perfeição espiritual.

EXORCISMOS são orações que o Sacerdote reza, iuvocando o nome de Deus, para expulsar o demônio do corpo dos obsessos. Ninguém, nem mesmo o Sacerdote, pode ler os exorcismos aos obsessos sem licença expressa do Bispo (G. 1151), e essa licença só é concedida depois de ter averiguado por meio de uma investigação cuidadosa e prudente, que o exorcismando está realmente obsesso.

EXO RCISTA é aquele que recebe a Ordem do Exorcistado, a qual confere o poder de expulsar os demônios dos corpos dos pos- sessos, e de preparar a água que há-de ser benzida para as bênçãos litúrgicas usadas na Igreja. Segundo a disciplina actual, nem os Exorcistas nem mesmo os Sacerdotes podem exercer o poder de fazer os exorcismos sem autorização ex­pressa do Bispo (C. 1151).

EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIM O pode fazer-se sem licença do Bispo, com a píxide à bôca do sacrário, havendo causa justa (C. 1274), mas não depois do sol pôsto sem licença do Bispo (S. C. R.). A Exposição solene só se pode fazer sem licença do Bispo

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EXTHKMA- LXÇÃO 97

no dia do Corpo de Deus e deutro da sua Oitava, durante a Missa, e a Vésperas (C. 1274). Durante a Exposição com a píxide à bôca do ;Sacrário devem arder 6 velas, ao menos. Durante a Exposição, sob dossel ou baldaquino, devem arder lá velas. Sendo a Exposição no trono, devem ardt r 16 velas, ao menos, e na devoção d .s Quarenta Horas cie vem arder 20, pelo menos, não sendo permitido substituir as velas exigidas por lâmpadas eléctricas. Na Exposição privada a píxide deve ficar dentro do Sacrário, tirando-se apenas para dar a benção (S. C. R.). Sem licença do Bispo não se pode dar a benção do Santíssimo mais de uma vez por dia na mesma igreja, salvo se aí tiverem a sua sede várias Confrarias ou Associações pias (S. C. R.). Nunca se pode dar a benção do Santíssimo sem o véu de ombros, que deve ser sempre cb côr branca. Na benção com a custódia é indispensável que o celebrante revista também o pluvial. Durante a benção, nem os sacer­dotes, nem os músicos, nem quaiquer outras pessoas podem cantar coisa alguma, devendo haver profundo silêncio (S. C. R.). A incenS'jção é necessária na Exposição solene; é facultativa na particular.É proibido colocar sôbre o altar em que eslá o Santíssimo exposto quaisquer imagens ou relíquias, com excepção das imagens dos Anjos em adoração (S. C. R.). Na Exposição solene far-se-à a incensação, tanto na ocasião da exposição como depois do Genitori , ainda que entre a exposição e o Tantum ergo não tenha havido nenhumas preces, mas neste caso não se faz nova imposição de incenso (S. C. R.). Não é lícito intercalar entre o Tantum ergo e o Genitori , assim como entre êste hino e a oração Deus qui . . . e entre esta oração e a benção, nenhumas outras preces (S. C R.).

EXTREMA-UNÇÃO é uirQSacramento que Jesus Cristo instituiu para alívio da alma, e também do corpo, dos enfermos que estão em perigo de morte. Já os Apóstolos administravam êste sacramento, como se afirma em S. Tiago, gdizendo: «Está entre vós algum enfermo? Chame os Prebísteros da Igreja e orem sôbre êle, ungindo-o com óleo em nome do Senhor, e a oração (nascida) da fé salvará o enfermo, e se estiver em peca­dos serdhes-ão perdoados (Sp. S. Tiag. V, 14, 15).— Este Sacra-

Fi. 7

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98 FATALI SMO

meuto só pode ser administrado ao fiel que, depois de ter atingido o uso da razão, se veja em perigo de morte, ou por causa da enfermidade ou pela velhice (C. 940), mas não pode ser conferido aos que perseveram, de modo contumaz, impeni- tentes, em manifesto pecado mortal. Se disso houver dúvida, seja conferido sob condição (C. 942). Na mesma doença não se pode receber a Extrema-unção mais de uma vez (C. 940). Se o enfermo tiver expirado há pouco tempo, deverá ser ungido sob condição (Const. Bisp. Coimbra).

F

FALSO TESTEMUNHO é o depoimento contrário à verdade. É mais grave quando feito em juizo por aquêie que ju rou dizer a ver­dade. É sempre proibido. Está escrito na Lei de Deus; « Contra o teu próximo não dirás falso testemunho » (Exod. XX. 16). As testemunhas citadas pelo Juiz têm obri­gação de dizer a verdade, e só a verdade, sem atenção aos interesses de ninguém e só aos interesses da Justiça. Uma testemunha falsa fica obrigada a reparar todoj o dano que maliciosamente causou ao próximo, ainda que lhe custe igual ou maior dano, e também a retratar-se do testemunho dado, se tanto fôr necessário para restabelecer a Justiça.

FAMÍLIA. Foi fundada por Deus quando deu Eva por companheira a Adão, abençoando-os e dizendo-lhes que se multiplicassem. Sempre que uma mulher aceita unir-se a um homem, com a benção de Deus dada à face da Igreja, com o fim de terem filhos, fica constituida legitimamente uma família cristã.Os membros de uma família que formam o lar doméstico devem propor-se os seguintes fins: a) o bem estar, pelo trabalho de todos; b) a paz, suportando-se mutuamente; c) a alegria, dedi­cando-se ainda que com incomodo p ró p r io ; d) a vida virtuosa, sendo fieis à lei de Deus e à lei da Igreja; e) o auxílio mútuo, sobretudo nas dificuldades e nas doenças.

FATALISMO é um sistema doutrinário, que afirma serem as acções humanas reguladas por uma necessidade exterior e superior

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F E LI CI DAD E 99ao mundo. Esta doutrina é a negação absoluta da nossa liber­dade e da nossa responsabilidade. A verdade é esta : os acon­tecimentos produzidos na natureza física seguem a ordem esta­belecida pelas leis que Deus impôs à natureza ; os actos hum a­nos são produzidos pela vontade do homem, pois a Providência divina não nos dispensa do uso das nobres faculdades de que nos dotou. Portanto, o que fazemos não o fazemos por assim estar escrito mas porque o queremos fazer; depois é que fica escrito na nossa consciência e no livro da vida de cada um, e é por êle que Deus nos há-de julgar e sentenciar.

FÉ. É uma virtude sobrenatural que Deus infunde em nossa alma, para crermos em tudo o que revelou, só por causa da sua Autoridade, pois não se pode enganar nem pode enganar-nos. Assim nos ensina S. Paulo, dizendo: «A nossa fé não se funda na sabedoria dos homens, mas na virtude de Deus» (Ep. 1 Cor. II. 5).A realização das Profecias acêrca de Jesus Cristo, os milagres que operou e os que têm sido operados em seu nome, a pureza da sua doutrina imutável, a vida santa dos que a seguem, a constância dos Mártires do Cristianismo, são motivos que bastam para darm os fé ao que a Igreja católica nos ensina ter sido revelado por Deus.O Apóstolo S. Pedro diz que «o fim da nossa fé é a salvação das almas» (Ep. I. Ped. 1,9). É -n o sd e ta l modo necessário ter fé que quem não a tem será condenado. Foi Jesus Cristo que o afirmou {Ev. S. Mar. X V I , 16). Todavia não basta ter fé para nos salvarmos, pois Jesus disse também que é igualmente necessário guardar os Mandamentos para termos a vida eterna (Ev. S. Mat. X IX , 17). A nossa fé deve ser firme e un iversa l , crendo em tudo o que a Igreja Católica ensina ter sido reve­lado por Deus; e prática, levando-nos a viver de harmonia com os Mandamentos da Lei de Deus.

FELICIDADE. Os homens fazem consistir a sua felicidade em cinco coisas : no prazer, na riqueza, no poder, na dignidade, na honra. Posto que sejam coisas apreciáveis, a razão e a expe­riência mostram que é ilusão perigosa procurar a felicidade nos bens da vida presente. Todos são contingentes, fugitivos.

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1 0 0 FIÉIS

Só os bens do Céu são eternos, por isso só êles fazem o homem feliz após a sua passagem pelo mundo. Jesus Cristo d isse: «Não queirais entesourar para vós tesouros na terra, mas entesourai para vós tesouros no Céu». A felicidade no Céu é tal que o Apóstolo S. Paulo, a quem Deus concedeu a visão momentânea do Céu, escreveu: <0 que os olhos não viram, nem o ouvido ouviu, nem jàmais subiu ao coração do homem é o que Deus preparou para aqueles que o amam » (Ep. I Cor. II, 9). — É no Céu que se gozam todos os bens e se está isento de todos os males, por tôda a eternidade. Para tanto, basta ter fé e cumprir os Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja.

FESTAS RELIGIOSAS. A palavra festa quere dizer dia feliz, dia agra­dável, ou dia de assembléia solene. O fim das festas religiosas é recordar todos os anos os acontecimentos memoráveis da Religião. Reünem-se os fiéis junto do Senhor de todos; cimentam entre êles a paz e a fraternidade; despertam a lem­brança dos mistérios da Religião, da vida de Nosso Senhor ou dos Santos, e dos benefícios de Deus; levam os homens à gratidão para com Deus; tornam o homem melhor, mais moral, mais espiritual.Nas festas religiosas são reprovados os arraiais, as danças e espectáculos no adro ou junto da igreja, assim como os leilões, quermesses ou rifas (C. P . ) — Não podem adraitir-se nas funções sagradas músicas formadas de homens e de mulhe­res (C. P.) Ao Bispo pertence a aplicação dos saldos das Festas (0. P.).

FESTAS DE PRECEITO — Ver as palavras DIAS SANTOS.FIÉIS são tôdas as pessoas baptizadas que praticam a Religião como

a Igreja Católica ensina. Todos, qualquer que seja a categoria social, têm deveres para com os Sacerdotes, isto é, para com o Papa, os Bispos e os Clérigos em geral. São deveres dos fiéis:a) Considerar os Sacerdotes como embaixadores de Jesus

Cristo, cooperadores de Deus, dispensadores dos mistérios de Cristo, como lhes chama S. Paulo (Ep. I Cor. IV, 1. — Hebr. V, 1 — 3).

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FI LHOS 101

h, Respeitar os Sacerdotes, não obstante as suas imperfei­ções e os seus defeitos, que não destroem o seu carácter sagrado.

c) Amar filialmente os Sacerdotes, que são os seus pais espirituais.

d) Obedecer-lhes em tudo o que diz respeito à ordem espiri­tual, como a Jesus Cristo, que disse aos seus Apóstolos: «Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos despreza, a Mim despreza» (E v. S. Luc. X IX , 16).

e) Preslar-Jhes assistência temporal, isto é, contribuir para a sua sustentação, não sòrnente porque êles dedicam as suas faculdades, o tempo e a saúde ao bem espiritual dos fiéis, mas também por causa da benéfica acção social que exercem na vida das famílias e da sociedade, e ainda porque o seu ministério é incompatível com quaisquer ofícios rendosos. «Se nós vos semeamos as coisas espi­rituais, é porventura muito recolhermos as coisas tempo­rais que vos pertencem?» diz o Apóstolo S. Paulo (Ep. I Cor. IX , 11).

FILHOS têm para com seus pais deveres impostos pela Lei de Deus: «Honra teu pai e tua mãe» (E x . X X , 12). Tão grave é êste dever dos filhos que contra aquêle que não o cumpre está decretada a maldição: «Maldito seja aquêle que não honra seu pai e sua mãe» (Deut. X X V I I , 16). São palavras da Sagrada Escritura.No preceito da honra entram os deveres de respeito, de amor, de obediência e de assistência. Devem os filhos :a) Respeitar seus pais, falando-lhes sempre com humildade

e com a maior consideração, e sofrendo sem queixa as suas exigências e os seus castigos.

b) Amar seus pais, sendo-lhes dedicados, comprazendo-se na sua companhia, sacrificando as próprias comodidades e os próprios prazeres, para lhes serem agradáveis.

c) Ser obediente a seus pais enquanto estiverem sob a sua dependência, como manda o Apóstolo: « Filhos, obedecei a vossos pais segundo a vontade de Deus» (Ep. Efes. VI, 1).

d) Prestar assistência a seus pais, auxiliando-os como pude­rem e segundo as necessidades espirituais ou temporais

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102 F R U T O S DO E S P Í R I T O SANTO

em que os virem, e ainda sufragando a sua alma depois da morte.

O lugar de origem dos filhos é aquêle em que, quando nascem, seu pai tinha o domicílio, ou sua mãe, se é ilegítimo ou pós­tumo. O lugar de origem dos filhos dos vagabundos é aquêle em que nascem, e o dos expostos é aquêle em que são encon­trados (C. 90.)Filhos legítimos são os concebidos ou nascidos de matrimônio válido ou putativo (C. 1114), presumem se legítimos os que nascem depois de seis roêses do dia da celebração do Matri­mônio, ou dentro de dez mêses após o dia em que foi dissolvida a vida conjugal.

FLORES NOS ALTARES. É permitido colocar flores sôbre a banqueta, e não sôbre a mêsa do altar, nem sôbre o sacrário. Nos ofí­cios fúnebres e nos ofícios do tempo do Advento e da Quaresma não se colocam flores no altar, excepto nos Domingos Gaudete e Laetare.

FORTALEZA é uma virtude pela qual a vontade é de tal modo robus- tecida que não desiste de fazer o bem, por muito árduo que êle seja, nem por causa das dificuldades, nem pelo perigo de morte. A virtude da fortaleza manifesta-se principalmente na constância em suportar o pêso da dor. Muito contribuem para conservar a fortaleza, além da oração, a comparação da fragilidade dos bens terrenos com a grandeza dos bens eternos, a previsão dos males a que estamos sujeitos, o costume de agir decididamente nas coisas pequenas, o fervoroso amor de Deus. São virtudes inseparáveis da fortaleza: a magnanimi­dade, a paciência e a perseverança.

FRAUDE consiste em enganar o próximo, ao fazer ou cumprir algum contrato. É uma forma de roubar, acompanhada de mentira e de hipocrisia. Aquêle que engana na qualidade, ou na quantidade, ou no preço do que tiver de vender ou comprar peca contra a jus tiça e fica obrigado a restituir.

FRUTOS 0 0 ESPIRITO SANTO são os efeitos ou produtos dos Dons do divino Espírito Santo. São 12: Caridade, dispõe-nos ao

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F UNE RA L R EL IGI OSO 103amor afectivo e efeclivo para com Deus e para com o próximo. Gôso, faz-nos viver sempre contentes com as disposições da divina Providência. Pas. dispõe-nos a viver sempre de acôrdo com o nosso próximo, ainda que com algum prejuízo de nosso direito. Paciência, torna-nos calmos no meio dos sofrimentos que nos visitam. Benignidade, torna-nos indulgentes e agra­dáveis para com o próximo. Bondade, leva-nos a prestar serviços a outrem, ainda que à custa de incômodos nossos. Magnanimidade, faz-nos suportar o que nào podemos impedir, e esperar a bora favorável para praticarmos o bem e corrigir­mos o mal. Mansidão, detem o mau humor e torna amávei o carácter. Fidelidade, impede de faltar à palavra dada. Modés­tia, acalma a vivacidade nas acções mesmo boas e ensina a reflectir antes de operar. Continência, contém nos devidos limites as exigências dos sentidos. Castidade, leva-nos a tomar precauções, a exercer vigilância e a praticar a mortifi­cação, para evitarmos os perigos contra a pureza.

FUNERAL RELIGIOSO é o conjunto de cerimônias litúrgicas que se fazem junto do cadáver de um cristão que vai ser sepultado. Não obstando alguma causa grave, os cadáveres dos fiéis, antes de serem dados à sepultura, serão transportados do lugar em que se encontram, para a igreja onde há-de efectuar- -se o funeral, isto é, as exéquias descritas nos livros litúrgicos aprovados (C. 1215). Se com justa causa o cadáver não fôr levado à igreja paroquial, ou à igreja do funeral, e no cemitério houver capela apropriada, !evar-se-à lá o cadáver e aí se dirão as preces do Ritual. O cadáver deve ser sepultado no cemi­tério do funeral, a não ser que se escolha outro, ou o falecido tenha sepultura ou jazigo de família (C. 1231).Morrendo alguma pessoa nos três dias antes da Páscoa, será enterrada sem pompa, nem Ofício cantado nem entoado, e somente lhe rezarão em voz baixa os Responsos e Ofício de sepultura; o mais ficará para tempo desimpedido (S. C. B ) . Terminado o funeral, se houver algum discurso por pessoa leiga, o que não é conforme com o espirito da Igreja, os Cléri­gos devem retirar-se (C. P.). No acompanhamento fúnebre não pode ir senão uma cruz (S. C. R.). O govêrno e a direcção do acompanhamento fúnebre, assim como a designação da

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104 FURTO

hora do levantamento do cadáver, é atribuição do Pároco, ao qual são obrigados a obedecer todos os que tomam parte na cerimônia (salvo os direitos de precedência de cada um)(C. 1233). Pertence também ao Pároco determinar o caminho do préstito, o qual será em regra o mais breve e acomodado que para isso houver. Se o cemitério ficar distante da igreja, os Clérigos assistentes ao Ofício (se o houverj poderão reti­rar-se após a Missa exequial. Não é permitido aos Clérigos conduzir os cadáveres do3 leigos, seja qual fôr a dignidade ou condição social dêstes (C. 1233). Não é lícito colocar na eça ou catafalco o retrato do defunto por ocasião das exéquias (S. C. R.), nem pode ser de côr branca o caixão de pessoas adultas.É pouco conforme com o espírito da Igreja o uso de colocar corôas ou flores sôbre o féretro dos adultos, aos quais só apro­veitam os sufrágios. Não devem ser admitidos no préstito fúnebre associações ou insígnias mauifestamente hostis à Reli­gião Católica (C. 1233). As bandeiras benzidas das Associa­ções católicas com hábito leigo devem seguir a trás do féretro.(S. C. R.).A taxa dos emolumentos devidos ao Clero pelos funerais reli­giosos é determinada pelo Bispo (0. 1234). Salvo direito par­ticular, são devidos ao Pároco do defunto os emolumentos do funeral, ainda que se não realize na igreja paroquial própria, excepto se o cadáver não pode ser levado comodamente à igreja da própria paróquia. Se alguém tiver várias paróquias às quais possa ser comodamente levado, e fôr sepultado noutra, fos emolumentos paroquiais são divididos entre todos os Páro- tcos próprios (C. 1236). — (Ver a palavra SEPULTURA). *

FURTO consiste era alguém apropriar-se de coisas alheias contra a a vontade racional do seu dono. É pecado contra a justiça.Mas não é pecado quando a apropriação é feita por motivo de extrema necessidade, pois em tal caso cada um pode apro­priar-se do que lhe é indispensável para sustentar a vida.Não se considera furto aquilo que se tira para bem daquêle a quem se t ira ; como por exemplo, a mulher que tira dinheiro ao marido para que êle não gaste em vícios. O furto é proibido pela lei de Deus, dizendo no VII Mandamento : « Não furtes».

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GE NU FL EX ÃÜ 105

O furto pode ser feito de vários m odos; por violência, como fazem os ladrões ; por dôlo, enganando na quantidade ou na qualidade ou no preço dos objectos a vender; por usura, exi­gindo um juro elevadíssimo no empréstimo de dinheiro, ete. Aquêle que furta fica com a obrigação de restituir.

&

GALHETAS são os pequenos vasos de vidro ou de outra matéria, em que se deita o vinho e a água para a Missa. São colocadas num prato onde cai a água do Lavabo. Devem estar sempre muito limpas, como convém ao serviço em que se empregam.

GEENA, palavra usada na Sagrada Escritura para significar o lugar de tormentos eternos a que os réprobos são condenados. É uma alusão a um vale profundo, onde eram lançadas as imun- dícies da cidade de Jerusalém, as quais ardiam continuamente sem que o fogo se extinguisse.

GENEROSIDADE é uma virtude que imprime à nossa vontade a fôrça precisa para cumprir, com grandeza de ânimo e até ao fim, o que a consciência nos indica ser o nosso dever. Reconhe­cemos se somos generosos se, interrogando a consciência sôbre se poderíamos ter feito mais por melhor cumprir um dever, ela nos responde que fizemos tudo quanto podíamos. A virtude da generosidade manifesta-se principalmente no cumprimento dos deveres de cada dia, nos sofrimentos, e no zêlo.

GENÜFLEXÂO faz-se com os dois joelhos; a) diante do Santíssimo Sacramento exposto; b) diante do sacrário aberto, estando dentro a Hóstia consagrada; c) diante do cofre que encerra a Hóstia consagrada para a Missa dos pressantificados, Quinta e Sexta-feira s an ta .— Faz-se a genuflexão com um joelho : a) quando se passa diante do sacrário fechado, e diante do altar onde se está celebrando a Missa, desde a consagração até à comunhão, e quando está exposto, a não ser quando se chega ao altar da exposição cu quando se s a i ; b) quando se

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106 G RAÇ A

saúda uma relíquia do santo Lenho ou de outro instrumento da Paixão de Jesus Cristo, estando exposta à veneração dos fieis no lugar principal do a l ta r ; c) quando se passa diante do altar durante os actos litúrgicos; (os Prelados, os Cônegos da Catedral, nos actos em que teem direito a revestir-se das insígnias canonicais, e o celebrante paramentado, saúdam a cru* com inclinação apenas); d) Sexta-feira santa, desde que a cruz é descoberta até Sábado de Aleluia depois deN ôa; d) ao Bispo na sua diocese e ao Metropolita na sua Províucia eclesiástica, e ao Cardial. Na presença de um Cardial só a êle e a nenhum outro Prelado se faz a genuüexão.

GÔZO é um movimento da alma que sejeompraz em um bem presente. Como o bem se apresenta à nossa alma ou por intermédio dos sentidos, ou imediatamente pelas faculdades superiores do espírito, assim há gôzos que proveem dos sentidos e gôzos que nascem do espírito. Uns e outros podem afastar-nos de Deus e levar-nos a tôda a espécie de imperfeições e pecados, se não forem convenientemente moderados. O verdadeiro gôzo que uma alma cristã deve procurar, encontra-se em Deus, pois só em Deus descobrimos tôdas as perfeições que podem satisfazer as aspirações da nossa alma. Mas êsse gôzo só pode ser sentido por quem trás a consciência tranqüila, isenta de pecado, e ansiosa por conformar-se com Deus. Não pode sentir êsse salutar e verdadeiro gôzo quem põe a sua afeição e pro­cura prazer nas coisas passageiras, como são as riquezas, as amizades carnais, as comodidades da vida, os vãos prazeres que o mundo oferece.

GRAÇA é um dom sobrenatural que Deus nos concede gratuitamente e pelos merecimentos de Jesus Cristo, para podermos santi­ficar a nossa vida e obter a nossa salvação eterna. A Graça é um bem maior que todos os bens do U niverso ; êstes são para a vida presente que termina com a morte e não mais lhe aproveitam ; a Graça é para a perfeição moral da vida pre­sente e para a vida eterna; é já um princípio da vida celeste em nós, é Deus vindo até nós com o seu auxílio para nós nos elevarmos até Êle. O Apóstolo S. Paulo d iz : «A Graça de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo» (Ep.

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g u e r r a 107Rorn. VI, 23). A Graça de Deus é uma realidade, é alguma coisa como que o reflexo de Deus projectado na nossa alma, um princípio de acção e de fôrça que nos é comunicado do alto. O seu caracter próprio é infundir em nós possibilidades novas, um vigor sobrenatural que não existia na nossa alma. Assim o ensina S. Paulo, dizendo: « Posso tudo nAquele que me dá a fôrça > (Ep. Filip. IV , 13).A Graça é-nos tão necessária que sem ela não podemos ir para o Céu; perdemo-la se cometemos um pecado mortal; recuperamo-la por meio do sacramento da Penitência, ou por um acto de contrição perfeita não sendo possível receber o Sacramento; e conserva-se pela prática de actos de piedade, pela fuga das ocasiões de pecado, e sobretudo pela sagrada Comunhão freqüente.Chama-se Graça actual o auxílio sobrenatural, momentâneo, passageiro, que Deus concede à alma para cada acto bom que praticamos; — Graça habitual, a que permanece na alma enquanto não cometemos um pecado m o r ta l ; — Graça santi- ficante, a que apaga o pecado e nos eleva ao estado de santi­dade ou de união com D eus ; — Graça sacramental, a que recebemos em cada Sacramento, dando-nos a aptidão para cumprirmos de modo sobrenatural os deveres que o Sacra­mento nos impõe.A Graça é comunicada aos homens, servindo-se Deus de vários meios: ou a comunica directamente, inspirando-lhes bons pensamentos e movendo-lhes a vontade para o bem ; ou indi~ rectamente, pela prégação do Evangelho, pelos Sacramentos, e pela oração, na qual o homem está em comunicação com Deus.

6RADUAL era o livro que continha as orações que se cantavam depois da Epístola, à Missa cantada. Agora chama-se Gradual a uns versículos que se lêem ou cantam depois da Epístola.

GREMIAL é um pano que se coloca sôbre os joelhos do Bispo que exerce uma função litúrgica, quando está sentado.

GUERRA é uma luta armada entre duas ou mais Nações, para fazerem vingar pela fôrça os seus direitos, verdadeiros ou pretendidos. TrêR condições hão-de dar-se para que a guerra seja leg ít im a:

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108 HÁBITO

Autorid ide do supremo poder civil, causa justa, intenção recta, a qual intenção consiste no desejo de promover o bem da socie­dade ou de livrá-la de um mal gravíssimo. A causa da guerra é indicada pelo apóstolo S. Tirgo : «Donde vêm as guerrase contendas entro vós? Não \êm elas das vossas paixões que combatem em vossos membros? Gubiçais e não tendes, matais, invejais e não podeis alcançar, litigais e fazeis guerras, e não tendes porque não p^dis (a Deus). Pedis e não recebeis, e isto porque pedis mal, para satisfazerdes as vossas paixões» {Ep. S. Tia. IV , 1-3).Não haveria guerras nem contendas se os homens se subme­tessem à vontade de Deus, se cumprissem os mandamentos do Decálogo e pedissem a Deus luzes e fôrças para dominarem as próprias paixões.

GUiSAMENTOS são a mesma coisa que alfaias da igreja.GULA é o desordenado apetite de comer e de beber. É um dos sete

pecados capitais, mas só é mortal quando o excesso na comida ou na bebida prejudica gravem ente’a saúde'ou impede o uso da razão.São efeitos da gula : o embrutecimento da inteligência, a imo- deração da língua, a propensão para a luxúria, a embriagues, o alcoolismo. Por isso Jesus Cristo nos advertiu, dizendo: «Velai sôbre vós para que não suceda que os vossos corações se façam pesados com demasias de comer e de beber» (Ev. S. Luc. X X I , 34).São remédios contra a gula: a consideração do üm porque nos alimentamos; a observação dos efeitos do excesso da comida e da bebida; a mortificação do apetite ao comer e ao bebere a prática dos exercícios de piedade.

H

HABITO é uma inclinação adquirida pela repetição dum acto, para fazer actos semelhantes. A repetição de um acto dá à facul­dade que o produz uma certa facilidade em praticá-lo, esta facilidade dispõe a faculdade a produzir constantemente o

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H I E R A R Q U I A E CL E SI ÁS T ICA 109

mesmo acto, e dêste modo nasce e se radica o hábito. Os mes­mos actos repetidos, se são maus formam o hábito vicioso ou o vício ; se sào bons formam o hábito virtuoso ou a virtude. O que se faz por hábito voluntàriamente contraído e não retra­tado é irnputável; o que se faz por hábito inadvertidamente contraído ou retratado depois de conhecido, não é impu- táve!.

HÁBITO ECLESIÁSTICO ou clerical é o vestuário próprio dos Eclesiás­ticos, os quais devem trazer hábito decente, segundo os costu­mes iegítimosjdos lugares e as prescrições do Bispo próprio (C. 136).Sem licença do Bispo do lugar, não podem os associados de qualquer Confraria, ainda que erecta por Religiosos, trazer hábito próprio em procissões ou em outras funções sagradas (C. 713, 714).

HEREJE é aquele que, tendo recebido o sacramento dolBaptismo, embora conservando o nome[dejcristão, nega ou põe em dúvida, pertinazmente, alguma das verdades da Fé divina e católica, propostas pela Igreja à crença dos cristãos (C. 1325). Se é notoriamente hereje, fica separado da-união com a Igreja cató­lica e não pode receber os Sacramentos (C. 731).

HERESIA é o êrro voluntário e pertinaz do cristão contra alguma verdade da Fé divina. É pecado gravíssimo, que separa o cristão radicalmente de Deus e do caminho da salvação.

HERESIARCA é o autor de uma heresia, ou o chefe de uma [seita herética.

HETERODOXO é aquele que professa doutrina contrária à doutrina Católica.

HIERARQUIA ECLESIÁSTICA é, por instituição divina, constituída pelos Bispos, Presbíteros e Ministros, sob a Autoridade suprema do Papa, Chefe da Igreja universal (C. 108). Aos Apóstolos deu Jesus Cristo o poder de ensinar, reger e santificar os fiéis,

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110 HOMEM

e a Pedro deu o Primado sôbre os outros Apóstolos, dizendo- -lhes que estaria com êles até à consumação dos séculos.S. Pedro tem como sucessor o Papa ; os Apóstolos têm como sucessores os Bispos, os quais têm como auxiliares os Pres­bíteros e os Ministros ou Clérigos menores. Desta sorte a hierarquia instituída por Jesus Cristo se perpetua na Igreja até à consumação dos séculos.

HIPERDULIA — Vêr a palavra CULTO.HIPOCRISIA é a simulação de pessoa alheia ou o fingimento daquilo

que a pessoa não é. O fim próximo que o hipócrita tem enj vista é mostrar-se diferente do que é ; o fim remoto é o lucro ou a glória. A hipocrisia é sempre um pecado, mas só é mor­tal quando em detrimeuto grave da Fé, ou de pessoa, ou da Igreja.

HISSOPE é uma varinha de madeira com pêlos na extremidade, ou haste de metal terminada por uma esfera com orifícios, que se usa na igreja para fazer aspersão da água benta.

HOLOCAUSTO era, entre os judeus, o sacrifício em que a vítima ficava totalmente consumida pelo fogo. Deste modo manifes­tavam que reconheciam Deus como Senhor Supremo de tôdas as criaturas.

HOMEM é uma criatura composta de corpo organizado mas corruptí­vel, e alma racional, espiritual e imortal. O primeiro homem foi criado por Deus, que o colocou no paraíso terreal em estado de poder ir gozar a felicidade do Céu, depois de passar algum tempo neste mundo sem nada sofrer. Ao primeiro homem, chamado Adão, deu Deus a primeira mulher, Eva, e de ambos descende o gênero humano. Adão ofendeu a Deus, deso­bedecendo-lhe, como o fêz igualmente sua mulher. Como castigo, Deus expulsou-os do paraíso, sujeitou-os e a tôda a sua descendência ao sofrimento e à morte, ficando privados da graça divina, sem a qual é impossível entrar no Céu. Não obstante, o homem é a maior grandeza do mundo em que vive, não pelo corpo, que é fraqueza e corrupção, mas pela alma

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HO NR A 111

espiritual, pela qual conhece, raciocina, e se eleva até ao pró­prio Deus. Honremos a nossa própria grandeza com uma vida honrada, vivendo sempre como homens que caminham para Deus.

HOMICÍDIO é o atentato contra a vida do próximo. É proibido pelo V Mandamento da Lei de Deus.Mas, para ser pecado ou crime grave é necessário que seja voluntàriamente praticado. Não só é criminoso aquele que mata voluntàriamente, mas também aquele que manda, acon­selha, ou fornece armas para matar, e ainda aquele que não impede o assassinato, podendo impedi-lo sem grave inconve­niente. Todavia o homicídio é lícito em caso de legítima defesa, desde que não haja outro meio de defender a própria vida ou os bens de fortuna de valor importante. Quem, usando do direito natural de legítima defesa, mata outrem, não mata para matar, mas para não ser morto por um malfeitor, cuja vida não nos merece mais respeito do que a nossa própria vida.

HOMÍLIA é uma breve explicação do evangelho ou de alguma parte da doutrina cristã, feita nas Missas dos Domingos e Dias Santos a que assistam fiéis, quer nas igrejas, nas capelas, ou oratórios. Não só os Párocos, mas também todos os Sacer­dotes que nêsses dias celebram Missa a que assistem fiéis são obrigados a fazer homilia (C. 1344, 1345 e 0. P.). Dessa obrigação resulta para os fiéis a obrigação de a ouvirem com a intenção de aprender e praticar.

HONESTIDADE PÚBLICA é um impedimento d ir im entedo Matrimônio que nasce de um Matrimônio inválido, quer consumado quer não, e de um concubinato público ou notório. Dirime o Matri­mônio no primeiro e no segundo grau de linha recta entre o homem e as consangüíneas da mulher, e vice-versa (C. 1078).

HONRA é o prêmio de qualquer virtude; é o testemunho da excelência quo há no homem, principalmente da sua virtude. É o máximo bem entre os bens exteriores.Quanto a Deus, pode ser no coração de cada um : quanto aos

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1 12 H U MI LDA DE

homens, tem de se manifestar nos actos exteriores. É devida aos Superiores por causa da sua excelência ; é devida aos que ocupam na sociedade um lugar superior.

HORAS CANÓMICAS são o ofício divino ou a reza do Breviário, que a Lei da Igreja impõe aos Clérigos de Ordens maiores, e que devem recitar a determinadas horas.

HORA SANTA é ura exercício de devoção pedido por Jesus Cristo a santa Margarida Maria, o qual deve durar uma hora passada em oração, recordando a agonia de Jesus no Jardim das Oli­veiras. Êste exercírio pode ser feito em qualquer lugar, e tanto em particular como em comum; mas é preferível fazê-lo diante do SS. Sacramento. Deve ser feito de quinta para sexta-feira, e a qualquer hora desde as 14 horas, mas a hora mais própria é das 23 à meia noite.

HOSANA, canto de alegria, aclamação.HÓSTIA é o nome que se dá ao pedacinho de pão sem fermento, de

forma circular e muito tino, que o Sacerdote consagra na Missa, e sob cujas aparências ou espécies íica, depois de consagrado, o Corpo, Sangue, Aima e Divindade de Noss) Senhor Jesus Cristo, tão realmente como está no Céu. Com a forma redonda foram usadas as hóstias desde os primeiros séculos da Igreja, mas eram grandes, para serem divididas na comunhão aos fiéis. Pela disciplina da Igreja, provàvelraente desde o século XI, o Sacerdote consagra para o Sacrifício da Missa e sua comunhão uma hóstia grande e para a comunhão dos fiéis consagra hóstias mais pequenas. A hóstia é feita de massa de farinha de trigo puro, sem fermento, porque era assim fabricado o pão que os judeus usavam na ceia pascal.

HUMILDADE é a virtude que refreia o espírito, para que não tenda imoderadamente para coisas altas. Tender para coisas altas com confiança em Deus, não é contra a humildade. Esta vir­tude faz-nos conhecer a nossa facilidade e leva-nos a atribuir a Deus tudo o que temos e tudo o que fazemos de bom, pois Jesus disse que «sem Deus nada podemos fazer». Pertence

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113 I DADE CANÔNICA

à humildade considerar os próprios defeitos, para não nos exaltarmos, o que seria orgulho : nem despresarmos os Dons de Deus, o que seria ingratidão. Jesus Cristo d isse: «Aquele que se exaltar será humilhado, aquele que se humilhar será exaltado» (Ev. S. Mat. X X II I , 12): e o Apóstolo S. Pedro escreveu : «Inspirai todos a humildade uns aos outros. Humi­lhai-vos debaixo da poderosa mão de Deus, para que vos exalte no fim da sua visita (ou no vosso julgamento) (I p . S. Ped. V. 56).

HIPNOTISMO é a arte de produzir no homem o sôno por meios mais ou menos científicos, geralmente por aqueles que fatigam os sentidos e debilitam a atenção do que se sujeita a ser hipno- tisado. O meio mais vulgar de hipnotisar é a sugestão ver­b a l : o hipnotisante exprime verbalmente e com império o preceito de dormir, e imediatamente o homem dorme, fica completamente sujeito à vontade do hipnotisante. Não deve ser usado por motivo de curiosidade, por causa dos perigos de ordem física e moral que daí podem resu lta r ; pode ser usado pelos médicos e outros homens de ciência, para cura de alguma enfermidade e por motivo de progresso da ciência, contanto que se observem os direitos da honestidade.

i

IDADE CANÔNICA é a que a Igreja determina aos fiéis para cumpri­rem certas obrigações e aceitarem certos encargos. Assim :a) Ás leis mèramente eclesiásticas ninguém é obrigado antes dos sete anos completos, ainda que tenha chegado ao uso da razão, salvo se a lei determinar outra coisa (C. 12); b) Nin­guém é obrigado à lei da abstinência antes dos sete anos com­pletos, nem ao jejum antes dos 21 anos completos ou depois dos 60 anos começados (C. 1254): c) É considerado de maior idade aquêle que completou 21 anos; d) Só podem receber vàlidamenle o sacramento do Matrimônio o homem depois de 16 anos completos, e a mulher depois dos 14 anos completos (C. 1067) : e) Para en trar no Noviciado de uma Ordem Reli­giosa é preciso ter completado 15 anos (C. 555); para fazer

Fi. 8

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IGR EJ A 114

Profissão religiosa é preciso ter 16 anos completos; para rece­ber o Subdiaconado é preciso ter 21 anos completos; para o Diaconado 22; para o Presbiterado 24 completos (C. 975); para exercer o munus episcopal é preciso ter 30 anos (C. 331). São obrigados ao preceito da Confissão e da Comunhão anual os fiéis que chegam ao uso da razào (C 906).

IDEAL é uma luz que brilha no horizonte da vida guiando-nos para um determinado fim, para o fim a que Deus nos destina. 0 ideal de cada um há-de ser em harm onia com a sua condição com as suas fôrças, com as suas faculdades, com o seu tem­peramento; mas qualquer que êle seja deve ser uma aspiração á verdade, a uma realidade realisável por meio do exercício da virtude. O ideal de cada um pode resumir se em quatro palavras: a) trabalhar contra as suas inclinações viciosas, e por ser útil a si mesmo e à sociedade ; 6) a m a r , saindo do próprio egoismo para se dar ao serviço de Deus e do próximo ;c) sofrer , d izendo : seja feita a vontade de Deus ; d) morrer na graça de Deus ; e) gosar a vida eterna felis no céu

IDÓLATRA é aquêle que adora os seres criados como se fôssem Deus.IDOLATRIA é o culto de adoração prestado a uma criatura. A idola­

tria é um êrro muito antigo. A Sagrada Escritura fala da idola­tria no livro do Gênesis, (Cap. X X X , 1-30 e segs.), dizendo que Raquel furtara os ídolos a seu pai ; na verdade Labão chama­va-lhes os seus deuses, e Jacob chamou-lhes deuses estranhos e abomináveis. A idolatria existe ainda nas regiões onde o Evangelho não é conhecido. Os homens que ignoram Deus inventam deuses a seu capricho, quer sejam os astros ou os animais, ou qualquer outra criatura, e prestam-lhes culto de adoração, sentindo a necessidade de um ser que lhes seja supe­rior e que os proteja. A idolatria é o mais grave dos pecados. Proibiu-a Deus na Antiga Lei, dizendo: «Não tenhas deuses estranhos, nào adores as imagens que fizeres» (Êxod. XX, 3).

IGREJA é o edifício dedicado ao culto divino, com o fim, principal­mente, de servir a todos os fiéis para o exercício público da Religião (C. 1161). As igrejas distinguem-se pelo grau da sua

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IG JREJAdignidade, e tomam vários nomes: Basílica é uma igreja, à qual a Santa Sé concede êsse título honorífico. Catedral ou Sé é a Igreja onde o Bispo tem a sua cátedra ou séde. Paroquial é a igreja, à qual o Bispo dá um Pároco para governar uma determinada porção de fiéis.A igreja tem : Nave, que é o espaço onde se agrupam os fié is ; Cruzeiro . que é a parte transversal da igreja eutre a nave e a capela-mcr ; Côro ou presbitério é a capela-mór, lugar reservado aos Ministros que exercem funções sagradas ; Altar ou altares, onde é celebrada a Santa M issa; Púlpito ou tr ibuna destinada à prègação, Pia baptismal, Confessionário e Pias de água benta.Nenhuma igreja seja edificada ou reparada com modificações da forma primitiva, sem expressa licença do Prelado, dada por escrito. A bênção da primeira pedra de uma igreja e a bêução da própria igreja pertencem ao Bispo (C. 1163, 1156). Não se guardem na igreja objectos estranhos ao culto, nem mesmo os móveis que algumas vezes virão a servir para o culto ou ornato (C. P). Sem licença do Bispo não se ponham na igreja inscrições, estátuas, ou outros monumentos ou corôas fúnebres (S. C. E.). A determinação do lugar onde devem ser colocados na Igreja os dons votivos pertence não ao oferente mas ao Pároco ou Superior da igreja (C. P.). A igreja não pode ter portas ou janelas que comuniquem com casas de seculares. Se tiver subterrâneos ou sótãos, êstes não podem ser destinados a usos meramente profanos (C. 1164). As chaves da igreja assim como as da sacristia e das dependêucias da mesma igreja estejam em poder do Pároco ou do Superior respectivo, ou, com licença dêstes, em poder doutra pessoa de confiança (C. P.). A igreja é execrada quando perde a bênção ou a sagração, o que acontece se esta ou a maior parte fôr destruída e recons tru ída ; em tal caso tem de ser de novo benzida ou sagrada. A igreja é poluta, ou violada, se dentro dela ocorre : homicídio voluntário e injusto ; efusão de sangue humano causada por ferida gravemente inju­riosa ; acções ímpias ou indecentes; sepultura do cadáver de um infiel ou de um excomungado vitando. Mas é necessário que qual­quer dêstes crimes seja notório. Numa igreja poluta não se podem realizar os Ofícios divinos. Tem de ser reconciliada.

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I GR EJ A C ATÓLi CA 116

IGREJA CATÓLICA é a sociedade de todos aqueles que sendo bapti^a- dos, professam a doutrina de Jesus Cristo e obedecem à Auto­ridade do Papa, Vigário de Jesus Cristo na terra. Foi insti­tuída por Jesus Cristo e confiada aos seus Apóstolos, para que fôsse conservada, propagada e praticada em todos os tem­pos e em tôdas as Nações a Religião divina, como Jesus mesmo a ensinou. Para que a igreja fundada por Jesus Cristo se conservasse sempre a mesma até ao fim dos tempos e se tor­nasse católica ou universal, o próprio divino Fundador deu-lhe um governo composto de um Cbefe supremo, que é o Papa, e Chefes inferiores, que são os Bispos, e Ministros, que são os Sacerdotes, em obediência ao Papa. É missão da Igreja ensinar a todos os homens a doutrina que Jesus mandou aos seus Apóstolos que prègassem, e administrar os Sacramentos que Jesus instituiu para os homens poderem conseguir a vida eterna. Por isso a Igreja goza do privilégio da Infalibilidade, e os homens não conseguem a vida eterna se não quizerem obedecer à Igreja. Foi esta a ordem de Jesus Cristo aos seus Apóstolos: «Assim como meu Pai me enviou, assim eu vos envio > (Ev. S . Jo. XX, 2 t\: ide, ensinai tôdas as Nações (Ev. S. Mat. XXV111 , 19). Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos. «Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despresa a mim despresa» (Ev. S. Luc. X, 16).A Igreja é constituida do seguinte m odo : o Papa é o Chefe supremo; os Bispos são os Chefes imediatamente inferiores, escolhidos pelo Papa para governarem as Dioceses que êle lhes designa ; os Sacerdotes são os auxiliares dos Bispos no governo das Paróquias. Dignidades que concorrem mais ou menos para a perfeição do govêrno da Igreja : os Cardiais, os Pa tr ia r­cas, os Primazes, os Metropolitas, os Vigários gerais, os Cône­gos. Finalmente, os fiéis, a cuja salvação eterna dedicam a vida tôdas aquelas entidades.Além da Igreja Católica existem outras sociedades religiosas chamadas igrejas, ensinando doutrinas opostas mas afirmando cada uma ser a verdadeira Igreja.Nenhuma delas pode ser a verdadeira Igreja porque cada uma tem como fundador alguém que nasceu e viveu muitos séculos depois de Jesus Cristo ter fundado a sua Igreja.

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117 IMAGENS DOS SANTOS

IGREJA GKEGA começou a existir no século IX, quando a Igreja cató­lica já tinha 800 anos de vida. Foi fundada por um homem ambicioso chamado Fócio, que pretendeu ser Patriarca de Constantinopla. Como o Papa não aprovasse tal pretensão, Fócio e os seus sectários separam-se da união com a Igreja Católica e formaram uma igreja à parte. Dividida em várias igrejas que se espalham pelas Nações orientais, cada uma governada por um chefe com o título de Patriarca, e todos em oposição com o Papa, e com algumas verdades da doutrina católica.

IGREJA PROTESTANTE apareceu no século XVI, tendo como chefe Lutero, Sacerdote alemão que se revoltou contra o Papa por ter condenado os seus êrros em matéria religiosa. A igreja protestante começou a exislir quási J600 anos depois de Jesus Cristo ter fundado a sua Igreja ou a Igreja Católica. Como, porém, a igreja fundada por Lutero não tem um chefe, está dividida em várias seitas religiosas sem unidade de doutrina nem de disciplina, dizendo-se tôdas elas igrejas cristãs, ou dizendo-se cada uma a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, o que é evidentemente falso.

IMACULADA CONCEIÇÃO. É uma verdade de Fé que a Virgem Maria, Mài de Jesus Cristo, foi concebida sem pecado original. Esta verdade foi definida por Pio IX em 1854. Em 1858, a Virgem Maria apareceu em Lourdes a Bernadette, e confirmou a defi­nição do Papa, dizendo que se chamava IMACULADA CON­CEIÇÃO.

IMAGENS DOS SANTOS. 0 culto que prestamos às imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos Santos é legítimo, e é anti- quíssimo na Igreja. Devemos honrar, respeitar e reverenciar as imagens dos Santos, não porque julguemos que elas tenham alguma virtude particular em si mesmas, mas porque a honra que lhes damos se refere às pessoas que elas representam, de tal sorte que, quando saüdaraos ou nos pomos de joe­lhos diante das imagens, adoramos a Deus e veneramos os Santos, de que elas são uma representação. O nosso culto não é à imagem que os nossos olhos vêem, é ao Santo que a

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I MENSI DADE DE DEUS 118

imagem representa. Respeita-se a imagem como se respeita a estátua ou o retrato de um a pessoa que nos merece conside­ração e amizade. Não é permitido expôr ao culto imagens novas e insólitas sem que sejam aprovadas pelo Bispo do lugar (C. 1279).A bênção solene das imagens para serem expostas ao culto público é reservada ao Bispo, que pode delegar em qualquer Sacerdote (C. 1279). Na mesma igreja não pode haver mais de uma imagem do mesmo Santo, ou, tratando-se da imagem de Nossa Senhora, mais de uma imagem do mesmo título (S. C R.). Com o consentimento do Bispo pode colocar-se a Imagem do Sagrado Coração de Jesus por trás do sacrário (S. C. R.), mas é preferível colocá-la ao lado, podendo ser. Não se coloque nas imagens, fitas, flores, ou outros ornamentos (C. P ). No sábado da Paixão devem velar-se com véu rôxo tôdas as cruzes e imagens, mas esta obrigação estende-se somente às imagens dos altares e não às outras (S. C. R.). No tempo da Paixão podem tolerar-se as procissões com as imagens descobertas (S. C. R.). É digno de louvor que os fiéis tenham e venerem em suas casas as imagens, especialmente de Jesus e de Maria, mas é preciso que não se diminua o culto de Deus por causa do culto dos Santos. A melhor maneira de honrar os Santos é imitar as suas virtudes (C. P.). As imagens preciosas pela antigüidade, ou pela arte, ou pelo culto que lhes prestam, nunca podem ser restauradas sem consentimento por escrito do Bispo, que antes consultará os peritos ; nem podem ser alienadas nem perpetuamente transferidas para outra igreja sem autorização da Santa Sé (C. 1280, 1281>

IMENSIDADE DE DEUS quere dizer que Deus está substancialmente presente em tôda a parte. Está em tôdas as criaturas, enche todos os lugares, todos os espaços; cria, conserva, governa, vê, conhece todos os seres, conhece mesmo os nossos pensa­mentos e os segredos do nosso coração. Todavia não é contido em nenhum lugar, nem é limitado por alguma cria­tura. Já o Sàbio dizia : <0 espírito do Senhor enche todo o Universo» (S a p . 1, 7), e S. Paulo afirma que «em Deus vive­mos, nos movemos e existimos» (Act. X V II , 28). Deus está no Céu comunicando a sua glória aos Anjos e aos Santos;

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119 IMPOTÊNCIAestá na terra governando tudo com a sua Prov idência ; está no Purgatório exercendo a sua justiça com as almas dos Justos ; está no inferno fazendo sentir aos condenados as penas da condenação.

IMPASSIBILIDADE é um dote ou qualidade do Corpo de Jesus Cristo depois da sua ressurreição, e será também o do noeso corpo no Céu, após o julgamento final. Consiste em estar absolu­tamente isento de todo o sofrimento e de todo o mal. Afirma-oS. Paulo, dizendo : «O corpo semeado em corrupção ressusci­tará na incorrupção» (Ep. I Cor. I F 42).

IMPEDIMENTO 00 MATRIMÔNIO é a causa que obsta a que o matrimô­nio seja contraído lícita ou vàlidamente. O impedimento é impediente, se, nào obstante a proibição, não invalida o m atr i­mônio, no caso de ser contraído; e é dirime»te se o torna inválido no caso de ser contraído; e é público , se pode ser provado no fôro externo, no caso contrário é oculto (C. 1036, 1037). Os impedimentos impedientes ou proibitivos são : a) voto sim­ples de virgindade ou de castidade perfeita, o voto de não casar, ou de receber Ordens Sacras ou de abraçar o Estado religioso ; b) religião m ix ta ; c) parentesco legal, nos Países onde é impedimento civil. )Os impedimentos dirirnentes são: a) falta de idade canônica ;b) impotência antecedente e perpétua, relativamente ao matri­mônio: c) vínculo m atrim onial; d) disparidade de culto ;e) Ordem Sagrada ; f) profissão religiosa solene; g) rap to ;h) crime de adultério ; /) consangüinidade ; j) afinidade em linha recta ; fcj honestidade pública; l) parentesco espiritual; m) parentesco legal nos Países que o consideram dirimente.

IMPERFEIÇÕES são negligências em seguir as inspirações para o bem, ou para o melhor, em coisas que nào são mandadas pela Lei de Deus.

IMPOTÊNCIA, em matéria conjugal, é um impedimento derimente do matrimônio. Consiste na incapacidade dos cônjuges ou de um dêles poder consumar o matrimônio, conlanto que essa in-apacidade existisse antes do casamento e seja perpétua.

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I NCARNAÇÀÜ

Se o impedimento da impotência fôr duvidoso, não impede o matrimônio. A esterilidade, porém, não impede nem dirime o matrimônio (C. 1068).

IMPRENSA CATÓLICA são as publicações— jornais, folhas periódicas, opúsculos, livros — que não ofendem da menor forma a Fé e os bons costumes, que prestam a devida snbmissào ao Romano Pontífice e aos Bispos, e que se mostram sinceramente con­formes com as suas prescrições, advertênc ias ' e conselhos (C. P.). É dever de todos os fiéis ajudar, conforme as suas forças, as publicações verdadeiramente católicas (C. P.).

INCARDINAÇÂO é a inscrição ou admissão de um Clérigo na Diocese para o serviço da qual foi ordenado. O Clérigo fica incar- dinado pela recepção da Prim a Tonsura, e não pode m udar de Diocese sem autorização do seu próprio Bispo e aceitação do Bispo da Diocese para onde pretende mudar. A licença para m udar da Diocese onde está incardinado chama-se EXCARDINAÇÃO. Pela profissão religiosa o que a faz fica excardinado, e pertence à Ordem em que fêz profissão (C. 111 e segs.).

INCARNAÇÃO é o mistério de Deus Filho ifeito homem, ou a união da natureza divina ’com a natureza humana na Pessoa do Verbo divino, da qual u dão resultou Jesus Cristo, Deus e homem. O modo porque foi feita a Incarnação é indicado pelas palavras que o Anjo Gabriel dirigiu à Virgem Maria de Nazarét, dizendo-lhe que o Divino Espírito Santo a cobriria com a sua sombra, e que ela daria à luz um filho que seria chamado Jesus, porque a Deus nada é impossível (Ev. S. Luc. 1, 30-38).O fim que Deus se propôs na Incarnação foi a salvação dos pecados e a manifestação da sua justiça, da sua bondade, da sua virtude, do seu poder, da sua sabedoria, e do seu am or aos homens, como diz o Evangelista S. João : «Deus amou tanto os homens que lhes deu seu Filho único, para que todo o que crê nele não peieça mas tenha a vida eterna > (Ev. S. Jo. ///, 16); e o Apóstolo S. Paulo escreveu: «É ver­dade certa que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os

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121 I NDI S60LUB1L1DADE DO MATRIMÔNIO

pecadores» (Ep. I Tim I, 15). A fé no mistério da Incar- nação é o princípio do caminho que nos conduz ao Céu.

INCENSAÇÃO ó o acto de incensar com o turíbulo em algumas fun­ções litúrgicas. Incensa-se a Sagrada Hóstia, incensam-se os Ministros do altar, o povo, o iivro do Evangelho, e o altar nas Missas cantadas, assim como vários objectos que têm rela­ção com o culto religioso.A incensação é ao mesmo tempo um símbolo das nossas orações, subindo ao céu como se eleva o suave perfume do incenso, e uma demonstração de honra devida a Deus, a Quem servem as pessoas e os ubjectos incensados.

INCREDULIDADE ou descrença. Há incrédulos que negam em absoluto tôdas as verdades religiosas ; há incrédulos que negam algu­

mas verdades religiosas e aceitam outras, sendo indiferentes à prática da Religião ; há incrédulos que negam em público o que crêem secretamente ou em família. A incredulidade não tem fundamento algum racional. P rovém : a) ou da ignorância das verdades religiosas; 6) ou das ideias falsas bebidas na opinião corrente contra a Religião d iv in a ; c) ou do respeito humano ; d) ou da covardia ; e) ou do orgulho. Um homem sem fé não tem sôbre que assente as suas espe­ranças, e um homem sem esperança é um triste, um melan­cólico, ou um doido.

INDEX. Dá-se êste nome ao catálogo dos livros condenados pela Igreja, como prejudiciais para a Fé ou para os costumes, e cuja leitura e posse a Igreja proíbe aos fiéis.

INDIFERENTISMO RELIGIOSO proclama que os homens podem ter a Religião que Jhes a prouver, porque tôdas são agradáveis a Deus, tanta esperança devendo nós ter na salvação eterna dos filhos da Igreja Católica como na daquêles que morrem fora dela. Conclusão: praticar a verdadeira Religião ou uma reli­gião falsa, ou não praticar nenhuma é para o indiferentismo coisa igual. É uma aberração da inteligência.

INDISSOLUBIUDADE DO MATRIMÔNIO consiste em não poder romper-se

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INDULGÊNCIAS AP OS T ÓL I CA S 122o vínculo matrimonial senão pela morte de um do9 esposos. Foi o que Jesus Cri9to afirmou quando disse, falando do matrimônio: «O que Deus uniu, o homem não separe» (Eu. S. Mat. X IX , 6). E também disse: «Aquêle que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra a sua pri­meira mulher; e se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro comete adultério (E v . S. Mar. X, 11, 12). De sorte que o Matrimônio válido e consumado não pode ser dissolvido por nenhuma autoridade humana e por nenhuma causa (C. 1118).

INDULGÊNCIA é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, remissão concedida do tesouro da Igreja pela Autoridade eclesiástica, aos vivos por modo de absolvição, e aos defuntos por modo de sufrágio (C. 911).O tesouro da Igreja é constituído pelas satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos Santos. A indul­gência é Plenária, se é intenção de quem a concede remir tôda a pena temporal; a indulgência é Parcial, se a intenção é remir uma parte da pena temporal. Só o Papa pode con­ceder indulgência plenária; o Bispo pode conceder indulgên­cias parciais. Só aproveitam as indulgências àquêle que faz o que é exigido para as lucrar. A indulgência plenária só pode ser lucrada uma vez cada dia, embora se repitam os actos prescritos para as lucrar, a não ser que o u t r a coisa seja determinada.A indulgência parcial, a não ser que o contrário seja expresso, P' de ser lucrada mais duma vez cada dia, tantas vezes quantas fôrem repetidos os actos para as lucrar (C 928). Ninguém pode aplicar em benefício dos vivos hs indulgências que lucrar; pelas almas do Purgatório podem ser aplicadas tôdas as indulgências concedidas pelo Sumo Pontífice, a não ser que determine o contrário (C. 930).

INDULGÊNCIAS APOSTÓLICAS chamam-se as que o Sumo Pontífice costuma aplicar aos objectos de devoção por êle benzidos, objectos que não sejam de chumbo, estanho, vidro, ou outra matéria que facilmente se possa quebrar. As mesmas indul­

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123 I NF IDELI DADE

gências podem ser aplicadas por qualquer Sacerdote que obtenha concessão da Santa Sé.Não podem ser indulgenciados os objectos de matéria que quebre ou se deteriore fàcilmente, como são os crucifixos, as medalhas, etc., de estanho, chumbo ou outra matéria frágil.Todavia os Têrços do Rosário, ainda que de chumbo, pau, e mesmo de vidro ou cristal sólido, podem ser indulgenciados, e não perdem as indulgências pelo facto de quebrar a cadeia ou de se perderem algumas contas; neste caso substiiuem-se por outras e não precisam de n n a bênção ou de ser novamente indulgenciados. As indulgências anexas a Têrços ou a outros objectos somente cessara quando êstes deixarem completa­mente de existir ou forem vendidos (C. 924).

INDULTO — Ver a palavra BULA.INFALIBILIDADE é um pri viiégio que Deus concede à Igreja, por virtude

do qual não pode errar quando, pela voz do Papa, propõe aos homens doutrina de Fé ou de Moral, como necesssidade de crer e de praticar para entrar no Céu. Esta verdade foi definida no Concilio do Vaticano e é fundada nas palavras de Jesus Cristo, dizendo ao Apóstolo Pedro, depois de o constituir Chefe da Ig re ja : « Eu roguei por ti, a-fim-de que a tua fé nãodesfaleça; uma vez convertido confirma os teus irmãos», que eram os outros Apóstolos (Ev. S. Luc. X X II , 32). E aos Apóstolos em união com Pedro disse: «Eu estarei ronvoscoatéà consumação dos séculos» (Ev. S. Mat. X X V I I I , 20 ) E ainda: «Quem vos ouve a Mim ouve» (Ev. S. Luc. X , 16).É um facto histórico que a Igreja nunca errou no seu ensina­mento em matéria de Fé ou de Moral. De sorte que ou o Papa só, ou os Bispos em união com o Papa, quando ensinam doutrina de Fé ou de Moral como sendo doutrina que todos os fiéis devem crer e praticar para entrar no Céu, por todos deve ser aceite como verdade infalível, pois em tal caso o Papa não pode errar, por virtude de um auxílio divino.

INFIDELIDADE é a carência da fé naqueles que não foram baptizados, ou naqueles que a perderam. Há três espécies de infidelidade:

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INFERNO ma dos herejes, a dos judeus e a dos pagãos. Os herejes perde­ram a fé; os judeus não a querem receber; os pagãos ou não a conhecem porque não ihes foi anunciada, ou conhecendo-a não a quizeram receber. O pecado dos herejes é mais grave que o dos judeus; o dos judeus mais grave que o dos pagãos. A infidelidade é o último pecado a que o homem chega por via doutros pecados. As causas principais da infidelidade daqueles que conhecem a Fé são : a ignorância dos motivos de credibi­lidade ; a independência da vontade que não quere sujeitar-se a nenhuma autoridade ; o desprêzo da oração ; a educação neutra ou irreligiosa dada nas escolas; a leitura de livros con­trários às verdades da Fé ; a frequentação com incrédulos ; a corrupção dos costumes. Os meios de vencer êstes obstá­culos são : procurar sólida instrução reiigiosa; considerar as funestas conseqüências da falta de Fé, e as vantagens que ela oferece para a vida presente o para a vida fu tura; o ra r ; fre­qüentar os actos do culto religioso.

INFINIDADE DE DEUS é atributo pelo qual Deus é intinito; isto quer dizer que não podemos conceber perfeição alguma que não haja em Deus, mas em tal grandeza que nenhuma tem limites. Também há perfeições nas criaturas, mas sào limitadas como as mesmas criaturas, porque estas e as suas perfeições não o são de si mesmas, vêm de Deus. D^us, porém, não recebeu de nenhum ser as perfeições que tem ; tem-as de Si-m^smo, e por isso ilimitadas, infinitas. Deus é infinito no poder, no saber, na bondade, na misericórdia, na justiça, em tôdas as perfeições.

INFERNO é o estado e lugar dos condenados que morrem em pecado mortal, os quais sofrem as penas da separação de Deus (pe­nas de dano) e as penas de fogo (penas de sentido por tôda a eternidade. A existência do inferno é uma verdade de Fé, afirmada na Sagrada Escritura e na Tradição, e cuja necessi­dade é reconhecida pela razão. São de Jesus Cristo estas palavras: «Temei o que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo» (Ev. S. Mat. X , 28); melhor é entrar para a vida eterna côxo do que tendo dois pés ser lançado ao fogo inextinguível do inferno» (Ev. S. Mar. IX, 44). E no dia do

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125 INSPIRAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURAjulgamento final Jesus dirá aos condenados: «Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos (ou ministros)» (E v. S. Mat. X X V , 41). Pôsto que não seja de Fé que o fogo do inferno é fogo corpó- reo, afirmar que é apenas metafórico seria estar em oposição com a doutrina comum entre os teólogos e recebida na Igreja. Por muito que custe ao nosso orgulho, temos de crer na exis­tência do inferno, p ara satisfação da justiça divina contra aqueles que rejeitaram o perdão de Deus e quizeram morrer em pecado mortal, ou em estado de rebelião contra Deus.

IN F IÉ IS . Vêr a palavra INFIDELIDADE.IN IM IGOS. Por preceito de caridade devemos amá-los, não por serem

nossos inimigos mas a-pesar-de inimigos, embora abominando o pecador por causa do mal que fêz, ou porque é um mal para nós como pecador. Não é lícito querer-lhe mal, nem conser­var contra êle espírito de v ingança; não devemos negar-lhe a saudação, nem a esmola, nem a oração, nem a venda do que temos a vender. Por ser nosso inimigo não deixa de ser nosso próximo, e Deus manda amar o próximo como a nós mesmos. Disse Jesu s : «Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos teem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam» {Eu. S. Luc. VI, 27).E o Apóstolo S. Paulo escreveu : «Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer ; se tiver sêde, dá-lhe de beber, porque fazendo isto, amontuarás brazas sôbre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem {Ep. Bom. XII, 20, 21).

INSPIRAÇÃO DA SAGRADA ESCRITURA é a acção do divino Espírito Santo sôbre os escritores sagrados para escreverem o que Deus quiz que escrevessem, de sorte que o que escreveram é a própria palavra de Deus. Deus é o Autor dos livros da Sagrada Escritura; os escritores foram os instrumentos de que Deus se serviu para que a sua palavra ficasse escrita e fôsse conhecida dos homens. Para que os escritores sagra­dos escrevessem o que Deus quiz ensinar, o Espírito Santo moveu-lhes a vontade, iluminou-lhes a inteligência para con­ceberem tudo e só o que Deus quiz que escrevessem, assis­

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INVEJA 126

tiu-lhes enquanto escreveram, para não omitirem nada do que deviam escrever, uada acrescentarem e não errarem. Por isso aceitamos tudo o que está nos livros Sagrados como tendo sido inspirado por Deus, e lhe chamamos a palavra de Deus.

INTENÇÃO é o fim ou motivo porque se faz alguma coisa. As nossas acções tiram a sua principal moralidade uo flui ou da intenção com que as praticamos. De sorte q u e uma acção boa prati­cada cuin um fim mau ou com má intenção torna-se inteira­mente má. Mas uma acção má como tal conhecida, embora praticada com um fim bom, fica sempre má, porque a intenção boa não lhe tira a maldade conhecida.

INTERDITO é uma censura pela qual a Igreja proíbe em certos luga­res e a certas pessoas os Ofícios divinos, alguns Sacramentos, e sepultura eclesiástica. É pessoal, se a proibição afecta direc- tamente a pessoa acompanhando-a em tôda a p a r t e ; e tanto pode afectar uma pessoa como uma associação de pessoas. É local, se afecta directamente um lugar, de sorte que as pes­soas só não podem celebrar os Ofícios divinos nesse lugar (G. 2268 e segs.). 0 interdito geral sôbre o território ou sôbre as pessoas de uma Diocese ou de uma Nação só pode ser lan­çado pelo Papa ; o interdito geral sôbre uma Paróquia ou sôbre o povo de uma Paróquia, assim como o particular, local ou pessoal, pode ser lançadas pelo Bispo (G. 2269).

INTERSTÍCIOS são intervalos de tempo que devem decorrer entre a recepção dos vários graus do Sacramento da Ordem. São necessários para que o Clérigo se exercite no grau da sua Ordem, e reconheça e mostre se, pela vida e pela doutrina, pode subir ao grau seguinte.O interstício entre a Prima T onsura e primeiro grau de Ordens Menores e entre cada um dos graus das mesmas depende da vontade do Bi^po; do Acolitado ao Subdiaconado deve mediar um a n o ; do Subdiaconado ao Diaconado e dêste ao Presbite- rado, pelo menos três meses ; a não ser que o Bispo julgue necessário reduzir o tempo dos interstícios.

INVEJA é a tristeza causada pelos bens que outros têm enquanto se

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127 IRMÃOS

julga diminuírem a glória própria. A inveja nasce geralmente da soberba, e é um dos 7 pecados capitais. Dá origem à maledicência, à calúnia, à intriga, à rivalidade, ao ódio, à ale­gria nas adversidades e aflição na prosperidade do próximo. Devemos combater a inveja dos bens alheios, e contèntar- mo nos com aquilo que podemo3 1-gitimamente conseguir e que Deus nos conceder. O Apóstolo S. Paulo escreveu : «Não nos façamos cubiçosos üh vangiória, provocando-nos uns aos outros* (Ep. Gal. V, 26).

INVOCAÇÃO DOS SANTOS é o pedido que fazemos aos Santos para que roguem a Deus por nós e connosco, pela intercessào de Nosso Senhor Jesus Crisio. Invocamo-los e contiamo-nos ao seu patrocínio, porque esperamos que, como Santos, serão aiendi- dos mais favoràvelmenle do que nós.

IRA ó um dos 7 pecados capitais. É um movimento desordenado da alma que nos leva a rejeitar com violência o que nos desagrada» e a nos vingarmos dos que nos ofendem. A ira é condenada por Jesus Cristo, dizendo : «Todo o que se ira contra seu irmão será réu no juizo» (Ev. S. Mat. V, 22). As origens dêste pecado são a3 paixões, tais como a soberba, a sensuali­dade, a avareza. São efeitos da ira : as inimizades, as conten­das, as injúrias, o desejo de vingança, de fazer mal, e até o desejo de matar. Os remédios contra a ira são : reprimir os primeiros ímpetos, a paciência, a humildade, reflectir antes de falar, pensar nos males a que a ira dá origem, recordar os exemplos de Jesus Cristo.A ira pode irromper em nós contra nossa vontade, e, nesse caso, não é um pecado; se, porém, a conservarmos reflectida- mente pecamos contra a caridade.Há, porém, uma espécie de ira, que é antes ju s ta indignação , a qual não só não é pecado, mas é manifestação de zêlo por uma justa causa.

IRMÃOS estão ligados por deveres de afeição e de protecção muito particulares, porque procedem do mesmo tronco de modo imediato. Devem ter como coisa comum o que diz respeito às alegrias e às penas, e aos bens materiais do lar doméstico ;

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IRMÃOS DE J E ' T S 128

devem t r a t i r - ^ com intimidade delicada e sa^rificar-se cada um pelo bem de todos. Dev^m protegm*-se reciprocamente, vigiando os mais velhos p-da inocência dos mais novos, defen­dendo-os dos perigos, aconselhando os, guiando-os com o bom exemplo, exercendo .junto deh s o ofício de pai e de mãi quando estes faltarem. Os mais novos devem guardar res­peito afectuoso aos irmãos mais velhos, devem receber de boa vontade as advertências qu*-* lhes fizeram e seguir os bons conselhos que lhes derem.

IRMÃOS DE JESUS. Toda a tradição afirma e a Igreja ensina como dogma que Nossa Senhora foi sempre Virgem. Os hebreus designa­vam por irmãos não só os filhos dos mesmos pais, mas os sobri nhos (Gen. X I I I , 8: X I V 16), qualquer primo ou parente (.I Par. XV. 5-10), um homem da mesma tribu (Lev, X, 4), etc. Não há dúvida nenhuma que a expressão «irmãos de Jesus» se deve entender por «parentes de Jesus» .Nossa Senhora nunca é apresentada como mãi dêles mas só como «mãi de Jesus» . Ao morrer na cruz o Salvador & nenhum dêles confiou sua mãi e ao apresentar-lhe João, filho de Zebedeu, disse-lhe «eis o teu filho » como que substituindo-o a Êle e excluindo qualquer outro.S. Paulo afirma que viu em Jerusalém o Tiago « irmão do Senhor» (Ep. Gal. I, 19). Mas Tiago (o menor) é um dos que os {Nazarenos chamam irmãos de Jesus, como José, Judas e Simão (Ex. Mar. VI, 3). Ora junto da Cruz no Calvário está a Mãi de Jesus (Ex. Jo. X I X . 25) com outras piedosas mulheres, entre elas «Maria (esposa) de Alfeu, mãi de Tiago e de José» (Ev. Mar, X V , 40) e entre os Apóstolos está um «Tiago, filho de Alfeu» (Ex. Mar. III, 18). Por êstes docu­mentos vê-se que se trata do mesmo Tiago, chamado «o menor», para o distinguir de Tiago, irmão de S. João, filhos de Zebedeu. S. Judas na sua epístola (V 1) diz-se «irmão de Tiago» e na enumeração dos Apóstolos o seu nome vem logo a seguir. De tudo isto se conclui que os «jirmãos de Jesus» podiam ser, quando muito, seus primos. Os evangelistas não estiveram com explicações porque para êles como para a Igreja primitiva, cuja opinião tem sido fielmente conservada através dos séculos pela tradição, a questão era clara e não oferecia dificuldades.

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1 2 9 .JEJUM

IRREGULARIDADE é um impedimento canônico que deixa inábil, aquele que o tem, para receber o sacramento da Ordem, ou para exercê-la, se a tiver já recebido. A irregularidade pode ser por defeito ou por delito daquele que pretende receber o Sacramento, ou que já o recebeu. O Bispo pode dispensar os seus súbditos de tôdas as irregularidades provenientes de deiito oculto, excepto o do Cauon 985, n.°4. A mesma faculdade compete a qualquer Confessor, em casos ocultos e urgentes, nos quais não seja possível recorrer ao Bispo, e haja perigo de grave dano ou de infâmia, mas isso somente para que o penitente possa exercer licitamente as Ordens já recebidas (C. 990).

jJACULATÓRIA é uma aspiração doce e fervorosa, repetida ou por pala­

vras ou só mentalmente, para nos recordarmos da presença de Deus, do amor que Lhe devemos, e para nos conservarmos em união com Êle.

JAZIGOS. Nos cemitérios paroquiais, com autorização por escrito do Ordinário, ou do seu delegado, podem os fiéis construir, para si e para os seus, jazigos que, com licença do mesmo Ordiná­rio, podem também alienar (C. 1209), mas as sepulturas dos jazigos devem ser benzidas (S. C. R.).

JEJUM. O jejum, como a abstinência, são mortificações impostas pela Igreja aos seus súbditos, em cumprimento da lei geral, pela qual todos temos de fazer penitência para nos livrarmos da condenação eterna (Eu. S. Luc. X III) . A lei do jejum pres­creve uma única refeição ao dia, mas não proíbe que se tome algum alimento de manhã e à noite, observando-se, quanto à sua quantidade e qualidade, o costume aprovado dos lugares ; nem proíbe comer carne e peixe à refeição principal, quando não é dia de abstinência. Convém não confundir a abstinên­cia com o jejum. (Vêr a palavra ABSTINÊNCIA). Pode-se estar isento da obrigação do jejum sem por isso ficar dispen­sado da obrigação da abstinência (C. 1251).

Fi. 9

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JEJUM EUCARÍSTICO 130Estão obrigados à lei do jejum todos os cristãos desde que com­pletaram 21 anos, até ao começo dos 60 (C. 1254). Nos dias de jejum é permitido permutar a hora do jan tar com a da con- soada (C. 1251). Durante o dia é permitido beber o que em geral é considerado como simples bebida, e em quantidade indeterm inada: água, vinho, café, chá, etc , mas não o leite nem o caldo, que são considerados como alimentos. Uma vez quebrado o jejum, com ou sem culpa, o preceito já não obriga o resto do dia. Pelo contrário, nos dias de abstinência peca-se tantas vezes quantas se come carne sem motive suficiente que isento do preceito. A lei do jejum como a da abstinência obrigam gravemente, a não ser que haja dispensa ou impossi­bilidade física ou moral (doença, convalescença, trabalhos pesados, grande pobreza, etc.). Será pecado venial se a quan­tidade de alimentos, além da permitida, fôr pouca.Pela lei geral da Igreja (C. 1252) para os que não têm Indulto são dias só de abstinência: tôdas as sextas-feiras do an o ; de abstinência e jejum : quarta-feira de Cinzas, sextas e sába­dos da Quaresma e das Quatro Têmporas, Vigílias de Pente- costes, Assunção de Nossa Senhora, Todos os Santos e N a ta l ; só de jejum : todos os outros dias da Quaresma.Pelo Indulto e Bula são dias só de abstinência: sextas-feiras do Advento e das Quatro Têmporas; de abstinência e je jum ; sextas-feiras da Quaresma e as 4 vigílias acima mencionadas, podendo — e segundo alguns, devendo — a do Natal ser trans- ferida para o sábado an terior ; só de je ju m ; quartas e sábado» da Quaresma.Para compensar de um certo modo a dispensa ou redução de tantos dias de sacrifício do jejum e da abstinência concedida pelo Indulto a Santa Sé exige o sacrifício de uma esmola pro­porcionada aos rendimentos de cada um, e que se destina aos Seminários e Igrejas pobres.No Sábado Santo, ao meio dia, nos dias santos de guarda, fóra da Quaresma, e nas vigílias, quando são antecipadas, cessa a lei do jejum e da abstinência.

JEJUM EUCARÍSTICO. Além do jejum ordinário que é penitência, há o jejum eucarístico ou natural que consiste em não comer nem beber nada desde a meia noite até à comunhão.

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131 JE S U S CRISTO

Á meia noite pode-se cantar indiferentemente segundo a hora solar, legal ou local.Quebra-se o jejum eucarístico quando alguma coisa digerível, vinda do exterior, se toma a modo de comida ou bebida. Pode-se comungar sem estar em je jum : em perigo de vida para receber o sagrado Viático; para evitar a profanação das sagradas espécies; para evitar em certos casos o escândalo ou a infâmia. Os doentes que estão há um mês de cama (e de que não se espera com certeza uma rápida convalescença dentro de cinco ou seis dias) podem comungar, segundo o prudente parecer do confessor, uma ou duas vezes por semana, ainda que antes tomem algum alimento líquido ou algum remédio, mesmo sólido.A Santa Sé também dispensa, em casos particulares, por moti­vos graves do jejum eucarístico, que foi instituído pela Igreja, para iticulcar nos fiéis maior respeito pela sagrada eucaristia

JESUS CRISTO é um Personagem histórico. É impossível negar a realidade da sua natureza humana. Mas não é somente homem ; é Deus também, como Êle mesmo afirmou e como se demonstra por factos históricos. Foi em Jesus Cristo que se realizarem as Profecias do Antigo Testamento relativas ao Messias, o Filho de Deus que se faria homem. O seu nasci­mento e a sua morte foram acompanhados de prodígios que manifestam ser Êle o Senhor do Universo, dos homens e dos Anjos. A sua vida, e a sua doutrina, e os milagres que fez para provar que era Deus são a prova de que é realmente Deus. A sua Ressurreição, os seus triunfos após a Ressur­reição atraindo tudo a Si, como predissera, assim como a realização das suas profecias àcêrca da ruína de Jerusalém, da dispersão dos judeus, da pregação do seu Evangelho, da per- petuídade da sua Igreja, confirmam absolutamente a sua pala­vra, dizendo que era Deus.É bem fundada a nossa fé afirmando que Jesus Cristo é Deus Filho feito homem. Nasceu da Virgem Maria, em Belém ; viveu na Palestina ; morreu numa cruz, no Calvário ; vive glo­riosamente no Céu, e está sacramentado nos sacrários das nossas igrejas. Adoremos © amemos Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus feito homem por amor de nós.

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JU B IL E U 132

Ouçamos a magnífica descrição que Lacordaire faz do divino Salvador :«Há um homem a quem o amor guarda o túmulo, um homem cu.jo sepulcro nào é só glorioso, como disse um profeta, mas cujo sepulcro é amado . . . Há um Homem cuja recordação é sempre viva no coração de milhões de h o m e n s . . . Há um Homem, cujos passos são seguidos, por uma porção conside­rável da humanidade, sem se cansar j a m a i s . . . Há um Homem morto e enterrado há muito tempo, de que a mais pequena palavra continua a ecoar ainda rio meio de nós, e produz mais do que amor, produz virtudes que frutificam no amor. Há um Homem, há séculos ignominiosamente pregado numa cruz; e êsse Homem, milhões de adoradores todos os dias O despre- gam do trono do seu suplício, ajoelham piedosamente diante dÊte, prostam-ses em vergonha no pó da terra, e aí, por terra, beijam-lhe com indizível amor os pés ensangüentados. Há um Homem, flagelado, morto e crucificado, que todos os séculos adoram na glória dum amor que nada faz desfalecer, que encontra nEle a paz, a honra, a alegria e até o êxtase. Há um Homem perseguido no suplício e no túmulo por um ódio que se não extingue,— o qual, pedindo apóstolos e mártires a tôda a posteridade, encontra apóstolos e mártires no seio de tôdas as gerações. Há um Homem, enfim, o único que fundou indes­trutível reino de amor na terra: êsse Homem, sois vós, — ó Jesus, vós que me quisestes baptizar, ungir e consagrar no vosso amor, e cujo Nome, só de 0 pronunciar, me abre o mais íntimo das entranhas e me arranca êste grito de fé e amor que a mim mesmo me perturba».

JOGO é a combinação que os jogadores fazem de entregarem um certo preço, como prêmio, ao que ganhar. É honesto e líc ito : como entretenimento ou distração de espírito, com pequenas somas de dinheiro, observando as regras do jogo, e com p ar­ceiros iguais. Sem estas condições é ilícito, favorece a ocio­sidade e a ambição, e causa a ruína de fortunas.

JUBILEU é uma Indulgência plenária, por meio da qual se pode rece­ber plena remissão da pena temporal devida pelos nossos pecados. O Papa concede um Jubileu para tôda a Igreja de

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133 JUÍZO P A R T IC U L A R

25 em 25 anos (e só êle o pode conceder), indicando na Bula ou documento de concessão as condições a que os üéis devem satisfazer para lucrarem essa indulgência.Além do Jubileu ordinário de 25 em 25 anos, o Papa pode con­ceder um Jubileu extraordinário, em qualquer tempo, por motivo de uma causa grave.

JUGO OE CRISTO é a sua Religião. É ela que nos ensina e leva à prática da m ansidão e da humildade. Quem pratica estas virtudes conserva a paz na sua alma e não perturba a paz do próximo. Para quem vive em paz, as cruzes que acom pa­nham a vida são suaves ; Deus alivia o seu pêso. Foi Jesus que disse : «tomai sôbre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu ónus é leve> (Ev. S. Mat. XI, 29 30).

JUÍZO FINAL é o julgamento que Deus fará de todos os homens, no fim do mundo. Nesse momento cada um pode ver tudo o que está na consciência dos outros, pois diz o A p ó sto lo : «Virá o Senhor, o qual não só porá às claras o que se acha escondido nas trevas, mas descubrirá os desígnios dos cora­ções» (Ep. I Cor. IV , 5). A Sagrada Escritura previne-nos de como será feito o julgamento final. Serão tôdas as gentes congregadas diante de Jesus Cristo, que separará uns dos outros como o pastor separa os cabritos das ovelhas, e assim porá as ovelhas à direita, e os cabritos (os pecadores) à esquerda. Então dirá o Rei aos que hão-de estar à sua direita (que são os justos) : «Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino (celeste) que vos está preparado desde o p r in ­cípio do mundo». Então dirá também aos que estão à esquerda : «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, que está p reparado para o diabo e para os seus anjos>. E irão êstes para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna (Ev. S. Mat. XXV, 32, 34, 41, 46). Tal é o fim de todo o homem que vem a êste mundo, seja êle quem fôr, queira ou não queira, creia ou não creia.

JUÍZO PARTICULAR é aquêle a que a alma se há-de sujeitar imedia­

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JURAM ENTO 134tamente após a morte, para lh© ser determinado o lugar da sua m orada eterna. Assim o ensina S. Paulo dizendo: «Está estatuído que o homem morre uma só vez, e que depois se lhe segue o julgamento» (Ep. Hebr. IX, 27); «todos devemo» comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo cada um tiver feito bem ou mal» (Ep. I I Cor. V, 10. O julgamento 6 mental e momentâneo. A alma ao separar-se do corpo, encontra-se com Deus, que está ©m tôda a parte ; vê em si-mesma todos os actos da sua vida, que estão todos presentes a Deus; Deus faz-lhe conhecer a sentença que merece, e a alma entra no lugar do seu justo de s t in o : ou no purgatório, ou no céu ou no inferno.

JUÍZO TEMERÁRIO é a firme convicção, sem razão suficiente, do pecado ou do vício do próximo. É pecado contra a justiça, porque ofende, em bora interiormente, a fama do próximo. Jesus Cristo previne-nos contra o juízo temerário, dizendo: «Não queirais julgar segundo as aparências, mas julgai segundo a recta justiça (Ev. S. Jo. VII, 24). Não devemos julgar os outros sem estarmos, ao menos moralmente, certos de que ó justo o nosso juízo. O juízo temerário procede de alguma destas causas: da maldade do que julga, do ódio, da vingança, ou da experiência da fragilidade humana. Quem não tem autoridade para julgar não se constitua juiz do seu próximo. As dúvidas que se nos apresentam sôbre as acções do próximo devem ser julgadas favoràvelmente.

JUÍZOS DO MUNDO são contrários aos juizos do Evangelho, e por isso conduzem ao êrro e ao pecado. Não nos podem tornar melhores do que somos, e tornam-nos piores se os seguimos. É dever do cristão desprezar o temor de que o mundo o acuse de espírito fraco, de hipócrila, do que quizer, por p ra­ticar rigorosam ente a Religião, e deve lembrar-se e recordar aos outros que só lhe importam os juízos de Deus.

JURAMENTO é a invocação do nome de Deus em testemunho e con­firmação daquilo que se diz ou que se promete. A dignidade do juramento é afirmada por S. Paulo com estas palavras: «Os homens juram pelo que é maior do que êles, e o jura­

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135 JUSTIÇA.

mento é a maior segurança que podem dar para terminar tôdas as suas contendas (Ep. Hebr. IV, 16). Mas não é lícito ju rar sem verdadeira necessidade, e, quando a houver, só se pode ju ra r com verdade, com reverência pelo nome de Deus, e em coisa honesta. Quando se faz com juramento a p ro ­messa de uma coisa honesta fica-se com a obrigação de a cumprir. O juram ento feito po r violência ou por mêdo grave, vale, mas pode ser anulado pelo Superior eclesiástico (C. 1317). Em muitos casos as fórmulas de juram ento não são um verdadeiro juramento, porque são proferidas levia­namente, ou po r hábito inveterado e sem reflecção.

JURISDIÇÃO é o poder de governar. O Papa tem jurisdição em tôda a Igreja e sôbre todos os membros da Igreja. Exerce a sua jurisdição p o r meio dos Cardiais, dos Núncios, e de Legados seus. Os Bispos teem jurisdição sôbre os fiéis das Dioceses que o Papa lhes confia. Os Párocos só teem jurisdição dele­gada pelos Bispos, de quem são auxiliares, para a poderem exercer sôbre os súbditos que os Bispos lhes determinam. Os superiores das Ordens religiosas teem jurisdição sôbre súbditos das suas respectivas Ordens.

JUSTIÇA é uma virtude moral, cardial, que inclina a vontade do homem a dar a outrem o que lhe é devido. Difere da cari­dade no seguinte: a caridade considera os homens como unidos entre si, devendo auxiliar-se m üíuam ente; a justiça considera-os como distintos uns dos outros, tendo cada um direitos que os outros não podem violar. São de quatro espécies os bens do homem, que os outros devem respe i ta r :a) os bens da v ida; b) os bens da honra, da reputação, da dignidade; c) o bem da castidade; d) os bens da fortuna. O fundamento da justiça é o domínio ou o direito que se tem sôbre uma coisa, da qual se pode dispôr como própria . Pratica a verdadeira justiça para com Deus aquêle que é sempre fiel cum pridor dos Seus Mandamentos, que satisfaz aos próprios propósitos e é grato a Deus pelos benefícios recebidos, e que pratica tôdas as acções com o fim de glori­ficar a Deus. Pratica a verdadeira justiça para com o p ró ­ximo aquêle que nunca faz a outrem o que justam ente não

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KYR1ES 136

queria que lhe fizessem a si-mesmo, e que faz em favor do próximo aquilo que justam ente queria que lhe fizessem a si-mesmo.

JUSTIFICAÇÃO consiste na remissão do pecado mortal pela infusão da graça habitual. É a passagem do estado de pecado mortal ao estado de graça de Deus, de sorte que a alma que recebe a graça santificante ou habituai fica completamente trans­formada como se fôsse uma alma nova. Assim o indica o Apóstolo S. João, dizendo: «Se confessarmos os nossos peca­dos, fiel é (Deus) e justo para nos perdoar os nossos pecados e nos purificar de tôda a iniqüidade» (I Ep. S. JO. l ’,9 ). Purificados de tôda a iniqüidade, ficamos em estado de entrar no Céu, como ensina o Apóstolo S. Paulo, dizendo : «Onde abundou o pecado super-abundou a graça, para que assim como o pecado reinou para a morte, assim também reine a graça pela justiça para a vida eterna, po r meio de Jesus Cristo Senhor nosso» (Ep. Rom. XX, 31).O homem justificado não pode julgar-se seguro de não perder a graça que o justificou; pode perdê-la, e perde-a logo que comete um pecado mortal. Jesus nos faz esta prevenção : «Vigiai e orai pára não cairdes em tentação» (Ev. S. Mat. X X V I , 41). 0 que o Apóstolo S. Paulo diz por estas pala­vras: «Aquêle que julga estar seguro acautele-se para não cair» (Ep. l o r . X , 12). Não troquemos a graça de Deus pela vileza dos prazeres sensíveis.

K

KYRIES são invocações que se fazem na Missa e nas Ladainhas, acrescentando-se-lhes a palavra ELEISON. São duas pala­vras gregas que querem dizer: Senhor, tende misericórdia de nós. São dirigidas à Santíssima Trindade, e dizem-se nove vezes na Missa e três vezes na Ladainha. Como, porém, a segunda invocação se dirige a Jesus Cristo, em vez de KYRIE diz-se CRISTE.

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137 LÂMPADA DO SACRÁRIO

LADAÍNHA é palavra que significa súplica. É uma série de invoca- ções que a Igreja faz ao nome de Deus, da Virgem Maria, e dos Santos. Há várias L ada inhas : a de Nossa Senhora, invo­cando a Virgem Maria sob diversos títulos; a de Todos os Santos, invocando a misericórdia de Deus p o r intercessão dos Santos ; a de S. José, e outras, que se rezam em certos actos de devoção. A Ladainha de Todos os Santos é obrigatória na Igreja, no dia das Rogações. O Bispo não pode aprovaT novas Ladainhas para serem recitadas publicamente (C. 1259).

LADAÍNHA DE S. MARCOS. No dia 25 de Abril reza-se ou canta*se nas igrejas a Ladainha de todos os Santos, a que nesse dia se dá o nome de Ladainha de S. Marcos, com ou sem Procissão. É esta a sua origem : No ano de 589 trasbordou o rio Tibre, de tal modo que quási submergiu a cidade de Roma, cau­sando a inundação uma violenta peste, da qual uma das pri­meiras vítimas foi o Papa Gelásio II. O seu sucessor, S. Gre- gório Magno, exortou o povo à oração e à penitência, para aplacar a justiça divina que pesava tão duramente. Instituiu preces públicas com procissões pelas ruas da cidade, e ao fim de três dias cessou o flagelo. Em memória dêste acon- tecimento a igreja continua a fazer preces públicas no dia 25 de Abril, dia em que se celebra a festa do Evangelista S. Marcos.Segundo a lguns autores esta procissão fôra instituída para substituir ou tra pagã que se fazia no mesmo dia em Roma. Nas Igrejas Paroquiais deve-se fazer a Procissão (C. P).

LAICISMO. Tem como princípio fundamental a autonomia absoluta da razão e da vontade humanas. Nega a possibilidade de qual­quer religião, mesmo da religião natural.

LÂMPADA DO SACRÁRIO deve estar acesa de dia e de noite, alimen­tada com azeite de oliveiras ou com cera de abelhas. Quando não haja azeite de oliveiras, fica à prudência do Bispo permitir

L

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LEGITIMAÇÃO DA PROLE 138

o uso de outros óleos, quanto possível vegetais (C. 1371). É usada como figura de Jesus Cristo, a verdadeira luz do m u n d o . Deve estar colocada diante do altar do SS. Sacramento, não escondida ou ao lado, mas no meio, indicando o lugar o n d e está Jesus Sacramentado.

LATRIA. Ver a palavra CULTO.LAUDES é a segunda parte do Oficio diviuo, imediatamente apó»

Matinas.LAUS-PERENE. Vêr a palavra QUARENTA-HORAS.LAVA-PÉS. Cerimônia que se celebra em Quinta-feira santa, em com e­

moração do acto de Jesus Cristo lavando os pés aos seu» discípulos depois da última Ceia.

LEGADO A LÀTERE é um Cardial enviado pelo Sumo Pontífice com aquele título, como alter ego (C. 266), encarregado de u m a missão especial.

LEGADOS PIOS (ou fundações pias) são bens temporais deixados por testamento a alguma igreja ou instituição religiosa, com o ónus de serem celebradas algumas Missas ou outras funções eclesiásticas, ou para se cumprirem algumas obras de piedade ou de caridade (C . 1544). Nas últimas disposições em favor da igreja observem-se, sendo possível, as formalidades do Direito civil; mas, ainda que omitidas, sejam advertidos os herdeiros da obrigação de cumprirem a vontade do testador (C. 1513). Se não estiver determinado tempo para o cumpri­mento dessa vontade, deve ser cumprida o mais breve possí­vel, e nunca àlém de um ano depois da morte (C. P.). O Bispo é o executor de todos os Legados pios (C. 15, 15).

LEGITIMAÇÃO DA PROLE. Os filhos ilegítimos ficam legitimados por subsequente Matrimônio de seus pais, embora não con­sumado. Legitimados que sejam, para efeitos canônicos ficam equiparados em tudo aos filhos legítimos, salvo se outra coisa fôr expressamente determinado (C. 1116, 1117).

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139 LEILEI é a ordenação da razão para o bem comum, promulgado por

quem dirige a Comunidade.Lei eterna é a razão divina ou a vontade de Deus dirigindo tôdas as criaturas segundo a natureza de cada uma, era ordem ao fim último de tôdas, que é a glória do mesmo Deus. Lei natura l é a participação da Lei eterna na criatura racio­nal, fazendo inclinar livremente aos actos e fins na lei eterna estabelecidos e conhecida pelas luzes da razão. Pela lei natural o homem conhece o que por sua natureza é honesto e necessário ao fim último e aquilo que lhe ó contrário. Lei d iv ina positiva é a que Deus faz conhecer por meio da Reve­lação, como necessária para o homem conseguir o seu fim sobrenatural. Lei eclesiástica é a que a Igreja preceitua para o regimem espiritual dos fiéis, e que tem por objecto o culto divino e a salvação do homem. Leic iv i l é a que procede de quem preside à sociedade civil, e que tem por fim promover directa- mente o bem comum temporal dos seus súbditos, e mediata- mente o bem comum espiritual ou a felicidade dos cidadãos. O homem é inclinado ao cumprimento da lei, de dois modos : interiormente, por amor, como os bons; exteriormente, por penas, como os maus. A lei deve ser honesta, justa, possível, segundo a natureza, segundo o costume da Pátria, do lugar e do tempo, clara, necessária para utilidade da Comunidade. A lei justa obriga em consciência; a lei injusta, não, a não ser por causa de escândalo a evitar, naquelas coisas que não são contra a Lei de Deus. A lei não atende às intenções de quem a deve observar, mas aos seus actos.A Lei de Deus é absolutamente irrevogável, e não há poder humano que possa alterá-la. Só Deus, por bi mesmo ou por outrem a quem comunique a sua autoridade, a pode revogar ou modificar. Disse Jesus : «É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um ápice da lei» (E v .lS . Luc. XV, 17). E o Apóstolo S. Tiago afirma que qualquer que tiver tôda a lei (de Deus) e a transgredir num só ponto faz-se réu de todos eles (Ep. S. Tiag. II, 10). Devemos considerar a lei não como um jugo a pesar sôbre nós, mas como uma regra a orientar a nossa conduta, pois diz S. Paulo que a lei é boa para aquele que usa dela legitimamente (Ep. Timot. I, 8).As leis da Igreja não precisam de ser reconhecidas nem aceites

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L E IT U R A E S P IR IT U A L 140

pelo Poder civil para obrigarem os fiéis, porque a Igreja é uma sociedade perfeita, completa, independente do Estado, e nas coisas espirituais goza do poder supremo.Há casos que escusam da obrigação da lei, e são: a) a igno­rância, que, sendo invencível, escusa no fôro da consciência, porque ninguém peca sem querer pecar, e não há voluntário onde a ignorância é invencível; no fôro externo a ignorância da lei não excusa, porque se escusasse cada um podia invocar a ignorância para se eximir ao cumprimento da lei; b) A impossibilidade física ou absoluta e a impossibilidade moral;c) A dispensa da l e i ; d) O costume legítimo.

LEIGOS são os fiéis que não pertencem à classe dos Clérigos. Todos devem reverência aos Clérigos e cometem o delito de sacrilé­gio quando lhes fazem uma verdadeira injúria (C. 119). São dignos de louvor se entrarem nas Associações erectas, ou ao menos recomendadas pela Igreja (C. 684), e devem estar acau­telados contra as Associações secretas, condenadas, sediciosas, suspeitas, ou que procuram fugir à Vigilância da Igreja. Podem tomar parte na administração dos bens eclesiásticos. Sem expresso consentimento do Bispo não podem ter lugar reser­vado na igreja; mas aos magistrados, segundo a sua dignidade, pode ser dado um lugar distinto na igreja, conforme as nor­mas litúrgicas (O. 1263).

LE IT0R A D 0 é a Ordem que dá poder de ler na igreja a Sagrada Escri­tura, e de catequisar o povo na doutrina cristã.

LEITURA ESPIR ITUAL, ou de livros espirituais, é muito útil e mesmo necessária às pessoas que desejam seguir vida sobrenatural, assim como aos Directores de almas. A necessidade de tal leitura resulta das dificuldades que de ordinário se encontram no caminho da perfeição, e as dificuldades não são menores para o Director do que para as pessoas dirigidas. Não deve, porém, a pessoa dirigida ler os livros que lhe apetecer e sim os que o seu Director Espiritual lhe in d ic a r ; por seu lado o Director só deve indicar livros acomodados ao grau de per­feição da pessoa que dirige ou que aconselha. Na leitura dêsses livros não deve entrar a curiosidade, mas o sincero

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141 LIMBO

desejo de encontrar incitamentos para sua maior perfeição, para a prática mais sólida das virtudes sobrenaturais.

LIBERALIDADE é a virtude contrária à avareza, e consiste em dispen­sar a riqueza em usos bons quer para si próprio, ou para os estranhos. São actos próprios da liberalidade, não somente usar bem da riqueza, mas tambéme conomisar para fazer o bem. Deus há-de dar-nos segundo a medida do nosso dar (Eu. S. Luc. V, 38). Combatamos o egoismo que nos faz pen­sar só em nós e pensemos nos outros, dando-lhes do que temos, na medida das suas necessidades e das nossas possibilidades.

LIBERALISMO OU LAICISMO é a doutrina segundo a qual a Autoridade civil e social não é obrigada a aceitar a Revelação divina sufi­cientemente proposta, e pode ficar neutra entre a verdadeira e as falsas religiões. Arvora o homem em norma suprema de si mesmo no exercício da sua liberdade, como se não houvesse uma lei divina à qual todos devemos obedecer, e rejeita a Autoridade divina, quer na vida pública, quer na vida parti­cular (C. P.).

LIBERDADE é o poder que nos torna senhores e responsáveis dos nossos actos. Esta liberdade é inviolável. Não há fôrça interior nem exterior, excepto Deus, que possa violentar a vontade do homem, a qual fica sempre livre, ainda que o corpo esteja inteiramente privado de movimentos. Nunca se faça o mal, porque a liberdade foi dada por Deus ao homem para fazer o bem com mérito. Aquêie que faz o mal abusa

da sua liberdade, como o pobre pode usar mal da esmola, e fica escravo do seu pecado, como diz a Sagrada Escritura: cquem faz o pecado é escravo do pecado» (Ev. S. Jo. VIII, 31).

LIMBO é o lugar e o estado dos justos antes da morte de Jesus Cristo. Deus havia perdoado os seus pecados, mas só pelos mereci­mentos de Jesus Cristo poderiam entrar no Céu. Logo que Jesus morreu desceu ao limbo, e as almas que aí estavam poderam subir à glória do Paraíso. E também o lugar das almas dos inocentes que morrem sem Baptismo, ou sem a graça de Deus que o Baptismo confere.

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LIVROS L1TÚRG1COS 142

Estas almas não sofrem as penas próprias dos condenados, gozam de uma outra felicidade natural mas não daquela felicida­de sobrenatural própria dos baptizados, remidos por Cristo, que é infinitamente superior. Daqui se vê a responsabilidade daque­les que deixam morrer os filhos sem o sacramento do Baptismo.

LITURGIA. Etimológicamente esta palavra deriva de duas palavras gregas: — «leitou-j-ergon» — que significam um «serviço pú­blico». S. Paulo emprega também esta palavra para significar a «esmola» para os cristãos necessitados (I I Corint. IX, 12). Entre os gregos significa também o sacrifício euearístico; na igreja latina tinha inicialmente idêntica significação que se foi alargando.Em sentido real podemos agora definir a Liturgia «o culto da Igreja Católica», entendendo por «culto» o exercício da vir­tude de religião na sua plenitude exterior, social e positiva do Novo Testamento, que se realiza na Igreja. A liturgia signi­fica o exercício pleno da própria vida da Igreja, vida que é por vontade de Cristo essencialmente sacerdotal. Daí que seja característica de todos os actos litúrgicos o serem presi­didos por membros da Hierarquia na sua função sacerdotal. Sendo a Liturgia o próprio culto da Igreja não deve confun­dir-se com o conjunto das cerimônias que seguem êsse culto às quais chamamos «rubricas». Estas são a última parte inte­grante da Liturgia cuja importância grande a Liturgia nos manifesta. A ordenação do culto oficial católico é direito exclusivo da Santa Sé (C. 1257).

LIVROS LITÚRGICOS são os que a Igreja usa nas orações e cerimônias litúrgicas.O Missal é o livro que contém as Missas que o Sacerdote celebra durante todo o ano.O Breviário é o livro que contém a oração quotidiana oficial que a Igreja impõe aos seus Ministros de ordens maiores e também aos monges perpétuamente ligados p*lus votos.O R itua l é o livro que contém a forma de administrar os Sacra­mentos, excepto o da Ordem, as orações das várias bênçãos, e o cerimonial das procissões.

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143 LUXO

O Cerimonial dos Bispos é o livro que contém as regras das cerimônias religiosas presididas pelo Bispo.O Pontificai Romano é o livro pelo qual o Bispo confere os sacramentos da Confirmação e da Ordem, e que contém as bênçãos que lhes são reservadas.

LIVROS PROIBIDOS. Os livros condenados pela Santa Sé devem ser considerados como proibidos em todos os lugares, seja qual íôr o idioma em que estejam publicados (C. 1398). A proi­bição de um livro faz que êle, sem a devida licença, não se possa editar, nem ler, nem guardar, nem vender, nem tradu­zir, nem de forma alguma dá-lo a conhecer aos outros (C. 1398). O Bispo tem o direito e o dever de, havendo justa causa, proi­bir os livros dos seus súbditos (C. 1395), e pode conceder-lhes licença de lerem livros proibidos, mas somente para cada livro e em casos urgentes (C. 1402). Os que obtiverem facul­dades apostólica de ler e reter livros proibidos, nem por isso podem ler e reter quaisquer livros proscritos pelo Bispo, a não ser que no Indulto se diga isso expressamente. Além disso são obrigados, por preceito grave, a guardar de tal forma os livros proibidos que êstes não possam chegar ás mãos de outrém que não tenha autorização para os ler (C. 1403). Mesmo aqueles que teem autorização de ler li vros proibidos não ficam isentos da proibição, que é de direito natural, de ler livros de cuja leitura resulte perigo próximo para a sua alma (C 1405).

LUGARES SAGRADOS são os destinados ao culto divino e à sepultura dos fiéis, pela consagração ou pela bênção prescritas nos livros litúrgicos (C. 1154). Ninguém pode consagrar ou benzer um lugar que fique sagrado, sem consentimento do Bispo do lugar (C. 1157), e da consagração ou da benção deve ser lavrado documento, ficando um exemplar no arquivo da igreja e sendo outro enviado à Cúria episcopal (C. 1158).Os lugares sagrados são isentos da jurisdição da Autoridade civil, e neles exerce a Igreja livremente a sua jurisdição (C. 1160).

LUXO é todo o excesso nas despezas que cada um faz para a conser­

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LUZ DA GLÓRUA 144vação da vida e do decôro da habitação, segundo a sua con­dição. 0 luxo é contrário ao espírito cristão. Jesus Cristo teve por berço uma mangedoura, não teve mesa lauta nem palácio para habitação, e morreu numa cruz. 0 Apóstolo S. Pedro escreveu: «Não seja o adorno destas (mulheres) o exterior enfeite dos cabelos riçados ou os adereços de ouro ou a gala da compostura dos vestidos (Ep. I. S. Ped. III , 3).Tudo aquilo com que se possa enfeitar o corpo não acrescenta nada à dignidade oiUà virtude da pessoa adornada. Pode parecer bem aos seus olhos ou aos olhos de quem a vê, mas não é por isso que se torna agradável a Deus.

LUXÚRIA é um dos pecados capitais, e consiste no desordenado desejo dos vergonhosos deleites sensuais. São cinco os graus da lux ú n a : o olhar, o prazer, a deleitação, o consentimento, a acção. Nenhuma paixão deprime a razão como a gula e a luxú­ria. A causas que provocam os pecados da luxúria são: a ociosidade e a sensualidade, as más leituras, as modas imodestas a frequentação de assembléias mundanas, os espectáculos imo­rais, os bailes. «As más companhias corrompem os costumes», avisa o Apóstolo S. Paulo (Ep. I, Cor .XV, 33). E S. João reco­menda que «não amemos o mundo porque tudo o que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos, e soberba da vida » (Ep. IS, Jo, II, 16). Para evitar o pecado da luxúria devemos afastar-nos das más companhias e dos prazeres que o mundo oferece, devemos mortificar os tiossos sentidos e os movimentos desordenados da nossa carne, e deve­mos pedir a Deus a graça precisa para guardarmos a virtude da castidade.

LUZ ELÉCTRICA pode usar-se nas igrejas para alumiar, contanto que não se produzam efeitos teatrais (S. C. B ) , mas é proi­bido usá-la para os actos do Culto e colocá-la sôbre a mesa do alt ir . São toleradas as velas ou candelabros eléctricos aos lados do altar.

LUZ DA GLÓRIA é um auxílio que Deus concede aos Bem-aventura­dos para que possam ver a Magestade divina face a face.

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145 m a l d i ç A o

MAÇONARIA é a coligação dos fautores do mal, que não se importara em dissimular as suas intenções, rivalisando entre si em audá­cia contra a augusta Magestade de Deus. Esta seita é uma associação tão criminosa, tão funesta ao cristianismo como à sociedade civil (Lião XIII). A maçonaria é uma das principais causas da apostasia dos jovens.

MÁCULA NA ALMA é a privação da graça de Deus. Passado que seja o acto pecaminoso, a mácula permanece na alma até que obtenha de novo a graça divina. A graça volta à alma mediante o perdão do pecado, e o perdão é concedido por Deus àquele que lho pede com arrependimento sincero. O perdão, ao mesmo tempo que apaga a mácula, isenta da pena eterna do inferno, mas nem sempre isenta da pena temporal a sofrer ou neste mundo ou no Purgatório.

MAGIA é o desejo de fazer coisas admiráveis e extraordinárias. Pode ser : natura l se os efeitos admiráveis são produzidos por fôrças ocultas da natureza; diabólica, se são produzidos por obra do demônio.

MAGISTÉRIO DA IGREJA é o ofício que a Igreja tem de ensinar a doutrina da Religião cristã, para santificação e salvação das almas. Jesus Cristo confiou à Igreja o depósito da Fé para que ela, assistida do divino Espírito Santo, ensinasse fielmente e guardasse santamente a doutrina revelada (C. 1322). À Igreja, independentemente de qualquer poder civil, compete o direito e o ofício de ensinar a tôdas as gentes a doutrina proposta pela Igreja de Deus (C. 1322). O magistério é exer­cido pela palavra do Papa, pelos Concílios, pelos Bispos e por seus auxitiares, os simples Sacerdotes.

MAL não é alguma coisa que exista na natureza; é a privação do bem no sujeito que o devia possuir.

MALDIÇÃO, ou imprecação, é uma palavra injuriosa, pela qual seP l . t o

M

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MANDAMENTOS DA IGREJA 146

deseja mal a alguém, ou a seres inanimados. Se é feita com a intenção de que suceda o mal, pelo menos grave, que se deseja, é pecado mortal. Pode não ser pecado mortal se as pala­vras não saiem do coração; ou se o mal que se deseja é leve, etc. ; no entanto é sempre condenável, ainda que saindo só dos lábios.

MALEDICÊNCIA consiste em descobrir, sem razão suficiente, as faltas e os defeitos do próximo, embora verdadeiras mas ocultas. É um pecado contra a caridade. Há casos, porém, em que não só é permitido, mas é um dever descobrir as faltas do próximo. É um dever revelar à Autoridade a incompetência ou a indignidade de alguém que vai ser empregado em funções públicas, e isto deve-se fazer para o bem público. É um dever descobrir aos Superiores as faltas dos seus inferiores para que se corrijam, e isto deve-se fazer para bem dos infe­riores.Pode-se descobrir o nome do culpado de um crime que nos é atribuido, quando não temos outro meio de justificar a nossa inocência ; e isto deve fazer-se para nosso bem. É um dever informar desfavoràvelmente mas com verdade, quando somos interrogados por quem deseja tomar um criado, um operário, um empregado, ou deseja confiar valores a alguém, ou pretende confiar em determinada pessoa.

MALEFÍCIO é efeito da Magia. Dá-se o malefício quando alguém, por obra do demônio ou por fôrça da parte que cora êle tem, faz coisas extraordinárias que excedem as fôrças humanas, com o fim de causar mal ao próximo, ou no corpo, ou na alma, ou nos bens, como são a doença, o amor torpe, ou calamidades, o que raríssim as vezes acontece. O malefício é um pecado contra a caridade e contra a justiça.

MANDAMENTOS DA IGREJA, são preceitos impostos aos cristãos pela autoridade governativa da Igreja. A autoridade que a Igreja tem para legislar foi-lhe dada por Jesus Cristo, dizendo aos seus Apóstolos: «Como meu Pai me enviou também eu vos envio»; (Ev. S. Jo. XX, 21). «T udoo que vós ligardes na terra será ligado no Céu»; (Ev. S. Mat. XVIII. 18). « Aquele

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147 MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS

que vos escuta a Mim escuta»; (Ev. S. Luc. X, 16). O poder da Igreja é divino e independente de todo o poder humano e é universal. Os imperantes estão sujeitos às leis da Igreja como o mais humilde dos fiéis. «O Imperador está dentro da Igreja mas não é superior a ela», dizia S. Ambrósio.A Igreja pode legislar sôbre tudo o que por sua natureza diz respeito à Religião, ao Culto, à salvação das almas; p ara isso Jesus Cristo a instituiu.A legislação da Igreja está reunida no Código de Direito Canônico, mas os chamados Mandamentos da Igreja são cinco:

I. Ouvir Missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e festas de guarda.

II. Confessar-se, ao menos uma vez cada ano.III. Comungar, ao menos pela Páscoa da Ressurreição.IV. Guardar abstinência e jejuar, nos dias determinados pela

Igreja.V. Contribuir para as despezas do Culto e para a sustentação

do Clero, segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja.

MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS, são dez preceitos e proibições que Deus impôs aos homens, para que o reconhecessem como Senhor Supremo e vivessem em comunidade sob o Seu poder. Foram dados por escrito a Moisés sôbre o monte Sinai, e foram impostos por Jesus Cristo a todos os homens, como uma con­dição, sem a qual não se podem salvar: « Se queres en trar na vida eterna, guarda os Mandamentos», (Ev. S. Mat. X IX , 17). Por isso os Mandamentos da lei de Deus obrigam a todos os homens, e não admitem excepção de pessoas nem de algum preceito dos dez Mandamentos. Enunciam-se assim :

I. Adorar a Deus e amá-lo sôbre tôdas as coisas.II. Não invocar o santo nome de Deus em vão.

III. Santificar os domingos e festas de guarda.IV. Honrar pai e mãi (e os outros legítimos superiores).V. Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma,

a si mesmo ou ao próximo).VI. Guardar castidade nas palavras e nas obras.

VII. Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).

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MARIA 148

VIII. Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo).

IX. Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos.X. Não cubiçar as coisas alheias.

A êstes preceitos todos os homens são obrigadas. Tudo o que fôr feito contra algum deles é mau, é pecado, é prejudicial, mesmo à sociedade, impede a salvação.Numa sociedade em que todos os homens cumprissem os dez Mandamentos, reinaria a paz na consciência de cada um e entre todos; com a paz gozariam a felicidade possível neste mundo, e ganhariam a felicidade eterna, último fim para que Deus nos criou.

MANÍPULO deriva de mappula , sudarium. É um ornamento que o celebrante, diácono e subdiácono,. usam no braço esquerdo durante o santo sacrifício da Missa, ü manipulo era próprio dos Romanos ; era um lenço que servia para cobrir o rosto, limpar o suor e fazer certos s in a i s ; no uso litúrgico reduziu-se à forma que hoje tem. Na Liturgia recorda aos que o usam a dôr que devem ter dos seu» pecados, e o trabalho p a ra expiação dos meemos. Deve ser benzido.

MANSIDÃO é a virtude que modera a ira, segundo a recta razão. É filha da humildade e da fortaleza. Jesus disse que são «bem- -aventurados os mansos, porque possuirão a terra» (dos vivos, que é o Céu), e deu-nos o exemplo, dizendo: «aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração* (Ev. S. Mat . V, 4; XI, 29). Por isso S. Paulo escreveu : «Não convém ao servo do Senhor que se ponha a altercar, mas que seja manso para com todos» (Ep. II Timót. II, 25).Com a mansidão se ganha a benevolência dos Superiores; se consegue a obediência dos inferiores; se detem o furor dos ini­migos; se conserva a tranqüilidade de espírito: vive-se em paz.

MANUSTÈRGIO, é uma pequenina toalha, que pode ser de algodão, e serve para o Sacerdote, na Missa, enxugar os dedos após o lavabo.

MARIA. A Virgem Maria é Mãi de Nosso Senhor Jesus Cristo. O

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149 M A TERIALISTA

profecta Isaías predisse que o Messias havia de nascer de uma Virgem {Is. VII, 14). 0 Anjo Gabriel, enviado por Deus aNazaret, disse à Virgem Maria: «Conceberás e darás à luz um filho e será cham ado Filho de Deus» (Ev. S. Luc. /), e S. Mateus diz que Jesus, que se chama o Cristo, nasceu da Vir­gem Maria (Eü . S. Mat. I). Porque a Virgem Maria é Mãi de Jesus, que é Deus, também se diz que é Mãi de Deus. Porque Deus a predestinou para uma dignidade divina, dotou-a de privilégios que a mais ninguém concedeu: o privilégio da Imaculada Conceição, a virgindade perpétua, a plenitude de graça. Por ser a Mãi de Cristo, Chefe e Redentor de todos os homens, Maria é também Mãi dos homens. Por isso é venerada pelos cristãos cora um culto superior ao que se presta aos Santos, porque a Virgem Maria é mais santa que os p ró ­prios Anjos.

MÁRTIRES, são os cristãos que se deixam matar para não renegar a sua fé em Jesus Cristo. Foram muitos os milhares de már­tires nos três primeiros séculos do Cristianismo. Homens, mulheres, jovens, de ambos os sexos e de tôdas as condições, quizeram antes sofrer os mais atrozes tormentos que os ini­migos da Religião poderam inventar, do que deixarem de con­fessar a sua dignidade de cristãos. Depois, em todos os sécu­los, outros cristãos têm seguido o exemplo dos primeiro», preferindo morrer por amor de Deus, a renegar a sua fé por mêdo dos homens.

MARTÍRIO, é o acto de máxima perfeição, inspirado pela caridade. Aquele que morre por amor de Deus é mártir de Deus, porque a causa dêsse martírio é a firmeza na fé, operando pela cari­dade. O mártir tolera pacientemente o martírio, mas não o deve procurar, porque não deve dar ocasião a que outrem pro­ceda injustamente. O martírio, como o Baptismo, obtém o perdão de todos os pecados.

MATERIALISTA, afirma que o homem é um mero organismo corpóreo. Negando a espiritualidade e a imortalidade da alma humana, torna impossível a verdadeira moralidade, e a si mesmo se degrada à condição de vil animal (C. P.).

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MATRIMÔNIO 150M ATiNAS, é a primeira parte do Ofício divino, assim chamada

porque começou a ser rezada de manhã cêdo. Segundo a disciplina actual podem ser rezadas desde as 14 horas do dia anterior.

MATRIMÔNIO, é a união conjugal vàlidamente contratada entre homem e mulher baptisados, elevada por Jesus Cristo à dignidade de um sacramento. Foi instituído por Deus, no paraíso terreal, em ordem à procreação, quando abençoou Adão e Eva e lhes d isse: «Crescei e multiplicai-vos» {Qen. / , 22).Jesus Cristo confirmou a união do homem e da mulher, como Deus havia determinado {Ev. S. Mat. XIX, d), e o Apóstolo S. Paulo declara que essa união é um sacramento : «Êste sacra­mento é grande, digo, em Cristo e na sua Igreja» (Ep. Efes. V, 32). O fim primário do matrimônio é a procreação e educação dos filhos ; o fim secundário é o auxílio mútuo e remédio da con­cupiscência (C. 1013). As propriedades essenciais do matrimô­nio são : a unidade, isto é, só um homem com uma só mulher e vice-versa; e a indissolubilidade, isto é, a impossibilidade de se separarem para contraírem novo matrimônio. O homem é apto para contrair matrimônio desde os 16 anos completos e a mulher desde os 14 anos completos, a não ser que haja entre êles algum impedimento; havendo-o, não podem casar sem a devida dispensa que, segundo os casos, deve ser conce­dida pelo Bispo ou pelo Papa. São vários os actos que devem preceder a celebração do sacramento do matrimônio, e são indicados no Código de Direito Canônico. Indicam-se aqui as leis que mais interessam ao conhecimento dos fiéis.a) Antes da celebração do Matrimônio deve o Pároco estar certo de que nada obsta a que êle se celebre, válida e licita­mente (C. 1019). Em perigo de morte, não podendo haver outras provas, basta, se não houver indícios em contrário, a afirma­ção jurada dos contraentes de que foram baptisados e de que não há entre êles nenhum impedimento (C. 1019).b) Os nubentes devem ser proclamados nas freguesias do seu domicílio ou quási domicílio se o tiverem, e nas do baptismo, e naquelas em que tenham residido por mais de seis meses contínuos, depois da idade núbil (C. 1023).c) Depois da última proclamação devem passar três dias p a ra

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151 M ENTIRA

o Pároco poder assistir ao casamento, a não ser que uma causa razoável exija que o faça antes (C. 1030).d) Não se realizando Matrimônio dentro de seis meses depois da última proclamação, devem ser repetidas, a não ser que o Ordinário do lugar disponha de outro modo.e) Para os nubentes contraírem vàlidamente o Matrimônio é condição essencial darem o consentimento mútuo, diante do Pároco e de duas testemunhas, ou por si-mesmos ou por pro­curador, e que exprimam o consentimento por palavras, se poderem falar. As testemunhas podem ser do sexo masculino ou feminino, e de qualquer idade, contanto que tenham o uso de razão e que possam atestar o que se faz.f) O casamento deve, em regra, ser celebrado perante o Pároco da freguesia da noiva, e na igreja paroquial, fóra da qual só pode ser celebrado com licença do Ordinário.g) O Matrimônio deve ser recebido em estado de graça, e muito convém que o seja à hora em que se pode dizer Missa, para que os esposos recebam as bênçãos matrimoniais.

MEDITAÇÃO, é a aplicação do entendimento a um assunto piedoso, com o fim de melhorarmos a nossa vida espiritual. De dois modos podemos aplicar o nosso entendimento a um assunto p iedoso: ou raciocinando, isto é, deduzindo de uma verdade outra verdade, com o fim de excitar afectos e resoluções, ou passando por uma série de considerações que se prestam ao nosso pensamento sem se encadearem, mas com o mesmo fim de excitar afectos e resoluções. Geralmente faz-se sôbre um assunto, apresentado em algum livro que trate de verdades dogmáticas ou morais, não para as estudar, mas para as pene­trar com o entendimento, de sorte que a vontade produza afectos, propósitos, e actos de amor sobrenatural.

MENTIRA, é a expressão contrária àquilo que se pensa, ou seja por palavras ou por qualquer sinal manifestada. Por três motivos costumam os homens mentir; ou por simples divertimento (mentira jocosa), ou por utilidade própria ou de outrem (men­tira oficiosa), ou para causar dano ao próximo (mentira per­niciosa). A mentira é sempre um mal, e Jesus a condena, dizendo que «o demônio é mentiroso e pai da mentira» {Ev.

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MESAS VOLANTES 152

S. Jo. VIII, 44). Por isso S. Paulo insiste, d izendo: «renun­ciando à mentira, fale cada um ao seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros» {Ep. Efes. IV, 25). 0demônio é pai da mentira; o homem que mente faz obra do demônio.

MÉRITO, é o direito a uma recompensa por alguma obra feita em aienção a outrem. Quando o homem pratica uma acção boa em atenção a outrem, fica, de algum modo, com direito a uma recompensa. Se esta lhe é antecipadamente prometida, é um dever de justiça conceder-lha. É certo que nós não temos nenhum direito à graça divina nem à glória eterna, mas Deus, por sua infinita bondade, dá-nos a sua graça para podermos praticar acções dignas de recompensa celeste. Se cooperamos com a graça, as nossas acções são boas e merecem recompensa celeste, não por serem acções nossas, mas por causa da graça divina que lhes dá valor sobrenatural e sobrenaturalisa o mérito da nossa cooperação. Jesus Cristo prometeu-nos recompensa celeste, dizendo: «Alegrai-vos e exultai, porque a vossa recompensa será abundante no Céu» {Ev. S. Mat . V, 12). E S. Paulo diz-nos: «Tudo aquilo que fizerdes fazei-o de boa vontade, como quem o faz pelo Senhor e não pelos homens, sabendo que recebereis do Senhor a recompensa da herança» (Ep. Colos. III, 24). A medida da nossa felicidade no Céu depende do mérito que tivermos adquirido, na vida presente, com as nossas boas obras feitas na graça de Deus e por amor de Deus.

MESA DA COMUNHÃO é um acessório do altar. Tem a forma de balaustrada, sôbre a qual deve haver uma tábua plana com largura suficiente para servir de mesa. Sôbre ela se estende a toalha, antes de ministrar a sagrada Comunhão aos fiéis.

MESAS VOLANTES. Chama-se assim aquelas de que os homens se servem para obterem algum efeito, certamente preternatural, como por exemplo : para adquirir uma notícia que nenhum dos assistentes conhece. Não é lícito usar dêste meio para conhe­cer alguma coisa, pois contém manifestamente a crença na

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153 MISSA

interveução do demônio. Nem merecem louvor aqueles que por simples passatempo fazem uso da mesa volaute, nem é lícito assistir a tal entretenimento.

METROPOLITA, é o Bispo da diocese mais importante de uma Província eclesiástica, cuja cidade é Séde arquiepiscopal (C. 272).Na própria diocese tem os mesmos direitos e as mesmas obri­gações que um Bispo na sua (C. 273). Nas dioceses sufra- gâneas têm os direitos e as obrigações que lhe são estipu­lados pelo Código de Direito Canônico (C. 74, 280).

MILAGRE, é um facto sensível que nalgum caso particular derrogaas leis constantes da natureza. Só Deus o pode fazer, e serve-se dêle para fazer brilhar a sua Omnipotência, para manifestar e autorizar a verdade, quer o milagre seja feito por Si-mesmo, ou pelo ministério dos seus Anjos e dos seus Santos. Os milagres que Deus fêz por intermédio de Moisés, e que se relatam na Sagrada Escritura, são a prova da verdade da Revelação divina feita à Nação judaica. Os milagres de Jesus Cristo, narrados no san to Evangelho, são a prova da sua divindade e da verdade da sua doutrina. Os milagres dos Apóstolos e de outros Santos serviram e servem para a pro­pagação da Fé, contribuindo para a conversão dos pagãos, e para exaltação da doutrina católica.

MISERICÓRDIA, é a compaixão do coração pela miséria alheia, que nos impele a prestar-lhe auxílio, se podemos. É efeito da caridade. Jesus Cristo deixou-nos êste preceito : «Sêde mise­ricordiosos, como também vosso Pai é misericordioso» (Ev. S. Luc. VI, 36), e prometeu grande recompensa aos que usas­sem de misericórdia: «bem-aventurados os misericordiosos, porque êles alcançarão misericórdia» (Ev. S. Mat. V , 7). Façamos o bem, mesmo aos que nos ofendem e aos que são ingratos, com o fim de imitarmos a misericórdia de Deus para connôsco.

MISSA é o Sacrifício no qual, pelo ministério do Sacerdote, Jesus Cristo oferece a seu eterno Pai, em uma imolação mística e não

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MISSA 154sangrenta, o seu Corpo e o seu Sangue, sob as espécies de pão e de vinho, em reconhecimento do supremo domínio de Deus.A primeira Missa foi oferecida por Jesus Cristo na sua última ceia, na véspera da sua crucifixão, e foi Êle que ordenou aos Sacerdotes, na pessoa dos seus Apóstolos, que fizessem o mesmo que acabava de fazer, isto é, que dissessem sôbre o pão e sôbre o vinho as mesmas palavras que acabava de dizer, palavras divinas que operariam a presença de Jesus sob aquelas mesmas espécies. Sôbre o pão estas palavras: « Isto é o meu Corpo»; sôbre o v inho: «Este é o meu Sangue». O San­gue de Jesus separado do seu Corpo, forma o sacrifício, o qual foi ordenado à comunhão, pois Jesus imediatamente disse: «tomai e com ei; bebei dêle todos». São três os actos princi­pais que o Sacerdote pratica na Missa: aoblação da hóstia e do vinho, a consagração da hóstia e do vinho, a comunhão. O sacrifício propriamente consiste na consagração. As outras partes da Missa são orações preparatórias ou de acção de graças. Aos efeitos da Missa dá-se o nome de frutos, que são de um valor infinito porque a vítima oferecida a Deus é o próprio Filho de Deus, é Jesus Cristo. Porém, o valor infinito da Missa é aplicado a seres finitos; a cada um é aplicado na medida das suas disposições. Por isso convém oferecer muitas Missas pela mesma intenção, isto é, com a intenção de os seus frutos serem aplicados a determinada necessidade. Se aquele por quem se oferece uma Missa está nas disposições que Deus exige para lhe conceder todo o fruto da Missa, aproveita-lhe totalmente, e o fruto de novas Missas oferecidas pela mesma intenção aproveitará a o u tro s ; se não tem as disposições necessárias quando se celebra uma Missa, pode tê-las quando outra é oferecida pela mesma intenção.É por isso que uma Missa oferecida por muitos, pode aproveitar mais a uns do que a outros, segundo as disposições em que se encontram. É por isso que quem manda celebrar uma Missa, e quem a celebra, e quem a ela assiste, devem excitar-se à devoção e a vivos desejos de receber, quanto poderem, os frutos de cada Missa.A Missa pode ser aplicada : a) pelos justos, para que obte­nham a graça da perseverança ; b) pelos pecadores, para que

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155 MISSAS GREGORIANAS

obtenham a graça do desejo da justificação; c) pelos infiéis, para que obtenham a graça de se disporem a receber a Fé ;d) pelas almas do Purgatório, para que obtenham o perdão da pena temporal que sofrem. Pelos defuntos, a quem foi negada sepultura eclesiástica, não devem ser rezadas Missas senão secreta e ocultamente, sera dia, lugar e hora determinados. A Missa pode ser rezada em honra dos Santos, mas só com o fim de dar graças a Deus pelo triunfo que êles alcançaram, ou de implorar o seu patrocínio em nosso favor.

MISSA CAMPAL, não se pode celebrar sem licença do Bispo, o qual não a concederá senão havendo causa justa e racional, em algum caso extraordinário e por modurn actus (C. 882). Em Portugal não se concede essa licença senão por ocasião de peregrinações ou outras solenidades estritamente religiosas, e noutros casos de verdadeira necessidade.

MISSA DIALOGADA, consiste em a assistência recitar em voz alta e em latim as respostas que o sacristão dá na Missa rezada, e o Glória, o Credo, o Sanctus e o Agnus Dei. É ao Ordinário do lugar que compete julgar da oportunidade desta prática.Na Missa dialogada não é permitido : a) alternar com o cele­brante o Glória, o Credo, o Sanctus e o Agnus D e i ; b) recitar em voz alta as orações que o celebrante diz em voz baixa, e o Pater noster; c) dizer em voz alta durante a elevação a invocação «meu Senhor e meu Deus». Podem os fiéis ser autorizados a dizer o Dôrnine, non sum dignus , antes da sua comunhão.A Epístola e o Evangelho podem ser lidos em língua vulgar por um sacerdote, um seminarista, um professor, um cate- quista, mas nunca por uma mulher.É absolutamente proibido acrescentar qualquer rito não pres­crito pelas rubricas. É igualmente proibido, na Missa rezada, incensar, benzer o pão ou outros objectos, ou retardar o cele­brante. 0 fim da Missa dialogada é dispôr os fiéis para uma mais activa participação no Sacrifício Eucarístico (Decisões da S. C. B ) .

M ISSAS GREGORIANAS. Conta S. Gregório Magno (séc. VI) que tendo

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MISSÕES 156

feito celebrar 30 missas seguidas por alma do monge Justo, teve a revelação de que ao fim de 30 dias a sua alma subiu ao Céu. Dêste faclo resultou o uso de os fiéis mandarem cele­brar Trintários de Missas por alguma alma. A Igreja aprova êste uso, sem todavia ensinar que o Trintário tem uma eficácia infalível. O Trintário só pode ser aplicado por alma de um defunto, tem de ser dito em 30 dias sucessivos sem inter­rupção, mas não é necessário que as Missas sejam celebradas pelo mesmo Sacerdote, nem no mesmo altar, nem com para­mentos pretos.

MISSAL, é o li vro que contém as Missas que os Sacerdotes celebram durante o ano. O actual foi editado pelo Papa S. Pio V, em 1570.

MISSÃO PAROQUIAL, é uma prègação apostólica continuada por 15 dias, feila por Sacerdotes aptos para êsse sagrado ministério. A Missão é a obra mais fecunda para a glória de Deus e sal­vação das almas, disse o Santo Padre Pio X. Sendo a Missão destinada a mover a vontade por meio de prègação das verda­des eternas, durante ela devem ser evitadas na Paróquia quaisquer festas, mesmo de carácter religioso. Deve ser prè- gada em cada Paróquia ao menos de dez em dez anos (G. 1349).

MISSÕES, são organizações eclesiásticas em países de infiéis, com o fim de os converter à religião católica. Foram instituídas por Jesus-Cristo quando disse aos seus Apóstolos: «Ide, ensinai tôdas as Nações», e são essenciais à vida da Igreja Católica. A obra das Missões continua, não só nos Países que ainda não conheceramIJesus Cristo, mas também nos que foram cristãos e cairara na apostasia ou na heresia. As Missões são susten­tadas, materialmente, por esmolas, a maior parte das quais recolhidas pela obra da Propagação da Fé, da Santa Infância, e do dinheiro de S. Pedro. As Missões, quando se estendem a vastos territórios, são superiormente 'governadas por um Vigário Apostólico, que em geral é um Bispo, governando em nome e por autoridade do Papa. Quando são pouco numero­sas, tem geralmente como Chefe um Prefeito Apostólico, nomeado pelo Papa, e que nem sempre tem o carácter episcopal.

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157 MORALMISTÉRIO; é uma realidade ou uma verdade secreta, que nós não

conhecemos se não nos fôr revelada, ou que.mesmo revelada não podemos compreender. Há m istérios |na ordem natural, realidades que conhecemos e cuja essência não compreende­mos, tais como: a natureza da vida vegetativa, da vida animal a criação do nada, a união da alma humana com o corpo, etc. Há mistérios na Religião, verdades que conhecemos porque Deus as revelou, mas que não podemos compreender, tais c o m o : a Trindade de Pessoas em Deus, a Incarnação do Verbo divino, a Eucaristia, etc. Os mistérios, porém, nào são contrários à razão, são-lhe superiores. A razão humana é limitada no seu poder de compreensão, por isso não pode com­preender tôdas as obras da Sabedoria e do Poder de Deus.

MfSTICA, é a doutrina que nos ensina por que meios Deus atrai e une a alma a Si-mesmo e que estuda as graças eminentes que constituem a contemplação infusa, ou que a acompanham.

MITRA, é um ornamento que o Bispo põe na cabeça, nalguns actos litúrgicos, como símbolo da sua [dignidade, e que recorda o seu supremo Sacerdócio.

MODÉSTIA, é a virtude moderativa das paixões ; modera a vida exte­rior do homem, contendo ordenadamente os movimentos cor- póreos. Não basta sermos pessoas modestas : é preciso sermos e parecermos, como recomenda o Apóstolo S. Paulo, dizendo : «A vossa modéstia seja conhecida de todos os homen8^ (Ep. Filip, I V , 5). Devemos proceder, sempre em tudo, de tal modo que quem nos observar reconheça, pelo nosso exterior, que a virtude é o principal ornamento do nosso espírito, o adôrno com que mais nos preocupamos.

MORAL, é a ciência que dirige as acções humanas em ordem ao fim último. Procede de duas fontes: da Sagrada Escritura , o livro que manifesta a vontade de Deus a respeito do homem, e do Magistério da Igreja , à qual Jesus Cristo confiou a auto­ridade de ensinar aos homens o que lhes é necessário saber e fazer para conseguirem o seu fim último, que é Deus. Assim diz o Apóstolo S. Paulo : «Se vivemos, para o Senhor vive­

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MORTE 158

mos; se morremos, para o Setihor morremos; logo, ou viva­mos ou morramos, do Senhor somos» (Ep. Rom. X I V , 7).

MORALIDADE, é a relação que os nossos actos têm com o nosso fim último. A moralidade das nossas acções depende duma con­formidade ou desconformidade com as regras da Moral. Se aquilo que fazemos está de harmonia com o que Deus manda e a Igreja ensina, a nossa acção é moral, é boa, é apta para conseguirmos o nosso flm último. Se lhe falta essa harmonia, não é acção moral, não é boa, não é apta para o nosso flm último.

MORDOMOS. Ninguém pode arvorar-se em mordomo ou zelador de qualquer Imagem, altar, capela pública, ou igreja, e nenhuma Comissão de devotos ou outro qualquer agregado de fiéis se pode constituir para a aquisição, administração e aplicação de esmo­las e donativos destinados a festividades ou a outros fins culturais, sem o expresso consentimento do Bispo, ou do Sacerdote que legitimamente deve presidir às mesmas festas ou outras funções (C. P.).Não se aceitam como mordomos ou membros das Comissões referidas senão pessoas recomendáveis pelo seu bom procedi­mento, e que costumam cumprir os preceitos da Igreja. Quando se organize alguma Comissão de festas religiosas, será seu presidente aquele a quem compete presidir às funções a que se destinam as esmolas (C. P.).

MORTE, é a separação da alma do seu corpo. A morte e todos os defeitos corporais, assim como a rebelião da carne contra o espírito, são pena do pecado original, conseqüência da perda da justiça original em que foram criados nossos primeiros pais. Assim o afirma S. Paulo, dizendo que « a morte é pena do pecado» {Ep. Rom. IV , 23). A morte é comum a todos os homens, e ninguém pode prever o tempo da sua morte. É naturalmente odiosa, mas é apetecível por causa da Bem-aven- turança, e muitos se alegram na morte porque esperam entrar na eterna felicidade. Mas como não podemos entrar na eterna felicidade se não morrermos na graça de Deus, Jesus, que quere a nossa salvação, adverte-nos, d izendo: «Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora» {Ev. S. Mat. X X V , 13).

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159 M ULHER

MORTIFICAÇÃO, é uma virtude moral que modera os dossos apetites interiores e os sentidos do corpo, segundo os ditames da razão e da Fé.O nosso corpo tem exigências que não são próprias da natu­reza racional. Compete à razão ordená-las, ou dominá-las inteiramente. Como cristãos havemos de servir-nos do nosso corpo como instrumento da alma para a prática de acções que agradem a Deus e mereçam recompensa celeste. Sempre que o corpo tenda para o que é contrário à lei de Deus, é nosso dever e nosso interesse contrariar tal tendência; nisso con­siste a mortificação. O Apóstolo S. Paulo escreveu : « Cas­tigo o meu corpo (rebelde) e o reduzo à escravidão (servindo inteiramente o espírito) para que não suceda que tendo pré- gado aos outros (a doutrina da salvação) venha eu a ser repro­vado » (ou condenado) (Ep. I Cor. I X , 26).Para manter os sentidos do corpo em permanente equilíbrio, torna-se necessário que os tenhamos sempre sujeitos aos ditames da razão e da Fé.

MULHER, foi criada por Deus depois de Adão e com dependência dêste, (Gen. 11—22) mas sujeita, como homem, a direitos e deveres humanos. A mulher é, quando fiel à sua missão, o Anjo da Paz e do A mor:Pelo casamento indissolúvel, Sacramento instituído por Nosso Senhor, a mulher obriga-se a dedicar a sua vida à felicidade do seu marido, e à educação dos filhos — é o ideal da mulher espôsa. Não convém por isso que se obrigue a um trabalho fóra do lardoméstico, que a impeça de cumprir os seus deveres de esposa e de mãi. Com o trabalho da mulher casada fóra do lar doméstico sofre a sua saúde, pelo excesso de trabalho, sofre o marido, a quem não pode dedicar os seus carinhos; sofrem os filhos, de cuja educação não pode cuidar; sofre o próprio lar doméstico, por falta de ordem e de higiene. E a desorganização da família. Para evitar isso a organização social deve rem unerar suficientemente o trabalho do homem; é um dever de justiça.A mulher pode às vezes não ser chamada à vida matrimonial — pode também consagrar-se exclusivamente a Deus na vida religiosa; e, neste caso, a sua m issão éa in da mais universal—

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MUNDO 160

é hóstia no holocaustro da vida religiosa e bálsamo para tantas dores que o seu amor divinamente puro suavisa nos hospitais e em outras instituições de caridade.As mulheres quando assistem nas igrejas aos actos do culto convém Jque estejam separadas dos homens; devem ter a cabeça coberta e estar vestidas modestamente, sobretudo quando vão á sagrada Comunhão (C. 1262). Podem estar inscritas nas Confrarias, mas somente para lucrarem as Indulgências e as graças espirituais concedidas aos Confrades (C. 709). Não se podem confessar fóra do Confessionário, a não ser em caso de enfermidade ou por outra verdadeira necessidade (C. 910). Não podem ajudar à Missa, a não ser por falta absoluta de acólito, respondendo de longe e sem chegar ao altar (C. 813). Excluam-se dos Sacramentos as que não trajarem decentemente. Não se admitam como madri­nhas, quer no Baptismo quer na Confirmação, ou como teste­munhas no Matrimônio, e até sejam repelidas da igreja, se isso poder fazer-se sem escândalo (C. P.). Em qualquer Pro­cissão, ainda que levem velas, devem ir a trás do Sacer­dote, e não podem encorporar-se nas alas da Procissão (S. C. R.).

MUNDO, foi criado por Deus quando aprouve à Sua Vontade, e só por um acto da sua Omnipotência, querendo que aparecessem as coisas sem que antes houvesse alguma coisa. Deus criou o o mundo, e goverua-o, e conserva-o com o fim de se mani­festar a criaturas capazes de O amar e glorificar, e capazes de participarem da Sua glória. Foi para o homem que Deus criou o mundo. Quando tiverem morrido todos os homens o mundo acabará, mas só Deus sabe quando. O que sabemos àcerca da criação do mundo é-nos narrado pela Bíblia, isto é, foi revelado por Deus e escrito no livro sagrado, que dá o nome de céu e terra a tôdas as coisas criadas. Sabemos que o mundo actuat acabará, porque a sagrada Escritura o ensina, dizendo : t Virá como um ladrão o dia do S e n h o r ; e então os céus passarão com grande ímpeto e os elementos com o calor se dissolverão, e a terra e tôdas as obras que há nela se abra- zarão. Porém esperamos, segundo as suas p rom essas (do Senhor), uns novos céus e uma nova terra, nos quais habita

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161 MÚSICAS

a justiça. Pelo que, caríssimos, esperando estas coisas, pro­curai cora diligência que sejais encontrados por êle imacula­dos e irrepreensíveis em paz» (Ep. I I S. Ped. III, 10. 13, L4). A palavra MUNDO também designa o meio social em que vivemos; a vida larga dos sentidos, das sensações, dos ape­tites, em revolta contra as leis da Moral cristã, contra as ver­dades da Fé divina, contra a delicadeza da consciência for­mada pelas regras da caridade e da justiça. Debaixo dêste ponto de vista, as coisas mundanas reduzem-se a três : as honras, as riquezas, as delícias. Àcêrca do mundo assim considerado, o Apóstolo S. João escreveu : « Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo não há nêle o amor do Pai, porque tudo o que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos, e soberba de vida, e isto não vem do Pai (do Céu) mas sim do mundo» (Ep. I S. Jo. II, 15, 16).Tanto quanto nos fôr possível, devemos viver afastados do mundo, fazendo vida de família, formando um meio escolhido em que não domine o espírito do mundo. Tendo de o freqüentar, devemos procurar exercer nêle uma acção puriflcadora pela nossa boa conversação, pela nossa conduta respeitável, pela firmeza das nossas convicções religiosas e pelo nosso bom exemplo em tudo.

MURÇA, é uma pequena capa redonda, abotoada na frente, que cobre só os ombros, espáduas e peito, tendo atrás um pequeno capuz. É uma veste ae origem canonical. Pode ser usada por certas dignidades do clero, pelos Doutores em faculdades eclesiásticas e por outros Saderdotes a .isso autorizados por quem de direito. É usada sôbre a sobrepeliz, mas deve tirar-se quando se administram os Sacramentos.

MÚSICAS (Bandas). As que tomarem parte em enterros meramente civis, não podem ser admitidas nas festas rebgiosas. Nãopodemadmi- tir-se nas funções sagradas músicas formadas de homens e mulheres. As Confrarias e Pias Uniões têm o direito de ch a­mar para as suas festas es músicas e cantores que preferirem (mas conforme as disposições eclesiásticas), sem que o Pároco a isso possa opor-se. Nas igrejas e capelas são proibidas as músicas que tiverem earácter teatral ou profano (C. P ■

Fl. 11

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NA TU R A L 161

N

NATAL, é a festa que a Igreja instituiu para eoruemorar solenemente o nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Maria. Desde a segunda metade do século III a festa do Natal é celebrada no dia 25 de Dezembro. A menção mais antiga que temos da celebração desta festa em Roma, é a do calendário filocaliano, ano 336.Não é fácil determinar ao certo a razão que levou a Igreja de Roma a fixar a festa do Natal em 25 de Dezembro. Poderia ter sido por influência da Igreja ortodoxa que fixara como data da morte do Senhor o dia 25 de Março; dêste modo, se nosso Senhor viveu 33 anos, teria nascido a 25 de Dezembro. « Das explicações sugeridas para explicar a fixação do Natal em 25 de Dezembro, D. Antônio Coelho diz ser a mais pro­vável, embora contrária aos factos, a que põe esta festa em relação com a data da morte de Jesus Cristo ». (Curso de Litur­gia R om ana , ed. de 1941, vol. 1, pág. 184).Parece também provável que a festa do Natal haja sido ins­tituída para eclipsar a festa do culto mitraista do «Sol invictusi que se celebrava a 25 de Dezembro. (Ver para mais esclare­cimentos Duchesne, Orig. du Gulte C h p á g . 271-281).A festa do Natal é de grande solenidade e alegria, porque recorda a vinda do Salvador dos homens. Os Sacerdotes podem cele­b ra r Missa à meia noite (C. 821), e podem celebrar nesse dia três Missas (C. 806), por privilégio especial da Santa Sé. Os fiéis têm obrigação de ouvir Missa (uma Missa) e de se abster de trabalhos servis.O Natal, escreve D. Beauduin, ensina-nos a Incarnação. O Natal é êste dogma rezado, cantado, passado no bronze dos sinos, na chama de mil velas; dogma sentido, vivido pelo povo cristão, e ainda hoje, apesar da perda e decadência dos cos­tumes, de tal maneira arraigado nos nossos hábitos cristãos que nem os indiferentes e inimigos escapam totalmente à sua salutar influência (La piété de VEglise, pág. 39).

NATURAL, é o que é devido à criatura, segundo as exigências da sua natureza.

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163 NOIVOSNATUREZA» considerada genericamente, significa o princípio univer­

sal espalhado por tôdas as coisas, que opera em todos os corpos, que os move, que lhes dá certas propriedades, tudo por virtude do seu Agente eterno, que é Deus. Ou é o princí­pio intrínseco e essencial do que se faz e do que se recebe. No homem, a natureza é s imultâneamente o corpo e a alma, porque o corpo e a alma são os princípios intrínsecos de tudo o que o homem faz ou recebe.

NATUREZA INOCENTE, é aquêle estado em que Deus criou o primeiro homem: recto, justo, imortal.

NATUREZA CORRUPTA, é o estado em que o homem nasce depois da queda de Adão; nasce como réu do pecado original.

NEUTRALIDADE RELIGIOSA, consiste em o Estado deixar livremente professar, praticar e propagar tôdas as Religiões. É filha do Indiferentismo , o qual admite tôdas as religiões porque não prefere nenhuma, fazendo assim injúria a tôdas ; e do Libera- lismo, que reconhece a tôdas as religiões os mesmos direi­tos que à Religião que considera verdadeira, fazendo-lhe grave injúria, e preparando o caminho para a indiferença religiosa. A neutralidade religiosa é condenada por Jesus Cristo, dizendo : «Quem não é comigo é contra mim e quem não ajunta comigo desperdiça» (Ev. S. Mat. X I I , 30). Em Re­ligião não pode haver neutralidade ; ou se pra tica a Religião de Jesus Cristo, e tudo se ganha porque se serve a Deus como Ele merece e quere, ou não se pratica a sua Religião, que é o mesmo que não praticar a Religião verdadeira, e em tal caso não se serve a Deus, e por isso não se merece coisa alguma para a vida eterna.

NOA, é a última das Horas Canônicas, que se recitam antes de Vés­peras, e corresponde às 3 horas depois do meio dia, a que os antigos chamavam a nona hora do dia.

NOIVOS. De vem propor-se, para o casamento, um fim cristão, isto é ;a) procurar um auxilio nas suas necessidades, nos seus traba­lhos e uma consolação nas suas penas; b) dar à Igreja filhos

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OBEDIÊNCIA 164

educados no temor e no amor de Deus, dar Santos ao Céu e cidadãos úteis à Pátria ; c) apresentar-se à celebração do casamento com a alma isenta de pecado ; d) festejar o casa­mento sem os excessos que a moral condena.

NOVICIADO, é palavra que d e s ig n a : ou a preparação das pessoas que entram no Convento para seguirem a vida religiosa, ou o tempo que dura essa preparação, ou a parte do Convento destinada à habitação dos Noviços, isto é, das pessoas que se preparam para a vida religiosa. Nas Ordens religiosas de votos perpé­tuos tôdas as mulheres, e na dos homens todos os Irmãos lei­gos, antes de serem admitidos ao Noviciado, têm no próprio Convento pelo menos seis mêses de postulantado ; nas Con­gregações de votos temporários o tempo de postulantado é determinado pelas respectivas Constituições (C. 539).À vida religiosa pode ser admitido qualquer católico que não tenha algum legítimo impedimento, que seja movido por inten­ção recta, e que seja idôneo para os ónus da vida religiosa (C. 538). As condições da admissão ao Noviciado sào indica­das no Código de Direito Canônico (C. 542, 555 e segs.), e nas Constituições das Ordens e das Congregações religiosas.

NOVÍSSIMOS, são as últimas coisas que, segundo a economia da divina Providência, estão reservadas a cada um que sai desta vida. São quatro: morte, juízo, inferno, paraizo.

NÚNCIO, é o Legado ou Embaixador do Papa, na qualidade de Chefe espiritual, junto dos Príncipes e dos Govêrnos das Nações.

oOBEDIÊNCIA, é uma virtude que dispõe o súbdito a fazer a vontade

do seu superior, com respeito, com piedade e amor. É preferível ao sacrifício. Os seculares são obrigados a obe­decer aos superiores espirituais somente no que prometeram no Baptismo. Os cristãos são obrigados e obedecer aos Prín­cipes seculares, se tiverem justo domínio, se preceituarem o que é lícito, e em coisas seculares. O militar é obrigado a

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16õ OBRAS DA VIDA CRISTÃobedecer ao seu Comandante só nas coisas m il i ta res ; o servo ao seu amo nas coisas servis ; o filho ao seu pai nas coisas domésticas e de disciplina ; qualquer ao seu superior segundo a razão de superioridade. A obediência é um acto de acata­mento à vontade de outrem como vinda de Deus. S. Paulo escreve: « Obedecei aos vossos superiores e sêde-lhes sujeitos porque êles velam como quem há-de dar contas (a Deus) das vossas almas» (Ep. Hebr. XIII , 17).O que, em geral, torna a obediência um jugo pesado é o nosso amor próprio. Devemos obedecer, não em atenção às quali­dades pessoais de quem manda, ou às conveniências que des­cobrimos na ordem dada ou na lei imposta, mas sim por causa da autoridade de Deus, que quere que uns mandem e outros obedeçam, e isto para bem de todos. Devemos obedecer a todos os que estão constituídos em autoridade como ao próprio Deus, ainda que sejam pessoas más, pois Deus serve-se por vezes de homens maus para castigar os pecados dos bons, e lhes fazer merecer maior recompensa no Céu. S. Pedro escreve: « sêde obedientes aos vossos superiores com lodo o temor, e não somente aos bons mas também aos de dura con­dição. Porque é uma graça sofrer alguém tribulações por consi­deração para com Deus, padecendo injustamente» (Ep. I S . Ped. II, 18, 19). Todavia, quando os homens mandam em opo­sição com a lei de Deus, devemos antes obedecer a Deus, pois, era tal caso, êles não mandam com autoridade comuni­cada por Deus, mas impõem a sua vontade pessoal. «Importa obedecer primeiro a Deus do que aos homens » (Act. V, 29).

OBRA DAS VOCAÇÕES SACERDOTAIS, tem por fim favorecer as voca­ções para o estado eclesiástico, e procurar recursos para se poderem educar no Seminário alunos pobres, guiar e proteger osjóvens seminaristas, especialmente durante as férias. Podem associar-se a esta obra tôdas as pessoas que queiram contri­buir para a realização daqueles fins.

OBRAS DA VIDA CRISTÃ, são necessárias para termos a recompensa da vida eterna. Disse Jesus : «O Filho do homem (que é Jesus mesmo) há-de vir na glória de seu Pai com os seus Anjos (a julgar os homens), e então dará a cada um a paga

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ÓDIOsegundo as suas obras* (Ev. S. Mat. X V I , 27). E o Apóstolo S. Tiago escreve: «Não vêdes como pelas obras é justificado o homem, e não pela fé somente? Sêde cumpridores da pala­vra (de Deus) e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos» (Ep. S. Tiago II. 24; I, 22). Mas Jesus p reven iu : «Tende cautela, não façais vossas boas obras diante dos homens para serdes vistos por êles; de outro modo não tereis a recom­pensa de vosso Pai que está nos Céus» (Ev. S .M at. VI, 1). Não é, pois, só pela fé que nos salvaremos mas também pelas boas obras que fizermos, não para que os homens nos louvem, mas sim para darmos glória a Deus, como diz o Apóstolo S. Paulo : «ou comais, ou bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus» (Ep. I Cor. X, 31).

OBSESSÃO DO DEMÔNIO, é a acção do demônio, que exteriormente molesta o corpo do homem, causando-lhe enfermidades e vexando-o com graves tentações. Isto pode acontecer: a) ou por causa da impiedade daqueles que renunciam a Deus ; b) ou porque Deus o permite para punir nos homens os pecados que fazem; c) ou porque Deus o permite para experimentar os seus servos e confundir a malícia do demônio. Os sinais pelos quais se conhece se alguém está possesso do demô­nio s ã o : falar língua estrangeira que não a p re n d e u ; não poder ver coisas santas ou não ouvir falar delas sem aborre­cimento; padecer de grandes convulsões; falar palavras des- honestas, etc. Os remédios que a Igreja prescreve são as orações, as boas obras, os exorcismos; e aconselha o uso de remédios naturais indicados pela ciência.

ÓDIO, é a aversão ou repugnância que sentimos em presença do m a l, real ou suposto. O ódio nem sempre é uma paixão má; se o seu objecto é o mal, o ódio é uma paixão b o a ; odiar o pecado é ter um amor entranhado à virtude. Mas o ódio chega a causar grandes perturbações na vida m o ra l ; por isso é preciso obstar a que tal paixão se radique em nós, visto que tanto pode ter por objecto o mal, como o bem que apreende como sendo um mal. O melhor meio de conseguir dominar a paixão do ódio é praticar com perseverança tôdas as virtudes.

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167 ÓLEOS SANTOS

OFÍCIO DIVINO, é oração que por lei da Igreja (C. 135) os Clérigo» de Ordens Sacras e alguns Religiosos e Religiosas têm obri­gação grave de rezar diàriamente pelo livro chamado Bre- viário. Consta de várias partes, cuja reza s» distribui pela» horas do dia : Matinas com Laudes, Prima, Tertia, Sexta, Nôa, Vc-speras e Completas. A divisão da reza do Ofício por diversas horas do dia obedece ao desejo que a Igreja tem de que os Clérigos não passem 'muito tempo de cada dia sem ocuparem o seu espírito na oração.O Ofício Divino rezado em nome da Igreja em união com Jesus — o grande Religioso de Deus — é a continuação do louvor que o Salvador Divino veio entoar na terra ao Pai celeste. 0 Ofício Divino está profundamente relacionado com o Sacri­fício eucarístico cujos fins pretende realizar, insistindo princi­palmente nestas duas modalidades de adoração—a admiraçáo e o louvor.O Ofício Divino tem por origem a primeira parte da Missa, cha­mada Missa dos Catecúmenos; imita-a na sua estrutura© dela toma os principais elementos — Epístola, Evangelho e Colecta. O «Ofício» chama-se «divino» porque: a) tem por exemplar o Louvor eterno que ressoa no seio da Trindade Santíssima;b) Tem por origem Deus que inspira à Suaglgreja os afectos, as palavras e os gestos leom que quere ser adorado; c) tem por objecto o próprio Deus cujas perfeições infinitas glorifica. O Ofício Divino é evidentemente uma oração vocal sendo também profundíssima oração mental, a meditação tradicional da Igreja (D. Antônio Coelho, Curso de Lit. Rom ., ed. de 1941, vol. I págs. 290-291).

ÕLEOS SANTOS, são aqueles de que usa a Igreja na administração dos Sacramentos do Baptismo, da Confirmação, da Ordem e da Extrema-Unção. São benzidos pelo Bispo em Quinta- -feira Santa, e não devem ser usados os antigos, a não ser em caso de urgente necessidade. Faltando o Óleo benzido, pode-se acrescentar outro, também de oliveira, não benzido, em menor quantidade (C. 734). O Pároco deve euardar os Santos óleos na igreja, em lugar decente, e seguro, fechado à chave, e não os pode ter em sua casa, nem mesmo o óleo dos enfermos, a não ser por necessidade ou por outra causa razoá­

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ORAÇÃO 168

vel, e mediante licença do Bispo (C. 735). O óleo benzido é também empregado na bênção dos sinos, na consagração dos altares e dos cálices para a Missa. O óleo é símbolo da incorruptibilidade e da fôrça.

ORAÇÃO, é ;uma piedosa elevação da alma a Deus, com o fim de Lhe prestarmos as nossas homenagens, e de Lhe pedirmos o que é necessário e útil a nós mesmos, ou ao nosso próximo. A ora­ção pode tomar várias formas: mental, a que se faz só com o pensamento; vocal, a que se faz exprimindo o pensamento por palavras ; privada, a que é feita por uma só pessoa e em seu nome particular; comum, a que é feita por várias pessoas reünidas ; pública , a que é feita, em nome e por autoridade da Igreja, pelos seus Ministros; lítúrgica , a que a Igreja faz nas cerimônias litúrgicas.A oração é um dever que Jesus Cristo nos impôs, d izendo: «É preciso orar sempre e não desistir nunca» (Ev. S. Luc. X V III , 1 ) ; «vigiai e orai, para não cairdes em tentação» (Ev. S. Mat. XX VI, 41); «vigiai orando em todo o tempo» (Ev. S. Luc. X X I, 36). Jesus Cristo mesmo orou e deixou-nos um modêlo de oração : «Meu Pai, se é possível, passe de Mim êste cálix,todavia não se faça a minha vontade mas a vossa» (Ev. S. Mat. X X V I , 39), e ensinou-nos a oração do Pai nosso (Ev. S. Mat. VI, 9-13). Os Apóstolos ensinaram-nos por quem e para que se deve orar. Escreve o Apóstolo S. Paulo: «Eu te rogo que se façam súplicas, orações, petições, acções de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão elevados em dignidade, para que vivamos uma vida sossegada e tranqüila em tôda a sorte de piedade e honestidade, porque isto é agra­dável diante de Deus nosso Senhor» (Ep. I. Timót. II , 1-3). Deus quere que façamos oração, não para Lhe darmos a conhe­cer as nossas necessidades, nem para que mude os seus desí­gnios a nosso respeito, mas porque quere realizar muitos actos da sua vontade a nosso respeito mediante as nossas orações, de outro modo não teria dito «pedi e recebereis». E, se as nossas orações não são sempre eficazes é porque, diz o Após­tolo S. Tiago (IV, 3); «pedis e não recebeis, e isto porque pedis mal, para satisfazerdes as vossas paixões». Em qualquer oração deve h a v e r : elevação da mente a Deus, confiança do

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m ORDEM

impetrante, acção de graças e súplica. Podemos pedir coisas temporais como necessárias, e coisas espirituais como princi­pais. Podemos pedir aos outros homens e aos Santos que orem por nós, para que alcancem de Deus, pelos seus méritos e orações, aquilo que desejamos. Assim o ensina S. Tiago, (V, 16), dizendo : «Orai uns pelos outros para serdes salvos, porque muito vale a oração perseverante do justo».A oração dominical, ou o Pai nosso, é perfeitíssima, porque contém tudo o que se pode desejar, e por ordem ; por isso devemos dizê-la muitas vezes.É preciso orar com freqüência, principalmente de manhã, pedindo as graças necessárias para o dia ; e à noite, agrade­cendo os benefícios recebidos, e pedindo perdão das faltas cometidas durante o dia.

ORATÓRÍO. Ver a palavra CAPELA.ORDEM, é um Sacramento pelo qual se constituem na Igreja os Bis­

pos, os Presbíteros e os Ministros, dando a cada um poder de exercer as funções Sagradas, e a graça para as exercer digna­mente. São sete as Ordens que se incluem no Sacramento da Ordem : três, chamadas Maiores ou Sacras, e quatro, chamadas Menores. É a Ordem o que distingue os Clérigos dos leigos ; os Clérigos são chamados para regerem os fiéis e exercerem o ministério do Culto divino (C. 948). Para o regímen dos fiéis e exercício do Culto, os Clérigos recebem da Igreja o poderem diversos graus. A cada grau dêsse poder dá-se o nomedeOrdem. São sete os graus que a Igreja confere ao Clérigo, e por isso são sete as Ordens, embora seja um só o Sacramento da Ordem. São Ordens Maiores : O Presbiterado, o Diaconado e o Subdia­conado ; são Ordens Menores: a de Acólito, de Exorcista, de Leitor, e de Ostiário. A Ordem é conferida pelo Bispo consa­grado, que é o Ministro ordinário dêsse Sacramento. Segundo o cânon 964, um Abade regular de regimen, pode conferira Tonsura e as ordens menores aos seus súbditos. (Ver as palavras: ORDEM, IDADE, INTERSTÍCIO).O Sacramento da «Ordem» foi instituído por Jesus-Cristo na última Ceia quando conferiu aos Apóstolos, e por êles aos seus sucessores, o poder e a graça de consagrar.

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ORDENS T E R C E IR A S 170

O Concilio de Trento condena os que neguem ser a «Ordem» verdadeiro Sacramento, nestes termos: Se alguém disser que a Ordem, isto é, a ordenação sagrada, não é verdadeira e prô- priamente um Sacramento instituído por nosso Senhor Jesus- -Cristo, seja excomungado (Sess. 23, can. 3).j

ORDEM NATURAL, é a apta disposição dos meios naturais para o f lm natural. O fim natural do homem é a posse de Deus conhe­cido só pela razão, fim que se há-de conseguir pelo exerc íc io das faculdades e fôrças próprias, principalmente pela inteli­gência e vontade sob o influxo natural de Deus, e pelo c u m p r i­mento da lei natural impressa no coração de todos.

ORDEM RELIGIOSA, é uma sociedade aprovada pela legítima autori­dade da Igreja, na qual os seus membros procuram a perfeição da vida cristã, por meio da observância dos Conselhos Evan­gélicos com os três votos de castidade, obediência e pobreza e sujeição às leis próprias da mesma sociedade. Ordem religiosa propriamente dita é aquela em que se fazem votos solenes. São Congregações Religiosas aquelas sociedades em que se fazem somente votos simples, quer perpétuos quer temporários. As Ordens Religiosas dizem-se isentas por não estarem sujeitas ao Bispo e sim ao seu Superior Maior e ao Papa. As Congre­gações são de Direito Pontifício, se recebem aprovação do P a p a ; e de Direito Diocesano, se são erectas pelo Bispo e n ã o obtiveram aprovação do Papa (C. 487, 488).

ORDEM SOBRENATURAL, é a apta disposição dos meios sobrenaturais para o fim sobrenatural. O fim sobrenatural do homem é a visão de Deus, face a face, e o amor de união eterna. O m eio de o conseguir é o exercício das faculdades hum anas, sob o influxo da graça actual e o cumprimento dos preceitos que Deus acrescenta à lei natural.

ORDENS TERCEIRAS. Terceiros seculares, são os fiéis que, v iven d o no século, procuram praticar com maior perfeição as v irtu d e s cristãs, sob a direcção e segundo o espírito de uma Ordem Regular, e conforme as Regras aprovadas pela Santa Sé (C. 702). Uma pessoa não pode pertencer ao mesmo tempo &

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171 PA D R E S DA IGREJAmais de uma Ordem Terceira (C. 705). Há as Ordens Terceira* de S. Domingos, a de S. Francisco, e a de N. Senhora do Carmo. Para ser admitido numa Ordem Terceira é preciso pedir ao respectivo Superior a admissão, o qual dará a conhe­cer as Regras, as obrigações, e os privilégios dos Terceiros.

ORTODOXO, é uma palavra pela qual se dá a entender tudo o que ple­namente concorda com a doutrina da Fé católica.

OSTiÁRIO, é a Ordem que confere o poder de abrir e fechar a porta da igreja, de expulsar os indignos e de guardar as a lfa ias sagradas.

?

PACIÊNCIA, é a virtude pela qual suportamos com resignação as penas que nos molestam, nào somente quando somos culpados mas também quando estamos inocentes. O homem paciente con­verte o fel em favo de mel; amansa o mau e fá-lo bom; muda o amargor do sofrimento em alegria de felicidade eterna. « A paciência aperfeiçoa as boas obras para que sejais per­feitos e completos, não faltando em coisa alguma», escreveu S. Tiago, e acrescentou: «tende paciência, irmãos, até àv inda do Senhor (que é o dia da morte). Bem vêdes que o lavrador, na expectativa de recolher o precioso fruto da terra, espera com paciência as chuvas temporãs e serôdias. Esperai também vós com paciência, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima > (Ep. S. Tiago. V, 7 e 8). As contrariedades são inevitáveis; e a maior parte delas vêm de nós mesmos. Reconheçamos a inutilidade da impaciência e o mal que nos causa. Os sofrimentos que nos vêm nas con­trariedades da vida são pouco ou nada em comparação dos nossos pecados.

PADRE. Ver a palavra SACERDOTE.PADRES DA IGREJA. Chamam-se assim os escritores da Igreja,

cujas obras e doutrina formam aquela autoridade que cons­

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PA D R IN H O S 172

titui a Tradição. A Igreja dá êste título aos Doutores que floresceram nos doze primeiros séculos do Cristianismo, isto é, desde os Apóstolos até S. Bernardo, que se reconhece geral- ralmente como último dos Santos Padres. Para que um Escri­tor seja considerado «Padre da Igreja» são necessárias quatro condições: a) ortodoxia doutrinai; 6) santidade de vida;c) antigüidade; d) aprovação da Igreja. Exislem todavia, alguns que embora não reünam em si tôdas as condições antes indicadas, são, 110 entanto, chamados vulgarmente «Padres da Igreja», como por exemplo, Tertuliano, Orígenes, Fausto de Riez e outros; êstes são chamados « Padres » pelos importantes serviços prestados à causa católica durante 0 tempo da sua ortodoxia.

Ver a palavra DOUTORES.PADRINHOS. Segundo um antiquíssimo costume que remonta pelo

menos ao século III, ninguém deve ser baptizado sem ser apresentado por um padrinho. No Baptismo, ainda que pri­vado, deve haver um padrinho e uma madrinha, que sejam baptizados, que hajam atingido o uso da razão, e tenham a in­tenção de assumir tal encargo; que no acto do Baptismo sus­tentem ou toquem fisicamente, por si ou por procurador, 0 baptizando, ou imediatamente após aquele acto 0 tirem ou recebam da pia baptismal ou das mãos do baptizante (C. 765). Sejam afastados nominalmente do múnus de padrinho os con- cubinários públicos (quer ligados pelo contrato civil quer não), os duelistas, os que proíbem que seus filhos se baptizem ou recebam a primeira Comunhão (C P.). Pelo Baptismo, o baptizante e os padrinhos contraem parentesco espiritual com o baptizado (C. 768). Em virtude do encargo que assumiram, os padrinhos têm obrigação de velar perpètuamente pelo seu filho espiritual (C. 769).Também na Confirmação deve haver um padrinho, que seja do mesmo sexo que o confirmando, que seja confirmado, que tenha 14 anos de idade e coloque a mão direita sôbre 0 ombro direito do confirmando durante a imposição do crisma. Não podem ser padrinhos na Confirmação os que não 0 podem ser no Baptismo.

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173 PAIXÃO

PADROEIRO (SAN TO ), é o Santo escolhido por uma Nação, Diocese Paróquia, Comunidade Religiosa, ou quaisquer lugares ou pessoas morais, como seu Protector especial junto de Deus.

PAGANISMO, é o estado religioso em que vivem o* povos que não conhecem o verdadeiro Deus. Adoram falsas divindades e seguem uma moral de harmonia com os erros grosseiros que às suas paixões agradam. Os homens tiveram sempre a ideia de um Deus; como não o conheciam, prestavam culto ao que êles julgavam ser Deus. Antes de Jesus Cristo só os Israe- litas adoravam o verdadeiro Deus, porque só a êles Deus se tinha revelado. Os povos que não conhecem Jesus Cristo continuam a viver no paganismo.

PAIS. Unidos pelo Santo Sacramento do Matrimônio o homem e a mulher são chamados, pelo poder da procriaçào que recebem de Deus, à missão sublime de colaborar com Êle na obra da comunicação da vida.Devem tomar tôdas as precauções para que os filhos tenham um nascimento feliz, e devem fazê-los baptizar o mais breve que possam, para os tornarem herdeiros do Céu. Devem prover suficientemente à conservação da sua saúde, instruí-los e educá-los, para que sejam homens prestantes e bons. Devem amá-los sem predilecção por algum, e amá-los sobrenatura l­mente. Devem corrigi-los, exercer vigilância sôbre a sua conduta, habituá-los ao trabalho, segundo as aptidões e fôrças de cada um, dar-lhes bom exemplo, preveni-los a respeito dos perigos contra a virtude, a respeito das realidades da vida, dirigi-los e ampará-los na escolha da profissão e do estado de vida que hão-de tomar. O Apóstolo S. Paulo lhes diz: «Edu­cai-os em disciplina e correcção do Senhor » (Ep. Efes. VI, 4). P reparar os filhos para ganharem o sustento do corpo é ura dever de que os pais não podem dispensar-se; mais impor­tante e mais grave porém é o dever de os preparar para ganharem a vida eterna.

PAIXÃO. (Etimològicamente deriva do verbo latino pa ti que significa sofrer). A paixão é definida por Aristóteles, «o movimento do apetite sensitivo procedente da imaginação do bem ou do mal,

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P A LA 174com uma certa transmutação eorpórea». Neste sentido as paixões, sendo inclinações próprias da natureza, não são nem boas nem más e existem em todos os homens. Seguindo o pensamento aristotélico, S. Tomás (S. Teológ. /-//, q. 23, a 4) distingue no homem onze paixões: amor, ódio, desejo, fuga, deleitação e tristeza, estas no apetite concupiscível; espe­rança, audácia, desesperação, temor e ira, no apetite irascível. A paixão é voluntária, quando excitada pela própria vontade ; os actos a que conduz têm maior mérito se sào bons, e maior culpabilidade se são maus. A paixão é invo lun tár ia , quando precede o acto da vontade, inclinando-a a operar; os actos de que ó causa chegam a ser isentos de responsabilidade moral. As paixões moderadas pela recta razão, podem e devera contri­buir para a formação de sólidas e fecundas virtudes.Mas, em nosso modo habitual de falar, paixão significa sim­plesmente «o acto ou o hábito desordenado do apetite sensi­tivo. Neste sentido, a paixão seria mais propriamente cha­mada «vício» (S. Teolog. l - I I q. 45, a. 1, resp. à 1* obj.).

PAIXÃO DE JESUS CRISTO . Chama-se assim ao conjunto dos sofrimen­tos do nosso Divino Salvador desde a sua prisão na noite de Quinta-feira Santa até à morte na C ruz ; foi prognosticada pelos Profetas do Antigo Testamento, principalmente por Isaías, (cap. LIII), e foi realizada sob o poder de Pôncio Pilatos, na cidade de Jerusalém, terminando com a crucifixão no Calvá­rio. A natureza humana de Jesus Cristo, posto que unida à natureza divina, conservou o que tinha de passível e m o r ta l ; por isso Jesus foi sensível às dores e à morte. Pela Paixão de Jesus^Cristo foram tirados todos os impedimentos da nossa salvação,'e foram-nos dados todos os bens, quanto ao mérito. Na remissão dos pecados ela é a causa universal, que é pre­ciso, todavia, aplicar a cada um por meio dos Sacramentos, de sorte que nenhum pecado é perdoado, nem alguém obtém salvação sem que lhe sejam aplicados os méritos da Paixão de N. Senhor Jesus Cristo.

PALA, é um pequeno pano quadrado, | le linho ou de cânhamo, que o Sacerdote leva dentro do corporal quando vai celebrar a Santa Missa. Não admite bordados, mas pode ter uma renda

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175 PAPA

à volta. A pala serve para cobrir a patena e a hóstia até ao ofertório, e o cálix desde o ofertório até à comunhão, e de novo a patena depois da comunhão. E benzida com o corporal, dentro do qual se conserva. Depois de servir na Missa, não deve ser dada a lavar nem mesmo a religiosas, sem ter sido purificada por Clérigo de Ordens Maiores (C. 1306).

PALIO, é um docei portátil, sustentado por varas, que obrigatoria­mente serve nas procissões para cobrir o Sacerdote que leva a custódia com o Santíssimo Sacramento. É tolerado também que vào debaixo do Pálio as Relíquias da Verdadeira Cruz do Senhor e os Instrumentos da Paixão, contanto que não este­jam reünidas a relíquias de Santos. É proibido levar nas procissões debaixo do pálio relíquias ou imagens dos Santos, ainda que sejam da Santíssima Virgem (S. C. R.). Se houver costume, também pode ir debaixo do pálio a imagem do Senhor morto, na sexta-feira santa (S. C. R.). Também é recebido debaixo do pálio o Bispo, na visita pastoral (Pont. Rom.). Também se chama Pálio a um ornamento que o Arcebispo põe sôbre os ombros depois de revestido de todos os outros ornamentos pontificais. O Palio era insígnia do imperador que foi concedida ao Papa ou no século IV ou no século V. No princípio era sinal do poder e missão do pastor passando também a ter o significado de uma relíquia de S. Pedro e de um instrumento do poder arquiepiscopal.O Pálio é feito da lã de cordeirinbos, benzida no altar de Santa Inês e depositado depois sôbre o altar da confissão de S. Pedro. (Ver A. Coelho, C. de Lit. Rom., 1943, Vol. II, pág. 240). É formado por duas fitas de lã branca, da largura de dois dedos, que pendem sôbre o peito e sôbre as costas, com algumas cru­zes pretas .“ Usam-no os Metropolitas como sinal de jurisdição sôbre as igrejas da sua Província eclesiástica ; antes de o rece­berem não podem licitamente exercer a sua jurisdição arqui­episcopal (C. 275, 276). A bênção do «Pálio» é reservada ao Sumo Pontífice.

PAPA. Esta palavra significa Pai espiritual. O Papa é o Vigário de Jesus Cristo na terra, o Bispo de R o m 5., o Ch.fe da Igreja Católica. (Ver Romano Pontífice).

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PARÓQUIA 176

PARAÍSO TERRESTRE. Dá-se êste nome ao lugar onde Deus formou e colocou Adão e Eva. Conhecemos a sua existência pela narração da Sagrada Escritura, mas não sabemos em que lugar exacto da Terra estava situado.

PARAMENTOS, são todos os ornamentos usados pelo Clero nas fun­ções sagradas. Devem ser benzidos pelo Bispo ou por Sacer­dote que tenha as necessárias faculdades, excepto os sangüi- nhos, os véus de cálix e as bôlsas de corporais. Não podem servir para usos profanos (C. 1296).Àcêrca da matéria e forma dos ornamentos e outros objectos sagrados devem observar-se as normas litúrgicas, a tradição da Igreja e, do melhor modo possível, também as leis da Arte Sagrada (C. 1296, § 3).As várias côres dos paramentos são a expressão de um sim­bolismo. A côr branca é símbolo de pureza e de a le g r ia ; a côr vermelha é símbolo de amor e de sacrifício ; a verde é símbolo de esperança ; a rôxa é símbolo de penitência ; a preta é símbolo de luto. Os paramentos não devem estar rasgados nem sujos. Quando já não podem ser remendados, quei­mam-se, assim como se queimam tôdas as vestes e utensílios litúrgicos benzidos, quando já não estão capazes de ser usados.

PÁROCO, é o Sacerdote a quem foi conferida, em título, alguma Paró­quia com a cura de almas, que há-de exercer sob a autoridade do Ordinário do lugar (G. 451). Só é propriamente Pároco aquêle que é colado. Aos Párocos colados são equiparados os Encomendados, em tudo o que não seja contrário ao direito (O. 451). É da máxima importância na Igreja católica o ofício dos Párocos.Da sua ciência, prudência e zêlo depende, em grande parte, a salvação das almas. São êles os melhores cooperadores dos Bispos, aos quais compete o direito de os nomear em suas Dioceses (C, 455). Os direitos e as múltiplas obrigações dos Párocos estão determinados no Código do Direito Canônico.

PARÓQUIA, é uma parte dc território de uma Diocese, com uma igreja e povo determinados, sob a direcção dum Pároco como seu próprio Pastor, para cuidar das necessidades, das almas (C. 216).

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177 PA TR IA R CA

PÁSCOA, é a principal festa dos cristãos, por comemorar a Ressurrei­ção de Jesus, fundamento da nossa Religião. A Ressurreição d e Jesus Cristo é o triunfo da vida sôbre a morte e dá-nos a esperança da nossa futura ressurreição para irmos gozar com Jesus as alegrias do Céu.No Martirológio, antes de se anunciarem as Calendas e a lua, canta-se o elogio da Festa do dia, que todos escutam de pé. Neste d ia , para a aspersão antes da Missa, emprega-se água t ira d a da Pia baptismal, antes da infusão dos Santos Óleos.Neste Domingo e nos que se seguem, até ao Pentecostes inclu- sivaraente, canta-se à aspersão « Vidi aquam » em lugar do «Asperges» (ver A. Coelho, C. de Lit . Rom., 1941, Vol. I, págs. 728-729).

PATENA, é uma espécie de prato de ouro ou de prata dourada, onde se coloca a hóstia que vai ser consagrada na Missa. Deve ser sagrada pelo Bispo.

PÁTRIA nossa, é a Nação a que pertencem nossos pais quando nas­cemos. Devemos-lhe amor, trabalho e defesa, a) O amor à nossa Pátria leva-nos a preferi-la às outras Nações, a aplaudir como nossas as emprêsas dos nossos compatriotas que procu­ram o bem comum, a pôr em relevo todo o bem que se faz na nossa Pátria, a sentir e a lamentar como m al nosso, todo o mal feito pelos nossos compatriotas, a nos sentirmos honrados pelos actos que honram os nossos compatriotas, b) Trabalho pela prosperidade material e moral da nossa Pátria, c) Defesa pela palavra, pela escrita, pelo capital, pelas armas, sempre que a Pátria tenha necessidade do nosso esforço e das nossas faculdades.

PATRIARCA, era o nome que se dava aos varões célebres de que a Sagrada Escritura faz menção e que viveram nos primeiros tempos do mundo e durante muitos séculos. Actualmente a palavra Patriarca usada na Igreja, é apenas um título que, além da prerrogativa de honra e do direito de precedência sôbre o Primaz e o Arcebispo, não tem jurisdição especial (C. 271, 280).

F l. 12

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PECADO 178

PATRÕES, paguem aos operários um salário justo ; não lhes imponham trabalho excessivo; sejam com êles generosos quanto possível; não os exponham a ocasiões de pecado, antes procurem auxi­liá-los no cumprimento dos seus deveres religiosos ; e amem-nos como irmãos, filhos do mesmo Pai que é Deus (C. P. ; C. 1524).Lembrem-se os patrões da rigorosa obrigação que lhes in­cumbe de manter completa moralidade nos seus estabeleci­mentos, evitando a promiscuidade dos sexos e o trabalbo nocturno das mulheres, que lhes é tão prejudicial para a alma como para o corpo. Os amos e patrões devem procurar que os jovens de um e outro sexo, que se ocupam no seu serviço doméstico, santifiquem os dias do Senhor, freqüentem os Sacramentos, e fujam dos perigos contra a Fé e os bons costumes (C. P.).

PAVILHÃO. Ver a palavra SACRÁRIO.PAZ, é a tranqüilidade na ordem, principalmente na vontade. A paz

procede da justiça, evitando ocasiões de litígios e tumultos. 0 mundo oferece paz aos seus, proporcionando gozos, prazeres, consolações, que todavia não acalmam as paixões, não unem os sentimentos, não confortam o coração, não abatera o orgu­lho, não desfazem as invejas, não nivelam as ideias. Por isso o mundo não dá paz aos homens. A paz vem do Céu. Can- taram-na os Anjos quando Jesus nasceu; deixou-a Jesus aos seus discípulos quando subiu ao Céu: «A paz vos deixo, a paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo» (Ev. S. Jo. X IV , 27). A paz de Jesus Cristo é uma graça que esta­belece a harmonia entre as faculdades do homem e entre os homens que sujeitam a sua vontade à vontade de Deus. Aquêie que te fôr inteiramente submisso goza o dôce prazer da paz no seu espírito, ainda que viva no meio de adversidades.

PECADO, é qualquer acção, palavra ou desejo contra a Lei eterna de Deus (Santo Agostinho).0 Pecado é possível porque o homem é livre no exercício da sua vontade; deve determinar-se ao bem, mas pode determi­nar-se ao que é oposto ao bem, isto é, pode não querer con-

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PECADOformar os seus actos com o que a Lei divina lhe prescreve. O pecado pode ser contra Deus, contra o próprio pecador, e contra o próximo, e pode ser de pensamento, de palavra, de acção e de omissão.A gravidade do pecado não se mede pelo prejuízo que causa, mas pela má vontade ou má intenção do pecador. São quatro os graus da gravidade do pecado, conforme resulta: da paixão, ou da ignorância, ou da malícia, ou da contumácia.O pecado original foi cometido por Adão, o primeiro homem, o qual preferiu agradar a sua mulher, desprezando ambos a Lei de Deus. Em conseqüência dêsse pecado, ficaram ambos privados da graça divina em que haviam sido criados, e fica­ram sujeitos a todos os males que resultam da ignorância, da concupiscência e da fraqueza da vontade, e ficaram sujeitos à morte. Além disso, todos os descendentes de Adão e Eva estão sujeitos ás mesmas privações e ás mesmas penas, visto que o pecado original deteriorou a natureza humana, que passa de geração em geração privada da graça de Deus. Esta verdade é afirmada na Sagrada Escritura, dizendo S. Paulo : «O pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte para todos os homens, porque todos haviam pecado...» (Ep. Bom. V, 12). 0 Sacramento do Baptismo apaga o pecado original, porque infunde a graça divina na aiina de quem o recebe; mas a natureza humana continua sujeita aos efeitos com que aquêle pecado a infeccionou. Por isso o homem ainda cai em pecado e os seus pecados chamam-se pessoais, que podem ser mortais ou veniais. O pecado é venial quando não faz perder a graça de Deus, e isto sucede se deixamos de cumprir a Lei de Deus em coisa leve, ou em coisa grave mas sem pleno conhecimento.Êste pecado é impedimento de actos de virtude e atrai sôbre o pecador alguma pena temporal a sofrer neste mundo ou no Purgatório. 0 pecado é mortal quando se transgride a lei divina por desprêzo; mas nenhum pecado é mortal sem o pleno conhecimento da razão.O pecado mortal faz perder a graça de Deus e sujeita o peca­dor à condenação eterna. O pecado venial é comparado a uma doença, o pecado mortal é comparado à morte. É mais grave pecar por obras do que por pa lavras , e mais grave pecar por

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PECADOS CONTRA O E S P ÍR IT O SANTO 180

palavras do que por pensamentos. Os pecados carnais são menos graves, embora mais torpes do que os pecados espiri­tuais. Todo o pecado contra o próximo é também contra Deus.Todos os pecados podem ser perdoados nesta vida, quanto à culpa e quanto à pena , mas para obter o perdão de qualquer pecado é preciso que se perca totalmente o afecto ao pecado. Nenhum pecado mortal pode ser perdoado sem que o sejam todos, porque todos os mortais sào conexos na aversão a Deus. «Se dissermos que não temos pecado algum, nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós» {Ep. I S. Jo. I, 8). O pecado é o máximo mal que o homem pode fazer a si mesmo. O homem que peca mortalmente fica de tal modo escravizado ao seu pecado que, enquanto está etn pecado, nada faz que mereça recompensa celeste e, morrendo em pecado mortal , não pode ter vida eterna no Céu.Há sete pecados mortais, que são chamados capitais, porque são a cabeça ou a fonte de que procedem outros, e sào : soberba, avareza , luxúr ia , ira, gula, inveja e preguiça Os principais meios de evitar o pecado são: a oração, a medi­tação e a consideração das conseqüências do pecado, a fre qüência dos sacramentos da Confissão e da Comunhão, o: exercícios de piedade, o espírito e a prática da mortificação, a fugida das ocasiões do pecado, a vigilância sôbre os sentidos e sôbre a vontade, sem cujo consentimento não há pecado.

PECADOS CONTRA 0 ESPÍR ITO SANTO, são os pecados nos quais, por uma obstinação no mai, se despreza a graça que o divino Espírito Santo nos oferece para a nossa santificação. Cha­mam-se pecados contra o Espírito Santo porque tudo o que dimana da bondade de Deus se atribui particularmente ao Espírito Santo. Tais pecados são : desesperação da salvação, — presunção de se salvar sem merecimentos, — contradizer a verdade conhecida como tal, — ter inveja das mercês que Deus faz a outrem, — obstinação no pecado — impenitência fina]. Jesus disse que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado neste mundo nem no outro (Ev. S. Mat. X II , 32), que­rendo dignificar que é muito difícil ao que comete tais pecados o arrepender-se e sem o arrependimento não recebe o perdão.

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181 PENA

PECADOS CONTRA A NATUREZA, geralmente falando, são todos os pecados de impureza, cometidos contra a ordem da natureza estabelecida para a geração dos filhos.

PECADOR, é aquêie que comete algum pecado. É pecador oculto se o seu pecado não é conhecido ; é pecador público se o seu pecado é do conhecimento público. Os pecadores públicos — os excomungados, oa interditos, os manifestamente infames e quaisquer outros — devem ser afastados da sagrada Comu­nhão, a não ser que conste da sua emenda e satisfaçam pelo escândalo público. Aos pecadores ocultos, se pedirem oculta­mente a Comunhão e não constar da sua emenda, não se dê a Sagrada Comunhão ; se a pedirem püblicamente e houver escân­dalo em lha negar, deve ser-lhes dada (C. 855). Se o peca­dor público ou ligado por censura notória, pretender o Sacra­mento do Matrimônio e não se quizer confessar, ou se se recusar a reconciliar-se com a Igreja, o Pároco não pode assistir ao seu Matrimônio, a não ser que urja causa grave, e, podendo ser, depois de ter consultado o Bispo (C. 1066). Os pecadores públicos e manifestos não podem ser admitidos vàlidamente nas Associações Pias (C. 693) e não podem ter sepultura eclesiástica (C. 1240).

PEDRA D’ARA, é a pedra sagrada pelo Bispo e colocada sôbre uma mesa para a celebração do Sacrifício da Missa. Deve ter as dimensões suficientes para nela caberem a hóstia e o cális. As proporções ordinárias são de 30 centímetros de compri­mento por 26 de largura. Convém que sobressaia um pouco sôbre a mêsa, para que o celebrante conheça fàcilmente os seus limites. A pedra d ’ara perde a sagração : recebendo uma fractura enorme, reraovendo-se as relíquias, ou levantando*se o opérculo do sepulcro onde estão as relíquias. Uma fractura leve, mesmo no opérculo, pode ser tapada por qualquer Sacer­dote, cimentando a fenda (C. 1200).

PENA ou castigo de Deus, é dupla : de sentido ou aflitiva, e de dano ou carência da visão de Deus. À primeira é devida ao peca­dor por causa da sua conversão desordenada às criaturas ; a segunda por causa da aversão a Deus. Tôda a pena, como

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PENITÊNCIA mpena, só se aplica ao culpado, mas como satisfação e medicina pode*se aplicar por culpa alheia. Com pena corporal se cas­tiga o filho por culpa do pai e o servo por culpa do amo, enquanto que são alguma coisa dêles; não porém com pena espiritual, a não ser que tenham sido participantes da sua culpa.Deus tarda em punir os pecadores, por duas razões: para que os predestinados se convertam, e para que os seus juizos sejam reconhecidos como justos.Os que morrem só com o pecado original não sofrem a pena de sentido. Ao pecado venial é devida a pena tem poral; ao pecado morta l , a pena eterna.Perdoada a culpa do pecado mortal e a pena eterna, por vezes fica a pena temporal a sofrer nesta vida ou no Purgatório.

PENA ECLESIÁSTICA, é a privação de algum bem, imposta pela auto­ridade legítima da Igreja, para correcção do delinqüente e punição do delito (C. 2215).

PENAS ESPIR ITUAIS . Ver a palavra CENSURA.PENITENCIA, é um Sacramento pelo qual são perdoados os pecados

cometidos depois do Baptismo, àquele que os confessa com as devidas disposições. Foi instituído por Jesus Cristo quando disse aos seus Apóstolos: «Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem osretiverdes ser-lhes-ão retidos» (Ev. S. Jo. XX, 23). Êste poder conferido por Jesus aos seus Apóstolos, e que só êles podem transmitir e que transmitem somente aos Sacerdotes, estende os seus efeitos a todos os pecados, de sorte que não há nenhum pecado que não possa ser perdoado pelo Sacramento da Peni­tência.Para haver Sacramento é necessário que o penitente ou peca­dor faça a confissão dos seus pecados com verdadeira contri­ção e propósito de satisfazer, e que seja absolvido pelo Con­fessor. Êste Sacramento é tão necessário para a salvação daqueles que pecam mortalmente após o Baptismo, como o Baptismo é necessário para os não baptizados. Todavia os pecados seriam perdoadas àquele pecador que, desejando o

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183 PEREGRINAÇÕESperdão e não se podendo confessar, morresse com verdadeira contrição. A contrição procede do amor a Deus, e quem m orre no amor de Deus não é condenado.Todos os fiéis têm obrigação, por preceito da Igreja, de rece­ber o Sacramento da Penitência, desde que chegam ao uso de razão, ao menos uma vez cada ano.

PENITÊNCIA (virtude), é uma virtude sobrenatural e moral, inclinando o pecador à detestação do pecado por ser ofensa a Deus, com o firme propósito de emenda e de satisfação. P or fôrça da justiça natural, o homem tem de reparar a ofensa feita a outrém. O homem que ofende a Deus fica obrigado, por preceito de justiça, a reparar a ofensa, e repara-a fazendo penitência.

PENTECOSTES, ó o décimo dia após a Ascensão do Senhor. Cha- ma-se dia de Pentecostes — palavra que quere dizer quinqua- gésimo — porque a festa se realiza 50 dias depois da Páscoa. Chama-se também Domingo do Espírito Santo, porque nesse dia, estando os Apóstolos reunidos numa casa da cidade de Jerusalém, em oração, desceu sôbre êles o divino Espírito Santo, em forma de línguas de fôgo, produziudo efeitos m ara­vilhosos.

PERDÃO. É um dever cristão perdoar aos que nos ofendem ; mas o perdão exige o arrependimento do ofensor, e por essa razão não facilita a disposição para nova ofensa. Disse Jesus C ris to : «Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se êle se arre­pender, perdôa-lhe » (Ev. S. Luc. X V I I , 3).Quem se arrepende do mal que faz não fica com vontade de repetir a acção má. O perdão é uma consoladora esperança para os pecadores, pois disse o Evangelista S Lucas: «Arre­pendei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados» (Act. Ap. II I , 19). Tal é o preço do perdão dos nossos pecados: arrependimento, acompanhado da conversão, e detestação do mal feito, começando a fazer o bem que lhe é contrário.

PEREGRINAÇÕES, são uma solene manifestação de Fé, um acto colec- tivo de Religião, de piedade e de penitência, que os cristãos

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PERFEIÇÃO 184costumam fazer, ordenados em grupos, aos mais célebres San­tuários. Nào devem ser promovidas sem o consentimento da Autoridade eclesiástica, a cuja aprovação há-de ser submetido o respectivo programa. Convém que os fiéis sejam prepara­dos para êsse acto, por meio de prégação, e que se confessem e comunguem.

PEREGRINO, é aquêle que está fora do domicílio e quási domicílio, que ainda conserva (C. 91). Não está sujeito às leis particu­lares do seu território, enquanto dêle estiver ausente, excepto se as leis forem pessoais ou a sua transgressão causar pre­juízo no seu território ; e no território em que se encontra é obrigado somente às leis que dizem respeito à ordem pública. O peregrino deve ser baptizado solenemente na sua paróquia pelo Pároco próprio, se isso fôr fácil e sem demora se se puder fazer; em caso contrário, qualquer Pároco no seu território pode baptizar solenemente o peregrino (C. 738). Pode lucrar as Indulgências concedidas a todos pelo Bispo da diocese em que se encontra (C. 927).

PERFEIÇÃO, consiste na união permanente da alma com Deus, po isa última perfeição duma coisa consiste na consecução do fim último para que foi criada. O fim último do homem ó ê s t e : conhecer e am ar a Deus como Êle é e como merece. Isto só se consegue de modo completo e permanente no Céu. Ninguém é obrigado a ser perfeito enquanto viver neste mundo, mas todos são obrigados a tender à perfeição. Foi neste sentido que Jesus disse: «Sêde perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito» (Ev. S. Mat. V, 48). É dever do cristão imitar as perfeições divinas, manifestadas na vida humana de Jesus Cristo. Aquela tendência à perfeição consiste, essencialmente, em cum prir os Mandamentos divi­nos, e, secundàriamente, no cumprim ento dos Conselhos evangélicos que também se ordenam ao am or de Deus ('Sum. Teológ , 11-11, q.184 a. 3).Embora seja necessário para o cristão observar os Conselhos que lhe são impostos pelos seus deveres de estado, no entanto a perfeição consiste antes de tudo no cumprimento dos Preceitos.

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185 PERSEVERANÇA, ou CONSTÂNCIANão cumprem a vontade de Deus, (e, portanto, não O amam), aqueles que, para dar grandes esmolas, re tardam indefin i­damente o pagamento das próprias dívidas; também não cumprem a vontade de Deus os que se dão a devoções e esquecem os seus deveres graves de estado, domésticos, profissionais e de cristão, como, por exemplo, a assistência obrigatória à Santa Missa, aos Domingos e dias Santos, o contribuir, na medida das suas possibilidades, para as despesas do culto, etc., etc.A verdadeira perfeição consiste em amar a Deus e ao próximo por Deus, distinguindo bem o principal do secundário, sem nunca esquecer aquela máxima de S. Bernardo: «a medida do am or de Deus é Amá-10 sem medida >.

PERIGOS A EVITAR. Entre os perigos que se encontram no caminho da vida cristã, alguns merecem especial atenção, sobretudo aos jóvens. a) A oc io s id ad e : é preciso em pregar bem o tempo e as nossas faculdades; b) As más companhias: falar a todo3, acom panhar com os bons, escolher para amigos os melhores; c) As más leituras: deve-se pôr de parte tôda a leitura que perturba a consciência; d) As amizades rápidas, o luxo, o respeito humano, os divertimentos mundanos.

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA. Deus permite-a por vários m o t iv o s : a) para castigo dos pecadores ; b) para fazer conhecer os ver­dadeiros cristãos e separar os lôbos dos cordeiros ; c) para provar a verdade da Religião católica pela prática de virtudes heróicas, pela abnegação e martírio de uns, po r actos de cari­dade e de reparação de o u t ro s ; d) para ser mais gloriflcado pelas almas que lhe ficam fléis

PERSEVERANÇA ou CONSTANCIA, 6 a virtude que firma o espírito contra o temor de males iminentes, e o fortalece para vencer as dificuldades que provêem do continuado exercício da vir­tude. A perseverança na Fé e nas obras da Fé é absoluta­mente necessária para ser bom crislão e para a salvação. Disse J e s u s : «Se vós permanecerdes na m inha palavra eereis verdadeiramente meus discípulos e couhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Se alguém não perm anecer em mim,

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P E SSO A 186

será lançado fora como a vide (separada da videira) e secará e o enfeixarão, e meterão no fôgo, e ârderá» (Eu. S. Jo. V I I I , 31, 32; XV , 6). E ainda são de Jesus estas palavras: «Aquêie que perseverar até ao fim, êsse é que será salvo». (Ev. S. Mat. X , 22). Para perseverarm os na vida cristã, ou vivermos isentos de pecado mortal, devemos andar vigilantes e lutar virilmente contra as desordens da consciência, e t rabalhar sempre pela glória de Deus, que é o mesmo que trabalhar pela nossa felicidade. É o que manda S. Paulo, dizendo ; « Vigiai e perseverai, firmes na F é ; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos» (Ep. I. Cor. X V I , 13).

PERSEVERANÇA FINAL, é a conservação da graça divina no momento da morte. Todos os dias devemos pedir a Deus esta graça, porque dela depende a nossa salvação. O momento da morte é decisivo, e o demônio não deixa de em pregar todos os esforços por nos fazer pecar, para sermos condenados como êle foi. Só a graça da perseverança no amor de Deus nos pode livrar de cair em tentação.

PESSOA, é um indivíduo dotado de razão e liberdade. Neste mundo é pessoa ünicamente o homem, qualquer que seja a sua raça e a sua condição. Só êle é dotado de razão e de liberdade, tem um fim eterno a conseguir, com o direito de usar os meios aptos para conseguir êsse fim.O elemento essencial da personalidade é a vontade livre que supõe a razão e a reflexão.Pela sua liberdade a pessoa sente-se verdadeiramente senhora de si mesma e das suas operações que lhe devem ser atri­buídas por inteiro, contanto que as faça com conhecimento e livre vontade.A pessoa é um ser moral, quere dizer, é um ser submetido à lei do dever, susceptível de responsabilidade, de mérito ou demérito, de recompensa ou de castigo (Ver C. Lahr, Manual de Filosofia, pág. 264 e segs., ed. portuguesa, Porto 1931).À pessoa, em bora lhe interesse o problem a econômico, interessa-lhe, principalmente, o problem a moral. Nisto se distingue do indivíduo. Os que vêem no homem apenas o ind i­

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187 PIEDADE

víduo, só dão atenção ao que diz respeito ao corpo, e, se lhe reconhecem uma alma, desinteressam-se dela, só lhes interes­sando o p roblem a econômico.

PESSOA MORAL, é a agregação de muitas pessoas, formando um corpo jurídico, com o direito de perpètuainente e colectiva- mente existirem e possuírem algum bem. Pode ser civil ou eclesiástica, segundo o bem pelo qual se congregam é tem po­ral ou espiritual. Por ordenação divina, a Igreja Católica e a Só Apostólica têm razão de pessoa moral. Outras pessoas morais inferiores existem na Igreja, ou por prescrição do Direito, ou p o r especial concessão do competente Superior eclesiástico, dada p o r decreto formal, para algum fim reli­gioso ou earitativo (C. 100). A pessoa moral, po r sua natu­reza é perpé tua ; extingue se, porém, se a legítima Autori­dade a suprimir, ou se faltar po r espaço de cem anos (C. 102).

PIA DE ÁGUA-BENTA, é a que se encontra à entrada da Igreja, nas colunas ou nas paredes, com água benta para que os fiéis, tocando a devotamente, se purif iquem dos pecados veniais, antes de entrarem no templo santo. Substitui a fonte que antigamente havia no adro, para os fiéis lavarem a cara e as mãos antes de entrarem na Igreja.

PIA BAPTtSMAL (Ver a palavra BAPTISTÉRIO).PIAS UNIÕES, são associações de fiéis, instituídas para o exercício

de alguma obra de caridade ou de piedade. Não podem exis­tir sem aprovação do Bispo. Não devem erigir-se senão em igrejas ou capelas públicas, ou ao menos semi-públicas. Estando erectas em igrejas que não sejam suas, podem exercer as funções eclesiásticas próprias, somente na capela ou no altar em que estão estabelecidas, conforme o Cânon 716, e os seus Estatutos (Ç. 717).

PIEDADE, é uma virtude moral, que nos faz reverenciar e prestar o devido auxilio aos autores da nossa vida, da sua conser­vação e desenvolvimento.Deve-se prim eiram ente aos nossos pais, de quem nascemos

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P L U V IA L ou CAPA D’A S PER G E S 188

e por quem somos criados e, em segundo lugar, à Pátria, na qual vivem os nossos pais, nascemos o encontramos o ambiente propício à nossa formação física e espiritual. Esta piedade ou dedicação filial inclui também todos os parentes, isto é, todos os que nos estão ligados por algum laço de fam íl ia ; o amor da Pátria abrange igualmente todos os concidadãos que devem viver em boa harmonia, auxiliando se obsequiosamente, amando-se e respeitando-se uns aos outros. Sendo Deus o primeiro e principal autor e conservador da nossa vida a Êle se refere primeiramente a piedade , abrangida neste caso pela virtude da religião e que nos leva a reveren­ciar Deus e prestar-lhe o culto devido, como nosso Pai. É neste sentido que vulgarmente se toma a virtude da piedade.Há uma falsa piedade , que se conhece por se r : exterior e formalista, pueril e às vezes ridícula, m undana e sentimenta- lista. A verdadeira piedade tem o seu fundamento na Fé viva e esclarecida; é humilde, é amável, é zelosa, é racional, cari- tativa e modesta e é m oderada pela prudência. O essencial no culto divino, ou na prática da Religião, ó que tudo se faça com am or sobrenatura l e sinceridade, com o desejo de aper­feiçoar a vida moral e de glorificar a Deus. «A piedade para tudo é útil, porque tem a promessa da vida presente (que se aperfeiçoa) e da futura (que é o Céu) (Ep. I Tim. IV , 8).O dom de piedade reforça a virtude da piedade ou religião e pela moção do Espírito Santo faz-nos ir mais além, reve­renciando a Deus, não já pelos benefícios dÊle recebidos, mas po r Êle mesmo, pela sua magnificência e bondade.

PLUVIAL ou CAPA 0 ’ASPERGES, é uma veste aberta pela frente, que o Sacerdote, em certos actos litúrgicos, lança aos ombros, caindo até quási ao chão.Era antigamente uma capa que servia para as procissões, tendo um capuz para abrigar da chuva (donde lhe deram o nome de pluvial). Sendo antes igual à casula, foi perdendo a sua forma, até que, aberta por diante e coberta de bordados» começou a ser considerada, na idade-média, como veste honorífica.O capuz foi perdendo a sua forma e uso, até se transformar

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189 POMPAS DO DEMÔNIO

no estôfo liso, ornado duma franja, que actualmente se encon­tra ao meio das costas, na capa. A capa é uma veste litúr- gica reservada ao Clero. 0 pluvial dos simples Presbíteros, não deve ser prêso no pescoço com fecho ou broche de metal lavrado, o que é reservado aos Bispos, mas sim com colchetes ou coisa semelhante.Não é permitido haver um Presbítero assistente revestido de capa, numa missa que não seja de Pontificai, excepto na primeira missa dum novo sacerdote.

POBREZA. Ser pobre, segundo o senso cristão, não é uma desgraça, não é uma infelicidade; é não ter o espírito pegado aos bens do mundo e não ter a ambição de os possuir.«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque dêles é o reino dos céus», disse Jesus Cristo (Ev. S Mat. V, 3). Pobres em espírito, são aquêles que, não possuindo bens, não os am­bicionam, e também aquêles que, possuindo-os, só fazem bom uso da sua riqueza e distribuem o supérfluo pelos que não possuem. 0 pobre em espírito não tem afecto aos bens que possui ou que são do seu uso, nem se entristece por nada possuir, nem apetece o que não é necessário à sua susten­tação, nem desperdiça o que é aproveitável, nem gasta do que é supérfluo, nem se deleita do que lhe é dado, nem se des­gosta do que lhe é negado. Espera, porém, que a pobreza, sofrida neste mundo, seja substituída pela bem-aventurança que Jesus lhe prom eteu que gozaria no Céu.

POBREZA VOLUNTÁRIA, é um dos três Conselhos Evangélicos e con­siste em renunciar à posse dos bens materiais. Geralmente êste Conselho é seguido pelos fiéis que abraçam o Estado Religioso. Diz o Apóstolo S. Paulo: « Nada trouxemos para êste mundo e, sem dúvida, nada levaremos dêle». Tendo pois com que nos sustentarmos e com que nos cobrirmos, vivamos contentes (Ep. I Tim. VI, 7, 8).

POMPAS DO DEMÔNIO. Dá-se êste nome às vaidades criminosas do mundo, às quais todo o cristão se obrigou a renunciar quando recebeu o Sacramento do Baptismo. Vaidades do mundo, ou

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PRAZER 190pompas do demônio, são: a ambição, a arrogância, a van­gloria, as 8uperfluidades que trazem consigo a soberba, o luxo, a sensualidade.

P O SIT IV IS TA , afirma, absurda e impiaraente, que só conhecemos os fenômenos sensíveis, e que, por isso, não podemos de modo nenhum atingir a natureza das coisas, ou demonstrar a existência de Deus e da alma humana (C. P.).

POSSESSÃO DO DEMÔNIO, é a acção do demônio no corpo do homem, produzindo, por meio dos membros e dos sentidos do possesso, actos extraordinários. São sinais de possessão: o homem falar línguas desconhecidas ou entendê-las, manifestar coisas ocultas e distantes, produzir fôrças superiores à idade e às condições naturais da pessoa, etc. Embora seja de admitir a possessão diabólica, não devemos ser fáceis em acreditar nos casos que se contara a tal respeito. Os meios de combater a possessão, são os indicados contra osobcessos. (Vera palavra OBCESSÃO).

PRÁTICAS DE PIEDADE (Algum as). 1. Oração da manhã, para louvar a Deus e O suplicar desde o princípio do dia, e Oração da noite para agradecer e pedir perdão. II. Meditação, para aperfeiçoar a vida moral. III. Assistir à Missa, para tomar parte no único Sacrifício da Religião divina. IV. Comunhão d iá r ia , para alimentar a vida divina na alma. V. Trabalho e deveres de estado, bem cumpridos, para fazer a vontade de Deus. VI. Visita ao SS. Sacramento e Comunhão espiritual, para alimentar o fervor. VII. Leitura espiritual, para reflectir e bem dispor a vontade. VIII. Exame de consciência, para vencer hábitos maus e defeitos. IX. Regularidade em tôdas as acções ordinárias, para haver ordem na vida. X. Come­moração religiosa de aniversários, tais como: do Baptismo, da Comunhão solene e de outros.

PRAZER não é uma coisa condenável. O Apóstolo S. Paulo convi­da-nos a estar sempre alegres: «Estai sempre alegres» (Ep. I Tessal. V, Í6). Mas a alegria cristã é o prazer próprio de uma consciência isenta de remorsos. Há prazeres condenáveis: os

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191 PRECEDÊNCIA.

que resultam de algum pecado; os que são prejudiciais à saúde, à dignidade, à economia, e sobretudo os que impedem a felici­dade eterna. Jesus condena êsses prazeres, dizendo: «Ai de vós os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós os que agora rides, porque gemereis e chorareis» (Ev. S. Luc. VI, 25). Por isso não devemos procurar os prazeres que rega­lam desordenadamente os sentidos, e sim os que resultam do dever cumprido, ou da admiração das belezas criadas, ou da consideração da verdade.

PRECEDÊNCIA, é o d ireito que alguém tem de ocupar um lugar superior ao de ou!'•em, em certas cerimonias oficiais.No Côro, existe também, entre os membros de Hierarquia, um direito de precedência. Começando pelas maiores dignidades, a ordem é a seguinte :1 — Cardial Legado, Cardial não Legado, Núncio Legado

Visitador Apostólico Bispo, Metropolita, Bispo Dioce­sano.

2 — Patriarca, Primaz, Arcebispo, Bispo Residencial e Titular.3 Núncio não Legado, Visitador não Bispo (nos seus

territórios), Protonotários Participantes, Núncios (fora dos seus territórios).

4 — Vigário Geral, Vigário Capitular, Cabidos das Catedrais,Dignitários, Cônegos Titulares : — Cônegos - presbíteros, Cónegos-diáconos, Cônegos sub-diáconos, Cônegos hono­rários, Beneficiados (na Catedral ou quando interveem em corpo, como representação oficial ou com o Bispo da diocese em qualquer igreja da mesma), Cabidos dr.s Colegiadas (em idênticas condições).

5 — Abades mitrados.6 — Protonotários supranumerários e «ad instar», Gerais das

Ordens religiosas e Prelados domésticos.7 — Párocos (colados, encomendados), Presbíteros diocesanos

não párocos e Presbíteros dos lusti tu tos Eclesiásticos.8 - Presbíteros das Ordens regulares, Cônegos regulares,

Clérigos regulares, Monges e os das Ordens chamadasMendicantes, Presbíteros das Congregações religiosas.

9 — Clérigos diáconos, Sub-diáconos, Acólitos, Exorcistas,Leitores, Ostiários e Tonsurados.

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P R E C E ITO 192(Para mais esclarecimentos, consultar os autores do gênero, por ex. D. A. Coelho, 0. S. B., C. de LU. Rom., ed. de 1941, vol. I , pág. 1. 399-400).A precedência entre as Associações de pessoas leigas é a seguinte:1 — Ordens Terceiras.2 — Arquiconfrarias.3 — Confrarias ou Irmandades.4 — Pias-Uniões Primárias.5 — Oulras Pias (Jniões.Mas só gozam dôste direito, quando incorporadas colegialmente sob a própria cruz ou bandeira e com hábito ou insígnias da Associação (C. 701). Nos funerais, a precedência é devida ao Pároco ou Superior que, com estola, acompanha o cadáver. Nas Procissões, os Clérigos precedem sempre as Associações ou Confrarias de leigos.Também no Ano litúrgico há certos Ofícios que, em caso de ocorrência, concorrência, transferência ou reposição, têm direito de precedência sôbre outros.A razão desta precedência pode ser o rito, a solenidade extrínseca, a qualidade, a dignidade e a extensão.

PRECEITO , é a aplicação da lei àquilo que é regulado pela lei. Há preceitos afirmativos, e êstes obrigam sempre, mas admitem excepções em certas circunstâncias, como por exem plo : o preceito de ouvir Missa, de que em certos casos alguém está isento ; e há preceitos negativos, os quais nunca é lícito trans gredir, como por exem plo : o preceito de não matar.Ninguém é obrigado ao preceito enquanto não o conhece. Aos Príncipes seculares compete preceituar, para utilidade comum, nas coisas tem porais ; aos Prelados compete preceituar nas coisas eclesiásticas.Na lei Evangélica ou no Cristianismo, há três gêneros de pre­ceitos: os preceitos da Fé, que nos obrigam a crer firmemente todos os mistérios que Deus revelou à sua Igreja ; os preceitos Sacramentais , que nos obrigam aos Sacramentos da Igreja, com as devidas disposições e em certos t e m p o s ; os preceitos morais, que estão contidos no Decálogo e no Santo Evangelho, particularmente no Sermão da montanha. Todos os preceitos morais pertencem à lei da natureza, por isso devem ser obser­

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193 PRÈGAÇÃOvados por todos os homens. Tôda a lei é cumprida pelos pre­ceitos da caridade, e os preceitos da caridade são somente dois : amor de Deus e amor do próximo.

PRECES PÚBLICAS, são orações ordinárias, preceituadas pelo Bispo, para obter de Deus alguma graça extraordinária.

PREDESTINAÇÃO, é um acto da vontade divina, determinando, desde tôda a eternidade, conduzir certas criaturas para a vida eterna (Ep. Efés. I, 4, 5).Escrevendo aos Romanos, S. Paulo afirm a: «aos que Deus predestinou, a êsses chamou e aos chamados justificou-os e aos justificados glorificou os » (Rom. VIII, 30).E noutro lugar, escreve ainda o mesmo Apóstolo: «Deuselegeu-nos (em Cristo), antes da constituição do mundo . . . e predestinou-nos em caridade, para sermos seus filhos adopti­vos por Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade» (Efés. /, 4, 5)O Concilio Valentino (ano 855, can. 3) ensina: «confessamos fielmente a existência da predestinação dos eleitos para a vida eterna».A predestinação nada põe no predestinado, senão os seus efeitos, que são a preparação para a glória e a preparação para a graça, que é o meio único para conseguir a glória. Os predestinados não estão certos da sua predestinação , a não ser que Deus lha faça conhecer. Ninguém, pois, pode ter a presunção de que é predestinado; todavia aquêle que vive cristãmente, como a Igreja ensina, pode ter a espe­rança de ser chamado ao Céu, porque não pode viver virtuo­samente sem um auxílio especial da graça divina.

PREGAÇÃO, é o ensino da doutrina cristã ou do Evangelho, feito solenemente. É múnus próprio do Bispo, e nenhum Clérigo pode prègar na Igreja, sem licença do Bispo a quem a Igreja pertence. Os leigos, mesmo religiosos, não podem prègar na Igreja (C. 1342). O convite para a prègação é feito pelo Bispo, ou pelo Pároco, ou pelo Superior eclesiástico da igreja ou capela em que deve ser feita a prègação. Para as igrejas paroquiais e capelas dependentes da Igreja paroquial, o con-

Fi. 13

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PR1MÍCIAS e DÍZIMOS 194

vite deve ser feito pelo Pároco. Para as capelas ou igrejas independentes da paroquiai, o convite deve ser feito pelo Sacerdote que preside à respectiva Mesa administrativa, ou Confraria. Nenhum Sacerdote pode aceitar convite para pré- gaçâo, feito por um leigo. Para que a prègação seja feita fora da igreja ou capela, é necessária licença do Bispo, por escrito. A ninguém é permitido recitar orações fúnebres sem explícito consentimento do Bispo, e é inteiramente proibido aos prèga- dores falar de coisas políticas. A simples licença de prègar não é suficiente para prègar Missões ou Exercícios Espirituais (C. P.). A prègação comunica aos homens a graça da Fé, dá aos justos a graça da perseverança, dá aos pecadores a graça da conversão, dá aos aflitos a graça da consolação espiritual. Mas para que a prègação produza tão salutares efeitos é necessário ouvi-la com atenção, meditá-la e praticá-la. « Bem- -aventurados são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam», disse Jesus (Ev. S. Luc. XI, 28).

PREGUIÇA, é a propensão para não trabalhar, ou para cumprir os deveres negligentemente. É um vício capital, que pode pro­duzir conseqüências muito funestas, tais como a ociosidade, a fraqueza de espírito, a irritação, a pobreza, a divagação da imaginação, o desespero, que resulta do desgosto da vida. São remédios contra a preguiça : a lembrança de que o traba­lho é uma lei divina, a lembrança dos males a que êsse vício dá origem e a sujeição a um regulamento de vida. Nem por ser rico o homem está dispensado de t r a b a lh a r ; porque ó homem, está sujeito à lei divina do trabalho, como à lei do sofrimento e da morte. O servo inútil de que fala o Evan­gelho, foi condenado por não ter feito frutificar o talento recebido (Ev. S. Mat. XXV). S. Paulo escreve: «Nãosejais preguiçosos e cumpri o vosso dever» (Ep. Rom. X II , 11). O preguiçoso é um inútil e por vezes um prejudicial. Não só não produz, mas pesa sôbre a família e sôbre a sociedade.

PRIMfCIAS e DÍZIMOS, de vidos ao Clero são-lhe pagos segundo os particulares estatutos e costumes louváveis em cada Região (C. 1502).

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195 PR ESU N Ç Ã OPRESBITERADO, é a Ordem que confere o poder de consagrar o Corpo

e o Sangue de Jesus Cristo, de administrar os Sacramentos, excepto o da Confirmação e o da Ordem, de prègar, de benzer os fiéis e as coisas que tenham a seu uso, e de presidir às suas assembléias nos actos do Culto religioso. Para receber a Ordem de Presbítero é necessário ter vinte e quatro anos com­pletos (C. 975 e 976), e ter passado metade do quarto ano do curso teológico, a não ser que outra coisa seja permitida por legítimo privilégio.

PRESENÇA DE DEUS. Deus está em tôdas as criaturas, criando, con­servando, governando, conhecendo tudo, mesmo os nossos pensamentos e os segredos do nosso coração. Esta verdade é luz e é força ; lembrada que seja, evita o êrro da inteligência e fortalece a vontade no desejo e na prática do bem. Guiados pelo pensamento da presença de Deus, vivemos sempre e em tôda a parte, acompanhados ou sós, como um filho bem edu­cado sob os olhares de seu pai, abstemo-nos de tôda a acção má ou palavra repreensível, repelimos tôda a idéia que possa despertar um mau desejo, vivemos alegremente e confiados na sua divina protecção. O Apóstolo S. Paulo, falando da presença de Deus, escreveu : «Não há criatura alguma invisí­vel à Sua vista ; antes tôdas as coisas estão nuas e descobertas aos olhos dAquele (Deus) a quem havemos de dar contas» (Ep. Hebr. IV , 13).

PRESÉPIO. Dá-se êste nome à gruta onde nasceu Jesus Cristo, em Belém. É uma gruta irregular, aberta na rocha, no campo, a pouca distância da pequena cidade. Está transformada em igreja, que não recebe luz do exterior e é iluminada por muitas lâmpadas. Também se dá o nome de presépio ao lugar que os fiéis preparam na igreja, ou em suas casas, para comemo­rarem, com imagens religiosas, o nascimento do Menino Jesus.

PRESUNÇÃO, é a temerária ingerência em coisas de que não se é capaz, ou, mais restritamente, ó a temerária esperança de conseguir a salvação, contra a ordem da divina Providência. É pecado g ra v e : a) quando se espera a salvação só pelas próprias fôrças ; b) quando se espera só pela misericórdia de

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PR O C ISSÕ E S SA GHA DAS 196

Deus ; c) quando se espera o auxílio divino para coisas más ; d) quando da misericórdia de Deus se toma pretexto para pecar.

PRIMA, ó a primeira das Horas Canônicas que se segue a Laudes. Chama-se Prima porque devia ser recitada na primeira hora do dia, isto é, pelas seis horas da manhã. É, sem dúvida, a mais bela oração da manhã.

PRIMAZ, é um título dado a um Bispo, e que, além da prerroga­tiva de honra e direitos de precedência ao Arcebispo, não tem consigo alguma jurisdição especial (C. 271).

PROCISSÕES SAGRADAS, são súplicas feitas solenemente pelo povo fiel, sob a direcção do Clero, caminhando ordenadamente de lugar sagrado para lugar sagrado, com o fim de excitar a pie­dade, de comemorar os benefícios de Deus, de Lhe render graças, ou de implorar o auxílio divino (C. 1290).Umas são ordinárias, as que se fazem em dias fixos: — Purifi­cação, Ramos, Ladainhas, Corpo de Deus, Ressurreição ; — outras são extraordinárias : as determinadas para outros dias por causas públicas, por e x . : por motivo de Penitência (C. 1290). 0 Bispo pode, ouvido o Cabido, determinar Procissões extraor­dinárias (C. 1292). Não podem fazer-se duas Procissões no mesmo dia e no mesmo lugar (S. C. R.)O Pároco ou qualquer outra pessoa não pode, sem licença do Bispo do lugar, introduzir Procissões novas, ou transferir ou abolir as costumadas (C. 1294). É proibido levar nas Procis­sões, debaixo do pálio, relíquias ou imagens dos Santos {S. C. R.) É proibido ao Clero, nas Procissões do SS. Sacramento, cantar alguma coisa em língua vulgar, alternadamente com hinos litúrgicos (S. C. R.). Fora da igreja, quando o Clero não canta, o povo pode cantar em língua vulgar (mas não os tre­chos litúrgicos), contanto que êsses cânticos sejam aprovados pelo Bispo e a sua execução seja dirigida pelo Clero {S. C. R.). Se a Procissão se faz dentro da igreja, o cortejo desce pelo lado da Epístola, ou, se a igreja tiver três naves, desce pela nave central, sobe pela do Evangelho, desce pela da Epístola, e regressa pela nave central.Não podem tomar parte nas Procissões e figurar de Anjos e

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197 PR O C ISSÕ E S SAGRADAS

de personagens bíblicos ou mistérios, meninos ou meninas de idade superior a doze anos. É proibido irem nas Procissões mulheres debaixo dos a n d o re s ; as mulheres amortalhadas devem ir atrás do pálio.A Cruz, nas Procissões, deve ir com o crucifixo voltado para a frente. Não é permitido levar, nas Procissões, Cruzes de igre­ja s ou Confrarias, quando o Clero dessas igrejas ou Confrarias não tome parte nessas Procissões. Fora da igreja pode o Bispo admitir bandas de música, e mesmo na frente da Procissão, tambores e trombetas. O itinerário das Procissões, sua com­posição e ordem, estão sujeitos às determinações do Pároco ou do Sacerdote que por direito preside às mesmas Procissões. Na Procissão do Corpo de Deus, não podem admitir-se rapazes ou raparigas representando mistérios, Santos ou Santas, nem relíquias nem imagens de Santos, nem instrumentos ou im a­gens da Paixão. O Bispo pode permitir crianças vestidas de Anjo levando flores, incenso, uvas ou espigas de trigo. Às varas do pálio vai o Clero, ou vão os irmãos do SS., ou as pessoas de categoria superior na localidade.Nas Procissões os lugares de maior honra são os detrás. Começando em ordem crescente de dignidade, a Procissão deve organizar-se do seguinte modo:1 — Trombetas e tambores, que devem tocar uma marcha reli­

giosa e não impedir nunca o canto ou a reza da Procissão.2 — Homens leigos, adultos ou crianças, que levam consigo

alguma insígnia católica e velas nas mãos.3 — As Associações Piedosas e as Pias Uniões Primárias

masculinas, por ordem da Antigüidade.4 — Os homens pertencentes a Irmandades ou Confrarias e

Arquiconfrarias, segundo a ordem da sua instituição. (Segundoo C. 701, § 2, nas Procissões do Santíssimo Sacra­m e n to ^ Confraria dêsse nome, tem direito de precedência sôbre as demais Arquiconfrarias e Confrarias).

5 — Os irmãos das Ordens Terceiras, segundo a sua antigui­dade, revestidos dos seus hábitos e presididos pelo próprio Capelão ou Comissário.

6 — Os Religiosos, pela ordem seguinte: de direito diocesano,de direito pontifício, Congregações, Regulares, Monges, Cônegos regulares.

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PROCLAM AS 198

7 — O clero diocesano, precedido de Crucifixo, na seguinte ordem: Seminaristas; Clérigos, segundo a sua ordem: primeiro os adventícios e a seguir os da igreja do lugar; P resbíteros : primeiro os não adscritos e depois os adscri­tos à igreja que faz a Procissão, segundo a ordem da ordenação sacerdotal; os Vigários cooperadores ; os Vigá­rios substi tu tos e coadjutores ; os Párocos encomendados; os Pároco3 colados, segundo a antiguidade das suas fre­guesias, tendo o Arcipreste direito de precedência sobre os outros Párocos do seu distrito, e o Pároco da Catedral sôbre todos os outros Párocos; o Clero das Colegiadas» o Cabido; o Sacerdote que preside à Procissão, com os seus Ministros, se forem param en tados ; os Prelados, com as vestes prelatícias, se não presidirem à procissão; os Lentes, Magistrados e Autoridades; depois os restantes fiéis: primeiro os homens e depois as mulheres, as quais não podem levar a Cruz, nem outras insígnias processio- nais, nem ocupar outro lugar que não seja atrás dos homens que acompanham o Oficiante, ainda que levem velas.

(Ver, para mais esclarecimentos, D. A. Coelho, C. da L i t . Bom., ed. de 1941, vol. 1, pág. 395 e segs.).

PROCLAMAS, são os anúncios públicos de futuro matrimônio, feitos na igreja, principalmente com o fim de descobrir impedi­mentos, se os houver. Os nubentes devem ser proclamados nas freguesias do seu domicílio ou quási-domicílio, se o tive­rem, e na do Baptismo, e naquelas em que tenham residido por mais de seis meses contínuos, depois da idade núbil. São dispensados da proclamação onde tenham residido unicamente por motivo de estudo. Os proclamas devem ser lidos na igreja em três domingos e dias Santos de guarda, à hora da Missa paroquial, ou a outra hora em que haja regular concurso de fiéis. Todos os fiéis são obrigados a revelar ao Pároco, ou ao Bispo do lugar, antes da celebração do Matrimônio, os impe­dimentos de que tiverem conhecimento. Só por motivo grave o Pároco pode assistir ao Matrimônio sem terem passado trê» dias depois da última proclamação, ou mediante licença do Bispo. Não se realizando o Matrimônio dentro de seis meses após a última proclamação, ou de obtida a dispensa da mesma,

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199 PRÓXIMO

deve repetir-se a leitura dos proclamas. Havendo causa legjtima, o Bispo pode dispensar das proclamações (C. 1028).

PROFECIA, é a prediçào certa e manifesta de um acontecimento futuro, contingente e livre, que realmente se realizou na época designada e cujo conhecimento, no momento da predição, não pôde ser adquirido por causas naturais. A profecia só pode ser feita por Deus, porque o homem não pode conhecer, com certeza, uma coisa futura, que depende da livre vontade de Deus ou de alguma criatura.Deus fêz-se conhecer do seu povo escolhido — o povo de Israel — principalmente por meio das profecias, revelando-se a alguns homens de bom espírito que anunciavam aconteci­mentos futuros, acompauhando êsses anúncios com milagres que Deus permitia que fizessem, para provar o carácter divino da revelação. Pelos milagres o povo conhecia ser ver­dade o que os profetas anunciavam e cria em Deus. Pela realização das profecias, os homens do tempo em que se reali­zavam, reconheciam-nas como verdadeiras e criam em Deus. Houve 4 profetas chamados maiores, por serem os seus escri­tos mais extensos : Isaí is, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Houve 12 profetas chamados menores, porque foram menos extensos no que escreveram.

PROFISSÃO RELIGIOSA, quer simples quer solene, é a consagração temporária ou perpétua que o religioso ou a religiosa faz da sua pessoa a Deus, prometendo viver segundo a Regra e o espírito da Ordem Religiosa a que pertence. Para fazer pro­fissão perpétua é necessário ter 21 anos de idade, quer a pro­fissão seja simples, quer seja solene (C. 573).

PRÓXIMO. O nosso próximo, são tôdas as criaturas racionais capazes de felicidade eterna. Por preceito divino, devemos amar o próximo como a nós mesmos (Ev. S. Mat. X X II , 39). O amor ao próximo, para ser verdadeiro, não é preciso ser sensível, porque o verdadeiro am or não procede da parte sensitiva da alma, mas da vontade; de sorte que pode existir, mesmo com um sentimento de antipatia natural e é assim que podemos amar os nossos inimigos. A caridade, ou amor ao próximo,

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PÚBLICA H O N E ST ID A D E 2 0 0

ex ig e : a) que desejemos a todos a salvação das suas almas e os bens necessários para a conservação da sua vida; .òj que procuremos para êles, nas ocasiões oportunas, as mesmas vantagens que procuraríamos para nós e lhes poupemos, quanto pudermos, os males que não queremos para n ó s ; c) que pratiquemos, em seu favor, as obras de misericórdia, corporais e espirituais, de que se virem necessitados.

PROVIDÊNCIA, é a acção pela qual Deus conserva e governa o mundo que criou, dirigindo todos os seres ao fim que se propôs. A existência da Providência é-nos revelada pela ordem que reina no mundo. À Providência divina não pertence evitar defeitos, corrupções e coisas más, nem mesmo os pecados dos homens ; nem a imutibilidade de Deus exclui a necessidade da oração. Tudo o que acontece, quer por necessidade quer por vontade, está regulado pela divina Providência, embora misteriosa­mente para nós, em ordem ao fim do Universo, ao fim primá­rio da criação, que é a glória de Deus. A êste fim se vão encaminhando todos os seres, dirigidos, ou pelas leis naturais ou pela moção da graça.

PRUDÊNCIA, é uma virtude moral, cardial, que nos ajuda a conhecer e praticar o bem que devemos fazer e a omitir o mal que deve­mos evitar. A virtude da Prudência regula e dirige os nossos actos, mantendo-os nos justos limites; modera o ardor dos nossos desejos, evitando todos os excessos ; ordena os nossos pensamentos, para que não nos afastem de Deus, assim como os afectos para que não nos apeguemos demasiado às criaturas. É a prudência que purifica as intenções,que reforma os juizos, que previne as palavras e as acções, encami­nhando tudo para um flm digno de nós e merecedor de Deus.

PÚBLICA HONESTIDADE, é um impedimento dirimente do matrimônio, que resu l ta : a) do Matrimônio inválido, quer consumado quer n ã o ; b) do concubinato público ou notório. Dirime o Matri­mônio no 1.° e 2.° graus de linha recta entre o homem e as consangüineas da mulher e reciprocamente (C. 1078). Enquanto não houver decisão em contrário, deve-se ter como certo que êste impedimento também procede do casamento civil consumado.

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P UD IC ÍC IA , é a virtude pela qual nos afastamos de tudo o que excita a actos vergonhosos ou ofensivos do pudor, tais como : o olhar e o tacto com malícia, os ósculos, etc.

PÚLPITO , é uma tr ibuna que na igreja é destinada à prègação. Geral­mente está colocado numa coluna ou na parede da igreja, do lado do Evangelho, à altura suficiente para que o prègador se possa fazer ouvir de todos os fiéis que assistem á prègação. Nas Igrejas Catedrais fica do lado da Epístola, para o prègador estar voltado para o Bispo.

PURGATÓRIO, é o lugar onde as almas dos que morrem na graça de Deus, mas com algum pecado venial ou sem estarem purifi­cadas das penas temporais devidas aos pecados graves já perdoados, expiam pelo sofrimento as penas dos pecados cometidos neste mundo, até que satisfaçam à justiça divinaf para poderem entrar no Céu. Os sofrimentos das almas do Purgatório consistem em estarem privadas da visão de Deus e estarem ligadas pelos tormentos do fôgo.Não sofrem sòmente: gozam também, porque têm a certeza de ir para o Céu e estão na graça de Deus. Nós podemos socor­rê-las com os nossos sufrágios — orações, esmolas, sacrifícios, e, principalmente, oferecendo por elas o Santo Sacrifício da Missa. A Sagrada Escritura assim nos ensina, dizendo que: «é santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos, para que sejam livres dos seus pecados» ( I I Macab. X I I , 46). O Purgatório é apenas um lugar de expiação e durará só até ao fim do mundo.

QQUARENTA HORAS, é uma devoção que consiste em passar 40 horas

em oração diante do SS. Sacramento exposto, desde domingo da Quinquagésima até terça-feira seguinte. Esta devoção, ordenada pela Igreja (C . 1275) tem por fim: a) aplacar a justiça divina, gravemente ofendida pelas desordens nos dias chama­dos de ca rnava l ; 6) desviar das loucuras e dos grosseiros e impuros divertimentos dêsses dias, aquêles que poderiam ser arrastados na corrente dos maus costumes; c) afervorar os

201 Q U A R E N T A HORAS

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fiéis no amor a Jesus, recordando as 40 horas que decorreram desde a sua condenação à morte até à sua ressurreição.Nas igrejas em que se faz a solenidade das Quarenta Horas, e durante ela, todos 0 3 altares são privilegiados (C. 917).

QUARESMA, é o período de 40 dias que precede a festa da Páscoa, • que a Igreja Católica consagra ao jejum e à abstinência. Foi instituída nos tempos apostólicos, com o fim de os fiéis imitarem o jejum de Jesus Cristo durante 40 dias e de se prepararem, pela mortificação, para a grande festa da Páscoa. Começa em quarta-feira de Cinzas e termina em sábado de Aleluia. É dentro dêste período de tempo que os fiéis geralmente cumprem êstes dois Mandamentos da Igreja: confessar-se o cristão, ao menos uma vez no ano, e comungar pela Páscoa da Ressurreição.

QUARTA-FEIRA DE CINZAS, é a Quarta-feira depois de Quinquagésima e o primeiro dia da Quaresma. Tem aquêle nome porque nesse dia, antes da Missa, o Sacerdote benze uma pouca de cinza e faz com ela uma cruz na testa dos fiéis, para recor- dar-lhes que são pó e que em pó se hão-de tornar.

QUINTA-FEIRA SANTA, é o d ia em que a Igreja comemora solenemente a instituição da Sagrada Eucaristia. Em muitas igrejas faz-se de tarde a cerimônia do lava-pés, que consiste em o Sacerdote, devidamente paramentado, lavar os pés a doze homens, geral­mente pobres, em memória do que Jesus Cristo fêz aos seus discípulos, no cenáculo em Jerusalém.Desde a Missa dêsse dia, até à Missa de sábado seguinte, não se tocam os sinos, nem música na igreja, em sinal da tristeza que causa a lembrança da Paixão e morte de Jesus Cristo. Tendo de se adm inistrar o Sagrado Viático desde a Missa de Quinta-feira Santa até Sábado de Aleluja, nada se canta nem na igreja nem pelo caminho. Mesmo na Sexta-feira Santa a estola a usar é de côr roxa (S. C. R.). Não pode tolerar-se o costume de levar o SS. Sacramento pelas ruas na Quinta e Sexta-feira Santa (S. C. R ). Também não é lícito na Quinta- -feira, estando o SS. Sacramento exposto na urna, expor noutro lugar a imagem da Senhora das Dores e a de Jesu» morto, mas é permitido na Sexta-feira.

QUINTA-FEIRA SANTA 202

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203 REDENÇÃO DO GÊNERO HUM ANO

R

RACIONALISTA, rejeita tôda a sujeição da razão humana a Deus* proclama que a mesma razão é a fonte única de tôda a ver­dade especulativa e p rá tica ; exclui tôda a revelação; nega a ordem sobrenatural e despreza a autoridade da Igreja (C. P.).

RAPTO, é um impedimento dirimente do Matrimônio, que resulta do facto de o nubenle haver raptado a noiva para casar com ela. Este impedimento dura enquanto a raptada estiver em poder do raptor. Se ela, porém, separada do raptor e posta em lugar seguro e livre, consentir em o receber por marido, cessa o im­pedimento. Para a nulidade do Matrimônio é equiparado ao rapto o facto de um homem, com o fim de casar com uma mulher, a reter violentamente no lugar onde ela mora ou em qualquer outro onde ela tenha ido livremente (C. 1074).

RECIDIVO, no sentido jurídico, é aquêle que, depois de condenado,, comete delito do mesmo gênero, deixando perceber, por várias circunstâncias, que cai com pertinácia da má vontade (C. 2208).

RECOMPENSA prometida, é um estímulo para cumprirmos o nosso dever, ainda que penoso. Jesus Cristo estimula-nos à prática da virtude, dizendo: «Todo o que der a beber a um dêstes pequeninos, somente um copo de água fria por ser meu discí­pulo, não perderá a sua recompensa ». E acrescen ta : « O Filho do homem (o próprio Jesus Cristo) há-de vir na glória de seu Pai com os seus Anjos (a julgar os homens), e então dará a cada um a paga, segundo as suas obras » (Ev. S. Mat. X, 42; XVI, 27). A recompensa, porém, não é prometida para o momento em que a obra meritória é praticada, e sim para o dia do nosso julgamento após a morte, para a gozarmos eternamente.

REDENÇÃO DO QÈNERO HUMANO. Por causa do pecado original em que todos os homens são concebidos, ninguém podia conse­guir a salvação eterna por méritos próprios. O Filho d s Deus fêz-se Homem, padeceu e morreu por am or dos homen*,.

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REINO DE DEUS moferecendo a seu eterno Pai a sua Vida, Paixào e Morte, como sacrifício para remir os homens do pecado e poderem entrar no Céu. Dêste modo foi feita a redenção do gênero humano.

RECONCILIAÇÃO, é o acto peio quai se une a amizade, que fôra que­brada por qualquer motivo. Deve procurar a reconciliação, e sem demora, aquêie que ofendeu, ou que ofendeu mais grave­mente, ou que ofendeu primeiro. Pode ser procurada por intermédio de amigos, ou pedindo perdão, ou por aproximação em conversa. O ofendido é obrigado a perdoar a ofensa, logo que seja pedida a reconciliação. Disse Jesus: «Se teu irmão pecar contra ti, reprende*o ; e se êle se arrepender, perdoa-lhe» (Ev. S. Luc. XVII , 3).

RECONCILIAÇÃO de igreja violada, deve ser feita o mais breve possí­vel, segundo o rito aprovado nos livros litúrgicos. Havendo dúvida sôbre se foi violada, pode ser reconciliada ad caute- latn (C. Í174). O mesmo está disposto sôbre reconciliação de cemitério (C. 1207).

REGULARES, são os religiosos que fizeram votos nalguma Ordem Re­ligiosa, onde se fazem votos (C. 488). São obrigados à clau­sura papal (C. 597) e estão isentos da jurisdição episcopal, excepto nos casos expressos no Direito (C. 615).

REINO DE DEUS na terra, é a Igreja Católica, com a sua vida social, sob o regimen espiritual da hierarquia, de que é Chefe visível universal o Romano Pontífice. A Igreja, reino de Deus exte­rior, está encarregada de manter e propagar o reino de Deus interior, ou reinado de Deus nas almas neste mundo. Na eternidade, o Reino de Deus é o Céu, onde entram os homens que na terra fizeram parte da Igreja Católica. Ao Reino de Deus na terra podem pertencer todos os homens, sem distin­ção de raça, de nacionalidade, de condição, mas não devem procurar nêle bens materiais; encontrarão, porém, a paz, a ju s ­tiça e a alegria de uma vida virtuosa. Assim escreveu o Apóstolo S. P a u lo : «O Reino de Deus não é comida nembebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito S a n to » (Ep, Rom. XIVt 17).

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205 RELIGIÃO

REITORES DAS I6REJAS, são os Sacerdotes aos quais é confiado o culto numa Igreja que não é paroquial, nem capitular, nem anexa a uma casa de Comunidade religiosa (C. 479). É livre­mente nomeado, ou aprovada a sua nomeação pelo Bispo, que o pode remover, havendo causa jus ta (C. 480, 486). Na sua igreja pode celebrar os Ofícios divinos, salvo os que pertencem ao ministério paroquial e de maneira que não prejudique as funções paroquiais (C. 482). Sem licença, ao menos presu. mida, do Reitor ou de outro Superior legítimo, a ninguém é lícito celebrar Missa, administrar Sacramentos e fazer outras funções sagradas na sua igreja. O Pároco, porém, pode levar da igreja do Reitor o SS. Sacramento aos enfermos (C. 484). Pertence ao Reitor a administração dos bens destinados à reparação, ao decôro e ao culto divino na sua igreja, a não ser que outra coisa conste de título especial, ou de legítimo costume (C. 1182).

REUGIÃO, é a virtude sobrenatural que nos inclina a prestar a Deus o culto que lhe é devido, por causa da sua infinita excelência e supremo domínio. Tudo aquilo que importa reverência a Deus pertence à Religião, a qual se pratica por actos interio­res, que são os principais, os que elevam o nosso espírito até Deus, e por actos exteriores, manifestando pelos membros do corpo os sentimentos do nosso espírito.A Religião é constituída por um conjunto de verdades e de preceitos, pelos quais a nossa vida tem de ser ordenada a Deus. Essas verdades, como os preceitos, foram dados por Deus ao homem, para saber o que deve crer e praticar para viver como Deus quere e para que, vivendo assim, possa ir gozar a Deus na eternidade.A Religião é um facto un iversa l ; existiu sempre e existe em todos os povos. Revelou-a Deus no comêço da Humanidade ; conservou-a como foi revelada o povo de I s ra e l ; os outros povos afastaram-se do verdadeiro Deus, desconheceram-no, cairam em êrros grosseiros àcêrca da divindade e criaram várias religiões, prestando culto a vários deuses, segundo os concebiam, porque sempre os homens consideraram a religião como uma coisa necessária.Jesus Cristo, Deus feito Homem, veio ao mundo há 19 séculos,

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R ELIG IÃ O MIXTA 206

chamar todos os homens à prática da Religião divina, que tomou o nome de Religião cristã. Mandou a seus Apóstolos que a ensinassem a tôdas as gentes. Mas há ainda muitos povos que não conhecem a Religião de Jesus Cristo e que continuam a seguir as religiões que receberam dos seus ante­passados, religiões falsas porque humanas, pois a divina é uma só, como um só é o verdadeiro Deus.As religiões não cristãs que maior número de aderentes con­tam são as seguintes :Induismo, com cêrca de 25 milhões, nas índias, na Birmânia

e nas Antilhas.Budismo, com 213 milhões, na China, nas índias, na Iudo-

-China, no Japão e na Coreia.Sintoísmo , é a religião oficial do Japão.Confucionismo, com 350 milhões, é a religião oficial da

China.Há ainda um grande número de religiões pagãs, espalhadas pela África, pela Oceânia e por alguma3 regiões da América e da Ásia. E há o Judaísmo , com 16 milhões de judeus, espa­lhados por todos os povos do mundo. Os judeus adoram o verdadeiro Deus e têm os seus Mandamentos, mas negam Jesus Cristo e regeitam a sua religião.Também se dá o nome de Religião, à Sociedade aprovada pela legítima Autoridade eclesiástica, cujos membros se ligam pelos três votos d e : pobreza, castidade e obediência, com o fim de tenderem à perfeição evangélica, vivendo sob as leis próprias da Sociedade. A Sociedade religiosa cha- ma-se Ordem, se nela se fazem votos solenes; Congregação religiosa, se se fazem somente votos simples quer temporais ou perpétuos; de Direito Pontifício, se tem aprovação ou ao menos Decreto de louvor da Sé A postó lica ; de Direito Diocesano, se é erecta pelo Bispo e não obteve aquêle Decreto de louvor (C. 488).

RELIGIÃO MIXTA, é um impedimento irapediente do Matrimônio, que resulta do facto de ura dos contraeutes ser católico e o outro, pôsto que baptizado, pertencer a alguma seita herética ou cis- mática. A Igreja proíbe tal casamento, por causa do perigo de perversão do cônjuge católico ou da prole.

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207 RELÍQUIAS DOS SANTOS

RELIGIOSOS (frades), são os cristãos que, por voto solene, se obrigara voluntàriamente a seguir a vida monástica ou conventual, segundo a Regra da Ordem a que pertencem. Aos Religiosos dá-se o noroe de frades, que quere dizer irmãos, porque se tra­tam como irmãos os que entram no Estado Religioso. O Es­tado Religioso consiste essencialmente na observância dos três votos de : pobreza, castidade e obediência. A Regra par­ticular de cada Ordem deve ser aprovada pela Igreja. Há quatro Regras principais : a de S. Basílio, a de S. Agostinho, a de S. Bento e a de S. Francisco ; debaixo destas quatro Regras há diversas espécies de Ordens Religiosas. Há tam­bém muitas Congregações Religiosas que não pertencem a estas quatro Regras.Antes de o cristão se ligar para sempre a uma Ordem Reli­giosa ou a uma Congregação, faz o seu Noviciado , isto é, durante um determinado período de tempo, estuda a vida da Ordem ou da Congregação e examina as suas próprias fôrças físicas e morais, para saber se é adaptável ao espírito e às obras próprias da Ordem ou da Congregação. Decorrido o tempo do Noviciado, se quere abraçar a vida Religiosa e se o Superior o admite, faz a sua Profissão, isto é, emite os votos e não pode mais abandonar o Estado Religioso senão nas condições previstas na legislação Canônica.

REÜQUIAS DOS SANTOS, são restos dos corpos dos Santos, ou objec- tos de que fizeram uso. São classificadas em duas categorias : Insignes ou grandes, e são o corpo, a cabeça, o braço, a perna, ou a parte do corpo em que o Santo sofreu o martírio, o ante­braço, a mão, a língua e o coração. A segunda categoria é for­mada pelas relíquias pequenas (C. 1281). O Santo Lenho, ainda que seja uma pequenina parte, é sempre considerada como relíquia insigne, por ser uma parte da cruz em que Jesus Cristo morreu.A Igreja aprova e recomenda o culto das relíquias, mas um culto relativo à pessoa ou ao Santo a que as relíquias perten­cem (C. 1255). A qualquer relíquia de Santo é devido o culto de veneração com uma inclinação de cabeça e é incensada com dois duetos. O Santo Lenho tem o culto de veneração de joelhos e é incensado com três duetos.

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RESERVA DOS 208

As relíquias insignes não podem conservar-se em casas ou oratórios particulares, sem expressa licença do Bispo do lugar.As relíquias não insignes podem conservar-se em casas part i ­culares, sendo tratadas com honra. Não podem as relíquias ser expostas ao culto público, sem estarem autenticadas era documentos por algum Cardial, ou pelo Bispo do lugar, ou por algum Eclesiástico com faculdades especiais. As relíquias, quando são expostas, devem estar encerradas numa cápsula. A relíquia do santo Lenho nunca deve estar exposta à vene­ração pública na mesma cápsula com relíquias de Santos. As relíquias dos Beatos, sem Indulto especial, não devem ser levadas nas Procissões, nem expostas na igreja, a não ser naquela onde se celebra Ofício e Missa por concessão da Sé Apostólica.As santas relíquias não são objecto de comércio ; não se podem vender (C. 1282 e segs.).

REMISSÃO DOS PECADOS, foi confiada à Igreja por Jesus Cristo, dizendo aos seus Apóstolos: «Àquêles a quem perdoardes os pecados serão perdoados» (Ev. S. Jo. X X , 23). A remissão dos pecados é fruto da Paixão e morte de Jesus Cristo, como se lê no Santo Evangelho: « Im portava que Cristo padecesse e que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome se prégasse a penitência e a remissão dos peca­dos em tôdas as Nações» (Ev. S. Luc. X X IV , 46, 47). Pela remissão dos pecados somos justificados, isto é, recebemos a graça de Deus e ficamos na sua amizade, capazes de viver virtuosamente e de gozar a bem-aventurança celeste. A remis­são dos pecados faz-se por meio dos Sacramentos, particu­larmente pelo Baptismo e pela Penitência ou Confissão sacramental.

RESERVADOS, são os pecados cuja absolvição o Papa ou o Bispo reservam para si próprios (C. 893). O único pecado ratione sui reservado à Santa Sé é a falsa denúncia, pela qual o Sacer­dote inocente é acusado do crime de solicitação perante os juizes eclesiásticos (C. 894). Dos casos ipso jure, reservados ao Bispo, os Párocos podem absolver durante o tempo da

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209 R ES SU R R E IÇ Ã O DA CARNE

Missão ao povo (C. 899). Tôda a reservação cessa: a) quando se confessam os doentes que nào podem sair de casa; b) os noivos por causa do casamento, quando, segundo juizo pru­dente do Confessor, êste nào pode pedir ao legítimo Superior as faculdades de absolver, sem grave incômodo do penitente ou sem perigo de violação do sigilo sacramental (C. 900).

RESPEITO HUMANO, é um sentimento produzido pelo temor de desa­gradar ao mundo, quando há um dever reiigioso a cumprir. É uma fraqueza na Fé, é uma covardia na acção. A Religião de Jesus Cristo não exige de nós coisa alguma de que tenha­mos de nos envergonhar. Pelo contrário, todos os actos da Religião têem por tim levar-nos à prática da virtude, elevar-nos para Deus. Ter respeito humano é ter vergonha de serv ira Deus, é preferir a estima dos homens à graça de Deus. Que nos importa o que digam de nós, se Deus aprova as nossas acções ? E que dirá Deus e que fará Deus se nos envergonharmos de O servir? A resposta é dada por Jesus Cristo, dizendo: «Se alguém se envergonhar de Mim e das minhas palavras, tam­bém o Filho do homem (que é Jesus Cristo mesmo) se enver­gonha :á dêle, quando vier na sua magestade e na de seu Pai e na dos Anjos» (Eu. S. Luc. IX, 26).

RESSURREIÇÃO DA CARNE, é a união da alma separada ao seu corpo, no fim do mundo, para nova vida, que será eterna. É uma verdade ensinada por Jesus, dizendo : «Todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que obra­ram bem neste mundo sairão para a ressurreição da vida (eterna), mas os que obraram mal sairão ressuscitados para a condenação» (Eu. S. Jo. V, 28, 29). E o A póstolo S. Paulo escre­veu : «Todos ressuscitaremos num abrir e fechar de olhos; porquanto, é necessário que êste corpo mortal se revista da imortalidade (Ep. I Cor. XV . 51, 52, 53). A ressurreição não é natural, é miraculosa.Deus criou o homem, infundindo no pó da terra uma alma imortal e espiritual, que lhe deu a vida. Deus tira a vida ao homem separando a alma do seu corpo. Deus dá n o v a m e n t e vida ao homem, unindo novamente a alma ao pó que foi o seu corpo. A Deus nada é impossível.

Fl. 14

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R ET IR O E S P IR IT U A L 2 1 0

RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO, é o fundamento da nossa Fé, como escreveu o Apóstolo S. Paulo : «Se Cristo não ressuscitou, é va a nossa Fé» (Ep. 1 Cor. XV, 17.). A ressurreição de Jesus Cristo foi profetizada por Ele mesmo, operada por Sua própria virtude, três dias após a sua morte, e reconhecida pelos Seus Apóstolos e discípulos, que ü viram vivo, depois de ser sepul­tado, que lhe falaram, que O ouviram, que com êles se sentou à mesa, o que tudo consta do santo Evangelho.

RESTITUIÇÃO, é o acto de justiça comutativa, que tem por fira reparar a lesão do direito alheio. A restituição dos bens aJheios tem preferência sôbre o socorro aos parentes, a não ser que este­jam em extrema necessidade. Aquêie que injustamente impede alguém de conseguir um rendimento é obrigado a restituir, ao arbítrio de pessoa conscienciosa. A restituição pode ser feita pelo Confessor, ou por outro meio, secretamente, para o crime não ser conhecido.Se aquêie a quem é devida a restituição morreu, é feita aos herdeiros; se é desconhecido, dá-se aos pobres; se está muito distante, remete-se ou deposita-se à sua ordem.

RESTRIÇÃO MENTAL, consiste no uso de palavras que têm um sentido diferente daquele que naturalmente significam, quando não se quere dizer a verdade. Por ex. : a alguém que não foi a Lis­boa pregunta-se se já viu aquela c idade ; responde que sim, subentendendo em fotografia. Não é lícito usar de tal res tr i­ção mental. De outra maneira se faz a restrição mental, em­pregando palavras que, embora não exprimam a verdade, a deixam perceber pelo sentido da frase. Por ex. : a alguém a quem foi confiado um segrêdo preguntam se o conhece, e res­ponde que não, subentendendo que não o conhece para o descobrir. Esta restrição mental é lícita. Mas não convérn fazer uso da restrição mental, para evitar o caminho aberto à mentira, e para não diminuir a mútua confiança que deve haver na vida social.

RETIRO ESPIRITUAL, é a suspensão, por alguns dias, da vida habitual, para os consagrar a um trabalho interior mais intenso e pre­parar o futuro, estudando em melhores condições a vontade

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211 RITOde Deus sôbre nós e renovando o fervor da alma para uma vida mais cristã, mais sobrenatural. O isolamento duran te o Retiro deve ser o mais completo possível, para que todo o tempo seja aplicado à meditação, aos exames de consciên­cia, à oração, às resoluções, à organização da vida para o futuro.

REVELAÇÃO, é a manifestação de alguma verdade, feita por Deus ilu­minando sobrenaturalmente a nossa inteligência. Deus reve­lou as verdades da Religião aos Judeus, por meio dos Profetas; as verdades da Religião Cristã foram reveladas por Jesus Cristo, Deus Filho feito homem. A nossa Fé funda-se nas revelações feitas por Jesus Cristo e escritas no santo Evange­lho, nas Epístolas dos Escritores Sagrados e na Tradição conservada na Igreja Católica. O Apóstolo S. Paulo escreveu : «Deus, tendo falado (revelado) muitas vezes e de muitos modos, noutro tempo a nossos pais pelos Profetas, nestes dias nos falou pelo (seu) Filho (Jesus Cristo) (Ep. Hebr. J, 7, 2).

RIQUEZA, por mais avultada que seja, não nobilita o homem nem o engrandece, porque o homem é maior que todos os bens do mundo e tudo lhe é inferior. Mas a riqueza não é um m al; pode servir para o mal como para o bem, segundo o uso que dela se fizer. O Apóstolo S. Paulo esc rev e : «Os ricos dêsle mundo não sejam altivos, nem se fiem na incerteza das rique­zas. Pratiquem o bem, façam-se ricos em boas obras, dêem e repartam com boa vontade» (Ep. I Tim. 77, 17, 18). Têm os ricos o direito de utilizar a riqueza na própria sustentação, segundo a condição de vida de cada um ; e têm o dever de repartir com os pobres, mas de maneira que êstes sin tam o alívio da sua pobreza.

RITO. Chama-se rito ao conjunto de fóimulas e cerimônias que a Igreja usa para prestar a Deus o culto que lhe é devido.O rito pode ser de instituição divina e de instituição eclesiás­tica. O de instituição divina chama-se essencial porque cons­titui a essência mesma do Sacrifício e dos Sacramentos; o de instituição eclesiástica é chamado também acidental e tem como fim desenvolver e aclarar os ritos essenciais.

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RO Q U ETE 212

Os ritos acidentais formaram-se sob a influência de factores climatéricos e históricos e podem até desaparecer; na Igreja são muitos e variados. Podemos dividi-los em dois grupos: orientais e ocidentais. Nos orientais, temos o rito grego, 8Íríaco, maronita, russo, eslavo, búlgaro, romeno, copta e abissínio.Nos ocidentais podemos distinguir o romano, o milanês, o galicano, o moçárabe, o céltico e, em Portugal, o bracarense que foi restaurado pela bula de 14 de Maio de 1919 No ocidente o rito predominante é o Romano. Dos outros ritos ocidentais nenhum existe na sua pureza primitiva ; têm sofrido de tal modo a influência do rito romano que já pouco se encontra da sua primeira forma. Podem, no entanto, encontrar-se vestígios da sua existência na liturgia de algumas Ordens religiosas e na de algumas regiões.

ROGAÇÕES, são orações públicas que se fazem na igreja, nos três dias anteriores à Quinta-feira da Aseenção. Estas orações foram ordenadas no século V, na cidade de Viena de França, pelo Bispo S. Mamerto, com o fim de obter de Deus a cessação de calamidades que havia 50 anos se repetiam naquela região, afligindo os povos com grandes desgraças. Reza-se a Ladai­nha de Todos os Santos, pedindo a Deus o afastamento de todo o mal para a alma e para o corpo.

ROMANO PONTÍFICE, é o sucessor do Apóstolo S. Pedro, o Vigário de Jesus Cristo na terra. Tem, não só o primado de honra, mas também supremo e pleno poder de jurisdição sôbre tôda a Igreja, tanto nas coisas que dizem respeito à Fé e aos costu­mes, como nas coisas que se referem à disciplina e regímen da Igreja, espalhada por todo o mundo. Êste Poder é inde­pendente de tôda a autoridade humana (C. 218). Todos os fiéis devem obedecer ao Papa como ao próprio Jesus Cristo. É infalível quando ensina, como Chefe da Igreja, doutrina revelada sôbre a Fé e a moral.

ROQUETE, é uma veste semelhante à sobrepeliz, mas distinguindo-se dela por ter as mangas compridas e estreitas. É antes uma insígnia prelatícia reservada a certos dignitários do que

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413 RUBRICASpròpriamente uma veste litúrgica. O roquete pode ter nos punhos um transparente da côr da batina da pessoa que tem direito a usá-io. Não pode substituir a sobrepeliz na adminis­tração dos Sacramentos.

ROSÁRIO, é uma devoção composta de 150 Avé Marias, divididas em 15 dezenas, sendo cada uma precedida de um Pai nosso. Em cada dezena se medita um mistério da vida de Nosso Senhor.Divide-se o Rosário em três séries de 5 mistérios cada. A pri­meira lembra-nos a Incarnação e a infância do Salvador, são os mistérios Gososos; a segunda recorda a Paixão e morte do Filho de Deus por nosso amor, são os mistérios Dolorosos e a terceira põe diante do nosso espírito o triunfo de Jesus e de sua Mãe Santíssima, são os mistérios Gloriosos. Entre as devo­ções à Virgem Maria, nenhuma há que leve vantagem à reci­tação do Rosário, ou do seu Têrço (a têrça parte do Rosário), com a respectiva Ladainha. No Rosário se resume tudo o que há de mais piedoso e devoto, de mais ascético e sublime na Religião Católica ; nêle se recitam as orações vocais mais exce­lentes ; nêle se encontram as meditações dos principais Misté­rios do Cristianismo.A Igreja recomenda, com tôda a insistência, a recitação do Rosário ou do seu Têrço e preceitua que durante o mês de Outubro se recite püblicamente nas igrejas e capelas. É muito recomendável o uso da reza do Têrço, diàriamente, em comum, no lar doméstico.

RUBRICAS, são indicações nos livros litúrgicos (escritas primitiva­mente a vermelho (rubro), para dirigirem os Clérigos na reci­tação das orações e cerimônias litúrgicas.Devem ser cuidadosamente observadas na administração dos Sacramentos e principalmente na celebração da Missa. Reprovado qualquer costume era contrário, o Sacerdote cele­brante não acrescente por seu próprio arbítrio outras cerimô­nias ou preces às que estão designadas nas rubricas dos aeus livros rituais (C. 818).

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SACRAM ENTAL 214

sSACERDOTE, é o Clérigo que recebeu a Ordem do Presbiterado. Em

Portugal é conhecido pela designação geral de Padre. Os Sa­cerdotes são os continuadores dos setenta discípulos que acompanharam Jesus Cristo e o próprio do seu Ofício é serem medianeiros entre Deus e o povo. 0 Sacerdote recebe, na Ordenação sacerdotal, o poder de celebrar o Sacrifício da Missa, de prègar e de administrar os Sacramentos. 0 Sacerdote faz os homens cristãos pelo Baptismo, alimenta os na Comunhão, reconcilia-os com Deus na Confissão, conforta-os na Extrema- -Unção, instrue-os na Prègação, educa-os na Catequese, entrega as suas almas ao Criador na hora da morte, abrevia- -lhes a entrada no Céu com os sufrágios litúrgicos, põe o fundamento da vida cristã no sacramento do Matrimônio, une a todos no Sacrifício da M issa; distribue ao povo cristão as graças de Deus e em nome do' povo cristão oferece a Deus as honras que lhe são devidas; fala aos homens em nome de Deus e fala a Deus em nome dos homens.

SACRAMENTAL, é uma coisa ou um a acção de que a Igreja costuma servir-se para obter efeitos,, principalmente espirituais. As coisas são os objectos benzidos : a água benta, os escapulários, medalhas, Agnus Dei, velas ou ramos bentos, etc.As acções são as bênçãos que os Ministros Sagrados fazem sôbre as pessoas ou sôbre as coisas que consagram ao culto divino. Os Sacramentais foram instituídos pela Ig re ja ; são úteis mas não necessários; podem obter a graça de Deus, mas só por virtude da oração da Igreja e da piedade de quem a reza. Os seus principais efeitos s ã o : o perdão dos pecados veniais, a colacção da graça actual, a preservação de males de ordem temporal, a separação de coisas e de pessoas do uso profano, o afastamento do demônio para que não nos moleste. 0 Apóstolo S. Paulo ensina que «tôda a criatura é santificada pela palavra de Deus e pelas orações (Ep. 1 Tim. IV , 4, 5) e é precisamente a oração que acompanha as bênçãos da Igreja que atrai sôbre os Sacramentais a virtude que têm de produzir os seus efeitos de santificação.

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215 SACRÁRIOSACRAMENTO, é um sinal sensível que, por instituição divina, tem a

virtude de significar e produzir a graça. Quem recebe um Sacramento recebe a graça de Deus, que faz Santo aquêle que o recebe dignamente e produz nêle o efeito próprio de cada Sacramento. Foi êsse o fim porque Jesus Cristo os instituiu. São s e t e : Baptismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência,Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio.Pelo Baptismo, que apaga o pecado original, o homem nasce para a vida espiritual e sobrenatural ; pela Confirmação robustece e cresce na yida sobrena tu ra l ; pela Comunhão alimenta a vida espir itual; pela Penitência recebo o perdão dos pecados; pela Extrema-Unção limpa os restos do pecado; pela Ordem é confiado a alguns fléis o poder de reger e dirigir os outros na sociedade religiosa; o Matrimônio torna legítimos os actos da geração e santifica a propagação do gênero bumano.Pelos sete Sacramentos providenciou Jesus Cristo àcêrca da vida sobrenatural do homem como ser individual e social.

SACRÁRIO, é o tabernáculo ou pequeno armário colocado sôbre o altar, para nêle se conservar a Sagrada Eucaristia. Deve ser de metal ou de madeira dourada e forrado por dentro de sêda branca; dispensa-se porém o fôrro de sêda, se fôr dourado interiormente (S. C. R.). Dentro do sacrário está um pequeno vaso chamado cibório ou pixide, sôbre um corporal, contendo a Sagrada Eucaristia e não pode estar mais nada. Deve estar sempre coberto com um pavilhão, que pode ser sempre de côr branca, sendo preferível da côr dos paramentos litúrgicos do dia. Diante do sacrário não se pode colocar a cruz, nem vasos de flores, nem quaisquer objectos. É também proibido sobrepor-lhe qualquer objecto (com excepção da cruz). Só pode haver um em cada igreja, e há-de estar colocado de modo inamovível, no altar-mor ou principal, excepto nas igrejas em que haja Colegiada ou nas Sés episcopais, onde deve estar em altar lateral. Convém todavia que na igreja haja outro sacrário, que possa receber o Santíssimo em alguma circuns­tância inesperada.O sacrário deve ser benzido.

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SACRISTÃO 2 1 6

SACRAS, são três quadros em que estão impressas algumas orações fixas da Missa e que se colocam no altar para o Celebrante as rezar mais còmodamente do que olhando para o Missal.

SACRIFÍCIO, é a oblação externa de uma coisa sensível com a sua destruição ou mudança, feita exclusivamente a Deus pelo legítimo Ministro, em reconhecimento do Seu supremo domínio sôbre tôdas as criaturas. Há também um sacrifício interior, invisível, o qual consiste na oferta que fazemos a Deus de nós mesmos, para vivermos unidos a Êle e fazermos a sua vontade.O único Sacrifício da Religião Cristã ó a oblação do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, debaixo das espécies do pão e do vinho consagrados na Missa, Sacrifício que fica completo com a comunhão do Sacerdote que, em nome de Jesus Cristo mesmo, o oferece.Pode entender-se por sacrifício qualquer acto em honra de Deus para o aplacar, assim como todos os obséquios feitos ao próximo enquanto se referem a Deus, e também qualquer mor­tificação. O homem precisa de fazer sacrifícios por causa da remissão dos pecados, da conservação da graça e da conse­cução da glória eterna.

SACRILÉGIO, é a profanação das coisas santas ou consagradas a Deus, ou a violação ou mau trato de pessoas ou coisas sagradas, enquanto sagradas. É pessoal, real ou locai,segundo é praticado em pessoa, em coisa ou em lugar consa­grados a Deus. É pecado mortal porque constitui graveirreverência às pessoas, coisas ou lugares consagrados aeculto divino. Porém, para se julgar da gravidade do pecado é preciso atender ao grau de santidade da pessoa, da coisa ou do lugar violados, ao grau de irreverência e à intenção do agente.

SACRISTÃO, desempenha o ofício de serventuário do Pároco no ministério paroquiai e sacerdotal. Deve ser pessoa de costu­mes exemplares, de provada honradez e piedade, zeloso com a decêucia e esplendor da igreja, respeitoso para com as coisas

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317 SALMOS DE DAVIDsantas, asseado na sua pessoa e de boas maneiras para cora os fiéis e deve manter a ordem e o asseio na igreja, na sacristia e noutras dependências. Deve abrir e fechar a igreja às horas designadas; vigiar a lâmpada do Santíssimo para que esteja sempre acesa, de dia e de noite; zelar os paramentos e tôdas as alfaias da igreja, conservaudo-as sempre nos seus lugares e em boa ordem.Pode usar batina e sobrepeliz nos actos litúrgicos, ou pelo menos há-de apresentar-se vestido convenientemente no ser­viço da igreja (C. 683).

S A C R IS TIA , é uma dependência da igreja, onde os Sacerdotes se paramentam para celebrarem os actos do culto. Nào é pro­priamente um lugar santo, mas também não é um lugar completamente profano.É proibido fumar na sacristia (C. P.). Não só na igreja, mas tambéui na sacristia, não se venderão estampas, mortalhas, cêra, medalhas ou outros objectos, nem tão pouco se efeetua- rão rifas, leilões ou actos semelhantes, ainda que seja para auxiliar obras pias ou de caridade (G. 1178 e C. P.). A não ser que haja causa justa, os Párocos e Superiores das igrejas não permitirão que os leigos se demorem na sacristia e muito menos que nela conversem ou assistam daí aos actos do culto (C. P.).

SAL, é um elemento usado na liturgia, e que benzido, se mistura com a água, como símbolo de incorruptibilidade. É pôsto na língua do que se baptiza, como símbolo de sabedoria e de alimento celeste.

SALMOS DE DAVID, formam um livro da Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. São 150, e chamara-se de David porque foi êste Rei quem compôs a maior parte dêles. Os Salmos são a forma antiqüíssima de orar püblicamente, usada no tempo da sinagoga. Estão cheios da moral mais pura, respi­rara o espírito de piedade, despertam todos os sentimentos dignos dum coração cristão. Os Salmos formam a oração oficial da Igreja na recitação do Ofício divino e em muitas orações litúrgicas.

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SATISFAÇÃO SACRAMENTAL 918SANTA SÉ ou SEDE APOSTÓLICA. Por esta designação entende-se o

Romano Pontífice, as Congregações Romanas, os Tribunais e Ofícios, pelos quais o Romano Pontífice costuma tra tar os negócios da Igreja (C. 7).

SANTIDADE, é o mais elevado grau de perfeição a que podemos chegar, pelo cumprimento da Lei de Deus e pela obediência aos conselhos de Jesus Cristo. O Apóstolo S. Pedro escre­veu: «Como é santo Aquêie que vos chamou (Jesus Cristo), sêde vós também santos em tôdas as vossas acções». (Ep. I Ped. 7, 15). E S. Paulo disse : « Procurai a paz com todos e a santidade (devida), sem a qual ninguém verá a Deus » (Ep. Hebr. X I I , 14;) e ainda: «esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (Ep. I Tessal. IV , 3). Deus quere que sejamos santos e, para o sermos, havemos de fazer tôdas as nossas acções com a perfeição possível e com a intenção de Lhe sermos agradáveis. É êsse o nosso maior interêsse.

SANTOS, são os fiéis que gozam a felicidade eterna no Céu. Foram pessoas humanas como nós, fracas como nós, tentadas como nós, sujeitas às mesmas misérias que nós; mas seguiram a luz da fé divina, a mesma que nós temos; cumpriram os Man­damentos divinos, a que também nós somos obrigados; receberam os mesmos Sacramentos que nós podemos receber; esforçaram-se por santificar a sua vida, como nós podemos fazer. Façamos como êles e iremos gozar a felicidade que êles gozam no Céu.

SATISFAÇÃO SACRAMENTAL, é a reparação voluntária que o pecador faz a Deus, penitenciando-se, pela injúria que Lhe tem feito com os seus pecados. É uma parte do Sacramento da Peni­tência, não parte essencial, mas sem ela cumprida, o penitente fica privado de satisfazer a parte da pena temporal que merece, pelos pecados cometidos e que, não sendo satisfeita neste mundo, terá o de ser no Purgatório. É certo que a nossa satisfação só tem valor, em virtude da satisfação de Jesus Cristo na Cruz, por isso havemos de estar em graça quando fazemos obras de satisfação. Também é certo que Jesus Cristo satisfez suficientemente por todos os homens, raas não

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219 SEMINÁRIO

eficazmente, isto é, torna-se necessário que os homens queiram aplicar a si mesmos os méritos da satisfação de Jesus Cristo, o que farão pelo arrependimento dos seus pecados e pelo amor a Jesus.

SECULARIZAÇAO, é o indulto concedido pela Santa Sé aos religiosos de direito Pontifício, ou pelo Bispo aos de direito diocesano, o qual tem por efeito separar perpètuamenta o religioso da Ordem ou da Congregação a que pertencia, voltando ao estado secular.

SEGREDO, é aquilo que não sendo público se deve guardar oculto, ou que não se deve comunicar a outro. Revelar um segredo sem causa jus ta e proporcionada à sua gravidade é um pecado ou contra a justiça, se é causa de algum dano, ou contra a fidelidade, se o segrêdo foi prometido. Se não é lícito, de modo geral, violar segredos também não é lícito explorá-los injusta e maliciosamente. Por isso pecam, não só os que revelam segredos, mas também os que os querem arrancar, os que escutam às portas, os que lêem cartas a outros dirigidas. Casos há, porém, em que é lícito revelar os segredos: quando o bem público da sociedade ou da Igreja assim o exigir, quando a caridade para com o próximo ou para connosco assim o reclamar. Também a autoridade legítima pode, por justa-s razões, procurar conhecer os segredos que digam res­peito ao bem da sociedade, como seria a necessidade do descobrir um criminoso.

SEMANA SANTA. Ver ENDOENÇAS.SEMINÁRIO, ó o estabelecimento de educação e ensino que tem por

flm experimentar a vocação dos que pretendem entrar no estado eclesiástico, dirigindo-os e educando-os na prática de tôdas as virtudes cristãs, e instruindo-os em todos os conhe­cimentos necessários p a ra o melhor desempenho das funções sacerdotais, sempre em conformidade com a doutrina da Santa Igreja Católica. A direcção e govêrno, assim espiritual como temporal, do Seminário pertence ao Bispo (C. 1357)r ao qual compete esco lhe r: a) um Reitor para presidir à

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SEPULTURA madministração do mesmo Seminário; b) um Vice-Reitor e Prefeitos, que façam observar a disciplina e cuidem da educa­ção dos sem inaris tas; c) Director espiritual, cujo principal cuidado consiste em infundir e cultivar nos seminaristas a vida de piedade; d) Professores, que se ocupam da instrução dos alunos, ao mesmo tempo que concorrem para a sua formação moral e piedosa.

SEMINARISTAS, são os alunos que freqüentam o Seminário. A sua admissão é reservada ao Bispo. Só em casos muito extraor­dinários poderá algum ficar externo. Somente podem ser alunos do Seminário os que se propuserem receber nêle edu­cação para o estado eclesiástico (C. 1363J, e não podem ser admitidos os fillios ilegítimos, nem os filhos de país divor­ciados. Os estudos dos seminaristas abrangem cinco anos de Humanidades, três de Filosofia e quatro de Curso Teológico Para a admissão no Seminário devem os pretendentes enten­der-se com os seus respectivos Párocos, os quais não aceitarão a proposta de nenhum que seja filho ilegítimo, filho de divor­ciados, ou de pais alcoólicos, ou de conduta imoral, e cujas intenções não sejam puras e rectas.

SENSUALIDADE, é a busca dos prazeres dos sentidos fora das leis estabelecidas por Deus. Produz efeitos que são a vergonha da humanidade. A quantos crimes ela arrasta, a quantas baixezas faz descer, em que misérias morais e físicas faz cair! Ela cega os que a reprovam, vence os que a condenam, domina os que a detestam, escraviza mesmo aquêles a quem repugna. Cautela devemos ter, porque naquiio que censuramos aos outros podemos também cair, se não correspondemos à graça de Deus.

SEPULTURA. Todos podem, não lhes sendo isso expressamente proibido pelo direito, escolher a igreja do seu funeral ou o cemitério da sua sepultura,excepto os impúberes (C. 1223, 1224). Mas para se eleger sepultura em cemitério diverso do da fre­guesia própria do defunto, requere-se licença, concedida por aquêle de quem depender o cemitério (C. 1228).A sepultura eclesiástica consiste na trasladação do cadáver

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22! SIGILO SACRAM ENTAL

para a igreja, nas exéquias perante êle celebradas e na sua deposição em lugar legitimamente destinado ao enterramento dos tiéis defuntos (C. 1204).São privados de sepultura eclesiástica os que morrem sem Baptismo e também, a não ser que antes da morte tenham dado aJgum sinal de penitência : J,° Os notórios apóstatas da Fé ou notoriamente filiados em seita herética ou scismática, ou seita maçónica, ou noutras associações da mesma natureza. 2 o Os excomungados ou interditos, depois da sentença con- denatória ou declaratória. 3.° Os que deliberadamente se suí-idaram. 4.® Os mortos em duelo ou em conseqüência de ferimento nêle recebido. õ.° Os que tenham mandado que o seu corpo seja queimado. 6.° Outros pecadores públicos e manifestos (C. 1240). Devem considerar-se pecadores públicos manifestos os que vivem em público concubinato, estejam ou não registados civilmente (C. P.). Aos que recusam os últi­mos Sacramentos será negada sepultura eclesiástica, se ta! recusa tiver sido diante de várias pessoas, de maneira que a concessão de sepultura eclesiástica seja ocasião de escân­dalo. Ocorrendo dúvida sôbre se pode ser dada sepultura eclesiástica aos que o Direito Canônico enumera como excluí­dos, consulte-se o Ordinário, se houver tempo; permanecendo a dúvida, dê-se sepultura eclesiástica, mas de sorie que se remova o escândalo (C. 1240). Nenhum corpo pode ser sepul­tado, principalmente se a morte fôr repentina, sem que passe o intervalo de tempo bastante (24 horas) para remover a dúvida sôbre a certeza do óbito (C. 1213). Depois de dada a sepultura eclesiástica em qualquer lugar a um cadáver, não pode êste ser exumado sem licença do Bispo (C. 1214).

SEXTA, é a hora canônica que se rezava ao meio dia, correspondendo à hora sexta do dia.

SEXTA FEIRA SANTA - Ver a palavra ENDOENÇAS.SIGILO SACRAMENTAL, é o absoluto segrêdo que o Confessor guarda,

de tudo o que conhece por meio da Confissão sacramental e de cuja revelação pode resultar gravame ao penitente. Assim determina o Código de Direito Canônico: O sigilo

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SINCERIDADEsacramental ó inviolável; por isso acaulele se diligentemente o Confessor, para que nem por palavra, nem por escrito, nem por sinal ou qualquer outro modo, nem por motivo nenhum denuncie o pecador. A mesma obrigação têm o intérprete e todos aquêles que de qualquer modo tiverem notícia da Confissão (C. 889).É inteirameute proibido ao Confessor o uso da ciência adqui­rida pela Confissão, com gravame do penitente, excluído mesmo o perigo de revelação (C. 890). Nem pode o Confessor ser testemunha, em tribunal, dos penitentes que confessa, ou do que soube pela Confissão sacramental (1757).

SÍLABO, é a colecção de 80 proposições que contêm os principais êrros modernos condenados pelo Papa Pio IX e publicado em 1864. São êrros em defeza do panteísmo, do socialismo, do naturalismo, do comunismo, das sociedades secretas e êrros contra os direitos da Igreja sôbre a sociedade civil, sôbre o casamento civil e vários outros. Condenados como estão pela suprema Autoridade da Igreja, nenhum católico os pode defender nem admitir .

SIMONIA, é a deliberada vontade de comprar ou vender alguma coisa espiritual (como a graça e os Sacramentos^ ou coisa temporal anexa a coisa espiritual (como o cálix consagrado, por causa da consagração, um benefício eclesiástico, etc.).É pecado mortal, por falta de reverência para com as coisas divinas, tais como a consagração do cálix (C. 727). Mas não há simonia quando se dá alguma coisa espiritual, segundo legítimo costume reconhecido pela Igreja Como não há simonia comprando, por ex., um cálix consagrado pelo preço do cálix, sem aumento por causa da consagração. (C. 730).

SINCERIDADE, é uma virtude natural que nos faz dizer sempre a ver­dade. É tão essencial na vida cristã que nenhuma prática de piedade a pode suprir ou compensar. É um laço social e a base das relações sociais. «Seja a vossa palavra sim, sim, não, não», disse Jesus Cristo, ensinando-nos que devemos falar com lealdade e sinceridade. Em todos os actos da nossa vida, pois, sejamos verdadeiramente sinceros, leais.

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Í23 SOBERBASÍNODO DIOCESANO, é a assembleia, presidida pelo Bispo, na qual

tomam parte os sacerdotes que a isso têem direito. Deve ser celebrado em cada Diocese ao menos de dez em dez anos. No Sínodo são tratados assuntos que dizem respeito às necessi­dades particulares ou à utilidade do Clero e do povo dessa Diocese. É convocado e presidido pelo Bispo, que é o único legislador nos Sínodos, tendo somente voto consultivo os Sacer­dotes convocados (C. 356, 357, 362).

SINÓPTICOS (Evangelhos). Dá-se êste nome à narração avangélica dos três primeiros Evangelistas, porque, dispondo em três colunas os textos das partes comuns, obtem-se uma sinopse (vista de conjunto) concordando em muitos pontos.

SINOS. Por serem destinados ao culto divino, por meio de sagração ou bênção litúrgica, o seu uso está unicamente sob a depen­dência da autoridade eclesiástica; por isso, fora do caso de necessidade, não se devem tocar senão de harmonia com as prescrições lilúrgicas e as determinações do Bispo. O seu uso seja moderado, principalmente de noite (C. P.), cada toque de sinos não deve prolongar-se por mais de três minutos. A chave da tôrre dos sinos esteja em poder do Pároco ou do Superior respectivo, ou, com licença dêstes, em poder de pessoa de confiança (C. P.).Nos dias em que, pela solenidade, não é permitido celebrar exéquias ou funerais eom pompa e canto, também se não pode tocar a finados. Aos domingos e dias santificados, só depois de terminada a Missa paroquial se podem fazer toques fúne­bres, e onde se fizer a Procissão pelos defuntos ao domingo, durante ela são proibidos os sinais fúuebres. De noite não se pode tocar a finados, excepto na véspera de fiéis defuntos. Não são permitidos dobres ou sinais fúnebres dos sinos por aquêles a quem é recusada sepultura eclesiástica.Os toques dos sinos anunciam aos fiéis os vários actos do culto religioso, convidando-os a recordar e a tomar parte na oração, nas alegrias e nas tristezas de que os toques dão sinal.

SOBERBA, é o primeiro dos sete pecados capitais. É a estima exces­siva ou o amor desordenado que o homem tem de si mesmo e

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SUBDIACONADO 224

da própria excelência, a qual faz com que atribua tudo a si e não a Deus. De quatro modos podemos cair no pecado da soberba: a) gloriando-nos dos hens naturais e sobrenaturais que temos, como se os tivessemos de nós m esm os; 6) atri­buindo só aos nossos méritos os benefícios que recebemos de Deus; c) jactando-nos de ter o que não temos ou mais do que temos; d) rebaixando ou desprezando os outros.A soberba ó um pecado que dá origem a muitos outros peca­dos. De modo particular procedem da soberba: a presunção, a ambição, a vangloria, a jactância, a hipocrisia, a teimosia, a sobranceria, a insubmissão e a incredulidade. Jesus Cristo condena a soberba, dizendo : c Todo o que se exalta será humi­lhado» {Ev. S. Mat. X X I I I , 12).

SOBREPEUZ, é uma veste litúrgica de paninho branco, que, entrando pela cabeça, desce dos ombros até aos joelhos, com mangas compridas e largas. Em Portugal, geralmente é curta e sem mangas. É conveniente que seja de linho ou de cânhamo.

SOLITÁRIOS. É o nome dado aos cristãos que no IV século se reti­ravam da sociedade, ainda paganizade, para viverem nos desertos do Egipto, em oração, jejum e outras penitências, com o fim de perpetuarem na Igreja a prática de tôdas as virtudes.

SOFRIMENTO. A causa do sofrimento no gênero humano é o pecado original; por isso todo o homem está sujeito à dor. A cada maldade voluntariamente praticada, corresponde algum castigo que faz sofrer. Mas o sofrimento é remédio que nos preserva de cair em pecado, oferece nos ocasião de praticarmos grandes virtudes e é meio de expiarmos pelos nossos pecados. Para o sentirmos menos amargo e o tornarmos meritório, devemos suportá-lo com resignação, lembrando-nos de que Deus é nosso Pai, que nos castiga para nosso bem e de que as tribu- lações desta vida são nada em comparação com a glória eterna que o sofrimento nos ajuda a conseguir.

SUBDIACONADO, é a Ordem que confere o poder de preparar nos vasos sagrados a m ité r ia do Sacrifício da Missa, de cantar a

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2"25 SUPÉRFLUOEpístola na Missa solene, de purificar os sanguinhos e os cor­porais e de oferecer o cálix com a patena ao Diácono nas Missas cantadas. O Subdiaconado só pode ser recebido depois do 3.° ano do curso teológico e com a idade de 21 anos completos (0. 975, 976).

SUFRÁGIO, é tôda a obra feita com a intenção de prestar alívio às almas que sofrem no Purgatório. O livro 2.ü dos Macabeus, XII, 43, ensina qae é santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos, para que Ibes sejam perdoados os pecados, isto é, para que sejam aliviados das penas que sofrem por causa dos seus pecados.As almas que esmo no Purgatório permanecem em união de caridade com os que ficaram neste mundo ; podemos por isso, o devemos, usar de caridade para com elas, pois sào-lhes provei­tosas a3 nossas boas obras. As principais, que têem o nome de sufrágios, s ã o : a Missa, a Sagrada Comunhão, a oração, os actos de piedade, os sacrifícios próprios, a esmola e as indul­gências.Pora que as orações e boas obras dos fiéis aproveitem às almes do Purgatório, é necessário que quem as faz esteja na graça de Deus e tenha intenção de as aplicar a essas almas.

SUICÍDIO, é o acto pelo qual o homem se dá a morte a si mesmo, directamente e por psópria autoridade. Em nenhum caso 6 lícito o suicídio. Deus é o autor da vida; confia o uso dêsse bem a cada homem para êste realizar um fim determinado durante o tempo que Deus lhe conceder. Aquêle que se suicida ueurpa os direitos de Deus, morrendo por sua vontade antes de ter realizado o fim para que foi chamado à vida. O suicídio é um pecado m o r ta l ; se não é um acto de loucura, é um acto de covardia. O suicida é privado de sepultura eclesiástica (C. 23Ô0 e 1240),

SUPÉRFLUO, é o que sobeja dos bens materiais, tirado o necessário rara a vida e para a posição social, isto é, para, a decente con­servação da família, criados, hóspedes, honestas ofertas e moderadas recreações. Do supérfluo dá-se aos pobres, quer em dinheiro, quer noutros benefícios.

Fl. 15

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TALMÜDE 226

SUPERSTIÇÃO. Vulgarmente dá-se o nome de superstição a certas crenças ou preconceitos que não têm nenhum fundamento sério, como o nümero 13 à mesa, o cair azeite no chão e seme­lhantes.A superstição é uma espécie de culto prestado, directa ou indirectamente, ao demônio, com o fim de obter por meio de certas práticas uma coisa que se deseja. Praticam a supers­tição os feiticeiros, os adivinhos, os mágicos e os que a êles recorrem.Detestem os fiéis tôdas e quaisquer práticas supersticiosas. Despresem as cartas ou escritos em que se propõem certas orações de piedade para serem distribuídas a certo número de pessoas para se conseguir algum bem ou evitar algum mal. Detestem especialmente a consulta de espíritos e as sessões de espiritismo, quer nas mesmas intervenha médium, quer não. Incorrem, ipso facto, em excomunhão os que tomarem parle activa nas sessões de espiritismo, ou as promoverem, ou apenas assistirem a elas (C. P.).

T

TABERNÁCULO -Ver a palavra SACRÁRIO.TALMUDE, nome dado aos comentários do Antigo Testamento, que

desenvolvem e completam os mais antigos comentários feitos pelos Rabinos e que são fundados sôbre tradições orais. Há o Talmude de Jerusalém (3.° e 4.° séculos) e o de Babilônia (5.° e 6.° séculos). É a base da teologia judaica actual e contém odiosas calúnias contra Jesus Cristo e sua Mãi e contra os cristãos em geral. É o grande livro dos judeus, contém tôdas as suas tradições, é o seu compêndio* de teologia moral. Dois grandes centros da influência judaica — Jerusalém e Babilônia,— deram origem a duas redacções diferentes do Talmude.Nos séculos III e IV os doutores judeus da Palestina, de um modo particular os de Tiberíades, acrescentaram novos comen­tários jurídicos e casuísticos aos mais antigos comentários da

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227 TEMOR DE DEUSLei, formando assim o chamado Talmude de Jerusalém, que está redigido em araraeu, mas, no entanto, as citações dos doutores mais antigos estão em hebreu.Outra redacção do Talmude é a escrita em Babilônia, no século V e VI, em arameu babilónico, conservando também em hebreu as citações dos antigos doutores.O Talmude é uma obra de escassíssimo valor, quer na sua forma literária, quer no pensamento ; é uma obra obscura e cheia de incoerências, carecendo, em suas páginas intermi­náveis, de estilo, de ordem e de talento. No Talmude é pouco o que se encontra útil para a boa compreensão da Sagrada Escritura.A respeito das passagens do Talmude que contêm calúnias contra Jesus Cristo, Maria Santíssima e os cristãos, um Sínodo judeu celebrado na Polônia em 1631, para não excitar a ind igna­ção dos cristãos, ordenou que tais passagens fôssem supri­midas na impressão, indicando-as apenas por um sinal que chamaria a atenção dos doutores judeus que as deviam expli­car oralmente.

TEIMOSIA, é o apêgo imprudente e exagerado às próprias ideias. Esta disposição do espírito pode nascer de entendimento aca­nhado ou de falta de prudência, que é virtude indispensável em todos os actos da vida humana. A teimosia ou obstinação do juizo impede de julgar razoàvelmente, faz desprezar as advertências alheias e, em certos casos, chega a diminuir o vigor da fé.Em tudo devemos dar lugar à prudência, aceitando com docilidade os conselhos e os conhecimentos dos superiores e dos velhos, era quem o estudo, a experiência da vida e as graças de estado, formaram ideias mais largas e mais seguras.

TEMOR DE DEUS, não nos leva a fugir de Deus, mas a fugir de tudo o que pode ser-lhe desagradável. Deus quere que 0 temamos pois disse-nos: «Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes ao que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo» (Ev. S. Mat. X , 28). Já antes de Jesus Cristo, havia dito: «Temei Deus e observai os

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TÊMPORAS mseus Mandamentos» (Eccli. X II , 13), E o Apóstolo S. Paulo escreveu: «Obrai a vossa salvação com receio e temor» (Ep. Filip. II, 12).Por isso, se estamos na graça de Deus, devemos fugir da ocasião do pecado, com mêdo de p e c a r ; se caímos em pecado, devemos logo pedir sinceramente perdão a Deus, com mêdo da justiça divina ofendida. Em muitas circunstâncias da nossa vida, em muitas tentações que nos assaltam, só o temor de ofender a Deus pode impedir a nossa queda, o nosso pecado e a nossa deshonra. Por isso o Apóstolo S. Paulo nos manda estar firmes na fé e conservarmo-nos no temor (Ep. Rom. XI, 20).

TEMPERAMENTO, é o complexo das propensões que, ou próprias do organismo, ou herdadas, cada indivíduo tem, e que consti­tuem a sua índole especial. Estas propensões nativas, podem ser influenciadas pela educação ou por várias circunstâncias externas, ou pelo próprio esfôrço.

TEMPERANÇA, é uma das quatro virtudes cardiais, a qual nos dispõe a usar com moderação das coisas necessárias para a vida — comer, beber e uso do Matrimônio — ünicamente para satisfazer à nossa conservação e para utilidade do próximo. Os prazeres sensíveis não são um m a l ; podem todavia arrastar à desordem dos sentidos. É a virtude da temperança que os modera, impedindo qualquer excesso. A temperança na comida chama-se abstinência; na bebida chama-se sobriedade; nos prazeres sensuais ou venéreos chama-se castidade.

TEMPLO DOS HERE1ES. É lícito aos católicos entrar nêles para os ver, contanto que não pratiquem aí nenhum acto de cuito nem ouçam a prègação dos herejes, nem haja escândalo. Também lhes é lícito, havendo graves motivos, assistir aos funerais e aos casamentos dos herejes e a outros actos civis, contanto que não manifestem adesão aos actos religiosos que êles pra­ticam, nem haja perigo de escândalo ou de perversão.

TÊMPORAS, são três dias de jejum—Quarta, Sexta e Sábado —que a Igreja estabeleceu, qnatro vezes por ano.

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229 t e n t a ç A o

0 jejum das Quatro-Têmporas aparece em Roma, aí pelo século V. No princípio não eram mais que uma extensão do jejum da Quarta e Sexta-feira, através do Sábado, até às pri­meiras horas de Domingo.A Liturgia das Quatro-Têmporas conserva igualmente a estru­tura das antigas missas estacionais.Chamam-se semanas das Quatro-Têmporas as que vêem ime­diatamente depois do III Domingo do Advento, do I Domingo da Quaresma, depois do Domingo de Pentecostes e da Festa da Exaltação da Santa Cruz (14 de Setembro) (D. Ant. Coelho O. S. B ., C. de Lit. Rom. ed. de 194lt vol. I, págs. 200 e 329). Estabelecendo êstes dias de penitência, nas quatro Estações do ano, a Igreja tem em vista a tra ir as bênçãos de Deus sôbre os frutos da terra e graças particulares sôbre os Clérigos que recebem o Sacramento da Ordem nos sábados das Têmporas. Nos dias das Têmporas os fiéis são obrigados ao jejum e à abstinência, mas os que tiverem tomado a Bula e o Indulto, ficam obrigados somente à abstinência nas sextas-feiras das Têmporas.

TENTAÇÃO, é uma inclinação ou um incitameuto ao pecado. Pro­vém da nossa concupiscência ou natureza corrompida, do mundo e do diabo. « Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que atrai e alicia», escreveu o Apóstolo S. Tiago (Ep. S. Tiag. I, 14). Senti-la não é pecado ; é pecado consenti-la.A tentação incomoda as almas piedosas, mas tem utilidade apreciável. O Apóstolo S. Paulo escreveu: «Deus não permi­tirá que sejais tentados mais do que podem as vossas fôrças ; antes, fará que tireis ainda vantagem da mesma tentação para a poderdes suportar (Ep. 1 Cor. X, 13). Com efeito, a ten ta­ção ensina a apreciarmos a nossa fraqueza e a necessidade que temos de recorrer ao auxílio de Deus; reanima a nossa vigilância, fortifica a nossa virtude, pelo seu exercício contí­nuo, faz-nos merecer diante de Deus e dos homens.São meios de vencer a tentação: a vigilância contínua contra as ciladas do demônio, as más inclinações dos nossos senti­dos e as seduções do mundo ; a oração para obter a graça de Deus, sem a qual não vencemos ; a fuga das ocasiões do

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TEOSOFISMO 230

pecado, a freqüência dos Sacramentos, a meditação, a boa leitura e o bom emprêgo do tempo. « Vigiai e orai para não entrardes em tentação», disse Jesus (Ev. S. Mat. X X V I , 41).

TENTAÇÃO DE DEUS, é uma palavra ou um facto pelos quais mani­festamos esperar de Deus, sem justa causa, algum efeito extraordinário, com o fim de experimentar se Deus é omnipo- tente, ou se tem alguma outra perfeição que se Lhe atribui, ou simplesmente para satisfazer a nossa vontade. A tentação de Deus, se procede da dúvida àcêrca das suas perfeições, é pecado grave e envolve incredulidade. Se não procede da dúvida, mas é feita por leviandade, pode ser pecado venial, como, por e x . : esperar de Deus um auxílio, sem causa suficiente e sem empre­gar os meios naturais para conseguir o que se espera. Não há tentação de Deus se, havendo causa jus ta e grave, se pede um milagre para utilidade nossa ou de outrem.

TEOLOGIA. Etimològicamente deriva de duas palavras g regas: <nTeos - f logos»y que significam tpa la vra de Deus». Teologia é a ciência que tra ta de Deus.A .Teologia pode ser natural (Teodiceia), se procede de p r in ­cípios n a tu r a is ; sobrenatural se procede de princípios reve­lados e t ira conclusões a respeito de Deus e das coisa» divinas.Neste último sentido a Teologia pode definir-se : «a ciência que dos princípios da fé, mediante raciocínio recto, tira conclusões àcêrca de Deus e das coisas que, de qualquer modo que seja, se relacionam com Êle».Sendo a Teologia uma ciência, é costume dividi-la e m : a) Dogmática , que é o conjunto das verdades reveladas, que todo o cristão deve crer ; b) Moral , que é o conjunto dos deve- Tes que o cristão tem de cumprir para conseguir a vida e te rn a ; c) Ascética e mística, que tra ta dos conselhos dados por Deus, para que o cristão chegue a atingir a perfeição da vida cristã e expõe os caminhos por onde Deus conduz as almas à mais elevada santidade.

TEOSOFISMO, ressuscita erros grosseiros, tais como o panteísmo, a emanação dos seres da substância divina e a transmigração

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231 TIBIEZAdas almas, através dos corpos, mesmo dos animais, em expia- çâo das culpas de uma vida anterior. A Igreja proíbe fazer parte das sociedades teosóficas, assistir às suas reüniões, ou ler os livros, periódicos e quaisquer outras publicações (C. P.).

TERCEIROS SECULARES - Ver a palavra ORDEM TERCEIRA.TÉRCIA, é uma das Horas Canônicas do Ofício Divino, que se segue

à Hora de Prima e que corresponde às 9 horas da m a n h ã ; era a terceira hora do dia, segundo o modo de contar dos antigos.

TERÇO DO ROSÁRIO — Ver a palavra ROSÁRIO.TESTAMENTO (Antigo), é o nome que se dá ao pacto ou aliança que

Deus fêz com os Patriarcas, antes da vinda de Jesus Cristo. Compreende 45 livros, inspirados e escritos antes da vinda do Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo. O Antigo Testamento é como que uma preparação do mundo para a vinda de Jesus Cristo e para a vida da Igreja.

TESTAMENTO (Novo), é a segunda parte da Sagrada Escritura. Chama-se novo, porque compreende os livros inspirados e escritos depois da morte de Jesus Cristo e chama-se Testa­mento, porque é a aliança de Jesus Cristo com os homens que recebem o sacramento do Baptismo e seguem a Religião cristã.

TESTEMUNHAIS, são documentos comprovativos de um aspirante ao Estado eclesiástico ou religioso, ter recebido o Baptismo e a Confirmação. Também se dá aquêle nome às informações do Bispo da Diocese de origem e às de outros em cujas Dioceses tivesse habitado durante um ano, depois dos 14 anos, assim como às dos Superiores de colégio ou Noviciado, em que tenha vivido. Tais informações são secretas e conservam-se na posse de quem as recebe (C.544, 546).

TIBIEZA. Uma alma tíbia é a que cai com facilidade em pecado

Ver a palav CANÔNICOS.

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TRADIÇÃO 232

venial por não lhe dar importância; é a que reconhece ter hábitos viciosos e não se esforça por se corrigir; é a que, praticando a piedade, despreza os meios de progredir; é a que afrouxa uo serviço de Deus, quando não sente consolação espiritual. São causas da t ib ieza: a facilidade em omitir os exercícios ordinários de piedade, o desprezo das pequenas faltas, a ausência aos actos do culto social, o gôsto pelas reüniões mundanas e pelas leituras frívolas. Uma pessoa tíbia pratica muitos actos bons, meis por amor de si do que por amor de Deus; daí resulta a perda de méritos sobrenaturais e de graças correspondentes.

TONSURA, é uma cerimonia estabelecida pela Igreja, pela qual o homem baptizado e Confirmado fica pertencendo ao Estado eclesiástico, para que se disponha a receber o Sacramento da Ordem. Chama-se Totisura, porque a cerimônia consiste no corte de uma parte do cabelo, acompanhado de uma oração recitada pelo Bispo que faz a tonsura. A Igreja não dá nenhum poder espiritual ao ton su rad o ; somente o introduz na classe daqueles que são destinados ao serviço de Deus, no Estado Clerical.

TRABALHO, é o exercício da actividade humana ordenada, tendo em vista um fim útil. Não é trabalho o exercício físico que é simples movimento, ou que tem por fim apenas o passatempo e o prazer. O trabalho é necessário à humanidade, porque a natureza não satisfaz a tôdas as suas necessidades.Há várias espécies de Trabalho: a) Trabalho corporal, o queinteressa principalmente ao corpo; b) intelectual, o que inte­ressa principalmente ao espírito; c) lucrativo, o que se exe­cuta com remuneração; d) desinteressado, o que so executa sem remuneração; e) individual, o que aproveita directamente ao indivíduo; f) social, o que aproveita directamente à socie­dade.O trabalho é ordenado: à alimentação, a e \ i ta r o ócio, a com­bater a concupiscência e à esmola. É útil contra o furto, contra a cubiça, contra os negócios torpes.

TRADIÇÃO, é a palavra de Deus não escrita, transmitida de viva voz

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233 TRANSUBSTANCIAÇÃOà Igreja, e vinda de geração em geração até nós, pela voz da Igreja, nos seus ensinamentos, nas suas orações e na sua dis­ciplina.A Tradição e a Sagrada Escritura são, para os católicos, as duas foutes da Revelação divina, os dois orgãos igualmente infalíveis da nossa Fé.Os escritores sagrados do novo Testamento, não escreveram tudo o que ouviram a Jesus Cristo durante três anos, nem tudo o que êles mesmos prègaram durante dezenas de anos. O Apóstolo S. Paulo escreveu: «Irmãos, estai firmes (na Fé) e conservai as tradições (ou doutrina) que aprendestes ou de palavra ou por escrita nossa (Ep. 2 Tessal, II, 15). O pró­prio Jesus Cristo não mandou escrever, mandou prègar. D e sorte que a palavra de Deus pertence igualmente à Sagrada Escritura e à Tradição, a qual se conserva nos escritos dos Santos Padres e nas decisões dos Concílios. A Tradição, pois, merece a mesma Fé que a Bíblia, porque foi inspirada pelo mesmo Deus.

TRANSUBSTANCIAÇÃO, é a conversão de tôda a substância do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, permanecendo somente as espécies do pão e do vinho. A Transubstanciação opera-se no Sacrifício da Missa, no momento em que o Sacer­dote, representando Jesus Cristo, investido do poder divino recebido no Sacramento da Ordem, pronuncia as palavras da Consagração, sôbre o pão e sôbre o vinho: ISTO É O MEU CORPO, ÊSTE É O MEU SANGUE. São as mesmas palavras que Jesus pronunciou e mandou pronunciar ; éo mesmo poder, embora comunicado ; são os mesmos os efeitos.Em conseqüência da Transubstanciação fica na hóstia consa­grada o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as mesmas espécies que continham o Pão; o Sangue, o Corpo, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as espécies do vinho, não ficando nada da substância do pão e do vinho, como exprimem as pa la \ras da consagração.A Transubstanciação é um mistério profundíssimo, mas diz S. Gregóriode N iza : «Quando Je 3 us vivia na Palestina, o pão e o vinho eram o seu a limento; transformavam-se na sua Carne e no seu Sangue, pela acção e pelo poder dos sucos do

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TRISTEZA 234estômago, exactamente como acontece com os alimentos que nós comemos. Não tenlio pois nenhuma repugnância em admitir que o pão se mude hoje no Corpo de Jesus Cristo, em ura acto instantâneo, como efeito da sua vontade».

TRÍDUO, é uma prègação solene, durante três dias, com o fim de ins­truir sôbre determinado assunto religioso e de afervorar os fiéis em alguma devoção particular.

TRINDADE DIVINA, é o mistério da Santíssima Trindade: três Pessoas em um Deus Isto quere dizer que há só uma natureza divina e que nessa única natureza há três Pessoas, de sorte que a unidade de natureza não impede a pluralidade de Pessoas. A primeira Pessoa chama-se Pai, a segunda chama-se Filho, a terceira chama-se Espírito Santo. A mesma natureza divina no Pai e no Filho e no Espírito Santo; três pessoas divinas distintas, não à maneira das pessoas humanas que são distin­tas porque separadas, mas distintas enquanto às relações pró­prias de cada uma a respeito das outras. Assim o Pai gera o Filho, como semelhantemente a nossa alma gera o pensa­mento; o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, como semelhantemente da nossa alma e do nosso pensamento pro­cede o amor com que amamos a nossa alma e o nosso pensa ­mento. A alma, o pensamento e o amor são coisas distintas, têm a mesma natureza espiritual e são inseparáveis.A nossa fé na Trindade divina é fundada na Sagrada Escri­tura. Jesus Cristo mandou baptizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em nome de um Deus : Pai, Filho e Espírito Santo, très Pessoas d iv inas (Ev. S. Mat. X X V I I I , 19). S. João na sua l . a Ep. V, 7, escreve: «três são os que dão tes­temunho no céu : o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e êstes trê» são uma só coisa».

TRISTEZA, é um sentimento penoso e desagradável, produzido pela presença de um mal físico ou moral. A tristeza, sendo imode- rada e desordenada, pode tornar-se nociva ou pelo menos inútil. Da tristeza imoderada podem resultar : a perda da energia e do gôsto para a investigação da verdade e para a prática da vir­tude, inquietações de espírito, temores que tornam a a lm a

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235 USURApusilânime, frieza no serviço de Deus e o desgosto de viver. Os principais meios de vencer a tristeza sào : a) julgar as várias provações da vida à luz da razão e da fé e não pelas impressões desagradáveis que em nós produzem ; b) afastar do espírito as recordações incômodas; c) recrear o espírito e o corpo em passatempos honestos e com pessoas doutas e ale­gres ; d) recordar que os sofrimentos são ocasiões favoráveis à aquisição de grandes méritos ; e) confiar inteiramente em Deus, nosso Pai infinitamente bom.

TURÍBULO, é um objecto de metal com correntes, que serve para fazer as incensações nos actos litúrgicos.

TURIFERARIO, é aquêie que, nas funções litúrgicas, se ocupa do lurí- bulo. Nas procissões o seu lugar é logo adiante da Cruz pro- cessional, quando na procissão não vai o Santíssimo Sacra­mento ou alguma relíquia da paixão, porque indo, o seu lugar é imediatamente diante do Santíssimo ou da relíquia.

u

ULTRAGE, 6 uma acção ou uma palavra pela qual se manifesta ou se provoca desprêzo por alguém. O ultrage é maneira condenável de defesa ou de ataque. Quem se julga ofendido recorre aos meios que a caridade e a justiça lhe oferecem para se desagravar.

UNltO H1P0STÁTICA, é a união misteriosa da natureza divina e da natureza humana, na Pessoa do Verbo divino com as duas naturezas distintas, conservando cada uma os atributos que lhe são próprios.

USURA, é o lucro (juro) que provém de um empréstimo, só pelo facto do empréstimo. É lícito receber juro moderado, que legal­mente é de 6 °/0, não sendo proibido elevá-lo; mas a Igreja condena os juros imoderados, exigidos pela cubiça dos usu- rários.

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VELAS 236

VAGABUNDO, é aquêle que não tem domicílio ou quási-domicílio em parte alguma. O Pároco próprio dc vagabundo é aquêle em cujo lugai êsle se encontra. Quanto ao matrimônio dos vaga­bundos o Pároco, a não ser em caso de necessidade, não assista sem licença do Bispo do lugar (0. 91, 94, 1022).

VANGLÓRIA, é o desordenado apetite de manifestar a própria exce­lência, de ganhar a estima e os louvores dos homens. É filha da soberba.

VASO DE ABLUÇOES, é um pequenino vaso, de vidro ou de p ra ta cora água, que deve estar junto do sacrário para o sacerdote purificar os dedos, antes e depois da comunhão aos fléis. Com êsse vaso deve haver um manustérgio para enxugar os dedos.Deve estar coberto e a água deve ser renovada com alguma frequência, deitando se no sumidouro.

VASOS SAGRADOS, são os que, consagrados pelo Bispo, só podem servir para os actos do culto divino.

VELAS. Para os actos litúrgicos devem ser de cêra de abelha, na sua máxima parte, e de côr branca, excepto nos ofícios da Semana Santa e nos Ofícios fúnebres, nos quais é usada a cèra amarela. Nas Missas rezadas devem ser duas as velas acesas no altar, se o celebrante é um sacerdote de dignidade inferior ao Bispo, e não ó lícito acender quatro velas (S. C. E.). Podem acender-se mais de duas velas nas Missas paroquiais e conventuais, mesmo rezadas. Nas Missas cantadas de «Requiem» devem acender-se ao menos quatro velas. Desde o fim do Sanctus até depois da comunhão do Sacerdote, pode-se colocar uma vela acesa sôbre o altar, com o fim de avivar nos fiéis a lembrança da presença real de Jesus no altar. Quando por falta de luz não se puder ler, é lícito ter junto do altar uma terceira vela em castiçal. Para acender as velas, começa-se ao lado da Epístola pela mais próxima da

V

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237 VESTIDOScruz; o mesmo se faz do lado do Evangelho. Para as apagar começa-se pela mais afastada da Cruz, primeiro ao lado do Evangelho e depois ao lado da Epístola.

VERBO DIVINO, é o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Assim o ensina o Evangelho ; «No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo fêz-se hom<>m e habitou entre nós e nós virao9 a sua glória, glória como Filho uuigénito do Pai (Ev. S .Jo . 1,1,14). O Verbo feito homem é Jesus Cristo.

VERDADE, é o objecto da in teligência; é por sua natureza um bem ; o maior bem da inteligência, o melhor guia da vontade. Muitos homens têm perante a verdade religiosa uma atitude descon­certante. Se ela não os incomoda ficara indiferentes; se os incomoda reagem ou opõem-lhe os êrros mais evidentes e p ro ­curam fazer calar, ou mesmo suprimir, quem a ensina. Não têm outra origem as perseguições religiosas, quer gerais quer pessoais. O Evangelista S. João diz que a graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo que disse : «Eu sou a verdade. Se vós permanecerdes na minha palavra sereis verdadeira­mente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos livrará» (Ev. S. Jo. X IV , 6; V III , 31).Os homens vivem escravizados às suas paixões, que os levam por caminhos errados, porque não aceitam a verdade ensinada pela Religião de Jesus Cristo. A verdade de Jesus eleva os homens e os povos; os que depois caem são os que a despre­zam, pois é sempre verdade que só Jesus Cristo é a Luz do m undo e o Sal da Terra.

VÉSPERAS, é o nome da quinta Hora do Ofício divino, que corres­ponde às seis horas da tarde, segundo o modo de contar dos antigos.

VESTES LITÚRGICAS, são as que, benzidas pelo Bispo ou pelo Sacer­dote, só podem ser usadas nos actos do culto divino.

VESTID3S. Excluam-se as mulheres da recepção dos Sacramentos, se não se apresentarem modestamente vestidas. Não se admi­

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VIA SACRA 238tam como madrinhas quer no Baptismo quer na Confirmação, ou como testemunhas no matrimônio ; sejam até repelidas da igreja, se isso se pode fazer sem escândalo (C. P.).

VÉU DO CÂLIX, é um pano de sêda que serve p a ra cobrir o cálix e que o deve cobrir inteiramente pelo lado da frente, quando o Sacerdote o leva para o altar.

VÉU D OMBROS, é um pano de sêda branca que o Sacerdote põe sôbre os ombros, quando dá a bênção do SS. Sacramento e que o Subdiáeono põe também sôbre os ombros, nas Missas cantadas desde o ofertório até ao fim do Pater noster. Nunca se pode dar a bênção sem o véu d ’ombros, o quai deve ser sempre de côr branca, ainda que os paramentos sejam de cor diferente (S. C. R.).

VIA SACRA, é uma devoção que tem por objecto a contemplação dos sofrimentos, cruz e morte de Jesus Cristo. Costuma ser erecta nas igrejas e capelas em que é permitido dizer Missa. Só pode ser erecta por Sacerdote que tenha recebido essa faculdade da Santa Sé ou do Geral dos Franciscanos e a faculdade está sujeita a uma autorização do Bispo do lugar, dada por escrito para cada erecção. É essencial que haja 14 cruzes de madeira benzidas no lugar em que se faz a erecção, antes ou depois de estarem afixadas na p a rê d e ; devem estar afixadas a alguma distância umas das outras. As cruzes podem ser afixadas na parede por qualquer pessoa, antes ou depois da bênção. Não é necessário colocar quadros ou pinturas relativas à Paixão e Morte de Jesus. Se tôdas as cruzes, 011 ao menos metade delas, tiverem sido tiradas e substituídas, é preciso fazer nova erecção canônica; se menos de metade, não é necessária nova erecção. Faz-se a Via Sacra: visitando as 14 cruzes (estações), uma após outra, sem grande interrupção, e meditando em cada estação, ainda que por pouco tempo, sôbre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. São estas as condições necessárias para poder lucrar as Indulgências que se ganhariam visitando pessoalmente as Estações da Via Sacra em Jerusalém, as quais Indulgências são tôdas aplicáveis pelas almas do Purgatório.

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239 VIDANa Via Sacra, feita em oratórios ou capelas domésticas, somente podem lucrar Indulgências os seus proprietários, os seus parentes e seus criados, que morarem nessa casa.Os doentes e as pessoas que se encontram numa real impos­sibilidade, mesmo moral, de ir à Igreja fazer a Via Sacra, podem lucrar as mesmas Indulgências, com a condição de terem na mão um crucifixo (não uma cruz somente), benzido expressamente para êsse efeito por quem para isso tenha facul­dade, e de recitarem com piedade e contrição 20 vezes o P. N., A. M. e G. P . ; 14 vezes para recordar as 14 Estações, 5 em honra das cinco chagas de Jesus Cristo e a última pelo Sumo Pontífice. Quando muitas pessoas, legitimamente impedidas de visitar as Estações, recitam em comum os P. N., as A. M. e os G. P., basta que uma só, de entre elas, tenha na mão um crucifixo devidamente benzido.

VIÁTICO, é a comunhão aos enfermos em perigo de morte. Em perigo de morte, seja qual fôr a causa, os fiéis são obrigados a rece­ber a Sagrada Comunhão e não é necessário que o perigo seja certo ; basta que seja provável. O Viático pode e deve ser dado às crianças perigosamente enfêrmas, que tenham chegado ao uso da razão. Para isso basta que saibam distinguir do alimento comum o Corpo de Cristo e adorál-0 com reverência (C. 854).Ainda que o fiel tenha recebido a comunhão por devoção no mesmo dia, dando-se o perigo de morte, deve ser muito exor­tado a que comungue outra vez por Viático e, perdurando o mesmo perigo, é lícito e convém recebê-lo mais vezes, em dias distintos, segundo o prudente conselho do confessor (C. 864).

VlCIO, é a tendência habitual para o mal. Os vícios podem ser tantos como o número dos deveres, porque a falta do cumprimento do dever é um mal. Um acto mau isolado é uma fa l ta ; a repe­tição habitual dêsse acto constitui o vício, que é coisa detes­tável e difícil de curar.

VIDA. Nascemos sem querer ; morremos sem q uere r ; vivemos ainda que não queiram os; a vida não é nossa. É Deus quem nos dá a vida, no-la conserva e no-la tira. O fim da nossa

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m VIDA ETERNAvida sôbre a terra só em Deus se encontra. Vivemos para Deus. É o que nos ensina o Apóstolo S. Paulo, dizendo: «nenhum de nós vive para si, e nenhum para si morre. Mas, se vivemos, para o Senhor vivemos; e se m orremos, para o Senhor m orremos. Logo, ou vivamos ou morramos, do Senhor somos > (Ep. Rom. X I V , 7, 8).

VIDA CRISTÃ. O que deve ser a vida cristã diz nos o Apóstolo S. Paulo, em palavras que merecem a nossa maior atenção. «Não sabeis que sois templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós? (Ep. I Cor. III , 16). Andai segundo o espírito (de Deus) e não satisfareis os desejos da carne, p o r­que a carne tem desejos contrários ao espírito (Ep. Galat. V, 16). Rogo-vos que andeis como convém à vocação a que fôstes chamados, com tôda a humildade e mansidão, com paciêncm, suportando-vos uns aos outros em caridade, solícitos em conservar a unidade de espírito que ó o vínculo da paz, sendo um só corpo e um só espírito, como fôstes chamados num a só esperança da vossa vocação > (Ep. Efes. IV , 1, 4). E o Apóstolo S. Pedro escreveu: «Vós, pois, apli­cando todo o cuidado, ajuntai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o am or de vossos irmãos e ao amor de vossos irmãos a caridade» (ou o am or de Deus) (Ep. II, S. Pedro I, 5, 6, 7).Admirável p rogram a de vida c r i s tã ! Se os cristãos o seguis­sem, se quizessem respeitar a sua dignidade de cristãos, faziam uma vida tão perfeita que os distinguiria muito sen­sivelmente dos que não o são e edificá-los-iam até ao ponto de glorificarem a Deus e de se converterem.

VIDA ETERfiA, é a felicidade do homem, 6 a sua aspiração suprema. Só a podo realizar depois da vida terrena, vendo Deus, amando-O, gozando-0 eternamente. Para a conseguir é necessário crer e praticar o que Jesus Cristo ensinou. Assim o disse Ele: «Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna > (Ev. .S'. Jo. V, 21). « Se queres entrar na vida eterna guarda os mandamentos > (Ev. S Xa i . XIX, 17).

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m VIGÍLIAS

VIDA RELIGIOSA, ó um gênero de vida fundada sôbre o Evangelho e aprovada pela Igreja, que tem por flm p rocurar a perfeição da vida cristã, pela prática dos três v t t o s — * obreza, obediên­cia, castidade — segundo Regras determinadas. Os três votos de Religião são os meios mais próprios para conseguir a perfeição, porque se opõem directamente aos três grandes obstáculos da santidade. Pelo voto de pobreza afasta-se a cubiça das riquezas; pelo voto de obediência afasta-se o amor desordenado da vontade p r ó p r i a ; pelo voto de castidade afasta-se o am or dos prazeres sensuais.

VIDA SOBRENATURAL, é a vida do cristão habitualmente na graça de Deus, procedendo sempre de harm onia com as virtudes leo- logais — Fé, Esperança, Caridade- e com as virtudes morais - - Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança.

VIGÁRIO GERAL, é o eclesiástico que o Bispo escolhe para seu principal auxiliar no govêrno da Diocese. Confere-lhe por isso participação do Poder ordinário episcopal, mas não o Poder da Ordem se o Vigário não ó Bispo. Os Poderes do Vigário cessam com a morte do Bispo.

v ig Ar io CAPITULAR, é o eclesiástico que o Cabido elege para subsii- tuir o Bispo defunto, na administração da D'ore$e vaga. Deve ser eleito dentro de oito dias, após a m orte do Bispo; os seus Poderes cessam com a posse do novo Bispo. Em aJguns casos é o Papa quem nomeia o Vigário Capitular.

VIGÁRIOS PAROQUIAIS. S ào : a) Vigários substitutos, os que substi­tuem o Pároco na sua ausência (erdre nós chamam-se Encar­regados). b) Vigários ecónomos, são entre nós chamados Encomendados, c) Vigários Coadjutores, são também chama­dos Encomendados, d) Vigários eooperadores, são os chama­dos Coadjutores.

VIGÍLIAS. Chamam-se assim às vésperas das grandes festas da Igreja — Natal, Páscoa, Pentecostes, Assunção, Todos os San­tos. A Igreja prescreve o jejum e a abst inência nesses dias, com o fim de os fiéis se prepararem, pela mortificação dos

Fi. 16

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VIRGINDADE 242sentidos, para a celebração mais piedosa e mais espiritual, des­sas grandes solenidades.

VÍNCULO MATRIMONIAL, é um impedimento dirimente, que consiste em os cônjuges estarem ligados por Matrimônio não legitimamente dissolvido. (C. 1069).

VINGANÇA, é um sentimento de revolta, que por vezes se traduz em acto contra aquêie que nos ofende. Não é um sentimento cristão. O Apóstolo S. P m i Io escreveu : «Nãotorneis a nin­guém mal por mal, procurando fazer bem a todos, não só diante de Deus mas também diante dos homens. Não vos vingueis a vós mesmos. Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer ; se tiver sêde dá-lhe de beber. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem» (Ep. Bom. X l l . 17 e segs.). Fazer mal porque nos fazem mal nada remedeia, não alivia o mal que nos fazem.

VINHO PARA A MISSA, deve ser feito de uvas m aduras e não subs­tancialmente corrompido, ou azêdo, nem com mistura de água ou de qualquer outra substância que o faça perder a sua qualidade de vinho. Pode receber uma adição de áicool, extraído do vinho, até chegar a 17 ou 18 graus, contanto que a mistura se faça quando o mosto começa a ferver. Muito convém que o vinho para a Missa seja preparado em casa dos Sacerdotes, ou por pessoas recomendáveis pela sua vir­tude e piedade.

VIRGINDADE, ó a perfeita castidade, ou a abstenção de tôda a delei- tação venórca. Exclui todo o acto externo e todo o consen­timento interno nos aclos da imaginação. Escreve o Após­tolo S. Paulo : «Quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou conselho, como quem do Senhor alcançou misericórdia para ser fiel (ministro seu). 0 que está sem m ulher está cauteloso das coisas que são do Senhor, de como há-de agradar a Deus.Ao contrário, o que está com mulher, está cauteloso das coisas que são do mundo, de como há-de dar gôsto a sua mulher e (assim) está dividido.

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m VISITA AD SACRA LÍMINAE a mulher solteira e a virgem cuida das coisas que são do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito. Mas a que é casada cuida das coisas que são do mundo, de como agradará ao marido» (Ep. 1. Cor. VII. 25. 32, 34). A virgindade não é preceituada po r Deus, mas, se alguém tom a a resolução de ficar solteiro, não reparta os seus cuidados pelas coisas que são do m u n d o ; aplique-se às coisas que directamente são para louvar a Deus. Nem por isso será menos útil à família e à sociedade, porque sôbre elas atrairá as bênçãos de Deus edificando-as com os exemplos da sua virtude e de vida santa.

VIRTUDE, é uma disposição estável das faculdades da nossa alma, inclinando-nos a fazer o bem. Há virtudes na tura is ou adquiridas, as quais proveem de repetições de actos bons e dispõem as nossas faculdades a novos actos moralmente bons.Há virtudes sobrenaturais ou infusas, as quais são infundidas por Deus em nós, ao mesmo tempo que a graça santificante e nos dão o poder de fazer actos sobrenaturais.Há virtudes teologais, as quais teem por objecto imediato Deus, e s ã o : fé, esperança, caridade.Há virtudes morais, as quais teem por objecto os bens criados e podem reduzir-se às quatro virtudes cardeais de — p ru d ên ­cia, justiça, fortaleza, temperança.As virtudes morais podem ser adquiridas ou infusas e há entre elas relações tão estreitas que, quando falta uma, as outras só existem em estado imperfeito. 0 homem, sem as virtudes infusas ou em pecado mortal, pode conservar as virtudes adquiridas ou de ordem na tura l; por isso, mesmo vivendo em pecado mortal, pode praticar virtudes que o façam naturalmente honesto — honesto para o mundo mas não para Deus.

VISÃO BEATÍFICA, é a clara e intuitiva, mas não compreensiva, visão de Deus face a face.

VISITA AD SACRA LÍMINA, é a visita que o Bispo de cada Diocese tem obrigação de fazer periodicamente ao Papa, com o fim de o informar do estado da sua Diocese, 110 que diz respeito à dis­

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VOTO 244ciplina eclesiástica, à vida religiosa do povo crÍ9tão e às relações da Igreja com o Estado. Por êste m*do o Papa asse­gura a unidade da Igreja na diversidade dos povos.

VOCAÇÃO, é a escolha que Deus faz de cada um de nós p a ra contri­buirmos, no estado em que nos quere, para Sua glória, para assegurarmos a nossa felicidade eterna e para ajudarmos à salvação do próximo. Há três espécies de vocação : ao estado matrimonial, que é o mais com um ; ao estado re l i ­gioso e sace rd o ta l ; ao estado celibatário.São meios de conhecer a vocação : a) ter desejos e sentir atractivos para um determinado estado de vida (o que nem sempre constitui sinal certo de vocação); b) pedir conselho ao Director espir itual; c) fazer oração nesse sentido ; d) es tu­dar as obrigações do Estado que se deseja e se há as apti­dões que esse Estado exige; e) consultar a família

VOCAÇÃO AO ESTADO SACERDOTAL, é utn acto da Providência sobre­natural, elegendo Deus alguns fiéis para o Sacerdócio e con­cedendo-lhes os dotes precisos para exercerem dignamente o seu s ig r -do Ofício. O Apóstolo S. Paulo ensina que : «nin­guém se int.ometa no Ministério Sacerdotal, se anoas não fôi chamado por Deus, como Aarão, para Sacerdote d;t Ler antiga». (Ep. Hebr. V, 4). São meios ordinários de vocação : idoneidade para exercer os sagrados Ministérios ; impulso sobrenatural, inclinando ao Estado eclesiástico ; eleição feita pelos Superiores eclesiásticos.

VOTO, é uma promessa deliberada e livre, feita a Deus, de um bem possível e melhor. Nem tôdas as promessas que fazemos a Deus têm a natureza de voio. Se não temos intenção de nos obrigar a f <zer o que prometemos, emitimos apenas um propó­sito de f a z e r alguma coisa cm hotira de Deus, mas não foi um voto o que fizemos.Ha várias espécies de voio : a) público ou privado, conforme é ou não é aceite em nome da Igreja pelo legítimo Superior ecle­siástico ; b) solene ou simples, conforme é considerado pela Ig re ja ; c) reservado, quando só a Sé Apostólica o pode dis­pensar; d) pessoal, quando o que se promete é uma acção do

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245 VULGATA

vovtítHe (o jejum); e) real, quando se promete alguma coisa (a esmola); f) mixto , quando o que se promete é ao mesmo tempo uma coisa c uma acção do vovente ; g) temporário, perpétuo, condicional. 0 voto deve ser cumprido como se promete e sem demora.A Sagrada Escritura ensina : «Quando fizeres voto ao Senhor,não demores em cumpri-lo, porque o Senhor, teu Deus, o exi­girá, e, se tardares, a demora te será imputada como pecado (Deut. X X I I I , 21).Se o voto ó condicional, só obriga depois de satisfeita a condi­ção ; se é pessoal, só obriga aquêle que o fêz ; se é real e não foi cumprido em vida do vovente, a obrigação passa para os seus herdeiros, não obrigando mais do que a herança permite. Por vários motivos a obrigação do vòto pode cessar. Entre os motivos está a dispensa dada em nome de Deus pela au to­ridade eclesiástica. O Papa pode dispensar de todos os votos. O Bispo pode dispensar dos votos não reservados ao Papa, que são : o voto privado de perfeita e perpétua castidade e o voto de entrar em Ordem religiosa de votos solenes, quando feito de modo absoluto e depois de completos 18 anos de idade. Os Confessores dos fiéis que tomam o Sumário Gera l dos Iudultos Pontifí ios concedidos a Portugal, durante o ano da sua vali­dade, podem comutar-lhes noutra obra pia todos os votos pri­vados, excepto os reservados ao Papa, e os feitos em favor de terceiro e por êste aceites, mediante uma esmola entregue ao Executor Apostólico.O voto solene de castidade, feito em Ordem Religiosa e o voto simples a que se refere o Canon 1073 são impedimentos diri- mentes do Matrimônio. Os volos simples de castidade, mesmo em Congregação Religiosa onde se fazem somente votos sim­ples, o de virgindade e o de receber Ordens Sacras, sao impe­dimentos impedientes do Matrimônio (C. 1058).

VULGATA. Chama se Vulgata à tradução latina da Bíblia, na sua maior parte obra de S. Jerónim o, declarada autêntica pelo Concilio de Trento. ( Decreto sôbre a edição e uso dos Livros Sagrados, ses. IV).Na composição da Vulgata entraram elementos de três origens diferentes: Alguns provieram de antigas versões latinas que

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ZÈLO 246não foram revistas po r S. Jerónim o, são êstes os elementos deuterocanónicos do Antigo Testamento com excepção dos livros de Tobias e Judit. Outros faziam parte de versões anteriormente revistas pelo Santo D outor; tais são os livros do Novo Testamento e o Saltério chamado galicano.E, finalmente, também fazem parte da Vulgata versões feitas por S. Je rón im o directamente sôbre o texto original (hebreu e ca ldeu); são dêste grupo os livros protocanónicos do Antigo Testamento excepto o Saltério, os livros de Tobias e Judit e as partes deuterocanónicas de Daniel e de Ester.

zZÊLO 6 a chama do amor manifestando-se exteriormente pela acção.

Quem ama a Deus procura em tudo a sua maior glória ; quem ama o próximo procura contribuir o melhor que pode para a salvação da sua alma. Nisso consiste o zêlo cristão.O verdadeiro zêlo é : a) sobrenatural, procurando em tudo a glória de Deus; b) prudente, evitando o ardor do tempera­mento e as atitudes i rrefle t idas; c) forte e corajoso, capaz de vencer os maiores o bstácu los ; d) paciente, suportando os defeitos do próximo ; e) constante e perseverante, não se dei­xando dominar pelo desânimo ; f) desprendido dos interesses próprios, sacrificando-os na medida do poss íve l; g) generoso, fazendo apostolado por meio da palavra e do exemplo e auxi­liando com trabalho ou com dinheiro, as várias obras de cari­dade aprovadas pela Igreja.

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E R R A T A S

Página Linha Onde se lê: Leia se:

29 29-30 (Ep. Rom. XIII). (Ep. Rom X III , 4).46 16 (Ep. Tesal. I V , 4). (Ep. I I Tessal.IV,4).51 34 (Ep. Rom. XIII). (Ep. Rom. X III , 4).73 35 {Ev. S. Mat. X V II , VIIIj. (Ev. S. Mat. X V II ,

14 17 e VIII , 28).91 27 (Salmo XXX). (Salmo X X X , 1).92 13 (Act. V , II). (Act. V. 3 4).

106 22 trás traz126 23 lançadas lançado127 8 cubiçosos cobiçosos128 25 " (Ex. Mar. VI, 3). (Ev. Mar. VI, 3).128 26 (Ex. Jo. X IX , 25). (Ev. Jo. X IX , 25)128 29 (Ex. Mar 111. 18). (Ev. Mar. I I I , 18).131 1 Á meia noite pode se cantar A meia noite pode-

se contar135 11 reflecção reflexão141 6 tambéme conomisar também economizar141 33 poderam puderam148 5 obrigadas obrigados149 21 poderam puderam159 20 como homem, como o homem,160 1 holocaustro holocausto.160 18 poder pode167 5 Tertia, Tercia,174 25 posto pôsto185 31 provêem provêem200 13 imutibilidade imutabilidade229 7 vêem vêem